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Autores:
• Nelso Gauze Bonacorso
Engenheiro Eletricista formado pela UFSM, com Mestrado em Eletrônica de
Potência pela UFSC. É professor na Escola Técnica Federal de Santa Catarina,
no Laboratório de Automação Hidráulica e Pneumática.
• Matheus Prim dos Santos
Técnico em Eletrotécnica formado pela ETFSC.
Objetivos:
Fornecer aos alunos os conhecimentos teóricos e práticos relativos ao funcionamento
dos principais componentes e circuitos elétricos básicos; dando-lhes condições de efetuar
manutenções elétricas e realizar pequenos projetos na área.
Direitos Autorais:
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem
prévia autorização por escrito dos autores.
ÍNDICE
1 - INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 03
1.1 - Energia Elétrica........................................................................................................... 03
1.2 - Sistema Internacional de Unidades.............................................................................. 04
1.3 - Potência de Dez.......................................................................................................... 04
1.4 - Notação Científica....................................................................................................... 06
1.5 - Prefixos de Unidades................................................................................................... 07
2 - ELETROSTÁTICA............................................................................................................ 08
2.1 - Atomística................................................................................................................... 08
2.2 - Condutores e Isolantes................................................................................................ 11
2.3 - Carga Elétrica.............................................................................................................. 12
2.4 - Potencial Elétrico e Capacitância................................................................................. 12
2.5 - Eletrização................................................................................................................... 14
2.6 - Exercícios Propostos................................................................................................... 17
3 - ELETRODINÂMICA.......................................................................................................... 18
3.1 - Tensão Elétrica............................................................................................................ 18
3.2 - Corrente Elétrica.......................................................................................................... 22
3.3 - Resistência Elétrica..................................................................................................... 24
3.4 - Resistores.................................................................................................................... 28
3.5 - Potência Elétrica.......................................................................................................... 33
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Objetivos 1
3.6 - Exercícios Propostos................................................................................................... 35
4 - ELETROMAGNETISMO................................................................................................... 38
4.1 - Campo Magnético........................................................................................................ 38
4.2 - Ímãs............................................................................................................................ 40
4.3 - Eletroímãs................................................................................................................... 42
4.4 - Exercícios Propostos................................................................................................... 46
7 - TRANSFORMADORES..................................................................................................... 74
7.1 - Princípio de Funcionamento........................................................................................ 74
7.2 - Relação de Tensão...................................................................................................... 75
7.3 - Relação de Corrente.................................................................................................... 76
7.4 - Rendimento................................................................................................................. 77
7.5 - Transformadores Trifásicos......................................................................................... 78
7.6 - Exercícios Propostos................................................................................................... 79
8 - MOTORES ELÉTRICOS................................................................................................... 81
8.1 - Motores de Corrente Contínua..................................................................................... 82
8.2 - Motores de Corrente Alternada.................................................................................... 85
8.3 - Motores Especiais........................................................................................................ 91
8.4 - Exercícios Propostos................................................................................................... 93
9 - DISPOSITIVOS ELÉTRICOS............................................................................................ 94
9.1 - Dispositivos de Comando............................................................................................ 94
9.2 - Dispositivos de Proteção........................................................................................... 100
9.3 - Dispositivos de Regulação........................................................................................ 103
9.4 - Dispositivos de Sinalização....................................................................................... 106
9.5 - Exercícios Propostos................................................................................................. 108
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2 Eletricidade Aplicada
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
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A energia elétrica, desde a sua descoberta, tem sido um caminho usado pelo homem para lhe
proporcionar benefícios. Hoje em dia podemos observar que a sua transformação em outras
formas de energia ( mecânica, luz, calor, etc... ) tem facilitado a execução de várias tarefas e
processos. Entretanto, a eletricidade traz consigo, quando mal empregada, alguns perigos como
os choques, às vezes fatais, e os curtos-circuitos, causadores de tantos incêndios. A melhor forma
de convivermos em harmonia com a eletricidade é conhecê-la, tirando-lhe o maior proveito,
desfrutando de todo o seu conforto com a máxima segurança.
O estudo da eletricidade trata do estudo da conversão de energia de uma forma para outra. A
própria energia elétrica é obtida pela conversão de outras formas de energia. As baterias
convertem energia química em energia elétrica, as células solares, convertem energia luminosa
em energia elétrica e os geradores convertem energia mecânica ( rotacional ) em energia elétrica.
Quando acionamos uma chave para acender uma lâmpada ou ligamos um motor elétrico,
estamos desencadeando um mecanismo bastante complexo. Estes fenômenos passam
desapercebidos devido a aparente simplicidade destas operações.
Por outro lado, o surgimento do campo magnético produzido pela passagem da corrente
elétrica em condutores é uma das mais importantes descobertas realizadas pelo homem. Este
fenômeno chama-se eletromagnetismo e diversos dispositivos elétricos funcionam através desta
propriedade, tais como: motores elétricos, transformadores, relés, válvulas, etc..
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Introdução 3
Com o objetivo de facilitar o intercâmbio científico, em 1960, na 11o Conferência Geral de
Pesos e Medidas, em Paris, foi adotado o Sistema Internacional de Unidades ( SI ), que tem a
finalidade de padronizar as unidades utilizadas.
Cada grandeza física recebeu um símbolo padrão e cada unidade recebeu uma forma
abreviada de representação que devem ser utilizadas em equações matemáticas e na descrição
de trabalhos científicos, como mostra a seguinte tabela.
OBS.: Não confundir os símbolos padrão das grandezas com as formas abreviadas para as
unidades. São coisas totalmente diferentes.
Exemplo: Em eletricidade, a quantidade de carga elétrica é igual a corrente elétrica vezes o tempo,
ou seja, Q = i ⋅ t e, as unidades são: Coulomb = Ámpere ⋅ segundo ( C = A ⋅ s ).
Os técnicos, engenheiros, físicos, químicos, etc., trabalham, no seu dia-a-dia, com quantidades
muito grandes ou muito pequenas.
Exemplos:
♦ velocidade da luz no vácuo ≅ 300 000 000 m / s
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4 Eletricidade Aplicada
♦ massa do elétron ≅ 0,000000000000000000000000000000911 kg
Para simplificar a representação destas quantidades que são muito úteis, principalmente no
momento de realizar cálculos, utiliza-se potências de dez.
Exemplos:
♦ 100 A = 10 × 10 A = 102 A
♦ 4000 s = 4 × 10 × 10 × 10 s = 4 × 103 s
Para se somar ou subtrair dois ou mais números com potências de dez; os expoentes dos
números devem ser iguais. A seguir soma-se ou subtrai-se os coeficientes para se obter o novo
coeficiente, ou seja : X × 10 A ± Y × 10 A = ( X ± Y ) × 10 A .
Exemplos:
♦ 1 × 10 2 − 3 × 10 2 = −2 × 10 2
♦ 10 × 10 4 + 2,2 × 10 5 = 3,2 × 10 5
Exemplo:
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Introdução 5
Para se dividir dois números expressos em potência de dez, divide-se os coeficientes para se
obter o novo coeficiente e subtrai-se os expoentes para se obter o novo expoente, isto é:
X × 10 A ÷ Y × 10 B = ( X ÷ Y ) × 10 A-B .
Exemplo:
♦ 8 × 10 4 ÷ 4 × 10 2 = 2 × 10 4-2 = 2 × 10 2
• Potenciação: X × 10 A( )B = X B × 10 A ×B
Exemplo:
♦ (2 × 10 2 ) 3 = 2 3 × 10 2×3 = 8 × 10 6
• Radiciação:
B
(
X × 10 A = X × 10 A )1÷B = X 1÷B × 10 A ÷B
Exemplo:
♦ (
49 × 10 2 = 49 × 10 2 )1÷2 = 49 1÷2 × 10 2÷2 = 7 × 10
Existe uma forma padrão utilizada para representar quantidades em trabalhos científicos, que
deve, na medida do possível ser utilizada. É a chamada notação científica. A notação científica
tem a seguinte forma:
N × 10 n
Onde:
♦ 1 < N < 10
♦ N: é um número real ( coeficiente )
♦ n: é um número inteiro ( expoente )
Exemplo:
♦ 38,74 × 10 −4 A = 3,874 × 10 −3 A
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6 Eletricidade Aplicada
Uma outra forma de simplificar a representação dos números é a utilização de prefixos de
unidades, como mostra a seguinte tabela.
Exemplos:
♦ 5000 m = 5 × 103 m = 5 km
♦ 0,000003 A = 3 × 10-6 A = 3 µA
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Introdução 7
Capítulo 2 - ELETROSTÁTICA
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2.1 - Atomística
2.5 - Eletrização
2.1 - Atomística
Sabemos que todos os corpos são constituídos de átomos. Os átomos por sua vez são
constituídos de minúsculas partículas atômicas, as principais são: prótons, elétrons e neutrôns.
O modelo mais simples para representar um átomo é o modelo atômico de Bohr, o qual
possui uma estrutura semelhante a do sistema solar, como mostra a figura 2.1.
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8 Eletricidade Aplicada
Os elétrons são partículas muito leves, possuem carga elétrica negativa e giram em torno do
núcleo em níveis de energia ( órbitas ou camadas ) bem definidas.
O núcleo é formado de prótons, que tem carga elétrica positiva, e por nêutrons, que não
tem carga elétrica, ambos com a mesma massa, porém, muito maior que a do elétron.
Órbitas K L M N O P Q
Elétrons 2 8 18 32 32 18 2
A órbita K é a que fica mais próxima do núcleo, sendo acompanhada pelas demais na
seqüência alfabética. O número máximo de órbitas de um átomo está relacionado ao número de
elétrons que o mesmo possui.
O número de elétrons, prótons e nêutrons de um átomo define sua estrutura atômica e varia
de um elemento químico para o outro. Na natureza existem aproximadamente 100 tipos diferentes
de átomos formando diversos tipos de materiais.
Exemplos:
A quantidade de carga que o elétron possui é igual, em módulo, a quantidade de carga que o
próton possui, por isso dizemos que o átomo é neutro, quando o número de prótons é igual ao
número de elétrons. A figura 2.2 mostra a estrutura atômica plana do átomo de alumínio.
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Eletrostática 9
Camada M: 3 elétrons livres
Camada L: 8 elétrons
Camada K: 2 elétrons
Quando um átomo perde um elétron, este passa a ser um íon positivo ou cátion, pois o
número de prótons fica maior que o de elétrons, como mostra a figura 2.3 ( a ). Quando um átomo
ganha um elétron, este passa a ser um íon negativo ou ânion, pois o número de elétrons fica
maior que o de prótons, como mostra a figura 2.3 ( b ). A mesma análise pode ser feita com os
corpos que são, afinal, constituídos por átomos.
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10 Eletricidade Aplicada
Figura 2.3 - Ionização
Existem materiais condutores e isolantes nos três estados da matéria: sólidos, líquidos e
gasosos. Porém, em eletricidade, os condutores mais utilizados são os sólidos principalmente os
metais e, no caso dos isolantes, os três estados têm grande aplicação.
Condutores elétricos são materiais caracterizados por possuírem no seu interior, elétrons
livres, desta forma, permitindo a passagem de uma corrente elétrica.
Isolantes elétricos são substâncias que não permitem a passagem da corrente elétrica, por
não terem elétrons livres, os elétrons da última camada estão fortemente presos ao átomo.
Exemplos de isolantes: vidro, mica, fenolite, baquelite, borracha, porcelana, etc..
Os termos isolante e condutor são relativos pois, sob certas condições um isolante pode se
comportar como condutor e vice-versa. Além disso existe uma outra classe de substância
chamada de semicondutores, os quais têm características intermediárias entre os condutores e
os isolantes, são utilizados na confecção de diversos componentes eletrônicos. Exemplos: silício (
Si ) e o germânio ( Ge ).
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Eletrostática 11
Ainda temos os chamados supercondutores, que são materiais que possuem uma
baixíssima resistência a passagem da corrente elétrica. São ligas de metais especiais como
titânio, cobre e outros.
A quantidade de carga de um corpo “Q” é sempre um número inteiro desta quantidade “q”,
ou seja:
Q= ± n⋅q
Onde:
♦ Q: carga elétrica total do corpo eletrizado
♦ ± : + Corpo com falta de elétrons
- Corpo com excesso de elétrons
♦ n: número de elétrons em falta ou em excesso
♦ q: carga do elétron
O potencial elétrico “V” é uma grandeza associada a um corpo carregado eletricamente, cujo
o valor depende da quantidade de cargas elétricas, das dimensões do corpo e das características
do meio onde ele se encontra. A unidade de potencial elétrico é o Volt ( V ).
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12 Eletricidade Aplicada
No caso de um corpo esférico o potencial elétrico é dado pela equação:
K ⋅Q
V=
R
Onde:
♦ R: Raio ( em metros )
♦ K: Constante que depende do meio no qual se encontra a esfera
• Capacitores e Capacitância
K ⋅Q Q K
V= de onde tira-se a relação: V = R = C
R
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Eletrostática 13
2.5 - Eletrização
Eletrizar um corpo significa colocar ou retirar elétrons deste corpo. Existem três processos
fundamentais para se eletrizar um corpo: atrito, contato e indução.
Dois corpos isolantes “A” e “B” de materiais diferentes e eletricamente neutros, quando
atritados entre si, o calor produzido pode fazer com que o corpo “A” perca elétrons para o corpo
“B”. Depois, quando separados, “A” fica eletrizado positivamente com carga +QA e “B” fica
eletrizado negativamente com carga -QB.
Neste tipo de eletrização, os corpos ficam com a mesma intensidade de carga elétrica em
módulo, porém, com sinais contrários ( |+QA| = |-QB| ). A carga total continua sendo nula, isto é:
+QA + ( - QB ) = 0. Exemplos de materiais que podem se eletrizar por atritos: plástico e seda, lã e
ebolite, etc..
Dois corpos condutores “A” e “B” com dimensões diferentes, estando “A” carregado, inicialmente
com uma carga elétrica +QA e potencial elétrico +VA e “B” inicialmente neutro ( QB = 0 e VB = 0 ),
conforme mostra a figura 2.5 ( a ).
Colocando os corpos “A” e “B” em contato, o corpo “A”, carregado positivamente atrai
elétrons do corpo “B” que estava parcialmente neutro.
O fluxo de elétrons de “B” para “A” começa em alta velocidade devido a diferença de
potencial elétrico entre eles e decresce até parar, quando o sistema entra em equilíbrio
eletrostático, ou seja: VA = VB.
Quando os corpos são novamente isolados um do outro, verifica-se que o corpo “A” ficou com
uma carga final +QA ( menor que a carga inicial ) e que o corpo “B” carregou-se positivamente
+QB, sendo QA ≠ QB, em função das dimensões dos corpos “A” e “B” serem diferentes.
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14 Eletricidade Aplicada
Figura 2.5 - Eletrização por Contato
Em eletricidade, terra é o nome genérico de um pólo com potencial elétrico nulo tomado
como referência nos circuitos elétricos. A figura 2.6 nos mostra os símbolos mais usados ao ponto
de terra.
O processo de eletrização por indução ocorre entre corpos condutores sem a necessidade de
contato físico entre eles, usando o princípio da atração e repulsão entre cargas elétricas.
Um corpo condutor “A” eletricamente neutro encontra-se apoiado numa base isolante, como
mostra a figura 2.7 ( a ).
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Eletrostática 15
Aproximando um corpo “B” carregado positivamente à extremidade direita do corpo “A”,
observa-se que os elétrons livres do corpo “A” são atraídos para esta extremidade, ficando a
extremidade esquerda com falta de elétrons, o corpo “A” desta maneira fica eletrizado ( lado
direito pólo negativo, lado esquerdo pólo positivo ), embora este corpo permaneça eletricamente
neutro.
Interrompendo a ligação à terra e afastando os corpos, verifica-se que o corpo “A” ficou com
excesso de elétrons, ou seja, eletrizando negativamente.
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16 Eletricidade Aplicada
2.6 - Exercícios Propostos
1) Quantos elétrons devem ser colocados em um corpo neutro para o mesmo fique com a
carga de -3,4 µC? R: 2,125 × 1013 elétrons
2) De um corpo foram retirados 2 × 1014 elétrons, ficando com uma carga de -16µC. Qual era
a carga inicial do corpo? R: 48µC
3) Uma esfera metálica ( A ) com carga de -90µC e raio “R” é colocada em contato com uma
esfera metálica ( B ) neutra e com raio “3R”. Depois do contato entre as esferas qual será
a carga de cada uma. R: QA = -22,5 µC e QB = - 67,5 µC
5) Por que nos condutores, os elétrons livres distribuem-se na sua superfície externa?
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Eletrostática 17
Capítulo 3 - ELETRODINÂMICA
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3.4 - Resistores
Tensão elétrica ou diferença de potencial ( ddp ) entre dois pontos é de extrema importância
para o estudo de tudo o que está relacionado à eletricidade, sendo sua unidade de medida o Volt
( V ). Assim, a tensão entre os pontos A e B pode ser expressa por:
VAB = VA − VB
Para que haja deslocamento de cargas ( corrente elétrica ) num determinado circuito elétrico
é necessário que este esteja fechado e que exista uma ddp ( tensão elétrica ) entre dois pontos
do mesmo.
O dispositivo que fornece tensão a um circuito elétrico é conhecido por fonte de alimentação
ou gerador de tensão. Existem fontes de alimentação de tensão contínua e de tensão alternada:
Fonte de alimentação de tensão contínua: é aquela que tem o valor da tensão elétrica
constante, isto é, não sofre variação de intensidade nem inversão de polaridade ao longo do
tempo. Exemplos: pilha elétrica ( V = 1,5 V ), bateria de automóvel ( V = 12 V ), fonte de tensão
ajustável ( V=0 a 30 V ), etc..
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18 Eletricidade Aplicada
Fonte de alimentação de tensão alternada: é aquela que ao longo do tempo, varia de
intensidade e sofre constantes inversões de polaridade. Exemplos: gerador de usina elétrica ( V =
13,8 kV/60 Hz ), gerador de áudio ( V = 0 a 10 V/ 10 a 50 kHz ), alternador de automóvel, etc..
A figura 3.1 nos mostra os gráficos, símbolos e equações das fontes de alimentação de tensão
contínua e alternada.
• O Voltímetro
O instrumento utilizado para medir uma tensão elétrica é o voltímetro cujos símbolos estão
representados na figura 3.2. Os voltímetros assim como a maioria dos instrumentos de medida
podem ser analógicos ou digitais.
O voltímetro deve ser ligado em paralelo através das duas pontas de prova com o
dispositivo no qual deseja-se medir a tensão, já que a medida correspondente à ddp entre dois
pontos.
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Eletrodinâmica 19
Para que as medidas sejam feitas com a maior precisão possível, o voltímetro possui vários
valores máximos denominados fundos de escala, que podem ser escolhidos através de um
seletor, conforme a ordem de grandeza do valor a ser medido. Um voltímetro ajustado para um
fundo de escala de 10 V ( pode medir no máximo 10 V ) não pode ser utilizado para medida de
tensão maiores que 10 V, pois pode se danificar.
Ao ser medida uma tensão contínua, é necessário observar a correta polaridade das pontas de
prova dos voltímetros utilizados. Já para efetuar a medida da tensão alternada, não há problema
de polaridade.
♦ Geração de tensão através da ação química: uma bateria ou pilha química voltaica
consiste numa combinação de materiais que através das reações químicas entre eletrólitos e
eletrodos convertem energia química em energia elétrica. Exemplos: pilhas e baterias.
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20 Eletricidade Aplicada
♦ Geração de tensão mediante efeito térmico: se dois fios de materiais diferentes como o
cobre e o constantan forem unidos um ao outro formando uma junção. Uma tensão será obtida ao
ser aquecida esta junção. A faixa de tensão é da ordem de milivolts ( mV ).
♦ Geração de tensão mediante efeito fotoelétrico: alguns materiais como o selênio, potássio
e óxido de césio emitem elétrons quando suas superfícies são atingidas pela luz. Este efeito
fotoelétrico baseia-se o funcionamento das fotocélulas e regulagem de comando eletrônicos. A
figura 3.7 nos mostra uma fotocélula submetida a ação da luz solar.
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Eletrodinâmica 21
Figura 3.7 - Fotocélula submetida a Luz Solar
Nos primórdios da eletricidade, achava-se que a corrente elétrica era devido ao movimento de
“partículas positivas”. Após a descoberta do átomo verificou-se que realmente a corrente elétrica
em um condutor metálico é devido aos elétrons livres, mas costuma-se orientar a corrente no
sentido convencional que é contrário ao real. A figura 3.8 mostra os dois tipos de sentido para a
corrente elétrica. Nesta livro, somente usaremos nas figuras explicativas o sentido convencional
da corrente elétrica.
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22 Eletricidade Aplicada
ΔQ
i=
Δt
A figura 3.9 nos mostra a definição da intensidade da corrente elétrica em um condutor sólido.
Se a diferença de potencial VAB for constante ( tensão contínua ) a corrente neste caso será
contínua ( CC ). Quando a diferença de potencial VAB for alternada ( tensão alternada ) a corrente
também será alternada ( CA ). A figura 3.10 mostra o gráfico das correntes contínua e alternada
senoidal.
• O Amperímetro
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Eletrodinâmica 23
Figura 3.11 - Símbolos Elétricos dos Amperímetros
O amperímetro deve ser ligado em série através de seus terminais ao dispositivo no qual se
deseja medir a corrente elétrica. Para isso, é necessário abrir o circuito no local da medida e
inserir o amperímetro.
Quanto as escalas e polaridade das ponteiras segue-se as mesmas observações feitas para o
voltímetro.
• Efeito Joule
No choque, os elétrons transferem parte de sua energia cinética para os átomos, que por sua
vez, passam a vibrar com maior intensidade, fazendo com que haja uma aumento da temperatura
do condutor.
Para o transporte da corrente elétrica, deve-se utilizar condutores que oferecem o mínimo de
resistência, com a finalidade de diminuir as perdas de energia por efeito Joule.
Por outro lado, há situações em que a resistência elétrica à passagem da corrente elétrica é
uma necessidade, como em chuveiros, aquecedores, ferro de passar roupas e para limitar a
corrente em circuitos elétricos e eletrônicos.
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24 Eletricidade Aplicada
• Lei de Ohm
Ohm verificou que a razão entre as tensões e correntes correspondentes para um determinado
condutor resultava num valor constante, isto é:
V1 V2 V3 V
= = =............ n = constante
i1 i2 i3 in
V
R=
i
Os materiais que obedecem a lei de Ohm são chamados de ôhmicos porém, existe materiais
que a relação entre tensão e corrente não é linear. Por isso, esses materiais são chamados de
não-ôhmicos. São materiais mais sensíveis ao aumento da temperatura.
A figura 3.13 nos mostra três gráficos V × i correspondente a materiais ôhmicos e não-ôhmicos.
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Eletrodinâmica 25
Figura 3.13 - Curvas V × i de Materiais Ôhmicos e Não-Ôhmicos
1 i
G= =
R V
ρ ⋅L
R=
A
Material ρ ( Ω.m )
Prata 1,6 ⋅ 10 −8
Cobre 1,7 ⋅ 10 −8
Ouro 2,3 ⋅ 10 −8
Alumínio 2,8 ⋅ 10 −8
Tungstênio 5,0 ⋅ 10 −8
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26 Eletricidade Aplicada
Bronze 7,0 ⋅ 10 −8
Constantan 50 ⋅ 10 −8
Níquel - Cromo 110 ⋅ 10 −8
Carbono 3500 ⋅ 10 −8
Água pura 2,5 ⋅10 3
Porcelana 3,0 ⋅10 12
Mica 1013 a 1015
Âmbar 1016 a 1017
1
τ=
ρ
Nos metais o aumento da temperatura aumenta a dificuldade dos elétrons livres passarem por
entre os átomos, diminuindo a sua mobilidade. Desta forma a resisitividade do metal aumenta,
conforme a equação a seguir.
ρ f = ρi ⋅ (1+ α ⋅ ΔT)
Onde:
♦ ρf ( Ω.m ): resistividade do material à temperatura Tf
♦ ρi ( Ω.m ): resistividade do material à temperatura TI
♦ ΔT ( oC ): variação da temperatura = Tf - Ti
♦ α ( oC-1 ): coeficiente de temperatura do material
R f = Ri ⋅ (1+ α ⋅ ΔT)
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Eletrodinâmica 27
A seguinte tabela dá o valor do coeficiente de temperatura de alguns materiais.
Material α ( oC-1 )
Prata 0,0038
Cobre 0,0040
Alumínio 0,0039
Tungstênio 0,0048
Ferro 0,0050
Níquel - Cromo 0,00017
Carbono -0,00045
3.4 - Resistores
Atualmente, existem resistores dos mais variados tipos. Os mais comuns são: o resistor de fio,
o resistor de filme carbono e o resistor de filme metálico.
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28 Eletricidade Aplicada
A leitura do valor da resistência de um resistor deve ser realizada obedecendo a seqüência das
faixas coloridas ( figura 3.14 ) e com o auxílio da seguinte tabela.
Amarelo 4 4 × 104
Verde 5 5 × 105
Azul 6 6 × 106
Violeta 7 7
Cinza 8 8
Branco 9 9
Ouro × 10-1 ± 5%
Prata × 10-2 ± 10%
Ausência ± 20%
Exemplo: 1o faixa: laranja; 2o faixa: branco; 3o faixa: vermelho e 4o faixa: prata ⇒ R = 39 × 102
Ω ± 10% = 3,9 kΩ ± 10%.
• Resistores Variáveis
O potenciômetro e o trimpot são resistores variáveis de três terminais, sendo dois ligados às
extremidades da resistência, e um ligado a um cursor móvel, que pode se deslocar sobre o
material resistivo. O valor da resistência entre as extremidades é fixo, porém, variável entre
qualquer extremidade e o terminal ligado ao cursor. A figura 3.15 nos mostra um resistor variável e
sua representação.
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Eletrodinâmica 29
Figura 3.15 - Resistor Variável e seu Símbolo
• O Ohmímetro
Este instrumento é utilizado para realizar a medida do valor da resistência elétrica. Para
efetuar esta operação deve-se, após a calibração e escolha de uma escala adequada, colocar as
duas ponteiras do ohmímetro em paralelo com os terminais do componente a ser medido. Nunca
deve-se medir a resistência de um elemento energizado ou conectado a um circuito.
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30 Eletricidade Aplicada
• Associação de Resistores
A figura 3.16 nos mostra uma associação de “n” resistores em série e seu resistor equivalente.
Verifica-se que a corrente elétrica por todos os resistores da associação é a mesma.
Observa-se que a soma das tensões nos resistores da associação é igual à tensão da fonte de
alimentação, ou seja:
V = V1 + V2 ...... Vn (1)
V1 = R1 ⋅ i; V2 = R 2 ⋅ i;..........; Vn = Rn ⋅ i
V = R1 ⋅ i + R 2 ⋅ i + R n ⋅ i = ( R1 + R 2 +......+ Rn ) ⋅ i (2)
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Eletrodinâmica 31
Usando a lei de Ohm no resistor equivalente, temos:
V = Re ⋅ i (3)
Re = R1 + R2 ......Rn
A figura 3.17 nos mostra uma associação de “n” resistores em paralelo e seu resistor
equivalente. Verifica-se que a tensão elétrica de todos os resistores da associação são iguais.
Observa-se que a soma das correntes nos resistores da associação é igual a corrente que a
fonte de alimentação está fornecendo, isto é:
i = i1 + i 2 +.....+in (4)
V V V
i1 = ; i2 = ; ........; in =
R1 R2 Rn
V V V ⎛ 1 1 1⎞
i= + + ........+ =⎜ + +........ ⎟ ⋅ V (5)
R1 R 2 R n ⎝ R1 R 2 Rn ⎠
V
i= (6)
Re
_____________________________________________________________________________
32 Eletricidade Aplicada
Comparando as equações ( 5 ) e ( 6 ), obteremos:
1 1 1 1
= + + ........ +
Re R1 R2 Rn
OBS.: nas associações de resistores a potência elétrica fornecida pela fonte “Pf” é igual a
soma das potências dissipadas por cada resistor, “P1 + P2 + ....... + Pn”, ou igual a
potência dissipada pelo resistor equivalente “Pe”.
Define-se potência elétrica como sendo o trabalho realizado “w” num determinado intervalo de
tempo “Δt” ou a energia elétrica consumida ou fornecida neste mesmo intervalo de tempo, ou seja:
w E
P= =
Δt Δt
A unidade de potência elétrica é o Joule por segundo ( J/s ), denominada Watt ( W = J/s ).
A potência elétrica fornecida por uma fonte de alimentação a um circuito elétrico é dada pelo
produto de sua tensão pela sua corrente, isto é:
P = V ⋅i
A potência elétrica consumida por um resistor é o produto da tensão aplicada no resistor pela
intensidade da corrente que passa no mesmo:
P = V ⋅i
V2
P = V ⋅ i = R ⋅ i2 =
R
_____________________________________________________________________________
Eletrodinâmica 33
Qualquer uma das três equações anteriores permitem o cálculo da potência dissipada em calor
( efeito Joule ) de um resistor.
♦ Potência
♦ 1 HP ( horse-power ) = 746 W
♦ 1 CV ( cavalo-vapor ) = 736 W
♦ Energia
♦ 1 cal ( caloria ) = 4,18 J
_____________________________________________________________________________
34 Eletricidade Aplicada
♦ 1 Kwh ( quilowatt-hora ) = 3,6 × 106 J
2) Qual a máxima tensão que pode ser aplicada a um resistor que tem as seguintes
especificações: 330Ω/2W ? R: 25,69 V
3) Qual a relação entre as resistências de dois ferros de passar roupas que tem a mesma
potência, porem um é para 110V e o outro é para 220V ? R: 0,25
4) Qual deve ser o diâmetro de um fio de alumínio de 3 km de comprimento, para que ele
apresente uma resistência de 820 mΩ ? R: 11,42 mm
6mm
4mm
_____________________________________________________________________________
Eletrodinâmica 35
8) Um aquecedor contém 2 kg de água a 25oC. Uma resistência de 120 Ω está imersa na água
e ligada a uma fonte de 220 V. Calcule o tempo que a água levará para atingir 100oC. Sabe-
se: c = 1 cal/g oC e Q = m.c.ΔT. R: 0,43 horas
9) A potência mecânica de um motor elétrico é de 1,5 HP. Sabe-se que seu rendimento é de
86%, calcule:
a) A potência elétrica e a corrente fornecida ao motor em plena carga quando ligado a uma
fonte de 220V;
b) Energia elétrica consumida e a energia dissipada em 5 horas de funcionamento.
R: a) 1,30 kW/5,9A; b) 6,51 kWh/0,91kWh
10) Dispõe-se de uma fonte de 12 V para acionar uma lâmpada de 9V/2,7W. Dimensione o
resistor que deverá ser conectado em série com a lâmpada. R: 10Ω/0,9W
11) Três resistores R1=30Ω, R2=40Ω e R3=70Ω são ligados em série. Sabendo-se que a tensão
em R2 é 24 V, calcule:
a) O resistor equivalente;
b) A tensão e a potência dissipada em cada resistor;
c) A potência fornecida pela fonte.
R: a) 140Ω; b) R1: 18V/10,8W, R2: 24V/14,4W, R3: 42V/25,2W; c) 50,4W
12) Os resistores R1 e R2 estão ligados em série a uma fonte de 48V. Sabe-se que a potência
fornecida pela fonte é de 16 W, e que a potência dissipada em R1 é de 6 W, determine os
valores de R1 e R2. R: R1=54Ω, R2=90Ω
13) Calcule o menor valor de “R” no circuito que pode ser inserido em paralelo com a lâmpada
de 12V/20W, tal que o fusível não queime. R: 36Ω
14) Três resistores R1=8Ω, R2=24Ω e R3=48Ω são ligados em paralelo. Sabe-se que i3=1,2 A,
determine:
a) O resistor equivalente
b) A corrente e a potência dissipada em cada resistor;
c) A potência fornecida pela fonte.
R: a) 5,33Ω; b) R1: 7,2A/414,7W, R2: 2,4A/138,2W, R3: 1,2A/69,1W; c) 622,1 W
_____________________________________________________________________________
36 Eletricidade Aplicada
15) Dois resistores R1 e R2, estão ligados em paralelo a uma fonte de 12 V. Sabe-se que a
corrente fornecida pela fonte é de 0,3 A e que R1 é 3 vezes maior que R2. Determine R1 e
R2. R: R1=160Ω; R2=53,3Ω
R2 R3
a) c)
R: 16,67Ω R: 2,5 Ω
b) d)
R: 10 Ω
R: 13,33 Ω
_____________________________________________________________________________
Eletrodinâmica 37
Capítulo 4 - ELETROMAGNETISMO
_______________________________________________________________________
4.2 - Ímãs
4.3 - Eletroímãs
As primeiras observações foram realizadas na região da Magnésia, Ásia Menor, onde foram
encontradas algumas pedras que tinham a propriedade de atrair pedaços de ferro. Hoje sabemos
que essas pedras eram constituídas de óxido de ferro a qual chamamos de magnetita ou pedra-
ímã ou ainda ímãs naturais.
Atualmente com o avanço da tecnologia é possível fabricar ímãs artificiais de diversas formas
e tamanhos, de acordo com a finalidade a que se destinam.
O campo magnético é uma região ao redor de um ímã na qual ele faz sentir seu efeito
magnético.
As linhas de forças invisíveis que compõe o campo magnético são denominadas de linhas de
indução magnética. O campo magnético é mais intenso quando as linhas de indução são
próximas uma das outras e menos intenso quando as linhas de indução estão mais espaçadas.
A figura 4.1 nos mostra no plano o sentido das linhas de indução do campo magnético de um
ímã em forma de barra. Observa-se as seguintes características do campo magnético:
_____________________________________________________________________________
38 Eletricidade Aplicada
Figura 4.1- Representação Plana do Campo Magnético de um Ímã
E, ainda, quanto maior for a distância entre o ímã e um ponto considerado, menor será a força
que o ímã exercerá sobre um corpo magnetizável colocado neste ponto.
O campo magnético pode ser uniforme ou não. Ele é uniforme quando a densidade das linhas
de força é constante, e não-uniforme quando essa densidade é variável. Conforme mostra a figura
4.2.
_____________________________________________________________________________
Eletromagnetismo 39
4.2 - Ímãs
A figura 4.3 nos mostra a interação entre os pólos magnéticos de dois ímãs.
Podemos então generalizar a lei de interação entre os pólos magnéticos: “Pólos magnéticos
de mesmo nome se repelem e de nomes contrários se atraem”.
O planeta Terra se comporta como um grande ímã. Como a agulha imantada da bússola está
sempre voltada para o pólo norte magnético da Terra, concluímos que o pólo sul da agulha
imantada da bússola corresponde ao pólo norte magnético da Terra e vice-versa. Convém
salientar também que o eixo geográfico e magnético da Terra não são coincidentes, ou seja, estão
defasados de aproximadamente 24º.
• Domínios Magnéticos
Pela teoria dos domínios magnéticos cada átomo de um corpo é um pequeno ímã chamado
de dipolo magnético. Cada grupo de dipolos magnéticos alinhados em uma mesma direção
formam um domínio magnético. A figura 4.4 nos mostra os dipolos e os domínios magnéticos de
dois corpos: um que não apresenta propriedade magnética externa, figura 4.4 ( a ), e outra que
apresenta propriedade magnética externa, ou seja, um ímã, figura 4.4 ( b ).
_____________________________________________________________________________
40 Eletricidade Aplicada
Figura 4.4 - Teoria dos Domínios Magnéticos
Isso explica por que é impossível separar o pólo norte do pólo sul de um ímã, ou seja, por mais
que se divida um ímã, figura 4.5, novos pólos vão se formando devido ao alinhamento dos dipolos
numa única direção.
Imantar um corpo significa alinhar todos seus domínios magnéticos numa única direção através
de um campo magnético externo. Porém, nem todos os corpos permitem tal alinhamento de seus
domínios.
Quando um material magnético é colocado sob influência do campo magnético de um ímã, ele
se torna magnetizado, isto é, todos os domínios magnéticos são orientados numa única direção (
um ímã ), conforme mostra a figura 4.6 ( a ).
_____________________________________________________________________________
Eletromagnetismo 41
Se após a retirada do campo magnético externo, figura 4.6 ( b ), a maioria dos domínios do
material magnético permanecerem alinhada, o material magnético torna-se um ímã permanente;
caso contrário é dito ímã temporário.
A maioria das ferramentas, como chaves de fenda, alicates, ligas de ferro com mais de 0,8%
de carbono, liga alnico e materiais cerâmicos, tornam-se ímãs permanentes e são usados para
confecção de ímãs.
Os materiais como ferro puro, o ferrite e o aço silício, tornam-se ímãs temporários e são
utilizados em motores, geradores, transformadores e eletroímãs.
4.3 - Eletroímãs
_____________________________________________________________________________
42 Eletricidade Aplicada
Figura 4.7 - Campo Magnético em um Condutor Elétrico
No caso de uma espira circular, as linhas de indução possuem o sentido indicado conforme
mostra a figura 4.8.
Observando a figura 4.8 verifica-se que no interior da espira a densidade das linhas de indução
é maior e possuem um único sentido.
O campo magnético de um condutor ou uma espira é muito fraco. Pode se obter um campo
magnético mais forte se combinarmos o campo magnético de várias espiras, ou seja, construir um
indutor.
• Indutor e Indutância
Um indutor ou bobina ou ainda solenóide é um fio isolado e enrolado em forma de hélice sobre
um núcleo de ar ou material magnético com várias espiras iguais, uma ao lado da outra e
igualmente espaçadas com uma ou mais camadas. A figura 4.9 nos mostra os símbolos adotados
para os indutores.
_____________________________________________________________________________
Eletromagnetismo 43
( a ) Núcleo de Ar ( b ) Núcleo de Aço-Silício ( c ) Núcleo de Ferrite
A indutância é uma medida do quanto de energia pode ser armazenada no campo magnético
de um indutor. Este parâmetro depende das dimensões do indutor ( área e comprimento ), do
número de espiras e do material de que é feito o núcleo. O símbolo da grandeza indutância é
representado pela letra “L” e a sua unidade é chamada de Henry ( H ).
A figura 4.10 nos mostra as linhas de indução de um solenóide enrolado ao redor de um tubo
plástico ( núcleo de ar ).
_____________________________________________________________________________
Eletromagnetismo 45
1) Em qual material dos ímãs abaixo o fluxo magnético é maior nos pólos?
2) Dois eletroímãs com núcleo de aço silício estão suspensos no ar. Responda
a) O que irá acontecer se fecharmos apenas uma chave?
b) O que irá acontecer se fecharmos as duas chaves ao mesmo tempo? Indique nas figuras
a polaridade dos eletroímãs.
_____________________________________________________________________________
46 Eletricidade Aplicada
Capítulo 5 - SISTEMAS ALTERNADOS
MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS
_______________________________________________________________________
No capítulo anterior verificou-se que correntes elétricas produzem campos magnéticos. Surge,
então a seguinte pergunta: se a corrente elétrica produz um campo magnético, poderá o
campo magnético criar uma corrente elétrica?
Muitas pesquisas foram realizadas de modo a responder essa pergunta. Os físicos, Faraday e
Henry descobriram que essa hipótese era verdadeira.
Observa-se na figura 5.1 ( a ) que o galvanômetro não indicou presença de corrente elétrica.
Chega-se a conclusão que somente um campo magnético não produz corrente elétrica.
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 47
Figura 5.1 - Corrente Elétrica Induzida em uma Espira
Vamos agora aplicar uma força “F” externa na espira, figura 5.1 ( b ), puxando-a para fora do
campo magnético com velocidade constante “v”. Imediatamente o ponteiro do galvanômetro
começa a mover-se, indicando a presença de corrente elétrica na espira no sentido horário.
Vamos agora, figura 5.1 ( c ), empurrar a espira para dentro do campo magnético também com
velocidade constante “v”. Imediatamente o ponteiro do galvanômetro começa a mover-se,
indicando a presença de corrente elétrica na espira, mas com uma diferença: o sentido da
corrente é contrário ao caso anterior, ou seja, sentido anti-horário.
Observa-se também que se a espira para, o ponteiro do galvanômetro indicará a posição zero,
ou seja, não existe corrente elétrica na espira. Concluímos então que para produzir uma
corrente elétrica induzida em uma espira é necessário variar no tempo a quantidade de
linhas de força do campo magnético que passam por dentro da espira, isto é, variação de
fluxo magnético.
_____________________________________________________________________________
48 Eletricidade Aplicada
• Fluxo Magnético
O fluxo magnético “Ø” é obtido pelo produto do módulo vetor campo magnético “B”, pela área
interna da espira onde passam as linhas de campo “A” e pelo coseno do ângulo “θ” formado entre
a direção das linhas de campo e a reta perpendicular ao plano da espira, isto é,:
Ø = B ⋅ A ⋅ cos θ
• Lei de Lenz
Podemos afirmar que a variação do fluxo magnético em circuito fechado produz uma corrente
induzida. Porém o sentido desta corrente é dado pela lei de Lenz: “A corrente induzida tem um
sentido tal que cria um fluxo magnético variável que se opõe à variação do fluxo indutor”.
No caso da figura 5.1 ( b ), o sentido horário da corrente induzida produz, na parte interna da
espira, um fluxo magnético, regra da mão direita, que se soma ao fluxo magnético indutor que está
diminuindo.
ΔØ
V = −N ⋅
Δt
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 49
O sinal “-“ significa que o fluxo magnético variável criado pela corrente induzida se opõe a
variação do fluxo magnético indutor. A variável “N” representa o número de espiras da bobina
submetida ao fluxo magnético indutor.
A figura 5.2 nos mostra a construção de um gerador de tensão alternada simples que
transforma energia mecânica de rotação no eixo do gerador em energia elétrica em seus dois
terminais. Ao se fazer girar a espira, no sentido horário e com uma velocidade angular constante
“ω”, dentro do campo magnético uniforme “B” produzido pelos ímãs, surgirá uma tensão induzida
nas escovas de contato devido a variação do fluxo magnético no interior desta espira.
A espira girando com uma velocidade angular constante “ω” proporcionará um fluxo magnético
cosenoidal no interior desta espira conforme mostra a figura 5.3. Portanto a tensão gerada nos
terminais da espira é senoidal e sua amplitude dependem das seguintes variáveis:
• Quanto maior o campo magnético “B”, maior será o ΔØ Δt e portanto maior a tensão gerada;
• Quanto maior a velocidade angular “ω”, maior será o ΔØ Δt e portanto maior a tensão gerada;
• Se aumentarmos o número de espiras “N” , obteremos uma tensão proporcional a este número.
_____________________________________________________________________________
50 Eletricidade Aplicada
Figura 5.3 - Funcionamento de um Gerador de Tensão Alternada
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 51
Num gerador de dois pólos, figura 5.2, a cada rotação do eixo ( 360º ) gera um ciclo de tensão
alternada. Se aumentarmos o número de pólos, por exemplo 4 pólos, a cada rotação gera dois
ciclos de tensão alternada e assim por diante.
Para descrever um sinal alternado ( tensão ou corrente ), utilizaremos alguns parâmetros básicos:
Vp ip
seguinte: Vef = ou i ef = .
2 2
2π
• Velocidade Angular ( ω ): é o produto da freqüência por 2π, ou seja, ω = 2π ⋅ f = T .
_____________________________________________________________________________
52 Eletricidade Aplicada
5.4 - Circuitos Monofásicos
Nos capítulos anteriores aprendemos sobre os três componentes elétricos: o resistor, o indutor
e o capacitor. A seguinte tabela nos mostra as principais características destes componentes.
Defasamento ( Ø )
Oposição à passagem da
Componente Especificação Unidade entre V e I no
corrente
componente
Resistência e Resistência Em fase:
Resistor Ohm ( Ω )
Potência R (Ω) Ø = 0º
Indutância e Reatância Indutiva Corrente Atrasada
Indutor Henry ( H )
Corrente X L = 2π ⋅ f ⋅ L ( Ω ) Ø = 90º
Reatância Capacitiva
Capacitância e Corrente Adiantada
Capacitor Faraday ( F ) 1
Tensão XC = (Ω) Ø = 90º
2π ⋅ f ⋅ C
Observa-se que a resistência é constante, isto é, sempre possui o mesmo valor de oposição de
passagem de corrente tanto em circuitos alimentados por fontes de alimentação contínua quanto
por fonte de alimentação alternada.
Se a fonte de alimentação for contínua ( f = 0 Hz ) o indutor terá reatância indutiva igual a zero
( XL = 0 Ω ), isto é, curto-circuito e o capacitor terá reatância capacitiva igual ao infinito ( XC = ∞ ),
ou seja, circuito aberto.
Porém se a fonte de alimentação for alternada de freqüência muito alta ( f = ∞ ) o indutor terá
reatância indutiva muito alta ( XL ≅ ∞ ), isto é, um circuito aberto e o capacitor terá reatância
capacitiva igual a zero ( XC ≅ 0 Ω ), ou seja, curto-circuito.
Tanto o indutor quanto o capacitor são componentes não dissipativos, ou seja, apenas
armazenam energia em forma do campo magnético e em forma de cargas elétricas,
respectivamente. Já o resistor é um componente que somente dissipa energia da fonte de
alimentação contínua ou alternada.
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 53
Exemplo: Nos seguintes circuitos calcule a corrente fornecida pela fonte alternada de
220V/60Hz.
V X L = 2π ⋅ f ⋅ L 1
i= XC =
R 2π ⋅ f ⋅ C
X L = 2π × 60 × 80 ⋅ 10 −3
220 1
i= X L = 30,2 Ω XC =
120 2π × 60 × 68 ⋅ 10 − 6
i = 18
, A V 220 X C = 3,9 Ω
i= = ⇒ i = 7,3 A
X L 30,2
V 220
i= = ⇒ i = 5,6 A
XC 3,9
P = V ⋅ i ⋅ FP
Onde:
♦ V: é a tensão eficaz da fonte de alimentação alternada
♦ i: é a corrente eficaz da fonte de alimentação alternada
♦ FP = cosØ: é o fator de potência do circuito, ou o coseno do ângulo de defasagem entre
tensão e corrente da fonte de alimentação alternada
Q = V ⋅ i ⋅ senØ
_____________________________________________________________________________
54 Eletricidade Aplicada
• Potência Aparente ( S ): é a potência total fornecida pela fonte de alimentação alternada.
Sua unidade é o Volt-Ampére ( VA ). É calculada pela seguinte equação:
P
S = V ⋅i ou S = P2 + Q 2 ou S=
FP
A figura 5.4 mostra o circuito modelo e o triângulo de potência onde forma retiradas as
equações referentes a este item.
Exemplo: O aparelho é alimentado por uma fonte de 220V/60Hz. Consome 620 W e possui
um fator de potência de 0,86. Calcule:
a) A corrente fornecida pela fonte
b) A potência aparente
c) A potência reativa
P 620
a) i = = ⇒ i = 3,3 A
V ⋅ FP 220 × 0,86
P 620
b) S = = ⇒ S = 721 VA
FP 0,86
♦ Fator de Potência é definido como a relação entre potência ativa e a potência aparente
fornecida pela fonte a um equipamento.
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 55
♦ Rendimento é definido como a relação entre a potência transformada em trabalho útil
( potência ativa de saída “PS” ) e potência ativa fornecida a um equipamento ( potência ativa de
entrada “PE” ).
PS PS PS P × 100%
η= = ou η% = × 100% = S
PE PS + Perdas PE PS + Perdas
Podemos então dizer que um sistema trifásico nada mais é que uma combinação de três
sistemas monofásicos defasados de 120º e com o terminal neutro ( N ) em comum. A figura
5.5 nos mostra como é representado um sistema trifásico e suas formas de onda.
_____________________________________________________________________________
56 Eletricidade Aplicada
Figura 5.5 - Sistema Alternado de Alimentação Trifásico
As tensões medidas entre os terminais “R”, “S”, e “T” e o terminal de Neutro ( N ) são
chamados de tensão de fase ( VR, VS e VT ), e são representados genericamente por “Vf”.
As tensões medidas entre os terminais “R”, “S” e “T” são chamadas de tensão de linha ( VRS =
VR - VS, VST = VS - VT, VTR = VT - VR ) são representadas genericamente por “VL”. A relação entre
as tensões de fase e linha é a seguinte:
VL = 3 ⋅ Vf
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 57
A corrente que percorre a linha que une os terminais “R”, “S”, e “T” do sistema trifásico aos
terminais da carga ( iR, is e iT ) são ditas correntes de linha e são representadas genericamente
por “IL”.
A corrente que percorre cada uma das cargas são ditas correntes de fase e são
representadas genericamente por “IF”.
As cargas a serem acionadas por um sistema de alimentação trifásico podem ser de dois tipos:
carga ligada em estrela ( Y ) e carga ligada em triângulo ( Δ ).
A figura 5.6 nos mostra um sistema de alimentação trifásico acionando uma carga ligada em
estrela ( Y ). Observe-se que a corrente no fio de neutro ( quarto condutor ) é igual a soma das
correntes de cada fase, ou seja: IN=IR+IS+IT. Concluímos que este condutor é desnecessário
quando as cargas ligadas em “Y” forem iguais ( Carga 1 = Carga 2 = Carga 3 ), isto é: IN=0.
Resumindo: ”Quando as cargas de uma ligação em “Y” forem idênticas não se utiliza o
condutor de neutro”.
_____________________________________________________________________________
58 Eletricidade Aplicada
Figura 5.6 - Carga Ligada em Estrela ( Y )
A potência real ou potência ativa entregue a carga é definida da mesma forma que um sistema
monofásico, só que multiplicado por três, isto é:
P = 3 × Vf × i f × FP ou P= 3 × VL × iL × FP
Q = 3 × Vf × i f × sen Ø ou Q= 3 × VL × iL × sen Ø
P
S = 3 × Vf × i f ou S= 3 × VL × iL ou S= ou S = P2 + Q2
FP
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 59
• Carga Ligada em Triângulo ( Δ ):
A figura 5.7 nos mostra um sistema de alimentação trifásico acionando uma carga ligada em
triângulo ( Δ ).
Observe que a carga ligada em “Δ” não utiliza o condutor neutro do sistema trifásico de
alimentação e por isso deve ser sempre que possível equilibrada.
A potência real ou potência ativa é definida neste caso como: P = 3 × VL × i f × FP ; como para
iL iL
carga em Δ: i f = temos: P = 3 × VL × × FP ⇒ P = 3 × VL × iL × FP .
3 3
Conclui-se que a equação anterior é a mesma para o cálculo da potência ativa de uma carga
ligada em “Y” logo, as equações envolvendo as variáveis de linha para cálculo de potência ativa,
reativa e aparente são as mesmas para ambos os tipos de carga: estrela ou triângulo.
_____________________________________________________________________________
60 Eletricidade Aplicada
2) Na figura abaixo, um campo magnético de 5T atravessa perpendicularmente ( θ = 0º ) o plano de
um indutor com 100 espiras. A espira sofreu um giro de 60º ao redor de seu eixo em 0,2 s.
Determine o valor da tensão induzida gerada e a sua polaridade. R: -18,75 V.
4) Um forno elétrico trifásico equilibrado com impedâncias de carga em “Y” de 12 Ω por fase e
fator de potência de 0,96 é ligado a uma rede elétrica de 380/220V - 60 Hz. Calcule:
a) A potência ativa
b) A potência reativa
c) A potência aparente
d) A energia dissipada em três horas de operação
R: a) 11,616 kW; b) 3,388 kVAr; c) 12,1 kVA; d) 34,848 kWh
7) Um motor elétrico trifásico possui 86% de rendimento, fator de potência 0,8 e absorve uma
corrente de 7,2 A por fase com carga nominal de uma rede elétrica 220V/380V - 60Hz.
Calcule:
a) A potência mecânica entregue no eixo;
b) As perdas;
c) A potência aparente fornecida pela rede elétrica.
R: a) 3,26 kW; b) 531 W; c) 4,74kVA
_____________________________________________________________________________
Sistemas Alternados Monofásicos e Trifásicos 61
Capítulo 6 - INSTRUMENTOS DE MEDIDAS
ELÉTRICAS
_______________________________________________________________________
6.1 - Introdução
6.4 - Multímetros
6.1 - Introdução
_____________________________________________________________________________
62 Eletricidade Aplicada
Um instrumento de ponteiro é formado basicamente de uma parte fixa e de uma parte móvel. A
parte móvel é fixada sobre um eixo apoiado por dois mancais. Sobre este eixo é fixado o ponteiro
indicador da escala e uma mola espiral restauradora que possui a finalidade de se opor a deflexão
do ponteiro. Os principais princípios de funcionamento dos instrumentos analógicos são os
seguintes:
O galvanômetro de bobina móvel da figura 6.1 permite medir somente corrente elétrica
contínua em um só sentido enquanto que o galvanômetro com zero central, ou seja, ponteiro
indicando o meio da escala permite medir corrente elétrica contínua nos dois sentidos. Já para
medir corrente elétrica alternada, esta precisa ser primeiramente retificada.
Este princípio de operação é o mais empregado nos instrumentos pela grande linearidade,
precisão e sensibilidade ( mede correntes da ordem de microampéres ).
_____________________________________________________________________________
Instrumentos de Medidas Elétricas 63
• Instrumentos de Ferro Móvel
O princípio de operação se baseia na interação do campo magnético de uma bobina fixa com
uma peça de material ferromagnético conforme mostra a figura 6.2. Esses instrumentos podem
medir tanto corrente contínua como alternada, sua escala não é linear e possui pouca
precisão.
• Instrumentos Eletrodinâmicos
_____________________________________________________________________________
64 Eletricidade Aplicada
Figura 6.3 - Galvanômetro Eletrodinâmico
• O Amperímetro Analógico
VG 99,9 × 10 −3
is = = ⇒ i S = 9,99 A
RP 10 × 10 − 3
_____________________________________________________________________________
Instrumentos de Medidas Elétricas 65
Uma outra forma de medir correntes alternadas de grande intensidade em um condutor elétrico
sem abrir o circuito é envolve-lo através de um alicate amperométrico conforme mostra a figura
6.5. Este instrumento funciona segundo o princípio de um transformador de corrente. O primário é
o condutor, com somente um espira, na qual deseja-se medir a corrente e o secundário é uma
bobina com muitas espiras ( N ) onde é colocado um amperímetro para medir esta corrente
i
refletida ao secundário, isto é: i S = .
N
• O Voltímetro Analógico
Um galvanômetro pode medir diretamente apenas tensões muito pequenas devido ao seu
baixo valor de resistência “RG”.
Quando for necessário medir tensões maiores, será preciso aumentar a oposição a passagem
da corrente elétrica, isto é, inserir um resistor “RS” em série com o galvanômetro, figura 6.6.
R T = R G + R S = 10 + 24.990 ⇒ R T = 25 KΩ
• O Ohmímetro Analógico
_____________________________________________________________________________
66 Eletricidade Aplicada
Para medir resistência elétrica através de um galvanômetro é necessário uma fonte de tensão
e um potenciômetro “RS” de calibração ambos ligados em série com o galvanômetro. A calibração
do ohmímetro é realizada com os terminais do instrumento em curto-circuito, desta forma o
potenciômetro “RS” deve ser ajustado de tal forma que o ponteiro sofra deflexão total e indique o
valor de zero Ohm. Logo após o resistor “R” a ser medido deve ser conectado nos terminais do
ohmímetro conforme mostra a figura 6.7. Observe que a escala do ohmímetro é o inverso, ou seja,
mede de ∞ a zero.
Um ohmímetro não pode medir uma resistência quando esta encontra-se num circuito
alimentado, pois este instrumento quanto o circuito podem ser danificados.
• O Wattímetro
Um wattímetro possui duas bobinas. Uma fixa, com poucas espiras e ligada em série com a
carga chamada de bobina de corrente e, uma bobina móvel, com muitas espiras ligada em série
com uma resistência. Esta bobina é chamada de bobina de tensão.
_____________________________________________________________________________
Instrumentos de Medidas Elétricas 67
Figura 6.8 - O Wattímetro e o seu Símbolo
_____________________________________________________________________________
68 Eletricidade Aplicada
6.4 - Multímetros
• Multímetro Analógico
Para melhor atendimento a figura 6.10 nos mostra a vista formal de um multímetro analógico
comumente usado.
_____________________________________________________________________________
Instrumentos de Medidas Elétricas 69
Figura 6.10 - Multímetro Analógico em Escala Real
Designações técnicas:
_____________________________________________________________________________
70 Eletricidade Aplicada
Considerações Técnicas:
a) Deixar o seletor de funções do multímeto na posição “OFF”, quando o mesmo não estiver
sendo utilizado Evitando com isso a descarga da bateria.
c) Procure selecionar sempre que possível o seletor de funções em uma faixa de alcance, de
modo que possibilite obter leituras da metade para a direita da escala, aumentando com
isso a precisão da leitura efetuada.
e) Em caso de não ter noção da ordem de grandeza do valor a ser medido coloque o seletor
na faixa de alcance maior possível e realize um rápido toque com as ponteiras. Para
verificar se o movimento do ponteiro, não ultrapasse o limite da escala. Se ultrapassou,
retire rapidamente as ponteiras, isto é, o instrumento é inadequado para realizar tal medida.
Se o ponteiro não se moveu ou muito pouco, significa que a faixa de alcance a ser
selecionada é menor.
f) Em caso de selecionarmos uma faixa de alcance que não esteja representada nas escalas
do instrumento, o calor real da medida será:
• Multímetro Digital
_____________________________________________________________________________
Instrumentos de Medidas Elétricas 71
Para melhor compreensão a figura 6.11 nos mostra a vista frontal de um multímetro digital
comumente usado.
Designações técnicas:
_____________________________________________________________________________
72 Eletricidade Aplicada
Nos multímetros digitais devemos observar apenas as seguintes considerações técnicas
anteriores, letras: a, e, h.
2) Dado o circuito elétrico com seus respectivos instrumentos , explique quando se utiliza cada
uma destas configurações para realizar a medição da tensão e corrente no resistor e
porque?
_____________________________________________________________________________
Instrumentos de Medidas Elétricas 73
Capítulo 7 - TRANSFORMADORES
_______________________________________________________________________
7.4 - Rendimento
____________________________________________________________________________
_
74 Eletricidade Aplicada
Existem transformadores com mais de um enrolamento primário e secundário. A vantagem
deste tipo de construção é permitir a ligação do transformador em diferentes tensões de
alimentação e fornecer no secundário vários níveis de tensão. A figura 7.2 nos mostra um
transformador com dois enrolamentos primários e dois enrolamentos secundários.
Neste caso o transformador pode ser ligado a uma rede de 110 V ( terminais e ou e
! ) ou a uma rede de 220 V ( terminais e ! ). Este transformador pode fornecer 12 V a
carga ( terminais " e # ou #e $ ) ou 24 V a carga ( terminais " e $ ).
Vp Np
a= =
Vs Ns
Vp Np Ns Vp 220
= ⇒ Vs = ⋅ Vp a= = ⇒ a = 11
Vs Ns Np Vs 20
40
Vs = × 220
440
Vs = 20V
____________________________________________________________________________
_ Transformadores 75
7.3 - Relação de Corrente
Pp = Ps
Vp ⋅ i p = Vs ⋅ i s
ip Vs Ns 1
= = =
is Vp Np a
Num transformador real, essas expressões não são exatamente iguais devido as perdas no
cobre ( resistência elétrica dos condutores das bobinas primária e secundária ) e as perdas no
aço-silício ( correntes parasitas no núcleo ).
Conclui-se, então, que a corrente que passa nas bobinas do primário e secundário do
transformador é inversamente proporcional a tensão das respectivas bobinas.
Vs 110
is = = ⇒ i s = 2,34A
R 47
ip Vs V
= ⇒ ip = i s ⋅ s
is Vp Vp
110
i p = 2,34 × ⇒ i p = 1,17A
220
____________________________________________________________________________
_
76 Eletricidade Aplicada
7.4 - Rendimento
Um transformador ideal tem rendimento 100% porque ele libera toda a energia que recebe.
Na prática o rendimento é menor que 100% devido as perdas no cobre e no aço silício.
Ps Ps Ps P ⋅ 100%
n= = ou n% = ⋅ 100% = s
Pp Ps + Perdas Pp Ps + Perdas
Exemplo: Um transformador tem rendimento de 90% quando conectado a uma rede de 220
V e fornece 198 W para a carga na secundário. Calcule a potência de entrada no enrolamento
primário, as perdas e a corrente no primário.
Ps P 198
η= ⇒ Pp = s = ⇒ Pp = 220W
Pp η 0,9
Pp 220
Pp = Vp ⋅ i p ⇒ i p = = ⇒ i p = 1A
Vp 220
____________________________________________________________________________
_ Transformadores 77
7.5 - Transformadores Trifásicos
____________________________________________________________________________
_
78 Eletricidade Aplicada
Os enrolamentos do primário e secundário de um transformador trifásico podem ser ligados
em estrela ( Y ) ou triângulo ( Δ ), figura 7.5, com a finalidade de adequar as tensões de
alimentação existentes e também adequar as tensões das cargas a serem acionadas.
____________________________________________________________________________
_ Transformadores 79
7.6 - Exercícios Propostos
3) Por que a tensão é muito elevada, 13,8 kV a 500 kV, nas linhas de transmissão de
energia elétrica?
4) Quais os valores de tensão de saída possíveis de se obter para uma tensão de entrada
de 220V no esquema do transformador abaixo:
____________________________________________________________________________
_
80 Eletricidade Aplicada
Capítulo 8 - MOTORES ELÉTRICOS
________________________________________________________________________
O motor é uma máquina que converte energia elétrica em energia mecânica de rotação. Já o
gerador é uma máquina que converte energia mecânica de rotação em energia elétrica. Esta
energia mecânica pode ser fornecida pela ação da água, vento, vapor, etc.
Todo o motor apresenta suas principais caraterísticas elétricas escrita sobre o mesmo ou em
uma placa de identificação. Os principais dados elétricos são: tipo de motor, tensão nominal,
corrente nominal, freqüência, potência mecânica, velocidade nominal, esquema de ligação, grau
de proteção, temperatura máxima de funcionamento, fator de serviço, etc..
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 81
A figura 8.1 nos mostra as partes internas de um máquina de corrente contínua básica e sua
representação.
O estator, neste caso, é formado pelas bobinas de campo e pelas escovas, enquanto que o
rotor é constituído pelas bobinas da armadura e pelo comutador.
O motor de corrente contínua apresenta quatro terminais acessíveis, dois para as bobinas de
campo ( terminais 3 e 4 ) e dois para as bobinas de armadura ( terminais 1 e 2 ). Em alguns motores
de baixa potência, as bobinas de campo são substituídas por ímãs permanentes. Neste caso, o motor
apresenta apenas dois terminais de acesso ( terminais 1 e 2 ).
_____________________________________________________________________________
82 Eletricidade Aplicada
Figura 8.2 - Princípio de Funcionamento
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 83
Os métodos mais utilizados para este fim são:
♦ Ajuste da tensão aplicada na armadura do motor;
♦ Ajuste da corrente nas bobinas de campo, ou seja, controle do fluxo magnético do motor;
♦ Combinação dos anteriores.
O controle de velocidade pode ser realizado através de um conversor estático CC ou por meio de
um reostato como mostra a figura 8.4. Neste caso estamos controlando a velocidade através do ajuste
da corrente das bobinas de campo.
O motor de corrente contínua com seus enrolamentos associados em série possui um elevado
torque na partida. Devido a esta característica este motor é utilizado para acionar trens elétricos,
metrôs, elevadores, ônibus e automóveis elétricos, etc.. Este motor é conhecido como motor
universal por poder funcionar em corrente alternada.
Para a inversão do sentido de rotação nos motores de corrente contínua, basta inverter as
conexões das bobinas de campo ( trocar o terminal 3 pelo 4 ) ou inverter as conexões da bobina
da armadura ( trocar o terminal 1 pelo 2 ). Caso o motor seja de ímã permanente, basta inverter
os terminais da armadura.
• Motores Síncronos
120 ⋅ f
nS =
p
Onde:
♦ nS: velocidade síncrono ( rpm )
♦ f: freqüência da corrente do rotor ( Hz )
♦ p: número de pólos magnéticos do motor
• Motores Assíncronos
O campo magnético variável no estator, figura 8.6, induz correntes senoidais nos condutores da
gaiola do rotor. Estas correntes induzidas, por sua vez, criam um campo magnético no rotor que
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 85
se opõe ao campo indutor do estator ( Lei de Lenz ), fazendo com que o rotor gire com uma
velocidade n um pouco inferior à velocidade síncrona, isto é, sem sincronia.
nS − n
S= × 100
nS
Onde:
♦ n: velocidade do eixo do motor ( rpm )
Nota-se através das duas últimas equações que a velocidade dos motores síncronos e
assíncronos pode ser controlada através do ajuste do valor da freqüência da corrente nas bobinas
do estator. Este tipo de acionamento pode ser realizado através de um conversor estático de
freqüência.
_____________________________________________________________________________
86 Eletricidade Aplicada
Os motores de indução podem ser monofásicos ou trifásicos:
É um motor elétrico de pequena ou média potência, geralmente menores que 5 CV. Para a
produção do conjugado de partida o motor de indução monofásico necessita de um segundo
enrolamento de partida auxiliar ( Ea ) defasado de 90º construtivamente do enrolamento de
trabalho ( Et ), conforme mostra a figura 8.7.
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 87
Figura 8.8 - Esquemas de Ligação do Motor de Indução Monofásico
Em alguns motores de baixa potência, o circuito auxiliar de partida é substituído por espiras
curto-circuitadas, chamadas de bobinas de arraste. Neste caso, a máquina apresenta dois ou
quatro terminais para as bobinas de trabalho.
É um motor elétrico de pequena, média ou grande potência que não necessita de circuito
auxiliar de partida, ou seja, é mais simples, menor, e mais leve que o motor de indução
monofásico de mesma potência, por isso apresenta um custo menor.
O motor de indução trifásico comumente usado no Brasil apresenta seis terminais acessíveis,
dois para cada enrolamento de trabalho Et e, a tensão de alimentação destas bobinas é projetada
para 220V. Para o sistema de alimentação 220/127V-60Hz este motor deve ser ligado em
triângulo ( Δ ) e para o sistema 380/220V-60Hz o motor deve ser ligado em estrela ( Y ) conforme
mostra a figura 8.9.
_____________________________________________________________________________
88 Eletricidade Aplicada
Figura 8.9 - Esquemas de Ligação do Motor de Indução Trifásico
Para a inversão no sentido de rotação nos motores de indução trifásicos basta inverter duas
das conexões do motor com as fontes de alimentação.
A potência elétrica PE absorvida da rede para o funcionamento do motor é maior que a potência
mecânica PM fornecida no eixo especificado pelo fabricante, pois existe um determinado
rendimento η do motor a ser considerado, isto é:
PM PM
η= =
PE 3 ⋅ VL ⋅ iL ⋅ FP
2π
PM = ⋅ n ⋅M
60
A figura 8.10 nos mostra as curvas do torque do motor, torque da carga e da corrente absorvida
pelo mesmo ambas em função da velocidade do rotor.
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 89
Figura 8.10 - Torque e Corrente de um Motor de Indução Trifásico
Sem acionar nenhuma carga no eixo, a vazio, o motor fornece uma pequena potência
mecânica somente para vencer o atrito por ventilação e nos mancais. O torque do motor neste
caso é próximo de zero, a corrente io também é mínima e a velocidade do rotor é máxima no mas
inferior a velocidade síncrona nS.
O motor ao acionar uma carga nominal em seu eixo a corrente aumenta para o valor nominal iN
e a velocidade diminui até o valor nominal nN onde temos a igualdade de torque, isto é, torque do
motor é igual ao torque de carga.
Podemos aumentar a carga no eixo do motor ( torque de carga ) além da carga nominal,
procedimento que compromete a vida útil da máquina, até o ponto onde o torque do motor é
máximo MM e, a velocidade do motor irá diminuir para nK e a corrente irá aumentar para iK.
Observe que na partida, velocidade igual a zero, o motor de indução absorve uma corrente
muito elevada iP da ordem de até dez vezes a corrente iN e seu torque de partida é baixo MP
dificultando com isso o acionamento de cargas que necessitam de um alto torque para partirem,
como por exemplo: esteiras transportadoras carregadas.
_____________________________________________________________________________
90 Eletricidade Aplicada
8.3 - Motores Especiais
Os motores especiais são máquinas construídas para serem aplicadas no controle preciso de
posição e velocidades de determinados processos. São motores com resposta ao comando mais
rápida que os convencionais, seus enrolamentos são dimensionados para suportarem
momentâneas correntes elevadas. Já o rotor de uma máquina especial é projetado com uma baixa
inércia, isto é: pequeno diâmetro e grande comprimento.
• Servomotores
Servomotor CC: o estator é formado por ímãs permanentes e pelas escovas e o rotor é
constituído pelas bobinas da armadura e pelo comutador. O controle da velocidade ou posição se
dá através da regulação da corrente das bobinas da armadura.
Servomotor CA: O estator é formado pelas bobinas de campo sendo alimentada por uma
fonte trifásica e o rotor é constituído por ímãs permanentes. O controle da velocidade ou posição
se dá através da regulação da freqüência das correntes nas bobinas de campo.
• Motores de Passo
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 91
( a ) Circuito Simplificado de Acionamento
2 1 0 0 1
3 0 1 0 1 PASSO PASSO
4 0 1 1 0 4 3
1 = Chave fechada Sentido horário de rotação
0 = Chave Aberta Sentido anti-horário de rotação
( b ) Seqüência de Comando
Figura 8.11 - Motor de Passo
Cada fase é energizada quando a sua respectiva chave é fechada. A figura 8.11 ( b ) mostra a
seqüência de comandos do motor de passo para os dois sentidos de rotação.
Se o motor permanecer num determinado passo, o rotor fica travado devido à força
eletromagnética entre o rotor e o estator. Para liberar o rotor, ou seja, deixá-lo em movimento livre,
basta abrir todas as chaves do circuito de comando.
A cada passo executado, o eixo do motor realiza um determinado deslocamento angular. Este
deslocamento é conhecido como ângulo de passo, sendo repetido precisamente em cada passo. A
seguinte tabela mostra os valores de ângulo de passo com seus respectivos números de passos
por volta dos motores de passo mais utilizados.
4) Um motor de indução trifásico 5 HP, dois pólos, ligado em estrela, a plena carga com
escorregamento de 8%, rendimento de 80% e fator de potência de 0,86 é alimentado pela
rede elétrica de 220/380V-60Hz.
Calcule:
a) A potência elétrica fornecida.
b) A corrente elétrica por fase.
c) O torque do motor.
R: a) 4,60 kW; b) 8,13 A, c) 10,61 N⋅m
_____________________________________________________________________________
Motores Elétricos 93
Capítulo 9 - DISPOSITIVOS ELÉTRICOS
_______________________________________________________________________
_
NA
NF
_____________________________________________________________________________
94 Eletricidade Aplicada
Capítulo 9 - DISPOSITIVOS ELÉTRICOS
_______________________________________________________________________
_
NA
NF
_____________________________________________________________________________
94 Eletricidade Aplicada
• Chave com Retenção ou Trava
É um dispositivo que uma vez acionado, seu retorno à situação anterior acontece somente através
de um novo acionamento. Construtivamente, pode ter contato normalmente aberto ( NA ) ou
normalmente fechado ( NF ), conforme mostra a figura 9.2.
NA NF
Figura 9.2 - Chaves Tipo Trava
Existem chaves com ou sem retenção de contatos múltiplos NA e NF. A figura 9.3 mostra dois
modelos.
• Chave Seletora
É um dispositivo que possui duas ou mais posições podendo selecionar uma entre várias funções
em um determinado processo. Este tipo de chave apresenta um ponto de contato comum
( C ) em relação aos demais contatos. A figura 9.4 apresenta dois tipos de chaves seletoras.
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 95
• Relé
O relé nada mais é do que uma chave impulso acionada pelo campo magnético. Este
dispositivo é formado basicamente por uma bobina e pelos seus conjuntos de contatos. A figura
9.5 mostra a estrutura física de um relé e seu símbolo elétrico.
Aplicando-se uma tensão elétrica nos terminais da bobina do relé, surge na mesma uma
corrente gerando um campo magnético. A força magnética, por sua vez, atrai a parte móvel do
relé distendendo a mola. Esta manobra faz com que o terminal C, que anteriormente estava em
contato com o terminal NF, passe a se fixar com o contato NA. Enquanto a bobina permanecer
energizada, os contatos se mantém nesta posição.
Uma das grandes vantagens dos relés é a isolação galvânica entre os terminais da bobina e os
contatos NA e NF, além da isolação entre os conjuntos de contato. A figura 9.6 mostra uma outra
vantagem dos relés, que é a possibilidade de acionar cargas com tensão diferentes através de um
único relé.
_____________________________________________________________________________
96 Eletricidade Aplicada
Figura 9.6 - Acionamento Isolado com Relé
Uma outra propriedade muito explorada dos relés é o efeito memória, ou seja, a retenção de
sinais elétricos de comando. A figura 9.7 mostra o circuito de auto-retenção que utiliza este
princípio.
• Contator
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 97
O contator, além de possuir os contatos principais, apresenta também contatos auxiliares NA e
NF de pequena capacidade de corrente. Estes contatos são utilizados para realizar o próprio
comando do contator (auto-retenção), sinalização e acionamento de outros dispositivos elétricos.
A figura 9.8 mostra o símbolo elétrico de um contator e uma das suas aplicações.
No capítulo anterior, figura 8.10, verificamos que o motor de indução absorve uma corrente
muito elevada iP durante a sua partida direta provocando uma grande queda de tensão
prejudicando com isso o funcionamento de outros equipamentos ligados a mesma rede de
alimentação.
_____________________________________________________________________________
98 Eletricidade Aplicada
Por outro lado, todas as concessionárias de fornecimento de energia elétrica permitem partida
direta para motores de indução de até 5 CV. Entende-se por partida direta, a partida com a tensão
e freqüência nominal do motor. Para motores com potência acima de 5 CV teremos que usar
métodos de partida que visam a redução da corrente de partida. Os métodos mais utilizados são:
Este método consiste em alimentar o motor durante a partida com uma tensão mais
baixa, ou seja, motor ligado em estrela sendo aplicado sobre seus enrolamentos a tensão de fase
da rede de alimentação. Após a partida o motor é ligado em triângulo recebendo em seus
enrolamentos a tensão nominal, isto é, a tensão de linha do sistema trifásico.
A figura 9.9 nos mostra o funcionamento da chave estrela-triângulo conectada a uma rede
trifásica 127/220V-60Hz para o acionamento de um motor trifásico com enrolamentos projetados
para a tensão de 220V.
A figura 9.10 nos mostra o funcionamento de uma chave compensadora conectada a uma rede
trifásica 220/380V-60Hz. As tensões dos tapes do autotransformador são respectivamente: 66V (
30% ), 132V ( 60% ) e 220V.
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 99
O motor parte com a chave compensadora conectada no primeiro tape, tensão de 30% do
valor nominal. Logo após a chave compensadora passa para o segundo tape, isto é, tensão de
60% do valor nominal e, um tempo após este chave novamente é comutada para o último tape, ou
seja, tensão nominal nos enrolamentos do motor.
• Fusíveis
_____________________________________________________________________________
100 Eletricidade Aplicada
• Disjuntor Termomagnético
Sobrecarga é uma corrente ligeiramente superior a corrente nominal e que a longo prazo (
horas ) pode danificar seriamente o cabo condutor ou o equipamento. Esta proteção baseia-se no
princípio da dilatação de duas lâminas de metais distintos, portanto, com coeficientes de dilatação
diferentes. Uma pequena sobrecarga faz o sistema de lâminas deformar-se ( efeito térmico ) sob o
calor, desligando o circuito, conforme se observa na figura 9.11.
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 101
• Relé de Sobrecarga ou Térmico
♦ Um contato auxiliar ( NA + NF );
♦ Um botão de regulagem da corrente de desarme;
♦ Um botão de rearme de ação manual;
♦ Três bimetais .
A figura 9.13 apresenta uma aplicação do relé térmico na proteção de motores elétricos
trifásicos.
Neste sistema, os fusíveis protegem o circuito de potência contra curto-circuito e o relé térmico
protege o motor contra sobrecarga e falta de fase. Quando o relé térmico atua, o contato NF abre,
desenergizando o solenóide do contator que, por sua vez, desaciona o motor elétrico.
_____________________________________________________________________________
102 Eletricidade Aplicada
9.3 - Dispositivos de Regulação
São elementos elétricos destinados a regular o valor de várias grandezas, tais como: tempo,
número de ciclos, luminosidade, temperatura, pressão, vazão etc. Os tipos mais comuns são:
• Potenciômetro e Trimpots
• Reostato
O relé de tempo com retardo na ligação comuta seus contatos após um determinado
tempo, regulável em escala própria. O início da temporização acontece quando energizamos os
terminais de alimentação do relé de tempo. A figura 9.15 mostra o comportamento do relé de
tempo com retardo na ligação.
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 103
Figura 9.15 - Relé de Tempo com Retardo na Ligação
Ao ligar a chave S, é iniciada a contagem de tempo conforme foi ajustado. Uma vez atingido o
tempo final os contatos comutarão acendendo a lâmpada. Ao desligar a chave S a lâmpada
apaga.
_____________________________________________________________________________
104 Eletricidade Aplicada
• Contador de Impulsos Elétricos
O reset significa zerar a contagem dos impulsos elétricos e, pode ser acionado manualmente
via uma chave sem retenção ou por um impulso elétrico na bobina de reset do contador. A figura
9.17 apresenta o comportamento de um contador programado para acionar uma lâmpada após 4
impulsos elétricos da chave S. Depois de um tempo o Reset é acionado, zerando o contador e
apagando a lâmpada.
• Termostato
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 105
Figura 9.18 - O Termostato Regulável
• Pressostato
A atuação ocorre quando a pressão P do fluido é maior que a pressão regulada Pr na mola de
contra pressão. Esta regulagem da mola é realizada através de um parafuso existente no sensor.
Quando P>Pr, a chave elétrica do pressostato é acionada, conforme figura 9.19.
• Indicador visual
_____________________________________________________________________________
106 Eletricidade Aplicada
Esses sinais são fornecidos por lâmpadas ou LED’s ( diodos emissores de luz ) principalmente
em ambientes onde o silêncio é necessário. A seguinte tabela apresenta as cores de sinalização
recomendadas para cada situação de um processo automatizado e a figura 9.20 nos mostra a
simbologia elétrica de um indicador luminoso.
ESTADO COR
LIGADO VERMELHO
L LED
DESLIGADO VERDE
FALHA AMARELO
• Indicador acústico
O indicador acústico fornecem sinais audíveis, indicativos de estado, falha, emergência etc.
São as sirenes e as buzinas elétricas. Este tipo de sinalizador é utilizado em ambientes de
difícil visualização dos indicadores luminosos ou quando se deseja atingir um grande número
de pessoas em diferentes locais. A figura 9.21 nos mostra o símbolo de um indicador acústico.
Nos ambientes onde não existe restrição ou dificuldades na utilização dos sinalizadores
podemos usar em conjunto os indicadores luminosos e acústicos.
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 107
9.5 - Exercícios Propostos
( ) a e b estão corretas
( ) somente a letra b está correta
( ) a e c estão corretas
( ) a, b e c são falsas
2) Associe as colunas:
_____________________________________________________________________________
108 Eletricidade Aplicada
7) Complete com V ou F
d. ( ) O relé de tempo com retardo na ligação aciona uma carga ( uma lâmpada, por exemplo
) e após um certo tempo, desliga automaticamente a carga.
8) Construa uma chave estrela-triângulo automática usando contatores e relés de tempo para
a mudança de ligação ocorrer em 5 segundos.
9) Construa uma chave compensadora automática usando contatores e relés de tempo para
as seguintes tensões percentuais e seus respectivos tempos: 1o tape ( 40% - 6 s ), 2o tape (
80% - 3 s ) e 3o tape ( 100% ).
_____________________________________________________________________________
Dispositivos Elétricos 109
Capítulo 10 - PROTEÇÃO ELÉTRICA E
DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES
_______________________________________________________________________
10.3 - Pára-raios
Designado por IP ( proteção intrínseca ), o grau de proteção informa como o equipamento está
protegido contra a ação de líquidos ( sobretudo a água ), e elementos sólidos, como ferramentas,
hastes, grãos e poeiras, bem como perante o contato manual, freqüentemente acidental.
ALGARISMOS CARACTERÍSTICOS
o
1 Algarismo 2o Algarismo
( Sólidos ) ( Líquidos )
0 - máquina aberta 0 - máquina aberta
1 - sólidos <= 50 mm 1 - pingos verticais
2 - sólidos <= 12 mm 2 - pingos de 15o
3 - sólidos <= 2,5 mm 3 - pingos de 60o
4 - sólidos <= 1 mm 4 - pingos/respingos de qualquer direção
5 - proteção contra pó 5 - Jatos d’água moderados
6 - blindagem contra pó 6 - Jatos d’água potentes
7 - Sujeita a imersão
8 - Submersível
Exemplo: Motor elétrico com grau de proteção IP 54. Este motor possui proteção contra pó e
pingos de qualquer direção.
_____________________________________________________________________________
110 Eletricidade Aplicada
10.2 - Aterramento Elétrico
A falta de um bom aterramento das instalações e equipamentos elétricos é uma das principais
fontes de perigo; ocasionando numa eventual falha de isolamento, choques elétricos, às vezes
fatais, para os usuários da energia elétrica.
_____________________________________________________________________________
Dimensionamento Elétrico 111
Figura 10.1 - Diferentes Formas de Aterramento
_____________________________________________________________________________
112 Eletricidade Aplicada
O condutor neutro jamais deve ser usado para aterrar carcaças ou invólucros de
equipamentos. Seu rompimento energiza a carcaça do equipamento podendo causar acidentes,
conforme mostra a figura 10.2.
Então, para a perfeita instalação de equipamentos elétricos os plug’s e tomadas devem possuir
os seguintes terminais:
10.3 - Pára-raios
O pára-raio mais comum é do tipo “Franklin” o qual possui um cone de proteção definido pela
seguinte equação:
h
rC =
3
_____________________________________________________________________________
Dimensionamento Elétrico 113
A figura 10.3 nos mostra um pára-raio sendo utilizado na proteção de um prédio.
• Fio: é formado de um condutor envolvido por uma capa isolante ou não. Um fio ainda pode
ser maciço ou flexível.
• Cabo: São vários fios envolvidos por uma capa isolante. Os cabos mais comumente
utilizados possuem: dois, três, e quatro fios.
_____________________________________________________________________________
114 Eletricidade Aplicada
Outro aspecto importante e que devemos observar sempre em uma instalação elétrica é a
separação entre dos circuitos de iluminação dos outros circuitos, tais como: circuitos de motores,
circuitos de aquecimento, equipamento industrias, etc..
_____________________________________________________________________________
Dimensionamento Elétrico 115
Apêndice A - EQUAÇÕES
_______________________________________________________________________
w E Potência elétrica W
P= =
Δt Δ t
P = V ⋅i Potência elétrica fornecida W
_____________________________________________________________________________
116 Eletricidade Aplicada
ΔØ Tensão induzida V
V = −N ⋅
Δt
Vp ip Valor eficaz de uma onda senoidal -
Vef = ou i ef =
2 2
f =1 T Freqüência Hz
X L = 2π ⋅ f ⋅ L Reatância indutiva Ω
1 Reatância capacitiva Ω
XC =
2π ⋅ f ⋅ C
P = V ⋅ i ⋅ FP Potência ativa monofásica W
Q = V ⋅ i ⋅ senØ Potência reativa monofásica VAr
Potência aparente monofásica VA
S = V ⋅i ou S = P2 + Q 2
P Fator de potência -
FP = cos Ø ou FP =
S
PS PS Rendimento -
η= = ou
PE PS + Perdas
PS P × 100%
η% = × 100% = S
PE PS + Perdas
VL = 3 ⋅ Vf Tensão de linha V
P = 3 × VL × iL × FP
Q = 3 × VL × iL × sen Ø
P
ou S = ou S = P 2 + Q 2
FP
_____________________________________________________________________________
Equações 117
Vp Np Relação de tensão -
a= =
Vs Ns
ip Vs Ns 1 Relação de corrente -
= = =
is Vp Np a
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118 Eletricidade Aplicada
Apêndice B - SIMBOLOGIA
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Símbolo Descrição
Fonte de tensão contínua
Resistor
Resitor variável ( potenciômetro ou trimpot )
Capacitor polarizado
Capacitor variável
Indutores
Transformador
Galvanômetro
Amperímetro para CC
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Simbologia 119
Amperímetro para CA
Wattímetro
Pontos de terra
Motor elétrico CC
Motor elétrico CA
Gerador CC
Gerador CA
Chave trava NF
Chave impulso 2 NA + 2 NF
Chave trava 2 NA + 1 NF
Relé
Contator
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120 Eletricidade Aplicada
Relé de tempo com retardo na ligação
Fusível
Termostato
Pressostato
Lâmpada
Indicador acústico
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Simbologia 121
Apêndice C - EXPERIMENTOS PRÁTICOS
RECOMENDADOS
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1) Lei de Ohm.
7) Acionamento de transformadores.
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122 Eletricidade Aplicada
BIBLIOGRAFIA
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[1] Lourenço, A. C., Alves Cruz, E. C., Choveri, S.J.; Circuitos em Corrente Contínua; São
Paulo; Editora Érica; 1996.
[2] Albuquerque, R. O.; Análise de Circuitos em Corrente Contínua; São Paulo; Editora Érica;
1987.
[3] Albuquerque, R. O.; Análise de Circuitos em Corrente Alternada; São Paulo; Editora Érica;
1987.
[4] Bonacorso, N. G.; Noll, V.; Automação Eletropneumática; São Paulo; Editora Érica, 1997.
[6] Fowler, R. J.; Eletricidade: Princípios e Aplicações; São Paulo; Editora McGraw-Hill; 1992.
[8] Fitzgerald, A. E., Kingsley, C. J.; Kusko, A.; Máquinas Elétricas; São Paulo, Editora McGraw-
Hill, 1975.
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Bibliografia 123