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MECÂNICA DOS SOLOS APLICADA

AULAS 20 e 21
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Planejamento da Aula

• Distribuição de tensões no solo


• Tensões virgens (Geostáticas - devidas ao peso
próprio) e induzidas.
• Princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi. Diagramas
de distribuição das tensões com a profundidade.
• Tensões horizontais. Coeficientes de empuxo (ativo,
passivo, em repouso).
Fontes de Consulta:

 PINTO, C.S. CURSO BÁSICO DE MECÂNICA DOS SOLOS. 3


ED. SÃO PAULO: OFICINA DE TEXTOS, 2006.
 VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos.. São Paulo: Ed.
Universidade de São Paulo, 1977.
 CAPUTO, H.P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. 1 ed.
Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1967.
 TERZAGHI, K. Mecânica dos Solos na Prática da Engenharia.
Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1962.
 Notas de Aula. Erinaldo Hilário Cavalcante. Disciplina:
Fundações. Universidade Federal de Sergipe. Centro de
Ciências Exatas e Tecnologia – Departamento de Engenharia
Civil; Área de Geotecnia e Engenharia de Fundações.
Tensões atuantes...
... Induzem deformações
CONCEITO DE TENSÕES EM UM
MEIO PARTICULADO
Considerações prévias:

• Os solos são constituídos de partículas, água e ou ar;


• As forças aplicadas a eles são transmitidas de
partícula a partícula, além das que são suportadas
pela água dos vazios;
• A transmissão das forças se faz nos contatos e,
portanto, em áreas muito reduzidas em relação à área
total envolvida.
Tensões em Meios Particulados

Solo – Sistema constituído por três fases


(partículas sólidas, água e ar).
TENSÕES DEVIDAS AO PESO PRÓPRIO DO
SOLO
Nos solos, ocorrem tensões devidas ao peso
próprio e às cargas aplicadas. Na análise do
comportamento dos solos, as tensões devidas ao
peso próprio do solo têm valores consideráveis, e não
podem ser desconsideradas. Sob determinadas
condições, a tensão atuante num plano horizontal a
uma certa profundidade é normal ao plano.
TENSÕES DEVIDAS AO PESO PRÓPRIO DO
SOLO
Pressões atuantes na massa de solo, nas
diversas profundidades de um maciço, quando
considera-se somente o peso próprio, isto é, apenas
sujeito à ação da gravidade, sem cargas exteriores
atuantes, estas pressões são denominadas pressões
virgens ou geostáticas.
Partindo do conceito que Tensão é igual a Força
(Peso) dividido pela área (A), a Tensão Vertical será
igual ao Peso Específico do solo estudado multiplicado
pela cota do ponto considerado. σ = ɣ.z
Demonstração:
• σ = F /A
• ɣ=P/V σ = ɣ.z
• V = A.z
• P=F
Sendo:
σ – tensão ou pressão
F – força
A – Área
ɣ - Peso Específico (natural ou saturado)
P – Peso
V – Volume
z – Espessura do pacote de solo
Observação importante: como veremos a
seguir a tensão calculada acima refere-se a
tensão total, e o Peso Específico refere-se ao
Natural ou ao Saturado (caso o solo analisado
esteja abaixo do “NA”)

“NA” – Nível da água


POROPRESSÃO (PRESSÃO NEUTRA) E
TENSÃO EFETIVAS

A pressão que atua na água é definida


como pressão neutra (u) ou poropressão e a
tensão que atua nos contatos interpartículas é
definida como tensão efetiva (σ’). Somando-se
ambas tensões, obtém-se a tensão total (σ).
Princípio das Tensões Efetivas

Tensão Normal total (σ): Representa a tensão normal total atuante em um


determinado plano que secciona uma porção de solo;

Poropressão ou pressão neutra (u): Porção da tensão total suportada pela


água intersticial;

Tensão Normal efetiva (σ’): Porção da tensão total suportada pelas


partículas sólidas do solo.
A partir desta constatação, Terzaghi estabeleceu
o Princípio da Tensões Efetivas, que pode ser expresso
em duas partes:

1. A tensão efetiva, para todos os solos saturados,


pode ser expressa pela subtração da tensão total
pela neutra;

2. Todos os efeitos mensuráveis resultantes de


variações de tensões nos solos, como compressão,
distorção e resistência ao cisalhamento são
devidos a variações de tensões efetivas.
Nos solos saturados (G = 100%) parte das
tensões normais é suportada pelo esqueleto sólido
(grãos) e parte pela fase líquida (água), portanto, tem-
se que:

σ = σ’ + u σ’ = σ - u

onde:
σ = tensão total
σ’ = tensão efetiva
u = poropressão
Sendo que a pressão da água é:

= pressão neutra ou poro-pressão

= peso específico da água, tomado igual a 10


kN/m³ = 1 g/cm³

= profundidade em relação ao nível da água


TENSÃO NORMAL E CISALHAMENTO
O solo apresenta um comportamento
peculiar quando submetido a um
carregamento. Tensões de cisalhamento só
são suportadas pela camada sólida, uma vez
que a água e o ar não oferecem nenhum tipo de
resistência a este tipo de tensão. As tensões
normais são suportadas pelo esqueleto sólido
e pela parte fluida.
Tensões em Meios Particulados

Parte dos esforços é transmitida pelos grãos


e, conforme as condições de saturação do
solo, parte é transmitida pela água.

Plano que corta o


elemento de solo,
cuja área é A (axa).

Transmissão de esforços em solos


Um corte plano numa massa de solo
interceptaria grãos e vazios e, só
eventualmente, uns poucos contatos.

Considere-se, porém, que tenha sido


possível colocar uma placa plana no interior
do solo.

Diversos grãos transmitirão forças à


placa, forças estas que podem ser
decompostas em normais e tangenciais à
superfície da placa.
A somatória das componentes normais
ao plano, dividida pela área total que abrange
as partículas em que estes contatos ocorrem,
é definida como tensão normal σ (Sigma).

A somatória das forças tangenciais,


dividida pela área, é referida como tensão
cisalhante (Tal).
Tensões em Meios Particulados

Tensões nos Contatos:

Plano que corta o


elemento de solo, Tensões Médias:
cuja área é A (AxA).
Se um carregamento é feito na superfície de um
terreno cujo solo está saturado, as tensões efetivas
aumentam, o solo se comprime e alguma água é
expulsa de seus vazios, ainda que lentamente. O
acréscimo de tensão foi efetivo.

Mas por exemplo, se o nível d’ agua em uma lagoa


se eleva, o aumento da tensão total provocado pela
elevação é igual ao aumento da pressão neutra (ou
poropressão) nos vazios (que são preenchido por
água) e o solo não se comprime. O acréscimo de
tensão (nos grãos) foi neutro. Ou seja, a tensão efetiva
não será alterada.
Princípio das Tensões Efetivas
Compressibilidade dos solos:
Deformações  Deslocamentos relativos entre partículas 
Mudança nas forças atuantes inter-partículas  Variação das
tensões efetivas.
Caso ocorra o rebaixamento do
“NA”, como a tensão total continuará a
mesma porque o peso específico do
solo não alterou e ocorreu uma
diminuição na pressão neutra,
consequentemente, a tensão efetiva
aumenta.
CALCULAR A TENSÕES: TOTAIS, POROPRESSÃO
TENSÃO EFETIVA NAS COTAS 0,0 ; -4,0 ; -7,0

SOLUÇÃO

• Cota 0,0
σ = ɣ.z
Como o ɣ = z = 0 (não existe solo acima). Portanto, σ = 0, e desta
forma σ’ = u = 0

Cota -4,0
σ = ɣ.z
ɣ = 15 kN/m3
Z = 4,0 m
σ = 15.4 = 60 kN/m2

Za = 4,0 m ɣ = 10 kN/m3 u = 4 x 10 = 40 kN/m2


σ’ = σ – u σ’ = 60 – 40 σ’ = 20 kN/m2
Cota -7,0
σ = 60 + ɣ.z
ɣ = 19 kN/m3
Z = 3,0 m
σ = 60 + (19x3)
σ = 117KN/m2

Za = 7,0 m ɣ = 10 kN/m3 u = 7 x 10 = 70 kN/m2


σ’ = σ – u σ’ = 117 – 70 σ’ = 47 kN/m2

Outra forma de calcular a tensão efetiva

Tensão efetiva na cota -7, com NA na cota 0.


Exercícios

1) Calcular a tensão efetiva na cota – 7,0 m supondo que


houve elevação do “NA” da cota 0,0 para a cota +2,0 m.
Comparar os resultados

2) Calcular a tensão efetiva na cota – 7,0 m supondo que


houve rebaixamento do “NA” da cota 0,0 para a cota -2,0
m. Comparar os resultados.
Considerar = 13 kN/m³
EXERCÍCIO 1
NA +2,0 m
Solução:

• Tensão efetiva na cota -7, com “NA” na cota 0.

(conforme já calculado)

• Tensão efetiva na cota -7, com “NA” na cota +2.


σ’ = σ – u

(ou seja, o
mesmo valor calculado anteriormente, portanto, os grãos não
sofreram nenhuma alteração, ou seja ficarão intactos)
EXERCÍCIO 2

NA - 2,0 m
• Tensão efetiva na cota -7, com “NA” na cota -2.

σ’ = σ – u

(da cota -7,0 a -2,0)

(ou seja, o valor é maior do que o calculado


anteriormente com “NA” na cota 0,0, portanto, os grãos
se aproximam)
Cálculo das Tensões Efetivas com o Peso
Específico Submerso
O acréscimo da tensão efetiva também
pode ser calculado por meio do peso específico
submerso do solo. Sabendo-se que o peso
específico submerso é a diferença entre o peso
específico saturado e o peso específico da
água.

Como:

σ’= .z
Recalcular as tensões efetivas do
primeiro exercício a partir da fórmula a
seguir

σ’= .z
Solução

Tensão efetiva na cota -7, com “NA” na cota 0,0.

σ’= .z
σ’ = x 4 = 20 kN/m2
σ’ = x 3 = 27 kN/m2
σ’ = σ’ +σ’ = 20+27 = 47kN/m2

Ou seja, o mesmo valor calculado anteriormente.


Até o nível da água, a tensão efetiva é igual à
tensão total (poropressão igual a zero), se não se
considerar o efeito da capilaridade.

Para cotas abaixo do nível da água, o


acréscimo de tensões efetivas pode ser calculado
diretamente pela somatória dos produtos dos pesos
específicos submersos pelas profundidades. Este
procedimento é muitas vezes vantajoso, e costuma
ser empregado pelos engenheiros geotécnicos na
prática.
EXERCÍCIOS
Exemplo 1: Pressões devidas ao peso próprio do solo sem a influência do nível
d’água.

Sendo (ou ) o peso específico aparente = (determinado pelo


frasco de areia).

Exemplo 2: Pressões devidas ao peso próprio do solo com a influência do nível


d’água.
Ponto A  μ = 0; σ = 0; σ’ = 0

Ponto B  μ = 0; σ = ; σ’ =

Ponto C  μ = ;σ= ;
σ’ =
σ’ =
Exercício 3
Determinar as tensões totais, poropressão e tensões
efetivas nos pontos A,B,C e D para o perfil de solo da
figura abaixo e traçar os diagramas. Adotar = 1,0 tf/m³.
Calcular a tensão efetiva também pela fórmula do
Solução:

Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D

𝐬𝐮𝐛 𝐬𝐚𝐭 𝒂
𝐬𝐚𝐭 = 𝐬𝐮𝐛 𝒂

𝐬𝐚𝐭 =1+1 = 2,0 tf/m3

Observação importante para solos saturados:


Quando for calcular a tensão efetiva por σ’ = σ – u,
σ = ɣ.z o ɣ em solo saturado será o ɣsat

Quando for calcular a tensão efetiva por σ’= 𝐬𝐮𝐛 .z,


o ɣ em solo saturado será o ɣsub
*Pressões em tf/m².
Exercício 4
Resolver o Exercício 3 considerando que a
camada de areia acima do NA está saturada
devido à ascensão capilar. Calcular a tensão
efetiva também pela fórmula do
Solução:

Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D


𝛔 = 𝟏, 𝟓 ∗ 𝟐, 𝟏 = 𝛔 = 𝟑, 𝟏𝟓 + 𝟐, 𝟏 ∗ 𝟑 = 𝛔 = 𝟗, 𝟒𝟓 + 𝟐, 𝟎 ∗ 𝟑, 𝟔 =
𝛔=𝟎
𝟑, 𝟏𝟓 𝟗, 𝟒𝟓 𝟏𝟔, 𝟔𝟓
𝛍 = −𝟏, 𝟓 ∗ 𝟏, 𝟎 =
𝛍=𝟎 𝛍 = 𝟏, 𝟎 ∗ 𝟑 = 𝟑, 𝟎 𝛍 = 𝟏, 𝟎 ∗ 𝟔, 𝟔 = 𝟔, 𝟔
− 𝟏, 𝟓
𝛔 = 𝟎 − −𝟏, 𝟓 =
𝛔 = 𝟑, 𝟏𝟓 𝛔 = 𝟗, 𝟒𝟓 − 𝟑, 𝟎 = 𝟔, 𝟒𝟓 𝛔 = 𝟏𝟔, 𝟔𝟓 − 𝟔, 𝟔 = 𝟏𝟎, 𝟎𝟓
𝟏, 𝟓

*Pressões em tf/m².

OBS.: A sucção do solo provoca um fluxo em direção contrária a gravidade


provocando aumento na pressão efetiva.
Exercício 5

Resolver o Exercício 4 considerando:

a) Inundação (NA = NT);

b) O nível d’água está a 2,0m acima do NT.


Solução:
a)
Ponto
Ponto B Ponto C Ponto D
A

b)
Ponto
Ponto B Ponto C Ponto D
A
𝛍 𝛍 = 𝟏, 𝟎 ∗ 𝟑, 𝟓 = 𝟑, 𝟓 𝛍 = 𝟏, 𝟎 ∗ 𝟔, 𝟓 = 𝟔, 𝟓 𝛍 = 𝟏, 𝟎 ∗ 𝟏𝟎, 𝟏 = 𝟖, 𝟏
= 𝟐, 𝟎
𝛔 𝛔 = 𝟐 + 𝟏, 𝟓 ∗ 𝟐, 𝟏 = 𝛔 = 𝟓, 𝟏𝟓 + 𝟐, 𝟏 ∗ 𝟑 = 𝟏𝟏, 𝟒𝟓 𝛔 = 𝟏𝟏, 𝟒𝟓 + 𝟐, 𝟎 ∗ 𝟑, 𝟔 = 𝟏𝟖, 𝟔𝟓
= 𝟐, 𝟎 𝟓, 𝟏𝟓
𝛔 =𝟎 𝛔 = 𝟓, 𝟏𝟓 − 𝟑, 𝟓 = 𝟏, 𝟔𝟓 𝛔 = 𝟏𝟏, 𝟒𝟓 − 𝟔, 𝟓 = 𝟒, 𝟗𝟓 𝛔 = 𝟏𝟖, 𝟔𝟓 − 𝟏𝟎, 𝟏 = 𝟖, 𝟓𝟓

*Pressões em tf/m².
Exercício 6
Um terreno é constituído de
uma camada de areia fina fofa,
com = 17 kN/m³, com 3m de
espessura, acima de uma
camada de areia grossa
compacta, com = 19 kN/m³ e
espessura de 4m, apoiada sobre
um solo de alteração de rocha,
como mostrada na figura.

O nível d’água se encontra a


1m de profundidade. Calcule as
tensões verticais no contato
entre a areia grossa e o solo de
alteração, a 7m de profundidade.
Solução:
Tensão vertical total: 𝐕

Pressão neutra:

Tensão efetiva: 𝐕
Exercício 7

No terreno do Exercício 6, se ocorrer uma


enchente que eleve o nível d’água até a cota
+2m acima do terreno, quais seriam as tensões
no contato entre a areia grossa e o solo de
alteração de rocha?
Compare os resultados.
Solução:
Tensão vertical total: 𝐕

Pressão neutra:

Tensão efetiva: 𝐕

A tensão total aumentou, mas a tensão efetiva diminuiu,


porque uma parte da areia superficial, um metro, que estava acima
do nível d’água, ficou submersa.
Exercício 8

Recalcule as tensões efetivas dos


exercícios 6 e 7, empregando os pesos
específicos submersos.
Solução:
Nível d’água na cota -1m: 𝐕

Nível d’água na cota +2m: 𝐕


Exercício 9

No terreno anterior, determine as tensões


na profundidade de 0,5m, considerando que a
areia está saturada por capilaridade.
Solução:
Tensão vertical total:

Pressão neutra:

Tensão efetiva:
Exercício 10

Calcule a tensão efetiva que atua à cota –13m do


perfil mostrado na figura.
Solução:
Tensão total na cota –13m

Poro-pressão na cota –13m

Tensão efetiva na cota –13m


Exercício 11
No terreno mostrado no Exercício 10, vai
ser executada uma escavação de grandes
dimensões (em planta) e 5m de profundidade.
Em função dessa escavação, verifique a
provável ocorrência de ruptura hidráulica do
solo situado acima da cota –13m.
Solução:
Após a escavação, o perfil deve ficar com a seguinte
configuração:
Na cota –13m, a tensão total
 = (3*10) + (2*18) + (6*19) = 180kPa, e de
acordo com o artesianismo verificado no
Exercício 10, a poro-pressão é igual a
180kPa.

Portanto, como  = u, é provável que


ocorra ruptura hidráulica do solo situado
acima da cota –13m.
Exercício 12
De acordo com o perfil descrito na figura 1.7, calcule as
tensões totais, poro-pressões e tensões efetivas
existentes na superfície, a 6m, a 8m e a 11m de
profundidade.
Solução:

Profundidade Tensões Poro-pressões Tensões


(m) Totais (kPa) (kPa) Efetivas (kPa)
0 0 0 0
6 6.18=108 6.10=60 108-60=48

8 108+2.20=148 0 148-0=148

11 148+3.18,5=203,5 0 203,5-0=203,5
EMPUXO
Fonte: Diprotec Geo (2018)
Fonte: Prefeitura de Jaboatão (2019)
Conceito
Denomina-se Empuxo a ação produzida
por um maciço de terra (Empuxo por Terra) ou
por uma massa de água (Empuxo de Água)
sobre as obras em contato com tais maciços,
projetadas para suportar os esforços
decorrentes desses elementos. Os empuxos de
terra, assim como as fundações, também
dependem da interação solo – estrutura.
Objetivo
Os muros de arrimo, os escoramentos de
escavações, os encontros de pontes, os
problemas de capacidade de carga de
fundações, pressão de grãos sobre as paredes
de silos, entre outras, são as obras que
exigem, em seus dimensionamentos e análises
de estabilidade, o conhecimento das tensões
laterais desenvolvidas e, consequentemente,
dos valores dos empuxos.
Tipos de Empuxos
Um maciço de terra pode se encontrar na natureza sob três situações de
equilíbrio: em repouso, em estado de empuxos ativo ou em estado
passivo.

Empuxo passivo x empuxo ativo


Nos problemas de fundações, a interação das estruturas com o
solo implica a transmissão de forças predominantemente verticais.
Contudo, são também inúmeros os casos em que as estruturas interagem
com o solo através de forças horizontais, denominadas empuxo de terra.
Neste último caso, as interações dividem-se em duas categorias.
A primeira categoria verifica-se quando determinada estrutura é
construída para suportar um maciço de solo. Neste caso, as forças que o
solo exerce sobre as estruturas são de natureza ativa. O solo “empurra’ a
estrutura, que reage, tendendo a afastar-se do maciço.
Na segunda categoria, ao contrário, é a estrutura que é
empurrada contra o solo. A força exercida pela estrutura sobre o solo é de
natureza passiva. Um caso típico deste tipo de interação solo-estrutura é
o de fundações que transmitem ao maciço forças de elevada
componente horizontal, como é o caso de pontes em arco.
Empuxo no repouso

Condição em que o plano de contenção não se


movimenta

Consideramos, neste tipo de empuxo, um


equilíbrio perfeito em que a massa de solo se mantem
absolutamente estável, sem nenhuma deformação na
estrutura do solo, isto é, está num equilíbrio elástico.
Sendo K o chamado coeficiente de empuxo ativo de
terra.

• Diagrama de tensões horizontais:

CG
Cálculo de Ea e Ep
(maciços não saturados)
A integração das tensões horizontais ao longo do
muro de arrimo representa o empuxo ativo atuando
sobre a estrutura de contenção, conforme a equação
seguinte:

De maneira análoga, obtém-se para a expressão


do empuxo passivo total:
Coeficiente de empuxo ativo de Rankine:

𝒂
𝒂
𝟎

Valores de Ka e Kp – Rankine
Condição Geostática
Cálculo do Empuxo

𝐓𝐎𝐓𝐀𝐋

E total = Somatório das áreas formadas no gráfico


(cota x tensão horizontal)
Cálculo do ponto de aplicação do Empuxo
a partir da base
Y = Somatório do momento de uma força definido no
diagrama de pressão em torno do pé do muro dividido
pelo empuxo total
REVISÃO DE ÂNGULO DE
ATRITO E COESÃO
Lei de Coulomb
 Atrito entre dois corpos
H — força horizontal tendendo a induzir movimento ao bloco de peso W;
T — força de atrito (componente cisalhante da força de reação);
N — força normal (componente normal da reação ao bloco);
μ — coeficiente de atrito (estático) bloco/plano horizontal;
ϕ’ — ângulo de atrito bloco/plano horizontal.

H = T = Rsenϕ’
ϕ’
W = N = Rcos ϕ’

T = Ntgϕ’ = μN
— Coesão
Parcela de resistência ao cisalhamento de um solo que independe das
tensões normais aplicadas.
Origem:
 atração química entre partículas argilosas (particularmente atração
iônica);
 cimentação entre partículas;
 tensões superficiais geradas pelos meniscos capilares;
 tensões residuais da rocha de origem.
No modelo do corpo sobre uma superfície  coesão “cola” que induz
resistência ao deslizamento independente da tensão normal.

Coesão real  atração iônica + cimentação + tensões residuais.


Classificação dos solos em função da coesão real:
◦ solos coesivos → solos com o c ≠ 0 solos argilosos, solos cimentados
e solos saprolíticos pouco intemperizados.
◦ solos não coesivos → solos com c = 0 solos arenosos não
cimentados.
Exercício 1
Calcule o empuxo ativo total em uma parede vertical de 5 m
de altura que faz a contenção de uma areia de peso específico de
17 kN/m³ para a qual φ’ = 35°. A superfície da areia é horizontal, e
o lençol d’água está abaixo da base da parede.
Solução:
Primeira forma
Coeficiente de empuxo ativo:

Segunda forma
Área do diagrama de pressões:

A triângulo = (b x h)/2 = (22,95 x 5)/2 =

0u seja, 5,75 tf/m ou 5.750 kgf/m


Exercício 2
Calcule o empuxo (pelas duas formas)
ativo total em uma parede vertical de 4 m de
altura que faz a contenção de uma areia de
peso específico de 18 kN/m³ para a qual φ’ = 30.
A superfície da areia é horizontal, e o lençol
d’água está abaixo da base da parede. Calcular
a posição do empuxo.
Resposta:

Ka = 0,33
= 23,98 kN/m2
E = 47,95 kN/m
Y= 1,33 m
Exercício 3
Calcule (pelas duas formas) o empuxo
ativo total em uma parede vertical de 6 m de
altura que faz a contenção de uma areia de
peso específico de 16 kN/m³ para a qual φ’ = 25.
A superfície da areia é horizontal, e o lençol
d’água está abaixo da base da parede. Calcular
a posição do empuxo.
Resposta:

Ka = 0,406
= 38,97 kN/m2
E = 116,9 kN/m
Y= 2,0 m

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