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(Capa)

(logomarca do Centro Universo)

Apostila de Eletrônica Analógica

Centro Universo de Ensino

Nome do professor
(Folha de rosto)
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO À ELETRÔNICA ANALÓGICA .....................................................15

1.1 Por que estudar Eletrônica? ..................................................................................................................... 15

1.2 Tensão, corrente e potência ..................................................................................................................... 16

1.3 Elementos básicos de circuitos ................................................................................................................ 16

2 RESISTORES ..........................................................................................................18

2.1 Introdução .................................................................................................................................................... 18

2.2 Simbologia e tipos ...................................................................................................................................... 18

2.2.1 Resistências Fixas.................................................................................................................................... 18

2.2.2 Resistências Variáveis ............................................................................................................................ 19

2.3 Formas de identificação ............................................................................................................................ 19

2.4 Leitura Complementar: Resistências especiais .................................................................................... 21

2.4.1 Resistores sensíveis à temperatura..................................................................................................... 22

2.4.2 Resistores sensíveis à variação de tensão.......................................................................................... 22

2.4.3 Resistores sensíveis à luminosidade ................................................................................................... 22

2.4.4 Resistores sensíveis às variações de campo magnético .................................................................. 23

2.4.5 Resistores sensíveis às variações mecânicas (flexões)..................................................................... 23

2.5 Exercícios ...................................................................................................................................................... 23

3 CAPACITORES .......................................................................................................25

3.1 O que são os capacitores........................................................................................................................... 25

3.1.1 Principais características de um capacitor ......................................................................................... 27

3.1.2 Tipos de capacitor .................................................................................................................................. 28

3.2 Exercícios ...................................................................................................................................................... 30

4 INDUTORES ...........................................................................................................31

4.1 O que são os indutores .............................................................................................................................. 31

4.2 Exercícios ...................................................................................................................................................... 32

5 TRANSFORMADORES ..........................................................................................33
5.1 Os transformadores como elementos de circuito ............................................................................... 33

5.1.1 Tipos de transformadores..................................................................................................................... 34

5.1.2 Perdas no transformador ...................................................................................................................... 38

5.2 Relação de Transformação em um transformador.............................................................................. 38

5.3 Exercícios ...................................................................................................................................................... 39

6 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS SEMICONDUTORES .....................................41

6.1 Semicondutores .......................................................................................................................................... 41

6.1.1 Compostos, elementos e os átomos ................................................................................................... 41

6.1.2 O átomo.................................................................................................................................................... 41

6.1.3 Semicondutores ...................................................................................................................................... 42

6.1.4 Portadores de carga nos semicondutores ......................................................................................... 43

7 DIODO SEMICONDUTOR .....................................................................................44

7.1 O diodo.......................................................................................................................................................... 44

7.1.1 Polarização direta ................................................................................................................................... 45

7.1.2 Polarização inversa................................................................................................................................. 46

7.1.3 Características de condução e bloqueio............................................................................................. 46

7.2 Diodos Especiais .......................................................................................................................................... 48

7.2.1 Diodo Emissor de Luz (LED) .................................................................................................................. 48

7.2.2 Diodo Schottky ........................................................................................................................................ 49

7.2.3 Fotodiodos ............................................................................................................................................... 49

7.2.4 Diodo Túnel ............................................................................................................................................. 49

7.2.5 Varicap...................................................................................................................................................... 49

7.2.6 Diodo Zener ............................................................................................................................................. 50

7.3 Exercícios ...................................................................................................................................................... 50

8 RETIFICADORES MONOFÁSICOS COM DIODO ................................................51

8.1 Retificadores de Meia Onda ..................................................................................................................... 51

8.2 Retificação de Onda Completa com Dois Diodos ................................................................................. 53

8.3 Pontes Retificador as .................................................................................................................................. 54


8.4 Filtro capacitivo nos retificadores ........................................................................................................... 57

8.4.1 Tensão de ondulação ............................................................................................................................. 60

8.4.2 Filtro Capacitivo...................................................................................................................................... 61

8.5 Exercícios ...................................................................................................................................................... 61

9 DIODO ZENER .......................................................................................................62

9.1 Características do diodo zener ................................................................................................................. 63

9.2 Circuitos com diodo zener......................................................................................................................... 64

9.3 Exercícios ...................................................................................................................................................... 65

10 TRANSISTOR BIPOLAR ....................................................................................66

10.1 Introdução .................................................................................................................................................... 66

10.2 Estruturas básicas dos transistores......................................................................................................... 66

10.3 Polarização e funcionamento ................................................................................................................... 67

10.3.1 Operação na Região Ativa ................................................................................................................ 69

10.3.2 Operação na Região de Saturação .................................................................................................. 70

10.3.3 Operação na Região de Corte .......................................................................................................... 70

10.4 Exercícios ...................................................................................................................................................... 70

11 TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO ............................................................71

11.1 Introdução .................................................................................................................................................... 71

11.2 Polarização e funcionamento dos FETs .................................................................................................. 73

11.3 Leitura Complementar: Amplificadores transistorizados bipolares e com FETs ........................... 77

11.4 Exercícios ...................................................................................................................................................... 78

12 FILTROS PASSIVOS...........................................................................................79

12.1 Filtros Passivos ............................................................................................................................................ 79

12.2 Filtros RC ....................................................................................................................................................... 79

12.2.1 Filtro RC Passa Baixas ........................................................................................................................ 79

12.2.2 Filtro RC Passa Altas .......................................................................................................................... 80

12.2.3 Filtro RC Passa Faixas ........................................................................................................................ 81

12.2.4 Filtro Rejeita Faixa RC........................................................................................................................ 82


12.3 Filtros RL ....................................................................................................................................................... 83

12.3.1 Filtro RL Passa Baixa .......................................................................................................................... 83

12.3.2 Filtro RL Passa Alta............................................................................................................................. 83

12.4 Exercícios ...................................................................................................................................................... 84

13 REGULADORES DE TENSÃO ............................................................................85

13.1 Introdução .................................................................................................................................................... 85

13.2 Regulador Série ........................................................................................................................................... 85

13.2.1 Funcionamento .................................................................................................................................. 85

13.2.2 Limitações ........................................................................................................................................... 86

13.3 Regulador Par alelo ..................................................................................................................................... 86

13.3.1 Funcionamento .................................................................................................................................. 87

13.4 Regulador Série Realimentado ................................................................................................................ 88

13.4.1 Funcionamento .................................................................................................................................. 89

13.5 Reguladores Integrados............................................................................................................................. 89

13.6 Reforçadores de Corrente (Boosters) ..................................................................................................... 90

13.7 Reguladores Ajustáveis ............................................................................................................................. 91

13.8 Diodos de Proteção Básica........................................................................................................................ 91

13.9 Exercícios ...................................................................................................................................................... 92

14 AMPLIFICADORES OPERACIONAIS ...............................................................93

14.1 Introdução .................................................................................................................................................... 93

14.2 Terminais do Amplificador Operacional ................................................................................................ 93

14.3 O Amplificador Operacional Ide al ........................................................................................................... 95

14.4 Amplificadores Operacionais Reais......................................................................................................... 95

14.5 Aplicações do Amplificador Operacional............................................................................................... 97

14.5.1 Amplificador em Loop Aberto ......................................................................................................... 97

14.5.2 Amplificador Inversor........................................................................................................................ 98

14.5.3 Amplificador Não-Inversor ............................................................................................................... 98

14.5.4 Buffer ................................................................................................................................................... 99


14.5.5 Subtrator ............................................................................................................................................. 99

14.5.6 Somador Inversor ............................................................................................................................ 100

14.5.7 Somador Não-Inversor.................................................................................................................... 101

14.6 Exercícios .................................................................................................................................................... 102

15 TEMPORIZADOR 555.................................................................................... 103

15.1 Introdução .................................................................................................................................................. 103

15.2 Operação em Modo Monoe stável (temporizador) ........................................................................... 104

15.3 Operação no Modo Astável .................................................................................................................... 106

15.4 Exercícios .................................................................................................................................................... 110

16 APÊNDICE I: CONFECÇÃO DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO


ARTESANAIS .............................................................................................................. 111

16.1 Introdução .................................................................................................................................................. 111

16.2 A placa de circuito impresso................................................................................................................... 111

16.3 Considerações relativas ao projeto de PCI .......................................................................................... 112

16.3.1 Dimensionamento das trilhas........................................................................................................ 112

16.3.2 Considerações no traçado do layout............................................................................................ 114

16.4 Processo de fabricação artesanal passo a passo ................................................................................ 115

17 APÊNDICE II: SOLDAGEM DE COMPONENTES ELETRÔNICOS ............... 118

17.1 Introdução .................................................................................................................................................. 118

17.2 Processos de Soldagem ........................................................................................................................... 118

17.3 Ferramentas utilizadas para a soldagem manual .............................................................................. 119

17.4 Soldagem de componentes .................................................................................................................... 121

17.5 Dessoldagem de componentes .............................................................................................................. 122


ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Código de cores para as resistências .....................................................................20

Tabela 2: Comparação entre os materiais normalmente usados em PCIs ............................. 111


ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Símbolos típicos de fonte de tensão: contínua (esquerda) e alternada (direita) ........17

Figura 2: Símbolo típico de fonte de corrente.......................................................................17

Figura 3: Regras de associação de fontes .............................................................................17

Figura 4: Identificação da posição das cores nos resistores ...................................................19

Figura 5: Resistores SMD.....................................................................................................21

Figura 6: Principais resistências especiais usadas como sensores...........................................21

Figura 7: Classificação dos capacitores .................................................................................25

Figura 8: Principais símbolos dos capacitores .......................................................................25

Figura 9: Partes de um capacitor .........................................................................................26

Figura 10: Processo de carga de um capacitor (exemplo) ......................................................27

Figura 11: capacitor de papel ou poliéster internamente ......................................................28

Figura 12: Capacitor de mica ...............................................................................................28

Figura 13: Capacitor de cerâmica.........................................................................................29

Figura 14: Capacitor de alumínio .........................................................................................29

Figura 15: Inversão de polaridade em capacitores polarizados ..............................................30

Figura 16: Principais símbolos dos indutores ........................................................................31

Figura 17: Bobinas toroidais, usadas como filtros de corrente ...............................................32

Figura 18: Campo magnético devido à corrente elétrica........................................................33

Figura 19: Indução de uma bobina devido a estar próxima da bobina indutora ......................33

Figura 20: Símbolo de um transformador de dois enrolamentos............................................34

Figura 21: Transformador isolador toroidal ..........................................................................36

Figura 22: Esquema de um autotransformador ....................................................................36

Figura 23: Conversão teórica de um transformador em autotransformador...........................37

Figura 24: Autotransformador gerado a partir de um transformador comum .........................37

Figura 25: Chapas para diminuir as perdas no núcleo............................................................38

Figura 26: Estrutura de um átomo de Lítio ...........................................................................42


Figura 27: Estrutura plana de um semicondutor à base de Silício (as bolinhas menores são
elétrons) ............................................................................................................................42

Figura 28: Estrutura de silício dopada com Boro. Note a falta de um elétron, dando origem a
uma lacuna (material P) ......................................................................................................43

Figura 29: Estrutura de silício dopada com Fósforo. Note o excesso de um elétron (material N)
.........................................................................................................................................43

Figura 30: Símbolos usador para diodos ...............................................................................45

Figura 31: Diodo polarizado diretamente (o símbolo de bateria representa uma tensão
externa) .............................................................................................................................45

Figura 32: Diodo polarizado inversamente (o símbolo de bateria representa uma tensão
externa) .............................................................................................................................46

Figura 33: Modelo ideal do Diodo ........................................................................................47

Figura 34: Curva característica real de um diodo 1N4148 (exemplo) ......................................47

Figura 35: Leds redondos ....................................................................................................48

Figura 36: Formas de onda sobre o retificador de meia onda ................................................52

Figura 37: Circuito de um retificador de onda completa com dois diodos...............................53

Figura 38: Formas de onda sobre o retificador de onda completa com dois diodos.................53

Figura 39: Circuito de uma ponte retificadora ......................................................................54

Figura 40: Representações alternativas para os retificadores em ponte .................................55

Figura 41: Ponte retificadora em circuito integrado ..............................................................55

Figura 42: formas de onda de um retificador em ponte ........................................................56

Figura 43: Semiciclo positivo do retificador em ponte ...........................................................56

Figura 44: Semiciclo negativo do retificador em ponte..........................................................57

Figura 45: Introdução do capacitor como elemento de filtragem de retificadores ..................58

Figura 46: Etapa de armazenamento de carga no capacitor de filtragem................................58

Figura 47: Etapa de descarga do capacitor ...........................................................................58

Figura 48: Etapa de descarga do capacitor ...........................................................................59

Figura 49: Etapas consecutivas de carga e descarga do capacitor e seu efeito sobre o resistor 59

Figura 50: Comparativo entre retificadores com e sem filtro capacitivo .................................59

Figura 51: Comparativo entre as tensões médias de retificadores com e sem filtros ...............60
Figura 52: Tempos de carga e descarga do filtro capacitivo ...................................................60

Figura 53: Ondulação em filtro capacitivo ............................................................................60

Figura 54: Símbolo do diodo Zener ......................................................................................62

Figura 55: Diodo zener funcionando apenas como diodo retificador......................................62

Figura 56: Corrente de fuga no diodo zener em bloqueio ......................................................63

Figura 57: Curva característica do diodo zener .....................................................................63

Figura 58: Regulador zener com carga resistiva Rl.................................................................64

Figura 59: Terminais dos transistores...................................................................................67

Figura 60: Símbolos usados para os transistores ...................................................................67

Figura 61: Tensões e correntes em um transistor bipolar ......................................................68

Figura 62: Amplificador com transistor bipolar .....................................................................69

Figura 63: Estrutura de um FET............................................................................................71

Figura 64: Símbolo usado para FETs canal N e P....................................................................72

Figura 65: Esquemas básicos de uso dos FETs.......................................................................72

Figura 66: Polarização típica do FET canal N .........................................................................73

Figura 67: Circuito típico de um amplificador transistorizado com FET ...................................73

Figura 68: Análise estática do FET........................................................................................74

Figura 69: Gráfico da corrente I D em função da tensão V DS ....................................................74

Figura 70: Efeito do aumento de V GS ....................................................................................75

Figura 71: curva de I D em função de VDS para FET canal P ......................................................75

Figura 72: Curva de transferência dos FETs ..........................................................................75

Figura 73: Estrangulamento de canal ...................................................................................76

Figura 74: Circuitos utilizados para se verificar I DSS e V GS(OFF)...................................................76

Figura 75: Amplificador com FET .........................................................................................78

Figura 76: Filtro passa baixas RC..........................................................................................79

Figura 77: Ganho de tensão em dB em função da frequência de um filtro passa baixas...........80

Figura 78: Filtro passa altas RC ............................................................................................80

Figura 79: Ganho de tensão em dB em função da frequência de um filtro passa baixas...........81


Figura 80: Filtro passa faixas RC...........................................................................................81

Figura 81: ganho de tensão em função da frequencia do filtro passa faixa RC ........................82

Figura 82: Filtro rejeita faixa RC...........................................................................................82

Figura 83: Ganho de tensão em dB em função da frequencia do filtro rejeita faixa RC ............83

Figura 84: Filtro RL passa baixa............................................................................................83

Figura 85: Filtro RL passa alta ..............................................................................................84

Figura 86: Circuito típico de um regulador série ...................................................................85

Figura 87: Esquema elétrico de um regulador paralelo .........................................................87

Figura 88: esquema elétrico de um regulador série com realimentação .................................88

Figura 89: Diagrama de blocos da estrutura de funcionamento de um regulador de três


terminais ...........................................................................................................................89

Figura 90: Esquema elétrico de um regulador integrado de três terminais .............................90

Figura 91: o µA7805: um regulador fixo muito utilizado em circuitos eletrônicos ...................90

Figura 92: Esquema típico de um booster associado a um regulador de três terminais ...........91

Figura 93: Regulador de tensão com saída ajustável a partir de um regulador de saída fixa.....91

Figura 94: Diodo de proteção de latch-up ............................................................................92

Figura 95: Diodo de proteção contra descarga do capacitor por curto-circuito na entrada do
regulador...........................................................................................................................92

Figura 96: Pinagem de um amplificador operacional comercial .............................................93

Figura 97: Símbolo do amplificador operacional ...................................................................94

Figura 98: Circuito interno de um AO ...................................................................................95

Figura 99: Ganho do AO em função da freqüência ................................................................96

Figura 100: Diferenças nas entradas do AO ..........................................................................96

Figura 101: Configuração do AO em loop aberto ..................................................................98

Figura 102: Amplificador Inversor........................................................................................98

Figura 103: Amplificador Não-Inversor.................................................................................99

Figura 104: Amplificador em circuito buffer .........................................................................99

Figura 105: Circuito Subtrator ........................................................................................... 100


Figura 106: Amplificador diferencial .................................................................................. 100

Figura 107: Somador inversor ........................................................................................... 101

Figura 108: Somador Não-Inversor .................................................................................... 101

Figura 109: Pinos do CI 555 e sua configuração interna....................................................... 103

Figura 110: Montagem do 555 em modo monoestável ....................................................... 104

Figura 111: Esquema elétrico interno equivalente .............................................................. 105

Figura 112: Instantes de acionamento do 555 .................................................................... 105

Figura 113: Montagem do 555 em modo Astável................................................................ 107

Figura 114: Esquema elétrico interno de um 555 em modo Astável ..................................... 107

Figura 115: Instantes de acionamento no 555 .................................................................... 107

Figura 116: Montagem Astável de 555 com períodos alto e baixo iguais .............................. 109

Figura 117: Esquema interno do 555 nesta nova configuração ............................................ 109

Figura 118: Gráfico utilizado para estabelecer largura de trilhas em PCI............................... 114

Figura 119: Considerações no traçado do layout ................................................................ 115

Figura 120: Traçado das trilhas impresso em papel vegetal ................................................. 115

Figura 121: Placa cobreada com a tinta do papel vegetal já transferida................................ 116

Figura 122: Placa mergulhada em solução de percloreto de ferro........................................ 116

Figura 123: Placa com o cobre removido............................................................................ 117

Figura 124: Aspecto final da placa de PCI limpa e perfurada ................................................ 117

Figura 125: Processo de soldagem por banho..................................................................... 118

Figura 126: Processo de soldagem manual ......................................................................... 118

Figura 127: Metal de adição e fluxo ................................................................................... 119

Figura 128: Ferro de soldar ............................................................................................... 119

Figura 129: Interior do ferro de soldar ............................................................................... 120

Figura 130: Suporte de ferro de soldar............................................................................... 120

Figura 131: Alicate de bico chato ou meia-cana.................................................................. 120

Figura 132: Uso recomendado do alicate de bico................................................................ 121

Figura 133: Alicate de corte............................................................................................... 121


Figura 134: Aplicação de calor nos terminais a serem soldados ........................................... 122

Figura 135: Aplicação de solda nos terminais pré-aquecidos ............................................... 122

Figura 136: Uso do alicate de bico chato na dessoldagem ................................................... 122

Figura 137: Dessoldagem de componentes ........................................................................ 123

Figura 138: Sugador manual de solda ................................................................................ 123


1 Introdução à Eletrônica Analógica
Neste Capítulo iremos aprender:

O que vamos estudar em Eletrônica Analógica

Por que os circuitos eletrônicos são importantes e onde eles são usados

Os conceitos básicos necessários ao estudo da Eletrônica Analógica

1.1 Por que estudar Eletrônica?


Eletrônica é a ciência que, entre os mais diversos ramos que a abrangem, estuda a transmissão
da corrente elétrica no vácuo e nos semicondutores. Também é considerado um ramo da
eletricidade que, por sua vez, é um ramo da física onde se estudam os fenômenos das cargas
elétricas elementares, as propriedades e comportamento do elétron, próton, partículas
elementares, ondas eletromagnéticas, entre outros. Em uma definição mais abrangente,
podemos dizer que a eletrônica é o ramo da ciência que estuda o uso de circuitos formados
por componentes elétricos e eletrônicos, com o objetivo principal de representar, armazenar,
transmitir ou processar informações, além do controle de processos e servomecanismos.

Sob esta ótica, também se pode afirmar que os circuitos internos dos computadores, os
sistemas de telecomunicações, os diversos tipos de sensores e transdutores estão, todos,
dentro da área de interesse da eletrônica. Considera-se o primeiro componente eletrônico
puro a célula fotovoltaica (1839) seguida pela válvula termo iônica, ou termiônica, e alguns
diodos à base de Selênio (Se).

A válvula termiônica, também chamada de válvula eletrônica, é um dispositivo que controla a


passagem da corrente elétrica através do vácuo, dentro de um bulbo de vidro, sendo utilizad a
em larga escala até meados da década de 1960.

Com o surgimento do transistor, a válvula foi perdendo seu espaço e a eletrônica, com o
passar do tempo, acabou por desenvolver e estudar novos circuitos eletrônicos, além de
transistores, diodos, fotocélulas, capacitores, indutores, resistores, etc.

A tecnologia de miniaturização desenvolveu os circuitos integrados, os micro circuitos, as


memórias eletrônicas, os microprocessadores, além de miniaturizar os capacitores, indutores,
resistores, entre outros.

Desde o início do século XX até sua metade, a válvula termo iônica reinou absoluta, quando na
metade do século, em 1948, a gigante em telecomunicações Bell Telephone, desenvolveu um
dispositivo que, em comparação à válvula termo iônica, era simplesmente minúsculo, era o
primeiro transistor.

Com o surgimento do transistor iniciava-se a era do semicondutor e com o desenvolvimento


das técnicas de miniaturização ficou cada vez mais acelerada a confecção e projeto de
componentes e equipamentos eletrônicos.

Isto culminou com a construção do primeiro circuito integrado no final da década de 60,
quando apareceu o primeiro amplificador operacional integrado. Este nada mais era que a
montagem miniaturizada de transistores, capacitores, resistores e diodos semicondutores,
todos feitos numa só base, inicialmente em germânio.
Logo após, no início da década de 70, os componentes passaram a ser fabricados em silício,
elemento de mais fácil manipulação e menos sensível aos efeitos de avalanche térmica.

Foram sendo desenvolvidas novas tecnologias para a fabricação seriada em alta velocidade.
Estas utilizavam componentes de larga escala de integração, (LSI), e logo após, nos anos 80, foi
desenvolvida a extra larga escala de integração, (ELSI). Esta tecnologia nos deu os
microprocessadores de alta velocidade e alto desempenho.

Nos dias de hoje, depois do trabalho de milhares, senão milhões, de colaboradores anônimos,
a eletrônica está finalmente entrando na era da nanotecnologia.

1.2 Tensão, corrente e potência


Para o estudo da Eletrônica Analógica, alguns termos e conceitos devem ser relembrados e
definidos. Comecemos pelo estudo da tensão, corrente e potência. Os conceitos de tensão,
corrente e potência são muito úteis ao técnico porque podem ser expressos de forma
quantitativa.

Para separar cargas positivas e negativas, é necessário usar uma certa quantidade de energia.
Assim então definimos tensão:

Tensão é a energia por unidade de carga associada à separação entre cargas e sua unidade no
Sistema Internacional de Unidades (SI) é o volt (V).

Os efeitos elétricos causados por cargas em movimento dependem da quantidade de carga


que atravessa o circuito em estudo por unidade de tempo. Desta forma definimos a corrente:

Corrente é o fluxo de carga por unidade de tempo e sua unidade no sistema SI é o ampère (A).

Potência é a energia por unidade de tempo recebida ou fornecida por um elemento e é igual
ao produto da tensão entre os terminais do elemento pela corrente que o atravessa. Sua
unidade no sistema SI é o watt (W).

1.3 Elementos básicos de circuitos


Para facilitar o aprendizado, faremos uso de dois elementos básicos, a saber:

 Fontes de tensão;
 Fontes de corrente.

Antes de discutirmos as fontes ideais de tensão e de corrente, precisamos considerar a


natureza das fontes de eletricidade em geral. Uma fonte de eletricidade é um dispositivo
capaz de transformar outras formas de energia em energia elétrica e vice-versa. Ao se
descarregar, uma bateria transforma energia química em energia elétrica, enquanto que ao se
carregar, transforma energia elétrica em carga química. O dínamo é uma máquina que
transforma energia mecânica em energia elétrica e vice-versa. Quando está transformando
energia mecânica em energia elétrica, é chamado de gerador; quando está transformando
energia elétrica em energia mecânica, é chamado de motor. O importante a lembrar a respeito
dessas fontes é que podem fornecer ou receber energia elétrica, quase sempre mantendo
constante a tensão ou a corrente. Este comportamento é de particular interesse para a análise
de circuitos, e levou à criação da fonte de tensão ideal e da fonte de corrente ideal como
elementos básicos dos circuitos.
A fonte ideal de tensão é um elemento que mantém uma tensão especificada entre seus
terminais qualquer que seja a corrente que a atravessa.

A fonte ideal de corrente é um elemento que é atravessado por uma corrente especificada
qualquer que seja a tensão entre seus terminais.

Para fontes de tensão, usaremos os seguintes símbolos:

Figura 1: Símbolos típicos de fonte de tensão: contínua (esquerda) e alternada (direita)

Já para fontes de corrente, sempre que possível usaremos este símbolo:

Figura 2: Símbolo típico de fonte de corrente

Existem algumas regras a se seguir, com relação à associação de fontes:


 Fontes de tensão só podem ser conectadas em paralelo se tiverem valores iguais de
tensão;
 Fontes de corrente só podem ser conectadas em série se tiverem valores iguais de
corrente;
 Fontes de tensão não podem ter seus terminais conectados por condutores ideais;
 Fontes de corrente não podem ter seus terminais desconectados.

Podemos resumir estas informações

Figura 3: Regr as de associação de fontes

Agora estamos encorajados a estudar os componentes mais comuns dos circuitos.


2 Resistores
Neste capítulo comentaremos sobre:

 O componente “resistor”

 As características de um componente resistor

 As utilidades e aplicações de um resistor

2.1 Introdução
Resistores elétricos são componentes eletrônicos, cuja finalidade é oferecer oposição à
passagem de corrente elétrica através de seu material. A essa oposição é dado o nome de
"Resitência Elétrica".

Um resistor ideal é um componente com uma resistência elétrica que permanece constante,
independentemente da tensão ou corrente elétrica que circular pelo dispositivo.

Em geral, todos os materiais, dos condutores até os isolantes, oferecem alguma resistência à
passagem de corrente elétrica. Os condutores, como o cobre e a prata, tem resistência muito
baixa, ao passo que materiais isolantes, como o vidro e os plásticos, tem resistência elevada.
Os resistores são projetados para proporcionar valores conhecidos de resistência em seus
terminais.

A unidade de medida da resistência elétrica de um resistor no Sistema Internacional de


medidas (SI) é o Ohm, representada pela letra grega Ω (ômega), e assim empregada em
homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm (1789-1854), descobridor de uma famosa lei
que leva seu nome: a lei de Ohm.

São válidos ainda os fatores multiplicadores kΩ e MΩ, equivalentes a 1.000Ω e 1.000.000Ω,


respectivamente.

2.2 Simbologia e tipos


Os Resistores podem ser Fixos ou Variáveis, onde os Fixos são Resistores cuja resistência
elétrica não pode ser alterada (apresentam dois terminais), já os Resistores Variáveis são
aqueles cuja resistência elétrica pode ser alterada através de um eixo ou curso (Reostato,
Potenciômetro).

2.2.1 Resistências Fixas


As resistências a fio são constituídas por um suporte de cerâmica sobre o qual é enrolado um
fio resistivo. O enrolamento é constituído por um fio de constantan, manganina ou níquel-
cromo, dependendo do valor da resistência que se deseja obter: não existem limites para a
potência dissipada (depende da dimensão) e são muito precisas.

As resistências de massa são constituídas por uma massa química de óxidos metálicos, carvão
em pó ou grafite, misturado com substâncias adesivas apropriadas. São de pouca precisão
(tolerância 10-20%) e são construídas para dissipar uma potência de até 3W.

As resistências a depósito de carbono ou material metálico são constituídas por um suporte


de cerâmica sobre o qual se deposita uma película resistiva de carbono ou metálica. Para
aumentar a resistência sobre a película grava-se uma espiral. Pode-se construir com grande
precisão (tolerância 1-2%) e com potência dissipável até 3W.

2.2.2 Resistências Variáveis


São resistores que têm um cursor de acordo com a posição determinam o valor da resistência
inserida. O deslocamento do cursor pode ser do tipo retilíneo ou angular.

As resistências variáveis a fio são as mais precisas e podem dissipar potências maiores
(exemplo, os reostatos de partida para os motores).

As resistências a fio podem ser também do tipo semi-fixo, quando no lugar do cursor tem-se
um anel fixado com um parafuso.

As resistências variáveis a depósito são constituídas por um suporte isolante (baquelite) sobre
o qual é depositada a substância resistiva. Podem ser rotativas ou retilíneas (slides). As
potências dissipadas são da ordem de 1 watt.

Existem potenciômetros semi-fixos de potência muito pequena, chamados Trimmers


potenciométricos, que podem ser fixados sobre circuito impresso.

Em alguns casos para uma maior regulagem são usados potenciômetros multi-giros (Elipot). A
potência máxima dissipada é de cerca 5W.

Uma resistência variável é dita linear quando, durante todo o percurso, para os deslocamentos
iguais do cursor, tem-se variações iguais da resistência. Os potenciômetros lineares são
marcados com a letra A, estampada no invólucro.

Uma resistência variável é dita logarítmica quando o deslocamento do cursor faz variar o valor
da resistência segundo uma escala logarítmica. Tais potenciômetros são marcados com a letra
B impressa ou estampada no invólucro.

2.3 Formas de identificação


Os resistores são identificados de várias formas, dependendo de seu tipo. Nos resistores de
composição de carvão, por exemplo, os valores da resistência são codificados em uma série de
faixas coloridas pintadas ao redor do corpo do componente e mais próximas a uma das
extremidades do mesmo. Estudaremos os resistores que são identificados através de um
código de cores, onde cada cor e a posição da mesma no corpo dos resistores representam um
valor, um fator multiplicativo ou sua tolerância.

Figura 4: Identificação da posição das cores nos resistores


1º 2º Fator
Cor Tolerância
Algarismo Algarismo Multiplicativo

Preto - 0 100 -

Marrom 1 1 101 1%

Vermelho 2 2 102 2%

Laranja 3 3 103 -

Amarelo 4 4 104 -

Verde 5 5 105 -

Azul 6 6 106 -

Violeta 7 7 - -

Cinza 8 8 - -

Branco 9 9 - -

Ouro - - 10-1 5%

Prata - - 10-2 10%

Tabela 1: Código de cores para as resistências

A primeira faixa, que é a mais próxima de uma das extremidades do resistor, apresenta o
primeiro dígito do valor da resistência.

A segunda faixa apresenta o segundo dígito do valor da resistência.

A terceira faixa apresenta o multiplicador decimal, ou seja, a potência de dez que multiplica o
número formado pelos dois dígitos da primeira e segunda faixa.

A quarta faixa proporciona a exatidão ou tolerância do valor de resistência apresentado pelas


três primeiras faixas. É especificada como porcentagem.

Exemplo:

Se em um determinado resistor a primeira faixa for azul (6), a segunda faixa for cinza (8), a
terceira for vermelha (102) e a quarta faixa for dourada (5%), isto significa que este resistor
tem uma resistência de:

68 x 102 podendo variar entre ±5%, ou ainda

6800Ω ± 5%
No caso dos resistores de película e de fio, os valores de resistência e a tolerância vem, em
geral, diretamente marcados sobre o corpo da peça. Algumas vezes, os fabricantes usam seus
próprios códigos.

Nos resistores de montagem em superfície ou SMD (montagem onde a solda fica do mesmo
lado do componente; normalmente são componentes muito pequenos e a montagem é feita
por máquina), os números das faixas vem impressos diretamente no corpo do componente, tal
como 103. Neste caso, a primeira faixa é 1 (marrom), a segunda faixa é 0 (preto) e a terceira
faixa é 3 (laranja), o que caracteriza um resistor de 10kΩ. Nestes casos, a tolerância nem
sempre é claramente indicada.

Figura 5: Resistores SMD

2.4 Leitura Complementar: Resistências especiais


Em alguns aparelhos automáticos, são necessários componentes especiais sensíveis às
variações das principais grandezas fixas, como luz, temperatura, força, tensão, magnetismo,
etc. Para estes controles pode-se usar resistências especiais em que o valor se modifica em
função da variação da grandeza examinada.

Figura 6: Principais resistências especiais usadas como sensores


2.4.1 Resistores sensíveis à temperatura
São denominados TERMISTORES e dividem-se em dois grupos:

Termistores N.T.C. (Negative Temperature Coefficient) - coeficiente de temperatura


negativo.

São componentes obtidos através de material semicondutor; a resistência deles diminui com o
aumento da temperatura.

Os N.T.C. são construídos para valores compreendidos entre alguns décimos de ohm e alguns
centésimos de k Ω.

Termistores P.T.C. (Positive Temperature Coefficient) - coeficiente de temperatura


positivo.

Os termistores são usados no campo industrial em circuitos de medida e controle da


temperatura.

2.4.2 Resistores sensíveis à variação de tensão


São chamados VARISTORES ou V.D.R. (Voltage Dependent Resistor). A resistência dos VDR
diminui quando se aumenta a tensão aplicada.

2.4.3 Resistores sensíveis à luminosidade


Chama-se foto-resistência aqueles elementos que variam os seus valores resistivos quando se
varia a luminosidade à qual o elemento é exposto. A variação resistiva é quase linear.

Os tipos mais comuns são os de forma cilíndrica e podem ser a iluminação frontal ou a
iluminação lateral. O envoltório pode ser metálico, estanque, plástico, de resina, de vidro, etc.
São usados nos circuitos conta-peças, antifurtos, interruptores crepusculares, exposímetros,
etc. e em todos os casos que se precisam notar variações de iluminação.

2.4.4 Resistores sensíveis às variações de campo magnético


São chamados M.D.R. (Magnetic Dependent Resistor) e o valor resistivo deles aumenta
quando se aumenta a intensidade do campo magnético.

2.4.5 Resistores sensíveis às variações mecânicas (flexões)


São chamados normalmente de extensímetros (Strain-gage). São constituídos por um fio com
alta resistividade colado sobre um suporte isolante, para ter uma sensibilidade elevada o fio é
moldado. O suporte com o extensímetro é colado sobre o mecanismo especial onde se deseja
evidenciar a deformação.

As deformações mecânicas (torções, flexões, trações, etc.) determinam a tração ou a


compressão do fio resistivo com conseqüente variação de sua resistência.

 Fio em tração causa alongamento ou redução da seção reta, ocasionando aumento da


resistência;
 Fio em compressão implica na diminuição do comprimento e aumento da seção reta e,
em seguida, tem-se então uma diminuição da resistência.

2.5 Exercícios
1) Quais as principais características de um resistor?
2) Quais as utilidades de um resistor?
3) Quais os tipos de resistor?
4) Quais os códigos de cores dos seguintes resistores:
a. 47kΩ
b. 390Ω
c. 10Ω
d. 2.2kΩ
e. 100kΩ
f. 4.7MΩ
5) Quais os valores dos resistores com as seguintes cores:

1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa


a. Marrom Preto Vermelho Prata
b. Amarelo Violeta Marrom Dourado
c. Azul Cinza Amarelo Dourado
d. Vermelho Vermelho Preto Prata
3 Capacitores
Neste capítulo discutiremos:

 O princípio de funcionamento dos capacitores

 A simbologia padrão dos capacitores

3.1 O que são os capacitores


O capacitor é um elemento capaz de acumular cargas elétricas e de devolvê -las em um
segundo tempo. Os capacitores podem ser assim classificados:

Figura 7: Classificação dos capacitores

Nos circuitos, usamos os seguintes símbolos para representar os capacitores:

Figura 8: Principais símbolos dos capacitores


Um capacitor de placas paralelas é composto por duas placas condutoras paralelas ou
eletrodos (também chamadas de armaduras) separadas por um material dielétrico de
espessura uniforme. As placas condutoras podem ser de qualquer material bom condutor de
eletricidade. É comum o uso do alumínio e do cobre. O dielétrico deve ser um material mau
condutor (um isolante). É comum o uso de materiais plásticos e cerâmicos e de óxidos
isolantes.

O capacitor elementar (básico) de placas planas e paralelas e sua simbologia, usada nos
diagramas de circuitos eletrônicos, são mostrados na figura a seguir.

Figura 9: Partes de um capacitor

O que acontece no interior do capacitor? Como ele se carrega e descarrega?

Consideremos a figura 9, onde um capacitor está conectado a uma fonte de corrente contínua
por uma chave aberta. Sabemos que os materiais isolantes são compostos por átomos com
elétrons intimamente ligados ao núcleo, razão pela qual não facilitam o deslocamento de
elétrons (corrente elétrica).

Também sabemos que a estrutura dos metais é característica porque os seus átomos têm
elétrons que saem facilmente de suas órbitas e se convertem em elétrons-livres.

Pensando neste sentido, ao se fechar a chave, o pólo positivo da bateria atrai os elétrons de
uma placa deixando-a mais positiva (perdeu elétrons). Esta placa, por sua vez, atrai os elétrons
do pólo negativo da bateria para a outra placa, deixando-a mais negativa (recebe elétrons).
Desta forma estabelece-se um fluxo de elétrons (corrente elétrica) no circuito, apesar de não
haver a passagem de cargas elétricas através do dielétrico do capacitor. As duas placas ficam
carregadas com iguais quantidades de carga, porém de sinais contrários. A figura 9 indica esta
situação. Este processo continua até que o capacitor esteja plenamente carregado, quando
então o fluxo de elétrons se interrompe.

Quando carregado por uma bateria, um eletrodo (placa condutora metálica) do capacitor
torna-se positivamente carregado e o outro torna-se negativamente carregado através da
repulsão eletrostática.

Como as duas placas estão carregadas com cargas de sinais diferentes, surge um Campo
Elétrico Uniforme orientado da placa positiva para a placa negativa, como indica a figura 9.
Como cargas elétricas imersas num campo elétrico possuem potencial elétrico, e a diferença
de potencial entre as placas estabelece uma tensão elétrica do capacitor carregado. É por esta
razão que dizemos que o capacitor armazena energia no seu campo elétrico.

O capacitor armazena energia no campo elétrico porque este forma um bipolo elétrico que
estabelece uma diferença de potencial (tensão) entre as placas carregadas.

Figura 10: Processo de carga de um capacitor (exemplo)

3.1.1 Principais características de um capacitor


As principais características de um capacitor são:

 A Capacitância;
 A tensão de trabalho.

A capacitância de um capacitor é a capacidade de armazenamento de cargas e depende, entre


outros fatores:

 Da área das armaduras


 Da espessura do dielétrico
 Da natureza do dielétrico

Quanto maior a capacitância, maior a capacidade de armazenamento de cargas.

A tensão de trabalho é a tensão máxima que o capacitor pode suportar entre as suas
armaduras sem se danificar. A aplicação de uma tensão no capacitor superior à sua tensão de
trabalho pode provocar o rompimento do dielétrico fazendo com que o capacitor fique em
curto-circuito, perdendo suas características. Na maioria dos capacitores, o rompimento do
dielétrico implica em dano permanente no componente.

3.1.2 Tipos de capacitor


Basicamente os capacitores podem ser divididos nos grupos a seguir. Novas tecnologias estão
lançando mais tipos de capacitores (como os capacitores de polímero de alumínio e os super
capacitores), mas este assunto foge ao escopo deste trabalho.

 Capacitores de papel ou poliéster

As armaduras são constituídas por folhas de estanho ou alumínio finíssimas e o dielétrico de


uma folha de papel embebida em um líquido isolante que impede a absorção de umidade.
Existem capacitores de papel metalizado que são mais práticos de manusear. Os capacitores
de poliéster diferenciam-se daqueles de papel pela diferente constituição do dielétrico.

Figura 11: capacitor de papel ou poliéster internamente

 Capacitores de mica

Os capacitores de mica são constituídos por camadas superpostas de mica e lâminas de


alumínio muito finas, ou então de folhas de mica prateadas. São particularmente usados nos
circuitos a alta freqüência.

Figura 12: Capacitor de mica


 Capacitores de cerâmica

Para altíssimas freqüências de trabalho (HF, VHF) usa-se capacitores de cerâmica devido à
menor perda de energia em relação aos outros tipos como os de papel, de poliéster, etc. Estes
são constituídos por um suporte de cerâmica (dielétricos) sobre o qual se deposita a fogo uma
camada de prata.

Figura 13: Capacitor de cerâmica

 Capacitor eletrolítico de alumínio

Os capacitores eletrolíticos de alumínio distinguem-se dos capacitores comuns pela natureza


do seu dielétrico; este é constituído por uma camada de óxido depositada sobre uma das
armaduras do capacitor, ativado por um líquido dito eletrólito contido entre as próprias
armaduras.

Figura 14: Capacitor de alumínio

A maior qualidade deste tipo de capacitor consiste no fato de acumular em pequeno volume
uma elevada capacitância. A uma mesma capacitância, terá dimensões maiores aquele que
tiver a tensão de trabalho mais elevada. Estes capacitores são polarizados, ou seja, possuem
pólos positivo e negativo, cujas ligações devem respeitar esta natureza.

 Capacitores de tântalo

São capacitores menores em relação àqueles de alumínio, com igual capacitância, e têm uma
precisão maior. Todavia não são construídos para grandes capacitâncias e para tensões de
trabalho mais baixas. Também são polarizados, tais como os capacitores eletrolíticos.

Deve ser dada atenção especial aos capacitores polarizados no momento da montagem, pois a
inversão dos pólos pode levar a explosões!

Figura 15: Inversão de polaridade em capacitores polarizados

3.2 Exercícios
1) O que são os capacitores?
2) Para que servem os capacitores?
3) Quais são os tipos de capacitores?
4) Como são construídos os capacitores?
5) Quais os cuidados necessários quanto à polaridade dos capacitores?
6) Quais capacitores são mais indicados para grandes capacitâncias? E para pequenas
capacitâncias?
4 Indutores
Neste capítulo conheceremos os indutores.

4.1 O que são os indutores


São componentes eletrônicos capazes de introduzir centros de indutância em circuitos
elétricos.

Os principais símbolos dos indutores são estes:

Figura 16: Principais símbolos dos indutores

Tal como o capacitor armazena cargas na forma de campo elétrico, o indutor é capaz de
armazenar cargas na forma de campo magnético, e esta energia pode ser fornecida em um
segundo tempo.

Chama-se espira a uma volta de um condutor sobre um eixo; ao conjunto de espiras damos o
nome de enrolamento.

As bobinas com enrolamento do tipo espiral ou retangular plano são usadas nos casos em que
se requer precisão e rigidez mecânica. Todavia, este sistema não permite a realização de
bobinas com indutância elevada.

As bobinas com enrolamento toroidal são empregadas quando se requer que o campo
magnético gerado por estas não altere o funcionamento de outras indutâncias ou quando se
deseja uma proteção das mesmas contra campos parasitas externos.

Os indutores com núcleo magnético fixo são empregados com circuitos de nivelamento, como
impedâncias de modulação, etc. Diferentemente das bobinas a ar, as bobinas com núcleo
magnético de mesma indutância assumem dimensões inferiores. São enroladas em núcleos
ferromagnéticos laminados (baixa freqüências) ou sobre núcleos de ferrite (altas freqüências).
Os indutores com núcleo magnético variável são empregados em circuitos rádio recepto-
transmissores e em todos aqueles em que se requer uma calibragem que deve permanecer
fixa no ponto alcançado.

Figura 17: Bobinas toroidais, usadas como filtros de corrente

4.2 Exercícios
1) O que são os indutores?
2) Para que servem os indutores?
3) Quais são os tipos de indutores?
4) Como são construídos os indutores?
5 Transformadores
Neste capítulo iremos aprender:

 O que é um transformador e como ele interfere nos circuitos

 Como funcionam os transformadores e seus tipos

 Cálculos com variáveis dos transformadores

5.1 Os transformadores como elementos de circuito


Um transformador é um dispositivo destinado a transmitir energia elétrica ou potência
elétrica de um circuito a outro, transformando tensões e/ou correntes de um circuito elétrico.
Trata-se de um dispositivo de corrente alternada que opera baseado nos princípios
eletromagnéticos da Lei de Faraday1 e da Lei de Lenz2 .

O transformador consiste de duas ou mais bobinas ou enrolamentos e um "caminho", ou


circuito magnético, que "acopla" essas bobinas. Há uma variedade de transformadores com
diferentes tipos de circuito, mas todos operam sobre o mesmo princípio de indução
eletromagnética.

Figura 18: Campo m agnético devido à corrente elétrica

Figura 19: Indução de uma bobina devido a est ar próxima da bobina indutora

1
A lei da indução de Faraday, elaborada por Michael Faraday em 1831, afirma que a corrente elétrica
induzida em um circuito fechado por um campo magnético, é proporcional ao número de linhas do fluxo
que atravessa a área envolvida do circuito, na unidade de tempo.

2
Segundo a lei de Lenz, o sentido da corrente é o oposto da variação do campo magnético que lhe deu
origem. Havendo diminuição do fluxo magnético, a corrente criada gerará um campo magnético de
mesmo sentido do fluxo magnético da fonte. Havendo aumento, a corrente criada gerará um campo
magnético oposto ao sentido do fluxo magnético da fonte.
No caso dos transformadores de dois enrolamentos, é comum denominá-los como
enrolamento primário e secundário. Existem transformadores de três enrolamentos ou mais.

Primário de um transformador é o enrolamento onde aplicamos a tensão de entrada do


transformador. O secundário de um transformador é o enrolamento por onde obtemos a
tensão transformada (elevada, reduzida ou a mesma tensão). As variáveis de cada
enrolamento são caracterizadas pelo índice p (primário) e s (secundário). Assim, a corrente no
primário é chamada de Ip; a tensão no secundário é chamada de Vs ou Us e assim por diante.

Figura 20: Símbolo de um transform ador de dois enrolamentos

Existe também um tipo de transformador denominado autotransformador, no qual o


enrolamento secundário possui uma conexão elétrica com o enrolamento do primário.

Transformadores de potência são destinados primariamente à transformação da tensão e das


correntes, operando com altos valores de potência, de forma a elevar o valor da tensão e
consequentemente reduzir o valor da corrente. Este procedimento é utilizado, pois ao se
reduzir os valores das correntes, reduzem-se as perdas por efeito Joule nos condutores. O
transformador é constituído de um núcleo de material ferromagnético, como aço, a fim de
produzir um caminho de baixa relutância (como se fosse resistência ao campo magnético) para
o fluxo gerado.

Geralmente o núcleo de aço dos transformadores é laminado para reduzir a indução de


correntes parasitas (corrente de Foucault) no próprio núcleo, já que essas correntes
contribuem para o surgimento de perdas por aquecimento devido ao efeito Joule. Em geral se
utiliza aço-silício com o intuito de se aumentar a resistividade e diminuir ainda mais essas
correntes parasitas.

Transformadores também podem ser utilizados para o casamento de i mpedâncias, que


consiste em modificar o valor da impedância vista pelo lado primário do transformador. Estes
são em geral de baixa potência. Há outros tipos de transformadores, alguns com núcleo
ferromagnético, outros sem núcleo, ditos transformadores com núcleo de ar, e ainda aqueles
com núcleo de ferrite.

5.1.1 Tipos de transformadores


5.1.1.1 Transformador de alimentação
É usado em fontes, convertendo a tensão da rede na necessária aos circuitos eletrônicos. Seu
núcleo é feito com chapas de aço-silício, que tem baixas perdas, em baixas freqüências, por
isto é muito eficiente. Às vezes possuem blindagens, invólucros metálicos.
5.1.1.2 Transformador de áudio
Usado em aparelhos de som a válvula e certas configurações a transistor, no acoplamento
entre etapa amplificadora e saída ao auto-falante. Geralmente é semelhante ao transformador
de alimentação em forma e no núcleo de aço-silício, embora também se use a ferrite. Sua
resposta de freqüência dentro da faixa de áudio, 20 a 20.000 Hz, não é perfeitamente plana,
mesmo usando materiais de alta qualidade no núcleo, o que limita seu uso.

5.1.1.3 Transformador de distribuição


Encontrado nos postes e entradas de força em alta tensão (industriais), são de alta potência e
projetados para ter alta eficiência (da ordem de 99%), de modo a minimizar o desperdício de
energia e o calor gerado. Possui refrigeração a óleo, que circula pelo núcleo dentro de uma
carapaça metálica com grande área de contato com o ar exterior. Seu núcleo também é com
chapas de aço-silício, e pode ser monofásico ou trifásico (três pares de enrolamentos).

Acessórios dos transformadores de distribuição:

Óleo Refrigerante: Tem dupla função: além de proteger o papel e o verniz de isolação, age
com liquido refrigerante das espiras;

Isolantes: Além do papel, a tendência é a utilização de isolantes de estabilidade térmica mais


elevada. Assim poderá ser dispensado o refrigerante liquido ou outra forma de ventilação
artificial. Nesta classe se encaixam os transformadores a seco que apresentam economia de
espaço, peso e componentes;

Válvulas: Os transformadores a Óleo possuem em seu tanque válvulas para a verificação do


estado do óleo;

Perfis de Montagens: Podem ser trilhos, rodas ou ferragens para montagens em postes;

Tampa: Onde são montados os isoladores para a ligação dos condutores de alimentação;

Dispositivos de Proteção: Relé diferencial, Rele Bucholz, secador de ar, termômetros.

5.1.1.4 Transformadores de potencial


Encontra-se nas cabines de entrada de energia, fornecendo a tensão secundária de 220V, em
geral, para alimentar os dispositivos de controle da cabine - reles de mínima e máxima tensão
(que desarmam o disjuntor fora destes limites), iluminação e medição. A tensão de primário é
alta, 13,8kV ou maior. O núcleo é de chapas de aço-silício, envolvido por blindagem metálica,
com terminais de alta tensão afastados por cones salientes, adaptados a ligação às cabines.
Podem ser mono ou trifásicos.

5.1.1.5 Transformador de corrente (TC)


Usado na medição de corrente, em cabines e painéis de controle de máquinas e motores.
Consiste num anel circular ou quadrado, com núcleo de chapas de aço-silício e enrolamento
com poucas espiras, que se instala passando o cabo dentro do furo, este atua como o primário.
A corrente é medida por um amperímetro ligado ao secundário (terminais do TC). É
especificado pela relação de transformação de corrente, com a do medidor sendo padronizada
em 5A, variando apenas a escala de leitura e o número de espiras do TC.
5.1.1.6 Transformador de RF
Empregam-se em circuitos de radiofreqüência (RF, acima de 30kHz), no acoplamento entre
etapas dos circuitos de rádio e TV. Sua potência em geral é baixa, e os enrolamentos têm
poucas espiras. O núcleo é de ferrite, material sintético composto de óxido de ferro, níquel,
zinco, cobalto e magnésio em pó, aglutinados por um plastificante. Esta se caracteriza por ter
alta permeabilidade, que se mantém em altas freqüências (o que não acontece com chapas de
aço-silício). Costumam ter blindagem de alumínio, para dispersar interferências, inclusive de
outras partes do circuito.

5.1.1.7 Transformadores de pulso


São usados no acoplamento, isolando o circuito de controle, de baixa tensão e potência, dos
tiristores, chaves semicondutores, além de isolarem um tiristor de outro (vários secundários).
Tem núcleo de ferrite e invólucro plástico, em geral.

Figura 21: Transformador isolador toroidal

5.1.1.8 Autotransformadores
Se aplicarmos uma tensão a uma parte de um enrolamento (uma derivação), o campo induzirá
uma tensão maior nos extremos do enrolamento. Este é o princípio do autotransformador.

Uma característica importante dele é o menor tamanho, para certa potência, que um
transformador. Isto não se deve apenas ao uso de uma só bobina, mas ao fato da corrente de
saída ser parte fornecida pelo lado alimentada, parte induzida pelo campo, o que reduz este,
permitindo um núcleo menor, mais leve e mais barato. A desvantagem é não ter isolação entre
entrada e saída, limitando as aplicações.

São muito usados em chaves de partida compensadoras, para motores (circuitos que
alimentam motores com tensão reduzida fornecida pelo autotransformador, por alguns
segundos, reduzindo o pico de corrente durante a aceleração) e em estabilizadores de tensão
(autotransformador com várias derivações - taps - acima e abaixo do ponto de entrada; o
circuito de controle seleciona uma delas como saída, elevando ou reduzindo a tensão,
conforme a entrada).

Figura 22: Esquema de um autotransformador


Suponhamos um transformador monofásico normal, de dois enrolamentos e de relação de
transformação 2:1, como é o da figura abaixo:

Figura 23: Conversão teórica de um transformador em autotransform ador

Se unirmos eletricamente os bornes P e S, não haverá nenhum inconveniente porque estão


constantemente ao mesmo potencial. Ao longo do enrolamento primário, encontraremos
outro ponto cuja tensão coincida com o borne S do enrolamento secundário. Este ponto terá
exatamente, desde P, o mesmo número de espiras que o enrolamento secundário, ou seja, a
metade do primário, já que a relação de transformação é 2:1.

Unindo-se também estes dois pontos, já que estão ao mesmo potencial , não se modificam as
condições eletromagnéticas de transformação. Dessa maneira, reunindo-se os dois
enrolamentos, teríamos o esquema da figura abaixo, que é o esquema de um
autotransformador.

Figura 24: Autotransformador gerado a partir de um transformador comum


Isto significa que, ao convertermos um transformador em autotransformador, não só
economizaremos o cobre correspondente ao enrolamento secundário, mas é preciso
aumentar o diâmetro do fio do primário, pois na parte comum circula a mesma corrente de
antes. Ao suprimir-se um enrolamento, se reduz o núcleo magnético e, portanto, as perdas no
ferro e o tamanho físico. Além disso, o rendimento também melhora.

Contudo, lembre-se da desvantagem de perder o isolamento entre o primário e o secundário!

5.1.2 Perdas no transformador


Além das perdas no cobre dos enrolamentos (devidas à resistência), os transformadores e
bobinas apresentam perdas magnéticas no núcleo, a saber:

5.1.2.1 Histerese
Os materiais ferromagnéticos são passíveis de magnetização, através do realinhamento dos
domínios, o que ocorre ao se aplicar um campo (como o gerado por um indutor ou o primário
do transformador). Este processo consome energia, e ao se aplicar um campo variável, o
material tenta acompanhar este, sofrendo sucessivas imantações num sentido e noutro, se
aquecendo. Ao se interromper o campo, o material geralmente mantém uma magnetização,
chamada campo remanente.

5.1.2.2 Perdas por correntes parasitas ou de Foucault


São devidas à condutividade do núcleo, que forma, no caminho fechado do núcleo, uma espira
em curto, que consome energia do campo. Para minimizá-las, usam-se materiais de baixa
condutividade, como a ferrite e chapas de aço-silício, isoladas uma das outras por verniz. Em
vários casos, onde não se requer grandes indutâncias, o núcleo contém um entreferro, uma
separação ou abertura no caminho do núcleo, que elimina esta perda.

Figura 25: Chapas para diminuir as perdas no núcleo

5.2 Relação de Transformação em um transformador


Como a tensão induzida no secundário de um transformador pode ser maior ou menor do que
a tensão do primário, o transformador pode ser considerado como um dispositivo que muda a
tensão. Um transformador usado para alimentar um anúncio de néon, por exemplo, produz
milhares de volts de saída, elevando a tensão da linha doméstica (127V CA).

Como o valor da tensão induzida numa bobina depende do número de espiras cortadas pelo
campo magnético, um enrolamento secundário com muitas espiras, terá nele induzida uma
tensão maior do que em secundário com menos espiras. Se por exemplo, o campo magnético
induz um décimo de volt para cada espira do secundário, um secundário de 2.000 espiras terá
uma tensão induzida de 200 volts; um secundário de 3.000 espiras terá uma tensão induzida
de 300 volts. Matematicamente, a relação de tensões do primário para o secundário, é igual à
relação de espiras:

sendo

Np e Ns os números de espiras do primário e do secundário e

Vp e Vs respectivamente, as tensões do primário e do secundário.

Exemplo:

Qual a tensão de saída de um transformador com 500 espiras no primário, 1500 espiras no
secundário e tensão de entrada de 127V?

Substituindo os valores conhecidos, tem-se:

Resolvendo, encontra-se facilmente Vs igual a 381V.

Conforme se vê pelo cálculo, a tensão do secundário é três vezes maior do que a tensão do
primário, pois o secundário tem três vezes mais espiras do que o primário. Na prática, a tensão
do secundário é ligeiramente menor do que o valor calculado. Se uma carga for ligada ao
secundário, a corrente que circula produz uma queda de tensão na resistência do enrolamento
secundário. Por conseguinte, a tensão do secundário diminui quando é ligada uma carga.

Num transformador bem projetado, contudo, essa diminuição é desprezível. O projetista do


transformador pode calcular essa perda e compensá-la por um pequeno aumento de espiras
do secundário.

A relação entre as potências de entrada e saída em um transformador pode ser dada pela
equação:

Pp = Ps

Naturalmente, esta equação está desprezando as perdas, supondo que toda a potência
recebida é entregue à carga na saída do transformador.

Quando houver mais de um secundário, as potências de cada secundário devem ser somadas:

Pp = Ps1 + Ps2 + ... + Psn (para n secundários)

Fica a cargo do leitor concluir matematicamente que a relação de corrente s é inversamente


proporcional à relação de espiras. Tente escrever a equação entre Is, Ip, Ns e Np!

5.3 Exercícios
1) O que é um transformador?
2) Para que serve um transformador?
3) Onde são usados os transformadores?
4) Quais as principais características de um transformador?
5) Quais os tipos de transformadores?
6) Quais as perdas que podem ocorrer em um transformador?
7) Um transformador possui 127V no primário e 1200 espiras. Qual a tensão de saída no
secundário se o número de espiras neste enrolamento é de 120?
8) Transformadores de reatores possuem um elevado número de espiras no secundário.
Qual a tensão de saída de um transformador de reator quando em seu primário temos
127V e 1000 espiras e o número de espiras no secundário é de 10.000?
9) Qual o número de espiras do secundário de um transformador com 220V no primário
e 800 espiras, sendo que no secundário a tensão é de 24V?
6 Introdução ao Estudo dos semicondutores
Neste capítulo aprenderemos mais sobre:

 Os semicondutores

 Os elementos e as cargas de um semicondutor

6.1 Semicondutores
Os semicondutores provocaram uma verdadeira revolução na tecnologia da eletrônica.
Nenhum aparelho eletrônico atual, desde um simples relógio digital ao mais avançado dos
computadores, seria possível sem os mesmos.

Para uma correta compreensão do funcionamento, são necessários alguns fundamentos


simplificados da teoria atômica, objeto dos tópicos iniciais deste capítulo.

6.1.1 Compostos, elementos e os átomos


A maioria das substâncias presentes na natureza é formada pela combinação de outras, isto é,
são compostos. Um exemplo comum é a água, formada por hidrogênio e oxigênio, os quais
individualmente apresentam propriedades bastante distintas do composto.

Entretanto, tanto o hidrogênio como o oxigênio não admitem decomposição em outras


substâncias e, por isso, são chamados elementos. Existem pouco mais de 100 elementos
conhecidos (entre naturais e artificiais) e todas as substâncias na natureza são combinações
deles. E as substâncias diferem uma das outras pelas diferentes combinações de elementos,
em seus tipos e/ou proporções.

Mas o que faz um elemento diferente de outro? Uma porção qualquer de um determinado
elemento não pode ser subdividida indefinidamente. Há uma partícula elementar a qual, se
subdividida, faz elemento perder suas características. Essa partícula é denominada átomo.
Assim, cada elemento se caracteriza por ter uma estrutura atômica própria.

A formação de um composto ocorre de maneira organizada. Cada elemento contribui com um


determinado número de átomos para formar uma partícula maior, denominada molécula, que
caracteriza o composto. Portanto, de forma similar ao átomo do elemento, a molécula é a
menor porção possível de um composto. Se subdividida, ele perde suas características.

6.1.2 O átomo
O átomo, por sua vez, é formado por partículas. A sua estrutura lembra o sistema solar, mas de
dimensões ínfimas. No lugar do sol, um núcleo formado por um aglomerado de partículas.
Orbitando em torno do núcleo, outro conjunto de partículas.

São três as partículas fundamentais do átomo: prótons, nêutrons e elétrons (na realidade
existem mais. Mas isso é assunto de física avançada e não é necessário para o objetivo deste
estudo).

Os prótons estão sempre presentes no núcleo e têm carga elétrica positiva. Os nêutrons
podem estar ou não presentes no núcleo e não têm carga elétrica. Sua massa é próxima da do
próton. Os elétrons estão sempre nas órbitas e têm carga elétrica negativa, mas de valor
absoluto igual à do próton. Sua massa é cerca de 1/1840 da massa do próton.
Lembrar que prótons, nêutrons e elétrons são únicos e não são diferentes em cada elemento.
Assim, o que caracteriza um elemento é a quantidade destas partículas no átomo. Mais
especificamente, é o número de prótons no núcleo. Isso é denominado número atômico e é
característica única de cada elemento. Elementos diferentes têm sempre números atômicos
diferentes.

A Figura 28 dá o esquema simplificado de um átomo de lítio. Prótons são identificados pelo


sinal positivo, nêutrons pela ausência de sinal e elétrons pelo sinal negativo.

Figura 26: Estrutura de um átomo de Lítio

O número atômico do lítio é 3 e, portanto, existem 3 prótons no núcleo.

O número de nêutrons também depende do elemento, mas não é característica exclusiva. Um


mesmo elemento pode ter variações com diferentes números de nêutrons. Elas são chamadas
isótopos.

Normalmente, o número de elétrons é igual ao número de prótons. Assim, a carga elétrica


total do átomo é nula.

Em algumas situações, o átomo poderá perder ou ganhar elétrons, isto é, ficar positivamente
ou negativamente carregado. Nessas condições, ele é denominado íon positivo ou íon
negativo.

6.1.3 Semicondutores
São substâncias compostas por átomos tetravalentes, como o Silício (Si) e o Germânio (Ge),
que se ligam por ligações covalentes em estruturas tetraédricas.

Figura 27: Estrutura plana de um semicondutor à base de Silício (as bolinhas menores são elétrons)
Tanto o silício quanto o germânio puros formam redes cristalinas eletricamente isolantes,
porque todos os elétrons fazem parte de ligações covalentes (não há elétrons livres).

6.1.4 Portadores de carga nos semicondutores


O rompimento de ligações covalentes gera um elétron livre, e a ausência deste elétron gera o
que chamamos de lacuna ou buraco. O elétron é um portador de carga elétrica negativa. A
lacuna é um portador de carga elétrica positiva, não tendo existência física real, mas com
propriedades manifestadas tais que tudo se passa como se existisse realmente.

Através de um processo chamado de dopagem química controlada pode-se criar portadores


livres de carga positivos (que são as lacunas) ou negativos (os elétrons).

Um material semicondutor dopado com lacunas é chamado de um material P. Se a dopagem


dá origem a elétrons livres no material, este passa a ser denominado material N.

Figura 28: Estrutura de silício dopada com Boro. Note a falta de um elétron, dando origem a uma
lacuna (material P)

Figura 29: Estrutura de silício dopada com Fósforo. Note o excesso de um elétron (material N)

Agora estamos prontos para entender a formação e funcionamento dos componentes


formados por semicondutores.
7 Diodo Semicondutor
Neste capítulo iremos aprender:

 O que é um diodo

 Como funciona um diodo

 Para que serve um diodo

 Onde os diodos são usados

7.1 O diodo
O diodo é um componente fabricado com material semicondutor, cuja característica é de se
comportar como condutor ou isolante, dependendo da diferença de potencial entre seus
terminais. Vejamos uma ilustração.

Observe que, neste caso, a entrada da válvula possui maior pressão de água que a saída; a
mola da válvula cede e a água circula da esquerda para a direita na válvula livremente.

Porém, se invertermos o sentido do fluxo, a pressão de água será maior na saída da válvula;
esta não permitira o fluxo no sentido contrário.

Analogamente, o diodo é um componente eletrônico que permite passagem significativa de


corrente apenas em um sentido: de anodo para catodo. O que são estes nomes?
Anodo e catodo são os terminais do diodo.

O diodo não é nada mais que a junção de um material P com um material N. O terminal
conectado ao material P é o anodo e o terminal conectado ao material N é o catodo. Vejamos:

Figura 30: Símbolos usador para diodos

A aplicação de tensão sobre o diodo estabelece a forma como o componente se comporta


eletricamente. A tensão pode ser aplicada de duas formas diferentes, denominadas
tecnicamente de polarização direta e polarização inversa.

7.1.1 Polarização direta


Polarizar diretamente um diodo significa aplicar tensões em seus terminais de maneira que o
diodo entre no estado de condução. Para que isto ocorra, é necessário que a diferença de
potencial nos terminais do diodo, adotando o sentido do anodo para o catodo, seja maior que
a barreira de potencial do diodo, que é a mínima tensão necessária para fazer o diodo entrar
em condução.

Se a tensão externa entre os terminais anodo e catodo é maior que a tensão da barreira de
potencial do diodo, as forças de atração e repulsão provocadas pela tensão externa permitem
aos portadores de carga adquirir velocidade suficiente para atravessar a região onde há
ausência de portadores.

Normalmente, usamos 0,7V como barreira de potencial para os diodos de Silício e 0,2V para os
diodos de Germânio (diodos de sinal – baixas correntes).

Figura 31: Diodo polarizado diretamente (o símbolo de bateria representa um a tensão externa)
Conforme a figura, as cargas positivas do material P são repelidas pela tensão positiva no
terminal externo. São atraídas a atravessar a junção (barreira de potencial) para chegar ao
terminal com tensão negativa. O oposto ocorre com as cargas negativas do material N.

Quando um diodo está polarizado diretamente, normalmente ele apresenta resistência interna
baixa para permitir condução.

7.1.2 Polarização inversa


Polarizar inversamente um diodo significa aplicar tensões em seus terminais de maneira que o
diodo entre no estado de bloqueio. Para que isto ocorra, é necessário que a diferença de
potencial nos terminais do diodo, adotando o sentido do anodo para o catodo, seja menor que
a barreira de potencial do diodo, que é a mínima tensão necessária para fazer o diodo entrar
em condução.

Não existe fluxo de portadores de carga através da junção quando o diodo é polarizado
inversamente. Portanto, conclui-se que a polarização inversa faz com que o diodo impeça a
circulação de corrente no circuito elétrico onde estão seus terminais.

Figura 32: Diodo polarizado inversamente (o símbolo de bateria representa uma tensão externa)

Conforme a figura, as cargas positivas do material P são atraídas pela tensão negativa no
terminal externo. As cargas negativas do material N são atraídas pela tensão positiva no
terminal externo.

Quando um diodo está polarizado inversamente, ele apresenta resistência interna elevada,
para impedir a circulação de corrente no circuito.

7.1.3 Características de condução e bloqueio


Do ponto de vista ideal, o diodo polarizado diretamente seria um condutor perfeito; o diodo
polarizado inversamente seria um isolante perfeito.
Corrente reversa (nula) Corrente direta

Figura 33: Modelo ideal do Diodo

Contudo, na condução do diodo há limitações que se devem à barreira de potencial e


resistência interna, e no bloqueio devido à corrente de fuga.

Figura 34: Curva car acterística real de um diodo 1N4148 (exemplo)

Os regimes máximos do diodo em corrente contínua estabelecem os limites de tensão e


corrente que podem ser aplicados ao componente sem provocar danos a sua estrutura.

Tais limites são chamados:

Corrente máxima de condução (If): é a máxima corrente que o diodo pode conduzir
sem ser danificado.
Tensão reversa máxima (Vr): é a máxima tensão aplicada entre os terminais do diodo
que podem colocá-lo em bloqueio.

Cada diodo tem a estrutura preparada para suportar determinados valores de tensão reversa e
corrente de condução. Aplicando-se valores superiores aos especificados, a estrutura pode não
suportar e os danos no componente geralmente são permanentes.

Os fabricantes dos componentes fornecem folhetos técnicos com todas as informações


necessárias ao correto uso do componente. Cada fabricante adota um conjunto de nomes e
siglas para estas características e cabe ao técnico a correta interpretação de seus significados.
7.2 Diodos Especiais
Existem vários tipos de diodo, sendo que nesta seção estaremos conhecendo alguns modelos
muito difundidos em eletrônica.

7.2.1 Diodo Emissor de Luz (LED)


Os diodos emissores de luz são dispositivos que emitem luz no espectro visível ou não quando
excitados por sinal elétrico que os faça entrar em modo de condução. LED é a sigla em inglês
para Light Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz. Sua funcionalidade básica é a emissão de
luz em locais e instrumentos onde se torna mais conveniente a sua utilização no lugar de uma
lâmpada. Especialmente utilizado em produtos de microeletrônica como sinalizador de avisos,
também pode ser encontrado em tamanho maior, como em alguns modelos de sinaleiras.

Em geral, os leds operam com nível de tensão de 1,6 a 3,3V, sendo compatíveis com os
circuitos de estado sólido. É interessante notar que a tensão é dependente do comprimento da
onda emitida. Assim, os leds infravermelhos geralmente funcionam com menos de 1,5V, os
vermelhos com 1,7V, os amarelos com 1,7V ou 2.0V, os verdes entre 2.0V e 3.0V, enquanto os
leds azuis, violeta e ultra-violeta geralmente precisam de mais de 3V. A potência necessária
está na faixa típica de 10 a 150 mW, com um tempo de vida útil de 100.000 ou mais horas.

Como o led é um dispositivo de junção PN, sua característica de polarização direta é


semelhante à de um diodo semicondutor.

Sendo polarizado, a maioria dos fabricantes adota um "código" de identificação para a


determinação externa dos terminais A (anodo) e K (catodo) dos leds.

Nos leds redondos, duas codificações são comuns: identifica-se o terminal K como sendo
aquele junto a um pequeno chanfro na lateral da base circular do seu invólucro ("corpo"), ou
por ser o terminal mais curto dos dois. Existem fabricantes que adotam simultaneamente as
duas formas de identificação.

Nos leds retangulares, alguns fabricantes marcam o terminal K com um pequeno


"alargamento" do terminal junto à base do componente, ou então deixam esse terminal mais
curto.

Mas, pode acontecer do componente não trazer qualquer referência externa de identificação
dos terminais. Nesse caso, se o invólucro for semi-transparente, pode-se identificar o catodo
(K) como sendo o terminal que contém o eletrodo interno mais largo do que o eletrodo do
outro terminal (anodo). Além de mais largo, às vezes o catodo é mais baixo do que o anodo.

Figura 35: Leds redondos


7.2.2 Diodo Schottky
O diodo Schottky é um dispositivo semicondutor no qual se desenvolveu um contato ôhmico
fazendo com que o efeito de junção PN se manifeste apenas na junção metal -semicondutor,
entre o cristal semicondutor e o contato metálico externo, o que leva a um dispositivo
consideravelmente mais rápido que um diodo de junção PN convencional. Normalmente a
tensão de condução destes diodos gira em torno de 0,3V.

7.2.3 Fotodiodos
Os fotodiodos são diodos sensíveis à luz que entram na região de condução quando
submetidos à incidência de radiação luminosa. É um tipo de fotodetector. É uma junção PN
designada para responder a uma entrada ótica. Fotodiodos possuem uma "janela" ou uma
conexão de fibra ótica, responsável por deixar a luz passar e incidir na parte sensível do
dispositivo. Também pode ser usado sem a "janela" para detectar raios ultravioletas ou raios-x.

Fotodiodos podem ser usados tanto na polarização reversa quanto na polarização direta. Na
polarização direta, a luz que incide sobre o fotodiodo faz a corrente transcorrer através do
dispositivo, levando-a a ir para o sentido frontal. Isso é conhecido como o efeito fotoelétrico, e
é a base das células de captação de energia solar - aliás, uma célula de captação de energia
solar é apenas um monte de grandes, e baratos, fotodiodos. Diodos geralmente possuem uma
altíssima resistência quando a polaridade é revertida. Essa resistência é reduzida quando a luz,
em uma apropriada freqüência, brilha na junção. De fato, um diodo de polaridade reversa
pode ser usado como um detector, monitorando a corrente que passa por ele. Circuitos
baseados nesse efeito são mais sensíveis à luz que outros baseados no efeito fotovoltaico.

7.2.4 Diodo Túnel


O diodo túnel ou díodo Esaki é um tipo de diodo semicondutor extremamente rápido, que
opera na casa dos GHz, através da utilização dos efeitos da mecânica quântica.

Recebeu o nome do físico Leo Esaki, que em 1973 recebeu o Prêmio Nobel em Física pela
descoberta do efeito túnel utilizado neste tipo de diodo semicondutor.

Ele funciona somente na área de “resistência negativa”, ou seja, diminui a tensão e aumenta a
corrente somente quando tem-se uma tensão muito próxima de zero (chamada de avalanche,
do diodo zener). Ele só funciona como diodo túnel quando polarizado reversamente. Quando
polarizado diretamente, funciona como qualquer outro diodo. A sua área de funcionamento é
somente quando a tensão é "considerada" negativa.

7.2.5 Varicap
Varicap, diodo varicap, é um tipo de diodo que possui uma capacitância variável que é função
da tensão à qual ele é submetido.

Quando reversamente polarizados, os diodos apresentam em sua junção uma capacitância que
é devida à presença de portadores de carga separados por uma camada isolante (formada pela
recombinação dos portadores). Ao submetermos este diodo a uma determinada tensão,
variamos a separação destes portadores, que funcionam assim como um capacitor de placas
variáveis. Os varicaps são construídos de forma a se utilizar desse efeito para conseguir uma
capacitância controlada, tendo assim a capacitância controlada pela tensão.

Aparelhos de televisão possuem um seletor de canais automático que contém "diodos


varicaps" com a função de sintonizar as freqüências dos canais recebidos em conseqüência da
variação de tensão em seus catodos (polarização reversa), acarretando mudança de
capacitância internamente nestes diodos.

7.2.6 Diodo Zener


O diodo zener é um importante dispositivo bastante empregado em equipamentos
eletrônicos. O diodo zener é projetado para manter uma tensão fixa em seus terminais quando
se encontra polarizado inversamente.

Dada a importância do diodo zener em reguladores de tensão, dedicaremos um capítulo ao


seu estudo mais adiante.

7.3 Exercícios
1) O que é um diodo?
2) Como funciona um diodo?
3) Explique o que é polarização direta de um diodo.
4) Explique o que é polarização inversa de um diodo.
5) Quais são os limites de um diodo?
6) Quais são as principais características de um diodo?
7) Quais são os tipos de diodos?
8 Retificadores Monofásicos com Diodo
Neste capítulo iremos aprender sobre:

 Retificadores Monofásicos

 Circuitos típicos retificadores

 Características e equações

8.1 Retificadores de Meia Onda


Retificação é o nome dado ao processo de transformação de uma tensão alternada em tensão
contínua. O circuito retificador mais simples é o de meia onda, que emprega apenas um diodo
semicondutor.

A denominação “meia onda” tem origem no fato de que este circuito aproveita apenas um
semiciclo da tensão alternada de entrada.

A tensão presente na saída de um circuito retificador de meia onda é denominada contínua


pulsante.
Figura 36: Formas de onda sobre o retificador de meia onda

É possível calcular a tensão média na saída do retificador de meia onda, que é dada por:

Onde

Sendo:

: tensão média na saída do retificador de meia onda

: valor de pico da tensão alternada de entrada do retificador

: tensão de condução do diodo (barreira de potencial)

: tensão eficaz na entrada do retificador (tensão alternada)

A tensão média é o valor médio da tensão de saída pulsante, dado pela equação acima. É
importante ressaltar que o valor da tensão média é teórico, ou seja, a forma de onda de saída
não é uma tensão constante, mas sim pulsante, conforme discutido anteriormente.

A corrente média de saída pode ser facilmente calculada desta forma:

Onde é a carga resistiva conectada aos terminais de saída do retificador.


A retificação de meia onda apresenta alguns inconvenientes que fazem com que seu uso seja
bastante restrito. São alguns deles:

 Tensão de saída muito pulsante, ou seja, varia do zero até quase o pico da tensão de
entrada (diminui-se a queda de tensão no diodo);
 O rendimento é baixo em relação à tensão eficaz de entrada;
 Quando utilizada com transformador, não aproveita a capacidade de transformação de
um semiciclo.

8.2 Retificação de Onda Completa com Dois Diodos


É um processo de retificação que faz o aproveitamento dos dois semiciclos da tensão de
entrada. Este tipo de retificação pode ser obtido a partir de dois diodos:

Figura 37: Circuito de um retificador de onda completa com dois diodos

Repare que existe um terminal no meio do enrolamento do transformador. Na verdade, o


transformador possui um terminal central chamado derivação central ou center tap, que
separa dois enrolamentos em série.

Podemos entender melhor o funcionamento do circuito nos dois semiciclos observ ando a
figura a seguir:

Figura 38: Formas de onda sobre o retificador de onda completa com dois diodos
Durante o semiciclo positivo, o diodo D1 entra em condução, ao passo que o diodo D2 entra
em condução somente no segundo semiciclo, ou seja, durante o semiciclo negativo da tensão
de entrada. Lembre-se de que os diodos estão conduzindo quando estão polarizados
diretamente.

O rendimento da retificação de onda completa com derivação central é o dobro da retificação


de meia onda:

Onde

Sendo:

: tensão média na saída do retificador de onda completa com dois


diodos

: valor de pico da tensão alternada de entrada do retificador

: tensão de condução do diodo (barreira de potencial)

: tensão eficaz na entrada do retificador (tensão alternada)

O valor é determinado em função da tensão presente entre a derivação central e um


dos extremos do transformador.

Para a corrente média, vale escrever que:

Onde é a carga resistiva conectada aos terminais de saída do retificador.

8.3 Pontes Retificadoras


A configuração em ponte retificadora (Ponte de Graetz) é muito empregada em equipamentos
eletrônicos. Com as pontes retificadoras, é possível conseguir retificação de onda completa
sem a necessidade de se usar transformadores com derivação central. Vejamos como é o
circuito de uma ponte retificadora.

Figura 39: Circuito de uma ponte retificadora


Existem outras representações:

Figura 40: Representações alternativas para os retificadores em ponte

Dada a grande utilização das pontes retificadoras, os fabricantes de circuitos integrados


decidiram produzir as pontes retificadoras prontas, em um único chip, normalmente com
quatro terminais.

Figura 41: Ponte retificadora em cir cuito integrado

O funcionamento das pontes retificadoras pode ser compreendido pelas formas de onda da
figura a seguir.
Figura 42: formas de onda de um retificador em ponte

Observe que, durante o semiciclo positivo da tensão alternada de entrada do retificador,


apenas os diodos D2 e D4 estão conduzindo. Durante o semiciclo negativo da tens ão de
entrada, apenas os diodos D1 e D3 conduzem. O resultado é que a tensão entregue à carga é
sempre positiva.

Não entendeu? Analisemos mais detalhadamente.

Figura 43: Semiciclo positivo do retificador em ponte

No instante em que inicia o ciclo positivo da tensão alternada de entrada (Vi) no ponto A, o
diodo D1 encontra-se polarizado diretamente. O ciclo positivo é transferido à carga e o circuito
fecha-se mediante o diodo D2 dado que possui o anodo mais positivo do que o catod o. Os
diodos D3 e D4 não intervem, dado que se encontram polarizados inversamente (catodo mais
positivo do que o anodo).
Figura 44: Semiciclo negativo do retificador em ponte

No momento em que inicia o ciclo negativo da Vi no ponto A, no ponto B manifesta-se o ciclo


positivo, portanto o diodo D4 resulta polarizado diretamente. O ciclo positivo presente no
ponto B é transferido à carga, o circuito fecha-se através do diodo D3 dado que possui o anodo
mais positivo do que o catodo. Os diodos D1 e D2 não intervem, dado que se encontram
polarizados inversamente (catodo mais positivo do que o anodo).

O rendimento das pontes retificadoras é semelhante ao rendimento dos retificadores com dois
diodos, com a vantagem de usar transformadores sem derivação central. Vejamos as
equações:

Onde

Sendo:

: tensão média na saída do retificador em ponte

: valor de pico da tensão alternada de entrada do retificador

: tensão de condução do diodo (barreira de potencial)

: tensão eficaz na entrada do retificador (tensão alternada)

O valor é determinado em função da tensão presente entre a derivação central e um


dos extremos do transformador.

Para a corrente média, vale escrever que:

Onde é a carga resistiva conectada aos terminais de saída do retificador.

8.4 Filtro capacitivo nos retificadores


A capacidade de armazenamento de energia dos capacitores pode ser utilizada como recurso
para realizar um processo de filtragem na tensão de saída de um circuito retificador.
Normalmente, o capacitor é conectado diretamente aos terminais de saída do retificador:

Figura 45: Introdução do capacitor como elemento de filtragem de retificadores

Nos intervalos de tempo em que o diodo conduz, circula corrente através da carga e também
para o capacitor. Neste período o capacitor armazena carga.

Figura 46: Etapa de arm azenamento de carga no capacitor de filtragem

Nos intervalos de bloqueio do diodo, o capacitor tende a descarregar sua carga elétrica. Como
não é possível a descarga através dos diodos, a corrente de descarga atravessa o resistor.

Figura 47: Etapa de descarga do capacitor

A corrente absorvida pelo resistor é fornecida pelo capacitor, nesta etapa. Com o passar do
tempo, a tensão do capacitor diminui devido a sua descarga.
Figura 48: Etapa de descarga do capacitor

O capacitor permanece carregado, até que o diodo conduza novamente, fazendo nova recarga
do capacitor.

Figura 49: Etapas conse cutivas de carga e descarga do capacitor e seu efeito sobre o resistor

As figuras a seguir mostram uma comparação entre as formas de onda da tensão de saída de
um retificador de meia onda sem filtro e com filtro.

Figura 50: Compar ativo entre retificadores com e sem filtro capacitivo

A presença de tensão sobre a carga durante todo o tempo, embora variável, proporciona a
elevação do valor da tensão média na saída do retificador.
Figura 51: Compar ativo entre as tensões médias de retificadores com e sem filtros

8.4.1 Tensão de ondulação


O capacitor colocado em um circuito retificador permanece sofrendo inúmeros processos de
carga e descarga. Nos períodos de condução do diodo, o capacitor sofre carga e sua tensão
aumenta. Nos períodos de bloqueio do diodo, o capacitor se descarrega e sua tensão diminui.
Observe:

Figura 52: Tempos de carga e descarga do filtro capacitivo

t1: tempo em que o capacitor se carrega (aumenta sua tensão)

t2: tempo em que o capacitor se descarrega (diminui sua tensão)

Em conseqüência disso, a forma de onda da tensão de saída não chega a ser uma tensão
contínua lisa, apresentando uma variação entre um valor máximo e um valor mínimo,
denominada de ondulação ou ripple.

Figura 53: Ondulação em filtro capacitivo

A tensão de ondulação ( ) é dada pela diferença entre o valor máximo da tensão e o valor
mínimo da tensão na saída do filtro.
8.4.2 Filtro Capacitivo
Conhecidos os fenômenos envolvidos nos filtros capacitivos, resta agora estabelecermos uma
maneira de se calcular (dimensionar) o capacitor de filtragem para os retificadores.

Podemos usar a seguinte relação:

Onde:

: Capacitância do capacitor de filtragem

: tensão média na saída do retificador após a filtragem

: freqüência da tensão de saída do retificador (Cuidado! Os retificadores de onda completa


dobram a freqüência da tensão de entrada!)

: resistência de carga conectada à saída do retificador

: tensão de ondulação

Exemplo:

Projetar uma fonte com tensão média de saída de 5V com ripple de 0.1V, para alimentar um
circuito que tem uma resistência de entrada equivalente a 1KΩ. Utilizar o retificador de onda
completa em ponte.

Substituindo os valores conhecidos:

Logo, C = 417uF.

Observe que para a freqüência foi usado o valor 120Hz, devido o fato de estarmos usando um
retificador em ponte, que tem freqüência de saída igual ao dobro da freqüência da tensão de
entrada.

8.5 Exercícios
1) Quais são os tipos de retificadores?
2) Quais são as principais vantagens e desvantagens de cada retificador?
3) Calcule a tensão média na saída de um retificador de meia onda com tensão de
entrada do retificador de 12V, tensão de condução do diodo de 0,7V.
4) Repita o exercício 4 para retificador de onda completa com dois diodos.
5) Repita o exercício 4 para retificador em ponte.
6) Projetar uma fonte com tensão média de saída de 12V com ripple de 0.1V, para
alimentar um circuito que tem uma resistência de entrada equivalente a 1KΩ. Utilizar
o retificador de onda completa em ponte. Dado: freqüência da rede elétrica é de 60Hz.
9 Diodo Zener
O diodo zener é um tipo especial de diodo utilizado como regulador de tensão. A sua
capacidade de regulação de tensão é empregada principalmente nas fontes de alimentação,
visando obtenção de tensão de saída fixa.

O diodo zener é representado nos diagramas pelo símbolo mostrado na figura a seguir.

Figura 54: Símbolo do diodo Zener

Na polarização direta, o diodo zener se comporta da mesma forma que um diodo retificador,
entrando em condução e assumindo uma queda de tensão típica.

Figura 55: Diodo zener funcionando apenas como diodo retificador

Normalmente o diodo zener não é utilizado com polarização direta nos circuitos eletrônicos.

Já com polarização inversa, até um certo valor de tensão o diodo zener se comporta como um
diodo convencional, bloqueando a passagem de corrente. No bloqueio, circula pelo diodo
zener uma pequena corrente de fuga, conforme a figura a seguir.
Figura 56: Corrente de fuga no diodo zener em bloqueio

O sinal negativo de Iz na figura indica que esta corrente circula no sentido inverso pelo diodo.

Em um determinado valor de tensão inversa, o diodo zener entra subitamente em condução


inversa, apesar da polarização inversa. A corrente inversa aumenta rapidamente e a tensão
inversa sobre o diodo zener se mantém praticamente constante.

Figura 57: Curva car acterística do diodo zener

O valor da tensão inversa a partir do qual o diodo zener entra em condução inversa é
denominado Tensão Zener. Logo, a tensão zener é a tensão que, aplicada inversamente a um
diodo zener, provoca sua condução inversa.

Enquanto houver corrente inversa circulando no diodo zener, a tensão sobre seus terminais se
mantém praticamente constante no valor da tensão zener.

Assim, o funcionamento típico do diodo zener é com corrente inversa, o que estabelece uma
tensão fixa sobre seus terminais.

É importante ressaltar que, no sentido reverso, o diodo zener difere do diodo convencional.
Um diodo retificador nunca chega a conduzir intensamente no sentido reverso e, se isto
acontecer, o diodo estará em curto e danificado permanentemente. Um diodo zener é levado
propositalmente a conduzir no sentido reverso, visando obter a tensão zener constante em
seus terminais, sem que isto danifique o componente.

9.1 Características do diodo zener


As principais características de um diodo zener são:
a) Tensão Zener
b) Potência Zener
c) Tolerância
d) Coeficiente de temperatura

A potência zener dissipada pelo componente é dada pelo produto da tensão zener pela
corrente zener. Estes valores determinam a dissipação máxima que o componente pode
suportar. Cada diodo zener tem um valor de dissipação máxima que é fornecido pelos
fabricantes nos arquivos de dados técnicos.

Utilizando os valores de tensão zener e potência zener máxima geralmente fornecidos pelo
fabricante, podemos determinar a corrente máxima que o zener pode suportar.

Logo:

Este valor máximo de corrente não pode ser excedido sob pena de danificar
permanentemente o diodo zener por excesso de aquecimento.

Para o correto funcionamento do diodo zener na região reversa, é necessária uma corrente
inversa mínima que mantenha a tensão zener dentro da faixa praticamente constante.

Em geral, podemos usar:

Contudo, o mais recomendado é observar as informações técnicas fornecidas pelos


fabricantes.

9.2 Circuitos com diodo zener


Basicamente, o projeto de um regulador de tensão com carga consiste no cálculo da
resistência limitadora de corrente Rs , conhecendo-se as demais variáveis do circuito.
Vejamos um exemplo.

Figura 58: Regulador zener com carga resistiva Rl

Este circuito possui três equações fundamentais:

Equação da corrente de entrada:


Equação da tensão de saída:

Equação de regulação:

Para estabelecer o correto funcionamento do circuito, devem ser observadas as características


de condução do diodo zener:

 A tensão reversa sobre o diodo zener deve ser maior que a tensão zener quando da
retirada do diodo zener do circuito;
 A corrente mínima no diodo zener deve ser maior que .

9.3 Exercícios
1) Para que serve o diodo zener?
2) Quais as principais características de um diodo zener?
3) Quais os cuidados com um diodo zener?
4) Compare o diodo zener com um diodo comum.
5) Por que os diodos zener são usados na maioria das vezes com polarização inversa?
10 Transistor Bipolar
Neste capítulo aprenderemos:

 O que é um transistor

 Quais as principais características de um transistor bipolar

 Como funciona um transistor

 Quais os modos de operação de um transistor

10.1 Introdução
O transistor é considerado por muitos uma das maiores descobertas ou invenções da história
moderna, tendo tornado possível a revolução dos computadores e equipamentos eletrônicos.
A chave da importância do transistor na sociedade moderna é sua possibilidade de ser
produzido em enormes quantidades usando técnicas simples, resultando preços irrisórios.

É conveniente salientar que é praticamente impossível serem encontrados circuitos integrados


que não possuam, internamente, centenas, milhares ou mesmo milhões de transistores,
juntamente com outros componentes como resistências e condensadores. Por exemplo, o
microprocessador Cell do console PlayStation 3 tem aproximadamente 234 milhões de
transistores, usando uma arquitetura de fabricação de 45 nanômetros, ou seja, a porta de
controle de cada transistor tem apenas 45 milionésimos de um milímetro.

Seu baixo custo permitiu que se transformasse num componente quase universal para tarefas
não-mecânicas. Visto que um dispositivo comum, como um refrigerador, usaria um dispositivo
mecânico para o controle, hoje é freqüente e muito mais barato usar um microprocessador
contendo alguns milhões de transistores e um programa de computador apropriado para
realizar a mesma tarefa. Os transistores, hoje em dia, têm substituído quase todos os
dispositivos eletromecânicos, a maioria dos sistemas de controle, e aparecem em grandes
quantidades em tudo que envolva eletrônica, desde os computadores aos carros.

Seu custo tem sido crucial no crescente movimento para digitalizar toda a informação. Com os
computadores transistorizados a oferecer a habilidade de encontrar e ordenar rapidamente
informações digitais, mais e mais esforços foram postos em tornar toda a informação digital.
Hoje, quase todos os meios na sociedade moderna são fornecidos em formato digital,
convertidos e apresentados por computadores. Formas análogas comuns de informação, tais
como a televisão ou os jornais, gastam a maioria do seu tempo com informação digital, sendo
convertida no formato tradicional apenas numa pequena fração de tempo.

O transistor é um componente eletrônico que começou a popularizar-se na década de 1950,


tendo sido o principal responsável pela revolução da eletrônica na década de 1960. São
utilizados principalmente como amplificadores e interruptores de sinais elétricos. O termo vem
de transfer resistor (resistor/resistência de transferência), como era conhecido pelos seus
inventores.

10.2 Estruturas básicas dos transistores


O transistor de junção é constituído por duas junções P-N, ligadas entre si de modo alterno.
Têm-se, portanto, dois tipos de transistores que são chamados “complementares” ou inversos.
A diferença fundamental é apenas a polaridade da tensão que é diferente. Observando como
são dispostas as junções, se nota que é como se houvessem dois diodos, ligados entre
si pela camada central.

Os eletrodos do transistor são ligados às três camadas e se chamam:

Figura 59: Terminais dos transistores

Os símbolos dos dois tipos de transistores que estudaremos são apresentados na figura a
seguir:

Figura 60: Símbolos usados par a os transistores

10.3 Polarização e funcionamento


O transistor bipolar é, fundamentalmente, um amplificador ou controlador de corrente, pois o
sinal que age como comando é a corrente que passa na base.

De modo bastante esquemático, se pode lembrar que no transistor bipolar A BAIXA CORRENTE
QUE PASSA ENTRE A BASE E O EMISSOR (Ib) CONTROLA A CORRENTE (muito maior) QUE PASSA
ENTRE O EMISSOR E O COLETOR (Ic).

No transistor bipolar, podemos escrever os sentidos das tensões e correntes conforme a figura
a seguir:
Figura 61: Tensões e correntes em um transistor bipolar

Definimos que:

IE = IB + IC

Mas IB é muito menor que I C e representa a parte do fluxo de elétrons que atingiu o coletor.

Temos também que:

V CE = V CB + V BE

Para relacionarmos I C e IE podemos introduzir um parâmetro α (ganho em corrente contínua).

Como IC é menor que I E, teremos que α será sempre menor que 1 (um).

Podemos também relacionar I C com IB. Neste caso, temos o parâmetro β (ganho em corrente
contínua), que relaciona a corrente de saída (I C), com a corrente de entrada (I B).

Logo, podemos escrever que:

α = β/(1+β) ou β = α/(1-α)

Algumas vezes, o ganho de corrente do transistor (β), é representado por outro parâmetro que
é denominado hfE.

Ao polarizarmos o transistor, devemos verificar os limites de operação do mesmo, ou seja, a


tensão máxima coletor-emissor (V CEmáx), a corrente máxima de coletor (I Cmáx), a tensão máxima
base-emissor (V BEmáx), a tensão máxima coletor-base (V CBmáx), a potência máxima (P Cmáx) e a
temperatura máxima nas junções. Se ultrapassarmos estes limites, poderemos danificar o
transistor ou fazê-lo trabalhar com distorções.

O ponto de operação de um transistor, também denominado ponto de trabalho ou ponto


quiescente, deve ser localizado na região de operação limitada pelos valores máximos de
tensão, corrente e potência.
Além da região de operação ativa, onde o transistor trabalha sem distorções, devem ser
levadas também em consideração as regiões de corte e de saturação. Na região de corte, a
tensão V BE é menor que V BE de condução. Logo, não haverá corrente I B circulando, IC também
será zero, e V CE estará com valor elevado. Na região de saturação, a tensão V BE é um pouco
maior que V BE de condução. Neste caso, a corrente de entrada I B e consequentemente I C são
muito grandes, o que implica em V CE baixo, em torno de 0,2 V (dependendo do transistor).

10.3.1 Operação na Região Ativa


A região ativa, também chamada de região de amplificação de um transistor bipolar, é a região
de funcionamento em que o transistor estabelece uma relação praticamente linear entre a
corrente de base e a corrente de coletor.

Nesta região de operação, a junção do emissor é polarizada diretamente e a junção do coletor


é polarizada inversamente. A corrente de coletor depende diretamente da corrente de base e,
consequentemente, de suas causas.

A capacidade de amplificação de um transistor é medida observando-se o efeito da corrente


de base sobre a corrente de coletor para um determinado valor de V CE. A relação incremental
entre ambas as quantidades é denominada ganho de corrente e esta relação pode ser escrita
como

conforme visto anteriormente.

Esta equação nos diz que, por exemplo, se = 500, uma mudança de 1µA em I B corresponde a
uma mudança de 500µA em I C. Esta é a essência do processo de amplificação.

Em geral, quando o transistor está operando na região ativa, V BE é aproximadamente 0,7V e


V CB é maior que zero, e podemos usar a equação de amplificação I C = IB. Valem as equações:

IE = IB + IC e V CE = V CB + V BE

A figura a seguir apresenta uma configuração muito típica de um transistor bipolar utilizado
como amplificador.

Figura 62: Amplificador com transistor bipolar


10.3.2 Operação na Região de Saturação
Na região de saturação, o aumento de I B não produz efeito de aumento em I C e, portanto, o
transistor não consegue amplificar nesta região. Geralmente, nesta região de operação, temos
que V BE SATUR AÇÃO = 0,8V e V CE SATUR AÇÃO = 0,2V e verifica-se que IB > .

A região de saturação é usada para fazer o transistor funcionar como chave fechada. Observe
que entre o coletor e o emissor permanece apenas uma pequena tensão (0,2V típicos).
Devem-se respeitar as condições de operação do transistor e nunca se devem ultrapassar os
valores máximos estipulados pelo fabricante.

Nesta região de operação, a junção de emissor e a junção de coletor são polarizadas


diretamente. O transistor funciona como um “curto circuito” de coletor para emissor.

10.3.3 Operação na Região de Corte


Nesta região de operação, o transistor se comporta como uma chave aberta; não há corrente
de base e, logo, não há corrente significativa de coletor.

A junção de emissor e a junção de coletor são polarizadas inversamente nesta região de


operação. O transistor funciona como um “circuito aberto” de coletor para emissor.

As regiões de saturação e de corte compõem as regiões de funcionamento como “chave” do


transistor bipolar.

10.4 Exercícios
1) O que é um transistor bipolar?
2) Para que serve um transistor bipolar?
3) Onde são usados os transistores bipolares?
4) Quais as características de um transistor bipolar?
5) Quais as regiões de funcionamento de um transistor bipolar?
11 Transistor de Efeito de Campo
Neste capítulo aprenderemos:

 O que são os transistores de efeito de campo

 Quais suas vantagens sobre os transistores bipolares

 Como funcionam e suas características

11.1 Introdução
O FET (Field Effect Transistor) que traduzindo para o português significa Transistor de Efeito de
Campo (TEC) é um transistor unipolar.

Nos transistores bipolares, para que haja controle de corrente, torna-se necessário envolver
movimentos de elétrons e lacunas. Nos transistores unipolares, para que haja controle de
corrente, estão envolvidas correntes de elétrons quando o mesmo é do tipo canal N ou estão
envolvidas correntes de lacunas quando o mesmo é do tipo canal P.

Os FETs possuem algumas vantagens com relação aos transistores bipolares, como:

 Impedância de entrada elevadíssima;


 Relativamente imune à radiação;
 Produz menos ruído e
 Possui melhor estabilidade térmica.

No entanto, apresentam algumas desvantagens como:

 Banda de ganho relativamente pequena e


 Maior risco de dano quando manuseado

A exemplo do transistor bipolar, o FET é um dispositivo de três terminais, contendo uma


junção PN básica, podendo ser do tipo de junção (JFET) ou do tipo Óxido de Metal
Semicondutor (MOSFET).

A figura abaixo mostra a estrutura física de em FET canal N com seus respectivos terminais.

Figura 63: Estrutura de um FET


D - (drain) dreno: de onde os portadores majoritários saem;

S - (source) fonte: é o terminal no qual os portadores majoritários entram;

G - (gate) porta: são regiões fortemente dopadas em ambos os lados do canal.

V DD é a tensão aplicada entre o dreno e a fonte;

V GG é a tensão aplicada entre o gate (porta) e a fonte;

V DS é a tensão medida entre o dreno e a fonte;

V GS é a tensão medida entre o gate (porta) e a fonte.

Comparativamente a um transistor bipolar, podemos então estabelecer as equivalências entre


os terminais:

D - (drain) = coletor

S - (source) = emissor

G - (gate) = base

Através do canal, portanto, circulam os portadores majoritários da fonte (S) para o dreno (D).

A figura a seguir mostra a simbologia para os FETs de canal N e canal P:

Figura 64: Símbolo usado para FETs canal N e P

São três as configurações básicas para os transistores unipolares, como mostra a figura abaixo:

Figura 65: Esquemas básicos de uso dos FETs

A configuração dreno comum também é denominada seguidor de fonte.


11.2 Polarização e funcionamento dos FETs
A figura abaixo mostra um FET de canal N polarizado de forma convencional. É importante
verificar a polaridade das tensões V GG e V DD. Quando o FET é de canal N, a tensão de dreno é
positiva.

Figura 66: Polarização típica do FET canal N

O FET também pode ser usado como amplificador de sinal, desde que adequadamente
polarizado. A grande vantagem na utilização do mesmo está na sua impedância muito elevada
de entrada e sua quase total imunidade a ruídos.

O FET possui uma impedância de entrada extremamente alta, da ordem de 100M ou mais.
Por ser praticamente imune a ruídos é muito utilizado para estágios de entrada de
amplificadores de baixo nível, mais especificamente em estágios de entrada de receptores FM
de alta fidelidade.

A figura abaixo mostra um amplificador convencional com FET:

Figura 67: Circuito típico de um amplificador transistorizado com FET

Trata-se de um amplificador com autopolarização, pois possui uma única fonte de alimentação
e um resistor RS para se obter a tensão de polarização gate-source.

A presença do resistor RS resulta em uma tensão devido a queda de tensão ID RS. Como a tensão
no gate é zero, pois não há corrente no gate ou no resistor RG, a tensão entre gate e source é
uma tensão negativa, que constitui a tensão de polarização VGS. Assim teremos:
V GS = 0 - ID RS = - ID RS

Consideremos o FET canal N conforme mostra a figura abaixo, para V GS = 0.

Figura 68: Análise estática do FET

a) V DD normal b) Aumento de V DD

À medida que a tensão V DD aumenta, aumenta a polarização inversa e a corrente de dreno


circula através do canal, produzindo uma queda de tensão ao longo do canal, que é mais
positiva no terminal drain (dreno), produzindo a região de depleção.

Conforme a tensão V DD aumenta, a corrente ID também aumenta, resultando em uma região


de depleção maior. O aumento da região de depleção provoca um aumento da resistência
entre drain e source. O aumento da região de depleção pode ser feito até que todo o canal
seja abrangido.

A partir daí, qualquer aumento de V DD resultará apenas em aumento da tensão nos terminais
da região de depleção e a corrente I D permanece constante.

A curva a seguir mostra que o aumento de ID ocorre até que toda a região de depleção esteja
totalmente formada, após o que a corrente de dreno satura e permanece constante para
qualquer aumento de V DD.

Figura 69: Gráfico da corrente ID em função da tensão V DS

IDSS é um parâmetro importante usado para especificar a operação de um FET, que significa
corrente de drain para source com gate-source em curto (V GS = 0).
A curva da figura abaixo mostra que, aumentando V GS (mais negativa para um FET de canal N),
a corrente de saturação será menor, e desta forma, o gate atua como controle.

Figura 70: Efeito do aumento de V GS

Nestas condições, I D diminui à medida que V GS fica mais negativa (observe o ponto de
saturação com -2V). Tornando V GS mais negativa, haverá um momento em que não haverá
mais ID, independentemente do valor de V DS.

Essa tensão denomina-se tensão de estrangulamento gate-source representada por V GS(OFF) ou


V p.

A figura abaixo mostra a curva para um FET de canal P. A única diferença é a polaridade de V GS
que neste caso é positiva.

Figura 71: curva de ID em função de V DS par a FET canal P

A figura a seguir mostra o gráfico de transferência da corrente de dreno I D em função da


tensão gate-source (V GS), para um valor constante de V DS.

Figura 72: Curva de transferência dos FETs


No gráfico acima, observa-se a característica de transferência quando V GS = 0, ID = 0, V GS = V p .

A figura abaixo nos mostra que quando ocorre o estrangulamento, este estrangulamento se
verifica com valores menores de V DS e quando mais negativa for a tensão V GS. Esta curva
recebe o nome de curva de dreno.

Figura 73: Estrangulamento de canal

Normalmente o FET é polarizado para operar após o estrangulamento na região de saturação


da corrente, onde nesta região o dispositivo tem sua operação definida mais facilmente pela
equação de Schockley.

Devemos reservar atenção extra a alguns parâmetros dos FETs. São eles:

 IDSS: corrente de saturação dreno-fonte (drain-source). É a corrente na qual o canal é


estrangulado quando os terminais gate e source estão em curto (V GS = 0). É um
parâmetro importantíssimo do dispositivo.

 V GS(OFF) ou V p: tensão de corte (estrangulamento) gate-source. Tensão entre gate e


source para a qual o canal drain-source é estrangulado, resultando em praticamente
nenhuma corrente de dreno.

Os circuitos a seguir são usados para medir I DSS e V GS(OFF):

Figura 74: Circuitos utilizados para se verificar IDSS e VGS(OFF)


 BV GSS: tensão de ruptura source-gate. A tensão de ruptura de uma junção source-gate
é medida em uma corrente especificada com os terminais drain-source em curto.

O valor da tensão de ruptura indica um valor limite de tensão nos terminais gate-
source, acima do qual a corrente do dispositivo deve ser limitada pelo circuito externo
para evitar danos ao FET.

A tensão de ruptura é um valor limite de tensão e deve ser usado na escolha da fonte
de tensão de dreno.

 gfs = gm : transcondutância de transferência direta em fonte-comum. Ela é medida com


os terminais drain-source em curto, sendo uma indicação da amplificação do FET em
termos de sinal alternado.

A unidade de medida de gm é em Siemens com valores típicos da ordem de 1mS a 10mS.

gfs = IP / V GS , com V DS = 0

gm = g mo[1 - (V GS / V GS(OFF))]

 gmo é parâmetro de ganho de “AC” máximo do FET e ocorre para a polarização V GS = 0.

 rds(on): resistência drain-source para o dispositivo ligado. A resistência dreno-fonte para


o dispositivo ligado é importante quando se utiliza este como chave eletrônica.

Quando o FET está polarizado em sua região de saturação, ou ôhmica, de operação, apresenta
uma resistência entre dreno e fonte de dezenas e algumas vezes centenas de ohms.

11.3 Leitura Complementar: Amplificadores transistorizados bipolares e


com FETs
Como sabemos, a curva de transcondutância do FET é parabólica, e por isso a operação do
amplificador fonte comum produz uma distorção quadrática.

Em virtude disso, é um amplificador muito utilizado para operar somente com sinais de
pequena amplitude.

Devido ao fato de gm ser relativamente baixo, o amplificador fonte comum tem como
conseqüência um ganho de tensão relativamente baixo.

Desta forma, os amplificadores com FET não podem competir com amplificadores com
transistores bipolares, quando o ganho de tensão é fator preponderante.

A figura a seguir apresenta um amplificador com FET, um circuito muito semelhante (em
montagem) ao amplificador com transistor bipolar visto anteriormente.
Figura 75: Amplificador com FET

11.4 Exercícios
1) O que é um transistor FET?
2) Para que serve um transistor FET?
3) Onde são usados os transistores FET?
4) Quais as características de um transistor FET?
5) Quais as regiões de funcionamento de um transistor FET?
6) Quais as principais vantagens e desvantagens dos transistores FET em relação aos
transistores bipolares?
12 Filtros Passivos
Neste capítulo conheceremos:

 O que são filtros passivos

 Os filtros RL mais usados

 Os filtros RC mais usados

12.1 Filtros Passivos


Filtros passivos em eletrônica são circuitos seletores de sinais de freqüência, ou seja, eles
permitem ou não a passagem de sinais dependendo de suas freqüências. Os filtros passivos
são formados apenas pela associação de componentes passivos: resistores, capacitores e
indutores. Os filtros podem ser:

 Passa Baixas
 Passa Altas
 Passa Faixa
 Rejeita Faixa

Comecemos o estudo dos filtros passivos. Contudo, veremos apenas as versões mais comuns
destes filtros.

12.2 Filtros RC
São filtros passivos formados apenas por resistores e capacitores.

12.2.1 Filtro RC Passa Baixas


O circuito RC apresentado na figura a seguir pode comportar-se como um filtro passa baixas.

Figura 76: Filtro passa baixas RC

Para sinais de baixa freqüência, o capacitor apresenta alta reatância XC, muito maior que R, e
seu comportamento tende a ser um circuito aberto. Desta forma, a maior parcela da tensão de
entrada estará sobre o capacitor de saída. Podemos dizer que o circuito apresentado “deixa
passar” sinais de baixa freqüência.

Para sinais de altas freqüências, o capacitor apresenta baixa reatância e seu comportamento
tende a ser um curto circuito. Desta forma, a maior parcela da tensão de entrada estará sobre
o resistor e a tensão sobre o capacitor de saída será muito pequena. Podemos dizer então que
o circuito “impede a passagem” de sinais de alta freqüência.
A freqüência de corte (fC) é a freqüência a partir da qual os sinais de entrada sofrem redução
de 3dB do sinal de entrada. Esta redução equivale a dividir a amplitude do sinal de entrada por
ou à metade da potência.

Para o filtro passa baixas RC, temos:

O ganho em tensão em qualquer freqüência pode ser dado pela equação:

O gráfico em dB da amplitude pode ser observado na figura a seguir.

Figura 77: Ganho de tensão em dB em função da frequência de um filtro passa baixas

12.2.2 Filtro RC Passa Altas


O circuito RC apresentado na figura a seguir pode comportar-se como um filtro passa altas.

Figura 78: Filtro passa altas RC

Para sinais de baixa freqüência, o capacitor apresenta alta reatância X C, muito maior que R, e
seu comportamento tende a ser um circuito aberto. Desta forma, a maior parcela da tensão de
entrada estará sobre o capacitor, sendo que a tensão no resistor será mínima. Podemos dizer
que o circuito apresentado “impede a passagem” de sinais de baixa freqüência.

Para sinais de altas freqüências, o capacitor apresenta baixa reatância e seu comportamento
tende a ser um curto circuito. Desta forma, a maior parcela da tensão de entrada estará sobre
o resistor e a tensão sobre o capacitor de saída será muito próxima da tensão de entrada.
Podemos dizer então que o circuito “deixa passar” sinais de alta freqüência.
Para o filtro passa altas RC, temos:

O ganho em tensão em qualquer freqüência pode ser dado pela equação:

O gráfico em dB da amplitude pode ser observado na figura a seguir.

Figura 79: Ganho de tensão em dB em função da frequência de um filtro passa baixas

12.2.3 Filtro RC Passa Faixas


Este circuito permite a passagem de freqüências entre um valor inferior e um valor superior de
freqüência. Para a freqüência de corte inferior, o circuito se comporta como passa altas e para
a freqüência de corte superior, o circuito se comporta como passa baixas.

C1 R1
Vi Vo

C2 R2

Figura 80: Filtro passa faixas RC

Para o circuito, os componentes devem obedecer as relações:

R1 R2

C1 C2  X C1  X C 2

Onde o sinal >> ou << são “muito maior” e “muito menor”. Entende-se que um valor é “muito
maior” que outro quando este é superior a 10 vezes o valor do outro.
Para a freqüência de corte inferior, temos:

1
f C1 
2C1 R1  R2 

Para a freqüência de corte superior, podemos escrever:

1
fC 2 
2Req C2

Onde Req  R1 // R2 .

A relação entre o ganho de tensão e a freqüência pode ser escrito como na figura a seguir.

Figura 81: ganho de tensão em função da frequencia do filtro passa faixa RC

12.2.4 Filtro Rejeita Faixa RC


Um circuito muito utilizado para este fim é apresentado na figura a seguir.

C1 C1

Vi
R2 Vo
R1 R1

C2

Figura 82: Filtro rejeita faixa RC

Para freqüências baixas atua como passa baixa. Para freqüências altas atua como passa alta.
Atenua o sinal apenas nas freqüências intermediárias, entra a freqüência de corte superior e
inferior, dadas por:

1
f C1  freqüência de corte inferior
2R1C1
1
fC 2  freqüência de corte superior
2R2C2

Figura 83: Ganho de tensão em dB em função da frequencia do filtro rejeita faixa RC

12.3 Filtros RL
12.3.1 Filtro RL Passa Baixa
O filtro RL passa baixa pode ser formado de acordo com a figura a seguir:

Figura 84: Filtro RL passa baixa

A freqüência de corte pode ser calculada por:

O ganho em amplitude da tensão de entrada pode ser encontrado por:

12.3.2 Filtro RL Passa Alta


O filtro RL passa alta pode ser construído conforme figura a seguir:
Figura 85: Filtro RL passa alta

A freqüência de corte pode ser calculada por:

O ganho em amplitude da tensão de entrada pode ser encontrado por:

12.4 Exercícios
1) O que são filtros passivos?
2) Quais os tipos de filtro passivos que conhecemos neste capítulo?
13 Reguladores de Tensão
Neste capítulo iremos aprender:

 O que são os circuitos reguladores de tensão

 Quando e como usar um regulador de tensão

 Quais as principais características dos reguladores de tensão

13.1 Introdução
Quando estudamos diodo zener, vimos que este componente pode se comportar como um
regulador de tensão, mantendo uma tensão praticamente constante em seus terminais
quando polarizado reversamente. Contudo, a corrente disponível era limitada pela resistência
de polarização do diodo zener (Rs) e as oscilações da tensão de entrada eram refletidas,
mesmo que de maneira mínima, para a saída do circuito.

Os reguladores de tensão são circuitos geralmente compostos de vários componentes com o


objetivo de admitir variações na entrada do circuito regulador, mas garantindo certa
estabilidade da tensão de saída com correntes normalmente maiores do que as correntes
disponíveis nos reguladores com diodo zener.

Vamos, neste capítulo, conhecer mais sobre os reguladores de tensão.

13.2 Regulador Série


A figura a seguir apresenta o diagrama elétrico de um regulador série típico:

Figura 86: Circuito típico de um regulador série

O regulador série é na realidade uma fonte de alimentação regulada mais sofisticada em


relação aos reguladores que utilizam apenas diodo zener.

O diodo zener atua apenas como elemento de referência enquanto que o transistor é o
elemento regulador ou de controle. Observa-se que o transistor está em série com a carga, daí
o nome regulador série.

13.2.1 Funcionamento
A tensão de saída estará disponível na carga (V L), então: VL = V Z - V BE

Como V Z >> V BE podemos aproximar: V L = V Z


Sendo V Z constante, a tensão no ponto "x" será constante.

Caso V IN aumente podemos analisar o que acontece:

V IN = V R + V Z, mas V R = V CB, logo: V IN = V CB + V Z

V CE = V CB + V BE

Portanto, quando V IN aumenta, como V Z é constante, V CB também aumentará provocando um


aumento de V CE, de modo a suprir a variação na entrada, mantendo V L constante.

V L = V IN - V CE

Então: se V IN aumenta  V CE aumenta  V L não se altera

Caso V IN diminua podemos analisar o que acontece, obedecendo os mesmos princípios


adotados anteriormente. Neste caso V CB diminui.

Com a diminuição de V IN  V CE diminui  V L não se altera.

13.2.2 Limitações
As principais limitações são os valores mínimos e máximos de V IN.

Como V IN = V R + V Z e V R = R.IR mas IR = I Z + IB

Então:

V IN = R(IZ + IB) + V Z

Para V IN mínima temos: V IN(MIN) = R(IZ(MIN) + IB(MAX))

Portanto, abaixo do valor mínimo de entrada o diodo zener perderá suas características de
estabilização.

Para V IN máxima temos: V IN(MAX) = R(IZ(MAX) + IB(MIN))

Acima do valor máximo de entrada o diodo zener perderá também suas características de
estabilização e será danificado.

13.3 Regulador Paralelo


A exemplo do regulador série, o transistor atua como elemento de controle e o zener como
elemento de referência.

Como a carga fica em paralelo com o transistor, daí a denominação regulador paralelo, cujo
circuito é mostrado abaixo.
Figura 87: Esquema elétrico de um regulador par alelo

A análise do seu funcionamento segue basicamente os mesmos princípios do regulador série,


no que diz respeito aos parâmetros do transistor e do diodo zener.

13.3.1 Funcionamento
V Z = V CB  como VZ é constante, V CB será constante

V CE = V CB + V BE, mas V CB >> V BE

logo: V CE = V CB, onde V CE = V Z

Ao variar a tensão de entrada dentro de certos limites, como V Z é fixa, variará V BE variando a
corrente IB e consequentemente I C. Em outras palavras, variando-se a tensão de entrada
ocorrerá uma atuação na corrente de base a qual controla a corrente de coletor.

Neste caso, V CE tende a parmanecer constante desde que I Z não assuma valores menores que
IZ(MIN) e maiores que IZ(MAX).

Os parâmetros para o projeto de em regulador paralelo são essencialmente: V IN, V L e IL(MAX).

Em nível de ilustração, consideremos as equações envolvidas:

Tensão de entrada máxima:

Na pior condição RL =   IL = 0

V IN(MAX) = R1.(IL(MAX) + IC(MAX)) + V Z + V BE

VIN(MAX) - VZ - VBE
 IZ(MAX)  IC(MAX) ( I )
R1

Tensão de entrada mínima:

V IN(MIN) = R1.(IZ(MIN) + IC(MIN) + IL(MAX)) + V Z + V BE

VIN(MIN) - VZ - VBE
 IZ(MIN)  IC(MIN)  IL(MAX) ( II )
R1

Dividindo ( I ) e ( II ), temos:
IZ(MAX)  IC(MAX) VIN(MAX) - VZ - VBE

IZ(MIN)  IC( MIN)  IL(MAX) VIN(MIN) - VZ - VBE

Isolando IZ(MAX):

IZ(MAX) = 
VIN(MAX) - VZ - VBE 
 . (IZ(MIN  IC(MIN)  IL(MAX) ) - IC(MAX) ( III )
 VIN(MIN) - VZ - VBE 

Obs.: IC(MIN) é a corrente de coletor para uma tensão de entrada mínima. Em muitos projetos a
mesma pode ser desprezada por não ter influência significativa no resultado fina l.

13.4 Regulador Série Realimentado


O regulador série realimentado com amplificador de erro torna o circuito mais sensível às
variações da tensão de entrada, ou variações da corrente de carga, através da introdução de
um transistor junto ao elemento de referência.

A figura a seguir ilustra esse tipo de regulador, onde os elementos que compõem o circuito
tem as seguintes funções:

Figura 88: esquema elétrico de um regulador série com realimentação

Diodo Zener: é utilizado como elemento de referência de tensão;

Transistor T1: é o elemento de controle, que irá controlar a tensão de saída a partir de uma
tensão de correção a ele enviada através de um circuito comparador;

Transistor T2: é basicamente um comparador de tensão DC, isto é, compara duas tensões, V R2 e
V R3, sendo a tensão V R3 fixa (denominada também tensão de referência), cuja finalidade é
controlar a tensão de polarização do circuito de controle. Qualquer diferença de tensão entre
os dois resistores irá fornecer à saída do comparador uma tensão de referência que será
aplicada ao circuito de controle.
13.4.1 Funcionamento
Quando houver uma variação da tensão de entrada, a tendência é ocorrer uma variação da
tensão de saída.

Supondo que V IN aumente, a tensão nos extremos de R L tenderá a aumentar, aumentando a


tensão V R2 e V R3, mas, como a tensão no emissor de T2 é fixada por V Z, então um aumento de
tensão no ponto "x" provocará um aumento de V BE2, que aumentará I B2 e consequentemente
IC2 .

Quando IC2 aumenta, haverá um aumento da tensão em R 1 (V R1), uma vez que a tensão do
emissor de T2 é fixada pela tensão de zener (V Z).

Como V BE1 é fixa, então um aumento de V R1 provocará um aumento de V CE1 .

Lembrar que V R1 = V CB1 e que V CB1 + V BE1 = V CE1.

Um aumento de IC2 provocará também um discreto aumento na corrente de base de T1 (IB1).

IC2 = IR1 - IB1

IR1 = IC2 + IB1

13.5 Reguladores Integrados


Normalmente são empregados circuitos integrados (CIs) para regulação de tensão.

São muito utilizados os chamados reguladores de três terminais como: LM217, LM317, µA78xx
(xx: tensão de saída estabilizada; exemplo: µA7805, saída de 5V), µA79xx, etc. É aconselhável
que o aluno se sinta encorajado a consultar os manuais destes CIs (geralmente em inglês) para
conhecê-los melhor, bem como utilizá-los melhor também.

Os reguladores integrados mais comuns são os reguladores de três terminais, que têm a
seguinte estrutura de funcionamento:

Figura 89: Diagram a de blocos da estrutura de funcionamento de um regulador de três terminais


O esquema elétrico típico de um regulador de três terminais é apresentado na figura a seguir.

Figura 90: Esquema elétrico de um regulador integrado de três terminais

Observe que o regulador integrado de três terminais apresenta exatamente três te rminais:

INPUT: onde se aplica a tensão a ser regulada;

COMMOM: onde conectamos a referência para 0V, muitas vezes conhecida como GND ou
terra.

OUTPUT: terminal onde se obtém a tensão de saída regulada.

Figura 91: o µA7805: um regulador fixo muito utilizado em circuitos eletrônicos

13.6 Reforçadores de Corrente (Boosters)


Os reguladores integrados de três terminais, em sua maioria, admitem uma corrente máxima
no entorno de 1ª. Para maior suprimento de corrente, é necessário o uso de um transistor
externo, normalmente chamado de reforçador de corrente ou booster.
No circuito da figura a seguir tem-se um esquema de um reforçador de corrente associado a
um regulador integrado de três terminais.

Figura 92: Esquema típico de um booster associado a um regulador de três terminais

Quando a corrente de carga for maior que 1A, a queda de tensão sobre o resistor R deve ser
suficiente para polarizar o transistor. A corrente de carga passa ser a soma da corrente que
atravessa o regulador mais a corrente que passa pelo transistor. Em outras palavras, o excesso
de corrente de carga é suprido pelo transistor de reforço.

13.7 Reguladores Ajustáveis


A partir de reguladores de três terminais com tensão de saída fixa podemos obter algum as
configurações com tensão de saída regulada e ajustável, conforme o esquema a seguir.

Figura 93: Regulador de tensão com saída ajustável a partir de um regulador de saída fixa

A tensão de saída neste circuito pode ser calculada por:

Onde Vxx é a tensão fixa de saída do regulador integrado de três terminais. Neste caso, a
tensão de saída é sempre maior que a tensão fixa nominal do regulador.

13.8 Diodos de Proteção Básica


É conveniente associar ao regulador diodos de proteção básica, que podem ser retificadores
convencionais ou diodos zener, conforme descrito a seguir. Descreveremos neste tópico os
diodos de proteção básica para reguladores de tensão positiva.
É recomendado conectar um diodo que permita a descarga de possíveis capacitores na saída
do regulador, quando da ocorrência de um curto-circuito na entrada do mesmo. Este diodo
impedirá que o capacitor se descarregue sobre o regulador, o que o destruiria. O diodo deve
ter o anodo conectado na saída do regulador e o catodo conectado na entrada.

Além disso, é recomendado colocar um diodo com o catodo conectado na saída do regulador e
o anodo conectado no terminal comum do regulador. Isto previne o que chamamos de latch-
up, isto é, os reguladores integrados não suportam tensão reversa e estes diodos minimizariam
este efeito.

Alguns escritores recomendam o uso de um diodo zener na entrada dos reguladores, a fim de
absorver previamente os picos da tensão de entrada dos reguladores integrados.

Figura 94: Diodo de proteção de latch-up

Figura 95: Diodo de proteção contra descarga do capacitor por curto-cir cuito na entrada do regulador

13.9 Exercícios
1) O que são os circuitos reguladores de tensão?
2) Para que servem os reguladores de tensão?
3) Quais os tipos mais comuns de reguladores de tensão?
4) O que são os reguladores integrados?
5) Para que servem os reforçadores de corrente?
6) Onde devem ser instalados os diodos de proteção básica?
14 Amplificadores Operacionais
Neste capítulo estudaremos:

 Os amplificadores operacionais e suas funcionalidades

 As características e circuitos típicos de amplificadores operacionais

 Algumas aplicações de amplificadores operacionais

14.1 Introdução
O circuito conhecido como amplificador operacional vem se tornando cada vez mais
importante na eletrônica. Seu estudo detalhado exige conhecimentos profundos sobre o
funcionamento de diodos e transistores. Contudo, neste capítulo faremos uma abordagem do
amplificador operacional como componente eletrônico, ou seja, estamos interessados em
estudar o amplificador operacional como um bloco único.

O amplificador operacional (AO) surgiu como um dos componentes básicos dos computadores
analógicos. Foi chamado de operacional porque era usado para implementar as operações
matemáticas de integração, diferenciação, adição, mudança de sinal e multiplicação por um
fator constante. Mais tarde o circuito passou a ser usado em muitas outras aplicações, mas seu
nome permaneceu o mesmo.

14.2 Terminais do Amplificador Operacional


Como estamos interessados no funcionamento global do dispositivo, vamos começar com uma
discussão sobre os terminais de um componente comercial. Em 1968, a FairChild
Semicondutor lançou um amplificador operacional que se tornaria muito popular, o µA741 (o
prefixo µA foi usado pela empresa para indicar que se tratava de um microcircuito). Este
componente foi vendido em vários encapsulamentos, ou seja, em chips de vários formatos.
Vamos estudar o µA741 de encapsulamento DIP.

A figura a seguir apresenta a vista superior de um µA741 e a indicação de seus terminais.

Figura 96: Pinagem de um amplificador operacional comercial

Os terminais mais utilizados são:

 Entrada inversora (inverting input)


 Entrada não-inversora (non-inverting input)
 Alimentação Negativa (V-)
 Alimentação Positiva (V+)
 Saída (output)

Os terminais restantes são ignorados na maioria das aplicações. Os dois terminais de


compensação (offset null) podem ser ligados a um circuito auxiliar destinado a compensar uma
degradação do desempenho devido ao envelhecimento ou imperfeições. Entretanto, a
degradação é, na maioria das vezes, desprezível, de modo que os terminais de compensação
são raramente usados e desempenham um papel secundário na análise do circuito. O terminal
8 não é usado nunca; a abreviação NC significa non-connection (não conectado), ou seja, este
terminal não está ligado ao amplificador.

A figura a seguir mostra o símbolo mais usado para representar o amplificador operacional.

Figura 97: Símbolo do amplificador operacional

Em outras literaturas, o símbolo pode vir abreviado; é comum se omitir os pinos não usados,
como o 1 e o 5.

A figura a seguir apresenta uma aproximação para o circuito interno de um AO.


Figura 98: Circuito interno de um AO

14.3 O Amplificador Operacional Ideal


Um amplificador operacional ideal deve apresentar as seguintes características:

a) Impedância de Entrada Infinita


b) Impedância de Saída Nula
c) Ganho Infinito
d) Atraso Nulo
e) Tensão de Saída igual a zero, para tensão na entrada inversora igual à tensão na entrada
não-inversora.
f) Deriva de tensão de saída nula com a temperatura (drift-térmico).

14.4 Amplificadores Operacionais Reais


Vamos aqui estabelecer em todos os itens um paralelo com o componente ideal, pois será a
partir deste que chegaremos às correções a serem feitas no componente real visando
aproximá-lo do ideal.

a) Impedância de Entrada e Saída

O AO real apresentará na entrada uma impedância não infinita, e na saída uma impedância
não nula.

b) Resposta em Freqüência
O AO real terá seu ganho reduzido em função do aumento da freqüência, como mostra a curva
da figura a seguir, para um determinado AO.

Figura 99: Ganho do AO em função da freqüência

c) Deriva da Tensão de Saída com a temperatura (Drift)

O ponto do quiescente do AO desloca-se em função da temperatura e do tempo de


funcionamento, sendo por conseguinte especificado em função dessas duas variáveis: tempo e
temperatura.

Devemos prover as entradas inversora e não-inversora de nosso dispositivo de uma necessária


polarização, cuja finalidade é a obtenção de um ponto quiescente. Gostaríamos de salientar
que uma simetria em termos de polarização (caso ideal) não é alcançada, e as diferenças entre
tensão e corrente nas respectivas entradas recebem a denominação de tensão e corrente de
offset.

No caso ideal, para a tensão da entrada inversora igual à da entrada não-inversora tínhamos V 0
igual a 0, o que já não acontece com o AO real, sendo o motivo a diferença de características
apresentadas pelos transistores de entrada, pelos quais circularão diferentes correntes.

Para melhor entendimento, consideremos a figura a seguir:

Figura 100: Diferenças nas entradas do AO

d1) Corrente de Entrada de Offset

A corrente de entrada de offset (I io) é a diferença entre as correntes aplicadas aos terminais de
entrada para o balanceamento do amplificador.

IB1 - IB2 => V o = 0

d2) Tensão de Entrada de Offset

Tensão de entrada offset (V io) é a tensão que devemos aplicar entre os terminais de entrada
para o balance mento do amplificador.
d3) Corrente de Entrada de Deriva de Offset

A corrente de entrada de deriva de offset é a relação entre a variação da corrente de entrada


de offset com a variação da temperatura, e expressa pela relação ∆I io/∆T.

d4) Tensão de Entrada de Deriva de Offset

A tensão de entrada de deriva de offset é a relação entre a variação da tensão de entrada de


offset com a variação da temperatura, e expressa pela relação: ∆V io/∆T.

d5) Tensão de Saída de Offset

A tensão de saída de offset será a diferença entre os níveis contínuos presentes nos terminais
de saída quando as entradas estiverem aterradas.

e) Slew Rate

Este parâmetro está ligado à faixa de passagem à plena potência. Quando num operacional é
injetado um sinal senoidal de alta freqüência, de amplitude superior a um certo valor
prefixado, observa-se a sua saída uma onda triangular. A inclinação desta forma de onda
triangular é o "slew rate”.

Esta limitação tem origem nas características de construção do dispositivo e está diretamente
ligado a um elemento, o chamado capacitor de compensação de fase e à máxima taxa com que
este pode ser carregado. Este capacitor, que nos amplificadores operacionais monolíticos
apresenta tipicamente 30pF, conta com fontes de corrente de cerca de 30A disponíveis para
carregá-lo. Assim, dependendo da amplitude do sinal desejado na saída, o amplificador
operacional "não consegue acompanhar o sinal de entrada". Como a corrente num capacitor é
dada pela capacitância vezes a taxa de variação da tensão (fórmula abaixo), ocorre limitação
chamada "slew rate":

Em amplificadores operacionais monolíticos, de uso geral, S r vale alguns Volts por


microssegundos. Em amplificadores operacionais construídos pela técnica de CIs híbridos, este
valor pode ser muito grande, por exemplo, S r = 2000 V/s.

14.5 Aplicações do Amplificador Operacional

14.5.1 Amplificador em Loop Aberto


Esta configuração é a mais simples, onde temos que a saída é calculada pela diferença entre as
entradas inversora e não-inversora, multiplicadas pelo ganho do AO. No caso de AOs reais, o
ganho gira em torno de 100.000 ou mais.
Figura 101: Configuração do AO em loop aberto

A saída é dada pela equação:

V 0 = A (Vn – V i)

14.5.2 Amplificador Inversor


O amplificador inversor estabelece que a saída seja proporcional à entrada inversora,
multiplicada por um ganho estabelecido por resistores.

Figura 102: Amplificador Inversor

A saída pode ser calculada por:

14.5.3 Amplificador Não-Inversor


O amplificador inversor estabelece que a saída seja proporcional à entrada não-inversora,
multiplicada por um ganho estabelecido por resistores.
Figura 103: Amplificador Não-Inversor

Podemos usar a seguinte relação entre a saída e a entrada, para esta configuração:

14.5.4 Buffer
O buffer é um caso especial de amplificador não-inversor, com R2 sendo zero e R1 sendo um
circuito aberto (R1 é infinito). Neste caso, o ganho é unitário.

A vantagem de se usar buffers é a de se reforçar com corrente o sinal de entrada, pois na saída
do amplificador, teremos disponível a corrente fornecida pelo mesmo, mas com a tensão
fielmente igual à tensão de entrada (desde que não tenhamos problemas de distorção por
slew rate).

Figura 104: Amplificador em circuito buffer

Neste caso,

V0 = Ve

14.5.5 Subtrator
O objetivo deste circuito é realizar a subtração entre as tensões nas entradas.
Figura 105: Circuito Subtrator

A tensão de saída pode ser calculada por:

Fica a cargo do leitor verificar o resultado da tensão de saída quando todos os resistores forem
iguais.

Circuitos subtratores como o do circuito a seguir são chamados amplificadores diferenci ais.

Figura 106: Amplificador diferencial

14.5.6 Somador Inversor


O somador é um circuito que realiza a soma analógica das tensões na entrada inversora.

Vejamos:
Figura 107: Somador inversor

A expressão da tensão de saída pode ser dada por:

E usamos

Re = Rf // R1 // R2 // R3

Para minimizar o efeito do offset.

14.5.7 Somador Não-Inversor


O somador não inversor realiza a soma analógica das tensões no terminal não inversor.

Figura 108: Somador N ão-Inversor

A expressão da tensão de saída é escrita como:


14.6 Exercícios
1) O que é um amplificador operacional?
2) Quais são os circuitos básicos com amplificadores operacionais vistos neste capítulo?
3) Onde estes circuitos são aplicados?
4) Desenhe o chip do amplificador operacional uA741, seus pinos e o significado de cada
um.
5) Quais são as características dos amplificadores operacionais reais?
15 Temporizador 555
Neste capítulo estudaremos:

 O circuito integrado 555

 Para que serve um 555

 Como funciona um 555

15.1 Introdução
O 555 é um circuito integrado composto de um Flip-Flop do tipo RS, dois comparadores
simples e um transistor de descarga. Projetado para aplicações gerais de temporização, este
integrado é de fácil aquisição no mercado especializado de Eletrônica. Ele é tão versátil e
possui tantas aplicações que se tornou um padrão industrial, podendo trabalhar em dois
modos de operação: monoestável (possui um estado estável) e astável (não possui estado
estável). Sua tensão de alimentação situa-se entre 5 e 18V, o que o torna compatível com a
família TTL de circuitos integrados e ideal para aplicações em circuitos alimentados por
baterias. A saída deste CI pode fornecer ou drenar correntes de até 200mA, podendo assim
comandar diretamente relés, lâmpadas e outros tipos de carga relativamente grandes.

Nas figuras abaixo são mostrados os pinos e o diagrama simplificado.

Figura 109: Pinos do CI 555 e sua configur ação interna


Geralmente, o pino 5, entrada de controle, não é conectado, deixando assim a tensão de
controle fixa em 2/3V (de acordo com a fórmula de divisor de tensão: Vcontrole =
(R+R)*Vcc/R+R+R = 2R*Vcc/3R = 2/3Vcc). Toda vez que a tensão de limiar (Sensor de nível,
pino 6) exceder a tensão de controle (2/3Vcc), a saída do comparador 1 vai para nível alto,
setando o flip-flop RS e saturando o transistor de descarga, devido ao nível alto na saída Q do
flip-flop.

O disparador (trigger) está conectado à entrada inversora do comparador 2 (pino 2). A entrada
não-inversora tem uma tensão fixa de 1/3Vcc (Vnão-inv = R*Vcc/R+R+R = RVcc/3R = Vcc/3).
Toda vez que a tensão do disparador for menor que 1/3Vcc, a saída do comparador vai a nível
alto, resetando o flip-flop, cortando o transistor de descarga e deixando a saída (pino 3) em
nível alto.

O reset (pino 4) habilita o 555 com nível alto e o desabilita com nível baixo. Geralmente na
maioria das aplicações, este pino é ligado à Vcc.

15.2 Operação em Modo Monoestável (temporizador)


As figuras abaixo mostram as configurações do 555 em operação monoestável.

Figura 110: Montagem do 555 em modo monoestável


Figura 111: Esquem a elétrico interno equivalente

Figura 112: Instantes de acionamento do 555

Inicialmente, a tensão de disparo é +Vcc. Como o disparador (trigger) está ligado à entrada
inversora do comparador 2, um tensão de +Vcc nesta entrada faz com que se tenha nível baixo
na saída deste comparador (já que a tensão na entrada inversora, +Vcc, é maior que a tensão
na entrada não-inversora, +1/3Vcc). Isto faz com que o flip-flop RS fique no seu estado normal
(com nível alto na saída Q e nível baixo na saída ), saturando o transistor de descarga e
deixando Ct descarregado.

Quando a tensão de disparo vai a nível baixo com um pulso invertido, a tensão na entrada não-
inversora (+1/3Vcc) é maior que a tensão na entrada inversora (0V), no comparador 2. Isto faz
com que a sua saída vá a nível alto, resetando o flip-flop (nível baixo na saída Q e nível alto na
saída ) e consequentemente cortando o transistor de descarga. Assim Ct se carrega por Rt.
A tensão em Ct (tensão de limiar) aumenta até que exceda a tensão de controle (+2/3Vcc).
Quando isto ocorre, a saída do comparador 1 vai a nível alto, setando o flip-flop, saturando o
transistor de descarga e, por conseqüência, descarregando Ct.

Quanto maior a constante de tempo RC, mais tempo leva para a tensão em Ct chegar a
+2/3Vcc (tensão de controle).

Isto determina a largura do pulso ou a temporização na saída, que é dada por:

Onde T é dado em segundos, Rt em ohms e Ct em farads.

A tensão de controle, geralmente de 2/3Vcc, pode ser desacoplada através de um outro


capacitor ligado ao pino 5 e à terra (tipicamente de 0,01mF), para melhorar a imunidade a
ruído. Esta tensão também pode ser alterada, através do pino 5, a fim de obter outras tensões
diferentes de 2Vcc/3.

Alterando os valores de Ct e Rt, o período da temporização pode ser controlado entre cerca
de 5ms até aproximadamente 1h. Porém, em uma temporização acima de 5 mim. a
confiabilidade fica comprometida, devido aos altos valores de Rt e Ct necessários para esta
temporização.

O valor mínimo de Rt é limitado pelo transistor de descarga (geralmente 1kΩ é o mínimo


permitido). Com relação ao valor máximo de Rt, geralmente os fabricantes recomendam um
máximo de 20MΩ, mas acima de 1MΩ a precisão fica comprometida. Por tanto, em aplicações
gerais, o valor de Rt deve ficar entre 1kΩ e 1MΩ .

Não há limites para o valor de Ct, a não ser o seu custo. Apenas note que, dependendo do
valor da capacitância do capacitor eletrolítico e de sua qualidade, ele pode apresentar
correntes de fuga que podem distorcer os períodos calculados das temporizações. Note
também que para valores muito altos de capacitância, o transistor de descarga levará mais
tempo para descarregar Ct. A sua tensão de isolação deve ser maior ou igual a Vcc (quanto
mais próximo de Vcc, melhor), já que uma tensão de isolação menor que Vcc causará uma
diminuição na vida útil do capacitor.

15.3 Operação no Modo Astável


As figuras abaixo mostram as configurações do 555 em operação astável.
Figura 113: Montagem do 555 em modo Astável

Figura 114: Esquem a elétrico interno de um 555 em modo Astável

Figura 115: Instantes de acionamento no 555


Neste tipo de operação, são colocados os resistores Rt1 e Rt2 em série no lugar do Rt na
operação monoestável.

Como ponto de partida, vamos supor que inicialmente o flip-flop está resetado (Q em nível
baixo e em nível alto). Assim sendo, o transistor está cortado e Ct está se carregando através
da resistência (Rt1 + Rt2). Ct se carrega até que excede a tensão de controle (2/3Vcc), fazendo
com que a tensão na entrada não-inversora (pino 6) do comparador 1 seja maior que a tensão
na sua entrada inversora, isso faz com que sua saída vá a nível alto, setando o flip-flop.

Com nível alto em Q, o transistor de descarga entra em saturação fazendo com que Ct se
descarregue por Rt2. A tensão em Ct diminui até que fique menor que a tensão da entrada não
inversora do comparador 2 (1/3Vcc). A saída do comparador 2 vai a nível alto, resetando o
flip-flop e voltando ao ponto de partida. Esta operação astável se repete indefinidamente.

A tensão em Ct varia entre 1/3Vcc e 2/3Vcc, embora possa ser alterada, externamente,
atuando-se sobre a tensão de controle (pino 5).

A duração do período alto ou tempo de carga é dada por:

E a duração do período baixo ou tempo de descarga é dada por:

O período total (T) é:

E a freqüência (f) é:

Se Rt2 for muito maior que Rt1 (Rt2 = 100kΩ e Rt1 = 1kΩ, por exemplo), os períodos altos e
baixos serão quase iguais. O valor de Rt1 será desprezível em relação ao valor de Rt2, assim a
freqüência será de:

Caso tenha a necessidade um oscilador com durações iguais dos níveis altos e baixos, o circuito
deve ser configurado como mostram as figuras abaixo.
Figura 116: Montagem Astável de 555 com períodos alto e baixo iguais

Figura 117: Esquem a interno do 555 nesta nova configuração

O pino 7 (descarga) não é conectado e é colocado um resistor Rt no lugar dos dois resistores
Rt1 e Rt2, com o pino 3 (saída) conectado à este resistor Rt.

Supondo que inicialmente o flip-flop esteja setado, não existe diferença de potencial em Rt e
Ct. Com Ct descarregado, a tensão no disparador (pino 2) é de 0V. Assim, a saída do
comparador 2 vai à nível alto, resetando o flip-flop e deixando a saída em nível alto. Neste
momento Ct se carrega por Rt, fazendo a tensão de limiar (pino 6) elevar-se, até que atinge a
tensão de controle (+2/3Vcc). Quando isso ocorre, a saída do comparador 1 vai a nível alto,
setando o flip-flop e fazendo com que a saída vá a nível baixo. Então, Ct se descarrega por
Rt, voltando para o estado inicial. Os períodos de nível alto e baixo são iguais porque Ct se
carrega por Rt e se descarrega pelo mesmo Rt.

O período de carga e de descarga é dado por:

Assim, o período total é de:


15.4 Exercícios
1) Para que serve o circuito integrado 555?
2) Como funciona o circuito 555?
3) Desenhe o chip do CI 555, seus pinos e o significado de cada um.
4) Onde podem ser usados os circuitos com o 555?
5) Quais os modos de operação do temporizador 555?
16 Apêndice I: Confecção de Placas de Circuito Impresso
Artesanais
16.1 Introdução
Os circuitos impressos desde a sua criação configuraram-se no meio mais comum e prático na
montagem de circuitos eletro-eletrônicos. Existem diversas formas de confeccionar placas de
circuito impresso (PCI), sendo esses métodos diferenciados em dois grandes grupos: processos
artesanais e processos industriais.

Nas placas de circuito impresso, a passagem da corrente elétrica do circuito ocorre por meio
de uma camada fina de um material condutor (geralmente cobre). Assim, se dispensa a
presença de fios. Os componentes são fixados em um material isolante -base (geralmente
fenolite ou fibra de vidro), melhorando sua distribuição e diminuindo o espaço necessário à
montagem.

16.2 A placa de circuito impresso


A placa de circuito impresso fornece uma base de sustentação e agrupamento ideal, sobre a
qual a maior parte dos componentes pode ser montada e fixada. O aperfeiçoamento dos
processos de fabricação de placas de circuito impresso trouxe uma diversificação nos materiais
da base isoladora, sendo que os materiais mais usados atualmente são: fenolite, papel -epoxy,
fibra de vidro-epoxy, fibra de vidro e poliéster.

A determinação do material a ser utilizado obedece às características e especificações


desejadas, às quais estes materiais possam se prestar. Como exemplo, podemos citar as
características mecânicas de flexibilidade, resistividade da superfície, dissipação de calor,
constante dielétrica, resistência à elevação da temperatura, umidade, etc. A fibra de vidro
constitui-se de uma material base com características superiores às do fenolite, porém, sua
aplicação nem sempre se torna viável em razão do seu elevado custo. Na tabela abaixo
procurou-se realizar uma comparação entre ambos os produtos levando-se em consideração
aspectos relevantes como custo, isolação e outros de interesse.

Tabela 2: Compar ação entre os materiais normalmente usados em PCIs

Um dos processos consiste na eletrodeposição de cobre sobre a placa de fenolite. Uma fina
camada de cobre é deposta onde se deseja criar uma trilha sobre a placa. Este processo não é
muito utilizado devido à dificuldade de trabalhar com o processo de eletrólise, que o torna
mais dispendioso e economicamente inviável se comparado com os outros métodos.
Os outros métodos de confecção de PCI consistem na utilização de uma placa de fenolite ou
fibra de vidro com uma fina camada de cobre por toda sua superfície. Este método baseia-se
na remoção do cobre das áreas onde não se deseja que haja contato, ficando apenas o cobre
que define as trilhas da PCI.

O método mais utilizado industrialmente consiste na remoção do cobre através de um


processo fotossensível.

O processo artesanal consiste na aplicação de tinta de base plástica sobre uma placa de
fenolite inicialmente cobreada. Depois de desenhadas as trilhas, a PCI é levada a uma solução
de percloreto de ferro, onde ocorrerá a corrosão do cobre que não foi coberto pela tinta.

A caneta utilizada para este tipo de processo é uma caneta especial para circuitos impressos,
encontrada em lojas de eletrônica ou uma caneta utilizada para escrever em transparência de
retroprojetor.

Outro método que pode ser utilizado é o design da PCI através de softwares como o TANGO,
Eagle ou o ORCAD. Após o design, as trilhas são impressas em papel gloss e transferidas à placa
de fenolite cobreada por um processo de aquecimento.

Nesta apostila, descreveremos apenas o processo manual de design das trilhas, que serão
desenhados na placa de fenolite através de uma caneta.

16.3 Considerações relativas ao projeto de PCI

16.3.1 Dimensionamento das trilhas


A largura e a extensão das trilhas, assim como o diâmetro das ilhas de conexão, também não
devem escolhidas aleatoriamente. Sabe-se, por exemplo, que quanto maior a largura da trilha,
maior será a confiabilidade do circuito impresso, embora nem sempre seja possível respeitar
totalmente esse detalhe. Na verdade, a largura da trilha depende da ordem de grandeza das
correntes envolvidas no circuito; o efeito causado pela corrente manifesta-se de duas formas,
devido à resistência elétrica do filete (dissipação de potência na forma de calor ou efeito Joule)
e diferenças de potencial, ambas nocivas ao projeto da placas. Para compreender melhor esse
problema, basta aplicar a Lei de Ohm ao circuito impresso:

Nesta fórmula, dois dados são conhecidos de antemão, que são a resistividade do cobre
(ρ=0,17241Ωm/mm2 ) e a espessura da trilha (a = 0,05 mm). Tem-se, portanto, uma
resistência total de: R = 0,345 L/b, onde “b” é a largura da trilha, em milímetros, e “L” é a
extensão da mesma trilha, em metros. Assim, por exemplo, uma trilha de 1 mm de largura e
0,1 m de comprimento teria uma resistência global de 0,0345Ω – valor desprezível para
circuitos pouco críticos, de aplicações gerais.

Por outro lado, essa mesma trilha apresenta, em linha reta, uma indutância da ordem de 15H
e sua largura vai determinar a corrente máxima de utilização, cuja análise deve ser feita
usando-se a densidade de corrente ou potência (a condutividade do cobre é conhecida e pode
ser considerada constante).
Uma maneira prática, simples e que pode ser usada em muitas aplicações de processos
artesanais na fabricação de PCI é usar a relação:

Onde L é a largura da trilha e I é a corrente, em ampères.

No caso de trilhas de circuito impresso, o valor máximo aceitável para a densidade de corrente
(J) é de 35 A/mm2 – bem acima dos níveis permissíveis ao condutor cilíndricos comuns, graças
à própria geometria plana das trilhas, que proporcionam maior capacidade de dissipação de
potência por unidade de área. Da mesma forma, a densidade de potência máxima superficial é
de 2,5 mW/mm2. A trilha, como todo condutor, sempre apresenta alguma dissipação, mas se
for mantida abaixo dessas densidades aceitáveis, as potências e correntes envolvidas não irão
comprometer a placa. Se esses níveis forem ultrapassados, haverá aquecimento excessivo da
área ao redor das pistas, dilatação das mesmas e provavelmente o deslocamento e ruptura de
algumas delas. Cumpre observar, porém, que esses valores podem ser alterados de acordo
com as condições de projeto e utilização; desse modo, por exemplo, as trilhas podem ter
sua espessura aumentada em até 5 ou mais vezes através do estanhamento superficial, caso
em que seria preciso recalcular tudo desde o início. Resumindo, o dimensionamento das trilhas
deve obedecer a duas condições básicas: queda de tensão aceitável e densidade de corrente
(ou potência).

Outra forma de determinar a espessura das trilhas, utilizada pelos fabricantes de placas de
circuito impresso industriais relaciona a corrente que irá circular pela trilha em função da
potência que a mesma irá dissipar em forma de calor. Este método baseia-se na análise do
gráfico abaixo:
Figura 118: Gráfico utilizado para estabelecer largur a de trilhas em PCI

16.3.2 Considerações no traçado do layout


Passamos a expor abaixo algumas considerações a serem lavadas em conta no momento da
confecção do “layout” com relação ao seu traçado, junto com as respectivas justificativas.
Muitas destas considerações são indicadas pelo COBEI (Comitê Brasileiro de Eletricidade) /
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) através da norma NBR 8188/1983 – Guia de
projeto e uso da placa impressa, como soluções para placa de processamento industrial. O
formato e dimensão das ilhas de conexão também têm uma relativa importância no projeto.
O quadro abaixo reúne as principais opções encontradas sob a forma de símbolos transferíveis.
Em placas com certa complexidade, onde se exige um trabalho profissional, é conveniente
desenhar o traçado em escala 2:1.

Dessa forma, aumenta-se a confiabilidade da placa, já que se tornam visíveis todos os detalhes
de interligações, além do aspecto estético que, apesar de não ser tão importante, sempre
influi no serviço final. De fato, todo projetista, com o tempo, passa a considerar seu trabalho
uma arte. Uma vantagem adicional dessa técnica reside na eliminação de pequenas falhas
(como os defeitos em desenhos a nanquim), que se tornam imperceptíveis após a redução.
Figura 119: Considerações no traçado do layout

16.4 Processo de fabricação artesanal passo a passo


Inicialmente, efetuamos o design das trilhas em uma folha de papel vegetal. Deve-se utilizar
duas folhas de papel vegetal, sendo uma para desenhar os componentes em tamanho real, e
outra para desenhar as trilhas e ilhas que irão compor a PCI.

Figura 120: Traçado das trilhas impresso em papel vegetal


Antes de transferir o desenho para a placa de fenolite, devemos limpá-la com o auxílio de uma
esponja de aço, a fim de eliminar gorduras e elementos que possam prejudicar o processo de
corrosão do cobre.

Após o design das trilhas e ilhas da PCI, deve-se transferir o desenho efetuado no papel vegetal
para a placa de fenolite com o auxilio de papel carbono. Para facilitar a localização dos furos,
podemos marcar a posição dos mesmos com o auxílio de uma punção ou mesmo de um prego
pequeno.

Nota: É importante que a folha de papel vegetal esteja presa à placa de fenolite para evitar
que o papel deslize e prejudique a posição dos componentes. Outro fato de grande
importância é lembrar-se de espelhar o desenho feito no papel vegetal a fim de garantir a
correta conexão dos componentes, tendo em vista que as trilhas são em uma das faces da
PCI e os componentes deverão ficar na outra face da mesma.

Depois de transferir o desenho para a placa, temos que pintar as trilhas com a caneta de
retroprojetor. Vale lembrar que as regiões que forem pintadas com a caneta não irão sofrer
corrosão e permanecerão com o cobre.

Figura 121: Placa cobreada com a tint a do papel vegetal já transferida

A preparação e a concentração da solução devem obedecer às especificações do fabricante.


Primeiro despeje em um recipiente de plástico uma quantidade de água necessária para cobrir
a placa; posteriormente adicione o percloreto com cuidado até obter a concentração desejada.

Figura 122: Placa mergulhada em solução de percloreto de ferro


Nota: O tempo de corrosão varia de acordo com a solução, portanto, deve -se verificar a PCI
continuamente para que não haja um enfraquecimento da tinta, e conseqüentemente,
corrosão das ilhas.

Depois de finalizado o processo de corrosão, deve-se lavar com água a PCI afim de retirar toda
solução de percloreto de ferro da mesma.

Figura 123: Placa com o cobre removido

Neste passo, a placa ficará apenas com a tinta da caneta. Para retirar a tinta da caneta, deve-se
limpar a placa com álcool isopropílico.

Figura 124: Aspecto final da placa de PCI limpa e perfurada

Depois de limpa, devemos furar a PCI nos lugares demarcados com o auxilio de um furador de
PCI ou de uma furadeira provida de broca especifica de acordo com a espessura do terminal do
componente (as mais utilizadas são as brocas de 1.0mm, 1.5mm e 2.0 mm de diâmetro).

Neste momento, devemos preparar a PCI para soldar os componentes. Para tanto, deve-se
limpar as trilhas e ilhas com uma esponja de aço. Vale ressaltar que se este passo não for
realizado, o aluno pode encontrar dificuldades para soldar os componentes devido à aderência
do estanho ao cobre.

Depois disso, a PCI está pronta para a soldagem dos componentes.


17 Apêndice II: Soldagem de Componentes Eletrônicos
17.1 Introdução
A soldagem executada nos pontos de conexão de um circuito elétrico ou eletrônico visa
garantir um bom contato elétrico entre seus componentes.

Ela é executada com auxílio de um metal de adição formado por uma liga de estanho e
chumbo.

17.2 Processos de Soldagem


O processo de soldagem utilizado em circuitos elétricos e eletrônicos pode ser manual ou por
banho.

O processo de soldagem por banho é usado industrialmente para conexão de elementos


montados em placas de circuito impresso. Nesse processo, o lado da placa de circuito impresso
onde estão as trilhas de cobre é colocado sobre uma quantidade de metal de adição aquecido.

Figura 125: Processo de soldagem por banho

O processo de soldagem manual é muito utilizado para montagens experimentais e também


na manutenção de equipamentos.

No processo de soldagem manual, os pontos de solda do circuito são colocados um de cada


vez.

Figura 126: Processo de soldagem manual

O metal de adição é uma liga metálica usada para interligar os componentes eletrônicos e
condutores de um circuito elétrico ou eletrônico. Esse metal se funde pela ação do calor na
ponta do ferro de soldar e adere aos elementos, interligando-os eletricamente.
A composição mais utilizada na soldagem de circuitos elétricos é de 63% de estanho para 37%
de chumbo, porque sua temperatura de fusão é mais baixa, permitindo soldar mais facilmente.

O metal de adição pode ser adquirido em lojas especializadas na forma de barra e em fio
enrolado em carretéis.

Existe um preparado químico que pode ser adicionado durante a soldagem cujo objetivo é
permitir um escorrimento mais fácil sobre os pontos a serem soldados. Trata-se do fluxo.

Nos metais de adição usados em circuitos eletrônicos, o fluxo é colocado no interior do fio,
formando um núcleo.

Figura 127: Metal de adição e fluxo

A existência de fluxo provoca corrosão na ponta do ferro de soldar ao final de longos períodos
de uso, causando buracos na ponta. Deve-se limpar a ponta do ferro de soldar ao final do
trabalho de solda.

17.3 Ferramentas utilizadas para a soldagem manual


A seguir, são apresentadas as ferramentas mais utilizadas para soldagem manual, com uma
descrição das suas aplicações na execução desse processo. Elas são: o ferro de soldar e o
suporte, o alicate de bico chato ou meia cana e o alicate de corte diagonal.

O ferro de soldar é a ferramenta que fornece o calor necessário para a fusão do metal de
adição sobre os terminais e condutores. Consiste em uma ponteira de material bom condutor
de calor, normalmente cobre ou latão, envolvida por uma resistência elétrica.

Figura 128: Ferro de soldar


Figura 129: Interior do ferro de soldar

A passagem de corrente elétrica na resistência produz calor que aquece a ponta até a
temperatura necessária para conseguir a fusão do metal de adição.

Existem ferros de soldar para diversos valores de potência, por exemplo: 25W, 40W, 60W e
100W.

A potência do ferro de soldar que vai ser usado para uma operação de soldagem depende da
massa do que vai ser soldado. A soldagem de pontos que contenham grande número de
terminais ou de pontos em contato com superfícies metálicas exigem ferros de soldar de maior
potência, porque estes produzem maior quantidade de calor.

O ferro de soldar deve ser manuseado com cuidado e, nos momentos em que não estiver
sendo utilizado, deve ser colocado no suporte próprio.

Figura 130: Suporte de ferro de soldar

Alguns suportes tem uma esponja ou retalho de tecido que é utilizado para remover os
resíduos de solda da ponteira do ferro de soldar. Tanto a esponja quanto o tecido devem ser
mantidos umedecidos com água.

O alicate de bico chato ou meia cana normalmente é utilizado antes da soldagem, para dobrar
os terminais dos componentes nas dimensões adequadas.

Figura 131: Alicate de bico chato ou meia-cana


Durante o processo de soldagem, o alicate de bico chato pode ser utilizado como forma de
evitar que o calor chegue ao corpo do componente. Para isso, ele é posicionado no terminal,
entre o ponto de soldagem e o corpo do componente.

Este cuidado é importante quando se efetua a soldagem de componentes sensíveis ao calor.

Figura 132: Uso recomendado do alicate de bico

O alicate de corte diagonal é utilizado para cortar a sobra dos terminais e condutores depois
da soldagem.

Figura 133: Alicate de corte

17.4 Soldagem de componentes


Antes de realizar a soldagem é necessário verificar se a ponta do ferro de solda está limpa e
estanhada. Caso a ponta não esteja nas condições adequadas, ela deve ser limpa até retirar
toda a oxidação, de forma que a ponta se apresente com a cor normal do cobre.

Deve-se verificar também se os terminais ou condutores que vão ser soldados estão livres de
resíduos de oxidação ou gordura. Isso é necessário porque se os terminais que vão ser
soldados contém resíduos de gordura ou oxidação, a soldagem não se realiza corretamente a
conexão elétrica. Este tipo de soldagem é chamado de “solda fria” e representa um grande
problema porque provoca defeitos intermitentes.

Para realizar a solda deve-se, com o ferro aquecido, aplicar o metal de adição na ponta
aquecida do ferro, espalhando-a sobre as faces limadas. Deve-se encostar o ferro de soldar nos
terminais que vão ser soldados, procurando estabelecer a maior área de contato possível entre
os elementos e o ferro de soldar.
Figura 134: Aplicação de calor nos terminais a serem soldados

Após alguns instantes de aquecimento, aplicar a solda entre os terminais e a ponta do ferro de
soldar.

Figura 135: Aplicação de solda nos terminais pré-aquecidos

Quando o metal de adição se espalhar sobre os terminais, deve-se retirar o ferro de soldar sem
esfregá-lo sobre os terminais.

Uma operação de soldagem realizada corretamente resulta em uma solda lisa e brilhante nos
pontos soldados, além de garantir o bom contato elétrico e uma perfeita fixação mecânica.

17.5 Dessoldagem de componentes


A dessoldagem é o processo inverso da soldagem, consistindo em desfazer uma conexão que
esteja soldada.

A dessoldagem é utilizada principalmente durante a manutenção de equipamentos, quando se


faz necessário retirar um componente do circuito para testá-lo ou substituí-lo.

As etapas para dessoldagem são descritas abaixo.

Inicialmente, deve-se observar atentamente a posição do componente no circuito,


principalmente se a ordem de ligação dos terminais for importante.

Depois, deve-se segurar um dos terminais do componente com um alicate de bico chato.

Figura 136: Uso do alicate de bico chato na dessoldagem

Com o ferro de soldar, deve-se aquecer o ponto onde este terminal está soldado.
Quando o metal de adição estiver em fusão, puxar o terminal do componente com o auxílio do
alicate.

Figura 137: Dessoldagem de componentes

Em algumas ocasiões, os terminais do componente estão amarrados ou entrelaçados entre si,


o que dificulta sensivelmente o processo de dessoldagem. Por esta razão, deve-se evitar
amarrar os terminais dos componentes nas montagens de circuitos prevendo que em outra
ocasião poderá ser necessário dessoldá-los.

Existem ferramentas especialmente usadas para dessoldagem. Uma delas é o sugador manual
de solda.

O sugador manual de solda é uma ferramenta que se destina a sugar o metal de adição
quando já está no estado fundido. A figura que segue mostra um sugador manual de solda.

Figura 138: Sugador manual de solda

Para utilizar o sugador, o procedimento é:

1) Pressione o braço do êmbolo até que seja engatado, ficando na posição de comprimido.

2) Segure o sugador em uma das mãos de forma que o botão do sugador possa ser
pressionado quando for necessário.
3) Aqueça o metal de adição a ser retirado.

4) Encoste a ponta do sugador no local aquecido e pressione o botão do sugador.

Quando o botão é pressionado, o braço do êmbolo retorna à posição de repouso e o metal de


adição que está fundido é sugado.

Deve-se limpar periodicamente o depósito de solda removida do sugador.

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