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Universidade Estadual de Maringá

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil

Laboratório de Pavimentação – DEC 2596

Relatório

Ensaio CBR

Equipe
André Haruo Kibata RA: 111483 Turma:05
Mario Hideaki Miyasiro Fujimoto RA: 103933 Turma:01

Prof. Dr. Jesner Sereni Ildefonso

Maringá, 30/08/2022
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Sumário

1. Introdução 2
2. Objetivos 2
3. Materiais e métodos 2
4. Resultados e Análises 4
5. Conclusões e discussões 9
Referências bibliográficas 10
Anexos - Gráficos de Pressão x Penetração 11
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1. Introdução

O Índice de Suporte Califórnia (ISC), em inglês California Bearing Ratio (CBR), é um


ensaio de caracterização da resistência de um solo para avaliar a capacidade que o mesmo tem de
“suportar” as sobrecargas impostas sobre o maciço, além de medir sua propriedade expansiva
quando ocorre saturação, promovendo a perda de resistência. Este ensaio foi criado por volta da
década de 1930, com o intuito de verificar as deformações que aconteciam nos pavimentos do
estado da Califórnia (Estados Unidos) utilizando de análises de resistência por ensaio
penetrométrico. No Brasil, o ensaio ISC é padronizado através da norma DNIT 172/2006 e é um
dos ensaios mais empregados atualmente na área de pavimentação, sendo este um parâmetro de
avaliação inicial juntamente com ensaio de compactação do solo, para obter as características
voltadas ao comportamento das camadas de uma construção de subleitos de estradas e rodovias.

2. Objetivos

O ensaio de ICS tem como objetivos realizar inicialmente uma avaliação da expansão
ocorrida em 5 dias utilizando de 5 corpos de provas compactados. Em seguida, a realização do
ensaio penetrométrico com aplicações de pressões no corpo de provas para retirada de leituras de
deformação em (mm) que posteriormente serão convertidos para pressão, sendo calculados os
valores de CBR (%) e traçado das curvas Pressão x Penetração, CBR x Umidade, Expansão x
Tempo e Expansão x Umidade.

3. Materiais e métodos

Este ensaio é regulamentado pela Norma DNIT 172/2016: Solos - Determinação do Índice
de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas - método de ensaio. Para a realização
deste experimento, os equipamentos necessários foram:
● Molde cilíndrico metálico com 15,24 ± 0,05 cm de diâmetro interno e 17.78 cm ± 0,02 cm
de altura, com entalhe externo de meia espessura ;
● Cilindro Complementar com 6,08 cm de altura com o mesmo diâmetro do molde, com
entalhe inferior interno em meia espessura e na altura de 1cm;
● Base metálica com dispositivo de fixação do molde cilíndrico e do cilindro complementar;
● Disco espaçador metálico, de 15,00 cm ± 0,05 cm de diâmetro e de 6,35 cm ± 0,02 cm de
altura;
● Soquete metálico cilíndrico, de face inferior plana,com diâmetro de 5,08 cm ± 0,01 cm,
massa de 4,536 kg ± 0,01 kg, com altura de queda de 45,72 cm ± 0,15 cm. A camisa
cilíndrica do soquete deve ter, no mínimo, 4 orifícios de 1 cm de diâmetro, separados entre
si de 900 e, aproximadamente, a 20 cm da base.
● Prato perfurado de bronze ou latão, com 14,90 cm de diâmetro e 0,50 cm de espessura, com
uma haste central de bronze ou latão, ajustável, constituída de uma parte fixa rosqueada e de
uma camisa rosqueada internamente e recartilhada externamente, com a face superior plana
para contato com o extensômetro
● Tripé porta-extensômetro, de bronze ou latão, com dispositivo para fixação do extensômetro
● Disco anelar de aço, para sobrecarga, dividido diametralmente em duas partes, com 2,27 kg
de massa total, com diâmetro externo de 14,90 cm e diâmetro interno de 5,40 cm
● Extensômetro, com curso mínimo de 10 mm, graduado em 0,01mm;
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● Prensa, para determinação do Índice de Suporte Califórnia, na qual deve conter quadro
formado por base e travessa de ferro fundido e 4 tirantes de aço, macaco de engrenagem (de
operação manual por movimento giratório de uma manivela, com duas velocidades), prato
reforçado (ajustável ao macaco para suportar o molde), conjunto dinamômetro com
capacidade de 50KN (sensível a 25N), extrator de corpo de prova do molde cilíndrico (para
funcionamento por meio de macaco hidráulico, com movimento alternativo de uma
alavanca), balde de chapa de ferro galvanizado (com capacidade de cerca de 20 litros e com
fundo de diâmetro mínimo de 25 cm), papel de filtro circular (de cerca de 15 cm de
diâmetro) e balança com capacidade de 20 kg, sensível a 5g.

O material de estudo deste experimento é uma amostra de solo coletada no município de


Mandaguaçu. Para o início da prática, a amostra foi deixada secar ao ar, destorroada no almofariz
pela mão de gral, homogeneizadas e reduzidas, utilizando-se do repartidor de amostras ou por
quarteamento, onde se obtém uma amostra representativa de 6000 g para solos argilosos ou siltosos
e 7000g para os solos arenosos ou pedregulhosos. Essa amostra representativa é passada pela
peneira de 19mm e, se houver material retido entre esta peneira e a de 4,8 mm, deve-se haver a
substituição do mesmo por igual quantidade.
Para a moldagem do corpo de prova é necessário fixar o molde a sua base metálica, onde
deve-se ajustar o cilindro complementar e o apoiar o conjunto em uma base com massa ≥90Kg. O
material é compactado com o disco espaçador em 5 camadas iguais, onde cada camada deve receber
12 golpes de soquete, caindo de uma altura de 45,72cm, distribuídos uniformemente sobre a
superfície da camada. A altura total do solo após a compactação deve ser de 12,5 cm.
Após isso o cilindro complementar é removido destacando-se, com o auxílio de uma
espátula, o material que ficou aderido. Utilizando de uma régua, raspa-se o material excedente até a
altura exarada do molde e determina-se o peso do material úmido compactado (aproximação de 5g).
Do material excedente, retira-se uma amostra de 100g, para a determinação do teor de umidade.
Após a moldagem dos corpos de prova, tem-se o início a parte do experimento de expansão,
onde, para caracterizar a curva de compactação, o disco espaçador de cada corpo de prova deve ser
retirado e os moldes devem ser invertidos e fixados nos respectivos pratos-base perfurados.
Em cada corpo de prova, deve-se inserir a haste de expansão com os pesos anelares no
espaço deixado pelo disco espaçador. A sobrecarga deve ter massa superior a 4,536 kg. Adapta-se o
extensômetro fixo ao tripé porta-extensômetro na haste de expansão, colocando-o na borda do
cilindro. Este equipamento medirá as expansões ocorridas, que devem ser anotadas a cada 24 horas.
Em porcentagens de altura inicial do corpo de prova. Os corpos de prova devem permanecer
imersos em água por 4 dias (96 horas). Após esse período, retira-se os moldes com o corpo de prova
da imersão e deixa-se escorrer a água por 15 minutos. Para os cálculos de expansão absoluta
utiliza-se a fórmula 1:

(𝐸−𝐸𝐼)
𝐸𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎= (1)
𝐸𝑖
Sendo:
Ei = expansão inicial
E = expansão final

Para a realização do ensaio de penetração, leva-se o conjunto ( corpo de prova dentro do


molde cilíndrico e as sobrecargas utilizadas no ensaio de expansão) ao prato da prensa, onde
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realiza-se o assentamento do pistão de penetração no solo, controlando a carga por meio da leitura
do extensômetro. A seguir, zeram-se os extensômetros do anel dinamométrico e o que mede a
penetração do pistão no solo. A manivela da prensa é acionada a uma velocidade constante de 1,27
mm/min (0,05 pol/min). Anota-se, para diferentes valores de penetração, a leitura do extensômetro
que mede a deflexão do anel dinamométrico definidos por intervalos de tempo de 30 segundos até
os 4 minutos e após isso foram medidas em intervalos de 1 minuto. Com estes valores, por meio da
curva de calibração (fórmula 2) pode-se calcular a carga:

y = 2,1918x + 11,565 (2)

Sendo:
y : Carga (Kgf)
x : medição do anel dinamômetro (1/1000 mm)

Com os valores de carga obtidos pela fórmula anterior e considerando que o diâmetro do
corpo de prova é de 4,96 cm:

𝑦
𝑃𝑀𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 = 2 (3)
π*𝑑
4

Com os valores obtidos pela fórmula anterior e utilizando como pressão padrão 0,1’’ (2,54
mm) = 70 Kgf/cm2 e 0,2’’ (5,08mm) = 105 Kgf/cm2, podemos calcular o CBR:

𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎
𝐶𝐵𝑅 (%) = ⎡ 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 ⎤*100 (4)
⎣ ⎦

A partir das informações obtidas no ensaio CBR, é possível analisar a viabilidade do solo
para uso em camadas de pavimento.

4. Resultados e Análises

Inicialmente foram determinadas as características relacionadas ao ensaio de compactação


com dados como teor de umidade, tipo de energia de compactação utilizada e peso específico do
solo (γ) analisado e plotados em um gráfico de γ x umidade do solo, conforme Figura 1 a seguir:
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Figura 1 - Curva de compactação do solo

Foi obtido a partir da utilização da energia normal de compactação (E = 5,4 kg.cm/cm³)


realizando 12 golpes/ camada, para um peso específico de 1,945 gf/cm³ tem-se umidade ótima de
12,9 %.
Em seguida, foram coletados as expansões (%) ocorridas para cada um dos corpos de provas
durante 5 dias em meio saturado (Equação 1), como mostrado na Tabela 1 a seguir:

Tabela 1 - Variação da expansão dos CPs durante 5 dias


EXPANSÃO (%)
DATA
CP 1 CP 2 CP 3 CP 4 CP 5
29/07 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
30/07 1,90 1,07 1,05 1,11 1,07
31/07 1,91 1,07 1,05 1,10 1,06
01/08 1,92 1,08 1,05 1,09 1,05
02/08 1,92 1,08 1,05 1,09 1,05

Após, foram realizadas as medições através do ensaio penetrométrico, das deformações por
pressão no cilindro do corpo de provas, sendo registrados os valores das leituras observadas,
conforme a Tabela 2.

Tabela 2 - Leituras das deformações pelo ensaio penetrométrico


Leituras
Penetração Tempo Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Leitura 4 Leitura 5
(mm) (min) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)

0,63 0,5 7 70 19 5 0
1,27 1,0 10 100 46 11 2
1,90 1,5 11 110 80 16 5
6
Leituras (continuação)
2,54 2,0 13 115 110 24 7
3,17 2,5 15 120 136 31 9
3,81 3,0 15 125 155 41 11
4,44 3,5 17 127 169 45 13
5,08 4,0 19 130 195 53 16
6,35 5,0 20 138 227 66 22
7,62 6,0 22 144 258 80 25
8,89 7,0 24 150 293 94 30
10,16 8,0 25 150 316 104 33
11,43 9,0 27 160 339 120 37
12,70 10 28 168 363 132 42

Na sequência, os valores das leituras foram convertidas em cargas através da utilização da


equação relacionada à constante do anel (Equação 2) e relacionados posteriormente com a área de
aplicação do pistão no ensaio penetrométrico, sendo então transformadas em unidades de pressão
(Equação 3), como mostra a Tabela 3.

Tabela 3 - Pressões aplicadas em cada um dos tempos nos corpos de provas


Pressão calculado
Penetração Tempo CP 1 CP 2 CP 3 CP 4 CP 5
(mm) (min) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2)

0,63 0,5 1,3926 8,5390 2,7538 1,1657 0,5985


1,27 1,0 1,7329 11,9421 5,8166 1,8463 0,8254
1,90 1,5 1,8463 13,0764 9,6734 2,4135 1,1657
2,54 2,0 2,0732 13,6436 13,0764 3,3210 1,3926
3,17 2,5 2,3001 14,2108 16,0257 4,1150 1,6195
3,81 3,0 2,3001 14,7779 18,1810 5,2494 1,8463
4,44 3,5 2,5269 15,0048 19,7691 5,7031 2,0732
5,08 4,0 2,7538 15,3451 22,7184 6,6106 2,4135
6,35 5,0 2,8672 16,2526 26,3483 8,0853 3,0941
7,62 6,0 3,0941 16,9332 29,8648 9,6734 3,4344
8,89 7,0 3,3210 17,6138 33,8350 11,2614 4,0016
10,16 8,0 3,4344 17,6138 36,4440 12,3958 4,3419
11,43 9,0 3,6613 18,7482 39,0531 14,2108 4,7956
12,70 10 3,7747 19,6556 41,7755 15,5720 5,3628
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Com isso, foi possível estabelecer uma curva relacionando pressão e penetração, sendo
representado os dados coletados da Turma 01.

Figura 2 - Curva pressão x penetração do CP 1 da Turma 01

Com o traçado da curva, foi possível observar que não ocorreu uma inflexão inicial na curva
(folga), não havendo a necessidade de realizar alteração da origem e posterior correção dos dados.
A partir da relação entre as pressões necessárias aplicadas nos pontos de penetração de 2,54
mm e 5,08 mm dos corpos de provas com as pressões padrões referenciais para estas medidas, foi
realizado a determinação dos valores de CBR dados em porcentagem (Equação 4), sendo
registrados na Tabela 4.

Tabela 4 - Valores de CBR para 2,54 mm e 5,08 mm de cada CP


CBR
(%)

Penetração Tempo CP 1 CP 2 CP 3 CP 4 CP 5
(mm) (min)

2,54 2,0 2,9617 19,4908 18,6806 4,7443 1,9894

5,08 4,0 3,9340 21,9216 32,4549 9,4437 3,4479

Utilizando os dados de CBR calculados, foi traçado uma curva correlacionando os


parâmetros de CBR (considerando a situação de maiores valores) e umidade de cada amostra.
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Figura 3 - Gráfico de CBR por Umidade

A partir do gráfico, observa-se que os maior valor de CBR de 32,4549% é registrado com
umidade de 12,4% estando no entorno da umidade ótima de 12,9%, podendo dessa forma
considerar que para o solo analisado, a preparação das camadas do pavimento contendo a
porcentagem de umidade próxima da ótima seria a opção mais adequada para poder garantir altos
valores de resistência ao cisalhamento e mitigar os possíveis danos que são causados em função da
sobrecarga de veículos pesados como fissuras na pavimentação e rupturas do subleito.
Com base nos dados obtidos de expansão, fez-se o traçado das curvas em relação ao tempo
de 5 dias, analisando o comportamento referente à alteração de volume.

Figura 4 - Curvas de Expansão x Tempo


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Observando o traçado das curvas, tem-se que ocorre maior expansão para o CP 1 variando
de 1% para 1,9% em apenas 1 dia de saturação, sendo que os demais corpos de provas apresentam
comportamento pouco variável estando em torno de 1%. Isso acontece devido ao fato da primeira
amostra ter diferença de aproximadamente 4% com relação à umidade ótima do solo analisado,
dessa forma o mesmo tende a absorver mais água no processo de saturação e consequentemente
aumentar o volume, diferentemente dos outros corpos de provas que estão próximos ou superiores à
umidade ótima, tendendo sofrer menor expansão. Além disso, o CP 1 seria a situação menos
adequada a ser empregada para a construção de camadas de pavimentos, visto que quanto maior a
expansão do maciço de solos será gerado uma progressiva diminuição da resistência ao longo do
tempo.
Em última análise, correlacionando a máxima expansão de cada um dos corpos de provas
com a umidade, tem-se as curvas representadas na Figura 5 a seguir.

Figura 5 - Curva Expansão x Umidade

Observa-se que o máximo CBR, analisado anteriormente como sendo de 35,4549% ocorre
para o CP 3 com umidade de 12,4%. Assim, verificando o gráfico da Figura 5, obtém-se que para o
máximo valor de CBR, tem-se a menor expansão dentre os corpos de provas sendo de 1,05%,
podendo então considerar os parâmetros de Expansão e de CBR como sendo inversamente
proporcionais.

5. Conclusões e discussões
Ao analisar o CP 1 referente a este relatório, pode-se perceber que esta situação seria o
pior quando comparada às demais, pois ao se analisar o gráfico de expansão x tempo, este
ensaio possui a maior variação, podendo indicar que há maior presença de vazios, o que pode
levar a prejuízos a resistência do solo.

Dentre todos os casos analisados o ensaio 3 seria o mais adequado para se utilizar como
camada do subleito de um pavimento, pois esta amostra possui a unidade que mais se aproxima
da umidade ótima, alcançando desta forma maiores valores de CBR.
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Referências bibliográficas

BERNUCCI, L.B., MOTTA, L.M.G., CERATTI, J.A.P., SOARES, J.B.. Pavimentação Asfáltica -
Formação Básica para Engenheiros. Petrobrás - Asfaltos. Rio de Janeiro, 2008. 3ª Reimpressão,
2010.

Norma DNIT 172/2016 – ME : Solos - Determinação do índice de Suporte Califórnia utilizando


amostras não trabalhadas – método de ensaio.

SENÇO, W.. Manual de Técnicas de Pavimentação: Volume 1. 2ª ed. Editora Pini. São Paulo,
2007.
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Anexos - Gráficos de Pressão x Penetração

Figura 6 - Curva pressão x penetração do CP 2

Figura 7 - Curva pressão x penetração do CP 3

Figura 8 - Curva pressão x penetração do CP 4


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Figura 9 - Curva pressão x penetração do CP 5

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