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JANAÍNA FERREIRA DE FREITAS

LAÍS KELLY SOARES ALVES

O Exercício do Assistente Social na Formação Profissional.

Acadêmicas do sétimo período do


curso de graduação em Serviço Social
na Universidade Presidente Antônio
Carlos – Unidade Curvelo/MG.

CURVELO
Abril/2009
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O EXERCÍCIO DO ASSISTENTE SOCIAL NA FORMAÇÃO


PROFISSIONAL

Resumo: O artigo discute o papel do Assistente Social na formação profissional


dando ênfase nas suas relações com o formando e as unidades de ensino e de
campo de estágio, onde estão presentes e atuantes contribuindo para a construção
de novos profissionais éticos, críticos, competentes e capazes de analisar e propor
intervenções concretas em sua realidade social.
Palavras chaves: Formação profissional, assistente social, formandos, capacitação
profissional.
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INTRODUÇÃO

A partir do conhecimento das bases históricas da formação profissional em


Serviço Social iremos destacar ao longo deste artigo o papel do Assistente Social
formador, as relações do mesmo com as unidades de ensino e campo de estágio
além de sua contínua relação de construção de uma identidade profissional com
cada acadêmico que ele irá supervisionar ou orientar no período da formação.
São vários os eixos desta atuação, que abrange sala de aula, orientação e
supervisão em campo de estágio, orientação em trabalhos de conclusão de curso,
aplicação de seminários, direção de projetos, palestras e cursos que incentivem e
incrementem a formação dos novos profissionais que precisam chegar ao mercado
de trabalho capazes de atuar em todas as frentes onde o Serviço Social vem
ganhando cada dia mais espaço.
Portanto, abordaremos um pouco do papel do assistente social na formação
profissional que está configurado na Lei 8662/93 que delimita o fazer do assistente
social e sua atribuições, onde cada profissional deve ter como referência o Código
de Ética para fazer de seu exercício profissional um instrumento de formação.
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Este artigo vem mostrar a trajetória do Serviço Social e importância da


formação profissional nos dias de hoje. Antes de falar sobre a formação profissional
iremos abordar a historia dessa profissão que foi regulamentada, no Brasil, em 1957,
mas as primeiras escolas de formação profissional surgiram a partir de 1936
(ANEXO 01). É uma profissão de nível superior e, para exercê-la, é necessário que
o graduado registre seu diploma no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS)
do estado onde pretende atuar profissionalmente; há 24 CRESS e três delegacias
de base estadual e o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), órgãos de
fiscalização do exercício profissional no país, dando cobertura a todos os estados. A
Lei que a regulamenta é a 8662/93. Desde seus primórdios aos dias atuais, a
profissão tem se redefinido, considerando sua inserção na realidade social do Brasil,
entendendo que seu significado social se expressa pela demanda de atuar nas
seqüelas da questão social brasileira, que em outros termos, se revela nas
desigualdades sociais e econômicas, objeto da atuação profissional, manifestas na
pobreza, violência, fome, desemprego, carências materiais e existenciais, dentre
outras. A atuação profissional se faz, prioritariamente, por meio de instituições que
prestam serviços públicos destinados a atender pessoas e comunidades, que
buscam apoio para desenvolverem sua autonomia, participação, exercício de
cidadania e acesso aos direitos sociais e humanos; podem ser da rede do Estado,
privada e ONG's.
A formação profissional é generalista, permitindo apreender as questões
sociais e psicossociais com uma base teórico-metodológica direcionada à
compreensão dos processos relacionados à economia e política da realidade
brasileira, contexto onde se gestam as políticas sociais para atendimento às
mazelas da sociedade. Para um competente exercício profissional é necessário um
continuado investimento na qualificação, podendo dispor de cursos de
aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado disponíveis, capacitando-se
em suas práticas específicas.
A atuação do assistente social se faz desenvolvendo ou propondo políticas
públicas que possam responder pelo acesso dos segmentos de populações aos
serviços e benefícios construídos e conquistados socialmente, principalmente,
aquelas da área da Seguridade Social. De modo geral, as instituições que requisitam
o profissional de Serviço Social se ocupam de problemáticas relacionadas a:
crianças moradoras de rua, em trabalho precoce, com dificuldades familiares ou
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escolares, sem escola, em risco social, com deficiências, sem família, internadas,
doentes; adultos desempregados, drogados, em conflito familiar ou conjugal,
aprisionados, em conflito nas relações de trabalho, hospitalizados, doentes,
organizados em grupos de interesses políticos em defesa de direitos, portadores de
deficiências; idosos asilados, isolados, organizados em centros de convivência,
hospitalizados, doentes; minorias étnicas e demais expressões da questão social.
Devido à experiência acumulada no trabalho institucional, a (o) Assistente
Social tem-se caracterizado pelo seu interesse, competência e intervenção na
gestão de políticas públicas e hoje contribuindo efetivamente na construção e defesa
delas, a exemplo do Sistema Único de Saúde - SUS, da Lei Orgânica da Assistência
Social - LOAS e do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, participando de
Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais, bem como das Conferências nos três
níveis de governo, onde se traçam as diretrizes gerais de execução, controle e
avaliação das políticas sociais. Lembrando que para o profissional desenvolver esse
trabalho junto aos seus clientes foi preciso integrar o “...saber transmitido numa
formação profissional integra conhecimentos, valores, modelos, símbolos etc.
acumulados naquele próprio fazer e viver de formadores e formandos.” (NICOLAU,
Maria Célia Correia. Formação e fazer profissional do Assistente Social: trabalho e
representações sociais, pág. 83 )
A formação do (da) Assistente Social é de cunho humanista, portanto,
comprometida com valores que dignificam e respeitam as pessoas em suas
diferenças e potencialidades, sem discriminação de qualquer natureza, tendo
construído como projeto ético/ político e profissional, referendado em seu Código de
Ética Profissional, o compromisso com a Liberdade, a Justiça e a Democracia. Para
tal, o (a) Assistente Social deve desenvolver como postura profissional à capacidade
crítica/reflexiva para compreender a problemática e as pessoas com as quais lida,
exigindo-se a habilidade para comunicação e expressão oral e escrita, articulação
política para proceder encaminhamentos técnico-operacionais, sensibilidade no trato
com as pessoas, conhecimento teórico, capacidade para mobilização e organização.
O inicio da formação profissional acontece na universidade onde o
profissional aprende a teoria, com objetivo de se preparar para o mercado de
trabalho sendo que muitas vezes quando ainda estamos só na teoria e não tendo
conhecimento da prática não compreendemos o porque estudar tanta coisa e qual
sua finalidade na vida real, mas a partir do momento em que conhecemos a prática
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observamos que se não houver a teoria dificilmente conseguiríamos entender e


desenvolver a prática. “Entende-se que não é apenas a informação teórica que
forma o profissional; a formação atualiza, em seus objetos, a história e o contexto, a
experiência e a vivencia, de indivíduos e grupos.” (NICOLAU, Maria Célia Correia.
Formação e fazer profissional do Assistente Social: trabalho e representações
sociais, pág. 83 )
O Serviço Social é uma profissão regulamentada e baseada no conhecimento
de várias ciências. Entre elas podemos destacar as ciências políticas, econômicas, a
sociologia, a psicologia, a filosofia e outras que visam a formação de profissionais
capazes de entender e propor intervenções nas mais diversas questões sociais que
permeiam nossa realidade. “A formação profissional deve viabilizar uma capacitação
teórico-metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o exercício de
atividades técnico-operativas, com vistas à apreensão crítica dos processos sociais
numa perspectiva de totalidade.” (Comissão de Especialistas em Ensino em Serviço
Social. Diretrizes Curriculares, Brasília. Fevereiro 1999).
Com base na diretriz curricular do curso de Serviço Social e do perfil do
bacharel que se formará, se torna imprescindível que se tenha profissionais
formadores capazes de direcionar a ética, a construção teórica e a relação com a
prática de maneira clara e em consonância com a realidade social.
É necessário que os Assistentes Sociais presentes na formação profissional
sejam propiciadores de opiniões concretas e críticas, que levem o formando à
reflexão e à construção de uma identidade profissional séria, competente e
dinâmica. A importância do Assistente Social na formação profissional é muito
grande, pois é ele quem vai direcionar o formando a prática do Serviço Social,
apresentar o campo de atuação e contribuir com experiências vividas por ele e por
outros profissionais em campo.
O contato do formando com essa realidade é muito rico, pois com o
casamento de teoria e prática ele é capaz de fazer suas próprias reflexões e adotar
o método que lhe parecer melhor para cada situação vivida. Este casamento leva o
formando a entender a realidade social, analisá-la embasado em teorias, leis e
experiências para que assim possa propor com firmeza uma intervenção viável e
objetiva. Mas, para que aconteça essa dinâmica o assistente social formador deve
ser extremamente capaz e atualizar-se sempre, conhecer a profissão e ser
experiente, pois só assim ele será capaz de contribuir para formação profissional.
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Se o assistente social formador não tiver este conhecimento citado acima ele
se perderá nas dúvidas e nos questionamentos dos formandos, que por sua vez são
críticos e têm sede de conhecimento. Este fato pode ser prejudicial à formação
profissional, uma vez que temos o costume de nos embasar e nos espelhar
naqueles que nos passam conhecimento, naqueles que nos formam.
Conforme estabelece a Lei de Regulamentação da Profissão em seu artigo 5º,
são atribuições privativas do Assistente Social:

“ [...] V – assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de


graduação como pós graduação, disciplinas e funções que exijam
conhecimentos próprios e adiquiridos em curso de formação regular;
VI – Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço
social;
VII – Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social,
de graduação e pós graduação;
VIII – Dirigir e coordenar associações, núcleos, centro de estudo e de
pesquisa em Serviço Social;
IX – Elaborar provas presidir e compor bancas de exames e comissões
julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para assistentes
sociais , ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço
Social;
X – Coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados
sobre assuntos de Serviço Social; (Lei 8662/93, 4ª ed. pág. 40-41).

Assim sendo, destacaremos agora a importância e o papel do Assistente


Social na orientação e supervisão de estágios, etapa crucial na formação
profissional. O campo de estágio é o primeiro contato do formando com a prática,
com a realidade e com as mais diversas questões sociais nas quais ele deverá
atuar. A área se atuação do Assistente Social se configura em uma imensidão de
oportunidades e campos que se abriram e outros mais que estão se abrindo agora,
portanto é preciso que o assistente social supervisor esteja conectado às mudanças
e as possibilidades que vão surgindo para a profissão no mercado de trabalho.

“ Discutir o papel da supervisão no processo de formação profissional


requer compreender o supervisor na condição de sujeito desse processo
de formação profissional, o que representa ser partícipe do mesmo.
Entendendo que enquanto sujeito deverá ter condições para dialogar,
propor, alterar, interferir, o que exige constante capacitação.entendemos
que capacitação para o exercício da supervisão extrapola a capacitação
meramente técnica, exige um profissional capacitado teórica, técnica e
politicamente para o seu fazer, que esteja acompanhando as mudanças do
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mundo do trabalho e das relações sociais que trazem novas demandas e


que requisitam outras constantes qualificações.” (Santana, Necilda de
Moura. O processo de supervisão na formação profissional do Assistente
Social. Pág. 03)

O supervisor de campo deve estar em constante ligação com a unidade de


ensino para que possam acontecer trocas entre estas unidades. Estas trocas de
experiências e de relações entre campo de estágio – profissional – formando e
unidade de ensino são de extrema importância e riqueza para a formação
profissional do acadêmico. Já que este está em constante avaliação e preparação
para se tornar profissional e encontrar seu lugar no competitivo mercado de trabalho.

“O estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória, que se


configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional para
capacitação do exercício do Processo de Trabalho do Assistente Social, o
que pressupõe supervisão sistemática. Essa supervisão será feita
obrigatóriamente pelo professor supervisor através da reflexão,
acompanhamento e sistematização com base em planos de estágio
elaborado em conjunto entre unidade de ensino e unidade campo de
estágio, tendo como referência a Lei de Regulamentação da Profissão e o
Código de Ética Profissional” ( ABESS, 1996: 13)

Assim, em cada etapa da formação profissional é necessário que se tenham


profissionais éticos, capazes e conhecedores do vasto leque de atuação do Serviço
Social, pois assim, o assistente social se torna um formador de profissionais e
contribuinte ao crescimento e difusão desta profissão em toda a sociedade.
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CONSIDERAÇÔES FINAIS

Constatando dados históricos da trajetória do Serviço Social podemos


relacionar a formação profissional com a responsabilidade de cada profissional
formador. Os assistentes sociais que atuará juntamente aos formandos devem ser
capacitados e sempre atualizados, pois estes profissional devem estar prontos a
atender todas as indagações, dúvidas e questionamentos do acadêmico.
Além de ser capaz de induzir uma formação crítica e concreta das relações e
questões sociais, o assistente social trabalha diretamente com o ser humano em sua
totalidade, com o indivíduo, o grupo e a comunidade. Assim, tanto a sua formação
prática quanto teórica deve estar embasada no Código de Ética do Serviço Social,
nas leis e propostas que regulamentam a profissão.
Enfim, a formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico -
metodológica e ético política, como requisito fundamental para o exercício de
atividades técnico-operativas, com vistas à apreensão crítica dos processos sociais
numa perspectiva de totalidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 NICOLAU, Maria Célia Correia. Formação e fazer profissional do Assistente


Social: trabalho e representações sociais.
 Comissão de Especialistas em Ensino em Serviço Social. Diretrizes
Curriculares, Brasília. Fevereiro 1999.
 Lei 8662/93 de Regulamentação da Profissão.
 Santana, Necilda de Moura. O processo de supervisão na formação
profissional do Assistente Social.
 ABESS, 1996.
 Código de Ética do Assistente Social.
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ANEXO 01 – LINHA DO TEMPO

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