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MECÂNICA DOS SOLOS APLICADA

AULAS 22 e 23
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Planejamento da Aula
• Resistência ao cisalhamento
• Estados de tensões. Círculo de Mohr. Pólo (ou Origem
dos Planos).
• Deformações. Coeficiente de Poisson.
• Ruptura dos maciços terrosos. Critérios de ruptura.
Critério de Mohr-Coulomb. Envoltória de resistência:
coesão e atrito interno. Definições. Fatores influenciantes.
• Comportamento dos solos arenosos e argilosos.
• Aplicações em estabilidade de taludes, muros de arrimo,
fundações.
• Compressibilidade e Adensamento unidirecional
• Conceito de compressibilidade.
• Analogia mecânica de Terzaghi.
• Teoria(s) do adensamento. Hipóteses simplificadoras.
Equação diferencial do fenômeno.
• Coeficiente de adensamento, Coeficiente de decréscimo
de volume, Índice de compressão, Tensão de pré-
adensamento.
• Cálculo dos recalques.
Fontes de Consulta:

 Aulas Mecânica dos Solos – Prof. Dr. Romero César Gomes


(Mestrado Profissional em Geotecnia – UFOP-MG)
 Aulas Mecânica dos Solos – Prof. Sérgio Velloso
 Notas de aulas Mecânica dos Solos. Vítor Pereira Faro. UFPR –
Universidade Federal do Paraná.
 Universidade Federal de Sergipe – Centro de Ciências Exatas e
Tecnológicas – Departamento de Engenharia Civil – Mecânica dos
Solos II Notas de Aulas
 DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. São Paulo:
Thomson. Learning, 2007. 560 p.
 CRAIG, R.F. Mecânica dos Solos. Rio de Janeiro, LTC, 2007.
 VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos.. São Paulo: Ed.
Universidade de São Paulo, 1977.
 CAPUTO, H.P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. 1 ed. Rio de
Janeiro: Livro Técnico, 1967.
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

• Cisalhamento

• Tensões normais e de cisalhamento

• Círculo de Mohr
◦ Definição das tensões
◦ Definição dos planos
◦ Representação bidimensional dos elementos
Introdução
As tensões em uma massa de solo são o resultado de
seu peso próprio, aplicação de carregamentos externos
ou alterações no meio físico (variação no nível freático,
intemperismo, mudança de geometria).
Introdução
Superfície de
Ruptura (SR)

Região instável

Região estável
• Estabilidade de taludes (aterros, cortes e barragens)

• Estabilidade em muros de arrimo


• Capacidade de carga de fundações

Tal
São situações que envolvem
sempre em sua análise, o
deslizamento de uma parte do
maciço em relação a outra.
Ruptura por Cisalhamento (caso real)

Os solos geralmente rompem por cisalhamento.

Na ruptura, as tensões cisalhantes ao longo da


superfície de ruptura atingem a resistência ao
cisalhamento do solo.
Ruptura por Cisalhamento (caso real)

Fonte: Salvador (2005)


Fonte: GeoRio
Fonte: Guia da engenharia (2020)
Cisalhamento

É uma das principais propriedades mecânicas


dos solos, cujo conhecimento é básico na análise e
solução dos mais importantes problemas da engenharia
civil, tais como:

• estabilidade de taludes (aterros, cortes e barragens);

• empuxos em muros de arrimo;

• capacidade de carga de fundações.


• Vários materiais sólidos empregados em construção
normalmente resistem bem as tensões de
compressão, porém têm uma capacidade bastante
limitada de suportar tensões de tração e de
cisalhamento.

• Geralmente são considerados apenas os casos de


solicitação por cisalhamento, pois as deformações
em um maciço de terra são devidas a deslocamentos
relativos entre as partículas constituintes do maciço.
• Para análise e solução dos problemas mais
importantes de engenharia de solos é necessário o
conhecimento das características de resistência ao
cisalhamento dos solos. Exemplos típicos são os
problemas de estabilidade de aterros e de cortes,
empuxos sobre muros de arrimo, capacidade de
carga de sapatas e de estacas.
A ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno
de cisalhamento. Isto acontece, por exemplo, quando
uma sapata de fundação é carregada até a ruptura ou
quando ocorre o escorregamento de um talude. Só em
condições especiais ocorrem rupturas por tensões de
tração.

Devido à sua natureza atritiva, a resistência dos


solos é caracterizada pela resistência ao cisalhamento.
Isso ocorre porque os movimentos relativos entre as
partículas do solo, no interior de um maciço, são
decorrentes da ação das forças cisalhantes. Quando
essas forças e a tensão normal atuantes atingem um
valor crítico, em determinados planos, diz-se que
ocorre a ruptura do solo. Esses planos são chamados
de planos de ruptura.
Simplificadamente, pode-se dizer que a resistência
ao cisalhamento do solo corresponde à máxima tensão
de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer
ruptura ou a tensão cisalhante no plano em que a
ruptura estiver ocorrendo.

No entanto, o conceito de ruptura não é tão simples


quando se trata dos solos, pois envolve ruptura
propriamente dita e deformação excessiva. As curvas
de tensão versus deformação para os solos
apresentam características diferenciadas.
Tensões em Meios Particulados
Solo – Sistema constituído por três fases
(partículas sólidas, água e ar).
TENSÃO NORMAL E CISALHAMENTO
O solo apresenta um comportamento
peculiar quando submetido a um
carregamento. Tensões de cisalhamento só
são suportadas pela camada sólida, uma vez
que a água e o ar não oferecem nenhum tipo de
resistência a este tipo de tensão. As tensões
normais são suportadas pelo esqueleto sólido
e pela parte fluida.
Tensões em Meios Particulados

Parte dos esforços é transmitida pelos grãos


e, conforme as condições de saturação do
solo, parte é transmitida pela água.
Um corte plano numa massa de solo interceptaria
grãos e vazios e, só eventualmente, uns poucos
contatos.
Considere-se, porém, que tenha sido possível
colocar uma placa plana no interior do solo.
Diversos grãos transmitirão forças à placa, forças
estas que podem ser decompostas em normais e
tangenciais à superfície da placa.
A somatória das componentes normais ao plano,
dividida pela área total que abrange as partículas em
que estes contatos ocorrem, é definida como tensão
normal σ (Sigma).
A somatória das forças tangenciais, dividida pela
área, é referida como tensão cisalhante (Tal).
Tensões em Meios Particulados

Tensões nos Contatos:

Tensões Médias:
Tensões em Meios Particulados
Tensões Normais: Serão resistidas
em parte pelas partículas do solo e
em parte pela água presente no
solo;

Tensões Cisalhantes: Serão


resistidas apenas pelas partículas
sólidas.

Tensões nas faces do elemento:


Princípio das Tensões Efetivas

Tensão Normal total (σ): Representa a tensão normal total atuante em um


determinado plano que secciona uma porção de solo;

Poropressão ou pressão neutra (u): Porção da tensão total suportada pela


água intersticial;

Tensão Normal efetiva (σ’): Porção da tensão total suportada pelas


partículas sólidas do solo.
Princípio das Tensões Efetivas
Resistência ao cisalhamento dos solos
Tensões devido ao peso próprio
• Tensões Geostáticas: Quando o nível do terreno é horizontal e
quando a natureza do solo varia pouco na direção horizontal.
Estado Plano de Tensões
Tensões em um plano qualquer
Estado Plano de Tensões
Tensões em um plano qualquer
Estado triaxial de tensões

𝒙𝒚 - o primeiro subscrito indica a direção da normal ao plano no


qual a tensão atua, e o segundo a direção da componente
tangencial.

𝒚 - o subscrito indica a direção da componente normal.


Componentes de tensões:

• Tensões Normais (σ)  tensões na direção perpendicular ao


plano.

• Tensões Cisalhantes ( )  tensões nas direções paralelas ao


plano.
• Tensões Principais

Planos principais de tensões  planos ortogonais entre si


onde as tensões cisalhantes são nulas.

Tensões principais  tensões normais atuantes nos planos


principais. = σ1

=σ3

=σ2

σ1  tensão principal maior


σ2  tensão principal intermediária
σ3  tensão principal menor
Estado Duplo ou Plano de Tensões

Chamamos de σ1 a maior das tensões normais atuantes no


elemento de solo destacado na figura e de σ3 a menor delas e
considerando que no caso 𝑽 𝑯 , teremos a situação:
Consideremos agora um plano genérico
MN, inclinado de um ângulo passando pelo
ponto P. Nele atuarão uma tensão normal σ e uma
tangencial ou cisalhante , decorrentes da ação
de σ1 e σ3, conforme a imagem.

É fácil demonstrar, com o uso da trigonometria que:

Valem aqui os seguintes princípios da Mecânica dos Sólidos:

- σ1 é a TENSÃO (NORMAL) PRINCIPAL MAIOR


- σ3 é a TENSÃO (NORMAL) PRINCIPAL MENOR (portanto, sempre σ1 > σ3)
- O plano onde σ1 atua denomina-se PLANO PRINCIPAL MAIOR (PPM)
- O plano onde σ3 atua denomina-se PLANO PRINCIPAL MENOR (ppm)
- Os planos principais são sempre ortogonais (perpendiculares) entre si
- Nos planos principais não atuam tensões tangenciais ( )
• O ângulo é contado sempre a partir do PPM, no sentido anti-horário, até o plano
em estudo (MN).

Se “unificarmos” as fórmulas, teremos:

𝟐 𝟐
𝟏 𝟑 𝟐 𝟏 𝟑

𝟐 𝟐
Que é uma equação do tipo: 𝟎 𝟎 , ou seja, a equação de
uma circunferência.
Fazendo a correspondência entre os
termos das equações, percebe-se que no caso
da equação, y0 = 0 e portanto, a circunferência
tem o centro no eixo das abcissas.
Então, na figura, as coordenadas do centro são:

E o raio é:

Esta representação gráfica é


chamada de Círculo das Tensões ou de
MOHR – um artifício fabuloso para se
expressar qualquer estado de tensões.
Ensaio TRIAXIAL
(VER VÍDEOS)
O esquema do ensaio Triaxial é mostrado na
figura.

= 𝟑

Figura – Aparelho de compressão triaxial (Souza Pinto, 2000).


Na figura a seguir pode-se observar a
sequência de montagem do ensaio, sendo que
o corpo de prova é colocado na base da
câmara de confinamento, com uma pedra
porosa na sua base e outra no seu topo (a),
em (b) observa-se a colocação de uma
membrana impermeável envolvendo a amostra
que é presa por anéis de borracha (c), o corpo
de prova é conectado no topo e na base para
permitir a drenagem e depois às buretas (d).
Em (e) é mostrada a fixação da câmara de
material resistente e transparente. Esta câmara
é cheia com água cuja função é aplicar a
tensão confinante (σ3) através do dispositivo
mostrado em (f). Em (g) observa-se o
dispositivo para medição da pressão neutra e
em (h) o reservatório de água destilada aerada
e o manômetro.
Durante o ensaio são aplicados
carregamentos, medindo-se em intervalos de
tempo, o acréscimo de tensão axial que está
atuando. A ruptura é obtida com σ1, e os
círculos de Mohr são traçados com os pares
(σ1 ; σ3) obtidos no ensaio e em seguida a
envoltória de Coulomb, conforme mostrado na
figura a seguir.
(a) Aplicação da tensão principal σ1 e da tensão de confinamento σ3;

(b) Corpo de prova rompido;

(c) Círculos de Mohr e envoltória de Coulomb (Cernica, 1995).


Critérios de ruptura de Mohr-Coulomb

Para determinar a resistência ao cisalhamento do


solo ( ), são realizados ensaios com diferentes valores
de σ3, elevando-se σ1 até a ruptura.
Cada círculo de Mohr representa o estado de
tensões na ruptura de cada ensaio. A linha que
tangência estes círculos é definida como envoltória de
ruptura de Mohr.
A envoltória de Mohr é geralmente curva, embora
com frequência ela seja associada a uma reta. Esta
simplificação deve-se a Coulomb, e permite o cálculo da
conforme a expressão: = c + σ . tg φ .
Quatro estados de tensões associados a um
ponto
Estado 1
A amostra de solo está submetida a uma pressão
hidrostática. O estado de tensão deste solo é representado
pelo ponto σ3 e a tensão cisalhante é nula.
Estado 2
O circulo de Mohr está inteiramente abaixo da envoltória.
A tensão cisalhante ( ) no plano de ruptura é menor que a
resistência ao cisalhamento do solo ( ) para a mesma tensão
normal. Não ocorre ruptura.
Estado 3
O círculo de Mohr tangência a envoltória de ruptura.
Neste caso atingiu-se, em algum plano, a resistência ao
cisalhamento do solo e ocorre a ruptura. Esta condição
ocorre em um plano inclinado a um ângulo “ crÍtico" com o
plano onde atua a tensão principal maior
Estado 4
Este círculo de Mohr é impossível de ser obtido, pois antes
de se atingir este estado de tensões já estaria ocorrendo
ruptura em vários planos, isto é, existiria planos onde as
tensões cisalhantes seriam superiores à resistência ao
cisalhamento do solo.
Análise de Estabilidade
MATRIZ DO SOLO

SÓLIDO ÁGUA AR

COESÃO ÂNGULO DE ATRITO


MECANISMO DE RESISTÊNCIA DOS SOLOS
CONCEITO FÍSICO DA INSTABILIDADE
EM ENCOSTAS

Comportamento tensão–deformação  Tensão desviadora ( 𝐝 𝟏 𝟑


CONCEITO FÍSICO DA INSTABILIDADE
EM ENCOSTAS
No limite da ruptura

Instabilidade da encosta ocorre quando as tensões


cisalhantes mobilizadas superam a resistência ao
cisalhamento.
TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE ESTABILIDADE
DE TALUDES
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO FATOR DE
SEGURANÇA (FS)

Resistência ao cisalhamento
Fatores de segurança determinísticos e as respectivas
condições de estabilidade de encostas
Representação dos Estados de
Tensões no Círculo de Mohr
ADENSAMENTO
Fontes de Consulta:
 Aulas Mecânica dos Solos – Prof. Dr. Romero César Gomes
 Aulas Mecânica dos Solos – Prof. Sérgio Velloso
 PINTO, C.S. CURSO BÁSICO DE MECÂNICA DOS SOLOS. 3 ED.
SÃO PAULO: OFICINA DE TEXTOS, 2006.
 DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. São Paulo:
Thomson. Learning, 2007. 560 p.
 CRAIG, R.F. Mecânica dos Solos. Rio de Janeiro, LTC, 2007.
 VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos.. São Paulo: Ed.
Universidade de São Paulo, 1977.
 CAPUTO, H.P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. 1 ed. Rio de
Janeiro: Livro Técnico, 1967.
Figuras: Prof. Dr. Romero César Gomes
(Mestrado Profissional em Geotecnia – UFOP-MG)
TENSÕES, PROPAGAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
DAS PRESSÕES

• Fundamentos do adensamento

• Argilas normalmente, pré-adensadas e sub-


adensadas
Recalques Excessivos – Casos Prático
TORRE DE PISA
TORRE DE PISA
TORRE DE PISA
PRÉDIOS DE SANTOS
Fonte: Grupoae (2013)
Fonte: Altair Santos (2015)
Fonte; Felipe Marinho (2019)
ADENSAMENTO DO SOLO

É uma deformação do solo que ocorre a


medida em que a água vai sendo expulsa pelo
excesso de pressão aplicada pela fundação.
Conceito de Adensamento
É um processo lento e gradual de redução do
índice de vazios de um solo por expulsão do fluido
intersticial e transferência da pressão do fluido para o
esqueleto sólido, devido a cargas aplicadas ou ao peso
próprio das camadas sobrejacentes.

Compactação: processo manual ou mecânico de


redução do índice de vazios, por expulsão do ar.
Natureza do Adensamento dos Solos
• Camada de argila saturada de pequena espessura em relação à sua extensão.
• Deformações essencialmente verticais (unidimensionais).
• Deformações laterais (horizontais) desprezíveis.

Adensamento: processo gradual de redução de volume de uma camada de solo saturada e


de baixa permeabilidade devido à drenagem da água intersticial, até a completa dissipação
do excesso de poropressões induzido pela ação do carregamento externo imposto ao solo.

Deformações verticais ⇒ adensamento unidimensional ⇒ compressão vertical ⇒ recalques por adensamento (δ)
Natureza do Adensamento dos Solos

• Início do adensamento (t = 0; imediatamente após Δσ): todo o acréscimo de


tensões será absorvido pela água intersticial (válvula fechada no modelo da
figura a).

Δσ = Δu  CONDIÇÕES NÃO DRENADAS (curto prazo)

Δu: excesso de poropressões gerado pelo carregamento externo Δσ (admitido


como aplicado instantaneamente)
• Durante o adensamento (t > 0; após Δσ): dissipação do excesso
das poropressões transferência de tensões efetivas e de
poropressões no solo (válvula aberta no modelo da figura b).

Δσ’ = Δu  PROCESSO DE ADENSAMENTO

• Final do adensamento (t >> 0; após Δσ): dissipação total do


excesso das poropressões (todo o acréscimo de tensões será
absorvido pelo arcabouço sólido do solo; condição indicada pelo
modelo da figura c).

Δσ = Δσ’  CONDIÇÕES DRENADAS (longo prazo)


O Processo de Adensamento
20kN 20kN 20kN 20kN

mola = grãos do solo


RECALQUE = ADENSAMENTO

Recalque (mm)

tempo
ÍNDICE DE VAZIOS

TENSÃO EFETIVA
Hipóteses Simplificadas de Terzaghi:

O desenvolvimento da Teoria do Adensamento se


baseia nas seguintes hipóteses:

 O solo é homogêneo e completamente saturado;


 A água e os grãos são incompressíveis;
 O escoamento obedece a Lei de Darcy e se processa na direção
vertical;
 O coeficiente de permeabilidade é constante;
 O índice de vazios decresce linearmente com o aumento da tensão
efetiva;
 A compressão é unidirecional e vertical e deve-se à saída de água
dos espaços vazios;
 As propriedades do solo não variam durante o adensamento;
Grau de Adensamento (U)

É a relação entre a deformação (ε) ocorrida num


elemento numa certa posição ou profundidade z, num
determinado instante de tempo t e a deformação deste
elemento quando todo o processo de adensamento tiver
ocorrido (εf), ou seja:
A deformação instantânea do elemento pode ser
expressa através da relação entre a variação da sua
altura (ΔH) e sua altura inicial (H).

A deformação final do elemento devida ao


acréscimo de tensão pode ser expressa pela equação
seguinte:
Num instante t qualquer também, o índice de
vazios será “e” e a deformação correspondente
ocorrida até aquele instante será:

Substituindo-se (4) e (3) em (1), obtemos:


Um elemento de solo que está submetido à
tensão vertical efetiva σ´1, com seu índice de vazios e1
ao ser submetido a um acréscimo de tensão Δσ, surge
instantaneamente uma pressão neutra de igual valor
(ui), e não há variação de índice de vazios.
Progressivamente, a pressão neutra vai se
dissipando, até que todo o acréscimo de pressão
aplicado seja suportado pela estrutura sólida do solo
(σ’2 = σ’1+ Δσ) e o índice de vazios se reduz a e2.
Por semelhança dos triângulos ABC e ADE, tem-se:

Da equação (6) conclui-se que o Grau de


Adensamento é equivalente ao Grau de Acréscimo de
tensão efetiva.
Percentual de Adensamento em Função da
Poropressão

• No instante do carregamento: σ’2 - σ’1 = ui


• No instante t: σ’2 - σ´ = ui e σ´ - σ’1 = ui – u

Temos, portanto, quatro expressões disponíveis para


o cálculo do Grau de Adensamento dos solos.
Exercícios
Calcular o Grau de Adensamento (U) nas seguintes
situações

a) ε = 0,4 e εf = 0,8

b) ΔH = 20 cm H = 2,0 m
e1 = 0,8 e2 = 0,3

c) σ’1 = 15 tf/m² σ’2 = 60 tf/m² σ´= 50 tf/m²

d) ui = 25 tf/m² u = 10 tf/m²
RESPOSTAS
a) 0,5 = 50%
b) 0,36 = 36%
c) 0,78 = 78%
d) 0,6 = 60%
Argilas Normalmente
adensadas, Pré-adensadas e
Sub-adensadas
Definição de campo de Tensão de Pré-Adensamento
(Pa)

Considere uma argila saturada com “1 milhão


de anos” (solo “completamente” adensado) de 10 m
de espessura e .
Calcular , (poropressão = água) e
(tensão efetiva = grãos) em H = 5 m (cota – 5,0).

= 1 tf/m3 = 10kN/m3
Definição de laboratório de Tensão de Pré-
Adensamento (Pa)

Iremos retirar uma amostra na cota – 5,0 m


referente a situação anterior

Antes da retirada da amostra: amostra confinada, portanto sujeita a


pressão de todos os lados, e o índice de vazios é igual a “e1”
Depois da retirada da amostra: a pressão de confinamento já não existe
mais, e o índice de vazios é igual a “e2”
Conclusão: e2 ˃ e1
No ensaio de adensamento,
temos:
Fonte: Contech
Ensaio de Adensamento
Equipamento

https://slideplayer.com.br/slide/3662826/
e2
e1

Pa
Imaginando que foi derramado um aterro de 2 m
de espessura em cima do solo anteriormente
considerado. Calcular σ, μ e σ’ na cota – 5,0 m.
Considerando a situação inicial, ou seja solo em
repouso durante “milhões de anos” imagina que houve
uma escavação de 1,0 m de espessura. Calcular σ, μ e
σ’ na cota – 5,0 m.
e2
e1

PRÉ- ADENSADO = HOUVE


UMA ESCAVAÇÃO
SOLO SUB-
ADENSADO =
HOUVE UMA
SOBRECARGA

Pa
IGUAL = NORMALMENTE
ADENSADO = EQUILÍBRIO
Resumindo:

Quando σ’ = Pa
NORMALMENTE ADENSADO
(ADENSOU COMPLETAMENTE)

Quando σ’ ˃ Pa
solo SUB-ADENSADO
(HOUVE UMA SOBRECARGA)

Quando σ’ < Pa
solo PRÉ-ADENSADO
(HOUVE UMA ESCAVAÇÃO)
A tensão correspondente a mudança de comportamento

 Tensão de pré-adensamento
(Pa)

Máxima tensão efetiva sofrida pelo solo
No trecho inicial, de menor compressibilidade, o
solo está, na realidade, sendo submetido a um
processo de recompressão. No trecho seguinte, o solo
está sendo carregado, pela primeira vez, para valores
de tensão efetiva maiores do que os máximos que o
depósito já foi submetido.
Assim sendo, o limite entre os dois trechos é
definido por um valor de tensão efetiva correspondente
à máxima tensão efetiva que o solo foi submetido em
toda sua história. A esta tensão efetiva dá-se o nome
de tensão efetiva de pré-adensamento.
Exercício 1

Verificar o estado de adensamento da camada


saturada de argila siltosa com as seguintes
características:

Espessura: 10,0 m
= 1,85 tf/m3
Pa = 3,0 tf/m2 (definido a partir do ensaio de
adensamento)
Exercício 2

Verificar o estado de adensamento da camada


saturada de argila siltosa com as seguintes
características:

Espessura: 8,0 m
= 1,9 tf/m3
Pa = 4,0 tf/m2 (definido a partir do ensaio de
adensamento)
Exercício 3

Verificar o estágio de adensamento que se


encontram as camadas de argila siltosa e argila
orgânica na seguinte situação:

• Camada saturada de argila siltosa de 3,0 m de


espessura. = 1,7 tf/m3 Pa = 2 tf/m².

• Camada saturada de argila orgânica de 7,0 m de


espessura (a partir da argila siltosa).
= 1,5 tf/m3 Pa = 3,85 tf/m².
NT = NA
0,0

- 1,5 m
argila siltosa = 1,7 tf/m3 Pa = 2 tf/m²
- 3,0 m

- 6,5 m
argila orgânica
= 1,5 tf/m3 Pa = 3,85 tf/m²

- 10,0 m
Exercício 4
Verificar os estados de adensamento da camada de
argila saturada sob os eixos A e B, conforme perfil
abaixo. Considerar:
Pa = 3,0 tf/m2 e = 2,0 tf/m3

A B
-6m
- 12 m
Exercício 5
Verificar o estágio de adensamento que se
encontram as camadas de argila siltosa e argila
orgânica na seguinte situação:

• Camada saturada de argila siltosa de 2,0 m de


espessura. = 2,0 tf/m3 Pa = 1,5 tf/m².

• Camada saturada de argila orgânica de 8,0 m de


espessura (a partir da argila siltosa).
= 1,8 tf/m3 Pa = 3,0 tf/m².

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