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ANDRAGOGIA:

O QUE É, OBJETIVOS
E TÉCNICAS
Andragogia:
O que é, Objetivos e Técnicas
A educação na fase adulta, denominada Andragogia, apresenta
particularidades em relação ao ensino para crianças. Essa metodologia
de ensino, próxima da Pedagogia, tem se mostrado cada vez mais
relevante, em virtude de sua adequação ao cenário atual, em que o
mundo está em constante transformação e as mudanças no mercado de
trabalho são aceleradas.

Nesse contexto, é essencial que os profissionais estejam dispostos a


continuar aprendendo e se atualizando, a fim de assegurar suas posições
e garantir a vantagem competitiva das empresas. Por essa razão, discutir
modelos de educação que contemplem materiais e ferramentas capazes
de dialogar com a realidade de pessoas que já avançaram em suas
carreiras é cada vez mais importante.

Este e-book apresenta informações essenciais sobre a Andragogia:

O que é Andragogia?
Quais os objetivos da Andragogia?
Como surgiu o termo Andragogia?
Principais princípios da Andragogia
Qual a diferença entre Andragogia, Heutagogia e Pedagogia?
O que é o Aprendizado Autodirigido?
Aplicações da Andragogia no Ensino Superior
Andragogia Empresarial e a capacitação de colaboradores.

Se o tema interessa, acompanhe até o final.


O Que É Andragogia?
A Andragogia é uma vertente da ciência da educação que se dedica ao
ensino para adultos, e sua aplicação transcende frequentemente o
ambiente da sala de aula. Essa abordagem de ensino pode ser
empregada tanto no meio acadêmico, na educação formal, quanto no
contexto social e político, como palestras, discursos e debates, ou
empresarial, como treinamentos, palestras e reuniões.

A Andragogia, conhecida desde a década de 1970, defende um ensino


que se baseia na motivação e no autoconhecimento como combustível.
Por se tratar de uma abordagem aplicada em fase avançada da vida, já foi
referida como "educação continuada" ou "aprendizagem ao longo da
vida" por organizações como a UNESCO.

Essa abordagem de ensino considera a experiência do aluno como


fundamental para seu desenvolvimento, e trabalha os conteúdos por
meio de situações comuns do dia a dia, visando proporcionar um
aprendizado mais consciente e maduro.
Um ponto-chave da metodologia é compreender o adulto, trabalhando
os conteúdos com maturidade. O aluno que busca educação na vida
adulta provavelmente já aprendeu muita coisa, e busca na educação
continuada a sua realização pessoal e profissional. Ele aprende melhor
quando o assunto tem valor de uso imediato, e é tarefa do educador e
das instituições de ensino apresentar soluções para problemas reais e
que farão diferença em sua vida cotidiana.

Quais Os Objetivos
da Andragogia?
A Andragogia tem como objetivo
transmitir conhecimento para um ou
mais alunos, assim como outras
metodologias da ciência da educação. No
entanto, sua particularidade de ser
voltada para adultos exige caminhos
diferentes para alcançar o mesmo
objetivo.

Para isso, é fundamental que os docentes


tenham uma compreensão profunda das
necessidades e realidades dos alunos,
levando em consideração aspectos
psicológicos, biológicos e sociais. O tempo
é um fator crítico, pois os adultos muitas
vezes têm outras obrigações, tornando
seu tempo disponível escasso e de
qualidade diferente.

Diferentemente das crianças, que


geralmente têm apenas a obrigação de
estudar, os adultos enfrentam múltiplas
demandas em sua vida diária, como
trabalho, família e outras
responsabilidades. Portanto, é necessário
levar em conta todo o contexto do aluno
adulto para que o objetivo final de educar
seja alcançado com sucesso.
Como Surgiu o Termo
Andragogia?
Embora a educação de adultos exista há mais de dois mil anos, o termo
Andragogia é relativamente novo, tendo sido criado pelo professor
alemão Alexander Kapp em 1833. A palavra vem do grego, onde “andros”
significa homem e “gogos” significa educar. Kapp utilizou o termo pela
primeira vez em seu livro "Teorias Educacionais de Platão", dedicando um
capítulo inteiro ao ensino em cada fase da vida, desde a educação antes
do nascimento (Propedêutica) até a educação infantil (Pedagogia) e,
finalmente, a Andragogia. Ele argumentou que este termo era mais
apropriado para descrever a educação de adultos.

O termo criado por Kapp foi amplamente aceito e traduzido para vários
idiomas, como alemão (Andragogik), francês (Andragogie), inglês
(Andragogy) e espanhol (Andragogía), entre outros.

Um nome importante na Andragogia é Malcolm Shepherd Knowles,


considerado o pai da Andragogia no mundo. Sua contribuição começou
na década de 1970 e ele foi o principal responsável pela popularização do
conceito.

Knowles, em seu livro "The Modern Practice of Adult Education",


apresentou o primeiro modelo andragógico, que é composto por cinco
pilares fundamentais:

Autonomia: reconhecer que o aluno adulto possui habilidades para


tomar suas próprias decisões e, portanto, deseja ser visto e tratado de
forma autônoma, concedendo a ele a liberdade para guiar suas
escolhas.
Experiência: levar em consideração a bagagem do aluno adulto no
processo de aprendizagem de novas habilidades e conhecimentos,
utilizando-a como base para construir novos aprendizados.
Prontidão para a aprendizagem: o interesse do aluno adulto pela
aprendizagem é maior quando o conteúdo se relaciona diretamente
com situações cotidianas.
Aplicação da aprendizagem: superar os desafios do ensino de adultos
requer que o conhecimento adquirido seja aplicável imediatamente,
e não apenas algo que possa ser aproveitado no futuro.
Motivação para aprender: a motivação intrínseca do aluno adulto é
mais forte do que a motivação extrínseca, o que significa que seus
valores e objetivos pessoais e profissionais são priorizados em
detrimento de apenas obter boas notas, por exemplo.

Princípios Básicos da Andragogia

Partindo do princípio de que compreensão é fundamental para os alunos,


a Andragogia se baseia em alguns princípios básicos que orientam a
atuação do professor em sala de aula.

O primeiro passo é entender qual é o objetivo do aluno, o que o motivou


a buscar a educação nessa fase da vida. Geralmente, o aluno adulto busca
realização pessoal ou profissional e é fundamental que o professor
compreenda esses motivos para planejar seu ensino de acordo com as
necessidades do aluno.

Os adultos geralmente aprendem melhor através da experiência, e esse


ponto pode ser explorado pelo professor, proporcionando exemplos e
experiências práticas que mostrem como o conteúdo pode ser aplicado
no dia a dia.

Além disso, os adultos acreditam que o aprendizado deve resolver


problemas, e o professor pode aproveitar essa percepção ao apresentar
cada assunto de forma que o aluno perceba como o conhecimento
adquirido pode ser útil para ele.

O conteúdo ensinado deve ter uma aplicação imediata para que a


educação se torne uma necessidade individual, em vez de algo
obrigatório apenas para conquistar uma vaga de emprego, por exemplo.
Por fim, é importante lembrar que os adultos têm uma bagagem de
conhecimento próprio, que pode e deve ser aproveitada em sala de aula,
contribuindo para o processo educacional.
Qual a Diferença entre
Andragogia, Pedagogia e
Heutagogia?

Embora as três abordagens compartilhem o objetivo comum de construir


conhecimento, há diferenças fundamentais entre Pedagogia, Andragogia
e Heutagogia.

A Pedagogia é talvez a mais conhecida das três, e está intimamente


ligada à figura do professor. Como instrumento condutor do processo de
ensino-aprendizagem, o professor seleciona o conteúdo a ser aprendido e
a metodologia a ser aplicada. É importante ressaltar que, embora o
professor tenha um papel essencial na condução do ensino, a Pedagogia
não deve ser autoritária. O aluno deve construir seu próprio processo de
aprendizado.

Por outro lado, a Andragogia exige um papel mais ativo do aluno e uma
compreensão maior do professor antes do início do aprendizado. Isso
porque, diferentemente de uma criança, o adulto já possui uma base de
conhecimento e princípios próprios. Além disso, muitas vezes, ele precisa
desconstruir preconceitos para começar a aprender. Nessa abordagem,
cabe ao professor selecionar os conteúdos que serão ensinados, mas é o
aluno quem determina como ele irá aprender.

Por fim, temos a Heutagogia, uma abordagem de ensino em que quem


ensina e quem aprende podem ser a mesma pessoa. Essa abordagem
pressupõe que o aluno é capaz de aprender de forma autônoma e se
tornar um agente ativo no processo de aprendizado. O professor assume
um papel de orientação e facilitação, ajudando o aluno a encontrar o
caminho certo e a desenvolver habilidades para aprender de forma
independente.
A Heutagogia é uma
abordagem mais recente que
as outras duas mencionadas, e
enfatiza a aprendizagem
autodeterminada. Nessa
metodologia, o professor é um
facilitador do processo
educacional, mas é o aprendiz
quem vai definir tanto o
conteúdo que será aprendido
quanto a metodologia
utilizada.

A Heutagogia foi mencionada


pela primeira vez em 2000
pelos pesquisadores
australianos Chris Kenyon e
Stewart Hase. Segundo eles, a
nossa conjuntura de mudanças
aceleradas já não comporta
mais os métodos tradicionais
de ensino nos quais o aluno
assume uma postura passiva.

Com a Heutagogia, o indivíduo


se torna responsável pelo seu
próprio processo educacional,
e o aprendizado pode
acontecer em qualquer lugar e
a qualquer momento, guiado
pela curiosidade do aprendiz.
Essa abordagem é
especialmente útil para
aqueles que desejam se
manter atualizados dentro de
sua área de atuação, já que a
aprendizagem é constante e
pode ser adaptada às
necessidades individuais.
O Que é o Aprendizado
Autodirigido?
O aprendizado autodirigido envolve um processo em que o aluno é
responsável tanto pela transformação quanto pela mudança. O
estudante determina seus próprios objetivos de estudo e toma a
iniciativa de começar, com ou sem ajuda de terceiros. Embora possa
haver orientação externa, a responsabilidade pela definição dos
conteúdos, identificação dos recursos humanos e materiais necessários, e
escolha e aplicação das estratégias é do aluno.

Este método é especialmente indicado para aqueles que desejam


manter-se atualizados e alinhados com as tendências do mercado, assim
como na Heutagogia.
Aplicações da Andragogia no
Ensino Superior
A Andragogia tem inúmeras aplicações, mas é no Ensino Superior que ela
é mais amplamente utilizada. Enquanto a Pedagogia tradicional coloca
os adultos em uma posição de dependência do professor, a Andragogia
permite que eles tenham autonomia no processo de aprendizagem.

Para que o método seja eficaz, é essencial que o adulto esteja envolvido
em sua própria educação e veja a utilidade da aprendizagem para sua
inserção e atuação no mercado de trabalho.

A experiência é a palavra-chave da Andragogia, tanto na utilização de


experiências passadas quanto na criação de novas experiências que
possam ensinar e fixar o conteúdo.

Por exemplo, estudantes de arquitetura, design ou desenho industrial


tendem a ser pessoas que gostam ou já sabem desenhar, e jovens que
participaram de programas de intercâmbio cultural muitas vezes optam
por uma graduação em Relações Internacionais ou Relações Públicas.

Alunos de jornalismo se beneficiam da oportunidade de produzir sua


própria reportagem, guiados pelos assuntos que mais lhes interessam.

A educação na vida adulta depende muito da bagagem pessoal de cada


aluno e do espaço que cada experiência teve ou terá em sua vida.

Ao aplicar os princípios da Andragogia na sala de aula, o educador deve


apresentar exemplos práticos e propor atividades em que o estudante
possa colocar a mão na massa.

Portanto, ao utilizar a Andragogia na sala de aula, o professor deve ouvir


seus alunos e estar preparado para atender às suas demandas durante o
processo educacional.
Andragogia Empresarial e a
Capacitação De Colaboradores

Vamos falar agora sobre um tema de grande interesse para os gestores: a


qualificação da equipe de trabalho. Esse aspecto é fundamental não
apenas para o desempenho e resultados da empresa, mas também para
a atração e retenção de talentos, bem como para os índices de
rotatividade.

Para alcançar equipes de alta performance, as organizações precisam ter


programas de capacitação e treinamento. No entanto, muitas vezes, esses
programas enfrentam os mesmos desafios já listados neste artigo.

Por exemplo, a escassez de tempo pode ser um obstáculo para tirar o


colaborador de suas tarefas diárias e permitir que ele estude sem afetar a
produtividade. Além disso, é necessário encontrar um método de
aprendizagem que garanta o interesse, a motivação e o engajamento dos
colaboradores.

No ambiente empresarial, workshops, palestras, seminários, cursos e


dinâmicas de grupo são iniciativas comuns para a capacitação. No
entanto, como processo de ensino, a andragogia pode oferecer vantagens
significativas.
A principal mudança de abordagem
está na priorização do aluno em vez
do conteúdo a ser transmitido para
ele. Ou seja, elaborar uma
capacitação interessante para o
colaborador implica em colocá-lo no
centro da estratégia.

Quando o colaborador participa


ativamente do processo de
aprendizagem, contribuindo com
suas experiências para a própria
evolução e para o aprendizado dos
colegas, além de identificar a
relevância do conteúdo para
aplicações práticas no dia a dia, as
chances de sucesso da capacitação
são muito maiores.

Ao ingressar na educação formal, o


aluno adulto busca mais do que
apenas informações e
conhecimentos. Ao ensinar algo a
uma pessoa experiente, é inevitável
que ela questione o porquê de
aprender aquilo, e não apenas como
fazê-lo. Cada aluno traz consigo
experiências, crenças e aptidões que
influenciam sua visão de mundo e a
forma como encara o conteúdo
apresentado pelo professor. É
importante lembrar que a maioria
dos docentes já foi aluno em algum
momento, o que também afeta o
processo de aprendizado.

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