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Ouro Grosso Programa em Rede - Filosofia 3º SÉRIE – Prof. Zeca

O EXISTENCIALISMO FILOSÓFICO

Existencialismo é uma doutrina filosófica centrada na análise da


existência e do modo como seres humanos têm existência no mundo.
Procura encontrar o sentido da vida através da liberdade incondicional,
escolha e responsabilidade pessoal. Está pautada na existência metafísica,
donde a liberdade é seu maior mote, refletida nas condições de existência
do ser. Segundo esta corrente filosófica, os seres humanos existem
primeiramente e depois cada indivíduo passa a sua vida mudando a sua
essência ou natureza.
Esta tendência filosófica que surgiu e se desenvolveu na Europa em
meados do século XX, mais precisamente na França, entre as duas guerras
mundiais (1918-1939), é caracterizada por centrar a sua análise na
existência, entendida esta não como fática ou fato de ser, mas como
realidade individual mundana.
Enquanto representa uma reação humanista contra toda a forma de
alienação, o existencialismo tem uma extensa série de precursores:
Sócrates, Santo Agostinho, Maine de Bitan, etc. Mas, em sentido restrito, a
origem do existencialismo remonta a Kierkegaard, o qual, por oposição à
filosofia especulativa hegeliana, projeta uma filosofia segundo a qual o
sujeito está implicado vitalmente na sua reflexão e não se limita a uma
objetivação abstrata da realidade. Perante isto, defende a irredutibilidade
da existência humana relativamente a qualquer tentativa idealizadora ou
coisificadora.
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CONTEXTO HISTÓRICO
Nas primeiras décadas do século XX, o mundo estava em crise. A filosofia
também. O mundo vivia a esperança de um mundo mais livre e mais
justo, porém a descrença política e a ideia de história como progresso
abalava a possibilidade da liberdade. As guerras, a revolução sexual,
o anseio de liberdade dos povos oprimidos. Essa força desses fatos
históricos foi muito mobilizada.

A filosofia passa a incorporar as discussões sociais, éticas e


existenciais desse período. A falta de crença, não fazendo Deus
como presença, o homem contemporâneo sente toda solidão, percebe
que constrói seu próprio destino, isto o angustia. Vivencia
sentimentos de vazio e desamparo, e parte em busca do sentido da
Existência; o que marcaria profundamente o movimento
Existencialista.

O Existencialismo surge como uma tomada de posição de alguns


pensadores (filósofos europeus) frente ao cientificismo que se
desenvolvia na época. Mas é claro que não se trata de negar a
importância da Ciência e nem
se opor à metodologia
científica. A oposição
justamente como o próprio
movimento diz é discutir a
existência do homem nas
relações que ele estabelece no
mundo, bem como o modo
como a Ciência se fundamenta
para conhecer este Homem.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O existencialismo sofreu influência da fenomenologia (fenômenos do
mundo e da mente), cuja existência precede a essência, sendo dividido em
duas vertentes:

• Existencialismo ateu: negam a natureza humana.


O existencialismo se desenvolveu em duas direções: uma ateia e outra
cristã. O existencialismo ateu declara que não existindo Deus, todo o
fundamento universal desaparece, o que origina a subjetividade da moral.
Surge então um sentimento de angústia que revela a fragilidade humana, a
sua responsabilidade única perante qualquer ato e a necessidade de
orientar a ação livre para um autoprojeto individual ou compromisso social.
O existencialismo filosófico exerceu uma grande influência na teologia (R.
Bultmann), na literatura (A. Camus) e na psiquiatria (Binswanger).

• Existencialismo cristão: essência humana corresponde um


atributo de Deus.
O existencialismo cristão incide comunhão e no amor interpessoal como
meio de uma transcendência moral da presença absoluta. Insiste na
defesa de uma perspectiva antropológica, embora não admita o
imanentismo1 ateu. Está representado por K. Barth, G. Marcel e K. Jaspers.

Para os filósofos adeptos dessa corrente, a essência humana é construída


durante sua vivência, a partir de suas escolhas, uma vez que possui
liberdade incondicional.

Em outras palavras, a corrente existencialista prega que o homem é um ser


que possui toda a responsabilidade por meio de suas ações. Assim, ele
granjeia durante sua vida um significado para sua existência.

Para os existencialistas, a existência humana é baseada nas angústias e


no desespero. A partir da autonomia moral e existencial, fazemos escolhas
na vida e traçamos caminhos e planos. Nesse caso, toda escolha implicará
numa perda ou em várias, dentre muitas possibilidades que nos são postas.
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Assim, para os existencialistas, a liberdade de escolha é o elemento


gerador, no qual ninguém e nem nada pode ser responsável pelo seu
fracasso, a não ser, você mesmo.

OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS EXISTENCIALISTAS

(1813-1855)
Considerado o “Pai do Existencialismo”, Sören Kierkegaard foi um filósofo
dinamarquês. Fez parte da linha do existencialismo cristão, no qual defende,
sobretudo, o livre-arbítrio e a irredutibilidade da existência humana.
Da mesma maneira que outros existencialistas, Kierkegaard focou na
preocupação pelo indivíduo e pela responsabilidade pessoal. Segundo ele:
“Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é
perder-se.”

(1889-1976)
A partir da obra de Kierkegaard e da crítica à
história da filosofia, Heidegger vai desenvolver a
ideia de que o ser humano pode experimentar
uma existência autêntica ou inautêntica.
“O que determinará esta existência serão sua
atitude face à morte e as escolhas que tomará diante a finitude de sua vida.”
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Jean Paul Sartre (1905-1980)


Um dos maiores representantes do existencialismo, Sartre foi filósofo,
escritor e crítico francês. Para ele, estamos condenados a ser livres:
“Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre, porque
uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.”

Simone de Beauvoir (1908-1986)


Companheira de Sartre, Simone de Beauvoir foi filósofa, escritora,
professora e feminista francesa nascida em Paris.
Personalidade ousada e libertária para sua época, Simone cursou filosofia
e enveredou pelos caminhos do existencialismo e da defesa da liberdade
feminina. Segundo ela: “Não se nasce mulher: torna-se”.
Essa frase corrobora sua tendência existencialista, cuja existência precede
a essência, essa última sendo algo que se constrói durante a vida.

Albert Camus(1913-1960)
Filósofo e romancista argelino, Camus foi um dos principais pensadores do
“absurdísmo”, uma das ramificações teóricas do existencialismo. Foi amigo
de Sartre com quem discutiu muito sobre os aspectos e a essência do ser.
Em seu ensaio filosófico “Mito de Sísifo” (1941) aborda sobre os diversos
absurdos da vida, segundo ele:
“Como deve viver o homem absurdo? Claramente, não se aplicam regras
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éticas, como todas elas são baseada sem poderes sobre justificação.
“Integridade não tem necessidade de regras”. “Tudo é permitido” não é uma
explosão de alívio ou de alegria, mas sim, um amargo reconhecimento de
um fato.”
Albert Camus ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, em 1957.

Merleau-Ponty (1908-1961)
Maurice Merleau-Ponty foi filósofo e professor francês. Fenomenólogo
existencialista, junto a Sartre, fundou a revista filosófica e política “Os
Tempos Modernos”.
Centralizou a filosofia na existência humana e no conhecimento. Para ele,
“A Filosofia é um despertar para ver e mudar o nosso mundo.”

Karl Jaspers(1883-1969)
Filósofo existencialista, professor e psiquiatra alemão, Karl Theodor
Jaspers acreditava na fusão entre a fé filosófica e a crença religiosa.
De acordo com ele, a fé é a expressão máxima da liberdade humana, sendo
o único caminho que leva à certeza existencial e à transcendência do ser.
Suas principais obras são: A Fé Filosófica, Razão e Existência, Orientação
Filosófica do Mundo, Filosofia, Explicação da Existência e Metafísica.

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