Você está na página 1de 44

DIAGNÓSTICO

DO SISTEMA DE
GARANTIA DE
DIREITOS DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Cananéia, Iguape, Ilha Comprida,
Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe,
Praia Grande e São Vicente - Baixada
Santista e Vale do Ribeira (SP)

Diagnóstico 2021
Foto: UNICEF/BRZ/Manuela Cavadas

1 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


FICHA TÉCNICA

Iniciativa
Agenda Pública
Instituto Camará Calunga
Ministério Público do Trabalho - MPT
Fundo das Nações Unidas para Infância - UNICEF

Realização do diagnóstico
Agenda Pública
UNICEF

Equipe UNICEF
Adriana Alvarenga - Chefe do escritório em SP
Danilo Moura - Oficial de Monitoramento e Avaliação
Raniere Pontes - Gerente dos projetos de proteção às crianças e aos adolescentes em SP
Immaculada Prieto - Especialista de Comunicação

Equipe Agenda Pública


Sergio Andrade - Direção-executiva
Giovanna Cardoso - Projetos
Maria Rute de Moura - Projetos
Stella Ottengy - Projetos
Emanuela Nóbrega - Comunicação
Talita Perna - Comunicação

Consultor em Defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes


Lucas José Ramos Lopes

Revisão de texto
Joice Nunes – Papel Ofício Revisão de Textos

Projeto gráfico, edição de arte e diagramação


Tiago Rocha

Foto da capa
UNICEF/BRZ/Raoni Libório

2 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


LISTA DE ABREVIAÇÕES

BPC Benefício de Prestação Continuada


CAP Coordenadoria de Análise e Planejamento
CAPS Centros de Atenção Psicossocial
CMDCA Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente
CONANDA Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CT Conselho Tutelar
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
FUMCAD Fundo Municipal da Criança e do Adolescente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA Lei Orçamentária Anual
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
OCA Orçamento da Criança e do Adolescente
OSC Organizações da Sociedade Civil
PBF Programa Bolsa Família
PEP Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
PIA Planos Individuais de Atendimento
PIB Produto Interno Bruto
PNE Plano Nacional de Educação
PNI Programa Nacional de Imunizações
PPA Plano Plurianual
PSB Proteção Social Básica
PSE Proteção Social Especial
SGDCA Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
SIGAAS Sistema de Informação de Gestão da Assistência Social
SIPIA Sistema de Informação para a Infância e Adolescência

3 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Sumário

INTRODUÇÃO 05

SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 06

História do Sistema de Garantia de Direitos 06

Um Sistema entre sistemas 07

O Sistema e suas competências 07

Um Sistema que defende os direitos humanos 08

Um Sistema que promove os direitos humanos 08

Um Sistema com controle social dos direitos humanos 09

Um sistema com atribuições definidas e em movimento 11

Um Sistema fortalecido para prevenção e enfretamento


às violências contra crianças e adolescentes 12

METODOLOGIA 14

TERRITÓRIOS, SISTEMAS E SUAS ESPECIFICIDADES 15

CONSIDERAÇÕES DIAGNÓSTICAS 16

A VOZ DOS/DAS ADOLESCENTES 18

DIAGNÓSTICOS MUNICIPAIS 21

CANANÉIA 21

IGUAPE 23

ILHA COMPRIDA 25

ITANHAÉM 27

MONGAGUÁ 29

PERUÍBE 31

PRAIA GRANDE 33

SÃO VICENTE 35

CONSIDERAÇÕES PARA RESPOSTA ÀS VIOLÊNCIAS NOS TERRITÓRIOS 38

REFERÊNCIAS E FONTES 42

4 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


INTRODUÇÃO

A iniciativa Crescer com Proteção tem, entre Direitos da Criança e do Adolescente, entre eles,
outros, o objetivo de fortalecer o Sistema de Ga- conselheiros tutelares, gestores públicos e os
rantia de Direitos de Crianças e Adolescentes próprios adolescentes, e dados secundários dis-
(SGDCA) no enfrentamento às violências sexual, ponibilizados em fontes de informação pública
on-line, doméstica e letal, assim como o trabalho relativos aos oito municípios da Baixada Santista
infantil, ampliando capacidades para oferta de e Vale do Ribeira no estado de São Paulo.
programas e protocolos em resposta às violên-
O objetivo deste diagnóstico é, a partir do olhar
cias e mobilizando famílias e comunidades para
dos territórios e dos dados oficiais, oferecer uma
prevenção, identificação e resposta a todas as for-
análise panorâmica do SGDCA em cada um dos
mas de violências contra crianças e adolescentes.
municípios participantes, possibilitando aos su-
A iniciativa Crescer com Proteção é uma parceria jeitos do Sistema reconhecerem suas práticas,
entre o UNICEF e o Ministério Público do Traba- bem como os avanços e desafios da garantia da
lho (MPT) que visa proteger crianças e adoles- proteção integral de crianças e adolescentes.
centes do litoral Sul da Baixada Santista e do Vale
O diagnóstico é instrumento político porque não
do Ribeira contra todas as formas de violência.
só apresenta dados e análises, mas aproxima as
Lançada em 2020, a iniciativa busca o aperfeiço-
pessoas, constrói diálogos e fortalece relações.
amento de políticas públicas, fortalecer gestores
Diagnosticar o SGDCA é evidenciar as particula-
do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e
ridades das instituições públicas e conveniadas,
do Adolescente, engajar adolescentes e sensibi-
seus agentes e as trajetórias dos direitos huma-
lizar os cidadãos das cidades de Cananéia, Ilha
nos de crianças e adolescentes em cada muni-
Comprida, Iguape, Itanhaém, Mongaguá, Peruí-
cípio. Ele aproxima realidade e norma vigente,
be, Praia Grande e São Vicente. A iniciativa conta
sinalizando as distâncias entre o real e o ideal,
com a parceria técnica da Agenda Pública e do
sempre com uma postura positiva, encorajado-
Instituto Camará Calunga.
ra e responsável. O diagnóstico é convocatório
Para promoção, defesa e controle da efetivação e mediador. A realidade anunciada pode exigir
de direitos humanos de crianças e adolescentes, reconciliação institucional, planejamento inter-
o SGDCA adota mecanismos estratégicos como setorial, alinhamento conceitual, redefinição de
a formação de operadores do Sistema, o geren- papéis e atribuições, revisão orçamentária, pro-
ciamento de dados e informações, a mobilização cessos orientativos e formativos.
social em favor da garantia de direitos e o moni-
Pelo fato de a realidade ser sempre mais rica do
toramento e avaliação de políticas públicas.
que os dados que a representam, importa reco-
Este diagnóstico foi construído durante o segun- nhecer que este documento é uma construção
do semestre de 2020, a partir de 56 entrevistas dinâmica e representa apenas o início de uma
realizadas com atores do Sistema de Garantia de comprometida jornada de mudança.

5 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

História do Sistema
versos setores da administração pública e níveis
de governo, e em parceria com organizações

de Garantia de conveniadas não governamentais, articuladas e


integradas no atendimento. Estado e sociedade

Direitos civil constituem uma extensa rede de proteção à


criança, ao adolescente e aos seus direitos.

A complexidade da intersetorialidade e interdis-


A Doutrina de Proteção Integral à Criança e ao ciplinaridade do atendimento na rede de pro-
Adolescente, introduzida na Constituição Fede- teção, sobretudo no âmbito municipal, trouxe
ral de 1988, desejava romper com a Doutrina de muitas aprendizagens e muitos desafios, sobre-
Situação Irregular, as compreensões anteriores tudo em relação aos fluxos e protocolos de aten-
sobre a experiência social de infância e adoles- dimento e às atribuições de cada ator da rede.
cência e a cultura de atendimento vigente na Em 2006, o Conselho Nacional da Criança e do
época, normatizada pelo revogado “Código de Adolescente (CONANDA) publicou a Resolução
Menores” de 1979. 113, que dispõe sobre os parâmetros para a insti-
tucionalização e fortalecimento do SGDCA, alte-
Prioridade absoluta nos termos do artigo 227 da rada pela Resolução 117.
Constituição de 1988, os direitos de crianças e ado-
lescentes precisavam de uma Lei Federal, que en- Os direitos fundamentais da infância e da ado-
trou em vigor em 13 de julho de 1990 — o Estatuto lescência no Brasil passam a ser garantidos por
da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90. um Sistema que se articula em rede de proteção
interinstitucional e estabelece três eixos estraté-
A necessária transformação no paradigma do gicos: defesa, promoção e controle da efetivação
atendimento à criança e ao adolescente en- dos direitos humanos.
quanto sujeitos de direitos exigiu mudanças nas
culturas institucionais que apenas a Lei Federal
Clique ou leia o QRcode para
não poderia provocar sozinha. Muitos aspectos
acessar a Resolução nº 113
do atendimento realizado antes do Estatuto da do CONANDA
Criança e do Adolescente se mantinham — por
exemplo, a judicialização excessiva, por meio da
aplicação de medidas judiciais em situações que
poderiam ser mediadas em outras instâncias.

Nesse sentido, o poder público passa a operar


por meio de uma política pública específica, in-
tersetorial e interdisciplinar, executada por di-

6 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Foto: UNICEF/BRZ/Rafael Alves
Um sistema entre sistemas

O SGDCA não é o único sistema vigente no país para operacionalização de políticas públicas. Ele
convive com outros sistemas nacionais, como os de saúde, educação, assistência social, trabalho,
segurança pública, planejamento orçamentário, relações exteriores e promoção da igualdade e va-
lorização da diversidade. Por isso, articula-se entre sistemas para garantia dos direitos de crianças e
adolescentes nos âmbitos nacional e internacional. Assim, o SGDCA brasileiro deve se articular com
os sistemas similares de promoção, defesa e controle da efetivação dos direitos humanos, a fim de
buscar assistência técnico-financeira e respaldo político junto às agências e organismos interameri-
canos e internacionais que desenvolvem seus programas no país.

O sistema e suas competências

O SGDCA tem uma missão abrangente e igualmente desafiadora. Cabe a ele garantir que crianças
e adolescentes sejam reconhecidos como sujeitos de direitos, colocando-os a salvo de todas as vio-
lações e ameaças a seus direitos. Quando violações acontecem, é ele que deve garantir a apuração
e a reparação, além de defender e controlar a efetivação de direitos civis, políticos, econômicos, so-
ciais, culturais, coletivos, difusos para todas crianças e adolescentes do país. Para isso, o SGDCA deve
garantir que a opinião das crianças e dos adolescentes sejam consideradas em todos os processos
que lhe digam respeito, integrando o princípio do interesse superior da criança e do adolescente nos
processos de elaboração e execução dos atos legislativos, decisões judiciais e administrativas, polí-
ticas e programas, em consonância com o Artigo 3 da Convenção de Direitos da Criança e o artigo
227 da Constituição de 1988.

Para cumprir com suas atribuições, o SGDCA dispõe de três linhas estratégicas: efetivar os instrumentos
normativos já existentes no campo dos direitos da criança e do adolescente (Convenção de Direitos da
Criança, Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente); implementar e fortalecer as
instâncias públicas responsáveis pela operacionalização do Sistema; e facilitar o acesso aos mecanismos
de garantia de direitos.

As linhas estratégicas estão presentes nos três eixos de atuação organizados para reduzir a judicialização
excessiva; ampliar a atuação na prevenção; superar o modelo punitivo; definir atribuições e responsabi-
lidades das instituições públicas e seus agentes; e garantir os direitos a todas as crianças e adolescentes.

7 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Um sistema que defende os direitos
humanos

Para o SGDCA, defender os direitos humanos de crianças e adolescentes é garantir acesso à justi-
ça, fazendo uso dos mecanismos jurídicos de proteção aos direitos humanos e instâncias públicas
com a finalidade de garantir a impositividade e exigibilidade dos direitos. No eixo defesa, atuam
os órgãos públicos judiciais, especialmente as Varas da Infância e da Juventude e suas equipes
multiprofissionais, as Varas Criminais especializadas, os Tribunais do Júri, as comissões judiciais
de adoção, os Tribunais de Justiça, as Corregedorias-Gerais de Justiça, Polícia Civil, Polícia Técnica,
Polícia Militar, Centros de Defesa da criança e do adolescente, Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e Ministério Público.

Também compõem o eixo Conselhos Tutelares; Ouvidorias; órgãos público-ministeriais, especial-


mente as Promotorias de Justiça, os centros de apoio operacional, as Procuradorias de Justiça, as
Procuradorias-Gerais de Justiça, as Corregedorias-Gerais do Ministério Público; Defensorias Públicas;
serviços de assessoramento jurídico e assistência judiciária; Advocacia-Geral da União e as Procura-
dorias-Gerais dos Estados.

Um sistema que promove os direitos


humanos

Para promover os direitos humanos de crianças e adolescentes, o eixo promoção deve elaborar e ope-
racionalizar a política de atendimento à criança e ao adolescente prevista no art. 86 do ECA. Estrategi-
camente, a política especializada de promoção da efetivação dos direitos opera de maneira transversal
e intersetorial, articulando todas as políticas públicas, sociais, econômicas, institucionais e de infraes-
trutura, integrando suas ações em favor da garantia integral dos direitos de crianças e adolescentes.
A política de atendimento à criança e ao adolescente implica na satisfação das necessidades básicas
como garantia de direitos humanos, participação da população na formulação e controle das políticas
públicas e descentralização política e administrativa. Nesse sentido, a edição de normas e a coorde-
nação das políticas cabem à esfera federal, enquanto a coordenação e a execução dos respectivos
programas, serviços e ações são de competência das esferas distrital, municipal e entidades sociais.

O eixo promoção prevê, portanto, serviços e programas de políticas públicas, especialmente as so-
ciais, execução de medidas de proteção de direitos humanos e execução de medidas socioeduca-
tivas. Embora a definição da política de atendimento à criança e ao adolescente seja atribuição
primeira dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, é fundamental a participação e o
engajamento de todos os órgãos públicos encarregados do atendimento direto de crianças, ado-
lescentes e suas respectivas famílias. O princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente
demanda a todos os órgãos públicos, a partir da política de atendimento, revisar suas estruturas,
metodologias de abordagem e trabalho e seus orçamentos.

8 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Foto: UNICEF/BRZ/Manuela Cavadas
Um sistema com controle social dos
direitos humanos

Para garantir que a política de atendimento à criança e ao adolescente — elaborada democratica-


mente pelo Conselho de Direitos, soberano em sua definição — seja implementada em sua totalida-
de pelo poder público, o eixo controle social garante a efetivação dos direitos humanos de crianças
e adolescentes e todos os mecanismos, políticas, programas e ações previstos nos eixos defesa e
promoção. O controle social, exercido soberanamente pela sociedade civil, acontece por meio de
instâncias públicas e colegiadas próprias, com paridade da participação de órgãos governamentais
e de entidades sociais, como Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescentes (nacional, estadual
e municipal), conselhos setoriais de formulação e controle de políticas públicas e órgãos de poder
e controle interno e externo previstos na Constituição Federal. Controlar socialmente a garantia de
direitos humanos é assegurar que Orçamento da Criança e do Adolescente (OCA) e os equipamen-
tos públicos serão suficientes para resultados exitosos na prevenção e na resolução dos eventos e
fenômenos que violam os direitos das crianças e dos adolescentes.

9 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


PROTEÇÃO INTEGRAL

PR
O
Secretaria

M
Secretaria de
de Saúde

O
Cultura e Esportes

ÇÃ
Conselhos
Setoriais

O
DEFESA

Juizado da Infância Defensoria


e Juventude Pública
Conselho
Tutelar

Ministério OSC

CON
Público
Secretaria
de Educação
CMDCA TR
Secretaria de
O

CREAS
Assistência Social
L

CRAS
E
SO

Polícias Civil, Militar CAPS


e Técnica C
IA
L

10 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Um sistema
O CMDCA assume, no eixo promoção, a formula-
ção e determinação de diretrizes para a política

com atribuições
pública de atendimento à criança e ao adolescen-
te. Cabe ao CMDCA acompanhar e participar de

definidas e em
elaboração, aprovação e execução do Plano Plu-
rianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), indi-
movimento cando as modificações necessárias para alcançar
os objetivos das políticas de atenção aos direitos
da criança e do adolescente; zelar pelo princípio
constitucional da prioridade absoluta; deliberar
Conhecer as atribuições dos atores do SGDCA
sobre a política municipal de atendimento, in-
é requisito para a articulação e a integração
cluindo a gestão orçamentária do FUMCAD e o
em cada um dos eixos de atuação. Uma revi-
monitoramento do Orçamento da Criança e do
são sumária das atribuições do Conselho Mu-
Adolescente (OCA); e fiscalizar as ações, projetos e
nicipal de Direitos da Criança e do Adolescente
programas implementados. No eixo defesa, cabe
(CMDCA), Conselho Tutelar, Ministério Público,
ao CMDCA acompanhar os atendimentos realiza-
Judiciário e Poder Legislativo contribui com o
dos pelo Conselho Tutelar (CT), analisando viola-
diagnóstico porque, ao mesmo tempo, verifica
ções ou ameaças ao descumprimento de direitos
a compatibilidade entre o ideal e a realidade e
da criança e do adolescente, encaminhamentos e
orienta necessárias reorganizações no interior
reparações realizadas.
do sistema de cada município.
Ao Ministério Público cabem as atribuições previs-
O SGDCA no nível municipal deve conhecer as
tas no artigo 201 do ECA. Elas são, entre outras, reco-
atribuições de cada ator determinadas por lei e
mendar melhorias dos serviços públicos a crianças
analisar o contexto para mapear os fluxos, pro-
e adolescentes; instaurar sindicâncias, requisitar di-
tocolos e procedimentos e identificar possíveis
ligências investigatórias e determinar a instauração
sombreamentos de atribuições, seja pela inter-
de inquérito policial para apuração de ilícitos ou in-
pretação da lei, pela cultura institucional ou em
frações às normas de proteção à infância e à juven-
decorrência da trajetória de direitos humanos
tude; e promover e acompanhar os procedimentos
de crianças e adolescentes no município.
de suspensão e destituição do poder familiar.
As atribuições do Conselho Tutelar estão des-
São atribuições do Poder Judiciário, atendendo à
critas integralmente no art. 136 do ECA. Di-
prioridade absoluta estabelecida na Constituição
daticamente, podem ser entendidas como
Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescen-
atendimento às crianças e aos adolescentes
te, propor e implementar políticas públicas, rela-
e aplicação de medidas de proteção quando
cionadas à justiça da infância e da juventude na
necessárias; atenção e aconselhamento aos
esfera do Poder Judiciário, a quem cabe, na ela-
pais ou responsáveis; encaminhamento ao
boração de sua proposta orçamentária, prever
Ministério Público de notícia ou fato que ca-
recursos para manutenção de equipe interprofis-
racterize infração penal ou administrativa aos
sional, destinada a assessorar a Justiça da Infân-
direitos das crianças e adolescentes; expedição
cia e da Juventude conforme o artigo 150 do ECA.
de notificações de violações de direitos; enca-
minhamento à autoridade judiciária dos casos Para o SGDCA, é fundamental que o Poder Legis-
que demandarem as competências de tal ins- lativo contribua na articulação entre sociedade
tância; assessoria ao CMDCA na elaboração da civil e Poder Executivo; na aprovação de leis que
proposta orçamentária para planos e progra- favoreçam o acesso de crianças e adolescentes a
mas; fiscalização de entidades de atendimento direitos; a realização de audiência públicas afetas
à criança e ao adolescente; e representação do aos direitos humanos, que promovam a participa-
Ministério Público para efeito de ações de per- ção social no sistema; e a aprovação dos Planos
da ou suspensão do poder familiar. Plurianuais (PPAs).

11 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Um sistema
Se não detalhado normativamente, o papel de
outros atores pode ser elaborado com base em

fortalecido para
práticas promissoras e caracterizam-se sempre
em movimento e, portanto, demandante de revi-
são. Destaca-se, por exemplo, o papel do Tercei-
ro Setor, com ênfase nos institutos, fundações e prevenção e
empresas. No cenário local, empresários podem,
por exemplo, direcionar seu Investimento Social enfrentamento
Privado (ISP) para fortalecer políticas públicas
destinadas a crianças e adolescentes. A proximi- às violências
dade da atividade empresarial local com o SGD-
CA é importante para fortalecimento dos fundos contra crianças e
municipais para infância e adolescência e para
alinhamento da responsabilidade social das em-
presas com as demandas do território. Mobilizar
adolescentes
empresas para o entendimento dos direitos de
crianças e adolescentes é uma estratégia urgente
para a garantia de direitos. O SGDCA, que já operava na prevenção e no en-
frentamento às violências, foi fortalecido pela Lei
As Polícias Civil, Militar e Técnica, atuando a partir 13,431/2017, que o organiza especificamente para
de suas atribuições específicas, colaboram com a o atendimento integrado à criança e ao adoles-
proteção integral da criança e do adolescente não
cente que foi vítima ou testemunhou violência.
apenas quando seu papel é apurar a ocorrência
O Decreto n.° 9.603, de 2018, que regulamenta a
de crime e responsabilizar seus autores. As polí-
lei, estabelece que os órgãos, programas, servi-
cias são responsáveis pela defesa dos cidadãos,
ços e equipamentos das políticas setoriais que
de sua dignidade e de seus direitos.
integram os eixos de promoção, controle e defe-
Secretarias Municipais (Educação, Assistência, sa do SGDCA compõem o sistema e são respon-
Saúde, Cultura e Esporte) são atores do Executi- sáveis pela detecção dos sinais de violência.
vo fundamentais para o SGDCA. Suas atribuições,
definidas em seu escopo de atuação, precisam É competência do sistema mapear as formas de
estar integradas entre si (intersetorialidade) e violência e suas particularidades, prevenir os atos
articuladas com os outros poderes (Legislativo e de violência, fazer cessar a violência, prevenir a
Executivo) para a garantia de direitos de crianças reiteração da violência já ocorrida, promover a re-
e adolescentes. Dificuldades de integração inter- paração integral dos direitos da criança e do ado-
setorial impactam diretamente na articulação lescente e promover o atendimento para minimi-
com a rede e fragilizam o atendimento integral
zar os impactos da violência em suas trajetórias.
nos termos da proteção integral.

Clique ou leia o QRcode para


acessar o Estatuto da Criança Violências tipografadas, conhecer para
e do Adolescente
prevenir

Para garantir que crianças e adolescentes, no


âmbito das relações sociais, familiares e do-
mésticas, sejam protegidos de toda forma de
discriminação, crueldade, negligência, explora-
ção, abuso, violência e opressão, a Lei 13.431/2017
determina que a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios desenvolvam políticas

12 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


integradas e coordenadas para a garantia dos xual, mediante ameaça, uso de força ou outra
direitos humanos das crianças e dos adolescen- forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso
tes. Além disso, tipifica algumas violências como de autoridade, aproveitamento de situação de
a violência institucional, estabelece mecanismos vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pa-
de escuta especializada e depoimento protegido gamento, entre os casos previstos na legislação).
e os procedimentos nos casos de revelação es-
Violência institucional
pontânea de violência.
Violência praticada por agente público no de-
Violência física
sempenho de função pública, em instituição de
Ação que ofenda a integridade ou a saúde cor- qualquer natureza, por meio de atos comissivos
poral, ou que cause sofrimento físico. ou omissivos que prejudiquem o atendimento à
criança ou ao adolescente vítima ou testemunha
Violência psicológica
de violência, inclusive quando gerar revitimização.
Discriminação, depreciação ou desrespeito
mediante ameaça, constrangimento, humilha- Clique ou leia o QRcode para
ção, manipulação, isolamento, agressão verbal acessar a Lei 13.431/2017

e xingamento, ridicularização, indiferença, ex-


ploração ou intimidação sistemática que possa
comprometer seu desenvolvimento psíquico ou
emocional; alienação parental — interferência
na formação psicológica promovida ou induzida
por um dos genitores, pelos avós ou por quem
os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilân-
cia, que leve ao repúdio de genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção
de vínculo com este; qualquer conduta que ex-
Clique ou leia o QRcode para
ponha, direta ou indiretamente, a crime violen- acessar: As dez principais
to contra membro de sua família ou de sua rede contribuições da Lei 13.431/2017
para o enfrentamento de
de apoio, independentemente do ambiente em violências contra crianças e
que cometido, particularmente quando isso a adolescentes

torna testemunha.

Violência sexual

Conduta que constranja a criança ou o adoles-


cente a praticar ou presenciar conjunção car-
nal ou qualquer outro ato libidinoso, inclusive
exposição do corpo em foto ou vídeo por meio
eletrônico ou não, realizado de modo presencial
ou por meio eletrônico que compreenda: abuso
sexual (utiliza criança ou adolescente para fins
sexuais), seja conjunção carnal ou outro ato libi- Clique ou leia o QRcode para
acessar o Pacto Nacional pela
dinoso, para estimulação sexual do agente ou de Escuta Protegida
terceiro); exploração sexual comercial (atividade
sexual em troca de remuneração ou qualquer
outra forma de compensação), de forma inde-
pendente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo
de terceiro; tráfico de pessoas (recrutamento,
o transporte, a transferência, o alojamento ou
o acolhimento, dentro do território nacional ou
para o estrangeiro, com o fim de exploração se-

13 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos neste diag-


nóstico, a estratégia metodológica considera a Direito à participação de
análise quantitativa e qualitativa de dados pri- crianças e adolescentes
mários e secundários, com revisão bibliográfica
e entrevistas semiestruturadas realizadas com
atores do SGDCA e beneficiários das políticas Declaração Universal dos Direitos
nos municípios participantes da iniciativa. Humanos, de 1948; Artigo 21
O conjunto de dados secundários comporta a Constituição da República Federativa do
análise de indicadores e dados da saúde, educa- Brasil (CF) de 1988; Artigos 1º, 14
ção e proteção social de crianças e adolescentes
Convenção dos Direitos da Criança (CDC)
dos últimos seis anos e dados demográficos e
de 1989; Artigos 2º, 3º, 6º, 12, 23, 31
socioeconômicos oficiais dos municípios. Com-
plementarmente, as análises consideraram os Estatuto da Criança e do Adolescente
resultados produzidos no Diagnóstico Rápido do (ECA), Artigos 3º, 4º, 16, 53
Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Estatuto da Juventude, Lei Federal n.º
Adolescente, da iniciativa Crescer com Proteção,
12.852 de 2013, Artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 12,
publicado em agosto de 2020.
42, 45
Os dados primários são constituídos de cinquen- Resoluções 197 e 191 do CONANDA
ta e seis (56) entrevistas, realizadas em dois blo-
cos, entre agosto e setembro de 2020, sendo
trinta (30) entrevistas com agentes públicos e de
Organizações da Sociedade Civil (OSC) conve-
niadas e vinte e seis (26) entrevistas com atores
Categorias de análise
sociais dos municípios, jovens, profissionais da
educação e lideranças comunitárias. A partici- Os questionários pré-estruturados utilizados nas
pação representativa de adolescentes no diag- entrevistas foram elaborados com base na para-
nóstico, alinhada às normas que consagram a metrização e institucionalização do SGDCA, por
proteção integral que os eleva à condição de su- isso as respostas dos entrevistados possibilitam
jeitos de direitos, possibilita uma verificação pre- identificar as principais características do SGD-
liminar para compreender se a percepção dos CA local a partir de oito (8) categorias de análise.
atendidos pelas políticas sociais dialoga com os A observação de tais características possibilita-
dados oficiais disponíveis e as intencionalidades rá a indicação de recomendações gerais para os
do poder público. municípios de como fortalecer o SGDCA.

14 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


1.
8. Perfil das
Práticas crianças e
promissoras adolescentes

7. 2.
Violência
Principais e outras
dificuldades violações de
direitos

6. 3.
Fundo Procedimentos
Municipal de e protocolos de
Direitos das atendimento
Crianças e dos dos casos de
Adolescentes violação de
direitos

5. 4.
Articulação e Registro e
integração do acompanhamento
Sistema dos atendimentos

TERRITÓRIOS, SISTEMAS E
SUAS ESPECIFICIDADES

Na leitura deste diagnóstico, é fundamental dar gular, historicamente único. Portanto, a para-
importância às especificidades territoriais e aos metrização e a institucionalização do Sistema
seus efeitos no SGDCA. Há variações locais que se conforme as Resoluções n.o 113 e n.o 117 do CO-
estabelecem em função da trajetória de direitos NANDA, implementação da Lei n.o 13.431/2017
humanos de crianças e adolescentes nos municí- (Sistema de Garantia de Direitos de Crianças
pios, da trajetória pessoal dos operadores do Sis- e Adolescentes vítima ou testemunha de vio-
tema, da estrutura disponível e dos fatores sociais. lência) e atendimento à primeira infância con-
forme Lei n.o 13.257/16, exigem construção de
As diferenças são potencialmente oportunida-
estratégias, planejamentos e planos de ação
des de aprendizagem, portanto, ao dispor os ter-
individualizados.
ritórios, seus dados, contextos e subjetividades,
o diagnóstico não propõe qualquer comparação A oportunidade que este diagnóstico oferece
entre os municípios — salvo ponderações quan- ao apresentar os dados por município na mes-
titativas em relação aos dados nacionais, impor- ma publicação é proporcionar uma análise
tantes como parâmetro analítico. regional e fomentar um espaço de formação
conjunta. Os territórios são educativos quan-
Ao reconhecer o cenário atual do SGDCA em
do suas especificidades são respeitadas e aco-
cada município, exige-se olhar para cada ter-
lhidas sempre como práticas promissoras ou
ritório enquanto espaço de sociabilidade sin-
oportunidades de mudanças.

15 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


CONSIDERAÇÕES DIAGNÓSTICAS

As entrevistas e os dados disponíveis permitem f raestrutura insuficiente (falta de computado-


a indicação de considerações diagnósticas ge- res e acesso à internet adequados) e alta com-
rais que podem contribuir com análises terri- plexidade dos sistemas e ferramentas oficiais
toriais como: mapeamento de processos para existentes.
identificação dos fluxos, protocolos e encami-
nhamentos, diagnóstico da situação da infância A articulação se demonstrou frágil em todos os
e adolescência no município e estudo de vulne- municípios, em hipótese e em grande parte por
rabilidades por territórios. problemas de relacionamentos pessoais, diver-
sas vezes mencionados nas entrevistas. O SGDCA
Neste sentido, com base nas entrevistas, é pos- de todos os municípios participantes demanda
sível inferir que todos os municípios pesquisa- mediação de conflitos, repactuação de parce-
dos apresentam um SGDCA estabelecido, com rias e maior institucionalização das relações, por
composição maior ou menor, conforme o seu meio de revisão de atribuições, desenho de pro-
tamanho e as suas condições estruturais. Ob- cessos, construção de protocolos e fluxos. Todos
serva-se, como se poderia esperar, que os muni- os SGDCA pesquisados apresentam conflitos de
cípios que dispõem de mais recursos são aque- ordem político-ideológica, mas com igual clareza
les que apresentam maior população, maior do marco normativo e da necessidade de maior
densidade demográfica, maior urbanização e institucionalização da atuação com base nos pa-
desigualdade social, formando contingentes de râmetros legais. Repactuar relações e institucio-
população vulnerável situada em condições pe- nalizar processos é, indubitavelmente, um dos
riféricas e de alta exposição a riscos de violência, maiores desafios para os municípios analisados.
cujos relatos dos entrevistados apresentam alta
incidência de casos de violação de direitos às Identifica-se uma tendência de municípios me-
crianças e aos adolescentes. nores apresentarem maior facilidade de intera-
ção entre os profissionais atuantes no CMDCA,
Diagnostica-se que, em geral, todos os muni- em hipótese, em razão da proximidade geográ-
cípios analisados dispõem de equipamentos e fica e pessoal, não sem excluir as tensões relacio-
serviços sobrecarregados, com equipe, estru- nais já mencionadas.
tura e recursos financeiros insuficientes para a
demanda de atendimento. No que concerne às equipes, em todos os muni-
cípios o baixo efetivo foi indicado como fator de
O quesito “registro e acompanhamento dos risco à qualidade dos atendimentos. A inexistên-
atendimentos” demanda atenção em todos os cia ou o quadro reduzido de profissionais da psi-
municípios. As entrevistas apontam para insu- cologia e psiquiatria foi um dos pontos mais pre-
ficiência de registros dos casos de violação de sentes nos relatos. A insuficiência quantitativa
direitos no SIPIA ou assemelhado, Sistema de no efetivo é fator de atenção, sobretudo para a
Informação de Gestão da Assistência Social (SI- garantia do atendimento preconizado no ECA e
GAAS). Os principais fatores apresentados fo- a escuta especializada de crianças e adolescen-
ram baixo efetivo nos órgãos que compõem o tes vítimas ou testemunhas de violência prevista
SGDCA, consequente sobrecarga da equipe, in- na Lei n.o 13.431/2017.

16 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Embora um levantamento detalhado de equipa-
mentos e capacidades possa oferecer um diagnós-
tico mais preciso da capacidade de atendimento
instalada, observa-se que de oito (8) municípios
analisados, três (3) não dispõem de CREAS e um (1)
não possui CAPS, dificultando o atendimento local
especializado em saúde mental.

Observa-se que, em alguns municípios, as visi-


tas domiciliares, realizadas pelo CT e CRAS para
verificação da situação do contexto familiar da
criança e do adolescente, estão comprometidas
por razões de mobilidade e acesso, consideran-
do a extensão e a diversidade territorial (áreas de
difícil acesso, estradas precárias, necessidade de
uso de embarcações etc.); reduzida equipe habi-
litada e preparada para o atendimento; escassez
ou inexistência de meios de transporte (veículo
oficial, dependência de agenda e motorista de
outro órgão); volume da demanda; e complexi-
dade dos atendimentos.

Diagnostica-se baixa interação do SGDCA dos


municípios em questão com as unidades básicas
de saúde. Dos oito (8) municípios, em apenas um
(1) foi mencionada, de forma explícita, a articula-
ção e a integração com as unidades de saúde. Da
mesma forma, a participação das polícias Civil,
Militar e Técnica no SGDCA foi mencionada em
apenas um dos municípios.

Sobre o aspecto formativo, conforme o Art. 70,


inciso III, do ECA, as entrevistas indicam que não
existem programas de formação continuada
para agentes do SGDCA em todos os municípios
verificados.

Sobre a Prevenção Especial — acesso à informa-


ção, à cultura, ao lazer, aos esportes, a diversões
e espetáculos —, as entrevistas evidenciam que
todos os municípios são deficitários na oferta de
atividades e serviços às crianças e aos adoles-
Foto: UNICEF/BRZ/Alécio Cézar

centes, aspecto que exige, tal qual as demais ve-


rificações, atenção urgente em consideração aos
impactos gerados por ausência ou insuficiência
de tais serviços no desenvolvimento das crian-
ças e adolescentes, em seus projetos de vida e
na prevenção às violências.

17 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


A VOZ DE ADOLESCENTES

Para este diagnóstico, preconizando o direito à


participação, adolescentes dos oito (8) municí-
pios foram escutados em entrevistas. A contri-
buição dos adolescentes qualifica a análise do
SGDCA dos territórios pesquisados e oferece pis-
tas de ação que podem ampliar a proteção inte-
gral nos municípios. Como resultado da escuta,
são apresentadas quatro temáticas, seleciona-
das por frequência de ocorrência nas entrevistas.

O acesso à informação, à cultura, ao lazer, ao es-


porte e a diversões e espetáculos, assim como a
oportunidades de aprendizagem e emprego para
adolescentes, foi descrito pelos adolescentes es-

Foto: UNICEF/BRZ/Fábio Hirata


cutados como insuficiente em todos os muni-
cípios. “Aqui onde eu moro, tem gente, adoles-
centes mesmo, que não têm o que fazer aqui, é
um lugar parado, entretenimento não tem muita
coisa. Em lugar mais afastado, em zona rural, não
tem também atendimento médico”

O art. 4° do ECA estabelece que “é dever da famí-


lia, da comunidade, da sociedade em geral e do centes observa as condições de equipamentos
poder público assegurar, com absoluta priorida- instalados em seu território:
de, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao “Aqui onde moro, há dois anos, a prefeitu-
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ra construiu uma praça de lazer, com meia
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e quadra de basquete, vôlei, campo de fute-
comunitária”. Os produtos e serviços e as ofertas bol, parquinho de criança, parquinho ao ar
de cultura e lazer devem atender às exigências livre, mas tem um problema que fizeram de
características do desenvolvimento de crianças ferro, muito perto da praia, então já estra-
e adolescentes. O art. 71 do ECA estabelece que gou e está abandonado”.
“a criança e o adolescente têm direito a informa-
O grupo escutado também menciona a violação
ção, cultura, lazer, esportes, diversões, espetácu-
ao direito à profissionalização e à proteção no
los e produtos e serviços que respeitem sua con-
trabalho. O art. 60 do ECA assegura que “é proi-
dição peculiar de desenvolvimento”.
bido qualquer trabalho a menores de quatorze
Os adolescentes ouvidos também avaliaram as anos de idade, salvo na condição de aprendiz”.
ações do Poder Executivo relacionadas a inter- Uma das adolescentes entrevistadas relata sua
venções em lugares públicos. Um dos adoles- experiência: “Eu já trabalhei também, informal-

18 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


“[...] a escola e a prefeitura como um todo
mente, em quiosque, em pizzaria aqui da cidade,
podiam ser mais presentes em tópico que
trabalhei assim, por dois, três meses, eram todos
envolvem a saúde dos alunos, como drogas
os dias, não era registrado e não era jovem apren-
e educação sexual, pois é uma coisa neces-
diz também, eu recebia como funcionária assim,
sária e não deveria ser só para dizer que
de bico. Muita gente aqui na cidade trabalha em
faz, mas ser realmente ativo”.
quiosques e às vezes é só aquele dinheiro de pe-
ríodo de férias, que o pessoal de São Paulo vem O quarto tema recorrente em todos os muni-
e geralmente essa é a única época que algumas cípios participantes da iniciativa Crescer com
famílias têm dinheiro aqui na cidade para viver, Proteção diz respeito à abordagem inadequa-
por causa dos trabalhos nos quiosques, que eu da de agentes da segurança pública. Todos os
tinha comentado”. Em todos os municípios fo- adolescentes entrevistados relataram ou terem
ram identificadas narrativas que representam a sido abordados de forma inadequada, ou teste-
realidade do trabalho informal de adolescentes, munharam abordagem violenta, ou conhecem
portanto, violação de direitos. É imprescindível outros adolescentes que vivenciaram violência
que todos os municípios identifiquem oportuni- institucional por agentes de segurança pública.
dades de ampliação dos serviços de aprendiza- Em um dos relatos, um adolescente explica que
gem e atuem ativamente em prevenção e com-
bate ao trabalho ilegal. “[...] a maioria das abordagens que aconte-
cem aqui [...] é por causa da aparência. Se o
Os adolescentes de todos os municípios parti- policial olha para o jovem e ele tem precon-
cipantes relataram a ausência ou a insuficiên- ceito, pensa: ‘ah, ele deve usar alguma dro-
cia das ações de prevenção, conscientização e ga, então vamos abordar ele’. [...] acho que
acesso à informação, sobretudo em temas como o fator principal deles é a aparência dos jo-
uso ou dependência de drogas ilícitas e acesso vens, a maneira de se vestir também, se o
à informação sobre temas da sexualidade e do jovem está com boné, roupa larga, não sei,
desenvolvimento humano. Um dos adolescentes sabe, acho que é um quesito que leva muito
relata que o acesso à informação ocorreu em consideração, a aparência dos jovens”.

“[...] em rádio, mas só durante época de O parágrafo único da do Art. 3° do ECA estabe-
carnaval, por exemplo, e na escola eram lece que os direitos enunciados no ECA “apli-
essas palestras pontuais, que eram campa- cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
nhas sobre educação sexual, políticas pú- discriminação de nascimento, situação familiar,
blicas da prefeitura, jogos e uso de drogas”. idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
deficiência, condição pessoal de desenvolvimen-
Para outro adolescente,
to e aprendizagem, condição econômica, am-
“raras foram as vezes em que a escola pa- biente social, região e local de moradia ou outra
rou (para abordar os temas) [...] teve uma condição que diferencie as pessoas, as famílias
professora que não estava autorizada, não ou a comunidade em que vivem”. É imperativo
estava na grade escolar, e disse que não que em todos os municípios o SGDCA estabele-
admitia que saíssemos sem esse conheci- ça ou fortaleça o diálogo com a segurança pú-
mento, então ela deu duas aulas disso. A blica, e que os órgãos competentes investiguem
escola nunca chegou assim e disse ‘isso condutas violadoras de direitos contra crianças e
aqui é importante para vocês’, foi essa pro- adolescentes, eventualmente praticadas por ser-
fessora que passou e pronto”. vidores públicos.

Para ampliação do acesso à informação, um dos Durante abordagens policiais, crianças e adoles-
adolescentes sugere que centes possuem direitos que devem ser garan-

19 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Foto: UNICEF/BRZ/Sabrina Mesquita
tidos. Entre eles, o de solicitar a presença de seus pais ou responsáveis
no local da abordagem; não serem conduzido/as em compartimento fe-
chado da viatura; terem a presença de um agente do sexo feminino jun-
to às equipes para a realização de busca pessoal em meninas (crianças
ou adolescentes). Também deve ser respeitada a identidade de gênero
— é direito da criança e do adolescente optar pela revista realizada por
agente do sexo masculino ou feminino. Crianças e adolescentes podem
gravar, filmar ou realizar qualquer registro das ações dos policiais ou
guardas durante a abordagem e/ou apreensão.

Os municípios podem elaborar cartilhas informativas para formação dos


agentes de segurança pública, famílias, crianças e adolescentes. Sugere-
-se a leitura da cartilha elaborada pelo Conselho Gestor de Medidas Socio-
educativas em Meio Aberto de Porto Alegre (RS), disponível no QR Code.

A potente contribuição dos adolescentes traz a este diagnóstico o cará-


ter participativo da política pública da infância e da adolescência e deve
ser considerada, pelos órgãos e agentes do SGDCA, com absoluta priori-
dade no conjunto das recomendações que são oferecidas pela iniciativa
Crescer com Proteção.

Clique ou leia o QRcode para


acessar o documento : Direitos
das crianças e adolescentes em
abordagens policiais

20 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


POPULAÇÃO DE CRIANÇAS

16.198
IDHM 2010
20
POPULAÇÃO
103.102 HAB. 0,745 E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH 15
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)

(x1.000) habitantes
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010
FONTE: IBGE
População entre 0 a 3 anos em 2020

6.172
10

5.221
DIAGNÓSTICOS
População entre 4 a 5 anos em 2020

3.045
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020

1.626
5

R$ 18.811,6 DEMOGRÁFICA População entre 15 a 17 anos em 2020

MUNICIPAIS
FONTE: IBGE, 2017 144,69 HAB/KM² População com 18 anos em 2020
FONTE: IBGE, 2010 0

CANANÉIA
Cananéia tem população total estimada em 12.541 habitan-

Cananéia
tes, dos quais cerca de 4 mil são crianças e adolescentes.

754
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS

709
IDHM 2010
800
POPULAÇÃO
12.541 HAB. 0,720 700 E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH 600
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010 500
Habitantes

372
FONTE: IBGE
400 População entre 0 a 3 anos em 2020

População entre 4 a 5 anos em 2020

216
300

186
PIB PER CAPITA DENSIDADE 200
População entre 6 a 14 anos em 2020

R$ 20.522,82 DEMOGRÁFICA 100


População entre 15 a 17 anos em 2020

FONTE: IBGE, 2017 10.13 HAB/KM² População com 18 anos em 2020


FONTE: IBGE, 2010 0

De janeiro de 2015 a setembro de 2020, a Secre- acima da taxa estadual para o mesmo período
taria de Segurança Pública de São Paulo não re- (0,1 para as séries iniciais e 0,7 para as séries fi-
gistra nenhum caso de morte violenta de ado- nais). A taxa nacional de abandono no Ensino
lescente em Cananéia. Foram registradas, em Fundamental em 2019 foi registrada em 0,6% nas
2019, 6 ocorrências de estupro de vulnerável; até séries iniciais e 1,9% nas séries finais. A taxa de
outubro de 2020, foram registradas 7 ocorrên- abandono no Ensino Médio também preocupa.
cias. Em 2019, o município registrou 102 casos de Cananéia registrou, em 2019, taxa de abandono
lesão corporal dolosa. Os dados disponíveis até no ensino médio de 6,7% — acima da taxa esta-
outubro de 2020 são de 67 novos registros da dual (2%) e da taxa nacional (4,8%). A distorção
mesma natureza. idade-série é outro indicador que se apresenta
elevado, sobretudo nos anos finais do Ensino
A educação é um ponto de atenção para o mu-
Fundamental (13,5%). Nas séries iniciais, a taxa de
nicípio. A taxa de cobertura da Educação Infantil
distorção é de 6,4%. O estado de São Paulo regis-
(2019) é de 85%, abaixo da cobertura no estado
trou no mesmo período analisado, taxa de dis-
(89,8). No Brasil, para o mesmo período analisa-
torção menores (4,0 nas séries iniciais e 10,7 nas
do, a taxa de cobertura da Educação Infantil foi de
séries finais) e no ensino médio (18,5%). A taxa de
77,1%. As entrevistas observam que há no municí-
distorção de idade no ensino médio (2019) é de
pio, equipamento ocioso para educação infantil:
18,5%, também acima da taxa estadual (11,9). A
“[...] a gente tem falta de vaga, apesar de taxa nacional para o mesmo indicador e período
ter uma creche novinha, mas não tem gen- é de 26,2%.
te para ficar na creche. Então a creche tá
Na saúde infantil, o percentual de crianças de
lá definhando, já começou a ter infiltração,
até 1 ano vacinadas com a primeira dose da va-
toda cheia de móveis e cadeiras escolares,
cina tríplice viral é 51,05%, um resultado muito
mas sem professor. [...]. Inclusive, essa cre-
ruim, já que a meta de cobertura proposto pelo
che foi construída por conta de um pacto
PNI é de, no mínimo, 95%. Outro indicador preo-
do Ministério Público”.
cupante é a proporção de crianças de até 5 anos
A taxa de abandono no Ensino Fundamental é com indicação de peso elevado para a idade, que
de 0,2% nas séries iniciais e 2,5% nas séries finais, chega a 13,25%, muito acima do percentual no

21 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


estado (5,99) e do percentual nacional (6,96). e adolescentes acessarem as políticas públicas no
distrito de Airiri, bem como a ausência de biblio-
A taxa de mortalidade neonatal (0 a 27 dias) re- teca pública distrital. A falta de acesso à informa-
gistrada é de 5,49, menor que a taxa estadual ção é outro dado recorrente nas entrevistas:
(7,44) e nacional (8,54). Já a taxa de mortalidade
infantil está em queda em relação aos dois anos “Se todas as pessoas tivessem acesso à
anteriores ao período analisado (2018), tendo informação e entendessem o contexto, de
sido, 23,53 em 2016 e 10,53 em 2017. Para 2018, a que tem leis, tem acesso... A gente não sabe
taxa estadual foi de 10,77 e a nacional, 12,18 por como todo mundo vive, se tem agressão em
mil nascidos vivos. casa, violência, abuso sexual, a gente sabe
das nossas famílias, que tá um do lado do
No município, 990 crianças e adolescentes fo- outro, mas das outras comunidades a gen-
ram beneficiados pelo Programa Bolsa Família, te não sabe. Para diminuir esses casos uma
45,29% da população entre zero a quinze anos. ação preventiva mesmo, mais apoio, mais
participação. Esses órgãos de apoio deve-
riam ser fortalecidos, não reduzidos. Tem
Articulação e Integração do Sistema que ter mais gente atuando nas comunida-
des tradicionais. Por conta do isolamento,
Foi identificado um reforço recente para a inte-
da distância que a gente está da cidade, a
gração e a articulação do SGDCA em Cananéia.
gente sofre bastante por falta de acesso a
Em 2019, departamentos municipais de desen-
água, esgoto, educação de qualidade...”.
volvimento, assistência social, saúde, esportes,
educação e cultura, além do Judiciário, CRAS, Foram identificadas demandas de ampliação das
polícias civil e militar e integrantes da Casa de possibilidades de acesso à informação para crian-
Acolhimento passaram a se reunir para definir ças e adolescentes sobre os temas de educação
protocolos de trabalho. Ainda não há dados sufi- sexual, consumo de álcool e outras drogas e, de
cientes sobre os resultados da nova organização forma mais genérica, sobre a violações de direitos.
da rede, mas agentes do SGDCA entrevistados
relatam a necessidade de maior diálogo entre
os órgãos e alinhamento entre os atores sobre a Práticas promissoras
doutrina de proteção integral:
Entre as práticas promissoras identificadas na
“[...]o entendimento desses atores, por pesquisa em Cananéia, destacam-se os esforços
exemplo, na questão dos direitos humanos de articulação do Ministério Público e da Defen-
mesmo. A gente tem aqui no município al- soria Pública para formação da rede de proteção.
guns protocolos que são violadores de di-
reitos, ao invés de garantidores”.

As entrevistas apontaram a falta de integração


com organizações da sociedade civil como ponto
de atenção.

Principais dificuldades

Alguns desafios familiares foram identificados


no SGDCA de Cananéia: a ausência de programa
de formação continuada; a escassez de recursos;
e a pouca oferta de serviços e atividades para
crianças e adolescentes, especialmente opções
de cultura e lazer.

As entrevistas relatam as dificuldades de crianças

22 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


POPULAÇÃO IDHM 2010
50
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS PO
330.845 HAB. 0,754 E ADOLESCENTES 57

49.473
40
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH PO
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799) PO

(x1.000) habitantes
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010 TCU

18.993
30
FONTE: IBGE FON
População entre 0 a 3 anos em 2020

16.018
20 População entre 4 a 5 anos em 2020

9.514
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020
PI

5.169
R$21.574,50 DEMOGRÁFICA 10
População entre 15 a 17 anos em 2020 R$
FONTE: IBGE, 2017 2.215,97 HAB/KM² População com 18 anos em 2020 FON
FONTE: IBGE, 2010 0

IGUAPE
O município de Iguape apresenta população estimada em
30.989 habitantes, dos quais mais de 9 mil são crianças e

Iguapeadolescentes.

POPULAÇÃO DE CRIANÇAS

5.081
POPULAÇÃO IDHM 2010 PO
6

30.989 HAB. 0,726 5


E ADOLESCENTES 11
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH PO
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799) (x1.000) habitantes 4 PO
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010 TCU
FONTE: IBGE FON
3 População entre 0 a 3 anos em 2020

1.627

1.618
População entre 4 a 5 anos em 2020
2
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020
PI

968
496

R$26.430,11 DEMOGRÁFICA 1 População entre 15 a 17 anos em 2020 R$


FONTE: IBGE, 2017 15.66 HAB/KM² População com 18 anos em 2020 FON
FONTE: IBGE, 2010 0

Entre janeiro de 2015 e setembro de 2020, houve, de atenção para observar a evasão escolar, que
em Iguape, segundo a Secretaria de Segurança pode ser impactada pela necessidade de deslo-
Pública de São Paulo, 2 mortes violentas de ado- camento das crianças nessas áreas:
lescentes: um homicídio doloso, e uma morte
“[...] muitas escolas de zona rural foram fe-
decorrente de intervenção policial.
chadas por conta de verba, então as pes-
Em Iguape, 10 estupros de vulnerável foram re- soas têm que se locomover até o centro da
gistrados em 2019; até outubro de 2020, outras cidade, então acaba sendo muito cansati-
8 ocorrências foram registradas. O número de vo, acabam acordando cedo, às vezes falta
lesão corporal dolosa em 2019 foi de 141 casos, ônibus, às vezes os ônibus quebram. Isso
e até outubro de 2020, outras 91 ocorrências da existe muito aqui na minha cidade, até por-
mesma natureza foram notificadas. que existem muitos bairros, e acredito que
o município, por ser pequeno, não abrange
A cobertura de educação infantil (2019) é de
o que é esperado, infelizmente”.
70,3%, muito abaixo da taxa estadual (89,8) e
nacional (77,1). A taxa de abandono escolar em A distorção idade-série no Ensino Fundamental
Iguape, em 2019, era de 0,1% para as séries ini- (2019) apresenta taxa de 2,9% nas séries iniciais e
ciais e zero para as séries finais do Ensino Fun- 6,7% nas séries finais, números melhores do que
damental. Para o mesmo indicador e período, a as taxas estaduais (4,0 e 10,7 para séries iniciais
taxa estadual registrada é de 0,1% nas séries ini- e finais, respectivamente) e nacional (10,5 e 23,4
ciais e 0,7% nas séries finais, e a taxa nacional de para séries iniciais e finais, respectivamente). No
0,6% nas séries iniciais e 1,9% nas séries finais. No Ensino Médio, o município tem a menor taxa de
Ensino Médio, Iguape registrou taxa de abando- distorção se comparada aos últimos cinco anos
no de 0,2%, enquanto no estado a taxa foi de 2% ao período analisado (2019), com 4,2%. Já a taxa
e no país, 4,8%. estadual para o indicador e o período é de 11,9, e
a taxa nacional alcança 26,2% de distorção idade
Entrevistados relataram o fechamento de es-
série em estudantes do ensino médio.
colas em áreas rurais do município, um ponto

23 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Na saúde infantil, o percentual de crianças até Principais dificuldades
1 ano que receberam a primeira dose da vacina
Entre os desafios identificados para o SGDCA
tríplice viral em 2019 foi 71,86%, inferior à cober-
em Iguape estão a falta de profissionais, em es-
tura recomendada (95%). A taxa de mortalidade
pecial da psicologia, na área da saúde; ausência
neonatal (2018), é de 8,4 expressiva queda em re-
do FUMCAD; inexistência de um programa de
lação ao ano anterior (2017) que apresentou taxa
formação continuada; escassez de recursos; e
de 27,32 por mil nascidos vivos. No mesmo pe-
consequente falta de apoio aos equipamentos
ríodo (2018), o Brasil registrou taxa de 8,54% e o
do sistema. As entrevistas apontam para pre-
estado de São Paulo, 7,44%. A taxa de mortalida-
ocupação com as ofertas limitadas de oportu-
de infantil (2018) é de 13,40% e se mantém acima
nidades de acesso à cultura, esporte, e lazer, o
das taxas nacional (12,18) e estadual (10,77).
que aumenta os riscos de violações de direitos e
A saúde infantil exige urgente avaliação. A pes- aprofundam as desigualdades.
quisa registrou relato de ausência de pediatras
Entrevistada do SGDCA relata o contexto de apa-
no sistema público de saúde do município:
tia na adolescência, observando que durante o
“a gente aqui está sem pediatra. Faz uns atendimento a adolescentes, quando
dois anos que meu filho não consegue ter
“fazem perguntas básicas, pergunta o que
retorno na pediatra, aqui só tem clínico ge-
ele gostaria da vida, o que ele precisa no
ral, está bem difícil...”.
momento, ele não sabe responder. Se você
O município se destaca entre aqueles com o fizer uma perguntinha básica, um exercício
maior número de cadastros de beneficiários do de conto numa entrevista, se você encon-
Programa Bolsa Família, sendo que 65,77% da trasse um gênio na lâmpada para fazer três
população na faixa etária de zero a quinze anos pedidos, eles não sabem o que pedir. Então
está cadastrada no programa. Até agosto de a gente tem essa dificuldade com eles, mas
2020, mais de 3 mil meninas e meninos recebe- isso precisa ser construído”.
ram o benefício.
A pesquisa aponta a priorização do orçamento
criança e adolescente no município como oportu-
nidade urgente para transformação desse cenário.
Articulação e Integração do Sistema

A pesquisa indica que a rede, em Iguape, é re-


lativamente bem articulada, com trabalho con- Práticas promissoras
junto entre Secretaria de Saúde, CAPS, CRAS,
Em Iguape, a pesquisa identificou várias práticas
serviço de acolhimento, Conselho Tutelar e Ju-
promissoras merecedoras de atenção. As que
diciário, com reuniões semanais periódicas, co-
mais se destacam são: as reuniões semanais da
ordenadas pelo Conselho Tutelar. Entrevistados
rede de proteção; a definição de fluxos de aten-
identificaram, entretanto, algum distanciamen-
dimento; o plano de trabalho semanal do CT e
to da Secretaria de Educação na atuação do sis-
seu sistema de plantão para atendimento; e as
tema de proteção. Entrevistados relatam que o a
entrevistas virtuais com adolescentes, promovi-
rede não compreende bem o papel do CMDCA
das pelo CRAS para manutenção dos vínculos e
e como suas atribuições o diferem do Conselho
orientações.
Tutelar. Certamente, um trabalho de revisão das
atribuições e melhor comunicação das ações do
CMDCA poderão esclarecer a questão e melhor
integrar o CMDCA aos trabalhos do SGDCA.

24 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Mongaguá

8.795
ÇAS POPULAÇÃO IDHM 2010
10000
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
NTES 57.648 HAB. 0,754 E ADOLESCENTES
8000
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010

Habitantes
6000
FONTE: IBGE
m 2020 População entre 0 a 3 anos em 2020

1.579

845
m 2020 4000 População entre 4 a 5 anos em 2020

2.696
em 2020
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020

3.393
em 2020 R$ 18.173,41 DEMOGRÁFICA 2000
População entre 15 a 17 anos em 2020

ILHA COMPRIDA
020 FONTE: IBGE, 2017 402.56 HAB/KM² População com 18 anos em 2020
FONTE: IBGE, 2010 0

O município tem população estimada em 11.362 habitantes,


dentre os quais cerca de 3 mil são crianças e adolescentes.
Ilha Comprida foi emancipada de Iguape em 1993 e apre-
senta baixa densidade demográfica, sendo que o território
municipal é limitado geograficamente por sua condição in-
Ilha Comprida
sular (Tabela 7).

1.755
ÇAS POPULAÇÃO IDHM 2010
2000
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
TES 11.362 HAB. 0,725 E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH 1500
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010
Habitantes

FONTE: IBGE
m 2020 1000 População entre 0 a 3 anos em 2020

587
542

m 2020 População entre 4 a 5 anos em 2020

m 2020
PIB PER CAPITA DENSIDADE 500 299 População entre 6 a 14 anos em 2020

R$ 65.028,5 DEMOGRÁFICA
159

m 2020 População entre 15 a 17 anos em 2020

20 FONTE: IBGE, 2017 57.79 HAB/KM² População com 18 anos em 2020


FONTE: IBGE, 2010 0

De janeiro de 2015 a setembro de 2020, a Secre- país, 4,8%. A taxa de distorção de idade no Ensino
taria de Segurança Pública de São Paulo não re- Fundamental (2019) é de 1,3% nas séries iniciais e
gistra nenhum caso de morte violenta de ado- 7,8% nas séries finais, abaixo das taxas para o es-
lescente em Ilha Comprida. Houve 6 ocorrências tado (4% e 10,7% para as séries iniciais e finais, res-
de estupro de vulnerável no município em 2019, pectivamente) e das taxas nacionais (10,5 e 23,4
e 8 ocorrências registradas até outubro de 2020. para as séries iniciais e finais, respectivamente).
No Ensino Médio, o município registrou taxa me-
Ainda sobre dados de violência, importa obser- lhor que as taxas estadual e nacional, sendo 9,9%,
var os registros da principal tipificação legal, que enquanto o estado registrava 11,9% e o país, 26,2%.
engloba diversos tipos de violência física. Em
2019, foram registrados, em Ilha Comprida, 104 Na saúde, Ilha Comprida alcançou cobertura
casos de lesão corporal dolosa; até outubro de universal (124%) da vacinação da primeira dose
2020 foram registrados outros 74 casos. da tríplice viral, acima da taxa de cobertura no
estado (64,75) e no país (91,57). A taxa de morta-
O município universalizou a cobertura do Ensino lidade neonatal (2018) é de 5,75 mortes por mil
Infantil (104%), quando a taxa de cobertura re- nascidos vivos, indicador com resultado melhor
gistrada no estado é de 89,8% e a taxa nacional, que a taxa estadual (7,44) e a taxa nacional (8,54)
77,1%. A taxa de abandono escolar no Ensino Fun- para o mesmo período analisado. A mortalidade
damental foi registrada como zero tanto para as infantil (2018) se mantém baixa, sendo 5,75 mor-
séries iniciais quanto para as séries finais. O mes- tes a cada mil nascidos vivos (crianças de 1 ano a
mo se repete com o Ensino Médio, que teve taxa 4 anos de idade). No estado, a taxa para o mes-
zero, enquanto o estado registrava taxa de 2% e o mo período é de 10,77 e no país, 12,18.

25 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Em Ilha Comprida, 63,3% da população até quin- Principais dificuldades
ze anos encontra-se cadastrada como benefici-
Entre as dificuldades identificadas, destacam-se
ária do Programa Bolsa Família. Até agosto de
a escassez de recursos e a falta de profissionais
2020, período da pesquisa, mais de 1 mil meninos
da psicologia. Outro problema identificado em
e meninas receberam o benefício no município.
Ilha Comprida foi o que os entrevistados relata-
ram “descrença da população em relação aos
serviços da rede”. A descontinuidade do aten-
Articulação e Integração do Sistema
dimento por baixa adesão das famílias foi apon-
As entrevistas revelam um cenário misto para a tada como um importante desafio para a rede
integração do SGDCA em Ilha Comprida. Por um de proteção da cidade. Os entrevistados relatam
lado, existe um trabalho em rede entre as Secre- que são poucos os técnicos para uma demanda
tarias de Saúde e Educação, CMDCA, CT, CRAS e muito grande, em todos os órgãos, especialmen-
Ministério Público, com frequência mensal. Por te na área do atendimento psicológico. Não há
outro lado, foi relatada dificuldade de alinha- CAPS no município, portanto os atendimentos
mento entre Conselho Tutelar e outros atores do são encaminhados para os municípios vizinhos,
sistema. A necessidade de revisão de atribuições inclusive Santos. Embora o município ofereça as
e mapeamento de processos, procedimentos, condições de mobilidade para os atendimentos,
fluxos e protocolos foi apontada para aumen- os usuários apresentam dificuldade em dar se-
tar a integração e atuação intersetorial entre os quência ao acompanhamento.
atores. Segundo entrevistados do SGDCA, havia
Os investimentos na ampliação da oferta de
muita insegurança de todos os serviços em par-
programas e projetos de prevenção, acesso à
ticipar da análise dos atendimentos e de se ex-
informação, cultura, lazer, esportes, diversões e
por. Passaram um ano inteiro estudando situa-
espetáculos e oportunidades de aprendizagem
ções específicas, construindo o que iriam fazer, e
e emprego para adolescentes demandam maior
muitas tentativas falharam. Os profissionais sen-
atenção do poder público local. São frequen-
tiam insegurança e dificuldade de acreditar que
tes, nas entrevistas, os relatos de trabalho ilegal:
esse processo daria certo, no entanto, decorrido
“Aqui no município, para o jovem é muito difícil,
certo tempo de trabalho, foi possível obter bons
muito mesmo, achar trabalho, só trabalho infor-
resultados e construir laços de confiabilidade.
mal mesmo. Eu não conheço nenhum estabele-
A parceria entre o CMDCA e as escolas é desta- cimento que oferece o processo jovem aprendiz
que em Ilha Comprida: no município, mas diversos jovens aqui traba-
lham de forma informal. Na temporada, quando
entra o período de férias, como aqui é cidade
“Nossa relação bem próxima [...], que é turística e litorânea, ela enche muito, então to-
parceria mesmo, é com as escolas. Com a dos os donos de estabelecimentos procuram os
escola ocorre assim, como nós temos re- jovens para trabalhar, mas é aquele trabalho que
presentantes das escolas no nosso conse- pode, mas não pode, sabe...”
lho, então eles trazem muita demanda das
nossas crianças. Geralmente as demandas
que a gente tem são mais da escola, a es- Práticas promissoras
cola cobre muitas coisas. Por exemplo, lá
Foram identificadas, entre as práticas promis-
tem um índice maior de crianças que estão
soras em Ilha Comprida, a atuação das OSCs na
com comportamento diferenciado, quando
oferta de programas e no fortalecimento dos fa-
trazem as questões, a gente já fala com o
tores de proteção; e a proximidade do CMDCA
conselho tutelar para ir lá ver o que ocorre”.
com as escolas do município.

26 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


ITANHAÉM
Itanhaém
O município tem população estimada em 103.102
habitantes, sendo que quase 32 mil habitantes
são crianças e adolescentes.

POPULAÇÃO DE CRIANÇAS

16.198
IDHM 2010
20
POPULAÇÃO
103.102 HAB. 0,745 E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH 15
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)

(x1.000) habitantes
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010
FONTE: IBGE
População entre 0 a 3 anos em 2020

6.172
10

5.221
População entre 4 a 5 anos em 2020

3.045
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020

1.626
5

R$ 18.811,6 DEMOGRÁFICA População entre 15 a 17 anos em 2020

FONTE: IBGE, 2017 144,69 HAB/KM² População com 18 anos em 2020


FONTE: IBGE, 2010 0

Entre janeiro de 2015 e setembro de 2020, segun- iniciais e 15,1% nas séries finais. No estado, a taxa
do dados da Secretaria de Segurança Pública de é de 4% nas séries iniciais e 10,7% nas séries fi-
São Paulo, houve mortes de 5 adolescentes em Ita- nais, enquanto no país, no mesmo período ana-
nhaém vítimas de homicídio doloso, e outros 3 fo- lisado, é de 10,25% e 23,4% para as séries iniciais
ram mortos em decorrência de intervenção policial. e finais, respectivamente. No Ensino Médio, no
Cananéia
A mesma Secretaria de Segurança Pública re-
mesmo período, o indicador apresenta taxa de
16,5%, abaixo da taxa nacional (26,2%), mas acima
gistrou 41 casos de estupro de vulnerável em da taxa estadual (11,9%).
Itanhaém. Em 2020, até outubro, outras 44 ocor-
rências da mesma natureza foram registradas. Sobre a saúde da infância, a cobertura da pri-
754

POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
709

foram registrados,IDHM 2010


800
POPULAÇÃO
Em 2019, no município, 458 meira dose da vacina tríplice viral em 2019 foi de
E ADOLESCENTES
12.541 HAB. 0,720 700

casosPOPULAÇÃO
de lesão corporal
2020 CF. ESTIMATIVAS dolosa. A mesma
FAIXA IDHM ALTO (IDMH natu- 83,30%,
600 o que acompanha a tendência de baixa
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
reza de violência já consta até
TCU PELO IBGE
outubro de 2020,
FONTE: IBGE, 2010
cobertura
500
vacinal no país, ficando abaixo da taxa
Habitantes

372

FONTE: IBGE
População entre 0 a 3 anos em 2020
com 323 casos. recomendada (95%). A taxaPopulação
de mortalidade neo-
400

entre 4 a 5 anos em 2020


216

300
186

PIB PER CAPITA DENSIDADE natal


200
em 2018 foi de 6,84 por mil
População nascidos
entre 6 a 14 anos emvivos,
2020
A taxa
R$de cobertura da educação
20.522,82 DEMOGRÁFICA infantil (2019) menor que as taxas estadual (7,44) e nacional
População entre 15 a 17 anos em 2020
100

é 90,5%, representando uma


FONTE: IBGE, 2017 10.13 HAB/KM²
queda de cober- População com 18 anos em 2020
FONTE: IBGE, 2010 (8,54)
0 no mesmo período verificado, enquanto
tura no histórico municipal se comparada aos a taxa de mortalidade infantil foi de 12,30 mor-
três anos anteriores ao período analisado, sendo tes por mil nascidos vivos, maior que no estado
95,5% (2016); 97,1% (2017) e 94,4% (2018). A taxa (10,77) e no país (12,18).
de abandono no Ensino Fundamental (2019) é
zero nas séries iniciais e 0,2% nas séries finais, Em Itanhém, até agosto de 2020, 68,43% das crian-
resultado superior às taxas estadual (0,1% e 0,7% ças e adolescentes até quinze anos foram benefi-
nas séries iniciais e finais, respectivamente) e ciados pelo Programa Bolsa Família. São mais de
nacional (0,6% e 1,9% nas séries iniciais e finais, 11 mil meninos e meninas beneficiados, evidência
respectivamente). Já no ensino médio, a taxa de de que o município acessa de forma significativa
abandono (2019) é de 3,1%. No mesmo período tal política, e com cobertura relevante.
analisado, as taxas estadual e nacional para o
indicador foram registradas em 2% e 4,8%, res- Articulação e Integração do Sistema
pectivamente. A taxa de distorção de idade do Entre as características do SGDCA identificadas
Ensino Fundamental (2019) é de 7,2% nas séries na pesquisa em Itanhém, destaca-se a atuação

27 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


do CMDCA, sobretudo sua capacidade de articu- A ausência de programa de formação continu-
lação institucional com os órgãos municipais e ada e a escassez de recursos para oferta de ser-
o apoio oferecido pelo executivo no período da viços também são apontadas como dificulda-
pesquisa; a relação com o CT e o com o CRAS. Os des. A articulação e a integração do SGDCA para
entrevistados relatam que o CMDCA visita o CT atendimento junto à Fundação Casa demanda
para saber acompanhar os trabalhos e oferecer atenção, como foi relatado por uma das servido-
feedback. Observa-se também que o CMDCA faz ras públicas entrevistadas:
o monitoramento das OSCs do SGDCA (todas as
entidades cadastradas que atuam com crianças “A gente sabe que falta. Por exemplo, uma
e adolescentes), por meio de visitas de inspeção, coisa que falta no sistema de garantia de
a fim de verificar a documentação e a qualida- direitos... Como é que um adolescente está
de dos serviços executados, de acordo com suas internado na Fundação CASA, e não é feita
atribuições. Embora as entrevistas demonstrem uma reunião de rede para pensar um plano
que o CMDCA possui excelente performance, para esse menino?”.
também observam no município a ausência de O cumprimento das medidas socioeducati-
uma rede efetivamente integrada. A baixa ade- vas em regime aberto também foi relatado
são das famílias aos atendimentos previstos é como uma pauta def icitária e que exige revi-
apontada como dificuldade recorrente, e, nesse são no município.
sentido, observa-se a necessidade de adoção de
diretrizes de atendimento e diagnóstico especí- As entrevistas demonstram que o trabalho pre-
ficos para identificação dos fatores de baixa ade- ventivo também precisa ser fortalecido no mu-
são dos usuários das políticas. nicípio. Agente do SGDCA entrevistado explica
que o excesso de demandas e a equipe reduzida
no CRAS estimulam a judicialização de muitos
Principais dificuldades atendimentos que poderiam ser promovidos em
outras esferas do SGDCA, demonstrando fragili-
Um desafio proeminente identificado é a cober- dade no atendimento completo e integrado:
tura deficitária do atendimento do Conselho Tu-
telar. Um dos conselheiros, em entrevista, explica “[..] tem muita demanda. E aí, eu vejo que
que a dificuldade de ampliar o atendimento está as famílias acabam chegando no juiz, e é
relacionada à extensão territorial do município e como se a gente judicializasse a vida des-
à distribuição demográfica: sa família para conseguir algum resultado.
Isso é uma coisa que me toca muito, porque
“[...] nós somos cinco conselheiros, só na nem sempre quando se judicializa a famí-
rede municipal tem em torno de 19 mil alu- lia, a vida da família, consegue-se algo com
nos. Você imagina 5 conselheiros, se a gente isso. E aí o serviço fica sobrecarregado”.
fala “olha, desses 19 mil alunos, 5% não estão
apresentando frequência, estão com perfil
inadequado”. Dez por cento seriam 1.900, 5% Práticas promissoras
seriam 800 alunos. Cinco conselheiros além
da demanda diária, não conseguem acom- Entre as práticas promissoras identificadas na
panhar. Fora os nossos relatórios, fora os ca- pesquisa, destacam-se o protocolo de escuta es-
sos que aparecem diariamente, então assim, pecializada que foi instituído em 2019; o proto-
temos um território muito grande... [...] a vul- colo de atendimento para os casos de violência
nerabilidade ainda está em bairros específi- sexual no município, que designa esse papel ao
cos, está nos bairros mais afastados”. CREAS; e o Projeto Saindo da Casinha — traba-
lho de prevenção realizado por profissionais do
Nesse caso, importa que o município avalie as CRAS nas escolas do município, com rodas de
condições oferecidas para o funcionamento do conversas com os estudantes discutindo confli-
Conselho Tutelar — incluindo a questão da mobi- tos familiares.
lidade — e observe a Resolução 139 do CONANDA,
que estabelece os parâmetros para criação e fun-
cionamento dos Conselhos Tutelares no Brasil.

28 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


MONGAGUÁ
O município de Mongaguá tem população esti-
Mongaguá mada em 57.648 habitantes, dos quais mais de 17
mil são crianças e adolescentes.

8.795
ÇAS POPULAÇÃO IDHM 2010
10000
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
NTES 57.648 HAB. 0,754 E ADOLESCENTES
8000
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010

Habitantes
6000
FONTE: IBGE
m 2020 População entre 0 a 3 anos em 2020

1.579

845
m 2020 4000 População entre 4 a 5 anos em 2020

2.696
em 2020
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020

3.393
em 2020 R$ 18.173,41 DEMOGRÁFICA 2000
População entre 15 a 17 anos em 2020

020 FONTE: IBGE, 2017 402.56 HAB/KM² População com 18 anos em 2020
FONTE: IBGE, 2010 0

Entre janeiro de 2015 e setembro de 2020, de acor- serva-se que a cobertura de Educação Infantil
do com dados da Secretaria de Segurança Públi- é de 95,8%. Embora não haja cobertura total, o
ca de São Paulo, três adolescentes morreram em resultado do município para esse indicador está
Mongaguá vítimas de homicídios, e quatro mor- acima da taxa estadual (89,8) e da taxa nacio-
reram em decorrência de intervenção policial. nal (77,1). Com taxa zero de abandono do Ensino

Ilha Comprida
No município, 22 estupros de vulnerável foram
Fundamental (2019), o município registra no En-
sino Médio, taxa de abandono 0,9%, abaixo das
registrados em 2019. Até outubro de 2020, outros taxas estadual (2,0) e nacional (4,8) para o mes-
13 estupros de vulnerável já haviam sido notifica- mo indicador. Já a distorção por idade no Ensino
dos em Mongaguá. Houve registro de 321 casos Fundamental (2019) é de 6,3% nas séries iniciais
1.755

ÇAS de lesão corporal dolosa no IDHM


POPULAÇÃO município2010 em 2019,
2000
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
TES e 14,7% nas séries finais, abaixo da taxa nacional
E ADOLESCENTES
0,725
e em11.362
2020, HAB.
até outubro,
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS
outras 216 ocorrências
FAIXA IDHM ALTO (IDMH (10,5%
1500 e 23,4% respectivamente), mas acima da
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
foramTCUregistradas.
PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010
taxa estadual (4,0% e 10,7% respectivamente). No
Habitantes

FONTE: IBGE
2020 População entre 0 a 3 anos em 2020
Ensino Médio, a tendência se repete. Mongaguá
1000
587

Em 2010, Mongaguá apresentava um dos maio-


542

m 2020 População entre 4 a 5 anos em 2020

PIB PER apresenta taxa de distorção noentreEnsino


6 a 14 anos Médio
daCAPITA
região, porém DENSIDADE
m 2020 População em 2020
res IDHM é possível que essa
299

500

R$ 65.028,5 DEMOGRÁFICA menor do que a taxa nacional, sendo 16,4% em


159

m 2020 População entre 15 a 17 anos em 2020

20 posição tenha
FONTE: IBGE, 2017 mudado, pois57.79
alguns HAB/KM² dos princi- População com 18 anos em 2020
FONTE: IBGE, 2010 2019,0 enquanto o país registrava para o mesmo
pais indicadores relacionados a esse índice —
indicador, 26,2%, e o estado de São Paulo, 11,9%.
como longevidade e mortalidade — apresen-

tam-se com tendências negativas.
Em Mongaguá, pouco mais de 5 mil (59%) das
A taxa de mortalidade neonatal em 2018 é 14,05
crianças e dos adolescentes de zero a quinze
mortes por mil nascidos vivos, acima das taxas
anos são beneficiados pelo Programa Bolsa Fa-
estadual (7,44) e nacional (8,54) no mesmo perí-
mília. O indicador selecionado para saúde de-
odo. A taxa de mortalidade infantil foi registrada,
monstra que o percentual de crianças de até 1
em 2018, em 20,43 por mil nascidos vivos, acima
ano com vacina tríplice viral D1 segue a tendên-
das taxas nacional (12,18) e estadual (10,77). A co-
cia nacional de baixa cobertura vacinal, tendo
bertura de vacinação da primeira dose do trípli-
em 2019 apenas 76,51% das crianças imunizadas.
ce viral, em 2019, foi 76,51%, ou seja, abaixo dos
95% recomendados. Em alguns casos, os relatos despertam atenção
para lacunas entre dados oficiais em relação ao
Sobre a situação da educação no município, ob-

29 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


que foi narrado pelos entrevistados. Em um dos As entrevistas demonstram a necessidade de
relatos, agente do SGDCA destaca que os casos de avaliar quadro de servidores públicos do CRAS
suicídio na adolescência são preocupantes, porém, em termos quantitativos, como observa uma das
segundo a fonte oficial, o município de Mongaguá entrevistadas:
registrou um (1) caso de morte por lesão autopro-
vocada (CID-BR-10) em 2019. O relato importa “[...] chega alguém batendo na sua porta
como pauta a ser aprofundada pelo município. para você atender, e você não consegue,
Um diagnóstico específico para a questão poderá você só atende de pronto atendimento. Você
fornecer dados complementares para a ações de não consegue acompanhar [...] os casos
prevenção à ansiedade, depressão e suicídio: mais urgentes que chegam, se é um caso
que a gente precisa encaminhar, a gente
“Em Mongaguá eu conheço muitos jovens encaminha. Só que o que a gente não está
que tiraram a própria vida e é uma questão conseguindo fazer é acompanhamento. [...]
que você não vê na televisão, ninguém colo- não tem informações sistematizadas”
ca em pauta [...]. E assim, a única coisa só que
eu acho que para completar, a juventude, de Representante do CMDCA menciona outros
onde eu moro, mas não somente, seriam pro- desafios para a proteção integral no município,
jetos sociais voltados a esse diálogo[...]” destacando que a maior dificuldade é trabalhar
nas políticas públicas integradas para atender às
necessidades da população. Na perspectiva do
entrevistado, é fundamental ao município
Articulação e Integração do Sistema
“reforçar o atendimento escolar amplo, re-
As entrevistas apontaram que o trabalho em alizando busca ativa do aluno ausente; dis-
rede é frágil no SGDCA de Mongaguá, com bai- ponibilizar serviços de cultura e lazer para
xa integração intersetorial, ausência de protoco- os jovens: praças, cursos profissionalizan-
los e fluxos e equipes reduzidas. Uma revisão de tes, escolinhas de surf gratuitas, inserção
atribuições e um conjunto de novos pactos de no mercado de trabalho pelo jovem apren-
trabalho em rede foram apontados como poten- diz como alternativa ao imediatismo do
ciais ações para contribuição com a articulação mercado paralelo da drogadição e outros
e integração das ações de proteção, promoção e ilícitos... [...] formular políticas dirigidas a
controle social dos direitos humanos de crianças bairros com maior número de jovens e que
e adolescentes. apresentam maior vulnerabilidade social
Foi relatada ausência de organizações da socie- [...] políticas voltadas para a questão da
dade civil com oferta de serviços complementa- gravidez na adolescência”.
res — em alguma medida, isso limita o meio de
acesso às políticas aos equipamentos públicos.
Práticas promissoras

Principais dificuldades A pesquisa identificou, em Mongaguá, o investi-


Alguns dos desafios apontados para o SGDCA de mento na adequação da sede do Conselho Tute-
Mongaguá incluem: a ausência de programa de for- lar para o atendimento de crianças, adolescentes
mação contínua para integrantes da rede de prote- e famílias. O ambiente dispõe de sala temática
ção, sobretudo para novos membros dos conselhos para acolhimento e uma sala para atendimentos
(CT e CMDCA); o baixo efetivo de profissionais da e reuniões.
psicologia e psiquiatria para escuta especializada
e atendimentos de saúde mental; a inexistência de
programas de aprendizagem para jovens. As entre-
vistas indicam também dificuldades que estão re-
lacionadas à assiduidade dos membros do CMDCA
nas reuniões do conselho, dificultando as tomadas
de decisão por falta de quórum.

30 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


52.897
POPULAÇÃO IDHM 2010
60
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
368.355 HAB 0,754 50
E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)

(x1.000) habitantes
40
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010

20.399
FONTE: IBGE
População entre 0 a 3 anos em 2020

18.224
30

População entre 4 a 5 anos em 2020

10.094
20
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020

6.023
R$14.441,16 DEMOGRÁFICA 10 População entre 15 a 17 anos em 2020

FONTE: IBGE, 2017 2.487,20 HAB/KM² População com 18 anos em 2020


FONTE: IBGE, 2010 0

PERUÍBE
O município tem população estimada de
Peruíbe 69.001 habitantes, dos quais mais de 20 mil
são crianças e adolescentes.

11.017
POPULAÇÃO IDHM 2010
12
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
69.001 HAB. 0,749 10
E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799) 8

(x1.000) habitantes
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010
FONTE: IBGE

4.061
6 População entre 0 a 3 anos em 2020

3.580
População entre 4 a 5 anos em 2020

1.985
4
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020

R$20.231,8 DEMOGRÁFICA 2 1.106 População entre 15 a 17 anos em 2020

FONTE: IBGE, 2017 211,52 HAB/KM² População com 18 anos em 2020


FONTE: IBGE, 2010 0

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pú- estadual (4% e 10,7% nas séries iniciais e finais,
blica de São Paulo, entre janeiro de 2015 e setem- respectivamente). No mesmo período, o indica-
bro de 2020, 6 adolescentes morreram em Peruí- dor analisado apresentou taxa nacional de 10,5%
be vítimas de homicídios dolosos. para as séries iniciais e 23,4% para as séries finais.
No Ensino Médio, a taxa de distorção registrada
Em 2019, foram 26 registros de estupro de vulne- em 2019 era de 14,3%, enquanto o estado apre-
rável na cidade. Em 2020, até outubro, outras 28 sentava taxa de 11,9% e o país, 26,2%.
ocorrências foram registradas. Só em 2019, 310
casos de lesão corporal dolosa foram notifica- São pontos de atenção para o município de Peruíbe
dos. Os registros disponíveis até outubro de 2020 o acesso e a permanência na escola para crianças
apontam para 240 novas ocorrências da mesma e adolescentes com deficiência. Para entrevistada,
natureza. Não foi possível, até o momento, a aber-
“é muito severo o grau de irresponsabilida-
tura dos dados para identificação do número de
de do poder público com crianças e ado-
lesões corporal dolosas que tiveram crianças e
lescentes com deficiência, é absurdo e se
adolescentes como vítimas ou testemunhas.
reflete na região inteira”.
Entre os indicadores de educação, observa-se
Observa-se a necessidade de apuração dos da-
que 92,7% é a taxa de cobertura da Educação
dos, análise e acompanhamento da pauta pelo
Infantil (2019), tendo sido registrada no estado
SGDCA local.
de São Paulo, taxa de 89,8% e no país, 77,1%. A
taxa de abandono no Ensino Fundamental (2019) Peruíbe tem uma taxa de mortalidade neona-
é zero nas séries iniciais e 0,8% nas séries finais. tal alta (13,74 mortes por mil nascidos vivos), se
Para o mesmo indicador, as taxas estadual e na- comparada com as taxas registradas em nível
cional para as séries iniciais são de 0,1% e 0,6%, estadual e nacional no mesmo período. (2018).
respectivamente e para as séries finais, 0,7% no No estado taxa de mortalidade neonatal regis-
estado de São Paulo e 1,9% no Brasil. Já a taxa trada foi de 7,44 e no Brasil, 8,54 mortes a cada
de abandono do Ensino Médio, em 2019, foi de mil nascidos vivos. A taxa de mortalidade (2018)
1,8% no município, enquanto no estado foi de 2% era de 16,91%, muito acima das taxas estadual
e no país, 4,8%. Em relação à distorção idade-sé- (10,77) e nacional (12,18) para o mesmo período
rie, em Peruíbe, a taxa de distorção de idade nas analisado. Em relação a cobertura vacinal para
séries iniciais do Ensino Fundamental é de 7,1% vacina tríplice viral D1, Peruíbe apresenta baixa
e nas séries finais, 14,1% — ambas acima da taxa cobertura. Em 2019, apenas 59,98% das crianças

31 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


de até 1 (um) ano receberam a referida vacina “há fragilidade nessa rede de garantia de
59,98%. No mesmo período, a taxa de cobertura direitos. Muitas vezes o jovem já foi julgado
vacinal foi de 64,75% e a taxa nacional, 91,57%. No na comunidade por um estereótipo social
município, aproximadamente 6.158 crianças e que ele carrega e a escola acolhe o este-
adolescentes foram beneficiados pelo Programa reótipo, então, na maioria das vezes, cha-
Bolsa Família, isto é, cerca de 55,90% da popula- ma a polícia, e não o Conselho Tutelar ou
ção de até quinze anos. os responsáveis pelo estudante. Acho que é
importante registrar que, se no nosso país
Articulação e Integração do Sistema as pessoas tivessem consciência de seus
direitos, várias famílias poderiam proces-
As entrevistas realizadas na pesquisa apresen-
sar o Estado por omissão. Esse adolescente
tam um diagnóstico preocupante para o SGD-
vem sofrendo tanta omissão de políticas
CA de Peruíbe, caracterizado pelo que foi des-
públicas de qualidade que acaba nessa si-
crito como um conhecimento deficitário das
tuação. Existe uma segregação racial para
atribuições de cada órgão do Sistema; ausên-
o tratamento policial da linha do trem para
cia de um programa de formação continuada;
baixo, que é a área da periferia; é muito
e baixa frequência de reuniões da rede de pro-
mais ostensivo do que no centro. Mesmo no
teção do município.
centro, se o jovem for preto e estiver de bici-
As entrevistas indicaram uma necessidade de cleta e boné, é muito mais ostensivo”.
revisão das atribuições dos atores do sistema.
As entrevistas também mencionam problemáti-
Entre as sugestões, destaca-se a possibilidade
cas relacionadas ao acompanhamento de ado-
de mapear processos, procedimentos, fluxos e
lescentes que cumprem medidas socioeducati-
protocolos para construção de um novo acordo
vas. Para agente do SGDCA entrevistado,
de trabalho em rede, com mais clareza dos pa-
péis dos diferentes atores e dos instrumentos de “não há uma perspectiva de encaminha-
trabalho, recursos humanos e materiais disponí- mento, o jovem cumpre uma medida edu-
veis, além de um plano integrado de trabalho. cativa de internação e quando sai, tem
dificuldade até de voltar para a escola
Principais dificuldades
(...), existe uma segregação social muito
Entre os desafios identificados nas entrevistas grande, sabe, primeiro de escolas que não
estão a falta de estruturas de apoio adequadas querem ter no seu rol de alunos que já pas-
nos equipamentos de atuação do conselho tu- saram pela Fundação Casa, a gente tem
telar e CRAS; a ausência de programas de for- pouquíssimos profissionais que têm uma
mação continuada; a ausência de profissionais visão de que a escola pode ter um impacto
de assistência social e psicologia para atuação positivo na vida desse adolescente. Às ve-
do CRAS; e o que foi descrito por entrevistados zes chega um promotor que tem uma visão
como falta de recursos no Sistema. mais progressista e fica muito pouco tem-
po, o trabalho não tem continuidade”
A análise das entrevistas aponta para a necessida-
de de melhor sistematização e comunicação das Práticas promissoras
ações do CMDCA, bem como o estabelecimento
Entre as práticas promissoras identificadas pela
de um processo de transição que possa ser coloca-
pesquisa, destaca-se a comissão de monitora-
do em prática a cada mudança de representação.
mento nomeada pelo CMDCA para acompanhar
A pesquisa levantou também a necessidade da as ações desenvolvidas pelas instituições que
ampliação da integração do trabalho das polí- compõem o sistema e produzir dados e diagnós-
cias militar e civil na rede mais ampla do SGD- tico para apoiar o Conselho a identificar priori-
CA, para que a abordagem dessas organizações dades com base em evidências. As entrevistas
se alinhe melhor com o esforço da garantia dos apontam também para a existência da Casa do
direitos das crianças e adolescentes. Agente do Adolescente, equipamento de atenção e promo-
SGDCA observa que ção da saúde integral das e dos adolescentes.

32 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


PRAIA GRANDE
O município de Praia Grande possui uma população

Praia Grande
estimada em 330.845 de habitantes, dos quais apro-
ximadamente 99 mil são crianças e adolescentes.

POPULAÇÃO IDHM 2010


50
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS PO
330.845 HAB. 0,754 E ADOLESCENTES 57

49.473
40
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH POP
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799) POP

(x1.000) habitantes
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010 TCU

18.993
30
FONTE: IBGE FON
População entre 0 a 3 anos em 2020

16.018
20 População entre 4 a 5 anos em 2020

9.514
PIB PER CAPITA DENSIDADE 5.169
População entre 6 a 14 anos em 2020
PI
R$21.574,50 DEMOGRÁFICA 10
População entre 15 a 17 anos em 2020 R$
FONTE: IBGE, 2017 2.215,97 HAB/KM² População com 18 anos em 2020 FON
FONTE: IBGE, 2010 0

De janeiro de 2015 a setembro de 2020, segundo com cortes (automutilação)...Vemos crian-


dados da Secretaria de Segurança Pública de São ça com cortes e problemas muito sérios de
Paulo, 9 adolescentes morreram em Praia Grande baixa autoestima, de precisar falar e não
vítimas de homicídio e latrocínio, e 15 foram mor- ter com quem falar”
tos em decorrência de intervenção policial.
No município, em 2019, foram registrados 940
Iguape
Só em 2019, foram 89 ocorrências de estupro casos de lesão corporal dolosa. Os registros dis-
de vulnerável registradas em Praia Grande. Em poníveis até outubro de 2020 apontam para 793
2020, até outubro, outras 60 ocorrências de es- novos registros da mesma natureza.
tupro de vulnerável foram registradas. Não há
Com relação à cobertura de Ensino
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS Infantil, o
5.081

POPULAÇÃO IDHM 2010 PO


6
tendência de queda dos casos, considerando as
30.989 HAB. 0,726 E ADOLESCENTES 11.
município, no ano de 2019, indica 89,4% de ma-
5
entrevistas
POPULAÇÃO 2020 com agentes do FAIXA
CF. ESTIMATIVAS SGDCA,
IDHM ALTO as quais si-
(IDMH POP
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799) trículas, ficando acima da média nacional (77.1%) POP
nalizaram preocupação comFONTE: o número de casos
4
(x1.000) habitantes

TCU PELO IBGE IBGE, 2010 TCU


FONTE: IBGE
e 3um pouco abaixo da média estadual
População (89,8)
entre 0 a 3 anos em 2020para FON

não notificados em função da pandemia da CO-


1.627

1.618

o 2 mesmo período. Já no Ensino Fundamental, a


População entre 4 a 5 anos em 2020

VID-19
PIBePER a maiorCAPITA exposição de crianças e adoles-
DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020
PI
968

taxa de abandono (2019) éPopulação


zero nas entre 15séries iniciais
496

R$26.430,11
centes DEMOGRÁFICA
ao risco de violência intrafamiliar durante 1 a 17 anos em 2020 R$
FONTE: IBGE, 2017 15.66 HAB/KM² e 0 0,5% nas séries finais — excelentes resultados
População com 18 anos em 2020 FON
o período de distanciamentoFONTE: social e interrupção
IBGE, 2010

se comparados com as taxas estaduais (0,1% e


das aulas e atividades socioassistenciais. Em en-
0,7% nas séries iniciais e finais, respectivamente)
trevista, membro do SGDCA observa o aumento
e nacional (0,6% nas séries iniciais e 1,9% nas sé-
o índice da violência sexual.
ries finais). No Ensino Médio, a taxa de abandono
“Abuso infantil também, é uma coisa que também é 1,1%, melhor do que os resultados do
estava muito fechada, a criança tinha es- estado (2,0) e do país (4,8). Em relação à taxa de
cola, curso, entidade para ir, tinha amigos, distorção de idade no Ensino Fundamental (2019),
podia fugir um momento, hoje fica 24h Praia Grande apresenta taxas de 9,6% nas séries
dentro de casa com o abusador. Muitas ve- iniciais e 19% nas séries finais, acima das referên-
zes não pode falar nada, pois sabe que não cias do estado (4,0 e 10,7 para as séries iniciais e
pode sair de casa, então a pandemia veio finais, respectivamente) e abaixo da taxa nacional
para piorar e muito os abusos. Aumentou e (10,5 e 23,4 para as séries iniciais e finais, respec-
muito o abuso e acredito que muitas estão tivamente). No Ensino Médio, a taxa de distorção

33 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


de idade é de 17,4%, sendo maior que a taxa esta- tadas como um desafio para a gestão de pessoas
dual (11,9%) e menor que a nacional (26,2%). no Sistema. A austeridade orçamentária na As-
sistência Social, a falta de institucionalização de
No que se refere à saúde, a taxa de cobertura da 1ª
algumas partes da rede de proteção e a falta de
dose da vacina tríplice viral foi de 83,07% em 2019,
aproximação com políticas e serviços como lazer,
inferior ao estabelecido pelo Programa Nacional
cultura e esporte são outros desafios do SGDCA
de Imunizações (95%). Praia Grande tem taxa de
de Praia Grande identificados nas entrevistas.
mortalidade neonatal (2018) de 7,32 por mil nas-
Em relação ao acesso de crianças e adolescentes
cidos. Para o mesmo indicador, o estado de São
a profissionais da psicologia e assistência social,
Paulo apresenta taxa de 4,44 e o país, 8,54 por mil
representante do SGDCA explica que
nascidos. A mortalidade infantil foi de 13,30 mor-
tes por mil nascidos vivos em 2018, acima da taxa “há uma necessidade muito grande de pro-
estadual (10,70) e da taxa nacional (12,18). fissionais dessa área [...] o número é muito
pequeno perto da necessidade de crianças
Praia Grande apresenta apenas 22,47% de crian-
e adolescentes e são poucas entidades que
ças e adolescentes beneficiados pelo Programa
fazem o trabalho”.
Bolsa Família (PBF), pouco mais de 11 mil bene-
ficiados. A questão da renda é um ponto crítico Sobre o atendimento socioeducativo, agente do
apresentado nas entrevistas com agentes dos SGDCA entrevistada destaca a necessidade de
SGDCA. Servidora pública da assistência pública
“mais programas, ajuda governamental para
destaca que, sobre o público atendido,
as entidades sociais, para que possamos che-
“a renda per capita dessas famílias é uma gar no adolescente, criança, com condições
renda bem baixa, de trabalhos informais”. de dar atendimento humanizado e mostrar
que tem uma saída para serem assistidas”.
Importa para o município de Praia Grande identi-
ficar oportunidades para ampliação da cobertura Práticas promissoras
em programas sociais e de geração de renda.
Entre as práticas promissoras identificadas na
Articulação e Integração do Sistema pesquisa, destacou-se a formulação de sistema
integrado municipal para acompanhamento dos
Os entrevistados reportaram que, em Praia Gran-
atendimentos a crianças e adolescentes, com im-
de, existe boa articulação entre Conselho Tutelar,
plementação prevista para 2021. Os entrevistados
CRAS, CREAS, sistema de educação e Ministério
ressaltaram também a Subsecretaria de Juven-
Público. A rede de atendimento foi formada re-
tude, que desenvolve pesquisas para identificar
lativamente cedo — ela é anterior ao ECA —, e
os principais problemas do município e sua dis-
junto com a adoção dos Planos Individuais de
tribuição geográfica. Em 2018, uma pesquisa re-
Atendimento (PIA) desde 2000 — antes da Lei
alizada com alunos de Ensino Médio identificou
n.º 12.010/2009 — são elementos que explicam
alto índice de violência sexual contra meninas em
algumas das características do SGDCA de Praia
um determinado território da cidade. A pesquisa
Grande. Na integração do Sistema, os entrevis-
foi apresentada ao CMDCA e subsidiou a publica-
tados identificam uma tendência e uma expec-
ção de editais para enfrentamento do problema.
tativa de centralidade dos papéis do Sistema de
Outro ponto destacado positivamente é a peda-
Justiça. A atuação integrada com a Educação é
gogia comunitária: equipe de pedagogas que
identificada pelos entrevistados como força par-
estabelecem pontes entre escolas municipais e
ticular da atuação em rede.
comunidades e trazem relatos importantes de
Principais dificuldades violações de direitos para a rede.

Entre as dificuldades está a alta rotatividade de


servidores no SGDCA e a consequente não reten-
ção e desenvolvimento de talentos foram apon-

34 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


SÃO VICENTE
Conhecida como a primeira vila da América portugue-
sa, São Vicente apresenta, hoje, uma população estima-
da em 368.355 habitantes, sendo que deste total, mais
de 100 mil habitantes são crianças e adolescentes.
São Vicente

52.897
POPULAÇÃO IDHM 2010
60
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
368.355 HAB 0,754 50
E ADOLESCENTES
POPULAÇÃO 2020 CF. ESTIMATIVAS FAIXA IDHM ALTO (IDMH
POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799)
(x1.000) habitantes

40
TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010

20.399
FONTE: IBGE
População entre 0 a 3 anos em 2020
30
18.224
População entre 4 a 5 anos em 2020

10.094
20
PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020
6.023

R$14.441,16 DEMOGRÁFICA 10 População entre 15 a 17 anos em 2020

FONTE: IBGE, 2017 2.487,20 HAB/KM² População com 18 anos em 2020


FONTE: IBGE, 2010 0

No período entre janeiro de 2015 e setembro de dos em São Vicente 803 casos de lesão corporal
2020, segundo dados da Secretaria de Seguran- dolosa. Nos dez primeiros meses de 2020, foram
ça Pública de São Paulo, 50 adolescentes foram registrados 623 casos.
mortos de forma violenta em São Vicente — 18
Peruíbe
mortes foram classificadas como homicídio do-
A taxa de cobertura da Educação Infantil de São
Vicente (2019) é de 76% — abaixo da cobertura
loso, latrocínio ou lesão corporal seguida de mor-
estadual (89,8) e nacional (77,1) para o mesmo
te, e 32 mortes aconteceram em decorrência de
período. A taxa de abandono do Ensino Funda-
intervenção policial. Nesse período, a circuns-
11.017

mental em 2019 foi registrada em 0,2% nas séries


crição da 2ª DP de São Vicente
POPULAÇÃO foi2010
IDHM a segunda de 12
POPULAÇÃO DE CRIANÇAS
69.001 HAB.que teve mais0,749 iniciais E ADOLESCENTES
e 0,9% nas séries finais, representando
todo POPULAÇÃO
o estado 2020 CF. ESTIMATIVAS
mortes de adoles-
FAIXA IDHM ALTO (IDMH
10

POPULACIONAIS ENVIADAS PARA O ENTRE 0,700 E 0,799) abandono maior que a taxa estadual (0,1 e 0,7
centes pela polícia fora da Capital. 8
(x1.000) habitantes

TCU PELO IBGE FONTE: IBGE, 2010


FONTE: IBGE para as séries iniciais e finais, respectivamente)
4.061

6 População entre 0 a 3 anos em 2020


3.580

Em 2019, foram registradas 38 ocorrências de e 4menor se comparado àPopulação


taxa nacional — 0,6%
entre 4 a 5 anos em 2020
1.985

PIB PER CAPITA DENSIDADE População entre 6 a 14 anos em 2020


estupro de vulnerável no município. Em 2020, nas séries iniciais e 1,9% nas séries finais. Já no
1.106

R$20.231,8 DEMOGRÁFICA 2 População entre 15 a 17 anos em 2020

FONTE: IBGE, 2017 32 ocorrências 211,52


até outubro, HAB/KM²
da mesma nature- Ensino Médio, a taxa de abandono
População com 18está
anos emem
2020 que-
FONTE: IBGE, 2010 0

za foram registradas. A tendência nacional, em da nos últimos anos, sendo, em 2019, 1,9%, abaixo
virtude da pandemia da Covid-19, é o aumento da taxa estadual (2,0) e nacional (4,8). Já a taxa
de violações de direitos, com ênfase na violência de distorção de idade no Ensino Fundamental é
sexual. É competência do SGDCA adaptar os ser- de 13% nas séries iniciais e 21,5% nas séries finais.
viços às exigências sanitárias, provendo ações de O mesmo indicador, no ano analisado (2019),
prevenção, acesso à informação, atendimento apresenta taxa estadual de 4% nas séries iniciais
e responsabilização nos casos de violência con- e 10,7% nas séries finais. No país, a taxa de distor-
tra a criança e ao adolescente. Nos registros da ção de idade no ensino fundamental é de 10,5%
principal tipificação legal, que engloba diversos nas séries iniciais e 23,4% nas séries finais. São
tipos de violência física, em 2019, foram registra- Vicente apresenta taxa de distorção de idade do

35 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Ensino Médio de 20,9%, acima da taxa estadual cionadas, destacam-se baixo efetivo na saúde;
(11,9) e abaixo da nacional (20,9) ausência de um programa de formação conti-
nuada para os profissionais; burocracia; e pouca
Na saúde, o percentual de crianças de até 1 ano institucionalização das relações entre os atores
que receberam a primeira dose da vacina tríplice do sistema. Na opinião de um dos entrevistados,
viral foi de 79,26% em 2019, abaixo dos 95% reco-
mendados. A taxa de mortalidade neonatal em “[...] o ponto forte aqui é a presença da so-
2018 foi de 9,63 mortes por mil nascidos vivos, ciedade civil dentro do sistema de garan-
acima das taxas estadual (7,44) e nacional (8,54) tias. Os atores principais do fomento da
para o período analisado. São Vicente se mantém garantia de direitos têm a ver com a socie-
acima da taxa de mortalidade neonatal que para dade civil, então a gente ocupa os espaços.
o estado é 7,44% (2018), apresentando taxa de A fragilidade ainda é a corrupção, o mane-
9,63% — também acima da taxa nacional (8,54). jo político para benefício próprio, ou quem
Da mesma forma, o município tem taxa de mor- tem acesso ao ambiente político. [...] eu
talidade infantil acima das taxas registradas no acho que isso ainda fragiliza muito”.
estado (10,77) e no país (12,18) em 2018, sendo 12,91.
A esses se soma a relatada dificuldade de ges-
O Programa Bolsa Família (PBF) envolve transfe- tão dos dados no Sistema de Informação para
rência direta de renda para famílias em situação Infância e Adolescência (SIPIA). A terceirização
de pobreza e extrema pobreza do Brasil. Dados de algumas posições no Centro de Referência de
estratificados do relatório da folha de pagamen- Assistência Social (CRAS) é apontada como fator
to do Programa Bolsa Família em agosto de de risco para fragilização do vínculo com as fa-
2020 demonstram que, em São Vicente, 30% das mílias. Entrevistados observam que não há juiz
crianças e adolescentes até quinze anos são be- ou juíza designado(a) para atuação exclusiva na
neficiadas pelo programa, representando mais Vara da Infância e da Juventude.
de 16 mil de meninas e meninos beneficiados.
Os entrevistados demonstram preocupação
com a prevalência da violência institucional no
município. A abordagem policial é mencionada
Articulação e Integração do Sistema
como inadequada e violenta. Para um dos entre-
De forma geral, foi apontada uma série de carac- vistados, os agentes de segurança pública
terísticas que dificultam a atuação articulada e
“respeitam os direitos se tiver alguém por
integrada do Sistema em São Vicente, em parte
perto que entenda do assunto. Se o ado-
pela não institucionalização das relações entre
lescente estiver só [...] isso não é respei-
os atores, em parte pela relativa ausência de flu-
tado não”.
xos e protocolos. Outros pontos que contribuem
para a deficiência na articulação intersetorial Diagnostica-se a necessidade de aprofunda-
da rede de atuação do SGDCA do município in- mento à questão, provendo maior interação
cluem a falta de equipes, sobretudo na área de entre os servidores da segurança pública e os
saúde mental e no Ministério Público; a ausência demais atores do SGDCA, sobretudo no que diz
de formação continuada para os profissionais; e respeito à formação continuada.
a rigidez burocrática.
Ainda sobre os desafios, foram sugeridas a ne-
cessidade de priorização orçamentária para am-
Principais desafios pliação das capacidades do sistema; revisão de
atribuições e mapeamento de processo, proce-
As entrevistas apresentam alguns fatores que di- dimentos, fluxos e protocolos, a fim de otimizar
ficultam a articulação e a integração do SGDCA recursos humanos e materiais e aumentar a in-
em São Vicente. Entre as problemáticas men- tegração entre os atores; e criação de um progra-

36 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


ma de formação continuada para os profissio-
nais do sistema. No que diz respeito à formação
continuada, destaca-se a urgente necessidade
de formação específica sobre violência institu-
cional, considerando prevenção, características,
impactos e formas de enfrentamento. Na per-
cepção dos entrevistados, o acesso das crianças
e dos adolescentes a profissionais como psicólo-
gos e assistentes sociais é

“[...] muito fragilizado, somente dentro das


instituições sociais e CRAS, mas fica muito
a desejar, pois são muitos a serem atendi-
dos. Se houvesse proximidade dentro das
escolas, o atendimento seria muito mais
humanizado, funcionaria melhor”.

Práticas promissoras

Entre as práticas promissoras identificadas na


pesquisa em São Vicente, destacam-se as reuni-
ões periódicas entre a Promotoria da Infância e
Juventude e os CRAS, os Centros de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS), o
Conselho Tutelar, a Secretaria da Saúde e a Se-
cretaria da Educação, com o objetivo de articular
a rede de proteção e facilitar a comunicação en-
tre os serviços. São Vicente se destaca também
pela mobilização anual para incentivo de doa-
ções ao Fundo Municipal da Criança e do Ado-
lescente (FUMCAD).

37 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


CONSIDERAÇÕES PARA RESPOSTA ÀS
VIOLÊNCIAS NOS TERRITÓRIOS

Para fortalecimento das respostas às violências, mentação da Lei n.º 13.431/2017. Deve-se ter aten-
após análise das entrevistas e dados disponíveis, ção especial à alocação de recursos com foco a
algumas considerações são oferecidas com o ob- prevenir a revitimização de crianças e adoles-
jetivo de contribuir na avaliação interna do SG- centes vítimas ou testemunhas das violências,
DCA em cada um dos municípios, favorecendo com a determinação de diretrizes concretas para
processos de revisão de atribuições, revisão de a implantação da escuta especializada e o depoi-
procedimentos, desenvolvimento e/ou aperfei- mento especial.
çoamento de fluxos e protocolos para o atendi-
Segundo dados da Coordenadoria de Análise e
mento de crianças, adolescentes e suas famílias,
Planejamento (CAP) da Secretaria de Seguran-
em conformidade com o Sistema de Garantia de
ça Pública do Estado de São Paulo, em 2019, foi
Direitos da Criança e do Adolescente vítima ou
registrado o total de 238 estupros de vulnerável
testemunha de violência.
(crianças e adolescentes de até 14 anos), nos oito
Considera-se indispensável que os territórios apri- municípios analisados, uma média de quatro es-
morem suas práticas de registros das situações de tupros contra crianças registrados por semana
violações de direitos, preferencialmente usando nos oito municípios. Dados da CAP coletados até
a plataforma do SIPIA, e dos encaminhamentos 31 de outubro de 2020 revelam 200 novos regis-
efetivados em prol da proteção da criança e do tros da mesma violência nos três territórios, oito
adolescente. A ausência de base de dados confiá- municípios participantes da iniciativa Crescer
veis ou a subnotificação das ocorrências prejudi- em Proteção. Os números são altos, e essa reali-
cam a análise do contexto local de violação de di- dade precisa ser enfrentada com absoluta prio-
reitos, inviabilizando a produção de diagnósticos ridade pelos municípios. Especificamente para
em profundidade que contenham, por exemplo, as respostas a todos os tipos de violência sexual,
série histórica das violações por natureza de vio- conforme mencionado anteriormente, conside-
lência, estratificação dos dados de vítimas, pro- ra-se prioritária a garantia do direito de acesso
dução de boletins e notas técnicas e elaboração aos procedimentos de Escuta Especializada e
de planos de ação com base em evidências. Depoimento Especial em todos os municípios.

As consequências imediatas e de longo prazo O acesso à informação em linguagem amigá-


para a saúde pública e os custos econômicos da vel e acessível sobre violências contra crianças
violência contra crianças comprometem os in- e adolescentes demanda inadiáveis estratégias
vestimentos em educação, saúde e bem-estar de comunicação do SGDCA, considerando as
da criança, e reduzem a capacidade produtiva especificidades linguísticas e simbólicas locais.
das gerações futuras. Pondera-se urgente aná- As entrevistas indicam a escassez de conteúdos
lise, planejamento e deliberação do Orçamento dirigidos às crianças e aos adolescentes, bem
da Criança e do Adolescente (OCA) para aporte como a insuficiência de espaços públicos de
privilegiado de recursos orçamentários para os diálogo aberto e transparente para orientação
direitos humanos das crianças e adolescentes, a em temas relacionados à saúde sexual e repro-
fim de atender o que prevê o Pacto pela imple- dutiva, à conscientização, à prevenção e ao en-

38 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


frentamento ao uso ou dependência de drogas É imprescindível a ampliação de ações de cons-
ilícitas e álcool, violências institucional, sexual e cientização nos municípios, para que a popula-
psicológica. ção se previna, conheça, reconheça e enfrente
as diferentes formas de violências contra crian-
Igualmente, observa-se a necessária expansão
ças e adolescentes, desnaturalizando compor-
das ofertas de ações de prevenção e enfrenta-
tamentos sociais, crenças e formas de pensar
mento das violências como exemplo de progra-
que geram, mascaram e aprofundam os ciclos
mações culturais, esportivas e de lazer voltadas
de violência. Da mesma forma, a população pre-
para a infância e a juventude, bem como oportu-
cisa conhecer e saber como acessar os serviços
nidades de emprego para adolescentes e jovens
disponíveis que podem ampliar a proteção das
conforme preconiza a lei da aprendizagem em
crianças e dos adolescentes e apoiar ações de
todos os municípios analisados, garantindo, para
exigibilidade dos serviços previstos no ECA e que
isso, o direito à participação social de crianças e
ainda não são disponibilizados em seu municí-
adolescentes no planejamento, na execução e
pio. É dever de toda sociedade, portanto, todos
na avaliação das atividades junto às secretarias/
os cidadãos e seus agrupamentos sociais, como
diretorias/departamentos municipais de cultura,
a família, considerando a diversidade do con-
esportes e educação.
ceito, grupos identitários, igrejas, associações
Considera-se, neste diagnóstico, o necessário ideológicas, filosóficas e políticas, empresas, or-
compromisso de todos os municípios na identifi- ganizações da sociedade civil e o Estado e pode-
cação, registro, controle e acompanhamentos de res, agir com prioridade absoluta, cada qual em
todas as crianças e adolescentes que estão fora suas competências, para a proteção integral das
da escola ou potencialmente em risco de aban- crianças e dos adolescentes.
doná-la. A inclusão escolar é um fator importan-
te para resposta às violências; nesse sentido, a
adesão ao Busca Ativa Escolar poderá auxiliar
os municípios a estabelecer estratégias e planos
adequados e, assim, garantir o direito à educa-
ção e reduzir a evasão escolar.

As respostas às violências nas escolas devem


ser fundamentadas no Sistema de Garantia de
Direitos das Crianças e Adolescentes vítimas ou
testemunhas de violência, com protocolos de
proteção que garantam cobertura a violências
que venham a ser cometidas contra crianças e
adolescentes por parte de servidores públicos da
educação ou educadores contratados, fornece-
dores, equipes de manutenção, serviços de can-
tina ou higienização terceirizados e visitantes do
espaço escolar. Da mesma forma, a Mediação de
Conflitos e a Educação em Direitos Humanos são
potentes contribuições para a definição de solu-
ções pacíficas em episódios de violência entre
pares e de construção de novas sociabilidades
que fortaleçam a cultura de direitos humanos na
escola e nos territórios.

39 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Recomendações para o SGDCA dos 6. Assegurar, em todos os órgãos do SGDCA, orça-
mento suficiente para universalizar os direitos
territórios analisados
de crianças e adolescentes, com atendimento
As considerações diagnósticas apresentadas para de qualidade, considerando o quadro efetivo
especializado adequado às demandas do mu-
o contexto geral dos territórios analisados possi-
nicípio e infraestrutura apropriada, incluindo
bilitam, à luz da Lei n.o 8.069/90, Lei n.o 13.431/17,
programas de prevenção e enfrentamento às
Lei n.o 13.257/16, Resoluções n.o 113 e 117 do CO-
violências contra crianças e adolescentes.
NANDA e Decreto n.o 9.603, de 10 de dezembro
de 2018, indicar recomendações que podem ser 7. Instituir o comitê de gestão colegiada da rede
avaliadas pelo SGDCA dos municípios e adotadas de cuidado e de proteção social das crianças
para reversão do quadro diagnosticado: e dos adolescentes vítimas ou testemunhas
de violência.
1. Desenvolver e/ou aperfeiçoar os fluxos e pro-
tocolos de atendimento à criança e ao adoles- 8. Mediar as tensões relacionais no interior no
cente e suas respectivas famílias, observando SGDCA, optando sempre pelo diálogo e pela
as adequações exigidas pelo Sistema de Ga- busca conjunta de soluções para os proble-
mas, garantindo a centralidade na prioridade
rantia de Direitos da Criança e do Adolescen-
absoluta de crianças e adolescentes.
te vítima ou testemunha de violência, em
atenção ao Decreto n.o 9.603/2018. 9. Intensificar a articulação de órgãos, serviços,
programas e equipamentos públicos para
2. Revisar competências e atribuições normati-
trabalho integrado e coordenado na proteção
vas dos órgãos que compõem o SGDCA a fim
integral de crianças e adolescentes.
de identificar os pontos de integração e arti-
culação interinstitucionais e intersetoriais. 10. Assegurar a existência e o fortalecimento do
Fundo Municipal de Direitos da Criança (Fun-
3. Promover o engajamento e a participação
do DCA) por meio de uma gestão transparen-
efetiva de crianças e adolescentes no SGD- te, para a garantia de direitos das crianças e
CA, em especial de adolescentes e jovens dos adolescentes.
representantes dos municípios na iniciativa
Crescer com Proteção, para que eles possam 11. Promover todas as condições necessárias para
contribuir com o fortalecimento ou a criação que todos os atendimentos e encaminhamen-
de espaços e metodologias adequadas ao de- tos sejam registrados no Sistema de Informa-
senvolvimento do seu protagonismo. ção para a Infância e Adolescência (SIPIA).

4. Mapear a cobertura de transporte público no 12. Intensificar a parceria com OSC, Secretarias/
município e a eficiência da sua contribuição Diretorias/Departamentos de Cultura e Es-
porte para ampliação da oferta de programas
para o acesso de crianças e adolescentes às
e projetos de prevenção e enfrentamento
políticas públicas.
das violências contra crianças e adolescen-
5. Planejar e implementar programa de forma- tes, proporcionando acesso à informação, à
ção continuada e a capacitação dos profissio- cultura, ao lazer, aos esportes, a diversões e
nais de assistência social, educação e saúde e espetáculos, assim como oportunidades de
dos demais agentes que atuam na promoção, aprendizagem e emprego para adolescentes,
defesa e controle social dos direitos da crian- conforme preconiza a lei do aprendiz.
ça e do adolescente para o desenvolvimento
13. Ampliar as ações de conscientização e acesso à
das competências necessárias à prevenção, à informação sobre direitos, violações e serviços
identificação de evidências, ao diagnóstico e públicos para que a população se previna, conhe-
ao enfrentamento de todas as formas de vio- ça, reconheça e enfrente as diferentes formas de
lência contra a criança e o adolescente. violências contra crianças e adolescentes.

40 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Colaboração nas entrevistas Magda Celeste de Quadros Alves

Marcos Vinicius Batista de Souza


Abílio da Silva Marins (Wera Poty)
Maria Aparecida dos Santos
Adriana de Paulo Victor
Maria da Gloria Dias
Adriana Gonçalves Leite da Silva
Marilda Fragoso de Freitas Mativeeiro
Albanita Lopes dos Passos
Natália Rosalem Cardoso
Ana Claudia Rodrigues de Aguiar
Nayene Pontes do Carmo
Ana Silvia Passberg de Amorim
Ronildo Amandes
Anízio Pereira Santana
Rosete Maria Pereira de Sousa
Antony Oliveira
Sabrina de Souza Talado Bolchet
Augusto Alexandre Vargas Camargo Schell
Sueli Santana de Amorim Agrela
Bruna Gouveia
Talita Mendes de Araújo Santos
Carina de Jesus
Tatiana Mendonça Cardoso
Carlos Cabral Cabreira
Ticiana Bueno
Daniele da Silva Cerri
Walkiria Tersa Siqueira Cardoso
Diogo de Medeiros Albuquerque

Edilene Neris da Silva

Eduardo Gonçalves de Salles

Emanuele Correa Evangelista Borges

Fabiana Valéria Oliveira da Silva

Fabio de Mattos Camargo

Fernanda Barbosa da Silva

Fernando Ferreira Curcio

Flávia Correto

Isabel Cristina Chacon

Isabelle Martins Benetti Fogaça

Ivete Araújo

João Carlos Guilhermino da Franca

Jucilene Alves Sampaio

Karina Carron

Leila Leandro Silva

Letícia Santos Oliva

Lucas Petronilho Negrão da Silva

41 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


REFERÊNCIAS E FONTES

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. http://www.atlasbrasil.org.br/

BRASIL. Portaria Ministério da Saúde nº 264, de 17 de fevereiro de 2020. Altera a Portaria de Conso-
lidação nº 4/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir a doença de Chagas crônica, na Lista
Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços
de saúde públicos e privados em todo o território nacional.

______. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Pacto Nacional pela Escuta Protegida.
https://www.justica.gov.br/seus-direitos/politicas-de justica/EJUS/pactodaescutaprotegida

______. Ministério da Saúde. DATASUS. MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade –


SIM http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10sp.def

______. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras provi-
dências.

______. Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências.

______. Decreto nº 7.617, de 17 de novembro de 2011. Altera o Regulamento do Benefício de Prestação


Continuada, aprovado pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007.

______. Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008. Regulamenta os artigos 3º, alínea “d”, e 4º da Con-
venção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibição das piores formas
de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação, aprovada pelo Decreto Legislativo no 178,
de 14 de dezembro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000, e dá
outras providências.

______. Decreto n° 9.603, de 10 de dezembro de 2018. Regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de


2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou teste-
munha de violência.

______. Lei 13.431 de 04 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do
adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu-
to da Criança e do Adolescente).

______. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências.

CONANDA. Resolução 113, de 19 de abril de 2006. Dispõe sobre os parâmetros para a institucionaliza-
ção e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente.

42 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Cartilha de Direitos das crianças e adolescentes em abordagens policiais. Conselho Gestor de Me-
didas Sócio Educativas em Meio Aberto de Porto Alegre. http://defensoria-admin.rs.gov.br/upload/
arquivos/202009/30135655-cartilha-abordagem-policial-28-09-ultima-versao.pdf

______. Resolução 117, de 11 de julho de 2006. Altera dispositivos da Resolução n.º 113/2006, que dispõe
sobre os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos
da Criança e do Adolescente

______. Resolução 139, de 17 de março de 2010. Dispõe sobre os parâmetros para a criação e funciona-
mento dos Conselhos Tutelares no Brasil, e dá outras providências.

______. Resolução 170, de 10 de dezembro de 2014. Altera a Resolução nº 139, de 17 de março de 2010
para dispor sobre o processo de escolha em data unificada em todo o território nacional dos mem-
bros do Conselho Tutelar

DORIAM, L. B. & MELO, I. C. (org.). Índice de Homicídios na Adolescência: IHA 2014. Rio de Janeiro/RJ.
Observatório de Favelas, 2017. 108p.

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Portal de Estatísticas do Estado de São Paulo.
https://www.seade.gov.br/

INSPIRE: sete estratégias para pôr fim à violência contra crianças. Núcleo de Estudos da Violência
2018

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE https://cidades.ibge.gov.br/

Ministério Público do Paraná. Sistema de Garantia de Direitos da criança e do adolescente.


http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1590.html

Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas https://smartlabbr.org

Observatório da Criança e do Adolescente. Fundação Abrinq https://observatoriocrianca.org.br/

Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Coordenadoria de Análise e Planejamento.


http://www.ssp.sp.gov.br/estatistica/

UNICEF. Panorama de distorção idade-série no Brasil, 2018.

______. Caderno de Orientações Técnicas para a Proteção de Crianças e Adolescentes no Município –


Edição Selo UNICEF 2017-2020, 2019.

______. Cidade Aprendiz. A educação que protege contra a violência, 2019.

______. Busca Ativa Escolar. https://buscaativaescolar.org.br/

WAISELFISZ, J.J. Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil, 2015. 148p.

43 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


FAZENDO ACONTECER SERVIÇOS
PÚBLICOS MAIS INTELIGENTES,
SIMPLES E HUMANOS.

www.agendapublica.org.br
contato@agendapublica.org.br

Escritório em São Paulo


11 3487.2526 e 3496.0602
R. Pais Leme, 215, conjuntos 1501/1502,
Pinheiros, São Paulo-SP, 05424-150

Você também pode gostar