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07732014 4301
artigo article
de Promoção da Saúde, um balanço, 2006 a 2014
Abstract The scope of this article is to analyze Resumo O objetivo deste artigo é analisar a Po-
the National Health Promotion Policy with res- lítica Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)
pect to the implementation of core management quanto à implementação de eixos prioritários de
priorities. Information contained in institutional gestão. Foram consultadas informações contidas
documents, websites, books and published articles em portarias, documentos institucionais, sites, li-
was consulted in order to analyze the actions im- vros e artigos publicados visando analisar as ações
plemented. There were advances in management, implementadas. Houve avanços na gestão como
such as the creation of a specific budget line, inser- a criação de linha orçamentária específica, a in-
tion of the promotion in the Multi-Year Plan, mo- serção da promoção no Plano Plurianual, moni-
nitoring of indicators of health promotion in the toramento de indicadores da Promoção da Saúde
federal pacts, financing of health promotion pro- nos pactos federativos, o financiamento de projetos
1
Departamento de
jects in municipalities and the creation of health de Promoção da Saúde em municípios e a cria-
Vigilância de Doenças e
Agravos Não Transmissíveis promotion programs. Evaluation of physical acti- ção de programas de Promoção da Saúde. Foram
e Promoção da Saúde, vity programs was conducted that revealed the ef- realizadas avaliações de programas de atividade
Secretaria de Vigilância em
fectiveness of the programs. Intersectorial actions física que apontaram a efetividade dos programas.
Saúde, Ministério da Saúde
(MS). SAF Sul, Trecho 2, taken were relevant, in particular coordination Ações intersetoriais implementadas foram rele-
Lote 5/6, Torre I, Edifício with the Education, Justice, Cities, Human Ri- vantes, em especial a articulação com os setores
Premium Sala 14/térreo.
ghts, Social Development, Sports and Leisure sec- de Educação, Justiça, Cidades, Direitos Humanos,
70070-600 Brasília DF
Brasil. deborah.malta@ tors, among others. Regulatory actions have been Desenvolvimento Social, Esporte e Lazer, dentre
saude.gov.br implemented such as the Drink and Drive ban outros. Ações regulatórias foram implementadas,
2
Universidade Federal de
and no smoking environments. Advances were como a Lei “Seca” e a lei de ambientes livres de
Minas Gerais.
3
Secretaria Executiva observed, especially greater emphasis on health tabaco. Foram observados avanços e pontuamos o
da Comissão Nacional promotion in the health sector agenda as well as fortalecimento da Promoção da Saúde na agenda
para Implementação
partnerships as intersectorial actions, identifying do setor saúde, aprofundamento nas parcerias e
da Convenção Quadro
para Controle do Tabaco inequities in the area seeking reduction thereof, in nas ações intersetoriais, a identificação das ini-
Instituto Nacional do addition to the sustainability of health promotion quidades no território visando sua redução, bem
Câncer, MS.
actions. como a sustentabilidade das ações de Promoção
4
Departamento de Atenção
Básica, Secretaria de Key words Health, Health promotion, Intersec- da Saúde.
Assistência a Saúde, MS. toriality, Planning, Management, Public policy Palavras-chave Saúde, Promoção da saúde, In-
5
Universidade de São Paulo.
tersetorialidade, Planejamento, Gestão, Políticas
6
Secretaria de Vigilância em
Saúde, MS. públicas
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Malta DC et al.
Financiamento
Resultados Desde 2005, o Ministério da Saúde tem finan-
ciado entes federados na realização de programas
Fortalecimento da Promoção da Saúde de Promoção da Saúde. Tal iniciativa, iniciada
no SUS com as capitais dos Estados e Distrito Fede-
ral, evoluiu de forma acentuada e, entre 2006 e
Gestão 2010, foram repassados cerca de R$ 171 milhões
Em 2006 foram dados importantes passos na às Secretarias Estaduais e em torno de 1.500 Se-
institucionalização da Política Nacional de Pro- cretarias Municipais de Saúde de todas as regi-
moção da Saúde no SUS, como a sua aprovação ões do país, que integraram a Rede Nacional de
na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), a Promoção da Saúde. Nestes anos iniciais, 2005 a
criação de linha de programação orçamentária 2010, foi pactuada na Comissão Intergestora Tri-
específica para Promoção da Saúde, com inser- partite (CIT) a estratégia de seleção por meio de
ção no Plano Plurianual e no Plano Nacional de editais ou portarias públicas, com envio de pro-
Saúde6. jetos pelos municípios, que eram avaliados e se-
Entre 2008 e 2011, a PNPS foi incluída na lecionados segundo a disponibilidade orçamen-
agenda Interfederativa, por meio do Pacto Pela tária. Com esses recursos, os gestores públicos
Vida; ocorreram, ainda, a introdução de indi- desenvolveram projetos de Promoção da Saúde,
cadores de monitoramento, como a redução da contemplando, em sua maioria, ações de promo-
prevalência de sedentarismo e tabagismo nas ca- ção da atividade física, prevenção de violência e
pitais, e a implantação dos núcleos de prevenção cultura da paz, e redução da morbimortalidade
de violências e promoção da saúde6. A partir de por trânsito. Entre 2008 e 2010, também foram
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Malta DC et al.
financiados programas para as demais priorida- da Saúde, dando sustentabilidade ao tema e re-
des da PNPS6,17. afirmando os compromissos do SUS de maneira
A partir de 2011 foram definidas novas mo- interfederativa24.
dalidades de repasse de recurso, buscando ações A Rede Nacional de Prevenção das Violências
continuadas, sustentáveis e universais. No caso e Promoção da Saúde foi criada em mais de 1.300
da promoção de atividades físicas e práticas cor- municípios, em conformidade com a Política
porais, definiu-se pela implantação do Programa Nacional de Redução da Morbimortalidade por
Academia da Saúde17,21,22, com recursos financei- Acidentes e Violências e visa à atenção integral e
ros provenientes do Piso Variável em Vigilância e proteção às pessoas e suas famílias em situação de
Promoção da Saúde (PVPVS), e do Piso de Aten- violências. Entre 2006 a 2012 foram financiados
ção Básica Variável – PAB Variável – da Secretaria cerca de 1300 municípios contendo ações de pre-
de Atenção da venção de violência e acidentes e cultura da paz.
Saúde21,22, para construção dos polos do pro-
grama e custeio de suas atividades. Esses recursos Organização da Informação e da Vigilância
se destinam a apoiar a construção de estruturas Visando estruturar informações para apoio
físicas e custear as ações nesses espaços, bem à gestão, o Ministério da Saúde tem implemen-
como ao custeio de iniciativas municipais e es- tado um sistema contínuo de vigilância de fato-
taduais sob gestão do setor saúde, reconhecidas res de risco e proteção para Doenças e Agravos
pelo Ministério da Saúde como similares ao Pro- Não Transmissíveis (DCNT) e Promoção da
grama Academia da Saúde. Saúde25-29. Atualmente, este sistema é composto
O Programa Saúde na Escola (PSE) foi cria- pelo: 1) Sistema de Vigilância de Fatores de Risco
do por meio de decreto Presidencial em 2007, e e Proteção para DCNT, Vigitel, que constitui um
articula ações no ambiente escolar entre a saúde inquérito telefônico realizado anualmente nas 26
e a educação, e atualmente está implantado em capitais brasileiras e no Distrito Federal26; 2) Pes-
cerca de 87% dos municípios brasileiros. O PSE quisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)27,
apresenta cinco componentes, dentre eles o de realizada a cada 3 anos, junto aos escolares do
Promoção da Saúde e prevenção de agravos, que 9º ano do ensino fundamental do Brasil, já ten-
inclui ações de alimentação saudável, atividade do sido realizadas duas edições, em 2009 e 2012;
física, prevenção de violência e acidentes, pre- 3) Inquéritos domiciliares a cada 5 anos, como a
venção de DST/AIDS, tabagismo, álcool, dentre Pesquisa Nacional de Saúde em 2013, realizada
outras. Esta ação não estava prevista na primei- em cerca de 80 mil domicílios, incluindo entre-
ra versão da PNPS, em 2006, mas passou a ser o vistas e medidas físicas como aferição de pressão
principal programa de Promoção da Saúde para arterial, peso, altura e circunferência abdominal e,
o público escolar a partir de 2008. Com a amplia- em uma subamostra a coleta de material biológi-
ção dos critérios para adesão ao Programa, o PSE co (sangue e urina)28; 4) Vigilância de Violências
passou de 1,9 milhões de educandos beneficiados e Acidentes (VIVA), em seus dois componentes:
em 2008, para 18,7 milhões em 2013, com adesão inquéritos periódicos em Unidades de Urgências
de 4.864 municípios. Para 2014, está previsto o e Emergências, com o objetivo de identificar o
repasse financeiro de R$ 71 milhões; um aumen- perfil das violências nos hospitais de urgências
to de aproximadamente 100%, comparado ao fi- localizados nos municípios selecionados; e a vi-
nanciamento inicial de R$ 36,5 milhões. gilância contínua de violência, que capta dados
Em relação aos programas de redução de de violência doméstica, sexual e/ou outras vio-
morbimortalidade no trânsito, a partir de 2006 lências em serviços de saúde, sendo universali-
foram repassados recursos, inicialmente para 16 zada em território nacional em 2011, por meio
capitais, e progressivamente expandindo para as de módulo do Sistema de Informação de Agravos
demais capitais e cidades com população acima de Notificação (Sinan), a partir de 200929; 5) Pes-
de 1 milhão de habitantes. Em 2010, foi criado o quisa de Orçamentos Familiares (Pof), iniciada
Projeto Vida no Trânsito (PVT)23, ampliando par- no final da década de 80 e inclui medidas antro-
cerias, incluindo novas metodologias para defi- pométricas, inquérito sobre consumo alimentar,
nição e seleção de fatores de riscos, definição dos sendo um importante instrumento para moni-
planos intersetoriais locais, e de grupo interseto- toramento do estado nutricional e do consumo
rial de condução local e nacional23. Assim entre alimentar da população brasileira25. Os dados
2006 e 2013 cerca de 50 milhões de reais foram de 2008 foram fundamentais para o monitora-
repassados aos municípios. Em 2013, o PVT en- mento da políticas de alimentação e nutrição; 6)
trou no Piso Variável de Vigilância e Promoção Sistema de Informações de Vigilância Alimentar
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sivo pelo Supremo Tribunal Federal. Em agosto podendo contribuir para ações de mobilização
2012, a Anvisa abriu o Laboratório de Toxicolo- social. Alguns dos dados divulgados referem-se,
gia do Tabaco para apoiar as medidas de fiscaliza- por exemplo, ao aumento da obesidade no país e
ção do setor34. Em abril de 2013, o Ministério da a programas para incentivar a prática da ativida-
Saúde publicou a Portaria 571, sobre a ampliação de física17 e alimentação saudável34,35 aos acordos
do tratamento dos tabagistas nas unidades do para redução do sal36, divulgação sobre dados de
SUS, inclusive com o acesso aos medicamentos e violência e acidentes de trânsito, dados sobre a
acompanhamento34. redução da prevalência do tabagismo e a ações de
A regulação da publicidade de alimentos foi ambientes livres do tabaco.
regulada em RDC n° 24/2010, pela Agência de Uma das ações contínuas foi a celebração
Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo posterior- dos dias Mundiais da Atividade Física e da Saú-
mente suspensa pelo Poder Judiciário. A retoma- de, anualmente, sempre na primeira semana de
da desta discussão, principalmente para crianças abril. Foram vários lemas como: Pratique Saúde
e jovens, se deu em 2013, no âmbito do Comitê (2007); Entre para o time onde a saúde e o meio
Gestor da PNPS, com a criação de um Grupo de ambiente jogam juntos (2008), articulando o tema
Trabalho no âmbito do Comitê Gestor da PNPS, da intersetorialidade; Praticar atividade física é
bem como de um GT interno ao Conselho Na- tão simples que você faz brincando (2009), Saúde e
cional de Segurança Alimentar e Nutricional Qualidade de Vida (2010); Viver com Saúde é uma
(Consea). Grande Vitória (2013), Quem busca Qualidade
Ao final de 2013, a Anvisa discutiu a revo- de Vida Não pode ficar parado (2014), estes últi-
gação/revisão da RDC n° 24/2010, como parte mos chamando atenção para os grandes eventos
da agenda regulatória 2013/2014. Os próximos esportivos, a importância da atividade física na
encaminhamentos serão definidos a partir de qualidade de vida; dentre outros temas.
um chamamento público proposto para que os
interessados se manifestem à respeito do futuro Articulação intersetorial e parcerias
dessas RDC. As alternativas propostas são a ela-
boração de um Projeto de Lei (PL) de inciativa A promoção da saúde deve articular o con-
do Poder Executivo, a inserção de um dispositivo junto das políticas públicas visando influenciar
em Medida Provisória ou o investimento em mo- na melhoria da qualidade de vida3. A interseto-
dificações da própria RDC. rialidade consiste em processos sistemáticos de
Concomitantemente, continua o acompa- articulações, atuações, planejamento e coopera-
nhamento do trâmite dos Projetos de Lei que tra- ção entre as políticas públicas e os diferentes se-
tam de regulação da publicidade de alimentos no tores da sociedade. Constitui-se em uma estraté-
Congresso Nacional. Importante vitória alcança- gia, articulada entre saberes e práticas, que busca
da em 2014 foi a resolução do Conselho Nacional a convergência de recursos humanos, financeiros,
dos Direitos da Criança e do Adolescente, ligado políticos e organizacionais37.
à Secretaria de Direitos Humanos da Presidên- No âmbito da Promoção da Saúde, a articula-
cia da República, que aponta como abusiva a ção intersetorial tem como objetivo promover a
publicidade que incentive a criança a consumir gestão compartilhada entre usuários, movimen-
determinado produto ou serviço fazendo uso de tos sociais, trabalhadores do setor sanitário e de
linguagem, efeitos ou brindes com apelo. outros setores, produzindo autonomia e corres-
ponsabilidades5. As ações intersetoriais avançam
Ações de mobilização social e divulgação em relação à cultura institucional pautada por
ações isoladas, setorializadas, procurado harmo-
Um balanço inicial das ações de comunica- nizá-los com as diversas políticas que promovem
ção e mobilização aponta que foram utilizadas o avanço na efetivação dos princípios do SUS e na
em especial formas de comunicação alternativas, inclusão e justiça social, repercutindo nas diver-
como redes sociais, com destaque para as mídias sas políticas no âmbito da saúde e setores afins.
espontâneas, organizações de sites e mobilização No que se refere às ações intersetoriais de
comunitária. prevenção de violência destacam-se marcos le-
A divulgação dos resultados dos inquéritos gais como: Plano de Ação para o Enfretamento
(Vigitel, Viva, PeNSE, PNAD) foi feita nas rádios, da Violência Contra a Pessoa Idosa (2005); Po-
na TV, em jornais e revistas, dando visibilidade às lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
informações sobre Promoção da Saúde e preven- Pessoas (Decreto nº 5.948, de 26/10/2006); Lei
ção de doenças crônicas e acidentes e violências, Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7/8/2006), Po-
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Colaboradores
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