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ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE / DISCUSIÓN CRÍTICA

Psicodrama Pedagógico: uma técnica participativa para estratégias


de promoção de saúde
Pedagogical Psychodrama: a participative technique for health promotion strategies
Psicodrama Pedagógico: una técnica participativa para estrategias de promoción de la salud
Regina Célia Canel*
Maria Cecília Focesi Pelicioni**

RESUMO: O artigo tem por finalidade justificar a utilização do Psicodrama Pedagógico como ferramenta auxiliar nas práticas da Promoção da
Saúde. O Psicodrama facilita a transferência da aprendizagem e a aquisição de conceitos. Tais qualidades são especialmente importantes quando
se trata de desenvolver equipes de trabalho e a participação popular, e o seu empowerment. A participação de todos os atores da sociedade é
fundamental na formulação de Políticas Públicas e na elaboração, execução, acompanhamento e avaliação de práticas de Promoção da Saúde.
PALAVRAS-CHAVE: Psicodrama. Promoção da Saúde. Educação em Saúde.
ABSTRACT: This article aims to justify the use of Pedagogical Psychodrama as an ancillary tool in practices of Health Promotion. Psychodrama
facilitates knowledge transference and the acquisition of concepts. Such qualities are especially important for training and enhancing work
teams and promote people’s participation and empowerment. The participation of all social actors is crucial in the elaboration of Public Policies
and the development, execution, supervision and evaluation of practice for Health Promotion
KEYWORDS: Psychodrama. Health Promotion.Education in Health.
RESUMEN: Este artículo intenta justificar el uso del Psicodrama Pedagógico como herramienta ancilar en prácticas de promoción de la salud.
El Psicodrama facilita la trasferencia de conocimientos y la adquisición de conceptos. Tales calidades son especialmente importantes para el
entrenamiento y mejoría de actuación de equipos de trabajo y para promover la participación y el empoderamiento de la gente. La participación
de todos los agentes sociales es crucial en la elaboración de políticas públicas y el desarrollo, la ejecución, la supervisión y la evaluación de
prácticas de promoción de la salud
PALABRAS-LLAVE: Psicodrama. Promoción de la salud.Educación en salud..

Introdução ção sobre eles. Esses determinantes A síntese das Cartas e decla-
referem-se tanto a fatores direta- rações das Conferências Interna-
A Promoção da Saúde, proces- mente relacionados ao comporta- cionais de Promoção da Saúde
so de capacitação da comunidade mento e ao controle direto pelos desde 1986, em Ottawa (Canadá),
para atuar na melhoria da sua qua- indivíduos, no que diz respeito ao refere que a saúde resulta de um
lidade de vida e de saúde, implica seu estilo de vida, como também conjunto de fatores individuais e
em maior participação dos seus in- àqueles que escapam a esse con- coletivos (sociais, econômicos, po-
tegrantes nesse processo. Possibilita trole individual, incluindo fatores líticos, étnicos, religiosos, culturais,
às pessoas aumentar o controle so- sócio-econômicos, tipo e qualidade psicológicos, do trabalho, biológi-
bre os determinantes de sua saúde dos serviços de saúde disponíveis. cos, ambientais), interagindo num
e, dessa forma, melhorá-la; identi- Assim, a consolidação da Pro- processo dinâmico. É considerada
ficar aspirações; satisfazer necessi- moção da Saúde (PS) demanda um direito humano fundamental
dades; modificar favoravelmente o uma visão interdisciplinar e de e essencial para o desenvolvimento
meio ambiente , utilizando a edu- diálogo democrático e participati- pessoal, social e econômico e sua
cação como instrumento primor- vo entre os diferentes atores, e nos promoção e manutenção deve ser
dial para atingir esses objetivos. diversos contextos envolvidos (ins- o principal investimento social dos
Nesse sentido, a saúde não se tituições públicas, privadas, gover- governos. (Brasil, 2001, p. 43)
define em termos de ausência ou namentais e não-governamentais, Nesses documentos é também
presença de doença, mas é dirigida e cidadãos no geral), o que ultra- reforçada a idéia de que o processo
ao entendimento dos determinan- passa os marcos do setor específico saúde-doença não é apenas linear
tes da saúde e da doença e à atua- da saúde. (resultante de causa-efeito) e nem

* Psicóloga, mestranda do Departamento de Práticas de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP. E-mail: reginacanel@usp.br
** Professora Doutora.Livre Docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

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tão pouco restrito ao ponto de vista atenção em grupos de risco e doen- relação direta com o empowerment
biomédico, mas deve ser percebido ças específicas. Em 1998, a OMS dos indivíduos e grupos que com-
dentro de um novo modelo (holís- decidiu reforçar as concepções põem a sociedade.
tico), no qual as metas da saúde antes formuladas nesse sentido, Empowerment significa capacitar
são atingidas juntamente com a para nortear programas, políticas e as pessoas a desenvolver ou forta-
melhoria da qualidade de vida, a planejamentos em PS, bem como lecer suas competências e recursos,
justiça social e o desenvolvimento enfatizar e ampliar propostas de de maneira a obter controle sobre
sustentado. A participação comu- desenvolvimento de ações multi- sua própria vida e a vida de suas co-
nitária é fundamental, e os profis- estratégicas e de sustentabilidade munidades, através do diálogo, da
sionais de saúde devem assumir a (Who, 1988). identificação de aspectos comuns
tarefa de estimular e fortalecer a No Brasil, essa nova maneira de suas vidas e da construção estra-
atuação da população nessas ques- de pensar e de agir em saúde foi tégica para mudanças (nos níveis
tões, instrumentalizando os cida- garantida pela Constituição de individual, organizacional e comu-
dãos (indivíduos, grupos) para que 1988 (Brasil, 1988) e incluída no nitário). Incentiva o treinamento
efetivamente possam exercer seu Sistema Único de Saúde (SUS) (op. e a prática de liderança local para
direito à saúde. Tudo isso constitui cit., artigo 198). O SUS está clara- apoiar as atividades de PS; fortalece
uma nova cultura, ou um novo pa- mente assentado em princípios da e amplia o poder de indivíduos e
radigma na saúde. Promoção da Saúde. Como então das comunidades com relação ao
Na 1ª Conferência Interameri- possibilitar que essas idéias sejam controle sobre decisões vitais, so-
cana de Promoção da Saúde, rea- transformadas em práticas consis- bre a eqüidade na distribuição dos
lizada em 1992 na cidade de Santa tentes e duradouras, materializadas recursos, e a melhoria da qualidade
Fé de Bogotá, na Colômbia, ficou no SUS? E, principalmente, como de vida.
evidente a necessidade de se alterar tornar eficaz a participação popular Representa uma passagem da
não apenas o estilo de vida, mas, na formulação de Políticas Públicas posição de impotência perante
principalmente, as condições de vi- locais e na elaboração, execução, as iniqüidades do poder, para a
da dos seres humanos no continen- avaliação e monitoramento de pro- responsabilidade de definir seus
te sul-americano. A solidariedade e jetos e programas de intervenção? problemas e suas necessidades e
a eqüidade social foram considera- Algumas estratégias são essen- construir estratégias para mudan-
das indispensáveis para a obtenção ciais para a eficácia, a efetividade e ças. Essa passagem pode ser facili-
da saúde e do desenvolvimento, a sustentabilidade de ações e pro- tada por meio do uso de técnicas
conciliando os interesses econô- gramas de PS. Dentre elas, podem- adequadas, utilizadas no momento
micos com as propostas sociais de se destacar a intersetorialidade, o apropriado por pessoas devidamen-
melhoria de qualidade de vida para desenvolvimento de parcerias, a te habilitadas, tendo-se os objetivos
todos (Pelicioni, 2005, p. 418). participação popular, as metodolo- e as metas definidos previamente e
Nas Cartas têm sido conside- gias ou os modelos de intervenção de forma clara.
rados, como fundamentais, os se- específicos para a PS, a defesa da A experiência tem demons-
guintes princípios da Promoção da causa da saúde (também conheci- trado que as técnicas que priori-
Saúde: a criação de políticas públi- da como advocacia em saúde), e a zam a transmissão da informação
cas saudáveis; a atenção ao meio educação em saúde. tendem a falhar em sua intenção
ambiente; a eqüidade; a partici- de propiciar mudanças, pois não
pação popular; a reorientação dos Participação Popular, permitem que seja dada a devida
serviços de saúde; a parceria entre Educação em Saúde e importância aos processos de de-
setor público e setor privado;o en- codificação e de resignificação des-
Empowerment
foque multi-setorial;um esforço in- sas mensagens. Além disso, nem
ternacional em direção à Promoção A obtenção e a continuidade de sempre a carência ou ausência de
da Saúde. uma participação popular efetiva informações é responsável pela
A Organização Mundial da depende de informações corretas, ação imediata dos indivíduos. De
Saúde (OMS), ao introduzir ofi- do desenvolvimento de habilidades fato, a informação não é suficiente
cialmente o conceito de Promoção e da garantia do exercício do direito para a sensibilização das pessoas.
da Saúde (Who, 1984), considerou de voz das pessoas e das comunida- Junto com a cognição deve ocorrer
que a população deveria ser envol- des no planejamento e na execução o envolvimento de emoções, sen-
vida como um todo no contexto dos cuidados de saúde. A sustenta- timentos e a prontidão para ações.
cotidiano, em lugar de concentrar a bilidade das iniciativas da PS tem Para a tomada de decisão e para

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que novas atitudes e práticas sejam compreendido e incorporado por estabelecimento de técnicas partici-
descobertas e adotadas, deve haver cada participante individualmente. pativas que levem a atingir a eqüi-
motivação. Dessa forma, é impor- O interfessante, nesse caso, não dade pretendida (Pelicioni, 2000).
tante que qualquer estratégia pos- é apenas o desenvolvimento da Para que a Promoção da Saúde
sa contar, na sua implementação, criatividade, mas também olhar por possa atuar eficazmente sobre as
com técnicas participativas bem novos ângulos ou ter novas percep- causas determinantes da saúde e
selecionadas e escolhidas a partir ções sobre aspectos já conhecidos; não somente sobre as causas da
da definição de objetivos educati- entrar em contato com aspectos doença, ela depende da colabora-
vos bem claros. desconhecidos e, na seqüência, ção de outros setores, com a parti-

É
queÉrealizar
oportunoos observar
trabalhostambém
em grupo identificar recursos
pais, abrindo pessoais edegru-
a possibilidade cipação da população
de diferentes e a utilização
instrumentos, entre
facilita a percepção e a tomada de encontrar novas soluções. Pode-se os quais destacam-se a educação, a
consciência de aspectos importan- ver um conteúdo ou uma situação comunicação e a legislação.
tes da vida, uma vez que propicia de um ângulo novo, ou ver nele A Educação em Saúde “é con-
a oportunidade de discussão sobre aspectos novos – o que gera resul- siderada a mais importante estra-
um assunto ou situação comparti- tados diferentes, mas igualmente tégia a ser utilizada na viabilização
lhada por diversas pessoas. importantes para esse processo. de todas as idéias propostas pela
As técnicas participativas, quan- Assim, a criatividade nas técni- promoção da saúde, que conse-
do conduzidas em atividades com cas participativas refere-se a poder qüentemente contribuirão para a
grupos, facilitam aos seus integran- experienciar, compor, desmon- transformação social. A transfor-
tes identificar e elaborar necessida- tar e remontar configurações, até mação dos sistemas sociais só é pos-
des e informações, a refletir sobre que a compreensão dos aspectos sível mediante a transformação dos
elas, a atribuir novos significados e essenciais seja alcançada. Isso tor- seres humanos que os configuram.
valores e, finalmente, a perceber e na-se de suma importância no caso O ser humano em constante trans-
adotar possibilidades de mudanças das questões tratadas pela PS que formação é portanto, ao mesmo
para si mesmo e para seu estilo de sempre dizem respeito a questões tempo, um agente transformador
vida. É pressuposto dessas técnicas complexas e que evoluem a longo de sua realidade” (Pelicioni, 2005,
que atitudes e comportamentos de prazo. p. 139).
um indivíduo estejam ligados a va- A utilização de uma dessas téc- O objetivo da Educação em Saúde
lores, emoções e crenças pessoais, nicas – o Psicodrama Pedagógico, é motivar, informar e capacitar os
originadas da educação formal e que se tem mostrado um recurso indivíduos, relacionando as ques-
informal, dos ambientes culturais importante – pode contribuir para tões de saúde com a conquista e o
e familiares que freqüentam e de se alcançar os objetivos da Promo- exercício da cidadania, por meio do
seu nível sócio-econômico (Silva, ção da Saúde. trabalho de equipes multi-profis-
2002, cap. III). A 5ª Conferência Internacional sionais.
Uma característica dessas téc- de Promoção da Saúde, realizada A abordagem de Educação em
nicas é que elas requerem uma na Cidade do México (México) em Saúde, neste artigo, considera que
participação ativa e criativa, tanto 2000, buscou consolidar as idéias a saúde é resultado das condições
dos profissionais que coordenam o geradas nas conferências anteriores. de vida e de trabalho. Utiliza o en-
trabalho, como dos indivíduos que Esse fórum permitiu que fossem foque holístico em suas práticas e
compõem o grupo. Isso significa debatidas e analisadas estratégias e engloba as questões relacionadas
que todos participam conjunta- diretrizes destinadas a aumentar a à higiene, ao comportamento e à
mente (embora cada um de acordo eqüidade e as medidas de controle estrutura sócio-econômica-polí-
com seu papel) na identificação, das desigualdades em nível mun- tica-cultural, entre outros). Nela
elucidação, conclusão e elaboração dial (Pelicioni, 2005, p. 419). pretende-se que as metas da saúde
de estratégias de ação, frente a con- Suas contribuições basearam-se sejam atingidas juntamente com a
teúdos ou situações discutidas no em informes técnicos produzidos melhoria da qualidade de vida, a
grupo. Aos poucos isso tudo é “de- por diferentes autores, em dife- justiça social e o desenvolvimento
cifrado” em conjunto; e o próprio rentes países, a partir dos quais se sustentado. Por meio dela, a po-
lidar com a situação ou o conteúdo verificou a necessidade de ampliar pulação torna-se capaz, então, de
em questão é que vai mostrando e a capacidade das comunidades em tomar decisões e assumir posição
configurando o seu sentido simbó- criar um meio ambiente saudável na definição dos problemas a serem
lico ou concreto, que então pode ser e promotor de saúde por meio do enfrentados.

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A participação comunitária mentar a capacidade das pessoas gramas de PS, considerando-se: a


pode assumir um caráter transfor- de transformar suas idéias sobre a diversidade de profissionais (mé-
mador, se os profissionais de saúde sociedade em realidades funcionais dicos, enfermeiros, psicólogos,
cumprirem a tarefa de estimular, imprescindíveis, para que a huma- entre outros); a variedade de teo-
fundamentar e fortalecer essa par- nidade possa então modificar sua rias e métodos que cada um des-
ticipação nas questões que dizem trajetória e melhorar sua qualidade ses profissionais aprende durante
respeito à sua saúde. “Os profis- de vida (Ibama/Unesco, 1999). sua formação; as especificidades
sionais de saúde têm a respon- A contribuição da Educação em culturais, sociais e de recursos dos
sabilidade de promover a saúde Saúde deve acontecer em dois se- usuários e das comunidades onde
humana, além da educação em tores. O primeiro setor tem como os programas são desenvolvidos. Is-
saúde, da prevenção de doenças, foco os profissionais de saúde e os so tudo pode dificultar a definição
tratamento e recuperação a que órgãos responsáveis por recursos e a implementação de diretrizes. A
todos têm direito. A prevenção humanos, e deve se ocupar com os discussão desses problemas, através
tem como objetivo a ausência de currículos das instituições de ensi- de técnicas participativas e com a
enfermidade, e a promoção busca no para esses profissionais, como, aplicação do Psicodrama Pedagó-
manter e melhorar, proteger, ma- por exemplo, incluindo disciplinas gico, pode facilitar a obtenção de
ximizar a saúde. Os programas da que abordem a PS, com a relação um consenso, de uma redefinição
promoção, em algum momento, profissional – cliente e com os ser- do papel do cidadão-profissional de
devem sempre incluir a preven- viços locais, e suas equipes multi- saúde, de uma formação integral, e
ção de doenças. Pela educação, as profissionais. O segundo setor tem do desenvolvimento de novas ati-
pessoas desenvolvem competên- como foco a população em geral e tudes e alternativas de atuação no
cias para analisar e solucionar seus deve instrumentalizar as pessoas complexo do trabalho com saúde
problemas e assumir o controle e a para que façam valer seu direito à – do e com o coletivo.
responsabilidade sobre sua própria saúde (Pelicioni, 2000). Ambos os
saúde e a saúde da comunidade. setores são candidatos naturais à
O Psicodrama
Isso vai fazer com que um número utilização de técnicas participativas,
maior de pessoas tenha acesso aos de modo que além da competência O psicodrama é um procedi-
serviços, já que, com a melhoria da técnica também sejam desenvol- mento sistematizado que utiliza
qualidade de vida, espera-se que vidas as competências humanas recursos dramáticos com finali-
um número cada vez menor de políticas e éticas. dades psicoterápicas ou pedagógi-
pessoas sofra agravos e necessite O Ministério da Saúde (Bra- cas. Foi desenvolvido pelo médico
de atendimento, tenha menos se- sil, 2003) propõe uma política de Jacob Levy Moreno, inicialmente
qüelas e limitações. Assim, a verba educação permanente, articulando em Viena, na primeira metade do
destinada à saúde poderá abranger melhor a educação com o mundo século XX.
um número maior de pessoas e o do trabalho e fortalecendo o com- Aos poucos, Moreno foi desco-
acesso aos serviços será mais fácil” promisso da universidade com a brindo as técnicas de grupo, fican-
(Pelicioni, 2005, p. 419). realidade cotidiana dos serviços da do atento às interações grupais e às
Para Freire (1998, p. 46), “se so- saúde. No informe para a UNESCO características psicológicas de seus
mos educadores, somos políticos. da Comissão Internacional sobre a membros. Percebeu que se uma
Se somos educadores e, portanto, Educação para o século XXI (De- criança é capaz de ser criadora nu-
políticos, temos que ter certeza com lors, 1998) são indicados quatro ma atividade simbólica, o adulto
relação à nossa opção. Enquanto pilares orientadores da política poderá recuperar, através de um
educadores, nosso sonho não é pe- educacional de todos os países: drama encenado, essa capacidade
dagógico, mas político. As formas aprender a conhecer, aprender perdida.
de trabalhar, os métodos utilizados a viver juntos, aprender a fazer e Segundo definição do próprio
em um trabalho, têm muito de pe- aprender a ser. Isso implica numa Moreno (1993), o psicodrama é
dagógico, mas são eminentemente revisão dos fundamentos do pro- “a ciência que explora a verdade,
políticos”. cesso ensino-aprendizagem e na representando-a por métodos dra-
Valores éticos, tais como a eqüi- utilização de novas técnicas. máticos, isto é, pela ação, reques-
dade, a solidariedade e a justiça so- Na seleção dos modelos de inter- tionando e situacionando”.
cial, devem ser usados a serviço de venção é preciso examinar critica- Moreno aproveitou do teatro
opções conscientes. Um dos prin- mente as possíveis metodologias a noção de espaço cênico (por ele
cipais papéis da educação é incre- que podem ser utilizadas em pro- chamado espaço psicodramático),

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onde o indivíduo é lançado na re- conhecimento adquirido pelo O Psicodrama pedagógico, en-
velação do drama. No psicodrama, senso-comum ou pela educação tre outras qualidades, constitui-se
as aspirações e os desejos de um formal. O próprio Eu tem oportu- num excelente meio de comuni-
grupo podem condensar-se num nidade de reorganizar elementos cação, por meio do qual o receptor
porta-voz – o protagonista – cujas dispersos, de reordenar-se, reestru- também tem participação ativa e a
ações e discurso transcendem o ní- turar-se e re-encontrar-se. oportunidade de vivenciar as infor-
vel apenas individual. mações que recebe. É uma técnica
As primeiras aplicações dessa enriquecedora, onde todos os par-
Psicodrama Pedagógico
nova técnica foram terapêuticas. O ticipantes contribuem. A interação
psicodrama se apresenta como uma O Psicodrama Pedagógico é uma do grupo, que discute as situações,
terapia profunda em grupo (foca- especialização do Psicodrama na é significativamente facilitada.
liza o indivíduo no grupo) e uma área de Teatro e Educação. Depois O conhecimento é adquirido por
terapia de grupo (focaliza o grupo e de ter sido aplicado como técnica meio da ação, e o participante des-
suas relações). A expressão dramá- terapêutica, o psicodrama mostrou cobre novas formas de lidar com
tica, oriunda das técnicas teatrais, sua utilidade também como técni- dificuldades de aprendizagem.
faz aparecer os aspectos objetivos e ca para a Educação. A aplicação da O Psicodrama Pedagógico pode
subjetivos do comportamento para técnica psicodramática no contexto ser aplicado em diversas situações
uma integração sutil. De certo mo- pedagógico atende aos objetivos de de aprendizagem, formal ou infor-
do, pode-se dizer que o psicodrama transmissão e análise de informa- mal, por diferentes profissionais,
substitui o divã do analista pelo es- ções; revisão, aprofundamento e desde que devidamente treinados.
paço teatral do palco. Nesse espaço, fixação de questões já estudadas; Entre as diversas áreas em que é
compartilhado com os outros, os so- esclarecimento de dúvidas; exem- utilizado, estão a Psicologia, a Me-
nhos, sentimentos e conflitos são re- plificações; entre outros. dicina, o Serviço Social, a Arte em
vividos – e não interpretados – para O Psicodrama Pedagógico par- geral, a Comunicação e a Educa-
ser reorganizados e reintegrados. te do princípio de que o momento ção. É também um recurso para
A improvisação e a ação dramá- mais importante da aprendizagem pessoas que atuam em teatro ou
tica produzem efeitos profundos em é a criação. O Psicodrama objetiva no exército.
cada participante e nas relações do reencontrar o homem espontâneo, Segundo Romaña (1992), a
próprio grupo. Somente o presente o qual atuará livremente, e o ho- forma pedagógica do psicodrama
é considerado como tendo existên- mem criativo, o qual causa mudan- não deve em seus objetivos ser
cia concreta; o passado e o futuro ças (Bustos, 1982). confundida com os do Psicodrama
pertencem ao imaginário, mas são Através da ação, a técnica psico- Terapêutico.
bases fundamentais quando se tra- dramática possibilita o livre jogo da Os princípais motivos para que
balha o aqui e agora. A prática psi- fantasia e da abstração. Aprende-se se recomende o uso de alguma si-
codramática permite ao indivíduo e ensina-se integrando sensações, mulação são: estimular a reflexão
viver, rever e desenvolver questões, sentimentos, intuições e intelecto. acerca de determinado problema;
dramaticamente, podendo chegar O trabalho se dá normalmen- promover um clima de descon-
até ao âmago dessas questões. O tre partindo do nível da ação para tração entre os alunos; favorecer
psicodrama associa ação, gesto e chegar ao nível do conhecimento, o autoconhecimento; desenvol-
linguagem para a redescoberta e de modo que uma estrutura men- ver empatia; analisar situações de
reorganização dos indivíduos. tal conduz à outra, posibilitando conflito; desenvolver atitudes es-
No psicodrama psicoterápico, assim que o indivíduo participe pecíficas; desenvolver habilidades
o indivíduo pode rever as relações ativamente da construção de suas específicas (Gil, 1997).
que interiorizou (por exemplo, as estruturas mentais e da aquisição Constituem Elementos Funda-
relações familiares) e a energia aí do conhecimento. Romaña (1992) mentaisde um Psicodrama Pedagó-
invertida negativamente, reviven- considera que o ponto de partida gico os seguintes contextos:
do a relação e colocando-se no pa- de uma dramatização pode ser um – social: corresponde ao espaço
pel dos elementos envolvidos. Isso aspecto em que a gradatividade vai extragrupo, o espaço social on-
permite descobrir aspectos aliena- adquirindo uma maior consistên- de o grupo está inserido, por
dos e incorporar forças e energia cia e um grau de compreensão exemplo, a escola
bloqueadas. mais significativo, coexistindo – grupal: corresponde aos gru-
O indivíduo pode perceber, com operações de análise, síntese pos de alunos, além do diretor
avaliar, ampliar e reestruturar o e generalização. e/ou professor e o(s) ego(s)-

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auxiliar(es). O grupo funciona observam e fazem comentários uma compreensão melhor


com uma boa dinâmica, tendo quando esta termina. do conteúdo, bem como para
um mínimo de seis e não ultra- Uma sessão de psicodrama tem captar elementos que tenham
passando quinze elementos. como etapas: passado desapercebidos
– dramático: onde se desenvol- – Aquecimento: etapa preparató- – comentário ou participação:
ve a cena, o “como se”. Não há, ria da dramatização que permite o diretor solicita do grupo de
necessariamente, uma ligação a aparição de um protagonista. dramatização e dos demais
entre o personagem e o indiví- Pode ser desenvolvido através participantes suas opiniões e
duo que o representou. O pro- de iniciadores físicos (p.ex., uso experiências relativas ao tema
tagonista tem clara consciência dos órgãos dos sentidos), men- que está sendo abordado.
de que nada do que disser ou tais(p.ex., uso de conhecimen- São numerosas as Técnicas utili-
fizer será irreparável tos anteriores) ou sociais (p.ex., zadas no Psicodrama. Algumas de-
Trabalha-se com os Instrumentos ações sociais). O aquecimento las são específicas do Psicodrama
a seguir descritos: pode ser: Psicoterápico. As técnicas que mais
– diretor ou psicodramatista: • inespecífico: com o grupo to- se aplicam no Psicodrama Pedagó-
compõe, juntamente com o(s) do, abordando o conteúdo a gico são:
ego(s)-auxiliar(es), a equipe ser dramatizado. Esta etapa – inversão de papéis: o protago-
profissional; domina as técni- estimula a interação, diminui nista troca de papel com outro
cas, a teoria e a metodologia tensões e concentra a atenção participante (real ou não) da
psicodramática e as coloca em • específico: procedimentos dramatização para mais bem
prática. destinados à preparação do percebê-lo.
– protagonista: é o participante protagonista (cabendo a ele – interpolação de resistência: um
que traz o tema para a drama- definir como será o lugar e elemento estranho à dramati-
tização ou o que está mais mo- armar o cenário) e coadju- zação é introduzido com o obje-
tivado, quando esta é proposta. vantes, propiciando a dra- tivo de modificar a cena.
Os outros elementos do grupo matização. O aquecimento – auto-apresentação: cada ele-
que participam da dramatiza- específico tem efeitos tam- mento do grupo, inclusive o
ção terão seus papéis bem defi- bém sobre o auditório (que diretor e o ego-auxiliar, conta
nidos. São os coadjuvantes ou observa) fatos de sua vida que considera
co-atores. • para o papel: composição dos relevantes. O objetivo é ampliar
Pode ocorrer que o grupo todo personagens, inclusive dos a área de comunicação do gru-
seja o protagonista (Sociodrama), coadjuvantes po, evidenciando pontos em
quando são dramatizados papéis – dramatização: é o núcleo do comum entre os diferentes ele-
do grupo. Psicodrama e o caracteriza. É a mentos. Essa técnica é utilizada
– espaço cênico: demarcado na transformação do pensamento principalmente em grupos que
sala onde ocorrerá a dramati- em ação dramática. Os níveis de estão iniciando.
zação, é onde o protagonista dramatização podem ser: – solilóquio: o indivíduo que está
atua. Nesse espaço, realidade • concreto: os participantes ex- dramatizando esclarece o que
e fantasia estão em ação e não teriorizam o que sabem do seu personagem está fazendo,
se contrapõem. É comum o uso tema. Retrata-se o real com sentindo ou pensando.
de luzes para se obter os efeitos cada elemento que o compõe – desdobramento do eu: o ego-
desejados. • simbólico: a partir de elemen- auxiliar coloca-se ao lado do
– ego-auxiliar: colabora dire- tos do concreto, os participan- personagem, com a mão em
tamente com o protagonista, tes elaboram conceitualmente seu ombro, e dramatiza como
interpretando papéis comple- o que sabem. Essa elaboração este está representando o per-
mentares. Auxilia o diretor, que pode processar-se através de sonagem.
se utiliza dele nas intervenções fantasia, quando os conteú- – dramatização sem palavras: a
necessárias, e contribui para a dos são aplicados a novas si- dramatização é realizada sem
compreensão e o desenvolvi- tuações ou associados a novos uso de palavras para reforçar
mento do trabalho. conhecimentos, ou de ima- determinado aspecto.
– auditório: integrantes do gru- gem (estática ou dinâmica). – construção de imagens: dirigida
po que não participam direta- Mais de um nível de dramati- ao intelecto, é utilizada quan-
mente da dramatização, mas zação pode ser utilizado para do se deseja que o protagonista

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PSICODRAMA PEDAGÓGICO: UMA TÉCNICA PARTICIPATIVA PARA ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DE SAÚDE

tenha a visão estrutural de uma sentimentos, sensações e ações, te no caso de participantes mais
determinada situação, eviden- que emergem sem ligação aparen- retraídos e com dificuldade de
ciando para ele os elementos te, para que então se possa reco- expressão;
mais significativos do tema nhecer e indicar a conexão entre os • os participantes aprendem a
proposto. elementos que emergiram, os quais adaptar o próprio compor-
– rotação de papéis: o grupo é se tornam parte da personalidade tamento às necessidades do
o protagonista. Os papéis vão que se reorganiza. grupo, desenvolvendo sensi-
sendo trocados até voltarem às A produção originada da ação bilidade e cautela na atuação
posições iniciais. dramática desvenda o conteúdo do de uns com os outros, consi-
O Psicodrama Pedagógico abran- que está sendo aprendido e permite derando as múltiplas variáveis
ge os Papéis envolvidos na relação a interligação dos diversos elemen- presentes nas situações grupais
educador-educando e os da apren- tos que surgem da realidade psíqui- ou coletivas;
dizagem. ca interna e do mundo externo. • os participantes podem desen-
Papel é a unidade cultural de volver observação, autodes-
coberta, compreensão dos
conduta, a via de comunicação Conclusões
com o meio. O indivíduo se rela- comportamentos e motivos dos
ciona com o mundo através do de- Uma aplicação, complementar outros, construindo uma visão
sempenho de papéis. e muito útil, do Psicodrama Peda- mais global das relações;
A utilização do Psicodrama gógico está no desenvolvimento e • os participantes podem ter
Pedagógico em educação e as na integração de equipes de tra- acesso direto aos motivos e às
reflexões decorrentes da expe- balho de um espaço determinado, conseqüências de suas ações, o
riência acumulada sugeriram as quando os componentes podem que permite modificar compor-
considerações aqui apresentadas. compartilhar com os colegas suas tamentos e atitudes;
O psicodrama é uma técnica siste- inquietações e suas necessidades, • todos os participantes podem
matizada de trabalho com grupos e elaborando coletivamente o de- aprender através da experiên-
indivíduos. Não é fazer cenas, nem sempenho do seu papel, e desen- cia, podem participar de forma
“teatrinho”. volvendo a competência para o ativa na própria aprendizagem
A Educação, em sentido amplo, trabalho interdisciplinar. e perceber a própria capacidade
é um processo contínuo, que propi- Alguns aspectos norteadores de solucionar problemas, en-
cia a participação dos indivíduos na sobre a utilização dessa técnica fo- contrando muitas vezes saídas
cultura, por meio de diversas ativi- ram obtidos a partir de reflexões próprias e/ou um jeito próprio
dades que compõem a experiência de participantes, nos contextos de de atuar;
cultural, como a arte em suas varia- educação institucional e de educa- • em geral, os participantes sen-
das formas, a religião, a educação ção informal, tendo-se chegado à tem-se motivados e empenha-
institucional, o direito à saúde. É o conclusão que o psicodrama traz dos em participar do psicodrama,
processo que forma e desenvolve muitas vantagens: quando podem revelar suas
o indivíduo e que visa a dar condi- • o psicodrama favorece a apren- expectativas, sentindo-se com-
ções para que ele se transforme e dizagem e a integração da prá- preendidos, acolhidos, ouvidos;
aja efetivamente em seu meio ime- tica com a teoria, do plano do e percebem que suas necessida-
diato ou amplo, transformando-os. sentimento e das idéias com as des pessoais muitas vezes são as
Para que o processo educativo se ações; mesmas que as de outros;
complete, é necessário formar uma • a aprendizagem por meio do • a interação entre os membros
atitude criativa e transformadora psicodrama é assimilada mais do grupo tende a melhorar gra-
– recriar a cultura. facilmente do que por meio de dativamente.
A utilização do psicodrama de- outras técnicas – o aprendizado A utilização do psicodrama po-
senvolve a capacidade de “brincar”, é acelerado; de e deve ser mesclada a outros
a espontaneidade, a criatividade. • as discussões sobre as dramati- recursos técnicos, de acordo com
Winnicott (1975) afirma, ao se zações são de ajuda recíproca e as necessidades, possibilidades e
referir ao procedimento psicote- permitem diminuir as barrei- objetivos em questão. O trato (ou
rápico, que esse deve permitir ao ras de comunicação entre os contrato) com o grupo é que o psi-
indivíduo o brincar: a comunica- participantes e entre estes e o codrama pode ser utilizado, que ele
ção e a expressão de uma sucessão profissional que coordena o tra- se constitui num recurso didático e
de idéias, pensamentos, impulsos, balho do grupo, principalmen- é ótimo tê-lo como possibilidade.

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O psicodrama permite a trans- ventar ou recriar as verdades a se- vimento dos papéis do imaginário
ferência da aprendizagem, porque rem assimiladas. e da vida real. É fundamental que
a dramatização é uma ponte para Segundo Moreno (1993), o esse coordenador seja experiente,
o “real” e para a compreensão da psicodrama favorece a substitui- ciente da realidade de vida dos par-
complexa gama de elementos que ção de um sistema de valores já ticipantes e de suas necessidades.
se apresentam em uma dada si- desgastado e obsoleto, que ele de- Essas considerações sugerem
tuação. Propicia a espontaneidade nomina de “conserva cultural”, fortemente que a técnica do psi-
necessária para que seja criado e por um outro que responde às codrama pedagógico é muito pro-
construído o conhecimento. O par- necessidades atuais. missora e pode ser utilizada com
ticipante adquire conceitos (repro- Para que o psicodrama funcione eficiência na área da Educação em
duz a cultura) e ao mesmo tempo é necessário que haja um coordena- Saúde, para alcançar os objetivos da
vivencia e pode se identificar com dor hábil e que a educação se pro- Promoção da Saúde, especialmente
e nas informações obtidas (recria a cesse como síntese e/ou ponte entre quando se tem como objetivo o em-
cultura). Aprender significa rein- o real e o “como se”, no desenvol- powerment da população.

REFERÊNCIAS

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Pelicioni MCF. Educação ambiental como processo político. In Philippi Jr. A e Alves AC, editores. Curso Interdisciplinar de Direito
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Pelicioni MCF. Promoção da Saúde e Meio Ambiente: uma trajetória técnico-política. In Philippi Jr A e Pelicioni MCF, editores.
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World Health Organization (WHO). Health Promotion Evaluation.Copenhagen; 1984.
World Health Organization (WHO). Health Promotion Evaluation: Recommendations to Policymakers.Copenhagen; 1988.

Recebido em 9 de abril de 2007


Aprovado em 26 de abril de 2007

O MUNDO DA SAÚDE São Paulo: 2007: jul/set 31(3):426-433 433

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