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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE FÍSICA
FÍSICA EXPERIMENTAL I

Acadêmicos: Cauã Vitor Figueredo Silva, Gabriel Agostinho da Silva, Jhonatan Karl Victor Oliveira de
Farias, Samuel Cassiano de Carvalho e Vanieli do Nascimento Silva Turma: 4T456
Professor: Thiago Crisóstomo Carlos Nunes
Data de realização do experimento: 25/10/2023
Data de entrega: 29/10/2023

Experimento N° 6 – Circuito RC

Objetivo
Este experimento visa à implementação e análise de um circuito RC, composto por uma resistência
(R) e um capacitor (C). Pretende-se, principalmente, observar detalhadamente as curvas de tensão no resistor e
no capacitor durante os processos distintos de carga e descarga do capacitor. Além disso, a intenção é realizar
a meticulosa medição da constante de tempo do circuito RC, promovendo uma compreensão refinada do
comportamento temporal das grandezas elétricas envolvidas.
Neste contexto, as bases teóricas encontram respaldo em princípios elucidados no renomado
"Fundamentos da Física, vol. 3 (Eletromagnetismo)" [1], de Halliday, Resnick e Walker. Esta obra essencial
aborda conceitos específicos sobre circuitos RC, proporcionando uma fundação teórica robusta para a execução
prática deste experimento. A aplicação destes conhecimentos não apenas visa a realização bem-sucedida do
experimento, mas também consolida a interligação coerente entre teoria e experimentação no estudo de
circuitos elétricos.

Introdução teórica
No universo da eletricidade, os capacitores desempenham um papel crucial, constituindo-se como
dispositivos capazes de armazenar energia elétrica por intervalos determinados pelas características intrínsecas do
circuito. Compostos por duas placas metálicas separadas por um dielétrico, que pode ser papel, cerâmica, plástico
ou até mesmo o ar, os capacitores operam como reservatórios de carga, cuja capacidade de armazenamento,
medida em farads (F), está intrinsecamente vinculada à geometria das placas e à constante dielétrica do material
isolante.

A relação entre a quantidade de carga armazenada (𝑞), a diferença de potencial (𝑉) e a capacitância (𝐶)
é expressa pela fórmula abaixo:
𝑞 (I)
𝑉=
𝐶
onde 𝑞 representa a carga em coulombs e 𝑉 a tensão em volts. Ao incorporarmos um capacitor a um circuito
contendo uma resistência (𝑅), observamos um fenômeno interessante: a tensão no circuito não atinge
instantaneamente seu valor máximo, ao contrário da resposta instantânea observada quando apenas uma
resistência está presente.

Inicialmente, na equação I, a carga (𝑞) é considerada como uma quantidade fixa. No entanto, quando
lidamos com circuitos dinâmicos, onde as quantidades elétricas podem variar ao longo do tempo, precisamos
considerar 𝑞 como uma função do tempo (𝑞(𝑡)).

Essa transição de uma carga fixa para uma carga variável é crucial para entender o comportamento
dinâmico de um capacitor durante processos de carga e descarga. Ao considerar 𝑞 como uma função do tempo,
tornamos possível acompanhar como a carga armazenada no capacitor muda à medida que o tempo avança.
Portanto, ao substituir 𝑞 por 𝑞(𝑡) na equação original, obtemos uma representação mais adequada para sistemas
em evolução temporal:

𝑞(𝑡) (II)
𝐶=
𝑉
Figura 6.1: um circuito RC em série, composto por uma fonte de corrente contínua, um resistor 𝑅 e um capacitor 𝐶.

Na Figura 6.1, visualizamos o circuito que compreende uma fonte de corrente contínua, um resistor (𝑅),
e um capacitor (𝐶) dispostos em série. Este arranjo é fundamental para o estudo dos processos de carga e descarga
do capacitor. No momento inicial, representado por 𝑡 = 0, o capacitor encontra-se descarregado, e a chave 𝑆 é
comutada para o ponto 𝑎, iniciando o processo de carga.

Portanto, ao percebermos que há conservação de energia elétrica e de carga no circuito, devido à natureza
fechada do sistema, podemos aplicar a Lei das Malhas de Kirchhoff, deste modo:

𝑞(𝑡) (III)
𝜀 − 𝑖(𝑡)𝑅 − =0
𝐶
Neste contexto, 𝜀 representa a diferença de potencial inicial, ou seja, a tensão no capacitor no momento
em que o circuito é energizado, denominada 𝑉0 :
𝑑𝑞(𝑡) (IV)
𝑖(𝑡) =
𝑑𝑡
Substituindo IV em I, obtemos:

𝑑𝑞(𝑡) 𝑞(𝑡) (V)


𝜀−𝑅 − =0
𝑑𝑡 𝐶
Rearranjando os termos:

𝑑𝑞(𝑡) 𝑞(𝑡) (VI)


𝑅 + =𝜀
𝑑𝑡 𝐶
−1
Multiplicando ambos os membros por 𝑅 :

𝑑𝑞(𝑡) 𝑞(𝑡) 𝜀 (VII)


+ =
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑅
Rearranjando a equação e usando a propriedade do fator integrante:
𝑡 𝑑𝑞(𝑡) 1 𝑡 𝑡 𝜀 (VIII)
𝑒 𝑅𝐶 ⋅ + 𝑒 𝑅𝐶 ⋅ 𝑞 = 𝑒 𝑅𝐶 ⋅
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑅
Usando a regra do produto da derivação:
𝑡 𝜀 𝑡 (IX)
[𝑒 𝑅𝐶 (𝑞)] 𝑑𝑡 = ⋅ 𝑒 𝑅𝐶
𝑅
Integrando em ambos os membros da equação:
𝑡 𝜀 𝑡 (X)
∫ [𝑒 𝑅𝐶 (𝑞)] 𝑑𝑡 = ∫ ( ⋅ 𝑒 𝑅𝐶 ) 𝑑𝑡
𝑅
𝜀
Trivialmente e lembrando que é uma constante:
𝑅
𝑡 𝜀 𝑡 (XI)
𝑒 𝑅𝐶 ⋅ 𝑞 = ∫ 𝑒 𝑅𝐶
𝑅
𝑡 1
Usando a Regra da Potência e considerando 𝑢 = e 𝑑𝑢 = 𝑑𝑡:
𝑅𝐶 𝑅𝐶

𝑡 𝜀 (XII)
𝑒 𝑅𝐶 ⋅ 𝑞 = ∫(𝑒 𝑢 𝑅𝐶) 𝑑𝑢
𝑅
Fazendo algumas simplificações e integrando o último termo pela Regra da Potência novamente:
𝑞 𝜀𝑅𝐶 𝑡 (XIII)
= ⋅ [𝑒 𝑅𝐶 + 𝐾]
𝐶 𝑅
Simplificando:
𝑞 𝜀 𝑡 𝐾 (XIV)
= 𝑡 𝑒 𝑅𝐶 + 𝑡
𝐶
𝑒 𝑅𝐶 𝑒 𝑅𝐶
Assim:
𝑞 −𝑡 (XV)
= 𝜀 + 𝐾𝑒 𝑅𝐶
𝐶
Considerando que a carga sobre o capacitor é a própria definição da tensão, e transformando-a em uma
função do tempo, pois este é o parâmetro variável desta equação, temos:
−𝑡 (XVI)
𝑉𝑐 (𝑡) = 𝜀 + 𝐶𝑒𝑅𝐶

Usando o Teorema do Valor Inicial:

𝑉𝑐 (0) = 0 ⇒ 0 = 𝜀 + 𝐾 ⋅ 1 ⇒ 𝐾 = −𝜀 (XVII)

Assim:
𝑡 (XVIII)

𝑉𝑐 (𝑡) = 𝜀 − 𝜀𝑒 𝑅𝐶

Colocando 𝜀 em evidência:
𝑡 (XIX)

𝑉𝑐 (𝑡) = 𝜀 (1 − 𝑒 𝑅𝐶)

Assim chegamos a Eq. XIX, importante para deduzirmos a equação da carga e descarga de um capacitor
em um circuito RC.

Observando a Figura 6.1, deduzimos que:

𝜀 − 𝑉𝑅 (𝑡) − 𝑉𝑐 (𝑡) = 0 (XIX)

Substituindo XIX em XX:


𝑡 (XX)
𝜀 − 𝑉𝑅 (𝑡) − 𝜀 (1 − 𝑒 −𝑅𝐶 ) = 0

Assim, temos que:


𝑡 (XXI)
𝑉𝑅 (𝑡) = 𝑒 −𝑅𝐶
Na Eq. XXI, temos a expressão da tensão no resistor durante a carga do capacitor em função do tempo.
Então, podemos rearranjar a Lei de Ohm de tal maneira que:
𝑡 (XXII)
𝑒 −𝑅𝐶
𝑖𝑅 (𝑡) =
𝑅
Assim, concluímos todas as fórmulas descrevendo os fenômenos da carga do capacitor.
Deste modo, observando novamente a Figura 6.1, observamos o seguinte sinal:

𝑉𝑐 (𝑡) + 𝑉𝑟 (𝑡) = 0 (XXIII)

Usando a definição de tensão:

𝑞(𝑡) 𝑑𝑞(𝑡) (XXIV)


+𝑅 =0
𝐶 𝑑𝑡
Multiplicando por 𝑅 −1 :

𝑞(𝑡) 𝑑𝑞(𝑡) (XXV)


+ =0
𝑅𝐶 𝑑𝑡
𝑡
Tomando 𝑢(𝑡) como 𝑒 𝑅𝐶 :

1 𝑡 𝑡 𝑑𝑞(𝑡) (XXVI)
𝑒 𝑅𝐶 𝑞(𝑡) + 𝑒 𝑅𝐶 ⋅ =0
𝑅 𝑑𝑡
Rearranjando os termos:
𝑡 (XXVII)
(𝑒 𝑅𝐶 ⋅ 𝑞(𝑡)) 𝑑𝑡 = 0 𝑑𝑡

Integrando em ambos os membros:


𝑡 (XXVIII)
∫ (𝑒 𝑅𝐶 ⋅ 𝑞(𝑡)) 𝑑𝑡 = ∫ 0 𝑑𝑡

Trivialmente:
𝑡 (XXIX)
𝑒 𝑅𝐶 ⋅ 𝑞(𝑡) = 0 + 𝐾
Rearranjando:
𝑡 (XXX)
𝑞(𝑡) = 𝐾𝑒 −𝑅𝐶
Usando o Teorema do Valor Inicial:

𝑞(0) = 𝐶𝜀 ⇒ 𝐾𝑒 0 ⇒ 𝐾 = 𝐶𝜀 (XXXI)

Assim:
𝑡 (XXXII)
𝑞(𝑡) = 𝐶𝜀𝑒 −𝑅𝐶
Para 𝑡 = 𝑅𝐶:

𝑞(𝑡) = 63% 𝐶𝜀 (XXXIV)

A constante de tempo capacitiva (RC) é uma grandiosidade temporal significativa no contexto de


circuitos RC. Ela desempenha um papel crucial ao representar o intervalo de tempo necessário para que a carga
ou a tensão em um capacitor atinja aproximadamente 63% de seu valor máximo durante os processos de carga ou
descarga. Essa escolha específica de tempo, definida por 𝑡 = 𝑅𝐶 na Eq. XXXII, é estrategicamente relevante, pois
marca um ponto em que o sistema atingiu uma mudança substancial, tornando-se uma ferramenta valiosa para
compreender a dinâmica do circuito e, portanto, foi este o motivo pelo qual a calculamos.

Partindo de XXXII, podemos seguir um outro ramo lógico para chegarmos em uma outra equação
descrevendo um outro fenômeno na dinâmica do circuito RC.

Deste modo, podemos dividir ambos os membros por 𝐶:

𝑞(𝑡) 𝑡 (XXXV)
= 𝜀𝑒 −𝑅𝐶
𝐶
No entanto, o primeiro membro descreve exatamente a definição de 𝑉𝑐 (𝑡), portanto:
𝑡 (XXXVI)
𝑉𝑐 (𝑡) = 𝜀𝑒 −𝑅𝐶
Observando o circuito RC, podemos dizer que:

𝑉𝑐 (𝑡) + 𝑉𝑟 = 0 (XXXVII)

Logo:
𝑡 (XXXVIII)
𝑉𝑟 = −𝜀𝑒 −𝑅𝐶
Usando a definição da corrente pela Lei de Ohm, temos:

1 𝑡 (XXXIX)
𝑖𝑅 (𝑡) = − 𝜀𝑒 −𝑅𝐶
𝑅

Material utilizado
No decorrer deste experimento, foram empregados diversos materiais e instrumentos essenciais para a
montagem e análise do circuito RC. Entre esses componentes, destacam-se resistores e capacitores, identificados
e selecionados da bancada, fundamentais para a configuração do circuito, detalhados na lista abaixo. A montagem
ocorreu em série, conforme representado na Figura 1, incluindo resistores e capacitores específicos. A geração de
uma onda quadrada foi realizada por meio de um gerador, permitindo ajustar parâmetros como a voltagem pico a
pico (Vpp), configurada em 2,0V, e a frequência efetiva (ef), ajustada para 10,0Hz. A visualização e análise das
formas de onda foram feitas utilizando um osciloscópio, sendo a ferramenta cursores empregada para medições
precisas.
A constante de tempo capacitiva foi mensurada ajustando o sinal na tela do osciloscópio, e a voltagem
sobre o resistor, devido à impossibilidade de medição direta, foi obtida indiretamente por meio de um multímetro.
O experimento contemplou a variação da frequência do sinal gerado, a construção de tabelas e gráficos com base
nas equações de carga e descarga. A troca da forma do sinal para seno foi realizada para ampliar a compreensão
do comportamento do circuito RC. A condução do experimento seguiu um processo semelhante ao apresentado
na Figura 1 para referência visual.
Abaixo está a lista de materiais utilizados para a realização do experimento:
• Protoboard, cabos de ligação e jumpers
• Resistor de 1 MΩ
• Resistor de 10 Ω
• Capacitor de 47µF
• Multímetro digital (voltímetro)
• Fonte de alimentação de corrente contínua
• Gerador de função arbitrária
• Osciloscópio
Procedimento Experimental
Inicialmente, procedemos à identificação dos valores dos resistores (R) e capacitores (C) disponíveis na
bancada, registrando os resultados para referência. Em seguida, utilizando uma protoboard, realizamos a
montagem do circuito RC em série conforme a Figura 1, conectando os componentes identificados previamente.
Com o circuito montado, aplicamos uma onda quadrada com amplitude de Vpp = 2,0V e frequência efetiva de
10,0Hz. No entanto, surgiu a questão de como medir diretamente a voltagem no resistor. Em colaboração com
colegas, discutimos estratégias para contornar essa limitação e obter informações precisas.
Ajustamos o sinal na tela do osciloscópio para medir o tempo de carga (t = RC) e comparar valores
teóricos e experimentais. Posteriormente, exploramos a influência da variação da frequência do sinal gerado,
observando as mudanças na curva exponencial exibida no osciloscópio e interpretando os resultados obtidos.
Construímos uma tabela com cálculos baseados nas equações de carga e descarga, calculando a voltagem para o
capacitor e resistor em diferentes constantes de tempo (τ). Em seguida, repetimos o processo utilizando o método
de descarga do capacitor, ampliando nossa compreensão do comportamento do circuito em diferentes condições.
Com os dados coletados, realizamos uma análise detalhada, comparando resultados teóricos e
experimentais. Além disso, exploramos como a variação da forma do sinal gerador, particularmente ao trocar para
uma onda senoidal, influenciou o sistema. Discussões entre colegas enriqueceram a interpretação das observações,
proporcionando uma compreensão abrangente do experimento.
No nosso procedimento experimental, verificamos no processo experimental que o gráfico da descarga
elétrida do capacitor se assemelhava com a Figura 6.2 apresentada abaixo:

Figura 6.2: curva da tensão (𝑉𝐶) em função do tempo (𝑡) durante a carga e descarga elétrica do capacitor (𝐶).
Após todo o procedimento experimental, obtivemos uma curva para a constante de tempo capacitiva que
tende à calculada na introdução teórica de 63%. Observe a imagem anexada a seguir para verificar a precisão da
curva.

Figura 6.3: Curva da constante de tempo capacitiva (τ) registrada no osciloscópio durante a descarga elétrica do
capacitor no experimento realizado.

Conclusão
O experimento do circuito RC proporcionou uma compreensão prática e aprofundada dos fenômenos de
carga e descarga em capacitores em um ambiente controlado. A base teórica, fundamentada nos princípios da
eletricidade e magnetismo apresentados no livro "Fundamentos da Física, vol. 3 (Eletromagnetismo)" [1], de
Halliday, Resnick e Walker, estabeleceu os alicerces necessários para a condução do experimento.
Ao analisar as curvas de tensão no resistor e no capacitor durante os processos distintos de carga e descarga,
observamos resultados que corroboram as expectativas teóricas. A obtenção da constante de tempo capacitiva (τ) foi
essencial para entender o comportamento temporal das grandezas elétricas envolvidas no circuito RC. O método de
medir a voltagem no resistor indiretamente, em conjunto com o ajuste preciso do osciloscópio, permitiu uma análise
minuciosa e a comparação de resultados teóricos e experimentais.
A variação da frequência do sinal gerado e a troca para uma onda senoidal ampliaram nossa compreensão
do comportamento do circuito RC em diferentes condições. A colaboração entre colegas, discussões e análises
detalhadas enriqueceram a interpretação das observações, destacando a importância da interação entre teoria e
experimentação no estudo de circuitos elétricos.
Em suma, o experimento não apenas consolidou os conceitos teóricos aprendidos, mas também
proporcionou uma visão prática e tangível dos princípios subjacentes aos circuitos RC, contribuindo
significativamente para nossa formação acadêmica em física experimental.

Referências Bibliográficas
[1] D. Halliday, R. Resnick, J. Walker, "Fundamentos da Física, vol. 3 (Eletromagnetismo)", 4ª Ed., Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de Janeiro (2008).
[2] N. Isaac, Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica, 3a edição, Andrew Motte, Londres (1729).

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