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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

OPERAÇÕES UNITÁRIAS I

MATERIAL DE AULA

Prof. Tadeu

2020
SUMÁRIO

1. REVISÃO PARA OPERAÇÕES UNITÁRIAS I ...................................................................... 9


1.1 PRESSÃO ........................................................................................................................ 9
1.2 PROPRIEDADES FÍSICAS............................................................................................... 9

1.3 VELOCIDADE DE ESCOAMENTO OPERACIONAL ...................................................... 11


1.4 PERDA DE CARGA ........................................................................................................ 12
1.5 VAZÃO E FLUXO ........................................................................................................... 12
1.6 POTÊNCIA ..................................................................................................................... 12
1.7 CUSTOS ......................................................................................................................... 12
2. BOMBAS............................................................................................................................. 14
2.1 RENDIMENTO ................................................................................................................ 14
2.2 CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA ....................................... 14
2.3 CURVA DO SISTEMA PARA BOMBAS CENTRÍFUGAS ............................................... 16

2.4 ESCOLHA DA BOMBA ................................................................................................... 24


2.5 LEIS DE AFINIDADE DE BOMBAS ................................................................................ 25
2.6 GRÁFICOS E TABELAS ÚTEIS ..................................................................................... 27
EXERCÍCIOS SOBRE BOMBAS .................................................................................................. 38
3. AGITADORES ..................................................................................................................... 43
3.1 ANÁLISE DIMENSIONAL ............................................................................................... 43
3.2 ADIMENSIONAIS DA AGITAÇÃO .................................................................................. 43
3.3 AGITADORES DE TURBINA COM 6 PÁS PLANAS ....................................................... 44
3.4 AGITAÇÃO DE MISTURAS SÓLIDO-LÍQUIDO .............................................................. 47
EXERCÍCIOS SOBRE AGITAÇÃO ............................................................................................... 53
4. SISTEMAS PARTICULADOS ............................................................................................. 56
4.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS SÓLIDOS ................................................................... 56

2
4.2 NOMENCLATURAS ....................................................................................................... 57

4.3 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA ...................................................................................... 59

EXERCÍCIOS SOBRE SISTEMAS PARTICULADOS ................................................................... 61


5. FRAGMENTAÇÃO .............................................................................................................. 63
5.1 RELAÇÃO DE REDUÇÃO .............................................................................................. 63
5.2 LEIS DE FRAGMENTAÇÃO ........................................................................................... 63

6. ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS .............................................................................. 66


6.1 POROSIDADE ................................................................................................................ 66
6.2 DIÂMETRO HIDRÁULICO .............................................................................................. 66

6.3 PERDA DE CARGA ........................................................................................................ 66

EXERCÍCIOS SOBRE ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS ................................................... 68


7. FILTRAÇÃO ........................................................................................................................ 72
7.1 PROCESSO DE FILTRAÇÃO ......................................................................................... 72

7.2 TEORIA DA FILTRAÇÃO (BALANÇOS) ......................................................................... 73

3
7.3 SELEÇÃO DE UM FILTRO (GOMIDE VOL.3) ................................................................ 79

EXERCÍCIOS SOBRE FILTRAÇÃO.............................................................................................. 81


8. SEPARAÇÕES SÓLIDO – SÓLIDO .................................................................................... 85
9. SEPARAÇÕES SÓLIDO – GÁS.......................................................................................... 85
9.1 CICLONES ..................................................................................................................... 85

EXERCÍCIO DE CICLONE ........................................................................................................... 90


10. MOVIMENTO DE PARTÍCULAS EM FLUIDOS .................................................................. 94
10.1 SEDIMENTAÇÃO LIVRE ................................................................................................ 94

10.2 SEDIMENTAÇÃO RETARDADA .................................................................................... 99


11. OPERAÇÃO DE SEDIMENTAÇÃO .................................................................................. 100
12. CENTRIFUGAÇÃO ........................................................................................................... 101
12.1 BALANÇO DE FORÇAS ............................................................................................... 102
12.2 DIÂMETRO E VAZÃO DE CORTE ............................................................................... 103
12.3 FATOR SIGMA (Σ)........................................................................................................ 104
EXERCÍCIOS SOBRE SEDIMENTAÇÃO E CENTRIFUGAÇÃO ................................................ 105
13. FLUIDIZAÇÃO .................................................................................................................. 108
13.1 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 108
13.2 TIPOS DE FLUIDIZAÇÃO............................................................................................. 108

13.3 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ..................................................................................... 109


13.4 ALTURA DO LEITO ...................................................................................................... 110
13.5 PERDA DE CARGA ...................................................................................................... 110

13.6 VELOCIDADE MÍNIMA DE FLUIDIZAÇÃO (vcrítica de fluidização) ......................................... 111

4
13.7 POROSIDADE (εm) ....................................................................................................... 112

EXERCÍCIOS DE FLUIDIZAÇÃO ............................................................................................... 114


14. TRANSPORTE PNEUMÁTICO ......................................................................................... 117
14.1 RECEITA PARA DIMENSIONAMENTO DE TRANSPORTE PNEUMÁTICO ................ 117

EXERCÍCIO DE TRANSPORTE PNEUMÁTICO......................................................................... 120


15. TRANSPORTADORES MECÂNICOS ............................................................................... 123
15.1 TRANSPORTADOR DE CORREIA .............................................................................. 123

15.2 TRANSPORTADOR HELICOIDAL (“PARAFUSO”) ...................................................... 126

15.3 ELEVADOR DE CANECAS .......................................................................................... 129

EXERCÍCIOS DE TRANSPORTADORES MECÂNICOS DE SÓLIDOS ..................................... 130

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6
Tabela 1-1 Fatores de Conversão de Unidades.

Grandeza Conversão
1 m =10-3 km = 3,28 ft = 39,37 in = 6,21. 10-4 mi
Comprimento
1 km = 0,621mi

Massa (m) 1 kg = 103 g = 10-3 ton = 2,205 lb = 6,022 1023 u

1 atm = 105 Pa = 1 bar = 10,3 mca = 1 kgf/cm2 = 760 mmHg =


14,7 psi
Pressão (P)
1 Pa = 1 N/m2 = 10-5 atm

1 L = 103 cm3 = 10-3 m3


Volume (V)
1 m3 = 106 cm3 = 35,31ft3 = 1000 L

Densidade (ρ) 1 g/cm3 = 103 kg/m3 = 1 kg/L = 62,4 lb/ft3

Viscosidade (μ) 1 cP = 10-3 kg/m.s = 1mPa.s

1 ton/h = 16,66 kg/min = 0,2777 kg/s


Vazão (Q)
1 m3/h = 16,66 l/min = 0,2777 l/s

1 cal = 4,18 J = 1,16.10-6 kWh = 3,97.10-3 Btu = 4,19.107erg

Energia 1 J = 1 Nm = 1 kg m2 s-2 = 1 m3 Pa = 0,239 cal

1 kWh = 3,6 MJ

1 kW = 103 W = 1,34 HP
Potência
1 HP = 745,7 W = 550 ft.lb/s

R = 0,082 atm.L.mol-1K-1 = 8,314 J. mol-1K-1

O prazer pode apoiar-se na ilusão; a felicidade, porém, deve apoiar-se na a realidade.


(N. Chamford)

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I. REVISÃO

Melhor é a repreensão de um sábio do que o elogio de um insensato.


(Eclesiastes, 7,5)

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1. REVISÃO PARA OPERAÇÕES UNITÁRIAS I
1.1 PRESSÃO

Figura 1-1 Escoamento ocasionado por diferença de pressão.

Para que o fluido escoe deve-se ter P1 > P2.

 Tem-se Pabs e Prel onde:


Prel = Pabs – Patm (a pressão relativa é chamada de pressão manométrica)

 Usa-se sempre a Pabs para calcular propriedades das substâncias como calor específico,
densidade, etc.

1.2 PROPRIEDADES FÍSICAS

Densidade relativa

= [ ]
ã

Para líquidos e sólidos: a densidade padrão é a densidade da água = 1000 kg/m3.

 Exemplos de valores de densidades relativas para sólidos:


Ferro: 7,8 Areia: 2,6 Sal: 2,2 Gelo: 0,9

 Exemplos de valores de densidades relativas para líquidos (cujos valores variam com
a temperatura):

Água: 1 Hg: 13,6 Álcool: 0,8

Para gases a densidade varia muito com a temperatura e com a pressão: para pressão
baixa e temperatura mais ou menos alta, pode ser considerado gás ideal e calcula-se a
densidade da seguinte forma (“chuncho” para pressões baixas):

= ⇒ = =

Em que:
9
P = pressão;
V = volume;
m = massa;
M = massa molar;
R = constante universaç dos gases;
T = temperatura;
ρ = densidade.

 Exemplo: Comparação entre o peso (densidade) do ar úmido e do ar seco.


 “Massa molar” média do ar seco (79% N2 e 21% O2):

Mar = (0,79).(28) + (0,21).(32) = 28,8 kg/kmol

 Densidade do ar seco:
T= 293,15 K
Mar = 28,8 kg/kmol
P = 0,9 atm
R = 0,082 atm.L/mol.K = 8,314J/mol.K

0,9 × 28,8
= = = 1,1 kg/m
0,082 × 10 × 293,15 × 10

 “Massa molar” média do ar úmido:


Como se tem a presença de água, (M = 18 g/mol, massa molar menor que a dos outros
componentes), a massa molar média do ar úmido é menor que a massa molar do ar seco e,
consequentemente, ρar úmido < ρar seco.

Viscosidade

= =

Quanto mais viscoso for um líquido, maior sua tendência de arrastar a camada
adjacente e por isso maior a tensão de cisalhamento para causar a mesma deformação.

 Para líquidos:
Para líquidos a viscosidade é inversamente proporcional à temperatura. De acordo com a
figura 3.45 e a tabela 3.283 do Perry, têm-se:

10
 Para a água a 20°C: μ = 1 cP = 1.10-3 kg/m.s = 1mPa.s

 Para a água a 80ºC: μ = 0,35 cP

Percebe-se que a variação de 20ºC para 80ºC tem influência considerável na


viscosidade, enquanto que na densidade essa influência não é tão grande.

 Para gases:
Para gases a viscosidade é proporcional à temperatura. De acordo com a figura 3.44 do
Perry, tem-se:

 Para ar a 20oC e 1 atm: μ = 0,018 cP

 Para ar a 80oC e 1 atm: μ = 0,020 cP

Percebe-se que a variação de viscosidade não foi tão grande como para o líquido.

1.3 VELOCIDADE DE ESCOAMENTO OPERACIONAL

 Água em tubulação tem velocidade de 0,5 a 3 m/s.


 Para outros líquidos a velocidade vai depender da viscosidade. Como geralmente outros
líquidos possuem viscosidade maior que a água, eles tendem a escoar mais devagar (com
velocidade de 0,5 a 2 m/s).
 Vapor saturado (0 a 2 bar) escoa de 20 a 30 m/s. Essa velocidade é maior pelo fato de
vapores serem menos viscosos que líquidos e assim podem escoar com velocidade maior.
 Vapor saturado ou supersaturado (até 10 bar): v = 30 a 50m/s.
 Para pressão maior de 10 bar: v = 35 a 70 m/s.
 Gases em geral têm velocidade de 10 a 80 m/s.

Atenção:
 Para escoamento bifásico as considerações acima não valem, pois foram feitas para
escoamento em uma só fase.
 As considerações acima também não valem para fluido não newtoniano (fluidos que não
possuem viscosidade constante). Clara em neve, maionese, pasta de dente, tintas etc. são
exemplos de fluidos não newtonianos.

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1.4 PERDA DE CARGA

Principais fatores que causam perda de carga: viscosidade e velocidade.

 Para escoamento laminar a perda de carga é proporcional ao quadrado da velocidade.


 Para escoamento turbulento a perda de carga obedece a equações empíricas.

A perda de carga é maior em líquidos do que em gases.

1.5 VAZÃO E FLUXO

Vazão Fluxo

Mássico W = ρ.v.A (kg/s) G= = ρ.v (kg/m2.s)

Volumétrico Q = v.A (m3/s) v (m/s)

1.6 POTÊNCIA

Potência é a quantidade de energia fornecida (ou consumida) por unidade de tempo.

Energia
Pot =
Tempo

1HP = 745,7 W = 745,7 J/s

1.7 CUSTOS

 CAPEX (CAPital EXpenditure): é o investimento inicial para a compra e instalação de


um equipamento.

 OPEX (OPerational EXpenditure): é o custo operacional (ao longo do tempo); deve


incluir: energia, manutenção, mão de obra específica.

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II. BOMBAS

Os verdadeiros analfabetos são os que aprendem a ler e não lêem.


(Mário Quintana)

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2. BOMBAS
2.1 RENDIMENTO
O rendimento de uma bomba (eficiência) é definido como a relação entre a energia
absorvida pelo fluido ao passar pela máquina e o total de energia recebida pelo eixo (Ws).
Observar que Ws é energia/unidade de massa do fluido. Para se calcular a potência da
bomba multiplica-se esta quantidade pelo fluxo de massa que atravessa a máquina. A
potência é denominada comumente BHP (Brake horsepower).

/ú .
= → = =
à

Sendo:
= rendimento;
H = carga da bomba;
g = aceleração da gravidade.

A energia fornecida pelo eixo ao rotor não é totalmente absorvida pelo fluido devido a:

 perdas por atrito nos rolamentos e gaxetas;


 perdas no atrito do fluido com o rotor;
 perdas por fuga de fluido da voluta para a sucção;
 perdas por atrito viscoso, principalmente na turbulência provocada pela descarga do
rotor na voluta.

2.2 CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA


Denomina-se curva característica de uma bomba aquela que relaciona a vazão com a
energia fornecida ao fluido. Esta quantidade de energia é a carga da bomba H (Head). A
Figura 2-1 ilustra as relações entre a energia no eixo (Ws) e as quantidades que
efetivamente chegam ao fluido (H), em função da vazão.

Figura 2-1 Relação entre a energia cedida pelo motor ou eixo (Ws) e a energia que efetivamente
chega ao fluido (traço forte).

14
A curva carga da bomba (H) x vazão (Q) é levantada experimentalmente pelo
fabricante e representa o desempenho da máquina. Em uma mesma carcaça o fabricante
pode instalar rotores de diferentes diâmetros (Φ). Habitualmente o catálogo da bomba
mostra, em uma mesma figura as curvas características dos vários rotores possíveis para
uma dada carcaça. Superpostas às curvas características, aparecem ainda as linhas que
descrevem a eficiência da máquina. É importante observar que uma bomba, para uma dada
vazão, fornece ao fluido somente a quantidade de energia indicada pela curva, sendo
impossível a operação em pontos fora da curva.

Figura 2-2 Curvas características de uma bomba, para vários rotores (Φ), mostrando as linhas
de eficiência.

A unidade usual para a carga da bomba (H) é metros de coluna de água (mca).
Representa em termos de energia potencial a quantidade de energia cedida pela bomba a
cada unidade de massa de fluido que passa por ela. Reportando-se ao balanço de energia,
observa-se que cada forma de energia que o compõe pode ser expressa da mesma
maneira, permitindo uma visualização em termos de altura de coluna de fluido (energia
potencial - não confundir com pressão!).

A conversão da unidade de energia J/kg (SI) em mca é feita da seguinte maneira:

Tomando-se uma unidade de peso de fluido em substituição à unidade de massa, no


sistema técnico: 1 kg  1 kgf

Conclui-se que se usarmos o balanço em unidades técnicas (kg, s, kgf), os termos


todos resultarão diretamente em mcf (metros de coluna de fluido).

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2.3 CURVA DO SISTEMA PARA BOMBAS CENTRÍFUGAS

Considerando-se a linha abaixo esquematizada (Figura 2-3). Aplicando-se o balanço


de energia no volume de controle do ponto 1 ao ponto 2, obtém-se:

Figura 2-3 Sistema utilizado na definição da curva do sistema.

Balanço de energia

∆ ∆
+ + .∆ + . + =0
2

Como a quantidade de energia recebida pelo fluido η.Ws é a mesma quantidade


cedida pela bomba, pode-se escrever que:

∆ ∆ ²
= . ou: =− + + .∆ +

Se nenhuma condição física da linha for alterada e por ela passarem vazões Q1,
Q2,...,Qn, na equação acima serão constantes os termos que representam a energia
potencial e a carga de pressão.
Variarão com a vazão a carga cinética e a perda de carga, ambas funções quadráticas
da velocidade. Um gráfico representando a curva H x Q mostrará, portanto, uma curva
característica das funções quadráticas, onde o intercepto com o eixo H representará a soma
da carga potencial com a carga de pressão (
Figura 2-4). Esta curva é denominada curva do sistema e representa a quantidade de
energia que o sistema deverá receber para manter uma determinada vazão.

Figura 2-4 Curva do sistema. A soma ( + ) é denominada “carga estática”.

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Se no mesmo gráfico forem traçadas a curva característica da bomba centrífuga e a
curva característica do sistema onde ela está instalada, o ponto de interseção entre elas
determinará a vazão que se estabelecerá na linha. Este ponto é denominado ponto de
operação do sistema (Figura 2-5).

Figura 2-5 Ponto de operação do sistema.

Se a válvula na descarga da bomba for progressivamente fechada, a perda de carga


nela localizada aumentará em decorrência deste fechamento, alterando a inclinação da
curva do sistema como mostra a Figura 2-6, possibilitando a variação da vazão no sistema.

Figura 2-6 Efeito do progressivo fechamento de uma válvula na vazão de uma linha.

Do mesmo modo, se o nível do tanque baixar, a diferença de cota entre 1 e 2


aumentará, modificando a posição do intercepto, reduzindo a vazão estabelecida, conforme
mostra a Figura 2-7. Um aumento na pressão no ponto 2 ocasionará o mesmo efeito.

Figura 2-7 Efeito da alteração da carga estática (variação na diferença de nível ou de pressão)
na vazão, em uma linha.

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Intervalo de operação de uma bomba centrífuga

Uma dada bomba centrífuga tem um ponto de máxima eficiência. No entanto, a faixa
de trabalho estende-se ao longo de toda a curva característica, ficando limitada unicamente
por:
 Um limite mínimo de eficiência;
 Diâmetro de rotores disponíveis;
 Número de rotações possíveis.

O fabricante reúne essas informações em uma única carta para todas as bombas que
fabrica. A forma apresentada é denominada de “envelope”, ilustrado na Figura 2-8. A Figura
2-9 mostra a carta de envelopes típica.

Figura 2-8 Envelope de operação de uma bomba.

A especificação de uma bomba centrífuga inicia-se pelo cálculo da carga (H) para a
vazão desejada (ponto de operação do sistema). Com o ponto de operação consulta-se a
carta de envelopes do fabricante, que geralmente é uma das páginas iniciais do catálogo.
Superpondo-se o ponto de operação na carta de envelopes, determinam-se quais as
bombas que provavelmente atenderão as necessidades de serviço. Após essa seleção
prévia, consultam-se as cartas completas de cada bomba para a seleção final daquela que
melhor se ajusta ao sistema.

No cálculo do ponto de operação consideram-se todos os acidentes de linha,


inclusive válvulas de controle automático. É comum o engenheiro encarregado da
especificação da bomba não saber ainda como será a válvula de controle a ser instalada.
Nesse caso, considera-se uma perda de carga somente para a válvula entre 20% e 30% das
perdas totais do sistema para tornar possível a ação de controle, ou então uma perda de
carga capaz de absorver e acomodar as variações que o sistema deverá impor.

18
Figura 2-9 Carta de envelopes para a coleção de bombas de um fabricante.

19
Potência

 Consumida: obtida nos cálculos.


 Instalada: a máxima que se pode fornecer.

. . .
= . ̇ → =

H = head (m);
g = aceleração da gravidade (m/s²);
Q = vazão volumétrica (m³/s);
ρ = densidade (kg/m³);
= eficiência;
Pot = potência consumida (W).

 Expressão Prática (chuncho):

. .
= 270.

ρ = densidade relativa;
Q = vazão volumétrica (m³/h);
H = head (m);
Pot = potência consumida (HP).

Após a escolha da bomba, já de posse da eficiência de operação, determina-se a


potência do motor a ser acoplado. Na escolha final do motor deve-se considerar que
somente são fabricados motores com potência de ½, ¾, 1, 1,5, 2, 3, 5, 7,5, 10, 12 CV etc.

É comum especificar-se um motor com folga de potência em relação ao exigido pelo


serviço (consumida). A norma API C10 recomenda as seguintes folgas:

 Até 2 CV: Acréscimo de 50%


 3 a 5 CV: 30%
 6 a 10 CV: 25%
 Acima de 10 CV: 10%

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NPSH (Net Pressure Suction Head)

Se a pressão em um ponto qualquer de um conduto, onde escoa um líquido, baixar a


valores que se igualem com a pressão de vapor do fluido, na temperatura de escoamento, o
líquido satura e entra em ebulição gerando uma infinidade de bolhas de vapor. Se a
saturação acontecer antes da bomba, as bolhas de vapor ao passarem pelo rotor
encontrarão pressões progressivamente mais altas e condensarão. O colapso das bolhas
provocará poderosas ondas de choque que danificarão o rotor. O fenômeno é denominado
cavitação. Além disso, a capacidade de bombeamento da bomba fica seriamente
comprometida pela presença dos vapores que ocupam o volume do líquido.

Não é o suficiente a garantia de que a pressão antes da bomba seja maior do que a
pressão de vapor do fluido. Exatamente no bocal de sucção (entrada do rotor) a pressão
sofre uma queda brusca característica de cada bomba. Essa queda é denominada pelo
fabricante de NPSH requerido (NPSHr) e é dado em termos de carga de pressão (mcf).

De acordo com a Figura 2-10, pode-se calcular a carga de pressão do fluido


imediatamente antes da entrada da bomba (pelo balanço de energia entre os pontos 1 e 2).
Este valor é denominado NPSH disponível (NPSHd), calculado da seguinte forma:

= energia disponível no ponto 2 = + +


2

+ + − çã = + +
2 2

=0

Logo,

= + − çã
ATENÇÃO: P1 deve ser absoluta!

Figura 2-10 Cálculo do NPSHd.

21
Garante-se que não haverá cavitação se:

NPSHd - NPSHr > Pv

É comum dar-se uma folga de pelo menos 0,5 mcf na diferença acima para eventuais
flutuações de temperatura.

ATENÇÃO: É comum em empresas de projetos, no cálculo do NPSH disponível, ser


descontada a pressão de vapor.
NPSH’d = NPSHd - Pv

Curva característica para fluidos diferentes da água

As curvas das bombas são determinadas com água. No entanto, em termos práticos,
uma infinidade de fluidos circula por elas. Podem-se extrapolar os valores dessas curvas
para outros fluidos?

Depende das propriedades do fluido em questão. A carta apresentada na Figura 2-11


determina quais as correções para a curva e eficiência em função da viscosidade cinemática
(ν), que considera simultaneamente a viscosidade dinâmica (μ) e a massa específica (ρ),
sendo:

= [ / ]

Verifica–se ali que para viscosidades abaixo de 20 cP as curvas determinadas para a


água não sofrem qualquer alteração. Assim, para um fluido de baixa viscosidade, alterando-
se apenas a massa específica, as curvas determinadas para a água têm plena validade.

Quando se faz necessária correção desenha-se uma nova curva para o novo fluido a
partir dos dados com água levantando-se os valores de correção da Figura 2-11.

H = Ha.CH

Q = Qa.CQ

   a .C

Onde o índice a refere-se à água e os coeficientes C são os valores de correção


obtidos da Figura 2-11. Procede-se do mesmo modo para a conversão de um ponto de
operação calculado para um fluido qualquer.

22
Figura 2-11 Fatores de correção para fluidos viscosos.

1cS = 10-6 m²/s


23
Associação de bombas

Há situações práticas em que é impossível encontrar uma bomba centrífuga que se


adapte de modo conveniente ao serviço. Por exemplo: alimentação de uma baixa vazão de
fluido a um reator que opera a alta pressão. Seria necessário encontrar uma bomba com
alto H e baixo Q, com eficiência aceitável, o que é raro. Nesses casos recomenda-se a
associação de duas bombas em série. A mesma vazão (baixa) passa por duas bombas
recebendo o dobro em carga energética.
Se, porém, o que deseja é alta vazão com baixa carga ou por garantia associam-se
duas bombas em paralelo, dividindo a vazão e mantendo a carga energética igual à de
apenas uma bomba.

2.4 ESCOLHA DA BOMBA

Figura 2-12 Escolha do tipo da bomba em função da carga e da vazão (PERRY).

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2.5 LEIS DE AFINIDADE DE BOMBAS

Leis de Afinidade de bombas ou leis de semelhança de bombas são regras que


governam o desempenho de uma bomba centrífuga quando a velocidade ou o diâmetro do
rotor são trocados. A base para a derivação das leis de afinidade é que a velocidade
específica de uma bomba, uma vez calculada, não muda.
Se o desempenho de uma bomba a uma velocidade e a um diâmetro de rotor é
conhecido, é então possível predizer a performance da mesma bomba se sua velocidade ou
seu diâmetro de rotor forem trocados.

Existem dois conjuntos de leis de afinidade. Mantendo-se o diâmetro D, constante, o


primeiro conjunto de leis é dado por:

= = =

Mantendo-se a velocidade de rotação, N, constante, o segundo conjunto de leis é:

= = =

Em que:
Q = vazão volumétrica
H = carga total
BHP = potência do eixo (brake horsepower)
N = velocidade de rotação da bomba
D = diâmetro externo do rotor

Para utilizar as leis de afinidade trabalha-se com adimensioais e existem duas grandes
vantagens na adimensionalização:

 Aumenta a visão das relações entre os parâmetros-chave;


 Reduz o número de parâmetros do problema

Outra vantagem é que a extrapolação para valores não testados de um ou mais dos
parâmetros dimensionais é possível.

Os fabricantes ou usuários da bomba utilizam o segundo conjunto de leis para calcular


a propulsão exata em uma bomba para ter uma determinada taxa, se a performance a um
diâmetro especifico do rotor mudar, a taxa é conhecida, ou, se o desempenho em apenas

25
um diâmetro de rotor for conhecido, o desempenho em outros diâmetros pode ser
determinado.

Apesar de não serem exatas, as leis de afinidade de bombas fornecem ao Engenheiro


Químico uma boa aproximação para a previsão do efeito de alterações na rotação ou no
diâmetro da bomba.

 APLICAÇÃO DE LEIS DE AFINIDADE DE BOMBAS

Uma bomba centrífuga com rotor de pás radiais de 0,4m de diâmetro opera a 1750 rpm
bombeando 600 m3/h a 60 mca no ponto de melhor rendimento. A que valor se deve
diminuir o diâmetro do rotor para reduzir a capacidade a 420 m3/h? No ponto de maior
rendimento, qual será a nova altura da bomba e como variará a potência consumida?

26
2.6 GRÁFICOS E TABELAS ÚTEIS

Figura 2-13 Viscosidade de gases sob pressão de 1 atm (PERRY).*


*Ver Figura 2-14 para a indicação das coordenadas.

27
Figura 2-14 Coordenadas para viscosidade de gases (PERRY).

28
Figura 2-15 Viscosidade de líquidos a 1 atm (PERRY).*
*Ver Figura 2-16 para a indicação das coordenadas.

29
Figura 2-16 Coordenadas para viscosidade de líquidos (PERRY).

30
Figura 2-17 Diâmetro Econômico de tubulações (PERRY).

31
Figura 2-18 Dimensão de Tubos de Aço Comercial (ASA B36. 10 – 1950).

32
Figura 2-19 Rugosidade relativa de tubos novos (KAMINSKI).

33
Figura 2-20 Comprimentos Equivalentes para Perdas por Atrito (KAMINSKI).

34
Tabela 2-1 Comprimentos Equivalentes (SINNOTT).

35
Figura 2-21 Fator de fricção para tubos novos (KAMINSKI).
36
Figura 2-22 Carta de uma bomba.

37
EXERCÍCIOS SOBRE BOMBAS
1) Na linha descrita abaixo deverão escoar 18 m3/h de um fluido de massa específica 780
kg/m3. Considerando que os tubos são de 50 mm (tubo leve – baixa pressão), com área de
escoamento de 0,002298 m2, e que as perdas de carga na linha são de 8 m, determinar:
a) A carga da bomba para o serviço. (R.: H = 37 m).
b) Considerando a eficiência da bomba 60% (este dado é regulamente obtido do catálogo da
bomba escolhida), determine a potência do motor da bomba. (R.: Pot = 3,2 HP).

2) Na linha abaixo esquematizada (tubos de 40 mm, classe médio), 15 m3/h de água (massa
específica: 1000 kg/m3) deverão ser bombeados da cisterna para um reservatório elevado.
Sabendo que as perdas de carga na linha serão de 6 m, determine a carga da bomba
necessária para o serviço e a potência do motor da bomba, considerando que a eficiência
da bomba escolhida (lida no catálogo do fabricante) é de 55%. Ambos os tanques são
atmosféricos. (R.: H = 17 m; Pot = 1,7 HP).

3) Uma bomba deverá operar uma vazão de 10 m3/h de água a 25ºC a partir de uma
cisterna, como mostrado a figura abaixo. Sabendo que a perda de carga na linha de sucção
(início da linha até o bocal da bomba) é de 0,8 m e que o NPSH requerido pela bomba
escolhida para o serviço é de 1,2 m para a vazão especificada, determine a máxima
diferença de cota entre o nível da água na cisterna e a bomba, que ainda permite a
operação segura da bomba, sem cavitação. Dados:
38
Massa específica da água: 1000 kg/m³.
Pressão de vapor da água a 25ºC: 25,7 mmHg ou 3427 Pa.
Tubos da linha de sucção: 40 mm.
Área de escoamento: 0,001385 m2.
Pressão atmosférica local: 685 mmHg ou 91330 Pa.

4) Uma bomba deverá alimentar 8 m³/h de um fluido de densidade 0,87 a cada um dos dois
reatores A e B mostrados no desenho abaixo. Determine a carga da bomba (em metros de
coluna de fluido e em metros de coluna de água) e a potência do motor, considerando que a
eficiência da bomba será de 62%. São dados:

Perdas de carga:
Do ponto 1 ao 2: 2 m
Do ponto 2 ao reator A: 4 m
Do ponto 2 ao reator B: 8 m

Tubos para serviço de pressão média:


De 1 a 2: 50 mm. Área de escoamento de 0,002215 m².
De 2 até A e B: 40 mm. Área de escoamento de 0,001385 m².

(R.: H = 23,4 mcf; H = 20,6 mca; Pot = 1,9 HP)

39
5) Na linha abaixo deverão escoar 10 m³/h de um fluido de massa específica 900 kg/m³
(tubos: 1 ½ “, n°40). Sabendo que as perdas de carga na linha serão 12 m, determine:

a) A carga da bomba para o serviço; (R.: H = 32 m).


b) A potência do motor, considerando uma eficiência para a bomba de 60%; (R.: Pot = 1,7
HP).

6) Na linha abaixo deverão escoar 20 m³/h de um fluido de massa específica 850 kg/m³
(tubos de 2”, n°40). Considerando que as perdas de carga na linha serão de 6,26 m,
determine a potência do motor da bomba para uma eficiência de 54%. (R.: Pot = 0 HP)

7) No sistema da figura abaixo, calcule a potência da bomba, considerando uma eficiência


de 54%, para uma vazão de 20 m³/h de água em D e zero m C, embora o reservatório C
deva permanecer cheio. Perdas de carga: de A até B: 4 m; de B até D: 4 m; de B até C: 4 m.
(R.: Pot = 2,7 HP).

40
8) Um tubo em U atua como um sifão d’água. A curva no tubo está a 0,5 m acima da
superfície da água presente em um tanque aberto para a atmosfera. A saída do tubo está a
2,4 m abaixo. Considerando o nível da água do tanque constante, calcule a vazão do líquido
na saída. Dado: área do tubo A = 0,0005 m². (R.: Q = 5,04 m³/h)

9) Uma planta industrial situada na praia precisa bombear 30 m3/h de óleo (ρ = 865 kg/m3,
pressão de vapor = 200 mmHg na temperatura de operação e viscosidade de 20 cP) por
uma tubulação de aço carbono com 120 mm de diâmetro interno na sucção e 100 mm no
recalque. A pressão manométrica no tanque de alimentação é de 200 kPa e no tanque de
destino é de 400 kPa. O nível de líquido permanece constante: no primeiro tanque na altura
de 2 m e no segundo tanque na altura de 10 m (alturas em relação ao nível da bomba). A
perda de carga na linha de sucção é de 0,5 m e na linha de recalque é de 1,5 m. Sabe-se
que a eficiência da bomba centrífuga, se o fluido fosse água, seria de 60 % e que o seu
NPSH requerido é de 4 m (todos os valores em “m” são “metros de coluna de fluido”).

a) Calcule a carga da bomba (em “m”). (R.: H = 10 m)


b) Calcule a potência consumida pela bomba (em HP). (R.: Pot = 2 HP)
c) Verifique se a bomba vai cavitar (se for, você deve sugerir soluções).

11) Um fabricante de bombas fornece a seguinte curva de uma bomba centrífuga:

Q (L/s) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

H (m) 70 69,4 67,5 64,4 60,0 54,4 47,5 39,4 30,0 19,4 7,5

Construir 3 gráficos:

a) Curva dessa bomba;


b) Curva de duas bombas iguais a essa em paralelo;
c) Curva de duas bombas iguais a essa em série.

Acrescentar uma curva do sistema (qualquer) nos 3 gráficos e comparar o que acontece
com o ponto de operação nos 3 casos.

41
III. Agitação

Faça o bem, sem ver a quem.

42
3. AGITADORES
Utilizados para diversos fins, dentre eles, manter sólidos em suspensão, realizar troca
de calor, aeração etc.

3.1 ANÁLISE DIMENSIONAL

O Teorema π de Buckingham, através da análise dimensional, busca encontrar


equações adimensionais baseadas em similaridades geométricas, mecânicas, térmicas,
químicas etc, do problema a fim de simplificá-lo e até mesmo resolvê-lo. O teorema está
apresentado no material de estudos extra. Existem alguns números adimensionais usados
no estudo da agitação citados a seguir.

3.2 ADIMENSIONAIS DA AGITAÇÃO

 Número de Reynolds (Re): relacionado à turbulência da agitação, ou seja, define o


regime do escoamento.

²
=

 Número de Froude (Fr): relacionado às forças gravitacionais, é usado para considerar


os efeitos da superfície livre, por exemplo, à formação de vórtex central.

²
=

 Número de potência (NP): relacionado à potência transferida do impelidor (bomba)


para o fluido.

 Número de bombeamento (NBO): correlaciona a capacidade de bombeamento de


diferentes impelidores com diferentes geometrias de tanques.

=
³

43
3.3 AGITADORES DE TURBINA COM 6 PÁS PLANAS

Figura 3-1 Dimensões de um agitador de turbina com 6 pás planas.

44
Figura 3-2 Relação Número de Potência x Reynolds.

45
Figura 3-3 Comparação de potência das pás.

46
3.4 AGITAÇÃO DE MISTURAS SÓLIDO-LÍQUIDO

Comparando-se a agitação de sistemas contendo sólidos dispersos em um líquido


(formando ou não um lodo) com a agitação de sistemas líquidos, há aqui um fenômeno
adicional: as partículas sólidas podem decantar, criando um depósito no fundo do tanque,
nas situações em que a intensidade de agitação não for a suficiente para mantê-las em
suspensão. Mesmo assim, a metodologia de especificação (lógica do projeto) é a mesma
utilizada para sistemas líquidos: escolhe-se uma intensidade de agitação que leve aos
resultados desejados para o processo e dimensiona-se o agitador e motor empregando-se
para isso correlações adequadas.

a) INTENSIDADE DE AGITAÇÃO (I A)

Para sistemas sólido-líquido, a escala de agitação de 1 a 10 pode ser correlacionada


com os efeitos como:
 1 a 2: caracteriza operações que requerem um nível mínimo de suspensão de sólidos,
para atingir os resultados desejados. Movimenta as partículas sólidas sem suspendê-las
completamente no líquido. Ocorrem filetes de partículas suspensas a partir do fundo do
tanque.
 3 a 5: Caracteriza a maioria dos processos industriais. É a escala típica para a
dissolução de sólidos em líquidos. Suspende todas as partículas sólidas e promove
suspensão homogênea na região localizada entre o fundo do tanque e 1/3 da altura
total.
 6 a 8: Caracteriza aplicações onde é necessária alta uniformidade na suspensão. O
tanque todo apresentará regime turbulento, com suspensão homogênea em 95% do
volume.
 9 a 10: caracteriza operações que exigem a mais alta homogeneidade possível para a
suspensão (98%).

b) CORRELAÇÃO ENTRE A INTENSIDADE DE AGITAÇÃO E AS VARIÁVEIS DE


PROCESSO

Na agitação de sistemas líquidos (sem sólidos) a intensidade de agitação correlaciona-


se com as variáveis de processo em uma função empírica do tipo:

IA = f (N, D2, V1/3)

47
É evidente que em um sistema em que participam também partículas sólidas, além de
fase líquida, a função que correlaciona a intensidade da agitação com as variáveis de
processo deverá considerar também as propriedades do sólido.

 E quais as propriedades do sólido que interferirão no processo?

Em um sistema sólido-líquido, um dos objetivos da agitação é suspender o sólido,


misturando as fases. Logo, as propriedades do sólido que interferem são aquelas que
decidem a dinâmica com que a partícula sedimenta no líquido: sua massa específica e a
velocidade terminal (vt). A
Figura 3-4 mostra a velocidade terminal para sólidos em um fluido de viscosidade 1 cP em
um sistema que obedeça ao regime de escoamento de Stokes.

Figura 3-4 Velocidade terminal para partículas sólidas em fluido de viscosidade 1 cP em


função da densidade do sólido (ρs), do fluido (ρf) e do diâmetro das partículas, para a região
de Stokes (CHEM ENG).

48
A confiança do gráfico da Figura 3-4 pode ser verificada com a Tabela 3-1 e a Tabela
3-2, que comparam seus resultados com valores obtidos a partir do modelo de Stokes e
sugerem que o gráfico é confiável apenas para partículas pequenas (abaixo do mesh 100).

Tabela 3-1 Comparação da velocidade terminal (ft/min) obtida a partir do gráfico da Figura 3-4
quando ρp – ρf = 1 para diversos tamanhos de partícula.
Mesh vt (gráfico) vt (Stokes)
200 0,6 0,59
100 2 2,32
48 6 4,64
20 30 74,4

Tabela 3-2 Comparação da velocidade terminal (ft/min) obtida a partir do gráfico da Figura 3-4
quando ρp – ρf = 0,5 para diversos tamanhos de partícula.

Mesh vt (gráfico) vt (Stokes)


200 0,3 0,29
100 1 1,16
48 3 2,32
20 10 37,2

Figura 3-5 Correlação entre a intensidade de agitação IA com as variáveis de processo.

Para correlacionar a intensidade de agitação com a sedimentação das partículas


sólidas não se usa diretamente a velocidade terminal, porque na movimentação interna
causada pelo agitador, as partículas são movimentadas inclusive na direção do fundo do
tanque. Para corrigir esses defeitos, emprega-se um fator de correção (f w) empírico:

vd = vt.fw (1)

49
A relação empírica assume então a configuração:

IA = f ( N3,75, D2,81, vd, )

A Figura 3-5 mostra a correlação obtida. Na Tabela 3-3, relacionam-se os valores


obtidos experimentalmente para fw.
O cálculo da potência do motor empregado no agitador pode ser realizado pela
correlação:

,
= (2)
( )

É usual uma distância do fundo do tanque até o agitador de / (Z é a altura do


líquido).

ATENÇÃO: n = número de agitadores (rotores) no mesmo eixo. ρ = densidade da


suspensão. Unidades para as equações acima: D em in, N em rpm, ρ é adimensional,
potência em Hp e vd em ft/min.

Tabela 3-3 Fator de correção fw, para velocidade de sedimentação de partículas sólidas em
fluido sujeito à agitação.
% sólidos (massa) fw
2 0,8
5 0.84
10 0.91
15 1,0
20 1,1
25 1,2
30 1,3
35 1,42
40 1,55
45 1,7

50
 Exemplo de cálculo:

Um tanque com 3,6 m de diâmetro por 4,2 m de altura (altura de líquido de 3,6 m) a
ser instalado em um processo contínuo requer um agitador para processar uma suspensão
a 30% em massa de sólidos, com diâmetro classificado em peneira 50 mesh, massa
específica 2,6 g/cm3. O fluido apresenta massa específica 1,1 g/cm3 e viscosidade 1 cP.
O fluido deixará o tanque por uma saída lateral situada próxima ao fundo do mesmo.
As especificações do processo exigem que a suspensão que deixa o tanque seja uniforme.

Figura 3-6 Esquema do exemplo de agitação para manter sólidos em suspensão.

 Solução:

a) Intensidade de agitação:
Como a saída da suspensão é feita pela região baixa do tanque, não será necessário
escolher uma intensidade de agitação que garanta homogeneidade da suspensão na parte
alta do tanque. Por economia, escolhe-se IA = 3: mantém as partículas suspensas, com
suspensão homogênea em 30% da altura do tanque, onde a saída está localizada.

b) Cálculo da velocidade de agitação:

Velocidade terminal da partícula: ρs – ρf = 2,6 – 1,1 = 1,5.

 Da Figura 3-4: para diâmetro relativo a 50 mesh: vt = 7 ft/min.


 Da Tabela 3-3, para concentração de sólidos de 30% em massa: fw = 1,3.

 Da equação (1): v d = (1,3) ×(7) = 9,1 ft/min.

 Escolhendo-se (chute) D/T = 0,35 e tendo que T = 3,6 m: D = 1,26 m = 49,6 in.

51
 Da Figura 3-5: para IA = 3 e D/T = 0,35, obtém-se Φ = 5,8x1010.
. .
 Como Φ = .( ⁄ ) obtém-se: N = 71 rpm.

 Da equação (2), calcula-se a potência do motor:

n = 1 rotor

ρ = ∑ x ρ = (0,3)×(2,6) + (0,7)×(1,1)

= ,

0,2
49,6 = 394
( )×( )×( , )

Pot = 17 HP

 Como somente há motor para 15 HP, adota-se outro D/T, para baixar a potência:

Para D/T = 0,4: D = 1,44m = 56,7 in.

  = 2,7x1010

N = 53 rpm

Pot = 14,2 HP, o que está de bom tamanho.

52
EXERCÍCIOS SOBRE AGITAÇÃO
1) Um agitador de turbina, com 6 pás planas é utilizado para promover uma mistura em um
tanque dotado de 4 chicanas; ele gira a 50 r.p.m. e possui um diâmetro de 1 m, com a altura
das pás igual a 0,125 m e comprimento igual a 25 cm. O diâmetro do tanque é de 3 m, o
nível do líquido atinge 3m e o agitador está posicionado no centro do tanque. A densidade
do líquido é 1,5 e sua viscosidade na temperatura do processo vale 50 cP.

a) Estime a potência consumida por este agitador. (R.: Pot=3,2 HP, Fr= 0,07).
b) Se o tanque não tivesse chicanas, qual seria a potência consumida? (R.: Pot=1,5 HP).

2) Agora a situação é a mesma que o exercício 1, porém o tanque tem um diâmetro de 6m,
altura do líquido de 6m, diâmetro do agitador de 1m e rotação de 100 r.p.m. Compare com o
exercício 1.

3) Idem ao exercício 2, mas o diâmetro do agitador vale 2m e a rotação é de 25 r.p.m.


Compare com o exercício 2. (valores aproximados: Pot = 26 HP, Fr = 0,036).

4) Um processo contínuo necessita manter partícula sólidas em suspensão em um líquido,


utilizando um tanque cilíndrico com diâmetro de 4 m e altura de 6 m. As partículas possuem
tamanho médio de 0,4 mm (aproximadamente 35 mesh) e densidade igual a 3; o líquido tem
densidade 1,2. A suspensão tem 20 % em massa de sólidos e atinge uma altura de 4 m no
interior do tanque. A suspensão deixará o tanque por uma saída lateral situada próxima ao
fundo do mesmo e deve ser bem homogênea para que o processo tenha a qualidade
necessária. Logicamente, o agitador apresenta fluxo axial e será colocado próximo ao fundo
do tanque. Dimensione o agitador mais conveniente, calculando seu diâmetro (Da), giro (N
em rpm) e potência consumida (Pot), para cada um dos seguintes casos:

a) Viscosidade do fluido igual a 1 cP;


b) Viscosidade do fluido igual a 5 cP;
c) Viscosidade do fluido igual a 10 cP.
d) Compare os 3 resultados anteriores e justifique as diferenças.

DICA: Siga o “Exemplo de cálculo” apresentado nas páginas 51 a 52 da apostila, usando


as informações das páginas 47 a 50. Para utilizar as fórmulas que constam na apostila, as
unidades devem ser as mesmas usadas nesse “Exemplo de cálculo”. Faça estimativas
(“chutes”) sempre que for necessário (por exemplo, para a relação D/T, a ser usada na
Figura 3-5), desde que eles sejam coerentes. Para determinar a velocidade terminal sem

53
usar a Error! Reference source not found., o cálculo pode ser feito de acordo com o que
foi estudado em Fenômenos de Transporte I, supondo o regime de Stokes:

D p2 (  p   f ) g
vt 
18

5) Você deve projetar um agitador para ser utilizado em um fluido com viscosidade µ =
4,0.10-3 Pa.s e massa específica ρ = 1000 kg/m³. Com o objetivo de prever a potência
necessária nesse agitador, foi construído um modelo geometricamente similar, na escala
1:4. Para organizar os experimentos de modo que os resultados de potência possam ser
extrapolados para o projeto do agitador, devem ser definidos o fluido a ser utilizado e a
rotação do agitador (N) a ser empregada. Com base nas informações fornecidas:

a) Determine a razão entre as velocidades angulares no modelo e no agitador (ωm / ωa). (R.:
ωm / ωa = 2)
b) Escolha, dentre as opções mostradas na tabela abaixo, o fluido que deve ser utilizado
nos experimentos. (R.: Fluido B)

ρ x 10-3 µ x 103
Fluido
(kg/m³) (Pa.s)

A 1 1

B 0,8 0,4

C 1,2 2

54
IV. Sistemas Particulados

V. Fragmentação e

Classificação

Quando o poder do amor superar o amor pelo poder, o mundo conhecerá a verdadeira e
única paz. (Jimi Hendrix)

55
4. SISTEMAS PARTICULADOS
4.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS SÓLIDOS

 Dureza;
 Clivagem;
 Fratura;
 Tenacidade;
 Flexibilidade;

4.1.1 Porosidade (ε)

=
+ í

A forma das partículas e a granulometria são as variáveis mais importantes na


determinação da porosidade. Quanto mais a partícula se afasta da forma esférica, tanto
mais poroso será o leito. A relação entre a porosidade e a esfericidade é apresentada na
Figura 4-1. Na falta de dados específicos, esta figura pode ser útil para prever valores
aproximados de ε. A presença de partículas finas no meio de outras grossas dá origem a
leitos de baixa porosidade, mas não há uma correlação quantitativa a respeito. Os sólidos
cristalinos normais apresentam esfericidade entre 0,7 e 0,8 e a porosidade entre 0,3 e 0,5.

Figura 4-1 Relação entre a porosidade e esfericidade. (GOMIDE VOL.1)

56
4.2 NOMENCLATURAS

ap = área supeficial de uma partícula. mp = massa de uma partícula.


Ap = área supeficial total de todas as Mp = massa total de todas as partículas.
partículas. N = número de partículas.
v p = volume de uma partícula. Dp = dimensão carecterística.
Vp = volume total de todas as partículas

Fator de forma (λ)

A forma de uma partícula pode ser expressa pelos fatores de forma, relacionados com a
área superficial e com o volume da partícula.

= fator de forma para área; Para esferas e cubos: =6


= fator de forma para volume; =6

Área superficial externa de cada partícula (aP )

Para esferas: = Para cubos: =6

²
Pois: =4 = ² Pois: =6 ²

Logo, se: = Logo, se: =

Então: = Então: =6

Volume da partícula (vP )

Para esferas: = Para cubos: =1


³ ³ Pois: = ³
Pois: = =
Logo, se: =
Logo, se: =
Então: =1
Então: =

57
Número de partículas (N)

= = → =
í í

Área superficial total das partículas (Ap)

.
= =
.

Esfericidade (ψ)

á í
= [ ]
á

= =

= [0,1]
Para esferas: =1

Densidade aparente (ρa)

= ó (1 − ) + .

“Chuncho” (válido apenas se o fluido for gasoso):


=


− ≅ → =

Partículas anesféricas

Para esferas: = = Para não-esferas: forçar que =

 Esfericidade: = → = → = → = .

58
Área específica

 Exemplo de área específica: Carvão ativado utilizado no LACAUT (Usinas Piloto) para
retirar enxofre de óleo diesel. Granulometria de 12 a 40 mesh e área específica de 800
m2/grama.

4.3 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

 Série de Tyler = sequencia de peneiras (# = mesh).

ℎ + ℎ
=
2

 Análise dos Finos: (log Δϕ) ×(log Dp) → regressão linear

Diâmetros médios

 Número de partículas:  Diâmetro volumétrico:

∆ ⎛ 1 ⎞
= =⎜
³ ∆ ⎟

⎝ ³ ⎠

 Diâmetro linear:  Diâmetro de Sauter (área por


volume):


² 1
= =
∆ ∆
Σ ∑
³

 Diâmetro superficial:



⎛ ⎞
=⎜ ⎟

⎝ ³ ⎠

59
Figura 4-2 Tipos de diâmetros médios (ALLEN).

60
EXERCÍCIOS SOBRE SISTEMAS PARTICULADOS
1) Um sistema deve ser constituído por partículas esféricas com 2 mm e densidade relativa
de 3,5 e um fluido de densidade 0,9. A porosidade deve ser de 0,6 e a área superficial total
das partículas deve ser de aproximadamente 10.000 m2. Calcule:
a) A massa de sólidos necessária; (R.: 11670 kg)
b) A área específica das partículas; (R.: 0,86 m²/kg)
c) O volume total ocupado pelo sistema. (R.: 8,3 m³)

2) Necessita-se obter um sistema constituído por partículas cúbicas 28 mesh (densidade =


4,0 kg/L) e um fluido com densidade 0,9 g/cm3. A massa de sólidos a ser tratada é de 4
toneladas e a porosidade deve ser 0,55. Sabendo que essa operação será feita em um
cilindro com 1,0 m de diâmetro, calcular a altura atingida pelo sistema. Calcular também a
densidade aparente do sistema e a área superficial total das partículas. (R.: h = 2,8 m; ρa =
2,3; Ap = 10200 m²)

3) Uma amostra de minério apresenta a distribuição granulométrica tabelada abaixo.


Calcule o diâmetro médio superficial e justifique o resultado. Comente também sobre a
distribuição apresentada pela amostra. (R.: DpA= 0,131 mm)

4) Galena é moída em moinho de bolas e apresenta a distribuição granulométrica abaixo.


Faça a análise dos finos e calcule os 4 diâmetros médios. (Por análise dos finos feita
graficamente: Dp = 0,038 mm, DpA = 0,046 mm; DpV = 0,066 mm;; DpS = 0,127 mm)

5) Calcule a esfericidade de um anel de Raschig de ½” (diâmetro esterno ½”, altura ½”,


espessura de parede 1/8”). (R.: 0,577)

6) Calcule o fator de forma de partículas paralelepipédicas cujas arestas guardam entre si


as relações 1:2:5. Considere que a dimensão característica é a segunda maior dimensão da
partícula. (R.: 6,8)

7) Vinte gramas de uma amostra de café solúvel, com partículas esféricas de densidade 1,5
g/ mL representam a análise granulométrica da tabela a seguir. Calcule seu diâmetro médio
volumétrico.
FRAÇÕES Δϕi Di
35/48 0,00 0,356
48/65 0,56 0,252
65/100 0,3 0,178
100/200 0,1 0,111
200/panela 0,04 0,056

61
8) Calcule o fator de forma e a esfericidade de partículas de mica biotita com 4 mm x 15
mm x 0,2 mm. Faça uma avaliação da densidade aparente. A densidade da mica é 2,8.
Considere que a dimensão característica é a segunda maior dimensão da partícula. (R.: λ =
42,53; ψ = 0,20; ε= 0,88; ρa =0,34)

9) Um recipiente com 40 cm x 40 cm x 80 cm é enchido com partículas cubicas de galena


de meio centímetro de aresta e os vazios são enchidos com gasolina. Calcule a densidade
aparente do sistema sabendo que a densidade da galena é 7,41 g/ mL e, a da gasolina,
0,785 g/ mL. Sugestão: use o gráfico da Figura 4-1. (R.: 4,429 g/ mL)

10) (Gomide, Vol. 1 Cap. 5. Ex.11) A mistura de dois minerais A e B deve ser submetida a
um peneiramento de modo a obter uma fração classificada com diâmetro da ordem de 35
mesh Tyler, antes de ser separada por notação . Para tanto, duas peneiras agitadas serão
utilizadas. Uma com abertura próxima de 30 mesh e, a outra, com 48 mesh Tyler. A análise
granulométrica do material alimentado é a seguinte:

Admitindo que as peneiras tenham comportamento ideal, faça uma previsão do peso das
frações a serem obtidas por 100 kg de alimentação; (R.: grossos = 17,4 kg, médios = 74,0
kg, finos = 8,6 kg).

11) (Gomide Vol. 1, Cap. 5. Ex.9) Uma tonelada por hora de dolomita é britada e, a seguir,
peneirada através de uma peneira de 14 mesh Tyler. As análises granulométricas são
apresentadas na tabela abaixo. Calcule a eficiência da peneira, a quantidade do produto
obtido e o reciclo. (R.: eficiência = 0,62 produto = 285 kg/h; reciclo = 715 kg/h).

Não existe verdadeira inteligência sem bondade.


(Beethoven)

62
5. FRAGMENTAÇÃO
É a operação que tem por finalidade reduzir o tamanho das partículas sólidas. Este
procedimento é interessante, pois aumenta a área superficial das partículas, facilita o
transporte (patículas menores são mais fáceis de transportar) e o armazenamento.
Entretanto, a fragmentação possui uma enorme desvantagem: sua eficiência é baixíssima
(cerca de 8%).
A operação pode ser realizada a seco ou a úmido. No segundo caso, gera-se menos
poeira e o processo é geralemte mais homogêneo, contudo há necessidade de separar
posteriormente o sólido (secagem). A fragmentação pode ser feita tanto em batelada quanto
em processo contínuo (circuito aberto ou fechado). O circuito fechado conta com reciclos a
fim de haver um maior contorle da qualidade, conforme ilustra a Figura 5-1.

Figura 5-1 Controle da qualidade.

5.1 RELAÇÃO DE REDUÇÃO

Se m↑ então η↓ e há mais geração de poeira. Pode-se resolver esse problema com a


adição de mais estágios.

5.2 LEIS DE FRAGMENTAÇÃO

Lei de Kick n=1


− =
Lei de Rittinger n=2
Lei de Bond n = 1,5

5.1.2. Índice de trabalho de Bond (Wi )

1 1
− = 10 −

Sendo W o trabalho necessário para reduzir uma substância a qual passa 80% por um
diâmetro Dp1 (μm), a um produto com 80% passando por Dp2 (μm). Valores para vários
materiais do índice de trabalho de Bond são mostrados na Figura 5-2.

63
Figura 5-2 Indices de trabalho de Bond médios para vários materiais. O índice de trabalho está
em kWh/t. (PERRY)
64
VI. Escoamento em Meios
Porosos

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo
para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
(C. Drummond de Andrade)

65
6. ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS
6.1 POROSIDADE

= vs = velocidade superficial vi = velocidade interna

= Vf = volume total de fluido Vp = volume total de partículas

6.2 DIÂMETRO HIDRÁULICO

Escoamento livre

. .
=

Escoamento em meio poroso (leito fixo)

(á )
=( → =
í ) ( )

. .
=
( )

é o diâmetro característico.

6.3 PERDA DE CARGA

Equação de LEVA
2∙ ∙ ∙ (1 − )
∆ =
∙ ∙

Equação de ERGUN
∆P (1 − ) (1 − )
= 150 ∙ + 1,75

66
LEVA

Figura 6-1 Fator de atrito para leitos de sólidos.


ERGUN

Figura 6-2 Representação do comportamento geral da equação de Ergun.

67
EXERCÍCIOS SOBRE ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS
1) Um reator catalítico para craqueamento de vapores de hidrocarbonetos é constituído por
um leito com enchimento de peças em forma de cubo com 0,5 cm de aresta colocadas ao
acaso. A densidade do material do enchimento é 1,6 g/cm3 e a densidade aparente do leito
é 0,96 g/cm3. A área da secção transversal do leito vazio é de 930 cm2 e a altura do leito é
de 180 cm. Calcular a queda de pressão através do leito sabendo que a velocidade
superficial do vapor é de 90 cm/s, sua densidade é de 6,42.10-4 g/cm3 e sua viscosidade de
0,015 cP. (R.: ∆P = 0,04 atm)

2) Através de uma coluna com recheio de partículas esféricas de 1/32 polegadas de


diâmetro, circula um fluido com viscosidade 10 cP e densidade de 0,87 g/cm3. A velocidade
superficial de escoamento é de 10 mm/s e a porosidade é de 0,393. Sabendo que a altura
do recheio é de 2,5 m, determinar a perda de carga do leito. Dado: Permeabilidade do leito =
6,2.10-10 m2. (R.: ∆P = 4,04.105 Pa = 4 atm)

3) Uma coluna com área da secção transversal de 0,0942 m2 e altura de 1,85 m é


preenchida com partículas esféricas de diâmetro 0,2 cm. Quando uma diferença de pressão
de 10,888.105 Pa é mantida ao longo do leito, uma solução aquosa de sacarose a 60% e a
20ºC atravessa a coluna a uma vazão de 1,845 kg/s. Nesta temperatura a viscosidade da
solução é de 56,5 mPa.s e sua densidade vale 1,2865 g/cm3. Qual a porosidade do
sistema? Sugestão: Fazer por Ergun, Kozeny e Leva e comparar os resultados. (R.: Ergun =
0,300, Kozeny = 0,314, Leva = 0,326)

4) Partículas cilíndricas com 3 mm de diâmetro, 4 mm de comprimento e densidade de 1,5


g/cm3 estão contidas em um recipiente cilíndrico com 12 cm de diâmetro e 1 m de altura.
Sabe-se que um volume de 200 cm3 deste sistema pesa 120 g. Calcular a vazão mássica de
ar que atravessa este leito a 50ºC (viscosidade 0,0195 cP), se a pressão de entrada de ar é
de 1,2 atm e a perda de carga através do leito é de 0,5 metros de coluna de água (por
Ergun). (R.: w = 0,0275 kg/s)

5) Ar passa através de um leito contínuo por esferas de argila em um tubo com diâmetro
nominal de 6 polegadas. Os sólidos são suportados por uma tela de aço inox e a disposição
do sistema permite que os efeitos de entrada possam ser desprezados. A altura do leito é de
1,83 m e a partícula possui um diâmetro médio de 2 mm. A temperatura da unidade pode
ser considerada constante e igual a 0ºC. A pressão na saída deve ser de 1,034.105 Pa e a
porosidade do sistema é 0,41. Calcular, por Leva, a perda de carga nesta unidade, sabendo
que a vazão de ar é de 0,0472 m3/s e sua viscosidade é 0,018 cP. (R.: ∆P = 1,1.105 Pa)

6) Uma reação utiliza como catalisador, partículas esféricas com 2,5 cm de diâmetro e com
características superficiais análogas à porcelana. O reator é uma coluna com 6 m de
diâmetro e 15 m de altura, sendo que a fração de vazios do leito é de 0,40. Pela coluna
escoa um fluxo de 3,09 kg/m2.s de propano à temperatura constante de 250ºC com pressão
absoluta na saída igual a 2 atm. Calcular qual deve ser a pressão de entrada do gás,
fazendo por Leva e depois por Ergun. Dados: Propriedades do propano: Tc = 369,8 K; Pc =
42,01 atm; viscosidade 0,013 cP. (R.: Leva: P1 = 2,33 atm, Ergun: P1 = 2,4 atm)

68
7) Em um processo petroquímico na CIC (Cidade Industrial de Curitiba, onde a pressão
atmosférica é de 690 mmHg), uma vazão de 4 kg/s de etileno a 60˚C (mantida constante)
deve percorrer uma coluna com catalisadores cilíndricos de porcelana (densidade 1,8), com
2 mm de diâmetro e 2 mm de comprimento. O leito fixo tem 6 m de altura, 1,5 m de diâmetro
e possui uma densidade aparente de 1100 kg/m³. A pressão do fluido na saída do leito deve
ser de, pelo menos, 0,5 atm (manométrica). A viscosidade do fluido, a 1 atm, é igual a 0,011
cP.

a) Calcule a massa total de sólidos nesta coluna (em kg).


b) Determina a área específica destas partículas (em m²/kg), compare com algum valor
conhecido e justifique a diferença.
c) Calcule o valor da pressão relativa de entrada do fluido (em atm) (faça por Ergun e por
Leva).
d) Discuta o que aconteceria com a perda de carga se as partículas fossem esféricas, com
diâmetro de 2 mm (analise bem as condições).

A verdadeira beleza não está nas coisas nem no corpo, está na alma.

69
VII. Filtração

Afastai de vocês toda dureza, irritabilidade, cólera, gritaria, blasfêmia e toda maldade. Sede
antes bondosos uns com os outros, compassivos, perdoando-vos mutuamente.
(Efésios, 4, 31-32)

70
71
7. FILTRAÇÃO
É a operação unitária que tem por objetivo a separação de partículas sólidas de um
fluido, de modo mecânico, com o auxílio de um meio poroso permeável.

7.1 PROCESSO DE FILTRAÇÃO

Fatores que influenciam na velocidade de filtração

 ΔP;
 Área da superfície de filtração;
 Viscosidade;
 Resistência da torta (Rc);
 Resistência do meio filtrante (Rm).

Tipos de operação

 À pressão constante: (a vazão diminui com o tempo). Exemplos:


o A alimentação vem de um tanque com nível constante;
o Filtração em laboratório;
o Filtro rotativo contínuo a vácuo;
 À vazão constante: (é preciso que a pressão aumente com o tempo).

Tipos de regime

 Batelada (descontínuo)
 Contínuo
Ciclo de Filtração

tc = tf + tw + td

Onde:

tc = tempo total do ciclo

tf = tempo de filtração

tw = tempo de lavagem

td = tempo de drenagem, retirada do bolo, limpeza, remontagem, etc...

72
Vf
C
tc

Onde:

C = capacidade do filtro (busca-se a Cmáx)

Vf = volume de filtrado

7.2 TEORIA DA FILTRAÇÃO (BALANÇOS)

ps = Tensão mecânica sobre a torta

P = Pressão montante

Pi = Pressão na interface

mc = Massa do sólido

Vc = Volume de filtrado que depositou mc

ml = Massa de líquido na suspensão

mlp = Massa de líquido retido na torta

j = Fração mássica de sólidos na suspensão

c = concentração de sólidos na solução (kg de sólido/m³ de solução)

(1)

(2)

Balanço de massa para líquido:

(3)
De (1), (2) e (3):

(4)

73
(5)

Balanço de massa para sólido:

(6)
Resistências

Escoamento Laminar (darcyano):

.∆ ∆
= = (7)
.

Resistência:

Rm = Constante (8)
Batelada:
1 dVf
s = (9)
A dt

De (7), (8) e (9):

(10)

(11)

 TORTA
Vf
Rc   .c.
A (12)
Onde: = Resistência específica da torta (m/kg)

Substituindo (12) em (10):



= (13)
. . +
Usando Kozeny:
∆ " ( )²
= (14)
². ³

Da eq. (10):
74
∆ ∆
= = (15)
. . . .

De (6), (14) e (15):

(16)

De (6), (7), (15), (16):

(17)

 MEIO FILTRANTE
Supondo P2 = 0, temos: P = Patm

∆ = − = = . . = . .

Da equação (10):

= = (18)
. .

 TOTAL
Da equação (13):
∆ ∆
= . . =
. + . . . .
. + .

.
= . (19)


= . . (20)
( )

TORTA INCOMPRESSÍVEL

Pressão Constante

Das equações (10) e (12):

75
(21)

(22)

(23)
Integrando:
t=0  V=0
t = t f  V = Vf

(24)

Figura 7-1 Operação à pressão constante.

OBS 1: Lavagem do filtro nas mesmas condições finais da filtração e mesma pressão da
filtração.

Da equação (23):

(25)
OBS 2: Filtro rotativo à vácuo:

Supondo ≈ 0 =0

76
(26)
λ= Fração submersa

(27)
Se ≠ 0:

(28)

Vazão constante

Da eq. (23):

(29)

(30)

Figura 7-2 Operação à vazão constante.

77
Pressão e Vazão variáveis

Da eq. (29)

(31)

Figura 7-3 Operação à pressão e vazão variáveis.

 Tempo de filtração:

Figura 7-4 Determinação do tempo de filtração.

TORTA COMPRESSÍVEL

Se α varia:

Eq. (16):

Se α aumentar muito, utilizam-se auxiliares de filtração.

(32)

s = compressibilidade: 0,1 < s < 0,8

78
Figura 7-5 Determinação da compressibilidade.

7.3 SELEÇÃO DE UM FILTRO (GOMIDE VOL.3)

Categorias de Suspensões

 Categoria A:
Geralmente contém mais de 20% de sólidos. Forma torta muito rapidamente (5 cm ou
mais em segundos). Decanta rapidamente e geralmente as partículas não podem ser
mantidas em suspensão com os agitadores convencionais dos filtros rotativos. É difícil tirar
as partículas da suspensão e manter sobre o filtro a vácuo. Velocidade de formação de torta
em processo contínuo: mais de 2500 kg de sólidos/h.m2 de área filtrante total. Ex: areia
grossa em água.

 Categoria B:
Geralmente contém mais de 10-20% de sólidos. Formação rápida de torta (1 cm em 2
min no máximo, até 5 cm em 30 segundos). Decanta rapidamente, mais os sólidos podem
ser mantidos em suspensão por agitação padrão e a torta pode ser tirada da suspensão e
mantida sobre o tambor de um filtro a vácuo. Velocidade de filtração: 250 a 2500 kg/h.m2.
Ex: amido de milho em água.

 Categoria C:
Concentração de sólidos entre 5 e 10%. Formação lenta de torta (pelo menos 3mm em
3 min até 1,5 cm em 2 min). Decantação normal. Forma torta fina sobre o tambor rotativo a
vácuo e a torta é difícil de retirar do filtro. Velocidade de filtração em operação contínua: 25
a 250 kg/h.m2. Ex: carbonato de cálcio finamente precipitado em água.

79
 Categoria D:
Baixa concentração de sólidos, inferior a 5%. Decantação normal, formação lenta de
torta (menos de 3 mm em 5 min). Não pode formar torta que possa ser retirada de um filtro
contínuo. A velocidade de produção de torta em operação descontínua é inferior a 10
kg/h.m2.

 Categoria E:
Concentração de sólidos inferior a 0,1%. Não forma torta durante o ciclo de filtração.
Clarificação é aplicável.

Tabela 7-1 Tabela útil exemplificando a aplicação de cada tipo de filtro em relação ao tipo de
suspensão (GOMIDE VOL. 3).

80
EXERCÍCIOS SOBRE FILTRAÇÃO
1) Um filtro de tambor rotativo produz 100 m3 de filtrado por hora quando alimentado com
uma suspensão de carbonato de cálcio em água. A resistência do meio filtrante é
desprezível comparada com a da torta. Qual será a produção se a pressão de operação
ficar duas vezes maior, mantendo constantes todas as demais condições de operação? (R.:
141 m³/h)

2) Uma experiência feita com um filtro prensa especial de laboratório, com apenas um
quadro de 2,63.10-2 m2 de área e espessura de 3 cm, processou uma suspensão de CaCO3
em água a 19ºC. A fração ponderal do CaCO3 era de 0,0723, a densidade do bolo seco de
1.600 kg/ m3 e a perda de carga constante é igual a 40 psi. A partir dos dados de volume de
filtrado e tempo de filtração tabelados abaixo, calcule o volume de filtrado equivalente à
resistência do meio filtrante e também a resistência específica da torta. (R.: Rm = 1,01.1011
m-1; Vm = 0,4 L; α = 1,8.1011 m/kg)

3) Um filtro de folhas trabalhando em regime de vazão constante, acusa uma diferença de


pressão de 0,2 kgf/cm2 ao começar a processar uma suspensão. Depois de 35 minutos de
filtração, obtém-se 200 litros de filtrado e a diferença de pressão é de 4 kgf/cm2. Calcular o
tempo necessário para obter 200 L de filtrado se esse mesmo filtro processasse a mesma
suspensão com uma queda de pressão constante e igual a 3 kgf/cm2. (R.: 24 min)

4) Um lodo homogêneo é filtrado em um filtro de lâminas sobre as quais se forma uma torta
incompressível. Trabalha-se com uma diferença de pressão constante de 2,8 kgf/cm2,
produzindo uma torta de 2 cm de espessura em uma hora e um volume de filtrado de 5700
litros. Para escorrer o líquido retido no filtro, são necessários 3 minutos; para encher o filtro,
são gastos 2 minutos e a operação de abrir, descarregar e fechar o filtro consome 6
minutos. A lavagem ocorre nas mesmas condições que a filtração, com o consumo de 1200
litros de água. Suponha que o líquido filtrado tenha as mesmas propriedades que a água de
lavagem e despreze as resistências oferecidas pela lona de filtração e pelos tubos de
conexão.
a) Qual o volume de líquido filtrado durante um dia de operação? (V1 = 81 m3)
b) Calcule o volume de filtrado obtido em um dia, se fosse formada uma torta com 1 cm de
espessura, supondo a mesma relação anterior entre a água de lavagem e o filtrado e as
mesmas condições anteriores. (V2 = 110 m3)

5) Um filtro rotativo à vácuo tem 33% do seu tambor submerso em uma suspensão de
carbonato de cálcio que deve ser filtrada utilizando uma diferença de pressão de 67 kPa. A
porcentagem em massa de sólidos na suspensão é de 19,1%, com uma quantidade de
308,1 kg de sólido por m3 de filtrado. A densidade e a viscosidade do filtrado podem ser
consideradas iguais às da água a 25ºC. Calcular a área de filtro necessária para processar
0,778 kg de suspensão por segundo. O tempo de ciclo de filtração é de 250 segundos e a
resistência específica da torta é representada nas unidades S.I., sendo = 4,37 ∙ 10 ∙ ∆P , .
(R.: 7 m²)
81
6) Uma suspensão de Bacillus subtilis é fermentada para produzir protease. Para separar a
biomassa, foi acrescentado um auxiliar de filtração, obtendo-se um mosto fermentado com
3,6% em massa de sólidos, com uma viscosidade de 6,6 cP. Com um funil de Buchner de 5
cm de diâmetro ligado a um alto vácuo, consegui-se filtrar 100 cm3 deste mosto em 24
minutos. Estudos prévios indicam que esta torta possui uma compressibilidade igual a 0,67.
Agora é necessário filtrar 3.000 litros desde material em um filtro prensa em escala piloto,
com 15 placas, cada uma com área de 3.520 cm2. A resistência do meio filtrante é muito
menor que a da torta.
a) Qual o tempo necessário se for utilizada uma diferença de pressão de 50 psi? (R.: 8,3 h)
b) Qual o tempo necessário com a metade de pressão anterior? (R.: 10,4 h)

7) a) Uma suspensão homogênea, com 15% de sólidos em massa, que forma um bolo
incompressível, é filtrada em um filtro de folhas, descontínuo, a uma pressão constante de 4
kgf/cm². Durante uma hora são depositados 2,5 cm de bolo, com um volume de filtrado de
7200 L. São gastos 3 minutos para drenar o líquido do filtro e 2 minutos para encher o filtro
com água. A lavagem é feita exatamente como a filtração e consome 1600 L de água; na
abertura, descarga e fechamento do filtro são consumidos 6 minutos. Admita que o filtrado
tenha as mesmas propriedades da água de lavagem e despreze as resistências do meio
filtrante e das canalizações. Calcule a capacidade diária máxima desse filtro, operando com
essa suspensão. Admita que a relação entre os volumes da água de lavagem e do filtrado
seja constante e vale 16/72.

b) A mesma suspensão anterior é disponível em quantidades ilimitadas, pois ela é um


resíduo de uma fábrica e anteriormente era jogada fora. Uma empresa vizinha está
querendo comprar o sólido ao preço de R$ 80,00 a tonelada, e comprará qualquer
quantidade disponível. Um operário pago a R$ 15,00/hora deve trabalhar junto ao filtro
durante sua operação, exceto durante a filtração e a lavagem, quando poderá trabalhar em
outros setores da unidade produtiva. Calcule a área ótima do filtro e o lucro diário. Deve ser
usado o filtro do item “a” e deve ser considerado apenas o rendimento da venda do sólido e
o custo do tempo de mão de obra.

8) Um filtro prensa é constituído por 20 quadros, cada um com 0,1 m2 de área e espessura
do quadro (onde será formada a torta) de 1 polegada. Ele opera com uma diferença de
pressão constante igual a 50 psi, com uma suspensão aquosa que fornece 120 cm 3 de torta
por litro de filtrado. Sabe-se que, nessa filtração, é obedecida a seguinte expressão: t =
(0,0045).q2, onde “t” é o tempo de filtração (em minutos) e “q” é o volume de filtrado por área
de filtração (em L / m2). O tempo para desmontar e remontar o filtro (td) é de 20 minutos e o
volume de água de lavagem é de 500 L por ciclo. Calcular a capacidade desse filtro (em
m3/hora) e o número de bateladas por dia. Sugerir (e, se possível, calcular) uma
modificação, caso fosse necessário aumentar a capacidade em 20 %.

9) Dados experimentais (ensaio de laboratório) de filtração de CaCO3 a 25oC a pressão


constante de 338 kN/m2 são mostrados na tabela abaixo. A área de filtração do filtro de
placas e quadros é de 0,0439 m2 e a concentração dos sólidos na suspensão é de 23,47
kg/m3.

82
t (s) 4,4 9,5 16,3 24,6 34,7 46,1 59 73,6 89,4 107,3

V x 103
0,498 1 1,501 2 2,498 3,002 3,506 4,004 4,502 5,009
(m3)

a) Determine a resistência específica da torta e a resistência do meio filtrante.


b) Determine o tempo necessário para obter um volume de 3,37 m3 em um filtro de placas e
quadros industrial constituído de 15 quadros com área unitária de 0,873 m 2 (a pressão e as
propriedades da torta são as mesmas do ensaio de laboratório).
c) Considerando um volume de água de lavagem igual a 10 % do volume do filtrado, uma
vazão de lavagem de 110 L/min e um tempo de montagem e desmontagem de 10 minutos,
calcule o tempo do ciclo de operação e a capacidade deste filtro (em litros por dia).

10) Abaixo constam dados de uma experiência feita em um filtro prensa em escala piloto:

Temperatura Ambiente: 19°C


Pressão ambiente: 690 mmHg
Dimensão da placa do filtro: 16x 16,5 cm (foram utilizadas duas placas)
Pressão lida no manômetro: 0,7kgf/ cm2 (constante)
Concentração da suspensão: 3 kg de CaCO3 em 50L de água
Massa da torta úmida: 570 g
Massa da torta seca: 455 g

Relação entre o volume de fitrado e o tempo de filtração:

V (L) 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2 3,6 4


t (s) 2,4 4,2 6,8 10,2 13,9 19,4 23,4 28,6 33,4 40,8
V (L) 4,4 4,8 5,2 5,6 6 6,4 6,8 7,2 7,6 8
t (s) 50,6 60,2 70,8 79,8 90,8 104,6 117,4 130,6 145,4 161,8

a) Com estas informações, deve ser calculada a resistência do meio filtrante, a resistência
específica da torta e o volume de filtrado equivalente à resistência do meio filtrante.
b) Dimensione um filtro prensa para uma produção industrial à sua escolha (scale-up). Faça
as hipóteses e tome as decisões que considerar convenientes, justificando-as.

83
Separações

VIII. Sólido / Sólido

IX. Sólido / Gás

Não perca tempo nem energia reclamando; trabalhe mais, construa melhor.

84
8. SEPARAÇÕES SÓLIDO – SÓLIDO
A separação S/S pode ser realizada através de diversas operações, dentre elas:

 Peneiramento;
 Flotação;
 Flutuação;
 Separação magnética;
 Separação elétrica;
 Fusão fracionada;
 Extração por solvente;
 Elutriação;
 Espiral de Humphreys;
 Mesa separadora.

9. SEPARAÇÕES SÓLIDO – GÁS


9.1 CICLONES

 Dp maior que 5 μm;

 Eficiência varia de 80 a 95 %,
podendo chegar a 98% (↑Dp);

 Barato, de fácil manutenção e


operação, trabalha com largas faixas de
T (até 1000°C) e P (até 500 atm) e
concentração de sólidos (alta eficiência
para concentração acima de 230 g/m³);

Figura 9-1 Dimensões de um ciclone.

85
Tabela 9-1 Geometria de ciclones.
Legenda: HE = alta eficiência, HC = alta capacidade, ME = média eficiência e MP = multi
propósito.
Dimensões Lapple ME Stairmand HE Swift HE Swift MP Stairmand HC ZENS

Bc/ Dc 0,25 0,20 0,21 0,25 0,375 0,25

De/ Dc 0,50 0,50 0,4 0,5 0,75 < 0,5

Hc/ Dc 0,50 0,50 0,44 0,5 0,75 0,5 a 0,75

Lc/ Dc 2,0 1,5 1,4 1,75 1,5 f (vortex)

Sc/ Dc 0,625 0,5 0,5 0,6 0,875 0,40 a 0,90

Zc/ Dc 2,0 2,5 2,0 2,0 2,5 f (vortex)

Jc/ Dc 0,25 0,375 0,4 0,4 0,375 > 10 cm

Projeto de Ciclones

 Método SIX

a) Diâmetro e demais dimensões do ciclone:

i) Arbitra-se a velocidade de entrada do gás no ciclone (de 5 a 30 m/s, normalmente 15);

ii) Calcula-se a área de entrada por: = ;

iii) Ai = (Bc).(Hc), Bc = 0,2.(Dc) e Hc = 0,5.(Dc ); (exemplo de Stairmand HE)


iv) Obtêm-se as demais dimensões com os valores da Tabela 9-1.

b) Eficiência de coleta:

i) Calcula-se o diâmetro das partículas que seriam recuperadas com 50% de eficiência
por:

9. .Bc  .Dc


dc  d c  0,27.
2. . p .vi .N vi .(  p   fluido )
ou

( , . , )
Onde: = 6. [1 − ]

Sendo:

86
μ = viscosidade do gás em Pa.s;
ρp = densidade da partícula em kg/m³;
v i = velocidade de entrada em m/s;
N = número de espiras;
Dc = diâmetro da coluna.

1
=
1+

ii) Monta-se uma tabela com a distribuição granulométrica e calcula-se a eficiência de


cada faixa de Dp por:

1
 2
D pi  Dp   E .%mi 
Dpi (μm) (% massa) i 1   i 
 E i   oi 
dc  dc   100 
Eoi=

E o   Ei

A soma dos valores de Ei é a eficiência de coleta. Note que se o D p for único, a


tabela só terá uma linha e a eficiência de coleta será a eficiência Eo, ou seja, igual a Ei.

c) Perda de Carga:

 a . vi 2 Bc .H c
P   .   16. 2
2 De

As unidades estão no SI, sendo que o a é a densidade do gás com as partículas de


poeira. Pa  mmca = Pa.10300/101325.

d) Influência da concentração na eficiência de coleta:

Concentração aumenta  Aumenta eficiência de coleta

87
Figura 9-2 Correlação do efeito da concentração na eficiência de ciclones.

1000 grains = 64,79891 gramas  1 lb = 7000 grains


100 grain/ft³ = 230 g/m³ (concentrado) e 1 grain/ft³ = 2,3 g/m³ (diluído)
[grain/ft³] = 0,435. [grama/m³]

A eficiência obtida em Eo é corrigida obtendo eficiência real por: = . .

e) Correção da eficiência em função da penetração do duto de saída do gás:

S/H Erc / Er
0,0 0,8
0,2 0,95
0,5 0,98
0,8 0,99
1,0 1,00

Sendo:
H = altura da entrada do ciclone;
S = penetração do duto de saída;
88
Er = eficiência real calculada;
Erc = eficiência real corrigida por S/H.

Multiciclones

No dimensionamento pelo método de Stairmand já foi falado da importância de


associar ciclones, principalmente em paralelo.

 Associação em Série  usada para aumentar a eficiência.


 Associação em Paralelo  usada para aumentar a capacidade.

Esta é uma regra geral para coletores, porém no caso de ciclones nem sempre
funciona assim. Devido à baixa eficiência de ciclone para alimentações diluídas, a
associação em série, quando composta de ciclones idênticos, leva a um rendimento
(eficiência) no primeiro ciclone que vai diminuindo ciclone a ciclone. A soma das eficiências
resulta em uma eficiência global que pode não ser maior que a eficiência de ciclones de alta
eficiência em paralelo. A associação de ciclones em paralelo permite empregar células de
alta eficiência com menor diâmetro e maior velocidade de entrada. Resumindo, a utilização
de ciclones em série requer que os ciclones tenham o diâmetro suficiente para suportar toda
a vazão de gás e tem a eficiência gradativamente reduzida à medida que avança para os
demais ciclones. Os ciclones em paralelo tem que ter apenas o diâmetro para tratar parte da
vazão de gás e a eficiência de cada ciclone é igual à eficiência global do ciclone. A utilização
de ciclones em paralelo, portanto, é mais vantajosa. A Tabela 9-2 compara η, ΔP e Q (vazão

volumétrica).

Tabela 9-2 Comparação entre associação em série e paralelo.

ΔP Η Q
Série ΔP = n . ΔP η = 1- (1-η )n Q =Q
t i t i t i
Paralelo η =η Q =n.Q
t i t i

89
EXERCÍCIO DE CICLONE
Projetar um ciclone para recuperar sólidos de uma corrente de gás de processo. A
distribuição de diâmetro de partículas e sua fração (mássica acumulada) encontram-se a
seguir. A densidade das partículas é 2,5 e o gás é o N2 a 150°C. A vazão volumétrica é
4000m³/h e a operação é feita a pressa atmosférica. Uma recuperação de sólidos de 80% é
requerida. Se necessário, considere que a concentração é suficientemente grande (maior
que 230g/m³).

Dp (μm) 50 40 30 20 10 5 2
% massa menor que 90 75 65 55 30 10 4

Sabendo que:
Dpc = diâmetro de corte;
N = número de voltas;
v i = velocidade de entrada.

1
 2
9    Bc  Dp 
1   i 
 
Dp c 
2     p vi  N N  6  1  e0, 0849 vi 
0 , 91
 Dpc 

 a  vi2 Bc  H c
P      16 
2 Dc2

90
Figura 9-3 Princípio de funcionamento de um ciclone.

91
COMPARAÇÕES ENTRE OS SEPARADORES S/G: Gomide, vol. 3 (Tabela V-2).

Figura 9-4 Comparação dos diversos tipos de equipamentos para separação sólido-gás.

92
X. Movimento de Partículas
em Fluidos
XI. Sedimentação
XII. Centrifugação

O sucesso resulta de cem pequenas coisas feitas de forma um pouco melhor. O fracasso, de
cem pequenas coisas feitas de forma um pouco pior.
(Henry Kissinger)

93
10. MOVIMENTO DE PARTÍCULAS EM FLUIDOS
O estudo do movimento de partículas em fluidos foi visto com mais detalhes na
disciplina de Fenômenos de Transporte I. Aqui, veremos quais as operações unitárias que
se utilizam desses conhecimentos.

10.1 SEDIMENTAÇÃO LIVRE

O movimento relativo entre partícula e fluido é, majoritariamente, visto em separações


S/L, podendo se tratar de um processo de sedimentação livre, por exemplo. Essa operação
unitária tem como principal vantagem seu baixo custo e como maior desvantagem um tempo
muito grande ao aguardar até que o processo termine. Nesse caso, o ideal é investir em
tanques de sedimentação com bases grandes a fim de aumentar a área disponível.
Assim que inicia seu movimento no fluido, a partícula passa a ter três forças sendo
elas empuxo, força peso e força de arraste. Esta última depende da velocidade relativa da
partícula e pode ser definida como:

. . . ²
=
2
Sendo:
FD = força de arraste;
CD = coeficiente de arraste;
Sp = área projetada;
v = velocidade relativa.

Tipos de escoamento

a) Re < 1 Regime viscoso (Stokes)

24
cD 
Re

F = 3π μ v D

D (ρ − ρ )g
v =
18μ

94
b) 1 < Re < 500 Regime Intermediário

,
c = ,
(Allen)

, , , ,
F = 2,31π D ρ v μ

, , ,
0,153(ρ − ρ ) g D
v = , ,
ρ μ

c) 500 < Re < 2.105 Regime hidráulico (Newton)

CD = 0,44

FD = 0,055π Dp2 v t² ρf

3,03D (ρ − ρ )g
v =
ρ

d) Re > 2.105 Regime bravo (turbulento)

CD = 0,2

FD = 0,025π Dp2 v t2 ρf

6,67D (ρ − ρ )g
v =
ρ

Expressão genérica

Regime β n
=
Viscoso (Stokes) 24 1
Intermediário 18,5 0,6
( ) ( ) ( )
= Hidráulico (Newton) 0,44 0
8
Turbulento 0,2 0
( ) ( )
( )
Para esferas: =

95
Figura 10-1 Coeficiente de arraste em função de Reynolds (COULSON).

Figura 10-2 Coeficiente de arraste em função do número de Reynolds.

96
“Atalhos”

Esferas:

 ∙ (sem dependência de ):

4 ( − )
∙ = ∙
3

 / (sem dependência de ):

4 ( − )
= ∙
3

Partículas anesféricas:

 ∙ (sem dependência de ):

8 ( − )
∙ =

 / (sem dependência de ):

8 −
=

97
Figura 10-3 “Atalhos” para identificação do regime de movimento de partículas em fluidos.

98
Elutriação

Área superficial (A)


Volume útil (V)
vL = velocidade de queda do lodo
vS = velocidade de ascensão do líquido

Quando:
vS > v L  elutriação* das partículas (ascendentes)
vS = vL  não ocorre sedimentação
vS < v L  condição básica para sedimentação

* A elutriação corresponde a um processo de separação em que um fluxo ascendente de


líquido vai arrastar as partículas sólidas que, consoante as suas densidades vão posicionar-
se a diferentes níveis, podendo mesmo ser transportadas para fora do tanque mediante
controle adequado do fluxo.

10.2 SEDIMENTAÇÃO RETARDADA

O capítulo anterior considerou a sedimentação como sendo um processo livre, isto é,


sem interferência das outras partículas na sedimentação. Porém, nos processos reais, deve-
se considerar a concentração de sólidos na mistura, que está diretamente relacionada aos
choques entre os sólidos suspensos. Sendo assim, a velocidade terminal é comprometida,
assumindo valores menores do que a velocidade terminal de sedimentação livre. Denomina-
se esta outra velocidade terminal como velocidade retardada, a qual pode ser definida
como:

= . .

Sendo:
vret = velocidade retardada;
vt = velocidade terminal na sedimentação livre;
= porosidade;
= fator de correção;
n = coeficiente correspondente ao regime de escoamento.

99
Subtituíndo-se, então, vt na equação de vret tem-se:

( ) ( )
4 −
=
3

( ) ( ) ( )
4 −
=
3

Sendo:
= densidade da lama (mud);
= coeficiente correspondente ao regime de escoamento;
= viscosidade da lama (mud).

Figura 10-2 Correção para sedimentação retardada (GOMIDE)

11. OPERAÇÃO DE SEDIMENTAÇÃO


Esta operação unitária será abordada na disciplina de Laboratório de Engenharia
Química I. Existem vários métodos para se dimensionar um sedimentador, os quais estão
apresentados na apostila para Casa. Os principais métodos são:

100
 Coe e Clevenger.
 Kynch.
 Roberts.
 Talmadge e Fitch.

Figura 11-1 Processo de decantação pelo tempo.

12. CENTRIFUGAÇÃO
A centrifugação é uma operação na qual se aplica a força centrífuga para separar uma
mistura S/L (clarificação ou espessamento), separar dois líquidos imiscíveis ou separar uma
mistura de dois líquidos e um sólido. Essa operação é usada sempre que há necessidade de
se aplicar forças maiores que a da gravidade em processos de sedimentação e filtração.
Na centrifugação, substitui-se o campo gravitacional pelo campo centrífugo, visto que
a aceleração centrífuga é muito maior que a gravitacional, acelerando o processo. A
desvantagem é que esta operação costuma ter capex e opex elevados. A aceleração
centrífuga é definida como:

= ²

Sendo:
ac = aceleração centrífuga;
= 2 π N = velocidade angular;
R = raio da centrífuga.

101
12.1 BALANÇO DE FORÇAS

Na centrifugação, considera-se a força peso desprezível tendo em vista que a


aceleração centrífuga é muito maior que a gravitacional. Sendo assim, as forças que atuam
sobre a partícula são as apresentadas na Figura 12-1 a seguir.

Figura 12-1 Forças atuantes numa parícula em centrifugação.

Supondo partículas esféricas e em regime de escoamento de Stokes (região a),


obtém-se a mesma equação de velocidade terminal já vista anteriormente, apenas
substituindo a aceleração gravitacional pela cenrífuga, deste modo:


=
18

Figura 12-2 Estrutura de uma centrífuga, sendo A e B partículas quaisquer.

102
Para que haja separação, o principal critério a ser estabelecido é que r seja igual a r2
antes que y seja igual a L, conforme ilustra a Figura 12-2. Ainda de acordo com a figura,
pode-se obter o volume total V da mistura contida na centrífuga e, caso o processo seja
contínuo, pode-se também obter a vazão, de acordo com o procedimento a seguir:

= ( − )

Se a centrífuga é contínua, então: =

²
Lembrando que: =

E que: =

Se integarmos essa expressão considerando:


t = 0  r = rA
t = t  r = rB

Obtemos que: =
²

²
Logo: =

12.2 DIÂMETRO E VAZÃO DE CORTE

Caso a eficiência da centrífuga seja definida como η = 50%, o diâmetro médio das
partículas é chamado de diâmetro de corte Dpc. É possível também definir uma vazão de
corte QC:

= 2( + )

² ²
=

103
 “Chuncho” (se a espessura for pequena):

² ²
=
( 2− 1 )

12.3 FATOR SIGMA (Σ)

Muito usado para processos de scale-up, o fator sigma relaciona a eficiência da


centrífuga com a área que um sedimentador gravitacional precisaria ter para alcançar essa
mesma eficiência. É definido como:

² ²
. =
( )

²
( )
=

²
=

= 2. .

Sendo Σ em m² (pois tem dimensão de área).

104
EXERCÍCIOS SOBRE SEDIMENTAÇÃO E CENTRIFUGAÇÃO
1) Calcular a velocidade terminal de uma esfera (diâmetro de 381 μm e densidade relativa
de 7,87) caindo em um fluido (densidade de 0,82 e viscosidade de 10 cP). (R.: vt = 0,055
m/s)

2) Idem para: a) diâmetro de 10 μm. b) diâmetro de 15 μm. c) diâmetro de 10.000 μm. (R.:
a) vt = 3,84 . 10-5 m/s, b) vt = 8,6 . 10-5 m/s, c) vt = 1,6 m/s)

3) Os viscosímetros de queda de esfera permitem obter a viscosidade de um líquido por


meio do tempo necessário para uma esfera de aço passar por dois traços gravados em um
tubo. Em uma experiência (Física Experimental) a esfera tem 0,625 cm de diâmetro e sua
densidade é 7,9 g/cm3. Enche-se o viscosímetro com óleo de densidade 0,88 g/cm3 e o
tempo empregado pela esfera para percorrer os 25 cm entre as duas marcas é de 6,35
segundos. Calcular a viscosidade do óleo. (R.: μ= 3,793 Pa.s)

4) Calcular a velocidade terminal das gotas de chuva de 0,25 mm de diâmetro que caem
através do ar a 20ºC (para comparação: gotas com 1 mm apresentam v 0 = 3,15 m/s). (R.: vt
= 0,85 m/s)

5) Gotas de óleo com 15 μm de diâmetro vão ser separadas de uma mistura com ar por
sedimentação. Sabendo que o peso específico relativo do óleo é 0,9, que o ar está a 21ºC
(viscosidade = 1,8x10-5 kg/m.s) e que se dispõe de 1 minuto para a sedimentação, calcular a
altura da câmara para sedimentar todo o óleo. (R.: h = 0,37m)

6) Deseja-se remover partículas de poeira com 50 μm de diâmetro de uma corrente com


3,78 m3/s de ar, utilizando uma câmara de sedimentação. O ar contém cerca de 1,12 g de
poeira por m3, sua temperatura é de 21ºC e está na pressão atmosférica. Sabendo-se que a
densidade da poeira é de 2,4 kg/L, quais seriam as mínimas dimensões da câmara
recomendáveis para o processo? Adotar que a velocidade máxima da corrente na horizontal
é de 3 m/s. (R.: Se z = 1 m, y = 1,26 m e x = 21 m)

7) Deseja-se clarificar uma solução de detergente líquido, com viscosidade de 100 cP e


densidade de 0,8, centrifugando-se os finos cristais de sulfato de sódio (densidade 1,46) que
nela estão suspensos. Ensaios preliminares numa centrífuga de laboratório, operando a
23.000 rpm (Σ=120 m2), mostram que se consegue uma clarificação satisfatória com uma
alimentação de 0,63 g/s. O vaso desta centrífuga tem 19,7 cm de comprimento interno, com
r2=2,22.10-2 e (r2-r1) = 1,51.10-2 m. Calcular:
a) O diâmetro crítico das partículas nesta separação. (R.: DC = 0,74 μm)
b) A taxa de produção que se pode esperar se a separação for feita em uma centrífuga
industrial com Σ= 6745 m2. (R.: Q ind = 0,154 m³/h)

105
8) Um minério, com densidade igual a 4, formado por partículas esféricas, irá sedimentar
gravitacionalmente em uma lama formada por 20% (em volume) de quartzo (densidade 2,7)
e 80% de água. O diâmetro do minério é de 150 µm, a viscosidade da lama é 1,02 cP e a
sedimentação é retardada.
a) Calcule a velocidade de sedimentação deste minério.
b) Refaça o exercício, só que considerando a fração de quartzo igual a 25 %.
c) Refaça o exercício, só que considerando a fração de quartzo igual a 30 %.
d) Compare e justifique os resultados anteriores.

9) Partículas esféricas de um pó, com diâmetro de 60 µm, caem no ar, que está a 22 °C e
101 kPa (obtenha sua viscosidade e sua densidade).
a) Calcule sua velocidade terminal, considerando a densidade do pó igual a 1,3.
b) Repita o exercício, considerando agora a densidade do pó igual a 1100 kg/m3.

10) Calcule a velocidade terminal de partículas esféricas de galena (densidade 7,5) em


água a 25°C, para os seguintes valores de Dp: a) 0,5 μm; b)1,2 μm; c) 2,0 μm.

11) Calcule a velocidade terminal de partículas esféricas de quartzo (densidade 2,7) em


água a 25 °C, para os seguintes valores de Dp: a) 0,5 μm; b)1,2 μm; c) 2,0 μm.

12) Construa, em um mesmo gráfico da velocidade terminal em função do diâmetro da


partícula, duas curvas: uma para a galena (exercício 11) e outra para o quartzo (exercício
12). Discuta como você poderia fazer para separar esses dois minerais.

13) Calcule a velocidade terminal de sedimentação de esferas de vidro com 0,080 mm de


diâmetro e massa específica de 2469 kg/m3 no ar à 300 K e 101 kPa de pressão. Calcule
também o diâmetro de um mineral esférico com densidade 4,0 e com a mesma velocidade
terminal calculada anteriormente.

14) Qual será a velocidade de sedimentação de uma partícula de aço esférica, com 0,015
polegadas de diâmetro, num óleo de densidade 0,82 e viscosidade 10 cP?

15) Determinar o peso de uma esfera de material de densidade 7,5 que cai com uma
velocidade constante de 2,0 pés/s num grande e profundo tanque de água.

Sábio é quem vive todo dia como se fosse o último.


(Marco Aurélio)

106
XIII. Fluidização

Tudo aquilo que você quer que os outros façam para você, faça você para eles.
(Mateus, 7, 12)

107
13. FLUIDIZAÇÃO

13.1 CARACTERÍSTICAS

 10 μm < Dp < 5.000 μm;


 vfluido: varia bastante (vgás > vlíquido);
 Dp ↑  v ↑;
 ρp ↑  v ↑;
 Altura do leito: depende do tempo de contato e de L/D para a expansão.

Figura 13-1 Esquema geral de um leito fluidizado.

13.2 TIPOS DE FLUIDIZAÇÃO

A fluidização do gás é diferente do líquido devido à diferença de μ e ρf. Enquanto a


fluidização do gás tem grande arraste e pouquíssimo empuxo, a do líquido tem grande
empuxo.

²
Número de Froude: =

FLUIDIZAÇÃO PARTICULADA (com líquido)

 Velocidade pequena;
 Pode ocorrer com partículas grandes;
108
 (ρp - ρf) pequeno  ρm é praticamente constante ao longo do leito;
 A expansão antes de fluidizar é pequena;
 Fr < 1

FLUIDIZAÇÃO AGREGATIVA (com gás)

 Velocidade grande;
 Pode ocorrer com partículas pequenas;
 Grande diferença entre ρp e ρf  duas fases:
- leito denso (sólidos)
- fase leve (bolhas)

O comportamento do leito depende do número e do tamanho das bolhas de gás, e do


Dp, o ρf influencia pouco. O tamanho das bolhas depende de:

 Dp;
 Distribuidor;
 Velocidade;
 L.

 Se (L/D) é grande  bolhas podem ocupar todo o diâmetro da coluna  “slugging”


(borbulhamento)  instável.

 Se Dp é muito pequeno (< 30 μm)  aglomeração (fluidização coesiva).

13.3 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

A: as partículas começam a
se mover;

B: partículas soltas;

C: início da fluidização
(começa o movimento
desordenado);

D: arraste (leito desfeito).

Figura 13-2 Representação gráfica das fases da fluidização em relação a velocidade das
partículas.
109
Figura 13-3 Gráfico (log ε) × (log Re).

13.4 ALTURA DO LEITO

 Situação inicial: L1, ε1


 Situação final: L2, ε2
 Área da seção transversal: A

Balanço de massa para o sólido:

L1.A.(1-ε1).ρp = L2.A.(1-ε2).ρp

L1.(1-ε1) = L2.(1-ε2)

13.5 PERDA DE CARGA

P velocidade  arraste 

No equilíbrio: (A).(P) = peso aparente das partículas = (Peso - Empuxo)

ΔP Teórico

P.S = L.A.(1 - ).p.g - L.A.(1 - ).f.g

Pm = Lm.(1 - m).(p - f).g teórica

P/L(1 - ) = (p - f)g = cte

Se for gás: (p - f) = (p)

P.S = L.A.(1 - ).p.g = peso das partículas

110
LEVA

2. fL. v s2 .  f 1    2
P  . . L2
Dp 3

L = fator de forma de Leva:

*esfera  L = 1

*não-esfera L = 0,25.(A/V2/3) (>1)

Os valores de L são encontrados na Tabela VIII-2 do Gomide 1 volume.

200. L. vs 1   
2

P  . . 2L
Para Re < 10 DP2
 3

f =100/Re

ERGUN

 . L .v s (1   ) 2 L .v s2 .  f 1   
 P  150 . .  1, 75 . .
D P2 3 DP 3

perdas viscosas perdas cinéticas

Re
Se for laminar  < 5  as perdas cinéticas são desprezíveis
(1 ε)

Re
Se for turbulento  > 2.000
(1 ε)

13.6 VELOCIDADE MÍNIMA DE FLUIDIZAÇÃO (vcrítica de fluidização)

vm = vC
No equilíbrio: P.S = P – E (vale P teórico)

111
LEVA

D P2 .(  p   f ). g  m3
vm  .
Pm = PLeva 
200. . 2L 1   m 

ERGUN

D P2 .(  p   f ). g  m3
vm  .
Pm = PErgun laminar 
150.  1    m

. v m (1   m )  f v m2
 
 p   f . g  150. 2 .
DP  m3
 1,75. .
D P  m3
Pm = PErgun completa 

RICHARDSON-ZAKI (para esferas e para DP > 100 μm)

vs = vt . εn

Ret < 0,2 n = 4,65


0,2 < Ret < 1 n = 4,35.(Ret-0,03)
1 <Ret < 500 n = 4,45.(Ret-0,1)
500 < Ret n = 2,39

MASSARANI (0,47 < ψ < 0,80)

vs = vt . εn

9,5 <Ret < 700 n=5,93.(Ret-0,14)+1

13.7 POROSIDADE (εm)

 Maneiras de avaliar :

a) Pelo ΔP teórico (mede-se ΔP e acha-se εm).

b) Gráfico de εm × Dp.

112
Figura 13-4 Gráfico da (porosidade mínima de fluidização) x (Dp) para gases.

FÓRMULA EMPIRÍCA DE MATHESON

ρMÁX = 0.356.ρP.[(log DP) –1] (DP em μm)


* vale para DP < 500μm e para gases.

ρMÁX  εMÍN :

ρA = (1 − ε).ρP + ε.ρf

(ρP − ρMÁX)
εm =
(ρP − ρf)

“Chute feio” :
ε m = εe (estático) + “alguma coisa”

113
EXERCÍCIOS DE FLUIDIZAÇÃO
1) Partículas esféricas com densidade 4.200 Kg/m3 e dimensão característica igual a 3 mm
devem ser fluidizadas com um líquido de densidade 1,1 g/ml e viscosidade de 1 cP. Usando
a relação de Ergun, calcular a velocidade mínima de fluidização, sendo a porosidade mínima
de fluidização igual a 0,5. (R.: v(mín) = 0,071m/s)

2) Catalisadores esféricos com densidade relativa de 2,6 e diâmetro médio de 0,1 mm


devem ser fluidizados com óleo de densidade relativa 0,9 e viscosidade 3 mPa.s. A
porosidade mínima de fluidização é 0,48. Calcular a velocidade crítica de fluidização e
compará-la com a velocidade de arraste. (R.: vmín = 7,9. 10-5 m/s, v a/v m = 52,3 (Leva) )

3) Um sistema leito fluidizado deve ser constituído por partículas esféricas de 65 mesh com
densidade 3,5 kg/L e ar a 300ºC e 6 atm, com viscosidade 0,03 cP. Sabe-se que o leito fixo
deste sistema possui porosidade de 0,4 e atinge uma altura de 2,5 m em uma coluna.
Calcular o fluxo mássico crítico do ar de fluidização nessa coluna e a altura mínima do leito
fluidizado.

4) Calcular a relação entre a velocidade de arraste e a velocidade crítica de fluidização para


a faixa normal da porosidade mínima de fluidização.

5) Um reator tubular a leito fluidizado deve conter catalisadores esféricos e um gás.


Dimensionar este reator, adotando para este caso que o Reynolds de operação é o triplo do
Reynolds crítico. Dados:

Diâmetro da partícula = 4,4 mm


Massa de sólidos = 25 kg
Vazão volumétrica do gás = 600 m3/h
Densidade do gás = 2,3 kg/m3
Viscosidade = 1,1x10-5 Pa.s
Densidade relativa da partícula = 1,37
Porosidade mínima de fluidização = 0,383

6) Um leito fluidizado opera atualmente com uma vazão de gás igual a 3 m 3/s e uma altura
de 2,60 m. O diâmetro médio das partículas do sólido é 100 μm e a densidade do sólido é
2,7 g/cm3. Desejando-se reduzir a altura do leito para 2,20 m, pergunta-se qual deverá ser a
nova vazão de gás. A seu ver, qual seria a causa provável da necessidade de se reduzir a
altura do leito? Admitir que as operações ocorram com número de Reynolds inferior a 10.
(R.: Q = 2,3 m³/s)

Dados:
Altura do leito de porosidade mínima: 1,10 m
ΔP constante

114
7) Partículas de alumina com Dp = 0,250 mm devem ser fluidizadas com ar a 400 °C e 100
psia. O leito estático tem uma profundidade de 12 ft e 9 ft de diâmetro, apresentando uma
porosidade de 0,40. A densidade das partículas sólidas é de 230 lb/ft³. Calcular:
a) Densidade máxima do leito fluidizado; (R.: ρmáx = 1833,5 kg/m³).
b) Sua porosidade mínima nestas condições; (R.: εmín= 0,50).
c) Altura mínima do leito; (R.: L mín = 14,5 ft)
d) Perda de carga do leito para a altura mínima; (R.: ΔPm = 79,5 kPa)

8) Em um processo de secagem, partículas esféricas de alumina (diâmetro 65 mesh e


densidade 3,1) devem ser fluidizadas com ar a 300 °C (viscosidade 0,03 cP), entrando a 5
bar (manométrica) em uma coluna com 2,2 m de diâmetro. O leito fixo deste sistema
apresenta uma altura de 3 m e uma porosidade de 40 %. Suponha que a massa de sólido
permaneça constante e que, durante a operação, a porosidade do sistema seja 20 % maior
que a porosidade mínima de fluidização.

a) Calcule a massa de sólido deste sistema.


b) Determine a altura mínima de fluidização; compare-a com a altura do leito fixo e calcule a
expansão do leito.
c) Calcule a vazão volumétrica mínima de ar para a fluidização.
d) Faça uma estimativa da perda de carga no início da fluidização.
e) Calcule o número de Froude no início da fluidização e indique o tipo de fluidização.
f) Calcule a altura do leito durante a operação.
g) Determine a velocidade de arraste para estas partículas.
h) Esboce o gráfico da porosidade do sistema em função da velocidade superficial do ar,
colocando os valores numéricos calculados.

115
XIV.Transporte Pneumático

Quem sabe, faz a hora, não espera acontecer.


(Geraldo Vandré)

116
14. TRANSPORTE PNEUMÁTICO

14.1 RECEITA PARA DIMENSIONAMENTO DE TRANSPORTE PNEUMÁTICO

Método: “Pneumatic Handling of Powdered Materials”

a) Estimativa preliminar da perda de carga total


1) Obter ρ máx e v min (estes valores dependem do sólido transportado).
2) Calcular a velocidade mínima na entrada recomendada (vmin,e), adotando o coeficiente
de segurança sugerido para v min.
3) Obter a velocidade média (v m) e a densidade média (ρm).
4) Calcular o diâmetro D (através da expressão da vazão mássica), considerando os
valores estimados no item 3 válidos para todo o comprimento. Adotar o diâmetro mais
próximo do calculado da tabela de tubos padronizados da Error! Reference source not
found..
5) Com o novo D adotado, mantendo a mesma v m (ou ρm), calcular a nova ρm (ou v m, quem
for mais seguro).
6) Estimar ΔP total pela fórmula do final da “receita”.

b) Cálculo mais minucioso do transportador


7) Considerar o Δ P total calculado anteriormente.
8) Dividir o valor obtido no item 7 em 3 partes (conforme o número de seções do
transportador), ponderando de acordo com o comprimento de cada uma. Se nada for
dito em contrário, considerar todas as seções com o mesmo comprimento.

c) Cálculo para a seção III


9) Calcular a pressão média (Pm) na seção III.
10) Com a Pm, calcular ρm (lembre-se: a relação P/ρ é constante).
11) Adotando, para esta seção, um diâmetro maior que o adotado no item 4, calcular v m
para a seção III.
12) Com os novos D, vm e ρm, calcular o novo ΔP para a seção III. Compará-lo com o último
valor obtido e iterar até erro menor que 10%.

Sequência: ΔP  P1  Pm  ρm  vm  ΔP.

117
d) Cálculo para a seção II
13) Procedimento análogo deve ser realizado para o cálculo do ΔP na seção II, a partir do
item 9. Deve-se, entretanto, adotar um diâmetro menor que o da seção calculada
anteriormente.

e) Cálculo para a seção I


14) Procede-se como no item 13 (se possível, com o mesmo diâmetro anterior).
15) Obter o valor de vm para a seção I.
16) Através da nova v m encontrada, calcula-se a velocidade mínima na entrada.
17) Se a velocidade mínima na entrada encontrada for menor que a velocidade mínima na
entrada recomendada (vm do item 2), a seção I deve ser dividida em duas partes com
diâmetros diferentes, sendo o ΔP também dividido proporcionalmente.
18) Através do processo iterativo, calcula-se a perda de carga para a 2ª parte da seção I,
adotando como diâmetro nominal o imediatamente inferior ao diâmetro nominal da
seção II. Na seqüência, calcula-se a perda de carga para a 1 ª parte da seção I,
adotando o diâmetro nominal imediatamente inferior ao da 2ª parte da seção I.
19) Procede-se como no item 16 e confere-se se a velocidade mínima na entrada é maior
que vm.
20) Calcular a perda de carga total do transportador.
21) Calcular a pressão de entrada do sistema.
22) Calcular a densidade à pressão atmosférica.
23) Calcular a vazão volumétrica à pressão atmosférica.
24) Calcular a potência total necessária para a realização desse transporte (calcular a
potência para cada seção e somá-las).
25) Conferir tudo e rezar para não encontrar erros.

DADOS:

1º 2º 3º 4º

1º = energia para acelerar o sólido.


2º = perda de carga distribuída.
3º = perda de carga localizada nas curvas.
4º = energia necessária para a elevação.
118
P
1  P2 
Pot 
P . v . A
Pm 
2 0,007604

 Nomenclaturas e unidades:

A = área da seção transversal do tubo (m2)


ρ = densidade da mistura (kg/m3)
D = diâmetro interno do tubo (m)
F1 = fator relativo às perdas por aceleração
F2 = fator de atrito para tubos retos
F3 = fator de atrito para curvas
g = 9,8 m/s2
h = altura da elevação (m)
L = comprimento do tubo (m)
N = número de curvas
P = pressão (kgf/cm2)
Pot = potência (HP)
v = velocidade média do sistema (m/s)
W = vazão mássica da mistura (kg/s)

DICAS PRÁTICAS:

Em cada seção:
 A queda máxima de pressão não deve ultrapassar 10% da Pressão (acima disso as
equações perdem a confiança).
 Perda de carga (ΔP) máxima: 40% da ΔP total.

119
EXERCÍCIO DE TRANSPORTE PNEUMÁTICO
Um sólido fluidizável, com densidade de 961 kg/m3, deve ser transportado sob pressão
através de 165 m de uma tubulação, com uma vazão mássica de 10 t/h. O projeto prevê
duas curvas, uma na 1ª seção e outra na 3ª seção; prevê também uma elevação de 12m na
3ª seção.

Calcular o(s) diâmetro(s) dos tubos, quedas de pressão, velocidade(s) e densidades médias
ar-sólido.

DADOS:

1. Velocidade mínima recomendada para o caso: 7,6 m/s.


2. Densidade máxima: 64 kg/m3.
3. Como margem de segurança, a velocidade mínima na entrada deverá ser 50% maior que
a velocidade mínima recomendada.
4. Como estimativa, com base em outros trabalhos, a velocidade mínima na entrada deve
ser 25% menor que a velocidade média.
5. A densidade máxima é 60% maior que a densidade média.
6. F1 = 2,5 (adotado).
7. F2 = 0,03 (tirado do gráfico).
8. F3 = 0,5 (pois a relação entre o raio das curvas e o diâmetro deve ser maior que 6).
9. Utilizar tubos de aço “Schedule 40” (SN 40).
10.Pressão na saída = Patm = 1 kgf/cm2.

120
Figura 14-1 Dimensão de tubos de aço comercial.

121
XV. Transportadores
Mecânicos

Sede misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso.


(Lucas, 6,36)

122
15. TRANSPORTADORES MECÂNICOS

15.1 TRANSPORTADOR DE CORREIA

Escolha de uma correia

Apesar de a escolha de uma correia ser feita geralmente por pessoal com muita
prática (por causa do preço) há algumas regras para a escolha.

Dimensionamento

A capacidade de uma correia é determinada por dois fatores:


 Seção reta da carga;
 Velocidade da correia.

A seção da carga depende de três fatores:


 Largura da correia;
 Forma da correia (lisa ou sob a forma de calha);
 Tamanho do material.

Cada fabricante possui ábacos aproximados para a estimativa de tamanhos de


transportadores e potências requeridas.

Potência requerida

A potência consumida por um transportador de correia é devida a:


 potência necessária para mover a carga;
 potência necessária para mover a correia,
 potência necessária para compensar as perdas por atrito;
 potência necessária para mover os trippers:
 potência necessária para elevar o material.

O problema envolvendo todos esses fatores é grande. A potência instalada deve ser
maior que a potência consumida. Outras maneiras de calcular devem ser vistas nos
catálogos dos fabricantes. Inconveniente: velocidade fixa. As correias são utilizadas
geralmente com inclinação entre 18 e 20 graus, sendo que a inclinação máxima utilizada é
de 30 graus (ver Tabela 15-3) (LIDDELL).

123
Uma correlação empírica apresentada para dimensionamento das correias é:

²
=
500

Em que:
C = capacidade (t/h);
l = largura da correia (polegadas);
v = velocidade da correia (m/min);
r = densidade do material (t/m³);
k = constante empírica entre 1,43 e 1,65 (pode-se utilizar a média destes valores).

As correias são fabricadas em larguras standards: (em polegadas) 14 – 16 – 18 – 20


– 24 – 30 – 36 – 42 – 48 – 54 – 60.

(0,0003. + 0.08. ) + .
=
300

Em que:
P = potência (HP);
L = comprimento total da correia (m);
H = elevação (m).

1 HP= 745,7 W

De um modo geral, pode-se escolher urna velocidade baixa e urna correia mais larga,
ou vice-versa. Não são recomendáveis velocidades menores que 20 m/min. O custo da
correia não varia muito com a velocidade. É bom trabalhar com uma correia mais estreita e
a uma velocidade maior. Devem-se evitar velocidades acima de 180 m/min devido ao
desgaste. O ângulo de inclinação da correia, não pode ser superior ao ângulo de repouso do
material (Tabela 15-1). A Tabela 15-2 é útil para escolher a velocidade recomendada.

124
Tabela 15-1 Densidade e ângulo de Cereais 16
transporte de alguns materiais.
Cavaco de
0,35 36 25
madeira
Ângulo
Densidad Ângulo Cavaco em
aproximad 0,4 30 20
e de pedaços
Material o de
aparente repous Coque
operação 0,48 28 13
(t/m3) o (º) moído
(º)
Anidrido Dolomita
1,6 22
ftálico em 0,67 24 10 britada
escamas Enxofre
Areia seca 1,5 15 em 1,28 20
pedeços
Areia
2 22 Gesso
úmida 0,9 40 27
moído
Alumina 0,96 12
Hematita 1,7 23
Argamassa 2,2 22 Hematita
Argila em em 3 18
0,96 22
pó pedaços
Bicarbonat Hidróxido
0,69 42 27 de 0,22 34 24
o de sódio
alumínio
Barrilha
0,8 20 Limonita 3,75 40 28
leve
Bauxita 1,39 20 18 Pedra
1,6 16
grossa
Caulim 1,04 20
Pedra fina 1,6 20
Cascalho
1,5 15 Rocha
seco
fosfática 1,2 15
Cascalho
1,65 18 britada
úmido
Sal moído 1,2 25 11
Calcário 1,6 20
Cimento 1,52 39 22 Sabão em
0,16 30 18
escamas
Concreto
2,2 27 Sulfato de
molhado
alumínio 0,22 34 24
Calem moído
1,5 18
pedaços Sulfato de
Cal em pá 1,15 23 2,95 45 32
chumbo
Cal fino 0,8 20 Terra seca 1,25 20

Tabela 15-2 Velocidade de transporte Carvão em


0,85 85
recomendada para correias pedaços
Cereais 0,6 180
Velocidade Cinzas 0,72 90
Densidade
Material da correia
aparente Coque 0,48 75
(m/min)
Minérios 2 105
Areia 1,7 115
Pedra britada 1,6 115
Cal e cimento 1,3 90 Pedreguiho 1,85 100
Carvão em pó 0,8 120 SaI comum 1,2 80

125
15.2 TRANSPORTADOR HELICOIDAL (“PARAFUSO”)

Dimensionamento

Os problemas mais importantes do projeto são a determinação do tamanho e do


número de rotações da helicóide e o cálculo do consumo de energia. Um método importante
de dimensionamento consiste em classificar inicialmente o material numa das cinco classes
descritas a seguir. A cada classe corresponde um fator F que servirá para calcular a
potência consumida.

 Classe a: inclui materiais finos, leves, não abrasivos e de escoamento fácil. A


densidade está entre 0,5 e 0,6 t/in³. Para estes materiais F= 0,4. Exemplos: carvão moído,
caroço de algodão, milho, trigo, cevada, arroz, malte, cal em pó, farinha e linhaça.

Figura 15-1 Transportador parafuso Classe a.

 Classe b: Materiais não abrasivos de densidade média, até 0,8 t/in³, em grãos
pequenos a misturados com finos. F=0,6. Exemplos: alumem fino, pó de carvão, grafite em
flocos, cal hidratada, café, cacau, soja, milho em grãos, farelo, gelatina em grãos.

Figura 15-2 Transportador parafuso Classe b.


126
 Classe c: Materiais semi-abrasivos em grãos pequenos misturados com finos,
densidade entre 0,6 e 1,12 t/in³. F=1,0. Exemplos: alumem de pedra, bórax, carvão grosso,
Iinhito, cinzas, sal grosso, barrilha, lama sanitária, sabão em pó, cevada úmida, amido,
açúcar refinado, cortiça moída, leite em pó e polpa de celulose.

Figura 15-3 Transportador parafuso Classe c.

 Classe d: Materiais semi-abrasivos ou abrasivos, finos, granulares ou em pedaços


misturados com finos, densidade entre 0,8 e 1,6 t/m³, F= 1 a 2, conforme indicado a seguir.
Exemplos: bauxita (1,8); negro de fumo (1,6); cimento (1,4); giz (1,4); gesso (1,6); argila
(2,0); fluorita (2,0); óxido de chumbo (1,0); cal em pedra (1,3); calcário (1,6); fosfato ácido
com 7% de umidade (1,4); xisto britado (1,8); açúcar mascavo (1,8).

Figura 15-4 Transportador parafuso Classe d.

127
 Classe e: Materiais abrasivos de escoamento difícil. Para fins de dimensionamento
utiliza-se 50% da capacidade dada na Figura 15-4, e limita-se a velocidade a 40 rpm. Em
outras palavras, entra-se na figura para materiais da classe d com o dobro da capacidade de
projeto. F conforme indicado: cinzas (4,0); fuligem (3,5); quartzo em pó (2,5); areia e sílica
(2,0).

Classificado o material, utilizam-se os gráficos das figuras acima e determina-se o


diâmetro da helicóide em função da capacidade volumétrica em m 3/h e da rotação
apropriada sem, contudo, ultrapassar o valor máximo recomendado em cada caso.

Figura 15-5 Transportador parafuso inclinado.

A capacidade do transportador diminui com a inclinação, conforme indicado no gráfico


da Figura 15-5. Uma vez obtido desta figura o valor de redução devido à inclinação (p),
deve-se entrar nas figuras acima, com a capacidade nominal.
Q
QN 
P
A potência consumida é calculada pelas seguintes expressões:

 LF H 
P  Qr   
 273 152 
 LF H 
P  C  
 273 152 

Sendo:
Q = capacidade volumétrica (m3/h);
C = capacidade (t/h);
r = densidade aparente do sólido (t/m3);
L = comprimento do transportador (m). Se for maior do que 30m, deve-se acrescentar
10 a 15% ao resultado;
128
H = elevação (m);
P = potência consumida (HP). Se o resultado for menor do que 2HP, deve-se multiplicar
por 2 e, se for inferior 4HP e maior que 2HP, multiplica-se por 1,5.

15.3 ELEVADOR DE CANECAS

Dimensionamento dos elevadores comuns de canecas

De acordo com Liddel, primeiramente escolhe-se a velocidade econômica de acordo


com o material a ser trabalhado, como mostrado na Tabela 15-3 a seguir.

Tabela 15-3 Velocidade econômica de acordo com o material a ser transportado.


Velocidade
Material
(m/min)
Coque 30
Pedra quebrada 38
Carvão bruto 38
Cinzas 45
Cal e cimento 45
Minérios 53
Pedra brita 53
Areia e
53
pedregulho
Carvão fino 60

A seguir, calcula-se a capacidade pela expressão:

0,0035l.w.v 2 
C
S
Sendo:
C = capacidade (t/h);
l = comprimento das canecas (cm);
W = largura das canecas (cm);
V = velocidade em (m/min);
ρ = peso especifico do material (t/m3);
S = distância entre as canecas (cm).

A potência necessária pode ser calculada por:

CH
P
200
Sendo:
H = elevação vertical (m);
P = potência (HP).

129
EXERCÍCIOS DE TRANSPORTADORES MECÂNICOS DE
SÓLIDOS
1) Calcular os característicos (largura, velocidade e potência) de uma correia sem roletes
para transportar horizontalmente 120 t/h de coque de petróleo a uma distância de 180 m.

2) Uma correia transportadora é utilizada para carregar minério (densidade 2,0), à razão de
75 ton/h. a uma distância de 250 m, com elevação de 40 m. Deseja-se reduzir o custo da
operação pela instalação de roletes equipados com rolamentos; sabe-se que esta medida
reduz em 40 % o consumo de energia. Sabendo-se que o equipamento funciona 7200 horas
por ano, qual é a economia obtida neste período? O preço do kWh é de R$ 0,40. Analise as
duas possibilidades:
1ª) Utilizar somente correia inclinada com roletes;
2ª) Usar correia com roletes na horizontal no início e um elevador de caneca vertical no final
(escolha um elevador de caneca razoável).

3) Calcular as características de um transportador de parafuso para carregar


horizontalmente 50 ton/h de cimento Portland a 12 m de distância. Compare a potência
necessária neste caso, com aquela que seria consumida se fosse utilizada uma correia.

4) Um elevador de canecas de 25 cm de largura e 40 cm de comprimento, distanciadas


entre si de 45 cm, deve ser usado para elevar carvão fino. Calcular a sua capacidade e a
potência (por metro de elevação) a ser consumida.

5) Fazer o mesmo exercício de transporte pneumático, porém agora carregando o sólido em


correia transportadora. Compare e justifique os resultados obtidos. Faça as considerações e
hipóteses que julgar necessárias, justificando-as.

130
Espero que estas anotações sejam úteis para uma introdução ao estudo das
gloriosas Operações Unitárias da Engenharia Química.

Lembre-se que, mais importante que os conhecimentos técnicos, as fórmulas, os


gráficos, os dimensionamentos ou os cálculos, estão o bom senso, a criatividade, a
coerência. E antes disso, estão a honestidade, a responsabilidade e o trabalho bem feito. E
nunca se esqueça de que, antes de engenheiro, você é um cidadão, um ser humano e,
como tal, irá respeitar e valorizar todas as pessoas que encontrar ao longo da sua vida.

Fique com Deus. Um abraço.

FELICIDADES ! ! !

Prof. Tadeu

131

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