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Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Sartre foi uma das figuras que mais contribuíram para a formação de um pensamento e
de uma filosofia contemporâneos. Figura irreverente, o filósofo e escritor possui extensa obra escrita em
prosa, na qual consta ensaios e tratados filosóficos, romances, além de peças de teatro e roteiros para o
cinema. Sartre pode ser considerado o filósofo existencialista que mais se desdobrou para teorizar essa
corrente de pensamento, tendo escrito a sua obra magna: O ser e o nada, na qual descreve os principais
conceitos da teoria existencialista do século XX.

Jean-Paul Sartre, um importante nome da filosofia existencialista. [1]

Principais ideias de Sartre


Sartre era um defensor incondicional da liberdade. Em seus escritos, o filósofo deixa claro que o
ser humano estava, paradoxalmente, condenado a ser livre. Isso era o pressuposto para a sua teoria
existencialista e, mais profundamente, deixava claro a recusa dele por qualquer tipo de amarra social.
Politicamente o filósofo caminhava para o mesmo rumo, afirmando ser a liberdade a essência humana
aplicada na política. Qualquer tendência oposta à liberdade seria desumana. O filósofo engajou-se na luta
comunista, e muitos detratores viram na sua posição política uma contradição quando comparada com a
sua filosofia. No entanto, Sartre deixou claro também que o que ele entendia por comunismo e marxismo
ia muito além do que foi deixado por Marx e aplicado na União Soviética. O marxismo, para ele, tinha uma
dimensão própria que havia ultrapassado as ideias de Karl Marx, como se tivesse vida e inteligência
próprias.
Na literatura e na crítica literária, o filósofo procurou estabelecer vínculos com escritores que
passassem a ideia da liberdade e da miséria da existência humana, cercada pela angústia da liberdade
exacerbada e do não amparo por Deus ou por qualquer instituição metafísica. Sartre era materialista e
ateu.

Martin Heidegger, considerado um dos mais originais filósofos do século XX, influenciou bastante a obra de Sartre. [2]
Na filosofia, o pensador francês encontrará em Nietzsche a afirmação da vida material e corpórea;
em Kierkegaard, uma defesa de uma filosofia voltada para o ser humano e para a vida; em Heidegger, o
início do existencialismo; e em Husserl, o método fenomenológico, que defende uma espécie de
aprofundamento dos sentidos como maneira de imergir no mundo e no pensamento. Todo esse conjunto
de ideias servirá de base para a formulação do existencialismo sartriano.

Existencialismo de Sartre
Antes de Sartre, o existencialismo já encontrava seus ecos nas artes, na sociedade e na filosofia
heideggeriana desde o fim da Primeira Guerra Mundial. Desolados com o horror da guerra, os europeus
começaram a pensar em sua situação e em sua condição enquanto seres finitos. É nesse aspecto que
Heidegger identifica o ser humano como um ser-para-a-morte, o que nos levaria à angústia, pois temos
consciência de nossa finitude.
O existencialismo sartriano parte das ideias de Heidegger, mas vai além, pois o filósofo francês
identifica a liberdade, o abandono, a primazia da existência e o não reconhecimento de si como fatores
para a angústia.
Em primeiro lugar, estamos condenados a ser livres. Isso implica nossa atitude, qualquer que seja
ela, como fruto de nossa escolha, e também significa que estamos vivendo uma condenação, pois, por
mais que queiramos livrar-nos de nossa liberdade, não é possível fazê-lo.
Também há a questão do abandono. O ser humano, para Sartre, está abandonado, largado no
mundo, pois, ao contrário do que diz a religião e as concepções metafísicas medievais, não há um Deus que
nos guie. Outro fator de angústia é a falta de essência que nos determine. Para Sartre, existência precede
a essência, e “se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo que é”|3|. O ser
humano tem responsabilidade total por si e, ao mesmo tempo, não tem uma essência predefinida.

Características do existencialismo
O existencialismo sofreu influência da fenomenologia (fenômenos do mundo e da mente), cuja
existência precede a essência, sendo dividido em duas vertentes:

 existencialismo ateu: negam a existência de uma natureza humana.


 existencialismo cristão: essência humana corresponde um atributo de Deus.
Para os filósofos existencialistas, a essência humana é construída durante sua vivência, a partir de
sua experiência no mundo e de suas escolhas, uma vez que possui liberdade incondicional.
Em outras palavras, a corrente existencialista prega que o ser humano é um ser que possui toda a
responsabilidade por meio de suas ações. Assim, ele cria ao longo sua vida um sentido para sua própria
existência.
Para os existencialistas, a vida humana é baseada na angústia, no absurdo e na náusea causada pela
vida não possuir um sentido para além da própria existência.
A partir da autonomia moral e existencial, fazemos escolhas na vida e traçamos caminhos e planos.
Nesse caso, toda escolha implicará numa perda ou em várias, dentre muitas possibilidades que nos são
postas.
Assim, para os existencialistas, a liberdade de escolha é o elemento gerador, no qual ninguém e
nem nada pode ser responsável pelos encaminhamentos da vida. Os indivíduos são seres "para-si", livres e
plenamente responsáveis.

Principais Filósofos Existencialistas


Sören Kierkegaard
Considerado o “Pai do Existencialismo”, Sören Kierkegaard (1813-1855) foi um filósofo
dinamarquês. Fez parte da linha do existencialismo cristão, no qual defende, sobretudo, o livre-arbítrio e a
irredutibilidade da existência humana.
Da mesma maneira que outros existencialistas, Kierkegaard focou na preocupação pelo indivíduo e
pela responsabilidade pessoal. Segundo ele:

“Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.”

Martin Heidegger
A partir da obra de Kierkegaard e da crítica à história da filosofia, Heidegger (1889-1976) vai
desenvolver a ideia de que o ser humano pode experimentar uma existência autêntica ou inautêntica.
O que determinará esta existência será sua atitude face à morte e as escolhas que tomará diante a
finitude de sua vida.

“O ser humano não é o senhor dos seres, mas o pastor do ser.”

Jean-Paul Sartre
Um dos maiores representantes do existencialismo, Sartre (1905-1980) foi filósofo, escritor e crítico
francês. Para ele, estamos condenados a ser livres:

“Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre, porque uma vez lançado ao mundo, é
responsável por tudo quanto fizer.”

Referências:
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/jean-paul-sartre.htm
https://www.todamateria.com.br/existencialismo/

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