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Merleau-Ponty - fenomenologia
da percepção
Subjetividade encarnada/ corporeificada (corpo vivido, corpo movimento,
corpo expressão)

"A estrutura do comportamento" - faz uma crítica a teoria comportamental na


época em uma aproximação com a psicologia da gestalt (que tem como objeto
a percepção)

Percepção como uma experiência sensível mediada pela corporeidade. Para


ele, a percepção é pré-reflexiva, é fundamentalmente uma experiência sensível.
Insiste no resgate dessa dimensão sensível do humano.

Conhece a biblioteca de Husserl, hursseliana e se encanta do pensamento


fenomenológico. Conhece o último Husserl, o do Krisis (crise das ciências
humanas e da sociedade europeita), muito mais ancorado na noção de Carne e
mundo vivido (lebenswelt). Diretamente, é influenciado por Husserl, mas é com o
pensamendo de Heidegger que percebemos uma aproximação mais
contundente, apesar dessa aproximação se dar de forma indireta (maior
aproximação com a ontologia fundamental de heidegger).

Fenomenologia da percepção - nesta obra irá propor uma fenomenologia


mundana que se ancora na noção de corpo.

Não temos um corpo, somos um corpo (merleau-ponty)/ Laura → o homem


ocidental está acostumado a viver sua experiência, a perceber-se, como uma
mente, "do pescoço pra cima", alienando da nossa experiência e da consciência
de si o corpo.

Ao investir na reflexão da consciência corporeificada (corporeidade), Merleau-


Ponty coloca em questão, problematiza, uma série de dicotomias que

Merleau-Ponty - fenomenologia da percepção 1


caracterizam o pensamento moderno (mente-corpo, consciente-inconsciente,
interno-externo, sujeito-objeto).

Essa tradição moderna privilegia a mente e aliena o corpo (tradição judaico-


cristã em que o corpo é a morada da alma, no pensamento moderno temos a
indicação do Descartes indicando que Penso, logo existo, Penso, logo sou.

→ Ponty: não sou somente pensamento, não sou somente logos. Sou
fundamentalmente uma experiência sensível de ser-no-mundo, com experiência
de engajamento no mundo sendo mediada por essa corporeidade.

Se quisermos retornar a origem do conhecimento, é necessária a recuperação


da percepção como experiência sensível. Modo originário de relação com o
mundo.

Subjetividade encarnada/ corporeificada (corpo-vivido, corpo-movimento,


corpo-expressão)

Subjetividade-intersubjetividade (ser-no-mundo, mútua constituição


humano/mundo. Corporeidade-intercorporeidade.

Para Merleau-Ponty a corporeidade emerge da consciência de si-dos outros-


do mundo ou das coisas, sendo portanto condição fundante da existência
humana. O corpo é o lugar onde a transcedência do sujeito articula-se com o
mundo.

A corporeidade configura-se dinamicamente ao longo de nossa existência, por


meio de nossas experiências como ser-no-mundo, nas quais estão incluídas
todas as nossas ações teóricos-práticas. Eu não existo por mim mesmo.

A fronteira entre o eu e o mundo é impreciso. O corpo é aquilo que me aponta


para a experiência, relação com o Outro, com o mundo.

A fenomenologia só é acessível a um método fenomenológico. Trata-se de


descrever, não de explicar e nem de analisar.

“Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma
visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência
não poderiam dizer nada. Todo universo da ciência é constituído sobre o mundo
vivido, e se queremos pensar a própria ciência com rigor, apreciar exatamente

Merleau-Ponty - fenomenologia da percepção 2


seu sentido e seu alcance, precisamos primeiramente despertar essa
experiência do mundo da qual ela (ciência) é a expressão segunda. A ciência não
tem e não terá jamais o mesmo sentido de ser que o mundo percebido, pela
simples razão de que ela é uma determinação ou explicação dele.”

O que é a percepção?

A percepção não é uma ciência do mundo, não é nem mesmo um ato, uma
tomada de posição deliberada; ela é o fundo sobre o qual todos os atos se
destacam e ela é pressuposta por eles. O mundo não é um objeto do qual
possuo comigo a lei de constituição; ele é o meio natural e o campo de todos
os meus pensamentos e de todas as minhas percepções explícitas. A verdade
não “habita” apenas o “homem interior”, ou, antes, não existe homem interior, o
homem está no mundo, é no mundo que ele se conhece”.

Entrelaçamento homem-mundo

O mundo fenomenológico é não o ser puro, mas o sentido que transparece na


intersecção de minhas experiências com aquelas do outros, pela engrenagem de
umas nas outras; ele é portanto inseparável da subjetividade e intersubjetividade
que formam sua unidade pela retomada de suas experiências passadas em
minhas experiências presentes, da experiência do outro na minha.

O mundo fenomenológico não é a explicação de um ser prévio, mas a


fundação do ser; a filosofia não é o reflexo de uma verdade prévia, mas assim
como a arte, é a realização de uma verdade.

É por meu corpo que compreendo o outro, assim como é por meu corpo que
percebo as coisas. Assim, ‘compreendido’ o sentido do gesto não está atrás
dele, ele se confunde com a estrutura do mundo que o gesto desenha e que por
minha conta eu retorno, ele se expõe no próprio gesto.

Merleau-Ponty - fenomenologia da percepção 3

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