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Unidade II

Unidade II
A consultoria como espaço qualificado de reflexão e intervenção do serviço social

Discutiremos acerca da relação estabelecida entre o serviço social e sua atuação prestando assessoria/
consultoria. Para isso, iniciamos com um breve percurso do desenvolvimento histórico de nossa profissão
no Brasil.

5 O SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA E CONSULTORIA

Observação

O serviço social brasileiro, como profissão, surgiu em meados de 1930.

O serviço social surgiu no Brasil nos anos 1930 como formação técnica especializada, no ápice da
revolução industrial e urbana. A primeira escola de serviço social do país foi fundada em 1936, em São Paulo.
É interessante observar que a primeira turma dessa escola formou-se em 1938 e era composta somente por
mulheres. Isso não foi por acaso. Há que se ter presente a influência do repertório valorativo da Igreja Católica,
que, em relação à educação, por exemplo, não admitia a formação conjunta entre os sexos.

O discurso da oradora dessa turma, Lucy Pestana da Silva (1938, p. 29-30), já manifestava atenção
em relação à determinada condição de mulher e a implicação desta no campo do serviço social
naquele período.

Neste contato, porém, um aspecto bom veio juntar-se: a mulher aprendeu a


tomar uma atitude mais definida em face da vida. Uma corrente, procurando
igualar o papel social feminino ao papel masculino [...] definiu-se de modo
falso e errôneo. Ao seu lado, porém, outra mentalidade surgiu: a de formar a
personalidade feminina, dando-lhe pleno desenvolvimento, tornando-a apta
a cumprir de modo eficaz o seu papel dentro e fora do lar. [...] Costuma‑se
ver o padrão da civilização do povo pelo nível de formação feminina. É desse
aspecto que falo em segundo lugar. Se são muitas hoje na carreira que se
nos oferecem não me parece feminino torná-las indistintamente. De acordo
com a sua natureza mulher só poderá ser profissional numa carreira em que
suas qualidades se desenvolvam, em que sua capacidade de dedicação e de
devotamento seja exercida. [...] Como educadora é conhecida a sua missão.
Abre-se-nos agora, também, como movimento atual, mais um aspecto
de atividades: o serviço social, que apresenta alguns setores especiais de
atividade feminina.
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ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

A qualificação em serviço social, portanto, nem sempre era condição suficiente para o exercício da
profissão, pois se havia alguns setores especiais de atividade apropriadas às assistentes sociais femininas,
outros se constituiriam apropriados ao masculino, o que evidencia como as relações de gênero foram
constituintes desse campo profissional e esboroa, em parte, a “imagem feminina” de que foi revestido.

Em março de 1938, na cidade de São Paulo, à mesma época que se realizava a solenidade de colação
de grau das primeiras assistentes sociais diplomadas no Brasil, iniciava-se o ano letivo da primeira turma
mista da ESS/SP. Os cursos mistos foram criados para atender a uma solicitação do Departamento de
Serviço Social do Estado de São Paulo, que necessitava, para alguns de seus serviços, de assistentes
sociais masculinos.

Durante a formação dos assistentes sociais na ESS/SP, foi sendo gestada a constituição de um
espaço de formação exclusivamente masculino, o Instituto de Serviço Social de São Paulo, fundado
em março de 1940 – primeira unidade de ensino, desse campo profissional, masculina da América
Latina (BERTELLI, 2009).

Bertelli (2009) nos diz ainda que isso ocorreu para que homens pudessem compor a categoria
profissional sem preconceitos. O serviço social desvencilhava-se, assim, da ideologia católica para
formarem-se profissionais de ambos os sexos, mas continuou sendo uma profissão formada, em sua
maioria, por mulheres.

Mesmo com todo esse modelo histórico tradicional (prática burocratizada, empirista e paliativa),
o serviço social no Brasil, por meio de sua categoria profissional formada predominantemente por
mulheres, iniciou um processo de questionamento a essas bases tradicionalistas, ainda, infelizmente,
apreendidas pela sociedade. Com esse questionamento, a categoria procura distanciar-se desse modelo,
iniciando, assim, o processo de renovação crítica da profissão, apoiada na conjuntura sócio-histórica e
contextual, fundamentada na teoria e na prática do método dialético de Marx.

Para ocorrer esse processo histórico de renovação crítica da profissão, o serviço social pontuou e
denunciou o conservadorismo tradicionalista, entre as décadas de 1960 e 1980, sob a influência do
movimento da reconceituação latino-americana (GUIDORIZZI, 2008).

No Brasil, o movimento de reconceituação é compromissado com os interesses dos sujeitos


sociais, intervindo por meio de pesquisas, qualificação na formação acadêmica e com a
interlocução com outros saberes das ciências, constituindo uma ruptura com o modelo tradicional
e apropriando-se de uma nova roupagem, identidade e ações para a consolidação e ampliação da
cidadania e da democracia.

Desde então, a atuação dos assistentes sociais no primeiro, no segundo e no terceiro setores,
e também como prestadores de serviços, é orientada para formular, gestar e intervir nas políticas
públicas. Os profissionais também atuam como consultores e assessores, auxiliando gestores e
derrubando o mito de caridade e paternalismo, demonstrando, assim, que o profissional de serviço
social é um estrategista social.

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Vejamos as principais áreas de atuação em que o assistente social vem sendo requisitado a atuar,
inclusive por meio da prestação de assessoria/consultoria.

Na área do desenvolvimento da sustentabilidade pública, o serviço social vem subsidiando os


órgãos públicos na formulação de políticas sociais e na gestão de pessoas. O mesmo acontece nas
corporações: ao subsidiar as formulações de política de gestão das pessoas, é possível demonstrar a
ambos os setores os impactos e os indicadores de resultados de produtividade, qualidade, imagem
corporativa e lucratividade, auxiliando nas decisões estratégicas proativa e preventivamente.

Nesse novo fazer, o assistente social vem sendo compreendido como um profissional de habilidades
que sabe identificar condicionantes internos e externos e como gestor que sabe diagnosticar e
enfrentar situações sociais de risco. Ele também sabe analisar ações integradas em rede apoiadas na
transdisciplinaridade, que significa transpassar e transitar pelas fronteiras disciplinares, isto é, colocar em
conexão os conhecimentos já produzidos e, por meio da articulação e da qualidade dialógica, produzir
novos conhecimentos.

Direito

Serviço Social Antropologia

Objeto de estudo

História Psicologia

Figura 2 – Prática transdisciplinar

Além disso, o assistente social precisa estar sempre atualizado, pois sua prática deve ser pautada em
pactos e normas globais, o que tem relação direta com a área social e ambiental sob o mesmo patamar.

Nas últimas décadas, temos nos deparado com o “despertar” de organizações para a cidadania
empresarial, de acordo com a gestão social. Referimo-nos às empresas privadas e às ONGs, que vêm
desempenhando responsabilidade social – sem segundas intenções e de forma séria e coerente –,
tendo em sua equipe técnica o profissional de serviço social, pois se trata de uma categoria profissional
socialmente responsável tanto em sua atuação com o público interno como também com o público
externo de interesse das organizações.

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ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Observação

Refilantropização faz menção às novas formas de filantropia gestadas


no mundo e no Brasil.

No processo de refilantropização, de que nos falou Iamamoto (2001), no as empresas privadas e


organizações não governamentais passam a atuar na área social por meio de uma série de projetos
sociais. Essa nova configuração das empresas oferece ao profissional um novo espaço laboral, muitas
vezes por meio de assessoria e de consultoria.

Outro ponto importante a ser colocado aqui é que são alvos da ação dos profissionais de serviço
social tanto o terceiro setor como também o público-alvo, que demandaram ações inclusivas e efetivas
de projetos desenvolvidos. O profissional, para desempenhar o papel na gestão social em consultoria
e assessoria, necessita profissionalizar-se em gestão e em voluntariado, pois eles recebem assessoria e
consultoria na formulação de projetos sociais.

Desde a década de 1990, a consultoria e a assessoria vêm sendo abordadas e praticadas por
assistentes sociais para melhorar estrategicamente as políticas públicas e aperfeiçoar a profissão. Assim,
o profissional de serviço social se coloca no papel de executor, de gestor e elaborador de políticas sociais.

Para compreender melhor a inserção da consultoria e da assessoria no papel do assistente social, é


preciso voltar um pouco na história literária do serviço social.

Na década de 1980, começaram a aparecer na literatura do serviço social questões sobre o tema
assessoria. Vieira (1981) escreveu o primeiro artigo que retratava a supervisão. Nesse artigo, a autora
apresentava experiências vivenciadas pelos cursos de serviço social do Brasil e a importância da assessoria
para os profissionais da área.

Somente após a promulgação da Constituição Federal de 1988 cresceu o interesse e se deu a devida
importância a esse tema, que afirma a política de assistência social como política social no Brasil, além
de fomentar a criação da LOAS, que oferece diretrizes para a profissão do serviço social.

Observação

Também é possível realizar consultoria em políticas sociais públicas


e privadas.

Na atualidade, a temática continua presente, mas é pouco problematizada pelos profissionais que
atuam nessa área e estão inseridos nesses processos. Os profissionais que estão em outras atuações têm
apenas o conhecimento de que a assessoria e a consultoria se dão na perspectiva da política pública e
na política privada.

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Os temas assessoria e consultoria vêm crescendo, mas pouco se tem de literatura no serviço social.
Isso faz com que muitos profissionais que atuam nesse ramo procurem em outras literaturas das áreas
do saber, como administração, comunicação social, antropologia e sociologia, entre outras ciências,
informações para fundamentar sua ação.

Saiba mais

Recomendamos a visita ao site: http://www.caranconsultoria.com.br/,


pois será possível uma aproximação a uma prática desenvolvida na área
de consultoria.

Cabe ressaltar, entretanto, que o exercício de assessoria/consultoria está fortemente ligado


ao status de reconhecimento intelectual que se dispensa ao profissional assessor/consultor. Esses
profissionais estão ligados às ações desenvolvidas com conhecimento na área em que atuam e
tomam como objeto de estudo de ação a realidade em sua totalidade e a realidade que estão
inseridos para fundamentar seu trabalho. Isto é, o assessor não atua como interventor, mas
traça caminhos e estratégias para que os profissionais e/ou equipe que está assessorando tenha
autonomia e capacidade para realizar a leitura e implementar a ação/projeto, sempre monitorado
pelo assessor/consultor. Sem contestação, o assessor/consultor desempenha um papel intelectual
vinculado à proposta para a qual foi contratado.

Lembrete

O assistente social que atue como consultor no terceiro setor precisa


profissionalizar-se em gestão e em voluntariado.

Vimos, no início desta unidade, o conceito de assessoria e de consultoria, mas para fixação seguem
as distinções entre elas.

Consultoria é mais pontual, por assim dizer, que a assessoria que remete à ideia de auxiliar. Para
fundamentar os conceitos de consultoria, dialogamos com Vasconcelos (1998, p. 128-129), que expõe:

Amiúde para que uma equipe ou assistente social (primeiro, segundo ou


terceiro setor) solicite um processo de consultoria a outros profissionais
de serviço social ou de outras áreas, é necessário que já se tenha passado,
ainda que precariamente, pela elaboração de um projeto de prática,
objetivando o encaminhamento deste. [...] As assessorias são solicitadas ou
indicadas, na maioria das vezes, com o objetivo de possibilitar a articulação
e a preparação de uma equipe para a construção do seu projeto de prática
por meio de um expert que venha auxiliá-la teórica e tecnicamente.

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ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Contudo, cabe aqui ressaltar que assessoria não é sinônimo de supervisão, não é um trabalho
hipotético ou temporário e não deixa de ser uma assistência social.

Segundo Vieira (1981, p. 108):

O que distingue assessoria da supervisão é sua natureza temporária,


eventual (o supervisionado procura o assessor quando necessita) e ampla
liberdade do assessorado em aceitar ou não, em seguir ou não as indicações
do assessor. Mais do que supervisor, o assessor tem autoridade de “ideias”,
ou de ”competências”, e não ”de mando”.

Logo, assessoria e consultoria em serviço social, segundo Mattos (2010, p. 31), constitui-se em “ação
desenvolvida por profissionais com conhecimentos na área, que toma a realidade como objeto de estudo
e detém uma intenção de alteração da realidade”.

Lembrete

O assistente social, para ser um bom assessor/consultor, precisa realizar


um diagnóstico sobre os condicionantes internos e externos do lócus de
sua atuação.

O assistente social deve refletir e aprimorar-se constantemente sobre as particularidades que envolvem
o fazer profissional, levando em conta os condicionantes internos e externos, estudados anteriormente,
pois dizem respeito ao contexto social no qual o assistente social está inserido. O profissional deve
compreender que o exercício da profissão como trabalho exige mudanças de concepções devido às
transformações constantes que ocorrem no cenário contemporâneo, e ele precisa acompanhá-las.
Iamamoto (2001, p. 95) explica tal particularidade:

Geralmente é chamado de prática e corresponde a um dos elementos


constituídos do processo de trabalho que é o próprio trabalho. Mas para
existir trabalho são necessários os meios de trabalho e a matéria-prima ou
objeto sobre o que incide a ação transformadora do trabalho.

Mesmo ao desempenhar assessoria e consultoria, o assistente social intervém nas múltiplas questões
sociais em sua totalidade, carregadas de contradições que demandam sua ação profissional. Por isso
essa atividade requer que o profissional de serviço social apresente habilidades e estratégias focadas na
garantia de direitos, conforme nos mostra Vasconcelos (1998, p. 123) por meio de sua reflexão sobre o
agir e o pensar do serviço social nos processos de consultoria e assessoria:

Diante da complexidade das situações vivenciadas pela categoria [serviço


social], considero a assessoria e a consultoria necessárias, possíveis e viáveis,
ainda que reconheçamos que não sejam suficientes, nem possamos assegurar
as reais consequências de um processo que envolve unidades formadoras
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de meio profissional, nas suas respectivas complexidades e diferenças, mas


antes de tudo na sua unidade.

A atuação em assessoria e consultoria vem sendo ampliada em seu espaço de trabalho e ação
profissional, pois suas ações estão relacionadas: à implantação e orientação de conselho nas três
esferas de governo de políticas públicas; à capacitação de conselheiros, que encontram nelas espaços
para fiscalizar e formular essas políticas; elaboração de planos, também nas três esferas de governo;
acompanhamento, monitoramento e avaliação de projetos e programas sociais. Esses trabalhos e
ações são resultados de exigências de qualificação profissional, tais como:

• domínio para realização de diagnósticos socioeconômicos dos espaços governamentais e não


governamentais;

• leitura e análise de orçamentos públicos governamentais e não governamentais;

• identificação de recursos disponíveis para tencionar suas ações profissionais;

• domínio nos processos de planejamento organizacional e, principalmente, estratégico;

• competência no gerenciamento de monitoramento e avaliação de programas e projetos sociais;

• capacidade de negociação.

Os aspectos da atividade de assessoria e consultoria, recursos utilizados pelos profissionais de serviço


social e/ou equipes, estão objetivados numa prática pensada e projetada, isto é, o profissional que não
projeta e não produz a sua prática não leva adiante sua tarefa, nem mesmo as tarefas burocráticas
(VASCONCELOS, 1998).

Essa nova atividade de assessoria/consultoria contribui, por assim dizer, para a categoria profissional
de serviço social, pois ocorrem enfrentamentos diversos das questões sociais dentro desse universo,
o que auxiliará toda atividade de assessoria/consultoria. O profissional vai aprimorando seu trabalho,
técnica e, teoricamente, a cada ação desenvolvida vai qualificando as ações do profissional atuante e
também para a categoria.

A assessoria e a consultoria estão direcionadas em trazer a totalização da metodologia da prática


profissional com a intenção de apontar, resgatar e trabalhar as lacunas, os limites, os recursos e
possibilidades da equipe, socializando conteúdos, instrumentos de investigação e análise. Isso para que,
mais adiante, se produzam estudos e análises que fazem parte do papel profissional do assessor/consultor,
abrangendo respostas concretas e imediatas de que necessita e respondendo às demandas que a
realidade impõe à sua ação (VASCONCELOS, 1998).

A assessoria, nesse contexto, deve ser desenvolvida conforme a ação profissional também da equipe
que vem sendo assessorada, revelando competências de cada uma das partes. É necessário estar atento
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ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

às atividades de estratégias da assessoria, sem reduzi-las, para que o assessorado execute as ações de
acordo com o assessoramento. Por isso, as proposições de estratégias, a crítica, a busca das alternativas,
a formulação das políticas, a avaliação e o monitoramento desenvolvidos como ação pelo serviço social
são um processo de reflexão a ser elaborado pelo assessor e pelo assessorando.

Fica evidente que o profissional de serviço social que atua em assessoria e consultoria, segundo
Fonseca (2005, p. 14), vem sendo chamado para:

• Pensar a prática, o que significa analisar e entender as contradições


da realidade dos espaços profissionais ocupados pelo serviço social,
elaborar estratégias e ações para enfrentá-las, visando uma ação
profissional pensada, consciente.

• Conservar as preocupações éticas do fazer profissional através da


preservação de espaços de exercício democrático e de viabilização
do projeto ético-político profissional nas mais variadas esferas de
sua atuação.

• Estabelecer uma relação horizontal entre assessor e assessorado, sem


considerar o primeiro como superior em detrimento do segundo. Deve
sim abranger os dois polos interagentes, em que assessorado e assessor
contribuem com o universo de seus respectivos conhecimentos para
o alcance de um único objetivo. Nesse processo o assessor contribui
por ser um agente externo com um olhar diferenciado e especializado
sobre a questão problemática; enquanto o assessorado contribui
com o mapeamento das demandas e a facilitação das informações
mais íntimas a ele em suas rotinas, necessárias à desconstrução
do problema. Ao assessor cabe a responsabilidade de verificar a
amplitude do trabalho e dar um diagnóstico a respeito, atestando
a real necessidade dele ou não. Muitas vezes o encaminhamento
prático que uma determinada equipe espera ou indica não é aquele
que o assessor irá propor para se alcançar determinados objetivos
de maneira mais eficaz e eficiente. Esse olhar é que singulariza a
atividade do assessor.

Ratifica-se que é necessário que o assistente social em sua atuação como assessor, e também como
consultor, se adeque às exigências do mercado e tenha habilidades teóricas e técnicas. O assistente
social deve apresentar competência para atuar na atividade de assessoria/consultoria para não se perder
na oportunidade de trabalho que poderá bater à sua porta tanto na sua área como em outras áreas que
podem se favorecer da particularidade do trabalho do assistente social.

Essa diversificação de demanda do profissional de serviço social abrange campos de “pesquisa,


planejamento, capacitação, treinamentos, gerenciamento de recursos e projetos e a assessorias e
consultorias” (IAMAMOTO, 2002, p. 80). Cada vez mais, essas demandas e os campos vêm se expandindo,
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fazendo crescer os trabalhos, as parcerias institucionais (tanto no setor privado quanto no público), e
agregam-se à assessoria os movimentos parlamentares e sociais e as organizações sindicais.

Para tanto, cabe ressaltar os fatores que determinam a assessoria/consultoria para ficarmos atentos
a essas demandas. Conforme nos expõe Fonseca (2005, p. 14):

Primeiro fator: aspectos da estrutura de organização do trabalho, em que


as equipes não conseguem ter tempo, ou condições de fugir da rotina de
trabalho para adquirirem determinada competência, que poderia exigir
às vezes um ano de capacitação, formação ou treinamento. A assessoria
cumpriria esse papel de uma forma mais rápida e mais urgente.

Segundo fator: quando as dinâmicas institucionais não favorecem o


avanço de determinadas questões, que precisa de um agente externo que
auxilie nesse processo de conseguir um conhecimento, um olhar diferente
sobre a realidade.

Terceiro fator: um aspecto de ordem social, que é a exclusão de certos


segmentos daquela tecnologia ou daquele conhecimento, que só pode ser
acessado com a ajuda da assessoria.

Cabe, então, dizer que é importante a condensação de reflexões sobre assessoria/consultoria e a


sistematização dos desafios que essas experiências apontam. Esse caminho merece ser sempre alimentado
com estudos, análise crítica da realidade e capacidade de proposições, pois, segundo Iamamoto (1979, p. 79),
o assessor/consultor deve ser: “um profissional informado, culto, crítico e competente”.

Saiba mais

Recomendamos a leitura do texto a seguir para aprimorar as discussões


sobre a atuação do assistente social como assessor e/ou consultor:

GIAMPAOLI, M. C. Serviço social em empresas: consultoria e prestação de


serviço. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 114, jun. 2013. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282013000200004&lng
=en&nrm=iso. Acesso em: 1 dez. 2014.

5.1 As possibilidades da atuação profissional na área da assessoria/consultoria

A assessoria/consultoria possibilita aprofundar a passagem entre o conhecimento teórico e a


renovação crítica das suas estratégias técnico-operativas da profissão: desafio do atual projeto do
assistente social.

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ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Analisa-se ainda que a demanda de assessoria/consultoria do serviço social vem sendo um processo
de trabalho para a profissão, pois essas atividades são consideradas de forma indireta nas prestações de
serviços a órgãos governamentais, não governamentais e empresas privadas, conforme já citamos
anteriormente. O profissional responsável pela execução dessa atividade instrumental, normalmente,
não tem vínculo empregatício e atua como prestador de serviço para a organização demandatária.

A assessoria/consultoria, mesmo em outros espaços, como nas universidades, conselhos tutelares,


conselhos municipais (de descentralização e fiscalização), empresas, ONGs, órgãos públicos, entre
outros, encontra o ambiente a ser desenvolvido pelos assistentes sociais no conjunto das atribuições
que efetuam em seus locais de trabalho. Os assistentes sociais podem ser excelentes assessores, desde
que garantam a sua capacitação profissional continuada, esta, aliás, uma necessidade intrínseca para
atuação competente em qualquer área de trabalho. A formação profissional e a experiência possibilitam,
especialmente, um domínio sobre as políticas sociais e de práticas educativas com a população.

Se observarmos a atual Lei de Regulamentação da Profissão, Lei nº 8.662/1993, identificamos o


exercício da assessoria/consultoria como uma atribuição privativa do assistente social e também como
uma competência desse profissional:

Art. 4º Constituem competência do assistente social:

VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública


direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às
matérias relacionadas no inciso II deste artigo;

IX – prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria


relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis,
políticos e sociais da coletividade;

Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social:

III – assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e


indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de serviço social
(BRASIL, 1993).

Partindo disso, temos trabalhado com a perspectiva de que existem na atualidade três frentes de
assessoria, em potencial, a serem desenvolvidas e/ou aprofundadas pelos profissionais de serviço social
(MATTOS, 2009).

No campo das atribuições privativas, identificamos como importante reforçar e ampliar as atividades
de assessoria dos assistentes sociais aos profissionais da mesma profissão. Essa frente de assessoria visa
qualificar a intervenção profissional e traz o compromisso, em tese, da universidade com a formação
profissional continuada dos assistentes sociais.

Análise relevante sobre essa frente de assessoria é desenvolvida por Vasconcelos (1998). A partir de
uma reflexão sobre a dicotomia entre teoria e prática na profissão e preocupada com a viabilização
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de um projeto profissional competente que se posicione contra o avanço do projeto neoliberal, a autora
propõe como caminho uma articulação concreta entre a academia e o meio profissional.

Para tanto, segundo a autora, faz-se necessário romper com o raciocínio, na profissão, de que em
um espaço se elabora teoricamente e, em outro, aplica-se/intervém-se. É nessa perspectiva que a autora
propõe como caminho a assessoria e/ou consultoria como uma estratégia possível.

Na perspectiva de Vasconcelos (1998), a assessoria/consultoria seria um desdobramento de


uma relação mais próxima entre a academia e o meio profissional, por meio da disciplina “estágio
supervisionado”, pois é no trabalho de supervisão que os docentes envolvidos tomam contato com
a realidade institucional e, a partir daí, podem pensá-la e problematizá-la. Também nesse processo
é possível ao assistente social tomar contato (e interagir) com o debate posto na academia.

Almeida (2010) trata da experiência de assessoria aos profissionais de serviço social por meio da
disciplina “estágio supervisionado”, articulada ao projeto de extensão que coordena. Interessante, porque
nessa sua proposta os alunos de serviço social integram junto com o autor a equipe de assessoria.

No campo das competências profissionais, identificamos duas frentes de assessoria/consultoria.


Uma delas, os profissionais de serviço social vêm desenvolvendo mais: a assessoria à gestão das
políticas sociais.

Atualmente, várias são as experiências de assessoria prestadas por assistentes sociais aos diferentes
sujeitos envolvidos nessa área, como aos gestores públicos, privados e filantrópicos; aos conselhos
tutelares, conselhos de direitos e de políticas; aos profissionais que atuam nos setores públicos e
privados; aos movimentos sociais, entre outros.

É importante que os integrantes da categoria profissional tenham clareza dos objetivos e intenções
dessa demanda e sobre os contraditórios interesses de assessoria, desenvolvida por Freire (2010), por
meio da sua experiência de assessoria a empresas, gestores e trabalhadores.

A outra frente de assessoria das competências profissionais é a assessoria à organização política dos
usuários. Essa rica frente pode ser desenvolvida no bojo das atividades que os profissionais de serviço
social desenvolvem nos seus locais de trabalho. Ela tem potencial, mas é pouco explorada.

Para que a assessoria não seja uma ação eventual ou um acúmulo de trabalho, é necessário que
haja um grande debate sobre seu exercício profissional. Essa frente de assessoria pode aprovar uma
contribuição concreta da categoria por meio do seu exercício profissional, para a rearticulação e/ou
fortalecimento dos movimentos sociais.

A assessoria deve privilegiar os usuários dos serviços das organizações, buscando seu fortalecimento,
como um desdobramento da natureza do serviço social, que é buscar a viabilização dos direitos dos
usuários e intermediar seu acesso aos serviços e políticas sociais.

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ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

A demanda por assessoria/consultoria aos assistentes sociais deriva de sua própria dinâmica na
atuação profissional, que também interage com constantes e novas necessidades reivindicadas pela
população ou instituição.

Visualizar o assistente social como prestador de serviços de assessoria, remete-nos à necessidade


de melhor preparo técnico, teórico e o comprometimento ético-político. A categoria deve mobilizar-se
para a ocupação desse novo espaço que se abre no mundo do trabalho.

O momento atual exige um profissional que apresente propostas e não apenas tenha o papel
de executor, que seja capaz de desenvolver projetos de trabalho, negociá-los com empregadores
e seja apto a defender seus espaços ocupacionais em um mercado cada vez mais competitivo,
conforme destaca Iamamoto (2001). Ou seja, o profissional deve estar capacitado para formular,
gerir, programar, monitorar e avaliar políticas e projetos sociais, elaborar estudos e pesquisas, e
assessorar movimentos sociais e conselhos de políticas sociais e de defesa de direitos, contribuindo
para a implantação e o funcionamento do processo de acessibilidade às políticas sociais.

A demanda por assessoria à gestão das políticas sociais é solicitada por diversos sujeitos representantes
do Estado, dos poderes executivo, legislativo e judiciário, conselheiros de direitos e de política, gestores
empresariais, profissionais que atuam nos setores públicos e privados etc.

Essa demanda expressa o reconhecimento da capacidade profissional do assistente social.


Netto (1996) afirma que isso é reflexo da atuação profissional exclusivamente pautada na
execução terminal das políticas sociais para uma atuação profissional competente na gestão da
totalidade do processo da política social, incluindo as suas dimensões de formulação, gestão e de
sua operacionalização.

Nesse conjunto de habilidades e competências profissionais, os espaços que contratam os assistentes


sociais para atuarem como consultores/assessores passaram a colocar de lado os modelos hierárquicos
rígidos fundamentados em cargos, substituindo-os por modelos de trabalho em equipe, criatividade,
dinamismo e inovação: combustíveis para que se apresentem resultados dentro da economia
contemporânea. Isso acontece, principalmente, nos espaços empresariais (segundo setor) para que se
permita que os profissionais, sejam os funcionários que prestam consultoria/assessoria interna, ou o
assessor/consultor externo, fundamentem-se em movimentos estratégicos. Sendo a competitividade a
palavra de ordem dentro do mercado de trabalho, a visão estratégica tem um peso determinante.

Nesse caso, o profissional deve saber gestar por competência – gestão organizacional –, tendo como
referência a estratégia da organização, que direciona as ações, o treinamento e o fortalecimento com as
parcerias, as alianças e fundamentando a rede para alcançar os objetivos organizacionais. É a competência
que define o conjunto de habilidades, conhecimentos e experiências acumulados pelo profissional. Eles
devem ser reconhecidos pela liderança e empregados de forma a oferecer resultados positivos para
espaços de atuação de assessoria e consultoria.

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Unidade II

5.2 Espaços de atuação de assessoria/consultoria do serviço social

O serviço social é uma profissão regulamentada como liberal e tem autonomia, conforme vimos
anteriormente, para gerir seu atendimento aos públicos-alvo, sejam eles indivíduos ou grupos sociais.

Agora, trataremos do elemento central do serviço social: os espaços de atuação de assessoria e


consultoria existentes para os assistentes sociais no primeiro, segundo e terceiro setores. Contudo,
deve‑se ressaltar que esses espaços não são de exclusividade do serviço social, pois há espaços de
processos de trabalhos coletivos que não foram elaborados por esse profissional, mas isso não implica a
perda da autonomia ética e técnica que o assistente social possui (IAMAMOTO, 1999).

Iamamoto (1999) ainda aponta que mesmo que os assistentes sociais estejam inseridos nesses
espaços de processo de trabalho coletivo, eles precisam se questionar sobre como devem atuar sem
perder sua particularidade e identidade profissional.

Por serem diversos os espaços onde os profissionais de serviço social, sem perder sua identidade
profissional, podem desenvolver a atividade de assessor/consultor, esta se apresenta como recurso
estratégico de intervenção profissional.

5.3 Atuação nas universidades

No espaço universitário, o profissional intervirá por meio da sólida base teórico-metodológica e uma
experiência prática diversificada e consistente, pois é o lugar onde ocorrem reflexões e discussões que
possibilitam o aprofundamento da teoria-prática. O acesso a esses debates contemporâneos da categoria
profissional oferece oportunidade à implementação das atividades de assessoria/consultoria, proporcionando
a articulação dos conteúdos teórico-empíricos, as atividades de pesquisa, ensino e extensão.

Sendo a universidade um organismo de formação de indivíduos e também de grupos sociais no


que diz respeito ao conhecimento e aos valores quanto à produção de conhecimento, esta também
auxilia no processo de construção de visão de mundo. Iamamoto (2000, p. 163) considera que ao
espaço acadêmico:

Remetem à formação de profissionais qualificados para investigar e produzir


conhecimentos sobre o campo que circunscreve sua prática, de reconhecer
o seu espaço ocupacional no contexto mais amplo da realidade socioeconômica
e política do país teórica e metodologicamente (e, portanto, tecnicamente)
para compreender as implicações de sua prática, reconstituí‑la, efetivá-la e
recriá-la no jogo das forças sociais presentes.

Então cabe dizer que a assessoria/consultoria no espaço acadêmico acontece como forma de
articulação teoria/prática no âmbito da universidade; e por meio das atividades de pesquisa, ensino e
extensão para que o discente desenvolva e entenda os conteúdos teóricos que o habilitarão e ampliarão
o seu conhecimento teórico para prestar a atividade de assessoria/consultoria.

76
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Essa qualificação, segundo Iamamoto (1999, p. 202), implica:

Uma estreita articulação entre as atividades de pesquisa da realidade que


é objeto de intervenção, o ensino teórico – adensando referências para a
análise das condições e da dinâmica da ação profissional – e o treinamento
para o fazer profissional.

Decorrente desse importante espaço de atividade de assessoria/consultoria, desenvolvido pelos


docentes, Fonseca (2005, p. 22) aponta:

Que com o avanço tecnológico e científico, torna-se necessária uma


série de novas atribuições e competências ao assistente social, que
irão instrumentalizá-lo a tratar das demandas a ele apresentadas.
Compreendemos que as implicações advindas desse processo contribuem
para a reflexão do profissional sobre a importância de se ter uma
intervenção mais qualitativa e um direcionamento teórico-metodológico
e ético-político mais efetivo.

Fundamentando, apresentamos Cardoso (1997, p. 32), que expõe:

O serviço social vem acumulando acervo de conhecimento teórico-político


e de técnicas de intervenção que é caudatário do conhecimento social
gerado pela e sobre a sociedade e se concretiza na intervenção do serviço
social enquanto campo de habilidades e de saberes que expressam um
determinado reconhecimento social do trabalho profissional.

Significa, então, dizer que as atividades no espaço acadêmico propiciam, segundo Fonseca
(2005, p. 23):

O acesso dos alunos aos níveis de conhecimento mais complexos, que


exigem um grau maior de elaboração e podem ser produzidos e socializados
através da atividade experimental de assessoria, visando à qualificação de
todas as esferas do trabalho profissional.

É importante ainda colocar que o distanciamento dos assistentes sociais já formados da universidade
faz com que, muitas vezes, se desqualifiquem por não acompanharem as literaturas, que vão surgindo
decorrentes das necessidades da realidade social que estão em constante movimento.

Segundo Fonseca (2005), esse espaço de conhecimento fornece capacitação continuada, além
de ofertar aos alunos e aos novos alunos de pós-graduação a possibilidade de reger o conhecimento
que, coligado à longa investigação da proposta apresentada pela universidade, produzirá resultados
anteriormente imaginados. Essa perspectiva é manifestada na legislação das Diretrizes Curriculares
Nacionais do curso de Serviço Social:

77
Unidade II

Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas


privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais e
à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade (CRESS, 2001,
p. 333).

Portanto, o serviço social proporciona uma dinâmica na vida social dos alunos por meio do
ensino‑aprendizagem, e estabelece parâmetros curriculares para que esses alunos estejam preparados
e implicados na capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, para melhor
“enfrentar” o tão exigente mercado de trabalho.

Esta nova estrutura curricular deve refletir o atual momento histórico e


projetar-se para o futuro, abrindo novos caminhos para a construção de
conhecimentos, como experiência concreta no decorrer da própria formação
profissional. Esta é a grande moldura da configuração geral das diretrizes
gerais aqui expressas (ABESS/CEDEPSS, 2001, p. 100).

Considerando as competências regularizadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de


Serviço Social e pela Lei de Regulamentação Profissional, o assistente social está habilitado ao exercício
da função (CRESS, 2001), inclusive no que diz respeito ao conteúdo da assessoria e da consultoria.

5.4 Atuação em espaços públicos como os conselhos de direitos e secretarias

Os espaços públicos, hoje descentralizados da política social e que também servem para
implementação do controle social na gestão da política, admitem a introdução de novos sujeitos sociais,
como os conselheiros; é outro espaço para desenvolver a assessoria e a consultoria.

Nesses espaços, a atuação do assistente social está ligada aos movimentos sociais. A assessoria
surge como uma nova demanda a ser enfrentada por esses profissionais na luta pela defesa e pela
efetivação dos direitos de cidadania e da democracia, em conformidade com os princípios do código
de ética profissional.

A importância da inserção do assistente social nesses espaços se dá pelo fato de a profissão se


constituir na dinâmica sócio-histórica das relações entre Estado e as classes sociais no enfretamento
da questão social. Sua necessidade histórica e seu significado social estão, assim, diretamente ligados
às formas de enfrentamento da questão social, sendo o exercício profissional desenvolvido no campo
contraditório de interesses e necessidades de classes sociais distintas e antagônicas (IAMAMOTO, 2000),
como as que formam um conselho.

A ampliação e as conquistas no campo dos direitos sociais implementadas nesse bojo se apresentam
como novas possibilidades que necessitam serem apropriadas, decifradas e desenvolvidas por diversos
profissionais que lidam com a garantia dos direitos e requerem, portanto, ir além da rotina da instituição
e apreender as tendências e possibilidades presentes na realidade.

78
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Verifica-se que há a necessidade de ter conhecimento desse espaço de controle, no que diz respeito
às suas principais questões, assim como estar atento aos desafios a serem enfrentados. Assim, o
profissional em serviço social assume também esse papel tendo em vista seu conhecimento crítico
acerca da dinâmica da sociedade, uma vez que se encontra em contato direto com as políticas públicas.

Citamos o exemplo de uma pesquisa realizada no Conselho Municipal de Saúde de Maceió, no ano
de 2004, por Freire e Silva (apud TORRES, 2001), na qual foi observado que a inserção de assistente social
na assessoria técnica desse órgão colegiado se dá de forma bastante significativa. Destacam-se, dentre
outros avanços, a obtenção da revisão do Regimento Interno que legalizou a assessoria técnica como
atividade própria do serviço social e a formação de grupos de estudo com conselheiros para discutir
e avaliar o impacto causado na política de saúde municipal resultante de ações do conselho, como
deliberações e conferências municipais, além de manter a articulação com/entre conselheiros (FREIRE;
SILVA apud TORRES, 2001).

Soares (2005, p. 10) afirma:

No município de Maceió, a assessoria do assistente social nos conselhos


teve início em 2001 quando a então secretária municipal de saúde, Genilda
Leão, inseriu, através da Coordenação de Controle Social, uma assistente
social no Conselho Municipal de Saúde e criou o Grupo de Referência em
Controle Social.

Outro fato importante ocorrido devido à ação da assessoria técnica do assistente social no Conselho
Municipal de Saúde, foi a elaboração, em 2002, de uma normatização para eleição dos conselheiros para
2003-2004. Essa normatização definia regras como a de que conselheiro usuário não pode ter vínculo
empregatício com a mesma esfera de governo (como aprovado na 5ª Conferência Municipal de Saúde)
para participação dos fóruns de eleição de usuários e trabalhadores de saúde. A normatização baseada
nas deliberações das conferências e em solicitações dos próprios conselheiros foi aprovada em reunião
e transformada em resolução.

Hoje o Conselho Municipal de Saúde de Maceió conta com quatro assistentes sociais para assessorá-
lo, que desenvolvem ações por meio das seguintes atividades: elaboração, coordenação, execução e
avaliação, juntamente com conselheiros, dos planos de trabalhos do conselho; prestação de assessoria
técnico-consultiva aos conselheiros e comissões do conselho; elaboração de relatório de atividades do
conselho; organização da documentação do conselho; facilitação do fluxo de comunicação do conselho
e outros setores da Secretaria Municipal de Saúde e entre o conselho e outras instituições; organização
de Conferências de Saúde Municipais e de cursos de capacitação de conselheiros; realização de grupos
de estudos com conselheiros, demais profissionais da saúde e Ministério Público Estadual.

Podemos considerar vários avanços obtidos no Conselho Municipal de Saúde de Maceió, ocorridos
após a intervenção da assessoria técnica do assistente social, mas o maior deles sem dúvida foi a posse
de um usuário como presidente do Conselho Municipal de Saúde de Maceió. Hoje, o Conselho possui
uma mesa diretora composta da seguinte forma: Presidente – Usuário – Representante da Associação
Força Jovem do Vergel, Vice-Presidente – Usuário – Representante da Associação dos Moradores do
79
Unidade II

Residencial Casa Forte/Serraria –, 1ª Secretária – Trabalhador – Representante do Sindicato de Serviço


Social do Estado de Alagoas e 2º Secretário – Gestor – Representante da Secretaria Municipal de Saúde.

Para finalizar os espaços públicos, apoiamo-nos em Gomes (2000 apud TORRES, 2001), que
expõe que nesses espaços de políticas sociais desenvolve-se um trabalho coletivo que não pode
prescindir das articulações, alianças e parcerias com os diversos atores envolvidos. Há que exercitar
a capacidade política de agregar parceiros e adesões a uma agenda comum, valendo-se de sua
bagagem profissional. É necessário que o assistente social possua um bom conhecimento da legislação
para viabilizar o exercício do controle social, de forma a possibilitar a participação da população de fato
e de direito.

Portanto, o trabalho de assessoria/consultoria nos espaços dos conselhos deve se revestir de um caráter
muito mais político e técnico por ser um espaço inserido na esfera política, garantindo um posicionamento
ético do profissional, democratizando a relação entre os sujeitos/atores que estão envolvidos,
aprofundando‑se no exercício da cidadania e estabelecendo um diálogo constante entre os diferentes
segmentos sociais envolvidos nessa relação.

5.5 Atuação em movimentos sociais

Entremos em outro espaço de atuação de assessoria/consultoria: os movimentos sociais, seus


processos, sua estruturação interna e suas estratégias e resultados.

Os movimentos sociais, principalmente os movimentos populares, enfrentam dificuldades


de mobilização frente aos desafios das mudanças econômicas e políticas que culminam no
desemprego, mas não têm deixado de reagir e de se rearticular, seguindo o que nos coloca Fonseca
(2005, p. 18).

Daí a importância da atuação de assessoria e consultoria do profissional de serviço social para


esclarecer aos integrantes dos movimentos populares sobre quais os direitos dos cidadãos e quais são os
serviços propiciados pelas mais variadas instituições e os mecanismos de acesso a elas.

Se as políticas sociais e os programas delas derivados são respostas a um processo de lutas


acumuladas historicamente pelas classes trabalhadoras, na busca de conquista de seus direitos
de cidadania, tais programas – ao serem institucionalizados e administrados pelo Estado – são
burocratizados, esvaziados de seus componentes políticos, de modo a diluir o conteúdo de classe
das lutas reivindicatórias, que são assim ”recuperadas” e ”apropriadas” pelo bloco no poder. Os
programas sociais e a participação social neles preconizados transformam-se, desse modo, em
meio de controle das lutas sociais e das sequelas derivadas do crescimento da miséria relativa da
população trabalhadora (IAMAMOTO, 2002, p. 106).

Esse espaço de atuação profissional é também importante para o reconhecimento profissional e


precisa ser apropriado por nossa categoria profissional, conferindo maior visibilidade às possibilidades
de intervenção do assistente social contemporâneo.

80
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

5.6 Atuação em empresas privadas

Para atuar como assessor/consultor em empresas privadas, o assistente social:

Precisa ter uma leitura crítica da lógica capitalista e dos parâmetros


institucionais a serem enfrentados estrategicamente pelo assistente
social, a fim de que não se reproduza a condição excludente e
antagônica do mercado. Sabemos que os serviços sociais criam
condições favoráveis à reprodução da força de trabalho e a profissão
situa-se no processo de reprodução das relações sociais; portanto
consideramos o espaço empresarial como um dos espaços institucionais
mais complexos de intervenção profissional devido à manifestação
patente da exploração e manutenção da força de trabalho. Por isso
o profissional que dispõe do poder atribuído institucionalmente deve
apropriar-se de um rigoroso trato teórico-metodológico que propicie
uma análise e compreensão dos problemas e desafios com os quais se
defronta (FONSECA, 2005, p. 20- 21).

Essa necessidade se dá, pois:

A participação nos programas derivados das políticas sociais aparece assim


como meio de antecipar e controlar possíveis insatisfações e/ou focos de
conflito e tensão, que desarticulem ou obstaculizem as iniciativas do bloco
no poder (IAMAMOTO, 1999, p. 106).

No entanto, como assistentes sociais, nossa intervenção sempre deverá estar voltada para a atenção
das necessidades apresentadas pelos segmentos vulneráveis, buscando dar visibilidade às demandas
desses grupos, independente do grupo que esteja no poder da empresa privada.

5.7 Atuação em organizações não governamentais

Saiba mais

Visitando o site será possível conhecer uma organização não


governamental que atua com assessoria e consultoria. Confira a experiência.

http://www.fundacaosemear.org.br/

Conforme já estudamos, as ONGs decorrem de processos de movimentos sociais e, para alguns


autores, também para sanar a falência do Estado. Desde a década de 1990, por conta das mudanças
sociais, as ONGs vêm respondendo, por meio da sua atuação, às questões sociais. É nesse espaço, no qual
emergem novos desafios para a concretização do projeto ético-político e profissional, que o assistente

81
Unidade II

social vem sendo cada vez mais inserido e exigido em relação à qualificação, competência, criatividade,
dinamismo e flexibilidade.

São exigências essenciais para que o profissional desenvolva um trabalho qualificado com estudo
social sobre o público-alvo, conhecimento de políticas sociais da assistência social, saúde e educação e
de questões administrativo-financeiras, o que explica a cobrança crescente de profissionais para gestar
e coordenar esses espaços.

Além dessas exigências, espera-se que os profissionais saibam atuar em equipe multidisciplinar,
analisar orçamentos públicos, identificar alvos e metas, captar recursos, realizar prestação de
contas, elaborar, planejar, executar, monitorar e avaliar ações e projetos, além de ter visão crítica
da realidade.

Os profissionais que apresentarem essas competências e habilidades são os que possuem perfil para
gestar, coordenar e até mesmo para ser um assessor/consultor desse espaço denominado organização
não governamental, as ONGs.

[...] a forma e a natureza das relações sociais determinam as tendências


das práticas sociais ao priorizar necessidades que, no âmbito da experiência
profissional, assumem o estatuto de objetos de intervenção, materializando
as exigências do mercado de trabalho e o lugar da profissão na divisão
sociotécnica do trabalho (MOTA; AMARAL, 1998, p. 42).

Nesse contexto de competências e habilidades:

[...] o assistente social, mesmo realizando atividades partilhadas com


outros profissionais, dispõe de ângulos particulares de observação
na interpretação dos mesmos processos sociais e uma competência
também distinta para o encaminhamento das ações. [...] Cada um dos
especialistas, em decorrência de sua formação e das situações com que
se defronta na sua história social e profissional, desenvolve sensibilidade
e capacitação teórico-metodológica para identificar nexos e relações
presentes nas expressões da questão social com as quais trabalham
e distintas competências e habilidades para desempenhar as ações
propostas (IAMAMOTO, 2002, p. 41).

Não podemos deixar de esquecer que para tanto, há, segundo Iamamoto (2001, p. 352),

[...] uma interferência direta dos empregadores na definição do trabalho


profissional, uma vez que a relação estabelecida entre o profissional e o
objeto de intervenção depende do prévio recorte das políticas definidas
pelos empregadores, que estabelecem demandas e prioridades a serem
atendidas.

82
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Nós, como assistentes sociais, em qualquer área de atuação, precisamos sempre ter em mente
que estamos transitando entre as necessidades de nossos contradores e a população usuária de
nossos serviços.

Na sequência, indicaremos quais são as estratégias a serem consideradas, de forma genérica, para
assistentes sociais que irão atuar com assessoria e/ou consultoria.

6 ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DE


ASSESSORIA/CONSULTORIA

Apresentaremos algumas estratégias para o desenvolvimento de assessorias/consultorias. Elas são


generalizantes, pois não pretendem ser um rígido roteiro do que e como fazer. Ao contrário, a assessoria/
consultoria só pode ser desenvolvida a partir de uma acurada leitura, pois possui particularidades. Aqui,
o que faremos é socializar parte das reflexões desenvolvidas – em continuidade ao diálogo feito com os
autores citados no item anterior – como forma de apontar caminhos para outros processos de assessoria
e consultoria.

O primeiro ponto a ser tratado pelos assessores é o esclarecimento da razão da assessoria. Em geral,
uma assessoria, quando solicitada, é porque o profissional, a equipe ou o movimento social identifica a
necessidade de alguma mudança.

Por isso, Vieira (1981), na concepção tradicional, trata da importância da assessoria na mudança de
hábitos e depois de congelamento das ações julgadas corretas para aquelas equipes assessoradas.

Assim, o assessor propõe a solução por meio da correção de problemas. Contudo, a assessoria pode
ser entendida como um processo que gera mudança, mas a partir de uma relação em que assessores
e assessorados possuem distintas contribuições a serem dadas. Isso fica claro no texto de Vasconcelos
(1998), quando a autora propõe que a universidade desenvolva assessoria às equipes de serviço social
por meio do estágio supervisionado.

Esse processo se dá como uma troca de saberes diferenciados, em que a universidade tem, ou teria,
um papel na formação profissional continuada. Portanto, não necessariamente a assessoria é apenas
para aqueles sujeitos ou equipes com problemas e sim um processo, que pode ser continuado, de
aperfeiçoamento da ação desenvolvida pelos assessorados.

O assessor, na sua privilegiada posição de agente externo e a partir da sua capacidade profissional,
pode contribuir apontando caminhos e auxiliando no desvelamento de questões que a equipe e o
profissional, sozinhos, não podem identificar. Assim, esse primeiro passo não é pouca coisa, é um
momento em que o assessor, ou a equipe da assessoria, clareiam para si, na realidade, a concepção
política e teórica de assessoria.

Contudo, não basta estar claro isso para o assessor, é necessário também que esteja claro para
quem irá ser assessorado. Ou seja, é fundamental que seja cuidadosamente avaliada a realidade,
preferencialmente em conjunto com a equipe assessorada.
83
Unidade II

Só a partir daí é que se poderá construir um projeto de assessoria, no qual aquelas demandas
originais e outras serão debatidas, pactuadas e apresentadas.

Esse processo de estudo da realidade pode ser desenvolvido por meio de diferentes procedimentos.
Somente a partir da proposta de assessoria, da pesquisa sobre a instituição ou dos movimentos sociais
que se poderá iniciar o assessoramento ou consultoria e consequente apresentação e discussão do
processo junto ao assessorado.

Por vezes, há a tentação de “pôr logo a mão na massa”, ou seja, iniciar logo a assessoria, sobretudo
pela habitual ansiedade de quem será assessorado. Contudo, essa fase inicial é fundamental, pois,
invariavelmente, os assessorados apresentam demandas de assessoria que não são as reais, como nos
casos em que as equipes solicitam a assessoria para elaboração de pesquisas, mas sequer fizeram uma
discussão sobre o trabalho profissional e sobre a relevância de sistematização da prática profissional
(ALMEIDA, 2010).

As demandas pela prestação de serviços de assessoria/consultoria são motivadas por diferentes


necessidades, tais como:

• empresas solicitam assessoria para a adesão dos trabalhadores à mudança, quando no fundo é
importante uma discussão sobre a reestruturação produtiva, e assim desvelar o impacto do atual
forma de produção na vida do trabalhador (FREIRE, 2010);

• conselheiros de saúde reivindicam cursos de capacitação, enquanto o fundamental é a discussão


da organização política e articulação junto às bases (BRAVO; MATOS, 2010). Esses são exemplos
reais tirados de artigos sobre assessoria/consultoria.

Uma vez definidos os pressupostos da assessoria, cabe o início do processo em si.

Esta etapa, talvez a mais importante, é a operacionalização das intenções. É preciso ter claro que o
assessor não é um porta-voz do que deve ou não ser feito. Não está em cena aqui a figura de um assessor
que estuda a realidade, ouve e acolhe as sugestões de quem o contratou, que propõe alterações do fluxo de
trabalho e depois busca convencer a quem assessora congelar as suas ações para que assim possa ter
o perfeito desempenho. Ao contrário, o processo de assessoria é cotidianamente construído com os
sujeitos fundamentais – os assessorados – e estes têm autonomia em acatar ou não as proposições
da assessoria.

Esse processo deve ser franco e aberto, por ambos os lados. O assessor é um sujeito propositivo, mas
que só terá êxito nessa atividade se tiver interlocução com quem assessora. Para tanto, fundamental é
a adoção de estratégias de trabalho participativas.

Pouco tem se produzido no serviço social sobre práticas participativas. As experiências de assessorias
– as pautadas nos princípios do atual projeto ético-político do serviço social – têm frequentemente
lançado mão dessas estratégias.

84
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Almeida (2006), na sua experiência de assessor de equipes de serviço social, ao encontrar com
a demanda de pesquisa, tem provocado uma reflexão sobre o trabalho profissional. Ele constrói
um fluxograma da trajetória do usuário nos serviços. Assim, o autor identifica – junto com a
equipe que assessora – as diferentes lacunas do trabalho coletivo (portanto, não só da atuação
profissional dos assistentes sociais) que, em geral, impactam negativamente a vida do usuário
e que devem ser tratadas antes mesmo da constituição de equipes de pesquisa. Nesse processo,
segundo o autor, várias das lacunas são enfrentadas por meio da capacitação, no bojo do processo
de assessoria.

Freire (2006) toma como referência as solicitações de empresas para assessoria na implantação
de novos projetos ou de reestruturações, em que a demanda está na busca de adesão dos
trabalhadores ou na construção de um controle diferenciado, muitas vezes aparentando um
controle social de fato.

Nesse tipo de assessoria é também importante que o assessor desvele a demanda original (por
exemplo, a suposta busca de participação dos trabalhadores). Essa assessoria se dá, explicitamente, num
espaço contraditório, tendo empresários e trabalhadores com interesses distintos e, como tal, passível
de conflitos e de consensos, a partir da aliança ou tensão em determinados pontos, que podem ou não
ser negociados.

A par de sua capacidade profissional, mesmo com a relativa autonomia que aqui detém, o assistente
social assessor poderá contribuir efetivamente para o favorecimento dos interesses dos trabalhadores.

Em todo esse processo, a autora trabalha com a:

pesquisa participante, em que os assessorados participam de todo o processo


de assessoria, como o levantamento das informações e a análise institucional
e, por isso, faz a autora, em seu texto, uma defesa destes, entendidos como
um meio de trabalho importante para a constituição de sujeitos políticos
(FREIRE, 2006, p. 190-191).

Bravo e Matos (2010) relatam que a partir da demanda, que geralmente gira em torno da
solicitação de capacitação de conselheiros, inicia junto com os solicitantes uma problematização
sobre o tema. O que está no cerne é a desmistificação de que a capacitação resolveria problemas
que são de ordem política.

Enretanto, por outro lado, os autores sabem, contraditoriamente, do potencial da capacitação e,


por isso, na maioria das vezes, desenvolvem-na, mas, num contexto de assessoria, com discussão dos
conteúdos do curso e não como uma ação episódica. O curso costuma ser uma ação, junto com outras,
como a construção de planos municipais de saúde, por exemplo.

Por isso, estratégias importantes têm sido o recurso ao planejamento estratégico-situacional e à


pesquisa participante.

85
Unidade II

Em geral, o curso é uma estratégia de articulação entre os militantes, tanto que, não por acaso, em
geral no seu encerramento, tem se criado fóruns populares de políticas públicas. Muitos não vão à frente,
mas isso está vinculado ao potencial da participação política na atualidade. Os exemplos anteriores
demonstram a riqueza das possibilidades de estratégias participativas. Estas devem ser criativas e não
normativas, sendo a realidade e os objetivos que determinam como e de que forma o referencial teórico
e os objetivos determinam a escolha de uma ou outra técnica.

Esse raciocínio fica claro com os aportes de Guerra (2006), quando lembra que, a partir da
necessidade de transformar a natureza, o homem define por quais meios constrói os instrumentos
de trabalho. Analogia que podemos tomar para a reflexão sobre o porquê de determinada
técnica ou metodologia. Contudo, é importante que os profissionais saibam das possibilidades
existentes e é por isso que elas aqui são socializadas. Sim, a centralidade cai sobre o sujeito que
a empreende.

Uma vez atingido o objetivo, principal ou não, da assessoria, esta, necessariamente, não se
acaba. Entendemos que o processo pode ter continuidade ou não. Afinal, na nossa concepção
não está em cena uma adaptação a um modelo ideal de atuação. A realidade é dinâmica e
apresenta permanentemente desafios, que podem ser mais bem encarados por meio da troca de
conhecimentos que a assessoria propicia. Importantes espaços para isso são as avaliações que
devem ser periodicamente realizadas.

Mas isso não quer dizer que o assessor seja um sujeito neutro. Ao contrário, se o profissional é
credenciado para ser assessor é porque há um reconhecimento da sua capacidade.

O profissional que atua com assessoria e consultoria não deve abrir mão do que referendamos
como uma garantia constitucional – a liberdade de expressão – não omitindo ou minimizando sua
avaliação sobre a viabilidade ou não de cada ação, abrindo espaço e estimulando o debate entre assessor
e assessorado.

Acreditamos que todo o processo da assessoria – planejamento, desenvolvimento, seus impasses,


avanços etc. – deve ser avaliado e registrado. Há um conjunto de conhecimentos que a prática da
assessoria gera que merece ser socializado.

Assim, se o assessor estiver atento, pode, em conjunto com quem assessora, construir documentos
com diferentes perfis e profundidades, como textos educativos, panfletos, artigos.

Esse material deve alimentar o conhecimento acadêmico, mas, em especial, deve ser socializado com
os sujeitos fundamentais desse processo, que são as equipes ou profissionais assessorados.

86
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

7 RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO UM CONDICIONANTE PARA O


TRABALHO COMO ASSESSOR/CONSULTOR DO ASSISTENTE SOCIAL

Saiba mais

Para ampliar seus conhecimentos a respeito do assunto tratado,


indicamos o texto:

MENEZES, F. C. de. O serviço social e a “responsabilidade social das empresas”:


o debate da categoria profissional na Revista Serviço Social & Sociedade e nos
CBAS. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 103, set. 2010. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282010000300006&lng
=en&nrm=iso. Acesso em: 10 dez. 2014.

Atualmente, assistentes sociais vêm desenvolvendo atividades de assessoria/consultoria em


responsabilidade social empresarial. Esse novo “modismo”, conforme Gomes (2005), não pode ser
explicado e esclarecido fora do contexto histórico, pois a responsabilidade social vem ganhando espaço
no cenário do mercado de trabalho, devido à:

crescente complexidade que vem permeando as práticas comerciais e


industriais, o que tem obrigado as empresas a adotarem gradualmente
parâmetros para identificar e atender aos interesses dos stakeholders
(principais grupos envolvidos sejam eles fornecedores, clientes, colaboradores
e/ou acionistas) (BRANCHINI, 2003, p. 32).

No Brasil, a responsabilidade social surge por meio de movimentos empresariais que tinham como
objetivo estudar as atividades econômicas e sociais do meio empresarial na década de 1960 e 1970.
Da década de 1990 até os dias atuais, a responsabilidade social vem se fortalecendo por meio de
movimentos de grupos e instituições que objetivam transformar o interesse empresarial em investimento
social privado.

No decorrer da história, o Brasil vivenciou inúmeras crises sociais, econômicas e políticas. Uma delas
ocorreu no período de 1980 a 1994, com os seguintes acontecimentos:

• esgotamento do modelo econômico vigente, representando taxas reais de crescimento em torno


de 1%;

• crescimento do endividamento externo e consequente dependência financeira, obrigando altos


níveis de exportações para atender às exigências dos bancos credores;

• prostração do poder tributário do Estado que, somado ao endividamento interno, reduz sua
disponibilidade de recursos e possibilidade de intervenção;

87
Unidade II

• aumento da máquina estatal de forma desordenada e ineficiente, buscando fazer frente aos
baixos índices de crescimento econômico;

• maior espaço para ações reivindicatórias por parte da sociedade;

• perda de credibilidade dos governantes, partidos políticos e instituições estatais;

• aumento da marginalidade por ineficiência das intervenções estatais e absorção da força de trabalho.

Decorrente dessas crises, a partir de 1997, o sociólogo Betinho lançou o modelo de balanço social e,
em parceria com a empresa de mídia Gazeta Mercantil, criou o “selo do balanço social“, com a “Campanha
nacional de ação da cidadania contra a fome e a miséria e pela vida“, apoiada pelo Pensamento Nacional
das Bases Empresariais (PNBE).

Depois desse evento começaram a surgir outros selos e institutos, como o Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social, em 1998, fundamentado na ética, na cidadania, na transparência e
na qualidade das relações da empresa com seus stakeholders. Esse instituto foi criado com o objetivo de
promover a responsabilidade social de forma agregada de diversas empresas privadas.

A partir disso, muitos outros institutos e grupos foram criados no cenário empresarial, com intuito
de difundir a responsabilidade social.

Para melhor compreensão do que se trata a responsabilidade social, Ashley (2002, p. 6) define
responsabilidade social como:

O compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade,


expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo
amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente
e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela.

A responsabilidade social, no limiar desta década, passa a ser utilizada frequentemente por empresas
”cidadãs” e ”socialmente responsáveis”, decorrente do significativo crescimento do marketing social
no Brasil.

Uma empresa ”socialmente responsável”, isto é, que desenvolve atividade de responsabilidade social,
é uma empresa que realiza ações para uma comunidade na áreas da assistência social, educação, saúde
e meio ambiente.

Com o aparecimento da responsabilidade social, do balanço social e com a Norma de Gerenciamento


Social (SA 8000), o profissional de serviço social fica frente ao desafio de instalar-se nesse novo
processo de criação e elaboração coerente de estratégias e é qualificado para gerenciar as propostas e
metodologias, para que responda positivamente às exigências desse novo espaço de atuação.
88
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Tal trabalho de consultoria e assessoria em responsabilidade social, dentro de uma empresa ou


em espaços públicos, deve ser somado ao terceiro setor, no qual esses espaços empresariais e órgãos
públicos estão inseridos, ou em espaços onde há uma grande concentração de funcionários para que se
trabalhe a autoestima das comunidades e o voluntariado nos funcionários de empresas, por exemplo,
indo além do intento acadêmico, abrangendo a ética.

Citamos alguns exemplos de empresas que desenvolvem responsabilidade social no Brasil:

Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas)

Criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1981, tem se destacado por valorizar os
movimentos de responsabilidade social empresarial no Brasil por meio do balanço social, isto é, tem como
finalidade evidenciar a conduta empresarial brasileira nas ações de responsabilidade social empresarial.

Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)

Surgiu no final da década de 1980 e tem como finalidade a troca de experiência e incentivo às ações
filantrópicas. O Gife é pioneiro, na América Latina, em reunir empresas, institutos e fundações de origem
privada que têm exercícios voltados ao repasse de recursos privados para fins públicos, por meio de
projetos sociais, culturais e ambientais.

Uma de suas atribuições é estimular parcerias entre o setor privado, o Estado e a sociedade civil
organizada e, ainda, é um espaço considerado, por muitas multinacionais instaladas no Brasil, como
braço filantrópico de empresas multinacionais e fundações de grandes empresas nacionais, o que lhe
confere caráter proeminente no cenário brasileiro e faz com que seus associados tenham popularidade
ao possuir uma qualidade bem-definida na área da responsabilidade social.

Na concepção do Gife, responsabilidade social empresarial é a condução dos negócios da empresa


de forma que a torne parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social.

Saiba mais

Para conhecer mais sobre o Grupo de Institutos, Fundações e


Empresas, acesse:

http://www.gife.org.br

O Instituto Ethos

Criado em 1999, tem como objetivo ”constituir parâmetros para as empresas interessadas em
desenvolver ações de responsabilidade social”, abrangendo em seu caráter a mobilização, a promoção, a
disseminação e a contenda a respeito da gestão socialmente responsável.
89
Unidade II

Merece ser apontado que esse instituto investe em campanhas publicitárias, e a sua aproximação do
meio político e acadêmico acontece, principalmente, por meio de cursos de administração e marketing.

Cabe ressaltar que o Instituto Ethos defende que independe se a empresa é de grande, médio ou
pequeno porte e, até mesmo, se é nacional ou multinacional, pois o que importa é que suas ações
estejam voltadas para a responsabilidade social, bastando apenas que tenham vontade política.

Há, ainda, outras empresas multinacionais, de diversos ramos de atuação, instaladas no Brasil que
vem desenvolvendo institutos para desenvolver responsabilidade social, tais como: Bosch e seu Instituto
Robert Bosch; C&A e o Instituto C&A e muitos outros.

Decorrente dessa expansão de empresas que vêm atuando com responsabilidade social, citamos
alguns autores, que fazem a seguinte análise sobre o tema:

[...] a perspectiva de que responsabilidade social se constitui no compromisso


que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de
atos e atitudes que a afetam positivamente, de modo amplo, ou a alguma
comunidade, de modo específico na sociedade e a sua prestação de contas
para com ela. Nesse contexto, assume obrigações de caráter moral, além
das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vinculadas às suas
atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável
(ASHLEI, 2002, p. 6-7).

Enquanto Montaño (2002, p. 60) faz o seguinte alerta:

Responsabilidade social do empresariado não pode ser compreendida


sem fazer referência à sempre presente necessidade de aumentar a
produtividade e com ela o movimento de “relações humanas“ e diversas
formas de tornar o trabalho mais ameno para conquistar o trabalhador, bem
como a necessidade de conquistar o consumidor. Parte do pressuposto que
a “filantropia empresarial“ nada mais é do que um novo modismo do capital,
objetivando incrementar a sua lucratividade.

Independente de quaisquer questões sociais, políticas ou econômicas, a responsabilidade social vem


crescendo no cenário brasileiro em todos os seus setores: primeiro, segundo e terceiro setores, como
também no setor acadêmico.

Em 2000, o Ipea realizou uma pesquisa, no estado do Espírito Santo, intitulada: “Iniciativa privada e
o espírito público: ação social das empresas privadas no Brasil”, na qual pode-se constatar

Entre o final da década de 1990 e 2004, observa-se um crescimento


generalizado na proporção de empresas que declararam realizar algum tipo de
ação social para a comunidade (por região, por setor de atividade econômica
e por porte). Ao se analisar o conjunto de empresas brasileiras nota-se que
90
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

a participação empresarial na área social aumentou 10 pontos percentuais,


passando de 59%, em 2000, para 69%, em 2004. [...] Assim, entre aquelas que
realizam atividades sociais, 50% encontram-se no Sudeste e 29% no Sul; em
2000 essas proporções eram de 64% e 16%, respectivamente. [...] No que se
refere ao porte das empresas é mister destacar o aumento significativo no
período analisado da participação de microempresas no conjunto daquelas
que beneficiaram as comunidades com sua atuação voluntária. Com efeito,
entre 2000 e 2004, essa participação cresceu 10 pontos percentuais, indo de
58%, no início da série, para 68%, no final (IPEA, 2006).

O Ipea também identificou os fatores de motivação dos empresários quando estabelecem suas empresas
como socialmente responsáveis para desenvolverem ações sociais, ressaltando o lado filantrópico:

• motivos humanitários;

• razões religiosas;

• aumento da produtividade e qualidade no trabalho;

• visibilidade da marca;

• clientelismos (ações sociais motivadas por solicitação de amigos e políticos).

E as áreas beneficiadas que os motivaram foram:

• assistência social, com ênfase para alimentação e abastecimento;

• saúde;

• educação;

• cultura;

• segurança.

O principal foco foram os segmentos família, criança e adolescente, mas as doenças graves, como
aids, tuberculose e câncer, foram quase que deixadas de fora, pois as empresas não querem seu logo
associado a esse tipo de projeto que poderia reverter-se de forma conflitante aos seus negócios. Um
exemplo grotesco é imaginarmos a Souza Cruz (fabricante de cigarros) investindo em projetos de ações
sociais de combate ao câncer.

Apesar do exemplo anterior, não há limites para a responsabilidade social empresarial. A motivação
para ser uma empresa ”cidadã” vem do espaço aberto por conta do repasse de incentivos dados pelo
Estado. Isso leva à intensa atuação da empresa na área social.
91
Unidade II

Conforme estudamos anteriormente, com a falência do Estado, as empresas assumiram as


ações sociais, que veem nesse campo a possibilidade de aumentar sua lucratividade, ou melhor,
corroboram os preceitos neoliberais que pregam a iniciativa privada, ocupando o espaço que é de
dever do Estado.

A responsabilidade social empresarial tem como intenção, diferente do mercadológico, ”agregar


valores à marca”, o que demonstra nessa postura que as empresas são estimuladas por estratégias de
negócio e não somente pela filantropia. Isso porque, em um mercado globalizado, a responsabilidade
social concebe uma estratégia de sobrevivência e busca junto à sociedade a aprovação de seus
consumidores que são cada vez mais exigentes.

7.1 A responsabilidade social nos espaços organizacionais

7.1.1 Primeiro setor

Para compreender a responsabilidade social no primeiro setor, precisamos entender que as ações
do Estado nessa área são realizadas com os recursos financeiros arrecadados na forma de impostos e
contribuições da sociedade civil nas três esferas de governo.

Três são os princípios que condicionam a política de ação social do primeiro setor:

• integração;

• descentralização;

• interação.

Vejamos cada um desses princípios a seguir.

O princípio da integração, ou melhor, a ação integrada diz respeito ao esboço de ações proferidas
entre ministérios, instituições, autarquias, entre outros. Como exemplos dessa ação, temos:
o Programa Comunidade Solidária, criado em 1995 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso;
e o Programa Fome Zero, criado em 2002 pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que tem como
finalidade a erradicação da pobreza e da fome no cenário brasileiro.

O princípio da descentralização foi ”impossibilitado” pelo neoliberalismo de agir eficientemente, então


passa a ”dividir” com o terceiro setor a difusão de suas ações e práticas por todo o território nacional.

O princípio da interação é a união de forças entre o primeiro e o terceiro setores na busca de


eficiência e abrangência na execução de sua política social.

Observa-se que o condescendente papel das organizações civis como intermediárias entre
o Estado e a sociedade vem auxiliando na organização comunitária e na implementação dos
92
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

projetos sociais. Cabe ressaltar que a Secretaria da Assistência Social, vinculada ao Ministério
do Desenvolvimento e Fome Zero, com a implementação do SUAS, estabeleceu normas, critérios
de priorização e de elegibilidade, além de estabelecer os padrões de qualidade na prestação dos
benefícios, serviços, programas e projetos sociais, que são ações de parcerias entre o setor público
e civil.

7.1.2 Segundo setor – organizações privadas

Com o surgimento da responsabilidade social empresarial, contradizendo a cultura de lucratividade,


por meio de posturas de desenvolvimento sustentável e constituindo relacionamento entre as
organizações, funcionários, clientes e sociedade, as organizações privadas passam a compartir de
objetivos de otimização e sustentação das soluções vitais perenes aos negócios.

Com a responsabilidade social, a empresa deixou de enxergar somente seu ambiente organizacional
interno e passou a perceber o ambiente externo, desenvolvendo uma visão metódica, na qual
a organização é um sistema fincado dentro de um sistema maior, atribuindo a responsabilidade às
transformações econômicas, políticas, culturais e sociais, inclusive.

Com a responsabilidade social, o conceito de sustentabilidade ficou à mercê dos cidadãos,


facilitando o acesso à informação, tornando-os consumidores mais exigentes, conscientes dos impactos
das atividades que as empresas efetuam em suas comunidades, estabelecendo, assim, a elevação das
responsabilidades próprias a eles. As empresas que estão inseridas nesse contexto são nomeadas de
”empresas cidadãs”.

Tais práticas se encontram em um estágio evolutivo e podemos observar isso por meio dos
modelos de:

• política de doações – sistêmica ou não, mantém a organização distante do objetivo filantrópico atendido;

• financiamento de projetos – disponibilização de recursos para a implementação de projetos


extraempresa, mantém um distanciamento relativo;

• investimento – aplicação de recursos em projetos próprios que retratam alto grau de envolvimento
com o objetivo filantrópico.

Já vimos que o objetivo principal das empresas é o lucro, mas as atividades de responsabilidade social
incorporam a cidadania e a sustentabilidade em prol das causas sociais, objetivando o investimento,
valorizando sua marca e, consequentemente, aumentando seu mercado e refletindo credibilidade aos
seus consumidores.

As ações filantrópicas de uma empresa não dizem somente sobre as ações de sustentabilidade
em meio ambiente, ou festas para as comunidades no final do ano; contudo, também desenvolvem
ações voluntárias para seus funcionários e voltadas à comunidade que agregam energia e boa vontade.
93
Unidade II

É dessa forma que as empresas passam a possuir resultados para avaliação crítica e mensuração dos
projetos, enquadrando neles os objetivos de acordo com sua missão e metas.

Os investimentos realizados pelas empresas de ação social necessitam ser transparentes. A sociedade
civil vem cobrando essa prestação de contas, motivando as empresas a publicar seu balanço social para
que seu público saiba onde são gastos os recursos referentes a sua atuação socialmente responsável,
demonstrando seu perfil social. Outra certificação também importante é se a empresa possui o certificado
social pelas normas AS 8000.

Mesmo com o crescimento de investimentos em áreas sociais, sendo elas um espaço promissor, não
são todas as empresas que preenchem os requisitos para ser uma ”empresa cidadã”. Segundo nos expõe
Stephen Kanitz:

As 500 maiores empresas brasileiras doam aproximadamente 300


milhões de dólares para entidades beneficentes. O que além de ser uma
quantia irrisória se comparado aos padrões internacionais, a maioria
delas o faz de forma totalmente aleatória, sem estratégia filantrópica
definida (KANITZ, [s.d.]).

Portanto, o investimento em ações sociais ainda é pequeno no Brasil se comparado a outros países,
e tem se restringido a empresas de grande porte nacionais e multinacionais.

7.1.3 Terceiro setor – ONGs e OCIPs

Primeiro, traremos o conceito de terceiro setor, de acordo com Thompson (1994, p. 44):

Ao mudar o contexto político-econômico, começam a mudar também as


instituições e as visões sobre elas. Em particular, começa a confundir‑se
e desvanecer-se aquela concepção de um “terceiro setor” formado por
dois blocos preponderantes de instituições: um histórico, tradicional e
conservador, integrado pelas organizações de caridade e beneficência,
voltadas para o serviço social e outro de novas ONGs, guiadas por uma lógica
política alternativa, opositora, moderna, e voltadas para o desenvolvimento
social sustentável. É nessa fase que se começa a falar de um “terceiro
setor”, além do mercado e do Estado, formado por organizações dos dois
blocos. Ganha peso uma percepção funcional em lugar de uma percepção
político‑ideológica.

Isso significa dizer que muitas ONGs encontram-se afincas nos valores morais da solidariedade e
voluntariedade, isto é, atuam ainda nas formas tradicionais de ajuda mútua, movimentos sociais
e associações civis e filantropia empresarial.

É nesse cenário que as empresas ditas cidadãs, que atuam com responsabilidade social, apresentam‑se
e ganham espaço, atuando e investindo em áreas que são de responsabilidade do Estado.
94
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

O maior envolvimento de empresários e profissionais no terceiro setor vem colaborando na


influência e na determinação de novos instrumentos e mecanismos, propiciando a regulamentação e
a profissionalização. Com isso, foi aprovado em 1999, a Lei nº 9.790 – Lei das Organizações Sociais de
Interesse Público (OCIPs), qualificando e regulamentando sua atuação, que dispõe sobre a qualificação
de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público (OSCIP). Contribui também para que a visão de filantropia e benesse caia por terra e
venha dar lugar à nova concepção de esfera pública social, firmando possibilidades de parcerias entre
o primeiro setor e a sociedade civil, apoiados na publicização e eficiência das ações sociais.

As OSCIPs, assim como as ONGs, têm a finalidade de promover assistência social, cultura, educação,
saúde, voluntariado, ética, paz, cidadania, direitos humanos, democracia e direitos universais preconizados
na Constituição Federal de 1988. Entretanto, o que difere as OSCIPs das ONGs é que as primeiras
possuem objetivos de lucro e geram benefícios privados, enquanto as segundas são organizações sem
fins econômicos e têm como missão gerar o social.

Kanitz (s.d.) expõe que a maioria das empresas está disposta a investir em filantropia, mas a imagem
negativa criada por algumas instituições e a falta de informações sobre o setor têm inibido essa iniciativa.
Isso fez com que ONGs e OSCIPs procurassem profissionalizar seu recurso humano, investindo em cursos
e seminários nas áreas financeiras e de marketing, como forma de demonstrar interesse na mudança
cultural que as cerca.

Assim, as empresas passam a ter confiabilidade nesses espaços, desenvolvendo ações de


responsabilidade social, tais como voluntariado e até mesmo apadrinhamento financeiro.

Resumindo, segue um esquema para melhor compreender como e por que ocorre a responsabilidade
social nas organizações de primeiro, segundo e terceiro setores:

Valorização dos seus


funcionários e da comunidade
Ser responsável social com o intuito de sentirem-se Preocupação com o
cotidianamente. compromissados com este consumo responsável e
processo de desenvolvimento, consciente.
sustentável.

Compreender a importância Perceber o atual padrão


de pesquisa e investimento mundial de acumulação de
em novas tecnologias que capital, fundamentado na
tornem o desenvolvimento Responsabilidade
tecnologia e na exploração
ambiental mais sustentável. social do desemprego.

Sentir-se compromissado Desenvolver um trabalho


com o meio ambiente e ético.
com a qualidade de vida da Concluir que o mercado é
população. apolitico e que isso significa falta
de humanização social.

Figura 3 – Responsabilidade social nos espaços organizacionais

95
Unidade II

Na sequência, vamos discutir sobre o conceito de balanço social, que também é um espaço de
atuação de consultoria e assessoria do serviço social.

7.2 Balanço social

O balanço social é um instrumento de avaliação de contribuição da empresa cidadã para humanização


do trabalho. É a ele que tanto os stakeholders externos (detentores de interesse) quanto os stakeholders
internos (detentores de ações) podem recorrer efetivamente para constatar o envolvimento da empresa
em sua responsabilidade social.

Balanço social, segundo Froes e Neto (1999), é uma prestação de contas que pode ser oferecida a
uma comunidade. Algumas empresas utilizam essa modalidade de prestação de contas para divulgarem
os recursos destinados à área social e também à área ambiental. De acordo com os autores, a empresa
não é obrigada a fazer essas divulgações.

A prática do balanço social corrobora a conscientização da empresa e as necessidades elementares


e igualitárias da vida, tais como: saúde, transporte, assistência social, educação, lazer, esporte, entre
outros, distorcendo as atividades e decisões empresariais para que sejam regularizadas em um
princípio de gerência mais humano, direcionado para a valorização do homem e dos recursos que
estão nas mãos das empresas, como também as ações que influenciam transversalmente no modo de
vida dos outros sujeitos.

De acordo com esse retrospecto histórico, nota-se que o balanço social no Brasil surge
concomitantemente com as transformações do pensamento capitalista.

Nos últimos dez anos podem ser considerados o período de consolidação


da mudança de mentalidade de uma parcela expressiva do empresariado
nacional, em que a visão de um capitalismo de cunho mais social, que busca
maior negociação com amplas parcelas dos trabalhadores, está cada vez
mais atenta aos problemas ambientais e sociais (TORRES, 2001, p. 21).

Segundo Torres (2001, p. 23), os anos 1990 foram:

como palco da disputa por novos modelos de desenvolvimento, retirada do


Estado de setores tradicionais de atuação, reafirmação dos valores liberais
e de mercado, novas práticas corporativas e uma nascente e crescente
renovação do pensamento empresarial.

E destaca ainda:

Um movimento de renovação dentro do próprio meio empresarial, que ruma


para a construção e a consolidação de novos valores políticos e econômicos
no universo das corporações (TORRES, 2001, p. 23).

96
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Assim, as preocupações e atuações no âmbito social tornaram-se uma questão econômico-financeira,


relacionada à sobrevivência empresarial e ligada a uma nova visão estratégica de longo prazo.

Após sua estruturação, várias propostas foram feitas em proveito do balanço social:

• Projeto de Lei nº 3.116/97, que pretendia estabelecer a obrigatoriedade do balanço social para as
entidades públicas de modo geral e às empresas privadas com mais de cem empregados, tendo
por base o modelo francês de balanço social, instituído em 1977, que foi arquivado.

• Projeto de Lei nº 32/99, que basicamente recupera o projeto anterior.

• Projeto nº 39/97, do município de São Paulo, que criou o dia e o “Selo Empresa Cidadã”.

• Lei nº 8.118/98, do município de Porto Alegre, que instituiu o balanço social para as empresas
estabelecidas em nível municipal com mais de vinte funcionários.

• Lei nº 11.440/00, em nível estadual, do Rio Grande do Sul, que busca incentivar a publicação do
balanço social, bem como difundir a responsabilidade social entre as entidades estabelecidas no
Estado, criando também o Certificado de Responsabilidade Social e o Troféu Responsabilidade
Social − Destaque RS para as empresas que apresentarem o seu balanço social.

Essas são as principais legislações que devem nortear a atuação do assistente social em intervenções
de assessoria ou consultoria.

7.3 Normas SA 8000: norma de gerenciamento social

É grande o surgimento de empresas cidadãs, isto é, empresas que buscam certificados sociais, além
de buscarem certificados de ISO 9000 e ISO 14000 (que garantem controles de qualidade e qualidade
ambiental dentro de parâmetros éticos, respectivamente).

Esses certificados sociais também instituem uma avaliação e o compromisso das empresas que atuam
como responsáveis socialmente com um padrão ético. Essas normas são denominadas de SA 8000: Normas
de Gerenciamento Social. Elas fornecem o primeiro certificado internacional, foram baseadas nas normas
da Organização Internacional do Trabalho e estabelecidas com base nos seguintes princípios:

• Declaração Universal dos Direitos do Homem;

• Convenção dos Direitos da Criança.

A Social Accountability – (SA) 8000 é uma norma uniforme e auditável que permite uma verificação
por uma terceira parte, além de ser um padrão internacional de aferição utilizado pelas empresas
socialmente responsáveis.

No Brasil, as SA 8000 ainda devem cumprir as leis nacionais: Constituição Federal de 1988 e a
Consolidação das Leis do Trabalho, as Normas Regulamentadores (NRs) que completam a Lei nº 3.214,
97
Unidade II

e o Estatuto da Criança e do Adolescente, adequando-se às exigências brasileiras para que as empresas


possam ter seus certificados, desenvolver responsabilidade social com qualidade e embasadas em
posturas éticas e transparentes.

8 RESPONSABILIDADE SOCIAL SOB A ÓTICA DO SERVIÇO SOCIAL

Conforme Iamamoto (1999, p. 137), a preocupação do empresariado com o social é um fenômeno


que aparece a partir da desagregação do Estado Novo e no final da Segunda Guerra Mundial. Este período
corresponde ao aprofundamento do capitalismo, marcado pelo populismo e pelo desenvolvimentismo,
quando a repressão, por si só, já não é eficaz, trazendo à tona a necessidade do consenso que se sobrepõe,
à época, à simples coerção. Vale ressaltar que o comportamento dos empresários em relação à questão
social será essencialmente imobilista.

A autora destaca, entre os vários elementos que compõem a prática social do empresariado, dois
aspectos que estão diretamente relacionados à implantação e desenvolvimento do serviço social. O
primeiro refere-se à crítica do empresariado à inexistência de mecanismos de socialização do proletariado.

Uma animalidade caracterizava o homem comum, recrutado e recém-integrado ao trabalho


industrial, que só encontrava como barreira a disciplina do trabalho. Esse homem, ao desligar-se do
trabalho, fica perigosamente exposto aos vícios e aos baixos instintos, assim é preciso eliminar o desnível
entre a disciplina da fábrica e a liberdade existente no meio operário entregue à sua própria sorte. É
preciso que a sociedade atue como extensão da fábrica. A advertência do empresariado ao governo é
na direção de alertá-lo para o fato de que, ao permitir o aumento do tempo livre do operário, estará
atentando contra a base de sua própria dominação. Faz-se necessário um disciplinamento do tempo
livre conquistado pelo proletariado contra o capital. É preciso que o operário possa cultuar o seu lar, o
que significa elevar o proletariado a um padrão ético-moral e a uma racionalidade de comportamento
ajustada à interiorização da ordem capitalista (IAMAMOTO, 1999).

O segundo aspecto, apontado por Iamamoto (1999), diz respeito ao conteúdo da política
assistencialista desenvolvida pelo empresariado no âmbito da empresa: o não reconhecimento das
organizações sindicais e a não aceitação do operariado como capaz de participar das decisões que
lhe dizem respeito, ou seja, a prática normal de usar a repressão como forma mais eficaz de apoio aos
mecanismos econômicos de dominação. É esse o comportamento mais evidente dos empresários na
Primeira República.

A partir do primeiro pós-guerra, verifica-se a existência de uma política assistencialista, impulsionada


pelos movimentos sociais. A ganância do capital em extrair cada vez mais lucro do valor da mercadoria
da força de trabalho não se choca com a implantação de mecanismos assistenciais nas empresas (as
vilas operárias, ambulatórios, creches, escolas, não descontar o tempo das operárias amamentarem
seus filhos etc. são, entre outros equipamentos, cedidos pelos empresários de forma gratuita ou a
preços reduzidos). Assim, vale ressaltar que a maioria das empresas de maior porte propiciava aos seus
empregados uma série de serviços assistenciais. Entretanto, vale destacar também que tais benefícios
eram condicionados ao bom comportamento diante das greves e a uma vida pessoal regrada.

98
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

O importante é ter presente que tais benefícios, apesar de aparecerem sob uma aura paternalista e
benemerente, buscam realizar o controle social e aumentar a produtividade e a exploração. Diferem do
assistencialismo realizado pelas elites tradicionais da Primeira República, cujas atitudes de benemerência
consistiam na busca da salvação pela porta estreita da caridade, representando assim, um custo derivado
da sua posição social.

É importante ressaltar que, na Constituição de 1988, as reivindicações feitas anteriormente pela


população ganharam foro de direito. O direito ao trabalho, o direito à auto-organização (os assalariados
já haviam conquistado esse direito ao criarem as centrais sindicais, proibidas legalmente até então), o
direito à saúde, o direito à educação, o direito da criança e do adolescente, o direito à terra, o direito a
uma velhice digna e respeitada.

Enfim, na concepção de Oliveira (1999, p. 65):

Todas as reivindicações que significam política como o processo mediante


o qual se põe em xeque a repartição da riqueza apenas entre os que são
proprietários, ganhou uma forma, talvez a mais acabada que as condições
históricas permitiam.

Afirma-se com frequência que o setor privado deverá desempenhar um papel cada vez maior
na prestação de serviços que hoje são oferecidos pelo Estado, seja em bases comerciais, seja como
investimento social e atuação filantrópica.

Há indícios de que as noções de público e privado estão mudando de conformação, resgatando um


sentido de ”coisa pública”, que não mais se subordina obrigatoriamente à esfera governamental. Isso se
harmoniza com a ideia de responsabilidade social das empresas na medida em que elas utilizam recursos
privados com uma finalidade pública, numa definição característica do terceiro setor (QUEIROZ, 2000).

Com esse cenário atual, em que as empresas vêm discursando sobre responsabilidade, surge também
para o serviço social um nova forma de gestão, que tem como função social o desenvolvimento humano.

Nesse contexto de responsabilidade social, aparecem duas dimensões de atuação para o serviço
social na área de recursos humanos: a dimensão interna e a dimensão externa. A primeira foca no
público interno da empresa e a segunda foca na comunidade regional e/ou local (dependendo do raio
que a empresa quer atingir sua ação social). É ainda nesse contexto que o assistente social é convidado
a atuar no intuito de se colocar como agente integrante e compromissado, desde que esteja adequado
à missão, ao objetivo e à meta da organização.

Cesar (1998, p. 127) ainda coloca que:

[...] com a proliferação de novas requisições e exigências profissionais vem


se diversificando ao longo desse processo. No caso de empresas que adotem
programas de qualidade de vida como um instrumento de gerenciamento
da força de trabalho, o assistente social atuará na implementação e
99
Unidade II

desenvolvimento baseando suas ações no nível de satisfação do trabalhador,


além de monitorar todo o programa.

Significa dizer que o profissional de serviço social em sua atribuição garantirá a veracidade e a
essência do balanço social ao construí-lo fornecendo informações transparentes e verdadeiras e, ainda,
contribuirá para difundir o conceito de responsabilidade social. Atuando como auditor, somado às demais
exigências do espaço organizacional, o assistente social deve ampliar sua formação, especializando-se.

É o que as empresas vêm buscando na sua evolução, novas tecnologias e maneiras de gerir seus
negócios, sempre envolvendo e comprometendo seus funcionários com sua missão de atuação. Devido
a isso, exigem profissionais que saibam nortear sua ação e que se capacitem, pois não se satisfazem com
profissionais que tenham apenas a formação acadêmica de graduação.

Significa dizer que devemos perceber as exigências impostas para adequarmo-nos, para que
tenhamos expertise, para saber qual a contribuição do serviço social na dinâmica da responsabilidade
social, independendo do seu campo de atuação.

É na aproximação desses interesses que o assistente social encontrará os fundamentos da sua prática
e apoiará o desenvolvimento de sua ação em responsabilidade social, em parceria com vários agentes de
variados ambientes organizacionais.

Primeiro, o profissional consultor/assessor social deve entender que o seu exercício profissional deve
estar pautado em um planejamento, numa investigação, numa comunicação sistemática, para elevar
o nível de entendimento e colaboração entre uma unidade pública ou privada e os grupos sociais que
nelas estão vinculados. Esse processo de integração entre a organização e o usuário é de interesse real
de ambas as partes, para que saibam como vêm sendo desenvolvidas as ações.

Num segundo momento, o profissional deve compreender que a responsabilidade social incide na
soma de atitudes assumidas pelos agentes sociais-cidadãos, pelas organizações privadas – sejam
elas empresas, OSCIPs ou ONGs —, públicas que estão vinculadas ao dever ético e voltadas para a
ampliação dos direitos dos cidadãos. Por isso, é necessário que o profissional tenha atitudes éticas
e saiba realizar planejamentos.

É a partir desses dois contextos apresentados anteriormente que os objetivos das organizações
(públicas ou privadas) se cruzam com os objetivos dos cidadãos. Ainda cabe ressaltar que, mesmo que
esses objetivos se entrelacem, cada organização possui poderes, interesses e desejos que divergem
decorrentes da sua missão, metas e ambiente social, político e econômico em que estão inseridos.

Por isso, o assistente social deve saber reordenar ações de responsabilidade social, utilizando o
planejamento estratégico como ação planejada, apoiar o profissional a desenvolver uma atuação
competente de natureza inter e, até mesmo, transdisciplinar, conforme requer a interação entre os
espaços organizacionais em que se desenvolve a ação social que almeja. Também deve estabelecer
um bom relacionamento entre a organização e o público, atuando como mediador e promovendo
a comunicação.
100
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Resumo

Prezado aluno, nessa unidade concluímos nossos estudos sobre a


assessoria e a consultoria em serviço social. Passamos a entender a relação
estabelecida entre o serviço social e a prestação, por essa profissão, dos
serviços de assessoria e de consultoria. Para isso, a unidade foi iniciada
com algumas discussões sobre o desenvolvimento histórico do serviço
social brasileiro: vimos que, no Brasil, nossa profissão surgiu em meados da
década de 1930. Nesse momento, o assistente social tinha uma formação
e origem especificamente relacionada à Igreja Católica. Logo, as primeiras
assistentes sociais eram vinculadas à Igreja Católica, pertenciam à classe
burguesa e eram, predominantemente, pertencentes ao gênero feminino.

Partindo desse contraponto inicial, orientamos nosso olhar à


compreensão a respeito do histórico da atuação do Serviço social como
consultor e/ou assessor. Observamos que essa prática tornou-se latente
a partir da década de 1980 do século XX, período em que observamos as
primeiras menções à prática do assistente social no âmbito da assessoria
em nossa literatura profissional. Assim, a produção inicial e que demarca
esse surgimento foi a de Vieira (1981): a autora ressaltou a importância da
assessoria para os supervisores de estágio em serviço social.

Considerando o cenário atual, no entanto, temos visto a ampliação das


possibilidades de atuação em atividades de assessoria e consultoria. No
entanto, apesar de termos conhecimento da ampliação desse espaço, não
temos observado a sistematização dessas práticas por meio da produção
teórica. De tal forma, observamos que a produção teórica dos assistentes
sociais que atuam com assessoria e com consultoria ainda é incipiente.
Esse é um espaço importante ao serviço social, no qual cada vez mais os
profissionais precisam apoderar-se, garantindo assim o reconhecimento de
um novo status da nossa profissão na atualidade.

Tomando como referência a prática do assistente social atuante


em consultoria ou em assessoria, também observamos algumas
especificidades do fazer profissional que devem ser consideradas. Dentre
elas, a necessidade de o profissional realizar uma análise da realidade,
um diagnóstico, considerando os aspectos internos, institucionais e os
externos à instituição, mas que a condicionam e trazem influências para
o processo de assessoria e consultoria. Observamos que o assistente
social tem a formação necessária para o desempenho dessa e de outras
funções inerentes ao processo de assessoria e consultoria. O profissional
precisa apenas aprimorar determinadas qualidades para orientar seu perfil

101
Unidade II

profissional especificamente para atuar com assessoria e com consultoria.


Dentre as qualidades, estudamos as seguintes: capacidade para avaliar
orçamentos e mensurar dados relacionados a recursos financeiros, domínio
de processos de planejamento, sobretudo planejamento estratégico,
competência no âmbito da gerência de programas e de projetos sociais,
dentre outras habilidades e competências que lhes sejam requeridas.

Observamos ainda que a consultoria e a assessoria não estão restritas


à atuação em políticas sociais. Também estão presentes no ensino, em
empresas privadas, em organizações não governamentais, em movimentos
sociais e também em organizações representativas de trabalhadores, dentre
elas os sindicatos.

No entanto, como sabemos, nossa identidade profissional está em


constante construção e, nesse sentido, ainda temos que construir nossa
imagem profissional no que diz respeito à prática do serviço social com
assessoria ou consultoria. Como vimos, a qualidade do serviço prestado
pelo assistente social nessa área irá nos mostrar se nossa profissão se
consolidará como prestadora de assessoria e de consultoria.

Exercícios

Questão 1. O trabalho de assessoria em serviço social exige um profundo conhecimento sobre


a realidade em que o assistente social é chamado a intervir. Em interação com o saber da equipe
assessorada, em uma visão horizontal do conhecimento produzido, é preciso colocar em evidência que
esse conhecimento seja necessariamente:

A) Acessível ao entendimento dos sujeitos envolvidos e da sociedade civil.

B) Idêntico ao processo de supervisão em serviço social.

C) Divulgado na comunidade acadêmica através da publicação de seus resultados.

D) Neutro, pois cabe ao assessor decidir o que será feito.

E) Socializado e acompanhado por uma discussão com os sujeitos envolvidos.

Resposta correta: alternativa E.

102
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o processo de assessoria deve ser acessível ao entendimento dos sujeitos envolvidos
(equipe assessorada e assessor), mas não à sociedade civil, pois envolve conhecimentos técnicos, e
algumas vezes sigilosos, que não podem ser divulgados publicamente.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o processo de supervisão em serviço social é um momento que o aluno tem para vivenciar
e experimentar a realidade prática da profissão. Com o estágio, o aluno confronta a teoria estudada com
a realidade diária no campo de atuação, permitindo um aprimoramento dos seus conhecimentos.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: os resultados do processo de assessoria/consultoria não devem necessariamente


ser divulgados na comunidade acadêmica através da publicação de seus resultados, pois se tratam
da prestação de um serviço, que envolve informações sigilosas, que devem ser socializadas com a
equipe assessorada.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o conhecimento do assessor/consultor não é neutro: é permeado por questões ético-


políticas. Além disso, as decisões relativas ao processo de consultoria cabem à equipe, e não ao assessor,
que irá orientar sobre os possíveis caminhos a seguir, e não decidir sobre eles.

E) Alternativa correta.

Justificativa: é preciso haver uma interação do saber da equipe assessorada com o saber do assessor,
dentro de uma visão horizontal do conhecimento produzido, para que o processo de assessoria possa
ter resultados positivos.

Questão 2. (Enade 2007) Nas requisições de assessoria e consultoria aos assistentes sociais, surgem,
hoje, as demandas das etnias, que travam uma luta permanente pelos seus direitos e pela promoção da
igualdade étnico-racial. Sobre esse assunto, analise as afirmações a seguir:

A compreensão das questões étnicas exige mais que uma consciência da defesa dos direitos como
um imperativo legal e ético.

Porque

A implementação de políticas étnicas na perspectiva da soberania alimentar, organização política e


autossustentabilidade não pode simplesmente obedecer a padrões gerais de políticas públicas.
103
Unidade II

A esse respeito, é possível concluir que:

A) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.

B) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira.

C) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.

D) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira.

E) As duas afirmações são falsas.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: as duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.

B) Alternativa correta.

Justificativa: a resposta correta é a B. Ao analisarmos a questão fica evidente a discussão acerca


da relação entre o processo de assessoria/consultoria e as políticas étnicas no âmbito da atuação do
assistente social. Inicialmente é importante destacar que a assessoria e a consultoria se constituem em
competências desse profissional, conforme a Lei de Regulamentação da profissão, com destaque para o
Artigo 4º, que sinaliza, dentre as referidas competências, as seguintes:

VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas
privadas e outras entidades.

IX – prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no
exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade (Lei Nº 8.662/93, Regulamenta
a Profissão do Assistente Social).

No exercício dessas competências, o profissional se ancora no Projeto Ético-Político do Serviço Social


que, em um dos seus princípios, ressalta a questão da diversidade e das diferenças. O princípio refere-se
a essa questão: “Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à
diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças” (Código
de Ética do Assistente Social. Resolução CFESS Nº 273, de 13 de março de 1993).

Esses balizamentos legais e éticos são fundamentais para o desenvolvimento do trabalho profissional
e estão, diretamente, associados à atual configuração do objeto da profissão, pois:

104
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL

“Na atualidade, a ‘questão social’ diz respeito ao conjunto multifacetado das expressões das
desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação
do Estado. A ‘questão social’ expressa desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais,
mediadas por disparidades nas relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais,
colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da civilização.

As questões étnicas são consideradas expressões da Questão Social e resultam da formação


sócio‑histórica do Brasil, sendo consideradas como uma dívida social, tendo em vista o longo período de
escravidão e o fato de que as políticas públicas no nosso país, ainda, precisam abarcar as particularidades
dos grupos que, historicamente, constituíram as minorias sociais e, portanto, se encontram mais
suscetíveis às desigualdades.

As políticas étnicas no Brasil passaram a ser reconhecidas como políticas públicas, em 2003, quando
o governo criou a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial – PNPIR. A PNPIR tem como
objetivo a: “Redução das desigualdades raciais no Brasil, com ênfase na população negra, mediante a
realização de ações exequíveis a longo, médio e curto prazos, com reconhecimento das demandas mais
imediatas, bem como das áreas de atuação prioritárias” (Decreto Nº 4.886, de 20 de novembro de 2003).

Nesse sentido, o assistente social, ao atuar como assessor/consultor dos grupos que compõem
as minorias sociais deverá observar além das questões legais e éticas, pois sabemos que a trajetória
histórica de luta e garantia dos direitos sociais impõe o reconhecimento das particularidades, no caso
da pergunta em análise, das questões étnico-raciais que se retratam na luta dos movimentos que as
representam pela garantia da igualdade étnico-racial.

Assim, retomamos as afirmações feitas com relação à questão formulada: “A compreensão das
questões étnicas exige mais que uma consciência da defesa dos direitos como um imperativo legal e
ético porque a implementação de políticas étnicas não pode simplesmente obedecer a padrões gerais de
políticas públicas”, pois deve abarcar as lutas dos grupos que as representam. Nesse sentido, a resposta
correta indica que as duas afirmações são verdadeiras, mas que a segunda não justifica a primeira, pois o
que a justifica é o caráter de disputa pela garantia da igualdade racial, e não a mera garantia de políticas
públicas. E, ainda, as questões de soberania alimentar, organização política e autossustentabilidade não
interferem nesse processo de disputa, pois a ênfase é na igualdade racial.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: as duas afirmações são verdadeiras.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: as duas afirmações são verdadeiras.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: as duas afirmações são verdadeiras.


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http://cac-php.unioeste.br/

http://www.caranconsultoria.com.br/

http://cascavel.ufsm.br/revistas

http://www.cfess.org.br

http://www.coppead.ufrj.br/

http://www.cpfl.com.br

http://www.filantropia.org

http://www.fnepas.org.br/

http://www.fundacaosemear.org.br

http://www.gife.org.br

http://www.guiarh.com.br

http://www.ipea.gov.br

http://lcmtreinamento.com.br/

http://michaelis.uol.com.br

http://planeta.clix.pt

http://www.qualidadebrasil.com.br

http://www.rededobem.org
113
http://revistaseletronicas.pucrs.br

http://unpan1.un.org

Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2010: Serviço Social.
Questão 22. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2010/
servico_social_2010.pdf. Acesso em: 14 jan. 2014.

Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2007: Serviço Social.
Questão 27. Disponível em: http://download.inep.gov.br/download/enade/2007/provas_gabaritos/
prova.SS.pdf. Acesso em: 14 jan. 2014.

114
115
116
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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