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DOUTRINAS CARDEAIS

DA FÉ CRISTÃ
LIÇÃO 4- INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
TEXTO BASE: ATOS 8:26-30

INTRODUÇÃO.
No dicionário Michaellis interpretação significa o ato de atribuir significado a algo, ou seja, quando alguém inter-
preta algo este individuo está atribuindo um determinado significado àquele algo, seja lá um texto, a fala de uma
pessoa em um vídeo entre outros exemplos, todos convergem para o mesmo significado inicial, entender e buscar
atribuir um significado. Com a bíblia não difere, os textos sacros que nela contem necessitam ser interpretados, os
seus leitores precisam buscar o real significado que os escritores inspirados pelo Espírito Santo desejam expressar,
Gordon Fee deixa isso bem claro em seu livro, entendes o que lês, ele diz: ''O alvo de toda boa interpretação é sim-
ples: chegar ao significado claro do texto'', mergulharemos nesta lição nas águas rasas mais em simultâneo, profun-
das da interpretação bíblica.

I. INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

1- O QUE É INTERPRETAR A BÍBLIA.

Interpretar a bíblia significa extrair a sua mensagem da maneira mais pura possível, a inter-
pretação bíblica engloba o fato de entendermos o objetivo inicial do escritor. Sendo a bíblia
um livro de dupla autoria, onde o ser humano esteve em cooperação com o Espírito Santo
para que houvesse a produção do texto sagrado, ela deve ser estritamente observada com
um olhar humano e espiritual, enquanto homens somos convocados a entender palavras uti-
lizadas pelos autores, entender a cultura em que eles estavam inseridos, entender qual o
estilo daqueles autores, etc. Já com nosso olhar espiritual necessitamos observar a bíblia
como um livro de Deus, como a carta do soberano Senhor aos homens.

2- A IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO.

Em Neemias 8:8 é a nos é dito que a leitura das escrituras seguida de uma interpretação é
essencial, o povo de Israel estava reconstruindo sua nação, logo seria necessário ter a escri-
turas como alicerce, e para tê-la como fundamento da grande reconstrução seria necessário
entendê-la bem, para que os mesmos erros não sejam cometidos. A boa interpretação das
escrituras conduz o cristão a desenvolver um pleno e sadio conhecimento da doutrina bíblica
que o leva a ter uma conduta cristã pautada, na verdade, para que sua outrora vida de pecado
não venha a renascer novamente.
3- HERMENÊUTICA BÍBLICA.
Palavra "Hermenêutica" vem do grego "hermēneuō" que significa "interpretação". No que
lhe concerne, esta palavra deriva de "Hermes", o deus mensageiro da mitologia grega, res-
ponsável por transmitir as mensagens do poderoso Zeus. Essa analogia é bastante apropriada
para essa área da teologia, pois a hermenêutica bíblica guia-nos na compreensão da mensa-
gem de Deus revelada nas Escrituras. Enquanto no sentido etimológico, hermenêutica signi-
fica simplesmente interpretação, na teologia se torna uma disciplina bem mais ampla, esta-
belecendo regras e princípios para uma interpretação precisa e fiel. Jesus, em seus poderosos
sermões e debates com os fariseus, sempre demonstrou maestria nesta arte. Sua ênfase era
fazer com que seus ouvintes entendessem as Escrituras corretamente, a ponto de afirmar
que eles "erram, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mateus 22:29). Essa
falta de "conhecimento" aponta para uma falha na interpretação, e Jesus deixa bem claro a
necessidade de "examinar as Escrituras" (João 5:39) e buscar uma compreensão profunda
através de um "método" adequado (Lucas 24:27).

II. A BÍBLIA EXPLICA A PRÓPRIA BÍBLIA

• PRÉ COMENTÁRIO. A hermenêutica nos concede inúmeras regras de interpretação,


algumas delas listamos com bastante clareza nestes comentários seguintes.

1- CONSIDERAR O TODO.
Jesus coloca as coisas em ordem a partir de um entendimento completo da declaração da
Palavra de Deus sobre determinado assunto. O fato de Cristo olhar para as escrituras e inter-
pretá-la observando o todo já nos deixa claro de qual ponto devemos partir. Em um acalorado
debate com os Saduceus (Mt 22:23-33) Jesus é questionado, estes homens o pressionavam
acerca da ressurreição se utilizando de um determinado texto das escrituras interpretando
sem observar o que o todo da bíblia tem a dizer. Quando Jesus os responde deixa bastante
acertado que não poderiam isolar um texto e em cima dele criar uma doutrina, o grande erro
de seitas criadoras de heresias, é isolar versículos sem observar o todo, não respeitando que
a bíblia interpreta a própria bíblia, textos bíblicos são compreendidos com base em outros
textos bíblicos, versículos obscuros a nossa capacidade humana podem ser analisados sob da
luz de outros textos bíblicos.

2- E A TIPOLOGIA?
A expressão tipologia vem do grego (TYPOS) que significa “modelo”, e (LOGIA) no que lhe
concerne tem o sentido de “estudo”, logo temos: “o estudo do modelo”. Tipologia na bíblia
aponta para eventos do Antigo testamento que serviam de placas que apontavam o caminho
para o Novo Testamento, ou seja, coisas, pessoas, eventos da Antiga aliança tinham significa-
dos espirituais que revelavam a vontade de Deus para o futuro, por exemplo, Abraão iria sa-
crificar Isaque, Isaque era inocente, Jesus também era inocente, José era amado pelo pai,
Jesus também é amado pelo pai, tudo na remota aliança serviu de maquete para a construção
da nova. Veja que tipologia conecta o antigo com o novo, sendo a maior ponte o Senhor Jesus,
pois a antiga aliança serviu para explicar em forma de sombra as verdades de Deus na Nova
aliança, (Hb 8:5; 9:9-10).

3- E AS CONTRADIÇÕES?
Um grande desafio para a interpretação bíblica são as aparentes contradições, mas o que
seria contradições? Segundo o dicionário Oxford contradição é definido como algo sem lógica,
algo que não faz sentido. Em que momento esta abordagem aparece na bíblia? Existem de-
terminados textos que são difíceis de entender e que em alguns momentos podem entrar em
discordância um com outro. Como resolver? Primeiramente devemos deixar claro que nossas
bíblias em português estão distantes dos textos originais em hebraico, aramaico e grego, mas
a mensagem continua a mesma, logo palavras em português podem entrar em discordância
umas com outras, para superar esse desafio, devemos estudar as línguas originais em que a
Bíblia foi escrita, sendo o hebraico, o aramaico e o grego. Outro recurso que pode ajudar a
resolver as aparentes contradições são comparar passagens bíblicas que tratam do mesmo
tema. A Bíblia explica a própria Bíblia, então, muitas vezes, uma passagem pode ser esclare-
cida através de outra.

III. OBSERVAR OS CONTEXTOS


• PRÉ COMENTÁRIO. Segundo o dicionário priberam a palavra con-
texto significa, “Modo pelo qual as ideias estão encadeadas no discurso”, tal
definição deixa claro que o contexto funciona como meio para enten-
der um discurso textual. Ao analisarmos um texto bíblico necessitamos
perceber sua estrutura, porque o autor escreveu aquilo, para quem o
autor escreveu, quando o autor escreveu e qual o sentido daquele
texto tudo isso pode ser compreendido ao analisarmos o contexto.

1- CONTEXTO IMEDIATO.
O contexto imediato é o conjunto de elementos que seguem ou precedem o texto imediata-
mente, incluindo circunstâncias que o motivam. No caso da Bíblia, isso inclui o parágrafo e o
capítulo em que o versículo está localizado. É importante considerar o contexto imediato ao
interpretar um versículo, pois ele pode fornecer informações essenciais para a compreensão
do significado do versículo. Por exemplo, o versículo "Eu sou o caminho, a verdade e a vida"
(João 14:6) pode ser interpretado de várias maneiras, dependendo do contexto em que é
considerado. No contexto imediato, esse versículo é parte de um discurso de Jesus aos seus
discípulos. Ele está respondendo à pergunta de Tomé, que perguntou como chegar ao Pai. No
contexto imediato, podemos entender que Jesus está se identificando como o único caminho
para a salvação. Se o versículo fosse considerado isoladamente, sem considerar o contexto
imediato, poderia ser interpretado de outra maneira. Por exemplo, alguém poderia argumen-
tar que Jesus está apenas dizendo que ele é um caminho para a salvação, mas não o único
caminho. No entanto, o contexto imediato fornece evidências que apoiam a interpretação de
que Jesus está se identificando como o único caminho.
➢ O contexto imediato pode incluir mais do que apenas o parágrafo e o
capítulo em que o versículo está localizado. Também pode incluir ou-
tras passagens da Bíblia que se referem ao mesmo assunto ou tema.
➢ O contexto imediato pode ajudar a esclarecer o significado de pala-
vras e frases específicas. Por exemplo, se um versículo usar uma pala-
vra ou frase que é incomum ou ambígua, o contexto imediato pode aju-
dar a determinar o seu significado.
➢ O contexto imediato pode ajudar a identificar o propósito do versí-
culo. O autor do versículo pode estar tentando transmitir uma mensa-
gem específica, e o contexto imediato pode ajudar a entender qual é
essa mensagem.

2- CONTEXTO REMOTO.
A palavra significa algo que é distante, logo essa categoria de contexto aponta para o que
está distante, que está longe, ou seja, um texto deve ser analisado observando partes cada
vez maiores dos vernáculos bíblicos, observando uma cadeia temática onde o texto está in-
serido, até mesmo o livro todo caso seja necessário. Um grande erro de indivíduos que inter-
pretam de maneira errada textos bíblicos é desconsiderar o contexto total em que um texto
está inserido, não analisam aquilo que o livro na totalidade tem a repassar, desconsideram os
gêneros literários, a linguagem, o tema central do livro, etc.

IV. A IMPORTANCIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA


1- ENTENDES O QUE LÊS?
Esta frase ecoa nas incontáveis páginas de livros acerca da bíblia escritos por homens, “en-
tendes o que lês” nos convida a nos voltarmos para a boa interpretação bíblica, uma boa
hermenêutica cria boas mentalidades cristãs. Atos 8:26-40 mostra o encontro de Felipe com
certo eunuco de determinada rainha da Etiópia que lia as profecias de Isaías e não as com-
preendia, Felipe então pergunta “Entendes o que lês?”, a partir deste ponto Filipe conduz
este homem ao caminho do bom entendimento, abrindo a mente daquele homem para pres-
crutasse o seu poder. Entender o que lemos é fundamental, pois não existe mudança sem a
compreensão das escrituras.

2- MANUESEAR UMA ESPADA.


Os soldados da antiguidade utilizavam espadas em suas guerras, e nestas empreitadas mili-
tares com estes objetos cortantes eram utilizadas três categorias de ataque, (1) Ataque de
corte, (2) Golpe de estocada, (3) Golpe de Martelo. Estas três modalidades nos trazem apli-
cações poderosas. O golpe de corte fala das escrituras como sendo a espada que corta o mal,
que despedaça o mal com seus dois gumes poderosos (Ap. 19:15). Já o golpe de estocada que
era exercido contra o oponente causando perfuração em corpo; a bíblia tem este mesmo
poder, perfura o ser humano até chegar nas partes mais profundas de seu ser, causando uma
destruição interna, mas restaurando em simultâneo (HB 4:12). O golpe martelo era utilizado
para esmagar ossos dos oponentes com o peso da espada, por acaso não seria esse também
o papel das escrituras, seu peso como sendo a voz de Deus age como martelo que quebra as
estruturas do pecado (Jr. 23:29).

3- ESTÁ ESCRITO.
Por três vezes Jesus declarou, “está escrito”, saber que algo se encontra nas escrituras é base
para termos um relacionamento bem elaborado com Deus, saber que ele fala por aquilo que
está escrito deve ser a luz que nos ilumina em tempos de densas trevas, saber que está escrito
demonstra nossa relação intima a verdade. A sapiência do cristão se desenvolve a partir do
ponto em que aquilo que está escrito norteia seu dia a dia, não existe tentação que o separe
de Deus, não existe vento forte que cause insegurança em seu ser, “pois está escrito, nem só
de pão viverá o homem mais de toda palavra que sai da boca de Deus” Mateus 4:4.

CONCLUSÃO
Será que você valoriza a bíblia como deve ser? Será você a entende nos moldes que o Senhor
deseja? Estas reflexões devem ser o piso de nosso estudo bíblico, pois se não consideramos
as escrituras como o centro metodológico de nossa vida e nem a amamos como sendo a voz
do todo poderoso incorremos em cair no engano do pecado e voltarmos para viver uma sub-
vida pecaminosa longe de Deus. O erro da sociedade vinte um é amar livros de teologia acima
da fonte desta teologia, a bíblia, erram, pois, conhecem todos os personagens de séries e
filmes, mas não conhecem um mínimo de personalidades bíblicas, que possamos modificar
nossa visão com colírio santo da palavra para que olhemos tudo ao nosso redor com uma
visão sadia.

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