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TEORIA DE CIRCUITOS

Índice

1.1. Introdução ...................................................................................................................... 3


1.2. Definição ......................................................................................................................... 3
1.3. Representação de um número complexo ...................................................................... 3
1.3.1. Forma cartesiana .................................................................................................... 3
1.3.2. Forma trigonométrica............................................................................................. 4
1.3.3. Forma exponencial ................................................................................................. 5
1.3.4. Relação entre a forma trigonométrica e a forma exponencial ............................... 5
1.4. Operações com números complexos ............................................................................. 6
1.4.1. Adição ..................................................................................................................... 6
1.4.2. Subtração ................................................................................................................ 6
1.4.3. Multiplicação .......................................................................................................... 7
1.4.4. Divisão .................................................................................................................... 8
1.5. Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 8
2.1. Grandezas em uso na teoria de circuitos ..................................................................... 10
2.2. Grandezas básicas ........................................................................................................ 11
2.2.1. Carga Eléctrica ...................................................................................................... 11
2.2.2. Potencial Eletrostático .......................................................................................... 11
2.2.3. Corrente Eléctrica ................................................................................................. 12
2.2.4. Tensão Eléctrica e Força Electromotriz................................................................. 15
2.3. Leis experimentais ........................................................................................................ 17
2.3.1. Lei de Ohm. Resistência ........................................................................................ 17
2.3.2. Potência ................................................................................................................ 19
2.3.3. Energia .................................................................................................................. 20
2.3.4. Lei de Joule ........................................................................................................... 21
2.4. Redes Simples ............................................................................................................... 22
2.4.1. Circuito Eléctrico ................................................................................................... 22
2.4.2. Tensão num Ramo ................................................................................................ 23
2.4.3. Leis de Kirchhoff ................................................................................................... 25

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3.1. Análise de circuitos de uma malha ............................................................................... 29
3.1.1. Relação de Potências ............................................................................................ 31
3.1.2. Potência produzida pelo gerador ......................................................................... 32
3.1.3. Rendimento .......................................................................................................... 32
3.1.4. Valor máximo da potência .................................................................................... 33
3.2. Métodos de Análise de Circuitos .................................................................................. 33
3.2.1. Resistência equivalente de um circuito em série ................................................. 33
3.2.2. Resistência Equivalente de um circuito em paralelo ............................................ 36
3.2.3. Transformação Estrela – Triângulo ....................................................................... 40
3.2.4. Aplicação das Leis de Kirchhoff na análise de circuitos ........................................ 41
3.2.5. Balanço de Potências ............................................................................................ 43
3.2.6. Teorema de Superposição .................................................................................... 44
3.2.7. Método de Malhas independentes ...................................................................... 47
3.2.8. Teorema de Thevenin ........................................................................................... 49
3.2.9. Teorema de Norton .............................................................................................. 52
4.1. Corrente Alternada ....................................................................................................... 59
4.2. Características das grandezas alternadas ..................................................................... 60
4.3. Produção da corrente alternada................................................................................... 61
4.3.1. Frequência em uso na corrente alternada ........................................................... 62
4.4. Valor médio aritmético das grandezas sinusoidais....................................................... 62
4.5. Valor médio quadrático ou valor Eficaz de grandezas sinusoidais ............................... 63
4.6. Factor de Pico (Kp) ....................................................................................................... 64
4.7. Factor de forma (Kf) ..................................................................................................... 65
4.8. Elementos de um circuito de corrente Eléctrica sinusoidal.......................................... 65
4.8.1. Resistência ............................................................................................................ 65
4.8.2. Indutância ............................................................................................................. 68
4.8.3. Capacitância.......................................................................................................... 71
4.9. Análise de Circuitos de corrente alternada .................................................................. 74
4.9.1. Impedância Simbólica ........................................................................................... 74
4.10. Potência Activa, Reactiva e Aparente ....................................................................... 76
4.10.1. Potência Aparente ................................................................................................ 79

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1. Apéndix 1: Números Complexos

1.1. Introdução

Uma das ferramentas mais usada na análise de circuitos, principalmente os de corrente


alternada, são os números complexos. Sem se abranger todos os aspectos deste capítulo de
Álgebra, são aqui apresentados alguns conceitos básicos de números complexos que auxiliam a
análise de circuitos.

1.2. Definição

Um número complexo é um número não real, que pertence a um conjunto denominado de


números complexos que se representa da seguinte forma:
𝑧 = √−𝑛 = 𝑗√𝑛
Onde 𝑗 = √−1
Em outras literaturas, escreve-se 𝑖 = √−1

1.3. Representação de um número complexo

Os números complexos podem ser representados de árias formas, nomeadamente:

1.3.1. Forma cartesiana


Na forma cartesiana o número complexo representa-se da seguinte maneira:

𝑧̅ = 𝑥 + 𝑗𝑦
Onde x – é a parte real do número complexo z; y – é a parte imaginária do número complexo z.
Exemplo de números complexos:
𝑧̅ = 3 + 𝑗4; 𝑧̅ = 𝑗4;

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O número complexo z pode ser representado no plano cartesiano z.

Eixo Imaginário (Im)

z
y

|Z|

x Eixo Real (Re)

1.3.1.1. Módulo do número complexo

Observado a representação do número complexo no plano cartesiano complexo, constata-se que


o z é um vector que é a hipotenusa de um triângulo rectângulo de lados x e y. assim, o seu módulo
obtém-se usando o teorema de Pitágoras, ou seja:

|𝑍| = 4𝑥 ! + 𝑦 !
Exemplo: seja um número complexo 𝑧̅ = 3 + 𝑗4, o seu módulo será:

|𝑍| = 43! + 4! = √25 = 5

1.3.2. Forma trigonométrica

Tendo ainda como base a representação no plano cartesiano complexo acima, as seguintes
expressões trigonométricas são válidas para um número complexo:

𝑍̅ = 𝑍 = 𝑍̇ = |𝑍|∠𝜃 = |𝑍|𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑗|𝑍|𝑠𝑒𝑛𝜃


|𝑍| = 4𝑥 ! + 𝑦 ! , 𝑥 = |𝑍|𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑦 = |𝑍|𝑠𝑒𝑛𝜃

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Das expressões de x e y resulta que:

" %
𝑐𝑜𝑠𝜃 = |$| e 𝑠𝑒𝑛𝜃 = |$|

A Razão entre seno e cosseno será:

𝑥
𝑠𝑒𝑛𝜃 |𝑍| 𝑥
= 𝑦 =
𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑦
|𝑍|
Sabe se que seno sobre cosseno é tangente. Assim:

𝑥
𝑡𝑔𝜃 =
𝑦

Desta expressão pode se calcular o argumento do q que será:

𝑦
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 B C
𝑥

1.3.3. Forma exponencial

Na forma exponencial o número complexo z fica:

𝑍̅ = |𝑍|𝑒 &'

1.3.4. Relação entre a forma trigonométrica e a forma exponencial

As formas trigonométrica e exponencial se relacionam da seguinte maneira


𝑒 &' = 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑒 (&' = 𝑐𝑜𝑠𝜃 – 𝑗𝑠𝑒𝑛𝜃

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1 &'
𝑐𝑜𝑠𝜃 = F𝑒 + 𝑒 (&' G
2

1 &)
senθ = F𝑒 −  𝑒 (&) G
𝑗2

1.4. Operações com números complexos

As quatro operações, adição, subtração, multiplicação e divisão, são possíveis em números


complexos, como se pode ver a seguir.

1.4.1. Adição

Sejam dois números complexos

𝑧̅ = 𝑥 + 𝑗𝑦 e 𝑘N = 𝑎 + 𝑗𝑏

𝑧̅ + 𝑘N = 𝑥 + 𝑗𝑦 + 𝑎 + 𝑗𝑏 = (𝑥 + 𝑎) + 𝑗(𝑦 + 𝑏)

Exemplo:
𝑧̅ = 3 + 𝑗4 ; 𝑘N = 2 + 𝑗
𝑧̅ + 𝑘N = 3 + 𝑗4 + 2 + 𝑗 = (3 + 2) + 𝑗(4 + 1) = 5 + 𝑗5

1.4.2. Subtração

Sejam dois números complexos

𝑧̅ = 𝑥 + 𝑗𝑦 e 𝑘N = 𝑎 + 𝑗𝑏

𝑧̅ − 𝑘N = x + jy − (a + jb) = (x − a) + j(y − b)

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Exemplo:
𝑧̅ = 3 + 𝑗4 ; 𝑘N = 2 + 𝑗
𝑧̅ + 𝑘N = 3 + j4 − (2 + 𝑗) = (3 − 2) + j(4 − 1) = 1 + j3

1.4.3. Multiplicação

𝑧̅ = 𝑥 + 𝑗𝑦 e 𝑘N = 𝑎 + 𝑗𝑏

𝑧̅. 𝑘N = (𝑥 + 𝑗𝑦)(𝑎 + 𝑗𝑏) = 𝑥𝑎 + 𝑗𝑥𝑏 + 𝑗𝑦𝑎 + 𝑗 ! 𝑦𝑏 = (𝑥𝑎 − 𝑦𝑏) + 𝑗(𝑥𝑏 + 𝑦𝑎)

Exemplo:
𝑧̅ = 3 + 𝑗4 ; 𝑘N = 2 + 𝑗
𝑧̅. 𝑘N = (3 + j4)𝑥(2 + 𝑗) = (3x2 − 4x1) + j(3x1 + 4x2) = 2 + j11

Estando os números na forma exponencial são mais fáceis de resolver:

𝑧̅ = 3 + 𝑗4 = 5∠53,13º
𝑘N = 2 + 𝑗 = 2,24∠26,57º

𝑧̅. 𝑘N = 5∠53,13º𝑥2,24∠26,57º = 5𝑥2,24∠(53,13 + 26,57) = 11,2∠79,7º

Pode se provar que está certo, convertendo 2 + j11 para a forma trigonométrica:

2 + j11 = 11,2∠79,7º
Como se pode ver, o resultado é o mesmo. Também pode se provar, convertendo o resultado
obtido na forma trigonométrica para a forma cartesiana.

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1.4.4. Divisão

𝑧̅ = 𝑥 + 𝑗𝑦 e 𝑘N = 𝑎 + 𝑗𝑏

𝑧̅ (𝑥 + 𝑗𝑦) (𝑎 − 𝑗𝑏) 𝑥𝑎 − 𝑗𝑥𝑏 + 𝑗𝑦𝑎 − 𝑗 ! 𝑦𝑏 (𝑥𝑎 + 𝑦𝑏) + 𝑗(𝑦𝑎 − 𝑥𝑏)


= 𝑥 = =
𝑘N (𝑎 + 𝑗𝑏) (𝑎 − 𝑗𝑏) 𝑎! − 𝑗 ! 𝑏! 𝑎! + 𝑏!

Exemplo:
𝑧̅ = 3 + 𝑗4 ; 𝑘N = 2 + 𝑗
𝑧̅ (3 + j4) (3x2 + 4x1) + j(4x2 − 3x1) 10 + j5
= = = =2+𝑗
𝑘N (2 + 𝑗) 2! + 1! 5

Estando os números na forma exponencial são mais fáceis de resolver:

𝑧̅ = 3 + 𝑗4 = 5∠53,13º
𝑘N = 2 + 𝑗 = 2,24∠26,57º

𝑧̅ 5∠53,13º 5
= = ∠(53,13 − 26,57) = 2,23∠26,56º
N
𝑘 2,24∠26,57º 2,24

Pode se provar que está certo, convertendo 2 + j para a forma trigonométrica:

2 + j = 2,236∠26,57º
Como se pode ver, o resultado é o mesmo. Também pode se provar, convertendo o resultado
obtido na forma trigonométrica para a forma cartesiana.

1.5. Exercícios de Aplicação

1. Represente os números complexos seguintes nas formas trigonométrica e exponencial:


a) 𝑧̅ = −2 + 𝑗2
b) 𝑘N = 1 − 𝑗√3

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c) 𝑤
_ = √3 + 𝑗
d) ℎN = −8 − 𝑗6

2. Faça as seguintes operações para os números complexos do exercício 1.


a) 𝑧̅ + 𝑘N
b) 𝑘N − 𝑤
_
c) 𝑧̅𝑥 𝑤
_
d) ℎN𝑥𝑘N
+
*
e) -
,
-
.
f) /̅

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2. Introdução

2.1. Grandezas em uso na teoria de circuitos

As unidades em uso na análise de circuitos eléctricos são de sistema internacional. A tabela a


seguir apresenta algumas delas com as suas respectivas unidades que serão utilizadas ao longo
do curso.

Nº Grandeza Unidade Símbolo da Símbolo da


unidade grandeza
1 Corrente Ampére A I
2 Carga Coulomb C Q
3 Tensão Volt V U ou E
4 Resistência Ohm W R
5 Capacitância Farad F C
6 Indutância Henry H L
7 Energia Joule ou Watt x Tempo J ou Ws E
8 Potência Watt W P
9 Frequência Hertz Hz F
10 Condutibilidade Siemens S G

As unidades das grandezas acima referidas podem ser muito maiores ou muito menores,
dependendo do tipo da grandeza a ser expressa. Para o uso racional das mesmas são aplicados
factores de escala, algumas delas representadas na tabela que se segue.

Factor Prefixo Símbolo


𝟏𝟎𝟏𝟐 Tera T
𝟏𝟎𝟗 Giga G
𝟏𝟎𝟔 Mega M
𝟏𝟎𝟑 Quilo K
𝟏𝟎𝟐 Hecto h
𝟏𝟎 Deca da

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𝟏𝟎(𝟏 Deci d
𝟏𝟎(𝟐 Centi c
𝟏𝟎(𝟑 Mili m
𝟏𝟎(𝟔 Micro µ
𝟏𝟎(𝟗 Nano h
𝟏𝟎(𝟏𝟐 Pico r
𝟏𝟎(𝟏𝟓 Funto f
𝟏𝟎(𝟏𝟖 Acto a

2.2. Grandezas básicas

2.2.1. Carga Eléctrica

A carga elétrica representa excesso ou défice de cargas num condutor eléctrico. A carga eléctrica
relaciona-se com os electrões da seguinte maneira:

1𝐶 = 6,28𝑥1067 𝐸𝑙𝑒𝑐𝑡𝑟õ𝑒𝑠 e 1𝑒𝑙𝑒𝑐𝑡𝑟ã𝑜 = 1,6𝑥10(68 𝐶

2.2.2. Potencial Eletrostático

O Potencial Electroestático descreve a capacidade de realização de trabalho num corpo


carregado, como por exemplo, a capacidade de realização de trabalho pelas cargas pontuais
positivas no ar, distanciadas entre elas por r. Este trabalho reflete-se através de uma força
descrita pela lei de Coulomb, matematicamente expressada da seguinte maneira:

𝑄6 𝑥𝑄!
𝐹=
4𝜋𝜀9 𝑟 !
:!
Em que 𝜀9 = 8,854𝑥10(6! ;.=, chama-se permeabilidade do vácuo.

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2.2.3. Corrente Eléctrica

Define-se corrente elétrica como sendo o movimento ordenado de partículas carregadas. A


corrente eléctrica não se percebe pelos sentidos humanos, mas os seus feitos têm características
específicas que se traduzem nas seguintes acções:

a) Onde flui corrente eléctrica há sempre um campo magnético.


b) Um condutor atravessado por corrente eléctrica produz efeito Joule, isto é, aquece e
dissipa calor.
c) Se o condutor for de iões, existe sempre o transporte de material. Esta carecterística é
notória no processo de electrólise.
d) A velocidade da corrente elétcrica é da ordem de quilómetros por segundo.

Quantitativamente, a corrente eléctrica define-se como sendo a quantidade de cargas por


unidade de tempo. Ou seja:

𝑄
𝐼=
𝑡
Onde I – é a Intensidade da Corrente Eléctrica; Q – é a carga eléctrica e t – é o tempo.

A unidade da corrente no sistema internacional é:


𝐶
𝐼 = n o = [𝐴 ]
𝑠

A unidade da corrente é Ampére. Fisicamente um Ampére é o deslocamento de um Coulomb de


carga através de um ponto qualquer de um condutor durante o intervalo de tempo de um
segundo.
Pretendendo-se determinar o valor instantâneo da corrente, a seguinte expressão é utilizada:
𝑑𝑄
𝑖=
𝑑𝑡

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Note-se que o valor instantâneo da corrente é aplicável para o caso em que o movimento de
cargas não é uniforme.
Da equação da corrente instantânea, resulta que:

@"

𝑄 = t 𝑖𝑑𝑡
@#

2.2.3.1. Sentido da corrente

Na verdade, o sentido da corrente estabelece-se obedecendo duas variáveis, nomeadamente o


tipo do condutor e a polaridade dos potenciais entre o início e o fim do condutor.
Nos condutores metálicos, o sentido da corrente é da carga negativa para a carga positiva.
Contudo, convencionou-se que o sentido da corrente é da carga positiva para a carga negativa.

2.2.3.2. Tipos de corrente

A corrente eléctrica é função de tempo. Assim, ela pode ser:


a) Corrente Contínua (CC ou DC) – o seu valor permanece constante ao longo do tempo.

b) Corrente Alternada (AC) – o seu valor varia com o tempo, assumindo alternadamente
valores positivos e negativos.

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i

i(t)

c) Corrente Elétcrica exponencial – o seu valor varia exponencialmente com o tempo.

i(t)

d) Corrente Eléctrica sinusoidal amortecida – tem como característica uma sinusoide


amortecida.

i(t)

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2.2.4. Tensão Eléctrica e Força Electromotriz

Como foi visto anteriormente, a corrente eléctrica é a sequência de cargas ou potenciais nos
terminais de um condutor. Esta sequência acontece devido à desigualdade das cargas nos
terminais dos condutores e à essa diferença dá-se o nome de Tensão Eléctrica, que tem a
capacidade de realizar trabalho, podendo se definir então como trabalho necessário para mover
uma carga de um terminal para o outro, ou seja:

𝑊
𝑈AB =
𝑄

Onde 𝑈AB – é a tensão eléctrics entre os pontos a e b; W – trabalho realizado sobre as cargas, Q
– são as cargas movimentadas.

A unidade da Tensão no sistema internacional é:


𝐽
𝑈 = n o = [𝑉 ]
𝐶

A tensão eléctrica também é denominada queda de tensão porque cada elemento de um circuito
eléctrico diminui a tensão total aplicada nesse mesmo circuito, isto é, há queda de tensão nos
elementos de um circuito eléctrico. Assim:
𝑈AB = 𝑈A − 𝑈B

Para que a corrente flua permanentemente num circuito eléctrico é necessário que haja um
agente responsável pela manutenção da diferença de potencial entre as extremidades do
circuito, apesar de a corrente tender a eliminar essa diferença. A esse elemento responsável pela
manutenção da diferença de potencial entre as extremidades de um circuito eléctrico chama-se
Força Electromotriz (f.e.m) que na verdade é uma diferença de potencial que funciona como uma
“bomba de electrões”. Então pode se concluir que:
𝑊(𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜)
𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝑈 =
𝑄

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𝑊(𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜)
𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝐸𝑙𝑒𝑐𝑡𝑟𝑜𝑚𝑜𝑡𝑟𝑖𝑧 = 𝐸 =
𝑄

A unidade da Tensão no sistema internacional é:


𝐽
𝐸 = n o = [𝑉 ]
𝐶

2.2.4.1. Fontes de força electromotriz

a) Geradores Eletrostáticos – máquinas de fricção ou indução


b) Geradores Electroquímicos – pilhas e acumuladores
c) Geradores Electromagnéticos – dínamos e alternadores
d) Geradores Termoeléctricos – Termopolares
e) Geradores Fotoelétrciso – Células fotoélectricas.

2.2.4.2. Sentido da força Electromotriz

+ +
+
U=E
E
-
-
a) b)

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2.2.4.3. Representação gráfica da Força Electromotriz

I I I
+
E E E -

a) b) c)
Gerador Electroquímico (pilha)
Forma geral

2.2.4.4. Sentido da queda de tensão

I R

2.3. Leis experimentais

2.3.1. Lei de Ohm. Resistência

A lei de Ohm enuncia-se da seguinte forma:


“A tensão através de muitos tipos de materiais condutores é directamente proporcional à
corrente que passa por esse material”.
Matematicamente expressa-se como:

𝑈 = 𝑅. 𝐼
Onde R é a constante de proporcionalidade, chamada RESISTÊNCIA.

A Resistência é a oposição oferecida ao fluxo da corrente pelos materiais.

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A unidade de Resistência no sistema internacional é OHM (W), em homenagem ao cientista
George Simon OHM:

𝑉
𝑅 = n o = [Ω ]
𝐴
As vezes a constante de resistência toma outra forma:
𝐼 = 𝐺. 𝑈

Neste caso, está-se perante uma nova grandeza chamada condutância, cuja relação com a
resistência é:
1
𝑅=
𝐺
A unidade da Condutância é Siemens (S).

A lei de OHM pode ser expressa através das 3 diferentes expressões que se seguem:

! !
𝑈 = 𝑅. 𝐼 ; 𝐼 = ; 𝑅=
" #
A resistência pode ser representada através de dois símbolos, sendo um americano e outro
europeu.

R R

a) Americano b) Europeu

CD
Na prática nem sempre a resistência é constante, podendo ser expressa da seguinte forma: CE =
!
𝑟. Não havendo variação, chega-se a fórmula 𝑅 = que é comumente usada para a
#

análise.

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2.3.1.1. Resistência específica (Resistividade)

A resistência de um condutor é directamente proporcional ao comprimento do condutor e


inversamente proporcional à secção desse mesmo condutor.

𝑙
𝑅=𝜌
𝑆
Onde r - é a constante de proporcionalidade chamada Resistividade ou Resistência Específica.

Ω. 𝑚!
𝜌=‚ ƒ
𝑚

Condutância específica:

1 𝑙
𝜌= ⟹𝑅=
𝜘 𝜘. 𝑆

2.3.2. Potência

Sempre que há corrente num material, há queda de tensão expressa por 𝑈 = 𝑅. 𝐼, o que significa
que durante um determinado tempo, t, transfere-se de um extremo para o outro uma
quantidade de carga expressa por 𝑄 = 𝐼. 𝑡. O trabalho realizado nesse mesmo tempo
considerado, por definição é:

𝑊 = 𝑈. 𝑄

Por definição, a potência é o trabalho realizado num determinado tempo.

𝑊
𝑃=
𝑡
Substituindo o trabalho pela sua expressão tem-se que”

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𝑈. 𝑄
𝑃= ⟹ 𝑃 = 𝑈. 𝐼
𝑡

A unidade de Potência no sistema internacional é Watt (W)

um Watt define-se como a potência dissipada num condutor que é percorrido por uma corrente
de intensidade 1A sob a tensão de 1V.

Sendo 𝑈 = 𝑅. 𝐼, tem-se que:


𝑃 = 𝑈. 𝐼 = 𝑅. 𝐼. 𝐼

Daí que:
𝑃 = 𝐼! 𝑅
Ou ainda:
!
Se 𝐼 = , então:
"

𝑈
𝑃 = 𝑈.
𝑅
Daí que:

𝑈!
𝑃=
𝑅

2.3.3. Energia

A quantidade de energia fornecida a um circuito é igual ao trabalho executado por esse circuito
é representa-se por:
𝑊 = 𝐴 = 𝑈. 𝐼. 𝑡 = 𝑃. 𝑡
1𝐽 = 1𝑊. 𝑠

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Na prática a energia mede-se por KWH que corresponde a energia dissipada durante uma hora
pela potência constante de 1KW. Isto porque 1W.s é o valor muito pequeno de energia que não
se utilizaria para absolutamente nada.
CF
Se a corrente não for constante, ou seja, se se expressar por 𝑖 = C@
, tem-se que:

𝑑𝑤 = 𝑢𝑑𝑞 = 𝑈. 𝑖𝑑𝑡 = 𝑝𝑑𝑡


E o trabalho pode se expressar como:

@! @!

𝑤 = t 𝑝𝑑𝑡 = t 𝑈𝑖𝑑𝑡
@" @"

Normalmente simboliza a potência como:

𝑃6 – Potência recebida à entrada ou produzida (a máquina geradora é não eléctrica)


P – Perdas na própria máquina.
𝑃! – Potência fornecida pela máquina.

Resultando em:
𝑃6 = 𝑃 + 𝑃!

Rendimento
𝑃! 𝑃!
𝜂= 𝑜𝑢 𝜂 =
𝑃6 𝑃! + 𝑃

2.3.4. Lei de Joule

Quando uma corrente I circula num condutor de resistência R, liberta-se calor no condutor, isto
é, há transformação de energia elétrica em energia térmica (calorífica).
𝑊 = 𝑃. 𝑡 = 𝑅𝐼 ! 𝑡
A fórmula acima chama-se expressão matemática do Efeito Joule.

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2.4. Redes Simples

2.4.1. Circuito Eléctrico

Um circuito eléctrico é uma interligação entre componentes electromagnéticos (fontes) e


conversores (cargas) onde uma corrente eléctrica pode circular.
Os elementos de uma rede eléctrica (circuito) são: fonte, carga e condutores, assumindo-se que
estes condutores são perfeitos, isto é, possuem uma resistência nula. Resultante dessa
interligação, um circuito elétrico é caracterizado por:

a) Nó – é o ponto onde três ou mais elementos têm uma conexão comum. As figuras a baixo
ilustram nós em circuitos eléctricos.

Nó 1

Nó 1

R1 R1

R2 R3 R4 R2 R3 R4

E E
Nó 2

Nó 2
a) Circuito de dois nós b) Circuito de dois nós

b) Ramo - é a conexão de dois nós através de um ou mais elementos de um circuito. Dois ou


mais elementos associados de maneiras que seus terminais definam dois nós, constituem
uma associação em paralelo; dois ou mais elementos associados de maneiras que cada
terminal de um elemento esteja ligado com o terminal de outro elemento, constituem
uma associação em série. No circuito eléctrico da figura abaixo, existem 3 nós e 5 ramos
(apenas 3 estão identificados).

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Ramo

R2 E2
Nó 1 Nó 3

Ramo
R1
R4 R4
R3

E1
R6
Ramo

Nó 2

2.4.2. Tensão num Ramo

A tensão eléctrica nos terminais de um circuito é a diferença de potencial que existe entre os
terminais desse ramo.
Exemplo: Seja um ramo composta apenas por uma resistência, como indicado na figura abaixo.

a I R b

Uab

O Potencial no terminal a pode ser obtido da seguinte forma:

𝜑A = 𝜑B + 𝐼𝑅
Assim, a diferença do potencial entre os pontos a e b, por definição é:

𝜑A − 𝜑B = 𝑈AB
Desenvolvendo a expressão do potencial do terminal a, tem-se que:
𝜑A − 𝜑B = 𝐼𝑅
Ou seja:

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𝑈AB = 𝐼𝑅

É válido também que:


𝑈AB 𝜑A − 𝜑B
𝐼= =
𝑅 𝑅

Este foi o caso em que o ramo tem apenas um elemento conversor. Seja um ramo composto por
fontes e cargas, como ilustrado no circuito abaixo.

a I R b c

Uac

De modo a se determinar o potencial do terminal a, em função do c, determina-se primeiro a


diferença do potencial do ponto b para c.

𝜑B = 𝜑G ± 𝐸
Para o outro ramo, isto e, da parte a à b tem-se que:

𝜑A = 𝜑B + 𝐼𝑅

Note-se que b é comum para os dois ramos, assim, substituindo 𝜑B pelo seu valor obtêm-se:
𝜑A = 𝜑G + 𝐼𝑅 ± 𝐸

Daqui pode se determinar a diferença do potencial entre os pontos a e c, que será:

𝜑A − 𝜑G = 𝐼𝑅 ± 𝐸

Como 𝜑A − 𝜑G = 𝑈AG , resulta que:


𝑈AG = 𝐼𝑅 ± 𝐸

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De igual modo, a corrente no mesmo ramo expressa-se por:

𝑈AG ∓ 𝐸
𝐼=
𝑅

2.4.3. Leis de Kirchhoff

As leis de Kirchhoff regem o funcionamento de qualquer circuito eléctrico e são as seguintes:

2.4.3.1. 1ª Lei (Lei de correntes ou lei de nós)

“A soma das correntes que entram num nó e igual à soma das correntes que saem desse mesmo
nó”.
O enunciado matemático da 1ª lei de Kirchhoff é:
“A soma algébrica das correntes de um nó é igual a zero”.

I6
I
I1
Ž 𝐼H = 0
6

I2 I5

I4

I3

Exemplo: Seja um nó com correntes entrando e outros saindo, como ilustrado na figura acima. O
procedimento para definir a expressão do nó é:
§ Definir o sentido das correntes e convencionar que as correntes que entram no nó têm
sinal positivo e as que saem têm sinal negativo. Assim, a expressão do nó será:

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a) Soma algébrica nula:
𝐼6 − 𝐼! + 𝐼J + 𝐼K − 𝐼L + 𝐼M = 0

b) Soma das correntes de entrada igual a soma das correntes de saída:



𝐼6 + 𝐼J + 𝐼K + 𝐼M = 𝐼! + 𝐼L

2.4.3.2. 2ª Lei (Lei de Tensões ou lei de Malhas)

“A tensão aplicada (f.e.m) a um circuito fechado é igual à soma das quedas de tensão nesse
mesmo circuito”.
I =

Ž 𝑢E (𝑡) = Ž 𝑒& (𝑡)


6 6

A segunda lei também pode se enunciar da seguinte forma:


“A soma algébrica das tensões a volta de qualquer malha é igual a zero”.

Ž 𝑈* = 0
6

Exemplo 1: Seja um circuito representado na figura abaixo:

I2
R1
R2
E1 I1

a
c

R6

I3
I5
R3
R5
E3
R4 d

e I4

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Para a escrita da equação procede-se da seguinte maneira.
a) Fixar arbitrariamente os sentidos das correntes (indicados na figura)
b) Escolher arbitrariamente o sentido do percurso da malha (arco dentro da malha)
c) Convencionar os sentidos (todas as correntes que coincidem com o sentido da malha são
positivas e as contrárias, são negativas) e escrever a equação:

𝐸6 − 𝐸J = 𝑅6 𝐼6 − 𝑅! 𝐼! − 𝑅J 𝐼J + 𝑅K 𝐼K + 𝐼L (𝑅L + 𝑅M )

Considerando as tensões pode se escrever:

𝑈AB − 𝑈BG − 𝑈GC + 𝑈CN + 𝑈NA = 0

Exemplo 2: Seja um circuito com mais de uma malha

I1
R1 I2 R2

I3
E1 E2
I R3 II

III

Analisando o circuito acima vê-se que possui dois nós concorrentes, isto é, as correntes que
caracterizam um nó são as mesmas que caracterizam o outro nó. Assim, basta considerar apenas
um nó. Em termos de malhas, o circuito apresenta um total de 3 malhas cujos sentidos escolhidos
estão indicados pelas cores azul, verde e vermelho. As equações do nó e das malhas serão:

Equação do nó:
𝐼6 + 𝐼! + 𝐼J = 0

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Equação das Malhas:
Malha 1: 𝐸6 = 𝐼6 𝑅6 − 𝐼J 𝑅J
Malha 2: −𝐸! = 𝐼J 𝑅J − 𝐼! 𝑅!
Malha 3: 𝐸6 − 𝐸! = 𝐼6 𝑅6 − 𝐼! 𝑅!

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3. Análise de Circuitos de Corrente contínua

3.1. Análise de circuitos de uma malha

Na determinação da tensão de um ramo feita anteriormente, considerou-se que a fonte de


tensão é ideal, isto é, a força electromotriz é constante, o que não condiz com a prática, pois a
resistência interna da fonte pode não ser zero. Os gráficos seguintes ilustram situações em que
a resistência interna da fonte é zero e outra diferente de zero.

U U

Ri = 0 Ri = 0
E E

Ri ≠ 0

I I
a) b)

As características ilustradas no caso b, para a situação e em que a resistência interna da fonte


é diferente de zero (R O = 0) podem ser aproximadas a uma recta, como a seguir se ilustra:

Ri 
E
U

𝑈 = 𝐸 − 𝐼. 𝑅E

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Considerando a existência da carga, o circuito fica:

Ri 

Rc  U=I.Rc
E

A equação deste circuito será

𝐸
𝐸 = 𝐼𝑅E + 𝐼𝑅G ⟹ 𝐼 =
𝑅E + 𝑅G
Considerando que a tensão nas juntas a e b é U, e é a queda de tensão na fonte ou na resistência
de carga, tem-se que:

𝑅G
𝑈=𝐸
𝑅E + 𝑅G
Desta expressão, vários casos podem ser analisados, nomeadamente:

a) Curto – Circuito
Neste caso a resistência de carga é igual a zero.

𝐸
Ri  𝐼GG =
𝑅G

Icc
𝑈=0
E
Onde 𝐼GG – é corrente de curo circuito.

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b) Funcionamento em vazio
Considera-se que o circuito funciona em vazio quando a resistência de carga for infinita.

𝑈 = 𝑈D = 𝐸
Ri 

Uv
𝐼=0
E

𝑈D – Tensão em vazio
b

c) Adaptação
O circuito considera-se adapatação se a resistência interna da fonte for igual à resistência
da carga.
a

Ri 
U Para 𝑅G = 𝑅E , tem-se que:
Rc  𝐸 𝑈D
𝑈= =
E 2 2
𝐸 𝐸 𝐼GG
𝐼= = =
2𝑅E 2𝑅G 2
b

3.1.1. Relação de Potências

As expressões do circuito da fonte real com carga podem produzir a seguinte relação de
potências:

𝑃G = 𝐼 ! 𝑅G
Substituindo a expressão da corrente tem -se:

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𝐸! 𝑈!
𝑃G = 𝑅 =
(𝑅E + 𝑅G )! G 𝑅G
A expressão acima é a de potência útil do circuito, pois é a que se desenvolve na resistência de
carga.

Na resistência interna da fonte:

𝑃E = 𝐼 ! 𝑅E

Substituindo a expressão da corrente tem -se:

𝐸!
𝑃E = 𝑅
(𝑅E + 𝑅G )! E

A expressão acima é a de potência de perdas, pois é a que se desenvolve na resistência de interna


da fonte.

3.1.2. Potência produzida pelo gerador

𝐸! 𝐸!
𝑃@ = (𝑅 + 𝑅G ) =
(𝑅E + 𝑅G )! E 𝑅E + 𝑅G

𝐸!
𝑃@ = 𝑃E + 𝑃G =
𝑅E + 𝑅G

3.1.3. Rendimento

𝑃G 𝑅G 1
𝜂= = =
𝑃@ 𝑅E + 𝑅G 1 + 𝑅E
𝑅 G

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3.1.4. Valor máximo da potência

𝐸! 𝐸
𝑃G=A" = =
4𝑅E 4

Com 𝑅G = 𝑅E :

P
$ R S
𝜂 = P QP = 0,5; R&
= 0,5; S$$
= 0,5
% $

3.2. Métodos de Análise de Circuitos

3.2.1. Resistência equivalente de um circuito em série

Seja um circuito em que as resistências estão ligadas em série.

R1 R2 Rn
... I

U Req
U1 U2 Un

A tensão total no circuito será:

𝑈6 + 𝑈! + ⋯ + 𝑈I = 𝑈
Substituindo pelas respectivas expressões:

𝐼𝑅6 + 𝐼𝑅! + ⋯ + 𝐼𝑅I = 𝐼𝑅NF


Resulta que:
𝑅NF = 𝑅6 + 𝑅! + ⋯ + 𝑅I

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𝑈
𝐼=
𝑅NF
Exemplo de um circuito em série:

E3
R4 R3

Eeq Req
R5

E1 E2
R1 R2

A expressão deste circuito será:


𝐸6 − 𝐸! + 𝐸J = 𝐼(𝑅6 + 𝑅! + 𝑅J + 𝑅K + 𝑅L )

A sama das resistências é a resistência equivalente do circuito, concluindo-se que:

= I

𝐸NF = Ž 𝐸& 𝑒 𝑅NF = Ž 𝑅E


& E

3.2.1.1. Divisor de Tensão

O conjunto de resistências ligadas em série chama-se divisor de tensão porque pode-se obter
uma tensão nos terminais de cada resistência que é fracção da tensão total aplicada.

R1 U1

E
U

R2 U2

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A força electromotriz no circuito é dada por:

𝐸 = 𝑈 = 𝑈6 + 𝑈!

A corrente em cada elemento é igual a corrente total e pode expressar-se como:

𝑈 𝑈6 𝑈! 𝑈6 + 𝑈!
𝐼= = = =
𝑅6 + 𝑅! 𝑅6 𝑅! 𝑅6 + 𝑅!

Desta equação pode-se deduzir que:

𝑈6 𝑅6 𝑈 𝑅6 + 𝑅! 𝑈 𝑅6 + 𝑅!
= 𝑜𝑢 = 𝑜𝑢 =
𝑈! 𝑅! 𝑈6 𝑅6 𝑈! 𝑅!

Das expressões acima pode se enunciar que:

“A razão das resistências é igual à razão das tensões das tensões sobre estas resistências” – este
enunciado é a regra de divisores de tensão.
Assim:

𝑅6 𝑅!
𝑈6 = 𝑈 𝑈! = 𝑈
𝑅6 + 𝑅! 𝑅6 + 𝑅!

Num circuito com mais de duas resistências, tem-se que:

𝑅6 𝑅6
𝑈6 = 𝑈 =𝑈
𝑅6 + 𝑅! +. . . +𝑅I ∑ 𝑅E

Ou
𝑅E
𝑈E = 𝑈
∑ 𝑅E

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Do mesmo modo
𝑅6 + 𝑅!
𝑈6 + 𝑈! = 𝑈
∑ 𝑅E

3.2.2. Resistência Equivalente de um circuito em paralelo

Seja um circuito em que as resistências estão ligadas em série:

I3
It I1 I2
It

U R1 R2 R3 U Req

De acordo com a primeira lei de Kirchhoff, a corrente total do circuito é:

𝐼@ = 𝐼6 + 𝐼! + 𝐼J
Expressando as correntes em cada resistência através da tensão na respectiva resistência, tem-
se que:

𝑈6 𝑈! 𝑈J
𝐼6 = ; 𝐼! = ; 𝐼J =
𝑅6 𝑅! 𝑅J

Assim o valor da corrente total será:

𝑈6 𝑈! 𝑈!
𝐼@ = + +
𝑅6 𝑅! 𝑅J
No circuito equivalente, a corrente total é:

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𝑈
𝐼@ =
𝑅NF
Então:

𝑈 𝑈6 𝑈! 𝑈!
= + +
𝑅NF 𝑅6 𝑅! 𝑅J

Observando o circuito original vê-se a tensão total é igual a tensão em cada uma das resistências:
𝑈 = 𝑈6 = 𝑈! = 𝑈J

Assim:
𝑈 1 1 1
= 𝑈“ + + ”
𝑅NF 𝑅6 𝑅! 𝑅J

1 1 1 1
= + +
𝑅NF 𝑅6 𝑅! 𝑅J
Em termos de condutância pode se escrever que:

𝐺NF = 𝐺6 + 𝐺! + 𝐺J
Generalizando as fórmulas de resistência equivalente e condutância

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝑅NF 𝑅6 𝑅! 𝑅I

𝐺NF = 𝐺6 + 𝐺! + ⋯ + 𝐺I

3.2.2.1. Divisor de corrente

Numa associação em paralelo, a corrente total é dividida pelas resistências que compõem a
associação, sendo que a corrente em cada ramo é uma fracção da corrente total. Por isso, a
ligação em paralelo é chamada também de divisor de corrente.

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Para análise, seja um circuito ilustrado na figura abaixo:

...
It I1 I2
In

Rn
R1 R2

...

Analisando o circuito:
𝑈 = 𝑈6 = 𝑈! = ⋯ = 𝑈I

De acordo com a lei de Ohm.


𝑈@ = 𝐼@ 𝑅NF ; 𝑈6 = 𝐼6 𝑅! ; 𝑈! = 𝐼! 𝑅! ; 𝑈I = 𝐼I 𝑅I

Assim:
𝐼@ 𝑅NF = 𝐼! 𝑅! 𝑜𝑢 𝐼6 𝑅6 = 𝐼! 𝑅! 𝑜𝑢 𝐼! 𝑅! = 𝐼I 𝑅I

Resulta que:
𝐼@ 𝑅NF 𝐼6 𝐺6
𝐼! = ; =
𝑅! 𝐼! 𝐺!

𝐼@ 𝑅NF
𝐼I =
𝑅I

Exemplo:

Duas resistências ligadas em paralelo, 𝑅6 𝑒 𝑅! , através de uma fonte, drenam uma corrente
total de 1.8A. A resistência 𝑅! dissipa duas vezes mais a potência que 𝑅6 . Quais são os valores
das resistências?

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It I1 I2

E
R1 R2

Dados:
𝐸 = 120𝑉; 𝐼@ = 1.8𝐴; 𝑃! = 2 𝑃6 ; 𝑅6 −? 𝑒 𝑅! −?

A potência em cada uma das resistências é dada por:


𝑈6 ! 𝑈! !
𝑃6 = 𝑒 𝑃! =
𝑅6 𝑅!
Do circuito, sabe-se que:
𝑈6 = 𝑈! = 𝑈

Então:
𝑈!
𝑃! = 2
𝑅6

Ou ainda:
𝑈! 𝑈! 1 2
=2 ⟹ = ⟹ 𝑅6 = 2𝑅!
𝑅! 𝑅6 𝑅! 𝑅6

Ainda do Circuito pode se dizer que:
𝑅6 𝑅! 2𝑅! 𝑅! 2𝑅! J 2 3 3 𝐸
𝑅NF = = = ⟹ 𝑅NF = 𝑅! ⟹ 𝑅! = 𝑅NF = 𝑥
𝑅6 + 𝑅! 2𝑅! + 𝑅! 3𝑅! 3 2 2 𝐼@
3 120
𝑅! = 𝑥 = 100Ω
2 1.8

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𝑅6 = 2𝑥100 = 200Ω

3.2.3. Transformação Estrela – Triângulo

Nem sempre as resistências estão ligadas de modo a se aplicar directamente o cálculo das
resistências equivalentes em série ou em paralelo. Para isso, há necessidade de se fazer
transformação estrela – triângulo ou vice-versa, de modo a se encontrar as ligações comuns (em
série ou em paralelo). Para o efeito usam-se as seguintes fórmulas:

R1
a b

Rb
Ra

R3 R2
Rc

Conversão do triângulo para estrela:

𝑅6 𝑅J 𝑅6 𝑅! 𝑅! 𝑅J
𝑅A = ; 𝑅B = ; 𝑅G =
𝑅6 + 𝑅! + 𝑅J 𝑅6 + 𝑅! + 𝑅J 𝑅6 + 𝑅! + 𝑅J

Conversão de estrela para triângulo:

𝑅A 𝑅B + 𝑅B 𝑅G + 𝑅G 𝑅A 𝑅A 𝑅B + 𝑅B 𝑅G + 𝑅G 𝑅A 𝑅A 𝑅B + 𝑅B 𝑅G + 𝑅G 𝑅A
𝑅6 = ; 𝑅! = ; 𝑅J =
𝑅G 𝑅A 𝑅B

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3.2.4. Aplicação das Leis de Kirchhoff na análise de circuitos

De uma forma geral, analisar um circuito que contem uma ou mais fontes e duas ou mais junções
consiste em determinar o número de equações simultâneas, correspondentes ao número de
variáveis que que se pretende calcular, onde essas variáveis são as correntes que fluem em cada
ramo.
O algoritmo de análise pelas leis de Kirchhoff é o seguinte:
1. Determinar o número de nós e ramos no circuito.
2. Marcar o sentido das fontes de tensão por meio de setas
3. Escolher arbitrariamente os sentidos das correntes nos ramos
4. Marcar as malhas independentes e escolher arbitrariamente o sentido de circulação da
corrente nessas malhas.
5. Escrever o sistema de equações composto por:
a) Número de equações obtidas através da primeira lei de Kirchhoff (Lei de Nós)
b) Número de equações obtidas através da segunda lei de Kirchhoff (Lei de Malhas)
6. Resolver o sistema de equações obtido no ponto 5.

Exemplo:
Seja um circuito abaixo representado na figura com os seguintes valores: 𝑅6 = 𝑅! = 𝑅J =
1Ω; 𝐸6 = 3𝑉 𝑒 𝐸! = 4.5𝑉, determinar as correntes que fluem em cada uma das resistências.

III
R1 R2

I2
I1
I3
I R3 II
E1 E2

Solução:
a) Determinação do número de nós:

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Olhando pata o circuito vê-se que ele é composto de dois nós, contudo estes nós são
concorrentes porque são atravessados pelas mesmas correntes, o que significa ao se
considerar as equações dos dois nós, as mesmas irão se anular. Conclui-se então que no
caso de nós concorrentes, basta considerar a equição de apenas um deles.
b) Número de malhas
Chama-se malha um percurso fechado composto por um ou vários ramos.
No circuito em análise, existem três malhas, nomeadamente: 𝐸6 − 𝑅6 − 𝑅J − 𝐸6 𝐸6 −
𝑅6 − 𝑅! − 𝐸! − 𝐸6 e 𝐸! − 𝑅! − 𝑅J − 𝐸J .
c) Sentido das fontes.
O sentido das fontes já está marcado nas próprias fontes.
d) Sentido das correntes
O sentido das correntes foi marcado pelas setas vermelhas na figura
e) Sentido de circulação nas malhas
O sentido de circulação nas malhas foi indicado pelas linhas azuis no circuito
f) Equações de nós e de malhas
Escreve-se o número de equações correspondente ao número de variáveis. Como são três
correntes por calcular, basta a equação de um nó e de duas malhas, por exemplo.

Nó:
𝐼6 + 𝐼! − 𝐼J = 0
Malhas:
I: 𝐸6 = 𝐼6 𝑅6 + 𝐼J 𝑅J
II: 𝐸! = 𝐼! 𝑅! + 𝐼J 𝑅J
g) Substituir os valores e resolver o sistema de equações composto.

𝐼6 + 𝐼! − 𝐼J = 0 −−−−−−−− −−−−−−−−
– 𝐼6 + 𝐼J = 3 ⟹ — I J = 3 − I6 ⟹— − − −−−−−−−−−−
𝐼! + 𝐼J = 4.5 𝐼! + 3 − I6 = 4.5 𝐼! = 1.5 + I6
I6 + 1.5 + I6 − (3 − I6 ) = 0
⟹ –− − − − − − − − − − − −
−−−−−−−−−−−

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3I6 − 1.5 = 0 I6 = 0.5 I6 = 0.5
⟹ –− − − − − − − − − − − − ⟹ –− − − − − − − − − − − − ⟹ – IJ = 3 − 0.5
−−−−−−−−−−− −−−−−−−−−−− 𝐼! = 1.5 + 0.5
I6 = 0.5A
⟹ –IJ = 2.5A
𝐼! = 2𝐴

3.2.5. Balanço de Potências

Num circuito em que existem apenas geradores de tensão, as trocas de energia entre esses
geradores e os elementos resistivos são regidos pela fórmula:

Ž IT ! R T = Ž E= . I=

Em outras palavras, a energia fornecida ao circuito deve ser igual à energia dissipada no mesmo
circuito.
Note-se que se a corrente e a fonte tiverem o mesmo sentido a energia entra na equação com
sinal positivo, caso contrário, a fonte vai absorver energia e entra na equação com sinal negativo.

Havendo também fontes de corrente, a equação do Balanço de potências será:

Ž IT ! R T = Ž E= . I= + Ž UAB . I*

Exemplo:
Para o circuito do exemplo anterior, fazer o balanção de potências.

Solução

As resistências e fontes dadas são:

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𝑅6 = 𝑅! = 𝑅J = 1Ω; 𝐸6 = 3𝑉 𝑒 𝐸! = 4.5𝑉
Os valores de correntes calculados são:
𝐼6 = 0,5𝐴; 𝐼! = 2𝐴; 𝐼J = 2,5𝐴

A potência consumida nas resistências é:

𝑃G = 𝐼6 ! 𝑥𝑅6 + 𝐼! ! 𝑥𝑅! + 𝐼J ! 𝑥𝑅J = 0,5! 𝑥1 + 2! 𝑥1 + 2,5! 𝑥1 = 10,5𝑊



A potência fornecida pelas fontes é:
𝑃U = 𝐸6 𝐼6 + 𝐸! 𝐼! = 3𝑥0,5 + 4,5𝑥2 = 10,5𝑊

Como se pode ver, 𝑃U = 𝑃G = 10,5𝑊

3.2.6. Teorema de Superposição

O teorema de superposição num circuito eléctrico preconiza que se um circuito tiver mais do que
uma fonte, a tensão ou corrente nos componentes é devida a influência de cada uma das fontes,
podendo se obter somando algebricamente a tensão e/ou corrente resultantes de cada uma das
fontes, quando as outras estiverem isoladas. N
Note-se que o teorema de superposição ocorre quando os componentes forem lineares, isto é,
quando respeitarem a lei de Ohm.

Exemplo:
Usando o teorema de superposição, determine os valores das correntes nas resistências do
R1 R2 circuito a baixo com os
I2 seguintes valores: 𝑅6 =
I1
I3 𝑅! = 𝑅J = 1Ω; 𝐸6 =
R3
E1 E2 3𝑉 𝑒 𝐸! = 4.5𝑉

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Dados:
𝑅6 = 𝑅! = 𝑅J = 1Ω; 𝐸6 = 3𝑉 𝑒 𝐸! = 4.5𝑉; 𝐼6 −? ; 𝐼! −? ; 𝐼J −?

a) Calcula-se as correntes nas resistências (com outra designação) produzidas pela fonte 1,
quando a fonte 2 estiver eliminada. Por exemplo:
R1 R2

IB
IA
IC
R3
E1

A resistência equivalente do circuito é:

𝑅! 𝑅J 1𝑥1
𝑅NF = 𝑅6 + =1+ = 1,5Ω
𝑅! + 𝑅J 1+1

A corrente total do circuito é a 𝐼V porque é a que sai da fonte e é:

𝐸6 3
𝐼V = = = 2𝐴
𝑅NF 1,5

A Tensão nos nós de circuito pode se calcular de várias formas, dentre elas, considerar que é a
queda de tensão nas resistências 2 e 3 que estão em paralelo. Assim:
𝑈!J = 𝐼V 𝑅!J = 2𝑥0,5 = 1𝑉
Com esta tensão é possível calcular as correntes nas resistências 2 e 3 da seguinte forma:

𝑈!J 1 𝑈!J 1
𝐼W = = = 1𝐴; 𝐼: = = = 1𝐴
𝑅! 1 𝑅J 1
Dar os sinais às correntes em função dos sentidos da fonte:

𝐼V = 2𝐴; 𝐼W = −1𝐴; 𝐼: = 1𝐴

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b) Calcula-se as correntes nas resistências (com outra designação) produzidas pela fonte 2,
quando a fonte 1 estiver eliminada. Por exemplo:

R1 R2

Iy
Ix
Iz
R3
E2

A resistência equivalente do circuito é:

𝑅6 𝑅J 1𝑥1
𝑅NF = 𝑅! + =1+ = 1,5Ω
𝑅6 + 𝑅J 1+1

A corrente total do circuito é a 𝐼V porque é a que sai da fonte e é:

𝐸! 4,5
𝐼% = = = 3𝐴
𝑅NF 1,5

A Tensão nos nós de circuito pode se calcular de várias formas, dentre elas, considerar que é a
queda de tensão nas resistências 2 e 3 que estão em paralelo. Assim:

𝑈!J = 𝐼% 𝑅6J = 3𝑥0,5 = 1,5𝑉


Com esta tensão é possível calcular as correntes nas resistências 2 e 3 da seguinte forma:

𝑈6J 1,5 𝑈6J 1,5


𝐼" = = = 1,5𝐴; 𝐼: = = = 1,5𝐴
𝑅6 1 𝑅J 1
Dar os sinais às correntes em função dos sentidos definidos no circuito:

𝐼% = 3𝐴; 𝐼" = −1,5𝐴; 𝐼/ = 1,5𝐴

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c) Somar algebricamente as correntes para obter as correntes pedidas.

𝐼6 = 𝐼V + 𝐼" = 2 − 1,5 = 0,5𝐴; 𝐼! = 𝐼W + 𝐼% = −1 + 3 = 2𝐴

𝐼J = 𝐼: + 𝐼/ = 1 + 1,5 = 2,5𝐴

3.2.7. Método de Malhas independentes

Os circuitos eléctricos podem ser analisados considerando suas malhas independentes umas das
outras. Duas malhas são independentes se tiverem pelo menos um ramo não comum entre elas.
No caso de malhas independentes a análise procede-se da seguinte forma:
1. Definir uma corrente para cada uma das malhas
2. Definir arbitrariamente o percurso das malhas
3. O sentido da corrente da malha deve coincidir com o percurso da malha
4. Determinar o sistema de equações das correntes das malhas e resolvê-lo. Note que se um
elemento é comum para as duas malhas, na equação as correntes dessas malhas devem
ser reflectidas no elemento.
5. Calcular as correntes dos ramos como sendo a soma algébrica das correntes das malhas
que passam por esse ramo.

Exemplo:
Usando o método de malhas independentes, determine os valores das correntes nas resistências
do circuito a baixo com os seguintes valores: 𝑅6 = 𝑅! = 𝑅J = 1Ω; 𝐸6 = 3𝑉 𝑒 𝐸! = 4.5𝑉

R1 R2

I2
I1
I3
IA
R3 IB
E1 E2

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Solução
Para este circuito especificamente, com duas malhas consegue-se abranger as três correntes que
se pretendem. Assim serão as utilizadas as malhas A e B cujas correntes e seus sentidos estão
indicadas no seu interior.
Para a malha A, a equação é:
𝐸6 = 𝐼V (𝑅6 + 𝑅! ) + 𝐼W 𝑅J

Para a malha B a equação é:


𝐸! = 𝐼W (𝑅6 + 𝑅! ) + 𝐼V 𝑅J

A seguir resolve-se o sistema de equações composto pelas equações das duas malhas:

𝐸6 = 𝐼V (𝑅6 + 𝑅! ) + 𝐼W 𝑅J 3 = 𝐼V (1 + 1) + 𝐼W 𝑥1 2𝐼 + 𝐼W = 3
𝐼=œ ⟹œ ⟹œ V
(𝑅 )
𝐸! = 𝐼W 6 + 𝑅! + 𝐼V 𝑅J (1
𝐸! = 𝐼W + 1) + 𝐼V 𝑥1 𝐼V + 2𝐼W = 4,5

𝐼W = 3 − 2𝐼V −−−−−−− 𝐼 = 3 − 2𝑥0,5 𝐼 = 2𝐴


⟹œ ⟹ • − 3𝐼 = − 1,5 ⟹ œ W ⟹œ W
𝐼V + 2(3 − 2𝐼V ) = 4,5 V 𝐼V = 0,5 𝐼V = 0,5𝐴
Para o cálculo de 𝐼6 , 𝐼! 𝑒 𝐼J basta observar a figura e ver como as correntes das malhas se
relacionam com as correntes pretendidas. Assim:
Para 𝐼6 :
𝐼6 = 𝐼V = 0,5𝐴
Para 𝐼! :
𝐼! = 𝐼W = 2𝐴

Para 𝐼J : A resistência 𝑅J é atravessada pelas duas correntes das malhas independentes no


mesmo sentido, o que significa que:

𝐼J = 𝐼V + 𝐼W = 0,5 + 2 = 2,5𝐴

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3.2.8. Teorema de Thevenin

O circuito equivalente de Thevenin é um método que se usa para transformar um circuito


complexo num circuito simples. Preconiza que qualquer circuito linear (rede linear) de fontes e
resistências pode se ser substituído por uma resistência equivalente, 𝑅XY , em série com uma
fonte equivalente, 𝑉XY , considerando dois pontos quaisquer desse mesmo circuito, como
ilustram as figuras seguintes:

a a
+ +

RTH
Rede linear UTH Rede linear Rede externa

- b - b

a) b)

RTH
a

+
UTH
Rede externa
-

c)

Através de um caso concreto, são a seguir descritos os passos de transformação de um circuito


linear pelo seu equivalente Thevenin.
Exemplo:
Achar o circuito equivalente Thevenin para o circuito abaixo ilustrado, visto dos pontos a e b,
com 𝐸 = 10𝑉; 𝑅6 = 4Ω 𝑒 𝑅! = 6Ω

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R1 a

+
E R2
-

1. Determinação da Resistência equivalente Thevenin: Faz-se o curto – circuito da fonte e


calcula-se a resistência equivalente, observando o circuito dos pontos a e b. O valor obtido
será a Resistência Thevenin.

R1 a

R2

Dos pontos a e b, vê-se que as resistências estão em paralelo. Assim a resistência equivalente
Thevenin será:

𝑅6 𝑅! 4𝑥6
𝑅XY = = = 2,4Ω
𝑅6 + 𝑅! 4 + 6

2. Tensão equivalente Thevenin: Do ponto de referência calcula-se a Tensão equivalente


Thevenine, apartir do circuito original.

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R1 a

+
E R2 UTH
-

b
a) Pelo método de divsor de tensão:
𝑅! 6
𝑈XY = 𝐸 = 10𝑥 = 6𝑉
𝑅6 + 𝑅! 4+6
b) Pelas leis de Kirchhoff e Ohm

𝐸 10
𝐸 = 𝐼(𝑅6 + 𝑅! ) ⟹ 𝐼 = = = 1𝐴
𝑅6 + 𝑅! 4 + 6

𝑈! = 𝑅! 𝐼 = 6𝑥1 = 6𝑉
𝑈! = 𝑈XY = 6𝑉

O Circuito Equivalente Thevenin fica:

RTH = 2,4 Ohms a

UTH = 6V

Exemplo 2:

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Desejando-se se colocar uma resistência carga sobre este circuito, pode se utilizar o
circuito original ou o equivalente Thevenin, os resultados serão os mesmos, ou seja, a
corrente na resistência de carga será a mesma. Seja a resistência de carga de 3, 6 Ohms.

R1 a RTH a

+ UTH
E R2 RL Ou RL
-

b b

a) Circuito equivalente Thevenin com


a) Circuito Original com resistência de carga
 resistência de carga

Pelo equivalente Thevenin, a corrente na resistência de carga é::

𝑈XY 6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅XY + 𝑅Z 2,4 + 3,6

Pelo circuito original a corrente na Resistência de carga é:

𝑅! 𝑅Z 6𝑥3,6 21,6
𝑅!Z = = = = 2,25Ω
𝑅! + 𝑅Z 6 + 3,6 9,6

𝑅!Z 2,25 22,5


𝑈!Z = 𝐸 = 10𝑥 = = 3,6𝑉
𝑅6 + 𝑅!Z 4 + 2,25 6,25
𝑈!Z 3,6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅Z 3,6

3.2.9. Teorema de Norton

O teorema de Norton aplica-se na simplificação de redes elétricas em fontes de corrente.

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O mesmo preconiza que qualquer circuito linear de resistências e fontes de tensão ou corrente,
visto a partir de dois pontos quaisquer, pode ser reduzido a uma fonte de corrente (𝐼; ) em
paralelo com uma resistência equivalente (𝑅; ) obtida olhando o circuito a partir dos pontos de
observação, com todas as fontes curto-circuitadas.

+ a

Circuito Linear IN RN Rede Externa

- b
b
a) Circuito Linear
b) Circuito equivalente Norton

Através de um caso concreto, são a seguir descritos os passos de transformação de um circuito


linear pelo seu equivalente Norton.
Exemplo:
Achar o circuito equivalente Norton para o circuito abaixo ilustrado, visto dos pontos a e b, com
𝐸 = 10𝑉; 𝑅6 = 4Ω 𝑒 𝑅! = 6Ω

R1 a

+
E R2
-

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1. Cálculo da Corrente de Norton (𝐼; ): Para o cálculo da corrente do Norton, curto circuita-
se o circuito linear nos pontos de observação e calcula se a corrente.

R1
a

IN
R2
E

Uma vez estando em curto circuito nos pontos a e b, na resistência 2 não passa corrente. Assim,
a corrente de Norton será:

𝐸 10
𝐼; = = = 2,5𝐴
𝑅6 4

2. Cálculo da Resistência equivalente de Norton: Para o cálculo da resistência equivalente,


se a fonte for de tensão, a mesmo deve ser curto-circuitada. No caso de ser fonte em
corrente, esta deve ser aberta, deixando o circuito a funcionar em vazio. Para este caso,
sendo fonte de tensão, será curto-circuitada.

R1 a

R2

Dos pontos a e b, vê-se que as resistências estão em paralelo. Assim a resistência equivalente
Norton será:

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𝑅6 𝑅! 4𝑥6
𝑅; = = = 2,4Ω
𝑅6 + 𝑅! 4 + 6

O Circuito Equivalente Norton fica:

RN
IN

𝐼; = 2,5𝐴; 𝑅; = 2,4Ω

Exemplo 2:
Desejando-se se colocar uma resistência carga sobre este circuito, pode se utilizar o
circuito original ou o equivalente Norton, os resultados serão os mesmos, ou seja, a
corrente na resistência de carga será a mesma. Seja a resistência de carga de 3, 6 Ohms.

R1 a a

RN RL
ou IN
R2 RL
E

b
b
b) Circuito equivalente Norton
a) Circuito original com resistência com resistência de carga
 de carga

Pelo equivalente Norton, a corrente na resistência de carga é:

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𝑅; 𝑅Z 2,4𝑥3,6 8,64
𝑅NF = = = = 1,44Ω
𝑅; + 𝑅Z 2,4 + 3,6 6

A tensão nos pontos a e b é:

𝑈AB = 𝐼; 𝑥𝑅NF = 1,44𝑥2,5 = 3,6𝑉

Finalmente, a corrente na resistência de carga é:

𝑈AB 3,6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅Z 3,6

Pelo circuito original a corrente na Resistência de carga é:

𝑅! 𝑅Z 6𝑥3,6 21,6
𝑅!Z = = = = 2,25Ω
𝑅! + 𝑅Z 6 + 3,6 9,6

𝑅!Z 2,25 22,5


𝑈!Z = 𝐸 = 10𝑥 = = 3,6𝑉
𝑅6 + 𝑅!Z 4 + 2,25 6,25

𝑈!Z 3,6
𝐼= = = 1𝐴
𝑅Z 3,6

Exemplo 3:
Para o circuito abaixo, determinar o seu equivalente Norton, visto dos pontos a e b, considerando
os seguintes valores: 𝐼 = 2𝐴; 𝐸 = 12𝑉; 𝑅6 = 4Ω; 𝑅! = 8Ω 𝑒 𝑅J = 5Ω .

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R2 a

R1

I R3

Solução.

Para o cálculo da corrente de Norton, faz-se o curto circuito nos pontos a e b.

R2 a

R1

IN
I1
I R3

Pelo método de Malhas independentes calcula-se a corrente de Norton:

𝐼6 = 𝐼 = 2𝐴

𝐸 = 𝐼; (𝑅6 + 𝑅! ) − 𝐼6 𝑅6 ⟹ 12 = 𝐼; (4 + 8) − 2𝑥4

20
𝐼; = = 1,67𝐴
12

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Para o cálculo da resistência equivalente de Norton, abre-se a fonte de corrente e curto circuita-
se a fonte de tensão.

R2 a R2 a

R1 R1

R3 R3

b b

A resistência equivalente Norton é:

𝑅6! = 𝑅6 + 𝑅! = 4 + 8 = 12Ω

𝑅6! 𝑥𝑅J 12𝑥5 60


𝑅; = = = = 3,53Ω
𝑅6! + 𝑅J 12 + 5 17

O circuito equivalente Norton é:

O Circuito Equivalente Norton fica:

RN
IN

𝐼; = 1,67𝐴; 𝑅; = 3,53Ω

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