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Manual de Equações Diferenciais e

Modelagem

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino á Distância
Direitos de autor

Todos os direitos dos autores deste módulo estão reservados. A reprodução, a locação, a
fotocópia e venda deste manual, sem autorização prévia da UCM-CED, são passíveis a
procedimentos judiciais.

Organizado por:

Fernando Alfredo Muchanga,


Natural de Chidenguele – Gaza, nascido aos 02 de Janeiro de 1983 terminou o curso de Licenciatura
em Ensino de Matemática na Universidade Pedagógica Delegação da Beira em 2009 e, é estudante do
curso de Mestrado em Educação/Ensino de Matemática na Universidade Pedagógica – Beira desde
2010. Trabalha como docente no Departamento de Métodos Quantitativos na Faculdade de Economia
e Gestão da Universidade Católica de Moçambique desde 2009 até 2012. Em 2010-2011Coordenou o
Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática ministrado pelo Centro de Ensino à Distância da
Universidade Católica de Moçambique.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
825018440
23311718
Moçambique

Fax: 23326406
E-mail: eddistsofala@ucm.ac.mz
Agradecimentos

Agradeço a colaboração dos seguintes indivíduos e/ou pessoa colectiva na elaboração deste
manual:

Por ter financiado a elaboração deste Módulo Ao Centro de Ensino à Distância da UCM.

Por ter me confiado para construção do Ao Coordenador do Curso Dr. Domingos


Modulo Neto João Joaquim

Pela avaliação/revisão do Conteúdo Ao Prof. Dr. Arie Rijikboer.


/ Universidade Católica de Moçambique i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo a Equações Diferenciais e Modelagem ........................................................ 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Habilidades de estudo .................................................................................................... 2
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 2

Unidade 01 3
Estudo de Modelagem ................................................................................................... 3
Introdução ............................................................................................................ 3
Modelagem Matemática ................................................................................................ 3
Modelar ................................................................................................................ 6
Equações em diferenças (conceito) ....................................................................... 8
Ordem de uma equação a diferença ...................................................................... 8

Unidade 02 9
Resolução de Equações em diferenças da Primeira ordem ............................................. 9
Introdução ............................................................................................................ 9
Equações em diferenças da 1ª ordem ............................................................................. 9
Método Iterativo ................................................................................................... 9

Unidade 03 16
Resolução de Equações em diferenças da Primeira ordem ........................................... 16
Introdução .......................................................................................................... 16
Equações em diferenças da 1ª ordem ........................................................................... 16
Método Geral ..................................................................................................... 16

Unidade 04 20
Equações Diferenciais de Ordem Superior ................................................................... 20
Introdução .......................................................................................................... 20
Equações em diferenças de ordem superior .................................................................. 20
Observações a considerar nas equações da 1ª ordem ........................................... 20
Resolução de equações a diferenças de ordem superior com recurso a sucessões
aritméticas .......................................................................................................... 21

Unidade 05 27
Equações a Diferenças de Ordem Superior .................................................................. 27
Introdução .......................................................................................................... 27
Equações em diferenças lineares de 2ª ordem com coeficientes e termo constante ....... 27
Resolução pelo método geral .............................................................................. 27
/ Universidade Católica de Moçambique ii

Unidade 06 32
Equações Diferenciais ................................................................................................. 32
Introdução .......................................................................................................... 32
Equações diferenciais – introdução .............................................................................. 32
Classificação das Equações Diferenciais ............................................................. 33
Ordem de uma equação diferencial ..................................................................... 33
Grau de uma equação diferencial ........................................................................ 33
Importância das equações diferenciais ................................................................ 34

Unidade 07 35
Problemas de Valores Iniciais (PVI) ............................................................................ 35
Introdução .......................................................................................................... 35
Problemas de Valores Iniciais - PVI ............................................................................ 35
Resolução de PVIs .............................................................................................. 35
Método de primitivas.......................................................................................... 36
Método de integração definida............................................................................ 36
Equações Integrais de Volterra (EIV) .......................................................................... 38

Unidade 08 39
Equações diferenciais da primeira ordem lineares com coeficientes e termo constantes.39
Introdução .......................................................................................................... 39
Equações diferenciais lineares da 1ª ordem .................................................................. 39
Equações diferenciais lineares da 1ª ordem homogéneas com coeficientes
constantes ........................................................................................................... 40
Caso não homogéneo .......................................................................................... 43
Caso não homogéneo com u=0 ........................................................................... 45

Unidade 09 46
Equações diferenciais da primeira ordem lineares com coeficientes e termo não
constantes. ................................................................................................................... 46
Introdução .......................................................................................................... 46
Equações diferenciais lineares da 1ª ordem .................................................................. 46

Unidade 10 50
Equações diferenciais lineares da segunda ordem ........................................................ 50
Introdução .......................................................................................................... 50
Equações diferenciais lineares da 2ª ordem com coeficientes e termo constantes. ........ 50
Caso de homogeneidade ..................................................................................... 50

Unidade 11 55
Equações diferenciais lineares da segunda ordem - cont. ............................................. 55
Introdução .......................................................................................................... 55
Equações diferenciais lineares da 2ª ordem. ................................................................. 55
Linearidade ........................................................................................................ 55
/ Universidade Católica de Moçambique iii

Dimensão ........................................................................................................... 56
Soluções ............................................................................................................. 57
Independência das soluções ................................................................................ 58
Método 2 para determinar solução ...................................................................... 59

Unidade 12 63
Equações diferenciais inhomogeneas (não homogeneas). ............................................. 63
Introdução .......................................................................................................... 63
Equações diferenciais não-homogéneas. ...................................................................... 63

Unidade 13 69
Modelagem ................................................................................................................. 69
Introdução .......................................................................................................... 69
Problemas conducentes a equações diferenciais. .......................................................... 69

Unidade 14 76
Equações diferenciais exactas ...................................................................................... 76
Introdução .......................................................................................................... 76
Equações diferenciais exactas. ..................................................................................... 76

Unidade 15 80
Problemas geometricos e físicos que levam a resolução das equações diferenciais da
primeira ordem ............................................................................................................ 80
Introdução .......................................................................................................... 80
Equações diferenciais em problemas de natureza geométrica e física ........................... 80
Famílias de curvas .............................................................................................. 84

Referencia bibliográfica 87
1 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Visão geral
Bem-vindo a Equações Diferenciais e Modelagem

Neste módulo procura-se em primeiro lugar familiarizar os estudantes apresentando tarefas e


suas respectivas resoluções que na sua maioria serão acompanhadas pelas respectivas
explicações o que facilitará ao estudante perceber como é que se chegou a uma determinada
solução.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Equações Diferenciais e Modelagem será
capaz de:

 Proporcionar ao estudante um estudo das equações diferenciais mais


significativo
 Desenvolver a capacidade e habilidade de leitura e interpretação
matemática de sistemas dinâmica em domínios físicos, sociais e
animais
Objectivos
 Estimular a criatividade matemática.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que terminar as cadeiras
curriculares do 2ºano do curso de Matemática com maior destaque para
as cadeiras de fundamentos de Matematica e Cálculo Diferencial e
Integral em IR.
2 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Como está estruturado este módulo


Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-chave
que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo.

Conteúdo do módulo
O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos que inclui
livros, artigos ou sites na internet podem serem encontrados na pagina de
referencias bibliográficas.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de três ou
quatro unidades. Sempre que necessário, inclui-se na apresentação dos
conteúdos algumas actividades auxiliares que irão lhe ajudar a perceber a
exposição dos restantes conteúdos.

Habilidades de estudo
Para suceder-se bem neste módulo precisará de um pouco mais da sua
dedicação e concentração. A maior dica para alcançar o sucesso é não
ignorar os textos que são apresentados como descrição para explicar os
passos assim como, tentar sempre resolver astarefas propostas!

Precisa de apoio?
Em caso de dúvidas ou mesmo dificuldades na percepção dos conteúdos
ou resolução das tarefas procure contactar o seu professor/tutor da
cadeira ou ainda a coordenação do curso acessando a plataforma da
UCM-CED Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática.
3 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 01
Estudo de Modelagem
Introdução
Nesta unidade pretende-se dar ao estudante a noção do surgimento de modelos
matematicos que sao usados frequentemente para interpretação de fenómenos sociais e
físicos.

Modelagem Matemática
Descubra o método recursivo para determinar o número Máximo de regiões de um
plano dividida por 100 rectas.

Vamos de principio, considerar algumas divisões que se podem obter com 1, 2, 3,


... rectas no plano. Para isso podemos observar o seguinte esquema:
4 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Assim, um quadro de relações entre o número de rectas colocadas no plano e as


regiões que surgem pode ser estabelecida, isto é:

Número de rectas No de regiões

1 2
Ainda mais
2 4 = 2+2 2 =1+1
notamos que
3 7 = 4+3 3 = 2+1

4 11 = 7+4 4 = 3+1

5 16 =11+5 5 = 4+1

6 22 = 16+6 6 = 5+1

a  a n  n  1
então, podemos tencionar que  n1 é uma forma recursiva que nos
a1  2
permite encontrar o numero de regiões a n ao serem colocados no plano n rectas.

a n1 dá-nos a informação do que acontece ao colocar no plano mais uma recta

uma vez sabendo que acontece com n rectas.

Às expressões como estas de a n1 chamam-se lei dinâmica ou equações de

diferença ou a diferença uma vez que podem ser escritos da seguinte forma:

a  a n  n  1
a n1  a n  n  1 ou ainda a n  n  1 . Á fórmula recursiva  n1
a1  2
é chamado de modelo dinâmico e a expressão de a1  2 de condições iniciais.
5 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Contudo, à nossa fórmula recursiva para determinar o número de regiões


subsequentes pela colocação de n rectas no plano, várias inquietações podem
surgir. Para evitar tudo isso, a nossa fórmula carece de ser garantida a sua
veracidade e procurar as respectivas soluções.

Tarefa1: Procure garantir a veracidade da lei dinâmica a n1  a n  n  1 .

Tarefa2: Verifique que para alem da lei dinâmica anterior, a formula


a n  C 2n  n  1 .

Tarefa3; Mostre que a fórmula recursiva da tarefa1 tem como solução


nn  1
an  1  .
2

Observe que para resolver a tarefa3 precisamos observar o comportamento de an


quando n varia:

a n1  a n  n  1

a1  2
a1  2
a 2  a1  2  2  2
a3  a 2  3  2  2  3
a 4  a3  4  2  2  3  4
a5  a 4  5  2  2  3  4  5
.
.
.
a n  a n 1  n  2  2
3 5
4 n
...
SOMA DE ( n 1)TERMOS DUMA P . A.
n
an  2   k
k 2
6 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

 k  2  3  4  5  6  ...  (n  2)  (n  1)  n
k 2
 n

 k  n  (n  1)  (n  2)  ....  4  3  2
k 2
n
2 k  (n  2)  (n  2)  ....  (n  2)  (n  2)
k 2
 
n 1 TERMOS
n
(n  2).(n  1)
k 
k 2 2
n
4  n2  n  2 n(n  1)
an  2   k  an  1
k 2 2 2

Tarefa4; determine, agora, a solução dos seguinte modelos dinâmicos:

c n 1  c n  4n  5 d n 1  d n  3n  1
  .
c1  3 d 1  0

Modelar
Resolver problemas exige muitas vezes equacionar que passa
necessariamente em definir variáveis e encontrar relações para estas
variáveis. Exige também formular axiomas, ou seja, escrever os
pressupostos sobre a situação em estudo. Assim, a este sistema,
equacionar e formular pressupostos, chamamos de modelar.

Como vimos anteriormente, é sempre comum, depois de retrospectiva ou


verificação fazer-se um teste ao modelo obtido. Esse teste passa por
responder questões como:

 Os pressupostos são correctos?


 Qual o resultado se substituirmos certos valores nas variáveis?
 Estes resultados são plausíveis?
7 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Em geral os modelos matemáticos estão na base de muitas afirmações por


nossa volta. Um exemplo claro disso, podemos notar nas informações que
muitas das vezes são dadas nos jornais:

No jornal diário de Moçambique, datado de 05 de Maio de 2012, consta a


seguinte informação sobre a destruição:

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) anunciou


que pelo menos um milhão de crianças correm risco de morrer de
desnutrição em algumas partes da região do Sahel, devido à seca e
lançou um apelo à concessão de mais recursos para assistir os
necessitados.

Informações como estas estão baseadas em modelos matemáticos, dado


que ninguém contou todas essas pessoas e tendo em conta os riscos que
atravessam.

Podemos ainda recordar que no inicio, olhamos para problema onde o


método recursivo é importante. No método recursivo olhamos para
mudanças de uma situação para a seguinte. Ao equacionar estes problemas
obtemos uma relação entre variável correspondente a uma nova situação e
as variáveis correspondentes as situações anteriores. As equações que
assim surgem, chamamos de equações de diferenças ou a diferenças.
8 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Equações em diferenças (conceito)

De uma forma geral podemos dizer que uma equação a diferença expressa
uma relação entre uma variável dependente (ou variáveis independentes)
desfasada, que muda em intervalos de tempo discreto.

Ordem de uma equação a diferença

A ordem de uma equação a diferenças é determinada pelo maior número


de períodos que representam um intervalo de tempo. Por exemplo, uma
equação a diferenças de primeira ordem expressa um intervalo de tempo
de um período; uma de segunda ordem, de dois períodos. A mudança em
y quando t passa a t  1 é chamada de primeira diferença de y e
escreve-se

y
 yt  yt 1  yt
t
9 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 02
Resolução de Equações em diferenças da Primeira
ordem
Introdução
Nesta unidade pretende-se dar ao estudante a noção do surgimento de modelos
matematicos que sao usados frequentemente para interpretação de fenómenos sociais e
físicos.

Equações em diferenças da 1ª ordem

Método Iterativo

Exemplo1;

Achar a solução da equação yt 1  yt  b

Vamos deduzir passo a passo:

Para t  0 ; y1  y0  b

Para t  1; y2  y1  b  y0  b  b  y0  2b

Para t  2 ; y3  y2  b  y0  2b  b  y0  3b

Para t  3 ; y4  y3  b  y0  3b  b  y0  4b

E, em geral, para qualquer período t teremos yt  y0  b t


10 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo2;

yt 1  byt  0

Usando o método iterativo:

Para t  0 ; y1  by 0

Para t  1; y 2  by1  bby0   b 2 y0

Para t  2;  
y3  by 2  b b 2 y0  b 3 y0

Para t  3;  
y 4  by3  b b 3 y 0  b 4 y0

E, em geral, para qualquer período t teremos yt  b t y0

Tarefas para si

Agora, resolva usando o método iterativo:

1. yt 1  yt  2 ; y0  15

2. yt 1  0,9 yt ; y0  0,3

Escreva a solução de

1. yt 1  yt  5 ; y0  4

2. yt 1  yt  3  0 ; y0  3

1
3. yt 1  10 yt  0 ; y0 
2
4. yt 1  9 yt ; y0  3
11 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Consideremos agora a seguinte situação:

Um homem pediu um empréstimo no banco de 180 mil meticais com


interesse de comprar um carro. Os juros combinados com o banco foram
de 30% anuais. O homem sai do país e escapa a amortização da divida ate
5 anos depois quando ele volta e o banco lhe exige o pagamento total da
divida. Quanto ele tem que pagar?

Para determinar o valor que o homem deve pagar, precisamos modelar o


problema. Assim, Supomos que:

d n é a divida do senhor com o banco no fim de n anos.

Então;

d 0  18.10 4
d1  18.10 4  30%.18.10 4  d 0  0,3d 0  d 0 1  0,3  1,3d 0
2
d 2  1,3d 0  0,31,3d 0   1,3d 0 1  0,3  1,3 d 0
2 2 2 3
d 3  1,3 d 0  0,31,3 d 0  1,3 d 0 1  0,3  1,3 d 0
.
.
.
n 1 n 1 n
d n  1,3 d 0  0,31,3 d 0  1,3 d 0

d n  1,3 d 0 onde n são anos que leva com a divida 1,3n é o factor de
n

crescimento sobre n anos.

Assim, depois de 5 anos a escapar a amortização da dívida, o senhor


deverá pagar d 5  1,3 d 0 isto é, d 5  1,3 180.10 3  668327,4mt .
5 5
12 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Agora, resolva as seguintes tarefas:


1. Suponha que um outro homem também tenha conseguido levar 180 mil
meticais no mesmo banco a 30% dos juros anuais mas, passado meio ele
ganha lotaria e pretende devolver o dinheiro ao banco. Quanto é que ele
tem de devolver?

(dica: precisa calcular primeiro a percentagem k a pagar


depois de um semestre! Para tal, basta recordar que após um
ano ele terá de pagar 180.103.(1,3)3; isto pode ser estabelecido
2
 3 
3 3 k 
da seguinte forma: 180.10 1    180.10 1   já
 100   100 
que um ano tem 2 semestre)

1.1. Determine, na situação do problema anterior os juros a pagar durante um


mês.
1.2. Uma senhora conseguiu o mesmo empréstimo de 180 mil meticais no
mesmo banco com os mesmos juros, mas ela está decidida em devolver o
montante dentro de um ano em doze prestações mensais. Qual a prestação
mensal que ela paga? Quanto ela devolve em total? (estudar o
desenvolvimento da divida da senhora durante esse ano).

Para resolver esta situação podes definir P a prestação que ele


tem de pagar no fim de cada mês. Assim o modelo dinâmico que
possa interpretar esta situação (a divida dn da senhora depois
d 0  18.10 4

de n meses) pode ser dado por   y  onde
d n 1  d n 1  100   P
  
1
y
1  1,312 é o factor de crescimento mensal da divida. Ao
100
resolver através do método iterativo, ele pode ser substituído
por b.
13 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

2. Um vendedor ambulante leva numa loja produtos de ornamentação de casa


no valor correspondente a 3000 mt. Em cada três semanas ele deve pagar
3900 mt parecendo que os juros acrescidos nele são de 30% mas a cada
semana tem de pagar 1300 mt. Afirma-se que a percentagem de juros
sobre três semanas é 50%. Concorda com esta afirmação ou não?
Justifique a sua posição com base num modelo matemático.

3. Para compra de carro o Banco Único oferece as seguintes condições: -


devolver dentro de 7 anos em prestações bimensais; - os juros são de 45%
no primeiro ano e 25% por ano no resto do prazo; - o dinheiro emprestado
no inicio deve ser de 200.000,00mt. Determine a prestação bimensal do
cliente.

4. Para compra de uma casa, uma pessoa consegue um empréstimo de


300.000,00mt num banco. As condições são: - os juros anuais são 35% por
ano; - no primeiro ano, a pessoa tem que pagar 10.000,00mt no fim de
cada mês; - nos quatros anos seguintes vai fazer uma prestação mensal
constante, no fim de cada mês; - cinco anos depois de obter este
empréstimo de 300 mil meticais, o cliente já não pode ter mais divida com
o banco. Determine qual deve ser a prestação mensal durante os últimos
quatro anos que esta amortizar a divida com o banco. Mostre todos os
cálculos e leis dinâmicas.

5. Para compra de um carro, o Sr. João conseguiu um empréstimo de


85.000,00mt num BIM. As condições são: - juros anuais de 40%; - no
primeiro ano, o Sr. João tem que pagar uma prestação mensal constante no
fim de cada mês; - nos dois anos seguintes vai fazer uma prestação mensal
constante no fim de cada mês que deve ser a metade da prestação mensal
do primeiro ano; - três anos depois de obter este empréstimo de
85.000,00mt o Sr. João não pode ter dívida com o BIM. Determine Qual
deve ser a prestação mensal durante o primeiro ano que o Sr. João estará a
amortizar a divida com o banco. Mostre todos os cálculos e leis dinâmicas.
14 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

6. Uma pessoa quer poupar dinheiro no banco durante 5 anos para depois
levantar 500.000,00mt para puder construir uma casa. Para isso, decide
fazer uma prestação mensal constante na sua conta a prazo no inicio de
cada mês durante esses cinco anos e os juros que o banco dá nesta conta
são de 30% por ano no primeiro ano e 35% por ano nos quatro anos
seguintes. Determine qual deve ser a prestação mensal constante e mostre
todos cálculos e leis dinâmicas.

Em algum momento, a resolução de alguns problemas anteriores poderão


exigir um pouco da sua concentração! Como forma de apoiar o seu
raciocínio, procure compreender a resolução seguinte de um problema
similar ao problema 4:

Problema resolvido: Para compra de uma casa, uma pessoa consegue um


empréstimo de 10.000,00mt num banco. As condições são: - os juros
anuais são 15% por ano; - no primeiro ano, a pessoa tem que pagar
3.000,00mt no fim de cada mês; - nos quatros anos seguintes vai fazer
uma prestação mensal constante, no fim de cada mês; - cinco anos depois
de obter este empréstimo de 10 mil meticais, o cliente já não pode ter mais
divida com o banco. Determine qual deve ser a prestação mensal durante
os últimos quatro anos que esta amortizar a divida com o banco. Mostre
todos os cálculos e leis dinâmicas.

Vamos considerar Dn a divida depois de n meses.

x os juros anuais de 15% (x =15%)

3.103 a prestação mensal durante o primeiro ano

P a prestação mensal depois do 10ano


15 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

D0 = 104mt

Lei dinâmica para 1º ano Lei dinâmica para os últimos anos

 x  3  x 
Dn1  1  . Dn  3.10 Dn1  1  . Dn  P
 100   100 
logo, a formula para 0  n  11 sera' logo, a formula para 12  n  35 sera'
n n 12
 x  3 1 a
n
 x  1  a n 12
Dn  1  D
 0  3 .10 Dn  1   D12  P
 100  1 a  100  1 a
1
x
onde a  1   1,35 12
100
n n
 x  3 1 a
Dn  1  D
 0  3 . 10
 100  1 a
12
 15  4 3 1  1,15
D12  1   10  3.10 1
 D12  54000,19691
 100 
1  1,15 12
24 1  1,15 2
D36  0  D36  1,15 .D12  P 1
 0  P  10398,18793
12
1  1,15

Observe que ate então, estamos a analisar equações em diferenças da


primeira ordem usando diferentes métodos dentre os quais destacamos mais o
iterativo. Vamos ver agora a resolução destas equações da primeira ordem
através do método geral.
16 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 03
Resolução de Equações em diferenças da Primeira
ordem
Introdução
Nesta unidade daremos continuidade a resolução de equações em diferenças de primeira
ordem usando o método geral

Equações em diferenças da 1ª ordem

Método Geral

Seja dada a equação em diferencia da primeira ordem yt 1  ayt  c , ae c


constantes.

A solução geral será a soma de dois componentes: uma solução particular


y p que é qualquer solução não — homogénea completa e outra função

complementar y c , que é a solução geral da equação reduzida yt 1  ayt  0 .

Assim, para encontrarmos y c supomos yt  Ab t onde, substituindo em

yt 1  ayt  0 obtemos:

A b t 1  a A b t  0  A b t b  a   0 e, como

A b t  0  b  a  0  b   a logo teremos yc  A a t

Para acharmos y p em yt 1  ayt  c procuramos:


17 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

1. As soluções constantes, isto é, yt  k logo yt 1  k e, substituindo na nossa

c
equação teremos: k  a k  c  k 1  a   c  k  ; a  1 . Se assim
1 a
c
for, teremos como y p  k  .
1 a

c
2. Se a  1 então y p  não é definida. Neste caso, devemos tentar uma
1 a
outra solução da equação não — homogénea. Supõe — se neste caso que
yt  k t o que equivale a yt 1  k t  1 e, substituindo na equação obtemos;

c
k t  1  a k t  c  k 1  t  a t   c  k  . Como, pela hipótese
1 t  at

a  1 então k  c  k t  c t donde teremos como y p  k t  c t

Assim, a solução geral yt 1  ayt  c será yt  yc  y p .

Exemplo

Resolva a equação em diferenças de primeira ordem:

7
a) yt 1  5 yt  1 ; y0 
4

1 1
y t  k  k  5k  1  k    yp  
4 4

Tomando a equação homogénea yt 1  5 yt  0 . Se

yt  A b t  Ab t b  5  0  b  5  0  b  5  yc  5t

Donde concluímos que yt  yc  y p teremos como solução geral


18 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

1 7 7 1
y t  A 5t  e, como y0  temos que  A 5 0   A  2 . Portanto,
4 4 4 4
1
a solução será y t  2 .5t  .
4

Tarefas para si

1. Converta as seguintes equações em diferenças e resolva-as


1.1. yt  7

1.2. yt  0,2 yt

1.3. yt  2 yt  9

2. Resolva por iteração as seguintes equações


b) yt 1  yt  1 ; y0  10

c) yt 1   yt ; y0  

d) yt 1   yt  

3. Use o método geral para resolver cada uma das equações em diferenças
seguintes;
a) yt 1  3 yt  4 ; y0  4

b) 2 yt 1  yt  2 ; y0  7

c) yt 1  0,2 yt  8 ; y0  1 .
19 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

4. Ache as soluções das seguintes equações e determine se as trajectórias


temporais são oscilatórias e convergentes:
1
a) y n 1  yn  6 ; y0  1
3

b) Bt 1  2 Bt  1 ; B0  1

1
c) yt 1  yt  5 ; y0  2
4
d) Dn1  Dn  3 ; D0  2
20 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 04
Equações Diferenciais de Ordem Superior
Introdução
Na unidade 4 vamos discutir aspectos relacionados com equações a diferenças de ordem
maior que um. Vamos apresentar alguns métodos de resolução devendo prestar muita
atenção para puder comprender as questões que lhe serão propostas.

Equações em diferenças de ordem


superior

Observações a considerar nas equações da 1ª ordem

Vamos primeiramente analisar como encontrar a solução de uma equação a


diferença de ordem dois. Para tal, precisamos recordar como tiramos as
soluções das equações da primeira ordem através do método iterativo
observando apenas se a equação em diferenças em causa se apresenta em
forma de progressão aritmética ou geométrica. Um exemplo disto, é
apresentado a seguir

y n 1  y n  3 claramente esta equação pode ser interpretada como uma

progressão aritmética de razão 3 uma vez que y n 1  y n  3 e a sua solução

(solução da equação) é conhecida sem necessidade de realizar muitos


cálculos como y n  y 0  3n !
21 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

C n1  4C n contrariamente a anterior, esta representa uma progressão

geométrica dado que uma outra forma de escrever usando equivalência seria
C n 1
 4 e a solução também é retirada observando apenas este
Cn

comportamento como C n  C 0 4 n

A nossa ideia é de usar este conhecimento para encontrar soluções de


equações diferenciais de ordem superior. Como foi dito no inicio da unidade
vamos analisar primeiramente a equação a diferença do segundo grau.

Resolução de equações a diferenças de ordem superior


com recurso a sucessões aritméticas

1. Dn 2  2 Dn1  Dn

Esta equação é homogénea e pode ser escrita da seguinte forma:


Dn 2  2 Dn 1  Dn  0 vamos agora transformar numa equação da primeira

ordem

Dn 2  2 Dn1  Dn  0  Dn  2  Dn1  Dn1  Dn  0  D n 1  D n  0


 D n1  D n

A última igualdade mostra que D n é constante! Logo podemos considerar

que D n  k mas, D n  Dn 1  Dn . Isto é que vale a dizer que

Dn1  Dn  k  Dn1  Dn  k  Dn  D0  nk .

Verifique agora, se a solução obtida Dn  D0  nk satisfaz a equação dada

Dn 2  2 Dn1  Dn .
22 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

2. Vamos agora analisar a equação Dn3  3Dn 2  3Dn 1  Dn  0

Usando as mesmas transformações teríamos:

Dn 3  3Dn 2  3Dn1  Dn  0  Dn 3  Dn 2   2Dn 2  Dn 1   Dn 1  Dn   0


 D n 2  2D n 1  D n  0

Supondo que D   E

D n  2  2D n 1  D n  0  E n 2  2 En 1  E n  0 como D n  En

do exercício anterior sabemos que Dn  D0  nk logo E n  D n  E 0  nk

e,

E n  D n  E 0  nk
 Dn 1  Dn  E 0  nk  Dn 1  Dn  E 0  nk

Observe que E0 é constante tal como k e o n pode ser escrito como


n
combinação de n elementos tomados 1 a 1, isto é, n    . Assim, a solução
1 
nn  1
para Dn1  Dn  E 0  nk será Dn  D0  nE 0  k ou seja
2
n n
E n  D0    E 0   k
1  2

3. Agora, use os mesmo procedimentos para encontrar a solução de:


1) Dn 4  4 Dn 3  6 Dn  2  4 Dn1  Dn  0

2)  D 
5
n 0

A solução da segunda tarefa lhe permitira concluir que se a quinta diferença


de sucessão é zero então a sucessão é um polinómio de grau quatro no
máximo, tal como tem acontecido nas funções.
23 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Resolução de equações a diferenças de ordem superior com recurso a sucessões

geométricas

Vamos agora procurar resolver as equações a diferenças tentando encontrar

as soluções exponenciais.

1. Tenta descobrir a solução de Dn  3Dn 1  2 Dn  0

Para este caso, vamos usar as progressões geométricas, precisamos recordar

que Dn  D0 a n onde se tomamos D0 = C teremos Dn  C .a n . Assim, se

D n  C .a n é solução é porque verifica a equação Dn  3Dn 1  2 Dn  0 !

D n  2  3D n 1  2 Dn  0  C.a n  2  3C.a n 1  2C.a n  0 colocando em

 
evidencia o C.a n ficamos com C.a n a 2  3a  2  0 mas como C.a n é

diferente de zero desde que C o seja diferente, então,

 
C.a n a 2  3a  2  0  a  2  a  1 o que nos fornece as seguintes

soluções exponenciais

~
D n  c.2 n e Dn  d .1n

1) Vamos mostrar que a soma das duas soluções obtidas é também uma solução;

Dn 2  3Dn1  2 Dn  0 ~ ~ ~
   
~ ~ ~  Dn 2  D n  2  3 Dn1  D n1   2 Dn  D n   0
 D n  2  3 D n1  2 D n  0    
~
se Dn  D n  E n a solução definida pela soma será dada por
24 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

E n  c.2 n  d .1n . Tarefa do leitor para verificar que En é uma solução da

equação a diferença dada.

2) Procuramos agora determinar os valores representados por c e d na solução


En

E n  c.2 n  d .1n
E0  c  d
 d  2 E 0  E1
 E1  2c  d
E1  E 0  c

e portanto, a solução Dn pode ser escrita como

D n  D1  D 0 2 n  2 D 0  D1 1n
25 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefas para si

7 7
Tarefa1: Procure as soluções de Dn  3  Dn  2  Dn 1  Dn . Verifique se
2 2
as três soluções encontradas são ou não independentes.

Tarefa2: Mostre que existem apenas progressões geométricas de uma única


1
razão que satisfaz a lei dinâmica Dn  2  Dn 1  Dn e determine essa razão r.
4
Estude a convergência da solução Dn encontrada.

Tarefa3: mostre que a lei dinâmica não admite progressões geométricas de


1 1
razão diferente de zero como soluções: Dn  2  Dn 1  Dn
2 4

1
1) Determine as soluções para Dn  2  Dn
4
1 1
2) Dn nN satisfaz a lei dinâmica Dn  2  Dn 1  Dn . Escreva D n  C n .a n e,
2 4
usando o valor de a positivo, substitui por Dn  C n .a n na lei dinâmica

1 1
Dn 2  Dn 1  Dn e determine Cn.
2 4

Tarefa4: Determine sem efectuar os cálculos, a partir da tarefa3 a solução


das seguintes leis dinâmicas:

1) Dn 2  2 Dn1  4 Dn

2) Dn 2  3Dn 1  3Dn

1
3) Dn  2  Dn 1  Dn
2
26 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefa5: Dada a equação de diferenças finitas do segundo grau

2 y t  2  2 y t 1  y t  10 com valores y 0  3 e y1  4 , classifique em V

(verdadeira) ou F (falsa) as afirmações seguintes:

a. A solução particular da equação é uma função decrescente;

b. A solução homogénea da equação é uma função monótona;

c. Para t = 2, o valor da solução geral é y  1 / 2 ;

d. O valor da solução geral no infinito é lim y t  2 ;


t 

e. O valor da solução geral no infinito não depende de y 0 e y1 .


27 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 05
Equações a Diferenças de Ordem Superior
Introdução
Nesta unidade vamos analisar as equações em diferenças da segunda ordem lineares com
coeficientes e termo constantes. Na unidade anterior, analisamos estas equações mas agora,
iremos analisar tendo em conta o método geral para sua resolução.

Equações em diferenças lineares de 2ª ordem com


coeficientes e termo constante

Uma equação linear de segunda ordem, não — homogénea, de coeficientes e


termo constante tem a forma

yt  2  ayt 1  byt  c

Resolução pelo método geral

A solução desta equação tem duas componentes, uma solução particular y p

que representa o nível de equilíbrio inter-temporal de y e outra solução


complementar y c que especifica para cada período de tempo, o desvio em

relação ao equilíbrio.

A solução particular é achada simplesmente tentando-se uma solução


constante da forma yt  k , donde, substituindo na equação

yt  2  ayt 1  byt  c teremos:


28 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

c
k  ak  bk  c  k  com a  b  1 .
1 a  b

Se a  b  1 então a equação não tem soluções constantes e devemos tentar


yt  k t e, substituindo na equação teremos:

k t  2  a k t  1  b k t  c  2k  a k  c já que a  b  1 , portanto
c c
obtemos k  e, a integral particular será y p  k t  t.
a2 a2

A solução complementar é a solução da equação reduzida


yt  2  ayt 1  byt  0 . Para encontrarmos a solução complementar tomamos

yt  A r t e, substituindo na equação obtemos a seguinte equação

característica:

r2  a r  b  0 .

t
 Se as raízes forem reais e distintas então yc  A1 r1  A2 r2t ;

 Se as raízes forem reais iguais então yc  A1 r t  A2 t r t ;

 Se as raízes forem complexas, isto é, r     i precisamos encontrar R a

partir do teorema de Pitágoras R 2   2   2 e determinarmos o ângulo 

 
resolvendo em simultâneo as equações cos   e sen  , depois
R R

substituirmos em yc  R t  A1 cos  t  A2 sen t  .


29 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo de aplicação

Num mercado de tomate existe a seguinte lei dinâmica:

 Q n 1  2 Pn
 onde Pn é o preço em Mt/Kg na época n e Qn a
 Pn  20  0 , 4 Q n

quantidade de tomate fornecida ao mercado na época n. a questão consiste em

verificar se ao longo prazo o mercado estará em equilíbrio ou não, isto é,

existir um preço que possa satisfazer ao produtor assim como o consumidor.

Caso existir, encontrar o preço e a quantidade de equilíbrio.

A resolução desta tarefa pode ser feita da seguinte forma:

Pn1  20  0,4Qn1
 Q n  1  2 Pn
 Pn1  20  0,8 Pn
 Pn  20  0 , 4 Q n Pn1  0,8 Pn  20

Pp  k  k  0,8k  20
100
k
9

Pc  A bt  Pn1  0,8 Pn  0 n 100


 Pn  A 0,8 
b  0,8  0  b  0,8 9
Logo, por
100
 Pc  A 0,8
t lim Pn 
n  9

andar do tempo, o Mercado ficara estável quando o preço de tomate for

100
 11,11mt
9

Procuremos agora a Quantidade de equilíbrio

Qn1  2 Pn
100 200
Q  2.   22,22 T
9 9
30 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefas para si

Tarefa1: Considere Q d  120  0 ,5 Pt , Q s   30  0 ,3 Pt ,

Pt 1  Pt  a Q s  Q d  e P0  200

isto é, o preço não é mais determinado pelo mecanismo de equilíbrio de

mercado, e sim pelo nível de estoque ( Q s  Q d ). Suponha que

a  0 , 2  0 , já que um aumento de estoque ( Q s  Q d ) fará com que se

tenda a uma redução do preço, e uma redução do estoque ( Q s  Q d ) fará

com que os preços subam.

a) Ache o preço Pt para qualquer período e diga se a trajectória no tempo

será ou não convergente.

Tarefa2: num mercado rural, o preço do pimento depende da oferta. A

relação entre o preço P em meticais por quilograma e a quantidade Q de

pimento no mercado em toneladas é dada por Pn  100  0 ,5 Q n . Os

camponeses por volta deste mercado rural reagem ao preço produzindo mais

ou menos pimento na época seguinte e essa relação é dada por

Q n 1  1,8 Pn . Pn é o preço na época n e Qn a quantidade de pimento no

mercado na época n. Verifique se os preços vão ficar estáveis neste mercado

supondo que o preço na época inicial foi de 50mt/kg.


31 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Outras Tarefas para si

1. Para cada uma das equações em diferenças seguintes ache as soluções e

avalie se a trajectória é explosiva ou não.

1 b. yt  2  4 yt 1  4 yt  7
a. yt  2  yt 1  yt  2
2

1 d. yt 2  2 yt 1  3 yt  4
c. yt  2  yt 1  2 yt  5
2

2. Resolve as seguintes equações em diferenças e analise as trajectórias

temporais obtidas:

7
a. yt  2  3 yt 1  yt  9 ; y0  6 ; y1  3
4

b. yt  2  2 yt 1  2 yt  1 ; y0  3 ; y1  4

1
c. yt  2  yt 1  yt  2 ; y0  4 ; y1  7
4

3. Uma pessoa contraiu uma grande divida com o banco e está a pagar cada ano

3 mil meticais a este banco. Os juros são de 9% por ano. O que é que se pode

dizer sobre a divida inicial da pessoa se soubermos que a divida esta a crescer

sempre ainda?
32 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 06
Equações Diferenciais
Introdução
Na unidade 6 vamos iniciar o estudo das equaçõs diferenciais, seu conceito e aplucações no
ambito cientifico.

Equações diferenciais – introdução

Equações Diferenciais são equações que envolvem derivadas (ou diferenciais) de

uma função desconhecida. A essa derivada da função desconhecida constitui a

variável da equação. Nesta ordem de idéias, podemos dizer que resolver uma

Equação Diferencial consiste em procurar uma função sem derivada ou diferencial

que satisfaça a equação diferencial dada.

Lembrando que as derivadas representam as taxas de variações instantâneas das

funções então, as Equações Diferenciais expressam as taxas de variações de funções

contínuas ao longo do tempo.


33 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Classificação das Equações Diferenciais

As equações diferenciais se classificam em ordinárias e parciais.

 Equações diferenciais ordinárias: são as equações que envolvem

derivadas de uma só variável independente.

 Equações diferenciais parciais: as que envolvem derivadas parciais

de uma função com mais de uma variável independente.

Ordem de uma equação diferencial

1. Grau da equação diferencial: É a ordem da maior derivada que aparece na equação.

Grau de uma equação diferencial

 Grau da equação diferencial: É a potência mais alta a qual a derivada de maior


ordem é elevada.

Exemplos:

dy
 3x 2 1ª ordem, 1º grau.
dx

3
d2y  dy 
    12 x 2ª ordem, 1º grau
dx 2  dx 

5
d2y d4y 
   75 y  0 4ª ordem, 5º grau
2  4 
dx  dx 
34 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Importância das equações diferenciais


As equações diferenciais são usadas para construir modelos matemáticos de

fenômenos físicos tais como na dinâmica de fluidos e em mecânica celeste.

Deste modo, o estudo de equações diferenciais é um campo extenso na

Matemática pura e na Matemática aplicada. Nas próximas unidades veremos

a aplicação das equações diferenciais em diferentes domínios científicos uma

vez que elas gozam de inúmeras aplicações práticas em medicina,

engenharia, química, biologia e outras diversas áreas do conhecimento.

Tarefas para si

Classifique e indique a ordem e grau de cada uma das seguintes equações

diferenciais

y ' ' '  y"  4 y  0


3
dy 2) dy 2 y 4t  3t 2
1)  3x 2 y  x 2 3)  0
dx dt 4 y 3t 2

 
4) 3 y 2tdy  y 3  2t dt  0
5)
dy y 2
 0
6) y '2 xy 3  6 y  14
dt 2 yt
35 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 07
Problemas de Valores Iniciais (PVI)
Introdução
Nesta unidade vamos analisar as equacoes diferenciais em forma de problemas de valores
iniciais. Vamos olhar a resolucao destes recorrendo a dois metodos um que usa a
primitivacao e outro a integral definida.

Problemas de Valores Iniciais - PVI


Em matemática, um PVI ou problema de condições iniciais é uma equação

diferencial acompanhada do valor da função a achar num determinado ponto,

chamado de valor inicial ou condição inicial.

Exemplo:

 dy
 dt  2ty  t  y' '  t  6

  3
 y 0   3  y 0   2
 2

Resolução de PVIs

Para resolver um PVI dois métodos podem ser considerados a saber:

encontrar a solução pelo uso da primitiva e posterior determinação da

constante ou; recorrendo ao uso de integração definida onde os extremos

inferior e superior serão o valor da abcissa que define a condição inicial e a

variável que representa a abcissa, respectivamente.


36 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo:

 y '  3t  7
Consideremos o seguinte PVI  3 e vamos resolver pelo:
 y 0  
2

Método de primitivas

 y '  3t  7

 3
 y 0   2
3
 y ' (t ) dt   3t  7 dt  2 t
2
y (t )   7t  c

3 3 3 3
mas , y ( 0 )   c   y (t )  t 2 7t 
2 2 2 2

 y '  cos( 3t )

   1
 y 2   2
  
1
y (t )   y ' (t ) dt   cos( 3t ) dt  3 sen (3t )  c
1 1 3 1 3
mas , y ( )   c   1   y ( t )  sen ( 3t ) 
2 2 2 3 2

Método de integração definida

 y '  3t  7

 3
 y 0   2
t t
3 3  3 3
y (t )  y 0    y ' (u )du    u 2  7 u   y ( t )   t 2  7 t
0
2 2 0 2 2
37 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

 y '  cos( 3t )

   1
 y 2   2
  
t t
  1 1  1 1 1 3
y (t )  y     y ' (u )du   sen (3u )   y ( t )   sen (3t )  1  sen ( 3t ) 
2 0
2  3   2 3 3 2
2

Tarefas para si:

Resolva os seguintes PVIs pelos dois métodos vistos acima:

 y '  sen ( 2 t )  y '  t . cos( t )  y '  sen 2 (t )


  
 y    0  y    2  y 0   1
38 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Equações Integrais de Volterra (EIV)

Uma equação integral é uma equação que contém uma função operada por

uma integral. Existe uma íntima relação entre equações diferenciais e

equações integrais, e muitos problemas podem ser formulados em qualquer

das duas formas.

y '  F (t , y (t ))
Consideremos a equação  onde y ' (t )  F (t , y (t )) representa
 y t 0   c
equação diferencial e y ( t 0 )  c condição inicial.

A solução desta equação será então, a equação integral de volterra dada por
t
y ( t )  c   F (u , y ( u ))du
t0

Uma importante propriedade que pode ser observada aqui é que a solução y é
t
uma função de um operador fixo, pois se G ( y )  c   F (u , y ( u ))du teremos
t0

y  G ( y) .
39 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 08
Equações diferenciais da primeira ordem lineares
com coeficientes e termo constantes.
Introdução
Nesta unidade vamos analisar as equacoes diferenciais da primeira ordem com termo e
coeficientes constantes. veremos alguns metodos de resolução.

Equações diferenciais lineares da


1ª ordem
São chamadas equações diferenciais lineares da 1ª ordem às equações

dy
diferenciais em que a derivada aparece apenas no 1º grau assim como a
dt

dy
variável dependente y e não existe nenhum produto na forma y .
dt

Portanto, a forma geral de equações diferenciais linear da 1ª ordem é:

dy
 u (t ) . y  v (t )
dt

Onde u e v são funções de t tal como y .

Quando u e v forem constantes, estamos perante uma equação diferencial

linear com coeficientes constantes e termo constante.


40 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Equações diferenciais lineares da 1ª ordem homogéneas com


coeficientes constantes
dy
a. Se u e v forem constantes e se v  0 a equação resultante  ay  0 é
dt

chamada homogénea.

Exemplo1;

 dy
  2y  0
 dt é uma equação diferencial homogénea cuja solução pode ser
 y (0)  3

encontrada da seguinte forma;

dy dy 1
 2y  0   2 y  dy  2dt Integrando esta última igualdade
dt dt y

teremos:

1 2t  c
 y dy   2dt  ln y  2t  c  y  e  ec .e2t onde, se tomarmos

ec   teremos como solução geral y(t) .e2t

 y (0)  3
Como   3
 y (0)   . e 0

Logo, a solução definida é y(t )  3. e2t


41 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo2;

 dy
  3y  o
 dt
 y (0)  6

dy 1 1
 3 y  0  dy  3dt   dy    3dt  ln y  3t  c
dt y y

y   . e 3t

 y ( 0)  6
    6 e a solução definida y  6.e3t
 y ( 0)  

Tarefas para si:

dy
a)  10 y  0 , y ( 0)  0
dt

dy
b) y0 , y ( 0)  10
dt
42 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

dy
Resolvemos agora a equação diferencial  ay  0
dt

dy 1
 ay  0  dy  a dt integrando ambos os membros;
dt y

1  at  c
 y dy  a  dt  ln y  at  c  y  e onde, se tomamos e c   a

solução geral da equação diferencial homogénea com coeficientes constantes

será: y   .eat

Em situações em que é dada as condições iniciais y (0) , então   y (0) e a

solução definida é:

y  y(0).eat

Tarefas para si:

Escreva, agora a solução de:

dy y '  2 y
1)  5y  0 b) 
dt  y ( 0)  1

 y '  3 y  y '4 y  0
c)  d) 
 y ( 0)  1  y ( 0)  7

dy dy
 8y  0  8 x
e) dx f) dx
43 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Caso não homogéneo


Quando u e v forem constantes diferentes de zero, a equação diferencial fica

dy
ayb
dt

Para resolver esta equação deve-se considerar os seguintes passos:

dy
8. A equação reduzida  ay  0 que nos fornecerá a solução complementar
dt

y c   e  at ;

9. Supor que y  k ( k - constante) para procurarmos as soluções constantes,

isto é;

dy dk
 0 e substituindo na equação dada teremos
dt dt

b
ak  b k  , a  0
a

10. Escrever a solução da equação na forma

b
y(t)  yc  k Ou seja y(t)   eat 
a

Exemplo;

dy
 2y  6
dt

dy dy
 2y  0   2dt  yc (t )   e  2 t
dt y
44 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

y  k  2k  6  k  3 e, portanto, y (t )   e  2 t  3

Se y ( 0)  10 então, 10    3    7 o que equivale a y (t )  7 e 2 t  3

solução definida.

Tarefas para si:

 dy  dy
  4y  8   10 y  15
 dt  dt
 y (0)  2  y (0)  0

 dy  dy
2  4y  6  y0
 dt  dt
 y (0)  1  y (0)  10

 dy  dy
  9x  7   3 y  15
 dx  dx
 y (0)  2  y (0)  9

 dy  dy
  8 y  16   13 y  139
 dx  dx
 y (0)  20  y (13)  26

 dy  dy
  4 y  36   3y  9
 dx  dx
 y (4)  16  y (9)  18
45 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Caso não homogéneo com u=0


dy
Para casos em que u  0 a equação fica b
dt

Portanto, a ideia de tomar y  k não funciona. Neste caso temos que tomar

dy
y  k t tal que  k e, portanto temos
dt

k  b e a solução será da forma:

y(t)  yc (t )  kt ou seja y(t )    b t

Exemplo;

 dy
  15
 dt
 y (0)  1

yc  

y  kt 

dy   kt  15t y (t )    15t
 k  15
dt 

y (0)    1  y (t )  1  15 t

Tarefas para si:

 dy
 7  y '  12  0
a)  dt b) 
 y (1)  8  y (3)  9
46 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 09
Equações diferenciais da primeira ordem lineares
com coeficientes e termo não constantes.
Introdução
Nesta unidade vamos analisar as equacoes diferenciais da primeira ordem com termo e
coeficientes não constantes. veremos alguns metodos de resolução.

Equações diferenciais lineares da


1ª ordem
Analisamos na unidade oito as equações diferenciais lineares da primeira

ordem com coeficientes e termo constantes. Nesta unidade vamos

consideremos o caso em que u (t ) não é constante e v  0 . Neste caso a

dy
equação diferencial será  u (t ) y  0
dt

Para encontrar a solução, precisamos reescrever a equação diferencial na

forma

dy
 u(t )dt e integrar ambos os membros da equação;
y

dy  u(t ) dt
   u(t )dt  y   . e 
y
47 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo;

dy
 3t 2 dt
dy y
 3t 2 y  0
dt dy 2 3 t 3
y  3  t dt  ln y  t  c  y   e

3
Se y (0)  5 então y (0)    5  y (t )  5 e  t

dy
Seja agora u (t ) e v(t ) na equação diferencial  u (t ) y  v (t ) funções de t
dt

não nulas.

Para determinar a solução nestas situações, consideremos y como função

produto de novas funções  (t ) e  (t ) tal que:

dy
y     y '   '    '
dt

E, substituindo na equação diferencial obtemos

 '    '  u    v
 '     '  u    v

Em seguida resolvemos o sistema de equações diferenciais

d v v
 '  v    d  dt e
dt  
d d
 ' u   0   u    u dt
dt 

Substituindo  e  obtemos a solução desejada.


48 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo:

dy
 4ty  4t  y '4ty  4t
dt

Se y     y '   '    '

 '     '  4t   4t   '    ( '4 t )  4t


 '   4t

 '4 t  0

d d 2
 '  4 t  0   4  t   4tdt    e  2t
dt 

d  2 t 2 2 2
 '   4t  .e  4t  d  4t e 2t dt    e 2t  c Substituindo
dt

2 2
em y    teremos como solução y(t )   e 2t  c .e  2t ou seja
 

2
y t   1  c.e  2t .

Tarefas para si:

Resolva

dy dy
1.  5 y  10 2.  ty  0
dt dt

 dy  dy 2 2
  2ty  t   t y  3t
3.  dt 4.  dt
 y 0   3  y 0   4
 2
49 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

 dy t 3
5.  2 dt  12 y  2 e  0 6. dy   3t 2 y  e  t  dt  0
  
 y 0   6
 7

dy
7.  yt
dt

a) O preço p de um certo produto varia de tal forma que a taxa de variação em

relação ao tempo é proporcional à escassez D-S, onde D(p) e S(p) são as

funções lineares de demanda e oferta D = 8 - 2p e S = 2 + p:

 Se o preço é R$ 5,00 para t = 0 e R$ 3,00 para t = 2, determine p(t).

 Verifique o que acontece a p(t) ao longo prazo.


50 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 10
Equações diferenciais lineares da segunda
ordem
Introdução
Nesta unidade vamos abordar as equações diferenciais lineares da segunda ordem com
coeficientes constantes e termo nulo (equações homogéneas). Nas unidades seguintes,
vamos olhar para estas equacoes e de ordem maior sob um ponto diferente da sua resolução

Equações diferenciais lineares da 2ª ordem


com coeficientes e termo constantes.
As equações diferenciais da segunda ordem requerem soluções separadas

para a função complementar yc e a integral particular yp.

A solução geral é a soma dos dois: y  yc  y p .

Caso de homogeneidade
Dada a equação linear diferencial de segunda ordem ay"by ' cy  d , onde

a , b, c e d são constantes, se d  0 a equação diferencial da segunda

ordem é homogénea e fica ay" by ' cy  0 .

Consideremos que y (t )  e rt então;

y ' (t )  r e rt e y" (t )  r 2e rt e substituindo na equação diferencial

ay" by ' cy  0 obtemos:


51 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

 
ar 2 e rt  bre rt  ce rt  0  e rt ar 2  br  c  0 como e rt  0 então

y  e rt é solução da equação diferencial se r for uma raiz da equação

ar 2 br  c  0 .

A esta equação é chamada de equação auxiliar ou equação característica da

equação diferencial ay" by ' cy  0 .

1. Se as raízes r1, r2 da equação auxiliar ar 2 br  c  0 são reais e diferentes,

então a solução geral de ay" by ' cy  0 é;

y (t )  C1e r1t  C2 e r2t

2. Se a equação auxiliar ar 2 br  c  0 tiver apenas uma raiz real r, então a

solução geral de ay" by ' cy  0 é;

y (t )  C1e r t  C 2te r t

3. Se as raízes da equação auxiliar ar 2 br  c  0 forem números complexos

r1     i e r2     i , então a solução geral de ay" by ' cy  0 será:

y (t )  e t C1 cos t   C2 sen t 


52 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Exemplo1:

y" y '6 y  0

r 2  r  6  0  r  3r  2  0  r1  3  r2  2
y (t )  C1e  3t  C 2 e 2t

Exemplo2:

4 y"12 y '9 y  0

3
4r 2  12r  9  0  2r  3  0  2r  3  r  
2

2
3 3
 t  t
2 2
y (t )  C1e  C 2te

Exemplo3:

y"6 y '13 y  0

r 2  6 r  13  0
   6 2  4 . 13
  36  52   16

   16 não existe em IR! Portanto, estamos perante um domínio

complexo.

Como i 2  1   1  i 2  i então teremos:

 b   6  4i
   16  16 i 2  4 i r   3  2i
2a 2
53 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Onde concluímos que   3 e   2 logo a solução será uma combinação

de funções trigonométricas:

y (t )  e 3t C1 cos(2t )  C 2 sen (2t )

Tarefas para si:

Resolva as equações diferenciais seguintes:

2 y"5 y '3 y  0

10)  y (0)  3
 y ' (0)  4
1) y"6 y '8 y  0 

2) y"4 y '8 y  0  y"4 y '  0



11)  y (0)  1
3) y"8 y '41y  0  y ' (0)  0

4) 2 y" y ' y  0
 y"2 y ' y  0

5) y"2 y ' y  0 12)  y (2)  0
 y ' (2)  1

6) 3 y"  5 y '
 y"4 y '3 y  0
7) 4 y" y  0 
13)  y (1)  0
 y (3)  2
8) 16 y"24 y '9 y  0 

d2y dy
9) 6   2y  0
2 dx
dx
54 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012
55 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 11
Equações diferenciais lineares da segunda
ordem - cont.
Introdução
Aqui nesta unidade, daremos mais enfase a um outro método de analisar as equações
diferenciais da segunda ordem com coeficientes e termos constantes ou nao constantes.

Equações diferenciais lineares da 2ª ordem.


Vamos procurar todas as soluções de y"  3 y '2 y , analisando os seguintes

passos:

1. Verificar se é ou não linear;

2. Determinar a dimensão do espaço de solução;

3. Verificar se as soluções encontradas formam ou não uma base de espaço

de soluções.

Linearidade

Para verificar a linearidade precisamos verificar se:

- A combinação de soluções (soma de duas soluções) é uma solução;

- Múltiplo de uma solução é também uma solução.

Para a nossa equação diferencial y"  3 y '2 y consideremos que y e z são

duas soluções distintas, então:


56 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

y"  3 y '2 y
y" z"  3 y'3 z '2 y  2 z   y  z "  3 y  z '2 y  z 
z"  3z '2 y usando

as propriedades da derivada da soma de funções, mostramos que a soma de

soluções também é uma solução.

Seja agora a constante 

y"  3y'2y  y "  3y '2y 

A última igualdade mostra que também múltiplo de uma solução é uma

solução. Logo, a equação diferencial é linear.

Dimensão

Consideremos que a equação diferencial seja dada em forma de um PVI

 y"  3 y '2 y

 y ' (0)  a vamos agora mostrar que qualquer solução y(t) do PVI é a
 y (0)  b

combinação linear de apenas duas soluções (falamos de apenas 2 soluções

porque estamos perante uma equação diferencial da 2ª ordem).

Precisamos agora, nesta ordem olharmos para a matriz identidade da segunda

1  0
ordem constituída pelos vectores   e   . Estes vectores, vamos
0 1 

 y ' ( 0) 
considerar como condições iniciais   de dois PVI com a mesma
 y ( 0) 

equação diferencial cujas soluções representaremos por y1(t) e y2(t), isto é;


57 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

 y"  3 y '2 y

 y ' (0)  1 tem apenas uma solução que chamaremos de y1(t).
 y (0)  0

 y"  3 y '2 y

 y ' (0)  0 tem apenas uma solução que chamaremos de y2(t).
 y (0)  1

Nestas condições, concluímos que y(t )  ay1 (t )  by1 (t ) desde que se observe

que esta solução satisfaz as condições iniciais do PVI dado uma vez que:

 y ' ( 0)  a

 y ( 0)  b
 y ' (0)  ay '1 (0)  by ' 2 (0)  a.1  b.0  a
y (t )  ay1 (t )  by 2 (t )  
 y (0)  ay1 (0)  by 2 (0)  a.0  b.1  b

Portanto, a solução y(t )  ay1 (t )  by1 (t ) satisfaz as condições iniciais do

PVI o que lhe confere o termo de solução particular do PVI. Como y1 e y2

representam quaisquer soluções possíveis então, podemos concluir que y1 e y2

formam uma base de solução ou seja dim( E )  2 (dimensão de espaço das

soluções é igual a dois).

Soluções

Pelo método visto na unidade anterior procuramos as soluções y1 e y2 que

formam a dimensão do espaço das soluções da equação diferencial

y"  3 y '2 y
58 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

y"3 y '2 y  0, se y  e rt
r 2  3r  2  0  r  2 r  1  0  r1  2  r2  1
y1 (t )  e 2t  y 2  e t

Independência das soluções

Observe que as soluções encontradas anteriormente só serão de y1 e y2 se elas

forem linearmente independentes. A ideia é mostrar que elas são

independentes:

e 2t  e t  0  e t e t     0  e t    0 daqui concluímos que isto só

será possível se   0 e   0 ! Logo, as duas soluções são independentes

pois a sua combinação só será igual a zero se os escalares forem ambos nulos.

As duas soluções formam uma base de E.

Assim, a solução y (t )   e 2t   e t onde

 y ' (0)  2   2    a   a  b


y (t )  e 2 t   e t    
 y (0)         b   2b  a
y (t )  a  b e 2t  2b  a e t
59 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefas para si:

Faça análises semelhantes para as seguintes equações;

y"  y y"  4 y '5 y y"  4 y '4 y y"  3 y '9 y

Método 2 para determinar solução

Consideremos a equação y"  9 y '9 y e vamos a partir de já representar a

derivada y’ por Dy. Assim, a equação y"  9 y '9 y pode ser escrita como


y"  9 y '9 y  D 2 y  9 Dy  9 y  0  D 2  9 D  9 I y  0
2
 D  3 I  y  0

Da ultima equação, podemos concluir que esta igualdade equivale a uma

combinação de uma função exponencial com a segunda derivada de outra

função que designaremos por c(t).

D  3I 2 y  0  c" (t )e 3t  0 mas, c" (t )  0 pois e 3t  0 . Para que a

primeira derivada de uma função seja zero é necessário que essa função seja

constante! Então, para que a segunda derivada seja zero a primeira derivada é

constante! Isto é;

c" (t )  0
c ' (t )  a
c(t )  at  b

Logo a solução y (t )  c(t )e 3t  y (t )  at  b e 3t


60 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

a  1 ,b  0  y1 (t )  te 3t y (t )  y1 (t )   y 2 (t )
Se logo
a  0 , b  1  y 2 (t )  e 3t
y (t )  te 3t   e 3t

Exemplo2:

Vamos considerar agora a equação da terceira ordem dada por

y '"  3 y"3 y ' y e vamos resolver, usando os mesmos procedimentos:

y '"  3 y"3 y ' y  D 3 y  3D 2 y  3Dy  y  0


 
 D 3  3D 2  3D  I y  0  D  I  y  0
3

p" ' (t )e t  0
A última igualdade equivale a equação  p" ' (t )  0
 p (t )  at 2  bt  c

Portanto, a solução da equação p' " (t )e t  0 será y (t )  p (t )e t ou seja

 
y (t )  at 2  bt  c e t
a  1 , b  0 , c  0  y1 (t )  t 2 e t
a  0 , b  1 , c  0  y 2 (t )  te t  y (t )  y1 (t )   y 2 (t )   y 3 (t )
a  0 , b  0 , c  1  y 3 (t )  e t
y (t )  t 2 e t   te t  e t

Exemplo3:

y"  y ' y
D 2

DI y 0

Nota-se aqui que não é possível fatorizar o primeiro factor do produto encontrado no

primeiro membro da equação. Para isso, temos que completar o quadrado:


61 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

2
 1  3 
D 2

 D  I y  0   D  I   I  y  0
2  4 

2 2
 1   3 
  D  I  y   I  y
 2   4 

1
t
Seja y (t )   (t )e 2

2 2
1 1
 1  t  3  t
2
 D  I   (t )e   
I   (t )e 2
 2   2 
1 1 1 1 2
 1  t 1 t 1 t 
2 
 3 
 
t
2 2
 D  I   ' (t )e   (t )e   (t )e    I   (t )e 2
 2  2 2   2 
2
1 1 1 1
t 1 t 1 t  3  t
 " (t )e 2
  ' (t )e 2   ' (t )e 2   I   (t )e 2
2 2  2 
2
 3 
 " (t )   I   (t )
 2 

 3   3 
A solução da última equação obtida é  (t )  sen t    cos 
 2   2 t
   

Logo, a solução geral de y"  y ' y será:

  3   3   12 t
y (t )  sen t    cos t   e
  2   2  
62 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefas para si:

1. Use um dos métodos anteriores para determinar a solução de :

1.1. y"  3 y '2 y

1.2. y"  4 y '5 y

1.3. y" '  3 y"3 y ' y

1.4. y ( 4)  6 y"8 y '3 y

1.5. y"  2 y '2 y

1.6. y"  4 y '8 y

2. Escreva a solução de:

2.1. D  I D  I 2 y  0

2.2. D  2 I 2 D  3I 2 y  0

2.3. D  I D  4 I D  5 I 3 y  0


63 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 12
Equações diferenciais inhomogeneas (não
homogeneas).
Introdução
Nesta unidade vamos discutir metodos de resolucao de equações diferenciais não
homogéneas. Alguns conhecimentos das unidades anteriores serão necessarios assim como
o domínio da derivacao.

Equações diferenciais não-homogéneas.


Vamos considerar as equações diferenciais não homogéneas e vamos discutir

as alternativas para determinar a solução. Tomemos para tal, como exemplo a

seguinte equação:

y"  3 y '2 y  e t

Para resolver este tipo de equações, precisaremos observar os seguintes

passos:

1. Procurar homogeneizar a equação e determinar a solução w(t) da equação

homogénea obtida;

2. Determinar a solução especial z(t) da equação não - homogénea;

3. Escrever a solução geral que será composta pela soma das soluções

homogéneas e especial.
64 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Para a equação do exemplo dado a resolução seria:

y"  3 y '2 y  e t

1. Homogenizando a equação:

Supomos w e z duas soluções da equação dada, logo;

w"  3w'2w  e t
z"  3 z '2 z  e t
w" z"  3w'3z '2w  2 z  w" z"  3w' z '  2w  z   Eq. hom .

Facilmente podemos reconhecer a solução da equação homogénea obtida no

passo anterior como

w  z (t )  e 2t  e t recorde-se das unidades anteriores!

Daqui, podemos deduzir que:

w  z (t )  e 2t  e t  w(t )  z (t )   e 2t   e t  w(t )  z (t )  e 2t   e t

onde z(t) é a nova coisa que aparece na solução da equação homogénea! Essa

nova coisa, constitui a solução especial da equação inhomogénea dada e o w(t)

a solução geral.

A nossa tarefa agora é determinar z(t). Para isso precisamos homogenizar a

equação inhomogénea por meio da aplicação das derivadas. Sabemos que uma

outra forma de escrever y’ é por meio de Dy. Então a nossa equação pode ser

escrita como:

 
y"  3 y '2 y  e t  D 2  3D  2 I y  e t  D  2 I D  I  y  e t
65 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

   
Ora, por um lado sabemos que e t '  e t ou seja D e t  e t  D e t  e t  0  
que ainda podemos escrever como D  I e t  0 . Logo, para tornar o segundo

membro de D  2 I D  I  y  e t zero basta aplicarmos em ambos membros

da equacao o D  I  ! Isto é;

D  2I D  I y  e t  D  I D  2 I D  I  y  D  I e t


2
 D  2 I  D  I  y  0

E assim, conseguimos homogenizar a nossa equação e, podemos escrever a

solução que será da forma y (t )  e 2t  at   e t  y (t )  e 2t   e t  ate t .

Comparando esta nova solução com a anterior dada por

w(t )  z (t )  e 2t   e t podemos concluir que para as duas equações serem

iguais é necessário que z (t )  ate t !

Seja então z (t )  ate t . Como z(t) é solução, então ela deve satisfazer a

equação inhomogénea dada.

D  2 I D  I z (t )  e t
vamos agora desenvolver o lado esquerdo da ultima
D  2 I D  I ate t  e t
equação aplicando a propriedade distributiva.
66 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

D  2 I D  I ate t  e t
D  2 I ae t  ate t  ate t   e t
D  2 I ae t  e t
ae t  2 ae t  e t   ae t  e t  a  1

t t
Logo, aquela solução z (t )  ate pode ser escrita como z (t )  te e a

solução geral da equação inhomogénea será:

y (t )   e 2t   e t  ate t  y (t )  e 2t   e t  te t

Exemplo2:

y ' ' '  3 y" y '3 y  2  3t

Homogenizando

y ' ' '3 y" y '3 y  0


D 3

 3 D 2  D  3I y  0
D  I D  I D  3I y  0  y (t )  e t   e t  e 3t
y ' ' '3 y" y '3 y  2  3t
D  I D  I D  3I y  2  3t como 2  3t "  0  D 2 2  3t   0
D 2 D  I D  I D  3I  y  D 2 2  3t 
D 2 D  I D  I D  3I  y  0
2
Isto é que vale dizer que D z  0  z (t )  at  b é a solução.

D  I D  I D  3I z  2  3t
D  I D  I D  3I at  b   2  3t
D  I D  I a  3at  3b   2  3t
D  I  3a  a  3at  3b   2  3t
67 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

3b  a  2 a  1
 3a  2a  3at  3b  2  3t  3b  a   3at  2  3t   
3a  3 b  1
z (t )  t  1
Sol. geral : y (t )  e t  e t  e 3t  t  1

Tarefas para si:

Determine a solução geral das seguintes equações diferenciais:

1. y" '  3 y" y '3 y  e 4t

2. y" '  3 y" y '3 y  2e t

3. y"  y ' y  10  e t

4. y" '  3 y" y '3 y  e 4t  2e t

5. y" '  2,5 y"2 y '0,5 y  7

6. y" '  2,5 y"2 y '0,5 y  cos(t )

7. y" '  2,5 y"2 y '0,5 y  3e t

8. y" '  2,5 y"2 y '0,5 y  7  3e t

9. y" '  y" y ' y  10

10. y" '  y" y ' y  sen( 2t )

11. y" '  y" y ' y  4e t

12. y" '  y" y ' y  5 cos(t )

13. y"  6 y '12 y  15


68 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

14. y"  2 y ' y  3e t

15. y"  2 y ' y  5 cos(t )

16. y"  6 y '5 y  3e  t

17. y"  6 y '5 y  sen(t )  cos(t ) 18. y"  2 y '6 y  7

18. y"  2 y ' y 3e t

19. y"  2 y ' y  5 cos(t )


69 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 13
Modelagem
Introdução
Na unidade 13, depois de termos vistos nas outras unidades a resolucao de equações
diferenciais, vamos analisar a modelagem matematica de sistemas dinamicos. Seus
conhecimentos sobre a taxa de variacao assim como da resolucao de equações diferenciais
serao necessarios para o seu sucesso nesta unidade.

Problemas conducentes a equações


diferenciais.
Vamos considerar o seguinte problema:

Um tanque enorme contém água salgada a uma concentração de 5 gramas por

litro. Num segundo tanque existe água limpa, não salgada. Por um tubo começa a

correr água do primeiro tanque para o segundo tanque, enquanto abrimos uma

válvula no segundo tanque. A água salgada entra do primeiro tanque no segundo

com a mesma velocidade que sai a água do segundo tanque para fora, 10l por

minuto. Portanto, o volume da água no segundo tanque é constante, 8000l.

Depois de quanto tempo a concentração de sal no segundo tanque será de 3g/l?


70 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Vamos agora, depois de termos esquematizado o problema reunir os dados:

Sabe-se que no 1º tanque tem 5g/l de sal;

No 2º tanque entra 10l/mn de agua do 1º tanque;

Ainda no 2º tanque sai 10l/mn de agua.

O volume do 2º tanque é de 8000litros, (V=8000l)

Reunido os dados vamos agora definir as variáveis para modelar o problema:

Seja Q(t) a quantidade de sal no 2º tanque depois de t minutos;

C(t) a concentração de sal no 2º tanque depois de t minutos.

Sabemos que a concentração do sal depois de t minutos será dada pela razão

entre a quantidade do sal e o volume da água no tanque2, isto é;

Q (t )
C (t ) 
V

Por outro lado, sabemos que a quantidade de sal no tanque 2, no instante t+h

será dado por:


71 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Q(t  h)  Qt   5  10  h  10  C t   h

Da igualdade acima, podemos então deduzir que a variação da quantidade do sal

será:

Q(t  h)  Qt   5  10  h  10  C t   h

Dividindo a igualdade anterior por V (volume) teremos a variação da

concentração do sal no tanque 2!

Q (t  h)  Qt  5  10  h 10  C t   h
C (t  h)  C (t )   
V V V
5  10  h 10  C t   h h C (t )  h
C (t  h)  C (t )    
8000 8000 160 800

Agora, podemos notar que se dividirmos a ultima equação teremos a taxa de

variação da concentração do sal no tanque 2 por definição:

h C (t )  h
C (t  h)  C (t )  
160 800
C (t  h)  C (t ) h C (t )  h
 
h 160  h 800  h
1 1
C ' (t )   C (t )
160 800

Esta ultima que é uma equação diferencial da primeira ordem, cuja resolução é

do nosso domínio.

Qual deve ser agora a solução C(t) desta equação?

Vários métodos foram abordados que nos permitem encontrar a solução da

nossa equação diferencial. Escolhemos o ultimo método, visto na unidade 12.


72 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

1 1
C ' (t )   C (t )
160 800
Homogenezar
1
1  t
C ' (t )   C (t )  C (t )  e 180
180
1 1
C ' (t )  C (t ) 
800 160
 1  1
D I C 
 800  160
1
 1   1   1   t
D D  I C  D   D D  I C  0  C (t )    e 800
 800   160   800 

Conseguimos notar que lambda é a nova coisa que surge na solução!

 1  1  1
D I      5
 800  160 800 160
1
 t
C (t )  5  e 800

Por outro lado, sabemos que a concentração do sal no tanque 2 no instante

inicial é zero! (a água era limpa.)

1
 0
C (0)  0  5  e 800
 0    5
1
 t
800
C (t )  5  5e

A questão que nos foi colocada no problema consiste em determinar o tempo

em que a concentração do sal no tanque 2 será de 3g/l! Então;

t  ?  C (t )  3
1 1 1
C (t )  5  5e

800
t
 5  5e

800
t
3e

800
t

2
5
 
 t  800 ln 2  800 ln 5
5 2
 
73 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefas para si:

Procure modelar e resolver os seguintes problemas:

I. A velocidade de mudança da temperatura de um corpo é proporcional à diferença entre

essa temperatura do corpo e a temperatura do ambiente por volta deste corpo.

(temperatura do corpo como função do tempo). Um refrigerante com uma temperatura de

5ºC foi colocado num ambiente onde a temperatura era de 30ºC. Suponha que a

temperatura do refrigerante subiu para 15ºC em uma hora, depois de quantas horas é o

refrigerante vai ter uma temperatura de 25ºC?

II. A mudança da pressão atmosférica numa pequena subida de altura é proporcional com

essa pressão atmosférica. A pressão atmosférica na superfície de um planeta é 500milibar.

Numa altura de 1km em cima da superfície, a pressão atmosférica é de 400milibar. A que

altura acima da superfície a pressão atmosférica será de 100milibar?

III. Na margem do pequeno lago funcionou uma fábrica que fez poluição no lago, mas agora

já parou. Na altura d paragem da fábrica, a concentração da sujidade produzida pela

fábrica era 4g/l na água do lado. Em um lado do lago entra água limpa do rio MUCHA,

1000 litros por minuto. No outro lado sai a água pelo rio NACHA, também 1000 litros

por minuto, portanto o volume da água no lago é constante, 10.000.000litros. Quanto

tempo depois da paragem da fábrica a concentração da sujidade no lago será de 1g/l?

IV. Numa noite de uma sexta-feira, um bar limpo enche-se com fumadores. O bar tem

dimensões de 20X15X4m3. Fumo é prejudicial para a saúde porque contem 4% de CO.

Se uma pessoa estiver durante muito tempo num espaço com concentração de 0,012% de
74 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

CO, ela pode morrer! O bar tem um ventilador que retira o ar poluído de CO do bar

deixando entrar ar fresco. Suponha que entra 0,06m3 de ar fresco e é produzido 0,006m3

de fumo por minuto no bar, portanto, cada minuto é produzido 0,00024m3 de CO no bar

em 0,06m3 de ar fresco e sai 0,06m3 de ar poluído. Depois de quanto tempo a

concentração de CO no ar do bar atingirá o nível fatal de 0,012%?

V. Certa pessoa faz uma aplicação de 6000,00mt em uma instituição financeira que
dC
remunera o capital aplicado de acordo com a equação  0,04C , onde C = C (t) é o
dt

valor de aplicação no instante t, sendo t dado em meses e C em meticais.

a. Qual é o valor do capital aplicado no instante t?

b. Qual é o valor do capital aplicado daqui a um mês?

VI. A taxa de crescimento de população da Cidade de Chimoio é proporcional à população.

Se ponhamos que a população em 1978 era de 50 000 habitantes e em 2008 de 75 000,

qual a população esperada em 2038? (o modelo da equação diferencial é = ).

VII. Um alfaiate está a executar a sua tarefa com mais eficiência a cada dia que passa, de tal

forma que se y for o número de unidades de fatos a confeccionar após t dias no trabalho

(80 − ), então o alfaiate produziu 20 unidades de fatos no 1º dia de trabalho e 50

unidades de fatos no 10º dia. Quantas unidades diárias e espera que ele confeccione em

30 dias de trabalho?
75 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

VIII. Um certo lago pode suportar até 1 200 peixes, de tal forma que a quantidade de peixes

nele cresça a uma taxa conjuntamente proporcional ao número presente. Dez semanas

atrás, o lago continha 60 peixes e agora contem 400 peixes. Quantos peixes, o lago

suportará ao fim de 13 semanas?

IX. O número de bactérias em uma cultura é observado e cresce a uma razão proporcional ao

número de bactérias presente. No início do experimento existem 10000 bactérias e três

horas depois existem 500 000. Quantas bactérias devem existir depois de um dia? Qual

foi o tempo necessário para dobrar o número de bactérias?


76 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 14
Equações diferenciais exactas
Introdução
Nesta unidade vamos abordar as equações diferenciais exactas.

Equações diferenciais exactas.


Dada uma função de duas variáveis F  y, t  , a sua diferencial total é

F F
dF  dy  dt
y t

Quando igualamos essa diferencial a zero, a equação resultante

F F
dy  dt  0 é chamada equação diferencial exacta porque o seu
y t

membro esquerdo é exactamente a diferencial da função F  y, t  .

Em geral, uma equação diferencial udy  vdt  0 é exacta se e somente se

F F u v 2F 2F
u e v tal que  pois  .
y t t y ty yt

Para resolver uma equação diferencial exacta udy  vdt  0 , precisamos os

seguintes resultados preliminares:


77 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

a. F  y , t    udy  ht 

b. F  y, t    vdt  gy

Escrever a solução F  y, t  composta pelas funções encontradas nos dois

passos sendo, ht  uma função que depende de t encontrada na integral do

Segundo passo e g  y  uma função de y encontrada na integração do

primeiro passo.

Exemplo1;

2 ytdy  y 2 dt  0

Verifiquemos primeiro se é exacta

u  2 yt e v  y 2

u 
 2 y
t  u v
   Logo é exacta.
v t y
 2y
y 

2
 udy   2 ytdy  y t  ht   F  y, t   y 2t  k
2 2

 vdt   y dt  y t  g  y  

Exemplo2;

t  
 2 y dy  y  3 t 2 dt  0
78 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

u 
 1
t  u v
   é exacta.
v  t y
1
y 

2
 udy   t  2 y  dy  ty  y  h(t )   ty  y 2  h(t )  yt  t 3  g ( y)

 vdt   y  3t 2
 dt  yt  t 3
 g ( y ) 

 h(t )  t 3  g ( y )  y 2  F  y , t   yt  t 3  y 3  k

Tarefas para si:

Verifique se cada uma das equações diferenciais seguintes é exacta e resolva-

as.

1. 2 yt 3dy  3 y 2t 2 dt  0 7. 6 yt  9 y 2 dy  3 y 2  8t dt  0


2.  
3 y 2tdy  y 3  2t dt  0 8. y4  8t 2 dy  16 yt  3 dt  0
3. t 1  2 y  dy  y 1  y  dt  0 dy y 2
9.  0
dt 2 yt
dy 2 y 4t  3t 2
4.  0
dt 4 y 3t 2 10. 2 x  y dx   x  2 y dy  0

 2 x  e x y  dx  1  x e x y dy  
11. 10 xy  8 y  1dx  5 x 2  8 x  3 dy  0
5.   
   y 
dy 3t 2
12.  0
dt 8 y 3t

6. 
2 x cos 2 ydx  2 y  x 2 sen 2 y dy 
79 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012
80 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Unidade 15
Problemas geometricos e físicos que levam a resolução
das equações diferenciais da primeira ordem
Introdução
Vamos dar prioridade nesta unidade a discussao de problemas de natureza fisica e
geometrica que conduzem a aplicação das equações diferencias. Mais uma vez, os Fisicos
serão convidados a apreciarem a importancia das equações diferenciais em materia
relacionada com a área da sua formação. Em problemas de geometria, iremos considerar
aqueles que exigem achar a equação curva baseando-se nas propriedades dadas da sua
tangente, normal ou área do trapézio curvelineo tendo em conta a interpretação geométrica
da derivada.

Equações diferenciais em problemas de


natureza geométrica e física
Consideremos a figura seguinte

Olhando para figura, podemos notar que os segmentos da recta tangente t,

normal n as projecções de t e n sobre o eixo das abcissas será dado por:


81 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

y y
t 1  y' 2 , n  y 1  y ' 2 , St  S n  yy '
y' y' ,

Supomos que a equação da curva dada seja y  f (x) e que cada ponto

M(x,y) a subtangente St é k vezes menor que a subnormal Sn,

calculemos a equação da curva que passa pela origem das coordenadas.

Para determinar a equação dessa curva, consideremos as duas equações e

interpretemos matematicamente o que foi dito:

y
S n  S t  yy'  k  y' 2  k que é uma equação diferencial cuja
y'

solução pode ser obtida integrando esta equação e tomando em consideração

que a condição inicial y (0)  0 obtendo a equação da curva seguinte:

y   k. x

Vamos achar agora a equação da curva que passa pelo ponto (1;1) se

para qualquer segmento [1;x] a área do trapézio curvilíneo limitado

pelo arco correspondente desta curva é duas vezes maior que o produto

de coordenadas do ponto M(x,y) da curva (x > 0, y > 0).

De acordo com a condição do problema, matematicamente podemos

interpretar da seguinte forma:


82 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

x
 y (t ) dt  2 xy ( x )
1

Diferenciando esta equação em função a x obtemos a equação diferencial

d x  d y
  y(t )dt   2 xy( x)   y  2 y  xy'  y '  
dx  1  dx 2x

Integrando esta equação e tomando em consideração a condição inicial

y(1)=1 encontramos a equação da curva dada por.

Tarefas para si:

1. Ache a equação da curva que passa pelo ponto  


2 ; 0 se a soma dos segmentos da

tangente e subtangente é igual ao produto de coordenadas do ponto de tangencia.

2. Determine a equação da curva que passa pelo ponto (1;2) se sua subtangente é duas vezes

maior que a abcissa do ponto de tangencia.

3. Ache as equações das curvas cuja subnormal tem um comprimento constante igual a a.

4. Determine a equação da curva que passa pelo ponto (0;2) se a área do trapézio curvilíneo

limitado pelo arco desta curva é duas vezes maior que o comprimento do arco

correspondente.

5. Ache a equação da curva que passa pelo ponto (1 ; ½) se para qualquer segmento [1 ; x] a

área do trapézio curvilíneo limitado pelo arco correspondente é igual a razão entre a

abcissa x do ponto extremo e a ordenada.


83 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

6. Determine a equação da curva que passa pelo ponto com coordenadas polares

r  2,   0 se o ângulo  entre sua tangente e o raio vector do ponto de tangencia é

uma magnitude constante dada por tag  a

7. Determine a equação da curva que passa pelo ponto com coordenadas polares

r   ,    / 2 se a área do sector limitado pela curva e pelo eixo polar y e o raio polar

variável, é sis vezes menor que o cubo do raio polar.

8. Ache a equação da curva que passa pela origem de coordenadas si o ponto médio do

segmento da sua normal desde um ponto qualquer da curva ate ao eixo Ox está situando

na parábola 2 y 2  x .
84 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Famílias de curvas

Chamamos de trajectórias ortogonais a família paramétrica S1 de líneas

y  ( x, a) a uma outra família S2 de líneas que intersectam as líneas da

primeira família abaixo do ângulo recto.

Exemplo;

Ache as trajectórias ortogonais da família das parábolas cúbicas y  ax 3

A equação diferencial da família dada eliminando a constante a é obtida

derivando o y e dividindo y’ por y, isto é;

y  ax 3 y ax 3 3y
  2
 y' 
y '  3ax 2 y ' 3ax x

Agora basta recordar que a condição de ortogonalidade de duas rectas é dada

1
por m'   para chegar a conclusão de que a equação da família das
m

trajectórias ortogonais será

x
y'   cuja solução geral dá-nos a família das trajectórias ortogonais que
3y

é uma elipse.
85 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Tarefas para si:

Ache as trajectórias ortogonais das famílias dadas das curvas (a é uma constante)

1. ay 2  x 3

2. x2  2y2  a2

3. y  ax 3

4. y  ae 2 x

5. A velocidade de esfriamento de um corpo é proporcional a diferença da temperatura do

corpo e o meio ambiente que o rodeia (lei de Newton). Ache a temperatura T em função

do tempo t se o corpo se encontra a uma temperatura T0 graus e é introduzido em um

local onde a temperatura é constante e igual a a graus.

6. Um barco diminui seu movimento por consequência da resistência da água que é

proporcional a velocidade do barco. A velocidade inicial do barco é de 1,5m/s, e depois

de 4 segundos se reduz a 1m/s. Depois de quanto tempo a velocidade do barco diminuirá

ate 1cm/s? Qual a distancia percorrida pelo barco até parar?

7. Certa substancia se transforma em outra com uma velocidade proporcional a quantidade

da substancia não transformada. Se ao fim de uma hora caiem 31,4g da primeira

substancia e transcorridas outras três horas, 9,7g ache:

1. A quantidade da substancia que havia no inicio do processo;

2. O tempo necessário, depois do começo do processo, para que a queda seja

somente de 1% da quantidade inicial.


86 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

8. A intensidade da corrente i em um circuito com resistência R, auto-indução e tensão u

di
satisfaz a equação L  Ri  u . Determine a intensidade da corrente i e o instante t se
dt

u  E.sent  e i  0 para t  0 . ( E , R, L,  são constantes).


87 Equações Diferenciais e Modelagem Beira, Junho de 2012

Referencia bibliográfica

1. AYRES Jr, F. Equações Diferenciais. Colecção Schaum, McGraw-Hill,

Recife – Brasil, 1959.

2. CARREIRA, S. P. e outros. Modelagem Matemática. Coordenação de João

Filipe Matos, Universidade Aberta de Lisboa, 1995.

3. COSTA, F. P. Equações Diferenciais Ordinárias. Editora IST Pressw,

Lisboa- Portugal, 1998.

4. DOWLING, E. T.: Elementos de Matemática Aplicada a Economia e

Administração. 2ed. 1984. São Paulo; McGraw-Hill do Brasil Ltda.

5. FERREIRA, M. F. Equações Diferenciais ordinárias. Editora McGraw-Hill

de Portugal Lda, Alfragida – Portugal, 1995.

6. HOFFMANN, L. D. & BRADLEY, G L. Calculo: um curso moderno e suas

aplicações. 7ed. 2002. LTC Editora, S.A.

7. Palestras ministradas pelo Prof. Dr. Arie Rijkboer. Universidade Pedagógica

- Beira, 2º Semestre de 2007.

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