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Universidade Federal de Campina Grande –UFCG

CAMPUS POMBAL

Mecânica dos Solos

Profª.: Dra. Suelen Silva Figueiredo Andrade


TENSÕES
NO
SOLO
1 – Aplicação do conceito da Mecânica dos Solos
Deformáveis aos solos  conceito de tensões num
meio particulado  os solos são constituídos por
partículas e as forças são transmitidas de partícula
a partícula e suportadas pela água dos vazios.

2 – Transmissão de esforços entre as partículas


a) Partículas granulares  transmissão de força a
partir do contato direto grão a grão
b) Partículas de argila  pode ocorrer através da
água quimicamente adsorvida

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PERCOLAÇÃO
“Supondo uma situação em que há fluxo, a água
percola num permeâmetro que contém uma amostra de
areia. A diferença entre as cargas totais na face de
entrada e de saída é “H”, e a ela corresponde a pressão
“H.Ɣw”.
Esta carga se dissipa em atrito viscoso na
percolação através do solo. Como é uma energia que
se dissipa por atrito, ela provoca um esforço ou arraste
na direção do movimento. Esta força atua nas
partículas, tendendo a carregá-las. Só não o faz porque
o peso das partículas a ela se contrapõe, ou porque a
areia é contida por outras forças externas.”

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Força dissipada pela carga (h) =
F = h.w.A

Fluxo uniforme  a força F se dissipa em todo


volume de solo (A.L)

Força por unidade de volume é

h w A h
j   w  i W
A.L L

Água percolando num permeâmetro

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“A força de percolação é uma grandeza
semelhante ao peso específico. De fato, a força de
percolação atua da mesma forma que a força
gravitacional. As duas se somam quando atuam no
mesmo sentido (fluxo d’água de cima para baixo) e se
subtraem quando em sentido contrário (fluxo d’água
de baixo para cima). Este aspecto fica mais claro
quando se analisam as tensões no solo submetido à
percolação.”

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Tensões no solo num permeâmetro com fluxo ascendente

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“A tensão efetiva, portanto, tanto pode ser
calculada como a total menos a neutra, como pelo
produto da altura pelo peso específico submerso,
só que, quando há percolação, deve-se descontar a
força de percolação.”

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Tensões no solo num permeâmetro com fluxo descendente

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“Considere-se uma amostra de solo
submetido à um fluxo de água ascendente e que a
carga hidráulica “h” aumente progressivamente. A
tensão efetiva ao longo de toda a espessura irá
diminuindo até o instante em que se torne nula.
Nesta situação, as forças transmitidas de grão para
grão são nulas. Os grãos permanecem,
teoricamente, nas mesmas posições, mas não
transmitem forças através dos pontos de contato. A
ação do peso dos grãos (gravidade) se contrapõe à
ação de arraste por atrito da água que percola para
cima (força de percolação).”

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“Como a resistência das areias é
proporcional à tensão efetiva, quando esta se
anula, a areia perde completamente sua
resistência. A areia fica num estado definido como
areia movediça.
Para se conhecer o gradiente que provoca
o estado de areia movediça, pode-se determinar o
valor que conduz a tensão efetiva a zero.”

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“Este gradiente é chamado gradiente crítico.
Seu valor é da ordem de um, pois o peso específico
submerso dos solos é da ordem do peso específico
da água.
Logicamente, só ocorre o estado de areia
movediça quando o gradiente atua de baixo para
cima. No sentido contrário, quanto maior for o
gradiente, maior a tensão efetiva.”

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Areias movediças, na natureza, são
de rara ocorrência, mas o homem é
capaz de criar esta situação nas
suas obras.

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a) fluxo ascendente junto ao pé de jusante de barragens
sobre areia fina
b) fluxo ascendente de fundo de escavações escoradas
por cortinas de estacas pranchas envolvendo areias
finas

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Percolação de Água nos Solos

- Controle das Forças de Percolação


- redução da vazão de percolação
- adoção de dispositivos de drenagem.

2-revestimentos de proteção do talude de montante


6-filtros verticais e inclinados

3-zoneamento do maciço 10-enrocamento de pé


8-material mais permeável a jusante
1-tapetes impermeabilizantes a montante

9-drenos verticais
4-construção de trincheira de vedação (cut off) 7-filtros horizontais

5-construção de cortina de injeção


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Um dos temas mais importantes a serem
considerados em Mecânica dos Solos, são os
efeitos da água nos solos e em suas propriedades
de engenharia.
Alguns exemplos da influência da água no
comportamento dos solos incluem os problemas
de capilaridade, inchamento, escoamento d’água
através de barragens de terra, problemas de
recalques de estruturas construídas sobre solos
argilosos, estabilidade de fundações e
estabilidade de taludes.

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A capilaridade é definida como sendo a
propriedade através da qual, a água alcança,
em tubos de pequenos diâmetros, alturas
superiores a seu nível de equilíbrio (freático).

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Nos solos, devido às forças originárias da tensão superficial
gerada entre a superfície mineral dos grãos e da água, esta
apresenta um movimento ascendente no interior do maciço
denominado ascensão capilar, atingindo um nível superior ao que
estaria em um poço de grande diâmetro.

A diferença entre o nível freático e o nível alcançado pela


água devido ao fenômeno capilar é chamada “Altura de ascensão
capilar”.

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- Tensão Superficial da Água = 0,073 N/m2
Comportamento diferenciado da água na superfície em
contato com o ar
 orientação das moléculas

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 Altura Capilar

W   .r.2 hc . w

Fc  2 .r.T

2.T
hc 
r. w

0,03
hc ( m ) 
d ( mm )

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Embora os solos sejam conjuntos aleatórios
de partículas e os vazios entre elas também sejam
irregulares, a analogia dos tubos capilares, embora
imperfeita, ajuda a explicar os fenômenos capilares
observados nos maciços.
Na prática o valor da altura de ascensão
capilar é ligeiramente menor, devido à presença de
impurezas.

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EFEITO DA TENSÃO SUPERFICIAL EM UMA MASSA DE SOLO.

Para todos os pontos onde atua o menisco capilar, a força


de tensão superficial atua, causando uma pressão intergranular.
Essa pressão é denominada de pressão capilar, e em Mecânica
dos Solos, é muitas vezes chamada “pressão de contato”.
Esta força compressiva sobre o esqueleto sólido contribui
para a resistência e estabilidade da massa de solo.

Allen Hazen (1930) forneceu uma fórmula para a aproximação da


altura de ascensão capilar:

C e = índice de vazios
hc  d10 = diâmetro efetivo (mm)
e.d10
C = constante que varia de 10 a 50 mm2

Considera-se nos solos que o diâmetro dos “poros” é


aproximadamente igual a 20% do diâmetro efetivo do solo (d10).

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 Exemplos da Importância da Capilaridade

-Construção de aterros e pavimentos – a água que sobe por


capilaridade tende a comprometer a durabilidade de
pavimentos

-Sifonamento capilar em barragens – a água pode, por


capilaridade, ultrapassar barreiras impermeáveis e gerar por
efeito de sifonamento, percolação através do corpo da
barragem

-Coesão aparente – parcela de resistência gerada pelos


meniscos capilares presentes em solos não saturados

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DISTRIBUIÇÃO
DE
TENSÕES
Ao se aplicar uma carga na superfície de um terreno, numa
área bem definida, os acréscimos de tensão numa certa
profundidade não se limitam à projeção da área carregada.

É importante para o engenheiro de fundações o


conhecimento dos princípios básicos da distribuição das
tensões nos solos devida à ação de esforços aplicados à
sua superfície ou em profundidade, pois, através deste
conhecimento, ele poderá avaliar os efeitos das sobrecargas
e das deformações consequentes.

As tensões que ocorrem no subsolo, são causadas


principalmente por dois fatores:
1. Peso próprio do solo (σ = .H)
2. Cargas estruturais aplicadas ao solo.

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Quando aplica-se uma sobrecarga ao terreno, ela
produz modificações nas tensões até então existentes.
Teoricamente tais modificações ocorrem em todos os pontos
do maciço solicitado. O modo como as tensões aplicadas se
distribuem no maciço é chamado de “Distribuição de
Tensões”.
A magnitude das tensões aplicadas tende a diminuir
tanto com a profundidade como lateralmente, à medida que
aumenta a distância horizontal do ponto à zona de
carregamento.

1. Hipótese Simples ou de Ângulo Fixo

Nesta teoria admite-se que a carga (pressão aplicada)


à superfície do terreno se distribui, em profundidade,
segundo um ângulo chamado de ângulo de propagação ou
de espraiamento (0). A variação mais comum deste método
é o chamado 2:1.

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z
30o

z tg 30 2L z tg 30

2L
v  o
2 L  2 ztg 30 o

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A hipótese simples contraria as observações
experimentais, pelas quais verifica-se que a pressão distribuída
em profundidade não é uniforme, mas sim variável (forma de
sino).
Este fato é observado na aplicação da hipótese simples
ao caso de diversas áreas carregadas, independentes entre si,
resultando numa distribuição não uniforme em profundidade.

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A variação entre os dois métodos diminui conforme
aumenta a relação entre a profundidade e as
dimensões da área carregada.

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2. Distribuição baseada na Teoria da Elasticidade

A distribuição de tensões dentro de uma massa de


solo pode ser estimada empregando soluções obtidas a partir
da teoria da elasticidade.
A experiência mundial tem demonstrado resultados
satisfatórios no uso desta teoria, desde que levados em
conta certos requisitos fundamentais.

Solução de Boussinesq
Considera a distribuição de pressões causadas por uma
carga concentrada (pontual) aplicada à superfície de um
semi-espaço infinito, elástico, homogêneo e isótropo.

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Solução de Boussinesq

 Espaço semi-infinito
 Material homogêneo
 Massa Isotrópica
 Relação tensão deformação linear
P

y r

Espaço elástico
Semi-infinito

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Os valores do fator de influência podem ser obtidos em gráficos ou
em tabelas, em função da profundidade e da distância do ponto
em que se quer o aumento de pressão e o eixo da carga.

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Quando o ponto estiver abaixo do eixo da carga, a tensão vertical será
simplificada para:
Q
 z  0,48 2
z
Em função da fórmula z = I (Q/z2), podemos obter:
1. Distribuição das tensões sobre um plano horizontal;
2. Distribuição das tensões sobre um plano vertical;
3. Traçado de isóbaras.

Isóbaras: Também chamadas de bulbos de


tensão, são o lugar
geométrico dos pontos de
igual tensão em qualquer
profundidade.
Para efeitos práticos considera-se que
valores de tensão menores que 0,1 Q, não
causam efeitos consideráveis sobre o solo
de fundação.

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Tensão vertical devida ao carregamento de um aterro:

q0  B1  B2  B1 
 z        2 
  B2 
1 2
B2 

 B1  B  B 
1  arctg    arctg  1 
 z   z  1 e 2 em radianos
 B1 
 2  arctg  
 
z

Uma solução simplificada é dada por: z = q0 I

O valor da influência I, é obtido em função das relações B1/z e


B2/z, conforme figura a seguir.

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Solução de Newmark: área retangular
Acréscimo de tensão abaixo de área retangular com carga uniforme

b a
m n
z z

 V  I . 0

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Solução de área circular
Acréscimo de tensão abaixo de área circular com carga uniforme

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Acréscimo de tensão vertical abaixo de qualquer superfície
com carga uniforme:

Consiste em um método gráfico envolvendo o uso da carta


de influência de Newmark. As etapas são:

1. Desenha-se a área carregada na escala gráfica indicada


pela carta de Newmark (segmento AB é igual à
profundidade desejada);
2. Coloca-se o desenho feito em 1 sobre a carta, fazendo
coincidir o centro dos círculos com o ponto abaixo do
qual deseja-se conhecer a pressão.
3. O número de blocos cobertos pela área carregada é
multiplicado pelo fator de influência do gráfico e pela
pressão inicial aplicada.

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suelen.silva@professor.ufcg.edu.br

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