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Mecânica I – Mecânica

da Partícula

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso nº 135


Direitos do autor

Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus autores.

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135


Telefone: 21-320860/2
Telefone: 21 - 306720

Fax: +258 21-322113


Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: - Amós Veremachi


- Mário Jorge Cuamba

Desenho Instrucional: Lourenço Mavaieie

Maquetização: Anilda Ibrahimo Khan

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo ao módulo de Mecânica I- Mecânica da Partícula ......................................... 1
Objectivos do módulo ....................................................................................................... 1
Quem deve estudar este módulo? ..................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo? ................................................................................ 2
Ícones de actividade.......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 4
Precisa de apoio?............................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 5
Avaliação .......................................................................................................................... 6

Unidade 1 7
Física e Medições.............................................................................................................. 7
Introdução................................................................................................................ 7

Lição nº 1 9
Objecto de Estudo da Mecânica........................................................................................ 9
Introdução................................................................................................................ 9
Sumário ........................................................................................................................... 13
Exercícios........................................................................................................................ 13

Lição nº 2 14
Grandezas Físicas. Padrões de Unidades e Medidas ...................................................... 14
Introdução.............................................................................................................. 14
Sumário ........................................................................................................................... 18
Exercícios........................................................................................................................ 18

Lição nº 3 20
Análise Dimensional e Conversões entre Unidades ....................................................... 20
Introdução.............................................................................................................. 20
Sumário ........................................................................................................................... 24
Exercícios........................................................................................................................ 25

Lição nº 4 27
Algarismos significativos................................................................................................ 27
Introdução.............................................................................................................. 27
ii Índice

Sumário ........................................................................................................................... 30
Exercícios........................................................................................................................ 31

Unidade 2 33
Vectores .......................................................................................................................... 33
Introdução.............................................................................................................. 33

Lição nº 1 35
Igualdade e Adição de Vectores ..................................................................................... 35
Introdução.............................................................................................................. 35
Sumário ........................................................................................................................... 38
Exercícios........................................................................................................................ 39

Lição nº 2 40
Propriedades da Adição e da Subtração de Vectores...................................................... 40
Introdução.............................................................................................................. 40
Sumário ........................................................................................................................... 42

Lição nº 3 45
Vector Unitário. Representação num sistema de eixos cartesianos e multiplicação de um
vector por um escalar ...................................................................................................... 45
Introdução.............................................................................................................. 45

Lição 4 56
Produto de Vectores........................................................................................................ 56
Introdução.............................................................................................................. 56
Sumário ........................................................................................................................... 64

Unidade 3 66
Diferênciação e integração de Vectores.......................................................................... 66
Introdução.............................................................................................................. 66

Lição nº 1 68
Derivação de uma Função............................................................................................... 68
Introdução.............................................................................................................. 68
Exercícios........................................................................................................................ 75

Unidade 4 77
Cinemática do ponto material ......................................................................................... 77
Introdução.............................................................................................................. 77
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância iii

Lição nº 1 79
Revisão dos conceitos básicos da Física......................................................................... 79
Introdução.............................................................................................................. 79
Sumário ........................................................................................................................... 81
Exercícios........................................................................................................................ 82

Lição nº 2 83
Cinemática do ponto material. Conceitos básicos .......................................................... 83
Introdução.............................................................................................................. 83
Sumário ........................................................................................................................... 89

Lição nº 3 90
Movimento em uma dimensão. Grandezas cinemáticas ................................................. 90
Introdução.............................................................................................................. 90
Sumário ......................................................................................................................... 111
Exercícios...................................................................................................................... 113

Lição nº 4 115
Movimento em duas dimensões. Vector deslocamento, velocidade e aceleração ........ 115
Introdução............................................................................................................ 115
Sumário ......................................................................................................................... 153
Exercícios...................................................................................................................... 156

Unidade 5 161
Dinâmica da Particula ................................................................................................... 161
Introdução............................................................................................................ 161

Lição nº 1 163
Leis de Movimento ....................................................................................................... 163
Introdução............................................................................................................ 163

Lição nº 2 182
Força de Atrito .............................................................................................................. 182
Introdução............................................................................................................ 182
Sumário ......................................................................................................................... 188
Exercícios...................................................................................................................... 189

Unidade 6 195
Trabalho, Energia e Potência ........................................................................................ 195
Introdução............................................................................................................ 195
iv Índice

Lição nº 1 197
Trabalho de uma força constante .................................................................................. 197
Introdução............................................................................................................ 197

Lição nº 2 202
Trabalho realizado por uma força variável ................................................................... 202
Introdução............................................................................................................ 202

Lição nº 3 208
Energia cinética e o teorema do trabalho e energia ...................................................... 208
Introdução............................................................................................................ 208

Lição nº 4 215
Potência......................................................................................................................... 215
Introdução............................................................................................................ 215

Lição nº 5 219
Trabalho da força da gravidade. Energia potêncial ...................................................... 219
Introdução............................................................................................................ 219

Lição nº 6 222
Forças conservativas e forças não-conservativas.......................................................... 222
Introdução............................................................................................................ 222

Lição nº 7 229
Conservação da energia mecânica ................................................................................ 229
Introdução............................................................................................................ 229

Lição nº 8 235
Trabalho realizado por forças não-conservativas ......................................................... 235
Introdução............................................................................................................ 235
Sumário ......................................................................................................................... 239
Exercícios...................................................................................................................... 243
Bibliografia ................................................................................................................... 251
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 1

Visão geral
Bem-vindo ao módulo de
Mecânica I- Mecânica da Partícula
O módulo de Mecânica da Partícula debruçar-se-á sobre os seguintes
conteúdos:

ƒ Introdução, unidades e medidas


ƒ Fundamentos da Álgebra Vectorial
ƒ Fundamentos do Cálculo Diferencial e Integral de Vectores
ƒ Cinemática do Ponto Material
ƒ Dinâmica de uma partícula
ƒ Trabalho e Energia

Esperamos que você nos acompanhe ao longo de todo o módulo.

Objectivos do módulo
Ao terminar o estudo do módulo de Mecânica I – Mecânica da Partícula
você será capaz de:

ƒ Explicar e interpretar os fenómenos físico-mecânicos que ocorrem no


seu meio usando os princípios e leis estudos na Física

ƒ Aplicar os métodos de trabalho da Física durante o exercício de suas


Objectivos funções.

ƒ Leccionar os conteúdos de Física, em particular da Mecânica no 1o e


no 2º cíclos do ensino Secundário Geral ou no Ensino Técnico
Profissional.

ƒ Participar em tarefas directivas e organizacionais escolares

ƒ Realizar actividades de investigação sobre o ensino e aprendizagem


da Física escolar

ƒ Aplicar os conhecimentos adquiridos durante a aprendizagem da


2 Visão geral

Mecânica para intervir e contribuir para a melhoria das condições da


sua vida e a dos que lhe rodeiam.

Quem deve estudar este módulo?


Este módulo destina-se à formação de professores em exercício que
possuem a 12a classe ou equivalente e inscritos no Curso à Distância,
fornecido pela Universidade Pedagógica.

Como está estruturado este


módulo?
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-
chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos, conteúdo, incluindo actividades de
aprendizagem, um sumário e uma ou mais actividades para auto-
avaliação.

Outros recursos
Se você está interessado em aprender mais, preste atenção a lista de
recursos adicionais para e explore-os. Estes recursos podem incluir livros,
artigos ou sites na Internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 3

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.
Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para
efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais).
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”
(excelência/
autenticidade)

Avaliação /
Actividade Auto-avaliação Teste Exemplo /
Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(fortitude /
Leitura preparação) Terminologia Dica
Reflexão
4 Visão geral

Habilidades de estudo

Caro estudante!

Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar através de uma
leitura cuidadosa das fontes de consulta a maior parte da informação
ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade
apresenta-se uma sugestão de livros para leitura complementar.

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve


certificar-se de ter compreendido a questão colocada.

É importante questionar se as informações colhidas na literatura são


relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas.

Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias


apresentadas no texto.

Desejamos-lhe muitos sucessos!

Precisa de apoio?
Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso
de dúvida numa matéria tente consultar os manuais sugeridos no fim da
lição e disponíveis nos centros de ensino a distância (EAD) mais
próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure
estudar os exemplos semelhantes apresentados no manual. Se a dúvida
persistir, consulte a orientação que aperece no fim dos exercícios. Se a
dúvida persistir, veja a resolução do exercício.

Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua
disposição no centro de EAD mais próximo.

Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham feito a


cadeira de Mecânica I – Mecânica da Partícula, vizinhos e até estudantes
de universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam a fazer
cadeiras relacionadas com Mecânica.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 5

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
Ao longo deste módulo irá encontrar várias tarefas que acompanham o
seu estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para
confrontar o seu método e a solução apresentada. O estudante deve
promover o hábito de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de
informação, tanto na internet como em livros. Consulte manuais
disponíveis e referenciados no fim de cada lição para obter mais
informações acerca do conteúdo que esteja a estudar. Se usar livros de
outros autores ou parte deles na elaboração de algum trabalho deverá citá-
los e indicar estes livros na bibliografia. Não se esqueça que usar um
conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho, sem referenciá-lo é
plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e referências são uma
forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros. Estamos
cientes de que o estimado estudante não gostaria de ver uma ideia sua ser
usada sem que fosse referenciado, não é?

Na medida de possível, procurar alargar competências relacionadas com


o conhecimento científico, as quais exigem um desenvolvimento de
competências transversais, como:

Utilizar vocabulário científico adequado, analisar cientificamente um


fenómeno ou processo físico, associar um modelo teórico a um certo
fenómeno real, identificar os limites de validade de um modelo físico,
desenvolver a capacidade de trabalho individual e em equipa,
evidenciando rigor e honestidade, etc.;

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de auto-avaliação


deverão ser realizadas num caderno à parte ou em folha de formato A4.

O estudante deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas


em suporte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e
enviá-los ao Departamento de Física de Maputo quer através da
internet, quer dos serviços de Correios de Moçambique.
6 Visão geral

Avaliação
A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas lições,
mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir em frente.

Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado com base na


realização de actividades e tarefas de auto-avaliação previstas em cada
Unidade, dois testes escritos, um exame e actividade laboratorial:

Com o trabalho laboratorial pretende-se desenvolver e reforçar as


competências já enunciadas acima, assim, a sua avaliação deve traduzir o
grau de desenvolvimento dessas competências.

Note-se que a execução do trabalho laboratorial será precedida de


resposta a um questionário sobre os objectivos da experiência e sobre os
conteúdos referentes ao assunto da experiência.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 7

Unidade 1
Física e Medições
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo de “Física e Medições”.

Como qualquer outra ciência, a Física baseia-se em observações


experimentais e medições quantitativas. O grande objectivo é descobrir
um determinado número de leis fundamentais que regem os fenómenos
naturais e usá-las para descobrir novas teorias que podem ser usadas para
predizer resultados de futuras experiências.

As leis fundamentais que são usadas para desenvolver teorias são


expressas na linguagem matemática que é um instrumento que
providencia a ponte entre a teoria e a experiência. Tais leis estão
expressas em termos de quantidades básicas que requerem definições
claras.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o objecto de estudo da Física;

ƒ Caracterizar o objecto de estudo da Mecânica;


Objectivos ƒ Definir o conceito “medição”;

ƒ Identificar os diferentes sistemas de unidades;

ƒ Identificar grandezas e suas respectivas unidades;

ƒ Converter quantidades dum sistema de unidades para outro;

ƒ Definir o conceito “grandeza física”;

ƒ Identificar tipos de grandezas físicas;

ƒ Estabelecer a diferença entre grandezas físicas vectoriais e escalares.


8 Unidade 1

Esta unidade comporta seguintes conteúdos:

• Objecto de estudo da Física

• Padrões de unidades e medidas


Tempo de estudo da
Unidade: 04:00 Horas • Análise dimensional e conversões de unidades

• Algarismos significativos

Precisará de 04 horas lectivas para estudar esta Unidade. Recomenda-se a


utilização de folhas A4 e uma sebenta para acompanhar todo o estudo.

Fenómeno físico, medir, grandeza física, comparar, unidade, escalares,


vectores, S.I, padrão.

Terminologia
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 9

Lição nº 1
Objecto de Estudo da Mecânica
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição que é relevante porque permite-lhe


identificar os aspectos que são discutidos no Módulo cujo estudo está a
começar.

Ao completar esta lição, deverá ser capaz de:

ƒ Definir o objecto de estudo da Física, em geral, e da Mecânica,


em particular;

Objectivos ƒ Caracterizar o objecto de estudo da Mecânica;

ƒ Explicar a relação entre a Física e outras ciências;

ƒ Explicar a relação entre a Física e a Técnica.

A Física preocupa-se com os princípios básicos do universo.

Ela é uma ciência da natureza que estuda os fenómenos físicos.

Na definição acima há, pelo menos dois conceitos importantes que


precisa de explicar antes de avançarmos. Consegue identificá-los? Então
tente explicá-los por suas próprias palavras!

Não se recorda?

Veja a seguir o que deveria recordar-se:

Para entender por completo a definição formulada acima precisa ter em


mente os conceitos de Fenómeno e Fenómenos físicos!

Chama-se fenómeno a qualquer transformação que ocorre com um corpo


do universo (animado ou inanimado).
10 Lição nº 1

A queda de uma gota da chuva, o crescimento duma planta, o


aquecimento do solo ao ser atingido pelos raios solares, o funcionamento
dum rádio, etc.
Exemplo

Chamam-se fenómenos físicos às transformações que se operam na


matéria em que a natureza da substância que constitui o corpo não se
altera.

O aquecimento duma barra de ferro, o movimento de uma bola de


futebol.

Exemplo

A Mecânica, sendo uma das disciplinas da Física, estuda os fenómenos


mecânicos, ou seja, fenómenos relacionados com o movimento mecânico
e o equilíbrio dos corpos materiais.

A Física representa uma base na qual as outras ciências – Astronomia,


Biologia, Química, Geografia e Geologia - buscam os seus fundamentos.

Já pensou no seguinte:

Como é que a Geografia explica a origem dos ventos e, em particular, a


origem das brisas marítimas?

Como é que a Biologia explica o movimento dos animais? Como é que as


plantas se alimentam?

Pode estar se questionando se a Física não se apoia nas outras ciências


para explicar determinados fenómenos. Na verdade, as ciências são tão
interdependentes. Apoiam-se umas às outras.

Já pensou como explicaria a corrente nas soluções electrolíticas, por


exemplo, sem a noção de compostos químicos?

Já pensou como seriam os textos de conteúdos físicos sem as fórmulas e


modelos matemáticos?

Mas, o que é que faz com que a Física tenha um lugar tão “importante”?

A beleza da Física reside na simplicidade das suas teorias fundamentais e


na forma como apenas um pequeno número de conceitos fundamentais:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 11

equações, e suposições podem alterar e expandir a nossa visão sobre o


mundo que nos rodeia.

Certamente que já estudou alguns episódios que testemunham a forma


como a visão da humanidade, sobre o universo e o mundo em que
vivemos mudou desde os tempos de Aristóteles até ao momento.

No entanto, a Física também tem relação com a técnica.

Tenta perceber como funciona um automóvel ou uma bicicleta. Como


voa um avião, flutua um navio ou barco. Como é que o homem
conquistou o espaço cósmico.

Figura 1.1 - Nave espacial

Figura 1.2 - Homem na Lua

Certamente que depois da reflexão percebe que a Física é a base da


técnica moderna, pois que os dispositivos técnicos (aviões, bicicletas,
12 Lição nº 1

naves espaciais,....) baseiam-se na utilização dos fenómenos e leis da


natureza descobertas e estudadas pela Física.

Figura 1.3 - Avião em voo

Por outro lado, o aperfeiçoamento e a criação de dispositivos de maior


precisão permite o seu uso para a conquista de novos conhecimentos na
Física.

Portanto, a Física e a técnica estão intimamente ligados, visto que o


desenvolvimento da Física estimula o desenvolvimento da técnica e o
desenvolvimento da técnica contribui para o desenvolvimento da Física.

A seguir é apresentada uma actividade que deverá resolver num máximo


dez minutos.

1. Dos fenómenos que a seguir são apresentados, identifique aqueles que


não são fenómenos físicos:

Actividade 1 A. O movimento dum pássaro;

B. O congelamento da água;

C. O processo de queima da madeira;

D. O processo de secagem da roupa quando lavada;

E. A corrosão dos metais.


Tempo de realização:
00: 10 minutos. 2. Explique a relação que existe entre a Física e outras ciências.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 13

Para responder o número 1 veja aqueles casos em que a natureza da


substância não se altera.

Dica Para o número 2 é necessário saber que a relação é de dependência mútua


e veja o que cada uma pode oferecer à outra em termos de
interdisciplinaridade.

Sumário
Na lição 1, foram discutidos os aspectos relacionados com o objecto de
estudo da Física e da Mecânica;

A relação entre a Física e outras ciências, e da Física com a Técnica


como sendo de dependência mútua, ou seja, o desenvolvimento de cada
ramo implica o desenvolvimento do outro.

De seguida apresenta-se a primeira tarefa de auto-avaliação que deverá


ser resolvida em quinze minutos.

Exercícios
1. “A Física e a Técnica são duas áreas que estabelecem uma relação de
dependência mútua”.

Auto-avaliação nº 1 − Argumente esta afirmação.

Tempo de realização:
00:15 minutos

Como argumento, apresente factos ou exemplos que comprovam que


cada área influencia a outra.

Dica
14 Lição nº 2

Lição nº 2
Grandezas Físicas. Padrões de
Unidades e Medidas
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição que é de grande importância porque


fará com que se familiarize com um dos aspectos fundamentais do
carácter experimental da Física e em particular da Mecânica - a
expressão quantitativa de grandezas físicas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Definir o conceito ”grandeza física”

ƒ Identificar os tipos de grandezas físicas


Objectivos ƒ Estabelecer a diferença entre os tipos de grandezas físicas

ƒ Definir o conceito de “medição”

ƒ Identificar as unidades padrão das grandezas fundamentais.

Grandeza física, unidade, medição, padrão.

Terminologia

Física e Medições

Grandezas Físicas:

O estudo dos fenómenos físicos pode ser qualitativo ou quantitativo.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 15

Observe a sombra do mastro da sua escola durante o dia. Concluirá que as


dimensões e a posição da sombra variam durante o dia sem que seja
necessário fazer medições. Este seria um estudo qualitativo do fenómeno.
Exemplo
Portanto, no estudo qualitativo descrevem-se os fenómenos sem a
preocupação de os medir.

No entanto, pode querer associar as dimensões e as posições da sombra


com os ângulos mediante os quais os raios solares incidem sobre o
mastro. Neste caso estaria a fazer um estudo quantitativo.

Portanto, no estudo quantitativo, além de se descrever os fenómenos


há medições; o que significa associar números aos fenómenos
observados.

Deve estar aí pensando: “o que é que se mede?” “ O que é isso de


medir?”

É certo que qualquer medição deve ser acompanhada da medição


duma determinada grandeza física. Por isso pode afirmar-se que tudo o
que é possível exprimir quantitativamente é uma grandeza.

O que é que se pode exprimir quantitativamente? Dê seus próprios


exemplos.

Aqui ajudo-lhe com alguns exemplos.

O comprimento da sua sala de aulas, a temperatura da água, a velocidade


de deslocação dum ciclista ou dum veículo automóvel, o tempo que
despende para sair de sua casa até chegar à escola, etc.
Exemplo
Suponhamos que pretenda medir o comprimento da sala de aulas. Que
instrumento utilizaria? Uma balança, uma fita métrica ou um
termómetro?

Naturalmente que vai usar a fita métrica que é também um comprimento.


E isso tem a ver com a própria noção de medição.

Chama-se medição à comparação do valor de uma determinada


grandeza física com o valor da outra, da mesma espécie, tomada para
termo de comparação (unidade padrão).
16 Lição nº 2

Grandezas físicas são grandezas que caracterizam as propriedades físicas


da matéria, assim como as particularidades específicas aos fenómenos
físicos.

O comprimento, o tempo, a velocidade, a potência, etc.

Exemplo

Como resultado da medição obtém-se um valor numérico expresso em


unidades adoptadas num dado sistema.

Padrões de Comprimento, Massa e Tempo:

As leis da Física são expressas em termos de quantidades básicas. Na


mecânica as três quantidades básicas são o comprimento, massa e o
tempo. Todas as outras quantidades na mecânica podem ser expressas em
termos destas três em um dado sistema de unidades.

O sistema mais usado é o sistema Internacional (S.I) cuja base são as


unidades metro (m), quilograma (kg) e o segundo (s), também conhecido
por sistema m.k.s. Existe e usa-se também o sistema c.g.s (centímetro -
cm, grama -g e segundo - s).

No geral, são sete (7) as unidades básicas do SI:

• Unidade de comprimento, o metro - m

• Unidade de massa, o quilograma - kg

• Unidade do tempo, o segundo - s

• Unidade da intensidade da corrente eléctrica, o ampere - A

• Unidade da quantidade de substância, mole - mol

• Unidade da temperatura termodinâmica, o Kelvin- K

• Unidade da intensidade luminosa, a candela - cd.

Tipos de grandezas Físicas:

São frequentemente usados dois tipos de grandezas físicas:

™ Grandezas escalares

™ Grandezas vectoriais
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 17

Chamam-se escalares às grandezas físicas que ficam completamente


especificadas por um valor numérico expresso em unidade apropriada e
que não está associado à orientação no espaço.

Quando se quer determinar a temperatura no exterior do quarto para


poder vestir-se adequadamente, a única informação necessária é o
número e a unidade “ex: 25 graus Celsius”. Portanto a temperatura é uma
grandeza escalar.

Outros exemplos deste tipo de grandezas são: O comprimento, a


densidade, a potência, o volume, a massa, o tempo, etc.

Exemplo

Chamam-se grandezas vectoriais, às grandezas físicas que ficam


completamente especificadas por um valor numérico expresso em
unidade apropriada e a sua orientação.

Se está se preparando para pilotar uma avioneta e pretende saber a


velocidade do vento, precisará de saber tanto o valor (se o vento é forte
ou fraco) quanto a sua direcção e o sentido. Como a direcção e o sentido
fazem parte da informação necessária para conhecer a velocidade do
vento, então a velocidade é uma grandeza vectorial porque está associada
a uma orientação no espaço.

Outras grandezas vectoriais são: o deslocamento, a aceleração, a força,


etc.

As grandezas vectoriais serão designadas por uma letra com uma seta em
r
cima. Ex: velocidade - v .
18 Lição nº 2

Sumário
Na lição 2, foram discutidos os conceitos:

• Medição de grandeza física, como processo que consiste na


comparação duma dada grandeza com outra da mesma espécie.

• Grandeza física como toda a grandeza que caracteriza as


propriedades físicas da matéria bem como as características dos
fenómenos físicos.

• Comprimento, massa e tempo como grandezas básicas e o metro,


o quilograma e o segundo como unidades básicas no SI.

• Grandezas escalares e vectoriais como os dois tipos de grandezas


físicas.

• Grandezas escalares como aquelas que ficam completamente


determinadas conhecendo o valor numérico e a respectiva
unidade. Não estão associadas com orientação no espaço.

• Grandezas vectoriais como as que ficam determinadas quando,


além do valor numérico e a unidade, se conhece também a sua
orientação no espaço.

A tarefa que se segue deve ser resolvida em trinta minutos.

Exercícios
1. Considere o seguinte conjunto de grandezas físicas: A = {Massa,
velocidade, temperatura, energia, densidade, deslocamento,

Auto-avaliação nº 2 comprimento, aceleração, volume, Força}

a. Dos seguintes subconjuntos, identifique justificando, aquele cujos


elementos são, apenas, grandezas escalares e aquele cujos
elementos são, apenas, grandezas vectoriais.

Tempo de realização: B ={Força, massa, deslocamento, tempo, volume}; C ={temperatura,


00: 30 minutos densidade, comprimento, energia}; D={aceleração, deslocamento, força,
velocidade}.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 19

2. A seguir são apresentadas duas listas; das quais uma é constituída por
grandezas físicas e a outra pelos possíveis instrumentos de medição.

Estabeleça a correspondência entre cada grandeza física e o


respectivo instrumento de medição.

A B
Comprimento Relógio
Temperatura Balança
Força Termómetro
Massa Dinamómetro
Tempo Fita métrica

Na questão.1, deve ter em conta as características duma grandeza


vectorial, por um lado, e as características duma grandeza escalar, por

Dica outro.

Com base nesse conhecimento, veja dos subconjuntos apresentados qual


deles tem elementos cujas características se equiparam com as duma
grandeza vectorial e qual deles tem elementos cujas características se
equiparam com as duma grandeza escalar.

Na questão.2 deverá apelar a sua experiência, pois são perguntas que


podem ser enquadradas no leque de questões de cultura geral e identificar
a natureza de cada grandeza para depois escolher o correspondente
instrumento.
20 Lição nº 3

Lição nº 3
Análise Dimensional e
Conversões entre Unidades

Introdução

A palavra dimensão tem um significado especial em Física. Ela denota a


natureza física da grandeza. Por exemplo, quer a distância seja medida na
unidade de comprimento quilometro (km) ou centímetro (cm), continua a
ser distância. Diz-se, então, que a dimensão da distância ou a natureza
física da distância é o comprimento.

Para especificar o comprimento, a massa e o tempo usam-se, geralmente,


os símbolos L, M e T, respectivamente.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Usar os procedimentos da análise dimensional para determinar a


validade da equação na resolução de problemas.

Objectivos ƒ Obter a unidade da grandeza a ser determinada a partir da análise


dimensional.

ƒ Converter valores dados numa unidade de medida em outra

Análise dimensional, controlo de unidades, reduções ou converses entre


unidades.

Terminologia
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 21

Na resolução de problemas em Física, há um procedimento útil e


poderoso chamado análise dimensional. Este procedimento, que deverá
sempre ser usado, ajuda a minimizar a necessidade da pura memorização
das fórmulas físicas.

A análise dimensional usa o facto de que as dimensões podem ser


tratadas como grandezas algébricas, isto é, grandezas que podem ser
adicionadas ou subtraídas se tiverem as mesmas dimensões.

Além disso, os termos nos dois lados da equação devem ter as mesmas
dimensões. Por consequência, pode usar a análise dimensional para
determinar se a expressão que está a usar é correcta.

A expressão só é correcta se, e somente se, as dimensões de ambos os


lados da equação são as mesmas.

As dimensões duma grandeza física indicam como é que esta grandeza é


dada em termos de grandezas básicas do SI ou de qualquer outro sistema
coerente.

Nas classes anteriores, você aprendeu que a fórmula para a determinação


da distância percorrida por um corpo, que a partir do repouso e na origem
do sistema de referência adquire uma aceleração constante a, num
Exemplo
1 2
intervalo de tempo t é dada pela expressão x = .a.t .
2

Use a análise dimensional para confirmar a validade desta expressão.

Resolução:

L
A dimensão da aceleração é [a ] = e, a dimensão do tempo [t ] = T .
T2
Vamos substituir essas dimensões na fórmula, isto é, a forma dimensional
1 2 L
da equação x = .a.t é: L = 2 .T 2 = L
2 T

Um procedimento mais geral no uso da análise dimensional é formular


uma expressão da forma:

x α a n .t m
22 Lição nº 3

Onde n e m são expoentes a serem determinados e o símbolo α indica a


proporcionalidade. Esta expressão é correcta somente se ambos os
lados têm as mesmas dimensões. Porque a dimensão do lado
esquerdo é comprimento, a dimensão do lado direito deve ser
[ ]
também comprimento. Isto é a n .t m = L = L.T 0

L
Como as dimensões de aceleração são [a ] = e do tempo é
T 2
[t ] = T , temos:

n
⎛ L ⎞ m−2n
⎜ 2 ⎟ .T
m
= L1 ⇔ L n .T = L1
⎝T ⎠

E porque as dimensões nos dois lados da expressão devem ser as


mesmas, a equação dimensional é balanceada sob a condição de
que m − 2 n = 0, n = 1 e m = 2 .

Então, pode dizer qual é a forma correcta da expressão?

Voltando a expressão x α a n .t m , você apenas pode concluir que


1
x α a .t 2 . Este resultado difere da expressão correcta por um factor
2
1 1
que é x = .a .t 2 . Como o factor é adimensional, não pode ser
2 2
determinada usando a análise dimensional.

Conversões de Unidades:

Às vezes torna-se necessário converter unidades dum sistema para o


outro.

Prefixos métricos

Os principais prefixos para as grandezas métricas são apresentados a


seguir. Note que eles aumentam e diminuem em potências de 3.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 23

10 = deca (da) 10-1 = deci (d)

102 = hecto (h) 10-2 = centi (c)

103 = quilo (k) 10-3 = mili (m)

106 = mega (M) 10-6 = micro (μ)

109 = giga (G) 10-9 = nano (n)

1012 = tera (T) 10-12 = pico (p)

1015 = peta (P) 10-15 = femto (f)

1018 = exa (E) 10-18 = atto (a)

Factores de conversão:
Comprimento

m km cm dm mm

1metro 1 10-3 10 102 103

10-2 10-5 10-1 1 10


1centímetro

103 1 104 105 106


1quilómetro

Massa

kg g u.m.a

1 quilograma 1 103 6,024. 1026

1 grama 10-3 1 6,024. 1023

1 u.m.a 1,660.10-27 1,660.10-24 1


24 Lição nº 3

Tempo

s mn h dia

1 segundo 1 1,667.10-2 2,778. 10-4 1,157.10-5

minuto 1 60 1 1,667.10-2 6,994.10-4

1 hora 3600 60 1 4,167.10-2

1 dia 8,640.104 1440 24 1

A velocidade máxima permitida para um automóvel que percorre uma


auto-estrada é de 100 km/h. Exprima esta velocidade em m/s.

Exemplo Resolução:

Para exprimir essa velocidade em m/s, é preciso converter km para m e h


para (s)segundos.

Sabe-se que 1 km = 1000 m e 1 h = 3600 s então,

km 1000m 10 3 m 1 m
1 = = 3
= .
h 3600s 3,6.10 s 3,6 s

km 1 m m
Ou seja, 100 = 100. . ≈ 27,8
h 3,6 s s

Sumário
Nesta lição discutimos o processo da análise dimensional como um
processo que nos permite determinar as dimensões das grandezas
procuradas, ou seja, se a expressão que está sendo usada é correcta ou
não.

No entanto, através deste processo não podem ser determinados os


valores numéricos das constantes de proporcionalidades que
eventualmente podem aparecer nas expressões.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 25

Falámos também dos prefixos mais usados e dos factores de conversão


que muitas vezes são necessários quando se pretender converter uma
unidade noutra.

Exercícios

Você precisará de 1 hora para completar esta tarefa

1. Mostre que a equação v = a.t é dimensionalmente correcta. Onde v é


o módulo da velocidade, a o módulo da aceleração e t o intervalo de

Auto-avaliação nº 3 tempo.

Resolução: [v] = L e [a.t ] =


L
2
L
.T = . Como as dimensões são
T T T
iguais, então a equação é dimensionalmente correcta.

Tempo de realização: 2. Supõe que é dito que a aceleração duma partícula que se move com
01:00 Hora velocidade de módulo constante numa trajectória circular de raio r é
proporcional à potência de r, seja rn e, proporcional à potência de v,
seja vm. Como pode determinar os valores de n e m?

Resolução: n = -1, m = 2

Veja os passos de resolução no exemplo apresentado ao longo da lição e


depois resolva este exercício.

Dica

3. Mostre que a expressão E p = g .h (onde Ep é a energia potencial dum

corpo, g é a aceleração de gravidade e h, a altura a que este corpo se


encontra) não é dimensionalmente correcta.
26 Lição nº 3

M .L2 L2 M .L2 L2
Resolução: [E P ] = e [g .h ] = Como ≠ 2 a equação
T2 T2 T2 T
não é dimensionalmente correcta.

4. A massa de um sólido cúbico é de 856 g, e cada uma das suas arestas


tem 5,35 cm de comprimento. Determine a densidade ρ do cubo em
unidades do SI.

Recorde-se da definição de densidade duma substância e identifique a


fórmula para o seu cálculo. Mas, recorde-se que precisa de converter as

Dica unidades para o sistema internacional, isto é g para kg e, cm para m e


substituir na fórmula.

5. A massa do Sol é aproximadamente igual a 1,99.10 30 kg , e a massa


do átomo de hidrogénio, que é o elemento mais abundante no Sol é
1,67.10 −27 kg .

- Quantos átomos existem no Sol? Resolução: ≈ 1,2.10 57 atomos

6. Um galão de tinta cujo volume é 3,78.10-3 m3 cobre uma área de 25,0


m2. Qual é a espessura da tinta na parede?

Recorde-se que V = A.Δx onde Δx é a espessura e, A é a área. A partir


daí você tem uma equação linear para a qual tem que determinar a

Dica solução. A solução é a espessura.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 27

Lição nº 4
Algarismos significativos

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo da lição - algarismos significativos. Nesta lição
vai aprender como representar resultados obtidos na resolução dum
problema ou nas medições feitas nas aulas de experimentação em
laboratório.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Identificar algarismos significativos no resultado duma medição;

ƒ Apresentar o resultado da adição ou multiplicação de valores que


Objectivos apresentam certas incertezas com um número devido de
algarismos significativos;

ƒ Apresentar o resultado da solução dum problema com um


número devido de algarismos significativos.

Algarismos significativos, algarismos certos, algarismos incertos.

Terminologia

Quando se fazem medições de grandezas físicas, os valores medidos são


conhecidos somente até dentro dos limites estabelecidos pela incerteza
experimental.
28 Lição nº 4

O valor da incerteza experimental pode depender de vários factores;


como por exemplo:

• A qualidade dos aparelhos de medição;

• As habilidades do experimentador;

• O número de medições feitas.

Devido a estes e outros factores, não se pode esperar que do laboratório


saia um resultado exacto da grandeza medida.

O que isso significa?

Suponha que pretenda medir a área dum pequeno objecto (Ex: a caixa
dum disco de computador) com forma rectangular, usando a fita métrica.

Consideremos que a precisão com que se pode medir as dimensões


lineares é de ± 0,1 cm ou seja a menor divisão do instrumento de
medição é 1mm.

Se a largura do objecto for 5,5 cm, você só pode afirmar que a largura do
objecto está entre os valores 5,4 cm e 5,6 cm
⇔ 5,4cm < l arg ura < 5,6cm ou l arg ura = (5,5 ± 0,1) cm e
dizemos que o valor medido tem dois (2) algarismos significativos.

Analogamente se você obtém para o comprimento, o valor 6,4 cm então o


verdadeiro valor do comprimento está entre os valores 6,3 cm e 6,5 cm.
Assim temos que
comprimento = (6,4 ± 0,1) cm ⇔ 6,3 cm < compr < 6,5 cm .

Chamam-se algarismos significativos dum resultado ao conjunto


formado pelos algarismos certos e o 1º algarismo duvidoso.

Suponha que pretenda determinar a área do objecto, multiplicando os dois


valores medidos. Teria ¨ (5,5 cm) × (6,4 cm) = 35,2 cm 2 e a sua resposta
teria três algarismos significativos; um número maior de algarismos
significativos do que os valores medidos o que seria injustificável.

No entanto, existe uma regra que nos permite saber o número de


algarismos significativos no resultado:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 29

Quando se multiplicam (ou se dividem) vários valores, o número de


algarismos significativos no resultado deve ser igual ao do factor com
menor número de algarismos significativos.

Portanto, na sua resposta no exemplo anterior deverá ter dois algarismos


significativos, ou seja, a área seria dada por 35cm 2 . Tanto mais que

(5,4 cm).(6,3 cm) = 34 cm 2 < 35 cm 2 < (5,6 cm).(6,5 cm) = 36 cm 2

E o que se pode dizer em relação aos zeros?

Os zeros podem ou não ser algarismos significativos.

Aqueles zeros usados para colocar casas decimais (ex: 0,03 e 0,0075) não
são algarismos significativos. Portanto no 1º número temos um algarismo
significativo e no segundo número temos dois algarismos.

Quando os zeros aparecem depois de outros dígitos, contudo, há


possibilidades de se gerar má interpretação.

Suponha que a massa de um objecto é dada como 1500 g. Este valor é


ambíguo porque não se sabe se os últimos zeros são colocados para
representar casas decimais ou para algarismos significativos na medição.
Exemplo

Esse mal entendido pode ser evitado representando o resultado na forma


de notação científica:

Neste caso teríamos 1,5.10 3 g , se houver dois algarismos significativos,

ou 1,50.10 3 g , se forem três algarismos significativos, ou ainda,

1,500.10 3 g , se forem quatro algarismos significativos.

O mesmo acontece quando o número é menor do que um (1).

Ex: 2,3.10 −4 tem dois algarismos significativos, então pode ser escrito

como 0,00023 e 2,30.10 −4 tem três algarismos significativos e, pode ser


escrito como 0,000230.
30 Lição nº 4

Quando adicionamos ou subtraímos números, o número de casas


decimais no resultado deve ser igual ao do termo com menor número de
casas decimais na soma.

Exemplo1: 123 + 5,35 = 128 e não 128,35

Exemplo2: 0,003 tem um algarismo significativo e 1,0001 tem


Exemplo cinco (5) algarismos significativos. Mas 0,0003 + 1,0001 = 1,0004
que tem cinco (5) algarismos significativos.

Exemplo3: 1,002 – 0,998 = 0,004 que tem um algarismo


significativo mesmo que um dos termos tenha 4 e o outro 3
algarismos significativos.

Exemplo4: Um prato rectangular tem um comprimento de


(21,3 ± 0,2) cm e a largura de (9,80 ± 0,1) cm . Determine a área do
prato e a incerteza no valor calculado.

Resolução:

A = (21,3± 0,2) cm×(9,80± 0,1) cm= (21,3×9,80± 21,3×0,1± 0,2×9,80± 0,2×0,1) cm2
= 208,74± 2,13±1,96⇔ A = (209± 4) cm2

Sumário
Quando se calcula o resultado a partir de vários números medidos, cada
um dos quais tem sua incerteza de medição ou precisão. Nesse caso,
dever-se-á dar o resultado com o número correcto de algarismos
significativos.

Se o número resulta da multiplicação ou divisão de outros termos então o


resultado terá um número de algarismos significativos do termo com
menor número de algarismos significativos.

Se resultar da adição ou subtracção, então a representação do resultado


basear-se-á na contagem do número de casas decimais. E, o resultado terá
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 31

um número de casas decimais igual ao do termo com o menor número de


casas decimais.

Exercícios

Você levará 1 hora para completar esta actividade

1. Quantos algarismos significativos têm os seguintes números?

a. 1,654 (R: 4)
Auto-avaliação nº 4
b. 0,00437 (R: 3)

c. 4,67.103 m/s (R: 3)

d. 1,20 (R: 3)

e. 0,10000738 (R: 8)

2. O raio de um círculo é dado como sendo (10,5 ± 0,2) m . Determine:


Tempo de realização:
01:00 Hora. a. A sua área e a incerteza. (R: (346 ± 13) m 2 )

b. O seu perímetro e a incerteza. (R: (66,0 ± 1,3) m )

3. A sua área e a incerteza Um agricultor mede as dimensões de sua


machamba rectangular e obtém para comprimento 38,44 m e para a
largura 19,5 m. Qual é o perímetro da machamba?
(R: 115,9 m)

4. Um passeio deve ser construído em torno de uma piscina cujas


dimensões são (10,0 ± 0,1) m por (17,0 ± 0,1) m . Se o passeio deve

medir (1,00 ± 0,01) m de largura por (9,0 ± 0,1) cm de espessura, que


volume de betão é necessário, e qual é a incerteza aproximada nesse
volume.
32 Lição nº 4

Refira-se aos métodos de contagem de algarismos significativos e os


exemplos apresentados acima.

Dica

Leitura Complementar:
− ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha, 1999.

Leitura − BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de Física


Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

− ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal, 1992.

− KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

− LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

− RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros Técnicos e


científicos, R.J. Brasil, 1983.

− TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Livros


Técnicos e Científicos (4ª edição), Volume-1, 1999.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 33

Unidade 2
Vectores

Introdução
Bem-vindo ao estudo desta unidade. Muitas vezes, você vai deparar com
situações em que precisará de trabalhar com grandezas físicas que
possuem tanto propriedades numéricas, quanto propriedades direccionais.
Como foi notado na unidade-1 grandezas desse tipo são representados por
vectores. Nesta unidade vamos discutir aspectos relacionados com
fundamentos da álgebra vectorial e algumas propriedades gerais de
grandezas vectoriais. Em particular, vamos discutir a adição e subtracção
de vectores, juntamente com algumas aplicações comuns no contexto da
Física.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

ƒ Definir o conceito de igualdade de vectores;

ƒ Adicionar e subtrair vectores;


Objectivos ƒ Definir vector unitário e componente de um vector;

ƒ Multiplicar um vector por um escalar;

ƒ Definir projecção de um vector;

ƒ Determinar projecção dum vector sobre um eixo;

ƒ Representar um vector em coordenadas rectangulares.


34 Unidade 2

Vector, componente de um vector, projecção de um vector, vector


unitário, direcção, versor ou vector unitário, adição/subtracção de
vectores, sistema de eixos coordenadas.
Terminologia

Esta unidade comporta 4 lições. São necessárias cerca de 8 horas lectivas


para completar esta Unidade.

Tempo de estudo da
Unidade: 08:00 Horas
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 35

Lição nº 1
Igualdade e Adição de Vectores

Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição na qual você vai aprender algumas
propriedades relativas à vectores e sua adição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Definir vector;
ƒ Definir a igualdade de vectores;
ƒ Adicionar vectores.
Objectivos

Pré-requisitos:

• Definição dos conceito: “grandezas vectoriais”e “grandezas


escalares”

Algumas Propriedades dos Vectores:

Chama-se vector a um segmento orientado. Ele é individualizado por


uma direcção, sentido e módulo.

Graficamente vectores são representados por um segmento em que o


primeiro ponto é a origem e o 2º ponto o fim deste, ou extremidade no
qual se coloca uma seta.

Fig.2.1

r
a

A extensão do segmento, na escala adotada, expressa o módulo do vector.


36 Lição nº 1

Igualdade de vectores:
r r r r
Dois vectores a e b são iguais (a = b ) se tiverem módulos, direcções e
r r r r r r
sentidos iguais. ( a = b se e so se a ↑↑ b e a = b )

Fig.2.2
r
a

r
b

Esta propriedade permite-nos mover um vector, num diagrama, para uma


posição paralela a si mesmo sem afectar as suas propriedades essenciais.

O oposto de um vector
r r
Seja dado um vector a . Um vector com o sentido oposto ao de a , mas
r
com a mesma direcção e módulo, denota-se por (− a ) .

Fig.2.3

r
a

r
(− a )

Adição de Vectores
r r r r
Sejam dados dois vectores a e b . A soma dos vectores a e b é um 3º
r r r r r
vector c , c = ( a + b ) , obtido aplicando a origem de b à extremidade de
r r r
a e, unindo a origem de a à extremidade de b . Este procedimento
geométrico para adição de vectores chama-se regra de triângulo.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 37

1
r r2 r2 r r
c = ⎛⎜ a + b + 2. a . b . cos θ ⎞⎟ onde o ângulo θ é o ângulo formado
2

⎝ ⎠
entre os dois vectores. (2.1)1

A direcção dum vector é dada pelo ângulo que este forma com uma
direcção tomada como referência.

Assim, a direcção do vector soma é dada pela regra de senos:


r r r
c a b
= = (2.2)
senθ senβ senα

Um amador de passeios à pé, percorre 5 km em direcção ao norte,


seguidamente faz 12 km na direcção leste. Qual é o seu deslocamento
total em relação a origem?
Exemplo
Dados:
r
d1 = 5km
r
d 2 = 12km
Pede − se :
r
d −?

Como os vectores dados são perpendiculares entre si, então, o vector


r r r
d = d1 + d 2 terá as seguintes características:
r 2 2
d = d1 + d2 + 2.d1.d2 .cos90o = 52 +122 + 2.5.12.0 km= 25+144 km=

= 169 km= 13 km

1
Em qualquer fórmula o primeiro número indica a unidade e o segundo o
número da fórmula na unidade (trata-se da formula 1 na unidade 2)
38 Lição nº 1

Direcção: A tangente do ângulo formado entre a direcção OE e o vector d


é dada por :

d1 5 ⎛5⎞
tgδ = = ⇒ δ = arctg ⎜ ⎟
d 2 12 ⎝ 12 ⎠

Você pode chegar à mesma conclusão usando a regra dos senos.

Uma via alternativa e equivalente para adicionar vectores é a regra do


paralelogramo. Nesta regra, unem-se as origens dos dois vectores e o
vector soma é a diagonal do paralelogramo formado pelos vectores
r r
a e b como dois dos seus 4 lados.

Fig.2.6
r
a
r
c
r
a

Tanto a regra do triângulo, como a regra do paralelogramo podem ser


aplicados na adição de mais de dois vectores.

Sumário
Vector é um segmento orientado. Como tal é individualizado por uma
direcção, sentido e módulo.

Dois vectores são iguais se, e só se tiveram as mesmas características


(direcção, sentido e módulo).

Nesta lição, você aprendeu que pode adicionar vectores graficamente,


usando tanto a regra do triângulo como a regra de paralelogramo.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 39

Na regra do triângulo, o vector soma obtém-se unindo a origem do


primeiro vector com a extremidade do último vector.

Exercícios
Você precisará de 15 minutos para completar esta tarefa

1. Um pedestre desloca-se 6,0 km para Leste e, seguidamente faz 13,0


km para Norte. Usando o método gráfico, determine o módulo e

Auto-avaliação nº 5 direcção do deslocamento resultante.

13
( 205 km, direcção: tgϕ = )
6

2. Um avião voa 200 km para Oeste a partir duma cidade A para a

Tempo de realização: cidade B. Depois, voa 300 km na direcção Noroeste formando um


00:15 minutos ângulo de 30º com Oeste a partir da cidade B para C.

a. A que distância se encontre a cidade C, a partir de A?

(R: 484 km)

b. Em relação a cidade A, em que direcção se encontra a cidade C?

(R: 18,1º na direcção Noroeste)


40 Lição nº 2

Lição nº 2
Propriedades da Adição e da
Subtração de Vectores
Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela vai aprender a subtrair
vectores e a discutir aspectos da adição de vectores que lhe permitirão
manipular a ordem em que eles se apresentam, bem como agrupá-los da
maneira que você entender.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Identificar e aplicar a propriedade comutativa da adição de vectores;


ƒ Identificar e aplicar a propriedade associativa da adição de vectores.
ƒ Determinar a diferença entre dois vectores.
Objectivos

Lembra-se das propriedades da adição de números reais?

Em que consiste a propriedade comutativa da adição?

Como se manifesta a associabilidade da adição de números?

Será que tais propriedades se estendem à adição de vectores?

Para esclarecermos algumas das nossas dúvidas voltemos ao diagrama da


regra de paralelogramo:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 41

Nesse diagrama você tem dois triângulos. No triângulo de cima você tem
r r r r
a + b e, no triângulo de baixo tem b + a . Essas somas no diagrama
r
são ambas representadas pelo mesmo segmento orientado, o vector c .
r r r r
Isto significa que a + b = b + a (2.3)

Então, quando vectores são adicionados, a soma é independente da ordem


em estes vectores são adicionados, ou seja:

A adição de vectores goza da propriedade comutativa

Como você procederia se tivesse que adicionar três ou mais vectores?

Adicionaria todos de uma vez? Certamente que não porque tal como a
adição de números, a adição de vectores é uma operação binária. Isto
significa que ela está definida apenas para duas parcelas. No entanto, a
propriedade que você vai aprender permite-lhe contornar essa dificuldade

e adicionar um número qualquer de vectores.

Fig.2.8
r
c
r r r r r r
a + (b + c ) (a + b ) + c
r
c
r r r r r
b +c b a +b
r
a
r
b

A que conclusão chega quanto aos resultados obtidos nos dois


diagramas?

Certamente que a partir do diagrama nota que quando adiciona três ou


mais vectores, a soma é independente do modo que você agrupa os

( ) (r )
r r r r r
vectores individuais, isto é, a + b + c = a + b + c (2.4)
42 Lição nº 2

A adição de vectores goza da propriedade associativa

Sumário
As grandezas vectoriais são caracterizadas pelo módulo, direcção e
sentido, e também obedecem as leis da adição de vectores.

Quando dois ou mais vectores são adicionados, todos eles devem ser da
mesma espécie e serem expressos nas mesmas unidades. Não faz sentido

Dica adicionar o vector velocidade (ex: 80 km/h para Este) com um vector
deslocamento (ex: 400 km para Norte) porque representam grandezas
físicas diferentes.

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta tarefa

1. Em que consiste a propriedade comutativa na adição de vectores?

2. Caracterize a associabilidade na adição de vectores.

Actividade nº 2 3. Pode pensar em exemplos da vida diária em que essas propriedades


são ou podem ser aplicadas?

Tempo de realização:
10 minutos
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 43

Leia os resumos acima sobre propriedades na adição de vectores e


responda às questões acima.
Dica

Subtracção de vectores

(r )
r r r
1. A diferença de dois vectores a e b , representada por a − b , é um
r r
vector c tal que adicionado ao vector b vai dar como resultado o vector
r r r r r r r
a ⇔ a − b = c tal que a = b + c .

2. De outro modo pode-se aproveitar a definição de vector simétrico.

(r ) ( )
r r r
Assim a − b = a + − b . O que isso significa na prática?

Essa forma de exprimir a diferença de dois vectores como a soma do 1º


vector com o simétrico do 2º, permite-lhe utilizar a regra de adição de
r
vectores , bastando para isso achar o simétrico do vector b e adicioná-lo
r
ao vector a .

r r r r
Regra-1. O vector c = a − b terá origem na extremidade de b e
r
extremidade na extremidade de a . Veja se há consistência com a regra
de triângulo na adição
44 Lição nº 2

r r r2 r2 r r
Regra-2 . Em ambos casos a − b = a + b − 2. a . b . cos ϕ , onde
r r
φ é o ângulo formado entre os vectores a e b .

A seguir se coloca uma actividade para a qual você precisa de 15 minutos


para a sua completa realização.

1. Um carro desloca-se 20,0 km para norte e seguidamente desloca-se


35,0 km à noroeste, fazendo 60º com a direcção norte. Determine o
módulo e a direcção do deslocamento resultante.
Actividade nº 3
(R: 48,2 km, ϕ = 38 , 9 ° a noroeste)

Tempo de realização :
00:10 minutos
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 45

Lição nº 3
Vector Unitário. Representação
num sistema de eixos cartesianos
e multiplicação de um vector por
um escalar

Introdução

Bem-vindo ao estudo desta lição, a qual lhe permite fazer operações com
vectores usando suas projecções ou componentes ao longo dos eixos dum
sistema de referência.

Ao completar esta lição, você será capaz de:


ƒ

ƒ Definir projecção dum vector sobre um eixo;

ƒ Definir vector unitário;


Objectivos
ƒ Definir componente dum vector;

ƒ Multiplicar um vector por um escalar;

ƒ Representar um vector através de suas componentes nos eixos;

ƒ Adicionar ou subtrair vectores em coordenadas rectangulares;

ƒ Identificar a diferença entre componente dum vector e projecção


dum vector.

Chama-se vector unitário ou versor, ao um vector cujo módulo é igual a


unidade.

No sistema de eixos rectangulares os vectores unitários mais usados são


r r r
i , j e k que indicam as direcções positivas dos eixos ox, oy e oz,
respectivamente.
46 Lição nº 3

Qualquer vector pode ser expresso como o produto do seu módulo e o


vector unitário que lhe é paralelo.
r
r r a r r r
a = a . r = a .ea , onde ea é o vector unitário na direcção e sentido do
a
r
r r a
vector a , tal que ea = r (2.5)
a

Projecção dum vector sobre um eixo:

Chama-se projecção dum vector sobre o eixo à grandeza escalar igual ao


produto do módulo do vector pelo co-seno do ângulo entre o sentido
positivo do eixo e o vector.

r r
Da figura você nota que a x = prx a = a . cos α (2.6)

A partir dessa definição o que pode concluir quanto à projecção dum


vector? Será que pode ser positiva? Negativa? Ou Nula?

Observando a fórmula conclui que a projecção dum vector é uma


grandeza algébrica, isto é, pode assumir valores positivos, negativos e
nulos. Tudo depende do ângulo que o vector forma com o eixo.

⎧ π
⎪a x > 0 se cos α > 0 ⇒ 0 ≤ α < 2

r ⎪ π
a x = a . cos α ⇒ ⎨a x = 0 se cos α = 0 ⇒ α =
⎪ 2
⎪ π
⎪a x < 0 se cos α < 0 ⇒ 2 < α ≤ π

Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 47

Projecção da soma geométrica de vectores sobre um eixo:

A projecção da soma geométrica de vectores sobre um eixo qualquer é


igual à soma algébrica das projecções dos vectores somados sobre esse
mesmo eixo.

r r r r r
Se a = a1 + a 2 + a3 + a 4 ⇒ a x = a1x + a 2 x + a3 x + a 4 x

Se forem muitos vectores, por exemplo n vectores somados, teremos:

n n
r r r r r
a = a1 + a 2 + ... + a n = ∑ ai ⇒ a x = a1x + a 2 x + ... + a nx = ∑ aix
i =1 i =1

(2.7)

Multiplicação dum vector por um escalar:

O produto dum vector por um escalar k, é um vector cujo módulo é igual


ao produto do módulo do vector pelo valor absoluto do escalar k. Tal
vector tem a direcção do vector dado e o mesmo sentido se k for positivo
e sentido contrário ao do vector dado se k for negativo.
r r
r r r r r ⎧⎪c ↑↑ a se k > 0
Seja a um dado vector: k .a = c : c = k . a ⇒ ⎨ r r
⎪⎩c ↑↓ a se k < 0
(2.8)

Componentes dum vector e vectores unitários:

O método geométrico de adição de vectores não é recomendado nos casos


em que se deseja maior precisão, ou nos problemas no espaço
tridimensional.
48 Lição nº 3

Para isso, recorre-se à adicionação de vectores através das suas


projecções ao longo dos eixos dum sistema de coordenadas.
r
Seja a um vector dado no plano xy e fazendo um ângulo φ com o eixo
ox de acordo com a figura:

r r r r r
Os vectores a x = a x .i e a y = a y . j são os componentes do vector a ao

longo dos eixos ox e oy, respectivamente, enquanto a x e a y são as

suas projecções. Da definição de projecção dum vector sobre um


r r r
eixo , teremos: a x = a . cos ϕ e a y = a . cos(90 − ϕ ) = a .senϕ

r r r
Da figura pode-se ver que a = a x .i + a y . j , tal que (2.9)

r 2 2
a = a x + a y e a direcção será dada pelo ângulo que o vector forma

ay
com um eixo de referência. Neste caso será tgϕ =
ax

Portanto, consegue ver que enquanto projecção é uma grandeza


escalar, componente dum vector é um vector.

Se o vector é dado num sistema de eixos tridimensionais rectangulares


teremos:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 49

Neste caso a x , a y e a z são as projecções do vector sobre os eixos ox,


r r r r r r
oy e oz, respectivamente e a x = a x .i , a y = a y . j e a z = a z .k , são os

componentes do vector ao longo dos eixos ox, oy e oz, respectivamente.


r r
(
Neste caso no plano xy já foi dito que temos o vector a x .i + a y . j e )
esse vector, como se vê da figura, é um dos lados do paralelogramo que
contém o eixo oz e é perpendicular ao plano xy. Considerando esse
paralelogramo conclui-se facilmente que:
r r r r
a = a x .i + a y . j + a z .k essa é a expressão dum vector em coordenadas
rectangulares. (2.10)

r r r r
a = a x .i + a y . j + a z .k , expressão dum vector em coordenadas
cartesianas.

r 2 2 2
O módulo do vector é dado por: a = ax + a y + az (2.11)

A direcção do vector é dada pelos co-senos directores, ou seja, se o vector


forma ângulos α , β e ϕ com os eixos ox, oy e oz, respectivamente
então temos:

a ay a
cos α = rx , cos β = r e cos ϕ = rz tal que
a a a

cos 2 α + cos 2 β + cos 2 ϕ = 1 (2.12)


50 Lição nº 3

Se para um dado vector deslocamento são dadas as coordenadas da sua


origem e as coordenadas de sua extremidade, num sistema de eixos
rectangulares, então as projecções desse vector sobre cada um dos eixos
são dadas pelas variações das coordenadas em cada um dos eixos
considerados.

Se no instante t = 0 s as coordenadas da partícula, no espaço


tridimensional, eram ( xo , y o , z o ) e no instante seguinte passam a ser

( x, y, z ) , então as variações das coordenadas ao longo de ox, oy, e oz


são, respectivamente:

Δx = x − xo , Δy = y − y o e Δz = z − z o

O vector deslocamento será dado por:


r r r r
d = ( x − x o ).i + ( y − y o ). j + ( z − z o ) k , que é equivalente à
r r r r
d = Δx.i + Δy. j + Δz.k
r
O seu módulo é dado por: d = Δx 2 + Δy 2 + Δz 2

Quando precisa de adicionar dois ou mais vectores, pode usar o seguinte


procedimento:

Dica − Escolha um sistema de eixos coordenados conveniente. Tente reduzir


o número de componentes que precisará escolhendo eixos que
coincidam com o maior número de vectores possível.

− Faça um esboço onde são representados todos os vectores descritos


no problema.

− Determine as projecções de todos os vectores e do vector soma ao


longo dos eixos.

− Se necessário, use o teorema de Pitágoras para determinar o módulo


do vector soma e seleccione a função conveniente para determinar a
direcção do vector soma.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 51

r r
1. Determine a soma de dois vectores a e b dados no plano xy no SI
r r r r r r
tal que a = 2,0.i + 2,0. j e b = 2,0.i − 4,0. j
Exemplo
Comparando com a expressão geral para o vector no plano, temos:

a x = 2,0 m, a y = 2,0 m, bx = 2,0 m e b y = −4,0 m


O vector soma

r r r r r r r ⎧c x = 4,0 m
c = a + b = (2,0 + 2,0).i + (2,0 − 4,0). j = 4,0.i − 2,0. j ⇒ ⎨
⎩c y = −2,0 m

O módulo do vector é:
r 2 2
c = cx + c y = (4,0 m )2 + (− 2,0 m )2 = 20 m = 4,5 m

A direcção do vector soma é dada por:


cy − 2,0
tgϕ = = = −0,50 ⇒ ϕ = arctg (− 0,50 ) = −27 o em relação ao
cx 4,0
eixo ox contado no sentido horário. Se contarmos o ângulo no sentido
anti-horário teremos que o ângulo formado será de 333º com o eixo ox
positivo.

2. Uma partícula efectua três deslocamentos sucessivos


r r r r r r
( r r
d1 = (15.i + 30. j + 12.k ) cm, d 2 = 23.i − 14. j − 5,0.k cm, e
r
)
r r
d 3= (− 13.i + 15. j ) cm

Determine as projecções e o módulo do vector soma.

Resolução:

r r r r
d = d1 + d 2 + d 3 =
r r r
= (15 + 23 − 13).i cm + (30 − 14 + 15). j cm + (12 + −5,0 + 0 ) k cm
r r r r
d = (25.i + 31. j + 7,0.k ) cm

O vector soma tem como projecções dx = 25cm, dy = 31cme dz = 7,0 cm,

o seu módulo é dado por


r 2 2 2
d = dx + dy + dz = (25 cm )2 + (31cm )2 + (7,0 cm )2 = 40 cm
52 Lição nº 3

3. Uma amadora de passeios a pé começa por andar, a partir do ponto


em que estaciona o seu carro, 25 km para sudeste. Ela pára e estica a
sua tenda para passar a noite. No segundo dia, ela anda 40,0 km na
direcção que forma um ângulo de 60º Nordeste, onde descobre um
parque de campismo na floresta.

a. Determine as projecções de cada deslocamento diário da


campista.

b. Determine as projecções do deslocamento resultante, sua


expressão em coordenadas cartesianas seu módulo e direcção.

Resolução:

a. Comecemos por fazer um esquema

Qual é a interpretação que dá ao sinal negativo da projecção?

Claramente, você nota a partir da figura que a campista, no primeiro dia,


desloca-se no sentido negativo ao do eixo oy.

r 1 r
bx = b .cos60o = 40,0km. = 20,0km, e by = b .sen60o = 40,0km.(0,866) = 34,6km
2

b.
dx = ax +bx =17,7km+20,0km= 37,7km, e dy = ay +by = −17,7km+ 34,6km=16,9km

O vector deslocamento total em coordenadas rectangulares será:


r r r r r
d = d x .i + d y . j = (37,7 .i + 16,9 j ) km

O seu módulo será:


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 53

r 2 2
d = dx + dy = (37,7 km)2 + (16,9 km )2 = 41,3 km

ay 16,9
Direcção: tgϕ = = = 0,448 ⇒ ϕ = arctg (0,448) = 24,1o a
ax 37,7
nordeste do carro.

4. No momento inicial o corpo encontra-se no ponto de coordenadas


xo= -2 m e yo = 4 m. O corpo deslocou-se passando a ocupar o ponto
de coordenadas x = 2 m e y = 1 m.

a. Determine as projecções do vector deslocamento sobre os ox e oy


e o seu módulo.

b. Desenhe o vector deslocamento do corpo.

Resolução:
Δx = x − xo = 2m − (− 2m) = (2 + 2) m = 4m e Δy = y − yo = (1− 4) m = −3m
dx = Δx = 4m e d y = Δy = −3m

Módulo:
r 2 2
d = dx + dy = (4 m )2 + (− 3 m )2 = 16 + 9 m = 25 m = 5 m

Você vai precisar de duas horas lectivas para completar esta tarefa
54 Lição nº 3

1. Um avião voa a partir do aeroporto até a um acampamento A, que


está a 280 km, numa direcção que forma um ângulo de 20º a nordeste
do aeroporto e lança caixas de mantimentos. Depois disso, o avião
Actividade nº 4
voa até um acampamento B, o qual se encontra a 190 km e numa
direcção que forma um ângulo de 30º a noroeste de A. Determine,
com ajuda de um gráfico, a distância e a direcção a que B se encontra
do aeroporto.

(R: 309,8 km)

Tempo de realização:
02:00 Horas

2. Um investigador de cavernas partindo da entrada da caverna faz os


seguintes deslocamentos sucessivos:

− 75 m para Norte, de seguida, faz 250 m para Leste, depois disso


faz 125 m numa direcção que forma um ângulo de 30º para
Nordeste e finalmente faz 150 m para Sul.

Determine o deslocamento resultante a partir da entrada da caverna.

(R: 358,5 m, ϕ = 2 ° contados a partir de ox, no sentido horário)


r r r r r r
3. Considere dois vectores: a = 3.i − 2. j e b = i − 4. j . Determine:

r r r r
a. a +b (R: 4.i − 6. j )

r r r r
b. a −b (R: 2.i + 2. j )

4. Determine o deslocamento resultante de três deslocamentos


sucessivos dados por suas projecções no plano xy: (3,00 ; 2,00) m,

(-5,00 ; 3,00) m e (6,00 ; 1,00) m.

(R: 7,2 m, ϕ = 56,3o )

5. Considere os seguintes deslocamentos sucessivos

( ) ( )
r r r r r r r r
a = 3.i − 4 . j + 4 .k m e b = 2 .i + 3 . j − 7.k m . Determine a
expressão cartesiana, o módulo e a direcção dos seguintes vectores:
r r r r r r
a. c = a+b (R: 5.i − j − 3.k )
r r r r r r
b. d = 2 .a − b (R: 4 .i − 11 . j + 15 .k )
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 55

6. Considere os pontos A (3, 1, 0), B (1, 3, 0) e C (0, 1, 3). Determine:

a. A expressão cartesiana dos vectores


r r
a = B − A e b = B − C bem como os respectivos co-senos
r r r r r r r
directores. (R: a = − 2 .i + 2 . j , b = i + 2 . j − 3 .k )

b. A distância entre os pontos A e C. (R: 3 . 2 )


r r
c. O ponto D tal que A D = B C (R: D (2, -1, 3))
56 Lição 4

Lição 4
Produto de Vectores
Introdução
Seja bem-vindo a esta lição, cujo objectivo é familiarizar-lhe com uma
das operações fundamentais em Física, a multiplicação de vectores.

Em várias situações físicas, algumas grandezas podem ser expressas


como o produto escalar de dois vectores e noutras podem ser expressas
como o produto vectorial de dois vectores.

Ao completar esta lição, você será capaz de:


ƒ

ƒ Determinar o produto escalar (ou interno) de vectores;

ƒ Caracterizar o produto escalar de vectores;


Objectivos
ƒ Determinar o produto vectorial de dois vectores;

ƒ Caracterizar o produto vectorial de dois vectores;

ƒ Exprimir o produto escalar e o produto vectorial em coordenadas


cartesianas;

ƒ Dar a interpretação geométrica do produto escalar e do produto


vectorial;

ƒ Estabelecer a diferença entre produto escalar e produto vectorial;

ƒ Identificar as propriedades do produto escalar;

ƒ Identificar as propriedades do produto vectorial;

Multiplicação, vector, produto escalar / interno, produto


vectorial/externo, coordenadas cartesianas, direcção, regras de mão
direita/saca-rolhas.
Terminologia
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 57

Produto escalar de dois vectores:


r r r r
Sejam dados dois vectores a e b tal que a ≠ 0 e b ≠ 0 :

Chama-se produto escalar desses vectores a uma grandeza escalar igual


ao produto dos módulos dos dois vectores pelo co-seno do ângulo entre
eles.

r r r r
O produto escalar representa-se por ( a , b ) ou a .b por isso pode-se
escrever:

(ar, br ) = ar.br = ar . br . cos ϕ , onde φ é o ângulo entre os vectores r r


aeb

(2.13)

Da definição você conclui que o produto escalar é uma grandeza


algébrica, isto é, pode tomar valores positivos, negativos e nulos. Tudo
depende do valor do cos ϕ .

Discuta os valores do produto escalar em função do ângulo entre os


vectores.

Você deve ter-se inspirado na discussão que fizemos sobre os valores que
a projecção dum vector sobre um eixo pode assumir e, naturalmente ter
chegado à seguinte conclusão:

( )
⎧r r π
⎪ a , b > 0 se cos ϕ > o ⇒ 0 ≤ ϕ < 2
⎪ r
( )
r r r r ⎪
( )
a , b = a . b . cos ϕ ⇒ ⎨ a , b = 0 se cos ϕ = 0 ⇒ ϕ =
π
2

( ) π
⎪r r
⎪ a , b < 0 se cos ϕ < o ⇒ 2 < ϕ ≤ π

58 Lição 4

(ar , b ) = b . proj
r r r r r r r
r
b
a = a . proj ar b = a . b , cos ϕ (2.14)

A partir da definição, pode dizer-se que o produto de dois vectores não


nulos é nulo se, e só se, eles forem mutuamente perpendiculares.

Propriedades do produto interno (escalar):

1. Analisando o membro direito da equação de definição do produto


escalar podemos chegar a conclusão de que o produto escalar de dois
vectores goza da propriedade comutativa, isto é, a ordem do produto
escalar pode ser invertida.

(ar , b ) = (b , ar )
r r
(2.15)

2. O produto escalar de vectores obedece a propriedade distributiva da


multiplicação em relação a adição:

(ar, b + cr ) = (ar, b ) + (ar, cr) ⇔ ar.(b + cr ) = ar.b + ar.cr


r r r r
(2.16)
r r r
Os vectores unitários i , j e k que apontam ao longo dos eixos ox, oy e
r r r
oz positivos, respectivamente, são tais que i ⊥ j ⊥ k (mutuamente
perpendiculares) e, portanto:
rr rr rr rr r r r r
i . j = i .k = j .k = 0 e i .i = j . j = k .k = 1 (2.17)

Produto escalar em coordenadas cartesianas:

Tendo em conta a expressão dos vectores em coordenadas cartesianas,


r r r r r r r r
a = a x .i + a y . j + a z .k e b = bx .i + b y . j + bz .k , teremos:

(ar , br ) = a .b
x x
r r
+ a y .b y + a z .b z e (a , a ) = a x + a y + a z (2.18)
2 2 2
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 59

r r r r r r
1. considere os vectores a = 2.i + 3. j e b = −i + 2. j .
a. Determine o produto escalar dos dois vectores.

Exemplo b. Determine o ângulo θ entre os dois vectores.

Resolução:

rr r r r r rr r r rr r r
a.b = (2.i + 3. j )(
. − i + 2. j ) = −2.i .i + 2.i .2. j − 3. j .i + 3. j .2. j
= −2.(1) + 4.(0 ) − 3.(0 ) + 6.(1) = −2 + 6 = 4
Determinação do ângulo entre os vectores:

( )
r r r r
r r
a, b
Sabe-se que a , b = a . b . cos θ ⇒ cos θ = r r
( )
a .b

r 2 2
a = ax + a y = (2)2 + (3)2 = 4 + 9 = 13
r 2 2
b = bx + b y = (− 1)2 + (2)2 = 1+ 4 = 5

Usando o resultado da alínea anterior, temos:

cos θ =
(a, b )
r r
r =
4
=
4 ⎛ 4 ⎞
⇒ θ = arccos⎜ ⎟ = 60,2 o
r 8,06
a .b 13. 5 65 ⎝ ⎠

Agora que já tem a noção de produto escalar de dois vectores, vamos ver
como é que pode multiplicar vectorialmente dois vectores.

Produto vectorial (ou externo) de dois vectores:


r r
Sejam dados dois vectores não nulos, a e b , que formam entre si um
ângulo φ:

Chama-se produto vectorial de dois vectores a um terceiro vector cujo


módulo é igual ao produto dos módulos dos dois primeiros vectores pelo
seno do ângulo entre eles.

O produto externo (ou vectorial) é representado por:

r r r r r
[ ]
a × b = a , b = c ; tal que
r r r
c = a . b .sen ϕ (2.19)
60 Lição 4

A fórmula do módulo do produto vectorial é igual a área do


r r
paralelogramo formado pelos vectores a e b .
r
A direcção do vector c é perpendicular ao plano determinado pelos
r r
vectores a e b . O seu sentido é determinado pela regra da mão
r
direita: Os quatro dedos da mão direita são alinhados com o vector a e,
r r
depois são curvados no sentido de puxar o vector a para o vector b ao
longo do ângulo θ. O polegar esticado indicará o sentido do produto
vectorial. Usa-se também a regra de saca-rolhas (sentido de avanço do
saca-rolhas quando girado no sentido do primeiro para o segundo vector
ao ângulo menor)

Propriedades do Produto vectorial:

Produto vectorial não é comutativo. Isto significa que a ordem em que os


dois vectores são multiplicados é importante no produto externo.

[ar , br ] = − [br , ar ] (2.20)

Portanto, Ao se mudar a ordem dos vectores no produto externo, deve


trocar-se também o sinal.
r r
1. Se a e b são dois vectores paralelos ou anti-paralelos
r r
( )
θ = 0 o ou θ = 180 o , então a × b = 0 , por consequência
r r
a×a = 0
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 61

2. O produto vectorial obedece a propriedade distributiva em


relação a adição:

( )
r r r r r r r
a× b +c = a×b + a×c (2.21)

Produto vectorial de vectores unitários:


r r r r r r
i ×i = j × j = k × j = 0

r r r r r
i × j = − j ×i = k
r r r r r
j × k = −k × j = i (2.22)
r r r r r
k × i = −i × k = j
Produto vectorial em coordenadas cartesianas:
r r r
i j k
[ar, br ] = a x ay
r ay
az = i .
by
az r ax
bz
− j.
bx
az
bz
r ax
+ k.
bx
ay
by
(2.23)
bx by bz

Expandindo os determinantes, resulta na seguinte expressão:

[ar, br ] = ar × br = (a .b y z
r r r
− a z .b y ).i − (a x .b z − a z .b x ). j + (a x .b y − a y .b x ).k
⎧c x = (a y .b z − a z .b y )
r r r r r
[ ]

se c = a × b = a , b ⇒ ⎨c y = (a z .b x − a x .b z )

⎩c z = (a x .b y − a y .b x )

Dois vectores situados no plano xy são dados por


r r r r r r
a = 2.i + 3. j e b = −i + 2. j

Exemplo r r r r r r
a. Determine a × b e verifique que a × b = − b × a .

b. Determine o ângulo entre os dois vectores.

Resolução:
r r r r r r r r r r
a × b = (2.i + 3. j )× (− i + 2. j ) = 2.i × 2. j − 3. j × i =
a. r r r
= 4.k + 3.k = 7.k
r r r r
Intencionalmente, omitiu-se os produtos i × i e j × j
r r r r r r r r r r r r
b × a = (− i + 2. j )× (2.i + 3. j ) = −i × 3. j + 2. j × 2i = −3.k − 4.k
r
= −7.k
62 Lição 4

r r r r
E portanto, a × b = − b × a
r
r r r c 7 7
c = a . b .sen ϕ ⇒ sen ϕ = r r = =
a .b 13 . 5 65
b.
⎛ 7 ⎞
ϕ = arcsen ⎜⎜ ⎟⎟ = 60,3 o
⎝ 65 ⎠

Você vai precisar de uma hora para completar esta tarefa

r r
1. Um vector a tem módulo igual a 5,00 unidades e, outro vector b tem
módulo igual a 9,00 unidades. Os dois vectores fazem entre si um

(r )
r
ângulo de 50º. Determine a , b . (R: 28,9
Actividade nº 5 unidades)
r r r
2. Uma força F = 6 .i − 2 . j N age sobre uma partícula que sofre um
r r r
(
deslocamento d = 3 .i + j m . Determine: )
(Fr , d ); b. O ângulo entre estes vectores.
r
a. (R: 16,0 J; 36,9º )

3. Usando a definição do produto escalar, determine o ângulo entre:


Tempo de realização:
00:01 Horas r r r r r r
a. a = 3.i − 2. j e b = 4.i − 4. j (R: 11,3º )

r r r r r r r
b. a = −2.i + 4. j e b = 3.i − 4. j + 2.k (R: 156º )

r r r r r r r
c. a = i − 2 . j + 2 .k e b = 3 . j + 4 .k (R: 82,3º )

r r
4. Os vectores a , cujo módulo é 42,0 cm num ângulo de 15º e b cujo
módulo é 23,0 cm num ângulo de 65º , são ambos traçados a partir da
origem. Os dois ângulos são medidos no sentido anti-horário a partir
do eixo ox. Os vectores formam dois lados do paralelogramo.
Determine:

a. A área do paralelogramo. (R: 740 cm2)

b. O comprimento da sua diagonal maior. (R: 59,5 cm)


r r r r r r r r
5. Dados os M = 6.i + 2. j − k e N = 2.i − j − 3.k .
vectores:
r r r r r
Determine o vector M × N . (R: − 7 , 00 .i + 16 , 0 . j − 10 ,0 .k )
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 63

r r r r r r
6. Dois vectores são dados por a = −3.i + 4. j e b = 2.i + 3. j .

Determine:
r r r
a. a×b . (R: − 17 , 0 .k )

b. O ângulo entre os vectores. (R: 70,8º )


r r r r r r r r
7. Para os vectores a = −3.i + 7. j − 4.k e b = 6.i − 10. j + 9.k ,
avalie as expressões:

⎛ r r ⎞
⎜ a×b ⎟
a. arcsen ⎜ r r ⎟⎟ (R: ϕ = 2 , 43 o )
⎜ a .b
⎝ ⎠

⎛ rr ⎞
⎜ a.b ⎟
b. arccos⎜ r r ⎟⎟ (R: ϕ ′ = 168 o
)
⎜ a .b
⎝ ⎠

c. Qual deles dá o ângulo entre os dois vectores. (R: b)

r r r r
8. Se a × b = a .b , qual é o ângulo entre os dois vectores. (R: 45º )
64 Lição 4

Sumário

Podemos adicionar vectores quer pela regra do triângulo quer pela regra
do paralelogramo.

Se um vector está representado num sistema de eixos coordenados, então


ele pode ser expresso em termos de seus componentes ao longo dos eixos
r
r
⎧ a x = a . cos (ar , i )
r r ⎪⎪ r
r r
pela expressão: a = a x .i + a y . j + a z .k onde ⎨ a y = a . cos (ar , j )

(ar , k )
r r
⎪⎩ a z = a . cos

Podemos encontrar o vector soma de vários vectores projectando esses


vectores sobre os eixos, adicionando suas projecções em cada um dos
eixos e usar o teorema de Pitágoras para determinar o seu módulo.

A direcção do vector soma em relação a um eixo de referência é dada


pelo ângulo que o vector forma com o eixo dado; que pode ser obtido
escolhendo uma função trigonométrica adequada.

Dois vectores podem ser multiplicados escalarmente ou vectorialmente.


r r
O produto escalar de dois vectores a e b é definido pela relação

(ar , br ) = ar . br . cos ϕ onde φ é o ângulo entre os dois vectores.


O produto escalar de dois vectores é uma grandeza escalar.

O produto escalar obedece as propriedades comutativa e distributiva.


r r r r
O produto vectorial de dois vectores a e b , a × b , é um terceiro
r
vector c cujo módulo é dado por

r r r
c = a . b . sen ϕ onde φ é o ângulo entre os vectores dados.

r r r
A direcção do vector c = a × b é perpendicular ao plano formado
r r
pelos vectores a e b , e o seu sentido é determinado pela regra da mão
direita ou regra de saca-rolhas ou ainda regra do parafuso de rosca direita.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 65

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha,
1999.
Leitura

ƒ BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de


Física Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,


1992.

ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

ƒ RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros


Técnicos e científicos, R.J. Brasil, 1983.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.


Livros Técnicos e Científicos (4ª edição), Volume-1, 1999.
66 Unidade 3

Unidade 3
Diferênciação e integração de
Vectores
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta unidade que lhe vai permitir familiarizar-
se com uma das linguagens mais usadas em Física, principalmente para o
nível a que você se candidata.

Já foi referenciado numa das notas introdutórias que as leis fundamentais


que são usadas para desenvolver novas teorias físicas são expressas em
termos de linguagem matemática, o instrumento que constitui a ponte
entre a teoria e a experimentação.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

ƒ Determinar a derivada duma função escalar ou vectorial;

ƒ Determinar a integral duma função escalar ou vectorial;


Objectivos
ƒ Determinar o valor duma integral;

ƒ Aplicar as regras de derivadas à soma ou produto de funções;

ƒ Aplicar as regras de integração à soma ou produto de funções;

ƒ Determinar derivada parcial duma função.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 67

Derivação, integração, função continua, função composta, constante,


integral definido, integral indefinido, primitiva duma função.

Terminologia

Esta unidade comporta apenas 1 lição. São necessárias cerca de 10 horas


lectivas para completar esta Unidade.

Tempo de estudo da
Unidade: 10:00 Horas

Em vários ramos da ciência, as vezes é necessário usar os instrumentos de


cálculo inventados por Newton, para descrever fenómenos físicos. O uso
de cálculos é fundamental no tratamento de vários problemas na Física,
em particular, na Mecânica Newtoniana.

Nesta unidade, apenas vamos enfatizar algumas propriedades e regras de


diferenciação e integração de funções que poderão ser úteis para o
estudante que está fazendo este módulo.

Vamo-nos lidar com funções contínuas.


68 Lição nº 1

Lição nº 1
Derivação de uma Função
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição, cujo propósito é introduzir-lhe ao


cálculo diferencial, uma das linguagens matemáticas mais usadas em
Física.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Definir derivada duma função a partir do limite da razão


incremental;

Objectivos ƒ Interpretar geometricamente a derivada duma função;

ƒ Determinar a derivada duma função polinomial;

ƒ Determinar a derivada da soma/ diferença de funções;

ƒ Determinar a derivada do produto/quociente de duas funções;

ƒ Determinar a derivada duma função composta.

Seja dada a função y = f ( x ) . A derivada de y com respeito a x é


definida como sendo o limite, quando ∆x tende para zero, do declive da
corda traçada entre dois pontos na curva y versus x.

dy Δy y ( x + Δx ) − y ( x )
Matematicamente escreve-se: = lim = lim ,
dx Δx →0 Δx Δx→0 Δx
onde Δx = x 2 − x1 e Δy = y 2 − y1 (3.1)
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 69

constante e n é qualquer número racional. A derivada desta função será


dy
dada por = n.a.x n −1 . (3.2)
dx

Se y(x) é uma função polinomial ou algébrica de x, aplica-se a regra à


d (cons tan te )
cima para cada termo do polinómio e tomando =0
dx

Propriedades especiais de derivadas

Considere-se g(x) e h(x) funções conhecidas.

1. Se f(x) = g(x) + h(x), a sua derivada em ordem a x é


d d dg dh
f ( x) = [g ( x) + h( x)] = + (3.3)
dx dx dx dx

A derivada da soma de funções é igual a soma das suas


derivadas.

1. Suponha que y = a.x 3 + b.x + c onde a, b e c são constantes, então,

=
(
dy d a.x 3
+
)
d (b.x ) d (c)
+ = 3.a..x 2 + b + 0 = 3.a.x 2 + b
Exemplo dx dx dx dx

2. Determine a derivada da função y = 8 . x 5 + 4 . x 2 + 2 . x + 7 .


70 Lição nº 1

Aplicando a regra para cada termo, temos:

( ) ( )
dy d 8.x 5 d 4.x 3 d (2.x) d (7)
= + + + = 8.5.x 4 + 4.3.x 2 + 2.1.x 0 + 0
dx dx dx dx dx
= 40.x + 12.x + 2
4 2

2. Se f(x) = g(x).h(x), a sua derivada em ordem a x é


d d
f ( x) = [g ( x ).h ( x ) ] = g . dh + h. dg
dx dx dx dx
(3.4)
g ( x)
3. Se f(x)= , a sua derivada em ordem a x é dada pela relação
h(x)

d ⎡ g(x) ⎤ d d d dh dg
⎢ ⎥ = (g.h−1 ) = g. (h−1 ) + h−1. g = −g.h−2 . + h−1.
dx ⎣ h(x) ⎦ dx dx dx dx dx
dg dh
h. − g.
= dx dx (3.5)
h2

x3
1. Determine a derivada da função y = com respeito a x.
(x + 1)2
Exemplo Resolução:

Pode escrever essa função na forma de produto de duas funções como se

segue: y = x 3 .( x + 1) ; aplicando a regra da derivada dum produto


−2

temos:

dy d x 3
=
( )
.( x + 1) + x 3 .
−2 d (x + 1)
−2
= 3.x 2 .( x + 1) + x 3 .(− 2)(
−2
. x + 1)
−3

dx dx dx
dy 3.x 2 2.x 3
= −
dx ( x + 1)2 ( x + 1)3

dy dy dx
4. Seja x = g(z) e y = f(x) então = . (3.6)
dz dx dz
5. A segunda derivada de y em função de x (ou a derivada da
derivada de y em ordem a x) é escrita na forma

d 2 y d ⎛ dy ⎞
= ⎜ ⎟ (3.7)
dx 2 dx ⎝ dx ⎠
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 71

1. Seja dada a função s (t ) = 3.t 3 + 3.t 2 + 6 , que representa o espaço


percorrido por uma partícula em função do tempo. Determine a 2ª

Exemplo derivada desta função em ordem ao tempo.

= ⎜ ⎟= ⎜
(
d 2 s d ⎛ ds ⎞ d ⎛ d 3.t 3 + 3.t 2 + 6 ) ⎞⎟ = d (9.t 2
+ 6.t + 0 )
dt 2 dt ⎝ dt ⎠ dt ⎜⎝ dt ⎟
⎠ dt
= 18.t + 6

dy
2. Seja dada a função y = 3.x 2 onde x = 5.t . Determine .
dt

Veja que y depende de t através de

x⇒
dy dy dx d 3.x 2 dx
= . =
(
. = 6.x.
)
d (5.t )
= 6.x.5 = 30.5.t = 150.t
dt dx dt dx dt dt

Derivada de algumas funções elementares:

d (a )
1. = 0 onde a é uma constante
dx
d (a . x n )
2. = n.a . x n −1 , onde n é um número racional.
dx

3.
( )=
d e ax
a .e ax
dx
d (senax ) = a . cos ax
4.
dx
d (cos ax )
5. = − a.senax
dx
d (ln ax ) 1
6. =
dx x

As regras de derivação de funções escalares são igualmente válidas para a


derivação de vectores. O único cuidado a prestar está relacionado com a
não comutatividade do produto vectorial. Assim ao se determinar a
Tome Nota!
derivada de um produto vectorial não se deve trocar a ordem dos factores.
72 Lição nº 1

Algumas integrais indefinidas

™ A qualquer das integrais deve ser adicionada uma constante


arbitrária)
Considere-se a, b e n constantes conhecidas e x uma variável real
x n +1
∫ x dx = + c ( sendo...n ≠ −1)
n
1.
n +1
dx
2. ∫ x ∫
= x −1 dx = ln x + c

dx 1
3. ∫ a + bx = . ln (a + bx ) + c
b
xdx x a
4. ∫ a + bx = − 2 . ln( a + bx ) + c
b b
dx 1 x+a
5. ∫ x.( x + a) = − a . ln( x
)+ c

dx 1
6. ∫ (a + bx ) 2
=−
b.(a + bx )
+c

dx 1 x
7. ∫a 2
+x 2
= .arctg + c
a a
dx 1 a+x
8. ∫a 2
−x 2
=
2a
. ln
a−x
+c ( a 2 − x 2 > 0)

dx 1 x−a
9. ∫x 2
−a 2
=
2a
. ln
x+a
+c ( x 2 − a 2 > 0)

10. ∫a
xdx 1
= ± . ln a 2 ± x 2 + c ( )
2
±x 2
2
dx x x
11. ∫ a −x 2 2
= arcsen
a
= − arccos + c
a
( a 2 − x 2 > 0)

12. ∫ ln (ax )dx = (x. ln ax ) − x + c


e ax
13. ∫ x.e dx =
ax
(ax − 1) + c
a2
dx x 1
14. ∫ a + b.e cx
= − . ln( a + b.e cx ) + c
a ac
1
15. ∫ sen (ax ).dx = − a . cos( ax ) + c
1
16. ∫ cos( ax ).dx = a .sen ( ax ) + c
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 73

1 1
17. ∫ tan( ax ).dx = − a . ln (cos ax ) + c = a . ln(sec ax ) + c
1 ax
∫e dx = .e + c
ax
18.
a
1
19. ∫ cot( ax ).dx = a . ln[ sen ( ax )] + c
x sen ( 2 ax )
∫ sen ax .dx = − +c
2
20.
2 4a

21.

x sen ( 2 ax )
∫ = + + c
2
cos ax . dx
2 4 a

dF
™ Seja
dx
= f ( x ) , então F = ∫ f ( x ). dx . Quando o intervalo de

integração ou os limites de integração são conhecidos o integral passa


a chamar-se integral definido. Assim se a e b são os limites de
integração (sendo a limite inferior e b, limite superior o integral
escreve-se:

∫ f ( x ).dx = F (b ) − F ( a )
a
(3.8)

™ Seja u uma função, du chama-se diferencial de u. Considere o


produto das funções u e v, então d(u.v) = u.dv+v.du
→ u .dv = d ( u .v ) − v .du

∫ u.dv = u.v − ∫ v.du → Integração por partes (3.9)

1. Determine:

∫ 3x
2
a. . dx
3
Exemplo
b. ∫ a.x 2
.dx , onde a é uma constante.

c. ∫ cos ax . dx
74 Lição nº 1

Resolução:
x 2+1 x3
∫ 3.x .dx = 3. + C = 3. + C = x 3 + C
2
a.
2 +1 3
3 5
3 3 +1 5
x2 x2 2.a
b. ∫ a.x .dx = a.∫ x .dx = a.
2 2
+ C = a + C = .x 2 + C
3 5 5
+1
2 2
d (ax ) 1
c. ∫ cos ax.dx = ∫ cos ax. a
= .senax + C
a

2. Determine o valor das expressões:


a
a. ∫
0
x 2 . dx

5 5
b. ∫
3
x 2 . dx

Resolução:
a
x3 a3
∫ x .dx =
a
/ =
2
a. 0
0
3 3
3 5
+1
2. x 2 5 2 ⎛ 2 ⎞
5 3 5 5
x2
∫3 ⎜ 2 ⎟
5
x .
2
dx =
3 / 3
=
5 / 3
= .
5⎝⎜ 5 − 3 ⎟
b. +1 ⎠
2
2
5
( 2
= . 5 5 − 3 5 = . 25 . 5 − 9. 3
5
) ( )
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 75

Exercícios
Você vai precisar de vinte minutos para completar esta tarefa

1. Determine a derivada das seguintes funções para t = 3 s.


a. s (t ) = t 3 − 12.t 2 + 36.t − 27 (R: -9)
Auto-avaliação nº 6 b. d (t ) = 1500 − 16.t 2 (R: -96)

1
c. s (t ) = .t 2 + 6.t (R: 7)
6
2. Determine o valor das expressões:
4

∫ (16 ). dt
Tempo de realização: 128
a. .t − 4 .t 2
(R: )
20:00 minutos
0
3
5
b. ∫ (−
1
2 .t + 3 ). dt (R: -12)
76 Lição nº 1

Leitura Complementar:
− ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha, 1999.

Leitura
− BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de Física
Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

− ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal, 1992.

− KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

− LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

− RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros Técnicos e


científicos, R.J. Brasil, 1983.

− TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Livros


Técnicos e Científicos (4ª edição), Volume-1, 1999.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 77

Unidade 4
Cinemática do ponto material
Introdução
Bem-vindo ao estudo desta unidade. Aqui você começa a estudar uma das
partes fundamentais que constitui a Mecânica Clássica, na qual se
descreve o movimento de objectos em termos de espaço e tempo
enquanto se ignoram as causas físicas desse movimento.

Esta lição deverá ser estudada em aproximadamente 20 horas .

A unidade consiste dos seguintes conteúdos:

• Revisão dos conceitos básicos da Física;


Tempo de estudo da
Unidade: 20:00 Horas • Conceitos básicos da Cinemática;

• Movimento unidimensional;

• Movimento bidimensional;

• Velocidade e aceleração relativas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Descrever cinematicamente o movimento dum ponto material;

ƒ Explicar a relatividade dos conceitos de movimento e repouso;


Objectivos
ƒ Representar graficamente movimentos de corpos.;

ƒ Resolver problemas no contexto da Cinemática.


78 Unidade 4

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Explicar o objecto de estudo da Cinemática;

• Identificar o movimento como um fenómeno mecânico;

• Derivar funções polinomiais;

• Integrar funções elementares.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 79

Lição nº 1
Revisão dos conceitos básicos da
Física
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição na qual você consolidará os


conceitos básicos da Física.

Pré-requisitos:

No início desta lição o estudante deve ser capaz de:

ƒ Distinguir o objecto de estudo da Física dos objectos de


estudo das outras ciências;

ƒ Definir o conceito de fenómeno físico;

ƒ Explicar a relação entre a Física e as outras ciências e com a


técnica.

Ao completar a lição, você será capaz de:

ƒ Identificar o objecto de estudo da Mecânica Clássica;

ƒ Definir o conceito de movimento;


Objectivos
ƒ Identificar as áreas em que se divide a Mecânica Clássica.

Objecto de estudo da Mecânica Clássica:

Já foi dito que a Mecânica tem como objecto de estudo o movimento


mecânico e o equilíbrio dos corpos.

Seu objectivo é descobrir as leis que regem o movimento mecânico e as


condições de equilíbrio dos corpos.

O que será, então, o movimento mecânico?


80 Lição nº 1

Chama-se movimento mecânico à mudança de posição dos corpos no


espaço uns em relação aos outros ou das suas partes em função do
tempo.

A 4ª unidade que lhe apresento está dentro da Mecânica Clássica que é


um ramo da Física experimental.

Mas, qual é o objecto de estudo da Mecânica Clássica?

A Mecânica Clássica, dentro do universo que é o objecto de estudo da


Física, ocupa-se do estudo do movimento de objectos macroscópicos
(objectos com dimensões maiores quando comparados com as dimensões
atómicas) que se movem à velocidades muito menores do que a
velocidade da luz no vácuo.

O movimento dos planetas, dos automóveis, do som num meio, a queda


dum objecto, etc.

Exemplo

Esta Mecânica, por se basear nas leis de Newton, também é conhecida


pelo nome de Mecânica Newtoniana.

Divisão da Mecânica Clássica:

A Mecânica Clássica inclui três partes fundamentais:

ƒ A Cinemática;

ƒ A Estática;

ƒ A Dinâmica.

Cada uma dessas partes tem seu objecto de estudo.

Qual é então o objecto de estudo da cada uma das partes?

Certamente que você se recorda que:

A Cinemática estuda as propriedades geométricas dos movimentos em


suas relações com o tempo sem questionar as causas físicas desses
movimentos.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 81

Portanto, você pode notar que há uma pergunta sua que não poderá ser
respondida no âmbito da Cinemática.

Apesar de você poder responder às questões relacionadas com o modo


como a partícula se move, você não poderá responder à questões
relacionadas com o por que razão a partícula se move duma determinada
forma.

A Estática estuda as leis de composição de forças e as condições de


equilíbrio dos corpos.

Por último, a Dinâmica estuda o movimento dos corpos, relacionando-


os com as causas que os produzem.

Portanto, é na dinâmica onde você busca a sua resposta sobre o por que
das coisas!

Sumário
A Mecânica tem como seu objecto de estudo o movimento
mecânico e o equilíbrio dos corpos.

Chama-se movimento mecânico à mudança de posição dos corpos


no espaço uns em relação aos outros ou das suas partes em função
do tempo.

A Mecânica Clássica divide-se em Cinemática, Estática e


Dinâmica.
82 Lição nº 1

Exercícios
A tarefa que se segue deve ser resolvida em 5 minutos.

1. Qual é o objecto de estudo da Mecânica Clássica?

2. Qual é a diferença entre o objecto de estudo da Cinemática e o da


Auto-avaliação 7 Dinâmica?

3. Qual dos seguintes movimentos não é objecto de estudo da Mecânica


clássica?

A. O movimento duma formiga durante a procura dos alimentos;


Tempo de realização :
00:05 minutos B. O movimento dum peixe na água;

C. O movimento dum electrão dentro do átomo;

D. O movimento duma bola de futebol;

E. O seu próprio movimento durante a sua caminhada de casa para a


escola;

A propagação dum fotão de luz.

1. 1.Creio que as perguntas 1 e 2 você respondeu com facilidade.


Mas, vamos ver resumidamente como você teria respondido.
Dica Veja o sumário desta lição.

2. Apesar da Cinemática e da Dinâmica estudarem, ambos, o


movimento de corpos físicos, na Cinemática você não considera
as causas dos movimentos enquanto na Dinâmica as causas dos
movimentos estão no centro das atenções.

3. Se você voltar a rever a resposta que deu à 1ª pergunta, facilmente


você concluirá que o que é descrito nos pontos C e F não constitui
objecto de estudo da Mecânica Clássica.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 83

Lição nº 2
Cinemática do ponto material.
Conceitos básicos
Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui pretende-se que você
compreenda os conceitos fundamentais inerentes à Cinemática do ponto
material.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Discutir o conceito ponto material como modelo físico;

ƒ Definir os seguintes conceitos: posição, referência, trajectória e


Objectivos sistema de referência;

ƒ Explicar a relatividade dos conceitos de movimento e repouso;

ƒ Explicar o conceito ”determinação cinemática” do movimento.

Ponto material, relatividade do movimento, sistema de referência,


posição, trajectória.

Terminologia

Ponto material

Você pode pensar que existe uma contradição entre o objecto de estudo
da Mecânica Clássica e o conceito de ponto material! Afinal de contas
estudou em geometria que ponto é um elemento geométrico sem
dimensões.

Vamos discutir movimentos de corpos macroscópicos (ex; um carro,


avião, a Terra, uma bola, etc.) só que sob determinadas condições estes
serão considerados como ponto materiais.
84 Lição nº 2

E, como se sabe que uma das características duma mente activa é o


questionamento contínuo, a procura incessante do saber, você deve estar
já perguntando a si mesmo em que condições isso ocorre?

Um corpo pode ser considerado ponto material se, pelo menos, for
cumprida uma das seguintes condições:

ƒ As dimensões do corpo são desprezíveis comparativamente às


demais dimensões envolvidas no problema;

ƒ As dimensões não desempenham um papel relevante na solução


dum dado problema.

A Terra, durante o movimento de translação em torno do Sol – as suas


dimensões são desprezíveis quer em relação à distância Terra - Sol, quer
em relação ao comprimento de sua trajectória.
Exemplo
- Um objecto que executa um movimento de translação. Apesar dele ser
composto por uma infinidade de pontos, todos apresentam movimentos
com características iguais (deslocamentos, velocidades, acelerações,
trajectórias, etc.). Então, basta conhecer o movimento de um dos pontos
para ter a noção de como o corpo se move.

No entanto, dependendo do critério de comparação o mesmo corpo pode


ser considerado ponto material numa dada situação e não sê-lo noutras.

Podemos considerar a Terra como ponto material durante seu movimento


de translação em torno do sol. Mas, ao estudar o seu movimento de
rotação em torno do seu eixo, não podemos desprezar as suas dimensões.
Exemplo
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 85

Fig.4.1

A fig. Mostra uma fotografia do globo terrestre. Fonte: wikkipédia

Posição:

Suponha que alguém, que não conhece onde se localiza a sua escola,
pretende fazer-lhe uma visita no intervalo maior. O que você faria para
que a pessoa interessada chegasse à escola sozinha? Então o que seria dar
posição dum ponto?

Dar a posição de uma partícula significa fornecer elementos que


permitem localizá-la a partir de outro corpo adoptado para referência
(referencial).

Referencial ou corpo de referência:

É um corpo ou conjunto de corpos considerados fixos por convenção


em relação aos quais o movimento é considerado ou analisado.

Diz-se que um ponto material realizou movimento em relação a um dado


referencial se no decorrer do tempo a sua posição variou em relação a
esse referencial. Caso contrário, diz-se que permaneceu em repouso.

Conceitos de movimento e repouso. Sua Relatividade

Já pensou porque razão o movimento dum corpo deve ser considerado em


relação a um outro corpo? Você seria capaz de observar o movimento
dum objecto sem considerá-lo em relação a um dado corpo?
86 Lição nº 2

O João está dirigindo seu carro ao longo da estrada e vê a Maria sentada


na varanda de sua casa. O João, observando a Maria através do retrovisor
do seu carro conclui que a Maria está-se afastando dele. Mas, a Maria vê
Exemplo
o João a afastar-se dela.

Quem é que tem razão, na sua opinião, o João ou a Maria?

Se você disse que todos têm razão, acertou. Porque cada um deles
observa o movimento do outro, usando um referencial diferente.

Neste caso a conclusão do João é tirada usando como referencial ele


dentro do carro e a Maria usa como referencial ela junto da casa.

Portanto, qualquer movimento tem que ser considerado em relação a


um dado referencial. E, é importante especificarmos o referencial em
relação ao qual as nossas conclusões sobre o movimento dum dado
corpo foram baseadas.

Os conceitos de movimento e repouso são relativos pois, ficam


desprovidos de significado físico quando não indicamos explicitamente o
referencial.

Com efeito, um corpo num mesmo intervalo de tempo pode estar em


repouso e em movimento, dependendo do referencial adoptado.

Resolva a actividade que se segue em cerca de 10 minutos.

Considere-se sentado na varanda da sua casa e um colega passa pela


estrada que passa ao pé da sua casa, conduzindo o seu carro. Em relação a
que referencial ele está em movimento? Em relação a que referencial ele
está em repouso?
Actividade nº 6
Dê mais exemplos que ilustrem o carácter relativo desses conceitos.

Tempo de realização:
00:10 minutos
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 87

Ele está em movimento em relação a você e a sua casa, mas está em


repouso em relação ao próprio carro em que ele viaja.

Dica Uma pessoa viajando de bicicleta ou de automóvel, vê os objectos à beira


da estrada se movendo no sentido contrário. Pois ele está usando ele
mesmo e o sistema em que está ligado (a bicicleta ou o automóvel) como
referencial.

Noção de Trajectória

Chama-se trajectória do movimento da partícula em relação ao referencial


considerado, à linha contínua que une as sucessivas posições ocupadas
pela partícula durante o seu movimento.

A forma da trajectória depende do referencial adoptado.

Você vai precisar de 5 minutos para completar esta actividade

Considere um objecto deixado cair de um avião em pleno voo à


velocidade constante e desprezando a resistência do ar.

Actividade nº 7 ƒ De que forma é a trajectória para um observador que está dentro


do avião? E para um observador fixo na Terra?

Tempo de realização:
00:05 minutos

Certamente que você chegará à conclusão de que para o observador


dentro do avião a trajectória do objecto lhe parecerá uma linha recta,

Dica enquanto que para o observador terrestre, esta mesma lhe parecerá uma
linha curva ( parábola).

As trajectórias podem ser rectas ou curvas. Daí surge a classificação dos


movimentos quanto à trajectória:

• Movimentos rectilíneos
88 Lição nº 2

⎧− Circulares
⎪− Paraboli cos

• Movimentos curvilíneos ⇒ ⎨
⎪− Elipti cos
⎪⎩etc

Determinação cinemática do movimento do ponto material:

Diz-se que o movimento de um ponto material está cinematicamente


definido, quando formos capazes de determinar, em qualquer instante, a
sua posição, a velocidade e a aceleração.

Para a definição cinemática do movimento do ponto em qualquer instante


é preciso adoptar um sistema de referência (S.R).

Chama-se sistema de referência ao conjunto formado por corpo de


referência, sistema de eixos coordenados e relógio.

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta actividade

Em qual dos seguintes casos os corpos podem ser considerados pontos


materiais:

Actividade nº 8 a.

a. Um disco desportivo de lançar na máquina que o fabrica;

b. O mesmo disco em voo depois de ter sido lançado a 55 m de


distância;
Tempo de realização: b.
00:10 minutos
a. Um avião de passageiros que realiza voo do Quénia à Maputo;

b. Um avião que executa um “parafuso”, durante o qual gira em


torno do seu eixo.

Um dos procedimentos para facilitar a sua análise é ver em que caso os


corpos considerados realizam movimento de translação, pois neste tipo de

Dica movimento as dimensões são irrelevantes. Nos outros casos não podemos
desprezar as dimensões.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 89

Sumário
Considera-se ponto material ao corpo cujas dimensões, nas condições
dadas do problema, podem ser desprezadas.

O movimento dum corpo só pode ser analisado em relação a outros


corpos.

O corpo ou conjunto de corpos em relação aos quais o movimento é


analisado chama-se referencial.

Sem a indicação explícita do referencial toda a discussão acerca do


movimento dum corpo fica desprovida de significado físico porque os
conceitos de movimento e repouso são relativos.

Trajectória do movimento da partícula em relação ao referencial


considerado é a linha contínua que une as sucessivas posições ocupadas
pela partícula durante o seu movimento.

A forma da trajectória tem carácter relativo; depende do referencial que


está sendo usado.

Considera-se que o movimento de um ponto material está


cinematicamente definido, quando formos capazes de determinar, em
qualquer instante, a sua posição, a velocidade e a aceleração.

Para a determinação cinemática do movimento duma partícula é preciso


conceber um sistema de referência.

Sistema de referência = Corpo de referência + sistema de eixos


coordenados + relógio.
90 Lição nº 3

Lição nº 3
Movimento em uma dimensão.
Grandezas cinemáticas
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Esta lição está estruturada da


seguinte maneira:

• Estudo das grandezas cinemáticas: deslocamento, velocidade


e aceleração;

• Movimento unidimensional com velocidade constante;

• Movimento unidimensional com aceleração constante.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Explicar o conceito ponto material;

• Identificar as condições para a definição Cinemática do


Movimento;

• Definir o conceito de trajectória;

Estabelecer a diferença entre grandezas escalares e vectoriais.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Estabelecer a diferença entre espaço percorrido e deslocamento;


ƒ Definir o conceito velocidade e explicar o sentido físico do seu
escalar;
Objectivos
ƒ Estabelecer a diferença entre velocidade média e instantânea;
ƒ Identificar as características dum movimento com velocidade
constante;
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 91

ƒ Definir o conceito aceleração e explicar o sentido físico do seu


escalar;

ƒ Identificar as características dum movimento com aceleração


constante;

ƒ Identificar deslocamento como grandeza vectorial;

ƒ Identificar espaço percorrido como grandeza escalar;

ƒ Estabelecer a diferença entre deslocamento e espaço percorrido

ƒ Identificar movimentos unidimensionais na vida diária;

ƒ Caracterizar o movimento rectilíneo e uniforme (MRU);

ƒ Caracterizar o movimento rectilíneo uniformemente variado


(MRUV);

ƒ Identificar e/ ou deduzir as equações horárias dos MRU e


MRUV;

ƒ Representar os gráficos das funções v = v(t ) , x = x(t ) e

a = a (t ) para esses movimentos;

ƒ Aplicar as fórmulas para a resolução de problemas;

ƒ Definir o conceito de movimento de queda livre;

ƒ Identificar este movimento como um exemplo de movimento


com aceleração constante;

ƒ Discutir as condições que devem ser satisfeitas para que o


movimento vertical dos corpos na atmosfera possa ser
considerado de queda livre

Partícula material, trajectória, sistema de referência, deslocamento,


espaço percorrido, translação, velocidade, aceleração, movimento
rectilíneo uniforme, movimento rectilíneo uniformemente variado, queda
Terminologia
livre, lançamentos, vácuo, aceleração de gravidade.
92 Lição nº 3

Como primeiro passo no estudo da Mecânica Clássica, faremos a


descrição do movimento em termos de espaço e tempo ignorando os
factores que originam esse movimento (Cinemática).

A partir da experiência do dia-a-dia reconhecemos que o movimento é a


mudança contínua da posição de um objecto. Na Física estamos
preocupados com três tipos de movimentos:

ƒ Movimento de translação;

ƒ Movimento de rotação;

ƒ Movimento vibracional.

− Um carro movendo-se numa auto-estrada está realizando um


movimento de translação.

Exemplo − A Terra (ou um disco) girando em torno do seu eixo está realizando
um movimento de rotação

− O movimento de vaivém dum pêndulo é um movimento vibratório.

Nesta lição vamo-nos ocupar somente do estudo do movimento


translacional.

No estudo do movimento de translação consideraremos o corpo em


movimento como uma partícula ou ponto material independentemente de
suas dimensões.

Ponto (ou partícula) material é um modelo físico muito útil.

Deslocamento e espaço Percorrido:

Se uma partícula está em movimento podemos facilmente determinar a


variação de sua posição.

O que é então deslocamento?

Deslocamento da partícula durante um certo intervalo de tempo é o vector


que une a posição inicial da partícula com a sua posição final.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 93

Como grandeza vectorial, o deslocamento é caracterizado por um valor


numérico, direcção e sentido.

Uma partícula desloca-se duma posição A para o outro ponto B em linha


recta ou através duma linha curva. Em ambos os casos o deslocamento é
o segmento de recta.

Se do ponto onde você se encontra, pretender deslocar-se a um lugar que


se encontra à 15 km, precisa de especificar a direcção que vai seguir. Já
imaginou quantos pontos existem e que estejam a 15 km daqui? Todos os
pontos que pertencem à circunferência cujo centro é o ponto onde você
está sentado e no raio 15 km, são elegíveis como seu destino!

No movimento unidimensional (rectilíneo) o deslocamento da partícula,


quando ela se move da posição inicial x o ocupada pela partícula no

instante inicial to para a posição final x f , ocupada pela partícula no

instante tf(que normalmente se toma um instante qualquer t) ,é dado pela


variação de sua coordenada: Δx = x f − x o . Esse deslocamento foi

efectuado durante o intervalo de tempo Δt = t f − t o .

Veja que Δx > 0 se x f > xo e diz-se que a projecção do vector

deslocamento sobre o eixo é positiva; Δx < 0 se x f < x o e diz-se que a

projecção do vector deslocamento sobre o eixo é negativa.

O valor numérico do deslocamento representa a distância percorrida.

No entanto, o espaço percorrido é o comprimento da trajectória


descrita pelo móvel.

A diferença entre deslocamento e espaço percorrido muitas vezes não é


clara para o estudante.
94 Lição nº 3

Vamos supor que você corre todas as manhãs, numa estrada recta, saindo
de sua casa até um ponto que dista a 5 km e depois volta para casa.
Neste caso como a posição inicial coincide com a posição final, o
Exemplo deslocamento é igual a zero. Mas o espaço percorrido é 10 km, que é o
dobro da distância que separa o ponto e a sua casa.

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta actividade

1. O funcionário encarregue de receber o carro do motorista, que


acabava de chegar duma viagem, nota que o conta-quilómetros marca
245 km mais do que o valor que marcava aquando da sua partida.
Actividade nº 9
a. A que é que este valor se refere, ao deslocamento ou ao espaço
percorrido? Justifique.

2. Vamos supor que você, num passeio a pé, sai de sua casa e dirige-se
para o sul percorrendo 12 km, em seguida vira para o leste e percorre
Tempo de realização:
00:10 minutos 5 km.

a. Determine o deslocamento efectuado em relação a sua casa.

Qual é o espaço percorrido durante essa viagem?

1. Lembre-se que deslocamento é um vector que liga a posição inicial


até a posição seguinte ocupada pelo corpo considerado. Para este a

Dica posição inicial e final coincidem e, portanto o deslocamento é nulo.


Isto significa que o conta-quilómetros nos dá o espaço percorrido (o
comprimento da trajectória).

2. Baseando-se no comentário em 1, você conclui que o espaço


percorrido no seu passeio será de 17 km, resultantes da soma (12 Km
+ 5 km).

Para determinar o deslocamento deverá considerar o carácter vectorial


desta grandeza. Faça um diagrama vectorial incorporado num sistema de
eixos coordenados indicando os pontos cardiais. Como os dois vectores
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 95

são mutuamente perpendiculares pode usar o teorema de Pitágoras para


determinar o módulo do deslocamento resultante

⎛ − 12 ⎞
(R: 13 Km, ϕ = arctg ⎜ ⎟)
⎝ 5 ⎠

Velocidade duma partícula. Velocidade média e instantânea:

Velocidade é uma grandeza vectorial. Mas no movimento unidimensional


vamos trabalhar com sua projecção sobre o eixo. Esta grandeza
caracteriza a variação da posição da partícula com o tempo.

Chama-se velocidade média à razão entre o deslocamento efectuado pela


partícula e o intervalo de tempo que a partícula gasta a fazer esse
deslocamento.

Δx
v m = (4.1)
Δt

Esta velocidade não dá nenhuma informação sobre o movimento da


partícula em um dado instante. Não nos dá detalhes sobre o movimento
entre as posições inicial e final.

Há diferença entre o escalar da velocidade média e a velocidade escalar


média (é a razão entre o espaço total percorrido pela partícula e o tempo
total gasto)!
Tome Nota!
A informação sobre o movimento em um dado instante é dada pela
Δx
velocidade instantânea; que é dada pelo limite da razão incremental ,
Δt
quando tornamos o intervalo de tempo tão pequeno quanto queiramos, ou
Δx dx
seja, v x = lim
Δt → 0 Δt
=
dt
(4.2)

A fórmula acima dá-nos a velocidade instantânea.

Então, a velocidade instantânea do ponto no movimento rectilíneo é


igual a derivada da coordenada da partícula com respeito ao tempo.

Unidades de velocidade:

km
[v ] = 1 m no S.I. Usa-se também 1 ,1
km
e1
cm
.
s h s s
96 Lição nº 3

1. Uma partícula move-se ao longo do eixo de coordenadas ox. A sua


coordenada x varia com o tempo de acordo com a equação
x = − 4 .t + 2 .t 2 no SI.
Exemplo
a. Determine o deslocamento da partícula no intervalo de tempo t =
1 s até t = 3 s.

b. Calcule a velocidade média no mesmo intervalo de tempo.

c. Determine a velocidade instantânea da partícula para t = 2,5 s.

Resolução:

Como temos a lei do movimento, vamos utilizá-la para chegar as


respostas pretendidas.

a. Sabe-se que o deslocamento nesse movimento é dado pela


variação da coordenada x.

Então: Δ x = x f − x o onde x o = − 4 .1 + 2 .1 2 = − 4 + 2 = − 2 m e

x f = − 4 .3 + 2 .3 2 = − 12 + 2 .9 = − 12 + 18 = 6 m
Δ x = 6 m − (− 2 m ) = 8 m

Δx 8m 8m m
b. vm = = = =4
Δ t ( 3 − 1) s 2 s s

v=
dx d
=
dt dt
( ) d
− 4.t + 2.t 2 = (− 4.t ) +
dt
d
dt
( )
2.t 2 = −4 + 4.t
c.
m m m
v(2,5) = (− 4 + 4.2,5) = (− 4 + 10) = 6
s s s

Aceleração do ponto material :

Quando se observa o movimento de um corpo, verifica-se que muitas


vezes sua velocidade varia, ora em módulo, ora em direcção ou em
ambas.

Chama-se aceleração de uma partícula à razão segundo a qual a sua


velocidade varia com o tempo.

Esta grandeza caracteriza a variação do vector velocidade.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 97

Consideremos uma partícula em movimento que, no instante t1 se


encontra na posição A movendo-se com velocidade v1 e no instante t2, se
encontra na posição na posição B movendo-se com velocidade v2.

Durante o intervalo de tempo Δ t = t 2 − t 1 a velocidade, embora não

tenha variado em direcção, variou no seu módulo em Δ v x = v 2 x − v 1 x .

A razão entre a variação da velocidade Δ v e o intervalo de tempo em


que esta variação ocorreu, Δ t , chama-se aceleração média.

Δv
am = (4.3)
Δt

Δv x dv x
A aceleração instantânea é dada por: a x = lim
Δt → 0 Δt
=
dt
(4.4)

Então, a aceleração instantânea do ponto no movimento rectilíneo, é


igual a derivada da velocidade da partícula com respeito ao tempo.

[a ] = 1 m2 , no S.I. Usa-se também as seguintes unidades


s
cm km
1 2
e1 2 .
s s

1. A velocidade de uma partícula que está se movendo ao longo do eixo


ox varia de acordo com o tempo de acordo com expressão

Exemplo
( )
v x = 40 − 5 .t 2 no SI.

a. Determine a aceleração média entre os instantes t = 2,0 s e t = 4,0


s.

b. Determine a aceleração no instante t = 2,0 s.


98 Lição nº 3

Resolução:

Δv x
a. Sabe-se que a aceleração média é dada por a m = . Então temos:
Δt

(
vox = 40 − 5.2 2 ) ms = (40 − 5.4) = (40 − 20) ms = 20 ms
( )
v xf = 40 − 5.4 2 = (40 − 5.16 ) = (40 − 80 )
m
s
= −40
m
s
m m
Δv x = (−40 − 20) = −60 e Δt = (4 − 2) s = 2 s
s s

⎡m ⎤
− 60 ⎢ s m⎥ m
Portanto, am = ⎢ = 2 ⎥ = −30 2 . O sinal negativo da
2 ⎢s s ⎥ s
⎣⎢ ⎦⎥
projecção da variação da velocidade e por conseguinte da aceleração
significa que a velocidade está diminuindo com o correr do tempo.

dv x
b. Sabe-se que a aceleração instantânea é dada por a x = , então:
dt

ax =
d
dt
( d
)
40 − 5.t 2 = (40) −
dt
d
dt
( )
5.t 2 = 0 − 10.t , para t = 2 s, temos:

m
a x = − 10 .2 = − 20 .
s2

Você vai precisar de 20 minutos para completar a actividade que se segue

1. A posição duma partícula movendo-se ao longo do eixo ox varia com


o tempo de acordo com a expressão x = 3 .t 2 no SI.

Actividade nº 10 a. Determine a velocidade média da partícula no intervalo de tempo


m
que vai desde o instante t = 2 s até t = 5 s. (R: v m = 21 )
s

b. Determine a sua velocidade no instante t = 3 s.

Tempo de realização: m
00:20 minutos (R: v = 18 )
s

2. Uma partícula está se movendo com velocidade de 60 m/s ao longo


do eixo ox no sentido positivo. Entre os instantes t = 0 s e t = 15 s, a
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 99

velocidade da partícula diminui uniformemente até zero. Qual era a


aceleração durante o intervalo de tempo de 15 segundos? Dê a
interpretação física do resultado.

m
(R: a x = −4 . Interpretação física: A velocidade da partícula
s2
diminui de 4 m/s em cada segundo).

Movimento unidimensional com velocidade constante ou Movimento


rectilíneo uniforme.

Diz-se que uma partícula executa um movimento rectilíneo e uniforme


quando esta descreve uma trajectória rectilínea fazendo deslocamentos
iguais em intervalos de tempo iguais.

No MRU o vector velocidade é constante ( mantém tanto a direcção


como o módulo). Como consequência neste movimento a aceleração é
nula.

Considerando que a partícula se desloca ao longo do eixo ox, como


vínhamos fazendo, teremos:

Δx x − xo
vx = = e assumindo que to= 0 s, teremos que
Δt t − to
x − xo
vx =
t

O deslocamento da partícula em qualquer instante é dado por:

x − x o = v x .t (4.5)

Que relação de proporcionalidade existe entre o deslocamento e o


intervalo de tempo?

A equação horária do MRU, que é a lei de variação da coordenada com o


tempo é:

x = x o + v x .t (4.6)
100 Lição nº 3

Procure exemplos de movimentos, na vida diária, cujas características


sejam idênticas ou se aproximem ao do MRU.

Movimento Rectilíneo Variado:

No movimento variado a velocidade varia. O seu valor pode ser obtido a


partir do conhecimento que se tem sobre a aceleração:

dv
a= ⇒ dv = a.dt . A velocidade será obtida através da integração
dt

No geral, a aceleração pode variar e, para prosseguir a operação é preciso


saber como é que a aceleração varia.

v t t t

∫ dv = ∫ a.dt ⇒ v − vo = ∫ a.dt ⇒ v = vo + ∫ a.dt


vo to to to

Movimento unidimensional com aceleração constante ou Movimento


rectilíneo uniformemente variado.

No movimento rectilíneo uniformemente variado a aceleração é


constante e assumindo que o movimento ocorre ao longo do eixo ox:

v x − v ox
ax = ⇒ v x − v ox = a x .t (4.7)
t

Como é que as variações da velocidade se relacionam com os intervalos


de tempo?

A velocidade em qualquer instante é dada por:

v x = v ox + a x .t (4.8)

Pode-se ver que esta equação é linear em t e, portanto o gráfico da função


v = v (t ) é linear. Se tiver que fazer o esboço gráfico dessa função, o
que você vai obter?

Naturalmente que vai ser uma recta.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 101

Consideremos o caso em que v ox = v o e a x = a , isto é, os vectores

velocidade inicial e aceleração se orientam ao longo do eixo dos x


positivo, então:

v = vo + a.t

Fig.4.5: Os esboços gráficos:

Já foi dito que a aceleração neste tipo de movimento é constante e que a


velocidade adquirida pelo móvel é directamente proporcional ao intervalo
de tempo que leva a observação.

Como se pode calcular a coordenada do móvel num dado instante?

Tal fórmula pode ser obtida usando conhecimentos básicos de análise


matemática estudados na unidade-3 ou explorando as potencialidades
geométricas que o gráfico da v(t) apresenta.

Observando bem a figura nota-se que a parte tracejada é uma figura


geométrica plana já conhecida; é um trapézio em que a base maior é v, a
base menor é vo e a altura corresponde a t (intervalo de tempo).

Por isso, sua área será:


N
vo + v v + (v o + a x .t ) 2.v o + a x t 1
At = .t = o .t = .t = vo .t + .a x .t 2
2 2 2 2

A letra N em cima do sinal de igualdade é para enfatizar que a igualdade


entre essas grandezas é apenas numérica. Como sabe a área é dada em
unidades de superfície portanto, m2. Mas a grandeza do membro direito
tem unidades lineares, o metro (m).

Com efeito a formula obtida corresponde ao deslocamento da partícula


durante o intervalo de tempo t que dura a observação. Por isso,

1
Δ x = v o .t + .a x .t 2 (4.9)
2
102 Lição nº 3

O deslocamento é uma função quadrática em t.

Sabendo-se que Δx = x − x o ⇒ x = x o + Δx , isto é,

1
x = x o + v o .t + .a x .t 2 , (4.10)
2

portanto a coordenada da partícula é uma função quadrática em t; onde xo


e vo são chamadas condições iniciais (coordenada e velocidade iniciais,
respectivamente).

Esta equação pode ser obtida usando o cálculo integral:

x t t
dx
vx = ⇒ dx = v x .dt ⇒ ∫ dx = ∫ v x .dt ⇒ x − xo = ∫ (vox + a x .t ).dt ⇒
dt xo to to
t t
1
x − xo = ∫ vox .dt + ∫ a x .t.dt ⇒ x − xo = a x .(t − t 0 ) + .a x .(t − t o ) 2
to to
2
Tomando to= 0 s, você chega à equação já obtida antes.

Você pode obter uma fórmula do movimento uniformemente variado que


se torna bastante útil na resolução de problemas, onde o tempo não
aparece explicitamente. Só precisa de resolver o sistema seguinte:

⎧v x = vox + a x .t ⎧ v x − v0 x
⎪ ⎧v x − vox = a x .t ⎪t =
⎨ 1 . ⇒ ⎨ ⇒ ⎨ ax
⎪⎩ x − x o = v ox .t + .a x .t 2
⎩ − ⎪−
2 ⎩

Continue a resolver o sistema e obtenha a relação:

2 2
v x = v ox + 2.a x .( x − x o ) (4.11)

Esta mesma equação pode-se obter através do cálculo integral.

Parte-se da definição da aceleração:


dvx dv dx dv
ax = ⇔ ax = x . ⇔ ax = vx x ⇒ vx .dvx = ax .dx
dt dx dt dx
v x 2 2
vx vox
∫v vx .dvx = x∫ ax .dx ⇒ 2 − 2 = ax .(x − xo ) ⇒ vx = vox + 2.ax .(x − xo )
2 2

o o

Como será o esboço gráfico da função x = x ( t ) ?


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 103

Fig.4.6

Portanto é uma parábola. Porque é que o gráfico não passa pela origem?
Em que caso o gráfico passará pela origem?

Este gráfico não passa pela origem porque pressupõe-se que no instante
em que começou a contagem do tempo, a partícula já tenha percorrido um
certo espaço, x o ≠ 0 . Se no instante em que começou a contagem do

tempo, a partícula estivesse na origem do SR, então, x 0 = 0 e o gráfico

passaria pela origem.

Você precisará de 1 hora lectiva para completar esta actividade.

Como seriam as equações e os gráficos se a x = − a e v ox = v o ?

Actividade nº 11

Tempo de realização:
01:00 Hora

Precisa substituir nas fórmulas para se obter as fórmulas que se adequam


à projecção negativa da aceleração.
No geral os gráficos da velocidade deverão ter declividade negativa e os
Dica
da coordenada deverão ter concavidade virada para cima.
104 Lição nº 3

− O movimento rectilíneo variado diz-se acelerado quando o módulo da


r r
velocidade aumenta; isto acontece sempre que os vectores v e a são
paralelos (mesma direcção e sentido)
Tome Nota!
− O movimento rectilíneo variado diz-se retardado quando o módulo da
r r
velocidade diminui. Isto acontece sempre que os vectores v e a são
anti-paralelos (mesma direcção e sentidos opostos)

No movimento rectilíneo uniforme a velocidade é constante.


Portanto, o móvel faz deslocamentos iguais em intervalos de
tempos iguais descrevendo uma linha recta.

No movimento rectilíneo uniformemente variado a aceleração é


constante. Portanto, a velocidade apresenta variações uniformes em
iguais intervalos de tempo e o móvel desloca-se em linha recta.

Movimento de queda livre

É agora bem sabido que, na ausência da resistência do ar, todos os


objectos abandonados num ponto próximo da superfície da Terra caem
em direcção à Terra com a mesma aceleração constante sob a acção da
atracção da Terra.

Essa conclusão só foi aceite cerca dos anos 1600. Antes disso, os
ensinamentos do grande filósofo Aristóteles (384-322 a.c) eram a base
do pensamento humano. Nessa altura, acreditava-se que os objectos mais
pesados caiam mais rapidamente do que os menos pesados.

As ideais actuais sobre movimento de objectos em queda foram propostas


pelo italiano Galileu Galileu (1564-1642). Galileu realizou várias
experiências com objectos caindo ao longo de planos inclinados.

Ele fez medições das distâncias percorridas pelos corpos ao longo dos
planos inclinados e os tempos gastos.

Aumentando, gradualmente, a inclinação dos planos Galileu foi capaz de


tirar conclusões sobre o movimento de queda livre.

À seguir propõe-se uma actividade de carácter experimental.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 105

Você vai precisar de 15 minutos para efectuar essa actividade

1.

a. Largue simultaneamente um papel (exemplo papel A4) e uma pedra a

Actividade nº 12 partir da mesma altura acima do solo. Anote as suas observações.


Justifique as suas observações.

b. Agora enrodilhe o papel formando uma bolinha e volte a largar


simultaneamente o papel enrodilhado e a pedra a partir duma mesma
altura acima do solo. O que observa? Justifique.
Tempo de realização:
00:15 minutos - Compare as observações das duas alíneas e tire conclusões.

2. Use um pequeno prego ou um alfinete para fazer um pequeno furo na


base de um copo de papel. Tape o furo com o seu dedo e encha o
copo com água.

Segure o copo, em cima e à sua frente e em seguida largue-o. A água


sai do furo enquanto o copo está em queda? Porque não?

Você deve ter observado que a pedra e o papel enrodilhado atingem quase
simultaneamente o solo. Isso não é de admirar porque a resistência do ar

Dica tem a ver com a área de contacto.

Portanto, desprezando a resistência do ar, todos os objectos abandonados


em pontos situados à mesma altura do solo atingem o solo ao mesmo
tempo.

Em Agosto de 1971, o astronauta David Scott realizou uma experiência


semelhante na lua. Ele, largou simultaneamente um martelo e uma pena
de ave, estes objectos alcançaram o solo lunar ao mesmo tempo.

A expressão objectos em queda livre não é necessariamente usada para


referir objectos largados a partir do repouso.Objecto em queda livre, é
qualquer objecto movendo-se livremente sob a influência só da acção da
gravidade, independentemente do seu movimento inicial. Portanto,
106 Lição nº 3

objectos lançados para cima ou para baixo e aqueles abandonados a partir


do repouso caem todos livremente uma vez largados.

Qualquer objecto caindo livremente experimenta uma aceleração dirigida


para baixo, independentemente do seu movimento inicial.

Fig.4.7

Para o movimento de queda livre as equações do movimento rectilíneo


uniformemente variado mantêm-se. O único aspecto que é preciso ter em
conta é que a aceleração não assume valor qualquer, mas sim o valor da
aceleração de gravidade g do local onde os corpos se movem. Na
superfície da Terra g = 9,80 m/s2

1. A velocidade de um automóvel viajando para o leste é


uniformemente reduzida de 22 m/s para 15 m/s em uma distância de

Exemplo 80 m.

a. Qual é o módulo e o sentido da aceleração constante?

b. Qual é o tempo decorrido durante esta aceleração?

c. Se o carro continua desacelerando na mesma proporção, quanto


tempo se gasta para trazê-lo da velocidade de 22 m/s até ao
repouso?

d. Que distância é então percorrida?


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 107

Resolução:

Na alínea a) pede-se a aceleração a partir das velocidades e a distância


percorrida. Neste caso o tempo não aparece explicitamente, por isso a
seguinte fórmula (Formula de Torricelli) torna-se útil:

2 2
2 2 2 2 v x − vox
v x = vox + 2.a x .Δx ⇒ v x − vox = 2.a x .Δx ⇒ a x =
2.Δx

=
(15 m / s ) − (22 m / s )
2 2
=
225 − 484 ⎡ m 2
m⎤ 259 m
ax ⎢ 2 = 2⎥=−
2.80 m 160 ⎣ s .m s ⎦ 160 s 2
m
a x = −1,62
s2

O módulo da aceleração é igual a 1,62 m/s2 e está orientada para o oeste,


pois o sinal negativo indica-nos que a projecção da aceleração é negativa.
Assumindo que a orientação positiva do eixo é no sentido do movimento,
então a aceleração está orientada no sentido oposto ao do movimento.

v x − vox v −v 15 − 22 ⎡ m.s 2 ⎤
ax =⇒ t = x ox = ⎢ = s⎥
t ax − 1,62 ⎣ s.m ⎦
b. sabe-se que:
−7
t= s = 4,3 s
− 1,62

v x − v ox 0 − v ox − 22
c. t = = = s ≈ 13,6 s
ax ax − 1,62

d. Nesta alínea você pode optar por qualquer das fórmulas : ou a equação
horária, ou a equação de Torricelli.

2 2
v − vox 0 − 22 2 ⎡ m 2 .s 2 ⎤ 484
Δx = x = ⎢ 2 = m⎥ = m = 149,4 m
2.a x 2.(− 1,62) ⎣ s .m ⎦ 3,24

2. Dois corpos são lançados verticalmente para cima, a partir do mesmo


ponto, e com a mesma velocidade inicial de 200 m/s. Sabendo que eles
são lançados com intervalos de 4 s, e que g = 10 m/s2, determinar:

a. Quanto tempo após a partida do 2º móvel ocorre o encontro


deles?
b. Qual a velocidade do 1º móvel no instante do encontro?
108 Lição nº 3

Resolução:

a. Seja t a duração do movimento do corpo que foi lançado 1º até o


instante em que eles se encontram, então a duração do movimento do
2º móvel será de (t − 4 ) s .

1
b. Equação de movimento do 1º móvel é: y = v o .t − .g .t 2
2

1
c. Equação de movimento do 2º móvel é: y ′ = v o .(t − 4 ) − .g .(t − 4 )
2

2
Note que essas são as equações das coordenadas medidas em relação
a origem do SRI cuja origem está no ponto de lançamento e que está
orientado para cima. No instante do encontro, as suas coordenadas
em relação a origem são iguais, por isso, temos:

1 1
y = y ′ ⇔ v o .t − .g .t 2 = v o .(t − 4 ) − .g .(t − 4 )
2

2 2
1
2
1
( )
v o .t − .g .t 2 = v o .t − 4.v o − .g . t 2 − 8.t + 16
2
1 1
− .g .t 2 = −4.v o − .g .t 2 + 4.gt − 8.g ⇒ 8.g + 4.v o = 4.g .t
2 2
8.g + 4.v o 8.10 + 4.200 80 + 800 880
t= = = = s = 22 s
4. g 4.10 40 40

A duração do movimento do 2º móvel será de t ′ = t − 4 = 22 − 4 = 18 s

b. A velocidade de cada um dos móveis em cada instante será dada pela


equação:

m
v y = v o − g .t ⇒ v1 y = 200 − 10 .22 = ( 200 − 220 )
s
m
v1 y = −20
s

Qual é a interpretação que dá a esse resultado?

Certamente que é necessário pensar no carácter vectorial da velocidade.


Tendo isso em mente você poderá concluir que aos 22 s o móvel 1 já não
está a subir mas sim a descer, portanto o sinal negativo indica-nos que o
móvel inverteu o sentido de marcha.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 109

3. Um corpo move-se ao longo de uma recta de acordo com a lei


v = t 3 + 4.t 2 + 2 no SI. Se x = 4 m quando t = 2 s, determinar a posição
do corpo e a aceleração para t = 3s.

v=
dx
dt
(
⇒ dx = v.dt ⇒ x = ∫ v.dt = ∫ t 3 + 4.t 2 + 2 .dt )
t4 4
x = + t 3 + 2.t + c
4 3

Para t = 2 s, x = 4 m

24 4 3 32 44
4= + .2 + 2.2 + c ⇒ 4 = 4 + +4+c⇒ c = −
4 3 3 3
4
t 4 44
x = + .t 3 + 2.t − → coordenada da particula
4 3 3

A aceleração será dada por a x = =


(
dv x d t 3 + 4.t 2 + 2 )
= 3.t 2 + 8.t
dt dt

34 4 3 44 81 44
Para t = 3 s, temos: x = + .3 + 2 .3 − = + 36 + 6 −
4 3 3 4 3

81 44 249 44
x= + 42 − = − ≈ 48 m
4 3 4 3

m
a x = 3.3 2 + 8.3 = 27 + 24 = 51
s2

4.. Dois móveis deslocam-se sobre uma recta, em movimento uniforme,


partindo simultaneamente de dois pontos A e B da recta afastados de 70
cm. Quando eles se movem em sentidos opostos (um ao encontro do
outro) eles se encontram 7 segundos após a partida. Quando eles se
movem no mesmo sentido, um deles alcança o outro ao fim de 35
segundos. Calcular as velocidades dos dois móveis.

Resolução:

Vamos conceber um eixo que na direcção da trajectória é orientado da


esquerda para a direita:
110 Lição nº 3

Acima está representada a 1ª situação, os móveis movem-se em


sentidos opostos um ao encontro do outro.

Em relação a origem a coordenada do móvel que parte de A aumenta e


como o movimento é rectilíneo e uniforme teremos:

x A = xoA + v Ax .t ⇒ x A = v Ax .t pois xOA = 0 .

Em relação a origem a coordenada do móvel B diminui, pois o


movimento é retrógrado. Assim, temos:
x B = xoB + v Bx .t onde xoB = 70 cm e v Bx = −v B

Assim: x B = x oB − v B .t

No instante em que os dois móveis se encontram, as suas coordenadas


medidas por um observador inercial localizado na origem são iguais e
isso ocorre 7 segundos após a partida:

x A = x B ⇔ v Ax .t = x0 B − v B .t ⇒ v Ax .t + v B .t = xoB
xoB 70 cm
⇒ v A + vB = ⇔ v A + vB = ⇔ v A + v B = 10 (1)
t 7 s

2ª situação: Os dois móveis se movem no mesmo sentido:

x B = xoB + v Bx .t ⇒ x B = xoB + v B .t

No instante do encontro as coordenadas medidas em relação a origem


são iguais; e isso ocorre 35 s após a partida. Assim:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 111

xoB
x A = x B ⇔ v A .t = xoB + v B .t ⇒ v A .t − v B .t = xoB ⇒ v A − v B =
t
70 cm
v A − vB = ⇔ v A − v B = 2 (2)
35 s

Com as equações 1 e 2, você forma um sistema de duas equações à duas


incógnitas o qual pode ser resolvido usando qualquer um dos métodos de
resolução de sistemas de equações:

⎧−
⎧v A + v B = 10 ⎧− ⎪ ⎧vB = 10 − v A
⎨ ⇒⎨ ⎨ cm = ⎨ ⇒
⎩v A − v B = 2 ⎩2.v A = 12⎪v A = 6 ⎩−
⎩ s
⎧ cm
⎧ cm ⎪ vB = 4
⎪v B = 10 − 6 = 4 ⎪ s
⎨ s ⇒⎨
⎪⎩− ⎪v = 6 cm
⎪⎩ A s

Z c2σ 2 1,96 2 × 25 2
n= = = 97
E2 52

Sumário
Após que a partícula se move ao longo do eixo ox, a partir da posição
inicial xo para outra posição qualquer x, o seu deslocamento é
Δx = x − xo

A velocidade média da partícula durante um certo intervalo de tempo é a


razão entre o deslocamento e o intervalo de tempo durante o qual este
deslocamento ocorreu.

Δx
v xm =
Δt

A velocidade escalar média da partícula é igual a razão entre o espaço


total percorrido pela partícula e o tempo total que dura o seu movimento.

A velocidade instantânea da partícula é definida como sendo o limite da


Δx
razão quando Δt → 0 . Por definição, este limite é igual a derivada
Δt
112 Lição nº 3

da coordenada x da partícula com respeito ao tempo ou a taxa de variação


Δx dx
da posição da partícula. v x = lim Δt
Δt → 0
=
dt

A velocidade escalar instantânea é igual ao módulo da sua velocidade.

A aceleração média da partícula é definida como sendo a razão entre a


variação da velocidade da partícula Δv x e o intervalo de tempo durante o

qual ocorre essa variação.

Δv x v x − vox
a xm = =
Δt t − to

Δv x
A aceleração instantânea é igual ao limite da razão quando
Δt
Δt → 0 . Por definição, este limite é igual à derivada da velocidade com
respeito ao tempo ou é a taxa de variação da velocidade.

Δv x dv x
a x = lim =
Δt → 0 Δt dt

No MRU a velocidade é constante e a posição da partícula em qualquer


instante é dada por x = x o + v x .t .

No MRUV a aceleração é constante e a velocidade em qualquer instante


é dada por v x = vox + a x .t e a posição da partícula em qualquer instante

1
pode ser obtida pela equação x = x o + vox .t + .a x .t 2 .
2

Nos problemas do MRUV onde o tempo não aparece explicitamente, a


equação da velocidade como função da coordenada torna-se útil.

2 2
v x = vox + 2.a x .( x − xo )

As equações para o movimento de queda livre, que é um caso particular


do MRUV, obtêm-se das equações do MRUV substituindo o x por y e, ax
por ay , que pode ser igual a g ou (-g).

A seguir apresenta-se um exercício de auto-avaliação que deverá resolver


em 30 minutos.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 113

Exercícios

1. De Angoche a Pemba com um intervalo de 20 minutos saíram dois


km
carros que se moviam à velocidades v = 60 . A que velocidade
h
Auto-avaliação 8
v ′ se movia um carro que ia em direcção a Angoche , uma vez que se
encontrou com os dois carros a um intervalo τ = 8 min um depois do

km
outro? (R: v ′ = 90 )
h

2. Dois pontos materiais que inicialmente estão a uma distância de 750 m

Tempo de realização: um do outro movem-se uniformemente acelerados um ao encontro do


00:30 minutos outro. A aceleração do 1º é de 6 m/s2 e a do 2º é de 4 m/s2 . A velocidade
inicial do 2º ponto material é de 25 m/s, enquanto que a do 1º é nula.

a. Quanto tempo passa até os pontos se cruzarem? (R: 10 s)


b. Onde se localiza o ponto de cruzamento? (R: 300 m ou 450 m)

3. Dois móveis caem a partir de um mesmo ponto situado 300 m acima


do solo. Ao mesmo tempo que o 1º é abandonado sem velocidade inicial,
o 2º é arremessado para baixo com a vo= 40 m/s. Calcular a que altura h
acima do solo se acha o 1º móvel no instante em que o 2º chega ao solo.
114 Lição nº 3

As respostas da alínea b.2 dependem do ponto de referência. Se você


tomar como ponto de referência o ponto de partida do ponto que não tem

Dica velocidade inicial, então o encontro se dá a 300 m do ponto de partida


deste.

Agora se o referencial estiver localizado no ponto de partida do que tem


velocidade inicial, então o encontro se dá a 450 m do ponto de partida
deste.

No exercício.3 tem que calcular o tempo que o móvel arremessado leva a


alcançar o solo tendo em conta que é arremessado num ponto à 300 m do
solo. Tendo esse tempo você substitui na equação horária do móvel
abandonado sem velocidade inicial e terá o espaço por ele percorrido. A
diferença entre este valor e os 300 m dá-lhe a altura a que ele se encontra
quando o outro chega ao solo.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 115

Lição nº 4
Movimento em duas dimensões.
Vector deslocamento, velocidade
e aceleração
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Nela vai lidar com a cinemática da
partícula movendo-se no plano. O conhecimento das bases do
movimento bidimensional tornará possível analisar, nas futuras unidades,
uma variedade de movimentos, desde o movimento de satélites nas
órbitas até ao movimento de electrões em campos eléctricos uniformes.

Vamos começar o estudo mais detalhado da natureza vectorial das


grandezas cinemáticas: deslocamento, velocidade e aceleração.

Como no caso da cinemática do movimento unidimensional, deduziremos


as equações cinemáticas para o movimento bidimensional a partir das
definições dessas grandezas.

Posteriormente, discutiremos o movimento do projéctil e o movimento


circular uniforme como casos especiais do movimento bidimensional.
Discutiremos também o conceito de movimento relativo, o qual mostra
porque razão observadores em diferentes sistemas de referência podem
obter resultados diferentes na medição do deslocamento, velocidade e
aceleração para dada partícula.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Exprimir o vector deslocamento em coordenadas cartesianas;

ƒ Exprimir o vector velocidade em coordenadas cartesianas;

Objectivos ƒ Exprimir o vector aceleração em coordenadas cartesianas;


116 Lição nº 4

ƒ Analisar o movimento bidimensional como a composição de dois


movimentos;

ƒ Interpretar o lançamento de projécteis como um movimento


composto;

ƒ Identificar o movimento do projéctil como caso particular do


movimento bidimensional com aceleração constante;

ƒ Determinar os vários parâmetros do movimento do projéctil;

ƒ Explicar o conceito projéctil;

ƒ Interpretar as suposições em que se baseia a discussão sobre o


movimento do projéctil;

ƒ Interpretar a relatividade de movimento;

ƒ Definir velocidades e acelerações relativas;

ƒ Caracterizar o movimento circular;

ƒ Caracterizar o movimento circular;

ƒ Caracterizar o movimento circular uniforme;

ƒ Identificar e explicar o movimento circular uniforme como


movimento variado;

ƒ Explicar o significado físico da aceleração no movimento circular


uniforme;

ƒ Explicar o significado físico das componentes radial e tangencial da


aceleração.

Pré-requisitos:

No início desta lição o estudante deve ser capaz de:

− Definir e interpretar fisicamente as grandezas cinemáticas


deslocamento, velocidade e aceleração;

− Identificar a expressão de cada uma delas;

− Adicionar vectores;

− Definir sistema de referência;


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 117

− Definir as grandezas cinemáticas no movimento unidimensional;

− Exprimir as grandezas cinemáticas como vectores;

− Explicar o sentido físico de cada grandeza cinemática;

− Identificar as condições para a determinação cinemática do


movimento dum ponto no espaço;

− Estabelecer a diferença entre movimento unidimensional e


bidimensional;

− Identificar as equações do movimento bidimensional;

− Definir as diferentes grandezas cinemáticas em função de suas


projecções;

− Identificar as características do movimento bidimensional.

Vectores deslocamento, velocidade e aceleração:

Ao discutirmos o movimento unidimensional vimos que o movimento da


partícula é completamente conhecido quando a sua posição como função
do tempo é conhecida.

Aqui estenderemos essa ideia para o movimento duma partícula no plano


xy.

A posição da partícula pode ser descrita através do seu vector - posição.


r
Chama-se vector - posição, r , duma partícula ao vector emanado desde a
origem do sistema de eixos coordenados até a posição onde a partícula se
encontra.

Consideremos uma partícula que no instante t1 na posição A e, num


instante subsequente t2, está na posição B. A trajectória seguida pela
partícula não é, necessariamente, uma linha recta.

Como a partícula se move de A para B no intervalo de tempo


Δt = t 2 − t1 , o seu vector posição variou de r1 para r2.

Recorde-se como definimos o deslocamento no movimento


unidimensional!
118 Lição nº 4

Como podemos definir o deslocamento neste movimento?

O vector deslocamento da partícula durante o intervalo de tempo ∆t =t1-t2


é a diferença entre o vector - posição da partícula na posição final e o
vector posição da partícula na posição inicial:
r r r
Δ r = r 2 − r1 (4.12)

- Este vector está orientado de A para B. Veja na figura.

Velocidade média:

Velocidade média da partícula durante o intervalo de tempo ∆t é a razão


entre o vector deslocamento da partícula e esse intervalo de tempo.
r
r Δr
vm = (4.13)
Δt

é o vector velocidade média. Este vector tem a mesma direcção e sentido


do vector deslocamento.

A velocidade média do movimento duma partícula que se move entre


dois pontos é independente da trajectória seguida pela partícula.
Justifique esse facto!
Tome Nota!

Velocidade instantânea:

Considere o movimento duma partícula, entre dois pontos, no plano xy


como mostra a figura.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 119

Cada vez que o intervalo de tempo de observação do movimento se torna


menor, a direcção do deslocamento aproxima-a da tangente à trajectória
no ponto A.

Portanto, a velocidade instantânea v da partícula é definida como sendo o


r
Δr
limite da velocidade média quando ∆t tende a zero.
Δt
r r
r Δ r dr
v = lim = (4.14)
Δt → 0 Δt dt

A velocidade instantânea da partícula é um vector aplicado à partícula e


igual à derivada do vector - posição com respeito ao tempo..

A velocidade instantânea é sempre tangente à trajectória em


qualquer ponto.

r r r r
r Δr ⎛ Δr Δs ⎞ Δr Δs dr
v = lim = lim ⎜ . ⎟ = lim . lim = .v (4.15)
Δt →0 Δt Δt →0 ⎝ Δs Δt ⎠ Δt → 0 Δs Δt →0 Δt ds

Tome Nota! Onde v é a velocidade escalar instantânea, esta velocidade obtém-se


quando se usa a coordenada em forma de arco ao longo da trajectória
r
dr r
para determinar a posição da partícula e = τ (lê-se tau) é o vector
ds
unitário na direcção da tangente à trajectória. Onde s é a coordenada
medida ao longo da trajectória.
r r
Posto isto, podemos escrever v = v .τ o que concorda com a conclusão
tirada acima em relação à direcção da velocidade instantânea.
120 Lição nº 4

Mas, coloca-se a questão de que relação se estabeleça entre o escalar do


vector velocidade (o módulo do vector) e a velocidade escalar?

Da fórmula (14) tem-se que o módulo da velocidade instantânea é dado


Δr
por lim
Δt → 0 Δt
e, da fórmula (15) o módulo da velocidade instantânea é

Δs
dado por lim
Δt → 0 Δt
pois o vector unitário por definição tem módulo

Δs Δr
igual a unidade. Daqui conclui-se que lim Δt = lim Δt
Δt →0 Δt → 0

ds dr
⇔ = ou seja, a velocidade escalar coincide com o escalar da
dt dt
velocidade. Por isso, tanto a equação s = s(t ) como a equação
r r
r = r (t ) nos podem conduzir ao valor da velocidade.

Aceleração da partícula:

A medida que a partícula se move a partir de um ponto para outro ao


longo da sua trajectória, o seu vector velocidade instantânea varia de v1 no
instante t1 para v2 no instante t2. Conhecendo a velocidade nesses pontos
podemos determinar a aceleração média da partícula.

Fig.4.10

Chama-se aceleração média da partícula ao seu movimento de uma


r
posição para outra à razão entre a variação do vector velocidade Δ v e o
intervalo de tempo ∆t em que ocorreu tal variação.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 121

r r r
r v − v1 Δ v
am = 2 = (4.16)
t 2 − t1 Δt

O vector aceleração média é um vector cuja direcção e sentido coincide


r
com o do vector Δv .

Quando a aceleração média da partícula varia durante diferentes


r
intervalos de tempo, torna-se útil definir a aceleração instantânea a .
r
Δv
A aceleração instantânea é definida como sendo o limite da razão
Δt
quando Δt → 0 :
r r
r Δ v dv
a = lim =
Δt → 0 Δt dt

É preciso reconhecer que durante o movimento da partícula muitas


variações podem ocorrer:

Tome Nota! 1. O módulo do vector velocidade pode variar enquanto a sua direcção
permanece constante;

2. A direcção do vector velocidade pode variar enquanto seu módulo se


mantém constante;

3. Tanto o módulo como a direcção do vector velocidade podem variar.

Movimento bidimensional com aceleração constante:

Consideremos um movimento bidimensional durante o qual a aceleração


permanece constante tanto em módulo como em direcção.

O vector -posição da partícula movendo-se no plano xy pode ser escrito


r r r
r = x .i + y . j (4.17)
r
Onde x, y, e r variam com o tempo à medida que a partícula se move;
r r
enquanto i e j (que são vectores unitários na direcção dos eixos x e y,
respectivamente) permanecem constantes.
122 Lição nº 4

Se o vector - posição da partícula, como função do tempo, é conhecido,


então a velocidade da partícula pode ser obtida através da fórmula 14 e
17.
r r r r
Δ (x.i + y. j )
r
r Δr Δx.i + Δy. j
v = lim = lim = lim =
Δt →0 Δt Δt → 0 Δt Δt →0 Δt
Δx r Δy r dx r dy r r r r
lim
Δt →0 Δt
.i + lim . j = .i + . j ⇒ v = v x .i + v y . j
Δt →0 Δt dt dt
r r r
Então v = v x .i + v y . j (4.18)

r
Como a aceleração a é suposta constante, as suas projecções

a x e a y também são constantes. Como tal, podemos aplicar as

fórmulas da cinemática obtidas para o caso do movimento


unidimensional com aceleração constante para as expressões das
projecções v x e v y do vector velocidade.

Assim v x = v ox + a x .t e v y = v oy + a y .t . Substituindo na equação

18 obtemos:
r r r r r r
v = (vox + a x .t ).i + (voy + a y .t ). j = (vox .i + v0 y . j ) + (a x .i + a y . j ).t
r
r r r (4.19)
⇒ v = vo + a.t

A equação (4.19) é a expressão do vector velocidade como função do


tempo.

Este resultado diz-nos que a velocidade da partícula num instante


r
qualquer t, é igual a soma de sua velocidade inicial v o e a velocidade
r
adicional a.t adquirida pela partícula no intervalo de tempo t, como
resultado da aceleração constante.

Como pode obter a equação do vector -posição da partícula para este tipo
de movimento?

Usando um procedimento que nos conduziu à expressão do vector


velocidade e, aplicando a equação 10 para as coordenadas x e y da
partícula em movimento, temos:

1 1
x = x o + v o .t + .a x .t 2 e y = y o + v o .t + .a y .t 2
2 2

Substituindo essas expressões na fórmula 17, teremos:


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 123

r ⎛ 1 ⎞r ⎛ 1 ⎞r
r = ⎜ xo + vo .t + .a x .t 2 ⎟.i + ⎜ y o + vo .t + .a y .t 2 ⎟. j =
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
r r r r r r
= (xo .i + y o . j ) + (vo .i + vo . j ).t + .(a x .i + a y . j ).t 2 = ro + vo .t + .a.t 2
1 r r 1 r
2 2
r r r 1 r 2
Então, r = ro + vo .t + .a.t (4.20)
2

A fórmula 20 exprime o vector -posição da partícula como função do


tempo. Ela diz-nos que o vector deslocamento da partícula
r r r r
Δ r = r − ro é a soma vectorial do deslocamento v o .t que surge
como resultado da velocidade inicial da partícula, e o deslocamento
1 r 2
.a .t resultante da aceleração constante da partícula.
2
Portanto, no movimento bidimensional a velocidade e o vector -posição
da partícula variam com o tempo de acordo com as seguintes equações:

r r r ⎧v x = vox + a x .t
v = vo + a.t ⇔ ⎨ (4.19.a)
⎩v y = voy + a y .t

⎧ 1
⎪ x = xo + vox .t + .a x .t 2
r r r 1 r ⎪ 2
r = ro + vo .t + .a.t 2 ⇔ ⎨ (4.20.a)
2 ⎪ y = y + v .t + 1 .a .t 2
⎪⎩ o oy
2
y

r r
As projecções das fórmulas do vector v e do vector r sobre os eixos das
coordenadas mostram-nos que o movimento bidimensional com
aceleração constante é equivalente a dois movimentos simultâneos e
independentes - um ao longo do eixo x e, o outro ao longo do eixo y com
acelerações constantes a x e a y , respectivamente.

Movimento do Projéctil:

Qualquer um, incluindo você, já observou o movimento dum projéctil.


Com efeito já observou o movimento duma bola de futebol, pedra ou
qualquer outro objecto lançado ao ar!

Chama-se projéctil a qualquer objecto que, tendo recebido uma


velocidade inicial , segue uma trajectória determinada pela acção de
gravidade e pela resistência do ar.
124 Lição nº 4

Lançamento horizontal e lançamento oblíquo.

Exemplo
Uma bola chutada ao ar pode mover-se ao longo duma trajectória curva e
o seu movimento torna-se simples de analisar se fizermos as seguintes
suposições:
r
− A aceleração de gravidade g permanece constante durante todo o
movimento e está orientada para baixo;

− A resistência do ar é desprezível

Ao longo da nossa discussão sobre lançamento do projéctil usaremos


estas suposições.

Lançamento Horizontal:
r
Considere um projéctil lançado com velocidade horizontal v o , de um

ponto O situado a uma altura h acima do solo.

Uma bola que rola no tampo de uma mesa, ao abandonar a mesa é um


exemplo de lançamento horizontal

Exemplo Uma pedra lançada horizontalmente também é um exemplo deste tipo de


lançamento.

Fig.4.11

r
vo
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 125

Adoptemos um sistema de eixos coordenados em que oy está orientado


para baixo:

Fig.4.12

Na direcção horizontal, temos um movimento uniforme, pois a


velocidade nessa direcção permanece constante.

Você pode justificar essa afirmação?

Naturalmente que para justificar esse facto tem que reparar para as
suposições. Uma delas diz que a aceleração permanece constante durante
o movimento e está orientada para baixo. Daqui se conclui que a
aceleração de gravidade não tem componente ao longo do eixo x, ou seja,
a sua projecção é igual a zero por isso, v x = vox = vo ; daí que:

x = vo .t

Na vertical: O movimento é uniformemente acelerado, particularmente de


queda livre pois a y = g , daí que:

1
v y = g.t e y = . g .t 2
2

As coordenadas podem ser consideradas de equações paramétricas, cujo


parâmetro é a variável t:
126 Lição nº 4

⎧ x = v o .t

⎨ 1 . Essas expressões dão-nos a equação da trajectória na
⎪⎩ y = . g .t 2

2
forma implícita. Para obtê-la na forma explícita é necessário eliminar a
variável t, para que ela apareça na forma y = y ( x ) .

Vamos obter a equação da trajectória:

⎧ x = vo .t ⎧ x ⎧− ⎧−
⎪ ⎪t = ⎪ 2 ⎪
⎨ 1 ⇒ ⎨ vo ⇒ ⎨ 1 ⎛ x ⎞ . ⇒ ⎨ y = 1 .g. x (4.21)
2

⎪⎩ y = 2 .g.t ⎪ y = .g.⎜⎜ ⎟⎟
2
⎪− ⎪ 2 vo 2
⎩ ⎩ 2 ⎝ vo ⎠ ⎩

Pode-se notar que esta é a equação de parábola.

Quanto tempo a partícula leva a alcançar o solo e a que distância está do


ponto de lançamento?

Designemos o tempo que a partícula leva a alcançar o solo de tempo de


queda (tq), a sua coordenada y = h e x será chamado de alcance
horizontal.

Dado que se trata de dois movimentos simultâneos e independentes


temos:

1 2 2 2.h 2.h
h = .g.t q ⇒ t q = ⇒ tq = - tempo de queda (4.22)
2 g g

2.h
O alcance horizontal será dado por: x = v o .t q ⇒ x = v o . (4.23)
g

A velocidade em qualquer instante será dada por:

r r r r 2 2
v = v x .i + v y . j ⇒ v = v x + v 2 y = vo + g 2 .t 2

A direcção do vector velocidade será dada pelo ângulo α em qualquer


vo ⎛v ⎞
instante: tgα = ⇒ αˆ = arctg ⎜⎜ o ⎟⎟ ⇒ αˆ = α (t ) o ângulo que o
g .t ⎝ g .t ⎠
vector velocidade forma com o eixo y (ou com eixo x) varia com o tempo
durante o movimento.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 127

1. Numa operação de emergência, durante as cheias, um avião deixa


cair caixas de ração. Sabendo que o avião voava horizontalmente a

Exemplo uma velocidade de 40 m/s e a uma altura de 100 m acima do solo:

a. A que distância do ponto de lançamento as caixas irão cair?

b. Quais são as projecções da velocidade da caixa imediatamente


antes de chocar o solo?

Resolução:

Fig.4.13

Fixemos a origem do sistema de referência no ponto de lançamento da


caixa.

a. A equação que nos permite fazer o cálculo da distância é a da abcissa

x = v x .t .

A velocidade inicial da caixa no momento em que é deixada cair é a


mesma que do avião e, como o avião voa horizontalmente teremos:

m m
v x = 40 e vy = 0
s s

Assim x = 40.t . Se conhecermos o tempo que a caixa leva no ar, então


podemos calcular a distância procurada. Para calcular o tempo que a
caixa leva, desde o seu lançamento até tocar o solo, podemos usar a
equação do movimento vertical tomando h = y = 100 m.
128 Lição nº 4

1 2. y 2.h
y = .g .t 2 ⇒ 2. y = g .t 2 ⇒ t 2 = ⇒t =
2 g g

Sabe-se que

2.h 2.100 ⎡ m ⎤
x = v0 x .t ⇒ x = vox . = 40. ⎢ .s = m⎥ = 181m
g 9,8 ⎣ s ⎦

Portanto, a caixa toca o solo num ponto localizado a 181 m do ponto em


que foi deixada cair.

b. As projecções da velocidade da caixa:

m
v x = 40 e
s

2.h ⎡m m2 ⎤
v y = g .t = g . = 2.g .h = 2.9,8.100 ⎢ 2 .m = 2 ⎥
g ⎣s s ⎦
m
v y = 44,2
s

Lançamento Oblíquo:

Considere um projéctil que, no instante t = 0 s , é lançado da origem do


sistema de eixos coordenados (xo = yo = 0 ) com uma velocidade inicial
r
vo cuja direcção forma com a horizontal um ângulo θ o . Além disso,
tomando como base as suposições e o esquema abaixo conclui-se que :
a y = − g e ax = 0

Fig.4.14
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 129

Ao longo do eixo ox: - Movimento uniforme

v ox
= cos θ o ⇒ v ox = v o . cos θ o e, como a aceleração ao longo do eixo
vo
ox é nula, concluímos que a velocidade se mantém constante ao longo do
eixo ox. Daí que v x = vox = v o . cos θ o = cons tan te

Ao longo do eixo oy: - Movimento variado, como


vy = voy + ay .t ⇒ vy = vo .senθo − g.t

Equações paramétricas (posições horizontal e vertical da partícula):

⎧ x = vox .t = vo . cos θ o .t

⎨ 1 1
⎪⎩ y = voy .t − 2 .g .t = vo .senθ o .t − 2 .g .t
2 2

A equação da trajectória será obtida se você eliminar o parâmetro t,


resolvendo uma das equações em ordem a t e substituir na outra.

⎧x = vo.cosθo.t ⎧ x ⎧−
⎪ ⎪t = ⎪
⎨ 1 2 ⇒⎨ vo.cosθo ⇒⎨ 1 x2
⎪⎩y = vo.senθo.t − 2.g.t ⎪− ⎪y = x. tangθo − .g.
⎩ ⎩ 2 vo2.(cosθo )2

Portanto, a equação da trajectória é dada pela seguinte expressão:

⎛ g ⎞ 2
y = x.tgθ o − ⎜⎜ 2 ⎟⎟.x (4.24)
⎝ 2.v . cos θ o ⎠
2

Que curva é representada por esta expressão?

Facilmente você nota que se trata de uma parábola com concavidade


virada para baixo pois é uma expressão do tipo y = bx − a.x 2 .

π
A equação dada é válida para ângulos no intervalo de 0 < θ o < .
2

Tendo em conta as condições iniciais, como escreve a expressão do


vector posição do projéctil?

Claro que só precisa de adequar a equação (20) a essas condições, quer


r r r
dizer, ro = 0 e a = g , por isso vai obter a expressão:
130 Lição nº 4

r r 1
r = vo .t + .g .t 2
2

Como interpreta esta equação? O que é que cada parcela representa?

É interessante perceber que o movimento do projéctil pode ser


r
considerado a sobreposição do termo vo.t que seria o deslocamento da

1 r 2
partícula se não houvesse aceleração e o termo . g .t resultante da
2
aceleração de gravidade.

Em outras palavras, se não houvesse a aceleração de gravidade a partícula


continuaria a mover-se em linha recta na direcção do vector velocidade
r
inicial v o . Portanto, o deslocamento vertical que a partícula efectua na

sua queda em linha recta é o mesmo que um corpo em queda livre faria
durante o mesmo intervalo de tempo.

Assim, conclui-se que o movimento dum projéctil é a sobreposição de


dois movimentos:

− Movimento horizontal com velocidade constante;

− Movimento de queda livre na direcção vertical.

Alcance horizontal e altura máxima alcançada pelo projéctil:

Vamos assumir que no instante t = 0 s, um projéctil é lançado desde a


r
origem do sistema de referência, com uma velocidade inicial vo que

forma um ângulo θ o com a horizontal, como mostra a figura. Dois pontos

são especificamente interessantes para analisar:

⎛ xmax ⎞
− O ponto mais alto A cujas coordenadas são ⎜ ; hmax ⎟
⎝ 2 ⎠

− O ponto B cujas coordenadas são ( x max ;0 )

A distância x max é o alcance horizontal e hmax é a altura máxima

alcançada pelo projéctil.

Vamos determinar x max e h max como funções de vo e θo e g.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 131

Fig.4.15

Como classifica o movimento do projéctil ao longo de oy?

Naturalmente que analisando as equações nessa direcção facilmente nota


que durante a ascensão a velocidade do projéctil diminui uniformemente.
Trata-se de movimento uniformemente retardado.

É capaz de explicar de quanto é que a velocidade diminui em cada


segundo?

O que acontece no ponto mais alto?

Por que é que o projéctil não continua a subir?

Como expressaria a velocidade do projéctil ao passar pelo ponto mais


alto?

Vamos deduzir a expressão de altura máxima. Para isso temos que


trabalhar com as grandezas que dizem respeito ao movimento vertical:

⎧v y = vo .senθ 0 − g .t

⎨ 1
⎪ y = vo .senθ o .t − .g .t
2

⎩ 2

Para nós encontrarmos a hmáx, que é a ordenada do ponto A, temos que


saber quanto tempo o projéctil leva a alcançar aquele ponto chamado
tempo de subida (ts). Esse tempo quando substituído na expressão da
ordenada y, obteremos a expressão desejada.

Sabe-se que no ponto A a componente y da velocidade se anula, então:


132 Lição nº 4

⎧ vo .senθ o
⎧v0 .senθ o − g .t s = 0 ⎧ g .t s = vo .senθ o ⎪t s =
⎨ ⇒⎨ ⇒⎨ g
⎩− ⎩− ⎪−

⎧−
⎪ 2
⎨ 1 vo .senθ o 1 ⎛ vo .senθ o ⎞ .
⎪ y = hmax = vo .senθ o .t s − .g .t s = vo .senθ o .
2
− .g .⎜⎜ ⎟⎟
⎩ 2 g 2 ⎝ g ⎠
vo .sen 2θ o vo sen 2θ o vo .sen 2θ o v .sen 2θ o
2 2 2 2

⇒ hmax = − = ⇒ hmax = o
g 2g 2g 2.g

v o .sen 2θ o
2

Portanto, hmax = (4.25)


2. g

A expressão do alcance horizontal pode ser obtida a partir da expressão


da abcissa x, se se conhecer o tempo total (tempo que o projéctil leva a ir
e retornar ao solo).

Mas, como se pode calcular o tempo total?

O que sabemos é que tempo total é a soma do tempo de subida com o


tempo de descida: t Total = t s + t d . Além disso, ao alcançar o ponto B, a

ordenada anula-se y = 0. Vamos ver para que valores de t isto acontece.

1 1
y = vo .senθ o .t − .g.t 2 ⇒ y B = 0 = vo .senθ o .t − .g.t 2 = 0
2 2
⎛ 1 ⎞ 1
t.⎜ vo .senθ o − .g.t ⎟ = 0 ⇒ t = 0 ∨ vo .senθ o − .g.t = 0
⎝ 2 ⎠ 2
v .senθ o
g.t = 2.vo senθ o ⇒ tTotal = 2. o ⇒ tTotal = 2.t s
g

Mas, por definição t Total = t s + t d ; e agora concluímos que

t Total = 2.t s . Igualando as duas expressões conclui-se que t s = t d .


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 133

Cálculo do alcance horizontal:

x = vo . cos θ o .t ; para t = tTotal


2.vo .senθ o
⇒ x = xmax = vo .tTotal . cosθ o ⇔ xmax = vo . cosθ o =
g
2.v . cosθ o .senθ o v .sen2θ o
2 2

= o ⇒ xmax = o (4.26)
g g

Note que as expressões 25 e 26 são úteis para o cálculo de hmáx e xmáx


r
somente quando a vo é conhecida (vo e θo são dados) e quando o ponto de

partida e de chegada do projéctil se situam no mesmo plano horizontal (à


mesma altura).

A seguir apresenta-se uma actividade para a qual precisa de 10 minutos


para a sua realização

1. Analise as fórmulas 25 e 26. Suponha que faz vários lançamentos


dum projéctil com o mesmo valor da velocidade inicial e variando o
ângulo de lançamento. Como é que a altura máxima varia com o
Actividade nº 13
ângulo? Para que valor do ângulo de lançamento obterá o maior valor
de hmá? Como é que o alcance horizontal varia com o ângulo? Para
que ângulo de lançamento obterá maior alcance?

Tempo de realização:
00:10 minutos

Tenha em conta o domínio da função seno. A partir daí veja como é que o
seno do ângulo de lançamento varia com o aumento do ângulo. Recorde-

Dica se também para que valor do ângulo o seno alcança o valor máximo.

2. À medida que o projéctil se move ao longo da sua trajectória, haverá


algum ponto ao longo dessa trajectória no qual os vectores velocidade
e aceleração são:

a. Mutuamente perpendiculares. (R: No ponto de hmáx)


134 Lição nº 4

b. Paralelos. (R: Não existe)

Procedimentos para a solução de Problemas Movimento do Projéctil

Sugere-se que use o seguinte procedimento:


Dica
I. Escolha um sistema de coordenadas e faça a projecção da
velocidade inicial nos eixos ox e oy .

II. Siga os procedimentos para a solução de problemas com


velocidade constante, para analisar o movimento horizontal. Siga
os procedimentos para a solução de problemas com aceleração
constante para analisar o movimento vertical.

Lembre-se que os movimentos vertical e horizontal são simultâneos e,


portanto, as coordenadas x e y partilham o mesmo tempo de voo.

1. Um atleta da categoria de salto em comprimento deixa o solo,


seguindo uma direcção que forma um ângulo de 20º com a horizontal,

Exemplo com uma velocidade de 11 m/s.

a. A que distância do ponto de partida ele vai cair?

b. Qual é a altura máxima alcançada pelo atleta?

Resolução:

a. Como o vector velocidade inicial é conhecido (vo e θo), a forma


mais rápida de resolver este problema é usar directamente a
equação do alcance horizontal. Contudo, é mais instrutivo optar
pelo procedimento geral.

Fixemos a origem do sistema de coordenadas no ponto de partida


e designemos o ponto mais alto por A e o ponto de chegada por
B.

O movimento horizontal é descrito pela equação


x = vox .t ⇒ x B = vox .tTotal = vo . cos θ o .tTotal
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 135

Cálculo do tempo total: Já foi dito que o tempo total é o dobro do


tempo de subida. O tempo de subida é obtido tendo em conta que
na posição de altura máxima a componente vertical da velocidade
é nula.

vo .senθ o 11.sen20o
v y = 0 = vo .senθ o − g.t s ⇒ t s = = = 0,384s
g 9,8
⎡m ⎤
⇒ x B = 11. cos 20o.2.0,384⎢ .s = m⎥ = 7,94m
⎣s ⎦

b. A altura máxima é calculada considerando a equação da


coordenada:
1 1
y = vo ..sen20 o.t s − .g.t s = 11.sen20 o.0,384 − .9,8.(0,384) [m]
2 2

2 2
y = 0,722m

Na resolução deste problema consideramos o atleta como um


ponto material. Acha essa consideração pertinente?

Movimento circular. Movimento circular uniforme

Já se deve estar recordando que os movimentos podem ser


classificados quanto à trajectória e quanto ao carácter da
velocidade.

Explique de onde é que vem a classificação de “movimento


circular”?

Com efeito, o movimento duma partícula chama-se circular quando


a sua trajectória em relação ao sistema de referência escolhido é
uma circunferência.

− As pontas dos ponteiros dum relógio executam movimentos


circulares

Exemplo − Um carro que descreve uma rotunda de sentido giratório realiza um


movimento circular.

Dê exemplos de movimentos circulares mais frequentes na sua zona de


residência.
136 Lição nº 4

Movimento circular Uniforme:

Aqui já tem as duas classificações em conjunto, uma quanto à forma da


trajectória e outra quanto ao carácter da velocidade.

O movimento de uma partícula chama-se circular uniforme se, em relação


ao sistema de referência adoptado, a partícula descreve uma
circunferência, mas mantendo o módulo (o valor) de sua velocidade
constante.

Tendo em conta a definição da aceleração, acha possível existir um


movimento curvilíneo sem aceleração?

Concluirá que não é possível. De facto, todo o movimento curvilíneo tem


aceleração pois neste tipo de movimento, o vector velocidade muda
continuamente de sua direcção. Por consequência, há uma aceleração que
caracteriza essa variação do vector velocidade.

Para além disto, já foram discutidos os sentidos físico e geométrico do


vector velocidade e, a partir daí já ficamos sabendo que o vector
velocidade é sempre tangente à trajectória em qualquer ponto.

Quando o objecto se move numa trajectória circular, o seu vector


velocidade é perpendicular ao raio da circunferência.

Vamos de seguida concluir que no movimento circular uniforme, a


aceleração é sempre perpendicular à trajectória e sempre está apontada
para o centro da circunferência.

Uma aceleração cuja natureza é a descrita anteriormente chama-se


aceleração centrípeta (ou aceleração radial).

Fig.4.16
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 137

Consideremos uma partícula que no instante t1 se encontra na posição A,


com velocidade v1 e, no instante t2 na posição B com velocidade v2.

Vamos assumir que as duas velocidades diferem apenas na direcção; os


seus módulos são iguais (v1 = v2 = v).
r r r
r v 2 − v1 Δv
Sabe-se que a aceleração média é dada por: a m = =
t 2 − t1 Δt

Consideremos os triângulos (a) e (b). O triângulo (a) cujos lados são r e


∆r e o triângulo (b) cujos lados são v e ∆v, são semelhantes! (Prove a sua
semelhança). Por isso, podemos escrever a seguinte relação entre os
comprimentos dos lados desses triângulos:

Δv Δr
=
v r

Resolvendo esta equação em ordem `a ∆v e tendo em conta que o valor


Δv
da velocidade média pode ser dado por a m = , então temos o
Δt
seguinte:

v
Δv = .Δr , substituindo esta relação na equação escalar da aceleração
r
v Δr
média temos: a m = .
r Δt

Agora, imagine que os pontos A e B na figura (a) estão infinitamente


próximos um do outro. Neste caso o vector ∆v aponta para o centro da
circunferência. E, como a aceleração está na direcção de ∆v, então a
aceleração também aponta para o centro da circunferência. Para além
disso, à medida que A se aproxima indefinidamente de B, ∆t tende para
138 Lição nº 4

Δr
zero e se aproxima do valor da velocidade instantânea. Por
Δt
consequência, o valor da aceleração é:

v Δr v Δr v v2
a r = lim . = . lim = .v = (4.27)
Δt → 0 r Δ t r Δt → 0 Δ t r r

Onde r é o raio da trajectória e v é o valor da velocidade.

Portanto, no movimento circular uniforme a aceleração está dirigida para

v2
o centro da circunferência e o seu valor obtém-se pela relação
r

Aceleração tangencial e radial

Agora, consideremos uma partícula que se move numa trajectória


curvilínea durante a qual a sua velocidade varia tanto em módulo como
em direcção.

Como sempre, a direcção do vector velocidade é tangente à trajectória em


qualquer ponto; mas, neste caso a direcção da sua aceleração varia de
ponto para ponto. Este vector pode ser decomposto em duas
componentes: a componente radial (ou centrípeta) ar, e a componente
tangencial at.,

Fig.4.17
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 139

Portanto, a aceleração no movimento curvilíneo pode ser escrita como a


soma vectorial das componentes radial (ou centrípeta) e a componente
tangencial.
r r r
a = ar + at (4.28)

A componente radial está orientada ao longo do raio da trajectória e,


como tal, aponta para o centro desta. A componente tangencial está
orientada ao longo da tangente à trajectória.

Mas, qual é a interpretação física de cada uma delas?

Quando estávamos a discutir o movimento circular uniforme, vimos que


apesar do módulo da velocidade da partícula permanecer constante, a
partícula move-se com uma aceleração porque o vector velocidade varia
continuamente de direcção.

Pode dizer-se que a aceleração radial (ou centrípeta) surge da variação


da direcção do vector velocidade.

Portanto, a aceleração centrípeta (ou radial) caracteriza a variação da

v2
direcção do vector velocidade. O seu valor é dado por a r =
r

A aceleração tangencial surge da variação do módulo do vector


velocidade.

Portanto, a aceleração tangencial caracteriza a variação do módulo do


r
dv dv
vector velocidade. O seu valor é dado pela expressão at = =
dt dt

Mas, como é que podemos calcular o valor da aceleração que é


representada pela soma das duas componentes?

Primeiro é preciso reconhecer que as componentes tangencial e radial são


mutuamente perpendiculares. Por isso, o módulo da sua soma pode ser
calculado pelo teorema de Pitágoras:
140 Lição nº 4

r r r r r r r 2 r 2
a = a r + at tal que ar ⊥ at ⇒ a = ar + at (4.29)

Segue-se uma actividade para a qual vai precisar de 15 minutos


para resolver.

a. Faça um diagrama de movimento mostrando os vectores velocidade e


aceleração para um objecto movendo-se a uma velocidade de módulo
constante, no sentido anti-horário ao longo duma circunferência.
Actividade nº 14
b. Faça um diagrama semelhante para um objecto em movimento
retardado ao longo duma circunferência, no sentido anti-horário, com
aceleração tangencial constante.

c. Faça um diagrama como na alínea anterior mas desta feita para um


Tempo de realização:
00:15 minutos objecto em movimento acelerado com aceleração tangencial
constante.

Para responder a estas questões você deverá ter em conta que em


qualquer movimento o vector velocidade é tangente a trajectória em

Dica qualquer ponto.

O movimento circular uniforme tem apenas a aceleração centrípeta.

Para o movimento circular com aceleração tangencial, tanto a velocidade


como a aceleração situam-se no plano tangente à trajectória no ponto
considerado, podendo ter o mesmo sentido se o movimento for acelerado
e sentidos opostos se o movimento for retardado.

Você sabia que com base nessas duas componentes pode fazer toda
a classificação de movimentos?
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 141

Veja se a classificação, apresentada na nota a seguir faz sentido


para si.

r r r
− Se uma partícula se move de tal forma que a r = 0 ⇒ a = at então a

direcção do vector velocidade não varia ⇒ o movimento é rectilíneo.

Tome Nota! r
− Se uma partícula se move de tal forma que a r ≠ 0 ⇒ a direcção do
vector velocidade varia e o movimento é curvilíneo.

r r r
− Se a partícula se move de tal forma que a a t = 0 ⇒ a = a r , então o

módulo do vector velocidade não varia e o movimento é uniforme.


s r
− Se a t = 0 e a r ≠ 0 ⇒ o movimento é curvilíneo uniforme.

r
− Se a t ≠ 0 ⇒ o módulo da velocidade varia e o movimento é

variado.
s r r r
− Se at = 0 e a r = 0 ⇒ a = 0 então v = cons tan te e o movimento

é rectilíneo uniforme.

Representação da aceleração em termos de vectores unitários:

Sabe-se que vector unitário é qualquer vector cujo módulo é igual `a


unidade.

Qualquer vector pode ser representado como o produto entre o seu


módulo e um vector unitário.

É conveniente escrever a aceleração duma partícula que se move numa


trajectória circular em termos de vectores unitários. Faz-se isso definindo
r r
um vector unitário e r e e θ como mostrado na figura.

Fig.4.18
142 Lição nº 4

r
Aqui, o vector unitário er que está na direcção radial (ao longo do raio) e
r
orientado para fora a partir do centro da trajectória e e θ , é um vector

unitário tangente à circunferência e orientado no sentido do crescimento


do ângulo θ contado no sentido anti-horário a partir do eixo x positivo.
r r
Repare que tanto er como eθ movem-se juntamente com a partícula e,
portanto, variam com o tempo. Usando essa notação, a aceleração total
pode ser expressa como sendo:

r r r dv r v 2 r
a = a r + at = .eθ − .er (4.30)
dt r

Por que será que a segunda parcela está afectada de sinal negativo?

A interpretação física desse sinal está relacionada com a oposição em


r r
termos de orientação entre os vectores a r e er .

1. Uma bola suspensa por um fio de comprimento igual a 0,50 m oscila


no plano vertical descrevendo uma circunferência sob influência da

Exemplo gravidade. Quando o fio faz um ângulo θ = 20º com a vertical, a bola
tem uma velocidade de 1,5 m/s.

a. Determine o valor da aceleração radial, nesse instante.

b. Qual é o valor da aceleração tangencial quando o ângulo θ = 20º?

c. Determine o módulo e a direcção da aceleração total no instante


referido em a).

Fig.4.19
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 143

Resolução:

2
⎛ m⎞
2 ⎜1,5 ⎟
v s⎠ m
ar = =⎝ = 4,5 2
a. Dados: sabe-se que r 0,50 m s

V = 1,5 m/s

R = 0,50 m

Pede-se: ar - ?

b. Pede-se: at - ?

Verifique que quando a bola está numa posição em que o fio forma
um ângulo θ com a vertical, ela tem uma aceleração tangencial cujo
r
valor é dado por
a t = g .sen θ (a componente de g tangente à

circunferência). Portanto, para a posição θ = 20º temos,


m
at = g.sen20 o = 3,4
s2
r r r
c. Dados: Sabe-se que
a = at + a r , e o seu valor para um ângulo

m r r r
a t = 3, 4 a = at
2
+ ar
2
s2 θ = 20º é dado por:

m r m m
a r = 4 ,5 a = (4,5 )2 + (3,4 )2 = 5,6 2
s2 s 2
s

Pede-se: A direcção da aceleração é dada pelo ângulo φ que


144 Lição nº 4

r
a − ? esta forma com o fio

at 3,4 ⎡ m s 2 ⎤ 3,4
tgϕ = = ⎢ . ⎥= = 0,76 ⇒ ϕ = arctg (0,76 ) = 37 o
a r 4,5 ⎣ s 2 m ⎦ 4,5

Note que tanto a aceleração total como as suas componentes variam tanto
em módulo como em direcção durante o movimento.

Tome Nota! Reflicta! Qual é o valor da aceleração tangencial e da aceleração radial


quando a bola está na posição mais baixa?

Se a bola tiver uma velocidade suficiente para alcançar a posição mais


alta (θ = 180º), quais os valores das componentes tangencial e radial da
aceleração?

Para a actividade que se segue vai precisar de 15 minutos.

1. Baseando-se na sua experiência, faça um diagrama de movimento


mostrando os vectores posição, velocidade e aceleração para um
pêndulo que, a partir da posição inicial formando um ângulo de 45º à
Actividade nº 15
direita da linha vertical, oscila ao longo dum arco até à sua posição
final formando um ângulo de 45º à esquerda da vertical. O arco é
parte da circunferência, e use o centro da circunferência como origem
da vector - posição.
Tempo de realização: 2. Um ponto movimenta-se ao longo da circunferência de raio igual a
00:15 minutos
2 3
8 m, sendo a lei do movimento S = .t no SI. Ache a velocidade
3
do ponto no instante t quando sua aceleração normal é igual, segundo
o módulo, a aceleração tangencial.

3. Uma partícula descreve uma circunferência de acordo com a lei


θ = 3.t 2 + 2.t no SI. Calcule a velocidade angular e a aceleração
angular da partícula para t = 4 s.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 145

Para fazer o diagrama, tenha em conta a interpretação geométrica da


velocidade e analise o movimento em 5 posições diferentes: Nas

Dica posições extremas à esquerda e à direita da posição central; nas posições


intermediárias e na posição central. Para cada caso analise se o
movimento é retardado ou acelerado para encontrar a posição relativa
entre os vectores velocidade e aceleração. Tenha em conta as
componentes da aceleração para encontrar a direcção do vector
aceleração.

Resolução:

2.

⎛ ⎛2 3⎞⎞
⎜ d ⎜ .t ⎟ ⎟
dv d s d ⎜ ⎝ 3 ⎠ ⎟ d (2.t 2 )
2
Sabe-se que aτ = = = = = 4.t . A
dt dt 2 dt ⎜ dt ⎟ dt
⎜ ⎟
⎝ ⎠

aceleração normal ar =
v2
=
( )
2.t 2
2

=
4t 4
onde v = 2.t 2 . Cálculo do
r r r
instante em que as duas acelerações são iguais:

4.t 4 t3
aτ = a r ⇔ 4.t = ⇔ 1 = ⇒ t3 = r = 8 ⇒ t = 2s
r r
v = 2.2 m / s = 8 m / s
2

3. Você só precisa de achar a 1ª derivada para encontrar a velocidade


angular e a 2ª derivada para encontrar a aceleração angular e substituir o t
por 4 s nas expressões obtidas para encontrar os valores da velocidade
angular ω e aceleração angular ε naquele instante.

Movimento relativo. Velocidade e aceleração relativas

Quando começamos a discutir a questão dos conceitos básicos da


Cinemática fizemos referência ao seguinte:

ƒ Importância de se indicar explicitamente o sistema de referência


em relação ao qual o movimento está sendo analisado,
146 Lição nº 4

ƒ Relatividade dos conceitos de movimento, repouso e da forma da


trajectória.

Nesta secção discutiremos a forma como observadores diferentes usando


diferentes sistemas de referências, mas observando o movimento dum
mesmo objecto podem relacionar e conciliar as suas observações.

Concluiremos que observadores usando sistemas de referências diferentes


podem ter resultados diferentes para deslocamento, velocidade e
aceleração duma dada partícula. Isto significa que dois observadores
movendo-se um em relação ao outro, geralmente não encontram os
mesmos resultados de medições para grandezas cinemáticas duma mesma
partícula.

1. Suponha que dois carros estão se movendo num mesmo sentido com
velocidades de 50 km/h e 60 km/h.

Exemplo Com que velocidade estará se movendo o carro mais rápido do ponto
de vista de um passageiro que está no carro lento?

Para um passageiro que está no carro lento o carro mais rápido move-se a
uma velocidade de 10 km/h. No entanto, para um observador em repouso

Dica nas bermas da estrada, o carro mais rápido move-se a 60 km/h e não a 10
km/h.

Então, que observador está correcto?

2. Quando se está numa estação ou numa paragem onde se cruzem dois


comboios (ou machimbombos) normalmente, se um deles se põe em
marcha, o passageiro fica um pouco confuso se é o comboio onde ele
se encontra ou o outro ao lado que está em movimento.

Estes e mais exemplos mostram o carácter relativo da velocidade de


movimento de um objecto. Portanto, a velocidade depende do sistema de
referência no qual ela foi medida.

A relatividade do movimento significa que este deve ser referido a um


referencial específico, escolhido pelo observador.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 147

Normalmente escolhe-se um referencial que facilite a análise do


problema.

Considere uma pessoa movendo-se através de uma bicicleta (observador


A), o qual atira uma bola para o ar de forma que para esta pessoa a bola
se move 1º verticalmente para cima, e depois verticalmente para baixo ao
longo duma mesma linha vertical.

Um observador em repouso (B), verá a bola mover-se numa trajectória


parabólica. Porquê?

A justificação é semelhante a que foi dada para o caso da caixa que foi
deixada cair a partir dum avião.

Pois, para o observador em repouso, a bola tem uma componente vertical


e o outra horizontal da sua velocidade.

De onde é que resultam essas componentes?

No caso da caixa deixada cair do avião referido num dos exemplos de


lançamento horizontal, um observador terrestre verá a caixa a descrever
uma parábola enquanto que um observador no avião verá a bola cair
verticalmente para baixo.

Velocidades e acelerações relativas:

Sejam dois pontos, A e B, e um observador O que usa como referencial


os eixos xyz.

Fig.4.20
148 Lição nº 4

As velocidades de A e B relativos a O são:


r r
r dr r dr
v A = A e vB = B
dt dt

As velocidades de B relativa a A e a de A relativa a B são dadas por:


r r r
r r r drBA drB drA r r r
rBA = rB − rA ⇒ = − ⇒ v BA = v B − v A (4.31.a)
dt dt dt
r r r r r r
rAB = rA − rB ⇒ v AB = v A − v B (4.31.b)

Das fórmulas (30) e (31) conclui-se que


r r r r r r
vBA = −v BA ⇒ v AB ↑↓ v BA ⇒ v AB = vBA

As acelerações Relativas:

A a aceleração de B relativa a A e a de A relativa a B são:


r r r
r dv BA dv B dv A r r r
a BA = = − ⇔ a BA = a B − a A
dt dt dt
r r (4.32)
r dv A dv B r r r
a AB = − ⇒ a AB = a A − a B
dt dt

Movimento relativo de translação uniforme:

Sejam dados dois observadores O e O’, que se movem um relativamente


ao outro em translação uniforme.
r
O observador O vê O’ a mover-se com uma velocidade v e O’ vê O a
r
mover-se com velocidade (− v ) e, ambos observam o movimento de um
ponto A.

Imagine que o movimento dessa partícula está sendo descrito por esses
dois observadores, um no sistema de referência S fixo em relação à Terra
e, o outro, no sistema de referência S’, que se move em relação a S com
r
uma velocidade constante v o .

Para t = 0 s, O≡ O’ e, escolhamos Oy ≡ O’y’:


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 149

Fig.4.21

r
Designemos por r , o vector-posição da partícula em relação ao sistema S
r
e, por r ′ o vector-posição da partícula em relação ao sistema S’ ambos
considerados depois de um certo intervalo de tempo t.

Esses vectores estão relacionados um com o outro através da relação

⎧ x′ = x − vo .t
⎪ y′ = y
r r r r r r ⎪
r = r ′ + vo .t ⇒ r ′ = r − vo .t ⇒ ⎨
⎪z ′ = z → (4.33)
⎪⎩t = t ′

Isto significa que depois de algum intervalo de tempo t, o sistema de


referência S’ ter-se-á deslocado para a direita de S em vo.t; mas, como
este sistema de referência move-se ao longo do eixo ox então as
coordenadas z e y medidas nos dois sistemas coincidem.

Como você determina a relação entre as velocidades da partícula medidas


nos dois sistemas?

Recorde-se que quando definimos as grandezas cinemáticas foi dito que a


velocidade é derivada do vector-posição da partícula com respeito ao
tempo, então:
r r
dr ′ dr d r r r r
= − (vo .t ) ⇒ v ′ = v − vo (4.34)
dt dt dt

Onde v’ é a velocidade da partícula observada no sistema S’ e v é a


velocidade da partícula observada no sistema S. As relações 33 e 34 são
equações da transformação de Galileu.
150 Lição nº 4

A transformação de Galileu relaciona coordenadas e velocidade da


partícula medidas no sistema de referência fixo em relação à Terra com
aquelas medidas num sistema de referência que se encontra em
movimento uniforme em relação à Terra.

No entanto, apesar de observadores usando sistemas de referências


diferentes S e S’ medirem velocidades diferentes para a partícula,
eles medem a mesma aceleração quando vo é constante.

Para verificar isso basta recordar-se que a aceleração é a derivada


do vector velocidade com respeito ao tempo, isto é,
r r r
dv d v dv o
= −
dt dt dt
r
dv o
Como vo é constante, então, = 0. E, portanto,
dt
r r
dv ′ dv r r
= ⇔ a′ = a
dt dt

A aceleração da partícula medida por um observador num sistema de


referência fixo em relação à Terra é a mesma que a que é medida por
qualquer outro observador que se move, em relação ao sistema de
referência fixo em relação à Terra, com velocidade constante.

1. No início da travessia de um rio, um barco tem uma velocidade de 10


km/h relativa à água e dirigida perpendicularmente às margens do rio.

Exemplo A água tem uma velocidade constante de 5 km/h em relação à Terra


na direcção paralela às margens. Determine a velocidade do barco em
relação a um observador parado numa das margens.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 151

Resolução:
r r
Seja vbr , a velocidade do barco relativa ao rio; e vrE a velocidade do rio
r
relativa à Terra. O que se procura é v bE , a velocidade do barco em

relação à Terra.

Fig.4.22

r r r
A relação entre estas três velocidades é: v bE = v br + v rE

Trata-se de soma de dois vectores perpendiculares.

Para determinar o seu módulo podemos recorrer ao teorema de

Pitágoras:

r r r km km
vbE = vbr
2
+ v rE
2
= (10)2 + (5)2 = 11.2
h h
r
E a direcção do vector v bE é dada por θ:
r
v rE 5
tgθ = r = = 0,5 ⇒ θ = arctg (0,5) = 26,6°
v br 10

2. Um rapaz, sentado num vagão aberto que se move na horizontal, com


velocidade constante de valor igual a 4 m/s, lança uma bola de baixo
para cima e vê-a mover-se na vertical. A bola demora 0,8 s a atingir o
ponto mais alto. Um homem parado fora do vagão observa também o
movimento da bola. Despreze as forças de resistência ao movimento.

a. Descreve a trajectória da bola, do ponto de vista do homem,


desde o instante de lançamento até atingir a altura máxima,
Fundamente a sua resposta.

b. Determine a velocidade da bola em relação a cada um dos


observadores, 1,1 s após o lançamento.
152 Lição nº 4

Resolução:

a. A trajectória da bola, do ponto de vista do homem, é uma parábola.

Fig.4.23

r
Justificação: Para este, o movimento da bola, v bT , resulta de uma

composição de dois movimentos:


r r
− Movimento da bola em relação ao rapaz, vbR = vbR . j ,

r
− Movimento horizontal do vagão, v vT = v vT .i
r r r r
r r r r r
( )
Portanto, vbT = vvT + vbR ⇒ vbT = vvT .i + vbR. j ⇒ vbT = vox .i + voy − g.t . j

As equações paramétricas para este movimento são:

⎧ x
⎧ x = vox .t ⎪t = v
⎪ ⎪ ox
⎨ 1 ⇒⎨
⎪⎩ y = voy .t − 2 .g.t
2 2
⎪ y = v . x − 1 .g . x
⎪⎩ oy
vox 2 vox 2

Quando se substitui a 1ª equação de t na equação de y obtém-se:

g x2
y = x.tgθ − . que é uma equação que representa a equação de
2 vox 2
uma parábola que passa pela origem dos eixos (x = 0 implica y = 0).
r
b. Cálculo da velocidade da bola em relação ao rapaz - v bR :
r
vbR = (voy − g .t ). j onde v oy → é o valor da velocidade inicial com que a
r

bola foi lançada.

Vamos calcular o valor de v oy :


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 153

O movimento da bola, do ponto de vista do rapaz, é uniformemente


retardado, sendo a expressão da velocidade da seguinte forma:
r r
v bR = v oy − g .t . Quando a bola atinge a altura máxima, vbR = 0

Substituindo valores nessa equação e sabendo que a bola leva 0,8 s a


atingir a altura máxima, obtém-se:

m
0 = voy − g .t ⇔ 0 = voy − 10.0,8 ⇒ voy = 8
s

Cálculo da velocidade da bola em relação ao rapaz, ao fim de 1,1 s:

r r rm
vbR (voy − g .t ). j ⇒ vbR = (8 − 10.1,1). j ⇔ vbR = −3. j
r r r
s

Cálculo da velocidade da bola em relação ao homem:

r r r r r r m
vbT = vox .i + (voy − g.t ). j ⇒ vbT = 4.i + (8 − 10.1,1). j = (4.i − 3. j )
r r
s

Sumário
r
Se uma partícula se move com aceleração constante a , tem a
r r
velocidade v o e vector posição ro no instante t = 0 s, então o seu vector

velocidade e vector posição depois de algum tempo t são:


r r r
v = v o + a .t
r r r 1 r
r = ro + v o .t + .a .t 2
2

Para um movimento bidimensional no plano xy com aceleração


constante, cada um desses vectores é equivalente a duas expressões que
são as projecções ( ou componentes) do vector – um para o movimento ao
longo do eixo x e a outra ao longo do eixo y.

Você deve ser capaz de decompor o movimento bidimensional de


qualquer objecto em duas projecções ou componentes.
154 Lição nº 4

Movimento de projéctil é um dos tipos de movimento bidimensional com


aceleração constante, onde a x = 0 e a y = − g . É útil pensar no

movimento do projéctil como a sobreposição de dois movimentos :

ƒ Movimento com velocidade constante ao longo do eixo x.

ƒ Movimento de queda livre na direcção vertical com uma


m
aceleração constante e dirigida para baixo de valor g = 9,8 .
s2

Você deverá ser capaz de analisar o movimento em termos de


componentes (ou projecções) horizontal e vertical da velocidade em
separado.

Fig.4.24

Uma partícula movendo-se numa trajectória circular de raio r, com


velocidade de módulo constante v está em movimento circular uniforme.
r
A partícula possui uma aceleração centrípeta (radial) a r porque a
r
direcção do vector velocidade v varia com o tempo.

v2
O seu valor é dado por a r = e está sempre orientada para o centro da
r
trajectória.

Se a partícula se move ao longo duma trajectória curvilínea de tal forma


que tanto o módulo como a direcção do vector velocidade variam com o
tempo, então a partícula possui uma aceleração que pode ser descrita por
dois vectores componentes:
r
− A componente radial (ou centrípeta) da aceleração, a r que
r
caracteriza a variação da direcção de v .
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 155

r
− A componente tangencial da aceleração, a t que caracteriza a
r
variação do módulo de v .

r v2 r
O módulo de a r é dado por a r = e o módulo da at é dado por
r
r
dv
at = .
dt

Você deverá ser capaz de esboçar diagramas de movimento para um


objecto que se move numa trajectória curvilínea e mostrar como os
vectores velocidade e aceleração variam a medida com o movimento do
objecto varia.
r
A velocidade v da partícula medida num sistema de referência fixo S
r
pode ser relacionada com a velocidade v ′ da partícula medida num
sistema de referência móvel S’ através da equação:
r r r
v ′ = v − vo
r
Onde v o é a velocidade do sistema S’ relativo a S.

Deve ser capaz de adequar esta fórmula para diferentes sistemas de


referência.

Precisará de 4 horas lectivas para completar as actividades de auto-


avaliação que se seguem.
156 Lição nº 4

Exercícios
1. A Carla está conduzindo o seu carro e move-se com uma aceleração
r r m
a = (3,00 .i − 2,00 . j ) 2 , enquanto o Júlio também no seu carro
r
Auto-avaliação 9
s
r r m
r
(
move-se com uma aceleração a = 1,00.i + 3,00. j ) 2 . Ambos
s
partem do repouso na origem do sistema de coordenadas xy. Depois
de 5 segundos:
Tempo de realização: a. Qual é a velocidade da Carla em relação ao Júlio?
02:00 Horas
b. Qual é a distância entre eles?

c. Qual é a aceleração da Carla relativa ao Júlio?

2. Do ponto x = y = 0 são lançados simultaneamente dois corpos com a


mesma velocidade inicial vo, um para o leste formando um ângulo
ϕ 1 acima da horizontal e, o outro, para oeste formando um ângulo
ϕ 2 acima da horizontal, conforme a figura.

Fig.4.25

a. Qual é a velocidade do movimento dos corpos um relativamente


ao outro?

b. Qual é a distância entre os corpos após o intervalo de tempo τ ?

3. Um carro percorre uma curva plana de tal modo que suas


coordenadas rectangulares, como funções do tempo, são dadas por
x = 2.t 3 − 3.t 2 e y = t 2 − 2.t + 1 no SI. Calcule:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 157

a. A posição do carro quando t = 1 s.


b. As projecções da velocidade num instante qualquer.
c. A velocidade para t = 0 s.
d. A aceleração para t = 0 s.
e. O instante em que a aceleração é paralela ao eixo do y

4. Um ponto move-se no plano xy de tal modo que v x = 4.t 3 + 4.t e

v y = 4 .t no SI. Se para t = 0s, x = 1 m e y = 2 m, obter a equação


cartesiana da trajectória.

y2
(R: x = , Parábola com ox como eixo de simetria )
4

5. Represente graficamente a trajectória dum ponto material com as


seguintes coordenadas: x = 4 + 2.t; y = 2.t; z = 0.

(R: Como z = 0, a partícula move-se no plano xy onde y = x-4).

6. Um ponto move-se no plano xy segundo a lei a x = −4.sen(t ) e

a y = 3 . cos( t ) no SI. Sabe-se que para t = 0 s, x = 0 m, y = 3 m, vx


= 4 m/s e vy = 0 s. Determine:

π 5 m
a. O valor da velocidade quando t = s. (R: v = 2 )
4 2 s

x 2 ( y − 6)
2
b. A equação da trajectória. (R: + = 1 ; Elipse)
16 9

7. Que velocidade inicial deve ter um corpo lançado obliquamente no


vácuo, a um ângulo de 45º, para atingir um alvo cujas coordenadas
são x = 300 m e y = 50 m, em relação a um sistema de coordenadas
cuja origem é o ponto de lançamento? Considere g = 10 m/s2.

(R: vo = 60 m/s)

8. Uma bola de futebol é chutada com uma velocidade de 20 m/s e com


um ângulo de projecção de 45º . O guarda-redes, colocado na linha
do golo a 55 m de distância e na direcção do chute, começa a correr
ao encontro da bola naquele instante. Qual deve ser a sua velocidade
se ele pretende agarrar a bola antes que ela toque o solo?

35 m
(R: v g = 2 )
4 s
158 Lição nº 4

9. Uma bola é atirada do chão para o ar. A uma altura de 9,1 m, a


r r r
velocidade é observada como sendo v = 7,6.i + 6,1. j no SI (eixo
ox-horizontal e oy-vertical).

a. Até que altura a bola subirá? (R: 11 m)

b. Qual será a distância horizontal percorrida pela bola? (R: ~ 23 m)

c. Caracterize o vector velocidade da bola no instante anterior a que


ele toca o chão. (R: ~ 17 m/s e 63º abaixo da horizontal).

10. Um jardineiro pretende regar uma planta que se encontra à distância


de 5 m e ao mesmo nível do orifício de saída do jacto de água da
mangueira que utiliza. A velocidade de saída da água é de 5 m/s e a
resistência oferecida pelo ar pode considerar-se desprezável.

a. Conseguirá o jardineiro que o jacto de água atinja a planta,


qualquer que seja a inclinação que dê à mangueira? Justifique.

Recorde-se que o alcance para além de depender da velocidade, depende


também do ângulo. Por isso você precisa conhecer para que ângulo, um

Dica jacto que sai com v = 5 m/s terá o alcance de 5 m.

b. Determine a velocidade que o jacto de água deve ter para atingir


a planta, se a água sair da mangueira com uma velocidade de 60º
sobre o horizonte. (R: vo = 7,5 m/s)

11. Um bombeiro que se encontra a 50,0 m dum edifício que está a arder
direcciona o jacto de água a partir da mangueira num ângulo de 30,0º
acima do horizonte. Se o jacto de água sai da mangueira a uma
velocidade de 40,0 m/s, a que altura o jacto de água atingirá o
edifício? (R: ≈ 18,6 m)
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 159

A respeito dos problemas de 1 a 3:


r v r
1.a. (R: v cj = 10 ,0.i − 25,0 . j )
Dica
r r 125 r
1.b. (R: rcj = 25 .i − .j )
3

(Para conhecer a distância é preciso calcular o módulo desse vector)


r r r
1.c. (R: a cj = 2,00 .i − 5 .00 . j )

2.As projecções da velocidade ao longo dos eixos ox e oy são


determinadas por:

v1 y = vo .senϕ1 − g .t v 2 y = vo .senϕ 2 − g .t
v1x = vo . cos ϕ1 v 2 x = −vo . cos ϕ 2
r
Seja u a velocidade do corpo 1 relativo ao corpo 2, então:

r r r ⎧u y = vo .senϕ1 − g.t − (vo .senϕ 2 − g.t ) = vo .(senϕ1 − senϕ 2 )


u = v1 − v2 ⇒ ⎨
⎩u x = vo . cosϕ1 + vo . cosϕ 2 = vo .(cosϕ1 + cosϕ 2 )
Por isso:

2
u = ux + u y =
2
[vo .(cos ϕ1 + cos ϕ 2 )]2 + [vo .(senϕ1 − senϕ 2 )]2
⎛ ϕ + ϕ2 ⎞
u = 2.vo . cos⎜ 1 ⎟
⎝ 2 ⎠

Como os corpos se movem relativamente com velocidade constante,


depois de um intervalo de tempo τ, a distância entre os mesmos será dada
ϕ1 + ϕ 2
por: s = 2.vo . cos .τ
2
3.a. (R: x = -1 m; y = 0)

b. R: v x = 6.t − 6.t ; v y = 2.t − 2


2

c. R: v x = 0 e v y = −2 ⇒ v = 2m / s

d. R: a x = − 6 , a y = 2 ⇒ a = 40 m / s 2

e. Para que a aceleração seja paralela a oy é necessário que

1
a x = 0 ⇒ a x = 12.t − 6 = 0 ⇒ t = s
2
160 Lição nº 4

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha,
1999.
Leitura
ƒ BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de
Física Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,


1992.

ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

ƒ RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros


Técnicos e científicos, R.J. Brasil, 1983.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.


Livros Técnicos e Científicos (4ª edição), Volume-1, 1999.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 161

Unidade 5
Dinâmica da Particula
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo da unidade “Dinâmica da Partícula”. Na


unidade anterior “Cinemática do ponto material” a nossa discussão
centrou-se na descrição do movimento em termos de deslocamento,
velocidade e aceleração, sem considerar as causas físicas do movimento.

O que pode fazer com que uma partícula permaneça em repouso


enquanto outra se está acelerando?

Através desta unidade pretende-se que você trave conhecimento e analise


dois factores muito importantes: forças agindo sobre a partícula e a sua
massa.

Com essa finalidade iremos discutir as três leis básicas do movimento que
foram formuladas por Isaac Newton.

Precisaremos de 10 horas lectivas para completar a unidade. Esta unidade


está dividida nos seguintes temas:

ƒ O conceito de força

Tempo de estudo da ƒ A 1ª lei de Newton e sistemas de referência inerciais;


Unidade: 10:00 Horas
ƒ Massa;

ƒ 2ª lei de Newton;

ƒ Força de gravidade e peso;

ƒ 3ª lei de Newton;

ƒ Algumas aplicações das leis de Newton;

ƒ Forças de atrito;
162 Unidade 5

Ao completar esta unidade você será capaz de:

ƒ Enunciar as leis de movimento de Newton;

ƒ Descrever e interpretar as leis de movimento;


Objectivos
ƒ Definir e explicar o conceito de sistemas de referências Inerciais;

ƒ Aplicar as leis de Newton à diferentes situações;

ƒ Definir o conceito de força de atrito e explicar suas vantagens e


desvantagens na vida e na técnica;

ƒ Estabelecer a relação entre peso e força de gravidade.

Força, massa e sistema de referência inercial, atrito.

Terminologia
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 163

Lição nº 1
Leis de Movimento

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Recorda-se do que foi


discutido na unidade anterior?

E qual foi o nosso procedimento?

Faça um resumo daquilo que, na sua opinião, foram as ideais e


procedimentos principais a reter sobre a unidade anterior!

Veja se no seu resumo constam as ideias a seguir colocadas.

Na unidade anterior descrevemos o movimento em termos de


deslocamento, velocidade e aceleração sem nos preocuparmos com as
causas desse movimento.

Mas, o que é que pode fazer com que uma partícula se mantenha em
repouso e outra partícula acelerar?

Nesta lição, investigaremos o que é que causa a variação da velocidade de


movimento de um corpo. Os dois factores mais importantes que
precisamos ter em consideração são as forças agindo sobre a partícula e a
sua massa.

Discutiremos as três leis de Newton, as quais lidam com forças e massas.


Uma vez compreendidas, essas leis permitir-nos-ão responder às questões
como:

− Que mecanismos variam a velocidade de movimento dos


objectos?

− Por que razão alguns objectos adquirem maior aceleração do que


os outros?
164 Lição nº 1

Com esse propósito no nosso intelecto, dividimos esta lição nos seguintes
conteúdos:

− O conceito de força e as leis de Newton. Sistemas de referências


inerciais;

− Forças de atrito e algumas aplicações das leis de Newton.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Explicar o conceito de força

ƒ Enunciar cada uma das leis de Newton


Objectivos
ƒ Interpretar cada uma delas

ƒ Definir sistemas de referências inerciais

ƒ Explicar as condições de validade dessas leis.

ƒ Aplicar as leis de Newton para a resolução de problemas

Pré- requisitos:

No início desta lição o estudante deve ser capaz de:

− Explicar o conceito de sistema de referência;

− Definir e explicar cada uma das grandezas cinemáticas;

− Descrever e explicar situações do dia-a-dia onde haja intervenção do


conceito de força;

− Identificar os efeitos de forças em diversas situações do dia-a-dia.

Cada um de nós, pelo menos, possui uma noção básica acerca de força a
partir de situações do dia-a-dia.

Quando você empurra o prato vazio depois do jantar, quando lança ou


chuta uma bola está exercendo força. Nestes exemplos, o conceito de
força está associado à uma actividade muscular e alguma variação na
velocidade do objecto.

Contudo, forças nem sempre causam movimento.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 165

À medida que você permanece sentado na sua cadeira lendo esta


discussão, a força de gravidade actua sobre o seu corpo. No entanto, você

Exemplo permanece em repouso.

Você pode estar a empurrar uma pedra muito grande e não ser capaz de
deslocá-la.

Que força faz com que a Lua orbite em torno da Terra?

Newton respondeu esta e outras perguntas com ela relacionadas dizendo


que a variação na velocidade dos corpos é causada por forças agindo
sobre ele. Portanto se um objecto se move com velocidade constante
(MRU) nenhuma força é necessária para manter o movimento.

Porque a Lua se move numa trajectória quase circular, a sua velocidade


não é constante. A variação na velocidade da Lua é causada pela força
exercida pela Terra sobre a Lua.

Você já sabe que a única causa da variação da velocidade de um corpo é a


força agindo sobre ele. Então, o que é força?

Força é a causa da variação da velocidade dos corpos (é a causa da


aceleração). Portanto, nesta unidade estamos interessados na relação
entre força actuando sobre um objecto e a aceleração por ele adquirida.

O que acontece quando várias forças actuam simultaneamente sobre um


objecto?

Fig.5.1
166 Lição nº 1

Neste caso o objecto adquire aceleração somente se a resultante das


forças que actuam sobre ele é diferente de zero:
r r r r r r r r 6 r
FR = F1 + F2 + F3 + F4 + F5 + F6 ≠ 0 ⇔ FR = ∑ Fi ≠ 0
i =1

A força resultante é soma vectorial de todas as forças agindo sobre o


objecto.

A força externa é a causa da aceleração dum corpo.

Se a resultante das forças que actuam sobre um corpo for nula (igual a
zero), então a aceleração do objecto é igual a zero e a sua velocidade
permanece constante.

r n r
r ⎧0 → Re pouso
FR = ∑ Fi = 0 ⇒ v = k ⇒ ⎨ ⇔ Equilibrio
i =1 ⎩≠ 0 → MRU

Portanto, se a resultante das forças que agem sobre um corpo for


nula, o corpo mantém a sua velocidade constante. No entanto ele
pode manter a velocidade estando em repouso ou em movimento
rectilíneo uniforme. Em ambos os casos diz-se que o corpo está em
equilíbrio.

Quando uma mola em hélice é puxada, ela se alonga; quando um


vagonete é puxado de tal forma a força de atrito é superada, ela se
move; quando uma bola de futebol é chutada, ela se move. Essas
situações, são exemplos da classe de forças chamadas forças de
contacto porque envolvem um contacto físico entre dois objectos.

Baseado na sua experiência do dia-a-dia dê outros exemplos de


forças de contacto.

Outra classe de forças, conhecida como forças de campo, não


envolve contacto físico entre objectos. As forças de campo agem
mesmo através do vazio.

Exemplos: A força de atracção gravitacional entre objectos, a força


de interacção eléctrica entre cargas eléctricas e a força que um íman
exerce sobre um pedaço de ferro.

Para medir forças usa-se um instrumento chamado dinamómetro.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 167

O seu funcionamento baseia-se no efeito estático da força. Como


parte fundamental do dinamómetro tem-se uma mola e uma escala. A
força agindo sobre ele deforma a mola (alonga) e na escala pode-se
ler o valor da força que provoca a deformação.

A força, tal como a velocidade, a aceleração e o deslocamento, é


uma grandeza vectorial. Por isso para o caso em que várias forças
agem simultaneamente sobre um objecto, a força resultante é obtida
usando as regras de adição de vectores.

1ª Lei de Newton e Sistemas de Referência Inerciais:

Considere um livro em repouso sobre a mesa. Obviamente, o livro


permanecerá em repouso. Agora imagine que você empurra o livro
aplicando sobre ele uma força horizontal suficiente para superar o
atrito entre o livro e a mesa. A força que você aplica, a força de
atrito e outras forças agindo sobre o livro representando acções de
outros objectos, são chamadas de forças externas.

Pode-se manter o livro em movimento rectilíneo uniforme, aplicando


uma força de igual valor a do atrito e agindo no sentido contrário. Se
empurrar com uma força maior do que a do atrito, o livro adquire
uma aceleração. Se deixar de exercer a força sobre o livro, este pára
após percorrer uma certa distância pois a força de atrito retarda o seu
movimento.

Suponha, agora que empurra o livro sobre uma superfície lisa. O


livro parará depois de deixar de exercer a força mas desta vez depois
de percorrer uma distância maior que no 1º caso. Agora imagine que
você empurre o livro sobre o soalho cuja superfície é tão lisa que o
corpo se move sem atrito. O que ia acontecer?

Neste caso o livro, uma vez colocado em movimento mover-se-ia até


embater na parede oposta. E se não houvesse obstáculos ao
movimento?

Na ausência de forças externas, um objecto em repouso permanece


em repouso e um objecto em movimento continua em movimento
com velocidade constante.
168 Lição nº 1

A partir da 1ª lei pode-se concluir que um objecto que não interage com a
sua vizinhança, ou está em repouso, ou em movimento rectilíneo
uniforme.

A tendência que os objectos têm de resistirem à mudança de sua


velocidade chama-se inércia. A inércia é uma propriedade geral da
matéria.

Sistemas de referência inerciais:

Como foi dito na 1ª unidade, um objecto em movimento pode ser


observado de vários e diferentes sistemas de referências. A 1ª lei de
Newton, também conhecida como lei de inércia, define um tipo especial
de sistemas de referências chamados sistemas de referência inerciais
(SRI).

Sistemas de referências inerciais são sistemas não acelerados.

A terra é, por aproximação, um SRI.

Observadores usando diferentes sistemas de referências inerciais, tirarão


mesmas conclusões sobre o movimento duma partícula. Se um deles
conclui que a partícula se move sem aceleração e, portanto a força
resultante é nula, o outro também chegará a essa mesma conclusão.

Por consequência, todos os SRI são equivalentes e, sob o ponto de vista


dinâmico repouso e movimento rectilíneo uniforme, são equivalentes.

Mas, por que razão é mais fácil pôr em movimento uns objectos e difícil
para outros? Por que se torna fácil parar uns e difícil parar outros?

Suponha que tem uma bola de basquete e outra de aço. Qual delas é mais
fácil lançar? E parar uma vez lançada?

Apercebe-se que a bola de aço oferece maior resistência à variações na


sua velocidade do que a de basquete. Diz-se que a bola de aço tem maior
inércia que a de basquete.

Massa é a propriedade do objecto que representa a medida da


inércia.

A unidade de massa no SI é o quilograma (1 kg).

Quanto maior for a massa do objecto menor é a aceleração que ele


adquire sob a acção duma dada força
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 169

r
Considere uma força de valor F1 agindo sobre um objecto de massa

m1, como consequência o objecto adquire uma aceleração de valor


Exemplo r
a1 . A mesma força quando aplicada a um corpo de massa m2,
r
imprime-lhe uma aceleração de valor igual a a2 .
r
r r m1 a2
m1 . a1 = m 2 . a 2 ⇒ = r .
m2 a1

Se a massa de um dos objectos é conhecida, a do outro pode ser


obtida a partir das medições das acelerações.

Massa é uma propriedade inerente ao objecto e é independente da


vizinhança do objecto e do método utilizado para a sua medição. Ela é
uma grandeza escalar.

Haverá alguma diferença entre massa e peso?

Massa e peso são duas grandezas diferentes. Enquanto massa é uma


grandeza escalar, peso é uma grandeza vectorial pois é uma força.

A massa é independente do lugar onde é medida, mas peso varia com a


localização do objecto (com a latitude e com a altitude).

Exemplo: Uma pessoa cuja massa é de 72 kg na Terra, na lua também


terá uma massa de 72 kg. Mas ele pesará menos na Lua do que na Terra.

2ª Lei de Newton:

Qual é a informação contida na 1ª lei de Newton?

Registe num papel as informações importantes que você aprendeu na 1ª


lei.

O que acontecerá com o objecto quando a resultante das forças não é


nula?

Imagine que esteja a empurrar um bloco de gelo sobre uma superfície


r
horizontal sem atrito. Quando aplica uma força F , o bloco move-se com
r
uma aceleração a . Se você aplica uma força duas vezes maior, o bloco
170 Lição nº 1

adquire uma aceleração duas vezes maior; para uma força três vezes
maior a aceleração será três vezes maior.

A partir daí você conclui que a aceleração que o corpo adquire é


directamente proporcional à força resultante agindo sobre o objecto tendo
a mesma direcção e sentido.

A partir do que foi discutido na 1ª lei, conclui-se que a aceleração


também depende da massa do objecto. A aceleração que um objecto
adquire é inversamente proporcional à sua massa.

Assim a 2ª lei enuncia:

A aceleração que um objecto adquire é directamente proporcional à


força resultante agindo sobre ele e inversamente proporcional à sua
massa; tendo a mesma direcção e sentido da força resultante.

A fórmula da 2ª lei:
r r r
r n r
r dv d (m.v ) dp r r
FR = ∑ Fi = m.a = m. = = , onde p = m.v é o
i =1 dt dt dt
momento linear ou quantidade de movimento da partícula. Esta é a
fórmula vectorial. Ela corresponde três projecções ao longo de cada um
dos eixos ox, oy e oz.

⎧n dv x
⎪∑ Fx = m.a x = m. dt
r ⎪ i =1
n r
r dv ⎪n dv y
Assim, ∑ Fi = m.a = m. ⇔ ⎨∑ F y = m.a y = m. (5.1)
i =1 dt ⎪ i =1 dt
⎪n dv z
⎪∑ Fz = m.a z = m.
⎩ i =1 dt

A unidade de força no SI é um Newton (1N).

kg.m
1N = 1
s2
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 171

Um objecto de massa 0,30 kg desliza num plano horizontal, sem atrito,


r r
sob a acção de duas forças F1 e F2 cujos módulos são 5,0 N e 8,0 N,
Exemplo respectivamente; conforme a figura. Determine o módulo e a direcção da
aceleração adquirida pelo objecto.

Fig.5.2

Dadas: As forças e a massa pede-se

⎧2
2 r ∑Fx = F1x + F2x = m.ax ⎧⎪F1.cos(−20o ) + F2.cos60o =
r ⎪⎪i=1
∑ Fi = m.a ⇔ ⎨ 2 ⇔⎨
⎪⎩F1.sen(−20o ) + F2.sen60o =
⎪ F = F + F = m.a
⎪⎩∑
i=1
y 1y 2y y
i=1

⎧⎪⎧⎪F1.cos(−20o ) + F2.cos60o = m.ax ⎧5,0N.(0.940) + 8.0N.(0.5) = max


⎨⎨ ⇔⎨
⎪⎩⎪⎩F1.sen(−20 ) + F2.sen60 = m.ay ⎩5.0N.(− 0.342) + 8.0N.(0.866) = m.ay
o o


⎪ax =
∑Fx = 8.7N = 29 m
⎧8.7N = m.ax ⎪ m 0.3kg s2
⎨ ⇒ ⎨
⎩5.2N = m.ay ⎪ ∑Fy 5.2N m
⎪ay = m = 0.3kg =17s2

Foram determinadas as projecções do vector aceleração ao longo de dois


eixos mutuamente perpendiculares ox e ox. Para determinar o seu módulo
vamos usar o teorema de Pitágoras.

r m
2 2
a = ax + a y = (29)2 + (17 )2 = 34
s2
172 Lição nº 1

A aceleração, entanto que vector não basta conhecer o módulo para


determiná-la completamente, é necessário conhecer também a direcção:

ay 17 ⎛ 17 ⎞
tgθ = = ⇒ θ = arctg ⎜ ⎟ = 30 o
ax 29 ⎝ 29 ⎠

Força de Gravidade e Peso do Corpo:

Já é sabido que a Terra atrai objectos que se encontram nas suas


imediações. A força atractiva exercida pela Terra sobre um objecto
r
chama-se força de gravidade ( F g ). Esta força é orientada para o
r r
centro da Terra e é dada pela fórmula F g = m . g e o seu valor é

dado por Fg = m.g.

Peso é a força com que um objecto atraído pela Terra actua sobre o apoio
ou suspensão.

Tanto o peso como a força de Gravidade dependem do valor de g (que


varia com a localização do objecto em relação ao centro da Terra), por
conseguinte, essas grandezas também variam com a localização do
objecto.

3ª Lei de Newton:

A acção mecânica entre os corpos tem carácter de interacção (acção


mútua).

Quando você empurra uma mesa, a mesa empurra-lhe para trás.

Quando você chuta uma bola com a ponta dos dedos ou com o peito do
seu pé, sente o efeito da acção da bola sobre você.
Exemplo

Estes exemplos ilustram um princípio geral de importância crítica


conhecido como 3ª lei de Newton:

Se dois corpos 1 e 2 estão em interacção, eles exercem um sobre o


outro com forças orientadas ao longo da mesma recta em sentidos
opostos e de iguais módulos.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 173

r r
F21 = − F12 (5.2)

Fig.5.3

Exemplos de pares acção-reacção: Peso (P) e reacção normal


( N)

Peso (P) e força tensora (T).

O enunciado desta lei equivale a dizer que uma força única


isolada não pode existir. Elas surgem sempre aos pares; uma
delas é chamada acção, enquanto a outra é reacção.

As forças acção e reacção actuam em objectos diferentes por


isso não se podem equilibrar uma à outra.

Os corpos envolvidos na interacção adquirem acelerações que


são inversamente proporcionais às suas massas.

Recomendações para a resolução de Problemas Aplicação das leis de


Newton:

− Identifique objectos da vizinhança que exercem influência sobre o


Tome Nota!
corpo em análise.

− Desenhe um diagrama claro e simples do sistema.

− Isole o objecto cujo movimento está sendo analisado. Desenhe um


diagrama de corpo livre para esse objecto, onde a acção dos outros
corpos é substituída por vectores força.

− Para sistemas contendo mais de um objecto, desenhe um diagrama


de corpo livre para cada um deles. Não inclua no diagrama vectores
174 Lição nº 1

que representem a acção do objecto em estudo sobre corpos da


vizinhança. Escolha e estabeleça um sistema de eixos coordenados
para cada objecto e encontre as projecções das forças ao longo dos
eixos.

− A escolha do sistema de eixos coordenados deve ser tal que facilite a


solução do problema.
r r
− Aplique a 2ª lei de Newton, ∑ F = ma e em forma de projecções.

Verifique as unidades para se certificar que todos os termos têm


dimensões de Força.

− Resolva as equações das projecções em ordem às incógnitas.


Recorde-se que deve ter tantas equações independentes quantas
forem as incógnitas, para obter a solução completa.

− Certifique-se que os seus resultados são consistentes com o diagrama


do corpo livre. Verifique, também, as predições das suas soluções
para os valores extremos das variáveis. Fazendo isso, você pode
detectar possíveis erros nos seus resultados.

1. Considere um caixote, de massa m, que está sendo puxado através


duma corda atada nele e sobre uma superfície sem atrito. Determine,
a sua velocidade e deslocamento como funções de tempo.
Exemplo

Fig.5.4

2ª lei de Newton:

⎧ T
r r ⎪ox : ∑ Fx = T = m.a x ⇒ a x =
∑ F = m.a ⇔ ⎨ m
⎪oy : ∑ Fy = N + (− Fg ) = 0 ⇒ N = Fg

A partir da 2ª lei de Newton, você acha que uma força constante pode
causar uma aceleração variável ou vice-versa?
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 175

Da relação directa entre as duas grandezas conclui-se que se T for


constante a aceleração também será constante daí que as equações
cinemáticas para o movimento uniformemente variado são válidas:

⎛T ⎞ ⎛T ⎞
v x = vox + ⎜ ⎟.t e Δx = vox .t + ⎜ ⎟.t 2
⎝m⎠ ⎝m⎠

2. Um bloco de massa m é colocado num plano inclinado, que forma


um ângulo θ com a horizontal, sem atrito.

Fig.5.5

a. Determine a aceleração do bloco depois de ser abandonado.

b. Suponha que o bloco é abandonado a partir do topo do plano


inclinado, e a distância entre a parte frontal do bloco e a base do
plano é d. Quanto tempo leva a parte frontal do bloco a alcançar a
base do plano inclinado e qual é a sua velocidade no instante que
chega nesse ponto?

Resolução:
Diagrama de corpo livre:
Fig.5.6
176 Lição nº 1

r r ⎧⎪∑ Fx = m.a x
a) Formulação vectorial da 2ª lei: ∑ F = m.a ⇒ ⎨⎪
⎩∑ Fy = m.a y

⎪⎧Fgx = m.ax ⎧⎪Fg .senθ = m.ax ⎧m.g.senθ = m.ax ⎧ax = g.senθ


⎨ ⇒⎨ ⇒⎨ ⇒⎨
⎪⎩N − Fgy = 0 ⎪⎩N = Fg . cosθ ⎩N = m.g. cosθ ⎩−

Note que a aceleração adquirida pelo bloco é independente de sua


massa, mas depende do ângulo de inclinação. Esta aceleração é
causada pela componente da força de gravidade ao longo do plano
inclinado.

Ao longo do eixo oy a reacção normal do plano é equilibrada a


componente da força de gravidade ao longo desse eixo, como
consequência a componente da aceleração ao longo de oy é nula.

Há equilíbrio ao longo de oy e, em particular não há movimento ao


longo desse eixo.

Analise a expressão da aceleração. Qual será o valor da aceleração e


da reacção normal quando θ = 90º e quando θ= 0o? A que situação
corresponde cada um desses ângulos?

b) Como a aceleração é constante, podemos aplicar a fórmula do


movimento uniformemente variado para analisar o movimento do
bloco.

1 1
x − xo = d = vox .t + .a x .t 2 para vox = 0, temos d = .a x .t 2
2 2

2.d 2d
t= =
ax g .senθ

A velocidade no instante em que chega na base do plano é:

2d
v x = a x .t = g .senθ . = 2d .g .senθ
g .senθ

E como você resolve problemas para o caso de corpos ligados?


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 177

3. Dois blocos de massas m1 e m2, são colocados em contacto um com


outro num plano horizontal sem atrito. Uma força horizontal
constante é aplicada ao bloco de massa m1
Exemplo
Fig.5.7

a. Determine o valor da aceleração do sistema constituído pelos


dois blocos.
b. Determine o valor da força de contacto entre os dois blocos.

Resolução:

Fig.5.8

Formulação da 2ª lei de Newton:

⎧ ⎧ F x + F12 x = m1 .a x
r r ⎪⇒ ⎨
⎧⎪m1 : ∑ F = m1 .a ⎪ ⎩ N1 y + Fg1 y = 0 ⎧ F − F12 = m1 .a x
⎨ r r ⇒ ⎨ ⇒⎨
⎪⎩m2 : ∑ F = m2 .a ⎪ ⎧ F21x = m2 .a x ⎩ F21 = m2 .a x
⎪⇒ ⎨
⎩ ⎩ N 2 y + Fg 2 y = 0
F
F − F12 + F21 = (m1 + m2 ).a x ⇔ F = (m1 + m2 ).a x ⇒ a x =
m1 + m2
178 Lição nº 1

Justifique por que razão não colocamos índices nas acelerações?

Na resolução deste problema note que apenas consideramos projecções


das forças ao longo do movimento e não usamos as projecções ao longo
do eixo oy. Porquê?
r r
E as forças de contacto entre os dois corpos F 12 e F 21 não aparecem
na expressão da aceleração. Como?

b. Podemos usar a equação do movimento de m2 para calcular a


força de contacto:

m2
F21 = m2 .a x = .F
m1 + m2

Determine a força de contacto usando a equação de movimento de


m1. Compare esse resultado com o obtido anteriormente.

4. Quando dois objectos de massas diferentes são pendurados


verticalmente numa roldana sem atrito e de massa desprezível,
como na figura, o dispositivo chama-se Máquina de Atwood.
Tal dispositivo é usado em laboratórios para o estudo do
movimento uniformemente acelerado.

a. Determine o valor da aceleração dos dois objectos.

b. Calcule o valor da força tensora que surge na corda.

Resolução:
a.
Fig.5.9
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 179

Vamos representar o diagrama do corpo livre para cada corpo:

Fig.5.10

Para questões de projecções, convencionemos que todas as forças que


tem o sentido da velocidade de movimento do corpo tem projecção
positiva. E, aquelas com sentido contrário ao da velocidade tem projecção
negativa.

Formulação da 2ª lei de Newton:


r r r r r
⎧⎪m1 : ∑ F = m1 .a ⎧⎪T + Fg1 = m1 .a ⎧⎪T − Fg1 = m1 .a
⎨ r r ⇒ ⎨ r r ⇒
r ⎨
⎪⎩m2 : ∑ F = m.a ⎪⎩T + Fg 2 = m2 .a ⎪⎩ Fg 2 − T = m2 .a
T − Fg1 + Fg 2 − T = (m1 + m2 ).a ⇒ Fg 2 − Fg1 = (m1 + m2 ).a
Fg 2 − Fg1 m2 − m1 ⎛ m − m1 ⎞
⇒a= = .g ⇒ a = ⎜⎜ 2 ⎟⎟.g
(m2 + m1 ) m1 + m2 m
⎝ 2 + m1 ⎠

b. Substituindo a expressão obtida para aceleração numa das equações e


resolvendo em ordem a força tensora obtém-se a resposta da alínea b.
180 Lição nº 1

⎛ m − m1 ⎞ 2
m , m .g − m1 .g
T = m1 .a + Fg1 = m1 ⎜⎜ 2 ⎟⎟.g + m1 .g = 1 2 + m1 .g
⎝ m1 + m2 ⎠ m1 + m2
2 2
m1 .m2 .g − m1 .g + m1 .g + m1 .m2 .g 2.m1 m2
T= = .g
m1 + m2 m1 + m2

Pode se ver que a aceleração é dada pela razão entre a projecção da força
resultante agindo sobre o sistema e a massa total do sistema.

O que acontece se: m1 = m2 ? E se m2 >> m1 ?

5. Aceleração de dois objectos, ligados por uma corda, num plano


inclinado.

Uma bola de massa m1 e um bloco de massa m2, estão ligados por


uma corda leve e inextensível que passa pela gola duma roldana sem
atrito e de massa desprezível. O bloco está apoiado num plano sem
atrito que forma um ângulo θ com a horizontal.

a. Determine a aceleração do sistema.

b. Calcule a força tensora que surge na corda.

Resolução:

Fig.5.11

Note que escolhemos arbitrariamente o sentido do movimento para o


sistema. Se o resultado obtido para a aceleração for negativo, isto
significa que o sentido real é contrário ao que nós escolhemos.

Representação dos diagramas de corpos livre:


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 181

Fig.5.12

a. Formulação da 2ª Lei de Newton:

r r r r r
m1 : ∑ F = m .a ⇒ T + F
1 g1 = m1 .a ⇒ T − Fg1 = m1 .a
r r r r r r ⎧oy : N − m2 .g. cos θ = 0
m2 : ∑ F = m .a ⇒ N + F + T = m2 .a ⇒ ⎨
⎩0 x : m2 .g.senθ − T = m2 .a
2 g2

(T − F ) + (m .g.senθ − T ) = (m
g1 2 1 + m2 ).a ⇒

(m2 .g.senθ − m1 .g ) = (m1 + m2 ).a ⇒ a = (m2 .senθ − m1 ) .g


m1 + m2

Você pode justificar porque é que as forças tensoras que surgem na


mesma corda levam a mesma designação?

b. Para o cálculo da força tensora podemos utilizar qualquer uma das


equações de movimentos, por exemplo da massa 1:

⎛ m .senθ − m1 ⎞
T − m1 .g = m1 .a ⇒ T = m1 .(a + g ) = m1 ⎜⎜ 2 .g + g ⎟⎟
⎝ m1 + m2 ⎠
m1 .m2 .senθ − m1 + m1 + m1 .m2 m .m .g (senθ + 1)
2 2

T= .g = 1 2
m1 + m2 m1 + m2
182 Lição nº 2

Lição nº 2
Força de Atrito
Introdução
Seja bem-vindo ao estudo desta lição, a qual lhe permitirá
travar conhecimento com uma das forças mais presentes e
influentes no nosso dia-a-dia bem como na técnica, a força de
atrito.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

ƒ Definir força de atrito;


ƒ Identificar os tipos de atrito;
ƒ Explicar as consequências da força de atrito na vida e na técnica;
Objectivos
ƒ Explicar as medidas que se tomam para maximizar ou minimizar a
força de atrito;
ƒ Resolver problemas envolvendo força de atrito;
ƒ Explicar a origem da força de atrito.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

− Interpretar as leis de Newton;

− Explicar os efeitos estático e dinâmico de uma força.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 183

Força de atrito

Quando um corpo se move quer sobre uma superfície, quer sobre um

meio viscoso como através do ar ou água, surgem forças de resistência


ao movimento porque o corpo interage com a sua vizinhança. Essa
resistência é chamada força de atrito.

As forças de atrito são muito importantes no nosso dia a dia. Elas


permitem-nos andar ou correr e são necessárias para o movimento de
veículos com rodas.

Mas também estão na origem dos desgastes de peças nas máquinas e


outro tipo de artefactos. Já teve que substituir uma peça de sua bicicleta,
de sua carroça, carro, motorizada, ou sola do seu sapato por causa do
desgaste?

Já se questionou sobre a razão desse desgaste? Pois, é a força de atrito.

Portanto, em alguns casos a força de atrito é benéfica e, em outros, é


prejudicial.

Você pode pensar e dar exemplos de casos em que a força de atrito é


benéfica? E em que é prejudicial?

Quando o atrito é benéfico, o homem cria condições para aumentá-lo.


Recorrendo a sua experiência, diga como é que isso é feito?

Quando o atrito é prejudicial, o homem cria condições para diminuí-lo?

Recorre a sua experiência e diga como é que isso é feito.

Já tentou empurrar uma carteira pesada sobre uma superfície rugosa?

Você empurra e vai aumentando a força e, de repente a carteira põe-se em


movimento. Mas nota-se que é com muita dificuldade que você põe a
carteira em movimento, mas torna-se relativamente fácil mantê-la em
movimento.

Para perceber isso coloque um livro em cima da sua mesa e, se você


r
aplica uma força horizontal F , sobre o livro, orientada para a direita o
184 Lição nº 2

livro permanecerá em repouso se a força aplicada não for suficientemente


grande.

Como você pode interpretar esse fenómeno?

Certamente que conclui, a partir da 1ª lei de Newton, que há uma força


r
que age no sentido oposto ao de F e impede o movimento do livro, pois
n r r r r
que ∑F
i =1
i = 0 e, neste caso teríamos: F + F ′ = 0 ⇒ F ′ = − F . Portanto
r
F ′ actua para a esquerda. Tal força é chamada força de atrito. Enquanto o
livro permanecer em repouso as forças aplicada e a de atrito se
equilibram. Isto significa que quando você aumenta a força aplicada, a
r r r r
força de atrito também aumenta e, F + F ′ = 0 ⇒ F ′ = − F ou seja, as
duas forças terão mesmo módulo, mesma direcção mas com sentidos
opostos.

A força de atrito que actua sobre o corpo enquanto ele está em repouso,
r
chama-se força de atrito estático e designaremos por Faest .

Mas como surge a força de atrito?

As superfícies dos corpos apresentam irregularidades. Na tentativa de


movimento relativo das superfícies, as saliências duma superfície
compenetram-se com as da outra superfície impedindo o movimento.

No entanto, aumentando cada vez mais a força aplicada vai chegar um


instante em que as superfícies já não podem gerar uma força de atrito que
possa equilibrar a força aplicada e o livro adquire uma aceleração.
Quando o movimento está eminente, a força de atrito estático atinge o seu
r
valor máximo Faest max . Então, podemos dizer que quando a força aplicada

supera a força de atrito estático máximo, o livro adquire uma aceleração


para a direita.

Enquanto o livro estiver em movimento, a força de atrito que age sobre


r
ele é menor do que a Faest max . A força que actua sobre um corpo em
r
movimento chama-se força de atrito cinético e representa-se por Fac .
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 185

r r
Se F = Fac o corpo se move para a direita com velocidade
r r
constante. Se F > Fac , então haverá uma força resultante não

nula e orientada para a direita; por consequência o livro adquire


uma aceleração para a direita.

E se você deixa de aplicar a força o que acontece com o livro?

No seu raciocínio lembre-se que o atrito é apenas um tipo de


força e ele gera no corpo a sua própria aceleração. Como tal, se
você deixa de aplicar a força a força de atrito cinético que está
orientada para esquerda gera uma aceleração orientada para
esquerda.

Como esta aceleração se opõe à velocidade, o movimento do


livro vai ser retardado (a velocidade vai diminuindo) e
eventualmente até parar.

Chama-se força de atrito, à força que se opõe ao possível movimento do


corpo.

Através de experiências podemos concluir, com boa aproximação, que


tanto a força de atrito estático máximo como a força de atrito cinético
são proporcionais à reacção normal da superfície agindo sobre o livro.

A seguir são apresentadas leis empíricas sobre o atrito que representam


um resumo de observações experimentais feitas por vários estudiosos:

• O sentido da força de atrito estático entre duas superfícies em


contacto é oposto ao sentido do movimento relativo e o módulo da
r r
força de atrito estático pode ser dado por: Fac ≤ μ e . N onde μ e é o

coeficiente de proporcionalidade, é uma grandeza adimensional e


r
chama-se coeficiente de atrito estático. N é a reacção normal da
superfície. A igualdade se observa quando o movimento é eminente,
r r r
isto é, Faest = Faest max = μ e . N . A inequação observa-se quando a
186 Lição nº 2

força aplicada tem um valor menor que o da força de atrito estático


máximo.

• O sentido da força de atrito cinético é oposto ao sentido de


movimento do objecto relativo a superfície que aplica a força de
atrito. O módulo da força de atrito cinético é dado pela fórmula
r r
Fc = μ c . N , onde μ c é o coeficiente de atrito cinético. (5.3)

• Os valores de μ e e μ c dependem da natureza das superfícies. No

entanto, em geral μ e > μ c .

• Os coeficientes de atrito são, aproximadamente independentes das


áreas de contacto entre as superfícies.

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta actividade

1. Um contentor está em repouso na carroçaria plana dum camião. O


camião acelera para a direita e o contentor move-se com ele, sem
deslizar sequer. Qual é o sentido da força de atrito exercida pelo
Actividade-16 camião sobre o contentor?

A. Para a esquerda

B. Para a direita

C. Não há força de atrito porque o contentor não desliza.


Tempo de realização:
2. Um cavalo puxa um trenó sobre um plano horizontal, numa estrada
00:10 minutos
cheia de areia, imprimindo-lhe uma aceleração . A 3ª lei de Newton
diz que o trenó exerce uma força igual, em módulo, mas de sentido
oposto ao da força que o cavalo exerce sobre o trenó.

Nesse contexto, como o trenó pode adquirir uma aceleração? Em que


condições o sistema (cavalo e trenó) se move com velocidade
constante?
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 187

Para que a sua discussão tenha sucesso, é necessário recordar-se que as


forças referidas na 3ª lei de Newton actuam sobre corpos diferentes: O

Dica cavalo aplica uma força sobre o trenó e este último aplica, sobre o cavalo,
uma força de igual módulo mas de sentido contrário.

Como nós estamos interessados no movimento do trenó, não


consideramos as forças que agem sobre o cavalo. Portanto consideramos
as forças que agem sobre o trenó.

1. Um bloco de massa m1 está sobre uma superfície horizontal rugosa. O


bloco está ligado a uma bola de massa m2 através de uma corda leve e
inextensível que passa pela gola duma roldana sem atrito e de massa
Exemplo desprezível. Uma força de módulo F, formando um ângulo θ com a
horizontal, é aplicada sobre o bloco. O coeficiente de atrito cinético
entre o bloco e a superfície é μ c . Determine o valor da aceleração do

sistema.

Fig.5.14

Diagramas de corpos livres:


Fig.5.15
188 Lição nº 2

r r r r r
⎧⎪m1 : ∑ F = m1 .a ⎧⎪T + Fg1 = m1 a
⎨ r r ⇒ ⎨r r r r r r
⎪⎩m2 : ∑ F = m2 .a ⎪⎩T + Fac + N + Fg 2 + F = m2 .a
⎧T − m1 .g = m1 .a

⎨ ⎧⎪ox : F . cos θ − T − Fac = m2 .a x
⎪m2 ⇒ ⎨⎪oy : N + F .senθ − m .g = m .a = 0 ⇒ N = m .g − F .senθ
⎩ ⎩ 2 2 y 2

⎧T − m1 .g = m1 .a
⇒⎨
⎩ F . cos θ − T − μ c .N = m2 .a
T − m1 .g + F . cos θ − T − μ c N = (m1 + m2 ).a
F . cos θ − m1 .g − μ c (m2 .g − F .senθ ) = (m1 + m2 ).a
F . cos θ + μ c F .senθ − (m1 + μ c .m2 ).g = (m1 + m2 ).a
F (cos θ + μ c .senθ ) − (m1 + m2 ).g
a=
m1 + m2

Sumário
A 1a lei de Newton diz-nos que na ausência de uma força externa,
um corpo em repouso permanece em repouso e, um corpo em
movimento rectilíneo uniforme, manterá esse movimento.

Um sistema de referência inercial é um sistema não acelerado.

A 2ª lei de Newton diz-nos que a aceleração que um corpo adquire, é


directamente proporcional à força resultante agindo sobre ele e,
inversamente proporcional à sua massa. A força resultante agindo
sobre o corpo é dado pelo produto da massa do corpo e a sua

⎧∑ F x = m.a x
r r ⎪⎪
aceleração, ∑ F = m.a ⇒ ⎨∑ F y = m.a y

⎪⎩∑ Fz = m.a z

Se a resultante das forças agindo sobre um corpo for nula, então ele

⎧∑ Fx = m.a x = 0
r r ⎪⎪
está em equilíbrio, ∑ F = m.a = 0 ⇒ ⎨∑ Fy = m.a y = 0

⎪⎩∑ Fz = m.a z = 0
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 189

A 3ª lei de Newton diz-nos que se dois objectos interagem, então as


forças de sua interacção mútua têm módulos iguais, mesma direcção,
r r
mas de sentidos opostos. F 21 = − F12 .
r
A força de atrito estático máximo F a e max entre um corpo e uma

superfície é proporcional à reacção normal agindo sobre o corpo. No


r r
geral, F a e ≤ μ e . N onde μ e é o coeficiente de atrito estático e
r
N é a reacção normal da superfície. Quando o objecto começa a
deslizar sobre a superfície, a força de atrito cinético orienta-se em
sentido contrário ao do movimento do corpo. No entanto, o seu valor
r r
é também proporcional ao da reacção normal, Fac = μ c . N , onde

μ c é o coeficiente de atrito cinético.

Você vai precisar de 4 horas lectivas para completar a tarefa que se


segue.

Exercícios

1. Considere as seguintes afirmações:

A. Se a resultante das forças que agem sobre um corpo for nula,


Auto-avaliação 10 então o corpo está em repouso.

B. Se o corpo está em repouso, então a resultante das forças que


agem sobre ele é nula.

Diga, justificando se cada uma dessas afirmações é verdadeira ou falsa

Tempo de realização :
04:00 Horas

Para responder com sucesso esta questão, tenha em conta o


conteúdo da 1ª e 2ª leis de Newton.
Dica
190 Lição nº 2

2. Uma pessoa segura nas suas mãos uma bola.

a. Identifique todas as forças externas agindo sobre a bola e a


reacção para cada uma delas.

b. Se a bola é largada, que força age sobre ela enquanto está


em queda? Identifique a reacção para esse caso. Despreze a
resistência do ar.

Para responder com sucesso esta questão centre-se no conteúdo da


3ª lei de Newton.
Dica

3. Se um carro se está dirigindo para o uma velocidade constante


de 20 m/s, qual é a força resultante agindo sobre o carro?

Refira-se ao conteúdo da 1ª lei de Newton.

Dica

4. Na tentativa de enunciar a 3ª lei de Newton, o estudante diz que


as forças de acção e reacção são iguais em módulo, possuem
mesma direcção e sentidos opostos. Se este for o caso, como é
que pode haver uma força resultante agindo sobre um objecto?

Tenta em conta que as forças referidas na terceira lei de Newton


actuam sobre corpos diferentes
Dica

r
5. Uma força F aplicada a um corpo de massa m1, produz uma
aceleração de 3,00 m/s2. A mesma força, aplicada a um 2º
corpo de massa m2 produz uma aceleração de 1,00 m/s2.

m1
a. Qual é o valor da razão ? (R: 1/3)
m2
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 191

b. Se m1 e m2 forem ligados, encontre a aceleração do sistema


r
sob a acção da força F . (R: 0,75 m/s2)

6. Um corpo de massa igual a 3,00 kg, adquire uma aceleração


r r r m
dada por a = (2,00.i + 5,00. j ) 2 . Determine a força resultante
s
que age sobre o corpo (módulo e direcção).
r r r r ⎛5⎞
(R: F = 6,00.i + 15,0. j ; F = 16,2 N , ϕ = artg ⎜ ⎟ )
⎝ 3⎠

7. Um objecto de 4,00 kg de massa, tem a velocidade de


r m
(3,00.i ) em um dado instante. Oito segundos depois, a sua
s
r r m
velocidade aumentou para (8,00.i + 10,0. j ) . Assumindo que
s
o objecto foi submetido a uma força total constante, determine:

a. As projecções da força sobre os eixos.

(R: Fx = 2,50 N ; Fy = 5,00 N )

r
b. O módulo da força. (R: F = 5,59 N )

8. Três forças, dadas por


r r r
( ) ( ) ( )
r r r r r
F1 = − 2,00.i + 2,00. j N, F2 = 5,00.i − 3,00. j N e F3 = − 45,0.i N

actuam sobre um objecto e, sob a acção do sistema o objecto


adquire uma aceleração de módulo igual a 3,75 m/s2.

a. Qual é a direcção da aceleração?

(R: ϕ = 180 o − arctg (1 / 42) em relação a ox positivo no


sentido horário).

b. Qual é a massa do objecto? (R: m = 11,3 kg)

c. Se o objecto está inicialmente em repouso, qual é a sua


velocidade ao fim de 10,0 s? (R : v x = 37,5 m / s )

9. Um corpo de massa igual a 3,00 kg está se movendo no plano,


no qual as suas coordenadas são dadas por
192 Lição nº 2

x = 5.t 2 − 1 e y = 3.t 3 + 2 , no S.I. Determine o valor da força


resultante agindo sobre esse corpo no instante t = 2,00 s.
r
(R: F = 112 N )

10. A distância entre dois postes de telefone é de 50,0 m. Quando


um pássaro de massa igual a 1,00 kg pousa sobre o fio de
telefone no ponto médio entre os dois postes, o fio desloca-se
de 0,200 m.

a. Desenhe um diagrama de corpo livre para o pássaro.

b. Que força tensora o pássaro produz no fio? Despreze o


peso do fio. (R: T = 613 N )

11. Dois blocos ligados por um cabo de massa desprezível são


r
arrastados por uma força F , conforme a figura. Suponha que o
valor da força é de 68,0 N, m1 = 12,0 kg, m2 = 18,0 kg e o
coeficiente de atrito entre os blocos e a superfície vale 0,100.

a. Faça o diagrama de corpo livre para cada corpo.

b. Determine a aceleração e a força tensora no cabo.(1,27


m/s2;27,2 N).

P.5.11

12. Duas massas são ligadas por uma corda leve que passa pela gola
duma roldana sem atrito e de massa desprezível. Se no plano
inclinado o atrito é desprezível e se m1 = 2,00 kg, m2 = 6,00 kg e θ =
55º , determine:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 193

P.5.12

A aceleração do sistema.

a. A força tensora na corda.

b. A velocidade de cada corpo 2,00 s após serem libertos a partir do


repouso.

13. Um bloco de 9,00 kg de massa está suspenso e ligado a um outro


bloco de massa igual a 5,00 kg, através duma corda inextensível e de
massa desprezível que passa pela gola dum roldana de massa
desprezível. O bloco de 5,00 kg desliza sobre uma mesa. Se o
coeficiente de atrito cinético entre o bloco e a mesa for de 0,200,
determine:

a. A aceleração do sistema.

b. A força tensora que surge na corda.

P.5.13

Soluções para o exercício 12 e 13:

m m
12. a. a = 3,65 ; b. T = 27,3 N ; c. v = 7,3 ;
s2 s
m
13. a. a = 5 , 71 b. T = 38 , 6 N
s2
194 Lição nº 2

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha,
1999.
Leitura
ƒ BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de
Física Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,


1992.

ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

ƒ RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros


Técnicos e Científicos, R.J. Brasil, 1983.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.


Livros Técnicos e Científicos (4ª edição), Volume-1, 1999
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 195

Unidade 6
Trabalho, Energia e Potência
Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta unidade.

O seu estudo deverá durar cerca de 10 horas. Esta unidade está dividida
nos seguintes temas:

ƒ Trabalho realizado por uma força constante;


Tempo de estudo da ƒ Trabalho realizado por uma força variável;
Unidade: 10:00 Horas
ƒ Teorema do trabalho e energia cinética;

ƒ Potência;

ƒ Energia potencial;

ƒ Trabalho realizado por forças conservativas;

ƒ Lei de conservação de energia mecânica;

ƒ Trabalho realizado por forças não-conservativas e energia


mecânica.

Ao completar esta unidade você será capaz de:

ƒ Definir o conceito de trabalho;

ƒ Definir o conceito de energia;


Objectivos
ƒ Determinar o trabalho duma força constante;

ƒ Determinar o trabalho duma força variável;

ƒ Explicar o conceito de energia cinética;


196 Unidade 6

ƒ Explicar o conceito de energia potencial;

ƒ Formular a lei de conservação de energia mecânica e explicar as


condições de sua validade;

ƒ Explicar a relação entre o trabalho das forças não-conservativas e a


energia mecânica total.

Trabalho, energia, energia cinética, energia potencial, forças


conservativas, não-conservativas, conservação e potência.

Terminologia
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 197

Lição nº 1
Trabalho de uma força constante

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição na qual você discutirá a


noção de trabalho no contexto da física e aprenderá a
determinar o trabalho de uma força constante.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito trabalho mecânico;

ƒ Identificar as condições que devem ser satisfeitas para que haja

Objectivos realização de trabalho mecânico;

ƒ Determinar o trabalho duma força constante;

ƒ Identificar o trabalho como sendo o produto escalar entre a


força e o deslocamento.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Definir o conceito “força”;

• Explicar os efeitos de uma força;

• Interpretar a 2ª lei de Newton;

• Definir produto escalar de dois vectores;

• Discutir a equação que define o produto escalar.


198 Lição nº 1

Conceito de trabalho

Pelo menos todos os termos que usamos até aqui: velocidade,


aceleração, força, deslocamento, etc. , possuem quase o mesmo
significado tanto na Física como na vida diária. Agora nós
encontramos uma grandeza física cujo termo tem um
significado físico que difere do significado que lhe é atribuído
na vida diária.

Como você explicaria o termo trabalho no contexto do seu uso


na vida diária?

O termo trabalho, em física, ganha um significado específico


que envolve a aplicação duma força a um corpo e o
deslocamento deste corpo.

Portanto, há duas condições importantes que devem ser observadas para


que se possa afirmar que houve realização de trabalho, ou melhor dito,
para que se possa considerar que a força realizou trabalho: Aplicação
duma força sobre o corpo e o consequente deslocamento.

Chama-se trabalho à medida da acção da força com respeito ao caminho


percorrido pelo seu ponto de aplicação

Trabalho duma força Constante:


r
Consideremos que uma força constante F que age sobre um
r
corpo e, provoca nele um certo deslocamento Δx que forma
com a força um ângulo θ

Fig.6.1
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 199

r r
W = F . Δx . cos θ - trabalho realizado por uma força constante.

r
O trabalho realizado por uma força constante F sobre um dado corpo é
dado pelo produto entre a componente da força na direcção do
r r
deslocamento e o módulo do deslocamento: W = F . Δx . cos θ (6.1)

Ao levantar ou puxar um objecto, você está aplicando uma força e


provocando um certo deslocamento, por consequência está realizando
trabalho
Exemplo

O trabalho é uma grandeza escalar algébrica, isto é, pode assumir valores


positivos, negativos e nulos.

Da fórmula pode-se concluir que:

⎧W > 0 se cos θ > ⇒ 0 ≤ θ < 90 o



⎨W = 0 se cos θ = 90
o

⎪W < 0 se cos θ < 0 ⇒ 90 o < θ ≤ 180 o


Na linguagem dos produtos de vectores pode-se definir trabalho


como sendo o produto escalar entre o vector força e o vector
deslocamento:

( )
r r r r r r
W = F , Δx = F .Δx = F . Δx . cos θ

Se os dois vectores forem paralelos então a fórmula reduz-se para


r r
W = F . Δx (6.2)

A unidade de trabalho: [W]= 1 J (1 Joule) no S.I

Usa-se também o erg no sistema c.g.s. 1 erg = 1 dine.1 cm. Onde 1 N


= 105 dines e 1 m = 102 cm, então, 1 J = 107 erg.

Trabalho é uma forma de transferência de energia. Se a energia está


sendo transferida para o corpo (ou sistema) o trabalho é positivo; se
a energia está sendo transferida do sistema, o trabalho é negativo.
200 Lição nº 1

Em geral, uma partícula pode se mover com velocidade quer


constante quer com velocidade que varia sob a acção de várias
forças. Nestes casos, porque o trabalho é uma grandeza escalar
algébrica, o trabalho total realizado sobre a partícula durante o seu
deslocamento é a soma algébrica dos trabalhos realizados por todas
as forças.

Você precisa de 5 minutos para realizar a actividade que se segue.

Pode a componente de uma força que gera no corpo uma aceleração


centrípeta (ex: A força exercida pelo Sol sobre a Terra, mantendo-a em
movimento circular em torno do Sol) realizar trabalho sobre o corpo?
Actividade-17

Fig.6.2

Tempo de realização:
00:05 minutos

Certamente que você terá concluído que uma vez que movimento
circular, a força centrípeta é perpendicular à velocidade e por

Dica consequência, também perpendicular ao vector deslocamento elementar


da partícula num dado ponto da trajectória (lembre-se que os vectores
r r
v e dr são paralelos e têm ambos a direcção da tangente à trajectória
em qualquer ponto) como tal, a força centrípeta não realiza trabalho sobre
o corpo!

Um homem, limpando o chão dum estabelecimento comercial, puxa o


aspirador com uma força de valor igual a 50 N formando um ângulo de
30º em relação à horizontal. Calcule o trabalho realizado por esta força no
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 201

aspirador, quando este é deslocado por uma distância de 3 metros para a


direita.

Resolução:

Porque nos ajudam a clarificar que forças estão agindo sobre o objecto
considerado, diagramas são muito úteis quando estamos a reunir
informações e organizando a solução do problema.

Que outras forças estão agindo sobre o aspirador?

Recorde-se sempre que força é um conceito usado para referir-se a acção


dum outro corpo sobre o corpo que é objecto da nossa análise (o
aspirador)! Por isso se você respondeu que a força de gravidade e a
reacção normal também agem sobre o aspirador, então está certo.

Representemos, então, o diagrama do corpo livre:

Como a força é constante, então podemos usar a definição de trabalho:

W = ( F . cos θ ).Δx = 50. cos 30 o .3 [N .m = 1J ]


3
W = 150. J = 75. 3.J
2

Fig.6.3

Você pode questionar-se a razão porque não calculamos o trabalho


das outras forças agindo sobre o aspirador durante o deslocamento de
3 metros! Tente você mesmo justificar.

Durante a sua análise verifique que ângulos essas forças (força de


gravidade, a reacção normal e a componente da força F ao longo da
vertical) formam com o deslocamento.
202 Lição nº 2

Lição nº 2
Trabalho realizado por uma força
variável

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição, cujo propósito é familiarizar-


lhe com discussões envolvendo forças variáveis.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Explicar o processo de determinação do trabalho de uma força


variável;

ƒ Determinar o trabalho duma força variável;


Objectivos
ƒ Aplicar o método integral para a determinação do trabalho duma
força variável;

ƒ Aplicar o método gráfico para a determinação do trabalho de uma


força variável.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Determinar o trabalho duma força constante;

• Determinar a área dum rectângulo, triângulo ou trapézio;

• Resolver exercícios de integração


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 203

Trabalho duma força variável:

Considere uma partícula que se move ao longo do eixo ox, no


sentido progressivo, sob acção duma força variável. Nesta situação,
não podemos aplicar a fórmula W = F (cos θ ).Δ x , pois esta é válida
somente quando a força for constante. Contudo, se nós imaginarmos
que a partícula realiza pequenos deslocamentos ∆x, como se mostra
na figura, então a projecção da força ao longo do eixo ox para esse
pequeno deslocamento é aproximadamente constante; pode-se então
aplicar a fórmula p ΔW = Fx .Δx ara calcular o trabalho.

Esta é apenas a área do pequeno rectângulo sombreado na figura.

Se imaginarmos que a curva F x versus x está dividida em um

grande número de pequenos intervalos, então o trabalho total para


um deslocamento desde x i ate x f é aproximadamente igual a soma
xf
dum grande número de termos: W ≈ ∑ F .Δx
xi
x

a)

Fig.6.4

Se os pequenos deslocamentos tenderem à zero, então o número de


termos na soma aumenta sem limite (tende ao infinito) mas o valor
da soma tende a um valor finito que é igual a área limitada pela
curva definida pela função Fx = Fx (x) e o eixo dos x, isto é,
xf xf

W = lim ∑ Fx .Δx = ∫ F .dx


x (6.3)
Δx → 0 xi xi
204 Lição nº 2

Este integral definido é numericamente igual a área sob a curva


F x − versus − x e limitada pelas verticais que passam por xi e x f .

Portanto, o trabalho realizado pela força Fx quando a partícula é


xf

deslocada de xi para x f pode ser expresso como: W = ∫ F .dx


xi
x

Esse integral reduz-se à fórmula do trabalho para uma força


constante se Fx = F . cos θ for constante.

Se a partícula está sujeita à acção de várias forças, o trabalho total


realizado pelo sistema é igual ao trabalho da resultante dessas forças.
Se a força resultante for expressa ao longo do eixo ox, ∑F x , então

o trabalho total realizado pelo sistema de forças quando a partícula


xf

se desloca de x i para x f é dado por: Wtotal = ∑W = ∫ (∑ F ).dx x


xi

Uma força agindo sobre uma particular, varia com a coordenada


conforme a figura mostra. Calcule o trabalho realizado pela força quando

Exemplo a partícula se desloca desde a posição x = 0 ate x = 6m .

Resolução:

O trabalho realizado pela força durante o deslocamento da partícula da


posição inicial x = 0 até a posição final x = 6 m, é numericamente igual a
área da figura sob o gráfico e limitada pelas verticais que passam pela por
x = 0 e x = 6 ,0 m .

Você consegue identificar que tipo de figura geométrica é essa?

Em caso de dúvida você pode começar por notar que a figura pode
ser divide num rectângulo cujos lados são x = 4 e F = 5 N e num
triângulo cuja altura é F = 5 N e base x =( 6-4) m = 2 m.

Achando a área de cada figura geométrica e depois adicioná-las você


obtém o valor numérico do trabalho realizado pela força.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 205

Fig.6.5

Mas como você sabe que essa figura chama-se trapézio, então
podemos aplicar directamente a fórmula da área do trapézio:

4+6 10
W= .5[m.N = J ] = .5 J = 5.5 J = 25 J
2 2

Então, o trabalho realizado pela força durante o deslocamento da


partícula da posição inicial x = 0 até a posição final x = 6 m é de 25
J.

Trabalho realizado pela força elástica:

Um sistema físico mais comum para o qual a força varia com a


posição ocupada pela partícula está representado na figura.

Fig.6.7

Legenda:

a. bloco deslocado para a direita(mola distendida)

b. bloco na posição de equilíbrio

c. bloco deslocado para a esquerda (mola comprimida)


206 Lição nº 2

Um bloco sobre o plano horizontal sem atrito, está ligado à uma das
extremidades duma mola. Se a mola é distendida ou comprimida por uma
pequena distância x a partir da sua posição de equilíbrio estável, ela
r r r
exerce uma força sobre o corpo dada por F = −k .Δx onde Δx é o
deslocamento do bloco a partir da posição x = 0 e k, é uma constante
positiva chamada constante de força da mola ou constante de rigidez da
mola.

Por outras palavras, a força necessária para distender ou comprimir uma


mola é proporcional é proporcional à grandeza da deformação Δx .

Esta formulação para as molas, chama-se lei de Hooke, e é válida


somente para casos limites de pequenas deformações.

A projecção dessa força ao longo eixo ox, por exemplo, será:


F x = − k .Δ x

O sinal negativo na equação significa que a força exercida pela mola


é sempre oposta ao deslocamento.

Quando Δx > 0 , a força elástica está dirigida para a esquerda no


sentido negativo ao do eixo ox. Quando Δx < 0 , a força elástica está
dirigida para a direita, no sentido positivo do eixo ox.

Quando Δ x = 0 , a mola não está deformada e a força elástica


também é nula. Como a força elástica está sempre dirigida para a
posição de equilíbrio estável ela é chamada de força restauradora.

Suponha, agora que o bloco é puxado desde a posição x0 até a


posição final x qualquer. O trabalho realizado pela força elástica será
dada por integração:

x x
⎛1 1 2⎞ 1 1
W = ∫ Fx .dx = ∫ (−k.x).dx = −⎜ .k.x 2 − .k.xo ⎟ = k.x o − .k.x 2
2

xo xo ⎝2 2 ⎠ 2 2

⎛1 ⎞
A grandeza dada por ⎜ .k.x 2 ⎟ , chama-se energia potencial elástica da
⎝2 ⎠
1
mola, Up ⇒ U pe = .k . x 2 (6.4)
2
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 207

Chama-se energia à grandeza física escalar que caracteriza a capacidade


que um corpo tem de realizar trabalho. Quanto maior for o trabalho
realizado pelo corpo, maior é a energia que ele possuía.

Como consequência da realização do trabalho sobre o corpo, a sua


energia varia.

Portanto, uma mola deformada armazena no sistema uma certa


energia e, por conseguinte pode realizar trabalho.

Portanto WFe = U po − U Pf = −ΔU pe (6.5)

O trabalho da força elástica é o simétrico da variação da energia


potencial elástica.

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta actividade

Determine o trabalho da força elástica pelo método gráfico, assumindo


que a mola arrasta o bloco desde a posição inicial xo até a uma posição
final qualquer x.
Actividade-18

Tempo de realização:
00:10 minutos

Comece por representar o gráfico F versus x, onde se destacam as duas


posições referidas no enunciado. Identifique a figura obtida e use a

Dica fórmula adequada para o cálculo da área.


208 Lição nº 3

Lição nº 3
Energia cinética e o teorema do
trabalho e energia

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição que se apresenta de


importância fundamental para a compreensão de alguns fenómenos
mecânicos. Aqui você travará conhecimento com uma das formas
mais comuns de energia mecânica, a energia cinética. Além disso
você vai aprender um teorema que lhe permite resolver problemas
complexos onde, as vezes, as leis de Newton se tornam difíceis de
usar. O teorema pode ser uma via alternativa para a resolução do
problema.

O seu conteúdo relaciona a velocidade dum corpo em movimento


com o seu deslocamento sob acção duma dada força resultante. Se
o trabalho realizado pela força resultante pode ser calculado para
um dado deslocamento, então a variação da velocidade do corpo
para esse deslocamento pode ser facilmente

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito de energia cinética;

ƒ Enunciar o teorema de trabalho e energia cinética;

Objectivos ƒ Explicar o teorema de trabalho e energia cinética;

ƒ Aplicar o teorema de trabalho e energia cinética na solução de


problemas
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 209

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Identificar as condições para que haja realização de


trabalho, no sentido físico;

• Explicar os efeitos duma força.

Trabalho e teorema do trabalho e energia cinética

Considere-se uma partícula de massa m que sob a acção duma força


r n r r
F = ∑F
i =1
i (onde F é a resultante das n forças que agem

simultaneamente sobre a partícula) se desloca desde a posição A até B.

Com base nessa consideração, que afirmações pode fazer?

Vamos raciocinar juntos!

1˚ Se há uma força agindo sobre a partícula e a velocidade varia, então,


sob a acção da força resultante o corpo adquire uma aceleração. De
acordo com a 2ª lei de Newton podemos escrever:
r r
F = m.a

2˚ Se o corpo se desloca sob acção da força então, a força realiza


trabalho.

Aqui a ideia base é de relacionar os dois efeitos da mesma força (o


trabalho e a variação da velocidade).

Vamos supor que a força é constante, então:

W = F . cos θ .Δx = Fx .Δx , onde Fx = F . cos θ é a projecção da força


ao longo do deslocamento.

No entanto, Fτ = m.aτ e como o movimento da partícula é


uniformemente variado (tente justificar esta afirmação!),
210 Lição nº 3

2 2
v − v ox
Δx = x .Então,
2 .a x
n ⎛ v 2 − vox2 ⎞ ⎛ v 2 − vox2 ⎞ m.vx 2 m.vo 2
W = ∑Wi = m.ax .⎜⎜ x ⎟ = m.⎜ x
⎟ ⎜ 2 ⎟= 2 − 2

i=1 ⎝ 2.ax ⎠ ⎝ ⎠

⎛1 2 ⎞
A grandeza ⎜ m .v x ⎟ chama-se energia cinética do corpo e
⎝2 ⎠
1
representa-se por EC ⇒ Ec = m.v2 (6.7)
2

A energia cinética dum corpo é a energia associada ao movimento desse


corpo. Esta grandeza é tanto maior quanto maiores forem a velocidade
de movimento e a massa da partícula.

Então, pode-se escrever:

n
W = ∑Wi = Ec f − Eco = ΔEc (6.8)
i =1

Supondo que a força é variável, teremos que fazer a integração:

dv
Sabe-se que Fτ = m.aτ = m. ; onde substituímos a aceleração pela sua
dt
dv
definição, ou seja, aτ = . Usando os seus conhecimentos
dt
dv dv ds dv ds
matemáticos, você pode escrever: = . = v. . Onde =v é a
dt ds dt ds dt
velocidade tangencial e s é o deslocamento da partícula ao longo duma
trajectória qualquer que pode ser curva ou recta; ds é o deslocamento
elementar.

n
dv
Assim, Fτ = m.v. ⇒ Fτ .ds = m.v.dv . Mas Fτ .ds = δW = ∑ δWi
ds i =1

Daí que δW = m.v.dv , ou seja, o trabalho elementar realizado pela força


resultante durante o deslocamento elementar sofrido pela partícula é dado
pela soma dos trabalhos elementares das forças componentes nesse
mesmo deslocamento.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 211

n v
1 1
∑W = ∫ m.v.dv =
2
Então, W = i m.v 2 − m.vo = Ec f − Eco = ΔEc
i =1 vo
2 2

Enunciado do teorema:

O trabalho realizado sobre a particular pela resultante das forças que


actuam sobre ela, é igual a variação da energia cinética da partícula

Com esse teorema, você pode calcular o trabalho da força resultante


mesmo sem conhecer a força, bastando conhecer as velocidades nas
posições inicial e final ocupadas pela partícula.

Ao usar este teorema para a resolução dum problema deve incluir todas as
forças que agem sobre a partícula no cálculo do trabalho.

Dica A partir deste teorema você conclui também que se o trabalho realizado
pela força resultante for positivo, então a energia cinética do corpo
aumenta. Contrariamente, se o trabalho da força resultante for negativo,
então, a energia cinética do corpo diminui.

No geral, se sobre o corpo actuam tanto forças de atrito como outro tipo
de forças que não são de atrito temos:
W = ΔE c ⇒ ∑ W + WFa = ΔE c ⇔ ∑ W − Fac .d = ΔE c onde ∑W é
o trabalho total de outras forças que não são de atrito e − Fac .d é o

trabalho realizado pela força de atrito

1. Um bloco de 6 kg de massa inicialmente em repouso é puxado para a


direita, ao longo duma superfície horizontal sem atrito, por uma força

Exemplo de 12 N. Determine a velocidade adquirida pelo bloco ao fim de 3


metros de deslocamento.
212 Lição nº 3

Dados: Fig.6.8
F = 12 N
d=3m
vi = 0
Pede-se:
vf = ?

Qual é o W realizado pelas forces de gravidade e reacção normal?

Quando responder essa questão perceberá porque é que na fórmula só


aparece o W da força F.

W = F .d . cos 0 = 12 N .3m = 36 J .Pelo teorema

2.W 2.36 ⎡ J ⎛ m ⎞ ⎤
2
1 2 2
W = ΔEc = m.v f − 0 ⇒ v f = = ⎢ =⎜ ⎟ ⎥
2 m 6 ⎢⎣ kg ⎝ s ⎠ ⎦⎥

2 m2 m2 m
v f = 12 2
⇒ v f = 12 2
= 3,5
s s s

Você vai precisar de 5 minutos para completar esta actividade

Determine a aceleração do bloco e determine a sua velocidade final


usando a equação cinemática.

Actividade-19

Tempo de realização:
00:05 minutos
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 213

2. Determine a velocidade final do bloco descrito no exemplo anterior,


se a superfície for rugosa, ou seja, se houver atrito em que o

Exemplo coeficiente de atrito vale 0,15.

O trabalho realizado pela força F, é como no caso anterior


W = F .d . cos 0 = 12 N .3m = 36 J Fig.6.9
N vf
⎡ m ⎤
Fac = μ c N = 0,15.6,0.9,8⎢kg 2 = N ⎥ = 8,82 N F F
⎣ s ⎦ a

Fg

Fig.6.9

No nosso caso a força de gravidade se equilibra com reacção


normal ao longo da vertical.

A variação da energia cinética como resultado do atrito é dada por:


Δ E c = − Fac .d = − (8,82 N )(
. 3 m ) = −26 ,5 J

A velocidade final do bloco será dada por:


1 2 1 1 1
.m.vi +∑W − Fac .d = .m.vf ⇔0+36J −26,5J = .6,0.vf ⇔9,5J = .6,0.vf
2 2 2

2 2 2 2
2 2.9,5⎡m2 ⎤ 19,0 m2 m2 m
vf = ⎢ 2⎥ = 2
= 3,
18 2
⇒vf =1,8
6,0 ⎣ s ⎦ 6,0 s s s
214 Lição nº 3

Você precisará de 10 minutos para completar esta actividade

Determine a aceleração do bloco a partir da segunda lei de Newton e


determine a velocidade do bloco a partir da equação da Cinemática.

m m
Actividade-20 (R: a x = 0 , 53 2
e v f = 1,8 )
s s

Tempo de realização:
00:10 minutos
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 215

Lição nº 4
Potência

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Esta lição fará com que você
entenda em parte, as razões da mecanização da produção e o que
leva as pessoas a ter preferência num determinado tipo de
dispositivos em detrimento doutros.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito de potência;

ƒ Dar a explicação física de potência;

Objectivos ƒ Resolver problemas que envolvam o conceito de potência;

ƒ Definir a potência como o produto escalar de dois vectores.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Definir o conceito “trabalho”;

• Definir o conceito “energia”;

• Definir trabalho como produto escalar.


216 Lição nº 4

Potência:

Considere o seguinte caso:

Dois carros idênticos de mesma massa, mas motores diferentes,


ambos percorrem uma subida, um deles perfaz a subida em menos
Exemplo
Estudo de caso tempo que o outro. Ambos veículos realizaram o mesmo trabalho
contra a força de gravidade, mas um foi mais rápido que o outro.

Sob o ponto de visto prático precisamos não apenas conhecer o


trabalho realizado mas também a rapidez com que este trabalho é
realizado. Por isso, prefere-se mecanizar a produção do que fazê-la
manualmente, pois com as máquinas realiza-se um volume de
trabalho maior em pouco tempo. Pode realizar-se, o mesmo
trabalho, manualmente mas precisar-se-ia de mais tempo do que
leva uma máquina a fazê-lo. As máquinas também diferem umas
das outras pela sua rapidez de realização de trabalho.

Chama-se potência da força a relação entre o trabalho elementar δW da


força e o intervalo de tempo dt em que este trabalho é realizado.

A potência caracteriza a rapidez com que o trabalho é executado e


representá-la-emos por N.

W
Nm = potência média (6.9)
Δt

A potência instantânea pode ser definida como sendo:

W δW
N = lim Δ t
Δt → 0
=
dt
(6.10)

r r
Tendo em conta a definição de trabalho elementar δW = F .ds teremos
δW r dsr r r
para potência: N = = F. = F .v (6.11)
dt dt
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 217

A unidade de potência no S.I:

kg.m 2
[N ] = 1 J = 1W (1watt ) = 1
s s3

Usa-se também o cavalo-vapor: 1 cv = 736 W.

No entanto o quiloWatt-hora (1 kwh) é unidade de energia pois resulta do


produto entre a unidade de potência (kw) e a do tempo (h).

J
1 kw = 1000 J/s, então, 1kWh = 10 3 .(3600 s ) = 3,60.10 6 J
s

1. Um elevador tem a massa igual a 1000 kg e carrega pessoas cuja


massa total vale 800 kg. Uma força constante de 4000 N retarda o seu
movimento para cima.
Exemplo
a. Qual deve ser a potência mínima desenvolvida pelo motor do
elevador para levantar o elevador a uma velocidade constante de
3 m/s?

b. Qual deve ser a potência desenvolvida pelo motor do elevador no


instante em que a velocidade é v para imprimir no elevador uma
aceleração de 1,00 m/s2 ?

Resolução:
r
Para levantar o elevador, o seu motor deve exercer uma força T para
cima. Veja o diagrama do corpo livre:

Fig.6.10

Como a velocidade deve ser constante então a aceleração é nula e por


isso,
218 Lição nº 4

r r r r
∑F = 0 ⇒T + F g +F =0
⇒ T − Fg − F = 0 ⇒ T = Fg + F
m
T = 1,8.10 3.kg.9,80 + 4.10 3 N
s2
T = 2,16.10 3 N
( )
r r
N = T , v = T .v. cos 0 o = T .v
m
N = 2,16.10 3 N .3 = 6,48.10 4 W
s

b. Nesta alínea o motor deverá acelerar o elevador, então:


r r r r r r
∑ F = m.a ⇔ T + F g + F = m.a ⇒ T − Fg − F = m.a
T = Fg + m.a + F = m.g + m.a + F = m.( g + a ) + F

( )
T = 1,8.10 3.kg .(1,00 + 9,80 )
m
s2
+ 4.10 3 N = 2,34.10 4 N

(
N = T .v = 2,34.10 4.v W )

Você precisará de 10 minutos para completar esta actividade.

1. Na alínea a) do exemplo que acabamos de analisar, o motor do


elevador desenvolve uma certa potência para levantar o elevador, e apesar
disso o elevador se move a uma velocidade constante. Um estudante
Actividade-21 analisando esse situação nota que a energia cinética não varia porque a
velocidade também não varia. Esse estudante, então, raciocina da
seguinte maneira: De acordo com o teorema do trabalho e energia
W
cinética, W = ΔE c = 0 . Sabendo que N = , o estudante conclui
t
Tempo de realização: que a potência desenvolvida pelo motor do elevador deve ser também
00:10 minutos igual a zero. Como você explicaria este aparente paradoxo?

Ao desenvolver o seu raciocínio para formular a resposta, pense no que


diz o teorema de trabalho e energia cinética, se neste caso se observa.

Dica Depois veja que força está envolvida no cálculo da potência.


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 219

Lição nº 5
Trabalho da força da gravidade.
Energia potêncial

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição, que lhe permitirá rever a noção de
trabalho duma força constante, aplicando-a a um caso particular. Além
disso você travará conhecimento com mais um tipo de energia mecânica,
que é uma das energias mais.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Determinar o trabalho realizado pela força de gravidade;

ƒ Definir o conceito de energia potencial gravitacional;

Objectivos ƒ Estabelecer a relação entre o trabalho realizado pela força de


gravidade e a variação da energia potencial gravitacional;

ƒ Identificar situações em que um sistema físico possui energia


potencial gravitacional.

Pré-requisitos:

No início desta lição você deve ser capaz de:

• Caracterizar a força de gravidade;

• Determinar trabalho duma força constante;

• Definir trabalho como produto escalar.


220 Lição nº 5

Trabalho de uma força constante

Consideremos uma partícula de massa m que se move sob a acção


r
de uma força F = constante:
B r B
r r r r r r
W = ∫ F .dr = F .∫ dr = F .(rB − rA ) (6.12)
A A

Fig.6.11

O trabalho não depende da trajectória que liga os pontos A e B:


rr rr
W = F .rB − F .rA

Uma força constante bem conhecida é a força de atracção que a Terra


exerce para os corpos que estão nas suas imediações, a força de
gravidade.

Considere o sistema de eixos coordenados xy e nele uma partícula que se


move do ponto A até ao ponto B. Determinemos o trabalho realizado pela
força de gravidade.

Nesse sistema de referência temos:

Fig.6.12

W = − m.g .( y B − y A )

W = m.g . y A − m.g. y B
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 221

A grandeza m . g . y chama-se energia potencial gravitacional, e


representa-se por U pG

A energia potencial é uma energia de interacção entre corpos e


depende da configuração do sistema de corpos em interacção. Se a
configuração (ou a posição relativa entre os corpos) varia, a energia
potencial também varia.

Para o caso da força de gravidade, o seu trabalho depende somente


da diferença ( y B − y A ) entre as alturas dos dois pontos extremos.

( )
W = m.g. y A − m.g. y B = U PA − U PB = − U PB − U PA = −ΔU PG (6.13)

O trabalho realizado pela força de gravidade é igual ao simétrico


da variação da energia potencial.

Você conhece mais alguma força cujo trabalho é expresso como o


simétrico da variação da energia potencial?

Mas é claro que você se recorda que tiramos uma conclusão idêntica
para o trabalho da força elástica.

As duas forças estão relacionadas com a energia potencial.

1. Uma partícula movendo-se no plano xy realiza um deslocamento


r r r
d = 2,0.i + 3,0. j , em metros, quando sujeita à uma força constante
r r r
Exemplo ( )
F = 5,0.i + 2,0. j N .

a. Calcule o trabalho realizado pela força.

b. Calcule o ângulo entre os vectores força e deslocamento.

Resolução:
r r
( ) r r
a. W = F , d = (5,0.i + 2,0. j )(
r r
. 2,0.i + 3,0. j )[N .m = J ]
W = (5,0.2,0 + 2,0.3,0) J = (10 + 6,0) = 16 J

b. Seja ϕ , pela definição do produto escalar temos:

(F , d )
r
16 16
cos ϕ = r r = = = 0,8230 ⇒ ϕ ≈ 35°
F .d 5,4.3.6 19,44
222 Lição nº 6

Lição nº 6
Forças conservativas e forças
não-conservativas

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui você vai discutir


algumas propriedades de forças que lhe permitirão discutir sistemas
físicos sob o ponto de vista do balanço energético.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Definir o conceito de forças conservativas;

ƒ Identificar as características das forças conservativas;

Objectivos ƒ Definir o conceito de forças não-conservativas;

ƒ Identificar as características das forças não-conservativas;

ƒ Caracterizar a energia potencial dum sistema físico;

ƒ Definir o conceito de força central;

ƒ Identificar a força central como sendo um exemplo de força


conservativa.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Definir o conceito “energia potencial” dum sistema

• Caracterizar os factores de que depende o trabalho realizado


pela força elástica, força de gravidade e por qualquer força
constante.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 223

Trabalho realizado por forças conservativas

Você deve recordar-se que tanto a força elástica como a força de


gravidade têm uma característica particular:

O trabalho por elas realizado pode ser representado como o simétrico


da variação das energias potenciais a que cada uma delas está
associada.

Vamos encontrar uma expressão comum para ambas.

Às forças cuja dependência com o vector-posição ou com as


coordenadas x,y e z da partícula é tal que o trabalho pode ser sempre
expresso como a diferença entre os valores da energia potencial nas
posições inicial e final, chamam-se forças conservativas

Força elástica e força de gravidade.

Exemplo

As características da energia potencial podem ser resumidas na seguinte


forma:

ƒ A energia potencial é função das coordenadas da partícula.

ƒ É energia de interacção e depende da configuração do sistema.

ƒ É função das coordenadas tal que a diferença entre seus valores na


posição inicial e final é igual ao trabalho realizado sobre a partícula
para movê-la da posição inicial até a final.

r B r r
Se F ∫
é conservativa, então, W = F .dr = U PA − U PB
A
ou seja

r r
F .dr = − dU p (6.14)

Tendo em conta a definição de força conservativa, qual seria o valor


do trabalho realizado por esse tipo de forças se a partícula sai duma
224 Lição nº 6

posição e por fim é levada de volta a sua posição inicial ou se se


desloca por uma curva fechada?

É claro que você deve ter chegado a conclusão de que, se a posição


inicial coincide com a posição final, ou se a curva for fechada então:
r r

W = 0 e escreve-se: W = F .dr = 0 , o trabalho realizado por forças

conservativas é independente da trajectória e, para uma curva


fechada é nulo.

O símbolo ∫ , significa que a integração está sendo feita ao longo duma

curva fechada.
r r r r
Tome Nota! Tendo F .dr = − dU P ; se F .dr = F .ds. cos θ onde θ é o ângulo
formado entre os vectores força e deslocamento elementar.

Assim, podemos escrever a seguinte igualdade


dU P
F.ds. cosθ = −dU P ⇒ F. cosθ = − ⇒ a componente da força é o
ds
negativo da derivada direccional da energia potencial U P . Então

⎧ ∂U P
⎪ Fx = − ∂x

r ⎪ ∂U P
F = − gradU P ⇔ ⎨ Fy = −
⎪ ∂y
⎪ ∂U P
⎪ Fz = −
⎩ ∂z

r ∂U P r ∂U P r ∂U P r
F = − gradU P = − .i − .j − .k , representação vectorial
∂x ∂y ∂z
do gradiente da função escalar UP. (6.15)

No espaço tridimensional o gradiente tem três componentes, que


coincidem com as componentes da força.

No caso do movimento plano e se estiverem em uso as coordenadas


r r
polares r e θ ; o deslocamento ao longo do raio-vector r é dr e o
deslocamento na direcção transversal ou perpendicular ao raio-vector
r
r é r.dθ .
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 225

Neste caso a energia potencial será da forma: U P = U P (r , θ ) e


teremos duas componentes para a força: a componente radial e a
componente transversal, cujas expressões são:

∂U P 1 ∂U
Fr = − e Fθ = − . P
∂r r ∂θ

Fig.6.13

Se a energia potencial for tal que depende somente da distância r


entre o centro e o ponto onde a partícula se encontra temos:
1 ∂U P ∂U P
U P= U P (r ) ⇒ Fθ = − = 0 pois que =0 (6.17)
r ∂θ ∂θ

A força tem apenas a componente radial e se chama força central. A


sua linha de acção passa sempre pelo centro O. A força central
depende somente da distância da partícula ao centro.

São exemplos de forças centrais, a força de gravitação universal


r m .m r
FG = −γ 1 2 2 .er e a força de interacção de Coulomb
r
r r
q .q r r r
FC = k 1 2 2 .er onde er = é o vector unitário na direcção radial
r r
e no sentido de afastamento do centro O.

Então, o que podemos concluir a partir dessa discussão?

A energia potencial associada a uma força central depende somente da


distância da partícula ao centro de forças, e, reciprocamente, a força
associada à energia potencial que depende somente da distância da
partícula a uma origem é uma força central cuja linha de acção passa por
essa origem.

Propriedades das forças conservativas:


226 Lição nº 6

1. A força é conservativa se o trabalho por ela realizado sobre


uma partícula que se move entre dois pontos quaisquer é
independente da trajectória seguida pela partícula.

2. O trabalho realizado sobre uma partícula, por uma força


conservativa, que se move através de qualquer caminho
fechado é zero.

À qualquer força conservativa pode associar-se uma determinada


energia potencial, tal que W = U Pi − U Pf = − ΔU P

Forças não-conservativas:

Uma força é não conservativa se ela causa a variação da energia


mecânica.

E você deve estar se perguntando o que é isso de energia mecânica?

Chama-se energia mecânica a soma da energia cinética e da energia


potencial do sistema, ou seja, a energia mecânica é a energia
associada ao movimento e à interacção entre as partículas que
constituem um dado sistema físico.

Por exemplo, se você empurra um livro que está em cima da mesa


notará que sua velocidade ( e por conseguinte a sua energia cinética)
diminui até ele se imobilizar. A que se deve essa diminuição?

Você deve recordar-se da força de atrito que discutimos aquando da


abordagem das leis de Newton.

As forças de atrito são uma espécie de resistência ao movimento. O


trabalho por elas realizado sobre uma dada partícula é sempre
negativo, como tal tiram energia do corpo. Por essa razão, a energia
cinética diminui.

Pelo teorema de W e EC.

W = ΔE c
Fac .d . cos θ = ΔE c ⇒ − Fac .d = ΔE c
ΔE c = − Fac .d

Fig.6.14
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 227

A energia dissipada devido ao atrito converte-se em energia térmica


que aquece as superfícies da mesa e do livro. Esta energia é
absorvida e tanto pelo livro como pela mesa, transformando-se em
energia interna destes corpos.

Como se pode ver a partir da fórmula, o trabalho das forças não


conservativas depende do caminho seguido pela partícula.

1. Qual é a variação da energia potencial gravitacional quando um


elevador de 800 kg sobe do nível da rua ao topo de um edifício, 375
m acima? Qual é o trabalho realizado pela força de gravidade nesse
Exemplo
deslocamento?

Resolução:

A energia potencial do sistema elevador+Terra é dada por

⎡ m ⎤
U P = m.g.h ⇒ ΔU P = m.g.(h2 − h1 ) = 800.9,8.375⎢kg. 2 .m = J ⎥
⎣ s ⎦
ΔU P = 2,4.10 J
6

W = −ΔU P , pelo facto da força gravitacional ser conservativa

W = −2,4.10 6 J

2. Um bloco de 5,0 kg é lançado para cima, ao longo de um plano


inclinado de 30º, com uma velocidade inicial de 5,0 m/s. Ele percorre
1,5 m ao longo do plano, pára e volta à base do plano inclinado.
Calcular a força de atrito, suposta de módulo constante, que age sobre
o bloco.

Resolução:

A força de atrito não é conservativa. Por isso, W F a = Δ E M


228 Lição nº 6

Consideremos o movimento de subida. Quando o bloco pára no topo,


temos:
EM = Ec + U P = 0 + m.g.h = m.g.d .sen30° = 5,0 kg.9,8 m / s.1,5 m.1/ 2
EM = 37 J

1 1
Na base: EM o = Eco + U Po = .m.vo + 0 = .5,0 kg.(5,0 m / s ) = 63 J
2 2

2 2

Da fórmula
37 − 63 ⎡ J ⎤
WFa = ΔEM ⇔ −Fa .d = EM − EM o ⇒ Fa = − = N⎥
1,5 ⎢⎣ m ⎦
Fa = −
(− 26) N = 26 N = 17 N
1,5 1,5

Você vai precisar de 10 minutos para completar esta actividade

No problema do exemplo anterior, determina a velocidade do bloco


quando este retorna à base do plano inclinado.

Actividade-22

Tempo de realização:
00:10 minutos

Considere o de descida: O topo como posição inicial e a base como


posição final. Considere a energia mecânica na posição final e inicial e

Dica use a relação entre o trabalho da força não-conservativa e a energia


mecânica do sistema. (R: 2,1 m/s)
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 229

Lição nº 7
Conservação da energia mecânica

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição. Aqui, espera-se que você


se debruce sobre as condições para que num sistema mecânico
haja conservação de energia mecânica e aplique o princípio de
conservação de energia mecânica para interpretar várias
situações e para a resolução de problemas.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Discutir as condições de validade do princípio de conservação


de energia mecânica;

ƒ Explicar os processos, de conversão dum tipo de energia


Objectivos
mecânica em outro, que decorrem em sistemas conservativos;

ƒ Aplicar o princípio de conservação de energia mecânica para


resolver problemas.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Caracterizar forças conservativas;

• Caracterizar sistema mecânico isolado.


230 Lição nº 7

Conservação de energia Mecânica

Consideremos um objecto mantido a uma altura h do solo.

Será que esse objecto tem energia? Em caso afirmativo que tipo
de energia?

Depois da sua reflexão certamente que chegou a conclusão de


que tal objecto não tem energia cinética pelo facto de se
encontrar em repouso. Contudo, ele está em interacção com a
Terra. Por consequência existe energia potencial do sistema
objecto-Terra. Isto significa que abandonando o objecto
daquela posição, pode realizar trabalho.

Quando o objecto se coloca em queda o que está acontecendo


com a energia potencial? E com a energia cinética?

Você terá concluído, certamente, que durante a descida a altura


h a que o corpo se encontra em relação a Terra vai diminuindo
e, por consequência diminui a energia potencial; enquanto a sua
velocidade vai aumentando e por consequência aumenta
também a sua energia cinética.

Se factores como a resistência dor ar for desprezíveis, seja qual


for a energia potencial que o sistema objecto-Terra perde à
medida que o objecto se move para baixo, aparece em forma de
energia cinética ou converte-se em energia cinética do objecto.
Em outras palavras, se sobre um sistema isolado de corpos
actuam somente forças conservativas, a energia mecânica
permanece constante.

Sejam a E c A e U PA , as energias cinética e potencial do sistema

na posição A. Como consequência da interacção entre os


corpos do sistema (através das forças do tipo conservativo) os
corpo podem se mover e a configuração do sistema muda.
Sejam E c B e U PB , a energia cinética e potencial do sistema na

posição B.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 231

Pelo teorema de trabalho-energia cinética, podemos escrever:

W = ΔE c = E cB − E c A e pelo facto de o sistema interagir com

forças do tipo conservativo, o trabalho pode ser escrito como


(
W = − U PB − U PA )
E igualando as duas expressões temos: ΔE c = − ΔU P

Qual é a interpretação que faz dessa expressão?

É claro que você conclui que quando uma das energias (cinética
ou potencial) aumenta, a outra diminui no mesmo valor. Mas a
soma das duas variações é nula.

ΔE c = − ΔU P ⇒ ΔE c + ΔU P = 0 ⇔ Δ(E c + U P ) = 0

A variação da soma de duas grandezas é nula. Quando é que


isso acontece?

Mas é claro que isso só pode acontecer se a soma dessas


grandezas for uma constante. E essa soma das energias cinética
e potencial, chama-se energia mecânica E M .

Δ(Ec + U P ) = 0 ⇔ ΔE M = 0 ⇒ E M = cons tan te


Então,
Ec A + U PA = EcB + U PB (6.18)

Princípio de conservação de energia mecânica total:

A energia mecânica total dum sistema permanece constante em qualquer


sistema isolado de objectos que interage somente através de forças
conservativas. E c A + U PA = E cB + U PB

É necessário notar que a equação de balanço energético só é válida


quando não há fluxos de energia nas fronteiras do sistema (não entra nem
sai energia do sistema). Para além de mais não deve haver forças não-
conservativas realizando trabalho dentro do sistema.

Se mais do que uma força conservativa actua sobre a partícula, cada força
está associada a uma energia potencial. Neste caso a equação do princípio
de conservação de energia mecânica será:
232 Lição nº 7

n n
E ci + ∑ U Pi = E c f + ∑ U Pf
i =1 i =1

1. Uma bola de massa m é largada de um ponto situado a uma


altura ho do solo como mostra a figura. Desprezando a

Exemplo resistência do ar, determine:

a. A velocidade da bola no instante em que a bola está a uma


altura h do solo.

b. A velocidade da bola no instante em que está a uma altura h


do solo sabendo que no instante em que a bola foi largada
foi-lhe comunicada uma velocidade inicial vo no ponto a
altura ho.

Resolução

Fig.6.15

a. Bola em queda livre. Única força agindo sobre ela é a força de


gravidade, que é conservativa. Podemos, então, aplicar o princípio de
conservação de energia mecânica total para o sistema bola-Terra.

O sistema, inicialmente, tem energia potencial e a sua energia


cinética é nula. A medida que a bola cai, a sua energia
potencial se converte em energia cinética, mas a energia
mecânica do sistema permanece constante em cada ponto.

Na posição 1, a energia cinética da bola é nula Ec = 0, mas tem


energia potencial U P o = m. g .ho
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 233

1 2
Na posição 2, a bola tanto tem energia cinética E c = .m.v f ,
2
como energia potencial, U pf = m . g .h .

Pelo princípio de conservação de energia mecânica total temos:

1 2
E co + U Po = E c f + U Pf ⇔ 0 + m.g .ho = .m.v f + m.g .h
2
v f = 2.( g .ho − g .h) = 2.g .(ho − h ) ⇒ v f = 2.g .(ho − h )
2

b. Na alínea b, a análise é a mesma que da alínea anterior.


Você pode dizer que diferença existe entre a situação entre
as duas alíneas?

Claro que você notou que na alínea b, a bola tem uma certa
velocidade inicial e, por conseguinte energia cinética E c na
posição inicial, portanto, temos:

1 2 1 2
E co + U Po = E c f + U Pf ⇔ .m.vo + m.g .ho = .m.v f + m.g .h ⇒
2 2
v f = vo + 2.g .(ho − h ) ⇒ v f = vo + 2.g .(ho − h )
2 2 2

Você vai precisar de 15 minutos para completar esta actividade

1. Um carro de montanha-russa com massa m inicia seu


movimento no ponto A com velocidade vo, como mostra a
fig.6.16. Suponha que ele possa ser considerado como uma
Actividade-23
partícula e que permaneça sempre sobre o trilho.

a. Qual será a velocidade do carro nos pontos B e C?

b. Que desaceleração constante é necessária para detê-lo no


ponto E se é freado no ponto D?
Tempo de realização:
00:15 minutos
234 Lição nº 7

Fig.6.16

Para responder a questão da alínea a) você precisa aplicar a lei de


conservação de energia mecânica. Esse processo conduzir-lhe-á às
Dica 2
seguintes respostas: v B = vo e vc = vo + g .h

Na alínea b), você precisa ter em conta que a energia mecânica no


ponto C converte-se toda em energia cinética no ponto D. Para que
o carro pare no ponto E, é preciso que toda essa energia seja
dissipada no percurso L. Conhecendo a velocidade no ponto D e E,
você pode aplicar a equação
2 2
v E = v D + 2.a. x.L para calcular a aceleração. Isso lhe conduz à
2
v + 2 . g .h
seguinte resposta: a = o
2 .L
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 235

Lição nº 8
Trabalho realizado por forças não-
conservativas

Introdução

Seja bem-vindo ao estudo desta lição na qual se pretende que


você se familiarize com situações em que no sistema físico
agem forças não-conservativas, que é o caso mais comum no
dia-a-dia.

Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:

ƒ Determinar o trabalho realizado por forças não-conservativas;

ƒ Relacionar o trabalho das forças não-conservativas com a


variação da energia mecânica;
Objectivos
ƒ Resolver exercícios onde estejam envolvidas forças não-
conservativas;

ƒ Explicar as transformações de energia que ocorrem em sistemas


físicos onde haja intervenção de forças não-conservatives.

Pré-requisitos:

No início desta lição, você deve ser capaz de:

• Caracterizar forças não-conservativas


236 Lição nº 8

Trabalho realizado por forças não-conservativas

Se para além das forças conservativas actuam, sobre a partícula


durante o seu movimento, forças não conservativas então a
energia mecânica total varia. As forças não-conservativas
podem transferir energia para dentro do sistema ou para fora
dele.
r r
Com efeito, designemos por F e F ′ , a resultante das forças
conservativas e não-conservativas, respectivamente.

( )
B r r r
W = ∫ F + F ′ .dr = ΔE c , pelo teorema de trabalho e energia
A
r r
cinética, pois F + F ′ é a resultante das forças que agem no
sistema.

Mas,

( )
B r r r B r r B B r
r r
W = ∫ F + F ′ .dr = ∫ F .dr + ∫ F ′.dr =ΔE c ⇔ − ΔU P + ∫ F ′.dr = ΔE c
A A A A
Aqui aplicamos uma das propriedades das forças conservativas,
em particular a que relaciona o trabalho e a energia potencial.

Daí que
r r B B r B r
r r
− ΔU P + ∫ F .dr = ΔE c ⇒ ∫ F .dr = ΔE c + ΔU P ⇔ ∫ F ′.dr = Δ(E c + U P )
′ ′
A A A
Br r
∫ ′.dr = ΔE M ⇔ WFr ′ = ΔE M
A
F (6.19)

O que é que lhe diz essa igualdade? Que grandeza temos no 1º


membro da igualdade? E no 2º membro?

Agora junte as ideais para formular uma frase que seja


consistente com igualdade.

Certamente que você terá chegado a uma afirmação como a que


se segue:
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 237

O trabalho realizado pelas forças não-conservativas é igual a variação da


energia mecânica da partícula ou do sistema de partículas.

1. Uma bola de 0,5 kg que é lançada verticalmente para cima com


uma velocidade inicial de 20 m/s atinge uma altura de 15
Exemplo metros. Calcule a perda de energia mecânica devido à
resistência do ar.

Resolução:

Como actua a resistência do ar, que é uma força não-conservativa,


teremos:
( ) (
ΔE M = E M f − E M o = E c f + U Pf − E co + U P0 )
⎛1 ⎞ 1
ΔE M = (0 + m.g .h ) − ⎜ .m.vo + 0 ⎟ = m.g .h − .m.vo
2 2

⎝2 ⎠ 2
1
ΔE M = 0,5.9,8.15 J − .0,5.20 2 J = 73,5 J − 100 J = −26,5 J
2

Veja que aqui se fala de perda. Será que a energia se perdeu


mesmo?

Analise o resultado obtido e diga como terá variado a energia


mecânica da bola? Aumentou ou diminuiu? Para onde é que terá
ido?

Para responder essas pequenas questões veja primeiro que a


variação da energia mecânica é negativa. Isto significa que a
Dica energia mecânica da bola diminuiu.

Já ouviu falar da afirmação geral que corresponde ao princípio


geral de transformação e conservação de energia que diz “Na
natureza nada se perde e nada se cria, mas tudo se transforma”?
238 Lição nº 8

Pois aplicando a essa caso podemos dizer que a energia não pode
ser criada nem destruída mas pode transformar-se dum tipo para o
outro. Assim sendo, se a energia mecânica da bola diminuiu então
há uma outra forma de energia no sistema bola-ar que terá
aumentado. Pois há conversão de energia mecânica em energia
calorífica devido à resistência do ar; e essa quando absorvida pelas
substâncias converte-se em energia interna das mesmas.

Portanto, devido a resistência do ar, 26,5 J de energia mecânica


foram convertidos em outras formas de energia, por exemplo
em energia interna.

2. Um rapaz, partindo do repouso, desce uma rampa de


bicicleta, sem pôr os pés nos pedais, percorrendo 20 metros.
O plano da rampa faz com a horizontal um ângulo de 30º .
A massa do conjunto rapaz+bicicleta é 60 kg.

a. Desprezando o atrito, calcule a velocidade com que o


rapaz chega ao fim do percurso.

b. Determine o valor médio da força de atrito no caso do


rapaz chegar ao fim do percurso com uma velocidade de
10 m/s.

Resolução:

a. Dados: Fig.6.17
1
h = d .sen30 = 20. = 10 m
2
m = 60 kg
g = 9,8 m/s 2
d = 20 m
θ = 30º
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 239

Como a força que produz o movimento é a força de gravidade


que é uma força conservativa, a energia mecânica total
permanece constante:

1 2
EM A = EM B ⇔ EcA + U PA = EcB + U PB ⇔ 0 + m.g.h = .m.vB + 0
2
2 ⎡m m2 ⎤ m m
vB = 2.g.h ⇒ vB = 2.g.h = 2.9,8.10⎢ 2 .m = 2 ⎥ = 196 = 14
⎣s s ⎦ s s
m
vB = 14
s
O rapaz chega ao fim do percurso com uma velocidade de 14
m/s.
b. Cálculo do trabalho da força de atrito:
1
WFra = EMB − EM A = .60.102 J − 60.9,8.10 J = 300J − 5880J = −2880J
2
Cálculo do valor médio da força de atrito:
2880 ⎡ J ⎤
WFra = Fa .d . cos180 ⇒ −2880 J = − Fa .20 m ⇒F a = ⎢ = N⎥
20 ⎣ m ⎦
Fa = 144 N
O valor médio da força de atrito é de 144 N.

Sumário
Chama-se trabalho à medida da acção da força com respeito ao caminho
percorrido pelo seu ponto de aplicação.
r
O trabalho realizado por uma força constante F agindo sobre uma dada
partícula é definido como sendo o produto escalar entre o vector a força e
r
o vector deslocamento d realizado pela partícula sob a acção dessa força.

( )
r r r r
W = F , d = F .d = F .d . cos θ

Se uma força variável realiza um certo trabalho sobre uma partícula a


medida que a partícula se desloca ao longo do eixo ox a partir da posição
x i ate x f , o trabalho por ela realizado é dado pela expressão:
240 Lição nº 8

xf

W = ∫ Fx .dx
xi

Onde F x é a projecção da força ao longo do eixo ox.

Se várias forças agem sobre a partícula, simultaneamente, cada força


produz o seu efeito independentemente das outras ou seja, realiza um
certo trabalho. No entanto o trabalho total será a soma dos trabalhos
realizados pelas forças individualmente.

A energia cinética duma partícula de massa m, movendo-se à velocidade


1
v, é dada por : E c = .m .v 2
2

O teorema do trabalho-energia cinética diz que o trabalho realizado, sobre


a partícula, pela resultante das forças que agem sobre ela é igual a
variação da energia cinética experimentada pela partícula.

n
1 1
W = ∑ Wi = ΔE c = .m.v f − .m.vi
2 2

i =1 2 2

Se forças de atrito agem sobre uma partícula então o teorema terá a


forma:

E ci + ∑ W of − Fac .d = E c f

A potência instantânea N é definida como sendo a taxa de transferência


r
de energia. Se um agente aplica uma força F sobre um objecto que se
r
move a uma velocidade v , a potência desenvolvida pelo agente é dado

(F, drr) = ⎛⎜ Fr, drr ⎞⎟ = (Fr, vr)


r
δW
por: N = =
dt dt ⎝ dt ⎠

Se uma partícula de massa m está a uma altura h acima da superfície da


Terra, a energia potencial gravitacional do sistema partícula-Terra é dada
por: U p = m . g .h

A energia potencial elástica armazenada numa mola deformada cuja


1
constante de rigidez é k e deformação x é dada por: U pe = .k ..x 2
2

Uma força é conservativa se o trabalho que realiza sobre uma partícula


movendo-se entre dois pontos é independente da trajectória seguida pela
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 241

partícula entre os dois pontos. Além disso uma força é conservativa se o


trabalho realizado sobre a partícula que se desloca por uma trajectória
qualquer fechada e volta à posição inicial é nulo.

Uma força que não satisfaz esses critérios é chamada força não-
conservativa.

A função energia potencial U p pode somente estar associada a uma


r
força conservativa. Se a força conservativa F age sobre uma partícula
que se move ao longo do eixo ox, a partir da posição inicial x i até a

posição final x f , então a variação da energia potencial do sistema é igual

ao negativo do trabalho realizado por essa força:

xf

E p f − E pi = − ∫ Fx .dx ⇔ W = − ΔU p
xi

A energia mecânica total dum sistema físico é definida como sendo a


soma da energia cinética e da energia potencial: E M = E c + U p

Se não existem forças externas agindo sobre o sistema e se não existem


forças não-conservativas estão agindo sobre os corpos dentro do sistema,
então a energia mecânica total do sistema permanece constante:

E c1 + U pi = E c f + U p f

Se existem forças não-conservativas agindo sobre os corpos dentro do


sistema, então a energia mecânica varia. Neste caso a variação da energia
mecânica total é igual a energia transferida para o sistema (ou do sistema)
pelas forças não-conservativas. Pois o trabalho é uma forma de
f
r r r

transferência de energia: Wnc = F ′.dr = ΔE M onde F ′ é a resultante
i

das forças não-conservativas e Wnc é o trabalho das forças não-

conservativas.
242 Lição nº 8

Leitura Complementar:
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha, 1999.
Leitura

ƒ BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de Física


Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill, Portugal, 1992.

ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora. Lisboa,
1993.

ƒ RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros Técnicos


e científicos. R.J. Brasil, 1983.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Livros


Técnicos e Científicos (4ª edição). Volume.1, 1999.
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 243

Exercícios
Você deverá despender 3 horas lectivas a resolver os exercícios de auto-
avaliação.

1. Uma gota de água da chuva cuja massa é igual a 3,35.10 −5 kg , cai a


uma velocidade constante sob a acção da força de gravidade e da
Auto-avaliação 11 resistência do ar. Depois de cair 100 m, qual é o trabalho realizado:

a. Pela força de gravidade. (R: 32,8 J)

b. Pela resistência do ar. (R:-32,8 J)

2. Um bloco de massa 2,50 kg é empurrado por uma força constante de


16 N formando um ângulo de 25,0º abaixo da horizontal. O bloco se
Tempo de realização :
03:00 Horas desloca sobre uma superfície horizontal, sem atrito por uma distância
de 2,20 m. Determine:

a. O trabalho realizado pela força aplicada. (R: 31,9 J)

b. O trabalho realizado pela reacção normal exercida pela superfície.


(R: 0 J)

c. O trabalho realizado pela força de gravidade. (R: 0 J)

d. O trabalho total realizado sobre o bloco. (R: 31,9 J)

3. Uma força agindo sobre uma partícula varia com a posição de acordo
com o gráfico. Determine:
244 Lição nº 8

a. O trabalho realizado pela força quando a partícula se move de x =


0 m até x = 8 m. (R: 24 J)

b. O trabalho realizado pela força quando a partícula se move de x =


8m até x = 10 m. (R: -3 J)

c. O trabalho realizado pela força quando a partícula se move de


x = 0 m até x = 10,0 m. (R: 21 J)

4. A força agindo sobre uma partícula é dada pela expressão


Fx = (8.x − 16 ) N , onde x é dado em metros.

a. Faça um esboço-gráfico de Fx versus x no intervalo de x = 0 m


até x = 3,00 m.

A força é uma função linear de x. Da Matemática você conclui que se


trata de uma função do tipo y = ax + b cujo gráfico é uma linha recta.

Dica

b. A partir do seu esboço-gráfico, determine o trabalho total


realizado por essa força quando a partícula se move desde x = 0
m até x = 3,00 m. (R: -12 J)
r
(
r r
)
5. Uma força F = 4.x.i + 3. y. j N age sobre um objecto a medida que
este se move ao longo do eixo ox, a partir da origem até a posição x
= 5 m. Determine o trabalho realizado pela força nesse deslocamento.

(R: 50 J)

6. Uma lançadora de flecha puxa a corda do seu arco para trás até 0,400
m em relação à posição de equilíbrio da corda exercendo uma força
que aumenta uniformemente de zero até 230 N.

a. Qual é o equivalente a constante de rigidez de mola do arco?


(R: 575 N/m)

b. Quanto trabalho é realizado pela lançadora ao puxar a corda?

(R: 46,0 J)
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 245

7. Quando uma massa de 4,00 kg é pendurada verticalmente na


extremidade duma mola que obedece a lei de Hooke, a mola
distende-se de 2,50 cm. Se a massa de 4,00 kg é removida:

a. De quanto a mola se distenderá se uma massa de 1,50 kg é


pendurada na mola? (R: 0,938 cm)

b. Quanto trabalho deverá ser realizada por um agente externo para


distender a mesma mola de 4,00 cm a partir do seu estado
normal? (R: 1,25 J)

8. Se é necessário realizar um trabalho de 4,00 J para distender uma


mola, elástica que obedece a lei de Hooke, em 10,0 cm a partir do seu
estado normal, determine o trabalho extra necessário para distender a
mola em 10,0 cm adicionais. (R: 12,0 J)

9. Um bloco de 15 kg é arrastado ao longo duma superfície horizontal


áspera, por uma força de 70,0 N aplicada numa direcção que forma
um ângulo de 20º acima da horizontal. O bloco é deslocado por uma
distância de 5,00 m, e o coeficiente de atrito entre o bloco e a
superfície vale 0,300. Determine o trabalho realizado pela:

a. Força de 70,0 N. (R: 329 J)

b. Pela reacção normal da superfície. (R: 0 J)

c. Pela força de gravidade. (R: 0 J)

d. Qual é a perda da energia devido ao atrito? (R: 189 J)

e. Determine a variação da energia cinética total do bloco.

(R:140 J)

10. Uma partícula é sujeita a uma força Fx que varia com a posição de
acordo com a figura. Encontre o trabalho realizado, pela força, sobre
o corpo quando ele se move:
246 Lição nº 8

a. De x = 0 até x = 5 m.

b. De x = 5 m até x = 10,0
m.

c. De x = 10,0 m até x =
15,0 m.

d. Qual é o trabalho total realizado pela força ao longo da


distância x = 0 m até x = 15 m.

e. Se a massa da partícula for de 4,0 kg e partindo da posição


x = 0 m, qual é a sua velocidade na posição x = 5,0 m? Na
posição x = 10,0 m? Na posição x =15,0 m?

Resoluções do Problema 10:

a. R: 7,5 J;

b. R:15 J;

c. R: 7,5 J;

d. R: 30 J

e. 1,94 m/s; 3,35 m/s; 3,87 m/s.

11. Um mecânico empurra um carro cuja massa é 2500 kg, a partir


do repouso, acelerando-o até uma velocidade v. Ele realiza um
trabalho de 5000 J durante o processo. Durante este tempo, o
carro sofre um deslocamento de 25,0 m. Se o coeficiente de
atrito entre o carro e a estrada for desprezível:

a. Qual é a velocidade final v do carro? (R: 2 m/s)


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 247

b. Qual é a força horizontal, constante que o mecânico exerce


sobre o carro? (R: 200 N)

12. Um bloco de massa igual a 3,00 kg desliza a partir do repouso,


ao longo dum plano inclinado sem atrito que forma um ângulo
de 30º com a horizontal, por uma distância d. Enquanto desliza,
o bloco entra em contacto com uma mola não deformada cuja
N
constante elástica k = 400 . Após isso, bloco desliza por mais
m
0,200 m, enquanto comprime a mola e pára. Determine a
separação inicial, d entre o bloco e a mola.
(R: 0,344 m)

13. Um bloco de 2,00 kg de massa está preso à extremidade de uma


mola elástica cuja rigidez é 500 N/m. O bloco é puxado 5,00
cm para a direita da posição de equilíbrio estável e depois é
largado a partir do repouso. Determine a velocidade do bloco
ao passar pela posição de equilíbrio:

a. Se a superfície horizontal for lisa (sem atrito).

(R: 0,790 m/s)

b. Se o coeficiente de atrito entre o bloco e a superfície for de 0,350.


(R: 0,742 m/s)

14. Uma mola destendida contrai-se arrastando consigo um corpo de 50 g


de massa e fazendo-a deslocar sem atrito por um plano horizontal. No
momento em que a deformação da mola é igual a zero, o corpo tem
uma velocidade de 5 m/s. Qual foi a distensão da mola, sabendo que
a sua rigidez é igual a 104 N/m? (R: 1,12 cm)

15. Um corpo de 400 g de massa está preso a uma mola comprimida, de


100 N/m de rigidez. Depois de se soltar a mola, o corpo passa a
realizar oscilações pelas quais a mola apresenta um alongamento
máximo de 10 cm. Qual é a velocidade máxima do corpo que realiza
248 Lição nº 8

as oscilações? (Despreze a massa da mola).


(R: 1,58 m/.s)

16. Um corpo de massa igual a 3,00 kg tem velocidade inicial


r r
r
( )
v o = 6,00.i − 2,00. j m / s .

a. Qual é a energia cinética nesse instante? (R: 60.0 J)

Determine o trabalho total realizado sobre o corpo se a sua


r r
r
( )
velocidade varia para v = 8,00.i + 4,00. j m / s . (R: 60.0 J)

17. Num treino básico, um Fuzileiro naval cujo peso é de 700 N, salta
uma barra vertical de 10,0 m à velocidade constante em 8,00 s. Qual
é a potência desenvolvida por ele? (R: 875 W)

18. O motor de um veículo transmite 2,24.104 W de potência às suas


rodas quando se move a uma velocidade constante de 27,0 m/s. Qual
é a força resistiva agindo no veículo para esta velocidade?

(R: 830 N)

19. Um elevador de 650 kg de massa parte do repouso. Ele move-se para


cima durante 3,00 s em movimento uniformemente acelerado até
alcançar a sua velocidade de 1,75 m/s.

a. Qual é a potência média desenvolvida pelo motor do elevador


durante esse período? (R: 5910 W)

b. Como é que essa potência se compara com a potência que o


motor desenvolve quando se move a uma velocidade constante de
1,75 m/s? (R: 53,0 % de 11100 W)

20. Uma força conservativa age sobre uma partícula de massa igual a
5,00 kg. A força varia com a posição segundo a lei
Fx = (2.x + 4) N onde x é dado em metros. A medida que a partícula
se move ao longo do eixo ox a partir de x = 1,00 m até x = 5,00 m,
determine:

a. O trabalho realizado por essa força. (R: 40,0 J)

b. A variação da energia potencial do sistema. (R: -40,0 J)


Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 249

c. A energia cinética da partícula na posição x = 5,00 m, se a sua


velocidade na posição x = 1,00 m é 3,00 m/s. (R: 62,5 J)

21. Uma força conservativa, agindo sobre uma partícula, varia de acordo
r
( )
com a lei F = − A.x + B.x 2 N onde A e B são constantes e x é
dado em metros.

a. Determine a função energia potencial associada a esta força


A 2 B 3
tomando U p = 0 para x = 0 . (R: .x − .x )
2 3

b. Determine a variação da energia potencial e a variação da energia


cinética durante o movimento da partícula de x = 2,00 m para x =
3,00 m.

5 19 5 19
(R: ΔU p = .A − .B e ΔEc = − .A + .B)
2 3 2 3

22. Uma massa de 3,00 kg parte do repouso e desliza por uma


distância d ao longo dum plano inclinado, sem atrito, que forma
um ângulo de 30º com a horizontal. Enquanto desliza embate
numa mola no seu estado normal que se encontra instalada ao
longo da parte final do plano e tem uma das extremidades fixa
na base do plano inclinado. A mola tem massa desprezível.
Como resultado do contacto entre a massa e a mola, esta
comprime-se em 0,200 m e a massa pára. Sabendo que a rigidez
da mola vale 400 N/m, determine a separação inicial, d, entre a
mola e a massa. (R: 0,344 m)

23. Duas massas são ligadas por uma corda leve e inextensível que passa
pela gola de uma roldana sem atrito e de massa desprezível, como
mostra a figura. A massa m1= 5,0 kg é largada do repouso. Usando a
lei de conservação de energia, determine:

a. A velocidade da massa m2= 3,00 kg no instante em que a de 5,00


kg embate o solo. (R: 4,43 m/s)
250 Lição nº 8

b. Determine a altura máxima alcançada pela massa de 3,00 kg.


(R: 5,00 m)

24. Um bloco de massa igual a 3,00 kg começa a mover-se desde um


ponto a altura h = 60,0 cm num plano inclinado de um ângulo de
30,0º em relação a horizontal. Depois de chegar na base do plano
inclinado o bloco desliza ao longo da superfície horizontal. Se o
coeficiente de atrito cinético de ambos planos é 0,200, a que distância
o bloco se desloca ao longo do plano horizontal antes de parar.
(R: 1,96 m)

25. A energia potencial de um sistema de duas partículas separadas por


A
uma distância r é dada por E p (r ) = , onde A é uma constante.
r
r
Determine a força radial F que cada uma das partículas exerce na
A
outra. (R: De repulsão e dada por )
r2

26. A função energia potencial associada a uma força bidimensional é da


forma E p = 3.x . y − 7.x . Determine a força que age no ponto
3

r
( )
r r
(x , y). (R: F = 7 − 9.x 2 . y .i − 3.x 3 . j )
Mecânica I – Mecânica da Partícula Ensino à Distância 251

Bibliografia
Bibliografia do Módulo Mecânica-I
ƒ ALONSO, M., FINN, E.J. Física. Addison Wesley. Espanha,
1999.
Leitura

ƒ BUKHOVTSEV, B.B. at al. Problemas de Selecionados de


Física Elementar 2ª edição. Editora Mir. Moscovo, 1985.

ƒ ÍNDIAS, M. A.C. Curso de Física. MacGraw Hill. Portugal,


1992.

ƒ KELLER, F.J; GETTYS, W. E.; SKOVE, M.J. Física Volume-1.


Brasil, 1999.

ƒ LOURENÇO, M.; TADEU, V. Física. Provas de Exame Com


Resoluções. Cursos Técnico-Profissional. Texto Editora, Lisboa,
1993.

ƒ RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física-1 3a edição. Livros


Técnicos e científicos, R.J. Brasil, 1983.

ƒ SERWAY, R.A; BEICHNER, R. (2000). Physics for Scientists


and Engineers 5th edition. Saunders College Publishing, Florida,
2000.

ƒ TRIPLER, P. Mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica.


Livros Técnicos e Científicos (4ª edição), Volume-1, 1999.

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