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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL

ALÍPIO AIRES CARDOSO JÚNIOR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

“SOBRECARGA DE TRABALHO DAS ASSISTENTES SOCIAL, NA ÁREA DA


SEGURANÇA PÚBLICA, NO PERIODO DE PÓS - PANDEMIA DE COVID-19:
REFLEXÕES E PERSPECTIVAS”

BELÉM/PA
2023
ALÍPIO AIRES CARDOSO JÚNIOR

“SOBRECARGA DE TRABALHO DAS ASSISTENTES SOCIAL NA ÁREA DA


SEGURANÇA PÚBLICA NO PERIODO DE PÓS - PANDEMIA DE COVID-19:
REFLEXÕES E PERSPECTIVAS”.

Monografia apresentada à Faculdade de Serviço Social da


Universidade Federal do Pará, como requisito a obtenção do
título de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Profª Drª Vera Paracampo

BELÉM/PA
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO


1.1 - AS CONTRADIÇÕES HISTÓRICAS ENTRE CAPITAL X TRABALHO E O
SERVIÇO SOCIAL
1.2 - O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL NA AREA DA SEGURANÇA PUBLICA
1.3 - A SOBRECARGA DE TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO PERÍODO
PÓS PANDÊMICO (JANEIRO A JUNHO DE 2023)

2. JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVOS
3.1 GERAL
3.2 ESPECÍFICOS
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
5. CRONOGRAMA
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
RESUMO
O presente trabalho tem como propósito abordar sobre a inserção do Serviço Social e a relevância
do trabalho das/os Assistentes sociais nas políticas de Segurança Pública, visto que seu papel é
indispensável no enfrentamento da violação dos direitos humanos inseridos nas instituições das
redes de atendimento de Segurança Pública, além de que identifica se há a presença desses
profissionais nas instituições desta política, dado que o trabalho da/o Assistente Social é
indispensável para a efetivação dos direitos humanos desses usuárias/os que buscam atendimento,
ressaltando ainda acerca dos principais aspectos dessa inserção, suas limitações e a importância da
realidade experiência desses profissionais nesse espaço ocupacional. Compreender o contexto atual
do trabalho das/os assistentes sociais na área de Segurança Pública, na perspectiva da análise
crítica da atual conjuntura de metamorfose do capital, no período pós pandêmico, que impacta
diretamente na atuação profissional, no acolhimento, na mediação e na utilização de outros
instrumentais para os/as usuárias/os desta política pública e as causas que se apresentam como
sobrecarga de trabalho para as/os assistentes sociais. Apresenta-se como metodologia a dimensão
do materialismo histórico dialético, pois nos permite fazer análise conjuntural, ressignificar os espaços
institucionais como possibilidade da transcendência para intervenção propositiva. A forma da
pesquisa se deu através da pesquisa bibliográfica, eletrônica e documental para embasar este
trabalho e refletir sobre os conflitos existentes e a aproximação com a realidade para o enfrentamento
da questão social e da precarização da vida laboral das/os assistentes sociais. Conclui-se que o
apresentado tem como intenção a reflexão sobre nossa profissão e implicações na saúde da/o
profissional. É importante ressaltar o uso do gênero feminino como posição política, haja vista o
número expressivo de mulheres que predominantemente compõem a história de 87 anos do Serviço
Social no Brasil.
Palavras – chave: Assistentes Sociais. Segurança Pública. Pandemia. Sobrecarga. Trabalho.

1. INTRODUÇÃO

A/O Assistente Social tem um papel primordial na orientação dos suas/seus


usuárias/os sobre os direitos que lhe assistem, desenvolvendo seu trabalho em prol
dos Direitos Humanos, no direito de cidadania e ampliação da democracia, contudo
as/os assistentes sociais prestam serviço à população, nessa condição tem como
escopo geral, na política de Segurança Pública, tendo como principais
características dessa inserção, identificar os limites e as possibilidades da profissão
da/o assistente social na referida política, enfatizando sempre a importância da luta
pela garantia de direitos das/os usuárias/os desse seguimento mostrando o
reconhecimento nas instituições em a/o assistente social está inserida/o.
A escolha pelo tema: a sobrecarga de trabalho das assistentes sociais na área
de Segurança Pública: reflexões e perspectivas, surgiu a partir das inquietações
como discente do curso de Serviço Social, no desenvolvimento do estágio
supervisionado a partir do 7° do semestre, sendo este tema discutido no para ser o
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentando indicativos de que de nossa
linha de pesquisa e que o presente trabalho não é uma possibilidade fechada mas
significa pistas para aprofundamento ao cotidiano do trabalho profissional, e suas
particularidades, problematizações para analisar as refrações da questão social
apresenta-se como relevante ao trabalho das/os assistentes sociais nas políticas de
Segurança Pública.
Este trabalho também consiste em compreender as implicações do capitalismo
no espaço sócio ocupacional, no período de pós pandemia e contribuir para
identificar as condições de trabalho das/os assistentes sociais e possíveis causas de
adoecimentos as/os profissionais, principalmente as que atuam na área da
Segurança Pública no referido período. O recorte priorizando a questão de gênero,
pois as assistentes sociais 92,92%, se identificam com o gênero feminino (CFESS,
2022, p 23). No exercício profissional de assistente social e nas Delegacias e
Seccionais de Belém e Região Metropolitana, há um contingente expressivo de
mulheres que ocupam as salas de Serviço Social. Abordar especificamente as
contradições do sistema do capitalista na contemporaneidade e a exploração das/os
trabalhadoras/es que, apesar de grande avanço na garantia dos direitos através das
lutas das mulheres em todos os campos da vida social e no exercício profissional,
ainda sofrem com o patriarcado, com o assédio moral, com os tensionamentos
oriundos dos atendimentos e das mediações e na dupla ou até às vezes, tripla
jornada de trabalho. São condições que comprometem sua saúde física, mental e
psicológica, que podem potencializar possíveis adoecimentos.
Na perspectiva da análise crítica da atual conjuntura de metamorfose do
capital, no período pós pandêmico, que impacta diretamente na atuação profissional,
no acolhimento, na mediação e na utilização de outros instrumentais para os/as
usuárias/os desta política pública e as causas que apresentam-se como sobrecarga
de trabalho para as/os assistentes sociais. Apresenta-se como metodologia a
dimensão do materialismo histórico dialético, pois nos permite ressignificar os
espaços institucionais como possibilidade da transcendência para intervenção
propositiva. A forma da pesquisa se deu através da pesquisa bibliográfica, eletrônica
e documental para embasar este trabalho e refletir sobre os conflitos existentes e a
aproximação com a realidade para o enfrentamento da questão social e da
precarização da vida laboral das/os assistentes sociais. Conclui-se que o
apresentado tem como intenção a reflexão sobre nossa profissão e implicações na
saúde da/o profissional. É importante ressaltar o uso do gênero feminino como
posição política, haja vista o número expressivo de mulheres que
predominantemente compõem a história de 87 anos do Serviço Social no Brasil.
2. AS CONTRADIÇÕES HISTÓRICAS ENTRE CAPITAL X TRABALHO E O
SERVIÇO SOCIAL
2.1 Contexto Histórico

Os tensionamentos causados pelo capitalismo, agudizaram as


desigualdades e precarizaram ainda mais a vida da classe trabalhadora. Desde seu
surgimento até os dias de hoje, as contradições entre capital x trabalho, motivaram
reações de enfrentamentos da classe trabalhadora para se contrapor a este modelo
explorador e excludente. Mas as consequências para a classe trabalhadora, são
contundentes: nas condições de precarização do trabalho por conta da perda de
direitos e baixos salários; nas condições de moradia por conta da favelização; na
proximidade da violência e dos conflitos. As relações de trabalho se transformaram
desde a introdução dos moldes capitalistas onde a classe trabalhadora também
passou a pertencer aos donos do capital.

O processo de industrialização iniciado na Inglaterra em pleno século XVIII,


provocaram intensas transformações que impactaram substancialmente à realidade
de toda a sociedade inglesa e posteriormente, mundial. Antes do trabalho artesão e
camponês, ligados ao senhor feudal e regulava as terras e que produziam sobre ela,
se transforma com modo de produção capitalista burguês: detém a propriedade
privada, os meios de produção e a força de trabalho. Criou-se um antagonismo
permanente entre classe burguesa e o proletariado que motivado pelo êxodo para os
centros urbanos, intensificarão as desigualdades sociais. O proletariado vivendo em
condições de vulnerabilidade. Neste processo, um movimento de luta e resistência e
a contraposição dos/as operários/as, organizando-se em sindicatos para combater a
exploração de crianças e mulheres famílias inteiras em jornadas exaustivas de 15 a
18 horas de trabalho. Esses conflitos aumentavam violência nas ruas somando-se
aos mais diferentes expressões da questão social: habitação, saneamento,
insalubridade, condições precárias e a classe trabalhadora buscando novas
possibilidades de enfrentamento quanto à produção e reprodução a partir das
transformações da natureza que impõem às relações humanas o modelo capitalista
e que reflete na política, na economia e na sociedade através da estrutura e da
superestrutura que definem o pensamento e ações dentro das relações sociais e
que projeta estratégias da classe trabalhadora para superar o capitalismo e a
sobrecarga de trabalho que é uma categoria para ao capital hegemonia no tempo e
na história.

As contradições causadas por esta produção e reprodução social que


evidenciam o descontentamento entre os/as operários/as: nas deflagrações de
greves; nas manifestações e nas lutas por melhores condições de vida e uma menor
jornada de trabalho para classe trabalhadora, causavam tensionamentos e
promoviam movimentos que estimulavam outros trabalhadores/as para lutar por
direitos.
A classe burguesa, juntamente com a Igreja exigiam uma contraofensiva aos
operários/as através da repressão, pois para os líderes das Igrejas entendiam que
os organizadores das greves, externavam um desvio moral. O Estado passou a ser
acionado para conter estes movimentos, através do poder coercitivo e repressor da
polícia para reprimir estes movimentos e culpabilizar algumas lideranças. O
processo de industrialização transpôs as fronteiras e tornou-se internacional,
atingindo países como França, Estados Unidos. No Brasil este processo iniciou-se
na década de 1930 e também iniciando o processo de urbanização (Rodrigues,
Milani, Castro, Celeste Filho, 2015).
Hoje, a contradição entre capital x trabalho, ganharam novos contornos,
outros interesses com a intenção de aumentar os lucros e diminuir a capacidade de
organização da classe trabalhadora. Na contemporaneidade do capital, as politicas
publicas institucionais perdem importância e provocam a ineficiência dos serviços
por causa dos desinvestimentos e da precarização e na perda de capacidade do
Estado em atender a crescente demanda da população por acesso à direitos
básicos. O aumento de todas as formas de violência exigiu mudanças de
enfrentamentos por parte do Estado ao longo da história e que hoje faz-se
necessário o uso de diferentes estratégias, no somente o repressivo/coercitivo mas
de humanização nas relações institucionais com as/os usuárias/os.

3 O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL


As reivindicações da classe trabalhadora passaram a ser incessantemente
reprimida pelas forças de coerção, mas a classe burguesa entendeu que a
repressão causava mais convulsão social e passou a utilizar uma nova tática a
pressionar o Estado para conceder benefícios e assim acalmar a classe
trabalhadora. A questão social passou por um período de agravamento e o Estado
passou a planejar ações de assistência social para abrandar as tensões sociais
criadas pelo contexto da época. É neste contexto conflitivo que surge o Serviço
Social para servir ao capital e a Igreja e permitir a continuidade da hegemonia
burguesa. A/O assistente social deixa de cumprir um papel caritativo para exercer
uma função institucional para controlar a classe trabalhadora (Yamamoto 1998).
Neste período o Serviço Social desenvolve um caráter mais burocrático, seletivo e
assistencialista que não promovia nenhuma transformação social. preocupava-se
sim com as causas individuais da população sem aprofundar a questão social.
apesar da gênese do Serviço Social surgir de um projeto de hegemonia da classe
burguesa. O Serviço Social, historicamente, surge para promover os interesses da
classe burguesa para intervir para mitigar os inúmeros conflitos com os/as
trabalhadores/as e no decorrer da profissão iniciou um processo de emancipação
através de planejamento, estudo e ações sociais destinadas ao enfrentamento das
expressões da questão social.

3.1 As lutas das mulheres e das assistentes sociais


É importante frisar que a lutas das mulheres esteve presente no Brasil, muito
antes, nos séculos que antecederam o século XX, muitas mulheres negras lutaram
por respeito e dignidade; da década de 1930 a luta pelo direito ao voto; nos
primeiros anos da década de 1960, no contexto da ditadura militar, estiveram nos
embates tanto no espaço político e quanto social, nas lutas pela democracia e
liberdade.
No Brasil, a presença da mulher nas industrias, aos poucos a quantidade foi
reduzida, por causa do modelo de sociedade que forjava uma família moralizadora e
higiênica. A mulher passa a exercer uma função vital no cuidado dos lares, virtude
da mudança cultural no pós guerra. Para enfatizar esta visão, Rodrigues, Milani,
Castro, Celeste Filho (2015) cita Cunha (1986, p 34-35):

A figura feminina assume aí, desde, pelo menos, a segunda metade


do século passado, uma importância central. Ela constitui mesmo um dos
objetivos principais de uma medicina posta a serviço da ordem social, e
voltada para a constituição de uma moldar a família, e sua importância é
enfatizada claramente pelas entidades científicas [...]. (CUNHA 1986, p 34-35
apud Rodrigues, Milani, Castro, Celeste Filho, 2015).
Após o período de redemocratização, na década de 1980 até os dias atuais.
A grande realidade enfrentada por muitas mulheres é a jornada dupla de trabalho. E,
além disso, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicados
em 15 de Março de 2019, as mulheres ganham 76% da remuneração dos homens
exercendo a mesma função.

3.2 O Papel do Serviço Social na área da Segurança Publica


Dentre inúmeras políticas públicas onde os assistentes sociais estão inseridos
a segurança pública apresenta se como um grande desafio pois com um aumento
da desigualdade há uma Escalada da violência em todas as formas é que produzem
uma pressão em todos os agentes de segurança. O assistente social é um
profissional que é preparado pela academia para traçar ações e reações. Para que
as políticas aconteça a mediação é uma categoria em que o assistente social irá se
aprofundar para que o objeto de pesquisa possa ser revelado em sua totalidade.
com a categoria mediação o assistente social promove o acesso aos direitos e a
justiça social i implementa a democracia na vida de cidadãos e cidadãs do nosso
país eis que o assistente social você as al em sua atividade laboral principalmente
na área da segurança pública é pertinente que só que surja uma questão não
precisa dele trabalhar a categoria medição com neutralidade ou na perspectiva de
obtenção de um posicionamento já para existente
A Policia Civil do Pará, assim como as demais de nosso país, tem sua origem
vinculada à chegada da Família Imperial Portuguesa ao Brasil, em 1808. Com a
Proclamação da República, em 1889, começam a se individualizar as polícias por
força da autonomia estadual. A partir da Constituição Federal de 1988, a Polícia
Civil, desenvolveu-se como Instituição e depois de formas legais ganhou autonomia
administrativa e financeira o que colaborou com seu desenvolvimento. Órgão do
sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º, da
Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de
polícia judiciária e de apuração das infrações penais (Wikipédia.Org, 2022). A lei
complementar no. 22 de 15 de março de 1994, foi a lei que impulsionou a
estruturação das Delegacias no Estado do Pará. (Wikipédia.Org 2022)
O trabalho do Serviço Social mostrou-se relevante diante à demanda a/ao
profissional. Está presente em quase todas as Delegacias de Belém e Região
Metropolitana O desenvolvimento de atividades, programas e projetos compõem as
estratégias de aproximar as políticas de Segurança Pública com a comunidade,
através palestras em escolas, atividades em eventos religiosos, ações de cidadania,
rodas de conversas em datas significativas como o mês de Março, dedicado a
conscientização às mulheres, etc. vale ressaltar que a aplicação de instrumentais
são habilidades inseridas no materialismo histórico dialético, que através de
reflexões críticas da realidade, promovem estas atividades para aproximação à
comunidade e superação dos conflitos, como também o trabalho de informação à
população sobre determinadas políticas públicas para assegurar a amplitude da
equidade social.
O trabalho exercido pelo Serviço Social, direcionado pelo Código de Ética da
Profissão (1993), dispõe através de seus instrumentais para conhecer e para intervir
sobre os fenômenos da questão social. o Estado (compreende-se governos federal,
estadual e municipal), reduziram, durante os anos, os investimentos em material
humano e em equipamentos institucionais. A precarização dos serviços e a ausência
do poder público, acarretam em distanciamento dos direitos, cuja as possibilidades
de conflitos e antagonismos sociais aumentam exponencialmente. As/os assistentes
sociais trabalham, através de uma análise crítica e pelas observações empíricas na
obtenção da resolução dos conflitos, que tem em sua gênese as contradições do
capitalismo, que geram desigualdades que acabam sendo o objetos de intervenção
da/o profissional para ampliação dos direitos. Os atendimentos acontecem sob
orientação do Código de Ética do/a Assistentes Sociais (Lei 8.662/93 de
Regulamentação da Profissão) e a utilização dos instrumentais como: escuta
especializada; visita domiciliar; mediação de conflitos; procedimentos de
atendimento social; relatórios sociais e outros. Vale enfatizar que a/o assistente
social, no seu exercício profissional cumpre uma jornada de trabalho exaustiva e
além da histórica jornada dupla ou até mesmo, tripla.

4 A SOBRECARGA DE TRABALHO DA/O ASSISTENTE SOCIAL NO PERÍODO


PÓS PANDÊMICO (JANEIRO A JUNHO DE 2023)

O que se apresenta como dificuldades são as crescentes demandas dos


atendimentos registrados neste período. Ademais, a/o Assistente social está
recebendo demandas de outra Delegacia e a sobrecarga torna-se evidente. A
sobrecarga de trabalho tem efetivado o desenvolvimento das habilidades da
profissional para superar as burocracias que podem dificultar o acesso aos direitos.
Por dias, as demandas acontecem seguidamente e a Assistente social teve que
adiar o intervalo para o almoço para realizar atendimentos. O grande desafio com
este aumento da demanda é não deixar que os atendimentos caiam no
pragmatismo. É um dever ético-político do/a assistente social atender e acompanhar
as intervenções para que supere todas as etapas até a definitiva conclusão. Sabe-se
que muitas vezes a atuação profissional esbarra nas limitações humanas e
institucionais e podem dificultar o estudo analítico do objeto e nas estratégias de
atuação do/a Assistente social, na garantia da equidade e justiça social. Dados da
Polícia Civil do Estado do Pará, fornecido pela Diretoria de Recursos Humanos mais
precisamente pelo Núcleo de Pacificação e Prevenção a Violência o “Relatório Anual
de Atividades do Setor Social da Polícia Civil do Pará”, no período de Janeiro a
Junho de 2023, apresentam o total de 5197 pessoas atendidas (PARÁ, 2023).
Atualmente, há 43 Assistentes sociais (17 temporários), compõem o quadro e estão
lotados nas Seccionais Urbanas e Delegacias de Polícia na Região Metropolitana de
Belém, além da Diretoria de Polícia do Interior, localizada em Abaetetuba. (PARÁ,
2023).
Todavia, a atuação profissional da/o Assistente social precisa estar
imbricada em constante reflexão e aprimoramento, para que a requisição
profissional, na divisão sócio-técnica do trabalho não seja cooptada pela rotina e
caiam no pragmatismo dos interesses do capital. Possibilitando assim que a/o
profissional quando atuante da política de Segurança Pública e Defesa Social, possa
intervir para que o acesso aos direitos e a justiça social seja ampliado e se garanta o
direito democrático e social às condições de vida adequadas. Neste sentido, Vicente
(2015) nos diz:
A penosidade no trabalho com as expressões da questão social: temos na
natureza e no processamento do trabalho de assistentes sociais,
constrangimentos, determinações e tensões advindos da própria divisão
social e técnica do trabalho, bem como das contradições de natureza
ideológica e política determinadas pelo caráter contra-hegemônico do projeto
profissional, que busca efetivar direitos da classe trabalhadora. (VICENTE,
2015).

Na busca da qualidade e vida para as mulheres trabalhadoras,


dispositivos legais foram criadas para orientar à atuação na vida laboral neste
período de Pandemia para mitigar as situações de sobrecarga e adoecimento:
“Na construção de um trabalho seguro e decente para as mulheres
trabalhadoras significa, sob uma ótica de interseccionalidade (gênero, classe
e raça), […] para, além da preservação da saúde física e psíquica das
mulheres, dar visibilidade à prevalência e ao recrudescimento das
desigualdades e dos retrocessos de direitos das mulheres no contexto da
pandemia.” (TRT 1ª REGIÃO, 2020 apud Rodrigues, 2020)

2. JUSTIFICATIVA
Para compreender a importância da política de segurança pública e defesa
social, algumas das questões são pertinentes para obtenção da paz social: visualizar
as questões sócio históricas, tendo em vista as consequências impostas pela
relação Capital x Trabalho. O capitalismo, em constante transformação, acelerou a
acumulação e as consequências para a classe trabalhadora, são contundentes: nas
condições de precarização do trabalho por conta da perda de direitos e baixos
salários; nas condições de moradia por conta da favelização; na proximidade da
violência e dos conflitos. Estas transformações também implicaram na mobilização e
a organização da classe trabalhadora por melhorias, condição decisiva para as
transformações que surgiram posteriormente. A organização da classe trabalhadora
provocou reivindicações tanto da classe burguesa quanto da Igreja Católica à
reprimir estes movimentos. Segundo Iamamoto e Carvalho (1982, p. 19) a classe
trabalhadora passou a ser fortemente reprimida pelas forças policiais. É neste
contexto que surge o Serviço Social para garantir a continuidade da hegemonia
burguesa: deixa de cumprir uma função mais filantrópica para exercer uma função
institucional. Ainda que Serviço Social tenha sua gênese como garantidora da
hegemonia burguesa, mas as inquietações dos movimentos contra o sistema
capitalista, possibilitou revezes que transformaram por completo a trajetória da
profissão, principalmente a partir das décadas de 1970, 1980 e 1990 quando houve
o acirramento das desigualdades causadas pelas transformações do capitalismo no
mundo trabalho, na seletividade do Estado e nas consequências dos fenômenos da
questão social, promoveram verdadeiras revoluções quanto à questão da profissão
de assistente social. Contudo, as contradições entre as instituições públicas voltadas
para a Segurança Pública, principalmente em relação a mediação de conflitos e as
requisições da classe trabalhadora proporcionaram reinvindicações por melhores
condições de moradia.
O enfrentamento das contradições e desigualdades está presente na
construção de um pensamento crítico na sua totalidade. Essa visão crítica
construída coletivamente, traz impactos significativos na vida das/os cidadãs/ãos.
São importantes para que o Serviço Social possa compreender a gravidade desta
realidade e com muita consciência do projeto ético-político da profissão possa
intervir de forma criteriosa e balizada na questão social, tendo o arcabouço teórico-
metodológico das/os assistentes sociais, torna a possibilidade da aproximação
alcançar os objetivos mais provável.
O presente trabalho tem como propósito abordar sobre a inserção do Serviço
Social e a relevância do trabalho das/os assistentes sociais na política de Segurança
Pública e Defesa Social, visto que seu papel é indispensável no enfrentamento da
violação dos direitos humanos inseridos nas instituições, nas redes de atendimento,
dado que o trabalho das assistente social na política de Segurança Pública,
ressaltando acerca dos principais aspectos dessa inserção, suas limitações e a
importância da realidade experenciada desses profissionais nesse espaço
ocupacional.

A Política de Segurança Pública e Defesa Social, surge como a possibilidade


de garantir direitos para que a sociedade seja menos desigual. Vale a pena
ressaltar que a Lei nº 13.675 de 11 de junho de 2018. em seu segundo Capítulo,
estabelece que a Política Nacional de Segurança Pública e Defesas Social
(PNSPDS), em seu artigo quarto, mais precisamente no tange sobre os princípios e
no inciso segundo, trata da proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos
fundamentais e promoção da cidadania e da dignidade da pessoa humana (BRASIL,
2018). Ou seja, estabeleceu-se à Segurança Pública um papel para garantia da
justiça social e da democracia. E a introdução de profissionais e estagiários/as de
Serviço Social fez-se necessário para realizar um trabalho de atendimento social,
incorporando a humanização ao atendimento nas Delegacias, evitando a
judicialização e a sobrecarga ao poder judiciário, garantir o fortalecimento da
democracia e da garantia de direitos na política de Segurança Pública e Defesa
Social, assegurando estes espaços democráticos para traçar ações e possibilidades
para uma sociedade com mais equidade.

A 10ª Seccional Urbana do Bairro da Pedreira é o espaço ocupacional em


que trabalharemos, observando sua ação cotidiana, suas particularidades, para
garantir os encaminhamentos para a mitigação dos conflitos que chegam até a
referida instituição. O trabalho do Serviço Social caracteriza-se pelo
desenvolvimento de estratégias e planejamento para o enfrentamento da realidade
social, imbricada na desigualdade, ampliada pelo modelo neoliberal existente nos
dias de hoje. O trabalho desenvolvido na Delegacia da Pedreira, exercido pelo
Serviço Social é para conscientizar e intervir em um bairro que sofre com a
precarização dos equipamentos institucionais e rodeado de muitas injustiças sociais.
As/os assistentes sociais (a assistente social que conta com o trabalho de dois
estagiários), trabalham na obtenção da resolução dos conflitos, que tem em sua
gênese as contradições do capitalismo, que geram desigualdades que acabam
sendo o objeto de aprofundamento de pesquisa e da intervenção dos/as
profissionais para ampliação dos direitos. Os atendimentos acontecem sob
orientação do Código de Ética do/a Assistentes Sociais (Lei 8.662/93 de
Regulamentação da Profissão) e a utilização dos instrumentais como: escuta
especializada; visita domiciliar; mediação de conflitos; procedimentos de
atendimento social; relatórios sociais e outros.
Para que a atuação dos/das assistentes sociais tenha a concretude da
intervenção deve estar com corpo e mente comprometidos e saudáveis para
enfretamento em suas dimensões humana, política, social e econômica, expressas
na relação Capital x Trabalho impõe aos espaços das Delegacias e Seccionais. A
questão da sobrecarga de trabalho é objeto de estudo que pretende-se identificar
possíveis causas e possibilitar estratégias para dirimir esta realidade. Possibilitando
assim que a/o profissional atuante na área da política de Segurança Pública, tenha a
garantia da sua plena condições de trabalho para exercê-la de forma consciente,
livre e propositiva.

3 – OBJETIVOS
3.1 – Geral
Compreender se proposta deste trabalho, aproxima-se do objeto de estudo que
é perceber a sobrecarga de trabalho das/os Assistentes sociais na área de
Segurança Pública e Defesa Social; atingir competências, habilidades, estratégias e
repertório para o atendimento de usuárias/os para entender o processo da relação
dialética da prática profissional e; identificar expressões da questão social para
intervir de forma profunda e eficaz, de forma que evite a sobrecarga de trabalho para
garantir o acesso à justiça social.
3.2 – Específicos
Interagir com todos os atores e atrizes a fim de atender as expectativas, para:
1. Suscitar a compreensão crítica da realidade e suas implicações às relações
das/os das/os profissionais e as/os usuárias/os da política de Segurança
Pública e Defesa Social. Garantir a qualidade de vida das/os Assistentes
sociais para a realização eficaz da mediação entre o Estado e as/os
usuárias/os, na implementação de políticas de inclusão social para a garantia
e fortalecimento dos direitos dos/as usuários/as destas políticas.
2. Verificar o nível de satisfação da intervenção da/o profissional, afim de
identificar possíveis dificuldades pela quantidade de atendimentos diários e se
há comprometimento na prestação dos serviços e, se há afastamentos e/ou
mudanças de comportamentos diante da sobrecarga de trabalho, em seus
aspectos quantitativos, qualitativos e subjetivos.

4 – METODOLOGIA
O referido Pré-Projeto de TCC, será alicerçado no método do materialismo
histórico dialético, o qual proporcionará uma leitura crítica da realidade vivida e
verificada no processo da pesquisa. Entende-se que todo trabalho social deve estar
baseado na noção de cidadania e emancipação, dimensionada na Constituição
Federal de 1988 que elencou direitos e deveres a todas/os as/os cidadãs/ãos. Isto
significa que as ações devem ter caráter dialético, capaz de produzir sujeitas/os de
direitos, respeitando suas potencialidades e limitações em cada fase da intervenção
pessoal e que reflete na vida social; apreender no espaço sócio institucional, a
atuação da profissional do Serviço Social: a investigação cautelosa do objeto a ser
estudado no processo de intervenção, na relação individual e institucional, utilizando
pesquisas qualitativas e quantitativas por meio de entrevistas estruturadas simples;
acompanhamento realizados através das observações e apreensões adquiridas no
período de construção deste Trabalho e; utilizar referências bibliográficas e os
instrumentais do Serviço Social para garantir o arcabouço da metodologia
Materialismo Histórico Dialético.

VI – CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
ATIVIDADE PERÍODO/MÊS 2023
Levantamento bibliográfico e Junho
documental sobre a temática; leitura e
análise das produções encontradas
sobre a temática

Desenvolvimento e orientações de Julho e Agosto


Supervisão

Sistematização dos dados levantados Julho e Agosto

Produção de Relatório Semestral de


Agosto
Estágio do Projeto: “O/A Assistente
Social Contribuindo para a Paz
Social.”

Realizar em um trimestre (Junho, Julho e Agosto de 2023), um levantamento


documental, dos atendimentos que resultaram em resolução dos conflitos e saber a
percentagem (%) para respaldar o trabalho institucional do/a assistente social.
Apresentar em formato estatístico, a amostragem de satisfação da mediação do/a
assistente social ao atendimento do público alvo. Para os aspectos analíticos, a
pesquisa de satisfação da mediação, a positividade deve alcançar os níveis de 75%
de respostas.

Referências

BRASIL Lei 13.675, de 11 de Junho de 2018. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 12 jun. 2018. Acesso em: 04
de ABRIL de 2023;
CFESS. Lei n° 8.662/1993, o Código de Ética do/a Assistente Social. 10ª. ed. rev.
e atual. Brasília. 2012.
______. Resolução n° 533/2008, Supervisão Direta de Estagio Supervisionado
no Serviço Social.
______. Perfil de Assistentes Sociais No Brasil: Formação, Condições de
Trabalho e Exercício Profissional. Brasília-DF. 2022
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