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CORPOREIDADE E

MOTRICIDADE HUMANA

Aula 3 – O PENSAMENTO FILOSÓFICO


RENASCENTISTA, O CORPO E O HOMEM COMO
CENTRO DO DISCURSO E A CORPOREIDADE NA
CONTEMPORANEIDADE.

Prof. Me. Tatiane Gama


tatianegama@unigrande.edu.br
Objetivos

a. Compreender o pensamento filosófico renascentista, o


corpo e o homem como centro do discurso.
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

A partir do Renascimento, foi favorecida a racionalidade, apoiada em uma


série de avanços científicos e técnicos, tendo uma valorização do trabalho,
principalmente do intelecto e da capacidade de criação e transformação do
mundo, modificados conforme a necessidade do homem (NASCIMENTO;
BAUAB, 2010; GONÇALVES, 2012)

Descartes estabelece a subjetividade entre o que ele chama de coisa-


pensamento – o sujeito –, em oposição radical ao corpo – objeto,
separando assim o sujeito do objeto, o espírito da matéria, estabelecendo a
oposição entre o homem e a natureza e todo o pensamento posterior sobre
corpo e corporeidade com uma concepção separatista e redutora
(QUEIROZ, 2008; GONÇALVES, 2012).
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

Essa separação proposta por Descartes pode parecer semelhante ao


proposto por Platão, que também apresentava uma separação entre o
sensível (corpo) e o inteligível (alma/mente), porém nesta nova forma de se
separar corpo e alma é colocada uma concepção cartesiana – quase
matemática – em que a alma é o pensamento e o corpo é somente uma
extensão da alma – um não depende do outro (CARDIM, 2009).

A filosofia cartesiana proposta por Descartes toma como verdade a alma


em detrimento do corpo, por causa da busca do conhecimento verdadeiro,
e a única forma de obter e produzir esse conhecimento é pela razão, que é
uma faculdade da alma, enquanto o corpo, por meio dos sentidos e das
sensações, como sede, é capaz de enganar o ser humano.
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

Com o surgimento de uma nova visão do corpo como um objeto científico, o


capitalismo coloca uma nova percepção de encarar o corpo na sociedade, haja
vista a religião não apresentar mais tanta legitimidade sobre essa perspectiva.

Porém, em oposição a como o corpo era tratado e encarado, e principalmente


contrário aos pensamentos cartesianos propostos por Descartes, o filósofo
alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) descarta a ideia de que o corpo é mera
extensão controlável da alma (GALLO, 2006).

Nietzsche trata o corpo vivo como uma perspectiva ambiente, ou seja, o corpo
em um contexto social no qual é inserido, diferentemente da visão platônica e
religiosa, que despreza o corpo e o mundo em que ele está presente.
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

A partir dessa perspectiva de corpo vivo, Nietzsche reconhece que é


necessário interpretar o que o corpo faz, decifrando a linguagem que ele
transmite, pois é por meio do corpo que se conhece a alma, e não o inverso
(CARDIM, 2009).

Na mesma concepção de um corpo interagir com o meio em que vive, Karl


Marx, com o recurso de seus sentidos, e não apenas em seu pensamento,
observa que o trabalho é a ideia central para se entender o homem e sua
corporeidade, pois no trabalho o homem exerce movimentos que
pertencem à sua corporalidade – braços e pernas, entre outras partes – com
o objetivo de alterar e utilizar a matéria natural para sua utilidade, assim o
corpo se torna humano por sua atividade produtiva (GONÇALVES, 2012).
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

Aquele corpo vivo, participante do processo de criação e produção,


transformou-se em um corpo mecanizado, diferentemente da ideia de
Descartes, principalmente após a Revolução Industrial, na qual é inserida a
mecanização, a automatização das tarefas, tendo a mínima participação
criativa e corporal do homem.

O corpo do trabalhador não é somente alienado, mas é um corpo


deformado pela mecanização e pelas condições precárias de realização de
movimentos. Enquanto o trabalho com máquinas agride o sistema nervoso
ao máximo, ele reprime o jogo polivalente dos músculos e confisca toda a
livre atividade corpórea e espiritual (GONÇALVES, 2012, p. 63).
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

A visão dualista, desenvolvida principalmente pelos filósofos Platão e René


Descartes, é antiga, porém ainda permanece fortemente no homem e na
sociedade. Pensadores, como Nietzsche e Marx, mudam a forma de ver o
homem e, principalmente, como o corpo é observado, pois no pensamento
dualístico e cartesiano o corpo sempre é oprimido, ou pela alma, ou pela
razão.
• A CORPOREIDADE CONTEMPORÂNEA
Michel Foucault (1926-1984) e Maurice Merleau-Ponty (1908 – 1961),
pensadores contemporâneos, podem ser destacados por terem uma visão
complexa e abrangente das relações do corpo com o mundo, alterando o
próprio mundo e o próprio corpo.
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

• A CORPOREIDADE CONTEMPORÂNEA
Michel Foucault (1926-1984) e Maurice Merleau-Ponty (1908 – 1961), pensadores
contemporâneos, podem ser destacados por terem uma visão complexa e abrangente
das relações do corpo com o mundo, alterando o próprio mundo e o próprio corpo.

A percepção é a apreensão do sentido ou dos sentidos que se faz através do corpo, pelo
corpo, sendo este uma expressão criadora, com diferentes formas de observar o mundo
e interagir com ele (NÓBREGA, 2007; 2008). Esse pensamento tem como objetivo buscar
a compreensão do homem de uma forma integral, desenvolvendo a ideia de um “ser no
mundo”, o qual recebe um caráter ambíguo, sem a separação de corpo e alma, corpo e
objeto, ao pensar no corpo sob a experiência do próprio corpo, em uma relação com o
mundo ou outro corpo (GONÇALVES, 2012; CARDIM, 2009).
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CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

• A CORPOREIDADE CONTEMPORÂNEA
Com essa realidade do corpo, ou a sua intencionalidade, que é refletida
pelo movimento, é permitido a esse corpo sentir e perceber o mundo, os
objetos e os outros corpos, possibilitando ao indivíduo imaginar, sonhar,
desejar e pensar em outras características do corpo e do sujeito. Esse
comportamento é reconhecido como exercício da corporeidade (MERLEAU-
PONTY, 2006; NÓBREGA, 2007; 2008; MACHADO, 2010).

Merleau-Ponty não concebe o corpo em partes, ou um conjunto de órgãos


de sentido com funções e atitudes passivas de somente captar os
estímulos, mas o corpo de um indivíduo/sujeito que olha, observa e sente.
O PENSAMENTO FILOSÓFICO RENASCENTISTA, O
CORPO E O HOMEM COMO CENTRO DO DISCURSO.

• A CORPOREIDADE CONTEMPORÂNEA
Os significados, trazidos pela percepção do mundo, expressam realidades estruturais
que são manifestadas na corporeidade. Pelo corpo do ser humano, de forma sensível,
ele se efetiva no mundo, que envolve toda percepção do ser humano e de seu corpo. O
ser no mundo é reconhecido no corpo de forma sensível, não se reduzindo aos dados
sensíveis, revelando propriedades do objeto ao mesmo tempo que revelam o caráter
inesgotável das coisas (MACHADO, 2010).

As experiências corporais só poderão ser devidamente compreendidas quando for


superada a separação do sujeito-objeto, aceitando-se que o corpo sinérgico não é mero
objeto, composto por partes com receptores sensíveis, como olhos e mãos, mas uma
estrutura reflexiva do corpo. Não se pode cometer o erro de pensar que o corpo é
somente corpo, nem somente espírito, e, sim, a união dessas estruturas contrárias.
Referências

https://www.efdeportes.com/efd155/motricidade-humana-na-experiencia-
filosofica.htm

https://adm.online.unip.br/img_ead_dp/74235.pdf

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