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ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE 441

Visita domiciliar e cuidado domiciliar na


Atenção Básica: um olhar sobre a saúde bucal
Home visit and home care in the Primary Care: a look on oral health

Alessandro Diogo De-Carli1, Mara Lisiane de Moraes dos Santos2, Albert Schiaveto de Souza3,
Vera Lúcia Kodjaoglanian4, Adriane Pires Batiston5

RESUMO O objetivo do presente trabalho foi analisar o processo de atenção domiciliar nas
Equipes de Atenção Básica que aderiram ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade. Realizou-se um estudo a partir do banco de dados do programa relativos à dimen-
são que avaliou a realização de visita domiciliar e cuidado domiciliar, com ênfase nas práticas
das Equipes de Saúde Bucal. Quase 100% das Equipes de Saúde da Família avaliadas realizam
visita domiciliar. O cuidado no domicílio é realizado por mais de 90% dos profissionais da
equipe mínima, e por aproximadamente 50% dos profissionais da saúde bucal. A saúde bucal
tem desafios a superar em direção a novas práticas na Atenção Básica.

PALAVRAS-CHAVE Visita domiciliar; Saúde bucal; Atenção Primária à Saúde.

ABSTRACT The objective of the present work was to analyze the process of home care within the
primary care teams that joined the National Program for Access and Quality Improvement. A
study was conducted from the database of the program related to the dimension that has evalua-
ted the accomplishment of home visit and home care, with emphasis on the practices of the oral
1 UniversidadeFederal health team. Almost 100% of the evaluated family health teams perform home visits. The home
de Mato Grosso do Sul
(UFMS) – Campo Grande care is performed by more than 90% of the professionals of the minimum team, and by appro-
(MS), Brasil. ximately 50% of professionals of the oral health team. The oral health team has challenges to
alessandrodecarli@hotmail.
com overcome towards the new practices in primary care.
2 UniversidadeFederal
de Mato Grosso do Sul KEYWORDS Home visit; Oral health; Primary Health Care.
(UFMS) – Campo Grande
(MS), Brasil.
maralisi@globo.com

3 UniversidadeFederal
de Mato Grosso do Sul
(UFMS) – Campo Grande
(MS), Brasil.
albertss@hotmail.com

4 Fundação Oswaldo
Cruz Mato Grosso do Sul
– Campo Grande (MS),
Brasil.
esc.fiocruz@saude.ms.gov.br

5 UniversidadeFederal
de Mato Grosso do Sul
(UFMS) – Campo Grande
(MS), Brasil.
apbatiston@hotmail.com

DOI: 10.1590/0103-110420151050002012 SAÚDE DEBATE | rio de Janeiro, v. 39, n. 105, p.441-450, ABR-JUN 2015
442 DE-CARLI, A. D.; SANTOS, M. L. M.; SOUZA, A. S.; KODJAOGLANIAN, V. L.; BATISTON, A. P.

Introdução delineados e projetados nos microespaços e


no cotidiano dos serviços por uma diversi-
O Sistema Único de Saúde (SUS), possivel- dade de aspectos inerentes aos processos de
mente o maior patrimônio de política pública trabalho e aos serviços de saúde, situados em
do País, foi idealizado e constituído por um uma conjuntura social-econômica-cultural-
movimento da sociedade brasileira. Adota -histórica (REIS ET AL., 2007).
os princípios da Atenção Primária à Saúde Entre os indicadores investigados por
(APS), e coloca a Estratégia Saúde da Família meio da Avaliação Externa do PMAQ estão a
(ESF) como ordenadora do cuidado nas visita domiciliar e os cuidados realizados no
redes de atenção à saúde, com papel central domicílio. A primeira é destacada como um
para a reorganização do modelo assistencial. indicador de mudança do modelo de atenção
Contudo, os avanços políticos no setor saúde (BRASIL, 2012B), alinhada aos princípios da AB,
e a implantação de um número expressivo de como a integralidade e a continuidade do
Unidades Básicas de Saúde (UBS) não garan- cuidado, o acesso, a equidade, a humaniza-
tem a transformação deste. Esta mudança ção e o vínculo (BRASIL, 2012A).
demanda modificações dos processos de A Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL,
trabalho, de gestão, de formação, de partici- 2012A) estabelece como uma das responsabilida-
pação, bem como conhecimento da realidade des das equipes a atenção domiciliar destinada
das equipes para planejamento e viabiliza- a indivíduos e famílias que tenham dificulda-
ção de mudanças concretas no cotidiano da des para acessar os serviços. Esta é considera-
gestão e dos serviços, produzindo potência da como uma estratégia promotora de acesso
para a consolidação do SUS. às políticas públicas, através da relação que se
Mediante este contexto, a qualidade da estabelece entre os diferentes sujeitos do pro-
gestão e das práticas de atenção à saúde na cesso, como um dos instrumentos fundamen-
Atenção Básica (AB) tem sido prioridade na tais para a atenção integral (BRASIL, 2012B).
agenda dos gestores do SUS, e o Ministério Entretanto, ao serem mencionadas na
da Saúde tem intensificado os esforços em Política Nacional de Atenção Básica as atribui-
direção a iniciativas para a qualificação da ções dos profissionais das equipes (BRASIL, 2012A),
AB. Nessa conjuntura foi criado o Programa a visita domiciliar não está explicitada entre as
Nacional de Melhoria do Acesso e da atribuições do cirurgião-dentista e nem do au-
Qualidade (PMAQ), com o principal objetivo xiliar de saúde bucal. Por outro lado, a Política
de induzir a ampliação do acesso e a melho- Nacional de Saúde Bucal (BRASIL, 2004), indica
ria da qualidade da AB, por meio de um pro- que as visitas domiciliares devem ser realizadas
cesso bastante complexo que envolve quatro pelos profissionais da Equipe de Saúde Bucal
fases distintas: Adesão e Contratualização; (EqSB), como forma de ampliar o acesso aos
Desenvolvimento; Avaliação Externa e usuários e às famílias que não têm condições de
Recontratualização. Particularmente, duas deslocamento até as unidades de saúde.
das fases configuram momentos avaliati- Embora se configurem como práticas es-
vos: o momento da Autoavaliação (fase do senciais na AB, ainda são limitados os estudos
Desenvolvimento) e o momento da Avaliação que buscam a identificação e a caracterização
Externa. Na fase da Avaliação Externa é rea- das práticas da visita domiciliar e os cuidados
lizado um conjunto de ações visando inves- no domicílio, no cotidiano dos serviços das
tigar as condições de acesso e de qualidade Unidades Básicas de Saúde Tradicionais e das
da atenção na totalidade de municípios e Unidades Básicas de Saúde da Família no País,
Equipes de Atenção Básica (EqAB) que em especial em relação a tais práticas realiza-
aderiram ao programa (PINTO; SOUSA; FLORENCIO, das pelas EqSB. A literatura tem evidenciado
2013), visto que os modelos assistenciais são com preocupação que, de maneira geral, os

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profissionais destas equipes reproduzem o primeiro ciclo do PMAQ, referentes às prá-


modelo assistencial curativo, clínico, indivi- ticas dos profissionais das EqAB, com ênfase
dualizado, pautado nas tecnologias duras, en- nas EqSB. A fase de Avaliação Externa do
contrando entraves para a mudança do modelo PMAQ foi conduzida por instituições de
de atenção com a incorporação de práticas de ensino e pesquisa do País, na modalidade
promoção, prevenção (MATTOS ET AL., 2014) e rea- multicêntrica, e coordenada pelo Ministério
lização pouco frequente da visita domiciliar da Saúde; realizada entre os anos de 2012
(AQUILANTE; SILVA, 2014; FACCIN; SEBOLD; CARCERERI, 2010). e 2013. Houve adesão de 17.202 equipes
Para contribuir com o debate, a aprecia- de saúde, todas participantes da Avaliação
ção das práticas dos profissionais das EqSB Externa. Esta foi realizada in loco por ava-
em relação à visita domiciliar e ao cuidado liadores previamente selecionados e qua-
domiciliar certamente adquire relevância lificados para a aplicação do instrumento.
nacional para a formulação de políticas in- Posteriormente à coleta, os dados foram
dutoras de mudanças no modelo de atenção. enviados ao Ministério da Saúde, validados
Fato este que promove a ampliação do acesso e disponibilizados às instituições parceiras.
e da qualidade da atenção à saúde de forma O instrumento foi composto por quatro
universal, integral e com equidade. módulos: Módulo I – Observação na Unidade
A análise dos dados referentes à visita do- Básica de Saúde; Módulo II – Entrevista
miciliar e ao cuidado no domicílio, obtidos por com o profissional da equipe e verificação
meio da Avaliação Externa do PMAQ junto a de documentos; Módulo III – Entrevista
aproximadamente 17 mil equipes que atuam com o usuário na Unidade Básica de Saúde;
em UBS em todas as regiões do Brasil, é inédita Módulo Eletrônico – Respondido pelos ges-
e elucidará potencialidades e lacunas alusivas tores, contendo informações complementa-
a esse tema, presentes no dia a dia das equipes. res aos módulos anteriores.
Adicionalmente, tal análise proporcionará Os sujeitos que responderam à entrevista
dados concretos para o planejamento e a im- no ato da Avaliação Externa poderiam ser
plementação de ações alinhadas às demandas profissionais enfermeiros, médicos ou pro-
mais evidentes identificadas na realidade dos fissionais de nível superior que agregassem o
serviços, e que serão norteadores de políticas maior conhecimento sobre o processo de tra-
de saúde na perspectiva da atenção integral e balho da equipe avaliada, e por ela indicados.
da ampliação do acesso à saúde bucal. Os dados utilizados nesse estudo foram
Os objetivos deste artigo são de apre- provenientes do Módulo II, bloco 32
sentar os dados referentes à realização da (Visita domiciliar e Cuidado Realizado no
visita domiciliar e aos cuidados no domicí- Domicílio), sendo analisadas duas questões:
lio obtidos por meio da Avaliação Externa II.32.1 “A equipe realiza a visita domiciliar?”
do primeiro ciclo do PMAQ, com ênfase na e II.32.7 “Quais profissionais da equipe rea-
análise das práticas das EqSB; e, verificar se lizam cuidado domiciliar?” (BRASIL, 2012C, P. 29).
há diferenças entre estas práticas realizadas
pelos distintos profissionais das equipes de Análise dos dados
ESF e das UBS tradicionais.
A avaliação da associação entre o tipo de
equipe de saúde (UBS ou ESF) e a realização
Método de visita e cuidado realizados no domicílio
pelos cirurgiões-dentistas foi realizada por
Trata-se de um estudo observacional trans- meio do teste qui-quadrado. Os resultados
versal em que foram analisados dados pro- das demais variáveis avaliadas neste estudo
venientes da etapa da Avaliação Externa do foram apresentados na forma de estatística

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descritiva. A análise estatística foi realizada EqAB (parametrizada – UBS) com EqSB;
através do software SPSS, versão 20.0, consi- 0,7% (n=124) eram AB (parametrizada –
derando um nível de significância de 5%. UBS) sem EqSB; e 0,5% (n=90) foram infor-
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de madas como outros tipos de equipes. Além
Ética em Pesquisa da Universidade Federal disso, não havia informação quanto ao tipo
do Rio Grande do Sul, sob o protocolo nº de equipe para 0,1% desta amostra (n=17).
21904. Das 12.075 EqSF com EqSB, somente
12.036 delas responderam se o cirurgião-
-dentista realizava ou não cuidado domici-
Resultados liar, enquanto das 328 EqAB (parametrizada
– UBS) com EqSB, 319 responderam a este
No primeiro ciclo do PMAQ foram avaliadas questionamento.
17.202 equipes de saúde, sendo que destas, Os resultados referentes à realização
99,6% (17.034) referiram que realizam visita de cuidado domiciliar pelos enfermeiros,
domiciliar em seu cotidiano de trabalho. médicos, técnicos/auxiliares de enferma-
Do total de equipes avaliadas, 70,2% gem, cirurgiões-dentistas e técnicos/auxi-
(n=12075) eram Equipes de Saúde da Família liares de saúde bucal, tanto das EqSF quanto
(EqSF) com EqSB; 26,6% (n=4568) eram das EqAB (parametrizada – UBS) do Brasil
EqSF sem EqSB; 1,9% (n=328) delas eram estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Resultados referentes à realização de visitas domiciliares pelos profissionais da Atenção Básica, tanto na ESF
quanto nas UBS no Brasil

Tipo de equipe
Variável/Região do Brasil Total
ESF UBS
Profissionais da equipe que realizam cuidado domiciliar:
Médico
Total (p=0,051) 92,5 (15352) 90,0 (398) 92,5 (15750)
Enfermeiro
Total (p=0,389) 99,0 (16434) 98,6 (436) 99,0 (16870)
Técnico/auxiliar de enfermagem
Total (p=0,993) 94,8 (15727) 94,8 (419) 94,8 (16146)
Cirurgião-dentista
Total (p=0,019) 56,1 (6755) 49,5 (158) 56,0 (6913)
Técnico/auxiliar de saúde bucal
Total (p=0,001) 33,8 (4068) 26,2 (84) 33,6 (4151)
Fonte: Elaboração própria
Os resultados estão apresentados em frequência relativa (frequência absoluta). Valores de p obtidos pelo teste do qui-quadrado, avaliando
a associação entre o tipo de equipe e a realização de visitas domiciliares

Não houve diferença significativa entre e 0,993). Por outro lado, os cirurgiões-
os enfermeiros, médicos e técnicos/auxi- -dentistas e técnicos/auxiliares de saúde
liares de enfermagem das EqSF e aqueles bucal das EqSF realizavam mais visitas
das EqAB (parametrizada – UBS), em domiciliares do que aqueles da AB (para-
relação à realização do cuidado domi- metrizada – UBS), com p=0,019 e 0,001,
ciliar (valor de p variando entre 0,051 respectivamente.

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Discussão de trabalhar em equipe e com ações coletivas


(FACCIN; SEBOLD; CARCERERI, 2010; MATTOS ET AL., 2014).
A saúde é um direito de todos, e há que se Enquanto os enfermeiros, médicos e téc-
destacar e reconhecer que a saúde bucal é nicos/auxiliares de enfermagem foram inse-
parte importante do processo saúde-doença ridos nas EqAB na década de 1990, somente
de todos os brasileiros. Especificamente em 2004 foi lançada a Política Nacional de
nesta pesquisa, a análise das práticas de Saúde Bucal, que propõe a reorientação do
mais de 12 mil EqSB, de todas as regiões do modelo assistencial, a ampliação do acesso à
Brasil, em relação à visita domiciliar e aos saúde bucal e o cuidado em todos os níveis
cuidados no domicílio é inédita, e coloca o de atenção (BRASIL, 2004). Entretanto, ainda
conhecimento da realidade como estratégia hoje se observa que as ações restringem-se
para avanços na qualidade da atenção, ao atendimento clínico ambulatorial básico e
mudança do modelo assistencial e da con- individualizado, por parte do cirurgião-den-
solidação do SUS. tista, e a atividades tradicionais, por parte
Os dados coletados junto às EqSF e das dos auxiliares em saúde bucal (instrumenta-
EqAB (parametrizada – UBS) demonstram ção, desinfecção e esterilização de materiais
que quase a sua totalidade informa que a /instrumentais), sem a realização prioritária
visita domiciliar faz parte das práticas no de ações coletivas, como as de promoção,
cotidiano dos serviços. Quando avaliados prevenção da saúde, visita domiciliar e ati-
os dados referentes às EqSB, os achados vidades junto aos equipamentos sociais do
mostram que aproximadamente metade território (AQUILANTE; SILVA, 2014).
dos profissionais da saúde bucal não realiza O trabalho em equipe e a realização de
cuidado domiciliar, com resultados bem in- ações coletivas ainda são considerados de-
feriores em relação aos demais profissionais safios para todos os profissionais da saúde,
pesquisados (enfermeiros, médicos e técni- os quais ainda têm, em sua formação, a
cos/auxiliares de enfermagem). A realização centralidade na realização de procedimen-
pouco frequente do cuidado domiciliar pelos tos técnicos, individualizados e atrelados a
cirurgiões-dentistas foi evidenciada em tecnologias duras. No caso da formação dos
estudos prévios realizados em distintas rea- odontólogos, essa realidade não é diferen-
lidades e em menor abrangência territorial. te. O trabalho em equipe é um importante
Os profissionais referem que não realizam a entrave, e os processos formadores nas uni-
visita domiciliar por não identificarem pos- versidades ainda respaldam o modelo de
sibilidades de atuação no espaço do domi- atenção biomédico individualizado, com a
cílio (FACCIN; SEBOLD; CARCERERI, 2010; COSTA; ARAÚJO, utilização de equipamentos e tecnologias
2013; MATTOS ET AL., 2014). avançadas (MATTOS ET AL., 2014), sob forte in-
A realização do cuidado domiciliar por terferência da indústria de equipamentos
enfermeiros, médicos e técnicos/auxiliares e insumos odontológicos e pela concepção
de enfermagem, proporcionalmente bem arraigada no imaginário social da atuação
superiores em relação ao realizado pelos profissional em consultório privado, distante
cirurgiões-dentistas e técnicos/auxiliares de das práticas compartilhadas com profissio-
saúde bucal, possivelmente tenha ocorrido nais de outras áreas (AQUILANTE; SILVA, 2014).
por uma somatória de fatores, como a inser- A mudança paradigmática não ocorre es-
ção tardia da EqSB na ESF e à concepção de pontaneamente, é necessário que a formação
dependência estrutural de tecnologias duras dos profissionais da saúde esteja alinhada ao
(AQUILANTE; SILVA, 2014), associados ao paradigma sistema de saúde vigente no País. Além disso,
biomédico ainda predominante nos processo a Educação Permanente passa a ser funda-
de formação em odontologia e à dificuldade mental no processo de mudança do modelo

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assistencial, trazendo para o cotidiano dos odontológico clínico individual, excluden-


trabalhadores a reflexão sobre suas práti- te, tecnicista, biologicista (MATTOS ET AL., 2014),
cas, sendo constitutiva da qualificação da incluindo no processo de trabalho do cirur-
atenção e da ressignificação dos fazeres dos gião-dentista ações de promoção, prevenção
profissionais da saúde no cuidado humano, e controle do processo saúde-doença bucal,
em todos os níveis de atenção (BRASIL, 2012A). com responsabilização pela atenção à saúde
Além destes fatores, conforme já mencio- de usuários e famílias, com base no princípio
nado, na atual Política Nacional da Atenção da territorialização, em diferentes espaços
Básica (BRASIL, 2012A), a visita domiciliar não do território e em equipe.
está claramente especificada como uma Tendo em vista que o domicílio faz parte
das atribuições do cirurgião-dentista, como do território, que muitos usuários não têm
consta nas atribuições dos profissionais en- condições de deslocamento até as unidades
fermeiros, médicos e técnicos/auxiliares de de saúde e que é responsabilidade das EqAB
enfermagem. Tal fator certamente interfere atender os cidadãos conforme suas neces-
na implicação daqueles profissionais com o sidades, a atenção domiciliar passou a ser
cuidado domiciliar. Por outro lado, a visita atividade inerente ao processo de trabalho
domiciliar está indicada claramente na das EqAB (BRASIL, 2004, 2012B). A identificação
Política Nacional de Saúde Bucal: de um expressivo número de EqSB que não
realiza visita domiciliar e cuidados domici-
A ampliação e qualificação das ações de saú- liares, evidenciado por meio da Avaliação
de bucal também se fazem através de organi- Externa do PMAQ, gera inquietação, pois
zação de visitas da equipe de saúde bucal às indica que as especificidades do cuidado na
pessoas acamadas ou com dificuldades de lo- AB – como equidade do acesso, vínculo, in-
comoção, visando à identificação dos riscos e tegralidade e longitudinalidade – não estão
propiciando o acompanhamento e tratamen- sobrevindo como prática comum no cotidia-
to necessário. (BRASIL, 2004, P. 15). no destas equipes.
Considerando a visita domiciliar uma
No contexto das pessoas acamadas, por ação articulada entre as EqSF e as EqSB,
meio do censo demográfico de 2010, foi de- observam-se indicativos de que ainda está
monstrado que 23,9% da população brasi- presente na atuação dos cirurgiões-dentistas
leira apresentam algum grau de deficiência, da AB o perfil da prática laborativa tradi-
sendo 3,6 milhões de pessoas com grande cional, individualista e isolada (FACCIN; SEBOLD;
dificuldade de locomoção (IBGE, 2010). Tal fato CARCERERI, 2010), com fortes indícios de que tais
nos faz refletir sobre a necessidade de que profissionais permanecem presos ao biolo-
todos os profissionais da AB empreguem as gicismo e ao ato odontológico terapêutico
ferramentas da visita domiciliar e do cuidado atrelado ao tratamento de doenças bucais
domiciliar em seu cotidiano do trabalho, com a valorização das tecnologias duras
contribuindo para que o direito constitucio- (AQUILANTE; SILVA, 2014). No que se refere a ações
nal de acesso universal, equânime e integral articuladas entre as EqSB e as EqSF, Mattos
à saúde das pessoas que não têm condições et al. (2014) identificaram que apenas 30% dos
de se deslocarem até as unidades de saúde odontólogos e auxiliares de saúde bucal de 14
seja implementado. municípios de Minas Gerais realizavam, com
Os resultados encontrados são preocu- frequência, ações conjuntas com as EqSF.
pantes, pois contrariam os pressupostos Em contraponto às práticas vigentes dos
que nortearam a inclusão das EqSB na AB, profissionais das EqSB, a visita domiciliar
com a proposta de romper com o modelo é momento profícuo para o privilégio das
historicamente baseado no atendimento tecnologias leves (MERHY, 2007), qualificando

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a atenção à saúde da população – inclusi- de suas práticas, o cuidado integral e amplia-


ve em seu caráter subjetivo – por meio da do em saúde, o que não é contemplado (salvo
qual ocorrerá o encontro entre os atores exceções) pela sua formação acadêmica
envolvidos no trabalho vivo em ato (MERHY, (MATTOS ET AL., 2014).
2004). No domicílio, novas configurações do Em relação à atuação dos recursos
cuidado em saúde se estabelecem, incor- humanos auxiliares em saúde bucal (que são
porando tecnologias leves no fazer saúde, categorizados em Auxiliar de Saúde Bucal –
indispensáveis para a superação do modelo ASB e Técnico de Saúde Bucal – TSB), esta
de atenção pautada no paradigma biomédi- ainda é controversa e motivo de polêmicas
co (SILVA ET AL., 2010). relativas ao campo de atuação e responsa-
Quando a visita domiciliar não é vi- bilização legal, embora seja reconhecida
venciada frequentemente no cotidiano do como necessária para a reorientação das
trabalho na AB, o vínculo com a população práticas em saúde bucal, principalmente
adscrita fica prejudicado, o que retroa- após a inserção das EqSB na ESF (ESPOSTI ET
limenta o ciclo do processo de trabalho AL., 2012). Observa-se a crescente atribuição de
alienante e isolado dos profissionais da responsabilização (às vezes, precarizada) a
saúde bucal. As visitas domiciliares, sendo estes profissionais no cotidiano dos serviços
inseridas na prática destes profissionais (MATTOS ET AL., 2014), muito mais relacionados às
como ações mais frequentes, fomentariam atividades clínicas nas unidades do que às
a aproximação com os sujeitos e com a rea- realizadas em outros ambientes (COSTA; ARAÚJO,
lidade do usuário/comunidade, bem como 2013). Por outro lado, na literatura há relato de
otimizariam a força do encontro traba- exceções nas quais essa relação se inverte,
lhador-cuidador-usuário, constituindo-se observando-se que auxiliares em saúde
como uma potência para a transformação bucal realizaram visitas domiciliares em
das práticas de saúde (SILVA ET AL., 2010). uma frequência superior a 70% em relação
Cunha e Sá (2013) ressaltaram que, mesmo às ações clínicas (SANGLARD-OLIVEIRA ET AL., 2013).
quando as visitas domiciliares ocorrem, O processo de trabalho das EqSB na AB
não raramente ficam limitadas ao levanta- deve ser continuamente avaliado, conside-
mento do perfil epidemiológico em saúde rando-se que estas foram incluídas na ESF
bucal, como base para priorização de ações em um passado relativamente recente. Isso
e agendamento das primeiras consultas. No implica um momento de transição no que
entanto, deveriam ser utilizadas como um se refere à formação profissional em nível
dispositivo robusto para o conhecimento de graduação, à adequação dos recursos
do contexto familiar e dos determinantes humanos pré-existentes e do reconhecimen-
sociais que interferem no processo saúde- to dos princípios da APS como norteadores
-doença, bem como para a realização de ati- de suas ações.
vidades educativas ou até curativas (desde Há que se considerar também a histo-
que haja infraestrutura adequada) em im- ricidade da inclusão da saúde bucal nesse
possibilitados de se deslocarem à unidade de contexto. Embora a motivação para a mesma
saúde (FACCIN; SEBOLD; CARCERERI, 2010). tenha sido relacionada à possibilidade de
Para que isso ocorra, é necessário que o mudança do modelo técnico-assistencial,
cirurgião-dentista se reconheça como um sabe-se que muitas das EqSB podem ter
profissional de saúde que toma o lugar do sido incorporadas à ESF devido ao incenti-
‘dentista curador’ (FACCIN; SEBOLD; CARCERERI, vo financeiro destinado à gestão, que o con-
2010, P. 1648), atento aos problemas bucais e sidera essencial para o custeio do serviço
também ao contexto em que os mesmos têm odontológico (MATTOS ET AL., 2014). Tal fato pode
sua origem, de forma a incorporar, no campo contribuir para a permanência de práticas

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reducionistas na esfera da saúde da família, ainda não são evidentes (PEREIRA ET AL., 2012). Os
privilegiando as ações curativas e negligen- impactos positivos identificados na literatu-
ciando o cuidado integral, que deve ser cen- ra são referentes ao aumento da cobertura e
trado no sujeito e na clínica ampliada. ampliação do acesso aos serviços de atenção
Outros aspectos a serem apreciados são a à saúde bucal com a implantação das EqSB
excessiva demanda reprimida para a saúde na ESF (MATTOS ET AL., 2014; PEREIRA ET AL., 2012).
bucal e a incapacidade dos serviços de A presente análise dos dados da Avaliação
atenção secundária de a incorporarem em Externa do PMAQ vem corroborar com a
suas agendas, o que acaba por sobrecarregar concepção de que a ESF tem produzido re-
as EqSB. Com isso, as ações inerentes a estas, sultados profícuos em relação ao cuidado
no âmbito da AB, ficam comprometidas, e a domiciliar no que se refere à saúde bucal,
atenção integral e a continuidade do cuidado embora a frequência com que estes ocorram
deixam de ser priorizadas (PEREIRA ET AL., 2012), ainda necessite ser potencializada.
perpetuando as práticas de atenção indivi-
dualizadas no âmbito dos consultórios.
Embora esses resultados sejam preocu- Conclusões
pantes e, no que se refere ao processo de tra-
balho, cruciais para que o acesso ao serviço As práticas referentes à visita domiciliar e ao
de saúde qualificado seja contemplado, cabe cuidado no domicílio das equipes analisadas
lembrar que de forma alguma devem servir demonstram que quase a totalidade dessas
para culpabilizações/ações punitivas, pois equipes se refere à realização de visitas do-
isto contraria a orientação indutiva, agrega- miciliares, e que o cuidado domiciliar é re-
dora e dialógica da proposta do PMAQ. Pelo alizado por um percentual expressivo dos
contrário, tais constatações devem ser norte- profissionais médicos, enfermeiros e téc-
adoras da priorização da superação de pro- nicos/auxiliares de enfermagem. Os dados
blemas em busca da qualidade da atenção, evidenciam que a realização da visita do-
cujo movimento deve ser conjunto (gestão- miciliar e o cuidado em domicílio ainda não
profissionais-usuários), dialógico, embasado foram amplamente incorporados nos fazeres
no fomento à cultura da negociação, com da EqSB, e que estas, vinculadas às equipes
vistas às necessidades de saúde dos usuários de ESF, apresentam melhores desempenhos
(PINTO; SOUSA; FLORÊNCIO, 2012). em relação às Unidades Básicas de Saúde
Finalmente, mediante a análise dos dados Tradicionais.
identificamos que as visitas domiciliares e o Constata-se que há importantes desafios a
cuidado em domicílio são mais realizados serem superados para a efetiva reorientação
pelas equipes da ESF do que pelas EqAB do modelo assistencial da AB no País, e que as
tradicionais (parametrizada – UBS). O EqSB ainda têm dificuldades em incorporar
mesmo ocorre quando analisados os dados ações diferentes das historicamente instituí-
referentes ao cuidado no domicílio realiza- das em suas práticas. A Avaliação Externa do
do pela EqSB. PMAQ foi fundamental para desvelar essa re-
Há fortes evidências na literatura de que alidade, e trazer à tona a necessidade de políti-
a ESF interferiu positivamente em alguns cas indutoras ainda mais diretivas em relação
indicadores de saúde, como a mortalidade à inclusão de ações coletivas e no ambiente
infantil (AQUINO ET AL., 2009) e nas internações domiciliar da população adscrita sob a res-
hospitalares por causas sensíveis à AB (VELOSO ponsabilidade das EqSB, visando à transfor-
ET AL., 2009). Entretanto, estudos referentes aos mação das práticas de atenção à saúde bucal
impactos da ESF sobre indicadores de saúde na AB. Recomenda-se, ainda, uma análise dos
bucal são limitados, e os resultados positivos dados do PMAQ que considerem possíveis

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Visita domiciliar e cuidado domiciliar na Atenção Básica: um olhar sobre a saúde bucal 449

diferenças entre as equipes avaliadas nos dis- O PMAQ, em sua amplitude, cumpre o seu
tintos estados e regiões do País, possibilitando papel no sentido de “estimular desde uma
intervenções direcionadas a cada contexto, política nacional até a implantação de dispo-
considerando-se a dimensão continental do sitivos que sejam provocadores de mudança
Brasil e as muitas realidades presentes nos no processo de trabalho cotidiano” (PINTO;
diferentes cenários. SOUSA; FLORÊNCIO, 2013, P. 7). s

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