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MATEMÁTICA
Portanto, é de vital importância a necessidade que existe de que os alunos sejam familiarizados com os
procedimentos de solução e sejam capacitados para aplicá-los quando resolverem exercícios e problemas
matemáticos de diversos tipos.
Os procedimentos algorítmicos no ensino da Matemática
As operações que conformam o algoritmo têm que ser elementares ou simples para o aluno ou o executor,
ou seja, devem ser operações que podem ser executadas sem necessidade de decompô-las em outras
operações. 2
O algoritmo deve expressar o processo de execução em um número finito de operações. Essas operações
deverão conduzir sempre a um resultado correcto sempre que são executadas correctamente a partir de
certos dados iniciais.
A decomposição algorítmica para resolver um exercício geralmente não é única, pois a sucessão de passos
que a descreve depende das operações definidas até esse momento e o nível dos alunos, entre outros
aspectos.
Um algoritmo é mais potente na medida em que resolve problemas mais gerais, não se elabora para resolver
um problema particular, mas sim uma classe de problemas do mesmo tipo.
O conceito algoritmo tem impactado o desenvolvimento da informática. Este não pode ser aplicado
estritamente nas ciências pedagógicas. Um conceito relacionado a ele é o de SUCESSÃO DE
INDICAÇÕES COM CARACTER ALGORITMICO (SICA).
A SICA constitui uma sucessão de ordens ou indicações para a realização de certo sistema de operações em
uma ordem determinada, que induzem a operações unívocas, rigorosamente determinadas e do mesmo tipo
àqueles indivíduos para os quais estão dirigidas.
Os dois conceitos, algoritmo e SICA partilham o facto de que o sistema ou conjunto de operações se realiza
em uma determinada ordem e tem um caracter unívoco. A diferença entre eles reside em que as operações
na SICA têm um carácter metodológico, ou seja, têm que considerar as condições dos executores tais como:
o desenvolvimento dos alunos, os conhecimentos prévios que possuem, os objectivos perseguidos, a
complexidade da sucessão, entre outras.
Vejamos um exemplo:
Exemplo 1:
Analisemos uma sucessão de indicações com carácter algorítmico para reduzir dois radicais a um índice
comum.
Passos a seguir:
1. Buscar o mmc dos índices;
2. Determinar o factor necessário em cada raiz para que o índice seja o mmc buscado;
Vamos aplicar este algoritmo a um exercício. Para tal vamos reduzir as seguintes raízes a um índice
comum: √ a e √ b4
6 5 9
Passos:
3
1. Buscar o mmc de 6 e 9.
mmc ( 6 ;9 )=18
2. Determinar o factor necessário em cada raiz para que o índice seja o mmc de 18.
3e2
Quer dizer, a essa ordem pode-se responder de uma única forma, as operações estão rigorosamente
determinadas e executam-se de igual modo por qualquer indivíduo com os conhecimentos necessários.
Exemplo 2:
Cada uma destas indicações são indeterminadas, ou seja, diferentes indivíduos podem executá-la de
distintas formas e não chegar ao mesmo resultado.
Pode ocorrer que a ordem das operações não esteja determinada de forma unívoca, então a sucessão de
indicações ter um carácter quase algorítmico. Este é o caso da solução de equações e a aplicação de
fórmulas.
Exemplo 3:
As seguintes indicações expressam uma possibilidade de calcular a área do trapézio mediante a fórmula
( a+b ) ∙ h
A=
2
Outra possibilidade é;
Existem outras possibilidades de cálculo segundo a ordem que se decida para efectuar as operações.
As indicações para o trabalho dos alunos devem ser elementares, induzir operações unívocas, aparecerem
formuladas com exactidão e serem aplicáveis com êxito em todos os exercícios de um mesmo tipo, de
maneira que conduzam sempre ao resultado correcto se se parte dos dados adequados e se executam
correctamente.
A direcção da aplicação das SICA na resolução de exercícios leva-se a cabo segundo o trabalho por etapas
na formação das acções mentais e considerando os parâmetros da generalização e a redução
fundamentalmente.
Em relação às etapas para a aquisição de novos conhecimentos, no tratamento metodológico das SICA
diferenciam-se três processos parciais:
O processo de obtenção tem como ponto metodológico essencial a determinação da SICA que permite aos
alunos realizar um certo procedimento de trabalho.
A aplicação da sucessão na solução de exercícios requer uma direcção por etapas em sua formação como
acção mental, para o qual é necessário considerar ao início uma descrição suficientemente exacta do
procedimento, que se reduzirá na medida que os alunos mostram maior nível de independência no trabalho 5
com os objectivos, os que se graduarão e variarão convenientemente segundo as exigências plasmadas nos
objectivos. Neste processo alcança-se a interiorização da acção, importante para racionalização da
actividade mental dos alunos.
1. Orientação ao problema.
- Motivação;
- Orientação ao objectivo;
2. Trabalho no problema.
- Precisão do problema;
3. Solução do problema.
O aluno deve compreender que busca-se um novo procedimento que racionaliza o trabalho, pelo que é 6
necessário e conveniente obtê-lo.
Durante o trabalho no problema realiza-se uma análise da situação apresentada para clarificar as condições
que se tem e as exigências que deve cumprir o procedimento a elaborar, em função do problema em
questão; uma vez conseguida esta precisão, trabalha-se na determinação da sucessão de indicações com
carácter algorítmico, para o qual resulta útil usar procedimentos heurísticos tais como:
Nesta busca é importante variar condições e estabelecer relações e dependências, determinando-se o comum
no procedimento para cada situação analisada.
No trabalho de determinação dos passos da sucessão apresentam-se indicações, perguntas e sugestões aos
alunos que estimulem as operações e processos lógicos do pensamento, que transcorrem no processo de
aprendizagem, de maneira que possam chegar a obtê-la com a maior independência possível.
Neste subprocesso o professor deve preocupar-se para que todos os alunos compreendam o conteúdo do
procedimento e formulem as indicações de maneira que possam executá-las com os conhecimentos e
habilidades que possuem até ao momento.
Exemplo 4:
Professor: propõe o seguinte exercício e controla o trabalho dos estudantes. Determina o mmc das
expressões seguintes:
a) 12 e 16
b) x 2−4 e x 3−2 x 2
Aluno: decompõe-se cada expressão em factores comuns e não comuns com seu maior expoente.
Professor: Como se trabalha quando os termos são monómios? E quando são polinómios?
Aluno: quando são monómios multiplica-se o mmc dos coeficientes pelo mmc das variáveis e quando são
polinómios decompõe-se primeiro em factores primos e depois determina-se o mmc.
Professor: expressa o seguinte exercício e pergunta os passos a seguir (confecciona-se a planta do quadro).
Professor: formula o objectivo, averiguar se o procedimento usado em aritmética é aplicável para a adição e
subtração de fracções algébricas.
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Aluno: escutam e analisam.
4 x−1 x 2 +3
a) +
9x 6x
2
Professor: controla o trabalho dos alunos e faz aclarações necessárias. Anota a solução no quadro segundo
a ordem dos passos a seguir.
2 3a
b) − 2 2
a+b a −b
x−2 x−3 1
c) + − 2
x−3 x−2 x −5 x+ 6
Alunos: trabalham sob a direcção do professor na solução dos exercícios, segundo os passos descritos
inicialmente.
Professor: quantos casos se distinguem segundo os denominadores das fracções algébricas? Quais são?
Como se procede em cada caso? Como proceder em qualquer dos casos possíveis?
Professor: destaca que o proceder é análogo ao utilizado na adição e subtração de fracções, pois o mmc de
expressões com variáveis pode determinar-se sempre e as fracções algébricas podem ampliar-se e
simplificar-se. Como proceder se as fracções algébricas possuem igual denominador? E se temos:
3 x−2
2 3
+ 2 x +1
x −5 x
Mediante frases: ao estudar a adição de números racionais com sinais iguais, faz-se uma
diferenciação de casos tendo em conta se os somandos são positivos ou negativos. No caso de serem
positivos formula-se o seguinte procedimento:
Mediante fórmulas: neste caso é importante que os alunos descrevam verbalmente os passos a seguir
antes de calcular e insistir em usar a via mais racional (ver exemplo 3).
( ax +b )( cx + d ) =( ax )( cx )+ ( ax ) d +b ( cx )+ bd
Esta forma de apresentação fornece a possibilidade de que os alunos expliquem como proceder, o que
ajuda a compreender com maior facilidade a via a usar.
Mediante uma ilustração gráfica: nesta forma de apresentação usa-se diferentes cores para cada um
dos passos, o que ajuda à exequibilidade do conteúdo.
(a ; b)
b b b
a a a
Mediante diagramas: esta é uma forma que permite ao aluno ordenar logicamente o procedimento
estudado, o qual ajuda a sua compreensão e a que trabalhe independentemente. Por exemplo, ao
estudar os procedimentos de resolução de equações quadráticas no domínio dos números reais, deve-se
usar a via mais racional, pelo que o aluno necessita um esquema de raciocínio como o seguinte:
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O processo de obtenção de sucessões de indicações com caracter algorítmico deve propiciar, sempre
que as condições o permitam, o trabalho consciente e activo do aluno na busca d procedimento.
Para desenvolver habilidades não é suficiente a repetição da parte prática da acção. É necessário que se
tenha também em conta a parte correspondente ao pensamento teórico, ou seja, o aluno deve identificar as
características e propriedades dos conhecimentos que servem de sustento, compreender a base de orientação
necessária para realizar a acção e possuir conhecimentos e operações lógicas que enlaçam o plano de acção
com os conhecimentos e sua execução.
Um pequeno número de repetições com essas características é mais efectivo que um elevado número de
repetições formais, e permitem eleva substancialmente o efeito de desenvolvimento do ensino.
A repetição das acções devem estrutura-se por etapas, segundo a Teoria de P. Ya. Galperin.
Na primeira etapa a sucessão de indicções representa-se de forma escrita (gráfico, esquema, sucessão de
passos, etc.) e os alunos realizam cada passo parcial segundo as operações que são indicadas.
Na segunda, não aparece nada escrito, os passos e resultados parciais são reproduzidos oralmente pelos
alunos; na terceira etapa a sucessão de indicações é abreviada, convertendo-se em uma acção básica que se
executa no plano mental e os alunos expressam somente o resultado final.
As etapas anteriormente descritas não representam um esquema rígido para o trabalho, a sua duração está
em dependência das características do conteúdo e o desenvolvimento intelectual dos alunos, e algumas
vezes a primeira etapa pode ser omitida. Na dinâmica do processo do ensino e aprendizagem estas etapas
encontram-se intimamente relacionadas e nem todos os alunos as vencem ao mesmo tempo, entretanto
ninguém é obrigado a permanecer numa etapa que domina sem dificuldade alguma. Cabe ao professor
reconhecer o nível alcançado por cada aluno e propor actividades que respondam ao seu desenvolvimento.
Na resolução dos exercícios deve-se trabalhar de modo flexível e considerar todas as possibilidades que se
possam apresentar, variando determinadas condições, incluindo alguns exercícios que não tenham solução.
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Isto deve permitir aos alunos compreender a necessidade de identificar primeiro o tipo de exercício e
posteriormente resolvê-lo.
1. Usar exercícios que não podem ser resolvidos com o procedimento conhecido, porque pertencem a
outro tipo ou contém dados incompletos;
2. Formular exercícios que contenham uma contradição e não conduzam, para tal, à solução
nenhuma;
3. Usar exercícios que contenham condições desnecessárias, de forma que o aluno decida quais deve
utilizar para a resolução do mesmo;
4. Propor exercícios cuja solução possa ser reconhecida imediatamente sem usar o procedimento,
embora possa resolver-se de forma exitosa com ajuda da sucessão de indicações.
Exemplo.
O sistema de exercícios para fixar o procedimento para resolver equações de segundo grau deve incluir
exercícios para cada umas das possibilidades formuladas anteriormente. Por exemplo:
1. A equação x ( x−3 )( x−2 )=125+6 x não pode ser resolvida com o procedimento conhecido, ao
reduzir-se conduz a uma equação de terceiro grau.
3. No exercício:
Aqui aparece a condição desnecessária “tem 10,4 cm a mais que a altura relativa a ela”, o aluno tem que
decidir quais das magnitudes dadas deve usar para a resolução do exercício.
Outro aspecto a considerar na estruturação dos sistemas de exercícios é a graduação do nível de dificuldade.
Nos exercícios para a fixação do procedimento de decompor binómios em factores, deve-se atender os
seguintes aspectos:
- Variar a estrutura dos somandos: um possui variável e outro não; ambos são variáveis; ambos
possuem números e variáveis; o expoente é maior que dois, ambos são monómios; ambos são
binómios; combinação das dificuldades.
Além disso, é necessário acostumar os alunos a interpretar diferentes ordens para executar a mesma acção,
por exemplo:
- Factoriza;
- Transforma em produto;
É também de grande importância a utilização de ordens diferentes que impliquem uma mudança na forma
de pensar do aluno, por exemplo:
Estes aspectos geralmente não se consideram de forma separada, combinam-se para elevar as exigências
dos exercícios.
Os procedimentos heurísticos no ensino da Matemática
A instrução heurística é o ensino consciente e planificada de regras gerais e especiais da heurística para a
solução d problemas, para o qual é necessário que quando se declaram explicitamente pela primeira vez,
sejam destacadas de um modo claro e firme, e seja recalcada sua importância em aulas posteriores até que 15
os alunos aprendam e as utilizem independentemente de maneira generalizada, pelo que deve exercitar-se o
seu uso em numerosas e variadas tarefas.
O objectivo principal da heurística é investigar as regras e métodos que conduzem aos descobrimentos e às
invenções e inclui a elaboração de princípios, regras, estratégias e programas que facilitam a busca de vias
de solução para tarefas não algorítmicas de qualquer tipo e de qualquer domínio científico ou prático.
Procedimentos heurísticos
Alguns autores classificam os elementos heurísticos em duas categorias: procedimentos heurísticos e meios
auxiliares heurísticos:
Princípios heurísticos
Os princípios heurísticos são de grande utilidade para a busca de novos conhecimentos e também sugerem
ideias para a solução de diferentes problemas. Dentro dos princípios heurísticos gerais destacam-se o de
analogia, o de redução e o de indução. Analisemos cada um dos princípios mencionados.
PRINCÍPIO DE ANALOGIA
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Este princípio consiste na utilização de semelhanças de conteúdo ou forma. Segundo George Polya
(professor de Matemática húngaro) define a analogia como “…uma espécie de semelhança. É, diríamos
semelhança sobre um nível definido e conceitual… a diferença essencial entra analogia e outras classes de
semelhança jaz, nas intenções do pensador. Objectos semelhantes são aqueles que concordam entre si em
algum aspecto. Se vós tratais de delimitar o aspecto em que concordam… vós olhais estes objectos
semelhantes como análogos”. E acrescenta “Dois sistemas são análogos si concordam em relações
claramente definíveis de suas partes respectivas”.
Exemplo:
PRINCÍPIO DE REDUÇÃO
Este princípio pode ser utilizado em quatro formas diferentes, estas são:
Exemplo:
Ao elaborar os procedimentos analíticos de solução para os sistemas de equações lineares com duas
variáveis pode-se apresentar a conveniência de reduzir o sistema a uma equação com uma variável (o que
serve para introduzir tanto o método de substituição como o método de aditivo). De igual modo a resolução
de uma equação de segundo grau pode reduzir-se à resolução de equações lineares (utilizando a
decomposição em factores).
Exemplo:
b. Fazendo uma diferenciação de casos. (Exemplo quando não se pode demonstrar um cas
geral que abarque todas as possibilidades). Esta é a situação para o teorema que expressa a
relação entre o ângulo central e o ângulo inscrito a uma circunferência e a lei dos cossenos
d. Reduzindo uma refutação à busca de uma contraexemplo. (Quando se conhece que não se
cumpre em um caso particular).
4. A modelação: é outra forma de redução que consiste em buscar uma interpretação (um modelo) do
problema dado, em outro domínio, com a finalidade de poder aplicar as leis do novo domínio, à
resolução do problema transformado e realizando a transformação inversa do modelo, chegar à
resolução do problema de partida (inicial).
Exemplo:
PRINCÍPIO DE INDUÇÃO
O princípio de indução consiste em chegar a suposição de que existe uma relação geral, a partir da análise
de uma série de resultados particulares. (Faz-se uma generalização empírica).
Exemplo:
Dadas as sucessões:
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