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Sistemas Elétricos de Potência

Amauri Luengo Figueira


Figueira
© 2016 by Universidade de Uberaba

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Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Editoração
Produção de Materiais Didáticos

Capa
Toninho Cartoon

Edição
Universidade de Uberaba
Av.. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Av

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE

Figueira, Amauri Luengo.


F469s Sistemas elétricos de potência / Amauri Luengo
Figueira. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2016.
138 p. : il.

Programa de Educação a Distância – Universidade de


Uberaba.
ISBN: 978-85-7777-574-3

1. Eletricidade. 2. Circuitos elétricos. 3. Reles de


proteção. I. Universidade de Uberaba. Programa de
Educação a Distância. II. Título.

CDD 621.3
Sobre os autores
Amauri Luengo Figueira

Possui graduação em engenharia elétrica - modalidade eletrotécni-


ca pela Escola de Engenharia de Lins (1980). Especialista em En-
genharia com ênfase em Sistemas. Atualmente, é engenheiro Sê-
nior da Companhia Paranaense de Energia (COPEL), exercendo a
função de Gerente de Divisão Projetos e Obras de Maringá - PR.
Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em

Instalações Elétricas
em universidades na ecidade
Industriais. Lecionou Sistemas de Potência
de Maringá.
Sumário
Capítulo 1 Introdução à proteção de sistemas elétricos de potência:
tipos, requisitos e princípio de funcionamento de relés de proteção .....11
1.1 Principais tipos de relés de proteção elétrica ...............................
..................................................
................... 12
1.2 Principais requisitos de relés de proteção elétrica .................................
..........................................
......... 14

1.3 Princípios de funcionamento dos principais relés de proteção ....................... 16

Capítulo 2 Princípios operacionais de relés


de sobrecorrente e direcionais .........................................................21
2.1 Principais tipos de relés de proteção elétrica ...............................
..................................................
................... 22
2.2 Relés de proteção direcionais .............................................
.........................................................................
............................ 30

Capítulo 3 Princípios operacionais de relés direcional de


sobrecorrente, direcional de potência, diferencial e a distância ......35
3.1 Relés de proteção direcionais de sobrecorrente
sobrecorrente - função ansi 67 ................. 37
3.2 Relés de proteção direcionais de potência - função ansi 32 ..........................
.......................... 39
3.3 Relés de proteção diferencial – função ansi 87 .......................................
..............................................
....... 41
3.4 Relés de proteção a distância – função ansi 21................................
21 ..............................................
.............. 48

Capítulo 4 Princípios operacionais de relés de impedância,


a distância tipo mho e à reatância ....................................................51
4.1 Relés de impedância .........................................
............................................................................
..............................................
........... 53
4.2 Relés de distância tipo MHO ..............................................
...........................................................................
............................. 63
4.3 Relés de distância à reatância................................
reatância...................................................................
.........................................
...... 64
Capítulo 8 Proteção de geradores, transformadores e barramentos ...69
5.1 Geradores de energia
ene rgia elétrica ...................................
......................................................................
......................................
... 71
5.1.1 Geradores síncronos de energia em sep ...................................
..............................................
........... 71
5.2. Transformadores de energia
ene rgia elétrica ...................................
..............................................................
........................... 81
5.2.1 Proteção em função de condições normais de funcionamento ............ 90
5.2.2 Proteção em função de faltas externas .................................
.................................................
................ 90
5.2.3 Proteção em função de faltas internas ao transformador ..................... ..................... 101
5.3 Barramentos
Barram entos elétricos ................................
...................................................................
......................................................
................... 102

Capítulo 6 Proteção digital ...............................................................107


6.1 Proteção de sistemas elétricos
e létricos ...................................
......................................................................
.....................................
.. 109
6.1.1 Relés Digitais ...................................
.....................................................................
.....................................................
................... 114
6.1.2 Arquitetura dos relés digitais .................................................................
................................................................. 115
6.1.3 Relés com mídia de comunicação ........................................................
........................................................ 117
6.1.4 Comunicação dentro da subestação ..............................
....................................................
...................... 121
6.1.5 Comunicação entre subestação e rede externa ..............................
....................................
...... 121
6.1.6 Protocolo de Comunicação ..............................
.................................................................
......................................
... 123
6.1.7 Medição sincronizada de fasores ...............................
..........................................................
........................... 135
6.1.8 Sistema de Automação da Subestação .................................
.................................................
................ 137
6.1.9 Descrição do sistema de comunicação .................................
.................................................
................ 137
6.1.10 Ferramentas de engenharia
engenha ria de sistema ...................................
..............................................
........... 139

Capítulo 7 Aspectos de proteção em fenômenos


de sistemas de potência ...................................................................141
7.1 Ocorrência de fenômenos em sistemas elétricos ................................
...........................................
........... 143
7.2 Instabilidade em SEP
S EP..................................
....................................................................
.....................................................
................... 149
7.2.1 instabilidade angular .................................
....................................................................
............................................
......... 150
7.2.2 Instabilidade
Instabilidade de frequência ..................................
...................................................................
................................. 151
7.2.3 Instabilidade
Instabilidade de tensão ...................................
......................................................................
......................................
... 154
7.2.4 Desligamentos em cascata ..........................................................
...................................................................
......... 155
7.3 Curto-circuito em sep .................................
....................................................................
......................................................
................... 156
7.3.1 Cálculo das Correntes de Curto: Curto Trifásico: .................................. 165
7.3.2 Cálculo das Correntes de Curto: Fase-Fase: ...................................
........................................
..... 166
7.3.3 Cálculo das Correntes
C orrentes de Curto:
C urto: Fase-Fase à Terra:............................ 167
7.3.4 Cálculo das Correntes de Curto: Fase à Terra:
Terra: ...............................
.....................................
...... 171
7.4 Estabilidade angular em máquinas ...........................................
.............................................................
.................. 176

Capítulo 8 Monitoramento de sistemas de potência,


localização em sistemas elétricos ....................................................199
8.1 Localização de faltas em sistemas elétricos ................................
...................................................
................... 200
8.1.1 Faltas de baixa e alta impedância ................................
.........................................................
......................... 202
8.1.2 Faltas de alta impedância passiva e ativa ...............................
.............................................
.............. 203
8.2 Técnicas de detecção de falta em linhas de transmissão
tran smissão............................... 204
8.2.1. Detecção de faltas de alta impedância em alimentadores de sistema de
distribuição utilizando redes neurais articiais ..................................
................................................
.............. 204
8.2.2 Técnicas de identicação de faltas de alta impedância utilizando redes
neurais articiais e transformada de Fourier ................................
..................................................
.................. 205
8.3 Abordagem Neural utilizando
utilizando características
características estatísticas
estatísticas de corrente de falta . 205
8.4 Método para diagnóstico de faltas em subestações de distribuição utilizando

sitemas fuzzy e redes de causa e efeito ..................................


...............................................................
............................. 207
8.5 Classicação e medição dos níveis de pertubação em sistemas de potência por
meio de Wavelet (função capaz de descrever, decompor ou representar outra função
ou uma série de dados, originalmente descrita no domínio do tempo) ............... 209

CONCLUSÃO
CONCLUSÃO................................
...................................................................
......................................................................
....................................... 212
Apresentação
A área de Siste
Sistemas
mas de Potênci
Potência
a para a Engenh
Engenharia
aria Elétr
Elétrica
ica é de
extrema importância para cursos que desejam ênfase em Eletrotéc-
nica, sendo essa área uma das que mais demandam engenheiros
eletricistas atualmente, pois as empresas necessitam de sistemas
elétricos alimentados por redes de alta tensão para produzir com se-
gurança e sem interrupções, contudo, normalmente, as indústrias de
médio porte são alimentadas por sistemas elétricos de redes de mé-
dia tensão, as quais também possuem sistemas de proteção, porém
com conabilidade reduzida. Contratos de fornecimento de energia
são elaborados com cláusulas de multas para interrupções no for-
necimento, de modo que a construção, a operação e a manutenção
desses sistemas se tornam algo de extrema importância principal-
mente para as concessionárias de serviços de eletricidade.

Um tópico de extrema importância que será abordado neste mate-


rial refere-se à proteção dos sistemas elétricos de potência, a qual
é uma área de grande importância para a manutenção do forneci-
mento da energia elétrica aos consumidores e para a segurança
dos equipamentos de alto valor que constituem o sistema elétrico.
Com o advento da informática, os sistemas que operavam com re-
lés analógicos, impulsionados por contatos magnéticos acionados
por indução e que mais se pareciam com as engrenagens daqueles
relógios a corda, foram substituídos por relés digitais. Esse setor
desenvolveu-se e vem evoluindo muito nesta década, devido ao
surgimento de novas tecnologias que possibilitaram a introdução
da proteção com relés microprocessados. Devido ao surgimento
dessas novas tecnologias, algumas instituições de ensino superior
(IES) têm optado por se aprofundar nos conteúdos relativos à pro-
teção digital e suas características.

Este material contribui para a o esclarecimento dos principais tipos

de relés digitais
Potência, utilizados para
tema necessário paraProteção de Sistemas
a formação Elétricos
do engenheiro de
eletri-
cista formado pelas instituições de ensino superior (IES) e às ne-
cessidades prossionais dos engenheiros que atuam nessa impor-
tante área da Engenharia Elétrica. O tema é de tal importância que
hoje em dia temos cursos de pós-graduação especícos na área de
Proteção de Sistemas de Potência.
Capítulo
Introdução à proteção
1 de sistemas elétricos de
potência: tipos, requisitos e
princípio de funcionamento
de relés de proteção
Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
A proteção de sistemas elétricos de potência se dá
principalmente através dos relés de proteção, os quais
são dispositivos que, por meio de ações elétricas, realizam
operações em sua estrutura, apresentando variações físicas
em seu estado quando ocorrem variações nas condições
do equipamento ou do sistema ao que está conectado para
proteção.
Pode-se ainda denir relé de proteção como um dispositivo
que é capaz de detectar falhas ou faltas elétricas nos circuitos
circ uitos
elétricos de alimentação ou de equipamentos, através de
condições indesejáveis ao funcionamento desses iniciando

temporização ou atuando em tempo denido através de


manobras, quando as grandezas elétricas ultrapassam
valores preestabelecidos.

Os relés são equipamentos normalizados e devem apresentar


funcionamento dentro de padrões estabelecidos em normas
brasileiras ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
– nas suas últimas revisões, com referência às Normas IEC
– International Eletrotechical Comission e ANSI – American
National Standards Institute.
12 UNIUBE

Objetivos
• Aprese
Apresentar
ntar principa
principais
is tipos
tipos de relés de
de proteção
proteção digital.
digital.
• Apresentar
Apresentar princip
principais
ais requisi
requisitos
tos a serem atendi
atendidos
dos por
relés de proteção.
• Apresentar
Apresentar princípios de funcio
funcionament
namentos
os dos princi
principais
pais
relés de proteção.

Esquema
• Principais tipos de relés de proteção elétrica
• Principais requisitos de relés de proteção elétrica
• Princípios de funcionamento dos principais relés de
proteção

1.1 Principais tipos de relés de proteção elétrica

Os relés de proteção digital apresentam necessidade de atuação


em função das grandezas elétricas, assim a criação de tecnologia
de equipamentos está associada às grandezas a serem avaliadas.

Dessa forma, temos relés de tensão, de frequência, de corrente,


entre outros, que, em função dos seus valores e associação, po-
dem ser classicados como relés de sobrecorrente direcionais ou
não, diferenciais e de avaliação da distância de ocorrência de uma
falta elétrica através da avaliação da impedância associada.

A avaliação da grandeza elétrica e da função de proteção a ser


avaliada foi classicada em “funções de proteção” e atualmente
apresenta uma classicação através da TABELA ANSI, na qual,
para cada tipo de ação de equipamento ou de uma função, foi dado
UNIUBE 13

um número, como a função ANSI 52, que caracteriza equipamento


tipo disjuntor capaz de seccionar potência elétrica de curto circuito;
ou então funções que caracterizam atuações em função de gran-
dezas elétricas, tais como as funções 51 e 50, que apresentam

comportamento de corrente elétrica com temporização ou não para


atuação do equipamento de proteção; a função 67, que dá direcio-
nalidade de atuação; a função 86, que dá proteção por diferencia-
ção, e a função 21, que avalia proteção a distância em linhas de
transmissão.

Assim, nos relés para


par a avaliação de correntes,
corren tes, normalmente deno-
minados relés de sobrecorrente, temos atuação em tempo inverso
ao crescimento da grandeza corrente elétrica, atuação de ação ins-

tantânea para as fases, e neutro do sistema elétrico ou de corrente


à terra. Podem ser direcionais ou não, da mesma forma, podemos
ter relés de tensão (sub e sobretensão),
sobretensão ), de frequência (sub e sobre-
frequência), de uxo de potência, normalmente direcionais. Podem
avaliar a impedância associada às redes elétricas avaliando assim
a distância de ocorrência de faltas.

É importante salientar que relés de proteção de sistemas elétricos


de potência podem se diferenciar de outros equipamentos também

denominados relés, estes podem ser ou não de proteção, como os


relés térmicos (associados a contatores em acionamento de moto-
res elétricos), ou ainda os relés de nível, de pressão, de tempera-
tura, entre outros, que têm funções especícas de atuação, porém
não são avaliados como relés de proteção de sistemas elétricos
de potência e estão mais voltados a acionamentos, automação e
operação de sistemas elétricos.
14 UNIUBE

Figura 01 - Principais funcionalidades do relé de proteção de motores


Fonte: Rocha e Bernardes (2010)

1.2 Principais requisitos de relés de proteção elétrica

Relés foram introduzidos em sistemas de proteção visando prin-


cipalmente à conabilidade de proteção, seletividade entre equi-
equi-
pamentos de proteção, sensibilidade e velocidade de atuação de
funções especícas, suportabilidade às solicitações térmicas e
suportabilidade às solicitações dinâmicas, sempre avaliando bai-
xo custo de implantação, operação e manutenção e, inicialmente,
eram equipamentos tipicamente eletromecânicos.

Atualmente, com a evolução da eletrônica e a introdução de equi-


pamentos digitais, além dos requisitos básicos, é desejável que
possuam ainda:

- Breaker failure: após ser denido o tempo, em parametrização, de


uma determinada função, envia-se um sinal a uma saída para que
ele possa ser enviado a outro equipamento de proteção associado
UNIUBE 15

em rede, este, por sua vez, visa identicar a falha de atuação no


equipamento e permitir que outro faça a função de proteção.

- Autocheck: é uma vericação própria que examina se todas as

funções do reléconabilidade,
digital extrema estão operando de vez
uma forma correta,
que o que estar
eles devem dá aosem-
relé-
sem
pre em condições de operar.

- Watchdog: dispositivo do relé com função de disparar um reset


ao sistema em condição de erro no programa de rotina principal.

- Seletividade lógica: permite em relés digitais que os equipamen-


equipamen -
tos de proteção situados mais próximos do local de ocorrência da

falta
entrepossam
50 ms aatuar, eliminado-a em tempo muito pequeno, variando
100 ms.

- Oscilografa: possibilidade de se colher eventos na memória de


massa dos relés para transformação de dados do sistema elétrico
em informações grácas, possibilitando melhor visualização e aná-
aná -
lise de ocorrências.

- Quantidade de entradas e saídas digitais (E/S digitais): quanti-

dade de entradas analógicas de corrente e/ou tensão.


- Possibilidade de se conectar em rede – com protocolo de fa-
bricante ou protocolos abertos como padrões IEC existentes e de
automação, comando, controle, medição, supervisão etc.
16 UNIUBE

Figura 02 - Evolução dos relés ao longo dos anos

Fonte: Souza (2013, p. 18)

1.3 Princípios de funcionamento dos


principais relés de proteção

Para entender o princípio de funcionamento dos relés, principal-


mente a sobrecorrente, vamos voltar no tempo e avaliar
ava liar o princípio
de funcionamento dos antigos relés eletromecânicos. Estes dispo-

sitivos
elétrica,apresentavam
que possuemsemelhança
um disco decom os medidores
indução de energia
rotativo, discos estes
acionados por forças mecânicas provocadas por circuitos magné-
ticos com bobinas alimentadas por corrente de carga e por uma
tensão de referência, ou seja, mede-se energia (energia no tempo
é potência com composição V x I).

No caso de relé a sobrecorrente, não importa a tensão de referên-


cia, mas a corrente real que circula na bobina e que
qu e traz a corrente

que circula
o disco no circuito
somente deem
entrará alimentação a ser
movimento casoprotegido;
as forçassendo que
induzidas
UNIUBE 17

nele pelo circuito magnético principal vença as forças das molas de


restrição e do imã de restrição. Entrando em movimento, o disco
provocará o fechamento do contato móvel preso ao disco a um
contato xo, após decorrido um determinado tempo (este
(e ste a ser ava-
ava-

liado), emitirá um “TRIP”, ou seja, o fechamento de um contato NA


para ser usado em um circuito de comando, para que este possa
abrir um disjuntor ou um equipamento de proteção.

Figura 03 - Relé de disco de indução


i ndução para análise do princípio de funcionamento
Fonte: Mardegan (2010, p. 30)

Assim, um
u m relé de proteção à sobrecorrente não abre a grandeza
de falta “corrente”, cabendo essa função para equipamento espe-
espe -
cíco, normalmente disjuntores de média e alta tensão que, pela
sua robustez e câmara de abertura, extinção e arco, são capazes
de interromper grandes potências de curto circuito, mas falta a eles
inteligência, necessitando assim de um relé auxiliar, que são clas-
sicados de relé secundários.
18 UNIUBE

Figura 4a - Lei de Faraday-Lenz – regra da mão direita.

Figura 4b - Mecanismo de formação das forças motoras do disco de indução


Fonte: Mardegan (2010, pp. 30-31)

Para circuitos magnéticos, temos

Assim:

Também,
UNIUBE 19

A resultante das forças será dada por:

Com base nesse princípio de funcionamento, os antigos e obso-


letos relés eletromecânicos apresentavam uma unidade indepen-
dente para cada grandeza (um relé por fase, um para neutro, um
para corrente à terra. Com a evolução
evoluç ão e o desenvolvimento da ele-
trônica, os relés também evoluíram, surgiram então relés
re lés estáticos,
relés numéricos digitais e hoje temos relés digitais microprocessa-
dos, que podem ser associados em redes de comunicação de pro-
teção, podendo ser equipamentos IED que atuam independentes
ou em redes com protocolos adequados, que através de algoritmos
e portas lógicas permitem parametrizações, adequação via IHM lo-
cal ou softwares de parametrização e programação complexa.

Considerações nais

Considerando que os relés fazem parte de um sistema de proteção


que abrange diversos equipamentos e diversas localizações em
um sistema elétrico simples ou complexo, eles estão inclusos em
associações com diversos equipamentos de proteção tais como fu-
síveis e disjuntores e, para tanto, devem apresentar parametriza-
ção variável em cada utilização e devem apresentar coordenação
coord enação e
seletividade com os demais equipamentos de pleno funcionamento
e de proteção.
20 UNIUBE

Cada relé possui uma aplicação especíca e opera segundo es-


es -
pecicações para as quais foram projetados. Veremos nos pró-
pró-
ximos capítulos as especicidades e aplicações para os princi-
princi-
pais tipos de relé, são eles: SOBRECORRENTE; DIRECIONAIS;

DIFERENCIAIS; PROTEÇÃO A DISTÂNCIA.


Capítulo
Princípios operacionais
2 de relés de sobrecorrente
e direcionais

Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
Neste capítulo, serão abordados aspectos referentes
aos relés de proteção de sistemas elétricos de potência,
equipamentos imprescindíveis para garantir integridade de
instalações elétricas e proteção de vidas humanas e de
animais.
Quando os relés eram de disco de indução, isto há muito tempo,
a escolha da característica do relé era realizada junto com o
pedido de compra, sendo essa estática e inalterável. Hoje em
dia, os relés digitais possuem características diversas, sendo
que a parametrização (inserção de grandezas aferidas, por
exemplo) é que denirá a propriedade deles. Alterando-se

parâmetros no relé, podemos mudar sua função.


A característica
c aracterística dos relés de sobrecorrente é representada
pelas suas curvas tempo versus corrente. Essas curvas
variam em função do tipo do relé (disco de indução, estático,
digital), as quais vamos analisar com detalhes a seguir.
Objetivos
• Dimensionar e especicar relés de sobrecorrente e
diferencial.
• Determinar as parametrizações de funcionamento
desses relés.
• Avaliar a eciência e a ecácia da proposição de
parametrização desses relés.
• Avaliar principais grandezas elétricas envolvidas.
• Modular apresentação de estudos de proteção.

Esquema
• Princípios de Funcionamento

• Relés de Sobrecorrente
• Relés Direcionais
• Especicações e Parametrização

2.1 Principais tipos de relés de proteção elétrica

As normas vigentes da ABNT e as referências utilizadas


utilizadas IEC
IEC e ANSI
especicam que os relés devem apresentar funcionamento de tem- tem-
porização que precisam obedecer a curvas de funções especícas
e padronizadas, ou seja, a velocidade de movimento do disco de
indução de um relé eletromecânico, até o encontro dos contatos
móvel e xo para a efetivação do trip de atuação,
atuação , ou trip no contato
digital de saída de um relé microprocessado, deve apresentar uma
temporização parametrizável que possa ser avaliada dentro de pa-
drões preestabelecidos e reconhecidos pela comunidade técnica
internacional. Para chegarmos nos padrões, temos as chamadas
curvas padrões.
UNIUBE 23

Assim, são estabelecidas algumas curvas padrões, nesse senti-


do, todos os fabricantes devem produzir essa tecnologia que ga-
ranta acesso e funcionamento conforme essas curvas, tendo sido
estabelecidas algumas curvas normalizadas de tempo inverso ao

aumento da corrente: curva normal inversa, curva muito inversa e


curva extremamente inversa (entre outras), além da possibilidade
de se denir um tempo xo para atuação do relé a partir de uma
determinada corrente (tempo denido).

Figura 05 - Curvas de atuação de relé sobrecorrente – padrão


Fonte: Mardegan (2010, p. 34)

Além do tempo de atuação em função da curva adotada, que de-


penderá agora apenas da corrente vista pelo relé, e considerando
que a função do relé é permitir pleno funcionamento de uma ins-
talação e alguma sobrecarga, bem como prever o crescimento na-

tural da carga (o bom funcionamento de uma instalação não deve


24 UNIUBE

ser interrompido, pois sua nalidade é produzir algum trabalho ou


algum conforto), o início da temporização, que se denomina cor-
rente de pickup (partida ou início da curva de temporização), tam-
bém deve ser determinado e informado na parametrização do relé.

Dessa forma, qualquer corrente abaixo


abaix o desse valor, ou seja, abaixo
do valor da corrente vista pelo relé, não deve permitir o início da
temporização ou ação por tempo denido, permitindo assim que as
instalações cumpram sua função, que é atender cargas elétricas
com bom funcionamento.

Como um relé deve atender uma enorme gama de possibilidade


de parametrização para que essas curvas possam expressar a
condição especíca de uma determinada instalação elétrica com

características individuais, ou seja, as grandezas elétricas a serem


avaliadas são especícas ao dimensionamento da instalação para
determinado uso de cargas e determinado ponto de conexão ao
sistema elétrico, esse relé deverá apresentar uma grande gama de
curvas que possam ser parametrizadas.

Assim, os relés atuais, microprocessados, que possuem famílias


de curvas e são dependentes de especicação de parâmetros es-
es-
pecícos, são chamados de “famílias de curvas” e apresentam di-
di -

ferenciação para as normas IEC e ANSI, sendo:

- Normas IEC:

Para cada uma das curvas padronizadas, existe uma equação que
relaciona t x I, em que:

- t = é o tempo e atuação de trip do relé de sobrecorrente;

- I = corrente real de atuação que circula no relé.


UNIUBE 25

Para que se tenha uma família de curva, para cada tipo de curva
(inversa, muito inversa ou extremamente inversa), deve-se especi-
car um valor de DT = Dial de tempo.
Assim, para uma determinada característica de circuito elétrico a
ser protegido, podemos escolher apenas uma curva
c urva de atuação do
relé, adotando-se um tipo de curva e um dial de tempo, denindo
apenas uma curva da família disponível.

Figura 06: Famílias de curvas de atuação de relé sobrecorrente – padrão IEC


Fonte: Mardegan (2010, p. 34)

- Normas ANSI:

Da mesma forma, para cada uma das curvas, existe uma equação
que relaciona t x I, porém com características especícas, de modo
que, quando da parametrização, devem-se informar ao relé qual
dos padrões será adotado, IEC ou ANSI, além do tipo de curva e o
valor utilizado.

Pela norma ANSI, o tempo de atuação do relé também dependerá


do tipo de curva, que será dado pela relação:
26 UNIUBE

Tabela 01: Temporização de curvas de atuação de relé sobrecorrente – padrão ANSI

Constantes das Curvas ANSI


A B C D E
Extremamente In
Inversa 0.0399 0.2294 0.5000 3.0094 0.7222

Muito Inversa 0.0615 0.7989 0.3400 -0.2840 4.0505


Normalmente Inversa 0.0274 2.2614 0.3000 -4.1899 9.1272
Moderadamente Inversa 0.1735 0.6791 0.8000 -0.0800 0.1271

Fonte: adaptado de Mardegan (2010)

Assim, temos as seguintes equações curvas padronizadas pela


norma ANSI:

Moderadamente Inversa

Muito Inversa

Extremamente Inversa

Um vez escolhida a curva de atuação t x I, o relé cará dependente


apenas da corrente elétrica a ser avaliada.

O relé não é de ação direta, pois nesse caso


c aso teríamos circuitos elétri-
cos internos ao relé, os quais teriam que suportar altas correntes (da
ordem de dezenas de KA) com necessidade de dissipação térmica
UNIUBE 27

e suportabilidade dinâmica a essas correntes, inviabilizando tecnica-


mente e limitando a eletrônica parametrizável. Dessa forma, os relés
são de ação indireta, ou seja, relés denominados secundários, em
que a corrente real do circuito elétrico a ser avaliada deve ser infor-

mada ao relé indiretamente através de “transformadores de corren-


corren-
te”, aos quais vão executar a relação de transformação em questão.

Esses equipamentos são transformadores eletromagnéticos de


uma corrente primária dada pela corrente real que circula
c ircula no circui-
to elétrico a ser protegido e que não deve saturar o sistema eletro-
magnético do equipamento, e uma corrente secundária de 1 A ou
de 5 A, ou seja, a corrente primária variando até a corrente nominal
do equipamento, apresentará em sua secundária correntes de 0 a

1 A ou de 0 a 5 A.
A seguir, temos um exemplo de um TC e 200/5A, no qual está circu-
lando uma corrente de 100 A, a qual, passando pelo relé, demons-
trará o valor da corrente elétrica que passa pelo mesmo, indicado
com a função ANSI 50/51 – relé de função de ação instantânea tipo
50 e ação temporizada t x I tipo 51.

Figura 07 - TC com indicação de passagem de corrente


Fonte: Mardegan (2010, p. 33)
28 UNIUBE

Assim, através de uma relação de transformação


transformaç ão RTC = Ip / Ts
Ts (Ip
– corrente primária e Ts – corrente secundária), pode-se obter, com
uma margem de erro, a corrente real no relé proporcional à corren-
te primária real do circuito elétrico. No exemplo, RTC = 200/5 = 40.

Dessa forma, quando circular 100A no primário, teremos uma cor-


rente de 100/40 = 2,5 A no relé (podemos ter um erro para proteção
de até 10% a ser considerado).

Para que se possa avaliar, proteger, coordenar e efetivar seleti-


vidade entre equipamentos de proteção e, considerando que as
principais faltas em sistemas elétricos, além de sobrecorrente de
sobrecargas de uso do sistema elétrico em funcionamento, ou va-
riações das grandezas elétricas associadas, variações estas vincu-

ladas à qualidade do fornecimento de energia (afundamentos e e


elevações de tensões, variações na corrente da carga em função
da variação da tensão e sobrecargas de usos etc.) deve-se avaliar
as correntes são provadas por curto circuitos que possam ocorrer,
onde em sistemas elétricos tem-se:

• Faltas trifásicas (5% de incidência), mais severo, maior cor-


rente de curto.

• Faltas fase-terra (75% dos casos).

• Faltas fase-fase (10% dos casos), ionização do ar entre fases.

• Faltas fase-fase-terra (75% dos casos), a mais comum.

Como as correntes de curto circuito podem ocorrer individualmente


em cada uma das fases R, S, T e no Neutro, ou em associação
entre essas, o relé deve se sensibilizar com qualquer composição
dessas correntes. Assim, usualmente, têm-se vários TCs implan-

tados nas fases, utilizando-os também para avaliação de faltas no


neutro, conforme o esquema de ligação a seguir:
UNIUBE 29

Figura 08 - Implantação de TCs nas fases


Fonte: Eletropaulo (2004)

Figura 09: Exemplo de aplicação de instalação de relé de


sobrecorrente e circuito de comando funcional
Fonte: Pextron (s/d)
30 UNIUBE

Figura 10 - Exemplo de aplicação de instalação de relé de sobrecorrente


- coordenograma com associação de diversas proteções - Curvas de fase
(50/51) de todos os equipamentos de proteção da SE Morungaba
Fonte: adaptado de Gentile et al. (2013)

2.2 Relés de proteção direcionais

Na proteção direcional, os relés são habilitados para atuarem em


grandezas elétricas somente em um sentido pré-ajustado (sentido
de atuação do relé) e, caso ocorra em sentido contrário, a atuação
é bloqueada, cando o relé inativo.

Os relés direcionais são caracterizados pela necessidade de po-


larização por 02 (duas) grandezas elétricas associadas para me-
lhor efetuar as forças sobre o disco de indução, proporcionando um
UNIUBE 31

melhor entendimento de seu funcionamento, bem como do funcio-


namento de relés microprocessados.

Figura 11a: Esquemático Figura 11b: Esquemático corrente de


de corrente de atuação atuação (relé tensão-corrente)
(relé corrente-corrente)
Fonte: Miguel (201
(2011)
1)

Essas grandezas de atuação e polarização podem ser corrente/


corrente, tensão/tensão e corrente/tensão (mais utilizados), e sua
composição apresenta forças de acionamento que dependem das
grandezas de acionamento de polarização e de defasagem, sendo
dada por:

Em que:

H – média da sensibilidade de relé;

E1 e E2 – grandezas (duas correntes, duas tensões ou tensão e


corrente);

– ângulo entre as grandezas de referência;


32 UNIUBE

– ângulo de sensibilidade máxima (máximo torque);

α – ângulo característico de região de direcionalidade em relação à


grandeza de polarização.

Figura 12 - Visão geral direcional


Fonte: Miguel (2011)

Obtendo-se a grandeza elétrica na qual queremos ter proteção e


atuação, por exemplo, Iop, polarizando-se corretamente a referên-
cia, por exemplo, Ipol, avaliando-se a conguração dessa polariza-
polariza-

ção em posição adequada em relação a I op


e 16), fornecendo-se ao relé o ângulo α (alfa), (ver com
guras 13, 14,
o qual 15
o relé
automaticamente adotará uma reta de separação das regiões de
atuação e de não atuação, automaticamente será adotada uma re-
gião perpendicular a essa reta de sensibilidade, na qual teremos o
maior torque de atuação do relé direcional eletromecânico, sendo
que devemos posicionar a grandeza
gr andeza elétrica a operar, por exemplo,
Iop, nessa região de maior torque.

Adequação de polarização por tensão: as conexões mais usuais


são 90º, 60º, 30º e 0º.
UNIUBE 33

Figura 13 - Conexão 0º
Fonte: Figueira (201
(2011)
1)

Figura 14 - Conexão 30º


Fonte: Figueira (201
(2011)
1)

Figura 15 - Conexão 60º


Fonte: Figueira (201
(2011)
1)
34 UNIUBE

Figura 16 - Conexão 90º


Fonte: Figueira (2011)

Considerações
Considerações nais

Vimos neste capítulo relés com características de sobrecorrente e


direcionais.

Existem três tipos de relés direcionais, cujo emprego depende da


grandeza elétrica que se quer controlar:

• relé direcional de sobrecorrente de fase e de terra;

• relé direcional de sobrecorrente de terra;

• relé direcional de potência.


Essas características serão abordadas nos próximos capítulos, nos
quais também estudaremos relés com outras características.

Prossionais qualicados em Proteção de Sistemas Elétricos vêm


sendo bastante requisitados no mercado de energia elétrica, sendo
assim, o domínio do assunto se dá de forma setorial, nessa pers-
pectiva, abrangem-se desde os sistemas elétricos em instalações
residenciais até em sistemas industriais complexos, bem como em
sistemas de distribuição, transmissão e geração de energia
en ergia elétrica.
Capítulo
Princípios operacionais
3 de relés direcional de
sobrecorrente, direcional
de potência, diferencial e
a distância
Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a
Introdução
Continuaremos a estudar os relés direcionais nesta unidade,
analisando aqueles com características de sobrecorrente
sobrecorrente e de
potência. As muitas possibilidades dos sistemas de proteção
permitem que haja uma gama de características de relés, assim,
abordam-se neste livro as principais formas de atuação, sendo
que um estudo chamado de seletividade é que denirá, de acordo
com uma série de variáveis, quais as proteções que um sistema
de potência deverá possuir.

Neste capítulo, ainda analisaremos os relés de proteção:

• Diferencial.

• A Distância.
O relé de Proteção Diferencial atua principalmente sobre
transformadores de potência, sendo que a atuação do disj
transformadores disjuntor
untor
de forma indesejada pode estar relacionada a correntes de
magnetização transitória do transformador, ângulos defasados,
diferenças de corrente em função dos erros oriundos dos
transformadores de corrente, diferenças de correntes no circuito de
conexão do relé em função dos tapes do transformador de potência.

O relé de proteção a distância atua sobre linhas de transmissão


e possuem esse nome
nom e por utilizarem
utilizarem um princí
princípio
pio que leva em
consideração a distância entre o local de instalação do relé até o
local de defeito na linha, sendo que impedância (Z) é proporcional a
essa distância. Outros relés também se baseiam nesse princípio: relé
de impedância (OHM), relé de reatância, relé de admitância (MHO).

Objetivos
• Dimensionar e especicar relés de proteção direcional
de sobrecorrente, direcional de potência, diferencial e a
distância.
• Determinar as parametrizações de funcionamento
desses relés.
• Avaliar a eciência e a ecácia da proposição de
parametrização desses relés.
• Avaliar principais grandezas elétricas envolvidas.
• Modular apresentação de estudos de proteção.

Esquema
• Princípios de Funcionamento de relés de proteção
- direcional sobrecorrente
- direcional de potência
- diferencial
- à distância
• Especicações e Parametrização
UNIUBE 37

Relés de proteção direcionais de


3.1
sobrecorrente - função ansi 67

São relés normalmente polarizados por tensão, nas congurações


de conexão 0º, 30º. 60º ou 90º, que internamente apresentam ele-
mento a ser habilitado na parametrização de atuação função ANSI
67 em série com elemento de atuação função ANSI 50/51, dando
assim uma direcionalidade ao um relé comum de sobrecorrente.

As formas de ligações dos TCs de alimentação das correntes


corr entes elé-
tricas a serem avaliadas seguem como em um relé comum, igual-
mente a escolha da curva de atuação em uma família de curvas
pelas normas IEC ou ANSI e demais parametrizações também
são as mesmas de um relé de sobrecorrente, e a direcionalidade
é dada pela habilitação da função ANSI 67 e a polarização corre-
ta da tensão de referência conforme conexões de polarização dos
TPs (Transformadores de Potencial ou Tensão) combinadas com
base na tabela a seguir e, na parametrização, há a necessidade da
indicação do ângulo Ʈ ( ou α ) – ângulo de sensibilidade máxima
(máximo torque) em relação à grandeza de polarização.

Tabela 02: Combinação de tensão de polarização de relés direcionais

Fase Sinal Conexão 30º Conexão 60º Conexão 90º


A Atuação IA IA IA
Polarização VAC VAC + VBC VBC
B Atuação IB IB IB
Polarização VBA VBA + VCA VCA
C Atuação IC IC IC
Polarização VCB VCB + VAB VAB

Fonte: o autor
38 UNIUBE

Como o relé normalmente faz parte de sistemas trifásicos e sujei-


tos a faltas de curto circuito, deve-se avaliar vetorialmente todas
as faltas possíveis em relação à referência adotada. Na gura a
seguir, temos a avaliação das correntes de curto trifásica de faltas

entre fase e terra para a fase 01 com polarização de tensão 90º, ou


seja, tensão entre as fases 02 e 03 (V23).

Figura 15 - Visão de ações de atuação de relé dire-


cional da fase 01 com polarização 90º
Fonte: Natal (2000)
UNIUBE 39

Figura 16 - Visão de TCs de corrente de atuação, TPs de polarização e elementos


de atuação direcionais e de sobrecorrente de um relé funções ANSI 67 e 50/51
Fonte: Natal (2000)

3.2 Relés de proteção direcionais de


potência - função ansi 32

O relé direcional de potência visa reconhecer e atuar com direcio-


nalidade no sentido do uxo de potência elétrica do sistema num
determinado momento.

Normalmente são empregados em instalações elétricas com uni-


dades geradoras, visando impedir que o uxo de potência ua em
sentido não desejado. O relé é parametrizado para atuar se esse
uxo de potência continuar por um período de tempo além do valor
denido e acima de uma porcentagem da potência nominal de uxo
40 UNIUBE

direto (que deve uir normalmente e sem restrições), atuando em


contato de Trip, para fazer operar o disjuntor de proteção principal.

Visam bloquear motorização de geradores e evitar uxo de potência

que
paraalimente faltas
terem essa emfonte
nova sistemas elétricos
de energia, porque não estão
exemplo, em previstos
sistemas
de geração própria com possibilidade de transferência em rampa
durante alguns segundos, como é o grande número de gerações
em horário de ponta de consumo de energia elétrica.

Figura 17 - a) Ligação do relé com o sistema


Figura 17 - b) Diagrama de ligação
Esquemas básicos de relés direcionais de potência
Fonte: Natal (2000)

A proteção de potência direcional em sentido reverso é calculada


pelo relé, que após o fornecimento da potência nominal de gera-
ção em avaliação, da tensão de operação e da sequência de fa-
ses (normalmente sequência positiva), calcula a potência ativa das
UNIUBE 41

componentes simétricas positivas de tensões e correntes e deter-


mina a da potência reversa sem considerar assimetrias de corrente
e de tensão.

Uma vez de
a função informadas as características
potência reversa nominais,
(função ANSI basta habilitar
67), normalmente em
10% da potência nominal, e os tempos de atuação, por exemplo,
0,5 seg, sendo que a correta ligação dos TCs e TPs (ver indicação
de polarização dos equipamentos – ponto de marcação que acom-
panha o equipamento) dará o sentido de uxo direto.

Figura 18 - Polarização de TC e TPs


Fonte: Natal (2000)

3.3 Relés de proteção diferencial – função ansi 87

Os relés de proteção diferencial visam atuar para controle de fal-


tas internas de equipamentos, barramentos ou parte de sistemas
elétricos que se quer proteger dentro de uma área delimitada por
transformadores de correntes.
42 UNIUBE

Figura 19 - Esquemático de proteção diferencial de equipamentos


Fonte: Natal (2000)

A diferencial é dada pela corrente no elemento R ou RC, calculada


pela diferença entre as correntes que circulam nos TCs de ambos
os lados do equipamento a ser protegido.

A condição de atuação do relé é: deve ter as correntes


corr entes i 1 – i2 que
apresentam a mesma magnitude, sendo que a corrente diferencial
de atuação id será dada por id = i1 – i2 quando ultrapassar determi-
nado valor predeterminado, sendo nula em condições normais de
operação. Fora da região delimitada pelo TCs, não são sensibili-
zadas pelo relé diferencial e devem ser protegidas por associação
com outros relés.
UNIUBE 43

Figura 20 - Proteção diferenciada no elemento de atuação R


Fonte: Natal (2000)

O relé diferencial pode apresentar o elemento diferencial com es-


quema percentual, apresentando circuitos de restrição (ou reten-
ção) e circuitos de operação (ou atuação), as bobinas de retenção
ou de “restrição” serão percorridas por uma média das correntes
passantes.

Figura 21 - Proteç
Proteção
ão diferenciada percentual O (operação) com restrições
restrições R
Fonte: Natal (2000)
44 UNIUBE

O relé proteção diferencial percentual deve avaliar ainda possíveis


erros de transformação dos TCs, erros das funções construtivas,
correntes sequenciais de componentes simétricas e outras varian-
tes que podem fazer com que o relé atue indevidamente.

Para mitigar esses erros, adota-se um valor de corrente de pickup


de atuação Ipu visando a não atuação a pequenas
pequena s correntes e de er-
ros de transformação. Na ocorrência de variantes, como saturação
dos TCs, faltas externas, sobre-excitação etc., pode ser necessário
deslocamento do patamar para evitar operação indevida.

Para determinação da faixa de atuação/não atuação um fator “K“ K”


para determinar a inclinação (declividade) da curva de operação,

utilizamos a seguinte fórmula.


UNIUBE 45

Figura 22 - Visão de ações de atuação e bloqueio de relés diferenciais


Fonte: Natal (2000)

A denição da declividade determina qual o ajuste percentual do


relé, ou seja, o nível de corrente no qual o relé irá atuar através
de porcentagem da corrente na bobina de operação para vencer
o conjugado resistente das restrições (mecânicas e magnéticas).
46 UNIUBE

Essas inclinações são dadas em porcentagens, com valores que


variam de 15% a 50%, sendo adotado normalmente 10%, 20% e
40% de modo que, quanto menor essa porcentagem, mais sensível
será o relé, pois será maior área de atuação (trip).

Figura 23 - Operação diferencial e ajustes percentuais de declividade


Fonte: Natal (2000)

Os relés direcionais permitem mais de um ajuste de declividade,


normalmente são utilizados dois numa mesma parametrização,
em que se adota a porcentagem de menores correntes, com maior
sensibilidade, sendo a porcentagem maior usada para altas corren-
cor ren-
tes, adotando assim menor sensibilidade.

Outra condição típica a ser evitada em acionamento indevido é a ocor-


oc or-
rência de corrente e magnetização, devendo o relé distinguir de cor-
rente de falta, sendo que os relés microprocessados permitem habilitar
UNIUBE 47

funções especícas de bloqueio, isso ocorre por reconhecimento da


forma das correntes de magnetização, que são ricas correntes de har-
mônicas de 2ª ordem, que podem normalmente ultrapassar 16% da
corrente fundamental de 60 Hz, podendo atingir até 70%

A bobina de restrição normalmente


nor malmente apresenta porcentagem à cor-
rente harmônica, sendo da ordem de 25% para 2ª harmônica, vi-
sando bloquear atuação de energização; de 23% para 3ª harmô-
nica; de 22% para 5ª harmônica, visando bloquear atuações de
sobre-excitação do transformador a cargas capacitivas; de 21%
para 7ª harmônica.

Tabela 03: Conteúdo harmônico das correntes de energização

Fonte: INEPAR (PIOVESAN, 1997)

Tabela 04: Conteúdo das harmônicas da corrente de excitação durante a sobre-excita-


ção do banco de transformadores

Fonte: Guzmán et al. (2001)


48 UNIUBE

Em função do defasamento angular entre os enrolamentos primário


pr imário
e secundário dos transformadores e da relação de transformado
(dada pelos números de espiras), deve-se avaliar não só a relação
de transformação dos TCs (a RTC), mas também a forma de liga-

ção dos mesmos, considerando que, para o elemento diferencial


percentual, as correntes devem ter valor
va lor de mesma ordem de gran-
deza em funcionamento normal. Os TCs devem apresentar ligação
em delta quando os enrolamentos dos transformadores estiverem
em estrela e em estrela quando os transformadores apresentarem
ligação em delta.

Figura 24 - Ligações de TCs em função de liga-

ção dos enrolamentos de transformadores


Fonte: Natal (2000)

3.4 Relés de proteção a distância – função ansi 21

O relé de proteção a distância, bastante utilizado em proteção de


linhas de transmissão, relaciona a corrente elétrica que
qu e circula pelo
relé com a tensão no ponto de instalação, resultando em uma impe-

dância. Como
da ao seu a impedância
comprimento, ou de linhas
seja, de transmissão
a distância, resulta está associa-
a convenção
UNIUBE 49

dada a esse tipo de proteção, visando determinar a corrente que


circula no relé pelo ponto de falta “F” distante “d” do relé.

Figura 25 - Proteção função 21 – a distância


Fonte: Natal (2000)

Normalmente,são classicados em três tipos:

• Impedâncias

• MHO ou admitância

• Reatância

Para que haja a composição de tensão e corrente, o relé deve apre-


sentar sinal de corrente proporcional à potência transmitida sem
atuar, e atuar em correntes de falta e ser polarizado (por tensão).

Figura 26 - Proteção a distância: corrente de atuação e polarização

Fonte: Natal (2000)


50 UNIUBE

Considerações Finais

Percebe-se que os relés devem apresentar uma gama de parame-


trização possível para se adaptarem às características especícas

das condições de implantação local do equipamento.


Essa gama de variações e avaliação especíca com necessidade
de eciência e ecácia de atuação de equipamentos de proteção é
que carece de prossionais qualicados e capazes de propor solu-
solu -
ções adequadas e que atendam a demanda do mercado de ener-
gia elétrica.

Como citado por Cláudio Mardegan, na Revista O Setor Elétrico:

O objetivo maior de um estudo de seletividade é determinar os


ajustes dos dispositivos de proteção, de forma que, na ocorrên-
cia de um curto-circuito, opere apenas o dispositivo mais próximo
da falta, isolando a menor porção do sistema elétrico, no menor
tempo possível e ainda protegendo os equipamentos e o sistema
(MARDEGAN, s.d., p. 30).

Perceba o quão importante é para um prossional da área de sis-


sis -

temas de potência
dispositivos compreender
dos sistemas e entender
de proteção. Esteadequadamente todos
estudo, no âmbito da
graduação, pretende oferecer ao graduando informações relevan-
tes, as quais poderão ser aprimoradas com cursos especícos em
empresas ou através dos diversos cursos de pós-graduação em
sistemas de proteção existentes no Brasil e no mundo.
Capítulo
Princípios operacionais
4 de relés de impedância,
a distância tipo mho e à
reatância
Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
Como estudamos anteriormente, os relés de proteção com
as características de atuação por impedância (OHM), de
reatância e de admitância (MHO) baseiam-se no princípio da
distância do ponto de defeito na Linha de Transmissão, e
esses serão alvo de nossa análise neste capítulo.
É de fundamental importância enfatizarmos as características
físicas de todos esses tipos de relés, tornando compreensíveis
o conhecimento delas no que diz respeito às faixas de ajustes e
ao conhecimento de curvas e grandezas nominais envolvidas.
O relé de impedância é um tipo de relé de sobrecorrente,
com restrição à tensão. Já o relé de admitância é um relé
direcional, com restrição de tensão. Finalizamos o estudo
e studo dos
relés com o relé de reatância, tipo de relé de sobrecorrente
com restrição direcional.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), denimos relé como sendo um dispositivo por meio
do qual um equipamento elétrico é operado quando se
produzem variações nas condições deste ou do circuito ao
qual ele está ligado, ou em outro equipamento ou circuito a

ele associado.
A aplicabilidade de todos os relés acima mencionados é a
detecção, nas linhas de transmissão ou aparelhos faltosos,
de condições indesejáveis do sistema e consequente
conseq uente início de
manobras convenientes de chaveamento ou, quando dessa

impossibilidade, envio dos respectivos avisos adequados.


Objetivos
• Dimensionar e especicar relés de proteção de
impedância (OHM), de reatância e de admitância
(MHO).
• Determinar as parametrizações de funcionamento
desses relés.
• Avaliar a eciência e a ecácia da proposição de

parametrização desses relés.


• Avaliar as principais grandezas elétricas envolvidas.
• Modular a apresentação de estudos de proteção.

Esquema
• Princípios de funcionamento de relés de proteção
- impedância (OHM)
- reatância
- admitância (MHO)
• Especicações e parametrização
UNIUBE 53

4.1 Relés de impedância

Características dos relés de impedância.

Figura 27 - Características de atuação


Fonte: Sena (2011)

Como as linhas de transmissão têm comprimento nito, os relés


devem apresentar valores de impedância limitados ao comprimen-

to das mesmas. Dessa forma, a atuação do relé deve estar limitada


a uma área de atuação e de não atuação, sendo a atuação dada
por um círculo de impedância complexa (R +jX) com origem no
início da linha.
54 UNIUBE

(FRONTEIRA): Região
de não operação.

(DENTRO DO CÍRCULO):
Região de operação.

(FORA DO CÍRCULO):
Região de não operação.

Figura 28 - Área de atuação e restrição


Fonte: Sena (2011)

As características do relé de impedância são representadas em um


plano R-X, haja vista que medem impedâncias, permitindo assim
ajustes em função da distância “d” de seu alcance ou do que é de-
de -
nido como zonas de atuação.

Localização de X, no plano R-X, de acordo com o uxo de potência


que circula na linha:

Figura 29 – Visualização de quadrantes de uxo de potência operacional


Fonte: Sena (201
(2011)
1)
UNIUBE 55

Os relés permitem ainda parametrização em mais de uma zona de


atuação:

Figura 30 – Zonas de atuação parametrizáveis


Fonte: Sena (2011)

Observando-se as zonas de atuação, conclui-se que, nessa condi-

ção,
quer osentido
relé é de
tipicamente não direcional,
uxo de potência (ou de pois pode atuar
corrente), assim,em
umqual-
relé
instalado no início de uma linha pode enxergar impedâncias asso-
ciadas antes das linhas. Para operação seletiva, há a necessidade
de se incorporar elemento direcional ao elemento de atuação por
impedância.
56 UNIUBE

Figura 31 - Direcionalidade aplicada a relés a distância por impedância

Fonte: Sena (2011)

Como o sistema elétrico de potência apresenta subestações ali-


mentadas por linhas de transmissão, e o sistema quanto mais in-
terligado mais robusto e redundante ca, e considerando ainda que
sistemas de proteção apresentam zonas de proteção principal e de
retaguarda, podendo um mesmo equipamento de proteção atuar
de forma integrada, coordenada e seletiva, em proteção a distân-
cia, usam-se as áreas de atuação com essa função.

Figura 32 - Zonas de atuação com visão em rela-


ção ao comprimento das linhas de transmissão
Fonte: Sena (2011)
UNIUBE 57

Cada área de atuação apresenta uma temporização para permitir


que outros equipamentos de proteção (que também podem ser re-
lés a distância) atuem como proteção principal, cando a tempori-
tempori-
zação para permitir proteção de retaguarda.

Tabela 05: T
Temporização
emporização aplicada a relés a distância

Zona Tempo (s)


1ª Inst.
2ª 0,15 a 0,5
3ª 0,40 a 1,0

Fonte: Sena (2011)

Para permitir essa seletividade e coordenação, a abrangência das


áreas de proteção são proporcionais aos comprimentos das linhas
nos trechos, por exemplo, AB, BC e CD.

Tabela 06: Porcentagem de comprimentos de linhas de transmissão aplicadas às zonas


de atuação

Zona Alcance
1ª 80% a 90% de AB
2ª AB + (20% a 75% de BC)
3ª AB + BC + CD

Fonte: Sena (2011)


58 UNIUBE

Na localização da falta, conhecendo as impedâncias dadas pelos


comprimentos de cada linha, considerando que linhas são conec-
tadas a duas subestações, deve-se considerar a possibilidade de
ambas subestações alimentarem a falta no ponto F pelas correntes

I e I’. A impedância de localização de falta no ponto F é dada por:

Figura 33 - Determinação da impedância de localização de falta no ponto F


Fonte: Sena (2011)

Avaliando a equação, na caracterização da falta no ponto F, po-


demos ter as condições limites de Rf – resistência de conexão do
ponto de falta F à terra – iguais a zero (curto-circuito sólido sem
impedância de contato), ou temos a corrente I’ = 0 ou, I’ assume
qualquer valor, em que temos:
UNIUBE 59

Figura 34 - Inuência na impedância em função do ponto de falta F


Fonte: Sena (2011)

E em operação normal, ou seja, quando uir a potência nominal de


transporte da linha, na qual a proteção não deve atuar, temos:

• tensão de operação = tensão entre fases

• Potência = de 0 até S nominal máxima

• Fator de potência: variando de indutivo a capacitivo

Figura 35 – Impedância de não operação em função de fun-


cionamento normal da linha de transmissão
Fonte: Sena (2011)
60 UNIUBE

Dessa forma, deve-se informar ao relé a impedância de não opera-ope ra-


ção e em função dos tipos falta comum em SEP – Sistemas Elétrico
de Potência; falta trifásica, bifásicas, bifásicas com contato de terra
e monofásica à terra, avaliando o valor dessas correntes de falta,

normalmente com o uso da teoria de componentes simétricas, ob-


têm-se os valores de impedâncias associadas.

- Faltas Fase à terra: são necessárias parametrização de três uni-


dades de faltas para cada fase para possibilidades de faltas entre
as fases AT, BT e CT.

Figura 36 - Composição dos diagramas sequenciais para


avaliação de corrente de falta fase à terra
Fonte: Sena (2011)
UNIUBE 61

- Faltas Fase a Fase: são necessárias parametrização de três uni-


dades de faltas para cada fase para possibilidade de faltas entre as
fases AB, BC e CA.

Figura 37 - Composição dos diagramas sequenciais para


avaliação de corrente de falta fase a fase
Fonte: Sena (2011)
62 UNIUBE

- Faltas Fase-Fase à terra:

Figura 38 - Composição dos diagramas sequenciais para ava-


liação de corrente de falta fase-fase à terra
Fonte: Sena (2011)

Uma falta dupla fase à terra é vista pela unidade


u nidade de proteção como
uma falta de fase, sendo assim, é de se esperar que as unidades
de falta de terra também enxerguem essa falta. Dessa forma, não
é necessário mais nenhum tipo adicional de unidade de falta para
as faltas do tipo fase-fase-terra.

- Faltas Trifásicas: considerando a independência dos diagramas


sequenciais, nas quais somente temos sequência positiva:

Figura 39 - Composição dos diagramas sequen-


ciais para avaliação de corrente de falta trifásica
Fonte: Sena (2011)
UNIUBE 63

As unidades de proteção fase a fase e de fase à terra enxergam


faltas trifásicas (com ou sem terra). Dessa forma, as seis unidades
antes descritas, três de fase e três de terra, são sucientes para
enxergar todos os onze tipos de faltas possíveis.

4.2 Relés de distância tipo MHO

A representação da característica de atuação desse relé,


re lé, também
em plano R-X, considerando-se admitância e não impedância, é
dada por:

Figura 40 - Visualização de proteção a distância por relé MHO


Fonte: Sena (2011)

A característica é direcional, pois parte do início da linha e, da mes-


ma forma que o relé de impedância, apresenta zonas de atuação:
64 UNIUBE

Figura 41 - Zonas de proteção a distância por relé MHO


Fonte: Sena (2011)

A sensibilidade desses relés é dada pelo ângulo característico,


sendo que se representa sobre essa
es sa linha de máxima sensibilidade
(reta) a impedância da linha avaliada da mesma forma, conforme
processo avaliado em relé por impedância.

4.3 Relés de distância à reatância

Neste relé, a representação da característica de atuação no plano


R-X, é uma reta traçada paralelamente ao eixo de resistência
UNIUBE 65

Figura 42 - Visualização de proteção a distância por relé a reatância


Fonte: Sena (2011)

Assim como o relé de impedância necessita de uma unidade di-


recional a ser habilitada, também apresenta zonas de atuação e
apresenta reta de máxima sensibilidade, sobre as quais deve-se
estudar as impedâncias da linha.

Figura 43 - Sensibilidade de proteção a distância por relé à reatância

Fonte: Sena (2011)


66 UNIUBE

Com o advento dos relés microprocessados, os relés apresentam


composições de atuação, apresentando regiões de operação e não
atuação dada por áreas formadas por losango, retângulo, trapézio etc.

Figura 44 - Regiões de atuação parametrizáveis em relés microprocessados

Fonte: Sena (2011)

Assim, nos relés a distância microprocessados, utilizam-se as com-


posições de direcionalidade impedância, reatância e admitância,
otimizando-se o máximo a parametrização, visando à melhor per-
formance da proteção.
UNIUBE 67

Considerações nais

Pela análise dos assuntos neste capítulo elencados, vericamos o


alto grau de complexidade quando tratamos de assuntos referentes

aos relés
dância de proteção
(OHM), com
reatância as características
e admitância (MHO).de atuação por impe-

O conhecimento de todos os seus princípios de funcionamento,


de critérios de funcionamento de grandezas elétricas, curvas de
atuação e consequentes parametrizações nos remete a prossio-
prossio -
nais extremamente qualicados para o seu dimensionamento, bem
como seu manuseio.

Esses
ragem relés
comosão disponibilizados
dispositivos nas linhas
de segurança.
segurança de transmissão
. Portanto, e inte-
o perfeito conhe-
cimento de seus parâmetros de funcionamento é essencial para
que o sistema elétrico de potência funcione adequadamente,
ad equadamente, tendo
características de segurança e parâmetros de controle ativados e
monitorados por tais relés.
Capítulo
Proteção de geradores,
5 transformadores e
barramentos

Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
Nesta unidade, serão abordados aspectos referentes
referentes à proteção
especíca de equipamentos em instalações, denominados
geradores e transformadores de energia e de barramentos de
sistemas em sistemas elétricos de potência.
O sistema elétrico de potência (SEP) é um sistema extremamente
complexo e, devido a sua diversidade enorme, o conhecimento do
funcionamento de geradores, transformadores e barramentos se
faz extremamente necessário.

Equipamentos tidos como essenciais para o funcionamento do


SEP necessitam de estudos constantes e acompanhamentos
periódicos de suas grandezas elétricas, com o objetivo de

detecção prévia de falhas existentes no sistema elétrico.


O conhecimento e o acompanhamento das grandezas elétricas
envolvidas em tais equipamentos geram grácos, relatórios e
uxogramas que auxiliam muito em manutenções programadas
em tais equipamentos, para que não ocorram interrupções no
sistema de transmissão de energia elétrica.

Mas para que isso tudo funcione, necessitamos de prossionais


altamente qualicados, inseridos no sistema com conhecimentos

prévios para sua aplicação e desenvolvimento de melhorias e


novas tecnologias.
Objetivos
• Vericar as grandezas envolvidas no estudo dos
geradores.
• Vericar as grandezas envolvidas no estudo dos
transformadores.
• Vericar as grandezas envolvidas no estudo dos
barramentos e suas proteções.

Esquema
• Principais grandezas de funcionamento de
equipamentos
• Geradores
• Transformadores
• Barramentos
• Princípios de Proteção Especíca
• Relés a sobrecorrente: de fase, neutro e à terra
• Relés direcionais
• Relés diferenciais
• Relés diversos
• Especicações e Parametrização
UNIUBE 71

5.1 Geradores de energia elétrica

5.1.1 Geradores síncronos de energia em sep

Geradores de energia são peças fundamentais em sistemas elétri-


cos de potência, uma vez que sua retirada de funcionamento pela
ação de proteção por falhas mecânicas, de aquecimentos ou elétri-
ca, em caso de unidades individuais, acarreta total paralisação do
fornecimento de energia às cargas, ou seja, cessam-se a produção
de trabalho útil e a transformação em conforto e, em sistemas de
multigeração, pode apresentar variações consideráveis no funcio-
namento normal das grandezas elétricas, podendo levar instabili-

dade do sistema e até paralisação setorial ou total.


A potência elétrica ativa e reativa são dependentes do uxo de
potência no sistema elétrico alimentado pelo gerador individual
ao qual esse está conectado. Em dado momento, quando se tem
carga compatível com a capacidade de geração, há um equilíbrio
entre o campo girante produzido pelo enrolamento de estator da
máquina e o campo de força contraeletromotriz dado pela corrente
de carga.

Qualquer perturbação dessa condição fará com que esse equilí-


brio seja alterado, com aceleração ou desaceleração da máquina,
que poderá manter a estabilidade junto ao sistema ou acarretar a
sua perda. Essas perturbações são provocadas pela variação da
carga elétrica conectada aos terminais da máquina, que pode ser
resumida como perturbação do ângulo elétrico dado pela corrente
da carga e o ângulo mecânico, dados pelo momento de inércia e
características mecânicas e energia cinética da máquina.

Assim, temos duas condições básicas a serem avaliadas: a


72 UNIUBE

suportabilidade da máquina em condições nominais de funciona-


mento, que traz o limite de potência e da corrente máxima a ser
permitida no estator da máquina e no enrolamento da excitatriz de
formação do campo de formação dos pólos da máquina, e a va-

riação das impedâncias internas da máquina dada pela variação


da velocidade síncrona de geradores síncronos, alterando as con-
dições de funcionamento do gerador, normalmente avaliadas nas
condições de regime, e subsíncrona.

5.1.1.1 Funcionamento em condições normais

No fornecimento de potência à carga em condições normais de


funcionamento, sabemos que a carga apresenta potência ativa em
uxo da máquina para o sistema (o inverso provocaria a motoriza-
motoriza-
ção); porém pode apresentar uxo de potência reativa em ambos
os sentidos, direção dada pelo uxo de potência real no sistema
elétrico ao qual a máquina está conectada, denominada sobre ou
subexcitação, condição dada pelos ajustes da corrente de campo
da excitatriz.

Em funcionamento normal, a máquina pode ser representada pela


armadura ou estator que fornece potência ao sistema, através da
geração ideal Eg, corrente de carga Ia, provocando uma queda de
tensão na impedância interna da máquina Zs = Rs + jXs, resultando
assim uma tensão elétrica Vt nos terminais da máquina. Nessa con-
dição, a corrente Ia apresentará um valor máximo, que dará o limite
em KW que a máquina pode fornecer (eixo vertical ou KW da curva
de capabilidade da máquina).

A formação dos pólos que produzirão a indução da corrente I no


a
estator pela rotação provocada por força mecânica
mecân ica no eixo do rotor
UNIUBE 73

da máquina é dada por fonte de tensão contínua (ou gerador de ex-


citatriz) em corrente contínua If, que sofrerá ajustes constantes para
sobre-excitar ou subexcitar a máquina, fornecendo ou absorvendo
potência reativa do sistema, sendo que apresentará limitações da-

das pelo eixo horizontal da curva de capabilidade, limitações dadas


por limites térmicos do enrolamento de campo limitando a Ifmáx.

Como a máquina real não atende todas as possibilidades físicas e


geométricas, a curva de capabilidade é expressa na região amare-
la e verde da gura de curva de capabildade acima e os limites po-
po-
dem ser resumidamente expressos conforme a gura
 gura a seguir, que
considera ainda as limitações de excitação mínima para funciona-
mento das máquinas e limites de estabilidade da máquina real.

Figura 45 - Curva de capabilidade do gerador


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Em pleno fornecimento
fornecimento de energia, o funcionamento pode ser
dado por:
74 UNIUBE

Figura 46 - Curva de funcionamento de um gera-


dor, com pleno fornecimento de energia elétrica
Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

A máquina síncrona normalmente apresenta, num determinado pa-


tamar de carga, um controle de potência ativa que age sobre a
entrada da força mecânica e ajusta-se para manter os KW neces-
sários, além de um regulador de tensão que mantém valor prede-
terminado pelos estudos de uxo de potência em sistemas elétrielétri--
cos, e o ajuste no da potência reativa é efetivado pelo controle da
corrente de campo da excitariz DC.

Assim, conhecendo-se os limites de capacidade operacional de ar-


madura e campo, estabelece-se proteção para permitir esse pleno
funcionamento e limitar seus valores protegendo a máquina.

5.1.1.2.- Funcionamento em sobrecorrentes de partida de motores

Estando a máquina fornecendo potência ao sistema e limitada às


UNIUBE 75

condições máximas em regime normal, permitindo correntes de


partidas de motores ou sobrecorentes de excitação de equipamen-
equipamen -
tos, transformadores que apresentam transitórios de curta duração
limitados há alguns segundos, torna-se importante avaliar o com-

portamento da máquina e não atuação da proteção por ser também


um funcionamento normal em sistemas elétricos de potência.

A corrente na partida de um motor de indução deve ser limitada a


valores de até 2.5 x Inominal do gerador. Correntes acima desse au-
mentarão a queda de tensão residual interna e, como o tempo de
permanência (limite térmico) é pequeno, como mostrado no gráco
grác o
a seguir, pode ser inferior ao tempo de partida do motor. No caso
especíco de 2.0 x In o tempo de sobrecarga, como pode ser visto

no gráco, é 20-30 seg.

Figura 47 - Curva de sobrecarga momentânea em fun-


ção da corrente (para máquinas, valores orientativos)
Fonte: WEG (s./d., p. 570)
76 UNIUBE

O fator de potência durante a partida de motores trifásicos pode


pod e ser
adotado entre 0,4 até 0,6, dependendo da carga:

• FP = 0,6 para: corrente partida motor / corrente nominal do

gerador ≤ 1,33
• FP = 0,4 para: corrente partida motor / corrente nominal do
gerador ≤ 2,00

Para grupos geradores a diesel, recomenda-se que a corrente de


partida de motores elétricos trifásicos não deverá ser superior a 1,2

vezes a corrente nominal do alternador.

5.1.1.3.- Funcionamento em correntes de


falta nos terminais da máquina

As faltas mais avaliadas são correntes provocadas por curtos-cir-


cuitos que possam ocorrer, onde, em sistemas elétricos, tem-se:

• Faltas Trifásicas (5% de incidência), mais severas, maior cor-


c or-
rente de curto.

• Faltas fase-fase (10 %, ionização do ar entre fases).

• Faltas fase-fase-terra (10% dos casos).

• Faltas fase-terra (75% ), a mais comum.


UNIUBE 77

As faltas podem ser externas ou internas aos geradores, sendo que


faltas externas devem ser protegidas por relés de sobrecorrentes a
tempo inverso ou tempo denido, direcional ou não.

As corre ntes de
correntes
consideração falta externa aos
o comportamento terminais
dinâmico dada máquinaque
máquina, levam em
nessas
condições apresentam variação da impedância interna pela varia-
ção do ângulo mecânico e variação das distâncias que forma as
indutâncias internas, fazendo com que a corrente de falta apresen-
aprese n-
te comportamento variável no tempo após a falta, com períodos
subtransitórios (máxima corrente dinâmica assimétrica), períodos
transitórios e período de regime de falta que, se não interrompi-
do pela proteção, provocará transferência de energia térmica dada

pela integral de joule i² x t (corrente de efeito joule no tempo).


Em cada período, temos impedâncias diferenciadas que dependem
do projeto da máquina (que são ensaiadas
ens aiadas em circuito aberto e em
curto-circuito para obtenção das impedâncias a serem fornecidas
nos dados técnicos da máquina), para modelagem de sistemas elé-
tricos e obtenção dos valores das correntes de falta, temos:

• impedância subtransitória = X”d

• impedância transitória = X’d

• impedância síncrona = Xd (valor da impedância nominal de


eixo direto = Xs)
78 UNIUBE

As perturbações no sistema elétrico são decorrentes da:


• Redução ou retirada súbita de carga.
• Aumentos de cargas (ativa e reativa).

• Perda súbita de geração.


• Curtos-circuitos.
• Sobrecargas.
• Abertura de fase.
• Cargas fortemente desequilibradas.
• Descargas atmosféricas diretas e indiretas.

As correntes de faltas externas, que circulam pelo gerador, normal-


mente avaliadas através da teoria de componentes simétricos, pro-
vocam aquecimento, e devem ser avaliados os limites suportáveis
da máquina, devendo-se avaliar o que denomina Ponto ANSI ou
Curva ANSI de suportabilidade à integral de joule (i² x t).

As recomendações da Norma ANSI C50.13 são apresentadas na


gura a seguir
segu ir..

Figura 48 - Recomendações da norma ANSI C50.13


Fonte: Norma ANSI C50.13
UNIUBE 79

Dessa forma, através de proteção externa ao gerador, podem ser


implantados relés de sobrecorrente funções ANSI 50/51 e 50N/51N,
permitindo circulação de correntes de partidas ou energização de
equipamentos e bloqueando correntes de falta que provoquem a

aproximação do ponto ou da
d a curva ANSI de suportabilidade térmica.
Altas correntes estatóricas provocam aquecimentos excessivo
além de poderem provocar estresse mecânico, agravando defei-
tos já existentes. Sobreaquecimentos devido a essas correntes,
por outro lado, devem ser limitados 50% após 10 seg., e correntes
de falta calculadas com base na impedância X’d da ordem de 3 x
Inomimal por 10 seg.

Figura 49 - Visão de proteção de faltas externas ao ge-


rador, com região de ajuste e bloqueio
Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

5.1.1.4.- Faltas Internas

As faltas internas à máquina por falhas, envelhecimento ou provo-


cadas pela ação de correntes de faltas externas e faltas que envol-

vam retorno
tratadas pela
neste terra ee incorporam
trabalho elementos da máquina serão
de forma resumida:
80 UNIUBE

a. Na armadura

• Falha na isolação entre espiras.

• Falha na isolação entre bobinas e carcaça.


• Movimentação das espiras devido às forças elétricas e
magnéticas.

• Provocadas pelas correntes de curto-circuito.

• Aquecimento nas bobinas e materiais do estator.

• Não equalização de campos elétricos e magnéticos no mate-


rial do núcleo magnético da armadura.

• Abertura de espiras.

b. No rotor

• Falha na isolação entre espiras.

• Falha na isolação entre as bobinas e a carcaça.

• Movimentação das espiras, devido às forças elétricas e mag-


néticas provocadas pelas correntes dos curtos-circuitos.

• Movimentação das espiras, devido à força centrífuga por


sobrevelocidade.

• Aquecimento nas bobinas e material do rotor.


UNIUBE 81

• Não equalização de campos elétricos e magnéticos no mate-


rial do núcleo do rotor.

• Abertura de espiras

• Perdas de campo (excitação).

• Problemas mecânicos e de aquecimento


aquec imento dos maçais do rotor.

• Problemas na escova.

5.2. Transformadores
Transformadores de energia elétrica

Transformadores de energia elétrica são essencialmente máquinas


de transporte de energia (potência elétrica) através do próprio
própr io equi-
pamento, através de circuitos elétricos primários e secundários
secund ários que
apresentam tensões elétricas em níveis diferentes em enrolamen-
tos independentes usando um único circuito magnético.

Dessa forma, através da formação de uxo magnético criado pela


corrente elétrica, dada pela relação de potência elétrica com ten-
são elétrica aplicada em enrolamentos primários, com uma quanti-
dade de espiras alimentadas em uma determinada tensão elétrica,
esse uxo magnético, através de um núcleo magnético, fecha um
circuito magnético, concatenando com o enrolamento secundário,
que apresenta quantidade de espiras diferente do enrolamento pri-
mário, induzindo dessa forma uma tensão diferente da primeira, e
apresentará também corrente diferente da corrente primária, porém
dada pela mesma potência que atravessa o transformador com re-
lação a essa nova tensão induzida no enrolamento secundário.
82 UNIUBE

A relação entre o número de espiras do enrolamento primário N1


e o número de espiras do enrolamento secundário N2 é denida
como a relação de transformação e dada por N1/N2, e é essa rela-
ção que fornece a relação entre as tensões primária e secundária

V1/V2, podendo o transformador ser elevador ou abaixador de ten-


são, mas essencialmente é uma máquina que permite
p ermite a passagem
de potência.

De uma forma geral, um transformador pode ser modelado con-


forme a gura a seguir, onde R1 +jX1 representa impedância do
enrolamento primário no qual temos a circulação da corrente I1 pela
aplicação da tensão V1; R 2 +jX 2 representando impedância do en-
rolamento secundário que apresentará a circulação da corrente I2

pela indução da tensão V2; e teremos ainda a corrente Iφ, que é


a corrente necessária para a magnetização do núcleo através da
indutância mútua formada entre os enrolamentos primário e secun-
dário através do circuito magnético de acoplamento, formando a
impedância Xm que apresenta as parcelas de perdas internas ao
transformador dadas pela representação da resistência R c.

Projetos de transformadores devem minimizar a queda de tensão


provocada pelas impedâncias em série ao uxo de potência, im-
im-

pedância dada pelo enrolamento primário e secundário, e devem


minimizar as perdas internas otimizando o acoplamento entre os
enrolamentos primários e secundários, visando à eciência da má-
má-
quina elétrica.

Ensaios de transformadores após sua fabricação devem ser efetiva-


dos para se obterem os valores reais dessa modelagem e para apre-
sentação em relatório de acompanhamento dos transformadores.

O valor da queda de tensão medido entre os enrolamentos primá-


rios e secundários, calculando-se o valor da impedância total em
UNIUBE 83

uma condição de circulação de corrente nominal (ensaio de curto-


circuito com aplicação de valor de tensão que provoque a circula-
ção de corrente nominal da potência nominal do transformador),
permitirá calcular o valor da impedância em Ohms que, avaliado

em relação à impedância de base do transformador (impedância


calculada considerando potência nominal e tensão nominal do
transformador), dará um valor de impedância percentual (z%) ca-
racterístico da máquina.

Ainda através do ensaio de curto-circuito pela circulação de cor-


rente de valor da corrente nominal relativo à potência nominal do
transformador, podemos medir as perdas em Watts, podendo-se
assim obter o valor da resistência da impedância série, que con-

siderando 50% para cada enrolamento e proporcionalizando em


relação às tensões primárias e secundária, podem-se obter as im-
pedâncias R1 +jX1 e R1 +jX1.

Com o transformador aberto em um dos enrolamentos e aplican-


do a tensão no outro, teremos a circulação apenas de corrente de
magnetização Iφ que, associada às perdas em Watts do ensaio em
aberto (com obtenção do valor de Rc), pode-se assim extrair o valor
da impedância Xm.

Com essa modelagem, pode-se simular o funcionamento da má-


quina em duas condições básicas e de interesse em nosso tra-
balho: condição de plena carga com transporte de potência até a
condição nominal da máquina e alguma sobrecarga e condição de
energização do transformador a vazio e com carga, para avaliar o
transitório de energização da máquina que nos dará a corrente de
magnetização (corrente Irush).

A corrente de magnetização é de difícil modelagem, pois envol-


ve transitório complexo envolvendo circuito elétrico e circuito
84 UNIUBE

magnético e dependerá de magnetização residual no núcleo mag-


nético, momento de ligação e de passagem de corrente a zero e
da defasagem da tensão e ainda da existência de harmônicas e do
perl da carga conectada ao transformador.

Figura 50 - Visão de circuito magnético de comportamento de histerese


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Levando-se em conta a diculdade de cálculo


c álculo e a aleatoriedade de
valor da corrente de “Irush” (ela depende do exato instante da ener-
gização do transformador e do valor da densidade de uxo residual
em cada transformador), foram desenvolvidos meios práticos para
o cálculo da corrente de “Irush“ provável, em que, para estudo de
funcionamento e de proteção, pode-se adotar fator de multiplicação
à corrente nominal do transformador em condição de regime para
obtenção do valor ecaz da corrente de energização
UNIUBE 85

Figura 51 - Fator de multiplicação, em relação à corrente nominal do transformador


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Além do valor ecaz, a avaliação do formato da onda que não apre


apre--
senta função senoidal pode ser decomposta em diversas ondas
senoidais de amplitudes e frequências diferentes (correntes harmô-
nicas em série de Fourier), sendo que esse perl tem-se demons-
demons-
trado fortemente inuenciado pela composição de 2ª harmônica,
que é dada por duas vezes a frequência de 60 HZ. Podem normal-
mente ultrapassar 16% da corrente fundamental de 60 Hz, poden-
do atingir até 70% e devem ser avaliadas como condição normal de
funcionamento não se apresentando como condição de falta.

Figura 52 - Conteúdo harmônico das correntes de energização


Fonte: INEPAR (PIOVESAN, 1997)
86 UNIUBE

Considerando que todo equipamento apresenta limitações térmi-


cas de funcionamento, o transformador por ser equipamento com
perdas internas, seja a óleo, seja a seco, deverá ser avaliado com
limites de pleno funcionamento.

A NBR 5416 de aplicação de carga em


e m transformadores de potên-
cia estabelece necessidade se avaliar pontos quentes do óleo ou
meio refrigerante e ponto mais quente observado em enrolamen-
tos, estabelece classe de aquecimentos e condições de refrigera-
ção normal ou forçada (exemplo ONAN e ONAF as mais comuns).

Essas limitações se devem à existência de um ponto limite ou de


uma curva limite de suportabilidade térmica do equipamento, aci-

ma da qual teremos perda de vida útil do equipamento ou poder


ter faltas por comprometimento da isolação interna. Em estudos
de proteção, essas condições são avaliadas em função de normas
vigentes, e a teoria atual considera esses pontos limites ou curvas
limites como sendo “Ponto ou Curva ANSI”.

Norma ANSI C57.12.00-2000, Norma IEEE Std C57.109-1993 e


norma ANSI C37.91-2000 denem categorias para avaliação da
curva/ponto ANSI em função da potência nominal dos transforma-

dores, sendo:
• Transformadores categoria I
- transformadores trifásicos de 15 kVA a 500 kV
kVA;
A;
- ou de 5 kVA a 500 kVA monofásicos.

• Transformadores categoria II
- transformadores trifásicos de 501 kVA a 5000 kV
kVA;
A;
- ou de 501 kVA a 1667 kVA monofásicos.
UNIUBE 87

• Transformadores categoria III


- transformadores trifásicos de 5001 kVA a 30000 kV
kVA;
A;
- ou de 1668 kVA a 10000 kVA monofásicos.

• Transformadores categoria IV
- transformadores trifásicos > 30000 kVA
- ou > 10000 kVA
kVA monofásicos.

Essas capacidades térmicas dos transformadores podem ser ava-


liadas conforme as guras a seguir, cabendo aos fabricantes res- res-
peitar esses limites e fornecer dados reais
rea is projetados e obtidos em
industrialização.

Figura 53 - Curva de suportabilidade térmica – categoria I


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)
88 UNIUBE

Figura 54 - Curva de suportabilidade térmica – categoria II


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Figura 55 - Curva de suportabilidade térmica – categoria III e IV


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)
UNIUBE 89

Assim, se conhecendo o princípio de funcionamento


funcionamento de transforma-
dores, em condição nominal, e a necessidade de permitir corrente
de magnetização e limitação térmica, estudos de proteção de so-
brecorrente devem apresentar:

1. Permitir a corrente de magnetização por 0,10 segundos.

2. Limitar o ponto ANSI ou a curva ANSI em termos dados por


2,0 seg.:

Figura 56 - Limite do ponto ANSI para transformadores imersos em óleo


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Figura 57 - Limite do ponto ANSI para transformadores a seco

Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)


90 UNIUBE

5.2.1 Proteção em função de condições


normais de funcionamento

A região de parametrização para curvas 50/51 de ação tempori-


zada a tempo inverso e a de ação instantânea de relés de sobre-
corrente devem avaliar as regiões de ajuste e de bloqueio com a
seguinte visão:

Figura 58: Regiões de ajuste e bloqueio dos transformadores


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

5.2.2 Proteção em função de faltas externas

Na ocorrência de faltas externas aos transformadores,


transfor madores, o comporta-
mento do transformador dependerá não só de suas características
de pleno funcionamento, dependendo ainda da forma de ligações
do enrolamento primário e secundário, forma de ligação à terra dos
enrolamentos e do tipo de ocorrência de falta externa: trifásica,
fase a fase, fase a fase com contato à terra e falta à terra.
UNIUBE 91

Na determinação da corrente de falta com base na teoria de com-


ponentes simétricas, é possível, através da criação de diagramas
de sequência positiva, sequência negativa e sequência zero, que
por meio de diagramas mnemônicos se determine o valor das

correntes de faltas em regime de curto-circuito para avaliação da


energia joule que circulará no transformador e permitirá avaliar o
limite térmico do mesmo em função do tempo,
tempo, determinando-se a
máxima corrente assimétrica para avaliação dos efeitos dinâmicos
internos ao transformador e em equipamentos auxiliares.

A determinação das correntes de faltas externas deve levar em


consideração as impedâncias do sistema do transformador e do
circuito elétrico até o ponto de falta a ser considerado, avaliando

as composições mnemônicas conforme diagramas a seguir, e apli-


cação de fórmulas para cada falta a ser analisadas, onde Zf repre-
senta a impedância entre o ponto de falta e a terra, normalmente
considera 40 Ohms, a ser convertida em pu nas bases de potência
e tensão em estudo

Para determinar assimetria máxima em corrente de falta, aplica-se


fator de assimetria FA dado pela relação a seguir, que depende dos
valores R e X da impedância equivalente, de modo a se dimensio-

nar TCs para não saturar em até 20


2 0 x Iassimétrica e avaliar solicitações
dinâmicas
92 UNIUBE

• Faltas trifásicas

• Faltas fase a fase

• Falta Fase-fase e à terra


UNIUBE 93

• Falta fase à terra

Para a determinação das impedâncias de cada sequência, utiliza-


se para a sequência positiva e sequência negativa a impedância
fornecida pelo fabricante z% e, para neutro na confecção das liga-
ções, devem-se considerar as ligações à terra dos enrolamentos
do transformador:

Exemplo de impedância e ligação de sequência zero pra algumas


ligações de enrolamentos:
94 UNIUBE
UNIUBE 95

Determinadas as correntes de falta possíveis: trifásicas, fase-fase,

fase-fase-terra e fase-terra,
e mínimos em função considerando
de considerar ou nãoesses valores
impedân cia Zfmáximos
impedância , visando
96 UNIUBE

avaliar sensibilidade mínima do relé, procura-se parametrizar fun-


ção 50/51 para as fases A, B e C, e função 50N/51N para neutro,
escolhendo-se tipo de curva inversa, muito inversa ou extrema-
mente inversa, de uma família de curvas possíveis em relés tipo

IEC ou tipo ANSI.


Na determinação da corrente “I” (ou “M”) para atuação do relé em
um determinado tempo “t”, deve-se levar em consideração a RTC
(relação de transformação dos TCs), que dá a relação entre a cor-
rente primária e secundária do TC:

I = M , que é a corrente de atuação, que é dada pela relação com


a Ipick-up e é dada por:

Em que TAP
TAP refere-se ao valor da corrente de pick-up
pick- up (corrente de
início de temporização) adotada em critérios de coordenação.

Como proteção de transformadores está inserida em um sistema


proteção maior, deve-se avaliar coordenação e seletividade com
outros equipamentos de proteção, que deve respeitar critérios de
proteção, ou seja, considerar curvas de atuação tempo x corrente
desse equipamento, avaliar tempos entre atuação dos equipamen-
tos de proteção e avaliar parametrização que permita pleno funcio-
namento em condições normais e de energização de equipamento
e que limite as condições térmicas e avalie proteções primárias e
de retaguarda.
UNIUBE 97

• AJUSTE DAS FASES


FASES

• Função ANSI 51 – temporizada: deve-se ajustar corrente pi-


ck-up para início da temporização de uma curva de família

de curvasdeescolhidas,
corrente que não
carga com algum devem
fator atuarusar
(podendo com
usa a máxima
r 1,2), porém
não deve ser superior à corrente de fase-fase determinada
divindindo pelo fator adotado.

Copel adota:

• A curva escolhida deve proporcionar um tempo máximo de


0,3s para o maior valor da Icc3o simétrico na baixa tensão.

• 1,3 x Icmax sobre potência nominal de transformador maior que


1000 KVA em 13,8 KV e 2500 KVA em 34,5 KV, e I cmax para
transformadores menores.

• No caso de um único transformador, adota-se a menor curva,


desde que que liberado o Iinrush.

- Função ANSI 50 – instantânea, deve ser ajustada em função de


faltas fase-fase e faltas trifásicas, devendo ser menor que as cor-
rentes dessas faltas.

Copel adota:

• I ajuste inst. fase > Iinrush total.

• I ajuste inst. fase > Maior Icc3o simétrico na BT.


BT.
98 UNIUBE

• AJUSTE DO NEUTRO

- Função ANSI 51N – temporizada: dever-se ajustar a corrente


de pick-up para início da temporização de uma curva de família de

curvas escolhidas,
ga máxima de 10% a 20%
em funcionamento DA MÁXIMA
normal e menorCORRENTE
que 50% da de car-
menor
corrente de falta à terra (considerando o valor de Zf para que se
tenha sensibilidade do relé às menores correntes de falta possível).

Copel adota:

• Recomendamos adotar 20% do ajuste da unidade tempori-


zada de fase, desde que esteja abaixo do valor de ajuste de
neutro do religador.

• Preferencialmente não efetuar ajuste inferior a 10% da cor-


rente nominal do TC, garantindo a precisão do TC.

• Adotar a menor curva disponível no relé, pois não há necessi-


dade de coordenar com outra proteção no secundário.

- Função ANSI 50N – instantânea, deve ser ajustada em função


de faltas fase-fase e faltas trifásicas, evitando os mesmos.
UNIUBE 99

Copel adota:

• Preferencialmente adotar 20% do ajuste da unidade instantâ-


nea de fase, sendo I ajuste inst. < Icc1o mínima simétrica no

primário.
Além de ajustes de pick-up de fase e neutro, das curvas temporiza-
das função ANSI 51, e ação instantânea função ANSI 50, para que
se tenha coordenação e seletividade entre outros equipamentos de
proteção, recomenda-se:

• Seletividade entre Fusível – Fusível: quando o tempo de


atuação do elo fusível não exceder a 75% do elo fusível

protegido.

• Seletividade entre Relé – Fusível: quando o tempo máximo


de atuação do elo fusível a 0,2 seg. do ponto mais crítico de
atuação do relé, ou quando as curvas de tempo dos relés de
fase e neutro estiverem no ponto mais crítico, no mínimo
0,2s, acima da curva de tempo total de interrupção do elo,
para as correntes de curtos-circuitos de fase e terra.

• Seletividade entre Relé – Relé: as curvas de tempo dos re-


lés principais (fase e neutro) deverão estar acima das cur-
vas dos relés de retaguarda (fase e neutro), respectivamen-
te, no mínimo 0,4 s, no ponto mais crítico, em todo o trecho
100 UNIUBE

protegido pelos relés principais, para as correntes de curtos-


circuitos de fase e terra.

• Seletividade entre Religador – Fusível do Ramal: como reli-


gadores são equipamentos como disjuntores de média tensão,
com controlador eletrônico acoplado com a nalidade de reli-
reli -
gar de forma temporizada lenta e rápida por até normalmente
03 vezes, em estudos de proteção de transformadores de dis-
tribuição, estes estão conectados em alimentadores urbanos,
torna-se possível avaliar a coordenação entre religadores e
fusível do ramal de entrada de instalações industriais, sendo
que normalmente se permitem dois religamentos rápidos para
evitar queima de fusíveis para permitir que faltas à terra que
não sejam permanentes e que se extinguindo o sistema volte
a operar, e na terceira operação normalmente é em curva lenta
para permitir que o elo fusível queime e isole o defeito local e o
religador volte a religar parte do alimentador sem defeito.

d.1) Curva rápida: nas primeiras atuações, como o religador deve


atuar antes que o fusível, o tempo mínimo de fusão do relé deve
ser maior que a curva rápida do religado, sendo que se adota um
fator de 1,5 vezes o valor da curva rápida, tanto para
par a faltas mínimas
como para máximas
UNIUBE 101

d.2) Curva lenta: na terceira atuação do religador,


religador, o que deve atuar
é o elo fusível, assim, a curva do relé de máximo tempo de fusão
deve ser inferior à curva de atuação lenta do religador.

5.2.3 Proteção em função de faltas internas ao transformador

Além das faltas externas a transformadores, podem ocorrer fal-


tas internas provocadas pelos efeitos térmicos de sobrecargas e
das faltas internas, envelhecimento de isolação e outras causas,
que, dependendo do valor monetário do equipamento, a perda do
mesmo ou o tempo de reposição pode tornar inviável o tempo de
restabelecimento da energia e os prejuízos de enormes valores
nanceiros.

Esse é o caso de grandes transformadores de força e de transfor-


madores de subestações de distribuição de energia elétrica, que
podem causar faltas e danos a uma cidade ou região inteira.

Os relés de proteção diferencial visam atuar para controle de fal-


tas internas de equipamentos, barramentos ou parte de sistemas
elétricos que se quer proteger, dentro de uma área delimitada por
transformadores de correntes.
102 UNIUBE

5.3 Barramentos elétricos

Por serem ponto de convergência de circuitos ou de conexões de


equipamentos elétricos tais como geradores, transformadores, li-

nhas de transmissão, motores etc., tornam-se um elemento crítico


em sistemas elétricos de potência.

Figura 59 - Barras e zonas de proteção em sistemas elétricos de potência


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Falhas em barramentos não ultrapassam 10% das faltas em sis-


temas elétricos de potência, onde se têm observado os seguintes
defeitos:

• Rompimento da isolação devido a danos elétricos.

• Cabos de aterramento após serviço de manutenção.


UNIUBE 103

• Objetos estranhos na SE e ferramentas sobre as barras.

• Corrosão por maresia, poeira atmosférica, resíduos indus-


triais etc.

• Falha ou inexistência de SPDA – Sistema de Proteção contra


Descargas Atmosféricas.

• Presença de animais no barramento.

Todos os equipamentos de um sistema elétrico devem estar den-


tro de pelo uma zona de proteção e, como existe possibilidade de
falhas em equipamentos de proteção, avalia-se instalação de equi-

pamentos de proteção de retaguarda além da proteção principal.


A losoa adotada em proteção de sistemas elétricos é a de que
equipamentos de proteção devem estar inclusos em pelo menos
duas zonas de proteção, ou seja, devem ser protegidos por dois
sistemas de proteção visando garantir conabilidade e que nenhum
equipamento que desprotegido.

Por ser um ponto de conexão, barramentos devem impactar em


pouca monta e suas proteções devem ser especícas, seletivas e
evitar disparos desnecessários e que retirem outros equipamentos
de funcionamento.

O sistema de proteção deve abrir zona especíca para eliminar faltas,


avaliar e isolar o mínimo do sistema possível, isolando trechos defeituo-
sos e avaliando a necessidade de seccionar
seccionar ou não todo o barramento.

Defeito em barramento não é comum em sistemas elétricos de po-


tência e, dada a gravidade de seu seccionamento,
secc ionamento, deve apresentar
manutenção preventiva periódica.
104 UNIUBE

Com essa visão de proteção, os relés para proteção de barramento


devem apresentar curto tempo de atuação, devem operar isolando
apenas defeitos nos barramentos, com operação apenas de zona
especíca que avalie apenas a zona afetada, e devem ser éis e

seguros.
Por serem nós dos sistemas elétricos de potência, sua avaliação
deve ser em conformidade com as Leis de Kirchhoff, quanto aos
balanços de corrente que entram e saem do barramento,
barra mento, indicando
assim defeito no próprio barramento.

1.1- Corrente Nominal


Barramento tem por nalidade alimentar demanda de cargas a se-se-
rem atendidas, com ou sem opção de manobras com mais de uma
fonte e, na existência de mais de um barramento pela composição
de chaveamento/proteção, pode permitir recursos de manobras e
transferência visando à otimização operacional e ao aumentado
a umentado da
conabilidade do sistema.

No dimensionamento
térmica, com avaliaçãodedabarramento,
corrente dadeve-se
integral avaliar a condição
de joule i² x t, de
modo a se obter a limitação térmica do barramento através de cur-
va a ser plotada no coordenograma de proteção, para
par a avaliação de
proteções de sobrecorrente que deverão permitir o funcionamento
normal com sobrecargas permissíveis e correntes de magnetiza-
ção, porém deverão apresentar bloqueios ao se aproximarem da
curva de limite térmico, recomendando-se coordenação com tem-
pos de 300 a 600 mseg entre essa curva limite e a curva de atua-

ção da proteção, na condição de falta.


UNIUBE 105

O barramento pode ser protegido por relés a distância, de proteção


de linhas que alimentam a subestação, porém nessas proteções
normalmente é utilizada a 4ª zona de proteção do relé a distância
(as três primeiras são normalmente aplicadas para linhas de trans-
missão), sendo que se deve considerar que, nessa condição,
con dição, apre-
sentará temporização e apresentará proteção lenta, dependendo
assim de outras proteções.

Relés de sobrecorrente de tempo inverso normalmente visam pro-


teger faltas externas aos barramentos e aplicada como proteção
de retaguarda de proteção principal de equipamento a montante
do barramento, que enxergam falta nos barramentos após estes
(a jusante), com ou sem direcionalidade e podem apresentar pro-
teção pela associação de vários relés de sobrecorrente associados
associado s
e coordenados.

O uso de relés diferenciais em barramentos apresenta grau de di-


culdade maior, em que se devem considerar as correntes de falta
pelas fontes de tensão maiores, com possibilidade de saturação
dos TCs de proteção diferencial por estarem em fontes diferen-
tes, sendo esta a maior causa de falhas de proteção diferencial de
barramento.
106 UNIUBE

Considerações
Considerações nais

Os geradores de energia elétrica, transformadores de energia elé-


trica e a proteção aplicada nos barramentos elétricos constituem-

se em fatores
elétrico essenciais para o perfeito funcionamento do sistema
de potência.

O pré-requisito para o seu perfeito


per feito funcionamento e adoção de me-
didas de manutenções que se zerem necessárias é a utilização
de prossionais altamente qualicados, inseridos no sistema com
capacitação plena e suciente para a adoção de medidas.

Por serem os geradores e os transformadores peças fundamentais

na
demtransmissão de energia
car parados, elétrica
sendo que e posterior
a intervenção distribuição,
para a solução não po-
de uma
anomalia deve ser extremamente rápida para que os consumidores
de energia elétrica não sejam prejudicados.

Todos esses equipamentos


e quipamentos trabalham em conjunto
con junto com relés para-
metrizáveis, aos quais devem se adaptar às características especí-
cas das condições de implantação do local do equipamento.
Capítulo
Proteção digital
6

Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
Nesta unidade, serão abordados aspectos referentes à
tecnologia digital de equipamentos de proteção e protocolos
de comunicação atualmente utilizados em proteções de
sistemas elétricos de potência.
Prossionais qualicados em proteções de sistemas elétricos
vêm sendo bastante requisitados no mercado de energia
elétrica, e o domínio do assunto se dá de forma setorial
dada a abrangência em sistemas elétricos desde simples
instalações residenciais a sistemas industriais complexos,
bem como sistemas de distribuição, transmissão e geração
de energia elétrica.

Para a efetivação da proteção especíca, conhecendo-se as


grandezas elétricas de funcionamento e a serem protegidas,
além da parametrização de relés de proteção para não
atuação ou atuação condicional de ação direta, direcional ou
diferencial, passa a ser de extrema importância
importânc ia criar uma rede
de comunicação entre os equipamentos, criando uma lógica
de proteção e permitindo acompanhamento e operação do
sistema online.

Utilizamos equipamentos normalizados que devem apresentar


funcionamento dentro de padrões estabelecidos em normas
brasileiras ABNT - Associação Brasileira ded e Normas Técnicas
- nas suas últimas revisões, que se
s e referenciam às normas IEC
- International Eletrotechical Comission - e ANSI – American
National Standards Institute.

Os relés devem apresentar uma gama de parametrização


possível e devem se adaptar às características especícas
das condições de implantação local do equipamento.

Essa gama de variações e avaliação especíca com


necessidade de eciência e ecácia de atuação de
equipamentos de proteção é que carece de prossionais
qualicados e capazes de propor soluções adequadas e que
atendam a demanda do mercado de energia elétrica.

Objetivos
• Apresentar as principais características de sistemas
digitais de proteção.
• Avaliar as principais grandezas elétricas envolvidas.
• Demonstrar a visão das parametrizações de
funcionamento de redes digitais de proteção.
• Avaliar eciência e ecácia da proposição de
parametrização.
• Modular apresentação de estudos de proteção.

Esquema
• Principais Funções de Proteção Digital
• Princípios de Redes de Proteção
• IEDs – Intelligent Eletronic Devices
• Nós Lógicos
• Conguração de redes de proteção

• Protocolos de Proteção
• Especicações e Parametrização
UNIUBE 109

6.1 Proteção de sistemas elétricos

A condição de pleno funcionamento de sistemas elétricos em con-


dições nominais de atendimento a cargas elétricas, permitindo
per mitindo par-
tida de motores, correntes de energização de equipamentos sem
atuação da proteção e, em casos de anormalidades, de sobrecar-
gas ou de falhas dos equipamentos de proteção, deve ser para-
metrizada visando evitar falhas, como o reconhecimento indevido
dessas anormalidades, que, caso sejam conrmadas, as proteções
devem atuar de forma ecaz.

Essa avaliação de grandezas com multiplicidade de variantes visa


reconhecer o que realmente é falta. Emitir “trip” adequado, sinali-
sinali -
zar, manter histórico de atuações, vericar possíveis falhas para
atuação de equipamentos de proteção de retaguarda, permitir visu-
alização online, reduzir área isolada do sistema elétrico e permitir
redução do tempo de restabelecimento são desaos de sistema
de proteção, sendo que, com a tecnologia de sistemas digitais,
está sendo possível tecnologias que cada vez mais atendem essas
necessidades.
110 UNIUBE

Figura 60 - Barras e Zonas de proteção em sistemas elétricos de potência


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Os sistemas de proteção devem ter como foco:

Sensibilidade: denida como a capacidade da proteção em res-


res -
ponder às anormalidades em relação às condições nominais de
funcionamento, nas quais não devem entrar em operação, desli-
gando apenas partes do sistema que se encontram sob falta, dei-
xando o resto do sistema operando normalmente.

Seletividade: denida como a capacidade do sistema de prote-


prote-
ção isolar completamente o elemento defeituoso, porém mantendo
em pleno funcionamento o máximo possível do sistema, operando
adequadamente equipamentos de proteção.

Velocidade de atuação: considerando os efeitos dos danos das


faltas, principalmente correntes térmicas e dinâmicas, os tempos
UNIUBE 111

de abertura real do circuito que alimentam as faltas devem ser


minimizados.

Conabilidade: está relacionada com a probabilidade de um com-

ponente, um equipamento
a função prevista, ou umem
mantendo-se sistema atuarem de acordo
pleno funcionamento com
sob con-
dições normais e fazendo a função de proteção adequadamente.

Figura 61 - Zonas de Proteção

Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Todos os equipamentos de um sistema elétrico devem estar dentro


de pelo menos uma zona de proteção e, como existe a possibili-
dade de falhas em equipamentos de proteção, avalia-se a instala-
ção de equipamentos de proteção de retaguarda além de proteção
principal.
112 UNIUBE

Figura 62 - Circuito primário duplicado, proteção local e proteção de retaguarda


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Sistemas elétricos modernos necessitam de proteção adequada


com controles e acompanhamento online, com a associação de
um grande número de subsistemas, com características especí-
especí -
cas que, associadas, devem garantir a função de proteção de todo
o sistema.

O grande número de equipamentos e funções de proteção com as


novas tecnologias de fabricação de equipamentos com tecnologia
digital parametrizável em portas lógicas de blocos de funções e de
rede de comunicação com protocolos que permitem comunicação
UNIUBE 113

entre IEDs – Intelligent Eletronic Devices – e sistemas de progra-


mação e acompanhamentos com sistemas Scada, permite novas
funções de proteção e melhoria global do sistema de proteção.

Figura 63 - Equipamentos de proteção como IED de rede de proteção


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

A seguir, temos a visualização da tela de interface do operador


(SCADA) com a arquitetura de uma Subestação, construída pelo
Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia (SAGE).
114 UNIUBE

Figura 64 - T
Tela
ela de conguração SAGE da subestação de SCHARLAU
Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

6.1.1 Relés Digitais

Com o advento da tecnologia digital, a partir da década de 70, e


também com o avanço na área computacional, tivemos um aumen-
to da velocidade de processamento, o que permitiu a implantação
de relés digitais na proteção de sistemas de potência.

Os relés digitais são gerenciados por microprocessador e apresen-


tam software de controle e acompanhamento, utilizam de cabea-
mento de rede para comunicação entre equipamento e envio de
mensagem para atuadores através de protocolos e sistema de co-
municação em sinais digitais.

O sistema digital mantém convivência entre sinais digitais, com alto


processamento de funções e velocidade de comunicação com sis-
temas analógicos necessários para coleta de grandezas elétricas
junto ao sistema de potência através de TCs, TPs, sensores de
UNIUBE 115

temperatura, pressão, vazão etc. que necessitam de avaliação e


mensuração para serem processados, a partir da conversão em
transdutores desses sinais analógicos em sinais digitas em alta
performance, pela associação de parametrização de portas lógicas
lógica s

em equipamentos de características digitais programáveis.

Figura 65 - Relés digitais


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

6.1.2 Arquitetura dos relés digitais

Os relés digitais apresentam subsistemas com funções distintas e


bem denidas:

• Sinais analógicos de grandezas elétricas de TCs e TPs são


transformados em entradas (módulo de interface), com saí-
das de sinais a níveis adequados de tensão (±10V), com a
isolação galvânica.

• Ruídos são ltrados em ltros analógicos passivos passa bai-


bai-

xa no processamento digital dos sinais, que disponibilizam os


sinais ao multiplexador, permitindo várias entradas analógicas.
116 UNIUBE

• Módulos de entradas digitais informam ao processador (CPU)


o estado atual do sistema, tanto estado de atuação de cha-
ves, disjuntores, etc., quanto de grandezas elétricas a serem
avaliadas.

• A CPU processa, com base na parametrização efetivada e


nos sinais de entrada, lógica e cálculos em software na me-
mória ROM, com armazenamento de operações intermediá-
rias em memória RAM, e com base nos ajustes armazenados
no E2PROM que possui memória de leitura programável, en-
viam sinais às saídas digitais ou analógicas para tratamento e
atuação de disjuntores, alarmes, etc.

• Os sinais de saída da CPU são enviados a módulos de saída


e informados em display.

Figura 66 - Arquitetura de relé digital


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)
UNIUBE 117

6.1.3 Relés com mídia de comunicação

Relés digitais atuais usados em proteções apresentam sistema de


teleproteção, enviando comunicação entre relés (por exemplo, re-

lés a distância
através localizadospor
de comunicação nosodois lados
p iloto,
piloto, de portadora
onda linhas de transmissão)
trans missão)
(Carrier), mi-
mi-
cro-ondas e bras óticas, com aumento de conabilidade e veloci- veloci-
dade da proteção.

Figura 67 - Canal de comunicação o-piloto

Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)


118 UNIUBE

Figura 68 - Canal de comunicação Carrier


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Figura 69 - Canal de comunicação Fibra Óptica


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)
UNIUBE 119

Figura 70 - Canal de comunicação Cabo OPGW


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Figura 71 - Canal de comunicação Cabo Metálico (LPCD)


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)
120 UNIUBE

Figura 72: Canal de comunicação Cabo Micro-ondas


Micro- ondas
Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Figura 73 - Interface Digital - Sinalizações


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)
UNIUBE 121

6.1.4 Comunicação dentro da subestação

Dentro das subestações ou em instalações locais, a comunicação


de proteção local é realizada através de redes locais, utilizando

switchs
dição e interligando
de controle,e podendo-se
chaveando dispositivos de proteção,conven-
substituir cabeamento de me-
cional por cabos de comunicação de cabos trançados, coaxiais,
especiais de redes de comunicação ou óticos, ou ainda por comu-
nicação sem o (wireless).

Figura 74 - Arquitetura de comunicação dentro de uma subestação


Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

6.1.5 Comunicação entre subestação e rede externa

A interligação da rede local autônoma é capaz de realizar funções


de proteção das subestações que envolvam zonas de proteção
especícas, com comunicação com equipamentos localizados em
zonas de proteção externas, além de envio de dados a sistema
122 UNIUBE

de georreferenciamento e acompanhamento, tais como centros de


operação e de controle, podendo apresentar links
link s de 1 a 5 km atra-
vés de LANs (Local
(Local Área Network) com controladores, roteadores e
switchs e uma faixa de IP restrita a ela, com uma máscara de rede

comum ou se comunicarem em redes públicas através de WANs


(Wide Área Network). Normalmente, referem-se à internet ou à ex-
tranet em geral, apesar desta ser uma designação genérica. As
redes WAN se tornaram necessárias, pois grandes empresas com
milhares de computadores precisavam trafegar grande quantidade
de informações entre liais em diferentes localidades geográcas.
Essa nova demanda não podia ser satisfeita dentro das capacida-
des de uma rede LAN, e novos protocolos para atender as exigên-
cias de velocidade e qualidade das redes WAN foram criados.

Redes intranet e extranet são sistemas de rede que apresentam


conguração física de comunicação no modelo da internet, usando
os mesmos recursos
recurs os como Protocolos TCP/IP,
TCP/IP, para fazer a conexão
entre os computadores, HTTP, para mostrar conteúdos e serviços
de rede, SMTP, para serviços de e-mail, e FTP, para transferência
de arquivos. O que diferencia essas redes é a forma de acesso.

6.1.5.1 Redes Intranet

LANs são denidas como redes locais, em que se conectam dois


ou mais computadores ou equipamentos para formar uma rede.

Dene-se intranet como rede interna, fechada e exclusiva, com


acesso limitado e controlado, normalmente liberado somente para
os funcionários de empresas detentoras da rede e normalmente
para uso corporativo com uso de senhas de acesso. Podem apre-
sentar interligação via internet e permitir acesso remoto quando
UNIUBE 123

construída sobre a internet, permitindo comunicação entre funcio-


nários e equipamentos em diversas localizações físicas (internas e
externas às LANs locais).

Permitem acesso
tado grande e comunicação
versatilidade com usoonline e empúblicas.
de redes tempo real, apresen-

Embora se utilizem de rede pública, geralmente são redes privadas


que utilizam os padrões da internet.

Em contrapartida à versatilidade, apresentam problemas de cona-


cona -
bilidade e segurança, além da exposição ao tráfego de dados na
internet.

6.1.5.2 Redes Extranet

Redes intranet, quando abertas a acesso externo à empresa,


passam a ser denominadas extranet, o acesso se dá via internet,
sendo que, em sistemas de proteção, apresentam limitação, con-
siderando que o gerenciamento de extranet não está mais apenas
restrito à empresa

6.1.6 Protocolo de Comunicação

Os protocolos de comunicação são regras criadas para impor for-


mas controladas de comunicação de dados entre dois ou mais
equipamentos, de modo que essa comunicação seja
se ja entendida por
todos os equipamentos conectados em uma rede.
124 UNIUBE

Figura 75 - ECD – Equipamento de Comunicação de


Dados – Modelo Genérico de Comunicação
Fonte: Coury, Oleskovicz e Giovanini (2007)

Inicialmente, fabricantes criaram protocolos proprietários, em que


somente equipamentos de sua fabricação apresentavam reconhe-
cimento dessas regras e permitiam programação em rede de pro-
teção. Posteriormente, passaram a incorporar em seus sistemas
protocolos padrões com Modbus, Fieldbus etc., mas ainda com
características particulares e com problemas de comunicação real
entre equipamentos de diversos fabricantes e sistemas.

Organizações internacionais independentes vêm adotando siste-


mas abertos com protocolos abertos especicados por essas orga-
orga-
nizações, sendo a tendência atual de conectividade de proteção.
Entre os protocolos de proteção mais utilizados em subestações de
distribuição de energia, destacam-se o Modbus, DNP3, IEC 60870-
5-103 e o IEC 61850.
UNIUBE 125

6.1.6.1 Modelo OSI (Open Systems Interconnection)

A arquitetura OSI denida na ISO (International Standards


Organization) apresenta camada para execução de diferentes fun-

ções do protocolo
hoje mais deque
didática do comunicação,
prática. denido 07 camadas, sendo

Quando um dispositivo está transmitindo dados, o uxo da informa-


informa-
ção é no sentido do programa utilizado para a rede de comunica-
ção, se comunicando com a camada 7, que por suasu a vez se comuni-
ca com a camada 6 e assim por diante. Quando se está recebendo
dados, o uxo da informação é no sentido
s entido da rede de comunicação
para o programa, portanto a rede se comunica com a camada 1,

que por sua vez se comunica com a camada 2 e assim por diante.
Camada 7 – Aplicação: contato apenas para envio e recepção de
dados, denindo o protocolo utilizado.

Camada 6 – Apresentação: de conversão de dados recebidos, tra-


duzindo para o padrão ASCII, podendo ainda comprimir dados au-
mentando desempenho da rede e/ou criptografar dados.

Camada
diferentes5 –
emSessão: permite comunicação
computadores decaso
diferentes, em dadosdedefalhas
programas
reini-
ciam comunicação a partir da última marcação recebida.

Camada 4 – Transporte: divide dados recebidos em pacotes pela


rede com controle de uxo, avaliando recebimento, correção de er-
ros e informando se o pacote foi recebido, sendo responsável pela
maneira como os dados são transmitidos.

Camada
endereços3 lógicos
– Rede:em
de endereços
endereçamento dose pacotes,
físicos, determinaconvertendo
a rota que
126 UNIUBE

os pacotes devem seguir para atingir o destino, considerando as


condições de tráfego da rede e prioridades.

Camada 2 – Enlace: transforma pacote de dados, adicionando in-

formações de origem,
em sinais elétricos endereço,
a serem dados
enviados de controle,
através de cabosconvertendo
de rede nos
transmissores e, nos receptores, estando os dados corretos envia
informação de conrmação de recebimento. Caso o envio não re- re -
ceba conrmação de recebimento, reenvia o pacote de dados.

Camada 1 – Física: recebe pacotes enviados transformando-os em


sinais compatíveis com o meio por onde os dados devem ser trans-
mitidos. Se o meio for elétrico, essa camada converte os 0’s e 1’s

em sinais elétricos para serem transmitidos pelo cabo de rede, se


o meio for óptico, a camada converte os 0’s e 1’s dos quadros em
sinais luminosos e, se uma rede sem o for usada, então os 0’s e
1’s são convertidos em sinais eletromagnéticos.

6.1.6.3 Protocolo TCP/IP

O protocolo TCP/IP é o protocolo de rede mais usado atualmente


com o modelo de referência OSI.

O protocolo TCP/IP tem apenas quatro camadas, sendo que pro-


gramas se comunicam com a camada de Aplicação, onde se en-
contram protocolos de aplicação, tais como SMTP (Simple Mail
Transfer Protocol - usado para enviar e-mails), FTP (File Transfer
Protocol - usado para transferir arquivos) e HTTP (HyperText
Transfer Protocol - usado para transferir vários tipos de arquivo,
como texto, imagem, vídeo e som). Após processar a requisição
do programa, o protocolo na camada de Aplicação se comunica
UNIUBE 127

com outro protocolo na camada de Transporte, normalmente o TCP


(Transmission Control Protocol). Recebendo os dados da cama-
da superior, dividindo-os em pacotes e os enviando à camada de
rede. Na camada de rede, onde se encontra o protocolo IP (Internet

Protocol), recebe os dados, adiciona o endereço do equipamento


que está enviando os dados e o endereço do equipamento que
deve receber os dados, enviando-os para o meio de transmissão.

6.1.6.4 Protocolo ModBus

É protocolo do tipo mestre/escravo, de transferência de dados


entre um sistema de controle (Mestre) e os sensores/atuadores
(Escravos). A comunicação no protocolo
pr otocolo Modbus é sempre
se mpre iniciada
pelo mestre, sendo que os escravos não podem se comunicar entre
si e nunca transmitem dados sem serem solicitados pelo mestre.

As transações iniciadas pelo mestre podem ser do tipo “unicast”,


em que o mestre envia mensagem a um escravo especíco, que
deve responder, ou do tipo “broadcast”, em que o mestre envia
mensagem a todos escravos, que não devem responder
resp onder (por exem-
plo, para sincronismo, acerto de horas etc.)

Existem dois modos de codicação no protocolo Modbus


Modb us em redes
seriais, em que nós podem ser misturados e apresentam mensa-
gens diferentes:

- RTU (Remote Terminal


Terminal Unit) - cada
c ada byte contém dois dígitos hexa-
decimais, a denição do início e m das mensagens ocorre
oc orre através
de intervalos de silêncio e o método de detecção ded e erros é o CRC
(Cyclic Redundancy Check). Devem ter seus dados enviados em
sequência contínua.
128 UNIUBE

- ASCII (American Standard Code for Information Intercharge). -


cada byte contém um caractere ASCII, a denição do início e m
das mensagens é feita através de caracteres inseridos na própria
mensagem, e o método de detecção de erros é o LRC (Longitudinal
(L ongitudinal

Redundancy Check). Permitem envio de dados com pequeno inter-


valo de tempo entre caracteres.

As mensagens nos modos ASCII e RTU são transmitidas em re-


des seriais que seguem o protocolo físico RS-232 e RS-485, sendo
o RS-485 o mais comum. Havendo ainda modo de transmissão
Modbus TCP/IP, transmitido em redes Ethernet encapsulado no
protocolo TCP/IP.

6.1.6.5 Protocolo DNP3 e IEC 60870-5-103

O protocolo DNP (Distributed Network Protocol) foi desenvolvido


para uso em sistemas de supervisão e controle das concessioná-
rias de energia elétrica, para comunicação entre estações mestre
e os dispositivos de campo. Inicialmente proprietário e aberto na
versão DNP3.

É um protocolo mestre/escravo, em que existem situações previs-


tas em que os dispositivos escravos podem enviar dados sem que
o mestre tenha feito a solicitação, o que é denido como transmis-
transmis-
são espontânea.

Baseado no protocolo IEC 60870-5-103, permite que mais de 6500


equipamentos sejam conectados à rede), opera praticamente sobre
todos os meios físicos (bras ópticas, rádio, telefone etc.), supor-
ta sequência de comandos do tipo check before operate (selecio-
na / verica / opera), permite classicar os dados segundo quatro
UNIUBE 129

prioridades (alta, média, periódica e nenhuma) e transporta blocos


de dados de tamanho variável.

Tanto o DNP3 como o IEC 60870-5-103 são protocolos estrutura-

dos em camadas,
sim um mas não seguem
modelo simplicadose
deguem o modelo
apenas OSI de 7 camadas, e
3 camadas.

O IEC 60870-5-103 possui características muito semelhantes ao


protocolo DNP3, porém, ambos não são compatíveis. Sua utiliza-
ção é bastante comum na Europa, enquanto o protocolo DNP3 é
mais utilizado na América, incluindo o Brasil.

6.1.6.6 Protocolo IEC 61850

A evolução dos microprocessadores possibilitou a criação de dis-


positivos digitais, chamados de IEDs (Intelligent Electronic Device),
unidades multifuncionais para proteção, controle, medição e
monitoramento.

Essa norma é dividida em 10 partes principais, sendo que cada


uma das partes representa um documento que regulamenta o uso
do protocolo.

Os IEDs podem trocar informações através de redes de comunica-


ção, sendo usado para isso um protocolo de comunicação.

Os dispositivos podem estar dispostos em três níveis:

• subestação: computadores com bancos de dados, programa


de interface homem máquina e canal de comunicação da su-
bestação com o nível remoto (gateway).
130 UNIUBE

• bay: relés de proteção, medidores, oscilógrafos etc.

• processo: sensores (TCs e TPs) e atuadores (disjuntores e


chaves seccionadoras).

A interoperabilidade, a permissão de uso e a troca de dados sem


necessidade de interfaces de protocolos é uma das características
do protocolo IEC61850, em que cada IEDs pode operar
oper ar de maneira
centralizada (cada dispositivo pode desenvolver diversas funções)
ou descentralizada (os dispositivos podem trocar informações en-
tre si para desenvolver suas funções). Sendo assim, a interopera-
bilidade associada à intercambiabilidade, habilidade de substituir
um IED de um fabricante por outro sem prejuízo ao sistema, são

pontos fortes da IEC 61850.


A IEC61850 utiliza alguns conceitos básicos: como nós lógicos,
modelo de dados estruturados e linguagem SCL.

- NÓS LÓGICOS

Todas as funções de proteção, medição e controle são decom-


postas em nós lógicos, chamados de LNs (Logical Nodes), aloca-
das em diferentes dispositivos físicos, geogracamente distribuí-
distribuí-
dos e conectados em rede. Os dados são trocados entre todos os
IEDs que compõem o sistema, através das funções alocadas nos
dispositivos.

Um dispositivo físico (ou IED) apresenta um endereço de rede, que


disponibiliza a localização de vários tipos de “Logical Devices”,
Devices ”, que

podem ser proteções,


congurações do própriocomandos,
IED. retornos digitais, através das
UNIUBE 131

Assim os IEDs a serem endereçados


ende reçados nas
na s redes apresentam “tags
analógicos” (MET), sendo que em seu interior estão os “Nós Lógicos”.
Lógic os”.
Assim, um IED pode apresentar mais de uma função (por exemplo,
corrente e frequência na gura a seguir, que, para especicar o

local de objeto de dados de frequência, especica-se o MET,


MET, o nó
lógico MMX, a função MX e o objeto HZ - METMMXU2$MX$HZ,
em que o simbolo $ é usado como separador).

Na IEC61850, foram denidos 92 nós lógicos identicados


identica dos por uma
sigla de quatro letras, em que a primeira dene a qual grupo esse
nó lógico pertence.

Exemplo: P = grupo proteção (PDIF: proteção diferencial), em X =

grupo chaveamento (XCBR: disjuntor), em T = grupo transformado-


res de instrumentos (TCTR: transformador de corrente) etc.

Tabela 7: Grupos de Logical Nodes denidos na norma IEC61850 – 07/2003


Fonte: IEC 61850 – Parte 5

Protocolo MMS

São mensagens do tipo unicast, enviadas a um consumidor ape-


nas, que em geral pode ser um supervisório. As mensagens MMS
132 UNIUBE

(Manufacturing Message Specication) são utilizadas para troca de


informações como sinais analógicos ou digitais, porém, com o úni-
co intuito de indicar o status de um determinado equipamento.

Protocolo GOOSE

Ao contrário das mensagens MMS, as mensagens GOOSE (Generic


Object Oriented Substation Event) são mensagens do tipo multi-
cast que carregam informações entre os IEDs. São responsáveis
apenas pelo tráfego de mensagens que informam sobre a atuação
de qualquer proteção ou sinal digital. Tais mensagens conseguem

ser mais
de um rápidas
relé do que
para outro. a própria
Tudo atuação
isso por física de
empregarem emuma
suaproteção
concep-
ção o padrão UDP, ou seja, não se faz a vericação para saber se
houve erro na transmissão da mensagem.

Dessa maneira, mesmo que um pacote de dado seja perdido, outro


pacote idêntico ao que foi perdido já foi enviado novamente até que
uma conrmação de recebimento seja recebida, garantindo assim
o recebimento da mensagem.

Para evitar colisões, a cada novo pacote enviado dobra-se


dobra-s e o tempo
de espera pela conrmação até que o tempo máximo de espera
(Time Allowed to Live) seja atingido. Caso essa conrmação não
chegue após o tempo programado, o IED entende que a conexão
foi encerrada e o outro dispositivo encontra-se off-line.
UNIUBE 133

Protocolo SVO

Protocolo SV (Sampled Variables) é responsável pelo tráfego das


leituras analógicas da subestação. Através desse protocolo, TPs

e TCs conseguem
leituras digitais pelaenviar suas
própria medições
rede ethernet.para
Os os reléspor
relés, através de
sua vez,
com um conversor AD incorporado, tratam esse dado e o utilizam
em suas proteções.

SCL (Substation Conguration Language)

Esse aspecto
arquivos da norma estabeleceu
de conguração um padrão
de subestações. Dopara o formato
inglês dos
Substation
Conguration Language, foi baseado na estrutura XML (eXtensi-
(eXtensi -
ble Markup Language) e criou uma padronização que permitiu o
compartilhamento de informações entre equipamentos e ferramen-
tas de software de engenharia. Com isso, cada fabricante possui
um arquivo SCL que deve ser fornecido junto com o equipamen-
to, assim como acontece em outras redes industriais (Probus e
Devicenet).

Há 4 diferentes tipos de arquivos aceitos pela norma:

• SSD (System Specication Description) – descreve as fun-


fun-
ções de energização do sistema, contendo o diagrama unilar
com as funções de cada relé.

• SCD (Substation Conguration Description) – determina onde


os dados se encontram e para onde devem ir, ou seja, a con-

guração da subestação.
134 UNIUBE

• ICD (IED Capability Description) – determina quais os dados


disponíveis em cada IED.

• CID (Congured IED


IED Description) – determina as informações

que o IED irá disponibilizar na rede.

GATEWAY IEC-61850

Para realização do link entre os sistemas supervisórios e os relés


de proteção, é necessário que sejam utilizados softwares que con-
vertem o protocolo IEC-61850 lido do relé através da rede
red e ethernet

em OPC (Ole for Process Control).


OPC é um protocolo de comunicação de redes industriais que
emula um driver, permitindo que o sistema supervisório consiga se
comunicar com qualquer equipamento, sem possuir um driver de
comunicação especíco.

O software deve permitir a visualização de toda a estrutura IEC


montada dentro do relé. Dessa maneira, basta ao programador se-
lecionar os tags que serão utilizados na comunicação com o siste-
ma supervisório.

• Atuação das proteções do relé. Aqui, para correta interpreta-


interpre ta-
ção de qualquer proteção, é importante consultar o manual
do fabricante do relé. Nele, deve conter a descrição completa
de cada uma das proteções disponíveis para serem lidas no
sistema supervisório.
UNIUBE 135

A Norma IEC 61850 utiliza para comunicação entre equipamen-


tos mensagens denominadas GOOSE (generic object oriented
substation event) ou Objeto Genérico Orientado pelo Evento de
Subestação. Tais mensagens são baseadas no envio assíncrono

de variáveis binárias, orientadas a eventos e direcionadas à apli-


cações de proteção em subestações. Os sinais trafegam ponto a
ponto em alta velocidade. Esse serviço usa um esquema de re-
transmissão especial para alcançar um alto nível de conabilidade
que consiste em repetir a mensagem diversas vezes até que seja
recebida uma conrmação de conrmação.

6.1.7 Medição sincronizada de fasores

Fasor é um número complexo associado a uma grandeza senoidal


em regime permanente, sendo uma ferramenta utilizada em aná-
lise de circuitos em corrente alternada (CA) e pode ser utilizado
em estudos de sistemas em situações de mudanças rápidas em
condições de faltas.

Unidades digitais de medição fasorial ou Phasor Measurement


Units (PMU) são capazes de medir diferenças angulares das ten-
sões e correntes em tempo real e só se tornam possíveis com o
uso de GPS (Global Positioning System).

O GPS é um sistema de posicionamento, navegação e coordena-


ção de tempo baseado em satélites, em que os sinais de tempo
precisos são tão importantes quanto os sinais de posicionamento.
Esses sinais de tempo são utilizados como fonte de sincronismo
para comunicações globais, redes de distribuição e transmissão e
inúmeras outras aplicações.
136 UNIUBE

No caso dos PMUs, o GPS emite um pulso de tempo preciso que é


usado para amostrar os sinais de corrente e tensão.

Algumas aplicações dos PMU serão apresentadas a seguir.:

• Estima de estados: através de cálculos, estima o estado da


rede que utiliza variáveis como injeções de uxos de potên-
potên -
cia, injeções de corrente nos ramos e módulos de tensão nos
barramentos. Essa aplicação é utilizada nos centros de con-
trole das companhias de energia para monitorar o estado do
sistema. Com a utilização dos PMUs, é possível a medição do
módulo e ângulo das tensões nos barramentos sem a neces-
sidade de cálculos, além da sincronização dessas grandezas.
Com poucas barras monitoradas por medições fasoriais, é
possível reduzir o tempo de cálculo e aumentar sua precisão.
• Análise da instabilidade: o método tradicional de análise de
estabilidade é baseado na integração do sistema de equações
dinâmicas do sistema. Mesmo com a utilização de várias sim-
plicações, o processamento é tão extensivo que cou restrito
a estudos off-line. Com a ajuda dos PMUs, é possível moni-
torar a progressão de um transitório em tempo real. Baseado
na leitura desses medidores, o sistema de potência fornece

a trajetória do sistema até o tempo presente. Assim, através


dos registros das oscilações de potência, será possível tomar
decisões de proteção e controle.

• Melhora no controle de sistemas elétricos de potência: con-


troles tradicionais poderão ser realizados com mais precisão. Os
dados dos PMUs permitem a detecção antecipada de situações
de risco para o sistema, melhorando a determinação das ações
de controle preventivo, aumentando a margem de segurança do
sistema, evitando grandes perdas de carga ou grandes contin-
gências, como faltas de longos períodos ou blecautes.
UNIUBE 137

6.1.8 Sistema de Automação da Subestação


A norma IEC 61850 dene vários tipos de cheiros, identicados
pela sua extensão, cada um com uma função especíca.

• ICD
IED (IED Capability
descrito Description):
pelo fabricante descreve
em termos de as capacidades
funções do
de comu-
nicação e de modelo de dados.
• SSD (System Specication Description): descreve o esquema
unilar da subestação juntamente com as funções executa-
executa -
das no equipamento primário, em termos de nós lógicos.
• SCD (Substation Conguration Description): descreve a con
con--
guração da comunicação e das funções do sistema de au-au-

tomação da subestação e a sua relação com a subestação.


Contém todos os IEDs, uma secção de descrição da
d a subesta-
ção e uma seção da conguração da subestação.

• CID (Congured IED


IED Description): descreve uma instância de
IED totalmente congurado.

6.1.9 Descrição do sistema de comunicação

Na seção de comunicação, descrevem-se as possibilidades de co-


municação entre nós lógicos utilizando-se os pontos de acesso dos
IEDs e a Sub-rede. A Sub-rede é vista como um nó de conexão
c onexão en-
tre pontos de acesso, e não como uma estrutura física. Um disposi-
tivo lógico de um IED encontra-se ligado à Sub-rede por um ponto
de acesso, que pode representar um endereço lógico de um IED.
Os vários endereços podem ser alterados na secção de comunica-
ção de cada IED de forma a implementá-los em unidades terminais
de proteção (TPU).
138 UNIUBE

Secção de comunicação

Ao consultar o código XML do cheiro CID do IED D2Q1CB2, é


possível vericar o ponto de acesso do IED e os vários endereços

acessíveis, no entanto,
uma SubNetwork como nódestaca-se o fato
de conexão emde
vezo de
Visual SCL utilizar
buses.

Endereços

<Communication>

<SubNetwork name=”S1”>

<ConnectedAP iedName=”D2Q1CB2” apName=”AP1”>

<Address>

<P xsi:type=”tP_IP” type=”IP”>192.1.2.1</P>

<P xsi:type=”tP_IP-SUBNET” type=”IP-SUBNET”>255.0.0.0</P>

<P xsi:type=”tP_IP-GATEWAY” type=”IP-GATEWAY”>192.1.1.1</P>

<P xsi:type=”tP_OSI-PSEL” type=”OSI-PSEL”>00000001</P>


<P xsi:type=”tP_OSI-SSEL” type=”OSI-SSEL”>0001</P>

<P xsi:type=”tP_OSI-TSEL” type=”OSI-TSEL”>0001</P>

</Address>

</ConnectedAP>

</SubNetwork>

</Communication>
UNIUBE 139

6.1.10 Ferramentas de engenharia de sistema

A criação de cheiros SCL denidos segundo a norma IEC 61850


pode ser realizada através de várias ferramentas presentes no

mercado. Neste trabalho experimentaram-se as seguintes:


• Visual SCL da ASE

• SCL Manager da Kalkitech

• Helinks STS da Helinks

Qualquer dessas ferramentas proporciona a criação do esquema


unilar de subestações (SingleLine Diagram), especicação das
funções do sistema de automação da subestação e criação dos
cheiros SCL.

No entanto, esses programas são ainda bastante recentes e estão


sujeitos a constantes atualizações por parte dos fabricantes.

O Visual SCL demonstra alguns problemas ainda numa fase inicial


em que se pretende simplesmente desenhar o esquema unilar
da subestação, não sendo possível efetuar algumas ligações entre
equipamentos. O programa também reage mal a simples mudan-
ças de nomes, por exemplo, em níveis de tensão, disjuntores ou
barramentos.

O SCL Manager possui uma melhor interface gráca, mas também


apresenta os erros do programa anterior quando se pretende dese-
nhar o esquema unilar da subestação.

O Helinks STS supera os outros, visto que não apresenta quais-


quer problemas no desenho do esquema unilar da subestação.
140 UNIUBE

Considerações
Considerações nais

A tecnologia digital de equipamentos de proteção e protocolos de


comunicação atualmente utilizada em proteções de sistemas elétri-

cos
vida,desendo
potência vem
o seu sendo
uso cada vez mais
extremamente aprimorada
necessário, e desenvol-
constituindo-se
numa implementação de segurança ao sistema.

É notório que, para o desenvolvimento de sistemas digitais, os pro-


ssionais envolvidos devem ter total domínio das grandezas en- en-
volvidas nos sistemas elétricos. A complexidade desses sistemas
faz com que prossionais qualicados atuem na respectiva área e
aprimorem cada vez mais tais sistemas.

Os sistemas industriais atualmente requerem uma complexidade


enorme quanto a sua automação e, consequentemente, sua ener-
gia elétrica deve ser distribuída com qualidade.

O perfeito conhecimento e aplicação das normas em uso aos relés


e consequentes parametrizações fazem com que sejam criados e
desenvolvidos sistemas digitais que estabeleçam uma “comunica-
“comunica -
ção” entre todos os equipamentos.

Tais equipamentos devem atender as prescrições


prescriç ões contidas nas nor-
n or-
mas brasileiras ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
-nas suas últimas revisões, que se referenciam às normas IEC
-International Eletrotechical Comission - e ANSI – American National
Standards Institute.

Esse progresso nos equipamentos leva também ao aperfeiçoamen-


to cada vez maior dos prossionais envolvidos na área em questão.
Capítulo
Aspectos de proteção em
7 fenômenos de sistemas
de potência

Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
Nesta unidade, serão abordados aspectos referentes à
proteção de sistemas elétricos com foco em ocorrência de
fenômenos em sistemas de potência.
Prossionais qualicados em Proteção de Sistemas Elétricos
vêm sendo bastante requisitados no mercado de energia
elétrica, e o domínio do assunto se dá de forma setorial dada
a abrangência em sistemas elétricos, que abarcam desde
simples instalações residenciais até sistemas industriais
complexos, bem como sistemas de distribuição, transmissão
e geração de energia elétrica.
Para a efetivação da proteção especíca, conhecendo-se as
grandezas elétricas de funcionamento a serem protegidas,
além da parametrização de relés de proteção para não
atuação ou atuação condicional de ação direta, direcional
ou diferencial, passa a ser de extrema importância a criação
de uma rede de comunicação entre os equipamentos,
criando uma lógica de proteção que permita também o
acompanhamento e a operação do sistema online.
Utilizam-se equipamentos normalizados que devem
apresentar funcionamento dentro de padrões estabelecidos
em normas brasileiras ABNT - Associação Brasileira
de Normas Técnicas - nas suas últimas revisões, que se
referenciam às normas IEC - International Eletrotechical
Comission - e ANSI - American National Standards Institute.
Os relés devem apresentar a maior gama de parametrização
possível e devem se adaptar às características especícas
das condições de implantação local do equipamento.
Essa gama de variações e avaliação especíca com
necessidade de eciência e ecácia de atuação de
equipamentos de proteção é que carece de prossionais
qualicados e capazes de propor soluções adequadas e que
atendam a demanda do mercado de energia elétrica.

Objetivos
• Apresentar os principais problemas de sistemas
elétricos de potência.
• Avaliar as principais grandezas elétricas envolvidas.
• Estabelecer a visão de proteção em SEP
SEP..
• Avaliar eciência e ecácia da proposição de
parametrização.
• Modular apresentação de estudos de proteção.

Esquema
• Principais fenômenos em SEP
• Avaliação matricial de faltas em SEP
• Contingência em SEP
• Avaliação de proteção em equilíbrio elétrico x
mecânico
• Especicações e parametrização
UNIUBE 143

7.1 Ocorrência de fenômenos em sistemas elétricos

Sistemas elétricos de potência são formados por subestações


interligadas por linhas de transmissão aéreas, formando o SIN -
Sistema Interligado Nacional, que compreende os subsistemas
Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte, com tensão igual
e acima de 230 KV, são compreendidos ainda pelos sistemas de
distribuição, que envolve tensões de até 138 KV,
KV, apresentando ca-
racterísticas peculiares e importantes a serem avaliadas.

Figura 76 - Sistema Interligado Nacional/Mapa Geoelétrico do Paraná


Fonte: ONS (s/d)
144 UNIUBE

Estudos de SEP - Sistemas Elétricos de Potência - são divididos


em etapas características para um melhor entendimento de seu
funcionamento, planejamento e avaliação de proteção:

• Estudos
carga em de
um Fluxo de Carga:
determinado visamdeterminando-se
momento, avaliar atendimento de
as ten-
sões complexas em todas as barras (em módulo e ângulo),
de modo a atender a necessidade de cargas P +jQ nas bar-
ras (subestações), avaliando-se a necessidade de injeção de
potência P +jQ no sistema que mantenha o sistema funcio-
nando em níveis adequados de tensão, avaliando-se ainda o
uxo de potência em todos os ramos dos sistemas elétricos
de potência.

Estudos permitem avaliar o carregamento dos equipamentos e


linhas de transmissão, a necessidade de novas gerações, linhas
e equipamentos de controle de potência reativa no sistema, bem
como avaliar grandezas para ajustes de proteção.

Através de modelagem matricial do sistema, como uso da matriz


Ybarra (matriz admitância do sistema de potência), é possível, pela
aplicação de processos interativos como o de Newton Raphson

e outros métodos, a partir da denição da Matriz Jacobiana (que


nos dá a variação instantânea – derivada da Potência Ativa e da
Potência Reativa em relação à variação do ângulo e do módulo de
tensão nas barras), avaliar a sensibilidade do sistema.
UNIUBE 145

Matriz Jacobiana genérica

Dene-se estabilidade de sistemas de potência como a capacida-


capacida -
de em manter sincronismo e manter nível de grandezas elétricas
quando submetido a distúrbios.

Nesse contexto, avaliam-se sistemas elétricos em estudos estáti-


cos com crescimento continuado de carga para que sejam avalia-
dos carregamentos leve, médio e pesado, visando avaliar o limite
de estabilidade de tensão, que, por meio de soluções matemáticas
de estudos de uxo de potência, permite avaliar o estado atual do
sistema, evitando a proximidade do ponto máximo de estabilidade
através de valores de curvas PxV extraídos dos estudos de uxo
de potência continuado.
146 UNIUBE

Figura 77 - Grácos de potência ativa na carga


Fonte: Coury, Oleskovicz, Giovanini (2007)

Avalia-se também a injeção de potência reativa no sistema, atra-


vés de curvas QxV, analisando-se aumentos de potência reativa
no sistema (ajustes de excitatriz de máquinas síncronas, banco de
capacitores, uso de FACTs, etc.). Tem-se aumento de tensão, tra-
balhando-se assim em regiões estáveis de estabilidade.

Figura 78 - Injeção de reativos em SEP: ESTABILIDADE A-A’, ESTABILIDADE B-B’


Fonte: Coury, Oleskovicz, Giovanini (2007)
UNIUBE 147

Figura 79 - Margem de estabilidade de tensão segundo o WECC

Fonte: Condega (2013)

Figura 80 - Níveis de performance de estabilidade de tensão segundo o WECC


Fonte: Condega (2013)

Com base nos estabelecimentos de margens de segurança em re-


lação ao ponto crítico, avaliam-se ações a serem efetivadas, para
conjuntamente realizar ações de proteção
proteç ão do SEP.
SEP.
148 UNIUBE

- Perturbações Dinâmicas e Transitórias: os sistemas de proteção


são implantados em zonas de proteção, visando permitir plena ope-
ração em condições nominais, com sobrecargas previstas e corren-
tes de energização de equipamentos, partida de motores etc.

Figura 81: Zonas de proteção segundo o WECC


Fonte: Condega (2013)

O sistema de potência deverá permanecer em plena operação até


que perturbações e/ou contingências temporizem ou emitam um
“trip” instantâneo, visando atender a nalidade de proteção quanto
à velocidade, coordenação e seletividade, isolando equipamentos
ou trechos em condição de defeito, procurando preservar o siste-
ma ao máximo possível, sendo que, nessa condição, o novo ponto
de operação deverá apresentar equilíbrio, efetivando comprometi-
mento de grandezas elétricas e oscilações indesejáveis, ou seja,

tornando-se instável.
UNIUBE 149

O sistema atual, dada sua robustez, normalmente apresenta


apre senta “peque-
“peque-
nas perturbações” como variação de cargas em barras de subesta-
subesta -
ções, sendo considerada uma perturbação de estabilidade dinâmica.
Tal perturbação pode ser estudada por meio de linearizações atra-

vés de análise de sistemas lineares em torno do ponto de operação.


Grandes perturbações, denominadas transitórias, normalmente
são dadas por curto-circuito, desligamento de linhas de transmis-
são, perda de geração, ou combinação de eventos.

Dada a grande perturbação, em que temos tempos de reação de


controladores de tensão e de potência mecânica de entrada su-
periores aos tempos transitórios elétricos, haverá uma variação

no campo eletromagnético girante da força contraeletromotriz das


máquinas geradoras, criando uma defasagem entre ângulos elé-
tricos do sistema e ângulo mecânico no eixo das máquinas, o que
acarretará na aceleração ou frenagem da máquina, podendo esta
atingir um novo estado de operação em regime permanente, sendo
send o
o sistema estável, ou perder o sincronismo, tornando-se instável,
devendo as proteções atuar para preservar o sistema e evitar da-
nos às máquinas e equipamentos, em que se deve, além das gran-
des elétricas envolvidas, avaliar o tempo máximo “tc”, denominado

tempo de abertura da proteção, que está vinculado ao máximo ân-


gulo de defasagem que a máquina poderá permitir para manter a
estabilidade ou perdê-la.

7.2 Instabilidade em SEP

Os sistemas de proteção devem atuar sempre que houver perda


de integridade do sistema elétrico, sendo avaliados os seguintes
fenômenos:
150 UNIUBE

• Instabilidade angular.

• Instabilidade de frequência.

• Instabilidade de tensão.
• Desligamentos em cascata.

Considerando que as linhas de transmissão são elos importantes


de interligação entre subestações, a modelagem pode apresentar
sistemas poucos malhados e densamente malhados, estes apre-
sentam grau de estabilidade a perturbações, assim como estarão
sujeitos a variações de frequência e a sobrecargas térmicas.

Figura 82 - Classicação dos problemas encontrados nos sistemas de transmissão

Fonte: Coury, Oleskovicz, Giovanini (2007)

7.2.1 instabilidade angular

7.2.1.1 Transitória

A estabilidade transitória por


p or defasagem ocorre entre ângulos elé-
tricos do sistema e ângulo mecânico no eixo das máquinas, o que
acarretará na aceleração ou frenagem da máquina, podendo a má-
quina atingir um novo estado de operação em regime permanente,
UNIUBE 151

sendo o sistema estável, ou perder o sincronismo, afetando máqui-


nas isoladas ou sistema multimáquinas, podendo afetar uma região
re gião
só, o sistema ou até várias regiões, sendo que quanto menos ma-
lhado o sistema, maior o risco de perda de sincronismo.

Consequências de instabilidade transitória:

• Afundamento de tensão.

• Desvios de frequência.

• Perda (de carga etc.).

• Rejeição/corte de geração.

• Corte automático de carga (ERAC).

7.2.1.2 Pequenas perturbações

Mesmo em pequenas perturbações, teremos defasagem angular,


com variações na rotação da máquina apresentando oscilações
ocasionadas pela interação de componentes, na faixa de frequên-
cia de 0,1 a 2,0 HZ. O amortecimento dessas oscilações pode ser
um fator crítico em alguns sistemas.

7.2.2 Instabilidade de frequência

A estabilidade
e stabilidade de frequência é caracterizada pela capacidade de
um sistema de potência de manter a frequência dentro de uma
152 UNIUBE

faixa aceitável durante condições de operações normais ou após


perturbações severas, como desligamentos em cascata, perdas de
grandes blocos de geração ou carga.

Em que:

ΔP = desequilíbrio de potência

K=1/D

T=M/D

t = instante de tempo contado a partir da perturbação

D = constante de amortecimento da carga

M = momento de inércia equivalente da máquina

Os sistemas hidrotérmicos podem operar sem restrições dentro de


uma faixa de ±0,5 Hz em torno da frequência nominal (em
(e m sistemas
de 50 ou 60 Hz) e fora dessa faixa durante um tempo limitado, va-
riando de acordo com as restrições dos fabricantes de turbinas a
vapor.
UNIUBE 153

A variação da frequência
frequência superior a 2,5 Hz poderá resultar na redu-
ção da vida útil ou, pior, em dano das lâminas/palhetas das turbinas
de usinas termoelétricas. Dessa forma, existem proteções que irão
retirar essa unidade de operação caso a subfrequência seja muito

severa ou se prolongue por um período de tempo superior ao su-


portável pela turbina.

A sobrefrequência é menos problemática que a subfrequência, por-


que o desligamento da unidade, neste caso, irá contribuir para a
redução da frequência. Vale ressaltar que, no caso de haver desli-
gamento excessivo de unidades geradoras para controle da frequ-
ência, poderá haver uma condição indesejável de subfrequência.

Cortes de Cargas (ERAC) são frequentemente utilizados no contro-


le de subfrequência, e outras medidas são:

Medidas efetivas para a eliminação do desvio de frequência, posi-


tivo ou negativo, no controle de frequência:

• Desligamento automático de linhas de interligação através de


relés de subfrequência e sobretensão.

• Desligamento de aunidades
quência superior hidrelétricas
1,5 Hz para para aumento de
evitar o desligamento de uni-
fre-
dades térmicas.

• Restabelecimento automático de carga em pequenos blocos


com comando temporizado, em casos de excesso de corte de
carga por subfrequência após a estabilização do sistema para
acelerar o processo de recomposição.
154 UNIUBE

7.2.3 Instabilidade de tensão

A instabilidade de tensão
tens ão está vinculada
v inculada à queda progressiva dos
níveis de tensão ao longo do sistema de transmissão e à inca-

pacidade
geradoras.de controle da tensão terminal por parte das unidades

Essa queda progressiva de tensão pode levar ao colapso de ten-


são e perda subsequente de sincronismo das unidades geradoras
e desligamento de motores de indução.

Grandes perturbações transitórias podem levar o sistema ao ponto


de colapso de tensão, constituindo-se na maior parte dos inciden-

tes por tensão em SEP.


Principais fatores que inuenciam a instabilidade de tensão em SEP:

• Capacidade de transmissão de potência do sistema.

• Falta de reserva de potência reativa.

• Otimização energética com altas transferências de potência.

• Elevadas condições de carregamento em linhas de


transmissão.

• Carga com baixo fator de potência.

• Características da carga (motores, cargas restabelecidas por


LTCs).

• Atrasos em obras de expansão dos sistemas.


UNIUBE 155

Ações a serem realizadas contra instabilidade de tensão em SEP:

• Chaveamento automático de banco de capacitores e reatores.


rea tores.

• Bloqueio de LTCs.

• Desligamento de interligações caso seja aceitável para região


importadora.

• Modulação de potência de sistemas de transmissão em


Corrente Contínua.

• Partida rápida de unidades geradoras.

• Aumento rápido das tensões de geradores caso haja reserva.


• Corte de carga como último recurso.

7.2.4 Desligamentos em cascata

Os desligamentos em cascata estão associados aos efeitos ante-


riores de instabilidade de tensão, de frequência e angular, que po-
dem provocar abertura descontrolada de equipamentos de prote-
ção, além de problemas de sobrecarga e sobretemperatura, estes
são provocados por elevados uxos de potência em equipamentos
e linhas de transmissão.

Margens de coordenação entre equipamentos de proteção, ava-


liando as zonas de proteção principal e de retaguarda e implanta-
ção de proteção de alta velocidade (uso de teleproteção e redes/
protocolos de proteção), trazem maior conabilidade e seletividade
entre relés.
156 UNIUBE

7.3 Curto-circuito em sep

Sistemas elétricos de potência são representados como sistemas


equilibrados, com modelagem de uma das fases com relação ao

neutro, em diagrama unilar com representação e p.u. (sistema por


unidade) para avaliação de circuitos elétricos, estudos de uxo de
potência com determinação de tensões em módulo e ângulo em
todas as barras que, dentro de limites e das limitações de potência
reativa do sistema, permite atender as solicitações de potência das
cargas (o que justica a existência de sistemas elétricos), de forma
estável e dentro de limites suportáveis de grandezas elétricas, e
ainda permite manobras e contingências sem perder a estabilidade.

Para um sistema a 03 barras, conforme a seguir:

Figura 83 - Sistema a três barras


Fonte: Coury, Oleskovicz, Giovanini (2007)

Em que se pode adequar a representação pelas impedâncias de


cada ramo ou equipamentos em p.u.
UNIUBE 157

Figura 84 - Representação pelas impedâncias de


cada ramo ou equipamentos em p.u.
Fonte: Coury, Oleskovicz, Giovanini (2007)

Com a transformação das fontes de tensão associadas em impe-


dâncias em fontes de corrente associadas em admitâncias equiva-
lentes (Norton/Thevenin), ou seja:

Figura 85 - Transformação das fontes de tensão associadas em impedâncias em


fontes de correntes associadas em admitâncias equivalentes (Norton/Thevenin)
Fonte: Coury, Oleskovicz, Giovanini (2007)
158 UNIUBE

Tem-se:

Tem-se:

Ou, associando:
UNIUBE 159

A relação de correntes (dada pela 1ª lei de Kirchhoff), nas barras,


pelas admitâncias vistas pelas mesmas quando submetidas às ten-
sões complexas de cada barra é dada, de forma matricial, por:

De forma simplicada, a relação de corrente e tensão é dada pela


matriz Ybarra:

De forma genérica, qualquer sistema elétrico de N barras pode ser


representado matricialmente por:

Em que:
160 UNIUBE

• Vetor I – de injeções de
d e corrente em cada um dos nós da rede.

• Vetor V – de tensões nodais da rede.

• Matriz Ybus (Ybarra) - matriz admitância nodal da rede.

Os elementos da matriz Ybarra são dados pelas admitâncias capa-


zes de uir correntes nas barras e pelas impedâncias entre barras,
permitindo a circulação de corrente entre barras, assim, temos:

Elemento da Diagonal Principal: somatório de todas as admitân-


cias conectadas à barra:

Elemento Fora da Diagonal: negativo da admitância entre barras:

Importante salientar que a modelagem para estudos de uxo de po- po-


tência, com obtenção de V, θ, P,P, Q em todas as barras, é efetivada
considerando impedância interna das máquinas usando impedân-
cias síncronas Xd e, em caso de estudos de faltas, considerando
o efeito de superposição em sistemas elétricos, no qual se adota
tensão de pré-falta (obtida nos estudos de uxo
 uxo de potência), deve-
se avaliar com impedância sub-síncrona X’d .
UNIUBE 161

Determina a potência na barra e, considerando a tensão pré-falta,


obtemos a corrente da máquina:

Sendo necessário obter a tensão interna da máquina, consideran-


do a impedância sub-síncrona:

As cargas avaliadas em uxo


 uxo de potência como P +jQ devem ser
expressas em admitância. A representação da carga é em impe-
dância constante:
162 UNIUBE

Obtém-se assim Montagem da matriz YBARRA aumentada, que inclui


as impedâncias subtransitórias.

Pode-se ainda aplicar a relação:

Assim, temos:

Essa forma de obtenção da Matriz Z barra pela inversão da Matriz


Ybarra é mais prática do que a obtenção direta.

A obtenção da Matriz Zbarra permite análise de corrente saindo do


sistema, para avaliações especícas de cargas, banco de capaci-
capaci-
tores e para estudos de curto-circuito.

Na condição de curto-circuito, em sistemas de potência onde te-


mos várias fontes de tensão, para estudos de curto-circuito, pode-

se considerar que se apresenta uma única carga ligada na barra a


ser avaliado curto-circuito, desprezando as demais por considerar
UNIUBE 163

desprezível a corrente em relação à corrente de falta, sem compro-


meter a precisão do estudo.

Com essas considerações, passamos a ter injeção de corrente em

fontes geradoras,
apresentarão que,em
tensões quando consideradas
cada uma das barrasdedadas
valor pela
1.00circu-
p.u.,
lação dessa corrente em impedâncias do sistema, denidas nessa
condição como impedâncias de transferência, sendo esse o signi-signi-
cado da matriz Zbarra para estudos de curto-circuito.

Na condição de falta, com base nesses princípios, pode ser con-


siderado como um sistema composto pela matriz Zbarra alimentado
por uma única corrente nodal, assim temos:

O valor da corrente total de defeito para qualquer barra k sob condi-


ção de curto-circuito é determinado pelo valor de Ik, em que o valor
da tensão de pré-falta é considerado como Ek =1,00 p.u. Esse valor
é obtido tomando-se o recíproco do elemento diagonal correspon-
dente da matriz Zbarra.
164 UNIUBE

As tensões que aparecem nas outras barras do sistema, quando a


barra k está em condições de curto, dependem
depend em das impedâncias de
transferência dadas pelos elementos fora da diagonal da coluna k
da matriz Zbarra. Por exemplo, a tensão com relação à referência
na barra p para um curto-circuito na barra k seria dada por:

= Zkp x Ik

O valor da corrente em qualquer linha para um curto-circuito em


uma barra k é obtido pela determinação de Ipq. Esse valor repre-
senta a corrente que vai da barra p à barra q pela linha p-q, cuja
impedância é Zlinha p-q e pode ser escrita como:

O cálculo completo das correntes ao longo do sistema sob curto-


circuito é realizado, então, por essas operações aritméticas sim-
ples, tão logo a matriz Z barra tenha sido determinada.

Considerando que faltas assimétricas podem ser decompostas


em sequências positivas, negativas e zero, em conformidade com
a teoria de componentes simétricas e aplicação do teorema de
Fortscue, torna-se necessária a modulação de três diagramas uni-

lares, bem como a composição de três matrizes Zbarra.


UNIUBE 165

• Zbarra +ou Z1 = Matriz de sequência positiva.

• Zbarra - ou Z2 = Matriz de sequência negativa.

• Zbarra ou Z0 = Matriz de sequência zero (ou homopolar).


Passaremos a ter, dessa forma, a corrente de falta de componen-
tes sequenciais:

• Ik +ou Ia1 = Corrente de falta de sequência positiva.

• Ik - ou Ia2 = Corrente de falta de sequência negativa.

• I 0 ou I = Corrente de falta de sequência zero (ou homopolar).


k a0

Considerando a teoria de componentes simétricas e diagramas


mnemônicos de associação dos diagramas sequenciais para ob-
tenção das correntes de faltas para diversos curtos-circuitos obser-
vados sem SEP, teremos:

7.3.1 Cálculo das Correntes de Curto: Curto Trifásico:


166 UNIUBE

7.3.2 Cálculo das Correntes de Curto: Fase-Fase:

- Corrente Elétrica: Ia = 0 e Ib = - Ic
UNIUBE 167

- Tensão Elétrica: tensão na fase sem falta permanece quando Z 1


= Z2, e temos 50% da tensão nas fases em falta.

7.3.3 Cálculo das Correntes de Curto: Fase-Fase à Terra:


168 UNIUBE

• Corrente Elétrica: Ia = 0 e Ib = - Ic
UNIUBE 169

• Tensão Elétrica: tensão na fase sem falta quando Z1 = Z2, é

para Z1 = Z2, temos

Como a impedância de sequências zero envolve a impedância da


terra, a impedância de fuga e a impedância de sequência zero do
sistema, o seu valor e a forma de aterramento impactam direta-
mente nos valores das correntes e tensões do sistema.
170 UNIUBE

A relação Z0/Z1 deve-se tanto em módulo com a defasagem em


ângulo das impedâncias φ1- φ 0, em que os grácos a seguir apre-
apre -
sentam avaliação dessas considerações.

Figura 86: Gráco da corrente em condutor S e T em falta, em re-


re -
lação a uma falta trifásica, em função da relação Z0/Z1
Fonte: SIEMENS (1975)

Para baixos valores de Z0/Z1 e para altas defasagens de φ1- φ0, te-
mos grandes variações na relação, condição dada por impedâncias
capacitivas de sequências zero e indutivas de sequência positiva,
condição normalmente dada por sistemas isolados.
UNIUBE 171

Figura 87 - Gráco da corrente de curto-circuito em relação a uma falta trifá-


trifá -
sica rede tensão no condutor sem defeitos, em função da relação Z0/Z1
Fonte: SIEMENS (1975)

7.3.4 Cálculo das Correntes de Curto: Fase à Terra:


172 UNIUBE

- Corrente Elétrica: Ia = 3xI0 e Ib = Ic = 0

- Tensão Elétrica: tensão na fase em falta, U a = 0, quando Z1 = Z2,


deveremos ter uma sobretensão nas demais fases Ub e Uc ,
UNIUBE 173

Também avaliando a relação Z0/Z1 e a defasagem em ângulo das


impedâncias φ1- φ0,
174 UNIUBE

Figura 88 - Gráco da corrente de curto-circuito em relação a uma falta trifá-


trifá -
sica rede tensão no condutor sem defeitos, em função da relação Z0/Z1
Fonte: SIEMENS (1975)

Em sistemas isolados, podemos ter grandes variações e altos va-


lores de corrente e tensão, sendo que podemos ter valores de cor-
rente de falta superiores à corrente de falta trifásica.
• Redes com neutro isolado:
A avaliação gráca possível nem sempre é encontrada nos siste
siste--
mas reais de valores extremamente elevados, sendo somente em

redes com neutro isolado, temos baixos valores de Z0/Z1 e para


altas defasagens de φ1- φ0.
UNIUBE 175

Visando limitar a condição de preponderância de faltas trifásicas,


adotam-se valores de Z0/ Z1 = 5 ou superiores (normalmente en-
contrados em SEP).

• Redes com aterramento indutivo:


Para sistemas com indutor de aterramento ajustado, de modo que a
impedância de aterramento seja de valor igual à impedância capa-
citiva do sistema, a impedância de sequência zero é praticamente
innita, e o sistema tende para faltas fase-fase com contato à terra.

Sendo superior à impedância capacitiva do sistema, temos uma


subcompensação, teremos a mesma em paralelo com impedância

de sequência
rente zero, aumentado-a,
de falta inferior à corrente de efalta
temos
comuma condição
neutro isolado.de cor-

Sendo inferior à impedância capacitiva do sistema, temos uma so-


brecompensação, em que, se inferior a 50% a esta, ainda temos
uma condição de corrente de falta inferior à corrente de falta com
neutro isolado; e se superior a 50% da impedância capacitiva da
rede, teremos a impedância de sequência zero reduzida e podere-
mos ter condições de falta à terra com valores superiores.

• Redes solidamente aterradas:

Para sistemas solidamente aterrados, temos resistência de aterra-


mento próxima a zero, apresentando característica de que impe-
dância capacitiva do sistema são curto-circuitadas, e a relação Z0/
Z1 tende a 0,5 e a defasagem φ1- φ0 varia de 0º a 90º, não ocorren-
do assim altos valores de corrente superior a faltas trifásicas, po-
rém poderemos ter sobretensão na faixa de 1,1
1 ,1 x a tensão nominal.
176 UNIUBE

• Redes diversas:

Para sistemas que não são considerados solidamente aterrados,


avalia-se a relação Z0/ Z1 = 5,4 ou 3, e defasagem angular de 30º,

visando à tensão
implantação de 80% na
de resistores de fase não defeituosa,
aterramento pode-se de
para obtenção avaliar
cor-
rente de faltas terra que não sejam muito superiores à corrente
nominal do sistema.

7.4 Estabilidade angular em máquinas

O transporte de potência em sistemas elétricos, desprezando-se as


perdas, pode ser avaliado por:

Assim, temos uma potência transportada em função da defasagem

angular entre as tensões V e E dada por:


UNIUBE 177

A estabilidade desse sistema, considerando variações de cargas,


pode ser avaliada como transitória, quando de grandes perturba-
ções, normalmente avaliada no período até 1,0 segundo, e dinâ-
mica, quando envolve ações dos reguladores de velocidade, estas

normalmente avaliadas com auxílio de ferramentas computacionais


que envolvem avaliações de vários segundos.

• CONCEITOS BÁSICOS DA MECÂNICA DE ROTAÇÃO

Considerando que perturbações nos sistemas elétricos provocarão


interferências no campo elétrico girante das máquinas geradoras,

alterando o acoplamento
com alteração do campo
da velocidade produzido
síncrona pelos polos
e alterando do rotor
rotor,,
o sincronismo
entre os ângulos elétrico e mecânico do eixo da máquina, acele-
rando-a ou frenando-a, torna-se importante avaliar as condições
mecânicas e elétricas para que se possam efetivar estudos de
estabilidade.

- Energia cinética (G) de um corpo em rotação:

em Joule × seg2/rad2 (ou Js2/rad2),


Em que: ωm é a velocidade em rad/s, a expressão.

A energia armazenada nas massas girantes (rotor, turbina etc.) é


mais bem expressa em Mega Joule (ou MJ), e os ângulos em graus
elétricos.
178 UNIUBE

Figura 89 - Grandezas mecânicas envolvidas em estudos dinâmicos


Fonte: SIEMENS (1975)

Na velocidade angular mecânica constante ou aproximadamente


constante (suposição normalmente usada nos estudos de transitó-
rios eletromecânicos), tem-se que o produto J x ω m será constante
e denominado MOMENTUM (M), que é a constante de inércia da
máquina na velocidade síncrona:
UNIUBE 179

O momento de inércia “J” também pode relacionar massa


mass a no movi-
movi-
mento de translação e varia muito em função do modelo e potência
do gerador
gerado r.

O Momentun
terísticas “M”do
físicas apresenta
conjuntogrande
geradordependência
e, como emcom as carac-
carac
Sistemas de-
Potência, nos referimos à potência nominal da máquina, dene-se
assim uma grandeza quase invariável com a potência da máquina,
denominada CONSTANTE DE INÉRCIA - H, denida como:
180 UNIUBE

Equação de oscilação da máquina síncrona

Na condição de regime, temos um equilíbrio entre o torque mecâ-


nico e o torque elétrico:

= 0, em regime de operação

Em que:

Ta = torque acelerante

Tm = torque mecânico

Te = torque elétrico

Havendo distúrbios, teremos um desequilíbrio nesses torques,


aparecendo um torque acelerante (positivo ou negativo).
UNIUBE 181

Em que:

J é o momento de inércia do rotor em kgm2.

αm é a aceleração mecânica, ou seja, a variação do ângulo mecâ-


nico θm no tempo.

Ta é o torque de aceleração em Nm.

Visando avaliar o desvio da velocidade do rotor em relação à velo-


cidade síncrona, o referencial agora gira com a velocidade síncro-
na ωSmecânico
182 UNIUBE

Temos assim a variação do ângulo mecânico, ou seja, a velocidade


do rotor dθmecânico/dt é a soma da velocidade síncrona do rotor com
o deslocamento angular do rotor em relação à velocidade síncrona,
e sua deriva no tempo, ou seja, a aceleração do rotor em relação

ao referencial xo, é a mesma que a aceleração do deslocamento


angular do rotor

De:

Temos:

Multiplicando-se por ωmecânico

Em que J ×ωmecânico é momento angular, e M = J ×ωSmecânico é a


constante de inércia da máquina medida na velocidade síncrona,
assim temos:
UNIUBE 183

Os fabricantes fornecem os dados das máquinas com a constante H.

A constante H da máquina é a razão entre a energia cinética arma-


zenada no rotor da máquina na velocidade síncrona e sua potência
elétrica trifásica aparente, sendo que o signicado de H, expres
expres--
so em segundos na base da máquina, pode ser encarado como a
quantidade de tempo que uma unidade geradora gasta para alterar
a velocidade de 0,5 p.u. sob um torque de aceleração de 1 p.u.

Teremos:

Em que δmecânico é a defasagem angular do rotor em relação ao eixo


que gira na velocidade síncrona ω Sm do rotor.
184 UNIUBE

Como ω = ( p / 2)× ω , relação entre a velocidade angular


mecânico
elétrica e a velocidade angular mecânica, e δ = ( p / 2)×δ mecânico ,
relação entre o ângulo elétrico e o ângulo mecânico, temos a po-
tência acelerante dada em função da constante da máquina e da
defasagem entre os ângulos elétrico e mecânico dada por:

Em que:

H é a constante da máquina - MJ/MV


MJ/MVA
A ou segundos.

ωS = 2×π × f - em radianos elétricos por segundo.

δ - está em radianos elétricos.

Pa, Pmecânico, Pe - em p.u. na base da máquina.

• Se Pe = Pmecânico
Pmecânico,, a máquina está em regime permanente
e gira na velocidade síncrona ωS .

• Se Pe < Pmecânico, a máquina acelera.


Pmecânico,

• Se Pe > Pmecânico
Pmecânico,, a máquina freia.
UNIUBE 185

Critério de igualdade de áreas

Uma avaliação aproximada e rápida da estabilidade transitória de


um sistema com uma máquina conectada a um barramento innito,

a qual evita
através a solução de
do denominado equações
“c ritério
“critério diferenciais,
de igualdade pode Aser
de áreas”. obtida
dedução
e análise apresentadas a seguir podem ser adaptadas para um
sistema com duas máquinas.

Seja a equação de oscilação (balanço) para uma máquina conec-


tada a uma barra innita, escrita em termos de potência dada por:

Integralizando a variação do ângulo da máquina (ângulo aceleran-


te) desde o valor inicial dado pelo ponto de equilíbrio δ0 até o ângu-
lo a ser avaliado δ, temos:

Para que haja estabilidade, é necessário que essa velocidade rela-


tiva seja zero quando:

• A aceleração for zero.

• A aceleração estiver se opondo ao movimento do rotor.


186 UNIUBE

O limite de estabilidade para um rotor que está acelerando (d 2δ/dt2


> 0) pode ser determinado supondo que existe um ângulo δmax que
obedece às duas condições seguintes:

• A potência acelerante em δmax é negativa ou nula, isto é,


Pa(δmax) < 0.

• A área sob a curva Pa - δ do δmax é nula, isto é:

Sistema Estável – A1 = A2

Sistema Instável – A1 > A2

No sistema estável, a área líquida sob a curva se anula para δ =


δmax, desde que as duas áreas
á reas A1 e A2 sejam iguais e opostas. Onde
também para δ= δmax a potência acelerante (e a aceleração do ro-
tor) é negativa.
UNIUBE 187

No sistema instável, a potência acelerante da máquina inverte o


sinal sem conseguir que as duas áreas A1 e A 2 se igualem. Área
A2 é menor que área A1, e a área A3 possui o mesmo sinal que A1
(acrescentando mais potência acelerante).

Critério das Áreas Iguais

Dessas análises podem-se estabelecer duas condições para se


determinar o limite de estabilidade. Esse limite ocorre quando o
ângulo δmax é tal que:

• Pa(δmax) = 0 ou Pm = Pe

• A1 = A2 --> Critério das áreas iguais

Ângulo de chaveamento crítico (DCC)

O ângulo que estabelece o limite de estabilidade é denido como


ângulo de chaveamento crítico (dcc).

Exemplo: segue um sistema de potência com estudos de uxo de


188 UNIUBE

potência com 1,0 p.u., com ocorrência de falta no meio da linha de


transmissão, conhecendo-se a tensão de 1,0 p.u. nos terminais
do gerador na condição de pré-falta (dada em estudos de uxo de
potência), conhecendo-se a impedância da máquina de 0,2 p.u. do

transformador de 0,10 p.u. e das linhas de 0,4 p.u, em que LT AB


está aberta. Após ocorrência da falta, o disjuntor atuou eliminando
o defeito.

Efetuando a modelagem do sistema, temos:

a) Em funcionamento de regime, temos:


UNIUBE 189

b) Curto-circuito trifásico no meio da linha inferior:

Aplicando conceito de Ybarras e convertendo impedâncias em ad


a d-
mitâncias, temos:
190 UNIUBE

Eliminando-se uma das barras pelo processo de Kron, como:

Temos assim a impedância equivalente entre a tensão interna do


gerador e o ponto de falta, podemos então avaliar a potência
p otência elétri-
ca transmitida na condição de falta:
UNIUBE 191

Com a eliminação da falta, passamos a ter:

Gracamente, temos:

Avaliando-se a condição, na condição de equilíbrio, com uxo de


1,0 p.u. de potência:

Ocorrendo a falta:
192 UNIUBE

Na condição de estabilidade:

ou seja,

O tempo crítico que corresponde:


UNIUBE 193

Ocorrendo a abertura da proteção no tempo crítico, de 0,22 se-


gundos, a máquina continuará com velocidade acima da síncrona,
passando agora a ter um torque frenante pela nova condição da
potência elétrica, e será estável até o ponto δmax, com A1 = A2.

Sabendo que:

Em que:
194 UNIUBE

Passamos a ter:

e,

Na condição de A1 = A2, igualando as equações:

Para a condição do exemplo:


UNIUBE 195

Considerações nais

Nas proteções aplicadas em Sistemas Elétricos de Potência (SEP),


devem-se levar em consideração as condições de pleno funcio-
namento, permitindo funcionamento sem atuações do sistema de
proteção, porém sempre avaliando as variações de ocorrência de
distúrbios transitórios e dinâmicos.

Havendo faltas, através de zonas de proteção, com uso de relé


de sobrecorrente de fase, neutro e à terra, direcional ou não de
corrente e de potência, relés diferenciais, relés de proteção a dis-
tância, relés de tensão (sobre e subtensão), relés de frequência,
relés de falhas de atuação etc., avaliamos a temporização ou ação
instantânea com o objetivo de sensibilidade, velocidade, coordena-
ção e seletividade, ou seja, isolar a menor parcela possível
poss ível do SEP,
SEP,
procurando salvar com integridade o sistema restante.

As contingências mais comuns são: operação de linhas de


196 UNIUBE

transmissão, de transformadores, unidades geradoras, bancos de


capacitores e saídas de blocos de cargas.

Diversos agentes reguladores da América do Norte têm implemen-

tado
comocritérios
o WECCde(Western
segurança nas normas
Electricity de acesso
Coordinating à transmissão,
Council), sugerin-
do atendimento com uma margem mínima de 5% para contingên-
cias simples (N-1), de 2,5% para contingências duplas e margem
maior do que zero para o caso de múltiplas contingências (perda
simultânea da combinação de 3 ou mais elementos do sistema).

Além disso, recomenda-se que a margem de estabilidade para o


sistema em condições normais de operação seja maior do que a

margem para o caso N-1 (WECC, 1998).


O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomenda aten-
dimento em cotingência simples N-1 com margem mínima de 6%.

A importância de avaliar a margem de estabilidade de tensão do


sistema é tão grande que recentemente diversas pesquisas têm
sido feitas para a estimação e monitoramento da margem de es-
tabilidade de tensão do sistema em tempo real (AMJADY, 2004;

BAO et al. 2003; KAMALASADAN et al., 2006 apud AFFONSO et


al. 2008).

Assim, não só quando ocorrer faltas, mas também em condições


de colapso de tensão e demais variações, as proteções devem atu-
ar visando manter a estabilidade, razão da necessidade de avaliar
os tempos de atuação.

Caso especial vem surgindo com GD – Geração Distribuição, em

que a proteção
de operação emdeve
queavaliar “o ilhamento”,
uma parcela que se
do sistema refereéaosuprida
elétrico modo
UNIUBE 197

exclusivamente por uma unidade ou grupo de geradores distribuí-


dos, independente e isoladamente do restante do sistema, condi-
ção essa que pode ser criada pela atuação da proteção.

De
nãoacordo com normas
intencionais, internacionais,
estes devem na ocorrência
ser detectados,
detectados , e a GDdedeve
ilhamentos
cessar
seu fornecimento à rede em no máximo dois segundos após a
formação da ilha. Essa medida é a adotada majoritariamente pelas
distribuidoras.

O acompanhamento online do SEP atual visa identicar as con-


con-
dições: sistema seguro, sistema em alerta, sistema em estado de
emergência (violação) e sistema restaurado, com uso de sistema

SCADA para monitorar o estado de todos os disjuntores da rede,


desde a subestação da concessionária até a GD.

Dessa forma, visa operar o SEP com base na medição de variáveis


do sistema elétrico, avaliando as medidas necessárias que pos-
sam ser tomadas e com uso de redes de proteção com protocolos
adequados, devidamente programados para ações e atuações que
q ue
visem ao comportamento de todo o SEP.
SEP.
Capítulo
Monitoramento de
8 sistemas de potência,
localização em sistemas
elétricos
Amauri Luengo
L uengo Figueir
F igueira
a

Introdução
Neste capítulo, estudaremos as questões referentes à
localização de faltas na linha de distribuição. Inicialmente,
será realizada uma análise de como é feita a localização das
faltas nos sistemas de distribuição de energia elétrica.

Em um Sistema Elétrico de Potência (SEP), temos dois


tipos de falhas. Os dois tipos de ocorrência de falhas serão
analisados e veremos quais são as formas existentes para
localizar cada uma deles, sempre com enfoque no que vem
sendo usado nas linhas de transmissão construídas nos dias
de hoje.

Em seguida, os métodos existentes mais utilizados nas faltas


de alta impedância serão analisados. Eles não podem ser
detectados pelos métodos tradicionais vistos nos capítulos
anteriores, por isso é necessária a aplicação de técnicas
computacionais para detectar o tipo de erro que está
ocorrendo, classicá-lo e tratá-lo.
Objetivos
• Localizar as faltas em sistemas elétricos de potência
(SEP).
• Reconhecer as faltas em sistemas elétricos de potência
(SEP).
• Aplicar as técnicas para detecção de faltas
faltas em linhas de
transmissão.
• Classicar e medir os níveis de perturbação.

Esquema
• Localização de faltas em sistemas elétricos
• Faltas de baixa e alta impedância

• Faltas de alta impedância passiva e ativa


• Técnicas de detecção de faltas em linhas de
transmissão
• Abordagem neural utilizando características
estatísticas de corrente de falta
• Método para diagnóstico de faltas em subestações
de distribuição, utilizando sistemas Fuzzy e redes de
causa e efeito
• Classicação e medição dos níveis de perturbação
em sistemas de potência por meio de Wavelet

8.1 Localização de faltas em sistemas elétricos

A continuidade no fornecimento da eletricidade é essencial nos


dias modernos em que vivemos. Diversos setores da sociedade
dependem do fornecimento constante de energia. Infelizmente,
várias anomalias podem ocorrer e causar falhas na transmissão
desse insumo. Situações metereológicas adversas como fortes

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