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o Jorge Augusto Gonçalves Alves

o
o

Fundamentos
de
Eletrotécnica
Fundamentos de Eletrotécnica

Jorge Augusto Gonçalves Alves


Possui graduação em Eletrotécnica pela IFCE Federal do
Ceará e em Licenciatura em Língua Portuguesa pela Faculdade
estadual do Ceará, tem trabalhado a mais de 18 anos nas áreas de
Manutenção Eletroeletrônica e Automação Industrial.
Atualmente é integrador e consultor técnico na área de
Automação Industrial e Professor do SENAI do Ceará nas áreas
de Eletropneumática, Eletroeletrônica e Sistemas Supervisórios.
© 2015 Editora do Livro Técnico LTDA – Jorge Augusto. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por processo
eletrônico, reprográfico, etc., sem autorização, por escrito, do autor e da editora.

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Revisão Comparativa

Projeto Gráfico

O manual do professor, referente a este livro, está disponível no endereço


eletrônico:

Fortaleza - CE
Em conformidade com o Catálogo Nacional de
Cursos Técnicos este livro é indicado, entre outros,
para os seguintes cursos:
Eixo Tecnológico: Controle e Processos Industriais
• Técnico em Eletromecânica
• Técnico em Mecânica
• Técnico em Mecatrônica
• Técnico em Metalurgia
• Técnico em Refrigeração e Climatização

Eixo Tecnológico: Produção Industrial


• Técnico em Fabricação Mecânica
• Técnico em Construção Naval
• Técnico em Petróleo e Gás

Eixo Tecnológico: Militar


• Técnico em Mergulho
Apresentação

O mercado de trabalho está ficando cada vez mais exigente com os


profissionais de áreas técnicas para trabalhar com qualidade na manutenção,
montagem e projeto elétrico. O desenvolvimento tecnológico dentro das indústrias
reflete a necessidade de mão de obra com conhecimento especifico em eletricidade e
áreas abrangentes. Chamamos esse conhecimento de Eletrotécnica. Os equipamentos e
sistemas elétricos são atualmente necessários para movimentar, iluminar, aquecer e
processar informações; todos esses equipamentos elétricos necessitam de técnicos
Eletrotécnicos para mantê-los em perfeitas condições para trabalhar com a qualidade.

Para o controle, segurança, montagem e manutenção dos equipamentos


elétricos são necessários conhecimentos de eletricidade e de mecanismos dos
dispositivos elétricos como: fontes, geradores, resistências, capacitores, bobinas,
transformadores e motores.

Podemos relacionar alguns conhecimentos para o Técnico na área elétrica:


*Conhecimento de eletrostática;
*Estudo dos parâmetros das unidades elétricas;
*Análise e interpretação de esquemáticos;
*Utilização de resistências, capacitores e indutores;
*Características técnicas e construtivas de motores e transformadores;

Iremos abordar de forma direta os conhecimentos necessários para


fundamentação teórica de um futuro profissional na área elétrica, o Eletrotécnico.
Começaremos com uma base matemática que utilizaremos em todo o livro como apoio
na compreensão didática.

O esforço e dedicação são abrandados pela necessidade de conhecimento e


aptidão que iremos adquirir no decorrer dos nossos estudos.
Sumário
Capítulo 1 - Matemática básica para o Eletrotécnico: 9
Equação de Primeiro e Segundo Graus ................................................................ 9

Teorema de Pitágoras, Seno, Cosseno e Tangente .......................................... 14

Equação da Reta ................................................................................................... 18

Atividades ............................................................................................................... 20

Capítulo 2 - Eletrostática: 21
Carga Elementar, Eletrização e Campo, Condutor e Tensão Elétrica ................ 23

Atividades ............................................................................................................... 27

Capítulo 3 – Potência Elétrica 29


Potência Elétrica e Queda de Tensão .................................................................. 29

Energia Elétrica ...................................................................................................... 29

Tipos de Fontes, Geradores CC e CA....................................................................... 30

Atividades ............................................................................................................... 36

Capítulo 4 - Resistência Elétrica 37


Resistores, características e tipos ....................................................................... 37

Associação de Resistores em Série ..................................................................... 39

Associação de Resistores em Paralelo ................................................................ 41

Associação Mista de Resistores ........................................................................... 43

Atividades ............................................................................................................... 44

Capítulo 5 - Indutores 45
Indutores e características ................................................................................... 45

Atividades ............................................................................................................... 49
Capítulo 6 - Capacitores 50
Capacitores e Características .................................................................................. 50

Atividades ............................................................................................................... 54

Capítulo 7 - Análise de Circuitos CC 57


Potência Elétrica .................................................................................................... 57

Fontes de Tensão e Corrente ................................................................................ 58

Teorema da Máxima Transferência de Potência ................................................ 60

Atividades ............................................................................................................... 61

Capítulo 8 - Análise de Circuito CA 63


Conceito de Fasor ................................................................................................... 63

Diagramas Fasoriais .............................................................................................. 65

Relações Fasoriais RLC ......................................................................................... 68

Comportamento de Circuitos RLC .......................................................................... 74


Circuito RLC Paralelo em CA ................................................................................... 76

Comportamento de Circuito RL Série e Paralelo em CA ..................................... 76

Comportamento de Circuito RLC Série em CA ..................................................... 84

Comportamento de Circuitos RLC Paralelo Em CA ................................................. 86

Atividades ............................................................................................................... 89

Capítulo 9 – Potência Elétrica 91


Potência Instantânea e Potência Média .............................................................. 91

Valor Eficaz da Potência ........................................................................................ 92

Potência Aparente, Ativa e Reativa ...................................................................... 93

Correção do Fator de Potência ............................................................................. 94

Atividades ............................................................................................................... 99

Capítulo 10 – Circuitos Polifásicos 100


Sistema Trifásico ................................................................................................... 101
Tensão de Fase e Linha ........................................................................................ 101

Corrente de Fase e Linha .......................................................................................... 101

Atividades ............................................................................................................... 104

Capítulo 11 - Transformadores 105


Transformador Elevador ....................................................................................... 105

Transformador Abaixador.......................................................................................... 107

Transformador TP e Transformador TC ................................................................ 108

Atividades ............................................................................................................... 110

Capítulo 12 - Motores 111


Motores CC ............................................................................................................. 111

Motores CA ............................................................................................................ 112

Atividades ............................................................................................................... 116

Referências Bibliográficas 123


Matemática Básica para o Eletrotécnico:

Abordaremos alguns pontos importantes da matemática para o nosso estudo,


visando um entendimento prático e teórico necessário para compreensão dos conteúdos e
facilitar a resolução dos de exercícios.

Para iniciar o estudo de Eletrotécnica precisamos de um conhecimento básico em


Física e em Matemática, onde poderemos compreender os efeitos da corrente elétrica em
condutores, resistores, bobinas e capacitores, transformação e utilização da corrente elétrica
em luz, aquecimento, movimento e efeito eletromagnético. Neste capítulo iniciaremos uma
breve introdução do uso da matemática para as aplicações neste livro. Leiam com atenção e
se dediquem nos exercícios.

Fundamentos de Eletrotécnica
Equação de Primeiro e Segundo Grau:

Temos situações que precisamos encontrar o valor de uma variável (variável é


uma informação que queremos saber), essa variável tem um valor e um nome, que pode
ser volume, pressão, temperatura e unidades elétricas como corrente, tensão, potência
ou resistência. Para desenvolvermos um projeto elétrico ou fazer um conserto
poderemos necessitar de informações e estas podem ser calculadas, utilizando de
fórmulas que estudaremos e equações derivadas dessas fórmulas. As Equações nos
ajudam a encontrar o valor das variáveis que chamaremos de incógnitas e são
representadas por letras, como o X ou Y. Nas equações temos valores constantes (em
forma de números) relacionando-se com as variáveis na subtração, multiplicação,
igualdade, divisão e radiciação.
Vamos verificar exemplos de Equações com uma só variável, uma incógnita:

Exemplo:
2x + 7 = 18
4x + 1 = 3x – 9
Equação do Primeiro grau:
Vamos acompanhar o exemplo:

4x + 2 = 8 – 2x

Para resolvermos essa equação devemos separar as variáveis dos elementos constantes
(números). Deixando as variáveis de um lado e as constantes do outro. Utilizando de uma
maneira bem simples: quando passamos as constantes (os números), e as incógnitas (letras) de
um lado para o outro do símbolo da igualdade, trocamos o sinal positivo pelo negativo e o sinal
negativo pelo positivo. Assim:

4x + 2x = 8 – 2

Podemos fazer agora as operações das variáveis e dos termos constantes:

Fundamentos de Eletrotécnica
6x = 6
Devemos deixar a variável no valor unitário e para isso dividimos os dois termos por 6
para encontrarmos o valor de x:
6/6x = 6/6.
Encontrando o valor de x = 1. Para verificarmos se o valor de x vale para a equação,
basta substituir o valor de x na expressão:
4x + 2x = 8 – 2
4*1+2*1=8–2*1
Onde observamos que 6 = 6.
Para Equações com mais de duas variáveis, a resolução se dá na mesma sequência do
que vimos, a diferença é que precisamos de uma quantidade de Equações correspondentes ao
número de variáveis. Exemplo:

2x + 4 = y
5x – y = 2

A resolução das duas equações depende uma da outra, pois para resolvermos deveremos
substituir o valor de uma variável na outra equação. Para resolver esse tipo de problema devemos
fazer como os seguintes passos:
Primeiro passo: Na primeira equação devemos separar o valor de uma incógnita:
y = 2x + 4
Segundo passo: O valor da incógnita y (y = 2x + 4) substituirá na segunda equação:
5x – y = 2
5x – (2x +4) = 2
5x – 2x + 4 = 2
Terceiro passo: Colocando as variáveis de um lado e os valores constantes do outro
lado da igualdade:
5x - 2x = 2 – 4
Quarto passo: deveremos simplificar os valores das incógnitas e das constantes
resolvendo as expressões antes de depois da igualdade:
3x = 6, simplificando ainda 3x/3 = 6/3
x = 2.
Quinto passo: Agora que encontramos o valor de x, podemos substitui seu valor em
qualquer uma das equações para encontrar o valor da variável:

Fundamentos de Eletrotécnica
2x + 4 = y
2( 2) + 4 = y
4+4=y
Onde: y = 8
Faça com dedicação os exercícios no final do capítulo para assimilar bem o conteúdo.

Equação do Segundo grau:

Observamos que nas equações de Primeiro grau encontramos somente um valor para
cada incógnita, porem, em equações que teremos duas possibilidades de resposta para uma
incógnita e são chamados de Equações de Segundo graus, sendo simplificadas na equação
ax2 + bx + c = 0, onde a incógnita é representada pela letra X e as constantes são representadas
pelas letras a, b e c. A Equação do Segundo grau se caracteriza por sempre apresentar o valor da
constante a diferente de zero; e quando as constantes b e\ou c assumem valor zero, chama-se de
Equação do Segundo grau Incompleta.
A resolução da Equação do Segundo grau admite dois resultados possíveis, para isso
devemos utilizar da Fórmula de Bhaskara:
Onde: Δ = b2 - 4ac (ou Delta) chamamos do valor Discriminante da Equação do
Segundo grau. Resolvemos a equação com a soma (encontrando o primeiro valor de x) e depois
com a subtração da raiz quadrada do valor da determinante (encontrando o segundo valor de x).
Exemplo:

2x2 - 6x - 56 = 0

Observando a fórmula geral, ax2 + bx + c = 0 e verificando os valores de a = 2, b = (-6)


e c = (-56), vamos substituir na fórmula do Determinante para encontrarmos os dois valores que
satisfazem a equação, esses valores são chamados de raízes.

Fundamentos de Eletrotécnica

As duas raízes possíveis da Equação do Segundo grau são: -4 e 7

Seno, Cosseno, Tangente e Teorema de Pitágoras:

Teorema de Pitágoras: O matemático Pitágoras encontrou uma relação

matemática mostrando uma proporção entre os lados de um triangulo retângulo. Essa relação
será de muita utilidade nos nossos cálculos quando estivermos estudando corrente alternada.
Chamamos de lados às faces internas e externas de uma figura geométrica triangular.
Internamente, esses lados estão ligados formando ângulos, chamados ângulos internos. O
triângulo retângulo é definido como um triângulo cujo ângulo interno aos catetos b e c tenha 90º.
O Teorema de Pitágoras dá possibilidade de comparar e relacionar formas triangulares
retangulares para encontrar valores dos lados do triângulo comparativamente ao triangulo de
Pitágoras, onde: A soma dos quadrados dos catetos a e b (os catetos são os lados do triângulo
que forma um ângulo de noventa graus) é igual ao quadrado da hipotenusa a (a hipotenusa é o
lado do triangulo oposto ao ângulo de noventa graus: a² = b² + c²

Fundamentos de Eletrotécnica
O teorema de Pitágoras é aplicado à todas formas geométricas que podemos desenhar
um triângulo retângulo como a medida bissetriz de um quadrado (bissetriz é a divisão entre os
lados opostos de uma forma quadrada como observamos na figura abaixo):

h² = a² + a² onde: h² = 2a²

Relembrando o Teorema de Pitágoras, ao dividirmos um quadrado em sua bissetriz,


observamos dois triângulos retângulos, onde a hipotenusa elevado ao quadrado é igual a soma
dos catetos elevados ao quadrado.
Seno, Cosseno e Tangente:

No desenho, vemos a circunferência cortada no plano horizontal (eixo das abscissas =

Fundamentos de Eletrotécnica
variável x) e no plano vertical (eixo das ordenadas = variável y). Consideraremos o raio da
circunferência de valor unitário e cada parte da circunferência cortada chamado de quadrante.
Observaremos na figura a formação se dois triângulos retângulos cujos catetos são espelhados
nos eixos: vertical e horizontal internamente na circunferência. A hipotenusa dos dois triângulos
sempre será igual ao valor do raio.
Chamamos de SENO o lado oposto (na vertical) de um triangulo retângulo inscrito em
uma circunferência de raio de valor unitário, e de função sen do ângulo α (α =nome dado ao
ângulo oposto do lado seno) a relação entre o cateto oposto sobre a hipotenusa (a hipotenusa tem
valor unitário):

Sen α = seno / 1

A relação sen e todas as outras relações que estudaremos servem para comparar essas
relações como outros triângulos retângulos de tamanhos maiores ou menores com ângulos iguais.
Comparativamente a relação sen, chamamos de cos (cosseno) o lado próximo do ângulo
α, de um triangulo inscrito em uma circunferência de raio de valor unitário. A relação cos
(cosseno) é dada como pela relação entre o cateto próximo do ângulo α dividido pela hipotenusa
(de valor unitário). Também essa relação será útil para compararmos outros triângulos retãngulos
maiores e menores, porem com ângulos iguais.

Cos α = cos \ 1

Outras relações derivadas de Seno e Cosseno são importantes para auxiliar no estudo
dos triângulos retângulos. Na figura abaixo verificamos o desenho de um retângulo inscrito em
uma circunferência de raio de valor unitário. Continuando com a reta da hipotenusa desse
triangulo desenhando um retângulo circunscrito na circunferência, criaremos outro triangulo
maior, porém com os mesmos ângulos do triangulo inscrito na circunferência. Este triângulo
maior tem um lado que esta fora da circunferência e chamamos de Tg (Tangente), o nome sugere
que esse cateto (lado), está tangente (encostando ao lado de fora da circunferência).
A relação Tg (tangente) do ângulo α é encontrada dividindo a relação sen do ângulo α
pela relação cos do mesmo ângulo.

Fundamentos de Eletrotécnica
Tg α = sen α / cos α

A tangente do ângulo é definida quando o cateto adjacente assume o valor do raio.


Observamos na figura que temos dois triângulos retângulos: 0M’M e 0AT. Definindo como
Tangente do ângulo o cateto oposto AT.
Sabemos que os ângulos de um retângulo têm como unidade graus, porém na
circunferência pode ser dada em graus (de 0 a 360 graus) ou em radianos (0 a 2π). Quando
inscrevemos triângulos dentro de uma circunferência com uma diversidade de ângulos,
encontraremos varias relações de seno e cosseno e cujas principais relações verificarmos no
quadro abaixo:

Ângulo 0 30° 45° 60° 90°

Seno 0 1/2 √2/2 √3/2 1

Cosseno 1 √3/2 √2/2 1/2 0

Equação da Reta:

A representação gráfica de uma reta pode ser definida por dois pontos em um plano.
Essa reta pode ser representada dentro de um gráfico com eixo y (na vertical) e eixo x
(na horizontal). Ao traçarmos uma reta nesse gráfico podemos perceber que a sombra dessa reta
desenha um triangulo retângulo nos eixo x e y (como vemos no desenho abaixo), formando um
ângulo no encontro dos eixos x e y e chamaremos de ângulo α. No gráfico verificamos os pontos
que ligados representa a reta, abaixo desses pontos observamos dois triângulos desenhados pelas
sombras nos eixo x e y, das retas em cada ponto. Os dois triângulos são proporcionais, pois seus

Fundamentos de Eletrotécnica
ângulos internos são iguais e poderemos comparar cada lado desses dois triângulos. Chamaremos
de constante do coeficiente angular a relação entre os catetos opostos pelos catetos adjacentes.
Os catetos dos dois triângulos do lado próximo ao ângulo α têm seu valor no eixo x
e os catetos opostos ao ângulo α tem seu valor no eixo y.
Coeficiente angular = a
a = cateto eixo y do triângulo menor (y) – c = cateto eixo y triângulo maior (a) - c
cateto eixo x do triângulo menor(x) cateto eixo y triângulo maior (b)

Eixo y

c α Eixo x

(ângulo α)
Obs: c = distancia no eixo y dos retângulos ao eixo x
O coeficiente angular que representa uma reta pode ser definida como a Relação
Tangente do ângulo α da reta:
Da relação anterior vemos: Coeficiente Angular da reta = ( y - c)/ x = (a – c) / b
A Relação acima é idêntica da Relação Tangente dos dois triângulos:
Tg α = (y – c) / x = (a – c) / b
Chamaremos de m o coeficiente angular que é igual ao Tg (tangente) do ângulo α:
m = Tg α encontramos:
m = (y – c) / x sendo m igual a: m = (a – c) / b então:
Resolvendo a expressão m = (y – c) / x deixando o y de um lado da igualdade:
y = mx + c
Chamaremos de variáveis x e y aos novos pontos da reta que queremos encontrar sendo
proporcionais aos pontos já encontrados da reta a e b. As relações para determinar os novos
pontos de uma reta são chamadas de função da reta, e representamos por f(x) = mx + c. Um
ponto de uma reta necessita das coordenadas no eixo x e y, sabendo-se da equação da reta, basta
substituir de um ponto no eixo x na equação da função da reta (f(x) = mx + c) para
determinarmos onde se localiza o ponto da reta no eixo y.

Fundamentos de Eletrotécnica
Atividades:

Resolva e encontre o valor das variáveis:


1- 2x + 8 = 10
2- 3y - 15 = 0
3- 3 + 4x = x + 9
4- 20z – z = 190
5- y -5y + 20 = 8

Encontre as raízes das equações:


1- 5x2 - 3x - 2 = 0
2- x2 - 6x = 0
3- x2 - x - 20 = 0
4- x2 - 8x + 7 = 0

Fundamentos de Eletrotécnica
5- x2 - 10x + 25 = 0

Encontre as equações das retas:


1- Marcar os pontos P = (1; 2) e Q = (3; 5) no plano cartesiano e encontre a equação
da reta:

2- Qual o coeficiente angular da equação da reta: y = 4x – 3:

3- Desenhar a reta no plano cartesiano cuja equação é 6x + 9y = 9:

4- Um equipamento resebe o sinal de um sensor de 0 a 10 Volts (variável no eixo y) ,


que corresponde a corrente de 0 a 100 A (variável no eixo y); determinar a equação da reta para
encontrar uma Corrente correspondente quando o sensor mandar uma tensão de 5 Volts:

5- Um metro de um determinado fio condutor utilizado para fazer resistência de


chuveiro elétrico tem a resistência 0,2 Ω. Calcular quantos metros de fio é necessário para ter
uma resistência de 10 Ω utilizados na fabricação do chuveiro elétrico. Resolver o problema
utilizando a equação da reta:
21

Eletrostática:
Para introduzir o aluno nos conceitos relacionados à eletricidade e aos circuitos elétricos
vamos identificar e executar cálculos com grandezas elétricas fundamentais, saber caracterizar os
componentes e circuitos elétricos, aprender a fazer associações de componentes e calcular
valores a ele associados, aprenderemos a ler e desenhar esquemas e diagramas de circuitos
elétricos básicos, elaborar relatórios técnicos com base nos experimentos em laboratório e
interpretar circuitos resistivos, indutivos e capacitivos, aplicados à corrente continua e alternada.
O Capítulo começa com o sistema de medidas elétricas, com: corrente, tensão, potência,
carga e energia. Logo estudaremos o conceito de resistência e resistor, circuitos com resistores
alimentados com fontes de tensão e de corrente. Depois estudaremos a análise e teoria de
circuitos resistivos e veremos as características e comportamento dos circuitos RLC com
resistores, indutores e capacitores. Analisaremos a potência em circuitos alimentados com tensão
senoidal e circuitos alimentados por sistemas trifásicos. Leiam com atenção todo o conteúdo,
façam os exercícios com dedicação e tirem suas dúvidas com o professor.
Quando precisarmos contabilizar uma altura, peso ou quaisquer outras medidas,
utilizamos unidades conhecidas e para este curso vamos utilizar a SI (Sistema Internacional de
Unidade) que são formadas por nove unidades básicas e que dão origem às outras unidades de
medida (Carga Elétrica, Potência, resistência, Condutância, Indutância, Capacitância,
Frequência, Força, Trabalho, Potencial, Fluxo Magnético e Intensidade de Fluxo Magnético).
Para o nosso curso, vamos utilizar doze “Unidades de Medidas Derivadas” usadas em
medidas elétricas e que vão nos auxiliar a mensurar os cálculos apresentados no decorrer do
curso.
Algumas unidades de medida (Resistência, Capacitância, Indutância, Corrente e tensão
elétrica) apresentam valores ou muito pequenos ou muito grandes e para facilitar os cálculos
utilizamos letras antes dos símbolos, representando múltiplos (letras maiúsculas) e submúltiplos
(letras minúsculas) respectivamente.
22

Por exemplo: 1cm = 10-2 m = 0.01m verificamos que as unidades de medida assumem
valores muito baixo ou muito alto, e utilizamos letras que representam múltiplos e submúltiplos.

SI: Sistema Internacional de Medidas


MEDIDA UNIDADE SÍMBOLO
Comprimento metro M
Massa kilograma Kg
Tempo segundo S
Corrente Ampère A
Temperatura Kelvin K
Quantidade da Substância mole Mol
Intensidade da Luz candela Cd
Ângulo Plano radiano Rad
Ângulo Sólido Steradiano Sr

Unidades de Medidas Derivadas do SI


MEDIDA UNIDADE SÍMBOLO
Carga elétrica Coulomb C
Potencial Volt V
Resistência Ohm Ω
Condutância Siemens S
Indutância Henry H
Capacitância Farad F
Frequência Hertz Hz
Força Newton N
Trabalho Joule J
Potência Watt W
Fluxo Magnético Weber Wb
Densidade de Fluxo Tesla T

Carga Elementar, Condutores, Eletrificação e Campo


Elétrico:
23

Carga Elementar (ou carga elétrica): para entender este termo, vamos
que lembrar que quando ouvimos falar que um circuito ou sistema alimenta uma determinada
máquina elétrica, essa máquina realizará um trabalho elétrico e está nos informamos que esse
equipamento deve receber uma quantidade de energia para produzir algum trabalho. Essa energia
é representada por uma quantidade de elétrons (carga elétrica) que alimenta a máquina por um
período de tempo.
O elétron tem uma carga elétrica igual a 1,602 * 10-19C (Coulomb). Convenciona-se que
os elétrons têm cargas elétricas negativas e na falta de elétrons temos cargas positivas.

e- = 1,602 . 10-19 C

Eletrização:
Todo corpo no meio ambiente procura uma estabilidade elétrica de acordo onde ele se
encontra, mas dizemos que um corpo está com carga elétrica positiva quando ocorre um
desequilíbrio na perda de elétrons, e assim vale quando dizemos que um corpo está eletrizado
negativamente, onde por algum motivo esse corpo está com maior quantidade de elétrons que
normalmente. O desequilíbrio de elétrons pode ser provocado pelo atrito entre dois corpos com
propriedades elétricas diferentes, fazendo com que um dos corpos roube elétrons do outro,
podendo acontecer também pelo contato, para isso um dos corpos já está em desequilíbrio,
transferindo cargas elétricas positivas ou positivas para o outro corpo.

Campo Elétrico:

O núcleo do átomo é composto por prótons e nêutrons e em sua volta giram elétrons. Os
elétrons são partículas que tem como característica um campo elétrico em sua volta, podemos
comparar o elétron como o fogo de uma vela e o campo elétrico ao calor dissipado pela vela. O
campo elétrico de um elétron pode ser medido dividindo a força de atração ou repulsão de um
corpo eletrizado pela quantidade de elétrons desequilibrados desse corpo.
24

Um corpo pode está eletricamente estável (onde a quantidade de elétrons é igual a


quantidade de prótons dos elementos nele constituídos) ou eletricamente instável (podendo ser
natural = descargas atmosféricas, ou eletricidade estática; ou artificial = geradores de tensão,
como: dínamos, pilhas, baterias, geradores, células químicas ou fotovoltaicas).
O campo elétrico de um elétron repulsa outros elétrons; e dependendo da quantidade de
campo elétrico envolvido, podemos deslocar por repulsão em um meio condutor uma quantidade
determinada de elétrons, sendo chamada de tensão elétrica ou potencial elétrico cuja unidade
de medida é o Volts e o movimento ordenado de uma quantidade de elétrons em um meio
condutor é chamado de corrente elétrica com unidade de medida em Ampères. Por definição a
Corrente Elétrica é a quantidade de elétrons (Carga elétrica, cuja unidade é o Coulomb) que
passa em um meio condutor por um determinado tempo.

I (A)=Q (C) I=corrente elétrica; Q=carga elétrica e t:tempo, onde: I=Q/t


t (s)

Devemos sempre interpretar a fórmula para que possamos entender e utilizar de forma
adequada, assim sendo, a corrente elétrica é proporcional à quantidade de carga que passa por
um período de tempo. O controle do movimento dos elétrons possibilitou a construção de
equipamentos que utilizam as características da corrente elétrica:
1- Movimento ordenado de elétrons;
2- Intensidade da corrente elétrica;
3- Sentido da corrente elétrica;
4- Corrente alternada, pulsante e contínua;
5- Efeitos da corrente elétrica: térmico, magnético, luminoso e químico.
Essas características serão estudadas no decorrer do curso.
25

Condutores elétricos:

Todo corpo pode conduzir corrente elétrica, necessitando de uma energia mínima para
começar a condução de elétrons, com isso são classificados em condutores e isolantes. Quanto
menor potencial elétrico necessário para produzir uma corrente elétrica é o que determina o bom
condutor elétrico. São considerados isolantes elétricos os materiais que precisão de um elevado
potencial elétrico para produzir uma corrente elétrica. Os melhores condutores têm elétrons com
mais facilidade de se deslocar e são normalmente metálicos. Materiais metálicos são bons
condutores em comparação a madeira, plásticos, vidros, borrachas e cerâmicas, porém alguns
desses materiais mudam suas características elétricas quando variam a pressão ou a temperatura
(como as cerâmicas), passando de isolantes para serem bons condutores.
Os geradores de tensão elétrica como pilhas, baterias, dínamos e alternadores criam um
potencial elétrico que empurra os elétrons já existentes nos condutores elétricos, esses
condutores normalmente estão sobre a forma de fios metálicos. Dependendo do valor do
potencial elétrico (tensão elétrica) os materiais isolantes começam a conduzir eletricidade
(corrente elétrica), por esse motivo os materiais utilizados para isolar condutores elétricos são
especificados de acordo com a tensão máxima suportada antes de começar a conduzir
eletricidade.

Tensão Elétrica:

Recapitulando: a força necessária para começar o deslocamento dos elétrons (potencial


elétrico) é chamada de tensão elétrica e o movimento desses elétrons é chamado de corrente
elétrica. Deixamos a definição e explanação de tensão elétrica, para que o aluno já tenha
assimilado bem o que é corrente elétrica. A tensão elétrica (também chamada de potencial
elétrico) é a diferença de potencial elétrico entre dois pontos. A tensão elétrica é conseguida
26
quimicamente (baterias e pilhas), fisicamente (alternadores, geradores e dínamos) e por células
fotovoltaicas, termopares e cristais piezos, ocasionando um efeito de repulsão ou atração de
elétrons com uma intensidade controlada, cuja unidade é chamada de Volt. Quando uma tensão
elétrica é aplicada em um equipamento, impulsiona uma quantidade de elétrons (corrente
elétrica) limitada somente pelo material condutor e\ou pelo equipamento (lâmpada, motor, ferro
de engomar roupas, um forno elétrico, um aquecedor, ventilador, etc.).

OBS: para resolvermos as atividades próximas, necessitamos relembrar alguns


múltiplos e submúltiplos, que usualmente usamos no nosso dia a dia como auxiliar para
representar simplificadamente às unidades de medida. (ex.: Kg, Km, cm, mm, etc.).

Múltiplo / Submúltiplo Prefixo Símbolo


-9
10 giga G
106 mega M
3
10 kilo k
10-2 centi c
-3
10 mili m
10-6 micro μ
-9
10 nano n
-12
10 pico p
27

Atividades:

1- Naturalmente estamos sempre utilizando os múltiplos e submúltiplos em unidades


de medida e vamos agora exercitar o que aprendemos, transcrevendo em símbolos as seguintes
unidades de medidas, seguindo o exemplo:

a- Cem quilômetros = 100 km


b- Dez gramas =
c- Doze micros segundos =
d- 69.000 volts =
e- 15 * 10-3 Ampères =
f- 0,021 * 109 Ohms =
g- Mil Watts =
h- Cinco mil Hertz =
i- 0,000002 Farad =
j- 0,015 Henry =

2- Utilizando a tabela é fácil transformar um múltiplo ou submúltiplo em uma


unidade ou vice-versa, bastando verificar o exemplo: 3 cm = 3 * 10-2 m, podemos observar que
para encontrarmos o valor de 3cm em metros, foi substituído o “c” (centi=10-2) e
multiplicamos pelo numero para encontrar o valor em metros. Agora faça essas outras
transformações:
a- 3.000 mV = 3 V
b- 0,1 H = _____mH
c- 15 kHz = _____Hz
d- 1.200Ω = _____ KΩ
e- 0,002µF = _____ nF
f- 3.400KW = _____ MW
g- 1450 mS = _____ S
h- 2.100 T = _____ kT
i- 0,20 V = _____mV
j- 1.200 µA = _____ mA
28

3- Sabemos do valor da carga de um elétron, então calcule quantos elétrons tem um


objeto com uma carga de 1,602 kC:

4- Se em uma estufa elétrica passam a cada 250 ms uma carga de 1C, calcule a
intensidade de corrente elétrica que está passando pela resistência:

5- Calcule a intensidade de corrente elétrica que está alimentando uma lâmpada,


sabendo-se que 624,22.1016 elétrons passam a cada segundo:
29

Potência Elétrica:

Potência Elétrica e Queda de tensão:

Potência:
A potência é a quantidade de energia necessária para realizar um trabalho ou a energia
que foi consumida na realização do trabalho. Em termos gerais quanto maior a potência elétrica,
maior será o trabalho elétrico realizado. Em circuitos elétricos, essa potência depende da tensão
elétrica para impulsionar os elétrons, resultando em determinada transformação de energia
elétrica para térmica, ou luminosa ou mecânica. Podemos ver esse trabalho quando ligamos um
ferro de engomar roupa, para que esse aparelho funcione, a energia elétrica é transformada em
energia térmica, e isso depende do tempo de consumo de energia (elétrons alimentando o
aparelho). Quanto maior for a energia transformada, maior será a potência.

P(w) = V(V) * I(A)

Em toda representação de fórmulas físicas e matemáticas, a variável antes da vírgula é


sempre proporcional as variáveis depois da vírgula no numerador e inversamente proporcional as
variáveis depois da vírgula que estão no denominador.
Na fórmula apresentada vemos que a potência é proporcional à tensão e a corrente. Se
elevarmos o valor da tensão ou da corrente a potência aumenta.

Energia elétrica (ou trabalho elétrico):

Quando falamos em energia, estamos falando de uma força necessária para realizarmos
algo em um período de tempo, a isso chamamos de Trabalho elétrico e calculamos pela
fórmula:
30

W(J) = P(W) * t(h)

O tempo nessa fórmula é dado em horas: t(h)

Vale salientar que o trabalho realizado necessitou de uma força ao longo de período
para a realização de algo (acender uma lâmpada, ligar uma bamba d’água ou aquecer um forno
elétrico), e é essa a definição da fórmula apresentada. Observamos que aumentando a potência
elétrica em um determinado tempo, aumentamos o trabalho realizado.

Tipos de Fontes, Geradores CC e CA:

Quando falamos de fontes, estamos nos referindo aos geradores de potenciais elétricos
necessários para impulsionar elétrons em um meio condutor, como pilhas, baterias, geradores
eólicos, solares, hidrelétricas, termelétricas, das marés e outras inúmeras fontes capazes de
transformar alguma forma de energia em potencial elétrico.
O gerador converte energia mecânica em energia elétrica, na verdade os geradores
utilizam o campo magnético do ímã (que é criado pela organização dos átomos no ímã, criando
campos magnéticos organizados e direcionados dos elétrons no ímã) que se encontram em
movimento no eixo do gerador para empurrar os elétrons de suas bobinas, trabalhando como uma
bomba eletromagnética, que utiliza do campo magnético dos ímãs do gerador e a força mecânica
que movimenta o gerador.
As pilhas e baterias transformam a energia química em energia elétrica, mantendo uma
diferença de potencial entre seus polos de forma constante, possibilitando o fornecimento do
movimento de uma quantidade de elétrons (corrente elétrica), também chamados de fontes de
força eletromotriz. Dependendo do processo de fabricação dos elementos utilizados nas pilhas e
baterias podem ou não serem recarregados novamente, com uma corrente reversa nos seus polos.
Uma pilha não recarregável é constituída de uma célula cujos elementos produzem um
potencial elétrico de 1,5V enquanto que uma pilha recarregável, sua célula produz um potencial
elétrico de 1,2V. a união de várias células com a mesma capacidade de conduzir uma
determinada corrente entre seus polos são chamados de baterias.
31

As pilhas podem ser classificadas como:


Na figura abaixo observamos pilhas de 1,5 Volts (as pilhar recarregáveis são de 1,2
Volts) que podem ser ligadas em série ou em paralelo, as pilhas em paralelo são chamadas de
células e as pilhas em série são chamadas de baterias.

Pilhas de zinco carbono:

Podem ter o formato cilíndrico ou retangular com contatos que precisam de pressão para
seu funcionamento. O químico Leclanché desenvolveu a pilha, sendo o polo positivo uma barra
de carvão, e dióxido de manganês dentro de um corpo de zinco, servindo de polo negativo.
Ainda são as mais utilizadas, chamadas de pilhas secas e são encontradas em três formatos de
pilhas (A, AA e AAA) de 1,5 Volts e baterias de 9 Volts.

Pilhas alcalinas:
São pilhas secas de alta capacidade de energia, onde o polo positivo é de óxido de
manganês de densidade elevada e o polo negativo é constituído de hidróxido de potássio. Essas
pilhas alcançam uma corrente elevada em seus polos por terem resistência pequena a passagem
de corrente elétrica pequena, podendo durar a te sete vezes mais que as pilhas zinco carbono.
Também são encontradas em formatos de pilhas A, AA, AAA de 1,5 Volts e baterias de 9 Volts,
sendo mais caras.

Pilhas de mercúrio:
Pilhas especiais para instrumentação como tensão da célula constante de 1,35 Volts ao
longo de sua vida útil.
32

Pilhas de prata:
Com características semelhantes as pilhas de mercúrio, sendo mais caras e apresentando
tensão entre a célula de 1,55 Volts.

Pilhas de lítio:
São atualmente as de maior capacidade de fornecimento de corrente elétrica, apresentam
como principal característica uma descarga sem utilização muito pequena, podendo ser
armazenadas por longo período e admitem recargas.

Baterias de chumbo ácido:


São as baterias recarregáveis de autonomia elevada. Utilizados para grandes períodos de
consumo, ou correntes elevadas de pico. Podendo ser encontradas em formatos de caixas
contendo em seu interior polo positivo de óxido de chumbo e polo negativo de chumbo poroso,
imerso em uma solução de ácido sulfúrico com água. Quando a célula de carga esta
completamente carregada encontra-se uma tensão de 2 Volts, tendo padrões de 6, 12 e 24 voltes
por bateria comercial e correntes respectivas ao seu uso horário.
O conhecimento de pilhas e baterias é de fundamental para o eletrotécnico, pois, com as
novas tecnologias, cada vez mais estão sendo utilizadas para alimentar: instrumentos de
laboratório, equipamentos com relógio interno, segurança de máquinas e medidores de processo
para predeterminar e contar produção.

Michael Faraday descobriu como gerar uma força eletromotriz entre as extremidades de
um condutor quando este corta um campo magnético em movimento. Sabemos que o elétron
produz um campo elétrico e magnético e Faraday descobriu que o campo magnético de um ímã
em movimento, consegue interferir no campo eletromagnético dos elétrons, atraindo ou
repelindo os mesmos. Desse estudo originou os geradores que iremos ver agora. Abaixo
observamos um gerador:
33

Geradores CC e CA:

Chamamos de Geradores de Corrente Contínua ou Gerador de Corrente Alternada toda


fonte que transforma movimento mecânico em potencial elétrico. O grupo dos equipamentos
divide-se em:
Dínamos CC: fornece corrente contínua, fazendo a corrente circular em um único
sentido;
Dínamo CA: Chamado de Alternador e fornecem tensão alternada com forma de onda
senoidal.
Sabemos que o elétron tem um campo eletromagnético ao seu redor, sendo influenciado
34
pelo campo magnético do meio onde se encontra. Quando uma quantidade de elétrons percorre
um conduto (corrente elétrica), o campo eletromagnético dos elétrons cria no caminho percorrido
no condutor, um campo magnético proporcional a corrente elétrica; porém se um campo
magnético de um ímã passar sobre um condutor atrai ou repele os elétrons, ocasionando um
processo reverso ao anteriormente explicado. Os dínamos funcionam com esse princípio, o
movimento mecânico faz girar um ímã, e o campo magnético do ímã percorre os fios condutores
do dínamo, empurrando ou atraindo os elétrons do fio condutor, criando uma diferença de
potencial elétrico entro os terminais do dínamo. A esse processo chamamos de indução
eletromagnética, onde os elétrons livres de um material condutor são influenciados pelo campo
magnético de um ímã.
Quando se necessitam de elevada corrente, para iluminação ou acionar máquinas
elétricas de maior porte, usam-se eletroímãs em vez de ímãs permanentes para conseguir um
campo magnético de maior intensidade. Com os eletroímãs, além de ter campos magnéticos mais
intensos, podemos controlar esse campo com mais facilidade e assim gerar tensões estáveis. Os
alternadores movimentam ímãs permanentes e eletroímãs no seu eixo. Os ímãs permanentes
começam o processo de geração que depois é retificada a corrente elétrica inicialmente
produzida, para novamente ser injetada nos eletroímãs do gerador, intensificando e controlando a
geração da corrente desse gerador.
Os geradores podem ser fabricados com um conjunto de espiras que serão cortadas pelo
campo girante dos eletroímãs criando uma força eletromotriz senoidal (observe o desenho
anterior) e um campo magnético pulsante no corpo do gerador, ou fabricado com um conjunto de
três espiras criando três forças eletromotrizes e um campo magnético giratório no corpo do
gerador, sendo chamado de alternador trifásico.
Os geradores podem ser monofásicos (produzindo somente uma fonte de tensão), ou
trifásicos (produzindo três fontes de tensão defasadas uma da outra). Os geradores que tem mais
de um jogo de bobinas em sua carcaça (armadura do gerador) são chamados de geradores
polifásicos. Esses geradores polifásicos, principalmente os trifásicos oferecem vantagens pois
criam correntes que quando alimentam os motores trifásicos, fazem criar um campo igual ao
campo do gerador, movimentando as correntes e fazendo um movimento circulatório do campo,
chamado de campo girante, fazendo que o eixo do motor (rotor) acompanhe o movimento do
campo girante.

Fontes ideais e reais:


35
Vamos agora ver o que é uma fonte ideal e uma fonte real. A fonte ideal sempre vai
fornecer uma tensão independente do valor da corrente que a carga vá consumir. Na fonte real,
vários fatores vão influenciar a corrente de saída e consequentemente a tensão fornecida à carga.
Os conceitos aqui estudados têm referência tanto para pilhas, baterias, fontes eletrônicas e
geradores, que aqui chamaremos de fonte.
As fontes reais têm perdas internas causadas pela resistência interna do eletrólito de
pilhas e baterias, a resistência de contato dos eletrodos, dos terminais de contato, que
chamaremos de resistência interna. O projeto de fontes que alimentam equipamentos e
instrumentos já tem definido as perdas internas e de contato evitando a baixa eficiência dessa
fonte ou mau funcionamento dos equipamentos por ele alimentados. As fontes feitas por pilhas e
baterias também tem perdas internas com o decorrer do processo de descarga desses
componentes e muitas vezes os equipamentos alertam o usuário identificando baixas de tensão
desses componentes causados pelas perdas que com o passar do tempo se elevam.
No desenho observamos que podemos representar uma pilha como seus elementos:
eletrodos e eletrólito, e do lado vemos a representação elétrica: perdas resistivas e fonte química.
36

Atividades:
Para resolvermos os problemas abaixo devemos alguns termos que com o passar do nosso
curso serão melhores assimilados:
Instalação elétrica: condutores elétricos, conexões e proteções;
Iluminação: conjunto de lâmpadas;
Tomadas: conjunto de pontos de força para alimentar equipamentos;
Eficiência: diferença entre potencia alimentada e utilizada efetivamente de um equipamento;
Energia consumida: trabalho elétrico;
Fusível: elemento de proteção cujo valor (dado como nominal) suporta uma corrente máxima
que passará por ele (se o valor da corrente for maior o fusível interrompe a corrente).

1- A instalação elétrica de uma casa foi projetada para suportar 25A, calcule a
máxima potência em iluminação e tomadas que posso alimentar, sabendo que a tensão elétrica é
220V:

2- Em um transformador isolador usado para alimentar um computador, tem entrada


de alimentação 220V e saída para 110V com uma potência de entrada 500W e eficiência de
99,9%. Calcule a máxima corrente de saída do transformador:

3- Um ar condicionado de 1500W fica ligado durante o período: 8:00 às 12:00 e das


14:00 às18:00; Qual a energia consumida por esse aparelho durante um dia de funcionamento?

4- As fontes de alimentação internas que alimentam os aparelhos elétricos e


eletrônicos, atualmente são projetadas para um fator de potência unitário e eficiência de quase
99%, significando que qualquer circuito que alimentem se comportem como se fossem
resistores. Uma fonte que alimenta os componentes de um refrigerador para vinhos, tem potência
de entrada de 240W, e gera 24V; sabendo-se que utiliza toda a sua potência, calcule a corrente
do refrigerador:

5- A Corrente máxima de proteção de um fusível rápido é de 20% do seu valor


nominal e supondo que um fusível rápido de 2A alimenta um circuito de 110V, quantas
lâmpadas de 40W posso alimentar nesse circuito sem perigo do fusível atuar?
37

Resistores:

Além da força eletromotriz, das perdas químicas e perdas nos contato das fontes, há um outro
fator que afeta a corrente elétrica. Materiais que não oferece uma boa passagem para a corrente
elétrica, ficando entre os materiais isolantes e os bons condutores metálicos, são utilizados para resistir
controladamente a passagem da corrente elétrica, e chamados de resistores. No curso básico de
eletrotécnica estudamos basicamente três elementos elétricos: os resistores, os indutores e os
capacitores, que constituem os elementos básicos das máquinas elétricas.
A resistência que uma substância oferece a passagem da corrente é determinada pelos fatores:
natureza da própria substância (condutor) , número de elétrons livres na substância (quando maior o
número de elétrons livres, menor será a resistência a passagem da corrente elétrica), pelo comprimento
da substância (quando maior o comprimento, maior a resistência a passagem da corrente elétrica) e
pela área da substância onde a corrente elétrica vai passar (quanto maior a área, menor a resistência
para a passagem da corrente elétrica) e pela temperatura que essas substâncias estão submetidas na
hora da passagem da corrente elétrica.
Em eletrônica são usados resistores com valores padronizados de pequena potência que na
figura abaixo podemos observar como curiosidade, onde a codificação de seus valores está na forma
de cores.
38

Resistência Elétrica:

Um circuito elétrico é formado por um conjunto de elementos eletricamente


interligados, onde podemos observar seu funcionamento, suas características construtivas e suas
características elétricas. Para nosso curso nos dedicaremos aos elementos básicos da eletricidade:
os resistores, os indutores (bobinas) e os capacitores, funcionando separados ou em conjunto,
alimentados por tensão contínua, tensão pulsante ou alternada. Um circuito elétrico desenhado é
chamar de diagrama elétrico e para isso normalizamos os símbolos para facilitar o desenho e
leitura do diagrama (ou esquema elétrico).
Todas as substâncias oferecem certa resistência a passagem da corrente elétrica. Em
certas circunstâncias necessitamos de introduzir certa quantidade de resistência a um circuito
elétrico para aquecer, iluminar ou simplesmente controlar a corrente elétrica. Para isso, usamos
um dispositivo chamado de resistor.

Resistores, características e tipos:

Toda substância tem alguma resistência à passagem da corrente elétrica e dependendo


desse valor, chamamos de material condutor ou isolante. A unidade de medida dos resistores é
chamada de OHM (= Ω) e o símbolo apresentado abaixo:

As figuras representam dois símbolos que podemos vamos usar nos nossos estudos. O
nome Ohm é em homenagem a George Simon Ohm (1789-1854) que estudou as grandezas
elétricas e definiu a Lei de Ohm: V(V) = I (A) * R(Ω). O valor do resistor é uma constante em
um circuito elétrico, sendo proporcional ao valor da tensão. Quando aumentamos ou reduzimos o
valor da tensão aplicado entre os terminais do resistor a corrente aumenta ou reduz.
39
Emprego dos submúltiplos do Ohm:

Nome Símbolo Valor


miliohm m 10-3 
microohm  10-6 

Emprego dos múltiplos do Ohm:

Nome Símbolo Valor


kiloohm K 103 
megaohm M 106 

Mas afinal os resistores são: lâmpadas, aquecedores, resistências usadas nos ferros de
engomar, nas estufas, nos fornos elétricos, resistores variáveis e resistores de pequena potência
usados em eletrônica como componentes discretos.

Associação de Resistores em Série:

R1 R2 R3
A B

Quando aplicamos uma tensão nas extremidades de resistores em série, força a


corrente elétrica passar por eles sequencialmente, essa corrente assumirá um único valor
como se todos os resistores estivessem fazendo a função de um só resistor. No circuito
acima, quando colocado uma tensão entre nos terminais A e B, em cada resistor apresentará
uma tensão em cima deles, proporcionalmente ao valor de cada resistor e damos o nome de
queda de tensão. Concluímos que a corrente que circula os resistores da associação em
40
serie é a mesma, a tensão na associação é a soma das quedas de tensão de cada resistor e
mesmo sendo os resistores independentes a corrente que circula, depende da somatória dos
resistores.

Simplificação de Circuitos em Série:

A Lei de Kichhoff explica que a soma das quedas de tensões de cada resistor é
igual a tensão que alimenta o ramo total aplicada ao circuito. No circuito acima temos um
ramo AB e verificamos a soma das quedas de tensões de cada resistor sendo igual a tensão
que alimenta o circuito.

UTOTAL = U1 + U2 + U3+...+Un

U1 = R1 x I U2 = R2 x I U3 = R3 x I Un = R n x I

Substituindo as tensões nos resistores pela Lei de Ohm descrita anteriormente:

UTOTAL = R1 x I + R2 x I + R3 x I +... R n x I

Colocando I em evidência, tem-se:

UTOTAL = I x(R1 + R2 + R3+...+Rn)

Dividindo a tensão U pela corrente I, chega-se a:

UTOTAL
= (R1 + R2 + R3+...+Rn)
I

O resultado UTOTAL/I corresponde à resistência equivale RT da associação em


série, isto é, a resistência que a fonte de alimentação entende como sendo a sua carga total.
Portanto, a resistência elétrica resultante é a soma dos valores parciais das resistências
41
envolvidas:

R T= R1 + R2 + R3 + ... +Rn

RT = resistência total ou equivalente;


R1, R2, R3 , Rn = resistências dos respectivos resistores.

Associação de resistores em paralelo:

Como apresentado no circuito acima, em uma associação em paralelo, os


resistores estão ligados de forma que a tensão total aplicada ao circuito seja a mesma em
todos os resistores e a corrente elétrica total do circuito é divida entre eles de forma
inversamente proporcional aos seus valores.
Não devemos esquecer que a tensão em todos os resistores é a mesma, a corrente
total é a somatória das correntes de cada ramo (é chamado de ramo ou braço as
extremidades do circuito onde a corrente se divide e cada uma dessas extremidades é
chamada de nó) e o valor da resistência total é menor que o menor valor de resistência do
ramo.

Simplificação de Circuitos em Paralelo:

Para simplificar uma associação em paralelo devemos ter o cuidado de verificar


que a corrente que entra no NÓ que integra os resistores são a somatória de todas as
correntes do circuito.
42

I TOTAL= I1 + I2 + I3 + ... +In

U U U U
+ + + ... +
ITOTAL
= R1 R2 R3 Rn

1 1 1 1
ITOTAL = U x ( + + + ... + )

R1 R2 R3 Rn

Dividindo a corrente elétrica ITOTAL pela tensão U (passamos a tensão U para o


outro lado da igualdade dividindo) teremos como resultado a condutância (condutância é o
inverso da resistência elétrica e cuja unidade é o Siemens: S = 1 / R) equivalente do
circuito. Invertendo-se o valor da condutância, encontramos o valor da resistência total RT
que a fonte de alimentação entende como sendo a sua carga. Portanto, a resistência elétrica
resultante é o inverso das somas dos inversos dos valores das resistências parciais
envolvidas. Para o nosso estudo é indiferente usarmos o símbolo de tensão como sendo U
ou V.

1 1 1 1
+ + ... + )
ITOTAL = U x ( +

R1 R2 R3 Rn

1 = 1 1 1 1
+ + +
RT R1 R2 R3 Rn

RT = resistência total ou equivalente;


R1, R2, R3, Rn = resistências dos respectivos resistores.
43

Associação mista de resistores:

Na associação mista encontraremos as características do circuito série e do circuito


paralelo em um mesmo circuito. Em uma associação mista utilizamos as fórmulas dos
Resistores Equivalentes:

Paralelo: 1/RTP = 1/R2 + 1/R3 + 1/R4


Série: RTS = R1 + R2
Resistência Equivalente do ramo AB REQ = RTP + RTS

Na nossa casa todas as tomadas onde ligamos os eletrodomésticos estão ligados


em paralelo com a rede elétrica. Outros equipamentos como fornos elétricos e cordão de
lâmpadas de árvore de natal, seus elementos estão ligados em série. Em nosso estudo
vamos ver os outros elementos elétricos (como resistores, indutores e capacitores) ligados
em associações mistas, como maneiras de intensificar, reduzir ou controlar a corrente
elétrica. Resolvendo os exercícios vamos perceber a importância das associações dos
resistores como método de controle da corrente elétrica.
44

Atividades:

1- Calcular as resistências equivalentes dos circuitos abaixo com base nos


procedimentos abordados nas explicações dos circuitos anteriores explicando associações série,
paralelo e misto:

2- Dimensionar a resistência mais próxima de 100 Ω, utilizando resistores de 1000Ω,


verificando a possibilidade de fazer circuito em série ou em paralelo:

3- Dimensionar um resistor equivalente de 1MΩ, usando resistências de 100Ω


verificando a possibilidade de fazer circuito em série ou em paralelo:

4- O que acontece se ligarmos 4 lâmpadas resistivas de 220V em série ( verificar o efeito


da corrente sobre elas)?

5- Tenho 6 lâmpadas de 110V e quero ligar as mesmas em 220V, como faço (ligando as
lâmpadas em serie ou em paralelo ou em circuito misto)?
45

Indutores:
Enquanto os resistores são usados para produzir energia em forma de calor ao controlar
a passagem da corrente, os indutores produzem energia magnética na passagem da corrente
elétrica. Quando o indutor produz energia magnética, essa energia também tem a propriedade de
dificultar a passagem de corrente elétrica, quando a corrente muda de sentido. Uma diferença
que existe entre resistores e indutores é percebida quando alimentamos o resistor e o indutor e
mudamos a polarização da corrente elétrica que passa por eles, o valor da resistência no resistor
não varia, enquanto no indutor, quanto maior a variação de polaridade da corrente, maior a
resistência no indutor e menor a corrente. O indutor (conjunto de espiras) quando alimentado por
corrente contínua, cria um campo magnético direcionado, se no interior do indutor tiver um
material magnético, esse campo magnético criado pela corrente direciona o fluxo magnético do
material, criando um eletroímã.
46
A unidade de medida de um indutor é o Henry (H) e seu símbolo é o L, que na
realidade é uma constante que depende da característica do material magnético que é feito a
bobina e do meio condutor do fluxo magnético produzido pelo tamanho da bobina, como na
fórmula:

L(H) = µ.m símbolo

Na fórmula observamos que a indutância (L) é o produto de duas constantes: a


permeabilidade magnética (que é uma característica de um material magnético) e o tamanho do
condutor. Verificamos também que a resistência à passagem da corrente elétrica em um indutor
depende da variação de sentido da corrente, criando uma maior ou menor resistência. A variação
da resistência de um indutor depende da variação da corrente e chamamos de Reatância (X) e a
unidade continua sendo o Ohm (Ω), como na fórmula:

XL(Ω) = 2π . f(Hz) . L(H) onde V(V) = I(A) . XL(Ω)

Se a corrente que atravessa o indutor for de corrente contínua, o valor da reatância será
zero e a corrente será limitada pelo valor da resistência do fio condutor. Na fórmula, 2π
representa a variação angular (inversão de polaridade) da corrente que alimenta o indutor com
uma frequência “f” multiplicada pela constante magnetizando de uma bobina “L”, observamos
pela fórmula que quanto maior a frequência maior será a reatância (nome dado a resistência do
indutor quando alimentado por tensão alternada).

nome símbolo valor


microhanry µH 10-6 H
nanohanry nH 10-9 H
47

Com essas características de produzir energia magnética e limitar a corrente sem


produzir calor os indutores são usados em reatores para lâmpadas florescentes, em eletroímãs
para acionamento de travas de portas, em motores, em acoplamentos magnéticos em tubos de
imagens de televisores, em transformadores e na eletrônica como indutores de precisão.
Sabemos que uma maneira de controlar a passagem da corrente elétrica contínua ou
alternada é usando resistores, já os indutores só podem controlar a intensidade da corrente
elétrica se esta for alternada. Pela fórmula da reatância (XL(Ω) = 2π . f(Hz) . L(H) ) observamos
se o valor da frequência for zero a reatância assume o valor zero, então em uma bobina ligado
em uma fonte de corrente contínua onde a frequência é zero, o valor da reatância também será
zero. Uma bobina (indutor) controla a passagem da corrente em um circuito se este circuito for
alimentado por corrente alternada (também podemos falar tensão alternada) sendo chamada de
reator. Uma vantagem do reator é que este não libera energia em forma de calor, podendo
substituir uma resistência para controlar a corrente alternada sem perdas por calor.
Um resistor produz trabalho elétrico quando alimentado por corrente contínua ou
alternada, porém uma bobina quando alimentada em corrente alternada cria um campo
magnético concentrado em seu núcleo (se o núcleo for de material magnético este acumula
campo magnético), porém não gera trabalho elétrico, a corrente elétrica que atravessa o indutor é
somente para criar o campo magnético (quando a bobina esquenta é somente pela resistência do
fio condutor que são feitos as bobinas ( ou também chamadas de espiras).
Quando alimentamos resistores com tensão contínua ou alternada, chamamos a tensão
em cima de cada resistor de queda de tensão (pela formula da Lei de Ohm: R(Ω) = V(V) / I(A) )
e quando alimentamos indutores com tensão alternada (somente), também chamamos de queda
de tensão a tensão em cima do indutor, utilizamos a lei de Ohm também, só que trocamos a
resistência pela reatância do indutor (V(V) = I(A) * XL(Ω)).
A dificuldade da corrente elétrica pulsante ou alternada atravessar um circuito
provocado quando essas correntes atravessam uma espira (bobina é o coletivo de espira) é
chamada de indutância, criando uma queda de tensão pelo acumulo de campo magnético,
chamado de Força Eletromotriz Induzida (chamado de FEM). A corrente alternada da nossa rede
esta a tomo momento alterando seu valor incrementando valores do zero, até um valor máximo
positivo e retornando para o zero e do zero para um valor máximo negativo intermitentemente.
Se a corrente da fonte que alimenta um indutor estiver diminuindo de intensidade, fazendo cair o
campo magnético do indutor, a FEM criará uma corrente induzida dentro do indutor (contrária a
corrente da fonte) de tal sentido para tentar evitar a queda do campo magnético do indutor
(chamado de Força Contra Eletromotriz ou fcem), acontecendo por causa de sua oposição a
48
qualquer variação do sentido da corrente elétrica.
Essa propriedade do indutor alimentado em um circuito é devida as tensões induzidas
no próprio circuito pelas variações do campo magnético acumulado pela passagem da corrente
elétrica que não quer sofrer alterações de redução ou aumento do campo acumulado.
Qualquer fator, que afete o campo magnético, afetará também o valor da indutância do
indutor, diferentemente do valor constante de um resistor.
49

Atividades:

1- Calcular a reatância de um indutor de 100mH, quando alimentado com uma


corrente com frequência de 60Hz:

2- Qual o valor da corrente elétrica em 60 Hz que passa por um indutor de 200mH


quando alimentado em 220V:

3- Para reduzir a tensão em 110V utilizando um indutor em série com uma lâmpada
de 110V e 1A na rede de 220V e 60Hz, devo utilizar um indutor no valor de?

4- Transformar 12mH em nH:


50

Capacitores:
Os elétrons exteriores do átomo de um condutor são mantidos levemente em suas
órbitas, sendo facilmente removidos. Nas substâncias utilizadas como isoladores (também
chamados de dielétricos) tem seus elétrons firmemente ligados ao seu átomo, dificultando a sua
remoção. Se colocarmos um dielétrico entre dois condutores, formaremos um capacitor (também
chamado de condensador), onde o campo eletromagnético dos elétrons de um lado do condutor
influenciará o campo eletromagnético do outro condutor. Em condições normais, os elétrons dos
átomos do dielétrico entre os dois condutores (chamados de placas do capacitor) giram ao redor
de seus núcleos, órbitas aproximadamente circulares. Contudo se ligarmos as extremidades das
placas do capacitor, a uma fonte de tensão, haverá uma passagem de elétrons de uma placa para a
outra, impulsionados pelo campo eletromagnético dos elétrons provocado pela fonte de tensão.
Uma das placas receberá carregada carga negativa e outra receberá carga positiva (a isso,
chamados de carregar o capacitor). Quando retiramos a fonte das placas do capacitor, os elétrons
não conseguem passar pelo dielétrico, ficando atraídos pelas cargas contrárias das placas do
capacitor, deixando o capacitor um acumulo de cargas (o capacitor fica carregado com uma
quantidade de elétrons proporcionais a tensão e as características do dielétrico e das placas do
capacitor).
Vimos anteriormente que os indutores acumulam campo magnético, diferentemente dos
capacitores que acumulam campo elétrico. Essa característica de acumular campo elétrico
(cargas elétricas) faz com que os capacitores sejam utilizados muito na eletrônica para controle
de tempo e filtros de tensão, respectivamente o controle de tempo pelo controle da carga dos
capacitores utilizando resistores (resistor em série com o capacitor alimentados a uma fonte,
controlando a passagens dos elétrons e consequentemente a o tempo para carregar o capacitor) e
fornecendo corrente a circuitos de fontes quando a tensão cai em algum momento ( o capacitor
nesse pequeno espaço de tempo fornece os elétrons necessários nele acumulado). Os capacitores
usados em eletrônica têm código de cores igualmente aos resistores ou simplesmente seu calor
está escrito no corpo do capacitor, como curiosidade colocamos essa figura abaixo para
observarmos esse código:
51

Capacitores:
São componentes interessantes porque utilizam a propriedade que descreve: duas cargas
elétricas de polos iguais se repelem. Os capacitores são formados por duas lâminas condutoras
muito finas e próximas e em alguns capacitores essas lâminas são separadas por óxidos isolantes
ou plásticos (chamados de dielétricos) e quando é aplicada uma tensão entre as lâminas do
capacitor, as que ficarem com carga positiva (mais elétrons), repelem os elétrons da outra lâmina
e assim, se retirado à tensão das lâminas, fica armazenado uma determinada carga de igual valor
e polos diferentes em cada lâmina do capacitor.

Símbolo Elétrico

Uma das principais características dos capacitores está no fato em armazenar cargas
elétricas quando é alimentado por tensão contínua; chamamos capacitância e sua unidade de
medida é o Farad, em homenagem a Michael Faraday (1791-1867), cientista inglês que estudou
eletricidade estática e inventou o voltímetro.
52

C(F) = Q(C)
V(V)

Pela fórmula notamos que a capacitância (C = F unidade: Farad) é a carga elétrica (Q de


unidade: C Coulomb), que o capacitor pode armazenar por unidade de tensão (V de unidade
Volt).

Xc(Ω) = 1 . onde V(V) = I(A) . XC(Ω)


2π . f(Hz) . C(F)

Na fórmula, igualmente à fórmula da reatância em uma bobina, 2π representa a variação


angular (inversão de polaridade) da corrente que alimenta o capacitor com uma frequência
“f(Hz)” multiplicada pela capacidade (C = Farad) do capacitor, e que inversamente ao indutor,
quanto maior a frequência de oscilação da corrente menor será a reatância (nome da resistência
quando alimentado por tensão alternada) do capacitor.
Podemos ver que, internamente a composição, o capacitor é formado por placas
metálicas e o isolante que fica entre as lâminas do capacitor. Algo de grande importância que
podemos observar entre o indutor e o capacitor está na resposta na produção de energia indutiva
e capacitiva quando se aplica nos seus polos uma tensão alternada: a corrente sofre um atraso de
tempo para atravessar a bobina e no capacitor temos um tempo de avanço da corrente em relação
à tensão aplicada ao capacitor.
Os capacitores quando alimentados por tensão contínua, não produz trabalho elétrico,
funcionando somente como acumulador de campo elétrico, acumulando elétrons em suas placas.

Pela fórmula ( Xc(Ω) = 1 / (2π . f(Hz) . C(F)) ) observamos que o capacitor alimentado
53
em tensão continua onde a frequência é zero, o capacitor após carregado se comporta como um
circuito aberto, pois na divisão por zero, a reatância capacitiva é infinita.
Porém se o capacitor for alimentado em corrente alternada, suas placas ficam carregando
e descarregando conforme a tensão alternada for variando seus valores ao longo do tempo, essa
carga e descarga tem uma dependência da frequência da tensão que está alimentando o
capacitor e provoca uma queda de tensão em cima do mesmo, sendo chamada de queda de
tensão pela reatância capacitiva. Comparativamente observando as fórmulas da reatância
indutiva e reatância capacitiva, os capacitores funcionam complementando os indutores,
enquanto um acumula campo magnético, o outro acumula campo elétrico.
Na figura abaixo podemos ver algumas unidades utilizados pelos capacitores:

nome símbolo valor


microfadad µF 10-6 F
nanofarad nF 10-9 F
picofarad pF 10-12 F

Os capacitores quando alimentados em fontes de tensão alternada são utilizados para


controlar a corrente funcionando como resistores, essa resistência chamada de reatância
capacitiva é encontrada pelo Lei de Ohm ( XC(Ω) = V(V) / I(A) ). A grande vantagem das
reatâncias capacitivas (e indutivas) é que as mesmas não produzem trabalho elétrico (não
gerando calor)
54

Atividades:

1- Sabemos que um capacitor quando alimentado em corrente contínua, se comporta


como um circuito aberto. Mas ao alimentarmos um capacitor de 0,1 µF em corrente pulsante ou
corrente alternada com frequência de 60 Hz, apresentada a reatância capacitiva no valor de?

2- Qual a corrente que atravessa um capacitor de 0,1 µF quando alimentado por uma
tensão de 100 Volts de 60 Hz:

3- Um LED (diodo emissor de luz) precisa ser alimentado em 2V com 20mA, quero
alimentar um LED em 220V e devo reduzir a tensão em 118V utilizando a reatância capacitiva.
Qual o valor do capacitor que ficará em série com o LED para controlar a tensão e corrente que
passara por ele?

4- Transforme:
100mF em uF:

10uF em pF:
55

Análise de Circuitos CC:

A intensidade da corrente elétrica num condutor é diretamente proporcional à força


eletromotriz e inversamente proporcional à sua resistência elétrica, essa é a definição da Lei de
Ohm como já vimos anteriormente.
.

U
I =
R

Essa fórmula já é conhecida nos nossos estudos, sendo a mesma fórmula da tensão
elétrica, onde: I = Intensidade da corrente elétrica em Ampères (A);
R = Resistência elétrica em Ohms (Ω);
U = Tensão elétrica em Volts (V).
56

Observando o desenho, verificamos que podemos reescrever em forma de símbolos, o


esquema da ligação de uma lâmpada com uma fonte, onde no esquema elétrico aparecem mais
três símbolos que ainda não vimos: a fonte e dois aparelhos de medição, um amperímetro (que
medi a corrente, ficando em série com a resistência) e um voltímetro (para medir a queda de
tensão da resistência, fica em paralelo com a mesma). Nesse tipo de circuito temos somente um
elemento constante que é a resistência. Para observar a variação da corrente elétrica com a
variação da tensão, fazemos uma tabela com medições, utilizando a formula da lei de Ohm:

y = a + bx (onde na lei de Ohm o valor de a = 0)


V=R*I (b = R é o valor constante da função)

Calculando V = R * I temos V = 40 * I e vamos escolher alguns valores de corrente para


encontrar o valor de tensão e plotar no gráfico:

I = 0A V = 0V 80 R

I = 1A V = 40V 40

I = 2A I = 80V A
1 2

Sendo o valor da resistência uma constante, observamos que ao aumentar o valor de


tensão, a corrente aumenta e ao reduzir o valor de tensão a corrente diminui. Os equipamentos
elétricos que tem essa característica são chamados de máquinas com potências estáticas (como
lâmpadas e transformadores). Visto que a potência é dada pela fórmula P(W) = U(V) * I(A) tem
uma dependência direta da tensão, se reduzir ou aumentar a tensão aplicada ao equipamento a
sua potência reduz ou aumenta respectivamente. Máquinas elétricas que não têm essas
características são chamadas de máquinas com potências dinâmicas (como motores e fontes
chaveadas).
57

Potência Elétrica:

Já sabemos que a função do resistor é limitar a corrente elétrica, porém consome energia
em forma de liberação de calor. Em certas aplicações é justamente a produção de calor, a sua
principal utilização, como em ferros de engomar, chuveiros elétricos, estufas, fornos e
aquecedores de modo geral.

P(W) = V(V) * I(A) e I(A) = V(V) substituindo I: P(W) = V2(V)


R(Ω) R(Ω)

A potência elétrica de um equipamento elétrico responsável por gerar trabalho elétrico


tem unidade em WATS. Essa potência transforma a o movimento dos elétrons em luz, calor ou
movimento mecânico produzido pelos motores. A concessionária mede e cobra em nossas casas
somente a potência elétrica que gera trabalho elétrico sendo medido em KW, pois já sabemos
que elementos como indutores e capacitores não geram potencia elétrica para fornecer trabalho
elétrico.
OBS: Em um resistor comercial, vem indicando sempre a potência máxima que o
resistor consegue dissipar (quando alimentado poderá dissipar essa potência sem danificar sua
estrutura) e pela formula (P(W) = V2(V) / R(Ω)) chegamos à conclusão que a potência de uma
resistência, depende da tensão nele aplicada.
As potencias dos equipamentos eletrônicos são geralmente muito baixa, porem na
indústria, as potencias tem valor elevado. Abaixo temos uma tabela como essas potências:

nome símbolo Valor


Kilowatt kW 103 W
Megawatt MW 106 W

Nos motores não utilizados normalmente a unidade de potencia em cavalo vapor,


podendo encontrar essa unidade em CV ou HP, que devemos sempre ter em mente para
podermos associar em Watts:
58

CV - Cavalo Vapor que corresponde a 736W


HP - Cavalo Vapor que corresponde a 746W

Fontes de Tensão e Corrente:

Um circuito elétrico é necessário ser alimentado por algum tipo de gerador ou fonte para
que o circuito funcione na maneira que foi projetado. As fontes de tensão ou fontes de
alimentação fornecem tensão a um circuito elétrico, podendo ser pilhas, baterias e fontes de
alimentação eletrônica (chamados também de eliminadores de pilhas) e que convertem a tensão
alternada da rede elétrica em tensão contínua de menor valor. O termo gerador de tensão é
aplicado para duas vertentes: como sendo geradores das usinas hidrelétricas, termelétricas,
eólicas e nucleares; e para conceitos de fontes em projetos e cálculos. Neste caso quando
colocamos no circuito o comportamento de uma fonte de tensão, estaremos nos referindo aos
geradores de tensão ou de corrente. Em um gerador de tensão ideal a tensão de saída não se
altera, mesmo variando a carga e um gerador de corrente ideal a corrente não varia, mesmo
variando a tensão em cima da carga.

GERADOR DE TENSÃO IxV IxV

VS = VE VS = Vi – Ri . I
Fonte Real carga fonte IDEAL fonte REAL

Nos desenhos temos a representação de uma fonte de corrente contínua (podendo ser
chamada de fonte de tensão continua). Observamos nos desenhos a sequencia: gerador de tensão
(podendo ser pilha, bateria, ou dínamo), carga (resistência ou circuito alimentado pela carga),
uma fonte Ideal (onde o valor da resistência interna Ri é igual à zero, a tensão de saída Vs é igual
a tensão de entrada VE) e uma fonte real (onde a resistência interna que é prevista pela eficiência
da fonte). Em seguida observamos os gráficos de uma fonte ideal e outra fonte real, mostrando a
queda de tensão em cima do resistor interno da fonte (onde a tensão de saída Vs, é a diferença
59
entre a tensão gerada na fonte Vi menos a queda de tensão em cima do resistor interno (Ri * I) ).

VRI = Ri . I queda de tensão interna da fonte.

O ponto Quiescente (“Q”) da fonte é encontrado quando igualamos a resistência interna


da fonte como o valor da resistência da carga. Nesse ponto encontramos a máxima tensão e
máxima corrente que a fonte pode fornecer à carga. O ponto “Q” é encontrado a máxima
transferência de potência, quando a carga assumir o valor igual da resistência interna da fonte.

GERADOR DE CORRENTE
V V
IRi IS VS
Ri Rs
I I
IG = IRi + IS fonte de corrente ideal fonte de corrente real
IS = IG IS = IG – VS / Ri

Um Gerador de corrente não tem muita utilidade prática para nossos estudos de
iniciação a eletrotécnica (pois são utilizados em eletrônica como em amplificadores de sinal,
utilizando correntes de padrões de 4 a 20mA), mas é de fundamental importância para nosso
entendimento, na realidade, se trata de uma fonte que fornece uma corrente constante mesmo
modificando o valor da carga. No desenho observamos que a corrente IG (corrente gerada pelo
gerador de corrente) é a soma de todas as correntes fornecidas pela fonte e depende da corrente
de perda IRi da fonte de corrente real. Na fonte de corrente ideal a corrente gerada IG é igual a
corrente de saída Is, já na fonte de corrente real a corrente de saída da fonte é a diferença da
corrente IG menos a corrente que atravessa a resistência interna da fonte (Vs / Ri).
Nos dois casos (fonte de corrente e fonte de tensão) podemos calcular o seu rendimento:
60

Fonte de tensão: V = VS / E * 100 (rendimento em %)


Fonte de corrente: I = IS / IG * 100 (rendimento em %)

Teoremas da Máxima Transferência de Potência:

Como vimos no capítulo anterior, às fontes reais tem uma deficiência no fornecimento
de corrente, pois está dependente das resistências internas da fonte, neste ponto temos um
problema em saber qual a máxima potência que determinada fonte pode fornecer. Quanto maior
a corrente fornecida da fonte para a carga, maior a potência consumida pela resistência interna da
fonte e por conseguinte menor a potência fornecida a carga, pois a queda de tensão interna do
resistor interno da fonte reduzirá a tensão em cima da carga e pela fórmula (P = U * I) da
potência, a potência consumida na carga será menor.

PRI = I2 * RI Potência dissipada pela resistência interna da fonte


PRL = I2 * RL Potência fornecida à carga

Para haver um equilíbrio entre o fornecimento de potência e a perda de potência, os


valores entre eles devem ser iguais:

PRL = PRi onde I2 . RL = I2 . RI então RL = RI

Neste caso, a transferência da potência máxima que uma fonte pode fornecer a carga
será no caso quando a resistência de carga for igual à resistência interna da fonte.
61

Atividades:

OBS: no dicionário MICHAELIS e no dicionário AURÉLIO BUARQUE, a palavra


AMPERAGEM significa intensidade da corrente elétrica em Ampères, por isso na nossa língua
portuguesa (diferentemente da língua americana, que eles não concordam com essa maneira de
expressar a corrente elétrica) não é errado em falar amperagem da corrente elétrica, ou amperagem
nominal, ou amperagem de partida do motor, ou amperagem do circuito elétrico.

1- Para um resistor de 20Ω dissipe uma potência de 5W, qual tensão devo aplicar no
resistor para dissipar essa potência?

2- Para proteger um ar condicionado, devemos colocar um disjuntor com uma


amperagem superior a 15% da amperagem nominal do motor, sabendo que o motor de 1 HP é
alimentado em 220V, calcule a corrente de proteção (corrente máxima):

3- Calcule a resistência interna da fonte, sabendo que sem alimentar a carga, a fonte
apresenta 28V e cai para 24 V, quando uma carga consome 4A:

4- Um gerador de tensão tem eficiência de 90%, e sua tensão a vazio é 100V, calcule
a tensão do gerador quando alimenta sua carga máxima:

5- Qual a corrente que passa quando alimento duas Lâmpadas de 100V e 50W em
série com uma fonte de 100V?

6- Sabendo-se que no ponto “Q” de um fonte de 100V tem eficiência de 90% e


alimenta uma carga de 10 Ampères, calcule sua resistência interna:

7- Em um gerador de corrente de 4A alimenta uma carga de 10Ω, dando uma queda


de 30V, qual corrente de fuga da fonte?
62

8- Para proteger uma fonte com transformador, qual amperagem do fusível que devo
colocar na entrada de 220V, sabendo que a saída é de 22V e 10A:

9- Em uma fonte de tensão de 100V, com queda de tensão de 10V, qual o seu
rendimento?

10- Qual tensão que estará em uma carga de 10Ω se esta for alimentada por uma
fonte de corrente de 2A?
63

Análise de Circuitos CA
Diferentemente dos equipamentos eletrônicos, como calculadoras, balanças, televisores,
aparelhos de som e vídeos, que necessitam de fontes de tensão em corrente contínua, as
máquinas usadas nas indústrias trabalham com tensão alternada (podemos falar: trabalham com
corrente alternada). A tensão alternada é originada pela FEM em um gerador. No eixo de um
gerador está acoplado ímãs ou eletroímãs que giram, tracionado mecanicamente, em volta do seu
eixo, como no desenho de apresentação acima, criando uma fcem nos indutores (bobinas) do
estator do gerador, originando uma diferença de tensão nos terminais da bobina, essa tensão
varia de um valor máximo negativo, passando para o máximo positivo, refazendo esse ciclo em
cada rotação do gerador. A variação periódica e constante da tensão gerada é representada como
sendo senoidal com uma determinada frequência de oscilação. A variação constante dos valores
de tensão de acordo com o tempo é melhor representada matematicamente como o conceito de
fasor, que estudaremos agora.

Conceito de Fasor:

Um fasor representa um número complexo (A = a + jb) com a magnitude e a fase,


representando um valor, um sentido e uma unidade. A notação fasorial simplifica a resolução de
problemas envolvendo funções que variam com o tempo, como a função senoidal.
Adição de fasores: a adição gráfica de dois fasores é feita pela regra do paralelogramo:

R
B

A R(fr) = A(fa) + B(fb) (forma polar)


A = a1 + jb1 B = a2 + jb2 (num. Complexo)
R = (a1 + a2) + j(b1 + b2) (forma retangular)
64
O módulo do fasor resultante R é a soma das dos fasores das forças A e B.

Subtração de fasores: A subtração gráfica de dois fasores é feita regra do paralelogramo,


só que o fasor subtraendo deve ser defasado de 180º.

B
A
R(αr) = A(αa) – B(αb)
R

-B
A = a1 + jb1 B = a2 + jb2 (num. Complexo)
R = (a1 – a2) + j(b1 – b2) (forma retangular

Em circuitos CA os principais fasores provocados por correntes resistivas, indutivas ou


capacitivas estarão sempre defasadas respectivamente de 0 graus, 180 graus, ou atrasados de 90
graus ou adiantados de 90 graus em relação ao fasor da tensão, com isso simplifica muito os
cálculos, pois precisaremos somente usar a trigonometria com a ajuda do Teorema de Pitágoras.
Com isso só usaremos as expressões:

Fasores defasados de 0 graus: mesmo sentido de A e B


A B C=A+B

Fasores defasados de 180 graus:


A C B
C = B – A onde o sentido de C será do valor maior, sendo o de B

Fasores defasados 90 graus ou atrasados ou adiantados:

A A C Ss dois triângulos são idênticos.


C
B B
O fasor resultante de C = A + B pode ser calculado pelo Triângulo de Pitágoras
sendo a, b e c os valores unitários do valor dos fasores de A, B e C respectivamente.
c2 = a2 + b2
65

Diagramas Fasoriais:

Para entendermos bem os circuitos alimentados por corrente alternada CA, a análise
tende a se tornar mais trabalhosa devido ao fato dos valores de tensão e corrente estarem em
constante modificação de valor e de sentido. Observamos acima que podemos representar uma
força qualquer atuando em uma determinada direção e essas forças podem estar interagindo uma
com as outras.

As forças representadas por vetores indicam sentido, valor e direção, como no desenho
acima. Existem grandezas que podem ser expressas simplesmente por um número e uma
unidade. Assim, quando se diz que a temperatura em um determinado momento é de 20º C, a
mensagem que se quer dar é perfeitamente compreensível. Esse tipo de grandeza é chamado de
grandeza escalar das quais o tempo, distância e massa são alguns exemplos. Todavia, para
algumas grandezas, um número e uma unidade não são suficientes. Grandezas essas que
precisam além de indicar um número escalar, está dependente do tempo e da direção relativa a
um observador, a isso chamamos de deslocamento angular. Portanto, para definir um
deslocamento não é suficiente dizer apenas de quanto este deve ser. As grandezas que definem o
deslocamento pela variação do tempo, por exemplo, são chamadas de grandezas vetoriais. Outros
exemplos de grandezas vetoriais são: a força, a velocidade e o campo elétrico, a corrente e tensão
alternadas, e precisam de três informações: Um valor numérico, uma direção e um sentido. A
grandeza vetorial pode ser representada graficamente através de um segmento de reta orientado
denominado de vetor como na figura abaixo:
66

Como se pode observar em qualquer um dos vetores da figura, essa representação


gráfica fornece as três informações necessárias a respeito da grandeza vetorial, ou seja:

Módulo = é o comprimento do segmento (unidade)


Direção = é a direção do segmento
Sentido = sentido em relação a direção do segmento

Essa força pode ser representada através de um vetor que contém:

Módulo = valor numérico da força


Direção = do plano cartesiano
Sentido = esquerda ou direita

Ao estudarmos circuitos com resistores, indutores e capacitores ligados em tensão


alternada, vamos perceber que a corrente estará ou em faze com a tensão (acompanhando a
tensão: quando a tensão zera seu valor a corrente será zero, e acompanhando proporcionalmente
o seu valor na subida e descida), ou defasada da tensão: como acontece com capacitores e
indutores, onde a corrente estará sempre defasada da tensão.
67

Nesses desenhos podemos observar que um sistema de vetores de mesmo sentido,


mesma direção e que podemos somar e subtrair as forças. Nesses casos, o emprego de uma
representação gráfica simplifica a determinação de uma solução.
Assim, se duas forças F1 e F2 aplicadas a um mesmo ponto atuam na mesma direção e
mesmo sentido a resultante será:

Módulo FR = F1 + F2;
Direção = a da reta que contém as duas forças;
Sentido = o mesmo das forças.

A direção e o sentido ficam estabelecidos automaticamente no traçado gráfico. Neste


caso, calcula-se matematicamente o vetor resultante conforme a seguinte fórmula:
68

R2 = (F1)2 + (F2)2
FR2 = F12 + F22 + 2 * F1 * F2 * cos
R2 = (F1)2 + (F2)2

Onde mostra o ângulo entre as duas forças

Agora vamos estudar os circuitos envolvendo os elementos básicos da eletricidade


(resistores, indutores e capacitores) em tensão alternada e iremos só usar a trigonometria (para
facilitar nossos cálculos) como nos casos apresentados, onde os fasores estarão defasados
somente com 0, 90 e 180 graus.

Relações Fasoriais R, L e C:

Os nossos estudos serão feitos relacionados à tensão alternada, com uma frequência de f
= 60Hz e valores variáveis de tensão e corrente a cargo da necessidade dos exercícios aqui
expostos. Começaremos com os elementos resistivos (resistores) que, quando alimentados em
tensão alternada à defasagem entre a corrente e tensão é de 0 grau, se comportando como se
fossem alimentadas em corrente contínua. Quando alimentado por uma tensão alternada a
equação passa a ter uma variante temporal e a expressão passa a ser: V(t) = R . I(t). Para
evitarmos trabalhar continuamente com vetores, utilizaremos valores eficazes da tensão e
corrente e assim simplificaremos as resoluções das equações.

Resistor alimento em CA:

O resistor alimentado em corrente alternada tem um comportamento que chamamos de


comportamento resistivo, pois seu valor é constante mesmo na variação da frequência, tensão e
corrente que passa por ele. Uma lâmpada incandescente (resistiva) alimentada em tensão
69
alternada (com uma determinada frequência), o valor corrente pode ser calculado pela Lei de
Ohm.

IR
VR IR = VR / R

Na figura abaixo vemos a representação vetorial onde a tensão alternada alimenta um


circuito resistivo, um circuito indutivo e um circuito capacitivo, em cada gráfico vemos um vetor
de maior amplitude representando a variação da tensão pelo tempo e um gráfico menor
representando a corrente que passa por cada elemento, podemos ver que nos resistores a corrente
segue a mesma direção e sentido da tensão, no circuito indutivo a corrente está atrasada da
tensão por causa da fcem e no circuito capacitivo a corrente está adiantada da tensão, pois
quando o capacitor está descarregado e a tensão é aplicada aos seus terminais, imediatamente
começa o processo de carga, antes que a tensão chegue ao seu valor máximo.

Os valores de tensão e corrente que estaremos trabalhando são valores eficazes da


tensão e corrente senoidal. O valor eficaz senoidal representa o valor da média dos valores da
forma de onda no decorrer do seu período. E para cada forma de onda temos um favor eficaz,
para a onda senoidal o valor eficaz equivale à raiz de dois, multiplicado pelo valor de pico
alcançado pela onda senoidal. O valor eficaz representa o valor de tensão contínua que
efetivamente faria o mesmo trabalho elétrico de uma tensão alternada. Quando falamos que a
tensão que alimenta nossas casas é de 220 Volts ou de 110 Volts, estamos falando de valores
70
eficazes de uma tensão senoidal que varia de 0 Volts até 311 Volts (Valor eficaz da tensão =
Valor do pico da tensão senoidal / √2).

Uef = Up / √2

Quando estudamos equivalência de resistores, chamamos de Resistência Total (ou


Equivalente) o valor de um resistor que pode substituir todos os resistores do circuito (que
equivale à resistência vista pela fonte de tensão contínua) quando uma fonte alimenta um circuito
resistivo com resistores em série, paralelo ou misto. Em corrente alternada a resistência total do
circuito chamaremos de Impedância, que é a soma vetorial das resistências e reatância indutivas
e capacitivas. A Impedância é a Resistência Equivalente vista pela fonte alternada que alimenta
o circuito, seu valor é encontrado pela de Ohm.

Z = V/ I Impedância (Resistência total do circuito)


Z2 = R2 + X2

X Z onde: X = Xind - Xcap reatância do circuito

Em um circuito puramente resistivo, o vetor reatância não existe (como nos casos de
fornos elétricos, ferros de engomar e lâmpadas incandescentes) fazendo com que a Impedância
se torne do valor da Resistência elétrica do circuito.

A potência dissipada por um resistor alimentado em tensão é dado por:

P(W) = U2 / R dissipando energia em forma de calor

Diferentemente dos indutores e capacitores, os resistores alimentados em tensão


alternada ou contínua realizam trabalho elétrico.

T (J) = P * t ou T(J) = U2 / R * t
71

Indutor ligado em CA:

O indutor tem comportamento reativo, isto é, possui reatância na presença de tensão


alternada. Em tensão contínua o indutor é um curto-circuito (como vimos anteriormente:
Xind = 2.π.f.L, sendo f = 0, a reatância X = 0 Ω). Em tensão alternada o indutor reage à passagem
da corrente alternada, criando uma resistência elétrica chamada de reatância, acumulando energia
magnética.
Na figura abaixo observamos uma bobina alimentada por uma fonte de tensão alternada
e no gráfico vemos a defasagem da corrente atrasada da tensão.

XL Reatância Indutiva em função da frequência

XL = ω * L ou XL = 2π * f * L
f ω = = 2π * f velocidade angular

As máquinas que utilizam indutores são transformadores, motores, solenoides,


72
autotransformadores, campainhas dentre outras. Nos motores, as bobinas estão separadas por
polos, que são interligadas a uma fonte de tensão alternada. Quando alimentado o motor, as
bobinas criam um campo pulsante ou girante dependendo da quantidade de fontes tensões que
alimentam as bobinas (dizemos monofásicas ou trifásicas). Internamente no motor temos um ímã
ou eletroímã que acompanhará o campo no motor, fazendo o seu eixo girar. Na solenoide, o
núcleo da bobina é móvel e quando alimentado com tensão alternada magnetiza o núcleo
atraindo-o para dentro da bobina. As máquinas elétricas que têm indutores consomem energia
para gerar um campo magnético e energia para gerar trabalho elétrico. Os reatores são utilizados
para controlar a corrente elétrica (através da reatância indutiva) sem realizar trabalho elétrico
como os resistores. Em lâmpadas fluorescentes, uma das utilidades do reator é controlar a
corrente elétrica da lâmpada quando entra em ignição (acende), se fosse usado um resistor para
esse papel, o consumo elétrico desperdiçado pelo resistor em forma de calor seria alto.
O indutor não gera trabalho elétrico porém consome energia elétrica para criar um
campo magnético. A potência consumida pelo indutor para criar o campo magnético é chamado
de Potência Reativa Indutiva com símbolo Q e unidade chamado de Var: Q(VAr) = U2 / Xind.

Capacitor ligado em CA:

Na figura abaixo vemos o gráfico da tensão versos corrente de uma fonte de tensão
alternada alimentando um capacitor. Observamos que a corrente de carga e descarga do capacitor
esta adiantada da tensão que o alimenta.
73

Vamos relembrar um pouco os capacitores. Quando ligamos um capacitor em uma


tensão contínua (tensão CC), por um tempo muito curto comporta-se como um curto circuito,
isto é, a corrente terá um valor máximo carregando o capacitor e surge uma Diferença de
Potencial (DDP) que em função do deslocamento de cargas elétricas passará a ter o mesmo valor
da tensão da fonte, com isso cessa a passagem da corrente elétrica nas placas do capacitor, como
se o circuito estivesse aberto. Quando o capacitor é desligado da fonte, este permanecerá
carregado, pois não há um caminho condutor para as cargas elétricas que estão nas placas
circularem.
Para analisarmos o funcionamento do capacitor ligado a uma fonte CA devemos
observar que a fonte varia de um valor máximo positivo a um valor mínimo negativo, passando
pelo zero. Inicialmente as cargas elétricas fluirão da fonte para o capacitor e depois de um tempo
“t”, cessará, isto ocorrerá por que a DDP do capacitor ter o mesmo valor da DDP da fonte.
Podemos perceber que o capacitor inicialmente facilita a passagem de corrente e logo após
dificulta, a essa dificuldade apresentada à passagem da corrente elétrica chamamos de reatância
capacitiva.
Quando a tensão da fonte varia de zero ao máximo valor negativo entre os terminais
capacitor, inicialmente as cargas elétricas fluirão da fonte para este, e depois de um tempo “t”,
cessará, isto ocorrerá por que a DDP do capacitor tem o mesmo valor da DDP da fonte. Podemos
perceber que novamente o capacitor inicialmente facilita a passagem de corrente e logo após
dificulta por sua reatância.
Pelo gráfico acima, deduz-se que a corrente elétrica em um capacitor é adiantada da
tensão elétrica. Essa defasagem entre a corrente e a tensão em um capacitor é de 90º elétricos,
representada fasorialmente.
Conforme descrito anteriormente, o fenômeno de oposição que o capacitor oferece a
variação da corrente elétrica é chamado de Reatância Capacitiva (XC). Esta é inversamente
proporcional à frequência a qual o capacitor é submetido e a sua capacitância, logo a equação a
seguir expressa a forma de como se calcular a reatância capacitiva:

XC Reatância Capacitiva em função da frequência

XC = 1 / ω * C ou XC = 1 / 2π * f * L
Onde ω é a velocidade angular da variação tensão
74
O capacitor alimentado com tensão CC é um circuito aberto.
O capacitor alimentado com tensão CA tem características reativas cujo valor da
reatância depende do valor da frequência da fonte de tensão que irá alimentar o capacitor.

1
XC=
2fF
C
Nas maquinas elétricas, são usados capacitores como filtro para de contes de corrente
contínua, em motores monofásicos para distorcer o campo pulsante e fazer movimentar o eixo de
um motor e utilizados individualmente como cargas acumulativas de correntes adiantadas da
tensão usadas para fornecer correntes necessárias aos indutores (onde a corrente é atrasada da
tensão) na geração do campo magnético nas máquinas.
O capacitor não gera trabalho elétrico porem consome energia elétrica para criar um
campo elétrico. A potência consumida pelo indutor para criar o campo elétrico é chamado de
Potência Reativa Capacitiva com símbolo QC e unidade chamado de Var: Q(VAr) = U2 / Xcap.

Comportamento de Circuito RLC:

Nos estudos dos Circuitos RLC, vamos verificar seu comportamento visto do lado do
comportamento de sua impedância em circuitos onde os resistores, indutores e capacitores serão
ligados em série ou em paralelo. Em todos os nossos estudos podemos usar U ou V como
símbolo de tensão.
Quando um fio condutor dá uma volta completa este fio se transforma em uma espira
com efeitos indutivos, quando um fio condutor isolado está próximo de outro fio condutor
isolado, este vai ter propriedades capacitivas, e todo material bom condutor tem também
propriedades resistivas. Como tudo isso toda máquina elétrica quando alimentado em tensão
alternada se comporta como um circuito misto resistivo, indutivo e capacitivo, como no circuito
abaixo:
75

Na figura a seguir temos o circuito em série alimentado em CA com a respectiva


representação vetorial das grandezas: resistência R (em fase com a tensão), e a resultante da
soma vetorial das reatância indutiva (XL) e reatância capacitiva (Xc).

E pela complexidade dos circuitos elétricos envolvidos alimentados em tensão


alternada, vamos estudá-los me forma minuciosa para entendermos melhor o comportamento dos
indutores, capacitores e resistores funcionando em um mesmo circuito.
A oposição à passagem da corrente elétrica nos circuitos RLC por resistências e
reatâncias é denominada de Impedância (equivale a Resistência Total ou Equivalente do
circuito), representada pela letra Z e expressa em Ohms.
A existência de componentes reativos, que defasam correntes ou quedas de tensões,
torna necessário o uso de formas particulares para o cálculo da impedância de cada tipo de
circuito em CA, e no gráfico abaixo observamos o comportamento da tensão e corrente
resultante em um circuito RC (resistor ligado em série em um capacitor alimentados em tensão
76
alternada). Os circuitos RC série ligados em tensão CA (corrente alternada) são usados como
redes de defasagem quando se necessita obter uma defasagem entre a tensão de entrada e a
tensão de saída. Essas redes de defasagem são muito empregadas nos equipamentos industriais
como nos controles de velocidade para motores.

Gráfico senoidal do circuito RC série.

Circuito RC em Série:
Quando alimentamos com tensão alternada um resistor e capacitor em série, circula pelo
circuito uma corrente resultante da soma vetorial das quedas de tensões em cima do resistor e do
capacitor:
Icap soma vetorial: Ufonte = Ures + Ucap , substituindo temos
Z*Itotal = R* Itotal + Xc * Itotal
X Z soma trigonométrica: Z2 = R2 + Xc2

R Ufonte

Impedância do Circuito RC Série é a soma dos efeitos da Xc e da R, ou seja, a soma


vetorial entre os vetores Xc e R.

Corrente no Circuito RC Série:

A corrente no circuito RC série depende da tensão da fonte e da impedância que o


circuito apresenta. Os valores Ufonte, Itotal e Z se relacionam segundo a Lei de Ohm:
77

Icap Itotal = Ufonte / Z


Itotal
X Z Observamos que a corrente esta adiantada da tensão

R Ufonte

Ufonte = Itotal * Z
Ufonte é a tensão eficaz aplicada em volts (V);
Itotal é a corrente eficaz em ampères (A);
Z é a impedância, em ohms (Ω).

Tensões no Circuito RC Série:


As tensões no capacitor e no resistor estão defasadas 90º entre si e são chamadas de
quedas de tensão, conforme mostra o gráfico vetorial do circuito RC série. Não se pode
simplesmente somar as quedas de tensão Ucap e Ures para obter Ufonte, porque as tensões são
defasadas, resultando em uma soma vetorial.

Ufonte2 = UCap2 + VRes2

A queda de tensão sobre o resistor está em fase com a tensão da fonte. Como a corrente
tem a forma senoidal, a queda de tensão sobre o resistor também é senoidal e está em fase com a
corrente.
78
VCap = Itotal *. XC e VRes = Itotal * R
VCap é a queda de tensão no capacitor em volts;
VRes é a queda de tensão no resistor em volts;
Itotal é a corrente eficaz em ampères;
R é a resistência do resistor em ohms (Ω);
XC é a reatância capacitiva em ohms (Ω).

Circuito RC em Paralelo:

No circuito RC paralelo a tensão aplicada é a mesma em todos os componentes. A


alimentação de tensão alternada ao circuito provoca o aparecimento de uma corrente no resistor,
e outra corrente no capacitor. A corrente no resistor está em fase com a tensão aplicada e a
corrente no capacitor esta adiantada de 90o da tensão. A soma vetorial das duas correntes será a
corrente total do circuito. Considerando que a corrente no capacitor está sempre adiantada 90º
em relação à tensão, pode-se desenhar o gráfico senoidal completo do circuito RC paralelo.
79

Correntes no Circuito RC Paralelo:


No circuito RC paralelo existem três correntes envolvidas: A corrente no resistor (Ir), a
corrente no capacitor (Ic) e a corrente total (Itotal) que é encontrada pela relação trigonométrica:

Itotal2 = Ir2 + IC2

Impedância do Circuito RC Paralelo:

Impedância do Circuito RC paralelo é a oposição que o circuito apresenta à circulação


da corrente, numa determinada frequência. Em circuitos paralelos reativos, ou seja, que têm
reatâncias envolvidas, a impedância somente pode ser calculada se a corrente total for conhecida,
por meio da Lei de Ohm:

Itotal = Ufonte / Z Ir = Ufonte / R Ic = Ufonte / Xc


Senso: Itotal2 = Ir2 + IC2 substituindo
(Ufonte / Z)2 = (Ufonte / R)2 + (Ufonte / XC)2
1 / Z2 = 1 / R2 + 1 / Xc2

Como resultado da aplicação de um circuito RC paralelo a uma rede de CA, a corrente


esta adiantada da tensão igualmente ao circuito RC série, com a diferença que no circuito RC
série aparece quedas de tensões defasadas da corrente (entre resistor e capacitor) e no circuito
RC paralelo aparece duas correntes defasadas da tensão.
80

Circuitos RL em Série:

Quando um circuito série RL é conectado a uma fonte de CA senoidal, aparece uma


corrente (corrente total) que circula entre os dois componentes resistivos e indutivos. A
circulação de corrente através do resistor dá origem a uma queda de tensão sobre o componente,
essa queda de tensão (Ur = Itotal * R) está em fase com a corrente.

A corrente, ao circular no indutor, dá origem a uma queda de tensão sobre o


componente. Devido à autoindução (fcem), a queda de tensão no indutor está atrasada de 90o em
relação à tensão que alimenta o circuito. A equação para calcular esta impedância pode ser
encontrada a partir da análise do gráfico vetorial do circuito.
81

Tensões no circuito RL série em CA: No gráfico vetorial do circuito RL série, a tensão


no indutor VL está defasada 90o da tensão no resistor VR devido ao fenômeno da autoindução.
A resultante do sistema de vetores fornece a impedância do circuito RL série:

Ufonte2 = UL2 + Ur2 substituindo os elementos pela Lei de Ohm:


(Itotal * Z)2 = (Itotal * XL)2 + (Itotal * R)2 simplificando
Z2 = R2 + XL2.
Z é a impedância do circuito em ohms (Ω);
R é a resistência do resistor em ohms (Ω);
XL é a reatância indutiva em ohms (Ω).

Com o auxílio da Lei de Ohm e sabendo-se o valor da impedância do circuito, pode-se


calcular sua corrente:

Itotal = Ufonte / Z
82

Circuito RL em Paralelo:

Quando se conecta um circuito RL paralelo a uma rede de CA, o resistor e o indutor


recebem a mesma tensão. Por isso, a tensão é utilizada como referência para o estudo do circuito
RL paralelo. A tensão aplicada provoca a circulação de uma corrente no resistor (Ir) que está em
fase com a tensão aplicada. A tensão é também aplicada sobre o indutor, provocando a
circulação da corrente IL atrasada 90o em relação à tensão, aplicada devido à autoindução.

O gráfico senoidal mostra que o circuito RL paralelo se caracteriza por provocar uma
defasagem entre as correntes. Essa defasagem é visualizada mais facilmente através do gráfico
83
vetorial do circuito RL paralelo. Ele mostra que a corrente no indutor está atrasada 90o em
relação à corrente do resistor.

Correntes no Circuito RL Paralelo:


Existem três correntes a serem consideradas: corrente no resistor (Ir), corrente no
indutor (IL) e corrente total (Itotal), que é encontrada pela soma vetorial entre as correntes
resistiva e indutiva.

Ir = Ufonte / R e IL = Ufonte / XL
Itotal2 = Ir2 + IL2

Impedância no circuito RL paralelo:


A impedância de um circuito RL paralelo é determinada através da Lei de Ohm se os
valores de tensão (V) e corrente total (IT) forem conhecidos.

Itotal = Ufonte / Z Ir = Ufonte / R IL = Ufonte / XL

IT2 = IR2 + IL2 substituindo os elementos pela Lei de Ohm

(Ufonte / Z)2 = (Ufonte / R)2 + (Ufonte / XL)2 simplificando

1 / Z2 = 1 / R2 + 1 / XL2
84

Comportamento de circuitos RLC série:

Vamos ver agora o comportamento de circuitos envolvendo os três elementos básicos


usados em máquinas elétricas em um mesmo circuito. No desenho abaixo observamos um
resistor ligado em série a um indutor e este ligado em série a um capacitor, todos ligados em
série, fazendo percorrer pelo circuito uma única corrente que chamaremos de corrente total.

Os gráficos abaixo mostram que a tensão no indutor e do capacitor está em oposição de


fase (adiantados e atrasados da corrente respectivamente). Isso é mostrado claramente retirando
dos gráficos abaixo. Dizemos que a corrente indutiva esta atrasada da tensão ou a queda de
tensão indutiva esta adiantada da corrente e ainda podemos dizer que a corrente capacitiva esta
adiantada da tensão ou a queda de tensão capacitiva esta atrasada da corrente.
85
As tensões UL e UC estão em oposição de fase e atuam uma contra a outra, subtraindo-
se (vetores de mesma direção e sentidos opostos). Admitindo-se valores para UL e UC iguais, elas
se anulam, pois são vetores iguais em valores e em posição porem de sentidos contrários.

Essa subtração entre UL e UC pode ser observada na prática, medindo-se juntos a tensão
entre UC e UL e depois medindo separadamente os valores de UC e UL. Com base nessa subtração
entre UL e UC, o sistema de três vetores (VR, VL e VC) pode ser reduzido para dois vetores,
resultando somente um vetor Reativo e um vetor resistivo:

Ufonte2 = UR2 + (UL – UC)2

Nesta equação, os termos UL e UC devem ser colocados sempre na ordem maior


menos menor (UL - UC ou UC - UL), de acordo com a situação. Isso é importante no momento
86
em que for necessário isolar um dos termos (UL ou UC) na equação.

Impedância do circuito RLC série:


Para determinar a impedância de um circuito RLC série pode ser encontrada a partir de
um estudo do seu gráfico vetorial.

Ufonte2 = UR2 + (UL – UC)2 substituindo os elementos pela Lei de Ohm


(Itotal * Z)2 = (Itotal * R)2 + (Itotal * X)2 onde X = XL - XC
simplificando
ZT2 = R2 + (X)2

Corrente no circuito RLC série:


Depende da tensão aplicada e da impedância do circuito, conforme estabelece a Lei de
Ohm para circuitos CA:
Itotal = Utotal / Z

Comportamento de circuitos RLC paralelos:


O circuito RLC paralelo é essencialmente defasador de correntes. Como em todo
circuito paralelo, a tensão aplicada aos componentes é a mesma e serve como referência para o
estudo do comportamento do circuito.
87

Para a construção dos gráficos senoidal e vetorial do circuito RLC paralelo, a tensão é
tomada como ponto de partida. A aplicação de tensão ao circuito RLC paralelo provoca a
circulação de corrente nos três componentes (corrente resistiva, corrente indutiva e corrente
capacitiva):

A corrente no resistor está em fase com a tensão aplicada ao circuito, a corrente do


indutor está atrasada 90º em relação à tensão aplicada e a corrente do capacitor está adiantada
90º em relação à tensão aplicada.

Correntes no Circuito RLC Paralelo:


As correntes individuais no resistor, indutor e capacitor de um circuito RLC paralelo
são determinadas diretamente através da Lei de Ohm para circuitos de CA. A corrente total do
circuito é a soma vetorial das três correntes do circuito:
88

Como as correntes capacitivas e indutivas estão na mesmo direção


vetorial e de sentidos oposto, basta subtraí-las algebricamente para encontrar a
corrente reativa.
Itotal2 = Ir2 + (IC - IL)2

Impedância do circuito RLC paralelo:

A impedância de um circuito RLC paralelo é determinada pela lei de Ohm para


circuitos de CA se a tensão e a corrente total forem conhecidas:

Itotal2 = Ir2 + (IC - IL)2


Itotal = Ufonte / Z Ir = Ufonte / R IReativa = Ufonte / (XL – XC)

Substituindo os elementos pela Lei de Ohm


(Ufonte / Z)2 = (Ufonte / R)2 + (Ufonte / (XL – XC))2
1/Z2 = 1/R2 + (1/XC -1/XL)2
89

Atividades:
Para resolver os exercícios, devermos usar a lei de Ohm para tensão alternada, observando se os
elementos do circuito estão em série ou em paralelo, lembrando que a Lei de Ohm na fonte determina
a Impedância do circuito e a lei de Ohm nos elementos resistivos, indutivos e capacitivos, determinam
a queda de tensão ou corrente que passam por eles. Se os elementos do circuito estão em paralelo, a
corrente total é a soma vetorial da corrente de cada elemento (e a tensão é a mesma da fonte para todos
os elementos), se os elementos estão em série, a soma vetorial das quedas de tensão em cima de cada
elemento é igual a tensão da fonte ( porém a corrente é a mesma para todo o circuito).

1- Determinar os valores de Ir, IC e Itotal do circuito a seguir:

2- No circuito a seguir, determinar Ir, IC, Itotal e Z:

3- No circuito a seguir, determinar o ângulo entre Ir e Itotal,e entre IC e Itotal:


90
4- Determinar o valor de Itotal, R, L e Z no circuito abaixo.

5- Determinar Itotal e Z no circuito a seguir.


91

Potência em CA, Valores Médios e Eficazes:

Como já estudamos, a potência corresponde à transferência de energia da fonte para o


circuito. Em CA a potência difere um pouco, pois podemos ter potência positiva e negativa. Na
potência positiva, a uma transferência de energia da fonte geradora para a rede de distribuição
elétrica, e na potência negativa a um retorno de potência da rede para a fonte.
Um gerador de CA pode alimentar uma carga com impedância diversificada onde a
tensão pode esta atrasada, adiantada ou em fase com a corrente. Vimos que a corrente assim
como a tensão são grandezas que oscilam com frequência de velocidade angular (ω), que podem
variar desde alguns Hz , como na rede elétrica (60Hz), até a ordem de MHz como nos circuitos
de rádio, celular e TV. Assim, para medirmos os valores instantâneos destas grandezas (potencia,
tensão e corrente), necessitamos de instrumentos adequados, tais como os osciloscópios,
medidores de potência ou analisadores de energia, que respondam com precisão a estas variações
de valores ao longo do tempo. No entanto, em diversas ocasiões não nos interessamos por estes
valores instantâneos ( pois a tensão varia por o passar do tempo dentro do ciclo da frequência),
mas sim pelo valor eficaz.

Potência Instantânea e Potência Média:

Média temporal: Suponha que uma pessoa com sua bicicleta numa estrada esteja
primeiramente com uma velocidade v1 durante um tempo Δt1, depois com velocidade v2
durante um tempo Δt2, em seguida com velocidade v3 durante um tempo Δt3 e assim
sucessivamente. Para calcular a velocidade média desenvolvida pelo ciclista, simplesmente
dividimos a distância total percorrida pelo tempo total de percurso. Podemos generalizar este
conceito para uma grandeza f qualquer. Seja f(t) uma grandeza que varie discretamente com o
tempo, ou seja, ela assume um valor constante f1 durante um tempo Δt1, f2 durante Δt2 e assim
por diante.
No caso de potência, podemos verificar a potência instantânea: P = V*I, e a potência
média (PM = VM(t)*IM(t)), que é a potência média ao longo do tempo.
92

P =V * I e PM = VM * IM

Valor Eficaz da Potência:

A potência eficaz em tensão alternada, está relacionada a um determinado valor médio


que tem o mesmo efeito se fosse em tensão contínua, capaz de proporcionar a mesma potência,
diferente da potência média, que é calculada entre as medias das potências ao longo do tempo, a
potência eficaz calcula a média aritmética da forma de onda da tensão de alimentação do
circuito.

Potência Média: PM = VM * IM
Potência Eficaz: Pef = Vef * Ief

Quando falamos que a rede elétrica é 110V (tensão utilizada para base de nossos
cálculos, tensões da nossa rede pública será estuda em outro capítulo) ou 220V, estamos nos
referindo a valores eficazes da rede, ou valores RMS (do inglês Root Mean Square – medida
estatística da magnitude de uma quantidade variável) onde a potência eficaz é o produto da Vef
(tensão eficaz) pelo Ief (corrente eficaz).
Relembrando que poderemos utilizar em nossos estudos o símbolo U ou V
representando a tensão. A tensão alternada alcança valores máximos e mínimos que são
chamados de tensão de pico (Vp). Matematicamente a média do valor de uma forma de onda
senoidal (valor eficaz) é dado dividindo o valor de pico da forma de onda pela orais quadrada de
dois. Sendo:

Tensão Eficaz: Vef = VP / √2


Corrente Eficaz: Ief = IP / √2

Onde: VP é o ponto máximo da tensão alternada


IP é o valor máximo da corrente alternada
93

Potência aparente, ativa e reativa:

Em corrente alternada há três modalidades de potência elétrica envolvidas em um


circuito: a aparente (S), a ativa (P) e a reativa (Q). As equações que exprimem essas potências
podem ser desenvolvidas a partir de um triângulo retângulo chamado triângulo das potências.
Dado um circuito alimentado em corrente alternada, poderemos representar o triângulo das
potências conforme a seguir.

S
Q
S2 = P2 + Q2

P

S é a potencia total do circuito chamado de potência Aparente (unidade VA);


P é a potência que realiza trabalho elétrico chamado de potencia Ativa (W);
Q é a potencia necessária para criar o campo magnético ou campo indutivo, essa
potência não gera trabalho elétrico e é chamado de potência Reativa (unidade VAr).

Potência Elétrica Aparente:

A potência elétrica associada a qualquer circuito é definida como o resultado do produto


da tensão total pela corrente total. Em corrente alternada, o produto U * I é denominado de
potência aparente e representa-se pelo símbolo S, sendo a unidade de medida o volt-ampère
(VA), portanto, temos:

S (VA) = Ufonte *Itotal

Esta fórmula indica o valor da potência total instalada no sistema, que corresponde à
parcela realmente dissipada pelo componente do circuito adicionada à parcela da potência
94

 Q

S
referente às perdas ocorridas no circuito. Lembramos que por se tratar de circuito em CA
devemos aplicar os conceitos de fasores em qualquer cálculo sugerido, com isso determinamos a
Potencia Aparente de um circuito por:

S2 = P2 * Q2

Potência Elétrica Ativa:

A componente real da potência aparente (potencia responsável pelo trabalho elétrico) é


chamada de potência ativa ou P, e é medida em Watt (W). Ela é a parcela da potência aparente
que é dissipada pela resistência do circuito.

P = Ur * Ir ou P = Ur2 / R

Potência Elétrica Reativa:

O fator imaginário da potência Aparente é chamado de potência reativa (Q), e é medido


em VAr (Volt Aampères reativos). Representa a energia armazenada pela reatância do circuito
necessária para criar o campo magnético pelos indutores ou campo elétrico (pelos capacitores).
Matematicamente, temos:

Q = Ux * Ix ou Q = Ux2 / X

Fator de Potência:

Como sabemos, a energia elétrica é gerada em uma usina e distribuída aos


consumidores, que a transformam em outras formas de energia, como a luminosa, a térmica,
95
mecânica, entre outras.
Certos equipamentos, tais como a Resistências para fornos ou estufas, conseguem
transformar toda a energia elétrica fornecida em energia térmica. Outros, no entanto,
transformam apenas parcela da energia elétrica fornecida em trabalho elétrico, sendo o restante
em potência Reativa (que não gera trabalho elétrico). Este é o caso dos motores de indução e
transformadores, muito utilizados nas indústrias. Sendo assim, uma indústria em geral
transforma em trabalho útil apenas parte da energia elétrica consumida, existindo sempre uma
parcela de energia reativa utilizada para criar o campo magnético dos motores e transformadores.
O fator de potência (Cos) é um número que indica percentualmente o quanto a energia
elétrica é transformada em trabalho. Esse número pode variar entre “zero e um”, ou seja, em
termos percentuais, de 0 a 100%. Um fator de potência igual a 100% indicaria que o
equipamento utilizou toda a energia elétrica consumida, transformando-a em outras formas de
energia, realindo trabalho elétrico. Um equipamento com fator de potência igual à zero não
transformaria nenhuma energia elétrica em trabalho, ou seja, estaria desperdiçando toda a
energia elétrica recebida somente em potência reativa. Portanto, podemos deduzir que quanto
menor é o fator de potência, maior o consumo de potencia reativa pelo circuito elétrico.
Quando um sistema elétrico tem baixo fator de potência, ele requer que a concessionária
lhe forneça uma grande quantidade de energia elétrica para realizar o mesmo trabalho, mesmo
quando o sistema só utiliza parte dela. Para evitar tal desperdício e obrigar a melhoria do sistema
elétrico foi instituída a multa por baixo fator de potência. Atualmente, é regulamentado pelo
organismo governamental o valor mínimo para o fator de potência de 0,92 ou 92%, positivo ou
negativo.
A potência é a quantidade de energia consumida (ou fornecida) por unidade de tempo.
Como vimos nos itens anteriores, quando estamos tratando de circuitos em Corrente Alternada, a
potência pode ser dividida em parcelas. Uma delas, chamada de potência ativa, é aquela parcela
da potência que o sistema elétrico usa para realizar um trabalho útil; a outra denominada de
potência reativa, é a parcela utilizado pelas máquinas elétricas para criar o campo magnético ou
campo elétrico.
O Fator de Potência é a relação entre a potência Ativa e a potência Aparente, essa
relação observada no triângulo das potências, representado pelo cosseno do ângulo entre os lados
das potências Ativa e Aparente: Cos = P / S.

FP = P

S
96

DISTRIBUIDORA DE ENERGIA
ELÉTRICA
ENERGIA FORNECIDA

ENERGIA DEVOLVIDA ELEMENTO


INDUTIVO

ENERGIA TRANSFORMADA EM
TRABALHO ÚTIL

No entanto, a potência reativa é necessária para o funcionamento de certos


equipamentos elétricos que possuem elementos ditos reativos (indutivos e capacitivos). Esses
equipamentos necessitam armazenar a potência, em determinados instantes, sem transformar, e
em seguida, devolver à rede elétrica, não sendo aproveitada em forma de trabalho útil.
Podemos deduzir que a potência Aparente é a máxima potência Ativa que pode ser
obtida com dadas tensões e corrente, o que ocorre para um fator de potência unitário (100%).
Logo, podemos dizer que o Fator de Potência é a relação entre a potência Ativa consumida para
determinada tensão e corrente, e a máxima potência que poderia ser obtida com as mesmas
tensões e corrente.

Correção do Fator de Potência:

Do que já foi exposto, fica claro que é desejável se ter um alto Fator de Potência. Como
o capacitor é um equipamento que recebe e guarda energia elétrica para devolvê-la quando
solicitada, este pode ser utilizado para auxiliar o sistema elétrico nesta tarefa. As fabricas
utilizam uma grande quantidade de motores elétricos (para realizar trabalho), esses
equipamentos, juntamente com os transformadores necessita de energia indutiva para produzir
um campo magnético( essa energia não gera trabalho elétrico). Como a corrente nos indutores
dos motores e transformadores estão atrasadas da tensão elétrica, podemos praticamente
eliminada da rede elétrica, instalando capacitores onde a corrente está adiantada da tensão, pois
os capacitores fornecerão aos equipamentos a corrente reativa necessária para os indutores. Diz-
se que os capacitores são geradores de potência reativa. Na realidade eles não são geradores, pois
são elementos passivos que acumulam energia estaticamente. Para tanto, deve-se instalar
capacitor em paralelo com a carga indutiva (o mais próximo possível) com a finalidade de
armazenar energia reativa, para em seguida retomá-la aos indutores, propiciando assim a troca de
energia entre indutores e capacitores, não mais entre a carga e a fonte externa. Analise a
ilustração a seguir que serve como exemplo de correção do fator de potência através do uso de
97
capacitores.

Note que com o uso dos capacitores a potência reativa total será então igual à soma
vetorial dos KVAr negativos referentes às perdas do circuito com os KVAr positivos fornecidos
pelos capacitores. Assim, o valor da potência reativa será diminuído, causando o decréscimo da
potência Aparente necessária para o sistema, mas o valor correspondente à potência ativa
continua o mesmo, aumentando o valor do fator de potência, e reduzindo o valor da potencia
Aparente (ajustando o fator de potencia para próximo de 100% reduz o consumo total do
equipamento). Outro fato que convém chamar atenção é que ao aumentarmos o Fator de
Potência, o ângulo de defasagem entre a potência Aparente e a potência Ativa diminui; supondo
a tensão constante, então a corrente elétrica, que é proporcional à potência aparente, também
diminuirá o seu valor, liberando mais capacidade elétrica para o sistema.
Como consequências de um baixo Fator de Potência numa instalação elétrica podemos
citar: solicitação de uma corrente maior para alimentar uma carga com a mesma potência ativa,
aumento das perdas por efeito Joule e aumento das quedas de tensão.

Calculo do banco de capacitores necessário para corrigir o Fator de potência (dado em


KVAr):
1- Saber do sistema o FP, a tensão e potência Ativa:
Descobrir a potência Aparente: S = P / FP

2- Descobrir o consumo da potência Reativa: Q2 = S2 – P2


98
3- Sabendo do FP necessário obrigado pela concessionária de energia: 92%
FP = 0,92
Descobrir a nova potência Aparente após colocar o banco de capacitores:
S’ = P / 0,92

4- Descobrir o novo valor de potência reativa:


Q’2 = S’2 – P2

5- O valor do banco de capacitores é a diferença entre a potência Reativa do Circuito


menos a potência Reativa depois de ajustada:
Banco de capacitores = Q – Q’
99

Atividades:
Relembrando: Uef = Up / √2
S = Uef * I

1- Sabendo que o pico de uma tensão senoidal é 235 VCA e quando alimenta uma
lâmpada passa uma corrente de 100 mA. Calcular a potencia eficaz da lâmpada.

2- Qual valor de tensão eficaz da saída de um transformador para fazer uma fonte de
corrente contínua de saída de 24 volts, sabendo que a tensão contínua é de igual valor a tensão
de pico quando transformada a tensão alternada em contínua:

3- Em um motor é lido a corrente de 1A, tensão 220V e FP 85%, qual a potência


Ativa, a potência Aparente e a potência Reativa desse motor?

4- Uma fonte com transformador de potência Aparente de 1000 VA tem o fator de


potencia de 0,78, qual potência que eu posso utilizar para alimentar lâmpadas incandescentes?

5- Em um circuito foi verificado uma potencia ativa de 3 kW, uma potência reativa
capacitiva de 1 kVA e uma potência indutiva de 5 KVA, calcular o fator de potência desce
circuito:

6- Em uma máquina é necessário elevar o seu fator de potência que é atualmente


0,75 para 0,92, sabendo-se que a potência Aparente é 200KVA, calcular o valor do banco de
capacitores para ajustar o FP de acordo com a concessionária de energia elétrica:
100

Circuitos Polifásicos:

Vamos estudar agora sistemas com mais de uma fonte de energia alternada, com
defasagem na tensão entre elas. Chamamos de sistemas polifásicos quando existem dois ou mais
fontes de energia alternada com defasagem de tensão. Os sistemas polifásicos possuem a
flexibilidade de poder atender cargas monofásicas, ou mais, sem qualquer alteração em sua
configuração. Porém os sistemas trifásicos possuem a facilidade de criar um campo girante no
estator de um motor, facilitando o desenvolvimento e controle de direção em motores e nos
transformadores ter a possibilidade de alimentar sistemas monofásicos e trifásicos.

O gráfico acima mostra as tensões defasadas em 120 graus.


O gráfico abaixo mostra as tensões de transmissão da concessionária.
101

As tensões são defasadas de 120º uma da outra onde a somatória dos vetores é igual a
zero, equilibrando as tensões internas dos geradores. Um sistema gerador monofásico ou bifásico
cria um campo magnético pulsante dentro dos motores, dificultando a partida ou sentido de
velocidade, por isso sistemas com três ou mais fases geradoras de tensão defasadas linearmente
criam um campo girante no motor (campo espelhado pela rotação dos ímãs ou eletroímãs do
gerador).

Sistemas Trifásicos:

O estudo dos circuitos trifásicos é um caso particular dos circuitos polifásicos. Por
razões técnicas e econômicas o sistema trifásico tornou-se padrão em geração, transmissão e
distribuição dentre todos os sistemas polifásicos. Os sistemas trifásicos possuem a flexibilidade
de poder atender cargas monofásicas, bifásicas e trifásicas sem qualquer alteração em sua
configuração, porém as cargas não trifásicas ocasionam desequilíbrio no sistema. Antes de
começar a analisar um circuito trifásico, vamos conhecer alguns termos relativos à rede trifásica:

Tensão de fase: Tensão medida em cada uma das bobinas do gerador ou na


impedância da carga.
Tensão de linha: É a tensão medida entre dois terminais no gerador ou linha de
transmissão do gerador ou da carga.
Corrente de fase: corrente que percorre cada uma das bobinas do gerador ou
impedância da carga.
Corrente de linha: Corrente que percorre os condutores entre o gerador e a carga
102

Ligação em delta ou triângulo Ligação estrela ou Y

As forças resultantes entre as tensões e correntes de linha e fase estão simplificadas na


tabela abaixo (essas fórmulas são o desenvolvimento da soma vetorial das tensões e correntes em
sistemas com ângulos de 120 graus.

Estrela Triângulo
VL =√ 3 * VF VL= VF

IIlL == IF If L =√ 3 * I F
IIl=3.If

Onde:
VL = tensão de linha
VF = tensão de fase
IF = corrente de fase
IL = corrente de linha
Ligação entre gerador e carga trifásica a quatro fios
103

Ligação entre gerador e carga trifásica a três fios

Potência do Sistema trifásico em cada fase:


Sfase = Ufase * Ifase
Como o sistema trifásico estará ligado em estrela ou em triângulo a potência do sistema
trifásico estará relacionada com a soma vetorial das tensões e correntes de Linha:
FP = P / S
P = S * FP
Onde:
Estrela Triângulo
VL =√ 3 * VF VL= VF

IIlL = IF If L =√ 3 * I F
IIl=3.If

P = Ufase * Ifase * FP
P = Ulinha * Ilinha * √3 * FP
104

Atividades:

1- Identificar e calcular a tensão e corrente de linha, tensão e corrente de fase para


uma máquina trifásica de 10HP, FP = 80%, ligada em estrela na rede de 380V:

2- Em uma rede trifásica a tensão de fase é 110 VCA, sabendo que a rede está
equilibrada e a corrente em um das fases é de 10A, calcular a tensão de linha e a corrente total
quando ligado em triângulo:

3- Transformar a potência de 12 kW em CV:

4- Transformar a potência de 30 HP em CV:


105

Transformadores:

Considerados umas das máquinas mais eficientes da Indústria, o transformador utiliza


da indução eletromagnética confinada no ferro laminado do transformador para elevar, baixar e
isolar tensões elétricas. O fluxo magnético produzido na passagem da corrente pelos indutores
(bobinas) do transformador reage transversalmente ao próprio campo produzido,
impulsionando uma corrente perpendicular ao campo, por esse motivo o ferro magnético do
transformador para servir de condutor magnético deve ser laminado, se não correntes
transversais induzidas aqueceriam o ferro do núcleo do transformador. Os transformadores são
projetados para uma determinada potência e utilização como: fontes, transmissão da tensão
elétrica, medição e sintonizadores de frequência.

Características dos Transformadores:

- Núcleo: lâminas de ferro ou ferrite (para frequências elevadas).


-Perdas por temperatura, causados por correntes parasitas transversais ao fluxo
magnético.
-Controle de fluxo para saturar a tensão de saída, satura a passagem de fluxo
magnético para elevadas frequências.
-Potência de saída maior que 98% da potência de entrada, por isso em nossos
cálculos consideraremos a potência de entrada igual a potência de saída.

Transformador Elevador:
Para elevar a tensão de saída:
Considerando N1 = número de espiras de entrada
Considerando N2 = número de espiras de saída
Sendo a = relação de transformação
I1 = corrente de entrada
I2 = corrente de saída
V1 = tensão de entrada
106
V2 = tensão de saída

V1/V2 = I2/I1 = N1/N2 = a sendo P1 = P2

Na transmissão da corrente elétrica alguns fatores são considerados, como a perda de


energia por isolamento, perda por aquecimento do cobre, e o preço do cobre. A melhor maneira
de reduzir o preço do cobre na transmissão a longas distâncias é elevar a tensão para reduzir a
corrente e com isso diminuir a sessão do fio condutor de cobre, sabendo que P = U * I.
A quantidade de espiras de um transformador é diretamente proporcional à tensão e
com isso, para elevar a tensão proporcionalmente do transformador, basta aumentar a
quantidade de espiras do secundário e com isso a tensão de saída era aumentar, usando a
relação de transformação:

a = V1/V2 = N1/N2
A figura está representando a geração, o transformador elevador para elevar a
tensão na linha de transmissão e o transformados abaixador para alimentar a rede primária cujo
usuários utilizam tensões mais baixas.

Transformador Abaixador:
107

Tirando a elevação da tensão para reduzir os custos de transmissão da energia elétrica


(e também para geração me MAT, muita alta tensão, em equipamentos contra eletrostática,
cercas de alta tensão, indústrias químicas e até acendedores automáticos de fogão a gás), os
transformadores são utilizados em sua maioria, para reduzir tensões para uso como fonte em
aparelhos eletroeletrônicos.
Para dimensionar os transformadores é necessários saber a tensão de entrada eficaz, a
tensão de saída eficaz e a corrente de saída. Os transformadores podem ser isolados as tensões
de entrada com as tensões de saída (chamados de transformadores isoladores), terem derivações
nas suas bobinas (chamados de TAP) ou somente terem TAPs, sem terem isolação entre
entrada e saída de tensão.

Transformador abaixador isolador 220 \ 9 + 9

A representação comercial para identificar um transformador é dada pela regra: a barra


( \ ) significa isolamento do transformador e o mais ( + ) representa o TAP
108

Transformador abaixador isolador 110 \ 110 \ 6 + 6


Observamos outra identificação de um transformador isolador com uma chave tipo H
para mudar a configuração das ligações dos terminais de entrada, podendo ser alimentado com
tensões de 110 volts ou 220 volts.

Transformador de Corrente:

Para fazer medidas de corrente elétricas de valores elevados são utilizados


transformadores especiais que reduza os riscos de isolamento para fazer essas medições.
Esses transformadores são chamados de Transformadores de Corrente, onde a relação
de transformação é uma constante considerando sempre a corrente máxima de saída do TC
(transformador de corrente) como sendo de 5A, essa corrente de 5 A se deve ao fato que é um
padrão para os instrumentos de medição de corrente. Para evitar riscos nas medições de
elevadas correntes são utilizados transformadores com capacidade de elevadas correntes de
109
entrada (que ficam em série com a carga) e pela relação de transformação é possível verificar
comparativamente a corrente de saída com relação a corrente de entrada do transformador,
medindo a corrente de saída do transformado saberemos qual a corrente que esta passando na
entrada do mesmo.

Transformador de Potencial:

Caso parecido com a leitura de corrente elétricas de valores elevados, temos a


necessidade de monitorar valores de tensões elevadas, e para segurança operacional são
utilizados transformadores abaixadores com elevada isolação, como no caso do Transformador
Abaixador o TP (Transformador de potencial). Os TPs têm elevada relação de transformação,
fazendo que a entrada do transformador possa ser alimentada em altas tensões e pela relação de
transformação baixam essas tensões para valores padronizados e sem riscos aos instrumentos
de medição.

Acima identificamos um TC para monitorar a corrente e um TP para monitorar a


tensão. No TP a relação de transformação utiliza o padrão de saída máxima do TP = 110V e o
TC utiliza o padrão de saída máxima de 5A. Para encontrarmos a relação de transformação
ideal do TP devemos saber da tensão que devemos monitorar e dividir por 110V, da mesma
forma para sabermos a relação de transformação do TC devemos dividir a corrente de entrada
(que é a corrente de carga dos equipamentos a serem monitorados) pela corrente de 5A.
110

Atividades:
Verificar bem os estudos de transformadores para resolver a primeira questão lembrando que o TAP é
representado pelo símbolo + e o isolamento da bobina é representado pela /. A relação de
transformação do transformador pode também determinar a tensão em cada espira, sendo algo lógico
por ser simplesmente uma proporção entre espiras, tensões e correntes.

1- Fazer o esquema elétrico dos Transformadores:


a) 110 + 110 \ 110 + 110
b) 220 + 10 + 10 + 10 \ 110
c) 220 \ 12 + 12 \ 9
d) 110 \ 110 \ 24 \ 5

2- Qual a potência de um transformador com saída de 110V e corrente de entrada de 5A,


sabendo-se que 1000 espiras de entrada e 500 espiras de saída.

3- Sabendo que um transformador tem em seu enrolamento 25 espiras por volts, quantas
espiras de entrada e saída e quais os valores de correntes de entrada e saída para um transformador de
500 VA e de 220\110V.
111

Motores de Corrente Contínua e Corrente Alternada:

A grande evolução para a Indústria Moderna foi a possibilidade de movimentar


máquinas e poder controlar sua velocidade e potência de funcionamento. Esses equipamentos
chamados de Motores, mas quais forças movimentam essa máquina?
Sabemos que quando colocamos ímãs próximos com as polaridades iguais esses ímãs se
repelem pela sua própria força magnética ou com polos diferentes os ímãs se atraem; e sabemos
que, quando uma corrente elétrica percorre um indutor, o fluxo ordenado de elétrons cria um
campo eletromagnético com as mesmas propriedades de um ímã e controlando-se essas forças,
com ímãs ou eletroímãs, repelindo ou atraindo, podemos criar situações de movimento linear ou
giratório. Ao colocar um ímã sobre um mesa lisa e aproximarmos outro ímã com polos contrário
do que esta na mesa, faremos este se movimentar sendo repelido pelo outro ímã. Se no lugar da
mesa o ímã estiver em um eixo móvel como de um motor, a aproximação de outro ímã com
polos contrários ou iguais, acontecendo um movimento tangencial ao eixo, girando o ímã.
Os motores de corrente contínua usam esse principio, mudando mecanicamente a
polaridade do eletroímã (esse mecanismo é chamado de coletor, usando contatos elétricos
chamados de escovas) no interior do motor, em sua parte móvel (chamado rotor) com o ímã
permanente em sua parte fixa (a carcaça do motor é chamada de estator), fazendo o rotor ser
repelido continuamente, fazendo-o girar.
Os motores de corrente alternada usa outro princípio, o rotor é um eletroímã que
acompanha atraído pelo campo induzido pulsante ou girante criado no estator pela corrente
alternada ou corrente trifásica respectivamente.
Na geração da tensão, se dá quando em uma hidrelétrica, termelétrica ou eólica, giram
mecanicamente imensos ímãs, esses ímãs tem um campo magnético muito forte que cortam as
três bobinas do sistema trifásico, criando um campo girante acompanhando a rotação dos ímãs.
Quando essas três tensões alimentam um motor, cria uma campo girante idêntico ao que foi
gerado, fazendo que um ímã ou eletroímã funcionando como rotor de um motor gire atraído pela
intensidade do campo girante do estator.
112
A Intensidade do campo elétrico é a força magnética de um eletroímã dado em A/m,
como na fórmula:

H = (N * I ) / l onde
H = intensidade do campo magnético em A/m
N = número de espiras
I = corrente elétrica em A
l = largura do fluxo magnético em m.

Essa Intensidade do campo magnético é composta por linhas imaginárias que são
chamados de fluxo magnético, e a quantidade desse fluxo magnético é chamada de densidade
magnética, dado pela fórmula:
B = θ / S onde:
B = Densidade de Fluxo Magnético em Wb/m2
Θ = Fluxo magnético em Weber Wb
S = sessão transversal em m2.

Para que o fluxo magnético tenha uma boa concentração dentro do corpo do motor,
concentrando seu potencial magnético, o núcleo tanto da parte externa do motor (estatórico)
como da parte girante (rotórico), deve ter uma permeabilidade magnética acentuada, dado na
fórmula:
µ = B / H onde:
µ = permeabilidade magnética do meio condutor magnético em H/m
B = Densidade de Fluxo Magnético em Wb/m2
H = Intensidade do campo magnético em A/m.

Motores CC:
113

Os motores de Corrente Continua utilizam um coletor para alimentar os indutores


internos do motor (rotor) e mudar o sentido da corrente e consequentemente ficar se opondo aos
polos fixos dos imãs na parte estacionária do motor (estator), fazendo um movimento tangencial
ao eixo.

Os motores de Corrente Contínua, podem ter Ímãs permanentes no rotor quanto no


estator, ou simplesmente não possuir ímãs permanentes e sim eletroímãs. Dividimos os motores
CC em Auto-Excitado (eletroímãs no rotor e no estator), Campo Fixo (com ímãs) e Universal
(podem funcionar tanto em CC como em CA).

Pelo desenho podemos deduzir eletricamente no circuito estatórico (Circuito de


Armadura) e no circuito rotórico (Circuito de campo).
114

Ua = Ra * Ia + Eg (a = armadura e g = campo induzido)


Eg = Km * ω (Km = constante do rotor, característica construtiva)
Km = Ka * θ (Ka = constante construtiva do estator)

ω =2*π*f (velocidade angular)


Uf = Rf * If onde:

Ua = alimentação da armadura,
Eg = campo induzido dependente da velocidade angular,
Km e Ka = constante de proporcionalidade rotórica e estatórica de fabricação,
ω = velocidade angular.

Motor Universal
115
Motor Auto Excitado

Motor de Campo Fixo

Os motores CC para iniciar o movimento, necessitam de uma força inicial maior que a
força (pois necessita de um campo forte para superar a inércia e peso da carga que o motor vá
tracionar) para manter o motor girando. Essa força é chamada de Torque que pode ser
encontrado em:

T = Km * Ia torque mecânico em Nm
T = Pm / ω
Pm = Km * Ia * ω potência Mecânica em W
Pm = eg * Ia
Eg = Ka * n * θ

Motor CC Universal:

O motor Universal funciona em CC ou CA, senso de excitação série (o eletroímã do


rotor é alimentado em série com o eletroímã do estator) e possibilita controle de velocidade e
torque com resistores em série com o motor (resistores SHUNT), tem alto torque na partida,
produzido para qualquer potência desde brinquedos, eletrodomésticos até locomotivas. A
velocidade é cotrolada também por TAPs (são as mesmas derivações em bobinas que estudamos
em transformadores) no campo (bobinas no estator). Para mudar o sentido de rotação dos
motores é necessário trocar o sentido do campo e os motores são projetados para funcionar com
frequências de 0 a 60 Hz.
116

Motores CA

Os Motores CA são chamados de motores de indução, podendo sem monofásicos e


trifásicos. Os principais Motores CA são os trifásicos, pois a manutenção é mínima e a sua vida
útil é longa.

No motor de indução, o rotor é atraído pelo campo girante do estator que reproduz o
campo produzido pelo movimento de imas no interior do gerador. Vamos relembrar o
funcionamento do gerador: uUm gerador elétrico é impulsionado mecanicamente por forças da
natureza, o eixo dos geradores tem ímãs fortes que ao girar, seu magnetismo influencia no campo
eletromagnético dos elétrons nos indutores do gerador, criando um campo magnético girante
dentro do corpo do gerador. Esse campo girante é compartilhado sequencialmente por três
bobinas, criando uma sequência de três, essa sequência das três fases quando alimenta um motor
de indução, cria um espelho do campo girando do gerador. A velocidade do campo girante pode
ser aumentada ou reduzida reduzindo ou aumentando o números de polos do estator.
Para manter o rotor girando a velocidade com rotor deve ser menor que a velocidade do
campo girante, garantindo sempre uma corrente induzida no rotor (criando um eletroímã) e um
torque constante necessário para tracionar uma carga de projeto, essa diferença de velocidade é
chamada Escorregamento, dado pela fórmula:

s = f2 / f1 (f1 = frequência da rede, f2 = frequência induzida no rotor)


117
s = (n1 – n2) / n2
n1 = (120 * f) / p onde:
n1 = velocidade do campo girante
n2 = velocidade nominal do eixo do motor
s = Escorregamento do motor
f1 = f = frequência da corrente elétrica
p = número de pares de polos do Motor
f2 = frequência da corrente induzida no rotor

Tipos de Motores CA:

Vamos estudar agora os Motores Assíncronos (o rotor não acompanha o campo girante,
apresentando um escorregamento dependente da carga que o motor vá tracionar) e Motores
Síncronos (o rotor acompanha o campo girante, não tendo escorregamento)

Motores Assíncronos Monofásicos:

Nos motores Monofásicos o rotor é chamado de gaiola de esquilo, sendo autoinduzido


pelo campo pulsante das duas fazes ou fase e neutro de sua alimentação, porém precisa de uma
118
bobina auxiliar com um capacitor em série, para distorcer parte do campo pulsante e direcionar o
sentido do giro do motor. Esses motores são projetados para potências pequenas e médias, como
em ventiladores, e eletrodomésticos em geral.

Motores Assíncronos Trifásicos:

Idealizado por Tesla e desenvolvido em 1887 por Michael Von Dobrovo.


Atualmente esses motores são fabricados para uso industrial com baixas perdas
mecânicas, perdas por corrente de Foucault (perdas do ferro) e perdas por Histerese (perdas
magnéticas). O motor de indução é projetado para funcionar por dez anos com baixa
manutenção, sendo divididos em Motor Assíncrono de Rotor Bobinado (gaiola de esquilo) e
Rotor em Curto circuito.
Os Motores Assíncronos Trifásicos precisam rotacional abaixo do campo girante para
manter uma corrente induzida rotórica necessário para criar um campo que impulsione o motor
no sentido do campo girante, do motor, espelhado da geração.

A representação Estatórica e Rotórica do motor de indução nos levam a ver:

V1 = H1 * θ * f1
V2 = H2 * θ * f2
V2 = Vx2 = Vr2
V2 = Vr = s * Vinduzida
s = x1/x2 = f2/f1
r2 = V2/ √(3 * I2) onde:

V1 = tensão de alimentação eficaz de fase


H1 = intensidade com campo magnético
119
Θ = fluxo magnético
F1 = frequência de alimentação da fase
V2 = Vx2 = Vr2 = Vinduzida = tensão induzida rotórica
s = velocidade de escorregamento
x1 = reatância estatórica
x2 = reatância rotórica
r2 = resistência rotórica
I1 = corrente de fase
I2 = corrente rotórica

O motor necessita de uma força para iniciar a rotação, começando o movimento


superando o seu peso mecânico junto com o peso da carga. Essa força de arranque, chamado de
Torque, depende da corrente inicial que é proporcional a corrente, ao fluxo magnético e
intensidade desse fluxo. Os motores, diferentes dos transformadores que são chamados de
máquinas estáticas (sua potencia muda com a mudança da carga ou tensão de alimentação), tenta
manter sua potência quando é alterada a tensão de alimentação ou peso da carga, por isso são
chamados de máquinas dinâmicas. Podemos calcular o Torque verificando:

T=F*r Torque Mecânico


T = H1 * Θ * I1 . cós α Torque Elétrico
Tn = (60/2π) * (Pn/n2) Torque Nominal
Pn = √3 * VL * IL * FP Potência Nominal
Penr = 3 * R1 * I12 Perdas do ferro
Pu = (T * 2 * π * n2) / 60 Potência útil
ή = Pu / Pn Rendimento do motor

Dimensionamento do Motor Assíncrono:

Vamos acompanhar um exemplo para dimensionar um motor de indução trifásica.


Para isso precisamos saber o peso da carga, a altura que devemos elevar a carga, a
velocidade de deslocamento da carga, e o raio da polia do motor, para tracionar com correia ou
roda dentada a carga.
120
1- Qual o peso da carga necessária para o motor tracionar em KG;
2- Qual o deslocamento dessa carga em metros;
3- Qual o tempo de deslocamento para essa carga em segundos;
4- Qual o trabalho mecânico: T = F * d = m * g * d;
5- Qual a potência elétrica: P(W) = T / t;
6- Qual a velocidade de deslocamento: V = d / t onde n = V;
7- Qual a velocidade do motor, considerando o raio da polia do motor:
V = (π/30) * n * r onde n2 = (V * 30) / π * r
8- Considerando o escorregamento de 5% podemos calcular o número de polos do
motor: s = (n1 – n2) / n2 onde p = (120 * f) / n1

Nos exercícios vamos fazer um dimensionamento para fixarmos o aprendizado

Motores Síncronos:

Os motores Síncronos são motores especiais que giram com a velocidade do campo
girante, isto é: n1 = n2 (velocidade do campo girante = velocidade do eixo do motor), utilizados
especialmente em mineradoras, siderurgias, papel e celulose, saneamento, química e
petroquímica, cimento e borracha, pois necessitam de elevado torque com velocidade
constante. Os motores síncronos têm rotor bobinado e alimentação independente das bobinas
estatóricas. Esses motores precisam de um motor auxiliar para começarem seu funcionamento,
pois tem baixo torque na partida.
Nos motores síncronos, como o campo rotórico é fixo, as interferências são mínimas
entre o rotor e estator, como podemos ver em suas representações matemáticas:

V1 = 3 * V2 (V1= tensão alimentação, V2 = tensão rotórica)


FP = 100%
P=S
IL = IF
I1 = 2 / 3 * (VF / X1) (X1 = reatância do estator)
Pn = 3 * VF * IF (Pn = potência nominal)
Conjugado motor CN = 974,4 * (Pn / n1) Torque Motor
121

Dimensionamento do Motor Síncrono:


Vamos acompanhar um exemplo para dimensionar um motor de Síncrono.
Para dimensionar um motor Síncrono precisamos saber a tensão que alimentaremos o
motor, a velocidade necessária para o deslocamento da carga e o Torque mecânico. Todas essas
variáveis são definidas pela carga mecânica que deverá ser tracionada.
1- Determinar a tensão de alimentação,
2- Dimensionar a velocidade nominal,
3- Dimensionar o Trabalho motor:
T=F*d F=m*g onde g = 9,81m/s
4- Dimensionar a potência: P = T (J) / t
5- Dimensionar o momento de inércia: T = 91,2 * m * ( V12 / n12)
J(Kg.m2) = T
6- Categoria do Conjugado motor:
N = para motores de rotor bloqueado e baixo escorregamento,
D = para motores de rotor bloqueado e elevado escorregamento,
H = demais equipamentos
7- Regime de Serviço: contínuo ou intermitente,
8- Temperatura e altura de funcionamento ao nível do mar,
9- Grau de proteção IP (NBR 6146) de pós e líquidos,
10- Fator de Serviço: o quanto o motor pode ultrapassar a potência nominal.

Vamos realizar em exercício o dimensionamento de um motor Síncrono para fixar as


informações.
122

Atividades:
Ler cuidadosamente o capítulo observando os conceitos de rotor e estator e conjugado para saber
utilizar as formulas necessárias nas aplicações abaixo. Observar a simbologia nas ligações em estrela e
em triângulo, que podem ser utilizadas em motores, geradores e transformadores. Reler a sequência
dos procedimentos para dimensionar um motor assíncrono e síncrono e fazer com ordenação dada na
teoria, seguindo sequencialmente os procedimentos.

1- Calcular o escorregamento, a tensão rotórica, a resistência e o conjugado do motor de


indução nos itens abaixo:

a- PN = 90KW, V1 = 390V, n2 = 1780RPM, V2 = 400v, I2 = 148A, 4 pares de polos:


b- PN = 125CV, V1 = 380V, campo girante = 1800RPM, V2 = 420V, 4 pares de polos,
I2 = 150A:

2- Qual a potência de um gerador para alimentar uma máquina de 380V, 15A, FP =85% ;
desenhar o esquema de ligação do gerador em triângulo alimentando o motor em estrela:

3- Dimensionar um motor de indução assíncrono para tracionar um peso de 500KG a altura


de 20 metros em 7 segundos, usando uma polia de 30 cm de diâmetro:

4- Um motor síncrono tem indutância no estator de 260mH, alimentado em estrela com


tensão de 380V e 60Hz. Calcular a tensão de linha, a tensão estatórica, a corrente de linha
e corrente de fase e a potência total:
123

Referências Bibliográficas

SCHAUM MCGRAN-HILL, Joseph A. Edminister. Circuitos Elétricos. São Paulo:


Ed. Afiada, 2ª edição, 2009.

OTÁVIO MARKUS. Circuitos Elétricos. São Paulo, Ed. Érica LTDA, 8ª edição, 2009.

NILSSON, Riedel. Circuitos Elétricos. São Paulo, Ed. Pearson, 8ª edição, 2008.

MARKUS, Otávio. Circuitos elétricos: corrente contínua corrente alternada. Porto


Alegre: Globo, 1975.

SENAI. WDS. Eletricidade Básica. Ceará: SENAI. (Módulos Instrucionais:


Eletricidade Básica), 2ª edição, 2008.

Todos os símbolos, figuras e desenhos foram tirados da pagina:


https://www.google.com.br/search?tbm=isch&q=desenho+de+motores+de+indu%
C3%A7%C3%A3o+trif%C3%A1sica+de+dominio+p%C3%BAblico&ei=v89-
VYOGD4W4ggSopYGoBQ#tbm=isch&q=desenhos+el%C3%A9tricos+de+dom%C3%AD
nio+p%C3%BAblico

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