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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

CLÁUDIA REGINA C. DO NASCIMENTO

ARTE E EDUCAÇÃO POPULAR: TECENDO CAMINHOS PARA O


FORTALECIMENTO DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL

São Luis
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

CLÁUDIA REGINA C. DO NASCIMENTO

ARTE E EDUCAÇÃO POPULAR: TECENDO CAMINHOS PARA O


FORTALECIMENTO DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL

Projeto apresentado ao Curso de Serviço


Social da Universidade Federal do Maranhão
para orientação de TCC I.
Orientadora: Professora Drª Lília Penha Viana
Silva

São Luís
2021

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Sumário
1. JUSTIFICATIVA 04
2. PROBLEMATIZAÇÃO 05
3. OBJETIVOS
3.1. Geral 08
3.2. Específicos 08
4. METODOLOGIA 09
5. REFERÊNCIAS ...........................................................................................................11

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1. JUSTIFICATIVA

O Serviço Social é uma profissão de caráter crítico e interventivo que se utiliza da


Instrumentalidade para conhecer as necessidades da sociedade, agindo no enfrentamento das
expressões da questão social. Ademais, muito além de agir no enfrentamento dessas
expressões, a profissão possui como característica uma prática educativa, que consiste em
proporcionar aos indivíduos um despertar da consciência.
Diante de uma sociedade em que o Capitalismo é o sistema vigente, a profissão se
utilizade instrumentais que sejam capazes de quebrar a alienação, proporcionar um
pensamento crítico e, assim, garantir a emancipação humana e política dos indivíduos. Nesse
sentido, para reafirmar seu projeto ético político, procura Instrumentos que fujam da
imediaticidade cotidiana e proporcionem uma práxis voltada para a ação e reflexão.
E nesse contexto que a Arte surge como possibilidade instrumental para o Serviço
Social, visto que, ela possui uma capacidade reflexiva e criativa que vai ao encontro e reforça
o Projeto Ético político da profissão. Essa capacidade se dá pelo fato da Arte possuir uma
função Social que permite ao ser humano expressar o que sente e pensa, gerando uma
consciência da realidade em que está Inserido, sendo possível assim, lutar pela transformação
dessa mesma realidade. Somado a isso, ressalta-se a importância de outro instrumental que
pode ser potencializado pela arte ao ser utilizado pelo Serviço Social, trata-se da Educação
Popular, que consiste, em uma educação voltada para a emancipação política e humana da
classe trabalhadora, fortalecendo mais ainda o que propõe o Projeto Profissional.
Assim, quando trabalhada a Arte na perspectiva da Educação Popular, potencializa-
se as ações profissionais, tornando-as qualificadas e eficazes, visto que, ela consiste em uma
ferramenta crítica e criativa, capaz de ter um maior alcance, que se objetiva além de
desvendar, problematizar e denunciar as expressões da questão social, também visa, a
emancipação e construção de uma ordem social mais justa e igualitária.
Torna-se essencial, portanto, que um instrumento tão rico seja mais estudado e
analisado dentro da profissão, pois, consta-se através de pesquisas, que essa possibilidade
ainda é pouco debatida, perdendo-se a oportunidade de reafirmação da profissão através de
uma práxis tão sensível e acessível.

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2. PROBLEMATIZAÇÃO

A realidade se constitui como um amplo processo dinâmico que está sempre em


constante transformação. Dessa maneira, os desafios postos ao Serviço Social, em meio a
diversidade das expressões da questão social, exige dos assistentes sociais a construção de
estratégias cada vez mais competentes, criativas e capazes de resultar em uma intervenção
profissional eficaz.
Nesse sentido, o Serviço Social é uma profissão que possui um caráter interventivo
na sociedade, e que para ratificar seu projeto profissional se utiliza da instrumentalidade, que
possibilita a qualificação de tal exercício, buscando respostas com ações qualificadas que
visem possibilidades, tendências impulsionadoras de novos exercícios, funções, ações e
projetos, se desvinculando de atividades burocráticas, rotineiras e práticas imediatistas.
(Guerra, 2000). Nessa perspectiva, a arte surge como possibilidade de instrumento ao Serviço
Social, visto que a mesma é capaz de representar a realidade (FISCHER, 1987) possuindo um
caráter crítico e reflexivo.
Assim, SANTOS (2004) demonstra que:

O Serviço Social inserido em espaços ocupacionais, resultantes de processos de


trabalhos, e na condição de profissão inserida na divisão social e técnica da
sociedade capitalista tem na sua intervenção uma gama de possibilidades de
interpretação para a inserção da arte (ou das artes) no seu fazer cotidiano, tratando-a
como forma de emancipação política. [...] Nesse sentido, pode-se compreender a arte
como uma
mediação no fazer cotidiano do serviço social, uma vez que expressa na sua
singularidade a representação do real. (p. 8).

Dessa forma, como representação do real, a arte exprime e revela as condições em


que a sociedade se encontra. Contudo, o uso da arte no Serviço Social deve estar pautada nos
objetivos profissionais, isto é, requer a utilização de uma arte que objetive a superação da
ordem e das relações de exploração vigentes. Assim, os objetivos profissionais do assistente
social (teoricamente), quando voltados para a emancipação dos sujeitos e somados ao
potencial educativo da arte, buscam colaborar para a construção de uma nova e superior
hegemonia, para a formação de homens mais críticos e conscientes (CONCEIÇÃO, 2010, p.
52).

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Nesse sentido, orientado pelo projeto ético profissional, o Serviço Social se coloca
em defesa da classe trabalhadora, buscando, assim, uma prática educativa na perspectiva de
transformação social, visando ainda a construção de uma nova ordem societária sem
dominações, como está descrita também no inciso VIII dos princípios fundamentais do
Código de Ética de 1993, onde destaca que o Serviço Social faz “Opção por um projeto
profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem
dominação, exploração de classe, etnia e gênero".
Enxerga-se na prática educativa voltada para a classe trabalhadora, uma estratégia
que possivelmente dará passos concretos rumo à emancipação. De acordo com Conceição
(2010) a prática educacional no Serviço Social se configura:

A partir das estratégias educativas, quer seja da pedagogia da ajuda e da


participação, que visam a reprodução da lógica capitalista, ou da construção de uma
pedagogia emancipatória pelas classes subalternas, a função pedagógica da prática
do assistente social está vinculada, na sociedade capitalista, aos processos político s
e culturais na luta pela hegemonia, posto que está inserida nos processos
diferenciados de organização e reorganização da cultura. (p. 104).

Assim, Iamamoto (2005), identifica que por meio dessa prática, os profissionais
contribuem com a classe trabalhadora, à medida que repassam informações que auxiliam na
formulação e na gestão de políticas públicas e no acesso a direitos sociais, ao utilizarem o uso
de recursos legais em favor dos interesses da sociedade civil e interferirem na gestão e
avaliação de políticas, ampliando, assim, o acesso a informação a indivíduos sociais para que
possam lutar e serem agentes ativos na mudança da sociedade.
Nesse viés, quando a prática educativa do Serviço Social é pensada no sentido do
rompimento com a ideologia do capital, (analisada na perspectiva marxista) e no reforço do
potencial da classe trabalhadora, por meio de um pensamento crítico, efetiva-se como uma via
de transformação e superação da ordem do capital, para uma ordem social justa e igualitária.
A educação transformadora é uma alusão ao método da educação popular, assim
concebida por Paulo Freire (1983), que a define como uma educação voltada para as camadas
das classes populares, que tem o objetivo de propor uma relação educativa que vai além do
trabalho com conteúdos escolares, vai em busca da formação do homem-pessoa, ao invés do
homem-coisa, do homem como um ser social comprometido com as causas de seu tempo,
insatisfeito, curioso, sonhador, esperançoso; uma educação que visa apreender um caráter
político- crítico no indivíduo, numa perspectiva transformadora. Uma educação popular que

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não se limita à transmissão de conteúdos; mas que se caracteriza, sobretudo, pela formação de
pessoas críticas, conscientes da sua realidade social.
A educação popular tem como princípio a participação popular, a solidariedade rumo
à construção de um projeto político de sociedade mais justo, mais humano e mais fraterno,
que busca a emancipação de uma classe, por meio de uma “práxis pedagógica”, centrada nas
dimensões de reflexão e ação e pautada em uma dimensão ética, movida pelo desejo de
mudança.
À vista disso, esse estudo parte do seguinte questionamento: seria a arte um
instrumento do Serviço Social eficaz na perspectiva da Educação Popular para uma efetiva
transformação social?
Nessa diversidade de formas de linguagem, como hipótese inicial, acredita-se que a
arte trabalhada na perspectiva da Educação Popular, seja um rico e potencializador
instrumento da prática profissional dos assistentes sociais (não visando formar assistentes
sociais artistas, mas percebendo o poder instrumental que a arte possui para a eficácia de uma
prática mais criativa no despertar da criticidade); ao passo que a arte tem um grande alcance e
tem a capacidade de prender a atenção dos sujeitos, despertando sentimentos que podem gerar
um desejo de mudança. Assim, valorizando a cultura popular do povo, a arte retrata a
realidade cotidiana, através de um modo de agir simples e expressivo, de modo que seja capaz
de estar apta à realidade do indivíduo(s) que se deseja alcançar.
Como uma forma educativa, a arte pode ser uma maneira leve e de fácil
compreensão, que comunica mensagens, podendo gerar sentimento de comunhão e
coletividade nos sujeitos.

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL


• Analisar as tendências e possibilidades da utilização da Arte e da Educação Popular no
trabalho do Assistente Social.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


• Configurar a Dimensão Pedagógica no trabalho dos profissionais do Serviço Social.
• Caracterizar a Arte e a Educação Popular como instrumentos do trabalho do Assistente
Social.
• Apresentar a utilização da Arte e da Educação Popular pelos Assistentes Sociais em
São Luis/MA – A partir da experiência da ONG NAVE.

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4. METODOLOGIA: referencial teórico-metodológico

Como centralidade dessa pesquisa tomou-se a abordagem sobre a relação da arte com
o Serviço Social e com a Educação Popular, bem como a arte corrobora para o Serviço Social
na perspectiva da educação pautada nos ensinamentos de Paulo Freire. Para esse estudo
buscou-se o apoio principalmente nos estudos e trabalhos de Vera Núbia Santos, professora
Dra. da Universidade Federal de Sergipe, especialista em pesquisa sobre a temática “Serviço
Social e Arte”.
Para dar destaque a análise sobre a “arte” como categoria, parte-se dos conceitos de
Tolstói (2002) no que diz respeito a arte como meio de comunhão entre as pessoas e Fisher
(1987) que aborda a arte como representação das ideias, necessidades e aspirações da
humanidade em cada período da história. As reflexões de Lukács expostas em “Introdução a
uma estética marxista” (1978) também serviram de aporte teórico para esse estudo.
Trabalhou-se nesse estudo as categorias “mediação” e “instrumentalidade” à luz das
autoras do Serviço Social Martinelli (1993) e Guerra (2000), a fim de mostrar como a
profissão se revela na prática.
No que se refere à prática pedagógica do Serviço Social, recorreu-se aos estudos de
Iamamoto (2005) e Conceição (2010) para enfatizar a importância desse caráter interventivo
e emancipatório da profissão, que traz para debate também a categoria da Educação Popular,
estudada aqui a partir dos ensinamentos de Freire (1983) mostrando que uma educação
voltada para as classes populares, visando um caráter crítico-político no indivíduo, pode ser
transformada e emancipatória. Nesse contexto, aborda-se também as contribuições de
Gramsci (1999) que traz uma discussão mais recente em relação às Educação como caminho
de transformação, por meio da qual sujeitos acríticos se transformam em sujeitos conscientes.
Foi utilizada nesse estudo a pesquisa exploratória que contou com o auxílio de
revisões bibliográficas e pesquisas na internet sobre os temas “Serviço Social e Arte”, “Arte
como instrumento do Serviço Social, “ Arte e Educação Popular, Serviço Social e Educação
Popular”. Nesse sentido, foram utilizadas em sua maioria arquivos em PDF como artigos,
teses e livros que abordavam as
temáticas mencionadas. Ressalta-se aqui, a dificuldade de se encontrar material sobre
a questão “Arte como um instrumento para o trabalho do assistente social”, apesar de a

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produção nesse âmbito vir crescendo recentemente, ainda pode se considerar que a arte é uma
categoria nova e ainda escassa nas pesquisas de Serviço Social.
(Ademais, através da pesquisa, procurou-se mostrar qual a relação da arte com a
profissão, como ela pode corroborar com a prática profissional e se ela se mostra um
instrumento eficaz na transformação social através da Educação Popular.).

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONCEIÇÃO, D. G. de. O serviço social e a prática pedagógica: a arte como um


instrumento de intervenção social, Serviço Social Revista, Londrina, v. 12, n. 2,
p. 51- 67, jan./jun. 2010.
FISCHER, E. A necessidade da arte. Tradução: Leandro Konder. 9. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 1987.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999
GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade do processo de trabalho e Serviço Social.
In: Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo: Cortez, n. 62, 2000.
IAMAMOTO, M. V. Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação
profissional. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LUKÁCS, G. . Introdução a uma estética marxista: sobre a categoria da
particularidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
MARTINELLI, M. L. Notas sobre mediações: alguns elementos para
sistematização da reflexão sobre o tema. Serviço Social e Sociedade, n. 43,
1993.
MATTOS, B.N; CARMO, O. A. do. A arte como instrumento da prática
profissional do Serviço Social na perspectiva da Educação Popular, Boletim
GEPEP, v. 2, n. 02, p. 27- 37, jul. 2013.
SANTOS, V. N. Arte como mediação no Serviço Social.
Disponível em:
http://200.16.30.67/~valeria/xxseminario/datos/2/2brNubiaSantos_s tamp.pdf
Acesso em: 17 dez. 2019.
TOLSTOI, L. O que é arte? São Paulo: Ediouro, 2002.

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