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Electrodinâmica

Clássica

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso nº135
Direitos de autor (copyright)
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução,
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

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Agradecimentos
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na produção
dos Módulos.
Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.
Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em todo o
processo.
Ficha Técnica
Autor: Jonatane Macie

Desenho instrucional: Custódio Lúrio

Revisão Linguística: Jerónimo Simão

Maquetização : Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo


Ensino à Distância i

Índice

Visão geral 1
Bem-vindo ao Módulo de Electrodinâmica Clássica ................................................... 1
Objectivos do curso .......................................................................................................... 1
Objectivos.... ........................................................................................ 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 4
Acerca dos ícones .......................................................................................... 4
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 5
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 6
Avaliação .......................................................................................................................... 7

Unidade 1 9
Aparato Matemático (Análise Vectorial) ......................................................................... 9
Introdução ................................................................................................................ 9

Lição nº1 10
1.1. Campos Escalares. O Gradiente de um Campo Escalar em diferentes coordenadas e
suas Propriedades ............................................................................................................ 10
Introdução .............................................................................................................. 10
Sumário ........................................................................................................................... 18

Lição nº2 22
1.2. Campos vectoriais. Fluxo de um campo vectorial. Teorema de Ostroradsky Gauss22
Introdução .............................................................................................................. 22
Sumário ........................................................................................................................... 29

Lição nº3 33
1.3. Circulação e Rotacional de um campo vectorial. .................................................... 33
Teorema de Stokes e Teorema de Green ........................................................................ 33
Introdução .............................................................................................................. 33
Sumário ........................................................................................................................... 43

Lição nº4 46
1.4. Operações diferenciais de 2ª ordem ......................................................................... 46
Introdução .............................................................................................................. 46
ii Índice

Sumário ........................................................................................................................... 53

Lição nº5 57
1.5. Função de Dirac e suas propriedades....................................................................... 57
Aplicação da função Delta ............................................................................................. 57
Introdução .............................................................................................................. 57
Sumário ........................................................................................................................... 62

Lição nº 6 64
Revisão da Unidade 1 ..................................................................................................... 64
Introdução .............................................................................................................. 64

Unidade 2 69
Electrostática ................................................................................................................... 69
Introdução .............................................................................................................. 69

Lição nº1 70
2.1. Carga eléctrica e suas propriedades. Lei de Coulomb ............................................. 70
Introdução .............................................................................................................. 70
Sumário ........................................................................................................................... 74
Exercícios........................................................................................................................ 75

Lição nº2 77
2.2. Vectores do campo Electrostático no Vácuo ........................................................... 77
Introdução .............................................................................................................. 77
Sumário ........................................................................................................................... 81
Exercícios........................................................................................................................ 82

Lição nº3 84
2.3. Equações principais de Electrostática. Potencial electrostático.............................. 84
Introdução .............................................................................................................. 84
Sumário ........................................................................................................................... 86
Exercícios........................................................................................................................ 88

Lição nº4 90
2.4. Lei de Gauss e Simetria ........................................................................................... 90
Introdução .............................................................................................................. 90
Sumário ........................................................................................................................... 93

Lição nº5 97
2.5. Electrostática e condições de Fronteira ................................................................... 97
Introdução .............................................................................................................. 97
Ensino à Distância iii

Sumário ......................................................................................................................... 105


Exercícios...................................................................................................................... 106

Unidade 3 114
Movimento de cargas num campo eléctrico. Correntes estacionárias e Magnetostática114
Introdução ............................................................................................................ 114

Lição nº1 115


3.1. Movimento de cargas num campo eléctrico. Correntes estacionárias ................... 115
Introdução ............................................................................................................ 115
Sumário ......................................................................................................................... 120
Exercícios...................................................................................................................... 122

Lição nº2 123


.2. Magnetostática ......................................................................................................... 123
Introdução ............................................................................................................ 123
3.2.1.Campo originado por cargas em movimento.Força de Lorentz e campo magnético.
Lei de Biot-Savart e suas aplicações............................................................................. 124
Sumário ......................................................................................................................... 128
Exercícios...................................................................................................................... 130

Lição nº3 132


3.3. EQUAÇÕES PRINCIPAIS DA MAGNETOSTÁTICA. POTENCIAL VECTOR132
Introdução ............................................................................................................ 132
Sumário ......................................................................................................................... 137
Exercícios...................................................................................................................... 139
Introdução ............................................................................................................ 140
Auto-avaliação ................................................................................... 144

Unidade 4 146
Conceitos e Equações Fundamentais de Electrodinâmica ............................................ 146
Introdução ............................................................................................................ 146

Lição nº1 147


4.1. Campo electromagnético. Concepção e fundamentação da teoria do campo
Electromagnético .......................................................................................................... 147
Introdução ..................................................................................................................... 147
Sumário ......................................................................................................................... 153
Exercícios...................................................................................................................... 155

Lição nº2 156


4.2.Potenciais Electrodinâmicos. Calibração dos potenciais. Invariância dos
potenciais electromagnéticos em relação a transformação de calibração ..................... 156
Introdução ............................................................................................................ 156
iv Índice

Sumário ......................................................................................................................... 164


Exercícios...................................................................................................................... 165

Lição nº3 166


4.3. Densidade de energia do campo magnético e densidade do fluxo de energia ....... 166
Introdução ............................................................................................................ 166
Sumário ......................................................................................................................... 171
Exercícios...................................................................................................................... 172

Lição nº4 174


Lei de conservação do Impulso do campo electromagnético (tensor Maxwelliano das
tensões) ......................................................................................................................... 174
Introdução ............................................................................................................ 174
Sumário ......................................................................................................................... 178
Exercícios...................................................................................................................... 179

Chave de Correcções 180


Revisão da Unidade 4 ................................................................................................... 181
Introdução ............................................................................................................ 181

Unidade nº5 186


Ondas Electromagnéticas.............................................................................................. 186
Introdução ............................................................................................................ 186

Lição nº1 187


5.1.Concepção de Onda Electromagnética ................................................................... 187
Sumário ......................................................................................................................... 192
Exercícios...................................................................................................................... 194

Lição nº2 197


5.3. Onda Plana ............................................................................................................. 197
Introdução ............................................................................................................ 197
Sumário ......................................................................................................................... 206
Exercícios...................................................................................................................... 207

Lição nº3 208


Introdução ............................................................................................................ 208
Ensino à Distância v

5.4.1. Onda Plana Monocromática (senoidal)............................................................... 208


Sumário ......................................................................................................................... 214
Exercícios...................................................................................................................... 215

Lição nº4 216


5.6. Difracção das ondas Electromagnéticas. Fórmula de Kirchhoff. .......................... 216
Introdução ............................................................................................................ 216
Sumário ......................................................................................................................... 225
Exercícios...................................................................................................................... 227
_Toc277751071

Lição nº5 228


5.8.Difracção de Fraunhofer ......................................................................................... 228
Introdução ............................................................................................................ 228
Sumário ......................................................................................................................... 231
Exercícios...................................................................................................................... 233

Unidade nº6 239


Balanço Energético ....................................................................................................... 239
Introdução ............................................................................................................ 239

Lição nº1 240


6.1. Dedução da Equação de Balanço de Energia......................................................... 240
Introdução ............................................................................................................ 240
Sumário ......................................................................................................................... 246
Exercícios...................................................................................................................... 248

Lição nº2 249


6.4. Aplicação dos Resultados Obtidos ........................................................................ 249
Introdução ............................................................................................................ 249
Sumário ......................................................................................................................... 254
Exercícios...................................................................................................................... 255

Unidade nº7 257


Campo Electromagnético em Substância. .................................................................... 257
Permissividades e Susceptibilidades............................................................................. 257
Introdução ............................................................................................................ 257

Lição nº1 258


7.1.Campo Electromagnético em Substância. Permissividades e Susceptibilidades.... 258
Introdução ............................................................................................................ 258
vi Índice

Sumário ......................................................................................................................... 266


Exercícios...................................................................................................................... 269

Chave de Correcções 270

Lição nº2 271


Polarização de Substância. Vector de Polarização (Intensidade de Polarização) ......... 271
Introdução ............................................................................................................ 271
Sumário ......................................................................................................................... 277
Exercícios...................................................................................................................... 278

Chave de Soluções 278

Lição nº3 280


7.1.6. Densidade de Carga Induzida. Susceptibilidade da Carga Induzida. Corrente de
Polarização .................................................................................................................... 280
Introdução ............................................................................................................ 280
Sumário ......................................................................................................................... 289
Exercícios...................................................................................................................... 290

Lição nº4 291


7.1.8. Sistema Completo das Equações do Campo Electromagnético em Substância . 291
Introdução ............................................................................................................ 291
Sumário ......................................................................................................................... 299
Exercícios...................................................................................................................... 300

Lição nº5 302


7.1.9. Condições de fronteira para os vectores do campo............................................. 302
Introdução ............................................................................................................ 302
Sumário ......................................................................................................................... 309
Exercícios...................................................................................................................... 310
Ensino à Distância 1

Visão geral
Bem-vindo ao Módulo de Electrodinâmica Clássica

Caro estudante, para poder seguir o estudo da Electrodinâmica Clássica,


espera-se que você tenha uma preparação adequada em Matemática e
Física. Isso implica bom conhecimento de cálculo avançado, um
conhecimento básico de equações diferenciais e álgebra, um
conhecimento rudimentar de números complexos, de matrizes e de séries
de Fourier. Quanto aos assuntos de Física, você deve ter completado o
treinamento padrão em Mecânicas, Oscilações, Ondas, Electricidade e
Magnetismo.
Mesmo supondo preenchidos estes pré-requisitos, é frequentemente
reconhecida a necessidade de se rever um pouco do material preparatório,
no início de uma lição . Seguiremos esta prática, dedicando um pouco de
tempo à Análise Vectorial, que está relacionada com o material
desenvolvido neste módulo. Com certeza que tal revisão deve ser rápida e
teremos que omitir a maioria dos detalhes, em particular, os que
envolvem demonstrações matemáticas. Para uma discussão completa,
remetemos o estudante aos textos usuais de cálculo avançado e análise
vectorial.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo do Módulo de Electrodinâmica Clássica,
você será capaz de:

 Apresentar as equações fundamentais da electrodinâmica;


 Interpretar as equações fundamentais da electrodinâmica;
 Explicar os fenómenos tratados na electricidade e magnetismo e na
física escolar;
Objectivos
 Formular os conceitos básicos da electrodinâmica, dos fenómenos
ligados a ela bem como as suas interacções, as leis que regem esses
fenómenos e a capacidade de resolução de problemas;
 Aplicar as bases teóricas da teoria da electricidade e magnetismo
evidenciando as técnicas de cálculo das múltiplas situações que se
apresentam na prática.
Quem deveria estudar este
módulo
Este Módulo destina-se à formação de professores em exercício que
possuem a 12ª Classe ou equivalente e inscritos no Curso à Distância,
fornecido pela Universidade Pedagógica.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:
Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso/módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa de conhecer para completar o
estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com
atenção antes de começar o seu estudo.
Conteúdo do módulo
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
O Módulo de Electrodinâmica Clássica compreende sete unidades,
nomeadamente: (1) Introdução matemática; (2) Electrostática; (3)
Correntes estacionárias (Magneto estática); (4) Equações fundamentais da
Electrodinâmica; (5) Ondas electromagnéticas; (6) Balanço energético e
(7) Campos electromagnéticos no Meio (substância).
Na unidade sobre Introdução matemática, você deverá fazer o estudo do
aparato matemático, concentrando a atenção nas equações diferenciais e
álgebra; um conhecimento rudimentar de números complexos, de
matrizes e de séries de Fourier.
Esta unidade tem como objectivo preparar conhecimentos e habilidades que
serão necessários para todas as unidades subsequentes.
Na unidade sobre Electrostática, você vai tratar do conceito de carga
eléctrica, dos tipos de interacções entre as cargas eléctricas, vai perceber que
a exposição dos fenómenos electrostáticos baseia-se frequentemente na lei de
Coulomb. Partiremos do sistema de equações de Maxwell visto na cadeira de
Electricidade e magnetismo, que nos levará às equações de Electrostática na
qualidade de uma das suas formas particulares. Podemos considerar a
electrostática como um “parágrafo preparatório” da teoria de
electromagnetismo que ao estudar permite assimilar as operações da análise
vectorial e as noções mais simples. Posteriormente, desse material
encontrará uma aplicação ao enunciar conceitos mais complexos. E,
Ensino à Distância 3

finalmente, em electrostática procuramos a fonte de certas noções que se


aplicam extensamente na técnica (potencial, capacidade, etc.).
Na unidade respeitante a Magneto estática, você vai perceber que na esfera
de acções das equações de magneto estática incluem-se os campos
magnéticos invariáveis com respeito ao tempo e à ausência de correntes.
Posteriormente, examinaremos a gama de fenómenos a que elas respondem.
A unidade sobre Equações fundamentais da Electrodinâmica vai tratar de
estender os conhecimentos que você já teve no estudo de Electricidade e
Magnetismo nos níveis do ensino secundário e no 2º ano da Universidade.
Ainda nesta unidade, aprofundar-se-á o conhecimento sobre as equações de
Maxwell. Usando os conhecimentos da unidade anterior sobre Equações
diferenciais, você vai aplicar as equações de Maxwell na resolução de
exercícios múltiplos sobre o campo electromagnético.
Os conteúdos principais desta unidade, comportam o seguinte: carga e
corrente eléctrica, campo electromagnético, equações fundamentais da
electrodinâmica e teorema de Poyting. Estes temas terão uma abordagem
das partes essenciais que foram discutidas nos anos anteriores do curso de
física.
Concepções tais como: idealização dos objectos (campo
electromagnético uma função contínua) definição de grandezas físicas
(por exemplo: intensidade da corrente eléctrica, campos vectoriais do
campo electromagnético) formulação de teoremas empíricos serão
abordados sob ponto de vista de unidade, tal como aconteceu na
Mecânica. Serão seleccionados resultados que constituem a base para
uma abordagem teórica sólida. São, por exemplo: as equações de
Maxwell e de materiais, as equações de movimento (movimento
newtoniano) que descrevem o movimento das cargas eléctricas num
campo electromagnético.
Na unidade de Ondas electromagnéticas, você, uma vez mais, vai fazer o
uso do sistema de equações de Maxwell na sua forma completa.
Prestaremos particular atenção aos processos que transcorrem segundo a
lei das oscilações harmónicas e, neste caso, o emprego do método das
amplitudes complexas conduzem o sistema de equações de Maxwell a
uma forma extremamente reduzida. É muito importante que, ao mesmo
tempo este método crie na Electrodinâmica novas noções substanciais,
cuja transcendência não se limita ao seu papel no aparato formal.
Na unidade de Balança de Energia, você vai deduzir a equação de
balanço de energia electromagnética usando equações diferenciais
tratadas na álgebra vectorial, vai aprofundar o conhecimento sobre o
fluxo de vector de Poynting e isso permitir-lhe-á compreender mais
facilmente o Balance de energia para oscilações harmónicas.
Na unidade do Campo electromagnético no Meio, você vai estudar certas
representações mais simples sobre as partículas carregadas nos campos
electromagnéticos, não tocaremos nem na física quântica nem na
relativista. Os modelos da física clássica, revelam-se suficientes para a
explicação de muitos processos que em radiotécnica têm grande
importância.
Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para que você os explore. Estes recursos podem
incluir livros, artigos ou sites na Internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
lição. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver
as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos
encontram-se no final do módulo.
Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual, irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
“adrinka”. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental,
datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para efeitos
de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas foi-lhes
dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais).

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um


com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretamos
esse significado para representar as várias actividades ao longo deste
curso/módulo.
Ensino à Distância 5

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”

(excelência/
autenticidade)
Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /
Teste Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

“[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(fortitude /
Leitura preparação) Terminologia Dica
Reflexão

Habilidades de estudo
Caro estudante!
Para frequentar com sucesso este módulo, terá que buscar através de uma
leitura cuidadosa das fontes de consulta a maior parte da informação ligada
ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade, apresenta-se
uma sugestão de livros para leitura complementar;
Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve certificar-se
de ter compreendido a questão colocada;
É importante questionar se as informações colhidas na literatura são
relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas;
Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias apresentadas
no texto.
Desejamos - lhe muitos sucessos!

Precisa de apoio?
Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso de
dúvida numa matéria, tente consultar os manuais sugeridos no fim da lição e
disponíveis nos Centros de Ensino à Distância (CEAD) mais próximos. Se
tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure estudar os exemplos
semelhantes apresentados no manual. Se a dúvida persistir, consulte a
orientação que aparece no fim dos exercícios. Se a dúvida persistir, veja a
resolução do exercício.
Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua
disposição no CEAD mais próximo.
Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham
compreendido ou feito a cadeira de Electrodinâmica Clássica, vizinhos e até
estudantes de universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam a
fazer cadeiras relacionadas com Electrodinâmica Clássica.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
Ao longo deste módulo, irá encontrar várias tarefas que acompanham o seu
estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para confrontar o
seu método e a solução apresentada. O estudante deve promover o hábito de
pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de informação, tanto na
Internet como em livros. Consulte manuais disponíveis e referenciados no
fim de cada lição para obter mais informações acerca do conteúdo que esteja
a estudar. Se usar livros de outros autores ou parte deles na elaboração de
algum trabalho, deverá citá-los e indicar esses livros na bibliografia. Não se
esqueça que usar um conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho,
sem referenciá-lo é plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e
referências são uma forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de
outros. Estamos cientes de que o estimado estudante não gostaria de ver uma
ideia sua a ser usada sem que fosse referenciado, não é?

Na medida de possível, procure alargar as competências relacionadas com o


conhecimento científico, as quais exigem um desenvolvimento de
competências, como autocontrole da sua aprendizagem.
Ensino à Distância 7

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de auto-avaliação


deverão ser realizadas num caderno à parte ou em folha de formato A4.

Avaliação
O Módulo de Electrodinâmica Clássica terá dois testes e um exame final
que deverá ser feito no Centro de Recursos mais próximo, ou em local a ser
indicado pela administração do curso. O calendário das avaliações será
também apresentado oportunamente.

A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas lições,


mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir em frente.

Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado com base na


realização de actividades e tarefas de auto-avaliação previstas em cada
Unidade.
Ensino à Distância 9

Unidade 1
Aparato Matemático (Análise Vectorial)
Introdução
Para poder seguir este módulo sem maiores dificuldades, espera-se que
você tenha uma preparação adequada em Matemática para além de bases
em Física. Isso implica bom conhecimento de cálculo avançado, um
conhecimento básico de equações diferenciais e álgebra. Um
conhecimento rudimentar de números complexos, de matrizes e de séries
de Fourier.
Dedicaremos um pouco de tempo à Análise Vectorial que está
relacionada, de várias maneiras, com o material desenvolvido neste
módulo.
Esta unidade é composta por cinco temas:
O primeiro tema é sobre Campos escalares. O gradiente de um campo escalar
em diferentes coordenadas e suas propriedades;
O segundo tema é sobre campos vectoriais. Fluxo de um campo vectorial.
Teorema de Ostrogradsky Gauss;
O terceiro tema é sobre Circulação e Rotacional de um campo vectorial.
Teorema de Stokes e de Green.,
O quarto tema é sobre, Operações diferenciais de 2ª ordem. Operador de
Laplace.O potencial vector;
O quinto tem é sobre Função de Dirac e sua aplicação.
Tempo de estudo da
Unidade: 14:00 Horas
Esta Unidade tem cinco lições, estando previsto para cada uma delas um
tempo de estudo de 2 horas e a lição número 6 tem 4 horas é de revisão de
toda a unidade. Este número de horas é um indicativo para você para ter um
apoio para gerir melhor o seu tempo; e é considerado suficiente para você
conseguir atingir os objectivos definidos no início de cada lição. Todavia,
pode ser que você leve menos tempo numa lição e mais tempo noutra, não há
nenhum problema, desde que consiga apreender.
Lição nº1
1.1. Campos Escalares. O Gradiente de um Campo Escalar em diferentes
coordenadas e suas Propriedades

Introdução
O estudo de Gradiente de um campo escalar e tem muita importância para o
curso de Física que você vai frequentar. O tema constitui uma ferramenta
matemática para o estudo de várias áreas da ciência e da tecnologia.
Tempo de estudo da lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir campo escalar;


 Dar alguns exemplos de campo escalar;
 Explicar o conceito de superfície de nível de um campo escalar;
Objectivos
 Estabelecer a diferença entre superfície de nível de um campo escalar
e linha de nível;
 Identificar a derivada direccional do campo escalar num dado ponto
na direcção que vai desse ponto a um outro qualquer;
 Enunciar o conceito de gradiente de um campo escalar e dando o
significado geométrico da direcção fornecida pelo gradiente;
 Expressar o gradiente nos sistemas de coordenadas cartesianas,
cilíndricas e esféricas;
 Aplicar as propriedades de gradiente na resolução de exercícios.


Nesta lição, você deverá prestar muita atenção nos seguintes termos e
conceitos:
• Campo; campo escalar;
Terminologia
• Linhas de níveis; superfícies de níveis;
• Derivada direccional;
Gradiente de um campo escalar
Ensino à Distância 11

1.1.1. O conceito de Campo


Definição : Campo é a grandeza que quantifica as acções à distância.
O campo pode ser escalar ou vectorial. Quando o campo assume forma
vectorial, tem associado linhas de campo.
1.1.2.Exemplos de Campos Escalares. Superfícies e Linhas de
Níveis
O campo de temperaturas e o campo electrostático, fornecem um
exemplo de campo escalar.
Definição: Denomina-se campo escalar à lei de correspondência
que associa a cada ponto do espaço, ou de uma parte do espaço, uma
grandeza escalar.
Um campo escalar descreve-se mediante uma função escalar do
ponto M.
u = f (M )
Se introduzirmos um sistema cartesiano de coordenadas x, y, z
teremos,
u = f ( x, y, z ).
Geometricamente, um campo caracteriza-se pelas superfícies de
nível. Denomina-se superfície de nível de um campo escalar o lugar
geométrico dos pontos aos quais a função escalar do campo associa
um certo valor constante. A equação de superfície de nível será, pois,
f ( x, y, z ) = C , onde C = constante.
Se um campo de temperatura for produzido por uma fonte
pontual de calor num meio homogéneo e isótropo, as superfícies de
nível serão as esferas com centro na fonte de calor (campo centro-
simétrico).
No caso de uma fonte linear, rectilínea, infinita, uniformemente
aquecida, as superfícies de nível (superfícies isotérmicas) serão os
cilindros coaxiais cujo eixo coincide com a fonte de calor.
Um campo escalar chama-se plano se, o campo de duas
dimensões induzido por este campo sobre cada plano paralelo a um
plano dado, for o mesmo.
Se identificarmos um destes planos com o plano coordenado
xoy, a função do campo tomará a forma u = f ( x, y ), isto é, será
independente da coordenada z.
Do ponto de vista geométrico, os campos planos caracterizam-se
pelas linhas de nível. Denomina-se linha de nível o lugar geométrico
dos pontos aos quais a função escalar associa um certo valor
constante.
1.1.3.Derivada direccional
Seja dado um campo escalar descrito pela função u = f (M ).
Tomemos no espaço um ponto M0 e escolhamos uma direcção
determinada pelo vector l . Em seguida, tomemos um outro ponto M
de modo que o vector M 0 M seja paralelo a l . Consideremos a
diferença ∆ u = f (M ) − f (M 0 ) e designemos por ∆l o
∆u
comprimento do vector M 0 M . O quociente é a velocidade
∆l
média de variação do campo escalar por unidade de comprimento na
direcção escolhida. Façamos tender o ponto M para M 0 de modo
que o vector M 0 M permaneça paralelo a l .Nestas condições,
∆l → 0 .
∆u
Definição: se existir para ∆l → 0 o limite da razão , este
∆l
limite denomina-se derivada direccional de u = f (M ) em M 0 na
∂u
direcção de le designa-se , isto é, por definição
∂l
∂u ∆u f (M ) − f (M 0 )
= lim = lim quando ∆l → 0, M 0 M l.
∂l ∆l ∆l
A derivada direccional assim definida é invariante, ou seja,
independente da
escolha
particular de
coordenadas.

Fig.1.1
Suponhamos
que num
sistema cartesiano de coordenadas o campo se dê pela função
f (M ) = f ( x, y, z ) a qual é derivável em M 0 ( x0 , y 0 , z 0 ) , então a
derivada numa direcção dada l para uma função u=f(x,y,z) é:

∂u ∂u ∂u ∂u
/ Mo = / Mo cos α + / Mo cos β + / Mo cos γ
∂l ∂x ∂y ∂z
(1)
onde α , β , γ são os ângulos entre a direcção l e os eixos
correspondentes das coordenadas e os cosenos directores
cos α , cos β , cos γ do vector l =a 1 i + a 2 j + a 3 k encontram-
a1 a a3
se pelas fórmulas: cos α = , cos β = 2 e cos γ =
l l l
l = a 1 + a 2 2 + a3 2
2
Ensino à Distância 13

N.B. A derivada numa direcção dada caracteriza a velocidade com


que varia a função nesta direcção. As notações
∂u ∂u ∂u
, , significam que as derivadas parciais são
∂x M 0 ∂y M 0 ∂z M 0
calculadas no ponto M 0 .

Exemplo 1. Encontrar a derivada direccional do campo u = xz 2 + 2 yz


x = 1 + cos t ; 

no ponto M 0 (1,0,2 ) ao longo da circunferência y = sen t − 1, no
z=2 

sentido de crescimento do parâmetro t.
Solução: Escrevendo a equação da circunferência na forma vectorial,
r (t ) = (1 + cos t )i + (sen t − 1) j + 2k. , encontramos o vector τ tangente
dr
à mesma no ponto genérico M τ= = − sen t.i + cos t. j .
dt
Visto que ao ponto M 0 (1,0,2 ) que se encontra no plano xoz no primeiro
π
octante, corresponde ao valor t = do parâmetro, temos neste ponto
2
π π
τ = − sen .i + cos . j = −i .
M0 2 2
Daqui, obtemos os valores dos cosenos directores da tangente:
cos α = −1, cos β = 0, cos γ = 0 . O cálculo das derivadas parciais do
campo escalar dado no ponto M 0 (1,0,2 )

∂u ∂u ∂u
= z2 = 4, = 2z = 4, = (2 xz + 2 y ) = 4,
∂x M 0 M0 ∂y M 0 M0 ∂z M 0 M0
dá-nos, finalmente:

∂u ∂u
= = 4.(− 1) + 4.0 + 4.0 = −4
∂l M 0 ∂τ M 0

Se considerarmos um campo plano u = f ( x, y ) , teremos a


seguinte expressão para a derivada em M 0 ( x0 , y 0 ) na direcção de l

∂u ∂u ∂u
= cos α + senα , (2)
∂l M 0 ∂x M 0 ∂y M 0
onde α é o ângulo formado por l e o eixo ox.
∂u ∂u ∂u
Obs. As próprias derivadas parciais , , serão as derivadas
∂x ∂y ∂z
direccionais de u segundo a direcção dos eixos coordenados ox, oy,
oz, respectivamente.
A fórmula (1) da derivada direccional é válida mesmo se M
tender para M 0 segundo uma trajectória curvilínea, se esta última
admitir uma tangente paralela a l no ponto M 0 .

Exemplo 2. Achar a derivada da função z=2x2 -3y2 no ponto p(1;0), na


direcção que forma com o eixo OX um ângulo de 120º.

∂z ∂z ∂z ∂u
Solução: = 4x; ( ) p = 4; = −6 y; ( ) p = 0
∂x ∂x ∂y ∂y
1 3
cos α = cos120 o = − ; senα = sen120 o = Assim,
2 2
∂z ∂z ∂z
= cos α + senα = −2 como se trata de um campo plano e a
∂l ∂x ∂y
função z(x,y) é diferenciável.
1.1.4.Gradiente de um campo escalar
Para descrevermos este operador, importa primeiro falar do
operador nabla.

Operador Nabla

Quando um vector é uma função de várias variáveis escalares, admite,


evidentemente, derivadas parciais em relação a cada uma, as demais

consideradas constantes. Assim, se v = v( x, y, z ), a variação total d v ,
do vector v , devido às variações simultâneas em x, y, z,
respectivamente, dx, dy, dz, é
→ → →
∂v
→ ∂v ∂v
dv= ⋅ dx + ⋅ dy + ⋅ dz ...
∂x ∂y ∂z
A expressão anterior pode ser escrita de forma simbólica, da seguinte
→ ∂ ∂ ∂ →
maneira: d v=( ⋅ dx + ⋅ dy + ⋅ dz) ⋅ v
∂x ∂y ∂z
A expressão entre parêntesis podendo ser considerada como um
d
operador diferencial, semelhantemente ao operador D = , utilizado
dx
em Análise Matemática.
Hamilton teve a ideia de considerar esse operador como o
produto escalar de dois vectores, o primeiro dos quais é inteiramente
simbólico.
→ ∂ → ∂ → ∂ →
∇= ⋅ i + ⋅ j + ⋅ k este vector simbólico é um operador
∂x ∂y ∂z
diferencial de grande significado, permitindo por sua vez a conceituação
de novos operadores muito importantes na Física, em especial. Ele é
Ensino à Distância 15

chamado de nabla, nabla hamiltoniano, del ou até atled (delta ao


contrário, devido ao símbolo consagrado para a sua representação).

→
O operador nabla  ∇  , assim definido, revelou-se um
 
“prestidigitador” de grandes recursos, capaz de transformar um escalar
num vector, um vector num escalar, ou noutro vector.
Este operador não tem significado físico nem geométrico. Por ser
operador, pode-se, à esquerda, aplicá-lo a uma função à direita. Ex.
f∇; v.∇ e vx∇ .
Se uma grandeza escalar V varia no espaço, constituindo o que se
chama, de forma expressiva, um campo escalar, isto é, se
V = V ( x, y, z ), (onde essa função V deve ser uma função contínua de
ponto e apresentar uma variação elementar dV) é possível conceber um
vector derivando desse campo escalar, cujas componentes são
respectivamente, as derivadas parciais de V:
∂V
componente segundo x
∂x
∂V
componente segundo y
∂y
∂V
componente segundo z
∂z

A esse vector dá-se o nome de gradiente de V e representa-se por


grad V . Temos portanto, por definição:
∂V → ∂V → ∂V →
grad V = i+ j+ k em coordenadas cartesianas.
∂x ∂y ∂z

Em virtude da definição do operador nabla ( ∇ ) , podemos definir o

gradiente simbolicamente por: grad V = ∇⋅ V

Exemplo 1. encontrar o gradiente do campo escalar u = x − 2 y + 3z


Solução: grad u = 1i − 2 j + 3k

A superfície de nível deste campo serão os planos x − 2 y + 3z = C .


O grad u =< 1, − 2, 3 > é normal a esta família de planos.
Exemplo 2. encontrar o mais forte incremento da superfície
u = x y no ponto M (2,2,4) .
Solução: grad .u = yx y −1i + x y ln xj,
∂u
) max = gradu = 4 1 + (ln 2 )
2
gradu = 4i + 4 ln 2 j, (
M ∂l
(o máximo é tomado ao variar-se a direcção l ).
Exemplo 3. Encontrar o gradiente da função
r= (x − x0 )2 + ( y − y 0 )2 + (z − z 0 )2 que dá a distância entre o
ponto genérico P ( x, y , z ) e um ponto fixo P0 ( x0 , y 0 , z 0 ) .
Solução: temos
∂r ∂r ∂r (x − x0 )i + ( y − y 0 ) j + (z − z 0 )k
grad r = i+ i+ k = = r0
∂x ∂y ∂z ( x − x 0 )2 + ( y − y 0 )2 + ( z − z 0 ) 2
isto é, o vector unitário de P0 P .

Exemplo 4. encontrar o ângulo Θ formado pelos gradientes das


funções u = x 2 + y 2 e u = x + y + 2 xy no ponto M 0 (1,1) .

Solução: calculando no ponto M 0 (1,1) os gradientes das funções


dadas, teremos

xi + yj i+ j  y   x  
gradu = = , gradv = 1 + i + 1+ j
M0 x2 + y2 M 0 2 M 0  x   y  

1.1.5. Operador Gradiente noutras Coordenadas

• Gradiente em coordenadas curvilíneas ortogonais arbitrárias


Seja o campo escalar V = V (q1 , q 2 , q3 )

1 ∂V 1 ∂V 1 ∂V
grad V = e1 + e2 + e3 sendo
H 1 ∂q1 H 2 ∂q 2 H 3 ∂q3 ,
H 1 , H 2 e H 3 coeficientes métricos (ou seja, coeficientes de Lamé).
2 2 2
 ∂x   ∂y   ∂z 
H i =   +   +   , i = 1,2,3.
 ∂qi   ∂q i   ∂q i 

• Gradiente em Coordenadas Cilíndricas

Seja V = V (ρ , ϕ , z ) ,

∂V 1 ∂V ∂V
gradV = eρ + eϕ + ez
∂ρ ρ ∂ϕ ∂z

• Gradiente em coordenadas no sistema esféricas

seja V = V (r ,θ , ϕ )

∂V 1 ∂V 1 ∂V
gradV = er + eθ + eϕ
∂r r ∂θ rsenθ ∂ϕ
Ensino à Distância 17

Significado geométrico do vector gradiente

• O gradiente é ortogonal (perpendicular) à superfície de nível


definido por V = v( x, y, z ) = C te e tem sentido dos V crescentes. A sua
dV
intensidade é na abcissa da normal. O gradiente transforma campos
dn
escalares em campos vectoriais, como por exemplo na electricidade
relaciona-se o campo eléctrico com o potencial pela expressão:

E = − gradV .
Verificamos quando estudamos as questões relativas à Energia Mecânica,
que a força, nos campos conservativos, é igual e contrária ao gradiente
da função de forças.
• O gradiente aponta na direcção de crescimento da função do
campo;
• A sua direcção é aquela segundo a qual a derivada direccional no
ponto dado tem valor máximo e o seu módulo é igual a este
máximo.

2 2 2
∂V  ∂V   ∂V   ∂V 
max = gradu =   +   +  
∂l  ∂x   ∂y   ∂z 
(3)
(o gradiente é invariante com respeito ao sistema de coordenadas).
O gradiente segundo a (3) indica a direcção na qual a taxa de
variação do campo é maior no ponto dado.

Ilustração
Geométrica
seja gradf = gradV

Fig.1.2

Conclusão: o gradV é um vector que dá como resultado a máxima


variação da função e a direcção em que esta máxima variação
ocorre.
1.1.6. Algumas Propriedades Aritméticas de Gradiente de
uma função escalar

Sendo φ e ϕ funções escalares

→ → →
i. ∇ (φ ± ϕ ) = ∇ φ ± ∇ ϕ
→ → →
ii . ∇ (φϕ ) = ϕ ∇ φ + φ ∇ ϕ

Sumário
• Campo é a grandeza que quantifica as acções à distância. O
campo pode ser escalar ou vectorial. Quando o campo assume
uma forma vectorial, tem associado linhas de campo.
• Denomina-se campo escalar a lei de correspondência que associa
a cada ponto do espaço, ou de uma parte do espaço, uma
grandeza escalar. O campo de temperaturas, o campo
electrostático, fornecem um exemplo de campo escalar.
• Denomina-se superfície de nível de um campo escalar o lugar
geométrico dos pontos aos quais a função escalar do campo
associa um certo valor constante. A equação de superfície de
nível será, pois, f ( x, y , z ) = C , onde C = constante.
• Um campo escalar chama-se plano se o campo de duas
dimensões induzido por este campo sobre cada plano, paralelo a
um plano dado, é o mesmo. Se identificarmos um destes planos
com o plano coordenado xoy, a função do campo tomará a forma
u = f ( x, y ), isto é, será independente da coordenada z.
• Os campos planos caracterizam-se pelas linhas de nível.
Denomina-se linha de nível o lugar geométrico dos pontos aos
quais a função escalar associa um certo valor constante.
∆u
• Se existir para ∆l → 0 o limite da razão , este limite
∆l
denomina-se derivada direccional de u = f (M ) em M 0 na
∂u
direcção de l e designa-se , isto é, por definição
∂l
∂u ∆u f (M ) − f (M 0 )
= lim = lim quando ∆l → 0, M 0 M l.
∂l ∆l ∆l
• Se uma grandeza escalar V varia no espaço, constituindo o que se
chama, de forma expressiva, um campo escalar, isto é, se
V = V ( x, y, z ), (onde essa função V deve ser uma função
contínua de ponto e apresentar uma variação elementar dV) é
possível conceber um vector derivando desse campo escalar e
Ensino à Distância 19

cujas componentes são respectivamente, as derivadas parciais de


∂V ∂V ∂V
V: , e
∂x ∂y ∂z .
A esse vector dá-se nome de gradiente de V e representa-se por
gradV. Temos portanto, por definição:
∂V → ∂V → ∂V →
grad V = i+ j+ k em coordenadas cartesianas.
∂x ∂y ∂z
• O gradiente transforma campos escalares em campos vectoriais,
como por exemplo na electricidade relaciona-se o campo eléctrico

com o potencial pela expressão: E = − gradV .
• O gradV é um vector que dá como resultado a máxima variação
da função e a direcção em que esta máxima variação ocorre.

1. Encontrar a derivada da função u=1/z, onde r = r , na direcção


do vector l = i cos α + j cos β + k cos γ . Determinar as condições
sob as quais esta, se anula.
Exercícios
2. Encontrar a direcção segundo a qual a taxa de variação de cada
um dos seguintes campos escalares no ponto respectivo é maior, assim
como o valor desta última: u (M ) = xyz ; M o (2,1,−1)

3. Encontrar a variação do campo escalar


f = ln(cos x + cos y + senz ) na origem, em direcção ao ponto
(1,2,1).
4. Encontrar a derivada direccional do campo escalar u = xyz no
ponto M 0 (1,−1,1) na direcção do vector que vai do ponto M 0
ao ponto M 1 (2,3,1) .
5. Calcular a derivada do campo escalar u = arctgxy no ponto

M 0 (1,1) situado sobre a parábola y = x 2 , na direcção da última e no


sentido dos x crescentes.

6.Determinar o gradiente da intensidade do vector posição r .


7. Dado um campo escalar f = r − r ' −1 , demonstre que

r' − r
gradf = 3
r − r'
Ensino à Distância 21

Chave de Correcção .
1.
∂u
=−
(
cos r , ∧ l ∂u
;
)
= 0 se r ⊥ l
∂l r2 ∂l

2. 3 na direcção do vector a = −i − 2 j + 2k

 6
3.  
 12  .
 
3
4. (os valores do campo crescem na direcção considerada pois
17
∂u
>0)
∂l M 0

∂u 3
5. : =
∂l 2 5

xi + yj + zk
6.
x2 + y2 + z2

r' − r
7. gradf = 3
r − r'
Lição nº2
1.2. Campos vectoriais. Fluxo de um campo vectorial.
Teorema de Ostroradsky Gauss

Introdução
O estudo desta lição tem importância para todos os temas das unidades que se
seguem. Deste modo, é necessário que você domine estas operações para não ter
dificuldades em resolver quaisquer exercícios e problemas que envolvam este
conhecimento.
Tempo de estudo da lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:
• Definir um campo vectorial;
• Explicar o conceito de fluxo de um campo vectorial;
• Enunciar o conceito de Divergência de campos vectoriais;
• Indicar o operador divergência em diferentes coordenadas;
Objectivos • Enunciar as propriedades de Divergência e o seu significado
físico;
• Explicar o fluxo de um campo vectorial através de uma
superfície fechada;
• Calcular divergência de um campo vectorial.

Nesta lição, você deverá prestar muita atenção aos seguintes termos e
conceitos :
• Campo vectorial, linhas de campo, campo solenoidal
Terminologia
• Fluxo de um campo vectorial
• Divergência de um campo vectorial

Definição: Se a cada ponto M do espaço ou de uma região do espaço


associarmos um vector a = a (M ), então diremos que está definido um
campo vectorial.
Se no espaço for introduzido um sistema de coordenadas cartesianas,
descrever um campo vectorial a = a (M ), significará indicar três funções
escalares do ponto P (M ), Q (M ), R (M ), de modo que
a (M ) = P ( x, y, z )i +Q (x, y, z ) j + R ( x, y, z )k .

Definição: denomina-se linha de campo de um campo vectorial, a linha curva


que em cada ponto M é tangente ao vector do campo ”a”.
Ensino à Distância 23

Fig.1.3

As linhas de campo podem ser abertas ou fechadas e a sua densidade é


sempre directamente proporcional à intensidade de campo. Numa representação
geométrica, a maior concentração das linhas de campo significa uma maior
intensidade do mesmo.

1.2.1.Fluxo de um Campo

Um feixe de linhas de campo é semelhante a um caudal em que o campo fosse o


vector velocidade e as linhas de campo as linhas de circulação. No caso do vector
velocidade associado ao movimento dum fluído, a influência do caudal depende
da posição relativa da superfície que lhe sente os efeitos em face das linhas de
circulação e da sua densidade, sendo máximo quando as linhas de circulação são
perpendiculares à superfície, a secção recta, e mínimo ou mesmo nulo quando a
superfície é paralela às linhas de circulação. Assim, chamaremos a esta influência
fluxo.

1.2.2.
Fluxo do vector A através duma superfície S colocada em
várias posições em relação às linhas de força
n
S
A

Φ=Α S cos θ Φ = ∫ A.ndS


Φ=Α S

Fig.1.4
Definição: Fluxo de Campo através de um segmento de superfície limitado por
um contorno (fechado) é uma grandeza que mede o
impacto do feixe de linhas de força que atravessa esse
segmento de superfície, na respectiva secção recta,
definida pela projecção da superfície sobre a secção
recta mais próxima e representa-se naturalmente por

Φ = ∫ A.n dS
s

Definição: Fluxo de Campo através duma superfície que limita um volume, é a


diferença entre o número de linhas de campo que entra e o número de linhas de
campo que saem dessa superfície, de acordo com a orientação que as definem,
sendo a normal à superfície sempre dirigida para o exterior.

Num campo com linhas de campo abertas, terá necessariamente de


existir uma região do espaço circunscrito por uma superfície fechada aonde o
número de linhas de campo que entra é diferente do número de linhas de campo
que saem. Mas num campo com linhas de campo fechadas qualquer que seja a
região do espaço, o número de linhas de campo que entra em qualquer volume
fechado é sempre igual ao das que saem.

Associada às linhas de campo fechadas estabeleceremos a seguinte definição:

Campo solenoidal - é um campo com linhas de força fechadas. O campo


solenoidal conserva o fluxo (fig.1.5). Vejamos como
estes conceitos são suportados matematicamente.
Fig.1.5 Linhas de força fechadas: O número de linhas de
força que entra numa certa secção recta, é igual ao número
de linhas que sai desta.

1.2.3. Fluxo de um Campo vectorial

Por definição: Φ = ∫∫ Fd s
s

Sentido físico: consideremos um tubo de água furado. Φ = ∫∫ Fd s ;


s
F = ma

dv dv
mas m = ρ .V ⇒ F = ρV a = ρV ⇔ Φ = ∫∫ ρV d s
dt s
dt
O fluxo mostra a rapidez da variação da velocidade da partícula elementar que
vai sair no orifício considerado.
1.2.4. Propriedades do Fluxo de um Campo Vectorial
Ensino à Distância 25

a) O fluxo muda de sinal ao mudar a orientação da superfície


(quando se substitui a normal n por outra de sentido inverso).

∫∫ (a, n )ds = − ∫∫ (a, n )ds


o o

s+ s−

b) O fluxo é linear com respeito à adição de campos (sobreposição de campos):

∫∫ (λa + µb, n )ds = λ ∫∫ (a, n )ds + µ ∫∫ (b, n )ds λ e µ


o o o
para
s s s

constantes.

c) O fluxo é aditivo se a superfície s for composta de um nº finito de pontos s1, s2,


…,sm, cada uma das quais é lisa, então o fluxo do campo ‘a’ (M) através de s será
a soma dos fluxos do vector a (M) através das superfícies s1,s2,…, sm:

( )
m
Φ = ∑ ∫∫ a, n o ds
k =1 s k

1.2.5. Divergência

Seja v = X i + Y j + Z k , uma função vectorial contínua e com derivadas


contínuas pelo menos até à primeira ordem. Por definição:

→ → → ∫ vds
div ⋅ v = ∇⋅ v = lim s
v→0 V

∂X ∂Y ∂Z
ou div.v = ∇.v = (∇, v ) = + +
∂x ∂y ∂z
sendo X,Y e Z componentes de v.
A integral da divergência de um vector, estendida ao volume é igual ao
fluxo que, de fora para dentro, atravessa a superfície regular que limita o volume.
Obs. A Divergência transforma campos vectoriais em campos escalares;
isto é, aplica-se a um campo vectorial e dá como resultado um escalar.
A divergência de um campo qualquer “a” em M é a densidade
volumétrica do fluxo de “a” neste ponto. Nos pontos onde está satisfeita esta
condição, div(a)>0 o campo “a” é criado, ao passo que nos pontos onde
div(a)<0 este, é aniquilado.
N.B. Se o campo é ao mesmo tempo pontecial e solenoidal então,
div.(gradu)=0 e a função de pontencial u é harmónica; isto é, satisfaz a
equação de Laplace, ∆ = ∇ 2 = 0

Um campo vectorial v( x, y, z ) = X i + Y j + Z k , diz-se campo vectorial


potencial se o v for o gradiente duma certa função escalar u(x,y,z):
v = gradu .
∂u ∂u ∂u
v=i + j +k
∂x ∂y ∂z
O campo v(x,y,z) para o qual div.v = 0 isto é, o campo vectorial que não
contém origens, chama-se solenoidal ou tubular.
Exemplo:
1. Calcular div r , sabendo que r = xi + yj + zk .

Solução: temos r = xi + yj + zk , de modo que P = x, Q = y, R = z e, de


∂x ∂y ∂z
acordo com a fórmula de div a , div r = + + = 3.
∂x ∂y ∂z
2. Calcular div(u.a ), onde u (M ) é uma função escalar do ponto e a(M ) uma
função vectorial:
a(M ) = P( x, y, z )i + Q(x, y, z ) j + R( x, y, z )k .
∂P ∂Q ∂R
Solução: visto que a fórmula diva = + + nos dá
∂x ∂y ∂z
∂(uP ) ∂(uQ ) ∂ (uR ) ∂P ∂u ∂Q ∂u ∂R ∂u
div(ua ) = + + =u +P +u +Q +u +R
∂x ∂y ∂z ∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z
 ∂P ∂Q ∂R  ∂u ∂u ∂u
= u + +  + P +Q +R = u.diva + (a, grad u )
 ∂x ∂y ∂z  ∂x ∂y ∂z
temos
div(ua ) = u.div a + (a, grad u )

Sentido físico: a divergência de um campo vectorial v(r ); div.v(r ) , dá como


resultado o fluxo líquido (fluxo que sai – fluxo que entra) por unidade de volume.
Ensino à Distância 27

Fig. 1.6: Dois campos vectoriais de divergência positiva/divergência nula

Na figura 1.6, em M, o campo é nulo, mas na sua vizinhança não o é.



Quando for ∇ ⋅ v < 0 a figura que representa esta situação é:

Figura 1.7: Campo vectorial de divergência negativa

Resumindo:

Fig.1.8
1.2.6. Algumas propriedades do operador de divergência

a) ∇ • (ψ F ) = F ∇ψ + ψ ∇ • F b) (∇, [F , G ]) = G [∇, F ] − F [∇, G ]

1.2.7. Operador Divergência em outras Coordenadas

• Divergência em Coordenadas curvilíneas Ortogonais arbitrárias

Seja v = v(q1 , q 2 , q 3 )

→ 1  ∂ (v1 H 2 H 3 ) ∂ (v 2 H 1 H 3 ) ∂ (v3 H 1 H 2 ) 
div v =  + + .
H 1H 2 H 3  ∂q1 ∂q 2 ∂q 3 

• Divergência em Coordenadas Cilíndricas

Seja v = v (ρ , ϕ , z )

→ 1 ∂ 1 ∂vϕ ∂v z
div v = ( ρ .v ρ ) + +
ρ ∂ρ ρ ∂ϕ ∂z

• Divergência em Coordenadas Esféricas

Seja v = v (r , θ , ϕ )

1 ∂ 2 ∂ ∂vϕ
( )
→ 1
div v = r .v r + (senθ .vθ ) + 1
r ∂r
2
rsenθ ∂θ rsenθ ∂ϕ
1.2.8. Fluxo de um Campo Vectorial através de uma superfície fechada. O
Teorema de Gauss-Ostrogradsky
Teorema: O fluxo total de um campo vectorial através de uma superfície fechada
s é: Φ = ∫∫ Fd s = ∫∫∫ div F dV
s V

Fig. 1.9

O fluxo do campo vectorial é igual à divergente do mesmo campo vectorial.

Demonstração:
Seja Φ a superfície em causa. Vamos dividir a superfície em 2 partes:
Ensino à Distância 29

Φ =Φ 1 +Φ 2 = ∫∫ F d s + ∫∫ F d s .
s1 s2

Se dividirmos a superfície em 4 partes:

Φ =Φ 1 +Φ 2 +Φ 3 +Φ 4 = ∫∫ F d s + ∫∫ F d s + ∫∫ F d s + ∫∫ F d s
s1 s2 s3 s4

Se dividirmos a superfície em n partes,



∆s → 0 ⇒ Φ = lim ∑ F d s = ∫∫∫ div F dV
n =1 v

∫∫ Fd s
Mas o divergente por definição é: div F = lim , ∆V → 0 ,
∆V
⇒ ∆VdivF = lim ∫∫ Fds ⇔ ∫∫∫ div F dV = lim ∫∫ F d s = Φ
s v s

c.q.d.

N.B. se a um campo vectorial definido numa região G e div a = 0, diz-se que a


é um campo solenoidal.

Sumário
• Se a cada ponto M do espaço ou de uma região do espaço associarmos
um vector a = a (M ), então diremos que está definido um campo
vectorial.
• Fluxo de Campo através de um segmento de superfície limitado por um
contorno (fechado) é uma grandeza que mede o impacto do feixe de
linhas de força que atravessa esse segmento de superfície, na respectiva
secção recta, definida pela projecção da superfície sobre a secção recta
mais próxima e representa-se naturalmente por,
• Fluxo de Campo através duma superfície que limita um volume, é a
diferença entre o número de linhas de campo que entra e o número de
linhas de campo que saem dessa superfície, de acordo com a orientação
que as definem, sendo a normal à superfície sempre dirigida para o
exterior.
• Campo solenoidal é um campo com linhas de força fechadas. O campo
solenoidal conserva o fluxo.
a) O fluxo muda de sinal ao mudar a orientação da superfície;
b) O fluxo é linear com respeito à adição de campos (sobreposição de campos);
b) O fluxo é aditivo se a superfície s compor-se de um nº finito de pontos s1, s2,
…,sm, cada uma das quais é lisa, então o fluxo do campo ‘a’ (M) através de s será
a soma dos fluxos do vector a (M) através das superfícies s1,s2,…, sm:
• Seja v = X i + Y j + Z k , uma função vectorial contínua e com derivadas
contínuas pelo menos até à primeira ordem. Por definição:

→ → → ∫ vds
div ⋅ v = ∇⋅ v = lim s
v→0 V

∂X ∂Y ∂Z
ou div.v = ∇.v = (∇, v ) = + +
∂x ∂y ∂z
sendo X,Y e Z componentes de v.
• A Divergência transforma campos vectoriais em campos escalares; isto
é, aplica-se a um campo vectorial e dá como resultado um escalar.
• A divergência de um campo qualquer ´´a´´ em M é a densidade
volumétrica do fluxo de ´´a´´ neste ponto. Nos pontos onde está satisfeita
esta condição, div(a)>0 o campo ´´a´´ é criado, ao passo que nos pontos
onde div(a)<0 este, é ´´aniquilado.
• Se o campo é ao mesmo tempo pontecial e solenoidal então,
div.(gradu)=0 e a função de pontencial u é harmónica; isto é, satisfaz a
equação de Laplace, ∆ = ∇ 2 = 0

• Um campo vectorial v( x, y, z ) = X i + Y j + Z k , diz-se campo vectorial


potencial se v for o gradiente duma certa função escalar u(x,y,z):
v = gradu .
Teorema de Ostrogradsky-Gauss: O fluxo total de um campo vectorial através
de uma superfície fechada s é: Φ = ∫∫ Fd s = ∫∫∫ div FdV
s V

O fluxo do campo vectorial é igual à divergente do mesmo campo vectorial.

N.B. se a um campo vectorial definido numa região G e div a = 0, diz-se que a


é um campo solenoidal.
Ensino à Distância 31

r
1. Sabendo que φ , ϕ e f representam escalares, funções de ponto, u , v e F

vectores funções de ponto e div( f • F ) = fdiv F + F gradf , determine:


Exercícios
a) ∇(φ + ϕ ) ( )
c) ∇ • φ u

b) ∇(φϕ ) d) div ( f ∇ f )

2. Com auxílio do teorema de divergência, calcule o fluxo do campo


→ → → →
A = xy 2 i + yz 2 j + zx 2 k através da superfície esférica x 2 + y 2 + z 2 = R 2
→ →
3. Demonstre que o resultado ∫∫ d f . r da integral de superfície é o mesmo para
a superfície de um cubo..
4. Calcule o fluxo do vector a = x 2 i + y 2 j + z 2 k através da superfície fechada

x 2 + y 2 + z 2 = R 2 , Z=0 (Z > 0) .

5. O campo electrostático devido a uma carga pontual de grandeza q é:

q ro
E= .
4πε o r 2

Calcule divE.

6. Quais dos seguintes campos vectoriais, são solenoidais?

( ) ( ) (
a) a = x z 2 − y 2 i + y x 2 − z 2 j + z y 2 − x 2 k )
( ) (
b) a = y 2 i − x 2 + y 3 j + z 3 y 2 + 1 k )
Chave de Correcção
r
1.a) ∇(φ + ϕ ) = ∇φ + ∇ϕ

r r r
b) ∇ • (φϕ ) = ϕ ∇φ + φ ∇ϕ

r r
c) ∇ • (φ u ) = u ∇φ + φ ∇ • u

r r r
(
d) div f ∇f = ∇f ) ( ) 2
+ f .∇ 2 f

4π r 5
2.
5

1 4
4. πR
2

5. divE=0 (r ≠ 0) .
6. .a) É solenoidal

b) Não é solenoidal
Ensino à Distância 33

Lição nº3
1.3. Circulação e Rotacional de um campo vectorial.

Teorema de Stokes e Teorema de Green

Introdução
Nesta lição você irá aprender a determinar a Circulação e o Rotacional de um campo
vectorial. Deste modo, é necessário que você domine estas operações para não ter
dificuldades em resolver quaisquer exercícios e problemas que envolvam este
conhecimento como por exemplo, problemas de cálculo de trabalho de um campo de
força ao longo de um determinado segmento.
Tempo de estudo da lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar o conceito de Circulação de um campo vectorial;


 Enunciar as propriedades de Circulação de um campo
vectorial;
 Calcular a Circulação ao longo de uma trajectória fechada e,
Objectivos num campo conservativo;
 Enunciar o Teorema de Stokes e de Green;
 Enunciar o conceito de Rotacional de um campo vectorial;
indicando o Rotacional em diferentes coordenadas;
 Enunciar as propriedades do rotacional

Nesta lição sobre Circulação e Rotacional de um campo vectorial, você


deverá prestar maior atenção aos seguintes termos e conceitos fundamentais:
− Circulação de um campo vectorial
Terminologia − Rotacional de um campo vectorial
_ Circulação num campo conservativo
_ Campos solenoidais

1.3.1.Circulação de um campo vectorial ao longo de um circuito fechado


Por definição: Γ = F d l ∫
l

1.3.2. Propriedades de Circulação de Vectores


a) A circulação é linear com respeito à adição de campos (sobreposição ):

∫ (λa + µa
L
1 2 , dr ) = λ ∫ (a 1 , dr ) + µ ∫ ( a 2 , dr )
L L
onde λ e µ são constantes

numéricas.
b) A circulação é aditiva com respeito à concentração de circuitos:

∫ (a, dr ) = ∫ (a, dr ) + ∫ (a, dr )


L1 + L 2 L1 L2

c) A circulação muda de sinal ao mudar a orientação da trajectória L:

∫ (a, dr ) = − ∫ (a, dr ) ,
BA AB
onde A e B são respectivamente, a Origem e a

Extremidade de L.
1.3.3. Cálculo da Circulação ao longo de uma trajectória fechada

Γ = ∫ (a, dr ) , se o campo a = a (M) for dado em coordenadas a = P


L

(x,y,z)i+Q(x,y,z)j+R(x,y,z)k, então: Γ = Pdx + Qdy + Rdz ∫


L

Teorema: para que a circulação do vector “a” ao longo de uma trajectória L


que liga dois pontos A e B não dependa da forma de L, é necessário e suficiente
que o campo a=P(x,y,z)i+Q(x,y,z)j+R(x,y,z)k, seja irrotacional, isto é, rota
(M)=0 .
r
Exemplo 1. Achar a circulação do vector a = , onde r é o vector –posição do
r
ponto genérico ao longo do segmento de recta de origem A(rA ) e extremidade
B(rB ) .
(r , dr )
Solução: a circulação procurada será ∫ (a, dr ) = ∫
AB AB
r
. (1)

Da igualdade d (r , r ) = (dr , r ) + (r , dr ) = 2(r , dr ) obtemos

(r , dr ) = d r
(r , dr ) = 1 d (r , r ) = 1 d ( r 2 ) = 1 • 2 r d r = r d r , donde .
2 2 2 r
(2)
rB

Substituindo (2) na integral (1), temos ∫ (a, dr ) = ∫ d r


AB AB
= ∫ d r = rB − rA .
rA

Note-se que, em geral, dr ≠ d r .


Ensino à Distância 35

Exemplo 2. Calcular o trabalho de campo de força F = yi + xj + (x + y + z )k


ao longo do segmento de recta AB de origem M 1 (2,3,4) e extremidade
M 2 (3,4,5) .
Solução: O trabalho procurado será igual à circulação do campo de força ao
longo do segmento M 1 M 2 : A = ∫ (F , dr ) = ∫ ydx + xdy + (x + y + z )dz
M 1M 2 M 1M 2
.

Assim, encontremos as equações canónicas da recta que passa por M 1 e M 2 :


x−2 y −3 z −4
= = .
1 1 1
y = x + 1

Daqui z = x + 2
dy = dx , dz = dx
Assim como x deve variar entre 2 e 3 (as abcissas respectivamente), o trabalho
3 3
33
procurado será: A = ∫ (x + 1 + x + x + x + 1 + x + 2)dx = ∫ (5 x + 4)dx =
2 2
2
.

Exemplo 3. Averigue se a integral seguinte independe do caminho de integração


L
− ydx xdy
∫x
L
2
+y 2
+ 2
x + y2
.

Solução: A integrada perde sentido em o (0,0 ) . Excluímos pois, este ponto. No


restante do plano (que não será simplesmente conexo) os coeficientes de dx e dy
são contínuos e possuem derivadas parciais contínuas. Verifica-se a identidade
∂  x  ∂  y 
 2  ≡  − 2  .
∂x  x + y 2  ∂y  x + y
2

Mas também, se calcularmos esta integral ao longo da circunferência
L: x 2 + y 2 = R 2 , obteremos
2π 2π
− ydx + xdy R 2 sen 2 t + R 2 cos 2 t
∫L x 2 + y 2 = ∫0 R2
dt = ∫ dt = 2π .
0

Assim, pelo facto de a circulação ao longo de um circuito fechado não ser nula,
resulta que a integral dependa do caminho de integração.
1.3.4. Rotacional

i..... j....k
∂ ∂ ∂  ∂Z ∂Y   ∂X ∂Z   ∂Y ∂X 
Rot v = [∇, ∇ v ] = ∇x v = ∇ ∧ v = =  − i +  −  j +  −  k
∂x ∂y ∂z  ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
X Y Z
Seja X,Y e Z componentes de campo vectorial v e, v = X i + Y j + Z k
O rotacional transforma campos vectoriais em campos vectoriais.
(
Exemplo1. Encontrar o rotacional do vector a = ( x + z )i + ( y + z ) j + x 2 + z k )

i j k
∂ ∂ ∂
Solução: rota= .
∂x ∂y ∂z
x + z y + z x2 + z

Desenvolvendo o determinante segundo os elementos da primeira linha e


efectuando sobre os elementos da terceira linha as operações de derivação parcial
indicadas pelos operadores diferenciais da segunda linha, encontramos
rot a = −i − (2 x − 1) j.
Exemplo 2. Encontrar o rotacional do vector intensidade de campo magnético H,
onde I = I • k
2
Solução: O vector dá-se pela expressão H = [I , r] ou
ρ2

i j k
2 2I 2I
H = 2 0 0 I = − 2 yi + 2 xj onde ρ 2 = x 2 + y 2 . Daqui,
ρ ρ ρ
x y z

em virtude de

( x 2 + y 2 ≠ 0)

i..... j....k
∂ ∂ ∂  ∂Z ∂Y   ∂X ∂Z   ∂Y ∂X 
Rot v = [∇, ∇ v ] = ∇x v = ∇ ∧ v = = − i +  −  j +  −  k
∂x ∂y ∂z  ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
X Y Z

i j k
A ∂ ∂ ∂  ∂  2I x  ∂  2I y 
rot H = =   2  +  2  k =
∂x ∂y ∂z  ∂x  x + y 2  ∂y  x + y
2

2I y 2I x
− 2 0
x + y x + y2
2 2

S  x 2 + y 2 − 2x 2 x 2 + y 2 − 2 y 2 
= 2I  + k = 0
 (
A  x2 + y2 2 ) x 2
+ y (
2 2
 )
Ensino à Distância 37

Assim, obtemos que rot H = 0 por toda a parte, com excepção dos
pontos de oz onde as fórmulas perdem sentido ao se anularem os denominadores.
O campo do vector H é, por conseguinte, irrotacional em todos os pontos do
espaço com excepção dos situados sobre o eixo oz.
O campo vectorial v(x,y,z) para o qual rotv = 0 , diz-se irrotacional. E todo o
campo irrotacional é potencial e o inverso, sendo igualmente verdadeiro.
Rot(gradu)=0 ou seja ∇x∇V = (∇x∇ )V = 0

Exemplo 3. Mostrar que a circulação ∫ (a, dr ) do vector


L
1
a = xy 2 z i + x 2 yz j + x 2 y 2 k é independente de L.
2
Solução: As componentes de a são funções deriváveis por toda a parte. O
domínio G de a é, por conseguinte, em todo o espaço temos a identidade

i j k
∂ ∂ ∂
rot a = = 0.
∂x ∂y ∂z
1 2 2
xy 2 z x 2 yz x y
2
1 2 2
∫ (a, dr ) = ∫ xy z dx + x 2 yz +
2
Logo, a integral x y dz não depende da
L L
2
forma da trajectória L.
Em particular, no caso de campo plano a(M ) = P(x, y )i + Q( x, y ) j
(1)
ter-se-á

i j k
∂ ∂ ∂  ∂Q ∂P 
rota (M ) = = − k
∂x ∂y ∂z  ∂x ∂y 
P Q 0

Daqui resulta que para o campo plano (1), a condição rot a(M ) = 0 em
∂P ∂Q
coordenadas cartesianas será = .
∂y ∂x
Deste modo, obtivemos que a condição necessária e suficiente para que a integral
∫ P(x, y )dx + Q(x, y )dy , onde P(x, y )
L
e Q( x, y ) são definidas num domínio

simplesmente conexo, não depende da forma de L, é que se cumpra a relação


∂P ∂Q
≡ .
∂y ∂x
Observação: A restrição imposta ao domínio G de a de ser simplesmente conexo,
pode-se escolher um a apropriado tal que a circulação dependa do caminho de
integração bem que rot a(M ) ≡ 0 .

1.3.5. Operador Rotacional em diferentes Coordenadas

• Rotacional em coordenadas cartesianas

→  ∂v ∂v y  →  ∂v x ∂v z  →  ∂v y ∂v x  →
rot v =  z −  i+ − j+  − k
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 

• Rotacional em coordenadas cilíndricas

→ 1  ∂v z ∂ (ρ vϕ )   ∂v ∂v  1  ∂ (ρ vϕ ) ∂v ρ 
rot v =  − e ρ +  ρ − z eϕ +  − e z
ρ  ∂ϕ ∂z   ∂z ∂ρ  ρ  ∂ρ ∂ϕ 

• Rotacional em coordenadas esféricas

 ∂   1 ∂vr 1 ∂ (r vϕ ) 
(senθ . vϕ ) − ∂vθ 1 ∂ ∂v 
→ 1
rot v =  er +  − eθ +  (r vθ ) − r eϕ
rsen θ  ∂θ ∂ϕ   rsen θ ∂ϕ r ∂r  r  ∂r ∂θ 

Fig.1.10

C. Significado Físico de Operador Rotacional


O rotacional de um campo vectorial v(r ) , rot v(r ) dá como resultado um vector
cujos componentes x, y e z dão a circulação desse campo vectorial por unidade
de área respectivamente nos planos normais a esses componentes.
A definição dada, como a dos demais operadores diferenciais estudados, é
puramente matemática. O rotacional encontra, no entanto, diversas aplicações
Ensino à Distância 39

físicas, não só em Mecânica dos sólidos, como em Mecânica dos fluidos e em


Electricidade.
• O operador rotacional é a ferramenta apropriada para testar se a integral
de linha de um campo vectorial depende ou não do caminho.
• O rotacional, etimologicamente, deriva de rotação, razão pela qual se usa
em física no estudo dos fluidos, sempre que há movimento de rotação, ou
seja, a formação de turbilhões e remoinhos.
Rotacional transforma campos vectoriais em campos vectoriais

1.3.6. Algumas Propriedades do Operador Rotacional

Sendo φ e ϕ funções escalares


→ → → → → → → r r → → → → → →
i. ∇ ∧ u ± v  = ∇ ∧ u ± ∇ ∧ v iii . ∇ ⋅ (u ∧ v ) = v ⋅ ∇ ∧ u − u ∇ ∧ v
 

 → → → → →
ii . ∇ ∧ φ u  = u ∧ ∇ φ + φ ∇ ∧ u
 

Teorema de Stokes: A circulação do campo vectorial de um circuito fechado L é


igual ao fluxo rotacional de F através de qualquer superfície s, cujo bordo é L.

∫ Fd l = ∫∫ rot Fd s
l s

rot F = rot H

(veja figura)

Fig.1.11:

Demonstração

- dividimos a superfície em 2 partes: Γ =Γ1 +Γ 2 Γ ← gama


∫ Fd l
-se dividirmos em n partes teremos: rot F = lim s
, ∆s → 0 ;
∆s

∫∫ Fd s
divF = lim s
, ∆V → 0
∆V

 Qal o sentido físico da circulação?

Exemplo 1. Encontrar a circulação do vector a = yi + x 2 j − zk ao longo do


x2 + y2 = 4
circuito L:  z = 3

a) por integração directa;


b) mediante o Teorema de Stokes.
Solução: a) o circuito L é a circunferência de
raio R=2 que jaz no plano z=3 (fig. Abaixo).
Escolhamos sobre a última orientação
indicada na figura. Na forma paramétrica L
será dada por
x = 2 cos t ,

y = 2 sent , (0 ≤ t < 2π ), de modo que
z =3 

dx = −2sent dt , dy = 2 cos t dt , dz = 0 .
Portanto, a circulação, é

C= ∫ [2sen t (− 2sen t ) + 4 cos ]
t.2 cos t − 3.0 dt = −4π .
2

2) a fim de calcular a circulação por meio do Teorema de Stokes, escolhamos


uma superfície ∑ cujo bordo seja L. É imediata a eleição do circulo delimitado
por L. Para concordar, a orientação de L com o sentido da normal n 0 ao circulo
devemos, segundo as nossas convenções, escolher a última igual a k. Assim
obtemos

ij k
∂ ∂ ∂
rot a = = (2 x − 1)k.
∂x ∂y ∂z
y x2 − z
Donde segundo o Teorema de Stokes,

2π 2
ρ
∫∫ (rot a, n )dσ =∫∫∑ (2 x − 1)dσ = ∫ dϕ ∫ (2 ρ cos ϕ − 1)ρ dρ = −2π 2
2
2
C= 0
= −4π
0
∑ 0 0
Ensino à Distância 41

Exemplo 2. Calcular a circulação do campo vectorial cuja


representação em coordenadas esféricas é:
a = r.e r +(R + r )senθ .eϕ , ao longo da circunferência L:
r = R

 π no sentido do crescimento de ϕ (veja a
θ = 2
fig.1.13). Fig.1.13
Solução: Dado que as coordenadas do campo são
a r = r , aθ = 0, aϕ = (R + r )senθ ,em virtude da fórmula

∫ (a, dr ) =∫ a
L L
r dr + r aθ dθ + r aϕ sen θ dϕ a circulação procurada é

∫ rdr + r.(R + r )senθ senθ dϕ = ∫ rdr + r (R + r )sen θ dϕ


2

L L

Sobre o circuito L com o centro na origem cumpre-se as relações


π
r = R, dr = 0, θ = , 0 ≤ ϕ < 2π e, por conseguinte
2

C = 2 R 2 ∫ dϕ = 2 R 2 ∫ dϕ = 4πR 2 .
L 0

1. 3.7. Cálculo da Circulação num Campo Conservativo


Teorema: A circulação num campo conservativo a(M) é igual à diferença entre
os valores que toma o potencial escalar na extremidade e na origem da
M2

trajectória de integração: ∫ (a, dr ) = ϕ (M ) − ϕ (M )


M1
2 1

Exemplo 1. Mostrar que o campo electrostático E devido a uma carga pontual q


q
colocada, por exemplo, na origem das coordenadas: E= r,
r3
r= x 2 + y 2 + z 2 , é conservativo.

Solução: Deve-se mostrar a existência de uma função ϕ ( x, y , z ) tal que as


∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
relações P ( x, y , z ) = , Q( x, y , z ) = , R ( x, y , z ) = sejam
∂x ∂y ∂z
satisfeitas.

qx qy qz
Em nosso caso, P( x, y, z ) =
3
, Q(x, y , z ) = 3 , R( x, y, z ) = 3 , visto
r r r
∂ 1 1 ∂r x ∂ 1 y ∂ 1 z
que  =− 2 = − 3 , e que  =− 3,  =− 3 (
∂x  r  r ∂x r ∂y  r  r ∂z  r  r
obtém-se de modo semelhante), resulta que a função
q q
ϕ ( x, y , z ) = − =− será o potencial escalar do campo E:
r x + y2 + z2
2

 q
grad  −  = E .
 r
Neste exemplo, a origem das coordenadas, onde está concentrada a carga q, será
um ponto de singularidade do campo E.

Exemplo 2. calcular a circulação do campo vectorial r = x i + y j + z k ao


longo do segmento de recta de origem M 1 (− 1,0,3) e extremidade M 2 (2,−1,0) .
Solução: mostremos que o campo considerado é conservativo. De facto
i j k
∂ ∂ ∂
rota = ≡ 0.
∂x ∂y ∂z
x y z
É fácil convencer-se que r deriva do potencial escalar
x +y +z
2 2 2
ϕ ( x, y , z ) = +C.
2
M2

Da fórmula ∫ (a, dr ) = ϕ (M ) − ϕ (M ) ,
M1
2 1 resulta

M2
5 5
∫ (a, dr ) = ϕ (2,−1,0) − ϕ (− 1,0,3) = 2 − 5 = − 2 .
M1

Notemos que para o cálculo habitual desta integral é irrelevante a escolha do


caminho que liga os pontos M 1 e M 2 . Podemo-la, pois, expressar simplesmente
M2 M2

∫ (a, dr ) = ∫ xdx + ydy + zdz .


M1 M1

1.3.8. A fórmula de Green (matemático Inglês, 1793-1841)


Suponhamos que na região D do plano delimitada pela fronteira L é dado o
campo vectorial: a=P(x,y)i+Q(x,y)j onde as componentes são contínuas e
∂P ∂Q
possuem as derivadas parciais contínuas e , verifica-se então a fórmula
∂y ∂x
de Green:
 ∂Q ∂P 
∫ Pdx + Qdy = ∫∫  ∂x − ∂y dxdy
L D

Onde o sentido do percurso do contorno L é escolhido de forma que o campo S


fique à esquerda. (se o sentido de L for horário teríamos:
 ∂P ∂Q 
∫ Pdx + Qdy = ∫∫  ∂y − ∂x dxdy .
L D
Ensino à Distância 43

N.B. A fórmula de Green é um caso particular da afirmação do teorema de


Stokes e permite simplificar, em certos casos, o cálculo da circulação de um
campo vectorial.

Sumário
- A Circulação de um campo vectorial ao longo de um circuito fechado,


por definição é Γ = F d l ;
l

- A circulação é linear com respeito à adição de campos (super posição );


- A circulação é aditiva com respeito à concentração de circuitos;
Teorema: para que a circulação do vector “a” ao longo de uma trajectória L que
liga dois pontos A e B não dependa da forma de L, é necessário e suficiente que
o campo a=P(x,y,z)i+Q(x,y,z)j+R(x,y,z)k, seja irrotacional,isto é, rota (M)=0
- O rotacional transforma campos vectoriais em campos vectoriais
- Rot(gradu)=0 ou seja ∇x∇V = (∇x∇ )V = 0

- O rotacional de um campo vectorial v(r ) , rot v(r ) , dá como resultado um


vector cujos componentes x,y e z dão a circulação desse campo vectorial por
unidade de área respectivamente nos planos normais a esses componentes.
- O operador rotacional é a ferramenta apropriada para testar se a integral de
linha de um campo vectorial depende ou não do caminho.
- O rotacional etimologicamente deriva de rotação razão pela qual usa-se na
física no estudo dos fluidos, sempre que há movimento de rotação ou seja a
formação de turbilhões e remoinhos.
Teorema de Stokes: A circulação do campo vectorial de um circuito fechado L é
igual ao fluxo rotacional de F através de qualquer superfície s, cujo o bordo é L.

∫ F d l = ∫∫ rot F d s
l s

Teorema: A circulação num campo conservativo a(M) é igual à diferença entre


os valores que toma o potencial escalar na extremidade e na origem da trajectória
M2

de integração: ∫ (a, dr ) = ϕ (M ) − ϕ (M ) .
M1
2 1
1. demonstre que:

a) E = −∇u b) rot E = 0 c) E é conservativo ∫ Edl = 0


Exercícios
y 2i − x 2 j
2. Calcular a circulação do campo vectorial plano a = ,
x2 + y2

ao longo da semicircunferência x=Rcost; y=Rsent (0 ≤ t ≤ π ) .

3. Calcular o trabalho de campo de forças F=yi+xj+(x+y+z)k, ao


longo de segmento de recta AB de Origem M1(2,3,4) e extremidade
M2(3,4,5).

4. Calcular o trabalho do campo de forças F=2xyi+x2j ao longo do arco


x2+y2=1; x, y ≥ 0 de origem (1,0) e extremidade (0,1).

5. Determine quais dos seguintes campos vectoriais admitem circulação


independente da trajectória de integração: a) a = z 2 i + x 2 j + y 2 k

xi + yj + zk yi − xj + zk
b) a = c) a =
1+ x + y + z
2 2 2 x2 + y2 + z2

6. Calcular a circulação do campo vectorial plano


( ) ( )
a = x 2 − 2 xy i + y 2 − 2 xy j :

a) ao longo da parábola y = x 2 do ponto(-1,1) ao ponto (1,1);

b) ao longo do segmento de recta de origem (-1,1) e extremidade (1,1).

7. Calcular a circulação do campo vectorial a = − y 3 i + x 3 j ao longo da


x2 y2
elípse L: + = 1 no sentido anti-horário
a2 b2
Ensino à Distância 45

Chave de Correcção
1. a) E = −∇u b) rot E = 0 c) E é conservativo ∫ Edl = 0
4
2. ( − );
3R 2

3. ( 33/2);

4. ( 0 );

5. a) depende; b) não depende; c) depende;

 14 2
6.  a) − ; b)  ;
 15 3

7.
3 3
(3 
 π ab + a b  ; )
 4 
Lição nº4
1.4. Operações diferenciais de 2ª ordem.
Operador de Laplace. O potencial vector

Introdução
As operações diferenciais que você vai estudar desempenham um papel muito
importante na física- matemática. O Laplaciano é um operador de uso corrente
em electricidade, e relativa à função potencial no espaço livre (sem densidade).
Para completar o estudo desta lição você necessitará de cerca de três
horas

Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Caracterizar os Operadores de 2ª Ordem e sobretudo o Operador de


Laplace;
 Explicar a essência do potencial vector;
Objectivos  Resolver exercícios envolvendo operadores diferenciais

- Operadores diferenciais;
- Operadores de segunda ordem;
- Operador de Laplace;
Terminologia
- O potencial vector;
- Campos vectoriais e campos escalares.

1.4.1. Operações Diferenciais de Segunda ordem. O Operador


Escalar de Laplace
As operações diferenciais de segunda ordem obtêm-se mediante aplicação
repetida do operador ∇ .
Ensino à Distância 47

Uma vez aplicado a um campo escalar u = u (M ), o operador ∇ produz o


campo vectorial ∇u = gradu. Se repetirmos a operação, obteremos,
segundo o produto aplicado:
a) o campo escalar
(∇, ∇u ) = div grad u = ∆ u ou,
b) o campo vectorial
[∇, ∇u ] = rot grad u. mas rot grad u = 0

Se partirmos de um campo vectorial a = a (M ) a aplicação de ∇ dar-nos-á


um campo escalar mediante (∇, a ) = div a, e, iterando, o campo vectorial

∇ (∇, a ) = grad div.a.


De outro modo, a aplicação de ∇ ao campo vectorial a = a (M ) mediante o
produto vectorial [∇, a ] = rot a dá origem, segundo o produto repetido
utilizado:
c) ao campo escalar
(∇, [∇, a ]) = div rot a , mas div rota = 0 ou
d) ao campo vectorial
[∇, [∇, a]] = rot rot a.
A operação diferencial div grad u = (∇, ∇u ) merece atenção especial.
Supondo que a função u = u ( x, y , z ) admite derivadas parciais com respeito
a x,y e z até a segunda ordem inclusive.
Na última expressão, o símbolo ∆ denomina-se 0perador de Laplace.

(∇, ∇ u ) = ∂
i+
∂ ∂
j + k,
∂u
i+
∂u
j+
∂u  ∂  ∂u  ∂  ∂u  ∂  ∂u 
k =  +  +  
 ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z  ∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z 
∂ 2 u ∂ 2u ∂ 2u
= + + = ∆ u.
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
∂2 ∂2 ∂2
∆ = ∇ • ∇ = (∇, ∇ ) = ∇ 2 = + +
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Este operador desempenha um papel muito importante na Física matemática.
k
Exemplo 1.O campo escalar u = , k=const, r = x 2 + y 2 + z 2 fornece um
r
exemplo importante de campo harmónico. A função u é o potencial do campo
gravitacional devido a uma massa pontual situada na origem das coordenadas.
k
Comprovar que a função u = é harmónica por toda a parte com excepção da
r
origem das coordenadas, onde não está definida.
Solução: Assim temos
 r  1  1  ∇r  3 1 0
( 3
)
1 0 0 3
(
1 3 2
 ∇ ,  =  ∇ , r  + (∇, r ) =  − 2 , r  + = − 2 r , r + = − r , r + = − + = )
 r  r  r  r  r r r r r r r r

Para qualquer r ≠ 0 , visto que

 ∇, ∇  = k  ∇, ∇  = k  ∇, − 2 ∇r  = − k  ∇, 2 r  = − k  ∇ 2 , r  − k 2 (∇, r ) = − k  − 3 ∇r , r  −
 k  1  1   1 0  1 0 1 0  2 0

 r  r  r   r   r  r  r 
− 2 (∇, r 0 ) = 3 (r 0 , r 0 ) − 2 (∇, r 0 ) = 3 − 2 ⋅ = 0
k 2k k 2k k 2
r r r r r r

Em coordenadas cartesianas

∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
∆u = ∇ • ∇u = (∇, ∇u ) = ∇ 2 u = + + , u = u ( x, y , z )
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Em coordenadas curvilíneas ortogonais arbitrárias

1  ∂  H 2 H 3 ∂u  ∂  H 1 H 3 ∂u  ∂  H 1 H 2 ∂u 
∇ 2u =    +   +  
H1H 2 H 3  ∂q1  H 1 ∂q1  ∂q 2  H 2 ∂q 2  ∂q3  H 3 ∂q3 
Em coordenadas Cilíndricas

1 ∂  ∂u  1 ∂ 2 u ∂ 2 u
∆u = ρ + + , u = u (ρ , ϕ , z )
ρ ∂ρ  ∂ρ  ρ 2 ∂ϕ 2 ∂z 2
u = u ( x, y , z )
Em coordenadas Esféricas

1 ∂  2 ∂u  1 ∂  ∂u  1 ∂ 2u
∆u =  r  +  sen θ  +
r 2 ∂r  ∂r  r 2 sen θ ∂θ  ∂θ  r sen θ ∂ϕ
2 2 2

1.4.2. O Laplaciano
De uso corrente em electricidade e relativo à função potencial no espaço livre
(sem densidade):

∂ 2V ∂ 2V ∂ 2V
∇ 2V = + + = 0 equação de Laplace.
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Exemplo 1. Encontrar todas as soluções da equação de Laplace ∆u = 0 que
dependem somente da distância r (da origem ao ponto genérico).
Solução: devido à simetria esférica das soluções procuradas (a sua
independência de θ e ϕ ), a equação de Laplace em coordenadas esféricas
reduz-se a:
1 ∂  2 ∂u 
∆u = r =0 (u = u (r ))
r 2 ∂r  ∂r 
Ensino à Distância 49

∂u C
Daqui, r 2 = C1 , donde u = 1 + C 2 onde C1e C 2 são constantes
∂r r
quaisquer.
Exemplo 2. Sejam AA1 e BB1 duas placas paralelas e infinitas acumuladas com
carga de sinais inversos cujos potenciais são v1 e v 2 . A fim de fixar as ideias,
suponhamos v1 > v 2 . Determinar o campo E no espaço compreendido entre as
placas (veja a figura 1.14)

Fig. 1.14

Solução: Escolhamos um
sistema de coordenadas
identificando o plano yoz
com a placa AA1
positivamente carregada e dirigindo o eixo ox no sentido dos potenciais
decrescentes. Procuremos o potencial escalar do campo como solução de equação
de Poisson. Levando em consideração que as placas são infinitas, concluímos
que as superfícies equipotenciais serão constituídas pelos planos paralelos às
placas donde resulta que a função procurada v depende somente da variável x.
∂ 2v
Assim, a equação reduz-se a =0
∂x 2
Visto que o espaço compreendido entre as placas está isento de cargas,
integrando a equação anterior, encontramos:
v = C1 x _ C 2 (C1 e C 2 são cons tan tes arbitrárias ) .
Escolhamos constantes C1 e C 2 de modo que a solução anterior satisfaça as
condições de fronteira v = v1 para x=0 e v = v 2 para x=d, onde d é a distância
entre as placas. Assim, obtemos C 2 = v1 , v2 = C1 d + C 2 donde
v 2 − v1
C 2 = v1 , C1 = . Substituindo estes valores em v = C1 x _ C 2 ,
d
v − v1 v −v
encontramos, v = 2 x + v1 = v1 − 1 2 x
d d
O vector E determina-se pela fórmula E = − grad v :

v1 − v 2
E= i
d
Assim, o campo homogéneo é dirigido no sentido de ox. O módulo de E num
ponto qualquer é:
v1 − v 2
E = , ou seja, é igual à queda do potencial por unidade de distância
d
medida na direcção perpendicular às placas.
Esta equação é particular da de Poisson, aplicável a um volume de densidade
ρ.
∇ 2V = −4πρ .
Consideremos ainda a operação de segunda ordem rot rot a = [∇, [∇, a ]] . Se
na conhecida identidade para o produto triplo vectorial
[A, [B, C ]] = B ( A, C ) − ( A, B )C escrevermos ∇ no lugar de A e B e a em
vez de C, obteremos [∇, [∇, a ]] = ∇ (∇, a ) − (∇, ∇ ) a = ∇ (∇, a ) − ∇ 2 a , isto
é,
rot rot a = grad div a − ∆ a ,
onde ∆a = ∆P.i + ∆Q. j + ∆R.k

1.4.3. O Potencial vector


Suponhamos que o campo a = a(M ) = P( x, y , z )i + Q( x, y, z ) j + R( x, y, z )k é
solenoidal numa região G, ou seja, div.a(M ) = 0 para qualquer M em G.

Definição: denomina-se potencial vector do campo vectorial a = a(M ) , o


vector b(M ) = P1 ( x, y, z )i + Q1 ( x, y, z ) j + R1 (x, y , z )k que satisfaz a condição

rotb(M ) = a(M ) (1)

∂R1 ∂Q1 ∂P1 ∂R1 ∂Q1 ∂P1


− = P, − = Q, − = R (2)
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Encontrar o potencial do vector b(M ) de um campo solenoidal a(M ) ,
reduz-se à procura de alguma solução particular do sistema (2) de três
equações diferenciais em derivadas parciais com respeito às funções
incógnitas P( x, y , z ), Q( x, y, z ) e R( x, y , z ).

O potencial vector b(M ) pode-se construir como segue: procuremo-lo na


forma em que P1 ( x, y, z ) = 0, ou seja, b(M ) = Q1 ( x, y, z ) j + R1 ( x, y, z )k .
∂R 1 ∂Q1 
− = P
∂y ∂z

∂R1 
Neste caso, o sistema das equações (2) terá o aspecto = −Q  (3)
∂x 
∂Q1 
=R 
∂x 
da segunda e terceira equações, obtemos
Ensino à Distância 51

R1 ( x, y, z ) = − ∫ Q( x, y, z )dx + C1 ( y, z ),
Q1 ( x, y, z ) = ∫ R(x, y, z )dx + C 2 ( y, z ),

onde C1 e C 2 são funções deriváveis quaisquer das variáveis y e z.


Fazemos, para simplificar, C 2 ( y, z ) = 0 e escolhemos a função C1 ( y , z ), de
modo que seja satisfeita a primeira equação do sistema (3), isto é,
substituímos as expressões para R1 e Q1 na primeira equação:
∂ ∂C ∂
− ∫ Q( x, y, z )dx + 1 − ∫ R( x, y, z )dx = P ( x, y, z ) . Daqui obtemos
∂y ∂y ∂z
∂C1 ∂ ∂
= ∫ Q( x, y, z )dx + ∫ R( x, y, z )dx + P(x, y, z ) .
∂y ∂y ∂z
Verificando, em virtude da condição, div.a(M ) = 0 em G, que a expressão à
direita é independente de x, integrando a última igualdade com respeito a y,
encontramos:
∂ ∂ 
C1 ( y , z ) = ∫  ∫ Q (x , y , z )dx + ∫ R ( x , y , z )dx + P (x , y , z ) dy + C 3 ( z ).
 ∂y ∂z 
(4)
Fazendo C 3 ( z ) = 0 na equação (4) e substituindo C1 ( y, z ) desta equação na
expressão para R1 (x, y, z ), obtemos a seguinte solução do sistema de
equações (3):
P1 = 0, (5)
Q1 = ∫ R( x, y, z )dx, (6)
∂ ∂ 
R1 = ∫  ∫ Q ( x, y, z )dx + ∫ R( x, y, z )dx + P( x, y, z )dy − ∫ Q( x, y, z )dx (7 )
 ∂y ∂z 

O campo vectorial b (M ) com as coordenadas


P1 (x, y, z ), Q1 ( x, y, z ) e R1 ( x, y, z ) dadas pelas fórmulas (5), (6) e (7) é o
potencial vector do qual deriva o campo a(M ), visto que a condição
rotb = a está satisfeita.

Suponhamos que G é uma região do espaço estrelada, em relação ao


ponto O(0,0,0). Se o campo a = a(M ) for solenoidal por toda aparte em G
(eventualmente, com excepção do ponto O(0,0,0). , onde a pode não estar
definido), então em G, um dos potenciais vectores deste campo encontra-se pela
1
fórmula b(M ) = ∫ [a, (M ' ), r (M )]t dt
0
(8)

onde r (M ) = xi + yj + zk é o vector-posição do ponto genérico


M ( x, y, z ) e M ' (tx, ty, tz ) que percorre o segmento OM quando o
parâmetro t varia de 0 a 1.
Exemplo 1. Encontrar o potencial vector b = b( x, y , z ) do qual deriva o campo
solenoidal a = 2 yi − zj + 2 xk .
Solução: Procuremos b na fórmula
b = b( x, y, z ) = Q1 ( x, y, z ) j + R1 ( x, y, z )k , onde Q1 e R1 dão-se pelas
fórmulas (6) e (7). Levando em conta que P = 2 y, Q = − z, R = 2 x,

Q1 ( x, y , z ) = ∫ 2 xdx = x 2

R1 ( x, y , z ) = ∫ zdx + ∫ 2 ydy = xz + y 2 donde ( )


b (x, y , z ) = x 2 j + xz + y 2 k .
teremos
Por verificação directa estabelecemos que rot.b = a, confirmando assim o
resultado obtido.
1
Exemplo 2.Valendo-se da fórmula (8) b(M ) = ∫ [a, (M ' ), r (M ) t dt ] ,
0
encontrar o potencial vector do qual deriva o campo solenoidal
a = 2 yi − zj + 2 xk .
Solução: o domínio do campo dado é estrelado em relação à origem das
coordenadas, visto que coincide com todo o espaço de três dimensões. Pode-se,
portanto, utilizar a fórmula (8). Para o ponto M ' (tx, ty, tz ), temos
a(M ') = 2tyi − tzj + 2txk. , substituindo a expressão para o produto vectorial

1
[( ) ( ) ( )]
b(M ) = ∫ − 2 xy + z 2 i + 2 x 2 − 2 yz j + 2 y 2 + xz k t 2 dt = −
1
3
( 2
) ( 1
)
2 xy + z 2 i + x 2 + yz j + 2 y 2 + xz k
3 3
( )
0

i j k
[a(M '), r (M )] = 2ty − tz [( ) ( ) (
2tx = − 2 xy + z 2 i + 2 x 2 − 2 yz j + 2 y 2 + xz k t )]
x y z
Na fórmula (8), obtemos
O resultado é verificável por cálculo directo.
Observação: os cálculos dos exemplos 2 e 3 para o mesmo campo solenoidal
a = 2 yi − zj + 2 xk conduziram à determinação de dois campos diferentes
b1 e b2 :
(
b1 (M ) = x 2 j + xz + y 2 k , )
b2 (M ) = −
1
3
( ) 2
( 1
)
2 xy + z 2 i + x 2 − yz j + 2 y 2 + xz .
3 3
( )
O campo a = 2 yi − zj + 2 xk deriva de cada um destes. Se subtrairmos um
desses campos do outro, obteremos o gradiente de certo campo escalar f (M ).
Este gradiente desempenha o papel de constante arbitrária que desaparece ao
tomarmos o rotacional. Encontremos o campo escalar do qual deriva o gradiente
em apreço. Temos:
Ensino à Distância 53

grad f (M ) = b1 (M ) − b 2 (M ) =
1
3
(2 xy + z 2 )i + (x 2 + 2 yz ) j + (2 xz + y 2 )k .
1
3
1
3
A fim de encontrar a função f (M ). , voltemos à fórmula
x y z
ϕ ( x, y, z ) = ∫ P( x, y 0 , z 0 )dx + ∫ Q( x, y, z 0 )dy + ∫ R( x, y, z )dz , onde, como
x0 y0 z0

ponto inicial ( x0 , y 0 , z 0 ) , tomamos o ponto O(0,0,0) . Daqui se obtém


x y z
1
3
1
3
( 1
)
f (M ) = ∫ 0.dx + ∫ x 2 dy + ∫ 2 xz + y 2 dz + C = x 2 y + y 2 z + z 2 x + C ,
3
( )
0 0 0
onde C é uma constante arbitrária.
Exemplo 3. Encontrar o potencial vector b do campo magnético H devido a
uma carga e em movimento rectilíneo e uniforme.
Solução: de acordo com a lei de Biot-Savart, o vector do campo magnético H é
dado por:

H (M ) =
[ev, r ] , (9),
4π r 3
onde r é a distância entre a carga e e o ponto M. Visto que H é solenoidal, isto é,
divH = 0, H deriva de um potencial vector b, ou seja, H = rot b . Assim,
levando em conta a expressão (9), temos rot b =
[ev, r ] = e [v, r ]
4πr 3
4π r 3 .
Transformemos do seguinte modo o produto vectorial à direita:

1  x   y   z   1   exv   eyv   ezv  


rotb =  ev , 3 i  + ev, 3 j  + ev , 3 k  =  i , − 3  +  j , − 3  +  k , − 3  
4π  r   r   r   4π  r   r   r 
1   ∂  ev    ∂  ev    ∂  ev   
=  i ,    +  j ,    +  k ,    
4π   ∂x  r    ∂y  r    ∂z  r   

Valendo-nos da identidade facilmente verificável

 ∂a   ∂a   ∂a  1 ev
rota = i,  +  j,  + k ,  , obteremos rotb = rot , donde
 ∂x   ∂y   ∂z  4π r
1 ev
b= •
4π r

Sumário
As operações diferenciais de segunda ordem obtêm-se mediante aplicação
repetida do operador ∇ .
a) o campo escalar
(∇, ∇u ) = div grad u = ∆ u ou,
b) o campo vectorial
[∇, ∇u ] = rot grad u. mas rot grad u = 0

e ∇ (∇, a ) = div grad a.


c) ao campo escalar
(∇, [∇, a ]) = div rot a , mas div rota = 0 ou
d) ao campo vectorial
[∇, [∇, a]] = rot rot a.
A operação diferencial div grad u = (∇, ∇u ) merece atenção especial.
Supondo que a função u = u ( x, y , z ) admite derivadas parciais com respeito
a x,y e z até à segunda ordem inclusive, obtemos:

(∇, ∇ u ) = ∂
i+
∂ ∂
j + k,
∂u
i+
∂u
j+
∂u  ∂  ∂u  ∂  ∂u  ∂  ∂u 
k =  +  +  
 ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z  ∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z 
∂ 2 u ∂ 2 u ∂ 2u
= + + = ∆u .
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2

Na última expressão, o símbolo ∆ denomina-se 0perador de Laplace.

∂2 ∂2 ∂2
∆ = ∇ • ∇ = (∇, ∇ ) = ∇ 2 = + +
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
O Laplaciano
De uso corrente em electricidade e relativo à função potencial no espaço livre
(sem densidade):

∂ 2V ∂ 2V ∂ 2V
∇ 2V = + + = 0 equação de Laplace.
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Esta equação é particular da de Poisson, aplicável a um volume de densidade
ρ.
∇ 2V = −4πρ .
Consideremos ainda a operação de segunda ordem rot rot a = [∇, [∇, a ]] . Se
na conhecida identidade para o produto triplo vectorial
[A, [B, C ]] = B ( A, C ) − ( A, B )C escrevemos ∇ no lugar de A e B e a em
vez de C, obteremos [∇, [∇, a ]] = ∇ (∇, a ) − (∇, ∇ ) a = ∇ (∇, a ) − ∇ 2 a , isto
é,
rot rot a = grad div a − ∆ a ,
onde ∆a = ∆P.i + ∆Q. j + ∆R.k
Ensino à Distância 55

1. Sabendo que φ , ϕ e f representam escalares, funções de ponto, r , u ,


r
v e F vectores funções de ponto, e divf • F = fdiv F + F gradf ,
Exercícios determine:

a) ∇ ∧ φ u ( ) ( )
b) ∇ • u ∧ v (
c) div f ∇ f ) d) div rot u

e) rot grad φ f) rot rot v g) grad f (ξ ) h) ∇ 2 (ln r )


2. Sendo r o escalar de posição, determine o laplaciano de 1/r.
3. Seja R a distância dum ponto do espaço até ao ponto inicial P.
1
Demonstre que a função ψ = satisfaz a equação de Laplace.
r
4. Demonstre as equações de Poisson e Laplace!
5. Encontre os potenciais vectores dos quais derivam os seguintes campos
solenoidais:
a) a = i + j + k
b) a = 2 yi + 2 zj (
c) a = e x − e y k ) d ) a = 6 y 2 i + 6 zj + 6 xkZ

(
e) a = 3 y 2 i − 3 x 2 j − y 2 + 2 x k)
x2
f ) a = ye i + 2 yzj − 2 xyze( x2
)
+ z2 k

1
6. Encontre, mediante a fórmula b(M ) = ∫ [a, (M '), r (M )]t dt ,
0
os

potenciais vectores dos quais derivam os seguintes campos solenoidais de


domínio estrelado:
a) a = i b) a = 6 xi − 15 yj + 9 zk c) a = 5 x 2 yi − 10 xyzk
7.Mostrar que toda a solução da equação [∇, [∆, A]] − k 2 A = 0 que for
solenoidal satisfaz a equação vectorial de Helmholtz ∇ 2 A + k 2 A = 0
Chave de soluções
r
( ) ( )[
1.a) ∇ ∧ φ u = φ ∇ ∧ u − u, ∇φ b ]
r r r r v r
b) ∇ • (u ∧ v ) = v (∇ ∧ u ) − u(∇ ∧ v )
r
( )
c) div f∇f = f∇ 2 f + (∇f )
2
d) div rot u = 0

e) rot grad φ = 0 f) rot rot v = grad div v − ∇ 2 v

g) grad f (ξ ) = f ′(ξ ) gradξ h) (falta solução)

2
2.
x + y2 + z2
2

3. (falta solução)
4. (falta solução)
5. a) b = xj + ( y − x )k (
b) b = y 2 − 2 xz k ) ( )
c) b = e x − xe y j

(
d) b = 3 x 2 j + 2 y 3 − 6 xz k ) ( ) (
e) b = − x x + y 2 j + x 3 + y 3 k )
( 2
)
f) b = − xz 2 + yze x j − 2 xyzk

1
6. a) b = (− zj + yk ) b) b = −8 yzi + xzj + 7 xyk
2
c) b = 2 xy 2 zi − 3x 2 yzj + x 2 y 2 k

7. (falta solução)
Ensino à Distância 57

Lição nº5
1.5. Função de Dirac e suas propriedades.

Aplicação da função Delta

Introdução
É importante você saber explicar a essência da função Delta de Dirac e enunciar
as propriedades desta. Veja que esta função tem maior importância na
electrodinâmica, sobretudo no capítulo de electrostática.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar a essência da Função Delta de Dirac;


 Enunciar as propriedades da função Delta de Dirac ;
 Dar exemplos de aplicação da função Delta de Dirac.
Objectivos

 função Delta de Dirac;


 ponto singular.

Terminologia

1.5.1. Função Delta de Dirac


Essa função embora possa parecer um pouco estranha, ela é muito útil em
electrodinâmica. Considere a função abaixo:

 1
0 , se x − x0 > 2m
δ m (x − x0 ) =  onde m é um escalar positivo com
1, se x − x < 1
 0
2m
−1
dimensão m . A figura abaixo ilustra esta função.
Considere agora uma região qualquer R sobre o eixo X. Se R conter o
1 1
intervalo x0 − < x < x0 + , então a integral de δ m ( x − x0 ) sobre esta
2m 2m
região será
sempre igual
à unidade.
Caso
contrário será
nula. Isto é:

Fig. 1.15

 1
0, se x − x0 > ∉R
∫R δ m (x − x0 )dx = 
2m
1, 1
se x − x 0 < ∈R
 2m

Numericamente, essa integral é a área hachurada da figura anterior, a qual tem


valor unitário independente do valor de m.
A função de Dirac pode agora ser definida como:
δ ( x − x0 ) ≡ lim δ m ( x − x0 ), para m → ∞
Com essa definição,
verifica-se que
δ ( x − x 0 ) = 0 se x ≠ x 0 , e

 0, se x0 ∉ R, para x0 fora de R
∫ δ (x − x ) dx = 1,
R
m 0
se x 0 ∈ R, para x 0 dentro de R

Figura:1.16

As propriedades desta distribuição que nos interessam são dadas a seguir: esta
distribuição é simétrica em relação ao seu ponto singular e o seu produto por uma
função finita, será sempre igual a zero, excepto para o ponto singular, o que
mostra a equação.
δ (x − x0 ) = δ (x0 − x )
Ensino à Distância 59

f ( x )δ (x − x0 ) = f ( x0 )δ ( x − x 0 )

 0, se x0 ∉ R
∫ f (x )δ (x − x ) dx =  f (x ),
R
0
0 se x0 ∈ R
De forma sucinta, essa última equação estabelece que a integral do produto de
uma função pela delta de Dirac é igual ao valor da função no ponto que anula o
argumento da delta.
Para duas e três dimensões, análises similares podem ser feitas. Em duas e três
dimensões, a delta de Dirac é definida como:
δ (r − r0 ) = δ ( x − x0 )δ ( y − y 0 ) → em 2 D
δ (r − r0 ) = δ ( x − x0 )δ ( y − y 0 )δ (z − z 0 ) → em 3D
As propriedades da delta em 2D e 3D são similares àquelas em 1D.

1.5.2. Representação da função delta δ (r − r0 ) :

1 2 1
δ (r − r0 ) = − ∇ .
4π r − r0
N.B. Devido às operações formais usadas no cálculo com a função Delta, é
conveniente estender à mesma os conceitos de série de Fourier, transformadas de
Laplace e representações integrais.
Considere o pulso φ n ( x ) mostrado na figura abaixo. Os seus coeficientes de
Fourier são bn =0 (a função é par), a 0 = 1
L , a n = ( 1 nπ a )sen(nπ a L ) (n ≥ 1) . A
série de Fourier será portanto
1 ∞
1 nπ a nπ a
φa (x ) = +∑ sen cos
2 L n =1 nπ a L L

Figura: 1.17

Fazendo a → 0 , obtemos a série de Fourier de δ ( x ) :

1 1 ∞ nπ x
δ (x ) = + ∑ cos
2 L L n=1 L
Observe que esta série é divergente, porque, sendo convergente, então δ ( x )
seria uma função usual, o que, como sabemos, não é o caso.
Mesmo com este inconveniente, não deveríamos concluir que a série é
completamente inútil. Por exemplo, multipliquemo-la por uma função “bem
comportada” f (x ) e integremo-la termo a termo de x = − L a x = + L :
+L +L
1 ∞
1 nπ x a0 ∞
( ) ∑ ( ) + ∑ a n , onde a n (n = 1, 2, 3,......)
2 L −∫L ∫
f x dx + f x cos dx =
n =1 L − L L 2 n =1
são os coeficientes de Fourier de f (x ) . Se f (x ) for representada por uma série
de Fourier
a0 ∞  nπ x nπx 
f (x ) = + ∑  a n cos + bn sen 
2 n=1  L L 
então, sendo f ( x ) contínua em x=0, segue-se que a série divergente

1 1 ∞ nπ x
δ (x ) = + ∑ cos possui a propriedade de filtragem e pode ser
2 L L n=1 L
considerada como uma representante da função delta.
1.5.3. Exemplos de aplicação da função delta.
a) representação da densidade de carga ρ (r ) no caso de uma carga pontual q
situada no ponto P(r0 ) : ρ (r ) = q δ (r − r0 ).
b) representação da densidade cúbica de carga ρ (r ) em caso de uma superfície
S carregada com uma densidade ξ (q1 , q 2 ) :

ρ (r ) = ξ (q1 , q 2 )δ (ν − ν ')
( q1 , q 2 são as coordenadas em S; ν é a coordenada ortogonal a S que toma o
valor ν ' em S).

Figura: 1.18

c) representação da densidade da corrente j (r ) no caso de uma corrente


superficial distribuída por S com uma densidade η (q1 , q 2 ) :

j (r ) = η (q1 , q 2 )δ (ν − ν ')

Figura: 1.19
Ensino à Distância 61

d) representação da densidade da corrente j (r ) no caso da corrente I que passa


pela linha L
j (r ) = τ 0 Iδ (r − r0 ) ,
Sendo a função delta bidimensional; em correspondência com isto os pontos
M (r ) e P(r0 ) (o último encontra-se na linha L) a integral quebra-se em
qualquer superfície cruzada pela corrente; o versor τ 0 mostra a direcção da
corrente.

Figura:1.20
Sumário
A função de Dirac pode ser definida como:
δ ( x − x0 ) ≡ lim δ m ( x − x0 ), para m → ∞
Com esta definição, verifica-se que δ ( x − x 0 ) = 0 se x ≠ x 0 , e

 0, se x0 ∉ R, para x0 fora de R
∫ δ (x − x ) dx = 1,
R
m 0
se x 0 ∈ R, para x 0 dentro de R

a b

Representação da função delta δ (r − r0 ) :

1 2 1
δ (r − r0 ) = − ∇ .
4π r − r0
Exemplos de aplicação da função delta.
a) representação da densidade de carga ρ (r ) no caso de uma carga pontual q
situada no ponto P(r0 ) : ρ (r ) = q δ (r − r0 ).
b) representação da densidade cúbica de carga ρ (r ) em caso de uma superfície
S carregada com uma densidade ξ (q1 , q 2 ) :

ρ (r ) = ξ (q1 , q 2 )δ (ν − ν ')
( q1 , q 2 são as coordenadas em S; ν é a coordenada ortogonal a S que toma o
valor ν ' em S).
c) representação da densidade da corrente j (r ) no caso de uma corrente
superficial distribuída por S com uma densidade η (q1 , q 2 ) :
Ensino à Distância 63

j (r ) = η (q1 , q 2 )δ (ν − ν ')
d) representação da densidade da corrente j (r ) no caso da corrente I que passa
pela linha L
j (r ) = τ 0 Iδ (r − r0 ) ,
Sendo a função delta bidimensional; em correspondência com isto, os pontos
M (r ) e P(r0 ) (o último encontra-se na linha L) a integral quebra-se em
qualquer superfície cruzada pela corrente; o versor τ 0 mostra a direcção da
corrente.

x
1. Mostre que lim
n → −∞ ∫ φ (ξ )dξ = S (x )
−∞
n para as funções

Exercícios n 1
φn =
π 1+ n2 x2
2. Usando a sequência de pulsos ( como no N.B.), ache o
desenvolvimento de Fourier de δ ( x − ξ ) no intervalo (-L, +L).

Chave de Correcção
x x
1. lim
n → −∞ ∫ φ n (ξ )dξ = 0; S (0) = 0 ⇒ lim ∫ φ n (ξ )dξ = S (x ) , (x=0)
−∞
n → −∞
−∞

2 ∞ nπ ξ nπx
2. δ ( x − ξ ) = ∑ sen sen (0 < ξ < L )
L n =1 L L
Lição nº 6
Revisão da Unidade 1
Introdução
Chegados ao fim da Unidade 1, é momento de você rever tudo quanto aprendeu
sobre o aparato Matemático que servirá de base para compreender as matérias
que se seguem.

Tempo de estudo da
lição: 06:00 Horas

O tempo sugerido de 6 horas de revisão é considerado suficiente para o


efeito, podendo até que você leve menos tempo.
Vamos destacar aqui algumas definições e propriedades importantes que
você deve reter:

Campos escalares e campos vectoriais

Campo é a grandeza que quantifica as acções à distância.

O campo pode ser escalar ou vectorial. Quando o campo assume forma vectorial,
tem associado linhas de campo.
O campo de temperaturas, o campo electrostático, fornecem um exemplo de
campo escalar.
Denomina-se campo escalar a lei de correspondência que associa a cada ponto
do espaço, ou de uma parte do espaço, uma grandeza escalar.
Um campo escalar descreve-se mediante uma função escalar do
ponto M, u = f (M ) . Se introduzirmos um sistema cartesiano de
coordenadas x, y, z teremos u = f (x, y, z ).
Denomina-se superfície de nível de um campo escalar o lugar geométrico
dos pontos aos quais a função escalar do campo associa um certo valor
constante. A equação de superfície de nível será, pois, f ( x, y , z ) = C , onde
C =constante.
• O gradiente de V(gradV) é um vector que dá como resultado a máxima
variação da função e a direcção em que esta máxima variação ocorre.
∂V → ∂V → ∂V →
grad V = i+ j+ k em coordenadas cartesianas.
∂x ∂y ∂z
• O gradiente transforma campos escalares em campos vectoriais,
Ensino à Distância 65

como por exemplo na electricidade relaciona-se o campo eléctrico com o



potencial pela expressão: E = − gradV .

Um campo vectorial v( x, y, z ) = X i + Y j + Z k , diz-se campo vectorial


potencial se o v for o gradiente duma certa função escalar u(x, y, z):
v = gradu .

∂u ∂u ∂u
v=i + j +k
∂x ∂y ∂z
Divergência de um campo vectorial

Seja v = X i + Y j + Z k , uma função vectorial contínua e com derivadas


contínuas pelo menos até à primeira ordem. Por definição:
∂X ∂Y ∂Z
div.v = ∇.v = (∇, v ) = + +
∂x ∂y ∂z
sendo X,Y e Z componentes de v.
A Divergência transforma campos vectoriais em campos escalares; isto é,
aplica-se a um campo vectorial e dá como resultado um escalar.
O campo v(x,y,z) para o qual div.v = 0 isto é, o campo vectorial que não
contém origens, chama-se solenoidal ou tubular.

Circulação de um campo vectorial ao longo de um circuito fechado


Por definição: Γ = F d l
l

Rotacional

Seja X,Y e Z componentes de campo vectorial v e, v = X i + Y j + Z k


O rotacional transforma campos vectoriais em campos vectoriais.

i..... j....k
∂ ∂ ∂  ∂Z ∂Y   ∂X ∂Z   ∂Y ∂X 
Rot v = [∇, ∇ v ] = ∇x v = ∇ ∧ v = =  − i +  −  j +  −  k
∂x ∂y ∂z  ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
X Y Z
Denomina-se potencial vector do campo vectorial a = a(M ) , o vector
b(M ) = P1 ( x, y, z )i + Q1 ( x, y, z ) j + R1 ( x, y, z )k que satisfaz a condição
rotb(M ) = a(M )

Operações Diferenciais de Segunda ordem. O Operador Escalar de Laplace


A operação diferencial div grad u = (∇, ∇u ) merece atenção especial.
Supondo que a função u = u( x, y, z ) admite derivadas parciais com respeito

(∇, ∇ u ) = ∂
i+
∂ ∂
j + k,
∂u
i+
∂u
j+
∂u  ∂  ∂u  ∂  ∂u  ∂  ∂u 
k =  +  +  
 ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z  ∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z 
∂ 2 u ∂ 2 u ∂ 2u
= + + = ∆u.
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
a x,y e z até a segunda ordem inclusive.

Na última expressão, o símbolo ∆ denomina-se 0perador de Laplace.

∂2 ∂2 ∂2
∆ = ∇ • ∇ = (∇, ∇ ) = ∇ 2 = + +
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Este operador desempenha um papel muito importante na Física matemática.
O Laplaciano
De uso corrente em electricidade e relativo à função potencial no espaço livre
(sem densidade):

∂ 2V ∂ 2V ∂ 2V
∇ 2V = + + = 0 equação de Laplace.
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Esta equação é particular da de Poisson, aplicável a um volume de densidade
ρ.
∇ 2V = −4πρ .
Função Delta de Dirac
Esta função embora possa parecer um pouco estranha, ela é muito útil em
electrodinâmica. Considere a função abaixo:

 1
0 , se x − x0 > 2m
δ m (x − x0 ) =  onde m é um escalar positivo
1, se x − x < 1
 0
2m
com dimensão m −1 .
Representação da função delta δ (r − r0 ) :

1 2 1
δ (r − r0 ) = − ∇ .
4π r − r0
Ensino à Distância 67

Exercícios de Revisão da Unidade 1

. 1.Encontre a direcção segundo a qual a taxa de variação de cada um dos seguintes


campos escalares no ponto respectivo é maior, assim como, o valor desta última:
u (M ) = x 2 y + y 2 z + z 2 x ; M o (1,0,0 )
Auto-avaliação →
∂r
∫∫∫ d
3
2. Determine a integral de volume r →
através de um cubo cujo
∂r
comprimento de aresta é a.
3. Calcule o fluxo do campo vectorial a=4xi-yj+zk através da superfície da fronteira
de um toro.
4. Diga se o seguinte campo vectorial é solenoidal?
(
a = (1 + 2 xy )i − y 2 zj + z 2 y − 2 zy + 1 k )
5. Calcule a circulação do campo vectorial a=xyi+yzj+xzk. Ao longo do circuito
x 2 + y 2 = 1 
L:   no sentido que corresponde ao percurso anti-horário da
 x + y + z = 1
projecção de L sobre xoy.
6. Usando o teorema de Green, calcule a circulação do vector

[ (
a = i 1 + x 2 + y 2 + jy xy + ln x + 1 + x 2 + y 2 )]
7. Mostre que o potencial escalar u ( x, y, z ) de um campo conservativo a satisfaz a
equação de Poisson.

∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
∆u ≡ + + = ρ (x, y, z ), onde ρ (x, y, z ) é a divergência do campo a.
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2

1
8. Encontre, mediante a fórmula b(M ) = ∫ [a, (M '), r (M )]t dt ,
0
os potenciais

vectores dos quais derivam os seguintes campos solenoidais de domínio estrelado:

− yi + xj 2
a ) a = 2 cos xz. j b) a = , x + y 2 > 0.
x +y
2 2

x
9. Mostre lim
n →−∞ ∫ φ (ξ )dξ = S (x )
−∞
n para as funções

n 2 2
φn = e −n x
π
Chave de Correcção
1. Na direcção de oy
2. 3a 3
3. π 2 (R 2 − R1 ) (R 2 + R 1 )
2

4. É solenoidal

5. (− π ) .

πR 4
6.
4

7. Falta solução

1 1
8. a) b = senxz.i − senxz.k
x z
xi + yj
b) b = z−k
x2 + y2

9. Falta solução
Ensino à Distância 69

Unidade 2
Electrostática
Introdução
Na unidade de Electrostática, você vai tratar do conceito de carga eléctrica,
tipos de interacções entre as cargas eléctricas e vai perceber que a exposição dos
fenómenos electrostáticos baseia-se frequentemente na lei de Coulomb.
Partiremos do sistema de equações de Maxwell visto na cadeira de Electricidade
e Magnetismo, que nos levará às equações de Electrostática na qualidade de uma
das suas formas particulares. Podemos considerar a electrostática como um
“parágrafo preparatório” da teoria de electromagnetismo que ao estudar permite
assimilar as operações de análise vectorial e as noções mais simples.
Posteriormente, desse material encontrará uma aplicação ao enunciar conceitos
mais complicados. E, finalmente, em electrostática procuramos a fonte de certas
noções que se aplicam extensamente na técnica (potencial, capacidade, etc.).
Tempo de estudo da
Unidade: 10:00 Horas
Esta Unidade tem 5 lições, estando previsto para cada uma delas um tempo de
estudo de 2 horas. Este número de horas é um indicativo para lhe ajudar a gerir
melhor o seu tempo e é considerado suficiente para você conseguir atingir os
objectivos definidos no início de cada lição.
Lição nº1
2.1. Carga eléctrica e suas propriedades. Lei de Coulomb

Introdução
Os conceitos de carga e corrente eléctrica serão introduzidos na base de
teoremas e axiomas simples. Também será abordada a lei de conservação da
carga eléctrica.
Embora você esteja familiarizado com os aspectos quantitativos dos
principais fenómenos nos quais as cargas eléctricas se mantém estacionárias,
importa deduzir neste capítulo certas informações relativas às cargas eléctricas e
às interacções entre elas.

Para completar o estudo desta lição você necessitará de cerca de três


Horas.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 - Explicar o conceito de carga eléctrica e descrever propriedades de


corpos carregados;
 - Determinar a intensidade de força e do campo eléctrico que actua
Objectivos sobre os corpos carregados.

- Carga eléctrica e propriedades da carga eléctrica;


- Vector deslocamento eléctrico;
- Densidade da carga eléctrica (linear, superficial e volumétrica)
Terminologia
Ensino à Distância 71

2.1.1. Carga eléctrica


Os conhecimentos adquiridos em anos anteriores levam-nos a mencionar
várias propriedades da grandeza carga eléctrica:
Verifica-se que algumas substâncias, por exemplo, âmbar, porcelana,
vidro, betume, etc., sendo submetidas a certas acções, por exemplo, ao atrito,
iluminação pela luz ultravioleta, manifestam a capacidade de interagir. Essa
interacção chama-se eléctrica
A medida quantitativa das interacções eléctricas, é a carga eléctrica. No
entanto, esta definição não é completa e para propor a definição geral é preciso
considerar todas as relações desta interacção.
As observações experimentais permitem classificar as interacções
eléctricas subdividindo-as em dois grupos: Interacção atractiva e interacção
repulsiva.
Visto esse facto experimental, podemos concluir segundo Bejamin
Francklin que existem dois tipos de carga eléctrica, nomeadamente as cargas
positivas e cargas negativas.
Dois objectos electrizados com cargas eléctricas do mesmo sinal
repelem-se. Dois objectos electrizados com cargas eléctricas de sinais contrários
atraem-se. Foi o físico francês Charles Coulomb (1736-1786) que conseguiu
estabelecer, em 1785, as leis qualitativas das acções eléctricas, a partir da
experiência com a balança de torção. (Rever).

Segundo experiências de Robert Millikan, foi estabelecido o facto de


que a carga eléctrica não se apresenta em qualquer quantidade, mas apenas como
múltiplos inteiros de uma quantidade mínima. A esta quantidade mais pequena
possível chama-se carga elementar indivisível e representa-se por e ,
( )
e = 1.602 .10 −19 C e qualquer carga eléctrica q observada pode-se exprimir por
q=n.e, sendo n um número inteiro, positivo ou negativo. Diz-se, por isso, que a
carga eléctrica está quantizada. E porque o valor numérico de carga elementar
vem sendo muitas vezes menor que cargas típicas dos corpos carregados,
podemos achar que a carga eléctrica pode ser classificada como grandeza
contínua.
A carga tem três propriedades importantes diferentes das da massa:
1) a carga é quantificada. Isto significa que na Natureza existe uma carga
mínima não decomponível e que todas as outras cargas são múltiplas inteiras
desta;
2) a carga conserva-se. Quer dizer, num sistema isolado, a soma
algébrica das cargas positivas e negativas permanece constante;
3) A carga distingue-se da massa devido à sua invariância, ou seja, se
tivermos uma carga numa caixa e vários observadores em movimento com
diferentes velocidades, todos eles medirão a mesma carga dentro da caixa. No
caso da massa, os observadores animados de velocidades diferentes, medirão
m0
massas diferentes segundo a relação m = , onde m 0 é a massa do corpo
v2
1− 2
c
em repouso e c, a velocidade de luz no vazio.
A unidade da carga eléctrica no sistema internacional é o Coulomb (C).
A electrodinâmica é uma teoria fenomenológica que reconhece a
existência de cargas eléctricas e teoremas.
A carga eléctrica é uma grandeza física que determina a intensidade das
interacções electromagnéticas, da mesma forma que a massa determina a
intensidade das interacções gravitacionais .

A lei de Coulomb pode-se escrever da seguinte maneira:

()
F r =
1
4πε 0
.
q 0 .q .
r2
.r (1)

No sistema internacional a força é medida em newton (N), q em coulomb (C) e r


1
em metros. No vácuo adopta-se: =k
4πε 0

Sendo ε 0 uma constante característica do vácuo e denominada permissividade


eléctrica do vácuo e é aproximadamente igual a:
2
ε 0 = 8,85.1`0 −12 c
Nm 2
(2)

1 Nm 2 9 Nm
2
= 8,988 . 10 ≈ 9 . 10
9
(3)
4πε 0 C2 C2

As leis de forças das interacções gravitacional e electrostática são formalmente


idênticas, verificando-se experimentalmente que em ambos os casos, a
intensidade da força é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre
as partículas que se interactuam.
Mas, enquanto a força gravitacional (ou newtoniana) é sempre atractiva, entre as
força coulombiana e força gravítica existe uma analogia:

γ m 0 .m .
Fg = − . .r (4)
4π r 2
A força eléctrica (coulombiana ) pode ser atractiva ou repulsiva. O meio em que
as partículas se encontram não influencia a intensidade da força gravítica, o que
já não acontece com a força eléctrica.
Ensino à Distância 73

Agora generalizando (1) para n+1 cargas no vácuo, a força numa carga i-ésima
devido à presença das demais será:
n
1 q 0 .q
Fi = .∑ .r . ii (5)
4πε 0 i =1 rii
2

A expressão (5) é conhecida como lei de Coulomb para o conjunto discreto de


cargas no vácuo.
Suponhamos que ao invés de duas cargas puntiformes tenhamos uma distribuição
contínua de cargas, a força numa carga q devido a essa distribuição será:

Fig.2.1

1 q 0 .dQ .
dF = . .r (6)
4πε 0 r2

Assim, a força total será:

q0 .dQ .
F =
4πε 0 ∫ r2
.r (7)

No caso de conhecermos a densidade volumétrica de carga do corpo a força será:


dQ
ρ := (8)
dV
dQ = ρ .dV (9)

q0 ρ .dV
F =
4πε 0 ∫ r 2
.r . (10)

A equação (10) dá-nos a força em q0 exercida pela presença da carga Q


distribuída pelo volume do corpo com densidade volumétrica de carga ρ .
Importa aqui referir que, se o meio em que calculamos a força de
coulomb for outro que não o vácuo, o valor da força modifica-se e se esse meio
for homogéneo e electricamente isotrópico, a força entre as cargas será:

1 q i .q i .
F ii = . .r ii
4πεε 0 rii
2 (11)

Sumário
A medida quantitativa das interacções eléctricas, é a carga eléctrica.
As observações experimentais permitem classificar as interacções
eléctricas subdividindo-as em dois grupos: Interacção atractiva e interacção
repulsiva.
Visto esse facto experimental podemos concluir segundo Bejamin
Francklin que existem dois tipos de carga eléctrica, nomeadamente as cargas
positivas e cargas negativas.
Dois objectos electrizados com cargas eléctricas do mesmo sinal repelem-se,
enquanto que dois objectos electrizados com cargas eléctricas de sinais contrários
se atraem.
A carga eléctrica não se apresenta em qualquer quantidade, mas apenas como
múltiplos inteiros de uma quantidade mínima. A esta quantidade mais pequena
possível chama-se carga elementar indivisível e representa-se por e ,
( )
e = 1.602 .10 −19 C e qualquer carga eléctrica q observada pode-se exprimir por
q=n.e, sendo n um número inteiro, positivo ou negativo.
Generalizando para n+1 cargas no vácuo, a força numa carga i-ésima devido a
presença das demais será:
n
1 q 0 .q
Fi = .∑ .r . ii (*)
4πε 0 i =1 rii
2

A expressão (*) é conhecida como lei de Coulomb para o conjunto discreto de


cargas no vácuo.
Ensino à Distância 75

Exercícios

1. Explique o conceito de carga eléctrica.

2. Escreva duas diferenças e duas semelhanças entre a força


Exercícios coulombiana e a força gravítica. Encontre a força colombiana
sobre uma carga de prova devido a uma distribuição
volumétrica de carga.

3. Calcula a força colombiana sobre uma carga de prova devido à


presença de outras duas, sabendo que elas estão colocadas nos
vértices de um triângulo equilátero e que q1=q2.

4. Calcule a força coulombiana para:


a. duas cargas puntiformes;
b. uma carga devido à presença de outras duas;
c. devido a uma distribuição linear de cargas.

5. a) Qual é a força exercida por uma carga de − 3µC colocada no


r
ponto r = (1,3), em cm, sobre uma carga de 5µC colocada na
origem?
b) Que massa colocada à superfície terrestre sofre uma força
gravítica de igual módulo?
6. Duas cargas positivas de 1µC cada ocupam dois vértices de
um triângulo equilátero (comprimento de lado=0,3m). Está
colocada uma carga negativa de 1µC no terceiro vértice. Qual
é a força sobre a carga negativa? E sobre as cargas positivas?
7. Duas cargas de Q coulomb cada estão colocadas em dois
vértices opostos de um quadrado. Qual deve ser o valor das
cargas q colocadas nos outros vértices para que a força total
sobre cada uma das cargas Q seja nula? Será possível escolher
os valores das cargas de modo que a força sobre todas elas seja
nula?
Chave de Correcções
1. (Observe no resumo);
2. (Observe no resumo);
3. Fr = F . 3

1 q1 q 2
4. a) F =
4πε 0 r 2
b) I- Para duas cargas de sinais contrários:
2 2 r r
F= F +F
1 2
− 2 F 1 F 2 cos( F , F )
1 2

II- Para duas cargas do mesmo sinal:


2 2 r r
F= F 1 + F 2 + 2 F 1 F 2 cos( F , F ) ; 1 2

q0 r λ.dr
4πε 0 r∫0 r 2
c) F = , onde λ , é a densidade linear da carga.

r
5.a) F = ( xˆ + 3 yˆ ).135
10
a) m= 4,36 10 kg

r  3 3
6. FRn = 0,1 − xˆ. + yˆ 
 2 2 

FR p1 = xˆ .0,1 ; FR p 2 = 0,1 xˆ . 1 − yˆ . 3 
 2 2

Q
7. q = −
2 2
Ensino à Distância 77

Lição nº2
2.2. Vectores do campo Electrostático no Vácuo

Introdução
Nesta lição, você vai tratar do conceito de campo eléctrico e poderá perceber por que
razão há repulsão ou atracção entre cargas eléctricas.
Para completar o estudo desta lição você necessitará de cerca de três horas
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 - Definir o campo eléctrico num ponto devido a uma carga eléctrica;


 - Descrever as características do campo eléctrico;
 - Explicar a relação entre a força e o campo eléctrico;
Objectivos
 - Indicar a relação entre E e D.

- Campo eléctrico;
- Intensidade do campo eléctrico;
- Deslocamento eléctrico;
Terminologia

2.2.1.Vectores de campo electrostático no vácuo


()
(intensidade de campo eléctrico E e deslocamento eléctrico (D ) )

a) vector de campo eléctrico (E ) :


Para detectar a existência de um campo electrostático numa certa porção
de espaço, coloca-se em vários pontos, uma carga de prova. Em cada um desses
pontos do espaço, a carga de prova ficará sujeita, por intermédio do campo, a
uma força eléctrica, cuja direcção, sentido e intensidade variam de ponto para
ponto. Caracteriza-se, quantitativamente, o campo definindo para cada ponto P,
o vector campo eléctrico E , pelo quociente:

( )
E r , t :=
( )
F r, t (12)
q0

( )
Em que F r , t é a força que no ponto P actua sobre a carga de prova q 0 . Então
terá de ser pontual para não modificar o campo em estudo.

Fig:2.2

( )
O vector E r , t possui as seguintes características:
1. mesma direcção que a força eléctrica;
2. mesmo sentido da força eléctrica se q 0 > 0 ; e sentido contrário da força
eléctrica se q 0 < 0 ;
F el
3. intensidade, E = , isto é, a intensidade de E é numericamente
q0
igual à intensidade da força eléctrica por unidade de carga colocada na
região.

A unidade de campo E no S.I. é o N .C −1

Fig: 2.3
Se a carga-teste for colocada numa região onde já existem outras cargas, a força
em q 0 será a soma vectorial das forças que cada uma das cargas q1 ; q 2 ; q 3
exerce.
Ensino à Distância 79

Fig: 2.4

1  q .q . q .q q .q 
F0 = . 02 1 .e01 + 02 2 .e 02 + 02 3 .e 03 
4πε 0  r 01 r 02 r 03 

Para o caso em que q 0 é colocada numa região na qual existem n cargas


eléctricas q1 ; q 2 ; q 3 ; q 4 ;... q n , pode-se escrever:(13)

1  q 0 q1 q q q q  1 n
q 0 .q i .
F0 = 
4πε 0  r 01
.e 01 + 0 2 .e 02 + ... + 0 n .e 0 n  = ∑ .e 0 i
 4πε 0
2
r 02 r 0n i =1 r0 i

(13)

Dividindo F0 por q 0 resulta:

F0 1  q q q 
= . 2 1 .e01 + 2 2 .e02 + ... + 2 n .e0 n 
.

q0 4πε 0  r 01 r 02 r 0n 

Generalizando, tem-se :
n
1 qi
E=
4πε 0
∑r
i =1
2
.e . 0 i (14)
0i

Este é o campo eléctrico num ponto, devido a uma distribuição discreta de n


cargas.
Para o caso em que temos um número elevado de cargas e considerando que este
está espalhado numa região de modo contínuo, a determinação do campo faz-se
de modo seguinte:
Fig: 2.5

1 dq
dE = . .e
4πε 0 r2
Para todo corpo, tem-se:

1 dq .
E =
4πε 0 ∫ r2
.e (15)

Vejamos agora um outro ponto de importância. Definindo o campo eléctrico


como
r F 0
E = onde q o é a carga-teste. Evidencia-se que se q o for muito grande,
q0
poderá modificar a distribuição de cargas responsáveis pelo campo. Para que não
haja interferência dos campos com o produzido pela carga-teste, devemos
r
considerá-la como pequena. Assim, pode-se definir o campo E deste modo:

( )
E r , t := lim
( )
F r, t
qo → 0 q0

b) Deslocamento eléctrico  D 
 
Paralelamente ao vector campo eléctrico, a descrição do campo eléctrico é
também feita através do vector deslocamento de campo que para o vácuo é
r r q r
definido da seguinte forma: E (r , t ) = r0
4π .ε 0 r 2

ε o significa constante dieléctrico.


→ →
Importa realçar que os vectores D(r, t ) e E (r , t ) descrevem o mesmo objecto
físico mas possuem interpretações diferentes.
→ →
A unidade de E 1N ( força/carga) e para D tem-se 1A.s (carga/área).
A.s m2
→ → →
Com a ajuda das equações de F , E , D pode-se chegar à seguinte relação:
Ensino à Distância 81

→ q →o
D (r , t ) = .r (16)
4π r 2
O módulo é igual ao quociente da carga q que se encontra no centro de uma
esfera de raio r , com uma área 4π r 2 .
→ →
Os campos D e E representam dois procedimentos diferentes para a medição

da grandeza campo eléctrico. O vector D caracteriza o campo eléctrico através

da fonte do campo eléctrico enquanto que E caracteriza o campo eléctrico
através da força que é exercida sobre a carga q .

Sumário
O campo definindo para cada ponto P, o vector campo eléctrico E , pelo
quociente:

( )
E r , t :=
( )
F r, t (12)
q0

( )
Em que F r , t é a força que no ponto P actua sobre a carga de prova q 0 . Então,
terá de ser pontual para não modificar o campo em estudo.

O vector E r , t( )
possui as seguintes
características:
4. mesma direcção que a força eléctrica;
5. mesmo sentido, o da força eléctrica se q 0 > 0 ; sentido contrário da força
eléctrica se q 0 < 0 ;
F el
6. intensidade, E = , isto é, a intensidade de E é numericamente
q0
igual à intensidade da força eléctrica por unidade de carga colocada na
região.

A unidade de campo E no S.I. é o N .C −1

Generalizando, tem-se :
n
1 qi
E=
4πε 0
∑r
i =1
2
.e . 0 i
0i

Este é o campo eléctrico num ponto, devido a uma distribuição discreta de n


cargas.
→ →
D(r , t ) := ε o . E (r , t )
ε o significa constante dieléctrico.
→ →
Os campos D e E representam dois procedimentos diferentes para a medição

da grandeza campo eléctrico. O vector D caracteriza o campo eléctrico através

da fonte do campo eléctrico enquanto que E caracteriza o campo eléctrico
através da força que é exercida sobre a carga q .

Exercícios

Determine os campos eléctricos:


1. Num ponto devido à presença de duas cargas pontiformes;
2. Num ponto extremo a uma linha muito longa carregada
Auto-avaliação
uniformemente;
3. Devido a uma espira circular e um anel circular.
→ → →
4. Sabendo que D = ε 0 E , determine a relação entre ρ e E e entre

ρ e D.
Ensino à Distância 83

Chave de Soluções
r 1 2
qi
1. E =
4πε 0
∑r
i =1
2
r0;

r 1 λdl
2. E =
4πε 0 ∫ r2

r  x 
3. Devido a um disco circular ou espira circular: E = 2πkσ 1 − 
 
 x2 + R2 
kQx
Devido a um anel circular: E =
(x + a 2 )2
3
2

1 ρ .r 1
4. E = e D= ρ .r
3 ε0 3
Lição nº3
2.3. Equações principais de Electrostática. Potencial electrostático

Introdução
Você acaba de estudar o campo eléctrico criado por uma carga num certo ponto.
Esse conhecimento é muito importante para a partir dele chegarmos com muita
facilidade à noção de potencial através de certas relações que envolvem um
processo de integração.
Para completar o estudo desta lição você necessitará de cerca de três horas.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Indicar as principais equações de electrostática;


 Definir o potencial electrostático;
 Mostrar a relação entre o campo eléctrico e o potencial;
Objectivos
 Calcular o potencial e o campo eléctrico partindo do potencial
eléctrico;

Potencial electrostático

Terminologia

2.3.1. EQUAÇÕES PRINCIPAIS DE ELECTROSTÁTICA. POTENCIAL


ELECTROSTÁTICO
O campo electromagnético excitado pela carga em repouso chama-se campo
electrostático.
Os métodos de electrostática baseiam-se em lei de Coulomb, teorema de Gauss e
princípio de sobreposição.
Ensino à Distância 85

As principais equações da electrostática segundo Maxwell:


rotE = 0 (1)
divD = ρ (2)

D = εE (3)
Escrevendo na forma integral temos:

∫ Edl = 0
L
(4)

∫ Dds = q
s
(5)

Em virtude de (1), o campo electrostático é irrotacional(de potencial).


O modelo que se usa no campo electrostático é aquele em que se consideram
apenas corpos portadores de carga eléctrica.

Como F=Eq, ∫ F dl = e∫ Eds = 0 ⇔ ∫ Edl = ∫∫ rot Eds = 0 ⇒ rot E = 0


L L s
e da

análise vectorial , rotgradϕ = 0 se ϕ for constante. Assim,

rot E = − rotgrad ϕ ⇒ E = − grad ϕ . , ou seja


 ∂ϕ. ∂ϕ ∂ϕ 
E = −∇ϕ = − ex + ey + e z  (6)
 ∂x ∂y ∂z 
ϕ denomina-se potencial electrostático. Habitualmente, em electrostática
considera-se que o potencial de um ponto no infinito é nulo.
Devido ao potencial do campo electrostático para calcular a intensidade E, é
suficiente conhecer a função escalar ϕ . Conhecendo o potencial, a intensidade E
calcula-se por (6).
Substituindo na equação (2) por (3) e expressando seguidamente E por potencial,
aplicando para isso (6) temos: divεgradϕ = − ρ (7)
Esta é a equação necessária.
Utiliza-se com maior frequência uma fórmula particular da (7), válida se a
permissividade for constante (independentemente das coordenadas) e referir-se a
meios homogéneos:
ρ ρ
divgradϕ = ∇ 2ϕ = − ou seja ∆ϕ = − = −4πρ (8) Equação de
ε ε
Poisson.

O aspecto geral desta equação de Poisson para uma região não limitada pode ser
escrita segundo a lei de Coulomb:
1 ρ (r ')
ϕ (r ) =
4πε ∫ r − r '
dv ' (9)
V

Para aquela região em que não há carga (ρ = 0 ) , a (8) converte-se na equação


de Laplace: ∇ 2ϕ = 0 (10)
Os problemas de electrostática para meios homogéneos assim como meios
compostos de regiões homogéneas (também se subentende à isotropia) podem
sempre considerar-se como problemas para equações de Poisson (8) e de Laplace
(10).
Em virtude disso, é preciso compreender a conduta do potencial electrostático
nas superfícies de separação de distintos meios.
Exemplo 1. Uma carga eléctrica vem sendo distribuída de densidade volumétrica
ρ (r ) por corpo de volume V, atendendo ao princípio de sobreposição encontrar
o potencial no exterior do corpo.

Fig:2.6
Resolução: destacamos dentro do corpo um elemento infinitesimal de volume
dV de vector de posição r ' .
Uma vez que destacamos o elemento infinitesimal este pode ser tratado como
carga pontual de valor dq.
O potencial do campo dϕ excitado por essa carga pontual escreve-se pela
fórmula:
dq
dϕ = (a)
R
()
dq = ρ r ' .dV (b)
r
R
r
r
r
r' o

R = r − r' (c)

Conjugando (b) e (c) com (a) teremos: dϕ =


()
ρ r ' .dV
(d)
r − r'

ϕ=∫
()
ρ r ' .dV
V r − r'

Sumário
O campo electromagnético excitado pela carga em repouso chama-se campo
electrostático.
Os métodos de electrostática baseiam-se na lei de Coulomb, teorema de Gauss e
no princípio de sobreposição.
Ensino à Distância 87

As principais equações da electrostática segundo Maxwell :


rotE = 0 (1)
divD = ρ (2)

D = εE (3)
Escrevendo na forma integral temos:

∫ Edl = 0
L
(4)

∫ Dds = q
s
(5)

Em virtude de (1), o campo electrostático é irrotacional (de potencial).


Assim,

rot E = − rotgrad ϕ ⇒ E = − grad ϕ , ou seja,


 ∂ϕ. ∂ϕ ∂ϕ 
E = −∇ϕ = − ex + ey + e z  (6)
 ∂x ∂y ∂z 
ϕ denomina-se potencial electrostático. Habitualmente, em electrostática
considera-se que o potencial de um ponto no infinito é nulo.
Devido ao potencial do campo electrostático para calcular a intensidade E, é
suficiente conhecer a função escalar ϕ ; podendo-se dizer para meios
homogéneos:
ρ ρ
divgradϕ = ∇ 2ϕ = − ou seja ∆ϕ = − = −4πρ (8) Equação de
ε ε
Poisson.
O aspecto geral desta equação de Poisson, para região não limitada, pode ser
escrita segundo a lei de Coulomb:
1 ρ (r ')
ϕ (r ) =
4πε ∫ r − r '
dv '
V

Para aquela região em que não há carga (ρ = 0 ) , a (8) converte-se na equação


de Laplace: ∇ 2ϕ = 0
Exercícios

1. Escreva as equações para fontes do campo eléctrico na sua forma


integral e diferencial.

→ →
2. Discuta a determinação de E  r  e ϕ  r  para os casos em que
Exercícios    
→ → →
ϕ  r  e E  r  são conhecidos, respectivamente.
   
3. Sabendo que o campo eléctrico numa região é dado pela
→ → →
expressão E = y i + x j , calcule:
a. O trabalho necessário para levar uma carga positiva 1C
ao longo de uma recta desde a origem até ao ponto
(1;1;0) . As coordenadas são medidas em metros.
b. O trabalho sendo a trajectória dada pela equação y = x 2 .

4. Temos um disco circular de raio R com uma distribuição


contínua de cargas. Calcule a intensidade do campo num ponto
situado a uma distância r do disco no eixo de quantização OZ.

5. O potencial médio temporal de um átomo de hidrogénio neutro é


ρ exp(− αr )  αr 
igual ϕ = ϕ (r ) = • 1 +  onde ρ é a carga
4πε 0 r  2 
a
fundamental e α −1 = 0 . Determine a distribuição de cargas
2
contínuas ou discretas que deverão mudar este potencial.

6. Calcule o potencial e o campo eléctrico num ponto P situado à


distância x do centro de um anel de raio R acumulado com uma
carga total Q?

7. Segundo a lei de Biot Savart-Laplace e, observando, o princípio


de sobreposição, resulta a integral de Poisson para o potencial
1 jdV
C V∫ r − r '
vector, a saber: A = . Demonstre que o potencial

vector determinado por essa equação é solução da equação de


Poisson.
Ensino à Distância 89

Chave de Soluções
1. na forma integral: ∫ Eds = q
s
e na forma diferencial: divE = ρ ;

2. E = −∇ϕ
3. a) 1j

σ z z r
4. E ( z ) = −  − k
2ε 0  z R + z2
2


 r2 
5. Qρ = −q + q exp(− αr )α 2 + αr + 1
 2 
Q r Qx
6. ϕ = ; E = xˆ
(
4π ε 0 x 2 + R 2 ) 1
2
(
4π ε 0 x 2 + R 2 )
3
2

7. (falta a solução)
Lição nº4
2.4. Lei de Gauss e Simetria

Introdução
Nesta lição, você vai tratar da lei de distribuições de cargas eléctricas. A partir
daqui, vai perceber em detalhe como resolver um problema de electrostática que
envolve uma distribuição linear ou superficial, ou volumétrica de cargas partindo
da lei de Gauss.

Para completar o estudo desta lição você necessitará de cerca de três


Horas.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

- Interpretar a Lei de Gauss e simetria para uma distribuição linear,


superficial e volumétrica de carga;

Objectivos - Aplicar a lei de Gauss e de simetria na resolução de problemas que


envolvem as distribuições, linear, superficial e volumétrica de carga.

2.4.1. Lei de Gauss e Simetria


A lei de gauss diz que o fluxo eléctrico através duma superfície S fechada é
Q
proporcional à carga nela inserida sobre ε 0 , isto é, ∫∫ Ed s = ε
s 0

Q
 ,..se..q ∈ s ⇒ r < R
Generalizando: ∫∫ Ed s =  ε 0
s 0,...se..q ∉ s ⇒ r > R

2.4.2. Lei de Gauss para uma linha infinita com uma distribuição linear de carga (λ )
Consideremos como linha infinita dois pontos P1 e P2 figura abaixo. Podemos dizer
imediatamente que, uma vez que P1 e P2 se encontram na mesma situação relativa
face à distribuição de carga, o campo deve ter o mesmo valor em ambos os pontos. O
Ensino à Distância 91

mesmo acontecerá para qualquer ponto situado na circunferência dum círculo centrado
na linha de carga e passando pelos pontos P1 e P2. O ponto P3 encontrar-se-á na
mesma situação se o fio de carga for infinito (no caso do fio ter comprimento finito, só
os pontos muito perto do fio satisfazem a situação ideal do fio infinito).
Se considerarmos uma superfície cilíndrica, o campo terá o mesmo valor em todos os
pontos dessa superfície, mas poderá ter valores diferentes nas bases.

Fig: 2.11 Por questões de simetria,


o campo tem que ser radial, pelo que a contribuição das bases para o fluxo é nula
r r
( E ⊥ n ) . Assim, há fluxo apenas através da superfície cilíndrica, sendo este igual a E
vezes a área dessa superfície.

Pela simetria, ∫∫ Ed s = 2πRh.E


s

λh λh λ
Pelo Gauss, ∫∫ Ed s = ε
s 0
⇒ 2πRhE =
ε0
⇒E=
2πRε 0
, (14)

dq
Note que λ = ⇒ q = λh e h=l
dh
2.4.3. .Lei de Gauss para um plano infinito com densidade superficial de carga ( σ )
Consideremos o plano infinito e uma carga distribuída uniformemente sobre todo o
plano com densidade superficial. Vamos supor que o campo eléctrico no caso de não
haver uma outra distribuição de cargas no espaço, é perpendicular ao plano e tem o
mesmo valor para todos os pontos que estão à mesma distância do plano.
Além disso, é óbvio que o campo em dois pontos à mesma distância do plano,
mas em lados opostos é o mesmo, menos o sentido:

Fig:2.12

Pela simetria, ∫∫ Eds = ∆s . E + ∆s


s
1 2 E = 2∆s.E (11)

∆s1 = ∆s 2 = ∆s
Somamos o fluxo através das duas faces
σ .∆s
Pela lei de Gauss, ∫∫ Ed s =
s
ε0
(12)

σ .∆s σ
2 E∆ s = ⇒E= n (13)
ε0 2ε 0
Concluímos que o campo eléctrico criado por um plano infinito é uniforme e, portanto,
independente da distância ao plano. No caso dum plano finito, o resultado da equação
anterior será aplicável aos pontos cuja distância à placa é muito menor do que qualquer
dimensão lateral da placa.
O argumento baseado na simetria é o seguinte: todos os pontos que estão à mesma
distância do plano infinito têm uma distribuição de carga absolutamente idêntica e é
lógico que os pontos tenham o mesmo valor do campo. Também é natural que o campo
eléctrico seja igual nos dois lados. Os argumentos anteriores não excluem a hipótese de
o campo vir a fazer um ângulo com a normal ao plano. Mas qualquer valor não nulo do
ângulo, não é coerente com a simetria do plano, porque a única direcção preferencial
ao plano é a da sua normal. Os argumentos expostos acima pressupõem que não existe
nenhuma outra distribuição de cargas no espaço, além da do plano.
ρ
N.B. por Maxwell, temos divE = ⇒ ε 0 div E = ρ
ε0

2.4.4. Uma esfera de raio R com densidade volumétrica (ρ )


(simetria central)
Consideremos as seguintes esferas concêntricas:
4
∫∫ Ed s = 4πR E mas V = πR 3 → dV = 4πR 2 dr
2
pela simetria,
s
3
Ensino à Distância 93

 4πR 3 ρ
 ; r>R
 3ε 0
pelo Gauss: ∫∫ Ed s = 
 4π r ρ ;
3
r<R
 3ε 0

Aplicando lei de Gauss, conclui-se que o campo fora da esfera é o mesmo que
existiria caso a carga estivesse toda concentrada no centro da esfera.
Consideremos agora o caso em que a carga se encontra distribuída numa
superfície esférica. O campo exterior vai ter novamente simetria esférica e
repete-se o resultado anterior. Não há razão para que a simetria esférica não
exista também dentro da esfera. Mas aqui não existem cargas e teremos campo
eléctrico nulo, consequentemente, a região interior da superfície esférica é uma
região de potencial constante.
Para compreender melhor o papel da simetria, analisemos o caso da figura abaixo
onde a simetria esférica não existe. A carga total é nula mas o campo no exterior
não é zero. Tal facto mostra que nesta situação, a lei de Gauss, ou pelo menos
uma aplicação <<cega>> dessa lei não nos possibilita, por si só, o cálculo do
campo. É necessário ter alguma informação adicional sobre as características
desse mesmo campo.

Fig: 2.13
Recorde que:

dq 4
ρ= ⇒ q = ρV = πR 3 ρ
dV 3
Comparando os dois membros :

4πR 3 ρ ρR 3
1º) 4πr 2 E = ⇒E=
3ε 0 3ε 0 r 2

4π r 3 ρ ρ .r
2º) 4πr E = ⇒E=
2

3ε 0 3ε 0

Sumário
A lei de Gauss diz que: o fluxo eléctrico através duma superfície S fechada é
Q
proporcional à carga nela inserida sobre ε 0 , isto é, ∫∫ Ed s = ε
s 0
Q
 ,..se..q ∈ s ⇒ r < R
Generalizando, ∫∫ Ed s =  ε 0
s 0,...se..q ∉ s ⇒ r > R

para uma linha infinita com uma distribuição linear de carga (λ )
Consideremos a linha infinita.
Por questões de simetria, o campo tem que ser radial, pelo que a contribuição das
r r
bases para o fluxo é nula ( E ⊥ n ) . Assim, há fluxo apenas através da superfície
cilíndrica, sendo este igual a E vezes a área dessa superfície.
Consideremos o plano infinito e uma carga distribuída uniformemente sobre todo
o plano com densidade superficial.
Concluímos que o campo eléctrico criado por um plano infinito é uniforme e,
portanto, independente da distância ao plano. No caso dum plano finito, o
σ
resultado da equação E = n será aplicável aos pontos cuja distância à placa
2ε 0
é muito menor do que qualquer dimensão lateral da placa.
Ensino à Distância 95

1. Uma carga pontual de 1 e está situada no centro de um cubo cuja


aresta mede 2 A0 (1 A 0 = 10 −10 m ) . e é carga de um electrão.
Exercícios a) Qual é o fluxo do campo eléctrico através de uma face do cubo?
b) Considerando este fluxo como resultante de um campo eléctrico
uniforme em toda a face, calcule o valor desse campo;
c) Diga qual é a razão entre este campo e o campo real, devido à
carga, no centro das faces.
2. Numa esfera de raio R, a densidade volúmica da carga é dada pela
Q
expressão ρ (r ) = r , sendo r a distância do ponto genérico ao
π R4
centro da esfera.
a) Verifique que a carga total na esfera é Q;
b) Determine o campo eléctrico dentro e fora da esfera;
c) Determine o potencial dentro e fora da esfera quando o zero do
potencial é considerado no infinito e a função potencial é contínua em
r = R.
3. Estando a carga Q colocada no ponto r =0, qual é a distribuição da
carga ρ (r ) entre a e b para que o campo eléctrico seja constante
nessa coroa esférica?

4. O campo eléctrico numa vasta região da atmosfera terrestre é vertical


e dirigido para baixo, sendo que o seu valor 60 N C a 300m de
altitude e 100 N C a 200m. Determine a carga total num cubo de
100m de lado localizado entre 200m e 300m de altitude. Despreze a
curvatura da Terra.
Chave de Soluções
1.a) Por simetria, o fluxo através de uma face do cubo é 1 do fluxo através da
6
superfície total do cubo, sendo este igual a e ε 0 .

b) < E > .(2 × 10 −10 ) =


2 e
6ε 0
r e r
E R = nˆ , E R ≡ campo real
c) (
4 π ε 0 10 −10 )
2

nˆ = versor da normal `a face considerad a


2. a) A carga numa coroa esférica entre r+dr é dq = ρ .4 π r 2 .dr
R
Q = ∫ ρ .4 π r 2 dr .
0

r Q
E = Rˆ r>R
4π ε 0r 2
b)
Qr2
= Rˆ r<R
4π ε 0 R 4
Q
φ= r>R
4π ε 0 r
c) r r
r Q Q r3
= φ ( R ) − ∫ E . dr = − r<R
R
3π ε 0 R 12 π ε 0 R 4
r
Q 1
E (r ) = + ∫ ρ (r ).4 π r
2
dr
4π ε 0 r 2 4π ε 0 r 2 a
3. r
Q 1
r 2 E (r ) = + ∫ ρ (r ).4 π r
2
dr
4π ε 0 4π ε 0 a

Derivando em ordem a r ambos os membros da equação anterior e


dE 2ε 0 E
fazendo = 0, obtém-se ρ (r ) =
dr r
10
4. Q = × 10 −5 C

Ensino à Distância 97

Lição nº5
2.5. Electrostática e condições de Fronteira

Introdução
Nesta lição, você vai tratar de problemas de Electrostática. Vai poder ver que o
conhecimento do potencial como função das coordenadas do espaço, permite-nos
determinar facilmente o campo eléctrico E. Vai estudar alguns teoremas e
condições fronteira que determinam a solução correcta entre várias soluções
possíveis uma delas que corresponde a condições dadas e impostas pela situação
física particular.
Para completar o estudo desta lição você necessitará de cerca de três
Horas.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Enunciar e demonstrar os teoremas de unicidade e linearidade das


soluções das equação de Laplace;
 Responder a questões ligadas à electrostática, atendendo às condições
Objectivos de fronteira.

2.5.1. Electrostática e condições de fronteira


Existem dois tipos de problemas:
1. conhecendo o potencial da região fronteiriça e pretendendo calcular o
potencial em qualquer ponto no interior da região (R). A este problema
matemático chama-se Dirichlet.
2. conhecendo a derivada do potencial na região fronteiriça na direcção da
normal e pretendendo calcular o potencial em qualquer ponto no interior da
região (R). Neste caso, o problema matemático denomina-se Neumam.

2.5.2.Teoremas fundamentais sobre as soluções das equações de Laplace


 Teorema de linearidade das soluções de Laplace:
Se u1 , u 2 ,..., u n são soluções da equação de Laplace e c1 , c 2 ,..., c n , certas
constantes arbitrárias, a sua combinação linear u = c1u1 + c 2 u 2 + ... + c n u n
será também a solução da equação de Laplace.
Demonstração:
se u = c1u1 + c 2 u 2 + ... + c n u n é solução da equação de Laplace, então:

∇ 2 (c1u1 + c 2u 2 + ... + c n u n ) = 0 ⇒ ∆ (c1u1 ) + ∆ (c 2u 2 ) + .. + ∆ (c n u n ) = 0 ⇒ c1∆ u1 + c 2 ∆ u 2 + ... + c n ∆ u n = 0


⇒ c1 ∆ u1 = 0 ∧ c 2 ∆u 2 = 0 ∧ .... ∧ c n ∆u n = 0 ⇒ ∆ u = 0 c.q.d.

 Teorema de unicidade das soluções da equação de Laplace: “a função


potencial numa região R(sem cargas) que satisfaz dadas condições de
fronteira é única”, isto é,
Se u1 e u 2 são soluções da equação de Laplace e satisfazem a mesma condição
de Dirichlet, então u1 = u 2 .

E se satisfazem a mesma condição de Neuman, então diferem entre si por mais


uma constante, ou seja, u1 − u 2 = const ⇒ u1 = u 2 + const
Demonstração:
Seja s1 e s 2 superfícies que conformam a fronteira da região R. Neste caso,
satisfazer a condição de Dirichlet, significa:
() ()
u1 r = u 2 r ⇐ ∀r ∈ s1 ...ou...r ∈ s 2
E satisfazer a condição de Neuman
∂u1 (r ) ∂u 2 (r )
significa: = ⇐ ∀r ∈ s1 ou r ∈ s 2
∂n ∂n
() () ()
Designemos por φ r = u1 r − u 2 r ⇐ ∀r . Isto significa que:

φ (r ) = 0 ⇐ ∀r ∈ s1 ∨ r ∈ s 2 para Dirichlet

∇φ (r ) = 0 ⇐ ∀r ∈ s1 ∨ r ∈ s 2 para Neuman
Em ambos os casos:

∫∫φ (r )∇φ (r ).d s = 0,


s
mas segundo o teorema de Gauss,

∫∫φ (r )∇φ (r ).d s = ∫∫∫ ∇ • (φ (r )∇φ (r ))dV = 0 mas ∇.( f F ) =


s V
f (∇ • F ) + F ∇f

∫∫ φ (r )∇φ (r ).d s = ∫∫∫ ∇ • (φ (r )∇φ (r ))dV = ∫∫∫[φ∇∇φ + ∇φ∇φ ]dV = ∫∫∫[φ∇ φ + (∇φ ) ]dV = 0
2 2

s V V

∫∫∫ (∇φ (r )) dV = 0 ⇒ ∇φ (r ) = 0 , como


2
Assim, pela linearidade,
V

φ (r ) = u1 (r ) − u 2 (r ) = const c.q.d.
Ensino à Distância 99

2.5.3. Resolução da equação de Laplace e Poisson atendendo às


condições de fronteira
 Se houver na superfície uma distribuição de cargas, o problema
ρ
resume-se à condição de Poisson: ∆u = −4πρ = −
ε0
 havendo distribuição de cargas, temos a condição de Laplace:
∆u = 0

2.5.4. Operador de Laplace em diferentes sistemas de coordenada:

1. Cartesianas:
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
∆u = + +
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
2. Esféricas:

1 ∂  2 ∂u  1 ∂  ∂u  1 ∂ 2u
∆u =  r  +  senθ  +
r 2 ∂r  ∂r  r 2 senθ ∂θ  ∂θ  r 2 sen 2θ ∂ϕ 2
3.Cilindricas:

1 ∂  ∂u  1 ∂ 2 u ∂ 2 u
∆u = r  + +
r ∂r  ∂r  r 2 ∂ϕ 2 ∂z 2
N.B. Para problemas unidimensionais e se houver na superfície uma distribuição
de cargas, o problema resume-se à condição de Poisson:

∂ 2u ρ (x )
Em coordenadas cartesianos : ∆u = =− e a solução será linear,
∂x 2
ε0
u ( x ) = Ax + B + u 0

1 ∂  2 ∂u  ρ (r )
Em coordenadas esféricas: ∆u = r =− e a solução será,
r ∂r  ∂r 
2
ε0
A
u (x ) = + B + u 0 (r )
r
1 ∂  ∂u 
Em coordenadas Cilíndricas: ∆u = r  e a
r ∂r  ∂r 
solução será, u (x ) = A ln r + B + u 0 (r )
Observe alguns exemplos:
1º) Solução em regiões sem carga: Equação de
Laplace
Exemplo1: consideremos um condensador das
placas paralelas
Fig: 2.14
Logo de início, verificamos que para achar o campo eléctrico ou o
potencial no espaço compreendido entre as placas, isto é, para
determinar ψ ( x ) , será necessário ter conhecimento dos potenciais nas
superfícies; neste caso, os planos x=0 e x=d, que encerram este espaço.
Note-se que parte desta superfície, a parte que une os dois planos, está no
infinito.
O potencial ψ ( x ) não varia na direcção do Y nem de Z e assim
d 2ψ ( x )
podemos escrever: =0
dx 2

A primeira integração da equação anterior dá = c1 , e a outra
dx
integração a seguir dá ψ ( x ) = c1 x + c2 .
As condições fronteiras são ψ (0) = 0 e ψ (d ) = V ; portanto,

0 = c1 .0 + c 2 ⇒ c 2 = 0
V
V = c1 .d + c 2 ⇒ c1 =
d
E, finalmente, obtemos a solução:
V
ψ (x ) = x
d
r
O campo eléctrico E ( x ) determina-se efectuando sobre ψ ( x ) a
dψ (x )
operação grad (que neste caso é simplesmente − ) vindo, pois:
dx
r V
E (x ) = − xˆ .
d
Exemplo 2: Consideremos um condensador Cilíndrico.
A fim de
determinar o
potencial no
espaço entre
os dois
condutores
será útil
começar com
a equação de
Laplace em
coordenadas cilíndricas,
Fig: 2.15
Ensino à Distância 101

Note-se que ψ não depende de Z nem do ângulo φ e, por conseguinte, o


segundo e o terceiro termo da equação
1 ∂  ∂ψ  1 ∂ 2ψ ∂ 2ψ
∆ψ = ρ  + 2 + 2 é zero, e a equação reduz-se
ρ ∂ρ  ∂ρ  ρ ∂φ
2
∂z
1 ∂  ∂ψ 
apenas à variável ρ : ρ =0
ρ ∂ρ  ∂ρ 
Efectivamente, a integração duma maneira análoga à da sessão anterior
vem:
As condições fronteiras resultam nas equações para c1 e c 2 :

V1 = c1 ln r1 + c 2
V2 = c1 ln r2 + c 2
Substituindo os valores c1 e c 2 deduzidos das equações anteriores
obtemos:
V1 − V2 V ln r1 − V1 ln r2
ψ (ρ ) = ln ρ + 2 , ( r1 ≤ ρ ≤ r2 )
ln r1 − ln r2 ln r1 − ln r2

Verifica-se, facilmente, por exemplo, que para ρ = r2

1
ψ (ρ = r2 ) = [(V1 − V2 ) ln r2 + V2 ln r1 − V1 ln r2 ]
ln r1 − ln r2
1
= [V2 (ln r1 − ln r2 )]
ln r1 − ln r2
= V2
Quanto à região de interesse R entre os dois cilindros, ela é englobada
por S. Esta consiste em superfícies cilíndricas de raio r1 e r2 e uma
outra parte que liga estas no infinito.
r r
O campo eléctrico é calculado utilizando a expressão ∇ ψ = − E ; mas
agora em coordenadas cilíndricas. A única componente não nula do
campo eléctrico é E ρ .

V1 − V2 1
Eρ = .
(ln r1 − ln r2 ) ρ
Exemplo 3: Vejamos um outro exemplo em que é útil utilizar as
coordenadas cilíndricas. Considere-se a situação esquematizada na figura
seguinte.
Fig: 2.16. Dois planos carregados fazendo um ângulo α entre si

Dois planos fazem um ângulo de α entre si e estão aos potenciais


V1 e V2 , respectivamente. Os planos são infinitos e não tocam um no
outro. Mais uma vez, o potencial na zona entre eles satisfaz a equação de
Laplace. Utilizando coordenadas cilíndricas, temos:

1 ∂ 2ψ
= 0,
ρ 2 ∂φ 2
Efectuando integrações obtém-se a solução
ψ = c1φ + c2
Para facilitar as contas podemos tomar φ1 = 0 e obtém-se a seguinte
expressão para o potencial:
V2 − V1
ψ1 = φ + V1
α
2º Campos em Regiões com Carga: Equação de Poisson
Exemplo 4: consideramos nesta sessão dois exemplos que ilustram o
modo de proceder para obter a solução quando numa sub-região existe
uma densidade de carga. O símbolo ρ indica a densidade volúmica de
carga.
Ensino à Distância 103

Cargas num Espaço Infinito

Fig: 2.17

As equações para as três regiões I, II e III do espaço são:

d 2ψ a
Região I: =0 x<− ,
dx 2 2
d 2ψ ρ a a
Região II: =− − <x < ,
dx 2
ε0 2 2

d 2ψ a
Região III: : =0 x>
dx 2 2
As soluções nas respectivas regiões são:
Região I: ψ = A1 x + B1 ,

1 ρ 2
Região: ψ = − x + A2 x + B 2
2 ε0
Região III: ψ = A3 x + B 3 .
As seis constantes podem ser determinadas utilizando as condições de
fronteira. Podemos começar escolhendo a referência do potencial no
ponto x = 0, isto é, ψ (0) = 0 e assim B2=0 . as condições
dψ a a
ψ e sua derivada nos pontos da fronteira x = − e + são:
dx 2 2
 a 1 ρ  a 2  a
ψ : A1  −  + B1 = −  −  + A2  − 
 2 2 ε0  2   2
dψ 1 ρ  a
: A1 = − . 2.  −  + A2
dx 2 ε0  2 
2
 a 1 ρ  a  a
ψ : A3  +  + B3 = −  +  + A2  + 
 2 2 ε0  2   2
dψ 1 ρ  a
: A3 = − .2  +  + A2
dx 2 ε0  2 
A solução final do problema é a seguinte:
ρ a a a
ψ = x+  x<− ,
ε0 2  4 2
1 ρ 2 a a
ψ =− x − <x<
2 ε0 2 2
ρ a a a
ψ = − x +  x>
ε0 2  4 2
Exemplo 5: um cilindro infinito carregado uniformemente

Equações para as duas regiões:

1 d  ∂ψ  ρ
Região I: ρ  = − 0<ρ <a
ρ dρ  ∂ρ  ε0
1 d  dψ 
Região II: ρ  = 0
ρ dρ  dρ 
Soluções:

1 ρq 2
Região I: ψ = − ρ + A1 ln ρ + B1 ;
4 ε0
Região II: ψ = A2 ln ρ + B 2 ,

Escolhendo o ponto de referência ρ =0, ψ (0) = 0, B1 = 0 e também A1 = 0 .


As duas condições (a continuidade de ψ e da sua derivada) dão duas equações
para duas incógnitas A2 e B2 . O resultado final é:
Ensino à Distância 105

1 ρq 2
ψ (ρ ) = ρ , 0<ρ <a
4 ε0
1 ρq 2 a 1 ρq 2
ψ (ρ ) = a ln − a , ρ >a
2 ε0 ρ 4 ε0
Neste exemplo, podíamos ter utilizado a lei de Gauss para determinar o campo E.
Todavia, se a região I de carga fosse englobada por uma superfície condutora,
não poderíamos fazê-lo para a região II, porque a densidade de carga na
superfície condutora é desconhecida, sendo apenas conhecido o seu potencial.

Sumário
Existem dois tipos de problemas de Electrostática:
1. Conhecendo o potencial da região fronteiriça e pretendendo calcular o
potencial em qualquer ponto no interior da região (R), a este problema
matemático chama-se Dirichlet
2. Conhecendo a derivada do potencial na região fronteiriça na direcção da
normal e pretendendo calcular o potencial em qualquer ponto no interior da
região (R), a este problema matemático denominam-se Neuman
Teoremas fundamentais sobre as soluções das equações de Laplace:
 Teorema de linearidade das soluções de Laplace:
Se u1 , u 2 ,..., u n são soluções da equação de Laplace e c1 , c 2 ,..., c n , certas
constantes arbitrárias, a sua combinação linear u = c1u1 + c 2 u 2 + ... + c n u n será
também solução da equação de Laplace.
 Teorema de unicidade das soluções da equação de Laplace:
“a função potencial numa região R (sem cargas) que satisfaz condições dadas de
fronteira é única, isto é :
Se u1 e u 2 são soluções da equação de Laplace e satisfazem a mesma condição
de Dirichlet, então u1 = u 2 .

E se satisfazem a mesma condição de Neuman, então diferem entre si por mais


uma constante, ou seja, u1 − u 2 = const ⇒ u1 = u 2 + const
Resolução da equação de Laplace e Poisson atendendo às condições de
fronteira
 Se houver na superfície uma distribuição de cargas, o problema
ρ
resume-se à condição de Poisson: ∆u = −4πρ = −
ε0
 Havendo distribuição de cargas, temos a condição de Laplace:
∆u = 0
Exercícios
1. Uma distribuição esférica de carga eléctrica é dada pela
expressão:
  r 
 ρ 0 1 − 
ρ (r ) =   a  ; r < a
Exercícios e; r > a

a) Calcule a carga total;


b) Calcule a intensidade do campo na região r<a;
c) Para que valores de r o campo eléctrico é máximo?

2. Duas placas
condutoras infinitas
estão separadas por
uma distância d. O
potencial
electrostático numa
delas é ϕ 0 e noutra
ϕ 0 + ∆ϕ .
Calcule o potencial
e o campo eléctrico
entre estas placas.

3. Entre duas placas condutoras paralelas separadas por uma


distância d e mantidas a um potencial ∆ϕ , há uma distribuição
de cargas ρ 0 uniforme. Determine o potencial eléctrico entre as
placas e o campo eléctrico.

4. Tendo duas superfícies esféricas condutoras e concêntricas de


raios a e b com os potenciais ϕ a e ϕ b respectivamente. Na região
a < r < b há uma distribuição volumétrica de cargas sendo
c
ρ (r ) = . Calcule ϕ (r ) entre as duas superfícies.
r
Ensino à Distância 107

Chave de Soluções
 r3 r 4 
1. a) Q = 4πρ0  −  ;
 3 4a 
b) Intensidade do campo eléctrico:

ρ0  r r 2 
E (r ) =  −  note que ∇ u = − E
ε 0  3 4a 
c) Para que o campo seja máximo é condição necessária e suficiente que
∂E (r )
=0
∂r
dE ρ 0  1 r  2a
=  − =0⇒r =
dr ε 0  3 2 a  3
2. Trata-se de um problema de fronteira de Diriclet. E como não há distribuição
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
de cargas, escrevemos a equação de Laplace : = 0 , = 0 e = 0,
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
e desta feita só nos restam as condições de fronteira.
A solução para a equação Laplace em coordenadas cartesianas é :
∆ϕ ∆ϕ
u(x ) = x + ϕ0 ; E (x ) = i
d d
 ∆ϕ ρ 0 d  ρ x2
3. ϕ ( x ) =  +  x − 0 ;
 d 2ε 0  2ε 0
 ∆ϕ ρ 0 d  ρ 0 x 
E ( x ) = −∇ϕ ⇒ E ( x ) =  +  − .i
  d 2ε 0  ε 0 
cr
4. ϕ (r ) = −
2ε 0
Lição nº 6
Revisão da Unidade
Introdução
Chegamos ao fim da Unidade 2. Agora você vai fazer a revisão de toda a matéria
sobre a Electrostática.

Tempo de estudo da
lição: 04:00 Horas

O tempo de revisão sugerido de 4 horas é considerado suficiente. Para o efeito,


pode ser que você leve menos tempo.
Na unidade que acabou de estudar, você estendeu o seu conhecimento sobre a
electrostática. Vamos destacar aqui algumas definições e teoremas importantes
que você deve reter:
A medida quantitativa das interacções eléctricas, é a carga eléctrica.
As observações experimentais permitem classificar as interacções eléctricas
subdividindo-as em dois grupos: Interacção atractiva e interacção repulsiva.
Segundo Bejamin Francklin, existem dois tipos de carga eléctrica,
nomeadamente as cargas positivas e as cargas negativas.
Dois objectos electrizados com cargas eléctricas do mesmo sinal repelem-se,
enquanto que dois objectos electrizados com cargas eléctricas de sinais
contrários atraem-se. Foi o físico francês Charles Coulomb (1736-1786) que
conseguiu estabelecer, em 1785, as leis qualitativas das acções eléctricas, a partir
da experiência com a balança de torção.
Segundo experiências de Robert Millikan foi estabelecido o facto de que a carga
eléctrica não se apresenta em qualquer quantidade, mas apenas como múltiplos
inteiros de uma quantidade mínima. A esta quantidade mais pequena possível
chama-se carga elementar indivisível e representa-se por e,
( −19
)
e = 1.602 .10 C e qualquer carga eléctrica q observada pode-se exprimir por
q=n.e, sendo n um número inteiro, positivo ou negativo. Diz-se, por isso, que a
carga eléctrica está quantizada.
A carga tem três propriedades importantes diferentes das da massa:
1) a carga é quantificada. Isto significa que na Natureza existe uma carga
mínima não decomponível e que todas as outras cargas são múltiplas inteiras
desta.
2) a carga conserva-se. O que quer dizer que num sistema isolado, a
soma algébrica das cargas positivas e negativas permanece constante.
3) A carga distingue-se da massa devido à sua invariância.
Agora, generalizando, a força coulombiana para n+1 cargas no vácuo, a força
numa carga i-ésima devido à presença das demais será:
Ensino à Distância 109

n
1 q 0 .q
Fi = .∑ .r . ii (1)
4πε 0 i =1 rii
2

A expressão (1) é conhecida como lei de Coulomb para o conjunto discreto de


cargas no vácuo.
Suponhamos que ao invés de duas cargas puntiformes, tenhamos uma
distribuição contínua de cargas, a força numa carga q devido a essa distribuição
será:

1 q 0 .dQ .
dF = . .r (2)
4πε 0 r2
q0 .dQ .
F =
4πε 0 ∫ r2
.r (3)

q0 ρ .dV
F =
4πε 0 ∫ r 2
.r . (4)

( )
O vector E r , t possui as seguintes características:
1. mesma direcção que a força eléctrica;
2. o mesmo sentido da força eléctrica, se q 0 > 0 ; o sentido contrário da
força eléctrica se q 0 < 0 ;
F el
3. intensidade, E = , isto é, a intensidade de E é numericamente
q0
igual à intensidade da força eléctrica por unidade de carga colocada na
região.
n
1 qi
E=
4πε 0
∑ri =1
2
.e . 0 i (5)
0i

Este é o campo eléctrico num ponto devido a uma distribuição discreta de n


cargas.
Para o caso em que temos um número de cargas elevado e considerando que este
está espalhado numa região de modo contínuo a determinação do campo faz-se
de modo seguinte:

1 dq
dE = . .e (6)
4πε 0 r2
1 dq
E =
4πε 0 ∫r 2
.e . (7)

As principais equações da electrostática segundo Maxwell :


rotE = 0 (I)
divD = ρ (II)

D = εE (III)
Escrevendo na forma integral temos:

∫ Edl = 0
L
(IV)

∫ Dds = q
s
(V)

Como F=Eq, ∫ F dl = e∫ Eds = 0 ⇔ ∫ Edl = ∫∫ rot Eds = 0 ⇒ rot E = 0


L L s
e da

análise vectorial , rotgradϕ = 0 se ϕ for constante. Assim,

rot E = − rotgrad ϕ ⇒ E = − grad ϕ . ,ou seja,


 ∂ϕ. ∂ϕ ∂ϕ 
E = −∇ϕ = − ex + ey + e z  (8)
 ∂x ∂y ∂z 
ϕ denomina-se potencial electrostático. Habitualmente, em electrostática,
considera-se que o potencial de um ponto no infinito é nulo.
Devido ao potencial do campo electrostático para calcular a intensidade E, é
suficiente conhecer a função escalar ϕ ;
Para meios homogéneos:
ρ ρ
divgradϕ = ∇ 2ϕ = − ou seja ∆ϕ = − = −4πρ (8) Equação de
ε ε
Poisson.
O aspecto geral desta equação de Poisson para uma região não limitada pode ser
escrita segundo a lei de Coulomb:
1 ρ (r ')
ϕ (r ) =
4πε ∫ r − r '
dv ' (9)
V

Para aquela região em que não haja carga (ρ = 0 ) , a (8) converte-se na equação
de Laplace: ∇ 2ϕ = 0 (10)
A lei de gauss diz que: o fluxo eléctrico através duma superfície S fechada é
Q
proporcional à carga nela inserida sobre ε 0 , isto é: ∫∫ Ed s = ε
s 0

Q
 ,..se..q ∈ s ⇒ r < R
Generalizando: ∫∫ Ed s =  ε 0
s 0,...se..q ∉ s ⇒ r > R

Na electrostática existem dois tipos de problemas: o problema de Dirichlet e o
problema de Neumann.
O primeiro, consiste em determinar o potencial eléctrico em qualquer ponto do
interior da região R conhecendo o potencial na superfície desta região (Dirichlet)
e o segundo, consiste em determinar o potencial eléctrico em qualquer ponto do
Ensino à Distância 111

interior da região R conhecendo a derivada do potencial na superfície S da


região R na direcção da normal a esta superfície (Neumann).
Teoremas fundamentais sobre as soluções das equações de Laplace
 Teorema de linearidade das soluções de Laplace:
Se u1 , u 2 ,..., u n são soluções da equação de Laplace e c1 , c 2 ,..., c n , certas
constantes arbitrárias, então a sua combinação linear
u = c1u1 + c 2 u 2 + ... + c n u n será também solução da equação de Laplace.
 Teorema de unicidade das soluções da equação de Laplace:
“a função potencial numa região R (sem cargas) que satisfaz dadas condições de
fronteira é única”, isto é,
Se u1 e u 2 são soluções da equação de Laplace e satisfazem a mesma condição
de Dirichlet, então u1 = u 2 .

E se satisfazem a mesma condição de Neuman, então diferem entre si por mais


uma constante, ou seja, u1 − u 2 = const ⇒ u1 = u 2 + const
Resolução da equação de Laplace e Poisson atendendo às condições de
fronteira
 Se houver na superfície uma distribuição de cargas, o problema
ρ
resume-se à condição de Poisson: ∆u = −4πρ = −
ε0
 Havendo distribuição de cargas, temos a condição de Laplace:
∆u = 0
Exercícios de Revisão da Unidade 2
1. Duas cargas de Q Coulomb cada estão colocadas em dois vértices
opostos de um quadrado. Qual deve ser o valor das cargas q
colocadas nos outros vértices para que a força total sobre cada uma
Auto-avaliação das cargas Q seja nula? Será possível escolher os valores das cargas
de modo que a força sobre todas elas seja nula?
→ → →
2. Sabendo que D = ε 0 E , deternime a relação entre ρ e E e entre

ρ e D.

3. Segundo a lei de Biot Savart-Laplace e visto o principio de


sobreposição, resulta a integral de Poisson para o potencial vector, a
1 jdV
C V∫ r − r '
saber: A= . Demonstre que o potencial vector

determinado por essa equação é a solução da equação de Poisson.

4. O campo eléctrico numa vasta região da atmosfera terrestre é vertical


e dirigido para baixo, sendo que o seu valor 60 N C a 300m de
altitude e 100 N C a 200m. Determine a carga total num cubo de
100m de lado localizado entre 200m e 300m de altitude. Despreze a
curvatura da Terra.

5. Dada a seguinte distribuição volumétrica de carga, determine o


campo eléctrico do potencial electrostático:

 −
x
 ρ .e a , x>0
ρ (x ) =  0
0; x<0
Ensino à Distância 113

Chave de Correcções
Q
1. q=−
2 2

1 ρ .r 1
2. E = e D= ρ .r
3 ε0 3
3. (Falta solução)
10
4. Q = × 10 −5 C

5. (Falta solução)
Unidade 3
Movimento de cargas num campo
eléctrico. Correntes estacionárias
e Magnetostática
Introdução
Na unidade anterior estudou os campos criados por uma distribuição de cargas
em repouso. Agora vai estudar o comportamento das cargas em movimento
dentro do campo eléctrico e o campo criado por cargas em movimento. É nesta
unidade onde você vai poder perceber e explicar que novos fenómenos físicos
surgirão no caso de ‘permitirmos’ que as cargas se desloquem livremente e
como descrevê-los quantitativamente, por exemplo, o princípio de conservação
de carga.

Tempo de estudo da
Unidade:06:00 Horas
Esta Unidade tem 3 lições, estando previsto para cada uma delas um tempo de
estudo de 2 horas. Este número de horas é considerado suficiente para você
conseguir atingir os objectivos definidos no início de cada lição.
Ensino à Distância 115

Lição nº1
3.1. Movimento de cargas num campo eléctrico.
Correntes estacionárias

Introdução
Esta é a primeira lição deste capítulo e você vai estudar o movimento das cargas
num campo eléctrico. Aqui vai deduzir o princípio de conservação de carga
eléctrica e a famosa equação de continuidade.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar os conceitos de corrente e densidade de corrente e a sua


relação;
 Deduzir o princípio de conservação de carga e a equação de
Objectivos continuidade.

- Densidade de corrente eléctrica,


- Densidade linear, densidade superficial e densidade volumétrica

Terminologia

3.1.1. Corrente Eléctrica e Densidade de Corrente.

Sempre que as cargas eléctricas realizam um movimento ordenado diz-se que flui
uma corrente eléctrica. Este fenómeno é descrito quantitativamente através das
grandezas físicas designadas intensidade da corrente I e densidade da corrente
eléctrica j .

Comecemos por definir o vector densidade da corrente eléctrica j discutindo o


seu sentido e módulo
Fig: 3.1

No volume dV = ds ⊥ .dl na região do vector r e instante t encontra-se a carga

( )
dQ = ρ µ , t .dV = ρ .ds ⊥ dl . Esta é positiva e move-se com a velocidade v . O
sentido de j é:

dQ
j =
ds ⊥ . dt
dQ = ρ .dV = ρ .ds ⊥ dl
dl
Mas =v
dt
ρ . ds . dl
j = ⊥
= ρ .v
ds ⊥ . dt

⇒ j = ρ .v
dI := j . ds
dQ
dI = j . ds . cos α = jds ⊥ =
dt
Para α = π ⇒ I = 0;
2
π
para 0<α < ⇒ I é positivo
2
π
e para <α ≤π ⇒ I é negativo
2

I = ∫ j . ds
Se recorrermos ao teorema de Gauss que permite transformar a integral de
superfície de um campo vectorial numa integral de volume, podemos escrever:
r r r r
∫ J .ds = ∫ ∇.J dV
r r ∂ρ
E, finalmente, ∇.J = −
∂t
Ensino à Distância 117

De maneira se pode dizer matematicamente que a carga se conserva?


3.1.2. Conservação da Carga Eléctrica
Generalizando os dados experimentais, chegamos à lei de conservação de carga
segundo a qual a carga eléctrica num sistema isolado não é criada nem destruída.
Portanto, nos processos de electrização (magnética, contacto, influência) a carga
eléctrica do sistema de corpos intervenientes é conservada; isto é, permanece
constante e não depende de tempo (princípio de conservação da carga eléctrica);
Escrevemos a lei de conservação de carga na sua forma integral:
dQ
Q=const. (1) =0 (2)
dt
Dado que as partículas são portadoras de carga, concluímos que a lei de
conservação de carga vem sendo associada à lei de conservação de substância.
Este é o significado microscópico nas leis (1) e (2).

Entretanto, por razões práticas de Electrodinâmica é preciso transformar a forma


integral da lei de conservação de carga (fórmula (1)) para a sua forma diferencial.

Para tal, consideremos um sistema isolado de que destacamos um domínio


arbitrário de volume V limitado pela superfície S.

Designaremos por ρ a densidade volumétrica de carga eléctrica, por σ a


densidade superficial ou areolar de carga e por λ a densidade linear de carga.

∆Q ∆Q ∆Q
ρ= , σ= e λ=
∆V ∆S ∆L

Em geral, a densidade de carga ρ pode depender das coordenadas bem como do


tempo. É por isso que escrevemos: ρ = ρ (t ) , pois essa dependência de tempo é
importante. Segundo o significado físico de densidade de carga para essa
dependência tem lugar a expressão:
dQ
ρ (t ) = (3)
dV
Assim, no instante t: dQ = ρ (t ).dV ⇒ Q(t ) = ∫ ρ (t ).dV (4)
V

e ao instante t+dt segundo a relação (4) obtém-se:

Q (t + dt ) = ∫ ρ (t + dt ).dV (5)
V

Subtraindo termo a termo as relações (4) e (5), resulta o acréscimo de quantidade


de carga relativa ao intervalo de tempo dt.:
dQ t = Q(t + dt ) − Q(t ) = ∫ [ρ (t + dt ) − ρ (t )].dV (6)
V

Transformamos a função integrante escrevendo:


ρ (t + dt ) − ρ (t )
ρ (t + dt ) − ρ (t ) = • dt (7)
t + dt − t
Entretanto, o factor destacado na fórmula (7), não é mais que uma derivada em
relação ao tempo, dado que a densidade não depende só do tempo mas também
∂ρ
das coordenadas, o que dará origem a: ρ (t + dt ) − ρ (t ) = • dt (8)
∂t
Conjugando (6) com (8) ficaremos com o acréscimo de carga, resultará:

 ∂ρ 
dQ t =  ∫ .dV .dt (9)
V ∂t 
Em relação ao sistema isolado, é válida a lei de conservação de carga. Neste
contexto, caso apareça uma carga positiva dentro deste domínio, deve surgir a
mesma carga negativa. Consequentemente, o único processo que permite
influenciar sobre a carga total é o fluxo de carga através da superfície S.
No entanto, uma carga em movimento é correspondente à corrente eléctrica, daí
que o acréscimo da relação (9) é relacionado com a corrente eléctrica que
atravessa a superfície S.
Designaremos por dQ f a contribuição do fluxo de carga para carga total.

Seja igual a j, a densidade de corrente eléctrica. Destacamos o elemento


infinitesimal de superfície ds e determinaremos que a carga que atravessa esse
elemento durante o intervalo de tempo dt., segundo a definição, escrevemos a
dI
componente normal do vector densidade de corrente: jn = (10)
ds
A par disto, a intensidade de corrente estabelece-se sob a forma:
dQ
dI = (11)
dt
Ao conjugarmos (10) e (11), obtemos a carga eléctrica que atravessa o elemento
ds durante o intervalo de tempo dt.
dQ = jn.ds.dt (12)
Dado que só componentes negativas de densidade de corrente vão contribuir para
o acréscimo de carga, integrando (28) por superfície fechada S, temos:

 
dQ f = − ∫ jn.ds  dt (13)
 s 
A componente normal de densidade de corrente admite ser expressa em termos
de produto escalar dos vectores j e n .
Ensino à Distância 119

j • n = j.n cos( j ∧ n ) (14)


Como se sabe, n=1 enquanto que j cos θ = jn .

Atendendo a essa observação, obtém-se : j.n = j.n (15).


Ao conjugar (13) e (15), ficamos com:

 
dQ f = −  ∫ j.nds  dt (16)
s 
Entretanto, para o sistema isolado mantém-se válida a lei de conservação de
carga. Escrevemos essa lei sob forma: dQ t = dQ f (17) Equação de balanço

Substituindo (9) e (16) na equação de balanço (lei de conservação de carga) e


∂ρ
simplificando o factor dt, teremos: ∫ ∂t dV = − ∫ j.nds
V s
(18)


Segundo Gauss: j.n.ds =
s
∫∫∫ div j.dV
V
, (19)

substituindo (19) em (18) teremos:

 ∂ρ 
∫  ∂t
V
+ div j .dV = 0

(20)

∂ρ
Daqui resulta que: + div j = 0 (21) Equação de continuidade
∂t
Repare que a lei de conservação de carga possui a forma de equação de
continuidade.

Exemplo 1: Expressar a densidade da corrente em termos de densidade de carga


e da sua velocidade.

Dedução - Dado que se observa a corrente eléctrica, ocorre o movimento das


cargas eléctricas. Destacamos no espaço um elemento infinitesimal de área ds.
Designemos por n , o vector norma e por dln , o caminho percorrido pela carga
eléctrica durante o intervalo de tempo dt.
Consideremos ds como base do paralelepípedo de altura dln, isto é, a aresta
deste paralelepípedo. Sendo conhecida a densidade de carga, calculamos a carga
limitada pelo paralelepípedo.
dQ = ρ .dV e dV = dS .dl n ⇒ dQ = ρ .dl n .ds
Atendendo ao significado dln resulta que esta carga vai atravessar a base durante
o intervalo de tempo dt; daí podemos calcular a intensidade de corrente eléctrica.
dq dl dl n
dI = ⇒ dI = ρ .ds. n mas =v n é a componente normal de
dt dt dt
velocidade
Assim, dI = ρ .v n .ds
.
dI
Atendendo à definição de que j.n = então, j.n = ρ .v n ⇒ j. = ρ .v .
ds ,

Exemplo 2: A densidade de carga eléctrica que efectua o movimento de


( )
velocidade vem sendo dada pela fórmula ρ = f r − vt para demonstrar que
essa fórmula fica de acordo com a lei de conservação de carga.
Dedução:
∂ρ
Sabemos que: + div j = 0
∂t
∂ρ ∂f ∂f ∂f
= .(−v x ) + .(− v y ) + .(−v z ) = −v.gradf
∂t ∂x ∂y ∂z

e j = v.ρ = v. f

∂f ∂f ∂f
e mais a, div j = .v x + .v y + v z = vgradf
∂x ∂y ∂z
∂ρ
Assim, + div j = −vgradf + vgradf = 0
∂t
Concluímos que obedece à lei de conservação de carga (equação de
continuidade).

Sumário
Corrente eléctrica e densidade de corrente.
Sempre que as cargas eléctricas realizam um movimento ordenado, diz-se que
flui uma corrente eléctrica. Este fenómeno é descrito quantitativamente através
das grandezas físicas designadas intensidade da corrente I e densidade da
corrente eléctrica j .

I = ∫ j . ds
Se recorrermos ao teorema de Gauss, que permite transformar a integral de
superfície de um campo vectorial numa integral de volume, podemos escrever:
r r r r r r ∂ρ
∫ J .d s = ∫ ∇. J dV e, finalmente, ∇.J = −
∂t
, que é a maneira de dizer
matematicamente que a carga se conserva.
Conservação da Carga Eléctrica
Generalizando os dados experimentais, chegamos à lei de conservação de carga
segundo a qual a carga eléctrica num sistema isolado não é criada nem destruída.
Portanto, nos processos de electrização (magnética, contacto, influência) a carga
Ensino à Distância 121

eléctrica do sistema de corpos intervenientes é conservada; isto é, permanece


constante e não depende de tempo (princípio de conservação da carga eléctrica);
Escrevemos a lei de conservação de carga na sua forma integral:
dQ
Q=const. ; =0
dt
Dado que as partículas são portadoras de carga, concluímos que a lei de
conservação de carga vem sendo associada à lei de conservação de substância.
Em geral, a densidade de carga ρ pode depender das coordenadas bem como do
tempo. É por isso que escrevemos: ρ = ρ (t ) , pois essa dependência de tempo é
importante. Segundo o significado físico de densidade de carga para essa
dependência, ocorre a expressão:
dQ
ρ (t ) = , assim, no instante t: dQ = ρ (t ).dV ⇒
dV
Q(t ) = ∫ ρ (t ).dV
V

E ao instante t+dt, segundo a relação anterior, obtém-se:

Q (t + dt ) = ∫ ρ (t + dt ).dV
V

Entretanto, para o sistema isolado, mantém-se válida a lei de conservação de


carga. Escrevemos essa lei sob forma: dQ t = dQ f Equação de balanço.

Continuando com as deduções, chegamos à Equação de continuidade :


∂ρ
+ div j = 0
∂t
Repare que a lei de conservação de carga possui a forma de equação de Equação
de continuidade.
Exercícios

1. A corrente num condutor como função de tempo é dada pela


relação I (t ) = 4 + 2 .t 2 ; I em A, t em segundos.
a) Que quantidade de carga passa no condutor entre t=5s e t=10s?
Exercícios
b) Determine o valor da corrente (valor constante) que transportaria
a mesma quantidade de carga no dito intervalo?
2. Um movimento de carga constitui sempre uma corrente eléctrica.
Assim:
a) Calcule a corrente originada por um electrão que se move em
torno de um protão. (ex. Átomo de hidrogénio)
b) Determine a corrente total provocada por um disco isolador
animado de movimento de rotação de velocidade angular ω . O
disco tem um raio R e densidade de carga uniforme σ .
3. Um disco de espessura 0,3cm e raio 20cm está carregado
uniformemente com ρ = 10 −6 C .m −3 . O disco roda com uma
frequência angular ω = 45 r. p.m.. Calcule a densidade da
corrente no disco.

Chave de Correcções

10
1.a) Q = I (t ) dt = 603,3C ;
∫ b) i=120,7ª
5

eV σ ω R2
2. a) I = b) I = (entendendo por corrente
2π R 2
total a carga que na unidade de tempo atravessa um raio do disco).

I ρωR 2 ρωR 2
3. Obs. j = mas I = ⇒ j=
s 2 2.s
Ensino à Distância 123

Lição nº2
.2. Magnetostática

Introdução
Estudou na Electrostática as características da força que exerce entre as cargas
cujas posições, são fixas. Viu, então, que a força F que actua sobre uma carga q
no ponto r é qE(r), onde E(r) é o campo eléctrico estático nesse ponto criado por
todas as outras cargas. Coloca-se agora o problema de saber o que acontece às
leis da força e ao conceito do campo, se “deixarmos” as cargas moverem-se.
Tempo de estudo da
lição: 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Descrever as característica do campo eléctrico devido a uma carga


em movimento;
 Estabelecer as expressões do campo na direcção do movimento e
Objectivos numa direcção transversal;
 Explicar as interacções dos campos electromagnéticos com a
matéria;
 Enunciar a lei de Biot-Savart;
 Determinar o campo magnético criado por um elemento de corrente;
 Determinar o campo magnético criado por uma corrente rectilínea e
infinita;
 Determinar o campo magnético duma corrente num anel circular.

- Magnetostática
- Campo Magnético;
- Força de Lorentz;
Terminologia
3.2.1.Campo originado por cargas em movimento. Força de
Lorentz e campo magnético. Lei de Biot-Savart e suas
aplicações
No sistema de referência em relação ao qual a carga está em repouso, o campo
eléctrico originado por ela é, evidentemente,
r q
E= rˆ.
4πε 0 r 2
O campo eléctrico produzido por uma carga em movimento é radial, mas o seu
valor é diferente em diferentes direcções. Imagine a seguinte experiência: uma
carga Q movendo-se com uma velocidade constante v ao longo do eixo dos xx
passa pela origem no instante t=0.
Para determinar o campo eléctrico da carga Q, colocamos várias cargas de prova
em pontos duma superfície esférica de raio r e medimos as forças sobre elas no
instante t=0. Procedendo assim para superfícies de diferentes raios, verifica-se
que o campo tem a forma evidenciada na figura seguinte e é dado pela equação
Q 1− β 2
E′ =
(
4πε 0 r 2 1 − β 2 sen 2θ )
3
2

onde β = v
c , c ré a velocidade de propagação da luz no vácuo, e θ o ângulo
que o raio-vector r faz com a direcção de deslocamento da carga.

Figura: 3.2. Campo eléctrico devido a uma carga em movimento.


Note que o campo é, por um lado, simétrico em relação ao eixo dos xx e,
portanto, tem o mesmo valor na direcção y e na direcção z; por outro lado, é mais
intenso nas direcções perpendiculares ao movimento.
As expressões do campo na direcção do movimento e numa direcção transversal
são:
Ensino à Distância 125

E=
Q
(1 − β )
2
e E⊥ =
Q 1
4πε 0 r 2
4πε 0 r 2
(1 − β )
2

Este não é, contudo, o campo eléctrico criado por uma corrente, que discutiremos
posteriormente.
3.2.2. Força de Lorentz e campo magnético
Uma das primeiras tentativas para a elaboração de uma teoria interpretativa
clássica capaz de explicar as interacções dos campos electromagnéticos com a
matéria, data de 1895. A sua aparição deve-se ao físico Holandês Hendrik
Antoon Lorentz, que combina o electromagnetismo e a Mecânica clássica com
um modelo atomístico da matéria, o chamado modelo de Drude- Lorentz, e
desenvolve inicialmente uma electrodinâmica clássica do tipo Newtoniana.
De acordo com essa teoria, uma partícula de massa m e carga q, movendo-se com
velocidade v numa região na qual o campo electromagnético é caracterizado
r r r
pelos vectores E e B , sofre a acção da chamada força de Lorentz F . ( )
r r r r r r r
( )
F = q E + q v × B = q E + v × B . Tal equação da partícula é dada por
r
r r r
dP d r
= (mv ) = q E + v × B
dt dt
( )
É importante enfatizar que ao escrever esta equação, Lorentz admitiu a validade
da equação dinâmica de Newton e das transformações de Galileu entre
referenciais inerciais. Só que para estes resultados a sua explicação encontra
dificuldades no Século XX devido ao fenómeno fotoeléctrico que consiste na
emissão de electrões por um metal no qual incide radiação electromagnética e
outros fenómenos envolvendo os processos de emissão e absorção da luz que não
admite uma explicação ondulatória.
Resumindo, cargas estacionárias originam apenas um campo, o campo eléctrico,
enquanto que cargas em movimento originam um campo eléctrico e um campo
magnético. Uma vez que cargas em movimento uniforme constituem uma
corrente, comecemos por estudar o campo magnético criado por correntes.
3.2.3. Lei de Biot-Savart e suas aplicações
O campo magnético produzido por uma corrente estacionária I, é dado pela lei de
Biot-Savart (figura a baixo):
r µ I dl × rˆ 1 I dl × rˆ
dB = 0 =
4π r 2
4πε 0 c 2
r2
Figura: 3.3 Campo magnético criado por um elemento de corrente
Com ajuda da equação anterior, determinamos o campo B nalguns casos simples
e de interesse prático. Vamos usar um processo semelhante ao que nos permitiu
calcular o campo eléctrico de distribuições contínuas de carga. Aí somamos as
contribuições de cargas elementares, enquanto que aqui somamos as
contribuições dos elementos de corrente (elementos de linha percorridos por uma
determinada corrente, I).
3.2.4. Campo magnético produzido por uma corrente num condutor
rectilíneo infinito

Figura: 3.4
campo
magnético
criado por uma corrente rectilínea e infinita.
O campo magnético produzido por um elemento de corrente I dz no ponto. P é :
r
dB = − xˆ
1 (Idz ) senθ = − xˆ
1
Idz
 sen 2θ 
 2  senθ
4πε 0 c 2  r 
2
4πε 0 c 2  r 
 se(π − θ )
r 1
E uma vez que = tg (π − θ ) = −tgθ ⇒ dz = r cos ec 2θ dθ = r dθ
z sen 2θ ,
obtemos sucessivamente,
r I senθ
dB = − dθ xˆ,
4πε 0 c r 2

r −I  π senθ dθ 
  xˆ ,
4πε 0 c 2  ∫0
B= 
r 
r − 1 2I
B= xˆ.
4πε 0 c 2 r
Ensino à Distância 127

1 µ0
A constante na equação anterior escreve-se também como
4πε 0 c 2

sendo µ 0 a permeabilidade do vazio. O valor dessa constante é exactamente
10 −7 (unidades S.I.). Estando a corrente expressa em Amperes, a unidade do
campo magnético B é Tesla; isto é, uma corrente de um Ampere passando
através de um fio rectilíneo infinito origina um campo magnético de
1 × 10 −7 Tesla à distância de 2 metros.
A partir da equação anterior de B, é lícito fazer as seguintes observações acerca
de B:
1) O campo vectorial B em qualquer ponto P está contido no plano normal à
corrente que passa por P.
2) Em qualquer ponto, o campo B é perpendicular ao raio-vector.
De 1) e 2) conclui-se que as linhas do campo são circulares como se mostra na
figura seguinte.
3) O valor numérico do campo depende da distância r do ponto P à corrente.

Figura: 3.5 Linhas do campo magnético no caso de uma corrente no condutor


rectilíneo infinito.
3.2.5. Campo magnético duma corrente num anel circular
Vamos calcular o campo num ponto genérico do eixo de um anel circular (figura
abaixo). O campo magnético criado por um elemento dl, é em módulo,
r µ I dl
dB = − 0
4 π (R + r 2 )
2

Figura: 3.6. Campo


magnético duma corrente
num anel circular.
A projecção deste campo sobre o eixo dos yy é
r µ 0 I dl µ
(dB) =−
R
4π (R + r ) (R + r ) 2
= − 0 I dl
R
4π (R + r 2 ) 2
y 2 2 1 3
2 2 2

É fácil notar que, somando as contribuições de todos os elementos do anel,


somente as componentes segundo y contribuem.
r µ0 I π R 2
Assim, B = − yˆ .2. ;
4π (R 2 + r 2 )3 2

−3
r µ I A  R2  2
ou ainda, B = − yˆ 0 2 3 1 + 2 
4π r  r 
O produto (corrente)x(área) é chamado momento dipolar magnético do anel de
corrente e é representado por Pm . Para distâncias muito grandes, quando
comparadas com o raio do anel, o campo é dado aproximadamente por
r µ 2P
B = − yˆ 0 3m
4π r
Para a região próxima do anel, devemos usar a expressão exacta. Em particular,
no centro tem-se:
r µ 2π I
B = − yˆ 0
(r =0 ) 4π R

Sumário
No sistema de referência em relação ao qual a carga está em repouso, o campo
r q
eléctrico originado por ela é, evidentemente, E = rˆ.
4πε 0 r 2
O campo eléctrico produzido por uma carga em movimento é radial, mas o seu
valor é diferente em diferentes direcções.
Para determinar o campo eléctrico da carga Q, colocamos várias cargas de prova
em pontos duma superfície esférica de raio r e medimos as forças sobre elas no
Q 1− β 2
instante t=0 e obtemos E ′ =
4πε 0 r 2 (1 − β 2 sen 2θ )3 2

De acordo com essa teoria, uma partícula de massa m e carga q, movendo-se com
velocidade v em uma região na qual o campo electromagnético é caracterizado
r r r
pelos vectores E e B sofre a acção da chamada força de Lorentz F :
r r
( )
r r r r r
( )
F = q E + q v × B = q E + v × B . Tal equação da partícula é dada por
Ensino à Distância 129

r
r r r
dP d r
(
= (mv ) = q E + v × B
dt dt
)
Resumindo, cargas estacionárias originam apenas um campo, o campo eléctrico,
enquanto que cargas em movimento originam um campo eléctrico e um campo
magnético. O campo magnético produzido por uma corrente estacionária I, é
dado pela lei de Biot-Savart.
r µ I dl × rˆ 1 I dl × rˆ
dB = 0 =
4π r 2
4πε 0 c 2
r2
O campo magnético produzido por um elemento de corrente I dz no ponto P é :
r I senθ
dB = − dθ xˆ,
4πε 0 c2
r
r −I  π senθ dθ 
  xˆ ,
4πε 0 c 2  ∫0
B= 
r 
r − 1 2I
B= xˆ.
4πε 0 c 2 r

1 µ0
A constante na equação anterior escreve-se também como
4πε 0 c 2

sendo µ 0 a permeabilidade do vazio. O valor dessa constante é exactamente
10 −7 (unidades S.I.). Estando a corrente expressa em Amperes, a unidade do
campo magnético B é Tesla; isto é, uma corrente de um Ampere passando
através de um fio rectilíneo infinito origina um campo magnético de
1 × 10 −7 Tesla à distância de 2 metros.
A partir da equação anterior de B, é lícito fazer as seguintes observações acerca
de B:
1) O campo vectorial B em qualquer ponto P está contido no plano normal à
corrente que passa por P.
2) Em qualquer ponto, o campo B é perpendicular ao raio-vector.
De 1) e 2) conclui-se que as linhas do campo são circulares.
3) O valor numérico do campo depende da distância r do ponto P à corrente.
O campo magnético duma corrente num anel circular é
r µ I dl
dB = − 0
4 π (R + r 2 )
2

Para distâncias muito grandes, quando comparadas com o raio do anel, o campo
é dado aproximadamente por
r µ 2P
B = − yˆ 0 3m
4π r
Para a região próxima do anel, devemos usar a expressão exacta. Em particular,
no centro tem-se:
r µ 2π I
B = − yˆ 0
(r =0 ) 4π R

Exercícios

Magnetostática
1. Numa certa região do espaço coexistem um campo eléctrico
r
Exercícios
( )
E = xˆ 3 + yˆ 5 − zˆ 2 10 4 Vm −1 e um campo magnético, no plano
YOZ, desconhecido. Uma partícula de carga Q = 10 −10 C sofre,
r
( )
no instante em que possui a velocidade v = xˆ.10 3 m s −1 , uma
r
( )
forca F = xˆ 3 + yˆ 2 10 −6 N .
Determine o vector campo magnético.
2. Um fio comprido, conduzindo uma corrente I=0,1A, é colocado
perpendicularmente ao campo magnético terrestre
( )
B ≈ 5 × 10 −5 T .
Determine os pontos onde o campo total é nulo.
3. a) Um fio infinito tem um troço semicircular de raio R como se
mostra na figura A. Este fio é percorrido por uma corrente I.
Determine o campo magnético no centro da curvatura do troço.
b) Um par de fios infinitos transporta correntes iguais, figura B.
Qual é o campo magnético no centro?

4. Um disco isolador de raio a e uniformemente carregado com uma


densidade superficial σ coul / m 2 , roda em torno do seu eixo
com velocidade angular ω . Determine o campo magnético no
centro.
Ensino à Distância 131

Chave de Correcções
r r r r r
(
1. F = q E + v × B ; ) B = yˆ 20 + zˆ 30
µ0 I
2. B = = 5 × 10 −5 ; r = 0,4mm
2π r
µ0 I µ0 I
3. a) B = b) B =
4R 2R
4. Considere o disco como um conjunto de anéis justapostos: a corrente num anel
r µ 2π I
B = − yˆ 0
de raio r será λ v = (σ r )ω.r . Utilize a equação (r =0 ) 4π R e faça a

r µ
B = 0 σωa
soma dos campos criados por todos os anéis. 2
Lição nº3
3.3. EQUAÇÕES PRINCIPAIS DA
MAGNETOSTÁTICA. POTENCIAL
VECTOR

Introdução
Nesta lição que você vai iniciar, interessa conhecer as equações principais de
Magnetostática e do potencial Magnetostática, na sua forma diferencial e
integral; conhecer as propriedades principais do potencial magnetostático assim
como a equação da intensidade do campo magnético.
Tempo de estudo da
lição: 02:00horas

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Escrever as equações principais da Magnetostática na sua forma


diferencial;
 Escrever as equações principais da Magnetostática na sua forma
Terminologia integral;
 Indicar as principais equações do potencial magnetostático;
 Indicar as principais propriedades do potencial magnetostático;
 Deduzir a equação da Intensidade do campo magnético.

- Potencial-vector;
- Fluxo magnético;
- Intensidade do campo magnético
Terminologia

3.3.1. EQUAÇÕES PRINCIPAIS DA MAGNETOSTÁTICA


Comecemos por escrever o sistema de equações que num espaço
sem correntes, caracterizam um campo magnético invariável com
respeito ao tempo:
rotH = 0; (1)
divB = 0 ; (2)
Ensino à Distância 133

B = µ .H . (3)
Estas equações de magnetostática são análogas às equações de
electrostática (1),(2),(3) a sua substancial diferença consiste em o
segundo membro de (2) ser igual a zero, enquanto que na equação de
electrostática vemos a densidade de carga. Na natureza não há cargas
magnéticas livres.
Representando as equações anteriores na forma integral temos:

∫ Hdl = 0 ;
L
(4)

∫ Bds = 0 ;
s
(5)

Recordar também que as condições limites para os vectores do


campo que formam parte das equações de magnetostática, são
formalmente idênticas às condições limites aplicadas em
electrostática, a primeira das quais é válida quando não há carga
superficial.
O mesmo que em electrostática podemos expressar a intensidade do
campo em forma de gradiente do potencial:
H = − grad ϕ m = −∇ ϕ m (6)

De (2), (3) obteremos com respeito a ϕ m a equação:

div µ .grad ϕ m = 0, (7)


Semelhante a (7) de electrostática que, quando o meio é homogéneo
( µ = const ) , converte-se em equação de Laplace:
∇ 2ϕ m = 0. (8)
Finalmente, de forma semelhante como se viu na electrostática, para
um meio homogéneo, pode-se obter a equação de Laplace:
∇ 2 H = 0 , (9)
De tudo exposto, depreende-se que podem ser comparados objectos
magnetostáticos e electrostáticos quando nestes últimos não há
cargas livres. Assim, não há necessidade de resolver problemas
magnetostáticos se já foi resolvido o correspondente problema de
electrostática. Efectivamente, a causa da correspondência das
equações (1),(2),(3) de magnetostática e electrostática, assim como
as indicadas condições limites, as funções vectoriais H e B devem
obter-se directamente de E e D, substituindo ε por µ .

3.3.2. EQUAÇÕES DO CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO.


POTENCIAL VECTORIAL
3.3.2.1.Equações e Propriedades Principais do Potencial
Magnetostático
Em virtude do anteriormente dito, o campo magnético de corrente
contínua se descreve-se mediante o sistema de equações:

rotH = j , (1)
divB = 0, (2)

B = µH (3)
E as correlações integrais correspondentes:

∫ Hdl = I
L
(4)

∫ Bds = 0
s
(5)

Segundo (1), o campo magnético já não é potencial como em


magnetostática pura, visto que rotH ≠ 0. , examinando só uma
região sem corrente ( j = 0 ) , pode-se, como anteriormente,
introduzir o potencial ϕ m (6).
Suponhamos que em todos os pontos, em que se determina a
intensidade do campo magnético H, não haja corrente e nesse caso
podemos expressar H por grad ϕ m . Então, pode-se realizar os
seguintes cálculos:
M2

ϕ −ϕ
m m

1 2
= ∫ Hdl,
M1
(6)

Examinemos o exemplo desta fórmula, caso mostrado na fig.3.7.a.

.
Aplicando o caminho de integração de AmB, escrevemos:
Ensino à Distância 135

∆ϕ
m

AmB
=
(
∫ Hdl
AmB )
(7)

Agora, tenhamos em conta que segundo(4),

∫ Hdl = I , e ao mesmo tempo


( AmBnA )

∫ Hdl = ( ∫ Hdl
AmBnA )
+ ∫ Hdl = ∫ Hdl − ∫ Hdl
AmB BnA AmB AnB .

Por esta razão, integrando ao longo da trajectória AnB, obtemos:

∆ϕ = ∆ϕ
m m

AnB
=
(
∫ Hdl
)
AnB
AmB
−I (8)

ϕ −ϕ
m m
Este resultado significa que a diferença de potencial é
1 2
avaliada numa magnitude I a circular a corrente uma só vez.

Igualmente, podemo-nos convencer de que, se a circulação da corrente se


∆ϕ = ∆ϕ
m m
verifica k vezes, Fig.3.7.b. − kI , (9)
ApB AmB

Sendo a magnitude k positiva, se a circulação AmBpA está relacionada com o


sentido da corrente de um sistema dextrógiro, e a ser inverso o sentido de
circulação (sistema levógiro), k será negativa.
Assim, no geral, ϕ m é uma função não unívoca. É unívoca e semelhante ao
potencial electrostático só em regiões uniconexas (uniacopladas), sem correntes.
Com o objectivo de converter ϕ m em função unívoca, pode-se impedir a
circulação da corrente para que todos os circuitos de corrente sejam cobertos
com uma película imaginária para que não possam passar pelos caminhos de
integração. A forma de cada uma das superfícies que se apoiam no circuito é
diferente. Em virtude disso, anteriormente, esta será a superfície de
descontinuidade do potencial ϕ m na magnitude I.

3.3.2.2. Equações da Intensidade do Campo Magnético


A distribuição privilegiada da corrente contínua determina por completo o campo
magnético. Aplicando a operação rot, a equação (1), obtemos a seguinte equação
vectorial de segunda ordem:
rotrotH = rotj. (10)
A operação rot pode aplicar-se não a toda a função de distribuição da corrente
j(r), senão só aquela que seja suficientemente lisa. Pelo menos, deve haver uma
componente tangencial contínua da função j, o que significa que na fronteira da
região de corrente, essa função deve reduzir-se a zero. Este requisito não impõe
limitações físicas: podemos sempre considerar que o decréscimo de jτ para zero
transcorre numa capa muito fina.
O primeiro membro da (10) pode-se transformar e, se o meio for homogéneo
(µ = const ) , segue a (2) divH = 0; então (10) toma o aspecto seguinte:
∇ 2 H = − rotj (11)
Esta é a já conhecida equação vectorial de Poisson e podemos imediatamente
escrever a sua solução para uma região infinita duma distribuição limitada da
1 rotj(r ')
corrente no espaço: H (r ) = ∫ dv' (12)
4π V
r − r'
A aplicação directa da fórmula (12) pode ser dificultosa já que é necessário
diferenciar a função da distribuição da corrente j pela (12), podendo transformar-
se facilmente num tipo cómodo para integração. Se advertimos que a expressão
subintegral tem o aspecto ψ .rotF , assim:
1  j (r ')  1 
H (r ) = ∫ rot ' dv '− ∫  grad ' , j (r ') dv '} (13)
4π V r − r' V  r − r' 
A primeira integral reduz-se à da superfície:
j (r ') [ j (r '), ds'] ,
∫ rot ' r − r ' dv' = −∫
v s
r − r'
Depois disto, vemos evidentemente que é igual a zero. Anteriormente, já
remarcamos que em S jτ = 0 . , pelo que se refere a segunda integral na (13), a
expressão subintegral transforma-se e, como resultado, obtemos:
[ j(r '), r ]dv
roq = (r − r ')
1
H (r ) = ∫
oq
(14) .
4π v r − r'
2 r − r'

3.3.2.3. Potencial Vectorial


Partindo de uma tradição extensamente divulgada, ao determinar o campo
magnético pela corrente, introduz-se uma função vectorial intermédia A,
chamada potencial vectorial. Segundo a definição: B = rotA (15)
Daqui se desprende ao eleger A e se permite certa arbitrariedade, podendo-se
dizer que no lugar de A, podemos tomar outra função:
A' = A.gradψ , (16),
sendo ψ qualquer função escalar (suficientemente lisa). Efectivamente, já que
rotA' = rotA, então, de acordo com (15), dos potenciais vectoriais
correspondem a uma mesma função B; de tal modo que o potencial vectorial é
determinado com exactidão.
As propriedades do potencial vectorial desprendem-se da necessidade de
satisfazer as equações iniciais (1), (2), (3). A segunda delas não dá nenhuma
informação sobre o carácter de A, já que se satisfaz identicamente (para qualquer
A):
divrotA = 0
Substituindo em (15) B por H e aplicando a equação (1), obteremos
rot µ −1 rotA = j (17)
Ensino à Distância 137

Para um meio homogéneo (µ = const ) , a equação toma o aspecto


rotrotA = µ . j (18)
Da causa da indeterminação de A indicada anteriormente, teremos a
possibilidade de sobrepor uma condição complementar divA = 0 (19)
(que tem o corolário de que ψ na (16) não é uma função arbitrária, senão
harmónica). Aplicando (17) e tomando em conta a (19), obteremos a seguinte
equação e Poisson:

∇ 2 A = − µ . j (20)
Sua solução para uma região infinita para a corrente limitada no espaço é:
µ j (r ')
A(r ) = ∫ r − r ' dv' (21)
4π V

Esta fórmula permite-nos, segundo a distribuição prefixada da corrente num


meio homogéneo, calcular o potencial vectorial A e, seguidamente, fazendo uso
da correlação (15), determinar o campo magnético.
Como conclusão, obteremos uma importante expressão integral que contém o
potencial vectorial. Anteriormente, determinamos a magnitude Φ chamada

fluxo magnético. Substituindo em Φ = Bds B por A e fazendo uso
s
do

teorema de Stokes, escrevemos:

Φ = ∫ Adl (22)
L

O fluxo magnético que transcorre por certa superfície S está aqui representado
em forma da circulação do potencial vectorial A pelo circuito L.

Sumário
EQUAÇÕES PRINCIPAIS DA MAGNETOSTÁTICA
O sistema de equações que num espaço sem correntes caracterizam
um campo magnético invariável com respeito ao tempo escreve-se:
rotH = 0; (1); divB = 0 (2); B = µ .H (3)
Na natureza não há cargas magnéticas livres.
Representando as equações anteriores na forma integral temos:

∫ Hdl = 0 ;
L
(4); ∫ Bds = 0 ;
s
(5)

Em magnetostática, podemos expressar a intensidade do campo em


forma de gradiente do potencial:
H = − grad ϕ m = −∇ ϕ m (6)
De (2), (3) e (6), obteremos com respeito a ϕ m a equação:
∇ 2ϕ m = 0 .

Similarmente, obtemos a equação de Laplace: ∇ 2 H = 0 .


De tudo o exposto, depreende-se que podem ser comparados objectos
magnetostáticos e electrostáticos quando nestes últimos não há cargas livres. O
campo magnético de corrente contínua descreve-se mediante o sistema de
equações:
rotH = j , (1); divB = 0, (2); B = µH (3)
E as correlações integrais correspondentes:

∫ Hdl = I
L
(4); ∫ Bds = 0
s
(5)

Segundo (1), o campo magnético já não é potencial como em magnetostática


pura, visto que rotH ≠ 0. , examinando só uma região sem corrente ( j = 0 ) ,
pode-se, como anteriormente, introduzir o potencial ϕ m (6).
Equações da Intensidade do Campo Magnético
rotrotH = rotj. (10)
O primeiro membro da (10) pode-se transformar e, se o meio for homogéneo
(µ = const ) , segue a (2) divH = 0; então (10) toma o aspecto seguinte:
∇ 2 H = − rotj
Esta é a já conhecida equação vectorial de Poisson e podemos imediatamente
escrever a sua solução para uma região infinita duma distribuição limitada da
1 rotj(r ')
corrente no espaço: H (r ) = ∫ dv'
4π V
r − r'
Potencial Vectorial
Ao determinar o campo magnético pela corrente, introduz-se uma função
vectorial intermédia A, chamada potencial vectorial. Segundo a definição:
B = rotA (15)
µ j (r ')
A(r ) = ∫ r − r ' dv'
4π V

Esta fórmula permite-nos, segundo a distribuição prefixada da corrente em um


meio homogéneo, calcular o potencial vectorial A e, seguidamente, fazendo uso
da correlação (15), determinar o campo magnético.

fluxo magnético: Φ = ∫ Adl


L

O fluxo magnético que transcorre por uma certa superfície S está aqui
representado em forma da circulação do potencial vectorial A pelo circuito L.
Ensino à Distância 139

Exercícios

1. Um fio condutor infinito de raio A tem a densidade de corrente J,


constante na sua secção. Determine o campo magnético B em
todo o espaço.
Exercícios 2. Um feixe cilíndrico de 1cm de diâmetro tem uma densidade
uniforme de 1014 elect~ r oes / m 3 . Supondo que os electrões se
movem com uma velocidade de 10 6 m / s em relação ao
laboratório, determine o campo magnético em função da
distância ao eixo do feixe.
r
3. Considere o campo magnético B = xˆ 2 xy − yˆ 5 y 2 + zˆ 8 zy .
Pode afirmar a que se trata de um campo magnetostático?

Chave de Correcções
1. Por simetria, o campo B em todo o espaço é do mesmo tipo que
do fio infinito. Num ponto à distância (r < a) do eixo do
condutor B é calculado da seguinte maneira: a circulação de B
ao longo da circunferência de raio r corresponde apenas à
corrente que passa através do circulo de área π r 2 .
Portanto,

 I  I µ I 
B(r ) = µ 0  πr 2 . =  0 2 .r
π a  2 π r  2π a 
2

Nos pontos exteriores ao condutor, o campo é o mesmo de um fio


infinito.
µ0
2. J = n q v = 16 Am −2 ; B(r ) = Jr (r < 5mm) .
2
r r
3. ∇ • B = 2 y − 10 y + 8 y = 0
Lição nº 4
Revisão da Unidade 3
Introdução
Chegámos ao fim da Unidade 3. Agora você vai fazer revisão de toda a matéria
sobre a Electrostática.

Tempo de estudo da
lição: 04:00 Horas

O tempo de revisão sugerido de 4 horas é considerado suficiente para o efeito.


No entanto, pode ser que você leve menos tempo.
Na unidade que acabou de estudar, você alargou o seu conhecimento sobre a
electrostática. Vamos destacar aqui algumas definições e teoremas importantes
que você deve reter:
Escrevemos a lei de conservação de carga na sua forma integral:
dQ
Q=const. (1) =0 (2)
dt
Dado que as partículas são portadoras de carga, concluímos que a lei de
conservação de carga vem sendo associada a lei de conservação de substância.

Designaremos por ρ a densidade volumétrica de carga eléctrica, por σ a


densidade superficial ou areolar de carga e por λ a densidade linear de carga
∆Q ∆Q ∆Q
ρ= , σ= e λ=
∆V ∆S ∆L
Em geral, a densidade de carga ρ pode depender das coordenadas bem como do
tempo. É por isso que escrevemos: ρ = ρ (t ) , pois essa dependência de tempo é
importante. Segundo o significado físico de densidade da carga para essa
dependência, tem lugar a expressão:
dQ
ρ (t ) = (3)
dV
Assim, no instante t: dQ = ρ (t ).dV ⇒ Q(t ) = ∫ ρ (t ).dV (4)
V

dI
a componente normal do vector densidade de corrente: jn = (5)
ds
A componente normal de densidade de corrente admite ser expressa em termos

do produto escalar dos vectores j e n


Ensino à Distância 141

j • n = j.n cos( j ∧ n)
Entretanto, para o sistema isolado mantém-se válida a lei de conservação de
carga. Escrevemos essa lei sob forma: dQ t = dQ f (6) Equação de balanço.

Segundo Gauss: j.n.ds =∫


s
∫∫∫ div j.dV
V
(19)

∂ρ
Daqui resulta que: + div j = 0 (21) Equação de continuidade
∂t
dI
Atendendo à definição de que j.n = então: j.n = ρ .v n ⇒ j. = ρ .v .
ds
Para determinar o campo eléctrico da carga Q, colocamos várias cargas de prova
em pontos duma superfície esférica de raio r e medimos as forças sobre elas no
instante t=0. Procedendo assim para superfícies de diferentes raios, chega-se à
seguinte equação:
Q 1− β 2
E′ = ,
4πε 0 r 2 (1 − β 2 sen 2θ )3 2

onde β = v
c , cr é a velocidade de propagação da luz no vácuo, e θ é ângulo
que o raio-vector r faz com a direcção de deslocamento de carga.
As expressões do campo na direcção do movimento e numa direcção transversal
são:

E=
Q
(1 − β )
2
e E⊥ =
Q 1
4πε 0 r 2
4πε 0 r 2
(1 − β ) 2

Este não é, contudo, o campo eléctrico criado por uma corrente que discutiremos
posteriormente.
A região na qual o campo electromagnético é caracterizado pelos vectores
r r r
E e B sofre a acção da chamada força de Lorentz F ( )
r r r r r r r
( )
F = q E + q v × B = q E + v × B . Tal equação da partícula é dada por
r
r r r
dP d r
= (mv ) = q E + v × B
dt dt
( )
.
É importante enfatizar que ao escrever essa equação, Lorentz admitiu a validade
da equação dinâmica de Newton e das transformações de Galileu entre
referenciais inerciais.
O campo magnético produzido por uma corrente estacionária I, é dado pela lei de
Biot-Savart :
r µ I dl × rˆ 1 I dl × rˆ
dB = 0 =
4π r 2
4πε 0 c 2
r2
O campo magnético produzido por um elemento de corrente I dz no ponto P é :
r
dB = − xˆ
1 (Idz ) senθ = − xˆ
1
Idz
 sen 2θ 
 2  senθ
4πε 0 c 2  r 
2
4πε 0 c 2  r 
 se(π − θ )
r 1
E uma vez que = tg (π − θ ) = −tgθ ⇒ dz = r cos ec 2θ dθ = r dθ
z sen 2θ
obtemos sucessivamente,
r I senθ
dB = − dθ xˆ ,
4πε 0 c r 2

r −I  π senθ dθ 
  xˆ,
4πε 0 c 2  ∫0
B= 
r 
r − 1 2I
B= xˆ.
4πε 0 c 2 r

1 µ0
A constante na equação anterior escreve-se também como
4πε 0 c 2

sendo µ 0 a permeabilidade do vazio.
1) O campo vectorial B em qualquer ponto P está contido no plano normal da
corrente que passa por P.
2) Em qualquer ponto, o campo B é perpendicular ao raio-vector.
De 1) e 2) conclui-se que as linhas do campo são circulares.
O produto (corrente) x (área) é chamado momento dipolar magnético do anel de
corrente e é representado por Pm . Para distâncias muito grandes, quando
comparadas com o raio do anel, o campo é dado aproximadamente por
r µ 2P
B = − yˆ 0 3m
4π r
Para a região próxima do anel, devemos usar a expressão exacta. Em particular,
no centro tem-se:
r µ 2π I
B = − yˆ 0
(r =0 ) 4π R

Comecemos por escrever o sistema de equações que num espaço sem correntes
caracterizam um campo magnético invariável com respeito ao tempo:
rotH = 0; (1’)
divB = 0 ; (2’)
B = µ .H . (3’)
Estas equações de magnetostática são análogas às equações de electrostática e a
sua diferença substancial consiste em o segundo membro de (2’) ser igual a zero,
Ensino à Distância 143

enquanto que na equação de electrostática vemos a densidade de carga. Na


natureza, não há cargas magnéticas livres.
Representando as equações anteriores na forma integral temos:

∫ Hdl = 0 ;
L
(4’)

∫ Bds = 0 ;
s
(5’)

O mesmo que em electrostática podemos expressar a intensidade do campo em


forma de gradiente do potencial:
H = − grad ϕ m = −∇ ϕ m (6’)

Similarmente à electrostática que, quando o meio é homogéneo ( µ = const )


converte-se em equação de Laplace:
∇ 2ϕ m = 0. (7’)

para um meio homogéneo, pode-se obter a equação de Laplace: ∇ 2 H = 0 , (8’)


De tudo o exposto, depreende-se que podem ser comparados objectos
magnetostáticos e electrostáticos quando nestes últimos não há cargas livres.
Em virtude do anteriormente dito, o campo magnético de corrente contínua
descreve-se mediante o sistema de equações:
rotH = j , (1)
divB = 0, (2)

B = µH (3)
e as correlações integrais correspondentes:

∫ Hdl = I
L
(4)

∫ Bds = 0
s
(5)

∇ 2 H = − rotj
Esta é a já conhecida equação vectorial de Poisson e podemos imediatamente
escrever a sua solução para uma região infinita de uma distribuição limitada da
1 rotj (r ')
corrente no espaço: H (r ) = ∫ dv'
4π V
r − r'

Φ chamado fluxo magnético. Substituindo em Φ = ∫ Bds B por A e fazendo


s
uso do teorema de Stokes, escrevemos:

Φ = ∫ Adl
L

O fluxo magnético que transcorre por certa superfície S está aqui representado
em forma da circulação do potencial vectorial A pelo circuito L.
Exercícios de revisão da Unidade 3

1. Um disco de espessura 0,3 cm e raio 20 cm está carregado uniformemente com


ρ = 10 −6 C / m 3 . O disco roda com uma frequência angular ω = 45r. p.m. .
Calcule a densidade da corrente no disco.
2. Um disco isolador de raio a e carregado uniformemente com uma densidade
superficial σ coul / m , roda em torno do seu eixo com uma velocidade angular
3

Auto-avaliação ω . Determine o campo magnético no centro.


3. Considere o campo magnético B = xˆ 2 xy − yˆ 5 y 2 + zˆ8 zy. Pode afirmar que se
trata de um campo magnetostático?
4. Uma longa lâmina metálica de largura l é percorrida por corrente uniformemente
distribuída de valor i. Calcular o ponto B no plano da lâmina a uma distância a do
lado mais próximo.

5. Um anel de raio A é percorrido por uma corrente i. Calcule o campo B no eixo a


uma distância h do centro.
6. Um solenoide de comprimento L com n espiras, é percorrido por uma corrente i.
Calcule o campo magnético num ponto do eixo.
7. Determine a indutância mútua de uma espira rectangular de lado “a” e “b” e um
fio infinito percorrido por uma corrente contínua e paralela a um dos lados do
rectângulo.

r
8. Calcule a circulação do vector B num contorno circular fechado atravessado
por uma corrente contínua num fio condutor.
Ensino à Distância 145

Chave de Correcções
I ρω R 2 ρω R 2
1. Obs. j = mas I = ⇒ j=
S 2 2 .S

2. Considere o disco como um conjunto de anéis justapostos: a corrente num anel


de raio r será λ v = (σ r )ω .r . Utilize a equação
r µ 2π I
B = − yˆ 0 e faça
(r = 0 ) 4π R
r µ
a soma dos campos criados por todos os anéis. B = 0 σ ω a
2
r r
3. ∇ • B = 2 y − 10 y + 8 y = 0

µ0 ⋅ I l + a
4. B = 2πl ln a

µ 0 I ⋅ senθ
5. B = ⋅ ⋅ 2πr
4π r2

µ0 ⋅ n ⋅ I
6. B =
l

µ0 ⋅ l b
7. L = ⋅ ln
2π a
r r r r
8. ∫ B ⋅ dl = µ0 ⋅ I ∫ B ⋅ dl = ∑ µ 0 ⋅ I lei de circulação de Ampere

Este resultado pode ser generalizado para o caso em que o contorno é


atravessado por mais de um condutor percorrido por correntes,
obtendo-se a lei de circulação de Ampere.
r r r r
∫ ⋅ dl = µ 0 ⋅ ∫∫ j ⋅ ds lei de Ampere
B

r
∫∫ rotB ⋅ ds = ∫∫ µ 0 ⋅ j ds
r r
⇒ rot E = µ 0 ⋅ j lei de Ampere na forma diferencial
Unidade 4
Conceitos e Equações
Fundamentais de Electrodinâmica
Introdução
Esta unidade comporta os seguintes conteúdos: carga e corrente eléctrica,
campo electromagnético, equações fundamentais da electrodinâmica e teorema
de Poyting. Estes temas farão uma abordagem de partes essenciais que foram
discutidas em anos anteriores no curso de Física.
Concepções tais como: idealização dos objectos (campo electromagnético uma
função contínua) definição de grandezas físicas (por exemplo: carga eléctrica,
intensidade da corrente eléctrica, campos verticais do campo electromagnético)
formulação de teoremas empíricos serão abordados sob ponto de vista de
unidade, tal como aconteceu na Mecânica. Serão seleccionados resultados que
constituem a base para uma abordagem teórica sólida. São, por exemplo: as
equações de Maxwell e de materiais, as equações de movimento (movimento
newtoniano) que descrevem o movimento das cargas eléctricas num campo
electromagnético.

Tempo de estudo da
Unidade: 08:00 Horas

Esta Unidade tem 4 lições, estando previsto para cada uma delas um tempo de
estudo de 2 horas. Este número de horas é um indicativo para lhe ajudar a gerir
melhor o seu tempo. O tempo é considerado suficiente para você conseguir
atingir os objectivos definidos no início de cada lição.
Ensino à Distância 147

Lição nº1
4.1. Campo electromagnético. Concepção e
fundamentação da teoria do campo Electromagnético

Introdução
Nesta lição você vai estudar o Campo Electromagnético, que associa os
conhecimentos adquiridos em Electrostática e Magnetostática. Você vai
aprofundar ainda os conteúdos aprendidos na cadeira de Electricidade e
Magnetismo sobre as leis de Biot-Savart-Laplace, lei de corrente total, a lei de
Ampére, a lei de Indução electromagnética e sobre o sistema das equações de
Maxwell que constituem as equações fundamentais da Electrodinâmica.

Tempo de estudo da
Lição : 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Fazer uma descrição sobre o campo electromagnético através de


r r r r
quatro vectores E , H , D e B
 Descrever as principais equações de Electrodinâmica;
Objectivos
 Interpretar as equações de Maxwell.

- Campo Electromagnético

Terminologia

4.1.1. Campo electromagnético


A descrição do campo electromagnético é feita através de quatro vectores de
campo nomeadamente E (intensidade de campo eléctrico) B (indução
magnética) D (deslocamento eléctrico) e H (intensidade de campo magnético).
No caso de a descrição do campo electromagnético envolver meios materiais,
será necessário escolher as seguintes equações matemáticas:

( )
D = D E = ε .E ( )
B = B H = µ .H
J = J (E ) = σ E + j ex
Considerando o campo electromagnético em vácuo, aplicando o sistema
Gaussiano, teremos:
r r r r
E=D e H =B
4.1.2.Concepção do Campo e Fundamentação da Teoria do Campo
Electromagnético
Sabe-se que as cargas eléctricas quer estáticas, quer em movimento manifestam a
sua propriedade básica e capacidade de interagir. Entretanto, essa interacção não
só se reduz à interacção eléctrica uma vez que conforme as experiências de
Ampére e Biot-Savart-Laplace, as cargas em movimento interagem por via da
chamada interacção magnética. Esta é peculiar para, por exemplo, Ferro,
Cobalto, e outras substâncias ferromagnéticas.
É por isso que distinguimos as interacções eléctricas e magnéticas.
Para explicar as regularidades das interacções, achamos, segundo, Faraday que
existe o campo responsável por transferência de interacção de um campo para o
outro.
Na altura, a concepção do campo, foi introduzida com o objectivo de descrever
quantitativamente as interacções electromagnéticas. Entretanto, chegou-se à
conclusão de que o campo electromagnético é um agente material que efectua
interacção electromagnética entre as cargas eléctricas.
Quanto às regularidades quantitativas da teoria do campo e as suas
fundamentações, em primeiro lugar, destacamos as experiências de Coulomb. E
segundo esses dados experimentais, a força de interacção eléctrica entre duas
1 q 1 .q 2
cargas eléctricas vem sendo dada pela fórmula: F = .r (1)
4 πε 0 r3

A medida quantitativa do campo eléctrico é a grandeza vectorial E chamada


intensidade do campo eléctrico. Segundo o seu significado e definição, a
intensidade do campo eléctrico é a força eléctrica que actua sobre a carga
F
eléctrica. E = (2)
q
Considerando interacção entre as cargas pontuais e vista a lei experimental(1),
1 q
chegamos à relação E = .r (3)
4πε 0 r 3
Sublinhar que a relação (3) só se refere à carga pontual.
Quanto à carga arbitrária, o seu campo baseia-se ao Teorema de Gauss , isto é, o
fluxo de intensidade do campo através de uma superfície fechada é proporcional
à carga eléctrica limitada por essa superfície.

∫ E.n.ds = 4π ∫ ρ.dV
s V
(4)
Ensino à Distância 149

É de realçar que o teorema de Gauss (4) baseia-se em experiências de Coulomb,


pois resulta da lei coulombiana e do princípio de sobreposição.
Quanto ao campo magnético, a sua característica básica é a indução magnética
B e resulta das experiências de Ampére, segundo as quais a corrente eléctrica
vem sendo submetida à acção do campo magnético, pela via força de Ampére.
Segundo a experiência de Ampére, escrevemos:

[
d F = I dl × B ] (5)
Segundo (5), indução magnética é a força magnética que actua sobre uma
corrente unitária elementar.
Quanto à indução do campo magnético, sob forma analítica, esta admite ser
expressa só para o elemento de corrente.

Segundo experiências de Biot-Savart-Laplace, teremos: d B =


[
I dl × r ] (6)
r3
Generalizando (6), chegamos à lei de corrente total ou teorema sobre circulação
do campo magnético.

Segundo esse teorema, escrevemos: ∫ B.d l =
L
C ∫ j.n.ds
s
(7)


onde é constante de proporcionalidade e j a densidade de corrente.
C
É de realçar que nesta experiência, S é superficiada com contorno l e além disso
essa lei de Ampére corresponde ao campo magnético que não depende do tempo.
Entretanto, o campo magnético eléctrico pode ser variável em função do tempo e,
caso se considere o campo eléctrico variável, a expressão (7) vai contradizer a lei
de conservação de carga.
É por isso que Maxwell elaborou a hipótese de corrente de deslocamento.
Segundo Maxwell, o campo eléctrico variável no tempo cria a acção magnética
(campo magnético), equivalente ao campo magnético excitado pela corrente
habitual.

Definimos a densidade de corrente de deslocamento j de acordo com a hipótese


de Maxwell:

1 ∂E
jd = (8)
C ∂t
O campo electrostático é criado por uma corrente nula.
Levando em consideração a hipótese de Maxwell, transformamos a lei de
4π  
 j + 1 ∂ E n.ds

Ampére para o seu resultado final: Bd l =
C ∫s  4π ∂t  (9)
L  
Repare que a fundamentação experimental da equação (9) reside em:
 Lei experimental de Ampére;
 Experiências de Oerested;
 Biot-Savart-Laplace e,
 Experiências de Rowland (essa é a experiência que demonstrou a acção
magnética do campo eléctrico variável).
É de realçar que a fundamentação experimental de acção magnética do campo
eléctrico variável, reside na existência das ondas electromagnéticas.
Mais uma relação resulta das experiências clássicas de Faraday que se referiu ao
fenómeno de Indução electromagnética.
Segundo dados experimentais, o campo magnético variável cria no espaço um
campo eléctrico (solenoidal, circular ou axial).
A lei de indução electromagnética escrevemos sob a sua forma integral:

1 ∂B
∫ Ed l = − C ∫ ∂t .n.ds
L S
(10)

Finalizamos escrevendo o Teorema de Gauss que se refere ao campo magnético.


Segundo dados experimentais, não existem cargas magnéticas. Por isso, para o
fluxo magnético, escrevemos: ∫ B.n.ds = 0
s
(11).

N.B. As equações (4), (9), (10) e (11) são básicas de Electrodinâmica do campo
electromagnético no vácuo.

4.1.3. Sistema de Equações de Maxwell. Manancial (fontes) de Campo.


As leis do electromagnetismo como um sistema de equações que desenvolvem a
ligação entre as fontes dos campos eléctricos e magnéticos, as suas intensidades e
induções na forma mais geral, foram formulados por Maxwell em 1873.
As equações de Maxwell representam a generalização dos dados experimentais
obtidos na segunda metade do Século XIX como resultado das pesquisas dos
fenómenos da electricidade e do magnetismo por muitos cientistas de vários
países. Particularmente, estas pesquisas foram generalizadas na forma de Leis de
Coulomb, Ampére, Biot-Savart, Faraday e do Teorema de Gauss.
Imediatamente antes dos trabalhos teóricos muito importantes de Maxwell, o
estudo do electromagnetismo foi enriquecido pelas pesquisas de Faraday que
descobriu a lei de indução electromagnética, a lei de corrente eléctrica nos
líquidos, o fenómeno de rotação de superfícies de polarização das ondas e uma
série de descobertas fundamentais na Física.
Maxwell, ao criar a teoria de fenómenos electromagnéticos da natureza, apoiou-
se na experimentação, na prática, na concepção física sobre a natureza da
electricidade elaborados pelos cientistas precedentes e em primeiro lugar por
Faraday.
Em complementação aos conhecimentos já existentes sobre as leis do
electromagnetismo, Maxwell analisando e generalizando os dados experimentais,
chegou à conclusão fundamental sobre a existência das chamadas correntes de
deslocamento.
A teoria de Maxwell tem carácter fenomenológico, que se manifesta no facto de
a mesma não estudar o mecanismo interno (intrínseco) dos fenómenos a se
Ensino à Distância 151

desenvolverem no meio e a originarem os campos eléctricos e magnéticos. O


meio vem sendo descrito na teoria de Maxwell com auxílio de 3 grandezas que
determinam as suas propriedades eléctricas e magnéticas: a permeabilidade
dieléctrica relativa ε , a permeabilidade magnética relativa µ e a
condutividade σ .
A teoria de Maxwell é uma teoria de acção próxima segundo a qual as
interacções eléctricas e magnéticas efectuam-se por intermédio do campo
electromagnético e propagam-se a uma velocidade finita, igual à velocidade de
luz num dado meio, facto importante que se toma em consideração na teoria
electromagnética da luz descoberta por Maxwell.
As equações de Electrodinâmica constituem o sistema completo de Equações de
Maxwell. Ao caracterizar um campo em certos pontos do espaço, temos:

∫ E.n.ds = 4π ∫ ρdV
s V
(12) - lei de Gauss

∫ B.n.ds = 0 (`13) - lei de Gauss para o magnetismo

1 ∂B
ε i = ∫ Ed l = −
C ∫S ∂t
.n.ds (14) - lei de Faraday
L

4π  
 j + 1 ∂ E .nds (15) - lei de Ampére
∫ Bd l = C ∫  4π ∂t 
L  
Destacamos a equação (12) e transformemos o primeiro membro segundo o
teorema de Gauus:

∫ E.nds = ∫ div E.dV


S V
(16)

Conjugando (16) com (12) teremos

∫ [div E − 4πρ ]dV = 0


V
(17)

Dado que se considera volume arbitrário, é preciso anular a função integrante


para que seja satisfeita a condição (17). Por este meio, chegamos à equação:

div E = 4πρ
(18)

Consideremos a equação (15). Destaquemos o seu primeiro membro e


apliquemos para transformar o teorema de Stokes:

∫ Bd l = ∫ rot B.nds
S
(19)

Excluindo a circulação do campo magnético das equações (15) e (19), temos:

 4π 1 ∂E 
∫S 
n  rot B −
C
j −  ds = 0
C ∂t 
(20)

Dado que se trata de um contorno arbitrário, a condição (20) será satisfeita caso
for igual a zero a função integrante:

4π 1 ∂E (21)
rot B = j+
C C ∂t

Aplicando o teorema de Gauss para a equação (13), obtemos:

div B = 0
(22)
Quanto à equação (14), esta admite ser transformada por analogia da equação
(15) como também por analogia de

1 ∂B
rot E = − (23)
C ∂t

As equações (18), (21), (22) e (23) criam o sistema de equações de Maxwell


(Maxwell-Lorentz) que se referem ao campo electromagnético no vácuo.
Resolvendo essas equações obtemos os vectores do campo E e B e, por este
meio, conseguiremos a descrição completa do campo electromagnética.
Portanto, as equações de Maxwell relacionam os vectores do campo E e B às
suas fontes que são : cargas eléctricas, corrente eléctrica e campos variáveis.
Estas equações exprimem de forma matemática compacta as leis de Coulomb, de
Gauss, de Biot-Savart, de Faraday e de Ampére (com a importante adição da
corrente de deslocamento de Maxwell).
Em princípio, todos os problemas de electricidade e magnetismo podem ser
resolvidos a partir das equações de Maxwell.

A equação(12) é a lei de Gauus. Segundo esta, o fluxo do campo eléctrico


através de qualquer superfície fechada é igual à carga líquida no interior da
superfície, ou seja, as fontes do campo eléctrico são as cargas livres. Esta lei
descreve a forma pela qual as linhas de E divergem de uma carga positiva e
convergem para uma carga negativa. A sua base experimental é a lei de
Coulomb.
A equação (13), às vezes denominada lei de Gauss para o magnetismo, refere
que o fluxo do vector indução magnética B é nulo através de qualquer superfície
fechada. Esta equação descreve a observação experimental de as linhas de B não
divergirem de nenhum ponto do espaço nem convergirem para qualquer ponto;
isto é, a observação experimental de inexistência de pólos magnéticos isolados.
A equação (14) é a Lei de Faraday. A integral do campo eléctrico sobre
qualquer curva fechada L é igual à força electromotriz. Esta força electromotriz é
igual à taxa de variação do fluxo magnético através de qualquer superfície S
limitada pela curva, com o sinal trocado. A lei de Faraday descreve a forma pela
Ensino à Distância 153

qual as linhas de E envolvem uma área através da qual o fluxo magnético se


modifica.
A equação (15), que é a Lei de Ampére com modificação da corrente de
deslocamento de Maxwell. De acordo com esta lei, a integral de linha de indução
magnética B sobre qualquer curva fechada L é igual às correntes de condução e
de deslocamento. Inversamente, podemos dizer que as correntes de condução e
de deslocamento criam à sua volta um campo magnético rotacional. Esta lei
descreve a forma pela qual as linhas de indução magnética envolvem uma área
através da qual passa uma corrente ou na qual há variação de um fluxo eléctrico.
N.B. As cargas e as correntes nestas equações incluem as cargas ligadas que
ocorrem nos dieléctricos e as correntes de magnetização ou atómicas, que
ocorrem nos materiais magnetizados. A fim de terem utilidade, quando estes
materiais estão presentes, as equações (12) e (15) são rescritas em termos de
cargas livres e das correntes de condução (mais as correntes de deslocamento), o
que se faz pela substituição de B por H na equação (15) e pela omissão de µ 0 .
As equações de Lorentz juntamente com a equação de continuidade criam
equações básicas da teoria do campo electromagnético no vácuo.

Sumário
No caso de a descrição do campo electromagnético envolver meios materiais,
será necessário escolher as seguintes equações matemáticas:

( )
D = D E = ε .E ( )
B = B H = µ .H
J = J (E ) = σ E + j ex
Considerando o campo electromagnético em vácuo, aplicando o sistema
Gaussiano teremos:
r r r r
E=D e H =B
Teorema de Gauss, isto é, o fluxo de intensidade do campo através de uma
superfície fechada é proporcional à carga eléctrica limitada por essa superfície.

∫ E.n.ds = 4π ∫ ρ.dV
s V
(4)

De acordo com a experiência de Ampére escrevemos:

[
d F = I dl × B ] (5)

Segundo experiências de Biot-Savart-Laplace, teremos: d B =


[
I dl × r ] (6)
r3
Generalizando (6), chegamos à lei de corrente total ou teorema sobre circulação
do campo magnético.

Segundo este teorema, escrevemos: ∫ B.d l =
L
C ∫ j.n.ds
s
(7)

Definimos a densidade de corrente de deslocamento j de acordo com a hipótese


de Maxwell:

1 ∂E
jd = (8)
C ∂t
O campo electrostático é criado por uma corrente nula.
Levando em consideração a hipótese de Maxwell, transformamos a lei de
4π  
 j + 1 ∂ E n.ds
Ampére para o seu resultado final: Bd l = ∫ C ∫s  4π ∂t  (9)
L  
A lei de indução electromagnética escrevemos sob a sua forma integral:

1 ∂B
∫ Ed l = − C ∫ ∂t .n.ds
L S
(10)

Segundo dados experimentais, não existem cargas magnéticas, por isso, para o
fluxo magnético escrevemos: ∫ B.n.ds = 0
s
(11).

N.B. As equações (4), (9), (10) e (11) são básicas da Electrodinâmica do campo
electromagnético no vácuo.
As equações da Electrodinâmica constituem o sistema completo de Equações
de Maxwell. Ao caracterizar um campo em certos pontos do espaço, temos:

∫ E.n.ds = 4π ∫ ρdV
s V
- lei de Gauss

∫ B.n.ds = 0 - lei de Gauss para o magnetismo

1 ∂B
ε i = ∫ Ed l = −
C ∫S ∂t
.n.ds - lei de Faraday
L

4π  
 j + 1 ∂ E .nds
∫ Bd l = C ∫  4π ∂t  - lei de Ampére
L  
Ensino à Distância 155

Exercícios

1. Aplicando o teorema de Gauss e de Stokes, deduza as seguintes


equações de Maxwell e dê o seu significado físico.

r
1 ∂B
a) div B = 0 b) rot E = −
Auto-avaliação C ∂t

2. Determine a corrente de deslocamento associada a um campo


eléctrico variável.

3. Calcule o campo magnético associado a uma corrente de


deslocamento.

Chave de Correcções
1. (Trata-se de uma demonstração, a solução está no próprio exercício);

∂Φ e
2. A corrente de deslocamento I d é dada pela equação I d = ε 0 ;
∂t
onde Φ e é o fluxo do campo eléctrico.

3. O campo magnético pode ser calculado a partir da lei de Ampére


r
generalizada, ∫ B .dl = µ 0 ( I + I d ) , onde I é corrente de indução e I d , a
S
corrente de deslocamento.
Lição nº2
4.2.Potenciais Electrodinâmicos. Calibração dos
potenciais. Invariância dos potenciais
electromagnéticos em relação à transformação de
calibração

Introdução
Nesta lição você vai estudar os Potenciais electrodinâmicos, sua calibração e sua
invariância em relação à transformação de calibração. Antes de mais, terá de ver
o suplemento matemático para tornar perceptível a matéria que vai estudar.
Tempo de estudo da
lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o potencial do campo magnético;


 Distinguir os tipos de calibrações de potenciais;
 Encontrar os vectores E e H a partir dos potenciais electrodinâmicos;
Objectivos
 Definir o potencial de calibração;
 Descrever a invariância dos potenciais electrodinâmicos.

- Potenciais electrodinâmicos;
- Calibração dos potenciais;
- Invariância dos potenciais electromagnéticos
Terminologia

Suplemento matemático
Para simplificar a descrição das equações, aplica-se a chamada regra de
somatório de Enstein. Segundo esta regra, entende-se por somatório, aos índices
repetidos, por ex.:
 a ii ⇒ ∑a
i
ii = a 11 + a 22 + a 33

 a i j •a jk ⇒ ∑ a ij .a jk =a i1 a 1k + a i 2 a 2 k + a i 3 a 3k
j
Ensino à Distância 157

 a i b i ⇒ ∑ a i b i = a 1 b1 + a 2 b 2 + a 3 b 3 = a.b
i

Suponhamos que temos um vector b dado num referencial pelas


componentes b1, b2, b3 em que seja feita a transformação de referencial, por

exemplo, dada pela matriz U . Vista essa transformação, as componentes

modificam-se segundo a expressão:


a) b i = ∑u
k
ik b k =u ik bk

a regra de transformação a) não só se aplica para as componentes, mas


também para as funções destas componentes, por exemplo,
 O produto de n-componentes b i 1 , b i 2 , ..., b in sofre a transformação
que resulta de a), isto é,
b) b i1 ,b i 2 ,...b in =u i1k 1 u i 2 k 2 ...u inkn b k 1 b k 2 ...b kn
A expressão b) coloca-se em base da definição de tensor de n-ésimo
posto.
O tensor de n-ésimo posto apresenta por si o conjunto das grandezas que
se transformam de acordo com a expressão b).
Designamos, por a i1i 2 ...in um elemento de tensor.
Segundo a definição, tem lugar a regra de transformação:
c) a i1i 2...in =u i1k 1 u i 2 k 2 ...u i nkn a k1k2 ....kn
destacamos do conjunto das grandezas tensoriais, chamado tensor
unitário anti-simétrico do terceiro posto. Este tensor que designaremos
por
d) e ijk = − e jik ; isto é, eijk = 1 e e jik = −1

e) e123 = 1
Verifica-se que todos os elementos com índices iguais são iguais a zero.
Para tal, aplicamos d)supondo que dois índices, pelo menos, são iguais.
i=j f) e iik = −e iik

2e iik = 0 ⇒ e iik = 0
Repare-se que só são diferentes de zero os elementos correspondentes aos
valores diferentes dos índices ijk.
O tensor unitário completamente anti-simétrico satisfaz a regra contracção de
que: eijk e kmn = δ im δ jn − δ in δ jm

δ im → delta símbolo de Cronecker


Exemplo 1: Demonstre a identidade segundo a qual o produto directo de dois
vectores admite ser expresso em termos do tensor unitário completamente anti-
simétrico. Por exemplo:
[a × b] =e ijk a j b k ei (1”)

Destacamos uma das componentes, por exemplo, a primeira do produto directo.


Para tal, escrevemos a definição do produto directo:

r r r
e1 e2 e3
[a × b ] = a1 a2 a3
= a 2 b3 − a 3 b 2 (2”)
b1 b2 b3

Quanto ao segundo membro da expressão (2”), a sua primeira componente


e1 jk a j bk = e123 a 2 b3 + e132 a3 .b2 = a 2 .b3 − a3 .b2
resulta sob a forma : (3”)

Obs: e123 = 1 e e132 =-1


Comparando (2”) e (3”), verificamos que os seus segundos membros são iguais
e é por isso que devem ser iguais os primeiros membros. Consequentemente, tem
lugar uma identidade (1”) cqd.

4.2.1. Potenciais electrodinâmicos


r
Definimos o potencial vector A
r r
H = rot A (24)
r
Grandeza vectorial A definida pela expressão (24), chama-se potencial-vector
do campo electromagnético.
Repare que o rotacional deste potencial permite calcular a intensidade do campo
magnético. É fácil demonstrar que o potencial vector definido conforme (24),
satisfaz a equação de Maxwell correspondente à natureza axial ou circular do
r
campo magnético, isto é, div H = 0 (25).
Para tal, substituímos a definição (24) na equação de Maxwell (25).
Aplicando a regra de Einstein escrevemos:
r
∂H i
∂x i
=

∂x i
rot A i( ) (26)

Quanto à i-ésima componente rotacional, esta admite ser especificada de modo:

(rot A) = [∇r × A] = e
r r ∂
i i ijk Ak (27)
∂x j

∂H i ∂ ∂A ∂ 2 Ak 1 ∂ 2 Ak ∂ 2 Ak 
= eijk k = eijk =  eijk + eijk  (28)
∂xi ∂xi ∂x j ∂xi ∂x j 2  ∂xi ∂x j ∂xi ∂x j 

Quanto à derivada mista, esta obedece ao teorema de reciprocidade segundo o
qual tem lugar a identidade:
Ensino à Distância 159

∂ 2 Ak ∂ 2 Ak
= (29)
∂xi ∂x j ∂x j ∂xi
Atendendo a expressão (29), transformamos (28) sob a forma:

∂H i 1  ∂ 2 Ak ∂ 2 Ak 
=
= eijk + eijk
∂xi 2  ∂xi ∂x j ∂x j ∂xi 

1  ∂A 2 k ∂ 2 Ak  1
 = (eijk + e jik ) ∂ Ak (30)
2
eijk + e jik
2  ∂xi ∂x j ∂xi ∂x j  2
 ∂xi ∂x j

Vista a propriedade básica do tensor ê , concluímos que o factor sublinhado na


fórmula (30) é igual a zero, isto é, eijk + e jik = e ijk − eijk = 0 .

Consequentemente, o segundo membro da expressão(30) em termos do potencial


vector vai sendo igual a zero. Nessa conformidade, o vector H dado pela
r
expressão (24) obedece à equação divH = 0 .
Para encontrar a intensidade do campo eléctrico, substituímos a definição (24) na
equação de Maxwell relativa à indução electromagnética, ou seja,
r
r 1 ∂H
rot E = − . (31)
c ∂t
Substituindo (24) na equação (31) teremos:
r
 r 1 ∂A 
rot  E + .  = 0 (32)
 c ∂t 
Visto que rotgradf = 0 , concluímos que o termo destacado (entre parêntesis)
na equação (32), admite ser expresso através de gradiente de uma função escalar:
r
r 1 ∂A r
E+ = −∇ϕ (33)
c ∂t
A função ϕ definida pela expressão (33) chama-se potencial escalar. Caso
forem conhecidos os potenciais electromagnéticos A e ϕ de expressão (33),
resulta logo o vector do campo E, a saber:
r
r r 1 ∂A
E = −∇ − (34)
c ∂t
É óbvio que a descrição feita em termos de potenciais é mais vantajosa e é
preciso conhecer as grandezas ϕ , Ax , A y , Az para poder descrever o campo
magnético.
Visto que a descrição feita em termos de potenciais é mais vantajosa, é preciso
estabelecer equações relativas a essas grandezas electrodinâmicas. Para tal,
podemos aproveitar mais duas equações de Maxwell, a saber: a equação
correspondente à lei de Ampére, Biot-Savart, Laplace e a equação que diz
respeito ao teorema de Gauss respeitante ao campo eléctrico. Escrevemos essa
como se segue:
r
r 4π r 1 ∂E
rot H = j+
c c ∂t (35)
r
div E = 4πρ (36)

Conjugamos intensidades do campo dadas em termos de potenciais com essas


equações:
r
r 4π r 1  1 ∂ 2 A r ∂ϕ 
rot rot A = j + − −∇  (37)
c c  c ∂t 2 ∂t 
O primeiro membro desta equação (37) é um vector. Destacamos a sua i-ésima
componente. Essa i-ésima componente especificamo-la tomando em conta que o
produto vectorial admite ser expresso através do tensor ê , ou seja,

[ar br ] = e
i ijk a j bk

) ([ [ ] ])
r r r r (38)
(rot rot A i = ∇ × ∇ × A i

(rot rotA) = e ∂∂x [∇r × A]


r r
i ijk k (39)
j

r
(rot rot A) = e i ijk

∂x j
e kmn

∂x m
An (40)

No entanto, a contracção do tensor que aqui temos, admite ser especificada de


modo:
eijk • e kmn = δ im δ jn − δ in δ jm (41)

Substituindo (18) na equação (17),


r
(rot rot A) = δ i im δ jn
∂ 2 An
∂x j ∂x m
− δ in δ jm
∂ 2 An
∂x j ∂x m
=
(42)
∂ ∂A j ∂ 2 Ai
= −
∂xi ∂x j ∂x j ∂x j

∂A j ∂A1 ∂A2 ∂A3 r


= + + = div A (43)
∂x j ∂x1 ∂x2 ∂x3

∂ 2 Ai ∂ 2 A ∂ 2 Ai ∂ 2 Ai
= 2i + + = ∇ 2 Ai (44)
∂x j ∂x j ∂x 1 ∂x 22
∂x32

Atendendo as expressões (43) e (44), obtemos:


r r
(rot rot A) i =

∂x i
div A − ∇ 2 Ai (45)

Escrevendo (45) sob a forma vectorial é:


r r r
rot rot A = grad div A − ∇ 2 A (46)
Ensino à Distância 161

Ao conjugar (23) e (14) resulta:


r 4π r 1 ∂ 2 A  r 1 ∂ϕ 
∇2 A = − j+ 2 + grad  divA +  (47)
c c ∂t 2  c ∂t 
Ao combinar os vectores do campo com a equação (36) obteremos a equação
diferencial que diz respeito ao potencial escalar, isto é, dado que
r
div ∇ f = ∇ 2 f , div grad f = ∇ 2 f , obteremos:
1 ∂ r
∇ 2ϕ = −4πρ − div A (48)
c ∂t
Repare-se que (47) e (48) criam o sistema de equações ligadas. Para simplificar
este sistema, podemos aproveitar o facto de um campo vectorial, por exemplo, o
vector A, poder ser determinado pelas duas grandezas a saber: rotacional do
campo, bem como a sua divergência. O rotacional do vector A é claramente
determinado. Esta é a intensidade do campo magnético. Quanto à divergência,
esta mantém-se ainda indeterminada.
O procedimento de especificação da divergência de um vector chama-se
Calibração.
Neste contexto, distinguimos duas calibrações básicas:
Calibração de Lorentz e calibração Coulombiana (Landal)
r
Segundo Lorentz, podemos calibrar o potencial electrodinâmico A de acordo
com a expressão:
r 1 ∂ϕ
div A + =0 (49)
c ∂t
Atendendo à calibração de Lorentz (49), transformamos as equações relativas aos
potenciais escalares para a forma:
r
r 1 ∂2 A 4π r
∇ A− 2 2 = −
2
j (50)
c ∂t c
1 ∂ 2ϕ
∇ 2ϕ − = −4πρ (51)
c 2 ∂t 2
Concluímos que a calibração de Lorentz permite reduzir o sistema (47) e (48)
para as equações independentes. É de sublinhar que cada uma destas equações
corresponde à equação de D’Alambert.
Quanto à calibração coulombiana (Landau), esta atribui o valor zero para a
r
divergência do vector A, isto é, divA = 0 (52)
Ao substituir (52) nas equações (47) e (48) obtemos:
∇ 2ϕ = − 4πρ ← equação de Poisson (53)
É de sublinhar que o potencial escalar depende do tempo sob a forma implícita
paramétrica, uma vez que a intensidade de carga em geral varia no decorrer do
tempo.
Quanto à equação ( 53), sofre modificação para a forma:
r
r 1 ∂2 A 4π r 1 ∂ϕ
∇ A− 2 2 = −
2
j + grad (54)
c ∂t c c ∂t
Ao resolver as equações (50) e (51) ou as alternativas (53) e (54), obteremos os
potenciais electrodinâmicos e, derivando-as, chegaremos aos vectores do campo
r r
H e E , únicos vectores que possuem o significado físico bem claramente
determinado.
4.2.2. Invariância dos Potenciais Electrodinâmicos em
relação à Transformação de Calibração
Potenciais electromagnéticos são características auxiliares do campo.
Estes determinam os vectores do campo por via das operações
diferenciais. É por isso que a escolha dos potenciais, não é única.
A transformação de um conjunto de potenciais para um outro chama-se
potencial de calibração.
É fácil verificar que existe um grupo de transformações de género que
mantém invariantes os vectores do campo. Consideremos a transformação
dos seguintes potenciais:
r r 1 ∂f
A' = A + grad f (55) ϕ'= ϕ − (56)
c ∂t
Verifica-se que o campo electromagnético é invariante em relação a essa
transformação. Esta propriedade chama-se invariância em relação à calibração.
Para demonstrar essa invariância, determinaremos os novos valores H e E dos
vectores do campo. Atendendo à definição do potencial-vector, obteremos:
r r r
H ' = rot A' = rot A + rot grad f (57)
Dado que se anula o segundo aditivo, rot grad f = 0
r r r r
rot A = H H '= H .
r
Quanto ao vector E ' , segundo a sua definição, escrevemos:
r r
r r 1 ∂A' r 1 ∂ r 1 ∂A 1 ∂ r
E ' = −∇ϕ '− = −∇ϕ + ∇f − − ∇f
c ∂t c ∂t c ∂t c ∂t
r (58)
r 1 ∂A'
E ' = − gradϕ '−
c ∂t
Levando em conta a definição dos potenciais electrodinâmicos, tiramos a
conclusão de que:
r r
E' = E (59)
Visto que os vectores do campo se mantêm invariantes, chegamos ao resultado
de que o campo magnético revela a invariância em relação à transformação de
calibração (55) e (56). Esta é a propriedade fundamental do campo
electromagnético.
Essa propriedade baseia-se na conservação de carga eléctrica.
Ensino à Distância 163

Dessa propriedade, resultam duas conclusões: uma fundamental e outra prática.


Primeira, todas as relações que abordam fenómenos electromagnéticos devem
satisfazer a invariância em relação à calibração;
Segunda, diz respeito à escolha do potencial escalar, a expressão (56), onde
podemos encontrar sempre a função f, segundo a qual:
1 ∂f
= ϕ e, por este meio, anular o potencial escalar ϕ ' .
c ∂t
Sumário
r
Definimos o potencial vector A
r r
H = rot A (24)
r
A grandeza vectorial A definida pela expressão (24), chama-se potencial -
vector do campo electromagnético.
Aplicando a regra de Einstein escrevemos:
r
∂H i
∂x i
=

∂x i
(
rot A i )
Quanto à i-ésima componente rotacional, esta admite ser especificada de modo:

(rot A) = [∇r × A] = e
r r ∂
i i ijk Ak
∂x j

Visto que rotgradf = 0 , concluímos que o termo destacado (entre parêntesis)


na equação (32), admite ser expresso através de gradiente de uma função escalar,
isto é,
r
r 1 ∂A r
E+ = −∇ϕ
c ∂t
O procedimento de especificação da divergência de um vector chama-se
Calibração.
Neste contexto, distinguimos duas calibrações básicas, a saber:
Calibração de Lorentz e calibração Coulombiana (Landal)
r
Segundo Lorentz, podemos calibrar o potencial electrodinâmico A de acordo
com a expressão:
r 1 ∂ϕ
div A + =0
c ∂t
A transformação de um conjunto de potenciais para um outro chama-se
potencial de calibração.
É fácil verificar que existe um grupo de transformações de género que
mantém invariantes os vectores do campo. Consideremos a transformação
dos seguintes potenciais:
r r 1 ∂f
A' = A + grad f ϕ'= ϕ −
c ∂t
Verifica-se que o campo electromagnético é invariante em relação a essa
transformação. Esta propriedade chama-se invariância em relação a calibração.
r
Quanto ao vector E ' , segundo a sua definição, escrevemos:
Ensino à Distância 165

r r
r r 1 ∂A' r 1 ∂ r 1 ∂A 1 ∂ r
E ' = −∇ϕ '− = −∇ϕ + ∇f − − ∇f
c ∂t c ∂t c ∂t c ∂t
r
r 1 ∂A'
E ' = − gradϕ '−
c ∂t
Levando em conta a definição dos potenciais electrodinâmicos, tiramos a
r r
conclusão de que: E ' = E

Exercícios

1. Demonstre a identidade do exemplo 1 , considerando as


componentes que se referem ao eixo e 3 , isto é, terceiras
componentes.
Exercícios
2. Atendendo ao problema do exemplo 1, demonstre que
∂a k
rot a = eijk ei
∂x j
3. Atendendo à definição do tensor ê e visto o resultado
r rr r r r
do exemplo 1, deduza a expressão: b (a c ) − c a b ( )
relativa ao produto
r rr
[ [ ]]
a b .c duplo.
[ [ ]]
r r r r rr r rr
a b . c = b (a c ) − c a b . ( )

Chave de soluções
r r r
e1 e2 e3

1.
[a × b ] = a1 a2 a3
= a1b2 − a 2 b1
b1 b2 b3

∂a k
2. rot a = eijk ei
∂x j
3. Definir primeiro o tensor ê e em seguida aplicar a propriedade dada.
Lição nº3
4.3. DENSIDADE DE ENERGIA DO CAMPO
MAGNÉTICO E DENSIDADE DO FLUXO DE ENERGIA

(Vector de Poynting)
Introdução
Nesta lição, você vai deduzir a densidade de energia do campo B e o vector de
Poynting, usando equações diferenciais de Maxwell. Vai também descrever o
significado físico do vector de Poynting e poderá ainda nesta lição perceber as
razões para a variação da energia do campo electromagnético.
Tempo de estudo da
Lição : 02:00 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Deduzir a equação de densidade de energia do campo


electromagnético usando equações diferenciais d Maxwell;
 Deduzir a equação de vector de Poynting, usando equações
Objectivos diferenciais d Maxwell;
 Enunciar o significado físico do vector de Poynting;
 Descrever as razões de variação da energia do campo
electromagnético

- Vector de Poynting;
- Densidade de energia do campo electromagnético

Terminologia

Verifica-se que as equações de Maxwell permitem abordar as regularidades


relacionadas com os processos energéticos. Para tal, escrevemos as equações de
Maxwell-Lorentz sob forma:

1 ∂B
rot E = − (60)
C ∂t
div B = 0 (61)
Ensino à Distância 167

4π 1 ∂E
rot B = j+ (62)
C C ∂t
div E = 4πρ (63)
Rescrevemos a equação (60) sob a forma homogénea e na equação (62)
localizaremos a densidade da corrente j, donde obteremos:

1 ∂B
0 = rot E + (64)
C ∂t

C 1 ∂E
j= rot B − (65).
4π 4π ∂t
CB
Multiplicando a equação (64) por ; a equação (65) por E e subtraindo do

primeiro resultado o segundo, obteremos:

− jE =
C

(
Brot E − Erot B +
1  ∂ E
E
4π  ∂t
)
+B
∂ B 
∂t 
(66)

Considerando a expressão de (66) entre parêntesis à direita, verifica-se que esta


admite ser reduzida para a derivada de função dupla w definida por:

E 2 + B2
w= (67) Energia do volume unitário(densidade de energia)

Derivando (67) em relação ao tempo obteremos:

∂w 1  ∂E ∂B 
= E +B  (68)
∂t 4π  ∂t ∂t 

Quanto à expressão de (66) entre parêntesis à esquerda, rescrevemos sob a forma:


C

{
B rot E − Erot B =
C

} {( )
Bi rot E i − Ei rot B ( )} i (69)

As componentes dos rotacionais escrevemos sob a forma:

(rot E ) =e
i ijk .
∂Ek
∂x j
(70)

(rot B) = e
i ijk
∂Bk
∂x j
(71)

Trocando os índices i e k , obteremos:

(rot B )k = e kji . .
∂B i
∂xj
(72)

Substituindo (72) e (70) em (69) obteremos:



C

{
Brot E − Erot B =
C
}

{ ∂E ∂B
ei jk .Bi k − ekji E k . i
∂x j ∂x j
}= C

e jki .

∂Ek
∂x j
∂B 
Bi + e jki .Ek i  =
∂x j 

C  ∂E ∂B  ∂ C 
= .e jki  k Bi + Ek i  =  e jki .Ek Bi 
4π ∂
 j
x ∂x j 
 ∂x j  4π 
(73)
Repare que o último membro da expressão (73) contém a i-ésima componente
do vector S definido de modo:

(74)

S=
C

E×B[ ]
O vector S definido pela expressão (74) chama-se vector de Poynting
(densidade do fluxo de energia).
Atendendo a definição do vector de Poynting rescrevemos a expressão (73) sob
forma:
C

(
Brot E − Erot B = )
∂S j ∂S1 ∂S 2 ∂S 3
∂x j
= + +
∂x1 ∂x 2 ∂x3
= div S (75)

Vistas as relações (68) e (75), a relação (64) vem sendo transformada para a
forma:

∂w
+ div S = − j.E (76)
∂t

Para estabelecer um significado físico do vector w assim como do vector


poynting, integramos a relação (76) por espaço inteiro: para V → ∞

 ∂w 
lim ∫ dV + ∫ div S dV  = − lim ∫ j EdV (77)
V ∂t V  V

Repare que o aditivo destacado admite ser transformado pelo teorema de Gauss.
Visto este teorema teremos: para V → ∞

lim ∫ div SdV = lim ∫ S n.ds (78)


V s

Ao limite V → ∞ , todos os pontos de superfície que limita este volume


também tendem ao infinito.
O campo electromagnético não existe no infinito,, isto é , é igual a zero.

Levando em conta a relação (74), vimos que S se anula em todos os pontos de


superfície S. Consequentemente, neste limite teremos: para V → ∞ ,
Ensino à Distância 169

lim ∫ div S .dV = 0 (79)


V

Atendendo à fórmula (79), acabamos por escrever:


∂w
lim ∫ dV = − lim ∫ j.EdV (80)
V
∂t V

Escrevemos a função integrante da expressão (80)

j.E = v.ρ .E (81)

f = ρ .E (82) força eléctrica que actua sobre uma carga unitária.

Visto o significado físico do vector E , chegamos à conclusão de que o vector f


definido sob a fórmula (82) é a força eléctrica que actua sobre o volume unitário,
isto é, a força específica.

Atendendo a essa observação, resulta que: j.E = v. f (83)


Repare que a expressão (80) não é mais que uma potência específica.
É por isso que o segundo membro da expressão (80) corresponde à potência
Total, isto é, trabalho executado por unidade de tempo.
Entretanto, a variação de energia é a única fonte de trabalho, daí resulta que o
primeiro membro de (80) corresponde à variação de energia por unidade de
tempo. Consequentemente, essa interpretação de (80) conduz à conclusão
fundamental de que o campo electromagnético é portador de energia.
Escrevemos a energia do campo electromagnético pela expressão:
(84)

E = ∫ w.dV
Da expressão (84), tiramos logo a conclusão de que a função w definida pela
expressão (67) é a densidade volumétrica de energia (energia de volume unitário
do campo electromagnético).
Atendendo ao significado físico do segundo membro da expressão (80) e vista a
relação entre o trabalho e a energia cinética, escrevemos:
dEc
dt V∫
= j.E.dV (85)

Consequentemente, a equação (80) para um sistema infinito escrevemos sob a


forma:
dE dE
=− c (86)
dt dt
Integrando (76) por um volume finito limitado pela superfície S e atendendo ao
teorema de Poynting, ficaremos com a relação:
∂w
∫ ∂t dV + ∫ S.n.ds = −∫ j.E.dV
V s V
(87)
Agrupando os termos de acordo com os seus significados físicos teremos:
dE dEc
+ = −∫ S .nds (88)
dt dt s

Dado que E+Ec=w é a energia total do sistema, escrevemos (88) sob a sua forma
final:
dw
= − ∫ S .n.ds (89)
dt s

O primeiro membro de (89) é a variação da energia por unidade de tempo.


Segundo (89), para um sistema isolado, a energia só varia devido ao fluxo do
vector de Poynting através da superfície.
Atendendo a essa observação e visto que o vector de Poynting é definido em
função dos vectores de campo, chegamos à conclusão de que o vector de
Poynting determina a densidade do fluxo de energia do campo
electromagnético.
A expressão (89) tem uma importância prática, pois essa ela representa a energia
irradiada pelo sistema por unidade de tempo.

Nota: segundo a observação anterior, o módulo do vector S é a energia do


campo electromagnético que atravessa a área unitária por unidade de tempo.
Este é o significado físico do vector de Poynting.
Teorema de Poynting
Considerando um sistema finito e isolado, podemos escrever a equação (89).
Segundo essa equação, a energia total do sistema isolado varia segundo:

(90) dw
= − ∫ S .n.ds
dt s

Podemos interpretar esta expressão como sendo a lei de conservação e variação


de energia. A esta lei de transformação chama-se Teorema de Poynting sob
forma integral.
Quanto à forma diferencial do teorema de Poynting, essa vem sendo dada pela
equação (76):

∂w
+ div S = − j . E
(91) ∂t

Segundo o teorema de Poynting (91), há duas razões para a variação de energia


do campo electromagnético:
1. O fluxo do vector de Poynting;
2. O trabalho executado sobre as cargas eléctricas.
Incluindo este trabalho para a energia interna, obteremos a lei de conservação de
energia sob a sua forma geral (fórmula determinada pelo 1º princípio da
Termodinâmica).
Ensino à Distância 171

Sumário
E 2 + B2
A densidade de energia do campo electromagnético é: w =

O vector S é definido pela expressão (71) e chama-se vector de Poynting
(densidade do fluxo de energia).

S=
C

[
E×B ]
Vistas as relações (68) e (75), a relação (64) vem sendo transformada para a
fórmula:

∂w
+ div S = − j.E
∂t

O campo electromagnético não existe no infinito, isto é , é igual a zero.


Teremos: para V → ∞ , lim div S .dV = 0
V

A força eléctrica que actua sobre uma carga unitária é dada pela equação:
f = ρ .E

A potência específica vem sendo dada por: j.E = v. f


É por isso que o segundo membro da expressão (80) corresponde à potência
Total, isto é, trabalho executado por unidade de tempo.
Escrevemos a energia do campo electromagnético pela expressão:

E = ∫ w.dV
V

Dado que E+Ec=w é a energia total do sistema, escrevemos (88) sob a sua forma
final:
dw
= − ∫ S .n.ds (89)
dt s

O primeiro membro de (89) é a variação da energia por unidade de tempo.


Segundo (89), para um sistema isolado, a energia só varia devido ao fluxo do
vector de Poynting através da superfície.
Atendendo a esta observação e visto que o vector de Poynting é definido em
função dos vectores de campo, chegamos à conclusão de que o vector de
Poynting determina a densidade do fluxo de energia do campo
electromagnético.

Nota: segundo a observação anterior, o módulo do vector S é a energia do


campo electromagnético que atravessa a área unitária por unidade de tempo.
Este é o significado físico do vector de Poynting.

Quanto à forma diferencial do teorema de Poynting, essa vem sendo dada pela
equação (76):

∂w
+ div S = − j . E
∂t

Segundo o teorema de Poynting (91), há duas razões para a variação de energia


do campo electromagnético:
1. O fluxo do vector de Poynting;
2. O trabalho executado sobre as cargas eléctricas.

Exercícios

1. Com base nas equações de Maxwell, deduza a expressão de vector


de Poyting e da densidade de energia do campo electromagnético;
2. Descreva as razões de variação da energia do campo
Exercícios electromagnético;
3. Descreva o significado físico do vector de Poynting e da densidade
de energia do campo electromagnético.
Ensino à Distância 173

Chave de Correcções
1. A dedução do vector de Poyting está feita no apontamento deste
livro;
2. As razões de variação da energia do campo electromagnético são:
a) O fluxo do vector de Poynting;
b) O trabalho executado sobre as cargas eléctricas.

3. O vector de Poynting determina a densidade do fluxo de energia do


campo electromagnético e a densidade de energia é a energia do
volume unitário.
Lição nº4
Lei de conservação do Impulso do campo
electromagnético (tensor Maxwelliano das tensões)

Introdução
Nesta lição você vai estudar a lei de conservação de impulso do campo
electromagnético e o impulso das cargas submetidas à acção do campo
electromagnético. Vai ver também a dedução da força específica. Poderá estudar
novas grandezas como a densidade do Impulso do campo electromagnético e o
tensor Maxwelliano das tensões.
Tempo de estudo da
lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Enunciar a lei de conservação de Impulso do campo electromagnético;


 Deduzir a expressão da força específica;
 Interpretar a densidade de Impulso;
Objectivos
 Definir o tensor Maxwelliano

- Impulso do campo electromagnético

Terminologia

As equações de Maxwell não só permitem tratar das irregularidades energéticas,


mas também apresentar possibilidade de considerar as regularidades dinâmicas.
Limitamo-nos a considerar as concepções que têm a ver com o impulso das
cargas submetidas à acção do campo electromagnético.
Para tal, escrevemos as equações de Maxwell respeitantes ao teorema de Gauss
ou lei coulombiana e lei de Ampére, Biot-Savart e Laplace.
Da primeira destas equações (Coulomb e Gauss), localizamos a densidade de
carga, enquanto que de outra equação localizamos a densidade da carga eléctrica,
então obtém-se:
Ensino à Distância 175

1 r
ρ= divE (92)

r
1r 1 r 1 ∂E
j= rotH − (93)
c 4π 4π c ∂t
Multiplicamos a primeira equação pelo vector E, enquanto que a segunda,
multiplicamos por H. Somando as equações que obteremos, resulta:
r
1  ∂E r 
r 1 r r
[
ρ .E + j × H =
c
1 r

]r 1 r
E.divE −

r
H × rotH − [
 × H  (94)
4π c  ∂t
]

Repare-se que o segundo membro não é simétrico em relação aos vectores do
campo. Para simetrizá-lo aplicaremos mais duas equações de Maxwell, a
r r r
r H  E   r 1 ∂H 
saber: div H = 0 • (92) ×  −  ×  rotE +
  = 0  (93)

4π  4π   c ∂t 
r
H
À equação (95) multiplicamos por , enquanto que na lei de Faraday (96)
4πr
E
multiplicamos da a da esquerda por − .

Ao somarmos as equações já transformadas (95) e (96) com a equação (94),
obteremos a forma simetrizada desta equação, isto é:

ρE+
r
c
[
1 r r
j×H =
1 r

] r r r
[
E divE + HdivH −
1 r

r r
] {[
r
E × rotE + H × rotH − ] [ ]}
r r
1  ∂E r   r ∂H  
−  × H  +  E ×  (94)
4π  ∂t   ∂t  
Para interpretar esta equação, é preciso estabelecer o significado físico do
r r
primeiro membro. Para tal, podemos substituir a expressão j = ρ .v e resulta;
r
ρE + [
1 r r r
] 1 r r
[
r 1 r r 
]
j × H = ρ .E + ρ . v × H = ρ  E + v × H  (98) [ ]
c c  c 
Como se sabe, o primeiro aditivo é a força eléctrica, o segundo a força magnética
que actua sobre a carga unitária. Feita esta observação, concluímos que a
expressão (98) não é mais que a força electromagnética que actua sobre o volume
unitário.
Designaremos essa força por
r r 1 r r
f = ρE+ j×H
c
[ ] (99) (força específica)

Repare-se que os dois termos destacados na equação (97) admitem ser reduzidos
para uma derivada em relação ao tempo. Por isso, é conveniente introduzir o
r
vector g definido pela expressão:

r
g=
1 r r
4π c
E×H [ ] (100) ( densidade do impulso do campo electromagnético)
Dos aditivos restantes que apresentam uma grandeza vectorial, destacamos uma
só, por exemplo, a i-ésima componente que diz respeito ao campo eléctrico, e
escrevemos:
 ∂E j
) 
r
Ti =
1

Ei (
− eijk E j rotE k (101)
 ∂x j 
Quanto a k componente de (rotE), esta também admite ser expressa em termos do
tensor ê , atendendo à definição:
r ∂E n
r r r
[ ]
rot E = ∇ × E e obtemos: rotE ( )k = e kmn
∂x m
(102)

Ao conjugar as expressões (101) e (102), resulta:

1  ∂E j ∂E n 
Ti E = Ei − eijk ekmn E j  (103)
4π  ∂x j ∂x m 

Repare-se que aqui temos a contracção do tensor ê por índice k. Como se sabe,
essa contracção reduz-se à forma:
eijk e kmn = δ im δ jn − δ in δ jm (104)

Substituímos (104) na fórmula (103) e resulta:

1  ∂E j ∂E n ∂E n 
Ti E =  Ei + δ inδ jm E j − δ imδ jn E j =
4π  ∂x j ∂x m ∂x m 

1  ∂E j ∂E ∂E j 
 Ei + Ej i − Ej  (102)
4π  ∂x j ∂x j ∂xi 

1442443

∂E j ∂E1 ∂E ∂E 1 ∂ 
Ej
∂xi ∂xi
+ E 2 2 + E3 3 = 
= E1
∂xi ∂xi 2  ∂xi
(E12 + E 22 + E32 ) =

∂ E 2
∂ E 2
= . = .δ ij (103)
∂xi 2 ∂x j 2
Observe-se que os dois aditivos que destacámos na fórmula (105) correspondem
à derivada do produto. O terceiro aditivo admite ser especificado de acordo com
a expressão (108).

∂ 1  E2 
Ti E =  Ei .E j − δ ij  (107)
∂x j 4π  2 
Quanto ao campo magnético, este propõe a mesma estrutura:

∂ 1  H2 
Ti H =  H i .H j − δ ij  (108)
∂x j 4π  2 
Definimos o tensor de Maxwell T̂ pela expressão:
Ensino à Distância 177

1  E2 + H 2 
Tij =  Ei .E j + H i H j − δ ij  (109)
4π  2 
Atendendo à definição do tensor Maxwelliano das tensões (109), da soma das
expressões (107) e (108), reduz-se a fórmula:
∂Tij r v
Ti E + Ti H = (110) T = ∇Tˆ (111)
∂x j
Conjugamos (99), (100), (101) e (97) e resulta:
r r r
ˆ ∂g
f = ∇ •T − (112)
∂t
Integrando a expressão (112), por espaço inteiro, obtemos:
r ∂ r r

V
fdV = − ∫ gdV + ∫ ∇.TˆdV
∂t V V
(113)

O último aditivo modificamos em termos do teorema de Gauss, isto é,


r r
∫ ∇ • TˆdV = ∫ Tˆ nds
V s
(114)

r ∂ r r
∫ fdV = − ∂t ∫ gdV + ∫ Tˆ nds
V V s
(115)

Dado que integramos por espaço inteiro, o ponto arbitrário de superfície S fica no
infinito. O campo electromagnético não existe no infinito e atendendo à definição
do tensor T, concluímos que o tensor T̂ ao infinito no ponto de S é igual a zero:

r

S
= 0 (116) ∫ Tˆ nds = 0 (117)
r ∂ r
∫ fdV + ∂t ∫ gdV = 0
V V
(118)

123

O termo destacado é a força resultante. Escrevemo-la segundo a lei da Mecânica,


r
r dK
a saber: ∫
V
fdV =
dt
(119)

K é o impulso das partículas


r r
G = ∫ gdV (120)
V

Atendendo à lei da Mecânica (119) assim como à definição (120), transformamos


r r
dk dG
(118) para a forma: + =0 (118 )
dt dt
r r
De (121), resulta a conclusão fundamental de que: K + G = const . (119 )
(lei de conservação de impulso sob forma integral)
G - impulso do campo electromagnético
Visto que o primeiro aditivo (K) é o impulso das partículas, logo, resulta que o
vector G dado pela expressão (120) também possui o significado do impulso.
Consequentemente, para um campo electromagnético podemos atribuir um
determinado impulso, conforme (120).
Atendendo à expressão (120) concluímos que o vector g definido pela fórmula
(100) possui o significado de densidade do impulso do campo electromagnético.
É de sublinhar que a fórmula (122) segundo a qual o impulso total do sistema
permanece constante, apresenta por si a lei de conservação do impulso sob a
forma integral.
Quanto ao tensor do Maxwell, o seu significado físico decorre da expressão
(115) em que integramos por um volume limitado por superfície S. Então,
escrevemos a função integrante relativa ao último aditivo, isto é,

( ) r
Tˆ n i = Tij n j
Dado que cada um dos aditivos da expressão (115) possui o significado de força,
chegámos à conclusão de que Tij é i-ésima componente de força que actua
sobre área unitária, sendo aplicada ao longo do eixo j. Além disso, segundo (115)
podemos considerar o tensor de Maxwell como densidade de fluxo do impulso
do campo electromagnético.

Sumário
A densidade da carga eléctrica obtém-se pela fórmula:
1 r
ρ= divE (92)

r
A força específica é dada por: f = ρ E +
r 1 r r
c
j×H[ ] (99)

A densidade do impulso do campo electromagnético é: g =


r 1
4π c
[E×H]
r r

(100)

Definimos o tensor de Maxwell T̂ pela expressão:

1  E2 + H 2 
Tij =  Ei .E j + H i H j − δ ij  (109)
4π  2 
Atendendo à definição do tensor Maxwelliano das tensões (109), da soma das
expressões (107) e (108), reduz-se a fórmula:
∂Tij r v
Ti E + Ti H = (110) T = ∇Tˆ (111)
∂x j
Conjugamos (99), (100), (101) e (97) e resulta:
Ensino à Distância 179

r r r
∂g
f = ∇ • Tˆ − (112)
∂t
Integrando a expressão (112), por espaço inteiro, obtemos:
r ∂ r r
∫ fdV = − ∂t ∫ gdV + ∫ ∇.TˆdV
V V V
(110)

O tensor T̂ ao infinito no ponto de S é igual a zero:

r

S
= 0 (116) ∫ Tˆ nds = 0 (117)
r ∂ r

V
fdV + ∫ gdV = 0
∂t V
(118)

123

O termo destacado é a força resultante. Escrevemo-la segundo a lei da Mecânica,


r
r dK
a saber: ∫
V
fdV =
dt
(116)

K é impulso das partículas


r r
G = ∫ gdV (120)
V
r r
De (121), resulta a conclusão fundamental de que: K + G = const . (119 )
(lei de conservação de impulso sob forma integral)
G - impulso do campo electromagnético
Quanto ao tensor de Maxwell, o seu significado físico decorre da expressão (115)
em que integramos por um volume limitado por superfície S. Então, escrevemos
a função integrante relativa ao último aditivo, isto é,

(Tˆ nr ) = T n
i ij j

dado que cada um dos aditivos da expressão (115) possui o significado de força.

Exercícios

1- Enuncie a lei de conservação do Impulso do campo


electromagnético,
2- Deduzir a expressão da força específica.
Exercícios
3- Interprete a densidade do Impulso do campo electromagnético
(significado físico).
4- Dê a definição do tensor maxwelliano.
Chave de Correcções
1. a lei de conservação do Impulso do campo electromagnético diz
r r
que: K + G = const. ; onde K é o impulso das partículas e G, o Impulso
do campo electromagnético.
2. Já vem deduzido neste manual.

3. g=
4πc
[
1 r r
]
E × H densidade do impulso do campo electromagnético.

4. O tensor maxwelliano é considerado como densidade do fluxo do


impulso do campo electromagnético.
Ensino à Distância 181

Lição nº 5
Revisão da Unidade 4
Introdução
Chegamos ao fim da Unidade 4. Faça a revisão de toda a matéria sobre as
equações do campo electromagnético.

Tempo de estudo da
lição: 10:00 Horas

O tempo de revisão sugerido de 2 horas, é considerado suficiente para o efeito,


mas pode ser que você leve mais tempo.
Na unidade que acabou de estudar, você aprimorou o seu conhecimento sobre o
electromagnetismo. Vamos destacar aqui algumas definições e teoremas
importantes que você deve reter:

∫ E.n.ds = 4π ∫ ρ.dV
s V
(4)

É de realçar que o teorema de Gauss (4) baseia-se nas experiências de Coulomb,


pois resulta da lei coulombiana e do princípio de sobreposição.
Quanto ao campo magnético, tem como sua característica básica, a indução
magnética B , resulta das experiências de Ampére, segundo a qual a corrente
eléctrica vem sendo submetida à acção do campo magnético, denominada força
de Ampére.
Segundo a experiência de Ampére, escrevemos:

[
d F = I dl × B ] (5)
De acordo com as experiências de Biot-Savart-Laplace, teremos:

dB =
[
I dl × r ] (6)
r3
Generalizando (6), chegamos à lei de corrente Total ou teorema sobre
circulação do campo magnético.

Segundo este teorema, escrevemos: ∫ B.d l =
L
C ∫ j.n.ds
s
(7)


onde é constante de proporcionalidade e j densidade de corrente.
C
Definimos a densidade de corrente de deslocamento j de acordo com a hipótese
de Maxwell:
1 ∂E
jd = (8)
C ∂t
O campo electrostático é criado por uma corrente nula.

4π  1 ∂ E 
Ampére para o seu resultado final: Bd l = ∫ C ∫  j + 4π
∂t 
n.ds (9)
L s 
A lei de indução electromagnética escrevemos sob a sua forma integral:

1 ∂B
∫ Ed l = − C ∫ ∂t .n.ds
L S
(10)

Segundo dados experimentais, não existem cargas magnéticas, por isso, para o
fluxo magnético escrevemos: ∫ B.n.ds = 0
s
(11).

N.B. As equações (4), (9), (10) e (11) são básicas de Electrodinâmica do campo
electromagnético no vácuo.
4.1.3. Sistema de Equações de Maxwell. Manancial (fontes) de Campo.
As equações de Electrodinâmica constituem o sistema completo de Equações de
Maxwell. Ao caracterizar um campo em certos pontos do espaço, temos:

∫ E.n.ds = 4π ∫ ρdV
s V
(12) - lei de Gauss

∫ B.n.ds = 0 (13) - lei de Gauss para o magnetismo

1 ∂B
ε i = ∫ Ed l = −
C ∫S ∂t
.n.ds (14) - lei de Faraday
L

4π  
 j + 1 ∂ E .nds (15) - lei de Ampére
∫ Bd l = C ∫  4π ∂t 
L  
Destacamos a equação (12) e transformemos o primeiro membro segundo o
teorema de Gauus:

∫ E.nds = ∫ div E.dV


S V
(16)

A transformação de um conjunto de potenciais para um outro chama-se


potencial de calibração.
O procedimento de especificar a divergência de um vector chama-se Calibração.
Neste contexto, distinguimos duas calibrações básicas, a saber:
Calibração de Lorentz e calibração Coulombiana (Landal)
r
Segundo Lorentz, podemos calibrar o potencial electrodinâmico A de acordo
com a expressão:
Ensino à Distância 183

r 1 ∂ϕ
div A + =0 (49)
c ∂t
Verifica-se que as equações de Maxwell permitem abordar as regularidades
relacionadas com processos energéticos. Para tal, escrevemos as equações de
Maxwell-Lorentz sob forma:

1 ∂B
rot E = − (60)
C ∂t
div B = 0 (61)

4π 1 ∂E
rot B = j+ (62)
C C ∂t
div E = 4πρ (63)
Rescrevemos a equação (60) sob a forma homogénea e na equação (62)
localizaremos a densidade de corrente j, então obtemos:

1 ∂B
0 = rot E + (64)
C ∂t

C 1 ∂E
j= rot B − (65).
4π 4π ∂t
E 2 + B2
w= (67) Energia do volume unitário (densidade de energia)

O vector S definido pela expressão (74) chama-se vector de Poynting
(densidade do fluxo de energia).

S=
C

[E×B ] (74)

Teorema de Poynting
Considerando um sistema finito e isolado, podemos escrever a equação (89) .
Segundo esta equação, a energia total do sistema isolado varia segundo:
(90)
dw
= − ∫ S .n.ds
dt s

Esta expressão podemos interpretar como a lei de conservação e variação de


energia. A esta lei de transformação dá-se o nome de Teorema de Poynting sob
forma integral.
Quanto à forma diferencial do teorema de Poynting, esta vem sendo dada pela
equação (76):
∂w (91)
+ div S = − j . E
∂t
Segundo o teorema de Poynting (91), há duas razões para a variação de energia
do campo electromagnético:
1. O fluxo do vector de Poynting;
2. O trabalho executado sobre as cargas eléctricas.
Designaremos por força :
r r 1 r r
[ ]
f = ρ E + j × H (99) (força específica)
c
r
g=
1 r r
4π c
[
E×H ]
(100) (densidade do impulso do campo electromagnético)

r
r dK
Escrevemos segundo a lei da Mecânica: ∫ fdV = (119)
V
dt
K é impulso das partículas
r r
G = ∫ gdV (120)
V
r r
A conclusão fundamental é de que: K + G = const . (119 ) (lei de
conservação de impulso sob forma integral)
G - impulso do campo electromagnético

Exercícios de revisão da unidade 4

1. Mostre que a componente normal do campo magnético B, é


contínua na passagem de um material para outro. Para isso,
aplique a lei de Gauss para o magnetismo a uma superfície
Auto-avaliação em forma de cilindro, com uma base em cada um dos
materiais
2. Atendendo à definição de gradiente, a expressão de
rotacional em termos de tensor ê , demonstre que
rot grad f = 0 .
3. Dê a definição do tensor maxwelliano
Ensino à Distância 185

Chave de Correcções
1. A resposta de 1, é dada no próprio problema.
2. rot grad f = 0 .
3. O tensor maxwelliano é considerado como densidade de fluxo do impulso
do campo electromagnético.
Unidade nº5
Ondas Electromagnéticas
Introdução
Nesta Unidade, você vai estudar as Ondas electromagnéticas e, uma mais vez, vai
consolidar o conhecimento adquirido nos níveis básico e secundário. Vai tratar
de assuntos tais como: concepção de onda electromagnética, equação
ondulatória para as ondas electromagnéticas, Onda plana, Onda plana
Monocromática (senoidal), Polarização das ondas electromagnéticas,
Decomposição de um campo electrostático, Difracção, Zona de ondas, Fórmula
de Kirchhoff, Difracção de Fresnel e Difracção de Fraunhoffer.
Tempo de estudo da
Unidade: 10:00 Horas
Esta Unidade tem 6 lições, estando previstas: 1 lição com o tempo de estudo de
1:00 hora; 2 lições de 1h30min. e 3 lições de 2:00h. Este número de horas é um
indicativo para lhe ajudar a gerir melhor o seu tempo e é considerado suficiente
para você conseguir atingir os objectivos definidos no início de cada lição.
Ensino à Distância 187

Lição nº1
5.1.Concepção de Onda
Electromagnética
Introdução
Esta é a primeira lição da unidade 5. Por isso, é importante que você tenha a
concepção de Onda electromagnética. É necessário conhecer as propriedades
deste campo e deve conhecer também a equação ondulatória para as ondas
electromagnéticas.
Tempo de estudo da
Lição : 01:30 Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar o conceito de Onda electromagnética;


 Escrever as equações do campo electromagnético para o
vácuo;
Objectivos  Descrever as propriedades do campo electromagnético;
 Escrever a equação ondulatória para as ondas
electromagnéticas;
 Deduzir a equação correspondente à intensidade do campo
eléctrico e magnético.

- Campo electromagnético
- Intensidade do campo eléctrico e magnético.

Terminologia

Onda electromagnética é todo o campo que aparece longe de cargas e longe de


correntes. Uma conclusão fundamental das equações de Maxwell diz respeito à
existência do campo electromagnético mesmo que estivessem ausentes as fontes
do campo, tais como: cargas livres e corrente de condução.
Limitamo-nos a considerar o campo electromagnético no vácuo. Achando que
seja ρ = 0 e j = 0 e dado que ε = 1 e µ = 1 , as equações de Maxwell-Lorentz
admitem ser reduzidas para as formas:
1 ∂H
rotE = − , (1)
c ∂t
divH = 0 (2)
1 ∂E
rotH = , (3)
c ∂t
divE = 0 (4)
Repare que o sistema de equações de (1) a (4) é linear e homogéneo. Como se
sabe, o sistema de género pode ter a solução não trivial diferente de zero sob
certas condições.

Suponhamos que sejam satisfeitas essas condições, então: E ≠ 0 , H ≠ 0 existe


o campo electromagnético mesmo que estejam ausentes as cargas livres e a
corrente eléctrica, podendo-se estabelecer as propriedades básicas deste campo.

5.1.1. Propriedades:
1) Este campo varia em função do tempo. Suponhamos, por exemplo,
∂H
que, H = const , isto é, = 0 (5)
∂t
Conjugamos (5) com as equações de Maxwell para E, obteremos:

rot E = 0 (6) e div E = 0 (7)


No entanto, as condições (6) e (7) só se realizam para E=0.

Repare-se que esta conclusão contradiz o facto de que E ≠ 0 , por isso, a


∂H
suposição (5) é falsa, portanto ≠ 0 (o campo magnético varia com
∂t
o tempo).

∂E
Por analogia, sendo = 0 concluímos que H=0. Essa conclusão
∂t
∂E
contradiz ao facto de que ≠ 0 (o campo eléctrico varia com o
∂t
tempo).

2) A segunda propriedade é de que este campo electromagnético varia


em função das coordenadas.
Para demonstrar esta propriedade, suponhamos que E não depende das
coordenadas ou E seja uniforme.

E≠ f r() (8)
Ensino à Distância 189

∂H
Ao conjugar (8) com (1), logo resulta = 0 (9)
∂t
É óbvio que a suposição (8) contradiz a primeira propriedade deste
campo, segundo a qual o campo varia com o tempo. É por isso que a
suposição (8), assim como o seu homólogo H ≠ f r são falsas.()
Consequentemente, a solução d as equações (1)-(4) não só dependem do
tempo, mas também variam no espaço.

3) A terceira propriedade decorre das equações (1) e (3). Segundo estas,


a fonte do campo eléctrico circular é campo magnético variável, ao
passo que o campo eléctrico variável é responsável pela geração do
campo magnético, segundo a equação (3).
Esse campo electromagnético que se propaga no espaço e no tempo
apresenta por si as ondas electromagnéticas ou seja, esse campo existe
sob a forma de onda electromagnética ou uma sobreposição destas ondas.

5.2. Equação Ondulatória para as Ondas Electromagnéticas

O campo electromagnético no vácuo é determinado pelas equações de


Maxwell, nas quais se deve fazer ρ = 0, j = 0 , equações (1)-(4). Estas
equações podem ter soluções diferentes de zero. Isto significa que um
campo electromagnético pode existir mesmo na ausência das cargas e
correntes.
Escolhemos o potencial de modo a que ϕ = 0

1 ∂A
Nestas condições, E = − , H = rotA . (10)
c ∂t
Substituindo estas expressões em (3) teremos:

1 ∂2 A
rotrotA = − ∆A + graddivA = − (11)
c 2 ∂t 2
Em particular, pode-se escolher o potencial da onda electromagnética de forma
que
divA = 0 (12)
A equação (11) toma agora a forma:

1 ∂2 A
∆A − = 0 (13)
c 2 ∂t 2
Esta é a equação que determina o potencial das ondas electromagnéticas. Ela
denomina-se equação D´Alembert (ou equação de Onda).
Às vezes a equação de Onda escreve-se sob a forma

∂2 1 ∂2
A=0 onde =− = ∆ − e é chamada
∂xi ∂x i c 2 ∂t 2
operador D´Alembert
Repare que esta é equação diferencial em derivadas de 2ª ordem. Por
isso, precisamos de transformar as equações de Maxwell para a
forma correspondente ao sistema de propagação das ondas.
Considerando um caso geral, achamos que a substância seja
isotrópica, homogénea e não manifesta dispersão. Olhando para
além das condições substanciais da lei de Ohm, obtemos:

D = ε .E e B = µ .H (14)

j =σE (15)
Atendendo às condições (14) e (15) e dado que se trata do campo
electromagnético na ausência de cargas, ρ = 0 , escrevemos o
sistema das equações de Maxwell como se segue:

µ ∂H
rot E = − (16)
c ∂t
div H = 0 (17)

4π ε ∂E
rot H = σE+ (18)
c c ∂t
div E = 0 (19)
Aplicando para (16) o operador rot enquanto que derivamos (18) em
relação ao tempo e assim teremos:
µ ∂
rotrot E = − rot H (20)
c ∂t
∂ 4π ∂ E ε ∂ 2 E
rot H = σ + (21)
∂t c ∂t c ∂t 2
Como se sabe, há identidade

rotrot E = graddiv E − ∇ 2 E
Segundo a equação de Maxwell (19) decorre:

rotrot E = graddiv E − ∇ 2 E = −∇ 2 E (22)


A equação (21) juntamente com (22), substituímos em (8).

4πµσ ∂ E εµ ∂ 2 E
− ∇2 E = − − (23)
c 2 ∂t c 2 ∂t 2
Daqui temos:

εµ ∂ 2 E 4πµσ ∂ E
∇2 E − = (24)
c 2
∂t 2
c 2 ∂t
Ensino à Distância 191

Aplicando o mesmo método, actuando pelo rotacional sobre (18) e


derivando (16) em relação ao tempo, chegamos a deduzir a equação
correspondente à intensidade do campo magnético. Assim obtemos:

εµ ∂ 2 H 4πµσ ∂ H
∇2 H − = (25)
c 2
∂t 2
c 2 ∂t
Repare-se que as equações (12) e (25) possuem de facto a estrutura
de equação ondulatória.
No entanto, os segundos membros contêm as derivadas de 1ª ordem.
Essas formas só não se anulam para a substância condutora.
É de sublinhar que esses termos permitem interpretar os dois efeitos
fundamentais da substância:
1) Efeito pelicular (onda electromagnética revela a penetração finita
para dentro da substância condutora)
2) Absorção das ondas electromagnéticas

Especificamos a equação ondulatória para uma substância dieléctrica incluindo,


o vácuo.
A condutibilidade eléctrica de um dieléctrico σ = 0 .
Substituindo esse valor nas equações (24) e (25) obteremos equações
ondulatórias respectivas às substâncias dieléctricas:

εµ ∂ 2 E
∇2 E − = 0 (26)
c 2 ∂t 2

εµ ∂ 2 H
∇2 H − = 0 (27)
c 2 ∂t 2
Substituindo os parâmetros substanciais do vácuo, nomeadamente:
ε = 1,..µ = 1 chegaremos às equações ondulatórias que se referem à propagação
de Onda no vácuo.
São de sublinhar as seguintes observações:
c
1) A velocidade de propagação da Onda é dada por v = (28)
εµ
Atendendo à definição (28), escrevemos equações diferenciais de
onda sob a forma

1 ∂ 2 E 4πµσ ∂ E
∇2 E − = e
v 2 ∂t 2 c 2 ∂t
1 ∂ 2 H 4πµσ ∂ H
∇2 H − 2 =
v ∂t 2 c 2 ∂t
2) Precisamos de acrescentar as condições de fronteira, assim como as
condições iniciais para que seja possível resolver as equações
ondulatórias.
Sabe-se que a descrição mais conveniente do campo admite ser dada em termos
de potenciais electrodinâmicos. Por sua vez, estes resultam das equações de
D´Alembert.
Limitamo-nos a considerar o caso mais prático que se refere à baixa
condutibilidade ou substância dieléctrica.

Substituindo em equação D´Alembert j = 0, ρ = 0, obteremos as equações


ondulatórias respectivas aos potenciais electromagnéticos:

εµ ∂ 2 A 1 ∂2 E
∇2 A − =0 ou seja ∇2 E − =0 e
c 2 ∂t 2 v 2 ∂t 2
1 ∂2 H
∇2 H − 2 =0
v ∂t 2

εµ ∂ 2 ϕ
∇ 2ϕ − =0
c 2 ∂t 2

Sumário
Onda electromagnética é todo o campo que aparece longe de cargas e longe de
correntes. Uma conclusão fundamental das equações de Maxwell diz respeito à
existência do campo electromagnético mesmo que estivessem ausentes as fontes
do campo, tais como: cargas livres e corrente de condução.
As equações de Maxwell-Lorentz admitem ser reduzidas para as formas:
1 ∂H
rotE = − , (1)
c ∂t
divH = 0 (2)
1 ∂E
rotH = , (3)
c ∂t
divE = 0 (4)

∂H
Portanto ≠ 0 (o campo magnético varia com o tempo).
∂t
A segunda propriedade é de que este campo electromagnético varia em função
das coordenadas.

E≠ f r () (8)
A terceira propriedade decorre das equações (1) e (3). Segundo estas a fonte do
campo eléctrico circular é campo magnético variável, ao passo que o campo
eléctrico variável é responsável pela geração do campo magnético, segundo a
equação (3).
A equação (11) toma agora a forma:
Ensino à Distância 193

1 ∂2 A
∆A − = 0 (13)
c 2 ∂t 2
Esta é a equação que determina o potencial das ondas electromagnéticas. Ela
denomina-se equação D´Alembert (ou equação de Onda).
Às vezes, a equação de onda escreve-se sob a forma:

∂2 1 ∂2
A=0 onde = = ∆ − e é chamada
∂xi ∂x i c 2 ∂t 2
operador D´Alembert
Deduzindo a equação correspondente à intensidade do campo magnético,
obtemos assim:

εµ ∂ 2 H 4πµσ ∂ H
∇2 H − = (25)
c 2
∂t 2
c 2 ∂t
As equações ondulatórias respeitantes às substâncias dieléctricas, são:

εµ ∂ 2 E
∇2 E − = 0 (26)
c 2 ∂t 2

εµ ∂ 2 H
∇2 H − = 0 (27)
c 2 ∂t 2
As equações diferenciais de onda, apresentam-se sob as formas

1 ∂ 2 E 4πµσ ∂ E
∇2 E − = e
v 2 ∂t 2 c 2 ∂t
1 ∂ 2 H 4πµσ ∂ H
∇2 H − 2 =
v ∂t 2 c 2 ∂t
Precisamos de acrescentar as condições de fronteira, assim como as condições
iniciais para que seja possível resolver as equações ondulatórias.
Exercícios

1. Partindo das equações de maxwell (16)-(19) demonstre a equação (24) e


(25).

2. Deduza as equações ondulatórias (26) e (27).

3. Explique o conceito de Onda electromagnética.


Auto-avaliação
4. Escreva as equações do campo electromagnético para o vácuo.

5. Descreva as propriedades do campo electromagnético.

6. Escreva a equação ondulatória para as ondas electromagnéticas.

7. Deduza a equação correspondente à intensidade do campo eléctrico e


magnético.

8. O vector campo eléctrico de uma Onda electromagnética é dado por


r
E ( x , t ) = E 0 sen (kx − ω t ) ˆj + E 0 cos (kx − ω t )kˆ .

a) Determine o vector campo magnético da mesma Onda.


r r r r r r r r
b) Calcule os valores de E • B , E × B , E•E e B•B
Ensino à Distância 195

Chave de Correcções
1 . A resposta está no próprio exercício

2. idem

3. Onda electromagnética é todo o campo que aparece longe de cargas e


longe de correntes. Uma conclusão fundamental das equações de Maxwell
diz respeito à existência do campo electromagnético mesmo que estivessem
ausentes as fontes do campo, tais como: cargas livres e corrente de
condução.
4. As equações do campo electromagnético no vácuo, substituindo pela
r
equação D´Alembert j = 0 , ρ = 0 , obtemos as equações ondulatórias
respectivas aos potenciais electrodinâmicos:
r r
r µε ∂2 A r 1 ∂2E
∇ A− 2
2
=0 ou seja ∇ E− 2
2
=0 e
c ∂t 2r v ∂t 2
r 1 ∂2H
∇2H − 2 =0
v ∂t 2
r
r 1 ∂ 2ϕ
∇ ϕ− 2
2
=0
v ∂t 2

5. Propriedades do campo electromagnético:


r
∂E
 O campo eléctrico varia com o tempo, ≠ 0 assim como o
r ∂t
∂H
campo magnético varia com o tempo ≠0
∂t
 A segunda propriedade é de que o campo electromagnético varia
em função das coordenadas, consequentemente, a solução das
equações (1)- (4) não só depende do tempo, mas também varia no
espaço.
 A terceira propriedade decorre das equações (1) e (3). Segundo
estas, a fonte do campo eléctrico circular é campo magnético variável,
ao passo que o campo eléctrico variável é responsável pela geração do
campo magnético, segundo a equação (3). Esse campo
electromagnético que se propaga no espaço e no tempo, apresenta por
si as ondas electromagnéticas, ou seja, esse campo existe sob a forma
de onda electromagnética ou uma sobreposição destas ondas.

6. A equação que determina o potencial das ondas electromagnéticas


denomina-se equação de D´Alembert (ou equação de Onda).

1 ∂2H
∆A + =0 (13)
c 2 ∂t 2
Às vezes, a equação de onda escreve-se sob a forma:

∂2 1 ∂2
□A=0, onde □ = − =∆+ 2 2 é chamada operador
∂xi ∂x i c ∂t
D´Alembert

7. A dedução está feita nesta lição.

8.
 − 1
B z = [− kE 0 (kx − ωt )]  = B 0 sen (kx − ωt ) sendo B0 = kE 0 / ω = E 0 / c
ω 

r r r r r r
sen2 (kx − ωt ) + E 0 cos2 (kx − ωt )
2 2 2 2
E • B, E × B = E0 B0iˆ, E • E = E +E =E
y z 0
2
= E 0

r
b) B • B = B y + Bz = B0 cos 2 (kx − ωt ) + B0 sen 2 (kx − ωt ) = B0
2 2 2 2 2
Ensino à Distância 197

Lição nº2
5.3. ONDA PLANA

Introdução
Nesta lição, você vai fazer o estudo da onda plana e suas características; vai fazer
a dedução da forma geral da onda plana, partindo das equações ondulatórias
vistas na lição anterior.
Tempo de estudo da
lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Dar o conceito da onda plana;


 Escrever a equação de onda plana;
 Deduzir a equação de onda plana;
Objectivos
 Definir o conceito de superfície fásica, velocidade fásica;
 Indicar as características de uma onda plana;
 Enunciar as propriedades de onda plana.

- Onda plana;
- Superfície fásica;
- Velocidade fásica;
Terminologia
- Onda progressiva e onda transversal

Um exemplo prático das ondas electromagnéticas diz respeito a tal chamada onda
plana.
Onda plana é onda para a qual todas as grandezas características (componentes
dos vectores do campo, potenciais de densidade de energia, etc.) dependem de
uma só coordenada, por exemplo, X.
Vista essa definição e aplicando as equações ondulatórias precisamos deduzir a
forma geral de onda plana assim como as suas propriedades básicas. Para tal,
escrevemos as equações ondulatórias, considerando uma substância dieléctrica:

1 ∂2 A
∇2 A − = 0 (29)
v 2 ∂t 2
1 ∂ 2ϕ
∇ 2ϕ − = 0 (30)
v 2 ∂t 2
Sabe-se que os potenciais obedecem a certas condições de calibração. Além
disso, o campo é invariante perante a transformação de calibração.
Vista essa propriedade do campo, a calibração será ϕ = 0 (31)
Levando em conta a fórmula (31) concluímos que duas calibrações, de Lorentz e
de Landal conduzem ao mesmo resultado:

div A = 0 (32)
Quanto aos vectores do campo, escrevemos sob a forma:

1 ∂A
E=− (33)
c ∂t
1
H= rot A (34)
µ
Visto que se trata de onda plana, a condição de calibração reduz-se à fórmula:
∂Ax
= 0 (35)
∂x
Conjugamos a expressão (35) com a equação ondulatória que diz respeito à
componente Ax .

∂ 2 Ax ∂ 2 Ax
Dado que se anulam as derivadas , , de equação (29) resulta:
∂y 2 ∂z 2

∂ 2 Ax 1 ∂ 2 Ax 1 ∂ 2 Ax
− = 0 ⇒ = 0 (36)
∂x 2 v 2 ∂t 2 v 2 ∂t 2
Daí decorrem duas soluções fundamentais:
∂Ax
a) = const (37) b) Ax = 0 (38) apenas para o caso de onda plana.
∂t
Vista a relação (37) e conjugando-a com a (33), obtemos:
1 ∂Ax
Ex = − = const (39)
c ∂t
É de sublinhar que esta solução não faz sentido no que diz respeito à onda
electromagnética, uma vez que os vectores do campo nesta onda variam em
função das coordenadas. Consequentemente só a solução (38) pode corresponder
à onda electromagnética plana, daí obtemos as relações que se referem a essa
onda.
Ax = 0 e E x = 0 (40)
Quanto às componentes Ay e Az de equação ondulatória (29) decorrem duas
equações:
Ensino à Distância 199

∂ 2 Ay 1 ∂ Ay
2

− = 0 (41)
∂x 2 v 2 ∂t 2
∂ 2 Az 1 ∂ 2 Az
− 2 = 0 (42)
∂x 2 v ∂t 2
Repare-se que essas duas equações possuem a mesma estrutura, portanto é
suficiente considerar uma só equação, por exemplo, a (41).

Para resolvê-la, é conveniente introduzir operadores L̂ + e Lˆ −, definindo-os


pelas relações:

∂ ∂ 1 (43)
Lˆ ± = ± .
∂x ∂t v
Atendendo às definições (43), reduzimos a equação (41) para a forma:

1) L̂ + Lˆ − A y = 0 (44)
2) Exemplo: Deduzir a solução geral de equação diferencial L̂ +
Lˆ − f = 0 (1’)
a. Introduzimos novas variáveis ξ e η definidas segundo as
relações :
x x
ξ =t− η =t+ (2’)
v v
∂ ∂ ∂ξ ∂ ∂η
= . + . (3’)
∂x ∂ξ ∂x ∂η ∂x
∂ ∂ξ ∂ ∂η ∂
= + (4’)
∂t ∂t ∂ξ ∂t ∂η
∂ξ 1 ∂ξ
=− , =1
∂x v ∂t
∂η 1 ∂η
= , =1 (5’)
∂x v ∂t
∂ 1 ∂ 1 ∂
=− + (6’)
∂x v ∂ξ v ∂η
∂ ∂ ∂
= + (7’)
∂t ∂ξ ∂η

Substituindo (6’) e (7’) na definição dos operadores L̂ + e L̂ − , obteremos:

1 ∂ ∂  1 ∂ ∂ 
Lˆ ± =  − +  ±  +  (8’)
v  ∂ξ ∂η  v  ∂ξ ∂η 
1 ∂ 1 ∂ 1 ∂ 1 ∂ 2 ∂
Lˆ + = − + + + =
v ∂ξ v ∂η v ∂ξ v ∂η v ∂η

1 ∂ 1 ∂ 1 ∂ 1 ∂ 2 ∂
Lˆ − = − + − − =−
v ∂ξ v ∂η v ∂ξ v ∂η v ∂ξ

2 ∂
Lˆ + = (9’) 2 ∂ (10’)
v ∂η Lˆ − = −
v ∂ξ
Substituindo as equações (9’) e (10’) em (1’) e simplificando um
factor constante, teremos:
∂2 f ∂ ∂f
= 0 (11’), ou seja =0
∂η ∂ξ ∂η ∂ξ
Integrando (11’) em relação a η , teremos,

∂f
= ϕ (ξ ) (12’)
∂ξ
df = ϕ (ξ )dξ
Integrando a expressão (12’), obtemos:

f = ∫ ϕ (ξ )dξ = Φ(ξ ) + F (η ) (13’)


Consequentemente, podemos escrever a solução sob a sua forma
geral:
 x  x
f ( x, t ) = Φ  t −  + F  t +  (14’)
 v  v
Atendendo aos resultados do exemplo anterior, escrevemos as
soluções gerais das equações (13’) e (14’) pois, estas também
possuem uma estrutura correspondente à equação
∂2 f 1 ∂2 f
− = 0 , então escrevemos:
∂x 2 v 2 ∂t 2
 x  x
A y = A y  t −  + A y  t +  (45)
 v  v

 x  x
Az = Az  t −  + Az  t +  (46)
 v  v
É de salientar que os aditivos destas fórmulas são funções arbitrárias
e em geral diferentes.
É por isso que a quantidade das soluções é infinita. Para encontrar
uma solução, é preciso especificar as condições iniciais. Ao
satisfazê-las teremos uma única solução de equação de onda.
Ensino à Distância 201

Destacamos o primeiro aditivo das fórmulas (45) e (46) e teremos:


 x
 x
Ay = Ay t −  (47) Az = Az  t −  (48)
 v   v
Suponhamos que sejam conhecidas sob as suas formas explícitas
estas funções. Neste caso, o valor instantâneo do potencial vector
x
univocamente determina-se pela grandeza t − = ξ (49) a qual se
c
denomina fase.
Definição: Todos os pontos do espaço correspondentes à mesma
fase de onda criam a tal chamada superfície fásica ou superfície de
fase constante.
Suponhamos que essa fase seja igual a ξ 0 . Substituindo ξ por ξ 0
em (49), teremos:
 x
t −  = ξ0 (50). Isto implica que x = v.(t − ξ 0 ) (51)
 v 

Note-se que a superfície fásica é um plano perpendicular ao eixo X.


Segundo (51), a posição deste plano varia no decorrer do tempo e é
por isso lógico definir a velocidade fásica como velocidade do
movimento de superfície de fase constante.
A velocidade fásica resulta, derivando (51).
dx
v f = vx = ⇒ v f = v x = v (52)
dt
vx > o
Repare-se que v x é uma grandeza positiva, por isso, uma onda plana
dada por (47) e (48) é uma onda que se propaga no sentido positivo
do eixo OX e chama-se onda progressiva.
Além disso, concluímos que a velocidade v que temos na equação
de onda não é mais que a velocidade fásica.
Destacando os seguintes aditivos da fórmula (45) e (46), ficaremos
com as relações:
 x
 x
Ay = Ay t +  (53) Az = Az  t +  (54)
 v   v
Repare que a fase desta onda vem sendo determinada pela relação
x
t+ = η (55). Considerando a fase constante, obteremos a equação
v
de superfície fásica sob a forma: x = v.(η 0 − t ) (56)
Repare-se que a superfície fásica é um plano perpendicular ao eixo
X.
Segundo (28), Ax componente de velocidade fásica vem sendo dada
pela expressão: v x = − v < o
Por isso, a onda electromagnética plana, definida pelas relações (53)
e (54), propaga-se no sentido negativo do eixo X.
Agora precisamos de calcular as componentes dos vectores do
campo.
Limitamo-nos a considerar só as ondas que se propagam no sentido
positivo do eixo X, pois as regularidades consideradas para estas
ondas mantêm-se válidas também para as ondas que se propagam no
sentido oposto.
Substituímos (47) e (48) na equação (5’); vista a relação (49),
obtemos:

1 ∂A y 1 ∂A y ∂ξ
Ey = − =− . (57)
c ∂t c ∂ξ ∂t
1 ∂Az 1 ∂Az ∂ξ
Ez = − =− . (58)
c ∂t c ∂ξ ∂t
∂ξ Derivando (49) obteremos:
=1
∂t

1 ∂Ay 1 ∂Az
Logo E x = 0 , E y = − e Ez = − (59)
c ∂t c ∂t
Quanto à intensidade do campo magnético, este decorre da equação
(34).
Rescrevemo-la sob a forma explicita:

ex e y ez
∂ ∂ ∂  ∂A ∂Ay   ∂A   ∂A 
H = µ −1 rot A = µ −1 = µ −1  z − e x + µ −1  0 − z e y + µ −1  y − 0 e z
∂x ∂y ∂z  ∂y ∂z   ∂x   ∂x 
0 Ay Az
(60)
1 ∂Az 1 ∂Az ∂ξ
De (60) decorre: H x = 0 , H y = − =− ,
µ ∂x µ ∂ξ ∂x
1 ∂A y 1 ∂A y ∂ξ
Hz = = (61)
µ ∂x µ ∂ξ ∂x

∂ξ 1
Segundo (49) =− (62)
∂x v
Atendendo (3’), escrevemos as componentes do campo magnético sob a forma:

1 ∂Az 1 ∂Ay
Hx = 0, Hy = , Hz = − (63)
vµ ∂ξ vµ ∂ξ
Ensino à Distância 203

Das relações (59)-(63) decorre a seguinte propriedade fundamental de onda


electromagnética plana:

Designaremos por n , o vector unitário alinhado ao longo do eixo de propagação.


Dado que a onda se propaga ao longo do eixo X, logo, concluímos que
n ≡ (1,0,0 ) (64)
Vista a relação (64), e conjugando-a com (59)-(63), ficamos com as relações:

(n.E ) = 0 bem como (n.H ) = 0 (65) e, consequentemente, E ⊥ n H ⊥n


(66)
A propriedade expressa pelas relações (66) diz que:
O vector do campo eléctrico assim como do campo magnético são
perpendiculares ao sentido de propagação. A Onda que manifesta essa
propriedade chama-se onda transversal.
Consequentemente, a onda electromagnética plana é transversal.

Quanto à terceira propriedade fundamental de onda plana, esta decorre das


relações (59)-(63). Comparando estas concluímos que o vector do campo
magnético admite ser expresso através do vector do campo eléctrico.
c c
Hy = − E z (67) Hz = E y (68)
vµ vµ
No plano transversal ao eixo X, escolhemos dois vectores de base: um destes é
[ ]
E enquanto que o outro é n × E . Repare que este é perpendicular ao vector E,
é por isso que esses dois vectores são independentes, sendo por isso que podem
criar a base.
Escrevemos a decomposição do vector H sobre esses vectores básicos sob a
forma:

[ ]
H = α .E + β . n × E (69)

ex e y ez
[ ]
Dado que n × E = 1 0..0 = 0.e x + (− 1)e y .E z + e z .E y
0 Ey Ez

De (69) obteremos duas equações:

H y = α .E y − β .E z (70)

H zy = α .E z − β .E yz (71)
Substituindo (67) e (68), obtemos:
c
− E z = α .E y − β .E z (72)

c
E y = α .E z + β .E y (73)

Daqui temos:
c
α .E y − ( β . − ) E z = 0 (74)

c
(β . − ) E y + α .E z − = 0

Dado que se trata do sistema das equações lineares homogéneas, igualamos a
zero o seu determinante para que o sistema tenha soluções diferentes de zero. Por
isso, teremos:

 c 
α −  β − 
vµ 
2
  c 
Det ≡ α +  β −
2
 = 0 (75),
c  vµ 
β− α

de (75) resulta:

α = 0

 c (76)
 β = vµ

Conjugando (76) com (69) obteremos daqui:

H=
c

n× E[ ] (77)

c
No entanto, a velocidade fásica é: v = (78)
εµ

H=
ε
µ
[ ]
.n× E (79)

Daí que a intensidade do campo magnético da onda plana é perpendicular ao


vector do campo eléctrico e os seus valores instantâneos obedecem à condição
(79).
A terceira propriedade diz respeito à energia transferida pela onda
electromagnética plana.
Escrevemos a densidade de energia do campo electromagnético pela forma:
w ≡ we + wm (80)

εE 2
we = (81)

µH 2
wm = (82)

Ensino à Distância 205

Segundo (51) temos:

H2 =
ε 2 2
µ
(2 ε
E n sen n, E = E 2
µ
) (83)

Vista a expressão (83) e conjugando-a com (82) para a densidade de energia para
o campo magnético temos:
1 ε εE 2
wm = .µ . E 2 = (84)
8π µ 8π
Comparando (84) com (81), obteremos como resultado que we = wm (85)
Segundo essa definição, numa onda electromagnética plana, a densidade de
energia do campo eléctrico é igual à densidade de energia do campo magnético.
Para aplicações, a densidade total de energia pode-se deduzir pelas formas:

εE 2 µH 2 µH ε ε .µ
w= = = .E = .E.H (86)
4π 4π 4π µ 4π
A última propriedade, referimos ao vector de Poynting, ou seja, vector
responsável pela densidade do fluxo de energia; segundo a sua definição seria:

S=
c

[
E×H ] (87)

Excluímos H sob a fórmula (79)

S=
c

ε
µ
[ [ ]
. E × n× E (88)

Atendendo à propriedade do produto vectorial duplo que mostra que:

[ [ ] ( ) ( )
. A × B × C = B AC − C A B
Transformamos (88) para a forma:

S=
c
4π µ
[
ε 2
( )]
. E n − E nE (89)

Visto que o segundo aditivo se anula, uma vez que se trata de onda transversal,
de (89), obtemos:

c ε 2 v εµ ε 2 vεE 2
S= .E .n = . .E .n = .n = vwn (90)
4π µ 4π µ 4π

S = v.w.n , (91) v - velocidade básica.


De (91) constatámos que a energia transfere-se ao longo do sentido de
propagação da onda plana e a velocidade de transferência de energia vem sendo
igual a v.
Sumário
Onda plana - é onda para a qual todas as grandezas características (componentes
dos vectores do campo, os potenciais de densidade de energia, etc.) dependem de
uma só coordenada, por exemplo, X.

∂ 2 Ax ∂ 2 Ax
Dado que se anulam as derivadas , , da equação (29) resulta:
∂y 2 ∂z 2

∂ 2 Ax 1 ∂ 2 Ax 1 ∂ 2 Ax
− = 0 ⇒ =0
∂x 2 v 2 ∂t 2 v 2 ∂t 2
Definição: Todos os pontos do espaço correspondentes à mesma fase de onda
criam a tal chamada superfície fásica ou superfície de fase constante.
Suponhamos que essa fase seja igual a ξ 0 . Substituindo ξ por ξ 0 em (49),
teremos:
 x
t −  = ξ0 .Isto implica que x = v.(t − ξ 0 )
 v 

Note-se que a superfície fásica é um plano perpendicular ao eixo X.


O vector do campo eléctrico assim como do campo magnético são
perpendiculares ao sentido de propagação. A Onda que manifesta essa
propriedade chama-se onda transversal.
Consequentemente, a onda electromagnética plana é transversal.
c
No entanto, a velocidade fásica é: v =
εµ

H=
ε
µ
[ ]
.n× E (79)

Daí que a intensidade do campo magnético da onda plana é perpendicular ao


vector do campo eléctrico e os seus valores instantâneos obedecem à condição
(79).
A terceira propriedade diz respeito à energia transferida pela onda
electromagnética plana.
Escrevemos a densidade de energia do campo electromagnético pela forma:
w ≡ we + w m

εE 2
we =

µH 2
wm =

Para aplicações, a densidade total de energia, pode ser expressa pelas formas:
Ensino à Distância 207

εE 2 µH 2 µH ε ε .µ
w= = = .E = .E.H
4π 4π 4π µ 4π
A última propriedade, referimos ao vector de Poynting ou seja, vector
responsável pela densidade do fluxo de energia; segundo a sua definição seria:

S=
c

[
E×H ]
Excluímos H sob a fórmula (79)

S=
c

ε
µ
[ [ ]
. E × n× E

Exercícios

1. Defina a onda plana e escreva a sua equação.


2. O que entende por superfície fásica?

Exercícios  x
3. Demonstre que a função arbitrária de estrutura f = f  t ± , éa
 c
∂2 f 1 ∂2 f
solução da equação ondulatória − =0
∂x 2 v 2 ∂t 2
[ ]
4. Considerando a decomposição: E = a.H + b. n × H e achando que
se trata de onda plana, determine os coeficientes a, b e expresse o vector
E em termos de H.

Chave de Correcções
1. Onda plana é onda para a qual todas as grandezas características
(componentes dos vectores do campo, os potenciais de densidade de energia,
etc.) dependem de uma só coordenada, por exemplo, X.
∂ 2 Ax 1 ∂ 2 Ax
Equação de onda plana: − 2 =0
∂x 2 v ∂t 2
2.Todos os pontos do espaço correspondentes à mesma fase de onda, criam a
tal chamada superfície fásica ou superfície de fase constante. A superfície
fásica é um plano perpendicular ao eixo X.
1. A solução está no próprio exercício;
2. Use a decomposição do vector H (veja a transformação feita da equação
69 a 79).
Lição nº3
5.4. Onda Plana Monocromática (senoidal).
Polarização das Ondas Electromagnéticas
Introdução
Nesta lição você vai estudar a onda plana monocromática. Você vai perceber que
uma onda monocromática representa um caso particular muito importante de
ondas electromagnéticas. Também poderá aprender nesta lição, a polarização das
ondas electromagnéticas.
Tempo de estudo da
lição: 02:00Horas

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o conceito de onda plana monocromática;


 Escrever as equações de onda plana monocromática e de
Helmholtz;
Objectivos  Fazer a dedução da equação de onda monocromática;
 Descrever os tipos de polarização de ondas electromagnéticas.

- Onda monocromática;
- Vector de onda e número de onda;
- Vector de Poynting;
Terminologia
- Densidade de energia;
- Polarização das ondas electromagnéticas.

5.4.1. Onda Plana Monocromática (senoidal).


Mais um exemplo prático das ondas electromagnéticas diz respeito à chamada
onda monocromática.
As ondas em que o campo é uma simples função periódica do tempo,
representam um caso particular muito importante de ondas electromagnéticas
denominadas monocromáticas. Todas as grandezas (potenciais, componentes do
campo) numa onda monocromática dependem do tempo mediante um factor da
Ensino à Distância 209

forma cos(ω t + α ) , onde ω é a frequência cíclica (ou simplesmente frequência


ou pulsação) da onda.
Assim como a onda arbitrária, onda monocromática que obedece às equações de
onda que escrevemos sob as formas:

εµ ∂ 2 E εµ ∂ 2 H
∇2 E − =0 (92) ∇2 H − = 0 (93)
c 2 ∂t 2 c 2 ∂t 2

div E = 0 (94) div H = 0 (95)


Pretendendo resolver as equações (92 ) e (93) , achando que os vectores do
campo dependem do tempo sob a forma trigonométrica ou forma exponencial,
escrevemos as fórmulas supostas, assim:

( ) ()
E r , t = E r .e − iωt (96 ) e ( ) ()
H r , t = H r .e − iωt (97 )
Sublinhe-se que há lugar para oscilações temporais do campo com uma só
frequência ω . É por isso que as ondas que variam durante o tempo segundo as
relações (96) e (97), denominam-se ondas monocromáticas.
Substituindo as fórmulas supostas de solução (96) e (97) em equações (92) e
(93), obteremos as equações correspondentes à variação espacial de onda
monocromática.
Derivando em relação ao tempo, obteremos o factor − ω 2 . e simplificando além
disso a função eiωt , chegamos às equações:

()
∇2 E r + ω 2
εµ
c 2
()
E r = 0 (98) ()
∇2 H r + ω 2
εµ
c2
()
H r =0 (99)
Segundo a classificação geral, as equações (98) e (99) chamam-se Equações de
Helmholtz.
Consequentemente, a onda monocromática varia no espaço conforme as
equações de Helmholtz.
Para resolver essas equações é preciso especificar as condições de fronteira.
Ao satisfazer estas condições, obteremos as condições de propagação das ondas
monocromáticas dessas frequências ω , aplicando essas equações para um
sistema isotrópico, homogéneo e não limitado.
Visto que os vectores do campo não tendem para o infinito, procuraremos as
soluções das equações de Helmholtz dadas pelas formas:

()
E r = E 0 .e −i k r (100 ) e ()
H r = H 0 .e − i k r (101)
É de realçar que estas expressões E 0 e H 0 são amplitudes, em geral,
complexas.

Quanto a K , denomina-se vector de onda. O seu módulo chama-se número de


onda.
Substituímos (100) e (101) em (98) e (99). Para tal, aproveitámos a identidade de
que:
∇ 2 e −i k r = (− ik ) e −i k r (102 )
2

Vista essa identidade (102), reduzimos (98) e (99) para:


εµ εµ
(−k 2 + ω 2 2
).E = 0 (103) (−k 2 + ω 2 ).H = 0 (104 )
c c2
Dado que as amplitudes não se anulam, obteremos a condição segundo a qual as
expressões (100) e (101) são soluções da equação de Helmholtz e passam a
descrever as variações espaciais de onda monocromática. Essa condição é dada
sob a forma:
εµ ω
K =ω = (105 )
c v


Atendendo à expressão que diz respeito à frequência ω : ω = de (105),
T

obteremos K = (106 )
Tv
2π No entanto, o produto T .v = λ não é mais que o
K= (107 )
λ espaço percorrido durante um período, isto é, é o
comprimento de onda.
Consequentemente, o número de onda K, é inversamente proporcional ao
comprimento de onda λ .

Conjugamos (100) e (101) com (96) e (97) e, por este meio obteremos, as
chamadas equações de onda monocromática:

( )
E r , t = E 0 .e i (k .r −ω t ). (108)
H (r , t ) = H .e (
0
)
i k .r −ω t .
(109)
Do mesmo modo, para a onda plana, podemos definir fase de onda como
argumento de funções trigonométricas. Portanto, para a fase da onda
monocromática escrevemos:

k.r − ω t = φ (110)
Da equação (110), resulta que temos uma superfície fásica dada sob a forma
linear em função das coordenadas.
É de sublinhar que os coeficientes são componentes do vector paralelo ao vector
normal, consequentemente, a onda monocromática (108) e (109) é plana e o
vector K é normal à superfície de fase constante (110). Consequentemente, o
sentido do vector de onda determina o sentido de propagação de onda plana
monocromática.
Quanto às expressões (108) e (109) é preciso fazer uma observação.

As amplitudes são E 0 e H 0 e em geral são grandezas complexas.


Entretanto, só faz sentido a grandeza real. Essa particularidade das relações não
influi sobre as formas lineares, mas há formas quadráticas e de ordem superiores,
por exemplo, densidade de energia, vector de Poynting.
Ensino à Distância 211

Para lidar com essas grandezas é preciso destacar as partes reais d (108) e (109).

( ) [
 E r , t = Re E .e i (ωt − k .r ) ]
( ) [ ]
0

 H r , t = Re H 0 .e i (ωt −k .r )

5.4.2. Polarização das Ondas Electromagnéticas


• Polarização Linear
• Polarização Elíptica
Sabe-se que a onda electromagnética plana revela uma propriedade relacionada
com o sentido das oscilações, a saber:
Este é perpendicular ao sentido de propagação destas ondas e das suas
superposições lineares.
Neste contexto, essas ondas são transversais. Exactamente essa propriedade faz
com que tenha lugar, mas uma regularidade das ondas electromagnéticas
chamada polarização.
Para introduzir essa concepção consideraremos só a componente eléctrica de
onda monocromática. Para tal, destacamos a amplitude E 0 desta onda. Em
geral, esta é complexa e por isso admite a apresentação sob a forma:
2
E 0 = E 0 .e − 2 iα
2
(111)
Dado que se considera o vector E 0 complexo, escrevemos este sob a forma:
r r r
E 0 = b.e − iα (112 ) b ≡ b1 + i b 2 (113)
Agora substituímos (113) em (112) e conjugando o resultado com (111),
teremos:

(b 1
2
) 2
− b2 + 2ib1 .b2 .e − 2 iα = E 0 .e − 2 iα
2
(114 )

Igualando as partes reais e imaginárias, de (114), decorrem as restrições sobre os


vectores b1 e b2 .

b 2 − b 2 = E 2
(115)
 1 2 0

2ib .b = 0
 1 2 (116)

Repare-se que os vectores b1 e b2 são transversais. Achamos que a onda se


propaga ao longo do vector unitário n . Visto que essa onda é transversal e
atendendo à relação (116), resulta que b1 ⊥ b2 ; b1 ⊥ n ; b2 ⊥ n (117 )
As relações (115), (116) e (117) baseiam-se parcialmente na fórmula (111).
Veja-se que esta não depende do tempo, por isso, os vectores b1 e b2 assim
como as relações (117), não variam durante o tempo. Neste contexto, a
decomposição (113) mantém-se estável durante o tempo.
Substituindo (112) e (113) em equação de onda monocromática e destacando a
parte real, uma vez que essa só tem sentido físico, para a intensidade do campo
eléctrico, aplicando a formula de Euler, e iβ = cos β + i sen β , obteremos:

( ) ( ) ( )  π
E r r , t = Re E r , t = b1 cos ωt − k .r − α + b2 cos  ωt − k .r − α + 
 2
(118 )
Daí concluímos que uma onda electromagnética monocromática e plana, admite
ser reduzida para duas ondas monocromáticas planas da mesma frequência.
No entanto, as oscilações relacionadas com algumas destas, são perpendiculares
às que se referem a outra.
É de sublinhar que esta decomposição mantém-se estável durante o tempo.
Suponhamos que se realizam as condições sob as quais b2 = 0 , a equação (118)
reduz-se a fórmula:

b2 = 0; ( ) (
E r r ,t = b1 cos ω .t − k .r − α ) (119 )

Agora, consideremos o plano P perpendicular ao


sentido de propagação de onda que
esquematizaremos segundo a figura. 5.1.

Fig.5.1

Achamos que se propaga a onda dada pela equação (119). As oscilações do


campo realizam-se ao longo do vector b1 e é por isso que neste plano P aparece
um sentido seleccionado. Este sentido é paralelo ao vector b1 e é especial, dado
que ao longo deste sentido efectua as suas vibrações, o campo eléctrico.
A propriedade de que existem sentidos seleccionados no plano perpendicular ao
sentido de propagação de onda chama-se polarização da onda.
Segundo essa consideração, a concepção de polarização só é apropriada à onda
transversal.
Repare-se que as oscilações correspondentes à onda (119) realizam-se no plano
(b , n ) e é por isso que é lógico que esta onda se chame onda de polarização
1
linear, linearmente polarizada ou onda polarizada num plano.

O plano composto pelos vectores b1 e n chama-se plano de polarização


Ensino à Distância 213

Tratando a expressão (118), verificamos que o seu 2º aditivo também


corresponde à onda de polarização linear.

Entretanto, o seu plano de polarização é composto pelos vectores b2 e n .

Vistas as relações (117), resulta que o plano b1 , n ( ) é perpendicular ao plano


( )
plano b2 , n .
Segundo essa consideração, concluímos que uma onda monocromática plana
(118), é redutível (decomponível) para a forma de sobreposição de duas ondas
monocromáticas planas linearmente polarizada em dois planos mutuamente
perpendiculares.
Além das ondas de polarização linear existe mais um tipo básico das ondas
polarizadas.
Para definir esse tipo de polarização, consideraremos a propagação de duas ondas
linearmente polarizada em planos perpendiculares, uma delas é polarizada ao
plano (y,x) enquanto que a outra é polarizada ao plano (z,x).
Achando que estas sejam independentes, escrevemos as equações de onda sob a
forma:
E y = b1 cos(ω.t − kx) ≡ b1 cos Φ (120)
Ez = b2 cos(ω.t − kx − ∆ϕ ) = b2 cos(Φ − ∆ϕ ) (121)

Num ponto do espaço, só se observa o campo resultante. Para encontrar este


campo é preciso excluir a fase variável ∆ϕ .
Para tal, rescrevemos (120) e (121) assim:
E y1 Ez
cos Φ = (122) cos Φ cos ∆ϕ + senΦsen∆ϕ = (123)
b1 b2
1  Ez E y 
senΦ =  − . cos ∆ϕ  (124)
sen∆ϕ  b2 b1 
elevado a dois, (122) e (124) e somando esses quadrados termo a termo,
aproveitando a identidade cos 2 Φ + sen 2 Φ = 1 para o vector resultante
obteremos:
2 2
Ey Ez E y Ez
+ 2
−2 cos ∆ϕ = sen 2ϕ (125)
b1 b2 b1 .b2

Sabe-se que esta equação, em geral, corresponde a uma elipse.


Consequentemente, sendo somadas as ondas (120) e (121), 0 vector do campo
resultante descreve uma elipse no plano transversal ao sentido de propagação.

A onda desta particularidade do vector E , chama-se onda de polarização


elíptica.
É de sublinhar que a composição do momento rotacional e de translação ao
longo do eixo X, faz com que o vector do campo resultante efectue o movimento
ao longo de uma trajectória Helicoidal.

Sumário
As ondas em que o campo é uma simples função periódica do tempo representam
um caso particular muito importante de ondas electromagnéticas denominadas
monocromáticas. Todas as grandezas (potenciais, componentes do campo)
numa onda monocromática dependem do tempo, mediante um factor da forma
cos(ω t + α ) , onde ω é a frequência cíclica (ou simplesmente frequência ou
pulsação) da onda.
Assim como a onda arbitrária, onda monocromática obedece às equações de onda
que escrevemos sob as formas:

εµ ∂ 2 E εµ ∂ 2 H
∇2 E − =0 (92) ∇2 H − = 0 (93)
c 2 ∂t 2 c 2 ∂t 2

div E = 0 (94) div H = 0 (95)

As equações (92) e (93) podem ser escritas:

( ) ()
E r , t = E r .e − iωt (96 ) e ( ) ()
H r , t = H r .e − iωt (97 )
Segundo a classificação geral, as equações (98) e (99) chamam-se Equações de
Helmholtz.

()
∇2 E r + ω 2
εµ
c2
()
E r = 0 (98) ()
∇2 H r + ω 2
εµ
c2
()
H r =0 (99)
Consequentemente, a onda monocromática varia no espaço conforme as
equações de Helmholtz.
As equações de onda monocromática são dadas pelas seguintes expressões:

( )
E r , t = E 0 .e i (k .r −ω t ). (108)
H (r , t ) = H .e (
0
)
i k .r −ω t .
(109)
A propriedade de que existem sentidos seleccionados no plano perpendicular ao
sentido de propagação de onda chama-se polarização da onda.
Ensino à Distância 215

Exercícios

1. Defina a onda plana monocromática e escreva as suas equações.


2. O que entende por polarização de ondas?

Exercícios 3. Deduza a equação de onda plana monocromática


4. Encontre a trajectória resultante para as diferenças de fase
π
∆ϕ = ± e ∆ϕ = 0, ± π .
2

Chave de Correcções
1. As ondas em que o campo é uma simples função periódica do tempo
representam um caso particular muito importante de ondas electromagnéticas
denominadas monocromáticas. Todas as grandezas (potenciais, componentes do
campo) numa onda monocromática dependem do tempo mediante um factor da
forma cos(ω t + α ) , onde ω é a frequência cíclica (ou simplesmente frequência
ou pulsação) da onda.
As equações de onda monocromática são dadas pelas seguintes expressões:

( )
E r , t = E 0 .e i (k .r −ω t ).
H (r , t ) = H .e (
0
)
i k .r −ω t .

2. A propriedade de que existem sentidos seleccionados no plano perpendicular


ao sentido de propagação de onda, chama-se polarização da onda.
4. Verifica-se que só desfazagem 0 0u ± π resulta uma onda de polarização
linear, consequentemente, uma onda linearmente polarizada decorre da
sobreposição de duas ondas de polarização elíptica.
Lição nº4
5.6. Difracção das ondas Electromagnéticas. Fórmula
de Kirchhoff.

Introdução
Nesta lição, você vai estudar o fenómeno de difracção das ondas
electromagnéticas (difracção de Fresnel e Fraunhoffer). Vai ver os postulados do
princípio de Huygens-Fresnell e vai deduzir também a fórmula de Kirchhoff que
permite calcular a amplitude que faz efeito no ponto de observação para a onda
plana.
Tempo de estudo de
lição: 02:00Hora

- difracção;
- Zona de difracção

Terminologia

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o conceito de difracção;


 Enunciar os postulados de Huygens-fresnell;
 Deduzir a equação da amplitude de onda electromagnética com
Objectivos base na fórmula de Kirchhoff;
 Estabelecer as condições de observação dos máximos e mínimos
de difracção de Fresnell.

Sabe-se que atravessando uma substância por um sistema homogéneo, a onda


electromagnética propaga-se ao longo das linhas rectas. Quando assim acontece,
ococcre a chamada lei de propagação rectilínea das ondas.
O vector de onda perpendicular à superfície fásica determina a direcção destas
rectas no espaço. Entretanto, essa conclusão só é válida para um sistema
homogéneo.
Para as aplicações, é importante como é que se propaga a onda através do sistema
heterogéneo composto, por exemplo, por obstáculos de aberturas de tamanhos
diferentes.
Ensino à Distância 217

Neste caso, a lei de propagação rectilínea só tem lugar para o comprimento de


onda infinitesimal (muito baixo).
Com o aumento de comprimento de onda, observam-se os desvios de propagação
rectilínea ou perturbações das leis da óptica geométrica.
Todos os fenómenos relacionados com esses desvios que acompanham a
propagação num sistema heterogéneo correspondem ao efeito chamado
difracção.
Suponhamos que sejam conhecidas as posições espaciais dos écrans dos
obstáculos, os seus tamanhos lineares e as formas geométricas, o problema
principal da física de difracção é o cálculo da intensidade do campo
electromagnético num ponto arbitrário do espaço.
O problema possui uma solução formal que se reduz na resolução de equações
ondulatórias sob condições de fronteira correspondentes ao sistema heterogéneo.

Entretanto, dada a quantidade enorme das versões dos écrans assim como das
suas posições, é óbvio que este caminho, por mais simples que seja não conduz
ao resultado, devido às dificuldades matemáticas.
É por isso que se pretende elaborar um método aproximado de tratar o fenómeno
de difracção.

É de sublinhar que este método só se aplica para calcular o campo


electromagnético dentro da zona de onda.

Consideremos o ponto da observação P que obedece à condição de que a


distância R entre o ponto de observação e abertura muitas vezes ultrapassa o
comprimento de onda ( R >> λ ) (126) .
Todos os pontos que satisfazem esta condição criam zona um de onda. Tratando
só do campo dentro da zona de onda, precisamos de especificar certas restrições
relacionadas com essa concepção. Mas em primeiro lugar os tamanhos lineares
dos obstáculos assim como a distância entre obstáculos e a fonte também devem
ultrapassar o comprimento da onda. Mais uma restrição, referimo-nos ao efeito
de difracção como tal. A teoria aproximada só será válida para os destinos
pequenos em relação à propagação rectilínea.

A teoria aproximada baseia-se no princípio de Huygens-Fresnell. Este consiste


de dois postulados:

1º postulado Huygens diz: todos os pontos atingidos pela onda admitem ser
considerados como fontes da onda secundária gerada pela onda incidente (ou
inicial). Este postulado, entretanto, só permite tratar de questões de forma
instantânea de superfície fásica e não diz respeito ao efeito que faz no ponto de
observação. Para prever essa acção, aplica-se mais um postulado (Fresnel).
2º postulado: ondas secundárias são coerentes e o efeito que essas criam no
ponto de observação reduz-se à interferência (somatório) das ondas secundárias
coerentes.

Fig.5.2

Em primeiro lugar, sublinhamos que todas as ondas que atravessam a projecção


dAn criam o efeito sobre a área dA e, por isso, a amplitude das ondas

secundárias emitidas pelo elemento dA é proporcional à área de projecção dAn .

(dU ∝ dAn ) (127 ) .


As ondas secundárias que atingem o ponto P devem percorrer a distância R. Por
isso, vai aparecer a diferença de fases que se determina pelo factor exponencial

e iKR .

dU p ∝ e iKR (128 )
O elemento dA é infinitesimal e, dessa forma, a amplitude de onda secundária
vem sendo inversamente proporcional à distância percorrida, consequentemente:
dU s
dU p ∝ (129) .
R

Achamos que a amplitude de onda incidente é igual a U . É óbvio que


dU ∝ U (130) , temos quatro relações de proporcionalidade (127), (128),
(129) e (130). Escrevemo-las sob a forma de igualdade introduzindo o
coeficiente de proporcionalidade que designaremos por “a”.
U iKR
dU p = a e dAn (131)
R
Ensino à Distância 219

Atendendo o enunciado de Fresnel para acção resultante, obteremos:

U iKR
U p = a∫ e dAn (132 ) ⇒ Fórmula de Kirschhoff
A
R

É de sublinhar que o campo electromagnético segundo a sua natureza é vectorial


composto por componentes vectoriais eléctricos e magnéticos.

1. Quanto à forma de Kirchhoff, essa diz respeito a uma dessas componentes. Há


versões dessa teoria que permitem tomar em conta as regularidades puramente
vectoriais.

2. A constante “a” não depende das particularidades do sistema que faz o efeito
de difracção. Por isso, é suficiente calcular esse coeficiente para um caso
concreto.

3. Quanto à superfície A, em geral é arbitrária, é conveniente escolhê-la como


parte da superfície fásica de onda incidente. Neste caso, todas as ondas
secundárias terão a mesma fase inicial.

Exemplo:

Aplicando a fórmula de Kirchhoff determine a amplitude que faz efeito em ponto


de observação para a onda plana que se propaga ao longo do eixo X no ponto
arbitrário deste eixo.

Resolução:
Dados:
u ( x ) = A0 .e ikx
P = (L,0,0)
Segundo uma das observações, na qualidade de
____________
up −?
superfície A, é conveniente escolher a superfície fásica, isto é, o plano que
atravessa o ponto X=0.

e ikR
u p = a∫ .u.dAn mas dAn = ρdρ .dβ ; u = u(x ) = A0 e
A
R x=0
R = L2 + ρ 2
∞ L2 + ρ 2 2π ∞ L2 + ρ 2
e ik .ρdρ e ik .ρdρ
Assim: u p = a. A0 ∫ ∫ dβ = 2πaA ∫
0 fazendo
0 L +ρ
2 2
0 0 L + ρ2
2

mudança de variáveis teremos:


ρdρ ρ →0⇒ξ → L
Seja ξ = L2 + ρ 2 e dξ = se , portanto:
L +ρ
2 2 ρ →∞⇒ξ →∞

e (ik − x )ξ ∞

 e ikL − xL  2πa 2πaiA0 e ikL
u p = 2πaA0 . lim ∫ e ikξ − xξ dξ = 2πaA0 lim = 2πaA0 lim −  = − A0 e ikL =
L
ik − x L  ik − x  ik k
2πaiA0 e ikL
up = .
k

O resultado do problema anterior permite especificar o coeficiente ´´a´´ que,


como se sabe, não depende da distribuição dos obstáculos e das aberturas destes
corpos que efectuam a difracção. Considerando a propagação da onda plana sob
as condições deste problema, obteremos:

u p = u(x ) = Ao .e ikL
x=L

2πaiA0 e ikL
Segundo o método de Kirchhoff: u p = e igualando as duas últimas
k
k
expressões, para o coeficiente ´´a´´, teremos: a = e, conjugando esta com a
2πi
k e ikR
2π .i ∫A R
primeira, obteremos a fórmula mais prática de Kirchhoff: u p = .u.dAn

Figura5.3:

5.7.Difracção de Fresnel
Em geral, a imagem de difracção depende de vários factores, tais como, forma
geométrica dos obstáculos e das aberturas, posições espaciais dos écrans, é por
isso que não existem relações mais gerais que formula Kirchhoff.
Entretanto, podemos classificar os fenómenos de disfarçam destacando dois
tipos básicos de difracção:
Ensino à Distância 221

 Difracção de Fresnel
 Difracção de Fraunhofer
Sob certas condições no ponto de observação, terá lugar a sobreposição ou
somatório dos raios convergentes. Neste caso, a difracção observada chama-se
difracção de Fresnel.
Dado que os raios convergentes correspondem à onda esférica, a difracção de
Fresnel é difracção de ondas esféricas.
Visto que se trata de raios convergentes, a imagem de difracção fica em distância
finita de écrans.
Sob outras condições, terá lugar o somatório dos raios paralelos. A este tio de
difracção, chama-se difracção de Fraunhofer.
Visto que a superfície fásica para os raios paralelos, é um plano (transversal aos
raios), a difracção se diz difracção de Fraunhofer, ou seja, difracção de ondas
planas.
Observando a imagem de difracção de Fraunhofer, fica ao infinito, por isso, para
observar essa difracção é preciso focalizar as ondas secundárias por via de lentes,
antenas, etc..
Como exemplo de difracção de Fresnel, consideraremos a difracção feita pela
abertura circular de raio R=a. Este exemplo é importante para aplicações ópticas
para os objectivos da radiolocalização.

Fig.5.4
Segundo o método de Kirchhoff, a acção resultante que se observa no ponto P é
k e ikR
2π .i ∫A R
dada pela expressão: u p = u.dAn (133)

Dado que a onda incidente é plana e propaga-se ao longo do eixo X, na


qualidade de superfície A, escolhemos a parte aberta de superfície fásica desta
onda. Esta coincide com o plano da abertura.
dA n = dA = ρ .dρ .dβ (134) vistas as coordenadas cilíndricas.

u = u(x ) (135)
A x=0
u ( x ) = A0 .e ikx (136)
u = A0 (137) ,
A
dA (0, ρ cos β , ρ .senβ ) (138)

 y = r cos α ; α = 0 e z = 0
P ( L, r , 0 ) (139) ⇒
 z = rsenα ; α = 0; e y = r

{
⇒ R = L2 + (r − ρ . cos β ) + ρ 2 sen 2 β
2
}1 / 2 {
= L2 − 2 rρ cos β + r 2 + ρ 2 }1 / 2

R = {L2 + r 2 + ρ 2 − 2 rρ cos β }1 / 2 (140)


A fórmula de Kirchhoff é válida para a zona de onda e só para os desvios baixos
em relação à propagação rectilínea.
A partir desta observação, notam-se as relações: L >> r , L >> ρ (141)
Vistas as relações (141) modificamos (140) para a forma:
r 2 + ρ 2 − 2rρ cos β 1 / 2 r 2 + ρ 2 rρ cos β
R = L.{1 + } ≈ L + −
L2 2L L (142)
............................
144 ..........
424..........
3.
44
n

1 1

R L

Repare-se que a fórmula de kirchhoff contém uma função gradual de R. Visto


que essa varia lentamente no espaço, é suficiente aplicar a aproximação de que
1 1
≈ (143)
R L
No entanto, não podemos aproveitar essa aproximação para o outro factor, pois
este é o factor oscilante que vai assumir a responsabilidade por diferença das
fases e vai determinar a acção resultante ou seja o resultado da imagem de
difracção.
Conjugando (134),(137),(142) e (143) com a fórmula (133), resulta:
 r2 ikρ 2π ikrρ . cos β
2
kA0 ik  L + 2 L  r −
up =
2π .iL
.e ∫0 ρ .e dρ . ∫0 e L dβ
2L
(144)

Suplemento matemático:
A função de Bessel de ordem zero é definida pela sua representação integral:

1
J 0 (z ) = ∫e
−iz cos β
dβ (S1)
2π 0

A função de ordem arbitrária n podemos também definir pela sua expansão por

J n (z ) = ∑
(

− 1)  z 
m n+ 2m

série de Taylor, de modo:   (S2)


m =0 (n + m )! m! 2 
Ensino à Distância 223

A função de Bessel manifesta o comportamento assimptótico seguinte:

2   2n + 1    1 
J n (z ) ≈ cos z − π    + 0. 3 / 2  (S4) Z >> 1
π .z   4  z 
Atendendo à fórmula (S1), reduzimos a expressão (144) para a fórmula:
 r2  ikρ 2
kA ik  L + 2 L  R  krρ 
u p = 0 .e  .∫ ρ .e 2 L Y0  .dρ (145)
i.L 0  L 
Consideraremos um caso especial e mais simples que se refere ao ponto de
observação pertencente ao eixo x: r =0 (146) P ∈ OX
Substituindo (146) em (145) e vista a expansão (134) de que J 0 (0 ) = 1 ,
ikρ . z
kA0 ikL R
up = .e ∫ ρ.e 2 L dρ (147)
i.L 0

2 4
1z 1z
∗ J 0 ( z ) ≈ 1 − .  +   + .....
1 2 42
para integrar (147), reescrevemo-la de modo seguinte:

kA0 ikL R ik2ρL


2

up = .e ∫ e dρ 2  1 
(148). Recorde que  ∫ e αx dx = e αx  . Assim,
2.i.L 0  α 
integrando, teremos:

2 A0 ikL 1  2 L 
ikρ 2 iKR 2
kA0 ikL 2 L R
up = .e .e 2L
= e . e − 1 (149)
2.i.L ik 0 2i i  

 ikR 
2

Tiramos para fora o factor exponencial  e 4 L 


 
 
ikR 2 − ikR 2
 R 2 
ik  L +
2 A0  4 L  e 4L
−e 4L
up = .e 
. (150)
i 2i
Atendendo à fórmula de Euler, daí resulta:

 R2 
2 A0 ik  L + 4 L  kR 2
up = .e .sen (151)
i 4L
Para interpretar esse resultado, aproveitamos o facto de que a intensidade é
proporcional ao quadrado do módulo de amplitude.
Atendendo a essa observação, para a intensidade no ponto de observação P,
obtém-se:
2 kR 2
I p = γ .u p = γ .4 A0 sen 2
2

4L
Visto que A0 é a amplitude de onda incidente, teremos a relação: γ . A0 = I 0
2

kR 2
Portanto, finalizamos escrevendo: I p = 4 I 0 sen 2 (152)
4L
kR 2
Repare-se que este resultado contém um factor oscilante, a saber: sen 2 ,é
4L
por isso que I p varia ao longo do eixo X percorrendo os seus valores máximos e
mínimos.
A consideração das observações de I p revela os desvios em relação à
propagação rectilínea ou seja, a difracção.
As condições para observar máximos e mínimos resultam dos problemas a
seguir:
Exemplo: estabelecer as condições para observar os máximos de difracção de
Fresnel em pontos do eixo X.
Para observar os máximos:
kR 2
sen 2 =1 (1)
4L
= 4I 0
max
Ip (2)

A solução de equação (1), é:


kR 2 π
= (2m + 1) (3) m=0,1,2,3,........
4L 2
Da expressão (3), obteremos X coordenadas dos pontos em que se observa o
máximo da difracção:
kR 2
L= (4)
2π (2 m + 1)

L0 kR 2
Lm = (5), L0 = (6)
2m + 1 2π
Note-se que essa coordenada (L) diminui com o aumento de m, portanto o
número m não pode tender ao infinito, partindo do princípio de que a partir de
um certo valor de m o ponto de observação deixa de pertencer à zona de onda e,
logo, deixa de ser válida a lei de Kirchhoff.

Fig. 5.5
Ensino à Distância 225

Repare-se que a onda incidente focaliza-se atravessando essa abertura. É por isso
que o fenómeno usa-se para concentrar as ondas electromagnéticas.
Os dispositivos correspondentes chamam-se lâmina zonal e Lâmina de Segre.
Há dispositivos correspondentes para as ondas luminosas infra-vermelhas,
microondas, assim por diante.
∗ para r ≠ 0 , a imagem de difracção consiste dos anéis concêntricos.
Para calcular o raio do anel é preciso considerar a expressão S2.

Sumário
Com o aumento de comprimento de onda, observam-se os desvios de propagação
rectilínea ou perturbações das leis da óptica geométrica.
Todos os fenómenos relacionados com esses desvios que acompanham a
propagação num sistema heterogéneo correspondem ao efeito chamado
difracção.
A teoria aproximada baseia-se no princípio de Huygens-Fresnell. Este consiste
de dois postulados:

O 1º postulado Huygens diz: todos os pontos atingidos pela onda admitem ser
considerados como fontes da onda secundária gerada pela onda incidente (ou
inicial). Este postulado, entretanto, só permite tratar questões de forma
instantânea de superfície fásica e não diz respeito ao efeito que faz no ponto de
observação. Para prever essa acção aplica-se mais um postulado (Fresnel).

O 2º postulado refere que: as ondas secundárias são coerentes e que o efeito


que essas criam no ponto de observação reduz a interferência (somatório) das
ondas secundárias coerentes.

Atendendo ao enunciado de Fresnel para a acção resultante obteremos:

U iKR
U p = a∫ e dAn (132 ) ⇒ Fórmula de Kirschhoff
A
R

Entretanto, podemos classificar os fenómenos de disfarçam destacando dois tipos


básicos de difracção:
 Difracção de Fresnel
 Difracção de Fraunhofer
Dado que os raios convergentes correspondem à onda esférica, a difracção de
Fresnel é difracção de ondas esféricas.
Sob outras condições, terá lugar o somatório dos raios paralelos. Essa chama-se
difracção de Fraunhofer
Visto que a superfície fásica para os raios paralelos, é um plano (transversal aos
raios), a difracção de Fraunhofer é, difracção de ondas planas.
Ensino à Distância 227

Exercícios

1. Atendendo à expressão (152), procure estabelecer as condições de


observação dos mínimos de difracção.
2. Aplicando a expressão (S2) para a fórmula (145), determine u p
Exercícios
(acção de ondas secundárias no ponto u p ) com precisão r 4 .

Chave de Correcções
1. Para observar os mínimos:
kR 2
sen 2 = 0 (1) Ip
min
=0 (2)
4L
kR 2
A solução da equação (1), é: = mπ (3) m=0,1,2,3,........
4L
Da expressão (3), obteremos X coordenadas dos pontos em que se observa o
mínimo da difracção:
kR 2 L0 kR 2
L= (4) Lm = (5), L0 = (6)
4mπ m 4π
 R8 
2 A ik  L + 4 L  kR 8
2. u p = 0 .e  .sen
i 4L
Lição nº5
5.8.Difracção de Fraunhofer

Introdução
Nesta lição, você vai estudar a difracção de Fraunhofer e deduzir a equação da
intensidade do campo electromagnético nos pontos arbitrários do espaço na
difracção de Fraunhofer.
Tempo de estudo de
lição: 01:30Hora
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar a difracção de Fraunhofer ;


 Estabelecer a diferença entre a difracção de Fraunhofer e de
Fresnel;
Objectivos  Deduzir a equação da intensidade do campo electromagnético
nos pontos arbitrários do espaço na difracção.

Suponhamos que uma onda plana propaga-se ao longo do eixo X e sofre


difracção de Fraunhofer atravessando uma abertura no écran plano coincidente
YoZ

Fig.5.6

Dado que o ponto P pertence à zona de ondas, a acção resultante vem sendo
determinada pela fórmula de Kirchhoff.
Ensino à Distância 229

k e ikR
2π .i ∫A R
up = u.dAn (153)

Escolhendo como superfície A a parte aberta de superfície fásica de onda


incidente, é óbvio que esta coincide com o plano YOZ.
Portanto dAn especificamos pela expressão:

dA n = dydz (154) , R = R0 − r (155)

1/ 2
 r 2 2 R r 
R= [R + r
2
0
2
− 2 R0 r ]
1/ 2
= R0 1 + 2 − 02  (156)
 R0 R0 
Dado que se considera a difracção de Fraunhofer, os vectores R 0 e R são quase
paralelos, por isso R0 >> r (157).
Vista a condição (157), podemos considerar a expansão da fórmula (156),
incluindo só os termos lineares,
 r2 R0 r  R
R ≈ R0  1 + − ≈ R0 − 0 r (158)
 2
R0 R0 
2 2
R0

r2 R0
2
→0 e =1
2 R0 R0

Designaremos por n o vector unitário

R0
n= (159)
R0
Este vector determina o sentido de propagação das ondas desviadas para o ponto
P.
Vista a definição (159), acabamos por escrever:

R ≈ R0 − n r (160)

1
Substituindo R na fórmula (153), é preciso tomar em conta que é uma função
R
gradual, por isso, podemos aproveitar a expressão:
1 1
≈ (161)
R R0
Além disso, introduzimos o vector de onda K definindo-o da seguinte maneira:

k = Kn (162)
Atendendo a (161) e (162) e vistas as expressões (154) e (160), transformemos a
integral de Kirchhoff (153) para a forma:
k
up = e ikRo ∫ e −i k r o u.dydz (163)
2π .i.R0 A

É conveniente introduzir uma função ()


u r , definida pela expressão:

u.......r ∈ A
()
ur = (164)
0.......r ∉ A
Vista a definição (164) podemos alargar a integração para o plano inteiro yoz,
resultando assim: u p =
k
2π .i.R0
()
e ikRo ∫ e − i k r o u r .dydz (165)
A

..........
144 ..........
244 .......
3

Repare-se que a integral destacada em (165), admite ser expressa em termos de


transformação de Fourier. Para tal, escrevemos a expansão em integral de Fourier
que diz respeito a u r . ()
up =
1
2π ∫A
()
e i k r o u k .dk y dk z (166)

()
Localizaremos a transformação de Fourier u k . Para isso, multiplicaremos
(166) pela função e − i k ' r e integramos pelo plano yoz:

∫ u (r ).e ()
dk y dk z ∫ e i (k − k ' )r u k dydz
1

−i k 'r
dydz = (167)

( ) dydz = (2π )2 δ (k − k ')
∫e
− k −k ' r
(168)

Atendendo à representação integral de delta Croniker de Dirack dada pela


fórmula (168) , transformamos (167) para a forma:

∫ u(r ).e ()( )


dydz = 2π ∫ u k δ k − k ' dk y dk z
−i k ' r
(169)

Integrando (169) chegamos à relação:

()
u k' =
1
2π ∫
()
u r .e −i k ' r dydz (170)

Comparando (170) e (165), resulta:

up =
k ikR0
iR 0
e .u k () (171)

Segundo (170) o resultado da difracção de Fraunhofer é proporcional à difracção


transformada de Fourier de onda incidente, consequentemente, essa difracção
reduz-se à expansão desta onda em integral de Fourier.
Para poder prognosticar o resultado, é suficiente calcular a amplitude de Fourier
uk()
Ensino à Distância 231

()
Quanto ao significado de u k , é conveniente calcular a intensidade total de
onda incidente. Sabe-se que esta é proporcional ao quadrado do módulo de
amplitude.
Normalizamos a amplitude de modo a que esse coeficiente seja igual a 1,
consequentemente a intensidade de onda será:

()
I = ∫ u r dydz
2
(172)

()
u r excluímos segundo a fórmula (166), por isso, teremos:

I=
1
(2π )2 ∫
() ( )
u k .∗ u k ' dk y dk z dk ' y dk ' z .e i (k − k ' )dydz (173)

..........
142........43

Atendendo à representação da integral de δ , resultará:

() ( ) (

)
I = ∫ u k .u k ' .δ k − k ' dk y dk z dk ' y dk ' z (174)
2
I = ∫ u (k ) .dk y dk z (175)

Visto que o primeiro membro é a intensidade o segundo membro, (a função


integrante) diz respeito à intensidade infinitesimal, por isso obteremos:

() 2
dI = u k dk y dk z (176)

.........
123

Segundo (176), a transformação de Fourier por quadrado do seu módulo


determina a distribuição angular de onda que sofre a difracção no sentido do
vector k.

Sumário
Suponhamos que a onda plana se propaga ao longo do eixo X e sofre difracção
de Fraunhofer atravessando uma abertura no écran plano coincidente YoZ.
Dado que o ponto P pertence à zona de ondas, a acção resultante vem sendo
determinada pela fórmula de Kirchhoff.

k e ikR
2π .i ∫A R
up = u.dAn

Escolhendo como superfície A a parte aberta de superfície fásica de onda


incidente, é óbvio que será coincide com o plano YOZ.
Vista a definição (164) podemos alargar a integração para o plano inteiro yoz,
resultando assim : u p =
k
2π .i.R0
e ikRo ∫ e −i k r o u r .dydz ()
A
Segundo (170) o resultado de difracção de Fraunhofer é proporcional à
transformada de Fourier de onda incidente, consequentemente, essa difracção
reduz-se à expansão desta onda em integral de Fourier.
Para poder prognosticar o resultado, é suficiente calcular a amplitude de Fourier
()
uk .

()
Quanto ao significado de u k é conveniente calcular a intensidade total de onda
incidente. Sabe-se esta é proporcional ao quadrado do módulo de amplitude.
Normalizamos a amplitude de modo que esse coeficiente seja igual a 1,
consequentemente, a intensidade de onda será:

() 2
I = ∫ u r dydz

dI = u (k ) dk dk
2
y z (176)

.........
123

Segundo (176) a transformação de Fourier por quadrado do seu módulo


determina a distribuição angular de onda que sofre a difracção no sentido do
vector k.
Ensino à Distância 233

Exercícios

1. A onda plana u (x ) = A0 e ikx sofre a difracção de


Fraunhofer atravessando a abertura rectangular definida pelas
condições:
Exercícios
a a b b
− ≤ y≤ ; − ≤z≤ .
2 2 2 2
Atendendo à expressão (170) e (164), calcule:
a) A acção no ponto de observação u p

b) Estabeleça as equações
correspondentes aos mínimos e
máximos.
Chave de Soluções

ak
1.a) Para a condição dos mínimos : senθy = πm m = (± 1; ± 2 ) Ip = 0 min . ou seja :
2
bk
senθz = πn n = (± 1; ± 2 ) Ip = 0 min .
2

Condição dos máximos:


ak π
senθy = (2m + 1) ; m = (± 1; ± 2 ) Ip = 4 I 0 max .
2 2
bk π
ou seja: senθz = (2n + 1) n = (± 1; ± 2 ) Ip = 4 I 0 max .
2 2
b) A equação dos mínimos de difracção correspondente é :

asenθy = mλ , k = ;
λ
As equações dos máximos de difracções correspondentes são:
λ
a senθy = (2m + 1) e
2
λ
b senθz = (2n + 1) ;
2
Ensino à Distância 235

Lição nº 6
Revisão da Unidade 5
Introdução
Chegamos ao fim da Unidade 5. Agora você vai fazer revisão de toda a matéria
sobre as equações do campo electromagnético.

Tempo de estudo da
lição: 10:00 Horas

O tempo sugerido de 2 horas de revisão é considerado suficiente. No entanto,


pode ser que você necessite de mais tempo.
Na unidade que acabou de estudar, alargou o seu conhecimento sobre o
electromagnetismo.Vamos destacar aqui algumas definições e teoremas
importantes que você deve reter:
Onda electromagnética é todo o campo que aparece longe de cargas e longe de
correntes.

O campo electromagnético no vácuo, ρ = 0 e j = 0 e dado que ε = 1 e µ = 1 ,


as equações de Maxwell-Lorentz admitem ser reduzidas para as formas:
1 ∂H
rotE = − , (1)
c ∂t
divH = 0 (2)
1 ∂E
rotH = , (3)
c ∂t
divE = 0 (4)
A equação que determina o potencial das ondas electromagnéticas, é-
1 ∂2 A
∆A − =0
c 2 ∂t 2
Ela denomina-se equação D´Alembert (ou equação de Onda).
No campo electromagnético, na ausência de cargas, ρ = 0 , escrevemos o
sistema das equações de Maxwell como se segue:

µ ∂H
rot E = − (16)
c ∂t
div H = 0 (17)

4π ε ∂E
rot H = σE+ (18)
c c ∂t
div E = 0 (19)
As equações ondulatórias respectivas às substâncias dieléctricas:

εµ ∂ 2 E
∇2 E − = 0 (26)
c 2 ∂t 2

εµ ∂ 2 H
∇2 H − = 0 (27)
c 2 ∂t 2
As equações ondulatórias respectivas aos potenciais electromagnéticos:

εµ ∂2 A 1 ∂2 E
∇2 A − =0 ou seja ∇2 E − =0 e
c2 ∂t 2 v 2 ∂t 2
1 ∂2 H
∇2 H − 2 =0
v ∂t 2

εµ ∂ 2 ϕ
∇2ϕ − =0
c 2 ∂t 2
Onda plana é onda para a qual todas as grandezas características (componentes
dos vectores do campo, os potenciais densidade de energia, etc.) dependem de
uma só coordenada, por exemplo, X.
Considerando equações ondulatórias para uma substância dieléctrica:

1 ∂2 A
∇2 A − = 0 (29)
v 2 ∂t 2
1 ∂ 2ϕ
∇ 2ϕ − = 0 (30)
v 2 ∂t 2
A densidade de energia do campo electromagnético é:
w ≡ we + wm (80)

εE 2
we = (81)

µH 2
wm = (82)

S = v.w.n , (91) v - velocidade fásica.
As ondas em que o campo é uma simples função periódica do tempo representam
um caso particular muito importante de ondas electromagnéticas denominadas
monocromáticas.
Assim como a onda arbitrária, a onda monocromática obedece às equações de
onda que escrevemos sob as formas:

εµ ∂ 2 E εµ ∂ 2 H
∇ E−
2
=0 (92) ∇ H− 2
= 0 (93)
c 2 ∂t 2 c 2 ∂t 2

div E = 0 (94) div H = 0 (95)


Ensino à Distância 237

Pretendendo resolver as equações (92 ) e (93) , escrevemos as fórmulas supostas,


assim:

( ) ()
E r , t = E r .e − iωt (96 ) e ( ) ()
H r , t = H r .e − iωt (97 )
As equações de onda monocromática na forma exponencial:

( )
E r , t = E 0 .e i (k .r −ω t ). (108)
H (r , t ) = H .e (
0
)
i k .r −ω t .
(109)
Atendendo ao enunciado de Fresnel para a acção resultante, obteremos:

U iKR
U p = a∫ e dAn (132 ) ⇒ Fórmula de Kirschhoff
A
R

Exercícios de Revisão da Unidade 5

r r
∂2E 1 ∂2E
1. Mostre por substituição directa que a equação = é
∂x 2 c 2 ∂t 2
satisfeita pela função de onda
Auto-avaliação E y = E 0 sen (kx − ω t ) = E 0 senk ( x − ct ) onde c = ω / k .

2. Considerando a decomposição: E = a.H + b. n × H e achando que [ ]


se trata de onda plana, ache os coeficientes a, b e deternime o vector E em
termos de H.
3. Atendendo às equações (108) e (109) e vistas as propriedades de onda
r
plana, relacione as amplitudes complexas E 0 e H 0 .

Chave de Correcções
1. Trata-se de uma demonstração. A resposta está no próprio exercício.
2. Use a decomposição do vector H (veja a transformação feita de equação 69 a
79).
3. Quanto às expressões (108) e (109) é preciso fazer uma observação.

As amplitudes são E 0 e H 0 e em geral são grandezas complexas.


Entretanto, só faz sentido a grandeza real. Essa particularidade das relações não
influi sobre as formas lineares, mas há formas quadráticas e de ordem superiores,
por exemplo: densidade de energia, vector de Poynting.
S=
c

[ ] ( ) ( )
E × H além disso, n.E = 0 bem como n.H = 0 (65)
r r
consequentemente E ⊥ n H ⊥ n ⇒ E ⊥ H
Ensino à Distância 239

Unidade nº6
Balanço Energético

Introdução
Nesta unidade você vai tratar de assuntos relacionados com o balanço energético.
Você poderá fazer a dedução da equação de balanço da energia do campo
electromagnético de uma superfície S de volume V. Vai falar também de balanço
local de energia e interpretar o vector de Poynting. Poderá estudar ainda o
sentido do vector de Poynting, o cálculo de energia magnética e eléctrica em
sistemas energicamente isolados e, ainda mais, o fluxo de energia num condutor
com corrente contínua.

Tempo de estudo da
Unidade: 03:30 Horas

Esta Unidade tem 2 lições, estando prevista uma lição de 1:30 horas e a outra de
2:00 horas. O número de horas estimado é considerado suficiente para você
conseguir atingir os objectivos definidos no início de cada lição.
Lição nº1
6.1. Dedução da Equação de Balanço de Energia

Introdução
Nesta lição, você vai aprender a deduzir a equação do balanço de energia
partindo das equações de Maxwell, estudar o fluxo do vector de Poynting e o
balanço de energia de um sistema isolado assim como o sentido do vector de
Poynting.
Tempo de estudo da
Lição: 02:00 Horas

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Deduzir a equação de balanço energético;


 Explicar o fluxo vectorial de Poynting e o balanço energético;
 Explicar o sentido do vector de poynting
Objectivos

- Fluxo de energia;
- Vector de Poynting

Terminologia

Tomamos as seguintes equações de Maxwell:

→ →
→ ∂D → → ∂B
rot H = + j (1) rot E = − (2)
∂t ∂t
→ →
Multipliquemos (1) por E e (2) por H :
Ensino à Distância 241

→ →
→ →∂D →→
→ → → ∂B→
E rot H = E + jE (3) H rot E = − H (4)
∂t ∂t

Unamos ambas as igualdades de modo a que se aplique a identidade de análise


vectorial (div). Para tal, subtraímos os primeiros e segundos membros de (4) e
(3):

→ →
→ ∂D → ∂B
→ →  →→
Div  E , H  = − E −H − j E (5)
  ∂t ∂t

A equação obtida expressa a característica local de balanço de energia do campo


electromagnético. Com base no teorema de Gauss-Ostrogrask apresentamos a
equação (5) sob forma integral e teremos:
→ → → →
→ →   ∂D ∂B → →

∫s  E , H ds = − ∫v  E ∂t + H ∂t dV − V∫ j EdV ( 6)


 

O último termo do 2º membro de (6) expressa o potencial total P em V.

→→
P= ∫ j E dV
V
(7 )

e caracteriza em conjunto todos os processos de transformação de energia no


interior da região.


Se em j = 0 não se produz nenhuma classe de transformação de energia, logo,

P = 0.

Analisando a equação (6) para aclarar o sentido físico da integral


→ → → → 
 ∂D ∂B
∫V  E ∂t + H ∂t dV , consideraremos um caso especial. Suponhamos que o
 
interior de V com superfície S tenha uma cobertura impermecível S’ do campo
(figura abaixo).

Ademais, a integral do primeiro membro de (6) é igual a zero, já que na


superfície S não há campo. Assim, para a região V energicamente isolada, a
equação (6) toma o seguinte aspecto:

→ → → →
 ∂D ∂B
P = −∫  E +H dV
V 
∂t ∂t 
 
Fig. 6.1

Como a região V não se comunica com o exterior, a potência P deve estar


relacionada com a energia W no interior de V mediante a seguinte correlação
dW
P=− (9) que descreve a acção da Lei da Conservação de Energia.
dt

Para P > 0 (há absorção de energia) a reserva interior da energia W consome-se


na medida do possível, enquanto que se P < 0 (generação ou geração), a energia
cresce.

Comparando (8) com (9) convencemo-nos de que a integral é igual à derivada


temporal da energia w:

→ → → →
 ∂D ∂B ∂W
∫V  E ∂t + H ∂t dV = ∂t (10)
 

Retomemos ao caso geral (quando não há isolamento energético) e consideremos


toda a equação (6).

Tomando a dedução (10) como sentido universal, tendo em conta a última


igualdade e a equação (7), escrevemos (6) na forma seguinte:

∫ πds +
S
dW
dt +P=0 (11) ⇒ Equação de Balanço Energético.

→ →
π =  E , H  (12 )
 

A magnitude π que foi introduzida é conhecida como vector de Poynting.

6.2. Fluxo do Vector de Poynting e Balanço de Energia


A existência do fluxo de vector de Poynting πds ≠ 0 (13)
S

indica, pelo que já vimos, a divergência entre a região que se comunica com o
espaço que circunda a região energeticamente isolada, a própria integral, bem
como os demais termos da equação (11) têm a mesma dimensão que a potência,
caracteriza o intercâmbio de energia entre a região V e o meio exterior.
Ensino à Distância 243

Se, em caso particular, o fluxo de vector de Poynting for positivo, a soma dos
dW
outros termos da equação (11) é negativa πdS > 0 ; ∫ dt
+P<0 (14)

O sentido físico das desigualdades (14):

dW
• O decrescimento da reserva de energia ( < 0 ) e os processos de
dt
regeneração ( P < 0 ) no interior de V condicionam a passagem de
energia pela superfície de separação S ao meio exterior, tendo em conta
que, em virtude da equação (11) o fluxo vector de Poynting é igual à
energia que sai de V por unidade de tempo.
• A mais simples variante é aquela quando a reserva da energia no interior
dW
de V queda constante ( = 0 ), enquanto que não há absorção
dt
(Pd = 0 ) ; ao mesmo tempo em virtude de (11) temos:

∫ πds = − P
ex
(P ex
< 0) ou seja o fluxo vector de Poynting só se cria
S

por forças exteriores e é igual à potência dos mananciais que se encontram no


interior de V.

Podemos dizer que as desigualdades (14) correspondem ao “regime de emissões”


da região V. por exemplo: podemos indicar uma antena emissora.

Se o fluxo de vector de Poynting é negativo, a soma dos termos restantes de (11)


será positiva:

dW
∫ πdS < 0 ; dt
+P>0 (15)

dW
O crescimento da reserva da energia ( > 0 ) e os processos de absorção
dt
(P > 0) no interior de V estão relacionadas com a afluência de energia exterior
pela superfície S enquanto que o fluxo vector de Poynting, em virtude da
equação (11), tenderá a uma magnitude igual à energia que flui por unidade de
tempo.

Ao cumprir-se as desigualdades (15), falaremos de “regime de absorção” da


região V.
Suponhamos, em particular, que a reserva da energia queda constante

= 0 ) em que não há forças exteriores (P ex = 0 ) , então, segundo (11),


dW
(
dt
teremos:

∫ πdS = − P d (Pd > 0)


S

E por conseguinte, o fluxo do vector de Poynting a sua magnitude absoluta será


igual à potência dos mananciais exteriores que se absorve no interior de V.

Assim, a magnitude absoluta de vector de Poynting através da superfície S


acotada a examinar é sempre igual à energia que por ele transcorre numa ou outra
direcção por unidade de tempo. Dessa magnitude com dimensões de potência,
tem sido chamada fluxo de energia . Este é positivo se a energia sai para o meio
exterior e, negativo, se penetra a região que se considera.

Fig.6.2

O fluxo de energia expressa-se pelo fluxo do vector. Quando o fluxo do vector é


positivo, as suas linhas (predominantes ou totalmentes) saem para o exterior e
quando é negativo entra para o interior. Desse modo, as linhas salientes do vector
de Poynting π mostram a emissão de energia, enquanto que as entrantes, sua
absorção. Isto explica-se nas figuras anteriores.

6.3. Balance Local de Energia e Interpretação do Vector de Poynting

Retornemos à equação (5) para aclarar o seu significado aplicando as fórmulas:

→→
P= jE (16)
Ensino à Distância 245

→ →
π =  E , H  (17 )
 

 → →  →2  →→
E → ∂D → ∂E ∂ ε E  ∂  E D
 ∂t = E ε ∂t = ∂t  2  = ∂t  2 
 
    
 (18)
→ → → →  →2 → →
∂ B ∂ H ∂  µ H  ∂  H B 
H =Hµ =  =
 ∂t ∂t ∂t  2  ∂t  2 
    

1  →2 →2 1 →→ →→
ϖ =  ε E + µ H  =  E D+ H B 
 (19)
2  2 

Teremos:

∂ω
divπ + +P=0 (20 )
∂t

A divergência do vector de Poynting em cada ponto do campo equilibra-se pela


velocidade de variação da densidade de energia e pela densidade de potência.

Se no contorno do decrescimento menor do ponto que consideramos existe o


∂ϖ
“regime de energia emissões”, nesse ponto + P < 0 e, em virtude de (20),
∂t
∂ϖ
divπ > 0 , enquanto no “regime de absorção” + P > 0 e, por conseguinte,
∂t
divπ < 0 .

Finalmente, quando não há mudanças quantitativas ou transformações de


∂ϖ
energia, ou seja, quando isto se equilibra + P = 0 , assim que divπ = 0 .
∂t
Pois dependendo do ponto dado: “manancial” ou “vertidouro” das linhas de
vector de Poynting, ou seja, não é num nem noutro, podemos julgar sobre o
carácter local de balanço de energia.

Qual é o sentido do vector Poynting?

Para responder, partimos da suposição de que o fluxo π por qualquer superfície


S (e não só por uma superfície cerrada) expressa o fluxo de energia que passa por
esta superfície e é igual à energia por unidade de tempo. Neste caso, é evidente
que π é a densidade do fluxo de energia:
∆W
π = lim π0 (21)
∆S → 0 ∆S

∆W ⇒ é a quantidade de energia que passa pelo elemento ∆S de superfície


reduzida por unidade de tempo;

π 0 ⇒ o vector unitário perpendicular à ∆ S que indica o sentido do movimento


da energia.

Como vimos, o fluxo de energia ∫ πdS


S
e a sua densidade π formam uma


mesma correlação igual que a corrente de condução I = ∫ jdS
S
e a densidade de


corrente j . Se P for igual a zero, a equação (20) transforma-se :

∂ω
divπ = − (22 ) (P=0)
∂t

O que obtivemos é análogo à “equação de continuidade” que em forma


diferencial expressa a lei de conservação de carga. Neste caso, trata-se da
conservação de energia do campo electromagnético ao não existir o processo de
transformação.

Ao estudar o movimento de energia sem transformações, podemos também


aplicar as seguintes correspondências, substituindo na seguinte equação j = ρv ,
o j por π e ρ por ω e teremos:

π = ωv (23)
Sendo v a velocidade de movimento de energia do campo electromagnético.

Como vimos, o conhecimento do vector de Poynting e a densidade de energia do


campo electromagnético como funções de coordenadas, não nos permitem falar
da velocidade do seu movimento em qualquer ponto do espaço.

Sumário
∫ πds +
S
dW
dt +P=0 (11) ⇒ Equação de Balanço Energético.
Ensino à Distância 247

→ →
π =  E , H  (12 )
 

A magnitude π que foi introduzida é conhecida como vector de Poynting.


A existência do fluxo de vector de Poynting πds ≠ 0 (13)
S

Indica, pelo que já foi visto, a divergência entre a região que se comunica com o
espaço que circunda da região energeticamente isolada; a própria integral como
os demais termos da equação (11) têm a mesma dimensão que a potência,
caracteriza o intercâmbio de energia entre a região V e o meio exterior.
Assim, a magnitude absoluta de vector de Poynting através da superfície S
acotada a examinar, é sempre igual à energia que por ele transcorre numa ou
noutra direcção por unidade de tempo. Essa magnitude, com dimensões de
potência, tem sido chamada fluxo de energia . Este é positivo se a energia sai
para o meio exterior e, negativo, se penetra a região que se considera.

Fig.6.2

O fluxo de energia
expressa-se pelo fluxo
do vector. Quando o
fluxo do vector é positivo, as suas linhas (predominantes ou totalmente) saem
para o exterior e quando é negativo entra para o interior. Desse modo, as linhas
salientes do vector de Poynting π mostram a emissão de energia, enquanto que
as entrantes, a sua absorção. Isto explica-se nas figuras anteriores.
Qual é o sentido do vector Poynting?
Para responder partimos da suposição de que o fluxo π por qualquer superfície S
(e não só por uma superfície cerrada) expressa o fluxo de energia que passa por
esta superfície e é igual à energia por unidade de tempo. Neste caso, é evidente
que π é a densidade do fluxo de energia:

∆W
π = lim π0 (21)
∆S → 0 ∆S
Exercícios
1.Com base nas equações de Maxwell, deduza a equação de balanço
energético (considere o interior de uma região de volume V e superfície
S que tenha uma cobertura impermeável S´ do campo electromagnético,
Exercícios veja a figura) e dê a sua interpretação física.
Obs: [E, H ] = Π ← Vector de Poynting
2. Segundo o teorema de Poynting, há duas razões para a variação de
energia do campo electromagnético. Indique-as.

Chave de Correcções

1. πds +
S
dW
dt +P=0 (11) ⇒ Equação de Balanço Energético.

→ →
π =  E , H  (12 )
 

A magnitude π que foi introduzida é conhecida como vector de Poynting.


A existência do fluxo de vector de Poynting πds ≠ 0
S

Indica, pelo que já foi visto a divergência entre a região que se comunica com o
espaço que circunda da região energeticamente isolada; a própria integral como
os demais termos da equação (11) têm a mesma dimensão que a potência,
caracteriza o intercâmbio de energia entre a região V e o meio exterior.

2. As duas razões para a variação de energia do campo electromagnético


∂w
segundo o teorema de Poynting + div Π = − j.E , são:
∂t
1º) o fluxo do vector de Poynting e,
2º) o trabalho executado sobre as cargas eléctricas.
Ensino à Distância 249

Lição nº2
6.4. Aplicação dos Resultados Obtidos

6.4.1. Sistema Energeticamente Isolado

Introdução
Nesta lição você vai estudar o cálculo de energia eléctrica e magnética em
sistemas energicamente isolados, além disso, vai estudar o fluxo de energia num
condutor com corrente contínua.

Tempo de estudo da
Lição: 01:30 Horas

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Aplicar os resultados obtidos em sistemas energicamente


isolados;
 Calcular a energia eléctrica e magnética em sistemas
Objectivos energicamente isolados;
 Explicar a determinação do fluxo de energia num condutor de
corrente contínua.

Energia eléctrica e energia magnética

Terminologia

Aqui, consideraremos somente certos exemplos: simples, se um sistema


energeticamente isolado e a potencia P é proporcional à reserva da sua energia
W. P = αW (24) .
O coeficiente de proporcionalidade α é positivo ao prevalecer a absorção e
negativa ao haver geração suficientemente eficaz.

Introduzindo a expressão da potência (1) na equação de balanço de energia (11) e


supondo que π = 0 obtêm-se a seguinte equação diferencial com respeito à
reserva de energia do sistema:

dW
+ αW = 0 ( 25)
dt

 P(t ) 
A sua solução é W(t ) = W( 0 ) exp (− αt ) = W(0 ) exp −



(26 ) e
 W ( t ) 

nos mostra que a reserva da energia é uma função exponencial do tempo que
decresce (ou cresce) em dependência do sentido de transformação da energia.

Se α = 0 , a reserva de energia queda invariável será

1  →2 →2
dV = cons tan te; (α = 0) (27)
2 V∫ 
W(t ) =  ε E + µ H 

É importante, por exemplo, o caso das oscilações harmónicas, para as quais os


→ →
valores absolutos dos vectores E e H se escrevem como funções das
coordenadas e o

ε
tempo. E = A( x, y, z )Sen(ωt ) e H= B( x, y, z )Cos(ωt ) .
µ

∫ A (x, y, z )dV = ∫ B (x, y, z )dV


2 2
Ademais,
V

Podemo-nos convencer de que a reserva de energia queda constante, a correlação


das energias eléctricas e magnéticas varia interruptamente. Há certos momentos

quando a energia do sistema é puramente eléctrica H = 0 , assim como

momentânea quando é puramente magnética E = 0 .

6.4.2. Exemplo de Cálculo da Energia Magnética


Consideraremos um toroide de material magnético de secção radial rectangular
(figura 6.3) por cujo orifício passa um condutor cilíndrico infinito com corrente
contínua I.
Ensino à Distância 251

A causa da simetria axial do sistema e as linhas de força magnética são


circunferências concêntricas e a intensidade do campo magnético fora do
condutor expressa-se pela forma:

I
H = α0
2πr

Fig. 6.3

Suponhamos que a permeabilidade magnética pode considerar-se magnitude

µH µI 2
constante e calculemos a densidade da energia magnética: ω m = =
2 8π 2 r 2
(28). Como vemos, esta é a função de coordenada radial.

A energia magnética concentrada no meio de toroide define integrando ω m com


respeito ao seu volume (figura anterior).

2πR2
µI 2 drdα µI 2 h R2
W M
= 2 h∫ ∫ = ln (29)
8π R 0 r 1
4π R1

Assinalemos que a magnitude obtida é proporcional ao fluxo magnético Φ


através da secção radial do troide.

R2
µI dr µIh R2
Φ = ∫ Bds = h∫ = ln (30)
S 2π R r
2
2π 1
R1

Relacionando linearmente com a corrente I, vamos encontrar


µh R2
Φ = LI ; L = ln (31)
2π R1

ΦI LI 2
Podemos escrever W M = = (32)
2 2
O coeficiente L denomina-se indutância e o exemplo a considerar mostra que a
energia magnética, relacionada com a corrente contínua, pode-se expressar pela
indutância e a corrente segundo a fórmula (32).

3. Exemplo de Cálculo de Energia Eléctrica

Tomemos um condensador plano. Supondo que um campo eléctrico constante


com respeito ao tempo, encontra-se totalmente no interior e é homogéneo (fig.
6.4). Calculemos a energia eléctrica:

1 1
We =
2V∫ εE 2 dV = εE 2 Sd (33) dirigindo a “atenção” entre as placas de
2

CU 2
condensador U = EL e escrevemos: We = (34) , sendo
2
εS
C= (35) a
d
capacidade do
condensador.

Fig:6.4

4. Fluxo de energia num condutor com corrente contínua.

Vamos examinar um condutor com corrente I como um cilindro condutor isolado


(ao considerar muito pequena a influência de outros objectos quaisquer e, em
particular, afastado do circuito). Aplicando as fórmulas j = σ .E e

I
H = α0 , procuremos as intensidades dos campos eléctricos e magnéticos
2πr
em qualquer ponto da superfície do condutor (r=R):
Ensino à Distância 253

j I
E= = Z0 ,
σ πR 2σ
I
H = α0 (36)
2πr

a) b)

Fig:6.5

O vector E está dirigido no sentido da corrente (Z0), enquanto que o vector H,


orientado de modo que as linhas de força formem com a corrente um sistema
dextrogiro (α 0 ) , tendo em conta que o valor absoluto da densidade da corrente é

I
igual a j = .
πR 2
Convencionando o produto vectorial de E e H, procuramos o vector de Poynting

I2
num ponto arbitrário da superfície do condutor: π = [E , H ] = −r0
2π 2 R 3σ
(37)

Como vemos, o vector π está sempre dirigido radialmente no interior do


condutor (figuras anteriores a) e b) . Deste modo, a energia do campo exterior
“flui” para o condutor.

O fluxo de energia num sector do condutor de longitude l tem o seguinte valor:

I2 l
∫ πds =
s 2π R σ
2 3
.2πRl = I 2
πR 2σ
= I 2R (38)

Sendo R a resistência do sector do condutor e, nada mais, nada menos que a


potência das perdas térmicas Pd no condutor, a energia que penetra no condutor

absorve-se.

Se partirmos da equação de balanço de energia, podemos afirmar que a energia


do campo exterior penetra no condutor, já que é absorvido por ele. Para um
condutor ideal (σ → ∞ , R → 0 ) , a absorção de energia desaparece juntamente
com esta. Como vemos pelo resultado obtido, também desaparece o fluxo de
energia para o condutor.

Sumário
Suponhamos que a permeabilidade magnética possa considerar-se magnitude

µH µI 2
constante e a densidade da energia magnética: ω m = = (28).
2 8π 2 r 2
Como vemos, esta é a função de coordenada radial.

A energia magnética concentrada no meio de toroide define, integrando ω m com


respeito ao seu volume:

2πR2
µI 2 drdα µI 2 h R2
W M
= 2 h∫ ∫ = ln (29)
8π R 0 r 1
4π R1

Relacionando linearmente com a corrente I, vamos encontrar


µh R2
Φ = LI ; L = ln (31)
2π R1

ΦI LI 2
Podemos escrever W M = = (32)
2 2

O coeficiente L denomina-se indutância e o exemplo a considerar mostra que a


energia magnética relacionada com a corrente continua, pode-se expressar pela
indutância e a corrente segundo a fórmula (32).

A energia eléctrica:

1 1
We =
2V∫ εE 2 dV = εE 2 Sd (33) dirigindo a “atenção” entre as placas de
2

CU 2
condensador U = EL e escrevemos: We = (34) , sendo
2
εS
C= (35) a capacidade do condensador.
d

O fluxo de energia num sector do condutor de longitude l tem o seguinte valor:


Ensino à Distância 255

I2 l
∫ πds =
s 2π R σ
2 3
.2πRl = I 2
πR σ
2
= I 2R

Sendo R a resistência do sector do condutor e, nada mais, nada menos que a


potência das perdas térmicas Pd no condutor, a energia que penetra no condutor
absorve-se.
Se partirmos da equação de balanço de energia, podemos afirmar que a energia
do campo exterior penetra no condutor, já que é absorvido por ele. Para um
condutor ideal (σ → ∞, R → 0 ) , a absorção de energia desaparece juntamente
com esta. Como vemos pelo resultado obtido, também desaparece o fluxo de
energia para o condutor.
,

Exercícios

1.Tomemos um condensador plano. Supondo que um campo eléctrico


constante com respeito ao tempo, se encontra totalmente no seu interior e
é homogéneo (fig. 6.4), calcule a energia eléctrica.
Auto-avaliação 2. Partindo de um condutor cilíndrico com corrente I isolado, aplicando
I
as fórmulas j = σ .E e H = α 0 , determine as intensidades dos
2πr
campos eléctricos e magnéticos em qualquer ponto da superfície do
condutor (r=R).
3. Explique a determinação do fluxo de energia num condutor de corrente
contínua.

Chave de Correcções
1 1
1. A energia eléctrica: W e =
2V∫ εE 2 dV = εE 2 Sd
2
dirigindo a “atenção”

CU 2
entre as placas de condensador U = EL e escrevemos: W e = , sendo
2
εS
C= a capacidade do condensador.
d

j I I
2. E = = Z0 , H = α0
σ πR 2σ 2πr
3. Convencionando o produto vectorial de E e H, procuramos o vector de
Poynting num ponto arbitrário da superfície do condutor:

I2
π = [E , H ] = −r0
2π 2 R 3σ

Como sabemos, o vector π está sempre dirigido radialmente no interior do


condutor . Deste modo, a energia do campo exterior “flui” para o condutor.

O fluxo de energia num sector do condutor de longitude l tem o seguinte valor:

I2 l
∫s πds = 2π 2 R 3σ .2πRl = I πR 2σ = I R
2 2

Sendo R a resistência do sector do condutor e, nada mais, nada menos que a


potência das perdas térmicas Pd no condutor, a energia que penetra no condutor

absorve-se.

Se partirmos da equação de balanço de energia, podemos afirmar que a energia


do campo exterior penetra no condutor, já que é absorvido por ele. Para um
condutor ideal (σ → ∞, R → 0 ) , a absorção de energia desaparece juntamente
com esta. Como vemos pelo resultado obtido, também desaparece o fluxo de
energia para o condutor.
O vector E está dirigido no sentido da corrente (Z0), enquanto que o vector H,
orientado de modo que as linhas de força formem com a corrente um sistema
dextrogiro (α 0 ) , tendo em conta que o valor absoluto da densidade da corrente é

I
igual a j = .
πR 2
Ensino à Distância 257

Unidade nº7
Campo Electromagnético em Substância.

Permissividades e Susceptibilidades
Introdução
Nesta unidade, você vai estudar o campo electromagnético em substância.
Permissividades e susceptibilidades e de novo vai falar da concepção do campo
electromagnético médio, mas agora em substância. Vai estudar ainda as
equações microscópicas do sistema de Maxwell-Lorentz no vácuo, a carga livre
e a carga ligada. Estudará também a densidade média da corrente, corrente de
condução e voltará ainda a falar da lei de conservação das cargas livres, da
polarização da substância; vector de polarização, densidade de carga induzida,
sua susceptibilidade, corrente de polarização. Abordará ainda a magnetização e
sua intensidade, corrente de magnetização. Vai estudar também o sistema
completo das equações do campo electromagnético substância, potência do
campo electromagnético em substância, condições de fronteira para os vectores
do campo para potenciais electromagnéticos, energia e densidade do fluxo de
energia do campo electromagnético em substância.
Tempo de estudo da
Unidade: 10:00Horas
Esta Unidade tem 5 lições, estando previsto para cada uma delas um tempo de
estudo de 2horas. Este número de horas é um indicativo para lhe ajudar a gerir
melhor o seu tempo e é considerado suficiente para você conseguir atingir os
objectivos definidos no início de cada lição.
Lição nº1
7.1.Campo Electromagnético em Substância.
Permissividades e Susceptibilidades

Introdução
Nesta lição você vai estudar o campo eléctrico em substância. Na permissividade
e susceptibilidade, vai falar da concepção do campo electromagnético médio em
substância, estudar as equações microscópicas do sistema de Maxwell-Lorentz
no vácuo, cargas livres e ligadas, densidade média de corrente assim como
correntes de condução. Trata-se de um aprofundamento da matéria vista na
unidade anterior.

Tempo de estudo da
Lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Escrever as equações microscópicas do sistema de Maxwell-


Lorentz no vácuo;
 Distinguir carga livre da carga ligada;
Objectivos  Calcular o valor médio da grandeza microscópica.

- Permissividade
- Cargas ligadas
- Susceptibilidade
Terminologia

7.1.1. Concepção do Campo Electromagnético médio em


substância
Ensino à Distância 259

Em princípio as equações de Maxwell-Lorentz mantêm a sua forma analítica não


só para o vácuo, mas também para uma substância arbitrária. No entanto, a
estrutura electrónica de substância faz com que seja necessário reexaminar essas
equações.

O caso em que os elementos estruturais da substância tais como: átomos e


moléculas são compostos das partículas carregadas que são electrões e iões.

Sabe-se que cada carga eléctrica cria um campo electromagnético. É por isso que
→ →
os parâmetros do campo ( E e H ) tornam-se dependentes dos estados
mecânicos dos constituintes.

Entretanto, o campo electromagnético criado pelos seus constituintes é variável


no tempo e no espaço. Por ex: o electrão do átomo de hidrogénio efectua

movimento rotacional com o período de T = 10−5 s. Daí que o seu campo

electromagnético varia o seu valor 10−15 vezes por segundo. Quanto à escala
espacial, o mesmo electrão cria no centro do átomo o campo electromagnético de

intensidade E ~ 105 e H ~ 106 em unidades (CGS) e (oerested) respectivamente.


Fora do átomo este campo é igual a zero.

Dado que o diâmetro do átomo de hidrogénio é d H = 10 −10 m ,concluímos que o


campo electromagnético dos componentes sofre variações bruscas no espaço.

Entretanto, todos os “detectores” do campo electromagnético possuem um tempo


de inércia que muitas vezes ultrapassa o período típico das variações do campo
microscópico criado pelos constituintes.

A escala espacial do campo macroscópico também ultrapassa os tamanhos


característicos apropriados ao campo microscópico.

É por isso que chegamos à seguinte conclusão fundamental:

- Numa substância, só faz sentido o campo electromagnético médio no tempo e


no espaço.

Visto que só faz sentido o valor médio das características do campo


electromagnético microscópico, precisamos de elaborar o método de cálculo do
valor médio.

Para tal, achamos que todos os valores microscópicos sejam distribuídos


uniformemente no sentido de que cada valor possível possui a mesma
probabilidade.
Designamos por f ( x ) uma grandeza microscópica por exemplo: intensidade do
campo eléctrico microscópico; intensidade do campo magnético; etc.

Destacamos um segmento
infinitesimal
(x − h, x + h) de

comprimento 2h . Este segmento vem sendo centrado no ponto x .

É de sublinhar que o comprimento 2h é infinitesimal no censo físico desta


palavra, a saber:

 Este comprimento vem sendo muitas vezes menor que a escala quer
espacial, quer temporal das variações típicas do campo electromagnético
macroscópico.

No entanto, este segmento tem que, muitas vezes, ultrapassar a escala típica das
variações do campo microscópico, por exemplo: 2h , muitas vezes, ultrapassa a

distância entre os átomos, ou, 2h , muitas vezes, ultrapassa o período das


oscilações ou iões.

Sob essas condições, o valor médio de grandeza microscópica f podemos


x+ h
1
f (ξ )dξ
2h x∫−h
calcular segundo a expressão f = (1’)

Visto que as equações de maxwell-Lorentz são diferenciais em 1as derivadas


parciais, é preciso elaborar o método no cálculo dos valores médios das
derivadas.

∂f ∂ f
Demonstrar a identidade: = (1)
∂x ∂x

Aplicando a regra geral, podemos calcular separadamente cada um dos membros


desta expressão:

x+h
∂f 1
f (ξ )dξ (2)
2h x∫− h
=
∂x

Integrando a expressão (2) obteremos:

∂f 1 1
f (ξ ) / x − h = { f ( x + h) − f ( x − h)} (3)
x+h
=
∂x 2h 2h
Ensino à Distância 261

→ 4π → 1∂e → ∂ρ m →
rot h = γm + (9 ) div e = 4πρ m (10) + div γ m = o (11)
c c ∂t ∂t

Ao escrever o valor médio de f resulta:

x+h x+h x−h


1 1  
f = ∫ f (ξ )d ξ = ∫ f (ξ )d ξ − ∫ f (ξ )dξ  (4)
2h x − h 2h  a a 

Derivamos (4) em relação à variável x , atendendo ao teorema que diz respeito à


derivação de integral em relação ao limite superior:

dF
F ( x ) = ∫ f (ξ )dξ ; = f ( x)
dx

∂f 1
= { f ( x + h) − f ( x − h)} (5)
∂x 2h

Comparando os 2os membros de (3) e (5), chegamos à conclusão de que o valor


médio da derivada será:

∂f ∂
= f (6)
∂x ∂x

Sublinhe-se que este cálculo do valor médio de derivada só se mantém válido


para a distribuição uniforme.

O valor médio de derivada podemos encontrar derivando o valor médio de


→ →
função. Designaremos por c e h as intensidades do campo eléctrico e magnético

microscópicos, enquanto que por γ m e ρm designaremos os valores
microscópicos de densidade de corrente e densidade de carga.

O campo microscópico obedece às equações de Maxwell-Lorentz. Escrevemos


essas equações sob as formas:


→ 1 ∂h →
rot e = − (7) div h = 0 (8)
c ∂t

7.1.2. Equações microscópicas do Sistema de Maxwell-Lorentz em vácuo



Dado que só precisamos de conhecer o campo electromagnético e é preciso

rescrever essas equações sob a forma dos valores médios, visto que cada uma das
equações é composta das derivadas.


∂ h →
1
rot e = − (12) ; div h = 0 (13) ;
c ∂t


∂ e
→ 4π → 1 →
rot h = γm + (14) ; div e = 4π ρ m (15)
c c ∂t

∂ ρm →
+ div γ m = 0 (16)
∂t

Introduzimos a intensidade do campo eléctrico médio e indução magnética pelas


→ → → →
expressões: E = e (17 ) B = h (18)

Atendendo às definições (17 e (18) acabamos por escrever o sistema das


equações relativo ao campo electromagnético em substância:


→ 1 ∂H →
rot E = − (19) div B = 0 (20)
c ∂t

→ 4π → 1 ∂E →
rot B = γm + (21) div E = 4π ρ m (22)
c c ∂t

É de salientar que o sistema das equações (19 e (22), sendo resolvido, vai dar os
→ →
vectores do campo E, B em funções das coordenadas e do tempo. E por este
meio permitirá a informação completa em relação ao campo electromagnético em
substância.

Entretanto, as equações (21) e (22) assim como a equação (16) contêm os valores
médios de densidade de corrente assim como de densidade de carga. A
propriedade fundamental do campo electromagnético é uma acção sobre as
partículas carregadas. Esta acção modifica o movimento das cargas eléctricas.
Ensino à Distância 263

→ → →
É por isso que γ m e ρm dependem dos vectores do campo E, B . Neste

contexto, o sistema das equações de (19) à (22) não é completo nem fechado.


Para fechar esse sistema de equações é preciso expressar γ m bem como ρ m

→ →
em função dos vectores do campo E e B .

7.1.3 Carga Livre e Carga Ligada (induzida)

Para estabelecer a densidade de carga em função dos vectores do campo, em


primeiro lugar, precisamos de classificar as substâncias e, partindo desta,
classificar as cargas eléctricas.

Todas as substâncias, segundo as suas propriedades electromagnéticas, podem


ser subdividas em dois grupos a saber: condutor e dieléctricos.

Sabe-se que condutor é uma substância que deixa passar corrente eléctrica.

Dado que a corrente eléctrica corresponde ao movimento macroscópico das


cargas eléctricas quer electrões, quer iões, concluímos que partículas carregadas
que compõem um condutor podem efectuar o deslocamento macroscópico, no
sentido de que este deslocamento, muitas vezes, ultrapassa a distância média
entre as partículas (átomos ou iões).

É de sublinhar que o movimento destas cargas eléctricas sob certas condições


não influi sobre a estrutura física da substância. É por isso que podemos extrair
essa carga do condutor sem alterar a sua composição.

A carga eléctrica que pode efectuar o movimento macroscópico dentro da


substância chama-se carga eléctrica livre.

Entretanto, segundo a estrutura atómica, há cargas eléctricas que sofrendo a


acção do campo electromagnético sob certas condições, só podem realizar
deslocamento compatível ou muitas vezes menor que os tamanhos atómicos.

É de sublinhar que só podemos extrair essa carga destruindo a estrutura


electromagnética do átomo. É por isso lógico que essa carga eléctrica se chame
Carga Ligada.

É obvio que carga ligada é típica para dieléctricos enquanto que carga livre é
mais apropriada para os condutores.
No entanto, os condutores também podem possuir a carga ligada, por exemplo,
iões de rede cristalina.

É importante notar que a carga livre pode, às vezes, ser fornecida para um
dieléctrico. Entretanto, essa carga não pode realizar deslocamento macroscópico.

Atendendo a essa classificação para a ρ m escrevemos:

ρm = ρ + ρi

O 1º aditivo ρ referimos à densidade de carga livre, ao passo que o 2º aditivo

ρ i corresponde à carga ligada.

7.1.4. Densidade Média de Corrente. Corrente de Condução

Em princípio, a densidade média de corrente admite ser tratada em termos de


dois métodos diferentes. Um método baseia-se em modelos concretos de
substância e tratamento quântico e estatístico dos elementos estruturais tais como
electrões e iões.

Entretanto, este método é limitado pelas particularidades do modelo.

É por isso que faz com que seja preferível o outro método mais geral. Este
método baseia-se em propriedades gerais de densidade de corrente eléctrica
assim como dos vectores do campo electromagnético. Limitamo-nos a considerar
uma substância homogénea e isotrópica.

Partindo das equações (22) e (21) do parágrafo (7.1.2) chegamos à conclusão de



que a densidade média de corrente γ m é uma função dos vectores do campo

→ →
→ → ∂E ∂B
E e B , suas derivadas temporais: , e suas derivadas
∂t ∂t
→ → → →
espaciais: rot E, rot B, div E, div B .

Sabe-se que todos os vectores podem pertencer aos dois grupos: vectores polares
e vectores axiais.

Os 1os variam o seu sinal devido à inversão, enquanto que o vector axial, sendo
submetido a inversão, mantém o seu sinal. Do ponto de vista de classificação dos
→ →
vectores densidade de corrente γ ,vector do campo eléctrico E ,pertencem ao
Ensino à Distância 265


grupo dos vectores polares, ao passo que indução magnética B e um vector

axial, dado que γ é vector polar, este não pode depender na 1ª aproximação dos
vectores axiais.

→ → →
Visto que div E e div B são vectores escalares e dado que os vectores B ,

∂B →
e rot E são vectores axiais, chegamos à conclusão de que a densidade
∂t

∂E →
média de corrente só pode depender de 3 vectores, a saber: E , ,
∂t

rot B pois, só estes são vectores polares.

Consequentemente, para a densidade de corrente eléctrica podemos escrever uma


fórmula geral:


→ → ∂E
→ →
γm = f (E , , rot B ) (23)
∂t

Achamos que o campo médio em substância não ultrapassa os campos atómicos,


isto é, E << E a , B << Ba , (24)

Sob esta condição, (o campo não ultrapassa o atómico) podemos desenvolver a


função f em série de Taylor, incluindo só termos lineares e obteremos:




∂E →
γm = a E+ x + αc.rot B (25)
∂t

Onde: a, x e α são coeficientes que dependem das propriedades das substâncias.


c velocidade da luz no vácuo.

Definimos corrente de condução como corrente relacionada com movimento


ordenado das cargas livres.

A densidade de corrente de condução, segundo dados experimentais, admite ser


determinada pela lei de Ohm sob a forma diferencial:

→ →
γ = σ . E (26)
Note-se que σ é um parâmetro de substância chamado condutibilidade eléctrica.

Comparando (26) e (25), verificamos que na fórmula (25) só o 1º aditivo é



proporcional ao vector E . Segundo a lei de Ohm (26), concluímos que este
aditivo corresponde à corrente de condução e além disso que a constante a não é
mais que condutibilidade eléctrica.

a ≡ δ (27)

Vistas estas observações, acabamos por rescrever (25) sob a forma:



∂E →
γm =γ+x + αc.rot B (28)
∂t

Vista a expressão (28) para os dois últimos aditivos, podemos atribuir os


significados de corrente das cargas ligadas.

Lei De Conservação Das Cargas Livres

Suponhamos que o campo electromagnético não influí sob a estrutura electrónica


do átomos. Neste caso, não se observam os efeitos de ionização pela acção
electromagnética e não há lugar para o processo inverso chamado de
recombinação.

Sob estas condições, a quantidade de carga livre permanece constante. É por isso
que se mantém válida a lei de conservação relativa à carga livre.

Essa lei de conservação podemos escrever sob a forma de equação de


continuidade

∂ρ →
+ div γ = 0 (29)
∂t

Sumário
O campo electromagnético criado pelos seus constituintes é variável no tempo e
no espaço.
Numa substância, só faz sentido o campo electromagnético médio no tempo e no
espaço.
Ensino à Distância 267

O valor médio de grandeza microscópica f pode ser calculado segundo a


x+ h
1
f (ξ )dξ
2h x∫−h
expressão f =

do valor médio de f resulta:

x+h x+h x−h


1 1  
f = ∫ f (ξ )d ξ = ∫ f (ξ )d ξ − ∫ f (ξ )dξ  (4)
2h x − h 2h  a a 

O valor médio da derivada será:

∂f ∂
= f (6)
∂x ∂x

É de sublinhar que este cálculo do valor médio de derivada só se mantém válido


para a distribuição uniforme.

O campo microscópico obedece às equações de Maxwell-Lorentz. Escrevemos


essas equações sob as formas:


→ 1 ∂h →
rot e = − (7) div h = 0 (8)
c ∂t


→ 4π → 1∂e → ∂ρ m →
rot h = γm + (9) div e = 4πρ m (10) + div γ m = o (11)
c c ∂t ∂t

O sistema das equações relativo ao campo electromagnético em substância é:


→ 1 ∂H →
rot E = − (19) div B = 0 (20)
c ∂t

→ 4π → 1 ∂E →
rot B = γm + ( 21) div E = 4π ρ m (22)
c c ∂t

Entretanto, segundo a estrutura atómica há cargas eléctricas que sofrendo acção


do campo electromagnético sob as certas condições, só podem realizar
deslocamento compatível ou muitas vezes menor que tamanhos atómicos.

É de salientar que só podemos extrair essa carga destruindo a estrutura


electromagnética do átomo. É por isso lógico que essa carga eléctrica se chame
Carga Ligada.
É obvio que carga ligada é típica para dieléctricos enquanto que carga livre é
mais apropriada para os condutores.

No entanto, condutores também podem possuir a carga ligada, por exemplo, iões
de rede cristalina.

Consequentemente, para a densidade da corrente eléctrica, podemos escrever


uma forma geral:


→ → → ∂E →
γm = f (E , , rot B )
∂t

Definimos corrente de condução como corrente relacionada com movimento


ordenado das cargas livres.

Densidade de corrente de condução, segundo dados experimentais, admite ser


determinada pela lei de Ohm sob a forma diferencial:

→ →
γ = σ .E
Ensino à Distância 269

Exercícios

1- O valor médio de grandeza microscópica f pode ser calculado


x+ h
1
f (ξ )dξ
2h x∫−h
segundo a expressão f =
Exercícios
∂f ∂ f
Demonstre a identidade: = (1)
∂x ∂x

Sublinhe-se que este cálculo do valor médio de derivada só se mantém


válido para a distribuição uniforme.

→ →
2. Designaremos por c e h as intensidades do campo eléctrico e

magnético microscópicos, enquanto que por γ m e ρ m os valores

microscópicos de densidade de corrente e densidade de carga


respectivamente. Escreva as equações do campo microscópico
obedecendo às equações de Maxwell-Lorentz.
Chave de Correcções

∂f ∂ f
1. = (1)
∂x ∂x


→ 4π → 1∂e → ∂ρ m →
rot h = γm + (9 ) div e = 4πρ m (10) + div γ m = o (11)
c c ∂t ∂t

→ 1 ∂h →
2. rot e = − (7) div h = 0 (8)
c ∂t
Ensino à Distância 271

Lição nº2
Polarização de Substância. Vector de
Polarização (Intensidade de Polarização)
Introdução
Nesta lição você vai estudar a polarização de substância e a intensidade de
polarização. Vai igualmente estudar a relação entre o momento dipolar e o
vector de polarização.

Tempo de estudo da
lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o momento dipolar;


 Definir a intensidade de polarização;
 Calcular a carga induzida total
Objectivos

- Momento dipolar;
- Intensidade de polarização

Terminologia

Consideremos a acção do campo eléctrico sobre uma substância dieléctrica.


Suponhamos que esta seja constituída de moléculas não polares.

Sabe-se que, os centros de carga negativa e carga positiva para uma molécula não
polar ficam no mesmo ponto. Consequentemente, o momento dipolar de
molécula é igual a zero, caso for ausente o campo eléctrico.
Fig.7.1

Atendendo à propriedade fundamental do campo, verificamos que as camadas


electrónicas sofrem acção da força eléctrica, que procura deslocar essas camadas
no sentido oposto ao campo eléctrico. Quanto à carga positiva dos núcleos, esta

efectua deslocamentos ao longo do vector do campo E , consequentemente, os
centros de carga negativa e positiva deixam de pertencer ao mesmo ponto do
espaço que podemos assim esquematizar:

Fig.7.2

Repara-se que a molécula deste dieléctrico, sendo submetida a acção deste


campo, vai possuir o momento eléctrico dipolar:

pe = Q + .l (30)

Visto que uma molécula possui o momento dipolar, chegamos à conclusão que a
substância como tal, vai adquirir o momento dipolar como soma dos momentos
de todas as moléculas.

O surgimento do momento dipolar numa substância sujeita à acção do campo


externo chama-se polarização de substância.

Fig. 7.3

Repara-se que uma das superfícies da amostra de


substância acumula carga positiva, enquanto que a outra
acumula carga negativa. É de sublinhar que esta carga,
segundo a sua natureza, é carga ligada. Por isso, o
Ensino à Distância 273

fenómeno de polarização de substância possui duas regularidades básicas:

1ª) A amostra adquire momento dipolar;

2ª) Fronteiras de amostra e às vezes pontos no interior acumulam a carga que só


aparece devido à acção do campo externo e denomna-se carga induzida.

Designaremos por ρ i a densidade de carga ligada ou carga induzida. Definimos



o momento dipolar d pela expressão:

→ →
d = ∫ ρ i r dv (31)
v

Em princípio, o momento dipolar de amostra não só depende da intensidade do


campo eléctrico externo mas também da forma geométrica e do volume da
amostra. É, por isso, conveniente introduzir o chamado vector de polarização

p ou intensidade de polarização ou polarização específica, definido pela
expressão:


→ ∆d
p= (32)
∆V

É obvio que o vector de polarização, segundo a definição (32), é o momento


dipolar do volume unitário.


Quanto ao momento dipolar da amostra d admite ser expresso de modo:

→ →
d = ∫ p dv (33)
v

Dado que o vector de polarização assim como a densidade de carga induzida ρi

correspondem ao mesmo fenómeno de polarização e densidade de carga




induzida, isto é p← ρi ,

→ → → → →
para tal, consideremos o vector a definido pela expressão: a = ( p .∇) r (34)

→ →
Atendendo à definição do operador ∇ e achando que os outros sejam iguais a e k
obteremos:

∂ →
a = pi .xk e k (35)
∂xi

→ → → → → → → →
xk e k = x1 e 1 + x2 e 2 + x3 e 3 = x i + y j + z k = r

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂
pi = p1 + p2 + p3 + pi = px + py + pz =
∂xi ∂x1 ∂x 2 ∂x3 ∂xi ∂x x ∂x y ∂x z
→→

pi = p∇
∂xi


Dado que os vectores unitários e k são constantes, transformamos (35) para a
forma:


∂xk →
a = pi . e k (36)
∂xi

∂xk
≡ δik (37)
∂xi

∂x2
k = 2, i = 1 = 0;
∂x1
∂x2
k = 2, i = 2 =1
∂x2

Ao conjugar (37) e (36) obteremos:

→ → → →
a = piδ ik e k = pi e i = p (38)

Atendendo a (38), rescrevemos (36) sob a forma:


∂xk →
p = pi . e k (39)
∂xi

Integramos (39) por volume V ' . Este volume V ' contém a amostra do volume
V como o mostra a figura:

Fig.7.4
Ensino à Distância 275

Depois de ter sido feita a integração, consideremos V ' → V .


∂x k →
∫ p dv ' =
V' V'
∫ pi ∂xi
e k dv ' (40)

O 2º membro integramos por parte e, para tal, escrevemos:

∂xk → ∂x → →
∂pi →
∫ pi
V'
∂xi
e k dv' = ∫ pi k edxi .dA = ∫ pi
V'
∂xi A'
A' xk e k dA'i − ∫ xk
V'
∂xi
edv' (41)

Dado que todos os pontos de superfície A' (que limitam o volume V ' ) ficam fora
da amostra, o vector de polarização em todos os pontos desta superfície é igual a
zero. Por isso, obteremos:

pi A' = 0 (42)

Vista a equação (42) o 1º aditivo da fórmula (41) anula-se. Além disso,


atendendo que:


∂pi ∂p1 ∂p2 ∂p3
= + + = div p (43)
∂xi ∂x1 ∂x2 ∂x3

→ →
x k e k = r (44)

Tomando em conta (43) e (44) escrevemos:

→ →

∫ p dv' = − ∫ r div p dv' (45)


V' V'

Igualando as relações (31) e (45) e agrupando os termos, resulta:


 →

∫V 
r ρ i + div p  dv = 0 (46)

No entanto, o volume V, assim como a sua forma geométrica são arbitrárias,


portanto, só podemos satisfazer (46) caso a função integrante for igual a zero.
Daí obteremos:

→ →
ρ i + div P = 0 (47 ) ⇒ ρ i = −div P (48)
donde resulta que a carga volumétrica induzida ao intervalo do corpo, só pode
existir para a polarização não uniforme.

A expressão (48) permite calcular a carga induzida total, para tal integraremos
(48) por volume V ′ anteriormente especificado, obteremos:

∫ ρ i dV ′ = ∫ − div P dV ′ (49 )
V′ V′

Atendendo ao teorema de Gauss ficamos com a expressão:

∫ ρ dV ′ = − ∫ P dA′
i n (50)
V′ A′

Pn A′ =0 (51) ∫ ρ dV ′ = 0
i (52 )
V′

Considerando V ′ → V , visto o significado do 1º membro, resulta que a carga

induzida total será:

Qi ≡ ∫ ρ i dV = 0 (53)
V

Daí resulta que a carga induzida total será igual a zero.

Vista essa conclusão, procuraremos relacionar o vector de polarização com a


densidade superficial de carga induzida. Para tal, integraremos a relação (48) por
uma camada de espessura infinitesimal h .

∫ ρ i dV = − ∫ div P dV = − ∫ Pn dA′ + − ∫ Pn dA (54 )


A′ A

Em todos os pontos de superfície A′, Pn = 0, i.e, Pn A′ = 0 (pontos desta


superfície ficam fora do corpo polarizado).

Quanto ao 1º membro vamos transformar para a forma:

∫ ρ dV = ∫ σ dA (55)
i
A
i

Vistas essas observações (55) e (54) obteremos:

∫ σ dA = ∫ P dA (56)
A
i
A
n
Ensino à Distância 277

Dado que se considera a forma geométrica arbitrária de (56) decorre:


σ i = Pn (57 )

Sumário
Repara-se que molécula de um dieléctrico, sendo submetida à acção dum campo
E, vai possuir o momento eléctrico dipolar:

pe = Q + .l (30)

Numa das superfícies de amostra de substância acumula carga positiva enquanto


que a outra acumula carga negativa. É de sublinhar que esta carga segundo a sua
natureza é carga ligada. Por isso, o fenómeno de polarização de substância possui
duas regularidades básicas:

1ª) A amostra adquire momento dipolar

2ª) As fronteiras de amostra e às vezes os pontos no interior acumulam a carga


que só aparece devido à acção do campo externo e esta denomina-se carga
induzida.

Designaremos por ρ i a densidade de carga ligada ou carga induzida. Definimos



o momento dipolar d pela expressão:

→ →
d = ∫ ρ i r dv (31)
v

Em princípio, o momento dipolar de amostra não só depende da intensidade


campo eléctrico externo, mas também da forma geométrica e do volume da
amostra. É, por isso, conveniente introduzir o chamado vector de polarização

p ou intensidade de polarização, ou polarização específica defininda pela
expressão:


→ ∆d
p= (32)
∆V

Quanto ao momento dipolar da amostra d admite ser expresso de modo:

→ →
d = ∫ p dv (33)
v
Exercícios

1. Indique as duas regularidades básicas do fenómeno de


polarização de substância;
2. Partindo das relações (31) e (45), mostre que a carga induzida
Exercícios volumétrica no intervalo do corpo só pode existir para a
polarização não uniforme.
3. Do resultado do exercício anterior, calcule a carga induzida total.
4. Com base na conclusão do exercício 3, procure relacionar o
vector de polarização P, com a densidade superficial da carga
induzida σ i .

Chave de Soluções
1. O fenómeno de polarização de substância possui duas regularidades básicas:

1ª) A amostra adquire momento dipolar

2ª) As fronteiras de amostra e às vezes os pontos no interior acumulam a carga


que só aparece devido à acção do campo externo e esta denomina-se carga
induzida.

Designaremos por ρ i a densidade de carga ligada ou carga induzida.

2. Igualando as relações (31) e (45) e agrupando os termos resulta:


 →

∫V 
r ρ i + div p  dv = 0 (46)

No entanto, o volume V, assim como a sua forma geométrica são arbitrárias,


portanto, só podemos satisfazer (46) caso a função integrante for igual a zero, daí
obteremos:

→ →
ρ i + div P = 0 (47) ⇒ ρ i = −div P (48)
Donde resulta que a carga induzida volumétrica ao intervalo do corpo só pode
existir para a polarização não uniforme.
Ensino à Distância 279


3. Qi ≡ ρ i dV = 0 (53)
V

Assim, resulta que carga induzida total será igual a zero.

4. Dado que se considera a forma geométrica arbitrária de (56) decorre:

σ i = Pn (57 )
Lição nº3
7.1.6. Densidade de Carga Induzida.
Susceptibilidade da Carga Induzida.
Corrente de Polarização
Introdução
Nesta lição você irá estudar a densidade de carga induzida, susceptibilidade da
carga induzida e corrente de polarização. Você vai falar da magnetização e sua
susceptibilidade assim como da corrente de magnetização.

Tempo de estudo da
Lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Escrever a expressão relativa à densidade média de corrente


microscópica;
 Encontrar a expressão básica de física do campo
Objectivos electromagnético e intensidade de polarização substancial;
 Definir o momento magnético da partícula;
 Expressar a densidade de corrente de carga ligada

- Susceptibilidade
- Densidade média de corrente;
- Corrente de indução;
Terminologia
- Intensidade de polarização;
- Momento magnético
Ensino à Distância 281

Como se sabe a densidade média de corrente inclui por si os termos relacionados


com a carga ligada. Atendendo ao fenómeno de polarização, podemos especificar
a corrente de carga induzida em termos de intensidade de polarização. Para tal,

escrevemos essa expressão relativa à densidade média de corrente < j m >
densidade média de corrente microscópica, isto é:


→ → ∂E →
< j m >= j + X + αCrot B (58)
∂t

Transferindo corrente de indução para a esquerda resulta:


→ →∂E →
< jm>− j = X + αCrot B (59)
∂t

Aplicamos para a equação (59) o operador de divergência

 → →
 ∂ →
 →

div < j m > − j  = X div E + αCdiv  rot B  (60 )
  ∂t  

Visto que tem lugar a lei de conservação da carga, a lei de conservação da carga
livre mantêm-se válidas as equações de continuidade.

 →  ∂<ρ> → ∂ρ
div < j m >  = − div j = − (61)
  ∂t ∂t


 
Dado que a div rot B = 0 e atendendo às equações de continuidade,
 

transformamos a equação (60) para a forma:


{< ρ > − ρ } = X ∂ div E

− (62 )
∂t ∂t

Isto dá origem às expressões

< ρ >= ρ + ρ i (63 )


∂ρ i ∂ →
− = X div E (64)
∂t ∂t

Integrando (64) obteremos:


− ρ i = Xdiv E + const . (65)

E=0 ρi = 0 const . = 0 (66 )

Daí, ρ i = − Xdiv E (67)
Repara-se que o campo externo é a única fonte de polarização. Além disso, não
aparece a carga eléctrica induzida caso for uniforme o campo externo.

A expressão (67) permite relacionar a intensidade de polarização e a intensidade


do campo eléctrico, para isso, escrevemos:


ρ i = −div P (68)
Conjugamos (67) e (68) obtendo

→ →
div P = Xdiv E (69)
Integrando (69) chegamos à expressão:

→ →
P=XE (70)
Expressão básica de física do campo electromagnético e intensidade de
polarização substanciais.

Daí resulta a conclusão fundamental de que a “intensidade de polarização é


proporcional à intensidade do campo eléctrico dentro de substância ou em
substância”.

O coeficiente X chama-se susceptibilidade eléctrica.

E = 1U C .G.S . P E =1 =X (71)

→
Donde a susceptibilidade eléctrica é igual à intensidade de polarização  P 
 

pelo campo eléctrico  E  de intensidade unitária.
 

Segundo (70) susceptibilidade (X) é grandeza dimensional (não tem dimensão)


unidade.

Atendendo à expressão (70), podemos introduzir a chamada densidade de



corrente de polarização j P , definindo a sua densidade como sendo

→ →
→ ∂E ∂P
jP= X = (72)
∂t ∂t
Ensino à Distância 283

Corrente de Polarização referimos ao deslocamento de cargas ligadas e essa


corrente só terá lugar para a polarização que varia no decorrer do tempo.

7.1.7.Magnetização e Sua Intensidade Corrente de Magnetização

Consideremos a acção do campo magnético sobre uma substância. Sabe-se que


cargas ligadas a electrões e iões que compõem os elementos estruturais tais
como átomos e moléculas efectua o seu movimento que na 1ª aproximação
podemos tratar como movimento clássico.

Neste contexto, os electrões deslocam-se ao longo das órbitas fechadas. No


entanto, o movimento de uma partícula carregada para qualquer que seja o tipo
deste movimento é equivalente a uma corrente eléctrica que designaremos por I
que, seja igual a A , área limitada pela órbita de partícula.

Então, podemos definir o momento magnético de partícula por:


→ 1 →
Pm = IA n (73)
C

É de sublinhar que o sentido do vector normal e o sentido de movimento são


relacionados pela regra de parafuso directo (saca-rolhas).

Fig.7.5

Suponhamos que o movimento magnético de um campo seja diferente de zero


(paramagnéticas substâncias).

Os átomos ou moléculas realizam o movimento térmico. É por isso que os


movimentos resultantes de todos os átomos manifestam orientações caóticas no
espaço. Consequentemente, o movimento magnético da amostra é igual a zero.

→ →
B=0 ∑P
m
m =0

Fig.7.6
Aplicando o campo magnético externo, todos os átomos passam a ser sujeitos à
acção de torque de força de Ampére. É por isso que os momentos magnéticos
ficam-se alinhados ao longo do campo magnético externo, podendo ser
esquematizado da seguinte maneira:
→ →
B≠0 , ∑P
m
m ≠0

Fig.7.7
Vista essa acção orientadora, a substância adquire o momento magnético
composto dos momentos atómicos. O surgimento do momento magnético sob
acção do campo externo chama-se magnetização de substância.

É de sublinhar que o momento magnético de substâncias paramagnéticas é


paralelo ao campo externo, enquanto que as substâncias diamagnéticas revelam o
momento magnético antiparalelo à indução do campo electromagnético externo.

O movimento térmico pretende desorientar os momentos magnéticos. É por isso


que a intensidade de magnetização dos paramagnéticos diminui com o aumento
de temperatura.

Exemplo 1: Atendendo à definição do momento magnético de um contorno


→ 1 →
linear e plano que se expressa segundo: m = IA n (74 )
C

este momento magnético admite também a forma:

→ 1 → → 
(75 )
2C ∫ 
m= r × j  dV

Consideremos a função integral destacando, o elemento infinitesimal do contorno


dl .

O produto vectorial é um vector perpendicular a cada um dos factores. É por isso


que tiramos a conclusão de que o vector correspondente à função integral é
Ensino à Distância 285

perpendicular ao plano deste contorno linear. Daí que a função integral é vector
alinhado ao longo do vector normal

Fig.7.8

Escrevemos o módulo desta função:

1
df = r ⋅ jsenαdV (76)
2C

S → Área de secção recta deste condutor linear

dV = dl ⋅ S (77)
Conjugamos (77) em (76)

1 rdlsen α
df = jS (78)
2C 2

É fácil ver que o factor destacado na fórmula (78) corresponde à área do sector
tracejado na figura, isto é:

1
rdlsenα = dA (79 )
2

Além disso, sabe-se que j ⋅ S não é mais que a intensidade de corrente I .

j⋅S = I (80)
Substituindo (79) e (80) teremos:

1
df = IdA ( 81)
C

Integrando (81) limitado pela área do contorno e vista a observação relativa ao


sentido do produto vectorial, obteremos:
→ → →
1 → →  n In IA n
∫  r × j  dV = ∫ IdA = ∫ dA = (82 )
2C   C C C

Comparando (82) com a definição do momento magnético do contorno linear,


ficamos com o resultado seguinte:

1 → →  →

∫ r × j dV = m (83 ) → momento magnético


2C  

Dado que podemos tratar a corrente arbitrária como combinação das correntes
lineares, concluímos que este resultado se mantém inválido para a distribuição
arbitrária de corrente.

Escrevemos a expressão relativa à densidade média de corrente microscópica.

Atendendo à definição de corrente de polarização obtém-se:


→ →∂P →
< j m >= j + + αCrot B (84)
∂t

Introduzimos um vector M segundo a definição:

→ →
M =α B (85)
Dando conta da expressão (85) rescrevemos (84) sob a forma:


→ → →∂P →
< j m > − j = j+ + Crot M (86)
∂t

O 1º membro desta expressão correspondente à densidade de corrente de carga



ligada que designaremos por: j i

Da expressão (86) reduz-se a forma:


→ ∂P →
ji = + Crot M (87)
∂t

r
Para tal, multiplicamos a expressão (87) da esquerda pelo factor X e
2C
integramos pelo volume de substância V ′
Ensino à Distância 287


 
1 →  1 → ∂ P  1 → →

(88)
2C V∫′  ∫ ∫
r× ji  dV = r × dV +  r × rot M  dV
 2C V ′  ∂t  2 V′
 

Especificando o último aditivo desta expressão obteremos:

1 → →
 1  →
 →
∫ r × rot M dV = ∫ l X  rot M  l i dV (89)
2 V ′   ijk j
2 V′  k

Integrando por partes obteremos:

1 → →
 1 → 1 ∂X j
∫  r × rot M  dV = ∫ l ijk l k ln X j M n A′ l i dA′ − ∫ l ijk l k ln M n dV ′ (90)
2 V′  2 A′ 2 V′ ∂X l

∂M n ∂X j dX l dA
∫Xj
V′
∂X l
dX l dA = ∫ X j M n dA − ∫ M n
A′ V′
∂X l dV ′

Integração por parte

∂M ∂Y
∫ Y ∂X dX = YM − ∫ M ∂X dX
Repare-se que a i-ésima componente do vector M é igual a zero em todos os
pontos de superfície, pois estes pontos ficam fora de substância.

Mn A′ =0 (91)
É por isso que o termo extra integral do 1º aditivo é zero.

Além disso sabe-se a identidade:

l ijk l k ln = δ il δ jn − δ in δ jl (92 )

Dado que X j e X l são grandezas independentes, temos que:

∂X j
= δ jl (93)
∂X l Conjugando (92), (93) e (90), e resulta:

r × rot M  dV = − ∫ (δ il δ jn δ jl − δ in δ jl δ jl )M n l i dV ′
1 → →
 1 →

∫  (94)
2 V′  2 V′

1 → →
 1 → 1 →
(95)
2 V∫′  2 V∫′ 2 V∫′
r × rot M  dV = − δ ij M j l i dV ′ + M i l i δ jj dV

δ jj = δ 11 + δ 22 + δ 33 = 1 + 1 + 1 = 3

→ →
Atendendo que M i l i = M e vista a soma δ jj = 3 acabamos por representar

(95) sob a forma:

1 → →
 1 → 1 → →
(96)
2 V∫′  2 V∫′ 2 V∫′ ∫ dV ′
r × rot M  dV = − M dV ′ + ⋅ 3 M dV ′ = M
V′

O último aditivo da expressão (89) foi reduzido na forma (96).

→ →
Destacamos de (89) o 1º aditivo, visto que: P = ρ i r obteremos:


 
1 → ∂ P  1 ∂ → →

∫ r × dV = ∫  r × ρ r dV = 0 (97 )
2C  ∂t 
i
2C ∂t  
 
→ ^ → 
ser  r , ρ i r  = 0
 
 

Atendendo ao resultado do exemplo 1, da fórmula (90), concluímos que o 1º


membro da expressão (89) diz respeito ao momento magnético de corrente de
carga induzida. Vista essa observação e levando em conta (97) ficamos com a
expressão:

→ →
m = ∫ M dV ′ (98)
V′

→ →
Integrando m obteremos M


Daí que o vector M definido pela expressão (85) é momento magnético do
volume unitário chamado vector de magnetização ou intensidade de
magnetização.

→ →
É por isso lógico que a grandeza j M = Crot M (99) se chame corrente de
magnetização.
Ensino à Distância 289

Sumário

A densidade média de corrente < j m > ,densidade média de corrente

microscópica, é:


→ → ∂E →
< j m >= j + X + αCrot B (58)
∂t

Expressão básica de física do campo electromagnético e intensidade de


polarização substancial.

→ →
P=XE (70)
Daí resulta a conclusão fundamental de que a “intensidade de polarização é
proporcional à intensidade do campo eléctrico dentro de substância ou em
substância”.

O coeficiente X chama-se susceptibilidade eléctrica.

E = 1U C .G.S . P E =1 =X (71)

Daí que susceptibilidade eléctrica é igual à intensidade de polarização  P 
 

pelo campo eléctrico  E  de intensidade unitária.
 


A densidade de corrente de polarização j P , é assim definida ]:

→ →
→ ∂E ∂P
jP= X = (72)
∂t ∂t

Corrente de Polarização referimo-nos ao deslocamento de cargas ligadas e essa


corrente só terá lugar para a polarização que varia no decorrer do tempo.

→ 1 →
O momento magnético de partícula é definido por: Pm = IA n (73)
C
Atendendo à definição do momento magnético de um contorno linear e plano a
→ 1 →
saber: m = IA n (74 )
C
O momento magnético admite ser expresso de modo:

→ 1 → → 
(75 )
2C ∫ 
m= r × j  dV

Exercícios

1- Ache a expressão básica da física do campo electromagnético que


r r
relaciona a intensidade de polarização p e a intensidade do campo E ,
Exercícios partindo da equação da densidade média da corrente microscópica,
r
r r ∂E r
〈 j m〉 = j + X + α C rotB
∂t

Chave de Correcções
1. Expressão básica de física do campo electromagnético e a intensidade de
polarização substancial.

→ →
P=XE (70)
Atendendo à expressão (70), podemos introduzir a chamada densidade de

corrente de polarização j P , definindo a sua densidade como:

→ →
→ ∂E ∂P
jP= X = (72)
∂t ∂t

Corrente de Polarização referimo-nos ao deslocamento de cargas ligadas e essa


corrente só terá lugar para a polarização que varia no decorrer do tempo.
Ensino à Distância 291

Lição nº4
7.1.8. Sistema Completo das Equações
do Campo Electromagnético em
Substância
Introdução
Nesta lição você vai estudar o sistema completo das equações do campo
electromagnético em substância. Vai ainda falar da densidade média da corrente,
da potência do campo electromagnético em substância, vai poder deduzir uma
vez mais as equações diferenciais relativas aos potenciais electromagnéticos.

Tempo de duração

Da lição: 02:00Horas

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Escrever o sistema completo das equações do campo


electromagnético em substância;
 Escrever a expressão do cálculo de intensidade do campo
Objectivos eléctrico e campo magnético em substância;
 Definir o potencial vector.


- Densidade de magnetização;
- Potencial escalar e potencial vector;
- Permeabilidade magnética;
Terminologia
- Permissividade eléctrica;
- Anisotrópica
Dado que foram especificadas a densidade de carga, assim como a densidade
média de corrente, podemos substituir as expressões correspondentes nas
equações do campo electromagnético. Partindo da equação correspondente à lei
coulombiana obteremos:


div E = 4π < ρm > (100)
Quanto à densidade média de carga < ρm > , atendendo à classificação das

cargas, esta pode ser dada pela fórmula:

< ρm >= ρ + ρ i (101)


Por sua vez, a densidade de carga induzida vem sendo relacionada como
intensidade de polarização, isto é:


ρ i = −div P (102)
Conjugamos (101) e (102) e o resultado que se obtém substituímos na equação
(100)

→ →
div E = 4πρ − 4πdiv P (103)
Repara-se que agrupando os dois aditivos proporcionais à divergência chegamos

é possível introduzir o vector de deslocamento D definindo-o de modo:

→ → →
D = E + 4π P (104)
Vista a definição (104) ,obteremos:


div D = 4πρ (105)

Segundo a equação (105), o deslocamento eléctrico D é um vector auxiliar que
só se determina pela distribuição de carga livre. Caso for conhecida essa
distribuição partindo da equação (105), podemos, pelo menos, encontrar este
deslocamento eléctrico.


Dado que o vector do campo E é um grandeza fundamental que determina as
acções do campo, precisamos de relacionar o deslocamento eléctrico e a
intensidade do campo, aplicando para tal a relação linear anteriormente
estabelecida, isto é:
Ensino à Distância 293

→ →
P=χE (106)
É de sublinhar que a expressão linear (106), ao contrário a fórmula (104) é uma
relação aproximada no sentido de que só se mantém válida para o campo
electromagnético relativamente fraco.

Ao substituir (106) em (104) resulta:

→ →
D = [1 + 4πX ] E (107)
É óbvio que podemos definir a permeabilidade eléctrica ε segundo a
expressão:

ε = 1 + 4πX (108)
Vista (108) resulta:

→ →
D=ε E (109) relação substancial
Quanto à modificação do campo magnético, decorre da equação da lei de
Ampere e Biot – Savart e Laplace, ou seja


4π →
→ 1 ∂E
rot B = < jm>+ (110)
C C ∂t

Rescrevemos de forma explícita a densidade média de corrente eléctrica, isto é:


→ ∂P → →
< j m >= j + + Crot M (111)
∂t

Substituímos (111) em (110) e agrupamos os termos que contenham os


rotacionais por um lado e vectores eléctricos por outro lado, então obteremos:

→ →
 4π → 1 ∂  → →

rot  B − 4π M  = j+  E + 4π P  (112 )
  C C ∂ t  

Dado que o 2º membro de equação (112) vem sendo determinado pelo


movimento e distribuição das cargas livres, é conveniente introduzir um vector
magnético que só dependeria do estado de carga livre. Esse vector magnético
chama-se intensidade do campo e podemos defini-lo pela equação:

→ → →
H = B− 4π M (113)
Vista a definição (113), transformaremos (112) para a forma:

→ 4π → 1 ∂ D
rot H = j+ (114)
C C ∂t

Repare-se que a equação (114) permite basicamente estabelecer a intensidade do



campo magnético H . No entant,o as acções deste campo, por exemplo, a força

de Lorentz vem sendo determinada em termos de indução magnética B
(densidade do fluxo do campo electromagnético).

É por isso que precisamos de expressar a indução magnética em função do vector


→ →
H . Ppara tal, podemos aplicar a definição de densidade de magnetização M .

Segundo a definição:

→ →
M =α B (115)
Combinamos (115) e (114) e da equação que daqui decorre localizamos a

indução magnética B e obtém-se:

→ 1 →
B= H (116 )
1 − 4πα

Definimos permeabilidade magnética µ segundo a expressão:

1
µ= (117 )
1 − 4πα

Daí segue que:

→ →
B=µH (118)
As relações (100) e (114) juntamente com outras equações, permitem escrever o
sistema completo das equações do campo magnético em substância chamado
sistema de equações de Maxwell
Ensino à Distância 295


→ 1 ∂B
rot E = − (I )
C ∂t

div B = 0 (II )

→ 4π → 1 ∂ D
rot H = j+ (III )
C C ∂t

div D = 4πρ (IV )
Para as suas aplicações é preciso acrescentar para as equações do sistema de
Maxwell as relações substanciais, isto é,

→ → → →
D=ε E (V ) B=µH (VI )
→ → ∂ρ →
j =σ E (VII ) + div j = 0 (VIII )
∂t

Quanto às relações materiais (substanciais) (109) e (118) é preciso sublinhar que


essas possuem a forma linear só para o campo fraco. Caso este campo for
compatível com o campo atómico microscópico essas relações deixam de possuir
a forma linear.

Neste contexto, a permissividade eléctrica ε bem como a permeabilidade


magnética µ vão depender dos vectores do campo.

O sistema das equações do campo electromagnético tornar-se-á um sistema não


linear. Esta observação é importante para tratar do funcionamento das fontes de
radiação de corrente de alta intensidade.

É de sublinhar que as relações (109) e (118) deixam de ser locais e instantâneas


com o aumento de frequência e diminuição de comprimento da onda. As
induções do campo dependem dos vectores do campo na vizinhança do ponto de
observação e os restantes anteriores do tempo. Achando que substância seja
anisotrópica, as relações substanciais podem ser generalizadas sob as formas:

t
→  → →  → 
Dα  r , t  = ∫ dV ′ ∫ ε αβ  r , r ′; t , t ′  E β  r ′, t ′  dt ′ (109')
  −∞    
t
→  → →  → 
Bα  r , t  = ∫ dV ′ ∫ µαβ  r , r ′; t , t ′  H β  r ′, t ′ dt ′ (118')
  −∞    
7.1.9. POTÊNCIAS DO CAMPO ELECTROMAGNÉTICO EM SUBSTÂNCIA

Como se sabe, a descrição do campo electromagnético admite ser realizada em


termos de potências electrodinâmicas. Para tal, precisamos de definir essas
potências e deduzir as equações. Resolvendo as equações, obteremos essas
potências.
r
O potencial vector A definimos pela expressão:
r r
[ ]
r r
B = rot A ≡ ∇ xA (119 )
r
Aplicado o rotacional para este potencial A , logo resulta a indução do campo
r
magnético B .

É preciso notar que esta definição não contradiz, pelo contrario, obedece às
equações de Maxwell. Em primeiro lugar, consideremos a equação
correspondente ao teorema de Gauss.
r
div B = 0 (120 )

Substituímos (120) em (119) e resulta:


r r r r
([
divrot A = ∇. ∇ xA = 0]) (121)

Esse resultado fica de acordo com a equação de Maxwell (120) e é valida visto
r
[ ]
r r
que o produto escalar de dois vectores ∇ e ∇ xA é igual a zero, uma vez que
estes criam um angulo de 90º.

Combinando a definição (119) com a equação de Maxwell que se refere à lei de


indução electromagnética, resulta:

r 1 ∂ r
rotE = − rotA (122)
c ∂t

Dado que as derivadas mistas da segunda ordem são permutáveis (teorema de


reciprocidade) o segundo membro se modifica-se, tal que:
r
∂ r ∂A
rotA = rot (123)
∂t ∂t

Atendendo a essa permuta expressa em 123, transformamos para a forma:


Ensino à Distância 297

r
 r 1 ∂A 
rot E + =0 (124)
 c ∂t 

Visto que da identidade rot gradf = 0 da expressão 6 resulta:


r
r 1 ∂A r
E+ = −∇ϕ (125)
c ∂t

A função escalar ϕ definida segundo (125) chama-se potencial escalar. Caso


forem conhecidos o potencial vectorial e o potencial escalar, a intensidade do
r
r r 1 ∂A
campo eléctrico resultará da expressão: E = −∇ϕ − = (126)
c ∂t

Para deduzir as equações diferenciais relativas aos potenciais electromagnéticos,


aplicaremos uma vez mais as equações de Maxwell, conjunto de relações
substanciais.

Destas relações obteremos:

r 1 r
H= B (127)
µ

E atendendo (119) resulta:

r 1 r
H = rotA (128)
µ

Substituímos nas equações correspondentes à lei de Ampere Biot Savart e


Laplace considerando uma substância homogénea obtemos:
r
1 r 4π r 1 ∂E
rot rotA = j + ε. (129)
µ c c ∂t

Conjugando (126) e (127) temos:


v
r 4πµ r µε ∂ r µε ∂ 2 A
rot rotA = j− ∇ϕ − 2 (130)
c c ∂t c ∂t 2
r r r r
rot rotA = grad divA − ∇ 2 A (131)

Vista esta identidade, acabamos com a equação (130) transformando-a para a


forma:
r
r2v 4πµ r µε ∂ 2 A  r µε ∂ϕ 
∇ A=− j+ 2 + grad  divA +  (132 )
c c ∂t 2
 c ∂t 
Para deduzir mais uma equação, aproveitamos a equação de Maxwell dada sob a
forma:
r
div D = 4πρ (133)

Aproveitando a homogeneidade de substância escrevemos:

r 4πρ
divE = (134 )
ε
Substituímos nesta expressão a equação (126) dado que de
div grad ϕ = ∇ 2 ϕ resulta:

1 ∂ r 4πρ
∇ 2ϕ + divA = − (135)
c ∂t ε
O sistema das equações (132) e (135) admite ser transformado para uma forma
mais simples, caso aplicarmos as condições de calibração:

r εµ ∂ϕ
divA + =0 (136)
c ∂t

Ao combinar a calibração (136) com as equações (132) e (135) resulta:


r
r εµ ∂ 2 A 4π r
∇ A− 2
2
=− µj (137 )
c ∂t 2
c

εµ ∂ 2ϕ 4πρ
∇ 2ϕ − =− (138)
c ∂t
2 2
ε
Comparando essas equações com aquelas que se referem ao campo em vácuo,
concluímos que essas possuem a mesma estrutura analítica (matemática).

No entanto, repara-se que a velocidade da luz numa substancia sofre uma


modificação segundo a expressão:

c
v= (139 )
εµ
r
Referimo-nos à calibração Coulombiana, resultando daí div A = 0 (140 )
Partindo desta calibração, as equações (132) e (135) passam para a forma:
Ensino à Distância 299

r
r 1 ∂2 A 4πµ r εµ r ∂ϕ
∇ A− 2 2 = −
2
j+ ∇ (141)
v ∂t c c ∂t


∇ 2ϕ = − ρ (142)
ε

Sumário
A densidade de carga induzida vem sendo relacionada como intensidade de
polarização, isto é:


ρ i = −div P = (102)

O vector de deslocamento D definimo-lo segundo:

→ → →
D = E + 4π P (104)
Podemos definir a permeabilidade eléctrica ε segundo a expressão:

ε = 1 + 4πX (108)
Vista a equação (108) resulta:

→ →
D=ε E (109) relação substancial
Escrevendo explicitamente a densidade média de corrente eléctrica, temos:


→ ∂P → →
< j m >= j + + Crot M (111)
∂t

Ao vector magnético chama-se intensidade do campo e podemos defini-lo pela


equação:

→ → →
H = B− 4π M (113)

A definição de densidade de magnetização M .

Segundo a definição:

→ →
M =α B (115)
Definimos permeabilidade magnética µ segundo a expressão:

1
µ= (117 )
1 − 4πα
r
O potencial vector A definimos pela expressão:
r r
[ ]
r r
B = rot A ≡ ∇ xA (119 )
r
Repare-se que aplicado o rotacional para este potencial A , logo resulta a
r
indução do campo magnético B .

A função escalar ϕ definida segundo o (125) chama-se potencial escalar. Caso


forem conhecidos o potencial vectorial e o potencial escalar, a intensidade do
r
r r 1 ∂A
campo eléctrico resultará da expressão: E = −∇ϕ − = (126)
c ∂t

Para deduzir as equações diferenciais relativas aos potenciais electromagnéticos


aplicaremos uma vez mais as equações de Maxwell, conjunto de relações
substanciais.

Exercícios

1. Partindo das relações (100) e (114) juntamente com outras


equações, escreva o sistema completo das equações do campo
electromagnético em substância.
Exercícios 2. Deduza as equações diferenciais relativas aos potenciais
electromagnéticos em substância, partindo das equações de
Maxwell, conjunto das relações substanciais.
3. Partindo da calibração coulombiana dos potenciais, divA = 0 ,
escreva as equações (132) e (135).
Ensino à Distância 301

Chave de correcções
1. As relações (100) e (114) juntamente com outras equações permitem escrever
o sistema completo das equações do campo magnético em substância chamado
sistema de equações de Maxwell


→1 ∂B
rot E = − (I )
C ∂t

div B = 0 (II )

4π → 1 ∂ D

rot H = j+ (III )
C C ∂t

div D = 4πρ (IV )
Para as aplicações, é preciso acrescentar para as equações do sistema de Maxwell
as relações substanciais, isto é,

→ → → →
D=ε E (V ) B=µH (VI )
→ → ∂ρ →
j =σ E (VII ) + div j = 0 (VIII )
∂t

3.
r
r 1 ∂2 A 4πµ r εµ r ∂ϕ
∇ A− 2 2 = −
2
j+ ∇ (141)
v ∂t c c ∂t


∇ 2ϕ = − ρ (142)
ε
Lição nº5
7.1.9. Condições de fronteira para os vectores do
campo.

Introdução
Nesta lição você vai estudar as condições de fronteira para vectores do campo;
vai estudar ainda a energia e a densidade de fluxo de energia do campo
electromagnético em substância.
Tempo de estudo da
Lição: 02:00Horas
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Estabelecer condições de fronteira para os vectores de


deslocamento D;
 Relacionar as componentes tangenciais de indução magnética
Objectivos assim como as componentes normais da intensidade do campo
eléctrico;
 Deduzir a equação de densidade do fluxo de energia do campo
electromagnético.

Para os potenciais electrodinâmicos

A consideração anterior diz respeito ao campo electromagnético numa substância


homogénea.

No entanto, para as aplicações é preciso conhecer as regularidades do campo


electromagnético que tenham lugar numa substância heterogénea (substância
composta dos meios fisicamente diferentes).

É obvio que dentro de um dos componentes homogéneos mantêm-se validas as


equações de Maxwell. Para justificar as soluções destas equações é preciso saber
como é que se modificam os potenciais e os vectores do campo que atravessam a
superfície que separa essas componentes.

Depois de estabelecer o caso de que os potenciais electrodinâmicos são funções


contínuas, é preciso tratar das condições de fronteira para os vectores do campo.
Ensino à Distância 303

Para tal, é mais conveniente aplicar as equações de Maxwell do campo sob a


forma integral.

Consideremos uma fronteira que separa as duas substâncias 2 e 1

ε 2 µ 2 → coeficientes materiais de substância 2

ε 1 µ1 → coeficientes materiais de substância 1

Fig.7.9

Estabelecemos as condições de fronteira para os vectores do deslocamento


r
eléctrico D .

Dentro da substância 2 em pontos adjacentes à fronteir,a este vector vem sendo


r r
igual a D 2 enquanto que o seu vector dentro da substância 1 é D1 .

r
Sabe-se que o vector de deslocamento D obedece à equação do campo que
rr
admite ser dada sob a forma: ∫ ndA = 4πq
D (127)
Escolhemos uma superfície cilíndrica de modo que as bases do cilindro fiquem
em lados diferentes de fronteira. Achamos que a altura deste cilindro é uma
grandeza infinitesimal que tende para zero. A área de secção recta ou de base A
esta é uma grandeza pequena e, por isso, em todos os pontos das bases, o
deslocamento possui o mesmo valor.

Atendendo à formula geométrica da superfície fechada A, o primeiro membro da


expressão (127) rescrevemos sob a forma:
rr r r r r rr
∫ Dn dA = ∫ D 2 n 2 dA + ∫ D1 n1 dA + ∫ ndA
D (128)
As Ai Al

r r r∧r
D2 n2 = D2 n cos n2 , D2 = D2 n (129)
r r
D1 n1 = − D1n (130)
Conjugando (129), (130) e (128) tem-se:
rr r r rr
∫ DndA = ∫ D 2n dA + ∫ D1n dA + ∫ DndA (131)
As Ai Al

Visto que se considera o cilindro de altura infinitesimal, isto é, h → 0 ,


concluímos que o fluxo através da superfície lateral, ou seja, o último aditivo da
fórmula (131) anula-se deste limite.
r r
Dado que D1 e D 2 permanecem constantes em todos os pontos de base inferior e
de base superior, as suas componentes normais tiramos para fora:
rr r r
∫ Dn dA = D 2n . A − D 1n A = 4πq (132)
Suponhamos que a densidade superficial de carga livre seja igual a δ . Neste
caso a carga total limitada pela superfície cilíndrica admite ser dada pela forma:

q = δ .A (133)
Essa expressão resulta da ideia segundo a qual ao limite que tende a zero, a
superfície cilíndrica só vai abordar a carga armazenada pela secção A da
fronteira.

Substituindo (132) e (133) na equação (127) obteremos a condição de fronteira


correspondente ao vector de deslocamento eléctrico a saber:
r r
D 2 n − D1n = 4πδ (134 ) → para substancias heterogéneas.
Note-se que a componente normal do deslocamento eléctrico só é contínua caso
for igual a zero a densidade da carga livre acumulada pela fronteira. Caso esta
carga for diferente de zero, a componente normal sofre rotura proporcional à
densidade superficial da carga livre.

Escrevemos para a mesma superfície cilíndrica o teorema de Gauss relativo ao


campo magnético, ou indução magnética, daí que:
Ensino à Distância 305

rr
∫ BndA = 0 (135)
rr r r rr rr
∫ Bn dA = ∫ B n dA + ∫2B n2dA + ∫ ndA = B
B 1 1 2n A − B1n A + 0 (136 )
As Ai Al

/ − B1n A
B2 n A / =0 (137 )
B2 n = B1n (138)
Segundo (138), a componente normal de indução magnética, atravessando a
fronteira permanece contínua.

Para deduzir a condição de fronteira correspondente às componentes tangenciais,


consideremos as leis de Ampére e de Faraday sob a forma integral. Para aplicar
essas formas integrais na qualidade de contorno fechado, escolhemos o
rectângulo da componente e de altura infinitesimal h .

Fig.7.10
r
r r  4π r 1 ∂D  r
∫c Hdl = ∫A  c j + c ∂t ndA (139 )

r r l r r r r 0 r r r r
∫ dl = ∫ H 2 dl ∫ Hdl + ∫ H 1dl ∫ Hdl
H (140 )
c 0 (bc ) l da

Repara-se que as integrais (bc) e (da) anulam-se ao limite h → 0 .

Transformamos as funções integrais para as formas:


r r r r
( 1r44
)r r
H 2 dl = H 2 dl. cos dl, ∧ H 2 = H 2 cos dl, ∧ H 2 dl (141)
244 3
( )
r
H 2 dl = H 2τ dl 15

r r
(
É de sublinhar que H 2 cos dl, ∧ H 2 ≡ H 2τ , onde ) H 2τ é componente tangencial

do vector H2 .
Por analogia desta expressão, escrevemos:
r r
(
r r r
)
H 1 dl = H 1 cos dl, ∧ H 1 dl = H 1τ dl (142)

Substituímos (141) e (142) na equação (140) e resulta:


r r
∫ H dl =H 2τ l − H 1τ l (143)
c
r r
 4π r 1 ∂D  r 4π rr 1 ∂D r
∫A  c j + c ∂t ndA = c ∫A j ndA + c ∫A ∂t ndA (144)

Dado que a primeira das integrações corresponde à intensidade total da corrente


(I), enquanto que a segunda se anula ao limite h → 0 daí obteremos:
r
 4π r 1 ∂D  r 4π 1
∫A  c j + c ∂t ndA = c I + c .0 (145)

Ao combinar (143), (145) e (139) obteremos:

4π I 4π
H 2τ − H 1τ = = Is (146)
c l c

I
Dado que é densidade linear de corrente I s , resulta a expressão (146), então
l
podemos escrever as condições de fronteira relativa à componente tangencial
da intensidade do campo magnético:


H 2τ − H 1τ Is (147 )
c

A componente tangencial de intensidade do campo magnético será contínua


quando a densidade linear da corrente percorrida pela fronteira for igual a zero.

Quanto ao campo eléctrico, escrevemos para o mesmo contorno a lei de


Faraday segundo a qual “a circulação da intensidade de campo eléctrico é
igual à variação da velocidade do fluxo do campo magnético”.
r
r r 1 ∂B r
∫c Edl = − c ∫s ∂t nds = 0 (148)
r r 0
(149)
l

c
Edl = ∫ 2τ ∫ E1τ dl =E 2τ l − E1τ l
E dl
0
+
l

Conjugando (149) com a lei de Faraday (148) resulta:


Ensino à Distância 307

(E 2τ l − E1τ l )l = 0 (150 )
De (150) decorre a condição de fronteira que atribuímos a componente
tangencial do vector do campo eléctrico e tem-se:

E 2τ l = E1τ l (151)
7.1.10. Energia e densidade de fluxo de energias do campo electromagnético em
substância

Dado que uma substancia modifica os parâmetros do campo electromagnético


r r
nomeadamente os vectores dos campos E e H , é preciso reexaminar as
regularidades energéticas relativas ao campo em substância. Para tal, escrevemos
as equações de Maxwell localizando as derivadas temporais, obtendo daqui:
r r
∂D r r E
= −4πj + crotH (152) .
∂t 4π
r r
∂B H
= −crot (153) .
∂t 4π
r r
E H
Multiplicamos a primeira por e a segunda por
4π 4π

Somando as equações daí resultantes, obteremos:


r r
 r ∂D r ∂B 
1

E
 ∂t + H  = − jE +
∂t  4π
[
rr c r r r r
ErotH − HrotE ] (154)

O primeiro membro modificaremos levando em conta as relações materiais a


saber:
r r r r
D = ε .E , B = µH (155 )
Então, obtém-se:
r r r r r r
1  r ∂D r ∂B  1  r ∂E r ∂H  1  ∂ E H
E +H =  εE + µH = ε + µ  (156)
4π  ∂t ∂t  4π  ∂t ∂t  4π  ∂t 2 2

Note-se que a expressão (156) podemos simplificar introduzindo a grandeza ω


definida pela expressão:

εE 2 + µH 2
ω= (157 )

Atendendo a essa definição, acabamos escrevendo:


r r
1  r ∂D r ∂B  ∂ω
E 
 ∂t + H ∂t  = ∂t (158)
4π  

Destacando do segundo membro só as aditivas compostas dos vectores do campo


da equação (154) obteremos:
r r r r r r
(
Erot H − Hrot E = E i rot H i − H i rot E ) ( )
i (159 )
r ∂H k
(rotH ) = e i ijk
∂x j
(160)
Sabe-se que:
r ∂E k
(rotE ) = e
i ijk
∂x j
(161)

Substituindo (160) e (161) em (159) tem-se:

r r r r ∂H k ∂E k ∂H k ∂E  ∂H k ∂E k 
Erot H − Hrot E = eijk − eijk = − e jik Ei + e jik H i k = − e jik  Ei
 ∂x
+ Hk (162 )
∂x j ∂x j ∂x j ∂x j  j ∂x j 
eijk = −eijk

Atendendo que desse binómio se reduz a derivada do produto, finalizamos (162),


pela expressão:

(ErrotHr − HrrotEr ) = − ∂∂x e jik E i H k = −


∂x j
[
∂ r r
ExH ] j [
r r
= −div ExH ] (163)
j

As expressões (158) e (163) combinadas com a equação (154), resulta o


teorema de Poyting para o campo electromagnético em substância.

∂ω
∂t
rr c
= − jE −

r r
div ExH [ ] r
S=
c r r

ExH [ ] (165)
rr r
= − j E − divS (164)
rr
Dado que j E é potencial especifico, concluímos que a grandeza ω definida
pela expressão (157) não é mais que a densidade de energia do campo
r
electromagnético em substância, enquanto que o vector S dado pela expressão
(165) corresponde à densidade do fluxo de energia.

Visto esse significado físico dos termos desta equação, podemos interpretá-lo
como a lei de conservação e de transformação de energia.
Ensino à Distância 309

Sumário
r
Sabe-se que o vector de deslocamento D obedece à equação do campo que
rr
admite ser dada sob a forma: ∫ DndA = 4πq (127)
A condição de fronteira correspondente ao vector de deslocamento eléctrico a
r r
saber: D 2 n − D1n = 4πδ (134 ) → para substâncias heterogéneas.
Note-se que a componente normal do deslocamento eléctrico só é contínua caso
for igual a zero a densidade da carga livre acumulada pela fronteira. Caso esta
carga for diferente de zero, a componente normal sofre rotura proporcional à
densidade superficial da carga livre.

As condições de fronteira relativa à componente tangencial da intensidade do


campo magnético são:


H 2τ − H 1τ Is (147 )
c

A componente tangencial de intensidade do campo magnético será contínua


quando a densidade linear da corrente percorrida a fronteira for igual a zero.

Quanto ao campo eléctrico, escrevemos para o mesmo contorno a lei de


Faraday segundo a qual “a circulação da intensidade de campo eléctrico é
igual à variação da velocidade do fluxo do campo magnético”.
r
r r 1 ∂B r
∫c Edl = − c ∫s ∂t nds = 0 (148)
r r 0
(149)
l

c
Edl = ∫ 2τ ∫ E1τ dl =E 2τ l − E1τ l
E
0
dl +
l

De (150) decorre a condição de fronteira que atribuímos à componente


tangencial do vector do campo eléctrico e tem-se:

E 2τ l = E1τ l (151)
A expressão (156) pode ser simplificada introduzindo a grandeza ω definida
pela expressão:

εE 2 + µH 2
ω= (157 )

Atendendo a essa definição, acabamos escrevendo:
r r
1  r ∂D r ∂B  ∂ω
E 
 ∂t + H ∂t  = ∂t (158)
4π  

As expressões (158) e (163) combinadas com a equação (154) dão origem ao


teorema de Poyting para o campo electromagnético em substância.

∂ω
∂t
rr c
= − jE −

[
r r
div ExH ] r
S= [
c r r

ExH ] (165)
rr r
= − j E − divS (164)
rr
Dado que jE é potencial especifico, concluímos que a grandeza ω definida
pela expressão (157) não é mais que a densidade de energia do campo
r
electromagnético em substância, enquanto que o vector S dado pela expressão
(165) corresponde à densidade do fluxo de energia.

Visto esse significado físico dos termos desta equação, podemos interpretá-lo
como a lei de conservação e de transformação de energia.

Exercícios

1-Partindo das condições de fronteira (134), (138), (147) e (151) e vistas


r r r r
as relações materiais a saber: B = µ .H , D = εE , relacione as
Exercícios componentes tangenciais de indução magnética assim como as
componentes normais da intensidade do campo eléctrico considerando
que sejam iguais a zero σ e I s .
Ensino à Distância 311

8. Bibliografia
1. A. Sommerfeld ‘Electrodynamics. 1952’

2.Boas, Mary . Mathematical methods in the Physical science- New York- 1983

3.Butkov - Física Matemática– Rio de Janeiro – 1988

4. J.D.Jackson “Classical Electrodinamics”

5. Krasnov, M. Análise vectorial - Editora Moscovo –1981

6.Landau, L. Teoria de campo Editora Mir Moscovo 1980

7. L.D.Landau, E.M.Lifshitz, the classical Theory of Fields.1980

8. Lucilia Brito “Campo Electromagnetico.1999

9.Martins, Nelson Introdução à teoria da electricidade e magnetismo Editora


Edgard Blücher Ltda, São Paulo, 2000

10. Startten ”Electromagnetic Theory”

11. TIPLER PAUL, A. Física, vol.2b 2ª Ed. Editora Guanabara-Rio de Janeiro-


1984
12. V. V. Nikolski, Electrodinámica y propagación de ondas de radio, 2ª ED.
Editora Mir Moscovo-1985

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