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Fundamentos da Fenomenologia e do

Existencialismo
Profª. Ms. Elizabete Ribeiro
❑O cenário do sec.XVII estava marcado pelas influencias racionalistas
Descartes.

❑Visão mecanicista mundo e homem eram concebido como máquinas


independentes com peças e funções específicas.

❑Compreender a natureza –desmembrar cada parte para entender o todo


Ciência = matriz atomicista/ mecanicista
DUALIDADE-RELAÇÃO DICOTÔMICA : SUJEITO/OBJETO

❑Até primeira metade do séc. XIX, com mais intensidade

❑A Psicologia para ser reconhecida como ciencia segue nesta linha


❑A evolução da ciência, por, a partir das transformações e da forma de
Conceber e perceber o mundo. Nova matriz do pensamento.

❑Homem e mundo passam a ser concebidos não só pela forma mecanicista,


mas também por um prisma funcionalista e organicista
Teoria de evolução Darwin

❑O homem reconhecido como um sistema funcional de interconexões e


Possibilidades.

❑O pensamento positivista é questionado, não sendo possível um sujeito


livre de sua subjetividade.
❑Franz Brentano* opondo aos naturalistas lança suas ideias
por meio do estudo do ato. Psicologia do ato.

❑Vai levar em consideração não mais o objeto, mas o ato.

❑Não importa “a coisa vista , mais o ato de se ver

❑A experiência se baseia percepção interior,a realidade está na


consciência de cada um
Fenomenologia
• Disciplina idealizada como método de pensamento que se constitui
com contorno filosófico, ou seja como filosofia.
• Phainomenon(fenômeno)_ significa aquilo que se mostra por si, aquilo
que se manifesta.
• Logos_ significa ciência, estudo, discurso esclarecedor.
• Fenomenologia é o discurso esclarecedor daquilo que se manifesta à
consciência.
• Precursor: Edmund Husserl(1859-1938)
• Início: Séc. XX (1907)- Alemanha (8 de abril de 1859 — 26 de
• Influência direta: Franz Brentano(1838-1917). abril
de 1938)
Oriundo da República
Tcheca,
Estudou com Brentano na
Universidade de Viena e
lecionou
Nas universidades de
Halle,
Gotinga e Freiburg
❑ Sua proposta é superar a dicotomia sujeito/objeto através da apreensão da
relação homem mundo.

❑ Oposição ao naturalismo por não concordar com a concepção de comportamento


em termos de simples causa e efeito.

❑ Crítica dirigida as teorias científicas, principalmente as de cunho positivista,


aferradas à objetividade, à ideia de que a realidade se reduz aquilo que percebemos
pelos sentidos.
A intencionalidade da consciência significa que toda consciência é não somente consciência,
mas também consciência de alguma coisa, implicando numa relação intrínseca com o objeto.

Na perspectiva fenomenológica a consciência é consciência ativa que atribui


significados ao mundo.

Não há fenômeno que não seja fenômeno para uma consciência de algo e não
há consciência sem que ela seja consciência de algo, sem que ela seja determinada
como uma certa maneira de visar os objetos, o mundo (CAPALBO, 2001, p.14).

O conceito de campo fenomenológico diz respeito a ideia de que a subjetividade existe num
campo de interações, consiste na totalidade de experiências de um sujeito. Para Husserl a
subjetividade não existe em si própria, mas num campo interacional.
Redução Fenomenológica (epoché). Significa por o mundo entre parênteses. Movimento de
afastamento dos aprioris, dos julgamentos para se chegar ao fenômeno tal qual ele se revela para
a consciência intencional.

Descrição fenomenológica. Para o intento de se chegar a essência das coisas lança mão da
descrição da experiência tal qual ela surge, tal qual ela se apresenta.

Ênfase no presente no aqui-e-agora. Partir do que se revela para a compreensão da pessoa do ser.,
Expoentes da fenomenologia

Martin Heidegger (1889-1976): Messkirch, Alemanha. Foi aluno de Husserl na


Universidade de Freiburg;
Jean-Paul Sartre (1905-1980): Nasceu em Paris, onde estudou filosofia. Estudou Husserl e
Heidegger em Berlim e lecionou na França;
Maurice Merleau-Ponty (1908-1961): Nasceu e estudou na França. Lecionou psicologia
em Sorbonne e no College de France;
Paul Ricoeur (1913-2005): Filósofo francês.
Expoentes da fenomenologia

Para Heidegger, o homem é o ente


privilegiado, pois é quem lança mão da
pergunta sobre o sentido do ser.
Martin Heidegger foi
um filósofo, escritor,
Dasein (ser-aí) é o modo de ser deste ente professor universitário
e reitor alemão. Ele é
chamado homem: ele não possui uma visto como o ponto de
essência anterior. Seu ser está sempre em ligação entre o
existencialismo de
jogo no próprio existir. Kierkegaard a
fenomenologia de
Husserl.
O modo de ser dos entes não humanos é
denominado “ser simplesmente dado”;
Seu sentido nunca está em jogo!

O modo de ser do homem é “existência”,


o “ser-aí”, o “ser no mundo”.
❑ A Fenomenologia passa a contribuir com sua base metodológica para a
difusão do Existencialismo

❑ As ideias de Husserl passaram a influenciar direto filósofos como Martin Heidegger,


Jean-Paul Sartre, Emmanuel Levinas, Merleau Ponty e outros.

❑ Na Psicologia e na Psiquiatria é possível citar os trabalhos de


Binswanger(Análise existencial)e de Rollo May(Psicologia Existencial)
Viktor Frankl e com mais efetivamente a Gestalt Terapia e a Abordagem
Centrada na Pessoa.
Existencialismo

❑ Doutrina filosófica que tem seu surgimento no final da primeira guerra


mundial e a ampliação de seu alcance após a segunda grande guerra.

❑ Contexto de fragmentação política e social da Europa(Cenário de Crise).

❑ Caracterizado por pessimismo exacerbado, e por uma crise de identidade


filosófica e crise do objetivismo cientifico.

❑ A origem do pensamento existencialista está associada a filosofia de Soren


Kierkegaard e Friedrich Nietzsche.
Existencialismo

Kierkegaard: O individuo não pode ser


explicado a partir de nenhuma essência
universal.
O ser do homem consiste em sua própria
existência singular, sua subjetividade, que Søren Aabye Kierkegaard
é pura liberdade de escolha. foi um filósofo
dinamarquês, teólogo,
poeta, crítico social, e
autor religioso que é
amplamente considerado
o primeiro filósofo
existencialista
❑ Historicamente relacionado a figura de Jean-Paul Sartre e a Martin Heidegger
que aplica o método fenomenológico á análise da existência.

❑ Entre os principais difusores importante também citar Martin Buber ,


Maurice Merleau Ponty,Emmanuel Levinas, Nicolau Berdiaeff,karl Jaspers.
Paris, 21 de junho
de 1905 – Paris,
15 de abril de
1980)

Filósofo, escritor e
crítico francês,
conhecido como
representante do
existencialismo.
Corrente filosófica que se preocupa com a existência concreta do homem no mundo,
preconiza que a existência precede a essência e afirma questões fundamentais
para o homem, tais como liberdade, responsabilidade e a angústia(Japiassu e Marcondes,1990)

Principais características:

Consideração da finitude do homem; a preocupação com a existência e o modo de ser


do existente, o homem como ser de possibilidades(o “vir-a-ser” do homem) e transcendência
Martin Buber

• Martin Buber → Nasceu em Viena aos 08/02/1878 e faleceu em 13/06/1965.


• Tradição judaica → estudos sobre a Bíblia, Judaísmo e Hassidismo.
• Estudos políticos, sociológicos, filosóficos e na área educacional.
• Foco Central: Filosofia do Diálogo
→ A existência do homem norteada por 2 atitudes, 2 palavras-principio: EU-TU e EU-ISSO
→ Dimensão do entre → inter – humano → ontológico.
→ Buber distingue 3 esferas onde acontece a relação: com os seres da natureza, a esfera
dos homens e a esfera espiritual.
EU-TU EU-ISSO

Reciprocidade (confirmação Objetividade


mútua)

Momento de Graça Cognitivo, conhecimento.

Dialógica Monológico

EU Pessoa Eu-egóico.

Atemporal Passado/futuro
A influência do pensamento existencialista alcançou movimento sociais e culturais
Atingindo também o ambiente científico especialmente a área das ciências humanas.
Para Gobbi (2002) no que diz respeito a Psicologia e a Psiquiatria o existencialismo
resgata a questão antropológica, situando o homem no curso da sua história.
Destaque relevante sobre a Psicologia humanista.
HUMANISMO

Surgiu com o apogeu do Cristianismo, passando a ter maiores


contorno a partir do Renascimento com os novos olhares nas
artes, na literatura, na religião.
Ênfase a liberdade de pensamento e ao regate de valores
humanos
Psicologia Humanista

• Surgiu na década de sessenta(sistematizada) nos EUA


• Abraham Maslow , Carl Rogers.
• Congregava diversas tendências unidas pela oposição ao behaviorismo e a psicanálise,
e pela convergência em torno de algumas propostas comuns.(Boainain).
• Ênfase na saúde, no bem-estar, no potencial humano de crescimento em detrimento dos
dos estudos que privilegiavam o enfoque das psicopatologias;
• Foco as capacidades e potencialidades características exclusivas da espécie humana
• Intolerância toda e qualquer manifestação de tendência determinista.
• Ênfase nos relacionamentos humanos.

Teorias Neopsicanalistas (Adler,Rank,Jung, Reich,Horney,Erikson, Fromm), Goldstein.


Angyal,Lewin, Moreno, Perls, Rogers, Boss, Bisnwager e Rollo May.
Psicologia Humanista

Fenomenologia Existencialismo

Por volta das décadas de cinquenta e sessenta há um fortalecimento das influências


europeias da fenomenologia e do existencialismo nos EUA, principalmente por meio
das Obras de Boss, Binswanger e Rollo May.Há uma busca para uma fundamentação
teórico filosóficas para as abordagens humanistas. É também neste período que se
passa a usar o termo “fenomenologia psicológica", aludindo a fenomenologia como
Método aplicado aos processos de natureza psicológica, como procedimento para
explorar consciência. (BARRETO,1999)
Tanto a ACP como a GT apresentam diversidades epistemológicas em suas trajetórias, mas é
no caráter humanista, existencial e fenomenológico que se destaca alguns pontos no que diz
respeito a relação terapêutica por exemplo:

❑ A concepção da dialógica da relação .Inspiração buberiana na Gt e na ACP


Rogers cunhava o termo relação pessoa/pessoa.
• Compromisso com o diálogo, com o entre;
• Caráter vivencial do dialógico;
• Qualidade de não exploração;
• Presença;
• Confirmação / aceitação;
• Inclusão.

.
❑As psicoterapias humanistas existenciais e
fenomenológicas fundam-se no cuidado enquanto ser-no-
mundo-com-o-outro e não em interpretações apriorísticas ou
explicações causais de suas vivências.

❑Estimula o cliente a reconhecer sua impessoalidade e a


buscar suas possibilidades de resposta ressignificando sua
experiência.

.
❑ A psicoterapia na perspectiva da ACP , bem como na Gestalt-terapia apresenta
características fenomenológicas em seu método na compreensão da existência
da pessoa, na qual a descrição do “o quê” e o “como” acontecem tal fenômeno torna-se
mais importante do que a explicação.
❑O que importa é o aqui e agora, o momento presente do vivido.
Os terapeutas nestas perspectivas devem exercitar constantemente a redução
fenomenológica,suspendendo seus valores e juízos para compreender o
fenômeno(cliente) em sua totalidade,
na subjetividade que é revelada pelo cliente em cada sessão/encontro.

.
❑ Rogers propõe uma relação especializada capaz de promover crescimento pessoal.
Presença boa parte do tempo de atitudes facilitadoras:

.
Suspensão fenomenológica
?
Acesso ao vivido
? ?
CONFIRMAR O OUTRO NA EXISTÊNCIA

Escuta fenomenológica
Fragmento 3- Personagem Fictício: Camilo Santarém

Eu vou ingressar na carreira militar e também agora


passarei a ter Um discipulado, quer dizer vou ter um
junto com um amigo da minha igreja...
Eu estou em pecado(olhos baixos e nervoso).
Eu senti desejo por uma rapaz da igreja e também por
outro perto da
minha Casa. Mas não quero que pense mal de mim...
E por favor não venha me
dizer que eu sou gay. Você
acha que eu sou gay?
Eu não deveria ter vindo aqui, uma amiga largou a
igreja depois que veio pra esse negócio de
.
psicólogo.
Eu sou gay?
Fragmento 4- Personagem Fictício: Nalva Aguiar

Eu não tenho vontade de nada, para mim essa


doença acabou Comigo. Eu fazia tudo lá em casa.
Eu cuidava das plantas e fazia toda a comida deles.
De que adianta fazer tratamento, tomar essas
porcarias?
Nada muda, eu sei que não vai curar. Não conheço
ninguém que tenha
ficado curado de C.A? Você conhece?
Minha filha diz que tem, mas eu não acredito. Pobre
igual a gente não.
Está todo mundo adiando a ida pra cova.
Você não concorda?

.
Referências

BARRETO, C. A compreensão e o lugar da abordagem centrada na pessoa no espaço científico-


sociocultural contemporâneo. Revista symposium, Universidade Católica de Pernambuco,
Recife, ano 3, p. 34-40.199
.
CAPALBO, C. Fenomenologia e ciências humanas. Rio de Janeiro: Âmbito,1987
GOBBI,S. et al. Vocabulário e noções da abordagem centrada na pessoa. São Paulo:
Vetor,2002
LIMA, BEATRIZ, F.Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-
existenciais.Revista da Abordagem Gestáltica- XIV(1): 28-38, jan-jun,2008
PENHA, J. O que é o Existencialismo. São Paulo: Editora Brasiliense,1982
ROGERS,C.Um jeito de Ser.São Paulo:EPU,1983
ROGERS, C.; ROSENBERG, R. A pessoa como centro. São Paulo:EPU,1977

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