Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE CIVIL

AULA DE MECÂNICA DOS SOLOS

ESTÁTICA DOS SOLOS. TENSÕES INSTALADAS NOS SOLOS

• GENERALIDADES. TENSÕES EFECTIVAS


• CÁLCULO DAS TENSÕES NO SOLO PELA TEORIA DE ELASTICIDADE POR BOUSSINESQ
• TENSÃO DE CONTACTO NA BASE DA SAPATA DE FUNDAÇÃO.
• SAPATA RÍGIDA COLOCADA NO MEIO ELÁSTICO SEMI-INFINITO.
DOCENTE:
Monitor: Engº. Hermano M. Balão Ph.D YUNEISY MATOS
GENERALIDADE SOBRE TENSÃO

O solo é constituído de três fases, sólido, líquido e ar, no entanto o ar e a água não fornece alguma
resistência. De acordo com Caputo (2015), os esforços no solo são resultantes da carga da estrutura ou do
peso próprio, o que acarreta tensões que pode ser em um único ponto ou distribuída na estrutura. Em um
ponto qualquer de uma seção plana identifica-se tensão de cisalhamento ou tangencial, aquela que age
numa fração e a normal, podendo ser de compressão ou tração.
A tensão é a soma das componentes pela área que compreende as partículas em contatos. Estas tensões
podem ser distribuídas nos grãos e vazios, em solos saturados uma parte é conduzida para água (u) e outra
nos grãos (s’). No entanto, tensões de cisalhamento apenas na fase sólida, pelo fato que a água não possui
resistência cisalhante.
GENERALIDADE SOBRE TENSÃO
Qualquer ponto no interior da massa de solo está sujeito a esforços devido ao peso próprio, alem daqueles
gerados pela ação de forças externas. Estes esforços resultam em estados de tensão normal () e cisalhante (), que
vaiam em função do plano considerado. O conceito de tensão em um ponto é definido pela equação:

Os esforços F1 a F5 atuantes na metade superior do ponto P podem ser representados por suas resultantes
atuantes nas direções normal () e tangencial () . Com isto, as tensões normal e cisalhante ficam então definidas
como onde A é a área do plano.
GENERALIDADE SOBRE TENSÃO
Entretanto, a definição do estado de tensões requer não só a definição dos esforços, mas também da área. Neste
caso, a área considerada deveria passar pelos pontos de contato (Ac). Este tipo de abordagem torna-se inviável
face à variabilidade de tamanhos de grãos e arranjos estruturais. Em contrapartida, a adoção de um plano
horizontal (A) acarreta na existência de regiões sólidas e regiões que passam pelos vazios. O somatório da área
de contato (Ac) é da ordem de 0,03% da área total (A), o que faz com que o valor da tensão, considerando-se
exclusivamente a transmissão dos esforços pelos contatos, ser significativamente mais alta do que aquela
considerada em termos médios. Apesar do conceito de transmissão através dos contatos entre grãos ser
fisicamente mais correto, não seria possível desenvolver modelos matemáticos que representassem isoladamente
as forças transmitidas. Assim sendo, definem-se as tensões normal e cisalhante são tratadas do ponto de vista
macroscópico, considerando a área total (A).
TENSÕES EFECTIVAS

O conceito de tensão, adotado na geotecnia, pressupõe a adoção de um plano que intercepta grãos e vazios. No caso
dos solos saturados, uma parcela da tensão normal será transmitida aos grãos (’) e outra parte será transmitida para
água (u). Por outro lado, a tensão de cisalhamento será transmitida exclusivamente para a fase sólida, uma vez que
a água não resiste a tensões cisalhantes.

O conceito de que parte da tensão normal age nos contatos inter-partículas e parte atua na água existente nos vazios,
deu origem a uma das relações mais importantes da Mecânica dos Solos. Esta relação foi proposta por Terzaghi e é
conhecida como Conceito da Tensão Efetiva: A percepção de que somente parte das tensões normais é
transmitida aos grãos possibilitou uma melhor compreensão do comportamento de solos saturados. Tanto no
CÁLCULOS DAS TENSÕES NOS SOLOS. BOUSSINESQ
O cálculo das tensões no solo pela teoria da elasticidade é um método utilizado na engenharia geotécnica para
analisar o comportamento de solos sob carga. A teoria da elasticidade assume que o solo se comporta
elasticamente, ou seja, que ele retorna ao seu estado original após a remoção da carga.
Para calcular as tensões no solo utilizando a teoria da elasticidade, uma das maneiras é pelo método de
Boussinesq, desenvolvido pelo engenheiro francês J. Boussinesq. Este método é frequentemente utilizado para
analisar a distribuição de pressões e tensões no solo causadas por cargas pontuais aplicadas na superfície do solo.
O método de Boussinesq é aplicável a solos homogêneos e isotrópicos.
A equação fundamental usada para calcular as tensões no solo é a equação de Boussinesq, que fornece as tensões
verticais (σz​) em um ponto no solo devido a uma carga pontual aplicada na superfície do solo. A equação de
Boussinesq para uma carga pontual em um ponto na superfície do solo é dada por:
Onde:
• σz​é a tensão vertical no ponto abaixo da carga,
• P é a carga aplicada,
• z é a profundidade abaixo da superfície do solo,
• d é o diâmetro da carga.
Para cargas distribuídas ou cargas não pontuais, a equação pode se tornar mais complexa. Além disso, a teoria da
elasticidade pode ser estendida para incluir análises tridimensionais e considerar os efeitos de várias cargas e
geometrias.
É importante notar que a teoria da elasticidade assume que o solo é elástico e que as deformações são pequenas.
Essa abordagem é muitas vezes adequada para aplicações geotécnicas, mas em casos de grandes deformações,
pode ser necessário recorrer a modelos mais avançados, como a teoria da plasticidade.
Lembre-se de que, na prática, muitas situações geotécnicas envolvem solos que exibem comportamento não
completamente elástico, e análises mais avançadas podem ser necessárias em situações específicas. A escolha do
método dependerá da natureza do problema e das características do solo em questão.
TENSÃO DE CONTACTO NA BASE DA SAPATA DE FUNDAÇÃO
A tensão de contato na base da sapata de fundação refere-se à pressão ou força exercida pelo peso da estrutura
transmitido através da sapata para o solo de fundação. É um conceito importante na engenharia de fundações e é
considerado no dimensionamento e na análise de sapatas para garantir que a carga seja distribuída de maneira
adequada ao solo subjacente.
A tensão de contato (σc​) na base da sapata pode ser calculada usando a seguinte equação simples:

Onde:
• σc​é a tensão de contato na base da sapata,
• P é a carga total aplicada à sapata,
• A é a área da base da sapata.
Essa equação assume que a carga é distribuída uniformemente sobre a área da base da sapata. Em muitos casos,
a carga é distribuída de maneira não uniforme, e a distribuição real da pressão no solo pode ser mais complexa.
A tensão de contato é crucial para garantir que a pressão exercida sobre o solo não exceda sua capacidade de
suporte. Se a tensão de contato for muito alta, pode ocorrer uma ruptura do solo, levando a afundamento ou outros
problemas de fundação. Por outro lado, se a tensão de contato for muito baixa, pode haver um assentamento
excessivo.
Engenheiros de geotecnia e estruturais utilizam métodos mais avançados, incluindo teorias de elasticidade e
considerações do comportamento do solo, para realizar análises mais precisas e dimensionar as sapatas de maneira
adequada. A normatização e os códigos de construção também fornecem diretrizes para garantir que as tensões de
contato estejam dentro de limites aceitáveis para garantir a segurança e a estabilidade da fundação.

SAPATA RÍGIDA COLOCADA NO MEIO ELÁTICO SEMI-INFINITO


A análise de uma sapata rígida apoiada em um meio elástico semi-infinito é um problema clássico de
engenharia de fundações. Essa situação é frequentemente modelada para entender como as cargas
aplicadas a uma sapata são transmitidas para o solo, considerando que o solo se estende indefinidamente
abaixo da sapata.
Quando a sapata é rígida em comparação com o solo (ou seja, a sapata é muito mais resistente do que o
solo), é comum utilizar uma abordagem simplificada baseada na teoria da elasticidade. Uma solução
analítica para esse problema específico pode ser encontrada usando a solução de Boussinesq, que fornece
Determina-se a matriz de rigidez completa e consistente de sapatas rígidas com qualquer forma em planta,
embebidas num meio elástico semi-infinito considerando ou não a existência de atrito entre a sapata e o meio. A
sapata é representada por um conjunto de nós no seu plano, para os quais é calculada uma matriz de flexibilidade
do meio semi-infinito através da solução fundamental de Mindlin, sendo discutida a necessidade de proceder a
algumas integrações numéricas com vista à remoção da singularidade que surge na diagonal principal daquela
matriz. Por esta razão é associado a cada nó um elemento de área de tensão constante.
A imposição, nos nós, de conjuntos de deslocamentos correspondentes aos movimentos unitários de corpo rígido
da sapata é conseguida através da resolução de sistemas de equações simultâneos cuja matriz dos coeficientes é
aquela matriz de flexibilidade. Finalmente, as resultantes das forças nodais obtidas são os elementos da matriz de
rigidez da sapata.
FIM

Você também pode gostar