Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR


UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AMBIENTAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

TÉCNICA, PODER E SOCIEDADE NA CULTURA BRASILEIRA

NAILA TAINA DA SILVA


RODRIGO FERREIRA DE ALMEIDA

POMBAL – PB
2023
NAILA TAINA DA SILVA
RODRIGO FERREIRA DE ALMEIDA

TÉCNICA, PODER E SOCIEDADE NA CULTURA BRASILEIRA

Artigo, apresentado ao Professor Dr.


Valdênio Freitas Meneses, docente da
disciplina de Sociologia, da Universidade
Federal de Campina Grande, campus
Pombal, como parte dos requisitos
necessários para obtenção de nota da
disciplina.

POMBAL – PB
2023
RESUMO

A interação entre técnica, poder e sociedade na cultura brasileira constitui uma trama
complexa enraizada na história multifacetada do país. Este artigo investiga essa relação,
explorando como inovações tecnológicas, dinâmicas de poder e práticas sociais se entrelaçam.
Teorias sociológicas, antropológicas e históricas fundamentam a análise (Cunha, 2009;
Freyre, 1933; Schwartz, 1988).
O cerne da discussão reside no papel da técnica na formação da identidade brasileira.
Da colonização aos dias atuais, as tecnologias transformaram modos de produção e
construíram narrativas culturais. A análise aborda as fases da evolução tecnológica e seu
impacto nas relações de poder e nas estruturas sociais, delineando uma trajetória única para a
cultura brasileira.
A escravidão, vinculada à produção açucareira, exemplifica a interação intricada entre
técnica e poder. Esta relação histórica persiste, transformando-se em diferentes contextos
(Holloway, 2010; Fausto, 2008). Ao longo da história, as mudanças tecnológicas
desencadearam resistências e adaptações sociais. A análise examina como diferentes grupos
respondem a essas mudanças, questionando ou reforçando estruturas de poder estabelecidas.
Este artigo busca fornecer uma análise abrangente das relações entre técnica, poder e
sociedade na cultura brasileira. Identificar padrões históricos, compreender as influências
mútuas entre inovações tecnológicas e dinâmicas sociais, e examinar implicações
contemporâneas são os objetivos. A construção de uma cultura inclusiva requer abordagens
éticas, alinhando políticas públicas e avanços tecnológicos a uma visão de desenvolvimento
sustentável.
Em conclusão, a interdependência entre técnica, poder e sociedade é fundamental para
decifrar as características distintas da cultura brasileira contemporânea. Ao enfrentar desafios
com uma abordagem consciente, a sociedade brasileira pode integrar esses elementos para
construir um futuro mais justo, inclusivo e vibrante.

Palavra-chave: Técnica, Poder, Sociedade, Identidade Brasileira, Desigualdades Sociais.


ABSTRACT

The interaction between technique, power and society in Brazilian culture constitutes a
complex plot rooted in the country's multifaceted history. This article investigates this
relationship, exploring how technological innovations, power dynamics and social practices
intertwine. Sociological, anthropological and historical theories underpin the analysis (Cunha,
2009; Freyre, 1933; Schwartz, 1988).
The core of the discussion lies in the role of technique in the formation of Brazilian
identity. From colonization to the present day, technologies have transformed modes of
production and constructed cultural narratives. The analysis addresses the phases of
technological evolution and its impact on power relations and social structures, outlining a
unique trajectory for Brazilian culture.
Slavery, linked to sugar production, exemplifies the intricate interaction between
technique and power. This historical relationship persists, transforming itself in different
contexts (Holloway, 2010; Fausto, 2008). Throughout history, technological changes have
triggered resistance and social adaptations. The analysis examines how different groups
respond to these changes, questioning or reinforcing established power structures.
This article seeks to provide a comprehensive analysis of the relationships between
technique, power and society in Brazilian culture. Identifying historical patterns,
understanding the mutual influences between technological innovations and social dynamics,
and examining contemporary implications are the objectives. Building an inclusive culture
requires ethical approaches, aligning public policies and technological advances with a vision
of sustainable development.
In conclusion, the interdependence between technique, power and society is
fundamental to decipher the distinct characteristics of contemporary Brazilian culture. By
facing challenges with a conscious approach, Brazilian society can integrate these elements to
build a more fair, inclusive and vibrant future. E, power and society is fundamental to
decipher the distinct characteristics of contemporary Brazilian culture. By facing challenges
with a conscious approach, Brazilian society can integrate these elements to build a more fair,
inclusive and vibrant future.
Keyword: Technique, Power, Society, Brazilian Identity, Social Inequalities.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................................. 6
3. DISCUSSÃO SOBRE O TEMA.......................................................................................................... 7
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................ 10

5
1. Introdução

A interconexão entre técnica, poder e sociedade representa uma tríade complexa que
permeia as estruturas culturais e sociais de uma nação. No contexto específico da cultura
brasileira, essa interação adquire contornos singulares, moldados por uma história
multifacetada e uma diversidade sociocultural única. Este artigo propõe-se a investigar as
intricadas relações entre técnica, poder e sociedade no contexto brasileiro, explorando como
as inovações tecnológicas, as dinâmicas de poder e as práticas sociais interagem e influenciam
reciprocamente. Para embasar nossa análise, lançaremos mão de teorias sociológicas,
antropológicas e históricas que oferecem insights profundos sobre a dinâmica cultural
brasileira (Cunha, 2009; Freyre, 1933; Schwartz, 1988).
No cerne da discussão, está a compreensão do papel desempenhado pela técnica na
formação da identidade brasileira. A introdução de tecnologias, desde a colonização até os
dias atuais, não apenas transformou os modos de produção e trabalho, mas também
desempenhou um papel crucial na construção de narrativas sociais e culturais. Examinaremos
como as diferentes fases da evolução tecnológica impactaram as relações de poder e as
estruturas sociais, delineando uma trajetória única para a cultura brasileira.
A análise das dinâmicas de poder na sociedade brasileira revela uma interação
intrincada com a técnica, refletindo-se em estruturas de poder historicamente consolidadas. A
escravidão, por exemplo, foi um sistema que não apenas explorava a força de trabalho, mas
também estava intrinsecamente vinculado às práticas tecnológicas da época. Investigaremos
como essas relações persistem e se transformam em diferentes contextos, examinando como
as inovações tecnológicas moldam e são moldadas por estruturas de poder preexistentes
(Holloway, 2010; Fausto, 2008).
Ao longo da história brasileira, as transformações sociais desencadeadas pela técnica
muitas vezes resultaram em resistências e adaptações por parte da sociedade. Desde
movimentos sociais até manifestações culturais, exploraremos como diferentes grupos sociais
respondem às mudanças tecnológicas, questionando ou reforçando as estruturas de poder
estabelecidas. Essa análise nos permitirá entender melhor as tensões e as dinâmicas que
permeiam a interseção entre técnica e sociedade na cultura brasileira.
Diante desse panorama, o objetivo principal deste artigo é fornecer uma análise
abrangente e crítica das relações entre técnica, poder e sociedade na cultura brasileira.
Buscaremos identificar padrões históricos, compreender as influências mútuas entre

6
inovações tecnológicas e dinâmicas sociais, e examinar como esses elementos coletivamente
contribuíram para a formação e evolução da identidade cultural brasileira. Além disso,
pretendemos destacar implicações contemporâneas, considerando como as atuais
transformações tecnológicas continuam a moldar as estruturas sociais e a distribuição de
poder no Brasil.

2. Revisão bibliográfica

A interconexão entre técnica, poder e sociedade na cultura brasileira remonta aos


primórdios da colonização. No século XVI, a exploração da cana-de-açúcar emergiu como
uma força motriz, moldando a economia e a sociedade. O ciclo da cana-de-açúcar, intensivo
em trabalho, foi um dos pilares da colonização portuguesa, impulsionando a demanda por
mão de obra escrava (Fragoso, 2011). Essa dinâmica estabeleceu as bases para uma sociedade
estratificada, onde o poder era centralizado nas mãos dos senhores de engenho, enquanto a
técnica agrícola moldava a paisagem e as relações de trabalho.
A escravidão, instituída para atender às demandas da produção açucareira, deixou
marcas profundas na estrutura social brasileira. A técnica de produção, atrelada à exploração
brutal dos cativos africanos, estabeleceu uma poderosa dualidade entre senhores e
escravizados. Essa relação de poder, ancorada na técnica de produção açucareira, moldou as
bases de uma sociedade hierarquizada que perdurou por séculos (Schwartz, 1988).
Com o declínio da produção açucareira e a ascensão da economia mineradora, novas
dinâmicas técnicas e sociais emergiram. A extração de ouro no século XVIII trouxe consigo
uma expansão urbana significativa, com cidades como Ouro Preto e Tiradentes se
desenvolvendo em torno das minas (Bethell, 1985). A técnica de mineração e a necessidade
de controle territorial levaram a uma reconfiguração das estruturas de poder, com a
emergência de uma elite mineradora que desafiou as hierarquias estabelecidas.
O século XIX testemunhou mudanças tecnológicas e sociais que ecoariam ao longo
dos anos. A chegada da imprensa, dos transportes ferroviários e do telégrafo introduziu novas
técnicas de comunicação e transporte (Holanda, 2010). Paralelamente, a abolição da
escravatura em 1888 provocou transformações profundas nas estruturas sociais, desafiando e
reconfigurando as relações de poder pré-existentes (Conrad, 2015).
O período republicano viu a consolidação de novas técnicas e a expansão urbana como
resultado da industrialização. O crescimento das cidades, impulsionado pela técnica e pelo

7
influxo de imigrantes, trouxe consigo mudanças nas dinâmicas sociais. O desenvolvimento de
setores industriais e a modernização da agricultura redefiniram as relações de produção e
consumo (Prado Júnior, 2011).
A ditadura militar nas décadas de 1960 e 1970 também deixou uma marca indelével na
relação entre técnica, poder e sociedade. Projetos de desenvolvimento, como a construção da
Rodovia Transamazônica, exemplificaram uma abordagem tecnocrática que muitas vezes
ignorava as implicações sociais (Schwartzman, 1977). Essas políticas moldaram não apenas a
paisagem física, mas também as estruturas de poder e as dinâmicas sociais em diferentes
regiões do país.
Portanto, ao longo da história brasileira, a interação entre técnica, poder e sociedade
tem sido uma força dinâmica, moldando e sendo moldada por eventos, transformações
econômicas e mudanças sociais. O entendimento dessa complexa teia de relações é
fundamental para decifrar as características distintas da cultura brasileira contemporânea.

3. Discussão sobre o tema

A interação entre técnica, poder e sociedade na cultura brasileira é um tema complexo


que suscita debates acalorados sobre a formação e evolução da identidade nacional. A história
do Brasil está intrinsecamente ligada a ciclos econômicos, como a cana-de-açúcar e a
mineração, que moldaram as relações de poder e as práticas sociais desde os primeiros
momentos da colonização.
É inegável que a técnica desempenhou um papel fundamental na exploração dos
recursos naturais brasileiros. A introdução da cana-de-açúcar, por exemplo, não só
impulsionou a economia colonial, mas também estabeleceu as bases para uma sociedade
hierarquizada, fundamentada na exploração de mão de obra escrava. Contudo, alguns
argumentam que essa relação entre técnica e poder não é intrínseca, mas sim uma
consequência de escolhas políticas e econômicas específicas.
A escravidão, como sistema técnico de produção, é frequentemente apontada como a
raiz das desigualdades sociais persistentes no Brasil. No entanto, outros argumentam que a
técnica em si não é inerentemente opressora, mas sim a maneira como é aplicada e integrada
às estruturas sociais existentes. A abolição da escravatura em 1888 marcou uma mudança
significativa, mas as desigualdades persistiram, indicando uma complexa interação entre
técnica e poder na formação da sociedade brasileira.

8
O período republicano e a industrialização trouxeram novas dimensões ao debate. A
modernização da agricultura e a expansão urbana redefiniram as relações de produção e
consumo. Alguns argumentam que a técnica, ao impulsionar o desenvolvimento industrial,
promoveu uma ascensão da classe média e uma maior mobilidade social. Outros, no entanto,
destacam que essas transformações frequentemente marginalizaram comunidades tradicionais
e exacerbaram as disparidades de poder.
A ditadura militar, em seu ímpeto de desenvolvimento, é alvo de críticas por sua
abordagem tecnocrática. Grandes projetos, como a Transamazônica, são vistos como
exemplos de como a técnica, quando divorciada das realidades sociais, pode resultar em
impactos ambientais e sociais negativos. Contudo, há quem defenda que, em alguns casos,
esses projetos foram necessários para impulsionar o desenvolvimento regional.
Na contemporaneidade, as discussões sobre técnica, poder e sociedade se ampliam
para incluir a revolução tecnológica e a globalização. A disseminação da tecnologia da
informação tem o potencial de democratizar o acesso ao conhecimento, mas também levanta
questões sobre vigilância e controle. A ascensão das redes sociais, por exemplo, destaca como
a técnica pode ser um instrumento tanto de empoderamento quanto de manipulação social.
A diversidade cultural brasileira também entra no debate, pois diferentes regiões do
país experienciaram a interação entre técnica, poder e sociedade de maneiras distintas. O
Nordeste, historicamente vinculado à produção de cana-de-açúcar, pode apresentar realidades
diferentes em comparação com o Sul, impulsionado pela indústria.
Em síntese, o debate sobre técnica, poder e sociedade na cultura brasileira reflete as
tensões e complexidades de uma nação multifacetada. A análise crítica dessas interações é
essencial para compreender o passado e moldar o futuro, buscando equilibrar o progresso
técnico com a justiça social e a igualdade. A busca por soluções que considerem a interseção
entre técnica, poder e sociedade é crucial para forjar uma identidade brasileira mais inclusiva
e sustentável.

4. Considerações finais

Em síntese, a intricada relação entre técnica, poder e sociedade na cultura brasileira


emerge como um fio condutor ao longo de sua história. Dos ciclos econômicos que moldaram
as bases sociais à revolução tecnológica contemporânea, percebe-se uma constante

9
interdependência entre esses elementos. Este debate oferece uma visão crítica sobre a
formação da identidade brasileira, revelando como as escolhas técnicas impactaram, muitas
vezes de maneira desigual, as estruturas de poder e as relações sociais.
Ao refletir sobre esse processo histórico, é crucial reconhecer que a técnica, por si só,
não é nem benevolente nem opressora; sua aplicação e integração nas dinâmicas sociais são
determinantes. As lições do passado alimentam a necessidade de abordagens holísticas e
éticas para o desenvolvimento futuro, evitando repetir os erros de eras anteriores. A
construção de uma cultura brasileira inclusiva e equitativa requer uma compreensão profunda
da interseção entre técnica, poder e sociedade, pavimentando o caminho para um futuro onde
a inovação contribua efetivamente para o bem comum.
Nesse contexto, é imprescindível que as políticas públicas, os avanços tecnológicos e
as transformações sociais se alinhem a uma visão de desenvolvimento sustentável e justo. A
busca por soluções que promovam uma distribuição equitativa do poder, considerando as
diversas realidades culturais brasileiras, é uma responsabilidade compartilhada. Ao enfrentar
os desafios contemporâneos com uma abordagem consciente e colaborativa, a sociedade
brasileira pode trilhar um caminho que integra técnica, poder e sociedade de maneira a
construir um futuro mais justo, inclusivo e vibrante.

10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETHELL, Leslie. História da América Latina: América Latina Colonial. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1985.

CONRAD, Robert. Abolição do Comércio de Escravos no Brasil. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2015.

FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo. O Arcadismo. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Editor, 2011.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,
2010.

PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2011.

SCHWARTZ, Stuart B. Bread for the Master: Beer and the Slave Trade in
Eighteenth-Century Rio de Janeiro. Oxford University Press, 1988.

SCHWARTZMAN, Simon. Política e Planejamento na América Latina. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1977.

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Penguin Classics, 2015.

HOLLOWAY, Thomas H. "Técnica e Escravidão na História Econômica do Atlântico


Sul." Revista de História, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 215-236, 2010.

FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Record, 2018.

SCHWARTZ, Stuart B. "A Escravidão no Império Brasileiro: Interpretações


Recentes." In: STEIN, Stanley J. (Org.). História do Brasil. São Paulo: Cia. das
Letras, 1988. p. 123-145.

11
FAUSTO, Boris. Trabalho Urbano e Conflito Social (1870-1920). Tese de Doutorado,
Universidade de São Paulo, 2008.

12

Você também pode gostar