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ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO

Amanda Vogelsanger; Bruna Eloiza Vilvert; Camila Flávia do Carmo; Mariana Meier
Centro Universitário Católica de Santa Catarina – Campus Joinville
Engenharia Civil – Noturno – Disciplina de Mecânica dos Solos I

1 INTRODUÇÃO

O objetivo do ensaio destina-se a medição da resistência horizontal em


função da variação de deformação vertical em uma amostra.
O ensaio de cisalhamento foi criado para a determinação da resistência ao
corte de um corpo de prova, isto é, a máxima tensão que pode atuar em um solo
sem que haja ruptura, pois a capacidade dos solos em suportar cargas depende de
sua resistência ao cisalhamento.
Este ensaio é mais aplicado ao estudo da resistência ao cisalhamento de
solos com estratificações ou xistosidades definidas, ou quando se quer avaliar a
resistência entre diferentes materiais.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

Segundo Souza Pinto (2006) a ruptura dos solos é quase sempre um


fenômeno de cisalhamento. A resistência ao cisalhamento de um solo pode ser
definida como a máxima tensão de cisalhamento que o solo pode suportar sem
sofrer ruptura, ou ainda, a tensão de cisalhamento do solo no plano em que a
ruptura ocorrer.
O deslizamento entre partículas é o mecanismo mais importante nas
deformações ocorridas dentro da massa de solo. Assim pode ser considerado que a
resistência do solo à deformação é influenciada em grande parte pelo atrito nos
contatos entre as partículas, embora este seja apenas um dos mecanismos
responsáveis pela resistência ao cisalhamento de um solo, afirma Silva (2012). A
seguir, serão apresentados os principais conceitos necessários para o entendimento
deste fenômeno.

2.1.1 Conceito de tensões efetivas

De acordo com Silva (2012), se aplicarmos uma carga distribuída p à


superfície de uma massa de solo, em situação drenada, pode-se medir variações em
todas as propriedades físicas do solo. À tensão p, nesta condição, pode-se chamar
“tensão efetiva”. Por outro lado, se ao invés de aplicar uma carga distribuída à
amostra considerada, encher-se com água o recipiente no qual a mesma foi
depositada, verifica-se que em uma seção horizontal qualquer no interior ocorrerá
aumento de tensão referente ao aumento da coluna d’água sobre a amostra, no
entanto, este aumento não causará qualquer variação mensurável nas propriedades
físicas do solo. A tensão ocasionada pela coluna de água é chamada de “pressão
neutra” (TERZAGHI apud SILVA, 2012).
Tendo em mente esta observação, pode-se compreender que a tensão
normal 𝜎 num plano deve ser considerada como a soma de duas parcelas. A
primeira é a tensão efetiva 𝜎 ′ , tensão transmitida pelos contatos entre as partículas;
e a segunda a pressão neutra, 𝑢. A partir desta constatação, Terzaghi estabeleceu o
“Princípio das Tensões Efetivas” e a equação fundamental para solos saturados
(SOUZA PINTO, 2006):

𝜎′ = 𝜎 − 𝑢 (Equação 1)

2.1.2 Coeficiente de empuxo em repouso

Se a um solo formado pela sedimentação livre dos grãos se acrescentar uma


nova camada de material, “a tensão vertical num plano horizontal aumenta em um
valor igual ao produto do peso específico pela espessura da camada adicionada”
(SOUZA PINTO, 2006). As tensões horizontais também aumentam, mas não com o
mesmo valor, devido ao atrito entre as partículas. O coeficiente de empuxo em
repouso 𝐾0 permite relacionar as tensões efetivas vertical e horizontal pela
expressão:
𝜎′ℎ = 𝐾0 . 𝜎′𝑣 (Equação 2)

“Esta expressão estabelece uma relação linear entre as tensões efetivas


vertical e horizontal, 𝜎′ℎ e 𝜎′𝑣 , durante a compressão, ou seja, para uma situação em
que ocorra aumento de carga” (SILVA, 2012). Desta forma, pode-se perceber que
em situações de carregamento 𝐾0 é constante e pode ser encontrado através da
fórmula de Jaki, abaixo:

𝐾0 = 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜑′ (Equação 3),

onde 𝜑′ é o ângulo de atrito interno efetivo do solo.


Quando há descarregamento ou diminuição da tensão efetiva, a relação entre
tensões verticais e horizontais não se mantém linear (SILVA, 2012). A Figura 1,
abaixo, ilustra a afirmativa com o gráfico obtido de resultados de ensaios
edométricos:

Figura 1: Relação entre as tensões horizontais e verticais num ensaio de compressão edométrica

Fonte: SOUZA PINTO, 2006.

Estas relações apontadas acima são válidas apenas para solos sedimentares,
solos residuais que possam guardar estados de tensões da rocha da qual derivam
podem ter coeficientes de empuxo em repouso complexos de avaliar e prever
(SOUZA PINTO, 2006).
2.1.3 Atrito

Aplicando uma força horizontal em um corpo apoiado sobre uma superfície e


que está sob efeito de uma força normal, haverá uma força horizontal 𝑇𝑚á𝑥 que será
capaz de vencer o atrito entre o corpo e a superfície. Há uma relação linear entre 𝑁
e 𝑇𝑚á𝑥 , coeficiente de atrito, que as correlaciona.
Se 𝑁 é a força normal que atua sobre uma superfície, a maior força de atrito
naquela superfície será:

𝑇𝑚á𝑥 = 𝑓. 𝑁 (Equação 4),

onde 𝑓 é o coeficiente de atrito. Outra forma de interpretar a relação de forças é


empregar o conceito do ângulo de atrito, definido como:

𝑡𝑔𝜑′ = 𝑓 (Equação 5),

onde o ângulo de atrito (𝜑′) é o ângulo definido entre a força normal e a resultante
obtida da própria e da força de atrito máxima (SILVA, 2012), como mostra a Figura
2. Atingido esse ângulo, a componente tangencial é maior do que a resistência ao
deslizamento, que depende da componente normal, como apresentado na Figura 2
(c).

Figura 2: Definição de ângulo de atrito

Fonte: SOUZA PINTO, 2006.


2.1.4 Coesão

A resistência ao cisalhamento dos solos se deve principalmente a forças


friccionais entre as partículas, no entanto, há situações em que se desenvolve entre
as partículas uma parcela de resistência independente da tensão normal que atua
entre as partículas, chamada de coesão real (LAMBE apud SILVA, 2012).
Em solos sedimentares a influência da parcela de resistência devida à coesão
real é muito pequena, se comparada à parcela da resistência devido ao atrito, mas
existem solos “naturalmente cimentados” nos quais a coesão real constitui uma
parte significativa da resistência (SOUZA PINTO, 2006).
Segundo Souza Pinto, citado por Silva (2012), além da coesão real, há ainda,
a coesão aparente, que se deve ao atrito entre os grãos causado pela tensão normal
imposta, por sua vez, pela tensão capilar que se estabelece em solos úmidos não
saturados.

2.1.5 Envoltória de resistência de Mohr-Coulomb e critérios de ruptura

Pode-se representar o efeito da tensão que atua sobre um plano qualquer


dentro do solo decompondo-a em duas parcelas, uma normal ao plano considerado
e outra paralela ao plano (cisalhante). Sabe-se que ambas as parcelas da tensão
atuante não existem independentemente e que variam de acordo com o plano
considerado, ou seja, juntamente com a variação do ângulo entre a normal do plano
e a tensão atuante.
De acordo com Silva (2012) e tomando a interpretação de Lambe, citado por
este, sobre a definição do ângulo de atrito, pode-se “inferir que, em uma situação de
ruptura, a relação entre a tensão normal e a tensão cisalhante, componentes da
tensão atuante, está atrelada ao ângulo de atrito interno do material”.
Para qualquer ponto submetido a um esforço existem três planos ortogonais
nos quais a tensão cisalhante é zero. As tensões normais atuantes nestes pontos
são chamadas de tensões principais e, conhecidas estas tensões em um ponto,
pode-se chegar às tensões atuantes (normal e cisalhante) sobre qualquer plano que
passe por aquele ponto. As tensões são definidas como 𝜎1 , tensão principal maior;
𝜎2 , tensão principal intermediária; e 𝜎3 , tensão principal menor.
É possível representar o estado de tensões que passa por um ponto com um
sistema de coordenadas no qual as tensões normais são representadas no eixo das
abscissas e as tensões cisalhantes são representadas no eixo das ordenadas. Neste
sistema gráfico pode-se, a partir das expressões a seguir, definir o círculo de Mohr:

𝜎1 +𝜎3 𝜎1 −𝜎3
𝜎= + cos(2𝛼) (Equação 6),
2 2
𝜎1 −𝜎3
𝜏= 𝑠𝑒𝑛(2𝛼) (Equação 7),
2

onde 𝛼 é o ângulo formado pelo plano cujas tensões deseja-se conhecer e o plano
principal maior (SOUZA PINTO, 2006).
Os resultados obtidos podem ser representados em função de 𝜎 e 𝜏 como
apresentado na Figura 3 abaixo:

Figura 3: Círculo de Mohr em função das tensões normal e cisalhante

Fonte: SOUZA PINTO, 2006.

O estudo da resistência ao cisalhamento dos solos é possível com a análise


do estado de tensões que provoca a ruptura e os critérios de ruptura que melhor
representam o comportamento dos solos são os de Coulomb e de Mohr.
O critério de Coulomb indica que não há ruptura se a tensão de cisalhamento
não ultrapassar um valor dado pela expressão 𝑐 + 𝑓. 𝜎 e sabe-se que 𝑓 é expresso
como a tangente do ângulo de atrito interno, sendo possível chegar à relação:

𝜏 = 𝑐 + (𝜎 − 𝑢). 𝑡𝑔𝜑′ (Equação 8),


onde:
𝑐: coesão do solo;
𝜎: tensão normal total;
𝑢: pressão neutra;
𝜑′: ângulo de atrito interno.

Já o critério de ruptura de Mohr afirma que não há ruptura enquanto o círculo


do estado de tensões, representado graficamente, se encontrar no interior de uma
curva, chamada de envoltória, relativa ao estado de ruptura e obtida
experimentalmente. “Ao se fazer uma reta com a envoltória de Mohr, seu critério de
resistência fica análogo ao de Coulomb, justificando a expressão critério de Mohr-
Coulomb” (SOUZA PINTO, 2006).
Para que seja possível determinar uma envoltória são necessários diversos
pontos, portanto, diversos ensaios. São necessários para a determinação da
envoltória no mínimo três ensaios, sendo recomendável que sejam feitos quatro,
para que se possa eventualmente eliminar algum resultado discrepante.

Figura 4: Análise do estado de tensões no plano de ruptura

Fonte: SOUZA PINTO, 2006.

A Figura 4, acima, apresenta um círculo de Mohr que tangencia a envoltória


de resistência e, a partir da análise do gráfico, é possível chegar às seguintes
relações:
𝛼 = 45° + 𝜑/2 (Equação 9),
𝜎 −𝜎
𝑠𝑒𝑛𝜑 = 𝜎1 +𝜎3 (Equação 10),
1 3

1+𝑠𝑒𝑛𝜑
𝜎1 = 𝜎3 1−𝑠𝑒𝑛𝜑 (Equação 11),

2𝑠𝑒𝑛𝜑
(𝜎1 − 𝜎3 ) = 𝜎3 (Equação 12).
1−𝑠𝑒𝑛𝜑

2.2 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA

Existem dois tipos de ensaio normalmente utilizados para a


determinação da resistência ao cisalhamento dos solos: o ensaio de cisalhamento
direto e o ensaio de compressão triaxial. Como o objetivo deste relatório é
apresentar os resultados de um ensaio de cisalhamento direto, será omitida a
fundamentação teórica relativa ao segundo.

2.2.1 Ensaio de cisalhamento direto

“O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a


determinação da resistência ao cisalhamento e se baseia diretamente no critério de
Coulomb” (SOUZA PINTO, 2006). No ensaio, uma amostra de solo é colocada em
uma caixa composta por duas partes, uma inferior e a outra superior. Uma força
vertical N é aplicada e após um período de consolidação do corpo de prova,
chamado adensamento, aplica-se uma força horizontal ou tangencial T de
cisalhamento, para que ocorra um deslocamento entre as duas metades da caixa. A
magnitude da tensão de cisalhamento 𝜏 é registrada em função do deslocamento
horizontal, e registra-se também o deslocamento vertical durante o ensaio para
verificar qual o comportamento do solo durante o cisalhamento (LAMBE apud
SILVA, 2012). Repetindo o ensaio com diversas tensões normais, obtém-se a
envoltória de resistência.
Figura 5: Ensaio de cisalhamento direto

Fonte: SOUZA PINTO, 2006.

Silva (2012) afirma não haver norma brasileira que regulamente as condições
e práticas a serem seguidas para a execução o ensaio de cisalhamento direto, por
isso tomou-se a norma ASTM D3080 como referência para se determinar os
procedimentos de ensaio, equipamento de dimensões convencionais, aplicáveis a
ensaios de cisalhamento direto considerados “padrão”.
Apesar de o ensaio ser muito prático, Souza Pinto (2006) apresenta questões
que mostram que a análise do estado de tensões durante o carregamento é
bastante complexa:

O plano horizontal, antes da aplicação das tensões cisalhantes, é o plano


principal maior. Com a aplicação das forças T, ocorre rotação dos planos
principais. As tensões são conhecidas apenas num plano. Por outro lado,
ainda que se imponha que o cisalhamento ocorra no plano horizontal, ele
pode ser precedido de rupturas internas em outras direções.

Além disso, o autor apresenta que este ensaio não permite a determinação de
parâmetros de deformabilidade do solo, nem mesmo do módulo de cisalhamento,
pois não é conhecida a distorção e explica que, para isto, seria necessária a
realização de ensaios de cisalhamento simples, que são de difícil execução.
Também há dificuldade no controle das condições de drenagem, pois não há como
impedi-la.
Souza Pinto (2006) justifica que pelas restrições apresentadas acima, o
ensaio de cisalhamento direto é considerado menos interessante do que o ensaio de
compressão triaxial. Entretanto, por ser um ensaio simples, é muito útil quando se
deseja medir apenas a resistência, e, principalmente, quando se deseja conhecer a
resistência residual.

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS/EQUIPAMENTOS

 Amostra de solo compactada;


 Cortador de amostras;
 Jogo de pesos;
 Anel dinamométrico;
 Pedra porosa;
 Placa de aderência;
 Placa de transferência de carga;
 Paquímetro;
 Aparelho analógico para cisalhamento direto por acionamento manual.

3.2 PROCEDIMENTO

Para a preparação da amostra foi utilizado o método do ensaio de


compactação. Com o solo já compactado, o molde metálico foi pesado vazio e
depois foi empurrado aos poucos para baixo no solo até ser preenchido
completamente sem sobras. Depois disso, ele foi pesado novamente.
Foi retirada uma parte do solo restante para medir a umidade do mesmo.
Para esta etapa foram separadas três pequenas amostras em cápsulas diferentes.
Cada cápsula foi pesada vazia, depois pesada com o solo e, após isso, foram
deixadas na estufa por 24 horas. Passado esse tempo, as mesmas foram pesadas
novamente pelo auxiliar de laboratório e os valores passados para os alunos.
O corpo de prova foi transferido do molde para a caixa de cisalhamento. Essa
caixa foi montada da seguinte forma: pedra porosa (Figura 6), placa de aderência
(Figura 7), solo (Figura 8), placa de transferência e pedra porosa novamente. Depois
de montada (Figura 9), a caixa foi colocada (Figura 10) no aparato experimental
(Figura 11) que já estava preparado e se iniciou o processo de adensamento que
levou aproximadamente 5 minutos.
Foram adicionados no pedestal os pesos previamente calculados para atingir
a força desejada.
A manivela foi girada, por um voluntário, determinadas vezes por certo tempo
e a cada fechamento de ciclo as informações necessárias eram registradas.

Figura 6: Pedra Porosa

Fonte: Os autores
Figura 7: Placa de aderência

Fonte: Os autores

Figura 8: Solo

Fonte: Os autores
Figura 9: Caixa montada

Fonte: Os autores

Figura 10: Caixa posicionada no aparato experimental

Fonte: Os autores
Figura 11: Aparato experimental

Fonte: Os autores

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através do procedimento experimental, realizando as medições e os cálculos


necessários, e sabendo que o pedestal (que tem função de transferência de carga e
transfere quatro vezes o peso adicionado) tem o mesmo peso de 3,791kg para todos
os ensaios, foram obtidos os seguintes dados:

Tabela 1: Valores iniciais


Valores iniciais
Peso da amostra Peso adicionado
Intervalo (s) Tensão (kPa)
(kg) (kg)
Ensaio 1 60 0,13035 50 3,75
Ensaio 2 30 0,14187 100 7,50
Ensaio 3 60 0,15513 150 11,25
Ensaio 4 60 0,14544 200 15,00
Fonte: Os autores
Como a amostra para todos os ensaios possui área igual a 0,0036m² e altura
igual a 0,01993m, o volume utilizado foi 0,0000717m³.
Sabendo que o procedimento para cada ensaio foi o mesmo, porém o
intervalo e as tensões normais aplicadas foram variados, foram obtidos os seguintes
dados, destacados no momento em que ocorreu o cisalhamento:

Tabela 2: Resultados para ensaio 1


Ensaio 1
Tempo Δ vertical Δ horizontal Força (kgf)
0 0 0 0
1 5 55 10
2 10 126 17
3 11 205 20
4 7 279 22
5 -2 354 21
6 -9 436 20
7 -12 514 19,5
8 -13 572 19
Fonte: Os autores

Tabela 3: Resultados para ensaio 2


Ensaio 2
Tempo Δ vertical Δ horizontal Força (kgf)
0 0 0 0
1 2 27 3
2 9 51 6
3 16 81 8
4 21 111 9,5
5 26 142 10,5
6 31 174,5 11
7 35 206 12
8 38 238 13
9 41 277,5 14
10 44 314 15
11 45 340 15
12 47 369 16
13 47,5 399 16
14 48,5 450,5 17
15 49 494 17,5
16 49 537,5 18
17 49 602 18
18 49 626 18
Fonte: Os autores

Tabela 4: Resultados para ensaio 3


Ensaio 3
Tempo Δ vertical Δ horizontal Força (kgf)
0 0 0 0
1 -13,5 100 13,5
2 -25 211 20,5
3 -30,5 320,5 25
4 -32 416,5 27,5
5 -32 542 27,5
6 -31 662 27
7 -31 783,5 26,5
Fonte: Os autores

Tabela 5: Resultados para ensaio 4


Ensaio 4
Tempo Δ vertical Δ horizontal Força (kgf)
0 0 0 0
1 -11 74 16,5
2 -24,5 161,5 22,5
3 -32 264 27
4 -34 353,5 30
5 -34,5 432 33,5
6 -34,5 523,5 34
7 -34 627 34,5
8 -33,5 750,5 34
Fonte: Os autores

Sabendo que tensão é calculada pela força a que a superfície está submetida,
dividido pela área da seção, tem-se que a tensão de cisalhamento será a força
horizontal 𝐹 dividida pela área da amostra 𝐴 corrigida a cada ponto pelo
deslocamento horizontal ∆ℎ vezes a largura 𝐿 da amostra:

𝐹
𝜏= (Equação 13)
𝐴−∆ℎ .𝐿

As informações coletadas permitem calcular a força horizontal e a tensão


cisalhante. Abaixo nas tabelas estão os resultados dos cálculos obtidos.

Tabela 6 – Cálculo para o ensaio 1

Deslocamento Área corrigida Força Força Tensão


horizontal (m) (m²) horizontal (kgf) horizontal (kN) cisalhante (kPa)
0,00 0,0036 0 0 0
0,00055 0,00357 10 0,0981 27,5
0,00126 0,00352 17 0,167 47,3
0,00205 0,00348 20 0,196 56,4
0,00279 0,00343 22 0,216 62,9
0,00354 0,00339 21 0,206 60,8
0,00436 0,00334 20 0,196 58,8
0,00514 0,00330 19,5 0,191 58,1
0,00572 0,00326 19 0,186 57,2
Fonte: Os autores

Tabela 7 – Cálculo para o ensaio 2

Deslocamento Área corrigida Força Força Tensão


horizontal (m) (m²) horizontal (kgf) horizontal (kN) cisalhante (kPa)
0,000000 0,003600 0 0,0000 0,00
0,000270 0,003584 3 0,0294 8,21
0,000510 0,003569 6 0,0589 16,49
0,000810 0,003551 8 0,0785 22,10
0,001110 0,003533 9,5 0,0932 26,38
0,001420 0,003515 10,5 0,1030 29,31
0,001745 0,003495 11 0,1079 30,87
0,002060 0,003476 12 0,1177 33,86
0,002380 0,003457 13 0,1275 36,89
0,002775 0,003434 14 0,1373 40,00
0,003140 0,003412 15 0,1472 43,13
0,003400 0,003396 15 0,1472 43,33
0,003690 0,003379 16 0,1570 46,46
0,003990 0,003361 16 0,1570 46,71
0,004505 0,003330 17 0,1668 50,09
0,004940 0,003304 17,5 0,1717 51,97
0,005375 0,003278 18 0,1766 53,88
0,006020 0,003239 18 0,1766 54,52
0,006260 0,003224 18 0,1766 54,76
Fonte: Os autores

Tabela 8 – Cálculo para o ensaio 3

Deslocamento Área corrigida Força Força Tensão


horizontal (m) (m²) horizontal (kgf) horizontal (kN) cisalhante (kPa)
0,000000 0,003600 0 0,0000 0,00
0,001000 0,003540 13,5 0,1324 37,41
0,002110 0,003473 20,5 0,2011 57,90
0,003205 0,003408 25 0,2453 71,97
0,004165 0,003350 27,5 0,2698 80,53
0,005420 0,003275 27,5 0,2698 82,38
0,006620 0,003203 27 0,2649 82,70
0,007835 0,003130 26,5 0,2600 83,06
Fonte: Os autores

Tabela 9 – Cálculo para o ensaio 4

Deslocamento Área corrigida Força Força Tensão


horizontal (m) (m²) horizontal (kgf) horizontal (kN) cisalhante (kPa)
0,000000 0,003600 0 0,0000 0,00
0,000740 0,003556 16,5 0,1619 45,52
0,001615 0,003503 22,5 0,2207 63,01
0,002640 0,003442 27 0,2649 76,96
0,003535 0,003388 30 0,2943 86,87
0,004320 0,003341 33,5 0,3286 98,37
0,005235 0,003286 34 0,3335 101,51
0,006270 0,003224 34,5 0,3384 104,98
0,007505 0,003150 34 0,3335 105,90
Fonte: Os autores

A partir da Equação 13, foi possível representar a curva da tensão de


cisalhamento em função do deslocamento horizontal:
Figura 12: Curva da tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal

Fonte: Os autores

Com os cálculos anteriores, também foi possível representar a curva da tensão


cisalhante máxima em função das tensões normais, envoltória, nos quatro ensaios:

Figura 13: Curva de tensão de cisalhamento em função das tensões normais

Fonte: Os autores
No gráfico anterior nota-se uma irregularidade, o Ensaio 2 apresentou um
resultado discrepante, e por este motivo foi desconsiderado do gráfico, para que
fosse possível aproximar os resultados de uma reta, como a seguir:

Figura 13: Curva de tensão de cisalhamento em função das tensões normais

Fonte: Os autores

Na curva acima, a partir da equação da linha de tendência, pode-se obter o


ângulo de atrito interno 𝜑′ da amostra, comparando-a com a Equação 8:

𝑡𝑔𝜑′ = 0,2685

𝜑′ = 15°

Além dos cálculos anteriores, também foi obtido o teor de umidade das
amostras de solo através das cápsulas mantidas em estufa. Conforme
procedimentos descritos neste relatório e com orientação da NBR 6457/1986 -
ABNT, pode-se calcular a umidade do solo através da equação:

𝑃𝑎
ℎ= ∗ 100 (Equação 16)
𝑃𝑠

onde,
ℎ = Teor de umidade
𝑃𝑎 = (Peso da cápsula e solo úmido) - (Peso da cápsula e solo seco)
𝑃𝑠 = (Peso da cápsula e solo seco) - (Peso cápsula)

Utilizando a equação acima, foi possível encontrar os seguintes resultados:

Tabela 10 - Teor de umidade

nº da cápsula + solo cápsula + solo teor de umidade


cápsula (g)
cápsula úmido (g) seco (g) (%)

01 7,34 11,34 10,82 14,94

02 6,65 14,10 12,82 20,74

03 6,73 14,06 12,76 21,56

09 7,30 21,76 19,40 19,50

17 7,23 10,42 10,01 14,75

32 7,91 11,87 11,36 14,78


Fonte: Os autores

As cápsulas apresentadas acima são de dois ensaios, onde as cápsulas 01,


17 e 32 são do Ensaio 1, e as cápsulas 02, 03 e 09 são do Ensaio 2. Para calcular
a umidade natural do solo basta determinar a média dos valores, portanto, a
umidade natural do Ensaio 1 é de 14,82% e a do Ensaio 2 é de 20,60%.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensaio de cisalhamento direto oferece vantagens por ser um ensaio simples


e rápido, apresentando resultados satisfatórios com três ensaios. Apesar disso, o
ideal é que sejam realizados quatro deles para que um eventual resultado
discrepante seja eliminado.
No experimento relatado nesse relatório, essa relação é muito percebida já
que a prática teve um ensaio que teve que ser descartado, pois estava
comprometendo os resultados.
Além disso, é possível notar também que há algumas limitações, como o
difícil controle de drenagem, o plano de ruptura fixo e a ocorrência de ruptura
progressiva. Entretanto, é muito útil quando se deseja medir apenas a resistência,
objetivo deste experimento.
REFERÊNCIAS

SILVA, Pedro Barros de Almeida e. Discussão e proposta de ensaio de


cisalhamento direto de grande porte para obtenção de parâmetros de
resistência de rejeito grosso de carvão mineral. 2012. 80f. Projeto de Graduação
– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <
http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009020.pdf >. Acesso em: 29
out. 2016.

SOUZA PINTO, Carlos de. Curso básico de Mecânica dos Solos. 3. ed. São
Paulo: Oficina de textos, 2006.

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