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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Departamento de Engenharia Civil


Disciplina: Mecânica dos Solos
Docente: Renée Lauret Cosme
Renee.multivix@gmail.com
2016/01
Departamento de Engenharia Civil
Disciplina: Mecânica dos solos
Docente: Renée Lauret Cosme

Tensões nos solos - Capilaridade


Conceitos de tensões

 Os solos são constituídos de partículas e que forças aplicadas a eles são transmitidas de
partícula a partícula, além das que são suportadas pela água dos vazios. Esse processo é muito
complexo e depende do tipo de mineral;
Partículas • Transmissão de forças é através do
(siltes e areias) contato de mineral a mineral

• As forças em cada contato são muito


Partículas de mineral argila pequenas e a transmissão pode ocorrer
em número muito grande através da água quimicamente adsorvida

 Nos solos ocorrem tensões devidas ao peso próprio e às cargas aplicadas.


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Tensões nos solos - Capilaridade

TENSÃO NORMAL: TENSÃO CISALHANTE:


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Tensões geostáticas (tensões iniciais no terreno)


Este estudo visa determinar as pressões atuantes na massa de solo,
nas diversas profundidades de um maciço, quando consideramos
somente o peso próprio, isto é, apenas sujeito à ação da gravidade,
sem cargas exteriores atuantes. Estas pressões são denominadas
pressões virgens ou geostáticas.
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Tensões geostáticas (tensões iniciais no terreno)


São tensões devido ao peso do próprio solo.
• Tensão efetiva (σ’): é a tensão suportada pelos grãos do solo, ou seja, é a tensão
transmitida pelos contatos entre as partículas;
• Pressão neutra (μ): é a pressão da água, também denominada de poro-pressão é
originada pelo peso da coluna d’água no ponto considerado (μ = γa.H);
• Tensão total (σ): é a soma algébrica da tensão efetiva (σ’) e da pressão neutra (μ).
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Tensões geostáticas (tensões iniciais no terreno)


Em uma situação de tensões geostáticas, portanto, a tensão normal vertical
σ
inicial ( vo) no ponto “A” pode ser obtida considerando o peso do solo acima
do ponto “A” dividido pela área.
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Tensões geostáticas (tensões iniciais no terreno)


Se o solo acima do ponto “A”
for estratificado, isto é,
composto de “n” camadas, o
valor de σv0 é dado pelo
somatório de γi . zi, onde “i”
varia de 1 a n.

A
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Análise sobre os materiais ocorrentes nas camadas


Considerando cada camada homogênea, como uma espessura correspondente, podemos
considerar que podem ocorrer os materiais: partículas sólidas e água (em diversas
situações, a saber):
1. Só água = lâmina d’água;
2. Só partículas = solo seco;
3. Partículas com todos os vazios cheios de água, S=100%:
3.a. Solo saturado = quando a água dos vazios não está sujeita a ação da gravidade
(partículas envolvidas pela água)

3.b. Solo submerso = quando a água dos vazios está sujeita a ação da gravidade,
assim, as partículas sólidas estão imersas na água, portanto, as partículas estão
sujeitas ao empuxo que atua sobre as mesma.
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Água no solo
O ingresso de água no solo, através de
infiltração no terreno e a ocorrência de um
perfil estratificado, com uma sucessão de
camadas permeáveis e impermeáveis,
permitem a formação de lençóis freáticos ou
artesianos. Para entender estes fenômenos,
pode-se imaginar que no local foram instalados
três tubos, A, B e C (Figura), o primeiro
atravessando a camada inicial permeável,
seguindo por uma camada de solo
impermeável e atingindo a camada inferior,
onde ocorre lençol confinado, artesiano ou sob
pressão.
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Água no solo
Estes nomes se aplicam porque o nível de
água (N.A.) do tubo A está acima do nível
do terreno (N.T.). O tubo B encontra um
lençol livre, situação que é verificada pelo
operador no campo, pois a profundidade
do nível d’água no tubo permanece
estacionária. Já a perfuração feita para
instalar o tubo C atinge inicialmente o
lençol livre. Avançando-a, pode-se
observar que a água subirá no tubo,
indicando que se atingiu também o lençol
artesiano inferior.
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Água no solo

A Figura apresenta também um


caso de lençol pendurado ou
cativo, ou seja, preso sobre uma
fina camada de material
impermeável. Se uma perfuração
for aí realizada, ocorrerá perda
d’água repentina no furo assim que
a perfuração atingir a camada
permeável inferior.
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Água no solo
Considerando um maciço saturado com água em condições hidrostáticas (isto é, sem
fluxo) a profundidade na qual a pressão na água é atmosférica é o chamado nível
d’água natural (N.A.) ou lençol freático. Portanto, abaixo do nível d’água, a pressão na
água, ou poro-pressão ou pressão neutra (u0) é positiva. Sendo definida pela
expressão:
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Água no solo – Tensão vertical (Caso NT=NA)


A água exerce pressão de igual valor, mesma
direção e sentido contrário, portanto, a resultante
é nula. A pressão na água se transmite de um
ponto para outro do solo, através do contato entre
o líquido contido nos vazios do solo.
No perfil geotécnico da Figura, a tensão normal
vertical inicial (σvo) no ponto “A” pode ser obtido
considerando o peso do solo saturado acima do
ponto “A”, dividido pela área. Portanto, temos:
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Tensão vertical total (Caso Nt≠Na)


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Princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi


Karl Terzaghi definiu que o comportamento dos solos saturados quando à
compressibilidade e à resistência ao cisalhamento depende fundamentalmente
da pressão média intergranular denominado de tensão efetiva (tensão grão a
grão), foi uma das maiores contribuições à engenharia e é considerado o marco
fundamental do estabelecimento da Mecânica dos Solos com bases científicas
independentes. A comprovação desse princípio foi feita por Terzaghi de maneira
muito simples, utilizando um tanque com solo saturado e água. Aumentando o
nível da água no tanque, a pressão total (σv0) também aumenta no solo.
Entretanto, não se observa qualquer diminuição de volume no solo, o que vem
comprovar que seu comportamento é totalmente independente das tensões
totais.
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Princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi


Sendo a estrutura formada de um esqueleto de grãos sólido
(estrutural) e os vazios deixados entre as partículas, podemos
dizer que ocorrem duas situações distintas:
i A pressão vertical total se desenvolve no esqueleto estrutural sendo que a
água que ocorre nos vazios contribui simplesmente com o aumento de peso do
conjunto;
ii A pressão vertical total se desenvolve em duas parcelas distintas, uma no
esqueleto estrutural e outra na água que ocorre enchendo todos os vazios e
está sob ação da gravidade (solos submersos) ou sob ação de pressão exterior
(de percolação ou de adensamento).
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Princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi


Nos solos saturados (S = 100%) parte das tensões normais é suportada pelo
esqueleto sólido (grãos) e parte pela fase líquida (água), portanto, tem-se que:
σ = pressão vertical total devido ao peso próprio dos solos;
σ’ = parcela da pressão total que se desenvolve no
esqueleto granular → pressão efetiva ou pressão grão a
grão;
u = parcela da pressão total que se desenvolve na água
ocorrente nos vazios → pressão neutra ou poropressão.
Esta só ocorre quando a água que enche todos os vazios
está sob a ação da gravidade (ocorrência de água livre -
solos submersos) ou a água está com uma pressão
externa que pode ser pressão de adensamento ou
pressão de percolação.
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Princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi


Considerando-se agora, a situação de todos os vazios estarem cheios de água,
mas as partículas estarem simplesmente envolvidas pela água (espessura da
franja capilar), isto é, na faixa de ocorrência de água capilar onde a água não
está sujeita a ação da gravidade (e nem está submetida às cargas exteriores),
portanto, o solo está saturado, a pressão vertical total devida ao peso próprio
dos solos será:
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AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO


Comportamento da água:
• Contato com o ar: devido a orientação
das moléculas que é diferente da
orientação no interior da massa
(moléculas envoltas por outras
moléculas em todas as direções) surge a
tensão superficial;
• Contato com corpo sólido: as forças
químicas de adesão fazem com que a
superfície livre da água forme uma
curvatura que depende do tipo de
material e de seu grau de limpeza.
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AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO

CAPILARIDADE:
É a ascensão da água acima do nível
freático do terreno, através dos espaços
intersticiais do solo, em movimento
contrário à gravidade.
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AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO

Onde:
P = peso da coluna d´água;
F = força de ascensão capilar;
Ts = tensão superficial da água por unidade de linha de contato entre água e o
tubo (≈0,073N/m) ;
Hc = altura de ascensão capilar;
d = diâmetro do tubo;
a =  w = peso específico da água;
 = ângulo de contato (no caso de água e vidro limpo este ângulo é zero)
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AÇÃO DA ÁGUA CAPILAR NO SOLO

Pressões na água em meniscos capilares

PA e PD = pressão atmosférica, para


engenharia = zero
PB e PC = h.w
PE = -hc.w
PF = pressão atmosférica
Efeito da capilaridade nos cálculos de tensões:

Sem considerar o efeito


da capilaridade

Considerando que a altura de


ascensão capilar da areia fina seja
superior a 1m
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EFEITOS DA CAPILARIDADE NOS SOLOS

 Na construção de pavimentos
rodoviários: se o terreno de fundação de
um pavimento é constituído por um solo
siltoso e o nível freático está pouco
profundo, para evitar a ascensão capilar da
água é necessário substituir o material
siltoso por outro com menor potencial de
capilaridade;
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EFEITOS DA CAPILARIDADE NOS SOLOS

 A contração dos solos: quando toda a


superfície de um solo está submersa em
água, não há força capilar, pois α = 90º.
Porém, a medida que a água vai sendo
evaporada, vão se formando meniscos,
surgindo forças capilares que aproximam as
partículas.
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Princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi


Exemplo 1: Calcule as
tensões total, neutra
e efetiva para os
pontos assinalados
(tensões verticais).
Faça um gráfico da
variação da tensão
por profundidade.
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Pressão neutra
Condição de Submersão
Considerando o maciço submerso, a água que se encontra nos vazios está
sujeita a ação da gravidade, isto é, nessa água se desenvolve uma parcela da
pressão vertical total correspondente ao sistema partículas sólidas x água.
A água, sendo um fluido, transmite aos grãos do esqueleto estrutural,
considerando separadamente cada grão, pressões em todas as direções,
dando sobre cada partícula uma resultante nula. Daí chamar-se pressão
neutra, ou seja, aquela que não ocasiona deslocamento de grãos.
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Pressão neutra - experiência

Recipiente cuja base é ligada a um


piezômetro que nos indicará, no
tubo graduado, as alturas
piezométricas ou alturas
hidrostáticas ou cotas dos NAs
ocorrentes na estrutura durante a
experiência de laboratório.
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Pressão neutra - experiência


O recipiente tem a parede graduada ou
condição de medição precisa de H
(espessura da camada de solo permeável)
representada por areia pura colocada no
fundo do recipiente e acomodada para
medição inicial após se situar o primeiro
nível d'água NA1. Nessa altura H o solo se
encontra com o índice de vazios “e”.
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Pressão neutra - experiência

NA2 = segundo nível de água, controlada pelo


ladrão do recipiente, dando como decorrência
uma nova leitura piezométrica h2.
NA1 = nível inicial da água. Dá uma leitura
piezométrica h1, lida no piezômetro (aparelho
medidor de NA).
H = Altura inicial da suposta camada de areia,
indicando uma arrumação inicial das partículas
quando o nível d’água é NA1.
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Pressão neutra - experiência


• A pressão neutra no ponto A (fundo do
recipiente) correspondente a essa primeira
situação de NA1, será: u1 = γa x h1 – peso da coluna
de água pela área da base;
• A pressão neutra no ponto A correspondente a
essa segunda situação de NA2, será: u2 = γa x h2 ;
• Houve um aumento da altura da coluna d'água de
h1 para h2, logo houve um acréscimo no valor da
pressão neutra, a saber:
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Pressão efetiva (σ’)


• A pressão efetiva ou pressão intergranular é a outra parcela da pressão
vertical total que se desenvolve no esqueleto estrutural dos solos pelo
contato grão a grão.
• é a tensão suportada pelos grãos do solo, ou seja, é a tensão transmitida
pelos contatos entre as partículas;
• Sua variação acarreta alterações nas características mecânicas dos solos,
portanto é a parcela da pressão vertical total que nos interessa para análise
do comportamento dos maciços granulares porosos, estudado na Mecânica
dos Solos.
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Pressão efetiva (σ’)

1º Passo:
Toma-se o mesmo recipiente com a
camada de areia anterior (H = altura
inicial), mantendo-se u = constante
(portanto NA = constante) com
entrada de água continuadamente,
mas sem ocasionar turbulência.
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Pressão efetiva (σ’)


2º Passo:
introduzimos um tubo cheio de esferas de
chumbo (chumbo de caça) de maneira que
se possa, acionando um fio de nylon, por
um gatilho, fazer depositar na superfície
da areia as esferas que serão sobrecargas
diretamente sobre os grãos de areia.
Essa sobrecarga será também uma
estrutura permeável que continuará
permitindo a passagem da água, portanto,
mantendo constante o valor de u.
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Pressão efetiva (σ’)


m síntese fizemos um acréscimo de pressão
(proveniente do peso das esferas) - σ’ sobre
a areia, mantendo u = cte, acréscimo esse
sem queda, mas, depositando as esferinhas
de chumbo sobre os grãos de areia.
Após esse acréscimo verificamos que a
altura da areia original H cai para H1, o que
comprova a alteração das características
mecânicas da camada ou a acomodação dos
grãos de areia – redução do índice de vazios
sem a influência da pressão na água.
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Deformações no
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solo

Devido às
variações de
tensões efetivas

Aumentou a Aumentou a tensão


tensão total total e a pressão neutra
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Exercícios

σ´=?
σ=?
u=?

Para os pontos A, B e C:
σ´=?
σ=?
u=?
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Exercícios

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