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Graduação

MECÂNICA DOS SOLOS

Paulo Roberto Ioppi, Eng.Civil MSc.


UEA – EST - Curso de Engenharia Civil
<http://www.uea.edu.br>
<pioppi@uea.edu.br> Fone: (92) 3236 1470

COMPRESSIBILIDADE e
ADENSAMENTO

<prioppi@hotmail.com> (92) 9983 6446

Março - 2013
Compressibilidade do solo
• Introdução:
Uma das principais causas de recalques é a compressibilidade do
solo, ou seja, a diminuição do seu volume sob a ação de cargas
aplicadas
Em particular o caso de grande importância prática é aquele em
que se refere a compressibilidade de uma camada de solo saturada
e confinada lateralmente.

Relação Carga x Deformação


* Todos os materiais deformam
* Essa correlação é tabelada e utilizada nos projetos estruturais
• Na engenharia de fundações o problema é mais complexo
Deformações comparativamente maiores
Deformação unitária correspondente à pressão no limite de
segurança 0,5% (areia compacta) 2,5% (argila plástica)
outros materiais (0,005%)

Recalques diferenciais por adensamento


• Importância: prever os recalques para daí decidir com acerto sobre o tipo de fundação.
• Conceito: é a diminuição de volume da camada por diminuição de sua altura
• Ordem de grandeza: Depende: posição; espessura; natureza do subsolo e NA.; Distr.
das pressões produzidas pelas cargas da obra; Propriedades do solo que interessam ao
problema.
Compressibilidade do solo
• Processo de adensamento (mecanismo)
Fundação que distribui sua carga a uma camada de argila
saturada limitada por camada de areia e por um leito
rochoso impermeável.
Em um ponto M qualquer da camada compressível,
admitamos que a pressão transmitida pela fundação seja
po = u(t) + p(t)
u = vai ser transmitida a água que enche os vazios do solo
p = vai ser transmitida as partículas sólidas
u – acréscimo de pressão neutra – sobre-pressão hidrostática
p – pressão efetiva ou pressão grão a grão.

A água presa nos vazios do solo começa a escoar


verticalmente pra camada de areia
po (cte.) = p (aumenta) + u (diminui)
Antes da aplicação da carga u = po p=0
Após a aplicação – transferência de pressão de u p
Até ficar u = 0 p = po
Compressibilidade do solo

• Compressibilidade de terrenos permeáveis (areias e pedregulhos


• Pressão efetiva = pressão aplicada
• As deformações são produzidas de forma rápida
• Reajuste da posição das partículas

Compressibilidade dos terrenos pouco permeáveis (argilas)


• Compressão primária (adensamento)
• Compressão inicial ou imediata (deformação da estrutura da argila)
• Compressão secundária (secular) – compressão do esqueleto sólido
Teoria do adensamento

Hipóteses básicas sobre a teoria do adensamento:


• A camada compressível tem espessura constante, é lateralmente
confinada e o solo que a constitui é homogêneo.
• Todos os vazios estão saturados de água
• Tanto água como as partículas sólidas são incompressíveis
• O escoamento da água obedece a lei de Darcy (com k constante) e se
processa unicamente na direção vertical
• Uma variação na pressão efetiva aplicada causa uma variação
correspondente no índice de vazios.

Equação diferencial do adensamento


• {[k (1+ε)]/(av γa)} ( ə2u/əz 2) = əu/əz
• av = coeficiente de compressibilidade cm 2 /g

Fazendo [k (1+ε)]/(av γa) = Cv coeficiente de adensamento


cm 2 /seg

Cv ( ə2u/əz 2) = əu/əz
Equação do adensamento para um fluxo unidirecional em
um solo anisótropo.
Ensaio de adensamento

• Ensaio de adensamento:
Objetivo: Obtenção experimental das características do
solo que interessam a determinação dos recalques
provocados pelo adensamento.

Descrição do ensaio: Compressão de uma amostra


indeformada confinada lateralmente por anéis rígidos e
colocados entre dois discos porosos.

A carga é aplicada sobre a pedra porosa superior por


meio de um disco rígido e a compressão é medida com o
auxilio de um micrômetro.
Ensaio de adensamento
Realização do ensaio de adensamento:
Realiza-se o ensaio aplicando-se cargas verticais que vão
sendo gradualmente aumentadas, geralmente segundo uma
progressão geométrica de razão igual a 2. Cada estágio
deverá permanecer o tempo suficiente para permitir a
deformação total da amostra, registrando-se, durante o
mesmo e a intervalos apropriados (15, 30 seg.; 1, 2, 4, 8, 16,
32 min.) as indicações (deformações) do micrômetro.

Variação do índice de vazios com a pressão efetiva.


A cada estágio de carga, corresponde uma redução de altura
da amostra, a qual, usualmente se expressa segundo a
variação do índice de vazios: Com efeito se chamarmos de
hl, Vl e εl (altura, o volume e o índice de vazios da amostra)
correspondente a uma leitura “l” do micrômetro, temos:
εl = (Vl – Vs)/Vs = [(Vl/S) – (Vs/S)]/(Vs/S) =
(hl – hs)/hs = (hl/hs) – 1
Onde S = área do círculo interno do anel
hs – “altura reduzida” – altura ocupada pelas partículas
sólidas da amostra.
Conhecidos hi do corpo de prova e εi antes do ensaio, tem-se
hs = hi/(1+ εi) εi = (γg/γs) – 1
εl = {hl/[hi/(1+ εi)]} - 1 = [(hl + hl.εi )/hi] - 1
Ensaio de adensamento
Obtidos os pares de valores (p, εl), correspondentes a
máxima deformação em cada estágio de carga, os
pontos serão plotados em um diagrama semi-logarítmico.

Partes distintas da curva:


Primeira parte - curva de recompressão: A retirada da
amostra do maciço terroso corresponde a um processo
de descarregamento devido a retirada do peso das
camadas sobrejacentes. Portanto, no laboratório o que
Ocorre inicialmente é uma recompressão.
Ensaio de adensamento
Segunda parte - reta de compressão virgem: é aquela
que corresponde a primeira compressão do material em
sua formação geológica.

Terceira parte é aquela em que já se faz sentir o


fenômeno do amolgamento do solo, especialmente se
de estrutura floculenta

Pressão de pré- adensamento:


Chama-se pressão de pré-adensamento (pa) a pressão
limite da curva de recompressão, o que corresponde ao
estado de solicitação a que esteve submetida
anteriormente a camada de solo.
Ensaio de adensamento
Processo gráfico de Casagrande
* Pelo ponto T de menor raio de curvatura da linha
(ε – log p) traçam-se a horizontal h, a tangente t e a
bissetriz b do ângulo formado por t e h.
* Prolonga-se a parte reta da linha (ε – log p) até
encontrar a bissetriz
* A abscissa desse ponto de interseção determina a
pressão de pre-adensamento (pa).
* Se pa = pe A camada argilosa é dita normalmente
adensada (o acréscimos po provocará uma deformação por
compressão ao longo da reta virgem)
* Se pa > pe O solo já esteve sujeito a cargas maiores
do que as atuais e ele diz-se “pre-adensado” (o acréscimos po
provocará uma deformação somente quando pe + po < pa)
* Se pa < pe Trata-se de um solo que ainda não atingiu
as suas condições de equilíbrio e portanto, ainda não
terminou de adensar sob o próprio peso da terra. Tem-
se assim o caso de um solo “parcialmente adensado”
(a deformação por compressão ao longo da reta virgem se
dará sem se introduzir nenhum acréscimo, tão somente pela
diferença pe-pa).
pe – pressão efetiva determinada através do perfil do terreno
po – acréscimo de pressão transmitido ao elemento de solo existente a profundidade onde foi determinada pe
Curva tempo-recalque

• Como resultado de um ensaio de adensamento


traça-se também curva tempo-recalque para cada
estagio de carregamento. Estas curva nos
permitirão determinar os coeficientes de
adensamento (Cv) e permeabilidade (k) do solo
• A figura reproduz, para um certo incremento de
carga, a forma típica de uma curva tempo-recalque
Curva tempo-recalque

• Ajuste da curva tempo-recalque:


• Pelo processo de Casagrande determina-se o 100%
da compressão primária prolongando-se a linha,
praticamente reta, do extremo da curva
experimental até interceptar a tangente traçada pelo
ponto de inflexão da curva
• O ponto 0% é determinado admitindo-se que a
parte superior da curva é uma parábola
• U = 50% é inicio da tangente
Ensaio de adensamento
Índice de compressão:
A curva (ε – log p) fornece-nos dois parâmetros de
grande utilidade no cálculo dos recalques por
adensamento. Um é a “pressão de pré-adensamento” ,
já conceituada, o outro é o “índice de compressão” (K)
ou seja, a inclinação da reta virgem determinada pela
compressão:
K = (ε’ – ε”)/log10 (p”/p’)
∆ ε = K log10 [(p + ∆p)/p]
Quanto maior o (K) mais compressível é o solo

Relação entre K e LL
K = 0,009 (LL - 10%)
Obs: só é válido para argilas normalmente adensadas.

Determinação do Coeficiente de Adensamento (Cv)


Cv = 0,2 (H 2 50)/T 50
H 250 = espessura da amostra para 50% de adensamento
T50 = tempo obtido sobre a curva tempo-recalque,
correspondente a 50%
Ensaio de adensamento
Determinação do Coeficiente de Permeabilidade (k)
k = [0,2 av γa H 2 50]/(1+ε) T 50
k = Cv . [(av γa)/(1+ε)]
• av = coeficiente de compressibilidade cm 2 /g
• Cv = coeficiente de adensamento cm 2 /seg

• Comparação entre tempos de adensamento:


• A relação entre os tempos para ser atingido, sob as
mesmas condições de drenagem e pressão, um dado grau de
adensamento com duas camadas de argilas idênticas mas de
espessuras diferentes, é a seguinte:

• T = (Cv . t)/H2
t1 = H 1 2 e t 2 = H 22

• Esta expressão é de grande utilidade quando desejamos


calcular em função dos resultados obtidos no laboratório, os
tempos em que ocorrerão na obra, determinadas
porcentagens de adensamento
Exercícios sobre adensamento
01 - A altura inicial de uma amostra é h o = 2,0 cm e o
seu índice de vazios εo = 1,18. Submetida a um ensaio
de adensamento, a altura se reduz para 1,28 cm. Qual
o índice de vazios final?

02 - Se o coeficiente de compressibilidade é 0,1071


cm2/Kg, o coeficiente de adensamento (consolidação) é
12,96 cm/ano e o índice de vazios 0,680, calcular o
coeficiente de permeabilidade (k) em cm/seg

03 - Em um ensaio de adensamento uma amostra com


4 cm de altura exigiu 24 h para atingir um determinado
o grau de adensamento. Pede-se calcular o tempo (em
dias) para que uma camada, 8 m de espessura, e do
mesmo material atinja, sob as mesmas condições de
carregamento, o mesmo grau de adensamento.
t1 = H12 e t2 = H22 t1/t2 = H12 /H22

t2 = t1 [H22 / H12]
Exercícios sobre adensamento
04 - Estimar o valor do índice de compressão de uma
Argila normalmente adensada, sabendo-se que o seu
limite de liquidez é de 25,7%.

05 - A pressão existente sobre um solo compressível é de 1,8


Kg/cm2, a qual será acrescida de 1,2 kg/cm2 pela construção
de um edifício. A camada compressível tem 2,50 m de
espessura e índice de vazios igual a 1,20. Sob o acréscimo de
pressão, o índice de vazios decresce para 1,12. Pede-se
determinar o índice de compressão do solo e a deformação da
camada.
Exercícios sobre adensamento

06 - Dada a curva “ε – log p” ,abaixo, de um ensaio de


adensamento, determine a “pressão de pre-
adensamento” pelo processo gráfico de Casagrande.
Exercícios sobre adensamento

07 - Dada a curva de adensamento abaixo calcular:


a) O índice de compressão; b) a carga de pre-adensamento;
c) A variação de ε quando p passa 1,5 kg/cm 2 para 2,7 kg/cm 2 d) o recalque de uma camada de 2 metros de espesura
considerando os valores do item anterior e) os
tempos para 25%, 50% e 75% de adensamento da camada do item d) supondo-se drenagem dupla e coeficiente de
adensamento Cv = 2,08 x 10-4 cm 2 /seg

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