Você está na página 1de 14

Universidade Unopar Avaré

Serviço Social

Thaís Coelho Pedro

Produção textual interdisciplinar individual

Avaré/SP
2022
DIREITO À ALIMENTAÇÃO. REFLEXÃO SOBRE A
PROTEÇÃO SOCIAL E O PAPEL DO ESTADO

Produção textual para o curso de Serviço


Social, apresentado a Faculdades - Unopar, como requisito
Parcial para a obtenção de média bimestral nas
Disciplinas de Ciência Política. Antropologia. Sociologia Crítica e Fundamentos
Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social ll.

Tutor à Distância: Ester Elaine Pomini

Avaré/SP
2022
Sumario

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................4
2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................5
2.1 FUNDAMENTOS HISTORICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
DO SERVIÇO SOCIAL ..........................................................................5
2.2 SOCIOLOGIA CRÍTICA ...................................................................8
2.3 CIÊNCIA
POLÍTICA .........................................................................10
2.4 ANTROPOLOGIA ............................................................................11
3 CONSIDERAÇÕES
FINAIS ................................................................12
4 REFERÊNCIAS ..................................................................................13
4

1. Introdução

Diante o tema semestral DIREITO À ALIMENTAÇÃO. REFLEXÃO SOBRE

A PROTEÇÃO SOCIAL E O PAPEL DO ESTADO, o Brasil contém uma


estrutura social profundamente desigual, com isto, um longo percurso para a
efetivação de uma justiça social com orientação democrática. Porém, é inegável o
avanço emergente no período da redemocratização do país, a partir da
democratização das políticas, facilitação no acesso e eficácia dos gastos públicos no
âmbito social – com destaque para ao avanço emergido na Constituição Federal de
1988, tida como Constituição Cidadã, a partir do alargamento da democracia social,
focado em questões como a equidade na aplicação dos direitos.
O fenômeno da pobreza associado, via de regra, à perspectiva de renda, encarna o
ponto agudo da desigualdade social intrínseca ao processo de produção e
reprodução capitalista. Já os termos vulnerabilidade e risco social aparecem como
expressões ligadas a pobreza e carregam com elas significados e interpretações,
alcançando contextos sociais, políticos e que chegam a envolver a própria
individualidade.
Considerando esses aspectos relacionados a pobreza e a fome, é de extrema
importância abordar a temática do direito à alimentação e o papel do Estado na
garantia desse direito, perpassando por discussões relacionadas a política de
assistência social, as políticas públicas e a atuação do serviço social nessa questão.
5
2. Desenvolvimento
2.1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO
SERVIÇO SOCIAL

Com a chegada de novas práticas do liberalismo no mundo, em


meados da década de 70, os índices de desigualdade social e pobreza
alavancaram. Com isso diversos problemas econômicas e sociais, mediante o
aumento dos juros e taxas, uma intensa instabilidade econômica, ausência do
Estado e de políticas sociais, gerando relações de trabalho precarizadas e redução
de direitos sociais (FALEIROS, 2003).
De acordo Faleiros (2003), as categorias vulnerabilidade e risco
social somente podem ser compreendidas a partir do seu encaixe em determinadas
conjunturas sociais e históricas, além das áreas variantes de estudo que abordam
tais termos. Com isto, a análise sobre vulnerabilidade parte para além da pobreza,
abrangendo também questões de território, cultura, acesso a serviços, educação,
cidadania, dentre outros.
O sistema de proteção social surge a partir da demanda de amenizar
os impactos emergentes na sociedade, acarretados por riscos eminentes ao sistema
capitalista vigente. Com isto, a proteção social teve sua premissa alavancada a partir
do desenvolvimento do capitalismo e das determinações de desigualdade social
geradas pelo mesmo (MAGALHÃES, 2009)
Nesse contexto de implantação de um sistema de proteção social,
cabe ressaltar que o Serviço Social possui grandes relações históricas com o
desenvolvimento desse sistema. Isso ocorre, pois o Serviço Social teve papel
fundamental no desenrolar das políticas sociais promovidas pelo Estado,
principalmente com as emergências geradas pela industrialização, a partir da
metade do século XX (SPOSATI, 2013).
É nesse cenário econômico-social que o Serviço Social se legaliza
enquanto profissão, constituindo-se como um instrumento para intervir nas múltiplas
expressões da questão social, pois esta é a matéria-prima atuação profissional do
Serviço Social (SPOSATI, 2013). Assim, ao longo da história, o Serviço Social

6
esteve associado com a luta de novas políticas públicas de combate à pobreza,
favorecendo, assim, o desenvolvimento de programas sociais capazes de promover
o desenvolvimento social, através de serviços de assistência, os quais passaram a
ser realizados pelos profissionais do Serviço Social, atuação esta que permanece
até os dias atuais, já que ainda há amplas desigualdades no Brasil.
Essa relação entre Serviço Social e Proteção Social é evidenciada
pela Constituição Federal de 1988, na qual ocorreu um grande marco para a
assistência social. Ao lado das políticas de saúde e previdência social a Assistência
Social passou a ser reconhecida como política pública integrante da seguridade
social.
A Carta Magna representou uma ampliação dos direitos sociais. Ela
regulamentou a política de Seguridade Social, assegurando os direitos relativos a
saúde, previdência e assistência social. A proteção social foi reconhecida, deixando
no passado a cultura centralizada na caridade, tornando-se direito do cidadão e
dever do Estado (SPOSATI, 2013).
Ademais, cabe ressaltar que as mudanças políticas ocorridas no
final do século XX na sociedade brasileira causaram inúmeros impactos na atuação
do assistente social. Os inúmeros movimentos sociais decorrentes do cenário
sociopolítico da época desenvolveram uma intrínseca relação com o serviço social:
as lutas sociais contribuíram para uma reconceituação do Serviço Social, o qual, por
sua vez, participou e contribuiu junto aos movimentos sociais, principalmente no que
diz respeito aos movimentos relacionados ao acesso a alimentação (ABRAMIDES;
DURIGUETTO, 2014).
Quanto a isto, o Estado Brasileiro também lidou com os movimentos
sociais, mas de forma diferenciada do Serviço Social. Para exemplificar esta
questão, destaca-se o Movimento Contra a Carestia, em que, na década de 70,
mulheres brasileiras lutaram para a redução do custo de vida, na medida em que o
custo de vida, principalmente, estavam altamente elevados, decorrentes da alta
inflação durante a Ditadura Militar.
Durante a década de 70, o cenário político e econômico estava
favorável, o que fez com que houvesse maiores lutas sociais para melhorias das
condições, sobretudo aquelas de cunho socioeconômico, como é o caso do acesso
a alimentação. Esses movimentos influenciaram o desenvolvimento de políticas
7
proteção social no período de redemocratização, como exemplo o Programa de
Fome Zero e Bolsa Família, havendo relação com a política de assistência social.
8

2.2 SOCIOLOGIA CRÍTICA

A Sociologia Crítica propõe um modo de se fazer sociologia


pensando nas dimensões econômicas, cultural, política e social. Sob o ponto de
vista epistemológico, a sociologia crítica implica no fazer interdisciplinar das
abordagens críticas, com a finalidade de ponta para um horizonte além das
realidades sociais existentes.
A sociologia crítica, assim, é entendida como uma análise da
dinâmica interna e eterna da sociologia, com base nas análises das produções da
sociologia e suas determinações. Ela é considerada crítica porque busca
compreender o desenvolvimento do conhecimento sociológico, por meio da crítica a
sociedade capitalista, sendo guiada pelo pensamento socialista de Karl Marx sobre a
visão da sociedade e suas configurações.
Assim esclarece Guareschi (2008) sobre a sociologia crítica:

É uma sociologia pensada, principalmente, para quem quer mudar, para


quem quer transformar a realidade. A maioria dos trabalhos sociológicos,
que possuímos, têm implícita ou explicitamente, intenção d explicar apenas
as coisas, compreender como funcionam. Nossa intenção é explicar e
compreender como as coisas funcionam e mais um pouco: ver como é
possível mudá-las. Mesmo porque só compreende, perfeitamente, uma
coisa quem é capaz de mudá-la (GUARESCHI, 2008, p. 12)

Desse modo, é uma sociologia que possui como objetivo trazer à luz
assuntos que foram escondidos durante a produção de saberes científicos,
procurando evidenciar a sociologia popular, sendo digira a ação questionadora,
discutindo os temas mais complexos da sociedade, estando ligada aos temas do dia
a dia.
Essa visão da sociologia permite compreender de forma mais
aprofundada o fenômeno da pobreza. Por meio dessa visão, pode-se entender que a
desigualdade, a pobreza e a fome na sociedade capitalista possuem dimensões
variadas e são provenientes da relação com a propriedade dos meios de produção e
com a divisão social do trabalho. Assim, a pobreza se dá através da reprodução do
9

Capital e da exploração da classe trabalhadora.


As raízes da pobreza no país são extremamente profundas,
trazendo heranças do colonialismo, do autoritarismo, da escravatura e do
desrespeito aos direitos das classes trabalhadoras. Nesse contexto, a sociologia
crítica observa que falar de pobreza significa compreender as relações existentes
dentro da sociedade capitalista que coloca em espaços distintos os detentores dos
meios de produção e os pobres, sendo estes excluídos de direitos, de oportunidades
e de expectativas.
10

2.3 CIÊNCIA POLÍTICA

As políticas sociais são estratégias fundamentais para o


enfrentamento das manifestações da questão social na sociedade capitalista
contemporânea. Elas são resultado das relações contraditórias entre Estado e
sociedade civil, devido aos conflitos e as lutas de classes advindas do processo de
produção e reprodução do capitalismo.
A partir da necessidade em minimizar os efeitos dessa desigualdade
de classes, pequenas formas de proteção social passaram a ser pensadas e a ter
como foco a população trabalhadora, não como forma de protegê-los, mas como
possibilidade de resfriar as manifestações dos conflitos com a classe operária dentro
do sistema capitalista (RODRIGUES, 2004).
As primeiras experiências de proteção social no Brasil ocorreram
durante a década de 1930, por meio da efetivação do modelo de proteção baseada
na garantia dos direitos sociais, estando associado com a luta dos trabalhadores
assalariados e a permanente luta para fortalecer sua cidadania. Com o fim da
ditadura militar, o país entra na década de 1980 com grande expressão da pobreza,
das desigualdades sociais e do desemprego, além de grande mobilização dos
movimentos sociais que pressionaram o Estado para o atendimento de suas
necessidades.
Nesse contexto, compreende-se que a proteção social é a obrigação
do Estado em garantir o atendimento às demandas sociais. Tais garantias podem
ser materializadas através das políticas sociais, sendo imprescindível que o Estado
contribuía para minimizar as desigualdades fruto desse sistema, além de garantir os
direitos básicos a população, como direito a vida, moradia e educação
(RODRIGUES, 2004).
Desse modo, um Estado Democrático de Direito é imprescindível
para a garantia dos direitos da população, pois pressupõe a proteção a dignidade
humana e aos Direitos Humanos. Ou seja, a Constituição Federal somente dispõe
acerca da defesa desses direitos, pois a democracia possui como a garantia de
Direitos Fundamentais (RODRIGUES, 2004).
11

2.4 ANTROPOLOGIA

No cenário contemporâneo, a sociedade capitalista tem passado por


transformações globais no âmbito da produção, advindas da reestruturação
produtiva e que conduziram a diversas alterações nas relações sociais,
principalmente no mundo do trabalho. Esse mundo pode ser caracterizado pela
precarização do trabalho e também do desemprego em uma escala ampla, o que
possui efeitos sobre a classe trabalhadora.
Diante dessa realidade complexa que envolve a sociedade
capitalista no Brasil contemporâneo, cujos efeitos vêm incidindo no processo de
pobreza dos indivíduos e no acirramento das desigualdades sociais devido à
ausência de socialização da riqueza produzida, têm-se por parte do Estado
tentativas de respostas ao enfrentamento dessas questões (AGUIAR; PADRÃO,
2022).
Com o avanço do sistema capitalista houve o crescimento da
situação de pauperização, visto que o seu desenvolvimento e a forma como se dá o
modo de produção, aumenta a riqueza socialmente produzida, no entanto, a
acumulação desta se concentra nas mãos de uma pequena parcela da população.
Assim, a pobreza é consequência inerente ao sistema capitalista.
Nessa perspectiva, Aguiar e Padrão (2022), a pobreza no âmbito da
acumulação capitalista advém da exploração da classe trabalhadora com a extração
da mais-valia e da desigualdade da propriedade pelos que são detentores dos meios
de produção. Desse modo, as crises no mundo de trabalho afetam as classes de
forma diferente, já que aqueles com menor poder aquisitivo estão imersos em
inúmeras desigualdades sociais.
12
3. Considerações finais

A produção foi de importância significativa para uma assistente


social em formação, pois a partir da leitura de pesquisas para o desenvolvimento da
produção pôde ir se deparar com uma visão histórico-crítica da formação do Serviço
Social principalmente em relação ao combate à fome.

O estudo dessa temática foi de extrema relevância para preencher as lacunas


existentes sobre o assunto, assim como acrescentar novas perspectivas e
interpretações ao objeto em questão, tendo em vista a importância das políticas
públicas para o combate da forme no brasil, por meio da garantia ao acesso a
alimentação.
13
4. Referências

AGUIAR, Adélia Barbosa, e PADRÃO Susana Moreira. Direito humano à


alimentação adequada: fome, desigualdade e pobreza como obstáculos para
garantir direitos sociais. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/7GNQn7tYqWL6wYZncbLRnSN/?
format=pdf&lang=pt

CASTRO, Josué. “A fome”.


https://www.pjf.mg.gov.br/conselhos/comsea/publicacoes/artigos/arquivos/
art_fome
Disponível em:

SILVEIRA, Daniel. “Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer
quase dobra em 2 anos de pandemia”. In G1 [online]. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/06/08/fome-no-brasil-numero-
debrasileiros-sem-ter-o-que-comer-quase-dobra-em-2-anos-de-pandemia.ghtml

OLIVEIRA, Carlindo Rodrigues de; OLIVEIRA, Regina Coeli de. Direitos sociais
na constituição cidadã: um balanço de 21 anos. Serv. Soc. Soc. (105); Mar 2011.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/t4FygcBr9cBR7Zj5NjN7brs/?
lang=pt

RODRIGUES, Alberto Tosi. Democracia: teoria e prática. Rev. Sociol. Polit. (22).
Jun 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rsocp/a/rsFpWcv3jqC4tgR9G4DXGwM/?lang=pt

MOTA, Ana Elizabete. MAVI, Rodrigues. Legado do Congresso da Virada em


Tempos de Conservadorismo Reacionário. Scielo 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rk/a/c3GHp8JjbZ9hqfc3q3YY8GP/?lang=pt

Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer quase dobra em 2
anos de pandemia”. In G1 [online]. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/06/08/fome-no-brasil-numero-
debrasileiros-sem-ter-o-que-comer-quase-dobra-em-2-anos-de-pandemia.ghtml

um balanço de 21 anos. Serv. Soc. Soc. (105); Mar 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/t4FygcBr9cBR7Zj5NjN7brs/?lang=pt Acesso 28
jun 2021. RODRIGUES, Alberto Tosi. Democracia: teoria e prática. Rev. Sociol.
Polit. (22). Jun 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rsocp/a/rsFpWcv3jqC4tgR9G4DXGwM/?lang=pt

Você também pode gostar