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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG

CAMPUS DIVINÓPOLIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL-5°PERÍODO

GERUZA APARECIDA SILVÉRIO


LARA BEATRIZ A. SANTOS
MARIA LUIZA ROSA DIAS
RAFAELA LOPES DOS SANTOS

RESENHA CRÍTICA DOS TEXTOS “A QUESTÃO DOS INSTRUMENTAIS


TÉCNICO-OPERATIVOS NUMA PERSPECTIVA DIALÉTICO CRÍTICA DE
INSPIRAÇÃO MARXIANA” E “A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA DO
SERVIÇO SOCIAL: QUESTÕES PARA REFLEXÃO”

DIVINÓPOLIS
2021
Jane Cruz Prates é autora do texto “A questão dos instrumentais técnico-operativos
numa perspectiva dialético crítica de inspiração Marxiana”, publicado na Revista Virtual
Textos & Contextos (Porto Alegre), nº 2, compreendido nas páginas 1 a 8, dezembro 2003.
Graduada em Serviço Social (1982), Mestre em Serviço Social (1995), Doutora em Serviço
Social (2003) pela PUCRS e Pós-doutora em Serviço Social pela PUCSP (2016).
O texto prende a atenção dos leitores e é um exemplo de artigo bem escrito e de
linguagem simples: já no início do texto a autora aponta sua proposta – refletir acerca da práxis,
bem como os instrumentos e técnicas utilizadas na ação profissional do assistente social. A
autora traz que o fazer profissional na área do Serviço Social muitas vezes não tem um ponto,
um território específico para ir e atuar diretamente nele, por exemplo das outras profissões, ela
afirma que com os profissionais do serviço social não é desta forma. O profissional não produz
algo e assim mostra o produto do seu trabalho, mas irá trabalhar nas tramas da realidade social,
numa vastidão, trabalhando com as expressões das questões sociais (que são inúmeras essas
expressões), logo não a como pensar em ser objetivos para assim não fragmentar os sujeitos
com os quais se trabalha.
J. C. Prates fala a respeito das unidades dialéticas constituídas por meio da realidade e
dos sujeitos sociais, a mesma pressupõe uma nova forma de olhar, tratar e utilizar os
instrumentais. Estamos falando de um tecido que é vivo, se é vivo ele tem mudanças
constantes, então uma ação do profissional pode mudar a urdidura desse tecido, pode mudar
uma realidade, e talvez será preciso fazer uma outra intervenção, mudando o foco com o qual
estava atuando. Prates, diz que embora o Serviço Social é reconhecido como uma disciplina
interventiva, não se pode negar a importância de uma série de estratégias para explicar o
processo de intervenção, portanto é necessário destacar que na perspectiva dialético-crítica a
centralidade é atribuída à finalidade e não ao instrumental em si.
As explanações da autora são bem pertinentes: elas mostram, por exemplo, que é
importante não ser um profissional engessado, pois uma ação profissional, tem um objetivo e
quando se realiza uma ação, não se deve focar prioritariamente na estratégia, no
planejamento; é preciso ter claro que a centralidade da ação é o sujeito, é a comunidade onde
o profissional está atuando e não sua estratégia, desta forma o objetivo maior será a
emancipação dos sujeitos que estão sendo atendidos. O aspecto interventivo da ação, é um
movimento necessário, é preciso planejar, porém não se deve ficar apenas nesse
planejamento, pois ele não pode ser engessado, visto que a realidade é complexa.
Outra abordagem feita no texto é a respeito das contradições na realidade, a autora fala
sobre a importância de se ler nas entrelinhas, ver as mensagens subliminares, para assim
conhecer a real demanda daquele usuário e propor uma intervenção que tenha alcance e
efetividade. A realidade não chega até o assistente social pronta, com um aspecto só, mas será
preciso fazer uma leitura ampliada da realidade, analisando, interpretando em conjunto com
os sujeitos usuários. E assim, dar a conhecer aos usuários os seus direitos, buscando junto
com eles que eles façam novas leituras, se estão arraigados nas crenças antigas, mostrar novas
possibilidades, mostrar qual o ponto de partida deles, quais são as coisas maravilhosas deste
ponto de partida, o que eles podem superar; é tudo isso que Prates está falando, dar a conhecer
e buscar conhecimento já é uma intervenção profissional.
No texto “A Dimensão Técnico-Operativa do Serviço Social: questões para reflexão”,
publicado na editora Cortez, 2017, compreendido nas páginas 25-46 os autores Cláudia
Mônica dos Santos, Rodrigo de Souza Filho e Sheila Backx, destacam por meio de uma
linguagem mais complexa, sobre pontos técnicos do fazer profissional. No decorrer da
construção textual são apontados vários aspectos sobre as dimensões utilizando conceitos
teóricos, elementos constitutivos para a dimensão técnica e dimensões técnicas dentro de um
ambiente político.
Adentro de um estudo teórico, nomeado como “a dimensão técnico-operativa e o
exercício profissional” no texto, observamos como o conhecimento teórico é enriquecido no
espaço de operação do assistente social, é nesse espaço construído por teorias que as
investigações e correlações com as guias metodológicas são usadas para guiar o fazer
profissional. Durante uma investigação/observação sobre determinadas demandas a
necessidade de distinguir e respeitar cada papel dos instrumentais é de extrema necessidade,
somente assim o capacitado conseguirá obter uma finalidade coerente e coesa. No fazer
profissional são utilizadas formas para estimular as dimensões metodológicas para que a
análise do real seja harmônica, no espaço ético político o profissional adquire
compreendimento viável a respeito de alternativas capacitadas para a realização de suas ações
primárias em um atendimento.
Os instrumentos são um dos elementos essenciais para a dimensão técnico-operativa,
são eles que colocam em movimento todas as áreas do exercício do assistente social. Os
instrumentos são nomeados pelos autores como: relacionamento, que está presente em todos
os atendimentos, a abordagem, o primeiro contato e consequentemente uma ligação com o
usuário é criada, e por último a entrevista, onde são compreendidos os repasses que o usuário
expõe. Mas a profissão nem sempre esteve em um posto correto que abrangesse a sociedade
como um todo, seus ideais eram baseados em conceitos conservadores interligados a ideais
positivistas dentro de instituições filantrópicas e os instrumentos utilizados nessa fase da
profissão não são executados na atualidade, devido à fase de reconceituação vivenciada.
Os autores discorrem a respeito da profissão em espaços da política e como a mesma
interfere nos campos de atuação. A mudança política brasileira acarreta em novas demandas e
desafios para os assistentes sociais, é nesse contexto onde as solicitações da assistência são
cruciais em várias organizações. Devido às alterações constantes no cenário brasileiro, as
questões sociais presentes também são afetadas e é nesse quadro onde os impasses dos
usuários são ainda mais afetados pelo sistema.
Com a base em fundamentos teóricos o fazer profissional consegue se enriquecer para
que os instrumentais éticos e adequados sejam postos em prática. As informações teóricas
dentro da profissão são enriquecedoras para que os atendimentos sejam construídos ao
decorrer das demandas. Dessa forma os instrumentais esclarecem ainda mais a forma como os
capacitados vão se organizar perante a realidade e cada compreendimento teórico se torna
indispensável ao decorrer dos anos da profissão.
Sendo assim é possível correlacionar ambos os textos estudados, no sentido de uma
compreensão maior do caráter técnico operativo do Serviço Social e das constantes
transformações pelas quais a profissão passou para chegar onde está, e compreender que
nosso pensamento sozinho não transforma, a nossa intervenção deve ser pensada, repensada,
refeita, reavaliada e executada. Pois, ao longo de todo o processo de intervenção, a análise
deve ser um processo dinâmico e permanente. Somente a partir de uma análise conjunta
podemos redescobrir potencialidades e pensar coletivamente alternativas de enfrentamento,
partindo da realidade concreta dos sujeitos usuários, de suas práticas sociais, buscando a
superação do aparente, requerendo assim também uma análise sobre os lócus de intervenção,
ou seja, conhecer o local que estamos inseridos. Quando temos conhecimento acerca da
realidade em que atuamos, nossa cadeia de mediações se torna mais ampla, pois quanto maior
nosso conhecimento teórico, maiores são as nossas possibilidades de construí-las, em outras
palavras é a teoria iluminando a realidade.

REFERÊNCIAS:

PRATES, J. C. A questão dos instrumentais técnico-operativos numa Perspectiva


Dialético Crítica de Inspiração Marxiana. Textos & Contextos (Porto Alegre), v. 2, n. 1, p.
1-8, dez. 2003.
SANTOS, C. M.; SOUZA FILHO, R.; BACKX, S. A Dimensão Técnico-Operativa do
Serviço Social: questões para reflexão. São Paulo: Editora Cortez, 2017. p. 25-46.

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