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REVISÃO REVIEW S9

Promoção da saúde: perspectivas avaliativas


para a saúde bucal na atenção primária
em saúde

Health promotion: perspectives for evaluation of


oral health in primary healthcare

Solena Ziemer Kusma 1


Simone Tetu Moysés 1
Samuel Jorge Moysés 1

Abstract Introdução

1Pontifícia Universidade The evaluation of health promotion activities is a A área da saúde bucal no Brasil, como parte inte-
Católica do Paraná, Curitiba,
Brasil.
methodological and strategic challenge for estab- grante da atenção primária à saúde e das ações
lishing evidence to support health management de vigilância em saúde, depara-se com desafios
Correspondência processes. The use of adequate evaluation meth- importantes para responder com efetividade às
S. Z. Kusma
Pontifícia Universidade ods based on participatory analysis of local pro- situações e problemáticas que exigem enfren-
Católica do Paraná. cesses and contexts is essential to the success of tamento cotidiano. Tais desafios, de natureza
Rua Antonio Freitas Barbosa
interventions and policy formulation and imple- teórico-metodológica, prática e avaliativa, ma-
44, Curitiba, PR
81110-110, Brasil. mentation. Brazil’s Policy for Oral Health Promo- nifestam-se tanto na necessidade de demonstrar
solkusma@yahoo.com.br tion and Surveillance explicitly states the need resolutividade na assistência clínica (tão neces-
to improve evaluation strategies for oral health sária à maioria dos brasileiros), como na formu-
promotion activities conducted in the context of lação de políticas intersetoriais sustentáveis, de
primary care, allowing to evaluate not only their natureza mais abrangente e que possam impac-
results and impact, but also the political and so- tar positivamente os principais indicadores epi-
cial process for achieving the objectives. This ar- demiológicos de saúde bucal 1.
ticle proposes to systematize the literature on the Nos últimos anos, observa-se um esforço pa-
evaluation of effectiveness in health promotion ra promover uma maior integração da saúde bu-
strategies, define a theoretical model, and pro- cal aos serviços de saúde em geral, possibilitan-
pose a matrix of descriptors, exploring the basic do a sinergia de saberes e práticas que apontem
references for health promotion and practices para a promoção e vigilância em saúde, atuação
with the potential to reduce situations of vulner- sobre determinantes sociais do processo saúde-
ability in population groups, combat inequali- doença, prevenção de riscos e doenças, e a con-
ties, and incorporate community participation sequente incorporação de práticas baseadas em
in health management. evidências de efetividade 2.
Entretanto, boa parte das práticas anuncia-
Health Promotion; Primary Health Care; Oral das como de “promoção da saúde”, sobretudo no
Health nível da atenção primária, ainda são limitadas
a estratégias baseadas em modelos tradicionais
de intervenções educativo-preventivas centra-
das em higiene bucal supervisionada, palestras,
aplicações de fluoretos, desenvolvidas priori-

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tariamente em ambientes escolares 3. Algumas sária uma proativa busca de conhecimento para
dessas intervenções sabidamente apresentam fundamentar as práticas de promoção da saúde,
problemas em sua operacionalização e na for- o que impõe o investimento consistente no de-
ça de evidência científica, caracterizando ações senvolvimento da força de trabalho em saúde, e
divergentes e inconscientes 4. Revisões sistemá- a capilarização com busca de legitimação social
ticas da literatura têm reafirmado a baixa força sobre a importância das estratégias de promoção
de evidências quanto ao impacto de interven- da saúde bucal 14.
ções preventivas/educativas convencionais no Cabe aos serviços, então, ampliar o enten-
campo da odontologia 5,6,7,8,9. Algumas das mais dimento da promoção da saúde no contexto da
sérias limitações dessas ações se devem ao fato atenção primária, estabelecendo-o como refe-
de não produzirem melhorias sustentáveis em rência para todo o processo de trabalho, expan-
médio e longo prazo na saúde bucal de popula- dindo o conceito de saúde para além da assistên-
ções, sendo paliativas em sua natureza, ignoran- cia a pessoas doentes, promovendo a qualidade
do amplamente os fatores estruturais que deter- de vida por meio de intervenções sobre os fatores
minam uma saúde bucal deficiente. Paradoxal- que colocam a população em risco 15.
mente, um dos possíveis resultados dessas ações Semelhantes ações incluem os indivíduos,
focalizadas em indivíduos é que as iniquidades, suas famílias, e os territórios geopopulacionais
ao contrário de serem reduzidas, podem ser onde vivem e trabalham, tendo em conta um
agravadas, já que aqueles que têm mais recursos amplo arco de possibilidades individuais e co-
(materiais, cognitivos, contextuais) estão mais munitárias que passam por geração de trabalho
aptos a serem beneficiados pelas intervenções e renda dignos, provimento de habitação e ali-
executadas. Esse não é um problema exclusivo mentação suficientes e saudáveis, saneamento
da saúde bucal, pois outras áreas da saúde têm adequado, lazer e cultura da paz e da não vio-
destacado as mesmas limitações da abordagem lência, dentre outros. Elas objetivam, ,mediante
clínica preventiva ou das práticas educativas defesa da saúde, fazer que as condições de vida
mais individualizadas 10,11. saudável sejam cada vez mais possíveis, favore-
Entender a promoção da saúde como estra- cendo escolhas pessoais em prol da saúde. As ci-
tégia para o processo de reformulação de práti- dades, os locais de trabalho, as escolas, os territó-
cas sanitárias emerge, portanto, como o ponto rios operativos das Equipes de Saúde da Família
de partida para o enfrentamento de desafios. A são exemplos de ambientes onde tais ações têm
promoção da saúde, além de ser uma das ações sido implementadas, visando o fortalecimento
estratégicas da vigilância em saúde, é um dos ei- do protagonismo do nível local, incentivando a
xos centrais estabelecidos pelo Sistema Único de equidade, a colaboração intersetorial e a partici-
Saúde (SUS) para a construção de uma aborda- pação popular 16,17,18.
gem integral do processo saúde-doença 12. Embora se reconheçam avanços na incorpo-
Nesta linha, é lícito advogar por uma promo- ração de novos conhecimentos e nas práticas de
ção da saúde bucal que busque alcançar melho- promoção da saúde bucal na última década, na
ras sustentáveis neste campo de atividade huma- esfera pública, ainda assim um conjunto desa-
na, reduzindo iniquidades por meio de ações di- fiador de problemas envolvendo o perfil epide-
recionadas a seus principais determinantes 10,13. miológico das doenças bucais e a resolutividade
Isso implica no desenvolvimento de ações mul- da atenção permanece vivo no debate político,
tidimensionais e intercomplementares, de base científico e de gestão de serviços.
populacional, que potencializem fatores prote- A Organização Mundial da Saúde (OMS), em
tivos (positivos) de saúde. Tais ações são com- seu relatório Saúde Bucal Mundial – 2003, enfa-
prometidas com o direito à saúde, à equidade e tizou que, apesar de grandes melhorias no es-
à cidadania, assim como voltadas ao desenvol- tado de saúde bucal de populações em período
vimento humano e a proteção social, manten- recente, problemas graves ainda persistem 19. O
do uma fina sintonia com as necessidades e de- relatório aponta como desafios principais no fu-
mandas de saúde de indivíduos e populações em turo a tradução do conhecimento já existente e
territórios e grupos populacionais específicos, experiências efetivas de prevenção de doenças
contextualizadas de acordo com suas condições e promoção da saúde em programas de ação es-
de vida. tratégica apoiados nas evidências sobre melho-
Desenvolver ações nesta direção exige o es- res práticas, contextualizadas nos territórios de
tabelecimento de uma agenda de políticas pú- atuação.
blicas saudáveis como referência central para a A atual Política Nacional de Promoção de
ação institucionalizada em saúde bucal, forta- Saúde no Brasil aponta como responsabilidade
lecendo estruturas e processos comprometidos das três esferas de governo o estabelecimento de
com a promoção da saúde. Além disso, é neces- instrumentos e indicadores para o acompanha-

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PERSPECTIVAS AVALIATIVAS PARA A SAÚDE BUCAL S11

mento e avaliação do impacto/implementação e da vigilância em saúde. vem se tornando indis-


dos objetivos definidos na referida política. Os pensável tanto para o sucesso dessas interven-
instrumentos deveriam estar centrados nos prin- ções, quanto para a análise de processos locais
cípios e valores da promoção da saúde, incluindo e contextos para a formulação e implementação
a integralidade, equidade, responsabilidade sa- de práticas. Processos avaliativos de práticas de
nitária, mobilização e participação social, inter- promoção da saúde podem dar suporte à cons-
setorialidade, informação, educação e comuni- trução de melhores práticas, produzindo e sis-
cação, além da sustentabilidade. A política ainda tematizando conhecimentos, respondendo às
aponta como uma de suas diretrizes o incentivo demandas por novos referenciais e propostas de
à pesquisa em promoção da saúde e a divulga- intervenção indutoras de mudanças em realida-
ção de iniciativas efetivas para profissionais de des locais de exclusão e dependência 27,28,29.
saúde, gestores e usuários do SUS, considerando Segundo De Salazar 21, quando nos referi-
metodologias participativas e o saber popular 20. mos à efetividade, estamos avaliando se uma
Nesta mesma perspectiva e como decorrên- intervenção serve para o que foi criada, quando
cia da implementação da Política Nacional de funciona em condições reais não controladas.
Saúde Bucal centrada na promoção e na vigi- Nutbeam 30 caracteriza a promoção da saúde
lância em saúde bucal, demanda-se o aprimora- efetiva como aquela que conduz a mudanças
mento e investimento em estratégias avaliativas nos determinantes da saúde. Para avaliar a efe-
que suportem a tomada de decisão na gestão de tividade das práticas, no contexto real de seu
serviços de saúde bucal. Avaliar práticas com o desenvolvimento, é preciso utilizar indicadores
objetivo de apoiar a gestão da atenção primá- que incluam não apenas resultados em saúde,
ria em saúde implica o uso de metodologias que mas apropriação, viabilidade e sustentabilidade
permitam avaliar não somente os resultados e do processo político que produz mudança, bem
impacto das intervenções, mas também o pro- como a capacidade coletiva, institucional e ter-
cesso político-social para alcançar os objetivos ritorial (local) para intervir. Deve ainda incluir
de forma sustentável 21. indicadores de fatores de risco e determinantes
Com base nessas premissas, este artigo obje- sociais em saúde, equidade, resultados interme-
tiva sistematizar a literatura no campo da avalia- diários associados, equilíbrio entre relações de
ção de efetividade de estratégias de promoção da poder e participação social para decisões nego-
saúde bucal, definir um modelo teórico e propor ciadas que decorrem de governança pública res-
uma matriz de descritores, explorando a base re- ponsável, afetando em última instância a saúde
ferencial dos pilares e valores da promoção da da população. Mais ainda, para avaliar tais prá-
saúde contextualizados nas práticas de atenção ticas é preciso reconhecer que o contexto socio-
primária em saúde. político tem efeito modificador nos resultados.
Isso explica a dificuldade de fazer afirmações
precisas sobre o benefício de uma prática, em
Avaliação em promoção da saúde: um termos de mudança real para as condições de
desafio metodológico e estratégico vida e saúde e a atribuição dos resultados para
uma intervenção específica 31,32.
A avaliação de ações de promoção de saúde traz Intervenções de promoção da saúde bucal
um complexo desafio metodológico 22. Avaliação envolvem dimensões complexas, definidas pela
constitui um recurso técnico e político relevante variedade de contextos, grupos sociais e institui-
para a busca de reorientação da racionalidade ções, abrangendo a colaboração e participação
das práticas de saúde 23. Pode ser considerada um de diferentes setores e atores no território e a uti-
julgamento sobre uma prática social ou qualquer lização de múltiplas estratégias. Além disso, são
dos seus componentes, em diferentes contextos intervenções em permanente mudança e com
e espaços sociais, com o objetivo de auxiliar na efeitos em longo prazo. Essa complexidade tem
tomada de decisão informada, apoiando-se em implicações diretas sobre a forma de medir seu
métodos robustos que respondam adequada- impacto e efetividade, pela necessidade de men-
mente a formulações teórico-políticas que gui- surar princípios e valores e dificuldades de gene-
am as estratégias de intervenção na realidade. ralização e produção de resultados 27,31.
Quando a avaliação assume um caráter partici- Logo, a valoração de sucesso de uma estraté-
pativo, ela cria um ambiente virtuoso, sendo a gia de promoção da saúde bucal deve centrar-se
própria circunstância avaliativa um processo de na sua utilidade, considerando os determinantes
empoderamento de sujeitos 24,25,26. socioambientais associados à ganhos em saúde,
A demanda por metodologias avaliativas ro- bem como na possibilidade de identificação de
bustas, adequadas aos objetivos, contextos e ce- melhores práticas que expressem valores, pos-
nários específicos da atenção primária em saúde sibilitem a construção de evidências, a compre-

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ensão do contexto e a identificação de práticas e dos resultados 32. Consequentemente, o proces-


processos organizacionais sustentáveis. so avaliativo pode fortalecer capacidades para a
ação e busca de interesses comuns, tornar opor-
tunas reflexões e aprendizagens de indivíduos
Metodologias avaliativas: tendências de e grupos envolvidos, assumindo sua dimensão
avaliação em promoção da saúde política e um fim social 29,38.
Metodologias participativas são utilizadas
As características de estratégias de promoção com o objetivo de ampliar a transparência das
da saúde têm direcionado o debate sobre quais ações avaliadas e possibilitar aos envolvidos um
as melhores abordagens metodológicas para o repensar que possa facilitar mudanças 32. Se-
alcance dos objetivos de processos avaliativos gundo a Organização Pan-Americana da Saúde
dessas práticas. Abordagens centradas no refe- (OPAS) 39, a avaliação participativa é um proces-
rencial da epidemiologia clínica, focadas na re- so contínuo de reflexão sobre o que foi realizado
presentatividade da amostra, estandardização e obtido para orientar e modificar a ação futura.
das intervenções, valoração da magnitude dos Essa reflexão se dá pela criação de ciclos contínu-
resultados e probabilidades baseadas em testes os de planejamento, monitoramento e avaliação.
de significância estatística e controle de fatores Mais que julgar o mérito de uma iniciativa de pro-
de confusão, não obrigatoriamente possibilitam moção da saúde, a proposta de uma metodologia
a valoração da efetividade de práticas complexas, participativa na condução de processos avaliati-
como as de promoção da saúde bucal 31. Por con- vos é aprender com a iniciativa e com os atores
seguinte, o processo avaliativo de tais práticas envolvidos, documentar e analisar as mudanças
não envolve apenas a coleta, análise e interpreta- ocorridas e aplicar as melhorias necessárias em
ção de dados quantitativos para comparação de longo prazo, favorecendo o empoderamento e
resultados, mas também a triangulação metodo- a autonomia baseados na participação em um
lógica visando a ações múltiplas e complexas as- processo sustentável de desenvolvimento de ca-
sociadas ao desenvolvimento da avaliação 33,34,35. pacidades, incorporando as lições aprendidas no
Há consenso sobre a necessidade de combinação processo de tomada de decisões.
de diferentes enfoques e métodos na avaliação de Assim, a definição de aspectos metodológi-
estratégias de promoção da saúde que permitam cos depende: do objetivo da avaliação e sua uti-
a análise de seu fundamento teórico como práti- lidade; das características da estratégia a ser ava-
ca social, do processo de implementação, impac- liada, o que inclui não apenas aspectos técnicos
to e resultados em curto, médio e longo prazos. A e materiais, mas também a influência dos atores
integração de técnicas avaliativas, como a trian- que a desenvolvem; da condição e envolvimen-
gulação de métodos, fontes e pesquisadores; a to do avaliador, considerando as possibilidades
utilização de enfoques quantitativos e qualita- de uma abordagem de avaliação participativa
tivos com foco em abordagens participativas e (avaliação interna), ou avaliação não participa-
narrativas; bem como a articulação da avaliação tiva (avaliação externa); bem como do tipo de
para processos de documentação, sistematiza- ações necessárias para alcançar os objetivos da
ção e monitoramento, com base em sistemas de avaliação, definidos pela delimitação da pergun-
informação tradicionalmente vinculados aos sis- ta de avaliação, estratégias para coleta das in-
temas de vigilância em saúde, têm caracterizado formações e uso da informação/conhecimento
as tendências metodológicas para avaliação de produzido 35.
efetividade de promoção da saúde 36,37. Desenvolver capacidades em processos ava-
Mais que uma abordagem política e estraté- liativos é reiterar a centralidade da participação
gica, a avaliação de práticas de promoção da saú- como conceito de promoção da saúde, dissemi-
de será mais efetiva quanto mais participativas nado por meio da Carta de Ottawa como: “um
forem as metodologias utilizadas, buscando en- processo de capacitação das pessoas para aumen-
volver no processo avaliativo quem teve ou tem tar o controle sobre sua saúde e melhorá-la” 40.
alguma interferência na implementação da prá- Desenvolver capacidades decorre de um proces-
tica avaliada e que pode influenciar seus resulta- so de médio e longo prazos que deve ser reinven-
dos 10. Entretanto, o envolvimento de diferentes tado localmente e de acordo com o contexto do
atores sociais pode gerar conflitos de interesses entorno 29,41. Requer o estabelecimento de estru-
no processo avaliativo, uma vez que os interlo- turas de incentivos positivos e consistentes, pois
cutores passam a ser alvo da observação e devem significa crescer por intermédio das capacidades
tomar parte de todas as etapas da investigação: existentes, mais do que produzir novas. Desse
na sua concepção, na definição do problema, na modo, envolver profissionais da equipe de saúde
territorialização, no levantamento de dados, nas bucal no processo de avaliação de estratégias de
análises do material coletado e na elaboração promoção da saúde bucal desenvolvidas em seus

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PERSPECTIVAS AVALIATIVAS PARA A SAÚDE BUCAL S13

territórios de atuação caracteriza-se como uma para a definição de princípios e estratégias ava-
estratégia metodológica importante para a qua- liativas de práticas de promoção da saúde em di-
lificação das práticas. ferentes contextos, incluindo aquelas produzidas
nos territórios da atenção primária em saúde. A
definição conceitual de pilares e valores foi suge-
Explorando pilares e valores da rida por Takeda & Harzheim, em 2006 42.
promoção da saúde Neste modelo, os pilares entendidos como
as bases teóricas para a indicação de valores da
A literatura sobre promoção da saúde e avalia- avaliação incluem a equidade, a participação e a
ção de estratégias de promoção da saúde explora sustentabilidade. Tais pilares seriam o esteio para
princípios e valores referenciais para a constru- os valores definidos como a âncora moral para as
ção, desenvolvimento, avaliação de práticas pro- estratégias de promoção da saúde, que incluem a
motoras da saúde além dos dilemas implicados autonomia, o empoderamento, a integralidade, a
com a avaliação de tais princípios e valores. A intersetorialidade e a governança.
sistematização dessa literatura permitiu a cons-
trução de um modelo teórico, apresentado na
Figura 1, que contempla os pilares e valores da
promoção da saúde, o qual pode servir de base

Figura 1

Modelo teórico.

PILARES E VALORES DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

EQUIDADE PARTICIPAÇÃO SUSTENTABILIDADE


Acesso igualitário, considerando as É um processo no qual diferentes grupos Uma ação humana, para ser sustentável,
especificidades dos grupos populacionais, participam na identificação das necessidades deve ser ecologicamente correta (território),
em que as necessidades das pessoas orientam ou dos problemas de saúde e atuam como economicamente viável (recursos), socialmente
a distribuição das oportunidades corresponsáveis no planejamento e execução justa (equidade, vulnerabilidade),
e de bem-estar 39. de soluções adequadas 20,39. culturalmente aceita (diversidade, participação)
e psicologicamente saudável
(autonomia, empoderamento) 45.

É o desenvolvimento das
capacidades individuais, Concepção abrangente de
permitindo a livre decisão dos saúde que considera as
Autonomia Integra- especificidades e
indivíduos sobre suas próprias
lidade potencialidades individuais e
ações e as possibilidades e AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE coletivas, reconhecendo a
capacidades de construírem sua
própria trajetória 46.
DE ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO determinação social, econômica
DA SAÚDE BUCAL e ambiental da saúde 20,46.

É o processo por meio do qual


diversos elementos da Articulação de saberes e
sociedade (indivíduos e experiências em um processo de
instituições) exercem poder e Governança construção compartilhado,
autoridade e, ao mesmo tempo, estabelecendo vínculos de
influem no planejamento e Interse-
corresponsabilidade e cogestão
gestão de políticas e decisões É um processo que permite que torialidade
pela melhoria da qualidade de
relacionadas com a vida pública as pessoas adquiram maior vida da população 46.
e com o desenvolvimento controle sobre as decisões e as
econômico e social 39,50. ações que afetam a sua saúde. É Empode-
uma função social que se amplia ramento
com a conectividade 39.

Fonte: trabalho de pesquisa.


Pilares da promoção da saúde
Valores da promoção da saúde

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Aspectos conceituais relativos a esses pilares de soluções mais amplas e duradouras, e obser-
e valores são apresentados a seguir: var com mais atenção o conceito em relação aos
arranjos societários que vão se estabelecendo e
Equidade que podem permitir a longevidade das iniciati-
vas. Aponta a necessidade de buscar caminhos
A equidade, sendo princípio ético e conceito articulados e de construir novas institucionali-
seminal, está na base de práticas de promoção dades que ganhem potência e qualidade para
da saúde. Alcançar equidade se constitui em um enfrentar os desafios do cenário atual da atenção
requisito fundamental para a saúde e para a qua- em saúde 44.
lidade de vida. Por isso o grande desafio da pro-
moção da saúde bucal é a mudança de cenário, Autonomia
no qual ainda prevalecem as iniquidades sociais
e de saúde, com deterioração das condições de A conquista progressiva da autonomia, tida como
vida da maioria da população, com o aumento um componente desejável da promoção da saú-
de riscos para a saúde e diminuição dos recursos de, é o desenvolvimento pessoal das capacida-
para enfrentá-los 43. des, permitindo a livre decisão dos sujeitos sobre
A equidade centra-se na ideia de que todos suas próprias ações e as possibilidades de cons-
devem ter justa oportunidade de obter seu pleno truírem sua própria trajetória 46. É fundamental
potencial e ninguém deveria ficar em desvanta- reconhecer cada sujeito como um cidadão por-
gem para alcançá-lo, se isso puder ser evitado. tador de direitos que deve ser respeitado em sua
O reconhecimento das diferenças injustas que singularidade e ouvido quanto às suas necessida-
existem na sociedade em relação à saúde e a ação des em saúde 44. Autonomia relaciona-se à ideia
responsável sobre elas é ponto fundamental para de liberdade, protagonismo, proatividade social,
a compreensão do conceito da equidade na pers- redes de proteção e cuidado recíproco, respeito à
pectiva da promoção da saúde 44. subjetividade e pluralidade de visões de mundo e
comportamentos no âmbito local 47.
Participação
Empoderamento
É um processo em que diferentes grupos parti-
cipam na identificação das necessidades ou dos O empoderamento (tradução de empowerment),
problemas de saúde e atuam como correspon- às vezes também denominado potencialização, é
sáveis no planejamento e execução de soluções um processo que permite que as pessoas adqui-
adequadas 20,39. ram maior controle sobre as decisões e as ações
A participação envolve dimensões de nego- que afetam a sua saúde 39.
ciação, informação, avaliação e monitoramento A noção de empoderamento remete ao for-
voltados ao desenvolvimento de estratégias reso- talecimento independente das populações, por-
lutivas de atenção em saúde. A promoção da saú- tanto não pode ser concedido ou estimulado por
de pressupõe a organização coletiva e a busca de relações assimétricas de poder. É uma estratégia
interesses comuns, envolvendo diferentes atores importante de promoção da saúde que pode aju-
sociais, entidades e associações, sujeitos e lide- dar a transformar a realidade por meio do forta-
ranças parlamentares e outras representações lecimento econômico, político, social e cultural
sociais na construção de ações integradas 44. dos múltiplos atores sociais que, em conjunto,
possam compreender a determinação do pro-
Sustentabilidade cesso saúde-doença e conquistar o direito à vida
com ética e dignidade humana 28,43.
Uma ação humana, para ser sustentável, deve É, pois, um processo dinâmico do desen-
ser ecologicamente correta, pensada na relação volvimento político e tomada de consciência
do homem com seu território e/ou ambiente; crítica de uma população, envolvendo o respeito
economicamente viável, com adequada utiliza- recíproco, a participação solidária e o cuidado
ção dos recursos disponíveis; socialmente justa, do grupo, por meio dos quais se compartilham
quando prioriza a vulnerabilidade de pessoas e saberes e poderes 29,48,49.
grupos e busca equidade; culturalmente aceita,
quando valoriza a diversidade e a participação; e Governança
psicologicamente saudável, favorecendo a auto-
nomia e o empoderamento 45. É o processo pelo qual diversos elementos da
Na promoção da saúde, a sustentabilidade sociedade (indivíduos e instituições) exercem
deve estar referida a um complexo sistema de re- poder e autoridade e, ao mesmo tempo, influen-
lações que envolve atores e instituições na busca ciam no planejamento e gestão de políticas pú-

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PERSPECTIVAS AVALIATIVAS PARA A SAÚDE BUCAL S15

blicas, como estratégias de promoção da saúde, de participação real daqueles mais diretamen-
afetando decisões relacionadas à vida pública e te interessados em seus resultados, bem como
ao desenvolvimento social e humano 39,50. práticas pontuais, desconectadas e descompro-
missadas da realidade local sendo, portanto, não
Integralidade sustentáveis.
Sistematizar os conhecimentos, valendo-
Concepção abrangente de saúde que considera se do modelo teórico proposto, em uma ferra-
as especificidades e potencialidades individuais menta de avaliação da efetividade de práticas
e coletivas, reconhecendo a determinação social, de promoção da saúde bucal, considerando sua
econômica e ambiental da saúde 20,46. adequação aos pilares e valores identificados,
A integralidade deve ser assumida como um traduz-se em um esforço para operacionalizar
eixo norteador de novas formas de produção so- conceitos. Pode ser um importante suporte para
cial da saúde, sendo paralelamente uma nova o desenvolvimento de capacidades locais e para
forma de gestão de cuidados nas instituições de a instrumentalização de profissionais e gestores
saúde, permitindo o surgimento de experiências da saúde para o reconhecimento de ações com
inovadoras na incorporação e desenvolvimento potencialidade para promover saúde bucal e pa-
de novas tecnologias assistenciais 51,52. ra a tomada de decisão informada nos diferentes
territórios de atuação.
Intersetorialidade Assim, por esse processo de sistematização,
apresenta-se a seguir uma matriz inicial de des-
Ações intersetoriais voltadas para a promoção critores, definidos por Deslandes & Lemos 53
da saúde implicam a articulação de saberes como o conteúdo, os pontos críticos e as carac-
e experiências em um processo de construção terísticas significativas consideradas como foco
compartilhada, de troca e construção coletiva central para a avaliação. Tais descritores foram
com base em diferentes lugares, culturas institu- organizados em três grandes dimensões relacio-
cionais e linguagens. Impõe o equacionamento nadas aos principais ganhos esperados: a saúde
muitas vezes conflitivo de relações de poder e de bucal, a construção de políticas públicas saudá-
distintas perspectivas de práticas entre diversos veis e o desenvolvimento humano e social.
sujeitos e setores envolvidos na tentativa de en- A saúde bucal foi aqui entendida como um
frentar questões sanitárias, mas cuja superação e resultado de ações que compreendem a saúde
transcendência permitem soluções inovadoras e como um recurso para a vida com qualidade, de-
duradouras, tanto quanto o estabelecimento de terminada pelas condições sociais e ambientais
vínculos de corresponsabilidade e cogestão para de vida na comunidade, e construída mediante
a melhoria da qualidade de vida de forma demo- a relação positiva da boca humana com o corpo
crática e resolutiva 3,46. biológico de homens e mulheres e deles com o
corpo social 54. Políticas públicas saudáveis com-
preendem ações que favoreçam, por meio de
Operacionalizando conceitos estratégias populacionais, a criação de um am-
biente social e físico de apoio, potencializador
Como traduzir tais conceitos para nortear pro- da saúde, possibilitando e facilitando que as pes-
cessos avaliativos de estratégias de promoção soas façam escolhas saudáveis 39. Como ganho
da saúde bucal desenvolvidas nos contextos da ampliado, o desenvolvimento humano e social foi
atenção primária em saúde no Brasil? aqui considerado como ações favorecedoras pa-
A prática reflexiva inicial exige que se cons- ra que a sociedade seja composta cada vez mais
truam, mediante os pilares e valores da promo- por sujeitos felizes, saudáveis, criativos, produ-
ção da saúde, referenciais para que sejam explo- tivos e que promovam o cuidado e a paz, com
radas as complexas características de práticas saúde bucal 55.
com potencial para atuar sobre determinantes A Tabela 1 apresenta a matriz de descritores
ampliados da saúde bucal e provocar mudan- e dimensões sistematizadas para avaliação de
ças sustentáveis no perfil da condição de saúde estratégias de promoção da saúde bucal desen-
das populações cobertas. Talvez um bom pon- volvidas nos territórios da atenção primária à
to de partida seja a identificação do que não é saúde.
promoção da saúde: concepções e práticas que Essa matriz pode nortear a construção de in-
caminham para lados opostos aos reconhecidos dicadores que permitam mensurar e qualificar
pilares e valores da promoção da saúde descri- a adequação das práticas avaliadas aos pilares
tos anteriormente. Por exemplo, práticas que e valores da promoção da saúde, além de apoiar
não busquem a garantia do direito à saúde com técnicos e gestores na formulação de novas prá-
equidade, que não contemplem oportunidades ticas balizadas e com potencial para provocar

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S16 Kusma SZ et al.

Tabela 1

Matriz de descritores.

Saúde bucal Políticas públicas saudáveis Desenvolvimento humano e social

1. Reconhecimento dos Determinantes Sociais da 1. Priorização de grupos mais vulneráveis 1. Reconhecimento de valores da população alvo
Saúde no desenvolvimento da estratégia avaliada para o desenvolvimento da estratégia
2. Participação equânime da população alvo
2. Reconhecimento de fatores comuns de risco 2. Participação da comunidade na definição de
3. Parceria entre diferentes atores sociais (profis- prioridades, objetivos, condução e avaliação da
3. Acesso ao perfil epidemiológico de doenças sionais, instituições e líderes comunitários) estratégia
e agravos bucais antes e durante o desenvolvi-
mento da estratégia 4. Parceria entre diferentes profissionais de saúde 3. Oportunização de avaliação e discussão dos
no território resultados gerados pela estratégia
4. Comparação e reconhecimento de resultados
alcançados 5. Parceria com outras atividades de promoção 4. Mudanças no processo de condução da estra-
da saúde no território tégia com base nas sugestões da comunidade
5. Potencialização da definição de novos objetivos
da estratégia 6. Reconhecimento e apoio da estratégia pela 5. Divulgação da estratégia para a comunidade
gerência de saúde local, distrital e municipal local

7. Recursos específicos alocados para o desen- 6. Protagonismo compartilhado da estratégia


volvimento da estratégia
7. Desenvolvimento de ações de educação
8. Previsão de avaliações de processo e resulta- permanentes para profissionais de saúde e difer-
dos ao longo do desenvolvimento da estratégia entes atores sociais

9. Pactuação e reconhecimento dos resultados 8. Manutenção dos resultados e benefícios da


pela Unidade de Saúde local estratégia

10. Pactuação e reconhecimento dos resultados


pelo Conselho Local de Saúde

mudanças no perfil de saúde bucal da população fortalecimento e mudanças nas estratégias com
brasileira. potencial para promover a saúde bucal.
É importante a validação de instrumentos
que possam se tornar ferramentas úteis e rele-
Considerações finais vantes à construção de capacidades locais e ins-
trumentalizar profissionais e gestores da saúde
Avaliar estratégias de promoção da saúde bucal para tomada de decisão nos diferentes territórios
é um desafio apontado por gestores, técnicos e de atuação. Dessa forma, escolhas político-teó-
pesquisadores envolvidos com a atenção primá- ricas coerentes e baseadas nas melhores evidên-
ria à saúde. A avaliação dessas práticas pressu- cias disponíveis sobre a efetividade das interven-
põe uma abordagem metodológica participativa ções planejadas podem ser contextualizadas na
e definida com base no reconhecimento de fato- atenção primária em saúde.
res contextuais complexos relacionados ao perfil
social, político, cultural e organizacional em que
as práticas se desenvolvem.
Potencializar estratégias de promoção da
saúde bucal para alcançar melhores resultados é
parte das diretrizes da atual Política Nacional de
Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal. A cons-
trução de referenciais consistentes para avaliação
de tais estratégias, baseados nos pilares e valores
da promoção da saúde, pode apoiar processos
avaliativos que permitam o reconhecimento,

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28 Sup:S9-S19, 2012


PERSPECTIVAS AVALIATIVAS PARA A SAÚDE BUCAL S17

Resumo Colaboradores

A avaliação de ações de promoção da saúde é um de- S. Z. Kusma, S. T. Moysés e S. J. Moysés contribuíram


safio metodológico e estratégico para a construção de igualmente na construção do artigo.
evidências que possam apoiar processos de gestão em
saúde. O emprego de métodos adequados de avalia-
ção, baseado na análise participativa de processos e Agradecimentos
contextos locais, é indispensável ao sucesso das inter-
venções e formulação e implementação de políticas. A Agradecemos à Coordenação Nacional de Saúde Bucal
Política de Promoção e Vigilância em Saúde Bucal no do Ministério da Saúde e Fundo Nacional de Saúde, ao
Brasil explicita a necessidade de aprimorar estratégias Prof. Dr. Paulo Sávio A. de Goes (Universidade de Per-
avaliativas de ações de promoção da saúde bucal de- nambuco) por sua contribuição no desenvolvimento
senvolvidas no contexto da atenção primária que per- deste trabalho, aos participantes da Oficina de Valida-
mitam avaliar não somente seus resultados e impacto, ção do Construto e a todos os profissionais cirurgiões-
mas também o processo político e social para alcançar dentistas atuantes no Sistema Único de Saúde da Pre-
os objetivos estabelecidos. Este artigo se propõe a sis- feitura Municipal de Curitiba.
tematizar a literatura no campo da avaliação da efe-
tividade de estratégias de promoção da saúde, definir
um modelo teórico e propor uma matriz de descritores,
explorando a base referencial da promoção da saúde e
práticas com potencialidade para reduzir situações de
fragilidade de grupos populacionais, combater iniqui-
dades e incorporar a participação na gestão da saúde.

Promoção da Saúde; Atenção Primária à Saúde; Saúde


Bucal

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