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RESUMO

Perícia em Serviço Social

C U R S O A V A N Ç A D O

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Profa Shellen

Olá concurshellens

Neste resumo falaremos sobre Perícia em Serviço


Social, obra de Eunice Fávero, Abigail Franco e Rita
Oliveira.

Bons estudos e conte comigo!

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Perícia em Serviço Social
FÁVERO, Eunice T.; FRANCO, Abigail A. P.; OLIVEIRA, Rita C. Perícia em
Serviço Social. São Paulo: Editora Papel Social, 2021.

·Sobre as autoras:

Abigail Aparecida de Paiva Franco - Graduada, Mestra e Doutora em Serviço


Social pela UNESP (Franca); Atuou no TJ/SP (1991-2018); Ministrou o curso
“Laudos Sociais” (TJSP/EJUS no período 2016-2019) e “Atualização de Registro
em Serviço Social: laudos, relatórios e pareceres” (TJSC/CEJUR no período
2017-2018); Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Crianças e
Adolescentes da PPGSS/PUC-SP; Pesquisadora sobre o Sistema de Garantia
de Direitos, Convivência Familiar e Comunitária, Particularidades do trabalho
nos serviços de acolhimento institucional e familiar para Crianças e
adolescentes.

Eunice Teresinha Fávero - Graduada em Serviço Social (PUC-Campinas);


Mestra, Doutora e Pós-Doutora em Serviço Social (PUC-SP); Atuou no TJ/SP
(1985-2012); Pesquisadora CNPQ PQ2; Docente/Coordenadora do Núcleo de
Estudos e Pesquisas sobre Crianças e Adolescentes - ênfase no Sistema de
Garantia de Direitos (SGD) (PPGSS/PUC-SP) desde 2018;
Docente/Pesquisadora em Serviço Social com ênfase em Fundamentos do
Serviço Social e Políticas Sociais (Temas: infância, juventude e família,
rompimento de vínculos sociais e familiares, área sociojurídica, questão social,
trabalho profissional - ênfase no Estudo social).

Rita C. S. Oliveira - Graduada em Serviço Social (FMU); Mestra e Doutora em


Serviço Social (PUC-SP); Atua no TJ/SP desde 1993; Coordenadora do grupo
de estudo “Serviço Social na Justiça de Família; Pesquisadora do Núcleo de
Estudos e Pesquisas sobre Crianças e Adolescentes (PPGSS/PUC-SP);
Pesquisadora sobre Serviço Social na área sociojurídica; Ministrou o curso
“Laudos Sociais” (TJSP/EJUS no período 2016-2019) e curso “Atualização de
Registro em Serviço Social: laudos, relatórios e pareceres” (TJSC/CEJUR no
período 2017-2018).

· Para termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, criança é aquela


pessoa que tem idade até 12 anos incompletos, e o adolescente, é
aquela pessoa que tem de 12 anos até 18 anos.

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·Apresentação do livro:

Mesmo com considerável importância na atuação profissional ao longo dos


anos, a perícia em si foi assunto pouco tratado na literatura profissional.
Esta mesma literatura consagrou o estudo social como o processo pelo
qual Assistentes Sociais produzem conhecimento sobre a realidade e, em
muitos momentos o que se nota é a ação de igualar a perícia e o estudo
social, que, como defendem as autoras, não são a mesma coisa. Baseadas
em análise da legislação brasileira e das dinâmicas socioinstitucionais de
sua área de atuação, as autoras se debruçam sobre as intereseções e
diferenças entre a perícia – em serviço social, como elas defendem ser o
mais apropriado – e o estudo social, situando armadilhas, confusões e
desafios profissionais. As reflexões apresentadas tem por base
sustentação teórica, a experiência de trabalho das autoras no Judiciário
estadual paulista aliada a pesquisas já realizadas pelas mesmas. O livro se
divide em 4 capítulos: o capítulo 1 apresenta os fundamentos histórico,
teórico-metodológicos e éticos do estudo social; o capítulo 2 trata das
bases conceituais, legais e normativas da perícia; no capítulo 3 são
apresentadas as finalidades e particularidades da perícia em Serviço Social;
e, no capítulo 4 é abordada a dimensão técnico-operativa da perícia em
Serviço Social.
·Resumo/resenha:

O estudo social, base da perícia social está presente no exercício


profissional dos mais diversos espaços ocupacionais do Serviço Social,
desde a origem da profissão no Brasil. Nesses espaços, era marcado pelo
seu viés conservador e controlador das condições de vida da classe
trabalhadora, condição que só passou a ser questionada no processo de
ruptura com o Serviço Social tradicional, mais precisamente após 1970.
Contudo, ainda nos dias atuais, o que se nota é que a utilização do estudo
social continua desarticulado dos fundamentos que passaram a nortear a
profissão após 1990, com o novo e vigente Código de Ética Profissional –
CEP.
Mesmo com a íntima relação entre o Serviço Social e a utilização de
registros como laudos, pareceres e relatórios, as autoras identificam que
ainda há grande dificuldade por parte dos profissionais, em manifestar sua
conclusão/opinião técnica a respeito da situação avaliada. É importante
salientar que compreender a requisição do estudo social na área Judiciária
requer conhecimento sobre este ente. Sendo o poder Judiciário parte
integrante da tripartição de poderes que integra o Estado brasileiro (junto
aos poderes Legislativo e Executivo), “[...] suas práticas devem ter como
objetivo central assegurar o respeito e a efetivação dos direitos humanos

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fundamentais, como previstos constitucionalmente” (p. 31). Não se pode,
contudo, desconsiderar que os objetivos do Poder Judiciário estão limitados
pelos contornos do Estado capitalista burguês marcado pelo histórico
racismo estrutural e desigualdade social que acaba por restringir o acesso à
justiça.
O Judiciário é constituído por pessoas, logo, a aplicação da legislação
será direcionada por determinadas concepções de sociedade, de
moralidade, etc. O pensamento jurídico dominante expressa os interesses da
classe dominante e as decisões serão, majoritariamente, direcionadas com
base em valores alinhados a esta classe. Em meio a contradição que é o
Judiciário, o grande desafio que se coloca para às(os) assistentes sociais é
“[...] contribuir para que os direitos da população que trabalhamos sejam
respeitados nas decisões sobre suas vidas, mesmo que limitados à
perspectiva liberal que direciona a positividade da lei” (p. 34). No cotidiano
profissional, este desafio se complexifica com a compreensão de que a
aplicação da lei se dá garantindo direitos a uns e aplicando penalidades a
outros: aqueles que são integrados ao sistema jurídico pelas suas feições
marginais.
Essa compreensão atual difere dos primeiros anos de institucionalização
do Serviço Social no Judiciário em que a atuação estava pautada e
direcionada pelo Código de Menores de 1927 (vigente até a década de 1970),
com ética baseada na moral cristã. A identificação dos “problemas sociais”
se dava sem qualquer análise que considerasse as condições estruturais.
Nesse período, a visão do Serviço social e do Judiciário a respeito da
situação dos “menores” se coadunavam e a intervenção se dava por
“abordagem individualizada e individualizante”, na perspectiva de adaptação
e integração social. Não havia crítica aos padrões dominantes de exploração
social e a análise das contradições sociais não se faziam presentes.
Nas diversas áreas em que se insere o profissional do Serviço Social a
perícia (prevista na legislação civil, lei n. 13.105/2015) é demandada com a
finalidade de fornecer subsídios a decisões judiciais. No entanto, mesmo
com os avanços nos marcos legais, a contradição entre a
intencionalidade/finalidade institucional e a intencionalidade/finalidade
profissional ainda se coloca como fator complexificador para atuação de
Assistentes sociais na área. O registro do estudo social ‒ como relatório ou
laudo anexados aos autos ‒ ainda é demandado pela instituição geralmente
como uma “prova” sobre o sujeito do processo. A Contradição reside no fato
de que essa atuação não deve ter como finalidade a constituição de provas.
Atualmente as requisições institucionais à profissão relacionam-se
predominantemente às “instruções sociais de processos” as quais tem por
base o estudo social. O estudo social e/ou a perícia social tornam-se
centrais, sobretudo no judiciário. “Isto é, o estudo social, com a finalidade de
oferecer elementos para a decisão judicial pode ser denominado perícia

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[...]” (p. 50). Para Fávero (2014) o estudo social é o processo metodológico
que tem a finalidade de compreender com profundidade e criticidade uma
determinada expressão da questão social.
Considerando a importância de delimitar a área de formação profissional
de quem executa a perícia e, consequentemente, as exigências teórico-
metodológicas, éticas e técnicas que devem dar suporte a ela, as autoras
indicam a denominação perícia em Serviço Social (em substituição à “perícia
social”) como a mais adequada para identificar esta ação. Quando o
Judiciário requisita do Assistente social um estudo social ou perícia em
Serviço social está implícita a finalidade institucional de que sejam ofertados
elementos e conhecimentos que deem suporte à decisão da(o) magistrada(o).
Esses elementos esperados se relacionam a um saber científico acumulado
pelo profissional. O domínio teórico-metodológico, o compromisso ético e a
capacidade de discernimento de qual é a finalidade do trabalho profissional
são essenciais para dar base a fundamentação.
Ainda que grande parte das requisições apresentadas ao Assistente social
apresentem materializações evidentes da questão social, há situações em que
essas materializações não serão tão evidentes. Nesses casos, as autoras
apresentam o que nomearam de “chaves teóricas” que podem contribuir com
a argumentação a ser registrada pelo profissional. Nessa direção, o território, o
trabalho e políticas sociais, as relações socioculturais, familiares, de gênero, de
sexo e a questão étnico-racial são chaves teóricas apontadas e que podem
dar subsídios as análises profissionais.
A consistência e boa fundamentação dessas análises são essenciais já que
vão servir de subsídio/suporte para decisões judiciais, sendo essa a principal
finalidade do trabalho do Assistente social no judiciário. As autoras ressaltam
que, ao realizar o estudo sobre a realidade/demanda em “julgamento”, a(o)
profissional deve estar comprometida(o) com a garantia e acesso a direitos, e
não atuando como investigador de fatos, ainda que a instituição muitas vezes
demande essa postura. Mesmo que as finalidades institucionais e profissionais
se entrecruzem e dialoguem, a finalidade profissional não é subalterna à
institucional.
Ter consciência sobre as possibilidades e entraves que se colocam à
prática do Assistente social no Judiciário, sobretudo por determinações
macrossociais, requerem o exercício ético inerente ao esforço do necessário
distanciamento para reflexão teórica. Importa apontar que distanciamento não
significa neutralidade, em absoluto. “[...] ao contrário, implica ter consciência
do compromisso com um projeto profissional crítico, na perspectiva imediata
da contribuição com o acesso a direitos e tendo como horizonte a
emancipação humana” (p. 76). Ao ser designado para a realização de estudo
social ou perícia em serviço social, este profissional está vinculado e
representa o Estado/Judiciário e é desse modo que é visto pelos sujeitos que
dependem deste estudo. “[...] a questão é a(o) profissional conseguir ou não
delimitar a serviço de quem e para que desenvolve seu trabalho” (p. 77).

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Sobre as fases do processo judicial, as autoras apontam para a diferenciação
entre “instrução processual e instrução social”. A primeira diz respeito à fase
probatória. Nela são colhidos depoimentos, provas documentais, realizadas
diligências, acareações, oitivas, etc. A fase de instrução social integra a
primeira – instrução processual – haja vista que os conhecimentos da área do
Serviço Social registrados em relatório, laudo ou parecer, vão servir de
referência para informar a ação sobre a qual decide o(a) magistrado(a)
(FÁVERO, 2009). Vale salientar que é assegurada aos interessados a
possibilidade de questionamento das informações apresentadas nos registros
profissionais durante o trâmite processual, de acordo com os princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa, conforme art. 5º, inciso
LV, CF 88.
A perícia – “exame ou vistoria, realizada por perito, para fins de emitir
opinião técnica fundamentada acerca de determinada prova ou fato, de que
dependa a solução do processo” (STF, 2020) – é realizada por perita(o) –
“pessoa com conhecimento técnico ou científico necessário, designada pelo
magistrado para emitir opinião fundamentada acerca de determinada prova
ou fato, de que dependa a solução do processo” (STF, 2020). O(A) Perito(a)
Judicial em Serviço Social pode ser servidor(a) concursado(a) do judiciário ou
Assistente Social autônoma(o), geralmente inscrita(o) em cadastro nos TJ
estaduais, que será remunerado por cada trabalho realizado. No caso de
ações pela justiça gratuita, a perícia será realizada por peritos(as) que sejam
servidores(as) públicos(as) ou que façam parte do cadastro de peritos,
conforme art. 98, inciso 1º, VI, do CPC/2015.
A Resolução n. 127/2011 do CNJ dispõe sobre o pagamento de honorários
de perito em casos de beneficiários da justiça gratuita. A Resolução n.
232/2016, fixa os valores a serem pagos aos(às) peritos(as) no âmbito da
Justiça. O pagamento das perícias conta com previsão de recursos alocados
no orçamento da União, dos Estados ou do DF. Se a demanda for julgada em
favor do beneficiário da justiça gratuita, a parte contrária, caso não seja
beneficiária da assistência judiciária, deverá arcar com o pagamento integral
dos honorários periciais arbitrados. Os valores dos honorários tem por base a
Tabela Referencial de Honorários (TRHSS), instituída pela Resolução n.
418/2001 (CFESS, 2001) que estabelece o valor a ser cobrado por hora
técnica. Já o pagamento de honorários das perícias sociais de assistência
judiciária gratuita não está vinculado a esta tabela e pode ser inferior.
Entre as provas que podem ser elencadas ao longo do processo está a
“prova simplificada” (incisos 2º, 3º e 4º do art. 464 do CPC/2015), que pode
substituir a perícia em processos de menor complexidade e consiste apenas
na arguição de especialista. No entanto, como apontado pelas autoras, a

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utilização dessa prova pode comprometer a qualidade do trabalho, haja vista
que esse profissional é requisitado em casos de média e alta complexidade.
Além do perito, há também a possibilidade de contratação de assistente
técnico. O produto do trabalho deste profissional se materializa em parecer
social e será anexado aos autos do processo. A presença desse profissional,
apesar de levantar alguns questionamentos – como o fato de que só conta
com este profissional quem pode pagar por ele –, fortalece o direito ao
contraditório e pode significar o exame da situação a partir de outro ponto de
vista além do ponto do perito. Tanto a atuação da(o) Assistente social como
perito(a) judicial ou assistente técnico(a) – que devem ser da mesma área de
formação –, exige o conhecimento da legislação que regulamenta esses papéis
na relação com a justiça (arts. 464-480 do CPC/2015; arts. 159/184 do
CPP/1941; Lei de execução penal de 1984). Além disso, é necessário realizar
interlocução com o CEP (1993), para ter clareza dos possíveis conflitos
normativos a respeito da relação deste profissional com a justiça.
Constitui impedimento, por exemplo, realizar perícia social para membro da
família. O que não se aplica à assistente técnico contratado por uma das partes
do processo. Também é vedado ao Assistente social extrapolar os limites de
sua atuação como perito. O perito, Assistente social, deve se limitar as suas
atribuições e ao que foi solicitado, dentro de suas competências.Caso
extrapole estes limites, pode ser denunciado ao conselho profissional por
violação/infração ética. As autoras também ressaltam situações de “conflito
ético”, que ocorrem quando o assistente social é intimado como testemunha
em processo judicial, em decorrência de seu trabalho. Nestes casos, como
estabelece o art. 19 do CEP (1993), o profissional deve atender a intimação,
contudo, para declarar que está obrigado a guardar sigilo profissional nos
termos do CEP e da legislação em vigor.
As autoras apontam para a secundarização do debate sobre a dimensão
técnico-operativa na perspectiva crítica, verificada tanto no início de suas
atuações no Judiciário quando atualmente, mesmo após consideráveis
avanços. Refletir sobre essa dimensão se coloca como uma necessidade já
que, de acordo com Guerra (2012) dessa dimensão emana a imagem da
profissão. A pouca atenção que tem sido dada a essa dimensão, junto com a
quase escassa produção científica sobre as “novas áreas” de atuação do
Serviço Social no Judiciário sujeitam os profissionais ao que já foi definido por
Borgianni (2012) como “polaridade ética”.
Nas oficinas com Assistentes sociais as autoras identificaram que a
indeterminação terminológica sobre os estudos e registros é algo em destaque.
Há semelhanças conceituais nas definições de estudo e perícia em Serviço

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social e “A chave para essa diferenciação está na destinação desse processo
de trabalho. Se for um estudo que subsidiará a decisão em um processo
judicial, ele passa a ser considerado como perícia judicial” (p. 142). De acordo
com Fávero (2009) o estudo social é o processo de conhecimento amplo da
realidade social do indivíduo ou grupo objeto do processo. Se o objetivo do
estudo for subsidiar uma decisão judicial, poderá ser considerado uma perícia
social. Ao estudo social corresponde o registro em relatório social. Já a perícia
social corresponde o registro em laudo social, ambos com pareceres. Assim,
é verdadeiro dizer que “toda perícia social pressupõe o estudo social, mas
nem todo estudo social é perícia social”, de acordo com Mioto (2001).
O CPC/2015 (art. 473), explicita que o conteúdo do laudo pericial deve
abranger: exposição do objeto da perícia; análise técnica/científica realizada
pela(o) perita(o); indicação do método utilizado, esclarecendo-o e
demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do
conhecimento da qual se originou; resposta conclusiva a todos os quesitos
apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público (p.
159). Anterior ao laudo pericial ou qualquer outro tipo de registro, está a
entrevista em Serviço Social.
Esse instrumento integra a dimensão investigativa da profissão e se constitui
como indispensável para estabelecimento de vínculo entre a(o) profissional e
uma ou mais pessoas. É importante apontar que a entrevista, como
estabelecido pelo Manual de Procedimentos Técnicos, pode ocorrer de forma
individual ou em conjunto entre Assistentes sociais e Psicólogos, de acordo
com a especificidade de cada caso (TJSP, 2017). No momento da entrevista,
seja com crianças ou com adultos, é essencial que a(o) profissional indique os
objetivos da entrevista, o motivo pelo qual faz anotações, bem como sobre a
destinação do registro que será elaborado. A devolutiva também é essencial, e
se trata de uma conduta ética, por possibilitar ao usuário acesso a
informações que lhe dizem respeito (art. 5º, “h”, CEP/1993).
As autoras indicam a importância de que, ao menos a primeira entrevista,
seja realizada no espaço institucional, pela possibilidade de este ambiente dar
os contornos da relação profissional a ser estabelecida. Quando realizadas em
visita domiciliar, a(o) profissional deve superar a perspectiva policialesca.
Essas visitas devem ser agendadas com antecedência, sem a pretensão de
“pegar de surpresa” e identificar “provas”. Na visita domiciliar, as observações
e seus registros devem centrar-se na “leitura técnica sobre a questão social
e suas expressões no cotidiano do sujeito”. Registrar a louça suja, ou a casa
não varrida é pouco relevante no enfrentamento as

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vulnerabilidades sociais. A atuação profissional deve ser acompanhada de
reflexões e de postura ética, preservando a privacidade familiar e não
invadindo-a de forma arbitrária.
A entrevista no domicílio pode ser essencial para que o profissional analise a
situação com vistas a compreender a totalidade de aspectos que a
conformam. Como se dá o acesso a rede de serviços no território e também
as redes sociais de pertencimento, chamadas “redes não oficiais”,
compreender o tempo em que aquela realidade se desenvolve, estes são
aspectos que devem fazer parte do olhar profissional e serem consideradas
no estudo social.
A linguagem, tanto falada quanto escrita, utilizada pelas(os) profissionais
também é um fator essencial para garantia de direitos. Tanto evitar os
“jargões, termos regionalizados e preconceituosos, como também “traduzir” a
linguagem institucional para melhor compreensão dos usuários são aspectos
que merecem atenção. O vocabulário, escrito ou falado, não deve se traduzir
em prejuízos compreensivos para quem ouve ou lê.
Identificando a dificuldade ainda presente na identificação dos tipos de
registros, as autoras apresentam suas definições, estrutura e aplicações. O
relatório social ocupa lugar privilegiado na prática profissional e não possui
um padrão específico. Para Fávero (2009) o relatório deve conter o registro
do objeto de estudo, identificação dos sujeitos do processo, breve histórico
da situação, sua finalidade, metodologia e informações e análises técnicas
fundamentadas, importantes para o andamento do processo.
O Laudo, utilizado no Judiciário como um meio de “prova”, tem a finalidade de
dar subsídios a decisão judicial. Ele documenta as informações recolhidas no
estudo social, permeado ou finalizado com interpretação e análise. Via de
regra, em sua parte final, está registrado o parecer conclusivo do profissional.
Esse é um documento muito solicitado e utilizado no Judiciário e, geralmente
é identificado como resultado de uma perícia (FÁVERO, FRANCO, OLIVEIRA,
2020). De acordo com Mioto (2001), o laudo é resultado da perícia social e
registra os aspectos mais importantes do estudo e do parecer social. Embora
seja um documento complexo, o laudo não deve ser extenso, mas sim, deve
conter análise devidamente fundamentada. Deve relacionar a descrição a
aspectos da realidade tendo por base o saber da área profissional. Quanto a
organização deste registro, Magalhães (2016) indica que deve apresentar
cabeçalho com indicação dos instrumentos utilizados ao longo da avaliação
bem como os participantes do processo. O texto deve estar claro, coerente e
ter princípio, meio e fim.
O Parecer, é a opinião técnica especializada fundamentada sobre o estudo
dos aspectos da legislação e/ou de um caso jurídico. De acordo com Fávero
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(2003), o parecer é uma manifestação suscinta com foco na questão
analisada, nos objetivos do trabalho solicitado, com análise da situação
referenciada nos fundamentos teóricos, éticos e técnicos inerentes ao Serviço
Social. Em se tratando dos conteúdos dos laudos, pareceres e relatórios, as
autoras apontam para a possibilidade do uso de indicadores e que estes
podem contribuir para a fundamentação da argumentação ali registrada.
A elaboração de laudos e relatórios conjuntos, embora contribua para o
atendimento integral dos direitos do usuário, requer atenção para os limites
técnicos e legais das áreas de atuação envolvidas, de acordo com o art. 10, “d”
e “e” do CEP (1993). De acordo com a Resolução 557/2009 do CFESS, deve-
se, portanto, delimitar o objeto de cada uma respeitando as atribuições
privativas de cada profissão. O trabalho interdisciplinar, deve ser desenvolvido
na perspectiva de complementariedade e não de fragmentação ou
sobreposição de atuação e saber. A interdisciplinaridade deve pressupor
interlocução, discussão e troca de saber entre os profissionais.
A lógica de funcionamento do Poder Judiciário convida à cristalização de
posicionamentos e reiteração de práticas de alienação e violências que podem
estar presentes também nos registros profissionais. Este é um desafio que se
coloca cotidianamente aos profissionais, que precisam ter clareza das bases
teórico-metodológica, técnico-operativa e ética da profissão e direcionar sua
prática para quebra de fronteiras, práticas e discursos conservadores,
avançando na construção de um trabalho que esteja alinhado ao projeto
profissional hegemônico e a radicalidade da defesa de direitos (p. 217).
Ainda nos dias atuais, sobretudo no Judiciário, a atuação profissional é
marcada pelo tensionamento entre proteção e controle das famílias. Nesse
contexto, o profissional deve ter clareza de que entre proteger e punir, o
projeto profissional do Serviço Social está direcionado para a proteção. É
preciso compreender que a punição e a proteção não são excludentes, mas,
partes de uma mesma totalidade (p. 149). Se crianças e adolescentes têm
direitos, seus pais e mães também tem. Isso exige que o profissional se afaste
do “modo automático” que se coloca nas exigências do cotidiano que, se por
um lado, nos auxilia na realização de tantas tarefas, por outro, favorece a
reprodução de um fazer irrefletido.
Enquanto o judiciário prioriza, sobretudo, responsabilização e culpabilização
das(os) usuárias(os), o Serviço Social busca, através da compreensão do
contexto mais amplo das relações, contribuir para a proteção da convivência
social, sobretudo das crianças e adolescentes (p. 169). Por isso, “[...] práticas
rotinizadas, acríticas, sem fundamentação e sustentação teórica rebatem na

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limitação e no cerceamento do acesso à justiça” (p. 203).
De acordo com as autoras, a superação da reiterada violação de direitos,
institucionalizada e naturalizada só é possível com a instalação de resistências
coletivas, “[...] não só no plano discursivo, mas nas ações, intervenções e
proposições, integradas a um projeto de trabalho profissional no interior das
instituições” (p. 207).

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