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Análise Matemática I

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso n 135
Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução deve ser mantida
a referência à Universidade Pedagógica e aos Autores do módulo.

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135


Telefone: 21-320860/2
Telefone: 21 – 306720

Fax: +258 21-322113


Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nadional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: Vasco Agostinho Cuambe

Desenho Instrucional: Suzete Lourenço Buque

Revisão Linguistica: Nobre dos Santos

Maquetização: Fátima Alberto Nhantumbo

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância i

Índice
Visão geral 1
Bem-Vindo ao estudo do Módulo de Análise Matemática I ........................................... 1
Objectivos do curso .......................................................................................................... 2
Quem deve estudar este Módulo....................................................................................... 2
Como está estruturado este Módulo.................................................................................. 3
Ícones de actividade.......................................................................................................... 4
Acerca dos ícones .......................................................................................... 4
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 6
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 7
Avaliação .......................................................................................................................... 8

Unidade I 9
Números Complexos......................................................................................................... 9
Introdução................................................................................................................ 9

Lição 1 12
Introdução ao estudo dos números Complexos .............................................................. 12
Introdução.............................................................................................................. 12
Sumário........................................................................................................................... 16
Exercícios........................................................................................................................ 17

Lição 2 18
Operações com números complexos.............................................................................. 18
Introdução.............................................................................................................. 18
Sumário........................................................................................................................... 27
Exercícios........................................................................................................................ 28

Lição 3 30
Representação Trignométrica de um n˚ complexo ......................................................... 30
Introdução.............................................................................................................. 30
Sumário........................................................................................................................... 38
Exercícios........................................................................................................................ 38

Lição 4 40
Fórmulas de Moivre........................................................................................................ 40
Introdução.............................................................................................................. 40
ii Índice

Sumário........................................................................................................................... 42
Exercícios........................................................................................................................ 42

Lição 5 45
Divisão de Números Complexos .................................................................................... 45
Introdução.............................................................................................................. 45
Sumário........................................................................................................................... 48
Exercícios........................................................................................................................ 48

Lição 6 49
Potência de Expoente Inteiro .......................................................................................... 49
Introdução.............................................................................................................. 49
Sumário........................................................................................................................... 52
Exercícios........................................................................................................................ 52

Liçaõ 7 54
Fórmulas de Moivre para Radiciação .......................................................................... 54
Introdução.............................................................................................................. 54
Sumário........................................................................................................................... 57
Exercícios........................................................................................................................ 57

Lição 8 59
Resumo das Fórmulas de Moivre ................................................................................... 59
Introdução.............................................................................................................. 59
Sumário........................................................................................................................... 60
Exercícios........................................................................................................................ 60

Unidade II 67
Limite e Continuidade de Funções ................................................................................. 67
Introdução.............................................................................................................. 67

Lição 9 68
Generalidades Sobre Funções......................................................................................... 68
Introdução.............................................................................................................. 68
Sumário........................................................................................................................... 78
Exercícios........................................................................................................................ 78

Lição 10 81
Limite de Funções........................................................................................................... 81
Introdução.............................................................................................................. 81
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância iii

Sumário........................................................................................................................... 91
Exercícios........................................................................................................................ 91

Lição 11 93
Propriedades de Limites.................................................................................................. 93
Introdução.............................................................................................................. 93
Sumário........................................................................................................................... 98
Exercícios........................................................................................................................ 98

Lição 12 99
Cálculo de limite de Uma função ................................................................................... 99
Introdução.............................................................................................................. 99
Sumário......................................................................................................................... 103
Exercícios...................................................................................................................... 103

Lição 13 104
Limites Notáveis ........................................................................................................... 104
Introdução............................................................................................................ 104
Sumário......................................................................................................................... 107
Exercícios...................................................................................................................... 108

Lição 14 110
Limite notável exponencial e Logarítmica ................................................................... 110
Introdução............................................................................................................ 110
Sumário......................................................................................................................... 113
Exercícios...................................................................................................................... 113

Lição 15 115
Continuidade de Funções.............................................................................................. 115
Introdução............................................................................................................ 115
Sumário......................................................................................................................... 118
Exercícios...................................................................................................................... 118

Unidade III 122


Cálculo Diferencial ....................................................................................................... 122
Introdução............................................................................................................ 122

Lição 16 124
Derivada de uma função num ponto ............................................................................. 124
Introdução............................................................................................................ 124
iv Índice

Sumário......................................................................................................................... 132
Exercícios...................................................................................................................... 132

Lição 17 135
Derivadas Laterais ........................................................................................................ 135
Introdução............................................................................................................ 135
Sumário......................................................................................................................... 137
Exercícios...................................................................................................................... 137

Lição 18 140
Regras de derivação ...................................................................................................... 140
Introdução............................................................................................................ 140
Sumário......................................................................................................................... 144
Exercícios...................................................................................................................... 144

Lição 19 146
Derivada de Funções Compostas.................................................................................. 146
Introdução............................................................................................................ 146
Sumário......................................................................................................................... 150
Exercícios...................................................................................................................... 151

Lição 20 152
Derivada de Funções elementares................................................................................. 152
Introdução............................................................................................................ 152
Sumário......................................................................................................................... 156
Exercícios...................................................................................................................... 156

Lição 21 159
Derivada de funções trigonometricas Inversas ............................................................. 159
Introdução............................................................................................................ 159
Sumário......................................................................................................................... 163
Exercícios...................................................................................................................... 164

Lição 22 165
Derivadas de Funções Hiperbólicas e Implicitas.......................................................... 165
Introdução............................................................................................................ 165
Sumário......................................................................................................................... 168
Exercícios...................................................................................................................... 169

Lição 23 171
Derivada de funções Paramétricas. Diferencial de Uma Função.................................. 171
Introdução............................................................................................................ 171
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância v

Sumário......................................................................................................................... 177
Exercícios...................................................................................................................... 178

Lição 24 180
Velocidade e Aceleração .............................................................................................. 180
Introdução............................................................................................................ 180
Sumário......................................................................................................................... 188
Exercícios...................................................................................................................... 188

Lição 25 193
Máximo e Mínimo de Uma Função.............................................................................. 193
Introdução............................................................................................................ 193
Sumário......................................................................................................................... 203
Exercícios...................................................................................................................... 203

Lição 26 205
Assimptotas Verticais e não verticais ........................................................................... 205
Introdução............................................................................................................ 205
Sumário......................................................................................................................... 213
Exercícios...................................................................................................................... 213

Lição 27 216
Aplicações de derivadas na resolução de Problemas de Optimização.......................... 216
Introdução............................................................................................................ 216
Sumário......................................................................................................................... 221
Exercícios...................................................................................................................... 222

Lição 28 224
Teoremas sobre Derivadas. Regra de L´Hospital ......................................................... 224
Introdução............................................................................................................ 224
Sumário......................................................................................................................... 229
Exercícios...................................................................................................................... 229

Lição 29 231
Formula de Taylor ........................................................................................................ 231
Introdução............................................................................................................ 231
Sumário......................................................................................................................... 236
Exercícios...................................................................................................................... 237
Notas finais ................................................................................................................... 239
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 1

Visão geral

Bem-Vindo ao estudo do Módulo


de Análise Matemática I
Caro estudante!

Neste módulo você vai aprendrer sobre a Análise Matemática I. Este


módulo irá permitir-lhe desenvolver as suas habilidades matemáticas
para resolução de problemas físicos.

O presente módulo está subdividido em três unidades principais,


nomeadamente:

A unidade I: aborda o conjunto dos números complexos onde se pode


encontrar as operações sobre os números complexos, resolução de
algumas equações no domínio de números complexos.

A unidade II: aborda o estudo da função de uma variável real na sua


generalidade; trata, também, do estudo de limite de funções nas suas
diversas vertentes, bem como do estudo de continuidade de funções.

A unidade III: versa essencialmente sobre o estudo de derivadas de uma


função. Esta constitui a unidade fundamental no que diz respeito a
introdução à Análise Matemática. Nesta unidade estão destacados os
vários aspectos ligados ao cálculo diferencial em R, bem como as suas
respectivas aplicações.
2 Visão geral

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo deste Módulo, você será capaz de:

• Realizar as operações básicas no domínio dos números


complexos

• Calcular os limites de funções de variável real nas suas diferentes

Objectivos • vertentes

• Analisar a continuidade de uma função num ponto

• Calcular as derivadas de diversas funções aplicando as regras


fundamentais de derivação

• Aplicar o conceito de derivada na resolução de problemas físicos


e económicos

Quem deve estudar este Módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tenham concluído a
12a classe do ESG ou equivalente e tenham-se inscrito no Curso à
Distância fornecido pela Universidade Pedagógica.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 3

Como está estruturado este


Módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pela CEAD-Centro de


Educação Aberta e a Distância da Universidade Pedagogica encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos, conteúdo, incluindo actividades de
aprendizagem, um sumário e uma ou mais actividades para auto-
avaliação.

O módulo de Análise Matemática I é constituído por 3 Unidades


Temáticas.

Cada unidade apresenta:

− Uma introdução, que dá uma orientação geral sobre o aspecto


central de estudo;

− Os objectivos gerais

− Um conjunto de lições, variáveis de unidade para unidade.


Cada lição possui por sua vez:

− Uma introdução;

− As horas necessárias para o estudo de cada lição;

− Os objectivos;

− Os conteúdos, onde é apresentada a matéria essencial da


lição;

− Um sumário, onde você pode encontrar os eixos centrais de


cada lição;
4 Visão geral

− Exercícios de auto-avaliação, onde você pode testar a


compreensão da lição;

As referências complementares, identificadas como leituras, onde se


encontram indicados os livros a que você pode recorrer para
aprofundar os seus conhecimentos.

Outros recursos

Se você está interessado em aprender mais, preste atenção a lista de


recursos adicionais para e explore-os. Estes recursos podem incluir livros,
artigos ou sites na Internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual você irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes
do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica do
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 5

Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para


efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais).

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”
(excelência/
autenticidade)

Avaliação /
Actividade Auto-avaliação Teste Exemplo /
Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(fortitude /
preparação) Terminologia Dica
Leitura
Reflexão
6 Visão geral

Habilidades de estudo
Caro estudante!

Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar através de uma
leitura cuidadosa das fontes de consulta a maior parte da informação
ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade
apresenta-se uma sugestão de livros para leitura complementar.

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve


certificar-se de ter compreendido a questão colocada;

É importante questionar se as informações colhidas na literatura são


relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas;

Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias


apresentadas no texto.

Desejamos-lhe muitos sucessos!

Precisa de apoio?
Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso
de dúvida numa matéria tente consultar os manuais sugeridos no fim da
lição e disponíveis nos centros de ensino a distância (EAD) mais
próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure
estudar os exemplos semelhantes apresentados no manual. Se a dúvida
persistir, consulte a orientação que aperece no fim dos exercícios. Se a
dúvida persistir, veja a resolução do exercício.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 7

Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua
disposição no centro de EAD mais próximo.

Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham feito


o curso de introdução à estatística, vizinhos e até estudantes de
universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam a fazer
cadeiras relacionadas com Análise Matemática.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)

Ao longo deste módulo irá encontrar várias tarefas que acompanham o


seu estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para
confrontar o seu método e a solução apresentada. O estudante deve
promover o hábito de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de
informação, tanto na internet como em livros. Consulte manuais
disponíveis e referenciados no fim de cada lição para obter mais
informações acerca do conteúdo que esteja a estudar. Se usar livros de
outros autores ou parte deles na elaboração de algum trabalho deverá citá-
los e indicar estes livros na bibliografia. Não se esqueça que usar um
conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho, sem referenciá-lo é
plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e referências são uma
forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros. Estamos
cientes de que o estimado estudante não gostaria de ver uma ideia sua ser
usada sem que fosse referenciado, não é?

Na medida de possível, procurar alargar competências relacionadas com


o conhecimento científico, as quais exigem um desenvolvimento de
competências, como auto-controle da sua aprendizagem.
8 Visão geral

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de auto-avaliação


deverão ser realizadas num caderno à parte ou em folha de formato A4.

O estudante deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas


em suporte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e
enviá-los ao respectivo Departamento quer através da internet, quer dos
serviços de Correios de Moçambique

Avaliação
O Módulo de Análise Matemática I terá dois testes e um exame final
que deverá ser feito no Centro de Recursos mais próximo, ou em local a
ser indicado pela administração do curso. O calendário das avaliações
será também apresentado oportunamente.

A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas lições,


mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir em frente.

Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado com base na


realização de actividades e tarefas de auto-avaliação previstas em cada
Unidade, dois testes escritos, um exame.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 9

Unidade I

Números Complexos

Introdução
Generalidades sobre Números Complexos

Introdução

Nesta unidade I você terá oportunidade de aprender sobre o


conjunto dos números complexos. Dentro dos números complexos
vai encontrar as operações sobre os números complexos e a
resolução de algumas equações no mesmo domínio. Esta unidade é
composta por 8 lições a serem estudadas num total de 22 horas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Definir o conjunto de números complexos

Fazer uma representação trigonométrica de um nº complexo


Objectivos Realizar operações sobre os números complexos

1-Criação dos números Complexos

Caro Estudante!

Antes de desenvolvermos o assunto sobre os números complexos é


importante conhecer o historial sobre a criação dos números
complexos. Espero que você acompanhe para que possa perceber
muito bem a necessidade do conjunto.
10 Unidade I

Se passarmos uma visão rápida sobre os conjuntos numéricos


vimos que a sua sucessiva criação foi condicionada de modo a que
cada um contivesse os anteriores, sendo as novas operações neles
definidas extensões das estabelecidas nos conjuntos já existentes.

Assim surgiu a cadeia N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R . O conjunto Z provém da


simetrização do conjunto dos números naturais, com objectivo de

resolver as equações do tipo x + 7 = 3 . Depois do conjunto Z


surge então o conjunto Q dos números racionais (números inteiros
e fraccionários) e, finamente, surge o conjunto dos números reais
(que é a junção dos racionais e irracionais (aqui estão todas as
dízimas infinitas não periódicas como é o caso de números

como 2 , 3 , π ,⋅ ⋅ ⋅ ).

Se pensarmos ainda nas situações que levaram à criação sucessiva


dos conjuntos numéricos estudados, vemos que eles estavam
ligados às impossibilidades de efectuar certas operações nos

conjuntos já existentes. Assim, a diferença a − b só poderá ser

obtida em N se a ≥ b em Z não qualquer restrições para a


subtracção.

a
(b ≠ 0)
Do mesmo modo em Q é possível obter o quociente b

A radiciação levou à criação dos números reais que tornou aquela


operação possível para todos os elementos de (extracção de raízes
de índice par, pois a radiciação de índice ímpar é possível em R.
Mantém-se contudo a impossibilidade de extracção da raiz de

índice par para os elementos de R . Esta situação levou a pensar-
se na criação dum novo conjunto que contenha R e onde já é
possível a radiciação em todos os casos, o conjunto dos números

complexos que se designa por C . O conjunto C pode ser gerado

pelo conjunto ℜ ∪ {}
i , sendo i uma das raízes da equação (a outra é

− i ), satisfazendo a condição i 2 = −1 . Repare que i ∉ ℜ , pois


nenhum elemento de R elevado ao quadrado é negativo.
Naturalmente as operações definidas em C são a extensão das já
definidas em R.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 11

Vamos então tentar construir um corpo C que verifique as três


condições:

1. ℜ ⊂ C e as operações de adição e multiplicação em C são


extensões das operações homónimas em R.

2
2. A equação x + 1 = 0 admite pelo menos uma solução em
C. Designemos por i uma das soluções, sendo − i , a outra
solução da mesma equação.

3. Tendo o elemento de C pode ser representado por a + bi ,

em que a e b são elementos de R.

Terminado o pequeno historial sobre os números complexos, passa-


se em seguida ao estudo detalhado do conjunto dos números
complexos.
12 Lição 1

Lição 1

Introdução ao estudo dos


números Complexos

Introdução
Esta é a lição nº 1 pelo que você precisa de acompanhar com
cuidado, pois ela poderá ter os seus reflexos no desenrolar desta
primeira unidade.Todos os conceitos básicos sobre os números
complexos estão nesta lição. Duas horas de trabalho é tempo
suficiente para você estudar esta lição incluindo a resolução de
exercícios.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir o conjunto de números complexos;

Identificar a unidade imaginária e Imaginário puro ;


Objectivos Resolver algumas equações elementares em C.

Números complexos, Imaginário puro, complexo conjugado e Igualdade


de complexos.

Terminologia
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 13

Ao longo das classes anteriores, você aprendeu a resolver as


equações no domínio dos números reais. Por exemplo :

2
Conhecendo os números negativos, a equação x = 9 tem duas
soluções -3 e 3

9
x2 =
Conhecendo os números racionais, a equação 16 tem duas
3 3
e −
soluções 4 4

2
Conhecendo os números irracionais, a equação x = 15 tem duas

soluções 15 e − 15

2
Para que a equação x = −4 tenha duas soluções teremos de, mais
uma vez, ampliar o conceito de número. Assim, novos números
terão de existir, pois dos que conhecemos não há nenhum nº que
elevado ao quadrado seja -4 .

Acompanhe a explicação de como podemos resolver equações


do tipo referenciado acima.

Vamos passar a escrever assim:

x 2 = −4
x 2 = −1 ⋅ 4
x = ± −1 ⋅ 4

−1 = i

x = ± i ⋅2

Assim as soluções da equação x = −4 são 2i e − 2i .


2

A partir de agora todas as equações do 2º grau são possíveis.


14 Lição 1

x 2 = −1 ⇔ x = i ∨ x = −i
x 2 = −5 ⇔ x = 5 i ∨ x = − 5 i
x 2 + 2x + 2 = 0
∆ = b 2 − 4ac = 4 − 8 = −4
− b ± ∆ − 2 ± − 4 − 2 ± 2i
x= = =
2a 2 2
x = −1 + i ∨ x = −1 − i

As soluções destas equações são números imaginários

− 1 = i → é a unidade Imaginária

Definição nº 1

O conjunto de números que se obtém reunindo o conjunto dos


números reais com o conjunto dos números imaginários chama-se

conjunto dos números complexos e representa-se por C .

C = ℜ ∪ {numeros imaginários}

Os elementos de C representam-se por a + bi com a, b ∈ ℜ

Uma vez definido o conjunto dos números complexos, vamos em


seguida aprender sobre os sub tópicos que dizem respeito ao
Imaginário puro, complexo conjugado e igualdade de números
complexos.

1.1-Imaginário Puro

Seja Z = a + bi um nº complexo. Se assim for tem-se :

a → é a parte real e escreve-se: a = Re( z )

bi → é a parte imaginária

b → é o coeficiente da parte imaginária e escreve-se b = Im( z )

— se b = 0 o número complexo é real


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 15

— se b ≠ 0 o número complexo é imaginário

Se b ≠ 0 e a = 0 , o número complexo é Imaginário puro.

Espero que tenha conseguido perceber, caso contrário, volte a ler


com atenção! Passemos agora ao conceito de complexo conjugado

1.2 – Complexos Conjugados

Dois números complexos dizem-se conjugados quando têm partes


reais iguais e partes imaginárias simétricas.

Por exemplo:

O conjugado de 2 + 3i é 2 − 3i

O conjugado de − 5 − 8i é − 5 + 8i

Duma forma geral o conjugado de a + bi é a − bi

O conjugado de Z representa-se por Z . Sendo assim, se

z = a + bi então o seu conjugado é Z = a − bi

Terminada a parte referente ao complexo conjugado passemos


então a igualdade de dois complexos.

1.3 – Igualdade de dois complexos

Dois números complexos são Iguais se e somente se são iguais as


suas partes reais e imaginárias

a = c
⇔
Assim, a + bi = c + di b = d

Caro estudante! Terminada a parte teórica, passemos aos exemplos


práticos. Acompanhe!
16 Lição 1

Resolva, em C, cada uma das equações e classifique os resultados obtidos

a) x 2 = −30

Exemplos Resolução

x 2 = −30 ⇔ x = 30 i ∨ x = − 30 i

As soluções desta equação são números imaginários puros

b) x 2 − 2x + 5 = 0 ´

Resolução

x 2 − 2x + 5 = 0 ´

− b ± ∆ 2 ± 4 − 20 2 ± − 16 2 ± 4i
x= = = = = 1 ± 2i
2a 2 2 2
⇒ x = 1 + 2i ∨ x = 1 − 2i

As soluções da equação são números Imaginários

c) x2 − 5 = 0

Resolução:

x2 − 5 = 0 ⇔ x2 = 5 ⇔ x = ± 5
x= 5∨x=− 5

As soluções da equação são, portanto, números reais.

Sumário
Nesta lição foram tratados os conceitos de números de imaginário e
imaginário puro, Igualdade entre números complexos. Fez-se a
extensão do domínio dos números reais, resolvendo-se equações do
tipo x 2 + 1 = 0 cuja solução tem a forma a + b i onde ( a → parte
real e b → parte imaginária).
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 17

Exercícios
Terminada a lição tem em seguida uma actividade de auto -
avaliação para verificar o seu grau de assimilação do conteúdo.
Caso não consiga resolver todas as perguntas volte a ler o texto.

1. Resolva as seguintes equações

a) x 2 + x + 1 = 0
Auto-avaliação
b) x 2 − 5 x + 7 = 0

2. Escreva o conjugado de cada um dos seguintes números

a) 2 + 2i

1
b) − 5i
3

Solução

−1± 3 i 5± 3 i
1 a) 1b)
2 2

1
2a) 2 − 2i 2b) + 5i
3
18

Lição 2

Operações com números


complexos

Introdução
Caro estudante, tal como em R, as operações de adição, subtracção,
multiplicação, divisão, (...),estão também definidas em C. Nesta
lição vai aprender as operações básicas sobre os números
complexos.

Para o estudo desta lição vai precisar de duas horas de leitura e


mais 2 horas para a resolução de exercícios. O total das horas são
4.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Aplicar as operações básicas para resolver alguns exercícios;

Realizar operações com potências e radicais no domínio dos


números complexos;
Objectivos
Representar números complexos no plano de Argaund.

Nesta lição vamos tratar das operações de adição, subtracção,


multiplicação , divisão, potenciação e radiciação no domínio dos
números complexos. Veja como estas operações se realizam.
Acompanhe!
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 19

Adição e Subtracção

Seja z1 = 2 + 3i e z 2 = 8 − 5i

z1 e z2
a soma de

z1 + z2 = (2 + 3i) + (8 − 5i) = 2 + 3i + 8 − 5i = 2 + 8 + 3i − 5i = 10+ (3 − 5)i


10− 2i

z1 e z2
Vamos calcular a diferença

z1 − z 2 = (2 + 3i ) − (8 − 5i ) = (2 − 8) + (3 + 5)i
− 6 + 8i
Já vimos como se processa a adição e subtracção. Espero que
tenha percebido. Caso não, volte a ler o texto

A seguir vamos apresentar a operação de multiplicação apoiando-


nos pela propriedade distributiva..

Multiplicação

z1 e z2
Vamos calcular a multiplicação de

z1 ⋅ z 2 = ( 2 + 3i ) ⋅ (8 − 5i )

(2 + 3i ) ⋅ (8 − 5i ) = 2 ⋅ 8 + 2 ⋅ (−5i ) + (3i ) ⋅ 8 + (3i ) ⋅ (−5i )


= 16 − 10i + 24i − 15i 2
= 16 − 10i + 24i + 15 (i 2
)
= −1
= 31 + 14i

Nota : Se multiplicarmos um nº real pelo seu conjugado obtém-se


um nº real

(2 + 3i ) ⋅ (2 − 3i ) = 2 2 − (3i ) 2 = 4 − 9i 2 = 4 + 9 = 13

Exemplo
20 Lição 2

Uma vez estudada a operação da multiplicação, acompanhe, em


seguida, como se realiza a divisão apoiando-se na regra do
conjugado de um número.

Divisão

2 + 3i
Vamos agora achar a divisão 8 − 5i

Para obtermos um nº da forma a + bi , o denominador terá de ser


um nº real. Para que isso aconteça temos que multiplicar o
numerador e o denominador pelo conjugado do denominador.

Assim :

2 + 3i (2 + 3i) ⋅ (8 + 5i) 16 +10i + 24i −15 1 + 34i 1 + 34i 1 34


= = = = = + i
8 − 5i (8 − 5i) ⋅ (8 + 5i) 82 − (5i)2 64 + 25 89 89 89

2 + 2i ( 2 + 2 i) ⋅ (1 + 3 i) 2 + 6 i + 2 i + 6 i2
= =
1 − 3i (1 − 3 i) ⋅ (1 + 3 i) 1 − ( 3 i) 2
2 + ( 6 + 2)i − 6 ( 2 − 6) + ( 2 + 6)i ( 2 − 6) 2+ 6
= = = + i
1+ 3 4 4 4
Exemplo

Potenciação

Para uma melhor percepção apresenta-se um pequeno quadro que


não deve ser decorado, mais sim percebido de uma maneira
intuitiva. Faça um pequeno exercício de modo a perceber como é
que foram obtidos os seguintes resultados

i0 = 1 i1 = i i 2 = −1 i 3 = i 2 ⋅ i = −i

i4 = 1 i5 = i i 6 = −1 i 7 = −i

i8 = 1 i9 = i i 10 = −1 i 11 = −i
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 21

... ... ... ...

i 4n = 1 i 4 n+1 = i i 4 n + 2 = −1 i 4 n +3 = −i

Note que o resultado de qualquer potencia é sempre


1 , −1 , i , − i

76 82
1. Calcular i + i

Resolução

Exemplos i 76 = (i 4 )19 = 1

i 82 = (i 4 ) 20 ⋅ i 2 = −1

76 82
Logo: i + i = 1 + ( −1) = 0

2. Calcular as raízes quadradas de 3+4i

Resolução:

Suponhamos que a + bi é uma raiz quadrada de 3 + 4i , então:

3 + 4i = (a + bi ) 2
3 + 4i = a 2 + 2abi − b 2

Continue…
22 Lição 2

1. Comparando os elementos homólogos vem:

 4
3 = a 2 − b 2  3 = a2 − 2
3 = a − b
2 2
  a
 ⇔ 4 2⇔
Exemplo 4 = 2ab b = = b = 2
 2a a  a

Como temos um sistema de equações de grau superior vamos resolvê-


-lo pelo método de substituição por ser o mais acessível.

Resolvamos a 1ª equação.

4
3 = a2 − ⇔ 3a 2 = a 4 − 4
a2
⇔ a 4 − 3a 2 − 4 = 0
2
fazendo a substituição : a = t vem:

t 2 − 3t − 4 = 0 ⇔ t = 4 ∨ t = −1

Para t = −1 é impossível

2
Para t = 4 ⇒ a = 4 ⇔ a = ±2

a = 2 a = −2
 ∨
Logo 
b = 1 b = −1

As raízes de quadradas 3 + 4i são 2 + i e − 2 − i


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 23

2. Escreva uma equação que tenha como raízes: 1 − 2i e 1 + 2i

Resolução:

2
A equação será do tipo x − sx + p = 0 , onde S é a soma das raízes
Exemplo

e P produto das raízes.

S = 1 − 2i + 1 + 2i = 2
P = (1 − 2i )(1 + 2i) = 1 − (2i) 2 = 1 + 4 = 5 logo, a equação pedida
2
é: x − 2 x + 5

3. Sendo 2 + 8i e 1 − i raízes de uma equação do 4ºgrau de


coeficientes reais, determine as outras raízes e escreva a respectiva
equação.

Resolução:

Observe que as raízes complexas aparecem aos pares de números


conjugados.

Assim as outras raízes serão:

2 − 8i e 1 + i
24 Lição 2

S ′ = (2 + 8i ) + (2 − 8i) = 4
P ′ = (2 + 8i) ⋅ (2 − 8i) = 4 + 64 = 68 ou
Exemplo S ′′ = (1 + i) + (1 − i ) = 2
P ′′ = (1 + i)(1 − i ) = 1 − i 2 = 2

A equação pedida terá a forma:

( x 2 − S ′x + P ′)( x 2 − S ′′x + P ′′) = 0 logo a equação pedida será:

( x 2 − 4 x + 68)( x 2 − 2 x + 2) = 0 ⇔
x 4 − 2 x 3 + 2 x 2 − 4 x 3 + 8 x 2 − 8 x + 68 x 2 − 136 x + 136 = 0 ⇔
x 4 − 6 x 3 + 78 x 2 − 144 x + 136 = 0

Nossa lição já vai muito longa. Sugerimos-lhe um pequeno


intervalo.

Uma vez tratadas as operações em C, vamos fazer no tópico


seguinte uma apresentação geométrica do complexo, começaremos
pela representação do número na sua forma algébrica

2.4 Representação geométrica de um nº complexoo

Os números complexos podem ser representados geometricamente


usando o eixo dos xx como o eixo real e o eixo dos yy como eixo
imaginário

Vamos tomar o seguinte exemplo:

Representar geometricamente o nº complexo 3 + 2i

Resolução:

Do nº dado observe que

a = 3 → representa a parte real


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 25

b = 2 → representa a parte imaginária

Assim:

Im

2 z = 3 + 2i
1

1 2 3 Re

Estabelece-se, deste modo, uma correspondência biunívoca entre;

O conjunto C e o plano

C e ℜ 2 ; 3 + 2i → P (3 ;2). P é o ponto é afixo de 3+2i

O esquema utilizado para a representação geométrica dos números


complexos chama-se Diagrama de Argand

2.5 – O número i Como operador da rotação de 90º

Vamos representar, vectorialmente, os números

complexos 3 + 2i , i (3 + 2i ) e − i (3 + 2i )
26 Lição 2

Temos

z1 = 3 + 2i Z2=-2+3i
3

r 2 r Z1=3+2i
z 2 = −2 + 3i v2 v1

-2 -1 2 3 4
z 3 = 2 − 3i r
v3
-3 Z3=2-3i

Observemos que os vectores

r r r
v1 , v 2 e v3 têm a mesma norma.( Chama-se norma de um

r r
v = ( a , b ) v = a2 + b2
vector ao nº que se representa por )

r r r
v1 = v 2 = v3 = 2 2 + 3 2 = 13
Assim,

r r r r
v e v3 é igual a 90º
O ângulo entre os vectores v1 e v 2 e 1

r r
Que v 2 se pode obter de v1 por uma rotação de centro na origem
e ângulo de + 90º

r r
Que
v3 se pode obter de v1 por uma rotação de centro na origem

e ângulo -90º
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 27

De um modo geral:

Se z = a + bi , tem afixo P, então z1 = i ( a + bi ) tem afixo P ′ , que


se obtém de P por uma rotação de centro na origem e ângulo +90º

Se z = a + bi tem afixo P, então z1 = −i (a + bi) tem afixo P ′′ que


se obtém de P por uma rotação de centro O e ângulo -90º

Sumário
Nesta lição você aprendeu as operações de adição, subtracção,
multiplicação e divisão. Foi também tratada a representação dos
números complexos no plano de Argaund que consistiu na
representação dos números plano complexo.
28 Lição 2

Exercícios
1. Indica a inclinação e o declive da recta suporte do vector

correspondente aos complexos 3 + i ; i( 3 + i) e − i( 3 + i)

Auto-avaliação
2. Mostre que no conjunto dos números complexos:

a) A soma de dois números complexos conjugados é um nº real

b) O conjugado do produto de dois números complexos é igual ao


produto dos conjugados dos factores

3. Sejam z1 = a + bi , a , b ∈ ℜ e z 2 = m + ni m , n ∈ ℜ dois

números quaisquer. Mostre que z1 ⋅ z 2 = z1 ⋅ z 2

4. Determine os números reais m e p de modo que


(2m − 4 pi ) − (4 p + 3mi ) = 1 + i

5. Efectue as seguintes operações e escreva o resultado na forma

algébrica ( a + bi )

3 3−i 7 + 3i 1 3 + 4i 4 − 3i 1 − 3i
− −
a) 2i c) 3 + i d) i e) i 1 + i g) 4 + 3i 3

6. Resolva em C , as equações

a) z − 3 z = 2 + 3i

b) 2z i = z + 5

7. Determine na forma algébrica as raízes quadradas de

15
+ 2i
a) i b) 4
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 29

Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos

Nos exercícios do tipo mostre e demonstre não serão apresentadas


as soluções, pelo que, se não tiver conseguido volte a verificar os
exemplos apresentados acima.

Respostas:

1 π 2π
; − 3 ;
Exercicio - 1 3 6 , 3

1
Exercicio - 4 m = 0 e p = −
4

3 3−i 7 + 3i
Exercicio - 5 a) 2i c) 3 + i d) i

1 3 + 4i 4 − 3i 1 − 3i
− −
e) i 1 + i g) 4 + 3i 3

3 5 10
−1+ i − i
Exercício - 6 a) 4 b) 3 3

2 2 2 2
− − i e + i
Exercício - 7 a) 2 2 2 2

1 1
−2+ i e −2− i
b) 2 2

Esperamos que tenha conseguido resolver todos exercícios


propostos. Se por ventura não chegou às soluções propostas pode
ter sido motivado por não ter percebido alguns conceitos. Desta
maneira, se for o caso deve voltar a rever aqueles conceitos, e
acompanhar cuidadosamente os exemplos dados.
30 Lição 3

Lição 3

Representação Trignométrica
de um n˚ complexo
Módulo e argumento de um nº complexo

Introdução
Caro estudante, um dos conceitos importantes no conjunto dos
números complexos é o conceito de Módulo e Argumento de um nº
complexo. Nesta lição vamos tratar destes elementos. Sugere-se 4
horas de trabalho. Duas para leitura e mais duas de resolução de
exercícios

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir o conceito de argumento de um complexo;

Resolver exercícios utilizando os conceitos de módulo e argumento.


Objectivos

O conceito de argumento é bastante fundamental no estudo dos


números complexos. Vamos em diante estudar este conceito

Seja z um nº complexo de afixo P, na forma algébrica


Z = a + bi , a , b ∈ R

Chama-se módulo de um nº complexo à distância do seu afixo à


origem

O módulo representa-se normalmente pelas letra r


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 31

Assim

r = z = a2 + b2 →
Módulo do Complexo Z

se z = 2 + 2i então r = 22 + 22 = 8 = 2 2

Exemplo

Em seguida, vamos definir os conceitos de argumento do complexo


e principal que lhe vão permitir fazer leitura de ângulos no plano
complexo

Chama-se argumento do complexo Z à medida em radianos, da


amplitude do ângulo definido pelo semieixo positivo dos xx e pela
semi-recta OP

Im y
P x
3 Re
r
θ x
O
3
Re

arg z = θ

Como:

3 3 π
tgθ = arg z = θ = arctg =
3 então 3 6

Atenção: Sendo θ o argumento de z , também


θ + 2π , θ − 6π ,....,θ + 2kπ , k ∈ Z são argumentos de Z.
32 Lição 3

Chama-se argumento principal ao ângulo θ sendo − π p θ ≤ π O

complexo 0 + 0i tem módulo nulo e argumento indeterminado.

Definidos os conceitos, preste atenção aos exemplos que se


seguem:

1. Calcular o módulo e o argumento principal de:

a) z1 = 1 + i
Exemplo

Resolução:

r = z1 = 12 + 12 = 2

Como a f 0 e b f 0 então argumento θ é um ângulo do 1º


quadrante.

Assim:

1 π
arg z = θ1 = arctg =
1 4

b) z 2 = −2 + 3i

Resolução

r = z 2 = (−2) 2 + 3 2 = 13

Como a < 0 e b > 0 então argumento θ é um ângulo do


segundo quadrante.

Assim:

(−3) 3
arg z = θ 2 = arctg = π − arctg ≈ 2,16
2 2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 33

c)
z 3 = −1 − 3 i

Exemplo Resolução

z 3 = (−1) 2 + (− 3 ) 2 = 1 + 3 = 4 = 2

− 3
θ = arctg = arctg 3
−1

Como os valores de a e b são negativos então argumento θ é


um ângulo do terceiro quadrante.

π
θ = arctg 3 = π +
3

π 2π
θ = −π + =−
Logo: 3 3

Esperamos que tenha acompanhado com atenção a explicação


sobre os argumentos principais veja em seguida a sua ligação com
a representação do número complexo na forma trigonométrica.

3.2 - Forma trigonométrica de um nº complexo

Na forma algébrica um complexo Z representa-se por


Z = a + bi , a , b ∈ R .
34 Lição 3

Observe a figura

Im y
b P
r
θ x
a Re

Das razões trigonométricas de um ângulo agudo vem:

a b
cos θ = e senθ =
r r ⇔ a = r cos θ e b = rsenθ

Assim o complexo Z = a + bi pode ser escrito na forma


z = r cos θ + rsenθ i = r (cos θ + isenθ ) → representação
trigonométrica de Z.

A expressão cos θ + isenθ , representa se abreviadamente por

cis θ

Logo,

z = r (cos θ + isenθ ) = rcisθ

Exemplos de Aplicação
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 35

1. Escreva na forma trigonométrica:

a) 1 − 3 i
Exemplo
Resolução

Seja z = 1 − 3 i = rcisθ

Seja z = 1 − 3 i = rcisθ

Como já vimos para o cálculo de r fazemos

r = 12 + (− 3 ) 2 = 2

 a 1
cos θ = r = 2

senθ = b = − 3
 r 2

Para o cálculo de argumento θ

como a f 0 ∧ b p 0 o argumento θ é um ângulo do 4º


quadrante

π 5
θ = arctg (− 3 ) = 2π − = π
e tgθ = − 3 ⇒ 3 3

5 5 5
z = 2(cos π + isen π ) = 2cis ( π )
logo 3 3 3
36 Lição 3

b) −1 − i

Resolução
Exemplo
Seja w = −1 − i = rcis θ

r = (−1) 2 + (−1) 2 = 2
o afixo de w (1-, -1) pertence ao 3º
−1
tgθ = =1
quadrante −1

π 5π
θ =π + =
Logo 4 4


w = 2cis( )
4

c) -4

Resolução

Já vimos que os afixos dos números reais ficam situados no


semieixo negativos dos xx .

Os cálculos que fizemos nos casos anteriores são dispensáveis.

Pode concluir-se imediatamente que

r=4

θ = π (ângulo de duas semi-rectas opostas)

− 4 = 4cisπ
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 37

d) 3i

Resolução

Identicamente o problema é de resolução imediata


Exemplo

r =3
π
θ=
2

Então

π
3i = 3 cis
2

2. Escreva na forma algébrica


z1 = 4 cis ( )
a) 6

Resolução:

Só temos que desenvolver cis:

5π 5π 5π 5
z1 = 4cis ( ) = 4( cos( ) + isen( ) ) π)
6 6 6 =4cos( 6 +4
5
isen( π )
6 = − 2 3 + 2i


z 2 = cis( )
b) 2

Resolução

5π 3 3 3
z 2 = cis( ) = cis π = cos π + isen π = −i
2 2 2 2

c)
z 3 = cis(−8π )

Resolução

z 3 = cis (−8π ) = cis0 = cos 0 + isen0 = 1


38 Lição 3

Sumário
Nesta lição foram tratados os conceitos de módulo de um nº
complexo, argumento simples e principal bem como foram dados
exemplos de aplicação

Exercícios
1. Determine o módulo de cada um dos seguintes números

3 1
4 + 5i b) 4 2 − 2 2 i c)3i d ) − 5i 2 e) − − i
Auto-avaliação a) 2 2
f ) − 3 + 3i g ) − 7i

1. Calcule o argumento positivo mínimo dos números complexos cuja


forma algébrica é

a ) − 6 + 6i b) 3 + i c)5 − 5 3i d ) − 5i

3. Escreva na forma trigonométrica, cada um dos números seguintes

2 2
a) 4 − 4 i b) − − i c) − 6 + 2 i d) i 4 − 2i 8
2 2

4. Represente na forma algébrica cada um dos seguintes complexos

π 9 π
a) z1 = 3cis( ) b) z 2 = cis( π ) c) z 3 = 2cis(− ) d ) z 4 = 3cis(π )
6 4 4
2 11 11
e) z 5 = 4 6cis( π ) f ) z 6 = 4cis( π ) g ) z 7 = 4cis(− π ) h) z8 = πcis(10π
3 2 6
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 39

Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos

Respostas

Exercicio1

a) 41 , b) 2 10 , c) 3 , d ) 5 , e)1 , f ) 3 2 , g ) 7 , h)10

Exercício 2

3 π 5 3
a ) π , b) , c) π , d ) π
4 6 3 2

Exercício 3

7  5  5 
a) 4 2cis π  b) cis π  c) 2 2cis π  d)
4  4  6 

Exercicio 4

33 3 2 2
a) + i ,b) + i , c)1−i , d)− 3 , e)−2 6+6 2i , f ) −4i ,g)2 3+2i , h)π
2 2 2 2

Caro estudante os exercícios que acaba de resolver foram


colocados obedecendo o grau de complexidade e também a
sequência dos conteúdos. Estes exercícios também têm uma certa
ligação com os conceitos abordados nas lições anteriores. Uma
eventual dificuldade na sua resolução pode ter sido motivado pelo
facto de não ter acompanhado cuidadosamente as lições anteriores.
Aconselha-se, em caso de dúvidas, à repetição desta lição. Se as
mesmas persistirem reveja as lições associadas a esta lição ou
consulte o seu tutor.
40 Lição 4

Lição 4

Fórmulas de Moivre

Introdução
Caro estudante, as operações tratadas na lição nº 2 também podem
ser definidas com ajuda das fórmulas de Moivre. Nesta lição,
vamos abordar estas fórmulas com detalhe e vamos mostrar
também a sua aplicação. Para o caso desta lição, em particular, vai
estudar a multiplicação. Uma hora é tempo suficiente para
perceber. Os exercicios propostos também podem ser resolvidos
numa hora.Portanto serão no total duas horas de trabalho.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Efectuar as multiplicações de números complexos aplicando a


fórmula de Moivre para a multiplicação

Objectivos

Multiplicação

A multiplicação está definida no conjunto dos números reais, bem


como no conjunto de números complexos. Ela pode assim ser
tratada com ajuda das fórmulas de Moivre para a multiplicação.
Vejamos com detalhe como isso se processa.

Sejam os complexos

z1 = r1cisθ1 e z 2 = r2 cisθ 2

O seu produto será:


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 41

z1 ⋅ z2 = r1cisθ1 ⋅ r2cisθ2 = r1 ⋅ r2cisθ1 ⋅ cisθ2


= r1 ⋅ r2 (cosθ1 + isenθ1 )(cosθ2 + isenθ2 ) = r1 ⋅ r2 (cosθ1 cosθ2 + i cosθ1senθ2 +
isenθ1 cosθ2 − senθ1senθ2 ) = r1 ⋅ r2 [(cosθ1 cosθ2 − senθ1senθ2 ) + i(cosθ1senθ2 + senθ1 cosθ2 )]
= r1 ⋅ r2 [cos(θ1 −θ2 ) + isen(θ1 +θ2 )] = r1 ⋅ r2cis(θ1 +θ2 )

Logo: z1 ⋅ z 2 = r1 ⋅ r2 cis (θ1 + θ 2 ) → fórmula de Moivre para a


multiplicação de complexos

NB. Para um nº finito de factores será:


z1 × z 2 × z 3 × ⋅ ⋅ ⋅ × z n = r1 ⋅ r2 ⋅ ...rn cis (θ1 + θ 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + θ n )

Agora que já vimos teoricamente como se processa a multiplicação


com a fórmula de Moivre vamos em seguida ver o exemplo.

1 π
z1 = 2i ; z 2 = cis ( ) e z 3 = 5
Sendo 2 3 calcular na fórmula
trigonométrica e algébrica
Estudo de caso /
Exemplo Resolução:

Vamos passar à forma trigonométrica os complexos


z1 e z 3

π
z1 = 2i = 2cis ( )
2

z 2 = 5 = 5cis(0)

Aplicando as formulas de Moivre, vem:

1 π π 5
z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3 = 2 × × 5 cis( + + 0) = 5 cis ( π )
2 2 3 6 → produto na
fórmula trigonométrica

Passando à forma algébrica,


42 Lição 4

5 5 5  3 1 
z1 ⋅ z2 ⋅ z3 = 5 cis( π ) = 5 (cos π + isen π ) = 5 − + i 
6 6 6  2 2 

5 3 5
⇒ z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3 = − + i
2 2

Sumário
Nesta lição aprendeu a multiplicação de números complexos
usando a fórmula de Moivre para a multiplicação que se processa

com ajuda da formula: z1 ⋅ z 2 = r1 ⋅ r2 cis (θ1 + θ 2 ) .

Exercícios
1 π   π  5π 
z1 = cis  z 2 = 5cis −  z 3 = 3cis 
1. Sendo 3 4  4  4 .

Auto-avaliação Calcule na formula trigonométrica

a) z1 ⋅ z 2

b)
z1 ⋅ z 3

c)
z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3

 5π   5π 
z1 = 2cis  e z 2 = cis 
2. Dados os complexos  3   6 .

Calcule na forma algébrica

a) z1 ⋅ z 2 b) z1 ⋅ z 2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 43

3. Considere os complexos
 4π  π 
z1 = 1 − i ; z 2 = 3cis  e z 3 = 4cis 
 3   2  . Calcule

a) z1 ⋅ z 2 b)
z 2 ⋅z 3

c)
z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3 d)
z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3

4. Sendo
z1 = 6 − 2 i z 2 = −2i e z 3 = 2 cisπ . Calcule na
forma trigonométrica

a) z1 ⋅ z 2 b)
z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3
44 Lição 4

Respostas

Exercicio 1

5  3π  5π
cis0 cis  5cis
a) 3 b)  2  c) 4 d

Exercício 2

a) 2i b) − 2i

Exercício 3

 13   11π   19π 
3 2 cis π  12 cis  12 12 cis 
a)  12  b)  6  c)  12 

π 
8 2cis 
d) 3

Exercício 4

π 
8 2cis 
a) 8 cis 0 b) 3

Os exercícios propostos acima são aplicação directa da fórmula.


Salvo o último exercício. Se teve dificuldade pode ser
eventualmente pelo facto de não ter tido atenção nos exemplos
dados. Procure sempre uma solução óptima, repetindo sempre que
tiver uma dificuldade. Não se esqueça que a persistência é o
segredo da investigação
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 45

Lição 5

Divisão de Números
Complexos

Introdução
Nesta lição, vamos abordar as fórmulas de Moivre para o caso da
Divisão. Uma hora é tempo suficiente para perceber esta lição os
exercício propostos também podem ser resolvidos em uma hora.
Portanto serão no total duas horas de trabalho

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Efectuar a divisão usando as formulas de Moivre para a divisão.

Objectivos

Divisão

Como foi visto anteriormente, no caso da multiplicação, a divisão


também pode ser definida com auxílio das fórmulas de Moivre para
o caso da divisão. Ela é tratada como se segue.

Consideremos os complexos
z1 = r1cisθ 1 e z 2 = r2 cis θ 2 z ≠ 0

z1 e z 2
O quociente entre é:
46 Lição 5

z1 1 z
= z1 ⋅ = z1 ⋅ 2 2
z2 z2 z2

z = r cisθ 1 e z = r cis(−θ )
Atendendo a que vem:

z1 r ⋅ cis(−θ 2 )
= r1 cisθ 1 ⋅ 2 2
z2 r2 . Simplificando, vem
z1 r1
= ⋅ cis θ 1 ⋅ cis(−θ 2 )
z
: 2
r2

Como já foi demonstrada na lição anterior a dedução da fórmula


de Moivre para a multiplicação,

cisθ 1cis( −θ 2 ) = cis (θ1 − θ 2 )

Logo,

z1 r1
= ⋅ cis(θ1 − θ 2 )
z 2 r2 → Fórmula de Moivre para a Divisão
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 47

π
z1 = 2 2 cis e z 2 = −1 + i
Dados os complexos 3 . Calcular
5
Exemplo  2i z 2 
 
 z1 

Resolução

Atendendo às operações a serem efectuadas, devemos escrever os três


complexos envolvidos na expressão na forma trigonométrica

Assim:

π
2i = 2 cis
2


z 2 = −1 + i = 2 cis
4

π
z1 = 2 2 cis
3

Então temos

5 5
 π 3π   π 3π 
 2cis . 2 .Cis   cis .cis    π 3π π 
 2 4  = 2 4 
 π   π  cis 2 + 4 − 3 
 2 2.cis   cis    
 3   3 
5
 11π  11π 55π
=  cis  = cis (5 ) = cis
 12  12 12

Terminada a explanação do conteúdo tem pela frente os exercícios


de modo a consolidar os conhecimentos adquiridos
48 Lição 5

Sumário
Nesta lição aprendeu a divisão de números complexos usando a
fórmula de Moivre para a Divisão de números complexos, que se
z1 r1
= ⋅ cis(θ1 − θ 2 )
processa com a relação z 2 r2

Exercícios

Efectue as operações indicadas e apresente a solução na forma


trigonométrica

Auto-avaliação 5
 − 1 + i 15  1513 − (1 + i ) 7
c)  −i
a)  3 + i  b) 1+ i

5
 1
 3 − 4i − 
e) i
22
 − 3i 
 
c)  

Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos

Respostas

2 7π 170  3π 
⋅ cis(− ) ⋅ cis(1,5) 4 2 cis 
a) 8 12 b) 2 c)  4 

Esperamos que tenha conseguido resolver os exercicios. Se teve


dificuldade tente fazer de novo.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 49

Lição 6

Potência de Expoente Inteiro

Introdução
Nesta lição, vamos abordar as fórmulas de Moivre para o caso da
Potenciação. Uma hora é tempo suficiente para perceber esta lição
os exercícios propostos também podem ser resolvidos em uma
hora. Portanto serão no total duas horas de trabalho

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular potências de expoente inteiro aplicando as fórmulas de


Moivre

Objectivos

Nas últimas lições temos vindo a referir-nos às operações


envolvendo as fórmulas de Moivre. No caso da potenciação
também ser aplicada pode-se calcular, operar com as potências com
ajuda das fórmulas de Moivre para a potenciação. Vejamos como é
que isso se procede nesta lição.

Seja z = rcisθ e n ∈ N . Temos por definição da potência

Zn = 1
z ×4×2
z4z ×4
⋅ ⋅4
⋅ ×3z
n factores

Substituindo z por r cisθ e aplicando a formula de Moivre para a


multiplicação
50 Lição 6

z n = r × r × r × ⋅ ⋅ ⋅ × r × cis (θ + θ + θ + ⋅ ⋅ ⋅ + θ ) = r n cis (nθ )


n ∈ Z + (1)


Vejamos que esta fórmula é valida se n ∈ Z

Seja z = r cisθ e z = rcis (−θ ) então

1 zn zn
z −n = = =
z n z n ⋅ z n (z ⋅ z) n

Como z = r cis (−θ ) e z ⋅ z = z

2
z⋅z = z
Tente mostrar que como exercício

vem:

zn r n cis(− nθ )
z −n = 2n
= 2n
= r −n cis(− nθ )
z r

Então:

z − n = r − n cis (− nθ ) (2)

Seja z = r cisθ e n = 0

Então:

z 0 = 1 aplicando a fórmula definida para n ∈ Z \ {0} temos

z 0 = r 0 cis (0 ⋅ θ ) = 1 (3)

Logo por (1) , (2) e (3) se n ∈ Z temos:


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 51

z n = r n cis(nθ ) , n ∈ Z → Fórmula de Moivre para a


potenciação

Uma vez deduzida a fórmula de Moivre para a potenciação veja os


dois exemplos seguintes de modo a perceber como aplicação da
fórmula.

200
1. Calcular (1 + i )

Resolução
Exemplo
Observe caro estudante que o interesse da escrita de um complexo na
forma trigonométrica é agora mais evidente.

Im

π 1
1 + i = 2 cis
4

1
Re

π
(1 + i) 200 = ( 2) 200
cis (200 ) = 2100 cis (50π ) = 2100 ⋅ cis0 = 2100
4
52 Lição 6

−10
 3 1 
 
 2 − 2 i
2. Calcular  

Exemplo
Resolução

3 1
z = a2 + b2 = + =1
4 4

3 1 π
− i = 1 ⋅ cis(− )
Assim, 2 2 6

−10
 3 1  10π 5π
  = 1−10 ⋅ cis = 1 ⋅ cis
 2 − 2 i 6 3
 

Sumário
Nesta lição você a prendeu a fórmula de Moivre para a
potenciação. Esta fórmula consiste no uso da relação deduzida

anteriomente e que se escreve z = r cis( nθ ) , n ∈ Z


n n

Exercícios
Estes exercícios são de cálculo de potências pela sua resolução
carece apenas de uma percepção do conteúdo teórico. Contudo
acompanhando cuidadosamente os exemplos dados poderá
facilmente chegar a solução. Os exercícios do nº 2 pela sua
natureza não contêm soluções por serem de demonstrações.
Requerem de você um pouco de abstracção. Há uma necessidade
permanente de treinar a mente para este tipo de exercícios.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 53

1. Calcule na forma trigonométrica

100
a) (1 − i )
−50
Solução 2 cisπ
Auto-avaliação

π 
210 cis 
b) ( 3 −i )
10
Solução : 3

2. Sabendo que z = cisθ , mostre que

2 2
a) z + ( z ) = 2 cos(2θ )

b) z + ( z ) = 2 cos(nθ )
n n

z n + (z) n
sen(nθ ) =
d) 2i

Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos

Respostas

Exercício 1

π 
210 cis 
a) 2
−50
cisπ b) 3
54 Liçaõ 7

Liçaõ 7

Fórmulas de Moivre para


Radiciação

Introdução
Nesta lição será tratada a fórmula de Moivre para radiciação. É do
seu conhecimento que a radiciação desempenha um papel forte na
resolução de equações de grau superior a um. No fim desta lição
vai encontrar os exercícios de aplicação onde vai precisar cerca de
duas horas para realizá-las. Esses exercícios são na maioria
dedicadas a resolução de equações no domínio dos números
complexos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Efectuar operações com radicais aplicando as fórmulas de Moivre


para a radiciação;

Resolver equações no domínio dos números complexo.


Objectivos

Nesta lição será tratada a fórmula de Moivre para radiciação como


já nos referimos na parte introdutória desta lição. É do seu
conhecimento que a radiciação é fundamental na resolução de
equações de grau superior a um. Desta maneira vamos de uma
forma detalhada apresentar a radiciação com ajuda da fórmula de
Moivre.

Para uma melhor compreensão do seu lado, caro estudante, antes


de formular a respectiva dedução vamos começar por definir a raiz
de indice n de z.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 55

Definição

Seja z = r cisθ .
Tome Nota!
n
Chama-se raiz de índice n de z e representa-se por z , a todo o nº que
elevado a n é igual a z .

Assim com ajuda da nota anterior, isto é, da definição vem:

z = r cisθ
n
z = t cisϕ ⇒ z = t n cis nϕ Comparando r cisθ = t n cisϕ

Esta igualdade é possível se e somente se

t = n r
r = t n t = n r 
 ⇔ ⇔ θ + 2kπ
cisθ = cisϕ θ = nϕ + 2kπ , k ∈ Z ϕ = , k ∈Z
 n

Logo,

 θ + 2 kπ 
n
z = n cisθ = n r ⋅ cis  , k ∈Z
 n 

Note que se k = n

θ + 2kπ θ θ
cis = cis( + 2π ) = cis
n n n . Assim só os n valores de k :
0 , 1, 2 , 3 , ..., n-1, conduzem a valores diferentes dos do
argumento.

n
Assim, podemos concluir que z tem n raízes diferentes que se

obtêm substituindo na fórmula k por 0 , 1, 2 , 3 , ..., n-1

Para uma melhor compreensão sugerimos os exemplos seguintes:

Acompanhe!
56 Liçaõ 7

Resolva em C as equações

3
a) z + 1 = 0

Exemplo Resolução

z 3 + 1 = 0 ⇔ z 3 = −1 ⇔ z = 3 − 1

− 1 = 1 ⋅ cisπ

Então

π + 2kπ
z = 3 1⋅ cisπ = 3 1 ⋅ cis , k =0 , 1 , 2
3

Para:

π
k = 0 → z1 = cis
3

k = 1 → z 2 = cisπ

k = 2 → z 3 = cis
3

4 2
b) z + z = 0

Resolução

z4 + z2 = 0 ⇔ z2 (z2 +1) = 0 ⇔ z2 = 0∨ z2 = −1 ⇔ z2 = 0 ∨ z2 = cisπ


π + 2kπ
⇔ z = 0 ∨ z = cisπ ⇔ z = 0 ∨ z = cis , k ∈{0 , 1}
2

Que tal a resolução de equações no conjunto dos números


complexos?

Parece ser algo bastante interessante! Esperamos que tenha sentido


este prazer que a Matemática nos oferece. Se tiver percebido
resolva os exercícios que se seguem logo depois do sumário.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 57

N.B. os afixos das raízes pertencem a uma circunferência de centro


n
na origem e raio r e dividem a circunferência em n partes iguais.

Sumário
Nesta lição você aprendeu a fórmula de Moivre para a radiciação
que é dada pela
 θ + 2kπ 
z = n cisθ = n r ⋅ cis
n
 , k ∈Z
relação  n  , bem como a
resolução de equações no domínio dos números complexos.
Resolver equações em C significa achar a solução naquele domínio
que satisfaz equação dada.

Exercícios
Represente na forma trigonométrica o conjunto solução de cada uma das
equações seguintes

Auto-avaliação a) z 2 + 4 = 0 3
b) z + i = 1

c) z 4 + z = 0 2 6
d) z ⋅ ( z ) = −1 + 3 i

4
( z)
3 =1
e) ( z ) ⋅ z + z = 0 f) z

Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos


58 Liçaõ 7

Respostas

 π 3π 
2cis ( ) , 2cis( )
a)  2 2 

6 π 6 7π 6 5π 
 2 cis (− ) , 2cis( , 2cis ( )
b)  12 12 4 

 π 5π 
0 , cis ( ) , cisπ , cis( )
c)  3 3 

8 π 8 π 8 5π 8 4π 
 2 cis (− ), 2cis( ), 2cis( ), 2cis( )
d)  6 3 6 3 

 π π 
0 , cis(− ) , cis( ) , cisπ 
e)  3 3 

 2π 4π 6π 8π 
cis0 , cis( ) , cis( ) , cis( ) , cis( )
f)  5 5 5 5 

Esperamos que tenha conseguido resolver. Se teve dificuldades


resolva de novo. Se a dificuldade persisitir consulte o seu tutor.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 59

Lição 8

Resumo das Fórmulas de


Moivre

Introdução
Nesta lição vamos apresentar o resumo das fórmulas de Moivre e
exercícios diversos para consolidar toda a unidade, 4 horas de
trabalho é tempo suficiente

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Realizar as operações de multiplicação, divisão, radiciação e


potenciação;

Relacionar as operações entre elas;


Objectivos
Resolver outros problemas relacionados com os números
complexos.

Depois de termos terminado esta unidade, vamos apresentar nesta


lição o resumo das fórmulas de Moivre com objectivo de ajudar a
fixar as ideias fundamentais.

r = z = a2 + b2 →
1. Módulo do Complexo Z

2. z = r cos θ + rsenθ i = r (cos θ + isenθ ) → Representação


trigonométrica de Z.

3. z1 ⋅ z 2 = r1 ⋅ r2 cis(θ1 + θ 2 ) → fórmula de Moivre para a


multiplicação de complexos
60 Lição 8

4. Para um nº finito de factores será:

z1 × z 2 × z 3 × ⋅ ⋅ ⋅ × z n = r1 ⋅ r2 ⋅ ...rn cis(θ1 + θ 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + θ n )

5. z n = r × r × r × ⋅ ⋅ ⋅ × r × cis (θ + θ + θ + ⋅ ⋅ ⋅ + θ ) = r n cis (nθ )

n∈Z+

6. z − n = r − n cis(−nθ )

7. z n = r n cis (nθ ) , n ∈ Z → Fórmula de Moivre para a


potenciação

z1 r1
= ⋅ cis(θ1 − θ 2 )
z 2 r2 → Fórmula de Moivre Para a Divisão
8.

 θ + 2 kπ 
n
z = n cisθ = n r ⋅ cis  , k ∈Z
9.  n 

 θ + 2 kπ 
n
z = n cisθ = n r ⋅ cis  , k ∈Z
10.  n  -Fórmula de
Moivre para radicais

Depois do resumo das fórmulas de Moivre seguem os exercícios de


consolidação

Sumário
Estudo das fórmulas de Moivre.

Exercícios
Resolva os exercícios propostos e para certificação compare os
seus resultados confrontando com a solução proposta

Os exercícios desta lição são um resumo de todas as lições


estudadas nesta primeira unidade, pelo que vão testar sem dúvida a
sua percepção da matéria . Em caso de não atingir a metade das
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 61

respostas aqui previstas, significa que você ainda não conseguiu


atingir os objectivos previstos para esta unidade pelo que deverá
rever as lições estudadas e acompanhar cuidadosamente os
exemplos dados.

1. Considere os complexos

1 3 5π
z1 = −1 − i ; z 2 = − i ; z 3 = 3cis ; z 4 = cis9π
2 2 6
Auto-avaliação

z
1.1. Exprima z1 e z 2 na forma trigonométrica e 3 e z 4 na forma
algébrica

3 3 3
z3 = − + i e z 4 = −1
2 2

1.2. Calcule

a)
z1 ⋅ z 3 b)
z 2 ⋅z3 ⋅ z 4

z1
c)
z1 ⋅ z 2 ⋅ z 3 ⋅ z 4 z
d) 2

z4
10
z
e) 3 f) z 2
62 Lição 8

2. Calcule e apresente no plano de Argand

a) as raízes quartas de 16
Auto-avaliação
b) as raízes cúbicas de 27

c) as raízes quadradas de 1 − 3

d) as raízes quintas de 1 + i

3. Mostre que no conjunto dos complexos,


3
2 ⋅3 2 cisπ = 3 2cisπ

3 2
4. Seja dado o polinómio p ( x ) = 2 x + ax + 6 x + b .

a) determine os valores de a e b sabendo que 1 + i é a raiz do


polinómio

b) determine as outras raízes

5. Escreva na forma trigonométrica o complexo representado por

5
1 + 7i
∑ (1 + 2i )
a) 4 + 3i b) i =1
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 63

 π 1 π
α ∈ 0 ;  − i + tgα = cis(α − )
6. Mostre que sendo  2 , cos α 2

Auto-avaliação
4π 5π
2cis − 3cis
7. Escreva na forma algébrica 3 6

2
8. Considere a equação em C : z − (2 + 5i ) z − 8 = 0

a) Mostre que 4 é raíz da equação

b) Determine as raízes da equação

2
9. Escreva na forma trigonométrica z e z sabendo que :

3 −i
z2 =
a) 1 − 3 i b) z 3 = (i 31 − i 22 )
64 Lição 8

1 3
− + i
10. Mostre que 2 2 é uma raíz cúbica da unidade e determine as
outras raízes
Auto-avaliação

1 3
− − i
Solução 1 e 2 2

11. Resolva em C as equações

a) (z )5 = z

b) z 3 ⋅ z + ( −1 + i ) = 0

 4π 
z1 = − 3 − i e z 2 = cis 
12. Considere os complexos  3 

−1
a) Determine z1 na forma trigonométrica

b) Determine em C os valores que verificam a condição

z 3 + ( z 2 + 1) = 0

Respostas

Exercício 1

 5π   5π 
z1 = 2cis  e z 2 = cis 
1.1  4   3 

1.2

π  3π  3π
3 2cis 3cis  3 2cis( )
a) 12 b)  2  c) 4

 7π  1 π   2π 
2 cis  cis  cis 
d)  12  e) 3  6  f)  3 
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 65

Exercicio2

a) 2 , 2i , − 2 , − 2i
π 5π 3π
3cis ( ) , 3cis ( ) , 3cis ( )
b) 6 6 2

π 5π
2 cis(− ) , 2 cis ( )
c) 6 6

d)
10 π 9π 17π 10 5π 33π
2 cis( ) , 10 2 cis( ) , 10 2cis( ) , 2 cis , 10
2 cis( )
20 20 20 4 20

Exercicio 4

 1
1 − i , 1 + i , 
a) a = −5 e b = −2 b)  2

Exercício 5

π π
) 11cis
a) 2 cis(- 4 b) 2

Exercicio 7

3 3  3
( − 1 ) −  3 + i
2  2

Exercicio 8

b) {4 , − 2 + 5i}

Exercício 9

3 1 π
z2 = + i = cis
a) 2 2 6

π  7π   5π 
z = 6 2 cis(− ) ∨ z = 6 2cis  ∨ z = 6 2cis  ;
12  12   4 
 π  7π  π 
z 2 = 3 2 cis −  ∨ z 2 = 3 2 cis 2
 ∨ z = 3 2cis 
b)  6  6  2
66 Lição 8

Exercício 10

1 3
− − i
Outras raízes 1 e 2 2

Exercício 11

 π 2π 4π 5π 
0 ; cis0 ; cis ; cis ; cisπ ; cis ; cis 
a)  3 3 3 3

8 π 8 7π 
 2 cis( − ) ; 2cis ( ) 
b) solução:  8 8 

Exercício 12

1  5π  1 3
cis  − − i
a) 2  6  b) 2 2

Bibliografia
1. CARREIRA, Maria Adelaide & DE NÁPOLES, Maria Suzana
Metello. Variável complexa (teoria e exercícios resolvidos). Editora
McGraw-Hill.1997
Leitura 2. NEVES, Maria Augusta Ferreira & BRITO, Maria Luísa Carvalho.
Matemática 12º ano 2º volume (livro texto). Porto Editora.

Já terminamos o estudo da unidade I que versou sobre o conjunto dos


números complexos. Esperamos que tenha tido sucesso nessa primeira
unidade. A seguir vamos a unidade II que versa essencialmente sobre o
cálculo de limite de funções como tema fundamental, aí, vai aprender as
técnicas de cálculo de limites de diversas funções.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 67

Unidade II

Limite e Continuidade de
Funções

Introdução
A unidade II aborda o estudo da função de uma variável real na
sua generalidade; trata, também, do limite de funções nas suas
diversas vertentes bem como o estudo de continuidade de funções.
Esta unidade é composta por 7 lições e serão necessárias 30 horas
no total.

Ao completar esta unidade , você será capaz de:

Definir o conceito de função e dar os respectivos exemplos;

Calcular os diversos tipos de limites de funções (levantar


indeterminações);
Objectivos
Classificar as funções quanto à continuidade num ponto.
68

Lição 9

Generalidades Sobre Funções

Introdução
Nesta lição introduziremos um dos conceitos fundamentais da
Matemática, o de função. O conceito de função refere-se
essencialmente à correspondência entre conjuntos. Uma função
associa a elementos de um conjunto, elemento de um outro
conjunto. Esta lição poderá ser estudada num tempo máximo de
quatro horas. Sendo duas para a leitura da parte teórica e duas para
exercícios.

Ao completar esta lição , você será capaz de:

Definir os conceitos de função;

Identificar funções, classificá-la quanto à continuidade;


Objectivos Calcular o valor de funções num determinado ponto.

Nesta primeira lição sobre generalidades de funções, vamos definir


os conceitos básicos sobre funções. Deve prestar muita atenção,
pois constitui a base para o estudo posterior das funções.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 69

Definição 1

Sejam A e B subconjuntos de R. Uma função f : A → B é uma lei ou


Tome Nota! regra que a cada elemento de A faz corresponder um único elemento de
B. O conjunto A é chamado domínio de f e é denotado por D(f). B é
chamado contradomínio.

Veja em seguida os exemplos que seguem.


70 Lição 9

1. Sejam A = {1, 2 , 3 , 4} e B = {2 , 3 , 4 , 5}.

a) f : A → B dada pelo diagrama abaixo é uma função de A em


A
B
Exemplo

. 1 .2

.2 .3

. 3 .4

b) g : A → B

x → x +1

É uma função de A em B. Em diagrama a função g representa-


se da seguinte maneira

A
B
.1

.2 .2

.3 .3

.4
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 71

Outro exemplo para o caso em que não estamos perante uma


função é o seguinte:

2. Sejam A = {3 , 4 , 5} e B = {1, 2}.

a) f : A → B dada pelo diagrama a seguir não é uma função de A


Exemplo
em B, pois o elemento 4 ∈ A tem dois correspondentes em B

.3 .1 B

.4

g :A → B
b) x → x − 3 , não é função de A em B,

pois o elemento 3 ∈ A não tem


correspondente em B.

. 1 B
A .3

.4

Depois de termos definido o conceito de função, vamos em seguida


apresentar duas definições que nos ajudam a perceber os conceitos
de Imagens e de gráfico de uma função.
72 Lição 9

Definição 2

Seja f : A → B
Tome Nota!
Dado x ∈ A , o elemento f ( x) ∈ B é chamado o valor da função f no

ponto x ou imagem de x por f

Ao conjunto dos valores assumidos pela função é chamado conjunto

imagem de f e é denotado por Im( f )

Definição 3

Seja f uma função. O gráfico de f é o conjunto de todos os pontos


( x, f ( x )) de um plano coordenado, onde x pertence ao domínio da

função f .

Os exemplos que vão ser apresentados em seguida vão ajudá-lo a


perceber o conceito de gráfico de uma função.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 73

2
a) o gráfico da função f ( x) = x

Exemplo
y

x y = x2 4

-2 4
1
-1 1
-2 -1 1 2 x
0 0

1 1

2 2

Consideremos a função f ( x) = x . Os pontos do seu gráfico é conjunto

dos pares ordenados ( x, y ) , como mostra a figura.


Exemplo
y

x
74 Lição 9

Operações com Funções

Já vimos o que é de facto um gráfico de uma função e


representamos duas funções como exemplos ilustrativos de como
se pode construir alguns gráficos de funções.

Caro estudante!

Assim como podemos adicionar, subtrair, multiplicar e dividir


números, também podemos produzir novas funções através de
operações. Estas operações são definidas como se segue:

Dadas duas funções f e g

i) ( f + g )( x) = f ( x ) + g ( x)

ii) ( f − g )( x) = f ( x) − g ( x )

iii) ( f ⋅ g )( x ) = f ( x) ⋅ g ( x)

f  f ( x)
 ( x) =
iv)  
g g ( x)

Os domínios das operações são a intersecção dos domínios de f e


f
g . O domínio de g é a intersecção dos domínios de f e g ,

excluindo os pontos Para os quais g ( x) = 0 .

v) Se f é uma função e k é um nº real, ( kf )( x ) = kf ( x)


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 75

Seja f ( x) = 5 − x e g ( x) = x − 3 . Então,

( f + g )( x) = 5 − x + x − 3
Exemplo

( f − g )( x) = 5 − x − x − 3

( f .g )( x) = 5 − x ⋅ x −3

f  5− x
 ( x) =
g x−3

Determinação do domínio:

Como o Df = ]− ∞ , 5] e Dg = [3 , + ∞[ , então o domínio de


f + g , f − g e f .g será [3 , 5] .

f
O domínio de g é o ]3 , 5] . O ponto 3 é excluído porque g ( x) = 0

quando x = 3

Vamos, em seguida, dar a definição de funções compostas, de


modo a podermos fazer operações com ajuda de composições de
funções.
76 Lição 9

Dadas duas funções f e g , a função composta de g com f . Denotada

por g o f é definida por:

Tome Nota!
( g o f )( x) = g [ f ( x)]

O domínio de g o f é o conjunto de todos os pontos x no domínio de


f , tais que f (x) está no domínio de g

A composição pode ser apresentada na forma de diagrama da


seguinte maneira:

Diagrama:

f (x) g (x)
• •

x

g ( f ( x))
go f
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 77

a) Sejam f ( x) = x e g ( x ) = x − 1 . Encontrar gof

Resolução

Exemplo
( gof )( x) = g ( f ( x) = x − 1

Como Df = [0 , + ∞[ e Im( f ) = [0 , + ∞[ ⊂ Dg= ]− ∞ , + ∞[


então D ( g o f ) = Df = [0 , + ∞[

2. Sejam f ( x) = 2 x − 3 e g ( x) = x . Encontrar

a) gof

Resolução

gof = g ( f ( x)) = 2 x − 3

3 
D (gof ) =  , + ∞ 
 2 

b) fog

Resolução

fog = f ( g ( x)) = f ( x ) = 2 x − 3

D ( fog ) = [0 , + ∞[

c)
fof = f ( f ( x)) = f ( 2 x − 3) = 2( 2 x − 3) − 3 = 4 x − 6 − 3 = 4 x − 9

D ( fof ) = ]− ∞ , + ∞[
78 Lição 9

Sumário
Nesta lição foi feita a revisão sobre o conceito de função
abordando-se os conceitos gerais sobre funções. Os conceitos
fundamentais apresentados foram: imagem, gráfico de uma função
bem como a definição de funções compostas.

Em seguida vamos apresentar os exercícios para consolidar os seus


conhecimentos sobre a parte ligada às generalidades sobre as
funções.

Exercícios
Estes exercícios são na sua maioria de revisão dos conceitos antes
estudados sobre o conceito de função. A dificuldade que possa
aparecer, pode ser simplesmente resolvida com uma repetição da
lição ou outros materiais de apoio como o livro o Cálculo B
sugerido na bibliografia. Esperamos que não tenha muitos
problemas. Se isso acontecer reveja a lição dada.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 79

x2 − 4
f ( x) =
1. Seja x − 1 . Calcule

Auto-avaliação
1
f( )
a) f (0) b) f ( −2) c) t

1
f( )
d) f ( x − 2) e) 2

3x − 1
f ( x) =
2. Se x − 7 . Determine

5( f (−1) − 2 f (0) + 3 f (5)  1 


 f (− 2 )
a) 7 b)
4
f (t ) + f ( )
c) f (3 x − 2) d) t

f ( h ) − f (0 )
e) h
80 Lição 9

3. Determinar o domínio das seguintes funções

a) y = x
2
b) y = 4 − x2
Auto-avaliação

1
y=
c) x−4

f
f + g , f − g , f .g , , f o g , g o f , k. f
4. Achar g onde k é uma
constante.

a) f ( x) = 2 x , g ( x) = x 2 + 1

f ( x) = 3 x − 2 , g ( x) = x
b)

x 1
f ( x) = , g ( x) =
c) 1+ x2 x

d) f ( x) = 1 + x , g ( x) = x − 2

2
5. Se f ( x) = x , encontre uma função g(x) de modo que
( f o g )( x) = 4 x 2 − 12 x + 9

Respostas

Exercícios1

a)4 b) 3 d ) (−1) e) 3

Exrercício2

9x − 7 − 22t 2 + 38t − 88
a)
− 263
98
2
b) 0 c) 3 x − 9 d) − 7t + 53t − 28

20
e) 7( h − 7)

Exercício 3 a) R b) [− 2 , 2] c) R \ {4} Exercício 5

2x − 3 ; − 2x + 3
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 81

Lição 10

Limite de Funções

Introdução
Nesta lição vai aprender de uma maneira intuitiva o conceito de
limite de uma função. Também vai encontrar a definição do limite
na sua forma clássica. No fim, como tem sido hábito, vai encontrar
os exercícios para consolidar a matéria dada. A lição toda poderá
durar 4 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir o limite de uma função;

Calcular os limites laterais;


Objectivos Aplicar a definição para provar o limite de uma função.

Como já foi referenciado na introdução da lição, vamos construir a


definição do limite de uma função de forma intuitiva, partindo de
exemplos particulares para o geral. Acompanhe, caro estudante!

1-Noção Intuitiva de Limite

Dadas as Sucessões numéricas.

a) 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 ,....

1 2 3 4 5
; ; ; ;
b) 2 3 4 5 6

c) 1 , 0 , − 1 , − 2 , − 3, ...
82 Lição 10

3 5 7
1, , 3 , , 5 , , 7 , ...
d) 2 4 6

- Na sucessão a) os termos tornam-se cada vez maiores sem


atingir um limite. Dado um nº real qualquer, por maior que
seja, podemos sempre encontrar na sucessão um termo
maior. Diz-se que os termos da sucessão tendem para o
infinito ou que o limite da sucessão é infinito.

Escreve-se
u n → +∞

- Na sucessão b) os termos crescem, mas não


ilimitadamente. Os números aproximam-se cada vez mais
do valor 1, sem no entanto atingirem esse valor. Dizemos
que

un → 1

- De maneira análoga dizemos que na sucessão c)


u n → −∞

- Em d) os termos da sucessão oscilam sem tender para um


limite

Vamos agora ampliar o conceito de limite para diversos casos de


limites de funções.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 83

1
y = 1−
x

Exemplo
x 1 2 3 4 5 ... ... 1000

y 0 1/2 2/3 3/4 4/5 ... ... 999/1000

x -1 -2 -3 -4 -5 ... ... -500

y 2 3/2 4/3 5/4 6/5 ... ... 501/500

Esta função tende para 1 quando x → ±∞

 1
lim 1 −  = 1
Denota-se  x
x → ±∞

Exemplo2

2
A função y = x + 3 x − 2 é dada graficamente pelo esboço
abaixo.
84 Lição 10

lim ( x 2 + 3 x − 2) = +∞
Assim x →±∞

Exemplo 3

2x + 1
y = f ( x) =
Dada a função x − 1 cujo gráfico é:

(Construa!)
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 85

Observando a figura podemos dizer que y → +∞ quando x → 1


através de valores maiores do que 1 e que y → −∞ quando
x → 1 através de valores menores do que 1 e denotamos por

2x + 1
lim+ = +∞
x →1 x −1

2x + 1
lim = −∞
x →1− x −1

Estes limites são chamados limite à direita e à esquerda,


respectivamente

Exemplo3

1
y=
( x + 1) 2

Vamos construir uma tabela correspondente.

Use a máquina de cálculo!


86 Lição 10

x -3 -2 -1,5 -1,25 -1,1 -1,01 -1,001 ...

y 0,25 1 4 16 100 10000 1000000 ...

x 1 0 -0.5 -0,75 -0,9 -0,99 -0,999 ...

y 0,25 1 4 16 100 10000 1000000 ...

Assim:

1
lim = +∞
x → −1− ( x + 1) 2

1
lim = +∞
x → −1+ ( x + 1) 2

Exemplo 4

Consideremos a função y = 3 x − 1

x 0 0,25 0,5 0,75 0,9 0,99 0,999 0,999 ...

y -14 - 0,5 1,25 1,7 1,97 1,997 1,9997 ...


0,25

x 2 1,75 1,5 1,25 1,1 1,01 1,001 1,0001 ...

y 5 4,25 3,5 2,75 2,3 2,03 2,003 2,0003 ...


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 87

→ y = 3x − 1

lim (3 x − 1) = lim− (3 x − 1) = 2
x →1+ x →1

Podemos agora analisar os exemplos dados de outra maneira,


ligando a noção intuitiva da definição com definição clássica do
limite de funções.

No exemplo 4 observa-se que é possível fazer o valor de y tão


próximo de 2 quanto desejamos, tornando x suficientemente
próximo de 1, mas não necessariamente igual a 1. Ou ainda , o

valor absoluto da diferença y − 2 tão pequeno quanto desejarmos,

tornando o valor absoluto da diferença x − 1 suficientemente


pequeno (observe a figura anterior).

Desta maneira, caro estudante, já estamos em condições de


formular a definição formal do limite de funções.

Veja a seguir!
88 Lição 10

Seja f (x) uma função definida num intervalo aberto I, contendo a ,

excepto possivelmente no próprio a . Diz-se que o limite de f (x) quando

Tome Nota! lim f ( x ) = L


x aproxima-se de a é L , e escreve-se x→a se para todo o

ε f 0 existe um δ f 0 , tal que f ( x) − L p ε sempre que


0p x−a pδ

Com a definição acima estamos em condições de provarmos, com


ajuda da definição, que um determinado número é limite de uma
função.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 89

Usando a definição de limites prove que:

lim(3 x − 1) = 2
a) a) x →1

Exemplo
Resolução:

De acordo com a definição, devemos mostrar que, para todo ε f 0,


(3 x − 1) − 2 p ε 0 p x −1 p δ
existe um δ f 0 , tal que sempre que

O exame da desigualdade envolvendo ε proporciona uma chave para

escolha de δ

As seguintes desigualdades são equivalentes:

(3 x − 1) − 2 p ε
3x − 3 p ε
3( x − 1) p ε
3 x −1 p ε
ε
x −1 p
3

A última desigualdade sugere-nos a escolha do δ .

(3 x − 1) − 2 p ε
Fazendo δ = ε \ 3 , vem que sempre que
0 p x −1 p δ
.

lim(3 x − 1) = 2
Portanto x →1
90 Lição 10

lim x 2 = 16
b) x→4

Vamos mostrar que dado ε f 0 , existe δ f 0 , tal que

Exemplo x 2 − 16 p ε 0p x−4 pδ
sempre que .

Da igualdade que envolve ε , temos

x 2 − 16 p ε ⇔ ( x − 4)( x + 4) p ε
⇔ x−4 ⋅ x+4 pε

x+4
Necessitamos agora substituir por um valor constante. Neste
0p x−4 pδ
caso, vamos supor 0 p δ ≤ 1 e, então, de , seguem as
seguintes desigualdades equivalentes:

x − 4 p 1 ⇔ −1 p x − 4 p 1
⇔3p xp5

Vamos adicionar em cada um dos termos da desigualdade acima o valor


4.

Assim:

7p x+4p9

x + 4 p 9.
Portanto

No estudo de limite de funções existe algumas proposições


fundamentais dos quais tomamos como base para fundamentar a
teoria.É o caso da proposição seguinte:
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 91

Proposição:

(Unidade de Limites)

Tome Nota!
lim f ( x) = L1 e lim f ( x) = L2
Se x→a x→a então L1 = L2

Sumário
Nesta lição você aprendeu a definição de limite de uma função, o
conceito de limite lateral bem como aplicar a definição para
demonstrar que um dado valor é o limite de uma função.

Exercícios

Depois de resolver os exercícios dados vai tirar uma conclusão


sobre a percepção ou não da lição. Alguns exercícios são para a
leitura de gráficos e outros para testar a validade do limite. Se tiver
acompanhado cuidadosamente a lição verá que não terá problemas
de maior. Caso tenha muitos problemas deve repetir a lição,
seguindo com cuidado todos os passos dados nos exemplos.

Pela natureza dos exercícios não serão apresentadas as soluções,


contudo em caso de uma possível persistência das dificuldades
poderá consultar o seu Tutor.
92 Lição 10

1. Seja f (x) a função definida pelo gráfico


y

Auto-avaliação

1o 2 3 x

Encontre caso existir

lim f ( x) lim f ( x) lim f ( x)


a) x →2+ b) x →2 − c) x → +∞

lim f ( x) lim f ( x)
b) x → −∞ e) x→1

2. Mostre que existe o limite de f(x) = 4x-5 em x=3 e que é igual a 7.

lim x 2 = 9
3. Mostre que x →3

lim f ( x ) = L
4. Nos exercícios seguintes e dado que x→a . Determinar um
f ( x) − L p ε 0p x−a pδ
nº δ para ε dado tal que sempre que

lim(2 x + 4) = 8 ε = 0,01
a) x→2

lim (−3x + 7) = 10 ε = 0,5


b) x → −1
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 93

Lição 11

Propriedades de Limites

Introdução
Na lição anterior utilizamos a definição do limite para provar que
um dado nº era limite de uma função. Foi um processo
relativamente simples para funções lineares que se tornou um
pouco mais complexo para as funções mais elaboradas. Nesta lição
introduziremos propriedades que possam ser usadas para calcular

muitos limites sem necessidade de pesquisar o nº δ que aparece na


definição. Nesta lição você vai precisar de 4 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular os limites de funções usando as propriedades de limites.

Objectivos

Para poder calcular os limites usando propriedades como foi dito na


introdução desta lição, você precisa, logicamente, de conhecer as
mesmas. A seguir vamos apresentar as propriedades com as suas
respectivas demonstrações. Algumas não serão demonstradas por
estarem fora do âmbito deste programa.
94 Lição 11

Propriedades limites

Proposição 1.

Se a , k1 e k 2 são números reais, então


lim(k1 x + k 2 ) = k1 a + k 2
x→a

Demonstração:

Caso 1: k1 ≠ 0 . De acordo com a definição, dado ε f 0 ,

devemos mostrar que existe δ f 0 , tal que

( k1 x + k 2 ) − ( k1 a + k 2 ) p ε
k1 x − k1 a p ε
k1 ⋅ x − a p ε
ε
x−a p
k1

ε
δ=
k1
A última desigualdade sugere a escolha de . De facto se
ε
δ=
k1
temos

( k1 x + k 2 ) − ( k 1 a + k 2 ) =
ε
k 1 x − k 1 a = k1 ⋅ x − a p m ⋅
m
0p x−a pδ
sempre que

lim(k1 x + k 2 ) = k1 a + k 2
Portanto x→a

Caso 2: k1 = 0 então
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 95

( k1 x + k 2 ) − ( k 1 a + k 2 ) = 0

para todos os valores de x . Logo

tomando qualquer δ f 0 a definição é satisfeita.

Portanto,

lim(k1 x + k 2 ) = k1 a + k 2
x→a para quaisquer a , k1 e k 2 números
reais.

Da proposição anterior decorre que:

lim c = c
Se c é um nº real qualquer, então x→a

lim x = a
x→a

Proposição 2:

lim f ( x) lim g ( x)
Se o x→ a e x→ a existem e c é um nº real qualquer,
então:

lim[ f ( x ) ± g ( x )] = lim f ( x) ± lim g ( x)


1. x→a x→a x →a

lim cf ( x) = c ⋅ lim f ( x)
2. x→a x →a

lim[ f ( x) ⋅ g ( x)] = lim f ( x) ⋅ lim g ( x)


3. x→a x →a x→a

f ( x) lim f ( x)
lim = x→a
x→a g ( x) lim g ( x) lim g ( x ) ≠ 0
4. x →a , desde que x→a

5. x→a
[
lim[ f ( x)] = lim f ( x )
n
x→a
]n

lim n f ( x) = n lim f ( x )
6. x→a x→a

lim f ( x )
lim e f ( x ) = e x → a
7. x→a
96 Lição 11

Para fixar a ideia da demonstração vamos provar 1) a partir desta


demonstração poderá demonstrar as outras. Contudo as
demonstrações não são de natureza obrigatória.

lim f ( x) = l lim g ( x) = m
Sejam x→a e x→a e ε f 0 arbitrário. Devemos
( f ( x) + g ( x)) − (l − m) p ε
provar que existe δ f 0 tal que
0p x−a pδ
sempre que

ε
lim f ( x ) = l e f 0,
Como x→a 2 existe um δ 1 f 0 tal que
ε
f ( x) − l p
2 sempre que 0 p x − a p δ 1

ε
lim g ( x) = m g ( x) − m p
Como x→a existe um δ 2 f 0 tal que 2

0 p x − a p δ2
sempre que

Seja δ o menor dos δ 1 e δ 2 . Então δ ≤ δ 1 e δ ≤ δ 2 assim , se

0p x−a pδ g ( x) − m p ε f ( x) − l p ε
, temos 2 e 2 . Logo

( f ( x ) + g ( x)) − (l − m) = ( f ( x) − l ) + ( g ( x) − m)
≤ f ( x) − l + g ( x) − m
pε +ε =ε
2 2

0p x−a pδ
Sempre que e desta forma
lim[ f ( x ) + g ( x)] = l + m
x→a

Veja em seguida aplicação das propriedades para no cálculo de


limites.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 97

Calcular

lim( x 2 + 3 x + 5)
a) x→2

Estudo de caso /
Exemplo Resolução:

lim( x 2 + 3 x + 5) = lim x 2 + lim 3 x + lim 5 =


x →2 x →2 x→2 x→2
2
2 + 3 ⋅ 2 + 5 = 15

x−5
lim
b) x →3 x3 − 7

Resolução:

x−5 lim( x − 5) 3−5 1


x →3
lim 3
= 3
= 3 =−
x →3 x − 7 lim( x − 7) 3 − 7 10
x →3

lim x 4 − 4 x + 1
c) x →−2

Resolução:

lim x 4 − 4 x + 1 = lim ( x 4 − 4 x + 1) =
x → −2 x → −2

(−2) 4 − 4(−2) + 1
=5

x2 −1
lim
d) x →1 x − 1

Resolução:

Neste caso não podemos aplicar a propriedade do quociente, pois


lim( x − 1) = 0
x →1 .

Porém podemos factorizar o numerador.

Logo:

x2 −1 ( x − 1)( x + 1)
lim = lim = lim( x + 1) = 2
x →1 x − 1 x→1 ( x − 1) x →1
98 Lição 11

Sumário
Estudo do cálculo de limites utilizando as propriedades.Iniciação
das técnicas de levantamento de indeterminações por factorização.
Cálculo do limite de uma função substituindo uma variável pelo
valor da tendência de x.

Exercícios
Estes exercícios, pela sua natureza, não constituem dificuldades,
pois são apenas de aplicação directa das propriedades.

Em caso de não chegar a solução, volte a ler os apontamentos e não


se esqueça de rever com profundidade as propriedades de limites.
Não se esqueça, caro estudante, que a aprendizagem é feita por
persistência.

Calcular os seguintes limites de funções usando as propriedades

lim (− x 5 + 6 x 4 + 2) [
lim ( x + 4) 3 ⋅ ( x + 2) −1 ]
a) x →−1 b) x →−1
Auto-avaliação

x+2 t +3
lim lim
c) x →1 3 x − 1 d) t → 2 t + 2

x2 −1 x 2 + 5x + 6
lim lim
e) x →1 x −1 f) x → 2 x+2

x+4
lim lim (2senx − cos x + cot gx)
x→
1 2x x→
π
g) 2 h) 2

Confira a sua solução com as respostas:

3 5 9
a )7 b) 27 c) d) e)2 f)5 g) h) 2
2 4 2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 99

Lição 12

Cálculo de limite de Uma


função

Introdução
Nesta lição você vai aprender as técnicas de cálculo de limites
utilizando a técnica de factorização. Essencialmente vai levantar a
0
indeterminação do tipo 0 . Para o sucesso desta lição você deverá
rever os conhecimentos sobre os casos notáveis, factorização pela
regra de Ruffin, e resolução de equações quadráticas. Esta lição
precisa de 5 horas de trabalho: duas para a leitura do texto e as
restantes 3 horas para resolver os exercícios.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular os limites de funções de variável real;

0
Objectivos Levantar a indeterminação do tipo 0 .

Antes de apresentarmos exemplos de cálculo de limites vamos


falar um pouco das expressões indeterminadas.

Costuma-se dizer que as expressões

0 ∞
, , ∞ − ∞ , 0 × ∞ , 0 0 , ∞ 0 , 1∞
Terminologia 0 ∞

São indeterminações
100 Lição 12

O que significa isto?

Para a resposta da pergunta colocada veja a seguinte nota para o


0
caso de uma indeterminação do tipo 0

lim f ( x) = lim g ( x) = 0.
Sejam f e g funções tais que x → a x→a Nada se pode
f
Terminologia afirmar a priori, sobre o limite do quociente g . Dependendo das funções
f e g , ele pode assumir qualquer valor real ou não existir. Exprimimos

0
isso dizendo que 0 é uma indeterminação.

Depois desta nota vamos analisar alguns exemplos de limites onde


os artifícios algébricos são necessários. São os casos de funções
racionais em que o limite do denominador é zero e o limite do
numerador também é zero neste mesmo ponto.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 101

x 3 − 3x + 2
lim
x → −2 x2 − 4

Exemplo x 3 − 3x + 2  0 
lim = 
Resolução
x →−2 x2 − 4 0

Neste caso, factoriza-se o numerador e o denominador fazendo–se a


seguir as simplificações possíveis.

x 3 − 3x + 2 ( x 2 − 2 x + 1)( x + 2) x 2 − 2x + 1 9
lim 2
= lim = lim =−
x → −2 x −4 x → −2 ( x − 2)( x + 2) x → −2 x −1 4

x+2− 2
lim
x →0 x
Exemplo2 :

Resolução

Para este exemplo usaremos o artifício da racionalização do numerador


da função.

Acompanhe o raciocínio!

x+2 − 2 ( x + 2 − 2 )( x + 2 + 2 ) ( x + 2) 2 − ( 2) 2
lim = lim = lim
x→0 x x→0
x( x + 2 + 2 ) x→0

x+2−2
= lim
x→0
x( x + 2 + 2 )
x
= lim
x→0
x( x + 2 + 2 )
1
= lim
x→0
x+2+ 2
1
=
2 2
102 Lição 12

3
x −1
lim
x →1
x −1

Exemplo Resolução:

Neste caso, faremos uma troca de variáveis para facilitar os cálculos.

6
Troca de variáveis: seja x = t (o expoente da variável t obtêm-se,
achando-se o menor múltiplo comum dos índices).

Assim,

o índice do denominador é 2

o índice do numerador é 3

logo, m ⋅ m ⋅ c( 2 ; 3) = 6

N.B. A troca de variável implica necessariamente a troca da tendência da


nova variável

Neste caso, como

x →1⇒ t → 6 1 =1

Desta maneira:

3
3
x −1 t6 −1 t 2 −1
lim = lim = lim =
x →1
x − 1 t →1 t 6 − 1 t →1 t 3 −1
(t − 1)(t + 1) t +1 2
lim 2
= lim 2 =
t →1 (t − 1)(t + t + 1) t →1 t + t + 1 3
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 103

Sumário
Levantamento das indeterminações, calculando os diversos limites
e aplicando factorização.

Exercícios

Calcular os seguintes limites de funções

x2 − 4 x3 +1
a) lim ; b) lim ;
Auto-avaliação x → −2 x 2 − 3x + 2 x → −1 x 2 − 1

x 2 − 5 x + 10
c) lim ( 3 x + 2 ) d) lim
x→ 0 x→ 5 x 2 − 25
x2 −1 x 2 − 4x + 3
e) lim ; f) lim
x → −1 x 2 + 3 x + 2 x→3 x−3
x 3 − 3x + 2 x 2 − ( a + 1) x + a
g) lim 4 ; h) lim ;
x →1 x − 4x + 3 x→ a x3 − a3
x 2 −1  1 3 
i) lim 2 j) lim  − ;
x →1 x −x x →1 1 − x
 1− x3 
( x + h) 3 − x 3 x 4 − 16
k) lim ; l) lim
h→0 h x→ 2 x−2

Confira as suas respostas

1 1 3 4 4 1
a) 2 b) 3 c) 7 d) 2 e) 3 f) 3 g) 9
1
h) 2 a i) 2 j) -1 k) 3x 2 l) 32

Caso não tenha conseguido chegar ao resultado, volte a rever os


exemplos dados. Reveja a factorização.
104 Lição 13

Lição 13

Limites Notáveis

Introdução
Os limites notáveis são um tipo de limites que, pela sua natureza,
ajudam-nos a identificar um determinado limite directamente. São
limites muito fundamentais. Nesta lição, vamos tratar, apenas, do
limite trigonométrico. Para o caso deste limite é fundamental a
revisão dos conceitos de trigonometria. Este limite, pela sua
complexidade, precisa de atenção muito especial da sua parte, pelo
que toda aula poderá levar 5 horas, sendo duas para leitura e 3 para
exercícios.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Levantar indeterminações, usando o limite trigonométrico.

Objectivos

Caro estudante!

Para uma melhor percepção do limite trigonométrico, passamos a


demonstrar a proposição seguinte que nos prova a sua veracidade.
O limite trigonométrico não nos parece, à primeira vista,
verdadeiro. Contudo, essa dúvida é dissipada com a demonstração
que se segue.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 105

Limite Trigonométrico

senx
lim =1
x →0 x
1. Proposição.

Demonstração:

Para demonstrar a veracidade desta proposição vamos considerar


uma circunferência de raio igual a 1

Seja x

A medida em radianos arco AOM

De acordo com a figura,

MM ′ AT
snx = = MM ′ tgx = = AT
OM , OA e x = arco AOM

Nestas condições

senx p x p tgx vamos dividir todos os termos da desigualdade

por senx . Como a senx f 0 para qualquer que seja


 π
x ∈ 0 , 
 2  temos

x tgx senx
1p p ⇔1f f cos x
senx senx x
106 Lição 13

senx
e cos x
Por outro lado, x são funções pares, isto é,
sen(− x) senx
= e cox(− x) = cos x
(− x) x

Portanto, a desigualdade anterior vale para qualquer x , x ≠ 0

lim cos x = 1 e lim 1 = 1


Como x →0 x →0 então

senx
lim =1
x →0 x

sen2 x
lim .
x→ 0 x
1.

Resolução:
Exemplo

Seja u = 2 x

Como x → 0 ⇒ u → 0

sen2 x senu senu


Logo: lim = lim = 2. lim =2
x →0 x u → 0 u u → 0 u
2

senx
1
= lim cos x = lim
tgx senx senx
lim = lim ⋅ lim = 1 ⋅1 = 1
2. x →0 x x →0 x x → 0 x cos x x → 0 x x → 0 cos x
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 107

1 − cos(2 x)
lim
x →0  3x 
sen 
 2
Exemplo
Resolução:

1 − cos(2 x )
lim
x →0  3x   0 
sen   
 2  = 0

1 − cos(2 x )
lim
x →0  3x 
sen 
 2

Para a resolução do problema temos que levar em consideração o


seguinte:

1 − cos 2 x = 1 − cos 2 x + sen 2 x = 2 sen 2 x

Logo:
 3 
 x
1 − cos(2x) 2sen x 2
senx senx 2 2 1 
lim = lim = lim2 ⋅  ⋅ ⋅x ⋅ ⋅ 
x→0  3x  x→0  3  x→0  x x 3 3 
sen  sen x  x sen x
2 2   2 2 
 3 
 2 x 
lim2 ⋅ 1⋅1⋅
x
⋅ 2  = 2 ⋅ 1 lim( x ⋅1) = 4 ⋅ lim x = 4 ⋅ 0 = 0
 3 3  3 x→0 3 x→0 3
x sen x 
x→0

 2 2   2

Caro estudante, a nossa lição ja vai muito longa sugerimos antes de


começar a resolução de exercícios, um repouso de cerca de 15
minutos e depois poderá dar a continuidade ao seu estudo.

Sumário
Nesta lição, aprendeu o limite trigonométrico. Este limite ajuda a
levantar indeterminações, geralmente, em funções que envolvem
108 Lição 13

funções trigonométricas desse limite dada pela relação


senx
lim =1
x →0 x

Exercícios
Para resolução correcta destes exercícios aconselha-se uma revisão
cuidadosa da trigonometria principalmente a manipulação das
fórmulas trigonométricas. O não sucesso desta parte pode
relacionar-se com um fraco domínio de trigonometria. Resolva
todos os exercícios propostos em caso de dificuldades; analise
cuidadosamente os exemplos estudados na lição.

Calcule os seguintes limites trigonométricos

senx sen 3 x
a) lim ; b) lim ;
x→2 x x→0 x
Auto-avaliação
sen 3 x sen 5 x
c) lim d ) lim
x → 0 sen 2 x x → 0 sen 2 x

senπ x senx
e) lim ; f) lim
x →1 sen (3π x ) x →π x − π

1 − cos x senx − sena


g) lim ; h) lim ;
x→0 x2 x→a x−a
tg 5 x cos x − cos a
i) lim j ) lim ;
x→0 x x→a x−a
tg π x 1 − cos x
k) lim ; l) lim
x → −2 x + 2 x →0 x
sen ( x + h ) − senx 1 + senx − 1 − senx
m) lim ; n) lim
h→0 h x →0 x
senx − cos x tgx − senx
o) lim ; p) lim ;
x→
π 1 − tgx x → 0 1 − cos x
4

sen 7 x − sen 3 x cos mx − cos nx


q) lim r) lim ;
x→0 x ⋅ cos x x →0 x2
x − sen 2 x 1 − cos x
; s ) lim ; t) lim
x→0 x + sen3 x x →0 x2

Confira as suas respostas:


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 109

3 3 1 1
sen2
a) b) β c) 2 d) 2 e) 2 f) π g) 2
2
1 1
h) cos a i) 5 j) senx k) π l) 2

m2 − n2 1
m) cos x n) 1 o)-1 p) 0 q) 4 r) 2 s) 4
1
t) 4
110 Lição 14

Lição 14

Limite notável exponencial e


Logarítmica

Introdução
Nesta lição você vai aprender os outros dois limites notáveis. Estes
limites vão ajudar a levantar indeterminações a limites que
envolvem exponenciais e logarítmicas; é uma lição que vai exigir
certamente muito tempo de trabalho (cerca duas horas). Contudo,
dependendo da forma como vai abordar, esse tempo poderá ser
condensado para pouco menos. Esta lição, pela sua complexidade,
poderá levar cerca de 5 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular os limites de funções com ajuda dos seguintes limites


x
 1
lim 1 +  lim a − 1 = ln a
x

notáveis:
x → ±∞
 x  e x →0 x
Objectivos

Nesta lição vamos demonstrar os outros limites notáveis .Como já


foi referenciado na lição anterior estes limites desempenham um
papel importante no cálculo de limites. Veja, em seguida, o
desenvolvimento da matéria.

Limite Exponencial e Logarítmica

x
 1
lim 1 + 
1-O limite
x → ±∞
 x

Proposição1:
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 111

x
 1
lim 1 +  = e
x → ±∞
 x onde e é o número irracional Neperiano cujo

valor aproximado é 2,7182818284459...

Prova: A prova desta proposição envolve noções de séries, por este


motivo será aqui omitida.

1
lim(1 + x ) x = e
Provar que x →0

Resolução:
Exemplo
1
lim+ (1 + x ) x = e
Em primeiro lugar provaremos que x →0 .

1
x=
De facto, fazendo t temos que t → +∞ quando x → 0 + . Logo,
t
1
 1
lim (1 + x ) x = lim 1 +  = e
x →0 + t → +∞
 t .

1
lim− (1 + x ) x = e
Da mesma forma, prova-se que x →0 .

Portanto,

1
lim(1 + x ) x = e
x →0 .

Proposição2:

a x −1
lim = ln a
x →0 x (a f 0, a ≠ 1) .
112 Lição 14

Demonstração:

Vamos fazer a seguinte mudança de variável:

Seja:

t = a x −1 ⇒ a x = t +1
como x → 0 ⇒ t → a 0 − 1 = 0

Se a = t + 1 logaritmizando vem:
x

ln(t + 1)
ln a x = ln(t + 1) ⇔ x ln a = ln(t + 1) ⇔ x =
ln a

Assim,

−1
ax −1 t lna.t t ln(t +1)  1

lim = lim = lim = lna⋅ lim = lnalim  = lnalim ln(
t +1)t

t→0 ln(t +1) t→0 ln(t +1) t→0 ln(t +1)
x→0 x t→0
 t  
t→0

lna
= lna⋅ lne = lna

a x −1
lim = ln a
Logo: x →0 x

Veja o exemplo de aplicação desta relação


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 113

ax − bx
lim
Calcular x →0 x

Exemplo Resolução:

x
ax a
x x b ( x − 1)
x
  −1
= lim b ⋅ lim  
a −b b b
lim = lim x
x →0 x x →0 x x →0 x →0 x
a
= b 0 ⋅ ln 
b
a
= ln 
b

Sumário
Cálculo de limites de funções com ajuda dos seguintes limites
x
 1
lim 1 +  lim a − 1 = ln a
x

notáveis:
x → ±∞
 x  e x →0 x

Exercícios
Terminada a lição, faça uma auto-avaliação. Se responder
correctamente às questões, então teve uma aprendizagem efectiva.
Se conseguir responder correctamente à metade das questões,
deverá repensar na sua aprendizagem, contudo, ainda está num
bom caminho. Caso responda abaixo da metade, então precisa de
rever as lições dadas, bem como os exemplos. Resolva novamente
todos os exercícios sugeridos. Se as dúvidas persistirem consulte o
seu Tutor.
114 Lição 14

kx x x
 1  π  k
a) lim1−  ; b) lim1−  ; c) lim1− 
x→∞
 x x→∞
 x x→∞
 x
x
Auto-avaliação b 1
 k k
d) lim(1+ 2x) ; x e) lim(cox)x2 ; f) lim1+  ;
x→0 x→0 x→∞
 x
1+x x2 x
 sen2x  x+1   x−1
g) lim  ; h) lim  ; i) lim  ;
x→∞ 2x+1 x→∞ x +1
x→0
 x     
senx 2x
x
 2+ x  x2 −2x+3 x  1 x+1
j) lim ; k) lim 2  ; l) lim 2  ;
x→0 3− x x→0 x −3x+2
     
x→∞ x

x+1 x+2
 x−1   x−1 b
m) lim 2  ; n) lim  ; o) lim(1+ax) x ;
x→1 x −1 x→∞ x+3
    x→0

x+3

10x−2 −1 4 −1
5
5x −25
p) lim ; q) lim ; r) lim ;
x→2 x −2 x→−3 x +3 x→2 x−2

Confira as suas respostas

1

−k −π −k 2b 2
Solução: a) e b) e c) e d) e e) e f) e g) 2 h)
3 1
−2 −4
j)1 k) 2 l) 0 m) 4 n) e o ) e p) ln 10 q)
ab
0 i) e
2
⋅ ln 2
5 r) 25 ln 5
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 115

Lição 15

Continuidade de Funções

Introdução
Um dos conceitos fundamentais da Análise Matemática I é o de
continuidade de função num determinado ponto. Esta lição poderá
levar duas horas para ser percebida e os exercícios poderão levar
duas horas. Pelo que a lição toda levará 4 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Classificar as funções quanto à continuidade num ponto;

Representar graficamente as funções contínuas.


Objectivos

Nesta lição como já foi referenciado na introdução vamos estudar a


continuidade de uma função num ponto. Para isso há uma
necessidade de termos a definição da continuidade. Assim
vejamos:

Continuidade de Funções

lim f ( x)
Quando definimos x→ a analisamos o comportamento da

função f (x) para valores de x próximos de a , mas diferentes de


lim f ( x)
a . Em muitos exemplos vimos que x→ a pode existir, mesmo

que f não seja definida no ponto a . Se f está definida em a e em


lim f ( x)
x→ a existe, pode ocorrer que este limite seja diferente de
f (a ) .
116 Lição 15

lim f ( x ) = f (a)
Quando x→a diremos, de acordo com a definição

abaixo, que a função f é continua em a

Diz-se que a função f é continua no ponto a , se as seguintes condições


forem satisfeitas:

Tome Nota! f é definida no ponto a


lim f ( x)
• x→ a existe

lim f ( x ) = f (a )
• x→a

Os esboços dos gráficos de funções abaixo indicam as funções que


não são contínuas no ponto a .

Uma vez estudada a abordagem teórica, vamos em seguida


apresentar alguns exemplos de estudo de continuidade de uma
função num ponto.

Estudar a continuidade das seguintes funções


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 117

x 2 + 1 ; x f1
f ( x) = 
a) 3 x ; x ≤ 1 no ponto x = 1

Exemplo Resolução:

lim = f (1)
Vamos verificar se x →1

lim f ( x) = lim(3x) = 3 ⋅ 1 = 3
x →1− x →1

lim f ( x) = lim+ ( x 2 + 1) = 1 + 1 = 2
x →1+ x →1

lim f ( x) ≠ lim+ f ( x) lim = f ( x)


Como x →1− x →1 então não existe x →1 logo:

A função f(x) é descontinua no ponto x = 1

 senx − cos x π
 1 − tgx ; x≠
 4
f ( x) = 
− 2 ; x=
π
Exemplo  2 4
b)

1)
senx− cosx senx− cosx senx− cosx cosx(senx− cosx)
lim = lim = lim = lim
π 1− tgx π senx x→ cosx − senx x→ (cosx − senx)
π π
4 1−
x→ x→
4 4 4
cosx cosx
cosx(cosx − senx) 2
= − lim = − limcosx = −
x→
π cosx − senx x→
π 2
4 4

π 2
f( )=−
2) 4 2

π 2
lim f ( x) = f ( ) = −
x→
π 4 2
Assim 4 logo: a função é contínua no ponto
π
x=
4
118 Lição 15

Sumário
Estudo da definição da continuidade de uma função.
exemplificação de aplicação.

Exercícios
Os exercícios apresentados, neste grupo de exercícios, são de
aplicação directa da definição de continuidade de uma função num
ponto. Resolva com muita atenção. Em caso de dificuldades
procure sempre rever os conteúdos apresentados. Alguns exercícios
requerem a construção de gráficos de funções pelo que há
necessidade de observar esses aspectos em caso de dificuldades.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 119

1. Estude a continuidade das seguintes funções e faça a representação

f ( x) = x + 1
a) ; em x = –1; Solução: contínua
Auto-avaliação

2 x 2 ; se x ≠ 2
f ( x) = 
b) 10; se x = 2 , em x = 2; Solução: descontínua

 x 2 + 2, se x ≥ 0
f ( x) = 
c)  x + 2, se x > 0 , em x = 0; Soução: contínua

− 1, se − 1 ≤ x < 0
f ( x) = 
d)  x, se 0 ≤ x ≤ 2 , em x = 0; Soução:
descontínua

 2 x, se 0 ≤ x ≤ 1
f ( x) = 
e) 2 − x, se 1 < x ≤ 2 , em x = 1; Solução:
contínua

2 x, se 0 ≤ x < 1

f ( x) = 4, se x = 1
 3 − x, se 1 < x ≤ 2
f)  , em x = 1; Solução:
descontínua

 x + 2, se − 3 ≤ x < −1

f ( x) =  3, se x = −1
 − x, se − 1 < x ≤ 2
g)  , em x = – 1; Solução:
descontínua
120 Lição 15

5 x + 1, se x ≥ 3

f ( x) =  x+2
 x 2 − 6 x + 5 , se x < 3
h) , em x = 3; Solução:
Auto-avaliação
descontínua

1 − 2 x, se x ≥ 3
f ( x) =  2
i)  x − 2, se x < 3 , em x = 3 e x = 1

Solução: x = 3 descontínua, em x = 1 contínua

5 x + 1, se x ≤ 2
 2
f ( x) =  x − 4 x + 3
 , se x > 2
j)  x+3 , em x = 2. Solução:
descontínua

3x , se x < 0
f ( x) = 
2. Seja dada a função definida por a + x, se x ≥ 0 .
Determine o valor de a para o qual f (x) é contínua em x = 0.

Solução: a = 1

3. Qual deve ser o valor de k para que a função

 x+2
 , se x ≥ 3
f ( x) =  x 2 − 6 x + 5
 k + 3 , se x < 3
Seja contínua.

17

Solução 4

Confira as suas respostas

Exercício 1

a) contínua b) descontínua c) contínua d)descontínua e)


contínua f) descontínua g) descontínua h) descontínua j)
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 121

Exercício 4

a =1

Exercício 3

17

4

Bibliografia
1. NEVES, Maria Augusta Ferreira & BRITO. Maria Luísa
Carvalho. Matemática 11º ano. 2º volume ( livro texto).
Porto Editora.
Leitura 2. G. Baranenkov, B. Demidovitch. Problemas e Exercícios
de Análise Matemática. 4ª Edição. Editora Mir. 1977.

Caro estudante, terminamos mais uma unidade esperamos mais


uma vez que tenha tirado grande proveito no estudo. Agora, vamos
entrar na unidade III que por sinal é a última e mais importante da
Análise Matemática I, pelo que, o sucesso nesta unidade vai abrir
as portas para perceber todas as cadeiras que tenham ligação com a
Matemática. Desejamos um bom estudo.
122 Unidade III

Unidade III

Cálculo Diferencial

Introdução
A unidade sobre o cálculo diferencial é a unidade chave de Análise
Matemática I. Ela versa sobre conceitos fundamentais de cálculo
derivadas em R. Ela é composta por 19 lições e um número total de
44 horas.

Fermat e Newton com o objectivo de resolverem dois problemas


diferentes chegaram a um dos mais importantes conceitos da
Matemática: O conceito de derivada.

Fermat pretendia determinar o declive da recta tangente a um ponto


qualquer de uma curva.

Fermat considerou um ponto P de uma curva e uma secante PQ.


Concluiu que o declive da recta tangente a curva podia ser
calculado como limite do declive da recta PQ, quando o ponto Q,
percorrendo a curva, se aproxima de P.

Newton pretendia determinar a velocidade instantânea, ou seja, a


velocidade dada pelo velocímetro de um automóvel em
movimento, conhecendo apenas a relação entre o espaço e o tempo.

Para determinar, por exemplo, a velocidade instantânea no


momento a , Newton considerou um intervalo de tempo em que

a era um extremo. Por exemplo: [x1 , x1 + ∆x ].

Calculou a velocidade média nesse intervalo, reduzindo,

sucessivamente, h calculou de novo a velocidade média para cada


um dos intervalos. Concluiu, então, que podia determinar a
velocidade instantânea em a , através do limite da velocidade

média no intervalo [x1 , x1 + ∆x ], quando ∆x → 0 . Nestas duas


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 123

situações apresentadas aparecem o cálculo de limite. O declive da


recta tangente a uma curva é um limite; a velocidade instantânea é
um limite.

Estes limites chamam-se derivadas

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Definir a derivada de uma função;

Fazer uma interpretação geométrica e física;

Objectivos Calcular as derivadas e diferenciais;

Resolver problemas de aplicação da derivada na física (Velocidade,


Aceleração,(...)).
124 Lição 16

Lição 16

Derivada de uma função num


ponto

Introdução
Nesta lição, você vai aprender o conceito de derivada de uma
função num ponto, bem como a sua aplicação. É de salientar que
esta lição é fundamental para a percepção do conceito de derivada
no geral. O estudo desta lição vai levar cerca de 3 horas de trabalho
e os exercícios apresentados, cerca de uma hora e meia. No entanto,
a lição vai durar cerca de 4 horas e 30 minutos de tempo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir a derivada de uma função num ponto;

Realizar a interpretação geométrica e física de derivada;

Objectivos Determinar a equação da tangente num ponto.

O estudo da derivada de uma função é suportado pela sua


definição. Contudo, há uma necessidade de conhecermos com
exactidão a derivada. Para tal, precisamos, em primeiro lugar,
definir a derivada de uma função num determinado ponto. Só
depois podemos generalizar o conceito. Acompanhe!
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 125

1 – Derivada de uma função num ponto

A derivada de uma função f (x) num ponto a é denotada por


f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
lim
f ( x1 ) e definida pelo ∆x →0 ∆x , quando existe.

Também podemos escrever

f ( x) − f ( x1 )
f ′( x1 ) = lim
x → x1 x − x1

2
- Calcular f ( 2) se f ( x) = 5 x + 6 x − 1

Exemplo
Resolução:

f ( x) − f ( x1 )
f ′( x1 ) = lim
x → x1 x − x1 ⇒

f (x) − f (2) (5x2 +6x −1) −(5⋅ 22 +6⋅ 2−1) 5x2 +6x −1−31
f ′(2) = lim = lim = lim
x→2 x −2 x→2 x −2 x→2 x −2
5(
2
5x +6x −32 (x −2)(5x +16) 5x +16
lim = lim = lim = 26
x→2 x −2 x→ 2 x −2 x→ 2 1
126 Lição 16

2- Calcular f ( 4) se f ( x) =
′ x

Exemplo
Resolução:

f ( x) − f ( x1 )
f ′( x1 ) = lim
x → x1 x − x1 ⇒

x− 4 x −2 ( x − 2)( x + 2) x −4
f ′(4) = lim = lim = lim = lim
x→4 x −4 x→4 x −4 x→4
(x − 4)( x + 2) x→4
(x − 4)( x + 2)
1 1
= lim =
x→4
x +2 4

Uma vez definida a derivada num ponto, vamos generalizar o


conceito. Isto é, vamos definir não num ponto, mas, tomando num
intervalo qualquer.

Derivada de uma função

A derivada de uma função y = f ( x) é a função denotada por


f ( x + ∆x ) − f ( x )
f ′( x) = lim
f ′(x) dada por ∆x → 0 ∆x , se este limite
existir.

Diz-se que uma função é derivável quando existe a derivada em


todos os seus pontos do seu domínio.

Em seguida, vamos dar uma interpretação geométrica da derivada,


explorando a maneira como Fermat teria chegado a este conceito
tão importante do estudo da Matemática.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 127

Interpretação geométrica da derivada

Vamos primeiro definir a inclinação de uma curva y = f ( x) para


em seguida, encontrar a equação da recta tangente. Esta ideia foi
introduzida por Fermat, segundo o que foi dito na parte
introdutória.

Recta tangente

Seja y = f (x) uma curva definida no intervalo ]a , b[ de acordo


com a figura abaixo.

Sejam P ( x1 , y1 ) e Q( x 2 , y 2 ) dois pontos distintos da curva


y = f ( x) . Seja s a recta secante que passa pelos pontos P e Q.
Considerando o triângulo rectângulo PMQ, temos que a inclinação
y 2 − y1 ∆y
tgα = =
da recta s (ou coeficiente angular de s ) é x 2 − x1 ∆x

Suponhamos, agora, que mantendo o ponto P fixo, Q se move sobre


a curva em direcção a P. Diante disto, a inclinação da recta
128 Lição 16

secante s variará. À medida que Q vai se aproximando cada vez


mais de P, a inclinação da secante varia cada vez menos, tendendo
para um limite constante. Veja a figura a baixo.

Esse valor limite é chamado inclinação da recta tangente à curva


em P.

Dada uma curva y = f (x) , seja P ( x1 , y1 ) um ponto sobre ela. A


inclinação da recta tangente à curva no ponto P é dada por

Tome Nota! ∆y f ( x 2 ) − f ( x1 )
m( x1 ) = lim = lim
Q→P ∆x 2 1
x → x x 2 − x1 , Quando o limite existe.

Fazendo x 2 = x1 + ∆x podemos escrever o limite da seguinte maneira:


f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
m( x1 ) = lim = f ′( x1 )
∆x → 0 ∆x .
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 129

Desta maneira , geometricamente a derivada da função no ponto


x1 representa o declive da recta tangente ao gráfico da função no

ponto de abcissa x1

Como já dissemos, o que é que significa a derivada de uma função


num ponto? Vamos, em seguida, definir a equação da recta
tangente a um gráfico.

Equação da Recta Tangente:

Se a função f (x) é contínua em x1 , então a recta tangente a

curva y = f (x) em P ( x1 , f ( x1 )) é:

Tome Nota!
y − f ( x1 ) = f ′( x1 )( x − x1 )

Agora vamos aos exemplos de aplicação da interpretação


geométrica da derivada.
130 Lição 16

2
1. Dada a função f ( x) = x − x

a) Calcular aplicando a definição, a derivada de f no ponto de


Exemplo
abcissa x1 = 1

b) Fazer a interpretação geométrica do resultado obtido.

c) Escrever a equação da recta da tangente ao gráfico da função no

ponto de abcissa x1 = 1

Resolução:

f ( x) − f ( x1 )
f ′( x1 ) = lim
2. Sabe-se que
x → x1 x − x1 , então:

f ( x) − f (1) x2 − x − 0 x( x − 1)
f ′(1) = lim = lim = lim = lim x = 1
a) x→1 x −1 x→1 x −1 x→1 x − 1 x→1

. Logo,

f f (1) = 1

b) Interpretação geométrica.

O declive da recta tangente ao gráfico da função definida por


f ( x) = x 2 − x no ponto de abcissa x1 = 1 é 1.

c) Equação da recta tangente.

Como ja foi visto, a equação da recta tangente

é: y − f ( x1 ) = f ( x1 )( x − x1 ) e por sua vez,


x1 = 1 f (1) = 0 e m = f ′(1) = 1 então;

y − 0 = 1( x − 1) ⇔ y = x − 1 → equação da tangente.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 131

1
g ( x) = 1 +
3. Dada a função definida por x

Exemplo a) fazer um esboço gráfico da função g.

b) Representar geometricamente e analiticamente a recta tangente


ao gráfico no ponto de abcissa -1.

Resolução:

Como deve ter reparado trata-se de uma função homográfica,


cuja construção já é conhecida, pelo que, o seu gráfico é

t
1
-1 x
-1
132 Lição 16

b) a recta t desenhada é a tangente ao gráfico da função g no ponto de

abcissa x = −1

Exemplo Determinação do declive da recta tangente

1
1+ − 0
g ( x) − g (−1) x +1 1
g ′(−1) = lim = lim x = lim = lim = −1
x→−1 x − (−1) x→−1 x +1 x→−1 x( x + 1) x→−1 x

Assim: m = g ( −1) = −1

Logo, a equação da tangente é: y − 0 = −1( x + 1) ⇔ y = − x − 1

Sumário
Estudo da definição da derivada num ponto, equação da tangente
bem como da interpretação geométrica da derivada.

Exercícios
Estes exercícios visam, essencialmente, ajudar a consolidar a
matéria dada. Apresentam-se problemas de interpretação da
derivada mecânica e geométrica que é a base do estudo da
derivada. Ao resolver estes exercícios, se tiver dificuldades em
chegar à solução significa que não percebeu a definição. Pelo facto,
deve reler o conteúdo teórico e ver os exemplos dados acima.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 133

1. Determine a equação da tangente às curvas, nos pontos dados. Esboce


o gráfico de cada caso

Auto-avaliação
a) f ( x) = x 2 − 3 x + 6 em x = 2

b) f ( x) = 2 x x = 0

2. Ache a derivada no ponto x = 2 , sendo:

3
2 f ( x) =
a) f ( x) = 2 x b) x

x
f ( x) =
c) x +1 d) f ( x) = x+2
134 Lição 16

3. O Victor atirou uma pedra a um castanheiro com o objectivo de fazer


cair um ouriço com castanhas.

Auto-avaliação Altura da pedra ao fim de t segundos é dada pela fórmula


h(t ) = −2t 2 + 16t (em metros).

A altura que se encontra o ouriço ao fim de t segundos de começar a


2
cair é: h (t ) = 32 − 5t

Determine:

a) velocidade instantânea da pedra ao fim de 3 e 5 segundos de


movimento e verifique que houve mudança de sinal.

b) b)A velocidade instantânea do ouriço ao fim de 2 segundos


depois de ter começado a cair.

c) c)Quantos segundos levou, o ouriço, a tingir o solo?

4. Ao fim de t segundos, um carro de madeira descendo um plano


inclinado percorreu um espaço, em metros, dado pela
2
fórmula: e = 2t .

Supondo que o carro estava equipado com um velocímetro, qual era a


velocidade que este indicaria ao fim de c3 segundos, ou seja, qual era

a velocidade instantânea para t = 3 segundos?

Confira as respostas

Exercício 1

a) y = x + 2 b) x = 0

3 1 1

Exercicio 2 8 b) 4 c) 9 d) 4

Exercicio 3 a) : 4 , -4 b)-20 d) ≈ 2,5 segundos

12 m
Exercício 4 Solução: s
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 135

Lição 17

Derivadas Laterais

Introdução
Nesta Lição, você vai aprender o conceito da derivada lateral de
uma função. É de salientar que esta lição é fundamental para a
percepção do conceito de interpretação geométrica da derivada. O
estudo desta lição vai lhe levar cerca de 1 hora de trabalho e os
exercícios apresentados cerca de uma hora e meia. . O tempo
necessário para esta lição é de duas horas e 30 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular as derivadas laterais de funções;

Fazer a interpretação geométrica da derivada lateral.


Objectivos

Um dos conceitos importantes na interpretação geométrica da


derivada é o conceito de derivada lateral. Vamos ao
desenvolvimento.

Definição: Se a função y = f (x) está definida em x1 , então a

derivada de f em x1 , a direita denotada por f + ( x1 ) é definida por


f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
f +′ ( x1 ) = lim+
∆x → 0 ∆x ou simplesmente

f ( x) − f ( x1 )
f +′ ( x1 ) = lim+
x → x1 x − x1 , caso exista este limite.
136 Lição 17

Definição: Se a função y = f (x) está definida em x1 , então a

derivada de f em x1 , esquerda denotada por f − ( x1 ) é definida por


f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
f −′ ( x1 ) = lim−
∆x → 0 ∆x ou simplesmente

f ( x) − f ( x1 )
f −′ ( x1 ) = lim−
x → x1 x − x1 , caso exista este limite.

N.B. Uma função é derivável num ponto, quando as derivadas


laterais forem iguais.

− x 2 + 2 ; x ≤ 1
f ( x) = 
Dada a função x ; x f1

Exemplo
Verificar se a função é ou não derivável no ponto x = 1

Resolução:

À esquerda e à direita de 1, a função está definida por expressões

algébricas diferentes. Vamos calcular as derivadas laterais de f no ponto


x =1

À esquerda:

f ( x) − f (1) − x2 + 2 −1 − x2 +1 (1 − x)(1 + x)
f −′ (1) = lim− = lim− = lim− = lim−
x→1 x −1 x→1 x −1 x →1 x −1 x →1 x −1

( x − 1)(x + 1)
= − lim− = − lim− ( x + 1) = −2
x→1 x −1 x→1

À direita:

f ( x) − f (1) x −1
f +′ (1) = lim+ = lim+ =1
x →1 x −1 x →1 x − 1

Como f − (1) ≠ f + (1) , então não existe f (1)


′ ′ ′
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 137

Sumário
Estudo da definição da derivada lateral.

Exercícios
Os exercícios aqui apresentados são apenas de aplicação directa da
definição da derivada lateral. Da forma como os exercícios estão
escalonados poderão não suscitar muitas dificuldades, contudo, em
caso de dificuldades, procure rever a parte teórica, bem como os
exemplos apresentados.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 139

1. Calcule as derivadas laterais das seguintes funções.

− x 2 + 2 x ≤1 − 3 x x ≥ −2
a) f ( x) =  b) f ( x) = 
Auto-avaliação x >1 2
x x + 2 x < −2

2. Encontre as derivadas laterais das seguintes funções, nos pontos

indicados. Encontre os intervalos onde f ( x) f 0 ; f ( x) p 0 .


′ ′

1
2

1
1 2 3
1

Confira as suas respostas

Exercício 1

a) à esquerda -2 e à direita 2 b) à esquerda -4 e à direita -3

Exercício 2

Figura 1: derivada à esquerda 1 e à direita 0

Figura 2 : derivada à esquerda –2, à direita -2


140

Lição 18

Regras de derivação

Introdução
Nesta lição, deduziremos várias regras de derivação que permitem
determinar as derivadas das funções sem o uso da definição. Esta lição
vai lhe levar cerca de duas horas de trabalho. Os exercícios também
poderão levar cerca de duas horas, pois estão incluídas as regras de
derivação que serão demonstradas como exercícios de aplicação da
definição. Esta lição terá uma duração total de 4 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular as derivadas de uma constante, potência, soma e produto de


funções.

Objectivos

Caro estudante! A seguir vamos apresentar algumas regras de derivação


em forma de proposições e as suas respectivas demonstrações. Veja
detalhadamente o desenvolvimento da lição.

Regras de Derivação

Proposição1:

Se c é uma constante e f ( x) = c para todo o x , então f ( x ) = 0



Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 141

Demonstração:

f ( x + ∆x ) − f ( x )
f ′( x) = lim
∆x → 0 ∆x
c−c
= lim = lim 0 = 0
∆x → 0 ∆x ∆x → 0

Proposição 2 : Derivada de uma função potencial

n −1
Se n é um nº inteiro positivo f ( x) = x , então f ( x) = n ⋅ x
n

Demonstração:

f ( x + ∆x) − f ( x)
f ′( x) = lim
∆x → 0 ∆x
( x + ∆x ) n − x n
= lim
∆x → 0 ∆x

Vamos expandir o ( x + ∆x) com ajuda do desenvolvimento do


n

binómio de Newton

n(n −1) n−2 2 n(n −1)n − 2) n−3 3


(a + b)n = an + nxn−1b + a b + a b + ⋅ ⋅ ⋅ + bn
2! 3!

→ binómio de Newton

Assim,

( x + ∆x ) n − x n
f ′( x) = lim
∆x → 0 ∆x
 n n −1 n(n − 1) n − 2 2 n n
 x + n ⋅ x ⋅ ∆x + 2! x ∆x + ⋅ ⋅ ⋅ + ∆x − x 
= lim
∆x → 0 ∆x
n(n − 1) n − 2
∆x(n.x n −1 + x ∆x + ⋅ ⋅ ⋅ + ∆x n −1 )
= lim 2!
∆x → 0 ∆x
n(n − 1)
= lim (n ⋅ x n −1 + ∆x + ⋅ ⋅ ⋅ + ∆x n −1 ) = n ⋅ x n −1
∆x → 0 ∆x

Proposição 3: Derivada do produto de uma função por uma constante


142 Lição 18

Seja f uma função, c uma constante e g a função definida por


g ( x) = cf ( x) . Se f ′(x) existe , então g ′( x) = c ⋅ f ′( x)

Demonstração:

Por hipótese

f ( x + ∆x) − f ( x)
f ′( x) = lim
∆x → 0 ∆x
Temos,

g ( x + ∆x ) − g ( x ) cf ( x + ∆x) − cf ( x )
g ′( x) = lim = lim
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x
 f ( x + ∆x ) − f ( x ) 
c  lim  = c. f ′( x)
 ∆x → 0 ∆x

As demonstrações das propriedades seguintes ficam como exercícios.

Proposição 4: Derivada de uma soma

Se f e g são duas funções reais, definidas sobre o mesmo intervalo e



com derivadas finitas, então [ f ( x) + g ( x)] = f ( x) + g ( x)
′ ′

Proposição 5: Derivada de um produto

Se f e g são duas funções reais definidas sobre o mesmo intervalo e



com derivadas finitas, então [ f ( x) ⋅ g ( x)] = f ( x) ⋅ g ( x) + g ( x) ⋅ f ( x)
′ ′

Proposição 6:Derivada de um quociente

Se f e g são duas funções reais definidas sobre o mesmo intervalo e



 f ( x)  f ′( x).g ( x) − f ( x).g ′( x )
 g ( x)  =
com derivadas finitas, então   [g ( x)]2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 143

- Calcular as derivadas das seguintes funções

1
f ( x) = 3 x −
a) 2
Exemplo
b) f ( x) = (2 x + 1)(3 x + 2)

x +1
f ( x) =
c) 2x + 3

Resolução:

1 1
f ′( x) = (3 x − )′ = (3 x)′ − ( )′ = 3.( x)′ − 0 = 3
a) 2 2

b) f ( x) = (2 x + 1)(3 x + 2)

Temos duas possibilidades de resolver o problema. Pode-se aplicar a


propriedade distributiva e depois a derivada de uma soma como também
pode-se aplicar a regra do produto.

Vamos pela regra do produto

[(2 x + 1)(3x + 2)]′ = (2 x + 1)′(3 x + 2) + (2 x + 1)(3x + 2)′


= 2 ⋅ (3 x + 2) + (3 x + 2) ⋅ 3
= 6 x + 4 + 9 x + 6 = 15 x + 10

x +1
f ( x) =
c) 2x + 3

Neste caso, há necessidade de se aplicar a regra do quociente assim:

( x + 1)′(2 x + 3) − ( x + 1)(2 x + 3)′ (2 x + 3) − ( x + 1) ⋅ 2


f ′( x) = =
(2 x + 3) 2 (2 x + 3) 2
2x + 3 − 2x − 2 1
= 2
=
(2 x + 3) (2 x + 3) 2
144 Lição 18

Sumário
Descrição das regras fundamentais de derivação: derivada de uma
constante, potência, soma, produto e quociente.

Exercícios

Estes exercícios exigem a aplicação das regras de derivação. Em caso de


não chegar à solução, verifique, primeiro, se a fórmula foi bem ou mal
aplicada. Pode também verificar se as simplificações estão bem feitas ou
não. De todas as maneiras, em caso de dificuldades, reveja a lição e os
exemplos colocados para cada regra.

1. Calcule as derivadas das seguintes funções

1 2
a) y = x 3 − x + 1; b) y = x 5 + x 4 − x 3 − 1;
Auto-avaliação 2
c) y = x n + mx; d ) y = ( x 2 + 3 x + 2) 2 ;
 x −1
e) y = (1 − x) 2 ; f) y= ;
 x 
[ ( )]
g ) y = ( x − 1) x 2 + 1 ; h) y = x 2 ⋅ x
2x + 4 (t − a) 2
i) y = j ) f (t ) =
3x − 1 t −b
3 5 1 4 2
k ) f ( x) = 4 + 5 l) y = x + 6
x x 2 x

2x + 1
y=
2. Encontre a equação da recta tangente à curva 3 x − 4 no ponto

de abcissa x = −1

2
3. Seja y = ax + bx . Encontre os valores de a e b , sabendo que a

tangente à curva no ponto (1, 5) tem inclinação m = 8


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 145

Confira as suas respostas

Exercício 1

2
a) 3 x − x
4 3 2
b) 5 x + 4 x − 3 x c) nx n −1 + m d )4 x 3 + 18 x 2 + 26 x + 12

1 x2
2
2x x +
e) − 2 x + 2 f) x
2
g) 3 x − 2 x + 1 h) 2 x

14 t − 2a + b 12 25 12
− 2 − − 6 2x3 − 7
i) (3 x − 1)
5
j) t − b k) x x l) x

1 11
y− =− ( x + 1)
Exercicio2 7 144 Exercicio 3 a = 3 , b=2
146 Lição 19

Lição 19

Derivada de Funções Compostas

Introdução
Nesta lição, vamos tratar funções que pela sua natureza requerem um
artifício relativamente complexo em relação às funções estudadas na lição
anterior. Trata-se de funções compostas. Pela sua complexidade, o tempo
previsto para esta lição é de 3 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular diversas derivadas de Funções compostas.

Objectivos

O cálculo de derivadas de funções compostas é muitíssimo importante.


Ela requer de si uma atenção bastante especial, pois a identificação de
composição tem sido muitas vezes um problema para a maioria de
estudantes. Contudo, a lição que segue vai ajudar a esclarecer.

Derivada de uma função Composta

Começaremos o nosso estudo recordando o que é uma composição de


uma função, tendo em consideração que já tratamos deste assunto no
estudo de generalidades sobre funções.

Consideremos duas funções

deriváveis f e g onde y = g (u ) e u = f ( x) .

Para todo x tal que f (x) está no domínio de g , podemos escrever


y = g (u ) = g [ f ( x)] isto é, podemos considerar a função composta

( g o f )( x) .
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 147

2 7
Por exemplo, uma função tal como y = ( x + 5 x + 7) pode ser vista
7
como composta de funções y = g (u ) = u onde
Exemplo
u = x 2 + 5x + 7

A seguir vamos apresentar a regra de cadeia que nos dá a derivada da

função composta g o f em termos das derivadas de f e g

Proposição:

Se y = g (u ) , u = f ( x) e as derivadas y ′(u ) e u ′( x) existem, então a

função composta y = g [ f (x)] tem derivada que dada por

y ′( x ) = y ′(u ) ⋅ u ′( x) = g ′(u ). f ′( x)

Demonstração:

Vamos fazer a demonstração supondo que existe um intervalo aberto I

contendo x , tal que ∆u = [ f ( x + ∆x) − f ( x )] ≠ 0 sempre ( x + ∆x ) ∈ I

e ∆x ≠ 0 (1).

Isso se verifica para um grande número de funções, porém não para

todas. Por exemplo, se f for uma função constante, a condição acima não
é satisfeita. Porém, neste caso, podemos, facilmente, provar a fórmula.

De facto , se f ( x) = c , então f ( x) = 0 e y = g [ f ( x)] = g (c) é uma


constante. Assim

y ′( x) = 0 = g ′(u ). f ′( x) .

Então vamos agora provar y ( x) = g (u ). f ( x) quando f (x) satisfaz a


′ ′ ′

condição (1).

g [ f ( x + ∆x ) ] − g [ f ( x ) ]
y ′( x ) = lim
Como y = g [ f (x) ] , temos ∆x → 0 ∆x se
este limite existir.
148 Lição 19

g [ f ( x + ∆x )] − g [ f ( x)]
Vamos considerar primeiro, o quociente ∆x .

Seja ∆u = f ( x + ∆x) − f ( x) . Então ∆u depende de ∆x e


∆u → 0 quando ∆x → 0 . Temos,

g [ f ( x + ∆x)] − g [ f ( x)] g (u + ∆u ) − g (u ) ∆u g (u + ∆u ) − g (u ) ∆u
= ⋅ = ⋅
∆x ∆x ∆u ∆u ∆x
g (u + ∆u ) − g (u ) f ( x + ∆x) − f ( x)
= ⋅
∆u ∆x

Aplicando o limite, temos

g [ f ( x + ∆x ) ] − g [ f ( x ) ]
y ′( x ) = lim
∆x → 0 ∆x

g (u + ∆u ) − g (u ) f ( x + ∆x ) − f ( x )
lim ⋅ lim
∆u → 0 ∆u ∆x → 0 ∆x
= g ′(u ) ⋅ f ′( x)
=

C.q.d.

Em seguida, vamos aos exemplos para poder fixar a ideia.


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 149

Calcular as derivadas das seguintes funções

2 7
a) y = ( x + 5 x + 2)
Exemplo
7
Vimos anteriormente que podemos escrever y = g (u ) = u , onde
u = x 2 + 5x + 2

então pela regra de cadeia,

y ′( x) = y ′(u ) ⋅ u ′( x)
= 7u 6 ⋅ (2 x + 5)
= 7( x 2 + 5 x + 2) 6 ⋅ (2 x + 5)

5
 3x + 2 
y= 
b)  2x + 1 

4 ′ 4
 3x + 2   3x + 2   3x + 2  (3x + 2)′(2x +1) − (3x + 2).(2x +1)′
y = 5
′  ⋅  = 5 .
 2x +1   2x +1   2x +1  (2x +1)2
4 4
 3x + 2  3(2x +1) − 2(3x + 2)  3x + 2  6x + 3 − 6x − 4
5  ⋅ = 5  ⋅
 2x +1  (2x +1)2  2x +1  (2x +1)2
4⋅ 4
 3x + 2  −1 1  3x + 2 
= 5  ⋅ 2
=− 2 
⋅ 
 2x +1  ((2x +1) (2x +1)  2x +1 

Caro estudante!

A partir do exemplo anterior podemos enunciar a seguinte proposição que


poderá facilitar o cálculo de derivadas de algumas funções.

Proposição: Se u = g (x) é uma função derivável e n é um nº inteiro não


nulo, então

Tome Nota! d
[g ( x)]n = n ⋅ [g ( x)]n−1 ⋅ g ′( x)
dx
150 Lição 19

Com esta nota veja o exemplo que se segue, provando como algumas
funções são facilmente deriváveis.

c) f ( x) = 5 x 2 + 3

1
1 2
Exemplo f ′( x) = 5 ⋅
2
(x +3 ) 2
−1
⋅ ( x 2 + 3)′
1
5 2 1 5x
=
2
( −
)
x + 3 2 .2 x = 5 x 1
=
( x 2 + 3) 2 x2 + 3

Sumário
Nesta lição, você aprendeu a regra derivada de uma função composta que
consistiu, essencialmente, em derivar simultaneamente a função e a sua
parte interna da composição.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 151

Exercícios
Calcule as derivadas das seguintes funções:

1
a) f ( x ) = 10(3 x 2 + 7 x − 3) 10 ; b) f ( x) = ( 2 x 5 + 6 x −3 ) 5 ;
Auto-avaliação 3
1 1
c) f ( x) = (bx 2 + ax ) 3 d ) f ( x ) = (3 x 3 + 6 x ) 10 − 2 ;
a x
e) f (t ) = (7t 2 + 6t ) 7 (3t − 1) 4 f ) f ( x ) = (5 x − 2) 6 (3 x − 1) 3 ;
3
 7t + 1  1
g) f (t ) =  2  ; h) f ( x ) = ( 2 x − 5) 4 + − x;
 2t + 3  x +1
1
i) f ( x ) = 3 (3 x 2 + 6 x − 2 ) 2 j) f (t ) = ;
3 2
4t − 5t + 2
2x
k) f ( x) = ;
3x − 1

Confira as suas Respostas

5
a)100(6x + 7) b) (2x 5 − 6x −3 ) 4 ⋅ (10x 4 − 18x −4 )
3
3 2
c) ⋅ (bx2 + ax) ⋅ (2bx + a) d )10(3x3 6x)9 + 3
a x
e)2(3t − 1) ⋅ (7t + 6t ) (189t 99t − 70) f )(3x −1)3 ⋅ (5x − 2)5 (315x − 48)
3 2 6 2

22
 7t + 1  (−14t − 4t + 21) 1 1
g)3 2  ⋅ 2 2
h)8(2x − 5)3 − 2

 2t + 3  (2t + 3) ( x + 1) 2 x
5 − 8t 6x − 5
j) k)
3 2
4t − 5t + 2 3x − 1

Ao resolver estes exercícios certamente que observou que o sucesso está


na identificação correcta da parte interna da função, isto é, a identificação
da composição da função. Em caso de não ter conseguido chegar a
solução observa cuidadosamente este aspecto. Uma outra observação é
que na maioria das vezes o estudante pensa que não alcançou a resposta
correcta só porque não simplificou o exercício. Pelo que deve ter em
consideração este aspecto, simplificando o máximo possível a solução
obtida.
152 Lição 20

Lição 20

Derivada de Funções elementares

Introdução
Nesta lição, vamos apresentar as derivadas das funções elementares:
exponencial, logarítmicas, trigonométricas. Pela natureza destas funções
às vezes costumam criar algumas dificuldades, principalmente, as
trigonométricas. Do seu lado vai requer um redobrar de esforço. Duas
horas é tempo suficiente para perceber a lição e uma hora é tempo
suficiente para resolver os exercícios propostos. São no total três horas de
trabalho previstas para esta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular as derivadas das funções exponenciais., logarítmicas, seno e co-


seno.

Objectivos

Esta lição versa fundamentalmente sobre derivadas de funções


elementares. Vamos a seguir desenvolver a teoria com o apoio da
definição da derivada de uma função.

Derivada da função exponencial

1-Se y = a , ( a f 0 , a ≠ 1 ) então y = a ln a
x x

Demonstração:

Seja y = a , ( a f 0 , a ≠ 1 ) aplicando adefinição


x

a x + ∆x − a x a x ⋅ a ∆x − a x a x (a ∆x − 1)
y ′ = lim = lim = lim
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x
a −1
∆x
= a x lim = a x ln a
∆x → 0 ∆x
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 153

x x

2- Se y = e então y = e

Usando a propriedade anterior vem:

(e x )′ = e x ln e = e x

Derivada da função logarítmica

1
y′ =
3--Se y = ln x então x

Demonstração:

x + ∆x  ∆x 
ln ln 1 + 
ln( x + ∆x) − ln x x = lim  x 
(ln x )′ = ∆lim = lim
x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x →0 ∆x
x 1

1   ∆x x
1  1 
 ∆x   ∆x  ∆x
= lim ⋅ ln1 +  = lim ln1 +  = lim ln1 +
∆x → 0 ∆x
 x  ∆x → 0  x  ∆x → 0  x 
 
 ∆x 
1
 x
x x

  ∆x
   ∆x

 1   1  1  1 1
= lim ln  1 +  = lim ln 1 + = ln e =
∆x → 0  x  ∆x → 0 x  x  x x
    
 ∆x  

 ∆x 

1
y = log x y′ =
4- Se a então x ln a

Demonstração:

Primeiro, vamos fazer a mudança de base para a base e :

log e x ln x
y = log a x = =
Assim log e a ln a

Uma vez feita a mudança de base, vamos a derivação:


(log a x )′ =  ln x  =
1
(ln x)′ =
1 1
⋅ =
1
 ln a  ln a ln a x x ln a
154 Lição 20

Cq.d.

Uma vez vistas as derivadas destas funções vamos em seguida apresentar


alguns exemplos como forma de ajudar a você a fixar as ideias
fundamentais.

Calcular as derivadas das seguintes funções

2 x −3
a) y = e
Exemplo
Resolução:

(
y ′ = e 2 x +3 )′ = e 2 x +3
(2 x + 3)′ = 2 ⋅ e 2 x +3

2
−2 x
b) y = 3
x

Resolução:

y′ = 3x( 2
−2 x
)′ = 3 x2 −2 x
( x 2 − 2 x) ln 3
2
ln 3 ⋅ ( x 2 − 2 x)3 x −2 x

2
c) y = ln( x − 3)

Resolução:

′ 1 ′ 2x
[
y ′ = ln( x 2 − 3) = ] 2
x −3
(
x2 − 3 = 2 )
x −3

d) y = log 2 ( 2 x − 3)

Resolução:

(2 x − 3)′ 2
y′ = =
(2 x − 3) ln 2 (2 x − 3) ln 2

Outras funções elementares a considerar são as funções senx e cosx cujas


derivadas calculam-se como se sguem.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 155

Derivada das funções senx e cosx

5. Derivada da função y = senx

Seja y = senx , então a derivada da função y = senx é igual a cos x

Demonstração

Seja y = senx apliquemos a definição da derivada:

sen( x + ∆x) − senx


y ′ = lim
∆x →0 ∆x . Para desenvolvermos o limite podemos
aplicar a fórmula trigonométrica

α −β α +β
senα − senβ = 2sen ⋅ cos
2 2

Então

x + ∆x − x x + ∆x + x ∆x
2sen ⋅ cos 2sen
y ′ = lim 2 2 = lim 2 ⋅ cos 2 x + ∆x
∆x→0 ∆x ∆x →0 ∆x 2
∆x
2sen
= lim 2 ⋅ cos 2 x = cos x
∆x →0 ∆x 2
2
2

6- derivada da função y = cos x

Seja y = cos x então a derivada da y = cos x é igual a − senx

Podemos escrever a função y = cos x em função do senx

π π
sen( − x) = cos x cos( − x) = senx
Recordar que 2 e 2


 π  π π
(cos x )′ =  sen( − x) = cos( − x) ⋅ ( − x)′
 2  2 2
π 
= − cos − x  = − senx
2 
156 Lição 20

2
Calcular a derivada da função y = cos( x − 3 x)

Resolução:
Exemplo
y ′ = − sen( x 2 − 3 x)( x 2 − 3 x )′ = −(2 x − 3) sen( x 2 − 3 x)
= (3 − 2 x) sen( x 2 − 3 x)

Sumário
Nesta lição aprendeu a derivada das funções elementares: logarítmicas,
exponenciais e trigonométricas sendo :

y = a x , (a f 0 , a ≠ 1 ) então y ′ = a x ln a

1
y = log a x então y′ =
x ln a

(senx )′ = cos x ′
e (cos x ) = − senx

Exercícios

Os exercícios apresentados também têm a mesma exigência dos


exercícios da lição anterior a diferença está no facto destes serem de
natureza direccionada a certas funções.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 157

1. Calcular as derivadas das seguintes funções exponenciais e


logarítmica

Auto-avaliação 1−x2
1 2 xe
a) y=  ; b) y=ex +2x; c) ;
2 ex
x3
x2 +2x
d) y=2 lnx
e) y= ; f ) y=ee;
ex
1+ex
g) y=e x+1; h) y= x .
1−e

2. Calcule as derivadas das seguintes funções trigonométricas

a ) y = sen 2 x ; b) y = sen 12 x;
5
c) y = (3 − senx ) ; d ) y = ln sen 3 x;
senx + cos x
e ) y = tan x − cot gx ; f) y= ;
senx − cos x
a x
(
g ) y = sen x 2 − 5 x + 1 − tan ) ; h ) y = ln ;
x 1− x2
i) y = sen ( sen ( senx ));

1 − cos x
j) y = ; k ) y = senx ; l ) y = tg 3 x.
1 + cos x

Confira a sua Resposta

Exercicio 1

1− x2 x3
1 2 e.ee−1 − x e x 2 (3ln x − 1)
a)   2x ln 2 b) (2x + 2)e x +2 x c) d )2 ln x ln 2.
 2 e x
ln2 x
2x + 2 x ln x − x 2 − 2 x e x+1
2e x
e) f) 0 g) h)
ex 2 x +1 (1 − e x ) 2

Exercicio 2
158

1 1
a)2cos2x b) cos x c) 5(3− senx)4 cosx d) 3cotg3x
2 2
4 2 a
e) 2 f )− 2
g)(2x −5)cos(x2 −5x +1) +
sen 2x (senx−cosx) a
x2 cos2 2 
x 
1 1 3
h)cosxcos(senx)cos[sen(senx)] i) k) cotgx senxl) 2
1+ cosx 2 cos (3x)

Esperamos que tenha conseguido resolver. Se teve dificuldades não


desista. Resova de novo. Se a dificuldade persistir consulte o seu tutor.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 159

Lição 21

Derivada de funções
trigonometricas Inversas

Introdução
Para uma melhor percepção das derivadas de funções trigonométricas
inversas, vamos, primeiro, enunciar o teorema sobre derivada de uma
função inversa. Depois deste teorema vamos deduzir as funções
trigonométricas inversas. Uma hora é tempo suficiente para estudar esta
lição e uma hora e meia, também, é tempo suficiente para resolver os
exercícios propostos. Pelo que duas horas e meia é tempo previsto para o
estudo desta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Enunciar o teorema sobre funções inversas;

Calcular as derivadas das funções trigonométricas inversas;


Objectivos Resolver exercícios envolvendo várias funções trigonométricas inversas.

Para uma melhor percepção das derivadas de funções trigonométricas


inversas vamos, primeiro, enunciar o teorema sobre derivada de uma
função inversa.

Funções inversas

Teorema: Seja a função y = f (x) definida num intervalo aberto ]a , b[ .

Suponhamos que f (x) admita uma função inversa x = g ( y ) contínua.


160 Lição 21

Se f (x) existe e diferente de zero para qualquer que seja


1
f ′( x) =
x ∈ ]a , b[, então a função g = f −1
é derivável e g ′( y )

Demonstração:

A figura vai-nos auxiliar na demonstração

Sejam y = f ( x) e ∆y = f ( x + ∆x) − f ( x) . Observemos que com a

função f possui uma inversa, se ∆x ≠ 0 temos que f ( x + ∆x) ≠ f ( x) e

portanto, ∆y ≠ 0 . Como f é contínua, quando ∆x → 0 temos que


∆y também tende para zero.

Da mesma forma, quando ∆y → 0, ∆x = g ( y + ∆y ) − g ( y ) também


tende para zero. Temos então,

∆ x → 0 ⇔ ∆ y → 0.

Por outro lado, para qualquer y = f (x) vale a identidade

g ( y + ∆y ) − g ( y ) ( x + ∆x ) − x ∆x
= =
∆y ( x + ∆x) − f ( x) f ( x + ∆x) − f ( x)
1
=
f ( x + ∆x ) − f ( x )
∆x
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 161

Como f (x) existe e f ( x ) ≠ 0 para todo x ∈ ]a , b[ vem,


′ ′

g ( y + ∆y ) − g ( y ) 1 1
lim = =
∆y →0 ∆y f ( x + ∆x) − f ( x ) f ( x)

lim
∆x → 0 ∆x

1
g ′( y ) =
O que se conclui que f ′( x)

Uma vez demonstrado o teorema da derivada de uma função inversa,


passemos, em seguida, a deduzir as derivadas das funções
trigonométricas.

Acompanhe!

Derivada de funções Trigonométricas Inversas

1. Derivada da função y = arcsenx .

 π π
f : [− 1 , 1] → − ; 
Seja  2 2  definida por f ( x) = arcsenx .
1
(arcsenx)′ =
Então 1 − x2

Demonstração:

1
g ′( y ) =
Se y = arcsenx ⇒ x = seny mas f ′( x) isto é :

1 1 1
f ′( x) = = =
g ( y ) ( seny ) cos y
′ ′

cos 2 y = 1 − sen 2 y
Mas sabe-se também que Assim,

1 1 1 1 1
f ′( x) = = = =
2
g ′( y ) ( seny )′ cos y = 1 − sen y 1− x2
162 Lição 21

2. A derivada da função y = arccos x

 π π
f : [− 1 , 1] → − ; 
Seja  2 2  definida por f ( x) = arccoxx .
1
(arccos x )′ = −
Então 1− x2

Demonstração:

π
arccos x = − arcsenx
Usando a relação 2 então

π 1 1
(arccos x)′ = ( − arcsenx)′ = 0 − =−
2 1− x 2
1− x2

3. Derivada da função y = arctgx .

 π π
f : R → − , 
Seja  2 2  definida por f ( x) = arctgx .
1
y′ =
Então y = f (x) é derivável e 1+ x2

Demonstração:

Se y = arctgx ⇒ x = tgy . mas

f ′( x) =
1
(arctgx )′ = 1 = 12
g ′( y ) ⇒ (tgy )′ sec y

2 2
Mas também é sabido que sec y = 1 + tg y , assim.

1 1 1 1
(arctgx )′ = = = =
(tgy )′ sec y 1 + tg y 1 + x 2
2 2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 163

4- Derivada da função y = arc cot gx

Para demonstração vamos, aqui, também usar a relação


π
arc cot gx = − arctgx
2 . Desta maneira,


1 1
(arc cot gx )′ =  π 
− arctgx  = 0 − 2
=−
2  1+ x 1+ x2

Deduzida essas funções, vamos agora dar alguns exemplos:

Calcular as derivadas das seguintes funções

2
a) y = arcsen( x + 4)
Exemplo
Resolução:

′ 1 ′ 2x
(arcsen( x 2
+ 4) ) =
2 2
(x 2
+ 4) =
1 − ( x + 4) 1 − ( x 2 + 4) 2

1 − x2
y = arctg
b) 1+ x2


1 1 − x2  2x
y′ = ⋅
2 
 2
 = −
1− x2  1 + x  1+ x4
1 +  
2 
1+ x 

Sumário
Nesta lição você estudou as derivadas das funções trigonométricas
inversas bem como a resolução de exercícios que envolve funções
trigonométricas inversas
164 Lição 21

Exercícios
Para estes exercícios o fundamental é ter acompanhado com atenção as
lições e perceber a exposição dos exemplos colocados. Se eventualmente
tiver alguma dificuldade veja cuidadosamente os exemplos dados, assim
como a explanação do conteúdo.

a ) y = (arcsenx) 2 b) y = xarcsen3 x
. c) f (t ) = arccos(sent ) d ) y = arcsen x
e) f (t ) = t 2 arccos(2t + 3) f ) f ( x) = cot g 4 (2 x − 3) 2
Auto-avaliação
2x 1
g ) f ( x) = arccos h) Arctg
3 1− x2

Confira a sua Resposta

2arcsenx 3x 1
arcsen3 x +
a) 1− x2 b) 1 − 9 x 2 c) d) 2 x(1 − x)

2t 2 16(2 x − 3) cot g 3 (2 x − 3) 2
2t ar cos(2t + 3) − −
e)
1 − (2t + 3) 2 f) sen 2 (2 x − 3) 2

2 2
g) 9 − 4 x
2 2
[ 2
h) (1 − x ) (1 − x ) + 1 ]
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 165

Lição 22

Derivadas de Funções
Hiperbólicas e Implicitas

Introdução
As funções hiperbólicas estão relacionadas com as funções
trigonométricas. Uma compreensão destas, facilmente alcançará os
objectivos pretendidos. Quanto as funções implícitas elas se relacionam
com funções elementares. Duas horas é tempo suficiente para estudar esta
lição e resolver os exercícios apresentados.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular as derivadas das funções hiperbólicas

Calcular as derivadas das funções implícitas


Objectivos Resolver exercícios que relacionam as derivadas implícitas e a
interpretação geométrica da derivada

As funções hiperbólicas são definidas em termos de funções


exponenciais. Desta forma podemos facilmente determinar a sua
derivada, usando as regras de derivação já conhecidas.

1- Derivadas das funções hiperbólicas

Por exemplo y = senhx

Sabe se que

e x − e−x 1
senhx = cosh x = (e x + e − x )
2 e 2 logo:
166 Lição 22


 e x − e−x  1 x
( senhx) = 
′  = (e + e ) = cosh x
−x

 2  2

Similarmente podemos obter as derivadas das demais funções


hiperbólicas. Encontre – as!

Tabela de derivadas

′ ′
1) (senhu ) = cos u.u ′ 2) (cosh u ) = senhu ⋅ u ′′
′ ′
3) (tghu ) = sec h 2 u ⋅ u ′ 4) (cot ghu ) = − cos ech 2 ⋅ u ′

5) sec hu = − sec hu ⋅ tghu ⋅ u ′ 6) (cos echu ) = − cos echu. cot gh.u ′

Determinar as derivada das seguintes funções

3
a) y = senh( x + 3)
Exemplo
Resolução

y ′ = ( senh( x 3 + 3))′ = cosh( x 3 + 3)( x 3 + 3)′ = 3 x 2 cosh( x 3 + 3)

b) y = sec h( 2 x)

Resolução

(sec h(2 x) )′ = −2 sec h(2 x) ⋅ tgh(2 x)


3
c) y = cot g (1 − x )

Resolução

y ′ = − cos ech 2 (1 − x 3 ) ⋅ (−3 x 2 ) = 3 x 2 cos ech 2 (1 − x 3 )


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 167

Derivada de uma função Implícita

Consideremos a equação f ( x, y ) = 0 .(1)

Dizemos que a função y = f (x) é definida implicitamente pela

equação f ( x, y ) = 0 , se ao substituirmos y por f (x) em (1), esta


equação transforma-se numa identidade.

1
x2 + y −1 = 0
1. A equação 2 define implicitamente a função

Exemplo y = 2(1 − x 2 )

1
2 x2 + y −1 = 0
De facto, substituindo y = 2(1 − x ) na equação 2 ,
obtemos uma identidade.

2 2
2. A equação x + y = c define implicitamente, uma infinidade de
funções.

De facto, resolvendo a equação para y como função de x , temos

y = ± c − x2

Em seguida, vamos ao essencial que é a derivação das funções definidas


implicitamente.

Derivação de Funções Implícitas

Suponhamos que F ( x, y ) = 0 define implicitamente uma função

derivável y = f (x). Os exemplos que seguem mostram que usando a



regra da cadeia, podemos determinar y sem explicitar y .
168 Lição 22

1. Sabendo que y = f (x) é uma função derivável definida


2 2
implicitamente pela equação x + y = 4 , determinar y .

Exemplo
Resolução:

2 2
Como a equação x + y = 4 define y = f (x) implicitamente,
podemos considerá-la uma identidade válida para todo x no domínio

de f .

Derivando ambos os membros desta identidade em relação a x ,


temos

( x 2 + y 2 ) ′ = 4′

Como y = f (x) , usando a regra da cadeia (função composta)

2x x
2 x + 2 y ⋅ y ′ = 0 ⇔ 2 yy ′ = −2 x ⇔ y ′ = − =−
2y y

2. Sabendo que y = f (x) é uma função derivável definida


2 3
implicitamente pela equação xy + 2 y = x − 2 y , determinar y .

Resolução:


x′ ⋅ y 2 + x ⋅ ( y 2 ) + 6 y 2 ⋅ y ′ = x′ − 2 y ′
y 2 + 2 xyy ′ + 6 y 2 ⋅ y ′ = 1 − 2 y ′
y ′(2 xy + 6 y 2 + 2) = 1 − y 2
1− y2
y′ =
2( xy + 3 y 2 + 2)

Sumário
Nesta lição, você estudou as derivadas de funções implícitas e
hiperbólicas.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 169

Exercícios
Neste grupo de exercícios, principalmente, nas funções implícitas, há
necessidade de se prestar a atenção para com a regra da derivação, não
fazendo confusão entre as variáveis dependentes e independentes. O não
alcance dos objectivos pretendidos pode, até certa maneira, estar
relacionado com este aspecto. Se não conseguiu chegar à solução, reveja
o exemplo dado. Quanto às funções hiperbólicas, o problema pode
derivar-se da confusão entre funções trigonométricas simples e
hiperbólicas. Muita atenção nestes aspectos.

1. Calcule as derivadas das seguintes funções

.
ln( senhx)
a ) f ( x) = b) y = cot gh(1 + t ) 2
Auto-avaliação x
c) y = senh(2 x + 1) [
d ) f (t ) = ln cosh(t 2 − 1) ]
(
e) y = tgh 4t 2 − 3) 2
f ) y = sec h(ln x )

2. Calcule as derivadas das funções dadas na forma implícita

x− y
y3 =
a)
x+ y= a b) x+ y

2
c) a cos ( x + y ) = b d) tgy = xy

Confira as suas Respostas

Exercicio1

x cosh x
− ln senhx 2 2
a) senhx b) − 2(1 + t ) cos ech (1 + t )
170 Lição 22

c) 2 cosh(2 x + 1) d)

(
2tgh(t 2 + 1) e) 16t (4t 2 − 3) sec h 2 4t 2 − 3 )
2

1
− sec h ln x ⋅ tg ln x
f) x

Exercício 2

x2 − 3 x 2 − 2 xy y
− −
a) y2 2
b) x + 2 y c) x

1− y3 y
2 3 2
d) 3 xy 4 y + 1 e) − 1 f) sen y − x

Esperamos que tenha conseguido resolver. Se teve dificuldades não


desista. Resolva de novo. Se a dificuldade persistir consulte o seu tutor.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 171

Lição 23

Derivada de funções
Paramétricas. Diferencial de Uma
Função

Introdução
O conceito do diferencial, assim como de função paramétrica, também, é
de extrema importância na resolução de problemas de aplicação da
derivada (principalmente diferencial). As funções paramétricas são,
também, utilizadas em física na dedução de certas equações paramétricas.
Esta lição poderá ser estudada em duas horas e os exercícios, também,
em, aproximadamente, duas horas. Assim, são necessárias 4 horas de
estudo desta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Calcular as derivadas das funções paramétricas;

Achar o diferencial de uma função;


Objectivos Aplicar o conceito de diferencial no cálculo aproximado.

Antes de definir a derivada de uma função paramétrica, vamos esclarecer,


a seguir, o que são funções definidas na forma paramétrica.

Função na forma Paramétrica

Sejam

 x = x(t )

 y = y (t )
172 Lição 23

Duas funções da mesma variável real t , t ∈ [a , b ]. Então, a cada valor


de t correspondem dois valores x e y . Considerando estes valores como
coordenadas de um ponto P, podemos dizer que cada valor de t
corresponde um ponto bem determinado do plano xy . Se as funções
x(t ) e y (t ) são contínuas, quando t varia de a até b , o ponto

 x = x(t )

P[x(t ), y (t )] descreve uma curva no plano. As equações  y = y (t ) são

chamadas equações paramétricas da curva e t é chamado parâmetro.

Como foi dito no início da lição, uma vez definidas as funções


paramétricas, agora estamos em condições de definirmos as derivadas das
funções paramétricas.

Derivada de uma função na forma paramétrica

Seja y uma função de x definida pelas equações


 x = x (t )

paramétricas 
y = y (t ) t ∈ [a , b ] .(1)

Suponhamos que as funções y = y (t ) , x = (t ) e sua inversa t = t (x ) são


deriváveis.

Podemos ver a função y = y (x) definida pelas equações (1), como uma

função composta y = y[t (x) ] e aplicar a regra da cadeia. Temos, então

dy
= y ′(t ) ⋅ t ′( x)
dx .

1
t ′( x) =
Por outro lado x = x (t ) e a sua inversa são deriváveis vem, x ′(t ) .

dy 1 y ′(t )
= y ′(t ) ⋅ t ′( x) = y ′(t ) ⋅ =
Assim, dx x ′(t ) x ′(t ) . Desta maneira,

dy y ′(t )
=
dx x ′(t )
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 173

dy
Observe que esta fórmula permite-nos calcular a derivada dx sem
conhecer explicitamente y como função de x

Vejamos em seguida os exemplos:

dy
1. Calcular dx da função y (x) definida na forma paramétrica

 x = 2t + 1
Exemplo 
a)  y = 4t + 3

Resolução:

dy y ′(t )
=
Vamos aplicar a fórmula dx x ′(t )


dy y ′(t ) (4t + 3) 4
= = = =2
dx x ′(t ) (2t + 1)′ 2
Assim

 x = 3t − 1

b) 
y = 9t 2 − 6t


= =
(
dy y ′(t ) 9t 2 − 6t )
=
18t − 6
= 6t − 2
dx x ′(t ) ′ 3
(3t − 1)
174 Lição 23

dy
2. Calcular dx da função y (x) definida na forma paramétrica

 x = 4 cos 3 t
Exemplo 
 3 π
 y = 4 sen t , 0 ≤ t ≤
a)  2

Resolução:

x ′(t ) = −12 cos 2 tsent


y ′(t ) = 12 sen 2 t cos t

dy y ′(t ) 12 sen 2 t ⋅ cos t sent


= = 2
=− = −tgt
Logo: dx x ′(t ) − 12 cos t ⋅ sent cos t

Observe que este resultado só é valido para os pontos x (t ) ≠ 0 ,


π
t≠
ou seja, para t ≠ 0 e 2

Agora você já aprendeu a derivada de uma função paramétrica. Agora


vamos apresentar o conceito de diferencial de uma função

Diferencial de uma função

Acréscimos: Seja y = f (x) uma função. Podemos sempre considerar

uma variação da variável independente x . Se x varia de x1 a x 2 ,

definimos o acréscimo de x , denotado por ∆x , como

∆x = x 2 − x1

A variação de x origina uma correspondente variação de y , denotado

por ∆y , dada por

∆y = f ( x 2 ) − f ( x1 ) ou ∆y = f ( x1 + ∆x) − f ( x1 ) .
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 175

Diferencial.

Sejam y = f (x) uma função derivável e ∆x um acréscimo de x .

Define se:

a) O diferencial da variável independente x , denotada por dx , como


dx = ∆x

Tome Nota! b) O diferencial da variável dependente y , denotado por dy , como


dy = f ′( x)∆x

Assim, de acordo com a definição anterior podemos escrever


dy
dy = f ′( x)dx ⇔ = f ′( x)
dx

dy
Assim, a notação dx , já usada para f (x) pode agora ser considerada

com quociente entre os dois diferenciais.
176 Lição 23

2
1. Seja y = 6 x − 4 . Calcule ∆y e dy para x = 2 e ∆x = 0,001

Resolução:
Exemplo
Usando a definição de ∆y , temos

∆y = f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
= f (2 + 0.001) − f (2)
= f (2,001) − f (2)
2
= (6 ⋅ (2,001) − 4) − (6 ⋅ 2 2 − 4)
= 20,024006 − 20
= 0,024006

Observe que a diferença ∆y − dy seria menor caso usássemos um

valor menor que 0,001 para ∆x


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 177

Calcular o valor aproximado para


3
65,5 , usando diferenciais

Exemplo Resolução: seja y = f (x) a função definida por f ( x) = x escrevemos,

1
dy = 2
dx.
3
y + ∆y = x + ∆x e 3x 3

Fazendo x = 64 e ∆x = 1,5 , isto porque 64 é o cubo perfeito mais


próximo 65,5.

Portanto,

x + ∆x = 65,5 , dx = ∆x = 1,5 logo:

1 1,5
dy = 2
⋅ 1,5 = = 0.03125
3 ⋅ 16
3(64) 3

Desta maneira,

3
65,5 = 3 64 + 1,5 = 3 x + ∆x = y + ∆y .

Fazendo ∆y = dy ,obtemos finalmente que

3
65,5 ≅ y + ∆y = 4 + 0,03125 = 4,03125

Sumário
Cálculo de uma derivada de uma função na forma paramétrica. Conceito
de diferencial de uma função e cálculo aproximado.
178 Lição 23

Exercícios

dy
y′ =
1. Calcular dx das seguintes funções definidas na forma
.
paramétrica.
Auto-avaliação
 x = cos 3 t

 x = 3 cos t d ) 3  π 
c)
y = 4 sent , t ∈ [π , 2π ]  y = sen t t ∈  − 2 , 0 
a)  b)   

 x = 2t − 1  x = 8 cos 3 t
 
y = t 3 + 5 , t ∈ ]− ∞ ,+∞[  y = sen 3t , t ∈ [0 , π ]
c)  d) 

2. Determinar a equação da recta tangente à elipse


 x = 2 cos t

 y = 4 sent t ∈ [0 , π ] ,

3 2
P( 2 , )
no ponto 2

3. Achar ∆y e dy para os valores dados

1
y= , ∆x = 0,001; x = 1
a) 2x 2

2
b) y = 5 x − 6 x ; ∆x = 0,02 , x = 0

2x + 1
∆x = 0,1 , x = −1
c) x − 1

4. Calcular o valor aproximado

a) 50 b)
3
63,5 4
c) 13
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 179

Confira as suas Respostas

Exercício 1

4  π 
− cot gt t ∈ ]π , 2π [ − tgt , t ∈  − , 0 
a)- 3 b)  2 

3 2  π  π 
t , t∈R − tgt , t ∈  0 ,  ∪  , π 
c) 2 c)  2 2 

Exercício 2 2 y + 3 x − 6 2 = 0

Exercício 3 a)-0,000998 ; -0,001 b)-0,118 ; -0,01

Exercício 4 a) 7,071 b)3,9895 c) 1,906

Quanto a estes exercícios, esperamos que tenha conseguido,


efectivamente, resolvê-los. De todas as maneiras, se teve dificuldades em
resolver todos os exercícios, isso pode derivar-se da má aplicação da
fórmula da derivada de uma função paramétrica, trocando o numerador e
o denominador, ou aplicando a regra de quociente. Para o caso do cálculo
aproximado o problema pode derivar-se da não percepção da fórmula,
principalmente, os acréscimos. Observe com atenção esses aspectos!
180 Lição 24

Lição 24

Velocidade e Aceleração

Introdução
Nesta lição, você vai aprender a aplicação da derivada na resolução de
problemas físicos. Trata-se da área a que esta disciplina se apoia para
uma melhor percepção da cadeira de física. Vai precisar de cerca de 1
hora de trabalho e, para os exercícios, cerca de 1 hora, também. Pelo que
vai necessitar de duas (2) horas de trabalho.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Aplicar a derivada na resolução de alguns problemas da física;

Aplicar a derivada no cálculo da taxa de variação.


Objectivos

Velocidade e aceleração são conceitos que todos conhecemos. Quando


conduzimos um carro, podemos medir a distância percorrida num certo
intervalo de tempo. O velocímetro marca, a cada instante, a velocidade.
Se pisarmos no acelerador ou no travão, percebemos que a velocidade
muda. Sentimos a aceleração.

Desta maneira, vamos mostrar que podemos calcular a velocidade e


aceleração através de derivadas.

Velocidade e A celeração

Suponhamos que um corpo se move em linha recta e que


s = s (t ) representa o espaço percorrido pelo móvel até ao instante t.

Então no intervalo de tempo entre t e t + ∆t o corpo sofre um


deslocamento
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 181

∆s = s (t + ∆t ) − s (t ) .

Define-se a velocidade média nesse intervalo de tempo como o


s(t + ∆t ) − s (t )
vm =
quociente ∆t , isto é, a velocidade média é o quociente
do espaço percorrido pelo tempo gasto.

De uma forma geral, a velocidade média nada nos diz sobre a velocidade
do corpo no instante t . Para obtermos a velocidade instantânea do corpo

no instante t, calculamos sua velocidade média em instantes de tempo ∆t ,


cada vez menores. A velocidade instantânea, ou velocidade no instante t ,

é o limite das velocidades médias quando ∆t se aproxima de zero, isto é,

∆s s (t + ∆t ) − s (t )
v(t ) = lim = lim
∆ t → 0 ∆t ∆t → 0 ∆t

Como foi visto esse limite é a derivada da função s = s (t ) em relação t .


ds
v(t ) = s ′(t ) =
Portanto, dt

Já vimos o que é a velocidade matematicamente, vamos agora apresentar


o significado da aceleração em relação à derivada.

Continue a acompanhar!

2-Aceleração

O conceito da aceleração é introduzido de maneira análoga ao da


velocidade.

Aceleração média no intervalo de tempo de t até t + ∆t é dada por

v(t + ∆t ) − v(t )
am =
∆t .
182 Lição 24

Para obtermos a aceleração do corpo no instante t , tomamos sua

aceleração média em intervalos de tempo ∆t cada vez menores. A


aceleração instantânea é

v(t + ∆t ) − v(t )
a (t ) = lim = v ′(t )
∆t → 0 ∆t

Logo, a derivada da velocidade dá-nos a aceleração. Como v(t ) = s (t ) ,


temos

a (t ) = v ′(t ) = s ′′(t )
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 183

No instante t = 0 um corpo inicia um movimento em linha recta. Sua


2
posição no instante t é dada por s(t ) = 16t − t . Determinar:

Exemplo
a) A velocidade média do corpo no intervalo de tempo [2 , 4]

b) b)A velocidade do corpo no instante t = 2

c) c)A aceleração média no intervalo [0 , 4]

d) A aceleração no instante t = 4

Resolução:

A velocidade média do corpo no intervalo entre 2 e 4 é dada por:

s (4) − s (2)
vm =
4−2
(16 − 2 ⋅ 4) − (16 ⋅ 2 − 2 2 )
=
2
48 − 28
= = 10 unidades da velocidade
2

a velocidade do corpo no instante t = 2 é o valor da derivada


s ′(t ) no ponto t = 2 .Como s(t ) = 16t − t 2 , temos

v(t ) = s ′(t ) = 16 − 2t

No instante t = 2 , a velocidade é

v(2) = 16 − 2 ⋅ 2 = 12 Unidades da velocidade

e) a aceleração média no intervalo [0 , 4] é dada por


v(4) − v(0) (16 − 2 ⋅ 4) − (16 − 2 ⋅ 0) 8 − 16
am = = = = −2
4−0 4 4
unidades de aceleração.

a aceleração no instante t = 4 é dada pela derivada v (4) . Como


f)

v(t ) = 16 − 2t Então a (t ) = v ′(t ) = −2 unidade de aceleração


184 Lição 24

Já vimos os conceitos de velocidade e de aceleração. Agora, caro


estudante, vamos ver o conceito de taxa de variação.

3-Taxa da variação

Na lição anterior vimos que quando um corpo se move em uma linha

recta de acordo com a equação do movimento s = s (t ) , a sua velocidade

é dada por v = s (t ) .

Sabemos que a velocidade representa a razão de variação do


deslocamento por unidade de variação do tempo. Assim, a derivada
s ′(t ) é a taxa de variação da função s(x) por unidade de variação t.

O mesmo ocorre com aceleração que é dada por a (t ) = v (t ) . Ela


representa a razão de variação da velocidade v(t ) por unidade de tempo


t

Toda a derivada pode ser interpretada como uma taxa de variação. Dada

uma função y = f (x) , quando a variável independente varia de


x a x + ∆x , a correspondente variação de
∆y f ( x + ∆x) − f ( x )
=
y será ∆y = f ( x + ∆x) − f ( x) . O quociente ∆x ∆x

representa a taxa de variação de y em relação a x

f ( x + ∆x) − f ( x)
f ′( x) = lim
A derivada ∆x → 0 ∆x é a taxa Instantânea ou
y
simplesmente taxa de variação de em relação a x

Caro estudante, observe que a interpretação da derivada como razão da


variação tem aplicações práticas nas diversas ciências. Vejamos alguns
exemplos.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 185

1. Sabemos que a área de um quadrado é função do lado. Determinar

a taxa de variação média da área de um quadrado em relação ao

Exemplo lado quando este varia de 2,5 a 3 m.

a taxa de variação da área em relação ao lado quando este mede 4


m.

Resolução:

2
Seja A área do quadrado e l seu lado. Como é sabido A = l

a taxa média de variação de A em relação ao lado quando este

varia de 2,5 a 3 m é dada por.

∆A A(3) − A(2,5) 9 − 6,25


= = = 5,5
∆l 3 − 2,5 2,5

A taxa de variação da área em relação ao lado é dada por


dA
= (l 2 )′ = 2l
dl .

dA
= 2⋅4 = 8
Quando l = 4 , temos dl
(4)
portanto quando
2
l = 4m , a taxa de variação da área do quadrado será de 8 m
186 Lição 24

2. Uma cidade X foi atingida por uma moléstia epidémica. Os


sectores da saúde calculam que o nº de pessoas atingidas pela
moléstia depois de um tempo de t (medido em dias a partir do
Exemplo primeiro dia da epidemia) é, aproximadamente, dado por
t3
f (t ) = 64t −
3.

a) Qual a razão da expansão da epidemia no tempo t = 4 ?

Resolução:

Como o tempo foi contado a partir do 1º dia de epidemia o


5ºdia corresponde à variação de t de 4 para 5.

O nº de pessoas atingida pela moléstia durante o 5º dia será


dado por

 53   43 
f (5) − f (4) =  64 ⋅ 5 −  −  64 ⋅ 4 −  = 43
 3  3
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 187

Analistas de produção verificaram que em uma montadora x , o nº de


peças produzidas nas primeiras t horas diárias é dado por
50(t 2 + t ) , 0 ≤ t ≤ 4
Exemplo f (t ) = 
200(t + 1) , 4 ≤ t ≤ 8

a) Qual a razão de produção (em unidades por hora) após 3


horas de trabalho? E após 7 horas?

Resolução

Qual a razão de produção (em unidades por hora) após 3


horas de trabalho? E após 7 horas?

Resolução:

A razão de produção após 3 horas de trabalho é dada f (3) .


Para t p 4 , temos f (t ) = 50( 2t + 1)


Assim f (3) = 50( 2 ⋅ 3 + 1) = 350


Logo após 3 horas de trabalho a razão de trabalho é de 350


peças por hora de trabalho

A razão de produção após 7 horas de trabalho é dado por


f ′(7) .Para f ′(t ) = 200

Logo, após 7 horas de trabalho, a razão de produção é de 200


peças por hora de trabalho.

b) Quantas peças são produzidas na 8ª hora de trabalho?

Resolução:

O nº de peças produzidas na 8ª hora de trabalho é dado por


f (8) − f (7) = 200(8 + 1) − 200(7 + 1) = 200 .

Neste exemplo, o nº de peças produzidas na 8ª hora de


trabalho coincidiu com a razão de produção após 7 horas de
trabalho. Isso ocorreu porque a razão de produção
permaneceu constante durante o tempo considerado.
188 Lição 24

Sumário
Estudo das aplicações da derivada, principalmente, na área de física.
Conceitos de velocidade, aceleração e taxa de variação.

Exercícios
Os exercícios apresentados nesta lição estão associados à problemas
ligados à vida real. Isto são aplicações da derivada na resolução de alguns
problemas. Esperamos que tenha acompanhado o desenvolvimento da
lição e os exemplos apresentados. Em caso de dificuldades volte a estudar
a lição e os exemplos apresentados. Não se esqueça que a persistência é o
segredo da investigação. Se as duvidas persistirem contacte o seu tutor.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 189

1. Um corpo move-se em linha recta de modo que a sua posição no


2
instante t é dada por f (t ) = 16t + t , 0 ≤ t ≤ 8 , onde o tempo é dado

Auto-avaliação em segundos e a distância em metros.

a) Achar a velocidade média durante o intervalo de

tempo [b , b + h ] , 0 ≤ t p 0

b) b)Achar a velocidade média durante os intervalos


[3 ; 3,1] [3 ; 3,01] e [3 ; 3,001]

c) c)Determinar a velocidade do corpo num instante qualquer t

d) c)Achar a velocidade do corpo no instante t = 3

e) d)Determinar a aceleração no instante t

2. Influências externas produzem uma aceleração numa partícula de tal


b
y= + ct
forma que a equação do seu movimento rectilíneo é t , onde
y é o deslocamento e t o tempo.

a) Qual é a velocidade da partícula no instante t = 2

b) Qual é a aceleração no instante t


190 Lição 24

3. A posição de uma particula que se move no eixo dos x depende do


2 3
tempo de acordo com a equação x = 3t − t , em que x vem

Auto-avaliação expresso em metros e t em segundos.

a) Qual é o seu deslocamento depois dos primeiros 4 segundos?

b) Solução: -16 m

c) b)Qual é a velocidade da partícula ao terminar cada um dos 4


primeiros segundos?

d) Qual é a aceleração da partícula em cada um dos 4 primeiros


segundos

4. Numa granja experimental, constatou-se que uma ave em


desenvolvimento pesa em grama

 1 2
20 + (t + 4) , 0 ≤ t ≤ 60
w(t ) =  2
24,4t + 604 , 60 ≤ t ≤ 90

Onde t é medido em dias.

a) Qual a razão de aumento da ave quando t = 50 ?

Quanto a ave aumentará no 51º dia?

b) Qual a razão de aumento do peso quando t = 80 ?


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 191

5. Uma piscina está sendo drenada para limpeza. Se o seu volume de


água inicial era de 90000 litros e depois de um tempo de t horas este
2
Auto-avaliação volume diminuiu 2500 t litros, determinar:

a) Tempo necessário para o esvaziamento da piscina.

b) Taxa média de escoamento no intervalo [2 , 5]

c) Taxa de escoamento depois de 2 horas do inicio do processo.

Solução: 10.000 l/hora

6. Um apartamento está alugado por 4.500,00Mt. Este aluguer sofrerá


um reajuste anual de 1550,00Mt.

a) Expresse a função com a qual podemos calcular a taxa de


variação do aluguer, em t anos.

b) Calcule a taxa de variação de aluguer após 4 anos.

Solução: 1550/ano

c) Qual é a percentagem de variação de aluguer depois de 1 ano


do primeiro reajuste.

Que acontecerá à percentagem de variação depois de alguns anos

Confira as suas Respostas

Exercício1

16 + 2b + h m 16 + 2b + h m
a) Solução: s b) Solução: s

16 + 2t m m
c) s d) 2 s
192

Exercício 2

b 2b
− +c 3
a) 4 b) t

Exercício 3

m
a) : -16 m b) 3, 0, -9, -24 s

Exercício 4

a) 54 gramas/dia b) 24,4 gramas/dia

Exercício 5

a) 6 horas b) 17.500 l/hora c) 10.000 l/hora

Exercício 6

a) f (t ) = 4500 + 1550t b) 1550/ano c) tenderá para zero


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 193

Lição 25

Máximo e Mínimo de Uma Função

Introdução
Nesta Lição, você vai estudar o comportamento de uma função, que
constitui uma das aplicações da derivada. Esta lição pode ser estudada
durante 2 horas e os exercícios de aplicação, também, poderão levar o
mesmo tempo de trabalho. Esta lição vai durar cerca de 4 horas de
trabalho.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Determinar os máximos e os mínimos de uma função;

Analisar a concavidade e convexidade de uma função;


Objectivos Calcular os pontos de inflexão.

Nesta lição vamos estudar o conceito de máximo e de mínimo de uma


função, como segue o desenvolvimento. Os máximos e os mínimos de
uma função são importantes no estudo de comportamento de funções.

Máximos e Mínimos de uma função

Observe a seguinte figura que representa o gráfico de uma função

y = f (x) onde estão assinalados os pontos de abcissas x1 , x 2 , x3 e x 4


y

x1 x2
x3 x 4 x
194 Lição 25

Esses pontos são chamados pontos extremos da

função.
f ( x1 ) e f ( x3 ) são chamados máximos relativos e

f ( x3 ) e f ( x 4 ) são chamados mínimos relativos

Definição1:

Uma função f tem um máximo relativo em a , se existir um intervalo

aberto I, contendo a , tal que f ( a ) ≥ f ( x ) para qualquer que seja


x ∈ I ∩ D( f )

Definição 2:

Uma função f tem um mínimo relativo em a , se existir um intervalo

aberto I, contendo a ,tal que f ( a ) ≤ f ( x ) para qualquer que seja


x ∈ I ∩ D( f )

4 2
Exemplo. A função f ( x) = 3 x − 12 x tem um máximo relativo em

a = 0 , pois existe o intervalo ]− 2 , 2[ , tal que f (0) ≥ f ( x) para todo

Exemplo x ∈ ]− 2 , 2[ .

Em a = − 2 e a = 2 , a função dada tem mínimos relativos pois

f (− 2 ) ≤ f ( x) ∀x ∈ ]− 2 , 0[ e f ( 2 ) ≤ f ( x ) ∀x ∈ ]0 , 2[

Caro estudante!

A proposição seguinte permite encontrar os possíveis pontos extremos de


uma função.

Proposição:

Suponhamos que f (x) para todos os valores de x ∈ ]a , b[


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 195

E que f tem um extremo relativo em c , onde a p c p b . Se


f ′(c) existe, então f ′(c) = 0.

Demonstração:

Suponhamos que f tem ponto máximo relativo em que f (c) existe.



Então,

f ( x ) − f (c ) f ( x ) − f (c ) f ( x ) − f (c )
f ′(c ) = lim = lim− = lim+
x →c x−c x →c x−c x →c x−c

Como f tem um ponto máximo relativo em c , pela definição 1, se x

estiver suficientemente próximo de c , temos que f (c) ≥ f ( x) ou


f ( x ) − f (c ) ≤ 0 .

f ( x ) − f (c )
≤0
Se x → c , temos x − c f 0 . Portanto,
+
x−c e então
f ( x ) − f (c )
f ′(c) = lim+ ≤0
x →c x−c (1)

f ( x ) − f (c )
≥0
Se x → c , temos x − c p 0 . Portanto,

x−c e então
f ( x ) − f (c )
f ′(c) = lim− ≥0
x →c x−c (2)

Associando (1) e (2), conclui-se que f (c ) = 0 .


Se a função tem um ponto de mínimo relativo em c , a demonstração é


análoga.

Da proposição, podemos concluir que quando f ′(c) existe, a condição


f ′(c ) = 0 é necessária para existência de um extremo relativo em c.
196 Lição 25

Esta condição não é suficiente. Isto é, se f (c ) = 0 a função pode ter ou


não um extremo relativo no em c .

O ponto c ∈ Df tal que f (c) = 0 ou f (c) não existe é chamado ponto


′ ′

critico de f

Critérios para determinação dos extremos de uma função.

Teorema (critério da primeira derivada para determinação de extremos).

Seja f uma função contínua num intervalo fechado [a , b] que possui

derivada em todo o ponto do intervalo ]a , b[ , excepto possivelmente num


ponto c .

Se f ( x ) f 0 para todo x p c e f ( x ) p 0 , para todo x f c , então


′ ′

f tem um máximo relativo em c

Se f ( x ) p 0 para todo x p c e f ( x ) f 0 , para todo x f c , então


′ ′

f tem um mínimo relativo em c


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 197

Encontrar os intervalos de crescimento, decrescimento e os máximos e


3
mínimos relativos da função f ( x) = x − 7 x + 6

Resolução:
Exemplo

f ′( x ) = 3 x 2 − 7 .Para todo o x , fazendo f ′( x) = 0 vem

7 7
3x 2 − 7 = 0 ⇔ 3x 2 = 7 ⇔ x 2 = ⇔x=±
3 3

7 7
x= e x=−
Assim os pontos críticos da função são 3 3

Vamos sintetizar o teorema anterior numa tabela

x  7 7  7 7 7  7 
 − ∞ ;−  − 3 − ;  3  ;+∞ 
 3  3 3  3 

+ 0 _ 0 +

f (x)

Intervalos de crescimento e decrescimento

 7
 − ∞ ;− 
 3
a função cresce pois é maior que zero

 7 7
− ; 
3 3
 a função decresce pois f ( x) p 0

 7 
 ;+∞ 
 3  A função cresce pois f ′( x) f 0

7
x=−
Assim a função admite um máximo no ponto 3 e um mínimo no

7
x=
ponto 3
198 Lição 25

Vamos, em seguida, ver como achar o sentido de concavide e os pontos


de inflexão.

Concavidade e Pontos de Inflexão

O conceito de concavidade é muito útil no esboço do gráfico de uma


curva. Vamos introduzi-lo analisando geometricamente a figura seguinte.

A figura seguinte descreve uma função que tem concavidade voltada para
baixoy y

a c b a b x
x
Na figura (a) observamos (b) a e b , em
que dado um ponto qualquer c entre
(a)
pontos próximos de c o gráfico de f está acima da tangente à curva no

ponto P (c, f (c )) .

Dizemos que a curva tem a concavidade voltada para cima no intervalo


]a , b[

Como f (x) é a inclinação da recta tangente à curva, observa-se na


figura (b), que podemos descrever esta mesma situação afirmando que no

intervalo ]a , b[ a derivada f ′(x) é crescente. Geometricamente, isto


significa que a recta tangente gira no sentido anti-horário à medida que
avançamos sobre a curva da esquerda para direita.

A figura seguinte descreve uma função que tem concavidade voltada para
baixo

y y

a c b a b x
x
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 199

Nestas figuras, a tangente gira no sentido horário quando nos deslocamos

sobre a curva da esquerda para a direita. A derivada f (x) é decrescente


em ]a , b[ .

Nestas condições, temos as seguintes classificações:

Definição3:

Uma função f tem a concavidade voltada para cima no intervalo ]a , b[ ,

se f (x) é crescente neste intervalo.


Definição 4:

Uma função f tem a concavidade voltada para baixo no intervalo ]a , b[ ,

se f ′(x) é decrescente neste intervalo

N.B: Para reconhecer os intervalos onde a curva tem a concavidade


voltada para baixo ou para cima faz-se normalmente analisando o sinal
da segunda derivada.

Proposição:

Seja uma função contínua no intervalo [a , b] e derivável até a segunda

derivada no intervalo ]a , b[ :

Se f ( x) f 0 para todo x ∈ ]a , b[ , então f tem a concavidade voltada


′′

para cima em ]a , b[

Se f ( x) p 0 para todo x ∈ ]a , b[ x ∈ ]a , b[ , então f tem a


′′

concavidade voltada para baixo em ]a , b[

Definição5

Um ponto P (c; f (c )) do gráfico de uma função contínua f é chamado

ponto de inflexão, se existir um intervalo ]a , b[ contendo c , tal que uma


das seguintes situações ocorra.
200 Lição 25

a) f é côncava em ]a , c[ e convexa em ]c , b[ .

b) f é convexa em ]a , c[ e côncava em ]c , b[ .
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 201

Determinar os pontos de inflexão e determinar os intervalos onde as


funções têm a concavidade voltada para cima ou para baixo.

3
a) f ( x) = (x − 1)
Exemplo
Resolução:

Vamos em primeiro calcular as suas primeiras e segundas derivadas

f ′( x) = 3( x − 1) 2 e f ′′( x) = 6( x − 1)

Fazendo f ′′( x) f 0 , temos as seguintes desigualdades equivalentes

6( x − 1) f 0 ⇔ x − 1 f 0 ⇔ x f 1

Portanto, no intervalo ]1,+∞[ , f ( x) f 0. Analogamente, no intervalo


′′

]− ∞ , 1[ f ′′( x) p 0 .

Pela proposição anterior a função é convexa em ]− ∞ , 1[ e côncava em


]1,+∞[

No ponto c = 1 , a concavidade muda de sentido. Logo, neste ponto, o


gráfico tem um ponto de inflexão.

y
4

x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5

-1

-2

-3

-4
202 Lição 25

4 2
b) f ( x) = x − x

Resolução:

Exemplo Achando a 1ª e a 2ªderivadas vem:

f ′( x) = 4 x 3 − 2 x e f ′′( x) = 12 x 2 − 2

Fazendo f ′′( x) f 0 ,

12 x 2 − 2 f 0 ⇔ 6 x 2 − 1 f 0

6 6
(x − )( x + )f0
6 6

6 6
xf ∨xp−
Logo: 6 6 . Desta maneira f tem a concavidade voltada

 6  6 
− ∞ , −  ; , + ∞
6   6
para cima no intervalo  .

 6 6
− , 
 6 6  f ′′( x) p 0
No intervalo , . Logo a função é convexa (
voltada para baixo).

6 6
c1 = − e c2 =
Nos pontos 6 6 a concavidade muda de sentido. Logo

nestes pontos o gráfico de f tem um ponto inflexão.

y
4

x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5

-1

-2

-3

-4
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 203

Sumário
Conceitos de máximo e mínimo. Estudo do Extremo de uma função,
concavidade e convexidade de uma função, bem como, cálculo dos
pontos de inflexão e dos extremos (máximos e mínimos).

Exercícios
Apresentam-se aqui alguns exercícios. Estes referem-se a extremos de
uma função e cálculo de pontos de inflexão; trata-se de exercícios que
não exigem muito raciocínio, mas sim aplicação de regras. Pelo que a sua
resolução não oferece muita dificuldade. Em caso de dificuldades deverá
repetir a lição e acompanhar os exemplos dados.

1. Determinar os pontos críticos das seguintes funções:

. a) y = 3x + 4 b) f ( x) = x 2 − 3x + 8 c) y = 2 + 2 x − x 2
Auto-avaliação d ) y = ( x − 2 )( x + 4 ) e ) f ( x ) = 3 − x 3 f ) f ( x) = x 4 + 4 x 3
3
x
g ) f ( x) = 2
x −4
h) y = e x − x (
i) f ( x) = x 2 − 9 ) 2

2. Determinar os máximos e mínimos das seguintes funções nos


intervalos:

a ) f ( x) = 1 − 3 x 2 [− 2 , 2 ] b) f ( x) = x 2 − 4 [− 1 , 3]
x
c) f ( x ) = 2
[− 2 , 2] d ) f ( x) = x 3 − x 2 [0 , 5]
1+ x
e) f ( x) = cos 3 x [0 ,2π ] f ) f ( x) = cos 3 x [0 , 2π ]

3. Determinar os pontos de inflexão e reconhecer os intervalos onde as


funções seguintes tenham a concavidade para cima ou para baixo:

a ) f ( x) = − x 3 + 5 x 2 − 6 x b) f ( x) = 3 x 4 − 10 x 3 − 12 x 2 + 10 x + 9
1 x2 + 9
c) d ) f ( x) = 2 xe x e) f ( x ) = x 2 e x f ) f ( x ) =
x+4 ( x − 3) 2
204 Lição 25

Exercício 1

3
a) Não existe b) 2 c) 1 d) -1 e) 0 f) 0 ; -3 g) -2 ; 2 h) 0 i) 0;3;-3

Exercício 2

1 1 4
;− 100 ; −
a) 7;-5 b) 5; -4 c) 2 2 d) 27 e) 1 ; -1 f)1 ;0

Exercício 3

5 5  1 1  2 2 
 ; f (   − ; f (− )   ; f ( )
a)  3 3)  b)  3 3  c) Não existe d)  3 3 

(
e) − 2 ± 2 ; f ( −2 ± 2 ) ) f) (− 6 ; f ( −6) )
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 205

Lição 26

Assimptotas Verticais e não


verticais

Introdução
Caro estudante, o estudo e representação gráfica de uma função é
extremamente relevante no estudo da Matemática. Nesta lição, vamos
abordar com detalhes o estudo de gráficos de uma função. Por ser uma
lição extensa ela vai precisar de cerca de 3 horas de trabalho. Os
exercícios apresentados poderão ser realizados num espaço de 2 horas.
Pelo que 5 horas é tempo previsto para o estudo desta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Determinar as assimptotas verticais e horizontais;

Representar graficamente a função;


Objectivos Fazer um estudo completo de uma função.

Em aplicações práticas, encontramos com muita frequência gráficos que


se aproximam de uma recta à medida que x cresce ou decresce. Estas
rectas são chamadas assimptotas.

Nesta lição, vamos analisar com um pouco mais de atenção as


asssimptotas verticais e não verticais.
206 Lição 26

1-Assimptota Vertical

Definição 1

A recta x = a é uma assimptota vertical do gráfico da função y = f (x) ,


se pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira:

lim f ( x) = +∞ lim f ( x) = +∞
x →a + 2. x →a −

lim f ( x) = −∞ lim f ( x) = −∞
3. x →a + 4. x →a −

Exemplo: a recta x = 2 é uma assimptota vertical do gráfico de


1
y=
( x − 2) 2

1
lim = +∞ lim f ( x ) = +∞
De facto;
x →2 + ( x − 2) 2 e x →2 −

A figura ilustra o exemplo:

x
2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 207

2-Assimptota Horizontal

Definição 2

A recta y = b é uma assimptota horizontal do gráfico de y = f (x) , se


pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira:

lim f ( x) = b
1. x →+∞

lim f ( x) = b
2. x → −∞

Exemplo: A recta y = 1 é uma assimptota horizontal da função


1
y = 1+
x

 1
lim 1 +  = 1
Pois  x
x → ±∞

O seu gráfico está representado na figura abaixo


y

3-Assimptota Oblíqua

É uma assimptota do tipo y = mx + b

Se m = 0 , então temos uma assimptota horizontal no seu sentido geral.


208 Lição 26

Se m ≠ 0 , temos uma assimptota oblíqua.

- Determinação de uma assimptota Obliqua

f ( x)
m = lim
x → ±∞ x

b = lim[ f ( x ) − mx ]
x →±

1
y = x+
Exemplo: a recta y = x é uma assimptota obliqua da função x

Porque:
Exemplo
1
x+
f ( x) x x2 +1
m = lim = lim = lim =1
x → +∞ x x →∞ x x → +∞ x2
 1 
b = lim[ f ( x ) − mx ] = lim x + − x  = 0
x →∞ x →∞
 x 

Como ela é da forma y = mx + b , então

y=x

O seu gráfico está representado a baixo

A seguir vamos apresentar as etapas que poderão ajudar até chagar ao


esboço gráfico de uma função.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 209

Representação gráfica de uma função

A representação gráfica de uma função obedece, normalmente, as


seguintes etapas:

• Encontrar o domínio da função

Tome Nota!
• Calcular os pontos de intersecção com os eixos (em caso de não
requerer muitos cálculos)

• Encontrar os pontos críticos

• Encontrar os intervalos de crescimento e decrescimento de f (x)

• Encontrar os máximos e os mínimos relativos da função

• Determinar a concavidade e os pontos de inflexão

• Encontrar as assimptotas

• Esboçar o gráfico

1+ x2
f ( x) =
Representar graficamente a função 1 − x2

Resolução:
Exemplo
Df = R \ {− 1,1}

2
Zeros da função: 1 + x = 0 .A função não tem zeros da função

Assimptotas
210 Lição 26

Assimptotas

Temos que verificar se os valores x = ±1 (pontos de descontinuidade da


Exemplo função) são ou não Assimptotas verticais

Assim:

1+ x2 2
lim+ 2
= − = −∞
x → −1 1 − x 0
2
1+ x 2
lim+ 2
= + = +∞
x → −1 1 − x 0

1+ x2 2
lim+ 2
= + = +∞
x →1 1 − x 0
2
1+ x 2
lim− 2
= − = −∞
x →1 1 − x 0

Logo, as rectas x = 1 e x = −1 são assimptotas verticais

Vamos agora achar as assiomptotas não verticais

y = mx + b

1+ x2
f ( x) 1 − x 2 1+ x2
m = lim = = =0
x → ±∞ x x x(1 − x 2 )
1+ x2
b = lim f ( x ) = lim = −1
x → ±∞ x → +∞ 1 − x 2
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 211

Desta maneira y = −1 é uma assimptota horizontal

Intervalos de monotonia
Exemplo
1+ x2
f ( x) =
Para tal vamos estudar a primeira derivada da função 1 − x2


1 + x2  2 x(1 − x 2 ) − (1 + x 2 )2 x 4x
f ′( x) =  2
 = 2 2
=
1− x  (1 − x ) (1 − x 2 ) 2

Fazendo f ( x) = 0 vem:

4x
= 0 ⇔ 4x = 0 ⇒ x = 0
(1 − x 2 ) 2

Para o estudo da variação do sinal vamos montar uma tabela de variação


do sinal. Nesta tabela devemos incluir todos os pontos críticos ( zeros da
primeira derivada e os valores para os quais a derivada não existe).

x -1 0 1

f ′(x) _ _ + +

f (x) 1

A função tem um mínimo no ponto (0,1)

Sentido das concavidades

Vamos achar os zeros da segunda derivada


 4x  4(1 − x 2 ) 2 − 8 x(1 − x 2 )(−2 x) 4 + 8 x 2 − 12x 4
f ′′( x) =   = =
2 2
 (1 − x )  (
1− x2
4
) (1 − x 2 ) 4
212 Lição 26

Continuação:

Fazendo f ′′( x) = 0 vem


Exemplo
− 12 x 4 + 8 x 2 + 4 = 0

Aplicando a regra de Ruffini vamos decompor o polinómio


− 12 x 4 + 8 x + 4

− 12 x 4 + 8 x 2 + 4 = ( x − 1)( x + 1)(−12 x 2 − 4)

x -1 1

f ′′(x) _ 0 + 0 _

f (x)

Assim:

]− ∞ ,−1[ a concavidade está voltada para baixo

]− 1 , 1[ A concavidade está voltada para cima

]1, + ∞[ A concavidade está voltada para baixo

→ O gráfico da função não tem pontos de inflexão


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 213

Gráfico

Exemplo

Sumário
Estudo da representação gráfica de funções; estudo completo de uma
função.

Exercícios

Os exercícios apresentados resolvem-se seguindo os passos dados nos


exemplos anteriores. Em caso de não chegar à solução óptima significa
que as técnicas de construção dos gráficos não foram assimiladas. Desta
maneira, é seu dever reanalisar a lição de modo a descobrir onde não terá
percebido. Acompanhe cuidadosamente os exemplos apresentados.
214 Lição 26

Esboçar os gráficos das seguintes funções

x3 3 2 5
a) y = − + x − 2x + b) y = x 4 − 32 x + 48
Auto-avaliação 3 2 6
2x 2 1
c) y = d) y = x + e) y = x 4 − 2 x 2 f ) y = 2
x+2 x x −4
x
g) y =
1− x2

Confira as suas Respostas

a)

b)

x
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 215

c)

d)
216

Lição 27

Aplicações de derivadas na
resolução de Problemas de
Optimização

Introdução
O estudo das derivadas permitiu determinar com rigor os máximos e os
mínimos de funções.

Na vida real é muito importante determinar o custo mínimo, o volume


máximo, área máxima etc. Nesta lição, vamos estudar alguns exemplos
de aplicação da derivada para resolver problemas de optimização, ou seja,
problemas onde se procura uma solução óptima. Esta lição deverá levar
cerca de 1 hora. Contudo, os exercícios de aplicação poderão levar mais
de 2 horas, visto serem exercícios que precisam de compreensão, análise
e, por fim, equacionar. Desta maneira, 3 horas de estudo é tempo
suficiente para a aprendizagem desta lição.

Ao completar a lição, você será capaz de:

Resolver problemas de optimização, isto é procurar uma solução óptima:

Tomar decisão na escolha de uma solução óptima.


Objectivos
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 217

Vamos, em seguida, caro estudante, indicar, nesta lição, os passos


fundamentais para se chegar a uma solução óptima.

Problemas de optimização

O primeiro passo para solucionar estes problemas é escrever


precisamente qual a função que deverá ser analisada. Essa função poderá
ser escrita em função de uma ou mais variáveis. Quando a função é de
mais do que uma variável devemos procurar expressar uma das variáveis
em função da outra.

1. Num jardim com a forma de um triângulo isósceles queremos


desenhar canteiro como se indica na figura: um dos vértices do
rectângulo pertence a hipotenusa, outros aos catetos. Que dimensões
Exemplo deverão ter o canteiro para que a sua área seja máxima?

D x 10cm
E
y
A 10cm
B

Resolução:

Para a solução do problema teremos de proceder da seguinte forma:

Desenhamos uma figura onde colocamos as variáveis e as constantes.

x 10cm
E
yC
A D10cm
B
218 Lição 27

2. Escrevamos a fórmula que relaciona as variáveis e a função pedida.

(Neste caso a área do rectângulo)

Exemplo
A = x⋅ y

Procuramos uma relação entre as variáveis

No caso, temos que são semelhantes os triângulos ∆ABC e ∆DEC

Em dois triângulos semelhantes os lados que se opõem aos ângulos


congruentes são proporcionais.

Assim:

10 − y 10
= ⇔ 10 − y = x ⇔ y = 10 − x
x 10

Escrevamos a função em causa como dependente de uma só variável,


combinando a informação obtida.

A = x ⋅ y Passo 1

y = 10 − x Passo 3
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 219

Contimuação:

Substituindo esta na fórmula da área vem:

Exemplo
A = x(10 − x) ⇔ A = 10 x − x 2

Derivemos a função e determinemos os extremos.

A′( x) = 10 − 2 x , fazendo A′( x ) = 0 , teremos

10 − 2 x = 0 ⇔ 2 x = 10 ⇔ x = 5

x 0 5 +∞
A′(x) + 0 -

A(x) M

Damos resposta ao problema, reflectindo sobre a viabilidade da solução.

Logo, a área máxima é A = 10 ⋅ 5 − 25 = 25 e corresponde a situação em


que rectângulo é um quadrado de 5cm de lado
220 Lição 27

Exemplo 2

Uma rede de água potável ligará uma central de abastecimento situada à


margem de um rio de 500 metros de largura a um conjunto habitacional
Exemplo
situado na outra margem do rio, 2000 metros abaixo da central. O custo
da obra através do rio é de 640,00Mt por metro, enquanto, em terra, custa
312,00Mt por metro. Qual é a forma mais económica de se instalar a rede
de água potável.

Resolução

Vamos esquematizar o problema:

2000 -x
Conjunto habitacional x

500 m

Central de abastecimento

A função que dará o custo da obra encontra-se da seguinte maneira:

1. Custo pela terra : (2000 − x) ⋅ 312,00Mt

2 2
2. Custo da obra pelo rio: x + 500 ⋅ 640,00 Mt (aqui foi aplicado on
teorema de Pitágoras)

Juntando (1) e (2) vamos obter o custo da obra. Assim

f ( x) = (2000 − x) ⋅ 312 + x 2 + 500 2 ⋅ 640

O objectivo é calcular o máximo absoluto dessa função

para 0 ≤ x ≤ 2000

Para tal, vamos calcular a derivada de f e encontrar os extremos da função

640 x
f ′( x ) = −312 +
x + 500 2 Fazendo f ( x ) = 0
2

Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 221

Continuação:

Resolvendo a equação, encontramos a solução

x ≈ 279,17 m , que é um ponto critico


Exemplo

X 279,17

f ′(x) _ +

f (x) f (279,17

Desta maneira pode-se concluir que a obra poderá ser realizada com
menor custo possível, se a canalização de água alcançar o outro lado do
rio 279,17 m abaixo da central de abastecimento.

Sumário
Nesta lição, você aprendeu como resolver um problema da vida real
aplicando o conceito da derivada, isto é, problemas que procuram uma
solução óptima.

Resolver um problema constitui sempre um problema para estudantes de


Matemática, contudo se o conceito tiver sido bem estudado não constitui
muitos problemas. O que é necessário é você perceber muito bem o
conceito de extremos e tentar procurar sempre uma solução óptima. Em
caso de não ter conseguido resolver os problemas deverá ser sempre
persistente, pois só assim poderá ter sucesso.
222 Lição 27

Exercícios
1. Determinar as dimensões de uma lata cilíndrica, com tampa, com

volume V , de forma que a sua área total seja máxima.

Auto-avaliação 2
2. Uma folha de papel contêm 375 cm de matéria impressa, com
margem superior de 3,5cm, margem lateral direita de 2 cm e margem
lateral esquerda de 2,5 cm. Determinar as dimensões da folha para
que haja o máximo de economia de papel.

3. Uma janela tem a forma de um rectângulo encimado por um semi-


circulo. achar as dimensões da janela de modo que o perímetro seja
3,2 m e a área a maior possível.

4. Um cilindro recto está inscrito numa esfera de raio R. Determinar


esse cilindro por forma que o seu volume seja máximo.

5. Uma fábrica produz x milhares de unidades mensais de um


determinado artigo. Se o custo de produção é dado por
C ( x) = 2 x 3 + 6 x 2 + 18 x + 60 , e o valor obtido na venda é dado por

V ( x) = 60 x − 12 x 2 , determinar o nº óptimo de unidades mensais que

maximiza o lucro L = V − C

6. Um Fazendeiro deve cercar dois pastos rectangulares, de dimensões


a e b , com um lado comum a . Se cada pasto deve medir 400 m 2 de

área, determinar as dimensões de a e b , de forma que o


comprimento da cerca seja máximo.

Confira as suas respostas:

3
V 3
V
Exercício 1: raio da base 2π Altrura π

Exercício 2 l = 22,01 cm e c = 26,91 cm


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 223

Exercício 3: base 0.88 m ; altura 0,44 m

7
m
Exercício 4: raio da base 3 ; altura 2 m

40 3
a= b = 10 3
Exercício 5 :1000 Exercício 6: 3

Esperamos que tenha conseguido resolver. Se teve dificuldades volte a ler


a explicação e os exemplos . Se a dúvida persisitir consulte o seu tutor.
224 Lição 28

Lição 28

Teoremas sobre Derivadas. Regra


de L´Hospital

Introdução
Nesta lição, você vai aprender um dos métodos que simplifica o
levantamento de indeterminações trata-se da regra de L´Hospital. É uma
regra prática e que não exige muito se não o conhecimento da derivação.
Vai precisar apenas de 1 hora para perceber o conteúdo e mais duas (2)
horas para resolução de exercícios. No tatal são 3 horas de trabalho.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Levantar indeterminações pela regra de L´hospital.

Objectivos

Caro estudante!

A seguir vamos apresentar um método geral de levantar indeterminações


0 ∞
do tipo 0 ou ∞ . Esse método é dado pelas regras de L´Hospital, cuja
demonstração necessita da seguinte proposição.

Proposição (fórmula de Cauchy)

Se f e g são duas funções contínuas em [a, b ] , e deriváveis em ]a, b[ e


se g ( x) ≠ 0 para x ∈ ]a , b[ , então existe um número z ∈ ]a , b[ tal que

f (b) − f (a) f ′( z )
=
g (b) − g (a) g ′( z )
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 225

Demonstração:

Vamos primeiro provar que g (b) − g ( a ) ≠ 0 . Como g é contínua em


]a, b[ , pelo teorema do valor médio, existe um c e (a, b) tal que
g (b) − g (a)
g ′(c) =
b−a .

Como, por hipótese, g ( x) ≠ 0 para qualquer que seja x ∈ ]a, b[ , temos


g (b) − g (a)
g ′(c) =
g ′(c) ≠ 0 e assim pela igualdade b−a ,
g (b) − g (a ) ≠ 0

Consideremos a função:
 f (b) − f (a) 
h( x) = f ( x) − f ( a ) −   ⋅ [g ( x) − g (a)].
 g (b) − g (a ) 

A função h(x) satisfaz as hipóteses do teorema de Rolle em [a, b ] , pois:

a) Como f e g são é contínua em [a, b ] , h contínuas em [a, b ]

b) Como f e g são deriváveis em ]a, b[ h é derivável em ]a, b[ .

c) c) h( a ) = h(b) = 0 .

Portanto, existe z ∈ ]a , b[ tal que:


 f (b) − f (a) 
h′( x) = f ′( x) −   ⋅ g ′( x)
h′( z ) = 0 .Como  g (b) − g (a)  , temos
 f (b) − f (a) 
f ′( z ) −   ⋅ g ′( z ) = 0
 g (b) − g (a)  . Mas g ( z ) ≠ 0 . Nestas condições

 f (b) − f (a) 
f ′( z ) −   ⋅ g ′( z ) = 0
podemos escrever  g (b ) − g ( a )  na
f (b) − f (a) f ′( z )
=
forma g (b) − g (a) g ′( z ) .
226 Lição 28

Demonstrada a proposição, vamos em seguida, apresentar a regra de


L´hospital que vai ajudar a levantar algumas indeterminações como foi
referenciado no inicio desta lição.

Regra de L´Hospital

Sejam f e g funções deriváveis num intervalo aberto I , excepto

possivelmente, em um ponto a ∈ I . Suponhamos que g ′( x) ≠ 0 para


todo x ≠ a em I.

f ′( x)
lim f ( x) = lim g ( x ) = 0 lim =l
a) se x→a z →a e
x→a g ′( x) , então
f ( x) f ′( x)
lim = lim =l
x→a g ( x) x →a g ′( x )

f ′( x)
lim f ( x) = lim g ( x) = ∞ lim =l
b) se x→a z →a e
x→a g ′( x) ,
f ( x) f ′( x)
lim = lim =l
então
x→a g ( x) x → a g ′( x )

Demonstração:

Como por hipótese f (a ) = g ( a ) = 0 pode se escrever


f ( x) f ( x) − f (a )
=
g ( x) g ( x) − g (a )

f ( x) − f (a)
f ( x) f ( x) − f (a ) x−a
= =
g ( x ) g ( x ) − g (a ) g ( x) − g (a)
Ou seja, para x ≠ a , x−a ,passando
para o limite

f ( x) − f (a )
f ( x) x−a f ′(a)
lim = lim =
x → a g ( x) x → a g ( x) − g (a ) g ′(a)
x−a

Vejamos os exemplos de aplicação desta regra.


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 227

2x 0
lim
1. x →0 e − 1 . Trata-se de uma indeterminação do tipo 0 . Aplicando o
x

teorema de L´Hospital.
Exemplo
2x (2 x)′ 2
lim = lim x = lim x = 2
x →0 e − 1
x x → 0 (e − 1) ′ x →0 e

x2 + x − 6
lim
2. x→2 x 2 − 3x + 2 Resolução:

x2 + x − 6 0
lim =
x→2 x 2 − 3x + 2  0 


lim
x2 + x − 6
= lim
(
x2 + x − 6 )
= lim
2x + 1
=
5
= 5
x→ 2 x 2 − 3x + 2 x→ 2 2
(
x − 3x + 2
′ x→ 2 2 x − 3
) 1


Neste caso, temos uma indeterminação do tipo ∞ . Aplicando o
teorema de L´Hospital.

e x −1 (e x −1)′ ex ex ex
lim = lim = lim = lim = lim = +∞
x→+∞ x 3 + 4x x→+∞ ( x 3 + 4x)′ x→+∞ 3x 2 + 4 x→+∞ 6x x→+∞ 6
3.

lim (2 x 2 + x) x 0
4. x →0 + . Aqui temos uma indeterminação do 0 . Com
auxílio de logaritmos vamos transformá-la numa indeterminação do

tipo ∞

L = lim+ (2 x 2 + x) x
Seja x →0 então

] ln [lim ( 21 x ]
2
+ x)
[ ] [
ln L = ln lim+ ( 2 x 2 + x ) x = x ln lim+ ( 2 x 2 + x ) =
x→ 0 x→ 0
x→0+

x
228 Lição 28


Agora já temos uma indeterminação do tipo ∞ . Aplicando o teorema de
L´Hospital, vem
Exemplo
4x + 1
2  4x3 + x 2 
ln L = lim+ 2 x + x = lim+  − 
x →0 −1 x →0 2
 2x + x 
x2 . Aplicando novamente o
teorema de L´Hospital

 12 x 2 + 2 x  0
ln L = lim −  = − = 0
x →0
 4x + 1  1

0
Como ln L = 0 ⇒ L = e = 1 . Logo,
lim (2 x 2 + x) x = 1
x →0 +

e x −1 (e x − 1)′ ex ex ex
lim = lim 3 = lim 2 = lim = lim = +∞
x→+∞ x 3 + 4 x x→+∞ ( x + 4 x)′ x →+∞ 3x + 4 x→+∞ 6 x x→+∞ 6

lim (2 x 2 + x) x 0
5. x →0 + . Aqui temos uma indeterminação do 0 . Com
auxilio de logaritmos vamos transforma - la numa indeterminação do

tipo ∞

L = lim+ (2 x 2 + x) x
Seja x →0 então

[ 2
] [
ln L = ln lim+ (2 x + x) = x ln lim+ (2 x + x) =
x →0
x
x →0
2
] [ ln lim+ (2 x 2 + x)
x →0
1
]
x
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 229

Agora já temos uma indeterminação do


Exemplo tipo ∞ . Aplicando o teorema de L´Hospital, vem

4x + 1
2  4x3 + x 2 
ln L = lim+ 2 x + x = lim+  − 
x →0 −1 x →0 2
 2x + x 
x2 . Aplicando novamente o
teorema de L´Hospital

 12 x 2 + 2 x  0
ln L = lim −  = − = 0
x →0
 4x + 1  1

0 lim (2 x 2 + x) x = 1
Como ln L = 0 ⇒ L = e = 1 . Logo, x →0 +

Sumário
Estudo de alguns teoremas fundamentais sobre derivadas; estudo da regra
de L´Hospital.

Exercícios
Se você percebeu as lições anteriores sobre o cálculo de derivadas
certamente que você não terá problemas para resolver estes exercícios.
Seja como for, em caso de dúvidas, das duas uma, ou não percebeu como
se aplica a regra, ou então o problema reside no cálculo de derivadas. Em
todos os casos, o essencial é rever a lição dada ou as lições sobre as
regras de derivação.
230 Lição 28

Determinar os seguintes limites com o auxílio da regra de L´Hospital

x 2 − 4x + 4 x +1
lim lim 4
Auto-avaliação 1. x→2 x − x − 2 2- x →−1 2 x + 2 x + 3x 2 + 2 x − 1
2 3

ex x
lim 2
lim
2. x →+∞ x 4- x →0 e − cos x
x

cos x
lim
π π 2x
x→
2 (x − )2 lim
2 6- x →+∞ 2 − 1
x
3.

ln(senax) 3
lim lim(cos 2 x ) x 2
4.
x →0 + ln( senx) 8- x →0

x ln x lim (1 − tgx ) ⋅ sec 2 x


lim x→
π
5. x →+∞ x + ln x 10- 4

Confira as suas Respostas

1

Exercício 1: 0 Exercício 2: 6 Exercício 3: + ∞ Exercício 4 : 1

1
6
Exercício 5 ∞ Exercício 6:1 Exercício 7: 1 Exercício 8: e

Exercício 9: ∞ Exercício 10: 1


Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 231

Lição 29

Formula de Taylor

Introdução
A fórmula de Taylor consiste num método de aproximação de uma
função por um polinómio, com um erro possível de ser estimado. Esta
fórmula poderá ser compreendida num espaço máximo de 1 hora e os
exercícios podem também ser resolvidos em uma hora de trabalho.A lição
pode ser estudada em duas horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Desenvolver em séries de Taylor.

Objectivos

Nesta lição acompanhe o desenvolvimento da fórmula de Taylor. Siga o


desenvolvimento.

Fórmula de Taylor

Definição: Seja f : I → R uma função que admite derivadas até ordem


n num ponto c do intervalo I . O polinómio de Taylor de ordem n de f
P (x) é dado por
no ponto c , que denotamos por n

f ′′(c) f ( n) (c)
Pn ( x) = f (c) + f ′(c)( x − c) + ( x − c) 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + ( x − c) n
2! n! .

Observe que no ponto


x = c , p n ( c ) = f (c )
232 Lição 29

Exemplo. Determinar o polinómio de Taylor de ordem 4 da função


f ( x) = e x no ponto c = 0 .

Resolução:
Exemplo
Derivando sucessivamente até a ordem 4, vem

f ( x) = f ′( x) = f ′′( x) = f ′′′( x) = f IV
( x) = e x e assim,

f (0) = f ′(0) = ⋅ ⋅ ⋅ = f IV
(0) = 1 Portanto

1 1 1
( x − 0) 2 + ( x − 0) 3 +
P4 ( x ) = 1 + 1 ( x − 0 ) + ( x − 0) 4
2! 3! 4!
x2 x3 x4
= 1+ x + + + ,
2! 3! 4!

é o polinómio de Taylor de grau 4 da função da função f ( x) = e


x

no ponto c = 0 .

Dado o polinómio de Taylor de grau n de uma função f (x) , denotamos

por
Rn (x) a diferença entre f (x) e Pn (x) , isto é

Rn ( x) = f ( x) − Pn ( x) (veja a figura)

Y
f (x)

f (x) Rn (x)
Pn (x) Pn (x)

c x X
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 233

Temos então,
f ( x) = Pn ( x) + Rn ( x) , ou mais explicitamente,

f ′′(c) f (n) (c)


f (x) = f (c) + f ′(c)(x − c) + ( x − c) 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + (x − c) n + Rn (x)
2! n! .(
1)

R (x) é “pequeno” o polinómio Pn (x) dá


Para os valores de x nos quais n
R (x) chama-se resto. O
uma boa aproximação de f (x) . Por isso, n

problema consiste em determinar uma fórmula para


Rn (x) de tal modo

que ele possa ser avaliado

Proposição (Fórmula de Taylor)

Seja f : [a , b ] → R uma função definida no intervalo [a , b ] .


( n)
Suponhamos que as derivadas f , f ,⋅ ⋅ ⋅, f
′ ′′ existam e sejam contínuas

em [a , b ] e que f exista em ]a ,b[. Seja c um ponto qualquer fixado


( n +1)

em [a , b ] . Então para cada x ∈ [a , b] , x ≠ c , existe um ponto z entre


c e x tal que

f ′′(c) f ( n) (c)
f ( x) = f (c) + f ′(c)(x − c) + ( x − c) 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + ( x − c) n +
2! n!
f (n+1) ( z)
+ ( x − c) n+1 .(2)
(n + 1)!

Quando c = 0 a fórmula de Taylor fica

f ′′(0) 2 f ( n) (0) n f ( n+1) ( z) n +1


f ( x) = f (0) + f ′(0) x + x + ⋅⋅⋅ + x + x
2! n! (n + 1)! e
recebe o nome de Fórmula de Mac Laurin.

Demonstração:

Vamos fazer a demonstração supondo que x f c . Para x p c , o


procedimento é análogo
234 Lição 29

Sejam
Pn (t ) o polinómio de Taylor de grau n de f no c e Rn (t ) o resto
correspondente.

Então,
f (t ) = Pn (t ) + Rn (t ) , para qualquer t ∈ [a , b].

Portanto, no ponto x , temos

f ′′(c) f (n) (c)


f ( x) = f (c) + f ′(c)(x − c) + ( x − c) 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + ( x − c) n + Rn
2! n!

f ( n +1) ( z )
Rn ( x ) = ( x − c) n +1
Para provar (2), devemos mostrar que (n + 1)! , onde
z é um número entre c e x

Por isso, vamos considerar a seguinte função auxiliar: g : [c , x ] → R

f ′′(t ) f (n) (t )
g (t ) = f ( x) − f (t ) − f ′(t )(x − t ) − (x − t)2 − ⋅ ⋅ ⋅ − (x − t)n −
2! n!
( x − t ) n+1
− Rn ( x) .
( x − c) n+1 P
elas propriedades das funções contínuas, segue que g é contínua

em [c , x ] . Pelas propriedades das funções deriváveis, segue que g é

derivável em [c , x ] . Além disso, podemos verificar que


g (c ) = g ( x ) = 0 .

Logo, g satisfaz as hipóteses do teorema de Rolle em [c , x ] e, portanto

existe um ponto z , entre c e x , tal que g ( z ) = 0


Derivando a função g com auxílio das regras de derivação e


f ( n +1) ( z )
Rn ( x ) = ( x − c) n +1
simplificando, obtemos (n + 1)! e
consequentemente a fórmula (2) fica demonstrada
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 235

Observando as fórmulas (1) e (2) vemos que a fórmula de Taylor


f ( n +1) ( z )
Rn ( x ) = ( x − c) n +1
Apresentada, o resto
Rn (x) é dado por (n + 1)! .

Esta forma para o resto é chamada Forma de Lagrange do Resto e a


fórmula (2) é chamada fórmula de Taylor com resto de Lagrange

Determinar os polinómios de Taylor de grau 2 e de grau 4 da função


f ( x) = cos x no ponto c = 0

Exemplo Solução:

Para determinarmos os polinómios pedidos necessitamos do valor de f e

das suas derivadas até a ordem 4, no ponto c = 0

f ( x) = cos x , f (0) = 1
f ′( x) = − senx , f ′(0) = 0
f ′′( x) = − cos x , f ′′(0) = −1
f ′′′( x) = senx , f ′′′(0) = 0
f ( IV ) ( x) = cos x , f ( IV ) = 1

O polinómio de Taylor de grau 2, no ponto c , é dado


1
P2 ( x) = f (c) + f ′(c)( x − c ) + f ′′(c)( x − c) 2
por 2!

Como neste caso c = 0 temos

1 x2
P2 ( x) = f (0) + f ′(0) x + f ′′(0) x 2 = 1 −
2! 2!

O polinómio de Taylor de grau 4 no ponto c é dado por

1 f ′′′(0) 3 f ( IV ) (0)
P4 ( x) = f (0) + f ′(0) x + f ′′(0) x 2 + x +
2! 3! 4!
x2 x4
= 1− +
2 24
236 Lição 29

1. Determinar o polinómio de Taylor de grau 6 da função


π
c=
f ( x) = sen2 x em no ponto 4.

Exemplo π π
f ( x) = sen2 x , f ( ) = sen = 1
4 2
π π
f ′( x) = 2 cos 2 x , f ′( ) = 2 cos = 0
4 2
π
f ′′( x) = −4 sen2 x , f ′′( ) = −4
4
π
f ′′′( x) = −8 cos 2 x , f ′′′( ) = 0
4
π
f IV
( x ) = 16 sen2 x , f IV
( ) = 16
4
π
f (V ) ( x) = 32 cos 2 x , f (v) ( ) = 0
4
π
f (VI ) ( x) = −64 sen2 x , f (VI ) ( ) = −64
4

π
c=
O polinómio de Taylor de grau 6, no ponto 4 , é dado por

π π
f ′′( ) 2 f (VI ) ( )
π π  π 4  x − π  + ⋅ ⋅ ⋅ + 4  x −
P6 ( x) = f ( ) + f ′( ) x −  +
4 4  4 2!  4 6! 
2 4 6
22  π  24  π  26  π
= 1− x −  + x−  − x − 
2!  4 4!  4 6!  4

Sumário
Nesta lição você aprendeu a formula Taylor bem como a sua aplicação no
desenvolvimento de certas funções

Espero que nesta ultima lição você não tenha muitos problemas de
assimilação desta fórmula. Contudo, para eventuais dificuldades, é nosso
dever aconselhar o estudante a acompanhar cuidadosamente a lição dada
ou consultar o seu Tutor.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 237

Exercícios
3 2
1. Desenvolver o polinómio f ( x) = x − 2 x + 3 x + 5 em potências

inteiras e positiva do binómio ( x − a )


Auto-avaliação
2. Desenvolver a função f ( x) = e em potências de binómio x + 1 até
x

3
ao termo que contenha ( x + 1)

3. 3-Desenvolver a função f ( x) = ln x em potências de ( x + 1) , até ao


2
termo que contenha ( x − 1)

4. Desenvolver a função f ( x) = senx em potências de x até ao termo


5
que contenha x

Confira as suas respostas

2 3
Exercicio 1: 11 + 7( x − 2) + 4( x − 2) + ( x − 2)

1 1 ( x + 1) 2 1 ( x + 1) 3 1
+ ( x + 1) + +
Exercico 2: e e 2! e 3! e

Exercicio 3 :
( x − 1) − 12 ( x − 1) 2

x3 x5
x− +
Exercicio 4: 3! 5!

Esperamos que tenha conseguido resolver os exercícios . Se teve


dificuldades volte a ler. Se a dúvida persisitir consulte o se tutor.
238 Lição 29

Bibliografia
3. NEVES, Maria Augusta Ferreira & BRITO, Maria Luísa
Carvalho. Matemática 11º ano. 2º volume ( livro texto).
Porto Editora.
Leitura 4. G. Baranenkov, B. Demidovitch. Problemas e Exercícios
de Análise Matemática. 4ª Edição. Editora Mir. 1977.
5. Di pierro Neto, Scipione, Matemática 2º Grau. São
Paulo. Scipione autores e Editores. 1984.
6. SPIEGEL, Murray R.. Calculo Avançado. Colecção
Schaum. Editora McGraw – Hill do Brasil. Ltda. 1971.
Manual de Análise de Matemática I Ensino à Distância 239

Notas finais

Após esta longa caminhada, você acaba de ter alguns subsídios


sobre a Análise Matemática. Este conhecimento é muito importante
para o curso de Física onde você está matriculado.

Você está de parabéns por ter chegado até aqui e esperamos que as
lições tenham sido do seu agrado.

Para nós, falta agradecer-lhe por todo o esforço empreendido ao


longo de todo este processo. Bem haja você.

O autor

Vasco Cuamba.

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