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ANAIS
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
VOLUME III
VIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHEIROS GEOTÉCNICOS
JOVENS
Realização:
Patrocinadores Ouro:
Patrocinadores Prata:
Patrocinadores Bronze:
Patrocinadores Estanho:
Apoio:
SUMÁRIO GERAL
VOLUME I – Listagem Geral de Artigos
VOLUME II – XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
TOMO I ‐ Análise e Gerenciamento de Riscos, Desempenho e Segurança de Obras Geotécnicas,
Estruturas de Contenção, Fundações, Obras de Infraestrutura
TOMO II – Educação em Geotecnia, Geossintéticos, Geotecnia Ambiental, Geotecnia Social,
Inovações em Geotecnia
TOMO III ‐ Ensaios de Laboratório e Campo, Modelagem Física e Numérica, Obras de Terra e
Enrocamento, Solos não Saturados, Expansivos, Colapsíveis e Moles
VOLUME III – VIII Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VOLUME IV – IX Congresso Luso‐Brasileiro de Geotecnia
VOLUME V – V Simposio Panamericano de Deslizamientos
VOLUME VI – VIII Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
DIRETORIA NACIONAL DIRETORIA NRBa
Biênio 2017/2018 Biênio 2017/2018
Presidente: Alessander C. Morales Kormann Presidente: Luis Edmundo Prado de Campos
Vice-Presidente: Alexandre Duarte Gusmão Vice-Presidente: Demóstenes de A. Cavalcanti Jr.
Secretário Geral: Maurício Martinez Sales Secretário Geral: Fabricio Nascimento de Macedo
Secretário Executivo: Paulo Cesar de A. Maia Secretário Executivo: Luciene de M. Eirado Lima
Tesoureiro: Celso Nogueira Corrêa Tesoureiro: Ronaldo Ramos de Oliveira
NRBA NRRS
Luis Edmundo Prado de Campos / Hélio Machado Antonio Thomé / Felipe Gobbi / Fernando Schnaid
Baptista / Marcos Strauss / Cezar Augusto Burkert Bastos /
Luiz Antonio Bressani
NRCO
Antônio Luciano Espindola Fonseca / José NRSP
Camapum de Carvalho / Wilson Conciani / Marcia Paulo J. R. de Albuquerque / Celso Orlando / Akira
Maria dos Anjos Mascarenha / Ennio M. Palmeira / Koshima / Nelson Aoki / Urbano Rodrigues Alonso
Gilson de Farias Neves Gitirana Jr. / Jaime Domingos Marzionna / Tarcísio Barreto
Celestino / Artur Rodrigues Quaresma Filho /
NRES Frederico Fernando Falconi / Mário Cepollina /
Uberescilas Fernandes Polido Hugo Cássio Rocha / Marcos Massao Futai /
Celso Nogueira Corrêa / Ilan Davidson Gotlieb /
NRMG Luiz Guilherme F. Soares de Mello / Maria
Gustavo Rocha Vianna / Gustavo Ferreira Simões Eugênia Gimenez Boscov / Makoto Namba / Paulo
/ Cássia Maria Dinelli de Azevedo / Terezinha de Teixeira da Cruz / Mauri Gotlieb
Jesus Espósito / Ivan Libanio Vianna / Sergio
Cançado Paraiso / Lucio Flávio de Souza Villar / CBMR
Fernando Portugal Maia Saliba Lineu Azuaga Ayres da Silva / Milton Assis Kanji /
Sergio Augusto Barreto da Fontoura / Nick Barton /
NRNE Eda Freitas de Quadros / Vivian Rodrigues
Ricardo Nascimento Flores Severo / Roberto Marchesi / João Luiz Armelin / Fernando Olavo
Quental Coutinho / Karina Cordeiro de Arruda Franciss / Paulo Alberto Neme / Anna Luisa
Dourado / Alexandre Duarte Gusmão / Isabella Marques Ayres da Silva / Ricardo Antonio Abrahão
Santini Batista / Joaquim Teodoro Romão de / Reuber Ferreira Cota
Oliveira
CBT
NRNO Werner Bilfinger / Argimiro Alvarez Ferreira /
Gerson Jacques Miranda dos Anjos / Julio Carlos Eduardo Moreira Maffei / Fernando Leyser
Augusto de Alencar Jr Gonçalves / Maria Cecília Guazzelli / Denis
Vicente Perez Vallejos / Eloi Angelo Palma Filho /
NRPS André Jum Yassuda / Edson Peev / Marlísio
Luiz Henrique Felipe Olavo / Edgar Odebrecht / Oliveira Cecílio Jr. / George Joaquim Teles de
Antonio Belincanta / Ney Augusto Nascimento / Souza / Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva /
Luiz Antoniutti Neto / Carlos José Marques da Luis Rogério Martinati / Luis Ferreira Vaz
Costa Branco
Conselheiros Vitalícios (ex-presidentes ABMS)
NRRJ Fernando E. Barata / Alberto Henriques Teixeira /
Ana Cristina C. Fontela Sieira / Bernadete Ragoni Carlos de Sousa Pinto / Faiçal Massad / Francis
Danziger / Ian Schumann Marques Martins / Bogossian / Sussumu Niyama / Willy A Lacerda /
Fernando Artur Brasil Danziger / Mauricio Ehrlich / Waldemar Hachich / Alberto S F J Sayão / Jarbas
Manuel de Almeida Martins / Anna Laura Lopes da Milititsky / Arsenio Negro Jr. /
Silva Nunes / Denise Maria Soares Gerscovich / André P. de Assis
Paulo Henrique Vieira Dias / André Pereira Lima /
Luciano Jacques de Moraes Jr
COMISSÃO ORGANIZADORA
Presidente do Congresso: Luís Edmundo Prado de Campos
Presidente da Comissão Organizadora: Luciene de Moraes Eirado Lima
Captação de Patrocínios: João Carlos B. Jorge da Silva / Celso Nogueira Corrêa
Tesoureiro: Ronaldo Ramos de Oliveira
XIX COBRAMSEG
COMISSÃO CIENTÍFICA COMITÊ ASSESSOR DO CONGRESSO (CAC)
Hélio Machado Baptista (presidente) Roberto Coutinho (Cobramseg 2012)
Carlos Carrillo W. Delgado Maurício Sales (Cobramseg 2014)
Paulo Gustavo C. Lins Gustavo Simões (Cobramseg 2016)
Maurício Martines Sales Representante da diretoria da ABMS junto ao CAC:
Alexandre Gusmão
VIII GEOJOVEM
COMISSÃO ORGANIZADORA
Maria do Socorro Costa São Mateus (Presidente)
Mário Sérgio de Souza Almeida
Ronaldo Ramos de Oliveira
COMITÊ CIENTÍFICO
Maria do Socorro Costa São Mateus
IX CLBG
COMISSÃO ORGANIZADORA COMITÊ CIENTÍFICO
Manuel M. Fernandes (Presidente SPG) Emanuel Maranha das Neves (IST)
José L. M. do Vale (ex‐Presidente SPG) Ricardo Oliveira (COBA)
Luís Lamas (LNEC) Pedro Sêco e Pinto (LNEC)
Jorge Almeida e Sousa (U. Coimbra) Ana Quintela (Tetraplano)
Vitor Cavaleiro (Univ. da Beira Interior) José Mateus de Brito (CENOR)
Alessander Kormann (Presidente ABMS) Jorge Sousa Cruz (LCW)
Maurício Sales (Secretário Geral ABMS) Jorge Vazquez (EDIA)
Luis Edmundo P. Campos (Presidente COBRAMSEG) Celso Lima (EDP)
Alberto Sayão (PUC‐Rio) João Marcelino (LNEC)
António Viana da Fonseca (FEUP)
V SPD
COMISSÃO ORGANIZADORA
Marcos Massao Futai (Presidente do SPD)
Adrian Torrico Siacara
Carlos Carrillo Delgado
José Orlando Avesani Neto
Leonardo De Bona Becker
Luiz Antonio Bressani
Luiz Antoniutti Neto
Roberto Bastos Guimarães
Willy Lacerda (Presidente de honra do SPD)
VIII SBMR
COMISSÃO ORGANIZADORA
Lineu Azuaga Ayres da Silva (presidente)
Sergio Augusto Barreto da Fontoura
Vivian Rodrigues Marchesi
Paulo Gustavo Cavalcante Lins
COMITÊ CIENTÍFICO
Carlos Emmanuel Ribeiro Lautenschläger
REVISORES DE TRABALHOS – VIII GEOJOVEM
Alessander Kormann Alexandre Gusmão
Presidente da ABMS Vice‐Presidente da ABMS
MENSAGEM DA COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO
Caros Colegas Geotécnicos,
É com imensa satisfação que entregamos os Anais do Cobramseg 2018, realizado no Othon Bahia Palace
Hotel, em Salvador‐Bahia, entre os dias 28 de agosto e 1ª de setembro de 2018. O tema principal do evento
foi “Geotecnia e o Desenvolvimento Urbano”, com vistas à discussão sobre os problemas que afligem nossas
metrópoles em um ambiente de crescimento muitas vezes desordenado e sem levar em consideração as
particularidades dos solos e rochas constituintes da geologia do sítio urbano.
Nesses volumes estão todos os artigos submetidos e aprovados pela Comissão Científica do Congresso, e
que foram tema de discussão ao longo dos dias de evento, com apresentações dos trabalhos mais relevantes
dispostos nos diversos temas da Geotecnia, com inúmeras sessões paralelas de apresentação oral e em
formato de pôster.
No evento tivemos recorde de inscritos, mais de 1.500 pessoas circulando pelos corredores e salas do Othon
Bahia, aproveitando a programação científica e a área de exposição, onde nossos patrocinadores
apresentaram seus serviços e produtos.
Pela primeira vez foi realizada uma sessão plenária com toda a mesa e palestrantes do sexo feminino, com
objetivo de homenagear a força das mulheres geotécnicas, e demonstrar que a Geotecnia é plural e
diversificada. Esperamos que essa singela demonstração de admiração e respeito possa disseminar o espírito
de igualdade entre nossos colegas geotécnicos.
Além das discussões técnicas tivemos ainda a primeira Corrida Geotécnica, a “Run Geo Run” onde os colegas
puderam se exercitar e socializar, ao longo do percurso de 5 km na belíssima orla atlântica de Salvador.
No jantar Luso‐Brasileiro, realizado no Restaurante Bargaço, com pratos típicos da culinária praiana da Bahia,
foi possível congraçar os colegas, para além das discussões geotécnicas, criando vínculos de amizades entre
os lusófonos.
No penúltimo dia do evento, à noite, teve lugar o Jantar de Confraternização e a GeoMicareta. Ambos
realizados em paralelo, no boêmio bairro do Rio Vermelho, onde pulsa a noite soteropolitana.
Com o sentimento de dever cumprido, essa comissão agradece a todos que participaram e contribuíram
para o engrandecimento do evento e da Geotecnia nacional.
Axé!
Luciene de Moraes Eirado Lima Hélio Machado Baptista
Presidente da Comissão Organizadora Presidente do Comitê Científico
MENSAGEM DA COMISSÃO ORGANIZADORA DO VIII GEOJOVEM
A Geotecnia jovem ocupou um importante espaço durante a realização do COBRAMSEG 2018, por meio da
apresentação dos trabalhos desenvolvidos por jovens pesquisadores e profissionais de origem nacional e
internacional.
O VIII GEOJOVEM - VIII Simpósio Brasileiro aconteceu no dia 29 de agosto, abrindo o COBRAMSEG, maior
evento na área de Geotecnia, com apresentação de aproximadamente 200 trabalhos técnico-científicos,
resultado de pesquisas básicas, aplicadas, consultorias e experiências técnicas, com destaque para os
temas de Fundações, Ensaios de campo, laboratório e modelagem e Geotecnia ambiental.
As discussões técnicas entre os jovens geotécnicos, trazendo inovações tecnológicas, como o resultado das
diversas experiências e do conhecimento recém-adquiridos foram organizadas em 17 Sessões, que
contaram com o apoio e a parceria dos profissionais sêniors da Área, tanto na co-autoria dos trabalhos
como presidindo e secretariando as mesas.
A presença e a participação dos Geojovens superou as expectativas do Evento, deixando as salas repletas
com o brilho e a jovialidade de todos os presentes. O VIII Geojovem teve em sua abertura a Mesa Redonda,
que trouxe as lições do passado e presente, assim como as perspectivas para o futuro, brindando a todos
com experiências sólidas no desenvolvimento da Geotecnia e muito otimismo para o futuro do nosso país,
quanto ao engajamento e às responsabilidades sobre os projetos e obras geotécnicas.
Esperamos que o VIII Geojovem tenha estimulado a adesão de novos profissionais, contribuído com o tema
Central do COBRAMSEG 2018, “Geotecnia e o Desenvolvimento Urbano”, por meio do fórum de discussões
que eclodiu durante todo o dia do Evento e tenha trazido experiências para as próximas edições. Deixamos
aqui os nossos agradecimentos a todos os participantes, organizadores, patrocinadores e apoiadores pelo
sucesso do VIII Geojovem.
GeojovemGeojovem!!!
SUMÁRIO
TEMA: ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCOS
GJ 34473 Aplicação de uma Metodologia de Análise Quantitativa de Risco de Piping em Barragens Utilizando a Distribuição
de Weibull - Francisco Hiago de Siqueira Gomes; Vanda Tereza Costa Malveira; Silvrano Adonias Dantas Neto
GJ 36553 Comparação dos Valores de Eficiência de Aterros Estaqueados Obtidos Através de Métodos Preditivos e
Modelagem Numérica - Maria Emilia Leiva Duarte; Diego de Freitas Fagundes
GJ 34877 Evaluación de Espectros de Respuesta Mediante el Análisis Unidimensional de Respuesta de Sitio en la Ciudad de
Lima - Jorge Soto Huamán; Jorge Elias Alva Hurtado; Carmen Eleana Ortiz Salas
GJ 34978 Execução Experimental de Injeções Cimentícias em Solos Metaestáveis - Max Gabriel Timo Barbosa; André Pacheco
de Assis
GJ 34603 Influência da Sucção nos Resultados dos Ensaios de Dilatômetro de Marchetti (DMT) em um Solo Residual
Compactado - Cândida Bernardi; Orlando Martini de Oliveira; Murilo da Silva Espíndola; Gabriel Bellina Nunes;
Rafael Reis Higashi
GJ 34424 Mapeamento de Áreas Urbanas de Ocorrência de Movimentos de Massa Deflagrados pela Pluviosidade no
Município de Florianópolis, SC - Mônica Carvalho Generini de Oliveira; Rafael Augusto dos Reis Higashi; Orlando
Martini de Oliveira
GJ 36672 Modelos Conceptuales Aplicado a las Remociones en Masa - Luciana das Dores de Jesus da Silva; Mauricio Aguayo
Arias; Octavio Rojas Vilches
GJ 36674 Panorama do Mapeamento de Áreas de Risco no município de Salvador-Bahia - Jair Lopes da Silva Junior; Elaine
Gomes Vieira de Jesus; Elias Nasr Naim Elias; Rita Jane Brito de Moraes; Mauro José Alixandrini Junior
GJ 36421 Simulação Computacional de Estabilidades de Taludes em Barramentos sob Diferentes Comportamentos de
Cargas Hidráulicas - Camila Aparecida Lebron Xavier da Silva; Davidson Miguel Avelar de Oliveira; Andréa Mírian
Costa Portes
GJ 34455 Análise de Agentes Desencadeadores de Desastres Naturais Utilizando Simulação de Monte Carlo - Camila Vargas
Fernandes; Ilza Machado Kaiser; Anna Silvia Palcheco Peixoto
GJ 34672 Estudo Chuva Desencadeadora de Desastres Naturais na Região Administrativa de Bauru através da Simulação de
Monte Carlo - Marina Alkimin do Amaral Silva; Ilza Machado Kaiser; Anna Silvia Palcheco Peixoto
GJ 35434 Estudo Estatístico da Chuva Desencadeadora de Desastres Naturais na Região Administrativa de Marília - Mauro
Hideki Fujiyama Junior; Anna Silvia Palcheco Peixoto
GJ 35805 Análise da Estabilidade de um Talude Rodoviário na Região de Chapecó – SC - Camila Giane Carraro; Patricia
Bortolanza; Marieli Biondo Lopes
GJ 36457 Aplicação do Sistema D+s para Controle Rigoroso da Execução de Estacas Cravadas - Eduardo C. do Val; Sérgio A.
Uemura
GJ 36487 Avaliação Funcional de Trechos da Rodovia RN-118 - Alisson Cabral Barreto; Milany Karcia Santos Medeiros; Alyne
Karla Nogueira Osterne; Ricardo Leandro Barros da Costa; Lanna Celly da Silva Nazário
GJ 35162 Caracterização das Principais Manifestações Patológicas em Pavimentos Flexíveis: Estudo de Caso de um Trecho
Crítico da Rodovia DF-001 (Pistão Sul), Taguatinga / Distrito Federal - Alexsandra Maiberg Hausser; Lucélia Lisboa
Ribeiro; Gabriela de Athayde Duboc Bahia; Rideci Farias; Haroldo Paranhos
GJ 34695 Desenvolvimento de um Programa de Controle de Qualidade para Fundações - Lauren Ane Dalmás Cereza; Maycon
André de Almeida; Vanessa Wiebbelling
GJ 36229 Dimensionamento de Drenos Horizontais Profundos para Estabilização de Pilha de Estéril - Aline de Almeida
Marques; Mateus Franco Sabadini; Jeanne Michelle Garcia Castro
GJ 36450 Modelagem Numérica de uma Estrutura de Solo Grampeado em Solo Argiloso - Fabrício Jerônimo Gonzalez Dias;
José Otávio Serrão Eleutério
GJ 35120 Pavimento Rígido: Caracterização das Principais Manifestações Patológicas Encontradas na Estrada Parque
Taguatinga-DF - Saulo Henrique Silva Bezerra; Gabriela de Athayde Duboc Bahia; Carolina de Athayde Duboc Bahia;
Neusa Maria Bezerra Mota
GJ 34270 Apoio Pedagógico a Escolas de Ensino Básico através do Projeto de Extensão Conhecendo o Solo, desenvolvido
em cidades da Zona da Mata Mineira - Klinger Senra Rezende; Ana Carolina Dias Baêsso; Ingrid Ferreira Macedo;
Nádia Aparecida dos Santos Lopes; Guilherme Rivelli Cardoso Soares; Leonardo Roberto da Cruz Silva; Sara Macedo
Duarte; Rafael Ozório Braga; Carla Ruela Moura; Leonardo de Araujo Silva
GJ 35974 Automatização de Projetos Executivos de Fundações Superficiais com Auxilio da Ferramenta VBA nos Softwares
MS Excel e AutoCAD - Mauro Alexandre Paula de Sousa; Alan Henrique Carneiro Brito; Vanessa Silva Carvalho; José
Vicente Benevides Ribeiro; Silas Nunes Costa
GJ 34560 Benefícios Proporcionados pela Sequência Lógica de Aprendizado em Geologia e Geotecnia para Cursos de
Engenharia Civil - Christiane Ribeiro da Silva; Flávia Cauduro; Rafael Ribeiro da Silva
GJ 36475 Criação de Um "Jogo de Baralho" para o Aprendizado de Aterros sobre Solos Moles - Iago Teles Oliveira; Djalma
Theodoro da Silva; Ivo Macedo Martins; Tâmara Mariane Teixeira Mendes; Vitor Noronha Aguiar; Fabielle Rodrigues
Sena; Priscila Guimarães Miranda; Carlos Eduardo Coelho; Rafael Genaro; Alcino de Oliveira Costa Neto
GJ 36514 Desenvolvimento de Calculadora Online para o Cálculo de Recalques por Adensamento Primário - Pedro Henrique
Barbosa Guerra; Magaly Alves Fernandes; Rafael Barreiros Braga; Lucas Pereira Braga; Pedro Henrique Gomes De
Oliveira; Victor Ramalho Lustosa; Dianne Oliveira Guerson; Rafael Genaro; Alcino De Oliveira Costa Neto
GJ 36714 Desenvolvimento de Modelos Físicos de Fenômenos Geotécnicos para o Ensino de Geotecnia - Natalia De Souza
Correia; Fernando Henrique Martins Portelinha; Leonardo Vinicius Paixão Daciolo; José Wilson Batista Da Silva
GJ 36502 O Uso de Maquete como Representação do Processo de Adensamento e do Recalque do Solo - Dayhanne Isa
Langkammer Wolff; Ayandra Figueiredo; Juliana Borges dos Santos; Karina Rodrigues Oliveira; Síndia Viana
Rodrigues; Thomás Schubert Albeny; João Pedro Rabelo de Sousa Araújo; Francisco César Dalmo; Alcino de Oliveira
Costa Neto
GJ 36466 Representação em Modelo 3d de um Tubulão a Céu Aberto - Tammy Reis de Paiva Condé; Caroline Mendes Torres;
Letícia Mendonça dos Santos; Telma Dias da Costa; Gisele Monteiro de Sousa; Ana Flávia de Pinho Araújo; Leonam
Reis Calatrone; Anderson Mattos Siqueira; Iara Ferreira de Rezende Costa; Alcino de Oliveira Costa Neto
GJ 36527 Revista de Banca Como Ferramenta Auxiliar no Estudo de Solos Moles - Leonardo Henrique Lins Ramalho; Maria
Luiza Coimbra Assunção; Érica Cantão da Fonseca; Márcio Felício de Oliveira Júnior; Isabela dos Santos Cardoso;
Paula Alves Cardoso; Caroline Ferreira; Francisco César Dalmo; Iara Ferreira de Rezende Costa; Alcino de Oliveira
Costa Neto
GJ 35074 Avaliação do Tempo Mínimo Necessário para Reentrada em Áreas Recém Projetadas - Mina Cuiabá, Sabara - MG.
- Túlio César Abduani Lima; Guilherme Albano Viana Costa; Felipe de Brito Pereira; Rafael Soares Pereira; Rodrigo
César Padula
GJ 34955 Comparativo de Custos Diretos entre Perfuração Direcional Horizontal e Abertura De Vala para Instalação de
Dutos - Milagros Alvarez Sanz; Yuri Daniel Jatobá Costa; Carina Maia Lins Costa; Gracianne Maria Azevedo do
Patrocínio
GJ 36148 Injeções Cimentícias para Controle de Deslocamentos em Solos Metaestáveis - Estudo de Caso do Túnel do Metrô
de Brasília - Max Gabriel Timo Barbosa; André Pacheco de Assis
TEMA: ESCORREGAMENTOS
GJ 34625 Implementação Computacional do Método de Janbu com uma Aplicação de Retro-Análise do Escorregamento de
Vajont - Vital Matos Batista; Hélio Machado Baptista; Paulo Gustavo Cavalcante Lins
GJ 36541 A Problemática dos Taludes Urbanos: Uma Revisão Bibliográfica - Marianne Bueno dos Passos Brum; Anays Mertz
Antunes
GJ 35399 Análise de Estabilidade de Talude por Método Probabilístico - Mário Rodrigues de Oliveira Júnior; Tatiana Tavares
Rodriguez; Daniel de Andrade Faria; Roberto Lopes Ferraz
GJ 36482 Análise Probabilística da Estabilidade de Talude na Mina do Cauê - Andrea Nascimento Vecci; Ana Luiza Rossini V.
de Oliveira; Alberto S. F. J. Sayão
GJ 34555 Avaliação das Áreas com Predisposição à Movimentação de Massa no Município de Rio Paranaíba – Minas Gerais
- Carolina Naves Ribeiro; Tárick Rodrigues Almeida Fernandes; Lucas Martins Guimarães
GJ 35757 Avaliação do Comportamento de Muros de Gravidade Construídos com Solo-Pneus - Guilherme Faria Souza Mussi
de Andrade; Daniel Silva Lopez; Bruno Teixeira Lima; Ana Cristina Castro Fontenla Sieira; Alberto de Sampaio Ferraz
Jardim Sayão
GJ 34495 Estudo de Caso: Análise da Estabilidade Geotécnica de um Reservatório Escavado - Jordan Lopes Albino; Douglas
Santos Sousa; Leandro Neves Duarte; Tales Moreira de Oliveira; Guilherme de Ávila Mafia
GJ 34676 Influência da Resistência à Tração em Análises de Estabilidade em Taludes Verticais - Igor Medeiros Cardoso;
Fernanda Ferreira da Silva; Tatiana Tavares Rodriguez
GJ 35680 Projeto de Estabilização de Encosta em Área de Reserva Ambiental em Salvador/BA - Felipe Augusto Nunes Berquó
GJ 34652 Talude de Corte em Área Urbana de Risco - Jonathan do Amaral Braz; Kamila Oliveira do Carmo; Isabella Novais
Silva; Tatiana Tavares Rodriguez; Jordan Henrique de Souza
GJ 34697 Análise Comparativa de Métodos para Dimensionamento de Estacas-Prancha em Balanço. - Gustavo Henrique do
Nascimento Ferreira; Luiz Augusto da Silva Florêncio; Carina Maia Lins Costa
GJ 34885 Análise Comparativa entre Modelo Numérico – Plaxis 2D – e Métodos Analíticos para o Caso de Estrutura de
Contenção em Obra Portuária - Marina Lopes de Andrade
GJ 34391 Análise de Estabilidade e Tensão-Deformação na Face de Escavação Estabilizada com Solo Grampeado Utilizando
Grampos Suplementares - Adileisson Gondim; Jean Rodrigo Garcia
GJ 35698 Comparativo entre Metodologias Clássicas e Análises Tensão x Deformação em um Projeto de Contenção do Tipo
Cortina - Carla Beatriz Costa de Araujo; Silvrano Adonias Dantas Neto
GJ 34730 Cortinas Atirantadas em Obras de Escavação - Modelagem Numérica e Estudo Paramétrico - Luiz Fernando
Nicodemos Rodrigues; Mario Vicente Riccio Filho
GJ 34541 Dimensionamento de Solo Grampeado Considerando a Resistência Não Saturada do Solo e da Interface
Solo/Grampo - Danilo Borges Cavalcanti; Carlos Alberto Lauro Vargas; Gilson de Farias Neves Gitirana Junior
GJ 35617 Estabilização de Talude Através da Técnica de Solo Reforçado - Estudo de Caso Ocorrido na Faculdade de
Engenharia - UFJF – Juiz de Fora/MG. - Victor Luiz Silva Guedes; Julia Righi De Almeida; Thainá Faria Oliveira
GJ 36522 Estudo Paramétrico do Comportamento Geotécnico de Estruturas de Contenção de Solo Reforçado Submetidas
ao Processo de Compactação - Rogério Gonçalves Sarmento Junior; Lucas Broseghini Totola; Katia Vanessa Bicalho;
Bruno Teixeira Dantas
GJ 34974 Influência da Coesão do Solo de Enchimento no Dimensionamento de Estruturas de Contenção em Solo Reforçado
- Gabriela Ernandes Silva Santa Fé; Carlos Rezende Cardoso Júnior
GJ 34533 Influência da Rigidez e da Inclinação da Face no Comportamento de Estruturas de Solo Grampeado - Cauê Antônio
Barreto da Rosa dos Santos; Maurício Ehrlich
GJ 36097 Modelagem de Estruturas de Contenção de Solo Reforçado no Sistema Terramesh - Taila Ester de Souza; Carlos
Alberto Simões Pires Wayhs; Alan Donasolo
TEMA: FUNDAÇÕES
GJ 35734 Análise Comparativa de Métodos Semi-Empíricos para Previsão da Capacidade de Carga Axial em Estacas do tipo
Hélice Contínua - Lucas Melo Monteiro; Carla Beatriz Costa de Araújo; Marcelle Quelve da Costa Silva
GJ 35739 Comparativo entre Soluções de Fundações Profundas em Estacas para Diferentes Métodos de Cálculo de
Capacidade de Carga - Marcelle Quelve da Costa Silva; Ana Jéssica Freitas Mendes; Maria Mariana de Sousa Rocha;
Carla Beatriz Costa de Araújo
GJ 36263 Análise da Solução Adotada para a Fundação de um Píer numa Edificação Histórica. Estudo de Caso - Museu da
Rampa, Natal – RN - Sansara Félix Pereira; Bruma Morganna Mendonça de Souza; Rafaella Fonseca da Costa; André
Augusto Nóbrega Dantas; Weber Anselmo dos Ramos Souza; Eduardo Marques Vieira Pereira; Samyr Augusto da
Silva Nascimento
GJ 34993 Análise do Desempenho de Edificação com Fundação em Estacas Metálicas no Recife - Jeovana da Silva Souto
Maior; Pedro Oliveira; Joaquim Oliveira
GJ 36223 Análise de Projeto de Fundação em Radier Estaqueado para Silos Graneleiros - Matheus Praciano Sampaio;
Humberto Laranjeira de Souza Filho
GJ 36538 Análise de Prova de Carga Estática com Célula Expansiva Hidrodinâmica Bidirecional-Arcos x Métodos Semi-
Empíricos de Estimativa de Carga - Caio Araujo Marinho; Tales Moreira de Oliveira; Higor Pena Coelho; Thiago
Brienne Gonçalves Gomes; Sabrina Andrade Rocha; Flávio Luiz de Carvalho; Leandro Neves Duarte
GJ 36469 Análise de Prova de Carga Estática em Estaca Escavada a Trado Mecânico Executada na Formação Barreiras na
Cidade de João Pessoa – PB - Safyra Hadassa Alves Gurgel; Wilson Cartaxo Soares; Gabriel Victor Barbosa Meireles;
Ewerton Felipe de França Oliveira Andrade; Hallexssandryne Drihelly Gomes do Nascimento
GJ 35153 Análise de Recalques de Estacas Metálicas Constituídas de Trilhos Ferroviários - Juliana Martins Pereira; David De
Carvalho; Rogério Carvalho Ribeiro Nogueira
GJ 34488 Análise dos Métodos de Cálculo de Recalques em Estacas do Tipo Hélice Contínua - Matheus Gonçalves Bazan;
Tiago Alves Vieira
GJ 35997 Análise Estatística da Aplicabilidade dos Métodos Semi-Empíricos de Estacas Hélice-Contínua à Luz da NBR6122 e
Eurocode 7 - Carolina Tami Kuboyama; Kurt André Pereira Amann
GJ 36323 Análise Estatística de Excentricidades das Estacas do Tipo Hélice Contínua na Região do Paiva - Ricardo de Souza
Delgado; Jeovana da Silva Souto Maior; Pedro Oliveira
GJ 34331 Análise Numérica de Aspectos Geotécnicos das Fundações de Torres de Aerogeradores Instalados na Zona
Costeira do Estado do Rio Grande do Norte. - Lucas da Silva Moraes; Lílian Oliveira Lima; Alexsandro Weyand
GJ 35614 Atrito Negativo no Projeto de Fundação Profunda: Estudo de Caso em Aracaju/SE. - André Luiz Delmondes Pereira
Filho; Carlos Rezende Cardoso Júnior
GJ 35334 Avaliação da Parcela de Atrito Negativo em Estacas Pré-moldadas - Bruna Moreira Beire; Juliane Cristina Gonçalves
GJ 34643 Banco de Dados de Obras em Radier Estaqueado na Região Metropolitana do Recife - Paulo Marcelo Cavalcanti de
Oliveira Souza; Allan Emmanuel de Araújo Machado; Rodrigo Figueiredo Roma; Pedro Eugenio Silva de Oliveira;
Joaquim Teodoro Romão de Oliveira; Alexandre Duarte Gusmão
GJ 34578 Comparação de Desempenho de Métodos de Previsão de Capacidade de Carga de Fundações Profundas para um
Caso de Obra em Balneário Camboriú – SC - Thayara Monteiro Orandes da Graça; Marcelo Heidemann; Helena
Paula Nierwinski
GJ 35889 Comparação de Metodologias de Estimativa de Recalques com os Obtidos em Prova de Carga Direta Sobre
Terreno de Fundação - Larissa Fernandes Sasso; Alexia Cindy Wagner; Rosana Wendt Brauwers; Fernanda Maria
Jaskulski; Thalia Klein da Silva; Professor Mestre Carlos Alberto Simões Pires Wayhs; Professor Doutor Cesar Alberto
Ruver
GJ 35717 Análise da Viabilidade de duas Metodologias de Projeto para Fundações Profundas em Recife - PE - Thiago Augusto
da Silva; Pedro Oliveira
GJ 35346 Desenvolvimento de um Aplicativo em VBA, de Cálculo de Recalque em Estacas e Tubulões por Meio de
Engenharia Reversa - Renato Lima dos Santos; Rose Carvalho Rocha Elias; Leandro Neves Duarte
GJ 34990 Discussão Sobre a Influência da Excentricidade Executiva de Estacas Sobre a Probabilidade de Ruína de Fundações
- Marcelo Sabino Costa; Pedro Oliveira; Joaquim Oliveira
GJ 35886 Ensaio de Placa como Instrumento de Determinação da Tensão Admissível dos Solos do Noroeste do Rio Grande
do Sul - Alexia Cindy Wagner; Larissa Fernandes Sasso; Rosana Wendt Brauwers; Thalia Klein da Silva; Fernanda
Maria Jaskulski; Professor Mestre Carlos Alberto Simões Pires Wayhs; Professor Doutor Cesar Alberto Ruver
GJ 35768 Estacas de Reforço em Solo-Cimento como Forma de Viabilizar o Uso de Sapatas em Solo Residual Mole - Thays
Car Feliciano de Oliveira; Bianca Gabriel dos Santos Dezen; Isabela de Oliveira Antonio; Renata Rauber Dahmer; Julio
Cesar Bizarreta Ortega
GJ 35849 Estudo Comparativo do Solo da Área do Campus Definitivo da Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho –
UFRPE com Adição de Cal - André Vinícius Melo Couto; Cecília Maria Mota Silva Lins; Katia Botelho Torres Galindo;
Camila Freire Nunes
GJ 35358 Estudo Comparativo entre Estacas - Ana Luiza de Assis Rezende
GJ 36536 Estudo da Influência do Sentido de Aplicação de Carga - Tamires da Silva Campos; Wallison Cardoso dos Santos;
Davi Oliveria Leonel; Paulo Sérgio dos Reis Júnior; Tales Moreira de Oliveira
GJ 36544 Estudo do Comportamento Geotécnico de Sapatas Assentes Sobre Solo Melhorado com Estaca Mini-RAP - Tales
Moreira de Oliveira; Flávio Luiz de Carvalho; Caio Araujo Marinho; Túlio Pena da Silva; Claudio Henrique de Carvalho
Silva; Gregório Luís Silva Araújo
GJ 35349 Investigação Numérica do Comportamento da Fundação de uma Torre de Telecomunicações em São Paulo - Tiago
de Jesus Souza; David Americo Fortuna Oliveira; Dimas Betioli Ribeiro
GJ 35699 Mapeamento Geológico-Geotécnico do Subsolo do Município de Chapecó/SC - Matheus Kniest Gonçalves; Marieli
Biondo Lopes
GJ 36651 Melhoramento de Solo Colapsível com Técnica DSM (Deep Soil Mixing) em um Parque Eólico na Bahia - Mateus
Gusmão Brindeiro; Alexandre Duarte Gusmão; Gilmar de Brito Maia; Ricardo José Barbosa de Souza; Hainer Bezerra
de Farias
GJ 36218 Metodologia para correção de Métodos Semiempíricos de Capacidade de Carga de Estacas Visando o Conceito de
Aplicabilidade Segundo a NBR6122 e Eurocode 7 - Caio de Oliveira Silva; Kurt André Pereira Amann
GJ 36294 Previsão da Capacidade de Carga de Estacas Hélice Contínua através dos Conceitos de Energia de Cravação de
ensaios SPT - Narayana Saniele Massocco; Bruno Andrade de Freitas; Fábio Krueger da Silva
GJ 36385 Previsão Numérica dos Recalques em Fundações Estaqueadas na Cidade de Jataí-GO. - Jean Lucas Souza de
Oliveira; Tallyta da Silva Curado
TEMA: GEOSSINTÉTICOS
GJ 34698 Análise da Aplicação de Geocélulas para Reforço de Fundações Diretas: Estudo de Caso. - Alba Rosilda Gois
Filgueira; Luiz Augusto da Silva Florêncio; Carina Maia Lins Costa; Yuri Daniel Jatobá Costa
GJ 36219 Análise da Influência da Compacidade de Solos Granulares nos Parâmetros de Resistência da Interface Areia-
Geomembrana Através do Ensaio de Cisalhamento Direto - Lorena Bosser Nepomuceno; Pablo dos Santos Cardoso
Coelho; Lucas Deleon Ferreira; Christ Jesus Barriga Paria; Eleonardo Lucas Pereira; Romero César Gomes
GJ 34646 Avaliação da Resistência à Compressão Uniaxial de Solos Argilosos com a Incorporação de Geogrelhas e
Geotêxteis Tecidos - Juliana Reinert; Raimundo da Costa Lima Júnior; Túlio César Floripes Gonçalves; Camilla Cristina
Cunha Menezes
GJ 36133 Avaliação dos Fatores de Influência no Ensaio de Cone Geotêxtil - Wesley Silva de Oliveira; Maria das Graças
Gardoni Almeida; Fernanda Taysa de Castro Moraes
GJ 35582 Resistência ao Cisalhamento Direto do Poliestireno Expandido (EPS) - Mariana Basolli Borsatto; Rogério Custódio
Azevedo; Paulo César Lodi; Beatriz Garcia Silva; Bruna Rafaela Malaghini; Caio Henrique Buranello dos Santos
GJ 36261 Revestimento com Geocélulas de PEAD Preenchidas com Concreto em Substituição a Estruturas Rígidas de
Concreto Armado para Drenagem Superficial em Pilhas de Estéril. - Wladimir Caressato Junior; Carlos Antônio
Centurión Panta
GJ 34922 Soluções em Geossintéticos na Comunidade São Rafael, João Pessoa, Paraíba - Camila de Andrade Oliveira; Hanna
Barreto de Araújo Falcão; Jorge Luiz de Souza Junior; Leonardo Ferreira da Silva; Fábio Lopes Soares; Aline Flávia
Nunes Remígio Antunes
GJ 35663 Avenida Governador Agamenon Magalhães – Recife: da Formação Geológica ao Uso e Ocupação. - Raíza Silva
Bezerra; Silvio Romero de Melo Ferreira; Ariane da Silva Cardoso; Karlla de Albuquerque Souza Cavalcante
GJ 35047 Desenvolvimento de Aplicativo para Auxílio no Cadastramento de Erosões Lineares em Meio Urbano - Douglas
Pose de Oliveira; Maurício Martines Sales; Pedro Henrique Matheus e Silva; Ramon Ítalo Mendonça Martins;
Wellington Santos Martins
GJ 36226 Estimativa da Capacidade de uma Cava de Mineração por Meio de Simulações Numéricas - Mariana Queiroz Pinho;
Waldyr Lopes de Oliveira Filho; Stéphanie Oliveira Moura e Sá
GJ 34486 Utilização dos Resíduos de Quartzito na Construção Rodoviária - Hemilly Cristine Lobo Fernandes; Rodolfo
Gonçalves Oliveira da Silva
GJ 35742 Adição de Material Fresado a um Solo da Região do Recôncavo Baiano para Utilização como Camada de Pavimento
Rodoviário - Luciana Negrão de Moura; Mario Sergio de Souza Almeida; Fernanda Costa da Silva Maciel; Weiner
Gustavo Silva Costa; Camilla Maria Torres Pinto
GJ 36583 Aferição da Compactação Produzida por Caminhões Foras de Estradas, sobre um Estéril Granular, Visando
Aproveitamento desta Camada como Base de Pavimento. - Thiago Brienne Gonçalves Gomes; Tales Moreira de
Oliveira; Sabrina Andrade Rocha; Higor Pena Coelho; Flávio Luiz de Carvalho; Caio Araujo Marinho
GJ 36306 Análise de Misturas de Solo Argiloso Laterítico e Resíduo de Construção Civil Estabilizado para Uso em Bases de
Pavimentos Econômicos - Gabriela Almeida Bragato; Tainara Kuyven; Leonardo Brizolla de Mello; Taciane Pedrotti
Fracaro; Jessamine Pedroso de Oliveira; Katuay Zarth; Professor Mestre Carlos Alberto Simões Pires Wayhs;
Professor Doutor Cesar Alberto Ruver
GJ 36543 Análise do Desempenho de uma Mistura Asfáltica a Quente com Adição de Escória de Aciaria - Rafael Batista
Fernandes; Elisa Zulmira Coelho Serafim; Paulo Roberto Borges
GJ 34898 Análise dos Efeitos da Estabilização Química com Hidróxido de Cálcio Sólido em Solos Provenientes de Rio Branco
- AC e Guajará-Mirim - RO para Fins de Pavimentação. - Carlos Martins Amaecing Junior; Simone Ribeiro Lopes
GJ 35404 Avaliação de Características Físicas do Pavimento Flexível de um Trecho na Asa Norte, Brasília/Distrito Federal -
Vitor Cordeiro Galvão Pereira; Rideci Farias; Haroldo da Silva Paranhos; Jairo Furtado Nogueira
GJ 36494 Efeito da Adição de Resíduos de Cerâmica Vermelha no Módulo Resiliente de um Solo Argiloso da Formação
Geológica Guabirotuba - João Luiz Rissardi; Eclesielter Batista Moreira; Jair Arrieta Baldovino; Ronaldo Luis dos
Santos Izzo; Amanda Dalla Rosa Johann
GJ 35830 Estudo da Estabilização de um Solo Residual Jovem do Recôncavo da Bahia com Cimento - Gabriel Barbosa da
Silva; Weiner Gustavo Silva Costa; Mário Sérgio de Souza Almeida; Cleidson Carneiro Guimarães; Masélia Fernandes
de Magalhães; Iago Amorim Guilhermino de Jesus
GJ 35847 Estudo de um Solo Melhorado com Cal para Cura ao Ar e Cura Isolada do Ar - Iago Amorim Guilhermino de Jesus;
Weiner Gustavo Silva Costa; Mário Sérgio de Souza Almeida; Cleidson Carneiro Guimarães; Gabriel Barbosa da Silva
GJ 36608 Estudo de um Solo Município de Cruz das Almas – BA Melhorado com Cal para Diferentes Tempos de Cura e
Métodos de Mistura - Thomas Soares Ferreira Gonçalves; Weiner Gustavo Silva Costa; Tarcio Oliveira Lopes
GJ 35547 Estudo para Emprego de um Plintossolo como Camada Estrutural de Via Não Pavimentada – Trilha do Talhamar –
Parque Nacional da Lagoa do Peixe – Tavares/RS. - Camila da Silva Martinatto; Cezar Augusto Burkert Bastos; Milton
Luiz Paiva de Lima; Christian Garcia Serpa
GJ 35546 Estudo sobre Dosagem e Propriedades do Saibro Britado – Alternativa de Material de Pavimentação na Região
Sul do Rio Grande do Sul - Regis Pinheiro Maria; Cezar Augusto Burkert Bastos
GJ 35576 Mejoramiento del Suelo Granular del Estribo 1 del Puente Sobre el Rio Magdalena del Municipio de Puerto Berrio
(ANTIOQUIA) por Medio de la Compactación Dinámica - Yohn Edison Polo Garzon; Erica Alejandra Ramirez Laverde
GJ 36186 Análise da Eficácia de Dispositivos de Vedação em Fundação Permeável - Lisyanne de Vasconcelos Freire; Olavo
Francisco dos Santos Júnior; Osvaldo de Freitas Neto; Antonio Gilberto Simões de Oliveira
GJ 35771 Avaliação de Modelos Físicos Reduzidos Construídos em Laboratório para o Estudo da Percolação de Água em
Duas Barragens Homogêneas de Terra - Thays Car Feliciano de Oliveira; Bianca Gabriel dos Santos Dezen; Renata
Rauber Dahmer; Isabela do Oliveira Antonio; Julio Cesar Bizarreta Ortega
GJ 35835 Prevenção de Erosão Costeira por Meio de Contenção por Enrocamento: Estudo de Caso na Praia do Meio em
Natal/RN - Bruma Morganna Mendonça de Souza; Rafaella Fonseca da Costa; José Edson de Almeida Júnior; Andre
Augusto Nobrega Dantas; Eduardo Marques Vieira Pereira; Weber Anselmo dos Ramos Souza; Sansara Félix Pereira
GJ 34451 Análise da Colapsibilidade do Solo da Região de Cascavel- PR através de Critérios de Identificação - Maísa Negrini
Zanella; Maycon André de Almeida
GJ 35461 Avaliação das Propriedades Geotécnicas dos Solos Compressíveis de Aracaju e Região Metropolitana - Letícia
Menezes Santos Sá; Erinaldo Hilário Cavalcante; Guilherme Bravo de Oliveira Almeida; Carlos Rezende Cardoso
Júnior
GJ 35879 Características Intrínsecas de Compressibilidade de Duas Argilas Litorâneas Brasileiras - Thaís Klein Fornazelli
Martins; Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão; Sandro Salvador Sandroni
GJ 34727 Caracterização de um Solo Tipo Massapê para Verificação do seu Potencial Expansivo - Larissa da Silva Oliveira;
Stephanny Conceição Farias do Egito Costa
GJ 36379 Esforços Horizontais em Estacas da Ponte sobre o Rio Jaguaribe em João Pessoa- PB Provenientes da Ação dos
Aterros de Acesso. - Eloiza Ramalho Montenegro Soares; Wilson Cartaxo Soares; Roberto Quental Coutinho;
Alexandre Duarte Gusmão
GJ 34736 Estabilização Química de um Solo Expansivo do Município de Nossa Senhora do Socorro/SE - Rômulo Carvalho
Costa; Carlos Rezende Cardoso Júnior; Guilherme Bravo de Oliveira Almeida; Erinaldo Hilário Cavalcante
GJ 36238 Estudo da Técnica de Melhoramento de Solos Moles com Colunas de Brita em um Trecho do Sistema Viário do
Centro Metropolitano do Rio de Janeiro - Fernanda Valinho Ignacio; Bruno Teixeira Lima; Juliano de Lima
GJ 34266 Estudo de Qualidade de Amostras de Solo Mole - Ariela Rocha Cavalcanti; Joaquim Teodoro Romão de Oliveira
GJ 35462 Influência da Condição Inicial de Umidade na Expansão de um Vertissolo do Grupo Santo Amaro - Hamilton
Estevão da Costa; Luciene de Moraes Eirado Lima
GJ 34726 Potencial Expansivo de Solos da Rodovia BR 324 no Trecho entre Feira de Santana e Salvador – Uma Análise
Experimental - Oskar Pinto Oliveira; Miriam de Fátima Carvalho; Leonardo Machado Borges; Kleber Azevedo
Dourado
GJ 36692 Previsão da Resposta Sísmica de Depósito de Solo Mole Mediante Métodos Simplificados - Miguel Angel Villalobos
Bravo; Celso Romanel
GJ 34965 Relação entre a Resistência à Tração de Solo Não Saturado e a Sucção - Maria Fernanda Wamser Barra; Tatiana
Tavares Rodriguez; Nivalda Aparecida Condé de Oliveira; Juliana Santos Fabre
GJ 35470 Resistência ao Cisalhamento de um Solo Arenoso Não Saturado do Município de Bauru-SP - Amanda Leoncini
Carvalho Barros; Roger Augusto Rodrigues
GJ 35969 Utilização de Alternativas não Convencionais nas Soluções de Projeto - Fernanda Lopes Oliveira; Maruska Tatiana
N. S. Bueno
GJ 35191 Utilização de um Algoritmo Genético no Ajuste de Curvas de Retenção de Água no Solo - Gustavo Armando dos
Santos; Eduardo de Souza Cândido; Roberto Francisco de Azevedo; Ana Carolina Dias Baêsso
TEMA:
ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCOS
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
RESUMO: A boa gestão de barragens é essencial para uma convivência equilibrada com os
períodos de estiagem. Os proprietários desses empreendimentos frequentemente encontram-se em
situações onde decisões devem ser tomadas com base em análises das consequências devido às
falhas que, eventualmente, se manifestam. Entretanto, comumente as informações disponíveis não
permitem ao gestor executar o planejamento adequado para o gerenciamento da falha. A
quantificação do risco surge como uma opção válida e aplicável para a análise de risco, agregando
uma gravidade ao risco de falha. Este artigo apresenta uma metodologia para a quantificação do
risco de piping em barragens com o uso da confiabilidade aplicada à distribuição de Weibull.
Barragens classificadas como de alto risco, de acordo com inspeções formais realizadas, foram
escolhidas como estudo de caso para validação dos resultados obtidos. Em todos os casos estudados
o método apresenta boa adequação na representação do risco referente as anomalias constatadas.
saber com que frequência as falhas podem fadiga de metais (Reis, T.C.S., 2017).
ocorrer. A confiabilidade pode ser usada na Para com Meyer (1983), a distribuição de
definição de um protocolo de previsão de falha. Weibull representa um modelo adequado para
Segundo Smith (2017), confiabilidade pode uma lei de falhas, sempre que o sistema for
ser definida como a probabilidade de que um composto de vários componentes e a falha seja
item executará uma função requerida, em essencialmente devida à "mais grave"
condições estabelecidas, por um determinado imperfeição ou irregularidade dentre um grande
período de tempo. De acordo com Gomes et al. número de imperfeições do sistema.
(2016b), o conceito de confiabilidade está De acordo com Carnaúba e Sellitto (2013), a
relacionado à capacidade de um produto ou distribuição de Weibull é uma expressão
sistema manter-se funcional durante o tempo semiempírica muito utilizada em engenharia de
em que esteja operando, podendo ser manutenção, que modela adequadamente uma
considerado complementar ao conceito risco. ampla variedade de situações, em que unidades
Como relata Smith (2017), ao longo da apresentam funções de risco distintas. Segundo
história da engenharia, a melhoria da Reis (2017), ainda hoje, a distribuição Weibull
confiabilidade (também chamada de é uma das mais utilizadas distribuições na área
crescimento da confiabilidade), surgiu como de sobrevivência e confiabilidade.
uma consequência natural das análises de falha. Associando a confiabilidade à distribuição de
Para Modarres et al. (2017), quando os Weibull, o modelo estabelecido é expresso
mecanismos de falha são conhecidos e pelas seguintes equações:
devidamente considerados no modelo, na
−1
manufatura, na construção, na produção e na t − t 0 t − t0
operação, seus impactos ou níveis de ocorrêcia f (t ) = e − (1)
podem ser minimizados, ou o sistema pode ser
−1
protegido através de cuidadosas análises t − t 0
econômicas e de engenharia. h(t ) = (2)
A maioria dos mecanismos de falha, suas
t − t0
R(t ) = e −
interações e processos de degradação, em
(3)
particular, geralmente não são completamente
compreendidos. Portanto, a predição de falhas
envolve incertezas sendo então inerente a um F (t ) = 1 − R (t ) (4)
problema probabilístico. Assim, análises de
confiabilidade, seja usando o processo físico de Em que: – Parâmetro de forma ou
falha ou o histórico de ocorrências, é um intesidade; – Parâmetro de escala ou vida
processo probabilístico (Modarres et al., 2017). característica; t – tempo até a falha; t0 – tempo
Consonante ao que afirma Gomes (2016), isento de falha; f(t) – função densidade
quando associados ao risco, os conceitos de probabilidade da distribuição de Weibull; h(t) –
confiabilidade tornam-se uma importante taxa de falha da distribuição de Weibull; R(t) –
ferramenta de quantificação, se subsidiados por função de confiabilidade da distribuição de
expressões advindas de distribuições de Weibull; F(t) – função densidade acumulada da
probabilidade. Neste trabalho, foi utilizada no distribuição de Weibull.
desenvolvimento da metodologia a distribuição A escolha da distribuição de Weibull está
de Weibull. diretamente relacionada a capacidade de moldar
Proposta por Weibull (1939, 1951, 1954) a a função a diferentes situações alterando seus
distribuição que leva o nome de seu autor, se parâmetros. A correta definição dos parâmetros
desenvolveu inicialmente em estudos de para aplicação da metodologia configura a
engenharia envolvendo tempo de falha por tarefa mais importante do processo, tendo em
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
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vista sua relevância no resultado final da 4.2 Definição dos parâmetros da distribuição
análise. de Weibull
Este trabalho apresenta uma metodologia
para quantificação de risco em barragens de A utilização da distribuição de Weibull
terra, considerando o desenvolvimento de justifica-se pela adequação da distribuição a
piping, que utilzia a confiabilidade associada a diferentes situações quando alterados seus
distribuição de Weibull. Essa metodologia pode parâmetros. Os parâmetros de forma () e o
ser utilzada no proccesso de hierarquizção e parâmetro de escala () são responsáveis diretos
tomada de decisões referentes ao risco. pelo comporamento da função, sendo
determinantes na forma como ocorre o
4 ESTUDO DE CASO desenvolvimento apresentado na função de
risco.
4.1 Casos selecionados para aplicação da Os parâmetros foram definidos
metodologia arbitrariamente de forma a se adequarem ao
Para aplicação da metodologia foram período da vida útil que as barragen se
selecionados três casos de barragens de médio encontram e a respectiva vulnerabilidade do
porte, segundo classificação da Resolução 143 seus materia constituintes ao desenvolvimento
(R143), localizadas nos sistemas hidrográficos de piping. A Tabela 2 apresenta a metodologia
das bacias do Rio Acaraú (Acaraú-Mirim e de determinação dos parâmetros utilizada.
Forquilha) e Coreaú (Premuoca), região norte
do estado do Ceará, ilustradas na Figura 3. Tabela 2. Definição dos parâmetros da distribuição de
Weibull
0,90 0,75 0,50
Pior cenário de Cenário de risco Melhor cenário de
risco médio risco
1 10 50
Se a barragem Se a barragem Se a barragem
possuir menos de estiver com idade possuir mais de 50
10 anos de operação entre 10 e 50 anos anos de operação
t
Idade a qual se deseja avaliar o risco
t0
Definido de acordo com o ínicio do desenvolvimento das falhas
funcional e um maciço feito com solo de boa Tabela 4. Resultados da aplicação do modelo de
graduação e coesão. Se houverem barragens que confiabilidade para a distribuição de Weibull.
Barragem t h(t) R(t) F(t) %
obtiverem o mesmo risco de piping, a
prioridade de intervenção deve ser definida Acaraú-Mirim 111,0 0,0143 0,3132 68,68%
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 4. Previsão do desenvolvimento de piping para o
Aplicando os parâmetros apresetados na ano de 2023.
Tabela 3 ao modelo de confiabilidade para a
distribuição de Weibull, expresso nas equações A Figura 4 demonstra o comportmento
de (1) a (4), foram obtidos os resultados, esperado no desenvolvimento do risco com o
apresentados na Tabela 4, para o risco de tempo. Considerando que não hajam eventos
desenvolvimento de piping nas barragens. catastróficos e intervenções corretivas nas
anomalias das barragens , é esperado que o risco
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
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RESUMO: A prática de engenharia dispõe de diversas soluções para a construção de aterro sobre
solos moles em obras de infraestrutura como rodovias, portos, canais, e aterros para construções em
geral como galpões, tanques, entre outros. Dessa forma a técnica de aterro estruturado é uma
solução bastante utilizada no Brasil e no mundo, em terrenos onde a alta compressibilidade ou a
baixa capacidade de suporte não são adequadas para suportar os carregamentos da construção.
Apesar das inúmeras vantagens desta técnica, os mecanismos de transferência de carga e
deformações que ocorrem no aterro ainda não são completamente entendidos e por este motivo os
resultados obtidos através dos diversos métodos analíticos encontrados na literatura são por vezes
distintos. Assim, este trabalho apresenta uma avaliação dos métodos analíticos propostos pelas
principais normas e recomendações internacionais (HEWLETT e RANDOLPH,1988, ZAESKE,
2001, VAN EEKELEN, 2013). Para tal, uma análise comparativa foi realizada entre os valores
previstos com os métodos analítico e os resultados obtidos em modelo numérico executado com o
programa de elementos finitos Plaxis 2D. O objetivo desta comparação foi de validar os métodos
analíticos que possam prever o comportamento mais próximo do encontrado em construções deste
tipo, acarretando em projetos com melhor desempenho e menor custo. As configurações
geométricas estudadas utilizaram parâmetros que contemplam diversas características de obras
executadas no Brasil.
ainda não são completamente entendidos e por maior área, consegue-se um maior espaçamento
este motivo os resultados obtidos são por vezes das estacas mantendo a mesma taxa de
distintos. cobertura.
Este trabalho visa fazer um estudo dos
métodos analíticos propostos por HEWLETT e (2)
RANDOLPH (1988) utilizado na norma inglesa
BS8006 (2010), método de ZAESKE (2001),
A Figura 2 apresenta as parcelas de carga
recomendado pela norma alemã da EBGEO
atuantes em uma estaca dentro de sua respectiva
(2011), e um método mais recente, proposto por
célula unitária. A carga do aterro é definida
VAN EEKELEN (2013). Esses modelos
como o produto do peso específico do solo pela
analíticos foram utilizados como referência na
espessura da camada de aterro, γ∙H. Sendo
obtenção dos parâmetros altura crítica (Hc) e
assim, a força total Q atuando na área A pode
Eficiência (E) através de modelos numérico do
ser obtida por meio do produto da carga total
programa Plaxis 2D. Para tal foram criados
pela área de influência de uma estaca e esta
diversos modelos de diferentes configurações
força pode ser também subdividida em força
geométricas (C1, C2, C3, C4),os quais contam
atuante no solo mole e força atuante sobre a
com espaçamentos de estacas, diâmetros e
estaca.
alturas diferentes.
Célula unitária
s q
d
Q /2 Q Q/
2 GEOMETRIA DOS ATERROS AE s'
ESTAQUEADOS s
AS
s
As estacas de aterros estruturado podem ser s-d
d
d
posicionadas no solo mole em malha quadrada s/2
ou triangular. A partir desta configuração, cada (a) (b)
estaca recebe igualmente uma parcela das
cargas do aterro e define-se assim a área total de Figura 1. Configuração geométrica, vista em planta de
cada célula unitária (A). A área total se dá pela uma malha quadrada.
soma da área da estaca (Ae) e a área de solo
q
compressível (As) de uma célula unitária. Na Célula unitária
q - carga do aterro
at
Figura 1 estão identificados outros parâmetros d
s q
Q /2 q - sobrecarga
geométricos como largura do capitel quadrado A Q Q /2
s' E Q - força no solo
s
(a), diâmetro do capitel (d), espaçamento centro s Q - força na estaca
p
1,5 (3)
C4
1,75 3,00 0,80 2,20 5,59 4,24
2,00
Assim, o aterro estruturado terá E = 100%
quando a carga total de uma célula unitária
3 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA (Figura 1) for suportada por sua respectiva
DE CARGA estaca.
Uma maneira de melhorar a eficiência do
Um dos primeiros estudos realizados sobre o mecanismo de transferência de carga é através
efeito de arqueamento foi o modelo apresentado da inserção de um reforço geossintético no topo
por TERZAGHI (1936) que consistia em uma das estacas que cria um efeito de membrana
plataforma com um alçapão e uma balança (VAN EEKELEN et al., 2012a, b). O
adaptada que permitia a medição da carga geossintético, além de transferir o carregamento
atuante sobre o mesmo. Ao colocar areia acima vertical não suportado pelo arqueamento,
da plataforma que contem a faixa de alçapão, também absorve as forças horizontais que
mostrou que, quando o alçapão se movia, a atuam para fora do aterro. Os mecanismos de
tensão vertical no mesmo decrescia, enquanto transferência de carga em um aterro estruturado
nas laterais estacionárias aumentava. estão apresentados na Figura 4.
5. MODELAGEM NUMÉRICA
7. RESULTADOS
Tabela 5. Valores das alturas críticas para as diferentes Figura 10 Visualização das tensões obtidas no Plaxis.
configurações estudadas.
Altura crítica, Hc
Zaeske Van Eekelen Mcguire H&R
C1 1,62 m 1,41 m 2,32 m 0,90 m
C2 2,19 m 1,77 m 2,72 m 1,25 m
C3 1,46 m 1,41 m 2,49 m 0,78 m
C4 2,75 m 2,12 m 3,13 m 1,60 m
modelo C2: s = 2,5 m, d = 0,8 m e α = 8,04%. Nota-se que o aumento do vão-livre acarreta
em uma significativa redução dos valores de
eficiência (mantidos os valores de H fixos).
Nestas Figuras também são confirmadas as
tendências encontradas nas análises
comparativas entre os métodos analíticos e
métodos numéricos supracitados.
RESUMEN: En este trabajo se presentan los espectros de respuesta obtenidos en siete distritos de
Lima, mediante el análisis de respuesta de sitio unidimensional en el dominio de las frecuencias y en
el dominio del tiempo. Para ello se estimaron los valores de aceleraciones máximas del suelo a partir
de un acelerograma sintético mediante el método de ajuste espectral, obteniéndose como resultado
las aceleraciones máximas de 0.50 g, 0.55 g y 0.60 g para suelos muy rígidos (S1), suelos intermedios
(S2) y suelos blandos (S3) respectivamente; asi como los valores de amplificaciones de las
aceleraciones del suelo “S” de 1.10, 1.20 y 1.30 respectivamente. Asimismo se obtuvieron espectros
de respuesta normalizados y se compararon con el factor de amplificación sísmica (C) de la norma
técnica E.030 obteniéndose como resultado valores que varian de 3.0 a 3.5, superiores a C=2.5
propuestos en la norma E.030.
3. CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS
DEL SUELO DE LIMA.
Figura 3. Perfil del Callao (DHN). Figura 4. Perfil del Cercado de Lima (PQR)
Figura 5. EPU y espectro del sismo 1974 Figura 6. Espectro ajustado al EPU
El acelerograma sintético se obtuvo usando similar en ambos análisis. Los análisis fueron
el algoritmo de Al Atik y Abrahamson (2009) y desarrollados utilizando los programas de
el registro del sismo de Lima de 1974, el que se cómputo DEEPSOIL, NERA y EERA.
modificó en función del contenido de
frecuencias. En la Figura 5 se muestra el espectro Los resultados muestran que en la superficie
de peligro uniforme (EPU) y el espectro del terreno, las aceleraciónes máximas promedio
obtenido de la señal sìsmica; en la Figura 6 se para los suelos muy rígidos (S1), suelos
muestra el espectro de respuesta original y el intermedios (S2), suelos blandos (S3) son 0.5g,
modificado por el método de ajuste espectral. 0.55g y 0.60g respectivamente; y las
amplificaciones del suelo “S” son 1.10, 1.20 y
5. ANÁLISIS DE LA RESPUESTA DE 1.3 respectivamente.
SITIO DE LA CIUDAD DE LIMA
Se obtuvieron los espectros de aceleración
Al realizar los análisis en el dominio del para cada uno de los perfiles (Figuras del 7a al
tiempo y en el dominio de las frecuencias, es 7i) obteniéndose los valores de aceleraciones
decir, análisis no lineal y lineal equivalente espectrales máximas, en el rango de períodos de
respectivamente, se verificó que el nivel de 0.1 s a 0.64 s, los que se presentan en la Tabla 1.
deformación cortante en todo el perfil es muy
Tabla 1. Aceleración espectral máxima, periodo de vibración
DEEPSOIL NERA EERA
Perfil
(g) (s) (g) (s) (g) (s)
CMA 1.48 0.29 1.53 0.28 1.77 0.39
DHN 1.49 0.23 1.42 0.23 1.61 0.64
PQR 2.25 0.10 1.68 0.09 1.09 0.12
MOL1 2.03 0.11 1.80 0.15 1.84 0.17
MOL2 2.19 0.29 2.48 0.28 2.95 0.28
MOL 2.03 0.11 1.80 0.15 1.84 0.17
CSM 2.6 0.29 2.48 0.28 2.95 0.28
CDL 1.21 0.09 0.99 0.23 1.01 0.21
VSV 2.07 0.20 2.22 0.13 2.68 0.14
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
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Figura 7a Figura 7b
Figura 7c Figura 7d
Figura 7e Figura 7f
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Figura 7g Figura 7h
Figura 8a Figura 8b
Figura 8c Figura 8d
Figura 8e Figura 8f
Nota:
S1= Suelo rígido
S2= Suelo intermedio
S3= Suelo Flexible
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
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Figura 8g Figura 8h
Figura 8i. Comparación de espectros de respuesta normalizada y la amplificación sísmica de la norma E.030.
Nota :
S1= Suelo rígido
S2= Suelo intermedio
S3= Suelo Flexible
2 TÉCNICA TUBE-À-MANCHETTE
rija e cor amarela. O nível d’água encontrava-se Tabela 2. Intervalo de parâmetros da argila arenosa
a 4,5 m de profundidade (Mendoza, 2013). As vermelha do campo experimental (modificado -
características da argila porosa podem ser vistas Mendoza, 2013)
na Tabela 1.
Em que w é a umidade, wL o limite de liquidez,
wP o limite de plasticidade, IP o índice de ID1(%) 7-9
plasticidade, γ o peso específico, γs o peso Φ 2 (0 ) 26 - 34
específico de sólidos, γd o peso específico seco, 3
c (kPa) 9-19
e por último tem-se as frações de areia, silte e
argilas obtidas por meio da granulometria com E2(MPa) 2,3 - 14
sedimentação, com a porosidade n. υ 0,3 - 0,4
Já a Tabela 2 apresenta os parâmetros K0 2
0,3 - 0,9
obtidos para o modelo de Mohr-Coulomb, por
OCR2 1 - 2,6
meio de correlações de Mendoza (2013).
Eeod2 (MPa) 19,2 - 21,6
1
Parâmetro obtido no ensaio SPT
2
Parâmetro obtido no ensaio DMT
3
Parâmetro obtido no ensaio triaxial
Figura 4. Faixa de solos passíveis de aplicação de cada técnica de injeção (modificado - Hayward Baker, 2016)
cimento, essas deveriam ser verificadas quanto optou-se pelo SPT pela rapidez de execução,
a coesão, viscosidade, densidade e exsudação. custo e o fato de ter sido realizado
Utilizou-se funil Marsh (Warner, 2004) para anteriormente no solo local. Assim poderia ser
aferir a viscosidade da calda e um Becker inferido o efeito das injeções nas propriedades
graduado junto a uma balança para do solo entre pontos de injeção. A disposição
determinação da densidade e da exsudação. dos ensaios SPT pode ser vista na Figura 8.
Já para a verificação da coesão da calda
de cimento, usou-se o reômetro de placa de
Lombardi (Lombardi, 1985). Esse instrumento
simples, de fácil manufatura, consiste de uma
placa de aço de 100 mm x 10 mm x 3 mm com
uma alça para inserção no misturador da calda,
conforme pode ser visto na Figura 7.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
RESUMO: Com o objetivo de avaliar a influência da sucção nos parâmetros geotécnicos de solos
compactados, foi realizado em laboratório ensaios com o Dilatômetro de Marchetti (DMT) em um
solo residual compactado em seu teor de umidade ótima. Para isto foi coletado em campo uma
amostra deformada com cerca de 470kg de solo residual de diabásio, que foi compactada em um
molde de 86cm de altura e 66cm de diâmetro. Para o monitoramento da sucção durante o experimento,
foram instalados sensores de sucção de matriz granular (SMG). Em seguida foram realizados dois
ensaios DMT no molde; o primeiro logo após a compactação, na condição de umidade ótima, onde o
valor médio de sucção foi de 66,3kPa, e o segundo após a saturação da amostra, com os sensores
indicando sucção nula. Verificou-se que a presença de sucção na amostra influenciou nos valores dos
parâmetros obtidos, principalmente os relacionados a rigidez do solo, como a resistência de ponta,
ângulo de atrito e módulos de deformabilidade, além do ensaio DMT ser considerado apropriado na
identificação dessas variações.
empregados para construção de rodovias, podem leitura B é a medida da pressão necessária para a
permanecer continuamente na condição não membrana expandir 1,1mm dentro do solo. A
saturada, estando relacionado aos mesmos uma leitura de pressão C é medida após 1 min. do
nova variável de estado de tensão, denominada acionamento da válvula de ventilação lenta. Esta
de sucção. leitura só é realizada em casos onde ocorrem
Foi com essa necessidade de melhor solos de comportamento não drenado.
compreender o comportamento dos solos As leituras de pressão A, B e C são então
compactados e a influência da sucção nos corrigidas por meio da rigidez da membrana, que
parâmetros obtidos, que o desenvolvimento é calibrada antes do início do ensaio, fornecendo
desta pesquisa foi motivado. Ela tem o propósito os valores de p0, p1 e p2.
de estudar a aplicabilidade do ensaio DMT em
um solo compactado em laboratório, visando a p0 = 1,05 ⋅(A − Zm + ΔA) − 0,05 ⋅(B − Zm − ΔB) (1)
obtenção dos parâmetros geotécnicos
característicos desses solos. p1 =B − Zm − ΔB (2)
Prof. de 45cm
Prof. de 27cm
9cm
Tabela 2. Resultados dos ensaios de caracterização amostra, onde as tensões de confinamento são
Argila [%] 27,77 menores.
Silte [%] 29,83
Análise Areia Fina [%] 16,29 Sucção [kPa] qD [MPa]
Granulométrica Areia Média [%] 20,00 0 30 60 90 0 3 6 9 12 15
Areia Grossa [%] 3,94 0
Pedregulho [%] 2,17
LL [%] 47 0,1 0,09
Limites de LP [%] 44
Atterberg IP [%] 3 0,2
IG 3
Profundidade [m]
Massa Específica ρs [g/cm³] 2,797 0,27
0,3
MCT NA' - NG'
HRB/AASHTO A-5 0,4
Classificações
SUCS ML
0,45
Textural Argila siltosa
0,5
Cisalhamento Coesão [kPa] 8,15
Direto Ângulo de atrito [°] 34,7
0,6
0,63
0,7
5. RESULTADOS DO ENSAIO DMT 1° DMT 1° DMT
2° DMT 2° DMT
A Figura 5 apresenta o perfil de sucção e de
resistência de ponta qD (razão entre a força de Figura 5 – Perfil de sucção e resistência de ponta qD
cravação da lâmina DMT e a sua área de seção
transversal) para os ensaios DMT realizados. p0 e p1 [kPa]
Para o primeiro ensaio realizado na condição de 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
umidade ótima, o perfil de sucção apresentou um 0
valor médio de 66,3kPa, para o segundo ensaio,
realizado na condição saturada, a sucção 0,1
medidas nos sensores foram iguais a zero.
Os perfis de p0 e p1, resultantes da correção 0,2
Profunidade [m]
condição saturada foi de 4,8MPa, cerca de 42% Para o 1° DMT a amostra foi classificada
menor. Observou-se a tendência de aumento de como uma areia siltosa, e para o 2° DMT como
qD com a profundidade, isso devido ao acréscimo silte arenoso e areia siltosa. Observa-se que em
da tensão vertical. nenhum dos ensaios a amostra foi classificada
A Figura 7 apresenta a relação entre as como argila siltosa, classificação obtida pelo
pressões corrigidas p0 e p1 e a resistência de ensaio de granulometria. A justificativa para este
ponta qD. Nota-se melhor correlação para p1, comportamento está no fato de que o parâmetro
comportamento também observado por ID reflete o desempenho mecânico do solo, e
Campanella e Robertson (1991). sendo a amostra compactada, sua resistência é
relativamente maior, resultando em um ID
1600 característico de um solo mais rígido.
p1 = 0,0867qD + 511,01
R² = 0,737
Para o parâmetro KD observa-se um perfil
1200 pp00 [kPa] com redução dos valores com a profundidade,
p0 e p1 [kPa]
p1
p1[kPa] comportamento classificado por Marchetti
(1980) como sendo característico de solos
800 p0 = 0,0215qD + 225,44 sobreadensados. Porém neste caso, esse
R² = 0,296 comportamento é devido as baixas tensões
400 atuantes nas primeiras profundidades, sendo
mais coerente um perfil de KD constante, já que
a amostra é compactada.
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Na Figura 9 são apresentados os valores para
qD [MPa] o parâmetro de módulo dilatométrico ED e para
o módulo oedométrico MDMT, obtido pela
Figura 7 – Relação entre p0 e p1 e qD proposta de Marchetti (1980) que correlaciona-
se com o índice ID e KD, além de ED. Nota-se que
A Figura 8 apresenta os valores obtidos para os módulos são menores para a condição
o índice de material (ID) e índice de tensão saturada.
horizontal (KD).
Módulo ED [MPa] Módulo MDMT [MPa]
Índice - ID Índice - KD 10 20 30 40 50 60 80 100 120 140 160
0 1 2 3 4 50 50 100 150 200 0
0
Areia
Argila
Silte
0,1
0,1
0,2
0,2
Profundidade [m]
Profundidade [m]
0,3
0,3
0,4
0,4
0,5 0,5
0,6 0,6
0,7 0,7
1° DMT 1° DMT 1° DMT 1° DMT
2° DMT 2° DMT 2° DMT 2° DMT
A Figura 10 apresenta os perfis para o interpartículas e a sucção, assim OCR foi maior
coeficiente de empuxo no repouso (K0) obtido para o ensaio que apresentava sucção.
pela correlação de Marchetti (1980), e para a Ressalta-se que as correlações utilizadas para
razão de sobreadensamento (OCR), obtido pela estimar K0 e OCR não são destinadas a solos
correlação de Lunne et al. (1989). residuais compactados, e assim apresentam
valores relativamente elevados quando
K0 - Marchetti (1980) OCR - Lunne et al. comparados aos encontrados na literatura. Porém
(1989) estes podem indicar variações nas condições de
2 4 6 8 10 0 25 50 75 100
0 compactação em aterros.
Com os dados do ensaio DMT também foi
0,1 possível estimar o ângulo de atrito efetivo (φ’),
como apresentado no perfil da Figura 11,
Profundidade [m]
encosta. Além disso, a unidade pode apresentar apresentando horizonte B menor que 50cm.
matacões dispersos e conter planos de fratura, Devido à sua localização, em áreas de
definindo caminhos preferenciais de percolação topografia íngreme, o processo de formação de
da água. Para a unidade PVg, a autora concluiu camadas de solo é dificultado (SANTOS, 1997).
que, o horizonte C, em estado natural, é muito Dessa maneira, a análise concorda com o
erodível. Esse fato é mais acentuado pelo fato estudo de Santos (1997), o qual destaca alguns
dos granitos da região apresentarem textura aspectos geotécnicos que tendem a desencadear
mais grosseira e menor quantidade de máficos. eventos de instabilidade. São eles (1) o
O quartzo e o feldspato tendem a apresentar horizonte B, o qual influencia na coesão
nenhuma coesão, a qual tende a aumentar aparente dos agregados e drenagem interna; (2)
quando o feldspato transforma-se em argila, os óxidos de ferro, que são agentes cimentantes
originando o horizonte B – com maior coesão e e influenciam na porosidade da estrutura, mais
menor erodibildiade. Daí a importância da ou menos permeável, influenciando a saturação
conservação do horizonte B em obras urbanas. do solo; (3) o horizonte C, no qual deve-se
Em adição, durante a compactação do horizonte atentar ao substrato rochoso e suas
C, pode haver quebra de feldspatos, alterando a características, como expansividade, fissuras,
resistência de aterros. Em relação às amostras falhas e fraturas da rocha e a presença de argilas
inundadas, no horizonte C, o ângulo de atrito e (4) os processos de argilização, maiores,
passa de 22 a 41 graus e a coesão é nula; no normalmente no horizonte B, caracterizando
horizonte B, o ângulo atrito apresentou uma maior coesão devido à presença de óxidos de
pequena redução, porém a coesão máxima ferro e alumínio (SANTOS, 1997).
reduziu de 90 kN/m² para 16kN/m².
6.2 Altimetria e Declividade
6.3 Zoneamento
Áreas Residenciais Mistas (ARM), que mais facilmente registrados e sentidos do que
comportam predominantemente residências, eventos em locais desocupados e (2) a
estão em terceiro lugar, com 11,9%. As três as interferência e presença humana acarreta a
zonas tratam de áreas residenciais, de modo que deflagração de eventos, caracterizando os
é alarmante a quantidade de vidas e patrimônio chamados desastres socioambientais. Ainda, é
que estão nas áreas mais afetadas por desastres notável a presença de eventos em rodovias, o
(76,9%). Ainda com uma porcentagem que pode acarretar em prejuízos econômicos
significativa de registros estão as Áreas de comerciais e de turismo, além de criar
Preservação com Uso Limitado de Encosta transtornos em atividades diárias da população.
(APL-E), definidas pelo predomínio de
declividades entre 30 e 46,6% e por áreas acima
da cota 100 que não estejam abrangidas pelas
Áreas de Preservação Permanente (Figura 5).
realmente não são projetadas e executadas de geotécnica com os tipos de eventos mais
maneira correta e eficiente, além da deflagrados.
possibildiade da existência de bueiros e bocas
de lobo entupidos e mal localizados. Vale
acrescentar, ainda, que a tendência é de redução REFERÊNCIAS
de movimentos de massa com o aumento da
presença de calçadas nas vias, possivelmente Brasil (2014) Lei Complementar n. 482, de 17 de janeiro
de 2014. Institui o Plano Diretor de Urbanismo do
porque nesses locais a presença de calçadas Município de Florianópolis. Florianópolis, SC, BRA.
ajuda a criar um sistema de drenagem. Burrough, P.; McDonnel, R. (1998) Principles of GIS for
land resources assessment, Oxford University Press,
New York, NY, EUA.
7 CONCLUSÕES Climatempo (2018) Florianópolis - SC. Disponível em
<climatempo.com.br/climatologia/377/florianopolis-
sc> Acesso em: 21 abr. 2018.
O Município de Florianópolis é afetado Fitz, P. R. (2008) Geoprocessamento sem complicação,
anualmente com eventos relacionados a altos Oficina de Textos, São Paulo, SP, BRA, 160 p.
índices pluviométricos. O banco de registros Herrmann, M. L. P. (2001) Levantamento dos Desastres
dessas ocorrências pela Defesa Civil Municipal Naturais Causados pelas Adversidades Climáticas no
tem crescido com o passar dos anos, tornando- Estado de Santa Catarina no Período 1980 a 2000,
Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina,
se cada vez mais preciso e detalhado. Florianópolis, SC, BRA, 90 p.
De modo geral, as áreas com maior IBGE (2011) Base de Informações do Censo
quantidade de eventos relacionados a Demográfico 2010: Resultado do Universo por setor
movimentos de massa apresentam maior censitário, Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, Rio de Janeiro, RJ, BRA, 201 p.
urbanização, declividades intensas, em especial
IBGE (1028) Panorama Florianópolis. Disponível em
de 20 a 45%, presença de fluxo superficial de <cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/florianopolis/panorama
água média a alta, infraestrutura precária e > Acesso em: 21 abr. 2018.
baixa presença de vegetação, sendo ocupados, Kobiyama, J. I. et al. (2006) Prevenção de Desastres
principalmente, por moradores de baixa renda, Naturais: Conceitos Básicos, Organic Trading,
Curitiba, PR, BRA, 124 p.
em geral com renda nominal per capita mensal
Marcelino, E. V. et al. (2008) Banco de Dados de
de cada domicílio de até 2 salários mínimos e desastres naturais: análise de dados globais e
com dificuldade de arcar com as despesas de regionais. Caminhos de Geografia, v.6, n.19.
locais seguros para habitação. O aspecto Miranda, J. I. (2010) Fundamentos de Sistemas de
geotécnico também influencia a ocorrência dos Informações Geográficas, Embrapa Informação
Tecnológica, Brasília, DF, BRA, 425 p.
eventos, uma vez que as características do solo
Oliveira, M. C. G. et al. (2017). Correlação entre
e do substrato podem induzir à instabilidade do Movimentos de Massa e Precipitação no Município de
maciço, como o caso das classes Cde e PVg. Florianópolis, SC, Conferência Brasileira sobre
As tendências encontradas para o Município Estabilidade de Encostas, COBRAE, ABMS,
de Florianópolis concordam com o panorama Florianópolis, v.1.
Raimundo, H. A. (1998) Aspectos geotécnicos e
mundial discutido em estudos sobre o assunto e pluviométricos associados à instabilidade de encostas
devem ser levadas em consideração para a em Florianópolis - SC, Dissertação de Mestrado,
criação de estratégias de prevenção de desastres. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Civil,
Para trabalhos futuros, recomenda-se incluir Departamento de Engenharia Civil, Universidade
a análise da distribuição de eventos por Federal de Santa Catarina, 343 p.
Santos, G. T. (1997) Integração de informações
magnitude, de curvatura de encostas com maior pedológicas, geológicas e geotécnicas aplicadas ao
incidência de eventos, de informação de uso do solo urbano em obras de engenharia, Tese de
características do solo (natural ou aterro) e Doutorado, Programa de Pós-Graduação em
drenagem em locais com maior registro de Engenharia de Minas, Metalurgia e de Materiais,
eventos, além de relacionar o tipo de unidade Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 214 p.
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Modelos conceptuales aplicado a las remociones en masa
Luciana das Dores de Jesus da Silva 1
Universidad de Concepción, Concepción, Chile, silva.luciana.7764@gmail.com
RESUMEN: La complejidad los factores que constituyen e interactúan en las remociones en masa,
dificulta la definición de una metodología única para determinar los peligros de deslizamientos de
tierra y evaluar el riesgo asociado. Con el objetivo de relacionar las posibles causas, efectos y
afectados por riesgos en general, fueron creados los modelos conceptuales, siendo aplicables a los
riesgos de remociones en masa. La construcción de estos modelos es muy útil ya que les permiten a
los tomadores de decisiones tener en cuenta la información obtenida por los evaluadores. Este
artículo tiene como objetivo proponer al lector una breve revisión bibliográfica de los distintitos
modelos conceptuales de remociones en masa, teniendo considerando la flexibilidad de la
aplicación la tipología y los factores del riesgo. Siendo de gran importancia debido a la capacidad de
estimar el daño o riesgo potencial en función del fenómeno, fragilidad material, exposición a través
de la relación entre ambos, como medidas de gestión del riesgo, ya que este conocimiento facilita la
etapa de evaluación para estimar los posibles impactos.
RESUMO: O aumento populacional nas grandes cidades tem levado à ocupação de áreas
inapropriadas à habitação humana. Esses locais tornam-se “áreas de risco” apresentando maior
probabilidade de ocorrência de desastres. O deslizamento de terra é o principal tipo de desastre que
atinge o Brasil e sua ocorrência está relacionada à causas naturais e interferência do homem. Desta
forma, esse trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia utilizada para mapeamento de
áreas de risco abordada no Plano Diretor de Encostas (PDE) no ano de 2004 para o município de
Salvador e compará-la com a metodologia utilizada atualmente pelo Plano Preventido de Defesa
Civil (PPDC) do município, no que tange à definição do grau de risco das encostas. Com este
estudo percebeu-se que o documento oficial que classifica as encostas de Salvador quanto ao grau
de risco (PDE) precisa de atualização principalmente pelo fato de ter sido elaborado em 2004, o que
indica que a situação de algumas encostas sofreu alterações.
Este trabalho tem como objetivo apresentar a as condições de estabilidade são alteradas,
metodologia utilizada para mapeamento de tendo um mecanismo de causa e efeito. Para
áreas de risco abordada no Plano Diretor de Ahrendt (2005) “fatores físicos como ocorrência
Encostas (PDE) no ano de 2004 para o de chuvas e os fatores antrópicos representados
município de Salvador e compará-la com a pelo processo de urbanização e desmatamento
metodologia utilizada atualmente pelo PMRR e são os principais agentes causadores de
PPDC (Planos Preventivos de Defesa Civil) de escorregamento”.
Salvador, no que tange à definição do grau de Ações antrópicas são efeitos que advêm de
risco das encostas. atividades desenvolvidas pelo homem, como
desmatamentos, cortes nos terrenos, aterros para
2 REFERENCIAL TEÓRICO construção, retificação de canais fluviais, entre
outras, segundo Caneparo et al. (2013).
2.1 Movimento de Massa De acordo com Silva Jr. (2018), a chuva é
um fator que deve ser analisado junto com
Os movimentos de massa são fenômenos que outros fatores condicionantes, pois apenas o
envolvem tanto condicionantes antrópicos fato de haver um alto índice de chuva não
quanto naturais e que se caracterizam pelo implica que ocorrerá um deslizamento. Ela é o
transporte de material na encosta com ação da principal fator condicionante para o movimento
gravidade. de massa, visto que o Brasil tem um alto índice
Existem vários tipos de classificações de de pluviosidade, provocando saturação,
movimento de massa, que variam pelo tipo de reduzindo a resistência e assim a perda de
material, velocidade, volume, entre outros estabilidade da encosta.
fatores. Augusto Filho (1992), Faria (2011) e A vegetação pode trazer efeitos favoráveis e
Bezerra (2016) consideram que os movimentos desfavoráveis para encosta. Geralmente a
de massa podem ser de quatro tipos: vegetação atua de forma positiva na estabilidade
escorregamentos (slides), quedas (falls), da encosta, exceto algumas espécies como as
corridas (flows) e rastejos (creep). bananeiras e o capim colonião, cuja raízes não
Escorregamento, também conhecido como fixam no solo e facilitam a concentração de
deslizamento, é um movimento de massa com água da chuva, segundo Silva Jr. (2018).
velocidade rápida e volume definido, que se
desloca para baixo ou para fora do talude. As 2.3 Conceitos Relacionados ao Risco
quedas caracterizam-se pelo desprendimento de
fragmento de solo, com uma velocidade muito Existem vários termos relacionados ao
rápida. As corridas acontecem devido à perda de conceito de Risco. É necessário que estes
atrito entre as massas por consequência da alta conceitos sejam esclarecidos bem como a
presença de água no solo. Esse tipo de relação entre eles. Alheiros (1998), define risco
movimento de massa é o mais perigoso, pois o como as consequências em termos de danos e
solo pode se transformar em um fluido viscoso, perdas, e define perigo como à probabilidade de
carregando tudo pela frente. Os rastejos são ocorrência de um desastre. Segundo Bitar
movimentos de massa com velocidade lenta, se (2014) suscetibilidade está relacionada com a
comparada com os escorregamentos, e ocorre propensão ao desenvolvimento de um fenômeno
geralmente em encostas com pouca declividade. ou processo em uma dada área (voltado às
características físicas do local) e vulnerabilidade
2.2 Fatores que Influenciam os Movimentos significa o grau de perdas e danos associados
de Massa aos elementos expostos (0 a 1), quanto maior o
grau, maior a vulnerabilidade (enfoque nas
Os movimentos de massa acontecem quando características sociais).
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ações de tomadas a época e se desatualisou com Defesa Civil atualmente produz os mapas da
rapidez uma vez que sua metodologia não foi área, mapa de risco, mapa de evacuação, mapa
adotada pela Defesa Civil para mapeamento de de placas, mapa diagnóstico, mapa de
novas ocupações. intervenção.
O PDE (2004) Salvador no ano de 2004 O mapa da área representa a área de risco e
classificou 436 encostas em diferentes graus de traz os seguintes itens: poligonal, representando
risco, sendo eles: 49 encostas de baixo risco, o limite da área de risco; acessos, mostrando as
135 de médio risco, 157 de alto risco e 95 de vias de dentro e do entorno da poligonal;
muito alto risco. Porém previa um plano de 10 recursos, com os principais equipamentos
anos, período pelo qual a cidade sofreu enormes sociais próximos da poligonal; drenagem
modificações urbanisticas e crescimento natural, simbolizando o curso e o sentido do
populacional com ocupações desordenadas fluxo d’agua, bem como áreas úmidas e
sendo criadas ou se expandindo. barragem.
O Mapa de Risco representa a suscetibilidade
Figura 1: Grau de Risco das Encostas do município de e vulnerabilidade aos eventos de deslizamento e
Salvador alagamento, bem como a poligonal e a
drenagem natural.
O Mapa de Evacuação indica um sistema de
elementos necessários para deslocamento das
pessoas caso haja a probabilidade de ocorrência
de um evento de alagamento ou deslizamento.
Os principais elementos desse mapa são as rotas
de fuga, pontos de encontro e a divisão dos
setores de evacuação.
Nos pontos onde são considerados mais
críticos para eventos de deslizamento e
alagamento, a Defesa Civil de Salvador instala
Fonte: Adaptado do PDE (2004) placas de sinalização. Essas placas são
georreferenciadas e representadas em um mapa,
3.2 Análise dos dados de mapeamento da chamada de Mapa das Placas de Sinalização.
Defesa Civil O Mapa Diagnóstico representa a análise
ambiental realizada na área de risco e envolve
Após a reestruturação da Defesa Civil em os aspectos geológicos, geomorfológicos,
2016, foram criados setores técnicos antrópicos e a vegetação. Os principais
responsáveis pela realização do mapeamento elementos que compõem esse mapa são as
das áreas de risco. Esses setores estruturaram feições erosivas e geológicas, as unidades
procedimentos que tornaram mais padronizado geológicas, bem como a classificação da
o processo de mapeamento. suscetibilidade e vulnerabilidade (figura 2).
A elaboração do Manual de Procedimentos de A Defesa Civil de Salvador faz o
adição e edição de informações geográficas foi levantamento de alguns problemas, pontuais ou
planejado para cumprir a função de estruturar os generalizados, que podem levar ao aumento do
elementos que devem ser verificados em campo risco de algum evento de desastre. Esses
durante o mapeamento de uma área de risco e problemas são georreferenciados e colocados
permitir a padronização destes elementos e da em um mapa, e encaminhado para os órgãos
simbologia dos produtos cartográficos responsáveis que realizam as devidas
destinados aos objetivos do setor de intervenções e compõe o Mapa de Intervenções.
mapeamento. Assim o setor de mapeamento da
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Figura 2: Exemplo de Mapa Diagnóstico da Localidade claro que o órgão considera muitos critérios
de Três Mangueiras abordados no PDE e já avançou muito em
relação a metodologia usada para o
mapeamento. Entretanto é necessária a
continuidade do uso dos materiais produzidos
durante o processo de reestruturação da Defesa
Civil que incluem principalmente o Manual de
Procedimentos de adição e edição de
informações geográficas e os Planos
Preventivos de Defesa Civil (PPDC) para que
todos os técnicos que atuam no órgão consigam
efetivar uma prática única de mapeamento.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo determinar os níveis de controle de um barramento a
partir da utilização de níveis de referência e contrapor os resultados com a ocorrência de possíveis
modos de falhas. A metodologia adotada consiste: definição do modelo geológico geotécnico
hipotético e parâmetros dos materiais; análise de percolação para determinação da freática na
condição normal; variação da superfície freática através da colmatação do filtro; estabelecer níveis
de controle usuais, níveis de controle pelo método de falhas e contrapó-los; determinar níveis de
controle da instrumentação. Os resultados mostram: que a análise de segurança da estrutura,
utilizado apenas fatores de segurança de referência pode estar associada a falhas que subestimam os
níveis de controle de instrumentação; a importância de determinar níveis de leitura de
instrumentação capazes de englobar os modos de falha; a necessidade de analisar as condições
peculiares a cada estrutura para determinar os limites de controle da instrumentação.
nível de atenção para ocorrência de fator Tabela 1 - Parâmetros de resistência dos materiais.
de segurança (FS) menor que 1,50 e Material Peso Coesão φ (○)
maior ou igual a 1,30; específico (kPa)
nível de alerta para ocorrência de fator (kN/m³)
de segurança (FS) menor que 1,30 e
Aterro
maior ou igual a 1,10; compactado
20 15 30
nível de emergência para ocorrência de
fator de segurança (FS) menor que 1,10. Fundação (Solo
Tais níveis de segurança geralmente são 20 30 40
Residual)
determinados tendo como premissa o método de
equilíbrio limite, que relaciona as forças e Filtro 18 0 30
momentos resistentes com as forças e
momentos atuantes sobre uma determinada
superfície cisalhante. Entretanto, outros modos Os parâmetros estimados a partir da literatura
de falha devem ser analisados a fim de se mencionada são típicos dos materiais indicados
determinar um plano de instrumentação que na tabela anterior.
evidencie as reais condições peculiares a cada Para tanto, considerou-se: (i) barragem
estrutura. constituida de argila compactada com
parâmetros de resistência e peso específico
estimados conforme Bowles (1997); (ii)
2 SEÇÃO TÍPICA E PARÂMETROS fundação constituida de solo residual de gnaisse
GEOTÉCNICOS com parâmetros médios estimados conforme
Viana da Fonseca e Coutinho (2008); e, filtro da
A seção hipotética utilizada nesta análise foi barragem constituida de material areia fina com
elaborada com inclinação do talude de montante parâmetros de resistência e peso específico
de aproximadamente 3H:1V, e inclinação do estimados conforme Bowles (1997).
talude de jusante de aproximadamente 2,3H:1V.
O maciço de aterro compactado possui altura e
largura da crista de 30 e 15 metros, 3 METODOLOGIA
respectivamente, e uma camada drenante de 1
metro de espessura. A seção típica de estudo As análises de estabilidade visam determinar os
pode ser observada na Figura 1. fatores de segurança mínimos requeridos pelas
normas brasileiras aplicáveis, considerando-se
as características geológico-geotécnicas dos
materiais e geometria da estrutura.
A metodologia utilizada para a elaboração da
Carta de Risco, foco deste estudo, é constituida
pela elaboração de uma seção típica hipotética
similar à condições reais de barragens com
Figura 1 - Seção típica de análise. filtro horizontal, da seleção dos parâmetros
geomecânicos baseados na literatura, e da
A Tabela 1 indica os parâmetros de resistência montagem do modelo geotécnico para análise
utilizados nas análises, que foram estimados a de estabilidade.
partir de Bowles (1997) e Viana da Fonseca e Neste estudo utilizou-se o programa
Coutinho (2008). computacional Slide 5.0, da empresa Canadense
Rocscience, versão 5.0. O Slide é um programa
de análises bidimensionais de estabilidade de
taludes que calcula o fator de segurança para
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5 RESULTADOS E ANÁLISES
Figura 4 - Condição de fluxo e estabilidade para FS=1,7. Figura 8 - Condição de fluxo e estabilidade para FS=1,1.
Foram realizadas as análises de estabilidade Figura 11 - Condição de fluxo e estabilidade para FS=1,3
(FS obtido de 1,1).
com carregamento dinâmico (sismo) para as
seções que apresentaram os fatores de
segurança de 1,7, 1,5 e 1,3 e os resultados são
apresentados, respectivamente, nas figuras 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Figura 9, Figura 10 e Figura 11. O
carregamento dinâmico utilizado foi de 0,05, Apesar das análises de estabilidade indicarem,
como recomenda as Diretrizes par Elaboração numericamente, que o barramento está estável,
de Projetos de Barragem da Agência Nacional deve-se atentar para outros possíveis modos de
de Águas (ANA). falhas que podem levar a estrutura a ruptura.
Para tanto, indica-se a análise das condições em
que cada estrutura é submetida, analisando se o
fator de segurança, por si só, garante a condição
de estabilidade da mesma.
No caso da estrutura em análise, um possível
modo de ruptura para os cenários simulados é o
piping, já que no pé do talude de jusante, uma
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região normalmente considerada crítica devido está relacionada com um conjunto de fatores e
a dificuldades de compactação, gradiente que as análises de estabilidade são apenas um
hidráulico elevado, etc., há indicação da deles.
existência de água acima da camada drenante. Assim sendo, para a estrutura hipotética deste
Sendo assim, ao invés de utilizar para esta estudo pode-se concluir que: (i) os valores
estrutura os fatores de segurança usualmente comumente utilizados para controle de
recomendados como referência de segurança de uma barragem de terra, como
monitoramento (1,5, 1,3 e 1,1), propõe-se a apresentado na
adoção de valores de referência próprios para o , estabelecem valores de referência que devem
caso particular da mesma. ser análisados como premissas iniciais.
Considerando, então, os resultados das análises Entretanto, deve-se investigar, como observado
e visando à segurança do barramento hipotético, nas simulações do barramento hipotético,
adotou-se novos níveis de controle para a possíveis modos de falha peculiares a cada
barragem em estudo. Estes valores de segurança estrutura, a fim de se verificar a consistência
da auscultação e seus correspondentes níveis de dos valores de fator de segurança adotado como
controle são apresentados na Tabela 5. referência; (ii) para a estrutura alvo deste
estudo, os novos fatores de segurança adotados
Tabela 5 - Níveis de instrumentação propostos. com finalidade de determinação das cotas de
Níveis de Operação da Barragem em monitoramento dos instrumentos são: 1,7; 1,5 ≤
Função da
F.S <1,7; 1,3 ≤ F.S <1,5; e < 1,3. (iii) Infere-se,
Leitura do Nível D'água (m)
Instrumento então, que ao realizar as medidas dos
Normal Atenção Alerta Emergência instrumentos, quando a barragem em estudo
(FS=1,7) (FS=1,5) (FS=1,3) (FS<1,3)
estiver em processo de operação, as cotas
Até Até Até Superior a
observadas na medição dos instrumentos INA
INA 01 3,04 8,52 11,69 11,70 01 e INA 02, como apresentadas na Tabela 5,
INA 02 0 0,95 2,43 2,44 indicam condições de segurança correspodente
às condições normal, atenção, alerta e
Recomenda-se, então, que ao elaborar um emergência.
documento que propõe níveis de segurança para Sendo assim, há uma correlação direta entre
uma barragem de terra, deve-se realizar uma cotas observadas nos instrumentos, nível de
análise peculiar à estrutura em estudo. Para o controle indicado pela medida da
barramento hipotético apresentado neste instrumentação e indicativo de risco associado a
trabalho, os valores de controle de auscultação cada leitura.
representam: (i) fator de segurança de 1,7
correspondente à condição normal; (ii) fator de AGRADECIMENTOS
segurança entre 1,7 e 1,5 correspondente à
condição de atenção; (iii) fator de segurança Os autores agradecem ao Núcleo de Geotecnia
entre 1,5 e 1,3 correspondente à condição de da Escola de Minas da Universidade Federal de
alerta; e (iv) fator de segurança menor que 1,3 Ouro Preto – UFOP e à CAPES.
para a condição de emergência.
Por mais que uma análise de estabilidade se REFERÊNCIAS
mostre dentro dos fatores de segurança
comumente estabelecidos, há outros fatores que BOWLES, J. E. Foundation Analysis and Design.
demandam análise crítica para, assim, concluir International Edition: McGrow-Hill, 1997.
sobre a segurança de uma estrutura. CRUZ, P. T. 100 Barragens Brasileiras, Casos Históricos,
Materiais de Construção, Projeto. Oficina de Textos,
É necessário avaliar cada estrutura de acordo
São Paulo, 2004.
com seu contexto de parâmetros e materiais, DUNCAN, J. M.; WRIGHT, S. G. Soil Strength and
assim como baseado na sua finalidade. Slope Stability. New Jersey: John Wiley & Sons,
Ressalta-se que a segurnaça de um barramento 2005.
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TEMA:
DESASTRES NATURAIS
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Índice = ( Vobservado - Vmínimo)/ (1) cada mês representou um output, e no caso dos
( Vmáximo- Vmínimo) desastres hidrológicos em escala diária,
considerando-se a distribuição normal para
N° de ocorrências
Input
representar a distribuição das chuvas.
Solo
População Inicial 3.4.2 Dados de Saída (Outputs)
Chuva
R = Pe x V x D (2)
R= Pe x K xC/(1/P) (3)
Em que: R= risco; V= vulnerabilidade do
elemento em risco; D= exposição (dano) do
elemento em risco; Pe= perigo, expresso pelo
número de eventos ocorridos no mês ou no dia;
K= fator do solo; C= chuva diária ou mensal
Tabela 2. Valores relativos ao solo - Classes de solos (mm); P= população mensal em habitantes
presente no Alto Parnaíba com seus respectivos valores
do fator K obtidos pelo nomograma de Wischmeier et al. Neste caso o risco representa o output da
(1971) apud Farinasso et al. (2006)
simulação, sendo então a probabilidade de
ocorrer tal evento dada as circunstâncias do
De posse desses valores, foi feito um estudo
input. Fazem parte do input: o perigo (chuva em
para saber qual seria o tipo de distribuição
milímetros), a vulnerabilidade (população e
probabilística de cada variável, pois esta deve
fator do solo) e dano (número de ocorrências de
ser informada ao se adicionar o input.
cada desastre na data analisada). Tais riscos
Para os dados populacionais foi estimada
foram então classificados conforme Tabela 3.
uma taxa de crescimento populacional por mês
com base nos dados fornecidos pelo censo dos Tabela 3. Classificação de Risco
anos de 2000 e 2010, e pela estimativa de Risco Classificação
0.00 - 0.20 Muito Baixo
população feita pelo IBGE para o ano de 2017. 0.21 - 0.40 Baixo
A distribuição que melhor se adequou aos dados 0.41 - 0.60 Médio
0.61 - 0.80 Alto
foi a distribuição inversa gaussiana, uma vez 0.81 - 1.00 Muito Alto
que a população apresentou uma inesperada
variação no período. Os dados mensais foram
obtidos por meio de interpolação linear. 4. RESULTADOS
No caso da análise de erosões e
escorregamentos de encostas foi feita uma Na Tabela 4 apresenta-se o total de cada evento
análise em escala temporal mensal, sendo que ocorrido nas respectivas cidades, para o período
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acumuladas em 3 e 7 dias.
Tabela 8. Classificação de Risco de Movimentos em
Na Tabela 9 novamente fica demonstrada a
Massa Gravitacionais em São José dos Campos
necessidade de se avaliar a chuva de maneira V P R
espacializada para comprovação de que a Data Chuva
N° de
Habitantes Mensal
interferência das outras variáveis sejam (mm)
eventos Valor Classificação
realmente relevantes. fev/09 613685 403.6 1 0.12 MUITO BAIXO
dez/09 621065 301.7 1 0.00 MUITO BAIXO
dez/12 657408 331.9 1 0.30 BAIXO
4.3 Sorocaba jan/13 658171 321.4 1 0.28 BAIXO
fev/15 677259 202.9 1 0.06 MUITO BAIXO
mar/15 678023 229.7 1 0.14 MUITO BAIXO
Na Tabela 10 está apresentado o resumo da jan/16 694057 199.4 1 0.12 MUITO BAIXO
análise de risco a desastres hidrológicos. mar/16 695584 237.6 2 1.00 MUITO ALTO
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com maior número de dados. Nas Figuras 1, 2 e uma influência da população ou que tenha
3 apresentam-se a variação dos riscos em chovido no entorno do local onde o pluviômetro
função da população, da chuva e do número de está instalado.
ocorrências respectivamente. Na Figura 2 apresenta-se a variação dos
riscos em função da chuva diária. Nota-se que
para as chuvas mais altas foram registrados
riscos mais elevados. Na Figura 3 apresenta-se a
vinculação entre o número de ocorrências com o
risco, observa-se uma relação mais forte entre
estas variáveis.
5 COMENTÁRIOS FINAIS
RESUMO: Esse trabalho teve como objetivo fazer um levantamento dos desastres hidrológicos da
região administrativa de Bauru e realizar uma análise estatística que permitiu conhecer a
probabilidade de um evento meterológico desencadear um desastre natural. Para isso, foi consultado
o banco de dados do Centro de Meteorologia da Faculdade de Ciências (IPMet) para verificar as datas
em que ocorreram os desastres no período de 2009 a 2016. Depois, foi feita uma consulta aos dados
da pluviometria que desencadeou esses desastres. Assim, foi avaliada a frequência com que os índices
pluviométricos desencadearam desastres naturais, construindo um histograma de frequência em que
seus intervalos serviram como diferentes cenários para avaliação do risco calculado por meio da
Simulação de Monte Carlo.
2.3 Simulação de Monte Carlo Para cada um dos municípios com ocorrências de
desastres naturais, foi verificada a existência de
A Simulação de Monte Carlo permite simular dados pluviométricos referentes às datas dos
qualquer processo que dependa de fatores desastres hidrológicos, coletando a chuva diária
aleatórios que podem ou não sofrer com a desencadeadora e as chuvas acumuladas de 3 e 7
insuficiência de dados. Sua essência se baseia em dias anteriores aos desastres, através dos bancos
estabelecer uma distribuição de probabilidade de dados do Departamento de Água e Energia
que corresponde à uma variável aleatória para o Elétrica (DAEE) e da Agência Nacional de
risco analisado, realizando um grande número de Águas (ANA), além dos dados do IPMet para o
iterações dessa variável (FERNANDES, 2005). município de Bauru.
Assim, ao substituir intervalos de dados por
distribuições de probabilidade, é possível obter 3.4 Análise Estatística
uma visão mais realista quanto às incertezas do
cálculo do risco. Para a definição das Para cada um dos municípios com
distribuições, é necessário avaliar sua curva de disponibilidade de dados de chuva
distribuição de probabilidade, assim como os desencadeadora, foi feita a análise estatística dos
valores de parâmetros como média e desvio dados pluviométricos coletados a fim de
padrão (PALISADE, 2016). construir uma tabela de frequência.
Os índices pluviométricos desencadeadores
foram divididos em intervalos, utilizando a Eq.
3 METODOLOGIA 1, sendo possível vincular o número de
desastres por faixa de precipitação. Esse
3.1 Levantamento de Dados Censitários resultado é apresentado na forma de histograma.
Depois, utilizando esses intervalos, se
Foram levantados os dados populacionais de agrupou as chuvas do período (tendo elas
cada um dos 39 municípios que compõem a desencadeado ou não um desastre), obtendo o
região administrativa de Bauru, sendo eles: área número de dias de chuvas pertencentes aos
do município (km2); população total; população intervalos, a média e o desvio padrão dos dados
idosa; densidade demográfica (hab/km2); Índice a fim de obter a sua distribuição de probabilidade
de Desenvolvimento Humano Municipal, IDHm,
que mede, de 0 a 1, o desenvolvimento dos 3.5 Simulação de Monte Carlo
municípios, considerando educação,
longevidade da população, Produto Interno Os intervalos de precipitação obtidos nos
Bruto (PIB) per capita e Intensidade de Pobreza histogramas de chuva diária desencadeadora por
(IP). meio da Fórmula de Sturges (Eq. 1) foram
utilizados como diferentes cenários de chuva
3.2 Levantamento de Dados de Desastres para realizar a Simulação de Monte Carlo.
Na sequência, foi necessário definir os inputs
Foram levantadas as datas em que ocorreram os para cada intervalo, sendo eles:
desastres naturais hidrológicos como: - Ocorrências (O): número de ocorrências de
inundações graduais; enchentes; alagamentos e desastres naturais no intervalo, obtida através do
transbordamento de rios e córregos, no período banco de dados do IPMet;
de 2009 a 2016 para as cidades da região - Número de chuvas no intervalo (Ni): número de
administrativa de Bauru utilizando o banco de chuvas (tendo ou não desencadeado um desastre)
dados do Centro de Meteorologia de Bauru da
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= (5)
=( + ) (6)
= ∗ (7)
∗ ∗( + )
= (8)
4 RESULTADOS
Figura 2: Histograma Chuva Acumulada (3 dias) – Bauru
Dos 39 munícipios da região administrativa de
Bauru, 20 possuíam registros de desastres
naturais, segundo o banco de dados do IPMet.
Desses 20 municípios, Bauru, Cafelândia,
Getulina, Jaú, Lençóis Paulista e Pederneiras
possuiam dados pluviométricos disponíveis
referentes aos dias em que os desastres
ocorreram. Entretanto, apenas Bauru, Jaú e
Lençóis Paulista possuíam dados suficientes
para a construção dos histogramas e análise do
risco. Figura 3: Histograma Chuva Acumulada (7 dias) Bauru
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Para a cidade de Lençóis Paulista, embora Na cidade de Jaú, assim como nas cidades
tivesse menos dados que a cidade de Bauru, anteriores, se observou maior frequência de
dificultando a caracterização de sua distribuição desastres desencadeados por menores volumes
de probabilidade, também foi possível notar que de chuva, também caracterizando uma
os menores volumes pluviométricos distribuição Lognormal, conforme Figuras 7 a 9.
desencadearam maior número de desastres
naturais, conforme Figuras 4, 5. Isto porque há
mais ocorrências de precipitações com menor
volume pluviométrico. Dessa maneira, é
importante considerar a probabilidade de
ocorrência no cálculo do risco conforme Eq. 8.
Paulo, Nakazawa (1994), os municípios da Tabela 2: Cálculo Vulnerabiliade Social – Lençóis Paulista
região administrativa de Bauru possuem DD Vul.
Ano IP PI
(hab/km2) Social
classificação alta à muito alta suscetibilidade
2009 74,87 46,01 6302 6423,32
para a ocorrência erosões. A áreas suscetíveis a 2010 75,88 46,01 6645 6766,90
inundações, segundo a Carta, são próximas às 2011 76,90 46,01 6988 7110,49
margens do rios e não fazem parte da área urbana 2012 77,92 46,01 7330 7454,08
onde ocorreram os alagamentos, já que a 2013 78,93 46,01 7673 7797,66
2014 81,02 46,01 8015 8142,32
ocorrência desses eventos se dá por falta de
2015 80,96 46,01 8358 8484,83
planejamento urbano e problemas de drenagem, 2016 81,98 46,01 8700 8828,42
assim, as inundações não são consequências de 2017 82,99 46,01 9043 9172,00
fatores geotécnicos e sim de fatores antrópicos. Média da vulnerabilidade social 7797,78
Dessa forma, se considerou como baixa a
suscetibilidade da região aos eventos Tabela 3: Cálculo Vulnerabilidade Social – Jaú
DD Vul.
hidrológicos estudados, adotando o parâmetro Ano IP PI
(hab/km2) Social
Va, de 1 a 2, sendo: 1 – baixa suscetibilidade à 2009 186,72 35,06 16128 16349,64
inundação e 2 – alta suscetibilidade à inundação. 2010 191,09 35,06 16852 17078,15
Para todos os municípios estudados, se adotou 2011 193,05 35,06 17576 17804,25
vulnerabilidade ambiental igual a 1. 2012 196,22 35,06 18300 18531,56
2013 199,39 35,06 19024 19258,87
2014 202,55 35,06 19749 19986,17
4.3 Vulnerabilidade Social 2015 205,72 35,06 20473 20713,48
2016 208,89 35,06 21197 21440,79
A vulnerabilidade social de cada cidade foi 2017 212,05 35,06 21921 22168,55
calculada anualmente com a Eq. 4. Foram Média da vulnerabilidade social 19259,05
adotados os dados do censo do IBGE de 2010 e
a projeção de população para 2017, considerou- Tabela 4: Vulnerabilidades Sociais Normalizadas
se um crescimento populacionl linear para os Lençóis
Bauru Jaú
Paulista
anos intermediários, conforme Tabelas 1, 2 e 3. Média 34462,28 19259,05 7797,78
O valor final da vulnerabilidade social de Valor
2,00 1,43 1,00
cada cidade foi adotado como a média das Normalizado
vulnerabilidades sociais dos anos em estudo.
A vulnerabilidade social foi utilizada de 4.4 Simulação de Monte Carlo
maneira comparativa entre as cidades estudadas,
assim, foi necessário normalizar os valores, de Para realizar a Simulação de Monte Carlo, se
forma a variarem de 1 a 2, como mostrado na considerou a chuva diária como a chuva
Tabela 4. desencadeadora dos desastres hidrológicos, uma
vez que ela se mostrou mais representativa para
Tabela 1: Cálculo Vulnerabilidade Social – Bauru esse tipo de desastre. As chuvas acumuladas são
Ano
DD
IP PI
Vul. importantes para a avaliação de desastres de
(hab/km2) Social movimentos de massa e serão analisados em
2009 523,48 26,1 30525 31074,58 estudos futuros.
2010 515,12 26,1 31369 31910,22
2011 521,05 26,1 32213 32760,15
Assim, foram adotados como input as
2012 526,98 26,1 33058 33611,08 variáveis com as seguintes distribuições:
2013 532,92 26,1 33902 34461,02 ocorrências (distribuição uniforme); número de
2014 538,86 26,1 34746 35310,96 chuvas no intervalo (distribuição uniforme);
2015 544,80 26,1 35590 36160,90 precipitação no intervalo (distribuição normal);
2016 550,74 26,1 36434 37010,84
vulnerabilidade social (distribuição uniforme);
2017 556,70 26,1 37278 37860,80
Média da vulnerabilidade social 34462,28 vulnerabilidade ambiental (distribuição
uniforme).
O output foi definido como o Risco, calculado
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de acordo com a Eq. 8, cujos dados geraram uma intervalo, a maioria delas não desencaderam
distribuição diferente para cada intervalo em que desastres (552 eventos de chuva para 36
os extremos nos gráficos representam os valores ocorrências de desatres). Dessa forma, embora
mínimos e máximos dos riscos não normalizados seja alto o número de desastres no intervalo, a
para cada um dos intervalos. Também se probabilidade de ocorrência é de 6,52%, o que
classificou o valor estático do risco normalizado diminui o risco.
para a comparação entre os intervalos e cidades, Com a simulação, é possível verificar a
conforme Tabela 5. distribuição de probabilidade que modela o
risco. Nesse caso, há 90% de probabilidade do
Tabela 5: Classificação do Risco risco não normalizado estar entre 0,33 e 3,71. Ou
Risco Classificação seja, existe 5% de probabilidade de ser menor
1,0 a 1,2 Muito Baixo que 0,33 ou maior que 3,71.
1,2 a 1,4 Baixo
1,4 a 1,6 Médio
1,6 a 1,8 Alto
1,8 a 2,0 Muito Alto
4.4.1 Bauru
Tabela 7: Resumo das Distribuições para o Risco – Bauru conforme os parâmetros adotados para cada um
Intervalo Gráfico dos intervalos.
Chuva / 2,8-16,8
R= 1,0016 Tabela 8: Resumo das Distribuições para o Risco –
Classificação: Muito Baixo Lençóis Paulista.
Chuva/ 16,8-30,8 Intervalo Gráfico
R=1,0330 Chuva/ 5,3-20,3
Classificação: Muito Baixo R=1,0030
Chuva / 30,8-44,8 Classificação: Muito Baixo
R=1,1096 Chuva / 20,3-35,3
Classificação: Muito Baixo R=1,0182
Chuva/ 44,8-58,8 Classificação: Muito Baixo
R=1,0998 Chuva/ 35,3-50,3
Classificação: Muito Baixo R=1,1034
Chuva / 58,8-72,8 Classificação: Muito Baixo
R=1,0767 Chuva / 50,3-65,3
Classificação: Muito Baixo R=1,0000
Chuva / 72,8-86,8 Classificação: Muito Baixo
R=2,0000 Chuva / 65,3-80,3
Classificação: Muito Alto R=2,0000
Chuva / 86,8-100,8 Classificação: Muito Alto
R=1,0000
Classificação: Muito Baixo Tabela 9: Resumo das Distribuições para o Risco – Jaú
Chuva / 100,8-114,8 Intervalo Gráfico
R=1,0000 Chuva / 2,8 - 16,9
Classificação: Muito Baixo R=1,0000
Chuva / 114,8-128,8 Classificação: Muito Baixo
R=1,3748 Chuva/ 16,9 - 31,0
Classificação: Baixo R=1,0100
Classificação: Muito Baixo
4.4.2 Lençóis Paulista Chuva / 31,0 - 45,1
R=1,0064
Para a cidade de Lençóis Paulista, realizando os Classificação: Muito Baixo
mesmos procedimentos descritos no item 3, se Chuva / 45,1 - 59,2
obtiveram as distribuições para o risco para os R=1,0190
intervalos estudados, conforme Tabela 8. Classificação: Muito Baixo
Nota-se que, assim como para Bauru, as Chuva / 59,2 - 73,3
distribuições seguiram o padrão de distribuição R= 1,1565
normal. O risco calculado para o intervalo de Classificação: Muito Baixo
50,3 mm à 65,3 mm seguiu uma distribuição Chuva / 73,3 - 87,4
uniforme, uma vez que o número de ocorrências R= 1,1946
Classificação: Muito Baixo/Baixo
para esse intervalo, durante o período analisado,
foi nulo, como pode ser observado na Fig. 4. Chuva / 87,4 - 101,5
R=2,0000
Classificação: Muito Alto
4.2.3 Jaú
três cidades estudadas se mostraram semelhantes IBGE (2011). Censo Demográfico 2010: Características
para os intervalos apresentados. A cidade de da população e dos domicílios: resultados do universo.
Rio de Janeiro: IBGE, 2011.
Bauru obteve risco muito alto de ocorrência de Fernandes, C. A. (2005) Gerenciamento de Risco em
desastres naturais para o intervalo de 72,8 mm- Projetos: como usar o Microsoft Excel para realizar a
86,8 mm, os demais intervalos obtiveram a Simulação de Monte Carlo. Disponível em:
classificação de risco muito baixo, até mesmo os http://www.bbbrothers.com.br/files/pdfs/artigos/simul
intervalos de maior volume pluviométrico, uma _monte_carlo.pdf. Acesso em Jun. 2016. Acesso em:
Nov. 2016
vez que a ocorrência desse tipo de chuva é muito Magalhães, M. N.; Lima, A. C. P. Noções de
pequena. Probabilidade e Estatística. São Paulo: Editora da
Para as cidades de Lençóis Paulista e Jaú, se Universidade de São Paulo, 2008
obteve classificação de risco muito alto para os Marcelino, E.V.; Nunes, L. H., Kobyama, M. (2005).
intervalos com maiores índices pluviométricos, Mapeamento de Risco de Desastres Naturais do
Estado de Santa Catarina. Caminhos de Geografia .
(65,3 mm-80,3 mm e 87,4 mm-101,5 mm, Naghetinni, M.; Pinto, E. J. A. (2007). Hidrologia
respectivamente) e muito baixo para os demais Estatística. Belo Horizonte: CPRM
intervalos. Nakazawa, V. A. (1994). Carta Geotécnica do Estado de
Assim, se conclui que o método proposto para São Paulo. IPT. Publicação 2089.
a avaliação de risco é muito eficaz para a Palisade (2016). @Risk-Análise de Risco com Simulação
de Monte Carlo. Disponível em http://www.palisade-
simulação de vários cenários, além disso, ao br.com/risk/. Acesso em: Nov. 2016.
realizar a simulação, o programa permite a Pellegrina, G. J. (2011). Proposta de um procedimento
determinação da probabilidade do risco estar metodológico para o estudo de problemas
entre valores que se deseja estimar. Dessa forma, geoambientais com base em banco de dados de
é possível considerar diferentes parâmetros e eventos atmosféricos severos. Dissertação de mestrado
em Engenharia Civil e Ambiental, UNESP
situações variadas a fim de se buscar uma melhor Rebelo, D. E. Riscos Naturais e Acção Antrópica.
compreensão dos risco relacionados à ocorrência Coimbra: Imprensa da Universidade, 2003.
de desastres naturais. Ugarte, A. M. C. (2015) “Los desastres como fenómenos
socionaturales: la vulnerabilidad como fenómeno
AGRADECIMENTOS social”. Material del curso "Vulnerabilidades ante
desastres socionaturales", impartido en UAbierta,
Universidad de Chile.
Os autores agradecem ao PIBIC-ISB pelo apoio.
REFERÊNCIAS
Bertacchi, M.L.; Faria, J.R.G. (2003) Ilhas de calor na
Cidade de Bauru (SP): As diferenças de temperatura e
a Configuração do solo local. In: VII ENCAC-III
COTEDI , Curitiba. Anais. do p. 646-652.
Brasil (2015). Ministério da Integração Nacional.
Construindo Cidades Resilientes. Disponível em:
http://www.mi.gov.br/cidades-resilientes. Acesso em:
Nov. 2016
Brasil (2016). Secretaria de planejamento e gestão. Região
administrativa de Bauru. Disponível em:
http://www.planejamento.sp.gov.br/index.php?id=50
&idd=154#descricao. Acesso em: Nov. 2016
Castro, C. P. C. (2017) “Conceptos básicos”. Material del
curso "Vulnerabilidades ante desastres
socionaturales", impartido en UAbierta, Universidad
de Chile.
CEMADEN (2017). Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações. Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.
Disponível em: http://www.cemaden.gov.br/apresenta
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possível verificar pela Tabela 3, o valor de Sh. visa avalair todos os municípios do estado de
São Paulo. Sendo assim, as pesquisas foram
Tabela 2. Classificação da precipitação média mensal. divididas por regiões administrativas. A
Prec. média mensal primeira avaliada foi a RA de Bauru pelo fato do
Pontos
(mm/mês)
< X* 0
Centro de Meteorologia de Bauru se situar nela.
X - 2X 1 A RA de Marília (Figura 1) é adjacente a esta,
> 2X 2 sendo dessa forma escolhida para a continuação
*X = ETP [mm]. dos estudos.
Fonte: Adaptado de Mora & Vahrson (1994).
Uma forma de análise desses eventos Figura 1. RA de Marília. Fonte: Adaptado de IGC (2018).
estocásticos, isto é, aleatórios, pode ser
realizada através da Simulação de Monte Carlo, 3.2 Levantamento dos Desastres Naturais
técnica matemática computadorizada, capaz de
expressar numericamente os dados de entrada O levantamento das ocorrências foi efetuado
aleatórios, através de um estudo probabilístico através de pesquisa no banco de dados do
de modelos de possíveis resultados. Centro de Meteorologia de Bauru, IPMET
Segundo, Donatelli & Konrath (2005) na (2017). Foram pesquisados alagamentos,
simulação o formato da distribuição de saída é enchentes, enxurradas, inundações bruscas e
obtido a partir da combinação de amostras graduais, transbordamento de rios e córregos,
aleatórias das variáveis de entrada, respeitando deslizamentos de terra, erosões, quedas de
as respectivas distribuições. Dessa forma, a barreira e escorregamento de encostas.
Simulação de Monte Carlo produz a propagação Dos 51 municípios pertencentes à região
das funções densidades de probabilidade das administrativa de Marília, apenas 17 possuím
grandezas de entrada através do modelo informações dos desastres hidrológicos e
matemático fornecido. geotécnicos estudados, sendo encontrados 134
ocorrências no total.
Os eventos foram contabilizados por tipo e
3 METODOLOGIA não por data (por exemplo, caso em um mesmo
dia ocorrerram alagamento e erosão, foram
3.1 Escolha do Local quantificados 2 desastres) de forma a aumentar
o número de dados para análise estatística.
A RA de Marília possui 51 municípios e está
situada na região centro-oeste paulista, com 3.3 Levantamento das Precipitações
principais fronteiras às RA’s de Bauru,
Araçatura, Presidente Prudente e o estado do O levantamento das precipitações foi realizado
Paraná. para as 134 ocorrências identificadas, as quais
Esse trabalho faz parte de uma pesquisa que foram pesquisados nos bancos de dados do
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DAEE – Departamento de Água e Energia 2009, foi utilizada interpolação linear entre os
Elétrica, ANA – Agência Nacional de Águas e dados dos censos, a fim de definir os índices, e
Cemaden. Foram coletadas as precipitações nos para os anos de 2011 a 2017, foram mantidos os
dias dos eventos e 6 dias anteriores a estes, de valores constantes do último censo, já que a
modo que em outras análises seja possível extrapolação de dados pode ser imprecisa.
identificar o risco para chuva acumulada de 3 e A população idosa, de mesma forma, foi
7 dias. obtida pelos censos de 2000 e 2010, e
Apenas 83 eventos possuíam dados de chuva interpolada entre esses anos. Após 2010, foram
disponíveis, reduzindo a análise para 9 levantadas as estimativas pela Fundação
municípios: Assis, Chavantes, Ipaussu, Marília, Sistema Estadual de Análise de Dados.
Ourinhos, Parapuã, Santa Cruz do Rio Pardo, O IDHM, da mesma forma que o índice de
São Pedro do Turvo e Tupã. pobreza, foi obtido nos dois último censos,
Para as cidades com mais de uma estação interpolado nos anos de 2001 a 2011, e mantido
pluviométrica, foram considerados as maiores constante após 2010.
chuvas como desencadeadoras dos eventos, uma
vez que o banco de dados não fornecia o 3.5 Levantamento dos Dados Geológicos,
georreferenciamento das informações, Geotécnicos e Geomorfológicos
impossibilitando a análise por área de influência
dos medidores de chuva. Através de pesquisa no Mapa Geomorfológico
(IPT, 1981), Carta Geotécnica (NAKAZAWA,
3.4 Levantamento dos Dados Municipais 1994), e Mapa Geodiversidade do Estado de
São Paulo (CPRM, 2010), foram levantadas as
Foram obtidos os dados de densidade características geológicas, geotécnicas e
demográfica, índice de pobreza, população geomorfológicas dos municípios. As
idosa e IDHM, de 2000 a 2017, correspondentes localizações dos mesmos nos mapas, ocorreram
aos locais que ocorreram desastre com dados de com base em suas coordenadas geográficas.
precipitação disponíveis. Na Figura 2 são indicadas as classificações
A densidade demográfica foi obtida pelo encontradas, de acordo com os municípios.
quociente do número de habitantes e área do De acordo com IPT (1981), os municípios
município. As áreas foram levantadas pelo estão situados na divisão geomorfológica do
censo de 2010 do IBGE (2017). Na obtenção da Planalto Ocidental, sendo resultado de relevos
população, foram utilizados os dados do último de baixa declividade (até 15%), e possuem
censo para os desastres que ocorreram em 2010, amplitudes altimétricas locais inferiores a 100
e para os demais, considerou-se as estimativas metros.
populacionais também disponibilizadas. A Carta Geotécnica, divide os municípios
O índice de pobreza da equação do risco, é estudados como locais de “Muita alta
definido como o desvio entre a renda per capita suscetibilidade à erosão por sulcos, ravinas e
dos pobres do município com a linha da voçorocas” e “Baixa suscetibilidade aos
pobreza, sendo a última, definida pelo Banco diversos processos do meio físico analisado”,
Central em 1990 como 1 dólar por dia. O valor sendo esses processos: erosões, ravinas,
do dólar utilizado, foi a média dos meses de boçorocas, recalques por adensamento de solos
2006 a 2016, disponível na Associação moles, problemas com fundação e estabilidade
Comercial de São Paulo, correspondendo a R$ de taludes, escorregamentos, inundações e
69,90/mês (valor médio de R$ 2,33/dia durante assoreamento.
30 dias). A renda per capita dos pobres foi O Mapa Geodiversidade possui um caráter
levantada em ATLAS (2017), de acordo com os mais abrangente, envolvendo características
censos de 2000 e 2010. Para os anos de 2001 a geológicas, geomorfológicas, e as limitações
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frente ao uso e ocupação. As siglas utilizadas (BS), e 35 para o grupo “Muita alta
representam as unidades geológicas de cada suscetibilidade à erosão” (AS)), sendo assim, foi
agrupamento. O índice DVMb, representa os obtido um número de dados mais adequado para
municípios que apresentam rochas com o estudo estatístico.
moderada a baixa resistência ao intemperismo Em razão do baixo número de 15 desastres
físico-químico, solos residuais pouco evoluídos geotécnicos, os mesmos não foram agrupados
e colapsíveis, bastante erosivos e com fácil de acordo com os mapas do estado.
desestabilização quando expostos à oscilações O cálculo do risco foi efetuado para
do grau de umidade superficial. intervalos de precitação, de modo a avaliá-lo de
O índice DSVMPasaf refere-se a municípios forma mais específica. Para sua determinação,
com solos favoráveis a pedogênese com porção foram construídos histogramas com base nos
superior pouco erosiva, com predomínio de quantitativos das precipitações de cada grupo. O
litologias com alta resistência ao cisalhamento. número de classes dos histogramas foi estimado
Por fim, a região DSVMPaef possui pela Fórmula de Sturges, apresentado pela
predomínio de sedimentos com baixa equação (3).
resistência ao cisalhamento e portadores de
muitas fraturas abertas, potencialmente erosivos K ~ 1 + 3,33. log(n) (3)
e sujeitos a formação de voçorocas.
Sendo K o número aproximado de classes, e
n o número de dados disponíveis. Para os dois
grupos de desastres hidrológicos, foram
consideradas 7 classes, com 28 mm de
amplitude por classe, para os municípios BS, e
17 mm de amplitude para o grupo AS. Para os
desastres geotécnicos, foram adotadas 5 classes,
com 41 mm de amplitude.
A vulnerabilidade social foi obtida pela soma
do índice de pobreza (IP), população idosa (PI)
e densidade demográfica (DD), obtidos
conforme 3.4, e normalizados de 0 a 1,
conforme estudos de Marcelino et al. (2005) e
Pellegrina (2011).
Para o cálculo da vulnerabilidade ambiental
(Va) de desastres hidrológicos, foi adotada a
Figura 2. Classificação dos mapas. Tabela 4. Dessa maneira os munícipios BS,
resultaram em um Va=1, e o grupo AS, Va=2.
3.6 Avaliação do Risco
Tabela 4. Va para desastres hidrológicos.
Devido ao baixo número de desastres Classificação Va
encontrados, não foi possível analisar cada Muito baixa 1,00
Baixa 1,25
município e desastre individualmente. Os Média 1,50
desastres hidrológicos foram agrupados em dois Alta 1,75
conjuntos, de acordo com as classificações da Muito alta 2,00
Carta Geotécnica (optou-se pela sua escolha,
devido a uma boa proporção de eventos por A vulnerabilidade ambiental para eventos
grupo: 33 para os municípios com “Baixa geotécnicos, foi calculada de acordo com a
suscetibilidade aos processos do meio físico” metodologia já apresentada. Os fatores
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Tabela 6. Precipitação (mm) de acordo com desastre. 4.3 Resultados dos Dados Censitários
Data Desastre Chuva Estação
Assis
Na Tabela 7 são apresentados os índices de
25/12/2009 A 47,8 D7-055
14/10/2011 A 208,0 D7-020 pobreza (IP), população idosa (PI), em
10/02/2015 A/IB/IG 12,9 D7-055 habitantes, densidade demográfica (DD), em
17/02/2015 A 21,0 D7-055 habitantes/km², a vulnerabilidade social Vs
08/03/2015 A 24,1 D7-055 bruta, e normalizada, Vsn , utilizada no cálculo.
04/01/2016 ER 63,7 D7-020
Chavantes
Tabela 7. Vulnerabilidade social.
11/03/2016 D 7,1 E6-003
Ano IP PI DD Vs Vsn
Ipaussu
Assis
20/06/2012 IG/T 192,0 E6-007
2009 35,04 9236 213,30 1,37 1,69
23/02/2013 D 15,0 E6-007
2011 33,21 9699 206,89 1,31 1,66
05/04/2013 A/IG/T 58,0 E6-007
2015 33,21 10666 219,53 1,39 1,70
Marília
2016 33,21 11022 220,98 1,40 1,71
18/01/2005 A 46,2 D6-25
Chavantes
16/03/2005 A 48,6 D6-25
2016 35,17 1318 66,38 0,66 1,32
04/03/2006 A/ER/IG 51,9 D6-25
Ipaussu
22/03/2006 T 12,9 D7-074
2012 37,9 1301 65,99 0,75 1,37
12/12/2007 A/E/IG 21,0 D6-25
2013 37,9 1331 68,62 0,76 1,37
20/01/2008 D 36,1 D6-080
30/01/2009 D 86,9 D6-080 Marília
26/02/2009 E/IG/T 121,0 D6-098 2005 23,78 17514 187,55 1,26 1,63
08/01/2010 A/ER/IG 64,5 D6-25 2006 23,76 18139 191,03 1,29 1,65
15/10/2010 A/E 74,6 D6-25 2007 23,75 18764 190,75 1,32 1,66
13/12/2010 IG 100,0 D7-048 2008 23,73 19389 190,48 1,34 1,68
18/12/2010 D 12,0 D6-25 2009 23,72 20014 192,60 1,37 1,69
27/01/2011 A/E/IG 55,2 D6-098 2010 23,70 20639 184,76 1,38 1,69
15/03/2012 E/T 32,0 D6-25 2011 23,70 21235 186,03 1,40 1,71
13/01/2013 T 56,7 D6-098 2012 23,70 21858 187,25 1,43 1,72
27/10/2015 A 76,0 D6-25 2014 23,70 23147 196,35 1,51 1,76
Ourinhos 2015 23,70 25499 200,52 1,54 1,78
22/01/2005 D 66,7 D6-011 Ourinhos
20/06/2012 ER 211,0 D6-011 2005 26,02 7858 351,91 1,39 1,70
21/10/2012 EX 23,2 D6-083 2012 28,60 9915 351,82 1,56 1,79
05/04/2013 IG 87,5 D6-083 2013 28,60 10230 366,15 1,61 1,82
22/11/2013 A/ER 93,9 D6-011 2014 28,60 10556 368,90 1,63 1,83
25/09/2014 A/ER/IB/IG 148,0 D6-011 2015 28,60 10888 371,57 1,66 1,84
04/03/2015 EX/IB 17,4 D6-011 Parapuã
Parapuã 2015 38,59 1473 86,5 0,84 1,41
09/02/2015 A/ER/IB/IG/T 7,9 C7-001 Santa Cruz do Rio Pardo
Santa Cruz do Rio Pardo 2005 30,48 3982 39,00 0,54 1,26
16/01/2005 A/IG/T 96,7 D6-035 2012 33,87 4694 39,65 0,68 1,33
18/01/2012 T 127,0 D6-035 2015 33,87 5071 41,67 0,70 1,34
20/06/2012 E/IG/2T 165,0 D6-035 São Pedro do Turvo
08/09/2015 A 110,0 D6-102 2012 24,68 722 9,31 0,13 1,05
São Pedro do Turvo Tupã
18/01/2012 A/D /E/IG/T 119,0 D6-095 2013 20,95 8348 103,93 0,57 1,28
Tupã 2014 20,95 8472 104,02 0,58 1,28
06/04/2013 A/IG 87,1 C7-004 2015 20,95 8596 104,11 0,58 1,28
22/12/2014 A/IG/T 71,9 C7-004
03/11/2015 A/ER/IG/T 12,4 C7-066 Para a normalização das variáveis municipais
(de 0 a 1) e da vulnerabilidade social (de 1 a 2),
utilizou-se os valores máximos e mínimos dos
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Tabela 8. Valores máximos e mínimos - Vs. A Tabela 10 expõe as siglas utilizadas nas
Valores IP PI DD Vs Tabelas 11, 12 e 13, que apresentam
Máximo 51,05 25499 376,73 1,96
Mínimo 20,95 513 8,85 0,04
respectivamente, os cálculos do risco, para os
desastres hidrológicos dos grupos BS e AS, e
4.4 Avaliação ambiental desastres geotécnicos.
Tabela 12. Cálculo do risco – Municípios AS. ilustrado na Tabela 14, dos municípios AS.
7,9 24,9 41,9 58,9 75,9 92,9 109,9
Int. Ͱ Ͱ Ͱ Ͱ Ͱ Ͱ Ͱ Tabela 14. Distribuições do risco – Municípios AS.
24,9 41,9 58,9 75,9 92,9 109,9 126,9
ND 11 2 8 7 3 1 3 24,9 Ͱ 41,9
DC 4913 1864 675 238 88 43 19
M 14,80 31,93 49,01 66,03 83,55 99,81 116,0 41,9 Ͱ 58,9
DP 4,77 4,84 4,72 4,90 4,63 4,90 5,98
P 14,80 31,93 49,01 66,03 83,55 99,81 116,0
58,9 Ͱ 75,9
O 0,002 0,001 0,012 0,029 0,034 0,023 0,158
On 1,01 1,00 1,07 1,18 1,21 1,14 2,00
Vs 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 75,9 Ͱ 92,9
Va 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
IDH 0,78 0,78 0,78 0,78 0,78 0,78 0,78 92,9 Ͱ 109,9
R 29,90 64,01 105,0 156,3 202,8 228,4 465,3
Rn 0,04 0,09 0,14 0,21 0,28 0,31 0,64 109,9Ͱ 126,9
TEMA:
DESEMPENHO E SEGURANÇA DE OBRAS GEOTÉCNICAS
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Patrícia Bortolanza
Unochapecó, Chapecó, Brasil, patriciabortolanza@unochapeco.edu.br
grande número de pesquisas. Além disso, o segurança, que é considerado o mesmo para
processo de urbanização é refletido no crescente todas as fatias (KNAPPETT; CRAIG, 2015).
número de obras de pavimentação, assim como, De acordo com a normativa NBR 11.682
no aumento da densidade demográfica das (ABNT, 2009), em seu item 3.6, o fator de
cidades, os quais implicam diretamente nos segurança é determinado pela razão entre a
taludes, sejam estes naturais ou não. resistência máxima ao cisalhamento e a tensão
O presente estudo tem como propósito a de cisalhamento que atua na superfície de
análise de estabilidade de um talude rodoviário ruptura. Ainda, a mesma norma, no item
localizado no Contorno Viário Oeste da cidade 7.3.7.1, explica que as análises comumente
de Chapecó/SC. realizadas em encostas e taludes desprezam
deformações que naturalmente ocorrem, e que,
a inconstância dos materiais naturais que
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA compõem o talude pode diminuir muito a
segurança, implicando em maior risco de
A região Oeste de Santa Catarina já registrou ruptura, sendo necessária a adoção de índices de
muitos casos de deslizamentos de terra que segurança maiores. A diretriz indica que o
trouxeram prejuízo. O mais recente desses índice para alta segurança contra danos
episódios ocorreu em junho de 2014, quando materiais e ambientais e a vidas humanas é na
treze rodovias municipais e cinco estaduais ordem de 1,50.
apresentaram problemas com barreiras de terra O cálculo do fator de segurança pelo método
e árvores, além disso, em alguns locais, o solo de Bishop satisfaz apenas o equilíbrio de
cedeu, levando consigo a pavimentação, criando momentos, ignorando as forças de corte entre as
trechos intrafegáveis. A estes fatores, ainda, fatias. Esse método tem como intuito inicial a
foram acrescidos os alagamentos por conta dos análise de superfícies circulares, embora possa
rios em ruas no perímetro urbano, já que o ser aplicado a superfícies não circulares também
volume de chuva medido em algumas cidades (FERREIRA, 2012). Pelo método de Spencer o
superou o valor máximo esperado para o mês cálculo do fator de segurança satisfaz todas as
em mais de três vezes (GLOBO, 2014). equações de equilíbrio (forças e momentos),
A precipitação de chuva é apontada por ser, sendo assim considerado um método rigoroso.
no Brasil, o fator climático incitante das Esse método foi desenvolvido para análise de
principais ocorrências de acidentes naturais superfícies circulares.
(TAVARES, 2009). Além disso, de acordo com
Guidicini e Nieble (1984), os fatores da
distribuição temporal e da precipitação 3 PROCEDIMENTOS
acumulada são determinantes, já que a maior METODOLÓGICOS
parte dos deslizamentos está associada a altos
índices pluviométricos em um curto espaço de 3.1 Coleta de Amostra
tempo.
Acerca da modelagem numérica do talude, A coleta de amostras foi realizada de acordo
algumas teorias são baseadas no método das com as recomendações da norma NBR 9604
fatias, o qual é descrito para deslizamentos (ABNT, 2016), retirando-se a amostra
rotacionais (KNAPPETT; CRAIG, 2015). A indeformada na face do talude, em uma altura
superfície de ruptura é admitida como um arco de 5,95 m a partir do pé.
de círculo, sendo o solo que fica sob o arco, A amostra foi levada ao laboratório e
dividido em diversas fatias de largura acondicionada em câmara úmida até a execução
independente (DAS; SOBHAN, 2015). Este dos ensaios.
método tem como base um coeficiente de
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Figura 3. Fator de Segurança do solo não saturado através Figura 6. Fator de Segurança do solo saturado através do
do método de Bishop (1955). método de Spencer (1967).
5 CONCLUSÃO
3 SONDAGENS
Dessas considerações foi possível então se ECDs realizados sobre a mesma estaca em datas
determinar, para cada bloco, as cargas resistentes diferentes. Depois, foi feita uma comparação
características e sua variabilidade e, por estatística entre cargas de ruptura iniciais e finais.
comparação estatística com as cargas solicitantes Na Tabela 2 estão apresentadas as cargas
características e respectiva variabilidade, tal como medidas e respectivas datas e, na Figura 3, o
informada pelo projeto estrutural, a probabilidade gráfico de cargas resistentes iniciais (Rinicial) x
de falha de cada bloco. Esse procedimento foi cargas resistentes finais (Rfinal) de estacas de
adotado também por recomendação do Prof.° concreto. Como mostrado nessa figura, os pontos
Nelson Aoki com vistas a atender às exigências assim definidos estão razoavelmente alinhados ao
estabelecidas pela nova NBR 6122:2010. longo de uma reta cujo coeficiente angular é igual
a 1,25. Dessa forma, foi adotado para fins de
previsão de capacidade de carga das estacas de
5 AVALIAÇÃO DO “SET-UP” concreto um “set-up” igual a 25%.
6 MÉTODO D+s
E = Pm ∙ h ∙ ef (1)
Este método tem como finalidade estimar a
capacidade de carga ao final da cravação, obtida a E = energia
partir das negas (s) e repiques (K) tomadas sob Pm = peso do martelo de cravação
energias crescentes de cravação, conforme h = altura de queda
Figura 4. ef = eficiência do sistema de cravação
R = (Z ∙ E) ÷ (s + D) (2)
R = resistência
Z = zeta
s = nega
Figura 4. Gráfico nega e repique D = deslocamento total K + s
Rrup
Ponto de ruptura
4
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Rrup
Cruzamento reta
elástica deslocada x
curva média
Figura 6. Exemplo de curva D+s com ruptura definida pela curva média extrapolada.
Quando a ruptura é bem caracterizada na curva curvas, mede a dispersão em torno do valor médio
adota-se como resistência última aquela das variáveis independentes S e R. Esta dispersão
correspondente ao pico, tal como mostrado na pode ser expressa pelos coeficientes de variação,
Figura 5, ou aquela correspondente à reta conforme as equações 3 e 4:
aproximadamente vertical que define o platô de
escoamento. VS = σs /Sm - coef. de variação da solicitação (3)
No caso em que não foi possível identificar a
ruptura, foi adotada, de acordo com a VR = σR /Rm - coef. de variação da resistência (4)
recomendação da NBR 6122, aquela
correspondente à intersecção da curva média A distância MS, que separada a solicitação
extrapolada com a reta elástica deslocada, tal média da resistência média, pode ser diretamente
como mostrado na Figura 6. relacionada à segurança e a confiabilidade, ou
seja, quanto maior for esta distância maior será a
segurança e confiabilidade da fundação.
7 PROBABILIDADE DE FALHA Considerando que a solicitação e a resistência
sejam estatisticamente independentes, a margem
Para cada bloco da Arena Grêmio foi determinada de segurança M pode ser definida pela diferença
a probabilidade de falha, adotando o método entra as curvas de resistência R e a solicitação S,
probabilístico divulgado também pelo Prof. ver equação 5.
Nelson Aoki (2002).
A probabilidade de falha foi determinada a M = (R – S) (5)
partir das curvas de distribuição estatística de
solicitação S, representada pelo valor médio Sm e Deste modo, a falha ocorre quando M < 0, ou
o desvio padrão S, e a curva de resistência R pelo seja, quando R ≤ S, e a fundação é bem sucedida
valor médio Rm e o desvio padrão R, conforme quando M > 0. Portanto, pode-se afirmar que o
apresentado na Figura 7. afastamento entre as duas curvas, determinada
Os valores médios representam o valor mais pela margem de segurança, é uma medida direta
provável de cada variável e os desvios padrões, da confiabilidade da fundação. Neste caso a
que definem os pontos A e B de inflexão das distribuição normal de S e de R, desvio padrão M
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9.1 Estacas a serem cravadas depender do valor de FS, a estaca seria aceita ou
não conforme os seguintes critérios:
Para as novas estacas foram estimados os
comprimentos mínimos necessários seguindo-se • FS 2,0 – estaca boa, pode ser arrasada;
os critérios apresentados no item 4. Ao atingir tais • 1,6 FS < 2,0 – consultar a projetista e/ou o
comprimentos, cada estaca era submetida ao consultor de solos;
ensaio de energia crescente (D+s). Considerando • FS < 1,6 – prosseguir a cravação mais 2,0 m
a resistência R assim obtida e a solicitação S e refazer o ensaio.
informada pelo projetista estrutural, calculava-se No cálculo de R pelo método D+s
o fator de segurança individual FS = R/S. A diferenciaram-se as estacas de concreto das
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estacas metálicas conforme os parâmetros a • Uma ou mais estacas do bloco com FSlocal
seguir: 1,50 – recravar essas estacas. Porém antes de
iniciar a recravação devia-se realizar o ensaio
9.2 Estacas de concreto de energia crescente (D+s) e avaliar o
resultado. Caso resultasse FS 2,00, a estaca
• Zeta =1,54; era liberada para ser arrasada; caso contrário,
• Eficiência do Martelo: deveria ser recravada conforme item 8.1.
Hidráulico de 7 tf = 0,8; • Para as estacas submetidas a ECD ou PCE
Hidráulico de 4 tf = 0,6; (prova de carga estática), FSlocal 1,60.
Queda livre = 0,4.
• Set-up = 25%
10 PROVA DE CARGA ESTÁTICA
9.3 Estacas metálicas
Para atender as prescrições da NBR 6122:2010 foi
• Zeta = 1,22; executada uma prova de carga estática no setor
• Eficiência do Martelo: Oeste 2 da Arena sobre uma estaca Ø50 cm, com
Hidráulico de 7 tf = 0,98; carga de trabalho de 100 tf, cravada conforme os
Hidráulico de 4 tf = 0,72; procedimentos descritos no item 8.
Queda livre = 0,48. A prova de carga foi realizada com
• Set-up = zero carregamento rápido, conforme NBR 12131:2006.
A ruptura do sistema ocorreu com a carga de
9.4 Estacas já cravadas 1819 kN, conforme Figura 9. Deste modo, o fator
de segurança obtido foi de 1,8, o que atende aos
Nos setores onde havia estacas cravadas foram critérios de aceitabilidade apresentados no item
feitas análises estatísticas individualizadas, bloco 8.2.
a bloco, para se determinar a probabilidade de
falha.
Para tal análise foram estimadas as cargas de
ruptura das estacas a partir dos comprimentos
cravados e da curva “carga de ruptura x
profundidade” do CPTu correspondente, calibrado
pelos ECDs com FS = 1,60.
A caracterização dos esforços solicitantes pelas
cargas características aplicadas às estacas e o
respectivo coeficiente de variação (14%) foram
fornecidos pela projetista estrutural. Foram
fornecidos explicitamente os esforços dos setores
norte, nordeste, leste 1, leste 2 e sudeste. Para os
demais setores a projetista estrutural informou ser
aplicável o princípio de simetria.
Com as cargas de ruptura e cargas de trabalho
foram determinados os fatores de segurança para
cada estaca e bloco, FSlocal e FSbloco
respectivamente e aplicados os seguintes critérios
de aceitação:
RESUMO: Este trabalho objetiva realizar uma avaliação funcional objetiva de um trecho da RN-
118 que corta o município de Ipanguaçu/RN, uma vez que, essa rodovia liga diversos municípios do
estado, se tornando uma das principais rodovias do Rio Grande do Norte e, encontra-se em um
estado onde os defeitos superficiais no pavimento são evidentes e prejudiciais. De acordo com a
literatura, esse trecho da rodovia foi dividido em três trechos homogêneos e dentre esses, em sete
subtrechos. A partir de visitas realizadas em agosto de 2017 foi possível realizar a observação
visual, registros fotográficos e identificar a ocorrências de defeitos no pavimento de cada trecho.
Com essas informações e seguindo as premissas das normas do DNIT, foi calculado o IGG e
determinado o conceito de degradação do pavimento para cada subtrecho. Ao término dessa
avaliação foi constatada a ocorrência de diversos defeitos, como: fendas, afundamentos, desgastes,
panelas e remendos. Observou-se também que 86% dos subtrechos foram classificados
objetivamente com conceito “péssimo” ou “ruim”, o que indica um alto grau de deterioração do
pavimento. Assim, com os resultados obtidos é possível concluir que o pavimento da rodovia não
proporciona condições de conforto e segurança aos usuários, devido ao alto grau de deterioração da
sua superfície e a falta de manutenção periódica. Contudo, para aprofundar as análises no pavimento
da RN-118, seria necessário realizar uma avaliação subjetiva e a avaliação estrutural.
pavimento são geradas a partir da escolha dos um resumos dos defeitos presentes no
materiais utilizados, da execução do pavimento pavimento.
e da falta de manutenções preventivas e
corretivas. Essas manifestações patológicas são Quadro 1 – Resumo dos defeitos – Codificação e
consequências da ruptura estrutural e funcional. classificação
(BARRETO, 2016).
ser avaliado através do registro de defeitos. Esse absolutas de cada defeito e uma frequência
registro utiliza uma série de defeitos relativa ao conjunto das estações de certo
quantificados e medidos de forma objetiva para segmento (Bernucci et al, 2008).
avaliar a condição superficial. Desse modo, De acordo com a norma DNIT 006:2003 –
nessa avaliação o Índice de Gravidade Global é PRO, a frequência absoluta (fa) é definida como
de fundamental importância (MATTOS, 2014). sendo o número de vezes em que determinada
O índice de gravidade global (IGG) é ocorrência é verificada. Já a frequência relativa
determinado por meio das premissas da norma (fr) é determinada através da seguinte fórmula
DNIT 006:2003 – PRO e para o emprego da 1:
norma é necessário que sejam consultadas as
fa × 100
normas DNIT 005:2003 – TER e DNIT fr =
n
007:2003 – PRO (SILVA, 2006). (1)
A determinação do IGG é realizada de forma Em que:
amostral para as estações, em que a área e o n – número de estações inventariadas.
distanciamento entre essas é especificado pelo Ainda conforme a DNIT 006:2003 – PRO,
DNIT. Em rodovias de pista simples as estações para cada estação inventariada é necessário que
são inventariadas a cada 20m, alternados entre o Índice de Gravidade Individual (IGI) seja
as faixas (40m em 40m em cada faixa); já no calculado. Esse cálculo é realizado a partir da
caso de pista dupla as estações são listadas a fórmula 2:
cada 20m, na faixa mais solicitada de cada
pista. Com a demarcação das estacas, a IGI=fr.fp (2)
superfície de avaliação equivale a 3m antes e Em que:
3m após a estaca, totalizando uma área de 6m fp – fator de ponderação.
de comprimento e largura igual a da faixa De acordo com a norma DNIT 006:2003 –
avaliada. A figura 1 ilustra um modelo PRO, o índice de gravidade global (IGG) é
exemplificando a superfície de avaliação em calculado a partir da soma dos índices de
pista simples (Bernucci et al, 2008). gravidade individuais (IGI) para cada trecho
homogêneo. Esse cálculo é apresentado na
fórmula 3.
IGG = IGI
(3)
Dessa forma, o IGG quantifica a frequência
em que cada tipo de defeito persiste em
acontecer, e junto a isso, estabelecendo um fator
Figura 1. Demarcação de áreas para inventário de defeitos
em pista simples. de ponderação para cada defeito, determinar um
índice acumulado com o objetivo de atribuir um
Conforme Bernucci et al. (2008), com a conceito ao estado superficial do pavimento
utilização de uma planilha, os defeitos na área (MATTOS, 2014). A Tabela apresenta os níveis
demarcada são anotados de acordo com a de avaliação de degradação de acordo com o
terminologia presente na DNIT 005:2003 – IGG.
TER. De acordo com a norma DNIT 006:2003 –
Tabela 1. Conceito de degradação do pavimento em
PRO, todas as trincas isoladas devem ser relação ao IGG.
anotadas como do Tipo 1 e, os remendos Conceitos Limites
superficiais e profundos devem ser anotados Ótimo 0 < IGG ≤ 20
como R. Bom 20 < IGG ≤ 40
Esse método contabiliza as frequências Regular 40 < IGG ≤ 80
Ruim 80 < IGG ≤ 160
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4.2.1 Fendas
a)
4.4.2 Afundamento
O afundamento foi encontrado nos três trechos Figura 7. Desgaste nos trechos A e B
estudados, mas a frequência apresentada não foi
muito significativa. Esse defeito pode causar Para poder minimizar essa manifestação
acréscimo na irregularidade longitudinal patológica é recomendada a adoção de métodos
afetando a qualidade de rolamento, a dinâmica corretivos. Através de técnicas superficiais de
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conservação, com a aplicação de vários tipos de encontrados nos trechos B e C, com pouca
revestimentos combinados e com a profundidade, é recomendado: sinalização
incorporação de novos agregados na camada adequada e controle de tráfego; demarcar, com
superficial, a superfície desgastada é melhorada. giz e linhas retas, a área a ser reparada; realizar
Por ser um processo economicamente viável e um corte do material comprometido até atingir
com a finalidade de restaurar o pavimento toda a camada de revestimento, escavando do
desgastado, centro para os bordos do buraco. O corte deve
A capa selante é o tratamento mais adequado ser realizado até a profundidade necessária para
devido ser mais economicamente viável. Esse atingir um material estável; realizar a limpeza
tratamento é capaz de aumentar a vida útil do removendo o material escavado; realizar a
pavimento e, por ser um método básico de pintura de ligação, nas paredes e no fundo da
conservação, não acrescenta nenhuma escavação, aplicando emulsão asfáltica ou
capacidade estrutural ao pavimento, servindo asfalto diluído; lançar e espalhar a mistura
somente para evitar e combater a deterioração betuminosa na escavação no sentido dos bordos
superficial. para o centro; compactar a mistura betuminosa
das paredes verticais para o centro do remendo;
4.4.4 Panela e realizar a limpeza do local.
No caso das panelas encontradas no trecho
A panela reduz a impermeabilidade do A, em que a profundidade é maior, os remendos
pavimento, facilitando a penetração de água devem ser realizados tanto no revestimento
para as subcamadas e diminuindo a capacidade como também nas camadas subjacentes,
funcional e estrutural do pavimento. No obedecendo ao mesmo procedimento de
percorrer dos três trechos diversas panelas execução.
foram encontradas, mas, no trecho A a
ocorrência desse defeito é mais expressiva e 4.4.5 Remendos
com maiores dimensões, em que aumenta o
desgaste dos veículos e a segurança do usuário. Manifestação patológica que ocorre ao
A figura 8 ilustra a presença de panelas no preencher as panelas com emulsão asfáltica
trecho A e no trecho C. gerando irregularidades e imperfeições na
superfície do pavimento. O remendo foi
a) encontrado em todos os trechos estudados, com
mais frequência no trecho B. A figura 9 ilustra
esse defeito presente nos trecho A e trecho B.
b) a)
c)
b)
RESUMO: As rodovias são fatores importantes para o crescimento da economia de um país, dado
que são responsáveis pelo tráfego de significante parte da produtividade. Assim sendo, é de suma
importância a preservação e ampliação da vida útil de um pavimento. Dentro desse contexto, este
trabalho objetiva apresentar um estudo de caso de patologias em um trecho crítico da rodovia DF-
001, no Pistão Sul, localizado em Taguatinga/Distrito Federal, fruto de um Trabalho de Conclusão
de Curso de Graduação em Engenharia Civil. A metodologia utilizada compreendeu na aplicação do
método de avaliação objetiva de superfície pela norma DNIT 006/2003-PRO para o levantamento
visual das ocorrências aparentes e na determinação do Índice de Gravidade Global (IGG). O trecho
avaliado apresentou um elevado valor de IGG, com considerável grau de deterioração,
classificando-o em estado de péssima qualidade, refletindo nas condições de segurança e conforto.
12,2% das rodovias são pavimentadas, 78,6% solicitadas (faixa do centro e faixa da direita)
(mais de 1,3 milhão de quilômetros) com por serem as mais críticas, e em somente um
carência de pavimentação, e os outros 9,2% são sentido da rodovia, localizada em frente à
vias planejadas que nem sequer saíram do Universidade Católica de Brasília, sentido
papel. Desse número de rodovias com pistão sul - pistão norte, conforme mostrado na
pavimentação, uma média de 77,2% se Figura 1.
encontram em péssimas condições de
conservação sem as devidas manutenções e
recuperações, apresentando patologias como
trincas, afundamentos, remendos entre outras.
Tais manifestações patológicas apresentadas
pela infraestrutura rodoviária brasileira são
acentuadas por um conjunto de fatores
econômicos e sociais que afetam diretamente na
situação das rodovias, são eles: má qualidade
dos materiais, falta de conservação, falhas de
construção, escassez de mão de obra
especializada, excesso de peso dos caminhões e
principalmente a inexistência de políticas
públicas eficientes.
Assim sendo, o presente trabalho consiste em
um estudo de caso de um trecho crítico do Figura 1. Trecho avaliado da DF-001 (Adaptado com
Pistão Sul, denominação local em Taguatinga base em Google Maps, 2017).
Sul da DF-001 (Estrada Parque Contorno -
EPCT), com o intuito de demonstrar a
importância de identificar as manifestações 3 METODOLOGIA
patológicas existentes nas rodovias de forma a
contribuir com os serviços de manutenção e A pesquisa baseou-se no método de avaliação
restauração, com a finalidade de garantir a objetiva da superfície proposto pelo DNIT por
durabilidade e funcionalidade. meio da Norma DNIT 006/2003 - PRO. Esse
método tem como objetivo avaliar as
manifestações patológicas em pavimentos
2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE flexíveis e semirrígidos mediante a contagem e
ESTUDO classificação de ocorrências aparentes
atribuindo indicador de Índice de Gravidade
A Estrada Parque Contorno (DF-001) é uma Global (IGG).
rodovia radial com extensão de 134 km, quase O IGG não é determinado para toda a área da
totalmente asfaltada, dispondo apenas de um pista, mas de forma amostral com área de
trecho cascalhado, por ser interno ao Parque distanciamento entre uma estação e outra, a
Nacional de Brasília. O principal trecho da DF- saber:
001 fica em Taguatinga, onde se tornou uma • Rodovias de pistas simples a cada 20m,
avenida com vias duplicadas e marginais, alternados entre faixas, ou seja, em cada faixa a
nomeadas por Pistão Sul e Pistão Norte. cada 40 m;
Considerando que o trecho selecionado para • Rodovias de pistas duplas, a cada 20 m, na
o estudo de caso tem uma extensão de 400 faixa de tráfego mais solicitada de cada uma das
metros e três faixas em cada pista, foram pistas.
utilizadas para o estudo apenas as duas mais A superfície de avaliação corresponde a uma
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Figura 11. Manifestações patológicas na 9ª estação. Figura 15. Manifestações patológicas na 13ª estação.
Figura 12. Manifestações patológicas na 10ª estação. Figura 16. Manifestações patológicas na 14ª estação.
Figura 13. Manifestações patológicas na 11ª estação. Figura 17. Manifestações patológicas na 15ª estação.
Figura 14 Manifestações patológicas na 12ª estação. Figura 18. Manifestações patológicas na 16ª estação.
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Figura 20. Manifestações patológicas na 18ª estação. FC-3 (JE e TBE) 10 50 0,8 40
O, P, E 8 40 1,0 40
EX 19 95 0,5 47,5
D 20 100 0,3 30
R 12 60 0,6 36
5 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS
Vanessa Wiebbelling
Centro Universitário Assis Gurgacz, Cascavel, Brasil, vanessawi2@hotmail.com
das armaduras, desonhecimento dos efeitos dos 2.2.2 Patologias relacionadas à fase de
deslocamentos proporcionais ao diâmetro das execução
estacas com o emprego de valores.
As causas das patologias podem ocorrer pela Wiebbelling (2014) destaca nessa fase as falhas
atuação do próprio elemento de fundação relacionadas à falta de qualificação e/ou
quando sofre interferência de outra solicitação experiência dos responsáveis pelo serviço,
desconhecida que altera as tensões na massa de como erros no recebimento do concreto, pela
solo gerando sobreposição de esforços. falta de conferência, falta de rastreabilidade ou
Ocorrência de deformação do corpo do aterro baixa qualidade constatada no canteiro de
causado pelo peso gerado na transferência de obras, problemas na concreteira, dosagem
carga da superestrutura e influencia de incorreta do concreto, inexistência de lacre no
elementos adjacentes incorretos (Milititsky et caminhão etc.
al., 2005). No lançamento ocorrem problemas na cura,
Segundo Milititsky et al. (2005), deve-se vibração e o adensamento incorreto do concreto
considerar a ausência de equipamentos ou paralisação por longos períodos de tempo da
apropriados para o detalhamento das amostras concretagem. Locação incorreta dos elementos,
de solo bem como a utilização dos mesmos fora falta de verificação do prumo e da
da especificação, com defeito ou não profundidade, substituição do solo de sondagem
calibrados. Falta de conhecimento para a por outros solos ou outros materiais, erros na
realização dos ensaios, com a utilização de execução do aterro e do elemento de fundação
modelos simplificados indevidos, uso de projeto com dimensões e geometria incorretas
otimista desconsiderando camadas menos (Milititsky et al., 2005).
resistentes, compressíveis ou lençol d’água e Para Segundo Milititsky et al. (2005), os
uso de correlações empíricas e semi-empíricas problemas na execução das sapatas podem ser
não adequadas a cada situação (Milititsky et al., causados pelo amolgamento no fundo da vala,
2005). quando são locadas sobre canalizações, falta de
Ainda segundo os autores, a grande regularização do concreto magro ou a sua
variedade das propriedades do solo compromete execução incorreta. Ausência da adoção de uma
o sistema de fundação caso desconsiderada as solução adequada na presença de água durante a
características individuais de cada trecho. concretagem. Problemas também nas armaduras
Planejamento do aterro feito de maneira seja pela má execução, ausência de
incorreta, presença de vegetação, espaçadores, com estribos mal posicionados,
colapsibilidade, expansibilidade, zonas de insuficientes, incoerentes com o projeto ou pelo
mineração, zonas cársticas, presença de posicionamento incorreto da armadura no
matacões também são exemplos de interferência elemento de fundação.
do meio no elemento de fundação. Pode ocorrer Nas fundações profundas citam-se os erros
a existência de camadas rochosas superficiais na locação, pela presença de matacões não
insolúveis que escondem as cavidades verificados na sondagem, gerando o
inferiores. deslocamento ou desvio na execução ou
Os problemas de medição correspondem à inclinação incorreta da fundação. Ausência da
falta de monitoramento por engenheiro ou lama bentonítica ou de qualquer outro
responsável técnico na sondagem, a falta do revestimento, utilização tardia ou a ausência do
estudo e análise da área da obra, controle da tremonha, falta de proteção da
desconsiderando os efeitos gerados pela cabeça da estaca causada por obstruções e
edificação e pelo seu entorno (Milititsky et al., emendas inadequadas (Milititsky et al., 2005).
2005). Ainda segundo os autores, em estacas
metálicas, ocorrem problemas de soldagem
entre elementos, emenda mal executada, uso de
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Esse método é baseado em outros sistemas compara-se aos valores mínimos disponíveis na
(DNIT 008/2003 – PRO) que atribuem, de Tabela 2.
modo subjetivo, um determinado peso de
acordo com a incidência ou o tipo de problema Tabela 2. Parâmetro para aprovação do elemento de
fundação.
encontrado. No caso do Programa de Controle ETAPA PONTOS RESULTADO
de Qualidade para Fundações, estabeleceu-se a Ensaio de sondagem aprovado.
≥ 27
seguinte pontuação, conforme Tabela 1. Liberada a execução das
PONTOS
próximas etapas do projeto,
Ensaio de sondagem reprovado,
Tabela 1. Peso da pontuação atribuída. pois não seguiu as mínimas
IMPORTÂNCIA DESCRIÇÃO SONDAGEM condições de dimensionamento e
Caso não executado ou executado incorretamente
< 27 execução especificadas na norma.
em relação ao parâmetro de controle de qualidade
1 (BAIXA)
e às normas técnicas, este não influenciará
PONTOS Recomenda-se a análise do laudo
diretamente na eficiência do produto final. de sondagem e estudo da
Caso não executado ou executado incorretamente possibilidade de ser realizado
em relação ao parâmetro de controle de qualidade outro ensaio de investigação.
2 (MÉDIA)
e às normas técnicas, este poderá resultar em Projeto de fundação aprovado.
problemas consideráveis no produto final. ≥ 18
Liberada a execução das
O não cumprimento ou o cumprimento PONTOS
próximas etapas do projeto.
inadequado conforme parâmetro de qualidade e PROJETO Projeto de fundação reprovado.
3 (ALTA)
normas técnicas resultará em sérios problemas, DE
comprometendo ou condenando o produto final.
Deve-se considerar a reanálise da
FUNDAÇÃO < 18
estrutura e das cargas com o
PONTOS
redimensionamento do sistema de
Depois de realizada a fiscalização e de fundação.
respondidos os questionários, somam-se os Execução da sapata aprovada.
≥ 28
Liberada a execução das
pontos dos itens em conformidade e na PONTOS
próximas etapas do projeto.
existência de irregularidade ou alguma Execução da sapata reprovada
observação específica, faz-se uma análise EXECUÇÃO provisoriamente até que sejam
SAPATA tomadas as devidas providências
rigorosa do elemento executado. Com o < 28 tanto em relação à correção das
somatório desses pontos é possível então, PONTOS medidas dos executores, bem
conferir um parâmetro de aprovação ou como a adoção de ação
reparatória ou reforço estrutural.
reprovação para cada uma das fichas.
A partir disso, padronizou-se o cumprimento Execução da estaca aprovada.
≥ 35
e monitoramento de cada etapa da fundação, PONTOS
Liberada a execução das
próximas etapas do projeto.
por meio da normalização dos procedimentos,
Execução da estaca reprovada
acompanhamento das atividades, elaboração de EXECUÇÃO provisoriamente até que sejam
documentos assegurando a rastreabilidade dos ESTACA
< 35
tomadas as devidas providências
processos, implantação de práticas corretivas e tanto em relação à correção das
PONTOS
medidas dos executores, bem
reavaliação do sistema de qualidade aplicado, como a adoção de ação
mantendo e garantindo sua competência. reparatória ou reforço estrutural.
A reunião de todos esses itens básicos Execução do tubulão aprovada.
≥ 44
Liberada a execução das
proporciona o mínimo de qualidade possível PONTOS
próximas etapas do projeto.
para a eficiência de um elemento de fundação, Execução do tubulão reprovado
resultando na aprovação ou, caso EXECUÇÃO provisoriamente até que sejam
TUBULÃO tomadas as devidas providências
descumprimento dos mesmos, na reprovação, < 44
tanto em relação à correção das
PONTOS
de acordo com a Tabela 2. medidas dos executores, bem
São determinados valores mínimos, pois, como a adoção de ação
reparatória ou reforço estrutural.
alguns sistemas de fundação apresentam
particularidades que devem ser consideradas
apenas se estes forem utilizados. A partir da De acordo com o resultado, é necessário
pontuação atribuída e da somatória realizada, verificar as informações também dispostas
nesta tabela, seja na liberação do elemento para
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REFERÊNCIAS
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RESUMO:
O presente artigo aborda o estudo de caso em uma Pilha de depósito de estéril (PDE) de mineração
de ferro, cujo nível freático e as condições hidrogeológicas estão relacionados com o mecanismo de
ruptura. O trabalho apresenta a metodologia e o procedimento de dimensionamento de um sistema
de drenos horizontais profundos (DHP), com a finalidade de promover o rebaixamento do lençol
freático e por conseguinte elevar o do fator de segurança da estrutura, garantindo aderência à norma
de estabilidade em epígrafe.
Saída de Vazão
q1=-0,0014m³/s/m
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Q = Cd * nA * 2 * g * h (3)
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RESUMO: O emprego de muros grampeados vem aumentando com o passar do tempo. A técnica
consiste em estabilizar o maciço de solo a partir do emprego de grampos que solidarizam a camada
ativa com a passiva. Hoje em dia com a facilidade ao acesso de programas computacionais a
modelagem vem ganhando espaço frente ao modelo de dimensionamento por equilíbrio limite. Este
trabalho teve como objetivo avaliar o fator de segurança global e deformações de um caso real da
cidade de Campo Grande/MS. A obra consistiu na execução de 256 grampos com variados
comprimentos e diâmetros. A análise foi feita para a contenção na sua maior altura, com 8,70
metros e 3 grampos na seção transversal. O programa computacional utilizado foi o PLAXIS 2D®.
Os resultados mostraram que a estrutura encontra-se dentro dos padrões de estabilidade e as
deformações obtidas estão em intervalos dentro dos consagrados na literatura nacional e
internacional.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3 CASO ESTUDADO
3.2.1 Ensaios Realizados no Empreendimento Tabela 2 - Resumo resultados dos ensaios realizados no
empreendimento.
Foram coletadas 3 amostras indeformadas e Parametro Valor
cerca de 2kg de solo, a uma profundidade de 3,4 rs (g/cm³) 2,71
metros, para execução dos ensaios triaxiais CIU Wnat (%) 32,31
LL (%) 57,78
(Consolidated Isotropic Undrained) e de LP (%) 28,3
caracterização. IP (%) 29,48
Solo latossolo vermelho, basáltico, bem <0,002 (%) 48,48
drenado e de alta porosidade, teve
0,002 - 0,05 (%) 16,71
características equivalentes nos ensaios de >0,05 (%) 34,81
caracterização e SPT. Sendo confirmada a j (°) 27
relação de resistência nos ensaios triaxiais. c' (kPa) 0
As tensões confinantes (3) utilizadas foram
de 50, 100 e 150 kPa. Estes apresentaram uma
saturação relativamente rápida, demonstrando
assim uma alta permeabilidade do solo. Abaixo
é apresentado o grau de saturação de cada corpo
de prova pelo parâmetro “B” de Skempton.
Tabela 1 - Saturação dos corpos de prova
Tensão (kPa) B % Saturação
50 0,9675 96,8%
100 0,9678 96,8%
150 0,9754 97,5%
Para a camada de argila mole foram As camadas de solo foram modeladas usando
adotados os valores obtidos por Ribeiro et al. elementos triangulares de 15 nós. Para
(2017). Os autores realizaram ensaios na cidade representar o comportamento do solo foi
de Campo Grande / MS. A camada estudada utilizado modelo Hardening Soil.
possui similaridade com relação ao SPT e Como o software PLAXIS 2D® realiza as
formação geológica (Tabela 3). análises no plano bidimensional os parâmetros
Para a camada de basalto em decomposição equivalentes foram calculados para as estruturas
foram utilizados os resultados de Ramos presentes nas análises.
(Publicação futura), referente ao trabalho de Segundo Eleutério (2013) existe duas formas
conclusão de curso do referido autor a ser de modelar os grampos, pelo elemento plate ou
publicado. Ramos realizou ensaios de por geogrid. Como é de grande valia avaliar a
cisalhamento direto em basalto em rigidez do grampo, neste caso, foi utilizado o
decomposição, próximo ao empreendimento elemento plate para a modelagem.
aqui estudado. Tomando assim esses Os cálculos da rigidez axial e a flexão da
parâmetros encontrados como similares. Tendo parede e do grampo são feitos seguindo relações
ângulo de atrito igual a 35° e coesão de equivalencia de módulo de elasticidade e
aproximadamente 0 kPa. área do elemento.
Em que deq é calculado automaticamente Assim a malha utilizada possui 43.858 nós,
pelo PLAXIS utilizando a expressão (6). não exigindo mais capacidade computacional
do que o necessário para um estudo de
𝐸𝐼 qualidade.
𝑑𝑒𝑞 = √12 𝐸𝐴 (6)
Tabela 6 - Porcentagem do desvio com relação à malha
Tabela 4 - Dimensões reais e equivalentes da parede de 64664 nós.
grampeada estudada. Nº de nós Desvio
Dimensões\elemento Parede Grampo 43858 0,56%
36840 1,22%
Real
26588 2,39%
Diâmetro (mm) 350 150 22822 3,46%
faço (mm) 9f12,5 20 17486 5,30%
Econcreto (GPa) 21 -
Enata (GPa) - 22
Eaço (GPa) 210 210 5 RESULTADOS
Sh (m) 1 2 5.1 Deformações
Linearizada
Eeq. (GPa) 23,2 25,3 Os resultados obtidos foram condizentes com a
EA (kN/m) 2,23 . 10^6 2,24.10^5 literatura, o deslocamento no topo da escavação
EI (kN.m²/m) 17070 314,36 ficou em torno de 0,23%H. Um total de 10 fases
deq (m) 0,303 0,1298 foi executado na simulação, representadas na
Figura 12.
A Tabela 5 resume os parâmetros utilizados na As deformações da parede em toda sua
modelagem numérica. altura se encontram na Figura 13.
Comportamento similar ao observado por Silva
Tabela 5 - Valores ajustados para tensão de 100 kPa (2017).
(modelo de referência). A relação entre os deslocamentos horizontais
Parâmetro
Tipo de solo e verticais não se comportaram
Arg. Mole Arg. Média Basalto em Dec. Rocha proporcionalmente. Os horizontais tiveram
r (kN/m³) 17 18 20 27
j (°) 20 27 40 44
valores absolutos maiores que os verticais nos
c' (kPa) 0 0 0 70 pontos do topo da cortina. O deslocamento
Eref (MPa) 19,6 21,8 28 90 horizontal foi de 17,3 mm e o vertical 11,6 mm.
Eoed (MPa) 51,8 65,4 84 270 A área de influência das deformações foi
y 0 0 0 0
maior que a considerada na literatura. Chegando
ao valor de 2,7 (C ou ) para a área de
Para os valores de módulo de
influência dos deslocamentos, ou seja, DDEF =
deformabilidade das camadas de basalto em
23,50 metros.
decomposição e rocha basaltica foram utilizadas
correlações de Teixeira & Godoy (1996),
correlacionando o tipo de solo ao SPT.
RESUMO: Este trabalho tem o intuito de avaliar a qualidade de um trecho de pavimento rígido da
Estrada Parque Taguatinga/DF. A metodologia aplicada consistiu no levantamento das
manifestações patológicas identificadas em cada segmento analisado e no cálculo do índice de
condição do pavimento (ICP). O estudo foi realizado embasado nas normas DNIT 060/2004 – PRO,
que define o procedimento de inspeção visual; DNIT 061/2004 – TER, que apresenta as principais
anomalias do pavimento rígido e; DNIT 062/2004 – PRO, que define os procedimentos para a
avaliação objetiva e cálculo do ICP. Como resultado foi obtido um ICP de 56,5, ou seja,
classificação de boa condição geral do pavimento. Porém, foram identificados segmentos que
apresentavam anomalias com alto grau de severidade. Como a rodovia foi realizada no ano de
2010, a identificação dessas anomalias indicam falhas na execução, nos materiais empregados ou
falhas de projeto. Dessa forma, é recomendada a recuperação dos defeitos mais graves.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
(Ferreira, L., 2015). anos. Essa economia pode variar de 30% a 60%
Para Carvalho (2012) a durabilidade é um na energia elétrica da iluminação pública em
diferencial da pavimentação de concreto em relação ao pavimento asfáltico.
relação às demais pavimentações, visto que é Dessa forma, entende-se que além da
relacionada às propriedades estruturais do economia de energia, a visibilidade do
material (elevada resistência mecânica, motorista melhora, devido a capacidade de
resistência ao desgaste e praticamente reflexão da luz e, consequentemente, eleva a
impermeável). segurança no trânsito (sobretudo nos períodos
Nesse sentido, o pavimento de concreto é o noturnos e chuvosos).
mais indicado para a construção de estradas de
tráfego intenso e pesado, que são mais 2.3.3 Segurança nas Estradas
suscetíveis ao derramamento de óleo e ações
intensas de frenagem, por resistirem com maior O concreto possui uma textura superficial,
eficácia a essas solicitações. relacionada ao acabamento, que eleva a
segurança de rolamento em condição de
2.3.2 Economia de Energia Elétrica superfície molhada (Vizzoni, 2015). Essa
qualidade proporciona maior segurança,
Outra vantagem do pavimento de concreto, auxiliando na eliminação de hidroplanagem e
segundo Vizzoni (2015), é a economia de redução da distância de frenagem.
energia elétrica. Por possuir uma característica
mais reflexiva, proporciona um menor gasto 2.4 Patologias do Pavimento de Concreto
com iluminação pública, em relação ao
pavimento flexível e, consequentemente, reduz Segundo o Manual de Pavimentos Rígidos do
o número de postes e luminárias de alto DNIT (2005), fatores como técnicas de
rendimento, conforme pode ser observado na execução e materiais inadequados, associados a
Figura 2. falta de uma manutenção rotineira, estão
normalmente associados aos defeitos mais
comuns dos pavimentos rígidos. Esses tendem a
se agravar com o decorrer do tempo, podendo
ocorrer com diferentes frequências e graus de
severidade.
Dentre as manifestações patológicas
existentes no pavimento de concreto destacam-
se: fissuras lineares, fissuras superficiais e
escamação, fissuras de canto, fissura de
retração plástica, alçamento de placas, placa
dividida, escalonamento ou degraus nas juntas,
falha na selagem das juntas, desnível no
pavimento, grandes reparos e pequenos reparos,
Figura 2 – Comparação de iluminação entre o pavimento bombeamento, desgaste superficial, quebras
rígido e o flexível
localizadas, passagem de nível, esborcinamento
Fonte: Green highways – ACPA/EUA (2007)
ou quebras de canto, esborcinamento de juntas,
placa bailarina, assentamento e buraco.
Para Di Pace e Becker (1997), em razão da
Para uma correta avaliação do pavimento
capacidade do concreto em refletir a
rígido, o DNIT se baseou na metodologia
luminosidade maior que o asfalto, existe uma
desenvolvida pelo U.S. Army Construction
economia de energia na relação kwh/m², que
Engineenrig Research Laboratory - CERL
pode ser considerada razoável ao longo dos
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(Shahin, 1979). Esse procedimento consiste na F(t,q): uma função de ajustamento para defeitos
identificação das manifestações patológicas do múltiplos, que varia com o valor dedutível
pavimento com posterior realização de um somado (t) e o número de deduções (q).
cálculo do índice de condição do pavimento
(ICP), que indica o estado de conservação do A quantidade de placas afetadas por um tipo
pavimento. de defeito e seu grau de severidade, no
É por meio deste índice que os órgãos momento em que é comparado com o total de
rodoviários e as concessionárias de rodovias placas da amostra, apresenta um porcentual,
preparam os programas de recuperação do que é denominado como densidade de defeitos
pavimento (DNIT, 2005). da placa (DNIT, 2010).
A Norma DNIT 062/2004 – Pro, em sua
2.5 Índice de Condição do Pavimento (ICP) seção 6 do Anexo A (normativo), apresenta
gráficos para cada espécie de defeito e grau de
Segundo o Manual de Recuperação de severidade, que associam a densidade de
Pavimentos Rígidos do DNIT (2010), o ICP é defeitos com o valor dedutível (CVD).
um número baseado no levantamento dos Para obter o valor dedutível total é
defeitos vistos em toda a extensão de um necessário realizar o somatório dos valores
pavimento, ou apenas em um trecho escolhido, dedutíveis de todos os defeitos e respectivos
e do grau de severidade destes defeitos. graus de severidade, presentes na amostra.
Este índice é quem determina o grau de Este valor dedutível total precisa ser
deterioração do pavimento, dessa forma, o corrigido (VDC). Segundo o Manual de
pavimento com o ICP maior ou igual a 70 não Recuperação de Pavimentos Rígidos do DNIT
necessita de um programa de recuperação, ao (2010) esta alteração é feita da seguinte forma:
passo que, aquele que possui o ICP menor que Contam-se quantos valores deduzíveis
40 é considerado deficiente ou praticamente (CVD) são maiores que 5. Esta
destruído. Nos pavimentos com ICP entre 40 e quantidade de valores acima de 5 é
70 devem ser recuperados os defeitos mais designada pela letra “q”;
graves do trecho observado. No gráfico do Anexo C do Manual do
DNIT (2010), encontram-se curvas para
2.5.1 Determinação do ICP diversos valores de “q”. Entra-se no
gráfico com o valor de “q” encontrado e
O cálculo do ICP é realizado por meio da com o valor dedutível total, obtém-se o
formulação abaixo (Equação 1): valor dedutível corrigido;
O ICP da amostra é a diferença entre
(1) 100 e o valor dedutível corrigido.
16 5%
10 100%
Tabela 6. Parâmetros para o cálculo do ICP - 1ª amostra.
N° de % de
Grau de Valor
7 30% Defeito placas placas
severid. deduzível
afetadas afetadas
5 100% 5 A - - 8
7 A 4 20 30
0% 20% 40% 60% 80% 100%
7 M 2 10 8
Porcentagem de aparecimento dos defeitos
10 - 20 100 10
Gráfico 1. Frequência dos defeitos da 1ª amostra 16 M 1 5 2
17 B 4 20 4
Tabela 7. Parâmetros para o cálculo do ICP - 2ª amostra.
20 10% N° de % de
Grau de Valor
16 10% Defeito placas placas
severid. deduzível
afetadas afetadas
Defeitos identificados
15 20%
5 A - - 8
12 5% 7 A 10 50 40
10 100%
7 B 1 5 3
10 - 20 100 10
7 55% 12 A 1 5 19
5 100% 15 - 4 20 1
16 B 1 5 3
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Porcentagem de aparecimento dos defeitos
16 M 1 5 2
20 - - - -
Gráfico 2. Frequência dos defeitos da 2ª amostra
Não é apresentado o número de placas
Observa-se por meio dos gráficos acima que
afetadas e sua respectiva porcentagem para o
os defeitos mais frequentes encontrados nesse
defeito 5 porque os defeitos existentes no
pavimento são anomalias na selagem das juntas
selante não são avaliados por densidade
(5) e o desgaste superficial do pavimento (10),
(quantidade), mas sim como um todo. Dessa
os quais se encontram em 100% das placas
forma, o valor deduzível desse defeito é
analisadas das duas amostras.
baseado no grau de severidade, sendo 8 para o
As causas para o defeito na selagem das
grau de severidade alto (A).
juntas ocorrem devido ao erro na execuçao da
O defeito 20 não apresenta valores na Tabela
selagem e a escolha de um material selante de
7, pois a norma DNIT 062/2004 – PRO não
baixa vida útil (DNIT, 2010).
aponta existência de curva para a determinação
Esta anomalia pode corroborar para a
dos valores deduzíveis deste defeito.
infiltração de água no pavimento, crescimento
Vale ressaltar, que os valores deduzíveis
de vegetação e oxidação do material.
encontrados dos defeitos 7, 10, 12, 15, 16 e 17
Já as possíveis causas para o desgaste
foram obtidos, respectivamente, de acordo com
superficial são: emprego de concreto de baixa
os ábacos representados nos itens 6.7, 6.10,
qualidade; emprego de agregados sujos ou pó
6.12, 6.15, 6.16 e 6.17 do Anexo A da norma
aderente; excesso de água de mistura no
DNIT 062/2004 – PRO.
concreto; concreto com exsudação elevada por
De acordo com as Tabelas 8 e 9 a seguir, é
deficiência de finos; descolamento da pasta ou
argamassa de cobrimento (DNIT, 2010). possível verificar o resultado do ICP da cada
amostra.
O desgaste superficial provoca um
desconforto ao tráfego, podendo com o tempo
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EDUCAÇÃO EM GEOTECNIA
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RESUMO: Como forma de apoio a escolas do ensino básico localizadas nos municípios de Viçosa e
cidades vizinhas da Zona da Mata Mineira, estudantes dos 6° e 8° períodos do curso de Engenharia
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2 METODOLOGIA
2.1 O projeto
de trabalho) utilizados no curso que Tabela 1 – Dados obtidos das apresentações em 2017.
envolvessem solos, não deixando o foco Item Quantidade
Cidades visitadas 11
educacional do projeto de lado. A logomarca do Graduandos de Eng. Civil envolvidos 24
projeto é apresentada na Figura 7. Apresentações realizadas 92
Estudantes de ensino fundamental e médio 2910
alcançados com o projeto
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
de fundações. Esse programa além de agilizar a criação de projeto de fundações pode ser usado na
edição e modificação de projetos que estão em execução, tornando os valores dos projetos mais
competitivos visto que necessitará somente a aquisição de programas do Microsoft Excel e do
AutoCAD da Autodesk que são ferramentas corriqueiras de qualquer engenheiro civil da atualidade.
F M My
máx = + x + adm (3) Onde o NSPT é o valor médio dos NSPT dentro
Área Sapata W x W y
do bulbo de tensões, com 5 N SPT 20 .
No dimensionamento é necessário levar em
consideração a situação mais econômica, a fim De acordo com Simons e Menzies (1981)
de reduzir gastos, portanto, as distâncias em apud Cintra et al. (2011) o comprimento do
planta da face do pilar a borda da sapata devem bulbo de tensão (z) é determinado a partir de
ser idênticas nas duas direções, ou seja, os conceitos existentes na teoria da Elasticidade
balanços livres devem ser iguais, garantindo aplicada à Mecânica dos solos, e está
áreas de armaduras aproximadamente parecidas diretamente relacionado com a forma do
nessas direções, conforme ilustrado na Figura 1 elemento de fundação.
abaixo. Cintra et al. (2011) ressalta que para efeitos
práticos para determinação da forma do
elemento de fundação, pode-se considerar:
mm
Balanço
43,74
Segundo Bastos (2012), a altura base da sapata Portanto o número de barras de aço é definido
(h0) deve respeitar a condição imposta pelo pela área de aço encontrada, divida pela área de
sistema abaixo: da seção da barra do aço que será utilizada na
sapata.
h
ASa;b
nbarras =
h0 3 (9) (13)
A
20cm
My
bp
Forma
Figura 6. Janela de Locação dos Pilares.
M
en
or
ta
consta com um quadro resumo do
do pa
h a dur
a
do
da
Sa
dimensionamento, no qual o usuário pode
m La
Ar
Ma
ior navegar entres os elementos já dimensionados.
do
m
ad
ur
a
Nesta aba o usuário tem opção editar as
Ar
Cobrimento dimensões de cada um dos elementos de
fundação antes de fazer a exportação para o
Figura 5. Especificações de projeto da sapata.
AutoCAD (Figura 7).
O cobrimento das armaduras adotado para as
sapatas foi de 5 cm. Trata-se de um valor que não
pode ser alterado pelo usuário.
Em parâmetros geotécnicos deve ser
introduzido o valor da tensão admissível do solo,
calculado a partir do ensaio de SPT e a altura em
metros do embutimento.
Logo após inserir todos os dados necessários
e clicar em calcular, aparecerá os valores das
dimensões das sapatas de cada pilar.
Flávia Cauduro
Universidade do Extremo Sul Catarinense/UNESC, Criciúma, Brasil, engflaviacauduro@gmail.com
RESUMO: Em cursos de engenharia civil, a disciplina de geologia é seguida pela mecânica dos solos,
mostrando que existe uma forte interação entre as duas áreas. Apesar do ensino teórico e prático de
geologia direcionado a engenharia, existe a importância de aplicar geotecnicamente tais
aprendizados. Esta aplicação vem na sequência, com a disciplina de mecânica dos solos e laboratório.
O laboratório de mecânica dos solos é o local indicado para instigar o estudante a colocar em prática
os conhecimentos adquiridos nas fases anteriores. Um dos importantes trabalhos desta disciplina é a
realização de ensaios de caracterização geotécnica de solos “desconhecidos”, aqueles sobre os quais
não se possui resultados conhecidos acerca de suas características geotécnicas. Considerando que tal
atividade seja proposta em mais de um curso de engenharia civil, além de permitir ao acadêmico um
melhor entendimento sobre caracterização geotécnica a partir do seu próprio trabalho, a disciplina
pode proporcionar para a região a chance de catalogar seus solos com esforço “compartilhado”. Com
isso, o ganho na formação do acadêmico no âmbito geológico geotécnico cresce, uma vez que o
profissional se mostra capacitado para contratar, com discernimento, profissionais específicos para
sua obra, sabendo requisitar seus serviços a partir das demandas exigidas em seus projetos.
tais aprendizados. Esta aplicação vem na parcerias entre universidades sejam firmadas.
sequência, com a disciplina de mecânica dos Dados sobre a data de coleta, local, condições
solos e laboratório, sendo o local indicado para climáticas, coordenadas geográficas são de suma
instigar o estudante a colocar em prática os importância. Tendo em vista o prévio
conhecimentos adquiridos nas fases anteriores. É conhecimento geológico adquirido, a atividade
no laboratório que se percebe que as corretas também pode prever uma estimativa com relação
execuções dos ensaios atreladas a à tendência dos solos de serem transportados ou
conhecimentos prévios impactam diretamente residuais.
nos resultados. Para o desenvolvimento da metodologia são
Relacionando o aprendizado geotécnico com previstos ensaios de granulometria, índices
área da educação, este tipo de prática, no âmbito físicos e de consistência, compactação e Índice
da pedagogia, é descrita e defendida pelo de Suporte Califórnia, pelo menos. De posse dos
interacionismo. Conforme Pereira, (2012, resultados, o trabalho final contempla a
p.277), “Piaget, Wallon e Vygotsky mostraram elaboração de um artigo sobre o solo trabalhado
que o conhecimento se dá a partir do sujeito em e sua aplicabilidade, buscando aproximar o
sua ação no mundo e conferem a esse processo acadêmico com a realidade da comunidade
sujeito-mundo uma dialeticidade ímpar nas técnico científica. Isto é importante, pois um
teorizações sobre como conhecê-lo”. Conforme futuro engenheiro aprende não somente a
Vygotsky (apud PEREIRA, 2012, p.281), “toda executar, mas também a escrever e apresentar
generalização, toda formação de conceitos é o seus dados, justificando seus resultados a partir
ato mais específico, mais autêntico e indiscutível da execução de seus próprios ensaios. Com isso,
do pensamento. Consequentemente, estamos o ganho na formação do acadêmico no âmbito
autorizados a considerar o significado da palavra geológico geotécnico cresce, uma vez que o
como um fenômeno do pensamento”. profissional se mostra capacitado para contatar,
Nesse contexto, um dos importantes trabalhos com discernimento, profissionais específicos
de uma disciplina de laboratório de mecânica dos para sua obra, sabendo requisitar seus serviços a
solos é a realização de ensaios e/ou estudos partir das demandas exigidas em seus projetos.
comparativos de caracterização geotécnica ou
mecânica de solos previamente conhecidos com
solos “desconhecidos”. Como solos 2 METODOLOGIA
“desconhecidos” ficam entendidos aqueles sobre
os quais não se possui resultados explorados 2.1 Disciplina de Geologia Geral
acerca de suas características geotécnicas.
Normalmente as disciplinas propõem aos seus A disciplina tem como objetivo fornecer um
acadêmicos a coleta de materiais conforme aprendizado teórico e prático na área de
especificações previamente estabelecidas. Geologia e Geotecnia, com discussões a respeito
Considerando que tal atividade seja proposta dos fatores geológicos condicionantes aos
em mais de um curso de engenharia civil, além estudos, métodos de investigação, projetos e
de permitir ao acadêmico um melhor construções em obras de Engenharia.
entendimento sobre caracterização geotécnica a Busca, ao longo de suas aulas teórico
partir do seu próprio trabalho, a disciplina pode expositivas e práticas, estudar as características
ir além. Pode, também, proporcionar para a e a dinamicidade do interior e da superfície da
região a chance de catalogar seus solos com Terra, compreender os processos físicos que
esforço compartilhado, mostrando, ainda, que levam o planeta a ser como é, pesquisar matérias-
mesmo que estejam próximos é possível obter primas e estabelecer critérios para o seu
diferentes características entre as amostras. Tal aproveitamento racional e sustentável,
situação pode oportunizar ao país um catálogo de compreender a influência dos processos
solos a nível nacional considerando que geológicos e de transformação do meio
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Rafael Genaro
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil,
rafael.genaro@ufvjm.edu.br
RESUMO: O presente trabalho consiste na construção de um aterro sobre solo mole. Os resultados
obtidos para a situação demonstrada foi utilizada na confecção de um produto, cuja finalidade foi à
aplicação dos conhecimentos sobre adensamento de uma maneira dinâmica e atrativa, capaz de
despertar, mesmo em pessoas sem um conhecimento prévio, o interesse sobre o assunto. O Trunfo
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dos Solos foi baseado em outros jogos já existentes no mercado e apresenta 32 cartas nas quais
foram avaliadas diferentes situações que geram diferentes resultados quanto ao emprego do pré-
carregamento. A partir das informações inicias, sendo estas: carga de edificações, altura da camada
de argila e tempo de adensamento; foi calculada a altura do aterro, o recalque devido à sobrecarga, a
tensão de sobrecarga e o acréscimo de tensão. A confecção de qualquer produto gera custos, desde a
escolha e aquisição dos materiais a mão de obra para o seu desenvolvimento e estão apresentados no
presente trabalho.
1 INTRODUÇÃO
Quando há ocorrência de um acréscimo de
De acordo com Pinto (2000) “os solos são tensão, no momento da aplicação, tensão
constituídos por um conjunto de partículas, com aplicada é suportada pela água (poropressão) e,
água (ou outro líquido) e ar nos espaços até que ocorra a expulsão da água dos vazios,
intermediários”. Portanto o comportamento do parte deste acréscimo de tensão será suportada
solo é influenciado por cada um dos seus pela água. Este efeito é denominado excesso de
constituintes, como uma combinação de poropressão. Durante a expulsão da água,
comportamentos que resulta na maneira em que causada pelo acréscimo de tensão, ocorre a
o solo vai se comportar em determinadas deformação do solo devido o aumento da tensão
situações. No campo da engenharia civil, visto suportada pelos grãos. Esta deformação é fruto
que todas as obras são assentadas sobre o solo, do deslocamento que é denominada recalque.
o conhecimento do seu comportamento é O recalque total pode ser determinado pelo
fundamental para evitar patologias ou até recalque imediato (deformação elástica, ocorre
mesmo, em determinados casos, desastres. em todos os solos), recalque por adensamento
Um solo saturado é caracterizado por possuir primário (redução do volume devido à expulsão
todos os seus espaços vazios (interstícios dos da água dos vazios, ocorre em solos coesivos
grãos ou espaços intermediários) preenchidos saturados) e recalque por adensamento
com água. Assim, o comportamento do solo secundário (devido a ajustes plásticos da
dependerá apenas dos grãos e da água que estrutura do solo, ocorre em solos coesivos).
compõe o mesmo. Na engenharia, o principal Segundo Dominoni (2011) e Pinto (2000) o
estudo do comportamento do solo está recalque imediato acontece logo após a
relacionado às tensões aplicadas, visto que as aplicação da carga e sem variação de volume de
obras necessitam de fundações e/ou escavações argila, pode ser chamado também de recalque
(construção de túneis, por exemplo). não drenado, elástico ou imediato. O recalque
“A água no interior dos vazios estará sobre primário ocorre por adensamento devido à
uma pressão que independe da porosidade do expulsão da água dos vazios do solo, sendo este
solo, depende só de sua profundidade em o único que pode ser tratado pela teoria do
relação ao nível freático” (Pinto, 2000). A adensamento.
influência da água quanto a tensões é Os solos moles, situação utilizada no
denominada poropressão expressa pela equação desenvolvimento do trabalho, são constituídos
(1) a seguir, onde u é a poropressão, γw é o peso por frações finas, composto por proporções
específico da água e h é a profundidade em variáveis de silte e argila, em condições
relação ao nível d’água: saturadas, pouco permeáveis e possuindo
elevados teores de matéria orgânica (Perboni,
(1) 2003). Assim, nestes solos, devido à baixa
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permeabilidade, ou seja, o fluxo lento da água elaboração das cartas foram: 80 e 160 dias para
dentre os interstícios dos grãos, a dissipação da variável tempo, 15 e 30 kPa para carga da
poropressão leva um longo período de tempo, edificação pretendida, valores de 6, 7, 8 e 9
devido à presença de água nos interstícios do metros para espessura da camada, 1 e 2 camadas
solo. Esta definição caracteriza o adensamento drenantes.
primário do solo. A partir das alterações nos valores das
Quando é construído um aterro sobre uma variáveis foram geradas 32 cartas para o jogo, o
argila mole saturada, os acréscimos de tensões que representa 32 situações diferentes. Jogar
são inicialmente suportados pela água e, com o sem dificuldades é possível a qualquer pessoa,
a transferência do excesso de poropressão para desde que siga as orientações, permitindo
os grãos, a pressão efetiva aumenta e o recalque àqueles que possuem conhecimento acerca do
vai ocorrendo em função do tempo (Coutinho, tema, além de jogar, também discutir e inferir
1976). Porém o tempo necessário para que o acerca dos resultados obtidos na cada carta
adensamento seja concluído geralmente é (situação).
demasiadamente longo, sendo necessária O tipo de solo em questão para todos os
utilização de técnicas que acelerem tal processo, casos possui o mesmo OCR (Overconsolidation
visto que existem prazos para a construção das ratio) igual a 1,3, cujo é possível, através da
obras de Engenharia. São utilizadas muitas equação (2), encontrar a tensão de pré-
técnicas para acelerar os recalques de aterro adensamento a partir da tensão vertical inicial
como o pré-carregamento e a utilização de em um ponto qualquer no centro da camada de
drenos verticais implantados na camada de solo mole.
argila mole (Meneses, 2004).
O presente trabalho tem por objetivo (2)
apresentar a produção de um produto atrativo,
interativo e dinâmico, de forma a despertar o
Sendo o a tensão de pré-adensamento e
interesse sobre o assunto mesmo em pessoas
a tensão vertical inicial. Os índices físicos do
sem conhecimento prévio acerca do tema.
solo foram mantidos, sendo que alterá-los
Aqueles que já têm conhecimento sobre o
dificultaria uma correlação entre as variações de
assunto, o produto será uma forma prática de
tempo, espessuras de camada mole e
visualização da técnica do pré-carregamento em
sobrecargas aplicadas ao solo. Para o OCR
algumas situações variadas, ampliando e/ou
especificado, observa-se então que a tensão
reforçando tais conhecimentos.
vertical inicial é menor do que a tensão de pré-
adensamento, tal relação indica que o solo em
2 METODOLOGIA questão é sobre adensado. Nesta situação, o
recalque por adensamento primário pode ser
2.1 Criação das Cartas encontrado de acordo a equação (3) a seguir.
foi obtida a partir da equação (4) e uso das Para alcançar o número de cartas suficiente, os
tabelas 1 e 2, de acordo a teoria de Terzaghi, cálculos foram realizados em uma planilha em
onde Tv é o fator de tempo, cv o coeficiente de “Excel” gerando 32 situações diferentes para se
adensamento, t o tempo e Hd a altura drenante: obter diferentes resultados.
Todas as cartas possuem um índice
(4) composto por um número de 1 a 8 seguido por
uma letra de “A” a “D”. A letra representa a
Tabela 1. Variação de Tv com Relação a U – Parte 1. “família” da carta, cujas cartas foram divididas
em famílias conforme a espessura da camada de
solo mole. Assim, todas as cartas que possuem
espessura de solo mole igual pertencem à
mesma família. As famílias A, B, C e D
equivalem às cartas com espessura da camada
de solo mole iguais a 6, 7, 8 e 9 metros. Segue
também a interpretação de que quanto menor a
espessura da camada de solo mole mais
vantajosa é a situação (carta), portanto, a ordem
da família mais desfavorável para a mais
favorável são: D, C, B e A.
Considerando então o índice relacionado à
família, é mais fácil ganhar uma rodada do jogo
com uma carta da família A do que com uma
carta da família D. O número no índice, por sua
vez, representa a “força” da carta dentro da sua
respectiva família. Sendo que a melhor
Tabela 2. Variação de Tv com Relação a U – Parte 2.
classificação equivale ao número 1 e a pior ao
número 8. Assim as cartas possuem uma
classificação geral a partir dos índices. Cartas
com classificação superior não significam
necessariamente a garantia de vencer
determinada rodada, já que não significa que a
carta vence as demais em todos os quesitos,
porém a probabilidade de vencer a rodada com
uma carta de classificação superior é maior.
É importante salientar que durante o jogo há
uma carta chamada “Super Trunfo” que
representa a situação do problema original com
um design de cor diferenciado das demais
cartas. Quando esta carta é lançada, o vencedor
da rodada será o jogador que lançou a carta
“Super Trunfo”, a menos que outro(s) jogador
(es) possua(m) carta da família A; caso tenha
cartas da família A, o vencedor da rodada será o
jogador que possui a carta de melhor
A partir das considerações descritas classificação entre a família A (independente do
anteriormente, foi possível determinar os requisito escolhido para a rodada), sendo esta a
parâmetros e resultados para cada carta do jogo. única situação em que o índice determina o
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Índice de vazios 1,8 Figura 1. Carta do Jogo com uma Camada Drenante.
Tv 0,2
Cv 0,04 m²/dia
Camadas drenantes 2
Hd 4 m
Tempo de adensamento 80 dia
Porcentagem de recalque 50%
Peso específico do solo 17 kN/m³
Recalque (1,5m) 1,023 m
Tentativa de sobreaterro 3,2 m
Tensão vertical final 93,6 kPa
Recalque 1,527 m
ρ (sobrecarga) = 3,05 m
Tensão de sobrecarga 286,56 kPa
Acréscimo de Tensão 262,36 kPa
Altura de aterro 15,43 m
Figura 2. Carta do jogo com Duas Camadas Drenantes.
Na caixa do jogo contém o total de 34 cartas,
com dimensões de 6 cm de largura e 9 cm de Uma carta explicativa acerca do ganhador
altura, destas, 32 são as cartas utilizadas para em cada quesito comparado, mostrado na figura
jogar, conforme é mostrado nas figuras 1 e 2 a 3, e uma carta na qual contém as regras do jogo
seguir. As cartas do jogo possuem um desenho apresentada nas figuras 4 e 5.
representativo do esquema proposto, variando
entre uma ou duas camadas drenantes e ao lado
esquerdo do desenho contendo informações
referentes a cargas das edificações, altura da
camada de argila e o tempo de adensamento. Na
parte inferior das cartas encontram-se os
quesitos de comparação em destaque e no canto
superior esquerdo, a classificação de cada carta.
Rafael Genaro
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exigirá que o aluno tenha um conhecimento básico sobre solos moles, visto que serão solicitados
parâmetros de entrada como peso específico natural, índice de compressibilidade, razão de pré-
adensamento, entre outros.
Onde σ é a tensão total das camadas de solo plataforma acessível que possibilite a execução
e “u” é a poropressão. dos cálculos de maneira rápida.
Desenvolveu-se os cálculos utilizando das
A tensão efetiva final leva em consideração linguagens JavaScript, CSS, HTML e React,
o acréscimo de tensão (△ σ) devido aos aterros que funcionam em conjunto e de maneira
e ao peso das edificações. integrada. A linguagem HTML (HyperText
Markup Language) é responsável pela marcação
σ′𝑓 = σ′𝑒𝑓 + △ σ (2) do conteúdo de uma página no navegador e a
Linguagem CSS (Cascading Style Sheets)
Como no caso proposto, a compressibilidade define a apresentação em páginas da internet
está em função dos índices de compressão e das adotando para o seu desenvolvimento a
faixas de tensões efetivas do projeto. Para o linguagem HTML.
cálculo do recalque (P) é preciso analisar Em suma o React que faz parte de uma
também o OCR, que é a razão entre a tensão de biblioteca do JavaScript atua melhorando o
pré adensamento e a tensão efetiva no campo. visual da plataforma de cálculo online
Caso o OCR, seja igual que 1 o reclaque será (calculadora soil), sendo esses desenvolvidos
calculado pela seguinte equação: em JavaScript, que é a linguagem principal por
trás da calculadora permitindo a interação entre
𝐶𝑐 σ′ todas as linguagens desenvolvidas.
𝑃 = H𝑜 × (1+𝑒 ) × log(σ′ 𝑓 ) (3)
𝑜 𝑒𝑓 A figura 1 mostra o produto final da
programação.
Caso o OCR seja maior que 1, e σ′𝑓 > 𝜎′𝑣𝑚
𝐻𝑜 σ′𝑣𝑚 σ′𝑓
𝑃 = × [𝐶𝑟 × log + 𝐶𝑐 × log ]
(1+𝑒𝑜 ) σ′𝑒𝑓 σ′𝑣𝑚
(4)
𝐶𝑟 σ′
P = H𝑜 × (1+𝑒 ) × log(σ′ 𝑓 ) (5)
𝑜 𝑒𝑓
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 3. Entrada com parâmetros do solo.
A plataforma desenvolvida para o cálculo do
recalque se mostrou eficiente, sendo um bom
exemplo de como as ferramentas tecnológicas
podem contribuir para solução de problemas de
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
2 MODELOS FÍSICOS
1 2 3 4 5 6 7 8
Vala de ancoragem
(a)
Muro vertical
2.5 ESTRUTURA DE SOLO REFORÇADO
COM GEOSSINTÉTICOS
Ayandra Figueiredo
UFVJM, Teófilo Otoni, Brasil, drinha_figueiredo@hotmail.com
RESUMO: A base teórica deste trabalho consiste no cálculo do recalque ocasionado por um aterro
lançado em um terreno às margens do Rio Todos os Santos na cidade de Teófilo Otoni – MG onde
se deseja construir um conjunto habitacional. Objetivou-se retratar na maquete o processo de
adensamento do solo, estimulando os alunos a desenvolverem a dinâmica e a oralidade na
realização de trabalhos acadêmicos. O processo de produção da maquete trata-se de uma forma
artística de representar um espaço fictício. A sequência de camadas exemplifica um perfil de um
solo que pelas suas características sofreria recalque após ser submetido às cargas das supostas
edificações e a resposta para esse problema foi realizar um aterro para antecipar o recalque e deixar
o terreno na cota desejada para a construção.
atividades práticas com o auxílio de protótipos A classificação dos solos moles segundo
no ensino de diversas áreas do conhecimento. Pinto (2006) leva em consideração o índice de
Essa aplicação tem como finalidade estimular e consistência (IC), o número de golpes (NSPT)
aguçar a percepção espacial do receptor que é um parâmetro que mede a resistência do
proporcionando um entendimento mais amplo solo à penetração e a resistência à compressão
dos espaços ou objetos projetados. simples.
Diante dessa nova metodologia de ensino, O IC é determinado pela seguinte Equação 1
foram propostas, como parte da avaliação aos (PINTO, 2006):
alunos da disciplina de Mecânica dos
Solos da UFVJM, diferentes ideias e 𝐿𝐿−𝑤
𝐼𝐶 = (1)
𝐿𝐿−𝐿𝑃
demonstrações gráficas a serem aplicadas. Este
grupo ficou responsável pela confecção de uma
Onde: LL – limite de liquidez é definido pelo
maquete como produto para a caracterização do
teor de umidade para o qual o sulco se fecha
adensamento do solo de um conjunto
com 25 golpes, w – teor de umidade em % da
habitacional fictício. Dessa forma, a maquete
amostra e LP – limite de plasticidade.
possibilitaria uma visão tridimensional física
Já o NSPT, consiste no número de golpes
para desenvolver o projeto acompanhado de
aplicados necessários para cravar 30 cm do
ideias, soluções e da criatividade do grupo.
amostrador padrão. E por último, a resistência à
Através de artes fundamentais e autônomas, a
compressão compreende carga necessária para
maquete possibilita uma leitura do trabalho
levar o corpo de prova à ruptura, dividida pela
tratado como meio de ligação entre alunos e a
área da seção transversal desse corpo (PINTO,
realidade, incluindo, sobretudo as questões
2006).
relacionadas ao adensamento, utilizando o
Diante do aumento da densidade populacinal
aterro de sobrecarga como meio de minimizar
dos centros urbanos torna-se imprescindível o
os excessivos recalques que venham ocorrer,
melhoramento da sua infraestrutura. Assim,
devido às propriedades do solo do local.
existe há necessidade da construção de aterros
De acordo com Santos (2015) por meio de
sobre solos instáveis (solos moles), sendo este
uma maquete é possível ter o domínio visual de
muito comum hoje em dia nas obras de
todo o conjunto espacial representado por um
engenharia.
modelo tridimensional, favorecendo a relação
É importante salientar que o foco desse
entre o que é observado no terreno e no mapa.
trabalho não é apresentar a metodologia de
O fundamento inicial para realização deste
cálculo para o dimensionamento da altura de
trabalho foi à utilização dessa ferramenta como
aterro de sobrecarga, e sim, fazer a
modelo representativo do processo de recalque e
representação do processo que ocorrerá quando
adensamento do solo em um local fictício com a
o carregamento é empregado para acelerar o
existência de solos moles, de maneira à
recalque em solos moles através da maquete.
represetnar a construção de um conjunto
habitacional na cidade de Teófilo Otoni - MG.
Segundo Massad (2010) solos moles são
2 OBJETIVO
caracterizados pela sua baixa resistência a
penetração com valores de Standard
Objetiva-se propor a elaboração de uma
Penetration Test (SPT) que atigem no máximo
maquete para simular o solo mole e que pudesse
quatro golpes, sua natureza coesiva e
ser utilizada como material didático. A
compressével vem da parcela de argila presente
confecção dessa é uma forma prática e
nesse solo, e são representados pelas argilas
representativa do processo de adensamento e
moles ou areias argilosas fofas originadas de
recalque do solo que é ocasionado por uma
deposições recentes, mais especificamente do
sobrecarga. Além disso, foi levantado os custos
período quartenário.
para a confecção do protótipo.
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de picolé fixados para separar o aterro, a parte representada apenas em duas etapas, como foi
que representa o solo ainda com o aterro, onde sugerido pela atividade proposta na disciplina,
está ocorrendo o processo de compactação, da pois era uma forma de exemplicificar o antes e o
parte da camada de argila mole representada depois da construção do conjunto habitacional,
pela camada central de argila cinza–amarela que demonstrando assim que o aterro de
já sofreu o recalque. O aterro de sobrecarga foi adensamento conseguiu atingir sua finalidade.
retirado para início das edificações (Figura 8).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
alternativos, que por meio reduzido, torna como representação hipotética de uma situação real. A
partir do conhecimento adquirido e da exploração do conteúdo, foi elaborado a montagem de um
protótipo de um tubulão a céu aberto sem revestimento, considerando as etapas de escavação,
construção e finalização. O poliestireno foi o material principal do produto. Logo, este artigo
corrobora com a relevância do uso do protótipo físico, como ferramenta didática, auxiliando na
compreensão da execução das fundações, em especial, do tubulão a céu aberto.
2aaaaaa METODOLOGIA
3aaaaaa RESULTADOS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
Caroline Ferreira
UFVJM, Teófilo Otoni, Brasil, caroline.ferr.3@gmail.com
RESUMO: O estudante universitário é levado a transpor diversos desafios ao longo de sua jornada
na faculdade. Métodos avaliativos tradicionais, como provas e relatórios, não se mostram mais tão
eficazes na formação e preparação do aluno para o atual mercado profissional. O presente trabalho
tem como objetivo mostrar uma nova forma de se apresentar um problema proposto na disciplina de
mecânica dos solos, gerando um produto lúdico que auxilie na apresentação e compreensão do
mesmo. O produto em questão é uma revista de banca, contendo jogos, informativos e desenhos
ilustrativos, todos a respeito sobre o recalque, tema do trabalho, e com o diferencial de ser redigido
na língua inglesa. Para a confecção do produto foram utilizados mecanismos de tradução e o
software Canva, utilizado para a composição da parte gráfica do produto. O trabalho também
apresenta a quantificação do preço total do produto.
1aaaaaaINTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
TEMA:
ENSAIOS DE LABORATÓRIO E CAMPO, MODELAGEM FÍSICA E NUMÉRICA
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Fernando Schnaid
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, fschnaid@gmail.com
ao longo da vida útil do reservatório, os maiores ensaio consiste na combinação das análises por
acidesntes registrados na literatura estão neste sedimentação e por peneiramento (SOUSA
tipo de estrutura (DAVIES e MARTIN, 2000; PINTO, 2006).
MARTIN e MCROBERTS, 2002). De acordo com a NBR7181 (ABNT, 2016) o
ensaio de análise granulométrica pode ser
dividido de acordo com o tipo e tamanho das
partículas do solo, sendo que para os solos
grossos (areais e pedregulhos), os quais
possuem pouco ou quase nenhum resquício de
finos, a obtenção da sua curva granulométrica é
realizada através de ensaios de peneiramento. Já
Figura 1. Método de disposição à montante (adaptado de para os solos que possuem uma grande
Vick, 1983) quantidade de finos (argilas e siltes), o ensaio
de sedimentação seria mais indicado para
O método de alteamento à montante é obtenção da sua curva granulométrica.
executado a partir de um dique inicial, Como os rejeitos de mineração são
normalmente constituído por camadas constituídos por partículas de pequeno
compactadas de argila ou enrocamento. A partir diâmetro, o ensaio de peneiramento não foi
da crista deste dique é realizado o lançamento considerado necessário, sendo apenas realizado
dos rejeitos em direção à montante da linha de o ensaio de sedimentação. Segundo a NBR
eixo do dique de partida. De acordo com Martin 6502 (ABNT, 1995) a classificação dos solos de
e McRoberts (2002) na maioria dos casos, a acordo com o tamanho dos grão presentes pode
fração grosseira, separada hidraulicamente, é ser realizada conforme faixas de variação
usada para construir as chamadas praias de demostradas na Tabela 1.
rejeito (próximas à barragem) e a fração mais
fina compõe as lagoas de rejeitos. Tabela 1. Classificação de solos de acordo com faixas de
Após atingida a cota da crista do dique de tamanho de grãos (adaptado de NBR 6502 - ABNT,
partida, inicia-se o processo de alteamento. Um 1995)
novo dique, geralmente realizado com os Diâmetros dos grãos
Classificação
(mm)
próprios rejeitos, é construído sobre a praia da Bloco de Rocha d > 1000
etapa anterior. Este processo repete-se até se Matacão 200 < d < 1000
atingir a cota final de projeto. Vick (1983) Seixo 60 < d < 200
salienta que um dos requisitos para implantação Grânulo 2 < d < 60
deste modelo de barragem é que a praia de Areia grossa 0,6 < d < 2
rejeitos deve fornecer uma fundação competente Areia média 0,2 < d < 0,6
Areia fina 0,06 < d < 0,2
para o próximo dique, sendo que os materiais
Silte 0,002 < d < 0,06
depositados nesta área não devem conter menos Argila d < 0,002
de 40 a 60% de partículas do tamanho de areias.
2.2.1 Sedimentação
2.2 Análise Granulométrica
O processo de sedimentação pode ser definido
O ensaio de análise granulométrica é utilizado como a separação dos sólidos em suspensão em
na obtenção da distribuição granulométrica do um fluído, utilizando-se da força gravitacional.
solo, ou seja, através do ensaio é possível Deste modo na parte inferior da mistura ficam
determinar a percentagem em peso que cada depositados os sólidos e na parte superior da
faixa de tamanho de grãos representa na massa solução um liquído ‘’limpo’’. A técnica de
seca total de amostra. O método padrão de ensaio se baseia na Lei de Stokes, ou seja, a
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sem o uso de defloculante podem fornecer e ensaios de granulometria a laser em três tipos
classificadas distintas de acordo com os de rejeitos de mineração: rejeito de mineração
sistemas de classificações rotineiramente de ouro, rejeito de mineração de bauxita e
utilizados: SUCS (Sistema Unificado de rejeito de mineração de zinco.
Classificação dos Solos) e TRB (Transportation Os ensaios de granulometria por
Researh Board). sedimentação seguiram as premissas normativas
da NBR7181 (ABNT, 2016) e foram realizados
2.2.3 Granulometria a laser junto ao laboratório de Mecânica dos Solos do
campus da UFSC Joinville e no Laboratório de
A granulometria a laser consiste em uma técnica Engenharia Geotécnica e Geoambiental (LEGG)
com o objetivo de determinar o tamanho das da UFRGS, Porto Alegre. Para o ensaio sem a
partículas de um material em uma ampla faixa adição de defloculante, as amostras foram
dinâmica de medições que podem variar desde deixadas em imersão em água destilada, por
nanômetros a milímetros de tamanho dos grãos. mesmo período de tempo que as amostras
A utilização desse método permite medições imersas na solução de hexametafosfato de
rápidas, repetibilidade de amostragem, alta sódio. A sequência de ensaio foi idêntica para
precisão e além de um melhor monitoramento e ambas as situações, levando-se as soluções
controle do processo de dispersão de partículas (rejeito+defloculante e rejeito+água destilada)
(YAW, 2015). ao dispersor, proveta graduada e realizando-se
O princípio básico de funcionamento do as leituras de densidade da solução, em
ensaio de difração a laser consiste na separação ambiente de temperatura controlada. Para a
do material, o qual é transportado a um correta análise e comparação dos resultados de
recipiente adequado para o ensaio, onde os densidade da solução, foi utilizado o mesmo
feixes de laser atravessam e colidem com as densímetro para os dois casos, sendo que o
partículas da amostra, causando fenômenos de mesmo foi devidamente calibrado para solução
difração, reflexão, refractação e absorção. No com e sem a presença de defloculante.
plano posterior aos feixes existem lentes com As curvas granulométricas obtidas através do
placas de detecção que permanecem acopladas a procedimento descrito anteriormente foram
um processador de sinal que emitirá as comparadas entre si e com resultados de ensaios
informações para um computador. Essas lentes de granulometria a laser, com o intuito de se ter
recebem a incidência do feixe luminoso após a também um comparativo através de uma outra
luz ser desviada pelas partículas de solo, sendo metodologia de análise de distribuição de grãos.
o ângulo da luz refratada inversamente Os ensaios de granulometria a laser foram
proporcional ao tamanho dessas partículas. realizados junto ao Laboratório de Cerâmica
Quanto maiores as partículas, menor (LACER) da UFRGS, em Porto Alegre e neste
angulosidade dos raios do laser. Após o procedimento foi feita a avaliação do pó, não
recebimento dos feixes de luz, um software sendo utilizado nenhum tipo de defloculante.
organiza as informações recebidas e emite a
distribuição granulométrica do material (YAW,
2015). 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
RESUMO: O solo local nem sempre apresenta propriedades necessárias para atender aos requisitos
de um projeto. Uma possível solução é a adição de algum agente estabilizante pra possibilitar o uso
do solo sem a necessidade de substituição. Os Resíduos de Construção e Demolição Reciclados
(RCD-R) são materiais granulares com propriedades aglutinantes, características de grande
potencial para adição em solos, além disso o reaproveitamento desses resíduos é uma alternativa
adequada de destinação final para os mesmos. A Formação Guabirotuba é formada por solos com
argilo minerais expansivos, dificultando o seu uso em obras geotécnincas. Diante do exposto, o
presente trabalho teve como intuito analisar o impacto causado nas propriedades de resistência ao
cisalhamento e capacidade de suporte de solos da Formação Guabirotuba devido à adição de RCD-
R. Para tanto, realizaram-se ensaios laboratoriais para determinação das propriedades geotécnicas de
amostras de solo natural e solo com adição de RCD-R em diferentes idades. O RCD-R se mostrou
eficaz como adição de solos, reduzindo a expansibilidade e melhorando as propriedades de
resistência e capacidade de suporte, com melhoria nas características também ao longo do tempo.
Com os resultados obtidos e por meio dos Os resultados obtidos no ensaio de limite de
critérios de classificação da ABNT, verifica-se liquidez são apresentados na Figura 2.
que o solo se enquadra como 67% argila, 16%
silte e 17% areia, ou seja, solo argilo-silto-
arenoso. Verifica-se que a fração de argila
representa a maior porção do solo ensaiado,
com teor de 67%. A elevada presença de argila,
indica possível elevada plasticidade,
característica presente em solos da Formação
Guabirotuba.
No que diz respeito ao RCD-R, as frações se
distribuem em 1% argila, 18% silte, 71% areia e
11% pedregulho, classificando o material como
sendo semelhante a um solo areno-silto- Figura 2. Resultado do limite de liquidez.
pedregulhoso. Um teor mais significativo de
material granular é encontrado na amostra de Ao analisar a Figura 2, verifica-se que o teor
RCD-R, e representa cerca de 82% do material de umidade correspondente ao limite de
ensaiado, sendo 71% areia e 11% pedregulho. liquidez é de 63,5%.
Fica comprovado que o solo classifica-se Com base em ambos os limites de Atterberg,
como um material fino e o RCD-R como um tem-se que o índice de plasticidade do solo é de
material granular. Sendo assim, a adição do quase 30%, o que indica um material de alta
RCD-R no solo tende a estalibização plasticidade.
granulométrica, conferindo maior resistência ao
solo misturado. 4.3 Compactação do Solo
ângulo de atrito e coesão similar, fato que pode Ao comparar-se os limites máximos e
ser explicado pelo fato de ser incorporado ao mínimos permitidos pelo critério estatístico com
solo um material considerado granular. Sendo os resultados obtidos em cada ensaio, conclui-se
assim, houve uma estabilização granulométrica, que nenhum dos resultados precisam ser
com redução da coesão, porém com incremento eliminados. Desta forma o resultado final para
no ângulo de atrito. os parâmetros de expasão e ISC são dados pelo
A Amostra B (28 dias) mostrou um bom valor médio dos três ensaios.
desempenho, pois o valor de ângulo de atrito foi Analisando os resultados da Tabela 5 nota-se
superior ao da amostra A, e apresentou um que a Amostra A apresenta expansão de 7,27%,
acréscimo de 9,29 kPa na coesão. O aumento da valor que caracteriza um solo altamente
coesão, e a consequente diminuição do ângulo expansível. Constata-se também que a expansão
de atrito, da amostra B de 28 dias em relação de reduz com a adição de RCD-R, enquanto o ISC
zero dias pode ser explicada devido ao tempo de aumenta. Segundo Bernucci et al. (2006), existe
cura necessário para alguns materiais uma tendência de crescimento de ISC com a
aglutinantes presentes em sua composição. redução da expansão axial.
Desta forma, há indicativo de que os Nota-se que o ISC aos 28 dias aumentou
materiais aglutinantes presentes no RCD-R com cerca de 18% em relação ao resultado obtido a
potenciais reativos sofreram reações zero dias. Verifica-se assim, que houve aumento
responsáveis pelo aumento de resistência do valor de suporte do material ao longo do
(coesão) no decorrer no tempo, provocadas tempo. Como a análise trata solo com adição de
possivelmente pela adição de água para atingir o RCD-R, há indícios de que houve reação por
teor de umidade ótima e pela compactação. As parte de partículas com propriedades
estabilizações do solo com cal e o cimento, aglutinantes que ainda possuíam potencial
materiais que fazem parte da composição do reativo.
RCD-R, necessitam de um período mínimo de
cura, para que ocorram as reações lentas (ação
cimentante) responsáveis pelo aumento da 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
resistência. (Bernucci et al., 2006).
Verificou-se ao longo do estudo que o RCD-R é
4.5 Capacidade de Suporte favorável às propriedades de resistência ao
cisalhamento e capacidade de suporte,
Os resultados de capacidade de suporte para as aumentando as propriedades de coesão, ângulo
amostras são resumidos na Tabela 5. de atrito e ISC e reduzindo a expansão. As
Tabela 5. Resultados de capacidade de suporte.
análises realizadas após os 28 dias de
Amostra B moldagem indicam que existem materiais
Amostra A Amostra B aglutinantes com potencial reativo no RCD-R
(28 dias)
Dados
ISC Exp. ISC Exp. ISC Exp. do tipo misto utilizado no estudo, pois houve
(%) (%) (%) (%) (%) (%) aumento de resistência e ISC no decorrer no
Ensaio 1 2,23 8,50 2,30 6,17 3,44 5,15 tempo.
Ensaio 2 2,58 6,02 3,65 5,52 4,28 5,17
O solo com adição de RCD-R poderia ser
Ensaio 3 2,26 7,29 4,10 4,34 4,14 4,81
Média 2,36 7,27 3,35 5,34 3,95 5,04 aplicado em obras de aterros rodoviários, visto
Des. Pad 0,19 1,24 0,94 0,93 0,45 0,20 que o solo natural da Formação Guabirotuba
C 1,38 1,38 1,38 1,38 1,38 1,38 não é adequado para essa finalidade, e são obras
Des. Máx. 0,26 1,71 1,3 1,28 0,62 0,28 geotécnicas que têm grande volume de solo
Lim. Máx 2,62 8,98 4,65 6,62 4,57 5,32 envolvido. Com o aumento da resistência ao
Lim. Mín 2,10 5,56 2,05 4,06 3,33 4,76 cisalhamento poderia-se obter taludes com
Validação ok ok ok ok ok ok
maiores inclinações, otimizando o processo de
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construção. Em relação à capacidade de suporte, Caputo, H.P. (1988). Mecânica dos solos e suas
ainda que o ISC do solo tenha aumentado com o aplicações: Fundamentos. LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A. Volume 1. 6. ed. Rio de
uso da adição, ainda não seria possivel utilizar Janeiro.
esse mateiral como camada de subleito de Caputo, H.P. (1987). Mecânica dos solos e suas
pavimentações, pois a expansão do material aplicações: Mecânica das Rochas, Fundações e
ainda se apresenta acima do limite estabeleciado Obras de Terra. LTC – Livros Técnicos e Científicos
pelo Departamento Nacional de Estradas e Editora S.A. Rio de Janeiro. Vol. 2. 6. ed.
Consoli, N.C.; Festugato, L. (2015). Solos reforçados
Rodagens (DNER). com fibras. In: Vertematti, J.C. Manual Brasileiro de
O teor adotado de 15% apresentou bons Geossintéticos. Blucher. São Paulo. 2 ed. Cap. 4.-
resultados ao longo do tempo, desta forma fica Subcap. 4.10, p. 222-231.
como sugestão para trabalhos futuros o estudo Das, B.M. (2007). Fundamentos da Engenharia
de teores mais elevados, visando ainda mais a Geotécnica. 6. ed. Thomson Leraning: São Paulo.
Dyminski, A.S. (2012). Resíduos de construção e
melhoria das propriedades do solo, podendo até demolição (RCD) e agregados reciclados em Curitiba
talvez reduzir a expansibilidade do mesmo a e Região Metropolitana. In: NEGRO, Arsenio et al.
ponto de torna-lo aceitavel para a camada de Twin Cities: Solos das Regiões Metropolitanas de São
subleito de pavimentações. Paulo e Curitiba. D’Livros. p. 387-409. São Paulo.
Felipe, R.S. (2011). Características Geológico-
A Formação Guabirotuba possui solos com
Geotécnicas na Formação Guabirotuba. Mineropar, 1
propriedades muito complexas e de difícil ed. Curitiba.
manuseio, o que dificulta a análise dos Kormann, A.C.M. (2002). Comportamento Geomecânico
resultados. Porém, de maneira geral, o estudo da Formação Guabirotuba: Estudos de Campo e
mostra que o RCD-R apresenta potencial para Laboratório. Tese de Doutorado, Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo. São Paulo.
ser explorado como adição para solos com essas
Motta, R.S. (2005). Estudo laboratorial de agregado
características. reciclado de resíduo sólido da construção civil para
aplicação em pavimentação de baixo volume de
tráfego. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica
AGRADECIMENTOS da Universidade de São Paulo. São Paulo.
Nascimento, N.A.; Brandi, J.L.; Puppi, R.F. (2012).
Fundações diretas na região de Curitiba. In: Negro, A.
A Deus, acima de tudo. Aos familiares e amigos et al. Twin Cities: Solos das Regiões Metropolitanas
pelo incentivo. À Universidade Positivo pelo de São Paulo e Curitiba. D’Livros. p. 233-245. São
financiamento e disposição de seus espaços para Paulo.
a realização deste trabalho. Muito obrigado. Pinto, C.S. (2006). Curso básico de mecânica dos solos
em 16 aulas. Oficina de Textos. 3. ed. São Paulo.
Pinto, C.S. (1998). Fundações: teoria e prática. Editora
Pini Ltda. 2 ed. São Paulo.
REFERÊNCIAS Santos, E.C.G.S. (2007). Aplicação de resíduos de
construção e demolição reciclados (RCD-R) em
Angulo, S.C. et al. (2003). Metodologia de estruturas de solo reforçado. Dissertação de
caracterização de resíduos de construção e Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos da
demolição. In: VI Seminário Desenvolvimento Universidade de São Paulo. São Carlos.
Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil – Soliforte. (2017). Soliforte Reciclagem Ltda. Site da
Materiais Reciclados e suas Aplicações. Ibracon. São empresa. Disponível em:
Paulo. <http://www.soliforte.com.br/nossos-produtos/areia-
Bernucci, L.B. et al. (2006). Pavimentação asfáltica: 2/>. Acesso em: 03/04/2017.
formação básica para engenheiros. Petrobras: Specht, L.P. (2000). Comportamento de misturas solo-
Adbeda. Rio de Janeiro. cimento-fibra submetidas a carregamentos estáticos e
Brazetti, R. (1998). Considerações sobre a influência de dinâmicos visando a pavimentação. Dissertação de
distintos aditivos orgânicos nas características Mestrado, Escola de Engenharia da Universidade
micromorfológicas, mineralógicas, físicas, mecânicas Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.
e hidráulicas de um solo laterítico. Tese de
Doutorado. Escola Politécnica de São Paulo. São
Paulo.
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Aline Silva
Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa (Faviçosa), Viçosa-MG, Brasil,
alinesilva.amgs@gmail.com
RESUMO: Dentre as diversas técnicas de melhorias de material para a construção civil, tem-se a
estabilização dos solos por inclusões como as fibras de polipropileno. O objetivo deste estudo foi
verificar o teor ideal de fibra, além disso, será estabelecido um paralelo entre a influência da adição
destas fibras sobre os parâmetros de resistência ao cisalhamento. Os resultados indicaram que na
medida em que se adicionaram as fibras ao solo houve uma diminuição do teor de umidade ótimo e
pouca variação do peso específico seco máximo. Além disso, os valores máximos dos parâmetros
de resistência não foram observados para o maior teor de fibra utilizado, mas, sim, para um teor de
0,6%. Para essa combinação ótima, as fibras promoveram um aumento de 40% na coesão e de 26%
no ângulo de atrito.
cada amostra de solo, ou seja, a cada cinco 3.1 Resultados do Ensaio de Compactação
amostras de solo, foi colocada uma
porcentagem diferente de fibra. A figura 1 apresenta as curvas de compactação
Com as curvas de compactação pode-se do solo natural e dos solos com as porcentagens
determinar o teor de umidade ótimo e o peso de fibras 0,5%; 1,0%; 1,5%; 2,0% e 2,5%.
específico seco máximo para cada uma das 5
misturas e reproduzir estes pontos ótimos para
realização dos ensaios de cisalhamento.
REFERÊNCIAS
RESUMO: Fundações rasas possuem grande aplicação em solos arenosos devido à sua alta
resistência ao cisalhamento, porém, não é possível dizer o mesmo sobre o solo laterítico típico do
interior do Paraná, que apresenta uma grande porcentagem de argila, sendo suscetível a recalques
devido ao adensamento de camadas superficiais. Em virtude disso, o presente artigo teve como
objetivo analisar o comportamento de fundações rasas em Cascavel/PR, através de modelagem
numérica do sistema estrutural solo-fundação com a utilização do software Plaxis™, comparando o
com resultados de 6 provas de carga em placa realizadas no Campo Experimental de Engenharia do
Centro Universitário Assis Gurgacz. O modelo desenvolvido no software Plaxis™ previu de
maneira aceitável o comportamento do solo, apresentando uma variabilidade máxima de 10 a 30%.
Considerando a variabilidade na estimativa dos parâmetros do solo, os autores concluem que desde
que utilizado com cautela, o modelo é muito interessante de ser utilizado em solos lateriticos e
colasíveis, semelhantes aos encontrados em Cascavel/PR.
tensões são aplicadas no solo, estes tendem a pelo sistema rodoviário (TBR) como A-7-6,
sofrer deformações cisalhantes ou de distorção, correspondendo a argila siltosa medianamente
que são as causas de recalques. Em situações de plástica, classificada com regular a mau para
sapatas assentadas sobre solos firmes, as utilização como subleito.
deformações imediatas à aplicação da carga são Na Tabela 1, observam-se os valores médios
predominantes, já em casos onde sapatas são dos principais índices físicos determinados para
apoiadas sobre solos compressíveis, verifica-se as camadas de solo identificadas no CEEF,
predominantemente recalques por adensamento. permitindo verificar que o solo em questão se
Diante do exposto, este artigo teve como trata de uma argila siltosa medianamente
objetivo avaliar o comportamento tensão x plástica, além de confirmar a caracteristica
deformação de fundações rasas apoiadas sobre laterítica e colapsível do mesmo.
solo laterítico e colapsível, comparando
resultados obtidos através de provas de carga Tabela 1. Índices fisícos do solo do CEEF
realizadas por Vieira et al (2017), no Campo CAMADA 1 CAMADA 2
ÍNDICES FÍSICOS
1 a 9 metros 10 a 15 metros
Experimental de Engenharia do Centro
w (%) 34 53
Universitário Assis Gurgacz (CEEF) em LL (%) 53 59
Cascavel/PR, e resultados de modelagem LP (%) 38 42
numérica utilizando o software Plaxis™, com IP (%) 15 17
dados oriundos de ensaios triaxiais realizados γd (KN/m³) 12 12
γs (KN/m³) 27 27
com amostras indeformadas do CEEF,
Argila (%) 70 56
realizados por Molina e Gandin (2015). Silte (%) 25 35
Areia (%) 5 9
Muito mole
Consistência Rija a dura
2 MATERIAIS E MÉTODOS a média
Índice de vazios (e) 1,22 1,55
Fonte: Zen (2016)
A primeira etapa do estudo foi a coleta de dados
a partir de bibliografias relacionadas a
O perfil geotécnico médio foi obtido através
caracterização do solo presente no Campo
de 3 ensaios a percussão do tipo SPT, e é
Experimental de Engenharia do Centro
exposto na Tabela 2. Nos referidos ensaios, o
Universitário Assis Gurgacz (CEEF), realizadas
nível d’água variou entre as profundidades de
por Molina e Gandin (2015), Zen (2016) e
12 e 15 m (ZEN, 2016).
Vieira et al. (2017), afim de que todos os dados
utilizados na modelagem numérica possuíssem Tabela 2. SPT realizado no CEEF
maior aproximação possível com a realidade do Z Nspt
Descrição do Subsolo
solo no momento das provas de carga em placa. (m) Médio
A partir daí, com todas as características do 1 1,7
2 1,7
solo, foram realizadas as modelagens numéricas 3 2,5
com o software Plaxis. 4 2,8 Argila Siltosa Marron
5 4,1 Avermelhada Muito Mole a
2.1 Caracterização do solo local 6 7,8 Média
7 6,4
8 5,6
Segundo a caracterização do solo do CEEF 9 10,0
realizada por Zen (2016), a classificação do 10 11,9 Argila Siltosa Marron
solo, conforme especificado na NBR 7181 11 12,6 Avermelhada Rija
(2016) e de acordo com a curva granulométrica, 12 16,6 Argila Siltosa Marron
é de uma argila silto arenosa. Em relação ao 13 27,0 Avermelhada Rija a Dura
14 31,3 Percolações Brancas
sistema unificado (SUCS), foi classificado
15 Limite da sondagem
como solo argiloso muito compressível (CH) e
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3 RESULTADOS
REFERENCIAS
RESUMO: Na engenharia rodoviária, tem-se buscado cada vez mais a utilização de técnicas de
identificação e classificação de solos que sejam práticas, econômicas e condizentes com a realidade
dos solos brasileiros. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo classificar amostras de solos
de Santa Maria/RS utilizando o Método das Pastilhas e comparar com a classificação tradicional
TRB (Transportation Research Board). Para tanto, foram utilizadas 26 amostras de uma área
pertencente a um futuro empreendimento localizado às margens da BR-392. As amostras foram
ensaiadas e classificadas através da moldagem das pastilhas de solo. A partir dos resultados, foi
possível observar divergências entre as duas classificações. Solos que na classificação tradicional
estavam dentro de uma mesma classe foram enquadrados em classes diferentes pelo Método das
Pastilhas. Desta forma, ficou evidente que os sistemas tradicionais de classificação, como o HRB,
não se aplicam de forma condizente ao comportamento peculiar dos solos tropicais brasileiros.
A Metodologia MCT é composta por dois 392, em Santa Maria/RS. O solo deste local
ensaios básicos classificatórios: Compactação pertence a unidade geotécnica Santa Maria –
Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão. Membro Passo das Tropas. Conforme
Além destes, os autores propuseram ensaios Bortoluzzi (1974), este é o membro inferior da
complementares. São eles o ensaio de Mini- formação. Possui origem fluvial, coloração
CBR, Contração, Expansão, Infiltrabilidade, rosada e é composta por arenito basal, grosseiro,
Permeabilidade, Penetração da Imprimação e feldspático, poroso, podendo apresentar quartzo
Mini-CBR de campo. e argila. De uma forma geral, é estratificado e
Buscando simplificar ainda mais a pode apresentar aspecto maciço em alguns
identificação e classificação dos solos tropiais, pontos.
Nogami e Villibor (1994) propuseram o Método As amostras foram coletadas em 23 furos de
das Pastilhas. Baseado em medições realizadas sondagem, em pontos onde futuramente serão
em pequenas pastilhas de solo moldadas em construídas estradas de acesso ao
anéis metálicos. Este método permite uma empreendimento. No furo 7 foram retiradas 3
classificação rápida, prática e econômica dos amostras, sendo uma amostra retirada na
solos tropicais nos mesmos grupos da profundidade de 0 a 1 metro, outra foi retirada
Metodologia MCT. entre 1 e 2 metros e a seguinte entre 2 e 3
Diferentes aplicações da Metodologia MCT metros; no furo 14 foram retiradas 2 amostras e
na região de Santa Maria foram realizadas nos no restante dos furos foi retirada apenas 1
últimos anos. Destaca-se o trabalho de Damo amostra em cada um deles, com a profundidade
(2016), que estudou amostras de diferentes de coleta em torno de 3 metros.
unidades geotécnicas da região através dos
ensaios classificatórios e complementares da 2.2 Método das Pastilhas
MCT e do Método das Pastilhas.
Os resultados obtidos no Método das Após a coleta dos solos, estes foram levados ao
Pastilhas em geral são condizentes com a Laboratório de Materiais de Construção Civil da
classificação realizada pela Metodologia MCT. UFSM. Para realização do Método das
Dornelles et al. (2017) avaliaram de forma Pastilhas, é necessário peneirar o solo e separar
comparativa estas duas metodologias de a fração passante na peneira de número 40.
classificação em quinze amostras de diferentes A execução do ensaio do Método das
regiões do Rio Grande do Sul. A partir da Pastilhas se dá pela moldagem de cinco
comparação, foi possível identificar uma pastilhas de solo, feitas em anéis de aço de 5mm
concordância de classificação em quase todos os de altura e 20mm de diâmetro. Antes da
solos estudados. moldagem, o solo é umedecido e espatulado em
Este trabalho teve como objetivo a uma placa de vidro esmerilhado, até se obter
identificação e classificação de 26 amostras de uma consistência equivalente a uma penetração
solo da cidade de Santa Maria/RS, através do inferior a um milímetro, medida no aparelho
Método das Pastilhas. Todas as amostras foram penetrômetro. A Figura 1 mostra as pastilhas
coletadas em uma área pertencente à um futuro moldadas nos anéis de aço inox.
empreendimento no bairro Tomazetti.
2 METODOLOGIA
Solo %Pp, 10 %Pp, 40 %Pp, 200 Limite de Limite de Índice de TRB IG MCT
Liquidez Plasticidade Plasticidade
(LL) - % (LP) - % (IP) - %
F1 99,6 39,3 14,8 38 22 16 A2-6 0 LG’
F2 98,0 93,1 90,7 54 27 27 A7-6 18 LG’
F3 99,9 97,4 84,8 55 32 23 A7-5 16 LG’
F4 99,7 94,1 25,8 NL NP - A2-4 0 LG’
F5 100 69,5 17,5 NL NP - A2-4 0 NG’
F6 99,8 89,8 62,2 36 21 15 A6 6 LG’
F7 99,4 30,1 7,8 NL NP - A1b 0 LA
F7A 99,8 87,0 51,2 NL NP - A4 2 NA/NS’
F7B 99,8 93,1 70,6 28 21 7 A4 6 NS’/NA’
F8 99,9 96,1 78,7 29 19 10 A4 8 NG’
F9 100 69,8 23,5 23 20 3 A4 0 NA’/NS’
F10 97,6 85,1 43,3 31 18 13 A6 2 LG’
F11 99,6 80,4 34,4 NL NP - A2-4 0 LG’
F12 99,7 97,2 52,2 NL NP - A4 2 NS’/NA
F13 99,9 85,3 48,4 24 15 9 A4 2 LG’
F14 98,9 90,3 26,8 NL NP - A4 0 LA
F14A 99,1 43,8 19,6 NL NP - A1b 0 NS’/NA’
F15 100 77,0 15,9 NL NP - A2-4 0 LA
F16 99,9 28,9 8,2 NL NP - A1b 0 NA
F17 99,0 92,7 63,4 28 18 10 A4 6 NS’/NA’
F18 99,7 98,9 71,4 NL NP - A4 7 NA
F19 99,8 89,0 22,4 NL NP - A2-4 0 NA/NS'
F20 99,3 78,6 41,5 NL NP - A4 1 NA/NS'
F21 99,9 79,4 35,7 NL NP - A2-4 0 NA/NS'
F22 99,8 91,5 63,9 22 18 4 A4 6 NA/NS'
F23 99,7 43,8 8,7 NL NP - A1b 0 NA/NS'
Figura 6. Ábaco classificatório com a localização dos pontos pela nomenclatura das amostras.
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A partir da análise dos resultados, é possível tradicional TRB, seu comportamento como
identificar que onze amostras possuem subleito é considerado sofrível a mau.
comportamento laterítico. As amostras F1, F2, Enquanto isso, solos considerados com um
F3, F4, F6, F10, F11 e F13 foram classificadas comportamento de excelente a bom como
no mesmo grupo da MCT, o dos solos argilosos subleitos rodoviários pelo sistema TRB foram
de comportamento laterítico (LG’). Já as enquadrados como solos de comportamento não
amostras F7, F14 e F15 foram enquadradas laterítico pelo Método das Pastilhas. É o caso
como areias lateríticas (LA). Todas estas das amostras F5, F14A, F16, F19, F21 e F23.
amostras possuem potencial de utilização em Outra forma de observar a incompatibilidade
camadas de pavimentos como base, reforço de entre os métodos é através do Índice de Grupo
subleito, subleito, aterro compactado e até como (IG). Este índice é calculado com base nos
revestimento primário. Cabe ressaltar que o ensaios do sistema tradicional de classificação e
Método das Pastilhas é indicado para uma determina que solos com IG baixo possuem
classificação rápida e expedita dos solos. De bom comportamento para uso em subleito
qualquer forma, é necessário a realização dos rodoviário, enquanto solos de alto IG são ruins
ensaios classificatórios e complementares da para esses fins. Assim sendo, podemos atentar
MCT para uma avaliação mais completa e exata para as amostras F1, F2, F3 e F4, ambas
do comportamento dos solos tropicais. enquadradas no grupo LG’ (lateríticas argilosas)
Das amostras enquadradas com pelo Método das Pastilhas. No sistema
comportamento não laterítico, seis foram tradicional, as amostras F1 e F4 são
classificadas como NA/NS’ (F7A, F19, F20, classificadas como A2-6 e A2-4 (areias siltosas
F21, F22 e F23), areias ou solos siltosos de ou argilosas), ao passo que as F2 e F3 são tidas
comportamento não laterítico. As amostras F16 como A7-6 e A7-5 (solos argilosos), não
e F18 foram classificadas como areias de apresentando nenhuma correlação com o
comportamento não laterítico (NA). Três Método das Pastilhas, que julga os 4 tipos de
amostras (F12, F14A e F17) foram agrupadas solo como bons para uso em obras rodoviárias.
como NS’/NA’, solos siltosos ou arenosos de Damo (2016) estudou amostras de solos da
comportamento não laterítico. Por fim, a região de Santa Maria/RS, classificadas através
amostra F5 foi classificada como um solo dos sistemas tradicionais SUCS e TRB, assim
argiloso não laterítico (NG’) e a amostra F9 como pela Metodologia MCT e Método das
como NA’/NS’, solos arenosos ou siltosos não Pastilhas. Como resultado, a autora também
lateríticos. identificou essa diferença de classificação nos
Ao comparar a classificação obtida através solos da região de acordo com diferentes
do Método das Pastilhas e a Classificação TRB, metodologias.
é possível identificar que solos enquadrados em
mesmos grupos no primeiro método possuem
diferentes classificações no segundo. Isso pode 4 CONCLUSÕES
ser explicado devido ao comportamento peculiar
dos solos tropicais. Este trabalho teve como objetivo principal a
Além disso, solos enquadrados com identificação e classificação de amostras de solo
comportamento laterítico pelo Método das da cidade de Santa Maria/RS, através do
Pastilhas são considerados inadequados para uso Método das Pastilhas. A partir desta
em pavimentação de acordo com a classificação classificação, foi possível identificar tanto solos
TRB. É o caso dos solos F6, F10, F13 e F14. De de comportamento laterítico, quanto solos com
acordo com o grupo do Método das Pastilhas, comportamento não laterítico.
estes materiais possuem comportamento Além disso, foi possível identificar que solos
laterítico, ou seja, teriam potencial de uso em classificados com comportamento laterítico pelo
pavimentação. Entretanto, conforme o sistema Método das Pastilhas foram enquadrados como
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
máximo 7 vezes. Salienta-se ainda que, para as valores de permeabilidade muito semelhantes,
amostras tratadas somente com 1% de cal, e sendo k = 2,1 x 10-6 cm/s, 2,3 x 10-6 cm/s e
com a mesma dosagem de cal nas 2,75x10-6 cm/s, respectivamente.
concentrações de 1: 1000, 1:1500 apresentaram
1,0E-4
solo natural
1,0E-5 Solo 1% cal
Solo 3% cal
Solo 1:1000 Homy solo
K (cm/s)
ÍNDICES DE VAZIOS
Figura 3 – Comparação do coeficiente de permeabilidade para o solo Barreiras natural e tratado quimicamente.
1,0E-5
solo natual
Solo 1% cal
Solo 3% cal
Solo 1:1000 Homy_solo
1,0E-6 Solo 1:1000 1% cal
Solo 1:1000 3% cal
k (cm/s)
Figura 4 – Comparação do coeficiente de permeabilidade para o solo Barreiras natural e tratado quimicamente.
1000
900
Efluente solo Natural
Condutividade eletrica (μs/cm)
ou uma estabilização do mesmo. Desta forma a esse plástico amolece, se torna fluido e pode ser
inserção dos resíduos estudados busca cumprir novamente moldado. Este polímero foi
esta função (Vizcarra, 2010). Ainda que o solo desenvolvido em 1941, por John Rex Whinfield
seja apropriado para utilização em base e/ou e James Tennant Dickson, e era aplicado
sub-base, a introdução do resíduo pode ser uma inicialmente na indústria textil. Somente na
alternativa, desde que não piore as década de 70 foi que se iniciou a produção das
características mecânicas do solo, promovendo primeiras garrafas PET (Romão, et al, 2009).
outros benefícios como redução de custos e Devido a suas propriedades mecânicas,
disposição final adequada do resíduo. térmicas e custo de produção, o PET passou a
Motivada pela necessidade de oferecer uma ser um dos termoplásticos mais produzidos no
destinação mais nobre para os resíduos mundo, atingindo uma produção em torno de
compostos por garrafas PET, o qual é gerado 2,4x1010 kg (Romão, et al, 2009).
em quantidade cada vez maior por conta do Uma das principais finalidades do PET é a
aumento na produção e consumo deste material fabricação de embalagens. No Brasil 71% do
pela sociedade, esta pesquisa propõe a inserção PET é destinado para este setor, sendo 32%
de PET em pó, em um solo argiloso do Distrito pertencente à indústria alimenticia (Romão, et
Federal, para aplicação como material al, 2009).
alternativo em camada de base de pavimentos. Devido a grande produção e aplicação deste
Pesquisas na área de pavimentos utilizando o polímero, e devido ao tempo de degradação
resíduo de PET foram desenvolvidas por Arao relativamente longo, o PET é considerado um
(2016), Queiroz (2016) e por Alzate (2017), os vilão ambiental por ocupar grande parte dos
quais avaliaram o comportamento de misturas aterros. Do total de resíduos sólidos urbanos
asfálticas adicionadas com PET triturado. Arao (RSU) gerados no Brasil, 20% é composto por
analisou misturas do tipo CBUQ, Queiroz polímeros, sendo o PET o segundo mais
avaliou misturas asfálticas porosas, enquanto encontrado dentro desta porcentgem (Romão, et
Alzate estudou o desempenho de misturas do al, 2009). Sendo assim, é de extrema
tipo MSC-19. Em todas as pesquisas o PET foi importancia a reciclagem do PET, pois esta
introduzido via processo seco e resultou em oferece muitas vantagens, como por exemplo,
uma melhora nos parâmetros mecânicos da redução do volume de lixo nos aterros,
mistura asfáltica. economia de petróleo e energia de produção e
O PET foi estudado também por Louzada ainda a geração de riqueza e emprego.
(2015), entretanto, sua pesquisa não foi voltada Segundo a ABIPET (2012), a taxa de
para pavimentação. Louzada buscou avaliar o reciclagem do pet no Brasil é de 51%. Os flocos
uso do PET, em pó e triturado, como reforço de (flakes) da garrafa moída são a forma
solos. Sendo assim, sua pesquisa avaliou o preferencial para quem vai usar o material
comportamento estático de msituras de reciclado na produção de um novo artigo,
diferentes tipos de solo (areia, argila e representando 65%, seguido dos fardos de
bentonita) com diferentes teores de PET. Os garrafa, 25%, e do granulado de PET, 10%.
resultados encontrados pela autora foram Grande parte do PET reciclado é aplicada na
favoráveis a aplicaçao do resíduo para o fim indústria textil, outra parte é destinada a
desejado. produção de resinas alquídicas e o restante é
usado na fabricação de novas embalagens não
1.1 Politereftalato de Etileno (PET) alimentícias, laminados, chapas, fitas e tubos
(ABIPET, 2012). É impotante salientar que os
O Politereftalato de Etileno (PET) é um produtos fabricados com PET reciclado
polimero termoplástico, isto significa que possuem limitação de aplicação, não sendo
quando aquecido a temperaturas adequadas, utilizados em embalagens de bebidas, alimentos
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M R k1. 3
k2
(2)
M R k1 . d
k2
(3)
Sendo:
Ki constante de regressão do modelo.
Figura 2. Pó de Pet.
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Louzada (2015) utilizou o mesmo pó de PET Com o objetivo de caracterizar o solo puro
em sua pesquisa, executando em seu estudo foram realizados ensaios de análise
ensaios de Espectrometria de fluorescência de granulométrica, segundo a norma NBR
Raios-X por Energia Dispersiva (EDX), para 7181/84, ensaio para determinação do peso
determinação da composição química do específico dos grãos, realizado por meio do
material, bem como ensaios para determinação equipamento Pentapycnometro e ensaio de
dos índices físicos. Os resultados destes ensaios Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade, de
seguem apresentados na Tabela 1 e 2, acordo com as normas NBR 6459/84 e NBR
respectivamente. 7180/84, respectivamente. Também foi
realizado o ensaio de Mini-MCV, seguindo a
Tabela 1. Composição química do Pó de PET. metodologia MCT, para classificação de solos
Elemento Químico Quantidade (%) tropicais.
Enxofre (S) 0,223
O ensaio de compactação seguiu a norma
Silício (Si) 0,198
Cloro (Cl) 0,017 DNER-ME 228/94 e foi executado na energia
Cálcio (Ca) 0,015 intermediária. Já os ensaios de Módulo de
Ferro (Fe) 0,013 Resiliência foram realizados de acordo com a
Túlio (Tm) 0,006 norma americana AASHTO T 307-99,
Cobre (Cu) 0,003 utilizando os pares de tensões (confinante e
Carbono (C) 99,524
desvio) descritos para materiais de base e sub-
Fonte: Louzada, 2015.
base de pavimentos. Estes ensaios foram
Tabela 2. Índices Físicos do Pó de PET. executados no equipamento triaxial cíclico do
Índices Físicos Pó de PET INFRALAB da Universidade Federal de
Peso específico (Gs) 100 Brasília (Figura 3).
Coeficiente de Uniformidade (Cu) 14
Coeficiente de Curvatura (Cc) 4,6
Diâmetro Efetivo (D10) 0,01 mm
Diâmetro nominal (D50) 0,12 mm
Índice de Vazios mínimo 0,69
Índice de vazios máximo 1,27
Fonte: Louzada, 2015.
2.2 Metodologia
Tabela 3. Nomenclatura referente a cada material/mistura. Figura 3. Equipamento Triaxial Cíclico da marca ELE
Material Solo Pó de PET International Limited England.
Nomenclatura
ou Mistura (%) (%)
Solo 100 0 SP Nas misturas com pó de PET (S70P30 e
Mistura 1 80 20 S80P20 S80P20) foram realizados ensaios de Limite de
Mistura 2 70 30 S70P30
Liquidez e Plasticidade, Compactação e Módulo
Resiliente, seguindo as normas já citadas.
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A Figura 11 indica os valores do módulo de Figura 12. Variação do Módulo de Resiliência versus
resiliência em função da tensão desvio. Pode-se tensão confinante.
observar que o solo puro se comporta
diferentemente das misturas, se ajustando bem 3.1 Dimensionamento do Pavimento Típico
mais ao modelo dependente da tensão desvio.
Verifica-se também que é possível ter um ajuste O dimensionamento do pavimento foi realizado
razoável da mistura com 30% de pó, sendo que utilizando o programa SisPav, desenvolvido
para esta mistura os módulos resilientes são pela COPPE/UFRJ. Para tal, foi considerada
superiores aos módulos encontrados no solo uma estrutura do pavimento semelhante à
puro para tensões desvios de até 0,6 MPa. Para apresentada na Figura 13 e com dados de
valores maiores que 0,6 MPa o solo puro tráfego descritos na Tabela 6.
apresenta Módulos Resilientes mais elevados.
4 CONCLUSÕES
base do pavimento, quando da realização do seu Soils Reinforced with Crushed Polyethylene
dimensionamento. Também se constatou que a Terephthalate (PET) Residue. Dissertação de
Mestrado, Programa de Pós-Graduação em
adição de 30% de pó de PET pode ser benéfica, Engenharia Civil, Departamento de Engenharia Civil,
a denpender da vida de projeto do pavimento. PUC-Rio, 127 p.
Os resultados obtidos foram satisfatórios, Medina, J., Motta, L. M. G. (2015) Mecânica dos
sendo dependentes do teor de pó adicionado. Pavimentos. 3ª Edição. Editora UFRJ. Rio de Janeiro.
Para se chegar a um teor ótimo, a presente Brasil. 570 p.
Queiroz, B. O. de. (2016). Avaliação do Desempenho de
pesquisa prentende avaliar ainda outras misturas Misturas Asfálticas Porosas Modificadas com
com novas porcentagens de pó de PET. Politereftalato de Etileno (PET).Dissertação de
Também se objetiva estudar misturas com a mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia
inserção de PET triturado (granulometria Civil e Ambiental, Universidade Federal da Paraíba,
composta por partículas de até 2 mm) e a fibra 125 p.
Romão, W. Spinacé, M. A. S. De Paoli, M. A. (2009).
de PET, em diversos de teores, de modo a Poli(Tereftalato de Etileno), PET: Uma revisão sobre
determinar o teor e tipo de material que provoca os processos de Síntese, Mecanismos de Degradação
maior influencia nas propriedades geotécnicas e sua Reciclagem. Polímero: Ciência e Tecnologia,
do solo. Vol 19, nº 2, p 121-132.
Vizcarra, G. O. C. (2010). Aplicabilidade de Cinzas de
Conclui-se que do ponto de vista ambiental,
Resíduo Sólido Urbano para Base de Pavimentos.
a utilização do resíduo como material Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-
alternativo em pavimentos, representa uma Graduação em Engenharia Civil, Departamento de
excelente solução para a destinação do mesmo, Engenharia Civil, PUC-Rio, 120 p.
bem como para a mitigação de seu potencial
agressivo ao meio ambiente. Além disto, a
inserção de PET ao solo resulta em um menor
volume de solo necessário para construção da
rodovia, ou seja, menor extração de material nas
jazidas, favorecendo ainda mais o meio
ambiente e proporcionando maior economia
para a empresa construtora.
REFERÊNCIAS
1000
presente na amostra. Os ensaios realizados com
900
3
estabelecida uma relação, ajustada através de
uma função polinomial, entre os teores de
2
sólidos iniciais e as alturas finais (divisão da
1
proveta) da interface rejeito/água sobrenadante
0
0,01 0,1 1 10 100 1000
(Figura 4). Os teores de umidade iniciais de
Tensão efetiva (kPa) cada proveta foram também plotados na mesma
Figura 3. Curva de compressibilidade do rejeito curva, obtendo-se um ajuste polinomial com as
alturas finais (água sobrenadante). As equações
de ajuste obtidas possibilitam a determinação
3 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA das alturas da interface rejeito/água para
SALINIDADE quaisquer teores de sólidos utilizados, dentro da
faixa analisada.
A presença de cloretos no rejeito pode causar
interferência em seu processo de sedimentação Teor de umidade inicial (%)
200 300 400 500 600 700
e adensamento. Para verificar tal fato, realizou- 1000
se um processo de dessalinização em 900
800
laboratório de uma amostra parcial da polpa de
Interface final
700
rejeitos extraída de uma das bombonas. 600
500
Esta redução foi realizada fisicamente, 400 y = 37,564x - 96,202 y = 0,0031x2 - 4,0855x + 1788,9
através da substituição progressiva, ao longo de 300 R² = 0,9969 R² = 0,997
200
vários dias, da água salina presente no rejeito 100
por água destilada. Dessa forma obteve-se uma 0
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
amostra com teor de cloretos 40 vezes menor do Teor de sólidos inicial (%)
que a medida na amostra original. Um Figura 4. Relação teor de sólidos inicial (i e teor de
recipiente foi utilizado, onde o rejeito era umidade inicial (wi versus interface final rejeito/água
deixado em sedimentação durante dias e, sobrenadante
posteriormente, a água sobrenadante era
substituída por água destilada. Este processo foi Com efeito, a literatura técnica aborda a
repetido quatro vezes (PEREIRA, 2017). influência da salinidade na floculação e,
A verificação do percentual de redução dos consequentemente, na sedimentação das
cloretos presentes na amostra foi realizada por partículas. Por exemplo, Ramos (2013), em
meio da análise do líquido presente na amostra estudo do efeito da salinidade sobre a
dessalinizada e na amostra original. O velocidade de queda de sedimentos finos de
procedimento foi realizado pelo Laboratório de uma bacia portuária, destaca que, na água
Saneamento Ambiental da Escola de Minas da salgada, encontram-se presentes íons
UFOP, considerando a metodologia proposta eletropositivos fortes de sódio, Na+. A ionização
por Greenberg et al. (1992), voltada para destes cátions adsorvidos na superfície das
análises de águas de rios. partículas de argila é muito forte e, em elevadas
Com as amostras já dessalinizadas, concentrações, pode conduzir a uma grande
inicialmente, foram realizados os ensaios de ocupação na camada Stern, reduzindo o
coluna de sedimentação para 4 teores de sólidos potencial Stern e, por sua vez, o potencial Zeta.
aleatórios, ao longo 13 dias, para posterior Neste sentido, vão existir mais forças atrativas,
comparação com o rejeito original sedimentado que formarão nuvens de íons positivos em torno
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das partículas. Ao haver colisões entre as permanece praticamente constante para todos os
partículas coesivas, estas, por sua vez, vão níveis de tensão. Desta forma, observa-se mais
flocular. uma vez que o processo de dessalinização eleva
Além do ensaio de sedimentação, foi os índices de vazios dos rejeitos, ou seja, a
realizado um novo ensaio HCT com bomba de presença de NaCl no líquido contribui para a
fluxo, utilizando a mesma amostra otimização da sedimentação e adensamento dos
dessalinizada. Os parâmetros relacionados à rejeitos, agindo como um floculante e tornando
amostra dessalinizada, obtidos através da estes materiais mais compressíveis.
simulação computacional, são expostos na
Tabela 5. Após a obtenção da curva de
compressibilidade, esta foi comparada àquela 4 CONCLUSÕES
obtida para a amostra original (rejeitos obtidos
em condições naturais, coletados diretamente no Tratando-se do efeito da salinidade, constatou-
ponto de descarga). Esta comparação é se que a presença de NaCl no líquido auxiliou
mostrada na Figura 5. na melhoria do processo de sedimentação e
adensamento dos rejeitos.
Tabela 5. Parâmetros constitutivos obtidos para a Além da influência da concentração de
amostra dessalinizada partículas, a influência da salinidade do rejeito
Parâmetro Rejeito dessalinizado foi verificada como possibilidade interferência
A 9,68521 no processo de sedimentação. O mesmo
B -0,25552 comportamento observado nos ensaios de
Z (kPa) 2,60144 sedimentação em coluna, para a amostra
C (m/s) 2,7613x10-12 dessalinizada, também foi notado nos ensaios
D 6,33697 HCT com bomba de fluxo.
Observou-se que o processo simplificado de
9 dessalinização não contribui para a otimização
Original do adensamento e compressibilidade do rejeito.
8
Dessalinizada
7 Pelo contrário, os ensaios mostraram que os
6 cloretos presentes no rejeito agem como uma
Índice de vazios
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Figura 2. Perfil Geotécnico da região experimental da Figura 4. Caminho das tensões totais e efetivas (Ribeiro
UFMS (Ribeiro et al., 2017). et al., 2017).
Ribeiro et al. (2017) realizou ensaios de O critério de ruptura de Coulomb fornece uma
compressão triaxial CIU (Consolidated Isotropic “equação de resistência”, que pode ser
Undrained) com três amostras indeformadas do interpretada graficamente como a equação da
mesmo solo em estudo deste artigo, as quais reta envoltória de resistência. Em outras
foram submetidas a três processos: saturação, palavras, este critério pode ser entendido como:
adensamento e cisalhamento. Na fase de “não há ruptura se a tensão de cisalhamento não
adensamento, as amostras foram submetidas a ultrapassar um valor dado pela expressão”:
três pressões confinantes crescentes, de 50 kPa,
100 kPa e 150 kPa. Por fim, na fase final, de τ=c+ σ. tg φ (1)
cisalhamento, as três amostras ficaram sob
tensão confinante constante e sem drenagem de onde c representa o intercepto coesivo, ou
água, medindo-se, em intervalos de tempo, o coesão; σ, a tensão normal atuante e φ pode ser
acréscimo de tensão axial atuante, juntamente definido como o ângulo de atrito interno do solo.
com a deformação vertical do corpo de prova. De acordo com Benjamin & Cruse (1985), c e φ
Alguns gráficos resultantes do ensaio de são características intrínsecas, exclusivas dos
compressão triaxial CIU podem ser vistos a solos, e se o valor da tensão normal (σ) for nulo,
seguir: a resistência ao cisalhamento será dependente
apenas do intercepto de coesão. Essa equação
também pode ser expressa em termos efetivos,
visto que, de acordo com Terzaghi (1943),
somente as tensões efetivas mobilizam
resistência ao cisalhamento. Desta maneira, tem-
se:
3 METODOLOGIA
REFERÊNCIAS
RESUMO: O presente trabalho vislumbra proporcionar uma destinação adequada aos resíduos
oriundos da lavra do feldspato pegmatítico da região de Parelhas/RN por meio da sua inclusão em
obras geotécnicas, reduzindo os impactos ambientais decorrentes de seu acumulo, bem como,
diminuir a necessidade da exploração de bens minerais comumente utilizados na construção civil.
Para tanto, submeteu-se o resíduo estéril do feldspato pegmatítico (REFP) a um processo de
tratamento granulométrico, obtendo um material com 100% passante da peneira n°4 (4,8 mm).
Posteriormente, o REFP foi submetido a ensaios de caraterização física, química, mineralógica e
mecânica em condições saturadas e não-saturadas. Destes ensaios, conclui-se, que o REFP
apresenta-se como uma fonte alternativa de matéria-prima para obras geotécnicas, exibindo bons
comportamentos mecânicos.
dos grãos, existindo apenas uma diferença na resultado que serve como indicativo para
média de 6% na faixa intermediaria (0,15 a 0,60 conjecturar o possivel bom desempenho do
mm) do gráfico, valor que se amplia a até 14%. resíduo ao ser utilizado em pavimentação, pois
ao comparar os limites (inferior e superior) da materiais com massas específicas aparentes
faixa de distribuição das curvas granulométricas secas elevadas tendem a apresentar elevadas
analisadas. resistências, baixa compressibilidade e bom
Perante tais resultados, o REFP se comportamento quando solicitados (Pinto, 2006
configurou, após tratamento granulométrico, & DNIT, 2006).
como uma areia siltosa não plástica (SM), sendo Atenta-se que as curvas de compactação do
designado quanto à classificação TRB REFP exibiram teores de umidade ótima
(Transportation Research Board), como A-2-4. inferiores aos valores típicos apresentados por
Os resultados dos ensaios de compactação, areias com pedregulho bem graduadas (9 a
para amostras com reuso utilizando as energias 10%) e solos arenosos lateríticos finos (12 a
normal, intermediária e modificada, além dos 14%) (Das, 2014 e Pinto, 2006). Salienta-se que
seus respectivos valores de ρd.máx e wót estão os baixos valores de grau de saturação
apresentados na Figura 7 e na Tabela 2. apresentados pelo resíduo na wót pode vir a
trazer, em condições não saturadas,
consideráveis incrementos de resistência do
material ao cisalhamento, devido ao
aparecimento de tensões superficiais atrativas
(pressão neutra negativa) oriundas de efeitos
capilares e de adsorção (sucção matricial) que
são geradas nos meniscos capilares no contato
entre as partículas sólidas (Fredlund et al.,
2012).
Para solos granulares ou arenosos, perfil
apresentado pelo REFP após tratamento
granulométrico, a vibração é o processo mais
indicado para compactação do solo, pois as
partículas permanecem justapostas pelo atrito, e
havendo a vibração, com frequência e amplitude
corretas, consegue-se o escorregamento e
acomodação das partículas, ocasionando a
Figura 7. Curvas de compactação do resíduo. diminuição do índice de vazios (DNIT, 2006).
A aplicação de tal metodo alteraria/corrigiria o
Tabela 2. Resultados da compactação na umidade ótima. traçado da curva “ ” e os valores de grau
ρd.máx de saturação, cujos resultados são incomum aos
Energia Wót (%) Srót (%)
(g/cm³) casos clássicos da Mecânica dos Solos
Normal 1,89 8,4 54,9 apresentado por solos arenosos não coesivos.
Intermediária 1,94 7,15 51,2
Modificada 1,97 6,3 47,9
3.3 Analise mecânica para fins geotécnicos
Os valores de ρd.máx obtidos mostram-se
3.3.1 Índice de Suporte Califórnia (ISC)
próximos aos apresentados por materiais nobres
utilizados na pavimentação (areias com
Os valores de ISC atingidos pelo REFP em
pedregulho bem graduadas: 2,0 a 2,1 g/cm³; e
condições ótimas (ρd.máx e wót), para as energias
solo arenoso laterítico fino: 1,9 g/cm³),
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6508: Lambe, T. W & Whitman, R. V., (1969). Soil Mechanics.
Grãos de solo que passam da peneira de 4,8 mm – John Wiley & Sins, Inc., Sigapura, 553p (ISBN 0-
Determinação da massa específica. Rio de Janeiro: 471-51192-7).
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RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar o efeito causado pelo intemperismo nas
características microestruturais ao longo de um perfil de solo tropical. Além da análise
microestrutural do solo em estado natural também se avaliou a influência do tratamento dado a
amostra sobre a microestrutura do solo compactado. Complementarmente avaliou-se a
microestrutura de solo compactado com e sem reuso da amostra. Para desenvolvimento desta
pesquisa, foram coletadas amostras ao longo de um poço de 12 metros de profundidade localizado
no Distrito Federal. As amostras compactadas e as amostras naturais indeformadas foram analisadas
por microscopia eletrônica de varredura, utilizando-se o modo de operação alto vácuo e baixo
vácuo. Os resultados mostraram que quanto maior a profundidade da camada de solo menor é a
alteração estrutural, de forma que a porosidade diminui com o aumento da profundidade no perfil.
Constatou-se que a compactação causa maior alteração na macroporosidade dos solos altamente
intemperizados correspondentes aos primeiros metros do perfil, e estes também são influenciados
pelo processo de compactação.
observa menor porosidade, com uma estrutura tem uma distribuição de poros uniforme a bem
marcada pela rocha de origem com presença de graduada (Camapum de Carvalho et al., 2015b).
minerais neoformados e minerais primários.
2.4 Microscopia Eletrônica de Varredura
2.3 Microestrutura dos Solos Tropicais
O termo análise microscópica refere-se à
O comportamento mecânico e hidráulico dos caracterização da microestrutura do material, no
solos está relacionado à sua estrutura, podendo que diz respeito ao tipo, quantidade, tamanho,
esta ser dividida em macro e microestrutura. A forma e distribuição de fases presentes.
macroestrutura diz respeito a observação do A microscopia eletrônica de varredura
todo e a microestrutura ao arranjo estrutural dos (MEV) se apresenta como uma técnica muito
grãos e partículas. E ainda em termos de relevante, pois permite aumentos de 300.000
microestrutura os poros dos solos encontram-se vezes ou mais, e por isso é a técnica que vem
distribuídos em macro e microporos (LOPERA, sendo mais frequentemente utilizada para
2016). Entre os macro e microporos geralmente estudos da microestrutura dos solos.
existem poros de tamanho intermediário. Uma das razões para a utilização dessa
O termo poro é utilizado para definir o técnica é a alta resolução que pode ser obtida na
espaço entre as partículas de solo. Segundo observação das amostras, com valores da ordem
Farias et al. (2011), os poros são cavidades de 2 a 5 nanômetros. Outra característica
formadas pelo arranjamento da aglomeração de importante do MEV é a elevada profundidade
minerais, de forma e tamanho irregulares, de foco, ou seja, imagens das amostras com
ocupados por ar e/ ou solução aquosa. aparência tridimensional (DEDAVID et al.,
Nos solos profundamente intemperizados o 2007).
espaço de poros em si é subdividido em No MEV um feixe de elétrons é produzido e
interagregado, que são poros entre partículas dirigido para a amostra em observação. A
agregadas e intra-agregado, poros dentro do maioria dos instrumentos usa como fonte
agregado. A forma de classificação de poros emissora de elétrons um filamento de tungstênio
mais simplificada é a que considera as duas aquecido. O feixe de elétrons, ao invés de
classes: micro e macroporos. Klein e Libardi incidir fixamente em um ponto da superfície da
(2002) consideram como macroporos, os poros amostra, varre ponto a ponto certa área. Os
de diâmetro maior que 0,05 mm e como elétrons que penetram a uma pequena
microporos poros com diâmetro menor que 0,05 profundidade da superfície são defletidos de
mm. volta a superfície da amostra, na forma de
Devido ao processo de alteração químico- elétrons secundários, com energia suficiente
mineralógica e lixiviação, os horizontes dentro para escaparem dela. Esses elétrons são atraídos
do perfil de intemperismo tropical, na zona por um coletor e transformados em energia
altamente intemperizada, são marcados pela luminosa por um cintilador. As cintilações
presença de agregados ligados por pontes de luminosas são amplificadas e convertidas em
argila ou oxi-hidróxidos de ferro e alumínio sinal eletrônico. Finalmente, o tubo de raios
(GUIMARÃES et al., 2017). catódicos reproduz a imagem da área observada
Nos solos tropicais a estrutura altera-se da amostra (CARDOSO, 1995).
através do perfil de intemperismo. As camadas Os elétrons secundários permitem a obtenção
superiores com solos altamente intemperizados de imagens de alta resolução no microscópio
apresentam uma distribuição de poros com eletrônico de varredura evidenciando a
macroporos interagregados e microporos intra- topografia da superfície observada. A interação
agregados. Entretanto, para maiores do feixe primário com a amostra gera, além dos
profundidades, os solos menos intemperizados elétrons secundários, os elétrons
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Figura 6. Amostra de 2 m Compactada - 500x: a) Amostra com Reuso. b) Amostra sem Reuso (RODRIGUES, 2017).
Figura 7. Amostra de 2m Compactada - 5000x: a) Amostra com Reuso. b) Amostra sem Reuso (RODRIGUES, 2017).
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Figura 8. Amostra de 12 m Compactada - 500x: a) Amostra com Reuso. b) Amostra sem Reuso (RODRIGUES, 2017).
Figura 9. Amostra de 2 m - 500x com modo de operação: a) Alto Vácuo. b)Baixo Vácuo (RODRIGUES, 2017).
a) b)
Figura 1. Desenho esquemático do CEGEF – UFC. a) Vista geral. b) Locação da coleta de amostras e da sondagem à
percussão (SPT) realizada.
primeira delas corresponde aos ensaios de
3 MATERIAIS E MÉTODOS laboratório, de caracterização física e especiais,
e a outra bateria trata dos ensaios de campo
Nesta seção, é apresentada a metodologia realizados.
adotada para a realização dos ensaios
geotécnicos do presente estudo. Foram 3.1 Ensaios de caracterização física
realizadas 2 baterias de ensaios geotécnicos. A
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A velocidade utilizada aos ensaios foi de 0,03 passagem do aparelho, munido de duas antenas,
mm/min, permitindo-se a saída d’água dos cp’s sobre trechos lineares de um terreno. No ensaio,
sem geração de excesso de poro pressão (ensaio uma antena transmissora enviou um sinal
CD). Foram ensaiados corpos de prova eletromagnético, que foi refletido e captado por
indeformados das profundidades de 60 cm e de outra antena receptora. O tempo de retorno dos
110 cm. sinais indicou a profundidade dos materiais, e a
intensidade dos sinais captados indicou as
3.3 Ensaios de campo diferenças das constantes dielétricas entre as
camadas. Desta forma, foram produzidas
Conforme relatado, em campo foram realizados imagens da qual se extraiu informações acerca
ensaios de sondagem à percussão (SPT), GPR e dos estratos de solos pesquisados.
provas de carga direta.
Na área do campo experimental de geotecnia 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
e fundações foi realizada, até o momento, uma
sondagem à percussão por ocasião do VIII Nesta seção, são apresentados os ensaios
Simpósio de solos não saturados (ÑSAT, 2015) geotécnicos realizados, até o momento, no
na posição esquematicamente representada na subsolo do Campo Experimental de Geotecnia e
Figura 1. A referida sondagem foi realizada até Fundações (CEGEF) da Universidade Federal
a profundidade de 8,45 m e com procedimento do Ceará (UFC).
em conformidade com a Norma NBR 6484
(ABNT, 2001. 4.1 Ensaios de caracterização
Já o GPR (GroundPenetrating Radar), ou
radar de penetração no solo, é um equipamento A Figura 2 mostra as curvas granulométricas
de investigação geofísica, não destrutivo, dos solos presentes nas profundidades
utilizado no imageamento de subsolo ensaiadas, ou seja, 20, 60 e 120 cm.
superficial. Seu funcionamento se baseia na
Pela Figura 2, observa-se que trata-se de solo solos das profundidades de 20 cm, 60 cm e 110
arenoso, bastante homogêneo e com cerca de cm, forneceram resultados de 2,51, 2,54 e 2,58,
10% de finos. As amostras mais profundas respectivamente.
apresentaram um pequeno aumento da Quanto à execução dos ensaios dos limites
quantidade de finos de cerca de 2%. de Atteberg, obteve-se que o índice de
Os ensaios de densidade real executados nos plasticidade (IP) apresenta valor nulo,
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denotando características arenosas e não Tabela 1 – Umidade natural das amostras ensaiadas.
plásticas ao subsolo em análise.
A umidade natural do solo foi obtida a partir
da coleta de amostras de campo, que foram
coletadas em sacos plásticos e, no laboratório,
foram submetidas ‘a estufa. Os resultados dos Fonte: Menezes (2018)
ensaios de umidade são apresentados na Tabela
1; observa-se um aumento da umidade com a Para cada uma das amostras deformadas
profundidade, variando de 4,9% a 12,4%, coletadas realizaram-se ensaios de
comportamento típicos de solos granulares. compactação, conforme relatado anteriormente,
que permitiu a construção de curvas peso
específico aparente seco (γd) x umidade (w),
conforme está apresentado na Figura 3.
Figura 3. Curvas de compactação para a energia do Proctor Normal. Fonte: Menezes (2018)
Figura 4. Curva índice de vazios x pressão para o solo da Figura 5. Curva índice de vazios x pressão para o solo da
profundidade de 1,0 m a 1,5 m. profundidade de 1,5 m a 2,0 m.
a) b)
Figura 6. a)Tensão de Cisalhamento versus deslocamento horizontal amostra da profundidade de 60 cm b) Variação
volumétrica versus deslocamento horizontal da amostra de 60 cm.
a) b)
Figura 7. Envoltórias de resistência a) amostra de 60 cm b) amostra de 1,10 m.
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Com base nas envoltórias das Figuras 7a e 7b, Essa variação de ângulo de atrito está
observa-se que, praticamente, não houve inserido da faixa de areias mal graduadas de
elevação do ângulo de atrito do solo com a grãos arredondados indicada por Pinto (2006),
profundidade. Por outro lado, nota-se um que é de 28º a 35º.
pequeno decréscimo da coesão com a Aplicando-se tensões de confinamento de 50,
profundidade. Além disso, observa-se que as 100 e 200 kPa, determinaram-se círculos de
curvas da Figura 6a apresentam valores Mohr e a envoltória de ruptura para as amostras
máximos sem pico e a redução da altura dos de 60 cm e de 110 cm de profundidade,
corpos de prova com o cisalhamento é típica de conforme mostrado nas Figuras 8 e 9.
areias menos compactas.
Figura 8 - Curva (1-3)/2 versus deformação do solo da Figura 9 - Curva p x q da amostra de 60 cm.
amostra de 60 cm.
a) b)
Figura 11 - Envoltória de ruptura da amostra de 60 cm de profundidade.
Observa-se que as ondas eletromagnéticas pelos dois métodos, pois, enquanto o GPR
atenuam quando atingiram o tempo de 60 ns, utiliza a reflexão de ondas eletromagnéticas, a
que corresponde, aproximadamente, a 3 metros sondagem geotécnica tradicional se baseia na
de profundidade, caracterizada pela ausência de identificação táctil-visual do operador do ensaio
refletores retos. A partir desse nível, devido, para descrever as características de cada estrato
principalmente, à resistividade do material, a do subsolo.
relação sinal/ruído é baixa, o que não permite Além disso, uma vez que o nível freático
mais a identificação das camadas de solo identificado pelo SPT está situado em cota
subjacentes. significativamente inferior à alcançada, com
Em um ponto contido no alinhamento pelo mais qualidade, pelo método GPR, não foi
qual foi passado o GPR, foi realizada uma possível se comparar as duas metodologias
sondagem SPT (Figura 11). Nos três primeiros nessa determinação. Também não foi
metros, partindo da superfície para cotas estabelecida nenhuma comparação entre a
inferiores, a sondagem de simples resistência do solo medida pela sondagem à
reconhecimento identificou dois estratos de percussão (SPT) e pelo imageamento produzido
solo. Já o radargrama apontou a ocorrência de pela investigação geofísica. Por fim, foi
cinco camadas, indicadas por linhas negras, realizada ainda uma prova de carga direta
contínuas e horizontais (Figura 13). Essa (PCD) lenta, de acordo com a norma NBR
divergência de resultados se atribui às 6489/84.
diferenças de características físicas utilizadas
O ensaio foi executado com a utilização de do solo com a profundidade até a profundidade
uma placa metálica de 50 cm de diâmetro e dois ensaiada, de 2 m.
extensômetros posicionados em extremidades Com bases nas envoltórias obtidas dos
opostas da placa. A pressão máxima aplicada foi ensaios de cisalhamento direto, observa-se que,
de 323,7 kPa, resultando em um recalque praticamente, não houve elevação do ângulo de
máximo de 3,87 mm. A Figura 14 apresenta a atrito do solo com a profundidade. Por outro
curva pressão x recalque. lado, nota-se um pequeno decréscimo da coesão
com a profundidade que pode ser resultante do
aumento da umidade natural em profundidades
maiores.
Comparando os resultados dos ensaios de
cisalhamento direto e de compressão triaxial
observa-se convergência dos resultados.
As estimativas do módulo de elasticidade (E)
realizadas pela prova de carga direta foram
bastante superiores aos estimados a partir dos
ensaios oedométricos. Tais divergências são
Fonte: NSAT (2015) atribuídas as diferenças dos níveis de
Figura 14. Prova de placa no campo experimental.
deformação impostos nos dois ensaios, assim
como distúrbios ocorridas por ocasião da
O módulo de deformabilidade secante foi
amostragem.
estimado para 50% do recalque estimado (2,75
mm), obtendo-se o valor de 90,2 MN/m² e o
REFERÊNCIAS
mesmo foi obtido dividindo o recalque de 2,75
mm pela profundidade do bulbo de tensões, Bezerra de Menezes, P. H. L. Avaliação de métodos de
considerada o dobro do diâmetro da placa. previsão de recalque a partir da transferência de carga
de estacas escavadas em perfil de solo granular.
5 CONCLUSÕES Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.
DNER-ME 093/94: solos: determinação da densidade
Este trabalho apresenta resultados de ensaios real. Rio de Janeiro, 1994.
geotécnicos referentes ao Campo Experimental Pinto, C.S. (2006) Curso básico de Mecânica dos Solos.
de Geotecnia e Fundações da Universidade 3. ed. Oficina de Textos, São Paulo, 354 p.
Federal do Ceará. Por meio deles, foi possível Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
(2016) NBR 6457: Amostras de solo — Preparação
identificar, por exemplo, os aspectos físicos do para ensaios de compactação e ensaios de
subsolo investigado, com características de solo caracterização. Rio de Janeiro.
granular do tipo areia-siltosa, do grupo SM, ______, (1984) NBR 6459: Solo – Determinação do
segundo o Sistema Único de Classificação de limite de
Solos (SUCS), com granulometria aberta e liquidez. Rio de Janeiro, 6p.
______, (2001) NBR 6484: Execução de Sondagens de
comportamento não plástico. Simples Reconhecimento de Solos – Método de
Quanto à estratigrafia do solo, observa-se Ensaio. Rio de Janeiro, 17 p.
que não há concordância entre a descrição ______, (1984) NBR 7180: Solo – Determinação do
obtida a partir da sondagem à percussão limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 3p.
realizada (SPT) e a efetuada a partir dos ______, (2016) NBR 7181: Solo – Análise
granulométrica. Rio de Janeiro, 9p.
resultados obtidos dos ensaios com o GPR. Essa ______, (2016) NBR 7182: Solo – Ensaio de
divergência de resultados se atribui às compactação. Rio de Janeiro, 10 p.
características físicas diferentes utilizadas pelos ______, (1990) NBR 12007: Solo – Ensaio de
dois métodos. adesamento unidimensional – Método de ensaio. Rio
A partir dos ensaios oedométricos foi de Janeiro.
observado uma tendência de elevação da rigidez
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RESUMO: Rejeitos são materiais oriundos do processo de beneficiamento de minérios, podendo ser
classificados como grossos ou finos. Geralmente, os rejeitos finos são lançados de maneira
praticamente aleatória, sem o devido controle das variáveis que influenciam o processo de
deposição. Além disso, estes materiais apresentam características peculiares, com elevadas
proporções de partículas finas (fração argila). Estas características são responsáveis por atribuir a
esses materiais comportamento geotécnico peculiar, envolvendo processos de sedimentação e
adensamento não convencionais. O presente trabalho objetivou o estudo de um rejeito fino de
fosfato de baixa densidade, oriundo de um ambiente sedimentar marinho. São apresentados os
resultados de um programa experimental de laboratório, que envolveu toda a caracterização química
e física, além de ensaios de coluna de sedimentação e de adensamento por fluxo induzido (HCT).
As análises dos resultados para obtenção dos parâmetros constitutivos do rejeito foram realizadas
através de um programa computacional específico, possibilitando a obtenção das relações de
compressibilidade e permeabilidade, que poderão ser utilizadas em futuros projetos de disposição.
A massa específica dos grãos (s) foi o tempo de estabilização da interface foi
determinada seguindo os procedimentos da percebido somente após 7 dias, demostrando a
ASTM D-854 (ASTM, 2014). baixa velocidade de sedimentação do rejeito.
Para realização da análise granulométrica, Além da realização do ensaio no teor de
optou-se pelo uso do granulômetro a laser. O sólidos inicial do rejeito, também foram
analisador de tamanho de partícula por difração realizadas sedimentações em amostras,
a laser utilizado foi o Mastersizer 2000. O considerando a variação do teor de sólidos, com
equipamento mede a intensidade da luz a retirada parcial da água sobrenadante, seguida
espalhada, ao tempo em que um feixe de laser, por uma nova homogeneização da lama, com a
emitido pelo sonar, interage com as partículas utilização da própria água do rejeito. Os teores
dispersas da amostra. Os dados são utilizados de sólidos obtidos foram aleatórios,
para o cálculo da distribuição do tamanho das objetivando, neste caso, avaliar a influência
partículas obtidas, a partir de um padrão de destes no tempo de sedimentação, bem como a
espalhamento gerado. concentração da camada final sedimentada
Todos os ensaios foram realizados no Centro (Figura 1).
Tecnológico de Geotecnia Aplicada do NUGEO
(Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas).
Além disso, são apresentados resultados de
ensaios de difração de raios-X e microscopia
eletrônica de varredura (MEV), realizados no
NanoLab, da Escola de Minas/UFOP.
60
bombonas de rejeito 50
Bombona w (%) (%) 40
30 Sem hex e sem sonar
B-01 592,2 14,45 20
Com hex e sem sonar
Sem hex e com sonar
B-02 661,1 13,14 10
Com hex e com sonar
B-03 601,3 14,26 0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10
B-04 590,3 14,49 Diâmetro (mm)
B-05 543,8 15,53 Figura 2. Curvas granulométricas da amostra B-02 sob
B-06 662,1 13,12 quatro condições de dispersão
100
3.2 Determinação da Massa Específica dos 90
Grãos 80
70
Passante (%)
60
A massa específica dos grãos (s) de cada 50 B01
amostra foi determinada e, a partir do teor de 40 B02
umidade inicial, foram obtidos os índices de 30 B03
20 B04
vazios iniciais, como mostrado na Tabela 2. B05
10 B06
0
Tabela 2. Massa específica dos grãos (ρs) e índices de 0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10
vazios de lançamento (e) Diâmetro (mm)
Bombona (ρs) (g/cm³) e Figura 3. Curvas granulométricas das amostras obtidas
B-01 2,370 14,04 com o granulômetro a laser (com hexametafosfato e com
sonar)
B-02 2,306 15,67
B-03 2,434 14,25
Através da análise granulométrica, nota-se
B-04 2,439 13,99
que o rejeito em estudo apresenta uma
B-05 2,503 12,88
composição de aproximadamente de 8% na
B-06 2,380 15,69
fração argila, 86% de silte e 6% de areia.
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3.4 Determinação dos Limites de Liquidez e (BI), Quartzo (Q) fluorapatita, com óxidos de
de Plasticidade silício não superiores a 50 micras (Figura 4).
800
700 representada pelo teor de sólidos, menor é a
600 velocidade de sedimentação.
500
400 3.8 Ensaio de adensamento por fluxo
300
200
induzido (HCT)
100
0 O ensaio foi realizado com os rejeitos
0 5000 10000 15000 20000 provenientes da bombona 2, considerando o
Tempo (min)
teor de sólidos inicial em torno de 13%.
Figura 6. Curva média de sedimentação em coluna
Os parâmetros constitutivos, obtidos através
Além da realização do ensaio no teor de da simulação computacional realizada no
sólidos inicial do rejeito, também foram SICTA (Abu-Hejleh e Znidarcic, 1992), são
realizadas sedimentações em amostras, expostos na Tabela 5. A partir das Equações 1 e
considerando a variação do teor de sólidos, com 2 (Liu e Znidarcic, 1991), foram construídas as
a retirada parcial da água sobrenadante, seguida curvas de compressibilidade de permeabilidade
por uma nova homogeneização da lama, com a (Figuras 7 e 8).
utilização da própria água do rejeito. Os teores
Tabela 5. Parâmetros constitutivos obtidos no ensaio
de sólidos obtidos foram aleatórios, HCT
objetivando, neste caso, avaliar a influência Parâmetro Valor
destes no tempo de sedimentação, bem como a A 16,13599
concentração da camada final sedimentada B -0,54376
(Figura 7). Z (kPa) 5,74037
1000 C (m/s) 4,6679 x10-9
900 D 1,12944
Interface sobrenadante (mL)
800
700 e = A(’ + Z) (1)
600
500
k = CeD (2)
400
Teor de sólidos = 23,2% Teor de sólidos = 21,5%
300 Teor de sólidos = 20,4% Teor de sólidos = 19,2%
Teor de sólidos = 18,4% Teor de sólidos = 17,3% 7
200 Teor de sólidos = 16,5% Teor de sólidos = 15,7%
Teor de sólidos = 15,0%
100 6
0 5000 10000 15000 20000 5
Tempo (min)
Índice de vazios
de sólidos 3
2
Constatou-se, a partir das 9 amostras 1
avaliadas, que a estabilização da interface
0
ocorre mais rapidamente para menores teores de 0,01 0,1 1 10 100 1000
sólidos, o que é comprovado pela teoria da Tensão efetiva (kPa)
7
Os resultados obtidos, especialmente
6 relacionados ao conhecimento das propriedades
5 geotécnicas de sedimentação, compressibilidade
Índice de vazios
0
1,00E-09 1,00E-08 1,00E-07
Permeabilidade (m/s) AGRADECIMENTOS
Figura 8. Curva de compressibilidade do rejeito
Os autores agradecem ao NUGEO, a UFOP e a
CAPES, pelo apoio constante, e à Companhia
4 CONCLUSÕES Mineira Miski Mayo do Peru, pela viabilização
dos rejeitos e apoio na realização da pesquisa.
Em relação á granulometria do material, é
possível concluir que o dispersante químico
sozinho não teve a mesma efetividade quando REFERÊNCIAS
comparado com a sua ação em concomitância
com a dispersão por difração (sonar). ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Particularmente para este rejeito, o sonar, Solo – Determinação do limite de liquidez. NBR
6459. Rio de Janeiro, 2017, 9 p.
agindo sozinho teve o mesmo efeito da sua ação ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
em conjunto com o dispersante químico. Solo – Determinação do limite de plasticidade. NBR
Na etapa de sedimentação, o material 7180. Rio de Janeiro, 2016, 7 p.
comportou-se em conformidade com a teoria de Abu-Hejleh, A.N.; Znidarcic, D. (1992). User manual for
computer program SICTA. Department of Civil,
Kynch (1952), tendo uma menor velocidade de
Environmental and Architectural Engineering,
sedimentação, quando apresentam maior teor de University of Colorado, Boulder, Colorado, 101 p.
sólidos, além de atingirem índices de vazios ASTM: American Society for Testing and Materials.
muito próximos, mesmo possuindo teor de Standard Test Methods for Specific Gravity of Soil
sólidos diferentes. Solids by Water Pycnometer. D-854. West
Conshohocken, PA, 2014.
As análises dos resultados para obtenção
Botelho, A.P.D. (2001). Implementação de metodologias
dos parâmetros constitutivos dos rejeitos foram de ensaios para determinação de relações
realizadas através do SICTA, possibilitando a constitutivas de processos de fluxo em solos com a
obtenção das relações de compressibilidade e utilização da bomba de fluxo, Dissertação de
permeabilidade. A partir dos resultados, Mestrado, Núcleo de Geotecnia, Universidade Federal
de Ouro Preto, Minas Gerais, 254 p.
observou-se que o rejeito apresentou maior
BSI: British Standards Institution. Methods of test for
variação de volume na etapa de sedimentação, soils for civil engineering purposes. BS 1377.
quando comparada à de adensamento. Os London, UK, 1975.
rejeitos apresentaram baixa permeabilidade, Cançado, N. L. (2010). Desenvolvimento de equipamento
mesmo para maiores índices de vazios. para realização de ensaios HCT com o uso da bomba
de fluxo. Dissertação de Mestrado, Núcleo de
Os rejeitos estudados apresentaram um Geotecnia, Universidade Federal de Ouro Preto,
elevado número de partículas finas, cuja Minas Gerais, 113 p.
compressibilidade não pode ser inferida Carrier III, W.D., Bromwell, L.G. e Somogyi, F. (1983).
mediante os princípios da teoria clássica de Design capacity of slurried mineral waste pounds.
Terzaghi. Foram adotados procedimentos que Journal of Geotechnical Engineering Division,
ASCE, v. 109, n. 5, p. 699-716
levaram em consideração este comportamento, Gibson, R.E., England, G.L. e Hussey, M.J.L. (1967).
ou seja, grandes deformações. The theory of one-dimensional consolidation of
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RESUMO: Os parâmetros índices dos solos são importantes para identificar e classificar os solos
argilosos. A norma brasileira NBR 6459 padroniza o ensaio de limite de liquidez (wL) com a
utilização do aparelho de Casagrande. Na Europa e na Ásia, o método mais popular empregado para
a determinação do limite de liquidez é o Fall Cone. Utilizou-se na presente pesquisa um solo da
Formação Barreiras do Campus UFRJ-Macaé, tendo sido comparados os valores de wL através dos
métodos de Casagrande e do Fall Cone. Além da comparação mencionada, pretende-se contribuir
para aumentar o banco de dados utilizando solos brasileiros no que diz respeito à comparação com
os dois métodos de ensaio para determinação do wL. Os resultados experimentais obtidos mostram
que em média wL Casagrande = 0,86wL Fall Cone, ou seja, o limite de liquidez obtido através do
aparelho de Casagrande foi 14% menor do que o obtido através do fall cone para o solo estudado.
3 OS ENSAIOS REALIZADOS
1922. John Olsson era membro da Comissão Campbell (1975) demonstrou que o método
Geotécnica das Ferrovias da Suécia e do cone de penetração para determinação do
desenvolveu este equipamento com intuito de limite de liquidez oferece melhorias valiosas em
determinar a consistência das argilas. A relação ao método de Casagrande, tanto em
consistência era fornecida em termos de um termos de reprodutibilidade quanto na
valor de resistência, definido como o peso de facilidade de condução do teste. Após a difusão
um certo cone requerido para obter uma do ensaio para vários países, o aparelho foi
penetração de 10 mm em uma amostra de sofrendo mudanças e cada país possui o cone de
argila. A relação entre esse valor para uma penetração padronizado com peso, tempo de
amostra indeformada e para uma amostra queda e ângulo diferentes.
amolgada foi definida como a sensibilidade da Segundo Koumoto & Houslby (2001), o K
argila. Posteriormente, os valores de resistência padronizado para o Fall Cone Sueco, com 60 g,
foram calibrados em relação à resistência não 60º e penetração no wL de 10 mm, é de 0,305.
drenada obtida em ensaios de cisalhamento Com isso, tem-se uma resistência não drenada
direto e em retroanálises de rupturas no campo. no limite de liquidez de 1,83 kPa.
Um cone padrão, pesando 60 gf, com um O método proposto por Casagrande (1932)
ângulo de vértice de 60º, foi adotado, e o valor admite que cada golpe realizado pela concha de
de resistência foi definido como uma função da Casagrande possui resistência não drenada
penetração do cone. constante de 0,1 kPa, ou seja, no limite de
Este cone também foi utilizado na Suécia liquidez o valor de su é de 2,5 kPa.
para determinar um limite de liquidez arbitrário, Pode-se observar uma diferença de 28%
que corresponde ao teor de umidade da argila entre ambos os métodos.
amolgada (passante na peneira número 40) que Segundo Koumoto & Houlsby (2001), o
proporciona uma penetração de 10 mm do cone método Fall Cone é considerado mais confiável
padrão. para se determinar o limite de liquidez do que o
A partir dos estudos de Hansbo (1957) método de Casagrande e, consequentemente, é
realizados no SGI (Swedish Geotechnical o método preferido e padronizado em diversos
Institute), a resistência não drenada da argila países.
pode ser deduzida do valor de penetração do De acordo com DeGroot & Lunne (2005),
cone pela equação 1. existem vários equipamentos para se determinar
o limite de liquidez (wL) através do ensaio Fall
Cone. A Tabela 2 apresenta um sumário das
(1) características de alguns desses equipamentos
em diferentes países. Na Tabela também são
em que: incluídas duas normas de ensaios do método
C = resistência não drenada da argila, hoje Casagrande. Devido às diferenças nos
simbolizada como su (kPa) equipamentos e procedimentos de ensaio,
K = constante que é função do ângulo do cone diferentes resultados de limite de liquidez são
de penetração e da sensibilidade da argila encontrados. A principal diferença nos
P = profundidade de penetração do cone no solo resultados diz respeito naturalmente aos
(mm) aparelhos de Casagrande e o Fall Cone.
M = massa correspondente ao cone de
penetração (g)
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Tabela 2. Equipamentos para determinação do limite de liquidez e suas respectivas normas (DeGroot & Lunne, 2005).
País / Norma Método Propriedades do Cone Profundidade da
Ângulo (°) Massa (g) penetração para wL
(mm)
EUA ASTM D4318 Casagrande - - -
UK BS1377 -2 Casagrande - - -
UK BS1377 -2 Fall Cone 30 80 20
Noruega NS 8002 Fall Cone 60 60 10
India IS 2720 - Parte 5 Fall Cone 30 80 20
França LCPC Fall Cone 30 80 17
Rússia GOST 5184 Vasilev Fall Cone 30 76 10
Japão JGS 0142-2000 Fall Cone 60 60 11,5
China SD128-007-84 "Balanced" Fall Cone 30 76 17
Cone no limite de liquidez é menor do que o valor da atividade (relação entre índice de
obtido com o aparelho de Casagrande cerca de plasticidade e fração de argila), respectivamente
28%. Conceitualmente, o valor da resistência ao menor do que 0,75, entre 0,75 e 1,25 e maior do
cisalhamento no limite de liquidez deve ser que 1,25.
igual a zero. Assim, o método que mais se A Tabela 6 ilustra a classificação com o
aproxima do esperado para o solo estudado é o limite de liquidez determinado através de
do Fall Cone, que fornece um valor de ambos os métodos.
resistência menor no wL.
Tabela 6. Valores de atividade (A) e classificação de
4.3 Análise conjuta dos resultados acordo com Skempton (1948), wL de Casagrande e wL de
Fall Cone.
Verti Prof wL Casagrande wL Fall Cone
Além dos ensaios de limite de liquidez através cal (cm)
do aparelho de Casagrande e do Fall Cone, A Classe A Classe
foram também realizados os ensaios de limite 1 30 0,43 Inativa 0,66 Inativa
de plasticidade (wp), teor de umidade natural 1 45 0,39 Inativa 0,50 Inativa
(wn), matéria orgânica (MO), densidade real dos
2 45 0,71 Inativa 0,90 Normal
grãos (Gs) e granulometria com sedimentação
2 70 0,74 Inativa 1,00 Normal
(Tabela 5).
Tabela 5. Valores de limite de plasticidade, umidade Pode-se verificar que, para a primeira
natural, matéria orgânica e densidade real dos grãos. vertical, para ambos os métodos utilizados, a
Vertica Prof. wp wn MO Gs
l (cm)
argila foi classificada como inativa. Já para a
1 30 17 11,9 5,4 2,65 segunda vertical, de acordo com o limite de
45 20 14,2 5,3 2,65 liquidez obtido pelo aparelho de Casagrande a
2 45 21 17,1 5,5 2,70 argila foi classificada como ativa e de acordo
70 28 16,1 5,2 2,90 com o limite de liquidez obtido com o Fall
Cone, normal, o que mostra uma divergência
Pode-se observar que o teor de umidade nos resultados.
natural do solo é menor do que o limite de As Figuras 8 e 9 ilustram os resultados dos
plasticidade para todas as profundides ensaios realizados para a vertical 1 e vertical 2
ensaiadas. Segundo Matos Fernandes (2016) tal respectivamente.
fato foi observado também para os solos A partir dos valores dos limites de liquidez
residuais do granito do Porto, no campus da determinados através dos dois métodos, foram
Faculdade de Engenharia da Universidade do estabelecidas correlações para as duas verticais
Porto (FEUP). estudadas. A Figura 10 mostra os valores
Verifica-se que o teor de matéria orgânica é wL Fall Cone versus wLCasagrande para as duas
de cerca de 5% para todas as profundidades profundidades estudadas da vertical 1, e a
ensaiadas. Figura 11 para as duas profundidades da
Pode-se verificar que o Gs da primeira vertical 2.
vertical para as profundidades de 0,30 m e
0,45 m foi de 2,65, dentro da faixa esperada. Na
segunda vertical, para a profundidade de 0,70 m
o valor encontrado de Gs foi de 2,90.
Provavelmente esta camada possui óxido de
ferro, por possuir um Gs maior. A presença de
óxido de ferro é típica da formação Barreiras.
Skempton (1948) classificou uma argila
como inativa, normal ou ativa, dependendo do
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Fig. 8. Resultados da vertical 1, profundidades de 30cm e Fig. 11. wL Casagrande versus wL Fall Cone, vertical 2.
45cm; a) Teor de umidade natural, limite de liquidez
Casagrande e do Fall Cone; b) Densidade real dos grãos; A partir dos dados desses gráficos foram
c) Atividade das Argilas; d) Índice de Plasticidade; e) determinadas as correlações incluídas na Tabela
Teor de Matéria Orgânica. 7.
Tabela 7. Correlações entre os valores de wL obtidos
através do equipamento de Casagrande e do Fall Cone
Vertical Prof. Correlação
(m)
1 0,30 wLCasagrande =1*wL Fall Cone – 7
1 0,45 wLCasagrande = 0.88*wL Fall Cone
2 0,45 wLCasagrande = 1*wL Fall Cone – 6
2 0,70 wLCasagrande = 0,5*wLFall Cone + 20,5
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esforços aos quais a mesma estará submetida. Sucintamente, pode-se dizer que o objetivo do
Heyman e Boersma (1961) descrevem uma aterro experimental era avaliar os esforços
pesquisa realizada em Amsterdam, na qual após horizontais atuantes nas estacas adjacentes a um
a cravação das estacas, um aterro hidráulico foi aterro assimétrico. O teste consistiu na execução
construído inicialmente a 30,0m de distância e de um aterro compactado com dimensões
foi sendo progressivamente estendido em aproximadas de 30x40m, construído em etapas,
estágios de 5,0m para as proximidades das ao lado de uma malha de 9 estacas, cravadas
estacas, num total de 6 etapas, a cada duas exclusivamente para esse fim. Nos topos das
semanas. O subsolo do local era constituído de estacas foram construídos blocos de coroamento
uma delgada camada de areia seguida de cerca que foram interligados por meio de uma grelha
de 10,0m de argila/turfa mole. Com isso, os de vigas de concreto armado. No teste, foram
autores chegaram à conclusão de que em todos utilizados 3 tipos de estacas diferentes: estacas
os casos de fundações em estacas a uma distância pré-moldadas de concreto armado com
inferior a 25,0m de um futuro aterro, é diâmetros de 50cm e 60cm e estacas de perfil
recomendável a utilização de estacas com metálico duplo W410x53.
armação reforçada. A instrumentação para monitoramento desse
Raramente, as estacas encontram-se aterro foi composta por 13 inclinômetros, 16
posicionadas isoladamente. Quase sempre, as piezômetros elétricos de corda vibrante e 3
estacas são instaladas em grupos, com seus topos placas de recalque. Dos 13 inclinômetros, 7
interligados por meio de blocos de coroamento, foram instalados no interior das estacas e 6
lajes ou vigas. O efeito de grupo, como o próprio diretamente no terreno. O teste foi executado em
nome já diz, é o efeito que um grupo de estacas um terreno que apresenta uma espessa camada
exerce no aumento ou na redução dos esforços de argila mole e para avaliação do perfil do
ao longo da profundidade de uma estaca do terreno foi feita uma extensa campanha de
próprio grupo. Para avaliar a influência desse investigação geotécnica na área do teste,
efeito em estacas posicionadas em linhas composta por: 5 furos de sondagem à percussão
perpendiculares ao movimento do solo, Pan et al. do tipo SPT; 1 vertical de piezocone ou CPTu
(2002) compararam os resultados de testes de (CPTu01), incluindo 2 ensaios de dissipação; 1
laboratório realizados em estacas isoladas com vertical com 8 ensaios de palheta ou vane test
os resultados obtidos em duplas de estacas. Com (VT01), realizados metro a metro e retirada de 2
isso, os autores observaram reduções na estaca amostras indeformadas com amostradores do
traseira (ou seja, mais afastada do movimento) tipo Shelby de 4”, com a qual foram realizados
de 24% para um espaçamento entre estacas de ensaios de caracterização, de adensamento e
5B (sendo B o diâmetro da estaca) e de até 59% triaxiais. As Figuras 1 e 2 apresentam a
para espaçamentos de 3B. Além disso, os autores configuração desse teste.
também observaram que as estacas traseiras Conforme se observa na Figura 2, o terreno de
também exerciam influência nas estacas frontais, fundação do aterro é composto por uma camada
podendo reduzir seus deslocamentos em até de aterro superficial com cerca de 2m de
33%, para um espaçamento de 5B. espessura, seguida de uma camada de areia fina
a média com cerca de 3m de espessura.
Subjacente a essas camadas, encontra-se uma
2 ESTUDO DE CASO DO ATERRO espessa camada de solo mole, formada por uma
EXPERIMENTAL delgada camada de turfa e uma argila orgânica,
que totalizam cerca de 10m de espessura,
O aterro experimental que será analisado neste representando a camada crítica para análise do
estudo foi executado às margens da Avenida fenômeno em estudo. Na sequência, encontra-se
Salvador Allende, na Barra da Tijuca, Rio de uma camada de areia fina com cerca de 3m de
Janeiro. O aterro foi proposto, planejado e espessura, seguida de outra camada de solo mole
coordenado pela empresa GEOCONSULT composta por uma argila siltosa.
LTDA. França (2014) apresenta detalhadamente
a motivação que levou à realização do teste.
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Tempo [dias]
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Altura de Aterro [m]
8 -20
4 -10
0 0
-8 20
-12 30
-16 40
-20 50
-24 60
-28 70
-32 80
-36 90
Haterro IV 01 (E06 - Ø60cm - 1ª fileira)
IV 02 (Solo - 3ª fileira) IV 03 (Solo - 2ª fileira)
IV 04 (Solo - 1ª fileira) IV 05 (E07 - Perfil Metálico - 3ª fileira)
IV 06 (E08 - Ø60cm - 2ª fileira) IV 07 (E09 - Ø50cm - 1ª fileira)
IV 08 (Solo - 1ª fileira) IV 09 (ER10 - Ø60cm - 3ª fileira)
IV 10 (E11 - Ø60cm - 2ª fileira) IV 11 (E12 - Ø60cm - 1ª fileira)
4 MODELO NUMÉRICO
Para cada camada, os parâmetros necessários poropressão gerados e dissipados; e uma fase de
a seu modelo de comportamento foram definidos intervalo até o próximo alteamento, sem
dentro de uma faixa de valores mais prováveis, carregamento adicional, para a qual a análise do
limitada por um valor mínimo e por um valor tipo Consolidation calcula a dissipação dos
máximo, e possuindo um valor médio. As excessos de poropressão existentes.
estimativas dessas faixas de valores foram feitas
com base nos ensaios de campo e de laboratório
disponíveis. Sendo assim, inicialmente, foi 5 ANÁLISE NUMÉRICA
rodada uma análise 2D com os parâmetros
médios estimados para o solo. Em seguida, Para as análises que serão apresentadas a
foram realizadas várias análises 2D variando os seguir, utilizou-se o mesmo modelo de terreno
parâmetros das camadas (dentro da faixa de (divisão de camadas, modelos constitutivos e
valores estimada), buscando-se ajustar o melhor parâmetros) ajustado para o aterro experimental.
possível: os deslocamentos das estacas com Com relação à geometria, com o intuito de
aqueles medidos pelos inclinômetros e os reduzir o número de variáveis no terreno, todas
recalques do terreno com os medidos pelas as estacas foram consideradas metálicas, com as
placas de recalque. características do perfil metálico duplo
Com relação à modelagem da sequência W410x53 e com comprimento fixo de 28,0m. A
construtiva do aterro experimental, utilizou-se a estaca metálica foi adotada como padrão por
opção Staged Construction para simular as fases permitir a correta estimativa de seu
de alteamento do aterro, que tiveram duração comportamento por meio de um modelo linear
entre 2 e 9 dias. Conforme observado na leitura para faixas de tensão superiores às atingidas no
dos piezômetros, o tempo entre um alteamento e caso em estudo.
outro se mostrou insuficiente para a completa
dissipação de poropressão gerada em cada 5.1 Influência do efeito de grupo
alteamento. Para simular essa situação de
dissipação parcial de poropressão, utilizou-se Nesse trabalho, o efeito de grupo foi avaliado por
uma análise do tipo Consolidation, que calcula a meio de modelagens numéricas bidimensionais,
geração e a dissipação dos excessos de tendo como principal objetivo a verificação da
poropressão associadas ao tempo de cada fase de influência das estacas mais próximas à base do
análise. Cada etapa de alteamento foi modelada aterro nos deslocamentos horizontais nas estacas
em duas fases distintas: uma fase de construção traseiras. Para análise desse efeito, foram feitas
do alteamento, para a qual a análise do tipo análises paramétricas com a variação do número
Consolidation distribui o carregamento de fileiras de estacas. A Figura 4 apresenta as
linearmente ao longo do intervalo de tempo e geometrias utilizadas nas modelagens.
calcula concomitantemente os excessos de
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Geometria 1:
1 fileira de estaca E3
Geometria 2:
2 fileiras de estacas E3 E2
Geometria 3:
3 fileiras de estacas E3 E2 E1
Os resultados dos deslocamentos horizontais entanto, com a presença de 2 fileiras frontais, foi
obtidos para a fileira de estacas E3 (fileira observada uma redução de cerca de 20% nos
traseira) em cada uma das geometrias modeladas deslocamentos horizontais máximos da fileira de
estão apresentados nos gráficos das Figura 5, estacas E3. Já durante o estágio de alteamento
durante os estágios de carregamento com altura com altura de aterro de 6,40m, a presença de 1
de aterro de 3,05m e 6,40m. fileira de estacas frontais reduziu em cerca de
Conforme se observa nessa figura, durante o 10% os deslocamentos horizontais máximos da
estágio de alteamento com altura de aterro de fileira de estacas traseiras e com a presença de 2
3,05m, a presença de apenas 1 fileira de estaca fileiras de estacas frontais esse percentual de
frontal não influenciou nos deslocamentos redução aumentou para 14%.
horizontais máximos da estaca traseira, E3. No
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Figura 5. Perfis de deslocamentos horizontais obtidos na fileira de estacas traseiras (E3) para as 3 geometrias
modeladas, durante os estágios de carregamento com altura de aterro de 3,05m e 6,40m, respectivamente.
Além disso, em ambas as etapas de verificar se as estacas traseiras, por sua vez,
alteamento do aterro analisadas, foi observado exerciam alguma influência nas estacas mais
que, conforme já verificado por Springman e próximas à base da sobrecarga. Para isso, foram
Bolton (1990) a partir de testes em centrífuga, modeladas 3 outras geometrias similares às
enquanto os deslocamentos horizontais máximos apresentadas na Figura 4, porém mantendo-se a
em profundidade apresentam redução, os estaca dianteira fixa (E1) e acrescentando-se as
deslocamentos horizontais observados junto às estacas traseiras. Os resultados dessas análises
cabeças das estacas aumentam mostraram que a presença das estacas traseiras
proporcionalmente ao aumento do número de praticamente não exerce influência nos
fileiras de estacas dianteiras. Esse deslocamentos horizontais da fileira de estacas
comportamento faz com que essas estacas, dianteiras, podendo ser considerada desprezível.
consideradas passivas devido ao carregamento
recebido pelo deslocamento do terreno ao longo 5.2 Influência da distância da estaca em
de sua profundidade, passem a ter também relação à base do aterro
características de estacas ativas. Isso porque
recebem simultaneamente um carregamento em Para analisar a influência do distanciamento
seus topos originado do comportamento rígido das estacas em relação à base do aterro, foram
do bloco formado pelos blocos de coroamento e realizadas análises paramétricas no Plaxis 2D
vigas de travamento que se movem em conjunto com uma única fileira de estacas posicionada a
com as estacas frontais. diferentes distâncias da base do aterro. A
Além dessas análises para avaliação do efeito primeira análise foi feita com a fileira de estaca
de grupo, também foram feitas outras análises posicionada a 3,0m da base do aterro e as
paramétricas no Plaxis 2D com o intuito de análises seguintes foram feitas com a fileira de
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80
70
Deslocamento Horizontal Máximo [mm]
60
H=6,40m
50
H=5,80m
40
H=4,55m
30
H=3,05m
20
H=1,10m
10
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39
Distância da estaca à base do aterro [m]
Figura 7. Influência da distância da estaca em relação à base do aterro nos deslocamentos horizontais máximos na
fileira de estaca
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6 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
Com base nas análise paramétricas
bidimensionais reportadas nesse estudo, Aos colegas da Geoconsult, Prof.º
verificou-se que: Uberescilas Polido e Hugo França, pelo
Os deslocamentos horizontais máximos nas fornecimento dos dados do experimento pioneiro
estacas traseiras são reduzidos com a presença no Brasil e pelo apoio técnico durante a pesquisa.
de fileiras de estacas frontais, ou seja, pelo
efeito de grupo, sendo que o aumento do REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
número de fileiras frontais aumenta o
percentual de redução dos deslocamentos BJERRUM, L. (1972) Embankments on soft ground:
horizontais máximos das estacas traseiras; State-of-Art Report. Proceeding Speciality Conference
on Performance of Earth and Earth-Sup-ported
No caso do aterro experimental analisado, no Structures, ASCE, v. 2, pp. 1-54.
qual os deslocamentos horizontais máximos COBE, R.P. (2017) Comportamento de um aterro
nas estacas da terceira fileira foram cerca de construído sobre solo mole e sua influência no
70% inferiores aos da primeira, pode-se dizer estaqueamento adjacente. Dissertação de Mestrado
PUC, Rio de Janeiro.
que desse valor cerca de 20% se deve ao FRANÇA, H.F. (2014) Estudo teórico e experimental do
efeito de grupo e o restante de 50% se deve a efeito de sobrecargas assimétricas em estacas.
distância da estaca em relação à base do Dissertação de Mestrado, COPPE, UFRJ, Rio de
aterro; Janeiro, 2014.
Apesar dos deslocamentos horizontais HEYMAN, L.; BOERSMA, L. (1961) Bending moments
in piles due to lateral earth pressure. Proceedings 5th
máximos serem reduzidos pela presença de ICSMFE, v. 2, pp. 425-429, Paris.
fileiras de estacas dianteiras, os PAN, J.L.; GOH, A.T.C.; WONG, K.S.; TEH, C.I. (2002)
deslocamentos horizontais no topo das Ultimate soil pressures for piles subjected to lateral
estacas traseiras sofrem um aumento devido soil movements. Journal of Geotechnical and
ao comportamento rígido do bloco formado Geoenvironmental Engineering, v. 128, pp. 530-535.
SPRINGMAN, S.M.; BOLTON, M.D. (1990) The effect
pelos blocos de coroamento e vigas de of surcharge loading adjacente to piles. Contractor
travamento que se movem em conjunto com Report 196, Transport and Road Research La-boratory,
as estacas frontais; Department of Transport.
A influência das estacas traseiras nos RANDOLPH, M.F. (1981) The response of flexible piles
to lateral loading. Géotecnique, 31(2), pp. 247-259.
deslocamentos e esforços desenvolvidos ao
longo da profundidade das estacas frontais foi
considerada desprezível;
A relação entre os deslocamentos horizontais
máximos e a distância da estaca em relação à
borda do aterro mostrou-se não linear,
aproximando-se de uma equação polinomial
de 3º grau;
Em termos práticos, foi observado que os
deslocamentos horizontais ao longo da
profundidade das estacas somente podem ser
considerados desprezíveis a partir de
distâncias correspondentes a cerca de 2,5
vezes a espessura da camada de solo mole
(D).
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RESUMO: No presente trabalho foram realizados ensaios Triaxiais com um solo argiloso da região
metropolitana de Goiânia, Goiás, a fim de se obter os parâmetros de resistência ao cisalhamento em
condições drenadas e não drenadas para assim analisar a sua aplicação na construção de uma
barragem. Inicialmente foi feita a manutenção e a realização de reparos no equipamento triaxial do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG Campus Goiânia, recolocando-
o em operação. A amostra coletada foi caracterizada em laboratório, realizando-se assim os ensaios
de granulometria por peneiramento e sedimentação, massa específica dos grãos e limites de
consistência. Posteriormente à caracterização, foi feita a classificação geotécnica do solo nos
sistemas SUCS e TRB e o ensaio de compactação, empregando a energia do Proctor normal, a fim
de se estabelecer as condições de moldagem. Em seguida, foram realizados ensaios triaxiais do tipo
CU e CD e obtidos os parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo, ou seja, a coesão e o
ângulo de atrito. Com os resultados dos ensaios triaxiais foi simulada a aplicação do referido solo
na construção de uma barragem hipotética mista de terra e enrocamento utilizando-se os softwares
Seep/W e Slope/W, versão estudante, da GeoStudio ou GeoSlope. As análises de fluxo e
estabilidade foram feitas apenas para a fase de operação da barragem, utilizando os dados dos
ensaios drenados. Os resultados obtidos através da análise de fluxo indicaram o caminho de
percolação da água no interior do corpo da barragem, bem como, o valor da vazão que transpõem o
núcleo de argila, igual a 2,574 x 10-9 m3/seg/m. Os fatores de segurança críticos encontrados atráves
dos métodos de Bishop e Fellenius foram respectivamente 1,805 e 1,804, valores satisfatórios,
tendo em vista os recomendados pela NBR 11.682 (ABNT, 2009).
Para que os valores obtidos em laboratório câmara, exerce uma força sobre o corpo de
possam corresponder às condições de campo, prova deformando-o; neste caso denomina-se o
além da representatividade da amostra, é ensaio de ensaio de carga controlada.
preciso simular bem as condições às quais o Todavia, quando a prensa é que se desloca
solo estará submetido na obra. para cima pressionando o pistão, temos o ensaio
Um dos ensaios mais completos em termos de de deformação controlada, que é o caso mais
simulação das condições de campo e obtenção usual.
dos parâmetros de resistência ao cisalhamento Essa carga é aferida por meio de um anel
dos solos é o ensaio triaxial. dinamométrico ou por uma célula de carga,
O presente trabalho, além de recolocar em sendo que a segunda possui a vantagem de
funcionamento o equipamento triaxial do IFG – medir de forma efetiva a carga aplicada ao
Câmpus Goiânia, desativado há vários anos, corpo de prova.
objetivou identificar através dos ensaios de
compressão triaxial feitos nesse aparelho, os
valores dos parâmetros de resistência ao
cisalhamento de um solo argiloso da região
metropolitana de Goiânia através dos ensaios
tipo consolidados ou adensados, não drenados
(CU) e consolidados ou adensados drenados
(CD), a fim de analisar a aplicação dos
parâmetros obtidos na análise de fluxo e
estabilidade de taludes de uma barragem
hipotética.
2. O ENSAIO TRIAXIAL
4 MANUTENÇÃO E REPAROS DO
EQUIPAMENTO TRIAXIAL DO IFG –
CAMPUS GOIÂNIA
estudado.
Propriedades Resultado
Limite de liquidez (wL) 42%
Limite de Plasticidade (wP) 26%
Índice de Plasticidade (IP) 16%
Massa especifica real ou dos grãos (g/cm3) 2,77
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Grau de segurança
Fator de Segurança
necessário ao local
Alto 1.50
Médio 1.30
Baixo 1.15
Figura 14 – Fator de segurança encontrado através do
método de Bishop com o uso do software GeoStudio.
A análise realizada no presente trabalho
Pelo método de Fellenius, o fator de restringiu-se apenas à fase de operação normal
segurança encontrado foi igual a =1,804, da barragem, isto é, quando o reservatório já
praticamente igual ao obtido aplicando-se o está completamente cheio e já decorrido um
método de Bishop, uma variação de apenas tempo suficiente para a instalação do regime
0,001 entre os resultados. A análise atráves do permanente da rede de fluxo, como também
softaware Geostudio, para o método em para o processo de adensamento ou
questão, resultou no que está apresentado na consolidação do corpo da barragem. Tendo em
Figura 15. vista somente a etapa analisada, bem como, os
valores de expressos no Quadro 8, pode-se
concluir que o talude de jusante da barragem
hipotética estudada encontra-se estável.
AGRADECIMENTOS
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REFERÊNCIAS
tenham credibilidade. Nesse contexto, a quatro fases: a primeira, que vai de 1902 até
proposta é ressaltar a relevância de conhecer meados de 1920, a segunda iniciando em
e seguir a Norma Brasileira que rege o 1927 até o final da década de 40, quando
assunto. Terzaghi e Peck (1948) lançaram o livro Soil
Mechanics in Engineering Practice. Com o
lançamento desta obra, a terceira fase tem
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA início, estendendo-se até a segunda metade
dos anos 1970, sendo marcada pelas
2.1 Prospecção Geotécnica primeiras tentativas de normatização do
ensaio. Já a quarta etapa vem como uma
A prospecção geotécnica consiste na sequência da terceira, começando em 1977,
aplicação de métodos realizados em campo quando a preocupação com a qualidade dos
para a determinação das características do dados e com a execução, começou a crescer.
terreno e de seu subsolo, levantando No Brasil, o SPT foi introduzido após a
informações como: tipo de solo e suas criação do primeiro núcleo de Mecânica dos
resistências, presença de níveis d’água, Solos, a seção de Solos e Fundações do IPT,
ocorrência de materiais orgânicos e presença em 1938, com a volta de Odair Grillo, depois
de rochas. de completar seus estudos na Universidade
A investigação da estrutura do subsolo em de Harvard, nos Estados Unidos, onde teve a
obras civis é primordial para o conhecimento oportunidade de fazer um curso com o
adequado das condições do local onde serão professor H. A. Mohr, idealizador da medida
implantadas essas obras. Entretanto, quando da resistência à penetração dinâmica com
não se possui informações do subsolo, ou amostradores bipartidos com 51 mm de
quando estas são precárias, o diâmetro. Antes desse marco, a investigação
desenvolvimento de um projeto fica limitado, e a análise dos solos eram feitas apenas por
ocasionando enganos em sua concepção. Em perfuração e por teste táctil-visual, a partir
alguns casos, por incoerrencias, pode ocorrer dos quais se poderiam obter estimativas da
a necessidade de reforço de fundação e nos consistência das argilas, mas não se
mais graves, o risco de colapso da estrutura. mostravam eficazes para a determinação da
Os investimentos para a realização de compacidade das areias, surgindo então, a
métodos de investigação do solo giram em necessidade de se fazer um ensaio que
torno de 0,2% a 0,5% do custo final de obras permitisse obter características da resistência
comuns, podendo variar em obras especiais e à penetração (CAVALCANTE, 2002).
de grande porte (SCHAIND, 2012). No Até o início dos anos 70, não existia no
entanto, a ausência da investigação Brasil uma padronização do amostrador na
geotécnica gera uma aparente economia execução do SPT. Tanto a metodologia
inicial, que pode acarretar um aumento quanto a aparelhagem eram variáveis, o que
significativo do custo final da obra, se forem dava margem de erro na interpretação dos
considerados os erros e riscos gerados pela estudos feitos. Esse assunto foi pauta no 5º
falta de informação. Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos,
realizado em São Paulo, em 1974.
2.2 Ensaio SPT Porém, somente em 1977, a Associação
Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS)
2.1.1 Contexto Histórico enviou para a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) a proposta para
Segundo Cavalcante (2002), o histórico do aprovação da Norma referente ao ensaio do
ensaio SPT se divide principalmente em SPT que, posteriormente, em 1979, foi
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aprovada e denominada como “Método de cair em queda livre sobre a cabeça de bater,
Execução de Sondagens de Simples cravando, então, o amostrador no solo por 45
Reconhecimento dos Solos”, MB 1211/79, cm totais. Conta-se o número de golpes que
sendo a primeira Norma Brasileira que se foram necessários para cravar cada 15 cm
referia ao assunto. Sua numeração foi: NBR dos 45 cm totais. Cravados os 45 cm de
6484 (1980) e, em fevereiro de 2001, foi profundidade, retira-se o amostrador do furo
revisada e atualizada, sendo incorporada a e recolhe-se a amostra de solo contida em seu
ela, a NBR 7250 (Identificação e descrição interior, anotando-se os 3 resultados na
de amostras de solo obtidas em sondagens de caderneta de campo e a classificação do solo
simples reconhecimento). Após isso, foi encontrado.
denominada como NBR 6484 (ABNT, 2001). Retirada a primeira amostra, faz-se a
Desde então, todos os estudos realizados cravação do tubo revestimento com 1 ou 2
nesta área precisam ser realizados de acordo metros que servirá de guia, e continua-se a
com essa Norma. perfuração com o trado espiral ou helicoidal,
Esse documento traz regras relativas aos até a profundidade de dois metros, repetindo
equipamentos e ferramentas que são o procedimento de cravação do amostrador e
utilizados e os processos de avanço da retirada da segunda amostra. Em seguida, a
perfuração, bem como, a amostragem, a perfuração continua repetindo o mesmo
observação do nível do lençol freático, além procedimento, até o encontro com o nível
da metodologia de apresentação dos d’água do lençol freático, ou encontrem as
resultados obtidos no ensaio. Ele também condições de paralisação do furo.
permite verificar as camadas geológicas do Se o amostrador não descer livremente até
maciço e os respectivos valores do NSPT, que a cota de escavação, significa que ocorreu o
passou a ser o novo valor do IRP. fechamento do furo, portanto interrompe-se a
perfuração e prolonga-se a cravação do tubo
2.1.1 Procedimentos de Execução de revestimento, por mais um ou dois metros
abaixo da cota que o terreno se fechou.
Após a determinação da quantidade, Quando, durante a perfuração, é
locação e cota de nível dos furos, segundo o encontrado lençol freático, anota-se a cota e
programa de sondagem, inicia-se a aguarda-se aproximadamente 30 minutos,
perfuração de acordo com as diretrizes realizando-se leituras do nível d’água a cada
contidas na Norma. 10 minutos, para verificar se houve elevação
Primeiramente, é feita a montagem do do nível, pela pressão piezométrica e anota-
tripé (Figura 1) e o conjunto de roldanas por se a nova cota encontrada. No final do dia,
onde passa a corda de sisal responsável pelo deve-se esgotar o furo e novamente anotar o
levantamento do martelo. A perfuração tem nível d’água, e no dia seguinte, com
início com a retirada do primeiro metro de estabilização do nível, a cota deve ser
solo com trado concha ou cavadeira manual. verificada.
Uma parte desse solo é armazenada como a Segue-se a perfuração com o trépano de
amostra zero, sendo opcional. lavagem e os procedimentos normais de
Após a escavação do furo com o trado cravação do amostrador até que se encontrem
concha, começa o ensaio à penetração com o as condições de paralisação do furo.
amostrador padrão apoiado no fundo do furo
fixado na extremidade da haste já acoplada à
cabeça de bater. O martelo de 65 kg é
erguido a uma altura de 75 cm, com o auxílio
da corda e conjunto de roldanas, deixando-o
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de até 130% em seu resultado, segundo seguiam a norma com maior fidelidade. Para
Belicanta (1998). as empresas “A” e “C” existem dois tipos de
Em realção as empresas que executaram o sondagem, uma para obras pequenas a qual
ensaio com cravação contínua, a empresa A, não é preciso execução de lavagem e outra
com 9m de profundidade encontrou um Nspt para edificações maiores sendo necessária a
de 40, a empresa C aos 5m de escavação lavagem. No entanto só há um tipo de
apresentou o Nspt de 46 e a empresa E, sondagem que deve ser seguida em qualquer
apresentou um Nspt de 35 aos 4 metros de tipo de edificação.
profundidade. De acordo com Belicanta
(1998), estima-se que os valores de Nspt 4 CONCLUSÃO
apresentados por essas empresas deveriam
ser 130% menores, nos casos mais criticos, O desenvolvimento da presente
ou seja, a empresa A aos 9m deveria pesquisa possibilitou uma análise de como a
apresentar um Nspt de 17, a empresa C, ao execução do Ensaio SPT de formas
5m de cravação deveria apresentar o valor de divergentes aos parâmetros descritos na
20 e a empresa E, com 4m de profundidade Norma pode alterar o resultado da sondagem.
deveria obter um Nspt de 15. Com base nas análises realizadas das
O critério de parada do ensaio utilizado empresas da região de Sorocaba e Campinas,
pelas empresas “A”, “C”, e “E” foi encontrar que executam o ensaio SPT, e fazendo uso da
o solo impenetrável pela cravação continua revisão bibliográfica desenvolvida, conclui-
do amostrador, ou quando ocorrerem as se que a maioria das empresas analisadas
situações descritas na Norma. Das empresas cometem erros graves durante a realização do
analisadas, apenas a “B” e a “D”, continuam ensaio em campo, como por exemplo, a
a sondagem por escavação, ou circulação de escavação do furo por cravação contínua do
água, até o impenetrável, ou ocorrerem às amostrador, sem o uso do trado espiral, o que
situações descritas pela Norma. pôde ser constatada em três das cinco
Os integrantes das equipes foram empresas analisadas, representando mais de
questionados quanto à medição do nível cinquenta por cento dos ensaios
d’água após 24 horas, como consta em acompanhados.
norma, e todos afirmaram o retorno para Outro erro constatado durante o
verificação. acompanhamento dos ensaios, foi a má
A retirada de amostra a cada metro conservação da sapata do amostrador, sobre o
investigado e sua armazenagem em sacos qual a norma traz informações claras,
plásticos etiquetados contendo as descrevendo que a sapata deve estar isenta de
informações da amostra citada na norma foi qualquer amassamento, trincas ou qualquer
realizada por todas as empresas observadas. deformação que altere a seção.
Quanto à equipe necessária prevista pela Dentre outros erros cometidos pelas
Norma, composta por três integrantes sendo empresas, pode-se destacar também a ajuda
um sondador, um auxiliar de sondagem e um na queda do martelo, sobre a qual a norma
ajudante, as empresas “A”, “B”, “C” e “D” estabelece que deva acontecer em queda
cumpriram a norma, exceto a empresa “E”, livre, isenta de qualquer ajuda ou força
cuja equipe era composta por apenas dois adicional.
integrantes (Figura 4). Todas essas divergencias citadas poderiam
A equipe foi questionada também, sobre ser evitadas, os materiais utilizados devem
como o ensaio tem que ser executado, e todas ser fiscalizados com frequência, os
afirmaram seguir a norma, mas não foi o que sondadores e os ajudantes devem ser
se observou. Somente as empresas “B” e “D” treinados para executar o ensaio e cientes da
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importância que os resultados dos ensaio tem Ciências em Engenharia Civil) – COPPE –
para a geotecnia. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro. 445p.
O ensaio SPT fornece o índice de Hvorslev, M. J. (1949). Sampling Methods and
resistência à penetração do solo e Requirements, Subsurface Exploration and
características do subsolo, os quais são Sampling of Soils for Civil Engineering Purpose,
necessários para a determinação do tipo ideal 2ª ed., Oficina de textos, São Paulo, 223p
de fundação, sua cota de apoio e para os Schnaid, F. & Odebrecht, E. (2012). Ensaios de
Campo e suas Aplicações à Engenharia de
cálculos empíricos de capacidade de carga. Fundações, first ed., Chapter 4, Waterways
Dessa forma, a execução de acordo com os Experiment Station, Mississipi, USA.
padrões estabelecidos pela ABNT é de Terzaghi, K. e Peck, R.B. (1948) Soil Exploration,
extrema importância, pois os cálculos foram Soil Mechanics in Engineering Practice, first ed.,
desenvolvidos para receber valores dos John Willey & Sons, New York, NY, USA.
ensaios baseados na Norma.
Portanto, quando se tem uma sondagem
mal executada, em desacordo com a Norma
vigente, a concepção do projeto pode ser feita
de forma equivocada, acarretando gastos
maiores que os previstos, pois o solo
apresentado no relatório de sondagem não
equivale realmente ao encontrado em campo.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
denteada que se prende em um anel na “cabeça Uma série de estudos já foi feita com o
de bater” (SOL SOLUTION, 2018). intuito de aumentar o banco de dados do ensaio
A Figura 1 mostra o conjunto montado e PANDA 2 e comparar o mesmo com outros
suas principais partes constituintes: ensaios. Azevedo e Rodrigues (2014),
1. Terminal de comunicação: possui um estudaram a relação das resistências fornecidas
software que permite definição de campos e de pelo SPT e pelo PANDA 2 e chegaram na
sondagens, arquivamento dos dados de ensaios, seguinte relação:
e transferência de dados para o computador.
!"
Interface simples e de rápido acesso; = 0,5058𝑒 -.,/012 (1)
#$%&
2. Unidade Central de Aquisição: conecta-se ao
terminal de comunicação, serve como guia para
sendo:
ajudar a manter o prumo das hastes, e possui
p = profundidade (metros),
uma trena de medição de profundidade que se
NSPT = número de golpes para cravação do
conecta à “cabeça de bater”;
amostrador nosdois últimos 15 cm do ensaio
3. Cabeça de bater: dotada de uma célula de
SPT,
carga que recebe a energia transferida pelo
qd = valor da resistência à penetração da
martelo e local de conexão de um cabo que se
ponteira cônica (MPa).
liga ao terminal de comunicação;
4. Martelo anti-repique;
Ferreira et al. (2013), realizaram comparação
5. Hastes metálicas de 50 cm de comprimento,
entre resultados de ensaios PANDA 2 e de
que se conectam umas as outras para formar o
ensaios SPT em aterros compactados de
conjunto de hastes.
barragens de terra, relacionando a variável 𝑞45.
- média dos valores qd obtidos no trecho de
30 cm do perfil correspondente ao trecho onde
se determinou o valor de NSPT - mostrando que
existe uma correlação entre os resultados dos
dois ensaios e que essa correlação varia com a
profundidade penetrada.
Angelim (2011) estimou parâmetros
geotécnicos por meio do ensaio PANDA 2 em
aterros compactados de barragens de terra,
obtendo bons resultados.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Profunidade (m)
Transição
Areia argilosa com pedregulhos e 6
6,0 a 7,0 fragmentos de quartzo – Zona de
Transição 7
7,0 a 8,0 Silte arenoso micáceo róseo
8
8,0 a 9,0 Silte arenoso micáceo róseo
9,0 a 10,0 Silte arenoso micáceo róseo 9
10
2 1
3 2
4 3
4
Profunidade (m)
6 5
Profunidade (m)
7 6
8 7
9 8
10 9
10
Figura 3 – Resistência à penetração qd em MPa versus
profundidade em metros para o furo P4A.
Figura 5 – Resistência à penetração qd em MPa versus
profundidade em metros para o furo P4C.
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pela profundidade.
qd (MPa)
0 10 20 30 40
0 qd10 (MPa)
0 5 10 15 20
1 0
2
1
3
2
4
3
5
Profunidade (m)
4
6
5
Profunidade (m)
7
8 6
9 7
10 8
3
6
4
7 Profunidade (m) 5
8 6
9 7
10 8
Figura 9 – Resistência à penetração qd10 em MPa versus 9
profundidade em metros para o furo P4C.
10
2
Usando o princípio do trabalho mecânico (t)
3 realizado por uma força (F) que produziu a
penetração da ponteira cônica, da Mecânica
4 Clássica, pode-se inferir que:
Profunidade (m)
5
t = F. ∆x. cos θ (2)
6
sendo que:
7 ∆x = deslocamento provocado pela força.
8
θ = ângulo que esta força faz com a direção do
deslocamento.
9 Aplicando-se ao ensaio PANDA 2, com a
tensão qd e a área da ponteira cônica (4 cm2) se
10 obtém a força proferida pelo martelo que está
Figura 10 – Resistência à penetração qd10 em MPa versus na mesma direção e sentido que o deslocamento
profundidade em metros para o furo P4C*. do conjunto de hastes, (θ = 0º). Logo, para o
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t = 𝑞4 . 0,0004 . ∆x (3) 0
Profundidade (m)
4
F
DGH BCD ED
q4/.-A = F E (4) 5
DGH D
REFERÊNCIAS
Gislaine Luvizão
Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, Brasil, gislaine.luvizao@unoesc.edu.br
RESUMO:
Buscando a redução do descarte inadequado ou oneroso de resíduos sólidos, buscou-se estudar a
esatabilização de uma areia descartada de fundição. Realizou-se a substituição parcial da areia de
fundição por pó de pedra e adição de cimento. As misturas são substituição da areia por pó de pedra
de 25, 50 e 75%, com teores de cimento de 5, 7, 9 e 11% e umidade 11%. Após a moldagem e o
período de cura, aferiu-se a resistência à compressão simples e realizou-se análise química do
extrato solubilizado da mistura. Os resultados indicaram que o teor de cimento somado ao teor de
substituição de areia por pó de pedra tem forte influência na resistência à compressão simples. A
porosidade influi na resistência à compressão da mistura, por meio da relação porosidade/teor de
agente cimentante foi possível estabelecer um modelo de cálculo para estimativa do teor de cimento
necessário para que se atinja determinada resistência. Com relação aos agentes contaminantes
analisados, observou-se que apenas o parâmetro Fenóis Totais não atende a legislação.
passivo, a areia proveniente dos moldes e das propriedades da mistura e por consequência
machos utilizados nos processos de fundição. sua estabilização (BAUER, 1994).
Estima-se que no Brasil há um descarte de A estabilização do solo é fruto de técnicas que
2,8 milhões de toneladas/ano de areia de possibilitam alterações nas propriedades
fundição, o que torna um desafio encontrar uma mecânicas do solo, como aumento da
solução para esse resíduo, indiferentemente de resistência à compressão, rigidez, durabilidade,
seu tipo, sejam estas de moldagem ou macharia redução da permeabilidade (INGLES;
(GOUVEA; WINCZKIEWICZ, 2014). METCALF, 1972).
As areias de fundição, segundo a NBR 10004 Clough et al. (1981) realizaram estudos com
(ABNT, 2004), enquadram-se como classe II, amostras de areia artificialmente cimentada a
não perigoso (inerte ou não inerte). fim de verificar a influência do aglomerante e
Após esgotadas essas areias devem ser da densidade da mistura em suas propriedades.
descartadas em aterros licenciados, esse Com os resultados obtidos os autores
descarte gera um alto custo, que varia de US$ concluíram que o comportamento de uma areia
20.00 a U$ 100.00 por ton., em função do cimentada artificialmente é fortemente
tamanho da fundição e de sua localização e influenciado pelo teor de aglomerante,
portanto, há vários estudos para utilização da densidade da areia, pressão confinante e
areia de fundição como matéria prima ao invés granulometria da mistura.
de simples descarte. Como opção às areias de Devido às disparidades e semelhanças nos
fundição que não tenham sido recicladas ou processos e mecanismos utilizados para a
recuperadas existe a possibilidade de utilizá-las estabilização de solos, o critério utilizado para
em novas aplicações, como na produção de classifica-los é dado pela natureza da energia
concreto, tijolos, asfalto, entre outros transmitida ao solo. Assim, têm-se os seguintes
(SOARES, 2000). tipos de estabilização: mecânica,
Conforme Menossi (2004), o pó de pedra granulométrica, química, elétrica e térmica
caracteriza-se por ser o rejeito da britagem em (GOULARTE; PEDREIRA, 200-?).
pedreiras e por apresentar, na maioria dos casos, Santos (2012) expõe em sua pesquisa que os
diâmetro máximo característico abaixo de 4,75 métodos mecânicos são aqueles que tem a
mm. Sua curva granulométrica permite capacidade de aumentar a densidade do solo,
classificá-lo como uma areia média. melhorando sua resistência mecânica e
Atualmente, o pó de pedra não possui valor durabilidade, envolvendo a redução de volume
comercial de mercado, sendo considerado um de vazios do solo através da energia imposta e
“material marginal”, que não possui uma por consequência aumentando a durabilidade,
destinação definida, permanecendo estocado compacidade e resistência mecânica. Em geral
nos pátios das pedreiras, formando enormes estas técnicas são combinadas com a
pilhas que provocam vários impactos compactação.
ambientais (MENOSSI, 2004). Conforme Medina (1987, apud VIZCARRA,
Segundo Menossi et al. (2010), entre os 2010, p.25) na estabilização química, como o
impactos ambientais gerados pelo acumulo do nome indica, há uma reação química do aditivo
rejeito da extração de britas, estão a poeira com os minerais do solo ou com a constituição
elevada, obstrução de canais de drenagem, e de recheio dos poros pelo produto de reação
quando carregados pelas águas da chuva pode química do aditivo com a água. No solo-
causar o assoreamento de rios e canais. cimento e solo–cal existe, inicialmente, uma
Solos cimentados são resultantes de uma reação que se caracteriza melhor como físico-
mistura íntima e com proporções ideais entre química: os cátions Ca++ liberados pela
solo com aglomerante hidráulico artificial hidratação do cimento reagem com a superfície
(cimento Portland), proporcionando a melhoria dos argilo-minerais e modificam o pH da
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Inicia-se esta seção com a apresentação e Com base na Tabela 1 e Gráfico 1, percebe-
análise dos resultados obtidos no ensaio de se que houve um ganho considerável de
resistência à compressão simples. resistência à compressão simples com o
Em virtude da grande variedade de misturas aumento do teor de agente cimentante,
e combinações, optou-se por apresentar a média independente da mistura. Isso devido à ação da
da resistência dos 4 corpos de prova de cada estabilização química conferida pelo cimento
combinação na Tabela 1. em virtude das reações de cimentação, em que
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Deve-se frisar que se estudaram apenas estes de cimento, pois por meio delas pode-se realizar
parâmetros em função de informações da o oposto, estimando-se uma resistência à
composição da areia descartada de fundição, compressão simples, ou então a porosidade.
obtidas com a empresa que forneceu o material Ressalta-se que as equações encontradas,
para o estudo e diante da possibilidade de somente são válidas para este estudo e devem
realização dos ensaios nos laboratórios da ser realizadas novas pesquisas a fim de atesta-se
Unoesc. sua veracidade e eficácia.
Quanto à avaliação de presença e
concentração de agentes contaminantes no
5 CONCLUSÕES extrato solubilizado do corpo de prova mais
propenso a apresentar concentrações acima da
A partir da metodologia experimental e da legislação, observou-se que a mistura foi
análise dos resultados, obteve-se as seguintes aprovada quanto aos metais analisados, no
conclusões: entanto apresentou resultado acima do limite
Em relação à resistência à compressão estabelecido pela NBR 10004 (ABNT, 2004) no
simples, contatou-se uma grande variação de quesito fenóis totais. Levando-se em conta que,
valores em função dos teores de cimento analisaram-se poucos parâmetros em função da
aplicados. Concluindo-se que este parâmetro é possibilidade de realização dos ensaios e que
fortemente influenciado pelo teor de agente houve um parâmetro que não atendeu a
cimentante e pelo teor de substituição da areia legislação vigente. Conclui-se que para
de fundição pelo pó de pedra, sendo que quanto confirmar os resultados obtidos e aprovar ou
maior o teor de cimento e maior quantidade de não o uso da areia de fundição nessas
pó de pedra na mistura maior será a resistência à condições, deve-se realizar novas pesquisas,
compressão simples atingida. analisando a presença de fenóis e de uma
A partir dessa análise, pôde-se concluir que o variedade maior de metais nas demais misturas.
melhor teor de adição de agente cimentante é o Portanto, antes de se aplicar as misturas
de 11%, enquanto que a melhor condição de estudadas, devem-se realizar novas pesquisas a
substituição de areia de fundição por pó de fim de avaliar a viabilidade técnica e econômica
pedra foi obtida na mistura com 75% deste do seu uso, de modo a garantir que o seu
material, ou seja, 25A-75P com 11% de emprego não cause agressão ambiental e nem
cimento, combinação em que se obteve a maior acarrete custos elevados.
resistência à compressão simples, de 5,8 MPa.
Com a identificação da porosidade das REFERÊNCIAS
misturas, pôde-se estabelecer uma relação entre
esse fator e a resistência à compressão simples ADEGAS, Roseane Gonçalves; BERNARDES, Andrea
(RCS) apresentada, assim quanto maior a Moura. Avaliação do gerenciamento das areias
geradas nas fundições de ferro do estado do Rio
porosidade e por consequência a maior a relação Grande do Sul, Brasil. Revista Fepam em Revista,
η/Civ, menor a resistência à compressão Porto Alegre: Fepam, v.2, n. 1, p. 5, jan./dez. 2008.
simples (RCS), corroborando com as Disponível em:
conclusões obtidas por outros autores. <http://www.fepam.rs.gov.br/fepamemrevista/downlo
A relação porosidade/cimento η/Civ foi ads/Revista_2008_BAIXA.pdf>. Acesso em: 15 abr.
2017.
importante na estimativa do teor de cimento ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
necessário à obtenção de uma resistência a TÉCNICAS. NBR 10004 – Resíduos sólidos –
compressão simples (RCS) requerida, obtendo- Classificação. Rio de Janeiro, 2004.
se uma equação para cada teor de substituição BAUER, L. A. Falcão. Materiais de construção. v.2 ed.
de areia de fundição por pó de pedra. As 5. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e
Científicos, 1994.
equações permitem não só a estimativa do teor
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Geilson Bispo
Universidade do Estado do Mato Grosso, Sinop, Brasil, geilson-bispo@hotmail.com
RESUMO: A classificação dos solos é uma das ferramentas na qual o engenheiro pode contar para
prever o comportamento dos solos. Entre os métodos de classificação os mais tradicionais foram
desenvolvidos para solos de regiões de clima temperado, em decorrência de incompatibilidade de
resultados entre as classificações tradicionais e o comportamento dos solos em campo,
principalmente na área rodoviária, foi proposta uma nova metodologia para este tipo de solo, a
classificação MCT. Levando em conta as características peculiares dos solos das regiões de clima
temperado e tropical esta pesquisa visa comparar os principais métodos de classificação com a
metologia MCT. As classificações MCT a pedológica apresentaram forte relação quanto a
classificação dos solos estudados, sendo que 100% das amostras foram caracterizadas com o mesmo
comportamento nas duas classificações. Já quando compara-se a MCT com a SUCS e TRB apenas
8 amostras foram previstas com igualdade.
Areias argilosos
Pedregulho Mal
Areias Siltosos
Pedregulhos
Pedregulhos
40 41 40 41
Areias bem
Areias Mal
Graduado
Graduado
graduado
graduado LL
argilosos
Siltosos
Tabela 2 – Classificação SUCS solos de graduação fina A segunda com os solos A-4, A-5, A-6 e A-7:
Siltes e argilas LL≤ 50 Siltes e argilas LL >50 Acima de 35% de material passante na peneira
ML CL OL MH CH OH n°200 de padrão americano (basicamente silte e
argila) caracterizados pela chave da Tabela 4.
Siltes orgânicos
Siltes e areias
inorgânicos
inorgânicas
inorgânicas
orgânicas
Argilas
Argilas
Siltes
finas
A-7
%pass.
A-4 A-5 A6 A-7-5a
peneira
A-7-6b
Nº 200 36 mín 36 mín 36 mín 36 mín
LL 40 máx 41 mín 40 máx 41 mín
Os solos de graduação grossa são ainda IP 10 máx 10 máx 11 mín 11 mín
subgrupados de acordo com a curva de
distribuição granulométrica dada pela IG 8 máx 12 máx 16 máx 20 máx
determinação dos coeficientes de uniformidade a – Quando IP ≤ LL-30 - b– Quando IP > LL-30
(Cu) e de curvatura (Cc), como apresentados
nas equações 1 e 2 respectivamente:
2.3 Classificação MCT
2.2.Classificação AASHTO - TRB
Desenvolvida por Nogami e Villibor na busca
por uma classificação mais qualificada dos
Um sistema bastante difundido na área de
solos tropicais que se baseasse em suas
pavimentação, utiliza-se da granulometria,
propriedades mecânicas e hidráulicas
limite de liquidez (LL), índice de liquidez e o
(NOGAMI e VILLIBOR, 1995), essa rotina de
índice de grupo (IG) para classificar o solo.
ensaios permite avaliar caraterísticas
O sistema de classificação propõe 7 grupos
fundamentais pertencentes aos solos com
de A-1 a A-7 divididos em duas seções a
corpos-de-prova de dimensões reduzidas
primeira os solos A-1, A-2 e A-3: Compostos
(50mm diâmetro), como contração,
por materiais granulares dos quais no máximo
permeabilidade, expansividade, coeficiente de
35% das partículas passam pela peneira n° 200,
penetração d’água, coesão, capacidade de
classificados pela chave apresentada na Tabela
3.
suporte e famílias de curvas de compactação.
Os solos com comportamento Laterítico
(representados pela letra L) subdividem-se em 3
grupos as Areias Lateríticas Quartzosas (LA),
Tabela 3 – Classificação AASHTO – TRB. Solo Arenoso Laterítico (LA’) e Solo Argiloso
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
AF-15 18,4 33,4 25,6 22,7 45,1 46 Tabela 7 – Classificação dos solos pelas metodologias
SUCS, TRB, MCT e Pedologia
AF-17 12,9 37,8 43,7 5,7 38,0 31
MCT
Amostra SUCS TRB Pedologia
Pastilhas
Verifica-se pela tabela que a textura dos
solos é fina, com predomínio da fração areia AF-02 SW-SM A-2-7 LG' Argissolo
fina, silte e argila. Não foi identificada em AF-04 SC A-2-6
LA' Argissolo
nenhuma amostra a presença de pedregulhos.
AF-05 SC A-2-6 Argissolo
Já pela classificação MCT observa-se uma LG'
baixa penetração da agulha padrão pelas AF-06 SC A-2-7
LA'-LG' Argissolo
amostras em embebição, os resultados estão AF-07 SW-SM A-2-6 Argissolo
LA'
expostos na Tabela 6. AF-08 SW-SM A-3
LA' Argissolo
Tabela 6 – Resultados pelos ensaio das pastilhas. AF-09 SC A-2-6
LA'-LG' Argissolo
Contração Penetração AF-10 SC A-6
SOLO LA' Argissolo
(mm) (mm)
AF-11 SC A-2-6
AF 02 1,70 0,32 LA'-LG' Argissolo
AF-12 SC A-2-6
AF 04 0,80 0,05 LA'-LG' Latossolo
AF-13 SC A-2-6
AF 05 1,77 1,08 LA-LA' Latossolo
AF 06 0,95 0,06 AF-15 SC A-2-7 Latossolo
LG'
AF 07 0,66 0,01 AF-17 SC A-2-6 LA'-LG' Latossolo
AF 08 0,59 0,14 Analisando as classificações observa-se que
AF 09 1,14 0,08 os solos são de textura fina, predominantemente
AF 10 0,77 0,70 siltes na classificação SUCS, para classificação
AF 11 1,00 0,03 TRB os solos são arenosos com comportamento
excelente a bom como comportamento como
AF 12 1,28 1,02
subleito. Já a classificação MCT determinou
AF 13 0,51 0,02
que os solos estudados possuem comportamento
AF 15 1,49 0,01 laterítico e são classificados, na sua maioria,
AF 17 1,10 0,03 como areias.
De acordo com Nogami e Villibor (1995) Verificando os resultados das classificações
valores baixos de penetração indicam e avaliando a previsão dos tipos de grupos de
comportamento laterítico. Este fato está atrelado solos das classificações UCS e ASSHTO-TRB
ao tipo de argilomineral que compõe o solo, de cada categoria conforme proposto por
geralmente do tipo 1:1, como as caulinitas, que Nogami e Villibor (1995) elaborou-se a Tabela
são minerais estáveis e não apresentam 8.
expansão em contato com a água.
A classificação dos solos nas metodologias
SUCS, TRB, MCT e pastilhas apresenta-se na
Tabela 7.
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1 INTRODUÇÃO
R.S
ρ= (2)
A resistividade elétrica do solo, ρ, pode ser L
definida como a resistência, R, que o mesmo
apresenta à passagem de corrente em sua Sendo que: L = Comprimento (m);
extensão, como exemplificado na Figura 1, S = Seção (L²); e,
Equação 1 e 2. ρ = Resistividade (Ω.m).
seus resultados, ocasionando em baixa aceitação Apesar de se poder ter uma grande variação
dos métodos e da aplicação dessas novas desses valores em função dos fatores
tecnologias no meio técnico-científico. intervenientes, é possível definir um tipo
Por esse motivo, para que novos métodos não litológico de solo considerando uma faixa de
sejam descartados ou denegridos, pesquisas resistividade. Na Figura 2 estão apresentadas as
devem ser conduzidas de maneira a gerar faixas de resistividade elétrica para agregados,
metodologias e processos que permitam uma por classificação litológica, segundo Rømoen et
interpretação mais acessível. al. (2010).
Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo Entretanto, Braga (2007) considera que, com
estudar a interferência da relação diâmetro/altura base nesse tipo de ensaio, uma melhor
de um corpo-de-prova de amostra indeformada caracterização dos solos deve estar atrelada ao
comparando-a com os resultados de campo conhecimento do local de origem do solo e a uma
obtidos através de piezocone de resistividade avaliação dos valores resultantes de outros
(RCPTu). Para tanto, foram estudadas três ensaios, para efeito de comparação.
relações diâmetro (D) e altura (h): D=h/2; D=h;
e, D=2h.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
elétrica irá passar (Paz e Campelo, 2005). Nessas pontos de análise, seja possível trazer valores
paredes laterais há dois furos onde foram mais confiáveis e próximos da realidade, além de
inseridos pinos dentro da amostra compactada poder utilizar valores já conhecidos de
com o intuito de obter a voltagem existente resistividade elétrica para as determinações.
durante a execução do ensaio. Aquino (2010) e Yamasaki (2012) fizeram
adaptações à proposta de Boszczowski (2008).
Nesse ensaio, o procedimento consiste em se
L
aplicar uma diferença de potencial, com auxílio
de uma fonte de alimentação, em duas placas de
cobre localizadas de forma oposta em cada
H
(b)
(a) (c) (d)
e um papel filtro na extremidade inferior do Tabela 3. Índices físicos obtidos durante a moldagem e
molde e utilizando água de abastecimento, após o ensaio de resistividade do corpo-de-prova saturado.
Altura w γ n Sr
Figura 13. A saturação do CP não foi realizada (mm)
CP
(%) (kN/m³)
e
(%) (%)
utilizando-se o permeâmetro para evitar que o 1 6,9 16,34 0,416 29,4 44
material utilizado no ensaio de permeabilidade 30 2 7,6 16,75 0,405 28,8 49
(ex. bentonita) contaminasse a amostra e 3 7,0 16,46 0,412 29,2 45
alterasse o valor de resistividade elétrica. 4 8,3 16,61 0,414 29,3 53
60 5 7,3 16,60 0,409 29,0 47
6 6,9 16,40 0,414 29,3 44
7 7,5 17,09 0,393 28,2 50
120 8 8,8 17,13 0,398 28,5 57
9 8,3 16,92 0,403 28,7 54
Profundidade (m)
4
silte arenoso
5 argila siltosa
Tabela 7. Resultados obtidos das constantes médias do
grau de cimentação das partículas dos corpos-de-prova. 6 argila
Altura 7
CP FF n m mmédio
(mm) 8 areia
1 24,256 0,325 2,837 9 siltosa
30 2 24,795 0,319 2,810 2,828 10
3 25,774 0,322 2,867
11
4 5,145 0,322 1,445 areia e silte
60 5 7,003 0,325 1,732 1,763 12 arenoso
6 10,539 0,328 2,113 13
7 4,336 0,312 1,259 resistividade do solo direct push
120 8 3,836 0,310 1,148 1,313
9 5,944 0,311 1,533 Figura 15. Resultado do RCPTu em local de erosão fluvial
modificado de Fagundes (2011) e Campos e Peixoto
Comparando-se os valores obtidos pelos (2014).
cálculos realizados com aqueles obtidos por
Jackson et al. (1978) para solos arenosos,
encontrou-se que o corpo-de-prova que melhor
se enquadra aos dados pela análise segundo
Archie (1941), é aquele com dimensões de
53mmx60mm, relação 1:1. Ou seja, o m =1,763
é o que mais se aproxima do 1,6 sugerido por
Figura 16. Comparação dos valores obtidos pelos ensaios
aquele autor.
com os resultados do RCPTu.
compactação de 90% para camadas mais cisalhamento da interface realizados para três
profundas e de 95% para camadas superiores diferentes tensões confinantes.
do maciço, solo argiloso de empréstimo, dreno,
o dique de partida, e a barreira 3.1 Geometria do Modelo Computacional
impermeabilizante de geomembrana PEAD
com espessura de 1,5 mm. Os parâmetros Para a avaliação do desempenho da interface
geotécnicos dos materiais de construção da sob o efeito das tensões, foi realizada uma
barragem e da interface geomembrana- simulação computacional do ensaio de
underflow foram obtidos a partir de resultados cisalhamento da interface. Foram avaliados
de ensaios de laboratório realizados por aspectos referentes à geometria e às condições
SAMPAIO (2013). Na Tabela 1 são de contorno do problema e aos modelos
apresentados os valores dos parâmetros de constitutivos representativos dos materiais
resistência efetivos dos materiais constituintes utilizados.
da barragem, considerados como parâmetros Foram consideradas as condições de
médios para as análises nesse trabalho. contorno do ensaio de cisalhamento de
interface realizado por Sampaio (2013). O
Tabela 1: Parâmetros geotécnicos dos materiais ensaio foi realizado utilizando um equipamento
(modificado SAMPAIO, 2013).
padrão de cisalhamento direto, cuja caixa
Material γ (kN/m3) c’ (kN/m2) ϕ possuía dimensões internas em planta de
(°) 10cmx10 cm e 2 cm de altura, e amostras de
geomembranas de PEAD de 1,5 mm
Fundação 20 40 32
Rejeito 20 0 26 texturizadas em ambas as faces. Para análise da
Interface - 0 28 interface underflow-geossintético, foram
Underflow / inseridas placas de aço na base rígida inferior
Geomembrana da célula de cisalhamento, sobre a qual o
Underflow 90% 22 0 30 geossintético foi colado com silicone para
Underflow 95% 22 0 36
evitar enrugamento. O rejeito de minério de
Solo Argiloso 20 16 31
Dreno 20 0 30 ouro foi então moldado na parte superior da
Dique de 20 20 28 célula de cisalhamento, com 1 cm de altura.
partida A amostra foi submetida a uma carga
pontual de confinamento, normal à caixa, em
3 MODELAGEM NUMÉRICA uma superfície rígida que distribui o
carregamento à amostra. O ensaio, então, foi
Neste item serão apresentados os resultados da realizado a partir da aplicação de um
análise tensão versus deformação provenientes deslocamento constante da caixa inferior em
das simulações numéricas de ensaios de relação à caixa superior do equipamento, que
3.2 Materiais
4 RESULTADOS
aplicada.
Análises adicionais devem ser realizadas
para validar a utilização do elemento “liner” na
simulação da geomembrana e do elemento de
interface do programa numérico na simulação
das condições de interface existentes no ensaio
de cisalhamento de interface, como também nas
condições de campo.
REFERÊNCIAS
RESUMO: Este artigo discute o efeito da alta temperatura nas propriedades mecânicas e elásticas
em arenitos. As amostras foram previamente submetidas a um tratamento térmico com temperatura
máxima de 220°C. Os ensaios não destrutivos também foram testados, propagação da onda sonora,
e testes destrutivos, resistência a compressão uniaxial e ensaio de tração Brasileiro. Os ensaios
mostram que a resistência a compressão uniaxial e a tensão a tração cresceram com o aumento da
temperatura, além disso, outras propriedades foram relacionadas como a atenuação e propagação da
velocidade da onda ultrassônica em arenitos.
somente após o resfriamento que pode durar ensaios (tensão versus deslocamento). O
mais que 8 horas depois dos ensaios. equipamento utilizado para os ensaios
destrutivos foi a Prensa Hidraúlica, série
2.3 Medidas das propriedades acústicas 09005059, categoria c4600/FP, capacidade de
carga máxima 2000 KN, marca Control e
As propriedades físicas/acústicas são resumidas LVDT, código nº 7011SN, marca Mitutoyo.
pelo tempo de trânsito da onda característica
que chega no receptor do equipamento e que 3 RESULTADOS E DISCURSSÃO
atravessa o corpo de prova. Esse procedimento
foi realizado antes e depois do tratamento
térmico em algumas amostras, devido a Com os resultados dos ensaios foram
limitação tecnológica do equipamento para construídas duas tabelas e dois gráficos sendo o
serem medidos em temperatura com risco a índice formado na tabela sao: resistência a
perda do equipamento. O equipamento utilizado compressão uniaxial ( ), E (Módulo de
foi o Pundit, modelo PL200, marca Proceq. Elasticidade), (Velocidade da onda
Além disso, as dimensões físicas (diâmetro e compressiva antes do ensaio e (resistência a
altura) e o peso, fazem parte da análise, tração Indireta).
principalmente a altura, que é o item
indispensável para determinação da velocidade Tabela 1. Resistência a compressão dos ensaios com a
e consequentemente do tempo de trânsito. situação experimental.
O tempo de trânsito (equação 01) é o inverso Amostra σ E Vp Situação
(MPa) (GPa) (m/s) Experimental
da velocidade (Equação 02), a unidade mais
1 51,99 4,78 2.632 Temperatura
usual nos perfis geofísicos acústico ou sônico é Ambiente
o segundos/pés. Para o artigo as unidades foram 2 35,13 4,66 1.923 Temperatura
todas colocadas no sistema internacional (SI). A Ambiente
velocidade das ondas e numericamente igual ao 3 134,82 10,81 2.975 1 Ciclo
inverso do tempo de trânsito. 4 128,42 9,10 2.859 1 Ciclo
5 102,63 6,02 2.895 Temperatura
(01) de 240°C
6 125,61 6,91 2.956 Temperatura
(02) de 240°C
Sendo: 7 119,06 7,93 2.778 2 Ciclos
t: Tempo de trânsito, s/m; 8 139,35 6,74 2.944 2 Ciclos
: Velocidade da onda, m/s;
Δt: tempo entre a emissão e a recepção, Em resumo, os resultados numéricos foram
segundos; dispostos nas tabelas 1 e 2 podemos ainda
: comprimento do corpo de prova, metro. verificar a alteração da plasticidade do material
caracterizado pela resistência residual (após a
2.4 Medidas das propriedades mecânicas ruptura da rocha). As amostras 1 e 2 apresentam
um comportamento dúctil enquanto que as
Os ensaios mecânicos realizados foram os outras amostras apresentam um comportamento
ensaios a compressão uniaxial de acordo com a rúptil.
norma ASTM D2938. Em todos os ensaios As amostras submetidas ao ciclo de
foram registrados os deslocamentos axiais, resfriamento e aquecimento e os que foram
medidos pelo LVDT. ensaiados ainda em temperatura não sofreram
Para os ensaios uniaxiais a taxa de mudanças substanciais da resistência a
carregamento é uniforme de 500 N/s. Os dados compressão uniaxial destas amostras
são monitorados e gravados. As interpretações constatando somente um incremento pouco
dos dados geram as curvas características dos superior a 13% podendo afirmar que houve
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Engenharia de Rochas no Desenvolvimento Urbano
Conferência Especializada ISRM 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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(03)
RESUMO: Os solos da Formação Geológica Guabirotuba são solos residuais localizados em uma
bacia sedimentar no Estado do Paraná. A característica predominante do solo desta Formação é a
grande quantidade de argila. Os agregados de resíduos reciclados de construção civil (RCC) são
aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil e
os resultantes da preparação e da escavação de terrenos. A presente pesquisa objetiva investigar os
efeitos do RCC quando é incorporado a um solo argiloso da Formação Geológica Guabirotuba em
quatro misturas diferentes. Os ensaios utilizados na etapa experimental desta pesquisa foram os de
caracterização, compactação na energia Proctor Normal, CBR (com imersão), expansão e módulo
resiliente. Os resultados dos ensaios de CBR e Módulo resiliente das misturas do RCC e solo,
constata-se que o CBR aumenta de 2% para 21% (mistura com 60% de RCC) podendo ser usado
como sub-base de pavimentos flexíveis, e as propriedades resilientes das misturas propostas na
pesquisa melhoram com o acréscimo de RCC na mistura, possibilitando a utilização dos resíduos
reciclados de construção civil para camadas de pavimento.
RCC coletado:
A Tabela 1 apresenta as propriedades físicas
do solo estudado. Tabela 2. Propriedade do RCC.
Pedrisco Areia
Propriedade Valores Propriedade Valores
Tabela 1. Propriedades físicas do solo. Sulfatos < 1% Sulfatos < 1%
Valores Teor de fragmentos à base de > 90% Teor de combinantes > 3%
Propriedades Físicas
Médios cimento e rocha
Cloretos < 1% Cloretos < 1%
Massa especifica real dos grãos, Gs 2,71 g/cm³
Materiais não minerais < 2% Materiais não minerais < 2%
Areia média 7,5 % Absorção de água < 8% Absorção de água < 13 %
Areia fina 25,9% Torrões de argila < 2% Torrões de argila < 2%
57,6% Teor máximo de material < 10% Teor máximo de material < 13%
Silte
passante na malha 75μm passante na malha 75μm
Argila 9%
53,1% Densidade natural Kg/m3 1.384 Densidade natural 1.323
Limite de liquidez, LL 3
Kg/m
Índice de plasticidade, IP 21,3%
Fonte: Adaptado de USIPAR (2018)
Fonte: Moreira (2018)
2.3 Água
2.2 RCC
A água empregada tanto para os ensaios de
O resíduo de construção civil utilizado foi caracterização do solo, quanto de Proctor
coletado na usina de reciclagem da cidade de Normal e de Indice de Suporte Califórnia – ISC
Almirante Tamandaré, Região metropolitana de – foi destilada, enquanto está livre de impurezas
Curitiba. O tipo de resíduo escolhido é misto, ou e evita as reações não desejadas.
seja, composto por resíduos cinzas (concreto,
argamassas, etc.), vermelhos (cerâmicos) e 2.4 Dosagem das misturas
brancos (cal, gesso, etc.). Foram escolhidas duas
granulometrias de RCC: areia (material ≤ Foi realizado uma estabilização granulométrica
4,8mm) e pedrisco (material ≤ 19,1mm); sendo para determinar o teor ótimo da mistura do solo
realizada a granulometria do RCC, representada com RCC e tendo em consideração diferentes
na Figura 2. pesquisas sobre reforço de solos com RCC,
definiu-se para o presente estudo 4 teores de
100
Solo RCC. Para facilitar o estudo adotou-se as
90
Areia (RCD) nomenclaturas: Solo, M1, M2, M3 e M4; de
80
Pedrisco (RCD) acordo com a Tabela 3.
70
Tabela 3. Dosagem dos Insumos.
Passante (%)
60
Porcentagem de cada Insumo
50 Mistura
Solo Areia Pedrisco
40
Solo 100% 0% 0%
30
M1 60% 30% 10%
20
10 M2 60% 20% 20%
0 M3 50% 30% 20%
0,001 0,01 0,1 1 10 100
M4 40% 30% 30%
Diâmetro (mm)
600
500 Conforme a Figura 6, pode-se observar que
500 todas as misturas atendem aos limites mínimos
Módulo Resiliente (MPa)
0 4 CONCLUSÕES
0 1 2 3 4
Misturas Desta forma, a adição de RCC à um solo fino da
Formação Geológica apresentada neste trabalho
Figura 5. Valores de MR no nível de tensão mais elevado traz grande contribuição para o entendimento de
do teste (σd = 0,412 MPa e σ3 = 0,137 MPa) das misturas seu comportamento geotécnico perante aos
na energia de compactação Proctor Normal.
parâmetros avaliados nesta pesquisa. A partir
dos resultados e dados presentados no presente
Observa-se que à medida que aumenta o teor
trabalho se podem fazer as seguintes
de RCC, aumenta-se o MR do material.
considerações e conclusões finais:
Chegando a valores cinco vezes maior em
O uso de RCC em solos finos melhoram a
relação ao solo sem RCC. Pode-se dizer que o
capacidade de suporte, haja vista que a
aumento do teor de RCC melhora as
granulometria do material muda, e por
características resilientes do solo. A Figura 6
conseguinte a porcentagem de finos diminui.
apresenta os resusltados de MR desta pesquisa
Dessa forma, a utilização de RCC proporcionado
balizando-os com os limites preconizados pela
em teores de adição ao solo diminui a expansão
AASHTO (2008).
do mesmo, em função da redução de finos na
600 mistura.
EN Também conclui-se que quanto maior a
incorporação de RCC ao solo, maior será a massa
500
Limite para Base específica, para os teores estudados, e portanto
(A-2-4) 220,64
maior será o ISC.
Módulo Resiliente (MPa)
MPa
400 Também conclui-se que quanto maior a
Limite para Base
(A-2-5) 193,06 incorporação de RCC ao solo, menor será a sua
MPa
300 expansão, nos teores estudados. Isto acontece em
Limite para Base
(A-7-5) 82,74 função do RCC ser praticamente inerte.
200
MPa A mistura 4 proporcionou o resultado mais
Limite para Base satisfatório com relação à todos os parâmetros
(A-7-6) 55,16
MPa (Massa específica seca máxima, ISC, expansão e
100
Limite para Sub- Módulo Resiliente), uma vez que em todos os
base (A-2-5)
148,24 MPa
parâmetros desta mistura obteve um aumento
0 significativo ou uma diminuição, como é o caso
0 1 2 3 4
da expansão.
Misturas Dentro dessas constatações, permite-se a sua
Figura 6. Valores de MR no nível de tensão mais elevado
utilização em camada de sub-base de pavimento,
do teste (σd = 0,412 MPa e σ3 = 0,137 MPa) das misturas segundo as normas do DNIT (DNIT, 2006), uma
nas três energias de compactação e os limites mínimos de vez que a mistura 4 obteve um CBR acima de
MR segundo a AASHTO (2008). 20% e expansão de 1%.
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
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rápido de ser executado nas condições adotadas argila; ela depende de vários fatores e seu estudo
no presente trabalho (solo arenoso em condições levar-nos-ia a física dos solos e à química
drenadas de cisalhamento), justificando a coloidal. (CAPUTO, 1988).
escolha desse ensaio. Contudo, o presente estudo
utiliza um equipamento com dimensões 2.2 Atrito
superiores ao equipamento convencionalmente
utilizado. Quando uma força horizontal age em um corpo
O referido equipameto foi utilizado por Paria apoiado sobre uma superfície (conforme ilustra a
(2015), que estudou o efeito de escala da figura 01), ocorre uma resistência ao movimento
resistência ao cisalhamento de um estéril de denominada de atrito.
minério de ferro seguindo a mesma metodologia
que será abordada neste trabalho com relação aos
ensaios de cisalhamento de grande porte.
Este trabalho tem como objetivo principal,
efetuar a caracterização geotécnica com o
enfoque na obtenção dos parâmetros de
resistência de um solo puramente arenoso,
avaliando a influência da compacidade no
comportamento tensão-deformação e nos
parâmetros de resistência do solo analisado..
Para tanto, foram executados ensaios de Figura 1. Definição de ângulo de atrito.
cisalhamento com três diferentes compacidades
(50, 75 e 90%) e em quatro níveis de tensão (50, Fisicamente, a força de atrito pode ser
100, 200 e 400 kPa). expressa pela equação 1:
𝑇𝑚á𝑥 = 𝜇𝑁 (1)
2 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA
Onde µ é o coeficiente de atrito; N é a força
Quando um solo é submetido à forças normal trocada entre o apoio e corpo (sendo
solicitantes de cisalhamento, é mobilizada uma reação uma reação à força peso, W, aplicada
resistência interna nessa massa de solo, tal sobre o apoio) e 𝑇𝑚á𝑥 é a força máxima que o
resistência é denominada resistência ao atrito suporta antes de ser vencido e o corpo
cisalhamento de solos. entrar em movimento. Após entrar em
Os mecanismos de resistência em solos movimento, o coeficiente de atrito se reduz,
podem ser atribuidos ao arranjo dos grãos que porém a resistência ao movimento continua.
compõem a massa de solo, denominado Com a fórmula descrita acima, pode-se perceber
embricamento (interlocking) e a resistência que existe uma relação linear entre N e 𝑇𝑚á𝑥 .
mobilizada entre esses grãos, sendo essa dividida A definição do conceito de ângulo de atrito
basicamente entre atrito e coesão. pode ser estabelecido a partir da relação das
forças que apoio aplica no corpo. Sendo esse
2.1 Coesão ângulo formado entre os vetores da força de
reação (R) que a mesa aplica sobre o corpo e sua
Quanto à coesão, distingue-se a "coesão componente vertical, ou seja, a força normal (N).
aparente" e a "coesão verdadeira". A primeira, é A tangente desse ângulo, que é a relação entre o
resultante da pressão capilar da água contida nos cateto oposto e adjacente ao ângulo, é igual ao
solos, e que age como se fosse uma pressão coeficiente de atrito (μ) apresentado na equação
externa. A segunda, é devida às forças 1.
eletroquímicas de atração das partículas de tan 𝜑 = 𝜇 (2)
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Figura 2. Tensões trocadas no interior de um meio Figura 3. Arranjo das partículas, embricamento
particulado. (Interlocking).
Nessa condição o material alcança o limite dos Já a figura 5 apresenta a variação do índice de
dois estados, ou seja, onde não haverá variação vazios de amostras de solos arenosos submetidos
de volume e consequemente de seu índice de à cisalhamento.
vazios, sendo esse denominado de índice de Nessa figura, o aumento do índice de vazios é
vazios crítico. reflexo da expansão de solos tipo II (compactos)
Graficamente esses comportamentos podem e consequentemente a redução do índice de
ser representados nas figuras 4, 5 e 6. Nessas vazios de solos tipo I (fofos) está atrelada a
figuras os solos arenosos são divididos em dois compressão desses materiais.
tipos I e II. Sendo que os solos tipo I são aqueles O termo estado crítico é utilizado para definir
considerados fofos e o tipo II são considerados o estado de tensões que o solo atinge quando não
compactos. há mais variação da razão entre tensão cisalhante
e tensão normal efetiva e também não há
alteração de volume quando o solo esta
submetido a cisalhamento contínuo (BUDHU,
2013).
O comportamento tensão-deformação desses
materiais são representados na figura 6. Nela,
verifica-se que os solos tipo I (areias fofas) a
resistência ao cisalhamento (𝜏) é mobilizada
durante o ensaio de cisalhamento até ser
alcançado um patamar (tensão constante), que
Figura 4. Resultados típicos do comportamento de solos caracteriza a condição de ruptura do material
arenosos sob cisalhamento, variação volumétrica versus (estado crítico).
deformação. (BUDHU, 2013)
sentido, a medida que um aumento da tensão pelo que representam, ou seja, referência. Pois,
normal é realizado verifica-se que a existência de conforme verifica-se na tabela algumas
um pico de tensão é cada vez mais discreto, caracteristicas como distribuição granulométrica
sendo possível a obtenção de uma curva para e formato dos grãos influênciam no resultado
solos do tipo II idêntica a solos tipo I (exemplo final e devem ser considerados.
da amostra 9). Considerando o comportamento de um solo
arenoso sob cisalhamento, os valores de
2.4 Compacidade Relativa compacidade relativa e consequentemente a
classificação apresentada na tabela 2 podem não
A compacidade de um solo arenoso é avaliada corresponder aos resultados obtidos em ensaios
em função da relação do índice de vazios de resistência. Dessa forma, a classificação de
máximo (estado mais fofo – emáx) e mínimo solos fofos ou compactados com base no
(estado mais compacto - emín) e o índice de comportamento expansivo ou contrátil do solo
vazios atual (enat) de um determinado de solo. não estará associado somente à compacidade
Essa condição é expressa por índice denominado relativa do solo.
compacidade relativa do solo e obtido pela
equação 5.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒𝑛𝑎𝑡
𝐶𝑅 = (4)
𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒𝑚𝑖𝑛 Para o estudo da influência da compacidade de
um solo arenoso no comportamento tensão-
Baseado em sua compacidade relativa um deformação e na resistência desse solo, foram
solo arenoso pode ser classificado em ao menos realizados diversos ensaios de cisalhamento.
três classes conforme a tabela 3, proposta por Para tanto, os corpos de prova foram
Terzahi e apresentada por Pinto (2006). moldados em três diferentes compacidades (50,
75 e 90%) e os ensaios foram conduzidos em
Tabela 2. Valores Típicos de índice de vazios de areias. quatro níveis de tensão normal (50 kPa, 100 kPa,
(Fonte: Pinto, 2006).
200 kPa e 400 kPa).
Descrição da areia Compacidade Relativa
Areia Fofa CR < 0,33 Os ensaios foram realizados em um
Areia medianamente 033 ≤ CR ≥ 0,66 equipamento de cisalhamento direto que permite
compacta a moldagem de corpos de prova com dimensões
Areia Compacta CR > 0,66 de 20 cm x 20 cm e 20 cm x 40 cm.
ou seja, ele ocorre no plano horizontal que divide Segundo PINTO (2006), O coeficiente de
a caixa. curvatura CC indica possíveis descontinuidades
O equipamento de cisalhamento direto de na granulometria do material como, por
grande porte funciona da mesma forma que o exemplo, ausência de determinado tamanho de
cisalhamento direto convencional, porém ele é grão na amostra, ou concentração elevada de
muito maior e mais robusto sendo capaz de grãos mais grossos. Para a areia analisada, o
aplicar maiores cargas tanto horizontal quanto valor de CC encontrado foi igual a 0,97, o que
vertical. Pode ser utilizado em solos que indica ser um material mal graduado.
possuem grãos maiores.
Já que ambos possuem as mesmas formas de Tabela 4. Caracterização do solo arenoso
funcionamento, as desvantagens já citadas acima Propriedade Unidade
para o ensaio convencional se repetem. Porém, Gs 2,64
uma desvantagem em relação ao próprio ensaio w 5,74 %
de cisalhamento direto convencional é que por emáx 0,92
possuir dimensões maiores, a montagem e emín 0,63
posicionamento do corpo de prova se dá de
CC1 0,97
forma significativamente mais trabalhosa e
propícia a erros. CNU2 2,18
Os ensaios aqui apresentados fazem parte de D10 0,22 mm
um procedimento de implantação de novos D30 0,32 mm
recursos de aquisição de dados e aplicação de D60 0,48 mm
cargas. Distribuição Granulométrica (%)
O solo utilizado foi caracterizado como Areia Areia Areia
puramente arenoso e a seguir serão apresentadas Argila Silte
Fina Média Grossa
suas caracteristicas. 0,2 5,0 4,3 74,3 16,2
3.2 Execução dos Ensaios de Cisalhamento- O referido aparelho foi desenvolvido para
Montagem dos Corpos de Prova ensaios desempenho em interfaces de solos com
geossintéticos e outras variações de ensaios de
Os corpos de prova ensaios foram moldados com cisalhamento direto não convencionais.
as compacidades previamente estabelecidas Com a caixa devidamente posicionada, o
iguais a 50%, 75% e 90%. equipamento é ligado e após todos os ajustes
Com a massa de areia devidamente pesada, serem feitos, começa-se os ensaios. Basicamente
realizou-se a montagem da caixa bipartida, após ligado, é exercida a etapa de adensamento
figura 7. A moldagem do corpo de prova foi feita que se tratando de uma areia, acontece quase que
pelo método de pluviação, sendo necessários de forma instantânea. Após essa etapa, tem-se
processos de compactação para compacidades início a etapa de cisalhamento propriamente dita.
maiores.
400 kPa
2
1 50
0
y = 0,3056x
0 2 4 6 8 10
-1 R² = 0,9727
0
Expansão
-4
-5 Figura 12. Envoltória de Ruptura CR50%
Deformação horizontal (mm)
200
50 kPa 150
200 kPa
350 100 kPa 100
400 kPa
50
300
Tensão de Cisalhamento (kPa)
0
250 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tensão Normal (kPa)
200
150
100
Figura 15. Envoltória de Ruptura CR75%.
50
4.3 Compacidade 90%
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Deslocamento horizontal (%)
Nessa seção serão apresentados os resultados dos
Figura 13. Resistência ao cisalhamento CR75%
experimentos conduzidos com corpos de prova
com compacidade igual a 90%.
Novamente verfica-se uma determinada
A figura 16 apresenta os gráficos da variação
queda de resistência no experimento conduzido
da tensão cisalhante em função do deslocamento
com com tensão normal igual a 400 kPa.
horizontal. Novamente, a maior parte dos
Contudo, esse comportamento representa a
gráficos não apresentam um pico de tensão,
ocorrência de rupturas localizadas no corpo de
característico de solos arenosos compactos. A
prova e caracterizam uma tensão pico.
excessão fica por conta do ensaio realizado com
Os gráficos de deslocamento vertical versus
tensão normal igual a 200 kPa que nitidamente
deslocamento horizontal.
apresenta o comportamento tipicamente
associado a essa condição de compacidade.
5
50 kPa
compressão
4 100 kPa
3 200 kPa
400 kPa 350 50 kPa
2 200 kPa
Deslocamento vertical (mm)
0 2 4 6 8 10 250
-1
expansão
-2 200
-3
150
-4
-5 100
expandiu durante o cisalhamento após um breve demonstram que uma análise do comportamento
processo de compressão. de solos arenosos sob cisalhamento baseado
apenas nessa indicação é equivocada. Pois, em
5
todos os experimentos conduzidos verificou-se
50 kPa
4 um comportamento expansivo dos corpos de
Expansão
100 kPa
Deslocamento vertical (mm)
3 200 kPa
2
400 kPa prova, inclusive para ensaios realizados com
1 compacidade relativa iguais à 50%.
0
-1
0 2 4 6 8 10 Dessa forma, considerando o comportamento
Compressão
150
R² = 0,9443
y = 0,8496x - 56,13
areias, mas é mais viável que nestas
R² = 0,9988
circunstâncias os ensaios sejam feitos no
100
convencional devido a sua maior complexidade
50
na montagem dos corpos de prova. Sua
y = 0,3226x - 1,42
R² = 0,9773
utilização se justifica em ensaios em corpos de
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 prova com grãos maiores.
Tensão Normal (kPa)
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
SA
aresta dentro de uma bandeja com água, de prova esféricos, o que contribui para que
observando-se a sua reação ao fenômeno de toda a superfície esteja em contato com o meio
submersão. O ensaio foi realizado com dispersivo. Em razão desta geometria, a
inundação controlada em estágios seguindo o estrutura reliquiar do solo não influencia nos
procedimento descrito por Santos e Camapum resultados.
(1998) apud Rodriguez (2005). A Tabela 1 contém os resultados, referentes
aos solos da Região I, apresentados por
Rodriguez et al. (2016) quando ensaiados em
água destilada e hidróxido de sódio.
Considerando a dispersão em água, a
classificação para todos os solos é de não-
dispersivos (Graus 1 e 2), independente da
condição de umidade. No caso da dispersão em
NaOH, os solos na condição úmida mantiveram
a classificação de não-dispersivos (Graus 1 e 2),
porém, na condição seca ao ar, os solos
passaram para dispersivos (Grau 3).
Figura 7. Ensaio de desagregação (VIEIRA et al., 2016).
Tabela 1.Região I:Dispersão (RODRIGUEZ et al., 2016)
Ao fim do ensaio, as amostras são Dispersão
classificadas de acordo com os seguintes Água NaOH
Amostra
termos: P3 P4 P5 P3 P4 P5
Seca ao Ar 1 2 1 3 3 3
“Sem Resposta” no caso em que a Úmida 1 1 1 1 2 1
amostra mantem sua forma e tamanho
originais; A Tabela 2 contém os resultados, referentes
“Abatimento” (Slumping) no caso da aos solos da Região II, apresentados por Leite
amostra se desintegrar e formar uma (2016). Considerando as amostras secas ao ar, o
pilha de material desestruturado; ensaio de dispersão classifica todos os solos
“Fraturamento” no caso da amostra se como dispersíveis (Grau 3), exceto o SR
quebrar em fragmentos, mantendo a quando ensaiado em água que recebe a
forma original das faces externas; classificação de não-dispersivo (Grau 2). Com
“Dispersão” no caso em que as paredes as amostras úmidas, todos os solos como
da amostra se tornam difusas com o dispersíveis (Grau 3 e 4), exceto o SA quando
surgimento de uma nuvem coloidal que ensaiado em água que recebe a classificação de
cresce à medida que a amostra se não-dispersivo (Grau 2).
dissolve.
Ressalta-se que, à excessão da classificação Tabela 2. Região II: Dispersão (LEITE, 2016).
“Sem Resposta”, a amostra pode ser Dispersão
classificada por mais de um dos termos. Água NaOH
Amostra
SR SA SR SA
Seca ao Ar 2 3 3 3
5 RESULTADOS Úmida 3 2 3 4
O ensaio de dispersão é realizado com corpos Para o ensaio de desagregação, nos solos da
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Tabela 3. Resultados do ensaio de desagregação - Região dessas estruturas. Quando o ensaio foi realizado
II (VIEIRA, 2017). em posição desfavorável à foliação do solo
Desagregação
(Direção 2), o fraturamento ocorreu não só nas
Direção 1
Amostra estruturas reliquiares, mas também na direção
P3 P4 P5
desta.
Fraturamento
Úmida Abatimento Sem Resposta
Abatimento
O SA da Região II apresentou durante o
ensaio de dispersão, para condições de campo
Fraturamento (amostra úmida e solução de água) um
Seca ao Ar Sem Resposta Abatimento
Abatimento
comportamento pouco erodível, enquanto o SR
Direção 2 apresentou dispersão elevada. Estes resultados
Amostra
P3 P4 P5 corroboram com a tese de que o SR é
Fraturamento “naturalmente” erodível enquanto a
Úmida Fraturamento Sem Resposta
Abatimento erodibilidade do SA é dependente do
Fraturamento Fraturamento posicionamento das estruturas reliquiares.
Seca ao Ar Fraturamento
Abatimento Abatimento
Todos os solos da Região I apresentaram
A Tabela 4 apresenta as classificações comportamento similar, e até menos erodível
obtidas para os solos da Região I, que foram que o SA nos ensaios de dispersão. Visto isso, é
ensaiados apenas na Direção 2 e com amostras explícita a influência do posicionamento das
úmidas. estruturas reliquiares na avaliação da
erodibilidade em ensaios de desagregação.
Tabela 4. Resultados do ensaio de desagregação - Região Logo, quando se tratar de ensaios em amostras
I (LEITE, 2016). indeformadas que tenham algum tipo de
Desagregação estrutura, é importante posicionar as amostras
no ensaio de acordo com a posição real de
Amostra Úmida SR AS campo para que se obtenham resultados e
Estágio 1 Sem Resposta Sem Resposta classificações que representem a realidade.
Slumping e Slumping e
Estágio 2
Fraturamento Fraturamento
Slumping e Slumping e
REFERÊNCIAS
Estágio 3
Fraturamento Fraturamento
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Slumping e Slumping e
Estágio 4 (1995) NBR 6502 - Rochas e solos. Rio de Janeiro,
Fraturamento Fraturamento RJ, BR. 18 p.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. (1996)NBR 13601–Solo – Avaliação da
6 CONCLUSÕES dispersibilidade de solos argilosos pelo ensaio do
torrão (crumbtest). Rio de Janeiro, RJ, BR. 2 p.
BARRA, M.F.W. (2014) Análise da Erodibilidade dos
O ensaio de dipersão, como já foi dito não é Solos do Talude do Cultural em Juiz de Fora.
influenciado pelas estruturas reliquiares do solo. Relatório de pesquisa - Universidade Federal de Juiz
No ensaio de desagregação, as amostras de Fora, MG, 24 p.
ensaiadas na Direção 1 apresentaram BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. (1990)
Conservação do solo. 3ª ed., São Paulo: Ícone
predominância de Abatimento ou Sem Editora, SP, 355 p.
Resposta. Já na Direção 2 houve predominância BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. (2005)
de Fraturamento e/ou Abatimento. Portanto, as Conservação do solo. 5. ed. São Paulo: Ícone.
estruturas reliquiares influenciaram neste DEERE, D. U., PATTON, F. D. (1971) Slope stability in
ensaio, visto que, quando realizado em posição residual soils. In: PAN. CONF. SOIL MECH.
FOUND. ENG., 4. Puerto Rico, 1971. Proceedings...
favoravel à foliação do solo (Direção 1), o Puerto Rico, ISSMFE, 87-170 p.
fraturamento ocorreu somente na existência
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RESUMO: Uma das propriedades geotécnicas de grande interesse em projetos envolvendo solos
finos é a resistência não drenada (Su), resistência ao cisalhamento oferecida pelo solo quando
solicitado rapidamente, sem drenagem da água intersticial. Muitos fatores afetam a resistência não
drenada de solos finos coesivos, dentre eles a mineralogia e estrutura, a história de tensões, a
velocidade de deformação e o modo de ruptura, logo não se concebe um valor único de Su para um
solo. O trabalho tem-se por objetivo avaliar a resistência não drenada de solos artificiais, produzidos
com caulim e bentonita e previamente adensados, utilizando-se de ensaios de compressão triaxial
não adensados não drenados (UU), ensaio de palheta de laboratório e ensaios de cone de queda livre
(fall cone test). Os resultados confirmaram a esperada elevação da resistência não drenada com o
adensamento do material, entretanto, em termos relativos, os valores diferem significativamente
conforme a técnica laboratorial empregada.
costuma ser crítica, pois são comuns condições drenados (UU), ensaios de palheta e ensaios de
onde a aplicação de cargas ocorre em tempo cone de queda livre e, com isso, subsidiar outras
menor à possibilidade de drenagem do solo pesquisas aonde estes solos artificiais virão a
fino. Logo, trata-se de um parâmetro representar solos naturais moles em modelos
imprescindível nas fases de concepção de físicos para estudos de fundações e aterros
soluções, dimensionamento e avaliação de reforçados.
segurança das obras geotécnicas.
Somado ao emprego em projetos, o estudo
do comportamento de estruturas de fundações e 2 MATERIAIS E MÉTODOS
de aterros reforçados sobre solos moles, através
de modelos físicos reduzidos, depende do 2.1 Materiais utilizados
conhecimento da resistência não drenada dos
materiais que vêm a representar o solo mole Na pesquisa foi utilizado caulim rosa produzido
nestes modelos. pela Indústria de Calcários Caçapava (Inducal).
O Grupo de Geotecnia FURG já tem um A bentonita sódica utilizada, da marca
histórico em estudos experimentais com o Schneider, é de natureza comercial e empregada
emprego de solos artificiais. Alves et al. (2010) por empresas de sondagem da região.
apresentam resultados de ensaios de palheta de
laboratório realizados em misturas de caulim, 2.2 Ensaios de caracterização
bentonita e água destilada. Foram testados três
traços para as misturas, variando-se o teor de Foram realizados os ensaios clássicos de
bentonita. As amostras confeccionadas foram caracterização geotécnica com o caulim e com a
adensadas sob três diferentes níveis de tensões. mistura caulim e bentonita: análise
Pinto (2010) avaliou a aplicação do granulométrica, limites de Atterberg e peso
equipamento de cone de queda livre de específico real dos grãos.
laboratório na caracterização da plasticidade e
resistência não drenada de misturas de solo 2.3 Preparação e adensamento dos solos
artificial, produzido em laboratório desde artificiais
misturas de caulim, bentonita, areia e água.
Neste estudo os ensaios de cone de queda livre Os solos artificiais foram produzidos a partir de
e de Casagrande foram comparados na lamas de caulim e água destilada (solo T0-0) e
determinação dos limites de liquidez e de caulim, bentonita e água destilada (solo T30-0),
plasticidade dos solos, e um breve estudo a elaboradas com teores de umidade próximos aos
respeito da estimativa da resistência não respectivos limites de liquidez, homogeneizadas
drenada a partir do ensaio de cone foi realizado. em misturadora elétrica (Figura 1). No caso do
Em Rosa et al. (2013) e Bastos et al. (2014) são solo T30-0, a mistura do caulim e bentonita foi
apresentados resultados de cone frente realizada na condição seca, previamente a
resultados de ensaios de palheta de amostras adição de água destilada na produção da lama.
adensadas de traços de solo artificial, onde o Para cada um dos solos, depois de
modelo exponencial da relação penetração x Su homogeneizada, a lama foi disposta em três
proposto por Hansbo (1957) foi confirmado. moldes metálicos e adensada com
O presente trabalho tem por objetivo carregamentos por pesos metálicos sobrepostos
principal avaliar em laboratório a resistência (Figura 2). Cada molde destina-se a uma das
não drenada (Su) de dois solos artificiais, tensões de adensamento selecionadas: 12,5, 25 e
produzidos a partir de caulim e bentonita e 50 kPa. Os recalques da lama em cada molde
previamente adensados, utilizando-se de ensaios foram monitorados no tempo, permitindo o
de compressão triaxial não adensados não acompanhamento do processo de adensamento.
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Su = K (Q/d2) (2)
3 RESULTADOS
O solo T(0-0)-12,5kPa, muito mole, não Tabela 4. Valores de resistência não drenada (Su) a partir
permitiu a moldagem do corpo de prova para o dos ensaios de palheta
Teor de Torque Su
ensaio triaxial.
Solo umidade médio médio
(%) (N.mm) (kPa)
Tabela 3. Valores de resistência não drenada (Su) a partir T(0-0)-12,5kPa 44,4 10,9 2,5
dos ensaios triaxiais UU
T(0-0)-25kPa 40,3 15,3 3,6
Teor de Su
Índice de Su T(0-0)-50kPa 40,6 24,1 5,6
Solo umidade médio
vazios (kPa) T(30-0)-12,5kPa 109,3 20,1 4,7
(%) (kPa)
T(0-0)-25kPa T(30-0)-25kPa 108,4 38,0 8,6
26,2 0,796 4,6
(CP1) T(30-0)-50kPa 104,7 38,3 9,4
5,3
T(0-0)-25kPa
40,3 0,791 6,0
(CP2) Tabela 5. Valores de resistência não drenada (Su) a partir
T(0-0)-50kPa dos ensaios de cone de queda livre
40,6 0,698 9,5 9,5
Penetração
T(30-0)-12,5kPa Teor de Su
125,8 3,073 6,5 do cone
(CP1) Solo umidade médio
média
T(30-0)-12,5kPa (%) (kPa)
124,7 3,379 7,3 (mm)
(CP2) T(0-0)-12,5kPa 44,4 21,1 1,5
7,1
T(30-0)-12,5kPa T(0-0)-25kPa 40,3 14,9 2,8
133,5 3,106 9,7
(CP3)
T(0-0)-50kPa 40,6 13,2 3,7
T(30-0)-12,5kPa 5,0
123,11 3,158 T(30-0)-12,5kPa 109,3 15,7 5,0
(CP4)
T(30-0)-25kPa T(30-0)-25kPa 108,4 10,9 10,5
143,5 3,915 12,1 104,7 10,2 12,1
(CP1) T(30-0)-50kPa
T(30-0)-25kPa
156,8 3,479 12,0
(CP2) A Figura 14 reúne os valores de Su obtidos
10,3
T(30-0)-25kPa
(CP3)
118,3 2,739 6,0 por diferentes técnicas para os solos artificiais
T(30-0)-25kPa adensados.
105,3 2,688 11,0
(CP4)
T(30-0)-50kPa 16
102,3 2,590 16,0 T(0-0) triaxial
(CP1) 14
T(30-0)-50kPa T(0-0) palheta
100,5 2,396 14,9 14,1 12
(CP2)
T(30-0)-50kPa 10 T(0-0) cone
93,3 2,384 11,4
Su (kPa)
(CP3) 8
T(30-0) triaxial
6
A outra medida direta da resistência não T(30-0) palheta
4
drenada foi dada pelo ensaio de palheta. A
Tabela 4 apresenta os resultados obtidos com os 2 T(30-0) cone
ensaios. 0
0 10 20 30 40 50
A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos Tensão de pré-adensamento (kPa)
com os ensaios de cone de queda livre. Constam Figura 14. Valores de Su obtidos por diferentes técnicas
os valores médios de penetração (em mm) e a para os solos artificiais adensados
estimativa de Su a partir da Equação 2,
utilizando-se o fator de cone K = 0,80, sugerido A tendência esperada de acréscimo da
por Karlsson (1977). resistência não drenada com a tensão de pré-
adensamento é confirmada. Comparando os
resultados entre os solos, percebem-se maiores
valores de Su para o solo T(30-0). Entende-se
que a adição de bentonita contribuiu para o
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aumento da parcela coesiva da resistência ao solos, assim como apontam que os valores
cisalhamento do solo. diferem significativamente conforme a técnica
Os valores de resistência não drenada empregada na obtenção de Su e com o tipo de
diferem significativamente em função da solo ensaiado.
técnica experimental empregada na sua medida. A pesquisa tem continuidade com a
Diferentes mecanismos de ruptura em cada realização do mesmo rito experimental para
ensaio, afetados pela velocidade de solos artificiais de composição diversificada a
cisalhamento podem explicar tais diferenças. partir da incorporação de bentonita em outros
Para os dois solos artificiais os ensaios triaxiais teores.
forneceram maiores valores de Su.
Mesmo entre valores de resistência obtidos
diretamente de ensaios de palheta e estimados a AGRADECIMENTOS
partir dos ensaios de cone de queda livre existe
uma diferença significativa. Cabe destacar que o Ao CNPq pelo apoio a pesquisa na forma de
fator de cone adotado seguiu indicação clássica bolsas de iniciação científica.
publicitada na literatura. Existem estudos
apontando que este fator varia com o tipo de
solo. REFERENCIAS
Outra importante observação a partir da
Figura 14 é de que a taxa de elevação da Alves, A.M.L.; Costa, S.C.K.; Bastos, C.A.B. Resistência
resistência não drenada com a tensão de pré- ao cisalhamento de misturas caulim-bentonita através
de ensaio de palheta miniatura. Congresso Brasileiro
adensamento (a relação Su/σ’v0 ou Razão de de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica,
Resistência) apresentou extrema variação com 2010, Gramado/RS. Anais... Gramado/RS: ABMS,
os solos investigados. Para o solo T(0-0) tem–se 2010. CD-ROM
a relação Su/σ’v0 variando de 0,14 a 0,20 Bastos, C.A.B.; Alves, A.M.L.; Pereira, M.C.; Rosa,
(excluindo da análise os ensaios triaxiais por K.L.; Viegas, M.R.; Jesus, S.H.G. Estudo sobre a
resistência não drenada de solos finos pelo ensaio de
somente se ter dois pontos experimentais) e cone de queda livre empregando amostras de solos
para o solo T(30-0) variando de 0,72 a 1,03 artificiais. Congresso Brasileiro de Mecânica dos
conforme a técnica. Cabe destacar que estes Solos e Engenharia Geotécnica, 2014, Goiânia/GO.
últimos valores são bem superiores àqueles Anais... Goiânia/GO: ABMS, 2014. CD-ROM
sugeridos na literatura para solos naturais British Standard Methods of test for soils for Civil
Engineering purposes. British Standard Institution.
normalmente adensados. n.1377. 1990.
Hansbo, S. A new approach to the determination of the
shear strength of clay by the fall-cone test.
4 CONCLUSÕES Proceedings Royal Swedish Geotechnical Institute, nº
14, 1957, p.7-47.
Karlsson, R. (in cooperation with the laboratory
O trabalho proposto atingiu seu objetivo ao committee of the Swedish Geotechnical Society).
obter resultados de resistência não drenada de 1977. Consistency limits. Document D6: 1977.
solos artificiais produzidos com caulim e Pinto, C.S. Curso básico de Mecânica dos Solos em 16
bentonita. Os solos foram pré-adensados sob aulas. São Paulo: Oficina de Textos, 2000, 247p.
Pinto, P.B. Aplicação do penetrômetro de cone de
diferentes tensões (12,5, 25 e 50 kPa) e tiveram
laboratório na caracterização da plasticidade e
Su avaliado diretamente por ensaios triaxiais resistência não drenada de solos argilosos. Trabalho
não adensados não drenados e ensaios de de Conclusão em Engenharia Civil Empresarial,
palheta de laboratório, e, indiretamente, por Escola de Engenharia – FURG, Rio Grande/RS, 2010,
ensaios de cone de queda livre de laboratório. 66p.
Rosa, K.L.; Bastos, C.A.B.; Alves, A.M.L. Avaliação da
Os resultados confirmam a elevação da
consistência de solos com a utilização do Ensaio de
resistência não drenada com o adensamento dos Cone de Queda Livre (“Fall Cone Test”). VII
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Estéfano Menger
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, menger.estefano@gmail.com
60000 60000
40000 40000
M oz(MPa)
M oz(MPa)
20000 20000
0 0
8000
16000
6000
12000
Goy(MPa)
M oy(MPa)
4000
8000
2000
4000
0
0
0 4000 8000 12000 16000
0 4000 8000 12000 16000
Mox(MPa) Gox(MPa)
Figura 5- G0 das faces x e y das amostras de cinza Figura 7-M0 das faces x e z das amostras de cinza volante
volante estabilizada com cal com /Biv=51 e 6% de cal e estabilizada com cal com /Biv=51 com 6% de cimento e
d=11 kN/m³. d=11 kN/m³.
REFERÊNCIAS
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passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da compressão simples para cura acelerada. Dissertação-
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
RESUMO: O presente artigo apresenta os resultados de sondagem SPT executada com medição de
energia no campo experimental da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA) da
Universidade Federal de Goiás (UFG). O objetivo deste trabalho foi investigar o subsolo do
referido campo experimental com o intuito de subsidiar o dimensionamento de estacas escavadas e
também contribuir com a ampliação do banco de dados de medição de energia do ensaio SPT em
solos tropicais da cidade de Goiânia. Para realização das medidas de energia foi utilizado
equipamento comercial de medição de energia, que é constituído por uma unidade de aquisição de
dados e uma haste instrumentada com dois sensores de deformação (strain gauges), e furos para
fixação de dois acelerômetros diametralmente opostos. Por meio da medição foi possível verificar
as perdas no sistema e a energia transmitida que realiza o trabalho da penetração do amostrador
para cada golpe. Os resultados obtidos foram interpretados de acordo com os dois principais
métodos de integração das curvas de força e de velocidade para obtenção da energia do ensaio, os
métodos EFV e EF2. As energias obtidas no ensaio também foram analisadas considerando o
ensaio SPT como um fenômeno de grandes deslocamentos e, para isso, utilizou-se a metodologia
proposta por Odebrecht (2003). Logo, as energias resultantes dessa análise foram comparadas às
obtidas pelos métodos tradicionais, EFV e EF2. Os resultados encontrados demonstram a
necessidade de considerar o correto intervalo de integração para análise de sondagens SPT e a
vantagem de se utilizar o método proposto por Odebrecht (2003), além de terem contribuído para o
banco de dados de medição de energia iniciado em Jardim et al. (2017) nas proximidades da área de
estudo.
PALAVRAS-CHAVE: Ensaios in situ, Sondagem, SPT, Medição de Energia.
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Na Figura 7 observa-se uma sequência de parâmetro 2ℓ/c marca o tempo dessa onda de
pulsos sucessivos de compressão, sendo que o compressão e até esse momento existe
primeiro e maior corresponde ao impacto inicial proporcionalidade entre os registros de força e
do martelo sobre a composição de hastes. O de velocidade. Para as composições de hastes
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utilizadas no Brasil, que têm impedância Como visto na Equação 1, o método EF2
bastante inferior à do amostrador, encontra-se considera apenas o primeiro impacto do martelo
em gráficos como esses, várias reflexões de na cabeça de bater (integração até o tempo
compressão, comportamentos que foram 2ℓ/c). Os pulsos sucessivos da Figura 7 estão
relatados por Cavalcante (2002). Os demais relacionados a acréscimos de penetração no
pulsos ocorrem devido aos outros contatos do solo. Portanto, a simplificação do método EF2
martelo com a cabeça de bater após o primeiro pode não ser aceitável caso hajam ondas de
golpe, conhecidos por repiques. Esses repiques compressão subsequentes que contribuam
acontecem porque a energia potencial do significativamente nos resultados. Sendo assim,
martelo não é totalmente transmitida à esse método não é recomendado, mas é
composição de hastes. utilizado neste estudo apenas para realizar
comparações.
As energias EFV e EF2 obtidas para cada
golpe foram utilizadas para o cálculo da média
de eficiência de energia para cada etapa de
cravação (ɳEFV e ɳEF2), levando em
consideração a energia teórica tradicional
(E* = 478,2 J) e considerando a média de
energia calculada pelo método proposto por
Odebrecht (ɳEFV’ e ɳEF2’), conforme está
apresentado na Tabela 2.
Figura 7. Gráfico da força e velocidade no tempo.
Décourt et al. (1989) afirma que a eficiência Morgano e Liang (1992) relataram que o
do SPT brasileiro é em média 72%. Verifica-se método EF2 apresentava valores maiores quão
que a eficiência média do furo de sondagem maior era o comprimento das hastes e
SP01 ficou próxima desse valor, com 77,1% Butler et al. (1998) afirmaram que o método
para o método EFV e 78,5% para o método EF2 sofre uma maior variação da sua gama de
EF2. Esses valores foram calculados por meio valores durante os 10 primeiros metros de
da média de eficiência de energia de todos os ensaio, em relação ao método EFV. Esses
golpes considerados. mesmos comportamentos podem ser observados
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consiste em uma forma mais completa e Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio
racional de se analisar o ensaio SPT. Sua de Janeiro, RJ, 410p.
Décourt, L.; Belincanta, A.; Quaresma Filho, A.R.
necessidade é evidente para solos menos (1989). Brazilian experience on SPT. XII
resistentes e maiores composições de hastes, International Conference on Soil Mechanics and
mas pela simplicidade de sua aplicação e sua Geotechnical Engineering. Supplement,
maior precisão, sugere-se sua utilização em Contributions by the Brazilian Society for Soil
todas as medições de energia realizadas. Mechanics, Rio de Janeiro: ABMS/ISSMGE, 49-54p.
Décourt, L., Muromachi, T., Nixon, I. K., Schmertmann,
Os dados gerados pela realização desse
J. H., Thorburn, S. e Zolkov, E. (1988) Standard
trabalho irão compor juntamente com os Penetration Test (SPT): International Reference Test
resultados das medições de energia realizadas Procedure. Proc. ISSMFE Technical Committee on
no estudo de Jardim et al. (2017) um banco de Penetration Testing – SPT Working Party, ISOPT-I,
dados para auxiliar futuras pesquisas no campo Orlando, v.1, p. 3-26.
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Ambiental da UFG, em Goiânia. Soil Mechanics and Foundation Engineering, Tokyo,
Japan, v.2, p 269-276
Jardim, H. C. O., Machado, R. R.., Jorge, P. A. M.
AGRADECIMENTOS (2017) Medição de Energia no Ensaio SPT em Solo
Tropical do Campo Experimental da Universidade
Federal de Goiás, Trabalho de Conclusão de Curso,
À SETE Engenharia e à Eletrobras Furnas pelo Graduação em Engenharia Civil, Universidade
apoio técnico na realização desta pesquisa. À Federal de Goiás, 15 p.
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Jardim, H. C. O., Machado, R. R., Jorge, P. A. M.,
Goiás – FAPEG pelo apoio na divulgação desse Angelim, R. R., Guimarães, R. C. Medição de
trabalho. Energia no Ensaio SPT em Solo Tropical do Campo
Experimental da EECA/UFG – Goiânia. Revista
Eletrônica de Engenharia Civil. Goiânia. GO. 2018.
Nº 1. V.14. 261-278.
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2,65
Fator de segurança
2,60
Quanto aos modelos constitutivos, foi 2,55
adotado o modelo de Mohr-Coulomb para os 2,50
2,35
considerado drenado, e o dos solos reforçados
2,30
não-drenado (a resistência ao cisalhamento não 0 2000 4000 6000 8000 10000
I. Escavação até a profundidade de 1,80 m III. Reaterro com solo natural compactado
e remoção do solo a ser substituído (Figura 8);
abaixo da sapata (Figura 6);
Figura 11 é mostrado, como exemplo, um Figura 11. Fator de segurança à ruptura da fundação.
gráfico de fator de multiplicação da carga de
trabalho (equivalente ao fator de segurança), Solo Tipo 1 - Adição de Cal
frente ao deslocamento do ponto de controle. O 3,20
2,70
solos tipo 1 e 2, estabilizados com cal e 2,60
S1 - Cal 3%
S1 - Cal 6%
cimento. O objetivo era alcançar um fator de 2,50 S1 - Cal 9%
segurança mínimo igual a 3,0, valor exigido 2,40
S1 - Cal - 12%
independentemente do tipo de solo a ser Figura 12. Fatores de segurança versus espessura de solo
estabilizado – solo tipo 1 estabilizado com cal.
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2,80
2,70
de 80 cm, permitem a obtenção de um fator de
2,60 S1 - Cimento 3%
S1 - Cimento 6%
segurança igual a 3,0 para a fundação (valor
2,50
2,40
S1 - Cimento 9% mínimo exigido por norma). Já a adição de cal
2,30
exige um teor de pelo menos 6% (com
0 20 40 60 80 100 120 espessura estabilizada de 80 cm), para garantia
Espessura da camada de solo estabilizado (cm)
do fator de segurança mínimo.
Figura 13. Fatores de segurança versus espessura de solo
estabilizado – solo tipo 1 estabilizado com cimento.
Solo Tipo 2 - Adição de Cal
3,20
AGRADECIMENTOS
3,10
3,00
Ao Programa de Desenvolvimento do Estudante
2,90
(PDE/FURG) pelo apoio à pesquisa na forma de
2,80
bolsa de iniciação científica.
FS
2,70
2,60
S2 - Cal 3%
2,50
S2 - Cal 6%
REFERÊNCIAS
2,40 S2 - Cal 9%
material deve ser feita com extrema cautela e determinado tamanho e, por isso, quando
segurança. Por isso, é necessária uma análise dissolvidas em um meio padronizado e
minuciosa das suas características e submetidas à uma luz incidente, absorvem e
propriedades. Considerando isso, o tamanho das difratam parte da luz em um determinado
partículas do rejeito de mineração é uma ângulo. Esse ângulo de difração é inversamente
relevante característica física a ser levada em proporcional ao tamanho da partícula (Papini,
consideração em projetos de disposição, pois o 2003), como visto na Figura 1.
fato de ser fino, ou mesmo granular, influencia
diretamente no lançamento e no armazenamento
nos sistema de contenção.
Uma consideração representativa na
caracterização de rejeitos de mineração, é que,
apesar de se assemelharem visualmente com os
solos, estes materiais possuem propriedades
reológicas particulares, quando comparadas às
comumente observadas na Mecânica dos Solos
clássica. Outra particularidade, é que os rejeitos
podem apresentar, na maioria dos casos,
somente a fração do tamanho da partícula, e não
o comportamento associado. Por exemplo, os Figura 1. Análise do tamanho da partícula pela difração a
rejeitos podem apresentar frações de argila, mas laser: Θ1 – ângulo de difração para partículas pequenas e
não necessarimanete serem plásticos como os Θ2 – ângulo de difração para partículas grandes, sendo
Θ1 > Θ2
argilominerais.
Tendo em vista a necessidade de uma melhor
especificação desses materiais, pesquisas A concepção fundamental desta técnica é
associadas ao estudo de rejeitos de mineração baseada em dois modelos ópticos: de
vêm sendo desenvolvidas, visando melhorar Fraunhofer e de Mie, que refinam a difração do
esses procedimentos, surgindo, assim, novas material considerando também a absorção, a
técnicas como a análise granulométrica de refracção e a reflexão pela incidência do laser
materiais por difração a laser. Esse método vem nas partículas (Jillavenkatesa et al. 2001).
se tornando uma ferramenta “sedimentológica”, O equipamento Mastersizer 2000 (Figura 2)
sendo citada por Jillavenkatesa et al. 2001, é um instrumento de que utiliza os dois modelos
Eshel et al. (2004), Ryzak e Bieganowski ópticos para fazer análises mais assertivas dos
(2011), Dias (2014), Falheiro et al (2011) e resultados. Mostra-se eficiente para tamanhos
Capelli (2016). Os autores referenciam o de partículas, sendo de 0,010 a 2000μm, além
método como uma maneira confiável de se da agilidade nos ensaios.
realizar a análise granulométrica dos materiais.
O curto período de análise, a alta
repetibilidade, a utilização de pouca amostra
(cerca de 1g) e a possibilidade de determinação
de partículas finas de até 0,2 μm são algumas
das vantagens da análise granulométrica por
difração a laser. Trata-se de um método simples
e rápido, facilitando, assim, a sua utilização e
ampliação deste uso.
Figura 2. Granulômetro por difração a laser: (1) unidade
A metodologia desse ensaio é baseada no de medição óptica; (2) aparelho Hydro 2000 equipado
princípio de que as partículas possuem um com (2a) agitador de partículas e (2b) sonda ultrassônica
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Observa-se que, quando não há nenhum Observa-se, pela Tabela 5, que, quando não há
mecanismo de desagregação das partículas, ele nenhum mecanismo para desagregação das
se apresenta como um silte argiloso. Quando partículas, o rejeito M-FOSF se apresenta como
utilizados os dispersantes, as características são um silte arenoso. No entanto, as características
inalteradas. granulométricas ficam praticamente inalteradas
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REFERÊNCIAS
RESUMO: A maior parte da infraestrutura e das cidades da zona costeira oriental do Rio Grande do
Norte está assentada sobre a unidade geológica denominada Formação Barreiras. Essa unidade é
composta por solos residuais tropicais sedimentares predominantemente arenosos. Para realizar a
caracterização geotécnica desse material, parâmetros de resistência e deformabilidade foram
avaliados em 14 blocos de amostras indeformadas de solo em duas regiões distintas da cidade de
Natal/RN. Foram realizados ensaios de caracterização dos solos para a classificação do material,
além de ensaios de cisalhamento direto nas condições inundada e não-inundada e ensaios de
compressão edométrica. Constatou-se que a saturação da amostra causa uma redução do intercepto
de coesão e alterações no ângulo de atrito. Os ensaios de compressão edométrica indicaram
comportamento colapsivel em algumas das amostras analisadas.
deformações não se manifesta de modo Cada estágio de carga da fase inundada tinha
uniforme e, na medida em que o ensaio é duração de 24 horas. O descarregamento do
realizado, sensores instalados no equipamento solo foi realizado para as tensões de 400, 100 e
permitem que seja realizado o acompanhamento 12,5 kPa, com duração de 2 horas cada.
das deformações verticais e horizontais na
medida em que a taxa de cisalhamento 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
constante é mantida (ORTIGÃO, 2007).
Foram realizados ensaios nas condições seca 3.1 Caracterização do solo
(teor de umidade no qual a mostra foi coletada)
e inundada para cada bloco testado para esta Por meio dos ensaios de peneiramento e de
propriedade. A representação gráfica das sedimentação, foi possível definir as curvas
tensões máximas de cisalhamento alcançadas granulométricas de todos os blocos
para cada tensão normal aplicada durante os indeformados. Os resultados dos ensaios de
ensaios permitiu que fossem obtidas as granulometria da área 01 estão mostrados da
envoltórias de resistência para os blocos Figura 6. Ao analisar as curvas granulométricas
inundados e não-inundados. Foram realizados da área 01 (Figura 6), percebe-se
ensaios com tensões normais de 50, 100, 200 e comportamento similar nas porções central e
400 kPa para cada amostra. A partir desses final das curvas, à exceção do material
dados, a coesão e o ângulo de atrito de todas as recolhido no bloco A-02, que possui uma fração
amostras do material puderam ser obtidos por de cerca de 13,0% de pedregulhos enquanto que
meio de aproximação linear. as demais amostras não apresentam partículas
com este diâmetro. Este resultado é compatível
2.5 Ensaios de adensamento com a análise tátil-visual realizada a priori.
Quanto às amostras da área 02, embora os
Ensaios de compressão edométrica foram blocos indeformados apresentassem aparência
realizados para estudar a deformação heterogênea, todos apresentaram curvas
apresentada pelas amostras quando expostas a granulométricas similares (Figura 7). Nenhuma
vários níveis de tensão. Ortigão (2007) expõe das amostras apresentou granulometria
que este ensaio, por impor deformações laterais pedregulhosa, resultado que condiz com a
nulas, simula de modo razoável a condição análise tátil-visual. As amostras provenientes da
encontrada durante a formação de solos área 02 apresentaram teor de finos similares ao
sedimentares; além disso, este ensaio é da área 01; o bloco B-04 apresentou cerca de
frequentemente utilizado no estudo de 24,0% de finos e os outros blocos, mais de
recalques. 30,0%.
Foi realizado um ensaio por bloco
indeformado, com estágios de tensão inicial de
12,5 kPa e final de 800 kPa; a tensão aplicada
era aumentada de modo que os valores a cada
estágio eram sempre o dobro do estágio
anterior. Os estágios iniciais, de 12,5, 25, 50 e
100 kPa foram feitos com o corpo de prova na
condição seca, com duração de 2 horas cada.
Após o término do estágio de 100 kPa, o corpo
de prova era inundado sem o aumento da tensão
aplicada. Já na condição inundada, os corpos de
prova receberam carregamentos de 100, 200,
400 e 800 kPa, à exceção da amostra A-03, que
recebeu um estágio adicional de 1600 kPa. Figura 6. Curvas granulométricas de amostras da área 01.
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níveis de tensão de 200 kPa. Além disso, os movimentação de terra para uma obra de
resultados para os ensaios de compressão infraestrutura urbana.
simples realizados apresentaram grande Ao analisar as curvas tensão-deslocamento
heterogeneidade entre o topo e a base da falésia. vertical específica das amostras de cada área
Santos Júnior, Coutinho e Severo (2015) (Figuras 12 e 13), observa-se que nenhum dos
classificam os solos da Formação Barreiras em solos apresentou curvatura acentuada, conforme
três tipos, de acordo com o seu comportamento: relatado por Silva (2016) em sua pesquisa. Da
o tipo A, semelhante à condição de um solo área 01, nota-se a presença de comportamento
sobreadensado, apresenta um pico de resistência colapsível nas amostras A-03 e A-04, com uma
bem definido, que ocorre a pequenas deformação de 12,6% e 9,0%, respectivamente,
deformações seguido de amolecimento até a ao serem inundadas. Ainda na área 01, a
resistência residual; O tipo B, ausente de pico amostra A-01 apresentou princípio de
de tensão, consiste no aumento progressivo da colapsividade (1,0%) e a amostra A-02 não
tensão cisalhante até o ponto de ruptura; o tipo apresentou comportamento colapsível (0,2%).
C consiste em uma situação intermediária entre
A e B. Os ensaios realizados neste trabalho
permitiram caracterizar, de modo generalizado,
os solos não-inundados como pertencentes ao
tipo A e os solos inundados ao tipo B.
3.3 Adensamento
posteriormente também passou a ser utilizado cone de queda em solos artificiais. Pinto (2010)
na determinação dos limites de Atterberg dos avaliou a aplicação do equipamento de cone de
solos. Na Figura 1 encontra-se uma gravura de queda livre de laboratório na caracterização da
um dos primeiros equipamentos utilizados. plasticidade e resistência não drenada de
misturas de solo artificial, produzido em
laboratório desde misturas de caulim, bentonita,
areia e água. Neste estudo, os ensaios de cone
de queda livre e de Casagrande foram
comparados na determinação dos limites de
liquidez e de plasticidade dos solos, e um breve
estudo a respeito da estimativa da resistência
não drenada a partir do ensaio de cone foi
realizado. Em Rosa et al. (2013) e Bastos et al.
(2014) são comparados resultados de cone
frente resultados de ensaios de palheta de
amostras adensadas de solos artificiais, onde o
modelo teórico proposto por Hansbo (1957) foi
Figura 1. Cone sueco (Massarsch e Fellenius, 2012). confirmado.
O objetivo do presente trabalho é utilizar o
O ensaio é realizado preparando-se uma ensaio de cone de queda ao estudo da
amostra de solo, e colocando-a em um resistência ao cisalhamento não drenada de
recipiente padronizado. Um cone com solos artificiais remoldados, produzidos a partir
geometria prescrita e peso conhecido é de misturas de caulim, bentonita e água
posicionado com sua ponta apenas tocando a destilada.
superfície da amostra. O cone é liberado a partir
do repouso, caindo em queda livre. A distância
percorrida após um determinado período é 2 MATERIAIS E MÉTODOS
medida. Após o período prescrito, a expectativa
é de que o cone esteja quase em repouso, sendo 2.1 Caracterização dos materiais
qualquer movimento subsequente (devido a
efeitos de fluência) muito lento. Este tipo de Na pesquisa foi utilizado um caulim rosa e uma
ensaio é considerado não drenado porque a bentonita sódica. Foram realizados os ensaios
penetração do cone no solo é muito rápida, não clássicos de caracterização geotécnica com o
havendo tempo hábil para que a poropressão se caulim e com a mistura caulim e bentonita:
dissipe. A norma britânica BS 1377 (BSI, 1990) análise granulométrica, limites de Atterberg e
e a norma internacional ISO 17892-6 (ISO, peso específico real dos grãos.
2017) orientam os procedimentos básicos do
ensaio de cone de queda. 2.2 Preparação dos solos artificiais
Estudos experimentais da resistência ao
cisalhamento de argilas com base no ensaio de Dois solos artificiais foram produzidos em
cone foram realizados por Karlsson (1961) e laboratório, a partir de misturas fluidas de
Wood (1985), por exemplo. Análises teóricas caulim e bentonita, com os seguintes traços:
do ensaio com base na Teoria da Plasticidade T0-0 (solo formado apenas com caulim) e
foram realizadas por Houlsby (1982) e T30-0 (solo formado por 30% de bentonita e
Koumoto e Houlsby (2001). 70% de caulim). A nomenclatura dos solos
O Grupo de Geotecnia FURG já tem um artificiais segue o padrão adotado em pesquisas
histórico em estudos experimentais utilizando o anteriores. Os materiais secos ao ar foram
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10 9
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onde Q = peso do cone, d = penetração do cone A resistência não drenada é relacionada com
na massa de solo, K = constante. A constante K o torque medido através da Equação 2.
(conhecida como fator de cone) depende, dentre
outros fatores, do ângulo do cone. Karlsson
(1977) indica o valor de K igual a 0,8 para su = Mt /[π·D2·(H/2+D/6)] (2)
cones com ângulo de 30º de vértice.
140
T0-0
120 w = -102,143 log(suv) + 148,38
T30-0 R² = 0,9288
100
w (%)
80
60
40
w = -10,497 log(suv) + 47,446
20 R² = 0,9921
0
1,0 10,0
suv (kPa)
Figura 7. Resistência não drenada (suv) versus teor de
umidade (w).
3 RESULTADOS
Ressalta-se o fato de que os ensaios não Hansbo, S. (1957). A new approach to the determination
foram realizados à mesma profundidade nas of the shear strength of clay by the fall-cone test,
Proceedings of the Royal Swedish Geotechnical
amostras, uma vez que o ensaio de cone foi Institute, Stockholm, No. 14, 47 p.
realizado na superficie das amostras, e o ensaio Head, K.H. (1982). Manual of soil laboratory testing,
de palheta foi realizado a uma profundidade de Vol. 2, Pentech Press, London, 454 p.
63 mm abaixo da superfície. Porém, como as Houlsby, G.T. (1982). Theoretical analysis of the fall
amostras constituíram-se de pastas não cone test, Geotéchnique, Vol. 32, No. 2, pp. 111-118.
ISO (2017). Geotechnical investigation and testing –
adensadas, o efeito da profundidade Laboratory testing of soil - Part 6: Fall cone test, ISO
provavelmente não foi significativo. 17892-6, International Organization for
Standardization, Genebra, 11 p.
Karlsson, R. (1977). Consistency limits, in cooperation
4 CONCLUSÕES with the laboratory committee of the Swedish
Geotechnical Society, Document D6.
Karlsson, R. (1961). Suggested improvements in the
Apesar dos poucos pontos experimentais liquid limit test, with reference to flow properties of
disponíveis na presente fase da pesquisa, os remolded clays. 4th International Conference on Soil
resultados indicam que a relação de Hansbo Mechanics and Foundation Engineering, Paris,
(1957) apresenta bom ajuste aos dados Proceedings… Vol. 1, pp. 171-184.
Koumoto, T.; Houlsby, G.T. (2001). Theory and practice
experimentais, fato corroborado pelos altos
of the fall cone test, Geotéchnique, Vol. 51, No. 8, pp.
coeficientes de determinação encontrados no 701-712.
procedimento de ajuste de curvas. Além disso, Massarsch, K.R.; Fellenius, B.H. (2012). Early swedish
os valores ajustados para o faor de cone (K) contributions to geotechnical engineering.
estão muito próximos daqueles propostos na GeoCongress 2012, Oakland, Proceedings… pp. 239-
256.
literatura técnica, em especial do valor proposto
Pinto, P.B. (2010). Aplicação do penetrômetro de cone
por Karlsson (1977), igual a 0,8. de laboratório na caracterização da plasticidade e
Os resultados da presente pesquisa apóiam o resistência não drenada de solos argilosos, Trabalho
ensaio de cone de queda como valorosa de Conclusão em Engenharia Civil Empresarial,
ferramenta expedita na estimativa da resistência Escola de Engenharia – FURG, Rio Grande/RS, 66p.
Rosa, K.L.; Bastos, C.A.B.; Alves, A.M.L. (2013).
ao cisalhamento não drenada de solos argilosos.
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do Ensaio de Cone de Queda Livre (“Fall Cone
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RESUMO: Visando o emprego do DCP como método para análise temporal da estrutura de um
pavimento flexível composto por RCD, coletou-se os resultados contidos em bibliografias diversas,
ao longo dos anos de 2003 a 2011. Dados que possibilitaram a montagem de gráficos que
explicitam o comportamento de cada uma das camadas estruturais do pavimento, separados em
períodos de seca e de chuva. Observou-se a sensibilidade do equipamento à diferenciação das
camadas e ao efeito de umidade, estações. O estudo forneceu bases tanto qualitativas como
quantitativas, que podem ser utilizadas como método para prevenção de patologias, bem como
embasar a aplicabilidade de novos materiais potenciais para pavimentação, características que
aliadas à facilidade operacional do equipamento e seu baixo custo de execução de ensaio podem se
mostrar competitivas tecnicamente.
2.4 DCP
ensaios nas estacas: E3-Eixo, E4-BD e E4+10- mais rígido e estável. A sub-base, apesar de
BE, tendo somente Quintanilha (2008) inicialmente ser mais resistente, pode não ter
executado em pontos distintos, sendo estes: E3- proporcionado uma compactação tão boa como
BD, E4-BD, E2+10-BE e E3+10-BE, em projetado, possibilitando alterações, rearranjos,
junho/2008, tendo ainda acrescido a E4+10-BE. conforme solicitações. O subleito, por sua vez,
Organizando todos os dados coletados, separou- há de estar sendo alvo de uma compactação
se segundo as temporadas, retirando aqueles que natural e cumulativa, de acordo com as cargas
extrapolaram, para a geração de gráficos mais
limpos e de melhor correlação. Como resultado,
a sub-base na temporada de chuva apresentou
dados com o maior coeficiente de variação,
superior a 35% e, em época de seca, inferior a
17%. As demais camadas, em ambas
temporadas, obtiveram coeficiente inferior a
15%. Fato que pode ser explicado pela absorção
do agregado reciclado, uma vez que Oliveira
(2007) constatou valores superiores aos normais
estipulados por norma. Aliado ao fato de a sub-
base ter sido executada com maior porcentagem
do mesmo, uma maior sensibilidade desta
camada era esperada, sendo confirmada por este
resultado.
A Figura 3 ilustra o desempenho das
camadas ao longo do tempo, com a correlação
linear também traçada para uma melhor análise.
Observa-se em todas as camadas o
comportamento quase paralelo entre os
resultados das temporadas de chuva e seca,
onde a diferenciação foi cerca de 1,0 mm/golpe.
O desempenho das camadas se revelou um
ponto interessante, a base praticamente
estabilizada, mantendo uma resistência quase
constante, horizontal. A sub-base apresentando
perda dessa, embora 2,0 mm/golpe nos 8 anos
em questão. O subleito, por sua vez, vem
exibindo um aumento lento, cerca de
1,5 mm/golpe, ao longo desse tempo.
Sabe-se que, durante a fase de implantação
da sub-base, foram notadas dificuldades
executivas quanto ao manuseio do material,
tendo-se que alterar a dosagem daquele que
seria utilizado na base, por isso o menor valor
do CBR de projeto. Logo, o comportamento
destas camadas estruturais pode estar baseado
neste fato, onde, apesar de a base possuir menor
resistência, foi melhor compactada e
homogeneizada, gerando um comportamento Figura 3. Gráficos DN ao longo do tempo
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dissipadas sobre ele, sendo ainda o aumento de gerando a variação significativa de quase 98%
resistência na temporada de chuva, analisado revelada na tabela.
graficamente, poder estar relacionado aos Aplicando nestas equações os últimos
efeitos de sucção sobre o equipamento. resultados de DN obtidos, referentes à época de
As Tabelas 2 e 3, por sua vez, apresentam os novembro de 2011, estima-se o CBR que
dados expostos no trabalho de Monteiro et al. apresentavam. Uma vez que a implantação foi
(2016), onde foram levantadas as melhores executada em época de chuva, a análise da
correlações, já existentes em bibliografias, para variação deste resultado baseou-se nesta mesma
cada uma das camadas, tendo em vista os dados temporada. Tendo ainda que os dados do
pertinentes à fase de implantação da estrutura. subleito se aproximaram mais da camada
As mesmas foram obtidas através dos resultados resistente já comentada, com DN inferior a
de DN e do CBR de projeto, determinado em 6 mm/golpe, adotou-se a equação respectiva a
laboratório, possibilitando estipular a equação ela e a variação foi pautada nos resultados
que melhor se adequava a cada camada, o obtidos através da correlação de Cardoso e
resultado do CBR obtido através do emprego da Trichês (1998), utilizando uma aproximação
equação de correlação, bem como a variação dos dados iniciais e finais expostos nos
entre este e o de laboratório. gráficos. Para tanto, a Tabela 4 apresenta os
dados de estimativa de variação do CBR ao
Tabela 2. DN médio da fase de implantação, CBR de longo do período analisado.
laboratório, melhores correlações (Monteiro et al., 2016)
DN Tabela 4. Estimativa de variação do CBR entre os anos de
CBRlab
Camada (mm/ Correlação 2003 e 2011
(%)
golpe) DN CBRcorrel CBRcorrel
B 3,2 83 ASTM D-6951 (I) Variação
Camada (mm/ (%) (%)
Kryckyj & (%)
golpe) Chuva Implant
Trichês (2000)
SB 1,8 90 Agregados (II) Base 3,00 86,90 81,50 6,22
Reciclados (CBR Sub-Base 4,00 52,36 87,00 -66,15
s/ imersão)
Subleito 4,00 36,35 25,70 29,30
Cardoso e Trichês
5,6 (III)
13 (1998)
SL
15,5
Kleyn e Savage
(IV) Observa-se que, em termos quantitativos de
(1982) DN a variação da sub-base foi relativamente
baixa (diferença de 2,2 mm/golpe), contudo,
Tabela 3. Equações de correlações, CBR obtido pela
quando aplicada a correlação e obtendo-se o
correlação e variação entre CBR calculado e de
laboratório (Monteiro et al., 2016) CBR, esta se demonstra alta (diferença de 35%,
CBRcorr Variação em termos de CBR) e variação de 66%. Essa
Equação
(%) (%) aplicação denota a importância da obtenção da
(I) CBR = 292 / DN.1,12 81,5 1,8 correlação durante fase executiva, a qual poderá
(II) CBR= 126,35.DN - ser facilmente aplicada nas avaliações
87 3,4
0,6354 posteriores, permitindo o estudo de seu
(III) CBR = 151,58.DN-1,03 25,7 97,7 comportamento ao longo do tempo através de
(IV) Log (CBR) = 2,60 -
12,6 3,1 um índice mais familiar que é o CBR.
1,26. Log (DN)
5 CONCLUSÕES
Como abordado por Oliveira (2007), após os
preparativos do subleito, o mesmo apresentou
Através dos resultados e discussões
fissuras superficiais, gerando uma camada fina
apresentadas, a eficiência e praticidade do DCP
com alta resistência, contrariando e
é atestada, pontuando sua sensibilidade às
extrapolando o comportamento esperado,
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• Massa do peso batente: 10,00kg; altura de 50cm, que cai sobre a cabeça de
• Altura de queda do peso: 0,50m; bater. Durante a cravação das hastes é feita a
• Peso das hastes: 1,57kg/m. contagem dos golpes necessários para
cravação a cada 10cm. Esse número de golpes
A Figura 2 mostra o esquema do é chamado N10. A Figura 3 mostra o
equipamento montado para realização do equipamento do ensaio de DPL instalado para
ensaio. execução do ensaio, com verificação da
profundidade do pré-furo.
3 METODOLOGIA
A Obra 1 está localizada no setor Jardim profundidade. Foram obtidas duas curvas,
Guanabara, na qual foram executados 2 furos uma para o DPL nomeada como N50, e outra
de cada sondagem. A Obra 2 está localizada denominada como N30 para o SPT. A partir
no setor Nova Vila, na qual foi executado 1 dessa análise, foi possível observar a partir de
furo de cada sondagem. A Obra 3 está qual profundidade o ensaio de DPL apresenta
localizada no município de Senador Canedo, divergências do número de golpes em relação
no Jardim Bougainville. Foram executados 2 ao SPT, evidenciando sua limitação em
furos de cada sondagem. A Obra 4 está profundidade.
localizada no setor Industrial, na qual foram Na análise do número de golpes de todos
executados 3 furos de cada sondagem. A Obra os furos, percebeu-se que para certas
5 está localizada no setor Novo Planalto, na profundidades, enquanto o valor de N30
qual foram executados 2 furos de cada aumentava o de N50 diminuía, e vice-versa.
sondagem. Como esses resultados são divergentes, nessas
Os ensaios DPL e SPT foram executados cotas os dados foram desprezados.
segundo as normas ISSMFE (ISSMFE, 1989)
e NBR 6484 (ABNT, 2001), respectivamente. 3.2.2 Correlação linear por furo
O número de golpes do DPL considerado
neste trabalho foi nomeado N50, sendo Nessa etapa, foi realizada a análise do número
equivalente a soma dos golpes dos primeiros de golpes N30 e N50, por furo, até a
50 cm cravados em cada metro. Não foi feita profundidade de 5m, em cada obra. Em
a obtenção do número N10, como orienta a seguida, foi obtida uma linha de tendência de
norma alemã devido as características das melhor ajuste dos pontos. Para essa linha de
hastes do equipamento utilizado que não tendência, o software forneceu tanto a
possuíam a marcação a cada 10cm. Já o equação, como o coeficiente de determinação
número de golpes do SPT foi nomeado como (R²).
N30, relativo a soma do número de golpes na
cravação dos últimos 30cm nos primeiros 45 3.2.3 Correlação linear por obra
cm de cada metro.
Essa correlação foi feita considerando todos
3.2 Metodologia de análise dos dados os resultados dos ensaios de DPL e de SPT
utilizados nas análises por furo, em cada obra.
As análises dos dados de sondagem foram Foram obtidos os gráficos e as linhas de
feitas por meio das correlações dos resultados tendência, bem como equação da correlação
de sondagem DPL e SPT. Os dados foram entre esses resultados.
correlacionados com auxílio do software
Microsoft Excel. As análises das Obras 1 a 3 3.2.4 Correlação por tipo de solo
foram feitas no sentido de observar a
discrepância dos resultados de cada tipo de A partir dos resultados do perfil litólogico do
sondagem, estabelecer as correlações entre os laudo do SPT foi feita a comparação entre os
resultados de sondagem por furo, por obra e resultados de sondagens das obras com
por tipo de solo. mesmo tipo de solo.
3.2.1 Discrepâncias
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
Para obtenção dos gráficos de discrepância RESULTADOS
dos resultados de DPL, foi feita a comparação
do número de golpes em função da 4.1 Descrição do perfil litológico das obras
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Essa análise mostrou a limitação do DPL nas 4.3 Correlação linear por furo
obras 01 e 03, evidenciada pelo aumento
abrupto do valor de N30 a partir de cerca de Os resultados da correlação por furo dos
5m. As demais obras não apresentaram essa valores de N30 e N50 estão apresentados na
discrepância, porém as correlações foram Tabela 1. Pode-se dizer que os resultados das
feitas comparando-se os resultados dos obras 1, 2 e 3 foram bastantes satisfatórios,
ensaios até 5m, para efeito de padronização. em função do valor de R² ser próximo de 1.
As figuras 4 e 5 apresentam a comparação Nas obras 4 e 5, os resultados foram menos
do N30 e do N50 nas obras 1 e 3, mostrando a satisfatórios.
discrepância dos valores a partir dos 5m.
Tabela 1. Resultados da correlação linear por furo.
Obra Ponto Equação R²
Furo 01 N30=0,64*N50-6,14 0,96
1
Furo 02 N30=2,38*N50-44 0,97
2 Furo 01 N30=0,27*N50+10 0,97
Furo 01 N30=0,26*N50+0,10 0,9
3
Furo 02 N30=-2*N50+39 1
Furo 01 N30=0,60*N50-3,84 0,93
4 Furo 02 N30=0,59*N50-22,42 0,82
Furo 03 N30=0,14*N50-0,68 0,85
Furo 01 N30=0,15*N50+1,85 0,82
5
Furo 02 N30=0,05*N50+2,14 0,77
As Figuras 6, 7, 8, 9 e 10 mostram as
análises por furo por obra.
Figura 4. Análise da discrepância na Obra 1.
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Figura 6. Correção linear por furo da Obra 1. Figura 9. Correção linear por furo da Obra 4.
Figura 7. Correção linear por furo da Obra 2. Figura 10. Correção linear por furo da Obra 5.
Tabela 2. Resultados da correlação linear por obra. 1 e 3, pode ser considerado satisfatório, uma
Obra Correlação R² vez que a quantidade de valores analisados
1 N30=0,84*N50-8,42 0,75 aumentou significativamente.
2 N30=0,27*N50+10 0,97 A correlação entre os resultados das obras
3 N30=0,29*N50-0,92 0,85 2 e 4 não foram satisfatórios, uma vez que a
obra 4 não obteve boa correlação nem mesmo
4 N30=0,04*N50+11,23 0,0034
entre seus próprios furos, podendo ter
5 N30=0,08*N50+2,57 0,32 ocorrido falha na execução dos ensaios.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
TEMA:
ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS
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RESUMO: A operação de projeção de concreto é uma das atividades que contribui para a elevação
do tempo de ciclo em mineração subterrânea, já que, além do tempo da projeção de concreto na
rocha em si, existe também um tempo necessário para liberação do retorno de atividades com
segurança para o próximo ciclo de atividades, que é comumente chamado de tempo de reentrada
(re-entry time). Este trabalho busca avaliar o tempo de reentrada ideal para a Mina Cuiabá, baseado
em testes e resultados obtidos na compressão uniaxial em concreto projetado com idade nova (horas
de cura), onde as premissas adotadas foram: O concreto deve atingir especificações mínimas de
resistência para que seja possível a realização de perfuração para posterior atirantamento e o
concreto deve ter uma resistência tal que não haja risco de queda de blocos ou do próprio concreto.
PALAVRAS-CHAVE: Re-Entry Time, Concreto Projetado, Compressão Uniaxial.
resultados obtidos são relativos a força (N) maneira foram usadas agulhas de 14,18 mm, 9
necessária para penetrar 25 mm de concreto, mm e 6 mm, onde a escolha do diâmetro das
com uma agulha de diâmetro definido. As agulhas depende de quão resistente está o
medidas são anotadas em campo, onde a partir concreto, sendo de escolha do operador da
de correlações teóricas, são obtidos valores da Agulha de Proctor.
resistência a compressão uniaxial (MPa). Foram realizadas oito campanhas utilizando
Foram realizadas oito campanhas utilizando a Penetrômetro Digital, também em locais
a Agulha de Proctor em diferentes locais específicos para a Mina Cuiabá, em túneis que
específicos da Mina Cuiabá, sendo todos locais tiveram sua superfície coberta com concreto
respectivos a túneis que tiveram sua superfície projetado, realizando o teste com diversos
projetada com concreto projetado, realizando o tempos de cura para poder estabelecer uma
teste com tempos de cura de 30 minutos e 1 curva de resistência em função do tempo. As
hora para poder estabelecer uma curva de datas e locais onde os testes foram realizados
resistência em função do tempo. As datas e são apresentados na Tabela 3.
locais onde os testes foram realizados são
apresentados na Tabela 2. Tabela 3: Locais dos testes – Agulha de Proctor.
LOCAL DATA
Tabela 2: Locais dos testes – Agulha de Proctor. 18 SER 3°SN 03/06/2017
LOCAL DATA 16 FGS 3° SN 24/07/2017
Grade Nível 9 03/11/2016 17.1 FGS 3° SN 01/08/2017
17 SER Rampa 23/11/2016 18 SER 2° SN 25/08/2017
09 GAL Rampa 17/01/2017 15 FGS 2° SN 03/10/2017
15 SER Orica 24/01/2017 18 SER 4° SN 11/10/2017
09 GAL Rampa 30/01/2017 14 FGS 2° SN 27/10/2017
18 SER 3º SN 06/02/2017 14 FGS 2° SN 08/11/2017
17 SER Rampa 31/03/2017 18 FGS 4° SN 15/12/2017
19 SER Rampa 06/04/2017
Faz parte do procedimento de medição da
Abaixo segue a quantidade de testes resistência inicial do concreto a realização de
realizados: 10 leituras por tempo de cura. Os primeiros
• 03/11/2016 – 24 testes para 1 hora; resultados obtidos pelo Penetrômetro Digital
• 23/11/2016 – 24 testes, sendo 12 para não apresentaram resultados satisfatório, uma
meia hora e 12 para uma hora; vez que a equipe da Geomecânica estava se
• 17/01/2017 – 24 testes, sendo 12 para familiarizando como o equipamento. A medição
meia hora e 12 para uma hora; realizada no dia 15/12/2017, apresentou
• 24/01/2017 – 7 testes para meia hora; resultados satisfatórios que foram levados em
• 30/01/2017 – 20 testes, sendo 13 para conta para construção desse relatório. Esses
meia hora e 7 para uma hora; resultados satisfatórios (15/12/2017), também
• 06/02/2017 – 12 testes para meia hora; pode ser justificado com maior familiaridade da
• 31/03/2017 – 12 testes para meia hora; equipe com a utilização do Penetrômetro
• 06/04/2017 – 10 testes para meia hora. Digital. Os dados utilizados para elaboração
Devido ao rápido tempo de cura do concreto, desse relatório foram os listados a seguir com
não foi possível realizar todos os testes usando os seguintes tempos de cura:
a agulha de 9 mm de diâmetro como sugere a
norma, sendo utilizado a agulha com o diâmetro • 03/10/2017 – 20 testes, sendo 10 para 45
menor. Em outros casos foi necessário usar uma minutos e 10 para uma hora;
agulha de diâmetro maior, já que a agulha de 9 • 08/11/2017 – 60 testes, sendo 10 para dez
mm afundava no concreto sem que a mola do minutos, 10 para quinze minutos, 10 para vinte
aparelho sofresse alguma deformação. Dessa
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minutos, 10 para meia hora, 10 para 45 minutos que o concreto apresente resultados acima da
e 10 para uma hora; curva J2. Percebe-se que os resultados atingem
• 15/12/2017 – 80 testes, sendo 10 para 5 níveis satisfatórios para utilização como
minutos, 10 para 10 minutos, 10 para 15 reforço, entretanto o método utilizado para
minutos, 10 para 15 minutos, 10 para meia hora, obtenção dos dados é incorreto, assim nenhuma
10 para uma hora, 10 para uma hora e meia e 10 conclusão pode ser tomada utilizando esses
para duas horas. valores. Para avaliação correta dos resultados,
medições utilizando o Penetrômetro Digital
devem ser consideradas.
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS As medidas realizadas utilizando o
Penetrômetro Digital estão indicadas a seguir.
4.1 Determinação do Tempo de Reentrada Vale salientar que as primeiras campanhas de
Com Base no Valor de Resistência a medições utilizando tal equipamento foram
Compressão Uniaxial. desconsideradas uma vez que a equipe estava se
familiarizando com o método de medição. Os
A Figura 2 e a Figura 3 mostram os valores obtidos bem como a sobreposição com
resultados médios de resistência inicial do as curvas J1-J2-J3 estão representados na
concreto utilizando Agulha de Proctor e a Figura 4 e Figura 5 a seguir.
sobreposição dos dados no gráfico J1-J2-J3,
para os tempos de cura de 30 minutos e 1 hora.
pesquisa feita por Clements (2004), diz que número similar ao observado na mina Cuiabá,
para que possam ser realizadas operações de com relação ao peso dos blocos.
perfuração em um concreto em fase inicial de
cura, o mesmo deve atingir um valor mínimo 1
MPa, não havendo alterações de suas
propriedades. Conforme observado na Figura 4,
a mistura utilizada atualmente na Mina Cuiabá
atinge o requisito mínimo de Resistência a
Compressão Uniaxial com cerca de 90 minutos,
o que é suficiente para liberação para reentrada
de equipamentos de perfuração. Essa
recomendação tem como base os valores
obtidos através de medições realizadas com o
Penetrômetro Digital, que é o instrumento
Figura 6. Levantamento dos pesos dos FOGs – Mina
recomendado para mensurar a Resistência à Cuiabá.
Compressão Uniaxial de Concreto Projetado
com curas iniciais (até 2 MPa)
Ft
s = (1)
Ls 2ts
Ft = Fs Fr (2)
Onde Fs é a força exigida pelo peso do Figura 8. Relação entre Resistência a Compressão e
concreto e Fr é a força exigida pelo bloco Resistência ao Cisalhamento do concreto em curas
mobilizado, que podem ser calculados pelas iniciais. (Adaptado de Bernard, 2008).
Equações 3 e 4 respectivamente:
Utilizando esse ajuste encontramos uma
Fs = Vs r (3) Resistência de Compressão Uniaxial para
atender as necessidades citadas anteriormente
de 0.40 e 0,54 MPa para reter blocos de 1 e 2
Fr = Mr g (4)
toneladas respectivamente. Esse valor de UCS
necessário para ambos casos é atingido com 30
Onde Vs é o volume do concreto que minutos de cura.
suportará o esforço do bloco, γs é o peso Utilizando essa aproximação podemos calcular
especifico do concreto, 23,72 kN/m³, Mr é a o valor de Resistência ao Cisalhamento
massa do bloco mobilizado e g é o valor da oferecida pelo concreto a partir do valor obtido
gravidade, 9,81 m/s². pela Resistência à Compressão Uniaxial em
Utilizando as equações acima obteve-se a curas iniciais através do Penetrômetro Digital.
Resistência ao Cisalhamento mínima de 53,80 A Tabela 4 mostra a correlação entre os valores
kPa e 84,40 kPa para conter blocos de 1 e 2 de Resistência à Compressão Uniaxial e
toneladas respectivamente. As medições Resistência ao Cisalhamento obtidas a partir do
realizadas em campo com o Penetrômetro cenário mais conservador proposto por Bernard,
Digital nos forneceram resistências a descrito pela Equação 5, onde fc corresponde ao
compressão uniaxiais para diferentes tempos de valor de compressão uniaxial (UCS) em MPa.
cura do concreto. O estudo realizado por
Bernard (2008), permite correlacionar a τt = (0.28fc × e0.6) - 0.11 (5)
resistência a compressão com a resistência ao
cisalhamento de concreto com tempo inicial de
cura. A relação é demonstrada na Figura 8 a
seguir.
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REFERÊNCIAS
sob a superfície e passou a ser utilizada por segundo a sua instalação ou recuperação, em
companhias de serviços públicos responsáveis dois grupos: aqueles instalados por abertura de
pela execução de redes de distribuição de água, vala ou métodos tradicionais e aqueles
gás, telecomunicações, dentre outros, pelas instalados por métodos não destrutivos (MND).
vantagens que o método apresenta (CORAL et
al., 2015). 2.1.1 Método de abertura de vala
Em muitos casos, os custos diretos de
construção são equivalentes nos dois métodos Também denominado de método tradicional ou
(DEZOTTI, 2008; CORAL et al., 2015). No corte e aterro (cut and cover, em inglês), em
entanto, as vantagens dos MND são evidentes, decorrência da sequência construtiva, a
dentre elas: precisão na execução; redução dos execução do método de abertura de vala (MAV)
custos sociais, dos impactos econômicos e consiste na escavação de uma trincheira no
ambientais e requerem menos espaço terreno, implantação do duto e reaterro com
subterrâneo. compactação da vala (BUENO e COSTA,
Para determinar o melhor método a ser 2012). Dessa forma, este método implica
executado, deve-se observar algumas escavações ao longo da extensão longitudinal da
características de projeto, como o comprimento rede proposta, sendo necessário realizar, na
da rede, tipo de solo trabalhado, prazo de maioria das vezes, recomposição do piso ou
execução, interferências, custos, dentre outros. pavimento após a instalação (NAJAFI, 2017).
Além disso, o projeto de construção de um duto Segundo a NBR 12266/92 (ABNT, 1992), a
com o melhor custo-benefício requer uma qual fixa as condições exigíveis para projeto e
compreensão clara de todos os fatores execução de valas para assentamentos de
associados a suas condições específicas. tubulações de água, esgoto ou drenagem urbana,
O presente artigo apresenta um comparativo devem ser consideradas fundamentalmente as
entre o método tradicional de abertura de vala e seguintes fases para o assentamento das
o método não destrutivo, especificamente o de tubulações: sinalização; remoção do pavimento;
perfuração direcional (HDD). Foram analisadas escavação; escoramento; esgotamento; preparo
12 obras localizadas no estado do Rio Grande do fundo de vala e assentamento; reaterro e
do Norte para verificar se o MAV apresenta adensamento; remoção do escoramento;
vantagens econômicas em relação ao HDD. recomposição da pavimentação.
Embora seja considerado um método
2 REVISÃO DE LITERATURA confiável, o MAV pode ter custo associado
elevado, principalmente em áreas urbanas
2.1 Métodos construtivos congestionadas. Isso ocorre, geralmente, pela
necessidade de restaurar as superfícies e
Para a instalação, recuperação, reparo e executar o assentamento do solo. Além disso, os
substituição de infraestruturas subterrâneas operários devem escavar cuidadosamente
deve-se optar dentre os diversos métodos enquanto manobram outros serviços para
disponíveis. Segundo Dezotti (2008), a seleção alcançar a profundidade requerida, o que
do método depende das seguintes condições diminui a produtividade e eficiência
específicas de cada projeto, dentre as quais: a) (ARIARATNAM et al., 1999). Por esses
características do solo ao longo do traçado; b) motivos este método de instalação e
diâmetro da tubulação; c) comprimento máximo recuperação tem sido desencorajado em centros
da tubulação; d) precisão requerida; e) prazo de urbanos (DEZOTTI, 2008), apesar de ser o mais
execução e f) disponibilidade local do método utilizado no Brasil.
construtivo.
Os dutos enterrados podem ser classificados, 2.1.2 Métodos não destrutivos
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Sabendo-se que os custos diretos de ou drenagem urbana; ii) NBR 9814 (1987) –
construção são os mais avaliados durante os Execução de rede de coletora de esgoto
projetos e que o MND é mais vantajoso quando sanitário.
analisados os outros custos já abordados, neste Após consultar as tabelas de preço da
trabalho optou-se por realizar um comparativo Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande
dos custos diretos de construção para verificar do Norte (CAERN, 2017) e do Sistema
se o MAV apresenta vantagens econômicas em Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
relação ao HDD, nesse aspecto. Construção Civil (SINAPI, 2017), referentes ao
Para a obtenção dos custos das redes por mês de agosto e setembro de 2017,
abertura de vala e reaterro, foram considerados respectivamente, se identificaram os valores
os serviços principais em termos de custo para o vigentes dos serviços e insumos avaliados, os
MAV, quais sejam, demolição do pavimento, quais foram paralelamente quantificados.
escavação mecanizada de vala, escoramento de Os resultados apresentados a seguir são
valas, reaterro mecanizado, regularização e baseados em planilhas elaboradas com o
compactação de subleito e reconstrução do objetivo de determinar os custos para cada
pavimento. Além disso, o tipo de escoramento método de construção adotado. As planilhas
escolhido foi o de blindagem pesada, ou incluem as características das obras analisadas,
popularmente denominado escoramento tipo as composições de custos diretos para o MAV,
gaiola, por ser amplamente utilizado na prática os valores unitários estimados para o HDD e o
local. comparativo de custos entre os métodos.
De acordo com os diâmetros das tubulações,
foram consultadas as seguintes normas para 4 RESULTADOS
determinar a dimensão das valas, optando-se
sempre pelo maior valor encontrado: i) NBR 4.1 Método não destrutivo: técnica de
12266 (1992) – Projeto e execução de valas perfuração direcional horizontal
para assentamento de tubulação de água, esgoto
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construção, o método de abertura de vala custos sociais gerados pela instalação, manutenção
apresenta-se mais vantajoso que a técnica HDD. e substituição de infraestruturas urbanas
subterrâneas. 2008. 231p. Tese (Mestre em
Apesar de provocar menos interferência no Engenharia Civil: Transportes) Escola De
tráfego e impacto ambiental, a técnica HDD Engenharia de São Carlos, São Paulo.
mostrou custo financeiro superior, sendo, em Gangavarapu, B. S.; Najafi, M.; Salem, O. Quantitative
média, 41% mais oneroso que o MAV. Em analysis and comparision of traffic disruption using
apenas um caso analisado, o HDD apresentou- open-cut and trenchless methods of pipe
installation. Baltimore, Estados Unidos, julho 2013.
se 9% mais econômico que o método Massara, V. M.; Fagá, M. T. W.; Udaeta, M. E. A
tradicional, resultado que pode ser atribuído às importância do método não destrutivo na
características de maior profundidade dessa implantação de redes de gás natural em cidades
obra em particular. consolidadas. Campinas, SP, 2007. Disponível em:
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* Em que m é um parâmetro que estima a dependência ao estado de tensão, p a tensão de referência, Eur é o módulo
de carregamento/descarregamento e Rf a razão de falha
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Figura 5. Resultados obtidos após as simulações, comparando os deslocamentos obtidos à época da construção com
os deslocamentos em simulações em que se utilizou injeções
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TEMA:
ESCORREGAMENTOS
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RESUMO: O procedimento generalizado das fatias, proposto por Janbu, pode ser utilizado para
resolver problemas de estabilidade de taludes em solos ou em rochas, usando a superfície de rupturas
de formato arbitrário. Um simulador computacional do método de Janbu foi implementado no
Ambiente Integrado de Desenvolvimento Lazarus. O simulador implementado foi utilizado para
realização de retro-análises do escorregamento do reservatório da barragem de Vajont, cujas as
superfícies de ruptura eram não circulares e podem ter seu fator de segurança calculado pelo Método
de Janbu. Para várias seções do talude do reservatório que rompeu foram determinados os conjuntos
de coesão e ângulo de atrito que levam a um fator de segurança unitário. Estes resultados permitem
discutir a faixa de coesão e de ângulo de atrito que seja representativa da situação de campo no
momento da ruptura e compreender melhor o processo da ruptura.
W P dE dQ
p z q (2) T E tan f ht zQ (6)
x x dx dx
ce ( u ) tan e (3)
Onde p=W/x e t=T/x.
p t tan (4) Para =0 o valor da resistência ao
cisalhamento tf=c=su é conhecido como força
E Q ( p t )x tan x(1 tan ² ) (5) por unidade de área. Consequentemente a
equação 9 é respectivamente explicito para F e
o parâmetro desconhecido é t, qual pode ser
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obtido por iteração para a equação 6. A' [c'( p u ) tan ' ]x (15)
Desse modo no caso geral quando >0 uma
fórmula para a resistência ao cisalhamento deve 1 (1 / F ) tan ' tan
ser derivada. Quando é introduzido a equação 4 n (16)
1 tan ²
na expressão geral de resistência ao
cisalhamento, obtém se A'
A (17)
n
f c ' ( p t u tan ) tan ' (10)
O termo imediato na é transposto versos tan
Introduzindo =f/F e solucionando para f, para diferentes valores de tan´/F na Figura 3.
por fim Num cálculo a mão pode se economizar tempo
obtendo na para a Figura 3.
c '( p t u ) tan '
f (11)
1 (1 / F ) tan ' tan
A f x (1 tan ² ) (13)
Uma vez calculado o termo A para cada fatia,
a resistência de cisalhamento f é obtida da
Inserindo as equações 9 e 11 na equação 8, a equação 13:
fórmula para o fator de segurança médio é
reduzido para: f A
(18)
b F F (1 tan ² )x
A
F a
b
(14) A tensão normal total da superfície de
E a Eb B ruptura é novamente calculada como a seguir:
a
p t tan (19)
Para ´=0 (tf=su), o fator de segurança ocorre
apenas na esquerda à equação 14 e pode ser De acordo com a equação 4.
resolvida diretamente. Para ´>0, F aparece em Introduzindo as equações 12 e 13 na equação
ambos os lados da equação 14 e uma solução de 5, e observando que =f/F, obtém se para cada
tentativa e erro é requerida. fatia
Introduzindo a equação 11 na equação 13 o
termo A para cada fatia pode ser calculado em A
três passos, a seguir E B (20)
F
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710
aqui apresentada. As seções 2, 5 e 10 foram 200
150
analisadas sem o reservatório e com níveis do 100
reservatório em 650 e 710 metros. Estas análises 50
0
foram analisadas com e sem a consideração de 0 5 10 15 20 25 30 35
chuva. (graus)
As curvas de coesão e ângulo de atrito que
levam a um fator de segurança unitário foram Figura 12. Deslizamento de Vajont – seção 02, com
levantadas para dezoito situações. As Figuras 12 chuva.
e 13 mostram os resultados para a seção 2,
respectivamente, para situação com chuva e sem 400
Seção 02 - sem chuva
350
chuva. As Figuras 14 e 15 mostram os 300 0
resultados para a seção 5, respectivamente, para 250
C (kPa)
650
200
situação com chuva e sem chuva. As Figuras 16 150
710
400
400
Seções 2, 5 e 10
Seção 05 - com chuva 350
350
300
300 0 250
C (kPa)
250
C (kPa)
650 200
200 150
710
150 100
100 50
50 0
0 5 10 15 20 25 30 35
0
(graus)
0 5 10 15 20 25 30 35
Seção 2 sem reservatório e sem chuva Seção 2 sem reservatório e com chuva
(graus) Seção 2 com reservatório a 650m e sem chuva Seção 2 com reservatório a 650m e com chuva
Seção 2 com reservatório a 710m e sem chuva Seção 2 com reservatório a 710m e com chuva
Seção 5 sem reservatório e sem chuva Seção 5 sem reservatório e com chuva
Seção 5 com reservatório a 650m e sem chuva Seção 5 com reservatório a 650m e com chuva
Seção 5 com reservatório a 710m e sem chuva Seção 5 com reservatório a 710m e com chuva
Figura 14. Deslizamento de Vajont – seção 05, com Seção
Seção
10 sem reservatório e sem chuva
10 com reservatório a 650m e sem chuva
Seção
Seção
10 sem reservatório e com chuva
10 com reservatório a 650m e com chuva
chuva. Seção 10 com reservatório a 710m e sem chuva Seção 10 com reservatório a 710m e com chuva
300 0
1400
250 1200
C (kPa)
Tensão Cisalhante
650
200 1000
Tensão Normal
710
150
Tensão (kPa)
800
100 600
50
400
0
200
0 5 10 15 20 25 30 35
0
(graus) 100 200 300 400 500 600 700
-200
Coordenada X (m)
Figura 15. Deslizamento de Vajont – seção 05, sem
chuva. Figura 19. Tensões normais e cisalhantes na base das
fatias, segundo o método de Janbu, na seção 2,
400
Seção 10 - com chuva
considerando = 10° e c = 190 kPa.
350
300
0
250
C (kPa)
650
200
150 710
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35
(graus)
300
0
250
C (kPa)
650
200
150 710
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35
(graus)
7 CONCLUSÕES Proc. 4th Int. Conf. Soil Mech. Found. Eng., London.
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As retro-análises permitiram levantar a faixa Lazarus and Free Pascal Team (2014) Lazarus.
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as superfícies de ruptura do deslizamento, em Acesso em 13 de março de 2014.
Müller, L. (1987) The Vajont Catastrophe - A personal
conformidade com cada hipótese adotada para o review. Engineering Geology, Vol.24, n.1-4, p.423-
momento da ruptura. Os parâmetros de 444.
resistência mais prováveis são = 10° e c = 210 Sancio, R.T. (1981) The use of Back-calculations to
kPa. As retro-análises possibilitaram ainda a Obtain Shear and Tensile Strength of Weathered
construção de um gráficos de tensões normais e Rocks. International Symposium on Weak Rock,
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cisalhante ao longo da base das fatias estudadas. Semenza, E. e Ghirotti, M. (2000) History of the 1963
Um modelo DDA (Discontinuous Vaiont slide: The importance of geological factors.
Deformation Analysis) foi capaz de reproduzir Bulletin of Engineering Geology and the
uma cinemática de movimento de uma das Environment, Vol.59, n.2, p.87-97.
seções estudadas, para os parâmetros de Sitar, N. e MacLaughlin, M.M. (1997) Kinematics and
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TEMA:
ESTABILIDADE DE ENCOSTAS
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RESUMO: Este trabalho se propôs a preencher uma lacuna na literatura geotécnica sobre a
problemática dos taludes urbanos. Realizou-se uma revisão bibliográfica atualizada do tema.
Analisaram-se as formas de investigação para esse problema, os fatores condicionantes de
movimentos de massa característicos a taludes em zona urbana, e as soluções costumeiramente
adotadas para situações do tipo. Conclui-se que os fatores críticos à estabilidade de encostas urbanas
normalmente não ocorrem de maneira isolada. Fatores condicionantes frequentes de movimentos de
massa em áreas urbanas são: alterações na vegetação e na geometria de encostas para construção de
moradias; saturação e mudança química do solo devido ao esgoto sanitário não-coletado; e a
construção sobre aterros mal compactados. É importante que haja divulgação de estabilizações bem-
sucedidas de taludes urbanos para que haja maior confiabilidade nos projetos futuros.
pela raiz (MENDONÇA; GUERRA, 1997 apud da ruptura de um talude em São José dos
OLIVEIRA; MÉLO, 2005) Campos, SP. A partir de análises numéricas de
estabilidade de talude combinadas a análise
3.1.2 Alterações na Geometria do Talude transiente de fluxo de água, os autores
concluíram que somente a chuva acumulada nos
Bastante comum em encostas de ocupação não dias anteriores ao evento de movimento de massa
planejada é a modificação na topografia para a não seria suficiente para provocá-lo. A análise
construção de edificações. Cortes e aterros para indicou que, naquele caso, foi necessária a
a construção de moradias na encosta são existência de um ponto de vazamento de um
realizados com bastante frequência e sem tanque de armazenamento de água para
maiores considerações para seus efeitos na engatilhar a ruptura.
vizinhança. O efeito acumulado de todas essas Em regiões sem a oferta do serviço de coleta
atividades irregulares de terraplenagem tem de esgoto, ocorre o despejo de águas servidas
grande peso na alteração da estabilidade do (esgoto pluvial e sanitário) diretamente no
talude, acrescentando massa à região maciço, causando não somente erosão e
instabilizadora e retirando material da região saturação, como também alteração química do
estabilizadora. solo. O Guia para Elaboração de Políticas
Outras alterações significativas na geometria Municipais de Prevenção de Riscos de
da encosta envolvem escavações que podem Deslizamento, editado pelo Ministério das
causar o descalçamento de blocos rochosos e Cidades, utiliza a existência de esgoto lançado na
revelar superfícies críticas como fraturas ou superfície dos taludes como critério para a
planos preferenciais de ruptura que classificação de uma região como área de risco
originalmente estavam em equilíbrio e sem muito alto (CARVALHO; GALVÃO, 2006).
riscos de movimentação. (SUAREZ, 1997) A vazão de águas residuárias é praticamente
constante, elevando o grau de saturação do solo
3.1.3 Escoamento Nocivo de Água (NOGUEIRA, 2002; ASSUNÇÃO, 2005;
BARBOZA et al., 2017). A água servida
A saturação do maciço é talvez o gatilho mais proveniente das moradias pode contribuir
recorrente de movimentos de massa. fortemente à saturação do material e manter o
Normalmente, em encostas naturais, está talude em condição de quase ruptura, com um
associada a grandes eventos de chuva. Em fator de segurança muito próximo à unidade.
taludes urbanos, no entanto, há outras Santos e Assunção (2005) determinaram que o
considerações que devem ser feitas, uma vez que volume de água residuária descartado no solo por
são várias as causas que podem saturar o solo e assentamentos urbanos carentes de esgotamento
levá-lo a uma situação crítica. sanitário é bastante elevado, podendo igualar ou
Fugas e rompimentos de instalações mesmo exceder o volume infiltrado de chuva
hidráulicas e sanitárias, muito comuns nos dutos quando a ocupação territorial é de densidade
de serviços públicos, podem causar saturação de média ou alta (cerca de 120 l.hab/dia). Ainda
partes do solo (NOGUEIRA, 2002; de CAMPOS assim, esse não é necessariamente o gatilho da
et al, 2005; OLIVEIRA; MÉLO, 2005; BRASIL; ruptura, papel normalmente reservado a eventos
IPT, 2007; BARBOZA et al, 2017). Suárez pontuais e mais expressivos de chuva, mas deixa
(1997) cita o caso histórico de um deslizamento a encosta mais suscetível a pequenos aumentos
de 120.000 m³ de uma encosta em Bucaramanga, na pluviosidade ou mudanças na geometria do
na Colômbia, induzido por infiltrações de um talude por escavações, que podem então ser
tanque de fornecimento de água posicionado na suficientes para iniciar um movimento
crista de um talude de areia argilosa cimentada, desastroso (BARBOZA et al., 2017).
que aumentaram o nível de água subterrânea em
mais de 10 metros. Mendes et al (2017) 3.1.4 Depósitos e Aterros Artificiais
analisaram as causas naturais e antropogênicas
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Em regiões urbanas, depósitos artificiais são pavimentação das vias, fornecimento de água e
bastante comuns (GUSMÃO FILHO, 1995) energia elétrica.
Compostos por uma mistura de lixo doméstico, Em abril de 2010 ocorreram fortes chuvas em
entulho, material vegetal e solo proveniente de Niterói. As chuvas intensas foram o agente
cortes para construção de residências, essa deflagrador da ruptura do talude, que já não tinha
camada heterogênea apresenta características condições de grande estabilidade. O movimento
peculiares. Depósitos desse tipo tendem a ser observado foi uma corrida de detritos,
não-consolidados, bastante permeáveis, porosos envolvendo um material heterogêneo composto
e pouco resistentes (MENDONÇA; GUERRA, por uma mistura de solo, entulho e lixo. À
1997; CARVALHO, 1997). medida que o material se deslocava, explosões
Os aterros e depósitos de resíduos tendem a decorrentes da presença de gás metano
reter água, podendo exercer carga excessiva acentuaram o escorregamento e ampliaram as
sobre o talude e causar instabilização do mesmo. proporções do desastre. O deslizamento causou
O lixo acumulado ainda pode entupir valas e a morte de 48 pessoas. (ALVES FILHO, 2010)
contribuir para a desestabilização de encostas
através da precarização da rede de drenagem 3.1.5 Moradias em Áreas de Evolução Natural
(NOGUEIRA, 2002; BARBOZA et al., 2017). da Costa
Os movimentos de massa em encostas de
depósitos artificiais costumam apresentar Por vezes, a construção das edificações ocorre
superfícies de ruptura que ocorrem dentro dessa em encostas em processo de movimentação de
camada, não atingindo, ou atingindo somente de velocidade bastante lenta. É o caso de casas
maneira superficial, o solo de fundação do construídas sobre colúvios que vêm sofrendo o
terreno original. (CARVALHO, 1977). É fenômeno de rastejo. Essas movimentações do
frequente existir impermeabilidade no contato solo ocorrem naturalmente devido à condição
entre o depósito e o terreno natural, devido à original do talude e provocam na edificação
vegetação original que foi soterrada e decompôs- deformações além das suportáveis pelos
se. Essa interface impermeável auxilia na materiais construtivos. Assim, uma casa, ou
geração de poropressões positivas no solo mais mesmo obras de infraestrutura, podem sofrer
superficial (CARVALHO, 1997; OLIVEIRA; com trincas e rupturas tornando-as aos poucos
MÉLO, 2005). Silva, Pimentel e Freitas (2000) degradadas e até inutilizadas.
analisaram inventários de dados de movimentos Em Santa Cruz do Sul, no estado do Rio
de massa no estado do Rio de Janeiro e Grande do Sul, a estrutura de várias moradias foi
demonstraram que até 1996 17% dos eventos afetada pela movimentação lenta de taludes.
significativos de escorregamentos haviam sido Pinheiro et al (2012) instrumentaram e
caracterizados como corridas de lixo. monitoraram as patologias de habitações de
O deslizamento do morro do Bumba, em classe alta em uma encosta na parte nordeste da
Niterói, é um caso emblemático na análise de cidade. Os autores verificaram deformações
taludes urbanos. O morro do Bumba era significativas, mas lentas (da ordem de 40cm em
originalmente um depósito de lixo que foi 5 anos), devido à movimentação de solo
desativado na década de 80. O material era coluvionar, e determinaram que cerca de metade
composto por camadas intercaladas de solo e das edificações avaliadas apresentaram algum
lixo. O lixo, ao sofrer decomposição, deu origem tipo de patologia provocada pela movimentação
a gás metano e chorume que se acumularam no da encosta. Em 2003, Eisenberger realizou
subsolo. Com o tempo, a vegetação recobriu os estudos na mesma região e obteve resultados
detritos e a população ocupou a área construindo semelhantes. Já Perazzolo (2003) estudou um
suas casas. A urbanização foi permitida pela talude no interior do município de Canela, na
municipalidade por meio dos investimentos em Serra gaúcha, e também identificou
infraestrutura que fez na região, com movimentação por rastejo de solo coluvionar.
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onde já ocorreu um acidente. Ademais, o custo terra e consumo de uma grande área. Deve-se
de remoção de famílias pode ser muito maior que considerar que, normalmente em taludes
o de execução de obras de engenharia. Almeida, urbanos, o espaço disponível para uma obra de
Gerscovich e Pacheco (2017) estudaram os contenção é limitado, o que pode restringir a
benefícios dos investimentos governamentais em escolha quanto ao tipo de obra a ser
obras de estabilização na comunidade da implementado. Situações assim privilegiam
Rocinha, no Rio de Janeiro, e concluíram que o tipos de obras que não necessitam de muita
custo com as obras foi de apenas 23,18% do movimentação de terra ou grandes alterações na
estimado para relocação e indenização das topografia original do talude. Cortinas
famílias possivelmente afetadas. atirantadas, estabilização de taludes com solo
grampeado, faceamento em concreto projetado
3.2.5 Melhoria da Infraestrutura Básica são soluções que se adaptam bem a esse
contexto. Qualquer que seja a solução adotada,
Como um dos fatores que pode levar à os projetos que envolvem obras de contenção de
instabilização de um talude é o esgoto (pluvial solo devem atender às condições de estabilidade
ou sanitário) jogado diretamente no solo, seja previstas pela NBR 11682 (ABNT, 2009).
devido a vazamentos, falta de rede coletora ou
percolação no solo através de sumidouros, a
implantação do saneamento básico em 4 CONCLUSÃO
comunidades carentes pode diminuir
drasticamente o risco de instabilização de Os fatores críticos à estabilidade de taludes
encostas. Ademais, a construção de vias típicos de encostas urbanas normalmente não
pavimentadas em comunidades carentes facilita ocorrem de maneira isolada, e têm em comum a
o acesso aos serviços de coleta de lixo, origem antropogênica. A análise de taludes
manutenção e fiscalização, que são essenciais urbanos deve ser feita de maneira integrada e
para a diminuição do risco inerente ao talude avaliar tanto os condicionantes naturais como os
urbano, ao evitarem, por exemplo, práticas como antropogênicos. Deve-se dar especial atenção às
os aterros de detritos, permitirem o acesso da cidades mais populosas e aos locais de grande
Defesa Civil em casos de emergência e coibirem adensamento populacional, pois são nestes locais
cortes e aterros indevidos. que há o maior número de vítimas de
movimentos de terra. A pressão social por
3.5.6 Obras de Estabilização de Taludes moradia e a dificuldade em prover serviços de
infraestrutura adequados são fatores críticos. No
Talvez as intervenções mais visíveis na melhoria entanto, mesmo regiões de classe alta em cidades
da segurança dos taludes urbanos são as obras de pequenas podem ser suscetíveis a movimentos
estabilização de taludes. Alguns exemplos são as de massa, dependendo de condicionantes como
obras listadas na pesquisa de Almeida, relevo e clima.
Gerscovich e Pacheco (2017), realizadas na Dessa maneira, a análise das rupturas de
região da Rocinha (RJ): muro de concreto armado taludes urbanos é difícil, já que múltiplas causas
ou ciclópico, muretas estaqueadas, revestimento do podem estar envolvidas. O fator antropogênico
talude com concreto projetado, cortina atirantada, pode ser o principal, e as questões climáticas
estabilização de talude com solo grampeado e apenas deflagradoras, por exemplo, mas o
barreira de impacto para taludes rochosos. contrário também é possível. Como a
Muros (de gravidade ou de flexão) tendem a investigação de áreas densamente urbanizadas é
ser soluções de execução mais simples por não complexa e, frequentemente, insuficiente, o
exigirem maquinário especializado, e assim são estudo das causas e a previsão das possíveis
competitivos economicamente. Para executá-los, instabilidades é ainda mais dificultado. Têm-se,
no entanto, requer-se uma reconfiguração no entanto, que alguns aspectos particulares dos
geométrica do terreno, com movimentação de taludes urbanos são frequentemente fatores
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RESUMO: Este trabalho teve como objetivo proceder à análise de estabilidade de um talude de corte,
localizado no Campus da UFJF, com o emprego do Método Probabilístico das Estimativas Pontuais.
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo foram obtidos a partir de ensaios de
cisalhamento direto, na condição inundada. A envoltória linear média indicou intercepto coesivo de
18,81 kPa e ângulo de atrito de 21º. A partir desses parâmetros foi obtido um Fator de Segurança (FS)
igual a 2,50 pelo método determinístico. Ao proceder às análises pertinentes ao método probabilístico
adotado obteve-se um valor médio de FS igual a 2,44 e um desvio padrão de 0,33. Isso resultou em
um índice de confiabilidade de 4,36 e em uma probabilidade de ruptura de 8,0 x 10-6. Com base neste
último valor e nos critérios de segurança citados na literatura, a condição do talude com relação à
ruptura pode ser enquadrada como sendo de boa para alta. Além disso, o valor de probabilidade de
ruptura obtido para o talude permite verificar que o mesmo se encontra com os níveis aceitáveis de
performance para esse tipo de obra.
Com isso, este trabalho tem por objetivo apresentados, levam a probabilidades de ruptura
analisar o talude de corte localizado na via que que se aproximam muito do valor encontrado
dá acesso à Pró-Reitoria de Infraestrutura para a Curva de Distribuição Normal. Esse valor
(PROINFRA) da UFJF por método passa a diferir mais significativamente quando se
probabilístico, considerando os dados analisa índices de confiabilidade maiores que 2.
estatísticos obtidos através da envoltória de Pode-se notar, também, que para pequenos
resistência, determinada por meio dos ensaios de valores de índices de confiabilidade [1,5;5], a
cisalhamento direto com corpos de prova na distribuição normal é mais conservadora, uma
condição inundada. vez que ela leva à probabilidade de ruptura
maior. Dessa forma, na ausência de dados, é
indicado o uso da distribuição normal.
2 MÉTODOS PROBABILÍSTICOS Calculado o índice de confiabilidade e obtida
a probabilidade de ruptura, deve se atentar para
Segundo Flores (2008), em linhas gerais, a os valores permitidos considerando os vários
análise probabilística baseia-se na obtenção de tipos de obras existentes e o tipo de segurança
um índice de confiabilidade, , que permite que se deseja, assim como a consequência
quantificar a probabilidade de ruptura. advinda dela, ou seja, a probabilidade de ruptura
A probabilidade de ruptura é a probabilidade admissível (FLORES, 2008).
do fator de segurança ser inferior à unidade e se O Corpo de Engenheiros do Exército dos
refere à área em que a curva de densidade de EUA (USACE, 1995) apresenta o gráfico da
probabilidade do FS corresponde a valores Figura 2, onde correlaciona o índice de
inferiores a 1,0 (SILVA, 2015). confiabilidade com a probabilidade de ruptura.
A probabilidade de ruptura pode ser obtida Este órgão recomenda que, para obras de taludes,
numericamente através da equação de densidade valores de probabilidade de ruptura de 3x10 -5
de probabilidade ou graficamente pela Figura 1, estão em níveis aceitáveis de performance.
como indicado por Fabrício (2006), ambos em
função do índice de confiabilidade (β).
retroanálises de taludes estáveis e rompidos de Sendo que E[x] é o valor médio do parâmetro
mineração de ferro, concluíram pela adoção de x, e σx é o correspondente desvio padrão.
uma probabilidade de ruptura de 2,3 x 10-2 como Encontrados os pontos, a função geradora de
valor mínimo de projeto. momentos (Equação 3) pode ser calculada.
Os métodos probabilísticos podem ser
divididos em: métodos analíticos, métodos 𝐸(𝐹𝑆 𝑚 ) = 𝑃+𝐹𝑆+𝑚 + 𝑃− 𝐹𝑆−𝑚 (3)
aproximados e simulação de Monte Carlo
(COSTA, 2005). Dentre os métodos Onde E(FSm) é a função geradora de
aproximados, tem-se o Método das Estimativas momentos e m é a ordem do momento
Pontuais que, por simplicidade de uso, foi o probabilístico de interesse.
adotado neste trabalho. Assim, segundo Rezende (2013), para a
Criado por Rosenblueth (1975), o método das utilização deste método, calcula-se
estimativas pontuais é uma aproximação primeiramente a média (Equação 4), a média dos
numérica de técnicas de integração que consiste quadrados (Equação 5), e, com isso, a variância
em transformar uma variável contínua em uma do Fator de Segurança (Equação 6) para a
variável discreta, utilizando apenas dois pontos obtenção do desvio padrão (Equação 7).
x+ e x- com concentrações de probabilidade P+ e
P- (Figura 3). 2𝑛
1
𝐸 (𝐹𝑆) = ̅̅̅̅
𝐹𝑆 = 𝑛 ∑ 𝐹𝑆𝑖 (4)
2
𝑖=1
2𝑛
1
𝐸(𝐹𝑆 ) = 𝑛 ∑ 𝐹𝑆𝑖2
2
(5)
2
𝑖=1
2
𝜎𝐹𝑆 = 𝑉(𝐹𝑆) = 𝐸(𝐹𝑆 2 ) − [𝐸(𝐹𝑆)]2 (6)
Assim, é feita uma estimativa dos dois Após a realização destes cálculos, pode ser
primeiros momentos probabilísticos (média e feito o cálculo do índice de confiabilidade β
variância) a partir de uma função geradora de (Equação 8) para que, através do gráfico
momentos. Esta função vem das análises apresentado na Figura 1, seja obtida a
determinísticas da permutação dos valores probabilidade de ruptura.
médios dos parâmetros envolvidos no cálculo do
FS, acrescidos e diminuídos do desvio padrão ̅̅̅̅ − 1
𝐹𝑆 (8)
(FABRÍCIO, 2006). Esta técnica cria a 𝛽=
𝜎𝐹𝑆
necessidade de 2n análises determinísticas, onde
n é o número de variáveis atuantes.
Logo, para encontrar os valores de xi+ e xi-, 3 LOCAL DE ESTUDO
utilizam-se a Equação 1 e a Equação 2,
respectivamente. Na cidade de Juiz de Fora os casos de ruptura em
taludes naturais são frequentes, principalmente
𝑥𝑖+ = 𝐸 [𝑥𝑖 ] + 𝜎𝑥𝑖 (1) nos períodos de maior pluviosidade (G1, 2016),
visto que a cidade possui relevo bastante
𝑥𝑖− = 𝐸 [𝑥𝑖 ] − 𝜎𝑥𝑖 (2) acidentado. Portanto, tem-se a necessidade de
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∑N
i=1(Si − S)² (9)
MSE =
N−2
Onde:
MSE é o erro médio quadrado;
Si é a tensão cisalhante máxima medida em cada
ensaio;
S é tensão cisalhante obtida na reta de regressão
para determinada tensão normal;
N é o número de determinações experimentais.
O fator de segurança foi obtido através da Os desvios padrões do intercepto coesivo (σc),
ferramenta computacional Slope/W do pacote da tangente do ângulo de atrito (σtg) e do ângulo
GeoStudio 2007, utilizando os parâmetros de atrito (σ) foram determinados através das
médios de resistência (c, ∅). equações 13, 14 e 15, respectivamente.
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CP τ/σ
45 (kPa) (%) (%) (%) (kPa) (kPa)
1 25 23,7 33,4 97 25,1 40,3 1,61
35
2 25 7,7 40,6 100 25,4 16,7 0,66
25 3 25 24,0 37,9 100 25,14 28,55 1,13
4 50 23,4 35,4 100 50,0 47,1 0,94
15
5 50 23,5 35,6 96 50,0 43,5 0,87
5 6 50 23,6 38,6 100 50,3 23,0 0,46
-5 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 7 100 24,3 39,3 100 100,1 55,9 0,57
Deslocamento Horizontal (cm) 8 100 23,2 34,54 89 106,4 59,83 0,56
9 100 12,4 38,2 91 106,67 60,55 0,57
Figura 5 - Tensão cisalhante versus Deslocamento
horizontal (OLIVEIRA JÚNIOR, 2016 e AUTORES,
2018). Os parâmetros médios de resistência obtidos
foram intercepto coesivo de 18,81 kPa e ângulo
CP1 - 25 kPa
CP4 - 50 kPa
CP2 - 25 kPa
CP5 - 50 kPa
CP3 - 25 kPa
CP6 - 50 kPa de atrito correspondente a 21°.
CP7 - 100 kPa CP8 - 100 kPa CP9 - 100 kPa
0,05 Ressalta-se que a correlação apresentou r² de
0,70 e, consequentemente, r de 0,84, indicando
Deslocamento Vertical (cm)
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 correlação alta (Tabela 1). Este fato decorre
-0,05 provavelmente da heterogeneidade estrutural do
solo, no qual foi observada macroporosidade
-0,1
marcante.
-0,15
60
50
40
Cota (m)
30
20
10
0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tensão Normal (kPa)
Alberto S. F. J. Sayão
PUC-Rio, Rio de Janeiro, Brasil, sayao@puc-rio.br
[3]
2- ESTUDO DE CASO
Tangente do ângulo
0,781 0,0072 0,09
de atrito - Φ’
Tabela 2- Análises probabilísticas pelo método EP
Nível d’água - u 120 400 20
β PR
Método de
FS Deter-
Equilíbrio
minístico sup sup sup sup
Limite
livre fixa livre fixa
3- ANÁLISES E RESULTADOS Bishop
Simplificad 1,26 1,61 1,44 1:20 1:14
As análises EP foram feitas considerando o
apenas três variáveis aleatórias (c’, Φ’, e u), Spencer 1,26 1,48 1,21 1:14 1:9
visto que Sandroni e Sayão (1992)
constataram que os parâmetros ɣ , ɣ são Morg-Price 1,26 1,61 1,43 1:19 1:13
variáveis de pouca influência neste caso
específico. Como cada análise no método EP
gera um valor de Pr, foram realizadas 2 4 - COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES
análises de Estimativas Pontuais para cada
método de equilíbrio limite, para investigar a O método EP mostrou-se sensível à fixação
influência da fixação da superfície crítica de da superfície crítica de ruptura determinística
ruptura determinística nas análises nas análises realizadas com os métodos de
probabilísticas. Três métodos de equilíbrio Bishop, Spencer, e Morgenstern-Price. Este
limite foram considerados: Bishop resultado difere do observado nas análises
Simplificado (1955), Spencer (1967) e FOSM reportadas por Vecci (2018), que
Morgenstern-Price (1965). A figura 4 ilustra observou resultados similares de quando a
a análise por Estimativas Pontuais feita com superfície crítica foi mantida fixa ou livre.
a fixação da superfície crítica de ruptura No método das Estimativas Pontuais, foi
indicada na análise determinística inicial por confirmada a variação do índice de
Morgenstern-Price. Os resultados das confiabilidade (β) em função do método de
análises por Estimativas Pontuais são equilíbrio limite adotado, em especial quando
apresentados na Tabela 2. As variáveis a superfície crítica pode variar livremente.
estudadas neste trabalho são consideradas Devido a essa sensibilidade do método EP em
independentes entre si e com distribuição relação à superfície de ruptura adotada, o
normal (Dell’Avanzi, 1995). O índice foi método FOSM deve ser considerado a
calculado pela equação [1] e o valor de Pr foi melhor opção para análises probabilísticas de
obtido pela relação x Pr, apresentada na segurança, quando comparado aos demais
Figura 1. métodos.
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É importante ressaltar a função da análise de Taludes. Dissertação de mestrado,
probabilística de complementar a análise Departamento de Eng. Civil, PUC-Rio, 225p.
determinística, não devendo uma substituir a
outra. Morgenstern, N. R. e Price, V. E. (1965) –
The Analysis of the Stability of General Slip
Surfaces. Geotechnique, vol. 15 (1), pp. 79-
AGRADECIMENTOS 93.
À CAPES e FAPERJ, pelo apoio financeiro Rosenblueth, R.Y. (1975). Point Estimates
que viabilizou a realização das pesquisas na for Probability Moments. Proc. of the
PUC-Rio. Os autores agradecem também à National Academy of Sciences, Mathematics
Geoprojetos Eng. Ltda pela cessão de fotos e Section, vol. 72 (10), pp. 3812-3814.
informações sobre a Mina do Cauê.
Sandroni, S. S. e Sayão, A. S. F. J. (1992) -
Avaliação Estatística do Coeficiente de
REFERÊNCIAS
Segurança de Taludes. 1ª Cobrae -
Araújo, M. B. (2018) – Considerações sobre Conferência Brasileira sobre Estabilidade de
Análise Probabilística em Estabilidade de Taludes, ABMS, Rio de Janeiro, vol.2, pp.
Talude de Barragem. Dissertação de 523-535.
mestrado, Departamento de Eng. Civil, PUC- Sayão, A. S. F. J., Sandroni, S. S., Fontoura,
Rio, 65p. S. A. B., e Ribeiro, R. C. H. (2012) -
Considerations on the Probability of Failure
Bishop, A. W. (1955) - The use of slip circle
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pp. 31‐38.
Geotechnique, Inglaterra, v. 5, n. 1, pp. 7-17.
Spencer, E. (1967) – A Method of Analysis of
Christian, J. T., Ladd, C. C. e Baecher, G. B.
the Stability of Embankment Assuming Inter-
(1992) - Reliability Applied to Slope Stability
Slice Forces. Geotechnique, vol. 17, pp. 11-
Analysis. Journal of Geotechnical
26.
Engineering, ASCE, vol. 120 (12), pp. 2180-
2207. Vecci, A. N. e Sayão, A.S. F. J. (2018) -
Análise da Segurança de um Talude de
Dell’Avanzi, E. (1995) - Confiabilidade e
Mineração. 16 CNG, Congresso Nacional de
Probabilidade em Análises de Estabilidade de
Geotecnia, SPG, Ponta Delgada, Portugal,
Taludes. Dissertação de mestrado,
05p.
Departamento de Eng. Civil, PUC-Rio, 135p.
Vecci, A. N. (2018) - Métodos de Análise da
Dell’Avanzi, E. e Sayão, A. S. F. J. (1998) -
Segurança de um Talude de Mineração.
Avaliação da Probabilidade de Ruptura de Dissertação de mestrado, Departamento de
Taludes. XI Congresso Brasileiro de Eng. Civil, PUC-Rio, 81p.
Mecânica dos Solos e Eng. Geotécnica,
ABMS, Brasília, vol. II, pp. 1289-1295.
RESUMO: A ocupação desordenada das cidades causa problemas em diversas áreas de uma
comunidade, sejam eles sociais, econômicos, de saúde pública, habitacional, entre outras. Assim,
estes problemas tem sido alvo de estudos nos mais diversos âmbitos com o intuito de solucionar ou
mesmo mitigar tais transtornos. Sendo um deles a instalação de residências em locais inapropriados
para moradia, o presente trabalho aborda sobre a estabilidade de taludes na cidade de Rio Paranaíba-
MG. Mesmo se tratando de uma cidade com baixo número de habitantes (12.431), ela tem
enfrentado dificuldades com o processo de ocupação desordenada, possuindo residências em locais
que oferecem risco de movimentaçao de massa, criando um cenário de preocupação acerca da
segurança da comunidade. Isto advém da baixa infraestrutura e falta de fiscalização na execução de
obras na área urbana do município. Visto isso, por meio de levantamentos visuais prévios, foram
observados os locais que estavam em risco e sendo eles em sua maioria nos bairros Olhos D´agua e
Prado, o estudo foi direcionado para esta área. A avaliação dos taludes foi realizada de acordo com a
norma da ABNT NBR 11682 - Estabilidade de Encostas, preenchendo-se para cada um o Laudo de
Vistoria contido na mesma. O critério de avaliação qualitativa dos riscos foi o elaborado pelo
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Unesp, o qual divide o grau de risco em quatro escalas,
sendo o risco R1 de menor potencialidade e gradativamente tem-se R4 o de maior. No total 10
taludes foram vistoriados e destes 10% encontra-se com risco R1, 30% sob R2, 30% sob R3 e 30%
sob R4. Conclui-se, a partir destes números, que uma intervenção em no mínimo seis destes deve
ser realizada com uma maior urgência, antecipando a ocorrência de algum tipo de desastre.
Este estudo justifica-se, uma vez que um dos discriminando os procedimentos indicados a
problemas enfrentados pelo município é a seguir na elaboração de estudos e projetos, na
ocupação desordenada, essa que acontece execução de obras ou serviços de implantação,
devido ao contingente de pessoas que procuram no acompanhamento destes e na manutenção de
emprego nas lavouras do município, instalando- tais obras ou serviços. Esta norma prescreve
se na área urbana onde não existe planejamento condições específicas, para estudos e para obras
do espaço físico. em taludes indivíduais.” Sendo assim, o
Apesar do relevo ser predominantemente presente trabalho, fez o uso da mesma para que
plano, na região periférica da cidade encontram- com o levantamento de dados quantitativos e de
se habitações instaladas à beira de taludes em relatório fotográfico pudessem levar as
situações de risco, com ausência de conclusões sobre o que deveria e poderia ser
planejamento, infraestrutura adequada e carente feito nas localidades. Para tal, realizaram-se
de apoio técnico. Perante ao fato abordado, vistorias técnicas nas regiões que apresentavam
tornou-se necessário uma avaliação dos locais condições de risco (bairro Olhos D’água e
de risco para a tomada das devidas precauções Prado) e definiu-se dez taludes que
ou intervenções, afim de que não ocorra apresentavam situação de maior risco. As áreas
nenhum tipo de desastre que venha a causar vistoriadas foram escolhidas mediante estudo
danos a população. visual prévio, onde detectou-se que na
Algumas operações poderiam ser realizadas localidade existia um grande número de taludes
para que fosse possível a solução total ou ao com predisposição ao movimento de massa e
menos parcial dos problemas supracitados. Uma que caso os mesmos viessem ao colapso
delas, de maneira mais rápida, é uma intensa e causariam problemas de âmbito econômico e
periódica fiscalização. Outra forma de se social para o município e os moradores. Tal
controlar a ocupação de locais de risco, seria a estudo foi concebido no início do ano de 2016,
efetivação de um plano diretor, o qual por nos meses de março a abril e as vistorias
pesquisa não foi constatado a existência, e que técnicas foram durante os meses de junho a
fosse deferido uma diretriz específica para setembro de 2016.
prevenção de acidentes relacionados ao tema A primeira análise foi definir a localização
deste artigo. A junção das duas seria realmente do talude (endereço e ponto de referência) para
o ideal para um cenário de tranquilidade acerca posteriormente, utilizando o software Google
do decorrido. Maps, achar a localidade na imagem de satélite
Para tanto, discorreu-se sobre os riscos os e as coordenadas UTM, referenciando o local
quais são encontrados na cidade de Rio com pontos no mapa, para uma visão espacial
Paranaíba, oriundos da ocupação desordenada, e do lugar do talude.
definindo a magnitude de cada um deles, pode As características geométricas dos taludes
ser feita uma estimação da urgência das (altura e largura) foram determinadas com o
providencias a serem tomadas. auxílio de uma trena e cálculo de médias, a
partir dos dados coletados da geometria do
talude foi usado o teorema de Pitágoras, por
2 METODOLOGIA meio de relações matemáticas, para definir a
inclinação.
A NBR 11682- Estabilidade de Encostas, diz Quanto à composição do talude (vegetação,
que: “Esta Norma especifica os estudos drenagem, relevo, condição de saturação e
relativos à estabilidade de encostas e às natureza do material) análises tácteis e visual
minorações dos efeitos de sua instabilidade em foram realizadas, por meio do conhecimento
áreas específicas predefinidas, objetivando a prévio da região de Rio Paranaíba e estudos
definição das interveções a serem analisadas e desenvolvidos no próprio local determinou-se
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os componentes de cada um. Sendo assim, chuvosa. A partir dessa escala torna-se possível
houve a possibilidade de registrar todos esses distinguir qual é a urgência de medidas de
dados do talude de forma contextualizada. correção e/ou contenção para que nenhum deles
A determinação de outros aspectos locais foi venha causar algum tipo de prejuízo para a
feita a partir da concepção do que se encontrava população.
no local, desde o tipo de ocupação (favela, área
urbana estruturada, etc.) até a densidade da Tabela 1. Mapeamento de riscos.
população (alta, média, baixa). Tais análises Riscos 1 2 3
R1 Baixa Nenhuma Não
foram feitas para que houvesse uma base de
R2 Média Alguma Reduzida
peculiaridades para especificar detalhes da R3 Alta Significativo Possível
localidade em que se encontrava o talude. R4 Muito Expressiva Muito
De acordo com os dados obtidos na primeira Alta Provável
parte do parecer da vistoria foi feito o
preenchimento da segunda parte do laudo, parte
que abrange as características da situação, se A partir dessas classificações dos graus de
ocorreu movimento (data, hora, volume, risco, dos laudos de vistorias, das análises
pluviometria), se há possibilidade de visuais e do relatório fotográfico foi possível
movimento (grau de risco e número de classificar cada um dos taludes em suas
elementos em risco) e por fim, a tipologia do respectivas zonas de risco.
movimento (queda/rolamento, tombamento,
escorregamento, escoamento) caso tenha
acontecido. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Outro item do laudo de vistoria é a
necessidade de providências urgentes, após Seguindo a norma vigente, ABNT NBR
analisar todos os itens anteriores, é viável 11682 – Estabilidade de encostas, cada um dos
especificar ou não tais medidas, descrevendo a dez talude foi detalhado com base no Laudo de
situação, em questão, para uma posterior Vistoria (localização, aspectos locais,
intervenção das autoridades. características específicas) seguido do relatório
Finalizando o estudo, os taludes foram fotográfico dos taludes.
submetidos a uma escala do grau de risco
individualmente para que pudesse ser feito um 3.1 Localização
registro sobre o risco real que cada um
apresenta. A tabela abrange os riscos R1, R2, Em coordenadas geográficas, segue a tabela
R3, R4 que se subdividem em descrições 1) com a localização dos taludes.
Condicionantes geológico-geotécnicos
predisponentes (inclinação, tipo de terreno, etc.) Tabela 2. Resumo da localização dos taludes.
Talude Latitude Longitude
e o nível de intervenção no setor, sua
1 19°11'13.9"S 46°14'47.2"W
potencialidade para o desenvolvimento de
2 19°11'25.2"S 46°14'39.2"W
processos de deslizamentos e solapamentos, em
3 19°11'27.7"S 46°14'29.5"W
2) Observa-se a sinal/feição/evidência (s) de
4 19°11'18.19"S 46°14'38.12"O
instabilidade e indícios de desenvolvimento de
5 19°11'18.25"S 46°14'36.50"O
processos de estabilização de encostas e de
6 19°11'13.11"S 46°14'48.53"O
margens de drenagens, em 3) Mantendo as
7 19°11'28.99"S 46°14'22.68"O
condições existentes, possibilidade de
8 19°11'29.61"S 46°14'26.96"O
ocorrência de eventos destrutivos durante
9 19°11'29.76"S 46°14'27.37"O
episódios de chuvas intensas e prolongadas, no
10 19°10'51.7"S 46°15'19.9"W
período compreendido por uma estação
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Figura 4. Talude 3.
Figura 8. Talude 7.
Figura 6. Talude 5.
Figura 7. Talude 6.
o solo, sofrer recalques excessivos e colapsar. que se pode observar na área da geotecnia que
Outro agravante do risco é a água residual que para estabilizar uma estrutura geotécnica um
fica empoçada na base do talude devido as dos estudos que acompanha essa área é a
chuvas. A encosta foi classificada como R4 hidráulica, ou seja, outra medida preventiva
(risco muito alto). para essas encostas seria a execução
dimensionada da drenagem e constante
manutenção do sistema.
Foi observado também nos taludes, lixos,
entulhos, tubulações de esgoto e pluviais em
contato direto com o mesmo, causando erosões
e podendo acarretar possíveis rupturas. Para tal,
seria necessário a limpeza periódica do local e a
educação ambiental da população.
Outro problema comum nos taludes foi o
Figura 11. Talude 10. corte sem autorização e dimensionamento. É
necessário, para o mesmo, uma conscientização
Após a análise dos parâmetros apresentados da sociedade e uma maior fiscalização para um
anteriormente, desde a geometria de cada talude melhor controle.
até a observação táctil visual “in loco” e pelas
fotos, obteve-se pelo estudo de gerenciamento
de riscos, o grau de risco de cada um dos dez 4 CONCLUSÃO
taludes enumerados.
O crescimento desordenado na área urbana é
Tabela 8. Classificação de riscos dos taludes.
Talude R1 R2 R3 R4
uma das preocupações encontradas no
1 X município de Rio Paranaíba-MG, tendo como
2 X zonas de riscos estudadas os bairros Olhos
3 X D’agua e Prado. A instalação da Universidade
4 X Federal de Viçosa impulsionou a construção
5 X civil e a ampla oferta de empregos no campo,
6 X gerando a ocupação de pessoas com baixa renda
7 X em áreas com predisposição a movimentação de
8 X massa e sem infraestrutura urbana.
9 X A análise realizada pelo método do IPT
10 X determina que a maioria dos taludes se
concentra na classificação de médio a muito
Pode ser observado que em três dos dez alto risco. No total, dez taludes foram
taludes vistoriados se encontram em estado de vistoriados e destes 10% encontra-se com risco
emergência, pois enquadraram-se no risco R4. R1, 30% sob R2, 30% sob R3 e 30% sob R4.
As medidas para a possível intervenção nos Estes níveis indicam o número de
mesmos são, para o talude 2 e 7, estudar a irregularidades da área analisada, os mesmos
inclinação adequada e executar a drenagem no estão instáveis e irregulares, acarretando riscos
local. Para o talude 10, como se trata de um para os moradores do local.
talude de lixão, é necessário o plano de De forma geral, para evitar possíveis
recuperação ou interdição do mesmo no âmbito desastres, é de suma importância a realização de
ambiental. vistorias constantes, comprovadas e controladas
Um grande problema observado em todos os por meio de laudos técnicos do responsável
taludes é a falta de drenagem, comparado ao (Defesa Civil), como também a conscientização
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4. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DO
MURO Ensaios de densidade no campo (Figura 7)
foram executados com a finalidade de obter o
Para analisar o comportamento tensão- peso específico do material solo-pneus. Estes
deformação e a estabilidade do muro de pneus ensaios consistiram, primeiramente, na
são necessários o peso específico e o módulo construção de uma cava, em forma de
deformabilidade do material solo-pneus. É paralelogramo com volume bem definido, e em
necessária uma avaliação destes parâmetros seguida foram introduzidos os pneus
para garantir que os resultados da análise preenchidos com solo compactado. A geometria
numérica representem o comportamento do da cava garantiu que todo seu volume fosse
muro de gravidade. ocupado pelos pneus. Os resultados destes
ensaios levaram a uma variação do peso
específico do conjunto solo-pneus. Os ensaios
realizados com pneus inteiros indicaram um
peso específico de 15,5 kN/m³, enquanto os 5. MODELAGEM COMPUTACIONAL
realizados com pneus cortados apresentaram um DO MURO DE SOLO-PNEUS
valor de 16,2 kN/m³. Conclui-se que a remoção
da banda lateral do pneu produz um material O objetivo da simulação numérica do caso
mais denso, pela maior facilidade de abordado, realizada com o software PLAXIS,
compactação do solo (Sieira, 1998). foi a obtenção de parâmetros de
deformabilidade do material solo-pneus, e para
isso confrontaram-se os resultados de
deslocamentos horizontais com os obtidos pela
instrumentação de campo.
O software PLAXIS consiste em um
programa que utiliza o Métodos de Elementos
Finitos (MEF), desenvolvido para realização de
análises de deformações e estabilidade de obras
geotécnicas. As análises podem considerar a
condição de deformação plana ou de
axissimetria (Brinkgreve, 2002). A malha de
elementos finitos é gerada automaticamente
pelo software, optando-se por elementos
Figura 7. Cava executada para ensaio de densidade in situ triangulares formados por 6 ou 15 nós, podendo
(Sieira,1998) ser refinada de forma global ou localizada.
Geralmente, quanto mais refinada a malha de
Para obtenção do módulo de elementos finitos mais acurados são os
deformabilidade (E) do retroaterro foram resultados das análises.
realizados ensaios laboratoriais, como o triaxial Para representação do comportamento tensão vs
drenado (CD), e ensaios de campo como, os deformação do material solo-pneus utilizou-se o
dilatométricos e os pressiométricos. Segundo modelo elástico linear. A camada foi simulada com
Fontes (1997), os valores do parâmetro E um peso específico de 16,2 kN/m³ e coeficiente de
Poisson = 0,35. O valor do módulo de
obtidos a partir dos ensaios de campo (E = 6
deformabilidade E será variado nas simulações
MPa) forneceram valores superiores aos obtidos numéricas (análise paramétrica), e comparado aos
pelos ensaios triaxiais (E = 2MPa). O autor valores propostos por Sieira (1998).
atribui esta diferença à anisotropia do solo e às O solo do retroaterro foi representado pelo
diferenças nas trajetórias de tensão impostas modelo elasto-plástico perfeito (Mohr
pelos ensaios. Coulomb). A camada foi definida com peso
A oscilação dos valores do módulo de específico de 17,0 kN/m³, intercepto coesivo
deformabilidade, obtidos pelos ensaios de nulo, ângulo de atrito = 29°, módulo de
campo e laboratório, e a falta de parâmetros de deformabilidade E = 3,0 MPa e coeficiente de
deformabilidade do conjunto solo-pneus, Poisson = 0,35 (Fontes, 1997).
indicaram a necessidade de uma análise A largura do retroaterro adotada na
numérica a partir de um software de elementos simulação foi definida, de forma que não
finitos. Essas análises foram realizadas interferisse nos resultados de deslocamentos
comparando os deslocamentos horizontais previstos. Segundo Sieira (1998), a largura do
previstos numericamente com os medidos em retroaterro a partir da qual não há mais
campo pela instrumentação geotécnica influência na magnitude dos deslocamentos
(inclinômetros). horizontais é de 11,0 metros, conforme
verificado na Figura 8.
A sobrecarga executada após a construção do
retroaterro foi representada por um
carregamento uniformemente distribuído de
34,0 kN/m², correspondendo a uma altura de 2,0
m de solo. Não foi encontrado nível d’água no
local da obra. A modelagem computacional
seguiu o processo executivo de campo, com a
construção do muro de solo pneus e do
retroaterro simultaneamente. Foram realizadas
as comparações entre os resultados da
simulação numérica e a instrumentação de
campo para as etapas de “final de construção” e
após a “aplicação da sobrecarga”.
6. GEOMETRIA DA MODELAGEM
7. RESULTADOS DA MODELAGEM
Aplic. da
Sobrecarga 20,70 mm 26,00 mm
Diferença 8,20 mm 7,20 mm
RESUMO: A execução de reservatórios do tipo escavados em solo tem grande importância no meio
da mineração, pois garantem uma reserva de água necessária ao funcionamento da planta. Sua
construção, se torna economicamente viável, quando comparada a outros meios, como por exemplo,
reservatório em concreto armado. Sendo assim, este trabalho teve como foco a Análise de
Estabilidade de Talude (AET) de um reservatório escavado de 35000m³, em uma empresa de
mineração localizada na cidade de Congonhas-MG. A análise foi elaborada no talude cuja seção se
mostrou mais suscetível à ruptura. Foi realizado um perfil estratigráfico do solo no software
GeoStudio 2012, baseado nos parâmetros de cada camada. Este software utiliza métodos
consagrados, como Morgenstern & Price, Janbu, Bishop e Spencer. Com os resultados, foi possível
a verificação do fator de segurança (FS) para os diferentes métodos, tais como: ruptura do talude
devido ao enchimento do reservatório; ruptura devido ao rebaixamento rápido do reservatório; ruptura
a jusante devido ao fluxo permanente e em condições do reservatório vazio. Através da AET
constatou-se a estabilidade do talude.
Tabela 2 - Relação de coesão entre ensaios triaxiais - cada camada foram baseados em correlações
Acervo da Empresa propostas por Godoy (1972) apud Cintra et al.
Relação (2011) de acordo com o tipo de solo e verificados
Empresa Empr. 1 Empr. Empr. 3 entre com os valores da tabela 2.
1 2008 2009 2 2014 2016 coesões Optou se, por utilizar o valor do peso especifico
de 17 kN/m³ para Nspt variando de 11 a 19.
𝛾 18 18 18 18,1
De posse dos resultados obtidos pela equação
C 30 31 20 48,8 1,9
(2) e dos resultados fornecidos pela empresa,
𝜙 28 31 30 26,3 obteve-se os resultados da Tabela 3, referentes
aos parâmetros do solo para cada camada. A
2.1.3.3 Parâmetros do Solo estratigrafia se encontra representada na figura
04.
Devido à discrepância nos parâmetros do solo
Tabela 3 - Parâmetros dos Solos por Camada
obtidos pelos ensaios realizados pelas diferentes
empresas (empresas 1, 2 e 3), sugeriu-se a Cor Nspt 𝛾
Material c 𝜙
obtenção dos parâmetros através de correlação médio kN/m³
com Nspt e posterior comparação com os valores Silte Pouco
19,0 17 35,5 24,5
Arenoso
apresentados na tabela 2.
Fragmentos de
O ângulo de atrito para cada camada foi 15,5 17 28,9 22,6
Laterita
obtido baseado na fórmula desenvolvida por Silte Pouco
18,8 17 35,1 24,4
Teixeira (1996) que segue abaixo. Argiloso
Silte Marrom
18,9 17 35,3 24,4
Amarelado
φ = 20 Nspt + 15º (1) Silte Pouco
29,2 21 54,5 29,2
Argiloso
Todavia, os valores obtidos, foram comparados Silte Argiloso 28,5 21 53,2 28,9
com aqueles dos ensaios anteriormente Silte Areno
28,8 21 53,8 29,0
realizados (Vide tabela 2) e divergências foram Argiloso
encontradas. Assim sendo, propôs-se como
forma de corrigir os valores correlacionados, o 2.1.3.4 Ensaio de permeabilidade
valor de 5º em substituição aos 15º propostos por
Teixeira (1996), na formulação de obtenção do O relatório do ensaio de permeabilidade
ângulo de atrito conforme apresentado equação fornecido pela empresa mostrou um coeficiente
2, obtendo-se assim valores condizentes com a de permeabilidade igual a 6,8 x 10-6 cm e este
natureza geotécnica presente no reservatório. valor foi considerado para todas as camadas,
exceto a última. Na última camada, por se tratar
φ = 20 Nspt + 5º (2) de uma camada a qual o critério de parada do
ensaio SPT foi o de uma camada impenetrável,
foi adotado um valor de coeficiente de
Com relação à coesão, por não ter se encontrado permeabilidade condizente ao de uma rocha de
na literatura fórmulas ou valores que xisto (metamórfica), ou seja, entre 10-7 e 10-11
representassem cada tipo de solo, adotou-se, a cm/s (Delleur (1999) apud Betim (2013)).
média dos ensaios realizados pelas diferentes Portanto, para a camada impenetrável adotou-se
empresas, com base em cada tipo de solo 10-9 cm/s correspondente à média dos valores.
relatado por cada empresa, adicionado do valor
de desvio padrão da média. Para uma melhor
compreensão os resultados foram mostrados na
3 METODOLOGIA DE
tabela 3.
DIMENSIONAMENTO
Os valores do peso específico utilizado em
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O projeto em questão possuiu uma área total de condições de contorno consideradas foram a
4953,5 m² e as análises foram realizadas para um carga de água do reservatório nas superfícies do
volume de 35000 m³. Com essas premissas reservatório e a poropressão nula nas demais
foram realizadas as análises nos módulos superfícies. Para a hipótese de rebaixamento
Slope/W e SEEP/W da GeoStudio. Para todos os rápido, as condições de contorno consideradas
casos foram considerados os mesmos parâmetros foram o alívio de carga devido ao rebaixamento
e hipóteses: fluxo permanente do reservatório, do nível do reservatório nas superfícies do
fase final da construção do reservatório, reservatório e a poropressão nula nas demais
reservatório em operação, enchimento do superfícies.
reservatório e rebaixamento rápido do
reservatório.
Buscou-se realizar as análises por diferentes 4 RESULTADOS
metodologias para que, de posse de todos
resultados, se obtivesse o menor fator de De acordo com as condições apresentadas, o
segurança. O fator de segurança mínimo para programa foi executado e os resultados
atender tanto às exigências da empresa mostrados nas Figuras 05 e 06, estas representam
mineradora quanto às da norma ABNT NBR parte das análises e os respectivos fatores de
11682:2009, foi de 1,5. segurança, máximo e mínimo. Ainda, na Tabela
A análise SEEP/W do software GeoStudio foi 4 foram mostrados todos os resultados para os
utilizada para avaliar a percolação de água no diferentes métodos aplicados.
maciço e a partir dessas análises, obtiveram-se os
resultados para as hipóteses de fluxo permanente 2,705
do reservatório, enchimento do reservatório e
rebaixamento rápido do reservatório. Já a análise
da estabilidade no software Slope/W foi utilizada
para avaliar as possíveis superfícies de ruptura
do maciço, nas seguintes hipóteses: ruptura de
jusante do talude devido ao enchimento do
reservatório; ruptura geral do talude devido ao
fluxo permanente no reservatório; ruptura a Figura 05 – Maior FS encontrado para Spencer à montante
do reservatório (vazio).
montante do talude devido ao rebaixamento
rápido do reservatório, ruptura de jusante do
talude devido ao fluxo permanente no 1,888
RESUMO: A região da zona da mata mineira tem relevo acidentado composto por colinas, onde há
necessidade de cortes verticais. Objetiva-se analisar a estabilidade de taludes verticais em terreno
em Juiz de Fora, a partir dos parâmetros de resistência do solo obtidos por cisalhamento direto e
por compressão diametral na condição saturada. Os solos encontrados foram caracterizados
fisicamente e moldados em corpos de prova para os ensaios de cisalhamento direto e de
compressão diametral. Os resultados indicam redução do intercepto coesivo e aumento do ângulo
de atrito nas envoltórias com tração. Nesta condição, os fatores de segurança dos taludes
intermediários caíram. Conclui-se que, adotando os parâmetros de resistência considerando a
tração, os fatores de segurança resultam em situações mais próximas do limite de ruptura e,
portanto, devem ser usados para análises de estabilidade que envolvam baixas tensões.
Tabela 3 - Índices Físicos dos corpos de prova cisalhados. O Solo II não apresentou pico de tensão no
Grau de Saturação ensaio com a tensão normal de 100 kPa e houve
Solo e uma leve tendência para aparecimento da
(kN/m³) Final (%)
Solo I 0,90 19,32 100 tensão de pico no ensaio com 25 kPa como
Solo II 0,88 18,55 100 tensão normal. Nos ensaios com 12,5 kPa e 50
kPa a tensão de pico foi melhor caracterizada
Os valores obtidos para o grau de saturação (Figura 6).
foram de 100%, indicando a saturação dos
corpos de prova.
No Solo I, houve o reconhecimento de leves
tensões cisalhantes de pico para tensões
normais de 12,5 kPa, 25 kPa e 50 kPa (Figura
4). Na tensão normal de 100 kPa o
desenvolvimento do gráfico do Deslocamento
Horizontal versus Tensão cisalhante não
caracteriza uma tensão de pico. A Figura 5
ilustra em quais corpos de prova houve o
comportamento de aumento ou diminuição de Figura 6. Deslocamento horizontal (Dh) versus tensão
volume, de acordo com os deslocamentos cisalhante – Solo II.
verticais aferidos durante os ensaios (Dv com Na Figura 7, o Solo II revelou um
variação positiva ou negativa), indicando comportamento dilatante nas três primeiras
dilatância pronunciada apenas para a tensão tensões de ensaio, condizente com a tendência
normal de 12,5 kPa. de aparecimento das tensões cisalhantes de
pico.
Envoltória Envoltória
Solo linear sem linear com
tração tração
C' 32,97 kPa 19,54 kPa
Solo I
φ' 25,38º 33,41º
C' 34,45 kPa 19,79 kPa Figura 13. FS do Talude 1 – Envoltória linear com tração.
Solo II
φ' 34,07º 41,14º
A mesma análise foi feita para o Talude 4 e o
4.5 Análises de estabilidade fator de segurança na envoltória sem a
consideração da tração foi de 1,460 (Figura 14).
Com os dados da Tabela 5 inseridos no Este fator variou para 1,125 (Figura 15) quando
programa para cada solo correspondente do se considera a resistência à tração.
perfil do talude a ser estudado, há o cálculo do
fator de segurança de acordo com as
configurações pré-estabelecidas na
metodologia. Nos platôs dos taludes foram
adicionadas sobrecargas de 30 kPa referentes às
cargas que possivelmente venham a atuar no
solo, como tráfego de veículos, estocagem de
Figura 14. FS do Talude 4 – Envoltória linear sem tração.
materiais da obra, trânsito de pessoas, dentre
outros.
Neste trabalho serão explicitadas as
superfícies de ruptura dos taludes 1 e 4
identificados anteriormente no perfil do terreno
item 3.1, bem como a estabilidade do talude
global.
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5. CONCLUSÕES
O novo edifício sede do Banco Central do Brasil Os únicos dados apresentados sobre o terreno
em Salvador/BA, cuja construção foi finalizada existente eram derivados do ensaio de sondagem
em 2016, é localizado na região do CAB SPT realizados na fase de projeto da
(Centro Administrativo da Bahia) em terreno construção. O dado do SPT foi analisado
que apresenta, em aproximadamente um terço utilizando a correlação baseada em Décourt
de sua área total, parte de uma reserva de mata (1989).
atlântica natural. Esta parte do terreno possui Na sondagem realizada em 16 de dezembro
uma encosta de 10 metros de altura com de 2008, foi encontrado o impenetrável nos
aproximadamente 24° de inclinação, cuja base furos 01 e 06 (mais próximos do talude) a
apresenta a jusante uma lagoa intermitente onde aproximadamente 13 metros de profundidade. O
são acumuladas as águas pluviais do terreno. Ao terreno é composto por três horizontes: Silte
longo da implementação do edifício, devido ao arenoso, pouco argiloso, medianamente
acréscimo de carga e impermeabilização compacto na camada superficial, areia siltosa,
superficial, houve o aparecimento de processo medianamente compacta na camada
erosivo com risco de assoreamento do corpo intermediária e areia com pedregulhos finos,
hídrico existente. Além disso, foi percebido o pouco siltosa, medianamente compacta na
crescimento de trincas no solo, existindo a camada mais profunda. O valor do SPT vai de
possibilidade de escorregamento na região 23 até 40 em toda a extensão do furo realizado.
próxima à lateral do edifício construído. Com a Em nenhum ponto foi encontrado o nível
apresentação do problema, decidiu-se minorar o d’água. Assim, com o SPT mínimo de 23, o
seu risco com uma intervenção rápida e que ângulo de atrito da correlação é 25°, abaixo do
preservasse a mata atlântica existente. médio para siltes e areias medianamente
compactas e o peso específico de 14 KN/m³ e
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6– CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
5 RESULTADOS
Figura 5: Amostra indeformada (CARMO, 2017).
As curvas granulométricas resultantes dos
ensaios com defloculante e sem defloculante
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para cada um dos solos estão representadas nas A Figura 8 mostra os dados obtidos a partir
Figuras 6 e 7. do programa de aquisição de dados do ensaio de
De acordo com a escala da NBR 6.502 cisalhamento direto para o solo residual jovem
da ABNT (1995), o solo residual jovem com a na condição saturada e a Figura 9 apresenta a
utilização de defloculante na etapa de envoltória linear de resistência para este solo.
sedimentação apresenta uma composição Os parâmetros de resistência obtidos foram φ =
granulométrica de 3% de argila, 42% de silte, 26,8° e c' = 76,86 kPa.
53% de areia e 3% de pedregulho. Trata-se,
portanto de uma areia siltosa.
O solo residual maduro apresenta uma
composição granulométrica de 55% de argila,
21% de silte e 24% de areia, tratando-se,
portanto, de uma argila arenosa.
34
32
Name: Solo Residual Madudo
30 Unit Weight: 12 kN/m³
28 Cohesion': 7,42 kPa
26
Phi': 30,9 °
24
22
20
18 Name: Solo Residual Jovem
16
Unit Weight: 16 kN/m³
Cohesion': 73,86 kPa
14 Phi': 26,8 °
12
10
8
6
4
2
0
-2
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1,031
residual maduro – classificado como argila Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2009). NBR
arenosa – sobre um solo residual jovem – 11.682: Estabilidade de Encostas, Rio de Janeiro, 33
p.
classificado como uma areia siltosa. Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2016) NBR
Foram executados ensaios para a 7.181: Solo: Análise granulométrica, Rio de Janeiro,
caracterização dos materiais e obtenção de seus 13 p.
parâmetros de resistência. O solo residual Augusto Filho, O. (1992). Caracterização geológico-
jovem apresentou ângulo de atrito de 26,8° e geotécnica voltada à estabilização de encostas: uma
proposta metodológica, Conferência Brasileira sobre
intercepto coesivo de 76,86 kPa. O solo residual Estabilidade de Encosta, COBRAE, ABMS, Rio de
maduro, por sua vez, apresentou ângulo de Janeiro, v. 1, p. 721-733 .
atrito de 30,89° e intercepto coesivo de 7,42 Carmo, K. O. (2017). Análise da Estabilidade de Um
kPa. Talude em Área de Risco Urbana, Trabalho Final de
A análise de estabilidade anteriormente Curso, Graduação em Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia, Universidade Federal de Juiz de Fora,
exposta permite concluir que, antes das Juiz de Fora, 76 p.
intervenções antrópicas, o talude apresentava Defesa Civil. (2014). Anuário brasileiro de desastres
um fator de segurança satisfatório e, portanto, se naturais: 2013, Ministério da Integração Nacional,
encontrava em situação de estabilidade – Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil,
Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e
mesmo localizado em uma região de alto risco.
Desastres, Brasília, 75 p.
Entretanto, com as alterações, observou-se uma Departamento Nacional de Eestradas e Rodagem. (1994)
queda no fator de segurança, colocando o talude ME 093 – Solo: Determinação da Densidade Real,
em situação de risco de ruptura. São Paulo, 4 p.
Tais informações apontam para a G1. (2016). Defesa Civil Registra mais de 40 ocorrências
devido à chuva. G1 – O portal de notícias da Globo,
necessidade de obras de contenção no local de
Zona da Mata, disponível em
estudo, bem como corrobora a importância de <<http://g1.globo.com/mg/zona-da-
estudos semelhantes em áreas de risco mata/noticia/2016/12/defesa-civil-de-juiz-de-fora-
povoadas, uma vez que intervenções registra-mais-de-40-ocorrencias-devido-chuva.html>>
inadequadas podem levar à instabilizações. Acesso em 20 de abril de 2017.
Gerscovich, D. M. S. (2016). Estabilidade de taludes, 2
Ed. Oficina de Textos, São Paulo, 192 p.
Huttchinson, J. W. (1968). Plastic stress and strain fields
AGRADECIMENTOS at a crack tip. Journal of the Mechanics and Physics
of Solids, v. 16, n. 5, p. 337-342.
Os autores agradecem à UFJF pelas bolsas de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
(2017). Disponível em
Iniciação científica VIC e BIC/UFJF <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/juiz-de-
concedidas ao projeto ANÁLISE DE fora/panorama>. Acesso em 30 mai. 2017.
ESTABILIDADE DE ENCOSTAS EM ÁREA Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento de
DE RISCO URBANA sob coordenação da Juiz de Fora. (1996). Plano Diretor de
autora Tatiana Tavares Rodriguez. Agradecem, Desenvolvimento Urbano de Juiz de Fora, Juiz de
Fora.
também, à Defesa Civil pelo apoio nos Instituto de Pesquisas Tecnológicas. (2007). Mapeamento
trabalhos de campo e à Prefeitura Municipal de de Riscos em Encostas e Margem de Rios, Celso
Juiz de Fora pela disponibilização dos relatórios Santos Carvalho, Eduardo Soares de Macedo e
técnicos. Agostinho Tadashi Ogura, organizadores. Brasília.
176 p.
La-Côrte, G. H. A. (2015). Influência do nível freático na
estabilidade de uma encosta, Trabalho Final de
REFERÊNCIAS Curso, Graduação em Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia, Universidade Federal de Juiz de Fora,
Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1995). NBR Juiz de Fora, 60 p.
6.502: Rochas e solos, Rio de Janeiro, 18 p. Massad, F. (2010). Obras de terra: Curso básico de
geotecnia, Oficina de Textos, São Paulo, 216 p.
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
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TEMA:
ESTRUTURA DE CONTENÇÃO
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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo avaliar comparativamente diferentes abordagens de
dimensionamento de estacas-prancha em balanço em solo arenoso, especificamente: o Método do
Momento de Projeto (MMP), o Método da Resistência de Projeto (MRP), o Método da Tensão
Passiva Líquida (MPPL) e o método apresentado por Das (2011). Foi realizado um estudo
paramétrico no qual se variou a profundidade de escavação, o ângulo de atrito do solo, o peso
específico do solo e o fator de segurança (FS). Foram avaliados a profundidade da ficha, o momento
máximo atuante e sua posição de aplicação. Por meio dos resultados, verificou-se que a variação do
momento máximo devido à mudança do peso específico é pequena para todos os métodos.
Entretanto, a mudança do ângulo de atrito do solo afeta significativamente o valor do momento
máximo. O método MRP foi o mais conservador em relação ao comprimento da ficha. Por fim, a
variação do FS revelou que o método MPPL apresentou os menores valores de momento máximo.
FS parciais do ângulo de atrito do solo entre 1,2 2.4 Método de Das (2011)
a 1,5. Aplicação semelhante é feita para os
diferentes parâmetros de resistência com faixas No método descrito em Das (2011), diferente
de valores de FS distintas para cada um. dos outros três métodos anteriormente citados,
não se considera o atrito na interface solo-
2.3 Método da tensão passiva líquida (MPPL) contenção. A determinação dos coeficientes de
empuxo é feita de acordo com a teoria de
No método MPPL o diagrama dos empuxos Rankine.
atuantes utilizado no dimensionamento difere No cálculo da estabilidade, este método não
do diagrama dos métodos supracitados. Aqui se desconsidera o comprimento da estaca-prancha
utiliza como FS a razão entre o momento presente abaixo do ponto de rotação adotado,
gerado pela resistência passiva líquida e o assim, a distribuição de empuxos passivos e
momento resultante das forças que provocam ativos abaixo desse ponto é considerada. O
rotação na estrutura. Esse FS tipicamente tem valor do ângulo de atrito utilizado por Das
valores entre 1,5 e 2,0. (2011) corresponde ao valor de pico.
A resistência passiva líquida é entendida Algumas análises foram ainda efetuadas no
como a tensão efetiva dos empuxos na região presente trabalho com base no método de Das
passiva ao se subtrair uma área equivalente (2011), considerando-se a influência do atrito
(região sombreada da Figura 1) determinada do solo-contenção pela adoção dos coeficientes de
lado ativo da contenção e compreendida por empuxo de Caquot e Kerisel (1948) nos
uma linha vertical entre a base da contenção e o cálculos. Esse procedimento foi designado no
ponto em que o prolongamento do H0 toca o presente trabalho como “método de Das (2011)
diagrama (Figura 1). modificado”.
3 ESTUDO PARAMÉTRICO
distintos. Dessa forma, faz-se necessário uma atrito para diversos H0 está representado nos
comparação dos resultados de comprimento de gráficos das Figuras 8 e 9 para as abordagens
ficha para a variação de H0, encontrados pela MMP e MRP, respectivamente.
utilização dos fatores de segurança máximos e
mínimos possíveis de aplicação. Os resultados
dessa análise encontram-se representados nos
gráficos das Figuras 6 e 7, respectivamente.
RESUMO: Diversos problemas de engenharia são solucionados por meio de simulação numérica
em ambiente computacional, com base no Método dos Elementos Finitos (MEF). O
desenvolvimento de projetos depende do julgamento do (a) engenheiro (a) projetista para
compreender e interpretar os resultados dos modelos computacionais. Este trabalho objetiva estudar
os dados de saída das simulações numéricas criadas no Plaxis 2D e compará-las com os métodos
analíticos de Blum (1931) e Verdeyen e Roisin (1952), ambos baseados no diagrama de empuxo de
Rankine. Determinou-se como objeto de estudo uma estrutura de contenção por tirantes e estacas-
prancha em cais. Modelou-se o caso estudado por TORRES (2014). Após avaliação dos resultados
e do comportamento da simulação numérica para estrutura de contenção, verificou-se resultados
conservativos de momento máximo encontrados pelos métodos analíticos e valores de carga atuante
no tirante relativamente próximos ao determinado pelo Plaxis 2D.
adotada, deve-se levar em consideração fatores matacões, dentre outros fatores, conforme
como: característica do solo no local de exposto por Torres (2014).
implantação da contenção, suas propriedades Para o presente estudo, tais investigações
físicas e mecânicas; tipo e distribuição das ocorreram por meio de campanhas de
sobrecargas atuantes na retroárea do porto; sondagens SPT (NBR 6484/2001) e CPTU
regime de marés e ondas do local de (NBR 12069/1991) que atingiram
implantação da obra; metodologia construtiva e aproximadamente 40 metros de profundidade.
materiais disponíveis na região (Torres, 2014). Seus boletins indicaram camadas de argila
A primeira obra com aplicação de solução em siltosa, variando de rija a dura, eventualmente
cortina ancorada no Brasil, citada por Quinn intercaladas por camadas de areia, com
(1979), ocorreu no cais do Caju, localizado no compacidade variando entre compacta e
Rio de Janeiro, datada de 1949. O esquema do medianamente compacta.
arranjo típico de uma cortina de estacas-prancha Para modelagem nas ferramentas
ancorada pode ser encontrado no trabalho de computacionais são necessários parâmetros de
Clayton e Milititisky (1986). resistência, como ângulo de atrito (φ) e coesão
(c), e parâmetros de deformabilidade, como
módulo de elasticidade (E), coeficiente de
2 CRITÉRIOS DE PROJETO Poisson (ν) e coeficiente de reação horizontal
(kh).
2.1 Localização da obra Devido à natureza das regiões litorâneas, é
comum se deparar com grandes depósitos
O objeto de estudo é uma obra de contenção em sedimentares. Para o presente caso, considerou-
um cais de múltiplo uso situado no complexo se que o depósito é normalmente adensado,
portuário do Norte do Estado do Rio de Janeiro, apresentando coesão efetiva nula (c = 0). Os
localizado conforme Figura 1. demais valores de parâmetros de resistência e
deformabilidade usados estão dispostos na
Tabela 1.
Tabela 1 - Parâmetros geotécnicos de cada camada do
perfil. (Fonte: Torres, 2014).
Parâmetros
Solo E '
V
(MPa) (kN/m3) ()
Areia fina a
18,0 0,30 19,0 31
média fofa
Areia siltosa fina
med. compacta a 56,5 0,35 20,0 40
Figura 1 - Localização do Complexo Portuário - Região compacta
Norte Fluminense (Fonte: Google Earth. Acesso em Silte argiloso
20/04/2018). muito mole a 15,0 0,30 15,0 27
médio
2.2 Dados de Investigação Geotécnica Silte arenoso
compacto a med. 15,0 0,30 17,0 30
Compacto
A investigação geotécnica deve ser capaz de Areia siltosa fina
fornecer dados referentes a natureza do subsolo pouco siltosa 100,0 0,40 20,0 44
local, de verificar a presença de condições muito compacta
geotécnicas especiais, bem como analisar a Areia siltosa
estimativa de parâmetros e estado inicial de pouco compacta a 17,0 0,30 19,0 29
compacta
tensões do solo, além de colaborar na
Silte argiloso rijo
identificação de horizontes rochosos ou a duro
30,0 0,30 19,0 26
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4.1 Plaxis 2D
6 RESULTADOS
Figura 10 - Relação entre tensão cisalhante mobilizada e
máxima e escala (Fonte: Torres, 2014). Os diagramas de empuxo calculados foram
baseados na teoria de Rankine e a poropressão
5 METODOLOGIA considerada hidrostática. A Figura 12 apresenta
o diagrama de empuxo ativo que atua sobre a
5.1 MÉTODOS DE BLUM (1931) cortina. Tal diagrama considera a sobrecarga
prevista pela NBR 9782/1987, além das
Blum (1931) propõe uma relação entre o parcelas de tensões do solo.
coeficiente de empuxo ativo e a posição do
ponto de inflexão (I) da elástica. Seu método
assume uma rótula no ponto de inflexão, o que
garante momento fletor nulo. Assim, pode-se
considerar a cortina em duas vigas isostáticas, o
que facilita a determinação dos esforços a partir
do diagrama de empuxo baseado na Teoria de
Rankine.
As figuras 13 e 14 representam,
respectivamente, o diagrama de empuxo
passivo e o diagrama resultante segundo o
método de Blum (1931). As figuras 15 e 16
exibem os diagramas de empuxo passivo e o
diagrama resultante com base no método
analítico de Verdeyen e Roisin.
7 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
geotécnicos são constantes ao longo de toda a convencional). Por sua vez, o fator de
extensão do maciço, incorrem em resultados segurança probabilístico é obtido através da
que nem sempre são precisos e representativos média dos fatores de segurança calculados
da condição in situ. Como alternativa pode-se através da variação de parâmetros para a
adotar ferramentas numéricas com base em superfície de deslizamento Mínimo Global.
análises estatísticas que avaliam a estabilidade Para um número suficientemente grande de
do maciço escavado variando os parâmetros do amostras, os dois valores devem ser próximos.
solo de acordo com sua dispersão específica. O que pode não acontecer na prática, onde as
Dessa forma, neste trabalho analisou-se amostras analisadas são em quantidades
numericamente a estabilidade local e os limitadas e às vezes não representativas do
deslocamentos junto ao paramento de uma subsolo analisado.
escavação estabilizada com solo grampeado em
que foram empregados grampos verticais e 2.2 Superfícies potenciais de ruptura
horizontais suplementares com o objetivo de
investigar a eficácia na implantação destes As superfícies de ruptura local analisadas são
grampos. Utilizou-se os softwares Slide 2018, aquelas consideradas mais críticas numa
para as análises de equilíbrio limite, e RS² para escavação em solo grampeado (Figura 1). As
as análises de tensão-deformação por elementos superfícies denominadas 0,3H e 0,4H são
finitos, ambos da plataforma Rocscience. aquelas em que a ruptura se inicia a uma
A partir de uma escavação de 5 m de altura distância horizontal a partir da face do
em solo grampeado contendo apenas grampos paramento de, respectivamente, 0,3 e 0,4 vezes
horizontais com inclinação de 15° com o eixo a altura do maciço. A superfície tipo “cunha” é
horizontal, ou seja, sem o emprego nenhum aquela em que o plano de escorregamento se
grampo suplementar, foram gerados dois outros inicia na base do talude, estando orientado de
casos, em que, primeiramente foram inseridos 45º + ϕ /2 para o estado ativo de Rankine.
grampos verticais com inclinação de 0º a 10º, e
no segundo caso foram implantados grampos
horizontais junto à primeira fileira com
comprimento de 4 a 5 metros.
Concomitantemente, análises probabilísticas
foram realizadas, considerando-se a variação
que o valor dos parâmetros podem sofrer ao
longo da superfície através de coeficientes de
variação ( Cv ) disponíveis na literatura.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
N ruptura
PF % 100
N análises (4)
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Os grampos horizontais (não suplementares)
possuem diâmetro de 100 mm, sendo o
Através de uma sondagem simples determinou-
chumbador uma barra de aço CA-50 de
se o perfil e os parâmetros geotécnicos deste
diâmetro nominal de 20 mm. O comprimento
solo (Figura 3).
dos grampos (L) é constante ao longo da altura
do maciço, determinado pela relação
L 0,8H para grampos perfurados (Clouterre,
1991), sendo H a altura total da escavação.
Sendo assim, os grampos possuem 4 m de
comprimento, com espaçamento horizontal e
vertical de 1,2 m e inclinação de 15º com a
horizontal.
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4 RESULTADOS
críticas obtidas no software Slide 2018 (figuras Deter. Prob. (%) normal logn.
7, 8 e 9). Os resultados para os valores de F.S. Escavação sem grampos verticais suplementares
0,3H 3,014 2,884 0,000 4,150 6,692
determinístico e probabilístico das superfícies 0,4H 2,800 2,711 0,000 2,711 4,226
de ruptura calculados são mostrados nas Tabela Cunha 2,875 2,937 0,000 1,931 3,077
3 e Tabela 4. Escavação com grampos verticais a 0º
0,3H 1,891 1,833 0,000 3,162 4,166
0,4H 1,914 1,867 0,000 2,608 3,446
Cunha 1,829 1,815 0,820 2,019 2,602
Escavação com grampos verticais a 10º
0,3H 1,506 1,463 1,700 2,153 2,259
0,4H 1,599 1,561 1,540 2,073 2,502
Cunha 1,878 1,863 0,500 2,120 2,773
8723 nós.
Nas figuras 12, 13 e 14 são apresentados os
resultados da análise no software RS² para os
três casos analisados, após realizados todos os
passos de escavação.
AGRADECIMENTOS
RESUMO: Neste trabalho foi analisada uma cortina (com e sem tirantes) para conter uma escavação
de 8 metros de profundidade através de um comparativo entre as metodologias clássicas e análises
tensão x deformação. O dimensionamento das cortinas foi realizado através da aplicação
simplificada proposta por Bowles (1988) utilizando a Teoria de Rankine. Para a análise tensão x
deformação foi considerado um modelo elástico perfeitamente plástico de Morh-Coulomb. Para tal
análise foi utilizado o software Phase 7.0. Através das análises realizadas para as diferentes
estruturas de contenção deste estudo foi possível verificar que o diagrama de tensões resultantes ao
longo da cortina obtido através das análises tensão x deformação e o diagrama do método
simplificado de Bowles (1988) para a cortina com tirantes apresenta um comportamento
semelhante, porém para a cortina sem tirantes há uma grande diferença nas tensões horizontais ao
longo da ficha.
superficie de ruptura, pode haver ruptura proposta por Bowles (1988) utilizando a Teoria
localizada, as trajetórias de tensões são de Rankine (Figura 3). Existem ainda alguns
mais representativas das condições de exemplos de métodos para o cálculo de cortinas
campo; de contenção citados na literatura que são os de
• É possível incorporar modelos tensão x Peck (1943), Tschebotarioff (1951) e Peck
deformação mais adequados dos materiais (1969).
envolvidos (modelos elastoplásticos);
• Possibilitam obter informações com
relação à previsão de deformações;
• Análises de fluxo podem ser acopladas
aos estudos do comportamento tensão x
deformação.
2 METODOLOGIA
ANÁLISE FS
Figura 11. Diagrama de Momento Fletor (a) Comparação Cortina com tirantes (Simulação em 3 etapas) 1,1
para a cortina com tirante e sem tirante (b) Comparação
para a cortina sem tirante (simulação em 10, 3 e 1 etapas) Cortina com tirantes (Simulação em 1 etapa) 0,6
Tabela 7. Valores de Momento Fletor Máximo Figura 12. Fator de segurança para cortina sem tirantes
ANÁLISE M MÁX [kNm]
utilizada durante a modelagem nas plataformas Tabela 1. Propriedades e Parâmetros dos Solo
Input e Calculation do PLAXIS v.8.2 que Propriedades Gerais Parâmetros
permitiu encontrar os resultados, indicados no Modelo Mohr- E
2,5E+04
Constitutivo Coulomb (kN/m²)
item 3, que são visualizados nas plataformas Tipo de
Output e Curves. Drenado ѵ 0,300
Comportamento
с
unsat (kN/m³) 18,0 10,0
2.1.1 Plataforma Input (kN/m²)
sat (kN/m³) 20,0 ' (°) 35,0
Definido o modelo de análise por deformação
plana e o número de 15 nós por triângulo da kx e ky (m/dia) 1,7E-03 Ψ (°) 2,0
malha de elemento finitos, desenvolveu-se o
desenho da geometria do problema. Como pode As propriedades para a parede de concreto
ser notado na Figura 1, o maciço foi representado são: rigidez axial (EAcortina), rigidez a flexão
com 20 m de largura e 12,5 m de profundidade. (EIcortina), peso (w) e coeficiente de Poisson (ѵ).
A escavação possui 10 m de largura e 7,5 m de A Equação 1 mostra o cálculo do momento de
profundidade. Foram utilizados 5 tirantes com inércia (Icortina) para uma espessura hcortina = 0,15
inclinação de 15° e comprimento de 6 metros (4 m e faixa de comprimento b = 1 m:
metros do trecho livre e 2 metros do bulbo). A
escavação foi realizada em 5 etapas. Os tirantes b×hcortina 3
Icortina = (1)
foram implantados à meia altura de cada 12
escavação intermediária (0,75 m), resultando em
um espaçamento vertical entre estes de 1,5 m. Adotando-se módulo de elasticidade do
Os deslocamentos horizontais nas bordas concreto Econcreto = 21×106 kN/m² e peso
laterais foram impedidos, assim como os específico da cortina γcortina = 25 kN/m³, os
deslocamentos verticais e horizontais no bordo cálculos para encontrar os valores das rigidezes
inferior. A rotação na ligação dos tirantes com a (EAcortina e EIcortina) e do peso (w) foram
cortina também foi impedida. desenvolvidos conforme as Equações 2, 3, e 4:
Tabela 3. Cargas de Trabalho para Ancoragens no Terreno Nesta plataforma, foram definidos os tipos de
– Série DW (Adaptado de Protendidos Dywidag LTDA, cálculo e os estágios de construção da obra.
2017) Para os estágios de construção da obra, foram
Carga definidas 15 fases que representam as 5 etapas
Tirantes Tirantes
nominal Máxima
(mm)
Permanentes Provisórios
de Ensaio construtivas, uma vez que cada etapa consiste em
(tf) (tf) um conjunto de três procedimentos: a escavação
(tf)
15 8 10 14 do solo em 1,5 m de profundidade, a
32 39 46 68 concretagem de um painel da cortina (parede) e
36 50 58 87 a instalação e protensão do tirante. A carga de
40 61 71 107
47 85 99 148
protensão aplicada nos tirantes foi de 250 kN. A
Tabela 5 mostra as configurações das 15 fases.
Adotando-se o comportamento elástico,
Tabela 5. Resumo das Configurações de Cálculo na
foram definidas as propriedades do bulbo. O Plataforma Calculation
único parâmetro exigido pelo programa para este Tipo de Passo (“step”)
Identificação
material é a rigidez axial EAbulbo. Para um furo Cálculo Início Fim
de 100 mm, as Equações 6 e 7 mostram o cálculo Escavação 1 Plástico 1 4
de EAbulbo. Parede 1 Plástico 5 8
Tirante 1 Plástico 9 15
Escavação 2 Plástico 16 22
Aconcreto = Afuro - Aaço = 6,83×10-3 m² (6) Parede 2 Plástico 23 25
Tirante 2 Plástico 26 29
EAbulbo = Eaço ×Aaço + Econcreto ×Aconcreto (7) Escavação 3 Plástico 30 38
Parede 3 Plástico 39 41
Tirante 3 Plástico 42 45
A Tabela 4 reúne os dados inseridos para as Escavação 4 Plástico 46 56
propriedades dos tirantes. Parede 4 Plástico 57 59
Tirante 4 Plástico 60 63
Tabela 4. Propriedades dos Tirantes Escavação 5 Plástico 64 95
Propriedades Gerais Parede 5 Plástico 96 97
Elasto-Plástico (Trecho Tirante 5 Plástico 98 100
Tipo de Comportamento FS Etapa 1 Redução φ/с 101 200
Livre) e Elástico (Bulbo)
EATrecho,Livre (kN/m) 2,142E+05 FS Etapa 2 Redução φ/с 201 300
EABulbo (kNm²/m) 3,576E+05 FS Etapa 3 Redução φ/с 301 400
FS Etapa 4 Redução φ/с 401 500
L (m) 2,000
FS Etapa 5 Redução φ/с 501 600
|Fmax,tração,compressão| (kN) 500,000
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Tabela 8. Coeficiente de correlação linear R e outros Finalizando a análise AA, verificou-se o impacto
parâmetros do gráfico da Figura 12 da variação do ângulo de atrito nos valores dos
Ponto
Altura
A B C D E F fatores de segurança (FS) em cada etapa
7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 construtiva. Como esperado, quanto menor o
(m)
R 0,97 0,98 0,99 0,98 0,98 0,98 ângulo de atrito, menor o fator de segurança
a* -0,69 -0,59 0,65 0,54 0,37 0,23 global. A Figura 14 e a Tabela 9 mostram uma
b** 18,6 14,3 19,7 17,4 13,1 9,0 relação linear entre o FS e o ângulo de atrito.
Δmáx
5,20 4,43 4,91 4,05 2,77 1,68
(mm)
Tabela 9. Coeficiente de correlação linear R e outros
*Coeficiente angular (inclinação) da reta parâmetros do gráfico da Figura 14
**Coeficiente linear da reta
Etapa 1 2 3 4 5
R 0,9317 0,9997 0,9991 0,9997 0,9982
a* 0,0329 0,0499 0,0502 0,0546 0,0579
b** 1,445 0,6885 0,6130 0,3635 0,1015
Δmáx
-0,270 -0,372 -0,379 -0,410 -0,438
(mm)
Δmáx
-10,3 -15,3 -15,9 -18,1 -20,5
(%)
*Coeficiente angular (inclinação) da reta
**Coeficiente linear da reta
os valores para o coeficiente de correlação linear variação da sobrecarga e a carga final nos
variaram entre 0,97 e 0,99 para cada reta da tirantes. Como pode ser observado na Figura 17,
Figura 16. os valores das cargas finais nos tirantes não
seguiram uma tendência única de variação
perante a alteração da sobrecarga no talude,
mostrando-se relativamente estáveis.
Tabela 10. Coeficiente de correlação linear R e outros Figura 17. Carga Efetiva nos Tirantes ao Final da Obra
parãmetros do gráfico da Figura 16 versus Sobrecarga: Análise SC
Ponto
A B C D E F
Altura
7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0
3.3.3 Fator de Segurança Global
(m)
R 0,97 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 Finalizando a análise SC, verificou-se as
a* 0,10 0,15 0,16 0,15 0,12 0,08
b** -5,55 -6,42 -3,29 -1,62 -0,06 1,03
implicações da variação da sobrecarga sob os
Δmáx fatores de segurança em cada etapa construtiva.
4,60 6,74 7,22 6,62 5,42 3,39 A partir da Figura 18, notou-se que,
(mm)
*Coeficiente angular (inclinação) da reta diferentemente do que ocorreu com a variação
**Coeficiente linear da reta do ângulo de atrito, não houve uma
correspondência clara entre as grandezas em
todas as etapas construtivas. Nas três primeiras
etapas, o comportamento do Fator de Segurança
Global foi aleatório à medida em que a
sobrecarga no topo do talude aumentou. Em
contrapartida, nas duas últimas etapas
construtivas notou-se uma correspondência
inversamente proporcional entre essas variáveis.
RESUMO: Em regiões de solos tropicais, como o encontrado na cidade de Goiânia (GO), mesmo em
situações de chuvas críticas o solo não se encontra saturado, fato comprovado em estudos anteriores.
Este trabalho possui o objetivo de avaliar a contribuição da não saturação no dimensionamento de
um solo grampeado, considerando o efeito da sucção no solo e na interface solo-grampo. Para o
dimensionamento, utilizou-se o Método de Equilíbrio Limite das Fatias, de Bishop. Quanto à análise
do efeito da sucção na resistência da interface, foi utilizado o modelo proposto por Hamid e Miller
(2009). O dimensionamento foi realizado para três situações: resistência sem considerar o perfil de
sucção; perfil de sucção hidrostático e perfil de sucção medido em campo. O número e comprimento
de grampos foi otimizado no dimensionamento. Os resultados indicam que efeito da sucção no solo
no fator de segurança é superior ao efeito da sucção na interface solo/grampo. No entanto, mesmo
esse reduzido efeito na interface possui impactos importantes, por afetar o mecanismo de
instabilidade. Reduções na quantidade de reforços da ordem de até 30% foram obtidas ao considerar
o efeito da não saturação.
considerar a pior hipótese de resistência do solo A presença de ar nos vazios do solo leva a uma
de modo que se garanta a segurança, como, por mudança na descrição do comportamento
exemplo, a consideração do solo ser analisado mecânico do mesmo. Dentre as variáveis
com parâmetros do solo saturado. Contudo, é utilizadas para caracterizar este, uma das mais
comum, em certas regiões, casos onde o solo significativas é a sucção mátrica, definida pela
dificilmente se encontrará saturado. Nestes diferença de pressão de ar e água. Esta diferença
casos, mesmo em épocas de chuvas intensas, o de pressão promove o surgimento de uma tensão
efeito da sucção estará presente. Rocha (2013) e de tração na interface água/ar, através dos
Silva (2016) realizaram estudos de simulações meniscos formados.
numéricas do solo da região de Goiânia – GO, A relação da sucção com o teor de água
onde foi observado que o solo não iria saturar presente no solo (grau de saturação; teor
mesmo com uma análise de chuvas críticas. volumétrico de água; umidade gravimétrica), é o
Desta maneira, este trabalho apresenta um primeiro passo para se realizar a caracterização
estudo de caso onde foi realizado e comparado o não saturada do solo. Esta relação define a curva
dimensionamento de uma estrutura de solo característica solo água (CCSA).
grampeado, considerando o efeito da sucção no A determinação da CCSA pode ser feita em
solo e na interface solo-grampo. laboratório por meio de ensaios como o Ensaio
de Papel Filtro, Potenciômetros de ponto de
orvalho (medição da sucção total) e placas de
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA pressão ou sucção. Com os dados obtidos em
laboratório, são utilizados ajustes para
2.1 Análise não saturada representar o comportamento no formato de uma
curva contínua.
Em um contexto prático e simplificado da Brooks & Corey (1964) propuseram uma
Engenharia, costuma-se realizar uma análise dos popular equação de ajuste da CCSA, o qual faz
parâmetros de resistência do solo em termos de uso das Equações 1, 2 e 3:
tensões efetivas. Contudo, a não ser que se esteja
dimensionando uma estrutura próxima do nível 𝛳𝑒 = 1; 𝑠𝑒 (𝑢𝑎 − 𝑢𝑤 ) ≤ (𝑢𝑎 − 𝑢𝑤 )𝑏
do lençol freático, o solo se encontrará com a (1)
presença de não apenas água em seus vazios,
mas, também, ar, e com isso essa análise (𝑢 −𝑢 ) 𝜆
𝛳𝑒 = ( (𝑢𝑎 −𝑢𝑤 )𝑏) ; 𝑠𝑒 (𝑢𝑎 − 𝑢𝑤 ) > (𝑢𝑎 −
simplificada pode deixar de ser condizente com 𝑎 𝑤
o real comportamento do solo. Além disso, a 𝑢𝑤 )𝑏
técnica de solo grampeado, geralmente, é (2)
realizada acima do NA, devido à dificuldade de
execução na presença de água (Clouterre, 1991). Sendo,
É evidenciado em Silva (2016) que, em solos
𝛳−𝛳𝑟
tropicais, devido à presença de macro e 𝛳𝑒 = 𝛳 (3)
𝑠 −𝛳𝑟
microporos, tem-se baixos valores de entrada de
ar. Logo, a umidade do solo ao longo de sua
profundidade sofre oscilações limitadas às 𝜭e: conteúdo volumétrico de água normalizado;
camadas rasas, de até 2 metros, mesmo em 𝜭: conteúdo volumétrico de água;
períodos de chuva ou seca mais extremos, (ua-uw): sucção mátrica;
principalmente em regiões onde o NA é (ua-uw)b: valor de entrada de ar;
profundo. Desta maneira, se torna necessária a 𝜭r: conteúdo volumétrico de água
análise não saturada nessas regiões. correspondente ao valor de sucção residual;
𝜭s: conteúdo volumétrico de água
2.1.1 Comportamento do solo correspondente ao valor de sucção saturação;
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𝜆: índice relacionado a distribuição do tamanho O efeito dos meniscos de água gera modificações
dos poros; na interface solo/grampo. Hamid e Miller.
(2009) propôs uma modelagem para o cálculo da
A importância da utilização deste ajuste é o tensão de arrancamento dos grampos,
fato dele fornecer uma curva unimodal, fator que considerando o efeito da sucção na resistência da
será necessário em futuros cálculos. Entretanto, interface e baseando na equação proposta por
sabe-se que há modelos que se ajustam melhor Vanapalli (1996). Esta é apresentada pela
para um solo tropical, como o proposto por equação 5.
Gitirana Jr. e Fredlund (2004), o qual faz uso de
uma modelagem bimodal, permitindo a 𝑞𝑢 = 𝑎′ + (𝜎𝑓 − 𝑢𝑎 ) ∙ 𝑡𝑎𝑛 𝛿 ′ + (𝑢𝑎 − 𝑢𝑤 )𝑓 ∙
𝑓
representação dos macroporos e microporos (𝜃−𝜃𝑟)
presentes no solo. 𝑡𝑎𝑛 𝛿 ′ (𝜃𝑠−𝜃𝑟) (5)
Realizar uma análise da resistência de um
solo não saturado em laboratório envolve ensaios Onde, qu é a tensão última de arrancamento da
de maior complexidade e detalhamento, haja interface solo/grampo, a’ é a coesão na interface
vista que há a necessidade de controle de sucção solo/grampo (adesão), e 𝛿’ é ângulo de atrito na
mátrica, e para isto são necessários novos interface.
equipamentos para esse fim. Por exemplo, para Para determinar os parâmetros de resistência
realizar um ensaio não saturado na câmara da interface solo/grampo, foram utilizadas as
triaxial, é necessária a utilização de sistemas propostas de Terzaghi (1967), Equações 6 e 7:
independentes para água e para o ar, uma
cerâmica de alto valor de entrada de ar, além da a’= 0,5c’ (6)
medição do volume total (Fredlund e Rahardjo, 2
tan 𝛿 ′ = 3 tan 𝜙 ′ (7)
1993). Visto isto, é conveniente a utilização de
modelos que utilizam a CCSA para prever a
resistência ao cisalhamento do solo não saturado. 2.2 Análise da estabilidade de taludes
Fredlund e Rahardjo (1993), Fredlund et al.
Uma das formas mais recorrentes de realizar
(1996), Vanapalli et al. (1996), dentre outros,
uma análise da estabilidade de um talude é
propuseram modelos com este intuito.
O modelo proposto por Vanapalli et al. (1996) através do Método de Equilíbrio Limite, como o
Método das Fatias. A utilização deste consiste
faz o uso da Equação 4.
em realizar o equilíbrio de forças e momentos de
uma massa de solo em sua iminência de entrar
𝜏 = 𝑐 ′ + (𝜎𝑓 − 𝑢𝑎 ) ∙ tan 𝜙 ′ + (𝑢𝑎 − 𝑢𝑤 )𝑓 ∙
𝑓 em ruptura ao longo de uma superfície de ruptura
(𝜃−𝜃𝑟)
tan 𝜙 ′ (𝜃𝑠−𝜃𝑟) (4) assumida. A massa de solo é analisada como um
corpo rígido com estado plástico de ruptura,
assumindo-se que a ruptura ocorre de forma
Observa-se que a Equação 4 apresenta não
instantânea e que o fator de segurança é
linearidade, uma vez que a parcela relativa ao
constante ao longo da superfície de ruptura.
efeito da sucção mátrica na resistência do solo
Como forma de adotar um parâmetro para
diminui a partir do valor de entrada de ar.
quantificar a estabilidade, é calculada a razão das
Segundo Fredlund e Rahardjo (1993), isso
ações resistentes em relação às ações atuantes
ocorrerá devido ao fato da água dos poros ocupar
(desestabilizadoras), representando o fator de
apenas uma porção dos poros do solo, indicada
segurança do talude.
pelo grau de saturação do solo, o qual é menor
Uma das vantagens deste Método das Fatias é
que 100%. Como resultado, um aumento da
a possibilidade de se considerar uma estrutura de
sucção mátrica passa a ter um efeito menor.
reforço no solo, como, por exemplo, um grampo.
Para isto, basta incluir na base de fatias
2.1.2 Comportamento da interface solo/grampo
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intersectadas por linha de ação do reforço uma Bueno, onde encontra-se dois tipos de solos
força de resistência seguindo a direção do predominantes, um situado até uma
mesmo. profundidade de 5,45m (amostra 1) e outro a
O método das fatias, apresenta diversas partir desta profundidade (amostra 2). O nível
variações, e estas estão majoritariamente freático encontra-se a 12,75m de profundidade, a
relacionadas às forças existentes entre as fatias. partir do topo da escavação.
Dentre estas variações, as que possuem mais A Figura 1 apresenta o perfil composto pelos
destaque são os métodos de Fellenius, Bishop- dois tipos de solos identificados, o NA, a divisão
Simplificado e Morgenstern-Price. das camadas, os pontos de entrada e saída da
superfície de ruptura e a superfície de ruptura
2.3 Dimensionamento de solo grampeado analisados pelo SLOPE/W.
Como nível d’água (NA) está à uma Figura 3. Curva característica solo-água correspondente à
profundidade de 12,75 m, o solo acima deste Amostra 2
possui um comportamento não saturado. Para a
obtenção das CCSA de cada amostra, foram
utilizados os resultados dos ensaios de papel 3.2 Perfil de coesão aparente
filtro de Silva (2016). O ajuste utilizado foi o de
Brooks & Corey (1964). As Figuras 2 e 3 Como observado no item 2.1 a umidade varia
apresentam as CCSA das amostras 1 e 2 com a profundidade, até o NA. Sendo assim a
respectivamente. sucção, também como a coesão aparente,
apresenta variação com a profundidade. A partir
do perfil de umidade medido em campo a cada
metro, em laboratório obteve-se o perfil de
sucção, os quais podem ser encontrados em Silva
(2016).
Na Tabela 2, são apresentados, segundo às
profundidades, os valores de umidade
gravimétrica medidos em laboratório; os valores
de sucção hidrostática; os valores de conteúdo
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volumétrico de água hidrostático, obtidos através 8,00 18,9 0,287 10,1 25,635
das CCSA e correspondentes aos valores de 9,00 15,0 0,228 31,4 31,987
10,00 19,6 0,299 8,6 25,175
sucção. Por fim, os valores de coesão (cAPhid)
11,00 14,3 0,217 77,1 42,814
foram calculados através da Equação 4. 12,00 15,6 0,238 22,6 29,764
12,75 0,0 21,260
Tabela 2. Valores de coesão aparente calculados segundo
um perfil de sucção hidrostático Como artifício para empregar os diferentes
perfis de resistência ao cisalhamento na análise
(uw-ua)hid cAPhid de equilíbrio limite, o perfil acima do NA foi
Profundidade w (%) hid
(kPa) (kPa)
subdividido em 15 camadas de 1 m de espessura,
0,00 127,5 0,170 36,021 com exceção das camadas mais extremas. O
0,25 13,7 125,0 0,170 35,581 valor de coesão aparente inserido em cada
1,00 13,4 117,5 0,170 34,262
camada corresponde ao valor de coesão aparente
2,00 13,3 107,5 0,178 33,900
3,00 12,2 97,5 0,178 32,012 em sua profundidade central, o qual corresponde
4,00 13,0 87,5 0,187 31,337 aos valores apresentados nas Tabelas 2 e 3.
5,00 11,3 77,5 0,187 29,310 No caso do perfil de tensões efetivas, sem
6,00 14,3 67,5 0,212 41,113 considerar a sucção, os valores de coesão
7,00 19,5 57,5 0,212 38,172 adotados se resumiram aos valores de coesão
8,00 18,9 47,5 0,221 35,952 efetiva de cada amostra.
9,00 15,0 37,5 0,231 33,452
10,00 19,6 27,5 0,251 31,128
11,00 14,3 17,5 0,273 28,181 3.4 Tensão de arrancamento dos grampos
12,00 15,6 7,5 0,309 24,684
12,75 0,0 21,260 Os valores relacionados à resistência efetiva da
interface solo/grampo foram calculados através
Na Tabela 3, são apresentados, segundo as das considerações de Terzaghi, Equações 6 e 7,
profundidades, os valores de umidade e são apresentados na Tabela 4.
gravimétrica, os valores de sucção de campo e os
valores de conteúdo volumétrico de água de Tabela 4. Parâmetros de resistência efetiva da interface
campo, medidos em laboratório de amostras solo/grampo
retiradas dentro do período de fevereiro a julho
Amostra 1 Amostra 2
de 2014. Por fim, os valores de coesão aparente
(cAPcampo) foram calculados através da Equação ' 26,5 26,3
4. a' 6,80 10,63
Tabela 5. Valores de tensão de arrancamento calculados O espaçamento vertical foi calculado com
segundo um perfil de sucção hidrostático, de campo e de base no número de grampos, distribuindo os
tensões efetivas
mesmos de forma homogênea na profundidade
Profundidade qu hid qu campo qu sat da escavação, ou seja, dividindo a profundidade
(m) (kPa) (kPa) (kPa) pelo número de grampos mais um. Foram
0,25 23,3 24,4 8,7 variadas a quantidade de grampos (n), 6 a 9, e o
1,00 28,1 28,1 14,3 comprimento (l), 5, 6, 7, 8, 9 e 10m.
2,00 35,3 34,4 21,8
3,00 41,6 39,2 29,3 3.5 Demais parâmetros
4,00 48,6 46,3 36,8
5,00 54,7 51,1 44,3 Como já citado, outros parâmetros são
6,00 69,0 69,0 55,8
necessários para especificar as características do
7,00 75,4 81,6 64,1
reforço no solo. Estes, a seguir, foram adotados
8,00 82,3 86,3 72,5
9,00 89,0 89,4 80,9
constantes e iguais para todos os grampos.
10,00 95,8 97,6 89,2
11,00 102,2 100,9 97,6 Diâmetro adotado de 0,1016 m;
12,00 108,2 107,8 106,0 Espaçamento horizontal adotado de 1,5m;
12,75 112,2 Capacidade estrutural fictícia de 1000 kN,
13,00 114,3 uma vez que não houve intenção de se avaliar
13,50 118,5 o risco de ruptura interna do grampo;
14,00 122,7 Fator de redução da capacidade estrutural do
14,50 126,9 grampo unitário, pela mesma razão anterior;
Resistência ao cisalhamento do grampo e seu
Como pode ser observado na Tabela 5, a respectivo fator de redução foram dados como
tensão de arrancamento possui grande influência nulo e unitário, respectivamente, visto que é
da profundidade e do valor de sucção. Para comum em projetos de reforço de solos
inserir um valor único no software de análise em desconsiderar essa força, pela mínima
cada grampo, optou-se por calcular uma tensão probabilidade de ocorrência deste tipo de
média relacionada às tensões nos limites de falha, a qual é mais comum quando se
instalação de cada grampo, como apresentado na trabalha com um reforço de rochas.
Figura 4. Esta, consequentemente, é função,
também, da quantidade, do comprimento e da
inclinação dos grampos a serem instalados, a
qual será adotada constante de 15°. 4 RESULTADOS
cap -
Camada Prof. cap - hid
campo
0,00
1 35,6 31,0
0,10
0,13
2 35,6 31,0
0,63
0,63
3 34,3 34,1
1,50
1,50
4 33,9 35,4
2,50
2,50
5 32,0 46,4
3,50
3,50
6 31,3 37,6
4,50
4,50
7 29,3 56,0
5,50
5,50
8 41,1 40,5
6,50
6,50
9 38,2 25,3
7,50
7,50
10 36,0 25,6
8,50
8,50
11 33,5 32,0
9,50 Figura 5. Representação do perfil de coesão aparente para
9,50 os casos de campo e hidrostático
12 31,1 25,2
10,50
10,50
13 28,2 42,8
11,50 4.2 Dimensionamento da cortina grampeada
11,50
14 24,7 29,8
12,38
12,38 As Tabelas 8 a 12 apresentam os resultados dos
15 21,3 21,3 fatores de segurança para os 5 casos tratados. O
12,75
tipo de ruptura do talude será indicado pela cor
Os perfis de coesão correspondentes às das células, as azuis indicam ruptura no pé do
sucções de campo e hidrostática são talude e as verdes correspondem a uma ruptura
apresentados de forma gráfica na Figura 5. A global. Nas tabelas, “n” representa o número de
variabilidade das condições de umidade em linhas de grampo e “l” o comprimento dos
campo resultou em um perfil com relativamente grampos em metros.
elevada flutuação, com coesão aparente de 25 a A consideração da sucção tem óbvio impacto
56 kPa. Deve-se, por outro lado, observar que o no modo de ruptura. O efeito da sucção tem
perfil hidrostático produz coesões aparentes que natureza coesiva. Desta maneira, quanto maior o
segue a tendência geral do perfil de campo. É efeito da sucção, mais profundo é o modo de
interessante também observar que as menores ruptura crítico, tendendo ao modo “global”. O
umidades observadas in situ correspondem, maior efeito coesivo é apresentado na Tabela 11,
aproximadamente, a condições residuais para os com metade das combinações avaliadas
macroporos do solo. Ou seja, a umidade do solo apresentando rupturas globais.
se encontra principalmente nos interstícios das Pode-se também afirmar que, uma vez que o
agregações de argila, típicas desse material. mecanismo de ruptura seja global, seja pelo
efeito da sucção, seja pelo efeito dos grampos,
passa-se a ter um fator de segurança com
relativamente baixa sensitividade ao valor da
sucção. Por outro lado, quando o efeito coesivo
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Figura 8. Gráficos de FS em relação ao comprimento dos grampos em análises saturadas e não saturadas para o grampo,
em um perfil de sucção hidrostático
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Figura 9 Gráficos de FS em relação ao comprimento dos grampos em análises saturadas e não saturadas para o grampo,
em um perfil de sucção de campo.
RESUMO: Este trabalho visa apresentar o estudo de uma estrutura de contenção em solo reforçado
que foi utilizada na recomposição de um talude que sofreu deslizamento no dia 14 de novembro de
2016 na Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. O deslizamento de encostas é um fato
preocupante nessa cidade devido à sua topografia e ao processo de ocupação territorial que se deu
ao longo das margens do Rio Paraibuna. Tais fatores somados às elevadas médias pluviométricas
que normalmente ocorrem entre outubro e março em Juiz de Fora, tornam muito comum o
deslizamento de encostas como aconteceu na UFJF. No presente trabalho são apresentados estudos
que envolvem a determinação das prováveis causas do deslizamento, estudos preliminares que
viabilizaram a opção pela técnica adotada, ensaios laboratoriais e todas as etapas construtivas que
puderam ser acompanhadas no período de execução da obra. Levando em consideração as
limitações do local onde ocorreu o deslizamento, a técnica de solo reforçado com o uso de
geossintético foi considerada a mais viável para a contenção.
3 ESTUDO DE CASO
O ensaio de determinação do teor de umidade Através dos resultados obtidos nesse ensaio é
foi feito com base na NBR 6457:2016 que possível a construção da curva de distribuição
prescreve o método de preparação de amostras granulométrica, importante para a classificação
para os ensaios de compactação, caracterização, dos solos bem como a estimativa de parâmetros
e ainda o método para determinação do teor de para filtros, bases estabilizadas, permeabilidade,
umidade de solos em laboratório. capilaridade etc.
3.5.3 Ensaio de limite de liquidez e plasticidade 3.5.5 Ensaio de índice de suporte califórnia
(LL e LP) (CBR)
O ensaio de limite de liquidez foi realizado de Segundo Souza (2014), este ensaio tem como
acordo com a NBR 6459:2017 e o limite de objetivo avaliar a resistência mecânica dos
plasticidade de acordo com a NBR 7180:2016. solos, de modo a permitir a seleção dos
Os resultados do teor de umidade e os limites materiais que irão compor as camadas de
de liquidez e plasticidade estão apresentados na pavimentação.
Figura 9. Realizado segundo norma DNIT 172/2016,
para o estudo de caso em questão, o ensaio
3.5.4 Ensaio de granulometria executado forneceu o resultado de ISC no valor
de 16%.
O ensaio de granulometria foi feito somente
pelo processo de peneiramento, levando em 3.6 Escolha da solução
consideração o percentual de solo passante na
série de peneiras de 1 ½”, 1’, 3/8”, 4, 10, 40 e Dentre as técnicas de contenções existentes,
200 (Figura 9). levou-se em consideração aquela que
apresentou melhor custo financeiro e também
melhor viabilidade técnica, analisando os
recursos naturais, mão de obra disponível,
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 16 - Controle de compactação pelo método do
Cilindro de Cravação. Fonte: (AUTOR, 2017). Tendo em vista todos os argumentos
apresentados ao longo do desenvolvimento
Após cravado o cilindro, este era retirado deste estudo, e com base nas informações
com o auxílio de uma chibanca. Depois de obtidas através do acompanhamento da obra,
retirado, o mesmo era rasado e pesado. Logo pode-se concluir que o resultado final da
após o solo era retirado de dentro do recipiente solução adotada cumpriu todas as expectativas
e sua umidade mais uma vez determinada pelo ao analisar os seguintes critérios: baixo custo, se
método da frigideira segundo a NBR comparada com outras técnicas; rapidez e
16097:2012. Seguindo os princípios prescritos simplicidade na execução; solução que
em norma, sua densidade máxima seca era visualmente não destoa da paisagem local,
determinada e comparada com a densidade mesmo que parte de vegetação ainda não tenha
máxima obtida em laboratório, determinando o coberto os sacos de aniagem e reaproveitamento
grau de compactação da camada ensaiada. de material próximo ao deslizamento, o que
Sendo aprovada, uma nova camada de solo era implica em economia. A obra não apresentou
lançada para compactação. Havendo nenhum inconveniente com relação ao projeto
reprovação, essa camada recebia mais uma ou à execução que viesse a parasilá-la, exceto
flecha e era reensaiada. Persistindo o problema, esporádicas ocorrências de chuva.
essa camada era aberta para que houvesse Por se tratar de uma técnica pouco utilizada
tratamento do material para posterior na região de Juiz de Fora, este caso pode servir
compactação. de incentivo para que a mesma seja adotada em
O controle de compactação e de todas as outras situações, uma vez que a própria cidade
etapas construtivas que compuseram a estrutura sofre todos os anos com deslizamentos graves
de contenção foi feito sistematicamente, camada em épocas de chuva. Em muitos casos, várias
por camada, de forma rigorosa até o final da áreas não passam por nenhuma intervenção pela
obra por parte de todos envolvidos na escassez de recursos públicos, já que na maioria
construção do aterro de solo reforçado. O das vezes são adotadas técnicas que envolvem
somatório de todos esses fatores proporcionou estruturas de concreto armado, que apresenta
uma execução adequada da estrutura de custos mais elevados.
contenção e um produto final de boa qualidade
conforme demostra a Figura 17.
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metálicas dispostas sob solo granular e face às camadas de solo compactado e o material
composta de painéis rígidos, foi desenvolvido empregado no faceamento da ECSR.
pelo arquiteto francês Henry Vidal, em 1966, e Os reforços introduzidos trabalharão em
é um exemplo desse tipo de estrutura. conjunto com o solo associando a propriedade
No Brasil, nas três últimas décadas, o uso de de resistência à tração do material utilizado às
geossintéticos como solução em sistemas características mecânicas do solo. Devido à
geotécnicos e problemas geoambientais forma como se dá a distribuição de tensões, a
experimentou um acentuado aumento, massa de solo reforçada tende a dividir-se em
impulsionando os estudos a respeito do assunto duas regiões denominadas de zona ativa e zona
(PALMEIRA, 2005). resistente (Figura 1). A divisão dessas zonas
A solução de contenção do solo com ECSR ocorre na superfície potencial de ruptura, onde
surge como uma alternativa eficiente e de fácil localizam-se os pontos de tração máxima
dimensionamento e execução, além de não ser (DANTAS e EHRLICH, 2000).
necessária mão de obra especializada, o que
atraiu o interesse tanto comercial como
acadêmico (DANTAS, 2004). Os Muros de
Solo Reforçado apresentam custo inferior se
comparados a outras possibilidades de
contenção de talude, tais como muros de
concreto e crib-wall.
A utilização de métodos numéricos na
simulação do comportamento geotécnico de Figura 1. Superfície potencial de ruptura - zona resistente
e zona ativa da ECSR.
estruturas de contenção de solos reforçados, em
geral, é bastante difundida. Yu et al. (2016) A zona ativa compreende a parte do maciço
destacam a utilização do Método dos Elementos que recebe diretamente os esforços e os
Finitos (MEF) e do Método das Diferenças transferem por meio de tensões cisalhantes ao
Finitas (MDF) nas abordagens numéricas para longo dos reforços para a zona resistente que
simulação dessas estruturas. Damians et al. sustenta toda a estrutura (GUEDES, 2004). A
(2015), Rowe and Ho (1997), Dantas (2004) e zona ativa é potencialmente instável e tende a se
Ehrlich e Mirmoradi (2017) são exemplos disso. deslocar para fora do talude, causando um
O objetivo geral desse artigo é analisar o possível deslizamento. A zona resistente é
efeito da face, rígida ou flexível, sobre o estável e trabalha mantendo a zona ativa fixa e
comportamento de estruturas de contenção de indissociável. O novo arranjo passa então a ser
solo reforçado sob condições de trabalho, considerado uma estrutura monolítica, já que a
levando em consideração o processo de interação solo/reforço é responsável pela
compactação do solo a partir de simulações estabilidade interna da estrutura (LOIOLA,
numéricas utilizando o MEF. 2001).
O comprimento dos reforços utilizados na
2 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DE estrutura deve ser suficiente para promover a
SOLO REFORÇADO (ECSR) ancoragem da zona ativa na zona resistente e
sua resistência deve ser superior aos esforços de
O processo construtivo incremental de uma tração detectados na superfície de ruptura. Os
estrutura de contenção de solo reforçado esforços atuantes sobre a estrutura são oriundos
necessita basicamente de três elementos: o solo das forças decorrentes do peso próprio, dos
utilizado como material de enchimento da empuxos de terra e de sobrecargas aplicadas no
estrutura, submetido ao processo de solo (BARBOZA JUNIOR, 2003; DANTAS,
compactação; os reforços dispostos intercalados 2004).
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Sendo:
A compactação do solo pode ser dita como um σv, σh = Tensão vertical e horizontal do ponto,
dos principais aspectos do processo construtivo respectivamente.
que exerce influência sobre o comportamento Δσv, Δσh = Acréscimos de tensão vertical e horizontal de
de uma ECSR. A compactação proporciona pico, respectivamente, induzidos pela compactação do
melhoria das propriedades mecânicas do solo e solo.
Δσh,r = Acréscimo de tensão horizontal residual da
a otimização do volume da estrutura, majorando compactação.
a densidade do material (DANTAS, 2004).
Nas ECSR, a compactação também pode Enquanto a tensão vertical induzida pela
afetar significativamente as tensões internas compactação for superior à tensão vertical
desenvolvidas e por isso deve-se considerar seu devida ao peso próprio do solo acima da
efeito no comportamento da massa reforçada. camada considerada, a tensão horizontal atuante
Mitchell e Villet (1987) e Elias et al. (2001) é aquela induzida pela compactação. Quando
recomendam que equipamentos pesados de esse valor é ultrapassado, a compactação deixa
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Nas estruturas que possuem face rígida, há a Allen et al. (2003) K-Stiffness foi calibrado por
possibilidade de uma redução dos reforços, pois meio de dados de tensão e deformação de 16
as tensões são distribuídas de forma mais muros instrumentados e surgiu como uma
uniforme e a face por si só tem a capacidade de alternativa para o dimensionamento de
auxiliar a estrutura na absorção das tensões. No estruturas de solos reforçados, que se baseava
entanto, nas ECSR de face flexível, não há num método simplificado e deveras
nenhuma contribuição desta para a estabilidade conservativo da AASHTO de 2002.
da estrutura (EHRLICH e BECKER, 2009). A O método inicial proposto foi desenvolvido
Figura 3 apresenta um esquema de como se dá a para ser aplicado apenas a solos granulares.
distribuição de tensões nas estruturas com face Porém, em muitas situações, a quantidade de
rígida e face flexível, respectivamente: finos em meio ao solo granular ou a dificuldade
de se encontrar um solo granular de qualidade
na região de construção da ECSR inviabilizava
a utilização deste método. Em contrapartida a
esta limitação, após novos estudos baseados em
a) b) análises publicadas por Miyata e Bathurst
(2007), foi desenvolvido o método K-Stiffness
Figura 3. Distribuição de tensão no reforço em ECSR
Modificado (2008) incluindo o fator Φ’c,
com diferentes condições de faceamento: (a) face rígida,
(b) face flexível. considerando assim a influência da coesão do
solo no dimensionamento. Segundo estudos, o
Em geral, uma compactação pesada do solo método modificado apresenta uma previsão
promove um aumento na solicitação dos cerca de 10% melhor de cargas no final da
reforços, e a utilização de elementos rígidos na construção em relação ao método inicial.
face apresenta a tendência de reduzir as As variáveis que influenciam o
solicitações (DANTAS, 2004). comportamento da estrutura segundo essa
formulação, são: altura do muro e sobrecargas,
rigidez global e local do reforço do solo,
3.0 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO resistência a movimentos laterais causados pela
rigidez da face da estrutura e restrição de
Na literatura é possível encontrar métodos de movimentação na base, inclinação da face,
dimensionamento de ECSR fundamentados, no resistência ao cisalhamento e comportamento
geral, sob três diferentes metodologias: métodos tensão/deformação do solo, espaçamento
semi-empíricos, métodos de equilíbrio limite e vertical dos reforços, peso específico e coesão
métodos baseados no comportamento do solo do solo utilizado como material de aterro. O
sob condições de trabalho. método não leva em consideração diretamente o
Para efeito de comparação e de validação das efeito do processo de compactação,
modelagens numéricas efetuadas para alcançar negligenciando as propriedades agregadas ao
os resultados propostos pela pesquisa, serão solo e a tensão aplicada ao reforço em
utilizados dois métodos de dimensionamento: o decorrência da compactação.
método baseado em condições de trabalho,
proposto por Dantas e Ehrlich (2000), e o 3.2 Método Dantas-Ehrlich (2000)
método Semi-Empírico K-Stiffness Modificado
(2008). O método publicado por Dantas e Ehrlich
(2000) trata-se de uma metodologia analítica
3.1 Método K-Stiffness Modificado (2008) para dimensionamento de estruturas de solo
reforçado, muros e taludes, de inclinação
O método semi-empírico, desenvolvido por qualquer, baseando-se em condições de
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Figura 4.15. Tração máxima normalizada na ECSR para diferentes opções de faceamento - (a) Reforço metálico/ σ(zc,i) =
50kPa; (b) Reforço metálico/ σ(zc,i) = 00kPa; (c) Reforço geotêxtil/ σ(zc,i) = 50kPa; (d) Reforço geotêxtil/ σ(zc,i) = 00kPa.
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formato dos geotêxteis, enquanto nas estado de tensões após o lançamento de uma
geogrelhas, há a penetração do solo nos vazios, camada, o ponto 2 é o estado de tensões durante
devido aos seus elementos vazados e, portanto, a compactação, o ponto 3 representa a retirada
Juran e Chen (1988 apud FONSECA, 2012) do equipamento de compactação e o ponto 4
citam três mecanismos de interação solo- representa o lançamento da camada seguinte.
reforço: atrito nos elementos longitudinais,
imbricamento do solo nos vazios da geogrelha e
resistência passiva contra os elementos
transversais.
A compactação realizada no solo apresenta Figura 2. Tensões verticais induzidas por diversos rolos
extrema importância na análise do seu compactadores.
comportamento, visto que ela pode afetar
significativamente as tensões internas das A máxima tensão vertical a que o solo foi
estruturas. submetido em sua história, , é o maior valor
O modelo de dimensionamento de Ehrlich e entre a tensão vertical induzida pela
Mitchell (1994) considera que existe um ciclo compactação, , e a tensão vertical efetiva
de carga e descarga para cada camada de solo, proveniente da camada de solo superior, .
como mostra a Figura 1, em que o ponto 1 é o
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Pr = 2 F z Le (4)
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 2. Fatores de segurança quanto a ruptura global do reforço à tração (Jr), o índice de rigidez
em função da coesão. relativa (Si), a tensão vertical induzida pela
Fator de segurança
Intercepto compactação (σ'zc,i), tensão vertical geostática
Com
coesivo (c) Sem reforço Diferença (σ'z), a máxima tensão vertical a que foi
reforço
0 kPa 0,160 2,366 2,206 submetido o solo em sua história (σ'zc), a
1,1 kPa 0,237 2,420 2,183 relação entre σ'z e σ'zc e o parâmetro β. Esses
5 kPa 0,561 2,614 2,053 dados são comuns a todas as situações por
11 kPa 0,848 2,863 2,015
serem independentes da coesão.
55 kPa 2,600 3,597 0,997
110 kPa 3,824 3,930 0,106 A resistência à tração nominal da geogrelha
foi minorada utilizando os fatores de segurança
Como é possível perceber, a diferença entre para fluência em tração (fcr = 2,00), danos de
os fatores para a mesma coesão diminui à instalação (fmr = 1,50), degradação ambiental (fa
tendência em que aumenta este parâmetro, ou = 1,05) e incertezas estatísticas do material (fm
seja, quanto mais coeso o solo, menor a = 1,05), resultando em uma resistência à tração
necessidade de reforço para sua contenção. de projeto de 27,21 kN/m.
Os dados fornecidos pela Tabela 1 traçam as Dentre os ábacos disponíveis, a relação c/σ'zc
curvas de “Fator de Segurança X Coesão” para é que determina qual será utilizado. Com o
uma estrutura sem reforço e outra com reforço, valor de χ fornecido pelo ábaco, é possível
mostradas na Figura 9, onde é possível perceber calcular a força de tração atuante em cada
a convergência entre as duas situações, além da camada de reforço, e o valor máximo majorado
comparação com o valor do fator de segurança pelo fator de segurança 1,5 para, assim, ser
para a ruptura global, que é de 1,5, segundo a comparado com a resistência do reforço.
NBR 11682/2006. Dessa forma, constata-se A Figura 10 mostra os resultados
que, para este caso, o reforço passa a ser encontrados na análise do comportamento do
desnecessário para coesões acima de, reforço em resposta a cada valor de coesão,
aproximadamente, 28 kPa. relação da força de tração em cada camada.
resistência é devido ao atrito entre os grãos, por Tabela 3. Fatores de segurança ao arrancamento.
isso necessita de uma maior solicitação dos Camada Fatores de Segurança
de
reforços para haver estabilidade. Enquanto os reforço
0 kPa 1,1 kPa 5 kPa 11 kPa
solos coesivos, como por exemplo, as argilas 11 2,81 2,94 3,40 4,04
sobreadensadas, apresentam uma solicitação 10 4,90 5,12 5,93 7,04
muito pequena do reforço, visto que a coesão é 9 7,01 7,32 8,86 11,22
a sua principal parcela da resistência. 8 11,23 11,72 13,48 16,85
7 15,62 16,28 19,53 24,41
A Figura 10 também traça uma reta 6 27,42 28,51 32,40 37,52
mostrando o valor da resistência de projeto da 5 44,26 45,96 51,96 56,90
geogrelha, assim, é possível identificar em quais 4 46,73 47,63 53,84 61,92
situações ela pode ser utilizada considerando a 3 48,37 49,30 55,73 61,03
geometria do exemplo. 2 50,00 50,97 55,21 60,23
1 (base) 94,38 97,75 105,27 109,48
Esse tipo de reforço só pode ser utilizado
com solo que, mantendo os parâmetros
simulados no estudo de caso, apresente coesão
5 CONCLUSÃO
maior ou igual a 11 kPa, dentre os valores
simulados. Os solos com coesão igual a 0 kPa,
Ao fim do trabalho, é possível comprovar o
1,1 kPa e 5 kPa apresentam camadas cujo
quanto a variação da coesão interfere na escolha
esforço de tração supera a resistência da
e dimensionamento dos reforços. Baixas
geogrelha, sendo a solução adotar um reforço
coesões geram no reforço maiores tensões, altas
com maior resistência à tração. Enquanto para
coesões, por sua vez, apresentam menor
os solos com maior coesão (55 kPa e 110 kPa)
solicitação ao geossintéticos, ao ponto de não
não é recomendável utilizar a geogrelha adotada
precisar de contenção.
neste trabalho, já que seria mais viável
Os resultados confirmaram a influência da
economicamente a adoção de um reforço mais
coesão no comportamento do solo quanto à
esbelto e menos resistente.
ruptura global e nas forças de tração impostas
O estudo de caso mostra que esse
nas geogrelhas. Para o caso estudado, solos com
geossintético verificado é apropriado e
coesão acima de 28 kPa dispensam o uso de
recomendado na utilização de um solo de
reforços, quanto a verificação da ruptura global;
enchimento com coesão igual a 11 kPa.
e, na estabilidade interna, a geogrelha de
Quanto ao arrancamento, utilizando as
resistência à tração nominal de 90 kN/m é
Equações 3 e 4, é possível perceber que todos
eficiente apenas para os solos com coesões
os solos foram aprovados, visto que seus fatores
iguais a 11 kPa, 55 kPa e 110 kPa, dentre as
de segurança superaram o valor mínimo de 1,5,
avaliadas.
como mostra a Tabela 3.
O método de análise das forças de tração de
Mitchell e Ehrlich (1994), generalizado por
Dantas e Ehrlich (2000), evidencia a
importância de considerar a energia de
compactação, principalmente nas camadas
superficiais, nas quais as tensões geostáticas são
menores, porém a carga imposta pela
compactação é alta e deve prevalecer sobre
aquela; além da rigidez relativa que depende do
material utilizado e afeta a deformação do
mesmo.
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AGRADECIMENTOS Paris.
Ehrlich, M. e Azambuja, E. (2003). Muros de solo
reforçado. In: IV Simpósio Brasileiro de
Agradeço a todos que estiveram presentes e Geossintéticos e V Congresso Brasileiro de Geotecnia
ajudaram de alguma forma a elaboração deste Ambiental. Porto Alegre.
trabalho. Ehrlich, M. e Mitchell, J. K. (1994). Working stress
Ao meu orientador Carlos Rezende, por ter design method for reinforced soil walls. Journal of
me guiado no seu desenvolvimento e repassado Geotechnical Engineering, ASCE, Reston, Virginia.
Elias, V. e Christopher, B. R. (1997) Mechanically
a mim um pouco do seu conhecimento para meu stabilized earth walls and reinforced soil slopes –
crescimento profissional. À equipe da Geotec, design and construction guidelines. Publicação n.º
pela recepção e disponibilidade. FHWA-SA-96-071. Federal Highway Administration.
Washington.
Fonseca, E. C. A. (2012). Análise Numérica do
Comportamento de Muros Reforçados com
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Não Convencional. Dissertação de Mestrado -
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS Faculdade de Tecnologia. Universidade de Brasília.
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Maurício Ehrlich
COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, me@coc.ufrj.br
Tal como observado por diferentes autores região central da escavação. À medida que a
(Cartier e Gigan 1983; Juran et al. 1984; Byrne inclinação do talude diminui, a posição das
et al. 1998; entre outros), devido à construção movimentações máximas se aproxima do pé da
por etapas, em escavações grampeadas mesmo escavação e, como comentado anteriormente,
que verticalizadas, as maiores solicitações nos reduzem significativamente de magnitude.
grampos poderiam vir a ocorrer próximo à região Gässler e Gudehus (1981) monitoram as
central da escavação (Figuras 3 e 4). Como já tensões atuantes junto à face de uma escavação
comentado, a inclinação da face exacerbaria grampeada de 6 m de profundidade, em solo
ainda mais este comportamento. arenoso, utilizando células de pressão total
posicionadas entre o concreto projetado e o solo.
O solo escavado possuía ângulo de atrito de 35º
e coesão aparente de 3 kPa. As tensões medidas
junto à face ao final da construção foram cerca
de 50% do valor previsto utilizando o método de
Coulomb para a condição ativa (Figura 5a).
Quando da aplicação de cargas externas no topo
da estrutura escavada, observou-se que as
tensões medidas equivaliam a cerca de 70% do
determinado por Coulomb para a condição ativa
(Figura 5b). Note-se que o fato das tensões
medidas na face serem inferiores ao previsto
pelo método de Coulomb para condição ativa é
razoável, visto que as tensões máximas não
ocorrem na face e sim no interior da massa de
Figura 3. Forças máximas mobilizadas nos grampos em solo.
escavação em solo grampeado (Cartier e Gigan 1983).
As diferenças percentuais em relação aos
valores previstos por Coulomb e às tensões
medidas na face ao final da escavação e quando
da aplicação do carregamento externo, podem
ser explicadas pelo processo executivo. A
construção se dá por etapas, sendo o faceamento
colocado ao final da escavação e instalação do
grampo. Quando da aplicação das sobrecargas, o
sistema já estava todo confinado, ou seja, já tinha
sido realizada a escavação do solo, intrusão do
grampo, instalação da célula de pressão total e
faceamento com concreto projetado. Com isso, a
eficiência do sistema aumentou levando a um
percentual mais elevado comparativamente ao
observado ao final da construção (70% e 50% do
previsto por Coulomb, respectivamente).
Figura 4. Deslocamentos horizontais e forças máximas O incremento das tensões no faceamento com
mobilizadas nos grampos em modelo reduzido de
escavação em solo grampeado (modificado de Juran et al. a profundidade, sob condições de trabalho, tanto
1984). no período construtivo, quanto por ocasião da
aplicação do carregamento externo,
Com relação a deslocamentos horizontais da apresentaram-se próximas a uma distribuição
face, no caso de taludes mais verticalizados, as triangular, observando-se uma redução
maiores magnitudes ocorrem entre o topo e a acentuada das tensões próximo ao pé da
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©ABMS, 2018
escavação (Figura 5). No entanto, tal força de tração dos grampos na face (isto é, força
comportamento não se verificou quando de de tração nas cabeças dos grampos - 𝑇0 ) e os
carregamentos próximos à condição de colapso, espaçamentos horizontal e vertical dos grampos
no qual se observou junto ao pé da escavação um (Sv e Sh).
aumento significativo das tensões laterais
atuantes no faceamento (p = 150 kPa; Figura 5b). 𝑇0
𝑝=𝑆 (2)
𝑣 .𝑆ℎ
Partindo da mesma hipótese Clouterre (1991), onde: 𝑆 é o espaçamento máximo entre grampos
Figura 7, sugere que a pressão de solo entre os (Sv e Sh).
grampos (𝑝) seja definida pela relação entre a Eleutério (2013) desenvolveu um estudo
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Modelos Físicos (Escala 1:1) e Numéricos, Dissertação Estruturas de Solo Grampeado através da
de Mestrado, Programa de Engenharia Civil, Monitoração de Obra e Modelos Físicos (Escala 1:1),
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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Alan Donasolo
Maccaferri do Brasil, Novo Hamburgo, Brasil, alan.donassollo@maccaferri.com.br
RESUMO: Este trabalho objetiva relatar pesquisa onde foram dimensionadas estruturas otimizadas
de contenção de 8 a 12 metros no sistema Terramesh sem reforço adicional com geogrelha,
analisando-se estabilidade global, estabilidade interna e verificação como muro. A pesquisa serviu
de tema para trabalho de conclusão de curso da primeira autora e é produto da parceria existente
entre a universidade e empresa global fornecedora de soluções de engenharia. A metodologia
adotada na pesquisa compôs-se pesquisa experimental, modelagem das estruturas em software,
apresentação e análise dos resultados e arrazoamento de conclusões. As análises das estruturas de
contenção buscaram otimizar os parâmetros de projeto visando atender no limite os fatores de
segurança da NBR11682/2009. Verificou-se que a eficácia das estruturas de contenção aconteceu
quando o comprimento do reforço equivalia a sua altura menos dois metros.
Viecili (2003) percebeu que o solo (2007), Bishop propôs uma solução mais
apresentou aumento da resistência ao refinada, de forma que o efeito das forças nas
cisalhamento após a ruptura na aplicação da faces de cada fatia é levado em conta somente
tensão de 200 kPa. Considerando que o solo até certo ponto.
estava inundado e sabendo que este fato reduz
consideravelmente a sua capacidade de carga,
pode-se dizer que se tratava de um solo
normalmente adensado. Lambe e Whitman
(1974), explicam que o aumento da resistência
ao cisalhamento após a ruptura do solo é típico
de argila normalmente adensada.
TEMA:
FUNDAÇÕES
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RESUMO: Nos grandes centros urbanos o aumento demográfico tem desafiado a construção civil
em relação à demanda por edificações com porte cada vez maior. Diante disso, o estudo voltado
para as formas de transmissão de cargas ao solo é fundamental. No presente trabalho foi realizado o
dimensionamento geotécnico dos seguintes tipos de fundação profunda: Estacas Hélice Monitorada
(HCM), Raiz e Pré-Moldada de Concreto (PMC), utilizando as metodologias de cálculo de
capacidade de carga propostas por Aoki e Velloso (1975) e Décourt e Quaresma (1996). Dessa
forma é possível identificar qual solução de fundação e qual metodologia apresentam melhores
resultados em relação a orçamento, número total de estacas e profundidade de assentamento das
mesmas.
comparar, para o mesmo perfil geológico Aoki e Velloso (1975) e Décourt e Quaresma
geotécnico, quais os tipos de estacas podem ser (1996). Tais métodos possibilitam, através de
executadas, utilizando para o dimensionamento equações semi-empíricas e do valor de NSPT, a
duas metodologias de cálculo de capacidade de previsão da capacidade de carga do solo, valor
carga diferentes: Aoki e Velloso (1975) e esse fundamental para determinação da
Décourt e Quaresma (1996). profundidade de assentamento das estacas.
Além disso, deseja-se elaborar um
levantamento orçamentário, tomando como 2.1 Aoki-Velloso (1975)
referências tabelas do Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção No método Aoki-Velloso utilizam as seguintes
Civil (SINAPI) e cotação de valores com fórmulas para calcular a resistência de ponta
fornecedores para avaliar qual solução seria a ( e resistência de fuste ( da estaca,
mais adequada para a região. expressas pelas Equações 2 e 3
respectivamente:
Para a realização desse estudo considerou-se Tabela 2. Tipos de Estaca, seus respectivos diâmetros e
uma situação hipotética, utilizando a planta de capacidade de carga (Cintra e Aoki, 2010).
cargas de uma edificação real, cujos valores de Tipo de Diâmetro (m) Capacidade de
cada pilar estão apresentados na Tabela 1, e dois Estaca Carga (KN)
relatórios de sondagens à percussão, executadas HCM 0,30 450
na cidade Fortaleza. Raiz 0,31 300
PMC 0,23 500
Tabela 1. Valores Carga do Pilares.
Pilar Carga (kN) Pilar Carga (kN) Para esse dimensionamento, foram utilizados
P05 705 P27 1990
os métodos de cálculo propostos por Aoki e
Velloso (1975) e Décourt e Quaresma (1978).
P10 791 P28 1617
Tais métodos possibilitam, através de equações
P14 1779 P32 1382
semi-empíricas e do valor de Nspt, a previsão
P15 943 P33 1341 da capacidade de carga do solo, valor esse
P16 935 P34 1307 fundamental para determinação da profundidade
P17 1427 P35 1396 de assentamento das estacas.
P19 1409 P37 333 A partir dos métodos, foram criadas tabelas
P20 1700 P38 1930 de cálculo no Excel para facilitar a
P21 1388 P39 917 determinação da quantidade de estacas em cada
P23 522 P40 974 bloco de coroamento e o seu comprimento.
P25 538 P41 665 Foram criadas 12 planilhas, pois no projeto
P26 1984 P46 642
existem 2 sondagens a serem analisadas e 3
tipos de estacas consideradas, calculados pelos
A partir da análise das sondagens realizadas 2 métodos.
foi traçado o perfil geológico-geotécnico do Dessa forma, foram inseridos os dados das
local. Logo após estabelecer as caracteristicas sondagens e os parâmetros determinados pelo
do solo, foram escolhidas as estacas a serem tipo de estaca e sua geometria, e obteve-se a
estudadas com base nas limitações do terreno, tensão admissível para cada camada, podendo
como nível d’água, consistência do solo e entre analisar assim para qual camada seria mais
outros, e condições de execução. Como o viável o assentamento da estaca, observando
terreno não apresenta muitas limitações, o fator qual tensão admissível se aproxima mais da
de escolha foi a execução, sendo estudadas tensão da estaca selecionada para o
assim as Estacas Hélice Monitorada (HCM), dimensionamento.
Raiz e Pré-Moldada de Concreto (PMC). Logo após a determinação da camada mais
Para o dimensionamento da fundação mais adequada para o assentamento das estacas,
profunda é necessário a determinação da foi determinada a quantidade de estacas
capacidade de carga, que é em função do necessárias em cada bloco de coroamento para
diâmetro da estaca. Dessa forma, foram suportar a carga de cada pilar. Para isso
escolhidos diâmetros para cada tipo, tentando utilizou-se a seguinte Equação 6:
obter capacidades de carga similares, exibidas
na Tabela 2.
(6)
segurança estrutural e evitando um orçamento formada por argila siltosa, com lateritas e
subdimensionado. pedregulhos, de consistência variando de muito
Após definir a extensão e quantidade de mole a rija, de cor cinza e vermelho. Nas
estacas necessárias em cada bloco de proximidades do SP2, entre as cotas 4,80
coroamento foi realizada a pesquisa de preços metros e 7,00 metros existe uma camada de
para a elaboração do orçamento das estacas. Os argila siltosa com pedregulhos, de cor cinza e
valores encontrados estão exibidos na Tabela 3. consistência de média a rija.
Posteriormente a cota de 6,80 metros da SP1
Tabela 3. Valores por metro das estacas (SINAPI até a cota 8,17 metros correspondem a uma
02/2018 e cotaçãi de preço 04/2018). camada de argila siltosa com pedregulhos, de
Tipo de estaca Valor unitário (R$/m) cor cinza e amarela, de consistência média a
HCM 55,44
dura. Durante os ensaios, foi identificado a
Raiz 244,93
partir da cota 8,17 metros o impenetrável à
PMC 98,27
percussão devido trépano de lavagem na
sondagem SP1. Enquanto, na SP2 este ponto foi
4 RESULTADOS identificado na cota 9,21 metros, devido
também ao trépano.
A partir dos dados coletados das sondagens, foi Sendo assim, com as informações levantadas
possível caracterizar o solo do terreno a partir das sondagens realizadas e através do
analisado. A primeira camada analisada é perfil geológico – geotécnico, mostrado na
composta por uma areia fina pouco siltosa, fofa, Figura 1, foi possível observar que o maçico
com profundidade observada tanta na sondagem apresenta predominância de solo siltoso com
SP1 quanto na sondagem SP2 de 0,80 metros, argila e nível da água variando entre 5,74 e 8,52
apresentando matéria orgânica (raízes) e metros de profundidade.
coloração de solo cinza. Abaixo da camada
superficial, encontram-se duas camadas
argilosas, a camada próxima ao SP1 é
classificada como uma argila arenosa de
consistência mole a média, atingindo uma
profundidade de 1,80 metros, de cor cinza.
Enquanto, a mais próxima da SP2 é definida
como uma argila pouco siltosa, de consistência
média, alcançando uma profundidade de 1,70
metros, com coloração cinza e amarela.
Em seguida, até a profundidade de 2,90
metros, nas proximidades do SP1, existe uma
camada de argila siltosa, de consistência média,
com coloração cinza. Já nas proximidades do
SP2, até a profundidade de 4,80 metros, existe
uma camada de argila pouco siltosa, com a
presença de lateritas e pedregulhos, de cor cinza
e vermelho.
A camada abaixo segue até a cota 6,80 Figura 1. Perfil Geológico Geotécnico do Terreno.
metros no SP1 e se estende até a cota 9,21
metros no SP2, sendo nesta identificada o nível
d’água nas cotas 5,74 metros e 8,52 metros, do O sistema estaca-solo apresentou capacidade
SP1 e SP2, respectivamente. Esta camada é de carga diferente para cada método de
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Tabela 6. Quantidade de estacas Raiz referente a cada estacas tipo HCM, com comprimento de 10
pilar. metros e capacidade de carga de 305,42 kN.
Quant. Quant.
Essa solução de fundação apresenta custo de R$
Pilar de Pilar de
estacas estacas 67.932,00.
P05 3 P27 7 Recomenda-se Ensaio de Prova de Carga
estático para verificação da capacidade de carga
P10 3 P28 6
estimada por cálculo, para a maior segurança do
P14 6 P32 5
empreendimento.
P15 4 P33 5
P16 4 P34 5
P17 5 P35 5 AGRADECIMENTOS
P19 5 P37 2
Agradecemos a Universidade de Fortaleza e a
P20 6 P38 7
professora Carla Beatriz, por todo incentivo e
P21 5 P39 4 apoio.
P23 2 P40 4
P25 2 P41 3
P26 7 P46 3 REFERÊNCIAS
RESUMO: Nos grandes centros urbanos o aumento demográfico tem desafiado a construção civil
em relação à demanda por edificações com porte cada vez maior. Diante disso, o estudo voltado
para as formas de transmissão de cargas ao solo é fundamental. No presente trabalho foi realizado o
dimensionamento geotécnico dos seguintes tipos de fundação profunda: Estacas Hélice Monitorada
(HCM), Raiz e Pré-Moldada de Concreto (PMC), utilizando as metodologias de cálculo de
capacidade de carga propostas por Aoki e Velloso (1975) e Décourt e Quaresma (1996). Dessa
forma é possível identificar qual solução de fundação e qual metodologia apresentam melhores
resultados em relação a orçamento, número total de estacas e profundidade de assentamento das
mesmas.
comparar, para o mesmo perfil geológico Aoki e Velloso (1975) e Décourt e Quaresma
geotécnico, quais os tipos de estacas podem ser (1996). Tais métodos possibilitam, através de
executadas, utilizando para o dimensionamento equações semi-empíricas e do valor de NSPT, a
duas metodologias de cálculo de capacidade de previsão da capacidade de carga do solo, valor
carga diferentes: Aoki e Velloso (1975) e esse fundamental para determinação da
Décourt e Quaresma (1996). profundidade de assentamento das estacas.
Além disso, deseja-se elaborar um
levantamento orçamentário, tomando como 2.1 Aoki-Velloso (1975)
referências tabelas do Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção No método Aoki-Velloso utilizam as seguintes
Civil (SINAPI) e cotação de valores com fórmulas para calcular a resistência de ponta
fornecedores para avaliar qual solução seria a ( e resistência de fuste ( da estaca,
mais adequada para a região. expressas pelas Equações 2 e 3
respectivamente:
Para a realização desse estudo considerou-se Tabela 2. Tipos de Estaca, seus respectivos diâmetros e
uma situação hipotética, utilizando a planta de capacidade de carga (Cintra e Aoki, 2010).
cargas de uma edificação real, cujos valores de Tipo de Diâmetro (m) Capacidade de
cada pilar estão apresentados na Tabela 1, e dois Estaca Carga (KN)
relatórios de sondagens à percussão, executadas HCM 0,30 450
na cidade Fortaleza. Raiz 0,31 300
PMC 0,23 500
Tabela 1. Valores Carga do Pilares.
Pilar Carga (kN) Pilar Carga (kN) Para esse dimensionamento, foram utilizados
P05 705 P27 1990
os métodos de cálculo propostos por Aoki e
Velloso (1975) e Décourt e Quaresma (1978).
P10 791 P28 1617
Tais métodos possibilitam, através de equações
P14 1779 P32 1382
semi-empíricas e do valor de Nspt, a previsão
P15 943 P33 1341 da capacidade de carga do solo, valor esse
P16 935 P34 1307 fundamental para determinação da profundidade
P17 1427 P35 1396 de assentamento das estacas.
P19 1409 P37 333 A partir dos métodos, foram criadas tabelas
P20 1700 P38 1930 de cálculo no Excel para facilitar a
P21 1388 P39 917 determinação da quantidade de estacas em cada
P23 522 P40 974 bloco de coroamento e o seu comprimento.
P25 538 P41 665 Foram criadas 12 planilhas, pois no projeto
P26 1984 P46 642
existem 2 sondagens a serem analisadas e 3
tipos de estacas consideradas, calculados pelos
A partir da análise das sondagens realizadas 2 métodos.
foi traçado o perfil geológico-geotécnico do Dessa forma, foram inseridos os dados das
local. Logo após estabelecer as caracteristicas sondagens e os parâmetros determinados pelo
do solo, foram escolhidas as estacas a serem tipo de estaca e sua geometria, e obteve-se a
estudadas com base nas limitações do terreno, tensão admissível para cada camada, podendo
como nível d’água, consistência do solo e entre analisar assim para qual camada seria mais
outros, e condições de execução. Como o viável o assentamento da estaca, observando
terreno não apresenta muitas limitações, o fator qual tensão admissível se aproxima mais da
de escolha foi a execução, sendo estudadas tensão da estaca selecionada para o
assim as Estacas Hélice Monitorada (HCM), dimensionamento.
Raiz e Pré-Moldada de Concreto (PMC). Logo após a determinação da camada mais
Para o dimensionamento da fundação mais adequada para o assentamento das estacas,
profunda é necessário a determinação da foi determinada a quantidade de estacas
capacidade de carga, que é em função do necessárias em cada bloco de coroamento para
diâmetro da estaca. Dessa forma, foram suportar a carga de cada pilar. Para isso
escolhidos diâmetros para cada tipo, tentando utilizou-se a seguinte Equação 6:
obter capacidades de carga similares, exibidas
na Tabela 2.
(6)
segurança estrutural e evitando um orçamento formada por argila siltosa, com lateritas e
subdimensionado. pedregulhos, de consistência variando de muito
Após definir a extensão e quantidade de mole a rija, de cor cinza e vermelho. Nas
estacas necessárias em cada bloco de proximidades do SP2, entre as cotas 4,80
coroamento foi realizada a pesquisa de preços metros e 7,00 metros existe uma camada de
para a elaboração do orçamento das estacas. Os argila siltosa com pedregulhos, de cor cinza e
valores encontrados estão exibidos na Tabela 3. consistência de média a rija.
Posteriormente a cota de 6,80 metros da SP1
Tabela 3. Valores por metro das estacas (SINAPI até a cota 8,17 metros correspondem a uma
02/2018 e cotaçãi de preço 04/2018). camada de argila siltosa com pedregulhos, de
Tipo de estaca Valor unitário (R$/m) cor cinza e amarela, de consistência média a
HCM 55,44
dura. Durante os ensaios, foi identificado a
Raiz 244,93
partir da cota 8,17 metros o impenetrável à
PMC 98,27
percussão devido trépano de lavagem na
sondagem SP1. Enquanto, na SP2 este ponto foi
4 RESULTADOS identificado na cota 9,21 metros, devido
também ao trépano.
A partir dos dados coletados das sondagens, foi Sendo assim, com as informações levantadas
possível caracterizar o solo do terreno a partir das sondagens realizadas e através do
analisado. A primeira camada analisada é perfil geológico – geotécnico, mostrado na
composta por uma areia fina pouco siltosa, fofa, Figura 1, foi possível observar que o maçico
com profundidade observada tanta na sondagem apresenta predominância de solo siltoso com
SP1 quanto na sondagem SP2 de 0,80 metros, argila e nível da água variando entre 5,74 e 8,52
apresentando matéria orgânica (raízes) e metros de profundidade.
coloração de solo cinza. Abaixo da camada
superficial, encontram-se duas camadas
argilosas, a camada próxima ao SP1 é
classificada como uma argila arenosa de
consistência mole a média, atingindo uma
profundidade de 1,80 metros, de cor cinza.
Enquanto, a mais próxima da SP2 é definida
como uma argila pouco siltosa, de consistência
média, alcançando uma profundidade de 1,70
metros, com coloração cinza e amarela.
Em seguida, até a profundidade de 2,90
metros, nas proximidades do SP1, existe uma
camada de argila siltosa, de consistência média,
com coloração cinza. Já nas proximidades do
SP2, até a profundidade de 4,80 metros, existe
uma camada de argila pouco siltosa, com a
presença de lateritas e pedregulhos, de cor cinza
e vermelho.
A camada abaixo segue até a cota 6,80 Figura 1. Perfil Geológico Geotécnico do Terreno.
metros no SP1 e se estende até a cota 9,21
metros no SP2, sendo nesta identificada o nível
d’água nas cotas 5,74 metros e 8,52 metros, do O sistema estaca-solo apresentou capacidade
SP1 e SP2, respectivamente. Esta camada é de carga diferente para cada método de
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
Tabela 6. Quantidade de estacas Raiz referente a cada estacas tipo HCM, com comprimento de 10
pilar. metros e capacidade de carga de 305,42 kN.
Quant. Quant.
Pilar de Pilar de
Essa solução de fundação apresenta custo de R$
estacas estacas 67.932,00.
P05 3 P27 7 Recomenda-se Ensaio de Prova de Carga
estático para verificação da capacidade de carga
P10 3 P28 6
estimada por cálculo, para a maior segurança do
P14 6 P32 5
empreendimento.
P15 4 P33 5
P16 4 P34 5
P17 5 P35 5 AGRADECIMENTOS
P19 5 P37 2
Agradecemos a Universidade de Fortaleza e a
P20 6 P38 7
professora Carla Beatriz, por todo incentivo e
P21 5 P39 4 apoio.
P23 2 P40 4
P25 2 P41 3
P26 7 P46 3 REFERÊNCIAS
influenciam diretamente na escolha da solução reconhecimento com SPT - Método de ensaio. 1 ed.
de fundação e do respectivo método construtivo Rio de Janeiro: Abnt, 2001. 17 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
a ser empregado. TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de
O estudo de caso versou sobre uma solução fundações. 2 ed. Rio de Janeiro: Abnt, 2010. 91 p.
estrutural adotada em projeto para a futura ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
construção de fundação de píeres executados TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de
sobre solos moles em uma área de alta classe de concreto - Procedimento. 3 ed. Rio de Janeiro: Abnt,
2014. 238 p.
agressividade ambiental. Estes aspectos CABRAL, Flávia Emilia Siqueira. Análise da estabilidade
caracterizam a obra como peculiar, e os e da interação solo-estrutura aplicada a estacas de um
empecilhos encontrados em projeto píer. 2016. 85 f. TCC (Graduação) - Curso de
demandaram algumas soluções não Engenharia Civil, Escola Politécnica, Universidade
convencionais, tanto durante a execução do Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
Disponível em:
ensaio de SPT quanto na escolha dos <http://www.monografias.poli.ufrj.br/monografias/mo
procedimentos construtivos da fundação a ser nopoli10016622.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2018.
executada. Portanto, a análise do projeto citado CINTRA, J.C.A.; AOKI, N.. Fundações por estacas:
neste trabalho, elaborado após a realização de Projeto geotécnico. São Paulo: Oficina de Textos,
2010. 140p.
sondagens SPT e de cumprimento de
DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM
parâmetros e requisitos gerais de qualidade DO ESTADO DE SÃO PAULO. ET-DE-BOO/001:
estabelecidos em norma, evidenciam a Sondagens. São Paulo: Secretaria dos Transportes,
necessidade do embasamento teórico-técnico 2006. 62 p. Disponível em:
adequado durante as etapas de concepção e <ftp://ftp.sp.gov.br/ftpder/normas/ET-DE-B00-
001_A.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2018.
avaliação da conformidade de projetos de obras
ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSULTORIA
geotécnicas. LTDA (ENECOL) (Natal). Projeto estrutural: Píer do
Centro Cultural Rampa. Natal: S.l., 2017.
AGRADECIMENTOS FUNDAÇÃO RAMPA (Natal). Por que "Rampa"? 2018.
Disponível em:
<http://www.fundacaorampa.com.br/af_rampa.htm>.
Agradecemos à Enecol Engenharia Estrutural e
Acesso em: 30 abr. 2018.
Consultoria Ltda por ceder os projetos estrutu- GEPÊ ENGENHARIA (Natal). Relatórios de sondagem
rais, referentes aos píeres construídos no Centro de solo: Museu da Rampa. Natal: S.l., 2017.
Cultural Rampa em Natal/RN, para a realização Relatórios de sondagem utilizados para a concepção
deste trabalho. dos projetos atuais dos píeres no Centro Cultural
Rampa.
GOOGLE. Google Maps. 2018. Disponível em:
REFERÊNCIAS <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 13
maio 2018.
ALONSO, Urbano Rodriguez. Previsão e controle das POULOS, H. G.; DAVIS, E. H.. Pile foundation analysis
fundações. São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 1991. design. Sydney: Rainbow-bridge Book Company,
142 p. 1980. 397 p.
ARAUJO, Adriana de; Panossian Zehbour. Durabilidade RAMIREZ-HENAO, Andres F.; SMITH-PARDO, J.
de estruturas de concreto em ambiente marinho: Paul. Elastic stability of pile-supported wharves and
Estudo de caso. Anais do Congresso Brasileiro de piers. Engineering Structures, [s.l.], v. 97, n. 8, p.140-
Corrosão. 30, 2010, Fortaleza. Rio de Janeiro: 151, ago. 2015. Mensal. Elsevier BV.
Associação Brasileira de Corrosão, 2010. 39 p. http://dx.doi.org/10.1016/j.engstruct.2015.04.007.
Disponível em: Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Adriana_Araujo <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0
2/publication/273885371_Durabilidade_de_estruturas 141029615002424?via=ihub>. Acesso em: 28 abr.
_de_concreto_em_ambiente_marinho_estudo_de_cas 2018.
o/links/550f12d40cf2752610a00a58.pdf>. Acesso em: RIO GRANDE DO NORTE. Secretaria do Estado de
20 abr. 2018. Turismo. Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS Centro Cultural Rampa: Projeto executivo. Natal: S.l.,
TÉCNICAS. NBR 6484: Solo - Sondagens de simples 2012.
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RESUMO: Este trabalho apresenta uma avaliação entre o desempenho de uma obra de fundações e
as medições de 100 excentricidades executivas, medidas in loco, em estacas metálicas de seções
variavéis decrescentes com a profundidade. Para confrontar os resultados com o desempenho da
obra, são apresentados ensaios de carregamento dinâmico. O projeto de fundações foi concebido em
04 (quatro) tipos de estacas metálicas a saber A, A1, B e C. As estacas foram cravadas em subsolo
heterogêneo com trecho arenoso fofo e trecho mole, até atingir um solo de silte arenoso muito
compacto. Os ensaios foram feitos em vários estágios de carga, até atingir as cargas finais entre
2.850 kN e 3.200 kN. As medições das excentricidades das estacas foram realizadas pela empresa
executante in loco. Os resultados mostraram que, mesmo com um bom desempenho da obra
(avaliado a partir dos ensaios realizados), 85% das estacas apresentaram excentricidade superior ao
tolerado pela norma NBR 6122/2010. Atingindo valores superiores a 60% do diâmetro do circulo
circunscrito às estacas.
cidade do Recife.
A partir das 6 sondagens realizadas foi
possível avaliar a cota do terreno que se
encontrou variando entre as cotas +0,40 e
+0,57.
Já para o subsolo da obra, inicialmente
encontra-se uma camada de aterro arenoso com
restos de construção, até as cotas 0,00 a -0,50;
segue uma camada de areia, fofa a
medianamente compacta, até as cotas -6,50 a -
7,50. Em seguida, aparece uma camada de silte
argiloso, mole a médio, até a cota -10,00. Segue
uma camada de areia siltosa com pedregulhos,
até a cota -11,00. Em sequência, vem uma
camada de areia com pedregulhos, compacta,
até as cotas -18,00 a -28,00. Segue uma camada
de areia siltosa, pouco compacta, até as cotas -
22,00 a -29,00. Em seguida aparece uma
camada de argila siltosa com matéria orgânica e Figura 1. Representação dos Tipos de Estacas.
turfa, mole a média, até as cotas -32,00 a -
33,00. Logo abaixo, vem uma camada de areia
medianamente compacta com matéria orgânica 5. SONDAGENS E ENSAIOS DE
e conchas até as cotas -34,00 a -35,00. Segue CARREGAMENTO DINÂMICO
uma camada de silte argiloso, duro, e silte
arenoso, muito compacto, até o limite das Na obra analisada, foram executadas seis
sondagens SP-01, SP-02, SP-03 e SP-04, por sondagens de simples reconhecimento do tipo
volta da cota -37,50. Por fim, na sondagem SP- SPT. Forão utilizadas 5 delas para confronto
05, aparece uma camada de areia siltosa com com os resultados dos Ensaios de Carregamento
pedregulhos, muito compacta, até o limite Dinâmico. São elas: SP-01, SP-02, SP-03, SP-
impenetrável desta, na cota -45,00. O nível 04 e SP-05, ver Tabela 3 (neste trabalho só foi
d’água encontra-se variando entre as cotas -1,25 apresentada uma sondagem a SP01).
a -1,11. A obra consiste em um espaço de Para definição da sondagem referente a cada
aproximadamente de 2.820 m² construídos, para estaca o critério utilizado foi o de área de
um edifício residencial de 28 pavimentos (88,3 influência de cada sondagem. Assim, ficaram
metros de altura), onde foram cravadas 100 definidas as seguintes sondagens para as
estacas metálicas de seções variáveis, de quatro estacas.
diferentes tipos: TIPO A, TIPO A.1, TIPO B,
TIPO C. A Tabela 2 e a Figura 1 apresentam as Tabela 3. Estacas ensaiadas e sondagens relacionadas.
diferentes composições destes tipos. ESTACAS SONDAGEM
P25-E2 SP-05
Tabela 2. Tipos de estacas e suas composições.
P6-E3 SP-02
TIPO DE ESTACA COMPOSIÇÃO Qtd
P17-E3 SP-03
A HP 310 x110 - 93 -79 61
P2-E4 SP-01
A.1 HP 310 x 93 - 93 -79 05
P20-E1 SP-04
B HP 310 x 93 -79 -79 26
C HP 310 x 79 - 79 -79 08
Os ensaios de carregamento dinâmico foram
executados por uma empresa especializada no
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assunto, com o aparelho PDA®. Foram serem feitas medições em ambiente CAD que
ensaiadas cinto estacas: duas do TIPO A, e três permitiram os cálculos das excentricidades
do TIPO B. propriamente ditas.
Nenhuma estaca TIPO A.1 e TIPO C foi
ensaiadas. 7 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O critério para a escolha das estacas da obra
a serem ensaiadas vem, basicamente, da 7.1 Resultados referentes ao Ensaio de
experiência dos profissionais envolvidos no Carregamento dinâmico
processo de execução, no campo esta seleção
vem baseada nas proximidades das sondagens, Observa-se na Figura 3, que o ensaio apresentou
para que fossem comprovados os exatamente o esperado para as cinco estacas,
comportamentos esperados, e verificar o onde a carga foi se “dissipando” ao longo da
desempenho dessas estacas no solo mole estaca, devido o atrito lateral, de modo a chegar
existente. na ponta da estaca uma carga de no mínimo 2,5
Os dados coletados neste estudo foram vezes menor que a aplicada pelo martelo no
interpretados pelo método CASE®, ainda em topo da estaca
campo. Após levar os dados ao escritório, foi
executado o método CAPWAP®. Para os dois
métodos todas as 5 estacas foram analisadas.
6 EXCENTRICIDADES
(a) (b)
Figura 4. (a) Desempenho do ECD (Tensão x Profundidade); (b) Representação da sondagem SP-01.
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Também é importante observar que o Tabela 5. Excentricidade média de cada tipo de estaca e
máximo valor encontrado foi de 26,81 cm, que seus respectivos diâmetros.
corresponde a mais de 60% do diâmetro da Em DT
estaca. Estando 6 vezes acima do limite tolerado TIPO %e
(cm) (cm)
na norma. Indicando que, uma obra em que o
A 6,21 43,69 14,21
projeto se confirma através dos controles de
desempenho pode apresentar problemas de A.1 5,99 43,21 13,86
excentricidade acima do tolerado. B 5,74 43,21 13,29
C 8,48 42,78 19,82
7.2.2 Relação dos Tipos de Estacas com a
Excentricidade
Onde:
Como comentado anteriormente a obra Em – Média da excentricidade
apresenta 4 tipos de composições. A Figura 6, DT – Diâmetro no topo da estaca
apresenta as médias das excentricidades para %e – Porcentagem da excentricidade
cada tipo de estaca. Analisando separadamente
a média de cada tipo de estaca e seus Apesar da maior média estar nas estacas do
respectivos diâmetros, pode-se observar que tipo C, as amplitudes de outros dois tipos foram
para os tipos A, A1 e B, os valores de muito maiores. É o caso do tipo A e B,
excentricidade média não apresentaram grandes representados na Figura 7.
variações, e apresentam valores inferiores à
média da obra (6,26 cm).
Já o grupo de estacas do Tipo C apresentou
média muito superior às demais e superior a
média da obra com valor de 8,48 cm, que
representa 19,82% do diâmetro da estaca. Esse
valores obtidos para a estaca C são mais
próximos dos valores obtidos por Silvestre
(2018). Uma possível explicação seja o fato da
estaca tipo C ter a composição mais leve entre
os tipos de estacas. A tabela 5 apresenta estes Figura 7. Máximos e Mínimos de cada Tipo de Estaca.
resutados.
8. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos são inferiores aos Oliveira, P.E.S. (2013) Análise de provas de carga e
confiabilidade para Edifício comercial na Região
apresentados por Paula Filho (2017) e
Metropolitana do Recife. Dissertação de Mestrado.
Silvestre (2018) (7,41 e 8,94 cm UFPE, Recife/PE.
respectivamente). Paula filho, J.A.A. (2017). Acompanhamento de uma
Os resultados obtidos se aproximaram fundação em estacas metálicas de seções variáveis em
mais dos resultados de Salgado (2016), Recife. Trabalho de Conclusão de Curso, UNICAP,
Recife/PE.
que estudou uma massa de dados de Salgado, R.S. (2016). Análise estatística da
estacas hélice contínua em terreno excentricidade das estacas do tipo hélice contínua no
preponderantemente arenoso, enquanto Cabo de Santo Agostinho. Trabalho de Conclusão de
Silvestre (2018) avaliou uma obra com Curso, UPE, Recife/PE.
subsolo com presença de solo mole, Silvestre, G.U. (2018). Análise da influência da
excentricidade em uma obra de estacas mistas e
perto de região de mangues. O perfil de metálicas. Trabalho de Conclusão de Curso, UNICAP,
solo do presente trabalho apresenta Recife/PE.
camada de areia até os 7,50 m e a partir Site Pile Dynamics, INC. Ensaio de Carregamento
dos 11,60 m, porém também apresenta Dinâmico. Disponível em:
camada de solo mole entre 7,50 e <http://www.pdi.com.br/ecd-port.htm>. Acesso em:
01 de setembro de 2017.
11,60m. Souto maior, J.S.(2017). Análise em fundações de estacas
O tipo C (estaca mais delgada) metálicas de seções variáveis na Regieão
apresentou a média mais elevada, com o Metropolitana do Recife. Trabalho de Conclusão de
valor de 8,48 cm, 19,82% do diâmetro, o Curso, Graduação em Engenharia Civil, Centro de
Ciências e suas Tecnologias, Universidade Católica de
dobro do valor tolerado pela norma.
Pernambuco. Recife.
O maior valor de excentricidade Velloso, D.A. e LOPES, F.R. (2012). Fundações, volume
ultrapassou 26,81 cm, que chega a ser completo: critérios de projeto: investigações de
mais que 50% do diâmetro da estaca. subsolo: fundações superficiais: fundações
Embora o tipo C apresente a maior profundas. 2ª edição. São Paulo. Oficina de Textos.
média, não apresenta a maior amplitude
(intervalo entre valores máximos e
mínimos).
Atendendo aos objetivos do trabalho,
foram avaliados os resultados dos
ensaios de carregamento dinâmico. As
premissas de projeto foram atendidas, e
o comportamento esperado foi
confirmado através dos ensaios.
Indicando que, uma obra onde o projeto
se confirma através dos controles de
desempenho pode apresentar problemas
de excentricidade.
REFERÊNCIAS
RESUMO: Este artigo tem por finalidade aprofundar-se em propostas mais tecnicamente adequadas
para fundações de sistemas de armazenagem de grãos, concentrando-se nos aspectos de projeto de
uma das unidades de armazenamento mais utilizadas na agricultura, o silo graneleiro, por meio da
avaliação da proposta de fundação em radier estaqueado, utilizando-se para previsão das capacidades
de carga o método analítico de Poulos.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
• Camada de areia siltosa pouco arenosa avaliado quanto a sua capacidade de resistir aos
média de cerca de 10 metros de espessura, com acréscimos de pressão impostos pelos silos.
SPT médio de 5, variando entre 4 e 8; Dentre os dados obtidos nos relatórios
• Camada de argila arenosa pouco siltosa técnicos apresentados, foi observado que no
rija de cerca de 5 metros de espessura com SPT primeiro metro de solo subjacente aos silos 1 a 4
médio de 16, variando entre 11 e 23; foi desenvolvida uma pressão de 160 kPa ao
• Camada de areia argilosa pouco siltosa longo da primeira safra. Garante-se então, que o
compacta de cerca de 2 metros de espessura com primeiro metro de solo seja capaz de suportar
SPT igual a 23. Esta é a camada de suporte das essa pressão.
estacas hélice contínuas (comprimento 20 Dessa maneira, é possível calcular a relação
metros) executadas para sustentação do anel do entre o 𝑐𝑢 e 𝑁𝑆𝑃𝑇 da primeira camada do solo e
silo e do túnel; verificar se ela se encontra dentro dos limites
• Camada de areia argilosa pouco siltosa propostos por Mello (1971).
compacta de cerca de 5 metros de espessura com
SPT médio de 30, variando entre 26 e 35; 6𝑐𝑢 = 160 𝑘𝑃𝑎 (2)
• Camadas intercaladas de areia fina: cerca
𝑐𝑢 = 26,67 𝑘𝑃𝑎 (3)
de 5 metros de areia fofa com SPT médio de 4;
cerca de 7 metros de areia compacta com SPT 𝑐𝑢 26,67
= = 15,68 < 20 (4)
médio de 23 e cerca de 3 metros de areia muito 𝑁𝑆𝑃𝑇 1,7
Para 𝑉 > 𝑉𝐴 :
𝐾
1−0,6( 𝑟 )
𝐾𝑝
𝑋≈ 𝐾
(15) 𝑆 = 𝑆𝐴 +
𝑉−𝑉𝐴
(23)
1−0,64( 𝑟 ) 𝑅𝑓𝑟 (𝑉−𝑉𝑝𝑢 )
𝐾𝑝 𝐾𝑟𝑖 (1− )
𝑉𝑟𝑢
𝛽𝑝 = 1/(1 + 𝑎) (16)
0,2 𝐾𝑟
𝑎≈ 𝐾
( ) (17) Em que:
1−0,8( 𝑟 ) 𝐾𝑝
𝐾𝑝
𝑉𝐴
𝑆𝐴 = 𝑋𝐾 (24)
Assumindo que as relações carga-recalque 𝑝𝑖 (1−𝑅𝑓𝑝 )
30 721,78 46
Tabela 2 - Momento último do radier. 40 476,82 117
Número de estacas Momento último do 50 266,83 224
radier (MN.m) Com a variação do número de estacas obtem-
0 3117,95 se hipérboles que representam o aumento da
48 5523,49 rigidez do sistema junto ao aumento do número
76 5403,46
96 5200,32
de estacas e, consequentemente, a diminuição do
116 4970,60 recalque experimentado para um mesmo
140 4693,24 carregamento.
172 4346,21
Tabela 6 - Recalque de um radier estaqueado com um
Tabela 3 - Contribuição das estacas para o momento dado número de estacas carregado a 50 MN.
último. Número de Recalque
Contribuição das estacas para Estacas (mm)
Número de Estacas
o momento último (MN.m) 48 223,69
48 66,84 76 75,43
76 125,72 96 23,34
96 194,15 116 21,24
116 243,48 140 19,34
140 313,50 172 17,46
172 434,44
O comportamento do recalque em relação ao
Tabela 4 - Ganho percentual do moment último com carregamento para um determinado número de
adição das estacas. estacas torma forma de uma hipérbole como
Percentual de
Momento
Ganho de
pode ser observado nos gráficos a seguir.
Número de último do radier
Resistência com
Estacas estaqueado
Adição das Estacas
(MN.m)
(%)
0 3117,95 -
48 5590,32 79,29
76 5529,18 77,33
96 5394,47 73,01
116 5214,08 67,23
140 5006,74 60,58
172 4780,65 53,33
O comportamento carga-recalque da
fundação relaciona-se profundamente com a
rigidez do sistema. Para um mesmo número de
estacas a rigidez do sistema diminui com o
Figura 3 - Gráfico Recalque vs Carregamento (48
aumento do carregamento e assim aumenta-se estacas)
também o recalque experimentado pela
estrutura.
REFERÊNCIAS
Figura 6 - Gráfico Recalque vs Carregamento
(116 estacas) Lee, I. K. (1965) Foundations subject to moment. Proc.
6th. Int. Conf. Soil Mech. Foundn Engng. Montreal, 2,
p 108 – 112.
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RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma análise comparativa entre os
principais métodos semi-empíricos de estimativa de carga de ruptura com os resultados obtidos em
uma prova de carga bidirecional. A fundação estudada é do tipo estaca escavada, e os ensaios
realizados para as referidas estimativas de carga de ruptura foram o ensaio pressiométrico de
Ménard (PMT) e o ensaio de sondagem de simples reconhecimento (SPT). Após o processamento
dos dados, avaliou-se as cargas de ruptura obtidas pelos métodos semi-empíricos e comparou-se
com os resultados obtidos através da curva ajustada da prova de carga bidirecional. Os resultados
obtidos nos métodos semi-empíricos, mostraram uma variabilidade, alternando entre 49,5% a
100,9%, quando comparados com o valor obtido pelo critério de carga de ruptura vinculado a prova
de carga, sugerido pela NBR 6122.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Tabela 4. Estimativas de carga de ruptura obtidas por O campo experimental apresenta um horizonte
métodos semi-empíricos para estaca inteiriça. de solo silto arenoargiloso até a cota 4 m e um
Métodos Qponta (tf) Qfuste (tf) Qult (tf) horizonte de solo silto argiloarenoso, sendo este
Aoki e Velloso 5,25 8,30 13,55 alcançado apenas pela sondagem de simples
Décourt e Quaresma 5,29 8,55 13,85
reconhecimento.
Monteiro 5,60 15,96 21,56
Os valores do NSPT indicam uma diminuição
Teixeira 6,93 19,90 26,84
no índice de resistência à penetração dinâmica
Velloso 12,93 14,38 27,31
Ménard 3,22 20,26 23,48
até a cota de 5 m, a partir desse ponto
Bustamante e encontrou-se uma camada de alta resistência.
2,79 21,52 24,31 Ao tratar os dados da prova de carga
Gineselli
Baguelin et al. 3,38 24,28 27,66 bidirecional Arcos, observa-se uma variação
insignificante na carga aplicada proveniente do
A Tabela 5 mostra os dados do tratamento peso próprio dos elementos da estaca, para os
estatístico, considerando como universo a carga níveis de cargas aplicadas, como previsto em
de ruptura da estaca admitida como inteiriça. Alves (2014).
Pela Figura 5 é possível observar que uma
Tabela 5. Tratamento estatístico para os resultados das mesma carga aplicada gera deslocamentos
estimativas de carga de ruptura. diferentes para o segmento inferior e superior à
Qmed Qproj
Segmento (tf)
S t0,95
(tf) célula expansiva hidrodinâmica, ou seja, a curva
E3 22,32 5,72 1,42 19,45 x recalque mostra uma maior rigidez do
segmento superior em relação ao segmento
De posse de todos resultados de carga de inferior da estaca, a menor rigidez do segmento
ruptura calculados pelos métodos semi- inferior pode ser associada ao processo
empíricos e resultado obtido pelo tratamento executivo, uma vez que não se procedeu com a
estatístico, pode-se fazer um comparativo com a limpeza da base do furo da estaca. Esse
carga de ruptura obtida através da curva comportamento, também indica um mau
ajustada. Os resultados estão demonstrados na posicionamento da célula de sacrifício. Sendo
Tabela 6. assim, a determinação do posicionamento da
célula na estaca, é de suma importância para
Tabela 6. Comparativo entre carga de ruptura da curva que o ensaio bidirecional não se distancie, em
ajustada com os resultados obtidos pelos métodos semi- termos de previsão de comportamento carga x
empíricos.
recalque, dos resultados obtidos em ensaios
Qult,NBR
Método Qult (tf)
(tf)
Qult/Qult,NBR convencionais.
Aoki e Velloso 13,55 0,495 Conforme demosntrado na Tabela 6, os
Décourt e resultados estimados para carga de ruptura pelos
13,85 0,505
Quaresma métodos semi-empíricos, utilizando o SPT,
Monteiro 21,56 0,787 apresentaram similaridade, quando comparados
Teixeira 26,84 0,980 ao valor obtido pela curva ajustada.Vale
Velloso 27,31 27,4 0,997 ressaltar que método proposto por Velloso
Ménard 23,48 0,857 (1981) apresentou uma aproximação de 99,7 %
Bustamante e do valor da carga de ruptura obtida pela curva
24,31 0,887
Gineselli ajustada. Já o método Aoki e Velloso (1975)
Baguelin et al. 27,66 1,009 apresentou o resultado mais conservador, ou
E3 19,45 0,710 seja, igual a 49,5 % do valor da carga de ruptura
obtida pela curva ajustada.
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RESUMO: A capacidade de carga de uma fundação profunda pode ser encontrada por meio de
métodos teóricos, semi-empíricos (Aoki-Velloso 1975, Décourt-Quaresma 1978 e Teixeira 1996) e
prova de carga, de acordo com a NBR 6122/2010. O resultado da prova de carga nem sempre
apresenta uma ruptura nítida, assim, sua interpretação pode ser feita com uma extrapolação da
curva carga x recalque. Este trabalho analisou resultados de uma prova de carga estática realizada
em estaca escavada à trado mecânico, na cidade de João Pessoa – PB, no contexto da Formação
Geológica Barreiras. Estimou-se a capacidade de carga da fundação por métodos semi-empíricos e
comparou-se com os resultados da prova de carga, através dos métodos de extrapolação de Van der
Veen modificado por Aoki (1976) e Rigidez de Décourt (1996, 2008), que permite identificar as
parcelas de resistências da estaca, ponta e lateral. A análise mostra que o método de Aoki-Velloso
estimou os valores mais próximos em relação ao atrito lateral unitário, com 7,1%, e em relação à
resistência de ponta unitária, verificou-se que a estaca não mobilizou toda sua resistência,
apresentando valores menores que o projetado.
Figura 1. Sistema de reação composto por estacas ligadas Figura 2. Curva representando uma Ruptura Nítida.
a viga de reação (CINTRA et al. 2013). (CINTRA et al. 2013).
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(1)
Onde,
→ recalque de ruptura convencional;
P → carga de ruptura convencional;
L → comprimento da estaca;
A → área da seção transversal da estaca;
E → módulo de elasticidade; Figura 4. Curva carga x recalque de Van der Veen (1953)
D → diâmetro da estaca. (CINTRA et al. 2013).
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(3)
(5) (7)
(8)
Décourt (2008), baseado nesse conceito,
explica que se pode definir a ruptura e também Para Aoki-Velloso, o atrito lateral unitário
é possível utilizar esse método para determinar (rL) e a resistência de ponta unitária (r P) são
as parcelas de carga entre atrito lateral e ponta. dados por:
As informações fornecidas pela curva carga
x recalque são utilizadas para elaboração do
(9)
Gráfico de Rigidez (Figura 6). São adquiridas
por meio de uma reta entre o ponto de regressão (10)
e a carga de ruptura convencional. É possível
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(11)
(12)
(13)
Onde,
α e β → foram adicionados para englobar
outros tipos de estaca e dependem do tipo de
estaca e de solo;
rP → resistência de ponta unitária.
C → coeficiente característico do solo;
NP → NSPT da ponta;
rL → atrito lateral unitário;
NL → NSPT da lateral;
(14)
Figura 7. Sondagem SPT (Acervo da Obra).
Onde,
α e β → Parâmetros que dependem do tipo de 6.1 Prova de Carga
estaca e de solo;
NP → NSPT da ponta; As características da estaca ensaiada se
NL → NSPT da lateral; encontram na tabela a seguir:
U → perímetro;
Tabela 1. Características da estaca (Acervo da Obra).
L → comprimento da estaca.
Carga de Carga
Tipo de D
L (m) Trabalho Ensaiada
6 MATERIAIS E MÉTODOS Estaca (mm)
(MN) (MN)
Escavada 500 10,0 1,0 2,0
O estudo é baseado nos resultados mostrados a
seguir, de um teste de prova de carga realizado Onde na Tabela 1, D é o diâmetro da estaca
em uma obra de um edifício alto, comum na e L, o seu comprimento.
região onde foi construída, na Formação A carga máxima de teste planejada é de 2,0
Barreiras, na cidade de João Pessoa – PB. MN, porém durante a realização do teste
A sondagem apresentada na Figura 7 é típica atingiu-se recalques muito elevados no 9°
da formação local, em que há uma tendência do estágio e o carregamento foi encerrado, a curva
gráfico ser crescente com a profundidade. Até a carga x recalque é mostrada na Figura 8.
profundidade investigada não foi possível
identificar o nível d’água. O gráfico mostrado
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Figura 11. Curva carga x recalque extrapolada, indicando O gráfico na Figura 13 demonstra um
reta de regressão. comportamento típico de estacas escavadas,
afirmado por Décourt (2008), em que a curva
Os resultados obtidos foram: torna-se assíntota ao eixo das abcissas, nunca
Ponto de regressão: R = 1,20 MN e = 7,53 atingindo a rigidez nula.
mm; Através da equação do domínio lateral
Carga de Ruptura: R = 2,00 MN e = 50 definida na Figura 13, gera-se o gráfico carga x
mm; recalque para o atrito lateral, mostrado na
Limite inferior do domínio do atrito lateral Figura 14, que determina o limite superior do
Rsl = 1,058 MN. atrito lateral, sendo equivalente a carga
correspondente ao recalque de 10% do diâmetro
Os pontos de 1 a 4 pertencem ao domínio de da estaca ( = 50 mm).
ponta, conforme ilustrado na Figura 12.
Construiu-se o gráfico de rigidez para o
domínio de ponta conforme:
Figura 12. Gráfico de Rigidez com domínio de ponta. Como já foi definido o limite inferior Rsl =
1,058 MN, pode-se definir o intervalo do
domínio lateral: 1,058 MN < RL < 1,25 MN. RL
será a média: RL = 1,15 MN.
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identificados recalques elevados durante o Cintra, J. C. A.; Aoki, N. (2010). Fundações por
ensaio. Estaca: Projeto Geométrico. 1ª ed., Oficina de
Textos, São Paulo/SP, 96 p.
As avaliações mostraram que para os valores Cintra, J. C. et al. (2013). Fundações: ensaios estáticos e
de carga de ruptura R, a diferença entre os dinâmicos, 1ª ed., Oficina de Textos, São Paulo/SP,
métodos de extrapolação de Van der Veen e a 144 p.
Rigidez de Décourt foi de 6,5%. O valor Décourt, L. (2008). Provas de Carga em Estacas podem
estimado pelo método de Décourt-Quaresma foi Dizer Muito Mais do que têm Dito. In: VI SEFE –
Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e
o que mais se aproximou dos valores Geotecnia, São Paulo. Anais... São Paulo: ABMS,
encontrados a partir das extrapolações feitas 2008, V.1, P. 221-245.
com Van der Veen modificado por Aoki, Décourt, L. (1996). Ruptura de Fundações Avaliada com
Rigidez de Décourt e NBR 6122/2010. O Base no Conceito de Rigidez. In: III SEFE –
método semi-empírico que estimou um valor Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e
Geotecnia, São Paulo. Anais... São Paulo: ABEF e
mais próximo aos valores da prova de carga ABMS, 1996, V.1, P. 215-224.
resultantes da aplicação do Método da Rigidez Décourt, L.; Quaresma, A. R. (1978). Capacidade de
de Décourt (0,07 MPa), em relação ao atrito Carga de Estacas a partir de Valores de SPT. In: VI
lateral unitário rL, foi o método de Aoki- Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e
Engenharia de Fundações. Rio de Janeiro. Anais...
Velloso (0,065 MPa), e em relação a resistência
Rio de Janeiro, V. 1, p. 45-53.
de ponta unitária rP (4,3 MPa), Teixeira (8,95 Martins, V. P. (2006). Análise Ambiental e Legal do
MPa) mostrou uma previsão mais próxima do Processo de Ocupação e Estruturação Urbana da
valor da prova de carga dado pelo método da Cidade de João Pessoa/PB, Numa Visão Sistêmica.
Rigidez de Décourt. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da
Paraíba – Universidade Estadual da Paraíba, 146 p.
Constatou-se uma diferença entre as de
Melo, A. S. T. et al. (2001). Os Aglomerados Subnormais
resistência de ponta unitária rP, definidas pela do Vale do Jaguaribe e do Timbó – Análise
análise dos resultados da prova de carga através Geoambiental e Qualidade de Vida. Relatório de
do método da rigidez de Décourt, comparando Pesquisa. UNIPÊ, Curso de Geografia. João
com os valores estimados através dos métodos Pessoa/PB. 132 p.
Melo, B. N. (2009). Análise de provas de carga à
semi-empíricos. A diferença entre a previsão e
compressão à luz do conceito de rigidez. Dissertação
a prova de carga pode ser creditada ao processo de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. 219
executivo da estaca, em que a prática local é p.
feita da seguinte maneira: escavam-se vários Melo, B. N. et al. (2012). Análise do atrito lateral em
furos por uma equipe de perfuração, para em estacas hélice contínua instrumentadas por meio do
conceito de Rigidez. In: 16º Congresso Brasileiro de
seguida outra equipe realizar uma compactação
Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica. Porto
do fundo da estaca com soquete manual. As de Galinhas. 8 p.
possíveis explicações para essa falha na ponta Pérez, N. B. M. (2014). Análise de transferência de
são a ausência da compactação do fundo ou a carga em estacas escavadas em solo da região de
ineficiência no processo da estaca ensaiada. Campinas/SP. Dissertação de Mestrado. Universidade
Estadual de Campinas, 171 p.
Soares, W. C. (2011). Radier Estaqueado com Estacas
REFERÊNCIAS Hollow Auger em Solo Arenoso, Tese de Doutorado.
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, 341 p.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR Teixeira, A. H. (1996). Projeto e Execução de Fundações.
6122/2010: Projeto e Execução de Fundações. Rio de In: III SEFE – Seminário de Engenharia de
Janeiro: 1996. Fundações Especiais e Geotecnia. São Paulo. Anais...
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR São Paulo, v. 1, p. 1-18.
12131/2006: Estacas – Prova de Carga Estática –
Método de Ensaio. 2ª ed. Rio de Janeiro/RJ: 2006.
Cintra, J. C. A.; Aoki, N. (1999). Carga Admissível em
Fundações Profundas. 1ª ed. São Carlos/SP. Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo.
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David de Carvalho
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Campinas, Brasil, d33c@uol.com.br
RESUMO: No presente trabalho foi realizada uma análise através da comparação entre os recalques
obtidos em cinco provas de cargas executadas em estacas metálicas, compostas de trilhos
ferroviários TR 37, cravadas no Campo Experimental da Universidade Estadual de Campinas -
Unicamp, com aqueles estimados através dos métodos de previsão de recalques de Poulos & Davis
(1980), Vésic (1969, 1975a), Vésic ―Modificado‖ (Martins, 2008) e Décourt (1995). Os recalques
obtidos nas provas de carga foram analisados para as correspondentes cargas de trabalho previstas.
O subsolo local é caracterizado como solo proveniente de diabásio, com uma camada superficial de
até 6,5m de argila porosa. De maneira geral, os resultados de previsão de recalque obtidos para a
carga de trabalho foram a favor da segurança, com relação entre os recalques estimados e os obtidos
através das provas de carga variando entre 0,4 a 23 vezes.
Nspt = 5,6
argila arenosa,
Tmáx=6 Tres=2
porosa, vermelha,
0-6,5m pouco siltosa, mole
qc = 2,2 MPa fs = 39,6 kPa
E = 3.460 kPa
a média
v = 0,5
argila muito
6,5-7,5m arenosa
solo residual Nspt = 12
composto por silte Tmáx=18 Tres=5
7,5-16m muito argiloso com qc = 2,0 MPa fs = 119,8 kPa Figura 2. Trilho ferroviário padrão TR 37
areia fina, E = 23.430 kPa
variegado v = 0,5
Nspt = 20
16-19m areia fina Tmáx=20 Tres=15 2.3 Provas de Carga
qc = 2,4 MPa fs = 108,7 kPa
solo residual
composto por silte Nspt = 32 Foram realizadas provas de carga estáticas, do
19-26m muito argiloso com Tmáx=66 Tres=17
areia fina, qc = 4,9 MPa fs = 222,5 kPa
tipo mista, de acordo com as recomendações da
variegado ABNT NBR 12.131:2006, através das quais
foram obtidas as curvas carga versus recalque
Figura 1. Perfil Geotécnico – Características Médias apresentadas nas Figuras 3 a 7.
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5 5
Recalque (mm)
Recalque (mm)
10 10
15 15
20 20
25 25
30 30
Figura 3 - Curva carga vs recalque - Estaca P06. Figura 6 - Curva carga vs recalque - Estaca P12.
Prova de Carga - Trilho TR-37 - 18 m Prova de Carga - Trilho TR-37 - 22,2 m (Nega)
Carga (kN) Carga (kN)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 0 100 200 300 400 500 600 700
0 0
5 5
10
Recalque (mm)
10
Recalque (mm)
15 15
20 20
25 25
30 30
35 35
Figura 4 - Curva carga vs recalque - Estaca P07. Figura 7 - Curva carga vs recalque - Estaca P14.
10
15
Apresentam-se na Tabela 2 as cargas de
ruptura convencionadas (PRc), as cargas de
20
trabalho (PRc/2) e os recalques obtidos para as
25 cargas de trabalho nas provas de carga.
30
Tabela 2. Cargas de ruptura convencionadas (PRc),
Figura 5 - Curva carga vs recalque - Estaca P11. Cargas de trabalho (PRc/2) e Recalques (c) obtidos para
as cargas de trabalho nas provas de carga.
Estaca/ Prof. Recalques
PRc PRc/2
Prova de Cravada para PRc/2
(kN) (kN)
Carga (m) (c) (mm)
P6 18 370 185 0,8
P7 18 360 180 1,7
P11 18 320 160 0,7
P12 12 160 80 0,7
22,20
P14 650 325 4,7
(nega)
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Foram calculados os recalques para as 5 estacas Tabela 4 – Relação da Previsão de Recalques (e) com os
metálicas tipo trilho ferroviário TR 37 com Recalques Convencionados (c)
comprimentos variando entre 12m e 22m. Estaca/ Relação e/c
Prova Poulos
A determinação dos recalques das estacas &
Vésic Vésic
Décourt
de (1969, ―Modificado‖
isoladas foi feita através dos métodos: Poulos & Davis
1975) (Martins, 2008)
(1995)
Carga (1980)
Davis (1980), Vésic (1969, 1975), Vésic
P6 2,07 3,10 23,06 2,01
―Modificado‖ (Martins, 2008) e Décourt
P7 0,99 1,50 10,98 1,00
(1995). P11 2,02 3,23 22,44 2,26
Alonso (2008) cita que as estacas metálicas, P12 1,08 3,21 7,45 2,80
com ponta em solo ―pouco competente‖, P14 0,66 0,97 3,73 0,43
atingem a ruptura geotécnica quando se esgota a Média 1,36 2,40 13,53 1,70
parcela de atrito lateral (ruptura do tipo geral), Desvio
0,64 1,08 8,80 0,96
Padrão
visto que a carga de ponta pode ser
negligenciada diante da parcela de atrito lateral.
Como é possível observar graficamente na
Desta maneira, estando as estacas apoiadas
Figura 8, o método Vésic ―Modificado‖
em solo ―pouco competente‖, foi adotado o
(Martins, 2008) apresentou resultados muito
método Teixeira (1996) para a separação da
divergentes dos demais métodos utilizados. O
resistência de ponta e lateral das estacas, por
método apresentou variação da relação e/c
este conduzir a previsão de baixa capacidade de
entre 4 e 23 vezes, aproximadamente, com um
ponta, conforme apresentado no trabalho
desvio padrão elevado, de aproximadamente 9.
desenvolvido por Cury Filho (2016).
Neste trabalho, estima-se os recalques para
as cargas de trabalho (PRc/2), visto que as
fundações são projetadas e dimensionadas de
acordo com o valor desta carga. Obtém-se os
recalques conforme apresentados na Tabela 3.
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
Figura 9 - Relação e/c.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas -
NBR 6122/2010: Projeto e execução de fundações.
Conforme pôde ser observado, o método Rio de Janeiro, 2010.
Poulos & Davis (1980) teve variação da relação ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas -
e/c entre 0,7 a 2,1 com desvio padrão de 0,64, NBR 7590/2012: Trilho Vignole — Requisitos. Rio
já o método Vésic (1969, 1975) teve variação de Janeiro, 2012.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas -
entre 1,0 e 3,2 com desvio padrão de 1,08 e por NBR 12131/2006: Prova de carga estática método de
fim o método Décourt (1995) teve variação ensaio. Rio de Janeiro, 2006.
entre 0,4 e 2,8 com desvio padrão de 0,96. Alonso, U. R. Previsão da capacidade de carga geotécnica
de estacas metálicas com ponta em solo "pouco
competente". In: Seminário de Engenharia se
Fundações Especiais e Geotecnia, VI SEFE, 2008,
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS São Paulo. Anais... São Paulo: ABEF e ABMS, 2008
v.1, p. 487-495.
Pelo presente trabalho foi possível verificar que Carvalho, D.; Albuquerque, P. J. R.; Fontaine, E. B.;
a aplicação do método Vésic ―Modificado‖ Paschoalin Filho, J. A.; Nogueira, R. C. R. Campo
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RESUMO: Neste trabalho são analisados resultados de deslocamento para estacas do tipo hélice
contínua, estimados a partir dos métodos de Poulos & Davis (1968) e Aoki e Lopes (1975),
comparando-os com os valores de deslocamentos obtidos por meio de ensaios de provas de carga
estática. Para tal, apresentam-se dois ensaios com carregamento do tipo lento em estacas do tipo
hélice contínua com 40 cm e 60 cm de diâmetro e comprimento variando entre 12 a 20 metros em
relação ao nível do solo. A motivação para a realização deste trabalho fundamenta-se em apontar
métodos confiaveis para previão de recalque em diferentes tipos de solo visto que a literatura
geotécnica é bastante limitada neste sentido. A partir de dados obtidos através das provas de carga
estática desenvolveu-se uma planilha na interface excel alimentando-se as equações do método de
Poulos & Davis (1968) e no método Aoki e Lopes (1975) foi utilizado um software denominado
Cálculo do Recalque de Estacas, conduzindo a resultados de recalques estimados. Dessa forma, cria-
se gráficos observando-se a proximidade dos resultados. Para as estacas analisadas, o método de Aoki
e Lopes (1975) mostrou melhores resultados para a estimava de recalques, quando comparado aos
resultados de recalque obtidos nas provas de carga.
Sabe-se que qualquer projeto de fundações deve Esse método leva em consideração alguns
atender aos critérios dos estados limite último fatores como: espessura da camada do solo, o
(ELU), que faz referência à capacidade de carga comprimento da estaca, coeficiente de Poisson,
da estrutura e, concomitantemente ao estado compressibilidade da estaca e o módulo de
limite de serviço (ELS), que está ligado às deformação do solo, fazendo com que esses
limitações impostas ao uso da estrutura. tenham influência na determinação dos valores
Dentro desse contexto, alguns autores de Io, Rk, Rh e Rv, sendo obtidos através de
desenvolveram métodos semiempíricos de ábacos propostos pelos autores.
cálculo na tentativa de prever o quanto um
elemento de fundação profunda irá recalcar, a 2.2 Método Aoki e Lopes (1975)
partir da interação solo-estrutura, levando em
consideração as propriedades do solo no contato 2.2.1 Encurtamento Elástico
com o elemento de fundação, bem como algumas
peculiaridades inerentes a metodologia Para o encurtamento elástico (ρe), levou-se em
executiva das estacas. consideração a capacidade de carga admissível e
o esforço normal sobre a estaca, seguindo
2.1 Método Poulos & Davis (1968) algumas hipóteses, a saber: a carga vertical P,
aplicada no topo da estaca deve ser superior à
Poulos & Davis desenvolveram para o cálculo de resistência lateral, isto é, um valor intermediário
recalque um processo numérico, baseando-se na entre a resistência lateral e a capacidade de carga,
solução de Mindlin (1936) para calcular a ação todo o atrito lateral esteja mobilizado e a reação
da estaca sobre o solo. Nesse método à estaca é mobilizada na ponta, que é inferior à resistência
dividida em elementos uniformemente de ponta na ruptura, seja o suficiente para o
carregados e os esforços atuam na superfície dos equilíbrio de forças.
elementos das estacas. Os deslocamentos que Obtendo-se os valores de esforço normal na
ocorrem no solo são obtidos por meio da equação estaca e aplicando-se a Lei de Hooke, o
de Mindlin. encurtamento da estaca pode ser obtido por meio
Através dessas considerações, Poulos & da equação (2)
Davis (1968) chegaram à equação (1) para
recalques de base, isto é, aquela que à estaca está 1
apoiada em uma camada resistente do solo ρe Σ P L 2 ,
A E
P em que:
ρ I 1 ,
D E ρe = encurtamento elástico da estaca (mm);
A = área da seção transversal do fuste da estaca (m²);
em que: Ec = módulo de deformabilidade do concreto (Mpa);
ρ = deslocamento (mm); Pi = esforço normal médio da camada “i” (kN);
P = carga aplicada na estaca (kN); Li = comprimento da camada “i” (m).
Es = módulo de deformabilidade do solo (MPa);
Ip = I0*Rk*Rh*Ru; 2.2.2 Recalque do Solo
I0 = fator de influência para deformações;
Rk = fator de correção para a compressibilidade Pelo princípio da ação e reação, à estaca aplica
da estaca; cargas ao solo, ao longo do contato com o fuste,
Rh = espessura h (finita) de solo compressível; e transmite a carga ao solo situado junto a sua
Ru = correção para o coeficiente de Poisson do base.
solo; Devido a esse carregamento, as camadas
D = diâmetro da estaca (m) situadas entre a base da estaca e a superfície do
indeslocável sofrem deformações que resultam
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quatro extensômetros de elevada sensibilidade F2=4 para EHC, conforme relatam Cintra &
(0,01mm), posicionados nas extremidades do Aoki (2010), a profundidade do nível de água
bloco de coroamento da estaca ensaiada à não foi encontrada em ambas sondagens, então
compressão. O sistema de reação utilizado foi do adotou-se o próximo metro abaixo da base das
tipo viga principal intertravada nas ferragens de estacas, os valores de K e “a” são gerados
reação inseridas nas estacas. O sistema foi automaticamente no software.
formado por 4 estacas de reação, o sistema de Para estimativa do valor do módulo de
reação foi executado com utilização de um perfil deformabilidade da estaca, foi utilizado a norma
de reação e dois secundários, as vigas utilizadas NBR 6118 (ABNT, 2014).
foram de madeira objetivando assim minimizar
os efeitos de dilatação provocados pela variação 4 RESULTADOS ESPERADOS
da temperatura.
Neste tópico, apresentam-se os resultados
3.1 Paramêtros Geomecânicos obtidos por meio dos ensaios de prova de carga
estática nas estacas escolhidas, como curva de
Para elaboração dos métodos propostos acima transferência de carga em profundidade, curva
são necessárias algumas propriedades do solo de transferência de carga versus deslocamento,
e/ou da estaca que devem ser estimados por meio obtidos por meio do ensaio de PCE, assim como
de equações e de acordo com a experiência os resultados de deslocamento estimados através
adquirida pela prática. Nesse sentido, para dos métodos de previsão de recalque propostos
obtenção das propriedades necessárias para anteriormente.
cálculo, fez-se necessário o uso de tabelas e
correlações dos resultados do ensaio SPT feito 4.1 Estaca ET01 (Comprimento = 12,05
no local dos ensaios das provas de carga estática, metros; Diâmetro = 40 centímetros)
com intuito de estimar valores aproximados as
propriedades mecânicas deste material. Os valores de deslocamento devido à carga
Com o resultado das sondagens SPT, foi aplicada na estaca no ensaio de PCE estão
realizado uma avaliação tatil visual nas amostras demonstrados na Figura 1.
de solos e notou-se que, pela nomenclatura, os Através da curva representada na Figura 1, é
solos mais presentes nas amostras foram silte e possível analisar que o deslocamento para a
areia, acompanhados por uma pequena parcela carga máxima aplicada (108tf) no ensaio foi de
de argila e, quando associado com o índice de aproximadamente 6,29 mm.
penetração, atingiu um grau de compacidade
variando entre pouco compacto e compacto, e
Carga (tf)
argila atingiu um grau de média, ambos sendo
avaliados pela NBR 6484 – 2001. 0.00
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108
1.00
estáticas foram fornecidos pela empresa Geonort 2.00
3.00
Fundações LTDA. 4.00
São adotados dados para processar as 5.00
6.00
estimativas no software que segue a metologia 7.00
de Aoki e Lopes (1975), tais como: Cintra &
Aoki (2010) comentam que os valores de Ec
Figura 1. Curva Carga versus Deslocamento PCE01 –
variam conforme o tipo de estaca e sugerem, para ET01.
EHC, o valor de 21 Gpa, o expoente “n”, variável
conforme o tipo de solo, será tomado como 0,5 Na tabela 1, estão apresentados os valores de
para solos granulares e 0,0 para argilas duras. Os deslocamento estimados atráves dos métodos
fatores F1 e F2 assumiram os valores de F1=2 e propostos anteriormente, assim como o valor de
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Deslocamento (mm)
5
4.2 Estaca ET02 (Comprimento = 19,80 4
metros; Diâmetro = 60 centímetros) 3
2
Os valores de deslocamento devido à carga 1
aplicada na estaca no ensaio de PCE estão 0
demonstrados na Figura 2. PCE Poulos & Davis Aoki e Lopes
Através da curva representada na Figura 2, é (1968) (1975)
possível analisar que o deslocamento para a Figura 3. Valores de deslocamento para a estaca – ET01.
carga máxima aplicada (207tf) no ensaio foi de
aproximadamente 1,66 mm. 6
Deslocamento (mm)
Carga (tf)
4
0.50 1
1.00 0
PCE Poulos & Davis Aoki e Lopes
1.50 (1968) (1975)
2.00 Figura 4. Valores de deslocamento para a estaca – ET02.
Para a Figura 4, contempla-se uma maior trabalho podem ser atribuídas ao fato de terem
precisão do método de Aoki e Lopes (1975), sido obtidos por correlações em função dos
atingindo a previsão de recalque mais próximo resultados do ensaio SPT. O método de Aoki e
daquele obtido em prova de carga estática, Lopes (1975) mostrou-se mais eficiente por
porém, apresentando um uma diferença na conta dos parâmetros de entrada utilizados.
ordem de 2,71 mm. Contudo, é comprovada a influência que uma
O método de Poulos & Davis (1968), resultou análise de previsão de recalque pode-se trazer em
em uma diferença para com a prova de carga uma fundação. Isto é, para o dimensionamento
estática de 4,04 mm, ficando mais distante do geotécnico, dependendo do método utilizado
evidenciado pela PCE. para estimativa de previsão de recalque ou dos
De maneira geral, as estacas em questão parâmetros levados em consideração, o projetista
foram executadas em solos com características pode superestimar as características geométricas
geólogicas e geotécnicas semelhantes, de uma fundação, ou então comprometer a
registrando a presença de areia, silte nas camadas integridade, funcionamento e estabilidade de
que compreendem a maior parte do comprimento uma estrutura.
das estacas.
O método de Aoki e Lopes (1975) que leva AGRADECIMENTOS
em consideração parâmetros de solo, deveriam
exibir maior regularidade nos valores obtidos. Os autores agradecem à empresa Geofort
Apesar de que, quando se compara os valores Fundações Ltda pelo fornecimento dos dados das
obtidos através desse método, nota-se uma provas de carga estática.
pequena diferença entre os resultados para com
os resultados oriundos das provas de carga REFERÊNCIAS
estáticas.
Mesmo contrariando a condição de que o ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR
método funcione de forma precisa somente em 6484: solo – Sondagem de simples reconhecimento
com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro,
estacas presentes em solo totalmente ABNT, 2001.
homogêneo, o método de Poulos & Davis (1968) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR
demonstrou um comportamento semelhante ao 6118: Projeto de Estruturas de Concreto –
outro método proposto, porém, apresentou-se Procecimento. Rio de Janeiro, ABNT, 2003.
oscilações nos resultados de previsão de ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR
6122: Projeto e execução de fundaçãoes. Rio de
recalque. Janeiro, ABNT, 1996.
CINTRA, J. C. A; AOKI, N. Fundações por estacas:
projeto geotécnico, 1. Ed, São Paulo, Oficina de
6 CONCLUSÃO textos, 2010, 96p.
MAGALHÃES, P. H. L. (2005). Avaliação dos Métodos
Diante das análises realizadas neste trabalho e do de Capacidade de Carga e Recalque de Estacas
contexto avaliado, os resultados permitem Hélice Contínua via Provas de Carga. Dissertação de
Mestrado, Publicação G.DM-141/05, Departamento
concluir que ao se empregar métodos empíricos de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
para estimativa de recalque, às características do Brasília, Brasília, DF, 243p.
solo estudado devem ser cuidadosamente POULOS, H. G.; DAVIS, E. H. Pile foundation analysis
avaliadas, principalmente nos casos em que os and designer. 1. Ed, Sydney, T. William Lambe et.
parâmetros empregados por estes são obtidos por al, 1980, 387p.
meio de correlações semiempíricas.
Tendo em vista, que nos casos analisados, os
resultados próximos do recalque resultante do
ensaio de prova de carga estática foram obtidos
pelos métodos de Aoki e Lopes (1975).
A variação dos resultados analisados neste
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RESUMO: O presente trabalho propõe uma metodologia estatística para a definição da aplicabilidade
dos métodos semiempíricos de capacidade de carga das estacas, à luz da NBR6122 e do Eurocode 7.
A metodologia proposta foi aplicada a um banco de dados de 48 estacas do tipo Hélice-Contínua,
extraído de Falconi et al (1999), buscando classificar os métodos Antunes Cabral, Decourt Quaresma
e Alonso quanto à sua acurácia e segurança dentro do conceito de aplicabilidade apresentado. Os
autores deduziram para isso a aplicação matemática do Teste de Hipótese ‘t’ de Student para diferença
de médias de amostras pareadas aplicadas a variáveis aleatórias com distribuição Lognormal, a qual
se mostrou a mais adequada para a análise empreendida. Apresenta-se ainda a forma de analisar
estacas ensaiadas na mesma obra, com determinação da aplicabilidade dos métodos ao solo local. Os
resultados demonstram a possibilidade de aplicação da metodologia a outros tipos de estacas.
α/2
(Método Acurado)
α/2 2.2 Distribuição Lognormal
0,025 0,025
̆ Yd ]
IC[m ̆ Yd .e±[tcrit ∙Sd ⁄√n]
=m (11) utilizado no Brasil (Cintra e Aoki, 2010) e foi
95%
originalmente concebido a partir da correlação
sendo que a média de Yd é dada por (12): empírica entre a resistência de estacas pré-
moldadas de concreto cravadas e os resultados
S 2 de ensaios de campo tipo SPT. Com o tempo o
( d )
μYd =m
2
̆ Yd ∙e (12) método foi ampliado para considerar o
comportamento de outros tipos de estacas,
Este intervalo de confiança (11) se refere à incluindo a Hélice-Contínua. A tensão resistente
mediana e não à média da variável Yd, e os 95% de ponta (rp) e de atrito lateral (rl) são dadas
de confiança se referem aos logaritmos, porém como segue em (13) e (14).
pode-se considerar que a precisão da análise não
N
fica prejudicada, visto que a média em geral está rl = 10 ( 3L + 1) .β [kPa] (13)
contida no intervalo da mediana.
Destaca-se que essa dedução da aplicação do rp = C. α. Np [kPa] (14)
teste de hipótese ‘t’ para amostras pareadas com
distribuição Lognormal foi desenvolvida pelos
onde Np é o valor médio do índice de resistência
autores para melhor interpretar seus resultados.
à penetração na ponta ou base da estaca, obtido a
partir de três valores no entorno da ponta. Os
3 MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS E valores de C, α e β são tabelados em função do
CRITÉRIOS DE RUPTURA tipo de solo e tipo de estaca. Para estacas Hélice-
Contínua o valor de α é constante igual a 0,30 e
Como já mencionado, a aplicação prática da o de β é constante e igual a 1,00. O valor de C
proposta apresentada se fará sobre o banco de varia com o tipo de solo para argilas, solos
dados de provas de carga do trabalho de Falconi intermediários e areias, respectivamente entre
et al (1999), um dos mais extensos sobre estacas 120, 200 e 400 kPa.
tipo Hélice-Contínua, com 48 estacas, conforme
se apresenta na tabela 1. Restringiu-se a escolha 3.2 Método de Alonso (1996, 2000)
dos métodos e dos critérios de ruptura analisados
aos que constam desta tabela. Os valores da Este método foi criado exclusivamente para
Tabela 1 foram transcritos das tabelas originais estacas Hélice-Contínua a partir dos ensaios
de Falconi et al (1999), inclusive com as SPT-T (sondagens à percussão com medida de
respectivas casas decimais. Para o objetivo torque) e apresenta a seguinte forma de cálculo:
proposto de avaliação aplicabilidade, deve-se
comparar os resultados do ensaio de prova de rl = α. fs ≤ 200 kPa (15)
carga, aqui determinados pelo critério de ruptura
de Van der Veen (VDV) com as capacidades de sendo α= 0,65 e fs dado por (16):
carga (PR) calculadas com base nos resultados 100. T
máx
dos ensaios SPT, empregando-se os métodos fs = 0,41.h−0,032 (16)
semiempíricos de Décourt-Quaresma (DQ),
Alonso (AL) e Antunes e Cabral (AC). A seguir (1)
Tmín +Tmín
(2)
Tabela 1. Dimensões e capacidades de carga obtidas por métodos semi-empíricos e ensaios de prova de carga das estacas
hélice-contínua (FALCONI et al, 1999).
D L VDV DQ AL AC AC
Nº
(cm) (m) PR(kN) PR(kN) PR(kN) PR1(kN) PR4(kN)
1 50 15,50 2712,96 1467,37 1835,52 1167,85 1847,05
2 40 8,07 2416,09 531,34 915,08 754,02 873,94
3 50 11,03 1728,39 1580,08 1865,18 1351,76 1599,62
4 50 11,85 2178,02 1690,26 2491,34 1490,14 2293,59
5 50 10,50 2443,84 1156,22 1733,40 1172,60 1737,89
6 80 10,83 3116,66 1436,51 2618,63 2629,25 3000,16
7 50 20,52 3211,47 1790,34 2150,11 1578,63 2069,82
8 70 15,90 4671,85 2670,14 3799,76 2479,05 3857,27
9 70 22,25 4440,91 3662,90 4771,39 3210,77 4318,90
10 35 10,55 1976,63 830,35 1312,84 1042,11 1337,79
11 35 7,59 1191,10 619,91 971,67 714,33 1101,71
12 60 15,04 2831,42 1148,67 1539,17 1375,01 2026,98
13 70 13,67 5630,80 3976,86 5611,51 3024,96 5062,76
14 60 15,10 3920,43 2083,40 2639,96 1920,46 2632,39
15 35 18,00 1404,74 1057,41 1332,52 835,61 1258,37
16 50 13,05 2525,65 2343,83 3325,16 2152,86 2738,92
17 35 18,80 1379,54 1458,40 2169,40 1394,89 1800,83
18 35 19,20 1808,58 1267,14 1580,07 965,80 1419,34
19 35 18,30 1089,01 909,41 1144,79 806,85 1064,87
20 40 14,00 2438,00 1576,25 2366,55 1406,58 2084,53
21 40 15,04 1381,70 1133,73 1668,68 1371,73 1596,56
22 70 12,40 3305,88 2610,74 3322,54 2716,76 3014,98
23 70 12,40 3305,88 1912,83 2325,30 2529,46 2776,97
24 50 14,40 2178,02 1554,70 2519,87 1632,73 2268,22
25 60 15,87 2431,44 2602,66 3341,23 2189,98 2656,42
26 70 22,25 2864,70 2487,67 2802,38 2801,34 3824,57
27 50 12,00 850,94 679,70 805,52 522,45 849,24
28 50 17,61 3682,96 2610,06 3497,57 2810,27 3347,90
29 40 13,00 1950,00 1622,10 1826,13 1138,40 1450,10
30 60 13,50 3030,00 2441,30 3032,00 1644,70 2772,30
31 60 13,50 2990,00 1679,20 2157,70 1309,50 2096,50
32 60 14,50 2850,00 2051,40 2516,50 1256,30 1984,50
33 60 14,50 3330,00 1769,80 2098,20 1663,20 2384,59
34 35 11,00 1390,00 1045,50 1326,20 783,20 1253,20
35 50 11,00 2200,00 1140,20 1502,30 1042,90 1540,60
36 50 13,00 2230,00 1082,80 1254,00 718,10 1167,00
37 50 21,00 2480,00 1858,70 1914,40 1263,40 1880,60
38 60 11,81 2960,00 1360,10 1376,00 1485,50 1620,70
39 40 17,50 1000,00 1547,80 1912,40 918,70 1033,40
40 60 18,75 3224,00 2047,00 2397,00 1901,40 2124,80
41 60 18,75 2740,00 2049,00 2397,00 1901,40 2124,80
42 70 19,00 3060,00 3185,40 4297,70 2955,10 3721,57
43 70 23,50 4920,00 3064,70 3614,70 2411,80 3553,90
44 70 21,80 2650,00 2802,10 3199,00 2389,00 4306,60
45 70 15,80 2930,00 1817,30 1940,90 1552,33 2512,12
46 70 18,40 4030,00 3628,70 4199,60 2905,30 3465,80
47 70 18,90 4560,00 3021,00 3622,60 2226,70 3399,20
48 60 26,00 12588,7 4732,03 5998,42 4549,28 5468,38
valores de torque mínimo (kgf.m) no techo 8D estaca. Como nem sempre valores de torque
(2) estão disponíveis nas sondagens, optou-se por
acima da ponta da estaca e Tmín para o trecho 3D
abaixo da ponta da estaca, e D é o diâmetro da analisar apenas os valores calculados fazendo-se
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Tmáx =1,2N e Tmín =N, sendo N o número de representam os valores de ruptura extrapolada
golpes SPT. matematicamente, obtidos no ensaio de prova de
carga quando a ruptura física por afundamento
3.3 Método de Antunes e Cabral (1996) rápido da estaca não for verificada.
É importante verificar na Tabela 3 que os valores favor da segurança”, pois indica que a razão
resultantes, inclusive a média e o intervalo de MSE/VDV está entre 0 e 1. Caso os limites do
confiança, referem-se ao logaritmo dos dados. intervalo de segurança resultassem positivos,
De modo geral, enquanto os limites inferior e então essa razão poderia assumir um valor maior
superior dos intervalos de confiança resultarem do que 1, resultando o método como sendo
negativos, a classificação dos métodos será “a “contra a segurança”. E quando apenas o limite
superior é positivo, pode-se considerar o método “acurado”.
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Tabela 3. Resumo dos resultados gerais para os métodos de Antunes Cabral (AC), Décourt-Quaresma (DQ) e Alonso
(AL) em relação ao critério de Van der Veen (VDV), tratados como variáveis Lognormais.
Método µd sd sx t t crit P-valor IC[95%] IC[95%] Classificação
Semiempírico (kN) (kN) Inf. (kN) Sup.(kN)
AC PR1 -0,501 0,295 0,043 -11,75 2,012 6,82E-16 -0,587 -0,415 A favor da segurança
AC PR4 -0,185 0,276 0,398 -4,656 2,012 1,33E-05 -0,265 -0,105 A favor da segurança
DQ -0,401 0,333 0,048 -8,339 2,012 3,99E-11 -0,497 -0,304 A favor da segurança
AL -0,149 0,322 0,046 -3,192 2,012 0,0012 -0,242 -0,055 A favor da segurança
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
RESUMO: O presente trabalho apresenta uma análise estatística das excentricidades das estacas do
tipo hélice contínua com dados obtidos de três obras, que para o estudo foram chamadas de A, B e
C. As mesmas localizam-se, no Cabo de Santo Agostinho. As três haviam estacas com duas
dimensões. A princípio foram coletados os dados de excentricidades nas obras durante a execução
do serviço. Posteriormente, comparou-se os números obtidos em campo com a locação de cada
estaca determinada em projeto. Tal análise visou fornecer a média da amostra, os desvios padrões e
os histogramas em relação a excentricidade. Para as três obras foram encontradas médias próximas
de excentricidade executiva ded 6 cm, e fato dos dados serem parecidos, é provável que consistam
de uma mesma população.
absorção desta solicitação, deve ser corrigido Figura 3. Aumento do número de estacas.
mediante reforço estrutural. Que, em soluções
práticas para sistemas de fundações, é absorvida
pelo reforço de cintas de travamento, ou pelo
acréscimo do número de estacas por bloco.
As figuras 01 e 02 mostram
esquematicamente o problema de
excentricidade e a geração de esforços sobre o
bloco de coroamento.
Onde:
T = Área do terreno
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3 RESULTADOS
OBRA e e
% 400 e
% 500
A 0,06 m 15% 12%
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4 CONCLUSÕES
Lílian O. Lima 2
Faculdade Estácio de Natal, Natal, Brasil, xlilianoliveira@hotmail.com
RESUMO
estrutura da fundação a ser executada). Para as apresentar essas estimativas é por meio das
fundações profundas podem ser empregados os curvas carga x recalque, esta relaciona níveis
métodos semiempíricos de Aoki-Velloso (1975) de carregamento crescentes sobre o elemento de
(1), Décourt-Quaresma (1978) (2) e Teixeira fundação e sua respectiva deformação vertical.
(1996) (3), conforme equações detalhadas As curvas carga x recalque para fundações
abaixo. Para a capacidade de carga em sapatas profundas podem ser encontradas pela equação
(fundações rasas) pode ser utilizado a equação de Van der Veen (1953) (5).
de capacidade de carga de Terzagui com as
proposições de Vesic (1975). Métodos (4)
semiempíricos, em engenharia de fundações,
são aqueles que mesclam métodos racionais
com observações de campo por meio de Onde: : encurtamento elástico, A: Área da
sondagens e ensaios específicos. seção da estaca, Ec: modulo de elasticidade do
material da estaca, Pi: carga axial do segmento
analisado da estaca. Li comprimento do
(1) segmento analisado da estaca. Segunda parcela
compressão do solo, : propagação das tensões
Onde: R = Capacidade de Carga Total, U = no solo, H: espessura da camada do solo
perímetro da seção da estaca, = fatores considerada, Es: modulo de deformabilidade do
de correção, e solo.
,
= média do valor do SPT, = comprimento
(5)
do segmento unitário, = média do valor do
SPT na cota de assentamento da estaca,
imediatamente anterior e imediatamente Onde: P: Carga aplicada a estaca considerada.
posterior, R: Carga de ruptura da estaca. P: recalque
considerado. a: coeficiente que depende da
carga de ruptura e do recalque total.
Simulações numéricas têm sido
(2)
utilizadas com frequência ao longo das últimas
Onde: C = coeficiente característico do solo, β: décadas como ferramenta para o estudo do
fator associado a lateral da estaca que leva em comportamento de estruturas enterradas. Dentre
consideração ao tipo de solo e tipo de estaca, α: os métodos numéricos, o método dos elementos
β: fator associado a ponta da estaca que leva em finitos (MEF) é o de uso mais frequente. Além
consideração ao tipo de solo e tipo de estaca, L disso, para as análises numéricas de elementos
= Comprimento da estaca. de fundações profundas, como as estacas, a
observação no estado plano de deformação é a
(3) mais recorrente, justificando o estudo do
problema de forma bidimensional.
O desenvolvimento de um projeto de Os modelos constitutivos têm a função
fundações também contempla a avaliação dos de reproduzir, interpretar e prever o
recalques. Recalque é o termo utilizado em comportamento tensão x deformação de um
engenharia civil para designar o fenômeno que determinado material. O modelo constitutivo
ocorre quando uma edificação sofre um que será empregado para representação do solo
rebaixamento devido ao adensamento do solo no presente trabalho será o modelo elástico
sob sua fundação. Essas deformações podem ser perfeitamente plástico com critério de ruptura
estimadas pelo método Shemertman (1978) para de Mohr-Coulomb, esse por sua vez, necessita
fundações rasas e Aoki (1979) (4) para de parâmetros como: coeficiente de Poisson (ν),
fundações profundas. A forma mais prática de coesão (c), ângulo de atrito (ϕ) e ângulo de
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dilatância (ψ). E a rigidez do solo é descrita por característico, uma vez que se estimou trabalhar
meio do módulo de deformabilidade (E). com uma ampla faixa de tipos de solos, desde
As fundações serão modeladas como solos puramente arenosos até solos com
elementos de placa (plates) e o modelo características mais argilosas e ricos em matéria
constitutivo atribuído será o elástico linear. Este orgânica. Nesta primeira fase também foi
modelo envolve dois parâmetros principais, o realizada a atribuição de parâmetros e
módulo de elasticidade (E) e coeficiente de interpretação das sondagens, que consiste na
Poisson (ν). O modelo linear é muito limitado correlação dos dados do SPT com tabelas e
para simulação do comportamento do solo, ábacos de pesquisadores consagrados para
sendo preferencialmente atribuído às estruturas, obtenção semiempírica de diversas variáveis do
no caso desta pesquisa, associado ao material da solo (peso específico, coesão, módulo de
estrutura da fundação. deformabilidade, ângulo de atrito interno,
resistência não drenada de argilas e etc.). Por
3. METODOLOGIA fim, a primeira fase contou com uma visita em
O projeto consiste na análise numérica campo com a finalidade de confirmar as
aplicada à simulação de uma obra de instalação características in situ do solo, além do processo
de um complexo eólico, a fim de investigar construtivo a ser simulado numericamente.
aspectos geotécnicos relacionados à capacidade A segunda fase do estudo contemplou
de carga e recalque de uma fundação de a avaliação da capacidade de carga das estacas
aerogerador. A obra em questão inclui 80 de fundação dos aerogeradores pelos métodos
aerogeradores distribuídos em 7 (sete) parques semiempíricos de Aoki-Velloso (1975),
eólicos, localizados nas proximidades do Décourt-Quaresma (1978), Teixeira (1996)
município de São Bento do Norte no Rio usando as equações apresentadas na
Grande do Norte, como ilustrado na Figura 2. fundamentação teórica. Também foram
avaliados os recalques totais e imediatos dessas
estruturas pelo método Aoki (1979) para
fundações em estaca. Além disso, foi estimada a
curva carga x recalque pela equação de Van der
Veen (1953) para fundações profundas. Os
cálculos foram reunidos e apresentados em
forma de planilhas e estão alinhados ao que
preconiza a norma NBR 6122 – Projeto e
execução de fundações (2010). O objetivo da
segunda fase foi balizar a modelagem numérica
por meio dos resultados obtidos, bem como,
Figura 2 – Complexo Eólico Cutia (Fonte: Dois A abrir a discussão a cerca da eficiência dos
Engenharia, 2016)
métodos semiempíricos de capacidade de carga
A coleta de dados que subsidiou os e recalque para os solos da costa do Rio Grande
modelos numéricos foi realizada a partir de do Norte.
relatórios de sondagens fornecidos pela empresa A terceira fase do estudo foram
responsável pela execução do complexo eólico. realizadas as simulações numéricas, onde
As sondagens a percussão (SPT) foram realizou-se a etapa inicial de calibração, com
executadas nas mesmas coordenadas de locação análises preliminares avaliando os parâmetros
das torres dos aerogeradores. do solo encontrados na primeira fase. Questões
A primeira fase do estudo contemplou de definição das condições de contorno, ajustes
a aquisição, organização e classificação dos no modelo constitutivo, parâmetros associados
relatórios de sondagens. Estes foram, por sua à estrutura (rigidez axial e à flexão) também
vez, divididos por região e tipo de solo foram investigados em uma etapa inicial. Após
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seção de medição. Ela deve estar valores que correspondem exclusivamente pela
suficientemente afastada do capacete a fim de parcela de ponta são destacados (RP).
evitar forte gradientes de tensões, e também A partir dos dados apresentados, foi
permitir uniformidade na velocidade e nas verificado que na maioria das metodologias
tensões da seção de medição. semiempíricas as parcelas de atrito lateral (RL)
A Figura 6 mostra a instrumentação da foram superiores à parcela da ponta (RP) para
cabeça da estaca e o esquema de aquisição dos avaliação da capacidade de carga (onde o
sinais durante o golpe. mecanismo de ruptura do solo é mobilizado).
Com exceção do método de Aoki-Velloso
(1979) onde o oposto ocorreu. O valor de R
(4.390,06 kN) obtido com a equação 2 foi o que
mais se aproximou do modelo numérico (R =
4.248,61 kN), assim como, foi observada uma
significativa convergência nos resultados de
capacidade de carga pela equação de Teixeira
(1996) com a reposta do ensaio de campo com
carga dinâmica, mas essa tendência não foi
Figura 6 – Instrumentação da cabeça da estaca. (Fonte:
percebida nas proporções das parcelas RL e RP.
Relatório RINCENT, 2016)
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
versão anterior da NBR 6122 (ABNT, 1996) Fellenius (1972). Zeevaert (1983) relata casos de
também destacava a ação, em nota, no item 7.5. obras na cidade do México.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o A profundidade onde os recalques são iguais,
cálculo do atrito negativo em estacas isoladas, isto é, uma profundidade onde não há
por meio de estudo de caso, entre cinco métodos deslocamento relativo entre a estaca e o solo, é
consagrados na literatura: Moretto e Bolognesi definida como ponto neutro. Acima do ponto
(1959); Johannessen e Bjerrum (1965); De Beer neutro tem-se o atrito negativo; abaixo, o atrito
e Wallays (1968); Bowles (1997); e Endo et al positivo (TERZAGHI; PECK; MESRI, 1996).
(1969). Com isso, se espera que este sirva de As causas mais comuns do atrito negativo são
ferramenta para a estimativa do atrito negativo as seguintes: adensamento da camada
em projetos de fundações profundas, nas compressível devido a aterro recente;
condições semelhantes às aqui apresentadas. amolgamento de camada de argila devido à
Foram aplicadas as prescrições da NBR 6122 cravação de estacas; e rebaixamento de lençol
(ABNT, 2010), no que tange à capacidade de freático. O atrito negativo está ligado
carga dos elementos de fundação, em termos de diretamente ao adensamento e,
segurança. Além disso, foi avaliada a influência consequentemente, é um fenômeno que se
dos parâmetros de resistência do solo na previsão desenvolve ao longo do tempo, até atingir um
do atrito negativo. valor máximo.
L
2.3.3 Método de De Beer e Wallays Pan = ∫0 f K0 α' Uσ'v dz (2.17)
No trabalho de De Beer e Wallays (1968 apud Sendo:
VELLOSO; LOPES, 2010), o cálculo é feito α' = tan δ, com δ≅0,5 a 0,9ϕ';
separadamente para o efeito da sobrecarga (que Lf = espessura do aterro;
inclui o aterro) e para o efeito da camada L = comprimento da estaca.
compressível, respectivamente, Pan,0 e Pan,γ . b. Aterro granular sobre camada compressível:
Tem-se, então: L
Pan = ∫0 1 K0 α' Uσ'v dz (2.18)
Pan = Pan,0 + Pan,γ (2.10)
De maneira geral σ'v é dado pela seguinte
As parcelas podem ser calculadas por: expressão:
Pan,0 = A0 ×p0 ×(1-e-M0 ) (2.11) σ'v =p0 +γ' ×z (2.19)
-Mγ
1-e
Pan,γ = Aγ ×γ' ×H×(1- ) (2.12) Sendo L1 a distância entre o topo da camada
Mγ
compressível e o ponto neutro. Com o resultado
Em que: da integração e o equilíbrio das forças atuantes
U×H×K× tan ϕ' na estaca (atritos negativo e positivo no fuste e
M0 = (2.13) carga de ponta), o autor encontra para L1 :
A0
U×H×K× tan ϕ' L L p 2p0
Mγ = (2.14) L1 = L ( 2 + γ0' ) - (2.20)
Aγ 1 γ'
três estacas. O estaqueamento prevê três tipos de • A sobrecarga devido ao aterro (p0 ) no topo
seção transversal para os elementos de fundação. da camada compressível foi calculada da
Destes, dois tipos são hexagonais (EPH-280 e seguinte forma:
EPH-320) e um circular (EC-350). Na Tabela 2, a. Espessura do aterro a ser executado para
são apresentadas as características técnicas e que seja alcançada a cota de terraplenagem
geométricas da estaca de seção circular adotada, de projeto: 3,85-3,27 = 0,58 m;
de acordo com o fabricante. b. Espessura do aterro já existente: 1,80 m;
Tabela 2 - Características técnicas e geométricas da c. Peso específico do aterro existente: 1,8
estaca de seção circular. Fonte: Folder do fabricante. tf/m³ (Tabela 3);
Espes. Tabela 3 - Peso específico de solos arenosos. Fonte:
Diâm. Carga Adm. Peso GODOY (1972 apud CINTRA; AOKI; ALBIERO,
da
Tipo Ext. Estrutural (tf) Nom. 2011). Unidade adaptada.
Parede
(cm) (kg/m)
(cm) Peso Específico (tf/m³)
Comp Tração
NSPT Compacidade
EC-350 35,0 90,0 11,8 154,0 7,0 Seco Úmido Saturado
<5 Fofa 1,6 1,8 1,9
Para estimativa do atrito negativo, foi tomado 5a8 Pouco compacta 1,6 1,8 1,9
o caso de uma estaca isolada. A estaca em Medianamente
9 a 18 1,7 1,9 2,0
compacta
questão tem seção circular do tipo EC-350, 19 a 40 Compacta 1,8 2,0 2,1
apresentada anteriormente na Tabela 2. A carga > 40 Muito compacta 1,8 2,0 2,1
estrutural admissível é de 90 tf.
Foram utilizados os métodos anteriormente d. Peso específico do aterro a ser executado:
detalhados para o cálculo de atrito negativo em 1,8 tf/m³ (Tabela 3);
estacas isoladas: Moretto e Bolognesi; Assim,
Johannessen e Bjerrum; De Beer e Wallays;
Bowles; Endo et al. Para os parâmetros a serem p0 =(0,58×1,8)+(3,27-2,44)×1,8+(2,44-1,47) ×
adotados nas equações já apresentadas, seguem ×(1,8-1,0)=3,31 tf/m² (4.1)
as considerações:
• Para o comprimento cravado da estaca foi • Perímetro da estaca:
adotada a estimativa de 19,5 m; U=π×D= π×0,35m=1,10m (4.2)
• Para a espessura da camada compressível,
• Peso específico da camada compressível:
foi analisada a sondagem de referência (SP-
1,3 tf/m³ (ver Tabela 4).
13), que apresenta: até 1,8 m de
profundidade o aterro de areia fina siltosa, Tabela 4 - Peso específico de solos argilosos. Fonte:
seguido de argila siltosa orgânica até 19,50 GODOY (1972 apud CINTRA; AOKI; ALBIERO,
2011). Unidade adaptada.
m. Com o comprimento cravado da estaca e
o perfil de sondagem, foi adotada uma
camada compressível de 17,70 m (sem o NSPT Consistência Peso Específico (tf/m³)
aterro), que por simplificação foi
considerada integralmente com as mesmas ≤2 Muito mole 1,3
características ao longo da profundidade; 3a5 Mole 1,5
• Cota de boca de furo: +3,27 m; 6 a 10 Média 1,7
11 a 19 Rija 1,9
• Nível d’água: +2,44 m; ≥ 20 Dura 2,1
• Cota do topo da camada compressível:
+3,27-1,80=+1,47m; No método de Moretto e Bolognesi, foi
adotado para a coesão não drenada da argila o
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Para a estaca estudada (AP71 E79), foram Outro aspecto importante a ser discutido é o
realizados ensaios de carregamentos dinâmicos, que se refere à resistência lateral mobilizada no
nos quais é possível se obter as resistências instante do ensaio. Com os resultados obtidos do
mobilizadas pela estaca, por meio do Analisador PDA, é difícil avaliar se de fato, ao longo do
de Cravação de Estacas (Pile Driving Analyzer – tempo, esta resistência seria desenvolvida
PDA). O resultado do ensaio mostra a resistência integralmente como atrito lateral positivo ou
total mobilizada de 151 tf, da qual 127 tf apenas uma parcela desta. Com o atrito
corresponde à resistência de ponta e 24 tf ao desenvolvendo-se completamente como
atrito lateral (Tabela 6). negativo, a carga máxima admissível para a
Tabela 6 - Resistências mobilizadas (Modelo estaca passar a ser:
CAPWAP®). Fonte: MODULUS Engenharia - Relatório 127
de Ensaio de Carregamento Dinâmico (2012). Padm = -24=39,5 tf (5.3)
2
Resistência (tf) Nega Num. Este último resultado representa uma redução
Estaca
Total Ponta Lateral (mm) Golpes de aproximadamente 48% da carga admissível
AP71 sem a consideração do efeito.
151 127 24 0 3
E79
RESUMO: Desenvolve-se o presente estudo com o intuito de melhor compreender o atrito negativo.
Conceitua-se o fenômeno, apresentam-se algumas situações em que se manifesta, alguns fatores que
contribuem para a natureza e magnitude e formas de tentar minimizá-lo. Abordam-se os principais
métodos de previsão existentes na literatura. Realizam-se estimativas da parcela de atrito negativo
para uma situação hipotética de estaca isolada e grupo (quando a metodologia permite) de estacas
cravadas em um perfil de solo constituído de uma camada de argila orgânica mole a muito mole, a
qual está sobreposta a uma camada de areia compacta. Subjacente a essa camada de areia, encontra-
se um solo residual. Considera-se um aterro de três metros na superfície. A estaca é do tipo pré-
moldada de concreto com a ponta fechada. Para a situação de grupo são consideradas seis estacas
pré-moldadas interligadas por um bloco de coroamento. Constata-se que os valores da parcela de
atrito negativo estimados variaram de 68 até 497 kN. Eram esperadas diferenças significativas
através dos diversos métodos, pois esses são desenvolvidos com base em considerações distintas.
Verifica-se a importância de estudos que envolvam a instrumentação em campo do fenômeno,
particularmente no Brasil, onde se percebe uma escassez de trabalhos sobre o assunto.
Tipo de solo. (viii) Se o solo é subadensado, movimento para baixo é resistido pelo atrito
normalmente adensado ou pré-adensado. (ix) lateral entre o aterro e as estacas. Consideram
Grau de sensibilidade do solo. (x) Lençol que todo o peso de aterro entre as estacas é
freático (relacionado às variações do seu nível). transferido para as próprias estacas. A carga P’
(xi) Compressibilidade do terreno. (xii) que atua em cada estaca devida ao peso do
Espessura da camada compressível em relação aterro dentro do grupo é:
às sobrecargas (aterro, depósito etc.) impostas
sobre ela. (xiii) Características das curvas ( AH1γ )
tensão versus deformação dos solos envolvidos. P' = (1)
n
A NBR 6122 (2010), Projeto e Execução de
Fundações, orienta que o atrito negativo deve Onde:
ser considerado em projeto quando houver a A = área de uma seção horizontal incluída
possibilidade de sua ocorrência. dentro do limite do grupo de estacas;
Por se tratar de uma solicitação a mais para o H1 = espessura da camada de aterro;
estaqueamento, o atrito negativo pode encarecer
a fundação na medida que reduz a carga de γ = peso específico do material do aterro;
trabalho das estacas, consequentemente, n = número de estacas do grupo.
aumentando sua quantidade ou dimensões.
Existem diversas formas de, pelo menos, Nos espaços entre grupos, o peso do aterro
minimizar o efeito do atrito negativo nas produz recalques progressivos. Se o grupo
estacas, quais sejam: (i) Pré-carregamento da consiste em estacas de ponta, estas não
camada compressível antes da instalação de participam do movimento para baixo e,
estacas. Salienta-se que o pré-carregamento consequentemente, o solo que circundam o
deve ser mantido durante um certo tempo, ou grupo desce em relação ao próprio solo e tende
seja, essa medida pode afetar o cronograma da a arrastá-lo.
obra. (ii) Encamisamento da estaca com tubo de Essa força de arrasto cresce à medida que se
maior diâmetro. (iii) Uso de estacas tronco- processa o adensamento da argila e depende dos
cônicas – o solo se separa da estaca à medida recalques da superfície da argila. O valor
que essa recalca, de modo a não transferir atrito mínimo dessa força de arrasto depende do valor
negativo. (iv) Uso de estacas de pequeno do recalque da camada compressível. Possui
diâmetro. (v) Pintura na estaca – no Brasil tem- valor quase nulo para recalques muito
se aplicado camada betuminosa na superfície de pequenos, cresce com os recalques e não pode
estacas sujeitas a atrito negativo (Velloso e tornar-se maior que o produto da espessura da
Lopes, 2011). camada de argila ( H 2 ) pelo perímetro ( U ) do
grupo de estacas e pela resistência não drenada
( Su ). Tem-se, assim:
2 PRINCIPAIS MÉTODOS DE
ESTIMATIVA DO ATRITO NEGATIVO (UH 2 Su )
PROPOSTOS NA LITERATURA P '' = (2)
n
2.1 Método de Terzaghi e Peck (1948) O valor total do atrito negativo em cada
estaca é:
Terzaghi e Peck (1948) propuseram um método
considerando o efeito de grupo. Admitem que,
Qn = P ' + P '' (3)
após a cravação das estacas, o material de aterro
situado na parte superior do grupo de estacas
não pode mais recalcar livremente, pois o seu 2.2 Método de Moretto e Bolognesi (1959)
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z
Qn = Ktgφa' ∫ σ v' dzU (5) • Na camada 1:
0
De Beer e Wallays (1968) consideram que parte A tensão vertical na base da camada 1, após
da tensão efetiva inicial do terreno transfere-se a cravação da estaca é:
para a estaca. Dessa forma, tem-se:
γ K ,1 ( − m1,1 ) H1 ( − m1,1 ) H1
pV ( H1 ) = {1 − e
}+ p e
0
(9)
γ ( − m ) H ( − m ) H m1,1
pv , z = 1 − e 1 + p0 e 1
{ } (6)
m1
Tem-se, assim, na camada 1:
Onde:
pv , z = tensão vertical efetiva final; AN1 = A1 p0 ( H1 ) − pv ( H1 ) (10)
γ = peso específico do solo;
Sendo:
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π xtg
γx 2
p0( i ) = (19)
2
Obtém-se, assim, o valor do recalque na
Onde: argila provocado por cada segmento i :
γ = peso específico do solo.
8 f 0 ( 2n − 2i + 1)
Mas: nπ tg 2φ ( 2i − 1) 2 ∆x (26)
Cc ∆x
yi = i∆x − log 1 +
1 + e0 2 ∆x
∆x ∆x y i ∆x −
2
x = i∆x − = ( 2i − 1) (20)
2 2 2
Logo: Onde:
Cc = índice de compressão da argila;
∆x e0 = índice de vazios inicial da argila;
γ i∆x − 2
∆x = espessura de cada segmento;
p0( i ) = (21)
2 γ = peso específico do solo;
n = número de segmentos em que foi dividida a
Neste mesmo ponto, o acréscimo de tensão camada de argila;
devido à força de atrito negativo que atua no φ = ângulo de distribuição da força de atrito
segmento i é: negativo no solo.
Onde: Γ
R= ;
PNFS = máxima sobrecarga devida ao atrito ( 2π )
negativo quando ocorre plena mobilização da Γ = perímetro da estaca.
resistência ao cisalhamento;
N R = fator de correção para o caso em que não A experiência tem mostrado que não se pode
ocorra plena mobilização da resistência ao determinar analiticamente o termo Ktgδ . Em
cisalhamento; obras importantes, ele deverá ser medido em
NT = fator de correção para o caso em que a ensaio no local. Para efeito de cálculos
estaca não seja cravada na ocasião da colocação aproximados, fornecem-se os valores de Ktgδ
do aterro e, sim, após um certo tempo t ; na Tabela 1.
Pa = força axial que atua na estaca no topo da
camada compressível. Tabela 1. Valores de Ktgδ.
Tipo de material Ktgδ
δ
PNFS pode ser obtido a partir da expressão: Estacas com pintura asfáltica em argilas 0,02
Película anular de bentonita 0,05
H Estacas cravadas em solos argilosos muito
PNFS = π d ∫ τ a dz (35) moles a moles e soltos orgânicos
0,20*
0
(r − R) H
− λ
q ' ( z , r ) = q ' ( z , R ) + σ ' ( r , z ) − q ' ( z , R ) 1 − e
R (38) AN = 2π R ∫ Ktgδ q ' ( z , R )dz , se hc 〉 H (45)
0
λ2 Ktgδ , se λ ≠ 0 (49)
m (λ, d ) = ( d − R)
λd ( − λ )
R
R
1 + λ − 1 − e
R
Ou
2 Ktgδ
m ( 0, d ) = 2
, se λ = 0 (50)
d R
−1
R
Apresentam-se estimativas da parcela de atrito Tabela 2. Resumo dos valores obtidos para a parcela de
negativo para uma situação hipotética de estaca atrito negativo (modificado de Beire, 2017).
isolada e grupo (quando a metodologia permite) Método
Atrito negativo
de estacas cravadas em um perfil de solo (kN)
constituído de uma camada de nove metros de Terzaghi e Peck 228
argila orgânica de consistência mole a muito Moretto e Bolognesi 171
mole cinza escura, a qual está sobreposta a uma Johannessen e Bjerrum 460
camada de três metros de areia compacta. Beer e Wallays 172
Subjacente a essa camada de areia, encontra-se Johnson e Kavanagh 92
um solo residual. Considera-se um aterro de três Bowles 189
metros na superfície e o nível d’água localiza-se Endo et al. 68
a um metro de profundidade na camada de Poulos e Davis 497
argila orgânica. Combarieau 209
A estaca é do tipo pré-moldada de concreto Média 232
armado com a ponta fechada, comprimento de Desvio padrão 149
15,5 metros e diâmetro de 50 centímetros. Para
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RESUMO: O foco principal, na elaboração deste banco de dados, das fundações mistas em radier
estaqueados na RMR, busca informação e detalhamento de dados construtivos e técnicos referentes
a obras que foram e estão sendo edificadas em áreas antes desprezadas por serem em solos argilosos
moles e colapsáveis. Os dados dessas obras, selecionadas nas cidades que compõe esta região,
visam de forma intuitiva retratar e caracterizar de forma resumida, a saber, a partir de descrições
como: profundidade das estacas, tipo de estacas, espaçamento médio que envolve as variáveis
adotadas como técnica prescrita e aplicada diante dos cenários distintos. Que permitam a partir dos
resultados e gráficos, a possibilidade de formação de um perfil construtivo das obras em radier
estaqueado das cidades inseridas na Região Metropolitana do Recife. Além do que, esse trabalho
possibilita novas pesquisas que somaram para formação de um maior banco de dados, futuro com
mais obras.
todas, foram preenchidas fichas de cadastro Depois de concedida a devida autorização para
(vide Tabela 1). investigar as obras e sempre com a presença dos
seus responsáveis técnicos, foi utilizada uma
ficha de cadastro (Figura 3) de elaboração
Município Nº de Obras
propria, para identificação e caracaterização das
Jaboatão dos Guararapes 5
obras visitadas, que servir como parametro
Olinda 7
onde; se pode ver a ficha dividida em 4 blocos
Paulista 1 sendo : de identificação, caracteristica da
Recife 12 estrutura, caracteristica estruturais de fundação
São Lourenço da Mata 2 e caracteristicas das estacas.Contendo cada
Total de Obras 27 bloco dados quantitativos de cada obra.
espaçamento médio entre estacas variando entre radiers com até 35 cm, estacas de diâmetro até
2,50 e 4,2 m e 81,5% das obras tiveram seu 35 cm, comprimentos médios de 15 m, com
espaçamento menor 2,50 m. espaçamento menor que 2,50 onde o perfil
construtivo típico da região de 78% das obras
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Gráfico 9. Distribuição dos comprimentos por tipo de estaca. Fonte: Autores, 2017.
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Marcelo Heidemann
Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville, Brasil, marcelo.heidemann@ufsc.br
RESUMO: Este trabalho apresenta a previsão de capacidade de carga de uma estaca que compõe às
fundações de um edifício de grande porte, utilizando os métodos semi-empíricos de Aoki e Velloso
(1975), Philipponnat (1979) e Bustamante e Gianaselly (1981), e os métodos teóricos de Terzaghi
(1943), Meyerhof (1951) e Vesic (1963), comparando-os com resultados de provas de carga
estáticas. Como o ensaio não foi levado à ruptura, teve de se extrapolar a curva carga-recalque para
obter a carga de ruptura da estaca. Todos os métodos conduziram a soluções seguras, sendo que
Aoki e Velloso (1971), Philipponnat (1979) e Vesic (1963) mostraram resultados mais próximos
daqueles derivados das provas de carga, e considerando as cargas de ruptura, indicaram fatores de
segurança mais próximos de 2, como sugere a NBR 6122/2010. Dentre os métodos semi-empíricos,
Philipponnat (1979) mostrou-se o mais conservador e Bustamante e Gianaselly (1981) foi o mais
arrojado. Dentre os métodos analíticos, Vesic (1963) e Terzaghi (1943), considerando ruptura
localizada, foram os métodos que apresentaram os resultados mais próximos dos valores de
capacidade de carga determinados pelas provas de carga.
Vesic (1963) 19954,84 25 5,80 Philipponnat (1979), estando esses entre as retas
PCE (Pult) 7002,00 25 2,03
2:1 e 1:2, tanto considerando como referência a
PCE (Extrap) 10750,00 25 3,12
carga de ruptura da PCE executada, como a
carga extrapolada, sendo Aoki e Velloso (1975
mais arrojado e Philipponnat (1979), mais
conservador. Dos métodos analíticos Terzaghi
(1943), considerando ruptura localizada, e
Vesic (1963), apresentaram bons resultados
para o caso de se considerar como carga de
ruptura aquela decorrente da extrapolação, mas
não tão bons se considerada a ruptura dada pela
máxima carga aplicada no ensaio, pois
resultaram em tensão de ruptura da ordem de 2
a 3 vezes superiores.
Figura 7. Comparação do fator de segurança (FS).
se o fato de as cargas laterais serem calculadas mostra capacidades de carga que evoluem de
utilizando fatores α iguais tanto para estacas forma bastante contínua.
escavadas, quanto para estacas cravadas de Vesic (1963) difere dos métodos analíticos
concreto, o que não parece fazer sentido visto tendo comportamento mais próximo dos
que estacas cravadas mobilizam muito mais métodos semi-empíricos.
atrito lateral em comparação às escavadas.
A Figura 9 apresenta o comportamento das
cargas de ruptura ao longo da profundidade para 4 CONCLUSÕES
os sete métodos abordados, bem como a
profundidade de assentamento (h) referente ao A partir da comparação dos fatores de
comprimento resultante pelos métodos. segurança calculados, considerando a razão
entre as cargas de ruptura obtidas pelos métodos
abordados e os valores de projeto, todos os
métodos apresentaram-se seguros, sendo Aoki e
Velloso (1971) e Philipponnat (1979) os que
apresentaram resultados mais interessantes do
ponto de vista econômico, visto que resultaram
em fatores de segurança mais próximos de 2,
como sugere NBR6122/2010.
Comparando-se os métodos abordados com
os resultados da prova de carga. Os métodos
semi-empíricos que apresentaram resultados
mais próximos aos da prova de carga, tanto
considerando como carga de ruptura o máximo
carregamento aplicado no ensaio, como a partir
da extrapolação, foram Philipponnat (1979) e
Aoki Velloso (1971), sendo aquele mais
conservador que este. Dentre os métodos
analíticos Vesic (1963) e Terzaghi (1943) com
ruptura localizada também apresentaram bons
resultados, entretanto mais arrojados que os
semi-empíricos. Meyerhof (1951) e Terzaghi
(1943) para ruptura generalizada apresentaram
Figura 9. Comportamento carga de ruptura dos métodos carga de ruptura da ordem de 3 a 4 vezes à
abordados.
carga de ruptura apresentada pelo ensaio.
Nela pode-se perceber que os resultados dos
Bustamante e Gianaselly (1981) destoou
métodos de Meyerhof (1951) e Terzaghi (1943)
completamente dos demais para todas as
considerando ruptura geral são bastante
análises realizadas, e isto ocorreu devido às
similares ao longo da profundidade. Existe
expressivas cargas laterais que o método sugere
também certa semelhança entre o
que sejam mobilizadas. Verificou-se que o
comportamento dos métodos de Terzaghi
método não faz distinção entre estacas
(1943) considerando ruptura localizada, Vesic
escavadas e cravadas para o cálculo da
(1963) e Aoki e Velloso (1975). O método de
capacidade de carga por atrito lateral.
Bustamante e Gianaselly (1981) se mostrou
Da análise realizada pelo método de
excessivamente permissivo, visto que valida
Terzaghi (1943), verifica-se que pouco efeito
profundidade de assentamento em regiões em
prático há em se considerar os fatores para
que os outros métodos apresentam quedas de
ruptura generalizada ou localizada. Isto porque
resistência (Figura 9). Philipponnat (1979)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
futura fundação, quando solicitado por certas consistência de solos coesivos e densidade de
tensões. solos granulares. Estima-se que cerca de 85% a
Para provas de carga executadas em solos 90% das fundações convencionais na América
argilosos como da Figura 1, nota-se que do Sul e do Norte são realizadas utilizando SPT
capacidade de carga é a mesma para a placa e (BOWLES, 1997).
para a sapata independente de suas dimensões. O ensaio de penetração ou SPT, é executado
Contanto, os recalques são proporcionais as por meio de sondagem considerando cada metro
suas dimensões devido ao módulo de de profundidade alcançada (SOUZA; SILVA;
deformabilidade (CINTRA; AOKI; ALBIERO, IYOMASA, 1998). Estes autores afirmam que o
2003). procedimento de execução do ensaio é
padronizado internacionalmente, resumindo-se
na cravação de um amostrador de solo padrão,
por meio de golpes de um martelo de massa
igual a 65 kg, em queda livre a uma altura de 75
cm, registrando-se quantos golpes são precisos
para que o amostrador penetre três vezes 15 cm
do solo, totalizando 45 cm.
2.3 Recalques
PM 48
5
PM 80
Recalque (mm)
10
IJ-C 48
15
IJ-CS 48
20
CB 48
25
SR 48
30
PAN 30
35
Figura 4. Curvas tensão x Recalque dos locais em estudo. Figura 5. Ruptura por puncionamento
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Recalque(mm)
15
atribuiu-se a legenda da Figura 6 20
distintinguindo cada curva para o ensaio de 25
30
placa, considerado como de comportamento 35
real, e para cada metodologia utilizada. 40
45
50
15
C 48), Ijuí Costa do Sol (IJ - CS 48), Palmeira 20
das Missões (PM 80), Palmeira das Missões 25
30
(PM 48), Cruz Alta (CA-N 30), Cruz Alta (CA- 35
N 48) e Panambi 30 (PAN 30). 40
45
50
Tensão na Placa (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 Figura 10. Carga x Recalque Ijuí Costa do Sol (IJ - CS
0 48).
5 Tensão na Placa (kPa)
0 50 100 150
10 0
Recalque(mm)
15 5
10
20
Recalque(mm)
15
25 20
30 25
35 30
35
40
40
45 45
50 50
Figura 7. Carga x Recalque Coronel Barros (CB 48). Figura 11. Carga x Recalque Palmeira das M. (PM 80).
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15
20
1º 2º 3º
25 CB48 Ruver Médio T. Elasticidade -
30
35 SR 48 Ruver Médio T. Elasticidade -
40
45 IJ-C 48 Ruver Médio T. Elasticidade Terzagui e Peck
50
IJ-CS 48 Terzagui e Peck Ruver Médio T. Elasticidade
Figura 13. Carga x Recalque Cruz Alta (CA-N 30). PM 80 Ruver Médio T. Elasticidade Terzagui e Peck
PM 48 Ruver Médio T. Elasticidade -
Tensão na Placa (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 PAN 30 Ruver Superior T. Elasticidade Ruver Médio
0
5
CA - 30 Schultze e Sherif Ruver Médio T. Elasticidade
10 CA - N 48 Ruver Médio T. Elasticidade Terzagui e Peck
Recalque(mm)
15
20
Tabela 3. Métodos próximos do real na ruptura.
25
30 Ruptura ou Recalque aos 25mm
35
40
1º 2º 3º
45 CB48 Ruver Superior Anagnostopoulos Meyerhof (1974)
50
SR 48 Meyerhof (1956) Ruver Superior Anagnostopoulos
Figura 14. Carga x Recalque Cruz Alta (CA-N 48). IJ-C 48 Ruver Superior Anagnostopoulos Meyerhof (1974)
IJ-CS 48 Meyerhof (1956) Ruver Superior Anagnostopoulos
Tensão na Placa (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 PM 80 Ruver Superior D'Appolonia et al Meyerhof (1956)
0
5 PM 48 Meyerhof (1956) Ruver Superior Anagnostopoulos
10
PAN 30 Peck e Bazarra Meyerhof (1974) Schultze e Sherif
Recalque(mm)
15
20 CA - 30 Meyerhof (1956) Ruver Superior Peck e Bazarra
25
30 CA - N 48 Meyerhof (1956) Ruver Superior D'Appolonia et al.
35
40 Deve-se destacar que para os recalques
45
50 obtidos na fase elástica, o método de Ruver
Médio foi o mais próximo em seis de nove
Figura 15. Carga x Recalque Panambi 30 (PAN 30). ensaios de placa executados. Essa aproximação
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pode ser justificada pelo fato desta metodologia confiáveis projetos de fundações.
ter sido desenvolvida no Brasil, especialmente
no Rio Grande do Sul, caracterizando-se como
umas das mais adequadas para estimativa de AGRADECIMENTOS
recalques dos solos tropicais da região.
Além disso, deve-se considerar uma Agradecemos ao MEC - SESu pelas bolsas PET
peculiaridade dos solos da região o tipo de (Program de Educação Tutorial) que permitiram
ruptura ocorrida em todos os ensaios a realização da pesquisa e pela oportunidade de
executados, uma vez que a ruptura por integrar este programa de excelência; ao LEC
puncionamento é característica de solos de alta (Laboratório de Engenharia Civil) da UNIJUÍ; e
deformabilidade, entretanto percebe-se que os as empresas que cederam materiais e
solos estudados apresentam considerável equipamentos para realização dos ensaios.
capacidade de carga em relação aos recalques
sofridos quando se compara aos solos
compressíveis convencionais. REFERÊNCIAS
RESUMO: A cidade do Recife é o berço de importantes estudos de geotecnia. Essa diversidade está
ligada as regressões marinhas que acometeram a região. Por esse e outros motivos a região é palco
de diversas soluções de fundações profundas, como as estacas do tipo hélice contínua. Para tanto os
métodos de concepção de projetos tiveram que evoluir e se adequar à recente demanda. Com as
metodologias de provas de carga, foi possível o desenvolvimento de projetos menos conservadores.
Nesse contexto foram analisados dados de duas obras de edifícios residenciais no bairro do
Rosarinho, com 27 e 29 pavimentos respectivamente. E se apresenta o comparativo de duas
metodologias, semi-empíricos e de prova de carga estática, em função do custo de execução. Os
resultados atestaram viabilidade para a segunda metodologia com economia de 12,50% para ambas
as obras, também refletindo no ganho na carga admissível de 11,11% e 13,51% para as duas obras.
2 REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
Com a explosão demográfica que ocorreu e vem
2.1 Geologia do Local de Estudo ocorrendo no Brasil, do fim do século XX ao
início do século XXI, a demanda por
Na história de formação dos perfis do subsolo empreendimentos de construção civil cresceu de
do Recife, vários processos geodinâmicos forma associada. Quase simultaneamente ao
contribuíram para as variadas estratigrafias período transicional na demografia, a
encontradas na cidade. De acordo com Gusmão construção de edifícios (com foco no mercado
Filho (1998) a coluna de fundações), também sofreu um período de
estratigráfica é composta basicamente pelo transição.
embasamento cristalino, pacotes de deposição Até então as principais soluções para
sedimentar e os sedimentos recentes. fundações praticadas no Recife eram em
Segundo Gusmão Filho (1998), a falha maioria, superficiais (Gusmão, 2005).
geológica existente na direção Norte-Nordeste Metodologias de solução largamente adotadas
do embasamento cristalino e o desnível abrupto até o fim da década de 90, destacando se as
em direção à costa, contribuíram para a sapatas isoladas e estacas moldadas in loco
deposição de pacotes sedimentares, assim como (Oliveira, 2013).
os sucessivos ciclos de transgressões e Dentre as estacas moldadas in loco (objeto
regressões do mar no período do Quaternário, do artigo), no estudo de Santos (2011),
que tipificam a área. destacaram-se as tipologias Franki e a Hélice
Já o bairro do Rosarinho está situado em contínua. A estaca Franki teve um grande
uma área de planície, de Terraços avanço no Recife no fim dos anos 90 e início
Indiferenciados. As unidades de relevo, que dos 2000, passando a ser menos utilizada no
englobam os bairros dessa área, apresentam o periodo compreendido entre 2000 e 2010,
resultado de uma intersecção de vários sistemas coincidindo com o início da utilização das
de deposição presentes em vários pontos da estacas hélice contínua na região, como
planície do Recife (Souza, 2013). apresentado na Figura 1. A quantidade de obras
Ainda segundo Souza (2013) esses utilizando as duas soluções praticamente
sedimentos encontrados na área comprovam, o inverteu no dado periodo, com a hélice
seu alto grau de heterogeneidade e a presença de contínua assumindo o posto de solução de
grandes interferências marinhas, flúvio- fundação profunda mais utilizada, dentre as
marinhas, fluviais e continentais. Nos setores da moldadas in loco.
planície mais internos, região rica com essa
unidade de relevo, o perfil da
coluna de sedimentos atinge profundidades de
30 à 40 metros de espessura, até o substrato
rochoso.
Este bairro pertence à Microrregião 2.1 da
cidade, fazendo limite com os bairros do
Arruda, Tamarineira, Graças, Encruzilhada e
Aflitos. Faz parte do grupo dos bairros de maior
poder aquisitivo da cidade e possui
predominantemente obras de grande porte
urbano, em sua maioria edifícios residenciais e
alguns empresariais (Gusmão Filho, 1998).
Figura 1. Representatividade do uso de estacas Franki- permanentes nas lâminas variando de 3.100 a
Hélice Contínua entre 2000-2010. Fonte: Oliveira (2013) 12.050 kN e 2.700 a 10.180 kN,
respectivamente.
3 MATERIAIS E MÉTODOS Os subsolos foram analisados a partir de
sondagens a percussão (Nspt). Como mostrado
3.1 Levantamento de Dados nas Figuras 2 e 3, as sondagens utilizadas como
base para cada obra, valores elevados de Spt
A análise dos resultados foi feita de forma para ambos os solos analisados nas cotas de
sistemática e com base no conhecimento 9.00 e 4.00 metros. Com os solos sendo
histórico das soluções de fundações executadas predominantemente formado por areias
na região. Com esses pressupostos em mente, medianamente à muito compactas, até as cotas
serão descritos brevemente, aspectos de 31.10 e 23.27 metros onde o amostrador
importantes dos empreendimentos em estudo atingiu uma camada de solo impenetrável para
(perfil geotécnico, arquitetura, localização as obras A e B, respectivamente.
geológica), fornecidos pela empresa de
engenharia responsável pelo dimensionamento
das respectivas fundações.
No comparativo das metodologias de
projeto das fundações, são apresentados os
resultados dos valores de carga de
dimensionamento utilizados na concepção dos
projetos. A partir desses resultados foi utilizado
o método de Nokkentved para o cálculo da
carga de trabalho, tomando as provas de carga
estáticas como parâmetro.
Na determinação das planilhas
orçamentárias fez se o uso de valores cotados
em empresas especializadas nesse tipo de
serviço (provas de carga estática, fundação
hélice continua monitorada), além do auxílio de
planilhas de insumo e softwares de cálculo
orçamentário disponíveis gratuitamente na
internet.
Os dados sobre os empreendimentos e as
empresas, que auxiliaram com os preços
cotados, serão identificados com codinomes por
questões de propaganda e sigilo.
O valor do fator de segurança global mínimo, Tabela 1. Resumo Métodos Semi-empíricos. Fonte:
a ser empregado, será de 1.6 enquanto que, Autores (2018).
Vol.
quando determinada através de métodos semi- Obra
S. Ø Qtd Comp Carga
Blc.
empíricos esse fator é de 2.0. A prova de carga Trans (mm) (ud) (m) (kN)
(m³)
pode ser realizada através de ensaios de carga A Circ. 600 85 30 1600 142
dinâmica ou estática, método a ser utilizado B Circ. 600 73 24 1550 172
nesse trabalho, como descrito nas normas NBR
12131 (ABNT, 2006) e NBR 13208 – 3.4 Desempenho das Provas de Carga
Estacas/Prova de Carga Estática (ABNT, 2007).
As mesmas apresentam, comprovadamente, Como previsto nos projetos originais foram
os melhores resultados no que se trata em executadas provas de carga estáticas. Durante as
avaliar a capacidade de carga das fundações execuções dos projetos, foram aplicadas cargas
profundas (Oliveira, 2013). Contudo é uma de trabalho com o dobro do valor das previstas,
metodologia que exige um grande sistema de seguindo o previsto na NBR 6122 (ABNT,
reação, o que pode vir a encarecer a sua 2010). Os valores obtidos foram muito
execução. Tal prova de carga pode ser superiores ao previsto para as mesmas, como
executada de maneira lenta, rápida e/ou mista, detalhado nas Figuras 4 e 5.
(Alonso et al, 1997).
Além de, conforme Oliveira (2013), quanto a
sua execução podem ser divididas em três tipos:
• Plataforma carregada;
• Estruturas fixas ao terreno por meio de
elementos tracionados;
• A própria estrutura, devidamente
verificada.
As etapas do procedimento das provas de
carga estática devem obedecer a ordem de 10%
aproximadamente da sua carga de ruptura
calculada e devem garantir carga de ensaio de
no mínimo duas vezes a carga de trabalho,
(Oliveira, 2013). Figura 4. Diagrama Carga x Recalque, Obra A. Fonte:
Autores (2018).
Para obtenção das cargas nas estacas foi
utilizado o método de Nokkentved em que o
dimensionamento consiste no cálculo das
distribuições das forças pelas estacas (para cada
componente das solicitações), e posterior soma
das parcelas.
Para estimativa dos volumes de concreto foi
utilizado o método das bielas de compressão.
Os dois empreendimentos foram realizados com
fundações em estacas tipo hélice contínua. Os
dimensionamentos das capacidades de carga,
referentes ao estaqueamento, foram realizados
através dos métodos de Urbano Alonso (1996) e
Antunes-Cabral (1996), resultando nos valores
do Tabela 1: Figura 5. Diagrama Carga x Recalque, Obra B. Fonte:
Autores (2018).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
com a taxa de economia em torno de 12.50%, Abnt, Nbr. 13208,(2007) Estacas Ensaio de
para ambos as obras, apesar das mesmas serem carregamento dinâmico.
Alonso, U. R. (1996) - Estacas Hélice Contínua com
de pequeno porte. Monitoramento Eletrônico - Previsão da Capacidade
Mesmo que essa taxa de economia não de Carga através do ensaio SPT-T. In: Seminário de
dependa exclusivamente do aumento da Engenharia de Fundações Especiais – SEFE III, Vol.
capacidade de carga, mas sim também de outros 2. ABMS, São Paulo- SP. pp. 141-151.
fatores, como a redução apresentada pelo Alonso, U. R. (1997) Prova de Carga Estática em
Estacas (Uma Proposta para Revisão da Norma NBR
volume do concreto, essa metodologia merece 12.131). Solos e Rochas, São Paulo, n. 20
atento como possibilidade de solução para a Antunes, W. R. & Cabral, D. A.(1996) - Capacidade de
execução de uma fundação profunda. Carga de Estacas Hélice Contínua. In: Seminário de
Para os casos em que a carga admissível é Engenharia de Fundações Especiais – SEFE III, 2:
inferior ao calculado com o encontrado nos 105- 110, ABMS, São Paulo- SP.
Aoki, N.; Velloso, D. A. (1975) - Um método
métodos semi-empíricos, o emprego dessa aproximado para estimativa da capacidade de carga
solução pode não se justificar apenas pela de estacas. In: Pan-American Conference on Soil
capacidade de carga, tendo tambem que ser Mechanics and Foundation Engineering. p. 377.
analisado outros fatores. Décourt, L.; Quaresma, A. R. (1978) - Capacidade de
carga de estacas a partir de valores de SPT.
Projeto se bem compatibilizado com o tempo
In: Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e
de execução garante a possibilidade de Engenharia de Fundações. p. 45-53.
economia prevista pelo fator de segurança Gusmão, A. D. (2005) - Prática de fundações no
reduzido da metodo. Recife. Geotecnia no Nordeste, v. 1, p. 225-246.
Caso seja feito em conjunto com uma Gusmão Filho, J. A. (1998) - Fundações: Do
Conhecimento Geológico à Prática da Engenharia –
investigação bem executada ainda que
Editora da UFPE.
propositalmente conservadora, como foi a dessa Oliveira, P. E. S (2013) - Análise de provas de carga e
análise, ou no caso de obras de grande porte confiabilidade para edifício comercial na região
onde o tempo de execução das obras pode ser metropolitana do Recife. 2013. Dissertação de
melhor administrado, essa vantagem será mais Mestrado, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal de
elevada.
Pernambuco, 165p.
A utilização dessa metodologia com apenas o Santos R.A.M. (2011). Análise dos tipos de Fundações
resultado de uma prova de carga para balizar na Região Metropolitana do Recife de 2000 a 2010.
todo o projeto, tem que que ser concebida com Projeto Final de Curso. Escola Politécnica de
bastante cautela. Precauções essas que Pernambuco (UPE) Recife - PE.
Souza, J. L (2013) - Morfodinâmica e processos
começam desde o minuncioso estudo dos superficiais das unidades de relevo da planície do
ensaios de campo e de laboratório até a devida Recife. 2013. Dissertação de Mestrado, Programa de
locação da prova de carga a priori que refletirá Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal
de maneira mais “realista” o comportamento a de Pernambuco, 160p..
fundação.
No cenário, de mercado que o país se
encontra, a possibilidade de economia no
projeto em função de uma metodologia merece
atento, ainda que pequena no quadro geral.
REFERÊNCIAS
funciona, o que ele faz exatamente e como ele se regressão geradas em função do eixo das
comporta em todas as circunstâncias. Faz-se o abcissas, fornecendo um gráfico final que
uso de engenharia reversa quando se deseja contém as curvas oriundas das equações de
trocar, modificar uma peça (ou um software) por regressão propriamente ditas.
outro, com as mesmas características ou Todo o processo descrito foi realizado de
entender como esta funciona e não se tem acesso maneira análoga para todos os outros
a sua documentação. parâmetros: Rk, Rh, Rv e Rb.
Visando maior agilidade no processo de As Figuras 1, 2 e 3 exibem o processo de
cálculo do recalque, da metodologia proposta engenharia reversa já finalizado, com o exemplo
por Poulos e Davis (1980), a técnica de das curvas polinomiais e lineares,
engenharia reversa se apresentou promissora, respectivamente, dos parâmetros I0 e Rv. A
pois a priori não foram encontradas equações Figura 1 representa o gráfico original de I0
matemáticas para o cálculo dos fatores de sobreposto pelo gráfico de dispersão de fundo
influência, presentes no método supracitado. transparente, já com as linhas de tendências
Inicialmente, o ábaco original da metodologia atribuídas e equações de regressão polinomial de
de cálculo de recalque de estacas isoladas e sexta ordem exibidas.
tubulões do parâmetro I0 foi exportado para o
software Excel, em formato de figura, seguida da
posterior sobreposição de um plano cartesiano
adequado, sendo este um gráfico do Excel,
possuindo fundo transparente e contendo pares
ordenados em sua base de dados, que se refletem
graficamente em curvas de dispersão. Tais
curvas foram compatibilizadas em escala
logarítmica em um dos eixos cartesianos para
melhor ajuste das curvas. Ressalva-se que, para
a confiabilidade do processo, é necessário obter-
se elevada equivalência em dimensões e escalas
entre o gráfico de dispersão e o ábaco original.
Posteriormente, foram atribuídas as chamadas
linhas de tendências, que são curvas de ajuste ou
de regressão, sejam estas lineares ou
polinomiais. No presente caso, o melhor ajuste
observado foi por meio de regressões
polinomiais de sexta ordem. As curvas de ajuste,
em todos os casos, obtiveram valores de
coeficientes de determinação R² muito próximos
a 1, comprovando um ótimo desempenho das
equações representativas do comportamento Figura 1. Processo de engenharia reversa aplicado no
matemático dos ábacos originais, além de ábaco de I0.
proporcionarem o uso interativo dessas equações
para a previsão dos fatores de influência, usados
no cálculo de recalque, eliminando a necessidade
de consulta visual aos ábacos.
Por fim, utilizando-se uma precisão de 20
casas decimais, trocaram-se os valores de chute
do eixo das ordenadas contidos na base de dados
do gráfico de dispersão de I0 pelas equações de
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4 DIFICULDADES ENCONTRADAS
Figura 4. Rotina de programação simplificada, em VBA,
de geração gráfica e redimensionamento do aplicativo. Durante o desenvolvimento da pesquisa,
algumas divergências entre as versões do
No código presente na Figura 4 também é software Excel foram apresentadas. O principal
possível observar uma estrutura condicional If- problema nesse contexto foi que as curvas
Else interna utilizada justamente para, através do polinomiais de sexta ordem apresentaram
número índice da sub-guia (também visível na anomalias quando elaboradas no software de
Figura 3), extrair o gráfico já previamente versão mais antiga, o que acabou causando
equacionado específico do parâmetro da guia atraso no desenvolvimento do trabalho. Estudou-
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7 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS
Apesar da incompatibilização das versões do AIOSA, R. O que é VBA? São Paulo, 2011. Disponível
software, foi possível concluir o aplicativo em <http://www.escolaexcel.com.br/2011/08/o-que-e-
vba.html>. Acesso em: 14 abr. 2018.
apresentando resultados satisfatórios no que Bjerrum, L. (1963) Allowable settlement of structures
tange à similaridade das curvas encontradas (discussion), Proc. 3rd Euro Conf. on Soil Mech. and
pelas linhas de tendência com os ábacos da Foundn. Engng., Wiesbaden. Vol. 2, pp. 135.
metodologia de Poulos e Davis. Cabette, J. F. (2014). Análise dos métodos semi-empíricos
A implementação do aplicativo irá trazer maior utilizados para a estimativa da capacidade de carga de
estacas pré-fabricadas com base em resultados de
agilidade e precisão na obtenção de resultados de ensaio de carregamento dinâmico. Tese de mestrado:
cálculos de recalque em estacas profundas, Universidade de São Paulo. p.161.
implicando assim, em um maior uso do método Canhota et al. (2005). Engenharia Reversa. Universidade
no mercado com resultados mais confiáveis que Federal Fluminense. Graduação em Engenharia da
os utilizados pelos ábacos, visto que este último Computação.p.14.
Fleming, W.G.K. (1984) Discussion on State of the Art
está sujeito a variações devido à resolução à olho paper, Advances in Piling and Ground Treatment for
nu. Foundations Conference, London: ICE.
Jelen, B.; Syrstad, T. (2010) VBA and Macros: Microsoft
Excel 2020. Mr Excel Library. USA.
AGRADECIMENTOS Medeiros, J. C. G. et al. (2015). Modelagem matemática
para programação e roteirização das ordens de serviços
de verificação de leitura em uma distribuidora de
À Universidade Federal de São João del-Rei e a energia elétrica. XXXV Encontro Nacional de
todos que deram suporte e contribuíram Engenharia de Produção. Fortaleza. p. 20.
indiretamente para a conclusão desta pesquisa. Meyerhof, G.G. (1959). Compaction of sands and bearing
capacity of piles. Journal of the Soil Mechanics and
Foundation Division, v. 85, SM6, pp. 1-29.
Poulos e Davis. (1980). Pile Foundation Analyses and
Design Series in Geotechnical Engineering. John
White and Sons, p. 52- 70.
Prununciati, P. L.; Garcia, J. R.; Rodriguez, T. G. (2018).
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3 APLICAÇÕES DE CONCEITOS DE
CONFIABILIDADE E PROBABILIDADE DE
RUÍNA
𝜎𝑟
𝑣= (7)
µ𝑟
Mostrando que quando a estaca se aproxima curvas seguem a mesma tendencia e convergem
do eixo de aplicação da carga a probabilidade de a partir de certo valor de excentriciade, Figura 9.
ruína será maior do que quando ela se afasta. Ja a probabilidade de ruína aumenta com o
Assim como o desvio padrão das cargas aumento de excentricidade e as três curvas
solicitantes o desvio padrão da margem tem um seguem a mesma tendencia e tambem
aumento mais acentuado quando as convergem a partir de certo valor de
excentricidades são negativas, Figura 8. Pode ser excentricidade, Figura 10.
notado que conforme o desvio padrão vai Com a analise desses gráficos é possível notar
aumentando as três curvas, representando os três que, sem o efeito da excentricidade, a variação
cenários de coeficiente de variação do solo, do solo por si só tem um grande efeito na
tendem a seguir a mesma tendência e começam probabilidade de ruína, porém conforme a
a convergir mostrando a possibilidade de que a excentricidade aumenta o efeito da variabilidade
partir de certa excentricidade o efeito da variação do solo tende a diminuir.
do solo se torna insignificante para a
probabilidade de ruína.
O coeficiente de confiabilidade diminui
conforme a excentricidade aumenta e as três
Figura 6. Cargas nas estacas em relação a excentricidade (Excel). Fonte: autores, 2018
Figura 7. Aumento do desvio padrão das cargas solicitantes com a excentricidade. (EXCEL). Fonte: autores, 2018
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Figura 8. Aumento do desvio padrão da margem com a excentricidade e com o coeficiente de variação do solo. (EXCEL).
Fonte: autores, 2018.
Figura 9. Diminuição do coeficiente de confiabilidade (β) com a excentricidade e com o coeficiente de variação do solo.
(EXCEL). Fonte: autores, 2018.
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Figura 10. Aumento da probabilidade de ruína (pf) com a excentricidade e com o coeficiente de variação do solo.
(EXCEL). Fonte: autores, 2018.
6 CONCLUSÕES 7 REFERÊNCIAS
A partir da discussão sobre o tema foi possível Cintra, J. C. A.; Aoki, N. Fundações por estacas: projeto
observar que: geotécnico. São Paulo: Oficina de Textos, 2010, 96 p.
RESUMO: O presente trabalho refere-se ao estudo da tensão admissível dos solos da região
noroeste do Rio Grande do Sul. O principal objetivo da pesquisa é identificar quais metodologias
teóricas e semi-empíricas disponíveis na mecânica dos solos melhor representam os solos da região
escolhida, aliando facilidade na obtenção de resultados com segurança ao se aproximar de valores
reais obtidos por meio de ensaios de campo. Dessa maneira, realizaram-se provas de carga com
placas de 30, 48 e 80 cm de diâmetro e ensaios SPT em seis cidades, sendo que a partir de seus
resultados aplicaram-se diferentes métodos para verificação da tensão admissível. Os métodos
indiretos que mais se aproximaram dos valores reais foram: Teixeira e Godoy (1998), Teng (1962),
Ruver (2005) pelo limite superior, Meyerhof (1965) e Peck (1974), enquanto outros apresentaram
resultados que impossibilitam sua aplicação para os solos em questão.
de campo, capaz de amostrar o subsolo e medir Unijuí e no Loteamento Costa do Sol. A Figura
a resistência do solo ao longo da profundidade 1 apresenta a localização geográfica das cidades
perfurada. Segundo Ruver (2005), esse ensaio é escolhidas para estudo. Todos os solos foram
um método de análise do subsolo amplamente classificados como lateríticos argilosos pela
empregado atualmente, visto que fornece metodologia MCT (Miniatura Compactado
informações técnicas sobre o solo do local, além Tropical) proposta por Nogami e Villibor
de ser considerado um ensaio simples, (1981).
econômico e prático em comparação à outros
métodos disponíveis.
A execução desse ensaio segue os passos
regulamentados pela NBR 6484 (ABNT, 2001).
Devido à variações ocorrentes entre resultados
de SPT realizados em locais distintos, Ruver e
Consoli (2006) recomendam a aplicação da
média aritmética dos valores NSPT a uma
profundidade de duas vezes a menor dimensão
da base da fundação, sugerindo ainda, a
correção do valor do NSPT através da sua
multiplicação por 1,2, considerando a razão
Figura 1. Localização das cidades
entre a energia de cravação do SPT brasileira
(72%) e o padrão internacional (60%). A execução das provas de carga seguiu os
preceitos indicados pela NBR 6489 (ABNT,
1984). Foram empregadas placas de 30, 48 e 80
3 MATERIAIS E MÉTODOS cm de diâmetro para aplicação dos
carregamentos, sendo utilizadas
A pesquisa envolveu a realização de ensaios de retroescavadeiras hidráulicas como sistema de
campo e o presente trabalho relata a aplicação reação.
de metodologias de cálculo para obtenção da A montagem do equipamento está
tensão admissível de diferentes solos da região apresentada na Figura 2, contemplando relógios
estudada. Inicialmente realizou-se a escolha dos deflectômetros para monitoramento dos
locais para análise, seguida da execução de recalques, macaco hidráulico para controle da
provas de carga em placa e SPT em tais aplicação dos carregamentos, viga de referência
terrenos. Posteriormente, os dados obtidos em e hastes para suportes dos relógios, além da
campo foram analisados e comparados com
placa e do sistema de reação.
valores obtidos a partir de metodologias teóricas
e semi-empíricas usualmente aplicadas na
mecânica dos solos como forma de
determinação da capacidade de carga dos solos.
Tabela 1. Valores de NSPT médios considerados Tabela 2. Siglas utilizadas para cada ensaio
Nmédios 2B Diâmetro da
Local Sigla
Local Placa Placa Placa Placa (cm)
30cm 48cm 80cm Cruz Alta 48 CA-N 48
50
Ensaio realizado
Figura 4. Tensões admissíveis pelo ensaio de placa
2014, p. 45), as quais também são baseadas nos da tensão admissível, atribuindo resistências
valores de NSPT. maiores do que as realmente foram constatadas
Foram aplicados os fatores de forma nos terrenos ensaiados, superestimando a
propostos por De Beer, que considera a resistência e subestimando as dimensões das
geometria da sapata e o ângulo de atrito interno fundações.
do solo, conforme apresentado em Cintra, Aoki
e Albiero (2014, p. 33). O fator de segurança 4.3 Métodos Semi-empíricos
adotado para obtenção da tensão admível foi
igual a 2, conforme indicado para fundações Além do método teórico foram aplicados doze
superficiais pela NBR 6122 (ABNT, 2010). métodos semi-empíricos para estimativa da
Os resultados alcançados após a realização tensão admissível dos solos estudados. Os
dos cálculos estão apresentados na Tabela 3, resultados obtidos após realização dos cálculos
acompanhados dos valores considerados como foram dispostos de forma gráfica para permitir
reais, por serem obtidos em campo, permitindo melhor comparação entre eles e com o valor
verificação de suas aproximações. obtido pelo ensaio de placa. A fim de facilitar a
Através da Tabela 3 percebe-se que a menor visualização, os nove ensaios foram divididos
variação encontrada foi de 32,60% para o em Figura 5, Figura 6 e Figura 7.
ensaio realizado em Ijuí - Campus com a placa
1625,86
de 48 cm, ao passo que a maior variação foi de 1800
1179,60
do Sol com a placa de 48 cm. Ou seja, mesmo 1400
Tensão Admissível (KPa)
1000
demonstrou melhor aplicabilidade para o
800
método de Terzaghi, enquanto o outro local foi 418,23
325,96
600
311,04
o que mais se afastou do valor obtido em
277,00
259,20
252,85
249,00
230,25
225,27
223,39
222,50
214,64
211,60
209,00
202,39
200,29
198,00
175,04
170,21
165,91
159,27
158,36
149,40
142,53
134,58
126,96
125,93
121,12
400
118,80
113,34
campo, sendo que o valor de tensão admissível 82,66
71,48
67,20
60,76
52,57
41,80
200
mais próximo foi respectivo ao solo IJ-C 48.
0
CA-N 48 CA-N 30 PAN 30
Tabela 3. Tensão admissível por Terzaghi Locais de realização de ensaios
700
564,24
PM 80
539,19
500
CB 48 254,36 180,25 41,11% 400
SR 48 195,08 136,25 43,18%
209,45
196,89
300
190,60
182,84
174,23
169,81
160,00
152,06
150,40
145,60
143,10
142,50
IJ-C 48
138,79
137,98
136,25
135,53
132,15
128,70
117,12
109,25
101,76
200
96,00
95,65
92,60
91,58
90,24
87,36
86,09
83,34
IJ-CS 48
54,05
50,81
49,18
31,16
100
PAN 30 302,66 222,50 36,03% 0
SR 48 IJUÍ- C 48 IJUÍ -CS 48
Locais de realização de ensaios
Também é importante ressaltar que em todos Figura 6. Comparação SR 48, IJUÍ-C 48 e IJUÍ-CS 48
os casos o método de Terzaghi majorou o valor
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725,60
800 Tabela 5. Comparação métodos semi-empíricos
700 Tensão Admissível (KPa)
Método SR IJUÍ- C IJUÍ -CS
600 PAN 30
48 48 48
Tensão Admissível (KPa)
397,94
500 0 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
400 1 -62,7% -65,5% -50,5% -81,2%
235,64
-11,2% -17,8% 17,8% -28,4%
200,00
198,97
180,25
180,00
179,70
300
154,59
153,43
144,79
142,07
122,95
122,23
1,9% -7,3% 39,2% 39,8%
117,20
3
116,70
114,48
112,74
108,00
103,03
94,27
93,92
92,89
200
85,50
75,55
74,54
70,32
68,50
67,09
44,5% 33,8% 91,7% 16,5%
60,80
59,73
4
56,35
53,76
52,88
51,47
43,31
39,59
11,94
100
5 -33,8% -38,7% -12,1% -46,6%
0 6 314,1% 278,4% 463,2% 430,2%
-5,22
PM 80 PM 48 CB 48
-100 7 -29,8% -35,0% -6,9% -43,4%
Locais de realização de ensaios 8 -36,8% -41,5% -16,2% -49,1%
Figura 7. Comparação PM 80, PM 48 e CB 48 9 1,3% -4,9% 31,0% -25,4%
10 -74,9% -78,1% -63,3% -72,7%
Por meio das figuras apresentadas é possível 11 10,4% 2,2% 46,5% -11,0%
verificar com clareza os métodos que mais se 12 27,9% 19,2% 67,4% -3,5%
aproximam ou mais se afastam do valor real. A
fim de selecionar os métodos que melhor Analisando os nove ensaios realizados no
representam o comportamento dos solos da presente trabalho, verificou-se que alguns
região noroeste, optou-se por considerar como métodos semi-empíricos se mostraram
aceitáveis os que tivessem uma variação aceitáveis para vários locais enquanto outros
máxima de 15%, em relação ao valor do ensaio não se aproximaram em nenhuma situação.
de placa. O método mais representativo entre os
A partir dos valores de tensão admissível estudados foi o de Teixeira e Godoy (1998),
obtidos para os diferentes métodos e locais, visto que se mostrou aceitável para 6 dos 9
calculou-se a variação em porcentagem de cada solos em análise, tendo uma aprovação de 67%,
método em relação à referência adotada, as além de que em 4 locais foi o método que mais
quais estão apresentadas nas Tabelas 4 e 5. Os se aproximou do valor real. Os outros métodos
métodos aceitáveis foram grifados em fundo considerados satisfatórios foram o de Teng
cinza e o método semi-empírico com o valor (1962) com aprovação para 56% dos locais,
mais próximo do real foi destacado em Ruver (2005) pelo limite superior e Meyerhof
vermelho para cada local. A numeração dos (1965) com aprovação de 44% e Peck (1974)
métodos segue a apresentada na Figura 5. com aprovação em 33% dos locais.
Os demais métodos não podem ser
Tabela 4. Comparação métodos semi-empíricos considerados representativos do comportamento
Tensão Admissível (KPa)
dos solos da região noroeste do Rio Grande do
Método CA-N CA-N PM PM CB
48 30 80 48 48 Sul, visto que se distanciaram muito dos valores
0 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% esperados, não sendo aceitáveis pelo critério
1 -65,8% -77,2% -22,8% -116,0% -66,3% escolhido para o presente trabalho.
2 -18,6% -13,0% 10,3% 9,3% -19,7% A Figura 8 apresenta uma demonstração
3 6,9% 81,6% -36,8% 8,0% -0,3% gráfica dos métodos que melhor caracterizam os
4 32,5% 41,6% 79,5% 44,3% 30,7%
solos em estudo.
5 -39,3% -35,1% -17,7% -21,6% -40,1%
6 335,4% 606,1% 190,5% 78,5% 302,6%
7 -35,6% -31,2% -12,8% -14,7% -36,5%
8 -42,0% -38,1% -21,5% -27,4% -42,8%
9 -16,2% -12,1% 64,6% 30,0% -14,2%
10 -67,8% -64,1% -107,6% -615,8% -71,4%
11 1,2% 8,1% 37,1% 27,0% -0,1%
12 7,8% 9,8% 70,4% 39,8% 11,0%
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RESUMO: A utilização de fundações rasas em solos residuais moles muitas vezes é considerada
inexequível, no entanto a opção por fundações profundas (e.g. estacas) encarece a obra e não é
viável para pequenas construções. Assim, propôs-se no presente trabalho uma alternativa de reforço
para solos residuais moles visando viabilizar o uso de sapatas, sendo esta alternativa correspondente
ao emprego de estacas de solo-cimento compactadas na base das sapatas. O objetivo do trabalho foi
estudar a viabilidade técnica e econômica de tal proposta. Para isso foram realizados ensaios de
resistência à compressão e módulo de elasticidade dinâmico em corpos de prova de solo-cimento
nos teores de adição de 0%, 3%, 6% e 9%. Subsequentemente, obteve-se a carga de catálogo das
estacas de reforço, para realização de dimensionamento adotando-se pequena residência, em que se
comparou o sistema de fundações convencional (somente sapatas) com a aplicação do sistema
proposto (estacas de solo-cimento na base das sapatas). Os resultados apontam para a viabilidade
técnica e econômica da alternativa estudada. Observou-se que quanto maior o teor de cimento,
maior a resistência das estacas, o que refletiu também nas análises de viabilidade, uma vez que
diante da aplicação de estacas solo-cimento de reforço com 9% de adição, estas propiciaram uma
redução de até 45,9% na área das sapatas e, economia de até 14,7% dos custos totais, sendo estes os
melhores resultados obtidos, entre os demais teores estudados.
(ABNT, 2001). Neste artigo, estes solos serão grelhas, etc. (CASAGRANDE, 2001). Neste
denominados residuais moles. No contexto trabalho, a técnica abordada trata-se da mistura
brasileiro, muitos autores apresentam resultados entre as soluções de compactação e de
de SPT baixos para os solos de diversas regiões, estabilização do solo por meio de agentes
como por exemplo Conciani et al. (2015) para a cimentantes, no caso, o cimento, as quais serão
cidade de Pederneiras (SP), e Boszczowski e detalhadas a seguir.
Ligocki (2012) para a Cidade de Curitiba (PR). A combinação de solo com cimento é
Na região compreendida pelo estudo, Foz do considerada uma forma de estabilização que
Iguaçu, no oeste do Paraná, a presença deste trabalha de maneira similar ao concreto, no
tipo de solo é marcada por este se encontrar no entanto, diferencia-se pela forma com que as
estado não saturado. Um exemplo disto é o partículas de cimento se aglomeram, i.e., estas
relatório de sondagens do tipo SPT apresentado são envolvidas pelos grãos de solos finos
por DSOARES (2015), na área compreendida resultando em ligações menos resistentes
pela nova moradia estudantil da Universidade quando comparadas às do concreto
Federal da Integração Latino-Americana (VENDRUSCULO, 1996). De acordo com a
(UNILA), que reporta a presenta de solos NBR 12253 (ABNT, 2012), o solo-cimento é
residuais moles na região. definido como o produto endurecido resultante
No entanto, quando se trata de fundações em da cura de uma mistura íntima compactada de
solos moles, algumas soluções são admitidas, solo, cimento e água, em proporções
como por exemplo: a adoção de fundações estabelecidas através da dosagem.
profundas, a retirada e substituição do substrato Neste contexto, a presente pesquisa visa
mole por outro de melhor capacidade, ou então avaliar o melhoramento do solo residual mole
tratamentos físico-químicos das propriedades de origem basáltica da região de Foz do Iguaçu
geotécnicas do solo existente. No caso da (Brasil) por meio de estacas de solo-cimento
moradia da UNILA, esta trata-se de uma obra compactado (SCC), aplicadas na base de
de médio porte, tendo seus pilares com carga sapatas, a fim de viabilizar o emprego de tais
máxima na ordem de 79 toneladas e, a solução fundações e/ou reduzir a dimensão das mesmas,
adotada para suas fundações foi o emprego de em obras de baixo porte (menores a 24
estacas pré-moldadas de concreto armado (um toneladas).
tipo de fundação profunda), até atingirem Cabe ainda ressaltar que alternativas
camadas de maior capacidade. No entanto, semelhantes de fundações mistas já foram
quando se trata de obras de pequeno porte, nem adotadas na literatura brasileira. Velloso e
sempre fundações profundas são viáveis dos Lopes (1998) e Décourt (1998), por exemplo,
pontos de vista técnico e econômico apresentam estacas T (estacas ligadas a sapatas),
(VENDRUSCOLO, 1996); nem a retirada do estapatas (estacas abaixo de sapatas), radier
substrato por completo, uma vez que tais sobre estacas, etc. Já Suwidan (2012) propõe
camadas podem atingir grandes profundidades. reforços de solos moles com colunas de areia e
Portanto, uma das melhores alternativas para Félix (2012) comenta que, desde 2007, diversas
fundações de pequenas construções acaba se obras brasileiras se utilizam de reforços de solo
tornando o tratamento do solo afim de adequá- por meio de colunas de brita. Portanto, a
lo para o uso de fundações rasas. alternativa proposta pelo presente trabalho
Atualmente, alguns tratamentos são também se trata de uma nova alternativa para a
utilizados, como por exemplo: compactação, melhoria de fundações em solos problemáticos.
consolidação por pré-carregamento ou drenos
verticais, injeção de materiais estabilizantes
(processos físico-químicos) ou reforço com
inclusão de elementos como geotêxteis, fibras,
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Desta forma, a partir dos dados de Para a moldagem dos CPs realizou-se mistura
caracterização e do perfil apresentado (Figura 1) do solo, da água (até que solo atingisse sua
pode-se notar que o material realmente se umidade ótima) e do cimento CPV-ARI (nos
enquadra no escopo do trabalho. teores 0%, 3%, 6% e 9%) em betoneira e o
As misturas de solo-cimento, por sua vez, processo de compactação dos CPs foi realizado
foram apenas caracterizadas quanto à sua umidade manualmente, em três camadas com 26 golpes
ótima, parâmetro este de interesse para montagem cada, com auxílio de haste metálica de base
do sistema no ato da compactação. Para isto, alargada (Figura 2A). Após moldagem, os CPs
optou-se pela utilização de um método empírico foram envolvidos por película plástica, para
de determinação de umidade, devido a conservar a sua umidade (Figura 2B).
dificuldades práticas do ensaio normatizado.
Este método consiste, basicamente, em ir (A) (B)
adicionando pouco a pouco água à mistura e
testando a resistência do solo à compressão
manualmente, até que o mesmo ganhe resistência
máxima, observada entre uma adição e outra de
água. O ponto ótimo de umidade é obtido,
portanto, a partir da amostra anterior ao
amolecimento do solo depois de se adicionar mais Figura 2. Moldagem dos CPs. (A) Haste metálica de base
água à mistura, ou seja, observado após a perda de alargada utilizada para compactação. (B) CPs envolvidos por
resistência do material ao ser elevada a umidade película plástica.
do mesmo. A partir da amostra de resistência
máxima reservada, o material é levado à estufa e Os ensaios de resistência mecânica foram
então determina-se sua umidade de acordo com a realizados aos 7, 14 e 21 dias, devido ao
NBR 6457 (ABNT, 2016) e tal valor é, portanto, comportamento intrínseco do cimento, do
considerado como a umidade ótima daquela aumento de resistência ao longo do tempo (até
mistura. estabilizar-se, aproximadamente, aos 28 dias).
Os dados obtidos são apresentados a seguir Para ruptura, os CPs foram capeados com
(Tabela 2). neoprene.
Tabela 2. Teor de umidade ótimo, para as misturas de 2.3 Cálculo da capacidade de carga das estacas
solo-cimento. e do alívio para as sapatas
Teor de cimento
3% 6% 9%
Para determinação da capacidade de carga com
Wot (%) 24,0 25,0 26,0
os dados de resistência à compressão das
estacas e de módulo de elasticidade (obtidos
2.2 Ensaios realizados
conforme descrito anteriormente), adotou-se o
método de Aoki-Velloso (CINTRA & AOKI,
Para determinação da capacidade de carga e
2010). Os fatores requeridos para a aplicação
carga de catálogo das estacas (solo puro e solo
das formulações do referido método foram
cimento 3%, 6% e 9%), a abordagem adotada foi a
considerados os mesmos de uma estaca
moldagem de corpos de prova cilíndricos 10x20
escavada e, para posterior determinação da
cm das referidas misturas para ensaio de
carga de catálogo, adotou-se um fator de
resistência mecânica em prensa hidráulica, bem
segurança (FS) de 3,0, devido aos possíveis
como de módulo de elasticidade dinâmico, por
erros experimentais implicados na metodologia
técnica não destrutiva, com o equipamento
deste trabalho. Tal FS corresponde ao valor
Sonelastic IED, que opera de acordo com a ASTM
máximo sugerido pela NBR 6122 (ABNT,
E1876 (ASTM, 2015).
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2010) para projetos geotécnicos superficiais. da estaca até extremidade externa do bloco (no
Por fim, para verificação do alívio provido às caso deste trabalho, da sapata) deve ser de no
sapatas no dimensionamento das fundações mínimo 1, sendo “” o diâmetro da estaca.
diante da aplicação de tal sistema, adotou-se um Desta forma, para os pilares de até 140 kN,
projeto estrutural de pequena residência, em que onde foram adotadas estacas de 10 cm, as
as cargas dos 17 pilares descarregadas nas dimensões mínimas possíveis para as sapatas
fundações variaram de 41 kN a 236 kN. foram de 0,6 m x 0,6 m, coincidindo com as
Nesse dimensionamento considerou-se a dimensões mínimas permitidas para sapatas
base da sapata apoiada na cota -1,0 m (ver perfil pela NBR 6122 (ABNT, 2010). E, para os
de sondagem da Figura 1, NSPT=4) e a tensão pilares com carregamento superior a 140 kN,
admissível adotada foi obtida empiricamente da cujo diâmetro das estacas de reforço foi de
formulação de Mello (1975) citado por Cintra et 20 cm, a dimensão mínima permitida para as
al. (2011), válida para 4 NSPT 16, e sapatas foi de 1,0 m x 1,0 m, no
corresponde a 100 KPa. dimensionamento.
RESUMO: O solo é de grande importância no setor da construção civil, quer no seu estado natural,
quer quando utilizado como material de construção. Para classificação do solo e o conhecimento do
seu comportamento é necessário sua caracterização física e geomecânica através de ensaios de
laboratório. Neste contexto, este estudo visou caracterizar o solo da área onde está sendo construído
o campus definitivo da Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho da UFRPE, e realizar o
seu melhoramento com cal. Os resultados mostram que o solo é classificado como silte inorgânico
de medianamente plástico. Após adição de 10% de cal foi observado que ocorreu uma redução do
índice de plasticidade e da massa específica seca máxima do solo, assim como foi constatado um
aumento de sua umidade ótima, concluindo que a cal pode proporcionar uma maior estabilidade ao
solo.
Tabela 1. Ensaios realizados durante o estudo. Tabela 2. Resultado dos ensaios de caracterização física
Parâmetros Avaliados Normas Ensaios Solo Solo
Massa específica NBR 6508/1984 Natural Melhorado
Limite de Liquidez NBR 6459/2016 Massa específica 2,66 g/cm³ 2,55 g/cm³
Limite de Plasticidade NBR 7180/2016 Limite de Liquidez 44% 47%
Compactação NBR 7182/2016 Limite de Plasticidade 32,07% 36,34%
Granulometria NBR 7181/2016 Índice de Plasticidade 14,93 10,66
Adensamento NBR 12007/1990
De acordo com os resultados obtidos, nota-se
Os ensaios citados acima foram realizados que não houve diferença entre a massa
tanto para o solo em seu estado natural quanto específica dos grãos do solo natural e do
para o solo melhorado com a adição de cal. melhorado.
Quanto aos limites de Atterberg observou-se
2.4 TEOR E TIPO DE CAL que ocorreu um aumento maior do limite de
plasticidade em relação ao de liquidez, o que
Diversos teores já foram testados por acarretou na redução do índice de plasticidade.
pesquisadores. Segundo Silva (2010), o valor do O solo em questão não apresenta características
teor ótimo de cal em relação à quantidade de expansivas quando avaliados o índice de
solo varia de acordo com a finalidade do plasticidade e o percentual argiloso, reforçando
melhoramento. Porém, “O aumento excessivo a presença de argila caulinítica.
na porcentagem de cal hidratada na mistura Segundo Caputo (2016), os solos podem ser
solo-cal causa aos produtos finais problemas de classificados quanto ao seu IP como fracamente
trincas devido ao alto enrijecimento do solo” plásticos (1 < IP < 7), medianamente plásticos
(GUÉRIOS, 2013). (7 < IP < 15) e altamente plásticos (IP > 15).
O tipo da cal também influencia no Nesta classificação, o solo, tanto natural quanto
resultado. A cal hidratada, por exemplo, possui melhorado, encontra-se na faixa de
uma granulometria mais fina, se comparada a medianamente plástico.
cal viva, o que colabora no processo do De acordo com o S.U.C.S., devido ao limite
homogenização, porém libera muito pó. Já a cal de liquidez e o índice de plasticidade, o solo
viva não descarta tanto pó, porém, devido à sua natural é classificado como um silte inorgânico
granulometria, é de difícil mistura. de mediana compressibilidade..
Neste estudo foi seguida a metodologia Na figura 2 estão sendo reprensentadas a
utilizada por Lopes (2016). Foram adicionados distribuições granulométricas do solo natural e
10%, em peso, de cal hidratada para cada melhorado.
ensaio. De acordo com Guérios (2013), essa
porcentagem de cal adicionada resulta em uma
melhoria em torno de 100% de suas
características quando comparado ao solo
natural.
3. RESULTADOS
Figura 4: Curva de compactação solo melhorado Figura 6: Curva de adensamento (Solo Melhorado)
Na tabela 3 estão as massas específicas secas Através das curvas, percebe-se a redução
máximas e as umidades ótimas de cada amostra no índice de vazios das duas amostras. A
do solo. amostra variou o índice de vazios de 0,988 para
0,775 para o solo natural, e para 0,790 para a
Tabela 3. Resultado ensaio de compactação amostra melhorada, notando-se uma menor
Amostra Umidade Massa específica deformação na amostra melhorada, podendo-se
ótima máxima concluir que a cal deu uma maior estabilidade
Solo Natural 19% 1,695 g/cm³
Solo Melhorado 25% 1,425 g/cm³
ao solo quando cargas são aplicadas sobre ele.
RESUMO: A escolha de um determinado tipo de fundação, dependerá de vários fatores, como tipo
de solo, topografia, dados da estrutura, dados sobre construções vizinhas, além de um fator
extremamente pertinente, o custo de sua execução. Assim sendo, a proposta deste trabalho é
apresentar um estudo comparativo de custos entre estacas hélice contínua, pré-moldada de concreto
e metálica. Para tanto, foram realizadas avaliações comparativas, levando-se em conta a resistência
do solo baseada em ensaios geotécnicos, a resistência estrutural da estaca e os custos das fundações.
O estudo da capacidade de carga das estacas para posterior elaboração do projeto de fundações foi
feito com base nos métodos de Aoki-Veloso (1975) e Décourt-Quaresma (1978). Os custos
utilizados no processo de análise orçamentária e dos projetos de fundação elaborados foram obtidos
com base em pesquisa de mercado regional em Maio de 2017. Portanto, no contexto geral
procurou-se entender qual fundação atenderia a obra com mais eficiência em relação ao custo
versus benefício. Os resultados mostraram para o caso estudado que a solução mais eficiente foi o
projeto de fundação em estacas hélice contínua, seguida de estacas pré-moldadas de concreto e
depois estacas metálicas.
4.1 Apresentação
Após o cálculo da capacidade de carga, foi F2: 3,5 para pré-moldada, 3,5 para
dimensionado a quantidade de estacas pré- metálica e 3,8 para hélice contínua.
moldadas de concreto, metálica e hélice As correlações α e k: foram adotados valores
contínua. Em seguida, foi feito o estudo diversos de acordo com cada camada de solo
comparativo de viabilidade econômica entre as diferente. Os valores adotados encontram-se
estacas dimensionadas. Ressalta-se que o estudo na tabela 1.
será feito conforme projeto já definido, ou seja,
conforme o plano de cargas e quantidade de Tabela 1. Correlações k e α adotadas nos cálculos
pilares que existirão conforme o projeto Camada
solo por Descrição Furo 1 Furo 2 Furo 3 Furo 4
estrutural. Furo
Camada k 260 0,045 0,055 0,055
4.3 Método Aoki Velloso (1975) 1 α 0,045 260 250 250
Este método foi apresentado no V Congresso Camada k 440 0,045 0,036 0,032
2 α 0,032 260 320 450
Pan-americano de Mecânica dos Solos e
Engenharia de Fundações, e em 1991 houve Camada k 0,032 0,03 0,032 0,03
uma extensão do método (Velloso 1991). 3 α 440 500 450 500
Se baseia em processos comparativos entre Camada k 0,055 0,032 0,021 0,021
ensaios de prova de carga em estacas e 4 α 250 400 730 730
resultados do ensaio SPT. O método vale tanto Camada k 0,021 0,021 0,021 0,021
para SPT quanto CPT. 5 α 730 730 730 730
A expressão pode ser enunciada
Camada k 0,03
correlacionando a resistência de ponta e o atrito 6 α 500
lateral com resultados obtidos do CPT,
conforme mostrado nas equações abaixo. Camada k 0,021
7 α 730
(1) Camada k 0,021
8 α 730
(2)
A parcela de ponta foi utilizada em todas as
estacas, porém não foi integralmente adotada
(3)
nos cálculos, visto que foram aplicados
coeficientes como o valor de k.
(4) A parcela de resistência lateral foi
considerada para cada camada de solo da
Onde Qult é a capacidade de carga (total) da sondagem do respectivo furo ao qual a
estaca; Ab é a área de ponta ou base da estaca; fundação fazia parte. Ao final, as resistências
Qp,ult é a resistência de ponta unitária; U é o laterais foram somadas encontrando-se um
perímetro da estaca; τl,utl é a resistência lateral valor total.
unitária; e ∆ é o trecho do comprimento da Segundo Velloso e Lopes (2010), para esse
estaca ao qual τl,utl se aplica. método, é necessário seguir algumas
As correlações para F1, F2, k e α são recomendações:
fornecidas em tabelas, com base nas sugestões O Valor do Nspt é limitado a 40;
de Monteiro (1997). Para este estudo, foi A resistência de ponta é calculada
utilizado os valores: considerando valores no fuste da estaca
F1: 2,5 para pré-moldada, 1,75 para com espessuras iguais a 7 e 3,5 vezes o
metálica e 3,0 para hélice contínua.
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diâmetro da base, para cima e para baixo fornecidos em tabelas em função do tipo de
da base. solo. Para este estudo, foi utilizado os valores:
C: 400 KN/m². Referente às camadas
Com base em avaliações, sugere-se adotar, das pontas serem arenosas.
para a resistência de ponta, uma média dos
Nspt’s numa faixa de 1 diâmetro da estaca para Tabela 2. Correlações α e β adotadas nos cálculos
cima e 1 para baixo, ou 1m acima e 1m abaixo Camada
solo por Descrição Furo 1 Furo 2 Furo 3 Furo 4
(VELLOSO E LOPES, 2010).
Furo
De acordo com Velloso e Lopes (2010), a
Camada β (hélice) 1 1 1 1
carga admissível pode ser obtida por:
1 α (hélice) 0,3 0,3 0,3 0,3
Estaca pré-moldada e metálica
Camada β (hélice) 1 1 1 1
2 α (hélice) 0,3 0,3 0,3 0,3
(5)
Camada β (hélice) 1 1 1 1
Estaca escavada 3 α (hélice) 0,3 0,3 0,3 0,3
Camada β (hélice) 1 1 1 1
4 α (hélice) 0,3 0,3 0,3 0,3
Camada β (hélice) 1 1 1 1
(6) 5 α (hélice) 0,3 0,3 0,3 0,3
A NBR 6122 (2010) recomenda, para estacas Camada β (hélice) 1
escavadas, que a carga admissível deve ser no 6 α (hélice) 0,3
máximo 1,25 vezes a resistência do atrito lateral Camada β (hélice) 1
calculada na ruptura, ou ainda, 20% da carga 7 α (hélice) 0,3
admissível que a ponta da estaca suporta. Caso Camada β (hélice) 1
seja maior esse valor, deve ser especificado 8 α (hélice) 0,3
pelo projetista uma limpeza da ponta.
A parcela de ponta foi utilizada em todas as
4.4 Método Décourt Quaresma (1978) estacas, porém não foi integralmente adotada no
cálculo, visto que foram aplicados coeficientes
Segundo Velloso e Lopes (2010), esse método como o valor de C e α.
determina a capacidade de carga de estacas a A parcela de resistência lateral foi
partir do ensaio SPT. considerada para cada camada de solo da
sondagem do respectivo furo ao qual a
(7) fundação fazia parte. Ao final, as resistências
laterais foram somadas encontrando-se um
(8) valor total.
De acordo com Hachich et.al (1998), quando
se tem estacas escavadas, a expressão fica da
(9) seguinte maneira:
Onde: Np,spt é a média do SPT na cota da
ponta da estaca, 1m acima e 1m abaixo; Nl,spt (10)
é a média do SPT ao longo do fuste da estaca,
não considerando o valor medido a 1m acima E a carga admissível pode ser obtida por:
da cota da base; e C é o valor dependente do
tipo de solo. Os valores de C, α e β são
Estaca pré-moldada e metálica
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REFERÊNCIAS
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PALAVRAS-CHAVE: Atrito lateral, Fuste superior, Prova de Carga Convencional, Prova de Carga
Bidirecional.
De posse desses dados, aplicou-se o Teste-t uma prova de carga ascendente e a Figura 10 o
para averiguar a hipótese nula de que as médias gráfico de uma prova de carga descendente. As
para os ensaios ascendentes e descendentes são estacas foram solicitadas até a ruptura
iguais, tendo em vista que os resultados obtidos geotécnica.
tratam-se de amostras independentes e
possuindo uma. distribuição normal.
Por tanto aplicou-se o Teste-t para duas
amostras independentes, objetivando-se
comparar as médias da carga obtida conforme
anteriormente descrito levando-se em
consideração o desconhecimento das
respectivas variâncias encontradas entre os
resultados obtidos para as provas de carga.
3 RESULTADOS
Figura 9. Curva carga x deslocamento no ensaio
3.1 Ensaios Laboratoriais no Solo ascendente.
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
6459: 1984. Determinação do Limite de Liquidez. São
Paulo.
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
Figura 12 (a). Esquema Figura 13 (a). Esquema 6457:2016. Amostras de solo – Preparação para
de aplicação de carga de aplicação de carga ensaios de compactação e ensaios de caracterização.
no modelo estudado. no modelo proposto. São Paulo.
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
6508: 1984. Ensaio de Massa Específica dos Grãos.
São Paulo.
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
7180:1984. Determinação do Limite de Plasticidade.
São Paulo.
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
7181:1984. Análise Granulométrica. São Paulo.
Figura 12(b). Curva Figura 13 (b). Curva carga x Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
Carga x deslocamento deslocamento do modelo 7182:1984. Ensaio de Compactação. São Paulo
do modelo estudado. proposto. Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
12655:2015. Concreto de cimento Portland —
Preparo, controle, recebimento e aceitação —
5 CONCLUSÃO Procedimento. Rio de janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
6122:2010. Projeto e execução de fundações. Rio de
Do presente trabalho, conclui-se que, no método janeiro.
de análise para avaliar o atrito lateral na prova Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
de Carga Bidirecional Arcos, há uma diferença 12131:2006. Estacas – Provas de carga estática –
significativa entre as médias das intensidades Método de ensaio. Rio de Janeiro.
Décourt, L. (1998) Análise e Execução de Estacas
das cargas nos sentidos ascendentes e
Profundas. In W. HACHICH et al. (eds.), Fundações:
descendentes. Porém, o modelo estudado não Teoria e Prática, 2 ed., Pini, São Paulo.
foi capaz de atingir um nível de tensões Décourt, L. e Quaresma, A. R. (1978) Capacidade de
significativos para analisar o comportamento carga de estacas a partir de valores SPT, Congresso
das curvas carga versus deslocamento obtidas Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações. VI COBRAMSEF, Rio de Janeiro, p. 45-
na aplicação de carga ascendente dos ensaios de
53.
escala real, comum de ocorrência, necessitando Gotlieb, M. (2008) Concepção de Projetos e
de estudos que verifiquem o que acontece nos Desempenho das Fundações, Seminário de
ensaios em escala real, conforme discutido Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia. VI
anteriormente, mas ainda em andamento. SEFE, São Paulo, v. 1. p. 185-190.
Langone, M. J. (2012) Método UFRGS de previsão de
capacidade de carga em estacas: análise de provas
de carga estáticas instrumentadas. Dissertação de
AGRADECIMENTOS Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia,
Departamento de Engenharia Civil, Universidade
Os autores agradecem à Arcos Engenharia de Federal do Rio Grande do Sul, 48 p.
Ontiveros, J. A. (2012) Estudo de carga lateral e de
Solos, ao Grupo de Pesquisa INFRAGEO –
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RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar o melhoramento de solo devido a utilização de
estacas Mini-RAP assentes sob sapatas. Executou-se em campo ensaios de caracterização do solo,
quatro ensaios de prova de carga, sendo estas: i) uma prova de carga direta sobre a estaca; ii) duas
provas de carga sobre uma placa rígida de aço assente sobre o solo melhorado com uma e duas
estaca Mini-RAP; iii) uma prova de carga sobre uma placa rígida assente sobre o terreno nas suas
condições naturais. Em laboratório, por meio de ensaio em escala reduzida tipo similitude restritiva
(1g) estudou-se o comportamento geotécnico da interação solo – estaca – sapata. Os resultados,
indicam uma estaca altamente funcional, de bom desempenho, cujo melhoramento do solo é obtido
permitindo assim o assentamento de sapatas sobre o solo melhorado.
40,0
50,0 (2017), com um fator de redução geométrico
60,0
70,0
igual a 15%.
80,0
90,0 2.4.1 Agregado
100,0
n = 0,5
Figura 1. Curva granulométrica da escória. Foi aplicado o fator de escala de 15% na curva
granulométrica apresentada por meio do item
2.3.2 Método executivo 2.3.1.
das sapatas exposta na figura 7, entretando, sapata (placa). Foram realizadas leituras no
tem-se uma estaca sob cada sapata, variando-se instante de aplicação da carga e em 1 e 10
os comprimentos em 12, 24, 36 e 48 cm. minutos.
Figura 6. Sistema para ensaio em modelo reduzido. Para avaliação da prova de carga feita
exclusivamente sobre a estaca, optou-se pelo
método de Van der Veen, devido sua
interpretação através de formulação matemática,
sendo a metodologia que melhor se ajustou aos
dados obtidos.
3 RESULTADOS
Deslocamento (mm)
15
O resultado referente ao ensaio em modelo
reduzido para o primeiro experimento (variação 20
35
Provas de Carga Primeira Repetição
Tensão (kPa) 40 0 ESTACA 1 ESTACA
2 ESTACAS 4 ESTACAS
0 50 100 150 200 250 300
0
Figura 11. Experimento i) terceira repetição.
5
Tensão (kPa)
15
0 50 100 150 200 250 300
20 0
25 5
Deslocamento (mm)
30 10
35 15
0 ESTACA 1 ESTACA 20
40 2 ESTACAS 4 ESTACAS
25
Figura 9. Experimento i) primeira repetição. 30
35
Provas de Carga Segunda Repetição
40 0 ESTACA 1 ESTACA
Tensão (kPa)
2 ESTACAS 4 ESTACAS
0 50 100 150 200 250 300
0
Figura 12. Experimento i) quarta repetição.
5
Deslocamento (mm)
30
15
35
20
40 0 ESTACA 1 ESTACA 25
2 ESTACAS 4 ESTACAS
30
Figura 10. Experimento i) segunda repetição.
35
40
0 ESTACA 1 ESTACA
2 ESTACAS 4 ESTACAS
Deslocamento (mm)
10
50
20
60
30
70
40
Deslocamento (mm)
80
50
90
60
100
70
110 0,5 x BT 1,0 x BT
80 1,5 x BT 2,0 x BT
10 40
Deslocamento (mm)
20 50
30 60
40 70
Deslocamento (mm)
50 80
60 90
70 100
0,5 x BT 1,0 x BT
80 110 1,5 x BT 2,0 x BT
100
REFERÊNCIAS
Dimas Betioli Ribeiro/ Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), São José dos Campos, Brasil,
dimas@ita.br
RESUMO: Apresenta-se neste artigo discussões de estratégias para uma simulação com elementos
finitos das fundações de uma torre de telecomunicações. Tal estudo foi motivado pelo atual cenário
brasileiro, em que a implantação de novas tecnologias, tais como a expansão dos serviços de telefonia
celular, requer o acréscimo de antenas em torres de telecomunicações preexistentes, acarretando no
aumento de cargas na fundação. A torre em estudo está situada no município de São Paulo - SP,
possui fundação do tipo tubulão com 2,3 m de diâmetro executado a céu aberto e sem base alargada.
Dois casos principais são comparados, o primeiro associando um bloco de coroamento ao tubulão e
o segundo sem bloco de coroamento. É demonstrado que o bloco de coroamento tem relevante
influência na capacidade global da fundação, tanto lateral como vertical, sendo também incluídos no
estudo detalhes da interação do bloco de coroamento com o tubulão.
E = α . K . NSPT (4)
2. 𝜎 . 𝐷.
𝑅 á ≤ − 𝜎 . 𝐷. (5)
𝐹𝑆
Onde:
Rmáx = reação máxima possível [kN];
σa e σp = tensões horizontais médias ativa e
passiva, respectivamente [kPa];
D e Δz = dimensão do fuste e espaçamento entre
as molas, ambos em [m].
Figura 3. Croqui esquemático da Fundação.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com os valores apresentados, não é VERIFICAÇÃO TUBULÃO ISOLADO PELO MÉTODO RUSSO
Dados de Entrada
mola, pois as reações ficaram abaixo dos limites Nível terreno 3,00 m Horizontal máxima Hk =
h fora do solo
6,73 tf
Russo
8,00 m
Russo, bem como as tabelas de parâmetros Tensão máxima base sa <= 1,3*ss NÃO OK
A maioria dos métodos analíticos fechados Ducan, J.M.; Evans JR., L.T; Ooi, P.S.K. (1994) Lateral
para estacas lateralmente carregadas, como load Analysis of single Piles and drilled Shafts, JGED,
ASCE, Vol. 120, n. 6, p. 1018–1033.
exemplo do método Russo, só fornece a
capacidade última. Além disso para 2 x o Ftool - Two-dimensional Frame Analysis Tool. Rio de
carregamento, usando o Método Russo, a Janeiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
fundação existente necessitaria de reforço. É Janeiro. Disponível em: http://www.tecgraf.puc-
importante destacar que, devido à ausência de rio.br/ftool/. Acesso em: 30 Setembro. 2017.
ensaios laboratoriais, os cálculos utilizando o Gandolfo, O.C.B.; Souza, T.J.; Aaoki, Hemsi, P.C. e
MEF foram realizados empregando-se o modelo Sarano, P. (2015) A determinação da profundidade de
Mohr-Coulomb com parâmetros de resistência e um elemento de fundição utilizando o ensaio sísmico
deformabilidade conservadores. A execução de paralelo (parellel seismic), Fundações & Obras
ensaios geotécnicos em laboratório com o solo Geotécnicas, Ano 5, n. 55, p. 54–58.
Godoy, N.S. e Teixeira, A.T (1996) Análise, projeto e
local permitiria a utilização de modelos de Execução de Fundações Rasas, Fundação: Teoria e
comportamento mais sofisticados como, por prática, Hachich et al. (Eds.), Ed. Pini Ltda, São Paulo,
exemplo, o Cam-Clay modificado e/ou o Cap. 7, p. 227–264.
Hardening Soil Model, que possibilitariam uma Hetenyi, M. (1946) Beams of elastic foundation, Ann
previsão mais precisa do comportamento real da Arbor, University of Michigan Press, 255 p.
Matlock, H. e Reese, L.C. (1961) Foundation Analysis of
torre em estudo. Além disso, observou-se que a offshore pile supported structures, ICSMFE, 5, Paris,
presença do bloco de coroamento sobre o tubulão Proceedings, p. 91–97.
apresentou um efeito muito positivo na redução Matsuoka, H., e Nakai, T. (1985) Relationship Among
dos deslocamentos da fundação e, também, na Tresca, Mises, Mohr-Coulomb and Matsuoka-Nakai
diminuição da plastificação do solo envolvente. Failure Criteria, Soils and Foundations, 25, 4, p. 123–
128.
A presença do bloco reduziu em até 30% os Miche, RJ.,1930, Investigation of piles subject to
deslocamentos totais no topo das fundações e horizontal forces.Application to qual walls, Jornal of
promoveu um aumento do Fator de Segurança de the School of Engineering, no 4, Giza, Egito.
até 35%. Conclui-se com a análise numérica que
os métodos analíticos fechados vão sempre ter Midas-GTS-NX (2016) version 1.1 (April 6). MIDAS
Information Technology, Seongnam, South Korea.
alguma limitação matemática, mas em métodos http://midasgtsnx.com
numéricos é possível incorporar tudo em uma só Ordujanz, K.S. (1954) Gründengen für Bauwerke, Berlin,
metodologia. O que vão se ajustar são os VEB Verlag Technik.
parâmetros de entrada e a escolha do modelo Nakai, T. (2013) Constitutive Modeling of Geomaterials,
constitutivo. Taylor & Francis, 360 p.
Potts, D. e Zdravkovic, L. (2001) Some pitfalls when using
modified cam clay, Proceedings from COST C7
REFERÊNCIAS Workshop, Thessaloniki, 14.
Randolph, M.F. (1981) The response of flexible piles to
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010) NBR lateral loading, Géotechnique, 31, 2, p. 247–259.
6122 Projeto e execução de fundações, Rio de Janeiro Timerman, J. (1980) Cálculo de Tubulões Curtos,
Broms, B.B. (1964) Lateral Resistance of Piles in Estrutura, n. 90.
Cohesives Soil, JSMFD, ASCE, Vol. 90, n. SM2, p. Tochranis, A.M.; Bielak J. e Christiano, P. (1991) Three-
27–65. Dimensional Non-Linear Study of Piles, J. Geotech.
Carter, J.P.; Desai, C.S.; Potts, D.M.; Schweiger, H.F. e Engrg., p. 429–447.
Sloan, S.W. (2000) Computing and computer Whittle, A.J. e Davies, R.V (2006) Nicoll Highway
modelling in geotechnical engineering, GeoEng2000, Collapse: Evaluation of Geotechnical Factors
Melbourne, 96 p. Affecting Design of Excavation Support System,
Chaudhari, S. V & Chakrabarti, M.A. (2012) Modeling of International Conference on Deep Excavations,
concrete for nonlinear analysis using finite element Singapure, Proceedings, p. 91–97.
code abaqus, Int. J. Comput. Appl., 44, 7, p. 14–18.
Davisson, M.T. e Robinson, K.E. (1965) Bending and
bucling of partially embedded piles. In: ICSMFE, 6.,
Montreal, Proceedings, 6th. ICSMFE, Montreal, Vol.
2.
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Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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RESUMO: A partir da coleta de dados na região de Chapecó, composto por 30 (trinta) boletins de
sondagens obtidos por construtoras e incorporadoras da região, constituído por sondagens rotativas,
mistas e a percussão, plotou-se inicialmente, no Google Earth todos os pontos dos boletins obtidos,
focando nos dados referentes ao perímetro urbano, que, em conjunto com um mapa de curvas de
nível em AutoCAD da cidade de Chapecó e da análise das características do subsolo, foi realizado
dois traçados preferenciais para elaboração de perfis estratigráficos. Concluiu-se que para estes
perfis preferenciais, denominados “A” e “B”, da cidade de Chapecó, em relação ao maciço rochoso
apresentou-se a presença de basalto riodacitos a riolitos, com matriz vitrofírica contendo pórfiros de
feldspato, confirmando as descrições do mapa geológico-geotécnico do CPRM/IBGE. O solo
característico definiu-se como argila avermelhada rija e argila marrom rija, com texturas franco-
argilosa e argilo-siltosa com leve presença de cascalho. Para ambos o perfis “A” e “B” as
características de resistência do solo foram determinadas de média a dura, não apresentando solo
mole, caracterizando boa capacidade de carga para o solo, conforme a ABNT NBR 6484/2001.
Dentre as sondagens mistas ou rotativas, os valores do índice de RQD (Rock Quality Designation,
mede a qualidade da rocha) encontrados são considerados regular à excelente, sendo entre 50% e
100%, em caso de brecha ou rocha fraturada, apresentaram dados considerados muito fraco e fracos,
de 0% e 25%, conforme a DNER PRO 102/97.
1 INTRODUÇÃO adequado.
Uma investigação geotécnica com seus
O conhecimento das propriedades e resultados contribui para a elaboração de
características do solo proporciona a obtenção projetos, permitindo, assim, a definição de
de informações necessárias para a definição de intervenções mais adequadas do ponto de vista
boas decisões durante as fases de avaliação, ambiental e econômico no planejamento e
projeto e execução de uma obra. Devem ser execução das obras (COUTINHO; SEVERO,
realizados esforços importantes para determinar 2009).
as propriedades e características da área Geralmente, para a nossa região, a
estudada, através de investigações geotécnicas obtenção de amostras para a identificação e
para garantir a obtenção de todas as classificação dos solos é realizada por SPT, que
informações necessárias para um estudo é o ensaio de sondagens de simples
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3 METODOLOGIA
Figura 8. Pontos de sondagem. Fonte: Elaborado pelo A Figura 11 apresenta o traçado do Perfil
autor, com o auxílio do Google Earth. “B”, traçado pela cor vermelha, que contempla
3 boletins de sondagens mista, 3 de sondagens
3.3 Escolha Traçados Perfis rotativas e 2 de sondagens a percussão. As
localizações dos pontos de sondagem sao
Após a etapa de plotagem, verificou-se na distribuídos nos bairros: Centro e Maria Goretti,
área urbana de Chapecó uma maior e totaliza em sua extensão 2553,07m.
concentração de pontos de sondagem (Figura 9)
e definiu-se na área estudada os traçados
preferenciais para a realização de perfis
estratigráficos.
Esta etapa consiste em elaborar Figura 14. Legenda Perfis. Fonte: Elaborado pelo autor,
com o auxílio da NBR 6484/01.
graficamente, com uma melhor visualização e
compreensão, as caracteríticas do subsolo dos Os dados analisados e plotados apresentam-se
perfis preferenciais, desta forma, utilizou-se um dispostos no perfil estratigráfico com suas
mapa de curvas de nível em AutoCAD (Figura respectivas tipologias de sondagem, nomeados
13), disponibilizado pela Prefeitura Municipal de forma crescente conforme a quantidade de
de Chapecó, para a aproximação das elevações dados avaliados (SR01, SR02, SR03... SM20,
dos pontos de sondagem que compunham os SP16...), apresentando suas cotas de elevação na
boletins de sondagem. superfície em metros, e nível do lencol freático
encontrado em metros, sua profundidade era
definida pela análise da songadem e disposto
graficamente de forma real (Figura 15).
REFERÊNCIAS
RESUMO: Solos colapsíveis são solos não saturados que quando inundados, com ou sem
sobrecarga, suas partículas se reacomodam radicalmente, provocando redução do seu volume. Caso
não considerada nos projetos, esta variação volumétrica pode gerar sérios problemas às obras de
engenharia e consequentes custos elevados frente aos danos provocados. O presente trabalho tem
como objetivo apresentar um estudo de caso de um parque eólico com 12 aerogeradores construído
na Bahia, cuja fundação foi projetada sobre solos colapsíveis previamente tratados com a técnica
Deep Soil Mixing (DSM), também conhecida como coluna de solo-cimento. Após execução do
tratamento do terreno, também foram realizados ensaios a fim de constatar a eficácia da técnica
empregada. Os resultados indicaram que a rigidez da coluna DSM é muito maior do que a do solo
natural. Desta forma, o solo tratado com a técnica cumpriu com eficácia o tratamento dos solos
colapsíveis, apresentando características de resistência mecânica e de deformabilidade melhoradas e
mostrando-se, assim, uma solução interessante, atrativa e competitiva, tanto do ponto de vista
econômico, quanto do ponto de vista da exequibilidade.
RESUMO: Este artigo apresenta o conceito de aplicabilidade segundo interpretado das normas
brasileira e europeia e propõe uma metodologia estatística para se obter um “fator de modelo” para
os métodos semiempíricos, de modo que tais métodos se tornem classificados como “a favor da
segurança” quando eventualmente forem “contra a segurança”. Utiliza-se para isso o teste de hipótese
‘t’ de Student bicaudal para diferença entre médias de dados pareados, de modo que se possa
classificar os métodos em “a favor da segurança”, “acurado” e “contra a segurança”, conforme o
resultado da estatística obtida. A metodologia de correção via “fator de modelo” é aplicada aos
métodos Décourt-Quaresma e Aoki-Velloso e pode-se identificar a influência do critério de ruptura
adotado nas análises. Destaca-se que a proposta de aplicação desse fator de modelo é restrita apenas
ao solo local das provas de carga analisadas, podendo-se obter valores próprios para cada obra e seu
respectivo solo e tipo de estaca para outros casos usando a mesma metodologia.
recalque limite de 10% do diâmetro da estaca significância de 5% (sendo metade para cada
(D/10), proposto por Terzaghi. Como destaca lado no teste bicaudal). Para os casos em que H0
Amann (2010), isso acarreta certa influência do seja rejeitada, a interpretação depende de como
critério de ruptura usado para analisar a foi calculada a diferença entre os conjuntos de
aplicabilidade dos métodos como aqui proposto, dados. Propõe-se aqui que a diferença seja
e isso deve ser levado em conta. sempre calculada entre a média dos valores
Assim, os critérios utilizados no presente semiempíricos (MSE) e a média dos critérios de
trabalho são os originalmente empregados em ruptura (Rup), portanto para cada ponto i do
cada método, também amplamente conhecidos: banco de dados di = (MSE)i – (MRup)i e não o
a extrapolação exponencial de Van der Veen contrário, para que esteja adequada à
(1953) adaptado por Aoki (1976), o critério de interpretação aqui proposta.
Terzaghi (recalque limite D/10) e, Procedendo-se assim, a interpretação deste
adicionalmente, o critério de ruptura teste se faz da seguinte forma: se tcalc < − tcrit
convencional indicado pela NBR 6122 no seu classifica-se o método como “a favor da
item 8.2.1.1. Em todo caso, a aplicação destes segurança”, enquanto se tcalc > tcrit diz-se que o
critérios fica sujeita ao desenvolvimento maior
método é “contra a segurança”. Se o valor tcalc
ou menor da curva carga-recalque durante o
encontrar-se na região de não-rejeição da
ensaio, pois alguns deles requerem curvas que
hipótese H0, isto é, se −tcrit ≤ tcalc ≤ tcrit , pode-se
alcancem recalques elevados, nem sempre
possíveis nas condições do ensaio. Essa restrição definir o método como “acurado”, ou seja, os
foi particularmente identificada na aplicação do resultados calculados pelo método semiempírico
critério de Terzaghi, em que os recalques são semelhantes aos valores de ensaio (MSE ≅
máximos dos ensaios analisados foram na maior MRup) para o nível de significância adotado no
parte das vezes bem menores do que D/10. teste.
Nestes casos foi utilizada a extrapolação de Van Para aplicação da distribuição ‘t’ de Student
der Veen para determinação da carga de ruptura, deve-se verificar se os dados seguem uma
como indicado na NBR6122, item 8.2.1.1. distribuição simétrica e aproximada à
distribuição normal, o que será feito com a
aplicação preliminar do tradicional Teste de
4 METODOLOGIA ESTATÍSTICA PARA Normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Tal teste
VERIFICAÇÃO DA APLICABILIDADE utiliza uma estatística própria para definir os
valores críticos para o ponto mais afastado da
A metodologia proposta passa por verificar curva normal (MORETTIN, 2013).
estatisticamente a média das diferenças (d)
entre os resultados dos métodos semiempíricos
em relação aos respectivos resultados de critérios 5 PROPOSTA DE METODOLOGIA DE
de ruptura, utilizando-se para isso o teste de CORREÇÃO PARA MÉTODOS “CONTRA A
hipótese (Equação 1) bicaudal com distribuição SEGURANÇA”
‘t’ de Student para diferença entre duas médias
de dados pareados (MORETTIN, 2013). Na eventualidade dos métodos semiempíricos se
enquadrarem como “contra a segurança”, as
H0 :μd =0 subsecções 7.6.2.3(2) e 2.4.1(9) do Eurocode7
{ (1) indicam a possibilidade de aplicação de um fator
H1 :μd ≠0
de modelo “C” para a correção desta
classificação. É diante desta indicação que se faz
Neste teste de hipótese bicaudal, aceita-se H0 a presente proposta de correção dos métodos,
quando a diferença média μd estiver próxima a tendo em vista as análises estatísticas
zero, ou dentro do intervalo de valores críticos desenvolvidas.
da estatística ‘t’ (±tcrit) para o nível de Partindo-se do intervalo de confiança (IC)
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com o nível de confiabilidade igual a 5% Por outro lado, sabendo-se que a carga de
(MORETTIN, 2013), pode-se defini-lo em ruptura pelo método semiempírico pode ser
função da média () e desvio-padrão (): escrito como a resistência lateral (PL) somada
IC95% = μ ± σ . tcrit . Os sinais positivo e negativo com a resistência de ponta (PP), tem-se:
indicam o limite superior e inferior do intervalo MSE=PLMSE +PPMSE . Assim, se for possível
de confiança, neste caso, simétrico. Este valor separar as parcelas de atrito lateral (PLRup ) e de
crítico pode ser calculado pela fórmula de ponta (PPRup ) nas provas de carga analisadas,
planilha eletrônica tcrit = INV.T(0,05/2; n-1), para seja por meio de instrumentação ou pela
significância de 5%. Considerando o cálculo da aplicação de métodos de transferência de carga
estatística ‘t’ para a diferença (d) das médias (td ) como o Método das Duas Retas (LAZO e
e sendo o seu valor crítico tcrit , ao se igualar MASSAD, 1996), poder-se-ia obter os fatores de
ambos obtém-se a situação limite para a qual o modelo (CPL e CPP ) e, portanto, as correções
método pode ser considerado “a favor da individuais para cada uma dessas parcelas.
segurança”, podendo-se escrever genericamente Propõe-se, então que, caso seja possível essa
(2): separação das parcelas, a correção seja aplicada
de forma análoga, ou seja (5a e 5b):
μd
t d =t crit = S ⇒ μd =t crit . Sd ⁄√n (2)
d ⁄√n ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅̅
PL MSEmod =PLRup − PPMSE + tcrit . SdPL ⁄√n (5a)
onde n é o tamanho do banco de dados e Sd (3):
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
PPMSEmod =PP ̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅̅
Rup − PPMSE + tcrit . SdPP ⁄√n (5b)
1 (∑ di )2
Sd =√n-1 ∙ [∑(d2i ) - n
] (3) Os valores de SdPL e SdPP são calculados de
forma análoga à equação (3), porém aplicados
Lembrando que μd =μMSE − μRup , pode-se apenas às parcelas correspondentes de atrito e
ponta. Observe-se que as equações (5a) e (5b)
escrever a equação (4) para obter o valor da
são aplicáveis as médias dos valores de atrito e
média dos métodos semiempíricos que levará o
ponta das estacas analisadas. Para os casos em
método a ser considerado como estando no
que essa separação das parcelas de atrito e ponta
limite entre acurado e a favor da segurança
não for possível, sugere-se aplicar apenas a
(μMSEmod):
proposta de correção dada a partir da equação
(4).
μMSEmod =μRup +t crit . Sd ⁄√n (4)
Deste ponto em diante, pode-se especificar o
fator de correção de modelo para cada um dos
A equação (4) se aplica para obter o “fator de métodos estudados.
modelo” CMSE =μMSEmod /μMSE de uma forma
geral para o conjunto de dados analisado, 5.1 Fator de Modelo do Método Décourt-
atendendo às subsecções 7.6.2.3(2) e 2.4.1(9) do Quaresma
Eurocode 7. Este, portanto, compõe a proposta
de aplicação de um fator de modelo geral (CMSE ) Se for possível a separação das parcelas de atrito
para o método semiempírico, sendo que se o e ponta, fazendo-se o índice MSE igual a DQ
método foi classificado como “contra a para indicar o método Décourt-Quaresma e
segurança”, o valor de CMSE deve ser menor do tendo em conta a forma de cálculo do atrito
que 1,0. Destaca-se que este fator não deve ser lateral com base no número de golpes médio (Ni)
considerado como uma correção ou modificação do ensaio SPT para cada camada i de solo neste
do método semiempírico original, mas apenas método, dada por (6), pode-se propor a correção
uma correção de modelo para o conjunto de do seu fator empírico como proposto em (7):
dados analisado, valendo apenas para a obra
estudada e o seu solo local. ̅̅̅
N
PLDQ = U. ∆L. ( 3i + 1) . 10. βi [kN] (6)
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β2 = j2 . β1 ; β3 = j3 . β1 … βn = jn . β1 (11)
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Tabela 1. Dimensões e capacidades de carga obtidas por métodos semi-empíricos e critérios de ruptura dos ensaios de
prova de carga das estacas raiz (AMANN, 2000).
Estaca D (mm) L (m) Qmax (kN) Rck;AV Rck;DQ Rck;mVdV Rc;mNBR6122
(kN) (kN) (kN) (kN)
G101 200 21 600 281 671 810 807
G102 200 20 800 314 663 987 972
G201 250 32 900 1115 1570 985 643*
G202 250 20,9 900 513 830 945 741*
G203 250 18 810 956 1151 842 519*
G204 250 26 1100 640 1209 1507 1472
G301 250 21 1200 795 1090 1522 1398
G302 250 23 1200 1235 1540 1888 1831
G401 250 34 1125 1342 2056 1316 1315
G402 310 23,2 1500 1370 1781 1844 1844
G403 310 34 1520 1898 2752 1782 1446*
G404 310 34 1520 2202 3106 1775 1775
G501 200 23 830 707 1531 1011 1008
G502 200 23 900 707 1531 1166 1165
G503 250 23 1050 910 1939 1686 1686
G504 250 23 1050 910 1939 1504 1501
G601 250 16 1050 638 807 1000 892*
G602 170 20 850 1613 2068 878 794
G603 250 20,2 1200 1233 1453 1350 1406*
G701 250 15 1200 585 1345 1419 1387
G702 250 14 785 1757 1810 1266 1247
G703 250 20,5 900 1606 1037 603 603
G704 250 27,5 1050 1172 1539 1412 1412
G705 250 26,6 600 - - - -
G706 400 21 1875 2068 4003 2810 2789
G707 250 20,1 975 4456 3480 1682 1681
G708 250 27,4 900 1304 2239 1210 1209
G709 250 24,4 1200 932 1678 717 717
Figura 1. Teste K-S aplicado aos dados do método Figura 2. Teste K-S aplicado aos dados do método
Décourt-Quaresma com todas as 27 estacas. Décourt-Quaresma sem a estaca G707.
Tabela 3. Aplicação da metodologia proposta às estacas instaladas em mesmo terreno (grupos) para o método Décourt-
Quaresma (DQ) em relação ao critério de Van der Veen (VdV).
μd sd sx t t crit P-valor IC[95%] IC[95%] Classificação
Grupo
(kN) (kN) (kN) Inf. (kN) Sup.(kN)
G2 121 402 201 0,600 3,182 0,2955 -518 759 Acurado
G4 744 591 295 2,521 3,182 0,043 -195 1684 Acurado
G5 393 113,2 56,6 6,948 3,182 0,003 212,9 573,2 Contra a segurança
6.4 Aplicação do teste ‘t’ a estacas de mesma para as estacas do grupo e, multiplicado pelos
obra: grupos G2, G4 e G5 valores da tabela 1, resulta capacidades de carga
que levam o método a resultar a favor da
Visto que no banco de dados analisado há estacas segurança para este grupo, tornando o método
que foram instaladas num mesmo terreno, pode- “aplicável” para essa obra.
se aplicar a metodologia aqui proposta para De forma geral, diferentes obras terão
verificar a aplicabilidade do método Décourt- diferentes fatores de modelo. Isso ocorre
Quaresma em relação ao critério de Van der justamente devido às características particulares
Veen, por exemplo. Os resultados podem ser e de variabilidade do solo de cada local em
vistos na Tabela 3, onde se verifica que o método relação ao método de execução da estaca. Isso
DQ se demonstrou contra a segurança apenas também ilustra o que a NBR6122 indica ao
para o solo do grupo G5. Para os outros dois ele exigir que se verifique a aplicabilidade do
se apresentou “acurado”, ou seja, os valores método ao solo local de cada obra.
calculados por ele estão muito próximos dos Por outro lado, verifica-se que os critérios de
obtidos pelo critério de ruptura, permitindo dizer ruptura adotados na análise podem influenciar o
que o método DQ é aplicável. valor do fator de modelo, como se apresenta a
seguir.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
cravação do amostrador sugerida por Odebrecht Quaresma (1978), Velloso (1981) utilizam
(2003). Também conhecida como método da dados obtidos por meio de ensaios SPT e
UFRGS, esta metodologia utiliza a força ensaios de cone (CPT). Tais formulações
dinâmica (Fd) de reação do solo à cravação do buscam estimar a resistência unitária de ponta
amostrador SPT para estimar a capacidade de da estaca , e o atrito lateral unitário .
carga de estacas, relacionando as técnicas de
mobilização de resistência do amostrador Fd,p
(modelo) com os da estaca (protótipo). Assim, qc K p × N spt ap
não existe um coeficiente de ajuste que qp = = = (1)
F1 F1 F1
considere os diferentes tipos de solos que
constitui os perfis avaliados. Esta característica
facilita o projetista, possibilitando uma Fd,l
correlação direta entre a força dinâmica (Fd) e a f s K s × q c K s × K n × Nspt al
fl = = = = (2)
carga última da estaca que independe do tipo de F2 F2 F2 F2
solo.
Aliados a este fato, tem-se o crescente uso de Onde: , são fatores que dependem
estacas hélice contínua, que vem sendo
do tipo de solo; e são fatores de correção
empregada bastante nos grandes centros
para os efeitos de escala e mecanismos de
urbanos. Segundo a NBR 6122, a estaca hélice
interação distintos observados entre a estaca
contínua é uma estaca de concreto, moldada in
(protótipo) e o modelo (cone ou SPT); e é
loco, executada mediante a introdução no
terreno, por rotação, de um trado helicoidal a área de seção transversal da ponta e área
contínuo. Para Velloso e Lopes (2010), suas lateral do amostrador SPT, respectivamente.
principais vantagens são o baixo nível de
vibração e a elevada produtividade, que a Para Lobo (2015) ao adotar a força dinâmica
tornaram atrativas e de grande aceitação no de ponta ( ) e a força de atrito lateral ( )
mercado. Conforme o que a NBR 6122 como forma de representar a reação do solo
preconiza, a metodologia de execução da estaca mobilizada durante a cravação do amostrador
divide-se em três etapas: perfuração, SPT, elimina-se a influência do tipo de solo
concretagem simultânea a extração da hélice e ( , ) na previsão das resistências
colocação da armadura. unitárias, pois, consideram-se explicitamente os
Com base nesse contexto, o presente trabalho efeitos da rigidez e resistência do solo bem
tem por objetivo obter valores de previsão da como a eficiência do ensaio SPT e as perdas
capacidade de carga de ruptura defendidos pelos decorrentes do processo de propagação de
conceitos da energia de cravação cuja ondas nas hastes decorrentes do impacto do
metodologia foi proposta por Lobo (2005), e martelo.
verificada por Langone (2012). Esta avaliação é A determinação da força dinâmica parte de
aplicada em estacas do tipo hélice contínua conceitos ligados a energia de cravação do
monitorada com diâmetro de 40 cm em solos amostrador de SPT de 65 kg ao solo a partir de
tipicamente arenosos e argilosos. uma altura de 75 cm. Como consequência esta
energia passa ser função de 4 fatores: altura de
2 FORMULAÇÃO DA CAPACIDADE DE queda (H), massa do martelo (Mm), magnitude
CARGA – MÉTODO DA UFRGS da penetração média por golpe do amostrador
(Δp=Nspt/30) e a geometria da composição das
As diversas metodologias existentes para o hastes. Desse modo, com esses fatores,
cálculo da capacidade de carga de estacas, a determina-se a energia potencial gravitacional
exemplo de Aoki e Velloso (1975), Décourt e do sistema que é expressa pela equação (3)
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difundida por estudos de Odebrecht et. al peso próprio da estaca, a capacidade de carga
(2004). fica em função de dois termos e pode ser
reescrita como (7):
ΔEPG sistema = η3 η (H + Δp)M m g + η2 (M gΔp)
m+h 1 h L L
Qu = A p × q p + U f l × d l = A p × q p + U f l,i ΔL
(3) 0
0
PL D
r = + (11)
E A 30
4 RESULTADOS
RESUMO: A presente pesquisa trata sobre previsões de recalques em fundações do tipo radier
estaqueado a partir de estudo de caso sobre um edifício residencial de 12 pavimentos localizado na
cidade de Jataí-GO, com as fundações projetadas do tipo estacas sob blocos de coroamento. Para a
análise de previsão de recalques foi utilizado o software computacional GARP que faz a previsão
em fundações do tipo radier estaqueado. Na adoção desta metodologia, o sistema convencional de
fundações foi substituído por um sistema equivalente de radier estaqueado. O principal objetivo
deste trabalho foi mostrar que a previsão de recalques é uma possibilidade de aumentar a vida útil
das edificações. Também foi possível encontrar o valor da distorção angular da fundação analisada
que se apresentou dentro de limites aceitáveis para que não ocorressem problemas. Os resultados
encontrados foram satisfatórios e evidenciaram que a utilização do software é uma forma de fazer
previsões de recalques.
provocados por fundações estaqueadas no solo Tem-se como conceito de fundação mista, a
em uma edificação localizada na cidade de união entre uma fundação superficial e
Jataí-GO. Mais especificamente, buscou-se profunda, como exemplo, o radier estaqueado
analisar quais estacas estariam mais propensas a apresentado na Figura 1. Como os prédios estão
sofrerem recalques e o quanto esta cada vez mais altos e, consequentemente, com
movimentação poderia impactar no surgimento cargas mais elevadas, estão exigindo blocos
de manifestações patológicas. cada vez maiores. Nestas situações, surgem os
A análise do estudo de caso foi feita através radiers estaqueados, uma solução que pode ser
de dados coletados no projeto de fundações, mais econômica.
onde se verificou as cargas que chegam a cada
estaca. A previsão foi realizada em estacas
associadas a um bloco de coroamento através da
adoção de um software para a previsão dos
recalques deste grupo de estacas.
O software utilizado para auxiliar no processo
é o GARP, Geotechnical Analysis of Rath with
Piles (Análise Geotécnica de Radier
Estaqueado) (POULOS, 1994). O programa foi
criado para prever recalques em fundações do Figura 1. (a) bloco com estacas e (b) radier estaqueado
tipo radier estaqueado, onde as estacas estão em GARCIA (2017).
contato com um radier. Portanto, para a adoção
da metodologia do GARP nesta pesquisa, foi É definido como uma extensa laje que ocupa a
considerado o conjunto estaca e bloco como um área construída onde se apoiam estacas com
radier estaqueado. distâncias previamente estabelecidas.
Neste trabalho calculou-se a distorção angular Considera-se neste tipo de fundação que parte
de parte da edificação através dos recalques dos esforços da estrutura é distribuída pelo
produzidos, com o intuito de verificar se o radier e parte pelas estacas, pois o radier está
recalque diferencial está dentro de limites em contato direto com o solo. A vantagem de se
aceitáveis para que não ocorram danos nas utilizar estacas no radier é de que as mesmas
estruturas. Ainda foram analisadas as diferenças entram como redutoras de recalque (SOUZA,
entre os recalques produzidos por um bloco de 2010).
estacas e pela fundação equivalente de um O radier estaqueado pode ser utilizado quando
radier estaqueado. um radier isolado não puder satisfazer os
critérios de projeto, e então a fundação mista
pode ser uma solução se tornando mais
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA econômica, melhorando a capacidade de carga
da fundação, o recalque total, o diferencial e
2.1 Fundações reduzindo a espessura do radier, já que ele
sozinho não será responsável por distribuir os
Fundações são elementos estruturais esforços ao solo (CASTILLO, 2013).
responsáveis pela distribuição das cargas
provenientes das estruturas no solo que pode 2.2 Interações Entre as Fundações
ocorrer de forma direta, através da base de
fundações superficiais e de tubulões; As fundações profundas correntemente
indiretamente, com predominância pelas laterais trabalham em conjunto, por exemplo, as estacas
de fundações profundas, ou de ambas as formas, são ligadas através de um bloco de coroamento
pelas fundações mistas. que transfere os esforços do pilar para a
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fundação. O efeito de grupo, como definem forma de recalque que mais impacta na
Velloso e Lopes (2004) é o efeito que um grupo formação de patologias, a primeira
de estacas ou de tubulões provocam ao manifestação visível da ocorrência aparece com
distribuírem as cargas no solo, por exemplo, o trincas inclinadas a 45 graus em alvenarias de
efeito que uma estaca provoca é diferente do vedação por serem mais frágeis que a estrutura.
efeito de um grupo. Alonso (2003) apresenta que a distorção
Velloso e Lopes (2004) afirmam que quando angular ( ) pode ser calculada através da
estacas estão distantes em um grupo, o recalque equação 1, onde “ ” é o recalque diferencial e
desta associação ocorre de forma relativamente “l” a distância entre dois elementos. O recalque
uniforme e pode ser estimado através do diferencial é calculado subtraindo o recalque
recalque produzido por uma estaca isolada, encontrado entre duas extremidades e “l” seria
multiplicando pela quantidade existente. Porém a distância dos pontos em que apresentam esses
se o espaço entre essas fundações é pequeno, as recalques.
estacas mais externas absorvem mais cargas que
as internas, o que pode levar a um recalque
(1)
desigual na edificação, assim, busca-se evitar l
este tipo de configuração de estacas em um
projeto de fundações. Para Caputo (1988), prever os recalques que
podem ocorrer no solo de uma edificação é
2.3 Recalques em Fundações importante, pois é possível avaliar o impacto
que estes provocarão no andamento e na
Pode-se definir recalque como uma deformação ocupação de uma obra. Tendo determinado os
sofrida no solo através de um deslocamento possíveis recalques, é possível ainda encontrar o
vertical descendente das fundações por tipo certo de fundação e, até mesmo, o sistema
eliminação de água ou ar dos vazios do solo. É estrutural que será adotado. O autor ainda
considerado como um dos maiores problemas afirma que o que interessa na prática é
que pode ocorrer em uma edificação e a determinar o recalque total que uma construção
deformação provocada pode causar a estará sujeita e como ocorre a evolução deste
movimentação das fundações, acarretando com o tempo.
danos nas superestruturas que podem iniciar
como uma fissura e levar a construção ao
colapso, em casos extremos de recalques 3 METODOLOGIA
excessivos.
Alonso (2003) apresenta os principais fatores 3.1 O Programa GARP
que podem levar ao surgimento de recalques
excessivos: “avaliação inadequada dos O programa foi criado para prever recalques em
parâmetros do solo, investigação insuficiente, fundações do tipo radier estaqueado, onde as
presença de solos colapsíveis ou expansíveis, estacas estão em contato com um radier.
existência de camadas compressíveis, Portanto, para a adoção da metodologia do
rebaixamento de lençol freático, obras vizinhas GARP nesta pesquisa, foi considerado o
alterando o estado de tensões e danos durante a conjunto estaca e blobo como um radier
execução da obra”. estaqueado.
Quando a fundação se desloca verticalmente, Foi empregado nesta pesquisa o GARP em
o fenômeno é denominado de recalque absoluto, sua versão atual (8.0) para a análise do recalque
e quando o recalque ocorre com intensidade total e do máximo recalque diferencial que o
diferente entre dois apoios, este é chamado de elemento de fundação poderia sofrer. O
recalque diferencial ou distorção angular. É a software utiliza dois mecanismos distintos para
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a análise nesta versão, o radier é analisado pelo arenoso fofo até 7 m de profundidade, com a
Método dos Elementos Finitos (M.E.F.) e o compacidade aumentando gradativamente até
conjunto estaca-solo através do Método dos 14 m. Entre 5 e 6 m e entre 14 e 15 m detectou-
Elementos de Contorno (M.E.C.) que utiliza a se camada de solo do tipo silte argilo-arenoso. E
teoria da elasticidade. Cada estaca é modelada abaixo de 15 m, o solo foi classificado como
considerando-a como mola de rigidez através argila arenosa rija. O nível da água se
das teorias de recalque (DAS CHAGAS E encontrava a 14 metros.
LÓPEZ, 2011). As fundações executadas no terreno do
Algumas das vantagens da utilização do edifício foram do tipo pré-moldadas de concreto
programa em relação às formas comuns do com diâmetros variando entre 24 e 42 cm,
cálculo de recalque encontrados na literatura possuindo blocos de coroamento para transferir
são: a consideração da espessura do radier os esforços do pilar mais uniformemente e
(bloco), estacas com diferentes comprimentos e Resistência Característica do Concreto à
diâmetros e dos fatores de interação entre as Compressão (fck) igual a 30 MPa. As
mesmas, solos com propriedades distintas profundidades das estacas variam entre 16 e 19
(incluindo o módulo de elasticidade e o metros. Foi escolhido um bloco para ser
coeficiente de Poisson) e de diferentes analisado no presente trabalho pelo fato dele
espessuras, aplicação de cargas concentradas conter a maior quantidade de estacas, este
e/ou distribuídas e de momentos nas duas possui altura de 1,30 m e transmite os esforços
direções. de três pilares para 9 estacas de 27 cm.
O primeiro passo para a utilização do
programa é a criação de uma malha formada por 3.3 Considerações Para a Análise
linhas horizontais e verticais. Em seguida, de
forma resumida, aplica-se o momento nas Algumas considerações precisaram ser feitas
direções x e y distribuindo-o ao longo dos eixos para execução do trabalho, pois não havia todas
e o carregamento distribuído nas áreas dos as informações necessárias a serem
pilares. São informadas a espessura do radier, a apresentadas no programa, tais como, os fatores
locação das estacas no bloco e por último, as de interação entre as estacas e a tensão de
propriedades dos solos e das estacas. compressão do solo.
O software ao ser executado apresenta os Como afirma Sales (2000) os fatores de
recalques em cada nó da malha e gera um interação (α) e a rigidez (K) de cada estaca
gráfico de distribuição de recalques ao longo isoladamente podem ser calculados através do
dessa malha. software DEFPIG que considera o solo como
um meio contínuo. Na Tabela 1 são
3.2 Estudo de Caso apresentados os dados que o programa retornou
para esta análise, onde S/D são os diferentes
O edifício do estudo de caso para a previsão de valores de espaçamento relativos aos diâmetros
recalques está localizado na Avenida Goiás, das estacas, é o fator de interação entre as
quadra 07, Vila Progresso, na cidade de Jataí, mesmas e K considerada rigidez relativa.
Goiás. Compreende um edifício comercial com O Nspt é o número de golpes necessário para
12 pavimentos tipo, 6 lojas comerciais por o amostrador padrão penetrar no solo e é
pavimento, um auditório e um estacionamento. determinado a cada metro de camada perfurada.
Foram realizadas sondagens do tipo SPT Considerou-se as camadas de solo divididas em
(Standard Penetration Test) para obter o perfil cada metro também para a análise deste trabalho
geotécnico do solo na região da construção do em que houve o agrupamento dos valores de
edifício. Na região do bloco analisado, a Nspt mais próximos e determinou-se um Nspt
sondagem detectou presença de solo silte médio por subcamada. O módulo de
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elasticidade do solo (Es) pode ser calculado Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), quando
através do Nspt multiplicado por um valor não houver ensaios para determinação do
médio encontrado em alguns solos do Brasil, módulo de elasticidade do concreto (Ec), o
conforme a equação 2 com base em Magalhães mesmo pode ser determinado pela equação 4.
(2005). Foram determinados módulos de
elasticidade para cada subcamada de solo, Ec e 5600 Fck (4)
através do Nspt médio.
Como especificado em projeto, o Fck do
Tabela 1. Dados do DEFPIG.
concreto é igual a 30 MPa e considerando o uso
Comprimento = 18m.
Estacas do granito como agregado graúdo, temos
Diâmetro = 27cm.
Ponto S/D e 1,0 .
1 1,5 0,2280 Estes foram os dados lançados no programa
2 2 0,2090 nas propriedades do solo e do radier.Ressalta-de
3 2,5 0,1940
que o solo foi divididoem 9 subcamadas.
4 3 0,1820
5 4 0,1640 Com relação à construção da malha no
6 5 0,1490 software, cada elemento possui oito nós, quatro
7 6 0,1380 nas extremidades e quatro intermediários, e
8 7 0,1280 procurou-se reduzir a quantidade de linhas para
9 8 0,1200 que a mesma ficasse menos carregada. Nos
10 9 0,1130
11 10 0,1060 elementos que recebem os momentos, referente
12 12 0,0950 à posição de cada pilar, procurou-se colocar
13 15 0,0820 uma maior quantidade de nós para se aproximar
K = 137757 kN/m de um carregamento distribuído ao longo do
eixo.
Es 3,5 Nspt (2) Os carregamentos que foram lançados no
software vieram das combinações do projeto
A resistência à compressão do solo, em kPa, estrutural. Dos três pilares que chegam ao bloco
pode ser determinada empiricamente através da analisado, um faz parte do auditório,
equação 3 dividindo o valor do Nspt por 5 que consideraram-se primeiramente as combinações
indica um solo argiloso como apresentado no do pilar P-32, pelo fato deste se situar em uma
relatório de sondagem analisado. O Nspt a ser região mais próxima ao centro do bloco, ou
considerado foi o da ultima camada = 45. seja, este pilar transmite carregamentos que
geram maior influência no bloco. Foram
Nspt utilizadas três combinações de carregamentos
adm 100 (3) deste pilar, numeradas de 1 a 3, com cada uma
5
representando os valores do esforço normal,
Esta tensão nos dá como resultado um valor momentos nas direções x e y máximos,
de 900 kPa, mas devemos considerar no respectivamente. Para os demais pilares,
máximo 500 kPa, e é o que foi adotado neste consideraram-se os esforços gerados pelas
trabalho (BITTENCOURT, 2018). Foi mesmas combinações com características
considerada profundidade do solo até o próximas às analisadas para o pilar P-32.
impenetrável igual a 40 m, pois nas sondagens A Tabela 2 mostra quais foram os
realizadas não houve a determinação precisa carregamentos utilizados de cada uma das três
dessa profundidade. O coeficiente de Poisson combinações (Comb.) e quantas divisões foram
( ) adotado em todas as camadas foi igual a necessárias para a apresentação no programa.
0,3.
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Legenda:
Carregamento (kN)
Estaca 1 2 3
A 26,86 45,96 29,24
B 19,30 37,65 19,47
C -31,22 -9,32 -5,15 Combinação 1
D 44,15 32,11 44,44
E 28,43 18,68 26,62
F 36,40 27,55 24,29
G 73,12 27,13 69,09
H 64,74 22,15 53,54
I 71,90 28,40 49,10
Tabela 5. Recalques.
Recalque Recalque
Combinação
Máximo (mm) Mínimo (mm)
1 1,10230 0,73218
2 0,93007 0,54784
3 0,90558 0,44041
Figura 4. Distribuição de recalques.
O software nos retorna um gráfico de
distribuição de recalque dividido em cores, Observou-se que o recalque está ocorrendo de
onde cada cor representa um valor de recalque forma distribuída gradualmente ao longo do
conforme apresentados na Figura 4 para cada bloco e não de forma concentrada onde o
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Podemos verificar nos recalques apresentados Foram feitos três cálculos de recalques além dos
pelas estacas quais estão deformando mais e realizados no GARP, sendo um para cada
fazer uma comparação entre o recalque combinação de carregamento a partir da
produzido pelo grupo e pela estaca individual. expressão 5 apresentada por Poulos e Davis
A forma como se dá o carregamento nas estacas (1980). Nesta equação considera-se o recalque
influencia na maneira em que o bloco recalca, apenas de uma estaca carregada com esforço
logo, no local onde as estacas estão mais normal. Onde ρ é o recalque produzido por uma
carregadas, o elemento de fundação tende a estaca, P é o esforço normal que chega na
apresentar recalque maior nesta região. estaca, I o fator de influência obtido por meio
A rigidez das estacas é algo que influencia no dos gráficos, Es é o módulo de elasticidade do
recalque, mas para este problema não foi algo a solo presente ao longo da estaca e D o diâmetro
se analisar, pois foi considerado que todas as da estaca.
estacas possuiam a mesma rigidez.
PI
(5)
4.3 Distorção angular Es D
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5 CONCLUSÕES
O recalque produzido pelo grupo de estacas
foi encontrado empiricamente a partir da Percebeu-se que o recalque produzido pelo
expressão 6, multiplicando-se o recalque de cálculo do bloco de estacas se apresentou em
uma estaca pelo fator Rs, que é encontrado média de 100% maior que o do software, pois
através do número de estacas elevado a um fator como foi sinalizado na literatura, a fundação do
utilizado por muitos autores de 0,5. tipo radier estaqueado é uma boa opção como
redutora de recalque, pois os esforços são
grupo Rs isolada (6) distribuídos, neste caso, parte pelas estacas e
parte pelo radier, e é o que ajuda na distribuição
O esforço normal P que chega às estacas foi de recalques. Cita-se que o fator de influência I
encontrado pela soma dos esforços de cada um pode levar a imprecisões no cálculo do recalque
dos três pilares que chegam no bloco analisado pelo fato de ser obtido por meio de gráficos.
dividido pela quantidade de estacas. Foi obtido Outro fato a ser observado é que na
um esforço normal total para cada uma das três determinação dos recalques do bloco com
combinações analisadas considerando que esses estacas, é considerado que apenas o esforço
esforços são transmitidos para as estacas, normal é transmitido para as estacas,
enquanto que, momentos são resistidos pelo assumindo-se que os momentos são resistidos
bloco de estacas. Foi encontrado um módulo de pelo próprio bloco, diferentemente do que se dá
elasticidade (Es) de cada camada de solo e na análise apresentada do radier estaqueado.
depois foi feita uma média ponderada para Na análise das estacas, foi possivel confirmar
encontrar o valor total do módulo do solo, que aquelas que possuem maior carregamento
porque é necessário isso no uso da teoria. O são as que apresentam maior recalque, pois
diâmetro das estacas (D) foi obtido através do estas grandezas são diretamente proporcionais.
projeto de fundações. Estes dados são Os recalques diferenciais puderam ser
mostrados na Tabela 8. encontrados a partir dos recalques absolutos
máximos e mínimos apresentados no software.
Tabela 8. Dados para o cálculo do recalque. Encontrou-se uma distorção angular bem abaixo
Esforço dos limites aceitáveis para que não houvesse
Es
Comb. Normal P I D (m) danos na estrutura.
(kN/m²)
(kN)
O bloco analisado foi aquele que possui a
1 2723,02
maior quantidade de estacas e maior
2 2042,90 0,0317 46970 0,27 carregamento chegando nele, portanto, foi
3 2286,74 possível verificar que os recalques apresentados
não mostraram magnitudes suficientes que
Os resultados dos cálculos dos recalques impactassem negativamente na edificação. Os
considerando uma estaca isolada e um grupo de resultados obtidos neste trabalho se mostraram
estacas é apresentado na Tabela 9. satisfatórios e foi possível verificar a impor-
tância de se prever recalques numericamente,
Tabela 9. Cálculo do recalque. pois nos ajudaria a evitar algum problema na
isolada grupo construção. Como foi tratado na revisão da
Comb.
(mm) (mm) literatura, o surgimento de recalques é uma das
1 0,756 2,268 formas que mais contribui para a aparição de
2 0,567 1,701 manifestações patológicas.
3 0,634 1,902 Os recalques apresentados são considerados
pequenos para que ocorressem problemas na
edificação. Menciona-se que se a análise fosse
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REFERÊNCIAS
TEMA:
GEOSSINTÉTICOS
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RESUMO: Neste artigo é feita uma análise técnica e de custos para a aplicação de geocélulas em
reforço de fundações diretas. Essa análise foi conduzida a partir de um estudo de caso de uma obra
com execução de sapatas para fundação de um prédio destinado a um estacionamento. O trabalho
foi dividido em duas etapas. A primeira etapa abrangeu a análise técnica para o dimensionamento da
fundação sem e com o reforço do solo com as geocélulas. A segunda etapa compreendeu uma
análise de custos para esses dois casos. Os resultados indicaram que o reforço do solo aumentou a
capacidade de carga para todos os grupos de sapatas, gerando menores dimensões para as
fundações. O levantamento de custos mostrou uma economia total de 57% para o caso com reforço.
Comparando somente os custos com concreto, a redução de custos foi de aproximadamente 82%.
O trabalho foi dividido em duas etapas valores sugeridos por Godoy (1972) apud Cintra
principais. A primeira abrangeu a análise el al. (2011). Como se trata de solo arenoso
técnica para o dimensionamento das fundações, considerou-se coesão nula. A Tabela 2 mostra
considerando apenas a capacidade de carga para um resumo dos parâmetros adotados.
duas situações: solo de fundação sem o reforço
de geocélula e com a aplicação de geocélulas Tabela 2. Parâmetros de resistência do solo.
como reforço no solo de fundação. Não houve Parâmetros do solo Valores
ϕ’ (˚) 30
análise de recalques pela inexistência de método
γ (kN/m³) 16
analítico na literatura técnica para essa C (kPa) 0
finalidade no caso de solo reforçado com
geocélula. Para a capacidade de carga da situação com
A segunda etapa da pesquisa compreendeu a reforço, foi selecionada uma geocélula de
análise econômica, no que se refere aos custos Polipropileno (PP) comercialmente disponível
dos dois casos citados. Realizou-se um no mercado nacional. A geocélula tem altura (h)
levantamento de quantitativos para os dois de 0,20 m e largura (d) de 0,18 m. A razão h/d
casos. Os preços dos insumos foram retirados fica 1,11. Com os valores de B da Tabela 1,
das tabelas desoneradas do Sistema Nacional de com d = 0,18 e se tratando de sapatas
Pesquisa de Custos e Índices da Construção quadradas, o valor do efeito do espraiamento e
Civil (SINAPI) de março de 2018. variou entre 0,7 a 0,75. Pra maiores detalhes
consultar o cálculo do e em Avesani (2013). A
3.2 Metodologia para o dimensionamento da Figura 3 mostra um desenho esquemático da
Fundação camada de reforço com destaque para as
dimensões da geocélula abaixo da sapata.
Na análise técnica, para o dimensionamento da
fundação, optou-se pelo método de Terzaghi
(1943), com as contribuições de Vesic (1975),
para o cálculo da capacidade de carga da
fundação com solo não reforçado. Utilizou-se
também a proposta de correção do método feita
por Cintra el al. (2011) em função da
compressibilidade do solo. Para encontrar o
mesmo parâmetro na situação reforçada com
geocélula utilizou-se o método de Avesani
(2013). A seguir são descritos os parâmetros de Figura 3. Esquema simplificado da situação reforçada.
entrada utilizados para os cálculos.
Os parâmetros do solo, e consequentemente a Utilizou-se brita nº 2 (19 a 38 mm) como
capacidade de carga, foram obtidos por material de preenchimento da geocélula a ser
correlações empíricas com o NSPT médio confinado. Adotou-se 35° como valor do ângulo
determinado dentro dos bulbos de tensões de interface entre o material de preenchimento e
definidos anteriormente. Para todos os grupos a parede da geocélula. O coeficiente de empuxo
de sapatas, o valor de NSPT médio foi igual a 4. no repouso foi definido segundo formulação de
Para o ângulo de atrito utilizou-se a relação de Jaky (1944), expressa por:
Godoy (1983) dada por:
K 1 sen ' (3)
' 28 0,4 Nspt (2)
A pressão p aplicada nas geocélulas equivale
O peso específico foi estimado segundo à carga atuante nas sapatas dividida pela área de
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1 INTRODUÇÃO
50 % 28,23° 26,99°
75 % 30,09° 26,49°
90 % 30,63° 28,39°
Segundo Pinto (2006) em solos granulares grau de compactação após o adensamento ficou
similares ao utilizados neste trabalho, os ângulos em torno de 70% considerado um solo granular
de atrito ficam em torno de 28° para solos fofos medianamente compacto (Das, 2006).
e 35° para solos compactos. Em termos gerais, a variação da compacidade
Observa-se que os ângulos de atrito obtidos de 50% para 90% provocou aumentos de 3,71%
nos ensaios utilizando a geomembrana lisa foram e 7,83% nos ângulos de atrito das geomembranas
inferiores aos ângulos obtidos utilizando a texturizada e lisa, respectivamente, se analisadas
geomembrana texturizada. A geomembrana lisa, as envoltórias baseadas nas tensões de pico.
ao contrário da texturizada e, até mesmo do As envoltórias baseadas em tensões residuais
próprio solo, não oferece nenhuma resistência ao não apresentam o mesmo comportamento
deslizamento dos grãos de solo sob sua observado para as tensões de pico. Nota-se que
superfície. Logo, o emprego da geomembrana em ambas as geomembranas ocorre declínio do
lisa não acarreta aumento do ângulo de atrito. valor do ângulo de atrito, seguido do seu
Também é possível notar que os ângulos de incremento, à medida que se aumenta a
atrito baseados nas tensões de pico apresentam compacidade. Ao se comparar os valores de
tendência de crescimento quando comparada a ângulo de atrito obtidos para as compacidades
compacidade relativa de 75% com a de 50% relativas de 50% e 90%, no caso das
tanto nas membranas lisas quanto nas geomembranas lisas, nota-se aumento de 4,93%.
texturizadas. Ao se analisar a variação No caso das geomembranas texturizadas,
provocada no ângulo de atrito pela mudança da entretanto, nota-se diminuição do ângulo de
compacidade relativa de 75% para 90%, nota-se atrito de 1,93%.
uma tendência de estabilização dos valores na
membrana lisa e, também, nas membranas
texturizadas. 4 CONCLUSÕES
A proximidade dos ângulos de atrito interno
para as compacidades de 75% e 90% pode ser Este estudo procurou analisar a influência da
explicada devido a compacidade relativa após a compacidade dos solos granulares na resistência
fase de adensamento dos grãos. de interface entre solo e geomembrana. Para isto
Nos ensaios com o emprego de geomembranas foram feitos ensaios de cisalhamento direto
lisas, após o adensamento, a compacidade utilizando geomembranas lisas e texturizadas de
relativa ficou entre 86% à 96% para PEAD e solos com compacidades de 50%, 75%
compacidades iniciais de 75%. Com o uso de e 90%.
geomembranas texturizadas, para compacidade Através dos resultados obtidos, observa-se
relativa inicial de 75%, a compacidade após o que:
adensamento variou entre 86% e 93%. Em - o emprego de geomembranas com superfícies
ambos os casos, para compacidade relativa de lisas não influi em aumento da resistência à
90%, a compacidade após o adensamento foi de ruptura. Os ângulos de atrito encontrados tendem
93% à 100%. a ser iguais ou menores (dependendo da
Estes valores indicam que o solo já se encontra compacidade) que os ângulos para materiais
muito compactado (Das, 2006) para tais granulares encontrados na literatura;
compacidades e que a resistência ao - os resultados dos ensaios com geomembranas
cisalhamento se dá, principalmente, devido ao texturizadas apresentaram resistências
embricamento entre os grãos. Porém, devido a superiores aos valores típicos dos solos
limitação de expansão do volume provocada granulares;
pelo confinamento da caixa, os valores de - a resistência na interface solo-geomembrana
resistência para solos muito compactados tende a aumentar conforme o grau de
possuem valores próximos. compacidade aumenta. Porém, quando os solos
Para a compacidade relativa inicial de 50% o se tornam muito compactados esta resistência
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
Alves, D. F. (2012) Estudo Experimental do Atrito da
Interface Areia-Geomembrana. Trabalho de
Conclusão de Curso, Graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, Brasil.
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2013)
NBR ISO 12957-1: Geossintéticos — Determinação
das Características de Atrito. Parte 1: Ensaio de
Cisalhamento Direto. Rio de Janeiro, Brasil.
Das, B. M. (2006) Fundamentos de Engenharia
Geotécnica, Tradução da 6a Edição Norte-Americana,
Thomson Learning, São Paulo, Brasil, 48 p.
Blond, E. e Elie, G. (2012) Interface Shear-Strength
Properties of Textured Polyethylene Geomembranes.
Solmax.
Koerner, R., M. Geomembrane overview: significance and
background. In: Rolling, A., Rigo, J., M.,
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testing. Cambridge: Chapman and Hall, 1991, p. 3-21.
V.2.
Lopes, Margarida P. e Lopes, Maria de Lurdes. (2010) A
Durabilidade dos Geossintéticos, 1a Edição, FEUP
Edições, Porto, Portugal, 48 p.
Pinto, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos, 3ª ed.,
Oficina de Textos, São Paulo, 2006, 368 p.
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O solo ensaiado é uma argila arenosa vermelha seu comportamento, porém a alta plasticidade
de graduação aberta. Este tipo de solo é comanda a sua deformação.
denominado como mal graduado e apresenta
ausência de uma faixa de tamanho de grãos. A Nota-se que o solo ensaiado apresentou, em
curva de distribuição granulométrica é todos os ensaios de caracterização completa,
apresentada na figura 2. resultados esperados para solos argilosos.
A partir dessas informações, segundo o sistema A resistência à compressão não confinada obtida
unificado de classificação proposto por para o solo natural compactado foi de 346 kPa.
Casagrande, o solo ensaiado é classificado como Já sua deformação axial específica foi 3,46 % e
MH (silte de alta compressibilidade). A carta de sua resistência ao cisalhamento foi 173 kPa. As
plasticidade de Casagrande refere-se ao amostras ensaiadas apresentaram umidade
comportamento esperado do solo. Como o solo dentro da tolerância permitida, índice de vazios
ensaiado é um solo argilo-arenoso, sua próximo a 1,15 e índice de saturação entre 74 e
classificação foi de silte de alta plasticidade, o 83%. A figura 4 mostra as curvas de Tensão vs
que mostra claramente que a areia interfere no Deformação para os ensaios realizados sem o
reforço de geossintéticos.
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De acordo com Carlos (2016), a resistência do Segundo Teixeira (2006), uma massa de solo
solo reforçado depende da resistência à chega à ruptura quando, em um determinado
compressão do solo, da resistência à tração do plano, a tensão cisalhante atuante e a resistência
elemento de reforço, do espaçamento entre ao cisalhamento mobilizada se equiparam.
camadas de reforço, do comprimento das Quando a massa de solo é reforçada, um
camadas de reforço e da resistência da interface crescimento na resistência ao cisalhamento do
entre os dois materiais. A melhoria do conjunto, devido à introdução do reforço, é
comportamento mecânico do solo provocada verificado. Esse incremento pode ser visto como
pela inclusão do reforço só é real quando a uma coesão aparente atribuída ao conjunto solo-
resistência do reforço é mobilizada. Assim, o reforço e pode-se considerar que a inclusão de
solo tem de ter capacidade para transferir as elementos no solo tem o efeito semelhante ao de
tensões provocadas pelas ações a que é sujeito um aumento no confinamento.
(permanentes ou variáveis) ao reforço. Isto O ensaio de compressão uniaxial, segundo
acontece quando o solo e o reforço sofrem Reinert e Bovo (2010), aplica uma tensão
deformações relativas causando forças de atrito vertical na amostra. Isto faz com que a
entre os dois materiais e mobilizando a resistência ao cisalhamento na interface solo-
resistência à tração do reforço. geossintético seja mobilizada, o que, como
consequência, mobiliza a resistência à tração do
geossintético.
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ensaios de arrancamento e cisalhamento direto, Tsutsumi, M. 2003. Notas de aula: Mecânica dos solos I,
no intuito de mensurar as resistências de Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora,
MG, Brasil.
interface dentro do maciço reforçado.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
sódio e desagregação física por ultrassom, mesma quantidade utilizada por Morgan (2014).
obteve-se uma curva suavizada, abrangendo
uma faixa maior de granulometria e transladada
para a esquerda conforme relatado pela
literatura (MANSO, 1999; CAPELLI, 2016;
OLIVEIRA et al., 2016).
De forma geral, depreende-se que a
fração preponderante do rejeito é o silte, com
valores mínimos e máximos variando, a
depender do ensaio e do critério de classificação
adotado (ASTM ou ABNT), entre 74 e 93%,
seguido das frações arenosa e argilosa (0 a 26%
e 0 a 17% respectivamente), sendo os diâmetros
máximo e mínimo encontrados da ordem de
0,25 mm e 0,2 μm.
saturados (abreviado por SAT). ensaio; TSPm é o teor de sólidos totais, em peso,
Para a condição saturada, a amostra foi do rejeito bruto (m é o indexador de mistura);
submersa por 12 horas em uma solução de TSPp é o teor de sólidos totais em peso do
detergente e água a uma concentração de 0,5 líquido percolado.
g/l. Após este tempo, a amostra foi retirada da
solução de água e detergente e o vertimento do
material foi iniciado após 3 minutos
cronometrados.
De posse do valor das massas do geotêxtil
seco, do líquido de saturação, da massa de
fluido e sólido utilizados na mistura, foi
possível, após uma nova pesagem dos materiais,
determinar a quantidade de líquido absorvida ou
perdida pelo geotêxtil, a massa de líquido
evaporada, a massa aderida ao geotêxtil e os
teores de sólido dos materiais retido e passante.
Cada condição de saturação foi testada para
ambos geossintéticos utilizados na pesquisa; os
teores de sólido em peso da mistura vertida no
cone (TSPm) foram de 50, 60 e 70%; cada uma Figura 4- Volume de Material Passante Acumulado no
Tempo para Amostras do Geotêxtil de Camada Única
dessas combinações foi testada três vezes,
totalizando 36 ensaios. Todos os resultados
exibidos são os valores médios dos três ensaios Tabela 6: Valores para os Teores de Sólidos Obtidos nos
realizados para cada condição. Experimentos com o Geotêxtil de Camada Única.
Geotêxtil Tecido (Camada Única)
3 RESULTADOS Empregado Empregado
Saturado Seco
TSPm 70 60 50 70 60 50
3.1 Geotêxtil Tecido (Camada única)
TSPf 74 73 71 75 72 73
ED 6 22 42 7 20 46
A partir dos volumes medidos ao longo do EF >95 70-75¹ 65-70¹ >95 73-76¹ 68-72¹
tempo obteve-se o gráfico mostrado na Figura Todos os valores estão em %
4, que relaciona o volume de líquido de ¹ Valores situados entre os limites
percolado coletado com o tempo.
A Tabela 6 expressa as eficiências de Para teores de sólidos iguais, pode-se inferir
drenagem (ED) e de filtragem (EF), conforme a partir da Tabela 6 que a utilização do geotêxtil
definidas nas Equações 1 e 2 respectivamente seco ou saturado não foi significativa para a
(VERTEMATTI, 2015). Tais teores consideram eficiência de filtragem (EF) e de drenagem
a massa de água evaporada como parte da água (ED).
retida. Observou-se também que, com o aumento no
teor de sólidos no rejeito bruto utilizado, a
(𝑇𝑆𝑃𝑓 − 𝑇𝑆𝑃𝑚) 𝑥 100
𝐸𝐷 = (1) Eficiência de Filtragem aumenta ao passo que a
𝑇𝑆𝑃𝑚
Eficiência de Drenagem diminui, conforme
gráfico da Figura 5.
(𝑇𝑆𝑃𝑚 − 𝑇𝑆𝑃𝑝) 𝑥 100 A Figura 6 mostra o comportamento das
𝐸𝐹 = (2) vazões ao longo do tempo. Nota-se que as
𝑇𝑆𝑃𝑚
curvas correspondentes aos ensaios em que
Em que TSPf é o teor de sólidos totais em geotêxteis saturados foram utilizados
peso da fração retida pelo geotêxtil ao final do encontram-se mais afastadas da origem. Por
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conseguinte, para desaguar um mesmo volume A partir da Figura 6, é possível observar que,
de material, o emprego do geotêxtil para a condição inicial seca do geossintético, há
previamente saturado proporciona uma uma maior defasagem entre o início do ensaio e
economia de tempo. o pico da vazão que quando comparada à
condição saturada.
Similarmente à análise do geotêxtil tecido houve uma defasagem entre o início do ensaio e
(camada única), a utilização do geotêxtil seco o pico da vazão maior quando empregado o
ou saturado não foi significativa para a gessintético em sua condição inicial seca.
eficiência de filtragem (EF) e de drenagem
(ED) nos ensaios com o geotêxtil de camada Gráfico de vazão no tempo
dupla (Tabela 7).
vazão [cm³/min]
A eficiência de drenagem é proporcional ao 60,0
teor de sólidos do rejeito bruto. No entanto,
50,0
diferente do ocorrido com o geotêxtil tecido de
camada única, o aumento no teor de sólidos do 40,0
rejeito bruto utilizado não acarretou em 30,0
alterações expressivas na eficiência de
filtragem. Estas alterações podem ser 20,0
4 CONCLUSÕES
Figura 5. Resultdo do ensaio na amostra de 20 kg/m³. Nota-se pela figura 7 que o material possui
uma envoltória diferente para valores de massa
específica mais elevada (20 e 30 kg/m³) quando
comparada à envoltória de massa esspecífica de
10 kg/m³.
Nas massas específicas mais elevadas,
observou-se que há uma parcela de ângulo de
atrito significativa, sendo estes bem maiores
que os obtidos nas amostras de massa específica
menor, a qual apresentou um comportamento
predominantemente coesivo.
Observa-se ainda que o ângulo de atrito é
Figura 6. Resultdo do ensaio na amostra de 30 kg/m³. proporcional à massa específica do EPS, assim
como foi observado por Avesani Neto (2008).
Com os dados do ensaio, foi possível traçar Isso mostra que para valores superiores de
as envoltórias de resistência para cada massa massa específica, há um aumento do ângulo de
específica estudada e desta envoltória atrito. Além disso, é nítido uma relação
determinaram-se os valores de coesão e ângulo inversamente proporcional entre o ângulo de
de atrito. Como não há valores de pico, adotou- atrito e a coesão, de modo que com o aumento
se a tensão de cisalhamento para um da massa específica, o ângulo de atrito aumenta
deslocamento de 20 mm.
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RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a vantagens da utilização das
Geocélulas de PEAD – Polietileno de Alta Densidade – para revestimento de canais e descidas
hidráulicas, em substituição às estruturas rígidas de concreto armado. Devido à flexibilidade do
sistema de revestimento composto pelas Geocélulas de PEAD, o mesmo se adapta perfeitamente
aos possíveis recalques que a estrutura possa apresentar ao longo do tempo, sem perder sua função
estrutural, conduzindo, assim, a água durante toda a vida útil da estrutura, além de outros
benefícios, se comparado às estruturas convencionais. Serão apresentados ensaios de laboratório
realizados para determinação da resistência ao arrancamento do material de preenchimento de
dentro da “célula” e o atrito existente entre o material de preenchimento e as perfurações e
texturizações das paredes das Geocélulas de PEAD, justificando a importância e necessidade de tais
características para um correto dimensionamento de um projeto de drenagem superficial.
condução e/ou drenagem. Para isto têm-se características permitem à estrutura final
especificamente materiais como as geocélulas trabalhar como um conjunto de blocos
de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), as interconectados, oferecendo melhor
quais torna possível eliminação do uso de aço desempenho que estruturas convencionais
nas estruturas de concreto reforçado e ainda quando instaladas sobre solos não controlados.
redução na espessura da camada de concreto,
conformando estruturas com uma “relativa”
flexibilidade para se adaptar a formas
complexas e superfícies pouco irregulares.
deformações na fundação. Disto último, existe útil da estrutura, característica que está
no Chile excelentes referências de canais de diretamente relacionada com a interação do
geocélulas funcionando, inclusive após os preenchimento com as paredes da geocélula.
terremotos em 2010 e 2015. Nas figuras 3, 4 e 5 na continuação, podemos
O sucesso dos revestimentos de canais observar alguns tipos de geocélulas que podem
usando geocélulas preenchidas, principalmente, ser encontradas no mercado.
com concreto, tem levado ao uso delas em
aplicações cada vez mais ambiciosas, como a
construção de canaletas para suportar fluxos
com altas velocidades geradas pelo escoamento
em taludes muito íngremes, conformados por
estéril ou rejeitos não compactados e com alto
potencial de deformação. Lamentavelmente
essas aplicações, em alguns dos casos, têm sido
acompanhadas de materiais de baixa qualidade,
fora de especificação (p.e. GRI GS15), ou sem
as características corretas para interatuar
adequadamente com o material de
preenchimento, gerando resultados adiversos,
tanto satisfatórios quanto desastrosos. Na Figura 3. Geocélulas sem perfurações .
maioria dos casos de insucesso, foi encontrado
como principal problema a perda (ou expulsão)
de blocos de concreto de dentro das geocélulas
por falta de um travamento mecânico, e
consequentes problemas de desagregação do
solo embaixo do revestimento.
(1)
Onde:
Segundo PORTO (2006), essas forças Por outro lado, as descidas hidráulicas,
resistentes são geradas em função as perdas de devido possuírem declividades mais
cargas geradas pelas velocidades ou vazões em acentuadas, deve-se atentar-se para as
determinados trechos e da rugosidade da velocidades geradas ao longo da estrutura, tal
estrutura. Na figura 11 na continuação, que a velocidade média do sistema seja inferior
podemos encontrar as componentes a serem a velocidade máxima suportada para cada tipo
consideradas para o cálculo. de material, evitando assim erosões no fundo e
nas paredes do revestimento. PORTO (2006)
REFERÊNCIAS
Figura 15. Descida hidráulica com geocélulas de PEAD Carter, L.; Bernardi, M. (2014) NCMA’s Design Manual
preenchido com concreto implantada em Itabirito/MG. for Segmental Retaining Walls, National Concrete
Masonry Association, Geosynthetics Magazine, 4 p.
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situada às margens da BR 230 com edificações cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. O
em toda extensão do talude. processo de surgimento da comunidade deu-se
São recorrentes os acidentes envolvendo na década de 70 quando famílias instalaram-se
deslizamento de solo e inundações na em um terreno repassado ao estado para a
comunidade, representando um risco iminente à criação de um bairro (FIGUEIREDO, 2017).
vida dos moradores da região. Frente a isto, A área da comunidade, como mostra a
foram adotadas medidas paliativas a respeito da Figura 1 representado pela poligonal rosa, está
segurança e estabilidade do talude, como, por compreendida em duas regiões: uma parte mais
exemplo, um muro de revestimento do talude alta (talude) que está às margens da BR 230
com sistema parcial de drenagem de águas (poligonal azul) e outra mais baixa situada
pluviais e barras metálicas com a função de próximo ao Rio Jaguaribe. Por essas diferenças
escora inseridas com o intuito de proporcionar existem duas situações problemas principais:
maior resistência à encosta. deslizamentos por movimentos de massa e
A fim de resolver estas problemáticas que inundações.
envolvem áreas de risco, foram desenvolvidas
ao longo dos anos diversas técnicas pela
engenharia geotécnica, como por exemplo,
muros de arrimo, cortinas atirantadas, solo
grampeado, entre outros, que vão desde
soluções mais complexas e dispendiosas a
recursos mais simples e menos onerosos
(RANZINI e NEGRO Jr, 1998).
Uma das soluções para conter deslizamentos
e aumentar a estabilidade dos taludes emprega
geossintéticos que vêm sendo muito utilizados
no Brasil. Os geossintéticos são materiais que Figura 1. Localização da comunidade
apresentam forma e características variadas, as
quais permitem múltiplas funções e aplicações, O solo que constitui o talude no qual a
que vão desde a impermeabilização de comunidade está localizada é classificado como
superfícies a controle de erosão superficial solo residual da formação Barreiras (GUSMÃO
(VERTEMATTI, 2015). FILHO, 1982). Para a caracterização
Além da viabilidade técnica dos granulométrica da comunidade, foi retirada
geossintéticos, os mesmos competem com os amostra do solo constituinte do talude a fim de
materiais naturais pela rapidez de execução, classificá-lo. De acordo com a classificação
economia e sustentabilidade. Por essas granulométrica proposta pela NBR 6502
perspectivas foram adotados os geossintéticos (ABNT, 1995), o solo amostrado apresenta
como integrante das soluções propostas. pouco teor de finos como é apresentado na
Assim, neste trabalho foi abordado de forma Figura 2.
qualitativa a aplicação de geossintéticos e suas
combinações no talude constituinte da São
Rafael como solução técnica para mitigar e
erradicar o risco de deslizamento.
2 METODOLOGIA
2.2 Geossintéticos
Figura 2. Curva granulométrica do solo
Os geossintéticos são materiais poliméricos
A caracterização do solo foi desenvolvida de produzidos industrialmente com o intuito de
modo a nortear de forma simplificada a escolha melhorar ou substituir um produto natural
do tipo de geossintético utilizado. através da combinação com materiais naturais
Previamente, foi realizado o mapeamento de em obras de diversos tipos e portes. A utilização
risco da comunidade, de acordo com a destes materiais compete e apresenta soluções
metodologia do Ministério das Cidades (2007). mais econômicas, mais leves, mais rápidas,
Para tanto, foi verificada a proximidade das mais esbeltas e mais confiáveis nas obras de
habitações ao talude, presença de lixo e de engenharia (VERTEMATTI, 2015).
vegetação de grande porte, sinais de Estes materiais são capazes de exercer
movimentação do solo constituinte do talude, múltiplas funções de acordo com a solução a ser
entre outros. Dessa forma, a região do talude foi empregada, ou seja, existem diversos tipos de
classificada em risco muito alto e as áreas geossintéticos que atendem a diversas
sujeitas à inundação como risco baixo como é solicitações a depender da aplicação requerida
apresentado na Figura 3. (VERTEMATTI, 2015).
Baseado nisto, tem-se que os geossintéticos
podem ser utilizados em obras de engenharia
com função de: separação, filtração, drenagem,
reforço, controle de erosão superficial, entre
outras.
As soluções propostas para as áreas de risco
da comunidade São Rafael levaram em
consideração tanto a estabilização do talude
como a revitalização da área da encosta de
modo a proporcionar qualidade de vida aos
moradores desconstruindo a imagem de
insegurança da habitação.
3 RESULTADOS
Além de promover a dissipação da energia, é vegetação de grande porte, cortes no talude para
necessário solucionar a erosão superficial edificação da casa e o sobrepeso das próprias
provocada pela precipitação direta no talude, residências.
neste sentido foi proposto o emprego de
geomantas combinadas com gramínea para
promover menor impacto visual e proporcionar
a revitalização da área. Estes detalhes podem
ser observados na Figura 6, abaixo.
Por ser uma área que também está abaixo da Tecnológicas – IPT (2007). Mapeamento de Riscos
BR 230 faz-se necessária a implantação de uma em Encostas e Margem de Rios, Brasília: Ministério
das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas –
escadaria hidráulica de gabião com geotêxtil IPT.
como elemento separador. Carvalho, P. A. S. (1991) Manual de geotecnia: Taludes
Além disso, é necessário o faceamento final de rodovias: orientação para diagnóstico e soluções de
do talude de modo a proteger os geossintéticos seus problemas, São Paulo, Departamento de Estradas
das intempéries e dos danos mecânicos. Este e Rodagens do Estado de São Paulo, Instituto de
Pesquisa Tecnológicas, 388 p.
faceamento é composto de geocélulas Figueiredo, K.P. (2017) Vulnerabilidade Socioambiental
preenchidas com solo natural cobertas com na Comunidade São Rafael em João Pessoa - PB,
vegetação natural, visto na Figura 10. Trabalho de Conclusão de Curso, Departamento de
Ciências Biológicas, Universidade Estadual da
Paraíba, 37 p. Disponível
em:<http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123
456789/13827/1/PDF%20-
%20Kimberly%20Palmeira%20Figueiredo.pdf>.
Acesso em: 17 jan. 2018.
Gusmão Filho, J.A., (1982) Prática de Fundações nas
Capitais Nordestinas, VII Congresso Brasileiro de
Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações,
ABMS, Recife, v. 7, p.189-206.
Hora, S.B. e Gomes, R.L. (2009). Mapeamento e
Avaliação do Risco a Inundação do Rio Cachoeira em
Trecho da Área Urbana do Município de Itabuna/BA,
Sociedade e Natureza, Uberlândia, p.57-75.
Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/sn/v21n2/a05v21n2.pdf
Figura 10. Detalhes construtivos da solução >. Acesso em: 14 jan. 2018.
Pereira, N.N.T. (2017) Proposta de Metodologia para
Mapeamento de Risco Geológico Geotécnico de
4 CONCLUSÃO Escorregamentos em João Pessoa - PB, Trabalho de
Conclusão de Curso, Departamento de Engenharia
Civil, Universidade Federal da Paraíba, 57p.
O presente trabalho teve o intuito de fazer uma Disponível
análise qualitativa e propor soluções de em:<http://security.ufpb.br/ccec/contents/documentos
estabilização do talude utilizando /tccs/2017.1/proposta-de-metodologia-para-
geossintéticos, de maneira a demonstrar as mapeamento-de-risco-geologico-geotecnico-de-
diversas aplicações do material. escorregamentos-em-joao-pessoa-2013-pb.pdf>.
Acesso em 17 jan. 2018
As propostas aplicam geossintéticos como Ranzini, S.M.T, e Negro Jr, A. (1998) Fundações: Teoria
material competitivo e viável tecnicamente para e Prática, 2 ed., Pini, São Paulo, Brasil, p. 497-516.
solucionar questões de estabilidade do talude, Vertematti, J.C. (Coord.), (2015) Manual Brasileiro de
drenagem das águas pluviais e controle de Geossintéticos, 2 ed., Blucher, São Paulo, Brasil.
erosão superficial. São materiais que podem ser
empregados em áreas de risco frente à rapidez
de execução, economia e segurança.
REFERÊNCIAS
TEMA:
GEOTECNIA AMBIENTAL
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RESUMO: O tijolo de adobe é constituído de solo e fibras vegetais e, seu processo de secagem é
feito sem queima. Para sua confecção é necessária a execução das fôrmas e ensaios laboratoriais,
para a verificação de resistência. As dimensões para fôrmas, executadas em madeira sem fundo,
foram baseadas em Corrêa et al (2006) adotando-se as medidas de 23x11x5,5cm. Este artigo
utilizou o solo típico da região do norte do Tocantins, o qual apresenta uma granulometria arenosa
mal graduada. O solo, para a construção do tijolo de adobe, precisa apresentar-se coesivo, por essa
razão adicionou-se Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCD), os quais continham em grande
parte tijolos cerâmicos - compostos de argila, para a correção granulométrica e o reaproveitamento
de resíduos, visando acrescentar às pesquisas de sustentabilidade no meio da construção civil.
que vem crescendo de forma acelerada. Tais Tais moldes são feitos conforme Corrêa et al
impactos são causados, principalmente, pelo (2006), sendo as fôrmas executadas de madeira
descaso em relação ao descarte correto dos sem fundo, para facilitar a desforma nas
resíduos industriais, entre os quais destacam-se dimensões de 0,23 m de comprimento, 0,11 m
os produzidos pela construção civil, onde de largura e 0,055 m de altura, sendo assim,
grande parte é descartada de forma inadequada, executadas de forma a moldar os tijolos.
representando assim um problema De acordo com Taveira et al (2007), para
ecossistêmico. melhor conhecimento do comportamento do
Para Pinto (2015), investir em construções de RCD, é necessário fazer a análise da umidade,
baixo custo com materiais reutilizáveis, que massa específica e sedimentação, pois
causem menor impacto ambiental, é relacionar influenciam diretamente no volume de água
economia com o meio ambiente. Sendo assim, armazenado, bem como a sua resistência, e a
buscou-se realizar análise comparativa entre os adoção de determinadas práticas de manejo,
tijolos de adobe com fibra e os tijolos de adobe sendo que essas propriedades influenciam
com Resíduo de Construção e Demolição outras, no produto final.
(RCD), tendo em vista a carência de materiais Para a confecção do tijolo de adobe, também
ecologicamente corretos no mercado, assim são necessários ensaios laboratoriais, para a
como materiais de baixo custo. verificação do solo utilizado. Sendo assim,
Os tijolos de adobe são feitos de uma mistura foram realizados ensaios de umidade, massa
de solo, água, fibra, RCD ou outro específica e sedimentação, regulamentados
complemento, secados ao sol. Não passam pelo respectivamente pelas normas NBR 6457
processo de queima, e reduz os impactos que (ABNT, 1986), NBR 6508 (ABNT, 1984) e
geram a poluição ambiental, tornando as NBR 7181 (ABNT, 1984) para analisar o
construções mais resistentes e sustentáveis, comportamento do RCD e do solo e a adesão
dando excelente isolamento térmico e acústico entre eles.
ao ambiente. A adição da fibra ao tijolo, ajuda Conforme Cancian (2013) utiliza-se várias
no processo de estabilização do mesmo, técnicas para melhorar o comportamento do
desempenhando o papel de trazê-lo como tijolo de adobe, tornando-o com maior
matéria-prima construtiva. resistência a intempéries, como por exemplo, a
Ainda segundo Pinto (2015), o RCD é utilização de fibras e RCD. A estabilização de
composto por qualquer tipo de material solos refere-se aos processos naturais ou
descartado em obra, possuindo também, a artificiais, nos quais o mesmo, com cargas
função de complemento na composição do aplicadas, consegue maior resistência, com a
tijolo de adobe. Geralmente composto por obtenção de um produto final que tenha
cimento, argamassa, tijolos, blocos, cerâmica, estabilidade dimensional e resistência mecânica.
solo, concreto, telhas, entre outros, sendo que
grande parte destes materiais possuem potencial
de reciclagem. 2 MATERIAIS E MÉTODOS
A adição do RCD além de melhorar a
qualidade dos tijolos é uma boa alternativa para Os tijolos de adobe foram produzidos nos
seu destino final, pois reintroduz uma matéria- laboratórios do Centro Universitário
prima no processo construtivo cumprindo um Tocantinense Presidente Antônio Carlos –
papel ecológico. UNITPAC, instituição localizada na cidade de
Por ser uma mistura de solo, fibras, RCD e Araguaína – TO, norte do Brasil. O solo
água, o tijolo de adobe é moldado sem a utilizado foi coletado no setor Lago Sul da
necessidade de adensamento mecânico, com referida cidade, em uma área de empréstimo
auxílio de moldes, normalmente retangulares.
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RESUMO: A geotecnia é um ramo da Engenharia Civil que busca avaliar o comportamento dos
solos e rochas e como estes reagem a ações antrópicas, assim, este trabalho tem por objetivo
caracterizar dois solos típico do recôncavo e verificar a sua resistência mecânica quando
contaminado por diesel. Para esta pesquisa foram coletadas duas amostras deformadas dos solos
numa topo-sequência em Cruz das Almas-BA que foram caracterizados, compactados,
contaminados e nessas condições avaliou-se a resistência à compressão simples. O solo 1, foi
caracterizado como uma argila-arenosa de baixa plasticidade, atividade das argila. Já o solo 2, uma
areia silto-argilosa onde o teor de argila com alta atividade, confere uma maior plasticidade. Da
análise da resistência à compressão não confinada, observou-se que a resistência dos solos
inundados com água apresentou valores abaixo dos contaminados com diesel.
maior a superficie específica maior a Segundo Rodrigues et al. (2009) estes solos são
plasticidade dos solos (VARGAS, 1981). Além bastante profundos, desenvolvidos sobre
disso, como na fração argila do solo material sedimentar e ocupando áreas de relevo
concentram-se cargas negativas em sua plano e suave ondulado dos tabuleiros.
superfície, a interação com água forma uma Já a Amostra 2, segundo o estudo de
dupla camada mais espessa nas proximidades Rodrigues et al. (2009) é típico de área de
superficiais das partículas. As características Planossolos que desenvolveram-se a partir de
dessa camada variam dentre algumas fatores, materiais oriundos de rochas cristalinas do
com a constante dielétrica do meio (ALMEIDA, complexo charnockito-granulítico. Esse
2016). material foi coletado no horizonte saprolítico.
A constante dielétrica é uma importante Os pontos de coleta são apresentados na
propriedade do material, pois pode influenciar Figura 1 e na Tabela 1. Na Figura 2 está o perfil
nas propriedades dos solos como a sua do solo analisado.
estrutura, floculação ou dispersão,
condutividade hidráulica entre outras
propriedades. Ela quantifica a facilidade que
uma substância tem de ser polarizada, ou seja,
ter seu campo elétrico modificado
temporariamente (ALMEIDA, 2016).
Quando na presença de um fluido, tem-se
que o comportamento tensão-deformação dos
solos depende da interação da fração sólida com
a líquida (ALMEIDA, 2016). Quanto maior a
superfície específica interna e externa do
coloide na presença de um fluido com constante
dielétrica elevada, maior será a interação e Figura 1. Pontos de coletas das Amostras 1 e 2.
absorção devido à atração entre cargas
(BRADY e WEIL, 2012). Tabela 1. Coordenadas dos pontos de coleta
Nesse contexto, o presente trabalho tem Ponto Latitude Longitude
Amostra 1 12°39'43.12"S 39° 4'47.11"O
como objetivo avaliar a interação entre dois 12°39'37.82"S 39° 4'39.02"O
Amostra 2
solos compactados, típicos do Recôncavo da
Bahia, quando em contato com água e com
diesel.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Tabela 3. Resultado da Classificação Granulométrica Tabela 5. Classificações das amostras por meio da
segundo ABNT (1995) AASHTO e SUCS
Distribuição Granulométrica Sistemas de Amostra 1 Amostra 2
Dimensões Amostra 1 Amostra 2 classificação
Argila (%) 50 22 AASHTO A.7-5 A.7-6
Silte (%) 8 22 SUCS CL SC
Areia (%) 31 44
Pedregulho (%) 12 12 Do ensaio de determinação da massa
específica dos sólidos tem-se que ponto de
Na Tabela 4 são apresentados os resultados menor cota, material proveniente do complexo
dos limites de consistência dos solos: limite de cristalino (Amostra 2), apresenta maior valor
liquidez (LL), limite de plasticidade (LP), sendo de 2,75 g/cm³. Enquanto o material de
índice de plasticidade (IP) e índice de atividade maior cota (Amostra 1) , oriundo de material
(IA). sedimentar intemperizado apresenta menor
valor, sendo de 2,67 g/cm³.
Tabela 4. Características físicas dos solos estudados
Características Amostra 1 Amostra 2 3.2 Caracterização Mecânica
LL (%) 42 42
LP (%) 26 24 Com os dados obtidos através do ensaio de
IP (%) 16 18
IA (%) 0,32 0,82
compactação foi possível obter as curvas de
compactação dos solos apresentados na Figura
A partir desses dados, pode-se observar que 6.
a Amostra 1 apresenta média plasticidade e
baixo índice de atividade das argilas, o que
pode ser correlacionado com a formação
pedológica dos seus materiais constituintes, que
devido a atuação do intemperismo proporcionou
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Figura 6. Resumo das curvas de compactação. A partir dos resultados, verificou-se que a
Amostra 1 alcançou tensão máxima aproximada
A Tabela 6 apresenta os resultados dos de 95 kPa, e a Amostra 2 de 71 kPa. Como a
parâmetros ótimos de compactação. Amostra 2 é a que apresenta argilas ativas, estas
apresentam maior interação com a água
Tabela 6. Parâmetros ótimos de compactação diminuindo a sua resistência conforme pode se
ρdmáx (g/cm³) wót (%)
verificar. É possível inferir também que solos
Amostra 1 1,82 14,93
Amostra 2 1,75 15,24 com maior grau de saturação obtiveram menor
resistência devido à maior interação solo-água.
A partir de uma análise das curvas de Além da saturação, a plasticidade do solo
compactação é possível perceber a influência do também influenciou nos resultados, pois quanto
tipo de solo na delimitação da curva. A Amostra maior for a plasticidade do solo, menor será a
2 apesar de ser um solo mais grosso, sua resistência.
classificada como areia com finos, possui em Na Figura 8 estão apresentados os valores
sua fração mais fina, argilas ativas que médios da resistência à compressão simples dos
conferem a este solo mais plasticidade fazendo solos contaminados com diesel. Foram
com que apresente um comportamento diferente observados que os resultados de tensões
do esperado. Apesar de não ser mais arenosa, a máximas médias aproximadas de 1111 kPa para
Amostra 1 foi a que apresentou o a Amostra 1 e 1258 kPa para Amotra 2.
comportamento mais característico deste tipo de
solo.
A alta resistência suportada pela Amostra 2 Diante de todo o estudo realizado, é possível
pode ser atribuída a uma maior coesão e atrito concluir que as características dos solos
entre as partículas que na presença do diesel analisados variam entre si de acordo com a
não são influenciados. Com uma distribuição topografia, tendo seus materiais e processos de
granulométrica que pode proporcionar um formação uma grande contribuição para essas
melhor empacotamento dos grãos, a resistência características.
por atrito pode ter sido evidenciada. Da análise da resistência à compressão não
A tensão de ruptura teve um aumento confinada observou-se que a resistência dos
significativo para corpos de prova solos inundados com água apresentou valores
contaminados com diesel comparado com os muito abaixo dos valores obtidos para esses
imersos em água. A Figura 9 apresenta uma solos contaminados com diesel. Ou seja, a
comparação entre os resultados obtidos do maior interação da água com esses materiais do
ensaio de compressão tanto para o diesel quanto que no caso do diesel leva a uma redução
para água. significativa na resistência. Tal fato se deve à
diferença de polaridade desses dois fluidos.
REFERÊNCIAS
RESUMO: Em virtude do aumento da geração de resíduos, os aterros vêm atingindo alturas cada vez
maiores, de forma a expandir sua vida útil. Consequentemente, aumenta-se a preocupação com a
estabilidade geotécnica da estrutura, sendo de suma importância uma avaliação cautelosa de modo a
impedir sua ruptura e verificar os atuais fatores de segurança em relação à estabilidade de talude. O
presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os resultados das análises de estabilidade
feitas a partir do monitoramento geotécnico realizado em um aterro de resíduos Classe I. As
análises foram feitas em cinco seções pré-determinadas, empregando o método Morgenstern-Price,
utilizando o software Slide, v. 5.0. Para realização das análises e avaliação das condições de
segurança dos taludes de resíduo, foram utilizados como base levantamentos topográficos, nível do
percolado no interior do maciço e informações do subsolo. Concluiu-se que os taludes encontram-se
estáveis para as condições retratadas.
disposição está sendo direcionada para uma aterrado e cinco perfis topográficos foram
célula ao lado, também licenciada para usados para a análise de estabilidade do maciço,
disposição de resíduos Classe I, denominada de forma a auxiliar o estudo.
Fase 2.
2.1 Pluviometria
M189 RN
3 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA
Tabela 3. Parâmetros de Resistência dos Resíduos. 32°) e a coesão (c’ = 10 kPa). Além disso,
Parâmetos de Resistência dos Resíduos considerou-se a posição da linha freática.
O nível piezométrico foi estimado em função
γ
(kN/m³)
φ (º) c' (kPa) Referência dos aspectos observados na vistoria e a partir
Mahler e Lamare Neto
das medidas da cota piezométrica no poço de
10 25º 0 a 30 monitoramento do aterro. Foram medidas cotas
(2000)
dos meses de março a dezembro. Diante de uma
10 10 5,5
regularidade nos valores ao longo dos meses
15 25 8 Silva (2014) determinou-se a cota de 2,32 m pela média dos
meses.
20 40 10,5 Os perfis, procedentes das seções transversais,
9 28 15 Peng et al. (2016) foram traçados no programa pelas coordenadas
obtidas no levantamento topográfico,
considerando a camada de subsolo e o aterro.
Foram estabelecidos para esta modelagem os
Para o cálculo da estabilidade das seções
mesmos valores dos parâmetros de resistência
consideradas foi usado o programa Slide v. 5.0.
dos resíduos estabelecidos para outro aterro
Por último, para cada perfil foi calculado o fator
Classe I, também operado pela empresa do
de segurança (FS) de cada lado, considerando
aterro em análise, uma vez que possuem
os taludes mais críticos.
composições semelhantes e correspondiam ao
intervalo de valores da pesquisa mostrada
anteriormente na Tabela 3. Deste modo, foi
5 RESULTADOS
mantido também o peso específico dos resíduos
(γ) determinados em ensaios in situ naquele
Como resultado, obteve-se 10 interfaces do
aterro. Os parâmetros utilizados estão descritos
programa, 2 para cada perfil inserido, com a
na Tabela 4.
superfície de ruptura e o fator de segurança
Tabela 4. Parâmetros do resíduo utilizados mais críticos. Os resultados apresentados nas
Figuras 10 a 14 demonstram que os taludes se
Parâmetros utilizados
mantém estáveis para as condições atuais e o
resumo de todos os valores obtidos encontra-se
γ(kN/m³) φ(º) c’ (kPa)
na Tabela 5 e na Figura 15. Observa-se que o
FS ficou acima de 1,40 em todas as seções
9,3 28,5 5
analisadas. Apenas os taludes da seção 1 (lado
direito) e seção 2 (lado direito) apresentaram FS
aproximadamente 3% abaixo de 1,5.
4 MODELAGEM GEOTÉCNICA
Figura 11. Análise de estabilidade da seção 2 (lado Figura 14. Análise de estabilidade da seção 5 (lado
direito): FS = 1,446. direito): FS = 1,863.
6 CONCLUSÃO
alto. Considerando para o aterro em questão que Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e
o risco de perdas de vidas humanas seja baixo e Ambiental, Porto Alegre, RS, 8 p.
Peng, R.; Hou, Y.; Zhan, L. e Yao, Y. (2016). Back-
de danos ambientais e materiais seja alto, o Analyses of Landfill Instability Induced by
fator de segurança mínimo passa a ser 1,40. High Water Level: Case Study of Shenzhen Landfill.
Por meio dos dados da primeira leitura dos International Journal of Environmental Research and
MS, pode-se observar que o recalque é de Public Health, v. 13, 17p.
pequeno valor. De acordo com a NBR Silva, B.V. (2014) Estabilidade de taludes de aterros não
controlados de resíduos, Dissertação de Mestrado em
11682:91, para que o grau de risco seja Engenharia Geológica (Geotecnia), Faculdade de
considerado baixo, o deslocamento Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa,
característico vertical deve ser menor que 2 cm 183 p.
e a velocidade característica média deve ser
menor que 1 mm/dia. Ainda assim, o aterro
deve continuar sendo monitorado
periodicamente
Em face ao exposto, considera-se que a
estabilidade do maciço do aterro encerrado
Classe I se encontra satisfatória, ratificando o
projeto e as boas práticas de engenharia
executadas através da operação local.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
RESUMO: O fosfogesso é um subproduto das indústrias de fertilizantes e possui potencial para ser
aproveitado na construção civil. Nessa linha, este estudo foi realizado com objetivo de analisar a
influência do teor de fosfogesso hemidratado (HH) nas características de durabilidade e resistência
em misturas de solo tropical e cimento para fins de pavimentação. Foram avaliados dois tipos de
misturas: Amostra A, composta de 80% de solo, 11% de HH e 9% de cimento, e Amostra B, composta
de 50% de solo, 41% de HH e 9% de cimento. Com as amostras fez-se o ensaio de compactação, o
estudo da durabilidade quando o material é submetido a molhagem e secagem. Também foi analisada
a resistência à compressão simples aos 7 dias de cura em câmara úmida seguida de imersão. Com os
resultados obtidos, foi possível verificar que o teor de HH reduz o peso específico aparente seco e
aumenta o teor de umidade ótima. O maior teor de HH leva a uma menor perda de massa e maior
resistência. Dessa forma, o uso de HH contribui para maior estabilidade das misturas mediante a
presença de água e gera material mais durável.
amostra na umidade ótima e no peso específico (FIGURA 1b). Após cada molhagem e secagem,
aparente seco máximo determinados nos ensaios novamente foram determinadas as medidas de
de compactação, nas dimensões 10 x 13 cm. massa, altura e diâmetro dos CPs. Todo o
Então, os corpos de prova foram mantidos em procedimento foi então repetido 12 vezes.
câmara úmida por 7 dias a 97% de umidade Para o ensaio de determinação da resistência
relativa do ar e temperatura de 22,5°C, à compressão simples (RCS), outro grupo de
aproximadamente. corpos de prova foi moldado e curado nas
Inicialmente, os CPs foram submergidos em mesmas condições que os do ensaios de
água durante 5 h (FIGURA 1a), sendo que após durabilidade conforme orientações das normas
esse período de imersão, foram medidas as ME 202 (DNER, 1994b). O ensaio de
massas de todos eles e a alturas e diâmetro do CP compressão simples seguiu as recomendações da
1. Em seguida, conforme a norma, eles foram norma ME 201 (DNER, 1994c), a qual
levados para a estufa a 70°C onde ficariam por determina que os CPs devem ser submetidos a
42h. Por conter o fosfogesso, adotaram-se imersão durante 4 horas antes da ruptura. Esse
temperaturas abaixo de 70°C durante a secagem método também está previsto na norma ET 35
para evitar que acorram alterações químicas. (ABCP, 2004) como critério de dosagem de
misturas de solo-cimento.
3 RESULTADOS
pela mesma metodologia do solo resultando em solo, verifica-se aumento no valor da umidade
2,589g/cm³ para a amostra A, com 11% de HH e ótima e redução no peso específico aparente seco
2,715 g/cm³ para a amostra B, com 41% de HH. máximo. Também observa-se que o teor de
Esses valores mostram que o teor de HH gera fosfogesso atua reduzindo o peso específico
aumento na massa específica, da mesma forma aparente seco máximo e aumentando a umidade
que em estudos anteriores utilizando ótima, devido ao processo de reidratação do HH
pentapicnômetro de gás hélio (Pentapyc 5200e – que requer maior umidade. Com o aumento do
Automatic Density Analyser), Silva et al. (2013) tempo de cura nas misturas, é possível observar
obtiveram 2,475 g/cm³ para a amostra A e Alves uma queda da densidade máxima do material e
(2015) obteve 2,682 g/cm³ para amostra B. variação na umidade ótima de compactação. Os
Na Tabela 3 estão apresentados os valores de valores obtidos estão próximos aos apresentados
umidade ótima e peso específico aparente seco em estudos anteriores feitos por outros autores
máximo do solo e das misturas. Comparando os com as mesmas misturas.
parâmetros de compactação das misturas com o
Tabela 3. Valores encontrados de umidade ótima (wot) e peso específico aparente seco máximo (γdmáx) e comparações
com outros trabalhos
Nesta pesquisa Literatura
Amostra wot wot
γdmáx (kN/m³) γdmáx (kN/m³)
(%) (%)
Solo 24,30 15,35 21,80* 15,63*
A (5 min) 22,26 15,37 20,90** 15,20**
(25 min) 24,84 15,00
(5 min) 27,40 14,82 23,85* 15,21*
B (25 min) 26,56 14,60 23,96* 14,81*
Obs.: *Alves (2015); **Silva et al. (2013) onde a compactação feita após o umedecimento sem controle do tempo e
umidade determinada a 105°C.
termos de durabilidade. A norma ET 35 (ABCP,
3.2 Durabilidade 2004) especifica valores de até 14% a depender
da classificação do material, sendo que para
Na moldagem dos CPs para os ensaios de solos A-4 o máximo admitido é de 10%, mas
durabilidade adotou-se a média das umidades como essa norma não contempla as
ótimas obtidas nos ensaios de compactação classificações próprias para solo tropical. Além
miniatura com 5 e 25 minutos, uma vez que as disso, nas misturas estudadas existe fosfogesso.
amostras foram moldadas em dimensões maiores Sendo assim, entende-se que esse valor limite
e o processo de umedecimento e compactação não pode ser considerado para as amostras em
ficou compreendido nesse intervalo de tempo. questão. Os resultados de perda de massa estão
Os parâmetros de compactação definidos, o grau apresentados na Figura 2a.
de compactação (GC) e a umidade obtidos estão
apresentados na Tabela 4, em que se percebe Tabela 4. Parâmetros da compactação dos corpos de prova
maior dificuldade nos ajustes de umidade na utilizados nos ensaios de durabilidade.
Amostra B, onde há maior quantidade de A B
Amostra
80S-11HH-9C 50S-41HH-9C
fosfogesso.
A perda de massa das Amostras A e B wot (%) 23,55 26,98
γd máx (kN/m3) 15,19 14,71
submetidas a ciclos de molhagem e secagem e
escovação, apresentram valores acumulados de Corpo de Prova CP1 CP2 CP1 CP2
16% e 14%, respectivamente. Esse resultado w obtida (%) 25,17 25,36 23,42 23,83
mostra que maiores teores de fosfogesso HH Variação wot (%) +1,20 +0,60 -3,56 -3,15
melhoram o comportamento da mistura em γd obtido (kN/m3) 15,04 15,01 14,70 14,51
GC (%) 99,0 98,8 99,9 98,7
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ganho de umidade pode resultar em redução da resistência mínima de 2,1 MPa aos 7 dias de cura
sucção e, consequentemente, na coesão entre as e após imersão. As normas de dosagem são
partículas, fato que reduz a resistência. utilizadas para determinação do teor ideal de
cimento que resulte na resistência requerida, sem
considerar outros critérios indicadores de
viabilidade do emprego em camada de
pavimento. Como o teor de cimento foi fixado, é
possível apenas a verificação da influência do
teor de fosfogesso, sendo que para atestar a
viabilidade técnica se faz necessária a análise de
outros parâmetros, como por exemplo o Módulo
Resiliente.
RESUMO: No trabalho de Silva (2017) constatou-se uma possível quebra de grãos em rejeito arenoso
de minério de ferro proveniente da Barragem do Fundão, em Mariana/MG, que se rompeu em 2015.
Com o objetivo de verificar a existência desse fenômeno foram realizados ensaios de adensamento
convencionais segundo a NBR 12007 (ABNT, 1990) e também ensaios de adensamento rápido, em
corpos de prova formados pelo rejeito da barragem, variando o teor de finos e as tensões aplicadas.
Por fim, foram determinados os índices de quebra relativa, Br, proposto por Hardin (1985), com o
objetivo de avaliar o potencial de quebra e o comportamento do material. Os resultados indicaram
que as porcentagens de quebra foram baixas para tensões de até 1.600kPa, que o maior valor de Br
ocorre para a fração com 50% de finos e que, para o rejeito natural com 34% de finos, a quebra de
grãos se inicia no intervalo entre 400 e 800 kPa.
3.3.2 Moldagem
Figura 3 - Corpo de prova na célula
REFERÊNCIAS
5 CONCLUSÕES
Afshar, T. et al. (2017). Changes to Grain Properties due
Avaliar o comportamento do rejeito em altas to Breakage in a Sand Assembly using Synchrotron
tensões, verificando também a quebra de grãos, Tomography, Powders & Grains, v.140.
se mostrou interessante já que as tensões atuantes Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR
no Dique 1 alcançariam cerca de 2600 kPa, 6457:1984 – Amostras de solo – Preparação para
devido a altura final prevista de 130m. ensaios de compactação e ensaios de caracterização.
Então, foram realizados ensaios de Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT). NBR
adensamento rápido em rejeitos com cinco 6508:1984 – Grãos de solo que passam na peneira de
frações de finos diferentes e foi verificado que a 4,8 mm - Determinação da massa específica
quebra é maior para a fração de 50%, o que difere Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT). NBR
do comportamento típico solos, no qual 7181:2016 – Solo – Análise Granulométrica.
materiais com grãos de diâmetro maior tendem a
ter rupturas de partículas mais elevadas como foi Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT). NBR
12007:1990 – Ensaio de adensamento unidimensional.
descrito por (GERSCOVICH, 2010). A provável
causa deste comportamento é a diferença entre Becker, L. D. B. (2017). Análises estatísticas de ensaios de
os minerais predominantes das duas frações. peneiramento com solos lateríticos para verificação de
quebra de grumos. Comunicação Pessoal,.
Verificou-se também que para o rejeito natural
(FC = 34%) a quebra começa a ocorrer a partir Coop, M. R. et al.(2004). Particle breakage during shearing
da tensão de 400 kPa e não se altera de maneira of carbonate sand, Géotechnique, v.54, n.3, p. 157-163.
significativa com o aumento da tensão até 3200 Gerscovich, D. M. S. (2010). ResistênciaaoCisalhamento,
kPa. Já para o rejeito com FC = 50%, a quebra FEUERJ – PGECIV,
começa a partir da tensão de 800 kPa.
Hardin, B.O. (1985). Crushing of soil particles,
Entretanto, como os resultados indicaram JournalofGeotechnicalEngineering, v.111, n. 10.
valores do índice Br reduzidos, conclui-se que o
rejeito foi pouco suscetível à quebra por Pinto, C. S. (2006).Curso Básico de Mecânica dos Solos
em 16 Aulas, 3ª ed., Oficina de Textos, São Paulo.
compressão unidimensional nas tensões
estudadas, tensões estas maiores que aquelas Rafael, H.M.A.M. (2012). Análise do potencial de
atuantes em campo. Cabe ressaltar, que valores liquefação de uma barragem de rejeito. Dissertação de
M.Sc., Puc-Rio, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
de Br próximos a 1% são muito imprecisos, não
garantindo que realmente houve quebra. Rezende, V. A. (2013).Estudo do comportamento de
BECKER (2017) estudou a quebra de grumos barragem de rejeito arenoso alteada por montante.
Dissertação de M.Sc., NUGEO/UFOP, Ouro Preto,
de um solo laterítico e verificou que valores de MG, Brasil.
Br abaixo de 1,1% não apresentam significado
físico, podendo representar apenas a Sadrekarimi, A.; Olson, S. M. (2010). Particle damage
variabilidade inerente do procedimento de observed in ring shea rtests on sands. Can. Geotech,
v.47, p. 497-515.
execução.
Silva, C. G. C. (2017). Estudo Da Influência Do Teor De
Finos No Comportamento De Um Rejeito De Minério
De Ferro A Partir De Ensaios Edométricos. Projeto de
Graduação – POLI/UFRJ.
RESUMO: Este trabalho tem o intuito de analisar o comportamento da mistura de solo natural de
predominância arenosa com adição de 20% de pó de pedra. Para isso, realizaram-se ensaios
laboratoriais como granulometria, densidade real, compactação e Índice de Suporte Califórnia
(ISC). Para o solo executou-se os ensaios de granulometria por peneiramento, densidade real,
compactação na energia intermediária e ISC. Já para o pó de pedra realizou-se o ensaio de
granulometria para agregados e para a amostra solo com pó de pedra o ensaio de compactação e
CBR. A mistura solo- pó de pedra apresentou umidade ótima de 7,52%, um peso específico
aparente seco máximo de 1,78 gf/cm³ e capacidade de suporte de 7,02% contra 7,56% e 1,56 gf/cm³
para a amostra de solo natural. O pó de pedra apresentou baixa melhoria na capacidade de suporte
desse solo, sendo indicada sua utilização para misturas com solos em projetos que exijam um valor
de suporte mínimo.
PALAVRAS-CHAVE: Pó de pedra, Estabilização, Solo arenoso, Comportamento.
1 INTRODUÇÃO gerados.
Além disso, segundo Valverde (2001),
O setor da construção civil embora com uma embora seja um produto de baixo valor unitário,
retração de 16,5% no ano de 2015 comparado os agregados constituem-se em um importante
ao ano anterior segundo a Pesquisa Anual da indicador da situação econômica e social.
Indústria da Construção (PAIC) e divulgada Enquanto nos Estados Unidos consomem
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e anualmente por habitante cerca de 7,5 toneladas
Estatística (IBGE), ainda tem grande de agregados e a Europa Ocidental, de 5 a 8
representatividade no PIB nacional, um toneladas por habitante por ano, no Brasil o
mercado a qual requer um número expressivo consumo se encontra um pouco acima de 2
de mão de obra, com grande consumo de toneladas. A consequência do consumo baixo
insumos e materiais, está diretamente de uma matéria prima barata, está diretamente
correlacionado a economia e desenvolvimento ligada a uma malha rodoviária que não suporta
local. Entretanto, mesmo com os incentivos de a demanda crescente, e que por consequência,
políticas públicas relacionadas a meio ambiente, os custos de transporte representam um grande
ainda tem-se um grande impacto ambiental valor significativo. O consumo da cidade mais
relacionado à produção de resíduos de desenvolvida do país, São Paulo, por exemplo,
pedreiras, sendo reconhecida a dificuldade em chega a 4,5 toneladas por habitante por ano,
se realizar a deposição correta desses resíduos enquanto que cidades como Fortaleza e
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Salvador não atingem 2 toneladas por habitante uma coesão dos seus grãos, sendo um solo
por ano. considerado estabilizado naturalmente quando a
sua granulometria obedece à curva
correspondente aos solos bem graduados.
2 ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS Esses processos podem ser classificados,
segundo Kezdi (1979) apud Nunez (1991) em
Um dos problemas enfrentados atualmente três categorias especiais: métodos mecânicos,
pelos engenheiros rodoviários é a escassez de onde processos que promovem ao solo
materiais adequados para o uso em camadas de estabilidade sem a mistura de aditivos. Assim,
base e sub-base de pavimentos, ou seja, que as propriedades do solo podem ser melhoradas
apresentem características que atendam às por compactação, drenagem e/ou pela mistura
especificações vigentes. Dessa forma, surge de diferentes tipos de solos. Métodos físicos, a
como alternativa para solucionar este problema qual reações físicas que conduzem à
a utilização de técnicas de estabilização que estabilização mudança de temperatura, a
confiram ao solo compactado a capacidade de hidratação, evaporação e adsorção, e métodos
suporte necessário a projetos de infraestrutura e químicos, quando reações químicas que
pavimentação (Araújo, 2009). proporcionam à estabilização do solo a troca de
Com denominação de estabilização de solos, íons, a precipitação, a polimerização e a
essas técnicas têm por objetivo melhorar a oxidação. Como pode ser visto também
resistência mecânica, diminuir a conforme a Figura 1:
deformabilidade e reduzir a possibilidade de
amolecimento em presença da água através da
ligação entre as partículas ou controlando a Compactação
presença da água. Os processos mais simples de Vibroflutuação
estabilização são a compactação e a drenagem, Estabilização Compactação dinâmica
Compactação com explosivos
Estabilização de Solos
propriedades do solo no estado natural, grãos médios, e os vazios desses grãos pelos
propriedades desejadas para o solo estabilizado grãos menores, reduzindo a permeabilidade,
e executados no solo após a estabilização resistência e o seu peso específico (Pinto,
(Nuñez, 1991). 2002). Alguns processos de cálculo são
dispostos para facilitar e aperfeiçoar esta
2.1 Estabilização Mecânica técnica, sendo mais utilizados o método das
tentativas, o método analítico e o de Rothfuchs.
Trata-se do método mais utilizado e mais antigo (Senço, 2007).
na construção de estradas. Por aplicação de uma Segundo Caputo (1988) um solo é
energia de compactação aplicada ao solo, considerado estabilizado naturalmente quando
diminuem-se os vazios, tornando-os mais sua curva granulométrica é similar a uma curva
resistentes aos esforços externos, alterando-se a de solos bem graduados. A relação entre as
compressibilidade e a permeabilidade, podendo frações granulométricas presentes no solo
ser realizado individualmente ou em conjunto influenciam diretamente no seu comportamento.
com outros métodos de estabilização. Este Solos com pouco finos possuem estabilidade a
método visa à melhoria das características dos partir do contato grão a grão, tem baixa
solos através da organização das suas partículas densidade, permeabilidade elevada e
sólidas e/ou recorrendo a correções da sua trabalhabilidade difícil. Os solos que possuem
composição granulométrica (Medina e Motta, finos suficientes para preencher os vazios
2005; Cruz e Jalali, 2010). apresentam alta densidade, baixa
A estabilização mecânica por compactação permeabilidade, moderada dificuldade de
refere-se ao processo de tratamento de um solo compactação e resistência ao cisalhamento
com a finalidade de minimizar sua porosidade relativamente alta. Já os solos que possuem
pela aplicação de sucessivas cargas, grande quantidade de finos possuem baixa
pressupondo que a redução de volume de vazios densidade, são considerados impermeáveis,
está diretamente relacionada ao ganho de porém com boa trabalhabilidade (Das, 1999;
resistência mecânica. (Santos et. al, 1995). Esta Pinto, 2002).
densificação é utilizada em todas as camadas do
pavimento, sejam estas estabilizadas por outro 2.2 Estabilização Física
processo ou não, e realizada por meio de
equipamento mecânico, geralmente um rolo Quando as características de estabilidade não
compactador, embora, em alguns casos, como podem ser obtidas mecanicamente, ou quando
em pequenas valetas, até soquetes manuais são necessários elevados valores da resistência e
possam ser empregados (Pinto, 2002). rigidez de um solo, é válido considerar métodos
Além disso, a estabilização mecânica por alternativos de estabilização. Neste caso
correção granulométrica engloba as melhorias recorre-se normalmente a aditivos como o
induzidas em um solo pela mistura deste com cimento ou a cal, ou a tratamentos especiais que
um ou mais solos que possibilitem a obtenção envolvam reações físicas capazes de modificar
de um novo produto com propriedades as propriedades do solo (Cristelo, 2001).
adequadas para determinados fins de engenharia Na estabilização física as propriedades dos
(Santos et. al, 1995). solos são alteradas através do uso do calor ou da
A estabilização granulométrica tem em vista aplicação de um potencial elétrico. Estes
adequar a distribuição das diversas porções de tratamentos são a estabilização térmica e a
diâmetro de partículas no solo (Wallau, 2004) estabilização por electro-osmose, que de uma
visando a melhor distribuição das porções de forma são pouco viáveis economicamente,
diferentes tamanhos, fazendo com que os vazios sendo normalmente utilizados apenas quando
dos grãos maiores sejam preenchidos com os algum tipo de dificuldade impede o uso de
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3 PÓ DE PEDRA
Segundo Duarte (2013), na bibliografia Figura 2. Fluxograma do processo produtivo (Iramina et.
encontram-se diferentes nomenclaturas para o al, 2009)
resíduo pó de pedra, como: pó de brita, areia
artificial, finos de pedreira, finos de pedra É importante esclarecer que não existe um
britada, finos de britagem e até areia clonada, processo padrão para a realização das etapas da
sendo o pó de pedra a nomenclatura mais britagem, podendo existir apenas a britagem
utilizada. Também há diferenças quanto à primária, como também a britagem secundária e
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assim sucessivamente, podendo até atingir a mais suas dimensões (Figueira et. al, 2010).
britagem quaternária. De forma geral, a britagem terciária é o
Os processos iniciais envolvem o último estágio de britagem, sendo possível
desmatamento e decapagem, basicamente a encontrar usinas com mais de três estágios de
preparação da jazida para a extração do acordo com a necessidade.
material. No processo de desmatamento e A produção de uma pedreira se divide em
decapagem do terreno é efetuada a limpeza cinco produtos, brita 3 (25,0 mm a 38,0 mm),
utilizando máquinas e caminhões com intuito de brita 2 (19,0 mm a 25,0 mm), brita 1 (9,5 mm a
remoção da camada superficial, vegetação e 19,0 mm), brita 0 (4,8 mm a 9,5 mm), e finos de
solo orgânico existente no local, sendo o solo britagem (material de dimensões inferiores a 4,8
arável aproveitado para recuperação da área mm), denominados de areia artificial ou pó de
degradada (Koppe e Costa, 2009). A fase de pedra, dentre outros nomes (Faganello, 2006). O
preparação do terreno é delicada, pois pó de pedra é resíduo de britas menores que 4,8
dependendo do modo a qual é executado pode mm, e representam, em massa, cerca de 20% do
gerar uma superfície irregular dificultando as material processado nas pedreiras (Mendes,
primeiras operações de perfuração e desmonte 1999), o que corresponde a uma geração de
(Figueira et. al, 2010). 18,62 milhões de toneladas em 2000, conforme
Após o processo de preparação, dar se início dados de Valverde (2001).
ao processo de desmonte através das Porém, o seu aproveitamento na construção é
perfurações. Segundo Koppe e Costa (2009), ainda limitado, e por esta razão os finos são
perfurações são furos realizados com estocados em pilhas nos pátios das pedreiras,
perfuratrizes rotativas na berma da bancada, que contribuindo para alteração da paisagem,
serão posteriormente carregadas com explosivos causando impactos ambientais, obstrução de
seguindo um plano de fogo. Este processo é canais de drenagem, geração de poeira nas
realizado por profissionais especializados e operações de britagem e formação de pilha
habilitados pelo Ministério do Exército, (Gonçalves, 2005). Em função da dificuldade
chamados de blasters, que realizam o em se comercializar toda a produção deste
carregamento com explosivo e posterior sua material devido à pequena procura, o pó de
detonação. A rocha desmontada é então pedra acaba sendo estocado em grandes pilhas
transportada utilizando pá carregadeiras, como em áreas adjacentes às pedreiras, trazendo
também caminhões fora de estrada, caminhões impactos ambientais como pode ser visto na
basculantes, que carregam o material da mina Tabela 1 (Faganello, 2006).
até a britagem primária.
A britagem primária possui britadores de
grande porte, com capacidade máxima de
alimentação de 1000 mm e produção de 100
mm, operando em circuito aberto, sem o
descarte da fração fina e com razão de redução
em torno de 8:1. Para esta etapa, são utilizados
britadores do tipo mandíbula, giratório, de
impacto e rolos dentados. Em seguida ao
processo de trituração da britagem primária,
ocorre a britagem secundária, onde, de forma
geral, o termo é aplicado para todo o processo
posterior à primária. Esse processo tem com
função, na maioria dos casos, a redução da
granulometria do material, diminuindo ainda
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coleta de solo localizado na cidade de Fortaleza pedregulho, areia grossa e silte e argila. Com os
- CE, mais precisamente próximo à obra da valores obtidos do que ficou retido em cada
construção do Templo de Fortaleza, no bairro peneira, determina-se a curva granulométrica do
Dunas, como pode ser visto na Figura 3, a qual solo em estudo, como pode ser visto na Figura
ilustra melhor a localização de onde se procede 4.
à retirada do material.
Passados quatro dias com as amostras Assim, para esse tipo de solo definido como
submersas, ambas não obtiveram variação da fragmentos de pedras, pedregulho fino e areia,
expansibilidade, permanecendo em 0%. Já em A – 3, segundo classificação HRB, se torna
relação à penetração, a amostra de solo obteve viável a adiçao do pó de pedra para aplicação,
7,56% como o valor do ISC. A amostra com por exemplo, em camada de subleito e reforço
20% de adição do pó obteve 7,02% como valor do subleito, segundo especificações do DNIT
do ISC, de acordo com a Figura 9. (2006) em obras de pavimentaçao.
Contribuindo, assim, com que esse rejeito tenha
uma utilizaçao sustentavel ao invés de causar
impactos ambientais quando permanecido em
estoque a céu aberto em pedreiras.
Entretanto, é necessário que os estudos
continuem pela busca por alternativas e
materiais que possibilitem o aumento da
eficiência dos solos representa grande ganho
ambiental e no âmbito da engenharia,
mostrando que a cada dia é possível a
Figura 9. Comparativo entre o resultado do ensaio de
ISC.
reutilização de materiais como forma de auxílio
nas características do solo.
Assim, ambos os valores são possíveis de
aplicação em terraplenagem, visto que segundo
o DNIT (2009), para o uso do material é AGRADECIMENTOS
necessário o material conter um ICS maior ou
igual a 2 e uma expansibilidade menor ou igual Agradecemos ao Instituto Federal de Educação,
a 4%. Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE pela
permissão para realização dos ensaios. E a todos
que estiveram envolvidos direta ou
6 CONCLUSÃO indiretamente.
4,00
3,50
2,00 RBC: 25
1,50 5% 20 Teor de
1,00 15 RBC:
10%
0,50 10
0,00 20% 5 5%
0
10%
20%
Figura 7. Corpos de prova com 5% e 10% de resíduo, aos O ensaio de Índice de Suporte Califórnia foi
210 dias.
realizado para o solo puro e para a mistura de
teor de 20% de RBC, visto que com 210 dias de
Ressalta-se, também, que aos 7 dias
cura obteve uma maior resistência à
nenhuma mistura mostrou ganho de resistência
compressão. Como explicado nos métodos, este
quando comparado ao solo natural. Isso
ensaio foi feito a fim de verificar se sua
aconteceu pois o solo natural foi compactado
expansão foi alterada e se houve melhorias na
em uma umidade inferior à ótima, apresentando
capacidade de suporte da mistura.
assim maior resistência quando submetido à
Na Tabela 4 pode-se verificar os dados
compressão, e essa divergência na preparação,
obtidos de ISC e expansão para o solo natural e
relacionada à quantidade de água, deve ser
solo melhorado com resíduo.
considerada.
Foram aferidos os teores de umidade após a Tabela 4. Resultados de ISC e expansão.
ruptura e, consequentemente, após o período de
Materiais ISC (%) Expansão (%)
cura, no caso das misturas, os quais estão
Solo 1,07 1,42
apresentados na Figura 8. Dessa forma,
Solo + 20% RBC 223,50 0,03
analisando os resultados, as misturas que
apresentaram maior resistência foram aquelas
com menores teores de umidade, para 28 e 210 Conforme os parâmetros especificados no
dias, tempos de cura nos quais a maior parte das Manual de Pavimentação do DNIT (2006), para
o solo puro ser aplicado como base deve possuir
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ISC > 80% e expansão < 0,5, já para sub-base, neste caso, o Módulo de Resiliência é mais
ISC >20% e expansão <1%. Sendo assim, conveniente para se avaliar melhor o
apenas o solo melhorado atende a esses comportamento das misturas. Neste trabalho,
requisitos. Apesar de a RCS ser o parâmetro de foi realizada apenas uma correlação entre o
avaliação do solo melhorado, é nítido o Módulo de Resiliência e o CBR, cabendo uma
aumento da capacidade de suporte do solo com posterior realização de ensaios triaxiais de carga
adição de resíduo em relação ao solo puro e a repetida para verificação dos resultados.
diminuição da expansão, apontando um melhor Atentando-se ao fato que esta pesquisa teve
comportamento do solo e estimulando o uso do como objetivo verificar o comportamento da
resíduo de bloco de concreto. mistura como uma alternativa para o descarte de
blocos de concreto que não seriam utilizados e
3.4 Correlação entre CBR e Módulo de como uma perspectiva favorável ao meio
Resiliência ambiente, a utilização do teor de 20% de
resíduo se mostra interessante. Isso se
O dado colhido do ensaio de CBR para o solo comprova por apresentar o melhor
natural e para mistura pode ser utilizado para o comportamento de capacidade de suporte e de
cálculo do módulo de resiliência conforme a resistência à compressão, sendo este crescente
Equação 1. Os resultados obtidos dos cálculos em relação ao tempo até 210 dias, quando
foram 39,77 MPa para o solo natural e 1530,05 comparado ao solo natural, além da destinação
MPa para a mistura solo-resíduo. de maior quantidade de resíduo que seria
Apesar de não ter uma correlação efetiva simplesmente descartada e não aproveitada.
para CBR e MR, uma vez que o CBR considera
a ruptura do material por deformação
permanente excessiva e o MR considera baixas AGRADECIMENTOS
deformações elásticas, os cálculos realizados
por meio de correlação é um ponto de partida Os autores agradecem ao Grupo de Pesquisa
para um dimensionamento estrutural através de INFRAGEO – Infraestrutura de Vias Terrestres
métodos mecanísticos-empíricos. e Obras Geotécnicas por todo apoio.
4 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS
A adição de resíduos de blocos de concreto ao Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
solo analisado, um solo silto argiloso e 6457:2016. Amostras de solo – Preparação para
ensaios de compactação e ensaios de caracterização.
classificado ruim para o uso na pavimentação, São Paulo.
possibilitou uma notável melhoria da resistência Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
à compressão. A mistura se apresenta viável 6459: 1984. Determinação do Limite de Liquidez. São
para utilização em reforço de subleito, aterros Paulo.
aplicados também à pavimentação, entre outras Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
6508: 1984. Ensaio de Massa Específica dos Grãos.
situações, porém não alcançou os requisitos São Paulo.
necessários para as camadas de base e sub-base, Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR
de acordo com normas específicas vigentes, 7180:1984. Determinação do Limite de Plasticidade.
como a DER/PR ES-P 11/05, para solos Rio de Janeiro.
tratados com cimento para essa aplicação. Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
7181:1984. Análise Granulométrica. Rio de Janeiro.
É importante salientar que todas as análises Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
foram feitas a partir de ensaios estáticos, 7182:1984. Ensaio de Compactação. São Paulo.
diferente da situação real de camadas de Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR
pavimentos, em que a solicitação é dinâmica, e, 12770:1992. Solo Coesivo. Determinação da
Resistência à Compressão não Confinada. São Paulo.
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Yohan Casiraghi
Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo/RS, Brasil, yohancasi@hotmail.com
RESUMO: Esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de analisar o acréscimo na capacidade de
suporte do solo arenoso tratado com solução biocimentante e heterogeneidade das amostras de solo.
Foram moldados corpos de prova cilíndricos, e fez-se uso dos ensaios de ultrassom e compressão
simples para verificar o acréscimo na capacidade de carga e heterogeneidade da cimentação.
números, após esta etapa deu-se início o sorteio, compressão, a velocidade média e o desvio
sendo os primeiros sete bilhetes retirados os padrão, obteve-se os seguintes resultados
escolhidos para este ensaio. Com isso, os CP’s 2189,67 m/s e 159,45 m/s, respectivamente.
escolhidos para este ensaio foram os seguintes: Deste modo, o coeficiente de variação resultou
CP 1, CP 2, CP 5, CP 6, CP 8, CP 9, CP 10. em 7%. Assim pressupõe-se que os corpos de
Após sorteio, os corpos de prova prova não apresentavam imperfeições e, devido
destinados ao ensaio de compressão simples ao coeficiente de variação ser menor que o
foram capeados com nata de cimento. Passadas maximo estipulado de acordo com a
24 horas do capeamento, deu-se inicio ao metodologia, que é de 20%. Portanto, todos os
processo de saturação das amostras dispondo-as corpos de prova estão aptos a serem submetidos
em um recipiente de modo que os CP’s aos ensaios de compressão simples.
permanecessem submersos em água por 24
horas.
Durante o processo de saturação
identificou-se pequenas perdas de solo nas
regiões dos corpos de prova em que a
cimentação alcançou menor grau.
Onde:
G: Módulo de cisalhamento (Pa)
γn: Densidade natural do solo (kg/m³)
V: Velocidade das ondas (m/s)
REFERÊNCIAS
RESUMO: A substituição parcial ou total do solo natural em obras geotécncias por lodo de estação
de tratamento de água (ETA) pode ser uma alternativa promissora. Mesmo após desaguamento, o
lodo apresenta elevado teor de umidade, dificultando sua reutilização. A cal é utilizada para reduzir
a plasticidade e melhorar a trabalhabilidade de solos muito plásticos. O tratamento do lodo com cal
pode ser uma estratégia promissora para a sua reutilização. O objetivo deste trabalho é caracterizar
geotecnicamente misturas de lodo e cal em diferente umidades e proporções. Os resultados dos
ensaios de limites de liquidez, limite de plasticidade, densidade dos grãos e granulometria indicam
que o tratamento do lodo com cal reduz sua plasticidade à medida que o teor de cal aumenta,
melhorando sua trabalhabilidade. Adicionalmente, o lodo passa a apresentar comportamento
semelhante a dos solos naturais quando a relação umidade final e teor de cal estiver em torno de 0,6.
dois estágios: um processo rápido (minutos a plasticidade e umidade em torno de 240% (após
dias, podendo atingir meses), no qual há uma o processo de centrifugação da ETA Cubatão). A
melhora na plasticidade e trabalhabilidade do densidade dos grãos é proxima à encontrada para
material, mas é desenvolvida pouca resistência, solos lateríticos, possivelmente também
e um processo lento (semanas a anos) em que há influenciada pela presença de cloreto férrico. A
um aumento de resistência com a formação de composição mineralógica está de acordo com a
produtos cimentantes. A resistência dos solos geologia local predominantemente composta
estabilizados com cal aumenta ao longo do por granitos e gnaisses. Além dessas
tempo de cura e também com o aumento do teor características o lodo Cubatão apresenta
de cal (Boscov, 1990). Além disso, quando comportamento tixotrópico (Tsugawa et al.,
estabilizados com cal, solos argilosos sofrem um 2017).
aumento da permeabilidade e a velocidade de
expansão e contração é reduzido ao longo do Tabela 1. Caracterização do lodo Cubatão.
tempo (Loch, 2013). Lote 1(a) Lote 2(b)
Tipo Propriedade
(04/2015) (02/2016)
O objetivo deste trabalho é caracterizar
Composição
geotecnicamente misturas de lodo de ETA e cal Fe2O3 46,0% 47,5%
em diferente proporções, visando avaliar sua SiO2 18,3% 18,6%
aplicação em obras geoténicas. Foram realizados Al2O3 8,9% 10,1%
ensaios de limite de liquidez, limite de Perda ao fogo
Química 22 19
plasticidade, densidade dos grãos e (%)
granulometria, analisando a influência do teor de Matéria
26 -
cal e da umidade inicial do lodo sobre os Orgânica (g/kg)
parâmetros analisados. CTC
255,2 -
(mmolc/kg)
pH (em H2O) 7,2 -
2 MATERIAIS E MÉTODOS Granulometria
Argila 69,4% 68,0%
2.1 Lodo Silte 25,7% 18,0%
Areia
4,7% 14,0%
fina
O lodo utilizado neste trabalho foi gerado
Areia
durante a lavagem dos decantadores e filtros da média e
0,2% 0,0%
ETA de Cubatão, São Paulo, durante o período grossa
Geotécnica
de 23/05 a 29/05/17 (denominado Lote 6). A Densidade
ETA Cubatão utiliza o cloreto férrico como 2,85 – 2,95
específica dos 2,97
coagulante e gera cerca de 70 t/dia de lodo grãos (g/cm³)
Limite de
férrico, aqui denominado lodo Cubatão. O lodo 239% 170%
liquidez (LL)
Cubatão foi coletado diretamente na saída das
Limite de
centrífugas de desaguamento, apresentando plasticidade
81% 71%
cerca de 30% de concentração de sólidos. (LP)
Amostras do lodo Cubatão, coletados em duas Quartzo
Quartzo
datas distintas, foram caracterizadas química, Mineralógica Composição
Goetita
Goetita
geotécnica, e mineralogicamente (Tabela 1). O Muscovita
Muscovita
lodo Cubatão é composto por ferro, sílica e (a) Caulinita
amostra coletada em abril de 2015. Adaptado de
alumínio. O elevado teor de ferro é devido,
Montalvan (2016).
provavelmente, à presença de cloreto férrico (b) amostra coletada em fevereiro de 2016. Adaptado de
usado no tratamento da água bruta. Trata-se de Tsugawa et al. (em elaboração).
material fino composto em sua maioria por - dado não analisado.
partículas na fração argila com elevada
2.2 Cal
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Utilizou-se na pesquisa uma cal cálcica da marca As misturas lodo-cal foram realizadas em um
Tradical tipo CH-I produzida pela Mineração misturador planetário por 5 minutos. A Tabela 3
Belocal – Lhoist do Brasil, localizada em São apresenta uma síntese das misturas investigadas.
José da Lapa, Minas Gerais. A Tabela 2
apresenta os resultados da caracterização Tabela 3. Misturas realizadas.
química e geotécnica da cal. Teor de Teor de
umidade cal (massa
Nomenclatura
inicial seca)
Tabela 2. Caracterização da cal
(%) (%)
70 Lodo (w = 160%) + 70% cal
Tipo Propriedade 160
140 Lodo (w = 160%) + 140% cal
70 Lodo (w = 240%) + 70% cal
240
68,0% - CaO 140 Lodo (w = 240%) + 140% cal
Composição
0,353% - MgO
Química
Perda ao fogo
30,3 2.4 Cura
(%)
pH (em H2O) 12,7
Predominante- Para que seja possível avaliar o efeito da cura
Granulometria sobre as propriedades geotécnicas estudadas
mente silte
Densidade neste trabalho, as misturas lodo-cal, formuladas
específica dos 2,47 e misturadas conforme o item anterior, foram
grãos (g/cm³) ensaiadas após cura de 7 dias além daquelas
Geotécnica
Limite de ensaiadas imediatamnte após a mistura.
66%
liquidez (LL) A cura ocorreu em câmara úmida sob
Limite de temperatura constante de 25°C e umidade de
plasticidade 45%
(LP) 95% ± 5%.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados do ensaios de limites de Atterberg 3.1.3 Umidade Final e Densidade dos Grãos
e do índice de plasticidade (IP) são mostrados na
Tabela 6. De acordo com o USCS, as misturas As Tabelas 7 e 8 mostram, respectivamente, a
são classificadas como silte de alta umidade final e a densidade dos grãos de cada
compressibilidade (MH), assim como o lodo mistura em dois tempos: imediatamente após a
Cubatão. mistura e após 7 dias de cura. Todos os ensaios
Tabela 6. Limites de Attenberg. foram realizados em triplicatas.
LL LP IP
Mistura
(%) (%) (%) Tabela 7. Umidade Final (%).
Lodo (w = 160%) + 70% cal 92 66 26 Tempo de Cura
Lodo (w = 160%) + 140% cal 61 49 12 Mistura (dias)
0 7
Lodo (w = 240%) + 70% cal 106 75 31
Lodo (w = 160%) + 70% cal 98,5 98,4
Lodo (w = 240%) + 140% cal 86 65 21 Lodo (w = 160%) + 140% cal 60,1 59,5
Lodo (w = 240%) + 70% cal 141,2 138,2
Analisando a Tabela 6, observa-se que tanto o Lodo (w = 240%) + 140% cal 99,0 97,0
LL quanto o LP diminuem com o acréscimo do
teor de cal, fato também observado no trabalho Observa-se que com o aumento do teor de cal
realizado por Lim et al. (2002). Além disso, nota- ocorre tanto a diminuição da umidade quanto da
se que o IP diminui com o acréscimo do teor de densidade específica dos grãos. A diminuição da
cal e aumenta com o aumento da umidade inicial. umidade é consequência do aumento do teor de
A partir da relação entre a umidade inicial do sólidos imposto pela presença da cal. Já a
lodo e o teor de cal, conforme a equação 1, diminuição da densidade deve-se ao acréscimo
obtém-se uma boa correlação (R2=0,97) para o de um material de menor densidade às misturas.
IP, conforme apresentado na Figura 2. Observa-se também que a densidade dos grãos
não é influenciada pela mudança da umidade
w i umidade inicial do lodo (%) inicial do lodo. Por outro lado, o aumento da
(1)
tc teor de cal (%) umidade inicial do lodo provoca um aumento da
umidade final das misturas, conforme esperado.
35 O tempo de cura parece causar uma
redução da umidade final, maior para o lodo de
30
240% de teor de umidade (redução proporcional
25 da ordem de 2%). A densidade dos grãos
20 diminuiu para 70% de cal e aumentou para 140%
IP (%)
(tc), conforme a equação 3. As curvas obtidas e ABC) na umidade final e densidade dos grãos
apresentaram uma boa correlação (equações 4 a (Tabelas 9 e 10, respectivamente).
6). F0, dado pela equação 7, corresponde a um
valor da Distribuição F e P-valor é a
wf umidade final do lodo (%) probabilidade de F0 ser maior do que Fn1,n2
0,14
(3)
tc teor de cal (%) elevado a 0,14 (equação 8). Se P-valor for menor do que 5%,
então o fator é significante.
O valor do expoente igual a 0,14 corresponde
ao maior coeficiente de correlação possível para MQFator
F0 (7)
os dados. MQerro
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para uso em aterros sanitários. Anais do VII Congresso
Brasileiro de Geotecnia Ambiental e VI Simpósio
Brasileiro de Geossintéticos REGEO/Geossintéticos
2011. Belo Horizonte.
Roque, A. J.; Carvalho, M. (2006). Possibility of using the
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RESUMO: O processo de obtenção de ouro gera rejeitos que são filtrados e colocados em
terraplenos com alturas até de 50 m. Estes materiais perdem as propriedades originais apresentando
baixa ou nula coesão sendo os taludes vulneráveis com deslizamentos na fase exposta e trincamento
interno sob fortes mudanças de temperatura. Geosintéticos planares podem gerar planos de fraqueza
entre as camadas enrijecidas pela compactação, enquanto que fibras discretas provocam uma melhor
redistribuição das tensões dentro da matriz. O presente trabalho analisa o comportamento mecânico
de um rejeito de minério de ouro reforçado com fibras de polipropileno mediante ensaios de
cisalhamento direto convencional e de plano cisalhado com superfície polida sob condição inundada
utilizando tensões normais verticais de 25, 50, 100, 200 e 400 kPa. O teor de fibras foi 0,5 % do
peso seco da matriz. Os resultados mostram um comportamento tensão-deslocamento bi-linear do
rejeito sem reforço, o reforço reduz a bi-linearidade conseguindo uma resposta mais homogênea do
material, incrementa o ângulo de atrito máximo e residual e muda a tendência volumétrica
contrativa para dilatante. O uso do reforço é recomendável em zonas críticas e manutenção de
aterros deste rejeito afetados por deslizamentos fornecendo melhores caraterísticas de resistência.
Os monofilamentos de polipropileno
apresentam-se em forma de pequenos pacotes
de fibras que são desfiadas para se misturar com
a matriz de rejeito. O teor de fibra utilizado é
0,5% do peso seco do rejeito e este valor foi
adotado devido que na literatura se apresenta
como o um teor ótimo para reforço de solos
(Anagnostopoulos et al, 2013). No processo de
mistura é importante uniformizar as camadas de
rejeito-fibra, para assegurar uma boa
distribuição que gere um material homogêneo, Figura 2. Análises MEV: Interação fibra-rejeito de ouro
para tal fim se deve evitar que as fibras entrem
em contato e formem pelotas. As caraterísticas
das fibras se mostram na tabela 3.
3 ESTUDO EXPERIMENTAL
3.2 Equipamento e Instrumentação
3.1 Moldagem dos corpos de prova
O equipamento de cisalhamento direto utiliza
um motor elétrico que impulsa as engrenagens
A pesagem das fibras e do rejeito de ouro foi
responsáveis da taxa de deslocamento.
feita em balanças de precisão de 0,001 g. e 0,01
Seguindo as recomendações de Head (1998)
g. respectivamente.
utilizando os dados do adensamento a taxa de
O processo de mistura consistiu em colocar
deslocamento calculada foi de 0,06 mm/min.
primeiro uma camada fina de rejeito e acima
A instrumentação baseou-se em um anel de
fibras desfiadas manualmente para finalizar
carga instrumentado de 500 kg de capacidade -
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4 RESULTADOS E ANALISES
final do ensaio. Note-se que o comportamento mostram que esta relação deve estar como
da matriz é diferente e depende do nível de mínimo entre 10 e 100 para ativar a interação
tensão vertical aplicada. Em nenhum caso fibra-matriz, e no caso especifico das fibras de
reforçado se apresentou tensão de pico. polipropileno a eficiência é dada quando Lf /Df
No ensaio de plano cisalhado com superfície > 500, neste caso Lf /Df = 800, portanto
polida (Fig. 5), não existe tensão de pico adequada. De igual maneira, mostraram que na
obviamente porque o material já foi cisalhado relação com o diâmetro dos grãos da matriz
mas existe uma maior resistência ao (D50) o rendimento das fibras de polipropileno é
cisalhamento quando o rejeito é reforçado. maximizado aproximadamente quando Lf /D50 >
16, sendo neste caso o valor de Lf /D50=1600.
4.2 Perda da Rigidez inicial Estas relações são importantes porque mostram
que os grãos de rejeito podem ocupar os
A matriz possui uma capacidade limitada para espaços vazios que existem perto da superfície
suportar a energia de deformação gerada pelo da fibra sob um adequado nível de tensão.
deslocamento horizontal da caixa de ensaio.
A matriz apresenta inicialmente uma rigidez
que diminui com o deslocamento, portanto, a
perda total da rigidez inicial é um indicativo
direto do início da ruptura da matriz.
Na figura 6, se apresenta a evolução da perda
de rigidez inicial na matriz sem reforço e
reforçada. Quando a tensão vertical normal é
aplicada, as fibras ocupam os espaços vazios da
matriz fazendo-a mais densa, mas quando a
tensão vertical é baixa, as fibras não ocupam
completamente estes espaços não interagindo
profundamente com a matriz, produzindo um
efeito adverso, as fibras geram mais vazios
devido que evitam o contato entre grãos de
rejeito, impedindo um maior adensamento da Figura 6. Evolução da perda de rigidez inicial sem
matriz. reforço
Nota-se esse comportamento na tensão de 25
kPa na Figura 7, a matriz sem reforço perde o
95% da rigidez inicial em 5 mm enquanto que a
matriz reforçada em 3 mm. Em tensões maiores
note-se que a adição de fibras evita uma rápida
perda da rigidez inicial.
Os deslocamentos mínimos para alcançar
diferentes valores em porcentagem da perda de
rigidez inicial do rejeito sem reforço e reforçado
são apresentados na tabela 4, claramente o
efeito da fibra é favorável à matriz de rejeito de
minério de ouro.
A eficiência do reforço também pode ser
antecipada pela relação entre o comprimento
(Lf) e o diâmetro da fibra (Df) chamada relação Figura 7. Evolução da perda de rigidez inicial reforçado
de aspecto (Lf/Df), Diambra e Ibraim (2015)
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Tabela 4. Perda da Rigidez inicial devido que em tensões altas existe um arranjo
Porcentagem de Sem distinto dos grãos durante o adensamento. Este
Perda Reforço Reforçado
(%) (mm) (mm)
comportamento bi linear é reduzido quando o
25 1,0 1,0 rejeito é reforçado.
50 1,0 1,0 Em ambos trechos da envoltória existe um
75 2,5 3,0 incremento na resistência dado pela adição de
100 6,0 9,2 fibras de polipropileno. Na envoltória, separada
em trechos de (1) baixas e (2) altas tensões, o
4.3 Parâmetros de Resistência acréscimo no ângulo de atrito é de 36,6º para
41,9º no trecho (1) e de 23,5º para 43,8º no
Nas figuras 8(a) e (b) são apresentadas as trecho (2), um incremento significativo de 15%
envoltórias de resistência dos ensaios e 86%, respectivamente. O intercepto coesivo
convencional e de plano cisalhado com da envoltória total apresentou-se um decréscimo
superfície polida, respectivamente. Quando não de 5,6 para 4,8 kPa, mostrando que para valores
se apresenta tensão cisalhante de pico, adotou- máximos de tensão as fibras interrompem o
se o critério de De Campos e Carrillo (1995) contato grão-grão de rejeito impedindo o
onde se assume que a ruptura é alcançada desenvolvimento da coesão aproximadamente
quando a curva tensão-deslocamento atinge uma em um 15%.
inclinação constante ou nula. No ensaio de plano cisalhado com superfície
polida (Fig. 8b), o intercepto coesivo zero da
matriz confirma a não continuidade da estrutura
do rejeito, não existe bi linearidade e permanece
o incremento da resistência pelo acréscimo do
ângulo de atrito de 29,5º para 35,8º um 20% de
incremento.
5 CONCLUSÕES
RESUMO: Esta pesquisa consistiu na dosagem de pré-misturado a frio com inserção de escória de
aciaria como agregado e emulsão de ruptura rápida (RR) como ligante. Foram realizados os ensaios
Estabilidade Marshall e Resistência à tração por compressão diametral para averiguar a viabilidade
desse agregado siderúrgico. Verificou-se a ocorrência de reações, provavelmente químicas, que
impediram um entrosamento adequado entre o agregado siderúrgico e o ligante. Portanto, os
resultados dos ensaios realizados não se mostraram satisfatórios devido à falta de aderência entre o
ligante e os agregados siderúrgicos, inviabilizando o seu uso como agregado em misturas asfálticas
a frio, salvo na possibilidade de utilização de aditivos que promovam a afinidade físico/química na
interface ligante/agregado corrigindo a deficiência de aderência entre o ligante e os agregados.
Outro fator que pode ter interferido no insucesso dessa mistura foi a utilização de emulsão RR-1C,
sendo mais indicadas rupturas lenta (RL) ou média (RM).
Figura 1: Curva granulométrica do agregado utilizado na 3.2.3 Ensaio de massa específica e absorção
mistura e os limites superior e inferior da Faixa C do agregado graúdo
Tabela 4: Granulometria da amostra de agregados
Por meio dos valores de massa, pode-se calcular
Massa
Peneira
(g)
% Retida % Passa a massa específica na condição seca, a massa
1” 25,400 0,0 0,000 100,000 específica na condição saturada com a
3/4” 19,100 276,0 5,979 94,021 superfície seca e a absorção que mede o
3/8” 9,520 155,5 33,701 60,320 aumento da massa do agregado devido ao
4 4,760 166,5 36,083 24,236 preenchimento dos seus poros por água,
10 2,000 680,0 14,729 9,508 expresso como percentagem de sua massa seca.
200 0,074 439,0 9,508 0,000
Massa Total (g): 4614 A
(1)
B-C
Verificou-se que a curva granulométrica do
agregado siderúrgico se enquadrava nos limites Em que:
inferiores e superiores da Faixa C, de acordo : massa específica do agregado na
com a norma DER/PR (2005) ES-P 23. condição seca [g/cm³];
A: massa da amostra, após a secagem na
3.2.2 Ensaio de massa específica do agregado estufa e resfriamento à temperatura ambiente
miúdo massa seca em estufa) [g];
B: massa da amostra na condição saturada
A massa específica do agregado miúdo é obtida com a superfície seca [g];
através da leitura fornecida pelo frasco C: massa da amostra imersa em água (massa
Chapman sendo que o volume em m³ é dado hidrostática) [g];
pelo conjunto água-agregado miúdo. Para este ensaio é recomendado por norma o
Com base nas etapas estabelecidas pela uso de peneiras com abertura de 4,8 mm e 2,4
DNER (1998b) – ME 194, obteve os seguintes mm, mas se necessário podem ser utilizados
resultados para a massa específica da escória de outras peneiras.
aciaria analisadas para duas amostras Na Tabela 6 se encontra os valores de massa
representadas na Tabela 5. específica e de absorção do agregado graúdo
composta pela escória de aciaria para uma
amostra de agregado graúdo.
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Tabela 7: Dados médios dos corpos de prova Tabela 9: Valores encontrados para o Teor ótimo do CAP
Traço 1 2 3 4 5
Índice de vazios (%)
Estabilidade (Kgf)
Tração (Kgf/cm³)
Massa especifica
aparente (g/cm³)
Teor ótimo (%)
Fluência (mm)
Massa esp.
VAM (%)
RBV (%)
Coulomb é utilizado na descrição desse efeito os casos em que se há ou não dados referentes ao
para solos saturados, sendo possível obter dois adensamento. Para os casos em que não há dados
parâmetros importantes: o intercepto de coesão e de adensamento do solo, a ASTM D3080 (2011)
o ângulo de atrito (RAHARDJO et al., 2012; sugere os seguintes tempos de execução do
MARINHO, 2013; SCHNELLMANN; ensaio (Tabela 1):
RAHARDJO; SCHNEIDER, 2013;
PECAPEDRA, 2016). Tabela 1: Tempo mínimo de ruptura
O intercepto de coesão do solo pode ser Classificação USCS Tempo mínimo de
definido como a força de atração entre as suas ruptura
partículas. A coesão real é dada pela ação de SW, SP (<5% finos) 10 min
agentes cimentantes e a denominada coesão SW-SM, SP-SM, SM
aparente se dá pela presença da tensão superficial 60 min
(>5% finos)
da água nos capilares de solo tendendo a SC, ML, CL, SP-SC 200 min
aproximação entre si. Em solos argilosos a
resistência ao cisalhamento está relacionada ao MH, CH 24 horas
atrito destas partículas juntamente com a ação da
coesão, já em solos arenosos onde a coesão é Quase toda atividade industrial e humana produz
baixa a resistência se dá basicamente através do resíduos, e o incremento e acumulação desses
atrito entre as partículas (BARBOSA; LIMA, causam sérios problemas ambientais e
2012; SILVA; CARVALHO, 2007). econômicos ao redor do mundo (CARDOSO et
Avaliando a tensão de cisalhamento dos solos, al., 2016). O crescimento urbano, bem como a
Silva e Carvalho (2007) concluem que esta geração de resíduos, particularmente os de
propriedade mecânica aumenta construção civil (RCD), trouxeram sérios
significativamente com a redução do teor de problemas de gerenciamento às cidades
água e, quanto maior a coesão apresentada no (RODRIGUEZ et al., 2007). O problema
solo maior é a resistência a penetração. Além ambiental resultante da disposição irregular
disso, a resistência a penetração também é desses resíduos é uma das causas da preocupação
influenciada pelo estado de compactação do solo governamentista, em função dos impactos que a
(IORI; DIAS JUNIOR; SILVA, 2011). disposição ilegal tem nas cidades e seus
Em casos em que a resistência ao arredores (MELO; GONÇALVES; MARTINS,
cisalhamento é menor que os esforços 2011).
solicitantes se faz necessária a execução de Em qualquer técnica de aproveitamento de
algum tipo de intervenção, neste caso, pesquisas materiais oriundos de reciclagem é fundamental
relacionadas ao desenvolvimento de técnicas de a realização de estudos preliminares,
reforço estão sendo desenvolvidas a fim de contemplando principalmente aspectos da
suprir tais falhas. Os autores Barbosa e Lima geometria do pavimento, à natureza e modos em
(2012) e Rahardjo et al., (2014), avaliam o ganho que se realizará a manutenção necessária durante
de resistência utilizando a cobertura vegetal em o período de vida útil do pavimento, a
taludes. Já no estudo de Asce, Ghazavi e Moayed caracterização dos materiais reciclados, a
(2017), foi avaliada a aplicação de geossintéticos espessura de intervenção utilizada como base e a
para a garantia de estabilidade de encostas, delimitação de teores da mistura final dos
problemas estes oriundos da redução da materiais a aplicar para o tipo de pavimento.
resistência ao cisalhamento do solo. (MOREIRA, 2005). Dessa forma, o presente
Segundo Marinho (2013), o ensaio deve ser estudo tem objetiva analisar o comportamento
executado em uma velocidade relativamente mecânico do solo no que se refere à resistência
baixa para garantir as condições plenas de ao cisalhamento quando se incorpora diferentes
drenagem. Desta forma, a ASTM D 3080 (2011), teores de RCD.
estabelece o tempo de realização do ensaio para
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60
solo in situ é próxima a 40%. 50
40
30
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro (mm)
– foi destilada conforme as especificações das Ainda durante a preparação dos corpos de
normas, enquanto está livre de impurezas e evita prova, são inseridas pedras porosas nas faces
as reações não desejadas. inferior e superior da amostra para garantir a
drenagem intersticial durante a realização do
2.2 Métodos ensaio. Em seguida a amostra passa por um
processo de saturação.
2.2.1 Dosagem das misturas A fase de adensamento foi realizada com
tensões normais de 50 kPa, 100 kPa, 200 kPa e
Foi realizado uma estabilização granulométrica 400 kPa utilizando o equipamento de
para este solo, conforme reportado por Moreira cisalhamento direto em velocidade constante de
(2018), para determinar o teor ótimo da mistura 1 mm/min. A variação de tensões normais é
do solo com RCD e tendo em consideração importante na construção da envoltória de
diferentes pesquisas sobre reforço de solos com resistência do solo (Figura 3).
RCD, definiu-se para o presente estudo 4 teores
de RCD. Para facilitar o estudo adotou-se as
nomenclaturas: Solo, M1, M2, M3 e M4; de
acordo com a Tabela 4.
17 250
M0: =41,8+ σ tan (22,7); R2=0,99
M1: =15,4+ σ tan (25,7); R2=0,97
16 M2: =21,0+ σ tan (25,1); R2=0,97
Peso Específico Seco (kN/m3)
15
13
100
Mistura 0
12
Mistura 4
10 20 30 40
50
Teor de Umidade (%) Mistura 3
dependerá do nível de tensões que o solo será em Central: contribuição para o seu estudo e
submetido. aplicação. Dissertação (Doutorado) - FCTU de
Coimbra, grau de Doutor em Engenharia Civil,
Coimbra, 2006.
4 CONCLUSÕES Cardoso, R.; Silva, R. V.; De Brito, J.; Dhir, R. Use of
recycled aggregates from construction and demolition
A partir dos resultados e dados apresentados waste in geotechnical applications: A literature
neste trabalho é possível fazer algumas review. Waste Management. vol. 49, p. 131 – 145,
2016.
considerações: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte.
DNIT 164/2012 – ME - Compactação utilizando
• O uso de RCD em solos finos melhoram a amostras não trabalhadas. 2013.
plasticidade, haja vista que a granulometria do Iori, P., Junior, D., de Souza, M., & da Silva, R. B. (2012).
material muda, e por conseguinte a porcentagem Resistência do solo à penetração e ao cisalhamento em
diversos usos do solo em áreas de preservação
de finos diminui, diminuindo assim o índice de permanente. Bioscience Journal, 185-195.
plasicidade do material; De Melo, A. B.; Gonçalves, A. F.; Martins, I. M.
Construction and demolition waste generation and
• A utilização de RCD diminui o intercepto management in Lisbon (Portugal). Resources,
coesivo, em função da diminuição de finos; Conservation and Recycling, vol. 55, p. 1252–1264,
2011.
Mehdipour, I., Ghazavi, M., & Ziaie Moayed, R. (2017).
• Quanto maior a incorporação de RCD ao solo, Stability Analysis of Geocell-Reinforced Slopes Using
maior será o angulo de atrito, pois há a the Limit Equilibrium Horizontal Slice Method.
incorporação de material de fração areia e International Journal of Geomechanics, 17(9),
pedrisco nas misturas; 06017007.
Moreira, E.B. (2018). Comportamento mecânico de um
solo argiloso misturado com resíduos de construção e
• A mistura de solo-RCD a ser utilizada demolição para utilização em pavimentação.
dependerá do nível de tensões que será imposto Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação
na obra, pois acima de 260 kPa a mistura 4 de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade
garante uma maior resistencia ao cisalhamento Tecnológica Federal do Paraná, 144 p.
Moreira, J. P. Contribuição para a reutilização de
que o solo. material fresado em camadas estruturais de
pavimento. Dissertação (mestrado) - Universidade do
AGRADECIMENTOS Minho. Engenharia Rodoviária. Guimarães, 2005.
Pecapedra, L. L. (2016). Estudo da resistência ao
Os autores agradecem o apoio do Programa de cisalhamento não saturada de solos residuais de
granito e diabásico de Florianópolis/SC.
Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC) Schnellmann, R., Rahardjo, H., & Schneider, H. R. (2013).
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Unsaturated shear strength of a silty sand.
(Curitiba, Brasil). Também querem agradecer à Engineering Geology, 162, 88-96.
instituição de fomento de pesquisa brasileira, Rodriguez, G.; Alegre, F.J.; Martinez, G. The contribution
CAPES, pelo apoio financeiro. of environmental management systems to the
management of construction and demolition waste: the
case of the Autonomous Community of Madrid (Spain).
REFERÊNCIAS Resources, Conservation and Recycling, vol. 50, p.
334–49, 2007.
American Society for Testing and Materials. D 3080: Rahardjo, H., Vilayvong, K., & Leong, E. C. (2010).
Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Water characteristic curves of recycled materials.
Under Consolidated Drained Conditions. West Geotechnical Testing Journal, 34(1), 89-96.
Conshohocken, Estados Unidos, 1998. Rocio, M. A. R., Silva, M. M. D., Carvalho, P. S. L. D., e
Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT). NBR Cardoso, J. G. D. R. (2012). Terras-raras: situação
15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da atual e perspectivas. BNDES Setorial, n. 35, mar.
construção civil – Utilização em pavimentação e 2012, p. 369-420.
preparo de concreto sem função estrutural –
Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.
Baptista, A. Misturas Betuminosas Recicladas a Quente
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7.0
6.0
5.0
pH água ph KCl
4.0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Teor de Petróleo (%)
(a)
10.0
(a) (b)
Solo silto-argiloso
Figura 1 – Imagens do ensaio de azul de metileno: (a) 9.0
agitador mecânico; (b) resultados no papel filtro.
8.0
2.3.4 Ensaio de Limites de Atterberg
pH
7.0
Conhecido também como limites de 6.0
consistência, este ensaio tem a finalidade de
caracterizar um solo fino quanto ao seu 5.0
comportamento em diferentes condições de pH água pH KCl
4.0
umidade, estabelecendo limites de consistência
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
do solo. Após a contaminação, os solos tem a Teor de Petróleo (%)
consistência alterada. As porcentagens de (b)
contaminantes (4, 8, 12 e 16%) foram Figura 2 – Resultado das análises de pH com solos
adicionadas a massa seca dos solos para a contaminados com petróleo bruto: (a) solo areno-argiloso;
(b) solo silto-argiloso.
realização dos ensaios, segundo as
especificações NBR: 7180 (ABNT, 2016) e
A Figura 3 apresenta os resultados de ∆pH
NBR: 6459 (ABNT, 2016).
para os dois solos contaminados com petróleo.
A análise ∆pH é realizada de forma a verificar
alterações nas cargas elétricas do solo.
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Desta forma, os solos avaliados continuam Tabela 4. CTC dos principais argilominerais
com suas caracteristicas eletronegativas, mesmo Argila CTC (meq/100g)
com a presença do contaminante. O fato de um Caulinita 3 – 15
solo ser laterizado e o outro não, também não Haloisita 2 H2O 5 – 10
Haloisita 4 H2O 10 – 40
afetou as cargas elétricas do solo. Ilita 10 – 40
Montmorilonita 80 – 150
Clorita 10 – 40
3.2 Análise da CTC Atapulgita 20 – 30
Vermiculita 100 – 150
O ensaio azul de metileno foi utilizado para Fonte: Pejon (1992)
verificar a CTC do solo areno-argiloso
contaminado com Petróleo (Tabela 2). Por falta
de Petróleo, não foi possível realizar o ensaio 3.3 Análise Granulométrica ADA
para o solo silto-argiloso.
Os resultados encontrados no ensaio de ADA
Tabela 3. Resultados de CTC para solo areno-argiloso para o solo silto-argiloso estão apresentados na
Grau de Principal Tabela 5. Na Figura 4 está exposto o ensaio
CTC
contaminação argilomineral
0% 0,71
ADA do solo silto-argiloso.
4% 15,53 Caulinita
8% 12,04 Tabela 5. Resultados do ensaio ADA para solo silto-
Fonte: Autores (2018) argiloso não laterítico
Grau de contaminação 0% 4% 8%
A partir dos resultados, observa-se que o Dispersão de argila Não houve
Floculação de argila Floculação total das argilas
contaminante aumentou a CTC do solo, como
Relação silte/argila 0,69 0,69 0,69
era de se esperar devido a característica
Fonte: Autores (2018)
orgânica do Petróleo. Para o teor de 8% de
contaminação, a CTC apresentou um valor
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Natural 4% 8%
ainda age com cautela no que tange o assunto. própria haste central do trado simultaneamente
Tal postura é explicada pela heterogeneidade com a sua retirada, sendo que a armadura é
destes materiais e pela presença de resíduos introduzida após a concretagem da estaca.
perigosos, tais como, solventes, graxas, tintas, Conforme as especificações da NBR 6122
amianto e outros produtos nocivos à saúde. (2010), o concreto destinado para confecção de
Após verificação da qualidade e posterior estacas hélice contínua deve satisfazer as
reciclagem do RCC, os mesmos poderiam seguintes exigências mostradas na Tabela 1.
retornar para a obra como subprodutos,
sustituindo parcialmente as matérias-primas Tabela 1. Exigências normativas para estacas do tipo
naturais em diversas etapas da obra, como em hélice contínua
Consumo de cimento ≥ 400 kg/m³
blocos de vedação e elementos de fundação, Abatimento 220 ±30 mm
evidenciando a importância ambiental e Fator água cimento ≤ 0,6
financeira do seu reúso. Em fundações, os casos Agregado Areia e pedrisco
encontrados estão voltados à pesquisas, não Teor de argamassa ≥ 55%
tendo ainda sido implatadas em campo. Tipo de traço Bombeado
Fck aos 28 dias ≥ 20 MPa
WADA, (2010), usou resíduos de cerâmica
vermelha em concretos destinados à estacas
moldadas In Loco, na qual avaliou sua Dito isto, o presente trabalho objetiva avaliar
influência tanto no concreto quanto no elemento a viabilidade da implementação em diferentes
de fundação. Conclui-se que o resíduo proporções de agregado graúdo reciclado de
proporcionou o aumento tanto na resistência à concreto substituindo em massa o seixo rolado
compressão como no módulo de elasticidade e, em concretos destinados a confecção de estacas
as curvas carga versus recalque obtidas hélice contínua. Para isto, fez-se um estudo do
apresentaram comportamento similar tanto para comportamento mecânico do concreto
as estacas produzidas com concreto confeccionado com resíduos de concreto de tal
convencional quanto para aquelas com resíduos. modo que este apresente plenas condições de
GOMES et al., (2017) relata um estudo de uso para este tipo de elemento de fundação,
caso numa fábrica de blocos de concreto que atendendo às exigências da NBR 6122 – Projeto
usa resíduos de blocos como agregados para e execução de fundações (ABNT, 2010).
uso na construção de casas. Como prova,
realizou-se testes nestes blocos reciclados e
constatou-se a possibilidade de implantação 2 PROGRAMA EXPERIMENTAL
destes subprodutos da ICC, uma vez que
atenderam às prescrições normativas. O 2.1 Materiais
Instituto de Pesquisa Tecnológicas – SP, (IPT)
também empregou o RCD na composição de 2.1.1 Agregado Graúdo Reciclado (AGR)
camadas de suporte de vias com tráfego de
veículos baixo ou moderado em Guarulhos - SP O agregado foi beneficiado num britador de
na qual propiciou maior durabilidade à via mandíbulas e posteriormente fez-se o
(SANTOS, 2018). peneiramento do resíduo coletado numa
concreteira da cidade de Belém. Como
1.1 Estacas Hélice Contínua alternativa para amenizar os efeitos da
heterogeneidade deste material, realizou-se uma
Este tipo de elemento de fundação configura-se única coleta em quantidade suficiente para
como estaca moldada in loco. Sua execução se realização da pesquisa. Conforme a NBR 6122
dá mediante deslocamento do solo ou pela (2010), a faixa granulométrica adotada foi a do
introdução, por rotação, de um trado helicoidal material passante pela peneira de malha # 12,5
contínuo no terreno, e injeção de concreto pela mm e retido na peneira de malha # 4,8 mm,
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(HELENE & TERZIAN, 1992). Foram feitas a feita a cura ao ar, por um período de 24 horas, e
partir do traço padrão, as substituições em em seguida desmoldados e colocados em
massa do agregado graúdo natural pelo solução saturada de Ca(OH)2 por 28 dias.
reciclado de concreto, em teores iguais a 20%,
40% e 60%. Através dos ensaios realizados
nestes traços foi possível determinar o teor ideal 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
de substituição para concretos destinados a RESULTADOS
fabricação de estacas hélice contínua.
Vizando atenuar os efeitos causados pela alta 3.1 Concreto no Estado Fresco
porosidade do RCC, houve a necessidade de
realizar a compensação de parte da absorção de 3.1.1 Índice de Consistência, Massa Específica
água pelo mesmo, quantidade esta que foi e Teor de Ar Incorporado
descontada da água de amassamento. Este
procedimento foi realizada durante um intervalo A análise da trabalhabilidade do concreto foi
de 10 minutos, antes de misturar os materiais na realizada através do Slump Test, sendo este um
betoneira, por meio do método desenvolvido dos requisitos a ser atendido pela norma que
por (LEITE, 2001), de modo a evitar que parte trata sobre projetos e execução de fundações. A
da água da mistura fosse absorvida pelo mesmo. Tabela 5 apresenta os valores do abatimento do
A quantidade de água utilizada na pré- tronco de cone, massa específica (ρ), teor de ar
molhagem do agregado reciclado foi incorporado (A%) e os percentuais de aditivo
determinada em função do percentual de adicionados às misturas como forma de se
substituição do resíduo em cada traço, atingir o abatimento de 220 ± 30 mm.
correspondendo a 80% da absorção total do
mesmo. Tabela 5. Resultados dos índices de consistência, massas
Visando minimizar os efeitos da forma específicas e teores de ar incorporado para cada
percentual de substituição de agregado reciclado de
irregular, elevada porosidade e textura áspera concreto.
do agregado reciclado, acrescentou-se à mistura Traço Slump ρ. (kg/m³) Aditivo A
aditivo plastificante. O mesmo foi colocado (mm) (%) (%)
junto a água de amassamento do concreto antes T0 215 2313 0,50 0,54
da colocação da areia, para promover uma T20 200 2291 0,73 0,76
maior dispersão dos grãos de cimento. Após o T40 223 2271 1,28 0,90
T60 212 2251 1,46 1,04
término da mistura dos materiais na betoneira,
realizou-se o ensaio de abatimento do tronco de
Os concretos com agregados reciclados
cone, prescrito na NBR NM 67, (ABNT,1998).
apresentaram menor trabalhabilidade em
comparação àquele produzido com agregado
2.3.2 Moldagem, Adensamento e Cura dos
natural, fazendo-se necessário adicionar uma
Corpos-de-Prova
maior quantidade de aditivo. Este fato se
explica pela maior porosidade do resíduo
Os corpos-de-prova de concreto foram
reciclado, que mesmo após realizada a pré-
moldados de acordo com a NBR 5738,
saturação do mesmo, promoveu uma maior
(ABNT,2015) e ensaiados de acordo com a
absorção da água da mistura, diminuindo a
NBR 5739, (ABNT, 2007). Foram moldados
quantidade de água livre presente para reagir
para cada traço de concreto, 9 corpos-de-prova,
com o cimento (ARAÚJO et al., 2016). A
em moldes metálicos com dimensões 10 cm de
textura rugosa e a forma mais angular dos
diâmetro e 20 cm de altura, e em cada um
agregados reciclado de concreto também
destes foi adotado adensamento manual, feito
afetaram negativamente a trabalhabilidade dos
em duas camadas iguais com 12 golpes cada.
concretos, em razão do maior atrito entre os
Após a moldagem dos CP’s, primeiramente foi
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materiais constituintes.
Para os traços com 40% e 60% de
substituição, foi necessário utilizar uma
quantidade de aditivo superior àquela
especificada pelo fabricante de 1,20% sobre ao
peso de aglomerantes. Em consequência desta
superdosagem, o concreto apresentou retardo
excessivo nos tempos de início e fim de pega,
demorando mais de 24 horas para o completo
endurecimento destes concretos, porém sem
apresentar exsudação. Figura 3. Consequências do agregado graúdo reciclado
As massas específicas dos concretos de concreto na mistura: Gráfico do teor de ar incorporado
reciclados de concreto diminuiram conforme em função do teor de substituição do RCC %.
aumentava-se o teor de substituição,
apresentando redução de até 2,68%. Esse Tal fato deve-se a estrutura porosa dos
comportamento sofre grande influência pelo resíduos de concreto, do tamanho das partículas
teor de ar incorporado à mistura em razão do e da maior quantidade de vazios incorporados
RCC adicionado, observando a relação às misturas com estes materiais. Além disso, o
indiretamente proporcional entre estes dois seixo rolado apresenta uma extrutura granular
parâmetros do estado fresco, como observado mais densa que a do RCC, contribuindo assim
também por SILVA et al., (2014). para a diminuição da massa específica dos
A partir dos gráficos das Figuras 2 e 3, nota- concretos produzidos com estes subprodutos da
se o comportamento das propriedades dos construção civil. O uso de pedrísco na mistura,
concretos no estado fresco com o aumento no exigida pela NBR 6122 (2010), contribuiu para
teor de substituição. Os valores de R² obtidos não reduzir ainda mais a massa específica
foram bastante próximos da unidade, o que destes concretos reciclados, uma vez que
confere um ajustamento satisfatório, validando devido ao menor tamanho dos agregados houve
as hipóteses levantadas através da revisão um maior empacotamento dos grãos dentro da
bibliográfica e dos ensaios realizados no mistura.
presente trabalho. Em função da maior quantidade de RCC
presente na mistura observa-se que há uma
tendência de crescimento do teor de ar
incorporado no concreto, reafirmando os
pensamentos de KIKUCHI et al., (1993) e
ARAÚJO et al., (2016). Esse comportamento
já era esperado, uma vez que, o acréscimo de
resíduo provocaria uma menor trabalhabilidade
ao concreto para uma mesma relação a/c, o que
exigiria uma maior quantidade de aditivo
plastificante para atingir o abatimento fixado
por norma.
Figura 2. Consequências do agregado graúdo reciclado
de concreto na mistura: Gráfico da massa específica em
3.2 Concreto no Estado Endurecido
função do teor de substituição do RCC %;
Figura 4. Absorção de água por capilaridade para Figura 5. Alturas máximas de ascensão capilar após 72
concretos reciclados com diferentes teores de RCC. horas para concretos na idade de 28 dias.
AGRADECIMENTOS
método gravimétrico: NBR 9833. Rio de Janeiro, concrete as aggregate. ACI Material Journal, v. 93, n.
2009. 7p. 2, p. 182-190, 1996b.
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Tabela 1. Referências e características necessárias para Catapreta e Simões (2011) enfatizam que, a
camada impermeabilizante de aterros sanitários. utilização de RCD como camada de cobertura
Rocca et al. (1993) Daniel Qasim e
em aterros, também contribui para que esses
CETESB (1993) Chiang (1994) resíduos não sejam dispostos de forma irregular
k<10-7 cm/s k<10-7 cm/s k<10-7cm/s em áreas e lotes vagos, assim como em margens
Classificação SUCS %Retido na #4 %Retido na #4
(CL, CH, SC ou OH) <30% <50%
de rios e vias, contribuindo para a preservação
ambiental. No entanto, isoladamente, os RCDs
% Passante na % Passante na % Passante na
#200 >30% #200 >20% #200 > 30%
não atendem aos requisitos geotécnicos
LL>30% - - mínimos para camadas de cobertura.
IP>15% IP>7% IP 7% a 15% Considerando a baixa plasticidade e elevada
pH>7 - -
permeabilidade dos RCDs, e a necessidade do
SUCS=Classificação Unificada dos solos; k = condutividade
hidráulica; LL = Limite de liquidez; IP = Índice de plasticidade bom comportamento hidráulico e mecânico dos
aterros sanitários, estes podem ser misturados
Assim, quando o solo local não apresenta com Bentonita com a finalidade de constituir
estas características necessárias, é comum a um material com comportamento geotécnico
adição de alguns teores de Bentonita, um adequado. No trabalho de Gutierrez (2015),
material altamente plástico e de baixa misturas de RCD-Bentonita para camada
condutividade hidráulica. Diversos estudos impermeável em aterros sanitários mostraram
apresentam resultados de efetiva redução da que, para 14% de teor de Bentonita, houve uma
permeabilidade de solos arenosos após a adição redução da condutividade hidráulica de 1x10-4
de Bentonita (Hoeks et al., 1987; Rowe, 2000; cm/s para 1x10-7 cm/s, compatível com as
Lukiantchuki, 2007; Ameta e Wayal, 2008; recomendações da literatura.
Gueddouda et al., 2008; Jawad e Baqir, 2009). Esta pesquisa apresenta o estudo de
Para Rowe (2000), adições de Bentonita em propriedades geotécnicas de Areia RCD (no pH
solos arenosos nos teores de 4 a 10% são das misturas) com Bentonita (natural sódica
suficientes para aumentar a plasticidade e Argentina) para reuso como material alternativo
reduzir significativamente a condutividade em camada de cobertura de aterros sanitários.
hidráulica do solo. A Bentonita, por ser um Serão investigadas alterações no pH das
material expansivo, com índice de plasticidade misturas, granulométricas, de plasticidade, de
extremamente alto (da ordem de 400%), é compactação e de permeabilidade, de forma a
indicada quando se deseja evitar a formação de verificar os teores mínimos para enquadramento
trincas, decorrentes do ressecamento das como material de camada de cobertura de
camadas de cobertura (Huse, 2007). aterros.
No contexto de materiais alternativos para
camada de cobertura diária de aterros sanitários
estão os resíduos de construção civil e 2 MATERIAIS E MÉTODOS
demolição (RCD), os quais muitas vezes
seguem para destinação nos aterros sanitários. 2.1 Materiais
Segundo o CONAMA 307/2002 o RCD possui
alto grau de reaproveitamento. Coelho et al. A areia de resíduo de construção e demolição
(2005) enfatiza que esses resíduos exercem (areia-RCD) é um agregado miúdo resultante de
adequadamente a função sanitária, evitando a um processo de trituração e peneiramento,
proliferação de vetores, a exalação de odores e realizado em empresa da cidade de São Carlos –
proporcionam boas condições para o tráfego de SP (Figura 1). A curva de distribuição
máquinas e veículos durante a operação do granulométrica da areia de RCD é apresentada
aterro. na Figura 2, conforme as especificações da
NBR: 7181 (ABNT, 2016).
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100
De forma a identificar alterações na distribuição
90 Areia RCD granulométrica conjunta das misturas, foram
Porcentagem que passa (%)
80
realizados ensaios conforme NBR: 7181
70
(ABNT, 2016). A determinação da massa
60
específica dos sólidos, conforme NBR: 6458
50
(ABNT, 2017), foi utilizada no cálculo da
40
granulometria por sedimentação.
30 Para as alterações na plasticidade da areia
20 RCD após a adição de Bentonita, e verificações
10 dos requisitos mínimos indicados na literatura,
0 foram realizados ensaios de limite de liquidez
0,001 0,01 0,1 1 10 (LL) e plasticidade (LP), respectivamente de
Diâmetro dos grãos (mm) acordo com NBR: 7180 (ABNT, 2016) e NBR:
Figura 2. Distribuição granulométrica da areia de RCD. 6459 (ABNT, 2016).
Fonte: Próprio Autor (2018). Com a finalidade de se verificar alterações
nos parâmetros ótimos de compactação da
A Bentonita utilizada nesta pesquisa é uma areia-RCD devido a adição de Bentonita, foram
argila esmectítica sódica natural Argentina, realizados ensaios de compactação na energia
comercializada como Bentonita Creme ARGEL Proctor Normal de acordo com a NBR: 7182
CN 35. A Figura 3 apresenta a Bentonita, a (ABNT, 2016). Com os parâmetros ótimos,
areia RCD e um exemplo da mistura. moldou-se os corpos-de-prova para os ensaios
de permeabilidade.
A determinação da condutividade hidráulica
Bentonita para solos finos (baixa permeabilidade) foi
obtida por meio de ensaios de permeabilidade
de carga variável, conforme as especificações
da NBR: 14545 (ABNT, 2000).
Uma investigação do pH das misturas areia
de RCD-Bentonita também foi realizada, sendo
este um importante indicativo de acidez ou
Areia RCD Mistura
alcalinidade das misturas, e um requisito para
uso destas como material de camada de
(a) (b)
cobertura de aterros, conforme especificações
Figura 3. Materiais utilizados: (a) areia RCD e Bentonita
Sódica Argentina; (b) mistura areia RCD-Bentonita.
da CETESB em Rocca et al. (1993).
Fonte: Próprio Autor (2018).
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RCD+2%
80 RCD+4% Massa específica dos sólidos (g/cm³) 2,80
70 RCD+8%
RCD+12% 2,75
60
RCD+16%
50 2,70
40
30 2,65
20 2,60
10
0 2,55 Areia RCD+Bentonita
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm) 2,50
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Figura 4. Distribuição granulométrica das misturas areia Teor de Bentonita (%)
RCD-Bentonita. Fonte: Próprio Autor (2018).
Figura 6. Resultados de massa específica dos sólidos das
misturas areia RCD-Bentonita. Fonte: Próprio Autor
30 (2018).
Areia RCD
RCD+2%
compactação para aplicação destes materiais no
1.75 RCD+4% campo.
RCD+8%
RCD+12%
1.70 RCD+16% 3.5 Efeito da adição de Bentonita no pH da
areia RCD
1.65
Conforme a Rocca (1993), é necessário um
1.60 valor de pH>7 (em água) para a mistura se
enquadrar como camada de cobertura em
1.55 aterros sanitários. De acordo com os resultados
8 10 12 14 16 18 20 22 24 da Figura 10, a adição de Bentonita não mostrou
Teor de umidade (%) variação significativa no pH das misturas areia
Figura 8. Resultados de compactação das misturas areia RCD-Bentonita, mantendo os valores acima dos
RCD-Bentonita. Fonte: Próprio Autor (2018).
indicados na literatura.
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1.0E-03
pode ser usada para a determinação deste
8.0E-04 parâmetro para qualquer teor de Bentonita.
Neste caso, de acordo com a função gerada, esta
6.0E-04 mistura de areia RCD-Bentonita atingiria a
condutividade hidráulica de 1,0x10-7 cm/s com
4.0E-04
19,8% de Bentonita, tal como nas
2.0E-04 especificações da Tabela 1 para material
impermeabilizante de aterros sanitários.
0.0E+00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Teor de Bentonita (%)
4 CONCLUSÕES
Figura 11. Resultados de condutividade hidráulica da
areia RCD e das misturas areia RCD-Bentonita. Fonte:
Próprio Autor (2018). Esta pesquisa apresenta um estudo das
propriedades geotécnicas de uma areia de RCD
Verifica-se na Figura 11 que a condutividade misturada com diferentes teores de Bentonita
hidráulica da areia RCD foi da ordem de 1x10-3 para uso como material alternativo em camada
cm/s, e que as misturas com Bentonita de cobertura ou liner de aterros sanitários. Com
atingiram valores de condutividade hidráulica base nos resultados obtidos, verificou-se que:
significativamente menores.
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RESUMO: Os solos naturais nem sempre possuem as especificações geotécnicas adequadas para a
construção de estradas. Neste caso, melhorar o material de jazida deve ser uma das primeiras
opções, uma vez que transportá-lo de outra localidade pode implicar em prática antieconômica.
Com isso, a estabilização de solos surge como uma alternativa, ou seja, solos inadequados podem
ser utilizados na pavimentação sem a necessidade de descartá-los, seja por meio de processos
físicos ou químicos. No trabalho em pauta, empregou-se a metodologia química, por meio da
inserção do cimento Portland e o aditivo RoadCem, produzido e comercializado pela empresa
PowerCem Technologies. O solo aditivado é proveniente da Província Petrolífera de Urucu, situada
a cerca de 650 km a sudoeste de Manaus (AM), no Município de Coari-AM, a qual apresenta solos
superficiais com predominância de finos e insuficiência de material pétreo. Determinaram-se a
granulometria, os parâmetros de compactação, o limite de liquidez (LL), o limite de plasticidade
(LP), e o comportamento mecânico a partir do ensaio de flexão a quatro pontos. O solo mostrou
textura com silte (26%) e argila (62%). A porcentagem de cimento e do RoadCem adicionadas as
misturas, segundo o manual da empresa holandesa, ficaram estabelecidas em 13% e 0,13%,
respectivamente. Para obtenção do módulo de rigidez dinâmico, moldaram-se vigas prismáticas,
prensados sob controle do grau de compactação, do solo natural (SN), solo-cimento (SC) e solo-
cimento-RoadCem (SCR). Foram submetidas a cura ao ar livre durante o período de três dias,
segundo as frequências de 1 Hz, 3 Hz e 10 Hz, sob a temperatura de 25°C. Os resultados
evidenciaram o módulo de rigidez dinâmico das composições com valor 80% superior ao do solo in
natura, para todas as formulações (SC e SCR). Portanto, destaca-se a potencialidade dessa
estabilização.
Palavras-chave: cimento portland, RoadCem, estabilização química, Urucu, flexão a quatro pontos,
módulo de rigidez dinâmico.
4 CONCLUSÕES
RESUMO: Esse estudo tem como objetivo analisar o comportamento de um solo argiloso
contaminado por cloreto de zinco quando submetido à técnica de encapsulamento. O agente
cimentante empregado na parte experimental foi a cal hidratada do tipo CH-III. Para isso foram
desenvolvidas diversas misturas contendo solo argiloso, cloreto de zinco (nos teores de 5 e 10%) e o
agente encapsulante (cal, nos teores de 5 e 10%), em diferentes tempos de cura. Porquanto os
resultados deste estudo se mostraram satisfatórios, uma vez que houve uma significativa redução da
concentração de contaminante nos lixiviados quando as amostras continham maior quantidade do
agente cimentante, prevenindo assim a poluição do lençol freático. Além disso, notou-se a partir dos
resultados de resistência à compressão simples, que o tempo de cura, as concentrações de
contaminante e a inserção da cal hidratada influenciaram na resistência do solo contaminado. Por
fim, a técnica se tornou viável e aplicável, demonstrando resultados satisfatórios para o emprego do
solo contaminado com adição de cal, por exemplo, em base de pavimentos.
diversas aplicações como em base ou sub-base pela amostra, se tornando um potencial poluidor
de pavimento ou em aterros. As propriedades da do lençol freático. O cloreto de zinco utilizado
adição da cal ao solo promovem melhorias na nesta pesquisa foi adquirido através da empresa
deformabilidade, permeabilidade e resistência. B’Herzog e a Tabela 1 apresenta as
especificações do contaminante:
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Tabela 1. Especificação do Cloreto de Zinco. (Fonte:
B’Herzog)
3.1 Materiais
Especificações
3.1.1 Solo Argiloso Dosagem 96,0% (mín)
Limite máximo de impurezas
As amostras do solo estudado são procedentes Ferro (Fe) 0,001%
da encosta do Campo experimental II da Sulfato (So4) 0,01%
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Chumbo (Pb) 0,005%
Janeiro. Consiste em um solo coluvionar de
tonalidade vermelho amarelado devido à 3.1.3 Cal
presença de óxido de ferro e alumínio,
demonstrado na Figura 1. O agente encapsulante adotado neste estudo foi
a cal hidratada calcítica, do tipo CH-III, da
marca Votorantim Cimentos. Silva (2009),
informa que a cal virgem é o principal produto
da calcinação das rochas carbonatas cálcicas e
cálcio-magnesianas. A cal hidratada é resultante
da hidratação da cal virgem encontrada em
forma de pó seco. É classificada também,
conforme o hidróxido predominante presente ou
de acordo com a cal virgem que lhe dá origem.
A figura 2 apresenta o agente encapsulante.
3.1.2 Contaminante
zinco. Para o solo com 10% de cloreto de zinco, Observa-se que a presença do contaminante
o aumento foi mais significante, resultando em provoca uma redução na resistência do solo, e
1,729 g/cm³ para o peso específico. No entanto, quanto maior a concentração deste
com o aumento da concentração de contaminante o solo se torna mais suscetível às
contaminante houve uma queda da umidade deformações.
ótima, reduzindo para 19,4% para o solo com Para as 04 misturas de solo/contaminante/cal
10% de contaminante. Isto ocorreu devido à foram realizados ensaios para tempos de cura de
presença de moléculas de água na composição 7, 28 e 60 dias. A Figura 7 apresenta os
do cloreto de zinco. A figura 5 apresenta as resultados encontrados para os diferentes teores
curvas de compactação das misturas de solo e e tempos de cura.
contaminante com cal.
logo após houve uma perda, porém aos 60 dias a presença do cloreto de zinco no solo reduz
de cura essa perda foi recuperada. Ao final de significativamente a resistência do solo. Com o
60 dias as resistências das misturas foram a adição da cal ao solo contaminado houve um
semelhantes. ganho de resistência. Comparado a resistência
do solo puro, as amostras com cal que não
foram imersas em água e que ficaram 7 e 28
dias em cura, obtiveram resultados mais
elevados.
Ressalta-se que as misturas ensaiadas em 0 dias
de cura alcançaram valores similares ao da
argila pura. Com isso, percebeu-se que o tempo
de cura não influenciou tanto, devido à lenta
cimentação da cal. As maiores resistências
alcançadas foram para as misturas contendo 5%
Figura 12. Resistência à compressão simples x Tempo de de cal.
cura. Quanto as análises químicas os resultados
mostraram que com a presença da cal a
As misturas estudadas não apresentaram concentração do zinco diminui no lixiviado.
variações significativas de valores de resistência Esse fato evidencia a efetividade da técnica de
devido às reações da cal com o cloreto de zinco encapsulamento do solo contaminado por
ao longo do tempo. Como também pode ter cloreto de zinco. A mistura de 5% de cloreto de
ocorrido o impedimento das reações zinco + 10% de cal obteve o resultado mais
pozolânicas ou a quantidade de cal foi favorável para este ensaio.
insuficiente para cimentar as partículas. Logo a técnica de encapsulamento não
De acordo com Thomé (1994) as reações engloba apenas a redução da concentração do
pozolânicas podem ser dificultadas por três contaminante no lixiviado, como também a
fatores independentes ou conjuntos: falta de resistência que o solo adquire com a adição do
água, temperatura de cura muito baixa ou teor agente encapsulante.
de cal insuficiente. Neste estudo as amostras Portanto, a mistura de 5% ZnCl2 e 10% de
foram moldadas de acordo com a umidade cal atendeu as condições do encapsulamento do
ótima de cada mistura obtida nos ensaios de contaminante, sendo esta mistura viável para
compactação, cerca de 23%. aplicação em pavimentação, como por exemplo
Em relação à temperatura, Anday (1963, base estabilizada de pavimentos ou blocos para
apud Thomé, 1994) cita que as reações pavimentos intertravados, por apresentar
diminuem de intensidade às temperaturas em também resultados satisfatórios no
torno de 16°C e cessam completamente abaixo comportamento mecânico à compressão
de 4°C. Neste caso, as amostras foram simples.
moldadas e curadas em temperatura ambiente,
isto é, 25°C. Portanto, é possível que a REFERÊNCIAS
quantidade de cal tenha sido insuficiente para
que as reações pozolânicas continuassem a Beneveli, R. M. Estudo dos efeitos de umedecimento e
secagem na resistência ao cisalhamento de um solo
ocorrer ao longo do tempo de cura. compactado em laboratório. Dissertação de Mestrado,
Programa Pós-Graduação em Engenharia Civil,
5 CONCLUSÕES Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2002.
Analisando os resultados dos ensaios de Dalla Rosa, A. Estudos dos Parâmetro-Chave no Contrle
da Resistência de Misturas Solo-Cinza-Cal. Tese de
resistência à compressão simples, notou-se que Mestrado, Programa de Pós Graduação em
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RESUMO: Diante da escassez de dados sobre o transporte da parte dissolvida dos componentes
existentes em misturas óleo/água de produção este trabalho visa estudar o comportamento
hidrodispersivo de solutos em fluidos provenientes de campos maduros de petróleo, anterior a etapa
de refino, quando percolados em solos arenosos. Os fluidos escolhidos foram: água produzida de
petróleo e efluente tratado da água produzida, os quais percolaram separadamente em solos naturais
provenientes do estado do Ceará/Brasil. O trabalho buscou determinar os parâmetros de transporte
como: fator de retardo (Rd), coeficiente de dispersão hidrodinâmica (Dh) e dispersividade (αL) em
amostras indeformadas de solo. A determinação dos parâmetros de transporte foi realizada em
laboratório por meio de ensaios de colunas. As colunas de solo constituíram em amostras
cilíndricas indeformadas de grandes dimensões, 20 centímetros de diâmetro e 40 centímetros de
altura. Os ensaios realizados, sob condições de saturação, para verificação dos valores de
hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP), consistiram na verdade, em medições de condutividade
elétrica em função do tempo, já que esses dois parâmetros podem ser correlacionados. Assim,
pôde-se determinar a curva de chegada com aplicação do modelo analítico proposto por Ogata e
Banks (1961). Por meio do ajuste incremental da solução analítica aos dados experimentais, os
fatores de retardo ficaram próximos de 1,0 indicando que os solutos não interagiram com a matriz
porosa. Verificou-se valores de dispersividade variando de 2 a 5 cm e dispersão hidrodinâmica na
ordem de 10-2 cm²/s, indicativo do comportamento advectivo/dispersivo.
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Dh =α v x +D0 τ (4)
Aracati/CE
Areia CP3
0,54
quatzosa NL NP -
vermelha CP4
1,717
CP5
Figura 7: Coleta de amostras: (a) aparato desenvolvido CP6
por Almeida e Machado (2016); (b) corpos de prova
Aracati/CE
extraídos em tubos de PVC. Areia CP1
quatzosa CP2 1,665 0,52 NL NP -
branca CP3
2.2. Caracterização dos Solos
NL - Não Líquido; NP - Não Plástico.
pouco silte
Solo 1
SP-
0 2 68 21 3 6 2,674 argila e concentração (BEAR & CHENG, 2010).
SM com vestí-
Para o solo arenoso vermelho foram per-
gios de silte
colados dois fluidos distintos, um para cada
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clara Aracati/CE
Belém 3,34 CP2
misturada areia
(FZB) CP3
com óleo vermelha
Estação de
Água de
efluente Solo
coloração CP1
ET-FZB
tratado- Aracati/CE
clara 8,22 CP2
Fazenda areia
misturada CP3
Belém vermelha
com óleo
(FZB)
Aterro de Água com
AP- ARIP
μ alíquota −μ min C
= (7) Figura 11: Procedimento de ajuste da curva breakthrough
μ max− μ min C
0
e parâmetros de transporte.
y2
dC 1 −2 −y 2
−2e −y 2
= [ e dy1 +e y dy 2 erfc(y 3 )+
1 2
e dy 3 ]
3
(8)
C0 2 √ π √π
vx x
y 2 =( ) (10)
Dh
R d x+ vx t
y 3 =( ) (11)
2 √ R d Dh t
Os valores de R² foram calculados pelo método Figura 13: Curva breakthrough para os solutos do fluido
dos mínimos quadrados até que os parâmetros ET-FZB no solo areia vermelha.
de transporte possibilitassem o melhor ajuste.
CP, a curva breakthrough foi ajustada segundo a são similares aos valores ajustados com o uso da
Equação (8)., sendo então determinados os Equação (8)., ou seja, aos valores de αLmodeloglobal.
valores finais de dispersividade (αLmodeloglobal), Rd Os valores de Rd foram em torno de 1 revelando
e R2 para cada área de estudo. O valor de R2 foi a baixa capacidade de retardo e,
ajustado de acordo aos parâmetros de transporte consequentemente, a baixa interação dos solutos
para os três CPs de maneira a gerar, pelo método na matriz porosa. Ao comparar a média das
dos mínimos quadrados, os maiores R2. velocidades iniciais e finais de ensaios, percebe-
A Tabela 4 apresenta um resumo dos se que não há uma variação significativa.
parâmetros de transporte obtidos mediante
Tabela 4. Parâmetros de transporte e de ensaios.
realização dos ensaios de coluna com
Parâmetros do Areia Areia
concentração constante na fonte. Solo vermelha branca
Tipo de fluido AP-FZB ET-FZB AP-ARIP
CE do fluido
3,34 8,22 4,62
(mS/cm)
C0-HTP (mg/L) 1,92 3,65 4,79
Rdglobal (-) 1,00 1,20 1,0
Dhmodelo1
(cm²/s) 4,05x10-2 2,33x10-2 3,90 x10-2
αLmodeloglobal (cm) 4,00 3,20 3,00
αLinclinação 4,62 2,63 2,39
Figura 15: Parâmetros de transporte para o solo areia R2 global 0,93 0,91 0,97
vermelha - Aracati/CE quando percolado por AP-FZB. n (-) 0,38 0,36 0,38
τ(-) 0,72 0,73 0,72
D0 (cm²/s) 7,00 x10-6 7,00x10-6 7x10-6
v̄ xinicial ²(cm/s) 1,12 x10-2 5,02 x10-3 1,15 x10-2
v̄ xfinal 3(cm/s) 1,78 x10-2 7,60 x10-3 1,78 x10-2
v̄ xensaio 4(cm/s) 1,62 x10-2 6,88 x10-3 1,78 x10-2
Temperatura (ºC) 26,00 ± 1 26,00 ± 1 26,00 ± 1
1
Dh calculado com a velocidade inicial de ensaio; ²média
das velocidade iniciais da triplicata; ³média das
4
velocidade finais da triplicata; média das velocidades
Figura 16: Parâmetros de transporte para o solo areia dos ensaios da triplicata.
vermelha -Aracati/CE quando percolado por ET-FZB.
4 CONCLUSÕES
Os valores de αLmodeloglobal e αL variaram entre 2 BERKOWITZ, B., DROR, I. & YARON, B. (2008).
e 5 indicando a baixa dispersividade Contaminant Geochemistry, Interations and
Transport in the Subsurface Environment. Ed,
longitudinal dos solutos. A dispersão Springer, Berlin, Hedelberg. 11 p.
hidrodinâmica variou na ordem de 10-2 cm²/s e a Díaz - Sánchez, J. F. (2011). Modelagem
velocidade média na ordem de ordem de 10-2 e multidimensional de transporte de contaminantes
10-3 cm/s, indicando que o mecanismo de inorgânicos em solos tropicais lateríticos. Dissertação
transporte dos solutos do estudo, pode ser do Mestrado em Geotecnia. Universidade de Brasília,
184 p.
considerado como mecanismo Gustafson, J. B. Selection of Representative HTP
advectivo/dispersivo, daí a acentuada inclinação Fractions Based on Fate and Transport
das curvas. Os valores de Rd próximo a 1 Considerations. (1997) [S.l.]: Amherst Scientific
revelaram a baixa interação solo/soluto, Publishers, 112 p. ISBN 1884940129.
condizentes com a natureza arenosa de ambos os Machado, S. L. (2002). Projeto PURIFICA- proposta
para remediação de áreas impactadas pela atividade
solos. Assim, diante dos resultados obtidos extrativa de chumbo em Santo Amaro-BA. Disponível
conclui-se que o avanço dos solutos em meios em: http://www.geoamb.eng.ufba.br/site/arquivos.
saturados apresentam significativa dispersão e Acesso em: 16 abr. 2018.
aumento da concentração relativa em um curto Moncada, M. P. H. (2004). Estudo em laboratório de
espaço de tempo revelando, para estes solos, características de colapso e transporte de soluto
associadas à infiltração de licor cáustico em um solo
preocupação na disponibilização dos HTPs em laterítico. Dissertação de Mestrado. Pontifícia
subsuperfície. Universidade Católica do Rio de Janeiro, 219 p.
Ogata, A.; Banks, R. B. (1961). A Solution of the
Diferential Equation of Longitudinal Dispersion in
Porous Media. U. S. Geological Survey. Prof. paper
AGRADECIMENTOS
411-A.
Shackelford, C. D. (1994b). Critical Concepts for Column
À FAPESB. Ao laboratório de Geotecnia Testing. Journal of Geotechnical Engineering, ASCE,
Ambiental da Universidade Federal da Bahia. 120(10): 1804-1828.
Ao Laboratório de Mecânica dos Solos da Shackelford, C. D. (1991). Laboratory diffusion for waste
disposal - A review. Journal of Contaminant
Universidade Católica de Salvador. À
Hidrology, n.7. p.177-217.
PETROBRAS. Teixeira, T. M. A. (2007). Montagem e teste laboratorial
de coluna para obtenção de parâmetros de transporte
e pré-avaliação da técnica oxidação química em
REFERÊNCIAS solos contaminados por 1,2-DBC. Dissertação de
ABNT. (1995). NBR 6502: Rochas e Solos, Rio de Mestrado. Universidade Federal da Bahia.. 173 p.
Janeiro, 18 p. Van Der Perk, M. (2007). Soil and Water Contamination:
ABNT. (1984). NBR 7181: Solo-Análise Granulométrica, From Molecular To Catchment Scale. Ed, Taylor &
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na peneira de 4,8 mm - Determinação da massa em Meios Porosos Saturados e não Saturados. Estudo
específica, Rio de Janeiro, 8 p. de Caso: Vazamento de Gasolina. (Dissertação –
Almeida, V. A.; Machado, S. L. (2016). Desenvolvimento Engenharia Geotécnica). Universidade Federal de
de aparato para a coleta de amostras indeformadas de Ouro Preto. 169 p.
grandes dimensões. COBRAMSEG 2016- XVIII.
Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica - O Futuro Sustentável do
Brasil passa por Minas. Belo Horizonte, Minas
Gerais. 7p.
Bear, J. & Cheng. (2010). A. Modeling Ground Water
Flow and Contaminant Transport. Ed, Springer, New
York, NY. USA, 834p
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RESUMO: Este trabalho apresenta o estudo sobre o aproveitamento de escória de ferro cromo de
baixo carbono (FeCrBC), produzida pela Indústria de Ferros e Ligas da Bahia (FERBASA) para
estabilizar granulometricamente um solo arenoso da cidade de Catu, para aplicação em obras de
pavimentação. A FERBASA, tem fundamental importância para a região, e no seu processo produtivo
também gera a escória de FeCrBC, sendo esse um subproduto, com baixa demanda comercial. O
município de Catu, interior da Bahia, apresenta situação típica de muitas cidades brasileiras com
várias vias sem pavimentação, ou com pavimento precário, tornando o aproveitamento dos solos
locais, objetivando redução de custo para implantação de pavimentação, uma importante ferramenta
para ampliar a pavimentação de vias num município com recursos bastante limitados. Foram
realizados ensaios de granulometria, compactção e ISC para caracterização dos materiais e
determinação do Índice de Suporte California de diversos corpos de prova moldados com percentuais
diferentes de solo e escória de modo a identificar a ideal proporção dos materiais para que seja
assegurada a resistência exigida pelas normas do Departamento Nacional de Infraeestrutura e
Transporte – DNIT, para aplicação em base e sub-base. Após a execução dos ensaios verificou-se
comportamento satisfatório da mistura de solo com escória, atingindo ISC de 66,80% para o máximo
percentual de escória adotado na mistura.
petroquimíca, bem como na construção civil; e o utilizada na correção de teores de cromo para
FeCrBC, figura 1, tem como característica a produção de aços.
presença máxima de Carbono em 0,15%, sendo
utilizada na correção de teores de cromo para Minério de Ferro
produção de aços. Cromo Sílico
Concentrado Cal Virgem Refusão
Cromo
Silo de Forno
Pesagem Elétrico
Cadinho
Ferro Dosagem Misturador
Amostragem
Sílico Cadinho Gangorra
Cromo Cadinho
Análise
Química
Lingotamento Escória
Limpeza
Quebra
Liga
Classificação
Granulometria
Amostragem Baias de
Clientes
e Análise Estocagem
Figura 2. Fluxograma de produção da liga de FeCrBC
Fonte: FERBASA 2017
Foram coletadas duas amostras deformadas de No ensaio para determinação do ISC, vide
solo, num total de 200kg. As amostras foram figura 7, as amostras 1 e 2 foram compactadas na
identificadas por análise tátil visual como sendo umidade ótima e densidade máxima, e
de areia siltosa marrom. No laboratório as apresentaram, respectivamente, índice de 16,80
amostras foram submetidas a ensaios de % e 16,10%, demonstrando que o solo possui
granulometria, limites de Attenberg, resistência significativa e está próximo de atingir
compactação e ISC. Os ensaios de granulometria a resistência mínima necessária para ser usado
estão dispostos na figura 5. Na figura é possível como sub-base.
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3 MATERIAIS, MÉTODOS E
RESULTADOS
Figura 8. Curva granulométrica das misturas
3.1 Ensaios
Nos ensaios de compactação os valores de
Os ensaios realizados estão de acordo as normas umidade ótima encontrada para as misturas
do DNIT, e estão listados a seguir: foram de 9,6% para a mistura 5%, 9,0% para a
Análise Granulométrica, DNIT – ME 051/94; mistura 10%, 8,9% para a mistura 20% e 8,4%
Compactação utilizando amostras não para a mistura 30%. Em relação ao peso
trabalhadas, DNIT 164/2013-ME; específico seco máximo os valores foram de
Determinação de Índice Suporte Califórnia 20,51kN/m³ para a mistura 5%, 20,55kN/m³ para
utilizando amostras não trabalhadas, DNIT a mistura 10%, 20,92kN/m³ para a mistura 20%
172/2016-ME; e 21,32kN/m³ para a mistura 30%. As curvas de
Determinação do Limite de Liquidez – compactação estão dispostas na figura 9.
métodos de resistência, DNIT – ME 122/94;
Determinação do Limite de Plasticidade -
DNIT – ME 082/94.
3.2 Metodologia
Os valores de ISC obtidos para as quatro conforme a figura 8, a mistura de 30% foi a única
misturas diferentes estão disposto no gráfico da enquadrada dentro da faixa de projeto F.
figura 10. Segundo Paixão (2017) a Ferbasa não
realizou os estudos comerciais necessários para
estipular o preço de venda da escória de FeCrBC,
uma vez que não houve nenhuma procura pelo
produto. Tal fato desperta a preocupação da
empresa que acumula toneladas do passivo. No
entanto, Silva (2006) estima o preço da tonelada
de escória em torno de dez reais, que corrigidos
com base no IPCA dos últimos dez anos
indicaria um valor atual entorno de dezenove
reais.
Em cotação realizada no municipio de
Catu o preço médio encontrado para a tonelada
Figura 10. ISC encontrado para as misturas
de brita foi de cinquenta e três reais. Dessa forma
a escória mostra-se uma alternativa menos
onerosa que a brita, e mais viável
ANÁLISE DOS RESULTADOS E financeiramente para o município catuense que
CONCLUSÃO dispõe de recursos bastante limitados e possui
ampla carência de pavimentos de qualidade.
Com base nos resultados apresentados pode-se Por fim, tendo em vista que o acumulo dos
concluir que a escória de FeCrBC mostrou-se um depósitos de escória é fator ambiental
agregado eficaz para estabilização preocupante e tendo em vista a urgência de
granulométrica do solo estudado. As misturas encontrar materiais alternativos para atender a
não apresentaram variações significativas de demanda do setor de construção civil por fontes
expansão quando comparadas ao solo, mantendo alternativas de insumos, faz-se necessário que
expansão inferior a 0,2%. Devido a boa novos estudos venham a ser realizados para uso
resistência do solo, a mistura de 5% apresentou desse e outros passivos na construção civil.
resistência 46,50% superior a resistência mínima Em relação ao uso da escória de FeCrBC
exigida para sub-bases. em projetos de pavimentação faz-se necessários
Até o percentual de 30%, máximo que estudos físico-químicos da escória sejam
adicionado, a mistura teve ascendencia da realizados afim de analisar os teores de Cromo
resistência, estima-se que esse comportamento presente na escória, gerada pela fábrica da
se mantenha. Além disso, com base no gráfico Ferbasa em Pojuca, bem como ensaio de
da figura 10, é possível lançar mão da determinação de Abrasão “Los Angeles”. Além
interpolação para estimar os percentuais de de ensaios para determinação do potencial de
escória necessário para obter um determinado contaminação do meio-ambiente.
ISC desejado. Nesse estudo, fora interpolado
linearmente os dados conhecidos de forma que
se estimou em 2% o percentual necessário de
escória para atingir um ISC de 20% e 36% o AGRADECIMENTOS
percentual necessário para atingir ISC de 80%.
O ISC de 66,8% encontrado para a mistura Os autores deste trabalho agradecem a Pétrea
de 30% é viável para vias de tráfego leve a Engenharia por todo suporte para realização dos
moderado, que segundo Gomes (2017) é o tipo ensaios geotécnicos, a secretaria de
de tráfego da imensa maioria das ruas do infraestrutura de Catu e a FERBASA por toda
município de Catu. É importante ressaltar, que informação e auxílio concedido.
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RESUMO: Para conhecer se os insumos agrícolas geram um efeito nas propriedades físicas de solos
tropicais, foi feita, para o solo das profundidades de 5 m e 11 m coletados de um campo
experimental da Universidade de Brasília, a análise da composição química do solo natural e
ensaios de sedimentação, limites de Atterberg e avaliação visual por meio de lupa eletrônica, tanto
para o solo em estado natural, quanto para o solo misturado com 4% e 10% em peso de quatro
compostos preparados a partir dos insumos, Calcário Dolomítico, Calcário Calcítico, Cloreto de
Potássio, Ureia e Super Simples. Foi considerado um tempo de exposição do solo aos produtos
químicos de 24 horas, 7 dias e 15 dias. Se obteve que os fertilizantes geram principalmente
desagregação na granulometria do solo, assim como mudanças nos limites de Atterberg e na textura
do solo. Essas alterações não apresentam mudanças muito significativas com o tempo de exposição.
estrutural das agregações e pacotes de argila e geralmente apresentam estruturas mais estáveis
na interação entre partículas de um perfil de podendo ser expansivos, são menos permeáveis
solo tropical. Para tal avaliação foram usados e apresentam maior CTC que os solos
respectivamente, ensaios de análise profundamente intemperizados.
granulométrica e de limites de Atterberg.
2.2 Íons Trocáveis
como a mineralogia, conteúdo de argila, nível Solo Ltda., a composição química do solo em
de umidade, temperatura e a presença de outros seu estado natural.
compostos químicos, podem influir na interação Os solos foram analisados no estado natural
com essas substâncias (Hannah et al., 2009). e misturados a teores de aditivo variando entre
Os contaminantes podem ser inorgânicos 2% e 10% em peso (Pérez, 2018), sendo aqui
como os fertilizantes, ou orgânicos como parte apresentados os resultados obtidos para o solo
do lixo e esgoto doméstico. Todos esses tipos natural e para os teores de 4% e 10% dos 4
de contaminantes geram uma quebra da cadeia compostos utilizados. Esses, foram preparados a
da microfauna (fungos, bactérias, minhocas partir da mistura em quantidades iguais em peso
etc.) importante para a fertilidade do solo, dos aditivos químicos puros, Calcário
tornando necessária com o tempo uma maior Dolomitico, Calcário Calcítico, Ureia, Super
quantidade de fertilizantes (Kist Steffen et al., Simples e Cloreto de Potássio. O primeiro
2011). composto está formado da mistura do Super
O Carbonato de Cálcio (CaCO3) é um Simples, Ureia e Cloreto de Potássio. Nessa
insumo amplamente utilizado na indústria pesquisa, essa combinação foi titulada SUC e
agrícola. Diferentes estudos têm demonstrado foi feita porque estes são os compostos
que a presença ou precipitação desta sustância químicos que compõem um dos fertilizantes
química, pode melhorar os parâmetros físicos e mais utilizados no Brasil, o qual é conhecido
mecânicos dos solos (Chahal et al., 2011). como NPK (Nitrogênio, Fosforo e Potássio). O
Considerando esse aspecto, Gonzales (2009), segundo composto corresponde à mistura do
determinou na sua tese de doutorado, que a SUC com o Calcário Dolomítico e o terceiro
incubação de baterias nativas do solo durante 15 resulta da mistura do SUC com o Calcário
dias num meio contendo Ureia, gerava uma Calcítico. Essas duas combinações foram feitas
precipitação do Carbonato de Cálcio. tendo em conta que os Calcários Dolomítico e
Calcítico são muito utilizados para correção do
pH dos solos. Finalmente o quarto composto
3 METODOLOGIA surge da mistura da Ureia com o Calcário
Calcítico. A seleção dessa última combinação
Estudos prévios foram realizados com o surgiu dos resultados obtidos por Gonzales
objetivo de avaliar se os aditivos químicos (2009).
utilizados, uma vez em contato com a água, Inicialmente o solo ficou, após mistura,
reduziam seu tamanho de tal forma que não exposto ao contato com os compostos por um
gerassem algum tipo de influência nos período de 24 horas, mas como se obtiveram
resultados de sedimentação por meio da mudanças nas granulometrias de cada uma das
incorporação de partículas sólidas ao meio. misturas, se decidiu trabalhar com mais dois
Para o desenvolvimento dos diferentes tempos de exposição para verificar se elas se
ensaios, foram usadas amostras deformadas de ampliavam, sendo adotados, 7 dias para as
um perfil de intemperismo tropical localizado misturas com SUC e SUC + Calcário
no Campo Experimental do Programa de Pós- Dolomítico e 15 dias de exposição para as
Graduação em Geotecnia da Universidade de misturas com SUC + Calcário Calcítico e Ureia
Brasília, sendo dada ênfase neste artigo, aos + Calcário Calcítico.
resultados das amostras coletadas nas Realizou-se ensaios de sedimentação para
profundidades de 5 m e 11 m por representarem avaliar se o solo apresentava ou não, algum
diferentes níveis de intemperização no perfil de nível de agregação ou desagregação estrutural.
solo estudado. Para estes ensaios não foram utilizados
Para essas profundidades foi determinada, defloculantes nem o aparelho de dispersão
pelo laboratório SOLOQUÍMICA Análises de porque eles gerariam a separação das partículas
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e o objetivo era conhecer qual era o efeito oxi-hidróxidos de Alumínio e Ferro na sua
gerado apenas pelos teores dos contaminantes. composição químico-mineralógica os quais,
Adicionalmente se avaliou visualmente por segundo o teor presente em cada uma das
meio de uma lupa eletrônica, se ocorriam camadas, podem contribuir de modo
mudanças na textura das misturas, com relação significativo para alterações consideráveis no
ao solo natural. Finalmente realizou-se ensaios comportamento mecânico do solo (Camapum
de limites de Atterberg, para conhecer se os de Carvalho et al., 2012).
aditivos químicos poderiam gerar variações nas Na Tabela 1 se observa que a profundidade
forças interativas entre as partículas do solo de 11 m, apresenta uma maior disponibilidade
para uma mesma umidade. Neste ensaio de cátions básicos na superfície do solo para o
utilizou-se apenas o teor 10% por ter sido o que intercambio iônico (V%) e maior acidez
gerou as maiores variações nos resultados dos (H+Al), em comparação com o solo oriundo de
outros ensaios. 5 m de profundidade, o que contribui para uma
maior CTC para essa profundidade como se
mostra nessa tabela.
3 RESULTADOS E ANÁLISES O conteúdo de matéria orgânica (MO) pode
contribuir para o incremento da CTC, mas os
Inicialmente analisou-se se os fertilizantes teores registrados são muito pequenos e a CTC
apresentavam uma porcentagem considerável de para 11 m é maior por sofrer maior influência
solubilidade em água, considerando-se como da mineralogia do solo.
material não solubilizado o retido na peneira Os resultados dos ensaios de sedimentação
com abertura de malha 0,045 mm. Os resultados feitos para 4% e 10% dos diferentes insumos
mostraram que os produtos analisados não para a profundidade de 5 m, considerando-se o
geravam quanto à textura um efeito tempo de exposição 24 horas, são apresentados
significativo na sedimentação. nas Figuras 1 e 2.
As análises químicas para as amostras de solo
em seu estado natural, são apresentadas na
Tabela 1.
Figura 2. Solo de 5 m de profundidade com 10% de teor Figura 4. Solo de 11 m de profundidade com 4% de teor
dos compostos e tempo de exposição de 24h. dos compostos e tempo de exposição de 24h.
mudanças significativas nas curvas de Figura 13. Solo de 5 m de profundidade com 4% de teor
sedimentação, nem na textura do material, como dos compostos e tempo de exposição de 15 dias.
pode ser observado na Figura 12.
As Figuras 13 e 14 apresentam
comparativamente os resultados de
sedimentação obtidos para a profundidade de 5
m após 24 horas e 15 dias de exposição. Figura 14. Solo de 5 m de profundidade com 10% de teor
Conforme descrito na metodologia, os dos compostos e tempo de exposição de 15 dias.
compostos avaliados no tempo de exposição de
15 dias foram o SUC + Calcário Calcítico e a
Ureia + Calcário Calcítico.
Com o tempo de exposição ocorrem
pequenas mudanças apenas para a mistura com
o SUC mais Calcário Calcítico. Nesse caso após Figura 15. Imagens obtidas com a lupa para o solo de 5m
15 dias se verifica em relação aos resultados misturado com 10% de teor dos compostos e tempo de
obtidos após 24 horas de exposição que ocorre, exposição de 15 dias. Aumento 100 vezes.
tanto para o teor 4% como para o teor 10%,
Para a profundidade de 11 m os resultados
pequena desagregação na fração interior à 0,01
apresentados nas Figuras 16 e 17, mostram que
mm e pequena agregação na fração
o tempo de exposição de 15 dias em relação ao
compreendida entre 0,01 mm e 0,074 mm.
período de exposição de 24 horas, ampliou a
Igualmente as texturas, não apresentaram
desagregação do composto Ureia mais Calcário
mudanças consideráveis no tamanho dos grãos,
Calcítico na fração inferior à 0,074 mm, e
percebendo-se apenas um pequeno aumento de
aumentou a agregação gerada pelo composto
umidade após 15 dias de exposição na
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
Figura 16. Solo de 11 m de profundidade com 4% de teor Figura 19. Resultados do limite de liquidez (wl), com
dos compostos e tempo de exposição de 15 dias. tempo de exposição de 24h.
que apresentou a menor diminuição dos limites agrícolas por meses e até anos o que deve gerar
de Atterberg com relação ao solo natural, um efeito ainda maior em sua estrutura e
certamente devido ao efeito da Ureia, a qual comportamento mecânico. Os resultados de wp,
tende a aumenta-lo segundo os resultados para este tempo de exposição, ficaram quase
obtidos por Pérez (2018). constantes.
Os resultados dos limites de Atterberg para o As Figuras 23 e 24 apresentam
tempo de exposição de 7 dias, encontram-se nas comparativamente, os resultados dos limites de
Figuras 21 e 22. Cabe lembrar que nesse tempo Atterberg obtidos para o perfil de solo após 24
de exposição, foram usados apenas os aditivos horas e 15 dias de exposição. Cabe lembrar que
SUC e SUC + Calcário Dolomítico e um teor de nesse tempo de exposição, foram usados apenas
10%. os aditivos SUC + Calcário Calcítico e Ureia +
Calcário Calcítico e um teor de 10% de aditivo.
de plasticidade com o tempo, em especial para as pesquisas que subsidiaram esse artigo.
os solos mais ricos em caulinita, evidenciando
que o efeito da Ureia predomina sobre o gerado REFERÊNCIAS
pelo Calcário Calcítico. Para o caso da mistura
com o composto SUC mais Calcário Calcítico, Besoain, E., Borie, F., Carrasco, A., Escudey, M. &
não é clara a influência na plasticidade dos Galindo, G. (1985). Suelos volcánicos de chile.
Tosso, J. (Org.), Instituto de Investigaciones
solos estudados já que o comportamento varia Agropecuarias INIA, Santiago de Chile, pp. 327–330
muito de uma profundidade a outra. p.
Camapum De Carvalho, J., Gitirana Jr, G.F.N. & Leão
CONCLUSÕES Carvalho, E.T. (2012). Tópicos Sobre Infiltração:
Teoria e Prática Aplicadas a Solos Tropicais.
Chahal, N., Rajor, A. & Siddique, R. (2011). Calcium
Os resultados obtidos nos diferentes ensaios, carbonate precipitation by different bacterial strains.
African J. Biotechnol., 10(42): 8359–8372
mostram que a reação dos solos das
Fernández-D’arlas, B. (2016). Series liotrópicas en la
profundidades 5 m e 11 m aos agentes químicos química macromolecular. An. la Química, 112(2): p
mais usados na agricultura, realmente gera 79–94.
alterações nas suas propriedades físicas e na Fontes, M.P., Camargo, O.A., Sposito G. e ET, A.
estrutura textural do solo. Estas mudanças vão (2001). Eletroquímica das partículas coloidais e sua
relação com a mineralogia de solos altamente
depender do grau de intemperização
intemperizados p. 20
mineralógica que o solo já sofreu e do tipo de Gonzales, Y. (2009). Influência da biomineralização nas
produto químico utilizado. propriedades físico - mecânicas de um perfil de solo
Dos resultados de granulometria se obteve tropical afetado por processos erosivos. Tese de
que os aditivos químicos geram desagregação doutorado. Programa de Pós Graduação em
Geotecnia. Universidade de Brasilia, Brasilia DF. p.
das partículas do solo. Essas variações na 208.Grim, R. (1962). Applied Clay Mineralogy.
granulometria foram também observadas nas McGRAW-HILL Book Company, Inc, Illinois.
imagens obtidas com a lupa, onde se Guimarães, R.C. (2002). Análise das propriedades e
apresentaram alterações na textura do solo, comportamento de um perfil de solo laterítico
como por exemplo, a formação de grumos aplicada ao estudo do desempenho de estacas
escavadas. Dissertação de mestrado, publicação g.dm-
devido à desagregação de partículas menores 090a/02, Programa de Pós Graduação em Geotecnia,
que permitiam a união dos grãos maiores e o Universidade de Brasília, Brasília, df, 180p : 60–61 p.
incremento de umidade na superfície do solo Hannah, S., Murray, M. & Ellen, H. (2009). Sources and
devido às reações químicas. Finalmente, dos impacts of contaminants in soils. Soil Science.
limites de Atterberg, se evidenciou uma International Plant Nutrition Institute IPNI. (2017).
Fertilizantes. URL http://brasil.ipni.net/ article/BRS-
diminuição dos valores das misturas com 3132#aparente
relação ao solo natural de cada profundidade; Jaramillo, D. (2000). Introducción a la ciencia del suelo.
essa diminuição representa uma perda de Soil Science, 321–328 p.
resistência do solo misturado com os Kist Steffen, G.P., Steffen, R.B. & Antoniolli, Z.I.
fertilizantes, para um mesmo teor de umidade. (2011). Contaminação do solo e da água pelo uso de
agrotóxicos. TECNO-LÓGICA, : 15–21 p.
O conjunto de resultados apresentados Murphy, B.W. (2014). Soil organic matter and soil
apontam para o fato de que os fertilizantes function – review of the literature and underlying data
agrícolas geram alterações nas propriedades (May): 155 p.
físicas dos solos tropicais, o qual poderia, Pérez, A. C. (2018). Influência de insumos agrícolas em
eventualmente, gerar mudanças no seu propriedades físicas de solos tropicais. Dissertação de
Mestrado em Geotecnia - Universidade de Brasilia,
comportamento mecânico. Brasilia DF. p 103.
Rodriquez, S.M. (2017) Caracterização mineralógica e
AGRADECIMENTOS microestrutural de um perfil intemperizado de
Brasília. Anápolis: UEG, Monografia de conclusão do
Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio dado Curso de Engenharia Civil. p 133.
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
Fabiana Artuso
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil, fabianaartuso@gmail.com