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FACULDADE DE ENGENHARIA DE SOROCABA

CONVERSÃO ELETROMECÂNICA

DE ENERGIA

Prof. Joel Rocha Pinto


SUMÁRIO

1 CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA ......................................01

2 CIRCUITOS MAGNÉTICOS ..............................................


.....................................................................
...............................02
........02
2.1 Circuitos magnéticos
magnéticos funcionando
funcionando em corrente alternada .....................................04
.....................................04
2.2 Exercícios .............................................
.....................................................................
................................................
......................................07
..............07

3 SISTEMAS ELETROMECÂNICOS ..............................................


..................................................................13
....................13
3.1 Exercícios ................................................
........................................................................
................................................
..................................16
..........16

4 RELAÇÃO DE
DE ENERGIA – APLICAÇÕES
APLICAÇÕES AO CÁLCULO DE FORÇAS
E CONJUGADOS CONVERSORES .............................................
.................................................................20
....................20
4.1 Conjugado de relutância
relutância ...............................
.......................................................
................................................
...............................24
.......24
4.2 Conjugado de mútua indutância ............................
.....................................................
...............................................2
......................299
4.3 Conjugado de mútua indutância e de relutância concomitantes ............................31
............................31
4.4 Exercícios .............................................
.....................................................................
................................................
......................................32
..............32

5 TRANSFORMADORES .............................................
....................................................................
........................................33
.................33
5.1 Transformador ideal ................................................
........................................................................
............................................38
....................38
5.2 Transformador real ..........................
..................................................
................................................
............................................41
....................41
5.3 Testes em transformadores
transformadores .............................................
.....................................................................
.....................................49
.............49
5.4 Rendimento em função
função da carga .............................
.....................................................
.............................................52
.....................52
5.5 Transformadores trifásicos ..............................................
......................................................................
....................................53
............53
5.6 Sistema por unidade
unidade ..............................
......................................................
................................................
......................................55
..............55
5.7 Auto-transformador .............................................
.....................................................................
...............................................5
.......................588
5.8 Exercícios .............................................
.....................................................................
................................................
......................................63
..............63

6 MÁQUINAS SÍNCRONAS ............................................


...................................................................
.....................................70
..............70
6.1 Princípio de funcionamento ..............................................
......................................................................
...................................70
...........70
6.2 Aspectos construtivos .............................................
.....................................................................
............................................71
....................71
6.3 Motor síncrono
síncrono ...............................................
.......................................................................
................................................
............................74
....74
6.4 Máquinas síncronas
síncronas de pólos salientes
salientes ...................................
............................................................
..............................75
.....75
6.5 Aplicações de máquinas
máquinas síncronas
síncronas ....................................
.............................................................
...................................77
..........77
6.6 Potência sincronizante .................................................
.........................................................................
........................................77
................77
6.7 Exercícios .............................................
.....................................................................
................................................
......................................78
..............78

7 MÁQUINAS ASSÍNCRONAS ............................................


...................................................................
................................86
.........86
7.1 Tipos de
de motores .............................................
.....................................................................
................................................
...........................86
...86
7.2 Motores de indução trifásicos
trifásicos -máquinas assíncronas ...........................................87
...........................................87
7.3 A origem do movimento
movimento em motores elétricos
elétricos .......................................
.....................................................88
..............88
7.4 Disposição dos campos
campos magnéticos
magnéticos de motores trifásicos ....................................88
....................................88
7.5 A formação do campo
campo girante .............................................
.....................................................................
................................89
........89
7.6 Construção .............................................
....................................................................
..............................................
......................................90
...............90
7.7 Funcionamento .............................................
....................................................................
..............................................
................................90
.........90
7.8 Motor com rotor em curto-circuito ..........................
...................................................
............................................94
...................94
7.8.1 Construção ..............................................
.....................................................................
..............................................
..................................94
...........94
7.8.2 Características ..............................................
......................................................................
................................................
............................94
....94
7.9 Motor com rotor em curto-circuito com ranhuras especiais
especiais .................................9
.................................966
7.9.1 Rotor de campo distorcido .................................................
..........................................................................
..............................96
.....96
7.9.2 Rotores com condutores em grande profundidade ............................................98
............................................98
7.9.3 Barras do rotor com
com maior resistência ....................................................
..............................................................99
..........99
7.10 Motores com rotor bobinado (motor de anéis) ...............................
.................................................100
..................100
7.10.1 Construção dos motores
motores de anéis ..............................
.......................................................
....................................100
...........100
7.10.2 Características e empregos
empregos ............................
.....................................................
................................................1
.......................101
01
7.11 Motores com enrolamento de comutação
comutação polar ................................................1
................................................102
02
7.11.1 Motores com dois enrolamentos
enrolamentos separados
separados .............................
...................................................10
......................1022
7.11.2 Motores com comutação de pólos, de enrolamento
enrolamento único .............................10
.............................1044
7.11.2.1 Propriedades dos motores
motores Dahlander
Dahlander ...........................
....................................................
..............................105
.....105
7.12 Modelamento das máquinas
máquinas assíncronas
assíncronas ...............................
.........................................................
...........................106
.106
7.12.1 Funcionamento
Funcionamento ........................
................................................
...............................................
.............................................1
......................107
07
7.12.2 Balanço de potência do motor de indutância
indutância .......................................
.................................................109
..........109
7.12.3 Conjugado eletromagnético desenvolvido .................................................
.....................................................112
....112
7.12.4 Conjugado máximo
máximo em função do escorregamento
escorregamento s ...................................1
...................................114
14
7.12.5 Determinação dos parâmetros
parâmetros do circuito equivalente
equivalente aproximado
aproximado da
da
máquina assíncrona................................
assíncrona.......................................................
...............................................
.................................115
.........115
7.12.6 Curvas de conjugado e corrente em função
função do escorregamento
escorregamento s ..................117
..................117
7.12.7 Influência da tensão V1 e da resistência rotórica sobre as curvas de
corrente e conjugado ..............................................
.......................................................................
......................................118
.............118
7.13 Métodos de variação de velocidade do motor de indução
indução .................................119
.................................119
7.13.1 Método da mudança do
do número de pólos ...........................
....................................................
...........................121
..121
7.13.2 Método do reostato do rotor: motor de
de anéis ................................................1
................................................123
23
7.13.3 Método da cascata sub-síncrona
sub-síncrona ..................................................
...................................................................124
.................124
7.13.4 Variação da velocidade pela tensão do estator ..............................................125
..............................................125
7.13.5 Variação da velocidade pela tensão e freqüências (inversores) ......................127
......................127
7.14 Comportamento do motor assíncrono alimentado por
por fonte de tensão e
freqüência variáveis .................................................
..........................................................................
........................................129
...............129
7.15 Simulações de motores de indução utilizando o software
software pspice ......................131
......................131
7.15.1 Um exemplo
exemplo de curva característica
característica .....................................
..............................................................1
.........................134
34
7.16 Características e especificações de motores de indução ....................................139
....................................139
7.16.1 Introdução .............................................
....................................................................
...............................................
................................139
........139
7.16.2 Características da carga ...............................................
.......................................................................
.................................139
.........139
7.16.2.1 Potência nominal ...............................................
.......................................................................
........................................139
................139
7.16.2.2 Conjugado resistente da carga ................................
........................................................
...................................141
...........141
7.16.2.3 Momento de inércia
inércia ..................................
.........................................................
...............................................
..........................145
..145
7.16 Conjugado x Velocidade do motor de indução
indução ..................................
.................................................146
...............146
7.16.3.1 Categorias ..............................................
.....................................................................
...............................................
............................148
....148
7.16.3.2 Conjugado do motor médio (C MMÉDIO) ................................................
.......................................................149
.......149
7.16.4 Classes de isolamento
isolamento ..........................
..................................................
.................................................
.................................151
........151
7.16.5 Tempo de rotor bloqueado
bloqueado ................................................
........................................................................
...........................152
...152
7.16.6 Tempo de aceleração (t a) ..............................................
.....................................................................
................................153
.........153
7.16.7 Exemplos de especificação
especificação de motores
motores ................................
........................................................
.........................155
.155
7.17 Exercícios ...............................................
.......................................................................
................................................
................................156
........156
8 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA ......................................................164
8.1 Máquina de corrente contínua – imã permanente ...............................................167
8.2 Máquina de corrente contínua – excitação independente ....................................169
8.3 Máquina de corrente contínua – excitação série .................................................169
8.4 Máquina de corrente contínua – excitação paralela ............................................170
8.5 Máquina de corrente contínua – excitação combinada ........................................171
8.6 Interpólos ..........................................................................................................172
8.7 Modelamento das máquinas de corrente contínua ..............................................172
8.8 Exercícios .........................................................................................................177

9 MOTOR UNIVERSAL ......................................................................................183

10 MOTORES MONOFÁSICOS DE INDUÇÃO . ..............................................187


10.1 Tipos de motores .............................................................................................187
10.2 Motor de fase dividida (split-phase) .................................................................188
10.3 Motor de capacitor de partida (capacitor-start) ................................................189
10.4 Motor de capacitor permanente (permanente-split capacitor) ...........................190
10.5 Motor com dois capacitores (two-value capacitor) ..........................................191
10.6 Motor de campo distorcido ou pólos sombreados (shaded-pole) ......................191
10.7 Exercícios .......................................................................................................192

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................194


JOEL ROCHA PINTO

CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

Sorocaba
2003
PINTO, JOEL ROCHA
Conversão eletromecânica de energia.
Sorocaba, 2003. 194p.

Apostila – Faculdade de Engenharia de Sorocaba.

1. Conversão eletromecânica 2. Máquinas elétricas I. Faculdade de


Engenharia de Sorocaba-Departamento de Engenharia Elétrica II.t
À minha esposa Monica e aos meus
queridos filhos Gabriel e Jean, que
tanto me incentivaram e me
auxiliaram.
Eles são a grande razão da
minha vida e de todo o
meu trabalho.
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Cícero Couto de Moraes e ao Prof. Arlindo Garcia Filho pelo
permanente incentivo, pelos constantes ensinamentos profissionais e pessoais.

Ao Prof. Dr. José Luiz Antunes de Almeida pela oportunidade oferecida e


confiança depositada.

Aos meus amigos que tanto me ajudaram para a concretização desse trabalho
1. CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

São estudados os processos de conversão de energia elétrica em mecânica e vice-versa. Essa


conversão ocorre em dispositivos de força (motores e geradores) e nos dispositivos de posição
(microfones, alto-falantes, relês, etc...).

Fig.1.1 Processo de conversão eletromecânica de energia

De uma maneira geral os transdutores eletromecânicos apresentam três partes:


 parte elétrica
 parte mecânica
 parte eletromecânica
Meio de Acoplamento
(campo elétrico ou
campo magnético)

Parte ou lado elétrico Equações Parte ou lado m ecânico


do transdutor do transdutor
Eletromecânicas
equações que C
V Equações Fluxo de
relacionam
Fluxo de Equações w
Energia Energia
I Elétricas Elétrica parte elétrica Mecânica Mecânicas F
com parte d
∑ v = 0 mecânica ∑ C = 0
∑ i = 0 ∑ F = 0

F =B I l
E=Blv
Fig. 1.2 Equacionamento genérico dos transdutores eletromecânicos

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2. CIRCUITOS MAGNÉTICOS

As máquinas elétricas são constituídas por circuitos elétricos e magnéticos acoplados entre si.
Por um circuito magnético nós entendemos um caminho para o fluxo magnético, assim como um
circuito elétrico estabelece um caminho para a corrente elétrica. Nas máquinas elétricas, os
condutores percorridos por correntes interagem com os campos magnéticos (originados ou por
correntes elétricas em condutores ou de imãs permanentes), resultando na conversão
eletromecânica de energia.
A lei básica que determina a relação entre corrente e campo magnético é a lei de Ampère:

∫ J • da = ∫ H • dl
S
[2.1]

onde:
J = densidade de corrente (A/m 2)
H = intensidade de corrente (A/m)

Aplicando a equação acima no circuito magnético simples, temos:

Fig. 2.1 Circuito magnético simples

N i = H l , no caso: N i = Hn ln [2.2]
A intensidade de campo magnético (H), produz uma indução magnética (B) em toda a região
sujeita ao campo magnético.
φ
B = µ H ou B = [Wb/m2] [2.3]
S
A unidade da indução magnética (B) é o Weber por metro quadrado, onde 1 Wb = 10 8 linhas de
campo magnético.
µ = permeabilidade magnética do núcleo
µ = µo . µr
µo = permeabilidade do vácuo = 4 π x 10-7 Wb/(A.m)

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µr = permeabilidade relativa do material, valores típicos de µr estão na faixa de 2000 a 6000,
para materiais usados em máquinas.

Os dispositivos de conversão de energia que incorporam um elemento móvel exigem


entreferros nos núcleos. Um circuito magnético com um entreferro é mostrado a seguir.
Seja o circuito com entreferro (Vácuo):

N i = Hn ln + Hg lg [2.4]
Bn Bg
N i= ln + lg onde: B = µ H ; H = B / µ
µn µo

φn φg
Ni= ln + lg onde: B = φ / S
S n µn S g µo

⎡ ln lg ⎤
N i =φ ⎢ + ⎥ onde: φn = φg = φ
⎢⎣ n n
S µ S g µ o ⎥

N i=φ [ℜ n +ℜg] [2.5]

ℑ = φ [ℜ n + ℜ g ] onde: F = N i [2.6]

onde:
ℜn = Relutância magnética do núcleo ; [A/Wb]
ℜg = Relutância magnética do entreferro ; [A/Wb]
ℑ = força magnomotriz ; [Ae]
Circuito Elétrico Análogo:

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2.1 CIRCUITO MAGNÉTICO FUNCIONANDO EM CORRENTE ALTERNADA

Em estruturas magnéticas com enrolamentos, o campo variável produz uma força eletromotriz
(e) nos terminais do enrolamento, cujo valor é:

i) Ponto de Vista de Circuito:


dφ dλ
e(t ) = N ; λ = Nφ ⇒ e(t ) = [2.7]
dt dt
Onde: λ = Nφ é chamado de fluxo concatenado [Wb.e]

Para um circuito magnético no qual existe uma relação linear entre B e H, devido à
permeabilidade constante do material ou à predominância do entreferro, podemos relacionar o
fluxo concatenado λ com a corrente i, através da indutância L.

Indutância: é a propriedade que tem um corpo de aparecer em si mesmo ou noutro


condutor uma tensão induzida. É uma grandeza que associada a um reator dado, caracteriza a sua
maior ou menor capacidade de produção de fluxo para uma dada corrente. Já sabemos que para
se criar uma força eletromotriz induzida num condutor é necessário que o mesmo esteja
submetido a um campo magnético variável. Como vemos a indutância de um corpo é uma
propriedade que só se manifesta quando a corrente que passa pelo corpo varia de valor, o que
produz um campo magnético variável, ao qual está submetido o próprio corpo ou outro condutor.
Quando o corpo induz em si mesmo uma força eletromotriz, chamamos o fenômeno de
auto-indução e dizemos que o corpo apresenta auto-indutância. A f.e.m. induzida, neste caso, é
conhecida como força eletromotriz de auto-indução ou força contra-eletromotriz.
O outro caso de indutância é conhecido como indutância mútua e o fenômeno é
conhecido como indução mútua. Sempre que dois condutores são colocados um próximo do
outro, mas sem ligação entre eles, há o aparecimento de uma tensão induzida num deles quando
a corrente que passa pelo outro é variável.
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A indutância é uma propriedade de todos os condutores, podendo ser útil ou prejudicial;
no segundo caso é necessário eliminar, ou pelo menos, reduzir os seus efeitos.
Um corpo pode apresentar pequena ou grande indutância conforme suas características
físicas.

ii) Ponto de Vista Físico:


λ Nφ
L= ⇒ L= ;
i i

ℑ Ni
ℑ=φ ℜ⇒φ = ⇒φ = [2.8]
ℜ ℜ

2
N Ni N l
∴L= ⇒ L= ; ℜ=
i ℜ ℜ µS

logo a indutância L depende apenas da geometria do indutor.

Como:
dφ dλ
e(t )= N ;λ = Nφ ⇒ e(t )= [2.7]
dt dt
di
λ = Li ⇒ e( t ) = L
dt

Para circuitos magnéticos estáticos, onde a indutância é fixa a equação acima é aceita, mas para
as máquinas elétricas, a indutância pode ser variável no tempo e a equação precisa ser expressa
como:
di dL
e( t ) = L +i [2.9]
dt dt

iii) Ponto de Vista de Energia:


A potência nos terminais de um enrolamento de um circuito magnético é uma medida da
taxa de fluxo de energia, que entra no circuito através deste particular enrolamento, e vale:

p=ie ⇒ p=i [2.10]
dt
A variação da energia no circuito magnético no intervalo de tempo t1 a t2 é dado por:

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t2 λ2

w= ∫ p dt
t1
⇒ w = i dλ∫
λ1
[2.11]

Para núcleo com permeabilidade constante:


λ
λ = Li ⇒ i=
L
Assim:
λ2
λ 1 λ2 1
w = ∫ dλ ⇒ w = ou w = Li 2 [2.12]
λ1
L 2 L 2
Energia magnética armazenada no indutor

Tensão Eficaz Induzida:


Seja o circuito indutor:

Onde:
V(t) = Vmáx sen(wt) e o enrolamento tem resistência nula.

e( t ) = N [2.7]
dt
por R = 0 ⇒ e(t) = V(t)
V(t) dt = N dφ ⇒ Vmáx sen(wt) dt = N d φ
Assim:
Vmax
∫ dφ =
N ∫ sen (wt)dt
Portanto:
Vmax V max
φ (t ) = cos( wt ) ⇒ φ (t ) = cos(wt )
Nw N 2πf

Logo:

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Vmax Veficaz 2
φmax = ⇒ φmax =
N 2πf N 2πf

Veficaz = 4,44 f N máx [2.13]

Onde:
Veficaz = valor eficaz da tensão
f = freqüência
N = número de espiras
φmáx = fluxo magnético máximo

2.2 EXERCÍCIOS

1) Um circuito magnético tem dimensões:


Sn = 9 cm2; Sg = 9 cm2; ln = 30 cm; lg = 0,05 cm; N = 500 espiras e µr = 5000
Calcular:
a) Corrente (I) para indução magnética no núcleo igual à B n = 1 Wb/m2
b) O fluxo magnético (φ) e o fluxo concatenado com o enrolamento ( λ = Nφ)

2) O circuito magnético abaixo tem dois caminhos paralelos que se concatenam com o
enrolamento. Calcular o fluxo e a indução magnética em cada uma das pernas do circuito
magnético para I = 0,2 A.
Supondo µferro→∞ e sabendo que 1” = 2,54 *10 -2m

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3) Para o circuito do exercício 2, calcular a corrente elétrica necessária para produzir:
Bn1 = 49,47 mWb/m2 e Bn2 = 24,74 mWb/m2.

4) Seja o circuito magnético abaixo, calcular:


a) Força Eletromotriz Induzida (f.em.i.) quando B n = sem 377t (Wb/m2)
b) Relutâncias no ferro (Rn) e no entreferro (R g)
c) Indutância (L)
d) Energia Magnética Armazenada para B n = 1 Wb/m2
N = 500; Sn = Sg = 9 cm2; ln = 30 cm; lg = 0,05 cm e µr = 5000

5) Um reator de 200 espiras é alimentado pôr uma fonte de 60 Hz, 220 V eficaz. Qual o máximo
valor do fluxo no núcleo se o enrolamento não tem perdas?

6) O reator do exercício anterior recebe uma tensão V = 311,13 sem 377 t. Determinar os valores
instantâneo e eficaz do fluxo no núcleo.

7) Se a bobina na figura abaixo é excitada com corrente contínua:


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a) Determinar a corrente necessária para produzir um fluxo magnético de 7,5*10 -4 Wb na perna
central.
b) Se a bobina for excitada com corrente alternada em lugar de corrente contínua da parte (A),
determinar o valor eficaz da corrente aplicada na bobina para uma tensão senoidal de 120 volts
eficaz, a 60 Hz e N = 1000 espiras.
c) Determinar o valor da tensão alternada eficaz, da corrente máxima e eficaz para obter um
fluxo máximo igual ao do item (A) de 7,5*10-4 Wb na perna central.
d) Calcule a indutância do circuito nos itens (A), (B) e (C).

8) O circuito magnético a seguir foi projetado para operar com um fluxo magnético na perna
central de 2mWb. Sabendo que a bobina 1 tem N 1=600 espiras e a curva do material magnético
está na figura abaixo. Determinar:
a) A indutância do circuito magnético e a permeabilidade relativa do material magnético.
b) A corrente contínua necessária na bobina 1 ( N1) para estabelecer o fluxo especificado na
perna central.
c) A tensão contínua que será aplicada, sabendo-se que a resistência elétrica dos enrolamentos
da bobina é de 3 Ω.
d) A energia magnética armazenada nos entreferros e no ferro.
e) O valor da tensão alternada eficaz e da corrente alternada eficaz para obter um fluxo
magnético eficaz na perna central igual quando alimentado com corrente contínua.
f) Quais as tensões induzidas eficazes nas bobinas N2 e N3.
g) A mútua indutância entre N1 e N2 e a mútua indutância entre N1 e N3.

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5 5 5 5 5

5
i N1
5
2,5mm

5
N3 N2

5
N1 = 600 espiras
N2 = N3 = 1000 espiras 5
Unidades não cotadas: em centímetros

9) No circuito magnético abaixo, deseja-se obter uma densidade magnética de 0,6 Wb/m 2 no
lado construído com Aço Silício Médio. Determine:
a) A corrente contínua que deverá circular pelos enrolamentos da bobina.
b) Qual é a tensão contínua que será aplicada, sabendo-se que a resistência elétrica dos
enrolamentos da bobina é de 3,2 Ω?
c) Determine as permeabilidades relativas do Aço Silício Médio e do Aço Fundido Doce.

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d) Qual a corrente alternada eficaz que deverá circular pelos enrolamentos da bobina para obter
os mesmos 0,6 Wb/m2 de densidade magnética eficaz. Qual será a tensão alternada eficaz a
ser aplicada?
Dado: N = 300 espiras.
Unidade: centímetros.

N V
I

Aço Fundido Doce


2 Aço Silício
Médio

10) O circuito magnético abaixo é composto de duas peças, uma peça de chapas aço silício
médio e a outra de aço fundido doce, que apresentam curvas normais de magnetização conforme
o gráfico abaixo.
A bobina 1 (N1)é percorrida uma corrente eficaz alternada (I1) e produz um fluxo magnético
eficaz alternado de 2,5 mWb.
Calcular:
a) A indutância magnética do circuito.
b) O valor da corrente eficaz alternada que deve circular na bobina 1 (N1) para produzir o fluxo
magnético eficaz de 2,5 mWb.
c) Qual a tensão induzida eficaz na bobina 2 (N2) e qual o valor da tensão eficaz que é aplicado
na bobina 1 (N1), desprezando a queda de tensão na bobina 1 e a dispersão de fluxo
magnético.
d) Qual o valor da corrente eficaz da bobina 2 (N2), se a mesma estivesse com carga.

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e) Qual o valor da tensão contínua que pode ser aplicado ma bobina 1 (N1) para produzir um
fluxo magnético contínuo de 2,5mWb., considerando o valor da resistência interna da bobina

N2
5 7,5 5
Dados:
Aço Fundido Todas as unidades em centímetros.
5
N1 = 500 espiras
N2 = 250 espiras
5
Entreferro: vácuo
0,2
Resistência interna da bobina 1 = 0,5 ohms
5 Frequência = 60 Hz
Chapa de
I1 Aço-Silício Médio
5

N1 10

1 (N1) de 0,5 ohms.

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3. SISTEMAS ELETROMECÂNICOS

A conversão eletromecânica de energia ocorre quando os campos acoplados estão dispostos


de uma tal maneira que a energia magnética armazenada varia com o movimento mecânico. Um
conversor eletromecânico de energia transforma energia da forma elétrica para a mecânica e
vice-versa. Estes dispositivos, ou são dispositivos de força, tais como geradores e motores
elétricos, ou são dispositivos de posição, tais como transdutores eletromecânicos. Alguns
exemplos de transdutores eletromecânicos de posição: microfones, auto-falantes, relés
eletromagnéticos e certos instrumentos elétricos de medição.
Os dois efeitos básicos de campos magnéticos, resultando em criação de forças são:
1. alinhamento de linhas de fluxo magnético
2. interação entre campos magnéticos e condutores percorridos por correntes.
Embora estas forças sejam mecânicas atuando em corpos que nem sempre têm cargas
elétricas, elas são afinal de origem elétrica. Usaremos para elas o símbolo de Fe.

Valor da Força Elétrica Desenvolvida em Função da Energia Magnética Armazenada:

A força está sempre numa direção tal que a relutância magnética total seja reduzida, ou que a
energia armazenada no campo magnético seja reduzida.

Peças ferromagnéticas

Fe Fe
Linhas de Fluxo magnético

or
ot
R

Fe Fe
Estator

Fig. 3.1 Sistema eletromecânico simples

Balanço de Energia:

Energia Elétrica Trabalho Mecânico Aumento de Energia


de Entrada = + Magnética Armazenada
realizado pelo sistema

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Como exemplo consideraremos o caso especial de um eletroímã atraindo uma massa de
ferro, como mostrado na figura abaixo; onde (1) e (2) indicam, respectivamente, as posições
inicial e final da massa de ferro, a qual sofre um deslocamento - dx (contrário à direção positiva
de x). Se a corrente na bobina permanecer constante para i = I o, durante o movimento de (1) para
(2), então teremos:

2 1
µ = οο

Fe
M assa de Ferro
µ = οο

dx

N ú c le o

Fig. 3.2 Exemplo de circuito magnético simples

Em um intervalo de tempo:
dWe = Fe dx + dWm [3.1]
Sabendo que:
dφ dλ
e(t ) = N ; λ = Nφ ⇒ e(t ) = [2.7]
dt dt

di
λ = Li ⇒ e( t ) = L
dt


p=ie ⇒ p=i [2.10]
dt
dWe = i dλ
Para i = Io , temos:

dWe = I o dλ [3.2]

Energia Elétrica de Entrada:


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We = I o ( λ2 − λ1 ) [3.3]

We = I o ( Nφ2 − Nφ1 )

NI o NI o
We = I o ( N −N )
ℜ2 ℜ1
2 2
N N
We = I o 2 ( − )
ℜ2 ℜ1
onde:
λ Nφ
L= ⇒ L= ;
i i
ℑ Ni
ℑ= φ ℜ ⇒ φ = ⇒ φ=
ℜ ℜ
N Ni N2 l
∴ L= ⇒ L= ; ℜ=
i ℜ ℜ µS

Portanto:

We = I o 2 ( L2 − L1 ) [3.4]

Energia Magnética Armazenada:


A variação da energia magnética no circuito magnético no intervalo de tempo t1 a t2 é dado por:
t2 λ2

wm = ∫ p dt
t1
⇒ wm = ∫ i dλ
λ1
[3.5]

λ
λ = Li ⇒ i=
L
Assim:
λ2
λ 1 λ2 1
wm = ∫L
λ1
dλ ⇒ wm =
2 L
ou wm =
2
Li
2

Para i = Io , temos:

1
wm = I o ( L2 − L1 )
2
[3.6]
2

Trabalho Realizado pelo Sistema:

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dWe = Fe dx + dWm [3.1]
We = Fe dx + Wm [3.7]

1
2
I o ( L2 − L1 ) − I o ( L2 − L1 ) = Fe dx = τ
2

1
Fe d x =τ = Io
2
( L2 − L1 ) = Wm [3.8]
2
O trabalho realizado pelo sistema é igual a energia magnética armazenada.
Logo:

Wm
Fe = d [3.9]
dx

3.1 EXERCÍCIOS

1) Seja um solenóide onde a seção transversal do núcleo é quadrada com placas paralelas ao
êmbolo de material não magnético (alumínio ⇒ µAl =1,000).
a) Deduzir uma expressão para a força no êmbolo quando se aplica uma corrente contínua.
b) Calcular a força para uma corrente de 10 A; N = 500 espiras; g = 5mm; a = 20mm; b = 2mm.

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2) Seja um solenóide de geometria cilíndrica com uma luva ao redor do êmbolo de material não
magnético (alumínio ⇒ µAl =1,000).
a) Se a bobina de excitação for percorrida por uma corrente em regime permanente em CC,
determinar uma expressão para a força no êmbolo.
b) Para I = 10 A, N = 500 espiras; g = 5mm; a = 20mm; b = 2mm; l = 40mm; determinar a
magnitude de F. Admitir µferro = ∞ e desprezar a dispersão.

3) Seja o solenóide do exercício 3, sendo percorrido por uma corrente alternada de 10 A eficaz, a
60 Hz, qual a força instantânea? Qual a força média se N, a, b, e l são os mesmos valores
numéricos?

4) Um eletroímã, como o da figura baixo, é ligado, mantendo-se o entreferro constante e igual a


3 mm através da força da mola de 51 kgf. A bobina tem 500 espiras e sua resistência é de 3 Ω.
a) Qual a tensão contínua a ser aplicada para se obter uma força de 51 kgf.
b) Qual a tensão alternada eficaz de 60 Hz, para se obter ess a mesma força (51 kgf médio)
c) Comente e justifique a diferença de comportamento de um circuito magnético com entreferro
variável operando com excitação C.C. e C.A.

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Mola

R e
FONTE
N
b
a
Dados:
e = 3mm N = 500 espiras
a = 25 mm R = 3 ohms
b = 80 mm g = 9,8 m/s2
Permeabilidade relativa do material = 3500
Comprimento médio do circuito magnético = 650 mmm

5) A figura abaixo mostra um solenóide com geometria retangular. O êmbolo de ferro de massa
M é suportado pôr uma mola e guiado verticalmente pôr espaçadores não magnéticos de
espessura t e permeabilidade o. Suponha-se o ferro infinitamente permeável e despreza-se o
espraimento magnético e os campos dispersos.
A solenóide está ligada a uma fonte de tensão e o entreferro é mantido constante através da ação
da mola. Determine:
a) Qual a tensão contínua a ser aplicada para se obter uma força de 7 kgf.
b) Qual a tensão alternada eficaz de 60 Hz, para se obter ess a mesma força (7 kgf médio)
c) Comente e justifique a diferença de comportamento de um circuito magnético com entreferro
variável operando com excitação C.C. e C.A.

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DADOS:
x = 2,0 mm
d = 4,0 cm
w = 5,0 cm
t = 0,1 cm
N1 = N2 = 500 espiras w
R = 5 ohms

t
Vt
I

N1 x
N2
Fe
d
d/2

6) O circuito magnético abaixo é composto de duas peças, uma peça fixa de aço silício médio e a
outra móvel de aço fundido doce. Sabe-se que a densidade magnética na peça fixa é de 0,8
Wb/m2.Determine:
a) A força desenvolvida na mola quando a bobina é alimentada com tensão contínua e o
entreferro é mantido constante e igual a 0,5 cm.
b) Qual a tensão contínua para desenvolver a força do item a.
c) Qual o fator de potência do circuito magnético se a bobina for alimentada com tensão
alternada e o entreferro for mantido constante e igual a 0,5 cm.

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4. RELAÇÕES DE ENERGIA - APLICAÇÕES AO CÁLCULO DE FORÇAS E
CONJUGADOS DOS CONVERSORES ELETROMECÂNICOS

Fig. 4.1 Fluxo de energia para um motor elétrico

Fig. 4.2 Fluxo de energia para um gerador elétrico

Fig. 4.3 Fluxo de energia para um freio

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O balanço de conversão eletromecânica de energia é dado por:
Energia Energia Variação de
Elétrica Mecânica Variação de Variação de Perdas ou
Energia Energias
introduzida introduzida Energia Energia
no + no = Mecânica
armazenada
+ Elétrica + Magnética + dissipadas
sistema sistema armazenada armazenada sob a forma
de calor

Eelét. Intro. + Emec. Intro. = Emec. + Emag, + Eelét. + perdas [4.1]


Por convenção a energia elétrica ou mecânica entrando (ou introduzida) no sistema será
considerada positiva e a energia elétrica ou mecânica saindo do sistema (ou fornecida) será
considerada negativa:
Efornec. = - Eintro. [4.2]
Nos conversores de acoplamento por campo magnético, podemos reduzir a equação (1) a:
Eelét. Intro. + Emec. Intro. = Emec. + Emag, + perdas [4.3]

Equação de Energia Mecânica, Força Mecânica e Conjugado Mecânico em Função de


Indutâncias:
Seja o conversor genérico com dois circuitos elétricos:

Eelét. Intro. + Emec. Intro. = Emec. + Emag, + perdas [4.4]


Em um intervalo de tempo dt, teremos o seguinte balanço de energia:
dEelét. Intro. + dEmec. Intro. = dEmec. + dEmag, + dEperdas elétricas + dEperdas mecânicas
[4.6]
Isolando a energia mecânica:
dEelét. Intro. - dEmag, - dEperdas elétricas = - dEmec. Intro. + dEmec. + dEperdas mecânicas
dEelét. Intro. - dEmag, - dEperdas elétricas = dEmec. retirada + dEmec. + dEperdas mecânicas
dEelét. Intro. - dEmag, - dEperdas elétricas = dEmec. Total desenv.
[4.7]

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dEelét. Intro. = Pelét. Intro.. dt [4.8]
Pelét. Intro. = v1.i1 + v2.i2
[4.9]
onde:
L1i 1 Mi 2 L2 i 2 Mi1
v 1 = R1i1 + d +d e v 2 = R2 i 2 + d +d
dt dt dt dt

i1 L1 i2 M
v1 = R1i1 + L1 d + i1d + Md + i2 d e
dt dt dt dt
i2 L i M
v2 = R2 i2 + L2 d + i2 d 2 + Md 1 + i1d
dt dt dt dt
Portanto:
⎡ i1 L i M⎤
dEelet .int ro. = ⎢ R1i1 + L1d + i1d 1 + Md 2 + i2 d ⎥ i1dt +
⎣ dt dt dt dt ⎦
⎡ i2 L2 i1 M⎤
R i + L d
⎢ 2 2 2 dt 2 dt+ i d + Md + i1d ⎥ i2 dt
⎣ dt dt ⎦

⎡( R1i12 + R2 i2 2 )dt + ( L1i1 + Mi2 )di1 + ( L2 i2 + Mi1 )di2 +⎤


dEelet .int ro. =⎢ 2 2
⎥ [4.10]
⎢⎣+ i1 dL1 +i2 dL2 + 2i1i2dM ⎥⎦

(
dE perdaselet . = R1i1 + R2i2 dt
2 2
) [4.11]

Energia Magnética Armazenada:


A variação da energia magnética no circuito magnético no intervalo de tempo t1 a t2 é dado por:
t2 λ2

wm = ∫1 p dt
t
⇒ wm = ∫1i d λ
λ
com: λ = Li ⇒ i=
λ
L

Assim:
2
λ
λ 1 λ2 1
wm = ∫1 L
λ
dλ ⇒ wm =
2 L
ou wm =
2
Li
2

Quando se têm dois circuitos elétricos, cada um com indutância própria L 1 e L2 e com uma
mútua indutância M entre eles, a energia armazenada é dada por:
1 2 1
wm = i1 L1 + i 2 2 L 2 + i1 i2 M [4.12]
2 2

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1 2 1 2
wm = [i
2 1
dL 1 + 2 i 1 1 1]
L di + [i dL 2 + 2 i2 L2 di2 ] + i1 i2 dM + i1 M di2 + i2 M di1
2 2
[4.13]
Portanto:
dEelét. Intro. - dEmag, - dEperdas elétricas = dEmec. Total desenv. [4.7]

[4.10] – [4.13] – [4.11] = dE mec. Total desenv.

⎡( R1i12 + R2 i2 2 )dt + ( L1i1 + Mi2 )di1 + ( L2 i2 + Mi1 )di2 +⎤


dEelet .int ro. =⎢ 2 2
⎥ [4.10]
⎢⎣+ i1 dL1 +i2 dL2 + 2i1i2dM ⎥⎦
-

(
dE perdaselet . = R1i12 + R2i2 2 dt ) [4.11]
-
1 2 1 2
wm =
2
[i1 dL1 + 2 i1 L1 di1 ] + [i 2 dL 2 + 2 i 2 L2 di2 ] + i1 i2 dM + i1 M di2 + i2 M di1
2
[4.13]
=

1 2 1 2
dE mec . totald e sen v ol vi da = i1 dL1 + i2 dL2 + i1i2 dM [4.14]
2 2

Força Mecânica Desenvolvida:


translação
dEmec. Total desenv. = Fdesenv. . dx
[4.15]
Fdesenv. = dEmec. Total desenv. / dx

1 2 L1 1 2 L2 M
Fde sen volvida = i1 d + i2 d + i1i2 d [4.16]
2 dx 2 dx dx

Conjugado Mecânico Desenvolvido :


rotação
dEmec. Total desenv. = Cdesenv. . d
[4.17]

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1 2 L1 1 2 L2 M
Cde sen volvido = i1 d + i2 d + i1i2 d [4.18]
2 dθ 2 dθ dθ

4.1 CONJUGADO DE RELUTÂNCIA

O conjugado de relutância ocorre em sistemas de excitação simples , e devido a variação da


indutância do circuito.
Na prática é difícil ocorrer a variação das duas indutâncias próprias, daí, o fato do conjugado
exclusivamente de relutância ocorrer em sistemas de excitação simples.
1 2 L1 1 2 L2 M
C de sen = i1 d + i2 d + i1i 2 d [4.18]
v o l v id o
2 dθ 2 dθ dθ

1 2 L1
C d e sen = i d [4.19]
v o l v id o
2 1 dθ
Exemplo 1: Imã Permanente e Rotor de Pólos Salientes

Fig. 4.4 Circuito magnético

Exemplo 2: Rotor de Pólos Salientes sem enrolamentos

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Fig. 4.5 Estator e rotor de pólos salientes
Exemplo 3: Conjugado de Relutância Senoidal - Motor Síncrono Monofásico de Relutância

Fig. 4.6 Circuito exemplo de um motor de relutância

• ângulo θ foi substituído por um ângulo δ que mede o deslocamento da linha central dos pólos
do rotor em relação a uma origem que é a linha central dos pólos do estator.
• a indutância do enrolamento do estator altera-se com o ângulo δ do rotor.

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Fig. 4.7 Conjugado desenvolvido em uma volta completa

Lmax . + Lmin . Lmax . − Lmin .


L (σ ) = + cos( 2σ )
2 2
∆Lmax.
L (σ ) = Lmed . + cos(2σ )
2

1 2 L1
C d e s e n v o l v id o = i1 d [4.20]
2 dσ

1 2
Cdes. = − I ∆Lmax. sen (2σ ) [4.21]
2

• conjugado desenvolvido será cíclico com ângulo δ ⇒ apresenta valor médio nulo numa volta
completa.
• pelo que foi exposto conclui-se a existência e o comportamento do conjugado, mas não se
explica o funcionamento contínuo como motor girando continuamente e vencendo uma
resistência mecânica aplicada ao seu eixo.

• Vamos focalizar o rotor no instante em que ele esteja na posição desenhada na figura abaixo.
Nessa posição fecha-se uma chave Ch que é acionada pelo próprio eixo do rotor.
• Na posição δ = π/2, é uma posição de conjugado desenvolvido nulo, porém é uma posição
instável, podendo se deslocar em um ou outro sentido, conforme a perturbação. Note-se,
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contudo que o rotor na figura abaixo está adiantado de um ângulo ∆δ , em relação a δ = π/2 ,
portanto a rotação será nesse sentido. O conjugado continuará com esse sentido, passando pelo
seu valor máximo, até o alinhamento com o estator.

Fig. 4.8 Circuito exemplo com rotor na posição π/2 + ∆δ

• Antes que o conjugado inverte de sentido, com um ângulo ∆δ antes da posição δ = π , a chave
CH será aberta por um ressalto no eixo e a corrente se anulará. O rotor continuará girando por
inércia.
• Quando o rotor atingir a posição δ = 3π/2 + ∆δ o ressalto fechará automaticamente a chave CH
e o conjugado se manifestará novamente no sentido da rotação.

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Fig. 4.9 Circuito exemplo com rotor na posição π - ∆δ e 3π/2 + ∆δ

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• Antes que o conjugado inverte de sentido, com um ângulo ∆δ antes da posição δ = 2π , a chave
CH será aberta por um ressalto no eixo e a corrente se anulará. O rotor continuará girando por
inércia.
• Quando o rotor atingir a posição δ = π/2 + ∆δ o ressalto fechará automaticamente a chave CH e
o conjugado se manifestará novamente no sentido da rotação completando o ciclo de rotação.

Fig. 4.10 Circuito exemplo com rotor na posição 2 π - ∆δ e π/2 + ∆δ

Fig. 4.11 Conjugado médio desenvolvido do motor síncrono de relutância

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4.2 CONJUGADO DE MÚTUA INDUTÂNCIA

O conjugado de mútua indutância ocorre em sistemas de dupla excitação. Aqueles sistemas


em que só existe o conjugado por variação de mútua indutância (chamado de conjugado de
mútua ou conjugado de dupla excitação) não havendo variação das indutâncias próprias em
relação ao deslocamento angular. É um caso comum na prática, e pode ocorrer tanto em
conversores de potência como transdutores de sinal ou de informação.
1 2 L1 1 2 L2 M
C de sen = i1 d + i2 d + i1i 2 d [4.18]
v o l v id o
2 dθ 2 dθ dθ

M
C d e sen v o lv id o = i1i 2 d [4.22]

Exemplo 1:
Vamos calcular o conjugado supondo que o fluxo concatenado com a bobina móvel varia
cossenoidalmente com δ, então:

Fig. 4.12 Exemplo de um instrumento de bobina móvel e seu conjugado desenvolvido

M(δ) = Mmáx. cosδ


M
C d e sen v o lvid o = i1i 2 d

Cdesenvolvido = - Mmáx. I1 I2 senδ
Cdesenvolvido = - Cmáx. senδ

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Exemplo 2:

Fig. 4.13 Representação esquemática da máquina elétrica com rotor cilíndrico (pólos lisos).
Conjugado de Mútua

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4.3 CONJUGADO DE MÚTUA INDUTÂNCIA E DE RELUTÂNCIA
CONCOMITANTES

Aqueles em que, além do conjugado devido à variação da mútua indutância entre os dois
circuitos de excitação, existe também conjugado de variação da indutância própria (conjugado de
relutância) dos dois circuitos, ou de um deles apenas. Na prática é difícil ocorrer variação das
duas indutâncias própria, sendo mais comum o caso de variação de uma delas apenas, como
ocorre nos grandes geradores síncronos de “pólos salientes”.
1 2 L1 1 2 L2 M
C de sen = i1 d + i2 d + i1i 2 d [4.18]
v o l v iid
do
2 dθ 2 dθ dθ

1 2 L1 M
C d e se n v o l v i d o = i1 d + i1 i 2 d [4.23]
2 dθ dθ
Cdesenvolvido = Crelutância L1(θ) +Cmútua(θ)
Supondo variações senoidais de L 1(δ) e M(δ), como nos casos anteriores, teremos:
1 2
Cdes. = − I ∆L sen (2σ ) − I1 I 2 Mmax. sen σ [4.24]
2 1 1max.

Exemplo:

Fig. 4.7 Representação esquemática da máquina


máquina síncrona de pólos salientes. Conjugado de
Mútua e de Relutância
4.4 EXERCÍCIOS
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1) Dois enrolamentos, um montado sobre o estator (L1) e o outro sobre o rotor de pólos lisos
(L2), têm as seguintes indutâncias próprias e mútuas:
L1 = B L2 = B L12 = A sen
Onde θ é o ângulo entre os eixos dos enrolamentos. As resistências dos enrolamentos podem ser
desprezadas.
Determine:
a) O conjugado
conjugado desenvolvido
desenvolvido quando i1 = i2 = Io
b) O conjugado desenvolvido
desenvolvido instantâneo e médio quando
quando i1 = i2 = Imáx sen wt
c) O conjugado
conjugado desenvolvido instantâneo e médio quando i1 = Imáx
Imáx sen wt e i2 =0
d) O conjugado
conjugado desenvolvido
desenvolvido instantâneo
instantâneo e médio quando i1 = Imáx sen
sen wt e i2 está curto-
curto-
circuitada.
e) Comente e explique os diferentes tipos de conjugados que
que os conversores
conversores eletromecânicos
podem apresentar.
apresentar.

2) A figura abaixo mostra o esquema de um motor. Calcule:

a) O conjugado desenvolvido quando I 1 = I2 = 5 A


b) O conjugado desenvolvido
desenvolvido instantâneo
instantâneo e médio quando
quando I 1 = I2 = 7,07 sen wt
c) O conjugado desenvolvido quando I 1 = 5 cos wt e I2 = 0
d) O conjugado
conjugado desenvolvido quando I 1 = 5 cos wt e I2 = está curto-circuitada
e) Comente explique os diferentes
diferentes tipos de conjugados
conjugados que os conversores
conversores eletromecânicos
eletromecânicos
podem apresentar.
apresentar.

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5. TRANSFORMADORES
TRANSFORMADORES

Embora o transformador estático não seja propriamente um dispositivo de conversão de


energia, ele é um componente indispensável em muitos sistemas de conversão de energia. Em
nosso estudo focalizaremos seus aspectos básicos, e não os pormenores construtivos e de projeto,
que é matéria específica das disciplinas e trabalhos especializados, tanto em máquinas elétricas
(no caso de transformadores de potência) como em medidas elétricas, controle e comunicações
(nos casos de transformadores de medida e de controle). Tem como funções:
• isolar eletricamente dois circuitos
circuitos
• ajustar a tensão de saída de um estágio do sistema à tensão de entrada do estágio seguinte
• ajustar a impedância do estágio seguinte a impedância do estágio anterior (casamento de
impedâncias).
Essencialmente , um transformador é constituído por dois ou mais enrolamentos
concatenados por um campo magnético mútuo. Se um destes enrolamentos, o primário, for
ligado a um gerador de tensão alternada, será produzido um fluxo alternado, cuja amplitude
dependerá da tensão e número de espiras do primário. O fluxo mútuo concatenar-se-á com o
outro enrolamento, o secundário, e induzirá uma tensão cujo valor dependerá do número de
espiras do secundário. Dimensionando convenientemente os números de espiras do primário e
secundário, pode-se obter teoricamente qualquer relação de tensões, ou relação de
transformação, que se queira.
O funcionamento do transformador evidentemente exige apenas a existência de fluxo
mútuo alternado concatenando com os dois enrolamentos, e é simplesmente uma utilização do
conceito de indutância mútua.
Classificação:
• Transformadores de Potência:
 Força
 Distribuição
• Transformadores de Instrumentação:
 Medição (TP´s e TC´s)
 Proteção (TP´s e TC´s)
• Transformadores de Baixa Potência:
 Eletrônica
 Comando

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Transformadores de Força são aqueles que energizados ou em operação trabalham ao longo do
tempo, próximo a condição de carga nominal. Isto acontece nas áreas de geração e transmissão.

Transformadores de Distribuição permanecem 24 horas por dia ligado ao sistema


independentemente de estarem com carga ou não. Este fato faz com que o rendimento máximo
da máquina para os transformadores de força aconteça próximo ao ponto nominal enquanto para
os transformadores de distribuição em torno de 0,6 a 0,7 do ponto nominal de operação.

Fig. 5.1
Transformadores de Força: Especiais para laboratórios de Ensaios:
- até 25 MVA 145KV - até 300 KV por unidade
- trifásico e monofásico - tensões superiores ligadas em cascata
- em óleo mineral ou silicone - com alta e baixa impedância

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Fig. 5.2 Transformadores de Distribuição: trifásicos e monofásicos

Fig. 5.3 Transformadores de Potencial e Corrente: - para proteção e/ou medição


- em óleo mineral até 72 KV - seco até 38 KV - instalação interna ou externa

Fig. 5.4 Transformadores de Controle: - para sistema de baixa tensão


- alimentação de comando – sinalização - circuitos auxiliares

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Fig. 5.5 Reatores: - de potência - derivação ou série - em óleo mineral, silicone ou seco

Fig. 5.6 Transformadores e Reatores Especiais: - para retificadores - conversores estáticos


- tração elétrica - solda elétrica - ignição de gás e óleo – vibradores - equipamentos hospitalares -
isolação de válvulas - submersíveis

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Construção e Montagem:

Monofásico
Núcleo: Núcleo:
- Nuclear (não utilizado) - Encouraçado
- Envolvido - Envolvente

Culatra
φm/2 φm/2
φm

φm

a/2 a a/2
Perna

Trifásico
Núcleo: Núcleo:
- Nuclear - Encouraçado (não utilizado)
- Envolvido - Envolvente

a a a a/2 a a a a/2

Fig. 5.7 Esquema de montagem de transformadores

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5.1 TRANSFORMADOR IDEAL
Características:
l
• o núcleo tem permeabilidade infinita µ → ∞ ⇒ ℜ n = ⇒ ℜ n = 0 [2.8]
µ S

• tem enrolamentos elétricos sem perdas

• não tem perdas no cobre e no ferro


• não tem fluxo de dispersão, a mútua entre o primário e o secundário é total (o fluxo produzido
se concatena com os dois enrolamentos)

Fig. 5.8 Esquema elétrico do transformador ideal

• Hipótese: φm = φmáx cos (wt) [5.1]


Assim:
dφm ( t )
e1 (t ) = − N 1 ⇒ e1 (t ) = N 1φ w sen( wt )
dt [2.7]
dφm ( t )
e2 ( t ) = − N 2 ⇒ e2 ( t ) = N 2 φ w sen( wt )
dt [2.7]
Como não há queda de tensão:
V1 ( t ) = e1 ( t ) = N 1φ w sen( wt )
V2 ( t ) = e 2 ( t ) = N 2 φ w sen( wt )

V1máx = N1 φ w = N1 φ 2 π f
V2máx = N2 φ w = N2 φ 2 π f
V 1max = V1 2 e V 2max = V2 2 [5.2]
Logo:
V1 = 4,44 f N1 φ [5.3]
V2 = 4,44 f N2 φ [5.3]
Portanto:
V1 N1
= =a relação de tensão e de espiras; a = relação de transformação [5.4]
V2 N2

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Relação de Correntes:

Fig. 5.9 Esquema elétrico do transformador ideal

Consideremos o circuito elétrico análogo:

Fig. 5.10 Circuito elétrico análogo do transformador ideal

N1 i1 - N2 i2 = 0 ⇒ N1 i1 = N2 i2
Portanto:
I2 N1
= =a relação de corrente e de espiras [5.5]
I1 N2

Logo:
V1 I2 N1
= = =a
V2 I1 N2
[5.6]

Para o transformador ideal temos que:


P 1 = P2 V1 I1 = V2 I2 [5.7]

Polaridade:
Os pontos na figura do transformador indicam a marcação da polaridade dos terminais dos
enrolamentos que indicam quais são os terminais positivos e negativos em determinado instante,
isto é, a relação entre os sentidos momentâneos das f.e.m.´s nos enrolamentos primário e
secundário.
A polaridade dos transformadores depende fundamentalmente de como são enroladas as espiras
do primário e do secundário, que podem ter sentidos concordantes ou discordantes.

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Reflexão de Impedância:
Refletir uma impedância para o outro lado do transformador significa determinar o valor da
impedância que colocada no outro lado faria o mesmo efeito.

Fig. 5.11 Esquema elétrico do transformador ideal e sua representação análoga.

`
V1
aV2 2
V2
Z = = =a ⇒ Z ` = a2Z
I1 I2 I2
a [5.8]

Esta relação implica que os transformadores podem servir como dispositivos para acoplamento
de impedâncias de modo a prover a máxima transferência de potência de um circuito a outro.
De acordo com o teorema da máxima transferência de potência, a máxima potência é entregue
por uma fonte a uma carga quando a impedância da carga é igual a impedância interna da fonte.
Desde que nem sempre é possível, para a carga acoplar-se à impedância da fonte, utilizam-se
transformadores entre fonte e carga para tais propósitos.
Exemplo:
• transformador de saída, usado para acoplar a impedância da carga do alto-falante à impedância
de saída de um amplificador de áudio.

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5.2 TRANSFORMADOR REAL

Um estudo completo da teoria do transformador deve levar em conta os efeitos das


resistências dos enrolamentos, o fluxo magnético disperso, as perdas por histerese e de Foucault
no núcleo.
Embora hermeticamente acoplado pelo núcleo de ferro, uma pequena porção de fluxo
disperso é produzida nos enrolamentos primário ( φd1) e secundário ( φd2), além do fluxo mútuo
(φm).
O fluxo disperso primário ( φd1), produz uma reatância indutiva primária X 1 e o fluxo
disperso secundário ( φd2), produz uma reatância secundária X 2. Para se levar em conta a
dispersão do fluxo magnético, justifica-se a ligação de indutâncias X 1 e X2 em série com os
enrolamentos.
É necessário considerar as resistências ôhmicas dos enrolamentos primário e secundário,
responsáveis pela perda Joule no cobre dos enrolamentos. Essa perda é diretamente proporcional
à corrente total que circula nesses enrolamentos. As resistências R 1 e R2 devem ser colocadas em
série no circuito equivalente.
As resistências e reatâncias dos enrolamentos do primário e secundário, produzem quedas
de tensão no interior do transformador, com resultado das correntes primária e secundária.
Embora estas quedas de tensão sejam internas, é conveniente representá-las externamente com
parâmetros puros em série com um transformador ideal.

Fig. 5.12 Representação dos fluxos dispersos em um transformador real carregado

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Fig. 5.13 Representação das Resistências e reatâncias de dispersão primárias e secundárias,
ocasionando quedas de tensão num transformador real
O transformador em vazio, absorve uma fonte de corrente de excitação composta de duas
componentes. Uma para produzir a força magneto motriz e a outra responsável pela energia
perdida em calor no núcleo de ferro (perdas por histerese e de Foucault).
Corrente de magnetização (corrente a vazio)
É de conhecimento geral que, os diagramas vetoriais são aplicados a grandezas senoidais,
sendo pois admitido tal formato para I o. Entretanto, este formato não ocorre para a corrente a
vazio, devido as propriedades do circuito magnético, que não são lineares.

V1=E1; como V1 é sempre senoidal, também E 1 o será. Por outro lado, sabemos que:

E1 = N 1
dt

Sendo N1 constante, se E 1 é senoidal, o fluxo ( φ) terá “a mesma forma de onda”, embora


não em fase (pois o fluxo será cossenoidal, devido a derivada).
Sabemos também que a f.m.m. necessária para a produção do fluxo, vem dada por:
f.m.m. = φ.ℜ = N1.Imag
φ .ℜ
I m ag =
N 1

Onde:
φ - fluxo magnético
ℜ - relutância do circuito magnético do núcleo
N1 - número de espiras do enrolamento convencionado como primário
Imag - parcela da corrente I o, responsável pela produção do fluxo
O fluxo, conforme vimos é “senoidal”, o número de espiras é constante, mas a relutância
varia, devido a diferentes estados de saturação que ocorre no núcleo. Com tais considerações,
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podemos concluir que a parcela I mag não é senoidal. Como I mag é uma componente de I o,
concluímos que esta última terá um aspecto não senoidal.

Fig. 5.14 Forma de onda da corrente de excitação I o.

Se a corrente de excitação (I o) for analisada por série de Fourier, verifica-se que ela se
compõe de uma fundamental e uma família de harmônicas ímpares. A fundamental pode, por
sua vez, ser separada em duas componentes, uma em fase com E 1 e a outra atrasada em 90º em
relação a E1. A componente fundamental em fase corresponde à potência absorvida pela
histerese e perdas por correntes Foucault no núcleo; é chamada a componente de perdas no
núcleo (IP), da corrente de excitação (I o). Quando a componente de perdas no núcleo (I P) é
subtraída da corrente de excitação (I o) total, a diferença é chamada de corrente de magnetização
(Imag). Esta compreende uma componente fundamental atrasada de 90º em relação a E 1, e mais
todas as harmônicas. A principal harmônica é a terceira. Para transformadores de potência
típicos, a terceira harmônica usualmente é cerca de 40% da corrente de excitação (I o).
Excetuando os problemas referentes diretamente aos efeitos das harmônicas, as
peculiaridades da forma de onda da corrente de excitação (I o) usualmente não precisam ser
consideradas, pois a corrente de excitação (I o) em si mesma é pequena. Por exemplo, a corrente
de excitação (I o) de um transformador típico é cerca de 5% da corrente de plena carga.
Conseqüentemente os efeitos das harmônicas usualmente são sobrepujados pelas correntes
senoidais de outros elementos lineares do circuito.

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A corrente de excitação (I o) pode então ser representada pela sua onda senoidal
equivalente, que tem o mesmo valor eficaz e mesma freqüência, e produz a mesma potência
média, que a onda real. Tal representação é essencial para a construção do diagrama fasorial. Na
figura abaixo, os fasores E 1 e φ, respectivamente, representam a f.e.m. induzida e o fluxo. O
fasor Io representa a corrente de excitação senoidal equivalente.

Fig. 5.15 Componente fundamental, terceira harmônica e composição da fundamental


+ 3ª harmônica da corrente de excitação I o.

Fig. 5.16 Diagrama Fasorial em Vazio

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Para simular essas perdas no núcleo e a existência da força magneto motriz de
magnetização, deve-se acrescentar ao transformador ideal uma resistência (R p = resistência de
perdas no núcleo) e uma reatância de magnetização (X m), ambas em paralelo com a fonte.

Fig. 5.17 Circuito elétrico equivalente do transformador real

Quando o transformador está a vazio ⇒ I2 = 0


Portanto:
I1 = Io (transformador a vazio)

Referindo as impedâncias do lado 2 para o lado 1, temos o circuito equivalente do


transformador referido para o primário:

Fig. 5.18 Circuito elétrico equivalente do transformador real referido para o primário

Onde:
R´2 = a2 R2
j X´2 = a2 j X2
V´2 = a V2
I´2 = I2 / a
Z´carga = a2 Zcarga

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Perdas Magnéticas no Núcleo:
Também chamadas de perdas no ferro pelo fato de o núcleo ser ferromagnético. São de dois
tipos:
 Perda Foucault:
V1(t) enrolamento ⇒ I1magnetização ⇒ φ(t) núcleo ⇒ B(t) núcleo ⇒ e(t) núcleo ⇒ I(t) núcleo ⇒
Pfoucault(t) = RI2(t) núcleo

Para diminuir essas perdas o núcleo é feito com chapas laminadas e isoladas com verniz uma da
outra, além disso, quanto maior for a resistividade do material ferromagnético, menores serão
essas correntes e menores essas perdas. A adição de silício aos aços-carbono confere aumento de
resistividade.
Essas perdas podem ser determinadas aproximadamente por:
Pfoucault = Kf Vol (f Bmáx e)2
Onde:
Kf = constante que depende do material do núcleo
Vol = volume ativo do núcleo = K e . (volume geométrico do núcleo) = K e a b h
Ke = fator de empilhamento
Portanto:
Pfoucault = K´ Bmáx2

 Perda Histerética:
Perda devido a diferença entre a energia absorvida e a devolvida a fonte em um ciclo completo
de magnetização. Ela vale aproximadamente:
Ph = Kh Bmáxη ; η = 1,5 a 2,5 ⇒ Ph = Kh Bmáx2
Onde:
Kh = constante que depende do material do núcleo
Bmáx = máxima densidade de fluxo atingida na magnetização cíclica
η = expoente que depende do valor de B máx atingido
 Logo:
Pferro = Pfoucault + Ph
Pferro = K´ Bmáx2 + Kh Bmáx2
Pferro = K´´ Bmáx2

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E1 = 4,44 f N φmáx
E1 = 4,44 f N S Bmáx
E1 = K Bmáx

 Portanto:
Pferro = K´´´ E1

 O enrolamento do transformador deve absorver uma corrente I p, em fase com E 1, para suprir a
potência ativa perdida no núcleo sob a forma de calor, ou seja, a resistência de perdas no
núcleo (Rp).

E12
P ferro = E1 IP ou P ferro = RP IP2 ou P ferro =
RP
[5.9]

Rendimento:
Vamos nos deter apenas no rendimento em potência, deixando o de energia para as disciplinas
específicas de máquinas elétricas e de sistema de potência. Esse rendimento por unidade é
definido como:

Psaida Psaida Pentrada − Perdas Perdas


η= = = = 1−
Pentrada Psaida + Perdas Pentrada Pentrada
[5.10]

Perdas = Pjoule1 + Pjoule2 + Pferro

Pentrada = V1 I1 cosϕ1

Psaída = V2 I2 cosϕ2

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Regulação:

Existem inevitáveis “quedas” de tensão devido a circulação de corrente nos enrolamentos dos
transformadores. Essas quedas são distribuídas nos enrolamentos. São quedas não só de natureza
resistiva, devido a resistência ôhmica dos condutores, como também de natureza reativa, devida
aos fluxos de dispersão.
Por esse motivo, a tensão de saída V 2o de um transformador em vazio é normalmente diferente
da tensão em carga V 2. Para a maioria das cargas (resistivas e indutivas), a tensão em carga é
menor que em vazio, ou seja, há realmente uma queda de tensão. Somente em cargas fortemente
capacitivas pode ocorrer tensão em carga maior que em vazio. Isso se prende ao fato de as
“quedas” de tensão em elementos reativos (capacitivos e indutivos), em regime senoidal,
dependerem não só dos módulos das correntes alternadas, mas também dos seus ângulos de fase.
Define-se a regulação por unidade (p.u.) como sendo:

Vvazio − Vc arg a
R=
Vvazio
[5.11]

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5.3 TESTES EM TRANSFORMADORES

As características de desempenho do transformador podem ser obtidas dos circuitos


equivalentes. Os parâmetros do circuito equivalente são determinados, ou pelos dados do
projeto, ou pelos dados de teste. São dois os ensaios:
 Ensaio em vazio
 Ensaio em curto-circuito
Para a determinação dos parâmetros, vamos considerar:

Fig. 5.19 Modelo adotado de transformador

Ensaio em Vazio:
Alimentamos com tensão nominal pelo lado da Baixa Tensão (B.T.) com o enrolamento da Alta
Tensão (A.T.) em aberto.
Medimos a:
- Potência à Vazio: Po - Corrente à Vazio: Io - Tensão à Vazio: V o

Fig. 5.20 Esquema elétrico do Ensaio em Vazio

- Modelo referido ao Lado 2 B.T.:

Sabendo que I´ 2 = 0 e considerando que ∆V << Vo , temos que:

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Vo 2 Vo Vo Vo
Rp = [5.1] e Xm = = 2
⇒ Xm = [5.13]
Po Im Io − IP2 2
⎛P ⎞
2

Io −⎜ o ⎟
⎝ Vo ⎠
Os valores obtidos estão referidos para o lado 2.

- Ensaio em Curto-Circuito:
O ensaio em curto-circuito consiste em alimentar, geralmente, a alta tensão do transformador cm
corrente (Icc) e freqüência nominais, mantendo-se a baixa tensão curto-circuitada e mede-se a
tensão (Vcc) e a potência (Pcc) fornecida ao transformador. Com este ensaio determinam-se os
parâmetros R1, R´2, X1 e X´2.

Fig. 5.20 Esquema elétrico do Ensaio em Curto-Circuito

- Modelo referido ao Lado 1 A.T.:

Simplificando, temos:

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Onde:

Zcc =Zeq = Rcc + jXcc


Vcc
Z cc =
I cc

Rcc = Req = R1 + R´2


jXcc = jXeq = jX1 + jX´2

Pcc
R eq = ⇒ Req = R1 + R`2
I cc 2
[5.14]

2 2
Vcc ⎛ Vcc ⎞ ⎛ Pcc ⎞
Z eq = ⇒ X eq = Zeq 2 − Req 2 ⇒ Xeq = ⎜ ⎟ − ⎜ 2 ⎟ ⇒ X eq = X 1 + X ′ 2
I cc ⎝ I cc ⎠ ⎝ I cc ⎠
[5.15]

Os valores obtidos estão referidos para o lado 1.

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5.4 RENDIMENTO EM FUNÇÃO DA CARGA

Vamos determinar para qual valor de carga (I 2) o transformador tem máximo rendimento.

Psaida Psaida cosϕ 2


V2 I 2 V2 I 2 cos 2
η= = = =
Pentrada Psaida + Perdas V2 I 2 cosϕ 2 + Pnucleo + PJoule V2 I 2 cosϕ 2 + Pnucleo + Re 2 I 2 2

[5.16]
Onde:
Re2 = resistência dos enrolamentos referida para o lado da carga ⇒ Re2 = R2 + R``1


teremos o máximo rendimento quando: =0
dI 2

dη V2 cosϕ 2 [V2 I 2 cosϕ 2 + Pnucleo + Re 2 I 2 2 ] − (V2 I 2 cosϕ 2 ) (V2 cosϕ 2 + 2Re 2 I 2 )


= 2
dI 2 (V2 I 2 cosϕ 2 + P nucleo + R e 2 I 2 )
2

Portanto:

2
V2 cosϕ2 [V2 I2 cosϕ2 + Pnucleo + Re2 I2 ] − (V2 I2 cosϕ2 )(V2 cosϕ2 + 2 Re2 I2 ) = 0
2
V2 cosϕ2 [V2 I2 cosϕ2 + Pnucleo + Re2 I2 −V2 I2 cosϕ2 − 2 Re2 I2 2 ]= 0
2
Pnucleo − Re2 I 2 =0

Para se ter o máximo rendimento as perdas variáveis (Joule) devem ser iguais as perdas fixas
(núcleo).

Pnucleo = Re2 I 2 2
Pnucleo
I2 =
Re 2
[5.17]

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5.5 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Três transformadores monofásicos podem ser ligados para formar um banco trifásico em
qualquer dos quatro modos mostrados na figura 1. Em todas as quatro partes desta figura, os
enrolamentos à esquerda são os primários, aqueles à direita são os secundários, e cada
enrolamento primário tem como secundário aquele desenhado paralelo a ele.
Também estão mostradas as tensões e as correntes resultantes da aplicação ao primário
de tensões de linha V e correntes de linha I, quando a relação entre espiras de primário e
secundário N1/N2 vale a, considerando-se transformadores ideais. Deve-se notar que, para
tensões de linha e potência aparente total fixas, a potência aparente nominal de cada
transformador é um terço da potência aparente nominal do banco, independentemente das
ligações usadas, mas que os valores nominais de tensão e corrente dos transformadores
individuais dependem das ligações.
A ligação Y-∆ é comumente usada para transformar uma alta tensão em uma média ou
baixa. Uma das razões é que assim existe um neutro para aterrar o lado de alta tensão, um
procedimento que, pode-se mostrar desejável na maioria dos casos. Inversamente, a ligação ∆-Y
é comumente usada para transformar uma baixa ou média tensão em uma alta tensão. A ligação
∆-∆ tem a vantagem de que um transformador pode ser removido para reparo ou manutenção
enquanto os dois restantes continuam a funcionar como um banco trifásico com, entretanto, a
potência nominal reduzida a 58% do valor para o banco original; isto é conhecido como a
ligação delta aberto , ou V. A ligação Y-Y é raramente utilizada, devido a dificuldades com
fenômenos relativos a correntes de excitação.
Em lugar de três transformadores monofásicos, um banco trifásico pode consistir de um
transformador trifásico tendo todos os 6 enrolamentos em um núcleo comum, e contido em um
tanque comum. As vantagens de transformadores trifásicos são que eles custam menos, pesam
menos, ocupam menos espaço e tem rendimento maior.
Os cálculos de circuitos envolvendo bancos de transformadores trifásicos em circuitos
equilibrados podem ser feitos considerando-se apenas um dos transformadores ou fases, pois as
condições são exatamente as mesmas nas outras duas fases exceto pelos deslocamentos de fases
associados a um sistema trifásico.

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Fig. 5.21 Configurações dos transformadores trifásicos

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5.6 SISTEMA POR UNIDADE

Uma quantidade será expressa em por unidade (p.u.) se ela for dividida por uma
quantidade base escolhida o que permite a facilidade de manuseio com os valores matemáticos.

Valor Re al
Valor por unidade = [5.18]
Valor de Base da Grandeza

O valor real se refere ao valor em volts, ampères, ohms, etc.

Exemplo:

Seja um transformador de 10 KVA - 2400/240 V com os seguintes dados de teste:


• Vazio (B.T.) : 240 V - 0,8 A - 80 W
• Curto (A.T.) : 80 V - 4,17 A - 220 W
Converter todos os valores de teste para valores por unidade:

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Rendimento em Potência utilizando os valores em P.U.

Psaida Psaida cos ϕ 2 V ′2 I′2


η= = = [5.19]
Pentrada Psaida + Perdas V ′ 2 I ′ 2 cos ϕ 2 + Pnucleo + R1 I 1 2 + R′ 2 I ′ 2 2

Dividindo o numerador e o denominador por S base = V´2nom. I´2nom.


e admitindo que I 1 = I´2 + Io, como I0 << I´2 ⇒ I1 = I´2
⎛ I ′2 ⎞
⎜ ⎟ cos ϕ 2
⎝ I ′ 2 nom . ⎠
η=
⎛ I ′2 ⎞ Pnucleo ( R1 + R ′ 2 ) I ′ 2 2 ÷ {I ′ 2 nom . 2 }
⎜ ⎟ cos ϕ 2 + +
⎝ I ′ 2 nom . ⎠ V ′ 2 nom . I ′ 2 nom . V ′ 2 nom . I ′ 2 nom . ÷ { I ′ 2 nom . }
2

Sabendo que:
k = fator de carga do transformador
S c arg a V′2 I′2 I′2
k= = ⇒ k= [5.20]
S trafo V ′ 2 nom. I ′ 2nom . I ′ 2nom .

Temos:
k cosϕ 2
η =
Pnucleo ( R1 + R′ 2 ) = Z trafo k2
k cosϕ 2 + +
V ′ 2 nom. I ′ 2 nom. V ′ 2 nom.
= Z base
I ′ 2 nom.

Sabendo que:
Pnucleo
Wn = ( p.u ) e
V ′ 2 nom. I ′ 2 nom.

[5.22]
( R1 + R′ 2 ) = Z trafo
r1 + r ′ 2 = = Wj ( p.u.)
V ′ 2 nom.
= Z base
I ′ 2 nom.

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Assim:
k cosϕ 2
η = [5.23]
k cosϕ2 + Wn + W j k 2

Sabendo que:
• Ensaio em Curto ⇒ Wcc = Wj
• Ensaio em Vazio ⇒ Wo = Wn

Logo:

k cosϕ 2
η =
k cosϕ2 + Wo + Wcc k 2 [5.24]

Portanto:
η = f (k) [5.25]

Regulação utilizando os valores em P.U.


Por ora não iremos deduzir a expressão final, por se tratar de um assunto abordado em máquinas
elétricas, mas a fim de confirmarmos a eficiência e facilidade de se trabalhar com valores em
p.u., apenas apresentaremos:
V2 o − V2 c aV2 o − aV2 c
R= = [5.26]
V2 o aV2 o

Onde:
aV2o = V1
aV2c = V´2
V1 −V ′ 2
R=
V1

A expressão final simplificada para regulação utilizando os valores em p.u. é:


R = (rcc cos + xcc sen ) * 100 (%) [5.27]

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5.7 AUTO-TRANSFORMADOR

Teoricamente, um auto-transformador é definido como um transformador que só tem um


enrolamento. Assim, um transformador de enrolamentos múltiplos pode ser considerado como
um auto-transformador, se todos os seus enrolamentos são ligados em série, na condição aditiva
ou subtrativa; o auto-transformador pode ser feito variável, da mesma maneira que o
potenciômetro é um divisor de tensão ajustável. Auto-transformadores variáveis consistem num
simples enrolamento, praticado com núcleo de ferro toroidal. Um auto-transformador chamado
variac, tem uma escova de carvão solidária a um eixo rotativo, que faz contato com as espiras
expostas do enrolamento do transformador.
Auto-transformadores variáveis são extremamente úteis em laboratórios ou situações
experimentais, que requerem uma larga faixa de ajuste de tensão com pequena perda de potência.
O aumento na capacidade em KVA, produzida pela ligação de um transformador isolado, tem
como motivo, o tamanho menor de um auto-transformador da mesma capacidade em
comparação a um transformador isolado comum.
Os KVA de um transformador isolado aumentam quando ele é ligado como auto-tarnsformador.
Isto se deve ao fato de que toda energia recebida pelo primário é transferida ao secundário num
transformador isolado e além disto, não se cria nem se destrói energia, e não há ligação
condutiva entre os circuitos primários e secundários num transformador isolado. Já no auto-
transformador, parte da energia pode ser transferida condutivamente do primário ao secundário,
e o restante da energia é transferida por ação de transformação.

Princípio: esquema de ligação


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Transformador:

Auto-transformador:

Comparações com Transformador:


1. Fator Econômico:
Apresenta uma vantagem que pode repercutir de 2,5 a 20 vezes o volume de custo em relação ao
transformador.
2. Desvantagem Técnica:
Não há isolação entre os circuitos primário e secundário.
Relações entre tensões no auto-trafo:

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Seja : φm = φmáx cos (wt)
Assim:
dφ m ( t )
e1auto ( t ) = − ( N 1 + N2 ) ⇒ e1auto ( t ) = ( N 1 + N 2 )φ w sen( wt )
dt
dφm ( t )
e2 auto (t ) = − N 2 ⇒ e 2 auto ( t ) = N 2 φ w sen( wt )
dt

Considerando o auto-trafo como ideal, portanto não há queda de tensão, assim:


V1 auto ( t ) = e1 auto ( t ) = ( N 1+ N 2 )φ w sen( wt )
V2 auto ( t ) = e2 auto ( t ) = N 2 φ w sen( wt )

V1máx. auto = (N1+ N2) φ w = (N1+ N2) φ 2 π f


V2máx. auto = N2 φ w = N2 φ 2 π f

V1max.auto = V1 2 e V 2max auto = V2 2

Logo:

V1auto = 4,44 f (N1 + N2) φ


V2auto = 4,44 f N2 φ

V1auto N1 + N 2 N1
a auto = = = +1 ⇒ a auto = atrafo + 1 [5.28]
V2 auto N2 N2

Relações entre as correntes no auto-trafo:

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Lembrando que:

I = I2 trafo I1 auto = I1 trafo [5.29]

Pelo transformador:

N1 * I1 trafo - N2 * I2 trafo = 0
N1 * I1 auto - N2 * I = 0
N1 * I1 auto - N2 * ( I2 auto - I1 auto) = 0
(N1 + N2) * I1 auto = N2 * I2 auto

Logo:

I 2auto ( N1 + N 2 )
= =aauto [5.30]
I aauto N2

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Comparação entre as potências como transformador e auto-trafo:

S trafo = V1 trafo
* I1 trafo
= V2 trafo
*I2 trafo
[5.31]
S tauto = V1 * I 1
auto tautoo
= V2 autoo
*I 2 auto
[5.32]

Para comparar as potências aparentes disponíveis, a máquina nas duas condições deve gerar:
Pferrotrafo + Pjouletrafo = Pferroauto + Pjouleauto
Para mesma Pferro ⇒ mesmo φm no núcleo
Para mesma Pjoule no primário ⇒ mesma corrente no enrolamento de
de N1 espiras

S tauto = V1 * I 1
auto tautoo
= V2 autoo
*I 2 auto
[5.33]

Sabendo que:
V1auto = 4,44 f (N1 + N2) φ
V1trafo = 4,44 f N1 φ
V1auto N1 + N 2 ⎛ N1 + N 2 ⎞
= ⇒ V1auto =⎜ ⎟V
V1trafo N1 ⎝ N1 ⎠ 1trafo
V2auto = 4,44 f N2 φ
I = I2 trafo I1 auto = I1 trafo
Portanto:
⎛ N + N2 ⎞ ⎛ N + N2 ⎞
S tauto = V1 * I 1 =⎜ 1 ⎟ V1 * I 1 = ⎜ 1 ⎟ * S trafo
auto tautoo
⎝ N1 ⎠ trafo trafo
⎝ N1 ⎠
[5.34]
⎛ N2 ⎞ ⎛ 1 ⎞
S tauto = ⎜ 1 + ⎟ * S trafo ⇒ Stauto = ⎜⎜ 1 + ⎟⎟ * S trafo
⎝ N 1⎠ ⎝ a trafo ⎠

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5.8 EXERCÍCIOS

1) Um fluxo φ = 2 sen 377 t (mWb) enlaça completamente uma bobina de 500 espiras. Calcular:
a) Tensão induzida instantânea
b) Tensão induzida eficaz
eficaz na bobina

2) Um transformador de 100 kVA, 2200/220 V é projetado para operar com uma densidade de
fluxo máxima de 1 T e uma tensão induzida de 15 volts/espira.
a) Determine o número de
de espiras do lado 1 (primário)
b) Determine o número de
de espiras do lado 2 (secundário)
c) Qual a área da seção reta do núcleo?

3) Um trafo tem razão de espiras igual a 5.


a) Se um resistor de 100 Ω for conectado no secundário, qual será a sua resistência referida ao
primário?
b) Se o mesmo resistor for conectado ao primário, qual será a sua resistência referida ao
secundário?

4) O estágio de saída de áudio tem uma resistência de saída de 2 k Ω. Um transformador de saída


faz o casamento de impedância com um microfone de 6 Ω. Se esse transformador tem 400 voltas
no primário, quantas voltas no secundário ele deve ter?

5) Mostre que a relação volts/espira de um transformador é proporcional à freqüência e ao valor


de pico do fluxo mútuo.

6) É possível que um transformador de 60 Hz funcione em 400 Hz? Sob que condições?

7) Se um transformador de 400 Hz funciona em 60 Hz, explique:


a) Por que a tensão deve ser reduzida na
na mesma proporção da freqüência?
b) Por que a capacidade
capacidade em kVA é reduzida
reduzida na mesma
mesma proporção?
c) Por que as perdas no cobre não são reduzidas?
d) Por que o rendimento
rendimento do transformador aumenta?

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8) Explique por que um transformador de 1 kVA, 400 Hz é menor que um de 1 kVA, 60 Hz.

9) Seja um transformador de 1000 kVA em que, nas condições nominais, a perda no núcleo é de
4,5 kW e as perdas Joule nas resistências iguais a 13,5 kW. Calcular o rendimento
r endimento para:
a) Plena Carga
b) Meia Carga
c) ¼ de Plena Carga
Onde F.P da carga = 0,8 indutivo

10) Um transformador de 60 Hz, tendo um enrolamento primário com 480 espiras consome a
vazio 80 W de potência, com uma corrente de 1,4 A e uma tensão de entrada de 120 V. Se a
resistência do enrolamento é 0,25 Ω, determinar:
a) Perda no Núcleo
b) Fator de Potência a Vazio
Vazio
c) Máximo Fluxo no núcleo (desprezar
(desprezar as quedas na reatância do 1 o)
quedas na resistência e na
d) A reatância de magnetização
magnetização e a resistência de perdas magnéticas
magnéticas desprezando o efeito na
impedância do 1 o
e) A reatância de magnetização
magnetização e a resistência de perdas
perdas magnéticas incluindo
incluindo o efeito da
resistência do enrolamento R 1 = 0,25 Ω e da reatância de dispersão X 1 = 1,2 Ω,

11) Um transformador de 5,0 kVA, 2300/230 V, 60 Hz, consome 200 W e 0,30 A vazio, quando
2300 V são aplicados no lado de A.T..
A resistência do primário é 3,5 Ω. Desprezando a queda na reatância de dispersão,
determinar:
a) Tensão induzida primária
b) Corrente de magnetização
magnetização
c) Componente de corrente
corrente de
de perda
perda no núcleo

12)Testes de circuito à vazio e curto-circuito foram executados em um transformador de 10


kVA, 220/110 V, 60 Hz. Ambos os testes foram feitos com os instrumentos no lado de A.T., e os
seguintes dados foram:
Teste à Vazio: 500 W 220 V 3,16 A
Teste de Curto-Circuito: 400 W 65 V 10 A
Determine os parâmetros do circuito aproximado referido para:

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a) Primário
b) Secundário

13) Um transformador de 10 kVA, 60 Hz, 4800/240 V é ensaiado a vazio e a curto-circuito:


Ensaio à Vazio: 60 W 240 V 1,5 A (lado da B.T.)
Ensaio em Curto-Circuito: 180 W 180 V corrente nominal ( lado da A.T.)
Utilizando estes dados, calcule:
a) O circuito equivalente referido para o primário e secundário
b) A regulação de tensão do transformador à plena carga e F.P. da carga unitário

14) Um transformador de 100 kVA, 60 Hz, 12000/240 V é ensaiado a vazio e a curto-circuito:


Ensaio à Vazio: 480 W 240 V 8,75 A (lado da B.T.)
Ensaio em Curto-Circuito: 1200 W 600 V corrente nominal ( lado da A.T.)
Utilizando estes dados, calcule:
a) A regulação de tensão para carga com F.P. = 0,8 em atraso
b) Rendimento para F.P = 0,8 em atraso a ½ , ¾ e 5/4 da carga nominal
c) A fração da carga para qual ocorre rendimento máximo
d) O rendimento máximo para uma carga de F.P = 0,8 em atraso

15) Um transformador de 20 kVA, 1200/120 V, que está permanentemente ligado, é carregado


com cargas de F.P. unitário durante um período de 24 horas, como segue:
- 5 horas à plena carga
- 5 horas à meia carga
- 5 horas a ¼ de carga
O rendimento máximo ocorre à plena carga e é 97%. Calcule o rendimento diário.

16) Tendo um sistema (1) de 13800 V, deseja utilizar 13200 V que é nomeado de sistema (2).
Para fazer a interligação do sistema (2) utiliza-se um transformador de 13800/13200 V de 100
kVA. Mas se ligarmos o transformador com auto trafo, qual será a pot6encia do auto trafo, ou
seja que se pode retirar da rede?

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17) Um auto transformador abaixador deve ser usado para dar partida em um motor de indução,
a fim de limitar o módulo da corrente de partida a um nível aceitável, que é conhecido como 34
A, para uma tensão nominal da linha de 230 V. Em princípio, o auto transformador deve ser
regulado em um ponto de derivação de 80%.
a) Determine a corrente de entrada do auto trafo
b) Qual o valor da corrente da bobina comum
c) Determine os VA transformados
d) Determine os VA condutivos
e) Determine o valor nominal, em VA, do auto trafo, para as condições indicadas.
f) Determine o valor nominal de um trafo convencional equivalente que passa a ser utilizado
como auto trafo.

18) Transformador de 10 kVA, 60 Hz, 4800/240 V é ligado como auto trafo com polaridade
aditiva.

19) Transformador de 10 kVA, 60 Hz, 4800/240 V é ligado como auto trafo com polaridade
aditiva.

20) Num teste de circuito aberto e de curto circuito de um transformador monofásico de 25kVA,
2001_4E
2400/240V, 60 Hz, obteve-se os seguintes valores:
Ensaio em Vazio (B.T.): Vo = nominal Io = 1,6A Po = 114W
Ensaio em Curto (A.T.): Vcc = 55V Icc = nominal Pcc = 360W
a) Calcule as perdas no núcleo.
b) Qual a perda no cobre a plena carga.
c) Calcule a regulação de tensão para a condição de plena carga com F.P.= 0,65 atrasado. Adotar
V’2 com referência.
d) Determine os valores das tensões e das correntes do primário (V1 e I1) e do secundário (V2 e
I2), para a condição de plena carga com F.P. = 0,65 atrasado. Adotar V’2 como referência.
e) O que deve ser feito na relação de transformação do transformador para garantir 240 volts na
carga. Qual é a nova relação de transformação.
f) Determine os rendimentos do transformador quando ele alimenta cargas com 20%, 80% e
120% da nominal, com F.P. = 0,80 indutivo. Sabendo que o rendimento máximo vale 98,01% e
ocorre com 56,27% da carga nominal, quando com carga com F.P. = 0,80 indutivo.

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21) Um transformador trifásico de 1500kVA, 24,2kV/220V, ligação ∆/Υ, 60 Hz, foi ensaiado e
apresentou os seguintes valores: 2001_5D
Ensaio em Vazio (B.T.): Vo = 1,0 p.u. Io = 0,0102 p.u. Po = 0,0017 p.u.
Ensaio em Curto (A.T.): Vcc = 0,0496 p.u. Icc = 1,0 p.u. Pcc = 0,015 p.u.
a) Determine o circuito equivalente do transformador em p.u.
b) Determine o circuito equivalente do transformador refletido para o lado da B.T. em valores
ôhmicos.
c) Determine o rendimento do transformador para as seguintes cargas:
50% da nominal, F.P. = 0,92 indutivo
80% da nominal, F.P. = 0,92 indutivo
100% da nominal, F.P. =0,92 indutivo
d) Determine o rendimento máximo e a respectiva carga.

22) Um transformador de 25 kVA, 2400/240 V consome 254 W, com F.P.=0,15, quando 240 V
são aplicados no lado de baixa tensão, com o lado de alta tensão em aberto. Calcule a corrente
que é fornecida pela linha quando 2400 V forem aplicados no lado de alta tensão, com o lado da
baixa tensão em aberto. 2001_4B

23) Um transformador de 100 kVA tem perdas no núcleo medidas de 1250 W, na tensão
nominal. O teste de curto-circuito foi executado a 125% da corrente nominal e a potência de
entrada foi medida como 2875 W. calcule o rendimento deste transformador quando ele entrega
2001_4B
a potência nominal em kVA, com um fator de potência de 0,9 atrasado.

24) Um transformador trifásico de 100 kVA, 12000V/240 V, ligação ∆/Υ, 60 Hz, foi ensaiado e
apresentou os seguintes valores: 2001_4B
Ensaio em Vazio (B.T.): Vo = 1,0 p.u. Io = 0,021 p.u. Po = 0,0048 p.u.
Ensaio em Curto (A.T.): Vcc = 0,05 p.u. Icc = 1,0 p.u. Pcc = 0,012 p.u.
a) Determine o circuito equivalente do transformador em p.u.
b) Determine o circuito equivalente do transformador referido para a B.T.
c) Determine o rendimento do transformador para as seguintes cargas:
50% da nominal, F.P. = 0,92 indutivo
80% da nominal, F.P. = 0,92 indutivo
100% da nominal, F.P. =0,92 indutivo
d) Determine o rendimento máximo e a respectiva carga.

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e) Determine a regulação do transformador para a seguinte carga:
100% da nominal, F.P. =0,92 indutivo. O que deve ser feito na relação de transformação do
transformador para garantir 240 volts na carga. Qual é a nova relação de transformação?
f) Especifique um disjuntor para o lado da B.T. (corrente de curto-circuito, potência de curto-
circuito e corrente nominal).

25) Quando um transformador de 50 KVA, 2300/230 V, 60 Hz, é energizado em vazio na tensão


nominal, a potência absorvida é de 200 W, com F.P. = 0,15.
Funcionando com carga nominal, a queda de tensão na resistência e reatância de dispersão totais
são, respectivamente, 1,2% e 1,8% da tensão nominal. 2001_Reav.
a) Determinar a potência de entrada e o fator de potência do primário quando o transformador
fornece 30 KW, com fator de potência de 0,80 indutivo sob 230 V, a uma carga no lado da
baixa tensão.
b) Determinar o rendimento do transformador e a regulação de tensão.

26) Um sistema industrial de porte razoável necessita de um transformador de 10 MVA para


alimentá-lo. Sabendo-se que este sistema fica 8 horas por dia com carga nominal e o restante do
dia fica em vazio, um estudo foi efetuado e verificou-se que existiam dois transformadores que
poderiam atender esse sistema. Um transformador (A) que apresenta rendimento nominal de
99% e perdas à vazio de 0,5% e um transformador (B) que apresenta rendimento nominal de
98,8% e perdas à vazio de 0,3%. Determine: 2001_Reav.
a) Qual o transformador que deve ser escolhido para uma melhor economia de energia?
b) Qual a diferença econômica anual (R$/ano) que existe entre os transformadores, sabendo-se
que o valor da energia consumida é da ordem de R$ 82,00/MWh?

27) Um transformador monofásico de 100kVA, 11000/2200V, 60 Hz, foi ensaiado e apresentou


os seguintes valores:
Ensaio em Vazio (B.T.): Vo = nominal Io = 1,59A Po = 980W
Ensaio em Curto (A.T.): Vcc = 580V Icc = nominal Pcc = 1100W
a) Determine os valores das tensões e das correntes do primário (V1 e I1) e do secundário (V2 e
I2) quando o transformador utiliza 110% da sua capacidade nominal para alimentar uma carga
com F.P. = 0,95 indutivo. Adotar V1 como referência e utilizar o circuito simplificado.
Determinar a regulação de tensão do transformador.

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b) Determine o rendimento do transformador quando ele alimenta cargas com 50%, 80% e
120% da nominal do transformador com F.P. = 0,85. Sabendo que o rendimento máximo do
transformador ocorre com 94,39% da carga nominal, quando com carga com
F.P. = 0,85 e vale 97,62%.

28) Num teste de circuito aberto e de curto circuito de um transformador monofásico de 25kVA,
2400/240V, 60 Hz, obteve-se os seguintes valores:
Ensaio em Vazio (B.T.): Vo = nominal Io = 1,6A Po = 114W
Ensaio em Curto (A.T.): Vcc = 55V Icc = nominal Pcc = 360W
a) Calcule as perdas no núcleo
b) Qual a perda no cobre a plena carga
c) Calcule a regulação de tensão para a condição de plena carga com F.P.= 0,8 atrasado
Determine os valores das tensões e das correntes do primário (V1 e I1) e do secundário (V2 e I2)
d) Determine o rendimento do transformador quando ele alimenta cargas com 20%, 80% e 120%
da nominal do transformador com F.P. = 0,80. Sabendo que o rendimento máximo vale 98,01% e
ocorre com 56,27% da carga nominal, quando com carga com F.P. = 0,80 .

29) Uma chave compensadora é utilizada para dar partida em um motor de indução trifásico de
75 CV, 4 pólos, 60 Hz, ligação em ∆. A corrente de partida deste motor é de 7,4 vezes a corrente
nominal dele.
A chave compensadora é equipada com três auto transformadores abaixadores ligados em ∆.
Inicialmente cada um deles são ligados no tap de derivação de 65%, de modo a limitar o
módulo da corrente de partida a um nível aceitável, que é conhecido como
150 A por fase.
Sabendo que a tensão da linha é de 440 V. Determine os itens a seguir para um auto
transformador apenas (por fase).
a) Determine a corrente de entrada do auto trafo
b) Qual o valor da corrente da bobina comum
c) Determine os VA transformados
d) Determine os VA condutivos
e) Determine o valor nominal, em VA, do auto trafo, para as condições indicadas.
f) Determine o valor nominal de um trafo convencional equivalente que possa ser utilizado
como auto trafo.

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6. MÁQUINAS SÍNCRONAS

6.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Seja o dispositivo abaixo, constituído de duas bobinas cujos eixos estão separados por um
ângulo δ.

Fig. 6.1 Esquema simplificado de uma máquina elétrica.


Excitando os dois enrolamentos com correntes I1 e I2 constante, teremos:

dL1 dL2 dM
Cdes. (σ) = I 1
2
+ I2 2
+ I1I2 ou [4.18]
dσ dσ dσ

Cdes. (σ) =− I1 ∆L1 sen 2σ − I1I2 Mmax. senσ ; σ =σ( t)


2
[6.1]

Pode-se verificar que se (variar ciclicamente no tempo, devido ao deslizamento relativo


ao estator e ao rotor, teríamos um ângulo (t) e conseqüentemente um Cdes. Médio = 0).
Para se transformar esse dispositivo em um motor síncrono lança-se mão da seguinte
modificação:
rotor: corrente contínua
estator: estacionário com corrente polifásica, produzindo um campo girante com
velocidade constante, velocidade síncrona dada por:
ns = f / p , onde: f = freqüência e p = pares de pólos
Suponhamos que o rotor tenha sido acelerado até a velocidade do sincronismo, nr = ns. A
seqüência de pólos magnéticos relativos N-S desse campo girante do estator tende a se alinhar
com o núcleo ferromagnético do rotor (conjugado de relutância) e também com o campo
magnético produzido pelo rotor (conjugado de mútua). Esse conjugado resultante tende a arrastar
o rotor, continuamente, na direção do campo relativo, com atraso de um ângulo (que depende do
conjugado resistente a ser vencido no eixo).

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6.2 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

As duas partes básicas de uma máquina síncrona são:


• induzido ou armadura : com um enrolamento trifásico distribuído em ranhuras. Normalmente
localizado na parte fixa (estator).
• indutor : com um enrolamento de campo de excitação com excitação C.C. . Esse enrolamento é
conectado a uma fonte externa por meios de anéis deslizantes e escovas. Normalmente é
colocado na parte móvel (rotor). Dependendo da construção do rotor, uma máquina síncrona
pode ser do tipo rotor cilíndrico (ou pólos lisos) ou do tipo pólos salientes.

Fig. 6.2 Corte Transversal da Máquina Síncrona


A máquina síncrona pode funcionar como motor síncrono ou como gerador síncrono,
também denominado alternador :
Motor Síncrono:
Uma rede de alimentação impõe o campo girante no estator. O rotor magnetizado gira
com velocidade do campo girante sob quaisquer condições de carga.
Gerador Síncrono:
Impõe-se no eixo uma velocidade e o campo girante é então conseqüência do magnetismo
produzido no rotor. Os condutores do estator produzirão f.e.m..

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Circuito equivalente por fase - máquina síncrona

Fig. 6.3 Circuito equivalente por fase


Onde : Vo = tensão gerada internamente no enrolamento do estator
Ra = resistência ôhmica do enrolamento do estator
jXs = reatância síncrona (reatância indutiva do enrolamento do estator)

GERADOR :

Vo
>0
jXs.Ia
Va Ra.Ia ângulo de potência
Ia
Fasorialmente

MOTOR :

-jXs.Ia -Ra.Ia
Va <0
ângulo de potência
Ia Vo

Fasorialmente

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Potência desenvolvida pela máquina síncrona :
GERADOR :

Desprezando a resistência R a :
Vo = Va + jXsIa
Fasorialmente :

A
Vo jXs.Ia
.
Va C B
Ia
AB = Vo senδ
AB = Xs Ia cosϕ

Multiplicando AB por V a, temos :


Va Xs Ia cosϕ = Va Vo senδ
Va Vo
Va Ia cosϕ = sen δ
X s

Portanto :

Va Vo
P= sen δ
Xs

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6.3 MOTOR SÍNCRONO

Princípios de operação e características

Desprezando a resistência R a :

Va Vo
Va = V o + j X s I a P = sen δ ⇒ P = Va Ia cosϕ
X s

Variação da excitação - potência constante

índice 1 : motor “resistivo”


índice 2 : motor “capacitivo”
índice 3 : motor “indutivo”
Para que a potência ativa permaneça constante, o segmento AB (Vosen δ) para condição
de excitação tem sempre o mesmo segmento. O ângulo de potência ( δ) varia para ajustar o novo
valor de Vo.
Variação da corrente de Armadura I a
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Fig. 6.4 Gráfico da corrente de armadura x corrente de excitação
Como a potência mecânica cedida pelo motor está sendo mantida constante, a potência
absorvida também o é. O produto I a cosϕ permanece constante.
Mínima excitação ⇒ cosϕ indutivo
Aumenta excitação ⇒ cosϕ unitário
Aumentando mais a excitação ⇒ cosϕ capacitivo

6.4 MÁQUINAS SÍNCRONAS DE PÓLOS SALIENTES

Na máquina síncrona de pólos salientes são definidas duas reatâncias associadas


respectivamente aos eixos direto e em quadratura com os pólos do rotor.

Fig. 6.5 Esquema simplificado de uma máquina síncrona de pólos salientes.


Onde :

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Xd = reatância segundo o eixo direto e X q = reatância segundo o eixo em quadratura
X=2πfL ⇒ X = 2 π f ( N2 / R )
2π f N 2 f SN2
X= ⇒ X = 2π µo
1 l l
*
µo S

Portanto: Xd > Xq
Vo = Va + Ra Ia + jXd Id + jXq Iq
Onde:
Id = componente da corrente de armadura que produz fluxo segundo o eixo
direto
Iq = componente da corrente de armadura que produz fluxo segundo o eixo em
quadratura

∆ ABO ≡ ∆ A´B´O´
O′ A′ A′ B′ O′ A′ j Xq Iq
= ⇒ =
OA AB Ia Iq

Portanto : O′ A′ = j Xq Ia

O vetor Vo´ dá a direção do eixo de quadratura


Podemos então determinar as componentes I d e Iq :
Vo´ = Va + Ra Ia + jXq Ia
Id = Ia sen ( δ + ϕ ) ∠ -( 90 - δ)
Iq = Ia cos ( δ + ϕ ) ∠ δ
6.5 APLICAÇÕES DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS
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I) Uso do motor síncrono como corretor do fator de potência
II) Utilização do motor síncrono para variação da freqüência
Um conjugado motor-gerador C. A. no qual ocorre uma variação de freqüência é
chamado variador de freqüência. Desde que o motor síncrono é acoplado ao alternador, eles
estão ambos operando a mesma velocidade e, portanto :

fm fa pa fa
ns = = ⇒ =
pm pa pm fm

Onde:
fm = freqüência da corrente de armadura no motor
pm = pares de pólos do motor
fa = freqüência da tensão induzida no alternador
pa = pares de pólos do alternador

6.6 POTÊNCIA SINCRONIZANTE

Seja um gerador síncrono de rotor cilíndrico operando em paralelo com uma barra
infinita (tensão constante independente da carga). Devido a algum distúrbio, o angulo de carga
varia de um angulo (o que corresponde à máquina desenvolver uma potência adicional, de modo
que ela mantém o sincronismo. Essa potência adicional é conhecida como potência
sincronizante).
A potência sincronizante é dada por :

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⎡ 2 ∆⎤
Vo Va
Ps = ⎢⎣sen ∆ sen(θ + σ ) + 2 cos( )
θ + σ sen
Zs 2 ⎥⎦
Aproximações :
a) ∆ pequeno ⇒ sen∆ ≈ ∆ e sen2∆/2 ≈ 0
b) Ra ≤ Xs ⇒ Zs = ( Ra2 + Xs2 )1/2 ⇒ Zs = Xs ⇒ θ = 90o
sen (θ + δ) = cos δ
Portanto:

V oV a
Ps = ∆ cosσ por fase.
Xs

6.7 EXERCÍCIOS

1) Para um motor síncrono de pólos lisos, tensão nominal de alimentação de 220 V em ligação
estrela. Determinar a f.e.m. gerada internamente de forma a manter uma corrente na linha de 20
A, com um fator de potência 0,8 atrasado. A resistência do enrolamento da armadura vale 0,15
Ω/fase e a reatância síncrona 2 Ω/fase.

2) Um motor síncrono de rotor liso trifásico, 2300 V, ligação em estrela, tem uma reatância
síncrona de 3 Ω/fase e uma resistência de armadura de 0,25 Ω/fase. O motor opera com uma
carga tal que o ângulo de potência δ = -15o, e a sua excitação é ajustada de modo que a tensão
induzida internamente tenha módulo igual ao da tensão terminal. Determinar:
a) Corrente de armadura
b) Fator de potência do motor
c) Potência absorvida do barramento

3) Um gerador síncrono, trifásico, ligação estrela, rotor cilíndrico, 10 KVA, 230 V, tem uma
reatância síncrona de 1,2 Ω/fase e uma resistência de armadura de 0,5 Ω/fase. Calcule a
regulação percentual de tensão a plena carga com F.P.=0,8 atrasado.

4) Seja um gerador síncrono trifásico, 250 KVA, 440 V de linha (Y), 60 Hz, 4 pólos, com
reatância síncrona de 1 Ω/fase, ligado a um barramento infinito. A corrente de excitação é
ajustada para a condição nominal com F.P. = 1,0.

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a) Determinar Vo e δ para esta condição
b) Determinar novos valores de Vo, δ, P, I e cos ϕ, devido um acréscimo de 15% na corrente de
excitação
c) Com a corrente acrescida de 15%, eleva-se o conjugado do motor em 10%, determinar I, cos ϕ
e P para esta condição

5) Um gerador síncrono de pólos lisos será conectado em paralelo com um barramento


infinito.2002_4E
a) Quais são os procedimentos que devem ser tomados para efetuar a conexão em paralelo?
b) Uma vez colocado em paralelo o gerador, quais são os efeitos da corrente da bobina
excitatriz e da vazão da água na potência entregue ao barramento infinito?
c) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
uma determinada carga que exige uma corrente de 1,0 p.u. com fator de potência atrasado
(gerador). Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a corrente do campo é diminuída em 30%.
d) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
carga que exige uma corrente de 0,8 p.u.. Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a vazão da turbina é controlada de maneira a aumentar o torque da máquina síncrona
em 40%.

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 79
Curva Característica do Gerador

1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
) 1,2
. 1,1
u 1
. 0,9
p 0,8
(
0,7
a 0,6
I 0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4

Iexc. (p.u.)

OBS: Utilizar Diagramas Fasoriais

6) Um gerador síncrono trifásico, de pólos cilíndricos, conectado em ∆, 60 Hz, 230 V, 5 KVA


tem uma resistência de armadura de 0,4 Ω por fase e uma reatância síncrona de 1,8 Ω por fase.
Calcular: 2002_4E
a) A regulação de tensão a plena carga e fator de potência 0,7 atrasado.
b) A corrente na linha a meia carga e fator de potência 0,85 adiantado.

7) Um gerador síncrono de pólos lisos será conectado em paralelo com um barramento


infinito.2002_5D
a) Quais são os procedimentos que devem ser tomados para efetuar a conexão em paralelo?
b) Uma vez colocado em paralelo o gerador, quais são os efeitos da corrente da bobina
excitatriz e da vazão da água na potência entregue ao barramento infinito?
c) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
uma determinada carga que exige uma corrente de 1,2 p.u. com fator de potência adiantado
(gerador). Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 80
- a velocidade do gerador (w)
Quando a corrente do campo é aumentada em 40%.

Curva Característica do Gerador

1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
) 1,2
. 1,1
u 1
. 0,9
p 0,8
(
0,7
a 0,6
I 0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4

Iexc . (p.u.)

OBS: Utilizar Diagramas Fasoriais

8) Um gerador síncrono de rotor cilíndrico, entrega 500KW a um grupo de motores de indução


com fator de potência de 0,8 em atraso. Se a capacidade do gerador é de 750 KVA, calcule:
2002_5D

a) O número de lâmpadas incandescentes de 100W que pode ser alimentado, além dos motores,
sem que o gerador ultrapasse a sua carga nominal.
b) Repita (a) se o fator de potência dos motores cai para 0,7.

9) Um motor síncrono trifásico, de pólos cilíndricos, conectado em ∆, 60 Hz, 13500 V tem uma
resistência de armadura de 1,52 Ω por fase e uma reatância síncrona de 37,4 Ω por fase. Quando
o motor entrega 2000 HP, o rendimento é de 96% e a corrente de campo é ajustada de forma que
2002_5D
o motor tenha uma corrente adiantada de 85 A.
a) Com que fator de potência o motor está operando.
b) Calcule a tensão interna gerada Vo.
c) Calcule a potência e o torque mecânico desenvolvido.

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10) Um gerador síncrono de pólos lisos será conectado em paralelo com um barramento
infinito.2001_4B
a) Quais são os procedimentos que devem ser tomados para efetuar a conexão em paralelo?
b) Uma vez colocado em paralelo o gerador, quais são os efeitos da corrente da bobina
excitatriz e da vazão da água na potência entregue ao barramento infinito?
c) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
uma determinada carga que exige uma corrente de 1,0 p.u. com fator de potência adiantado.
Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a corrente do campo é aumentada em 20%.
d) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
carga que exige uma corrente de 0,95 p.u.. Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a vazão da turbina é controlada de maneira a aumentar o torque da máquina síncrona
em 15%.

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 82
OBS: Utilizar Diagramas Fasoriais

Curva Característica do Gerador

1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
) 1,2
. 1,1
u 1
. 0,9
p 0,8
(
0,7
a 0,6
I 0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4

Iexc . (p.u.)

11) Um gerador síncrono de pólos lisos será conectado em paralelo com um barramento
infinito.2001_5D
a) Quais são os procedimentos que devem ser tomados para efetuar a conexão em paralelo?
b) Uma vez colocado em paralelo o gerador, quais são os efeitos da corrente da bobina
excitatriz e da vazão da água na potência entregue ao barramento infinito?
c) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
uma determinada carga que exige uma corrente de 1,0 p.u. com fator de potência atrasado.
Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a corrente do campo é diminuída em 20%.
d) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
carga que exige uma corrente de 0,8 p.u.. Explique o que acontece com:
Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 83
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a vazão da turbina é controlada de maneira a aumentar o torque da máquina síncrona
em 40%.
OBS: Utilizar Diagramas Fasoriais

12) Um gerador síncrono de pólos lisos será conectado em paralelo com um barramento infinito.
2001_4E

a) Quais são os procedimentos que devem ser tomados para efetuar a conexão em paralelo?
b) Uma vez colocado em paralelo o gerador, quais são os efeitos da corrente da bobina
excitatriz e da vazão da água na potência entregue ao barramento infinito?
c) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
uma determinada carga que exige uma corrente de 1,2 p.u. com fator de potência adiantado.
Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)
- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a corrente do campo é aumentada em 30%.
d) Admitindo-se que o gerador em paralelo com o barramento infinito está trabalhando com
carga que exige uma corrente de 0,8 p.u.. Explique o que acontece com:
- a tensão interna gerada (Vo)
- a tensão terminal (Va)
- a corrente (Ia)
- o ângulo de defasagem ( ϕ), no barramento infinito.
- o ângulo de carga ( δ)

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- a potência ativa gerada (P)
- a velocidade do gerador (w)
Quando a vazão da turbina é controlada de maneira a aumentar o torque da máquina síncrona
em 20%.
OBS: Utilizar Diagramas Fasoriais

Curva Característica do Gerador

1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
) 1,2
. 1,1
u 1
. 0,9
p 0,8
(
0,7
a 0,6
I 0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4

Iexc . (p.u.)

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7. MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

A primeira indicação de que poderia haver um intercâmbio entre energia mecânica e


energia elétrica foi mostrada por Michael Faraday em 1831, através da lei da indução
eletromagnética, considerada uma das maiores descoberta individuais para o progresso da
ciência e aperfeiçoamento da humanidade. Baseando-se nos estudos de Faraday, o físico Galileu
Ferraris, em 1885, desenvolveu o motor elétrico assíncrono de corrente alternada.
Com uma construção simples, versátil e de baixo custo, aliado ao fato de utilizar como
fonte de alimentação a energia elétrica, o motor elétrico é hoje o meio mais indicado para a
transformação de energia elétrica em mecânica.

7.1 TIPOS DE MOTORES


Através dos tempos, foram desenvolvidos vários tipos de motores elétricos para atender
as necessidades do mercado. A tabela abaixo mostra de modo geral os diversos tipos de motores
hoje existentes.

Fig. 7.1 Tipos de Motores

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7.2 MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS (MOTORES ASSÍNCRONOS)

De todos os tipos de motores elétricos existentes, este é o mais simples e robusto. É


constituído basicamente de dois conjuntos: estator bobinado e conjunto do rotor.
O nome “motor de indução” se deriva do fato de que as correntes que circulam no
secundário (rotor) são induzidas por correntes alternadas que circulam no primário (estator). Os
efeitos eletromagnéticos combinados das correntes do estator e do rotor produzem a força que
gera o movimento.

Fig. 7.2 Motor de Indução em corte

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 87
Fig. 7.3 Carcaça

7.3 A ORIGEM DO MOVIMENTO EM MOTORES ELÉTRICOS

Quando da circulação de corrente elétrica nos enrolamentos do rotor e do estator,


aparecem campos magnéticos cujos pólos contrários se atraem e os de mesmo nome se repelem
(Lei do Magnetismo), dando origem assim ao deslocamento do rotor, que é montado de tal forma
que possa girar em relação a um estator fixo. Este princípio de trabalho vale para todos os tipos
de motores, apesar de variar, entre limites bastante amplos, a disposição dos campos magnéticos.

7.4 DISPOSIÇÃO DOS CAMPOS MAGNÉTICOS DE MOTORES TRIFÁSICOS

A corrente trifásica tem a particularidade, de dar origem a um campo girante.


Entende-se por um campo girante, um campo magnético cujos pólos com enrolamento
estático, mudam de posição girando, na periferia de uma máquina. Se constituirmos igualmente
no rotor da máquina um campo magnético, então os pólos contrários do rotor são atraídos pelos
pólos do estator e arrastados por este no seu movimento de deslocamento, sobre a periferia do
estator. Com isto gira também o rotor.
Pelo fato de os motores trifásicos basearem o seu funcionamento neste princípio, são
chamados de motores de campo girante .

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7.5 A FORMAÇÃO DO CAMPO GIRANTE

Para a formação de um campo girante homogêneo, duas condições devem ser satisfeitas:
O estator do motor deve ser dotado de três bobinas deslocadas de 120 . Nas três bobinas °

do estator devem circular três correntes alternadas senoidais, que devem ter entre si um
deslocamento de fase de 120 , ou seja 1/3 de período. Esta é a corrente trifásica, como a que é
°

gerada num gerador trifásico.


Quando um enrolamento monofásico é percorrido por uma corrente alternada, cria-se ao
redor deste um campo magnético alternado fixo, cuja intensidade varia proporcionalmente a
corrente. Como sua orientação norte-sul é sempre a mesma, diz-se que o campo magnético
criado é pulsante. Porém, quando três enrolamentos defasados de 120 no espaço são percorridos °

por correntes defasadas de 120 no tempo (caso das correntes dos sistemas de alimentação
°

trifásica), o campo magnético criado é girante, ou seja, sua orientação norte-sul gira
continuamente e sua intensidade é constante.
Este campo magnético girante se forma em cada instante, devido a combinação de cada
um dos campos magnéticos criados por cada enrolamento monofásico. A figura abaixo ilustra a
maneira como se produz um campo girante. No instante 1, o campo gerado pelo enrolamento de
fase A prevalece sobre os demais, determinando a orientação do campo magnético resultante. No
instante 2, a orientação do campo magnético resultante é dada pelo enrolamento da fase B que é
predominante. No instante 3, a orientação é dada pelo enrolamento da fase C. Da mesma forma
para os instantes 4,5 e 6, a orientação do campo resultante é dada respectivamente pelas fases A,
B e C. porém com sentido inverso como mostra a figura. No instante 7, completamos 360 e o °

ciclo é reiniciado.
O campo girante do estator atravessa as barras do rotor, induzindo forças-eletromotrizes.
Estas geram correntes que interagindo com o campo girante do estator, produzem um conjugado
motriz no mesmo sentido de rotação do campo.

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 89
Fig. 7.4 Formação do campo girante

7.6. CONSTRUÇÃO

O estator compõe-se de um núcleo de chapas magnéticas, que são dotadas de certo


número de ranhuras, para receber o enrolamento trifásico. O rotor do tipo tambor é, tal como o
estator, obtido pela justaposição de chapas magnéticas, e também ranhurado para receber o
enrolamento do rotor, convenientemente distribuído.

7.7. FUNCIONAMENTO

Partida: ligando-se o enrolamento trifásico à tensão, então, gira o campo girante no


enrolamento do estator à plena velocidade (n s).
Sua influência se faz sentir também sobre o enrolamento do rotor, e induz neste,
sucessivamente, tensões alternadas com a freqüência da rede. As correntes que se estabelecem
nas bobinas, estão defasadas entre si, e originam no rotor um campo comum, girante, cujos pólos
de nome contrário estão atrasados de 90 em relação aos do campo girante do estator, como se
°

pode concluir da figura 7.4, aplicando-se a regra da mão direita. Desta forma, é possível, já na
fase de partida, desenvolver um conjugado constante entre os pólos do estator e do rotor, cuja
grandeza é da ordem de 2 a 3 vezes o conjugado nominal, que é capaz de vencer a inércia da
massa do rotor e da carga plena, e também de colocar em movimento o rotor a partir do seu
estado de repouso.
Observando-se que o rotor se move no sentido da rotação do campo girante, a velocidade
relativa dos dois campos na fase inicial cada vez se aproxima mais, ou seja, a diferença de
velocidade se reduz sucessivamente. Como a tensão induzida é conseqüência do corte entre os
dois campos presentes, a redução da diferença de velocidade reduz a tensão, a freqüência, a
corrente e o campo do rotor e com isto o conjugado, são reduzidos, chegando a zero perante a
velocidade síncrona. Entretanto, se sobre o rotor não age um conjugado, então este se retarda em
relação ao campo girante, elevando conseqüentemente a diferença de velocidades. Somente por
meio deste retardo induz-se tensão nos enrolamentos do rotor, e com isto se torna possível a
existência de um campo de rotor e um conjugado. O rotor, portanto, não deve ter uma rotação
síncrona, motivo pelo qual este tipo de motor é chamado de motor assíncrono. A diferença de

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rotação entre o rotor e o campo girante é chamado de escorregamento, e sua indicação é feita
em porcentagem da rotação do campo girante do estator; na partida seu valor é de 100%.
Nos motores assíncronos, o campo girante do estator tem duas funções:
1. Criação de uma tensão no rotor por indução, para constituição do campo girante do
rotor.
2. Criação de um conjugado, conjuntamente com o campo girante do rotor, para deslocar
o rotor e a carga.
O enrolamento do estator pode por isto ser considerado análogo ao enrolamento primário
de um transformador e o enrolamento secundário análogo ao enrolamento do rotor. Motores
assíncronos são também chamados de motores de indução.
No instante da partida forma-se no rotor, em virtude do escorregamento 100%, a tensão
mais elevada possível e com isto uma corrente muito elevada, um campo intenso e o já
mencionado conjugado de partida elevado. O motor nesta situação equivale a um transformador
com o secundário curto-circuitado; a corrente de partida é por isto igual à corrente de curto-
circuito e resulta assim de 3 a 8 vezes maior que a corrente nominal.
Em Vazio: em vazio, o escorregamento apenas é de algumas rotações, em virtude da
pequena carga presente. Tensão, freqüência (menor que 1Hz), corrente e campo no rotor são por
isto muito pequenos. Apesar disto, o estator, devido a sua plena magnetização absorve, em
motores grandes até 30%, em motores pequenos cerca de 60% da corrente nominal da rede (da
qual 90% é corrente reativa).
Sob Carga: sob carga, a rotação se reduz em virtude das resistências mecânicas
encontradas, com o que entretanto o escorregamento se eleva. Com carga nominal, seu valor é de
3 a 5%.
Como conseqüência da elevação do escorregamento, eleva-se a tensão e acorrente do
rotor, com isto, forma-se um campo mais forte e um conjugado mais potente para vencer o
conjugado de carga. A rotação entretanto apenas cai pouco, pois uma maior carga pelo aumento
do escorregamento, irá criar um conjugado mais elevado. Apenas nas condições de sobrecarga é
que o escorregamento de eleva acentuadamente, o motor se desenvolve o seu conjugado
máximo, porém a rotação mesmo assim cai e o rotor pára. O escorregamento máximo é de cerca
de 20 a 30%, sendo o valor do conjugado máximo estabelecido por Norma. A figura 7.8, mostra
uma variação característica de conjugado, velocidade e escorregamento nas condições de partida,
carga e sobrecarga. Escorregamento, tensão no rotor e freqüência do rotor (também chamados de
tensões de escorregamento e freqüência de escorregamento), são os máximos na partida, os
menores em vazio e crescem com o aumento de carga até seu valor máximo.

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Fig. 7.5 Corte de um motor assíncrono bipolar

Fig. 7.6 Campos girantes do estator e do rotor

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Fig. 7.7 Estator

Fig. 7.8 Curva característica de um Motor Assíncrono

7.8 MOTOR COM ROTOR EM CURTO-CIRCUITO

7.8.1 CONSTRUÇÃO

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Motores com rotor em curto-circuito são motores assíncronos com as bobinas do rotor em
curto-circuito. As correntes de curto-circuito que aparecem no rotor, criam um campo girante
muito intenso, que adota a polaridade do campo girante do estator.
Os lados das bobinas são barras maciças, os anéis de curto-circuito formando a cabeça da
bobina, reúnem as ditas bobinas em um enrolamento. Este tipo de enrolamento (figura 7.9), é
chamado de “gaiola” e o motor é denominado como “rotor tipo gaiola”.
A gaiola é freqüentemente fabricada pela injeção de alumínio puro nas ranhuras, onde os
anéis de curto circuito e as barras, formam uma peça única e intimamente ligadas com o pacote
magnético do rotor. As ranhuras e com isto as barras, em motores de curto-circuito normais, são
de seção circular ou em forma de gota (figura 7.10). Para melhorar as características de partida, o
eixo das ranhuras não é paralelo ao eixo do rotor, mas sim deslocado de uma ranhura em relação
a este.

7.8.2 CARACTERÍSTICAS

a) Construção fácil e robusta; em virtude da transmissão indutiva da potência de


excitação sobre o rotor, não há passagem de corrente de peças fixas sobre peças móveis. Disto
resulta, na compra e na utilização de um motor mais barato e com pouca manutenção.
b) Possibilidade de partida sob plena carga, pois na partida está presente um conjugado
de 2 a 2,8 vezes maior que o conjugado nominal.
c) Conjugado máximo maior que o conjugado de partida de partida, e por isto à prova de
picos de carga e de sobrecarga (figura 7.8).
d) A rotação se altera pouco perante a variação de carga (característica paralela).
e) A rotação depende do campo girante, é por isto apenas “regulável” entre limites
reduzidos e por meio de medidas custosas, porém com possibilidades de mudar em degraus
(mudança de número de pólos).
f) Bom rendimento e fator de potência (cerca de 0,8).
g) Mudando a ligação do enrolamento do estator, de estrela para triângulo, é possível o
emprego deste motor em duas redes de tensão por fase, na relação 1:1,173, (por exemplo
220/380V), mantendo a potência e as mesmas condições de serviço. Recomenda-se porém, para
potências pequenas, a ligação em estrela, e para potências grandes em tensões mais elevadas
(440V), a ligação triângulo.
h) A corrente de partida destes motores com rotor curto-circuitado é da ordem de 5 a 8
vezes o valor da corrente nominal. Note-se que, quanto menor o número de pólos, maior a
Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 94
corrente. Por esta razão, as empresas concessionárias de energia elétrica, limitam a potência
máxima destes motores diretamente ligados a rede, girando o seu valor normalmente em torno de
5CV. A maneira mais simples de limitar a corrente de partida é pelo emprego de uma chave
estrela-triângulo.

Fig. 7.9 Gaiola do motor em curto-circuito

Fig. 7.10 Formas de ranhura para rotores


7.9 MOTOR COM ROTOR EM CURTO-CIRCUITO COM RANHURAS ESPECIAIS

Devido a elevada tensão no estator, em virtude do escorregamento, e a correspondente


corrente de curto-circuito, os em curto-circuito apresentam, na partida, uma elevada potência de
curto-circuito, que tem que ser retirada da rede mediante uma elevada corrente que passa pelo
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estator. Em vez de reduzir a corrente do estator por uma limitação de tensão, enfraquecendo
assim o campo girante do estator e o conjugado de partida, é mais indicado reduzir a corrente de
curto-circuito do rotor no local onde esta aparece, pela elevação da resistência do rotor. Isto é
possível por uma configuração especial do enrolamento ou das ranhuras do rotor, (motores de
ranhura especial), ou pela inclusão de resistores no circuito aberto de corrente do rotor (rotor de
anéis). Neste caso, obtém-se um elevado conjugado de partida com pequenas correntes, podendo
influir decisivamente na característica do conjugado, e na relação entre o conjugado de partida
de aceleração e do seu valor máximo e o conjugado a plena carga.

7.9.1 ROTOR DE CAMPO DISTORCIDO

O seu funcionamento baseia-se na influência da freqüência sobre a indutância da gaiola


do rotor. Se duas barras são montadas uma sobre a outra, dentro de uma ranhura, ou seja, em
profundidades diferentes dentro do núcleo do rotor, sob idêntica corrente, o condutor mais
profundo é envolto por um campo mais intenso e com isto com indutância maior do que o
condutor superior (figura 10). Com este efeito resistivo mais acentuado no condutor interno, a
corrente se desloca para o barramento superior, em proporção tanto maior quanto maior a
diferença entre as indutâncias superiores ou inferiores, com o aumento da freqüência de
escorregamento. Assim obtém-se uma elevada resistência na partida, no rotor, (escorregamento
elevado !), cujo valor se reduz quando a rotação se aproxima do seu valor nominal, alcançando o
seu mínimo.
a) Rotor de dupla gaiola: as barras da gaiola superior e inferior são fabricadas com
seções e formatos iguais ou diferentes, em função das condições e características exigidas (figura
7.11) e também de materiais diferentes (por exemplo gaiola superior de bronze ou latão e a
inferior de cobre) e unidas por meio de anéis de curto-circuito, comuns ou separados. Em vários
casos, a gaiola dupla é obtida por injeção de alumínio puro. Rotores de gaiola dupla, são
recomendados nas máquinas que partem com pouca carga e apresentam na ligação direta um
conjugado de 2 a 3 vezes superior ao nominal e um corrente de 5 a 7 vezes maior (figura 12). Por
esta razão, sua aplicação é feita nos casos de partida estrela-triângulo, quando a corrente de
partida e o conjugado se reduzem a 1/3 do valor acima indicado.

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Fig. 7.11 Distorção do campo

Fig. 7.12 Formatos de ranhuras para rotores de gaiola dupla

Fig. 7.13 Característica de conjugado de rotor de gaiola

c) Rotor com Ranhura de Grande Altura: neste tipo de rotor, apenas uma barra é
montada, que, entretanto, penetra bastante no núcleo do rotor, e cuja relação entre lados é da
ordem de 5 a 10 vezes mais alto do que largo (figura 7.14). Dessa forma, aparece igualmente
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uma distribuição desuniforme da corrente, que é menor do que no caso da gaiola dupla, em
virtude da falta de material magnético entre ambos os setores. Quando ligado diretamente, pode-
se alcançar uma corrente de 4 a 6 vezes o valor nominal e um conjugado de 1,3 a 1,5 vezes o
valor nominal (figura 7.15).

Fig. 7.14 Ranhuras de grande altura

Fig. 7.15 Conjugado com ranhura de grande altura

7.9.2 ROTORES COM CONDUTORES EM GRANDE PROFUNDIDADE

Quando as barras condutoras são instaladas à grande profundidade do núcleo, tendo na


sua parte superior uma estreita abertura (figura 7.16), a corrente de partida e os conjugados de
partida e máximo, caem, devido a existência de uma forte dispersão magnética. Quando o motor
é ligado, o valor da corrente de partida é da ordem de 3,5 a 4 vezes o valor nominal, porém o
conjugado alcança 0,3 a 0,6 vezes o valor nominal. Com isto, este motor só pode ser usado
quando a partida é sem carga, resultando uma partia suave (figura 7.15). Rotores de ranhuras em
grande profundidade, são usadas nos casos onde os tempos de partida são longos (cerca de 15
minutos) e onde se deseja proteger todas as partes acionadas, sobretudo girantes. Isto se faz com
que se aceite o pior fator de potência deste tipo, motivado pela grande dispersão nas ranhuras.

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Fig. 7.16 Condutores de profundidade

Fig. 7.17 Rotores de profundidade com condutores de maior resistência

7.9.3 BARRAS DO ROTOR COM MAIOR RESISTÊNCIA

Se nos rotores de gaiola dupla ou de grande altura, substituirmos o alumínio por


condutores de latão, então eleva-se a resistência do rotor. Com isto, reduz-se a corrente de
partida; o conjugado de partida, entretanto, alcança valores até 3,5 vezes o nominal, dependendo
do tipo, porque, com uma resistência suficientemente elevada no rotor, o conjugado máximo
pode ser deslocado para a posição do conjugado de partida (figura 7.17). Estes motores,
apresentam um rendimento um pouco baixo devido à sua resistência de partida, mas
simultaneamente uma variação de rotação muito regular devido ao seu grande, escorregamento,
sendo por isto recomendado para os casos de acionamento de grandes cargas de massas de
inércia, tais como prensas, tesouras e centrífugas.

7.10 MOTORES COM ROTOR BOBINADO (MOTOR DE ANÉIS)

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7.10.1 CONSTRUÇÃO DOS MOTORES DE ANÉIS

O motor de anéis é um tipo de motor assíncrono, cujo circuito de corrente do rotor possui
um resistor variável em escalões, para fins de partida e regulação. Para tanto, é necessário
abandonar a construção fechada do motor tipo gaiola (o que uma desvantagem). O rotor recebe
um enrolamento de 2 ou 3 fases, normalmente um enrolamento de duas camadas, cujo número de
pólos deve corresponder ao do campo girante do estator; os terminais iniciais (u,v,w), são
levados a um painel de ligações por meio de anéis, enquanto os terminais das extremidades
(x,y,z), são ligados conjuntamente, num ponto estrela. O circuito de corrente do rotor é fechado
por meio de um segundo ponto estrela no dispositivo de partida do rotor; este não deve por isto
ter posição de desligamento (figura 7.18). Normalmente a tensão no rotor é da ordem de 80 a
100V, com isto, a corrente no rotor é mais elevada que a corrente no estator. Assim,
para a ligação do dispositivo de partida do rotor, é necessário escolher um condutor cuja seção
seja um número superior ao do usado na ligação do motor à rede.

Fig. 7.18 Motor de anéis com rotor trifásico e resistores de partida

7.10.2 CARACTERÍSTICAS E EMPREGOS

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Motores de anéis fornecem um conjugado de partida elevado, tal como os motores de
ranhuras especiais, com baixa corrente de partida. Por meio de um escalonamento adequado do
resistor móvel e do dispositivo de partida do rotor, o conjugado máximo pode ser deslocado ao
ponto de partida, e após alcançar as condições nominais, e conseqüente redução da resistência do
resistor, novamente deslocá-lo para a sua posição normal, com rotação elevada (figura 7.19).
Também uma partida com corrente nominal é possível, quando então resulta o conjugado
nominal neste instante. Se o dispositivo de partida do rotor é dimensionado para carga
permanente, então é possível se efetuar uma regulação da velocidade para valores interiores, por
meio de um aumento artificial do escorregamento. Por isto, os motores de anéis são usados
sobretudo:

a) em acionamentos, que devem fornecer um elevado conjugado de partida com reduzida


corrente, portanto recomendado para a partida de grandes motores a plena carga, ou sob carga
pesada, com longo tempo de partida, onde é preciso acelerar grandes massas, como por exemplo
centrífugas.
b) para potências de motores, que já não permitem ligação pelos métodos normais de
partida, da rede de alimentação pública.
c) para acionamentos de reguladores de velocidade.

Fig. 7.19 Característica de velocidade e de conjugado, para partida com resistores (R3, R2, e R1)

Motores de anéis são fabricados normalmente para 3600, 1800, 1200 e 900 rpm em 60Hz
e para velocidades menores quando a potência do motor é maior. Com relação a utilização e tipo
do porta-escovas, distinguem-se:

a) Motor de anéis para regulação . Com escova permanente ligada e dispositivo de


partida para carga contínua. Neste tipo, além da partida com pequena corrente e elevado
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conjugado, é possível ajustar a velocidade até um valor de cerca de 50% da velocidade nominal.
Abaixo de 50%, a característica de velocidade irá depender muito das condições de carga. Tal
como no dispositivo de partida por resistores, também esta regulação se faz por meio da
regulação das perdas, numa redução de rotação de 50%, o conjugado ainda apresenta um valor
de 70%, enquanto a potência do motor é reduzida a 35%. Dependendo da grandeza da redução
exigida de velocidade e da característica do conjugado da máquina da máquina acionada, pode
haver necessidade de um aumento da potência do motor (em 25%, elevação de 5 a 15%, em
50%, uma elevação de 20 a 35%). O dispositivo de partida e da regulação deve ser ajustado
segundo o motor e o tipo de acionamento, devendo-se distinguir: ajustagem para valores
inferiores mantendo constante o conjugado, por exemplo, de máquinas ferramenta de corte;
ajustagem para valores inferiores numa relação linear, isto é, velocidade e conjugados variando
linearmente, como por exemplo, no acionamento de máquinas de tipografia; ajustagem para
valores inferiores com variação do conjugado numa relação quadrática em relação à velocidade,
como por exemplo, ventiladores e bombas.
b) Motor de anéis de partida. Com dispositivos capazes de curto-circuitar ou afastar as
escovas. Após alcançar a velocidade nominal, os anéis são inicialmente curto-circuitados pela
ação de um dispositivo adequado, (o segundo ponto neutro da estrela é com isto transportado do
dispositivo de partida para os anéis coletores), e em seguida as escovas são separadas dos anéis
por alguns milímetros. O motor apenas funciona como rotor em curto-circuito durante o serviço
normal.

7.11. MOTORES COM ENROLAMENTO DE COMUTAÇÃO POLAR

7.11.1 MOTORES COM DOIS ENROLAMENTOS SEPARADOS

O serviço de motores assíncronos com duas velocidades, pode ser obtido por meio da
montagem de dois enrolamentos separados, de número diferente de pólos, no mesmo estator. Por
meio de um comutador de pólos, é ligado de cada vez um dos enrolamentos e desligado um
outro. Para que o enrolamento desligado não sofra a circulação de correntes, o seu circuito deve
estar aberto. Por isto, é normal o emprego para ambos os enrolamentos, da ligação estrela (figura
7.20). Porém, também é possível fazer a ligação de uma outra maneira, como por exemplo,
estrela-triângulo ou triângulo-estrela. Motores com enrolamentos separados também podem ser
previstos para partida estrela-triângulo; para tanto, é preciso que ambos os enrolamentos sejam

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ligados em triângulo e o painel de ligações dotado de 12 terminais. No ato da comutação, a
ligação triângulo do enrolamento desligado, deve ficar aberta.
Motores com 3 velocidades, são dotados de um enrolamento normal e o outro do tipo
Dahlander, portanto também dois enrolamentos. Neste caso, o painel de ligações deve ter 9
terminais.
Motores com 4 velocidades são dotados de dois enrolamentos Dahlander, neste caso o
painel de ligações é dotado de 12 terminais.
Na maior parte dos motores com enrolamento em separado, a refrigeração é insuficiente
perante baixas velocidades. Sobretudo, com grande número de manobras. Como os motores
trifásicos apenas apresentam características de serviço favoráveis em uma velocidade, e neste
caso apenas, estamos aproveitando a metade de cada ranhura, não é possível evitar o
aproveitamento parcial do cobre e do núcleo magnético.

Fig. 7.20 Motor com enrolamentos separados, para 4/6 pólos

7.11.2 MOTORES COM COMUTAÇÃO DE PÓLOS, DE ENROLAMENTO ÚNICO

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Para simplificar as máquinas comutadoras de pólos e aproveitar melhor a seção
transversal da ranhura, foram desenvolvidos diversos tipos, que permitem obter, com um único
enrolamento, até 2, 3 ou 4 diferentes números de pares de pólos. A maior parte destas ligações
exige a retirada de numerosas derivações do enrolamento, com saídas no painel de ligações, e
complexos dispositivos especiais para a comutação. Por isto, é elevado o preço de tais motores e
sua utilização é restrita a casos especiais. O sistema mais simples e por isto o mais empregado de
um enrolamento para comutação de pólos, é a ligação Dahlander. Por meio desta ligação o motor
apresenta duas velocidades, na relação 2:1. O enrolamento de cada fase é neste caso composto de
dois grupos, que são comutados em 3 formas diferentes:
1) Comutação dos dois grupos de uma fase da ligação normal em série, para a da ligação
em oposição.
2) Comutação dos dois grupos de uma fase da ligação série para a ligação paralela (ou
antiparalela).
3) Comutação das 3 fases, da ligação triângulo para estrela ou estrela dupla.
Pela ligação em oposição, o número de pólos é reduzido à metade e a velocidade é
elevada ao dobro, pela ligação paralela alcança-se nas condições de serviço normal a necessária
velocidade elevada e conjugado necessário. Para que a tensão não se eleve em demasia nos
grupos ligados em paralelo, a ligação das fases deve ser mudada de triângulo para a ligação
estrela (figura 20).
A simultaneidade das três comutações é obtida pela mudança das três ligações da rede, da
aresta do triângulo (Ua, Va, Wa), para o ponto médio desta ligação (Ub, Vb, Wb) e a inclusão de
uma ponte de ligação estrela entre os terminais (Ua, Va, Wa). A comutação pode ser feita no
painel de ligações (figura 20), porém normalmente é efetuada com auxílio de uma chave de
comutação polar.
Na comutação dos pólos, inverte-se a direção de giro do campo girante e com isto
também a do rotor. Normalmente este fato não é desejável, motivo porque comutam-se também
as duas ligações da rede de alimentação. Esta modificação é feita dentro da máquina quando da
ligação do enrolamento no painel, por isto na figura 7.21 foi feita a ligação de Vb em Wb e de
Wb em Vb.

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Fig. 7.21 Ligação Dahlander de 4/2 Pólos

7.11.2.1 PROPRIEDADES DOS MOTORES DAHLANDER


a) De construção fácil, pois, com rotor tipo gaiola, possui apenas um enrolamento estatórico,
com possibilidade de execução em série e é por isto de baixo preço.
b) Com aproveitamento do espaço dentro da ranhura, em ambos os escalões de velocidade e
conseqüentemente bom rendimento, que é porém inferior ao dos rotores normais em curto-
circuito.
c) Comportamento normal da velocidade sob carga, em ambos os escalões de velocidade
(característica paralela).
d) Em velocidade elevada, 1,5 vezes mais potência do que na velocidade mais baixa, e, na
velocidade mais baixa cerca de 0,8 vezes a potência em relação ao rotor normal em curto-
circuito.
e) Apenas permite uma relação de velocidade de 2:1.

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f) Apenas pode ser usado em uma tensão da rede.

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7.12 MODELAMENTO DAS MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Modelo do Estator :

Fig. 7.22 Modelo do estator da máquina assíncrona por fase

A corrente I1 pode ser decomposta em duas componentes :


I´2 - componente de carga que produz uma f.m.m. que contrabalanceia a f.m.m. induzida pela
corrente do rotor.
Io - componente de excitação; corrente adicional para criar o fluxo do entreferro.
A corrente Io também tem duas componentes :
Ip - corrente de perdas no ferro (núcleo), em fase com E 1.
Im - corrente de magnetização, atrasada de 90º de E 1.

Modelo do Rotor :

Fig. 7.23 Modelo do rotor da máquina assíncrona por fase

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7.12.1 FUNCIONAMENTO

em vazio :
- o sistema de correntes 3 φ produz uma onda de f.m.m. (F O ), que gira em relação ao estator
com velocidade síncrona n s
fr e q u e n c ia ( f )
n s = p a r e s d e p o lo s ( p ) [7.1]
- associado a F 0 temos o campo magnético 3 φ , também girante
- indução de corrente no enrolamento do rotor
- o fluxo ∅0 produzido no estator pode ser decomposto em duas parcelas
∅0 = ∅m + ∅ p
- tensões induzidas devido a esses fluxos
E´1 : no estator
E´1 = 4,44 ƒ N1 ∅0
com duas parcelas
E´1 = E1 +Ep
onde E1 = 4,44 ƒ 1 N1 ∅m [7.2]
- no rotor temos :
E2 = 4,44 ƒ 2 N2 ∅m [7.3]
f2 = s f1 [7.4]
E2 = s E1 [7.5]
de [7.2] e [7.3] temos :
E N
1
= 1
= a [7.6]
E 2 N 2

- o motor comporta-se como um transformador.

Fig. 7.24a Modelo do estator e rotor da máquina assíncrona por fase

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- rotor girando a uma velocidade nr (escorregamento s)
- a corrente do rotor tem então a freqüência ( ƒ r ) :
ƒr=sƒ [7.7]
- tensão induzida E2ROTÓRICA = 4,44 ƒ r N2 ∅m = s E2 [7.8]
- reatância X2ROTÓRICA = 2π ƒ r I2 = s X2 [7.9]

Fig. 7.24a Modelo do estator e rotor da máquina assíncrona por fase

- a corrente I2 vale :
sE 2
I2 = 2 [7.10]
2
r2 + (s x2 )
E2
ou
I2 = [7.11]
2 2
( ) + ( x2 )
r2
s

- rotor fica :

Fig. 7.25 Modelo do rotor em funcionamento da máquina assíncrona por fase


r2
- o resistor pode ser expandido como :
s

r2 r2 (1 − s )
= r2 + [7.12]
s s
- o circuito fica :
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Fig. 7.26 Circuito equivalente da máquina assíncrona por fase

- como foi feito no transformador podemos ter o modelo referido para o lado 1 (estator) :

Fig. 7.27 Circuito equivalente da máquina assíncrona referido para o lado do estator por fase

7.12.2 BALANÇO DE POTÊNCIA DO MOTOR DE INDUÇÃO

Vamos considerar para a análise o seguinte circuito equivalente, por fase.

Fig. 7.27 Circuito equivalente da máquina assíncrona referido para o lado do estator por fase

1. Potência Fornecida ao Motor (P f):


Pf = 3 V1 I1 cosγ [7.13]
2. Perda Joule no Estator (P je) :
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Pje = 3 R1 I12 [7.14]
3. Perda no Ferro (P fe):
2
E1
Pfe =3 [7.15]
Rp
4. Potência Transferida ao Rotor (P 12) :
P12 = Pf - Pje - Pfe [7.16]

ou P12 = Pjr + Pel [7.17]

⎛ ' R2' (1 − s ) ⎞ ' 2


P12 = 3⎜⎜ R2 + ⎟⎟ I 2
⎝ s ⎠ [7.18]

'
R2 '2
ou
P12 =3 I2 [7.19]
s
5. Perda Joule no Rotor (P JR):

' '2
PJR =3 R2 I 2 [7.20]
6. Potência Eletromagnética Desenvolvida (P el) :

R2' (1 − s ) '2
Pel =3 I2
[7.21]
s
Sabendo que: P12 = Pjr + Pel [7.17]

Então: Pel = P12 – Pjr [7.22]


Substituindo [7.19] e [7.20] em [7.22], temos:

Pel = (1 − s ) P12 [7.23]

Pel = P12 − sP12 [7.24]


Comparando [7.22] com [7.24] concluímos que::

PJR = sP12 [7.25]

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7. Potência Útil = Potência Mecânica = Potência de Saída no Eixo (P u=Pmec=Ps):

Pµ = Pe l −∑ Pa v [7.26]

∑ Pa v - somatória das perdas por atrito e ventilação.


Resumidamente temos :

Fig. 7.28 Resumo do balanço de energia da máquina assíncrona

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7.12.3 CONJUGADO ELETROMAGNÉTICO DESENVOLVIDO

De acordo com o modelo da máquina assíncrona a potência eletromagnética é :


Pel = P12 – Pjr [7.22]
P12 = potência transferida do estator para o rotor e P jr = perda Joule no rotor.
podemos calcular também por:
'
R2 (1 − s ) '2
Pel =3 I2
[7.21]
s

Sabendo que :
C = P / Wr [7.27]
onde Wr é a velocidade angular do rotor
Wr = 2 π nr , dada em rad/seg. [7.28]

Assim :

3 r 2 (1 − s)
ι
2
Cel = .I ι
2
wr . s [7.29]

Sabendo que :
nr = (1 − s). ns [7.30]
wr = (1 − s). ws
1 1− s
=
ws wr

Então :

3r 2 ι
2
C el = .I ι
2 [7.31]
s. w s

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Por simplificação vamos utilizar o modelo abaixo, onde os parâmetros estão referidos para o
estator.

Fig. 7.29 Circuito equivalente simplificado da máquina assíncrona, referido para o lado do
estator por fase

A corrente no rotor I´2 pode ser calculada por :


ι V1 ι V1
I = ⇒ I = [7.32]
r′2
2 2
Z
( r1 + ) 2 + ( x1 + x ι 2 ) 2
s

V1
ou I
ι
2 = [7.33]
s r1 + r
ι

( 2
) 2 + ( x1 + x ι
2 )2
s

Substituindo [7.33] em [7.31], temos :


2
3r ι
V1
Cel = 2
. [7.34]
s ws (s r1 + r 2 ) 2 ι
2
[ 2
+ ( x1 + x 2 ) ]
ι

Multiplicando o numerador e o denominador por s, fica :

3 r 2 .V12 s ι

Cel = [7.35]
ws [( sr1 + r 2 ) 2 + s 2 ( x1 + x 2 ) 2 ] ι ι

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7.12.4 CONJUGADO MÁXIMO EM FUNÇÃO DO ESCORREGAMENTO S

3V12
[rι 2 ((sr1 + rι 2 )2 + s 2 (x1 + xι 2 )2 )] −[2(sr1 + rι 2 ).r1 + 2s(x1 + xι 2 )2 ].srι 2
dCel ws
=
ds [(sr1 + rι 2 )2 + s2 (x1 + xι 2 )2 ]2
[7.36]
dc el
Para Cel máx  =0 [7.37]
ds
Para derivada nula devemos ter numerador igual a zero.
O valor do s para ter C máx é :
ι
+ r 2
smax = − 2 [7.38]
r1 + ( x1 + x 2 ) 2 ι

valor do escorregamento para se ter o conjugado máximo.

Substituindo em [7.35] temos:


2
+ 3V1 1
Cmax =− . + [7.39]
ws 2 2
2( r1 + ( x1 + x 2 )
ι
r)
− 1
Obs: independe de r´ 2 (resistência do enrolamento do rotor)

A curva do conjugado (C) em função do escorregamento (S) é aproximadamente :

Fig. 7.30 Curva do conjugado em função do escorregamento da máquina assíncrona

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7.12.5 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO CIRCUITO EQUIVALENTE
APROXIMADO DA MÁQUINA ASSÍNCRONA

Seja o circuito equivalente referido para o estator :

Fig. 7.29 Circuito equivalente simplificado da máquina assíncrona, referido para o lado do
estator por fase

a) máquina girando em vazio :


nr ≡ ns ⇒ s é muito pequeno, portanto temos :

Fig. 7.31 Circuito equivalente simplificado da máquina assíncrona em vazio

Ensaio em Vazio :
- aplica-se a tensão nominal e mede-se : V o, Io e Po
- Po são as perdas no núcleo somadas às perdas por atrito e ventilação
- Po = PoFE + PA.V. [7.40]
Para determinar os parâmetros do motor utiliza-se os valores de tensão, corrente e potência por
fase, assim :
2
Vo
RP = [7.41]
PoFE

Vo Vo
Xm = ⇒ Xm = 2
[7.42]
Im ⎛V ⎞
2
Io −⎜ o ⎟
⎝ RP ⎠

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Curva do ensaio em vazio P o x Vo :

Fig. 7.32 Curva Po em função de V o da máquina assíncrona em vazio

b) Máquina com o rotor bloqueado :


nr = 0 ⇒ s = 1

Fig. 7.33 Circuito equivalente simplificado da máquina assíncrona em vazio

Ensaio com o rotor bloqueado :


- aplica-se a corrente nominal e mede-se : I cc, Vcc e Pcc
Para determinar os parâmetros do motor utiliza-se os valores de tensão, corrente e potência por
fase, assim :
Pcc
R cc = [7.43]
I cc 2

Rcc = R1 + R´2, considerando R 1 = R´2 ⇒ Rcc / 2 = R1 = R´2 [7.44]


2
2 2
⎛V ⎞
X cc = Z xx − Rcc ⇒ X cc = ⎜ cc ⎟ − Rcc 2 [7.45]
⎝ I cc ⎠
Xcc = X1 + X´2, considerando X 1 = X´2 ⇒ Xcc / 2 = X1 = X´2 [7.76]

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7.12.6 CURVAS DE CONJUGADO E CORRENTE EM FUNÇÃO DO
ESCORREGAMENTO S

Fig. 7.30 Curva do conjugado em função do escorregamento da máquina assíncrona


Com escorregamento s diferente de zero, haverá indução de tensão E 2 nos condutores do rotor e
também ma circulação de corrente I 2 dada por :
sE
I 2 = 2
2
[7.47]
2
r2 + (s x 2 )
A resistência rotórica independe da freqüência, mas a reatância depende, pois
X2 s = 2 π s f1 L2; daí podermos destacar os seguintes trechos da curva acima :
1º Trecho : motor de indução com s pequeno ( 0 a 5%).
Nesta região temos s X2 << R2 e a corrente I 2 estará praticamente em fase com E 2.
s E2
I2 ≅ [7.48]
R2

2º Trecho : motor de indução com s elevado (10 a 100%). Nesta região a corrente
depende tanto de R 2 como de s X 2.
sE
I2 = 2
2
, em particular para s = 1, temos :
2
r2 + (s x2 )
E2
I sP = 2 2
[7.49]
R2 + X2

3º Trecho : s > 1 ⇒ Freio


A corrente I 2 tende para um valor final onde o termo s X 2 >> R2
I2 = E2 / X2 [7.50]
4º Trecho : s < 0 ⇒ Gerador
Gerador síncrono, temos corrente negativa. O conjugado inverte de sentido.

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7.12.7 INFLUÊNCIA DA TENSÃO V1 E DA RESISTÊNCIA ROTÓRICA SOBRE AS
CURVAS DE CORRENTE E CONJUGADO

Fig. 7.34 Circuito elétrico da máquina assíncrona de rotor bobinado


sE
Pela expressão : I 2 = 2
2
, vemos que a largura da faixa do 1º trecho
2
r2 + (s x2 )
depende dos valores de R 2 e s X 2. Quanto maior for o valor de R 2 maior será o primeiro trecho,
pois o motor terá que atingir escorregamentos maiores para que a reatância comece a ter
influência sobre a impedância rotórica.
Graficamente temos :

Fig. 7.35 Curva do conjugado em função do escorregamento e da resistência rotórica

Uma das aplicações dessa particularidade é podermos conseguir o maior conjugado


possível (Cmáx.) na partida, com uma corrente de partida menor do que aquela que acontece
sem resistência externa. A medida que o rotor vai aumentando a velocidade, vamos diminuindo o
valor da R2ext. passando para outras curvas até chegarmos ao curto-circuito entre elas (anéis).
Este controle pode ou não ser manual.

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7.13 MÉTODOS DE VARIAÇÃO DE VELOCIDADE DO MOTOR DE INDUÇÃO

Fig. 7.36 Circuito equivalente simplificado da máquina assíncrona em vazio

- Escorregamento (s) :
w − w 2 π f
s = s
onde : w s =
w s p
p = número de pares de pólos
- Rotor Bloqueado ⇒ w = 0 ; s = 1
- Rotor em Sincronismo ⇒ w = ws ; s = 0
- R´2 / s ⇒ representa toda a potência rotórica : P rot
Prot = Pmec + PJoules do rotor
Prot = 3 (R´2 / s) I´22
Pmec = 3 (R´2/s - R´2) I´22
Pmec = 3 R´2 (1-s / s) I´22
Pmec = T x W
T x W = 3 R´2 (1-s / s) I´2 2
W = Ws (1-s)
T x Ws(1-s) = [ 3 R´2 (1-s ) I´22 ] / s
T = 3 (R´2 / s ) I´2 2 / ws

Fig. 7.38 Curva característica T x W dos motores C.A assíncronos

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Fig. 7.38 Curvas características do motor de indução de 150 KW, 4 pólos

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7.13.1 MÉTODO DA MUDANÇA DO NÚMERO DE PÓLOS

Fig. 7.40 Enrolamento de múltipla polaridade ou enrolamento Dahlander

Fig. 7.41 Esquema elétrico do enrolamento Dahlander

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Curva Característica :

Fig. 7.42 Curva característica T x W dos motores dahlander

2π f
W s1 =
2p
2π f
Ws2 =
p

Considerações :

1) Esse processo é bastante simples, pois requer apenas um motor com enrolamento especial e
um jogo de contatores para realizar o chaveamento.

2) Esse processo não permite propriamente uma variação contínua de velocidade. Ele possibilita
a operação somente em dois pontos W s1 e Ws2.

3) É normalmente utilizado em partidas pesadas onde a inércia da carga é elevada. Neste caso a
partida é realizada em 2 estágios, interligando inicialmente a configuração ∆ com (2p) pólos, a
medida que a máquina atinge W s1, processa o chaveamento para ΥΥ passando para W s2.

7.13.2 MÉTODO DO REOSTATO DO ROTOR : MOTOR DE ANÉIS


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Fig. 7.43 Esquema elétrico do motor de anéis

Considerações :

1) Este sistema permite obter uma variação de velocidade discreta (não contínua), cujos pontos
dependem tanto do reostato como da própria curva característica do conjugado resistente da
carga.

2) É um equipamento relativamente simples que possui alta confiabilidade operacional, sendo


também de baixo custo de investimento.

3) A sua desvantagem reside no fato de ter baixo rendimento em rotações reduzidas. Isto faz com
que a medida que se deseja ampliar a faixa de variação de velocidade, o rendimento do
acionamento será inversamente proporcional à ela.

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7.13.3 MÉTODO DA CASCATA SUB-SÍNCRONA :

R´2/s representa a potência rotórica Prot.


Prot = P12 = Pmec + Pjoules do rotor
Pmec = Prot - Pjoules do rotor
Prot = 3 R´2 I´22 / s
Pjoules = 3 R´2 I´2 2
Pmec = 3 R´2 I´22 ( 1 - s / s )
= Pmec / Prot = 1 - s
Pmec = Prot ( 1 - s ) = P rot ( 1 - s )
Pjoule = Prot s

Fig. 7.44 Diagrama de blocos do método cascata sub-síncrona


Considerações :
1) Este processo permite uma variação contínua de velocidade desde 0 à Ws.
2) Através do sistema de realimentação de velocidade, esse processo permite um ajuste preciso
da velocidade desejada.
3) Em qualquer ponto de velocidade, o rendimento do acionamento é sempre elevado, pois a
energia rotórica é devolvida para a rede.
4) A potência do bloco da eletrônica está diretamente relacionado com o escorregamento, ou
seja, a faixa de velocidade que se quer controlar. É usado para faixas pequenas, onde o
escorregamento é pequeno, portanto a potência do bloco da eletrônica pode ser menor.

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7.13.4 VARIAÇÃO DA VELOCIDADE PELA TENSÃO DO ESTATOR

Fig. 7.45 Circuito simplificado de uma soft-start

Fig. 7.46 Motor com Torque máximo próximo do sincronismo

Fig. 7.47 Motor com Torque máximo próximo à condição de rotor bloqueado
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Considerações :

1) Método simples e barato :


Por se tratar de uma ponte a tiristores, este equipamento é bastante simples e de custo
reduzido. A medida que o ângulo de disparo varia, a tensão aplicada por fase também é variável,
fazendo com que a curva de Torque do Motor tenha uma variação contínua até condição de
alimentação nominal.

2) Para variação de velocidade (T máx ⇒ w =0)


Para garantir eficácia na faixa de variação de velocidade desde um valor mínimo até um valor
máximo, a curva característica do motor pede um T máx. acontecendo próximo à condição de rotor
bloqueado.

3) Para utilização no esquema de partida em lugar de chave Y/ ∆, permite controle contínuo da


corrente desde w = 0 até w = w s
Este equipamento é muito utilizado atualmente para diminuir a corrente de partida de motores
de gaiola, sendo utilizados em lugar da chave Y/ ∆. Nesta aplicação permite que a partida se
realize com a corrente por fase limitada desde a velocidade zero até um valor nominal da
máquina (Soft Start)

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7.13.5 VARIAÇÃO DA VELOCIDADE PELA TENSÃO E FREQÜÊNCIAS
(INVERSORES)
1ª FASE :

Fig. 7.48a Circuito simplificado de um inversor de freqüência

TABELA 7.1 – POSIÇÃO DE ESTADOS DOS TRANSITORES DO INVERSOR

Fig. 7.49 Formas de onda de tensão simplificadas, produzidas pelo inversor de freqüência

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1ª Fase :
Considerações :
1) Através do controle sobre o intervalo de tempo de cada fase, controla-se o ciclo total e
conseqüentemente a freqüência da tensão por fase aplicada na máquina.
2) Esta forma de controle aplica sobre a máquina harmônicas de baixa ordem 5ª, 7ª, 11ª e 13ª, o
que produz uma vibração e oscilação quando o motor opera em velocidade baixa, por isso esta
forma de controle somente é empregada em alta freqüência.

2ª FASE :

Fig. 7.48b Circuito simplificado de um inversor de freqüência

Fig. 7.50 Forma de onda de corrente, produzidas pelo inversor de freqüência

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2ª Fase :
1) No esquema PWM, o inversor além da componente fundamental, coloca harmônicas somente
de alta freqüência acima da 17ª, de forma que, mesmo em baixas velocidades, devido a ausência
das harmônicas de baixa freqüência (5ª, 7ª, 11ª e 13ª) a máquina não terá torques pulsantes,
produzindo oscilações e nem perdas de aquecimento devido a presença destas.
2) Observa-se então que na forma PWM de controle, o motor enxerga como se a fonte
constituída de uma alimentação puramente senoidal.

7.14 COMPORTAMENTO DO MOTOR ASSÍNCRONO ALIMENTADO POR FONTE


DE TENSÃO E FREQÜÊNCIAS VARIÁVEIS

1º Método :
Mantendo-se V / f = constante

Fig. 7.36 Circuito equivalente simplificado da máquina assíncrona em vazio

AB = φ1 = φm + φdisp.
VAB = V * = 4,44 f Ne φ1 [2.13]
*
V 1 V *
Φ1 = = = cons tan te [7.53]
4 ,44 f N e 4 ,44 N e f
Análise do Torque :
*2
3 V 2
1 3V
T max .= * = x≈2πfL
2ws r1 2 + x2 2w s x
2 2
3V * 1 3P ⎛V *⎞
Tmax = * = *⎜ ⎟
2π f 2
2 π f L 8π L ⎝ f ⎠ [7.54]
2*
P
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Se V* / f = constante ⇒ Tmax = constante

Considerações :
1) Em toda faixa de variação de velocidade, mantendo-se V* / f = constante, o fluxo se mantém
constante.

2) Pela análise do T máx., observa-se que esta variável também se mantém constante,
caracterizando um comportamento semelhante a um motor C.C. controlado pela armadura.

3) Como a diferença entre a tensão V* e a dos terminais V e dada pela queda na resistência
estatórica, então quando em baixas freqüências o motor ao ser alimentado, precisará ter na fonte
a compensação R 1I1 para garantir V* / f constante.

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7.15 SIMULAÇÕES DE MOTORES DE INDUÇÃO UTILIZANDO O SOFTWARE
PSPICE

O circuito equivalente, por fase, de um motor de indução, é geralmente desenhado com o


circuito equivalente do rotor referido ao estator, como é mostrado na Fig. 7.27. As perdas
ôhmicas nos enrolamentos do estator e do rotor são representadas, respectivamente, por R e R’2
modelam a dispersão mo estator e no rotor, enquanto Rp corresponde às perdas no ferro e Xmag
à reatância de magnetização. A resistência do rotor é dividida em duas parcelas para separar as
perdas ôhmicas. A parcela R'2(1-s)/s corresponde à parte variável da resistência rotórica, que é
função das condições de operação do motor.

Fig. 7.27 Circuito equivalente, por fase, do motor de indução, referido ao estator.

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Para poder simular o circuito equivalente do motor, é necessário efetuar um balanço

energético do motor. A potência fornecida pela fonte trifásica será:

P = 3.V 1 . I 1 . cos φ
f
[7.13]

As perdas Joule no estator são dadas por:

2 [7.14]
P = 3. R1 . I 1
je

As perdas no ferro são dadas por:


2
V1 2
P = 3. R . I ≅ 3.
P P P
[7.15]
R P

A potência transferida ao rotor, pelo entreferro, é calculada por:

P12 = P − P − P f je P
[7.16]

Como a potência só pode ser dissipada na parte resistiva do circuito equivalente, a

potência transferida ao rotor será:


2
⎡ R ' (1 − s )⎤ 2 R'2 . I '2 [7.19]
=
P12 ⎢ R'2
3. + 2
⎥. I '2 = s
⎣ s ⎦

As perdas Joule no rotor são calculadas por:


2
P jr = 3. R'2 . I '2 [7.20]

A potência elétrica disponível para ser convertida em potência mecânica será aquela

transferida ao rotor, através do entreferro, descontando-se as perdas Joule no rotor:

(1 − s ) 2 [7.21]
Pe = P12 − P jr = 3. R'2 s
. I '2

A potência útil pode ser expressa por:

P = P −P u e a [7.26]

O conjugado eletromagnético é dado por:

P [7.27]
C = ω
e
e

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Considerando que a velocidade angular pode ser expressa em função da velocidade síncrona por:

ω = (1− s).ωs [7.30]

substituindo o valor de ω da expressão (A-10), o conjugado eletromagnético passa a ser dado

por:
2
3. R'2 . I '2 1 [7.31]
C = e
.
s ω s

No circuito equivalente do PSPICE, para traçar a curva Pe x escorregamento, basta plotar

a potência dissipada em
(1 − s )
3. R'2
s

[7.51]

dada por:
2
P12 = 3.V 2 P . I '2 [7.52]

Para se obter o gráfico do conjugado, pode-se usar um artifício, criando-se uma fonte

vinculada, com ganho 1/ ωs e


P12 1 1
C = = 3. .V 2 P . I '2 .
ω s (1 − s) (1 − s )
e
ω s traçando-se a corrente em um

resistor R3=(1-s).

[7.53]

O termo V2P/ωs corresponde à queda de tensão no resistor R 3 . Assim, a corrente em R3

pode ser obtida por:


V2
I 3 = (1 − s).
P
R [7.54]
ω s

Dessa forma, o conjugado eletromagnético será expresso por

V2 [7.55]
C = 3. (1 − s). . I '2 = 3. I 3 . I '2
P
e R
ω s

A Fig. 7.51 mostra a inclusão da fonte de tensão vinculada e do resistor R 3.

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Fig. 7.51 Circuito equivalente para obtenção do conjugado eletromagnético

7.15.1 UM EXEMPLO DE CURVA CARACTERÍSTICA

Seja como exemplo, um motor de indução, de rotor bobinado, 4 pólos, 0,37 kW, 220V,

1,64A, 60Hz e conectado em delta ( ∆), que foi submetido aos ensaios em vazio e em curto-

circuito. Os dados obtidos estão apresentados na tabela abaixo.

TABELA 7.2 ENSAIO EM VAZIO E EM CURTO-CIRCUITO

Ensaio em vazio Ensaio em curto


Vo (V) Io (A) Po(W) F.P.vazio Vcc(V) Icc(A) Pcc(W) F.P.curto
214 0,95 58,6 0,17 10 0,26 2,3 0,50
200 0,86 52,3 0,17 20 0,51 8,9 0,49
190 0,80 48,1 0,18 30 0,74 18,8 0,50
180 0,74 43,6 0,19 40 0,99 33,7 0,49
170 0,68 40,7 0,22 50 1,23 50,6 0,50
160 0,64 37,9 0,22 60 1,55 81,4 0,50
150 0,59 36,0 0,23 70 1,82 114,0 0,50
140 0,55 34,6 0,25
130 0,51 31,5 0,28
120 0,47 30,7 0,31
110 0,43 28,9 0,34
100 0,40 27,8 0,38
90 0,37 26,2 0,45
80 0,34 24,5 0,53
70 0,31 24,6 0,60

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As perdas por atrito e ventilação (Pa) foram determinadas através da Fig. 7.52 e são

consideradas constantes e iguais a 10 Watts.

60

55

50

45

40

) 35
s
tt
a 30
W
( 25
o
P 20

15

10 Perdas por A trito e Ventilação


5

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

Vo (Volts)

Fig. 7.52 Gráfico da Potência em Vazio (Po) em função da Tensão (V o)

Os parâmetros do motor foram calculados e estão referidos ao estator , conforme relação

abaixo:

R1=15,16 Ω R’2=15,16 Ω X1=29,9 Ω X’2=29,9 Ω

Xmag=393,94 Ω RP=2826,91 Ω

A velocidade síncrona pode ser obtida da freqüência de alimentação e do número de

pólos do motor, resultando ωs=188,5 rad/s. Desta forma o ganho da fonte de tensão vinculada E2
–3
do circuito equivalente da Fig. 7.53 será 5,305 * 10 .

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Fig. 7.53 Circuito equivalente do motor no PSPICE

A potência útil do motor na condição de plena carga corresponderá à potência

eletromagnética (Pe) dissipada no resistor Rr descontadas as perdas por atrito e ventilação (P a),

conforme (A-8).

Simulando-se o circuito da Fig. 7.53 pode-se obter do gráfico da Fig. 7.55, a potência útil

-
(0,37 kW) e consequentemente determinar o escorregamento nominal, aproximado de 56,55*10

3
.

Fig. 7.55 Curva característica da potência útil

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Pode-se calcular a potência fornecida ao motor através da expressão [7.13]. Para tanto, do

circuito simulado, obtém-se a corrente de linha:

I1 = 1,65∠-40,05 ⇒ cosφ=0,765

resultando em uma potência fornecida pelo motor de 481,29W.

Para verificar-se a eficiência do modelo, pode-se efetuar um balanço energético

Potência fornecida pelo motor 481,29W (1)

Potência dissipada no cobre no estator 41,60W (2)

Perdas no ferro 38,71W (3)

Potência dissipada no cobre no rotor 22,91W (4)

Perdas por atrito e ventilação 10W (5)

Potência mecânica (1)-(2)-(3)-(4)-(5) 368,07W

Considerando os desvios de aproximações efetuadas, o resultado confirma o valor de

370W, previsto para a potência mecânica.

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A Fig. 7.56, permite verificar o comportamento da corrente e do conjugado do motor em função

do escorregamento.

Pode-se observar os valores de conjugado de partida, máximo e nominal e da corrente

nominal e de partida.

Fig. 7.56 Curva conjugado x escorregamento.

A seguir, é apresentado os valores calculados utilizando os parâmetros do circuito

equivalente do motor:

Conjugado de Partida = 2,41Nm

Conjugado Máximo = 4,53 Nm

Conjugado Nominal = 2,15 Nm

Corrente Nominal = 1,64 A

A confrontação dos valores simulados com os valores calculados, mostra novamente a

eficiência do modelo utilizado.

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7.16 CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICAÇÕES DE MOTORES DE INDUÇÃO

7.16.1 INTRODUÇÃO

A seleção do tipo adequado do motor com respeito a:


• conjugado;
• fator de potência;
• rendimento;
• elevação de temperatura;
• isolação;
• tensão;
• grau de proteção mecânica;
somente pode ser feita após uma análise considerando parâmetros como:
• custo inicial;
• capacidade da rede;
• necessidade da correção do fator de potência;
• conjugados requeridos;
• efeitos da inércia da carga ambiente;
• regulação da velocidade.

Na seleção dos motores, é importante considerar as características técnicas de aplicação e


as características da carga.

7.16.2 CARACTERÍSTICAS DA CARGA

7.16.2.1 POTÊNCIA NOMINAL

Quando se deseja escolher um motor para acionar uma determinada carga, é preciso
conhecer o conjugado requerido pela carga e a rotação que esta carga deve ter em condições
nominais.

Pn = wn * Cn [7.56]
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Onde: Pn em Watts
C n em Nm
wn em rad/s

Na equação [7.56] considerou-se que o conjugado requerido pela carga é igual ao


conjugado nominal do motor. Esta consideração só é verdadeira para acoplamento direto.
Quando o acoplamento for com redução de velocidade, o conjugado requerido pela carga
deve ser referido ao eixo do motor, da seguinte maneira:
1 wc
CCE = * *CCN [7.57]
ηacopl. wm

Onde: CCE = conjugado de carga referido ao eixo do motor [Nm]


πacopl. = rendimento do acoplamento
wc = rotação da carga [rad/s]
wm = rotação do motor [rad/s]
CCN = conjugado de carga nominal [Nm]

wc
R= [7.58]
wm

Onde:
R = fator de redução

O rendimento do acoplamento pode ser definido por:


Pc
ηacopl. = [7.59]
Pm

Onde: Pc = Potência transmitida à carga [Kw]


Pm = Potência do motor [Kw]

Na tabela 7.3, podemos observar o rendimento de alguns tipos de acoplamentos mais utilizados:

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TABELA 7.3 – TIPOS DE ACOPLAMENTO COM RESSPETIVAS FAIXAS DE
RENDIMENTO
TIPO DE ACOPLAMENTO FAIXA DE RENDIMENTO
(%)
Direto 100
Embreagem Eletromagnética 87 - 98
Polia com Correia Plana 95 - 98
Polia com Correia em V 97 - 99
Engrenagem 96 - 99
Roda Dentada 97 - 98
Cardã 25 - 100
Acoplamento Hidráulico 100

7.16.2.2 CONJUGADO RESISTENTE DA CARGA

É o conjugado requerido pela carga, e portanto, depende do tipo de carga a ser acionada
pelo motor. Conhecendo-se a curva do conjugado da carga é possível determinar o conjugado
médio da carga. O conhecimento do conjugado médio é importante no cálculo do tempo de
aceleração.
Ccarga = Co + Kc . ncx [7.60]
Onde: Ccarga = conjugado de carga médio [Nm]
Co = conjugado de carga inicial [Nm]
Kc = constante que depende da carga acionada
x = parâmetro que depende da carga, pode assumir os valores -1, 0, 1, 2.

Fig. 7.57 Curva de conjugado e o conjugado médio da carga

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O conjugado médio da carga pode ser obtido graficamente, bastando que se observe que a
área A1 seja igual a área A2.
Analiticamente o conjugado médio da carga pode ser calculado como segue:
O conjugado da carga é dado pela expressão [7.60], ou seja:
Ccarga = Co + Kc . ncx [7.61]

Para x = 0, 1 e 2 o conjugado médio pode ser calculado como:


n1 n1
1 1
n 2 − n 1 ∫2 n 2 − n 1 ∫2
CCmedio = C arg d
c a nc
nc ⇒ CCmedio = (C o + K c . n c x ) d nc
c c n c c n

1 ⎛ 1 ⎞ nc1
CCmedio = ⎜ Co . nc + Kc . nc x+1. ⎟
nc2 − nc1 ⎝ x + 1⎠ nc 2

⎛ n c2 x+1 − n c1x+1 ⎞ 1
CCmedio = C o + K c .⎜ ⎟. [7.62]
⎝ nc 2 − nc1 ⎠ x + 1

Quando a carga parte do repouso temos n c1=0 e então resulta:


n c2 x
CCmedio = Co + Kc . [7.63]
x +1

Portanto, temos:

1) Carga com CONJUGADO CONSTANTE (x=0):


Ccarga = Co + Kc = CCN [7.64]
P = (Co + Kc) nc [7.65]

CCmedio = C o + Kc = CONSTANTE = CCN [7.66]

Fig. 7.58 Comportamento de torque e potência de cargas de conjugado constante

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2) Carga com CONJUGADO LINEAR (x=1):
Ccarga = Co + Kc.nc = C CN [7.67]
P = Co. nc + Kc. nc2 [7.68]
1
CCmedio = C o + . K .n
2 c c
Co + CCN
CCmedio = [7.69]
2

Fig. 7.59 Comportamento de torque e potência de cargas de conjugado linear

3) Carga com CONJUGADO QUADRÁTICO (x=2):


Ccarga = Co + Kc.nc2 = CCN [7.70]
P = Co. nc + Kc. nc3 [7.71]
1
CCmedio = C o + . K c . nc 2
3
2. C o + C CN
CCmedio = [7.72]
3

Fig. 7.60 Comportamento de torque e potência de cargas de conjugado quadrático

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4) Carga com CONJUGADO HIPERBÓLICO (x=-1):
Ccarga = Co + Kc/nc = CCN [7.73]
P = Co. nc + Kc [7.74]
n1 n1
1 1 K
n 2 − n 1 ∫2 arg ∫ C
CCmedio = C d ⇒ CCm ''edio = d
n 2 − n 1 2 nc
c a nc
nc nc
c c n c c n

Kc n c2
CCmedio = .Ln
.Ln(n c ) . [7.75]
nc 2 − nc1 n c1

Fig. 7.61 Comportamento de torque e potência de cargas de conjugado hiperbólico

5) CONJUGADOS NÃO DEFINIDOS


Neste caso não se aplica a equação [5], pois não podemos determinar sua equação de
maneira precisa, logo temos que determinar o seu conjugado utilizando técnicas de integração
gráfica. Na prática, analisa-se como conjugado constante, pelo máximo valor de torque
absorvido.

Fig. 7.62 Comportamento de torque e potência de cargas de conjugado não definidos

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7.16.2.3 MOMENTO DE INÉRCIA

O momento de inércia da carga acionada é uma das características fundamentais para


verificar, através do tempo de aceleração, se o motor consegue acionar a carga dentro das
condições exigidas pelo ambiente ou pela estabilidade térmica do material isolante.
Momento de inércia é uma medida da resistência que um corpo oferece a uma mudança
em seu movimento de rotação em torno
t orno de um dado eixo. Depende do eixo em torno do qual está
girando e, também, da forma do corpo e da maneira como sua massa está distribuída. A unidade
do momento de inércia é kgm 2.
O momento de inércia total do sistema é a soma dos momentos de inércia da carga e do
motor (Jt = Jm + Jc).
No caso de uma máquina que tem “rotação diferente do motor” (acionamento por polias
ou engrenagens) o momento de inércia deve ser referido ao eixo do motor.
Depende do eixo de rotação, da forma do corpo e da maneira como a sua massa é
distribuída.

Fig. 7.63 Representação de momentos de inércia da carga e no motor

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JCE = Jc . R2 [7.76]
Onde: JCE = momento de inércia da carga referida ao eixo do motor em [kgm 2]
Jc = momento de inércia da carga em [kgm 2]

JT = JM + JCE [7.77]
Onde: JT = momento de inércia total “visto” pelo motor em [kgm 2]
JM = momento de inércia do motor em [kgm 2]

JM = 0,04.P0,9.p2,5 [7.78]
Onde: P = potência nominal do motor em [Kw]
p = número de pares de pólos do motor

Observação:
Uma grandeza muito utilizada para medir o momento de inércia é o “Momento de Impulsão”,
conhecido com GD 2 da carga, expresso em kg/m 2. Sua relação com o momento de inércia é dada
por: J = GD2 / 4

7.16.3 CONJUGADO X VELOCIDADE DO MOTOR

Representando num gráfico a variação do conjugado com a velocidade para um motor,


vamos obter uma curva com o seguinte aspecto:

Fig. 7.64 Curva do conjugado em função da velocidade de um motor de indução

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CONJUGADO NOMINAL ou DE PLENA CARGA (C n):
É o conjugado desenvolvido pelo motor à potência nominal, sob tensão e freqüência nominais.
Cn = Pn / wn [7.79]

CONJUGADO COM ROTOR BLOQUEADO (C P):


Também denominado “Conjugado de Partida” ou “Conjugado de Arranque”. É o conjugado
mínimo desenvolvido pelo motor com rotor bloqueado. O valor do conjugado de partida depende
do projeto do motor e normalmente é encontrado no catálogo ou na folha de dados do motor.
O conjugado de partida pode ser expresso em Nm ou mais comumente em porcentagem do
conjugado nominal, ou seja:
Cp(%) = Cp / Cn *100 [7.80]
Na prática, o conjugado de rotor bloqueado deve ser o mais alto possível para que o motor possa
vencer a inércia inicial da carga e possa acelerá-la rapidamente, principalmente quando a partida
é com tensão reduzida.

CONJUGADO MÍNIMO (Cmín.):


É o menor conjugado desenvolvido pelo motor ao acelerar desde a velocidade zero até a
velocidade correspondente ao conjugado máximo.
Na prática, este valor não deve ser muito baixo, isto é, a curva não deve apresentar uma
depressão acentuada na aceleração, para que a partida não seja muito demorada, sobreaquecendo
o motor, especialmente nos casos de alta inércia ou partida com tensão reduzida.
O conjugado mínimo também pode ser expresso em Nm ou em porcentagem do conjugado
nominal.

CONJUGADO MÁXIMO (Cmáx..):


É o maior conjugado desenvolvido pelo motor, sob tensão e freqüência nominais, sem queda
brusca de velocidade.
Na prática, o conjugado máximo deve ser o mais alto possível, por duas razões principais:
a) O motor deve ser capaz de vencer eventuais picos de carga, como pode acontecer em certas
aplicações, como por exemplo: britadores, misturadores, calandras e outras.
b) O motor não deve arriar, isto é, perder bruscamente a velocidade quando acorrem quedas de
tensão excessivas momentaneamente.
O conjugado máximo também pode ser expresso em Nm ou em porcentagem do conjugado
nominal.

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7.16.3.1 CATEGORIAS

Fig. 7.64 Curva do conjugado em função da velocidade dos motores de indução de categoria N,
HeD

Conforme as suas características de conjugado em relação à velocidade e corrente de


partida, os motores de indução trifásicos com rotor de gaiola, são classificados em categorias,
cada uma adequada a um tipo de carga. Estas categorias são definidas em norma (NBR 7094) e
são as seguintes:
Categoria N
Conjugado de partida normal, corrente de partida normal (6 a 8 * I nominal); baixo
escorregamento. Constituem a maioria dos motores encontrados no mercado e prestam-se ao
acionamento de cargas normais, como bombas, máquinas, operatrizes, ventiladores.
Categoria H
Conjugado de partida alto, corrente de partida normal; baixo escorregamento. Usados
para cargas que exigem maior conjugado na partida, como peneiras, transportadores carregados,
cargas de alta inércia, britadores, etc.
Categoria D
Conjugado de partida alta, corrente de partida normal; alto escorregamento (+ de 5%).
Usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, onde a carga apresenta picos periódicos.
Usados também em elevadores e cargas que necessitam de conjugados de partida muito altos e
corrente de partida limitada. As curvas conjugado X velocidade das diferentes categorias podem
ser vistas na figura abaixo.

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7.16.3.2 CONJUGADO DO MOTOR MÉDIO (C MMÉDIO)

O conjugado mecânico do motor é dado pela expressão abaixo:


2
3. R ' 2 . I 2'
CM = [7.81]
ws . s

Representando a equação [7.81] em um gráfico, obtemos a curva característica do


conjugado do motor. Analiticamente o conjugado do motor médio pode ser calculado pela
integral:

Fig. 7.66 Curva do conjugado em função da velocidade de um motor de indução

Usualmente temos:
a) Para motores categorias N e H:
⎛ C P C Max. ⎞
C M médio = 0,45* K 2 * ⎜ + ⎟ * CN [7.82]
⎝ CN CN ⎠

b) Para motores categorias D:


⎛ CP ⎞
C M médio = 0,60 * K 2 * ⎜ ⎟ * CN [7.83]
⎝ CN ⎠

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FATORES DE CORREÇÃO DOS CONJUGADOS EM FUNÇÃO DA TENSÃO:

Quando a tensão aplicada ao motor for diferente da nominal, os conjugados e a corrente


de partida deverão ser corrigidos. A correção deve ser feita através de fatores de multiplicação
K1, para a corrente de partida e K 2 para os conjugados C P e Cmáx. Obtidas da figura 7.67.

Fig. 7.67 Fatores de multiplicação em função da tensão aplicada

Portanto:
⎛ IP ⎞ ⎛I ⎞
⎜ ⎟ = K1 * ⎜ P ⎟ [7.84]
⎝ IN ⎠V ⎝ IN ⎠V
N

⎛ CP ⎞ ⎛C ⎞
⎜ ⎟ = K2 * ⎜ P ⎟ [7.85]
⎝ CN ⎠ V ⎝ CN ⎠ V
N

⎛ C Max. ⎞ ⎛C ⎞
⎜ ⎟ = K 2 * ⎜ Max. ⎟ [7.86]
⎝ CN ⎠ V ⎝ CN ⎠ V
N

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7.16.4 CLASSES DE ISOLAMENTO

A vida útil de um motor de indução depende quase exclusivamente da vida útil da


isolação dos enrolamentos. Ela é afetada por muitos fatores, como umidade, vibrações,
ambientes, ambientes corrosivos e outros. Dentre todos os fatores, o mais importante é sem
dúvida a temperatura de trabalho dos materiais isolantes empregados. Um aumento de 8 a 10
graus na temperatura da isolação reduz sua vida útil pela metade.
Para fins de normalização, os materiais isolantes e os sistemas de isolamento são
agrupados em classes de isolamento, cada qual definida pelo respectivo limite de temperatura,
ou seja, pela maior temperatura que o material pode suportar continuamente sem que seja afetada
sua vida útil.
As classes de isolamento utilizadas em máquinas elétricas e os respectivos limites de
temperatura conforme NBR 7094, são os seguintes:
• classe A (105° C)
• classe E (120° C)
• classe B (130° C)
• classe F (155° C)
• classe H (180° C).
Em motores normais são comumente utilizadas as classes B e F.
A temperatura do ponto mais quente do enrolamento deve ser mantida abaixo do limite
da classe. As normas estabelecem um máximo para a temperatura ambiente e especificam uma
elevação de temperatura máxima para cada classe de isolamento.

TABELA 7.4 - COMPOSIÇÃO DA TEMPERATURA EM FUNÇÃO DA CLASSE DE


ISOLAMENTO
Classe de isolamento A E B F H
Temperatura ambiente °C 40 40 40 40 40
∆t = elevação de temperatura
(método da resistência) °C 60 75 80 100 125
Diferença entre o ponto mais quente
e a temperatura média °C 5 5 10 15 15
Total: temperatura do ponto mais
quente °C 105 120 130 155 180

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7.16.5 TEMPO DE ROTOR BLOQUEADO (t rb)

Tempo de rotor bloqueado é o tempo necessário para que o enrolamento da máquina,


quando percorrido pela sua corrente de partida (arranque), atinja a sua temperatura limite,
partindo da temperatura atingida em condições nominais de serviço e considerando a
temperatura ambiente no seu valor máximo.
Este tempo é um parâmetro que depende do projeto da máquina. Encontra-se
normalmente no catálogo ou na folha de dados do fabricante.

TEMPO DE ROTOR BLOQUEADO PARA PARTIDAS COM TENSÃO REDUZIDA :


2
⎛V ⎞
t rbR = t rb * ⎜ N ⎟ [7.87]
⎝ VR ⎠

Onde: trbR = tempo de rotor bloqueado com tensão reduzida


trb = tempo de rotor bloqueado à tensão nominal
VN = tensão nominal
VR = tensão reduzida

TEMPO DE ROTOR BLOQUEADO EM RELAÇÃO À CLASSE DE ISOLANTE :


Os tempos de rotor bloqueado apresentados em catálogos estão referenciados ao isolante classe
“B”. Ao trocarmos o isolante para uma classe superior, podemos aumentar o tempo de rotor
bloqueado, da seguinte maneira:

Catálogo Classe B

trb(F) = 1,3846 . trb(B)

trb(H) = 1,7692 . trb(B)

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7.16.6 TEMPO DE ACELERAÇÃO (t a) :

Tempo de aceleração é o tempo que o motor leva para acionar a carga desde a rotação
zero até a rotação nominal.
Para verificar se o motor consegue acionar a carga, ou para dimensionar uma instalação,
equipamento de partida ou sistema de proteção, é necessário saber o tempo de aceleração (desde
o instante em que o equipamento é acionado até ser atingida a rotação nominal).
O ideal seria que o tempo de aceleração fosse bem menor que o tempo de rotor
bloqueado. Quando não pode ser muito menor, pelo menos deve obedecer a relação abaixo:
ta < trb . 0,8 [7.88]
Para um movimento de rotação é válida a relação:
P dw
C= ⇒ C = F*d ⇒ F = m*a ⇒ F = m*
w dt

dw dw
logo: C = m * d * ⇒ C= J* [7.89]
dt dt

Onde: J = momento de inércia do corpo [kgm 2]


C = conjugado acelerador [Nm]
w = velocidade angular [rad/s]
RPM
A velocidade angular pode ser calculada por: w = * 2π
60
Para o caso em que o motor deve acionar uma carga, temos:
JT = JM + JCE [7.90]
Onde: JT = momento de inércia total “visto” pelo motor em [kgm 2]
JM = momento de inércia do motor em [kgm 2]

O conjugado acelerador pode ser substituído sem perda de precisão pelo conjugado
acelerador médio dado por:
Caméd = CMmédio - CCmédio [7.91]

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O gráfico da figura 7.68 mostra o conjugado acelerador médio.

Fig. 7.68 Conjugado acelerador médio

Temos:
dw
C M médio - C Cmédio = J M + J CE * [7.92]
dt

J M + J CE
a J M + J CE w

dt = * dw ⇒ ∫ dt = * ∫ dw
C M médio - C C médio 0 CMmédio - CCmédio 0

⎛ J M + J CE ⎞
ta = ⎜ ⎟*w
⎜ CM - CC ⎟
⎝ médio médio ⎠

Substituindo:
JCE = Jc . R2 [7.93]
Onde: JCE = momento de inércia da carga referida ao eixo do motor em [kgm 2]
Jc = momento de inércia da carga em [kgm 2]

Temos:
⎛ J M + J C .R 2 ⎞
ta = ⎜ ⎟*w [7.94]
⎜ C M - CC * R ⎟
⎝ médio médio ⎠

7.16.7 EXEMPLOS DE ESPECIFICAÇÃO DE MOTORES


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Exemplo 1 - Ventilador

1. Deseja-se saber que motor deve ser acoplado a um ventilador que possui as características
apresentadas a seguir:
Características da rede de alimentação:
U = 440 V
f = 60 Hz
Partida direta
Características do ambiente:
Atmosfera industrial
Características construtivas:
Horizontal
Proteção térmica classe B
Sentido de rotação horário
Características do ventilador:
Ver Anexo

2.Exemplo - Bomba
1. Deseja-se saber que motor deve ser acoplado a uma bomba que apresenta as seguintes
características:
Características da rede de alimentação:
U = 440 V
f = 60 Hz
Partida direta
Característica do ambiente:
Atmosfera limpa (normal)
Características construtivas:
Horizontal
Proteção térmica classe B
Sentido de rotação horário
Características da bomba:
Ver Anexo

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7.17 EXERCÍCIOS

1) Um motor de indução de 60 Hz, tem 2 pólos e gira a 3510 RPM. Calcular:


a) Velocidade síncrona
b) Escorregamento percentual

2) Um motor de indução trifásico, 60 Hz, de quatro pólos, opera com um escorregamento de 0,03
para uma certa carga. Calcule (em RPM):
a) A velocidade do campo magnético girante.
b) A velocidade do rotor e a freqüência da corrente do rotor.
c) A velocidade (relativa) do campo magnético do rotor em relação ao rotor.
d) A velocidade (relativa) do campo magnético do rotor em relação à estrutura do estator.
e) A velocidade (relativa) do campo magnético do rotor em relação ao campo magnético do
estator.

3) O rotor de um motor de indução trifásico, 60 Hz, 4 pólos, consome 120 KW a 3 Hz.


Determinar:
a) A velocidade do rotor
b) Perdas no cobre do rotor

4) O motor de exercício 3, tem uma perda no cobre do estator de 3 KW, uma perda mecânica
rotacional de 2 KW e uma perda no núcleo de 1,7 KW. Calcule:
a) Potência de saída do motor
b) O rendimento do motor

5) Um motor de indução trifásico, 6 pólos, 60 Hz, consome 48 KW a 1140 RPM. A perda no


cobre do estator é de 1,4 KW e a perda no núcleo do estator é 1,6 KW. Se a perda mecânica
rotacional é 1 KW, calcular o rendimento.

6) Um motor de indução trifásico, 6 pólos, 60 Hz, ligado em Y, 220 V, tem os seguintes


parâmetros, referidos ao estator:
R1 = 0,294 Ω X1 = 0,503 Ω
R`2 = 0,144 Ω X`2 = 0,109 Ω
Rp = 136,8 Ω Xm = 13,25 Ω

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As perdas totais, por atrito, ventilação e no ferro podem ser consideradas constante, valendo
403 W, independente da carga.
Para um escorregamento de 2%, determinar:
a) Velocidade do rotor.
b) Potência de saída
c) A corrente do estator
d) O fator de potência do motor
e) Rendimento do motor

7) Dado um motor de indução trifásico de rotor bobinado (rotor de anéis) com 6 pólos, 60 Hz,
2,2 KV, ligação Y, com os seguintes parâmetros referidos para o estator:
R1 = 0,047 Ω X1 = 0,480 Ω
R`2 = 0,057 Ω X`2 = 0,520 Ω

Calcular:
a) Rotação para escorregamento de 1%
b) Conjugado desenvolvido quando o escorregamento é 1%
c) Potência desenvolvida para escorregamento de 1%
d) Conjugado de partida
e) Conjugado máximo
f) Resistência a ser inserida no circuito rotórico para que o conjugado de partida do motor seja o
maior possível.

8) Os resultados dos testes a vazio e com rotor bloqueado num motor de indução trifásico,
conectado em Y, são os seguintes:
Ensaio em Vazio: Vo = 400 V Po = 1770 W Io = 18,5 A P AV = 600 W
Ensaio com Rotor Bloqueado: Vcc = 45 V Pcc = 2700 W Icc = 63 A
Determinar os parâmetros do motor referidos para o estator

9) Dado um motor de indução trifásico de rotor bobinado com 4 pólos, 60 Hz, 220 V, ligação em
triângulo, 1700 RPM, 300 W; foi ensaiado a vazio e com o rotor bloqueado e possibilitou o
cálculos dos parâmetros do motor, que são: 5D_1998
R1 = 16,6 Ω X1 = 20,82 Ω

R`2 = 17.9 Ω X`2 = 21,22 Ω

Rp = 1470 Ω Xm = 428.94 Ω

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As perdas rotacionais = 50 W
Para o escorregamento nominal (condições nominais), determinar:
a) Torque mecânico e o eletromagnético desenvolvido
b) O rendimento do motor (utilize o circuito equivalente simplificado)
c) A corrente do estator (I 1)
d) O fator de potência do motor
e) Conjugado de Partida e o Conjugado Máximo
f) Esboce as Curvas do Conjugado e da Corrente do Motor em função do escorregamento.

10) Um motor de indução trifásico, de quatro pólos, rotor em gaiola com barras profundas,
conectado em estrela, de 10 HP, 220 V, 60 Hz, solicita uma corrente da rede de 25 A, com um
fator de potência de 0,875 atrasado, quando opera com um escorregamento não nominal de 4%.
As perdas rotacionais somam 250 W. Sabe-se que o motor tem os seguintes parâmetros,
expressos em ohms por fase: 4B_1999
R1 = 0,36 Ω e R’2 = 0,22 Ω X1 = X’2 = 0,47 Ω
Rp = 100 Ω Xm = 15 Ω
a) Calcule a corrente no rotor por fase, referida ao estator.
b) Calcule o valor da potência de saída, em HP.
c) Calcule o rendimento do motor
d) Calcule o torque eletromagnético desenvolvido e o de partida.
e) Calcule a corrente de partida.

11) Um motor de indução com rotor bobinado, conectado em estrela, 500 HP, 2200 V, 25 Hz, 12
pólos, tem os seguintes parâmetros expressos em ohms por fase: 4B_1999
R1 = 0,225 Ω R’2 = 0,235 Ω X1 + X’2 = 1,43 Ω
Xm = 31,8 Ω Rp = 780 Ω.
Um teste em vazio e um teste de rotor bloqueado são executados nesta máquina,
a) Com a tensão nominal aplicada no teste em vazio, calcule as leituras no amperímetro da rede,
assim como a leitura total no wattímetro.
b) No teste com rotor bloqueado, a tensão aplicada é ajustada de forma que a corrente da rede
seja de 228 A, em cada fase. Calcule as leituras do voltímetro da rede e a leitura total do
wattímetro.
c) O escorregamento no qual ocorre o torque máximo

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d) Calcule o valor da resistência que deve ser conectada externamente, por fase, ao enrolamento
do rotor de forma que o torque máximo seja desenvolvido na partida. Qual o valor deste
torque?

12) Seja um motor de indução trifásico, rotor em curto-circuito de Dupla Gaiola, 200 CV, 60 Hz,
1780 RPM, 440 V, 228 A, ligação em delta; foi ensaiado em vazio e com o rotor bloqueado e
apresenta os seguintes dados: 5D_2000
ENSAIO EM VAZIO ENSAIO COM ROTOR BLOQUEADO
Vo (V) Io (A) Po (W) Vcc (V) Icc (A) Pcc (W)
50 20 1500 20 45,6 888
100 30 2000 25 57 1110
200 40 3200 33 76 1480
300 50 4700 50 114 2220
440 73 7200 100 228 4440

Determine:
a) O circuito equivalente do motor de indução por fase referido ao estator.
b) O rendimento e o fator de potência do motor quando operando com carga nominal.
c) O conjugado eletromagnético nominal e de partida.
d) A corrente de partida.
e) Quais os valores da corrente de partida na linha e do torque de partida, se o motor for ligado
em estrela?

13) Um motor de anéis será utilizado para regular a velocidade de uma esteira transportadora.
Para isso é necessário comprar um banco de resistências e adicionar no rotor do motor para fazer
a regulação da velocidade.
Especifique o valor do banco de resistência e sua respectiva potência para garantir o torque
máximo do motor na partida que deverá ser comprado.
Dados do Motor: 5D_2000
10 CV, 230 volts, 4 pólos, 60 Hz, ligação em estrela.
R1 = 0,27 Ω X1 = 0,51 Ω
R’2 = 0,22 Ω X’2 = 0,52 Ω
Xm = 22 Ω
Tensão nos Anéis = 180 volts, ligação em estrela.

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14) Um motor de indução trifásico, de quatro de pólos, conectado em Y, de 10 HP, 220 V, 60
Hz, solicita uma corrente da rede de 26,2 A, com um fator de potência de 0,78 atrasado, quando
opera com um escorregamento de 5%. As perdas rotacionais somam 250 W. Sabe-se que o motor
5D_2002
tem os seguintes parâmetros, expressos em ohms por fase:
R1 = R’2 = 0,3 X1 = X’2 = 1,25 RP = 150 XM = 18
a) Calcule o valor da potência de saída, em HP.
b) Determine o rendimento.
c) Calcule o torque eletromagnético e o torque mecânico.
d) Calcule o torque máximo.
e) Calcule o torque de partida e a sua corrente de partida aproximada.

15) Um motor de indução trifásico tem um enrolamento do rotor conectado em Y. Em repouso, a


fem induzida no rotor, por fase, é 100 V (eficazes). A resistência por fase é 0,3 Ω e a reatância
de dispersão é 1,0 Ω por fase (do rotor). 5D_2002
a) Com o rotor bloqueado, qual é o valor eficaz da corrente do rotor? Qual é o fator de potência
do circuito do rotor?
b) Quando o motor está girando com um escorregamento de 0,06, qual é o valor eficaz da
corrente do rotor? Qual é o fator de potência do circuito do rotor?

16) Um motor de indução trifásico de 6 pólos, 60 Hz, solicita 10 KW quando aciona sua carga
normal. Solicita 700 W quando a carga é desconectada. As perdas no cobre do rotor e do
estator sob carga normal são 295 W e 310 W, respectivamente. Considere perdas rotacionais e
5D_2002
no núcleo iguais e perdas no cobre em vazio desprezíveis.
a) Calcule o rendimento e o torque no eixo deste motor.

17) Uma tensão trifásica equilibrada, 60 Hz, é aplicada a um motor de indução trifásico, de
quatro pólos. Quando o motor entrega a potência de saída nominal, o escorregamento é de 0,05.
Calcule: 5F_2002
a) A velocidade do campo magnético girante.
b) A velocidade do rotor e a freqüência da corrente do rotor.
c) A velocidade (relativa) do campo magnético do rotor em relação ao rotor.
d) A velocidade (relativa) do campo magnético do rotor em relação à estrutura do estator.
e) A velocidade (relativa) do campo magnético do rotor em relação ao campo magnético do
estator.

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18) A saída no eixo de um motor de indução trifásico, 60 Hz, é de 75KW. As perdas por atrito e
ventilação são de 900W, a perda no núcleo do estator é de 4.200W e a perda no cobre do estator
é de 2.700 W. Se o escorregamento é de 3,75%, qual é o rendimento em porcentagem nesta
saída? 5F_2002

19) Um motor de indução trifásico, conectado em estrela, de seis pólos, 15 HP, 220V, 60Hz, tem
os seguintes parâmetros por fase:
R1=0,128Ω R´2=0,0935Ω X1+X´2=0,496Ω Rp= 183Ω Xm=8Ω.
As perdas rotacionais são iguais à histerese e às perdas por corrente parasitas. Para um
escorregamento de 3%, calcule: 5F_2002
a) A corrente de linha e o fator de potência.
b) A potência de saída, em HP
c) O torque de saída no eixo do motor e o torque eletromagnético desenvolvido.
d) O torque máximo.
e) O torque de partida e a corrente de partida aproximada.

20) Um motor de indução trifásico, rotor em curto-circuito, 12 HP, 30 A, 4 pólos, 60 Hz, 230V -
ligação em estrela; é ensaiado em vazio e com rotor bloqueado, conforme as tabelas e gráficos
fornecidos. Determinar:
a) O fator de potência para um escorregamento de 3,94%.
b) A corrente da linha do motor para um escorregamento de 3,94%.
c) A potência útil desenvolvida na ponta do eixo do motor para um escorregamento de 3,94%.
d) O rendimento do motor de indução para um escorregamento de 3,94%.
e) Os conjugados eletromagnético desenvolvido para um escorregamento de 3,94% e o
conjugado de partida.
f) A corrente de partida aproximada.
Ensaio em Vazio do Motor de Indução 4 pólos - 60 Hz - 12 HP - 30A - 230 V - ligação em
estrela - Rotor Curto-Circuitado
Po(W) Vo(V) Io (A)

283 52 2,2
304 78 2,77
332 104 3,5
382 130 4,52
435 156 5,64
488 183 6,77
580 209 7,9
670 230 9,2
Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 161
700
680
660
640
620
600
580
560
540
520
500
480
460
440
420
400
380
360
340
320
300
280
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

Fig. 7.69 Gráfico de Po em função de Vo.

Ensaio com Rotor Bloqueado do Motor de Indução 4 pólos - 60 Hz - 12 HP - 30A - 230 V -


ligação em estrela - Rotor Curto-Circuitado
Pcc(W) Vcc(V) Icc(A)

0 0 0
92 4,38 2,3
133 8,77 4,62
222 17,5 9,23
293 26,3 13,85
383 35,1 18,46
532 45,6 23,08
950 57 30

60
50
40
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35

Fig. 7.70 Gráfico de Vcc em função de Icc.

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1000

800

600

400

200

0
0 5 10 15 20 25 30 35

Fig. 7.71 Gráfico de Pcc em função de Icc.

21) Especifique o motor para acionar uma bomba cujas características são:
Velocidade da carga = 1780 RPM
Potência da carga = 50,3 KW
Momento de inércia da carga = 20 kgm
Acoplamento direto
Tensão da Rede = 220 V e partida estrela/triângulo
Atmosfera industrial e altitude menor que 1000 metros.
C (%) n (%)
11 0
5 10
3,4 15
6 30
20 50
50 68
80 82,8
100 95

Conjugado x Velocidade

100
90
80
) 70
%
(
o 60
d
a 50
g
u
j
n 40
o
C 30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rot ação da Bom ba (%)

Fig. 7.72 Gráfico do conjugado em função de velocidade da bomba


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8. MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA

Os geradores e motores de corrente contínua apresentam basicamente a mesma


constituição, diferindo apenas no que diz respeito a aplicação.
As máquinas de C.C., motor ou gerador, compõe-se de um indutor, de pólos salientes,
fixo a carcaça (estator) e um induzido rotativo semelhante ao indutor das máquinas síncronas.
Esse rotor compõe-se da armadura e do comutador. Na armadura localiza-se o enrolamento
induzido distribuído em muitas bobinas parciais, alojadas em ranhuras, cujos terminais de cada
bobina são soldados as lâminas do comutador.
A indução magnética varia em cada ponto devido ao seu movimento de rotação
submetido a um campo magnético estacionário estacionário no espaço e produzido pelo
enrolamento do estator excitado em corrente contínua.
Os motores e os geradores de C.C. podem ser divididos em duas partes, uma estacionária
e a outra girante. A parte fixa é conhecida como estator e a parte móvel é chamada de rotor.
O estator tem como função a de proporcionar o campo magnético no qual giram os
condutores da armadura. Nesta parte além dos pólos propriamente ditos, temos também o
conjunto de escovas.
O rotor é constituído por um núcleo de aço laminado, no qual existem ranhuras
destinadas a receber os enrolamentos (condutores). No mesmo eixo dessa peça, há um conjunto
de segmentos de cobre, o comutador ou o coletor, sobre o qual deslizam as escovas que servem
de condutores intermediários entre o enrolamento da armadura e o circuito externo.
Embora existam vários tipos de motores de corrente contínua, o motor mostrado na figura
abaixo é apropriado para entender os princípios básicos.

As principais partes de um motor C.C. são :


Sistema de Campo : parte do motor que fornece o fluxo magnético necessário para criar o
torque.
Na figura 8.2, o sistema de campo consiste de dois imãs permanentes e um suporte de ferro,
formando a parte do estator.

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Fig. 8.1 Vista em corte de uma máquina de corrente contínua

Fig.8.2 Campo magnético na máquina de corrente contínua

Armadura : parte do motor que conduz a corrente que interage com o fluxo de campo para criar
torque.
Escovas : parte do circuito através do qual a corrente elétrica é alimentada para a armadura
através da fonte de alimentação. Escovas são feitas de grafite ou metais preciosos. Um motor
C.C. tem um ou mais pares de escovas. Na figura 8.1, em corte do motor, uma escova é
conectada no terminal positivo da alimentação, e a outra no negativo.
Comutador : é a parte que está em contato com as escovas. A corrente é distribuída
apropriadamente nas bobinas da armadura por meio das escovas e comutador.

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A figura 8.3 ilustra o torque obtido quando uma bobina é colocada em um campo
magnético. Aqui, existem dois condutores presentes, AB e CD. AC e DB são consideradas
conexões entre os dois condutores e são chamadas cabeceiras de bobina. As direções de cada
força agindo em AB e CD, são opostas. Na figura (b), o torque sobre o eixo OO´ é horário

Fig. 8.3 Bobina colocada em um campo magnético

Na armadura do motor, a distribuição de corrente é ilustrada a seguir.

Fig. 8.4 Armadura do motor

Se a corrente nos condutores à direita do eixo OO´ for entrando no plano da figura, então
a corrente nos condutores à esquerda flui saindo do plano da figura. As escovas e os
comutadores sempre distribuem a corrente dos terminais para o rotor dessa maneira.
Na figura 8.4, os condutores da metade direita estão sobre o pólo norte e os da esquerda
sobre o pólo sul do imã permanente, gerando dessa maneira o torque.

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8.1 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA - IMÃ PERMANENTE

Este tipo de máquina é feito para motores ou geradores no qual o campo magnético é
obtido através de imãs permanentes.
Basicamente há três tipos de imã permanente utilizado nestes motores:
a) Alnico Simples ou Colunar
b) Ferrites de Estrôncio
c) Terras Raras como Samari Cobalto e Ferro Neodímio Boro
As curvas do segundo quadrante destes materiais são mostradas em seguida e através
delas podemos destacar :

Fig. 8.5 Gráfico intensidade de campo magnético x densidade de fluxo magnético

a) Alnico: possui elevado valor de campo residual (B r = 1,25 Wb/m2) e reduzido valor de campo
coercitivo (Hc = 60 KA/m), o que torna vulnerável a efeitos desmagnetizantes produzidos por
reação de armadura ou variações de relutância do circuito magnético. Atualmente são
empregados em micromotores de corrente contínua tipo “core less”. Neste caso, o enrolamento,
como mostra a figura 8.6, é compactado, formando um cilindro oco com o alnico no interior e
preso a uma das tampas.
Esta construção de tecnologia bastante recente elimina em relação ao rotor ranhurado, a pulsação
do torque de relutância (cogging). Diminui também a indutância da armadura minimizando a

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constante de tempo elétrica. Torna a comutação otimizada, garantindo menos interferência (ruído
eletromagnético) nos circuitos de informática.

Fig. 8.6 Vista do enrolamento de uma máquina CC em imã permanente de Alnico

b) Ferrites de Estrôncio : este material possui baixo campo de indução residual


(Br = 0,4 Wb/m2), mas campo coercitivo elevado (H c = 350 KA/m). Sua vantagem em relação ao
anterior é que uma vez sofrido alteração do circuito magnético (montagem e desmontagem após
a magnetização) o campo de indução se restabelece ao valor original (através da linha de
retorno), quando a relutância do circuito ao valor original. O corte transversal é mostrado na
figura 8.7. Este material tem o menor custo comercial e por isso é utilizado em praticamente todo
o universo dos motores de corrente contínua a imã permanente.

Fig. 8.7 Corte transversal de uma máquina CC em imã permanente de Ferrite Estrôncio

c) Terras Raras (Smco e Fenebo) - estes materiais possuem tanto campo residual como
coercitivo de elevada intensidade, caracterizando imãs permanentes de elevada
densidade de energia (B r = 1,0 Wb/m2 e Hc = 900 KA/m).
Em função do elevado custo, normalmente estes imãs são empregados em servomotores para
aplicações específicas nas indústrias de:
- Aeronáutica e Militar, Máquinas ferramenta, Informática
Comparando com motores de Ferrite, os motores de Terras Raras apresentam melhores
resultados em relação aos primeiros, podendo-se destacar:

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- Conjugado Nominal (T n) de 1,5 a 1,7
- Constante de tempo mecânica ( τm) de 0,4 a 0,6
- Potência máxima (P máx) de 1,8 a 2,2
- Constante de tempo elétrica ( τe) de 0,65 a 0,7

8.2 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA - EXCITAÇÃO INDEPENDENTE

Neste tipo, o campo magnético é alimentado através de uma fonte independente e é usado
em casos especiais, no qual podemos variar um campo magnético independente de variar a
armadura.

Fig. 8.8 Máquina C.C. excitação independente

8.3 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA - EXCITAÇÃO SÉRIE

O motor série tem o seu campo ligado em série com a armadura como mostra a figura.
Neste tipo de enrolamento do campo é feito com poucas espiras de fio grosso, pois terá de
suportar toda a corrente elétrica da armadura. A indutância é quase nula, por isso estes motores
são mais empregados na tração de carros elétricos, guindastes, enfim em todos os casos em que
forem necessárias constantes interrupções de carga.
Mais outra qualidade nestes motores é que no momento de arranque está na razão direta
do quadrado da corrente recebida. O limite da velocidade desses motores é aquele em que a força
contra eletromotriz gerada é igual a força eletromotriz aplicada. Este limite só pode ser atingido
se o motor estiver sem carga de espécie alguma.
Se ele entra em marcha com carga, a corrente sobe instantaneamente produzindo todo
momento de arranque. A velocidade do motor série varia inversamente com a carga. Se a carga
aumenta, o motor gira vagarosamente, a força eletromotriz gerada diminui, permitindo à força
eletromotriz aplicada, forçar uma corrente maior no induzido. Se a carga for retirada

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 169
completamente, a velocidade irá aumentar perigosamente, podendo até despedaçar o motor, pois
a corrente adquirida será muito pequena e o campo muito fraco, de modo que o motor não
poderá girar com suficiente velocidade para gerar uma força contra eletromotriz capaz de
restabelecer o equilíbrio. Os motores tipo série nunca devem funcionar sem carga. Em
conseqüência, esses se destinam a trabalhar conjugado à carga, ou quando se tem certeza que ela
nunca faltará.

Fig. 8.9 Máquina C.C. excitação série

8.4. MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA - EXCITAÇÃO PARALELA (SHUNT)

O enrolamento dos pólos nesse tipo está em paralelo com o induzido. O enrolamento
nesses casos é constituído de fio muito fino com muitas espiras e por conseqüência tem muita
resistência elétrica, pois deverá suportar toda a força eletromotriz gerada quando se tratar de um
gerador, ou então toda a força eletromotriz da rede de alimentação no caso de ser um motor.
Nestas máquinas devemos observar as diferenças para seu funcionamento, quando se
trata de um motor deverá ter uma resistência de partida em série com o conjunto conforme a
figura abaixo. Quando a máquina funciona como gerador elimina-se a resistência de partida e
colocamos um reostato em série com o campo.
Para o funcionamento como motor é necessário certos dispositivos de segurança para se
evitar a perda do campo magnético no motor.
A variação de velocidade nesses motores quando sem carga é apenas de ± 10%. Por esta
razão os motores shunt são considerados como motores de velocidade constante.

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 170
Fig. 8.10a Máquina C.C. excitação paralela

Fig. 8.10b Máquina C.C. excitação paralela (motor e gerador)

8.5 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA - EXCITAÇÃO COMBINADA (SÉRIE-


PARALELA, MISTA, COMPOUND, COMPOSTA)

Este motor é uma combinação do motor série e do motor shunt. O campo consiste de dois
enrolamentos separados. Um deles com muitas espiras de fio fino e ligado em paralelo com o
induzido, o outro consiste o campo série e é enrolado com poucas espiras de fio grosso .Esses
motores têm algumas características recebidas pelo enrolamento série que são forte momento de
arranque e aceleração rápida. Tem também uma velocidade razoavelmente constante e um bom
rendimento com cargas pesadas, sendo por estas características o mais empregado.

Fig. 8.11 Máquina C.C. excitação composta

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 171
8.6 INTERPÓLOS

As correntes que fluem no enrolamento da armadura criam forças magnomotrizes cujos


fluxos magnéticos tendem a se opor à ação do campo principal, alterando e produzindo centelhas
nas escovas. Para evitar esta ação indesejável da armadura (conhecida como reação da armadura)
são utilizados interpólos ou pólos comutadores, que são bobinas de poucas espiras de fio grosso,
enroladas com núcleos laminados estreitos dispostos entre os pólos principais da máquina que
são ligados em série com a armadura. Nas máquinas grandes há normalmente tantos interpólos
quanto são os pólos principais e nas máquinas pequenas quase sempre usa-se a metade.

Fig. 8.12 Interpólos

8.7. MODELAMENTO DAS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Princípio de Funcionamento :
Vamos alimentar com uma fonte de tensão externa de tensão V a as duas escovas. Com
isso obteremos corrente no enrolamento da armadura. A interação entre essas correntes e o
campo magnético (estator) faz surgir uma força em cada condutor, tangencial ao cilindro. Esta
força produz um conjugado que imprime sobre o rotor um movimento de rotação acelerado.

⎜⎛ ⎟⎞
^ ^
F = i ^ B l [8.1]
⎝ ⎠
Impondo-se um movimento de rotação teremos cada condutor movimentando-se
perpendicularmente ao campo magnético, surge então em cada condutor uma f.e.m. .
→ → →
E = ⎛⎜⎝ v ^ B
⎞⎟
⎠ l [8.2]

Em qualquer instante co-existirão simultaneamente a corrente e a f.e.m. no condutor. A


f.e.m. gerada é proporcional a velocidade de rotação e atua em oposição a tensão externa V a.
Então, a corrente de alimentação Ia é dada por:
V − E
I a = a
[8.3]
R a

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A velocidade do rotor deverá se estabilizar em uma condição tal que E = V a resultando Ia
= 0 e portanto conjugado nulo de aceleração. Nesta situação podemos citar que o rotor “flutua”
sobre a fonte de tensão V a. A partir desta condição de flutuação podemos analisar duas
condições de funcionamento.
a) Aplicado conjugado externo sobre o eixo, em oposição ao movimento, a velocidade do rotor
cai ligeiramente, resultando em redução do valor E. Aparecerá uma corrente Ia dada por:
Va − E
Ia = [8.3]
Ra

A velocidade se equilibra em um novo valor, tal que o conjugado resultante produzido por Ia se
equilibra com o conjugado aplicado ao eixo. A máquina funciona como motor.

b) A partir da condição de flutuação vamos aplicar conjugado externo no eixo no sentido de


aumentar a velocidade. O valor de E fica superior a V a e a corrente circula da máquina para a
fonte.
E − V
I a = a
[8.4]
R a

A velocidade se estabiliza em um valor onde o conjugado interno produzido por Ia se equilibra


com o conjugado externo no eixo. A máquina funciona como gerador.
Esquematicamente temos :

Fig. 8.13 Circuito equivalente do motor CC de excitação independente

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Expressão da f.e.m. induzida (E) :

- em cada condutor

e = B m e d io l v
[8.5]

2 pφ
B = [8.6]
S entreferro

onde : 2p - nº de pólos
φ - fluxo por pólo
S–2πRl
p - pares de pólos
v - velocidade escalar ⇒ v = 2 π R n ou v = w R
w - velocidade angular
n - rotação por segundo (RPS)

Substituindo em [8.5], temos:

2 pφ pφw
e = lwR ⇒ e = [8.7]
2π Rl π

Número de Condutores em Série (N):


Z
N = [8.8]
2a
Onde: Z - nº total de condutores
a - pares de circuitos em paralelo

A tensão total (E) fica :

E=Ne [8.9]

Z pφw
E = [8.10]
2a π

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Sabendo que:

Zp
k = [8.11]
2πa
, então:

E = kφw [8.12]

Os pares de circuitos paralelos (a) dependem do tipo do enrolamento.


Há dois tipos básicos de enrolamentos:

a) enrolamento imbricado :
Temos tantos circuitos em paralelo quantos forem os pólos da armadura.
2p=2a a=p
Exemplo : 4 pólos

Fig. 8.13 Circuito equivalente da armadura de enrolamento imbricado

b)enrolamento ondulado :
Sempre a corrente tem apenas dois caminhos : 2a =2 a = 1 (Sempre)

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• Conjugado Desenvolvido na Máquina de Corrente Contínua

Seja a força média desenvolvida em um condutor:

Fc o n d . = B il [8.13]

2 pφ
Sabendo que : B = [8.6]
S entreferro

portanto :

2 pφ pφ
F cond . = il ⇒
Fcond . = i [8.14]
2π Rl πR

A Força Total Desenvolvida (F), fica:

F = N Fcond. [8.15]

Z pφi φi
F = ⇒
F = k
[8.16]
2a πR R

O conjugado em cada condutor será :

C cond . = Fcond . R [8.17]

pφ pφ
C cond . = iR ⇒
C cond . = i [8.18]
πR π

O conjugado total (C) é:

C = N Ccond. [8.19]

Z pφi
C =
2a π
Sabendo que:

Zp
k = [8.11]
2πa
, então:

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C = kφi [8.20]

O conjugado é proporcional ao fluxo por pólo e a corrente de armadura. O conjugado também


pode ser obtido por:

P EI a
C= ⇒ C= [8.21]
w 2π n

ou também:

C=FR [8.22]

8.8 EXERCÍCIOS

1) Um gerador com excitação em derivação, 100 KW, tem resistência de armadura igual a 0,05
Ω, resistência do enrolamento de campo igual a 57,5 Ω. Se o gerador opera a tensão nominal,
calcular a tensão induzida a:
a) Plena carga
b) meia carga

2) O gerador do exercício 1 tem 4 pólos, a armadura é imbricada com 326 condutores e gira a
650 RPM a plena carga. Se o diâmetro da máquina é de 42 cm, seu comprimento de 28 cm e
cada pólo corresponde a um ângulo de 60 o, determinar a densidade de fluxo no entreferro.

3) O gerador do exercício 1 tem uma perda total mecânica e no ferro de 1,8 KW, calcule:
a) O rendimento do gerador
b) Para que carga o rendimento é máximo
c) Qual é o rendimento máximo

4) Determinar o fluxo magnético necessário para que um motor de CC gire com 1800 RPM se
ele tem 246 condutores, 4 pólos, enrolamento ondulado, gira em vazio a 1800 RPM e tem uma
alimentação de 250 V.
5) Repetir o exercício 4 para o enrolamento ondulado.
Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 177
6) Uma armadura de 4 pólos, enrolamento imbricado tem 144 ranhuras com dois lados de bobina
por ranhura, cada bobina tendo duas espiras. Se o fluxo por pólo é 20 mWb e a armadura gira a
720 RPM, qual a tensão induzida?

7) Um gerador CC com excitação independente, tem uma perda constante de Pc (W) e opera a
uma tensão Va e uma corrente Ia de armadura. A resistência da armadura é Ra. Para que valor de
Ia o rendimento do gerador é máximo?

8) Um motor de derivação de 20 HP, 250 V, tem uma resistência de armadura de 0,22 Ω e uma
resistência de campo de 170 Ω. A vazio, sob tensão nominal, a velocidade é de 1200 RPM e a
corrente da armadura é de 3 A. A plena carga e tensão nominal, a corrente de linha é 55 A, e o
fluxo é reduzido de 6% (devido os efeitos de reação de armadura) do seu valor a vazio. Qual a
velocidade a plena carga?

9) Um motor de derivação de 10 HP, 230 V, consome uma corrente de linha a plena carga de 40
A. As resistências de armadura e de campo são 0,25 Ω e 230 Ω respectivamente. A queda total
de contato de escovas é de 2 V e as perdas por atrito e no núcleo são 380 W. Determinar o
rendimento do motor admitindo que as perdas suplementares são 1% de saída.

10) Dado um motor de excitação independente de 150 kW, 440 V, rendimento de 93%, 1800
RPM, Ra=0,045 Ω. Determinar a curva característica natural w x T do motor. Suponha que o
motor aciona uma bomba de recalque cuja característica w x T é quadrática do tipo:
T = Tn (w/wn)2
Com Tn=650 Nm; w n=188,5 rad/s. 5D_1998
a) Determinar o ponto de operação para o motor alimentado na tensão nominal e com 50% desta.
b) Nestas condições determinar
determinar a corrente absorvida pelo barramento.
barramento.
c) Esboce os gráficos da curva característica natural w x T do motor e da carga.

11) Um gerador de corrente contínua com excitação shunt, 4 pólos, enrolamento imbricado com
360 condutores, girando num campo de 13 mWb; alimenta uma carga de 12,5 kW a 125 V.

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 178
A resistência do campo é 25 Ω e a resistência da armadura é 0,1 Ω. A queda de tensão total
devido ao contato das escovas e da reação da armadura para esta carga é de 3,5 V.
Calcule:
a) A tensão induzida na armadura.
b) A velocidade em RPM da armadura.
c) O rendimento do gerador.

12) Quais são as modificações construtivas que devem ser feitas nos motores universais em
relação aos motores de corrente contínua série? 5D_1998

13) Um motor de corrente contínua com excitação independente, 4 pólos, enrolamento imbricado
com 800 condutores, 15 HP, 230 V, 1150 RPM, apresenta uma corrente de armadura de 55 A e
uma corrente de campo de 0.63 A. A resistência da armadura é 0,188 Ω. 5D_1999
Calcule:
a) O fluxo magnético produzido.
b) O torque das perdas rotacionais.
rotacionais.
c) O rendimento do motor.

14) Um motor de corrente contínua com excitação shunt, 4 pólos, enrolamento imbricado com
882 condutores, 20 HP, 230 V, 1150 RPM, apresenta uma corrente de armadura de 73 A e uma
corrente de campo de 1,6 A. 5D_1999
A resistência da armadura é 0,188 Ω. Calcule:
a) O fluxo magnético produzido.
b) O torque das perdas rotacionais.
rotacionais.
c) O rendimento do motor.
d) A corrente do motor para
para que se tenha o máximo
máximo rendimento, qual
qual é o rendimento máximo.
máximo.

15) Explique a razão dos


dos principais cuidados que se deve
deve ter com o motor de corrente
corrente contínua
excitação série e com o motor de corrente contínua excitação independente. 5D_1999

16) Seja um gerador composto de corrente contínua, 100 kW, 600 V, com resistência do campo-
série de 0,02 Ω, resistência do campo-shunt de 200 Ω e resistência da armadura de 0,04 Ω.

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 179
Quando a corrente nominal é entregue com velocidade nominal de 1200 RPM, a queda de tensão
total nas escovas da armadura vale 5V, calcule: 4E_2001
a) Corrente na armadura
b) Tensão induzida na armadura
c) Rendimento do gerador,
gerador, sabendo que as perdas no ferro e rotacionais valem 2200 W

17) Um motor de corrente contínua em derivação, 230 V, tem uma resist ência do circuito da
armadura de 0,5 Ω. A plena carga, o enrolamento de armadura solicita 40 A e a velocidade é
medida como sendo de 1100 RPM, correspondendo a uma resistência do reostato do circuito do
campo de 115 Ω.4E_2001
a) Calcule o torque desenvolvido,
desenvolvido, em Newton-metros.
Newton-metros.
b) O reostato do circuito do campo
campo é aumentado
aumentado para 144 Ω. Calcule a nova velocidade de
operação, considerando que o torque desenvolvido permanece constante, atendendo aos
requisitos da carga.
c) Calcule o rendimento para o caso do item (b). Considere que as perdas rotacionais
rotacionais e no ferro
valem 600 W.

18) Um motor de corrente contínua em derivação de 250 V, 50 HP, 1000 RPM, aciona uma
carga que requer um torque constante, independente da velocidade de operação. A resistência do
circuito de armadura é de 0,04 Ω. Quando esse motor entrega a potência nominal, a corrente de
armadura é de 160 A. 5D_2001
a) Se o fluxo for reduzido a 70% do seu valor original, calcule o novo valor da corrente de
armadura.
b) Qual é a nova velocidade
velocidade

19) Uma carga mecânica tem a seguinte característica de conjugado C r = 0,05 (n 2 + 1); onde:
Cr - dado em Nm
n - dado em RPS
Essa carga deve ser acionada por um motor de excitação independente de seguintes
características:
n = 3000 RPM P nom. = 32 KW Va = 230V η = 91%
Ra = 0,025 Ω
Calcular:5D_2001

Faculdade de Engenharia de Sorocaba – Conversão Eletromecânica de Energia – Prof. Joel Rocha Pinto 180
a) Através da resolução gráfica, o ponto de operação do motor e a corrente da rede, para
alimentação nominal.
b) Através da resolução gráfica, o ponto de operação
operação do motor e a corrente
corrente da rede, para
alimentação reduzida a 50% do valor nominal.

20) Um motor de corrente contínua em derivação de 20 HP, 230V, 1150RPM, quatro pólos,
enrolamento ondulado, tem um total de 620 condutores produzindo uma resistência de circuito
de armadura de 0,2 Ω e de 74,8 Ω no campo. Quando entrega a potência nominal, na velocidade
nominal, o motor solicita uma corrente da rede de 74,8 A e uma corrente de campo de 3A.
Calcule:4B_2001
a) Fluxo magnético por pólo.
b) O torque eletromagnético
eletromagnético desenvolvido
c) As perdas rotacionais
d) As perdas totais em porcentagem.

21) Um motor de corrente contínua de excitação independente, 75 HP, 230V, 450 RPM,
apresenta uma resistência dos enrolamentos da armadura de 0,043 Ω e uma resistência do
enrolamento do campo de 42 Ω.4B_2001
Para a condição nominal o motor apresenta um rendimento de 90%.
Este motor será utilizado para acionar um elevador que solicita
s olicita um torque de 1000 Nm.
Determine:
a) Ponto de operação do motor (torque, velocidade),
velocidade), quando uma resistência de 0,2 Ω é inserida
em série com o enrolamento da armadura para acionar a carga (elevador) mais suavemente.
b) Para a condição do
do item (a), qual a potência mecânica solicitada do motor
motor e qual a corrente
elétrica solicitada do barramento da rede.
c) Ponto de operação do motor (torque, velocidade),
velocidade), quando a resistência de 0,2 Ω (do item a) é
retirada.
d) Para a condição do item (c), qual a potência mecânica
mecânica solicitada do motor e qual a corrente
elétrica solicitada do barramento da rede.

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22) Um motor derivação gira a 1100 RPM, sob 230 V e consome uma corrente de linha de 40 A.
A potência de saída no eixo é de 10,8 HP. As várias perdas são: no núcleo 200 W; atrito 180 W;
contato nas escovas 37 W; suplementares 37 W. As resistências da armadura e do circuito de
campo são 0,25 Ω e 230 Ω.Calcular:
a) Rendimento do motor
b) Velocidade se a potência de saída é reduzida para 50%.

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9. MOTOR UNIVERSAL

O motor universal é um motor com enrolamento série, o qual pode operar tanto em
corrente contínua como em corrente alternada, apresentando aproximadamente a mesma
velocidade e resposta. Estas condições devem ser encontradas quando tensão contínua e tensão
alternada são aproximadamente iguais em valores eficazes e médios e a freqüência da tensão
alternada não ultrapassar 60 ciclos por segundo.
A operação em corrente contínua é idêntica ao de um motor CC série. O princípio de
desenvolvimento de torque pode ser obtido referindo-se à figura abaixo, onde mostra um motor
série de dois pólos.

Fig. 9.1 Esquema elétrico de um motor universal

O motor também irá funcionar se uma corrente alternada é aplicada. A corrente no


circuito da armadura inverte 120 vezes por segundo (para 60 ciclos), mas a excitação de campo e
o fluxo do estator também invertem 120 vezes por segundo, e estas reversões acontecem em fase
com a corrente de armadura. Em corrente alternador, o torque varia instantaneamente 120 vezes
por segundo, mas o torque desenvolvido é sempre uniderecional. Contudo, há alguns efeitos
presentes na operação AC que não estão presentes na CC.
a) Construção de estator laminado - devido ao fato de que o fluxo do estator é alternado, é
necessário usar uma estrutura laminada para reduzir as perdas histeréticas.
b) Tensão reativa - em um circuito CC, a corrente é limitada pela resistência. Em um circuito
AC, a corrente é limitada pela impedância e não somente pela resistência ôhmica. A impedância
é composta de duas componentes, resistência e reatância. A reatância está presente no circuito
AC quando um circuito magnético é criado pelo fluxo de corrente no circuito elétrico. Esta
tensão de reatância, o qual está presente durante a operação AC mas não durante a CC, absorve
uma quantidade de tensão de linha, reduzindo a tensão aplicada à armadura, de modo que a
velocidade do motor, para uma dada corrente, tende a ser menor em AC do que em CC. Em

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outras palavras, a tensão efetiva na armadura, para uma dada corrente é menor na operação AC
do que na CC.
c) Efeito da saturação - foi visto que a tensão reativa tende a fazer a velocidade em AC ser
menor que em CC. Há outro efeito o qual dá uma tendência oposta. Este efeito é simplesmente
de que uma dada raiz quadrada de valor médio de corrente alternada irá produzir menos fluxo
alternado efetivo do que na corrente contínua de mesmo valor devido ao efeito de saturação do
ferro. Em correntes baixas e altas velocidades, a tensão reativa não é tão importante.
d) Comutação e vida útil das escovas - a comutação em corrente alternada é substancialmente
mais fraca do que em corrente contínua e a duração é também menor. A principal razão para uma
fraca comutação em corrente alternada é devido a tensão induzida nas bobinas curto-circuitadas
submetendo-se a comutação pela ação transformadora do campo principal alternado.
Tomando as equações dos motores de imã permanente, teremos:

Fig. 9.2 Circuito elétrico equivalente de um motor universal

Para o motor em regime permanente alimentado em corrente contínua e desprezando a


saturação, teremos :
V = k Φ w + RI [9.1]
R = Ra + Rf [9.2]
T=kΦI [9.3]

Por se tratar do motor série e não levando em conta o efeito da saturação, teremos :
k Φ = kr I [9.4]
V = kr I w + RI [9.5]
2
T = kr I [9.6]

T
I= [9.7]
kr

Resultando a curva característica onde a velocidade é inversa com a raiz do conjugado :

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V 1 R A
w= . − = −B [9.8]
kr T kr T

Para o motor em regime permanente alimentado em corrente alternada, as equações


precisam levar em conta as indutâncias dos circuitos do esta tor e do rotor:
d I (t )
V ( t ) = k φ (t ) w + R I ( t ) + L [9.10]
dt
R = Ra + Rf [9.11]
L = La + Lf [9.12]
T(t) = k Φ(t) I(t) [9.13]

Primeiramente vamos demonstrar que o torque tem valor médio diferente de zero e uma
componente pulsante com freqüência duas vezes a da rede :
I(t) = I cos(wt - ϕ) [9.14]

k Φ(t) = kr I(t) [9.15]


2 2 2 2
T(t) = kr I cos (wt - ϕ) = kr (I / 2) - kr (I / 2) . cos(2wt - 2 ϕ) = Tm - Tp(t) [9.16]

Por se tratar de regime permanente senoidal, podemos escrever as equações no domínio


da freqüência :
V=kΦw+RI+jXI [9.17]

Tm = kr Φ I [9.18]

resultando :
V = kr I w + R I + j X I = ( k r w + R + j X ) I [9.19]
V
I= [9.20]
( k r w + R ) + jX
2
k r .V
Tm = [9.21]
(k r w + R ) 2 + X 2
2
2 2 k r .V
(k r w + R ) + X = [9.22]
T

k r .V 2 2
kr w+ R = −X [9.23]
T

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2 2
V 2 R A 2
w= −X − = −X −B [9.25]
T kr kr T

Fig. 9.3 Curva característica de um motor universal

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10. MOTORES MONOFÁSICOS DE INDUÇÃO

De modo geral os motores elétricos de indução monofásicos são a alternativa natural aos
motores de indução polifásica, como residências, escritórios, oficinas em zonas rurais.
Entre os vários tipos de motores elétricos monofásicos, os motores com rotor tipo gaiola
se destacam pela simplicidade de fabricação e, principalmente, pela robustez, confiabilidade e
longa vida sem necessidade de manutenção.

10.1 TIPOS DE MOTORES

Os motores monofásicos, por terem somente uma fase de alimentação, não possuem
campo girante como os motores polifásicos, e sim um campo magnético pulsante. Isto impede
que os mesmos tenham conjugado para a partida, tendo em vista que no rotor se induzem campos
magnéticos alinhados com o campo do estator. Para solucionar o problema da partida utilizam-
se enrolamentos auxiliares, que são dimensionados e posicionados de forma a criar uma segunda
fase fictícia, permitindo a formação do campo girante necessário para a partida.
Vamos supor que o enrolamento do estator é excitado por corrente alternada. Em um
instante particular temos as correntes e os campos magnéticos indicados na figura abaixo.
Desprezando o efeito do rotor, este campo irá ser estacionário no espaço, porém pulsante em
amplitude. Como o campo criado pelo enrolamento do estator não gira, não há torque de rotor
bloqueado inerente. Fica patente a necessidade de arranjos especiais para que o motor
monofásico possa efetuar sua partida através de recursos próprios.

Fig. 10.1 Campo magnético do motor monofásico

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Existe basicamente cinco tipos de motores de indução monofásicos com rotor de gaiola,
classificados de acordo com o arranjo auxiliar de partida empregado: motor de capacitor
permanente, motor com dois capacitores, e motor de campo distorcido (ou pólos sombreados).

10.2 MOTOR DE FASE DIVIDIDA (SPLIT-PHASE)

Este motor possui um enrolamento principal e um auxiliar (para a partida), ambos


defasados no espaço de 90 graus elétricos. O enrolamento auxiliar cria um deslocamento de fase
que produz o conjugado necessário para a rotação inicial e a aceleração.
Quando o motor atinge uma rotação predeterminada, o enrolamento auxiliar é
desconectado da rede através de uma chave que normalmente é atuada por uma força centrífuga
(chave ou disjuntor centrífugo) ou em casos específicos, por relé de corrente, chave manual ou
outros dispositivos especiais (figura 10.2).
Como o enrolamento auxiliar é dimensionado para atuação somente na partida, seu não
desligamento provocará a sua queima.
O ângulo de defasagem que se pode obter entre as correntes do enrolamento principal e
do enrolamento auxiliar é pequeno e, por isso, estes motores tem conjugado de partida igual ou
pouco superior ao nominal, o que limita sua aplicação a potências fracionárias e a cargas que
exigem reduzido ou moderado conjugado de partida, ventiladores e exaustores, pequenos
polidores, compressores herméticos, bombas centrífugas, etc...

Fig. 10.2 Esquema básico e característica conjugado x velocidade.

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10.3 MOTOR DE CAPACITOR DE PARTIDA (CAPACITOR-START)

É um motor semelhante ao de fase dividida. A principal diferença reside na indução de


um capacitor eletrolítico em série com o enrolamento auxiliar de partida. O capacitor permite um
maior ângulo de defasagem entre as correntes do enrolamento principal e auxiliar,
proporcionando assim, elevados conjugados de partida. Como no motor de fase dividida, o
circuito auxiliar é desconectado quando o motor atinge entre 75% a 80% da velocidade síncrona.
Neste intervalo de velocidades, o enrolamento principal sozinho desenvolve quase o mesmo
conjugado que os enrolamentos combinados. Para velocidades maiores, entre 80% e 90% da
velocidade síncrona , a curva de conjugado com os enrolamentos combinados cruza a curva de
conjugado do enrolamento principal de maneira que, para velocidades acima deste ponto, o
motor desenvolve menor conjugado, para qualquer escorregamento, com o circuito auxiliar
ligado do que sem ele. Devido ao fato de o cruzamento das curvas não ocorrer sempre no mesmo
ponto e, ainda, o disjuntor centrífugo não abrir sempre na mesma velocidade, é prática comum
fazer com que a abertura aconteça, na média, um pouco antes do cruzamento das curvas. Após a
desconexão do circuito auxiliar o seu funcionamento é idêntico ao do motor de fase dividida.
Com o seu elevado conjugado de partida (entre 200% e 350% do conjugado nominal), o
motor de capacitor de partida pode ser utilizado em uma grande variedade de aplicações e é
fabricado em potências que vão de 1/4cv a 15cv.

Fig. 10.3 Esquema básico e característica conjugado x velocidade

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10.4 MOTOR DE CAPACITOR PERMANENTE (PERMANENT-SPLIT CAPACITOR)

Neste tipo de motor, o enrolamento auxiliar e o capacitor ficam permanentemente


energizados, sendo o capacitor do tipo eletrostático. O efeito deste capacitor é de criar condições
de fluxo muito semelhantes as encontradas nos motores polifásicos, aumentando, com isso, o
conjugado máximo, o rendimento e o fator de potência, além de reduzir sensivelmente o ruído.
Construtivamente são menores e isentos de manutenção pois não utilizam contatos e
partes móveis, como nos motores anteriores. Porém seu conjugado de partida, normalmente é
inferior ao do motor de fase dividida (50% a 100% do conjugado nominal), o que limita sua
aplicação a equipamentos que não requeiram elevado conjugado de partida, tais como: máquinas
de escritórios, ventiladores, exaustores, sopradores, bombas centrífugas, esmeris, pequenas
serras, furadeiras, condicionadores de ar, pulverizadores, etc. São fabricados normalmente para
potências de 1/50 a 1,5cv.

Fig. 10.4 Esquema básico e característica conjugado x velocidade

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10.5 MOTOR COM DOIS CAPACITORES (TWO-VALUE CAPACITOR)

É um motor que utiliza as vantagens dos dois anteriores: partida como a do motor de
capacitor de partida e funcionamento em regime como a do motor de capacitor permanente
(figura 10.5). Porém, devido ao seu alto custo, normalmente são fabricados em potências
superiores a 1cv.

Fig. 10.5 Esquema básico e característica conjugado x velocidade

10.6 MOTOR DE CAMPO DISTORCIDO OU PÓLOS SOMBREADOS (SHADED-POLE)

O motor de campo distorcido se destaca entre os motores de indução monofásicos, por


seu processo de partida, que é o mais simples, confiável e econômico.
Construtivamente existe três tipos: de pólos salientes, tipo esqueleto e de enrolamento
distribuídos.
Uma das formas mais comuns é a de pólos salientes, ilustrada esquematicamente na figura
10.6. Observa-se que uma parte de cada pólo (em geral 25% a 35% do mesmo) é abraçada por
uma espira de cobre em curto-circuito.
A corrente induzida nesta espira faz com que o fluxo que a atravessa sofra um atraso em
relação ao fluxo da parte não abraçada pela mesma. O resultado disto é semelhante a um campo
girante que se move na direção da parte não abraçada para a parte abraçada do pólo, produzindo
conjugado que fará o motor partir e atingir a rotação nominal.
O sentido de rotação, portanto, depende do lado em que se situa a parte abraçada do pólo.
Conseqüentemente, o motor de campo distorcido apresenta um único sentido de rotação. Este
geralmente pode ser invertido, mudando-se a posição da ponta de eixo do rotor em relação ao
estator. Outros métodos para se obter inversão de rotação são possíveis, porém, tornam-se
proibitivamente onerosos.
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Quanto ao desempenho, os motores de campo distorcido apresentam baixo conjugado de
partida (15% a 50% do nominal), baixo rendimento e baixo fator de potência. Devido a esse fato,
eles são normalmente fabricados para pequenas potências, que vão de alguns milésimos de c.v.
até 1/4cv.
Pela sua simplicidade, robustez e baixo custo, são idéias em aplicações tais como:
movimentação de ar (ventiladores, exaustores, purificadores de ambiente, unidades de
refrigeração, secadores de roupas e de cabelo), pequenas bombas e compressores, projetores de
slides, toca-discos e aplicações domésticas.

Fig. 10.6 Esquema básico e característica conjugado x velocidade

10.7 EXERCÍCIOS

1) Um motor de indução monofásico de quatro pólos, 110 V, 60 Hz, tem perdas rotacionais de
15 W em velocidades normais. Os parâmetros do circuito equivalente são os seguintes: 5D_1998
R1 = 1,3 Ω R’2 = 3,2 Ω
X1 = 2,5 Ω X’2 = 2,2 Ω
Xm = 48 Ω
Calcule o desempenho deste motor, quando opera com escorregamento de 4%, ou seja:
a) Corrente de Entrada
b) Potência de Entrada
c) Potência Desenvolvida e Potência de Saída (mecânica)
d) Conjugado Desenvolvido e Conjugado Mecânico

2) Um motor de indução monofásico de quatro pólos, 230 V, 60 Hz, apresenta os seguintes


parâmetros do circuito equivalente: 5D1999

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R1 = 8 Ω R’2 = 8 Ω
X1 = 12 Ω X’2 = 12 Ω
Xm = 200 Ω
Calcule o desempenho deste motor, quando opera com escorregamento de 4%, ou seja:
a) Corrente de Entrada e Potência de Entrada.
b) Potência Desenvolvida e Potência de Saída (mecânica).
c) Conjugado Desenvolvido e Conjugado Mecânico.
d) Rendimento do motor.

3) Um motor de indução monofásico de quatro pólos, 110 V, 60 Hz, tem perdas rotacionais de
10 W em velocidades normais e uma perda no núcleo de 25 W. Os parâmetros do circuito
equivalente são os seguintes: 5D_1999
R1 = 2 Ω R’2 = 2 Ω
X1 = 2 Ω X’2 = 2 Ω
Xm = 50 Ω
Calcule o desempenho deste motor, quando opera com escorregamento de 10%, ou seja:
a) Corrente de Entrada e Potência de Entrada.
b) Potência Desenvolvida e Potência de Saída (mecânica).
c) Conjugado Desenvolvido e Conjugado Mecânico.
d) Rendimento do motor.

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