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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

NOME: THAIS CAMPOS DE OLIVEIRA

PROFESSORA (O): SILVIA NEVES SALAZAR

DISCIPLINA: TÓPICOS ESPECIAIS EM SERVIÇO SOCIAL II

ATIVIDADE: PRODUÇÃO DE UM TEXTO ARTICULANDO OS


FUNDAMENTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DO SSO E UM
INSTRUMENTO UTILIZADO NO COTIDIANO DO TRABALHO
PROFISSIONAL PELO SERVIÇO SOCIAL, NESSE CASO A VISITA
DOMICILIAR.

Em tempos do crescimento da ideologia neoliberal, com o aumento das várias


manifestações conservadoras, que resultam na degradação dos direitos alcançados por
fortes embates históricos, é de suma importância que os profissionais assistentes sociais
possam compreender o seu direcionamento no seu ambiente de trabalho. Com a falta de
compreensão de sua ação ético-política pode influenciar a atuação na visita domiciliar e
nos demais instrumentos.

Nesse sentido, o presente texto tem a finalidade de estudar a visita domiciliar


articulando os fundamentos teóricos-metodológicos do serviço social na esfera do
exercício profissional, dialogando seu conceito e sua relação no trabalho do assistente
social, proporcionando observações sobre as dimensões teórica e ética.

A visita domiciliar, dentre outros instrumentos técnico-operativos no ambiente de


trabalho do Serviço Social, proporciona apreender de forma aprofundada a realidade
que os usuários estão inseridos e a partir dessa compreensão se pode conceber
estratégias na garantia de direitos da população. Mais do que uma forma de entender a
realidade, a visita domiciliar traz perspectivas interventivas para diversos usuários que
não detêm de condições para acessarem os serviços das políticas públicas, expandindo a

entrada nos serviços para sujeitos que experienciam uma realidade marcada por
desigualdades sociais (RAMOS et al., 2018).
Com base no instrumental escolhido para a intervenção, a construção de ações
interventivas, busca-se, por meio do mesmo a sua articulação com a teoria e valores
éticos que constituem o trabalho, alcançar de forma abrangente como as desigualdades
as quais têm sua concepção na apropriação privada da riqueza socialmente produzida
pelo trabalho humano (ABEPSS, 2021) se caracterizam na realidade da vida social da
população usuária, alcançando chances de ações profissionais que consolide o acesso a
direitos sociais. Logo, o desenvolvimento é perpassando pela prática profissional, visto
que, tem como elemento importante entender a realidade em suas muitas determinações,
na qual a categoria mediação se evidencia.

Nessa perspectiva, é necessário partir do entendimento da velocidade da questão social


na conjuntura e modo de vida (MARTINELLI, 1999) dos indivíduos: distinguindo não
só as condições reais e materiais da existência, mas também o modo como os sujeitos
elabora e vive sua vida, suas experiências sociais.

Nesse aspecto, conseguimos falar que a visita domiciliar é um instrumento de trabalho


que propõe o aprendizado mais aprofundado do modo de vida da população usuária,
praticado dentro do espaço de residência dos sujeitos, possibilitando uma aproximação
com o seu cotidiano vivida pelos mesmos. Este instrumento é caracterizado por uma
dimensão de cunho investigativo que propicia assimilar os meios sociais singulares em
junção com o sistema societário, ao mesmo tempo com uma conduta ético-política
comprometida com o suporte das demandas sociais e com o respeito da liberdade e da
autonomia. Conforme o exposto, a visita domiciliar atua como um instrumento
interventivo desenvolvido em conjunto com estratégias como a de observação,
acolhimento, questionamento e reflexão, visando uma aproximação com a centralidade
no diálogo e a criação de vínculo entre o profissional e aquele usuário.

Consoante a isso, visita domiciliar não pode ser abordada de forma isolada do quadro
histórico, político e societário na qual é executada, que favorece diferentes conceitos,
de acordo com as técnicas de trabalho elaborados em diversos espaços
sócio-ocupacionais, junto com os conhecimentos e princípios que fundamentam o uso
deste instrumento interventivo. Assim, é importante apreender o essencial
sócio-histórico que o instrumento técnico-operativo atribui no cenário das relações
sociais, compreendendo a partir das “configurações/alterações no movimento da base
sócio organizacional, quanto pelas respostas/projetos profissionais elaborados pela
categoria” (TRINDADE, 2001, p. 26), frente às demandas sociais perceptíveis postas à
profissão. Com base no exposto, essas demandas são históricas e são elaboradas por
necessidades sociais que advêm da realidade histórica das classes sociais, nas ações de
construir e reproduzir seus recursos de vida e trabalho, de forma determinada. Assim,
quando os profissionais iniciam um instrumento e técnica, fazem mediação e reforçam
práticas que são parte do atendimento a estas demandas sociais (TRINDADE, 2001).

É de suma importância compreender a visita domiciliar como um instrumento


interventivo em contato com as direções históricas e teórico-metodológicas que
atravessam a profissão em sua trajetória. Na atual conjuntura, pensando os fundamentos
críticos da profissão a partir do pensamento marxista e o comprometimento com uma
direção ético-político emancipatória, a visita domiciliar se consiste em um instrumento
estratégico para melhor aproximação do profissional do contexto real em que os sujeitos
vivem, para compreender as relações que se formam naquele contexto familiar da
população usuária. Além disso, todo instrumento no campo do exercício profissional em
Serviço Social, a visita domiciliar deve ser desenvolvida com a participação dos
conhecimentos teórico metodológicos e cumprindo com as dimensões éticas que
permeiam o trabalho profissional. Dessa maneira, sua realização deve efetivar todas as
dimensões da competência profissional (GUERRA, 2008).

Por conseguinte, a análise da necessidade pela preferência do instrumental da visita


domiciliar é uma prerrogativa do profissional, a qual pondera as particularidades do
espaço sócio-ocupacional em que a sua ação é desenvolvida e o estudo do contexto
concreto que necessita a ação profissional. A visita domiciliar pode ser necessária para
uma situação identificada no próprio acompanhamento a família e/ou usuário como, por
exemplo, quando percebido o propósito de um maior conhecimento de aspectos do
contexto de vida da qual, o entendimento não seria possível em uma entrevista, como
também por pedido da equipe de trabalho, de serviços e órgãos da rede de atendimento,
método em que é averiguada a solicitação e as estratégias adequadas a serem feitas
(GUERRA, 2008).

Em suma, o diálogo é um dos meios principais para um desempenho profissional que


como pauta fortalecer a superação da subalternidade que atravessa o meio da população
usuária, definida pela “ausência de protagonismo, de poder, expressando a dominação e
exploração” (YAZBEK, 2001, p. 34) como uma das inúmeras dimensões da questão
social. Portanto, o diálogo se fundamenta na identificação da prática social dos sujeitos,
na questão da realidade social, tendo como ponto o crescimento de metodologias sociais
emancipatórias que consideram o envolvimento em seu espaço pedagógico.

Em virtude disso, reforça a relevância da articulação das dimensões técnico operativa,


teórico-metodológica e ético-política das competências profissionais na atuação
profissional, como um recurso importante para não restringir os instrumentos, dentre
eles a visita domiciliar. A atualidade é marcada por desafios no âmbito do horizonte
político e econômico, em particular no que se refere ao retorno de uma maior força da
perspectiva neoliberal.

Nesse sentido, torna-se primordial a compreensão desse instrumento, visto que esse é
frequentemente planejado na perspectiva da fiscalização e do controle, deixando de lado
o seu significado da sua potência no que diz respeito à garantia de direitos. Na
realização da visita domiciliar, os momentos do planejamento, da execução e do registro
são indispensáveis para que seja viável a realização de um ação que possa respeitar as
particularidades do contexto de vida dos usuários. A visita domiciliar, assim como os
demais instrumentos técnico-operativos do Serviço Social, detém de uma grande
potência; contudo, a mesma só pode ser colocada em prática por meio do
direcionamento ético-político profissional, conduzido no âmbito da emancipação
humana.
REFERÊNCIAS

ABEPSS. Temporalis: Revista da Associação Brasileira de ensino e pesquisa em serviço


social. Brasília: Grafline. p. 9-32. 2021. Disponível:
https://www.abepss.org.br/arquivos/anexos/temporalis_n_3_questao_social-201804131
245276705850.pdf. Acesso em: 11 de outubro de 2021.

MARTINELLI, Maria Lúcia (Org.). Pesquisa qualitativa: um instigante desafio. São


Paulo: Veras, 1999. 143p, p.36. (8 exemplares). Disponível:
http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/v11n19a03.pdf. Acesso em: 12 de
outubro de 2023.

GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade no trabalho do assistente social. In:


Capacitação em Serviço Social e Política Social. 2008. Disponível:
http://www.uel.br/cesa/sersocial/pages/arquivos/GUERRA%20Yolanda.%20A%20instr
umentalidade%20no%20trabalho%20do%20assistente%20social.pdf ou Plano de ensino
da disciplina. Acesso em: 11 de outubro de 2023.

RAMOS, Adriana; SANTOS, Francine H. C. (Orgs). A dimensão técnico-operativa no


trabalho do assistente social: ensaios críticos. Campinas, SP: Papel Social, 2018.
Disponível: Plano de ensino da disciplina. Acesso em 13 de outubro.

TRINDADE, R. L. P. Desvendando as determinações sócio-históricas do instrumental


técnico-operativo na articulação entre demandas sociais e projetos profissionais.
Temporalis, Brasília, v. 2, n.4, jul./dez. 2001. Disponível:
http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/65N06Bp3L00eI373q8j6.pdf. Acesso em: 14
de outubro de 2023.

YAZBEK, Maria Carmelita. Pobreza e exclusão social: expressões da questão social no


Brasil. Temporalis, Brasília, v. 2, n. 3, p. 33-40, jan./jul. 2001.

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