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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS

LICENCIATURA EM FÍSICA

Relatório experimento 04

Carga e descarga do capacitor

CARLOS RICHEL DA SILVA PITOMBO


MAYCON PASSOS MOUTINHO
RUTIELLE REIS

ILHÉUS – BA
2023
CARLOS RICHEL DA SILVA PITOMBO
MAYCON PASSOS MOUTINHO
RUTIELLE REIS

Relatório experimento 04

Carga e descarga do capacitor

Relatório apresentado como avaliação da


disciplina CET177, Laboratório de Física III.
Professor: Dr. Marcelo Bento Pizani

ILHÉUS – BA
2023
1. INTRODUÇÃO
Muitos dispositivos incorporam circuitos em que um capacitor é carregado e
descarregado, alternadamente. Dentre eles estão os marca-passos, semáforos,
pisca-piscas automotivos e unidades de flash eletrônico (HALLIDAY, 2007).
O circuito elétrico característico desses tipos de dispositivos é denominado circuito
RC, tais circuitos recebem esse nome por apresentarem em sua estrutura somente
uma resistência e um capacitor ligados em série ou em paralelos entre si,
alimentados por uma fonte de tensão (HALLIDAY, 2007).
Os circuitos RC são usados como temporizadores de sinais, eles controlam quando
um determinado dispositivo é acionado ou não. Isso acontece, pois nesses circuitos
é possível variar o tempo de sua carga dependendo da capacitância e da resistência
usados (HALLIDAY, 2007).
A resistência elétrica (R) é uma medida da oposição ao movimento dos portadores
de carga, ou seja, a resistência elétrica representa a dificuldade que os portadores
de carga encontram para se movimentarem através do condutor. Quanto maior a
mobilidade dos portadores de carga, menor a resistência elétrica do condutor
(HALLIDAY, 2007).
A resistência elétrica é uma característica do condutor, portanto, depende do
material de que é feito o mesmo, de sua forma e dimensão e também da
temperatura a que esta submetida ao condutor (HALLIDAY, 2007).
O cálculo da resistência R de um dispositivo é feito através do quociente entre a
tensão V e a corrente elétrica 𝑖 nos terminais do dispositivo:
𝑉
𝑅=
𝑖
Equação 1 – Calculo da resistência.

O capacitor é um dispositivo capaz de armazenar energia elétrica. Este dispositivo é


constituído basicamente por duas placas condutoras separadas por um material
isolante, denominado dielétrico. Os dielétricos possuem uma resistência alta ao fluxo
da corrente elétrica. Temos como exemplo de material dielétrico o papel, a cerâmica,
plásticos, vidro e outros mais (HALLIDAY, 2007).
A carga q de um capacitor é proporcional a tensão V aplicada nos terminais do
capacitor:
𝑞 = 𝐶𝑉
Equação 2 – Carga de um capacitor.

A constante de proporcionalidade C é chamada de capacitância do capacitor; seu


valor depende da geometria das placas, más não depende da carga nem da
diferença de potencial. A capacitância é uma medida da quantidade de carga que
precisa ser acumulada nas placas para produzir certa diferença de potencial entre
elas. Quanto maior a capacitância, maior a carga necessária (HALLIDAY, 2007).
No sistema internacional de unidades, a capacitância é o Farad (F). Existem
capacitores de placas paralelas, cilíndricos e esféricos e podem ser associados
como os resistores, tanto em paralelo quanto em série (HALLIDAY, 2007).
A fonte de tensão é um dispositivo que, através de um trabalho realizado sobre os
portadores de carga, faz com que surja uma diferença de potencial entre dois
terminais, surgindo assim uma corrente elétrica. Uma fonte de tensão produz uma
fem ε, o que significa dizer que os portadores de cargas estão submetidos a uma
diferença de potencial (HALLIDAY, 2007).

Carga de um capacitor
Considere um circuito RC em série, onde o capacitor, no qual a corrente varia com o
tempo, esta inicialmente descarregado e que a corrente não flui quando a chave
esta aberta. Se a chave for fechada, a carga começa a fluir criando uma corrente no
circuito, fazendo com que o capacitor seja carregado:

Figura 1 – Circuito RC com a chave S abaixada.

Durante o carregamento, as cargas não saltam de uma placa à outra do capacitor


porque o espaço entre as placas do capacitor representa um circuito aberto.
Contudo, devido ao campo elétrico nos fios estabelecido pela fonte, os elétrons se
deslocam dos fios para a placa superior e da placa inferior para os fios até que o
capacitor esteja inteiramente carregado. O carregamento sessa quando a tensão
nos terminais do capacitor torna-se igual a fem da fonte, assim, a corrente neste
instante torna-se nula (HALLIDAY, 2007).
Essas correntes acumulam uma carga q cada vez maior nas placas do capacitor e
estabelecem uma diferença de potencial entre as placas do capacitor. Quando essa
diferença de potencial é igual a diferença de potencial entre os terminais da fonte a
corrente deixa de circular (HALLIDAY, 2007).
Escolhendo o sentido da corrente, aplicando a lei das malhas, obtemos:
𝑞
𝜀 − 𝑖𝑅 − = 0
𝐶
Equação 3 – lei das malhas.

O último termo do lado esquerdo representa a diferença de potencial entre as placas


do capacitor. O termo é negativo pois a placa de cima do capacitor, que está ligada
ao terminal positivo da fonte, tem um potencial mais alto que a placa de baixo;
assim, há uma queda de potencial quando passamos da placa de cima para a placa
de baixo do capacitor. Para facilitação dos cálculos, pode-se fazer que:
𝑑𝑄
𝑖=
𝑑𝑡
Equação 4 – Corrente.

Substituindo na equação
𝑑
𝑄 𝑞 𝑑𝑄 𝑞 𝜀
𝑅 + = 𝜀 ⇒ + =
𝑑𝑡 𝑐 𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑅
Esta equação diferencial descreve a variação com o tempo da carga no capacitor da
Figura 1. Utilizando as técnicas de resolução de equações diferenciais e tomando
como condição inicial a carga q = 0 no instante t = 0 chega-se a seguinte conclusão
para a carga de um capacitor:

𝑞 = 𝐶𝜀(1 −𝑒 − 𝑡
𝑅𝐶)
Equação 5 – carga q de um circuito carregado.

Pode-se fazer o caminho inverso para mostrar que a equação acima é solução da
equação diferencial, derivando a mesma e aplicando na equação diferencial. Assim,
tem-se:
𝑑𝑄 1 𝑡 𝑡
=0−( ) 𝐶𝜀 − (𝑒 −𝑅𝐶 )
(𝑒
𝜀
𝑅𝐶 ) =
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑅𝐶
𝜀 𝑡 𝜀 𝑡 𝜀
(𝑒 −𝑅𝐶) + (1 − 𝑒 −𝑅𝐶) =
𝑅 𝑅 𝑅
Assim, prova-se que a equação da carga é a solução da equação diferencial obtida
pela regra da malha (HALLIDAY, 2007).
Graficamente, para a carga de um capacitor, temos:

Gráfico 1 - Capacitor carregado.

Porém, quando o capacitor encontrar-se totalmente carregado, a corrente elétrica


deixará de fluir no condutor passando a ser nula.

Descarga de um capacitor
Considerando um circuito inicialmente aberto, constituído de uma resistência e um
capacitor totalmente carregado potencial nas placas do capacitor, e uma diferença
de potencial nula no resistor já que a corrente no circuito é nula.

Figura 2- Descarga de um capacitor.

No momento em que a chave é fechada o capacitor inicia o processo de descarga


através do resistor do circuito.
Assim, analisando o circuito no sentido horário, e aplicando a lei das malhas
obtemos expressão a seguir para a descarga de um capacitor:

𝑑𝑄 𝑞
𝑅+ =0
𝑑𝑡 𝐶

Note que a fonte não esta mais na malha e por isso a ausência dela na formula.

Utilizando novamente técnicas de resolução de equações diferenciais, chega-se a


equação de descarga de um capacitor, onde 𝑞0 = 𝐶𝑉0 é a carga inicial do capacitor:

𝑡
(− )
𝑞 = 𝑞0𝑒 𝑅𝐶

Equação 6 – carga q de um capacitor descarregado

Gráfico 2 – Circuito RC descarregado.

Sabendo que 𝑞0 = 𝐶𝑉0 e 𝑞(𝑡) = 𝐶𝑉(𝑡) é possível realizar tal substituição na equação
da descarga do capacitor, chegando-se a:

𝑡
(− )
𝐶𝑉(𝑡) = 𝐶𝑉0𝑒 𝑅𝐶 ⇒ 𝑉(𝑡) = 𝑉0𝑒 (−𝑡/𝑅𝐶)

Tanto para carga quanto para a descarga de um capacitor, o tempo correspondente


t = RC é chamado de constante de tempo capacitiva do circuito e é frequentemente
representado por 𝑟𝑐.
Em um processo de descarga temos:

𝑉(𝑅𝐶) = 𝑉0𝑒 −𝑅𝐶


𝑅𝐶 = 𝑉0𝑒−1 = 0,37

Assim decorrido um tempo τ o valor da tensão será 37% do valor da tensão inicial.
𝑞
Fazendo manipulação matemática chegamos em RC =
𝑖 que nos mostra que a
unidade de R é a carga sobre a unidade de corrente.

A constante de tempo fornece a medida da velocidade durante o processo de carga


do capacitor. Quando o valor da constante de tempo é pequeno, o capacitor carrega
mais rapidamente, caso contrário, o carregamento é mais lento. Se analisarmos a
resistência, observamos que se for pequena a corrente fluirá com mais facilidade, e
consequentemente a constante de tempo será pequena, ou seja, a constante de
tempo é diretamente proporcional a resistência.

2. OBJETIVOS
.

3. MATERIAL
 Resistores com valores:
 Capacitores com valores:;
 Protoboard para montagem dos circuitos;
 Cabos-banana;
 Fonte de tensão.
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
.

5. RESULTADOS
Na tabela 1 abaixo os valores coletados são mostrados e compararam os valores
obtidos com os valores teóricos:

Tabela 1 – valores de carga do capacitor

C (𝜇F) R (k𝛺) V(v) τ (s)


220 194 4,13 30
220 194 1,36 60
220 194 0,55 180
220 194 0,25 180
220 194 0,24 180
220 194 0,14 180
220 194 0,13 210
220 194 0,13 240
220 194 0,15 270
220 194 0,12 300

Fazendo um gráfico de Vc em função de t, temos o gráfico:


Analisando o gráfico, no processo de carregamento do capacitor, sua carga
aumenta proporcionalmente à tensão aplicada a ele. À medida que a tensão aumenta, a
tensão fornecida pela fonte diminui, e isso resulta em uma diminuição da tensão no
resistor. Como consequência, as curvas de comportamento do capacitor e do resistor
são semelhantes. Quando o capacitor estiver totalmente carregado, ele terá a mesma
tensão da fonte aplicada a ele, enquanto a tensão no resistor será igual a zero. Isso
também significa que a corrente através do resistor será zero.

Tabela 2 – valores da descarga capacitor.

C (𝜇F) R (k𝛺) V(v) τ (s)


220 194 -4,76 30
220 194 -1,61 60
220 194 -0,39 180
220 194 -0,14 120
220 194 -0,06 180
220 194 -0,03 180
220 194 -0,02 210
220 194 -0,02 240
220 194 -0,02 270
220 194 -0,02 300
Os gráficos abaixo mostram a curva de carga e descarga do capacitor em diferentes
tensões

Figura 3 – Gráfico com tensão de 4,13 v, resistência de 194 k𝛺, capacitor 220 𝜇F.

Carga: 𝑟𝑐
= 1,052 = 30 s Descarga: 𝑟𝑐 = 1 = 0,971
1
1,029
Figura 4 – Gráfico com tensão de 7,47v, resistência de 100 k𝛺 e capacitor de 10 𝜇F.

Carga: 𝑟𝑐
= 1,031 = 0,969 Descarga: 𝑟𝑐 = 1 = 0,898
1
1,113
Figura 5 – Gráfico com tensão de 2,5v, resistência de 10 k𝛺 e capacitor 10𝜇F.

Carga:𝑟𝑐
= 4,079 = 0,245
1
Figura 6 – Gráfico com tensão de 2,5, com resistência de 100 k𝛺 e capacitor de 10 𝜇F

Carga: 𝑟𝑐
= 1,223 = 0,817
1

6. CONCLUSÃO
Com esse experimento obteve-se os resultados experimentais bem próximos do
empírico, sendo coerente com a teoria abordada. Além disso, observou-se que a
chave S altera pouco o valor e que pode-se realizar normalmente o experimento
com a ausência da mesma.

7. REFERÊNCIAS
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física. 7ª. ed. Rio
de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2007. Vol.3.

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