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VOLUME 3

COMANDOS
ELÉTRICOS PRO
Sumário
Introdução ..........................................................................................................................4
Energia ............................................................................................................................4
A eletricidade ..................................................................................................................4
Carga elétrica ..............................................................................................................4
Campo elétrico ............................................................................................................8
Lei de Coulomb ...........................................................................................................9
O Sistema Internacional de unidades .......................................................................11
Circuito elétrico.................................................................................................................13
Visão geral.....................................................................................................................13
Tensão elétrica ..............................................................................................................14
Corrente elétrica ...........................................................................................................15
Resistência elétrica .......................................................................................................16
Potência elétrica ...........................................................................................................17
Perdas de energia nos condutores................................................................................17
Critério da capacidade de condução de corrente .....................................................19
Critério do limite da queda de tensão ......................................................................33
Secção mínima do condutor neutro..........................................................................35
Secção mínima do condutor de proteção (PE) ..........................................................37
Dimensionamento de condutores para motores ......................................................38
Critério da capacidade de condução de corrente em motores.................................39
Diagrama esquemático .................................................................................................40
Diagrama unifilar.......................................................................................................40
Diagrama multifilar ...................................................................................................41
Dispositivos de comandos, proteção e sinalização .......................................................42
Dispositivos de comando ..........................................................................................42
Dispositivos de proteção ...........................................................................................45
Dispositivos de sinalização ........................................................................................47
Associações em circuitos ..................................................................................................48
Visão geral.....................................................................................................................48
Associação em série ......................................................................................................49
Associação em série de resistores ................................................................................49
Associação em série de indutores.................................................................................50
Associação em série de capacitores..............................................................................50
Associação em paralelo.................................................................................................51

1
Associação em paralelo de resistores ...........................................................................51
Associação em paralelo de indutores ...........................................................................52
Associação em paralelo de capacitores ........................................................................53
Associação de chaves ....................................................................................................54
Associação em série de chaves .....................................................................................54
Associação em paralelo de chaves ................................................................................55
Fusíveis..............................................................................................................................56
Relé Térmico .....................................................................................................................57
Disjuntor ...........................................................................................................................58
Relé ...................................................................................................................................58
Sensor ...............................................................................................................................60
Intertravamento ...............................................................................................................60
Motores elétricos ..............................................................................................................61
Motor de corrente contínua .............................................................................................62
Motor de corrente alternada ............................................................................................63
Motores Universais ...........................................................................................................68
Acionamento e proteção de motores ...............................................................................69
Ligação de motores trifásicos ...........................................................................................72
Ligação Estrela e Triângulo ...............................................................................................72
Ligação estrela (maior tensão): .....................................................................................72
Ligação triângulo (menor tensão): ................................................................................73
Partida direta ....................................................................................................................73
Diagrama de comandos ................................................................................................75
Diagrama de carga ou potência ....................................................................................76
Funcionamento .............................................................................................................76
Partida direta com reversão .............................................................................................78
Diagramas: ....................................................................................................................78
Partida direta, reversão e freio com corrente CC .............................................................81
Partida direta com frenagem com contracorrente ...........................................................83
Partida estrela/triangulo ...................................................................................................84
Partida estrela/triângulo com reversão ............................................................................86
Chave compensadora .......................................................................................................88
Reversão da chave de partida compensadora ..............................................................91
Chave compensadora com reversão .................................................................................91
Funcionamento do circuito ...........................................................................................92
Chave para motor Dahlander com reversão .....................................................................93

2
Referências: ......................................................................................................................98

3
Introdução

Energia

A energia elétrica, fundamental para todos os circuitos elétricos é um conceito


que tende a ser inicialmente abstrato. Define-se então energia como uma
grandeza que classifica um sistema físico, bem como a sua capacidade de
modificar o estado de outros sistemas com que possa interagir, cujo valor
independe das transformações ligadas a esse sistema. A energia é simbolizada
pela letra τ (tau) cuja unidade no sistema internacional é o joule [ J ].

Aqui é possível ressaltar que a energia pode ser transformada de diversas


formas, ainda que percas estejam envolvidas. Essas percas, ao contrário do que
se imagina, se tratam apenas de formas de energia não útil para a aplicação
desejada. Um exemplo disso são as percas em formas de calor durante o
processo de conversão de energia elétrica em energia luminosa. “Na Natureza,
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, Antoine-Laurent de Lavoisier.

A eletricidade

A forma de energia que está associada à fenômenos originados por cargas


eletrostáticas e eletrodinâmicas é a eletricidade. Os circuitos elétricos por sua
vez realizam operações lógicas envolvendo energia elétrica.

Um circuito elétrico com uma funcionalidade qualquer, simples ou complexa,


apresenta uma tensão e corrente de trabalho, resistência, e dissipa uma potência
referente ao trabalho realizado, como por exemplo, acender uma lâmpada.

Carga elétrica
A ciência que estuda os fenômenos relacionados as cargas elétricas em
repouso é a eletrostática.

4
É conhecido que todos os materiais são compostos por átomos, que por sua
vez constituem-se de elétrons girantes em órbitas definidas ao redor de um
núcleo constituído por prótons e nêutrons. A diferença entre os elementos
formadores dos átomos está na sua carga elétrica, uma vez que prótons tem
cargas positivas, elétrons cargas negativas e nêutrons não tem carga elétrica.

Em princípio, os átomos são eletricamente


Força de
neutros pois possuem equivalência entre Atração
!𝐹⃗ !𝐹⃗
número de prótons e elétrons, fazendo com que
as cargas positivas e negativas se anulem. Esse
é o princípio fundamental da eletrostática, Força de Repulsão
!⃗
𝐹 !⃗
𝐹
chamado princípio da atração e repulsão, cujo
enunciado é: “Cargas elétricas de sinais iguais
se atraem e de sinais opostos se repelem.”

As cargas fundamentais (de prótons e elétrons) são simbolizadas pela letra


q, e a unidade de medida é o Coulomb [ C ]. De modo prático, podemos inferir a
seguinte relação para o módulo da carga elétrica de um próton e um elétron:

𝑞 = 1,6 ∗ 10!"# 𝐶

Condutores e Isolantes

Sabe-se que à medida que o elétron se encontra mais afastado do núcleo,


maior é sua energia, porém, sua ligação com o núcleo se torna mais fraca.

Os materiais condutores são definidos como como aqueles que conduzem


facilmente eletricidade, como ouro, cobre e alumínio. Nos condutores metálicos,
os elétrons da última camada dos átomos têm uma ligação tão fraca com o
núcleo, que a energia térmica da
temperatura ambiente se faz suficiente Condutor
para libertá-los, tornando-os elétrons elétrico

livres com movimentos aleatórios.

5
Em termos práticos, a condução se dá pela movimentação de elétrons.

Analogamente, materiais isolantes não conduzem eletricidade, como por


exemplo a borracha, o vidro e o ar. Isso acontece pois os elétrons da última
camada estão fortemente ligados ao núcleo, de modo que à temperatura
ambiente, a quantidade de elétrons livres não é suficiente para que o material
conduza.
Isolante
elétrico
O fato de existirem poucos elétrons
livres, impede a condução elétrica sob
condições normais.
Figura1:
https://www.guiadaengenharia.com/componentes-
instalacao-eletrica/

Eletrificação dos Corpos

É possível eletrizar um corpo com uma carga Q qualquer a partir da


ionização dos seus átomos. Isso significa adicionar ou remover elétrons de suas
órbitas, tornando-os íons positivos (cátions) ou íons negativos (ânions).

Em termos práticos, retirando os elétrons de um corpo, ele fica positivamente


carregado, uma vez que nele existirão mais prótons que elétrons. O inverso se
aplica para corpos negativamente carregados, que sofrem acréscimo de elétrons,
ficando com mais elétrons do que prótons.

A carga Q de um corpo pode então ser calculada a partir de um fator


multiplicativo n que corresponde ao número de elétrons inseridos ou retirados do
material:

𝑄 =𝑛∗𝑞

Onde:

𝑞 = 1,6 ∗ 10!"# 𝐶 (carga de um elétron)

6
𝑛 positivo → número de elétrons inseridos

𝑛 negativo → número de elétrons retirados

Processos de eletrização

Existem três tipos básicos de eletrização dos corpos, são eles:

Eletrização por atrito

Ao atritar materiais isolantes diferentes, é possível que o calor gerado seja


suficiente para transferir elétrons de um material para outro, fazendo com que
ambos os materiais fiquem eletrizados, sendo um eletricamente negativo, que
recebeu elétrons, e um eletricamente positivo, que cedeu elétrons.

Eletrização por contato

Ao colocar um corpo eletrizado negativamente em contato com um corpo


neutro, o excesso de elétrons será transferido para o corpo neutro, até que se
atinja o equilíbrio eletrostático, isto é, a equivalência de potenciais elétricos de
ambos os corpos, eletrizando negativamente o corpo neutro. É importante
destacar que o equilíbrio não significa que os corpos possuem cargas elétricas
iguais, somente potenciais elétricos equivalentes.

Eletrização por indução

Ao aproximar um corpo positivamente eletrizado de um corpo condutor neutro,


ocorrerá o fenômeno da atração dos elétrons livres para a extremidade mais
próxima do corpo positivo.

Esse fenômeno de atração levará à polarização do material condutor, isto é,


com escassez de elétrons no polo negativo e excesso de elétrons no polo
negativo.

Se afastado o corpo positivamente carregado, o corpo inicialmente neutro


ficará negativamente eletrizado. Entretanto, ao aterrar o polo positivo desse
corpo, elétrons da Terra serão atraídos e neutralizarão novamente o material.

7
Campo elétrico

Uma carga qualquer cria ao seu redor um campo elétrico, denotado por 𝐸!⃗,
que se trata de uma grandeza vetorial, representada por linhas de campo radiais
orientadas, cuja unidade de medida é Newton/Coulomb (N/C). O campo é
considerado divergente quando a carga em questão é positiva, e, em caso de
carga negativa é divergente.

Matematicamente a intensidade do campo elétrico pode ser obtida através


da formula:

𝐾∗𝑄
𝐸=
𝑑$

Onde:

𝐸 → Intensidade do Campo elétrico

#%"&! (.*"
𝐾= (no vácuo e no ar)
+"

𝑄 → módulo da carga elétrica, em Coulomb (C)

𝑑 → Distância, em metro (m)

Observações gerais:

i. Se duas cargas de sinais contrários estão próximas, as linhas de campo


divergentes da carga positiva tenderão a convergir na direção da carga
negativa, explicando o fenômeno da atração.
ii. Analogamente, quando se duas cargas de sinais iguais estão próximas,
as linhas de campo de ambas as cargas tem a mesma direção, explicando
o fenômeno da repulsão.
iii. Para o caso de duas placas paralelas eletrizadas com cargas de sinal
oposto, um campo elétrico uniforme surgirá, caracterizado por linhas de
campo paralelas.

8
Força Elétrica

Quando uma carga Q qualquer é submetida a um ponto qualquer de uma


região com um campo elétrico 𝐸!⃗ uniforme uma força 𝐹⃗ , medida em newton (N)
surgirá, cujo módulo pode ser calculado a partir da fórmula:

𝐹 =𝑄∗𝐸

Em que:

𝑄 → módulo da carga elétrica, em Coulomb (C)

𝐸 → módulo do campo elétrico (N/C)

Quando a carga disposta é negativa, a força atua no sentido contrário a linha


de campo, e em caso de a carga ser positiva a força atua no mesmo sentido da
linha de campo.

Em termos práticos, a força se trata da atração ou da repulsão da carga Q e


a carga geradora do campo elétrico.

Lei de Coulomb

Ao inserir outra carga a um campo elétrico é gerado uma força, sendo essa
a força de atração ou de repulsão entre duas cargas elétricas, dada pela
interatividade entre seus campos elétricos.

O módulo da força de atração ou repulsão é expressado pela Lei de


Coulomb:

𝐾 ∗ 𝑄! ∗ 𝑄"
𝐹=
𝑑#

9
Onde:

$%&'! ).+"
𝐾= ,"
(no vácuo e no ar)

𝑄! 𝑒 𝑄" → módulos das cargas, em Coulomb (C)

𝑑 → Distância, em metro (m)

Potencial Elétrico

Numa região sujeita às forças de um campo elétrico, uma carga qualquer


fica sujeita a uma força que faz com que ela se movimente, de acordo com a
intensidade dessa força. Isso significa dizer que em cada ponto dessa região
existe um potencial elétrico capaz de realizar o trabalho de deslocamento dessa
carga.

Esse potencial vincula-se a carga 𝑄 geradora, onde quanto maior a distância


[𝑑] entre o ponto em questão e a carga geradora [𝑄] o potencial 𝑉 será menor.
Desse modo, uma carga positiva cria ao seu redor potenciais positivos e uma
carga negativa, potenciais negativos, logo, o potencial elétrico é uma grandeza
escalar dada por:

𝐾∗𝑄
𝑉=
𝑑

Onde:

$%&'! ).+"
𝐾= ,"
→ no vácuo e no ar

𝑄 → valor absoluto da carga elétrica, em Coulomb (C)

𝑑 → distância, em metro (M)

10
Observação: se numa superfície todos pontos são equidistantes da carga
geradora, os potenciais são iguais, logo, denominam-se superfícies
equipotenciais.

O Sistema Internacional de unidades

Sistema Internacional de Unidades, abreviado como SI, foi originado dos


estudos de engenheiros que compararam resultados teóricos a experimentais e
a projetos concorrentes de engenharia, através de medidas quantitativas. O SI é
utilizado pelas principais sociedades de engenharia e a maioria dos engenheiros
pelo mundo. A a engenharia moderna é um ofício pluridisciplinar e requer uma
unificação nas unidades de medidas dos proventos obtidos, de modo a
simplificar a comunicação entre os engenheiros do projeto.

Esse sistema é baseado em sete quantidades definidas: Comprimento,


massa, tempo, corrente elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de
substância e intensidade luminosa.

QUANTIDADE UNIDADE BÁSICA SÍMBOLO

Comprimento Metro M

Massa Quilograma kg

Tempo Segundo s

Corrente Elétrica Ampère A

Temperatura
Grau kelvin K
termodinâmica
Quantidade de
Mol mol
substância

Intensidade luminosa Candela cd

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Unidades derivadas no SI

Nome da unidade
Quantidade Fórmula
(símbolo)
Frequência Hertz (Hz) s-1
Força Newton (N) Kg*m/s2
Energia ou trabalho Joule (J) N*m
Potência Watt (W) J/s
Carga elétrica Coulomb (C) A*s
Potencial elétrico Volt (V) J/C
Resistência elétrica Ohm (Ω) V/A
Condutância elétrica Siemens (S) A/V
Capacitância elétrica Farad (F) C/V
Fluxo magnético Weber (Wb) V*s
Indutância Henry (H) Wb/A

Prefixos padronizados que representam potências de 10

Prefixo Símbolo Potência


atto a 10-18
femto f 10-15
pico P 10-12
nano n 10-9
micro µ 10-6
mili m 10-3
centi c 10-2
deci d 10-1
deca da 10
hecto h 102
quilo k 103
mega M 106
giga G 109
tera T 1012

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Circuito elétrico
Visão geral
Circuitos elétricos são modelos matemáticos que se comportam similarmente
à um sistema elétrico real. Sistemas elétricos por sua vez estão presentes em
diversos locais, como casas, escolas, locais de trabalho, meios de transporte,
entre outros. Como exemplos mais práticos, podem ser citados:

• Sistemas de comunicação;
• Sistemas de computação;
• Sistemas de controle;
• Sistemas de potência;
• Sistemas de processamento de sinais.

A teoria dos circuitos estabelece os modelos, as técnicas matemáticas e a


linguagem teórica pelo qual os sistemas vão operar, ou seja, é a partir dos
circuitos elétricos que será possível projetar e operar os sistemas.

Considera-se a teoria dos circuitos como um caso particular da teoria


eletromagnética, simplificada pelas três premissas a seguir:

i. Efeitos elétricos ocorrem instantaneamente em todo o sistema.


ii. A carga líquida em cada componente é sempre igual a zero.
iii. Não há nenhum acoplamento magnético entre os componentes de
um sistema, ainda que possa existir dentro de um componente.

Essas premissas proporcionam a simplificação das soluções com resultados


matematicamente satisfatórios quando comparados com a realidade.

Uma vez que o sistema é suficientemente pequeno em termos físicos, e que


sinais elétricos trafegam na velocidade da luz (ou próximos disso), e admitindo
que sinais elétricos se comportam como ondas, inferimos que se o comprimento
de onda for grande em comparação com as dimensões físicas do sistema, tem-
se um sistema de parâmetros concentrados, isto é, um sistema pequeno a ponto
de que os sinais elétricos afetam todos os pontos simultaneamente. Em termos
práticos, se a dimensão do sistema dor igual ou inferior a décima parte da

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dimensão do comprimento de onda, é possível trata-lo como um sistema de
parâmetros confinados. Para chegar nesse valor, basta partir do conceito de que
o comprimento de onda se trata velocidade da luz (𝜆 = 3 ∗ 10- 𝑚/𝑠 ) dividida pela
frequência do sinal, de modo que:

𝑐
𝜆=
𝑓

Se a frequência do sinal é de 60Hz, temos então:

3 ∗ 10- 5 ∗ 10.
𝜆= → 𝜆 = 5 ∗ 10. 𝑚 → 𝑑+á% = → 𝑑+á% = 5 ∗ 100 𝑚
60 10

Analogamente é possível obter comprimentos máximos de sistemas para


todas as amplitudes de frequência.

Uma análise cuidadosa de uma necessidade resulta em especificações de


projeto, que consistem em características mensuráveis, pelas quais o projeto
será avaliado e considerado adequado ou não. O projeto pode ser materializado
como um esboço. Para a realização de um projeto, os elementos que
compreendem o modelo de circuito são considerados componentes ideais de
circuito, isto é, um modelo matemático de um componente elétrico, como uma
bateria ou lâmpada elétrica, com grau de precisão aceitável. Uma vez que os
comportamentos desejados e previstos entram em consonância, é possível
seguir com o projeto para a construção de um protótipo.

O protótipo físico é construído a partir do circuito teórico, e consiste em um


sistema que pode ser melhorado iterativamente, em busca da convergência de
resultados esperados e reais. É pelo protótipo que são avaliados de forma prática
os conceitos propostos no circuito.

Tensão elétrica

Se considerarmos uma região submetida a um campo elétrico criado por uma


carga positiva, ao colocarmos um elétron num ponto qualquer distante de uma

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distância finita, ele se movimentará no sentido contrário do campo, isto é, em
direção à carga geradora, devido à força F de campo, que promove o movimento.

Ao analisarmos pontos existentes nessa região, (a) e (b), existem potenciais


elétricos para que esse trabalho aconteça, independente da carga inserida nesse
campo. A diferença de potencial elétrico – ddp – trata da relação diferencial entre
o potencial observado nos pontos estudados. Em termos práticos, para que uma
carga se movimente, é necessário que ela esteja submetida à uma ddp.

A tensão elétrica, ou diferença de potencial elétrico é simbolizada pelas letras


V, U ou E, e a unidade de medida é o volt [V], que pode ser matematicamente
obtida por:

𝑉 = 𝑈 = 𝐸 = 𝑉, − 𝑉-

Corrente elétrica

Ao submeter uma diferença de potencial num condutor metálico, infere-se o


movimento de elétrons livres de forma ordenada no sentido contrário do campo
elétrico. Essa movimentação ordenada de elétrons livres caracteriza a corrente
elétrica, simbolizada por i ou I, cuja unidade de medida é o ampère [A],
denominação usual para coulomb/segundo [C/s].

Em termos práticos, chama-se de


corrente a intensidade instantânea da
corrente elétrica, que é a medida da
variação de carga (dQ), em coulumb [C], que
passa pela secção transversal de um
condutor durante um intervalo de tempo (dt)
em segundos [s].

Esse valor pode ser matematicamente obtido a partir da equação ao lado.

É observável que se a variação da carga for linear, a corrente será contínua


e constante, simbolizada por I e obtida por:

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𝑑𝑄 Δ𝑄
𝑖= 𝐼=
𝑑𝑡 Δ𝑡

Corrente Elétrica Convencional

Em condutores elétricos, a corrente


elétrica é formada somente por cargas
negativas (elétrons), que se deslocam do
menor potencial para o maior. Como
alternativa para evitar o uso frequente de
um valor negativo para a corrente, adota-
se um sentido convencional para ela, isto é, considera-se que a corrente é
formada pelas cargas positivas e vão do potencial maior para o menor – do polo
positivo da fonte para o polo negativo da fonte.

Resistência elétrica

Resistência é uma característica dos materiais


que significa a oposição à passagem da corrente
elétrica, provocada pela dificuldade de os elétrons
livres se movimentarem por sua estrutura atômica.

O símbolo da resistência elétrica é a letra R, cuja unidade de medida é o ohm


[Ω]. Num circuito elétrico tem representações
universalizadas como as vistas ao lado.

O valor da resistência elétrica de um material depende, em resumo, da sua


natureza, dimensões e temperatura. O choque dos elétrons com os átomos faz
com que ocorra transferência de parte de sua energia para eles, aumentando
consideravelmente a temperatura do material. Esse aumento de temperatura em
função da passagem de corrente é denominado efeito Joule.

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Potência elétrica

A potência elétrica é um conceito que está associado à quantidade de energia


elétrica τ que é desenvolvida num determinado intervalo de tempo por um
1
dispositivo elétrico, dado matematicamente por 𝑃 = 23. A unidade de medida da
potência é o joule/segundo [J/s].

Em circuitos elétricos é possível definir a potência pela quantidade de carga


elétrica Q que uma fonte de tensão é capaz de fornecer para o circuito dado um
intervalo de tempo qualquer. Matematicamente temos a seguinte expressão 𝑃 =
4∗6 6
23
. Como a corrente elétrica é obtida através da razão entre 23
, é possível

generalizar a expressão em termos mais palpáveis que podem ser medidos com
auxílio de um multímetro (tensão e corrente).

𝑃 =𝑉∗𝐼

Perdas de energia nos condutores

Para compreender como ocorrem as perdas de energia nos condutores,


basta observar a relação entre a resistência de um material com a sua natureza
e dimensões estabelecida pela segunda lei de ohm.

Quanto à natureza, os valores de resistividade dos materiais são


representados pela letra grega ρ (rô), dada em ohm*metro [Ωm]. No tocante à
dimensões, são relevantes seu comprimento L, em [m], e a área da secção
transversal do condutor A em [m²]. A segunda lei de ohm postula que “a
resistência de um material é diretamente proporcional à sua resistividade e ao
seu comprimento, e inversamente proporcional à área de secção transversal”,
matematicamente tem-se:

𝐿
𝑅 =𝜌∗
𝐴

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Os valores de resistividade do material são tabelados, entretanto, é trivial
observar que as perdas nos condutores serão tão mais acentuadas dados os
valores combinados de comprimento e área da secção transversal, fazendo com
que seja fundamental um bom dimensionamento elétrico dos condutores. Essas
perdas se manifestam principalmente na forma de calor (aquecimento dos
condutores) quando uma corrente muito alta passa por ele.

Dimensionamento de condutores

O dimensionamento de condutores de um circuito elétrico consiste na tarefa


de estabelecer as secções mínimas, para que atendam simultaneamente as
seguintes condições:

• Operem abaixo do limite de temperatura;


• Operem abaixo do limite de queda de tensão;
• Suportem correntes acima da capacidade de atuação dos dispositivos de
proteção contra sobrecarga;
• Suportem a corrente de curto-circuito por um intervalo de tempo
satisfatório.

Por menor que seja a resistência elétrica de um condutor, será possível


observar o efeito Joule, logo, a queda de tensão e elevação de sua temperatura
são dados que devem ser previstos para o dimensionamento.

O limite de temperatura de um condutor depende de sua resistividade, secção,


isolante e do modo de instalação. O critério da capacidade de condução de
corrente é aplicado para que a temperatura do condutor não ultrapasse esse
limite durante a operação do circuito.

Como já mencionado, a queda de tensão depende da resistividade do


material, secção e comprimento. Para determinar a secção mínima que atenda
essa limitação, é aplicado o limite da queda de tensão.

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Após a determinação da secção dos condutores pelos critérios acima
mencionados, verifica-se qual a secção mínima do condutor fase definida pela
tabela específica da NBR 5410 em função da aplicação do circuito.

Desse modo, são obtidas três secções que podem ser iguais ou não, onde é
adotada a maior delas como secção de referência. A partir dessa secção, são
dimensionadas as secções dos condutores neutros e de proteção, também a
partir das tabelas da NBR 5410.

Essa secção de referência tem caráter provisório pois somente após a


definição dos dispositivos de proteção, é que será possível definir plenamente
as secções, dado que o condutor deve suportar correntes acima da capacidade
de atuação dos dispositivos de proteção contra sobrecarga. Isso se dá pela
necessidade de uma coordenação operacional entre os condutores e
dispositivos de proteção, isto é, capacidade de resistir a sobrecargas durante
seu tempo de atuação.

Critério da capacidade de condução de corrente

O roteiro para o dimensionamento dos condutores de fase por este critério


possui as seguintes etapas:

• Escolha do tipo de isolação;


• Classificação do método de instalação;
• Cálculo da corrente de projeto – IB;
• Determinação do número de condutores carregados;
• Determinação dos fatores de correção;
• Cálculo da corrente de projeto corrigida;
• Escolha da secção mínima e mínima capacidade de condução de
corrente – IZ.

Para a isolação elétrica, é necessário que o material isolante tenha alta


resistividade, propiciando uma resistência de isolação mínima de 5 MΩ,

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apresentando também alta rigidez dielétrica para suportar altas tensões sem
romper o seu isolamento. A rigidez dielétrica dos fios e cabos é normalizada,
sendo simbolizada pela indicação V0/V, em que V0 é a tensão eficaz entre
condutor e terra (fase-terra) e V é a tensão eficaz entre condutores (fase-fase).

Aplicação Tensão de isolamento V0/V


300/300
300/500
Baixa tensão
450/750
0,6/1 kV

Para o tipo de isolação deve ser seguida a tabela 35 da NBR-5410

20
A classificação dos métodos de instalação deve seguir a tabela 33 da NBR-5410.
Existem diversos métodos a serem considerados de acordo com o tipo de
instalação elétrica, e a tabela fornece uma base para muitos deles.

21
22
23
24
A determinação da corrente de projeto é feita a partir das especificações
nominais de projeto e do tipo de circuito. Em resumo, tem-se:

As variáveis aqui dispostas representam:

𝑃 → potência ativa [W]

𝑆 → potência aparente [VA]

𝑣 → tensão entre fase e neutro (115V ou 127V)

𝑉 → tensão entre fases (230V ou 220V)

𝜂 → rendimento

cos(𝜑) → fator de potência da carga

Determinação do número de condutores carregados é feita pela tabela 46 da NBR-


5410, onde:

Circuito Número de condutores carregados


Monofásico 2
Monofásico a três condutores 2
Bifásico sem neutro 2
Bifásico com neutro 3
Trifásico sem neutro 3
Trifásico com neutro 3 ou 4

25
Determinação dos fatores de correção:

• Fator de correção de temperatura (FCT), aplicado em casos onde a


temperatura ambiente é diferente de 30°C para cabos não
subterrâneos e 20°C para subterrâneos, obtidos pela tabela 40 da
NBR-5410.

• Fator de correção de agrupamento (FCA), aplicado quando se tem


mais de um circuito em um mesmo eletroduto. Obtido pela tabela 42,
43, 44 e 45 da NBR-5410. Se os condutores do agrupamento não
forem semelhantes, é possível utilizar a norma NBR-11301, ou ainda
&
adotar o fator F para casos mais genéricos, tal que 𝐹 = , onde n
√8

corresponde ao número de circuitos ou cabos unifilares.

26
O cálculo da corrente de projeto corrigida leva em conta a aplicação dos
fatores acima descritos, cuja expressão matemática é dada por:

𝐼"
𝐼, =
𝐹𝐶𝑇 ∗ 𝐹𝐶𝐴

27
A partir do calor da corrente corrigida, basta entrar em uma das tabelas de
capacidade de condução de corrente fornecidas pela NBR 5410 para obter a
secção do condutor.

Em função da secção mínima, através das tabelas 36, 37, 38, 39 da NBR-
5410, é possível obter a capacidade de condução de corrente – IZ. O valor
escolhido deve ser igual ou imediatamente superior ao da corrente de projeto
corrida, para atender as condições de projeto.

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30
31
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Critério do limite da queda de tensão

A NBR 5410 estabelece limites percentuais para a queda de tensão em


relação ao valor da tensão nominal da instalação. Esses limites são dados a
partir de pontos de origem diferentes, como podemos ver:

Existem diversos métodos para o dimensionamento de condutores para este


critério. Dentre eles, podem ser apresentados o Método da Queda de Tensão
Unitária (mais prático) e o Método da Queda de Tensão Trecho a Trecho (mais
preciso).

33
• Método da Queda de Tensão Unitária

A partir da tabela acima, deve-se estabelecer o limite de queda de tensão


percentual (Δ𝑉%(𝑚á𝑥)) que atende às exigências da NBR-5410. Em seguida,
aplicam-se os valores na expressão:

Δ𝑉%(+á%) 𝑉
Δ𝑉9 = ∗
100 𝐼" ∗ 𝐿

Onde:

Δ𝑉9 → queda de tensão unitária [V/A.km]

Δ𝑉%(+á%) → limite de queda de tensão percentual

𝑉 𝑜𝑢 𝑣 → tensão nominal do circuito

𝐼" → corrente de projeto [A]

𝐿 → comprimento do circuito [km]

Com Δ𝑉9 , é possível utilizar a tabela do condutor utilizado e selecionar a


queda de tensão imediatamente inferior ao calculado.

• Método da Queda de Tensão Trecho a Trecho

A partir de uma secção normalmente preestabelecida pelo critério da


capacidade de condução de corrente, seleciona-se na tabela do condutor a
queda de tensão unitária (Δ𝑉9 ) correspondente, para então obter o valor da
queda de tensão percentual (Δ𝑉%) pela expressão:

Δ𝑉9 ∗ 𝐼" ∗ 𝐿 ∗ 100


Δ𝑉% =
𝑉

Compara-se Δ𝑉% calculado e o limite Δ𝑉%(+á%) estabelecido pela norma.


Se Δ𝑉% ≤ Δ𝑉%(+á%) , a secção estabelecida é adequada. Se Δ𝑉% > Δ𝑉%(+á%) ,
a secção estabelecida não é adequada e deve ser maior. Neste caso, repete-se
o procedimento com a nova secção até que se obtenha uma queda de tensão
adequada. Se a carga é distribuída ao longo de um circuito, é necessário avaliar

34
se o somatório da queda de tensão percentual em cada trecho ultrapassa o limite
preestabelecido pela NBR-5410.

Secção mínima do condutor neutro

De acordo com a NBR-5410, o dimensionamento do condutor neutro leva


em consideração se existe ou não corrente de terceira harmônica, causadas por
lâmpadas (com taxa de até 33%) e computadores (com taxas superiores a 33%).
Os critérios para o condutor nesse caso são:

i. O condutor não deve ser comum a mais de um circuito;


ii. Deve ter, no mínimo, a mesma secção da fase quando em circuitos
monofásicos, circuitos bifásicos com neutro se a taxa da terceira
harmônica e seus múltiplos é inferior à 33% e em circuitos trifásicos
com neutro se a taxa da terceira harmônica e seus múltiplos é superior
à 15% e inferior à 33%;
iii. Em circuitos trifásicos, o condutor neutro pode precisar ter a secção
superior à dos condutores fase se a taxa da terceira harmônica e seus
múltiplos é superior à 33%;
iv. Em circuitos trifásicos, o neutro pode ter secção reduzida se as fases
tiverem secções superiores a 25mm². Os critérios para isso são:
a. Circuito é equilibrado em serviço normal;
b. A corrente das fases não tem a taxa de terceira harmônica e
múltiplos superiores à 15%;
c. O condutor neutro for protegido contra sobrecorrentes.

35
Quando a fase e o neutro são do mesmo metal, usa-se a seguinte tabela:

Secção reduzida do condutor neutro


Secção dos condutores fase (mm²)
(mm²)
S ≤ 25 S
35 25
50 25
70 35
95 50
120 70
150 70
185 95
240 120
300 150
400 185

Se a taxa da terceira harmônica na fase é superior a 33%, usa-se então o


seguinte procedimento:

1. Deve-se calcular o valor eficaz total da corrente de projeto do circuito:

𝐼" = NO𝐼&# + 𝐼<# + 𝐼=# + ⋯ + 𝐼8# R

Onde:

𝐼& → valor eficaz da componente fundamental (primeira harmônica)

𝐼<,=,8 → valores eficazes das componentes harmônicas presentes na


corrente de fase.

2. Calcula-se o valor eficaz da corrente no neutro em função da terceira


harmônica:

𝐼) = 𝑓? ∗ 𝐼"

36
Em que 𝑓? é dado por:

𝑓?
Taxa de terceira
Circuito trifásico com Circuito bifásico com
harmônica (%)
neutro neutro
33 a 35 1,15 1,15
36 a 40 1,19 1,19
41 a 45 1,24 1,23
45 a 50 1,35 1,27
51 a 55 1,45 1,30
56 a 60 1,55 1,34
61 a 65 1,64 1,38
≥66 1,73 1,41

Secção mínima do condutor de proteção (PE)

O condutor de proteção pode ser comum a vários circuitos, uma vez que é o
que o terminal terra das tomadas ao aterramento do quadro de distribuição (QD).
O seu dimensionamento deve atender a condições elétricas e mecânicas.

A tabela 58 da NBR-5410 estabelece os critérios para esse


dimensionamento em função das secções dos condutores fase.

Secção mínima doo condutor de proteção


Secção dos condutores fase (mm²)
(mm²)
S≤16 S
16<S≤35 16
S>35 S/2

Caso o condutor de proteção não faça parte do mesmo cabo de condutores


vivos, a secção deve ter 2,5mm² se existir proteção mecânica, e 4mm² se não
existir.

37
Dimensionamento de condutores para motores

De acordo com a NBR-5410, o dimensionamento de condutores para


motores obedece aos seguintes critérios:

• Capacidade de condução de corrente.


• Limites de queda de tensão.
• Capacidade de condução de corrente de curto circuito por tempo limitado.

Inicialmente, os condutores são dimensionados pelos dois primeiros critérios,


uma vez que não se tem dados a respeito dos dispositivos de proteção que serão
utilizados. Quando obtidos, é necessário confrontar os valores, já que sempre
será escolhido o maior entre os três critérios.

Matematicamente:

• Circuito monofásico

𝑃,
𝐼, =
𝑉@ ∗ cos (𝜑)

• Circuito bifásico

𝑃,
𝐼, =
𝑉@@ ∗ cos (𝜑)

• Circuito trifásico

𝑃,
𝐼, =
√3 ∗ 𝑉@@ ∗ cos (𝜑)

Onde:

𝐼, → Corrente de projeto ou de carga (A);

𝑃, → Potência da carga (W);

𝑉@ → tensão entre fase e neutro (V);

38
cos(𝜑) → fator de potência da carga;

𝑉@@ → tensão de linha entre fases.

Critério da capacidade de condução de corrente em motores

Na instalação elétrica de um motor em um circuito terminal, é necessário


calcular a corrente nominal do motor antes de se obter a corrente de projeto
através da fórmula:

736 ∗ 𝑃𝑛𝑚
𝐼𝐶 = 𝐹𝑆 ∗ 𝐼𝑛𝑚 → 𝐼𝑛𝑚 =
√3 ∗ 𝑉𝑛𝑚 ∗ 𝜂 ∗ cos(𝜑)

Onde:

𝐼8+ → corrente nominal do motor [A];

𝑃8+ → potência nominal do motor [cv];

𝑉8+ → tensão nominal do motor [V];

𝐹A → fator de serviço do motor (1 quando não especificado).

Quando há um agrupamento de n motores com fatores de potência


relativamente próximos, a corrente de projeto será dada por:
8

𝐼, = X 𝐹B($) ∗ 𝐼8+ (<)


<C&

Para casos em que os fatores de potência são muito diferentes, é


necessário obter 𝐼, através da soma vetorial das componentes ativas e reativas.

No condutor, a capacidade mínima de corrente deve ser igual a 135% do


valor da corrente nominal do capacitor ou banco de capacitores.
Matematicamente temos a seguinte expressão.

1000 ∗ 𝑄D
𝐼, = 1,35 ∗ 𝐼8D → 𝐼8D =
√3 ∗ 𝑉@@

39
Onde:

𝐼8D → corrente nominal do capacitor ou banco [A];

𝑄D → potência do capacitor ou banco [kVar]

𝑉@@ → tensão de linha sobre o capacitor [V]

A corrente pode então ser corrigida por:

DEFF<G<HI 𝐼D
𝐼D =
𝐾& ∗ 𝐾# ∗ 𝐾J

Onde:

𝐾& → Fator de correção para temperatura ambiente se diferente de 30°C;

𝐾# → Fator de correção para resistividade térmica se diferente de 2,5 km/W;

𝐾J → Fator de correção de agrupamento de circuitos se ao menos 4


condutores carregados.

Com os valores de corrente máximas calculadas para cada tipo de carga e


método de instalação, basta usar o critério da capacidade de condução de
corrente para obter a secção do condutor. Os fatores de correção devem ser
aplicados quando o circuito esta fora das condições preestabelecidas.

Diagrama esquemático

Um diagrama esquemático é a linguagem gráfica que estabelece a forma


visual de representação de componentes elétricos na construção de um circuito.
São formas padronizadas, e, portanto, universais para todos os tipos de circuitos.

Diagrama unifilar

Este tipo de diagrama é o mais usado para representação de circuitos, pois


embora não represente com clareza o funcionamento do circuito, é desenhado

40
sobre a planta, e apresenta o trajeto e os dispositivos que serão utilizados. A
função deste tipo de diagrama é indicar quantos e quais condutores passarão
em determinados eletrodutos, isto é, o trajeto.

Diagrama multifilar

Refere-se apenas à uma parte da instalação, e possui todos os condutores


que serão ligados no circuito. Tem caráter de fácil interpretação, dado sua
objetividade. Não demonstra com exatidão o local real nem o percurso ou
tamanho dos cabos e componentes. É usado para demonstrar o funcionamento
e não o posicionamento dos componentes.

Abaixo podemos ver o mesmo circuito representado das duas formas acima
citadas, e as características pertinentes a cada um.

Figura 2: https://4.bp.blogspot.com/-
kFcWj2xi6p8/WO2SplsWLXI/AAAAAAAAAKY/F9BL7UTUXZgadU2f91MBauAxswg89aodQCLcB/s1600/T
hree%2Bway.jpg

41
Dispositivos de comandos, proteção e sinalização

Os dispositivos de comando, proteção e sinalização são os responsáveis por


realizar a interação humana com o circuito elétrico. É a partir deles que se torna
possível, por exemplo, acender uma lâmpada, ligar um motor, observar algum
erro e evitar acidentes.

Dispositivos de comando

Dispositivos de comando são manualmente operados, e sua função é


fornecer ou cortar a alimentação de um circuito, assim como os elementos nele
ligados. É no circuito de comando (ou controle) que são encontrados dispositivos
de acionamento e sinalização. Os componentes usados nos comandos elétricos
são:

• Chaves

Chaves ou interruptores são dispositivos de segurança, cuja funcionalidade


é abrir o fechar um circuito, isto é, permitir ou não a passagem de corrente
elétrica. São elementos de extrema importância para qualquer circuito elétrico,
uma vez que permitem um controle prático do acionamento e desacionamento.

Figura 3: https://www.filipeflop.com/wp-
content/uploads/2019/11/BCEH7-3.jpg

42
• Botoeiras

Consistem em dispositivos de comando que tem função de estabelecer ou


interromper a conexão entre condutores, fazendo com que o circuito seja ou
deixe de ser energizado a partir de um acionamento manual. As variantes mais
comuns deste dispositivo possuem um contato normalmente aberto (NA) e um
contato normalmente fechado (NF). Algumas delas ainda possuem retorno por
mola, recebendo a denominação de botão pulsador.

Figura 4: https://www.margirius.com.br/wp-content/uploads/2021/03/O-que-
sao-botoeiras-e-para-que-servem-2-1024x361.png

A ordem das cores de acionadores segue uma instrução que facilita a


identificação do fluxo de funcionamento, especificadas pelas NR-12 E NR-26,
onde:

a. Verde: Arranque, liga e partida.


b. Preto: Arranque, liga e partida.
c. Vermelho: Parar, desligar, botão de emergência.
d. Amarelo: Inverter o sentido, cancelar operação, cancelar condição
perigosa.
e. Azul: Qualquer função diferente das anteriores.
f. Branco: Qualquer função diferente das anteriores.

43
• Chave seccionadora

Chaves seccionadoras ou interruptores de desconexão são interruptores de


desativação que tem a capacidade de interromper a energia para um circuito ou
para um grupo de circuitos. Existem diversas configurações de chaves
seccionadoras, e sua principal função é desenergizar circuitos para que pessoas
possam trabalhar com segurança, uma vez que sua concepção evita que seja
acionada acidentalmente.

Figura 5:
https://www.eletropecas.com/_uploads/ProdutoD
estaque/ProdutoDestaque_21524_orig.jpg

• Chave magnética ou contator magnético

Contatores ou chaves magnéticas são componentes eletromecânicos, que,


por meio do acionamento de botões, chaves seletoras ou acionamento remoto,
realizam a comutação de circuito elétricos de correntes elétricas.

Consistem em conjuntos de contatos acionados por um eletroímã, assim


como um relé, mas, por terem conjuntos de contatos separados, suportam
correntes muito mais elevadas.

Os contatores são divididos em tipos (potência e auxiliares), e classes, de


acordo com sua designação de funcionamento.

44
Figura 6:
https://www.sabereletrica.com.br/ezoimgf
mt/i0.wp.com/www.sabereletrica.com.br/w
p-content/uploads/2015/02/Contator-de-
carga.jpg?resize=284%2C300&ssl=1&ezi
mgfmt=ng:webp/ngcb1

Dispositivos de proteção

A NBR 5410 estabelece diversos parâmetros sobre os dispositivos de


proteção em instalações elétricas residenciais e prediais. Esses preceitos são
estipulados a fim de atestar a segurança, dos residentes no local e seus
respectivos bens materiais, e evitar falhas perigosas e mau uso das instalações
elétricas e dos eletrodomésticos.

Há dois tipos de proteção, sendo eles:

i. Proteção contra sobrecorrente.

Para que haja essa proteção a NBR 5410 postula o uso de dois disjuntores
e/ou fusíveis. A sobrecorrente, carga que atinge valor superior ao da corrente
nominal do circuito, pode ser ocasionada pela sobrecarga e/ou por um curto-
circuito. A sobrecarga é a corrente nominal da carga eminente à corrente de
projeto do circuito, e o curto-circuito é uma corrente alta em decorrência do
contato ou falta elétrica entre membros do circuito de diferente potenciais ou em
partes energizadas dada pela falha na isolação.

ii. Proteção contra choque elétrico e incêndio

Para que haja a proteção contra o choque elétrico e resulte em um incêndio,


é recomendado pela NBR 5410 que seja utilizados dispositivos diferenciais-
residuais (DR).

45
Dispositivos utilizados:

• Disjuntor Termomagnético – DTM

O disjuntor termomagnético é o aparato mais utilizados nas residências pois


diante de um curto-circuito ele interrompe o funcionamento do circuito, para que
seja reparado o defeito sem a necessidade da troca do dispositivo, e possibilita
o religamento logo em seguida.

O equipamento opera concomitantemente como: dispositivo de manobra e


dispositivo de proteção, abrindo e fechando o circuito e para o alívio da carga no
circuito elétrico respectivamente.

• Fusível

O fusível é um dispositivo com finalidade de proteção contra curto-circuito,


ele cessa rapidamente o fluxo da corrente, antes que ela atinja seu valor de crista
(pico), através da fusão do elemento condutor titulado de elo fusível. Esse
apetrecho é acionado quando há o excesso do valor da corrente nominal (In)
sobre a corrente do circuito, isso acontece em um tempo considerável para que
eleve a temperatura do elo do fusível até que chegue ao seu ponto de fusão.

Ele não é recomendado ao se tratar de proteção de sobrecorrente, e possui


a desvantagem de precisar ser substituído após acionado devido ao fato de não
desfrutar de um dispositivo de manobra.

Os fusíveis são distinguidos pelo modo de rompimento do elo fusível, sendo


eles:

i. Efeito rápido: ele é usado para assegurar circuitos que sofrem baixa
variação de corrente, como cargas resistivas e eletrônicas à base de
dispositivos semicondutores.
ii. Efeito retardado: Ele é destinado à proteção de circuitos cuja a
corrente de partida é superior à corrente nominal. Se dá pela elevação
da massa central do elo, que permite absorção do calor parcial por um
período maior sem alcançar à fusão, fazendo com que a corrente
transitória não se eleve a ponto de queimar o fusível.

46
Tipos de fusível:

• Fusível DIAZED

Ele é um fusível do tipo rolha conveniente para atividade em baixa tensão.


Se trata da peça principal do conjunto e é composto de base, parafusos de ajuste,
fusível, anel de proteção, tampa e chave de ajuste, ele extingue o arco voltaico
que surge no momento da fusão.

• Fusível SILIZED

O fusível SILIZED possui grande semelhança com os acessórios do DIAZED


e tem elevada limitação de corrente permitindo que a corrente de curto-circuito
no local disponha de qualquer grandeza. Ele se difere do DIAZED por possuir
uma curva tempo x corrente ultrarrápida, o que o faz muito utilizado como
dispositivo de proteção de sistemas eletrônicos: diodos e tiristores.

• Fusível NH

Esse fusível, diferente dos demais, possui uma curva tempo x corrente
retardada, ou seja, isso o torna mais adequado a circuitos sujeitos à sobrecarga
de baixa duração. Pode-se tomar como exemplo o que ocorre na partida de
motor trifásico com rotor em gaiola.

Dispositivos de sinalização

Além de botões, é muito comum que circuitos elétricos (principalmente


industriais) contem com sinalizadores que indicam qual funcionamento está
acontecendo no painel, cujas cores também são normatizadas pelas NR-12 E
NR-26, que também determina que o uso de cores deve ser feito do modo mais
reduzido possível.

As cores para sinalização adotam a seguinte designação:

47
a. Verde: Máquina pronta a operar, ou seja, circuitos e dispositivos em
condição de funcionamento.
b. Vermelho: Estado de alerta e perigo, máquina anormal, parada por
dispositivo de proteção ou emergência.
c. Amarelo: Valor próximo do máximo para grandezas como
temperatura ou corrente, alarme visual de falha.
d. Incolor: Máquina em funcionamento normal, circuito sobre tensão e
pronto para funcionar.
e. Azul: Qualquer função que não seja as anteriores.

Figura 7:
https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_2X_862313-
MLB31308805388_072019-F.webp

Associações em circuitos

Visão geral

Associação de componentes em um circuito ocorre quando dois ou mais


elementos de resistência elétrica ôhmica constante estão ligados em série,
paralelo ou de forma mista. Essas associações podem envolver resistores,
indutores e capacitores, além de outros dispositivos, e conferem funcionalidades
particulares ao circuito.

48
Associação em série

Um circuito apresenta uma associação em série se todos os elementos nele


contidos são percorridos por correntes de sentidos e intensidades iguais. Neste
tipo de circuito, as tensões são proporcionais a resistência e obedecem à lei de
ohm.

Associação em série de resistores

Quando um circuito é puramente resistivo, a associação em série faz com


que a tensão aplicada seja nada mais que a soma das tensões nos resistores
nele associados. Outro detalhe relevante é que a resistência equivalente do
circuito se trata da soma de todas as resistências nele associadas.

O diagrama abaixo representa uma associação em série de resistores.

É possível ver claramente como se dão o comportamento da tensão e


corrente deste tipo de circuito. Uma vez que os resistores são ligados com um
nó em comum, isto é, em sequência a partir da fonte geradora, a corrente só terá
um caminho para fluir para o menor potencial, caracterizando o funcionamento
deste tipo de circuito.

Em termos práticos, o valor da resistência equivalente para um circuito com


n resistores pode ser obtido por:

49
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ 𝑅𝑛

Associação em série de indutores

Para circuitos puramente indutivos, a associação em série tem efeitos de


cálculo semelhantes ao de resistores. Em termos práticos, o que se observa é a
mesma disposição já vista, apenas alterando sua simbologia e unidade, que para
indutores é o Henry [H].

Figura 8http://www.bosontreinamentos.com.br/wp-
content/uploads/2020/09/indutores-associacao-serie.jpg

Isso significa dizer que a obtenção da indutância equivalente de n indutores


se dá pela fórmula:

𝐿KL = 𝐿& + 𝐿# + ⋯ 𝐿8

Associação em série de capacitores

Uma associação em série de um circuito puramente capacitivo compartilha


das mesmas características físicas de um circuito resistivo. No entanto, o cálculo
da capacitância equivalente do circuito segue o método da resistência
equivalente de resistores em paralelo, isto é, a capacitância equivalente é o
inverso da soma das capacitâncias invertidas. Em termos práticos tem-se:

50
Figura 9: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSmw0q9hi_zkGSvFv_Vef-
svkqUNe0UGOcyzs1sm6VRUddkh1EKJOThFN2zXEYd21IxlhQ&usqp=CAU

Matematicamente, para n capacitores:

1 1 1 1 M&
𝐶KL = Z + + + ⋯+ [
𝐶& 𝐶# 𝐶J 𝐶8

Associação em paralelo

Um circuito apresenta uma associação em paralelo se todos os elementos


nele contidos são percorridos por tensões de intensidades iguais. Neste tipo de
circuito, as correntes são inversamente proporcionais a resistência e obedecem
à lei de ohm.

Associação em paralelo de resistores

Quando um circuito é puramente resistivo, a associação em paralelo faz com


que a tensão seja igual em todos os nós. Os resistores por sua vez apresentam
dois nós em comum com a fonte geradora. Em termos práticos, o que se observa
é visto na imagem abaixo.

51
Figura 10:
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fmundoeducacao.uol.com.br%2Ffisica%2Fassoci
acao-resistores-
paralelo.htm&psig=AOvVaw3wNSrLDNUibz_21BKX8RyM&ust=1654087592710000&source=images&cd=
vfe&ved=0CAwQjRxqFwoTCKCuus3iifgCFQAAAAAdAAAAABAD

Como mencionado na associação em série de capacitores, um detalhe


relevante é que a resistência equivalente do circuito se trata do inverso da soma
das resistências invertidas. Matematicamente, para n resistores, demonstra-se
da seguinte forma:

1 1 1 1 M&
𝑅KL =Z + + + ⋯+ [
𝑅& 𝑅# 𝑅J 𝑅8

Associação em paralelo de indutores

Analogamente ao resistor, a associação em paralelo de indutores


obedece a uma ordem onde os dispositivos compartilham dois nós, logo as
tensões são equivalentes e as correntes dividem-se de modo variado de acordo
com a indutância. A indutância equivalente sempre será menor que a do menor
valor do indutor presente, e pode ser calculada como o inverso da soma das
indutâncias invertidas. Matematicamente, para n indutores, demonstra-se da
seguinte forma:

−1
1 1 1 1
𝐿𝑒𝑞 = Z + + + ⋯ + [
𝐿1 𝐿2 𝐿3 𝐿𝑛

52
Sua disposição física segue a ordem dos resistores, e se apresenta da
seguinte forma:

Figura 11: http://www.bosontreinamentos.com.br/wp-


content/uploads/2020/09/indutores-associacao-
paralelo.jpg

Associação em paralelo de capacitores

Uma associação em paralelo de capacitores opera de modo semelhante à


uma associação em série de resistores. Isso significa dizer que a capacitância
equivalente do circuito de capacitores em paralelo é obtida pela soma das n
capacitâncias envolvidas. Fisicamente, os capacitores compartilham de dois nós,
como pode ser visto na imagem abaixo.

Figura 12:
http://www.drb-
m.org/eletrodinamica/
AssociacaodeCapacit
ores_arquivos/image0
02.jpg

53
Associação de chaves

Assim como resistores, indutores e capacitores, as chaves também podem


ser ligadas em associações, seja em série ou em paralelo. As motivações para
isso são diversas, como segurança ou praticidade, e envolvem esquemas de
ligações relativamente simples. É importante destacar que para algumas
aplicações, as chaves terão características construtivas diferentes.

Associação em série de chaves

Dada a concepção de uma associação em série, isto é, a corrente tem um


único caminho para percorrer, ao associar chaves em série, é necessário que
todas elas sejam fechadas para que se torne possível o fechamento do circuito.

Em termos físicos, a disposição de chaves ligadas em série se dá pelo


compartilhamento de um nó, como visto na imagem.

Esse conceito é descrito pela normativa “e”, onde matematicamente tem-se

S1 S2 S2 Resultado
1 1 1 1
1 1 0 0
1 0 1 0
0 1 1 0
1 0 0 0
0 1 0 0
0 0 1 0
0 0 0 0

54
Desse modo, para que o circuito seja acionado é necessário que o n
interruptores dispostos em série sejam fechados, permitindo a passagem de
corrente. Essa disposição é muito utilizada em segurança.

Associação em paralelo de chaves

Assim como em uma associação de resistores em paralelo, na associação


em paralelo de chaves a corrente tem diferentes caminhos para fluir, de modo
que é necessário que apenas uma delas esteja fechada para que o circuito seja
fechado.

Em termos físicos, a disposição de chaves ligadas em paralelo se dá pelo


compartilhamento de dois nós, como visto na imagem.

Esse conceito é descrito pela normativa “ou”, onde matematicamente tem-se

S1 S2 S2 Resultado
1 1 1 1
1 1 0 1
1 0 1 1
0 1 1 1
1 0 0 1
0 1 0 1
0 0 1 1
0 0 0 0

55
Desse modo, para que o circuito seja acionado é necessário que um dos n
interruptores dispostos em paralelo sejam fechados, permitindo a passagem de
corrente. Essa disposição é muito utilizada residências, para acender lâmpadas
de partes diferentes do cômodo.

Fusíveis

Fusíveis são dispositivos de segurança que contam com proteção ao


circuito em relação a sobrecarga de corrente elétrica. Os fusíveis são compostos
por um elo, uma espécie de fio, de material condutor que se funde a uma
temperatura específica de acordo com a corrente que passa por ele, dessa
maneira o fusível abrirá o circuito, interrompendo a passagem de corrente e
protegendo o circuito contra correntes maiores do que a suportada.

Logo, um fusível de 15A, por exemplo, funcionará como um condutor


normal para correntes menores que 15A, porém ao chegar numa corrente maior,
o fusível irá esquentar pela passagem de corrente, o material fundirá e se romper,
abrindo o circuito. A partir de momento que um fusível se rompe é necessário a
troca do componente, após a identificação do motivo da sobrecarga de corrente,
caso contrário a troca do componente resultará em outro rompimento, caso o
motivo continue presente.

Existem vários tipos de fusíveis, quanto a sua construção e quanto ao seu


funcionamento. Quanto a construção, existem: fusíveis do tipo de vidro, cartucho,
Diazed e NH. Quanto ao funcionamento temos de efeito rápido, retardado e
ultrarrápido. Os tipos quanto a construção, dependem do ambiente em que o
fusível será instalado. Já o funcionamento, depende da aplicação, como, por
exemplo, de efeito ultrarrápido são utilizados comumente em circuitos para
proteção com choque elétrico, pois ele se rompe mais rapidamente do que os
outros, evitando danos a um operador. Já o de efeito retardado é muito utilizado
em circuitos com alto pico de corrente momentâneo, pois ele demora para

56
romper, dando a possibilidade de o circuito normalizar na corrente nominal de
funcionamento.

As representações de um fusível são as seguintes:

Relé Térmico

O relé térmico é um dispositivo de proteção responsável por proteger os


circuitos das máquinas contra sobrecarregamento. Ele protege motores elétrico
contra anomalias que podem acontecer, como sobreaquecimento devido a um
sobrecarregamento, pois ao ser mais solicitado, o motor acaba solicitando
maiores valores de corrente, trabalhando com valores diferentes aos nominais
para que ele foi fabricado. Com isso o motor pode sofrer avarias que causam até
curtos circuitos.

O funcionamento do relé térmico se dá através de um par bimetálico, que


é um par de lâminas justapostos onde os materiais de coeficiente de dilatação
diferentes, ou seja, ao receber calor, uma lâmina dilatará mais do que a outra
fazendo com que o conjunto se arque. Tal mecanismo é utilizado para acionar
um relé que abre o circuito e protege o motor contra danos. O dimensionamento
é feito através do tensionamento do par bimetálico utilizado. O acionamento do
circuito novamente depende de ação do operador.

57
Disjuntor

São dispositivos que possuem a função de proteger os circuitos contra


sobrecargas, mas, em situação normal, servem como dispositivo de manobra
(abrir e fechar circuitos). Apresentam dois acionamentos, de sobrecarga e de
curto-circuito. O de curto-circuito é acionado por uma bobina que funciona como
um eletroímã devido às grandes correntes que aparecem depois de um curto-
circuito. O de sobre carga é composto de elemento bimetálico que, quando
aquecido, provoca um deslocamento do contato, abrindo o circuito.

O elemento bimetálico é constituído por dois materiais com coeficiente de


temperatura diferentes, isto é, dilatam-se em temperaturas diferentes. Com a
junção destes dois materiais, quando aquecido, o material não dilata, mas curva-
se. O aquecimento do fio condutor enrolado ao elemento bimetálico é
proporcional à corrente elétrica, logo, quanto maior a corrente, maior o
aquecimento, e quando atinge o valor projetado para o trabalho do disjuntor, este
desarma, abrindo o circuito. Após o seu esfriamento, o disjuntor pode ser
rearmado manualmente.

Relé

Os relés são dispositivos utilizados em circuitos de comando, pois é capaz


de acionar cargas de alta potência através de um circuito de comando de baixa
potência. O relé tem terminais de comando que alimentam um eletroímã no
interior do dispositivo, com isso um contator é fechado, permitindo a passagem
de corrente elétrica entre os terminais de carga do relé. Ou seja, o relé contém
um contato que fecha ou abre por determinada configuração do circuito de
comando.

O relé conta com um funcionamento eletromecânico, ou seja, depende de


partes mecânicas e elétricas, que é composto por uma bobina e um núcleo, para

58
formar o eletroímã, o induzido para o acionamento e os contatos, do relé e da
bobina.

Existem vários tipos de relés.

• Quanto ao tipo de contato:

Normalmente aberto: quando a bobina é alimentada os contatos se fecham,


permitindo a passagem de corrente.

Normalmente fechado: quando a bobina é acionada os contatos se abrem,


impedindo a passagem de corrente.

Reversível: possui dois polos de saída, um normalmente fechado e um


normalmente aberto, e ao acionar a bobina, o estado dos contatos se muda.

• Quanto ao tempo de acionamento e abertura:

Normal: o fechamento e abertura dos contatos acontecem quase que


simultaneamente, atrasando apenas pelo tempo de acionamento do contator do
relé.

Retardo na energização: no fechamento do contato, existe um retardo, que


pode ser ajustado de maneira manual no relé.

Retardo na energização: na abertura do contato, existe um retardo, que


pode ser ajustado de maneira manual no relé.

• Quanto a condição de acionamento:

Normal: o acionamento ocorre quando uma tensão ou corrente pré-


determinada passa pelo componente.

Subtensão: o acionamento depende de uma variação da tensão para um


valor menor que o nominal.

Sobretensão: o acionamento depende de uma variação de tensão para um


valor maior que o nominal.

Além disso, existem também variações quanto ao tipo de acionamento do


relé: relé de estado sólido, relé de tempo, relé térmico, relé auxiliar, relé de

59
sobrecarga, relé acoplador, relés automotivos, relés de proteção, relé falta de
fase, entre outros.

Sensor

Sensores são dispositivos que muitas vezes são utilizados para detecção
de posição, nível e presença. O funcionamento dos sensores depende de fatores
físicos, como capacitância, indutância ou reflexão ótica para detectar materiais,
posições, entre outros. Para objetos metálicos próximos são utilizados sensores
indutivos, para objetos não metálicos, sensores capacitivos, para objetos em
geral a uma certa distância pode-se utilizar sensores ópticos. Para detecção de
nível ou mesmo medição de nível podem ser utilizadas sondas capacitivas. Na
maioria das aplicações não há necessidade de contato com o sensor para que
ele atue. Basta a proximidade.

Sensores indutivos funcionam com base na alteração de campo magnético


do seu indutor interno. O sensor sente a alteração no campo e atua. Da mesma
forma trabalha o sensor capacitivo, só que através da alteração das
características do capacitor/sensor com a aproximação de um material qualquer.
Para instalar um sensor em um comando elétrico, deve-se conhecer muito bem
as suas características elétricas, se ele pode ser instalado em série com a bobina
do contator, como uma chave, ou se necessita de uma fonte para sensor.

Intertravamento

O intertravamento é um artifício utilizado em circuitos de comando. O


intertravamento consiste na dependência de outro dispositivo estar acionado
para que outro acione ou desarme. Como, por exemplo, no acionamento de uma
bomba, uma válvula deverá estar fechada, com isso o circuito de acionamento

60
da bomba abrirá o circuito da válvula, impossibilitando seu funcionamento
conjunto.

Observe abaixo um exemplo:

Perceba que o contator K1 sendo acionado, abrirá o contato K1


normalmente fechado do circuito de acionamento de K2, fazendo com que seja
impossível acionar K2, mesmo que o botão B2 seja acionado.

Motores elétricos

Motores são dispositivos que convertem um tipo de energia em outra, no


caso de motores elétricos, eles convertem energia elétrica em energia mecânica,
utilizando campos magnéticos que se interagem. Um motor elétrico gira como
resultado da interação de dois campos magnéticos. Uma das leis bem
conhecidas do magnetismo é que polos “iguais” se repelem, enquanto polos
“opostos” se atraem. A rotação de um motor pode ser conseguida através de um
eletroímã (armadura) e um ímã permanente (estator). Após as primeiras rotações,
a atração entre os polos se torna suficientes para manter o estator em rotação.

Quando um condutor transportando corrente é colocado em um campo


magnético, há uma interação entre o campo magnético produzido pela corrente
e o campo permanente, o que leva o condutor a experimentar uma força. Os
motores elétricos podem ser de corrente contínua e alternada.

61
Motor de corrente contínua

Os motores de corrente contínua não são usados tanto quanto os do tipo


de corrente alternada por- que todos os sistemas de energia elétrica fornecem
corrente alternada. Entretanto, para aplicações especiais, é vantajoso
transformar a corrente alternada em corrente contínua a fim de usar os motores
CC. Os motores de corrente contínua são usados onde torque preciso e
acionamento de velocidade são exigidos para satisfazer as necessidades da
aplicação. Exemplos incluem guindastes, transportadores e elevadores.

Os motores de corrente contínua costumam ser mais complexos que os


motores de corrente alternada, pois precisam de comutadores, escovas e
enrolamentos de armaduras, com isso a manutenção desses componentes
também acaba sendo mais demorada e complexa, do que os de motores de
corrente alternada, os motores CC podem ser classificados quanto ao tipo de
campo, podem ser de ímã permanente, série, shunt e composto.

Os parâmetros mais importantes para o motor são:

• Velocidade: refere-se a quantas rotações por determinada unidade


de tempo o rotor vai completar, normalmente medida em rotações
por minuto (RPM);
• Torque: refere-se à força que o motor é capaz de realizar para
rotacionar o eixo. Consiste na força que age sobre o raio,
normalmente medida em libras-polegadas ou libra pé;
• Potência: refere-se à capacidade que o motor tem de realizar
trabalho. Onde, um hp é a capacidade de levantar 15 kg a uma altura
de 1 metro por 1 minuto. A unidade muito utilizada é o Watt, onde 1
hp equivale a 746 W.

Os motores CC de ímã permanente utilizam ímãs para fornecer o campo


principal e eletroímãs para o fluxo na armadura. O movimento é obtido ao
movimentar o campo magnético da armadura, que é conseguido através da
comutação entre as correntes nas bobinas, no interior do motor.

62
Os motores CC série têm o campo magnético gerado por enrolamentos de
campo série, conectado em série com a armadura, com isso o mesmo valor de
corrente passará por ele e pela armadura, por isso são construídos com bitolas
maiores, para ser capaz de conduzir altas correntes nominais, então apresentam
baixa resistividade e poucas espiras. A característica principal é o alto torque de
operação, pois os valores de corrente que geram o campo magnético são altos.

Os motores CC shunt consiste em um enrolamento de campo shunt


conectado em paralelo com a armadura. Ele apresenta muitas espiras e um fluxo
de corrente baixo em comparação com o anterior. A principal característica é a
estabilidade na velocidade, tanto com carga, quanto descarregado.

Os motores CC compostos consiste na combinação dos motores em série


e shunt, com isso ele conta com velocidade constante e altos valores de torque.

Motor de corrente alternada

Primeiramente, vamos falar sobre os motores de corrente alternada


trifásicos. A diferença do motor de corrente alternada e de corrente contínua é
que o campo magnético que é gerado pelo estator, gira, e é o principal fator para
o funcionamento de um motor de corrente alternada. No ideal, temos um campo
magnético que gira em torno de um círculo, outro campo que é criado no rotor
acaba “seguindo”, a rotação do campo criado pelo estator, e sendo repelido e
atraído pelo campo do estator, e como o rotor é livre, ele gira.

Temos a seguinte operação:

• Os três enrolamentos são defasados em 120° e cada conjunto é


ligado em uma fase da fonte trifásica;
• Quando energizados, os enrolamentos geram um campo magnético
que percorre o interior do núcleo do estator;
• A polaridade do campo magnético girante é definida pelas posições
divididas em 60° cada uma, das três fases da alimentação;

63
• Ao trocar apenas duas das três fases da alimentação, acaba por
resultar na inversão de sentido do motor;
• O número de polos é o dobro da quantidade de enrolamentos, por
exemplo, se tiver três enrolamentos, terá 6 polos.

A velocidade de um motor CA pode ser definida de duas maneiras


diferentes: síncrona e real. A velocidade síncrona é definida pela velocidade de
rotação do campo magnético gerado pelo estator. A velocidade real é a
velocidade em que o eixo do motor gira, tendo em vista que o eixo sempre estará
atrasado em relação ao campo do estator.

A velocidade do campo magnético varia de acordo com a frequência da


rede de alimentação e inversamente em relação a quantidade de polos
construídos no estator, ou seja, quanto mais polos, menor a velocidade e quanto
maior a frequência, maior a velocidade.

A velocidade síncrona, ou seja, teórica de um motor de corrente alternada,


pode ser calculada pela fórmula:

120𝑓
𝑆=
𝑃

Onde:

S= velocidade síncrona em RPM;

F= frequência em Hz, da fonte de alimentação;

P= número de polos em cada um dos enrolamentos monofásicos.

Temos ainda, os motores de corrente alternada de indução, que são os


mais utilizados, pois são mais simples e por isso têm menores custos de
produção. Os motores de indução podem ser trifásicos ou monofásicos. Eles são
chamados assim, pois não precisam de uma tensão externa aplicada para
funcionarem. Não existem anéis deslizantes ou qualquer excitação de corrente
contínua fornecida ao rotor. Em vez disso, a corrente alternada no estator induz
uma tensão através de uma cavidade dentro do enrolamento do rotor para

64
produzir corrente no rotor e um campo magnético associado. Os campos
magnéticos do estator e do rotor então interagem e fazem o rotor girar.

O enrolamento do estator de um motor trifásico consiste em três bobinas,


denominadas fases e chamadas de A, B e C. As fases são defasadas uma da
outra por 120° e contém o mesmo número de bobinas conectadas para o mesmo
número de polos. O estator é enrolado de forma que a quantidade de polos seja
sempre um número par, referindo-se ao número total de polos.

Outro tipo de motor é o motor de indução gaiola de esquilo existem dois


tipos de rotor do motor de indução que pode ser do tipo bobinado ou gaiola de
esquilo. A maioria das aplicações comerciais e industriais emprega um motor de
indução trifásico gaiola de esquilo. O rotor é construído usando um determinado
número de barras individuais curto-circuitadas nas extremidades por anéis e
dispostas em uma configuração de roda de hamster ou gaiola de esquilo.

Quando a tensão é aplicada ao enrolamento do estator, um campo


magnético girante é criado. Este campo magnético girante induz uma tensão no
rotor; como as barras do rotor são essencialmente bobinas de espira única, isso
provoca correntes nas barras do rotor. Estas correntes do rotor estabelecem seu
próprio campo magnético, que interage com o campo magnético do estator para
produzir um torque. O torque resultante gira o rotor no mesmo sentido de rotação
do campo magnético produzido pelo estator. Nos motores de indução modernos,
o tipo mais comum de rotor tem condutores de alumínio fundido e anéis de curto-
circuito nas extremidades.

A resistência do rotor em gaiola de esquilo tem um importante efeito sobre


o funcionamento do motor. Um rotor de alta resistência desenvolve um elevado
torque de partida com uma baixa corrente. Um rotor de baixa resistência
desenvolve baixo escorregamento e alta eficiência em plena carga.

As características de funcionamento do motor em gaiola de esquilo são:

• O motor opera normalmente em velocidade constante, próxima da


velocidade síncrona;
• As grandes correntes de partida exigidas por este motor podem
resultar em variações na tensão de linha;

65
• A permuta entre quaisquer duas das três linhas de alimentação do
motor inverte o seu sentido de rotação;
• Uma vez dada a partida, o motor continuará girando com uma perda
de fase, como um motor monofásico. A corrente drenada das duas
linhas restantes quase dobrará e o motor superaquecerá. Com o
motor em repouso e sem uma das fases, a partida não ocorre.

O rotor não costuma girar na velocidade síncrona, porém tende a


escorregar para o lado contrário. O escorregamento é o que permite que um
motor gire. Se o rotor girasse à mesma velocidade que o campo, não haveria
qualquer movimento relativo entre o rotor e o campo e não haveria tensão
induzida. Devido ao escorregamento do rotor em relação ao campo magnético
girante do estator, tensão e corrente.

Se o rotor girasse à mesma velocidade que o campo, não haveria qualquer


movimento relativo entre o rotor e o campo e não haveria tensão induzida.
Devido ao escorregamento do rotor em relação ao campo magnético girante do
estator, tensão e corrente são induzidas no rotor. A diferença entre a velocidade
da rotação do campo magnético e do rotor de um motor de indução é conhecida
como escorregamento, sendo expressa como uma porcentagem da velocidade
síncrona.

O escorregamento aumenta com a carga e é necessário para produzir


torque útil. A quantidade usual de escorregamento em um motor trifásico de 60
Hz é 2 ou 3%. A colocação de carga em um motor de indução é semelhante à
de um transformador pois a operação de ambos envolve a alteração do fluxo
concatenado com relação ao enrolamento primário (estator) e ao enrolamento
secundário (rotor). A corrente sem carga é baixa e semelhante à cor- rente de
excitação em um transformador. Assim, ela é composta de um componente de
magnetização que cria o fluxo rotativo e de um componente ativo pequeno que
fornece as perdas de atrito do vento e de fricção do rotor, mais as perdas do ferro
do estator. Quando o motor de indução está sob carga, a corrente do rotor
desenvolve um fluxo que se opõe e, por conseguinte, enfraquece o fluxo do
estator. Isso permite que mais corrente flua nos enrolamentos do estator, assim

66
como um aumento na corrente no secundário de um transformador resulta em
um aumento correspondente na corrente do primário.

O fator de potência (FP) é definido como a razão entre a potência (watts)


real (ou verdadeira) e a potência (volt-ampères) aparente e uma medida da
eficácia com que a corrente absorvida por um motor é convertida em trabalho
útil. A corrente de excitação de um motor e a potência reativa permanecem
aproximadamente a mesma que na situação sem carga. Por este motivo, sempre
que um motor funciona sem carga, o fator de potência é muito baixo em
comparação com quando ele opera com carga plena. Em plena carga, o FP varia
de 70% para pequenos motores a 90% para motores maiores, os motores de
indução operam com eficiência máxima se eles forem dimensionados
corretamente para a carga que vão acionar. Os motores super dimensionados
não só operam de forma ineficiente, mas também têm um custo mais elevado do
que os corretamente dimensionados.

Quando um motor é ligado, durante o período de aceleração, o motor drena


uma corrente de partida alta. Esta corrente de partida também é chamada de
corrente de rotor bloqueado. Os motores de indução comuns, com tensão
nominal na partida, têm correntes de partida de rotor bloqueado até 6 vezes a
corrente a plena carga que está na placa de identificação. A corrente de rotor
bloqueado depende em grande parte do tipo do projeto das barras do rotor e
pode ser determinada a partir das letras do código de projeto NEMA indicadas
na placa de identificação. Um motor com corrente de rotor bloqueado alta pode
criar quedas de tensão nas linhas de energia, o que causa uma questionável
cintilação na iluminação e problemas de operação em outros equipamentos.
Além disso, um motor que drena corrente excessiva sob condições de rotor
bloqueado é mais provável que cause desarmes por transientes nos dispositivos
de proteção do motor durante a partida.

Os motores de enrolamento único de polos consequentes têm os


enrolamentos do estator dispostos de modo que o número de polos possa ser
alterado por meio da inversão de algumas das correntes de bobina. Ao fazer as
conexões designadas com esses terminais, os enrolamentos podem ser
conectados em triangulo série ou em estrela paralelo. A conexão triangulo série

67
resulta em velocidade baixa e a conexão estrela paralelo resulta em velocidade
alta.

Os motores CA de indução de velocidade única são frequentemente


fornecidos com múltiplos terminais externos para diferentes especificações de
tensões em aplicações de frequência fixa. Os terminais múltiplos são projetados
para permitir reconexões de série para paralelo, de estrela para triângulo ou uma
combinação destas. Essas conexões não devem ser confundidas com as
conexões dos motores de indução polifásicos de múltiplas velocidades. No caso
de motores com múltiplas velocidades, as conexões resultam em um motor com
um número diferente de polos magnéticos e, por conseguinte, uma velocidade
síncrona diferente a uma dada frequência. O motor de indução de rotor bobinado
(às vezes chamado de motor de anéis coletores) é uma variação do motor de
indução de gaiola padrão.

Motores Universais

A maioria dos aparelhos domésticos e empresariais opera com uma fonte


CA monofásica, por isso, os motores CA monofásicos têm uso generalizado. Um
motor de indução monofásico é maior que um motor trifásico para a mesma
potência. Em funcionamento, o torque produzido por um motor monofásico é
pulsante e irregular, contribuindo para um fator de potência e eficiência muito
mais baixo em comparação a um motor polifásico. Os motores CA monofásicos
estão disponíveis em potências desde fracionárias até 10 hp, e todos usam um
rotor gaiola de esquilo sólido.

O motor de indução monofásico opera pelo princípio da indução, tal como


um motor trifásico. Diferentemente dos motores trifásicos, eles não são
autossuficientes na partida. Enquanto um motor trifásico de indução estabelece
um campo girante que pode promover a partida do motor, um motor monofásico
precisa de um auxílio na partida. Uma vez em funcionamento, o motor de indução
monofásico desenvolve um campo magnético girante. No entanto, antes de o
rotor começar a girar, o estator produz apenas um campo estacionário pulsante.

68
A partida de um motor monofásico pode ser feita ao girar mecanicamente o seu
rotor e, em seguida, rapidamente aplicar a alimentação. No entanto, em geral
estes motores usam algum tipo de partida automática. Os motores monofásicos
de indução são classificados pelas suas características de partida e operação.
Os três tipos básicos de motores monofásicos de indução são de fase dividida,
de fase dividida com capacitor e de polos sombreados. Um motor de indução
monofásico de fase dividida usa um rotor de gaiola idêntico ao de um motor
trifásico.

O deslocamento de fase é obtido pela diferença na reatância indutiva dos


enrolamentos de partida e de trabalho, bem como pelo deslocamento físico dos
enrolamentos no estator. O enrolamento de parti- da é enrolado na ranhura no
topo do estator com poucas espiras de um fio de menor diâmetro. O enrolamento
de trabalho tem muitas espiras de um fio de maior diâmetro enrolado nas
ranhuras na parte inferior do estator que dão a ele uma reatância indutiva maior
que a do enrolamento de partida.

Acionamento e proteção de motores

A compreensão das regras do National Electric Code (NEC) é fundamental


para a instalação correta de circuitos de acionamento de motores. O Artigo 430
do NEC abrange aplicação e instalação de circuitos de motores, incluindo
condutores, proteção contra curto-circuito e falha à terra, dispositivos de partida,
desconexão e proteção contra sobrecarga.

Os requisitos de instalação para condutores do circuito elétrico do motor


são descritos no Artigo 430 do NEC, Parte II. Geralmente, os condutores do
circuito elétrico do motor, que alimentam único motor usado em uma aplicação
de serviço contínuo, devem ter uma capacidade de corrente não inferior a 125%
da corrente a plena carga (FLC – full-load current) do motor, conforme
determinado pelo Artigo 430.6. Esta disposição é baseada na necessidade de
fornecer uma corrente constante de operação maior que a corrente a plena carga
especificada e proteção dos condutores por meio de dispositivos de proteção

69
contra sobrecarga do motor ajustados acima da especificação de corrente a
plena carga.

A especificação de corrente a plena carga mostrada na placa de


identificação do motor não deve ser usada para determinar a capacidade de
corrente dos condutores e das chaves ou proteção contra curto-circuito e falha à
terra no circuito do motor.

A capacidade de corrente dos condutores é de- terminada pelas Tabelas


de 430.247 até 430.250 e baseia-se na especificação dada na placa de
identificação do motor. Entretanto, a proteção contra sobrecarga é baseada na
especificação de potência e tensão na placa de identificação do motor. O uso do
termo especificação de corrente a plena carga (FLC) indica a especificação da
tabela, enquanto o uso do termo especificação de amperes a plena carga (FLA)
indica a especificação real de placa. Isso esclarece se está sendo usada a
capacidade de corrente da tabela ou da placa de identificação.

Os condutores de alimentadores que alimentam dois ou mais motores


devem ter uma capacidade de corrente não inferior a 125% da especificação de
corrente a plena carga do motor de maior especificação mais a soma das
especificações de corrente dos outros motores alimentados. Quando dois ou
mais motores de mesma especificação são acionados por um alimentador, um
dos motores será́ considerado o maior, sobre o qual se calcula os 125%, e os
outros serão adicionados a 100%.

Uma vez determinada a capacidade de corrente necessária do condutor, a


tabela NEC 310.16 pode ser usada para determinar a dimensão segundo o
American Wire Gague (AWG) ou mil circular mil (MCM). A Tabela NEC 310.16
se aplica a situações onde há três ou menos condutores de corrente em um único
cabo. Devemos selecionar a coluna que mostra o cabo (identificado por uma
letra que designa o material isolante) que pretendemos usar, e escolher entre
cobre e alumínio. Tenha em mente que as espessuras de todos os condutores
calculadas com base na capacidade de corrente são mínimas, levando em
consideração apenas a elevação de temperatura. Os cálculos não levam em
conta a queda de tensão durante a partida, ou a queda de tensão durante o

70
funcionamento do motor. Tais considerações muitas vezes requerem o aumento
da espessura dos condutores do circuito elétrico.

A proteção contra sobrecorrente para motores e circuitos de motores difere


um pouco da proteção para cargas que não são motores. O método mais comum
para proporcionar proteção contra sobre- corrente para uma carga diferente de
um motor é o uso de disjuntores que combinam proteção de sobrecorrente de
curto-circuito e proteção de falha à terra. No entanto, em geral esta não é a
melhor escolha para motores porque eles absorvem uma grande quantidade de
corrente na partida, normalmente cerca de 6 vezes a corrente a plena carga do
motor. Com raras exceções, o melhor método para proporcionar proteção contra
sobrecorrente de motores é separar os dispositivos de proteção contra
sobrecarga dos dispositivos de proteção contra curto-circuito e falha à terra.

Os dispositivos de proteção contra sobrecarga do motor, como


aquecedores e dispositivos térmicos integrais, protegem o motor, seus
equipamentos de acionamento e os condutores do circuito do motor da
sobrecarga e do aquecimento excessivo resultante, mas não oferecem proteção
contra correntes de curto-circuito ou de falhas à terra. Esse é o trabalho dos
disjuntores do alimentador e das derivações. Este arranjo torna os cálculos de
motor diferentes dos utilizados para outros tipos de cargas.

71
Ligação de motores trifásicos

O motor elétrico trifásico não necessita de artifício de partida, possuindo


apenas bobinas de trabalho. Um motor de 6 pontas possui 6 bobinas de trabalho,
podendo ser ligadas em estrela ou triângulo, com menor ou maior tensão.

Ligação Estrela e Triângulo

Ligação estrela (maior tensão):

Onde os polos 4-5-6 são conectados entre si e no neutro da rede, enquanto


o 1-2-3 são conectados cada um em uma fase distinta.

72
Ligação triângulo (menor tensão):

Onde os polos 1-6 são conectados juntos a uma fase, 3-5 em outra fase e
2-4 em outra fase.

Partida direta

São diversas as maneiras de efetuar a partida ou ligação de um motor


trifásico, mas a escolha de qual é a mais apropriada pode se tornar um trabalho
complicado. Uma das formas para realizar essa ligação é utilizando a partida
direta, sendo assim, apresentaremos o que é uma partida direta, qual a sua
aplicação e como é feito o acionamento de um motor trifásico utilizando partida
direta, apresentando suas principais características.

Partida direta em motores trifásicos:

A partida direta de motores trifásicos pode ser considerada como a partida


mais simples dentre todas as ligações utilizadas para o acionamento deste
modelo de motor, já que a fonte de energia trifásica alimenta o motor diretamente,
dependendo apenas de dispositivos de seccionamento, os quais interferem
diretamente em seu funcionamento, tendo como exemplo contatores, disjuntores
e relés térmicos.

Mesmo sendo uma forma de ligação simples e de fácil realização, existem


algumas características que devem ser colocadas em consideração em relação
73
à partida direta. Esta interfere diretamente na performance do motor trifásico e,
principalmente, na rede elétrica da qual está instalado o motor.

A utilização da partida direta é preferível em situações que se procura o


desempenho máximo do motor durante o período de partida, aproveitando uma
das características principais que é o torque de partida, porém, em determinadas
situações, recomenda-se a partida indireta.

Limitações da partida direta:

Existem algumas limitações com relação ao uso da partida direta nos


motores, sendo estas:

- As instalações elétricas precisam possuir a capacidade de conduzir a


corrente de pico do motor, a qual ocorrem em um curto espaço de tempo, além
de suportar a corrente nominal deste, sendo a corrente permanente no circuito.

- Este tipo de partida só pode ocorrer em motores que possuam potência


máxima de 7,5CV.

- A partida dos motores deve ser feita sem carga, para que apenas depois
de ter atingido a rotação nominal, a carga ser aplicada.

Partida direta e suas características:

A partida direta possui implicância de modo direto na infraestrutura da rede


de alimentação em que será instalado o motor, portanto, podemos apresentar
algumas das características desta forma de ligação, como por exemplo, o torque
do motor é nominal no momento de partida, e sua corrente de partida é até 8
vezes superior à corrente nominal, necessitando de dispositivos de acionamento
mais potente e com elevado custo de manutenção.

74
Diagrama de comandos

O circuito de comando possui a responsabilidade de conter as ligações de


todos os seus componentes e também condutores, entretanto o diagrama de
comandos apresenta como função principal a representação da lógica de
acionamento dos contatos, os quais serão responsáveis pelo acionamento das
cargas ou componentes que, no caso em questão, será o motor elétrico e
trifásico e os sinaleiros.

L
1

Diagrama de comandos para acionamento de motor trifásico

Observando o diagrama acima, o motor trifásico só entrará em


funcionamento quando dois botões forem acionados simultaneamente (medida
de proteção), além dos sinaleiros apresentando seus estados de operação, em
que o verde representa o motor ligado e o marrom, motor desligado.

K H H
1 1 2

75
L
2
Diagrama de carga ou potência

No diagrama de potência, tem-se o motor sendo acionado a partir de um


contator, já que o circuito de cargas é o responsável por suportar os mais
elevados valores de corrente elétrica, porém não acionados de acordo com o
circuito de comandos. No circuito a seguir, é representado o motor trifásico, os
contatos do contator e os outros dispositivos de segurança, os quais são os
fusíveis e o relé térmico.

Diagrama de carga para acionamento de motor trifásico

F
Funcionamento 1

Acionando os botões S1 e S2, a correnteKelétrica passará pelos botões e


1
chegará à bobina do contator K1, a qual receberá energia. Assim, imediatamente
eles comutam, então os contatos de carga K1 e de comandos são fechados,

76

M
permitindo assim, a energização da bobina, do motor trifásico e do sinaleiro
verde, com a passagem de corrente elétrica. Além disso, o contato normalmente
fechado se comuta, o que impede a passagem de energia para o sinaleiro
marrom.

L
1
S
0 F
1

K K
S 1 1
1

L
2

Diagrama completo mostrando o funcionamento do motor trifásico

No diagrama anterior, mostra-se o funcionamento do circuito com botões e


contatos, os quais são indicados pelas setas verdes e, para que o circuito seja
desligado completamente, faz-se necessário acionar o botão S0, indicado pela
seta laranja.

77
Partida direta com reversão

A partida direta com reversão corresponde a uma técnica utilizada em


máquinas elétricas para o aumento de seu desempenho máximo. No entanto,
este processo é recomendado somente para motores com máxima capacidade
de 7,5/10CV.

É destinada a máquinas que partem com carga ou em vazio, além de


permitir inversão de sentido de rotação.

A partida direta com reversão se faz quando é aplicada no motor elétrico


100% da tensão requisitada para o funcionamento deste com potência total, essa
forma de partida proporciona ao operador a escolha de realizar a inversão do
motor quando quiser.

Diagramas:

No diagrama de força da primeira partida, as três fases (R, S e T) estão


conectadas aos contatores (K1 e K2), em que se realiza a inversão de posição
de duas fases no contator (K2). Após isso, saem os cabos que são interligados
ao motor.

Na imagem a seguir, mostra-se o diagrama de partida direta com reversão.

Partida direta com reversão

78
Para que esta condição seja atendida, utilizam-se três botoeiras, onde, para
desligar, utiliza-se B0 e, para ligar, utiliza-se B1 no sentido horário, além de B2
no sentido anti-horário. Contatos de entravamento são utilizados também na
linha de comando para cada contator, forma que impeça de serem energizados.

Ao pressionar o botão de impulso B1, será energizada a bobina do contator


K1, alimentando então o motor com três fases.

O contato auxiliar 21/22 K1 será aberto, fazendo o impedimento de


qualquer tentativa de energização do contator K2 com K1 funcionando, o que
causaria curto-circuito.

Assim, o contato auxiliar 13/14 K1 é fechado, selando o contato K1,


mantendo este energizado depois do botão B1 parar de ser pressionado. Nesse
caso o motor partirá girando em um sentido, o qual será determinado pelo
operador.

Para a mudança de sentido, o botão B0 deve ser pressionado, desligando


assim, o motor. Em seguida, deve-se pressionar o botão B2, e toda a sequência
será repetida para o funcionamento. Ressalta-se que o recomendado é esperar
que o motor tenha sua parada completa para que, após isso, inverta seu sentido.

Pressionando o botão de impulso B2, energiza-se a bobina do contator K2,


alimentando o motor com 3 fases.

O contato auxiliar 21/22 K2 será aberto, impedindo toda e qualquer


tentativa de energização do contator K1 com K2 funcionando, o que causaria
curto-circuito.

Com isso, o contato auxiliar 13/14 K2 é fechado e realiza o selo com o


contator K2, fazendo com que este se mantenha energizado após o botão B2
parar de ser pressionado.

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Vantagens:

- Baixo custo de componentes de acionamento

- Facilidade nos comandos e execução do motor

- Baixa manutenção e funcionamento simples

- Partida no motor com carga (respeitando torque e fator de serviço)

- Alto torque na ponta do eixo, indicando potência máxima

- Inversão de sentido de forma rápida e segura sempre que necessário

Desvantagens:

- Corrente de partida elevada no momento de acionamento, podendo ser


de 5 a 9 vezes o valor da corrente nominal

- Dispositivos de acionamento mais volumosos

- Limitações relacionadas à potência dos motores em que são realizadas


as partidas diretas

Aplicações:

As aplicações de um motor com reversão ocorrem em locais que utilizam


um motor trifásico de potência baixa, assim como motores de portões e motores
de piscinas.

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Partida direta, reversão e freio com corrente CC

A frenagem por corrente contínua é uma das técnicas utilizadas para parar
o motor, consistindo em retirar a corrente alternada que alimenta o motor,
injetando uma corrente contínua neste, provocando a frenagem do motor. Nesta
forma de partida, implementa-se a reversão do motor, além do freio.

A tensão injetada do motor precisa ser 20% o valor da tensão de


alimentação do mesmo, já que esse procedimento provoca aquecimento no
motor.

Funcionamento:

Partida, reversão e freio com corrente contínua

O sinaleiro H0 pulsante indicará emergência ao ser acionado, enquanto o


sinaleiro H1 indicará falha térmica, no disjuntor, motor ou relé térmico. Além disso,
o sinaleiro H2 indicará que o painel está energizado.

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Para ligar, estando o motor desligado, deve-se pressionar S1, para que o
contator K1 seja energizado, fornecendo assim, uma corrente alternada ao motor,
o qual funcionará no sentido anti-horário.

O contato normal aberto 43/44 K1 será responsável por ligar o sinaleiro H5,
o qual fica energizado durante o funcionamento do motor no sentido horário.

Para fazer a reversão, estando o motor desligado, pressiona-se S2,


levando o contator K2 a ser energizado, invertendo a alimentação das bobinas
através de seus principais contatos, levando ao motor a rotação no sentido
horário. O contato normal aberto 43/44 K2 será responsável por ligar o sinaleiro
H4, o qual indica o funcionamento do motor no sentido anti-horário ao se manter
energizado.

Para frear, pulsamos a botoeira S0, a qual interrompe o funcionamento do


contator, e este se abrirá e eliminará a alimentação da bobina, provocando a
abertura do selo 13/14 K1 e 13/14 K2 e, com isso, os contatos principais de K1
ou K2, desenergizando o motor.

Quando o motor é desligado por S0, os contatos 23/24 S0 energizarão os


contatores K3 e K4, os quais injetarão no motor uma corrente contínua, criando,
no estator, um campo magnético fixo. O campo magnético em questão se opõe
ao movimento de eixo do motor, acarretando na frenagem, onde o sinaleiro H3
é energizado durante a tensão contínua do motor.

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Partida direta com frenagem com contracorrente

A frenagem contra corrente pode ser utilizada quando a parada do motor


não requer uma ação constante sobre o rotor.

Nesse tipo de frenagem, aplica-se uma reversão momentânea ao motor,


fazendo com que este tenha uma tendência a reversão, porém, antes que esta
ocorra, desliga-se a chave responsável pela reversão.

Essa inversão pode ser feita pelo operador através de pulsos pela botoeira,
como indica o diagrama abaixo.

B
1

Diagrama de frenagem por contracorrente

Ao observar o circuito, nota-se que B0 é responsável por desligar o motor,


enquanto B1 liga o mesmo. Sendo assim, com o motor em rotação total, desliga-
se através de B0 e, com B2, pulsa-se para que haja reversão, fazendo com que
o motor pare mais rapidamente.

Na frenagem por contracorrente são utilizados circuitos ou dispositivos


auxiliares, os quais garantem que o motor não entre em reversão, como por
exemplo, dispositivos que verificam a velocidade da ponta do eixo do motor e
promovam a abertura de contatos no circuito de comando, quando o motor tende
a reversão.

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Outra maneira de impedir a reversão é programar um temporizador, medido
em milissegundos, o qual desligará o contator responsável pela frenagem,
permitindo somente a contracorrente instantânea que se faz necessária para
auxiliar na parada do motor.

Partida estrela/triangulo

A partida estrela/triângulo é utilizada na busca pela redução da corrente de


pico durante a partida de motores, assim como as outras partidas indiretas de
motores conhecidas.

É um tipo de partida considerado popular devido ao baixo custo no tangente


à compensadora e aos acionamentos eletrônicos, que reduz a corrente de pico
em 33% e torque com valor 1/3 menor que o nominal, fazendo com que a partida
do motor seja mais suave.

O princípio deste modelo é a aplicação de um torque menor, como por


exemplo 220V em um fechamento feito para 380V, até que o motor alcance a
rotação nominal para comutar até o fechamento em triângulo.

Fechamento estrela:

Representação do fechamento estrela

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Fechamento triângulo:

Representação do fechamento triângulo

Para isso ocorrer de modo automático, faz-se necessário 3 contatores para


ligar o motor. Um temporizador realiza a comutação do contator que fecha o
motor em estrela para o que fecha em triângulo.

O diagrama de força abaixo mostra o contator K1 que ficará sempre


energizando um lado das bobinas do motor, enquanto K3 é o contator que fecha
o motor em triângulo e K2 é o contator que fecha o mesmo em estrela.

Diagrama de força

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Conclui-se que, caso o motor parta em estrela e depois comute para
triângulo, então ao partir o motor, K1 e K2 são ligados e, após determinado
tempo, K2 é desligado e K3 é ligado (essa ordem é necessária para que não
haja curto-circuito durante essa comutação).

Partida estrela/triângulo com reversão

A partida estrela/triângulo com reversão ocorre na alimentação do motor


com a tensão reduzida nas bobinas durante o período de partida. Sendo assim,
as bobinas do motor recebem somente 58% da tensão nominal e, após
determinado tempo, ocorre a comutação automática para triângulo, e as bobinas
passam a receber a tensão nominal em 100%.

Além da possibilidade da partida em dois estágios, a partida com reversão


proporciona também duas botoeiras na operação, uma com o objetivo de girar o
motor no sentido horário, e outra no sentido anti-horário.

Uma de suas vantagens é seu baixo custo e elevada eficiência para


determinadas aplicações.

Outra denominação para essa partida é delta/estrela, fazendo referências


às formas geométricas do resultado do fechamento das bobinas do motor que
está sendo ligado.

Quando utilizar:

A partida estrela/triângulo é utilizada nos casos em que existem a


necessidade da redução de corrente de partida do motor trifásico. O pico da
corrente de partida do motor trifásico pode ser de até 7 vezes o valor de sua
corrente nominal, sendo assim, motores de elevada potência geram um alto
consumo de energia.

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Este modelo pode ser caracterizado como partida indireta, já que não
conecta diretamente a carga na rede elétrica no momento em que é acionado.

Ao utilizar a partida estrela/triângulo, pode-se reduzir em até 33% a


corrente de partida, em comparação com o sistema de partida direta.

O preço e a manutenção são alguns dos fatores essenciais no momento de


se escolher a chave de partida, o que pode tornar inviável este modelo quando
comparado com outros, como a partida de compensação, por exemplo.

Aplicação:

- Bombas hidráulicas

- Volantes de prensas

- Ventiladores

- Esteiras

Funcionamento:

Diagrama de potência Diagrama de comando e sinalização

Diagramas de partida estrela/triângulo com reversão

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Sentido horário: Ao pressionar S1, energizam-se os contatores K1 e K4,
dando início à contagem do temporizador T1. Assim, o motor está ligado em
estrela e sua rotação ocorre no sentido horário. Terminando o tempo, o contato
é aberto do temporizador T1, desenergizando K4 e energizando K3. Por fim, o
motor está em triângulo no sentido horário.

Sentido anti-horário: Ao pressionar S2, energizam-se os contatores K2 e


K4, dando início à contagem do temporizador T1. Assim, o motor está ligado em
estrela e sua rotação ocorre no sentido anti-horário. Terminando o tempo, o
contato é aberto do temporizador T1, desenergizando K4 e energizando K3. Por
fim, o motor está em triângulo no sentido anti-horário.

O modelo de partida estrela/triângulo é um sistema utilizado em motores


do tipo gaiola de esquilo, pois não se faz necessário incluir qualquer dispositivo
adicional.

Chave compensadora

A partida compensadora corresponde na alimentação das bobinas do motor


com tensão reduzida na partida. A redução de tensão é realizada através da
ligação de um autotransformador em série com as bobinas. Tendo já realizado a
partida, as bobinas do motor recebem a tensão nominal.

Sendo impossível a partida direta, por imposição da concessionária ou por


exigências da instalação, é possível utilizar sistemas de partida indireta com
tensão reduzida, para a redução da corrente de partida.

A representação do esquema de ligação unifilar, apresenta os


componentes básicos de uma compensadora que se caracteriza por um
transformador com uma série de derivações de saída que correspondem a
diversos valores de tensão reduzida. Somente três terminais do motor são
ligados às chaves, ligando-se os outros de acordo com o sistema de ligação,
devido a tensão indicada.

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Funcionamento de uma partida compensadora:

No diagrama de força, as três fases R, S e T são protegidas por um fusível


a cada fase F1, F2 e F3, sendo interligadas aos contatores K1 e K2.

No diagrama de comando, tem-se uma alimentação fase-fase, e a energia


chega por meio dessas fases, as quais são protegidas por um fusível a cada fase
F4 e F5, em seguida está representado o contato 95/96 RT1, o qual é
responsável pela interrupção do circuito no caso de uma falha por sobrecarga.

Pressionando o botão de impulso S2, energiza-se a bobina do contator K3


e, em seguida, o motor parte com uma parcela de tensão nominal. Depois da
contagem de tempo no temporizador T1, ocorre a desenergização dos
contatores K2 e K3, entrando o contator K1, realizando a alimentação do motor
a partir da tensão nominal.

K
1

K
3

T
R1

Diagrama de força de uma partida compensadora

89
K
K K
1
1 2

Diagrama de comando de uma partida compensadora

Vantagens da chave compensadora:

- Para que a partida do motor seja satisfatória, pode-se variar TAP de 65%,
80% e até 90% da tensão de rede.

- O motor precisa apenas de três terminais acessíveis.

- O valor da tensão de rede pode ser igual ao valor do fechamento


estrela/triângulo do motor.

- Na comutação TAP, não ocorre o desligamento do motor e o valor do


segundo pico é bem reduzido.

Desvantagens da chave compensadora:

- Custo mais elevado por conta do transformador.

- Limitações de manobras.

- Ocupa um maior espaço do painel por conta do autotransformador.

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Reversão da chave de partida compensadora

Em algumas situações, a partida compensadora pode sem empregada em


determinadas máquinas que precisam inverter sua rotação de funcionamento.
Nestes casos, pode-se adicionar mais um contator no circuito, de modo que o
mesmo possa realizar a inversão de duas fases, possibilitando o giro invertido
do motor.

Chave compensadora com reversão

Em determinadas ocasiões, faz-se necessária a utilização do comando de


partida compensada e com reversão de rotação. Sua ocorrência não é muito
comum, porém é sempre interessante analisar se esse método é possível ou não
de ser utilizado.

Faz-se uma partida normal compensada e, em seguida, acrescenta-se os


contatores requeridos para que a inversão seja feita em uma das fases e, sendo
assim, possibilitar a inversão de rotação.

Observa-se que K1, K2 e K3 realizam uma partida compensada, enquanto


K4 e K5 fazem a inversão de fase.

Comando de partida compensada com reversão de rotação:

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Diagrama do comando de partida compensada com reversão de rotação

Funcionamento do circuito

Pressionando-se B1 ou B2, pode-se iniciar o processo, dependendo do


sentido inicial de rotação desejado. Analisando uma sequência iniciada pelo
acionamento de B1:

Pressionando B1, liga-se K4 que, por sua vez, se mantém ligado através
de seu contato NA em paralelo com B1.

Fechando K4, K3 é acionado e o temporizador KT1 inicia sua contagem de


tempo.

Ao fechar K3, K2 também é acionado, e este impede a ligação de K1.

Feito isso, tem-se K2, K3 e K4 acionados. Sendo assim, pelo diagrama de


forças pode-se observar que este é um dos primeiros estágios da chave
compensadora em um dos sentidos de rotação.

Quando o tempo determinado para KT1 é alcançado, o contato NF de KT1


é aberto, desligando K2. Enquanto o contato NA de KT1 fecha, liga-se K1.

O fechamento de K1 gera a abertura de K3 e, nesse momento, estão


ligados K1 e K4. Através do diagrama de forças, vê-se que com ambos os

92
contatores ligados, o motor recebe tensão nominal e fica em potência máxima
no sentido de rotação determinado inicialmente.

Finalmente, todo o processo pode ser repetido ao pressionar B2. Tudo


ocorre da mesma maneira, com exceção do contator K4 que é substituído por
K5, promovendo a inversão de fase e, consequentemente, a rotação do motor.

Comando de partida compensada com reversão de rotação:

T1

Diagrama de comando de partida compensada com reversão de rotação

Chave para motor Dahlander com reversão

Motor capaz de possibilitar a utilização de duas velocidades distintas,


sabendo que a velocidade mais alta sempre será o dobro da velocidade mais
baixa. Sendo utilizado em talhadeiras, guinchos, guindastes, elevadores,
máquinas e equipamentos industriais de forma geral.

Diagrama de força e comando do motor Dahlander:

93
Diagrama de força e comando do motor Dahlander

Nota-se que, antes de ligar o motor, a sinalização de desligado,


representada como H1, está ligada através dos contatos auxiliares NF dos
contatores K1, K2 e K3, sinalizando que o motor está pronto para a operação,
com circuitos e dispositivos em condição de serem operados.

Assim, ligando o motor em velocidade baixa, a botoeira representada como


S1, que é normalmente aberta, fechará, energizando então a bobina do contator
K2 e ligando o motor na velocidade baixa. Então é acionado H2, representando
que a máquina está ligada, e a sinalização é ligada por meio do contato auxiliar
NA, representado como K2, o qual fechará.

Para alterar a velocidade, é necessário desligar o acionamento por meio do


botão de desligamento, o qual desenergizará o circuito através do contato NF da
botoeira representado como S0, que abrirá.

Então, para que o motor seja ligado na velocidade alta, faz-se necessário
o acionamento do botão para ligar em alta velocidade, assim a botoeira S2, que
é normalmente aberta, fechará, energizando a bobina dos contatores K1 e K3,
ligando então o motor em alta velocidade. Assim, a sinalização acionada é H3,

94
que representa o funcionamento do motor em velocidade alta, e é acionada
através dos contatos NA auxiliares que irão fechar, representados como K1 e K3.

Caso os relés indiquem sobrecarga, estes impossibilitarão o funcionamento


do motor. Então, a sinalização ligada para representar a sobrecarga é
representada como H4, indicando alguma falha. Esta sinalização é ligada por
meio dos contatos dos relés térmicos NA, indicados como FT1 e FT2, os quais
irão fechar. Faz-se necessário ressaltar que apenas será possível ligar
novamente o motor caso os relés de sobrecarga não identificarem problema
algum, logo, o contato NF dos relés de sobrecarga devem estar novamente
fechados.

Para o desligamento do motor, basta acionar o botão de desligar para


desenergizar o circuito por meio do contato NF da botoeira indicado como S0,
que abrirá.

Funcionamento:

Diagrama de força e comando do motor Dahlander

Antes de ligar, pode-se observar que a sinalização de desligamento,


representada como H1 está ligada por meio dos contatos auxiliares NF dos
contatores K1, K2, K3, K4 e K5 mostrando que o motor pode operar, com
circuitos e dispositivos prontos para o funcionamento.

95
Com isso, para ligar o motor em baixa velocidade, aciona-se o botão
responsável por essa ação e, dessa forma, a botoeira representada por S1, que
é normalmente aberta, fechará, energizando a bobina do contator K2 e, então,
ligando o motor em baixa velocidade no sentido horário. A sinalização de que o
motor está ligado em velocidade baixa no sentido horário é representada como
H2, a qual é ligada através do contato auxiliar NA representado por K2, o qual
fechará.

Para a reversão do sentido, faz-se necessário desligar o acionamento


através do botão de desligamento, o qual desenergizará o circuito através do
contato NF da botoeira representado por S0, o qual abrirá.

Assim, para ligar o motor na velocidade alta e em sentido anti-horário, é


preciso acionar o botão determinado para essa ação, em que a botoeira
representada por S3 que é normalmente aberta, fechará, energizando as
bobinas dos contatores K1 e K4, ligando então o motor em alta velocidade e no
sentido anti-horário. Então, é ligada a sinalização que mostra a alta velocidade
e o sentido em questão, representada como H4, e é feita por meio dos contatos
auxiliares NA, indicados como K1 e K4, que fecharão.

Finalmente, para acionar o motor em alta velocidade no sentido horário, é


preciso acionar o botão destinado a tal, onde a botoeira representada como S4,
que é normalmente aberta, fechará, energizando as bobinas dos contatores K1
e K5, ligando o motor em alta velocidade e com seu sentido de rotação horário.
A sinalização em questão agora, representada como H5, é ligada através dos
contatos auxiliares NA, representados como K1 e K5, os quais fecharão.

Caso os relés de sobrecarga identificarem tal, estes acionarão,


impossibilitando o funcionamento do motor. Então a sinalização HFI é
apresentada, indicando alguma falha, e esta é feita por meio dos contatos dos
relés térmicos NA, apresentados como FT1 e FT2, que fecharão. É importante
ressaltar que só será possível ligar o motor novamente caso os relés de
sobrecarga não identificarem problema algum, sendo assim, o contato NF dos
relés de sobrecarga deve fechar novamente.

96
Pode-se então desligar o motor, para isso é acionado o botão de
desligamento, o qual desenergizará o circuito por meio dos contatos NF da
botoeira, representado por S0, o qual será aberto.

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Referências:
1.CIPELLI, Antônio Marco Vicari;SANDRINI, Waldir João. Teoria e desenvolvimento de projetos de circuitos eletrônicos.
12. ed . São Paulo, Érica, 1986. 580p. il.

2.CREDER, Hélio. Instalações elétricas. 13. ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1986. 439 p. il

3.GUSSOW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. São Paulo, Makron Books, 1997. 639 p. il.

4.MALVINO, Albert Paul. Eletrônica. São Paulo, McGraw-Hill, 1986. 804 p. il

5.WEG. Manual de motores elétricos. Jaraguá do Sul, s.d. 54 p. il.

CATÁLOGOS INDUSTRIAIS

SIEMENS. Compilado para instalações elétricas. São Paulo. 1993.

STECK. Chaves rotativas. São Paulo, s.d.

TELEMECANIQUE. Integral 32, integral 63 para partida de motores e

distribuição. São Paulo, s.d.

WEG. Componentes elétricos. Jaraguá do Sul, s.d.

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