Você está na página 1de 25

UNIDADE CURRICULAR DE

NOME DA
Estruturas de fundações e
UC contenções
Prof. 1 e
Prof. 2
Aula: Recalque de fundações diretas

Prof. Rafaela Amaral


1- Considerações iniciais

Um recalque extraordinário propiciou que a Torre de Pisa, com 58 m de altura, se tornasse


um dos pontos turísticos mais importantes da Itália e do mundo. Recalques diferenciais
geravam desaprumo que não estabilizava, atingindo 4,5 m, em 1990, quando foi interditada
para reparação concluída em 2001.

No Brasil, são célebres as dezenas de edifícios inclinados na orla marítima da cidade de


Santos, SP. A maioria apresenta um desaprumo com tendencia a se estabilizar com o tempo,
mas alguns exigem providências para não tombar completamente.
Sobre os prédios de Santos - SP:

Fonte: https://www.ige.unicamp.br/pedologia/2021/06/17/de-santos-a-pisa-e-puro-recalque/
• Geralmente, os edifícios sofre recalques de poucas dezenas de milímetros,
normalmente invisíveis a olho nu.
• É importante que os recalques sejam previstos em projeto!
• Os recalques são provenientes das deformações por diminuição de volume e/ou
mudança de forma do maciço de solo compreendido entre a base da sapata e o
indeslocável.
Recalque total de sapata: deslocamento vertical para baixo, da base da sapata em relação
a uma referência fixa, indeslocável, como o topo rochoso.
Recalque diferencial (relativo): entre duas sapatas. São mais preocupantes.
O recalque pode ser dividido em duas parcelas, o que ocorre após o carregamento,
recalque imediato ou instantâneo, e o que ocorre com o tempo, recalque no tempo.

O recalque no tempo é dividido em duas parcelas: devido ao adensamento (migração


de água dos poros com consequente redução no índice de vazios), , e devido a
fenômenos viscosos (adensamento secundário - creep), .
Recalque Inicial: O recalque inicial ocorre em solos não
saturados e, no caso de solos saturados, quando as
condições possibilitam a existência de deformações
verticais e horizontais. Nesses casos parte das tensões,
geradas pelo carregamento são transmitidas
imediatamente ao arcabouço sólido e são calculados pela
Teoria da Elasticidade.

Recalque primário ou de adensamento: O recalque


primário, estudado aqui, ocorre durante o processo de
transferência de esforços entre a água e o arcabouço
sólido, associado à expulsão da água dos vazios.

Recalque secundário: Também chamado de fluência


(“creep”) está associado a deformações observadas após
o final do processo de adensamento primário, quando as
tensões efetivas já se estabilizaram. Ocorre para tensões
efetivas constantes.
Solos em geral (areias, siltes e argilas não saturadas)

Argilas moles saturadas

Argilas muito moles/marinhas e solos orgânicos


onde:
= recalque absoluto
= recalque imediato ou recalque elástico*
= recalque primário ou recalque por adensamento
= recalque por compressão secundária
Comportamento de alguns solos típicos:

Solos Colapsíveis: são solos não saturados que apresentam uma considerável e
rápida compressão quando submetidos a um aumento de umidade sem que varie a
tensão normal a que estejam submetidos. O colapso é devido à destruição dos
meniscos capilares, responsáveis pela tensão de sucção, ou a um amolecimento do
cimento natural que mantinha as partículas e as agregações de partículas unidas.
Fisicamente, o fenômeno do colapso está intimamente associado ao da perda de
resistência dos solos não saturados.
Comportamento de alguns solos típicos:

Solos Expansivos: Ao contrário dos solos colapsíveis, certos solos não saturados,
quando submetidos à saturação, apresentam expansão. Esta expansão é devida à
entrada de água nas interfaces das estruturas mineralógicas das partículas argilosas,
ou à liberação de pressões de sucção a que o solo estava submetido, seja por efeito
de ressecamento, seja pela ação de compactação a que foi submetido. A
expansibilidade é muito ligada ao tipo de mineral argila presente no solo, sendo
uma das características mais marcantes das argilas do tipo esmectita. Mas solos
essencialmente siltosos e micáceos, geralmente decorrentes de desagregação de
gnaisse, apresentam-se expansivos quando compactados com umidade abaixo da
umidade ótima.
2- Recalque imediato – Teoria da Elasticidade

Parâmetros de compressibilidade

1) 𝐌ó𝐝𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 ()

2) 𝐂𝐨𝐞𝐟𝐢𝐜𝐢𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐏𝐨𝐢𝐬𝐬𝐨𝐧 ()
1) 𝐌ó𝐝𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 ()

Diagrama tensão () – deformação ()


Obs: “o solo não apresenta
comportamento linear, porém é
razoável admitir comportamento
linear da curva carga x recalque
até níveis de tensão da ordem
dos que são aplicados por
sapatas e tubulões, distantes da
ruptura” (Cintra et. al. 2011).

Módulo de deformabilidade () é igual ao coeficiente angular da curva tensão deformação em


comportamento linear:

Em comportamento não linear podem ser considerados os módulos tangente e secante à curva.
o valor de é constante com a
Meio elástico homogêneo (MEH): profundidade, como é o caso das argilas
sobreadensadas.

o valor de é variável com a profundidade,


Meio elástico não homogêneo: como é o caso das areias, consideradas
um meio linear não homogêneo.
1) 𝐌ó𝐝𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 ()

Pode ser obtido por meio de correlações com a resistência de ponta do cone () do ensaio CPT, ou
com o valor de NSPT

Ou
2) 𝐂𝐨𝐞𝐟𝐢𝐜𝐢𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐏𝐨𝐢𝐬𝐬𝐨𝐧 ()

Coef. de Poisson () é dado pela relação entre a deformação radial e a deformação vertical:

Corpo submetido à tensões de compressão:

Obs:
• Meio elástico homogêneo MEH
Camada semi-infinita:

Onde:
= coeficiente de Poisson do maciço de solo;
= módulo de deformabilidade do solo, considerado constante com a profundidade
= fator de influência, que depende da forma e rigidez da sapata;
• Meio elástico homogêneo MEH
Camada infinita: sobrejacente a um material muito rígido ou praticamente indeformável,
cujo o topo pode ser considerado indeslocável, como costuma ser o topo rochoso.

onde:
= recalque imediato de camada finita de argila homogênea
= fator de influência do embutimento da sapata (obtido por gráfico)
= fator de influência da espessura da camada de solo (obtido por gráfico)
= tensão na superfície de contato entre a sapata e o solo = P/A
= menor dimensão da sapata
= módulo de deformabilidade do solo
Fatores de influência e
Caso de multicamadas
• Na maioria dos casos, o solo sobre o qual está assentada a fundação é constituído de
várias camadas com propriedades mecânicas diferentes
• Método da sapata fictícia

Método da sapata fictícia


• Calcula-se o valor de recalque para cada camada,
assim o recalque final é igual à soma dos
recalques de cada camada:

• O cálculo do recalque na primeira camada é feito


normalmente com a equação:
O recalque nas camadas mais profundas é
calculado considerando-se uma sapata fictícia
apoiada no topo de cada camada:

• A sapata fictícia tem dimensões ampliadas


através da propagação 1:2

• A tensão no contato solo-sapata fictícia () é igual


a ()

Sapata fictícia na segunda camada

• O recalque nas camadas inferiores deve ser


calculado até que se encontre uma variação
menor do que 10% no valor do recalque total.
Exemplo

1) Calcular o recalque imediato da sapata da figura abaixo, considerada rígida, com ,


aplicando ao solo a tensão MPa
Exemplo

2) Estimar o recalque imediato da mesma sapata do exemplo 1, mas agora apoiada à cota
-1,5 m e com o indeslocável (topo rochoso) à cota -7,5m
Exemplo

3) Calcular o recalque imediato da sapata da figura abaixo. A sapata possui dimensões e


aplica ao solo uma tensão MPa
Referências:

Fundações diretas
Fundações – Volume Completo
José Carlos A. Cintra, Nelson Aoki, José Henrique Albiero
Dirceu de Alencar Velloso; Francisco de Rezende
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/38868/
Lopes epub
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/
181502/epub
QUE TENHAMOS
UM EXCELENTE
SEMESTRE
LETIVO!
MUITO OBRIGADO
PELA ATENÇÃO!

Você também pode gostar