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Maurice Merleau-Ponty
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Maurice Merleau-Ponty (Rochefort-sur-Mer, 14


de março de 1908 — Paris, 3 de maio de 1961) foi um
Maurice Merleau-Ponty
filósofo fenomenólogo francês, fortemente
influenciado por Edmund Husserl e Martin
Heidegger.

A constituição do significado na experiência humana


foi seu principal interesse e ele escreveu sobre
percepção, arte, política, religião, biologia,
psicologia, psicanálise, linguagem, natureza e
história.

Biografia
Estudou na Escola Normal Superior de Paris,
graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou em
vários liceus antes da Segunda Guerra, durante a
qual serviu como oficial do exército francês. Em 1945
foi nomeado professor de filosofia da Universidade Nascimento Jean Jacques Maurice
de Lyon. Em 1949 foi chamado a lecionar na Merleau-Ponty
Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne). 14 de março de 1908
Rochefort-sur-Mer, França
Em 1952 ganhou a cadeira de filosofia no Collège de Morte 3 de maio de 1961 (53 anos)
France. De 1945 a 1952 foi co-editor (com Jean-Paul Paris, França
Sartre) da revista Les Temps Modernes. Sepultamento cemitério do Père-Lachaise,
Grave of Merleau-Ponty
Suas primeiras obras procuraram dialogar com a
Nacionalidade Francesa
psicologia, casos de La Structure du comportement
(1942) e Phénoménologie de la perception (1945). Cidadania França
Influenciado pela obra de Edmund Husserl, Progenitores Bernard Merleau-Ponty
Merleau-Ponty procura dar carnalidade à
Cônjuge Suzanne Merleau-Ponty
consciência intencional de seu mestre e precursor.
Nesse sentido, leva a filosofia de Husserl até as Filho(a)(s) Marianne Merleau-Ponty
últimas consequências de sua encarnação no mundo Alma mater Escola Normal Superior de
da vida. Em Fenomenologia da Percepção, Merleau- Paris
Ponty critica a existência cartesiana do homem pelo Lycée Louis-le-Grand
cogito. Para o fenomenólogo, o homem se faz Universidade de Paris
presente pelo seu corpo e este participa do processo
Ocupação Filósofo
cognitivo.[1]

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Voltando sua atenção para a questões sociais e Empregador(a) Collège de France,


políticas, Merleau-Ponty publicou em 1947 um Universidade de Paris,
conjunto de ensaios marxistas - Humanisme et Universidade de Lyon
terreur ("Humanismo e Terror"), a mais elaborada Escola/tradição Fenomenologia
defesa do comunismo soviético do final dos anos Existencialismo
1940. Contrário ao julgamento do terrorismo Espiritualismo francês
soviético, atacou o que considerava "hipocrisia Principais Ontologia
ocidental". Porém a guerra da Coreia desiludiu-o e interesses Epistemologia
fê-lo romper com Sartre, que apoiava os comunistas Movimento fenomenologia,
da Coreia do Norte. estético estruturalismo
Causa da enfarte agudo do miocárdio
Em 1955, Merleau-Ponty publicou mais ensaios morte
marxistas, Les Aventures de la dialectique ("As
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Aventuras da Dialética"). Essa coleção, no entanto,
indicava sua mudança de posição: o marxismo não
aparece mais como a última palavra na História, mas apenas como uma metodologia heurística.

Merleau-Ponty morreu repentinamente de infarto, em 1961 aos 53 anos, aparentemente enquanto


preparava-se para uma aula sobre René Descartes, deixando um manuscrito inacabado, que foi
publicado postumamente em 1964, com uma seleção de notas de trabalho de Merleau-Ponty,
organizados por Claude Lefort como "O visível e o invisível". Foi sepultado no cemitério Père
Lachaise, em Paris, juntamente com sua mãe Louise, sua esposa Suzanne e sua filha Marianne.

Pensamento
Tomando como ponto de partida o estudo da percepção, Merleau-Ponty é levado a reconhecer que
o "corpo próprio" não é apenas uma coisa, um objeto potencial de estudo para a ciência, mas
também é uma condição permanente da experiência, que é constituinte da abertura perceptiva
para o mundo e seu investimento. Ele então enfatiza que há uma consciência e um corpo inerentes
que a análise da percepção deve levar em conta. Por assim dizer, a primazia da percepção significa
um primado da experiência, na medida em que a percepção tem uma dimensão ativa e
constitutiva.[2]

O desenvolvimento do seu trabalho estabelece, assim, um reconhecimento da análise como uma


corporalidade da consciência da intencionalidade corporal, contrastando com o dualismo das
categorias ontológicas corpo / mente, de Rene Descartes, filósofo a quem Merleau-Ponty
permaneceu atento apesar das diferenças significativas entre eles. Ele então começou um estudo da
encarnação do indivíduo no mundo, tentando superar a alternativa de pura liberdade e
determinismo puro, como a diferença entre o próprio corpo e os demais corpos.[3]

Segundo Merleau-Ponty, quando o ser humano se depara com algo que se apresenta diante de sua
consciência, primeiro nota e percebe esse objecto em total harmonia com a sua forma, a partir de
sua consciência perceptiva. Após perceber o objecto, este entra em sua consciência e passa a ser um
fenômeno.

Com a intenção de percebê-lo, o ser humano intui algo sobre ele, imagina-o em toda sua plenitude,
e será capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa forma, o conhecimento do fenômeno é
gerado em torno do próprio fenômeno.

Para Merleau-Ponty, o ser humano é o centro da discussão sobre o conhecimento. O conhecimento

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nasce e faz-se sensível em sua corporeidade.

Publicações
▪ 1942 La Structure du comportement (Paris: Presses Universitaires de France, 1942)
▪ 1945 Phénoménologie de la perception (Paris: Gallimard, 1945)
▪ 1933–1946 Le primat de la perception et ses conséquences philosophiques (Lagrasse:
Éditions Verdier, 1996)
▪ 1947 Humanisme et terreur, essai sur le problème communiste (Paris: Gallimard, 1947)
▪ 1948 Sens et non-sens (Paris: Nagel, 1948, 1966)
▪ 1948 Causeries 1948 (Paris: Seuil, 2002)
▪ 1949–1950 Conscience et l'acquisition du langage (Paris: Bulletin de psychologie, 236, vol.
XVIII, 3-6, Nov. 1964)
▪ 1949–1952 Merleau-Ponty à la Sorbonne: résumé de cours, 1949–1952 (Grenoble: Cynara,
1988)
▪ 1951 Les Relations avec autrui chez l’enfant (Paris: Centre de Documentation Universitaire,
1951, 1975)
▪ 1953 Éloge de la philosophie, Leçon inaugurale faite au Collège de France, Le jeudi 15 janvier
1953 (Paris: Gallimard, 1953)
▪ 1955 Les Aventures de la dialectique (Paris: Gallimard, 1955)
▪ 1958 Les Sciences de l’homme et la phénoménologie (Paris: Centre de Documentation
Universitaire, 1958, 1975)
▪ 1960 Éloge de la philosophie et autres essais (Paris: Gallimard, 1960)
▪ 1960 Signes (Paris: Gallimard, 1960)
▪ 1961 L’Œil et l’esprit (Paris: Gallimard, 1961)
▪ 1964 Le Visible et l’invisible, suivi de notes de travail Edited by Claude Lefort (Paris: Gallimard,
1964)
▪ 1968 Résumés de cours, Collège de France 1952–1960 (Paris: Gallimard, 1968)
▪ 1969 La Prose du monde (Paris: Gallimard, 1969)

Referências
1. MERLEAU-PONTY, Maurice. fenomenologia da percepção. Tradução de carlos Alberto
Siqueira de Moura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
2. Principalement dans Maurice Merleau-Ponty, Phénoménologie de la perception, Paris, Éditions
Gallimard, collection « Tel », 1976, aux chapitres IV, V et VI
3. Michela Marzano, Philosophie du corps, Presses Universitaires de France, collection « Que
sais-je ? », 2007, pages 46-48 ; et Kurt Duaer Keller, Intentionality in Perspectival Structure,
dans Chiasmi International ; Publication trilingue autour de la pensée de Merleau-Ponty,
nouvelle série, numéro 3, pages 375-397.

Bibliografia
rd.edu/entries/merleau-ponty). Stanford
▪ Bernard Flynn (18 de fevereiro de 2015). Encyclopedia of Philosophy (em inglês)
«Maurice Merleau-Ponty» (http://plato.stanfo
▪ AYOUCH, Thamy. Maurice Merleau-Ponty e

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a psicanálise: a consonância imperfeita. João Pessoa. João Pessoa: Editora da


Paris: Le Bord de L’eau, 2012. UFPB, 2012.
▪ CHAUÍ, M. S. Experiência do pensamento: ▪ SILVA, C. A. F. A carnalidade da reflexão:
ensaios sobre a obra de Merleau-Ponty. ipseidade e alteridade em Merleau-Ponty.
São Paulo: Martins Fontes, 2002 (Coleção São Leopoldo, RS: Nova Harmonia, 2009.
Tópicos). ▪ SILVA, C. A. F. A natureza primordial:
▪ DIAS, I. M. O elogio do sensível: corpo e Merleau-Ponty e o logos do mundo estético.
reflexão em Merleau-Ponty. Lisboa: Litoral Cascavel, PR: Edunioeste, 2010 (Série
Edições, 1989. Estudos Filosóficos, n° 12).
▪ FONTES FILHO, Osvaldo. Merleau-Ponty, ▪ SILVA, C. A. F.; MÜLLER, M. J. (Orgs.).
na trama da experiência sensível. São Merleau-Ponty em Florianópolis. Porto
Paulo: Editora Fap-Unifesp, 2012. Alegre: FI, 2015.
▪ MÜLLER, M. J. Merleau-Ponty, acerca da ▪ VALVERDE, M. E. G. L. (Org.). Merleau-
expressão. Porto Alegre: Edipucrs, 2001. Ponty em Salvador. Salvador: Arcádia,
▪ OLIVEIRA, I. C. (Org.). Merleau-Ponty em 2008.

Ligações externas
▪ Merleau-Ponty: a obra fecunda (https://web.archive.org/web/20120510043307/http://revistacult.
uol.com.br/home/2010/03/merleau-ponty-a-obra-fecunda/), por Marilena Chaui.
▪ Fenomenologia e Existência: Uma Leitura de Merleau-Ponty, por Newton Aquiles von Zuben (h
ttps://web.archive.org/web/20080608130323/http://www.fae.unicamp.br/vonzuben/fenom.html)

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