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circulador

uma publicação sobre promoção da saúde e protagonismo juvenil | n. 6


21 anos de
Protagonismo juvenil: protagonismo juvenil no Rio

UMA POLÍTICA PÚBLICA


para o SUS
Desde 1993 a SMS-Rio vem investindo em
ações de protagonismo juvenil, que culminaram
na criação do Adolescentro Maré, no ano 2000,
e do Adolescentro Paulo Freire, em 2004. Essas
experiências revelaram a potencialidade dos jo-
Integrar jovens e adolescentes promotores especial. Neste processo, o RAP se firmou vens para a promoção da saúde e a qualificação
da atenção primária e abriram caminho para
da saúde à Estratégia Saúde da Família (ESF) como um dispositivo de promoção da saúde
a criação do RAP da Saúde em 2007 - projeto
tem sido uma ação estratégica para aproxi- para a ESF, capaz de ampliar a captação de que vem sendo desenvolvido por meio de um
mar cidadãos ao Sistema Único de Saúde jovens e adolescentes pelas unidades de saú- convênio e em estreita parceria com o Centro
(SUS) na cidade do Rio de Janeiro. Em seu de. Comemoramos, assim, a consolidação do de Promoção da Saúde (Cedaps). Em 2014, o
terceiro ciclo, entre 2012 e 2014, a Rede de RAP como uma tecnologia social para a qua- RAP prepara-se para uma nova fase: a proposta
Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde lificação da Atenção Primária no SUS. é replicar a tecnologia social do projeto na rede
(RAP da Saúde) atuou em estreita parceira Se em seus dois primeiros ciclos de atuação municipal de saúde, contribuindo para consoli-
com Centros Municipais de Saúde, Clínicas esta Rede era um projeto de um setor da Se- dar o protagonismo juvenil como uma política
da Família, Escolas Municipais e as comunida- cretaria Municipal de Saúde do Rio de Janei- pública de saúde.
Um longo processo de experiências, debates
des onde estes equipamentos estão presen- ro (SMS-Rio) - a Coordenação de Políticas e
e parcerias precede essa história. Na primeira
tes. Apresentamos, nesta revista, as principais Ações Intersetoriais da Superintendência de etapa, realizada de 2007 a 2009, o projeto era
conquistas e desafios do trabalho, desenvol- Promoção da Saúde, vinculada à Subsecreta- composto por três equipes que atuavam nos
vido por meio de uma fértil parceria entre jo- ria de Atenção Primária, Vigilância e Promo- complexos da Maré e do Alemão e nas comu-
vens e profissionais. ção da Saúde - hoje percebemos sua incor- nidades Rocinha, Vidigal e Vilas Canoas. O tra-
Percebemos, na rotina de trabalho, como nos- poração como uma estratégia de promoção balho cresceu e, em 2010 e 2011, durante o seu
sos jovens e adolescentes promotores da saúde de saúde para a rede de atenção primária da segundo ciclo, o RAP chegou a 53 comunidades
vêm contribuindo para a humanização da aten- SMS-Rio. de favelas e bairros populares, atuando de for-
ção à saúde. No contato com cada comunidade Mais que conquistas e desafios, a experi- ma integrada à Plataforma de Centros Urbanos,
vemos a potencialidade do grupo para colocar ência traz como proposta para o ciclo 2014- do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef). Nessa fase, inaugurou mais três equi-
em prática o conselho do psicólogo Carl Jung: 2016 o compromisso de efetivar a Rede de
pes: Jacarezinho, Jardim Sulacap e Urucânia.
“Conheça todas as teorias, domine todas as Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde Em seu terceiro ciclo, entre 2012 e 2014,
técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja como uma política pública para o SUS, no o RAP adotou a estratégia de trabalhar com
apenas outra alma humana”. âmbito da ESF. equipes territoriais para intensificar parcerias
Um exemplo é a implantação do Cartão Fa- com as Coordenadorias de Atenção Primária
mília Carioca, cujo pré-requisito para a obten- (CAPs) e unidades de saúde. Para isso, oito
ção do benefício é a participação de jovens Viviane Manso Castello Branco equipes foram organizadas em Acari, Com-
e adolescentes das famílias contempladas em Coordenadora do RAP da Saúde plexo do Alemão, Campo Grande, Jacarezi-
grupos educativos nas unidades de saúde. nho, Maré, Rocinha, Sulacap e Tijuca. Além do
Coordenação de Políticas e Ações Intersetoriais trabalho realizado pelas equipes territoriais na
A iniciativa trouxe à tona a dificuldade que
Superintendência de Promoção da Saúde ponta do sistema de saúde, com seus usuários,
muitos serviços de saúde têm em lidar com o RAP apoiou outras iniciativas voltadas para a
Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e
esta faixa etária e criou a oportunidade para Promoção da Saúde saúde de adolescentes e jovens. Estima-se que,
o RAP mostrar que jovens e adolescentes po- Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro neste período, 39 mil pessoas foram alcançadas
dem promover saúde, de uma forma muito pelo projeto.

Protagonismo juvenil: uma política Maré: criatividade para Expediente


pública para o SUS 2 promoção da saúde 9
PCRJ©2014
Promoção da saúde e protagonismo Rocinha: criatividade, planejamento e
juvenil em rede 3 integração com a comunidade 10 Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro: Eduardo Paes
Secretário Municipal de Saúde: Daniel Ricardo Soranz Pinto
Subsecretária de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em
Educação permanente e gestão Sulacap: protagonismo juvenil para a
compartilhada 4 equidade em saúde 11 Saúde: Betina Durovni
Superintendente de Promoção da Saúde: Aline Bressan
Acari: novos horizontes para Tijuca: compromentimento e segurança Coordenadora de Políticas e Ações Intersetoriais: Viviane
cidadania 5 para encarar novos desafios 12 Manso Castello Branco

Alemão: ações que mobilizam Arte e cultura para o protagonismo Circulador: 6a edição | Jul 2014 | 10.000 exemplares
a comunidade 6 juvenil 13 Coordenação: Viviane Manso Castello Branco
Edição: In Media Comunicação Integrada
Campo Grande: adultos, jovens e Articulação no território:
adolescentes juntos pela promoção da saúde 7 estratégia fundamental 14 Reportagem: Bel Levy e Renata Fontoura
Revisão: Marina Schneider
Fotografia: Cristiane Lima e acervo RAP da Saúde
Jacarezinho: conhecimento
e autonomia para promover saúde 8 Projeto gráfico: Metara
Diagramação: Rodrigo Ávila

2
Promoção da saúde e
PROTAGONISMO JUVENIL
em rede
Trabalho em equipe e visão orgânica da rede articulam interação entre centenas jovens e adolescentes,
profissionais de saúde, governo e terceiro setor

“O RAP da Saúde é um projeto portantes na consolidação do projeto


vivo”. É desta forma que a coordena-
dora da Rede de Adolescentes e Jovens
como um dispositivo de promoção da
saúde na rede municipal. “Trabalhar
vale a pena!
Promotores da Saúde (RAP da Saúde), com equipes territoriais vinculadas a
Viviane Manso Castello Branco, define unidades de saúde, sempre em par- “Sabemos que nossa
o principal motor e, ao mesmo tempo, ceria com as CAPs, foi fundamental sociedade é muito
o maior desafio da iniciativa: trabalhar para ampliar o reconhecimento dos preconceituosa em
com pessoas, suas subjetividades, de- integrantes do projeto como agentes relação às potencia-
lidades de jovens e
sejos, potencialidades e limitações. “O de transformação. Hoje os profissio-
adolescentes e esse
que propomos, em síntese, é a pro- nais de saúde valorizam a atuação de estigma é ainda mais
moção da saúde por meio do prota- jovens e adolescentes como promoto- intenso entre jovens
gonismo juvenil. E isso requer a livre res da saúde porque compreenderam negros e moradores
expressão dos jovens e adolescentes, a a função mediadora que eles exercem de comunidades populares. Valorizar os
escuta acolhedora, a parceria dos pro- entre a unidade de saúde e a comuni- jovens das comunidades populares é uma
fissionais envolvidos e muito jogo de dade”, comemora. ação política, de cidadania, e o primeiro
cintura das instituições que apoiam a Para Viviane, o reconhecimento é passo para promover a saúde por meio
iniciativa”, aponta Viviane. fruto da habilidade dos jovens de tor- do protagonismo juvenil”.
Em seu terceiro ciclo, o RAP traba- nar as ações de promoção da saúde Dilma Cupti de Medeiros,
lhou com oito equipes territoriais vin- mais factíveis nos territórios. “Com coordenadora de Saúde na Escola
culadas a unidades de saúde e institui- muita espontaneidade e criatividade,
ções comunitárias em Acari, Complexo os integrantes do projeto trazem a voz
do Alemão, Campo Grande, Jacarezi-
nho, Maré, Rocinha, Sulacap e Tijuca.
de sua comunidade para dentro das
unidades de saúde. Assim as ações ga-
eu aposto!
“Nesta fase, criamos a Assessoria de nham mais ressonância com o público,
“Em uma cidade
Articulação Comunitária, que conso- tornando-se mais adequadas e melhor
com índices tão alar-
lidou as parcerias com as Coordena- sintonizadas às demandas das comuni- mantes de violência
dorias de Atenção Primária (CAPs) e dades”, explica. e violação de direi-
unidades de saúde e ampliou a articu- O próximo ciclo do projeto, a ser re- tos de adolescentes
lação com as comunidades. Assim, o alizado entre 2014 e 2016, tem como e jovens residentes
RAP deixa um legado de promoção da foco o repasse da tecnologia social do em espaços popu-
saúde e protagonismo juvenil por onde RAP para outras unidades de saúde da lares, contar com
passa, inspirando novas ações e multi- rede municipal. “Nossa expectativa é uma iniciativa públi-
plicando resultados”, destaca a asses- que a próxima etapa seja um grande ca mobilizadora do
que há de melhor em adolescentes e jo-
sora de Gestão do RAP, Eliane Gomes. passo na incorporação do RAP como
vens residentes nestes mesmos espaços
Para a superintendente de Promo- política pública pelo SUS, na Estratégia
populares deve ser altamente replicável
ção da Saúde da Secretaria Municipal Saúde da Família”, adianta a subsecre- e estendida para fortalecimento de uma
de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio), tária de Promoção, Atenção Primária e prática e de uma cultura de promoção da
Aline Bressan, a conclusão do tercei- Vigilância em Saúde da SMS-Rio, Beti- vida e da saúde desta geração”.
ro ciclo do RAP sinaliza avanços im- na Durovni.
Katia Edmundo,
diretora executiva do Cedaps

3
Educação
e gestão
permanente
compartilhada
Como um projeto de formação de cidadania, RAP da Saúde envolve jovens e adolescentes em ações
de capacitação, gestão, planejamento, execução e avaliação

N
o RAP da Saúde, adolescentes valores da promoção da saúde. A partir dis-
e jovens interagem diretamente so, planejamos coletivamente as ações nos
territórios”, explica Luiza Cromack, assesso-
vale a pena!
com a população carioca para pro-
mover saúde a partir das deman- ra técnica das Equipes Territoriais.
das das comunidades e do calendário da Participam das reuniões de formação os “Participar do RAP -
saúde, organizado pela Secretaria Municipal facilitadores, profissionais que orientam as ou SER RAP - é algo
de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio). O equipes territoriais, e os dinamizadores - para a vida toda. O
projeto valoriza o dinamismo dos jovens e jovens com mais experiência, responsáveis conhecimento agre-
investe na sua capacidade de desenvolver por dinamizar a atuação dos multiplicado- gado é riquíssimo:
atividades criativas que ampliem o diálogo res, adolescentes que atuam nos territórios o olhar qualitativo
entre os serviços de saúde, as escolas, as co- difundindo informações e promovendo se amplia de ma-
munidades e as políticas públicas. reflexões. “A experiência demonstra que neira natural frente
estamos no caminho certo, promovendo a à oportunidade de
Para dar conta deste trabalho, os jovens
criar e protagonizar ações que impactam
e adolescentes passam por um programa de autonomia e o protagonismo das equipes”,
na realidade das comunidades envolvidas
formação, com encontros quinzenais que aponta Livia Rodrigues, da Assessoria Téc- e na cidade como um todo. O RAP simbo-
aprofundam a discussão sobre promoção nica das Equipes Territoriais. liza a chance de preservarmos o sentimen-
da saúde por meio de metodologias parti- Tudo isso é viabilizado por um convênio to de deslumbramento constante, pois
cipativas. “A formação é um espaço para entre a SMS-Rio e o Centro de Promoção “esfrega na nossa cara de adulto” que
aproximar os jovens e adolescentes do re- da Saúde (Cedaps), entidade responsável investimento no potencial do adolescente
pertório da saúde e para rever conceitos e pelo gerenciamento do recurso financeiro e do jovem não é “jogar dinheiro fora”,
disponibilizado pela Secretaria, pelo apoio mas colaborar na produção de tecnologias
logístico às equipes territoriais e pelo siste- sociais inovadoras”.

eu aposto! ma de monitoramento e avaliação do pro-


jeto. “O gerenciamento do recurso financei-
Roberta Sales, da Assessoria Técnica das
Equipes Territoriais do RAP da Saúde
ro não é uma atividade burocrática, como o
”Adolescentes e jo- nome pode sugerir. É preciso muita criativida-
vens são multipli- de e compromisso para atuar em um projeto mento participativo, em que os dados inse-
cadores de formas como o RAP, em que além do gerenciamento ridos podem ser disseminados em diferentes
positivas de vida, de do recurso é preciso capacitar as equipes para formatos e linguagens por dinamizadores e
práticas educativas as atividades de orçamentos, prestação de multiplicadores. Ao mesmo tempo, essas
entre pares, de diálo- contas e relatórios, dentre outras tarefas”, de- informações são fontes valiosas para um
go com outras gera-
talha Maria do Socorro Vasconcelos, respon- melhor gerenciamento das atividades por
ções, de estratégias e
sável pela Gestão Institucional, Administrativa parte dos facilitadores, assessores e da coor-
metodologias legíti-
mas a partir de sua voz e no seu tempo. e Financeira do Cedaps. denação”, explica Kátia Edmundo, diretora
E adultos que investem no protagonismo Os jovens e adolescentes promotores executiva do Cedaps.
juvenil são educadores de uma sociedade da saúde também participam da gestão do A dinamizadora da equipe Maré do RAP
mais equitativa e garantidora de direitos. projeto. Eles inserem informações sobre as da Saúde, Renata Alves, aprova o Sistema de
Essa riqueza se expressa no ganho em atividades que desenvolvem no Sistema de Monitoramento. “A plataforma colaborativa
saúde, cidadania e qualidade de vida pe- Monitoramento do RAP. “Trata-se de um é um espaço onde podemos compartilhar
los jovens e adolescentes, suas famílias e ambiente virtual para gestão compartilhada com as outras equipes tudo o que estamos
comunidades”. do projeto, que viabiliza o registro de ati- fazendo e de saber o que eles estão fazendo
Eliane Gomes, vidades, resultados e indicadores de modo também. Isso é essencial para que possamos
Assessora de Gestão do RAP da Saúde dinâmico e multiautoral. É um monitora- aprender juntos e crescer juntos”, conclui.

4
Acari: NOVOS vale a pena!
Horizontes
para cidadania
“O RAP da Saúde é
inspirador. A atuação
dos jovens e adoles-
centes promotores da
saúde contribuiu para
qualificar os grupos
Jovens e adolescentes ganham conhecimento e independência de convivência desta
ao promover saúde dentro e fora da comunidade faixa etária em nossa
Área Programática,
”O RAP da Saúde mudou a minha vida. Co- como fizemos, por exemplo, durante o Mês por meio de estratégias mais dinâmicas e
nheci lugares e vivi experiências que levarei de Valorização da Paternidade, comemora- criativas”.
como bagagem para sempre”. A fala é da do em agosto. Trabalhamos para proporcio- Adriana Souza, apoiadora da CAP 3.3
dinamizadora Tawany de Jesus Santos, de nar a reflexão sobre o que é ser pai, primeiro
20 anos, que se tornou uma jovem promo- entre os jovens e adolescentes promotores
tora da saúde da equipe territorial de Acari da saúde e, depois, entre eles e os profissio-
e descobriu que, além de conhecimento, o nais e usuários da clínica”, explica a facilita-
projeto pode proporcionar novos horizontes dora local da equipe Acari, Ana Deise Pre-
não só para ela, mas também para a comu- nholato dos Santos.
nidade onde vive. As atividades para pro- Outra ação de destaque é o Camelô Le-
mover saúde, realizadas em espaços como gal. “Montamos uma banca em frente à
o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Clínica da Família Marcos Valadão para ex-
e o Arpoador – um dos mais belos cartões por nossos materiais informativos e chamar
postais do Rio de Janeiro –, fazem com que a atenção das pessoas para os temas de
estes jovens e adolescentes ganhem inde- saúde. Em uma dessas atividades, apresen-
pendência e exerçam sua cidadania, já que tamos diferentes métodos contraceptivos e
passam a integrar-se à cidade de forma res- percebemos uma curiosidade muito grande
ponsável e cuidadosa. Em seu território, as das mulheres da comunidade em relação
ações e dinâmicas promovidas nas salas de ao Dispositivo Intrauterino, o DIU. Assim,
espera de unidades de saúde são o ponto pudemos conversar abertamente com elas
forte dessa turma, que tem sua trajetória sobre mais esse recurso e, posteriormente,
marcada pelo desenvolvimento pessoal de levamos esta demanda para a reunião se-
seus integrantes. manal de planejamento familiar da unida-
“Nosso trabalho está concentrado na Clíni- de”, aponta Ana Deise.
ca da Família Marcos Valadão, onde temos A equipe Acari do RAP da Saúde tam-
liberdade total para realizar as dinâmicas, bém está presente nas escolas do território.
Na Escola Municipal Monte Castelo, foram
desenvolvidas atividades sobre gravidez na
fala, jovem! adolescência e a importância da higiene em
quatro turmas. “Promovemos a dinâmica
Equipe Acari: apropriação do território da cidade
para promover saúde

‘Quanto custa um bebê?’ e o resultado foi


“Com o RAP da Saúde
surpreendente. Eles se assustaram ao per- do RAP incentivou a formação de grupos de
ganhei a oportunidade adolescentes nas demais unidades de saúde
de acessar outros es-
ceber qual o verdadeiro impacto de um fi-
lho, não só financeiramente, mas também da área”, aponta Danielle Pinheiro, apoia-
paços da cidade. Antes dora da Coordenadoria de Área Programáti-
não sabíamos e nem o tamanho da responsabilidade”, conta
Ana Deise. ca 3.3 (CAP 3.3).
tínhamos condições de
“A parceria com a CAP 3.3 foi estratégi-
sair do território da co- Protagonismo juvenil para ca para o acolhimento do projeto na região
munidade - e o projeto
nos proporcionou isso. vencer vulnerabilidades e para a escolha da unidade de saúde de
Foi muito emocionante, para todo o grupo, referência para o território, a Clínica da Fa-
conhecer novos lugares da cidade onde A equipe de Acari passou a integrar o mília Marcos Valadão. Essa estreita relação
vivemos, como o Arpoador”. RAP da Saúde no terceiro ciclo do projeto, com as CAPs é fundamental para a insti-
Graciela Pereira, de 16 anos, dinamizadora em 2012. “Esta região é muito marcada pela tucionalização do projeto”, destaca Luiza
da equipe Acari do RAP da Saúde violência. Por isso, identificamos o papel es- Cromack, da Assessoria Técnica das Equi-
tratégico do RAP neste território. O trabalho pes Territoriais do RAP.

5
Alemão: ações que mobilizam
A COMUNIDADE A dimensão do território não é obstáculo para conscientizar a população sobre temas de saúde

C
aminhada da Tuberculose para xo do Alemão, que reuniu a população
conscientizar comunidades que local na estação do teleférico para escu-
sofrem com altos índices da doen- tar histórias de moradores antigos, alguns
ça e um jogo de tabuleiro humano com mais de 90 anos. “Percebemos que
para abordar, de forma lúdica, a prevenção a atividade sensibilizou tanto os jovens e
de doenças sexualmente transmissíveis. Es- adolescentes quanto o público, criando
sas são algumas das ações desenvolvidas um maior senso de pertencimento com
pela equipe territorial do RAP da Saúde no a comunidade”, pontua o facilitador do
Complexo do Alemão, região que abriga 14 Núcleo de Arte e Cultura do RAP, Wallace
comunidades e 100 mil habitantes, segun- Lino, que conduziu a atividade.
do dados do Instituto de Pesquisa Econômi-
ca Aplicada (IPEA). O desafio de promover
Família unida
saúde em uma área tão extensa não é um para promover saúde
obstáculo para os mais de quinze jovens e Mãe de dois jovens promotores da saú-
adolescentes que integram o projeto. de da equipe do RAP no Alemão, Lina Os-
“O contato próximo com os moradores carina de Jesus acompanha o trabalho dos
de todas as comunidades do Complexo do filhos e declara o seu orgulho. “Só minha
Alemão é fundamental porque consegui- filha, Ingrid, participava do RAP. O irmão,
mos identificar suas demandas de saúde e Ingridson, via a irmã envolvida no projeto
entender como podemos colaborar. Os te- e insistiu em fazer parte. Nos esforçamos
mas abordados em nossas ações são defi- Lina Oscarina de Jesus e os filhos promotores
da saúde, Ingrid e Ingridson: “Meus filhos para trocar o turno dele na escola e hoje
nidos a partir disso”, ressalta a facilitadora amadureceram muito, estão mais responsáveis e ele também é um jovem promotor de saú-
local do RAP da Saúde no Alemão, Kelly trazem conhecimento para toda a família”. de”, conta Lina . “Meus filhos amadure-
Gregório. Segundo ela, ações como a Ca- ceram muito, estão mais responsáveis e
minhada da Tuberculose – que mobilizou siva para introduzir o tema com as meni- atentos. Além disso, trazem conhecimento
as comunidades dos Mineiros e do Mati- nas, tarefa que havia se tornado um desa- para toda a família”, ressalta a mãe.
nho – mostram esse comprometimento. fio para os agentes comunitários de saúde. Ingrid conta que, antes de entrar para o
“Conversando com os profissionais de Outra iniciativa marcante foi a contação RAP, a timidez impedia a sua comunicação
saúde, descobrimos que essas duas co- de histórias sobre as origens do Comple- com outras pessoas. “Agora me expresso me-
munidades apresentam os maiores índices lhor porque tenho mais autoconfiança. Me
da doença na região. Criamos a oportuni- sinto segura porque sei o que estou falando.
dade de falar sobre prevenção, sintomas,
diagnóstico e a importância da realização
fala, jovem! Consigo levar o que aprendo no RAP para
casa e para a escola, conversando com todo
do tratamento até o fim”, avalia Kelly. mundo - o que há pouco tempo seria impossí-
A interação do RAP com as unidades de “No RAP eu conheci
vel para mim”, declara a multiplicadora.
saúde localizadas no Complexo do Alemão potencialidades mi-
O irmão Ingridson, recém-chegado à
é permanente. Os jovens e adolescentes nhas que eu mesma
desconhecia. Des- equipe, já tem histórias para contar. “Me
promotores da saúde participam das reu- marcou muito a ação chamada Primeira
cobri que eu posso
niões quinzenais com os profissionais da Vez. Quando falamos em primeira vez,
cuidar dos outros,
Clínica da Família Bibi Vogel, quando são logo pensamos em relação sexual. Com
contribuir com infor-
planejadas as ações. O protagonismo ju- mação, com conheci- essa atividade mostramos que a primeira
venil do RAP também está presente nas mento para que ou- vez de tudo é sempre importante”, lembra
escolas. A importância da vacina contra tras pessoas tenham melhores condições o jovem.
o HPV foi tema de ações desenvolvidas de vida e saúde”.
em seis escolas da rede pública na região. Larissa Sabino, de 15 anos, multiplicadora
Neste caso, a atuação dos jovens foi deci- da equipe do RAP da Saúde no Alemão

6
Campo Grande: conta Gabrielle Martins, 14 anos, multi-
plicadora da equipe Campo Grande.
ADULTOS, JOVENS E ADOLESCENTES A psicóloga Ana Beloni, coordenadora
juntos pela promoção de Programas do CMS Mario Rodrigues

DA SAÚDE
Cid comemora esta interação. “No início
do trabalho precisávamos estimular os
profissionais de saúde a interagirem com
os integrantes do RAP, pois eles não es-
tavam acostumados a lidar de igual para
Integrantes do RAP da Saúde acolhem demandas dos profissionais igual com jovens e adolescentes. Hoje
de saúde e atuam diretamente na Atenção Básica isso acontece de forma muito natural,
tanto nos grupos de convivência de ado-
lescentes e de idosos quanto nos progra-
mas da unidade”, relata.
No CMS Mario Rodrigues Cid, os jo-
vens e adolescentes promotores da saúde
conferem mais dinamismo para as ações
desenvolvidas com idosos, como a cam-
panha de vacinação contra a gripe e a
oficina de artesanato. Também são rea-
lizadas dinâmicas lúdicas, como esquetes
e rodas de conversa sobre planejamento
familiar, violência doméstica e prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis.
Uma das estratégias utilizadas pelo
RAP é a Dinâmica da Caixa. “Nesta ativi-
dade, cada participante deposita na caixa
uma pergunta sobre um tema específico.
Em seguida, os promotores da saúde vão
sorteando e respondendo as perguntas,
Em Campo Grande, jovens e adolescentes promotores da saúde apostam na informação sem revelar a identidade do autor. Foi
para promover saúde com usuários do SUS uma abordagem muito bem sucedida
quando precisamos conversar sobre se-

P
romover o protagonismo juvenil em inestimável para a unidade de saúde e para xualidade e doenças sexualmente trans-
um contexto de grande vulnerabili- a comunidade”, reconhece. missíveis com o grupo de idosos”, avalia
dade social, reconhecendo jovens e Luciana conta que o trabalho dos jovens Carlos Alexandre Dias, facilitador local da
adolescentes como agentes de trans- e adolescentes é realizado em sintonia com equipe Campo Grande.
formação de seu território. Foi com este de- os profissionais de saúde. “Eles participam
safio que, durante o terceiro ciclo do proje-
to, o RAP da Saúde apostou na criação da
das reuniões de planejamento, acolhem
nossas demandas e ajudam a abordar te- vale a pena!
equipe Campo Grande, vinculada ao Centro mas delicados, como a exploração sexu-
Municipal de Saúde Mario Rodrigues Cid, al de crianças e adolescentes”, aponta. A
na Área de Planejamento 5.2 (AP 5.2). equipe do RAP participa, ainda, de cam- “A parceria com o
A diretora do CMS Mario Rodrigues Cid, panhas de vacinação e de conscientização RAP da Saúde e a
Luciana Fernandes Rodrigues, conta que a sobre a cultura da paz, por exemplo, para nossa certificação
parceria com o RAP trouxe uma nova vi- prevenção das violências no namoro. como Unidade de
são sobre o papel de jovens e adolescentes “Além de aprendermos sobre promo- Saúde Amiga do Jo-
vem e do Adolescente
nas unidades de saúde e, também, a certi- ção da saúde e prevenção de doenças,
tem um significado
ficação do CMS como Unidade de Saúde participando do RAP ganhamos mais
especial. Aprendemos
Amiga do Adolescente. “Nosso território é autonomia, aprendemos a circular pela que jovens e adoles-
muito extenso e concentra uma grande po- cidade e interagimos com instituições centes têm uma sensibilidade especial para
pulação nesta faixa etária. Contemplar esse públicas e do terceiro setor. Como mul- lidar com as pessoas - e isso é essencial para
público com ações de promoção da saúde tiplicadora, preciso estar presente na co- aproximar os usuários da unidade de saúde e
sempre foi um desafio para nós, por isso munidade para conversar com as pesso- dos profissionais”.
percebemos que trazer o RAP para cá se- as e passar informações sobre saúde de Luciana Fernandes Rodrigues, diretora do
ria estratégico. E, realmente, foi um ganho uma forma interessante, prática e eficaz”, CMS Mario Rodrigues Cid

7
Jacarezinho: conhecimento No RAP da Saúde há quatro anos, o hoje

E AUTONOMIA
dinamizador Vitor Cândido, de 19 anos,
reforça a fala de Daniel. “Como multipli-
cador, passei pela fase de entender o que é
o projeto, de aprender sobre saúde, sobre

para promover saúde como me comunicar. Minha educação em


casa foi muito fechada e não falávamos de
sexo, por exemplo. Hoje, sei como con-
versar sobre sexualidade com segurança e
Jovens e adolescentes do RAP da Saúde tornam-se referência para
sem preconceitos”, conta Vitor.
temas de saúde e cidadania na comunidade Kedma Meira Moreira, de 19 anos, tam-
bém está há quatro anos no RAP e se tornou
dinamizadora depois de um ano de trabalho
como multiplicadora. “Como dinamizadora,
além de ser responsável por mim sou res-
ponsável também pelos multiplicadores. É
preciso dar suporte a eles, superar as dificul-
dades para que tudo dê certo”, ressalta.

Parcerias no território
O trabalho desenvolvido pelo RAP da
No Jacarezinho, o teatro é a porta de entrada para promover o Saúde no Jacarezinho conta com a parce-
protagonismo juvenil e, assim, a saúde e a cidadania
ria da Clínica da Família Anthídio Dias da
“Antes de entrar para o RAP da Saúde Em alguns momentos, nossos jovens se Silveira, que abraçou o projeto. Os jovens
eu era órfão de sabedoria”. O depoimen- deparam com questões que não sabem e adolescentes promotores da saúde fa-
to do multiplicador Vitor Hugo Ramos, de resolver e mostram que são capazes de zem parte da equipe da unidade de saúde
18 anos, reflete a intensidade do trabalho buscar a solução, perguntando, pesqui- e interagem com todos os profissionais,
desenvolvido pelo projeto no Jacarezinho. sando. Essa autonomia, senso de res- propondo ações e acolhendo demandas.
Hoje integrante do Núcleo de Comunica- ponsabilidade e pertencimento à comu- Outras unidades de saúde também re-
ção do RAP da Saúde, Vitor é responsável nidade são heranças que eles recebem cebem as atividades. No dia das mães,
por disseminar informações e contribuir do RAP”, finaliza. uma esquete sobre violência doméstica
para a articulação de sua equipe territorial foi encenada na Clínica da Família Bar-
com os demais jovens e adolescentes pro-
motores da saúde. Utilizando sobretudo a eu aposto! bara Starfield. “Uma das mães se propôs
a entrar na cena para mudar a narrativa.
linguagem do teatro, os mais de trinta jo- Essa possibilidade de intervenção, que
vens e adolescentes promotores da saúde vem da metodologia do Teatro do Opri-
do Jacarezinho se dedicam a transformar “A possibilidade de mido, é muito interessante para se co-
falar de jovem para locar no lugar do outro”, explica Daniel
realidades que ainda desafiam a comuni-
jovem é o grande
dade: os altos índices de tuberculose e a Souza. As aulas de teatro e os ensaios do
diferencial do RAP
intensa circulação de drogas, como o crack. RAP são realizados no Centro de Refe-
da Saúde. Por essa
Oficineiro do Centro de Atenção Psi- característica, a ini- rência da Juventude (CRJ), outro parceiro
cossocial Raul Seixas (CAPS ad), o faci- ciativa se torna, de da equipe no território.
litador local do RAP da Saúde no Jaca- fato, um agente ca- As ações de promoção de saúde e pro-
rezinho, Daniel Souza, já dava aulas de talisador das ações tagonismo juvenil garantiram uma par-
teatro na comunidade antes de integrar de saúde no território. Os jovens e ado- ceria importante com a Escola Municipal
o projeto. “Depois de conhecer o RAP da lescentes têm conhecimento e responsa- Pernambuco. “Optamos por investir em
Saúde em uma palestra, decidimos trazer bilidade para trabalhar com saúde e, além atividades que envolvessem os alunos em
disso, utilizam técnicas efetivas para o di- todo o processo, como a elaboração de
o projeto para cá. Começamos com cin-
álogo com a comunidade, como o teatro.
co jovens e hoje a equipe do Jacarezinho vídeos”, relata Daniel. “Produzimos um
É uma tecnologia social estratégica, que
conta com 14 multiplicadores, três dina- vídeo falando sobre perspectivas de fu-
precisa ser multiplicada”.
mizadores e 18 observadores”, conta. turo e despertamos essa reflexão nos alu-
Jeanne Carvalho Azeiro, coordenadora da nos. Hoje, percebemos que a ação trouxe
Segundo o facilitador, os jovens e
Divisão da Linha de Cuidado da Área Pro- uma mudança concreta em suas vidas,
adolescentes promotores da saúde já
gramática 3.2
se tornaram referência na comunidade. repercutindo em seu comportamento e
“Me orgulho desse reconhecimento. desempenho escolar”, avalia o facilitador.

8
Maré: CRIATIVIDADE Contação de Histórias
Realizada semanalmente desde 2008, a

para promoção
saúde
contação de histórias do CMS Américo Velo-
so conta com a participação do RAP desde a
sua sessão inaugural. Toda quinta-feira mora-
da dores de todas as idades se reúnem para ou-
vir e contar histórias. “Durante essa trajetória,
RAP da Saúde dá asas à imaginação e surpreende a comunidade com ações que crianças, adolescentes, jovens, adultos e ido-
suscitam o debate sobre temas de saúde sos vêm experimentando, na prática, a inter-
face entre cultura e saúde. A atividade reforça
os vínculos com a unidade e com a equipe de
saúde”, informa a coordenadora do projeto,
a fonoaudióloga Clarisse Lopes.
A atividade é de livre demanda. Recebe-
mos um público que vem por vontade pró-
pria, basta ser curioso para participar!. As
histórias são abordadas por meio de contos
da literatura que estimulam a concentração, a
memória e a linguagem. A escolha do reper-
tório é completamente livre. A ideia é promo-
ver um ambiente agradável que incentive a
leitura” informa a fonoaudióloga.
Desde 2009, o morador da Maré, Julio Ca-
margo, leva seu filho David, hoje com doze
Contação de Histórias na Sala Encantada do CMS Américo Veloso: Julio Camargo e o filho David, anos, para participar da atividade. “David
moradores da Maré, se divertem enquanto desenvolvem a fala e as habilidades de comunicação tinha problemas fonoaudiológicos e desde

C
que começamos a participar ele já melhorou
antar. Esta foi a estratégia esco- intervenção, sensibilizamos os profissionais bastante! Além do desenvolvimento da fala,
lhida pela equipe Maré do RAP de saúde da unidade a abordar o tema da é uma oportunidade para ele se envolver com
da Saúde para comemorar o Dia prevenção das violência no namoro com o um atividade cultural”, avalia o pai. Atual-
Mundial da Voz, 16 de abril, sur- grupo de jovens”, lembra a dinamizadora mente 30 pessoas participam, em média, de
preendendo profissionais e usuários do Rafaela Silveira, de 20 anos. cada sessão.
Centro Municipal de Saúde Américo Ve- As atividades reforçam a parceria com
loso, em Ramos. Os jovens e adolescentes a unidade de saúde. “A direção do CMS
promotores da saúde realizaram um flash-
mob – performance previamente planejada
Américo Veloso conhece muito bem o RAP
e valoriza o nosso trabalho. Somos cha- fala, jovem!
e desenvolvida por um grupo de pessoas mados para participar de diversos eventos,
em um local público – para conscientizar como bloco de carnaval e a festa junina da “Minha relação com
sobre a importância da saúde da voz. Che- unidade, sempre com a abordagem da pro- a comunidade mudou
garam à sala de espera da unidade como moção da saúde”, ressalta o dinamizador muito desde que eu
se fossem usuários e, de repente, começa- Paulo Victor Lino, de 19 anos. entrei para o RAP da
ram a cantar e a dançar e logo foram se- A dinamizadora Renata Alves, de 20 anos, Saúde. Antes, eu era
guidos pelo público, bastante animado. A conta que a equipe está presente em todas simplesmente uma
criatividade presente em ações como essa, as Clínicas da Família do território: “Realiza- moradora da comu-
também utilizadas para suscitar o debate mos um circuito para apresentar o projeto nidade e não dava o
menor valor para isso. Hoje, depois de pas-
de outros temas, é a marca do protagonis- aos profissionais de saúde. Visitamos unida-
sar por tantas capacitações e formações,
mo juvenil na comunidade. des do Parque União, Baixa do Sapateiro, que realmente abriram os meus olhos para o
“Em junho, promovemos um flashmob Ramos e Nova Holanda”, aponta. mundo, eu vi que não sou apenas uma mo-
sobre gentileza no namoro durante a reu- A facilitadora da equipe do RAP na Maré, radora. Percebi que posso ajudar a transfor-
nião dos profissionais do CMS Américo Jaqueline Andrade, reforça a importância de mar a minha comunidade, a melhorar a vida
Veloso, para planejar as ações com o gru- incentivar as ideias dos jovens e adolescen- de todos, através da informação. Porque
po de jovens vinculados ao Cartão Família tes promotores da saúde. “Cada um deles, quando a gente tem informação, conheci-
Carioca. No meio do encontro, um adoles- com suas particularidades, move o mundo mento, a nossa vida melhora”.
cente do RAP começou a cantar a música e transforma o seu redor. Possuem uma vi- Luana Pereira de Oliveira, 15 anos, multipli-
‘Já sei namorar’, dos Tribalistas. Logo esta- são ímpar do mundo, muita capacidade de cadora da equipe Maré do RAP da Saúde
vam todos cantando juntos. A partir dessa aprender e trocar”, dispara Jaqueline.

9
Rocinha: criatividade, planejamento e saúde e a articulação comunitária é a marca
do espaço, que atua em parceria com ou-

INTEGRAÇÃO tras lideranças da comunidade.


“Sempre buscamos novos projetos de
protagonismo juvenil para interagir. Quan-

com a comunidade do conhecemos o Adolescentro Paulo Frei-


re passamos a ter um diálogo permanente
com a sua equipe de jovens e adolescentes
De forma dinâmica e inovadora, jovens e adolescentes integram unidades de promotores da saúde”, reconhece Antô-
saúde, escolas e lideranças comunitárias em ações de promoção da saúde nio Carlos Firmino, coordenador do Centro
de Cultura e Educação Lúdica da Rocinha.

Q
ual seria sua reação ao presen- sões cristalizadas, eles quebram paradigmas “Valorizamos o saber e as tradições das pes-
ciar uma briga entre um casal e mostram que a relação com os usuários soas mais velhas como forma de resgatar a
de namorados na sala de espera pode ser diferente”, avalia. cultura popular. Os jovens e adolescentes
de uma unidade básica de saú- Nas escolas, as ações do RAP também são fazem toda a diferença neste processo, pois
de? Provavelmente, o episódio provocaria a inovadoras. Em um período de oito sema- atuam como elos entre as diferentes faixas
reflexão sobre a falta de respeito nos rela- nas, formações sobre prevenção de doenças etárias”, aponta.
cionamentos. A encenação foi a estratégia sexualmente transmissíveis, sexualidade e Escolhido no processo seletivo para
utilizada pela equipe Rocinha do RAP da violência foram promovidas para alunos da compor o Laboratório de Inovação em
Saúde para envolver os usuários da Clínica Escola Municipal Manoel Cícero, na Gávea. Boas Práticas na Saúde de Adolescentes
da Família Rinaldo de Lamare em um deba- Para a dinamizadora Joyce Kely Dias da e Jovens – iniciativa do Ministério da Saú-
te durante o Mês da Gentileza no Namoro, Costa, de 20 anos, mostrar que saúde não de em parceria com a Organização Pan-
comemorado em junho. A ação, planejada significa apenas a ausência de doenças é Americana de Saúde (OPAS) –, o Adoles-
e executada por dois jovens promotores de motivação extra. “Abordar temas que não centro e o RAP da Saúde receberam, em
saúde, reflete o potencial do protagonismo são considerados sob a ótica da saúde, como junho de 2014, a visita de uma equipe do
juvenil na promoção da saúde. a prevenção das violências no namoro, é Ministério da Saúde.
“No RAP da Saúde aprendi que podemos muito gratificante. Saúde não é só corpo, “Sabemos que não há um esforço político
realizar qualquer tipo de evento ou ativida- também inclui o emocional, o mental e esses central bem organizado nessa área. Por isso,
de. Utilizamos linguagens e abordagens di- aspectos precisam ser trabalhados”, dispara. precisamos conhecer e compartilhar as ex-
ferentes para cada público e cada situação e periências de sucesso”, apresenta a consul-
isso faz a diferença”, conta o multiplicador Adolescentro Paulo Freire: tora do Ministério da Saúde, Maria Helena
Carlos Eduardo Miranda Silva, de 15 anos, troca de experiências e novas Ruzany. O RAP da Saúde e o Adolescentro
que participou da encenação ao lado da di- Paulo Freire estão entre as 32 experiências
namizadora Evelyn Vital, de 18 anos.
possibilidades que receberam a visita e concorrem para es-
Para a gerente da Clínica da Família Ri- Espaço de troca de experiência e de co- tar entre as 18 que serão selecionadas.
naldo de Lamare, Janne Nogueira, a parceria nhecimento para os jovens e adolescentes
com o RAP da Saúde garante o cuidado que promotores da saúde, o Adolescentro Pau-
vai além do monitoramento da saúde. “Os
jovens e adolescentes promotores da saúde
lo Freire, em São Conrado, se tornou uma
âncora para o trabalho desenvolvido pela
vale a pena!
participam das reuniões semanais com nos- equipe do RAP na Rocinha. A união do
sa equipe. Desprovidos de preconceitos e vi- protagonismo juvenil com a promoção da
“Minha atuação
no Adolescentro
foi a coroação do
meu trabalho na
Secretaria Munici-
pal de Saúde. Me
impressionou mui-
to trabalhar com
protagonismo
juvenil, perceber
que os jovens são capazes - e têm grande
talento - para planejar, organizar e executar
ações de promoção da saúde”.
Ana Beloni, psicóloga e coordenadora de
Programas do CMS Mario Rodrigues Cid,
Durante o Mês da Gentileza no Namoro, comemorado em junho, jovens e adolescentes oferecem o foi diretora do Adolescentro Paulo Freire
Cardápio da Gentileza aos usuários do SUS: dentre as opções estão abraços, poesias e rosas. de 2009 a 2013.

10
Sulacap:
protagonismo juvenil fala, jovem!
EM SAÚDE
para a
“Conheci o RAP da
equidade Saúde na Clínica da
Família Olympio Este-
ves, em Padre Miguel,
Jovens e adolescentes promotores da saúde apostam na valorização das durante uma apresen-
diversidades como forma de desenvolver potencialidades e promover saúde tação do projeto. Esta-
va lá para participar do

A
grupo de convivência
valorização das diversidades e a Verônica Lima, conta que o trabalho fo- para jovens que rece-
participação em fóruns políticos cado nas diversidades surgiu da neces- bem o Cartão Família Carioca. Fui convida-
são as marcas da equipe Sulacap sidade de incluir jovens surdos que fre- da e aceitei participar do projeto. Já aprendi
do RAP da Saúde, que integra quentam o Centro Municipal de Saúde muito sobre saúde, sobre Libras e, também,
jovens e adolescentes surdos e ouvintes Professor Masao Goto, em Sulacap. “As a respeitar e valorizar as diferenças entre os
no trabalho de promoção da saúde jun- informações precisam chegar aos jovens seres humanos”.
to a unidades de saúde e comunidades surdos da mesma forma que para nós, Julia Silva Coelho, 14 anos, multiplicadora
situadas na Área de Planejamento 5.1. ouvintes, porém com a acessibilidade da do RAP da Saúde
Nesta equipe, a cidadania e a igualdade Língua Brasileira de Sinais - Libras. Va-
de direitos são experimentadas primei- lorizando as diversidades e garantindo a
ro dentro do projeto para, então, serem equidade, todos da equipe têm condições professores surdos ou professores para
multiplicadas externamente. iguais de promover saúde por onde an- surdos em uma escola bilíngue é um di-
A atuação do RAP no território é reco- dam”, defende Verônica. reito que precisamos defender. Surdos
nhecida e valorizada pela Coordenadoria Apostando na interação entre surdos também têm direito à educação pública
de Área Programática 5.1 (CAP 5.1). “A e ouvintes, o RAP garantiu participação de qualidade e vamos lutar, sempre, con-
equipe do RAP atua junto com os profis- na Conferência Nacional de Educação tra as desigualdades”, aponta Luana.
sionais em ações de promoção da saúde em fevereiro de 2014, em Brasília. Na Foi preciso compromisso, seriedade
interagindo com outros adolescentes e etapa estadual do evento, os adolescen- e respeito para chegar até lá. “Esclares-
jovens, acolhendo e respeitando as diver- tes multiplicadores Luana Fernandes, de cemos sobre as etapas da Conferência,
sidades, especialmente os surdos. O RAP 17 anos, ouvinte, e Leonardo Ramos, de além de conversamos sobre os direitos
é hoje um referencial para nossos profis- 16 anos, surdo, foram eleitos delegados já constituídos pela comunidade surda e
sionais e favorece reflexões sobre diversos do Rio de Janeiro para representar o seg- sobre o que ainda precisamos defender”,
temas de interesse dos jovens, promoven- mento Estudantes da Educação Básica resume a fonoaudióloga Cristina Justo,
do o protagonismo juvenil e o trabalho em Pública no encontro nacional. Ao todo, que atua no Centro Municipal de Saúde
rede”, destaca Lúcia Brandão, da CAP 5.1. oito adolescentes promotores da saúde Professor Masao Goto.
A facilitadora local da equipe Sulacap, participaram do processo. A equipe do
RAP contou também

eu aposto! com o apoio de Eliene


Alvarenga, mãe de Bru-
na e Anna Beatriz, de
“O acesso a Libras é 17 e 14 anos, que re-
essencial para o ple- presentou o segmento
no desenvolvimento dos pais.
de adolescentes sur- “Participar da Con-
dos. Sem o acesso a ferência Nacional de
este conhecimento, Educação é importante
o adolescente cresce
para que nós, jovens,
sem ter uma língua.
Assim, acaba tendo
possamos dizer como
dificuldades para desenvolver algumas ha- queremos a educação
bilidades - que existem, mas estão inibidas em nosso país. Quere-
pela falta da possibilidade de se comunicar e mos uma educação pú-
se expressar. Trazer Libras para esses adoles- blica de qualidade para
centes é promover saúde!”. ouvintes e surdos. Ter
Equipe Sulacap: acessibilidade para
Alessandra Ramos, intérprete de Libras no
jovens surdos é o ponto de partida para a promoção da saúde
RAP da Saúde

11
Tijuca:
comprometimento e segurança
para encarar novos
DESAFIOS
A dimensão do território não é obstáculo para conscientizar a população sobre temas de saúde

“O RAP da Saúde me proporcionou dades de saúde e promovem encontros


a consciência sobre meu direto de falar de leituras para pacientes internados”,
e ser ouvido; me ensinou a me comuni- completa Juliano.
car. Com isso, posso levar adiante minha O dinamizador Hudson Ramos, de 19
ideologia, minha vontade de mudar o anos, conta que a produção de vídeos
mundo para melhor”. O depoimento é também é uma das vertentes da equipe
do multiplicador William Oliveira, de 17 Tijuca: “O processo de produzir vídeos é
anos, que integra a equipe territorial da muito interessante para fortalecer o nos-
Tijuca do RAP da Saúde. Durante o ter- so trabalho, porque estreitamos o conta-
ceiro ciclo do projeto, essa turma conse- to com profissionais de saúde e com as
guiu transformar o desafio de não ter um escolas do território, perguntando sobre
espaço físico para as reuniões semanais a importância do RAP, as contribuições
em uma grande oportunidade de apro- do projeto para o território, dentre outras
priar-se melhor do próprio território e as- questões. Queremos disponibilizar nossa
sim ampliar as articulações. Os encontros produção para as unidades de saúde em
para planejar as ações são promovidos um pendrive para que possamos exibir os
em unidades de saúde, quadras de escola curtametragens para profissionais e usuá-
de samba, bibliotecas públicas e praças, rios nas salas de espera”, relata.
o que vem conferindo reconhecimento A interação com as comunidades e os usuários do Para Juliano, a autonomia consegui-
local ao trabalho desenvolvido com base SUS é a marca da equipe Tijuca da pelos jovens e adolescentes é a maior
no protagonismo juvenil. conquista do trabalho. “O poder da fala
“É animador ver que os jovens e ado- é exercitado em todos os momentos de
lescentes se empenham em buscar um fala, jovem! interação, desde a capacitação em temas
espaço para se encontrarem. Isto virou de saúde até o planejamento e desen-
uma demanda pessoal de cada um deles volvimento das dinâmicas. Isso é funda-
“É maravilhoso poder
e tornou-se parte essencial da identidade mental para que eles se sintam seguros
romper preconceitos
política deste grupo, que circula por todo e tabus para conver- para encarar qualquer desafio como pro-
o território”, explica o facilitador local da sar sobre temas como motores da saúde. Observar o comporta-
equipe Tijuca, Juliano Gonçalves. Nesta sexualidade, uso da mento deles é a melhor forma de avaliar
interação diária, são abordados temas camisinha, sexo se- o impacto do projeto. Hoje percebemos o
como racismo, violência de gênero, sexu- guro e prevenção das quanto a relação deles com eles mesmos
alidade e meio ambiente - sempre de for- violências no namoro. e com o mundo mudou”, comemora.
ma lúdica e com muita criatividade. Um Não podemos tratar da saúde somente A multiplicadora Sara Mathias Rosário,
exemplo disto foi a oficina de grafite para tomando remédios. É preciso lidar com o de 14 anos, confirma a fala de Juliano.
sinalizar espaços de recolhimento de lixo bem-estar das pessoas. Isso é importante, “Eu era muito tímida e no RAP aprendi a
por exemplo, para tratar de um tema tão
no Borel, contribuindo para a manuten- me expressar; mudei minha a minha rela-
comum e tão difícil de lidar, como a violên-
ção da limpeza da comunidade e a cons- cia doméstica”. ção com as pessoas. Aprendi que a mu-
cientização dos moradores. “Os jovens e dança começa dentro da gente: é preciso
adolescentes promotores da saúde tam- Maurício Castro, 20 anos, multiplicador mudar de dentro para fora para promo-
bém atuam nas salas de espera das uni- do RAP da Saúde ver saúde na comunidade”, reconhece.

12
eu aposto!
Arte e cultura para o “Trabalhar com o RAP

PROTAGONISMO JUVENIL da Saúde me surpreende


positivamente, sempre!
A cada ano os adoles-
Teatro, vídeos e redes sociais para promover saúde centes e jovens estão
mais maduros e cora-
josos. Os que entram no
projeto são contagiados
mais rapidamente pelos que estão há mais
tempo e o trabalho vai ficando mais rico. O
alcance dos vídeos superou nossas expec-
tativas, indo além de jovem para jovem: as
produções suscitam debates também em
grupos de adultos, idosos e, sobretudo, entre
profissionais de saúde”,
Anna Rosaura Trancoso, arte-educadora e
facilitadora do RAP para produção audiovisual

Produção audiovisual e
O RAP da Saúde está no Facebook! Curta a nossa página e fique por dentro de todas as novidades:
comunicação na internet
www.facebook.com/JovensRapdaSaude O RAP da Saúde investe em atividades
e metodologias que aprimoram a forma
como os jovens se expressam e comunicam

Q
ue a arte e a cultura são A facilitadora local da equipe Maré, suas verdades. O Núcleo de Comunicação
indispensáveis na vida dos Jaqueline Andrade, que compartilha com busca desenvolver essas habilidades e refle-
homens, ninguém duvida. Wallace a experiência de ter sido jovem tir sobre o direito à comunicação como par-
Mas como podem contri- promotora da saúde, explica que o re- te da cidadania. “Entendemos a comunica-
buir para ações de protagonismo juvenil conhecimento da identidade favelada é ção como uma forma de estar no mundo e
e promoção da saúde? Para o RAP da fundamental para a formação de pesso- esse empoderamento é o principal resulta-
Saúde, essa relação é fundamental! É o as mais saudáveis, com mais autoestima do do trabalho”, considera a facilitadora do
que mostram as experiências dos núcle- e capazes de transformar o mundo à sua núcleo, Thamyra Thamara.
os de Arte e Cultura e de Comunicação, volta. “E a arte é perfeita para esse pro- Em oficinas quinzenais, os jovens e ado-
que desenvolvem linguagens artísticas e cesso, porque não é pretensiosa: existe lescentes promotores da saúde aprendem
trabalham a autoconfiança e a expressão em qualquer contexto. O teatro é uma técnicas de apuração de informações, pro-
dos adolescentes e jovens. Com a super- excelente metodologia para a promoção dução de entrevistas e fotografia, além de
visão e orientação de equipes técnicas, da saúde, porque ajuda a expressar o desenvolverem um olhar crítico sobre os
eles se tornam protagonistas de ações que incomoda, promovendo uma refle- meios de comunicação e trabalharem na
culturais e descobrem talentos que po- xão que é fundamental para a qualidade página do projeto no Facebook.
dem inspirar caminhos profissionais. de vida”, aponta. Eles também expressam suas visões so-
Para o facilitador do Núcleo de Arte O Núcleo de Arte e Cultura também bre juventude e saúde em vídeos produ-
e Cultura do RAP, Wallace Lino, que no proporciona aos jovens e adolescentes zidos com a supervisão e orientação dos
ano 2000 atuou como jovem promotor da oportunidades para se apropriarem do arte-educadores Anna Rosaura Trancoso e
saúde, uma das principais potencialidades território da cidade.“Para muitos deles, Cláudio Doreto. “Realizar um vídeo desde
do trabalho é promover a cidadania a par- ir ao Centro era um desafio. Para ven- o argumento até sua finalização é uma ex-
tir da reflexão sobre a identidade cultural cer essa limitação e colocar o pessoal periência muito divertida, apesar de todos
e territorial dos jovens. “O mais marcante para circular, começamos a promover os desafios. O sucesso deste trabalho se dá
para mim, como jovem promotor da saú- os encontrões - oficinas de teatro en- pelo prazer da produção aliado à serieda-
de, foi a construção de minha identidade volvendo todas as equipes territoriais, de com que os jovens abraçam cada tarefa.
como morador da Maré. No RAP eu pre- sempre em um lugar diferente da cida- E, claro, à coragem, muito característica da
cisei me apropriar da Maré e reconhecer de, como o Parque Madureira e o Mu- idade, com que tratam questões delicadas,
a minha identidade como favelado para seu de Arte Moderna (MAM)”, desta- expondo suas opiniões e histórias pesso-
promover saúde no território”, conta. ca Wallace. ais”, avalia Anna Rosaura.

13
Articulação no território:
estratégia fundamental
da saúde
para a promoção

Oficinas de Articulação Intersetorial, mapeamento digital de parceiros nas comunidades e apoio a iniciativas
juvenis promovem a intersetorialidade nos territórios

da saúde sob diferentes pontos de vista,


de forma a contemplar todos os atores so-
ciais que atuam no território. “A parceria
com as CAPs e a apropriação da proposta
do RAP pelos profissionais de saúde foram
decisivas para desenvolver ações inter-
setoriais nos territórios de forma plena e
sistemática. Por meio das Oficinas de Ar-
ticulação Intersetorial, criamos grupos de
articuladores locais, que mantêm viva essa
interação”, avalia Thais.
A segunda etapa do trabalho foi a reali-
zação da Oficina de Mapeamento Digital.
Nestes encontros, os participantes apren-
deram a usar a plataforma Mootiro Maps,
desenvolvida pela empresa IT3S em parce-
ria com o Centro de Promoção da Saúde
Em projeto apoiado pelo RAP, Agentes Comunitários de Saúde da Clínica da Família Armando
(Cedaps). “Trata-se de um instrumento de
Palhares Aguinaga apostam em abordagem lúdica para promover saúde e preservar o meio ambiente localização de espaços físicos e dos ser-
viços desenvolvidos por eles; uma ferra-
Integrar jovens e adolescentes promoto- res da saúde como referência para essa menta que contribui muito para a locali-
res da saúde, unidades de saúde, institui- articulação”, explica a assessora de Articu- zação e identificação de parceiros locais.
ções e grupos atuantes nas comunidades. lação Comunitária do RAP, Jeanne Lima. A partir dos dados coletados, será criado
Esse é o objetivo da Assessoria de Arti- O trabalho inclui a realização de Oficinas um grupo de recursos para cada Área de
culação Comunitária do RAP da Saúde, de Articulação Intersetorial, o mapea- Planejamento, facilitando as ações de arti-
criada em 2013 para fortalecer a intera- mento das oportunidades nos territórios culação”, explica Thais.
ção do projeto com outros atores sociais e a seleção de iniciativas juvenis apoiadas Por fim, as CAPs promoveram a seleção
presentes nos territórios. O trabalho, re- pelo projeto. “Houve, ainda, uma ‘etapa de iniciativas juvenis do território para re-
alizado em estreita parceria com as dez zero’, em que realizamos reuniões de pla- ceber apoio financeiro do RAP - projetos
Coordenadorias de Áreas Programáticas nejamento com cada CAP. Nesta etapa, locais desenvolvidos por jovens e/ou para
(CAPs) da cidade, promoveu o mapea- apresentamos o RAP a quem ainda não o jovens, realizados em articulação com uni-
mento de parcerias estratégicas e o apoio conhecia e atualizamos questões sobre o dades de saúde. “A Assessoria de Articu-
direto a cerca de 30 iniciativas juvenis de- projeto”, complementa a psicóloga Thais lação Comunitária tem sido fundamental
senvolvidas localmente com outros gru- Garcia, que também atua na Assessoria de para consolidar o RAP como referência no
pos de jovens. Articulação Comunitária. apoio ao diálogo entre os diversos atores
“Buscamos fomentar o diálogo e a par- Depois dos primeiros encontros de pla- sociais dos territórios e para o fortaleci-
ceria entre os diferentes atores sociais que nejamento com as CAPs, foram realizadas mento de ações de promoção da saúde,
convivem nos territórios, tendo as equipes as Oficinas de Articulação Intersetorial, com ênfase no protagonismo juvenil - ex-
locais de jovens e adolescentes promoto- que abordaram os conceitos da promoção pertise da nossa Rede”, aponta Jeanne.

14
eu aposto! O protagonismo de jovens e adoles- bala e jogarem o papel no chão, porque
centes também é a marca do projeto Can- elas tiveram esse exemplo dos adultos”,
tando, Contando e Reciclando, iniciativa conta Aline. Outro tema trabalhado pelos
“Apoiar iniciativas, juvenil apoiada pelo RAP em Sulacap, de- Agentes Comunitários de Saúde Mirins é o
ou melhor, políticas senvolvida em parceria com a Clínica da da violência doméstica. “Essa é uma situa-
públicas com ado- Família Armando Palhares Aguinaga. En- ção delicada e muito comum entre irmãos,
lescentes e jovens e tre as ações desenvolvidas está a encena- pais e filhos e marido e mulher. Com muito
para adolescentes e ção do espetáculo Chapeuzinho Verde da cuidado, conversamos sobre a importância
jovens é possibilitar Mata Atlântica - uma adaptação do conto do respeito ao próximo e, também, sobre
o aprimoramento da infantil que chama a atenção para a pre- cuidar do próximo”, explica Aline.
capacidade crítica e
servação do meio ambiente. Com o apoio Todas as atividades têm as crianças
do exercício de cida-
dania, características tão necessárias para
do RAP, o grupo pôde investir em cenários como protagonistas. Na contação de his-
o desenvolvimento político, econômico e e figurinos - todos reciclados. tórias, elas são os personagens e partici-
social do nosso país. Antes de tudo, é um “Somos um projeto de música e artesa- pam diretamente do desenrolar da narrati-
direito de todos adolescentes e jovens e nato e, antes de tudo, um projeto de pro- va. “O retorno é fantástico. Além do que
um dever do Estado”. tagonismo juvenil e cidadania. Em parceria percebemos em nosso dia a dia, nos olhos
Jeanne Lima, assessora de Articulação In- com o RAP podemos abordar também das crianças, costumamos receber um re-
tersetorial do RAP da Saúde temas como qualidade de vida, sexuali- torno muito positivo dos pais sobre como
dade, gravidez na adolescência, doenças as crianças estão mais educadas, mais res-
sexualmente transmissíveis, dengue e ali- ponsáveis, menos agitadas”, avalia a dina-
mentação saudável, dentre outros… Com mizadora do RAP.
Iniciativas juvenis: desdobra- esta interação, os dois grupos de jovens só Moradora da Comunidade dos Minei-
mentos para o território têm a ganhar: enquanto os jovens e ado- ros, Márcia Guimarães da Silva reforça
lescentes promotores da saúde aprendem o depoimento de Aline: sua filha de dez
A vocação e a sensibilidade para trabalhar sobre música e sobre como confeccionar anos, Gisele Guimarães da Silva, participa
com jovens e adolescentes é um dos princi- seus próprios instrumentos, os integran- do projeto de Agentes Comunitários de
pais requisitos para receber o apoio do RAP. tes do Cantando, Contando e Reciclando Saúde Mirins. “O RAP da Saúde é ma-
Um exemplo desta dedicação é o trabalho vão aprendendo sobre saúde e como se ravilhoso, porque é um projeto de infor-
desenvolvido por Eliane Ramos Oliveira da comunicar pela Língua Brasileira de Sinais mação e de formação. Além de receber
Silva, em Campo Grande. “Há dois anos eu (Libras). Uma experiência muito rica para as informações, os jovens são formados
atuo com um grupo de jovens neste terri- todos!”, comemora a agente comunitá- para passar conhecimentos de saúde para
tório, a partir de um trabalho que começou ria de saúde Vania Maria do Nascimento outras pessoas. Minha filha assistiu a uma
quando eu era interlocutora da Clínica da Sena, que coordena o projeto. palestra sobre lixo e agora tem, realmente,
Família Agenor de Miranda Araújo Neto essa preocupação sobre o que vamos fazer
“Cazuza” no Programa Saúde na Escola. com o nosso lixo”, revela Márcia.
Nesta época, eu percebi que havia muitos Agentes Comunitários
adolescentes e jovens à toa, na comunidade
de Saúde Mirins
do Mato Alto. Eu me disponibilizei para tra-
balhar com eles e demos início ao grupo de fala, jovem!
jovens O Tempo Não Pára”, lembra Eliane. Aplicar a filosofia e a metodologia do RAP
Assim como no RAP, a proposta é que os para crianças de 7 a 12 anos, contribuindo “Para mim, foi mui-
jovens e adolescentes sejam protagonistas para que elas atuem como promotoras da to importante parti-
dos debates, escolhendo os temas, trazendo saúde em seu território. Essa foi a ideia de cipar das atividades
referências e confrontando pontos de vista. Aline Vieira da Silva, dinamizadora da equi- de formação do RAP,
A iniciativa possui grupos de música, dança e pe Alemão do RAP, colocada em prática para que eu pudesse
teatro e promove ações em escolas e creches por meio do projeto Agentes Comunitários aprender os conceitos
de saúde, saber o que
na comunidade do Mato Alto, por exemplo, de Saúde Mirins, desenvolvido em parceria
é promoção da saú-
sobre prevenção e tratamento da infestação com o Centro Municipal de Saúde Alemão. de, a diferença entre
por piolho. “O apoio do RAP é essencial. “Até então, a Comunidade dos Minei- sexo e sexualidade, conhecer os direitos
Além de todo suporte em infraestrutura, ros não contava com nenhum projeto vol- humanos. E, além de aprender sobre tudo
para a compra de armários e a confecção de tado para as crianças. Havia somente uma isso, aprender sobre como passar esse co-
camisetas, a interação entre os dois grupos biblioteca desativada. Eu percebi que as nhecimento adiante. Com tudo isso que
de jovens enriquece a todos. Eles estão se crianças estavam crescendo e não estavam aprendi hoje posso exercer o meu prota-
conhecendo, trocando informações e expe- recebendo informações importantes, como gonismo juvenil”.
riências sobre como trabalham com promo- o cuidado que precisamos ter com o lixo. Aline Vieira da Silva,
ção de saúde”, reconhece Eliane. Era muito comum ver crianças abrirem uma dinamizadora do RAP da Saúde

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Circulando Informações
PROTAGONISMO JUVENIL MultiRio
A mídia educativa da cidade
RAP da Saúde http://www.multirio.rj.gov.br
Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde
https://www.facebook.com/JovensRapdaSaude Naves do Conhecimento
http://www.pracadoconhecimento.org.br
Vídeos sobre protagonismo juvenil, saúde e cidadania
www.youtube.com/elosdasaude - playlist RAP da Saúde

Adolescentro Augusto Boal


VALORIZAÇÃO DA PATERNIDADE
Centro Municipal de Saúde Américo Veloso
R. Gerson Ferreira, 100, Ramos, Rio de Janeiro http://elosdasaude.wordpress.com/paternidade
Tel.: 21 2573-1172 https://www.facebook.com/mesdevalorizacaodapaternidade
Adolescentro Paulo Freire
Clínica da Família Rinaldo de Lamare
Av. Niemeyer, 776, São Conrado, Rio de Janeiro GENTILEZA NO NAMORO
Tel.: 21 3111-1123
http://elosdasaude.wordpress.com/gentileza-no-namoro
Plataforma de Centros Urbanos https://www.facebook.com/gentilezanonamoro
http://www.unicef.org/brazil/pt/where_13615.htm

Caminho Melhor Jovem


http://www.caminhomelhorjovem.rj.gov.br PARCEIROS INTERSETORIAIS
RAP DA SAÚDE: INICIATIVAS JUVENIS Centro de Promoção da Saúde (Cedaps)
O tempo não para http://www.cedaps.org.br
Clínica da Família Agenor de Miranda Araújo Neto “Cazuza”
Estrada do Mato Alto, s/n, Guaratiba, Rio de Janeiro Instituto Promundo
Tel.: 21 3377-4978 http://www.promundo.org.br
Cantando, Contando e Reciclando
Clínica da Família Armando Palhares Aguinaga
Av. Santa Cruz, s/n, Realengo, Rio de Janeiro TEXTOS E DINÂMICAS
Tel.: 21 2401-7787
Adolec Brasil
Agentes Comunitários de Saúde Mirins Bibilioteca Virtual em Saúde do Adolescente
Centro Municipal de Saúde Alemão www.adolec.br
Estrada do Itararé, s/n, Complexo do Alemão, Rio de Janeiro
Tel.: 21 2260-2972 Diretrizes Nacionais para Atenção Integral à Saúde de
Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação
SAÚDE E CIDADANIA da Saúde
http://pt.slideshare.net/elosdasaude/diretrizes-
Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio) nacionais-41217376
http://www.rio.rj.gov.br/web/sms
Protagonismo juvenil: caderno de atividades
Elos da Saúde http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd06_13.pdf
Blog da Superintendência de Promoção da Saúde / SMS-Rio
http://elosdasaude.wordpress.com Educação entre pares/ Ministério da Saúde
https://www.facebook.com/paginaelosdasaude http://www.aids.gov.br/publicacao/adolescentes-e-jovens-
para-educacao-entre-pares-spe

https://elosdasaude.files.wordpress.com/2015/03/circulador-6-fev2015.pdf

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