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DOS SOLOS
Introdução
Solos como vários outros materiais em engenharia → resistem bem às tensões
de compressão, mas tem resistência limitada a tração e ao cisalhamento.
Nos solos → ruptura caracterizada por deslocamentos relativos entre partículas
(cisalhamento) → desprezadas as deformações das partículas e dos fluídos dos
vazios ⇒ resistência dos solos ≡ resistência ao cisalhamento dos solos.
Planos onde as tensões cisalhantes superam a resistência ao cisalhamento ⇒
planos de ruptura.
Resistência ao cisalhamento → uma das propriedades fundamentais de
comportamento dos solos ⇒ suporte para solução de problemas práticos em
Engenharia Geotécnica:
W
Estabilidade de barragens
τat
τ
P
τ
τ
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
Tensões no solo
Estudo das tensões e deformações dos materiais estruturais em engenharia:
Resistência dos Materiais (materiais sólidos) + Mecânica dos Fluídos
(fluídos) = Mecânica do meio contínuo.
Solos → material trifásico (sólida + líquida + gasosa) ⇒ meio descontínuo.
Entretanto, em Mecânica dos Solos, por simplificação, os solos são
considerados materiais contínuos deformáveis, na maioria dos casos
homogêneos e isotrópicos → são aplicadas as teorias da Elasticidade e da
Plasticidade.
Esforços devido ao peso próprio + forças externas aplicadas → geram
tensões em pontos no interior do maciço de solo.
Componentes de tensões:
• Tensões normais (σ) → tensões na direção perpendicular ao plano
• Tensões cisalhantes (τ) → tensões nas direções paralelas ao plano
σz
τzy
τzx
τxy
τxz
τyx
σx
σy τyz
y
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
– Tensões principais
Planos principais de tensões → planos ortogonais entre si onde as tensões
cisalhantes são nulas.
Tensões principais → tensões normais atuantes nos planos principais.
z σz
σx
σy
x
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
No estado plano de tensões → conhecidos os planos e as tensões principais
(σ1 e σ3) num ponto ⇒ pode-se determinar as tensões normais e de
cisalhamento em qualquer plano passando por este ponto (σθ e τθ).
y'
Equilíbrio nas direções normal e tangencial x'
ao plano considerado σθ
σ1 τθ
Convenção em Mecânica dos Solos: ds
σ3
Equilíbrio de forças:
Σ Fy’ = 0
τθ ⋅ ds − σ1 ⋅ sen θ ⋅ ds ⋅ cos θ + σ3 ⋅ cos θ ⋅ ds ⋅ sen θ = 0
τθ = σ1 ⋅ cos θ ⋅ sen θ + σ3 ⋅ cos θ ⋅ sen θ
σ1 − σ3
τθ = ( ) ⋅ sen 2θ
2
Σ Fx’ = 0
σ1 − σ3 2 σ1 − σ3 2
τθ 2 + (σθ − ) =( )
2 2
Raio: σ1 − σ3
R=
2
Coordenadas do centro: σ1 + σ3 σ1
( ; 0)
2
σθ
σ3
τ τθ
σ3
(σθ,τθ)
σ1
(σ1−σ3)/2
2θ
θ
σ3
(σ1+σ3)/2
σ1
d
c Trajetória
b de tensões
a
σ3 σ1a σ1b σ1c σ1d
σ p
III - σ3 e σ1 crescentes de
IV valores absolutos iguais
p
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
Resistência ao cisalhamento do solos (τ, τf, τr, τff ou s)
Tensão cisalhante máxima que este solo pode suportar sem sofrer ruptura ou
tensão cisalhante no plano de ruptura no momento da ruptura.
Ruptura em solos → excessivo movimento relativo de partículas. O solo não
mais suporta acréscimo de carga.
No caso do solo não apresentar ponto de ruptura definido → a ruptura é
definida a partir de um máximo de deformação admissível ⇒ a resistência
ao cisalhamento é definida como a tensão do solo para um nível suficiente
grande de deformação que permite caracterizar condição de ruptura.
Componentes da resistência ao cisalhamento do solos:
• atrito
• coesão
– Resistência por atrito
Resistência por atrito entre partículas de solo → analogia com o problema de
deslizamento de um corpo sólido sobre uma superfície plana.
Na ruptura:
N
N
T φ
Tmáx
NA
solo saturado
MENISCO
CAPILAR
T “cola” C
Tmáx = C τ=c=
A
RETA DE
COULOMB
φ
τ = c + σ tanφ
σ
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
– Critério de ruptura de Mohr-Coulomb
Critério de ruptura → expressa matematicamente a envoltória de ruptura de
um material.
Envoltória de ruptura → separa a zona de estados de tensões possíveis da
zona de estados tensões impossíveis de se obter para o solo.
Para cada material deve se utilizar de um critério de ruptura que melhor se
adapte ao seu comportamento. Solos → critério de ruptura de Mohr-
Coulomb.
Critério de ruptura de Mohr-Coulomb (Mohr, 1900) → a ruptura se dá quando a
tensão cisalhante no plano de ruptura alcança o valor da tensão cisalhante
de ruptura do material ⇒ função da tensão normal neste plano e
independente da tensão principal intermediária (estado plano de tensões).
Os pontos correspondentes às tensões nos planos de ruptura em cada círculo
de Mohr estão sobre a chamada envoltória de resistência (ou envoltória de
ruptura ou envoltória de Mohr).
ENVOLTÓRIA DE MOHR
2θ
σ
σ3
σ3
θr
τ ENVOLTÓRIA DE
MOHR-COULOMB
σ1
T
τ= c + σ tanφ
E
N φ θr 2θr
O B C D σ
σ3
σi
σ1
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
σ1
σ3
σ3
θr
τ ENVOLTÓRIA DE
MOHR-COULOMB
σ1
T
τ= c + σ tanφ
E
N φ θr 2θr
O B C D σ
σ3
σi
σ1
Do triângulo TCN:
(180 o
)
− 2 ⋅ θr + φ + 90o = 180o
180o − 2 ⋅ θr + φ = 90o
2 ⋅ θr = 90o + φ
θr = 45o + φ relação entre o ângulo do plano de ruptura com o
2
plano principal maior e o ângulo de atrito
• Relação entre σ1 e σ3 na ruptura
Da figura: N D = N C + C D
NB = NC − B C
como:
BC = CD = CT
então: ND = N C + C T
NB = NC − C T
dividindo: ND N C + C T 1 +
CT
NC
( )
= =
NB NC − C T 1 − C T
NC
( )
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
como: CT ND = σi + σ1
= sen φ
NC e NB = σi + σ3
tem-se:
σi + σ1 1 + sen φ
= = Nφ
σi + σ3 1 − sen φ
σi + σ1 = (σi + σ3 ) ⋅ Nφ
σ1 = σ3 ⋅ Nφ + σi ⋅ (Nφ − 1)
Do triângulo OEN:
c
σi =
tan φ
logo: c
σ1 = σ3 ⋅ Nφ + ⋅ (Nφ − 1)
tan φ
como:
(Nφ − 1) = cos φ ⋅ 1 + sen φ − 1 = cos φ ⋅ 2 ⋅ sen φ
tan φ sen φ 1 − sen φ
sen φ 1 − sen φ
(Nφ − 1) = 2 ⋅ cos φ
tan φ 1 − sen φ
trigonometricamente:
bc cos φ
tan 45o + φ = =
2 be 1 − sen φ
e
bc cos φ
b c
45o + φ/2 tan 45o − φ = =
2 ab 1 + sen φ
φ
d tan 45o + φ
o
45 - φ/2 2 cos φ 1 + sen φ
= ⋅
tan 45 −
o φ 1 − sen φ cos φ
2
a
tan 45o + φ
2 1 + sen φ
= tan 2 45o + φ = = Nφ
φ 2 1 − sen φ
tan 45 −
o
2
logo: (Nφ − 1) = 2 ⋅ tan 45o + φ = 2 ⋅ Nφ
2
tan φ
LINHA Kf
a
p
σ1 − σ3 σ1 + σ3
q= e p=
2 2
σ1 = p + q e σ3 = p − q
σ1 = σ3 ⋅ Nφ + 2 ⋅ c ⋅ Nφ
(p + q ) = (p − q ) ⋅ Nφ + 2 ⋅ c ⋅ Nφ
q + q ⋅ Nφ = p ⋅ Nφ − p + 2 ⋅ c ⋅ Nφ
q ⋅ (Nφ + 1) = p ⋅ (Nφ − 1) + 2 ⋅ c ⋅ Nφ
Nφ − 1 Nφ
q = ⋅ p + 2 ⋅ c ⋅
Nφ + 1 Nφ + 1
σ3
σ3
σ3=σ1(I)
σ1(II)
σ3
σ3 θr τθ = τ → ruptura
σ1(III)
Vantagens do ensaio
• simplicidade / praticidade
• facilidade na moldagem de amostras de areia
• rapidez → solos permeáveis
• possibilita condição inundada
• possibilita grandes deformações por reversões na caixa de
cisalhamento → resistência residual
• planos preferenciais de ruptura
Desvantagens:
• análise do estado de tensões complexa → rotação das tensões
principais com o cisalhamento
• não permite a obtenção de parâmetros de deformabilidade
• o plano de ruptura é imposto → pode não ser o de maior fraqueza
• restrições ao movimento nas bordas da amostra → heterogeneidade
das tensões cisalhantes no plano horizontal ⇒ ruptura progressiva e
inclinação do plano de cisalhamento
• comumente não se medem nem são controladas as pressões neutras
• muito lento → solos de baixa permeabilidade
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
• Ensaio de compressão triaxial
É o mais versátil ensaio para determinação da resistência ao cisalhamento dos
solos.
Consiste na aplicação de um estado hidrostático de tensões e de um
carregamento axial sobre um corpo de prova cilíndrico do solo (CP).
Estado hidrostático → obtido com a colocação do CP envolto por uma
membrana de borracha em uma câmara de ensaio. A câmara é cheia com
água através da qual é aplicada a tensão confinante (σc). A tensão
confinante atua em todas as direções → estado hidrostático de tensões.
Carregamento axial → pela aplicação de um esforço axial controlado através
de um pistão de carga que penetra na câmara (ensaio com carga
controlada) ou pelo movimento ascendente da câmara reagindo contra um
pistão estático (ensaio de deformação controlada). Neste último a carga é
medida por um anel dinamométrico ou célula de carga intercalada no
pistão.
amostra
h ≈ 2. φ
Ex: φ = 5cm / h = 10 cm
σ1
→ aplicação da tensão desviadora σd: σ3
σ3
σ1 = σ3 + σd
σ3
σ1
O valor das tensões desviadoras máximas (σdmáx) para cada valor de tensão
confinante são obtido dos valores de ruptura observados em curvas tensão
desviadora x deformação específica.
Desde diferentes valores para tensão confinante e respectiva tensão
desviadora de ruptura é possível definir círculos de Mohr de ruptura, cuja
envoltória é a envoltória de resistência.
σdmáx
ε
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
– Drenagem do CP
Cada uma das etapas do ensaio pode ser realizada com ou sem permitir a
drenagem do CP (solicitação drenada ou não drenada).
A etapa inicial de compressão isotrópica com drenagem corresponde ao
adensamento do CP.
No caso de solicitações não drenadas é possível medir as pressões neutras
geradas → sistema de medição instalado no canal de drenagem ⇒
transdutores de pressão.
No caso de solicitações drenadas é possível medir a variação volumétrica de
CPs saturados através da água que sai (ou entra) pelo canal de drenagem
⇒ buretas graduadas. No casos de solos não saturados ou secos a
variação volumétrica é obtida somente através de sensores de
deslocamento axial e radial instalados no CP.
– Tipos de ensaios triaxiais
→ Ensaio adensado drenado (CD - consolidated drained ou S - slow)
Ensaio onde a drenagem é permitida em ambas etapas. Aplica-se σc
permitindo a drenagem até total dissipação da pressão neutra
(adensamento) e após σd lentamente para que não sejam gerados novos
excessos de pressão neutra.
São obtidos parâmetros de resistência em termos de tensões efetivas.
Emprego: análise da resistência ao cisalhamento de solos permeáveis.
→ Ensaio adensado não drenado (CU - consolidated undrained ou R - rapid)
A drenagem é permitida apenas na primeira etapa. Aplica-se σc permitindo o
adensamento e após σd sem drenagem. Na 2a etapa as pressões neutras
podem ser medidas.
Podem ser obtidos parâmetros de resistência em termos de tensões totais e
efetivas.
Emprego: análise a curto e a longo prazo da resistência ao cisalhamento de
solos de baixa permeabilidade consolidados.
→ Ensaio não adensado não drenado (UU - unconsolidated undrained ou Q -
quick)
A drenagem não é permitida em ambas etapas. O teor de umidade da amostra
mantém-se constante. As pressões neutras geradas podem ser medidas.
Os parâmetros de resistência são obtidos em termos de tensões totais.
Emprego: análise a curto prazo da resistência ao cisalhamento de solos de
baixa permeabilidade não consolidados.
Obs: ensaios com medida de pressão neutra → barra sobre sigla. Ex: CU
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
• Ensaio de compressão simples
Corresponde a um ensaio de compressão axial sem confinamento (σc = 0).
Esquema do ensaio:
σ
anel dinamométrico
deflectômetro
amostra
prensa σ
ε
Por este ensaio é obtido o valor de σ1 de ruptura para σ3 = 0:
τ
τ=c φ=0 O ensaio se limita a determinação da
coesão na condição φ = 0:
σrup/2 σrup
c=τ=
2
σ3 = 0 σ1 = σrup
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
– Resistência ao cisalhamento das areias
Será analisado o comportamento resistente de areias puras e aquelas com
teor muito pequeno de finos (< 12%) → resistência ao cisalhamento dada
pelo contato entre os grãos minerais.
As areias constituem materiais permeáveis, onde, de maneira geral, não são
geradas pressões neutras nas solicitações → análise sempre em
condições drenadas ⇒ em termos de tensões efetivas
No caso de areias puras, sem presença de finos ou agentes cimentantes →
inexiste coesão real.
Pode ocorrer coesão aparente em areias não saturadas.
Logo: τ = σ'⋅ tan φ'
• Comportamento nos ensaios
Comparação entre resultados obtidos em triaxiais CD com areia com índices
de vazios diferentes configurando estados extremos de compacidade:
areia fofa e areia compacta. Comportamento:
Solicitação: FOFA COMPACTA
tensão residual
σ1
σ3
σ1 = σ3 + σd
σ3
dilatância
σ1 ∆V
εv =
V
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
– Descrição do comportamento:
Areia fofa
O acréscimo de tensão (σ1 - σ3) aumenta continuamente com a deformação
especifica até atingir (σ1 - σ3)máx. A areia apresenta redução volumétrica
com o cisalhamento.
Areia compacta
É possível distinguir três trechos:
– inicial → o acréscimo de tensão axial cresce muito rapidamente com a
deformação - σ xε íngreme. Há decréscimo de volume da areia;
– próximo ao pico → ocorre o valor máximo do acréscimo de tensão axial
(σ1 - σ3)máx. Tendência de aumento de volume da amostra (dilatância);
– final → a curva σ xε se aproxima aquela da mesma areia no estado fofo.
Pequena variação volumétrica.
O aumento volumétrico com o cisalhamento corresponde a ν > 0,5,
comportamento não aceito pela Teoria da Elasticidade, logo não deve ser
aplicada a areias compactas próximas ao estado de ruptura.
Para as areias compactas, observam-se envoltórias curvas. A aproximação a
trechos retos é utilizada para efeitos práticos.
– Causa fundamental a diferença de comportamento
O pico de resistência e a dilatância de areias compactas são explicados pelo
entrosamento das partículas.
O entrosamento (encaixe ou ainda embricamento) dos grãos representa uma
componente adicional de resistência que se manifesta pelo valor de pico
superior a resistência residual (associada tão somente ao atrito).
Para que ocorra o cisalhamento é necessário o desencaixe dos grãos →
determinante do aumento de volume da areia ⇒ dilatância.
possíveis planos de ruptura
atrito + entrosamento
atrito
dilatância
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
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– Índice de vazios crítico das areias
Índice de vazios no qual a areia não sofre nem diminuição nem aumento de
volume com o cisalhamento.
d) Distribuição granulométrica
Quanto mais bem distribuída granulometricamente uma areia → maior o
entrosamento ⇒ maior o valor de φ .
φa.b.graduada > φa.uniforme
Partículas finas têm grande importância no comportamento resistente de
areias, porque mesmo em pequena quantidade, ocupam o espaço entre
grãos, modificando as relações de entrosamento → f(teor de finos)
σ3 σ3 σ3 σ3
u=0 u=0 u=0 u=0
(tensões em kPa)
σ3 σ3 σ3 σ3
u=0 u=0 u=0 u=0 u=0
– Comportamento em ensaios CU
Ensaio CU:
σ1
σ3
σ3 σ3
u=0 u≠0
tensões efetivas
tensões totais
τ = σ ⋅ tan φ
tensões efetivas
τ = σ'⋅ tan φ'
PA
TTT TTE
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
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– Comportamento em ensaios UU
Ensaio UU → é impedida a drenagem tanto na aplicação da tensão confinante
como no carregamento axial ⇒ as tensões efetivas do CP não se alteram.
Logo: a resistência ao cisalhamento do solo medida no ensaio UU
independe da tensão confinante (aplicada sem drenagem) → círculos
de Mohr para ensaios com diferentes valores de σ3 apresentam iguais
diâmetros (valores iguais de σdmáx) ⇒ a envoltória de resistência é uma
horizontal : τ = Su
Su (ou Cu) → resistência (ou coesão) não drenada
O círculo de Mohr para tensões efetivas é único para todos os ensaios.
Corresponde ao estado de tensões efetivas de campo (através da pressão
neutra negativa da amostra)
σ1
Ensaio UU: σ 3
σ3 σ3
u≠0 u≠0
TE TTa
envoltória de resistência
TTb TTc
condição φ = 0
∆ua
∆ub
∆uc
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
• Parâmetros de pressão neutra
Pressão neutra gerada em uma amostra no ensaio triaxial:
∆u = B ⋅ [∆σ3 + A ⋅ (∆σ1 − ∆σ3 )]
A e B → parâmetros de pressão neutra de Skempton
Parâmetro B ⇒ variação de pressão neutra devido a um aumento de tensão
confinante: ∆u
B=
∆σ 3
B → f(grau de saturação) ⇒ solo saturado: B → 1
Parâmetro A ⇒ variação da pressão neutra pelo aumento de tensão
desviadora, mantida constante a tensão confinante:
∆u
A=
B ⋅ ∆σ1
A → f(grau de saturação, tipo de solicitação e da história de tensões)
Pela Teoria da Elasticidade:
A = 1/3 na compressão triaxial
A = 2/3 na extensão triaxial
A = 1/2 no estado plano de deformação
De acordo com a história de tensões
A = 1 a 1,5 para argilas muito sensíveis
A = 0,5 a 1 para argilas NA pouco sensíveis
A = 0 a 0,5 para argilas pouco a medianamente pré-adensadas
A = -0,5 a 0 para argilas fortemente pré-adensadas
σ'0 σ'0
Su
A partir desta, outra expressão: Su = NA ⋅ (σ'0 ) ⋅ (σ' a )
1− m m
σ'0
Su
m e σ'0 ⇒ característicos do solo
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
– Fatores que afetam a resistência não drenada das argilas
Amostragem:
• Transformação do estado anisotrópico de tensões “natural” do campo
ao estado isotrópico do confinamento do ensaio;
• Perturbações na amostra → cravação do amostrador, retirada da
amostra, moldagem do CP ⇒ perda de resistência (argila sensíveis)
Estocagem:
• Perda da pressão neutra negativa da amostra (tensão efetiva) →
rearranjo estrutural das partículas ⇒ redução de Su, compensada em
parte pelo pré-adensamento decorrente.
Anisotropia:
• Sob uma mesma superfície de ruptura o solo esta sujeito a
solicitações variadas → resistências diferentes (anisotropia)
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DOS SOLOS
Velocidade de carregamento:
• Quanto mais lento o carregamento → menor Su. Explicação física:
mobilidade dos íons de água provocando micro-deslocamentos que
reduzem a resistência por atrito nos contatos entre partículas.
• Efeito do tempo após a construção de um aterro sobre argila mole:
– lento ganho de resistência da argila com o adensamento e
– perda de resistência com a mobilidade iônica
O valor de Su:
6⋅T
Su =
7 ⋅ π ⋅ D3
Vantagens:
• simplicidade
• economia
• rapidez
Problemas:
• elevada velocidade de cisalhamento → Su superestimada
• solicitação de cisalhamento ao longo do plano vertical
Su ( projeto) = Su ( vane) ⋅ µ
µ = f(IP)
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
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– Resistência não drenada a partir de correlações
Su
como uma propriedade da argila → correlacionável com outras
σ'0 propriedades geotécnicas (em particular a plasticidade)
Skempton → Su
= 0,11 + 0,0037 ⋅ IP
σ'0
Bjerrum →
Su ( projeto) = Su ( vane) ⋅ µ
Ladd → Su ( projeto)
= (0,23 ± 0,04 ) ⋅ OCR 0,8
σ'0