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PROPÓSITO
Compreender a origem, saber quantificar e mitigar os recalques por adensamento,
responsáveis por grande parte das patologias e problemas pós-construção que envolvem o
solo de fundação, a partir da Teoria do Adensamento de Terzaghi e da interpretação de ensaios
de laboratório.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos uma calculadora científica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
ADENSAMENTO DO SOLO
MÓDULO 1
O FENÔMENO DO ADENSAMENTO
Imagine que uma obra civil qualquer, como um edifício ou um aterro, será construída em um
solo de fundação que possui diversas camadas de solos de distintas origens e características.
Sabemos que o solo saturado é um material bifásico constituído por grãos (fase sólida) e água
(fase líquida), em que a tensão total (
TENSÃO EFETIVA (
′
σ
′
σ = σ + u
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Δσ
Δσ
na argila.
Se o Princípio das Tensões Efetivas preconiza que só pode haver variação da tensão efetiva se
houver variação de volume ou distorção, e, se segundo a Lei de Darcy, não pode haver
variação de volume instantânea, só nos resta concluir que, no tempo
t1 = 0
Δσ
deve ser suportado exclusivamente pela água.
Δu
):
′
t1 = 0 : σ + Δσ = σ + u + Δut1 , para Δσ = Δut1
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Como a água não possui resistência ao cisalhamento, com o tempo, ela procurará se livrar do
aumento de tensão que sofreu, transferindo a carga aplicada para os grãos até que todo
excesso seja suportado apenas por eles. Em outras palavras, no tempo, o excesso de poro-
pressão é transferido para um acréscimo de tensão efetiva (
′
Δu → Δσ
):
′ ′ ′
t2 > 0 : σ + Δσ = σ + Δσ + u + △ut2 , para Δσ = Δut1 − Δut2
t2 t2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Essa transferência ocorrerá até que o acréscimo de tensão efetiva se iguale ao acréscimo de
tensão aplicado (
′
Δσ = Δσ
′ ′ ′
t3 → ∞ : σ + Δσ = σ + Δσ + u, para Δσ = Δσ
t3 t3
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
Lembrando que a variação da tensão efetiva só ocorre com variação de volume, isto é, a
expulsão da água dos poros do solo. Afinal, ela sofreu um “estresse” que não consegue
suportar, e na natureza os elementos sempre procuram uma configuração mais estável.
O que foi explicado até aqui nada mais é que o fenômeno do adensamento: a expulsão de
água dos poros de um solo saturado ao longo do tempo, devido a um acréscimo de
tensão, que tem como consequência o recalque por adensamento e o ganho de tensão
efetiva.
Podemos representar o que discutimos até aqui, que compõe a Teoria do Adensamento de
Terzaghi, por uma “Analogia de Molas”: seja um cilindro preenchido por água em que
submergimos uma mola. Sem cargas externas, a mola estaria em condição indeformada.
SISTEMA A
SISTEMA B
SISTEMA C
SISTEMA D
SISTEMA A
Nesse sistema, a mola representa os grãos de solo, e a água é a que preenche os vazios do
solo de fundação.
SISTEMA B
A construção de uma obra civil qualquer pode ser representada pela aplicação de uma carga
(Δσ) a esse sistema. Pela Lei de Darcy e pelo Princípio das Tensões Efetivas, quem suporta
essa carga instantaneamente é a água que preenche o cilindro, pois a mola não pode sofrer
deformação instantânea.
SISTEMA C
SISTEMA D
O processo termina quando a água não possui mais excesso de poro-pressão e a mola suporta
sozinha a carga aplicada. O ganho de tensão efetiva sofrido pela mola deve ter a mesma
magnitude da tensão inicialmente aplicada, e toda deformação sofrida pela mola representa o
recalque por adensamento.
ESTIMATIVA DE RECALQUES
A redução de volume no tempo e aumento de tensão efetiva que ocorre durante o
adensamento pode ser expresso por meio de um gráfico índice de vazios (e) versus tensão
efetiva vertical em escala semilogarítmica, chamada Curva de Compressão:
Observando o formato dessa curva, dois comportamentos distintos podem ser enunciados:
Na parte inicial da curva há significativa variação de tensão vertical efetiva sem grande
variação de volume. Essa fase é chamada de recompressão, e a inclinação do trecho é
chamada de coeficiente de recompressão (CR);
Após essa fase inicial, o solo sofre grande variação de volume. Essa fase é chamada de
compressão, e a inclinação do trecho é chamada de coeficiente de compressão (Cc).
ΔeR
CR = −
′
Δlogσ
V
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ΔeC
CC = −
′
Δlogσ
V
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
O sinal negativo indica que está havendo diminuição de volume. A tensão que separa esses
dois comportamentos é chamada de tensão de pré-adensamento
′
(σp )
Quando um solo apresenta esses dois trechos na curva de compressão, significa que
anteriormente esse solo chegou a sofrer uma tensão
′
σp
′
σ
0
. Isso pode ter ocorrido por uma retirada de carga ou uma erosão, por exemplo. Esse tipo de
solo é chamado sobreadensado ou pré-adensado.
A relação entre
′
σp
e
′
σ
0
é chamada de razão de sobreadensamento (RSA), mais conhecida como OCR, que no inglês
significa overconsolidation ratio. Quanto maior o OCR, mais sobreadensado é o solo.
′ ′
σp /σ = OCR
0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Quando um solo não apresenta a parte inicial de recompressão, e sua tensão efetiva inicial
coincide com a tensão de pré-adensamento (
′ ′
σ = σp
0
), entende-se que o solo nunca passou por descarregamentos passados, sendo chamado de
normalmente adensado. O trecho de compressão do solo após
′
σp
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Onde
h0
hf
a final;
hv0
hvf
a final; e
hs
Como a espessura h é o volume de um sólido V dividido pela sua área da seção transversal A,
que, por sua vez, é constante, pois a deformação é unicamente vertical, tem-se que:
Vv0 Vvf
ρ = −
A A
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
h0
Vs Vv0
h0 = hs + hv0 = +
A A
Vv0 Vvf
ρ − Vv0 − Vvf
A A
= =
Vs Vv0 Vs − Vv0
h0
+
A A
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
Onde
ρ/h0
εv
.
Dividindo o lado direito por
Vs
, tem que:
Vv0 Vvf
ρ − e0 − ef
Vs Vs △e
= = =
h0 Vs Vv0 1 + e0 1 + e0
+
Vs Vs
Δe
ρ = h0
1 + e0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
Para
e0
ef
Voltando à curva de compressão, sabemos que a variação do índice de vazios pode ser
expressa em termos dos coeficientes de recompressão e compressão,
CR
CC
′ ′
h0 σ p σ f
ρ = [CR (log ) + CC (log )]
′ ′
1 + e0 σ 0 σ p
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
′
σ
0
′
Δσ
(acréscimo de tensão). Note que, caso o solo seja normalmente adensado, inexiste a parcela
de recompressão e
′
σp
′
σ
0
COMPRESSIBILIDADE
h0
em contato com camadas de areia por cima e por baixo. Como sabemos, a permeabilidade da
argila é muito menor que a da areia. Logo, quando uma carga é aplicada, as areias e a argila
se comportam de formas distintas.
ATENÇÃO
Enquanto o recalque imediato pode ser calculado pela Teoria da Elasticidade, o recalque por
adensamento pode ser calculado pela Teoria do Adensamento de Terzaghi, pois depende do
tempo.
Quanto mais próximo das camadas de areia, menor o caminho que a água “estressada” deve
percorrer para ser expulsa dos vazios do solo. Dessa maneira, no meio da camada de argila, a
distância até as camadas de areia – chamadas também de camadas drenantes – é máxima.
A figura a seguir expressa a poro-pressão (u) em termos da profundidade (z), onde nota-se que
u é máximo sempre no meio da camada de argila, e que, ao fim do adensamento, a poro-
pressão volta à condição hidrostática. Como no meio da camada de argila o processo do
adensamento demorará mais tempo para ser concluído, esse é o ponto de referência para o
cálculo das tensões da equação do recalque.
MÃO NA MASSA
TEORIA NA PRÁTICA
Em regiões de baixada, os solos depositados apresentam altos índices de vazios, que inferem
grande compressibilidade. Na região da Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, os índices de vazios
podem chegar a 10, o que significa que grandes recalques por adensamento são esperados
quando se deseja construir acima desses solos.
Suponha que você seja o engenheiro responsável pelo projeto de um aterro de grandes
dimensões com 3m de altura e 18kN/m³ em um solo dessa região. Sabendo que esse solo se
encontra em condição sobreadensada com OCR de 1,6, para coeficiente de compressão de
2,0 e de recompressão de 0,20, que possui uma espessura de 8,6m e peso específico de
14kN/m³, responda:
RESOLUÇÃO
Veja a resolução no vídeo abaixo:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Calcular parâmetros do adensamento para estimar o tempo de ocorrência dos
recalques
OS PARÂMETROS DO ADENSAMENTO
AS HIPÓTESES DA TEORIA DO
ADENSAMENTO DE TERZAGHI
Como a expulsão de água dos poros do solo argiloso, devido ao adensamento, ocorre muito
lentamente, faz-se importante estimar quanto tempo levará até que o adensamento acabe,
além de estimar a magnitude dos recalques.
Para tal, continuamos trabalhando com a Teoria do Adensamento de Terzaghi, cujas hipóteses
são:
1 O solo é homogêneo;
2 O solo é saturado;
durante o adensamento; e
SAIBA MAIS
A Teoria do Adensamento de Terzaghi é a melhor ferramenta que se tem para estimar o tempo
de ocorrência para os recalques. Não cabe aqui demonstrar toda a formulação da Teoria do
Adensamento. Para tal, você pode consultar qualquer livro de Mecânica dos Solos.
PARÂMETROS DO ADENSAMENTO
Quando o processo de adensamento já se encontra em desenvolvimento, é muito útil saber
quanto ainda de recalque a camada sofrerá. Para tal, define-se o grau de adensamento
¯
¯¯¯
(U )
¯
¯¯¯
ε (t) ρ (t) e0 − e (t) σ′(t) − σ′1
U = = = =
εf ρ e (t) − ef σ′f − σ′1
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
Para
ε(t)
ρ(t)
e(t)
′
σ (t)
qualquer.
¯
¯¯¯
U
′
σ'f − σ (t)= ∣
∣u0 − u(t)∣
∣
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O grau de adensamento também pode ser escrito como o grau de dissipação da poro-pressão:
u0 −u(t)
¯
¯
U¯ =
u0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O coeficiente de compressibilidade (
aV
) é a relação entre a variação linear do índice de vazios e das tensões verticais efetivas
(lembre-se de que essa é uma hipótese da teoria). Logo:
e0 −ef ef −e0 de de
av = = − ′ ′
= − ′
=
σ'f −σ'0 σ f −σ 0 dσ du
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
av
) com de compressão (
CC
)!
mV
dεV
mV =
′
dσ
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Note que:
aV = (1 + e0 ) mV
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
cV
∂u k (1 + e)
cV = =
∂t av γw
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
av
o coeficiente de compressibilidade e
γ
w
Outro parâmetro definido no adensamento é o fator tempo (T), adimensional, dado por:
cV t
T =
2
Hd
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Sendo
Hd
h0
h0 /2
. Caso só exista uma camada drenante na fronteira e a outra seja, por exemplo, uma rocha sã,
H d = h0
:
Figura 5 – Distâncias de drenagem para drenagem dupla e única.
∞
2 Mz 2 π
−M T
Ū = 1 − ∑ (sen )e , M = (2m + 1)
M Hd 2
m=0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Uma condição de contorno é que o adensamento não se dá por igual para toda profundidade,
pois a dissipação da poro-pressão ocorre muito mais rapidamente próximo às fronteiras
drenantes e mais lentamente no meio da camada compressível.
Assim, para diversos tempos após o carregamento, a solução gráfica é dada por:
∞
2 2
−M T
U = 1 − ∑ e
m=0
M ²
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
• uma para U menor que 60%, em que a relação com o fator tempo T é parabólica;
Podemos usar as equações simplificadoras a seguir, úteis quando não se dispõe da curva U x
T em mãos:
π
2
T = ( )U => U ≤ 0, 6
4
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Os valores indicados na tabela a seguir são pares de valores U (%) x T retirados da curva de
adensamento.
U
U
U
T T T
(%) (%) (%)
T T T
(%) (%) (%)
30 0,0707 65 0,340
ENSAIO EDOMÉTRICO
O ensaio edométrico é o mais empregado para simular o adensamento em laboratório. Nesse
ensaio, confina-se uma amostra de solo indeformado em um anel rígido de aço, de modo que
as laterais da amostra não sofram deformação.
São colocadas pedras porosas no topo e na base da amostra, de modo que o fluxo seja vertical
por duas fronteiras drenantes. Um esquema da montagem da amostra encontra-se ilustrado na
figura a seguir.
Δσ
) por meio de prensas ou de cargas mortas, com anilhas, conforme ilustrado na figura seguinte.
Do que entendemos por adensamento, a amostra deverá sofrer deslocamentos à custa da
saída de água sob pressão nos poros do solo, que buscarão as pedras porosas. Quando a
deformação cessa, dobra-se o carregamento. Geralmente, o tempo para o incremento da carga
é de 24h.
SAIBA MAIS
′
σp
).
′
σp
rh
) a partir de A.
rt
) a partir de A.
ˆ
rh
rh
rt
rv
).
Determinar
′
σp
rv
com
rb
.
6
rh
e0
).
rV
rh
no ponto A.
Traçar uma reta vertical a partir de A até encontrar a curva de compressão no ponto B.
Traçar uma reta horizontal a partir de B até encontrar o prolongamento
rV
no ponto C.
Determinar
′
σp
Figura 11 – Determinação de
′
σp
cV
h0
).
δt
δ4t
Somar a diferença
δt – δ4t
4
Recomenta-se repetir o procedimento para outros dois valores de t, por exemplo, para verificar
a acurácia obtida para a compressão inicial.
hf
Determinar a altura do corpo de prova quando 50% do adensamento tiver ocorrido (U = 0,50), o
que representa a média dos dois valores obtidos nas etapas anteriores.
2 2
T50 H 0, 197 H
d,50 d,50
cV = =
t50 t50
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
8
Hd
t50
O Método de Taylor baseia-se no formato da curva de UxT, para o eixo das abscissas igual à
raiz quadrada de T, segundo os passos:
Tomar a diferença entre o ponto que corresponde à altura do corpo de prova no início do
adensamento e a altura do corpo de prova antes do carregamento (
hi − h0
).
Traçar uma reta com as abscissas iguais a 1,15 vezes as abscissas correspondentes da reta
inicial, a partir do início do adensamento (após a compressão inicial).
2
A interseção da reta com a curva do ensaio indica o ponto em que teriam ocorrido 90% do
adensamento. Como pela equação parabólica da parte inicial da curva de adensamento para U
= 0,90 e T = 0,64, a raiz quadrada é 0,80, e pela solução da teoria do adensamento para U =
0,90 T = 0,848, cuja raiz quadrada é 0,92:
t90
).
2 2
T90 H 0, 848 H
d d
cV = =
t90 t90
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
MÃO NA MASSA
TEORIA NA PRÁTICA
Suponha que você seja o engenheiro responsável pelo projeto de um aterro de grandes
dimensões com 3m de altura e 18kN/m³ em um solo que tenha índice de vazios inicial de 10.
Sabendo que esse solo se encontra em condição normalmente adensada, que possui uma
espessura de 8,6m, peso específico de 14kN/m³, dupla drenagem, que seu coeficiente de
compressão é de 2,0 e de adensamento 0,7m²/ano, responda:
RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Reconhecer os possíveis desvios do adensamento em campo com relação à Teoria
do Adensamento de Terzaghi
DESENVOLVIMENTO DO ADENSAMENTO
EM CAMPO
AJUSTE NO COEFICIENTE DE
ADENSAMENTO
Observa-se que em casos reais de adensamento em campo os tempos para o
desenvolvimento dos recalques são menores em relação àqueles indicados pela Teoria do
Adensamento de Terzaghi. Tal fato pode ser atribuído aos seguintes fatores:
Hd
cV
é por meio da retroanálise de carregamentos reais no solo em estudo. Para tal, deve-se
medir os recalques em campo e determinar os valores de
cv
TAYLOR
Referente a
√t
CASAGRANDE
Referente ao
log(t)
SAIBA MAIS
AMOLGAMENTO DO SOLO
O amolgamento consiste em perturbação e desarranjo da estrutura de um solo por meio da
distorção das partículas devido à execução de um furo de sondagem, do processo de coleta e
transporte de uma amostra, ou do preparo do corpo de prova para a realização de um ensaio.
AMOLGAMENTO
e0
) é menor.
O coeficiente de recompressão (
2 CR
) é maior.
).
A tensão de pré-adensamento (
4 ′
σp
) é menor.
O coeficiente de compressão (
5 CC
) é menor.
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Deve-se ter em mente que as perturbações que provocam o amolgamento dos solos para
retirada de amostra não ocorrem em campo, quando um carregamento é simplesmente
aplicado na superfície. Assim, quanto menos perturbada estiver a amostra, melhor a qualidade
do ensaio e mais o resultado obtido deve se aproximar do adensamento que ocorreria em
campo.
SAIBA MAIS
CC
CR
é maior em amostras amolgadas, o recalque pode ser superestimado. Caso o engenheiro civil
tenha optado por uma solução de redução dos efeitos do adensamento, pode ser que a obra
seja superdimensionada e até desnecessária.
SAIBA MAIS
A norma técnica brasileira ABNT NBR 9820 preconiza os procedimentos para retirada de
amostras indeformadas de solos de baixa consistência a serem utilizadas em ensaios de
laboratório. Ressalta-se, no entanto, que ainda que essa norma seja seguida à risca, a
amostragem nunca é perfeita: sempre haverá uma perturbação relacionada ao processo de
retirada do solo, transporte e preparação de corpos de prova, ainda que mínima.
ADENSAMENTO SECUNDÁRIO
No módulo anterior, vimos na relação teórica entre UxT que após o desenvolvimento do
adensamento a curva se aproxima a uma assíntota horizontal. No entanto, nota-se em curvas
obtidas em laboratório que após o adensamento previsto pela Teoria do Adensamento de
Terzaghi há uma mudança na inclinação da curva e a continuação da deformação no tempo.
Adensamento primário
A deformação que ocorre no solo até o ponto onde há mudança na inclinação é aquele previsto
na Teoria de Adensamento de Terzaghi, relacionado ao processo de adensamento primário.
Adensamento secundário
Toda deformação que ocorre após esse ponto é chamada de adensamento secundário, que
ocorre ainda mais lentamente que o primário e não é justificado por essa teoria.
No fim do primário, todo carregamento imposto já foi transferido para a tensão vertical efetiva, e
não deve haver mais ganho de tensão efetiva no tempo (
′
σ
= constante).
RESPOSTA
A Mecânica dos Solos Clássica, que estudamos no curso de Engenharia Civil, não possui
ainda uma resposta para essa pergunta. Nas últimas décadas, muitas pesquisas foram
desenvolvidas para tentar explicar o fenômeno do adensamento secundário, sendo que a
maioria delas envolve a aplicação de conceitos de mecânica dos fluidos, reologia ou de
ligações químicas entre partículas dos solos.
O fato é que mesmo que ainda não saibamos por que o fenômeno ocorre, é importante que se
tenha em mente que ele deve ser considerado em projetos. Como o adensamento secundário
ocorre muito lentamente, a deformação acumulada devido a esse fenômeno pode ser
expressiva mesmo décadas, centenas e milhares de anos após a construção.
EXEMPLO
Cα
), dado pela inclinação do trecho final da curva deformação x tempo em termos da deformação
específica (
):
ΔH
Δε H0
Cαε = =
Δlog t Δlogt
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Δe
Cαe =
Δlogt
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Cαe
Cαε =
1 + e0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
SAIBA MAIS
Cα ε
varia de 0,5% a 2% para argilas normalmente adensadas, e pode atingir valores ainda maiores
a depender da plasticidade da argila e da presença de matéria orgânica.
Embora pareça ser simples a estimativa do adensamento secundário por meio de
Cα
, existem severas limitações por trás dessa abordagem. Uma delas é que o solo não pode se
deformar infinitamente até que o índice de vazios chegue a zero. Ou seja, esse coeficiente
deve diminuir com o passar o tempo, de modo que a curva deformação x tempo chegue a uma
assíntota horizontal.
MÃO NA MASSA
TEORIA NA PRÁTICA
Para a elaboração de projetos de fundações, é comum a realização de ensaios de simples
reconhecimento (SPT) para reconhecimento da estratigrafia do solo. Devido à natureza desse
ensaio, muitas vezes camadas pouco espessas não são identificadas. Um engenheiro durante
a elaboração do projeto de um edifício de 20 andares, estudou como se daria o adensamento
da camada compressível identificada no ensaio SPT. O recalque estimado foi de 50cm, e o
tempo para ocorrência dessa deformação de 6 anos. Sabendo que havia uma lente de areia
simetricamente posicionada nessa camada de argila que não foi identificada para o projeto,
responda:
RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
trincas a 45°;
ruptura de tubulações;
desaprumos.
Recalques diferenciais
Quando se tem uma estratigrafia no solo de fundação que não é homogênea ou as camadas
não horizontais, temos pontos com recalques desiguais, chamados de recalques diferenciais.
Recalque uniforme
Caso a camada compressível seja horizontal, de modo a sofrer um deslocamento vertical como
um todo, temos um recalque uniforme.
Figura 18 – Recalque uniforme e diferencial em solos.
MONITORAMENTO DO ADENSAMENTO
Para saber se o que foi previsto em projeto é o que efetivamente ocorre em campo, deve-se
implantar instrumentos geotécnicos de monitoramento que meçam grandezas de controle para
comparação ao que era esperado em projeto.
Caso o que se deseje avaliar seja o coeficiente ou o grau de adensamento em campo, pode-se
instalar piezômetros na camada compressível, que medem qual a poro-pressão na cota de
instalação:
Figura 20 – Piezômetro para monitoramento de poro-pressão.
ATENÇÃO
Ressalta-se que, mais importante que a instalação desses instrumentos, é a correta calibração,
leitura periódica e correta interpretação dos resultados. Essas atividades devem ser realizadas
por engenheiro geotécnico competente e com experiência na área.
SUBMERSÃO
No módulo 1, vimos que a estimativa de recalques depende dos parâmetros do solo e das
tensões efetivas inicial, final e de pré-adensamento. Considere o caso no qual o acréscimo de
tensões é dado pela construção de um aterro em grandes dimensões de peso específico
γ
e altura
, diretamente apoiado em um depósito de argila mole, cujo nível d’água coincide com o nível do
terreno.
Δσ
pode ser dado por γH. No entanto, à rigor, com o desenvolvimento dos recalques por
adensamento no tempo, parte do aterro vai ficando submerso, de modo que o peso específico
dessa região abaixo do nível d’água fique saturado, conforme ilustrado na figura seguinte.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para
γ
sub
γ
sub
):
γsub = γsat − γw
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Calcular o recalque
ρ
1
considerando todo o aterro em condição seca (conforme construído). Essa estimativa é a que
fizemos no módulo 1.
Δσ2
hsub
, equivale a
ρ
1
Calcular o recalque
ρ
2
hsub = ρ
1
submerso.
Δσ3
) considerando que a espessura submersa equivale a
ρ
2
Calcular o recalque
ρ
3
hsub = ρ
2
submerso.
Esse será o recalque mais próximo da realidade, uma vez que foi considerada a submersão do
aterro. Geralmente, duas ou três tentativas são suficientes para que os resultados sejam
convergentes.
Para contornar esse problema, o engenheiro não precisa desistir do projeto, encontrar um local
mais favorável para construção ou aceitar o recalque excessivo. Diversas são as soluções para
mitigação dos problemas associados ao adensamento. Veremos aqui as soluções mais
comuns utilizadas na Engenharia Civil.
REMOÇÃO DO SOLO
A primeira solução listada é a remoção do solo, que consiste em escavar o solo compressível
e reaterrar a área com um solo que apresente propriedades de deformação e resistência
melhores. Dessa maneira, o recalque calculado pode ser eliminado.
ATENÇÃO
Segundo Almeida e Marques (2014), essa técnica só deve ser vantajosa para camadas de até
4,0m.
Cabe ressaltar que o solo argiloso compressível nem sempre ocorre na superfície do terreno.
Portanto, ainda que a camada de argila seja pouco espessa, se ela estiver em profundidade,
após várias estratigrafias distintas, o processo de remoção será inviável.
Outro ponto importante é que solos argilosos são pouco aproveitáveis em outras atividades da
construção civil (construção de aterros e fabricação de outros materiais), como a areia pode ser
utilizada no concreto.
A argila pode ser utilizada na confecção blocos cerâmicos, por exemplo, mas é importante ter
em mente que o material escavado deve ser destinado a um local ambientalmente certificado.
Caso esse local seja distante do local de escavação, o transporte custoso pode inviabilizar
essa atividade.
MELHORAMENTO DO SOLO
PRÉ-CARREGAMENTO
Outra técnica utilizada para mitigação dos recalques é o pré-carregamento, que consiste em
se construir um aterro para implicar em um acréscimo de carga no terreno, de modo que os
recalques sejam desenvolvidos conforme previsto na Teoria do Adensamento.
ATENÇÃO
Essa técnica é simples, barata e largamente utilizada na Engenharia Civil. No entanto, sua
viabilidade depende do tempo disponível para a entrega final do empreendimento, pois vimos
que pode demorar anos até que um grau de adensamento superior de 90% seja atingido.
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Outra técnica amplamente utilizada para contornar o problema dos recalques é a utilização de
fundações profundas, as estacas, que atravessam a camada compressível e aplicam o
acréscimo de carga em solos mais competentes, conforme ilustrado na figura seguinte.
Como esse tipo de fundação transfere as cargas para o solo pela sua ponta e pelo atrito lateral,
a carga que chega no solo argiloso é menor, diminuindo os recalques associados.
DRENOS VERTICAIS
A técnica da aceleração dos recalques por meio de drenos verticais consiste em implantar, da
superfície do terreno até a argila mole, colunas com material de coeficiente de permeabilidade
superior ao da argila, como areia ou geossintéticos:
O efeito dos drenos verticais é de diminuir o caminho de drenagem e fazer com que o fluxo
seja radial, de modo que o tempo para que ocorra o recalque seja menor, conforme vimos no
módulo 3.
MÃO NA MASSA
TEORIA NA PRÁTICA
Seja uma camada de argila mole de 4m de espessura que receberá um aterro de grandes
dimensões, 20kN/m³ de peso específico e 2m de altura. Sabendo que nos ensaios realizados
em amostras desse solo foram encontrados: um coeficiente de recompressão igual a 0,12; de
compressão igual a 1,4; OCR de 1,8; um índice de vazios inicial de 3,50 e um peso específico
de 14kN/m³, calcule o recalque esperado para essa camada considerando a submersão do
aterro.
RESOLUÇÃO
Veja a solução no vídeo abaixo:
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, você aprendeu sobre o adensamento: por que ele ocorre, como ele ocorre,
como quantificá-lo, por quanto tempo ele ocorre, em que tipo de solo ele ocorre e como lidar
com seus efeitos.
Esse conhecimento é indispensável a um engenheiro civil que trabalhe com projeto, execução
ou com o desempenho pós-obra. Você agora tem as ferramentas necessárias para estimar os
recalques e evitar que os diversos problemas associados apareçam em sua obra.
PODCAST
Agora, a especialista Mirella Dalvi dos Santos encerra este conteúdo falando sobre os
principais tópicos abordados.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. S. S.; MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles – projeto e desempenho.
2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. 245p.
ASTM INTERNATIONAL. ASTM D2435 / D2435M-11(2020): Standard Test Methods for One-
Dimensional Consolidation Properties of Soils Using Incremental Loading. West Conshohocken,
PA, 2020.
PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos,
2006, 367p.
EXPLORE+
Pesquise e leia o artigo O que vem a ser recalque nas fundações?, do blog GeoSensori,
que exemplifica o recalque uniforme e diferencial.
Pesquise e leia o artigo Prédios tortos de Santos: como eles estão hoje?, do blog Massa
Cinzenta, que explica como foram recuperados os prédios recalcados da orla de Santos-
SP.
CONTEUDISTA
Mirella Dalvi dos Santos
CURRÍCULO LATTES